39
NOTAS TRADUZIDAS DO LIVRO MACROECONOMICS DE WENDY CARLIN E DAVID SOSKICE – OXFORD UNIVERSITY PRESS, 2006 2   Demanda Agregada, Oferta Agregada e Ciclos de Negócios Este capítulo começa com o processo de definir o modelo de curto e médio prazo. O primeiro objetivo deste capítulo é explicar como o nível de produto e emprego é determinado pelo nível de demanda agregada no curto prazo – i.e. quando salários e preços são rígidos. Isto provê um modelo de ciclo de negócios i.e. como o nível do produto e emprego flutua em resposta a mudanças na demanda agregada. Nós começamos com o enfoque tradicional de induzir o equilíbrio do mercado de bens e o equilíbrio do mercado monetário no modelo IS/LM. O IS se refere ao mercado de bens e o mercado de moeda LM. Existem duas formas de pensar a respeito de como a política monetária é implementada pelos governos ou bancos centrais e portanto sobre a utilidade da análise LM. Por outro lado, o governo ou o banco central pode modelar a política monetária através do controle sobre o nível ou crescimento da oferta de moeda. Nós veremos que este enfoque é melhor tratado pela LM. Por outro lado, o governo ou o banco central pode estabelecer a taxa de juros para estabilizar a economia e levar a economia a meta de inflação. Esta é o chamado enfoque da regra monetária (MR) desenvolvida no Cap. 3. Dada a presença crescente das regras monetárias em política  monetária a questão que surge do porque vamos nos preocupar em apresentar a analise LM? Além do mais, mesmo se o banco central usa o enfoque MR, o modelo LM ainda existe desde que representa equilíbrio no mercado monetário. Primeiro, se vamos entender porque os governos e os bancos centras adotaram as regras monetárias, é útil ter um entendimento do enfoque LM como referência. Além do mais mesmo se o banco central está usando o enfoque MR, LM ainda existe já que representa equilíbrio no mercado monetário. Segundo, o enfoque LM é útil para analisar os problemas de deflação, i.e. quando os preços estão caindo na economia. Mesmo se o banco central usa uma regra monetária para ajustar a taxa de juros para obter uma meta de inflação, nós precisamos entender as circunstâncias em que isto pode não ser efetivo. Um exemplo importante é a situação onde a taxa de juros nominal está próxima de zero e a economia é caracterizada por um nível de preço cadente como caracterizada pela economia japonesa por quase uma década. Terceiro, como veremos no cap. 9, muito da análise da economia aberta é conduzida usando o modelo IS/LM. 1

2 Demanda Agregada, Oferta Agregada e Ciclos de Negócios · é determinado pela demanda agregada no curto prazo é o modelo IS/LM. Ele consiste de duas partes: o mercado de bens

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: 2 Demanda Agregada, Oferta Agregada e Ciclos de Negócios · é determinado pela demanda agregada no curto prazo é o modelo IS/LM. Ele consiste de duas partes: o mercado de bens

NOTAS TRADUZIDAS DO LIVRO MACROECONOMICS DE WENDY CARLIN E DAVID SOSKICE – OXFORD UNIVERSITY PRESS, 2006

2   Demanda Agregada, Oferta Agregada e Ciclos de Negócios

Este capítulo começa com o processo de definir  o modelo de curto e médio prazo. O primeiro objetivo deste capítulo é explicar como o nível de produto e emprego é determinado pelo nível de demanda agregada no curto prazo – i.e. quando salários e preços são rígidos. Isto provê um modelo de ciclo de negócios i.e.  como o nível  do produto e emprego  flutua  em resposta  a mudanças na demanda agregada.  Nós começamos com o enfoque  tradicional  de  induzir  o equilíbrio do mercado de bens e o equilíbrio do mercado monetário no modelo IS/LM. O IS se refere ao mercado de bens e o mercado de moeda LM. Existem duas formas de pensar a respeito de como a política monetária é implementada pelos governos ou bancos centrais e portanto sobre a utilidade da análise LM. Por outro lado, o governo ou o banco central pode modelar a política monetária através  do  controle  sobre  o  nível  ou  crescimento  da  oferta  de  moeda.  Nós veremos que este enfoque é melhor tratado pela LM. Por outro lado, o governo ou o banco central pode estabelecer a taxa de juros para estabilizar a economia e levar a economia a meta de  inflação. Esta é  o chamado enfoque da regra monetária (MR) desenvolvida no Cap. 3.Dada a presença crescente  das  regras  monetárias  em política    monetária  a questão que surge do porque vamos nos preocupar em apresentar a analise LM? Além do mais, mesmo se o banco central usa o enfoque MR, o modelo LM ainda existe desde que representa equilíbrio no mercado monetário.

Primeiro, se vamos entender porque os governos e os bancos centras adotaram as   regras   monetárias,   é   útil   ter   um   entendimento   do   enfoque   LM   como referência. Além do mais mesmo se o banco central está usando o enfoque MR, LM ainda existe já que representa equilíbrio no mercado monetário. 

Segundo,   o   enfoque  LM  é  útil   para  analisar   os  problemas  de  deflação,   i.e. quando os preços estão caindo na economia. Mesmo se o banco central usa uma  regra  monetária  para  ajustar  a   taxa  de   juros  para  obter  uma meta  de inflação, nós precisamos entender as circunstâncias em que isto pode não ser efetivo. Um exemplo importante é a situação onde a taxa de juros nominal está próxima de zero e a economia é caracterizada por um nível de preço cadente como caracterizada pela economia japonesa por quase uma década.

Terceiro,  como veremos  no  cap.  9,  muito  da  análise  da  economia  aberta  é conduzida usando o modelo IS/LM. 

1

Page 2: 2 Demanda Agregada, Oferta Agregada e Ciclos de Negócios · é determinado pela demanda agregada no curto prazo é o modelo IS/LM. Ele consiste de duas partes: o mercado de bens

Todas essas três razões sugerem que mesmo se a LM é menos relevante para analise política prática do que uma vez pensávamos, permanece um instrumento útil de analise. O modelo IS/LM pode ser usado para analisar os determinantes do produto no curto prazo quando o governo controla a oferta monetária. Ele também prove componentes que serão úteis mais tarde. Nós veremos que a curva IS é  uma parte  importante do modelo macro IS­PC­MR de 3 equações desenvolvido no cap. 3 para uso com a regra monetária.

Na segunda deste capítulo, o foco muda da demanda agregada para a oferta agregada.   Como   veremos   no   médio   prazo,   salários   e   preços   respondem   a mudanças no nível de atividade. A segunda tarefa do capitulo é portanto apontar os determinantes do nível de emprego do médio prazo no qual o mercado de trabalho está nem equilíbrio e as pressões por salários e preços para mudar são ausentes.   A   integração   dos   componentes     do   curto   e   médio   prazo   são apresentados   no   final   da   seção   através   do   modelo   da   demanda   e   oferta agregada.Vamos contrastar as explicações dos ciclos de negõcios baseadas em fudanças na demanda agregadda na presença de salários e preços rígidos no qual nos concentramos neste livro com um completamente diferente, em que mudanças do lado da oferta da economia tal cmo mudanças tecnológicas que produzem expansões  e   recessões.  Este   segundo  enfoque   é   chamado  de  modelo  dos Ciclos Reais. 

1. Demanda Agregada 

Para  entender   como o  nível  do  produto  é  determinado  no  curto  prazo,  nós olhamos para as fontes de mudanças na demanda agregada por produto.  O curto prazo é definido aqui como o período durante o qual preços e salários são dados.  Existem um número  de   formas  de  explicar  porque  preços  e  salários podem   não   responder   imediatamente   a   mudanças   na   demanda.   Arranjos institucionais     normalmente   que   salários   são   revistos   periodicamente   e   não continuamente. Um argumento comum em suporte para a rigidez de preços é que existem custos associados com mudanças de preços, que são referidos aos custos de menu. É também útil  lembrar que é lucrativo para as empresas em mercados   imperfeitamente   competitivos   aumentar   o   produto   em   resposta   a demanda   maiores   mesmo   se   o   preço   permanece   constante.   No   momento apenas vamos assumir que preços e salários são viscosos – não respondem a mudanças no emprego ou produto no curto prazo. 

O modelo básico que é usado para sumarizar a forma em que o nível do produto 

2

Page 3: 2 Demanda Agregada, Oferta Agregada e Ciclos de Negócios · é determinado pela demanda agregada no curto prazo é o modelo IS/LM. Ele consiste de duas partes: o mercado de bens

é determinado pela demanda agregada no curto prazo é o modelo IS/LM. Ele consiste   de   duas  partes:   o   mercado  de   bens  e  o   mercado  monetário.  Nós pensamos de um equilíbrio de curto prazo na economia com uma situação em que ambos os mercados de bens e de moeda estão em equilíbrio. O mercado de bens é chamado de IS que vem da versão Investimento­Poupança da condição de  equilíbrio   do  mercado  de  bens:   investimento  planejado  deve   ser   igual   a poupança planejada para equilibro no mercado de bens. A parte do mercado de moeda é chamada de LM que vem da igualdade entre a demanda de moeda (Liquidez) e oferta de Moeda quando o mercado de moeda esta em equilibro. No equilibro IS/LM o nível do produto(e emprego) e a taxa de juros são constantes.

O modelo é útil porque permite entender o que acontece com o produto e a taxa de juros quando há uma mudança na demanda agregada ou quando o governo muda as suas políticas. No lado da IS podemos analisar: mudanças no consumo ou investimento e mudanças na política fiscal isto é nos gastos e taxação do governo. Do lado da LM podemos analisar mudanças na demanda de moeda e mudanças na política monetária isto é na oferta de moeda.

2.  O Mercado de Bens: a Curva IS

A curva IS mostra as combinações de taxas de juros e nível de produto em que há   equilíbrio  no  mercado de  bens.  Para  que  o  mercado  de bens apresente equilíbrio,  a demanda agregada por bens(e serviços) deve ser  igual a oferta. Desde que assumimos que salários e preços são fixos, a oferta de produto se ajustará a qualquer mudança na demanda agregada. A demanda agregada se refere aos gastos reais planejados em bens e serviços na economia como um todo. Equilíbrio requer que aquele gasto planejado real em bens e serviços seja igual ao produto real

yD=y

onde  yD

é gasto real planejado e y é produto real.A   demanda   agregada   é   composta   do   gasto   real   planejado   em   consumo   e investimento pelo setor privado e gasto planejado do governo. Pode ser escrito como 

yD=c y,t,riqueza +I r,A +g

onde  c é consumo,  I investimento real,  rtaxa de  juros real   ,   g gastos do governo,   t taxação total  e   A refere­se aos determinantes do investimento outros que não a taxa de juros. Em geral vamos 

3

Page 4: 2 Demanda Agregada, Oferta Agregada e Ciclos de Negócios · é determinado pela demanda agregada no curto prazo é o modelo IS/LM. Ele consiste de duas partes: o mercado de bens

usar   letras   minúsculas   para   variáveis   reais   e   maiúsculas   para   variáveis nominais. Nem sempre isto é possível então vamos usar i para taxa de juros nominal e I para investimento real. 

Alguns aspectos importantes do modelo macroeconômico de curto prazo podem ser mostrados de forma mais fácil se assumirmos funções lineares. Usaremos uma função consumo  linear simples que diz  que consumo é  uma função da renda corrente pós taxa (isto é disponível) e outros fatores tais como riqueza que são resumidos no termo chamado de consumo autônomo, que assumimos ser uma constante

c=c0+cy y−t

Renda   disponível   é   renda   menos   arrecadação   de   impostos   y−t Se considerarmos uma função linear tipo:

t=t y y onde  0<ty1 e usamos na função consumo temos:

c=c0+cy 1−ty y

Um aspecto notável da função consumo é que o consumo é afetado pelo nível da   atividade   corrente   da   economia.   No   cap.   7,   vamos   olhar   os microfundamentos  do   comportamento  do  consumo  para   ver  porque  a   renda corrente e a renda esperada futura são relevantes para os gastos em consumo. A forma mais simples de incorporar as idéias de um modelo de consumo que olha   para   frente   é   incluindo   em   c0       os   determinantes   da   renda   futura esperada. A função consumo muda quando a renda esperada futura muda. A evidência   empírica   discutida   no   cap.   7   confirma   que   a   renda   corrente   e   a esperada futura influenciam o consumo corrente. 

O   investimento   é   dependente   negativamente   da   taxa   de   juros   real   e positivamente na rentabilidade futura esperada, os determinantes da qual são aproximados pelo termo A. A  idéia simples é  que as empresas se defrontam com um conjunto de projetos de  investimento,  que são ordenados pelos seu retorno esperado. Se a taxa de juros cai, então isto reduz o custo do capital e torna alguns projetos lucrativos que não seriam implementados de outra forma. Similarmente, se os retornos dos projetos aumenta (porque há um aumento do otimismo na economia),  então a qualquer  taxa de  juros,  mais projetos serão implementados. Podemos escrever esta função de investimento

4

Page 5: 2 Demanda Agregada, Oferta Agregada e Ciclos de Negócios · é determinado pela demanda agregada no curto prazo é o modelo IS/LM. Ele consiste de duas partes: o mercado de bens

I=I r,A

Às   vezes   é   conveniente   usar   uma   forma   linear,   I=A−ar onde   a é   uma constante.   Fatores   expectacionais   ou   de   confiança   são   muitas   vezes considerados  cruciais  determinantes  do  comportamento  do   investimento.   Isto implicaria que mudanças da função investimento que surgem de mudanças em A poderiam ser de maior signficancia do que movimentos ao longo da função investimento   em   resposta   a   mudanças   da   taxa   de   juros.   Um   exame   mais profundo   do   comportamento   do   investimento   baseado   nos   fundamentos microeconomios será dado no cap. 7.A   curva   IS   é   definida   pela   condição   de   equilíbrio   no   mercado   de   bens 

Para derivar uma forma explicita da curva IS, nós usamos versões lineares das funções consumo e  investimento e substituimos as mesmas na equação dos gastos planejados:

yD=c0cy 1−t y yA−arg

A equação dos gastos planejados é  substituída na condição de equilíbrio do mercado   de   bens.   Rearranjando   e   usando   o   fato   de   que   no   equilíbrio   do mercado de bens  yD=y e substituindo  1−cy pela propensão a poupar,  sy , para  definir   um  locus  de  equilíbrio  das  combinações  da   taxa  de   juros  e  do produto:

y=c0+A+g

1−cy 1−t y −

a1−cy 1−ty

r

y= 11−cy 1−t y

[c0 A−ar +g ]

y= 1sy+cy ty

[c0 A−ar +g ]

A curva IS estabelece que para uma dada taxa de juros o nível de investimento é fixo; a este nível de investimento é adicionado consumo autônomo e gasto do governo; e o nível associado do produto é encontrado multiplicando a soma pela 

constante      1

sy+c yt y   que é conhecido como um multiplicador. Poupança e 

taxação ambos representam vazamentos da renda para os gastos. A razão de 

5

yD=y

Page 6: 2 Demanda Agregada, Oferta Agregada e Ciclos de Negócios · é determinado pela demanda agregada no curto prazo é o modelo IS/LM. Ele consiste de duas partes: o mercado de bens

que a taxa de vazamento  t y  é multiplicado por  cy       é que somente aquela parte  do  imposto  de   taxa  que  teria  sido  gasto  constitui  um vazamento  extra acima da poupança. A curva IS é decrescente porque uma taxa baixa de juros gera um elevado investimento, que estava associado com um produto elevado. Ao contrario, quando a taxa de juros é elevada, investimento e então o produto de  equilíbrio é baixo. 

A   curva   IS   é   derivada   gráficamente   na   Fig.   2.1.   Em   rH     são   mostrados investimento   I0=A−arH ,  consumo   autônomo   e   gasto   do   governo. Multiplicando   I0+c0+g0 pelo   multiplicador   dá   o   produto   igual   ao   gasto planejado,  yo , na curva IS. Usando a mesma lógica, a uma taxa de juros baixa, gasto planejado será  elevado devido ao elevado investimento. O mercado de bens determina o correspondente elevado nível de produto. 

6

Figura 2.1 Derivando a curva IS

Page 7: 2 Demanda Agregada, Oferta Agregada e Ciclos de Negócios · é determinado pela demanda agregada no curto prazo é o modelo IS/LM. Ele consiste de duas partes: o mercado de bens

Usando   a   equação   da   curva   IS   e   o   diagrama,   nós   podemos   separar   os determinantes da declividade e posição da curva IS em três grupos.

1. Qualquer mudança no tamanho do multiplicador mudará a declividade da curva   IS.   Por   exemplo,   um   aumento   na   propensão   de   consumo aumentará  o  multiplicador,   tornando a  IS mais plana:   roda a curva no sentido anti horário do intercepto no eixo vertical.

2. Qualquer mudança na sensitividade do investimento a taxa de juros (a) terá como consequência uma mudança na declividade da curva IS: uma função   investimento  menos  elástica  à   taxa  de   juros  se   refletirá   numa curva IS mais inclinada.

3. Qualquer  mudança  no   consumo autônomo  ou  no  gasto  do  governo   (c0,g ) fará com que a curva IS se desloque pela mudança nos gastos 

autônomos vezes o multiplicador. Uma mudança na variável A na função investimento também desloca IS. 

Política pode ser usada para manipular a curva IS pelos canais (1) e (3). Por exemplo, se o imposto de renda, i.e. se  t=t y y , uma alíquota menor aumenta o tamanho do multiplicador e, como em (1) acima, a curva IS balança para a direita,   tornando­se   mais   plana.   Qualquer   mudança   no   gasto   do   governo deslocará a curva IS na forma descrita em (3) acima.

Um aspecto do modelo IS do mercado de bens é que as quantidades se ajustam 

7

Figura 2.2 Ajustamento ao equilibrio do mercado de bens: excesso de demanda no ponto X leva a um aumento no produto: excesso de oferta no ponto Z leva a uma queda no produto

Page 8: 2 Demanda Agregada, Oferta Agregada e Ciclos de Negócios · é determinado pela demanda agregada no curto prazo é o modelo IS/LM. Ele consiste de duas partes: o mercado de bens

pelo processo do multiplicador para levar a economia para um equilíbrio estável de curto prazo. Por exemplo, uma queda no investimento planejado leva a uma contração multipla do produto e emprego até que o nível da renda tenha caído na extensão requerida para tornar a poupança igual ao nível de investimento menor.   Inicialmente,  a   renda   cai  pela   queda  no   investimento,   △ I .  Como resultado   da   queda   na   renda   e   supondo   t y=0 ,   o   consumo   declina   por △c=cy△ I . Esta queda no consumo por sua vez reduz a renda, e no próximo 

período o consumo cai uma vez mais:  △c=cy cy△I=cy2△ I . para calcular a 

queda total na renda, nós somamos a série:

△ y=△Icy△ Icy2△ I=cy

3△I...

△ y=1cycy2cy

3...△ I= 1

1−cy×△ I= 1

sy×△I

Outra forma de olhar a quantidade de ajustamento para um novo equilíbrio no mercado de bens é caracterizar posições fora da curva IS (Fig. 2.2). No ponto X com   produto   yx ,   a   esquerda   da   curva   IS,   há   excesso   de   demanda   no mercado de bens porque a taxa de juros  r1 , gasto planejado é igual a  y1 . Com  a  demanda  agregada   em  excesso  do   produto,   estoques   vão   cair   e   o produto irá aumentar até que  y = yD na curva IS.

3.  O Mercado Monetário: a curva LM

3.1  Demanda por Moeda

Uma   confusão   comum   que   surge   quando   se   estuda   pela   primeira   vez macroeconomia é  entre a decisão de poupar e decisão de manter moeda. A decisão de poupar refere­se ao uso que é   feito do fluxo de renda. Da renda recebida  num dado período   (por  exemplo  um mês)  do   trabalho  e  de  outras fontes   tais   como   renda  do   juros,  há   uma proporção  que  é   poupada  e  uma proporção que é consumida. Se o consumo excede a renda, então o individuo está despoupando – i.e. eles estão emprestando e acumulando débitos. 

O que é então 'demanda por moeda' ? Enquanto a poupança é uma decisão sobre alocação da renda, a demanda por moeda é uma decisão sobre a forma em que a riqueza será mantida. Você vai mantê­la como moeda ou outro tipo de ativo? Responder isto é necessáriamente conhecer a diferença entre moeda e outros ativos. Quando alguém pergunta quanto dinheiro você   tem, você  pode responder contando as notas e a moedas em sua carteira ou você pode incluir o 

8

Page 9: 2 Demanda Agregada, Oferta Agregada e Ciclos de Negócios · é determinado pela demanda agregada no curto prazo é o modelo IS/LM. Ele consiste de duas partes: o mercado de bens

balanço  de  sua  conta   corrente  porque  você   tem acesso   instantâneo  a  esta moeda  escrevendo  um cheque  ou  usando  um cartão  de  débito.  Você   pode também adicionar o balanço de suas contas remuneradas, onde você tem que notificar   com   alguma   antecedência   se   voce   quiser   retirar   sem   penalidades. Todas essas contas são moeda e elas variam numa definição estreita (notas e moedas)  a   uma  ampla   (depósitos  a   termo).  Quando  nos  movemos  de  uma definição estreita para uma definição mais ampla há um ganho na taxa de juros de retorno e uma perda em liquidez.

3.1.1  Moeda e títulos

Embora   algumas   formas   de   moeda   pagam   juros,   existem   outros   ativos disponíveis   na   economia   que   oferecem   um   retorno   mais   elevado   do   que deposito a termo na medida em que você está preparado a assumir algum risco. Além   de   ofertar   moeda   o   governo   pode   tomar   emprestado   das   pessoas vendendo títulos do governo. A diferença entre títulos e moeda é que os títulos não são “capital safe” em termos nominais: se há um aumento na taxa de juros, então o valor de mercado dos títulos cai.

Para entender a relação inversa entre o preço de mercado de um título e a taxa de juros, considere um título que foi emitido pelo governo a um valor de face de 100 reais e paga 5 reais por ano perpetuamente. Se a taxa de juros é de 4% então o preço que o título vai vender no mercado será tal que torne o rendimento de 5 reais representar o retorno de mercado de 4%. O valor de mercado do título será x reais onde 0.04x = 5 isto é, x = 5/0.04 = 125. Uma taxa de juros menor do que 5% implica um valor de mercado mais elevado do que o valor de face do título.   Se   a   taxa   de   juros   for   menor   digamos   2%   então   x=5/0.02   =   250   e similarmente,   se   a   taxa   de   juros   for   maior,   digamos   8%,   então   o   valor   de mercado será 62.50. Há uma relação inversa entre o valor de mercado de um título e a taxa de juros de mercado. É claro que somente se a taxa de juros for de 5%, o valor de mercado do título será exatamente igual ao seu valor de face. Então diferente de 100 reais em caixa, o valor de mercado nominal de um título de 100 reais subirá sempre que a taxa de juros cair e vice versa. 

3.1.2  Demanda por moeda versus títulos

Considere  a escolha  entre  alguém manter  ativos  na   forma de moeda ou na forma de títulos, por exemplo, da perspectiva de um negócio que decide como administrar seu caixa.  Moeda é  necessária para efetuar as  transações numa economia de mercado. Já que as transações desejadas variam com o nível da renda, então assim ocorre também com a demanda por moeda. Mas o custo de manter ativos na forma de moeda é a renda de juros perdida. Um aumento na 

9

Page 10: 2 Demanda Agregada, Oferta Agregada e Ciclos de Negócios · é determinado pela demanda agregada no curto prazo é o modelo IS/LM. Ele consiste de duas partes: o mercado de bens

taxa  de   juros   irá   deslocar  o  balanço  de  vantagem em  favor  dos  ativos  que rendem juros incluindo títulos.  Podemos resumir a demanda por moeda como segue:

MD

P=L y,i

onde i é a taxa de juros nominal. Retomamos a questão da diferença entre a taxa de juros real, r, que aparece na equação IS e a taxa nominal i que aparece no mercado monetário.  Um aumento do nível de renda, mantendo a taxa de 

juros constante, irá aumentar a demanda por moeda (i.e ∂L∂y

0 ) e um aumento 

na taxa de juros, mantendo o nível da renda constante irá diminuir a demanda 

por   moeda   (∂L∂ i

0 ).   Observe   que   a   demanda   por   moeda   é   expressa   em 

termos reais i.e.  MP

já que é suposto que um aumento do nível de preços vai 

aumentar a demanda por moeda na mesma proporção. 

Assim como na análise do mercado de bens, algumas vezes ajuda expressar a demanda por moeda como uma função linear do nível de renda e da taxa de juros:

MD

P=L y,i =l−li i+

1vTy  onde  l ,   vT e  l i são constantes positivas. O termo 

l−l i i reflete  o  motivo  ativo  para  manter  moeda e  o   termo   1vT y reflete  o 

motivo transações para manter moeda. Na famosa teoria chamada de Teoria Quantitativa da Moeda, o único determinante da demanda por balanços reais monetários   é   o   nível   do   produto.   Em   outras   palavras,   somente   o   motivo transações está presente. A Teoria Quantitativa da Moeda pode ser apresentada 

como  MD

P=1vy onde v é a velocidade de circulação constante. Estamos usando 

a formulação mais geral que supõe que a demanda transacional é apenas uma parte da demanda por moeda. Então, embora a velocidade de transação,   vTseja constante, a relação entre demanda por moeda e produto não é: vai variar com mudanças na taxa de juros.

3.1.3  Ativos e motivos especulativos

10

Page 11: 2 Demanda Agregada, Oferta Agregada e Ciclos de Negócios · é determinado pela demanda agregada no curto prazo é o modelo IS/LM. Ele consiste de duas partes: o mercado de bens

Duas das explicações dadas para a relação inversa entre a demanda por moeda e a taxa de juros são conhecidas como o motivo ativos e o motivo especulativo. Ambos relacionam a escolha entre manter moeda e títulos. Keynes argumentou pela relevância do motivo especulativo como segue: se um individuo acredita que a taxa de juros corrente está acima do nível que ele considera normal, então ele  esperará  que a  taxa  de  juros vai  cair  para  o nível  normal  em momento devido. Nestes circunstâncias, ele ira escolher manter ativos financeiros acima da quantidade de moeda requerida para transações na forma de títulos. Ela faz isto porque ela espera obter um ganho de capital nos títulos quando a taxa de juros cair ao seu nível normal. O inverso seria verdade para uma taxa de juros que se acredita estar abaixo da normal. Keynes acreditava que a posição sobre a taxa normal de juros iria variar ao longo da população, produzindo uma relação inversa  continua entre  a  taxa  de  juros e a demanda agregada por  balanços especulativos. Além disso uma implicação central para o argumento de Keynes é  que as expectativas lideram os mercados financeiros e que mudanças nas expectativas tem um caráter auto determinante. Se os detentores de títulos de repente acreditam que a taxa de juros aumentará no futuro mais do que eles haviam acreditado,   eles   irão  esperar   perdas  de   capital   e   venderão  os  seus títulos, levando os preços dos títulos para baixo e a taxa de juros para cima – expectativa   de   um   aumento   na   taxa   de   juros   é   auto   determinado.   Esta característica dos mercados financeiros é de grande importância para a política monetária. 

Uma racionalidade mais geral  para a dependência negativa da demanda por moeda sobre a taxa de juros foi desenvolvida por James Tobin em 1958. Em vez de assumir, como Keynes, que cada individuo estava certo a respeito do que êle espera da taxa futura de juros, Tobin concentrou nas implicações da incerteza do   investidor.   Na   versão   mais   simples   do   modelo   de   Tobin,   os   indivíduos avessos ao risco alocam a sua carteira entre os ativos sem risco que não pagam taxa de juros (moeda) e um ativo arriscado com um retorno esperado positivo (títulos). A utilidade do individuo depende positivamente do retorno de manter um ativo  e  negativamente  no   risco  de  mantê­lo.  Para  maximizar  utilidade,  o individuo manterá uma mistura dos dois ativos, compensando os benefícios de um retorno esperado mais elevado contra o risco associado de acordo com as suas preferências. Uma taxa de juros mais alta irá levar êle a substituir moeda por   títulos   (reduz   a   demanda   por   moeda)   porque   o   retorno   esperado   mais elevado   iria   compensar   o   risco  adicional   incorrido.   Isto   produz  uma   relação inversa entre a demanda por moeda e a taxa de juros.  

3.2  Equilíbrio do Mercado Monetário

11

Page 12: 2 Demanda Agregada, Oferta Agregada e Ciclos de Negócios · é determinado pela demanda agregada no curto prazo é o modelo IS/LM. Ele consiste de duas partes: o mercado de bens

O equilíbrio no mercado monetário requer que a demanda e oferta de moeda sejam iguais:

MD

P=MS

P

onde a demanda por moeda depende da taxa de  juros nominal e o nível do produto,   como   definido   acima,   e   a   oferta   de   moeda   é   suposta   fixa   pelas autoridades monetárias em MS . Esta hipótese permite desenvolver um modelo referencial   útil.   Se   substituímos   a   função   demanda   por   moeda   e   a   oferta monetária fixa na condição de equilíbrio temos:

L y,i =MS

P

e podemos definir um “ locus” com declividade positiva de equilíbrio da oferta monetária igual a demanda monetária – curva LM no diagrama taxa de juros – produto. 

A curva LM com declividade positiva pode ser explicada como segue. Em um nível de renda baixo a demanda transacional é baixa porque menos moeda é mantida para financiar as transações. Já que a oferta de moeda é fixa, para que a oferta seja igual a demanda no mercado monetário, deve haver uma demanda correspondente mais elevada de ativos ( ou especulativo).Uma   taxa  de   juros  baixa  garante   isto,   já   que  os   retornos  de  manter  ativos relativamente aos riscos envolvidos são baixos. 

Usando uma função de demanda linear, há uma forma clara de derivar a curva LM tal que fica fácil ver como mudanças na demanda por moeda  ou mudanças na sensibilidade da demanda por moeda à taxa de juros afeta a curva LM. O método  mostrado  na  Fig.   2.3   segue  em dois   passos.  Trabalhando   com um diagrama é um bom método para entender:

12

Page 13: 2 Demanda Agregada, Oferta Agregada e Ciclos de Negócios · é determinado pela demanda agregada no curto prazo é o modelo IS/LM. Ele consiste de duas partes: o mercado de bens

● a demanda transacional de moeda e o papel de  vT ,● a demanda por ativos (ou especulativa) monetários e o papel de  l i ,● o papel do nível de oferta de moeda estabelecido pelo banco central ou 

pelo   governo,  MS e   a   condição   de   equilíbrio   no   mercado   monetário:

L=MS

P

No passo 1, desenhe a linha vertical da oferta real de moeda. Agora, desenhe o componente sensível a taxa de juros ' para trás  '  ,  isto é relativo a oferta de moeda mostrada na Fig. 2.3. Como se sabe, quando a taxa de juros é alta, a demanda por moeda como ativo financeiro será  baixa (no diagrama esta é  a distância  c ).  Agora faça uso da condição de equilíbrio de mercado:MS

P=l−li i+

1vTy . 

13

Figura 2.3 Derivando a curva LM

Page 14: 2 Demanda Agregada, Oferta Agregada e Ciclos de Negócios · é determinado pela demanda agregada no curto prazo é o modelo IS/LM. Ele consiste de duas partes: o mercado de bens

Para haver equilíbrio de mercado, a demanda de moeda como ativo  l−l i i

mais a demanda para transações  1vT y devem ser iguais a oferta de moeda. 

Pode­se ver então quanto é a demanda por moeda para transações a taxa de juros  iH na Fig. 2.3. Esta é a distância  a , então já que  vT é constante, é fácil dar o segundo passo calculando o nível de produto, y , que é consistente com a geração desta demanda por moeda:

 y1=vT x demandatransacionalpormoedaaiH

Isto fixa o nível do produto,  y1 , ao qual o mercado monetário está em equilíbrio quando a taxa de juros é   iH : ponto X no painel de baixo. Ponto Y pode ser derivado da mesma forma. Juntando os pontos X e Y a curva LM é desenhada. Da derivação da curva LM existem quatro  formas em que a posição e ou a declividade da curva LM pode ser afetada:

1) Uma   mudança   na   velocidade   de   circulação.   Qualquer   aumento   na velocidade de transação como resultado de inovação financeira vai rodar a LM para a direita (no sentido horário) reduzindo a declividade.

2) Uma mudança na sensibilidade  juro  da demanda de moeda enquanto ativo,   l i . Uma demanda mais sensível da moeda, refletindo o fato que pequenas mudanças na taxa de juros irão provocar grandes efeitos na composição da carteira irá reduzir a declividade da LM.

3) Uma mudança na oferta de moeda. Um crescimento da oferta monetária vai deslocar a LM para a direita já que para qualquer taxa de juros, dado a demanda por ativos uma oferta maior de moeda irá requerer maiores balanços   transacionais  para   tornar  a  demanda  em  linha  com a  maior oferta.   Um   produto   mais   elevado   irá   gerar   uma   demanda   maior   por moeda transacional. 

4) Uma mudança no nível de preços. Para uma dada taxa de juros, com um nível   mais   elevado   de   preços,   os   ativos   disponíveis   para   transações podem financiar somente um montante menor de produto. A curva LM se desloca para a esquerda. 

14

Page 15: 2 Demanda Agregada, Oferta Agregada e Ciclos de Negócios · é determinado pela demanda agregada no curto prazo é o modelo IS/LM. Ele consiste de duas partes: o mercado de bens

4.  Colocando Juntas a IS e a LM

Combinando os mercados de bens e moeda, a taxa de juros e o nível do produto de equilíbrio de curto prazo, para um dado nível de preços, serão determinados. Antes disso, há um problema que precisa ser resolvido. Na derivação da curva IS   é   a   taxa   de   juros   real   que   interessa   já   que   os   gastos   de   investimento dependem da taxa de juros real. Na derivação da curva LM, é a taxa nominal de juros, i, que é relevante já que a demanda por moeda depende da taxa nominal de juros. 

4.1  Taxas de juros reais e nominais

Para clarificar porque é a taxa real em vez da nominal que afeta as decisões de gastos reais na economia, pense sobre uma firma considerando um projeto de investimento. Uma taxa nominal de juros maior não irá impor um sacrifício real maior na firma se ela esta balanceada por uma correspondente inflação mais elevada porque os lucros esperados do projeto de investimento irão ser maiores em termos monetários e o balanço entre o custo real e a taxa de retorno real do projeto não terá mudado. 

A taxa real de juros é definida em termos de bens e a nominal em termos de moeda. Pensando de um bem de consumo, a taxa real de juros, r,  é  quanto 

15

Figura 2.4 Ajustamento do equilibrio do mercado de moeda: excesso de oferta de moeda no ponto X leva a uma queda na taxa de juros  nominal; excesso de demanda por moeda no ponto Z leva a uma aumento na taxa de juros nominal

Page 16: 2 Demanda Agregada, Oferta Agregada e Ciclos de Negócios · é determinado pela demanda agregada no curto prazo é o modelo IS/LM. Ele consiste de duas partes: o mercado de bens

extra em termos deste bem deveria ser pago no futuro para poder dispor de um bem hoje:    1bemt=1+r bemt+1 . A taxa nominal de juros é quanto em reais deveria ser pago no futuro para se dispor de um real hoje:  1Rt=1+iRt+1 .Se os preços dos bens permanecem constantes então é claro que as taxas reais e nominais serão as mesmas: se você empresta um real hoje você será capaz de comprar  1+r bens no futuro. Em geral,

1+r= 1+i P

PEt+ 1. Se usarmos a seguinte definição de inflação esperada:

πE=PEt+ 1−PP

 então P

PEt+1

=1

1+πE Substituindo e rearrumando chegamos:

1+r =1+i

1+π E  e portanto:  r=

i−πE

1+πE

Quando a inflação esperada é pequena o denominador da expressão acima é próximo  de  1  e  podemos  usar  a   aproximação  entre  a   taxa  de   juros   real  e nominal:

i≈r+πE

As expectativas de  inflação determinam a divergência entre as  taxas reais e nominais  de  juros.  É   importante notar  que apenas um desses  três  termos é observavel: a taxa nominal de juros, i. A taxa real de juros pode ser estimada de dados históricos da taxa nominal de juros e da taxa de inflação: isto dá  uma medida da chamada taxa de juros real “ex post”. Alternativamente, uma medida “ex ante”  pode ser  derivada de um modelo que é  capaz de prever   inflação. Finalmente, se títulos tem sido emitidos na economia que são protegidos contra inflação porque o valor de face é indexada a taxa de inflação, então o retorno desses títulos é uma taxa de juros real e pode prover uma terceira medida. 

4.2  O Modelo IS/LM

Vamos admitir que a inflação é zero e a taxa de inflação esperada se mantem em zero. Podemos com isto abstrair a diferença entre a taxa de juros nominal e a real.A taxa de juros de curto prazo de equilíbrio e o produto serão determinados pela 

16

Page 17: 2 Demanda Agregada, Oferta Agregada e Ciclos de Negócios · é determinado pela demanda agregada no curto prazo é o modelo IS/LM. Ele consiste de duas partes: o mercado de bens

intersecção das duas curvas IS e LM. Para ver como o modelo IS/LM funciona, o equilíbrio   inicial   IS/LM   é   perturbado   mudando   uma   das   variáveis   exógenas. Primeiro, vamos considerar a característica do novo equilíbrio de curto prazo e segundo, vamos discutir o ajustamento da economia ao mesmo. A trajetória de ajustamento   da   economia   em   face   a   uma   perturbação   irá   depender   da velocidade de ajustamento em cada mercado. A hipótese mais plausivel é que o mercado monetário equilibra muito rapidamente em relação ao desequilíbrio no mercado de bens e serviços. No diagrama IS/LM isto significa que a economia retorna a curva LM rapidamente – o ajustamento ocorre através da mudança nos preços dos títulos nos mercados financeiros e portanto nas taxas de juros de mercado.  O  ajustamento  no  mercado  de  bens   é  mais   lento   já   que  envolve ajustamentos de produção e emprego.

Nós olhamos dois exemplos de mudanças na política do governo. No primeiro exemplo   (Fig.  2.5),   os  gastos  do  governo aumentam.  A nova  IS  é   IS g1 à direita da original. O novo equilíbrio de curto prazo é no ponto A' : o produto e a taxa de juros são mais elevadas. Maiores gastos do governo irão gerar demanda agregada maior e um nível de produto maior. Rendas mais elevadas significam uma demanda por moeda maior mas já que a política monetária não mudou (i.e. a curva LM permanece fixa) uma taxa de juros mais elevada será requerida no novo equilíbrio para reduzir a demanda monetária de ativos. 

Vamos agora pensar a respeito do processo de ajustamento ao novo equilíbrio. No primeiro   instante,  o  aumento  dos gastos  do  governo produz  excesso de demanda   por   bens   e   resulta   em   uma   desacumulação   não   planejada   de inventários   ou  em  filas   de  esperas  por   serviços  maiores.  Se  o  aumento  da demanda é sustentável, então o emprego cresce. A economia se move de A para B. O aumento na renda real associado com um maior produto expande a demanda monetária transacional de moeda. Com o resultado há um excesso de demanda por encaixes monetários em B. Títulos são vendidos, causando um queda no preços dos  títulos e um aumento  na   taxa  de  juros  (B para C).  O aumento na taxa de juros reduz o excesso de demanda por bens reduzindo a demanda de investimento; entretanto, em C permanece excesso de demanda devido   ao   aumento   de   consumo   associado   com   o   efeito   multiplicador   do aumento nos gastos do governo. Produto e emprego crescem mais (C para D). O processo de ajustamento continua até que o novo equilíbrio em A' é atingido. A expansão completa do produto   pelo efeito do multiplicador (A para A'') não ocorre porque quando há  uma expansão  fiscal  sem uma mudança da oferta monetária, o aumento da taxa de juros provoca uma queda do gasto sensível ao juros.   As implicações de financiar um aumento dos gastos do governo por (i) taxação,   (ii)   emissão   de   títulos,   e   (iii)   emissão   monetária   são   comparados 

17

Page 18: 2 Demanda Agregada, Oferta Agregada e Ciclos de Negócios · é determinado pela demanda agregada no curto prazo é o modelo IS/LM. Ele consiste de duas partes: o mercado de bens

usando o modelo IS/LM no cap. 6.

No segundo exemplo (Fig. 2.5) o governo ou o banco central aumentam a oferta monetária através das operações do mercado aberto. Isto signfiica que ele entra no mercado monetário comprando títulos em troca por papel moeda emitido. A 

curva LM se desloca para a direita  para   LM MS1

P .  Novamente,  nós vamos 

considerar primeiro o novo equilíbrio de curto prazo que tem um nível de produto maior e uma taxa de juros menor. Com uma oferta monetária maior, a demanda maior de moeda no novo equilíbrio vai requerer uma taxa de juros menor. Uma taxa   de   juros   menor   estará   associada   com   um   nível   mais   elevado   de investimento e produto (ponto A' na parte de baixo do painel da (Fig.2.5)).Nós nos voltamos agora ao ajustamento do ponto A para o novo equilíbrio de curto prazo A' . O efeito imediato da ação da autoridade monetária é criar um excesso   de   oferta   de   moeda;   o   excesso   de   demanda   implícita   por   títulos aumenta os preços dos títulos e reduz a taxa de juros. A economia se move de A para B, atingindo imediatamente o novo equilíbrio no mercado monetário ao 

longo LM MS1

P .   A   queda   na   taxa   de   juros   cria   excesso   de   demanda   no 

mercado de bens estimulando  investimento.  Demanda maior  de  investimento estimula o produto e o emprego; aumentando o produto de B para C. Em C, há novamente um desequilíbrio de excesso de demanda por moeda no mercado monetário que acompanha o aumento do produto. A taxa de juros aumenta (C para D). O ajustamento do produto e da taxa de juros irá continuar até que o novo equilíbrio em A' seja atingido.

18

Page 19: 2 Demanda Agregada, Oferta Agregada e Ciclos de Negócios · é determinado pela demanda agregada no curto prazo é o modelo IS/LM. Ele consiste de duas partes: o mercado de bens

 

19

Figura 2.5 Estática comparativa no modelo IS/LM: ajustamento lento no mercado de bens e ajustamento no mercado monetário

Page 20: 2 Demanda Agregada, Oferta Agregada e Ciclos de Negócios · é determinado pela demanda agregada no curto prazo é o modelo IS/LM. Ele consiste de duas partes: o mercado de bens

A Fig. 2.6 mostra porque política monetária expansionista pode não aumentar o produto mesmo no curto prazo. Se a taxa de juros é   i , a curva LM é plana. Quando o banco central entra no mercado monetário para comprar títulos, não há  nenhum efeito no preço dos  títulos:  se  todo mundo acredita  que a única direção da taxa de juros no futuro é para cima, isto implica que eles acreditam que os preços dos títulos cairão. Os detentores de títulos estarão dispostos a vender os títulos ao preço existente, sendo indiferentes entre títulos e moeda na medida em que as perdas de capital prospectivas nos títulos apenas compensa o juros recebido, com o resultado que não há aumento no preço dos títulos e nem queda na taxa de juros. A economia esta na armadilha pela liquidez onde moeda   nova   bombeada   para   a   economia   é   mantida   de   bom   grado   como balanços monetários. O banco central não tem  portanto poder de usar a política monetária para deslocar a economia para um nível mais elevado de produto. Por décadas o caso da armadilha pela  liquidez era vista como uma possibilidade teórica com pouca relevância prática mas o resurgimento de uma era com taxas nominais de juros muito baixas nos anos 1990 reviveu o interesse nela. Já que a taxa nominal  de  juros não pode cair  abaixo de zero,  a  noção de que  todos acreditam que a taxa de juros aumentará se torna plausível. A armadilha pela liquidez tem um papel na analise da longa recessão japonesa nos anos 1990.  

5.  Oferta Agregada

5.1  Equilíbrio competitivo no mercado de trabalho

No mercado  de   trabalho  competitivo  a  demanda  por   trabalho  e  a  oferta  de trabalho   dependem   do   salário   real.   A   curva   de   demanda   de   trabalho 

20

Figura 2.6 Armadilha pela Liquidez

Page 21: 2 Demanda Agregada, Oferta Agregada e Ciclos de Negócios · é determinado pela demanda agregada no curto prazo é o modelo IS/LM. Ele consiste de duas partes: o mercado de bens

negativamente inclinada mostra o trabalho demandado a um dado salário real. Com um estoque de capital fixo, como nós supomos é o caso no curto e médio prazo, o produto e uma função positivamente inclinada do nível de emprego, isto é:

y=f E  onde  f é a função de produção de curto (e médio) prazo . A hipótese básica   é   que   a   função   de   produção   é   caracterizada   por   rendimentos decrescentes, que significam que na medida em que mais  trabalhadores são empregados, o incremento no produto declina. No curto, o produto marginal do 

trabalho, que pode ser escrito como  ∂y∂E

ou MPL declina quando o emprego 

cresce. A curva de demanda por trabalho é muitas vezes referida como a curva MPL já que sob competição perfeita, firmas tomam o salário real como um dado e empregam trabalho até o ponto em que o produto marginal do trabalho é igual ao salário real. A oferta de trabalho é positivamente inclinada e é derivada do comportamento otimizador das famílias quando alocam o seu tempo entre trabalho e lazer para maximizar   a   sua   utilidade.   O   salário   real   é   considerado   como   dado   e   o trabalhador escolhe o montante de trabalho para ofertar.

Em um mercado competitivo de trabalho, o mercado se equilibra, estabelecendo o salário real e o nível de emprego. Isto é mostrado na Fig. 2.7 com o nível de salário w0 e emprego  ECE (para equilíbrio competitivo). Qualquer deslocamento da economia do equilíbrio é por hipótese eliminado pelo movimento nos salários reais. Por exemplo se o salário real aumenta acima do nível de equilíbrio do mercado (devido por exemplo a uma queda inesperada no nível de preços) a oferta de trabalho excede a demanda a este salário real .  O excesso de oferta de   trabalho   resultará   na   queda   dos   salários   nominais   até   que   o   equilíbrio competitivo único seja re­estabelecido com o salário  real   em  w0 e   o emprego em  ECE . Neste modelo, o único grupo de  pessoas   que estarão   desempregados   serão   aqueles   voluntariamente   desempregados   no sentido de que ao salário real vigente eles preferem procurar por um trabalho ou laser acima dos bens que podem obter trabalhando.

21

w1

Page 22: 2 Demanda Agregada, Oferta Agregada e Ciclos de Negócios · é determinado pela demanda agregada no curto prazo é o modelo IS/LM. Ele consiste de duas partes: o mercado de bens

6.  O lado da oferta no modelo de competição imperfeita

Uma   das   tarefas   fundamentais   da   macroeconomia   é   analisar   as   causas   e consequências do desemprego involuntário. A menos que existam imperfeições no mercado de trabalho, não é possível existir desemprego involuntário quando o  mercado  de   trabalho  está  em equilíbrio   já  que  os  salários   iriam cair  para equilibrar   o   mercado.   Isto   é   impedido   em   um   mercado   de   trabalho imperfeitamente   competitivo   no   qual   o   salário   é   determinado   pelos empregadores,   pelos   sindicatos   ou   um   resultado   da   barganha   entre empregadores e sindicatos. O trabalho não é comprado e vendido num mercado “spot” (como trigo) existem contratos de salário que estabelecem o salário acima do nível de equilíbrio de concorrência. 

Como vimos no cap. 1 a negociação coletiva afeta uma proporção substancial de trabalhadores na maioria das economias desenvolvidas. Mesmo na ausência de sindicatos, problemas de motivar os trabalhadores a trabalhar eficientemente leva os empregadores a estabelecer salários acima dos salários de equilíbrio competitivo.   Em   modelos   de   concorrência   imperfeita   o   ERU   é   a   taxa   de desemprego a qual o salário real é consistente com as expectativas de salário real tanto dos que estabelecem o salário quanto os que estabelecem os preços.

6.1  Estabelecimento do Salário

Com concorrência imperfeita, há  uma curva de determinação do salário (WS) positivamente inclinada que é a contraparte da oferta de trabalho do modelo de 

22

Figura 2.7 Equilíbrio no mercado competitivo de trabalho: valores de equilíbrio do salário real e do emprego

Page 23: 2 Demanda Agregada, Oferta Agregada e Ciclos de Negócios · é determinado pela demanda agregada no curto prazo é o modelo IS/LM. Ele consiste de duas partes: o mercado de bens

concorrência   perfeita.   Por   conta   das   imperfeições   do   mercado,   a   curva   de determinação do salário fica acima da curva de oferta de trabalho. Na Fig. 2.8, se o salário real é igual a w1 , então a oferta competitiva seria  E1 . 

Mas com as imperfeições do mercado  w1 será estabelecido a um nível menor de emprego,   E0 apesar do fato de que um numero adicional de trabalhadores E1−E0 estariam preparados para trabalhar àquele salário. Semelhantemente, se   E=E0 , então esta oferta de trabalho é consistente com um salário real de w0 , mas com concorrência imperfeita, um salário maior,  w1 , é determinado naquele nível de emprego. 

As condições no mercado de trabalho são os determinantes chaves do salário real. Em termos de salários monetários a equação de determinação do salário é:

W=Pxb E

onde P é o nível de preços, E é o nível do emprego e b é uma função crescente do   emprego.   Quando   os   salários   são   determinados   pelos   sindicatos, empregadores, ou através da barganha, é o salário nominal que é controlado. Entretanto, trabalhadores irão avaliar as ofertas de salário em termos do salário real que são esperados ser estabelecidos – i.e. é o salário monetário relativo ao nível de preços do consumo esperado que afeta o custo de vida e portanto a utilidade do trabalhador. Supondo que o nível  de preços atual  e esperados são  iguais a equação do salário pode ser escrita em termos dos salários reais para definir  a curva de determinação de salário no diagrama do mercado de trabalho (veja Fig. 2.8)

wWS=b E  onde wWS≡WP

O excesso do salário real na curva WS acima da curva de oferta de trabalho a qualquer  nível  de  emprego é  o   “mark  up”  por   trabalhador   (em  termos  reais) associado às imperfeições do mercado.

Duas   interpretações     comuns   deste   mark   up,   ambas   se   baseando   na concorrência imperfeita são:

1) salário determinado pelos sindicatos2) salário de eficiência determinado pelas firmas

23

Page 24: 2 Demanda Agregada, Oferta Agregada e Ciclos de Negócios · é determinado pela demanda agregada no curto prazo é o modelo IS/LM. Ele consiste de duas partes: o mercado de bens

6.1.1  Salário determinado pelos sindicatos

Em lugares sindicalizados os salários são estabelecidos através de negociações entre  empregador  e  sindicatos.  Um modelo  simplificado  de  determinação de salários por sindicato toma o caso dos sindicatos monopólios onde o sindicato pode determinar unilateralmente os salários. O sindicato estabelece o salário no interesse dos seus membros que estão preocupados tanto  com   o salário real como com o emprego. Ele se preocupa com o balanço entre um salário muito alto que empurraria o preço do produto da empresa e decresce a demanda pelo produto da empresa e portanto o emprego e um salário muito baixo que deixaria de usar o poder de monopólio para assegurar melhores padrões de vida. Isto resulta no estabelecimento de um salário a um nível de   emprego que é mais elevado do que o salário competitivo e produz uma declividade positiva da curva que estabelece salários que está acima da curva de oferta competitiva. 

6.1.2  Salário de eficiência determinado pelas empresas

Salário  de  eficiência  é   bem diferente:  neste  caso  as   firmas  estabelecem os salários. Numa primeira impressão é contra intuitivo que um empregador deva voluntariamente   estabelecer   um   salário   acima   do   mínimo   ao   qual   ele   pode empregar trabalho no mercado. O argumento é que estabelecendo um salário acima do  competitivo,  o  empregador  pode   reter  uma  força  de   trabalho  bem qualificada e cooperativa. O termo salários de eficiência vem da noção de que a 

24

Figura 2.8 A curva de determinação do salário real: a curva WS e a curva de oferta de trabalho

Page 25: 2 Demanda Agregada, Oferta Agregada e Ciclos de Negócios · é determinado pela demanda agregada no curto prazo é o modelo IS/LM. Ele consiste de duas partes: o mercado de bens

firma   estabelece   um   salário   que   permite   a   ela   resolver   eficientemente   sua motivação, recrutamento, e/ou problemas de retenção. Esses problemas surgem porque não é possível especificar completamente o que o trabalhador faz, isto é o empregador não pode observar acuradamente o esforço do  trabalhador.  O empregador   deve  portanto   usar   o   salário   para   motivar   o   trabalhador   a     se comportar   bem.   Na   medida   em   que   o   mercado   se   torna   aquecido,   i.e   o desemprego   cai,   torna­se   mais   difícil   para   a   firma   resolver   esses   problema porque   os   trabalhadores   podem   facilmente   abandonar   a   firma   e   encontrar emprego em outro lugar. O resultado é que o empregador estabelece um salário acima do salário competitivo e seu salário de eficiência aumenta na medida em que o desemprego cai. Esta portanto é a segunda maneira de se entender a curva que estabelece o salário.

6.2  Estabelecimento do Preço

Em concorrência  perfeita,  o  salário   real   resultante  do  preço  competitivo  das empresas é a curva do produto marginal do trabalho (ou demanda por trabalho). As empresas tomam o preço de mercado P e o tornam igual ao custo marginal:

P=MC

P= WMPL

Ao contrário, em concorrência imperfeita, as firmas estabelecem um preço que maximiza   os   lucros.   O   mark   up   sobre   o   custo   marginal   dependerá   da elasticidade de demanda: quando a elasticidade da demanda cresce, o mark­up cai até o caso especial da competição perfeita onde a elasticidade de demanda é infinito.Se nós consideramos o caso mais simples de monopólio, então os lucros são maximizados quando a receita marginal é igual ao custo marginal. Se o (o valor absoluto  da)  elasticidade  da demanda  ( ,   chamado de epsilon)  é   constante, 

então há um mark­up constante maior do que um de 

−1 e temos a formula 

do preço básico de monopólio:

P=

−1WMPL

e o salário real é:  

25

WP=MPL

Page 26: 2 Demanda Agregada, Oferta Agregada e Ciclos de Negócios · é determinado pela demanda agregada no curto prazo é o modelo IS/LM. Ele consiste de duas partes: o mercado de bens

WP=−1

MPL

Fig. 2.9 ilustra a curva PS no caso de monopólio: porque , salário real que surge do processo de determinação de preço é  uma fração do produto marginal do trabalho.

De  forma mais  geral   ,  qualquer   tipo  de   imperfeição  do  mercado do  produto causa a curva PS estar abaixo da curva de demanda de trabalho competitiva. O excesso do salário real na curva de demanda acima da curva PS em qualquer nível  de  emprego  é   o   lucro  por   trabalhador   sobre­normal   (em  termos   reais) associado com a concorrência imperfeita no mercado de produto. Usaremos normalmente uma curva horizontal em vez de uma curva decrescente 

como  a   curva  PS.  Como   já   vimos,   passando  de   concorrência  perfeita   para imperfeita   não   leva   a   uma   curva   PS   horizontal.   Hipóteses   adicionais   são necessárias. Três alternativas são:

se o produto marginal do trabalho é constante (que implica que é igual ao produto médio) e o “ mark up” é constante, o salário real determinado pelo preço é igual a fração constante da produtividade do trabalho.

se o produto  marginal  do  trabalho declina mas o  “  mark up”  é  contra cíclico  (declina quando o emprego cresce) então a curva PS se  torna menos inclinada. O “mark up” seria contra cíclico se por exemplo, nova entrada  fosse encorajada na expansão aumentando a concorrência de mercado

se   as   firmas   estabelecem   seus   preços   usando   uma   regra   de   bolso, baseando o seu preço no seu custo médio ao longo do ciclo (i.e. quando a economia se move de recessão para a expansão e vice versa) a curva 

26

Figura 2.9 Relação entre a MPL, a elasticidade preço da demanda, e a curva PS

Page 27: 2 Demanda Agregada, Oferta Agregada e Ciclos de Negócios · é determinado pela demanda agregada no curto prazo é o modelo IS/LM. Ele consiste de duas partes: o mercado de bens

PS se tornaria menos inclinada (mais horizontal). Tal preço baseado na regra  do   custo  normal   pode   resultar   de   firmas  que  desejem  limitar  a extensão em que modificam os seus preços em resposta a mudanças no custo associada com mudanças na demanda. Mudanças freqüentes de preços   em   resposta   a   mudanças   na   demanda   são   custosas   em   si mesmas  (esses são os  chamados custos  de  menu das mudanças de preço) e firmas podem também desejar evita­los por razões estratégicas. 

Quando buscamos explicitamente diferentes padrões de como o salário real se move ao longo do ciclo ou às implicações de políticas do lado da oferta para salários   reais,   deveríamos   considerar   a   curva   PS   mais   geral   e   que   é negativamente inclinada. Em outros casos, é mais fácil usar uma curva PS sem declividade ou plana.   A curva PS plana oferece uma simplificação útil porque implica   que   firmas   não   mudam   seus   preços   em   resposta   a   flutuações   no produtor(em  linha  com nossas hipótese  de  preços  viscosos no curto  prazo); talvez, eles mudem seus preços somente quando seus custos mudam, como consequência   de   uma   mudança   nos   salários   por   exemplo.   Sob   a   hipótese razoável de que as mudanças nos salários ocorrem relativamente com pouca freqüência, são as mudanças de salário que oferecem o disparo natural para o final do curto prazo no modelo.Neste modelo de referencia, usamos hipóteses simples para chegar a uma curva PS plana: produto marginal constante e um mark up constante. Dadas essas suposições, se as firmas estabelecem preços para obter uma margem de lucro específica, então o montante  fixo de produto por  trabalhador é  separado em duas partes: lucros por trabalhador e salários reais por trabalhador. O salário real implícito no comportamento de preços é portanto constante e a curva PS é plana. O estabelecimento de preços pode então ser sumarizado como um mark up sobre uma unidade de custo de trabalho por uma percentagem fixa,  , sobre o custo de trabalho unitário. 

P=1W

em que os custos unitários de trabalho são o custo do trabalho por unidade de 

produto isto é W xE dividido por  y . Definimos yE

(produto por trabalhador) por 

(produtividade do trabalho).

É   conveniente   expressar   o   “mark   up”   em   uma   forma   ligeiramente   diferente quando apresentando o modelo macro. Se nos definirmos =/1    então a equação de preços pode ser escrita como 

27

Page 28: 2 Demanda Agregada, Oferta Agregada e Ciclos de Negócios · é determinado pela demanda agregada no curto prazo é o modelo IS/LM. Ele consiste de duas partes: o mercado de bens

P= 11−

x W

onde nos referimos a  como o “mark up” daqui para frente. Isto significa que na medida em que a competição aumenta o tamanho do “mark up” cai. Dividindo cada lado por P e rearrumando chegamos:

=WP

Em outras palavras, dado o “mark up”, o nível de produtividade do trabalho, e o salário  monetário,  o  nível  de  preço estabelecido  pelas  empresas  implica  um valor   específico   do   salário   real.   Este   é   o   salário   real   que   resulta   do estabelecimento de preço.  

wPS=WP

=1−

28

Figura 2.10 A curva do salário real de determinação de preços: curva PS

Page 29: 2 Demanda Agregada, Oferta Agregada e Ciclos de Negócios · é determinado pela demanda agregada no curto prazo é o modelo IS/LM. Ele consiste de duas partes: o mercado de bens

6.3  Equilíbrio no mercado de trabalho sob concorrência imperfeita

O mercado de  trabalho sob concorrência  imperfeita  é  caracterizado por uma curva WS positivamente  inclinada.  O mercado de  trabalho está  em equilíbrio quando as curvas cruzam (ver Fig. 2.11):

wWS=w PS

bE =1−

e  define   o  nível   único  de   equilíbrio   de  emprego   E ICE onde  ICE    significa equilíbrio  de  concorrência   imperfeita.  A   taxa  de  desemprego  associada  com esse equilíbrio (o ERU) é  U ICE /L onde L é a força de trabalho. 

A hipótese que os preços são estabelecidos logo depois dos salários (i.e sem um atraso) significa que o salário  real  está  sempre na curva PS onde como observado acima, trabalhadores estão na curva WS acreditando que o nível de preços correntes  está  no  seu nível  esperado.  Para  dar  um exemplo,  vamos supor que o emprego aumenta para   E1 como consequência de uma política fiscal   expansionista.   No   novo   período   de   estabelecimento   dos   salários,   isto provoca um aumento no salário monetário na medida em que os negociadores dos salários  tem como objetivo atingir  o ponto A  .  Entretanto, o ajustamento imediato de preços ao aumento de custo significa que os preços aumento em linha com o  aumento  de  salário  e  a  economia  se  move para  o  ponto  A'.  A 

29

Figura 2.11 Emprego e desemprego de equilíbrio:  UICE e EICE

Page 30: 2 Demanda Agregada, Oferta Agregada e Ciclos de Negócios · é determinado pela demanda agregada no curto prazo é o modelo IS/LM. Ele consiste de duas partes: o mercado de bens

hipótese da cronologia significa que a economia está normalmente na curva PS; se   PPE , os trabalhadores estarão na curva PS a direita do equilíbrio e se PPE , eles estarão na curva PS a esquerda do equilíbrio. Segue­se que se 

atrasos na determinação de preços fossem introduzidas o salário real estaria entre as curvas WS e PS.

O contraste entre as taxas de desemprego do equilíbrio competitivo e do de concorrência imperfeita é mostrado na Fig. 2.12, que sobrepõem as curvas WS e  PS  no  diagrama  do  mercado  de   trabalho  mostrando  a  oferta  de   trabalho competitiva e a curva de produtividade marginal do trabalho. A curva WS está acima da curva de oferta de trabalho para refletir  a  imperfeição de mercado. Semelhantemente,  a curva PS está  abaixo da curva de produto marginal  do trabalho  se  houver   imperfeição no mercado de produto:  com  firmas  fazendo lucros sobre normais os trabalhadores receberão menos do que o seu produto marginal. Se o mercado de trabalho é imperfeitamente competitivo, desemprego em ERU necessariamente  incluirá  algum desemprego  involuntário.  Em outras palavras haverá indivíduos preparados a aceitar um trabalho ao salário real vigente que não conseguem encontrar vaga de emprego. Como nós sabemos disso? A curva de oferta de trabalho indica o salário real ao qual um individuo está preparado para trabalhar. Já  que a curva de oferta de trabalho está abaixo da curva de salário,  nós  sabemos que  haverá   gente  que  estaria  disposta  a   trabalhar  ao salário real   w ICE que não estão empregados quando o emprego está no seu nível de equilíbrio  EICE .

Já   que   há   desemprego   involuntário   em   UICE esta  não   é   a   taxa   ideal   da perspectiva de bem estar.  Dadas as  instituições e práticas na economia que 

30

Figura 2.12 Conceitos de desemprego

Page 31: 2 Demanda Agregada, Oferta Agregada e Ciclos de Negócios · é determinado pela demanda agregada no curto prazo é o modelo IS/LM. Ele consiste de duas partes: o mercado de bens

estão por trás das curvas de salário e preço, o ERU é a taxa de desemprego que constitui   um  equilíbrio   no   sentido  de  que  os  determinadores  dos   salários   e preços não tem razão para modificar o seu comportamento. A separação entre desemprego  involuntário e voluntário no modelo de concorrência  imperfeita é mostrado no diagrama.

A taxa de desemprego de equilíbrio é o resultado de características estruturais ou   do   lado   da   oferta   da   economia   que   estão   por   trás   das   curvas   de determinação  do   salário   e   dos   preços.  Podem  portanto   em  princípio   serem modificadas   por   políticas   do   lado   da   oferta   ou   mudanças   estruturais   Por exemplo, mudanças na legislação para enfraquecer os sindicatos podem levar a uma redução do poder de barganha dos mesmos e isto reduziria o salário real esperado   que   seria   negociado   pelos   trabalhadores   a   qualquer   nível   de desemprego baixando  b(E)  e  deslocando a  curva  WS  para baixo.  Mantendo todas as outras características da economia constantes, isto iria reduzir a taxa de   equilibro   de   desemprego.   Alternativamente,   um   aumento   no   grau   de competição do mercado do produto – como resultado, digamos, de mudanças na aplicação  da  política  de  competição  ou  porque  o   internet   torna  mais   fácil   a comparação de preços – iria produzir uma redução na margem de lucro e levara a  uma  salário   real  mais  alto  a  cada  nível   de  emprego   (a   curva  PS   iria   se deslocar   para   cima).   Semelhantemente,   qualquer   mudança   na     política governamental   que   afeta   salário   e   determinação   de   preços   irá   deslocar   o equilíbrio de desemprego. Políticas relacionadas aos benefícios de desemprego, taxação, regulação do trabalho e mercado do produto e acordos de renda todos são relevantes. É fácil então imaginar que diferenças internacionais em política e nas estruturas institucionais produzem diferenças no desemprego de equilíbrio. 

7 .  Demanda Agregada e Oferta Agregada

Em muitas apresentações da macroeconomia do curto e médio prazo, os dois componentes de demanda agregada e oferta são colocados juntos usando um diagrama em que o nível  de preços aparece no eixo vertical  e o produto no horizontal. Nós não faremos uso extensivo deste diagrama neste livro porque não   é   particularmente   bom   para   analisar   choques   e   respostas   de   política. Entretanto, serve um par de propósitos úteis: primeiro provê uma forma simples de ver como o nível de preços é determinado e segundo ele provê outra forma pela qual modelos macro podem ser comparados. 

7.1  A Demanda Agregada: do diagrama IS/LM ao curva AD

As   condições   de   equilibro   do   mercado   de   bens   e   monetário   podem   ser 

31

Page 32: 2 Demanda Agregada, Oferta Agregada e Ciclos de Negócios · é determinado pela demanda agregada no curto prazo é o modelo IS/LM. Ele consiste de duas partes: o mercado de bens

transferidas para o diagrama com o nível de preços no eixo vertical e produto no horizontal. No painel de cima da Fig. 2.13, a economia começa no ponto A (Note 

que a curva LM é indexada pela oferta real de moeda: MS

P1, que significa que a 

posição da curva LM é   fixada pela oferta real  de moeda assim definida) Em seguida, vamos manter a oferta nominal de moeda constante e reduzir o nível de preços         P0 :   o   novo   equilíbrio   do   mercado   de   moeda   é   mostrado   por 

LM MS

P0 . O aumento  do   valor   dos  encaixes   reais   de  moeda   nas  mãos  do 

público  cria  um desequilíbrio  no  mercado  monetário:  excesso  de  moeda,  as famílias vão recompor as suas carteiras comprando títulos. Isso eleva o preço dos títulos e baixa a taxa de juros. isto é conhecido como o efeito Keynes. O novo equilíbrio é no ponto B com um nível de produto maior. O equilíbrio em A e B é mapeado no diagrama abaixo com P no eixo vertical e y no eixo horizontal. O equilibro combinado do mercado de bens e moeda para níveis diferentes de preços produzem a curva AD. Segue­se desta derivação que qualquer coisa que desloque a curva IS ou a LM, além das mudanças do nível de preços, desloca a curva AD.

A curva AD tem um caráter completamente diferente da curva de demanda do mercado microeconomios,  onde a curva de demanda relaciona a quantidade demandada   ao   preço   de   um   bem   particular.   Em   contraste,   a   curva   AD representa dois conjuntos de condições de equilibro. Uma mudança no nível de preços  P  perturba  o  equilibro  no  mercado  monetário   que  desencadeia  uma mudança no comportamento que leva a taxa de juros a mudar. Isto por usa vez cria um desequilibro no mercado de bens e o produto muda quando o equilibro é restabelecido. 

32

Page 33: 2 Demanda Agregada, Oferta Agregada e Ciclos de Negócios · é determinado pela demanda agregada no curto prazo é o modelo IS/LM. Ele consiste de duas partes: o mercado de bens

Nós já encontramos de forma indireta o caso em que uma queda no nível de prelos   não   está   associado   com   um   aumento   no   produto:   a   armadilha   pela liquidez. Se a curva LM é horizontal então uma queda de P desloca a seção horizontal da LM para a direita e a taxa de juros não muda. A razão é que as famílias estão felizes de manter encaixes reais maiores porque eles acreditam que a  taxa de  juros não cairá  mais.  Em tais circunstâncias,  uma queda dos preços   falha   em   estimular   a   economia.   Esta   é   uma   forma   de   interpretar   a depressão japonesa dos inicio dos anos 2000. 

Quando Keynes argumentou a relevância da armadilha pela liquidez nos anos 1930 alguns economistas responderam dizendo que mesmo que a taxa de juros não respondesse a uma queda do nível de preços, havia uma outra maneira de reavivar a demanda. O chamado efeito Pigou depende da resposta do consumo a mudanças o valor real da riqueza. Se o feito Pigou funcionar, uma queda dos preços aumenta a riqueza real e estimula o consumo restaurando a declividade da curva AD. Mas parece que o efeito Pigou funciona ao reverso no caso do Japão,  onde a queda dos preços  levou os consumidores a entesourarem na 

33

Figura 2.13 Derivando a curva AD

Page 34: 2 Demanda Agregada, Oferta Agregada e Ciclos de Negócios · é determinado pela demanda agregada no curto prazo é o modelo IS/LM. Ele consiste de duas partes: o mercado de bens

expectativa que os preços cairão mais: consumo é adiado e não estimulado. 

7.2  Oferta Agregada: do diagrama do mercado de trabalho a curva AS

Informação a respeito do equilibro do mercado de trabalho pode também ser transferida   no   chamado   diagrama   AD­AS.   Tanto   nos   modelos   de   mercado competitivo  quanto  de   imperfeitamente   competitivo  existe  um nível  único  de emprego  consistente   com o  equilibro  do  mercado  de   trabalho.  A   função  de produção de curto prazo é usada para converter o nível de emprego em nível de equilibro de produto de médio prazo. Já que o equilibro do mercado de trabalho é definido em termos reais mudanças no nível de preços não afetam o equilibro.A curva de oferta agregada é portanto vertical em em  yCE ou  y ICE que é o nível de   produto   y0 na   Fig.   2.14.   O   diagrama   pode   ser   interpretado   como representando ou o caso competitivo ou o não competitivo. Um deslocamento para a direita da curva de demanda agregada por um aumento no consumo autônomo, por exemplo, iria estar associado com um mercado de trabalho de equilíbrio no nível não modificado de  yCE ou  y ICE . Se o nível de preços pula como mostrado na Fig. 2.14, então a economia se movimenta direto de A para Z.

O caso especial de ajustamento imediato de salários e preços é representado pela curva AD combinada com uma curva AS vertical. Uma economia deste tipo experimenta flutuações no produto somente em consequência de mudanças no lado da oferta já que flutuações na demanda agregada desloca a curva AD (por ex. política fiscal, política monetária, ou choques do setor privado), que afetam o nível  de  preços  mas  não  o  produto  e  emprego.  Vamos  retornar  a  Fig  2.14 abaixo,  mas primeiro  vamos olhar  com mais  cuidado o  modelo  de ciclos  de negócios em que os mesmos são gerados pelo lado da oferta.

7.3  Dois enfoques de Ciclos de Negócios

7.3.1  O Ciclo Real de Negócios: choques de oferta

A idéia de que as flutuações do emprego que observamos na economia quando se move de recessão a expansão e de volta novamente são devidas somente aos  fatores do  lado da oferta e não das  flutuações na demanda agregada é central no modelo dos Ciclos Reais de Negócios.

Neste modelo, o mercado de trabalho está sempre em equilíbrio. Veremos que isto   contrasta   com   a   situação   no   modelo   em   que,     o   ciclo   de   negócios   é provocado por flutuações na demanda agregada onde na expansão, emprego 

34

Page 35: 2 Demanda Agregada, Oferta Agregada e Ciclos de Negócios · é determinado pela demanda agregada no curto prazo é o modelo IS/LM. Ele consiste de duas partes: o mercado de bens

está acima do equilíbrio e na recessão, emprego está abaixo dele. No modelo RBC   são os fatores do lado da oferta tais como mudanças na tecnologia que provocam o ciclo. Para ver como isto funciona nós assumimos que na Fig. 2.15, a  economia está   inicialmente no ponto  A.  Um choque positivo de  tecnologia como uma onda de inovação, desloca a curva de produto marginal do trabalho para a direita (para  MPLH ) e a economia se move para o ponto B: esta é a expansão.   A   oportunidade   dos   trabalhadores   de   ganharem   salários   mais elevados   como   consequência   da   nova   tecnologia,   os   leva   a   ofertar   mais trabalho, isto é a mover para cima a curva de oferta de trabalho. B é portanto também uma posição de equilíbrio do mercado de trabalho. Um choque negativo de oferta, por exemplo uma escassez repentina de uma matéria prima, levaria a economia a uma recessão na medida em que a curva MPL se desloca para a esquerda  levando a  um novo equilibro  no  ponto  C.  Em C,  os   trabalhadores escolhem ofertar menos trabalho. A queda no emprego é inteiramente voluntária no sentido de que dadas as novas circunstâncias em que eles se defrontam depois   do   deslocamento   da   curva   de   produto   marginal   do   trabalho   para   a esquerda, os trabalhadores escolhem ofertar menos trabalho. Os trabalhadores escolhem mudar o timing de sua oferta de trabalho em resposta a mudanças na demanda trabalhando mais em bons tempos e menos em tempos ruins. Isto é chamado de substituição intertemporal do trabalho. 

35

Page 36: 2 Demanda Agregada, Oferta Agregada e Ciclos de Negócios · é determinado pela demanda agregada no curto prazo é o modelo IS/LM. Ele consiste de duas partes: o mercado de bens

Muitos economistas permanecem pessimistas quanto a idéia que  as forças do lado de oferta são a fonte dominante das flutuações dos ciclos de negócios e que os ciclos de negócios são unicamente fenômenos de equilíbrio. 

Como   veremos   nos   cap.s.   13   e   14,   mudanças   tecnológicas   tem   um   papel fundamental  para explicar o crescimento de  longo prazo.  Entretanto ,  parece 

36

Figura 2.14 As curvas AD e AS

Page 37: 2 Demanda Agregada, Oferta Agregada e Ciclos de Negócios · é determinado pela demanda agregada no curto prazo é o modelo IS/LM. Ele consiste de duas partes: o mercado de bens

menos plausível que flutuações na taxa de progresso esteja por trás do padrão de   expansões   e   recessões   que   caracterizam   as   economias.   Quando   uma economia   recobre   de   uma   recessão   a   produtividade   tipicamente   aumenta relativamente ao seu valor de longo prazo, com uma caracterização reversa na recessão. Entretanto, isto não significa que é o padrão de mudança tecnológica que está causando a expansão e a recessão, uma explicação mais simples e consistente com a visão baseada na demanda agregada é que a demanda cai, as firmas mantém os trabalhadores na esperança que a recessão será de curta duração.   É   custoso   empregar   e   despedir   trabalhadores   de   forma   que entesouramento de trabalho é esperado . Isto produzirá um resultado de que a produtividade cai na recessão e cresce na expansão. 

Da Fig. 2.15, é claro que para que o mecanismo do RBC seja capaz de explicar as  mudanças substanciais  do emprego que acontecem durante  o ciclo,  uma pequena mudança no salário real deve levar a uma grande mudança na oferta de trabalho, isto é a oferta de trabalho deve ser muito elástica. Entretanto isto parece que não corresponde a evidência empírica que mostra que para o chefe da casa a elasticidade intertemporal da oferta de trabalho é muito baixa. Embora o enfoque RBC não seja a visão dominante sobre os ciclos ele tem tido uma grande influencia na metodologia da moderna macroeconomia na fronteira da pesquisa. 

7.3.2    Ciclo  dos  negócios:  os  choques  de  demanda  agregada mais salários e preços viscosos

37

Figura 2.15 O modelo dos ciclos reais de negócios:  flutuações do equilíbrio devido a choques de tecnologia

Page 38: 2 Demanda Agregada, Oferta Agregada e Ciclos de Negócios · é determinado pela demanda agregada no curto prazo é o modelo IS/LM. Ele consiste de duas partes: o mercado de bens

No   extremo   oposto   do   mundo   dos   salários   e   dos   preços   que   se   ajustam rapidamente está o modelo IS/LM, onde supomos que salários e preços não se ajustam no curto prazo. 

Retornando a  Fig.  2.14,  o  ajustamento  viscoso  dos  salários  nominais  e  dos preços   implica  que  a  economia  não   se  move  diretamente  de  A  para  Z  em resposta a um choque de demanda. Na Fig. 2.14, o ajustamento de curto prazo devido ao deslocamento para a direita da curva IS é mostrado no painel de baixo e no diagrama AD­AS como o movimento de A para B com o nível de preços constante em  P0 no painel de cima. É claro que o painel do meio que o mercado de trabalho não está em equilibro quando o emprego é  E1 .

O curto prazo termina quando os salários e preços começam a se ajustar em resposta ao desequilibro no mercado de trabalho.  A natureza do desequilibro é claro: o salário real prevalecente, w0 , não está nem na curva de oferta nem na curva de demanda na  interpretação competitiva da Fig.  2.14;  nem tampouco está na curva WS ou PS na interpretação não competitiva. O salário real é muito baixo para prover uma oferta de trabalho  E1 e muito alta para o emprego de  E1trabalhadores  ser   lucrativo.  Com concorrência   imperfeita  os controladores  de salário não estarão satisfeitos com um salário real de   w0 se o emprego é tão alto   como   E1 ;   e   se   o   emprego   mais   elevado   é   acompanhado   de   uma produtividade marginal  decrescente,  então a  margem de  lucro  não pode ser mantida se o salário real permanece em  w0 . 

Uma forma de explicar o que acontece uma vez que os salários e os preços começam a se ajustar é  assumir que os salários nominais sobem por   α nós supomos que isto é interpretado com um aumento do salário baseado na sua visão   do   nível   de   preços   prevalecente.   Mas   subseqüentemente,   os   preços aumentam por   α+β para restabelecer o equilibro no lado da determinação de preços do mercado de trabalho. Isto deixa a economia no ponto B' no mercado de trabalho e nos diagramas AD­AS. 

A linha que passa por A e B' no diagrama AD­AS define uma oferta agregada de curto prazo, a   SAS P−1=P0 . A curva SAS é indexada ao nível de preços do último   período   P−1 para   capturar   a   hipótese   de   que   quando   os   salários aumentam,   as   implicações   para   o   salário   real   são   interpretadas   pelos trabalhadores em termos do nível de preços  pré­existente,  P0 .  A declividade da SAS depende do valor de   α e   β e portanto na declividade das curvas de oferta de trabalho e da demanda de trabalho (ou as curvas WS e PS). Uma curva PS horizontal produz uma curva SAS menos inclinada (já que  β=0 ).

38

Page 39: 2 Demanda Agregada, Oferta Agregada e Ciclos de Negócios · é determinado pela demanda agregada no curto prazo é o modelo IS/LM. Ele consiste de duas partes: o mercado de bens

De fato, a economia se move do ponto B para o C em lugar de B' por causa do impacto dos preços mais elevados na demanda agregada. Um aumento no nível de preços leva a uma queda da oferta real de moeda e aumento da taxa de juros,   reduzindo a demanda agregada (a LM se desloca para a esquerda, a economia se move para o nordeste ao longo da curva AD). Quando a economia está no ponto C, o desequilíbrio no mercado de trabalho é menor do que antes mas   não   desapareceu   completamente.   O   ajustamento   de   C   para   Z   ocorre através do movimento para cima das curvas SAS na medida em o aumento de preço é incorporado nas decisões do mercado de trabalho do período seguinte. O nível de preços tende a preço   P Z e a  SAS P−1=P Z cruza a curva AS em Z. Em Z, o equilíbrio no mercado de trabalho é restaurado. 

● A curva IS se desloca para a direita e o produto e emprego aumentam com o preço e o nível de salários não modificado no curto prazo. Isto é uma expansão cíclicla (o contrário ocorre com um choque negativo na IS);

● No mercado de trabalho, há um desequilíbrio e os salários e preços se movem em resposta;

● Nível de preços mais elevados levam por outro lado a uma redução na demanda agregada via o Efeito Keynes;

● Trabalhadores   atualizam   o   nível   de   preços   na   base   do   qual   eles   se comportam, que desloca a SAS para cima;

● No longo prazo, o equilíbrio é restaurado com desemprego em ERU, uma taxa  de   juros   real  mais   elevada   (e  uma  mudança  na   composição  do produto de investimento para por exemplo, consumo), a um nível mais elevado de preços. 

8  Conclusões

 

39