11
Se a ficha ainda não caiu, atenção! Há fortes e crescen- tes indícios de que está crescen- do na sociedade brasileira um movimento subterrâneo (ou nem tão subterrâneo assim) profun- damente autoritário que, sob o manto de um discurso de indig- nação moral, mal consegue dis- farçar seu desprezo pela políti- ca e pela democracia. Um co- mercial veiculado pela MTV resume bem o ideário desse movimento. O texto diz: “Vêm aí as eleições. Cuidado! De um lado, o governo sujo pela cor- rupção, pela hipocrisia que con- tamina os novos ricos e velhas raposas no poder. De outro uma oposição pensando que todo mundo é idiota e não se lembra do que fizeram quando estavam no governo e nem de suas res- ponsabilidades por zonas de caos em que estamos metidos. No meio de tudo isso, uma cam- panha inútil e marqueteira com candidatos se atacando e lan- çando bravatas em busca de votos cordeirinhos. Você vai fi- car de que lado? A MTV te dá uma dica: prepare seu saco, os ovos e os tomates”. A conjuga- ção desse texto com as imagens poderia muito bem servir como um comercial de lançamento de um novo movimento fascista. Exagero? Vejamos o que diz exatamente o comercial da MTV, com perdão pelo dida- tismo. No momento em que cer- tos limites parecem estar sendo ultrapassados, é bom começar a chamar as coisas pelo nome. Em primeiro lugar, uma adver- tência para a ameaça que as eleições representam. É preci- so tomar cuidado, algo que me- rece ovos e tomates vai come- çar: a campanha eleitoral. Um processo inútil e mentiroso. Não há qualquer ambigüidade ou iro- nia na mensagem. O que está sendo dito é isso mesmo. E nin- guém escapa da acusação: nem governo, nem oposição. Toda a política é jogada na vala comum da mentira e da inutilidade. Ora, se é assim, para que eleição? Abandonemos a idéia de repre- sentação política, de participa- ção da população no processo político. A única forma de en- frentar os problemas da menti- ra e da corrupção na política seria assim, dissolvendo a pró- pria política. Nada de partidos, em pauta joão de barro setembro/2006 2 Em defesa da política e da democracia Marco Aurélio Weissheimer é jornalista Publicado originalmente em www.agenciacartamaior.com.br. Marco Aurélio Weissheimer nada de candidatos, nada de debate nos meios de comunica- ção. Ovos e tomates neles! E o que será colocado no lugar dis- so? Tomates e ovos. Por- que não pedras e tiros? Ao falar do objetivo do co- mercial dedicado às eleições deste ano, o diretor de progra- mação da MTV, Zico Góes, disse à Folha de São Paulo, que “a gente não está convidando nin- guém a agredir os políticos. A gente só quer que o jovem fique indignado”. É difícil dizer o que é mais assustador: a falsidade ou a banalidade da declaração. Em primeiro lugar, não é verda- de que o comercial não está convidando a agredir os políti- cos. É exatamente isso o que faz. Em segundo, quem é exa- tamente “a gente”? Quem está convidando? Ao que parece é a direção da MTV. Ela resolveu, então, desencadear uma cam- panha em defesa do fascismo e contra a democracia, destinada aos jovens? É isso? Outra per- gunta singela: quer despertar indignação em relação ao que mesmo? Os recentes aconteci- mentos da política nacional re- comendam uma rejeição total aos políticos envolvidos em es- quemas de corrupção. Em qual- quer regime democrático, a melhor maneira de fazer isso é através do voto. Ora, se qualifi- camos o processo eleitoral como algo mentiroso e inútil, como a população poderá ma- terializar sua indignação? Toma- tes e ovos? Por que não pedras e tiros? Fechemos logo o Con- gresso e os parlamentos esta- duais e municipais, então. O referido comercial faz um diagnóstico devastador dos po- líticos, da campanha eleitoral e da atividade política. Mas, apa- rentemente, a julgar pelas pala- vras do diretor de programação da MTV, não leva em conta as possíveis conseqüências desse discurso, não para este ou aquele político corrupto, mas para a própria idéia de democracia. Reside aí a banalidade da de- claração. A idéia é “que o jo- vem fique indignado”. Com a democracia e o processo elei- toral? Pois é isso o que está sen- do dito em alto e bom tom. Não custa lembrar que a história da democracia no Brasil é marcada por uma série de interrupções autoritárias, quando os políticos foram acusados de serem todos corruptos e incapazes de ajudar a resolver os problemas do país. Em todas essas interrupções, as eleições foram primeiro desqualificadas e depois sus- pensas. A mais recente delas ainda é muito recente para que seja esquecida. Assim, colocar os políticos e as eleições na sar- jeta e sugerir que recebam ovos e tomates não é exatamente uma mensagem original. Mas há um agravante no caso da MTV: a banalidade com que isso é dito e defendido como se fosse uma peça publicitária qualquer. O Estado é o inimigo? Alguém poderá considerar tudo o que foi dito acima como um exagero, afinal de contas tra- ta-se apenas de um comercial. Sem entrar no mérito do debate sobre o sentido deste “apenas um comercial”, é preciso des- tacar que não se trata de um caso isolado. Nos últimos me- ses, vem crescendo na internet e fora dela manifestações em defesa do voto nulo, movimen- tos que qualificam a atividade política como uma “coisa suja” e os políticos como seres que deveriam ser varridos do mapa. Dias atrás, uma importante pro- fessora da Faculdade de Histó- ria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul concedeu uma entrevista ao jornal Zero Hora, de Porto Alegre, onde dis- se estar enojada da política e dis- posta a fazer uma campanha pelo voto nulo junto aos seus amigos e conhecidos. Que uma professora de História - que certamente conhece a frágil his- tória da democracia brasileira - diga isso já é motivo de espan- to. Mas o furo é mais embaixo: manifestações como essa vem se repetindo pela mídia, repetin- do, com algumas variações, um mesmo mantra: os políticos não prestam, a política é uma coisa suja, o Estado e os seus agen- tes são o inimigo a ser enfren- tado. O jornalista Clóvis Rossi, ar- ticulista da Folha de São Paulo, destaca em sua coluna de 16 de agosto, intitulada “Delinqüente é o Estado”, um trabalho de André Moysés Gaio, mestre em ciên- cia política e doutor em história social, professor da Universida- de Federal de Juiz de Fora. Intitulado “O Estado é delin- qüente”, o trabalho “apresenta a noção de Estado delinqüente para explicar uma modalidade de crime que conta com a inici- ativa e a liderança dos agentes públicos”. Não é que os agen- tes públicos se corrompam fa- cilmente no Brasil, diz Rossi. “É pior: eles tomam a iniciativa, li- deram o saque aos bens públi- cos”. É inegável que a cor- rupção é um grave problema a ser resolvido no país e que o Estado e o sistema político es- tão exigindo um choque de de- mocracia. Mas não é possí- vel esquecer ou diminuir que são aparelhos do Estado, como a Polícia Federal e o Ministério Público, que vêm denunciando e prendendo, como nunca antes na história da República, servi- dores públicos dos mais varia- dos escalões. Mas a questão central não é essa. O que esse discurso do “Estado delinqüen- te” oculta, entre outras coisas, é a delinqüência do setor priva- do. Afinal de contas, onde há um corrompido há um corruptor que, na esmagadora maioria das ve- zes, está no setor privado. Não parece que o debate sobre quem nasceu primeiro, o ovo ou a ga- linha, seja o caminho para a su- peração do problema. A solução é mais demo- cracia e não menos Há anos, um grupo de renomados juristas internacio- nais reúne-se para debater no- vas formas de combater a lava- gem de dinheiro e o crime orga- nizado em todo o mundo. Uma de suas conclusões aponta para uma forte conexão entre o cri- me organizado e o sistema fi- nanceiro internacional. Não há tráfico sem lavagem de dinhei- ro e não há lavagem de dinheiro sem a participação do sistema financeiro. No entanto, por al- guma razão, essa conexão, é muito pouco divulgada e debati- da na grande mídia. Particular- mente, no caso brasileiro, o Es- tado e a política são apresenta- dos como os grandes vilões. Serão mesmo? Um possível ca- minho para tentar elucidar essa dúvida é apostar em mais de- mocracia e não em menos. Há muita gente que anda desencan- tada com a política e que argu- menta que não vem adiantando grande coisa votar. Esse diag- nóstico é revelador de duas coi- sas. A primeira sugere que um sistema democrático não sobre- vive se os cidadãos limitarem sua participação ao ato de vo- tar. Se é assim, participar das eleições, manifestar sua indig- nação ou aprovação através do voto, é uma condição necessá- ria mas não suficiente para a democracia. Se é razoável de- finir a corrupção como a apro- priação do espaço público e do Estado por interesses privados, a forma de combatê-la é demo- cratizar o espaço público e o Estado, o que exige uma parti- cipação mais ativa da cidadania, uma participação que não se esgota no ato de votar. A questão central aqui não é propriamente o tema do voto nulo. Alguém pode querer anu- lar seu voto em uma determina- da eleição e não ser contra o processo eleitoral e a democra- cia. O problema é que essa fronteira, às vezes, pode assu- mir um caráter nebuloso, crian- do um caldo de cultura para a proliferação de discursos auto- ritários e fascistas que têm como alvo a própria idéia de democra- cia. A história já nos ensinou que, não raras vezes, o autoritarismo e o totalitarismo andam de mãos dadas com a banalidade. Hannah Arendt cantou essa pe- dra em obras como “Eichmann em Jerusalém” (Companhia das Letras, 1999) e “Origens do Totalitarismo” (Companhia das Letras, 1989). Ao comentar o julgamento do criminoso nazis- ta Eichmann, Arendt afastou a hipótese de que ele fosse um monstro, um sádico, ou um car- rasco, descrevendo-o como al- guém caracterizado por uma “terrificante superficialidade”, como um indivíduo banal. Não temos nenhum Eichmann entre nós, pelo menos que se saiba. Mas alguns sintomas recentes recomendam uma forte atenção para o risco da banalidade. Se começamos a achar normal que devemos despertar a indignação dos jovens, mostrando que a política e o processo eleitoral são coisas mentirosas e inúteis, as sementes da banalidade, do mal e do autoritarismo encontrarão um fértil terreno para florescer.

2 Em defesa da política e da democracia - apcefrs.org.br · Conforme o Departamento In-tersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), 82% dos acordos salariais

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Page 1: 2 Em defesa da política e da democracia - apcefrs.org.br · Conforme o Departamento In-tersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), 82% dos acordos salariais

Se a ficha ainda não caiu,atenção! Há fortes e crescen-tes indícios de que está crescen-do na sociedade brasileira ummovimento subterrâneo (ou nemtão subterrâneo assim) profun-damente autoritário que, sob omanto de um discurso de indig-nação moral, mal consegue dis-farçar seu desprezo pela políti-ca e pela democracia. Um co-mercial veiculado pela MTVresume bem o ideário dessemovimento. O texto diz: “Vêmaí as eleições. Cuidado! De umlado, o governo sujo pela cor-rupção, pela hipocrisia que con-tamina os novos ricos e velhasraposas no poder. De outro umaoposição pensando que todomundo é idiota e não se lembrado que fizeram quando estavamno governo e nem de suas res-ponsabilidades por zonas decaos em que estamos metidos.No meio de tudo isso, uma cam-panha inútil e marqueteira comcandidatos se atacando e lan-çando bravatas em busca devotos cordeirinhos. Você vai fi-car de que lado? A MTV te dáuma dica: prepare seu saco, osovos e os tomates”. A conjuga-ção desse texto com as imagenspoderia muito bem servir comoum comercial de lançamento deum novo movimento fascista.

Exagero? Vejamos o que dizexatamente o comercial daMTV, com perdão pelo dida-tismo. No momento em que cer-tos limites parecem estar sendoultrapassados, é bom começara chamar as coisas pelo nome.Em primeiro lugar, uma adver-tência para a ameaça que aseleições representam. É preci-so tomar cuidado, algo que me-rece ovos e tomates vai come-çar: a campanha eleitoral. Umprocesso inútil e mentiroso. Nãohá qualquer ambigüidade ou iro-nia na mensagem. O que estásendo dito é isso mesmo. E nin-guém escapa da acusação: nemgoverno, nem oposição. Toda apolítica é jogada na vala comumda mentira e da inutilidade. Ora,se é assim, para que eleição?Abandonemos a idéia de repre-sentação política, de participa-ção da população no processopolítico. A única forma de en-frentar os problemas da menti-ra e da corrupção na políticaseria assim, dissolvendo a pró-pria política. Nada de partidos,

em pauta joão de barro setembro/2006 2

Em defesa da política e da democracia

Marco Aurélio Weissheimeré jornalistaPublicado originalmente em

www.agenciacartamaior.com.br.

Marco Aurélio Weissheimer nada de candidatos, nada dedebate nos meios de comunica-ção. Ovos e tomates neles! E oque será colocado no lugar dis-so?

Tomates e ovos. Por-que não pedras e tiros?

Ao falar do objetivo do co-mercial dedicado às eleiçõesdeste ano, o diretor de progra-mação da MTV, Zico Góes, disseà Folha de São Paulo, que “agente não está convidando nin-guém a agredir os políticos. Agente só quer que o jovem fiqueindignado”. É difícil dizer o queé mais assustador: a falsidadeou a banalidade da declaração.Em primeiro lugar, não é verda-de que o comercial não estáconvidando a agredir os políti-cos. É exatamente isso o quefaz. Em segundo, quem é exa-tamente “a gente”? Quem estáconvidando? Ao que parece é adireção da MTV. Ela resolveu,então, desencadear uma cam-panha em defesa do fascismo econtra a democracia, destinadaaos jovens? É isso? Outra per-gunta singela: quer despertarindignação em relação ao quemesmo? Os recentes aconteci-mentos da política nacional re-comendam uma rejeição totalaos políticos envolvidos em es-quemas de corrupção. Em qual-quer regime democrático, amelhor maneira de fazer isso éatravés do voto. Ora, se qualifi-camos o processo eleitoralcomo algo mentiroso e inútil,como a população poderá ma-terializar sua indignação? Toma-tes e ovos? Por que não pedrase tiros? Fechemos logo o Con-gresso e os parlamentos esta-duais e municipais, então.

O referido comercial faz umdiagnóstico devastador dos po-líticos, da campanha eleitoral eda atividade política. Mas, apa-rentemente, a julgar pelas pala-vras do diretor de programaçãoda MTV, não leva em conta aspossíveis conseqüências dessediscurso, não para este ou aquelepolítico corrupto, mas para aprópria idéia de democracia.Reside aí a banalidade da de-claração. A idéia é “que o jo-vem fique indignado”. Com ademocracia e o processo elei-toral? Pois é isso o que está sen-do dito em alto e bom tom. Nãocusta lembrar que a história dademocracia no Brasil é marcadapor uma série de interrupções

autoritárias, quando os políticosforam acusados de serem todoscorruptos e incapazes de ajudara resolver os problemas do país.Em todas essas interrupções, aseleições foram primeirodesqualificadas e depois sus-pensas. A mais recente delasainda é muito recente para queseja esquecida. Assim, colocaros políticos e as eleições na sar-jeta e sugerir que recebam ovose tomates não é exatamenteuma mensagem original. Mas háum agravante no caso da MTV:a banalidade com que isso é ditoe defendido como se fosse umapeça publicitária qualquer.

O Estado é o inimigo?Alguém poderá considerar

tudo o que foi dito acima comoum exagero, afinal de contas tra-ta-se apenas de um comercial.Sem entrar no mérito do debatesobre o sentido deste “apenasum comercial”, é preciso des-tacar que não se trata de umcaso isolado. Nos últimos me-ses, vem crescendo na internete fora dela manifestações emdefesa do voto nulo, movimen-tos que qualificam a atividadepolítica como uma “coisa suja”e os políticos como seres quedeveriam ser varridos do mapa.Dias atrás, uma importante pro-fessora da Faculdade de Histó-ria da Universidade Federal doRio Grande do Sul concedeuuma entrevista ao jornal ZeroHora, de Porto Alegre, onde dis-se estar enojada da política e dis-posta a fazer uma campanhapelo voto nulo junto aos seusamigos e conhecidos. Que umaprofessora de História - quecertamente conhece a frágil his-tória da democracia brasileira -diga isso já é motivo de espan-to. Mas o furo é mais embaixo:manifestações como essa vemse repetindo pela mídia, repetin-do, com algumas variações, ummesmo mantra: os políticos nãoprestam, a política é uma coisasuja, o Estado e os seus agen-tes são o inimigo a ser enfren-tado.

O jornalista Clóvis Rossi, ar-ticulista da Folha de São Paulo,destaca em sua coluna de 16 deagosto, intitulada “Delinqüente éo Estado”, um trabalho de AndréMoysés Gaio, mestre em ciên-cia política e doutor em históriasocial, professor da Universida-de Federal de Juiz de Fora.Intitulado “O Estado é delin-

qüente”, o trabalho “apresentaa noção de Estado delinqüentepara explicar uma modalidadede crime que conta com a inici-ativa e a liderança dos agentespúblicos”. Não é que os agen-tes públicos se corrompam fa-cilmente no Brasil, diz Rossi. “Épior: eles tomam a iniciativa, li-deram o saque aos bens públi-cos”. É inegável que a cor-rupção é um grave problema aser resolvido no país e que oEstado e o sistema político es-tão exigindo um choque de de-mocracia. Mas não é possí-vel esquecer ou diminuir que sãoaparelhos do Estado, como aPolícia Federal e o MinistérioPúblico, que vêm denunciandoe prendendo, como nunca antesna história da República, servi-dores públicos dos mais varia-dos escalões. Mas a questãocentral não é essa. O que essediscurso do “Estado delinqüen-te” oculta, entre outras coisas,é a delinqüência do setor priva-do. Afinal de contas, onde há umcorrompido há um corruptor que,na esmagadora maioria das ve-zes, está no setor privado. Nãoparece que o debate sobre quemnasceu primeiro, o ovo ou a ga-linha, seja o caminho para a su-peração do problema.

A solução é mais demo-cracia e não menos

Há anos, um grupo derenomados juristas internacio-nais reúne-se para debater no-vas formas de combater a lava-gem de dinheiro e o crime orga-nizado em todo o mundo. Umade suas conclusões aponta parauma forte conexão entre o cri-me organizado e o sistema fi-nanceiro internacional. Não hátráfico sem lavagem de dinhei-ro e não há lavagem de dinheirosem a participação do sistemafinanceiro. No entanto, por al-guma razão, essa conexão, émuito pouco divulgada e debati-da na grande mídia. Particular-mente, no caso brasileiro, o Es-tado e a política são apresenta-dos como os grandes vilões.Serão mesmo? Um possível ca-minho para tentar elucidar essadúvida é apostar em mais de-mocracia e não em menos. Hámuita gente que anda desencan-tada com a política e que argu-menta que não vem adiantandogrande coisa votar. Esse diag-nóstico é revelador de duas coi-sas. A primeira sugere que um

sistema democrático não sobre-vive se os cidadãos limitaremsua participação ao ato de vo-tar. Se é assim, participar daseleições, manifestar sua indig-nação ou aprovação através dovoto, é uma condição necessá-ria mas não suficiente para ademocracia. Se é razoável de-finir a corrupção como a apro-priação do espaço público e doEstado por interesses privados,a forma de combatê-la é demo-cratizar o espaço público e oEstado, o que exige uma parti-cipação mais ativa da cidadania,uma participação que não seesgota no ato de votar.

A questão central aqui não épropriamente o tema do votonulo. Alguém pode querer anu-lar seu voto em uma determina-da eleição e não ser contra oprocesso eleitoral e a democra-cia. O problema é que essafronteira, às vezes, pode assu-mir um caráter nebuloso, crian-do um caldo de cultura para aproliferação de discursos auto-ritários e fascistas que têm comoalvo a própria idéia de democra-cia. A história já nos ensinou que,não raras vezes, o autoritarismoe o totalitarismo andam de mãosdadas com a banalidade.Hannah Arendt cantou essa pe-dra em obras como “Eichmannem Jerusalém” (Companhia dasLetras, 1999) e “Origens doTotalitarismo” (Companhia dasLetras, 1989). Ao comentar ojulgamento do criminoso nazis-ta Eichmann, Arendt afastou ahipótese de que ele fosse ummonstro, um sádico, ou um car-rasco, descrevendo-o como al-guém caracterizado por uma“terrificante superficialidade”,como um indivíduo banal. Nãotemos nenhum Eichmann entrenós, pelo menos que se saiba.Mas alguns sintomas recentesrecomendam uma forte atençãopara o risco da banalidade. Secomeçamos a achar normal quedevemos despertar a indignaçãodos jovens, mostrando que apolítica e o processo eleitoral sãocoisas mentirosas e inúteis, assementes da banalidade, do male do autoritarismo encontrarãoum fértil terreno para florescer.

Page 2: 2 Em defesa da política e da democracia - apcefrs.org.br · Conforme o Departamento In-tersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), 82% dos acordos salariais

Conforme o Departamento In-tersindical de Estatística e EstudosSocioeconômicos (Dieese), 82% dosacordos salariais obtiveram ganhos re-ais no primeiro semestre deste ano. ODieese afirma que 14% igualaram a infla-ção e apenas 4% negociaram índices, quesequer repõem a inflação do período.

O estudo do instituto mostra que des-de 2004, os resultados das negociaçõescoletivas de trabalho seguem a linha derecuperação das perdas salariais.

joão de barro setembro/2006 3antena

?Os lucros dos bancos não permitem

o reajuste salarial aos bancários?

SANTIAGO

? ?Esse é indíce de aumento real preten-

dido pelos bancários na campanha sala-rial deste ano. Além da reposição da in-flação do período de setembro de 2005 aagosto de 2006.

7,05%

Ações trabalhistas

PÁGINAS

www.apcefrs.com.brPágina da Associação do Pesso-

al da Caixa Econômica Federal. In-formações e uma série de serviços à dis-posição dos associados.

www.bancnet.com.brPágina da Federaçãodos Bancários do RS.

www.contrafcut.com.brPágina da Confederação Nacional dos

Trabalhadores do Ramo Financeiro.

www.fenae.org.brPágina da Federação Nacionaldos Empregados da Caixa.

Página do Sindicato dos Bancáriosde Porto Alegre.

www.bancariospoa.com.br

www.funcef.com.brPágina da Fundação dosEconomiários Federais.

Redução da Jornada

Trabalho e salário

www.moradiaecidadania.org.brPágina da ONG Moradia e Cidadania dosEmpregados da Caixa.

GALETO DO CORAL

30 de setembro de 2006

20 horas, Colônia A

(Av. Cel. Marcos, 627, Porto Alegre)

Cardápio: saladas, coxa e sobrecoxa assada,massa e aipim cozido com farofa.

ADQUIRA O SEU INGRESSO!51 3268 1611

Acordos salariais

Em 2004, as centrais sindicais bra-sileiras, com o apoio do Departamen-to Intersindical de Estatística e Estu-dos SocioEconômicos (Dieese) lança-ram a Campanha Nacional pela Re-dução da Jornada de Trabalho.

Conforme o Dieese, as horas ex-tras são utilizadas pelas empresas"como forma de acompanhar as vari-ações na demanda ou mesmo comoalternativa à contratação em períodosde incerteza". A utilização das horasextras é uma forma tradicional deflexibilização do tempo de trabalho.

A Central Única dos Trabalhado-res (CUT) tem uma proposta de proje-to que estabelece como limite 30 ho-ras extras mensais e 110 por semes-tre. Além, da remuneração de 75% amais que as horas normais. Atualmen-te, a hora extra equivale a 50% danormal. Ainda conforme o projeto, asextras seriam proibidas para aposen-tados na ativa, gestantes após 6º mês,

lactantes e portadores de deficiência.A proposta da CUT tem dois obje-

tivos principais, o de colaborar nageração de novos empregos e o demelhorar as condições de vida do tra-balhador.

A proposta de projeto de lei seráencaminhada ao Congresso Nacional.A CUT pretende debater o tema comoutras entidades, entre elas as repre-sentações empresariais. Para ser aco-lhido pelo Congresso, o projeto pre-cisa ser adotado por parlamentaresfavoráveis à idéia.

Em seminário realizado no dia 28de agosto, o projeto obteve a adesãodo ministro do Tribunal Superior doTrabalho Vantuil Abdala e da Associa-ção Nacional dos Magistrados da Jus-tiça do Trabalho. De acordo com o mi-nistro, as horas extras transformaram-se em prática comum, contrariando opapel de instrumento extraordináriosegundo definição constitucional.

Na página www.meusalario.org.br,está sendo realizada uma pesquisa inter-nacional sobre salário e trabalho. A pes-quisa pretende ser um parâmetro paraestudos que levem à redução das dife-renças salariais e a melhores condiçõesde trabalho no mundo.

RH 008 Demitidos serão reintegrados ..............................5

Lotéricas Novo sistema de processamento de jogos ................6

Saúde Medida Provisória beneficia trabalhadores.....................7

APCEF Dia de festa na Regional Sul ....................................8

Gênero Política de eqüidade na Caixa ....................................8

Teatro Caixa de Pandora apresenta esquete ...........................9

Coral Preparação para o Auto de Natal ..........................................9

Cultura Inaugurada a Casa dos Bancários ..............................9

Aposentados Simpósio Nacional em Gramado .....................10

Cantor Lançamento de CD .............................................11

Um levantamento da Febraban comnove maiores bancos no país mostraque, até maio deste ano, o número dereclamações trabalhistas de bancárioschegava a 39.515 ações em todas asinstâncias judiciais. A pesquisa não citaas instituições, mas o número corres-ponde a um quarto do total de funcio-nários destes bancos no país. O reco-nhecimento de horas extras respondepor 35% das ações.

DesigualdadeUm estudo do Banco Nacional de

Desenvolvimento Econômico e Social(BNDES) mostra que, para receber sa-lários iguais aos dos homens, as mulhe-res terão que esperar mais 75 anos.Mesmo tendo cada vez mais espaço nomercado de trabalho, a remuneraçãodas mulheres é inferior ao que recebemos homens nos mesmos postos e como mesmo grau de qualificação.

O concurso LetraFenae Crônicasestá com inscrições abertas até 16 deoutubro. Com tema livre, podem parti-cipar associados das Apcefs e contri-buintes do Fenae Doações. A ficha deinscrição e o regulamento estão dispo-níveis nas páginas www.fenae.org.br ewww.programapar.com.br.

Crônicas

De 4 a 10 de novembro aconteceem Gramado o XXVIII Simpósio Na-cional dos Economiários Aposentadose Pensionistas da Caixa.

Simpósio

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Política é um assunto que desperta ódios e paixões. Para algumas pessoas, é de extrema importân-cia, pautam sua vida por isso. Já para outras, é assunto desnecessário, preferem dizer que não sãopolíticos e que, portanto, não tem por que se "meter". Durante o período eleitoral, é comum ouvirafirmações como essa. Mas pensemos: o que é ser político? o que é fazer política? quando você recla-ma no supermercado, quando participa de reunião de condomínio, quando vai à escola dos filhos fazerqueixa do professor ou quando exige seus direitos quando uma empresa cobrar a mais por um serviço,não está fazendo política? Então, por que deixar que outros decidam algo tão importante como quemvai governar o país ou o estado? Quem sabe seja a hora de começarmos a interferir de forma maisintensa na vida política do país. Votar nulo ou em branco é atentar contra a democracia.

joão de barro setembro/2006 4editorial

Esta edição do João de Barro fechou na

redação no dia 06 de setembro de 2006.

A importância do voto

www.apcefrs.com.brCadastre seu e-mail para receber as informações do

boletim eletrônico e do chasque eletrônico.

APÓLICE

A APCEF nomeou a Marpa

Corretora de Seguros para

fazer a administração da apó-

lice VIDA APCEF, ficando à

disposição de todos os associados, para qual-

quer tipo de informação. Ressaltamos que

mantivemos a mesma Seguradora, Mapfre Se-

guros.

Lembramos ainda que as pessoas autoriza-

das a se manifestarem em nome da APCEF

em relação à apólice de seguro devem se iden-

tificar através de credencial emitida pela

APCEF e de documento de identidade.

A APCEF, buscando novos benefícios aos

seus associados, conveniou a Marpa Corretora

de Seguros para contratar o seguro de FIAN-ÇA LOCATÍCIA para os seus Associados.

Seguro ágil, com taxas reduzidas e com pouca

documentação. Inicialmente, será necessária

uma ficha cadastral, último contra-cheque e de-

claração de associação na APCEF. Contatos

com a corretora.

GESTÃO 2006-2009Presidenta: Célia Margit ZinglerVice-presidente: Marcelo Marimon Gonçalves

DIRETORIA EXECUTIVATITULARESAposentados, Saúde e Previdência: Amanda AngélicaGonzales CardosoComunicação: Marcos Leite de Matos TodtCultura: Almeri Espíndola de SouzaEsportes: Ricardo Luis da Rocha ChristinoPatrimônio: Paulo Ricardo BelottoRelações de Trabalho: Tiago Vasconcellos PedrosoSocial e Lazer: Jesualda Lanzini PradoSUPLENTES: Beatriz Maria Berghahn, Felisberto Macha-do de Souza, Gilmar Cabral Aguirre, Jailson Bueno Prodes,Luis Alberto Candia Ramirez, Paulo César Ketzer, RubenDanilo de Albuquerque Pickrodt, Sandro Dias Fernandes,Sérgio Avelino Squeff.CONSELHO FISCALTITULARES: Claudio Morais Soares, Geraldo Otoni XavierBrochado, Guaracy Padilha GonçalvesSUPLENTES: Celso Danieli, Marisa Zancan Godoy,Sandra Maria FariaCONSELHO DELIBERATIVORegional Porto Alegre TITULARES: Carlos Alberto Träsel,Cláudio Stern da Cunha Filho, Devanir Camargo da Silva,Maria Regina Pereira Figueiró, Maristela da Rocha,PauloDaisson Gregório Casa Nova. SUPLENTES: JorgePeixoto de Mattos, Juarez Machado de Oliveira, Marcela Nunesde Aguiar, Renato de Castro Becker, Vera Lúcia Reck de Ara-újo, Volmar Fernando Alves Dal Santo. Alto Uruguai: RicardoLuiz Müller, Vanda Maria Bianzin Grzeidak. Centro: MarceloHusek Carrion, Athos Ronaldo Miralha da Cunha. FronteiraOeste: Jefferson Araujo da Silva, Flávio Dornelles Paré. Fron-teira Sul: Vilmar Vallenoto da Silva, Vagner Kobe Braga. Lito-ral Norte: Nei Glades de Francisco, Carmem Rejane Ra-mos. Litoral Sul: Jonas Aguiar, Marco Antônio Botelho Go-mes. Missões: Moacir Scheuer Deves, Marcos Maicá. Pas-so Fundo: Paulo César Kunzler, Régis Moreno Nogueira San-tos. Serra: Marcos Mazzutti de Castro, Marcos Alexandre Streck.Sul: Cristina de Souza Gularte, Luiz Antonio Reck de Araújo.Vale do Paranhana: João Alberto Holsbach, Dirceu D’ÁvilaSampaio. Vale do Rio Pardo: Gilberto Castoldi, AdroaldoSchmidt Carlos. Vale do Taquari: Rafael Reckziegel, LuizAntônio Sieben. Vale dos Sinos: Nestor Francisco Imhoff,Odenar Corrêa de Souza.COORDENADORES DAS REGIONAISAltivo Goularte Rodrigues (Centro); Ricardo Luiz Sulzbach(Vale do Taquari); Carmem Rejane Ramos (Litoral Norte);Cláudio Batista Rodrigues Osório (Fronteira Oeste), JoãoBruno Schmitz (Vale do Paranhana); Paulo Cesar Reis Pe-reira (Missões); Evandro de Moura Hahn (Passo Fundo); LuizRoberto Portantiolo (Sul); Jonas Aguiar (Litoral Sul); CleoFernandes Rodrigues (Fronteira Sul); Nilson Roque Urban(Vale do Rio dos Sinos); Deise Fátima Pauletti (Alto Uru-guai); João Aristeu Moraes de Oliveira (Vale do Rio Pardo);Vladimir Tadeu Bettiol (Serra).

joão de barroJornal da Associação do Pessoal da CaixaEconômica Federal do Rio Grande do SulCONSELHO EDITORIAL: Célia Zingler, Marcelo Marimon,Marcos Todt, Tiago Vasconcellos, Amanda Cardoso, AlmeriSouza, Luis Ramirez.PRODUÇÃO (Projeto Gráfico, reportagem, edição, foto-grafia, diagramação e composição):

Rua José do Patrocínio, 721/201, Porto Alegre, RS, CEP90050-003. Fone 51 3221 2829 Fax 51 3211 0773.E-mail: [email protected]ção e reportagem: Carla Rossa (RJP 7866)Reportagem: Jair Giacomini (RJP 7844),Diagramação: Rubens Melo (RJP 9448)Ilustrações: Elias Monteiro Charge: SantiagoFotolito e Impressão: Gazeta do SulTiragem: 8500 exemplaresPeriodicidade: mensalDistribuição gratuita para associados da APCEF

Os artigos assinados publicados no João de Barro não refletemnecessariamente o pensamento da diretoria da APCEF.

Avenida Coronel Marcos, 851,Bairro IpanemaPorto Alegre - RS -CEP: 91.760-000Fone: 51 3268.1611Fax: 51 3268.2700E-mail: [email protected]

SEGURO FIANÇALOCATÍCIA

A importância da uniãoTodo ano é a mesma história. Os bancos têm altíssimos lucros e os banqueiros se negam a conceder

reajuste aos seus trabalhadores. Neste ano, o início da campanha salarial tem sido assim. A Fenabanalém de não apresentar proposta para negociação, suspende as reuniões. Mas os bancários já estãovacinados contra esse tipo de atitude e colocaram a campanha na rua. Vários atos de protesto estãoacontecendo para pressionar a Fenaban a negociar. Com a união de todos, a força será maior, e comoem anos anteriores, os banqueiros terão que voltar para a mesa de negociação com uma propostasatisfatória para a categoria.

Marpa Corretora de Seguros

51 3028 2724 ou 8404 7814

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centro, Porto Alegre-RS, CEP 90010 313

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joão de barro setembro/2006 5em pauta

Apesar de a entrega da minuta de reivindicações ter sido entregue há mais de um mês,Fenaban ainda não apresentou proposta.

Os banqueiros forampara a mesa denegociação com os

bancários com pouca vontadede negociar. A minuta de reivin-dicações foi entregue pelo Co-mando Nacional dos Bancáriosno dia 10 de agosto. A Fenabannão aceitou discutir o índice de7,05% de aumento real, além dainflação no período e também asdemais cláusulas do acordocoletivo.

Na terceira rodada de nego-ciação, os banqueiros aceitaramdiscutir a questão de segurançabancária e do assédio moral emmesa específica. Na ocasião, foiapresentada à Fenaban apesquisa nacional dos bancáriosque mostra que mais 40% dacategoria é vítima de humilhaçãoe constrangimento no local de

CAMPANHA SALARIAL

Má vontade dos banqueiros

trabalho.Conforme o presidente da

Confederação Nacional dosTrabalhadores do Ramo Finan-ceiro (Contraf/CUT), VagnerFreitas, somente com o aumen-to de pressão dos bancários emtodo o país fará com que osbanqueiros aceitem negociar apauta de reivindicações.

O Dia Nacional dos Bancá-rios, marcou a primeira manifes-tação da categoria na campa-nha salarial. Em todo o país,milhares de bancários foram àsruas protestar contra a insegu-rança e as más condições detrabalho.

CAIXA

A minuta específica foi en-tregue à Caixa no dia 17 deagosto pela Comissão Executi-

Manifestaçõescontra o descaso A negociação entre a Comis-

são Executiva dos Empregados(CEE) e a Caixa trouxe mais umresultado positivo para os empre-gados demitidos pela RH008. Nodia 15 de agosto, o Conselho Di-retor da Caixa aprovou a reinte-gração de todos os demitidos queestão com ações tramitando naJustiça. Antes, apenas os empre-gados com liminares poderiam serreadmitidos.

A reintegração implica no fimdas ações judiciais. E para o re-torno dos empregados será leva-do em conta o tempo de afasta-mento da empresa que será con-siderado como período de efeti-vo exercício. O tempo afastadoda empresa contará para promo-ção por antigüidade e adicionalpor tempo de serviço, além de re-colhimento das contribuições aoINSS e à Funcef.

A Caixa remeterá correspon-dência ao grupo de empregadosbeneficiados pela medida. O pra-zo para que a proposta de acordojudicial será formalizada é de 90dias a contar da aprovação dovoto do Conselho Diretor.

Fim daRH 008

va dos Empregados (CEE/Caixa). Desde então, a Caixanão havia se pronunciado a res-peito das reivindicações. A Con-federação Nacional dos Traba-lhadores do Ramo Financeiro(Contraf/CUT) enviou ofício no

dia 31 de agosto solicitando aabertura das negociação. Aprimeira reunião aconteceu em6 de setembro e a Caixa ar-gumentou não ter tido tempo deestudar as reivindicações dosempregados. Uma próxima

reunião está agendada para odia 20 deste mês.

Este ano, ao contrário dosanteriores, a Caixa está repre-sentada na mesa de negocia-ções da Fenaban. Conforme odiretor da APCEF e membro daCEE/Caixa, Marcos Todt, amobilização dos bancários é quevai ser a diferença na campa-nha deste ano. "A categoriaprecisa demonstrar que estádisposta à luta, participando daspróximas atividades de mo-bilização", diz Todt. "Nós,trabalhadores da Caixa, temosque ter avanços também nanossa pauta específica. Iso-nomia entre TB's e escri-turários, PCS, 6 horas e a voltadas promoções por merecimentosão temas que não podem maisser protelados."

Entrega da minuta específica para a Caixa.

Respondendo à falta devontade dos banquei-ros, a categoria foi

para as ruas mostrar a sua in-dignação. Em todo o país, ban-cários protestam pedindo agi-lidade da Fenaban nas negocia-ções da campanha salarial. Cai-xa e Banco do Brasil tambémsão alvo de manifestações.

A primeira manifestaçãoocorreu no Dia Nacional deLutas contra o Assédio Morale Dia dos Bancários, 28 deagosto. O assédio moral, con-forme pesquisa da Contraf/CUT, atinge quase metade dacategoria.

No dia 4 de setembro, osbancários fecharam agênciasde norte a sul do país. O pro-testo foi contra o não-agen-damento de uma nova rodadade negociações. Prevista parao dia 5 deste mês, foi cancela-

da pela Fenaban. O Dia Naci-onal de Luta teve atos de pro-testos em frente às agências,distribuição de panfletos eapresentações teatrais.

Em Porto Alegre, noveagências de bancos públicos eprivados ficaram fechadas atéo meio-dia. Em Caixas do Sulfoi distribuído o panfleto da

SAÚDEFim do assédio moralFim das metas abusivasIsonomia para todosMais segurança bancária

CONDIÇÕESDE TRABALHODefesa do emprego - Ratifica-ção da Convenção 158 da OIT,que proíbe dispensas imoti-vadasAmpliação do horário de aten-dimento com 2 turnos de tra-balhoMais contrataçõesRespeito à jornada de seis ho-ras

MESAS

TEMÁTICAS

CAIXAItens Prioritários

Respeito a jornada de 6 horas(com o fim das fraudes no pon-to eletrônico e a reversão doscargos de 8 horas)Novo Plano de Cargos e Salá-rios (PCS),Volta das promoções por me-recimentoIsonomia especialmente paraos técnicos bancários (TBs)Extensão do auxílio-refeição ealimentação para todos os apo-sentados e pensionistas

campanha A ganância dosbanqueiros gera violência.Nas agências de Santa Cruz doSul houve a apresentação deuma esquete teatral que trata daespera nas filas e do adoeci-mento dos bancários que sofrempressão e assédio moral. Emoutras cidades do interior, tam-bém ocorreram manifestações.

Protesto em frente à agência da Caixa em Porto Alegre.

Caco Argemi/SindBancários

Augusto Coelho/Fenae

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joão de barro setembro/2006 6em pauta

FUNCEF

Um novo começoUma reunião realizada

no dia 17 de agosto entre

a Caixa e o Sindicato dos

Bancários de Porto Alegre

e Região (SindBancários)

resultou na proposta de ins-

talação de um Fórum de

Segurança para discutir os

problemas de segurança e

a busca de soluções para a

Caixa no RS.

O primeiro encontro do

Fórum acontece na primei-

ra quinzena de outubro. Na

reunião, o gerente da área

de segurança da Caixa,

Luiz Allan, apresentou o

projeto Agência Segura.

Conforme o gerente, o pro-

jeto, já em implantação em

17 agências de Porto Ale-

gre, estabelece vigilância

ostensiva com monito-

ramento local e remoto, co-

locação de sensores nos vi-

dros e orientações em caso

de assaltos e sequestros.

Maissegurança

A Caixa finalizou no dia

12 de agosto o processo

de substituição do sistema

de processamento de jo-

gos e transações bancári-

as nas quase 9 mil casas

lotéricas do país. Foram tro-

cados 22 mil terminais

lotéricos e acrescentados

outros 3 mil.

A operação envolveu,

segundo o Gerente Regio-

nal de Canais Gregório

Sliwka, mais de 3600 mu-

nicípios brasileiros e o trei-

namento de 45 mil funcio-

nários de lotéricas. A ex-

pectativa é "o aumento da

capacidade de atendimen-

to, com mais rapidez, evi-

tando filas para atendimen-

to", diz Sliwka. O sistema

também irá permitir o pa-

gamento, saques e servi-

ços lotéricos num mesmo

terminal.

Desde 2002, quando o

contrato com a Gtech foi

questionado na Justiça, a

Caixa tentava a mudança de

sistema. "Significa ter uma

indepêndencia em tecno-

logia, em termos de estra-

tégia. Teremos todo o con-

trole sobre as operações",

afirma Gregório Sliwka.

Sistemanovo

Encontros Estaduais sobre Funcef aconteceram nos dias19 e 20 de agosto, em Porto Alegre.

Fotos Carlos Silva

Oprocesso de adesãoàs novas regras doREG/Replan e ao

Novo Plano da Funcef foi con-cluído em 31 de agosto. Segun-dos dados da Fundação, até odia 4 de setembro haviam sidoregistradas 34 mil adesões aoSaldamento e ao Novo Plano.Os números oficiais ainda nãoforam concluídos.

Após a aprovação das novasregras pela Secretaria de Pre-vidência Complementar (SPC)foi dado início ao processo deadesão em 1º de julho deste ano.Durante todo esse período fo-ram realizados pela APCEF di-versos seminários e reuniõesbuscando esclarecer as mudan-ças aos seus associados.

Apesar de concluída a eta-pa de adesão, a APCEF acredi-ta que algumas questões mere-cem um aprofundamento maior. Emrazão disso, enviou ofício ao presi-dente da Funcef, GuilhermeLacerda, solicitando resposta a al-guns itens. A correspondência foi en-

" O desfecho do processo deadesão às novas regras do REG/Replan e ao Novo Plano devemmerecer uma avaliação mais deti-da, após os números finais, mas jáé possível fazer uma pré-avaliaçãodesses três anos de discussão e ne-gociação sobre os problemas en-frentados pelos planos da Funcef.

Considero que o número deadesões ao Saldamento é bastan-te positivo, em face das inúmeras

DEPOIMENTO

"Mais um passo em frente"

A diretora de Aposentados,Saúde e Previdência daAPCEF, Amanda AngélicaGonzales Cardoso, integrouo GT Funcef que definiu asregras do Saldamento e doNovo Plano. Amanda tam-bém faz parte do Grupo Es-tratégico da APCEF.

dificuldades enfrentadas pelo pro-cesso de opção:

1) Ausência de acúmulo deconhecimento sobre previdênciacomplementar pelo movimentoassociativo e sindical, ou seja, pelomovimento dos empregados efalta de interesse em informar-sea respeito por parte dos parti-cipantes, principalmente ativos.

2) Ausência de priorizaçãodesse assunto, tanto pela Caixaquanto pelo movimento dos em-pregados, o que provocou a apro-vação final da proposta do GTFuncef somente às vésperas doprazo final, considerando os va-lores de reserva para os quaishaviam sido feito os respectivosaportes de recursos.

3) Ausência de planejamentoe estruturação prévios da Funda-ção para organizar, calcular, divul-gar e informar os participantessobre as novas regras e sobre asinúmeras situações vinculadas.

4) Ausência de engajamentodas associações representantivasdos diversos segmentos dos em-pregados da Caixa durante o pro-cesso de construção das novasregras e, após, no processo de di-vulgação/discussão da propostado GT, apesar dos inúmeros se-minários regionais e nacional, reu-niões locais e regionais e do pró-prio plebiscito realizados durante

os três anos de negociação daproposta de Saldamento e NovoPlano, o que ocasionou diversasincompreensões, distorções daproposta e falsas polêmicas/críti-cas ao conteúdo das novas regras.

Mas, apesar de todos essespercalços, considero que esse pro-cesso provocou uma significativaaproximação dos participantes coma sua Fundação, estimulou a discus-são e a curiosidade sobre a história,as regras e o funcionamento dosplanos e da própria Funcef. Enfim,significou um avanço importantepara a Fundação e seus associa-dos. Nunca se debateu tanto sobrea Fundação. Nunca houve um pro-cesso tão cheio de reuniões, pales-tras, apresentação de dados, núme-ros e disposição dos dirigentes daFuncef e dos integrantes do GT.

E além disso, depois de, pelomenos, 13 (1990/2003) anos dedesconstituição dos benefícios edos próprios planos da Fundação,conseguimos alcançar várias rei-vindicações dos participantes: atu-alização das premissas atuariais(reequilibrando os planos de be-nefício definido), pagamento dadívida da Caixa com a Funcef(embora num difícil processo denegociação), fim do limite etário(reivindicação histórica dos par-ticipantes), isonomia entre todosos participantes dos planos de

benefício definido, garantia dosdireitos acumulados dos associa-dos do REG/Replan, reconheci-mento das obrigações da Patro-cinadora em relação aos partici-pantes PMPP, abandonados hámais de dez anos, e seu retorno àFuncef (abandonados há anos),fim da discriminação entre ho-mens e mulheres na aposentado-ria proporcional do REG. Avan-ços nas regras do Novo Plano,como a incorporação do CTVAno salário de participação e nabase de contribuição da Patroci-nadora, aumento do percentual decontribuição da Caixa ao plano,regra de reajuste real dos benefí-cios com o excedente de rentabi-lidade do plano. Sem falar na con-quista da gestão paritária no NovoEstatuto, além de outros avançosdemocráticos.

Por tudo isso, acho que inicia-mos um grande processo de apro-priação da Fundação por seusassociados. Mas é apenas umaetapa do caminho. O próximopasso é aprofundar essa discus-são, esclarecermos ainda mais asdúvidas e incompreensões, corri-girmos as falhas e aperfeiçoar-mos nossos planos de benefício,pois nossa previdência comple-mentar, assim como nossa histó-ria, não termina aqui. É apenasmais um passo em frente."

caminhada no dia 6 de setembro.As indagações feitas pela

APCEF são: "Relativamente aoprocesso de saldamento, solici-tamos informar e publicar ocronograma de pagamento dasparcelas aos aposentados e pen-sionistas relativas às diferençasdecorrentes da aplicação daisonomia aos optantes pelosaldamento oriundos do REG/Replan, bem como das parce-

las relativas à devolução dascontribuições desses participan-tes, decorrentes da mesmaisonomia aos assistidos migra-dos ao REB; informar o núme-ro de adesões por plano e, den-tro de cada plano, o número departicipantes ativos e assistidos,e sua distribuição por estados daFederação; informar a situaçãode cada plano (segregação)após 31 de agosto.

Ainda relativamente ao Sal-damento, é fundamental esclareceraos participantes sobre as ações ju-diciais movidas contra o processo,seus alcances e conseqüênciasquanto à validade e concretizaçãoda opção pelo saldamento.

Relativamente aos assistidos-pensionistas, solicitamos a revisãodo benefício, bem como a revisãodo valor do pecúlio indenizatório,quando couber, considerando a datade concessão do benefício ao asso-ciado-titular e não a data de con-cessão da pensão.

Relativamente à questão daisonomia de tratamento para asmulheres do REG com benefí-cio proporcional, solicitamosseja-nos enviado, bem comocolocado à disposição dos par-ticipantes na página da Funda-ção, o inteiro teor do voto doConselho Deliberativo a respei-to da alteração do Regulamen-to que promove a isonomia detratamento entre homens e mu-lheres, assim que firmado portodos os conselheiros."

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joão de barro setembro/2006 7em pauta

No dia 11 de agosto,foi assinada pelopresidente da Repú-

blica a Medida Provisória 316,que estabelece o nexo técnicoepidemiológico para a identifi-cação de acidentes e doençasocasionadas pela atividadeprofissional. A proposta é umavanço para os trabalhadores,já que, a partir de agora, a em-presa é que terá de provar quea atividade desenvolvida peloempregado não é responsávelpela aparecimento de determi-nada doença apresentada pelotrabalhador.

Antes da medida, o traba-lhador, ao sofrer um acidentede trabalho ou uma doença, ti-nha que buscar provas que de-monstrassem a relação com otrabalho desenvolvido. Agora,

quando o trabalhador contrairuma doença relacionada à ati-vidade profissional fica carac-terizado o acidente de traba-lho. Com o nexo reconhecido,o trabalhador tem direito a es-tabilidade por 12 meses apóso retorno ao trabalho e ao de-pósito do Fundo de Garantia.

SAÚDE

Um avanço para os trabalhadoresMedida Provisória transfere a responsabilidade da prova para as empresas.

Para virar lei, a MP precisaser aprovada pelo CongressoNacional e sancionada pelopresidente da República. Asentidades sindicais estão bus-cando o apoio de deputados esenadores para que a Medidaseja votada o mais breve pos-sível. A Central Única dos Tra-

Há muito tempo, os traba-lhadores deste estado e

do país têm lutado incansavel-mente em busca de avançosnas leis e normas que tratamdos registros das doenças eacidentes relacionadas ao tra-balho junto ao INSS, atravésde movimentos sociais (asso-ciações, sindicatos, profissio-nais da área da saúde) órgãosgovernamentais que cuidam dasaúde do trabalhador e institui-ções de ensino.

O não reconhecimento e atentativa de descaracterizar asdoenças do trabalho, por par-te da maioria dos peritos doINSS, seja pelo desrespeitoem não analisar os laudos mé-dicos e exames complementa-res trazidos pelos segurados,pela inexistência do exame clí-nico, permite concluir que oresultado da perícia, indepen-

dente dos documentos apre-sentados pelo segurado, esta-belece a falta de ética e a cen-tralização de poder dos peri-tos. Por razões óbvias, estesdefendem a continuidade daspráticas atuais, o que causa oagravo e aumenta o sofrimentodestes trabalhadores.

A Medida Provisória núme-ro 316, que estabelece o Fa-tor Acidentário Previdenciárioresgata, em parte, os anseios ereivindicações dos trabalhado-res vitimados pelas doenças eacidentes do trabalho. Enfa-tizamos que esta luta perdurapor muitos anos e atravessouvários governos, o que contra-ria a mensagem publicada nosite da Associação Nacionaldos Médicos Peritos da Previ-dência Social, na qual estesafirmam que a medida provi-sória proposta é considerada

"eleitoreira", o que produz umavisão equivocada e o desdémpor parte destes médicos dasdificuldades que os trabalhado-res enfrentam para poder pro-var que sua doença está rela-cionada ao trabalho.

Em nome de todas as víti-mas de doenças e acidentes dotrabalho, queremos dizer à so-ciedade que estamos esperan-çosos quanto à adoção dasnovas normas estabelecidaspela MP316. Repudiamos aatitude excludente e individua-lista dos peritos do INSS, quetentam, num movimento solitá-rio, desqualificar os avançosconquistados na área da saúdedo trabalhador pelo controlesocial.

Peritos do INSS tentam

prejudicar trabalhadores

José Luiz Euzébio é bancário epresidente da Associação dasVítimas de Doenças e Aciden-tes de Trabalho no RS (Avida-RS).

José Luiz Eusébio

Digitadores é uma das categorias maisatingidas pelas doenças do trabalho.

Gestão injuriosaUm tema que vem sendo

alvo de discussões e deatenção por parte do movimento sin-dical, especialmente o bancário, é oassédio moral. Vários profissionaisde diversas áreas têm desenvolvi-do estudos sobre o tema.

O advogado paulista Antôniode Arruda Rebouças, um dos es-pecialistas no assunto, realizou pa-lestra no dia 26 de agosto, comoparte do curso de extensão uni-versitária, elaborado pelo Sindi-cato dos Bancários de PortoAlegre com apoio da Ufrgs eparte da Operação de Olho naSaúde. Rebouças apresentouum novo conceito, o de GestãoInjuriosa, que é, segundo ele,a ação que atinge o coletivo.

Para exemplificar, o advoga-do apresentou o texto de um jul-gamento em 2005: "... o carátercontinuado das agressões prati-cadas pela empresa, através dopreposto, caracteriza o métodode gestão por injúria, que tam-bém importa indenização pordano moral. O fato de o trata-mento despótico ser dirigido amuitos empregados, e especial-mente às mulheres 'por seremmais dóceis', caracteriza tirania

balhadores do RS lançou ummanifesto com a intenção depressionar os congressistas ealertar a sociedade e os traba-lhadores. A CUT afirma nanota que, "conforme levanta-mento estatístico elaboradocom base nos dados dos be-nefícios por incapacidade doINSS, independentemente deterem sido registrados comoacidente de trabalho ou comunsleva de maneira inequívoca aduas conclusões: as empresas,de um modo geral, não ado-tam política de prevenção deacidentes e doenças do traba-lho, nem investem na elimina-ção de fatores de riscos; e nãocumprem a legislação no quetange à notificação obrigatóriade acidentes e doenças relaci-onados ao trabalho".

Ainda segundo a Central,"essa proposta trará a soluçãopara o problema da subno-tificação, além de garantir aostrabalhadores os direitos que alei prevê em caso de ocorrên-cia de acidente de trabalho".

A CUT lembra que as ino-vações vêm no sentido de in-verter uma lógica que imputa aoEstado, por conseguinte à so-ciedade, o elevado custo dosacidentes e doenças ocupa-cionais, além de contribuir paraa formação de políticas públi-cas de prevenção e promoçãoda saúde do trabalhador.

A MP será uma proteçãocontra a perda de direitos e àtrajetória de humilhações queos trabalhadores sofrem paraobter o reconhecimento dosacidentes de trabalho.

Carla Rossa

patronal incompatível com a digni-dade da pessoa humana". Para ca-racterizar a gestão injuriosa, Antô-nio Rebouças, chamou a atençãopara os seguintes conceitos:

Crime contra a honra -Consiste em injúria, calúnia edifamação. Para Rebouças, "nocampo trabalhista, o crime con-tra a honra trata-se de ato iso-lado, episódico e circunstancial.Pode, ou não, envolver a respon-sabilização da empresa, na depen-dência de se caracterizar, emcada caso, ação ou omissão quese lhe possa atribuir".

Assédio Moral - Baseadona obra Assédio Moral na Re-lação de Emprego, de MariaAparecida Alkmin, assédio mo-ral é: "conhecido como terroris-mo psicológico ou 'psicoterror',é uma forma de violência psí-quica praticada no local de tra-balho, e que consiste na práticade atos, gestos, palavras e com-portamentos vexatórios, humi-lhantes, degradantes e constran-gedores, de forma sistemática eprolongada, cuja prática asse-diante pode ter como sujeito ati-vo o empregador ou superiorhierárquico".

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joão de barro setembro/2006 8em pauta

João de Barro - Na

conjuntura atual, o que

é ser de esquerda?

Emir Sader - É ser anti-neoliberal. O neoliberalismo é omodelo hegemônico no capita-lismo contemporâneo. E é seranti-imperialista, porque a potên-cia hegemônica na política mun-dial impõe seus interesses pormeio de guerras. E é ser pelademocratização dos meios decomunicação. Em suma, é opor-se aos três grandes monopólios

Emir Sader é professor de sociologia e coordena o Labo-ratório de Políticas Públicas da Universidade do Estado doRio de Janeiro. Além de pesquisador, é escritor com váriaspublicações, entre elas, Século XX - uma biografia não-auto-rizada, O anjo torto, Estado e Política em Marx e A vingan-ça da História. Na XXII Assembléia do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (Clacso), realizada em agos-to no Rio de Janeiro, foi eleito secretário-executivo da enti-dade. O Clacso é uma entidade não-governamental que reú-ne 173 centros de investigação e programas de pós-gradua-ção em 21 países da América Latina e Caribe.

ENTREVISTA

Contra os monopólios

do poder no mundo contempo-râneo: o do dinheiro, o das ar-mas e o da palavra.

JB - Quais as princi-

pais diferenças de proje-

tos apresentados nesta

eleição, em especial em

relação às empresas pú-blicas?

Sader - Nada de especial,campanha muito sem propostas,particularmente em relação à es-fera pública. Alckmin aponta

No dia 21 deste mês,

devem ser instalados na

Caixa os comitês de gêne-

ro. Os comitês fazem par-

te do projeto pró-eqüidade

de gênero da Secretaria

Especial de Políticas para

a Mulher, do governo fe-

deral. Em 2005, a Caixa

aderiu ao programa pró-

eqüidade de gênero e se

comprometeu a elaborar

um plano de ação para

este ano.

O programa da Secre-

taria Especial é parte do

Plano Nacional de Políti-

cas para as Mulheres, ela-

borado na primeira Confe-

rência Nacional de Políti-

cas para as Mulheres, que

aconteceu em 2004. A fi-

nalidade é contribuir para

a eliminação de todas as

formas de discriminação

no acesso, remuneração,

ascenção e permanência

no emprego. O pró-eqüida-

de quer também promo-

ver a igualdade de oportu-

nidades entre homens e

mulheres dentro das em-

presas.

Conforme dados levan-

tados pela Caixa, até o fi-

nal de 2004, as mulheres

representavam 47,25%

do total de empregados e

38,80% do total de cargos

de chefia ou gerência. Já

nos cargos de diretoria, as

bancárias da Caixa ocu-

pam apenas 16,66% do

total. Nos cargos de supe-

rintendente nacional, a

ocupação é ainda menor:

15,78%.

Arquivo Contraf/CUT

Igualdadede gênero

para maiores privatizações.

JB - Numa perspecti-

va transformadora, qual

o papel dos movimentos

sociais, especialmente o

sindical?

Sader - Trabalhar paraconstituir uma forte força soci-

al e política anti-neoliberal.

JB - No caso de reelei-

ção de Lula, quais os de-safios de um segundo man-

dato?

Sader - A saída do modelo atu-al e a colocação em prática de umapolítica globalmente pós-neoliberal.

PORTO ALEGRENo dia 10 de agosto, os as-

sociados da APCEF estiveramreunidos em mais uma ediçãoda Festa do Queijo e do Vinho.O ginásio da Associação foi es-pecialmente decorado para re-ceber os quase 300 associadose convidados que aproveita-

Emir Sader fez a palestra de abertura na ConferênciaNacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro.

Festas da APCEF

Fotos Carlos Silva

ram a noite. Além do jantar edo baile, houve o sorteio de vá-rios brindes aos presentes.

FRONTEIRA SULPara comemorar a posse da

nova coordenação da RegionalFronteira Sul foi realizado umjantar na sede da APCEF em

Bagé, além do jantar houve bai-le com som mecânico.

SULNo dia 27 de agosto, os as-

sociados da APCEF na Regio-nal Sul participaram de um al-moço com festa infantil na sededa Regional. No almoço foi

servido um delicioso carreteirocom feijoada e doces de Pelotascomo sobremesa. Durante atarde, diversão com show demágica e a apresentação musi-cal de um grupo infanto-juve-nil. Para degustar, foram ser-vidos pipoca e algodão-docedurante toda a festa.

Arquivo Regional SulNo Piquete dos

Bancários, no ParqueHarmonia, em Porto

AlegreParticipação doCoral APCEF

13 de setembro

23 de setembro

Jantar e Tertúlia doNúcleo de Cultura Gaú-cha, 20h30min, GalpãoCrioulo da APCEF (Av.Cel. Marcos, 51, Porto

Alegre)

Núcleo de

Cultura Gaúcha

XIVFesta do Queijo e do VInho. XIVFesta do Queijo e do VInho.

XIVFesta do Queijo e do VInho. Festa na Regional Sul.

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enfoque joão de barro setembro/2006 9

CULTURA

Muitas atraçõesFotos Claci Bassani

Mais espaço para a cultura

PRÊMIOLITERÁRIOA Associação Gaúcha

dos Economiários Apo-sentados (Agea) realizouno dia 31 de agosto a en-trega da premiação aosvencedores do I ConcursoLiterário, nas categoriaspoesia, conto e crônica. AAPCEF foi representandapela presidenta, CéliaZingler. A maioria dos apo-sentados premiados étambém associado àAPCEF.

Poesia

1º lugar - Minha Cidade, deDora Lúcia Neuberger2º lugar - Tapera , de Loryda Silva Camargo3º lugar - De Estrelas, Flo-res e Rumo, de RodrigoCanani Medeiros

Conto

1º lugar - O Professor, deHeraldo Salvi2º lugar - De Fantásticoem Fantástico, de RosaAmélia Fagundes Ubal3º lugar - Eremita Moder-no, de Alceu Beck

Crônicas

1º lugar - Flagrantes doAcaso, de Lise MariaRodri-gues Fank2º lugar - Sol de Primave-ra, de Jane Andiara Soa-res Zofoli3º lugar - Só Faltou Você,de Armando Ferreira Fon-ticielha

Bancários prestigiaram a inauguração da Casa dos Bancários.

O grupo de teatro Cai-xa de Pandora, daAPCEF, prestou ho-

menagem ao Sindicato dos Ban-cários de Porto Alegre, na inau-guração da Casa dos Bancári-os no dia 28 de agosto. O Caixade Pandora apresentou aesquete Aula de Teatro, comdireção de Artur Pinto. Aesquete mostra algumas açõespraticadas durante um ensaio te-atral. Foram apresentados os tex-tos Analfabeto Político e Per-guntas de um Trabalhador queLê, de Bertold Brecht e as músi-cas Beatriz, de Chico Buarque, eBailes da Vida, de Milton Nasci-mento, emocionando os presen-tes. Além da inauguração daCasa, também foi comemoradoo Dia Nacional dos Bancários.

O Caixa de Pandora tambémestá preparando a estréia da

peça América Café, que temexigido muito ensaio e dedica-ção do grupo. O grupo realizaos ensaios às segundas e quar-tas-feiras, às 19h30min, no Cen-tro Cultural Cia de Arte.

CORAL APCEF

O Coral APCEF está orga-nizando, juntamente com o Cai-xa de Pandora, as apresenta-ções do Auto de Natal. Asapresentações estão sendoagendadas e quem tiver interes-se em receber o belíssimo es-petáculo em sua cidade devefazer o agendamento naAPCEF (51 3268 1611). Já otradicional Galeto do Coral serárealizado no dia 30 de setembro,às 20 horas, na Colônia A. Osensaios do Coral acontecem àsquintas-feiras, às 19 horas, noCentro Cultural Cia de Arte.

Os bancários têm des-de o dia 28 de agos-to mais um espaço

para a cultura no estado. A inau-guração da Casa dos Bancári-os do Sindicato dos Bancários dePorto Alegre recupera um prédiohistórico da arquitetura gaúcha.

O prédio, na rua GeneralCâmara, 424, no centro da Ca-pital, foi adquirido pelo Sindica-to em 1982. Desde então, foipalco de muitas lutas do movi-mento sindical bancário, entreelas, a mobilização pela conquis-ta das seis horas na Caixa. Asede funcionou até 1996, quan-do foi fechada. A partir de 2002,iniciou-se o movimento derevitalização da sede da Ladei-

ra, como é conhecido o local. Afachada original foi mantida e osquatro pavimentos foram remo-delados. As obras foram conclu-ídas com recursos próprios doSindicato.

A sede abrigará a área ad-ministrativa e de prestação deserviços aos bancários, com aCentral de Relacionamento e oCentro Bancário de Formaçãoe Qualificação Profissional.

Além disso, haverá biblioteca,café-bar, espaço para exposi-ções e inclusão digital e salas deteatro e cinema, a ser inaugura-da no próximo ano. O grupoCaixa de Pandora participou da

homenagem da APCEF ao novopalco da cultura dos bancáriosapresentando a esquete Aulade Teatro. A diretoria da Asso-ciação também prestigiou ainauguração da Casa.

Fotos Carlos Silva

Inauguração foi motivo de elogios.

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enfoque joão de barro setembro/2006 10

COLUNA DOSAPOSENTADOS

Simpósio: reencontro,trabalho e diversão

4 e 5 de novembro

Chegada das Delegações6 de novembro

08h30 às 12h30 - abertura oficial;sessão preparatória; instalação daMesa Diretora; Aprovação do Regi-mento; Formação das Comissões;Avisos Importantes12h30 às 14h - Intervalo Almoço(no local do evento) p/ quem for as-sistir as palestras14h às 18h - Reunião das Comis-sões14h às 16h - Palestras Simultâneassobre Saúde, Previdência Oficial -INSS, Previdência Complementar -Fundo de Pensão16h às 18h - Repetição das Pales-tras Simultâneas18h - Retorno aos HotéisNoite Livre7 de novembro

08h30 às 12h30 - Palestras das As-sociações e Entidades12h30 às 14h - Intervalo Almoço (NoLocal do Evento) p/ quem for assis-tir as palestras14h às 18h - Plenárias das Proposi-ções20h30 - Jantar Típico - Baile8 de novembro

Dia Livre. Passeios opcionais deacordo com o pacote ou Agênciade Turismo:21h - Show das Delegações no Ho-tel Serrano9 de novembro

08h30min às 10h30min - Funcef: Di-retoria Financeira e Diretoria Imobili-ária10h30min às 12h30min - Funcef: Di-retoria de Controladoria12h30 às 14h - Intervalo almoço (nolocal do evento) p/ quem for assistiras palestras14h às 18h - Funcef: Diretoria deBenefícios,Noite Livre10 de novembro

08h30 às 12h30 - Palestra CaixaEconômica Federal12h30 às 14h - Intervalo almoço (nolocal do evento) p/ quem for assistiras palestras14h às 18h - Homenagens e Encer-ramento 20h30 - Jantar de Encerramento -Baile

Mensagem aos associados:"Amigo não é aquele que diz- Vá em frente! - mas aqueleque diz - "Vou contigo!"

É sempre bom lembrar queesses encontros nos levam areviver os bons tempos da nos-sa convivência funcional e osgrandes momentos das nossasdiscussões sobre os problemasque sempre estiveram presen-tes na vida dos economiários.

Nos idos de 1979 ocorreu oprimeiro encontro em Porto Ale-gre, basicamente sob o patrocí-nio da então gerência geral doRio Grande do Sul, que cedeuaos participantes toda a estru-tura necessária para o seu de-senvolvimento e marcar, histo-ricamente, o primeiro momen-to, ousado para a época, doseconomiários aposentados e daspensionistas.

Falar em Simpósio é abrir osespaços para o reencontro e dis-cutir os assuntos e os problemasque atormentam continuamen-te os economiários de todo opaís. Falar em Simpósio é umaoportunidade que você tem de

estar junto com os colegas dosmais distantes lugares deste paíse conhecer suas aflições e suaslutas por uma situação melhorpara todos nós.

Para aqueles que ainda nãotiveram oportunidade de parti-cipar é agora o momento, vaiacontecer novamente, aqui, noRio Grande do Sul, berço degrandes movimentos e dehomens que marcaram aspáginas de nossa história.

Neste fórum, não faltará ocalor humano que deverá sertransmitido por todos os nossoscolegas e a importância da apre-sentação de suas proposições aserem discutidas num pé deigualdade, e isto é muito bompara não dizer que é maravilho-so, quando se pode falar e dizercom propriedade aquilo que sepensa, com a intenção de me-lhorar as nossas lutas, abrir no-vos horizontes, e, por que não,um futuro melhor.

É importante e necessárioaproveitar este momento paraconhecer, debater e nos posi-cionarmos com relação às nos-sas necessidades, como reposi-

ção salarial, saúde e tantos ou-tros problemas que nos afligeme, por que não dizer, até maisrespeito por nós, aposentados(hoje apelidados de assistidos),para não termos que ouvir o que,de certo modo, é uma agressão,procurarmos o Judiciário para,numa longa e árdua luta, seremreconhecidos os nossos direitosque, na maioria das vezes, po-deriam ser resolvidos pelas pes-soas que ocupam as posiçõeschave na empresa, num gestode bom senso e respeito.

E por tudo isto, esperamosque a realização deste Simpósiopossa minorar as nossas afliçõese nos dêem respostas sem polí-tica e sem partidarismo.

O Patrono do Simpósio des-te ano é o economiário falecido,Sr. Arthur Ferreira de Souza Fi-lho, que iniciou na Caixa comoestafeta, passando por diversasfunções até chegar a gerente deagência.

Seu espírito de luta pelos di-reitos coletivos foi o que moti-vou sua escolha.

Por reconhecimento à dedi-cação e ao trabalho de 32 anos,

a Presidente de Honra, nesteano, é a colega aposentadaBeatriz Francisca de BorbaGonzaga, a Dona Beatriz das Con-signações, que granjeou o carinho,a amizade e o respeito de todos nós.

Ao lado, o programa oficial paraque o colega possa avaliar osassuntos que serão tratados.

Faça sua inscrição na Ageae não perca esta oportunidade departicipar do XXVIII SimpósioNacional dos Economiários Apo-sentados e Pensionistas da Cai-xa, entre 5 e 10 de novembro de2006, em Gramado, RS.

As reservas de hotel estão acargo de Fellini Turismo e Via-gens, pelo telefone: 51 3228 6388.Este texto contou com a colabo-ração dos economiários aposen-tados: Beatriz Borba Gonzaga,Dora Lúcia Neuberger, ManoelTiberio, Mardir de Fátima Kurrlee Luiz Carlos de Aragão.Se você, colega aposentado, sou-ber de histórias interessantes equiser contá-las, faça-o. Enviepara o e-mail: [email protected] ou leve ao colegaTiberio na Rua Vigário JoséInácio, nº 368, sala 603.

CINEMA

[canto do Klein]

- Alô, Klein?- Klein falando. É o Casa Nova?Como está o Haiti?- Flutuando no meio do Caribe,junto com a República Domi-nicana.- Valeu, Boa Noite, engraçadi-nho.- Parabéns pela matéria do mêspassado sobre o CinemaNigeriano. Furaste a revista demaior circulação do país. Ela tecopiou!- Obrigado, Sua Majestade, masfurar esta revista qualquer umconsegue... Onde estás? A liga-ção está tão boa!- Gramado.- E o Festival?- Que Festival?- De Cinema. Ci-ne-ma.- Não sei dizer. Procurei Cine-ma todos os dias no Palácio dosFestivais e não vi nada! Ou qua-se nada.- O Festival estava muito expe-rimental?- Antes fosse. Estava mais paraexcremental. Considero este úl-timo Festival como o fim de umaetapa; para as futuras edições,deveriam ser evitadas as dezcaracterísticas malignas de Gra-mado 2006:10. Nevoeiro Londrino Bueno, se respirava água a se-

Diálogo impertinente sobre umfestival moribundo de cinemamana toda do Festival. Dozehoras de nevoeiro por dia. Nãose enxergava na rua – pena quenão se podia trazer o nevoeiropara dentro do cinema. Só fal-tou Jack, o Estripador.9. Frio PolarBasicamente ventania. Nada defrio seco ou neve. Ideal parapneumonias ou friagens. Ao meio-dia, calor suficiente para abalaras defesas do corpo; de noite, frioo bastante para matá-lo.8. Destruição LibanesaResolveram reconstruir a cida-de para o festival. A verba aca-bou, o verbo sobrou, a obra atra-sou. Resultado: Gramado pare-cia Beirute. A Borges de Medei-ros esburacada – congestiona-mento a semana inteira.7. Organização ItalianaA verdade é que o Festival cres-ceu mais que a sua infra-estru-tura. Faltam outros cinemas,faltam mais dias de competição,faltam mais filmes na competi-ção principal, faltam lugares pró-prios para as competições pa-ralelas. Em Gramado, tudo acon-tece o tempo todo, amontoado,atrapalhado, não se consegueapreciar o que é oferecido.6. Serviços SenegalesesNão sei como é o Senegal, masGramado este ano estava abai-xo da crítica. Nem os atenden-tes sabiam o que estava acon-tecendo. Não tinham idéia dos

eventos paralelos; só sabiamnos mandar ao Palácio dos Fes-tivais – era lá que o Festival deGramado acontecia. A maioria fi-cava, pela falta do que fazer, to-mando café e conversando so-bre as estrelas de televisão queviriam ao festival.5. Festas Nova-iorquinasQuer dizer, se propunham a ser,mas coitadinhas... Os nomeseram importados: “OriginalParty” ou “Dream Night”. Invari-avelmente, faltava bebida. Osseguranças eram o auge dasfestas: eles literalmente nospuxavam para dentro das fes-tas. Depois de um largo históri-co em ser barrado ou expulsode festas, agora eu era empur-rado para dentro delas! Que hor-ror! O grito de felicidade sintéti-ca permeava as madrugadas:“U-HU!”. Odeio este grito tribalde butique.4. Falta de EducaçãoEstilo MiamiMultidões escolhendo os maisestreitos caminhos para passe-ar; gente parada olhando para onada; gente atendendo celularesaos berros; pessoas conversan-do no cinema; pessoas berran-do ao celular no cinema; pesso-as fumando dentro do cinema;pessoas andando sem parar nocinema; pessoas alcoolizadasno cinema e fora dele durantetodo o dia.

3. Debates BrasileirosNo Brasil, não existe debate. Oque existe é compadrio ou ofen-sa. Ou os cineastas se engal-finhavam com os críticos (paraquê, pessoal, ninguém vai ver oteu filme, ninguém vai ler a tuacrítica) ou era pura paz e amor,com elogios voando pela sala(para quê, pessoal, etc.). Deve-riam ter conversado sobre Cine-ma. Não perceberam que, nasréstias do Festival, uma novaEstética está aparecendo; aomenos esta foi a conclusão ini-cial que vários colegas da críti-ca e da academia arriscaramnas conversas paralelas. A sus-peita dessa Nova Estética, quenão se batizou com nenhumnome pomposo, se deu porquecomeçamos a ver filmes nascompetições paralelas. Nelas,os filmes se caracterizaram esteano por mesclar um ritmo maiscontemplativo com outro mais fre-nético, como que sintetizando asduas estéticas anteriores. Talvezeste pequeno movimento cresça,talvez desapareça. Só no próxi-mo Festival teremos uma pers-pectiva melhor.2. Curadoria FrancesaForam contratados dois profis-sionais de Cinema do Rio deJaneiro. Eles estavam flanandopelo Festival, sempre recusan-do entrevistas, alegando falta detempo: “Não posso falarr agora.

Muito ocupadoo!”. Nunca ouviisso: um brasileiro (e os cario-cas são brasileiros) falando por-tuguês com sotaque francês!(Não, o fulano mora no Brasildesde sempre). O pior de tudoeram as explicações que nãoexplicavam. Palavras, palavras,palavras, todas usadas paraconfundir, para justificar a sele-ção de verdadeiras atrocidadescinematográficas.E ser pago para isso.1. Festival/Imitação CalifornianaMas por que temos que imitaros americanos num dia e falarmal deles no outro? Isso já estáficando chato. Vamos deixar cla-ro uma coisa: os brasileirosNUNCA serão americanos. Ésimples assim. E que me dá ra-zão, vejam só, é a chancelariaamericana. Para entrar nos Es-tados Unidos hoje, você tem quepassar pelo vestibular mais difí-cil da sua vida. Conclusão ób-via: o dinheiro brasileiro pode atéser bem-vindo mas, de preferên-cia, sem os brasileiros grudadosnele.- Credo! Teve algo de BOM nes-te Festival, fora alguns filmes?- Bueno, O Inter é Campeão daLibertadores!

F.J.Klein é repórter.Paulo Casa Nova é comentarista.Klein está na condicional.Casa está num bunker.É pau, é pedra, é o fim do caminho.

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enfoque joão de barro setembro/200611

ARTISTAS

DA CAIXA

João de Barro - Como

foi o início de tua trajetó-

ria como compositor e can-

tor?

Angelino Rogério - Inicieino final da década de 70, parti-cipando dos festivais estudantis.Minha primeira premi-ação im-portante foi em 1981, quandoconquistei o 3° Lugar no 5° Fes-tival Estadual Estudantil da Can-ção de Três de Maio, onde sóparticipavam os vencedores deetapas regionais. Foi tambémminha primeira gravação em dis-co. Esse festival foi um marcoe revelou cantores como Berê,Daniel Torres, Mário Barbará,Rui Biriva, entre outros.

Nessa época, comecei acompor e a pesquisar a músicaregional e folclórica e passei auma nova fase, compondo eparticipando do Movimento

Nativista, que iniciara com aCalifórnia da Canção, deUruguaiana. Em 1982, classifi-quei minha primeira canção naCoxilha Nativista, em Cruz Alta.Isso me incentivou muito e pas-sei a me dedicar exclusivamen-te a esse gênero. Eventualmen-te, passei a compor também ou-tros gêneros da MPB e algunsgrupos de baile passaram a gra-var minhas canções. A partir deentão, já são mais de 200 can-ções gravadas por vários artis-tas, grupos e coletâneas.

JB - De onde sai a inspi-

ração para o teu trabalho?

Angelino Rogério - A ins-piração é uma coisa mágica, nãotem como explicar. Pode surgirde um fato vivido, presenciado,ouvido ou pesquisado. Comporé um estado de espírito, uma fi-losofia de vida. No meu caso,muitas vezes compor músicaspassou a ser um antídoto para oenorme estresse que é nossaatividade bancária. Mas tambémsinto que tenho uma enorme fa-cilidade em criar melodias, es-crevo por intuição e consigo al-ternar diversos gêneros sem di-ficuldade alguma e agradeçosempre a Deus por ter esse dommaravilhoso.

Todo compositor desenvolveuma sensibilidade muito própria.

Sou autodidata, aprendi fa-zendo. Meu pai era músico,um grande gaiteiro de bailes ebailantas do tempo antigo e achoque a genética me favoreceu.É o velho ditado "filho de tigresai pintado".

JB- Participaste de

várias edições do Festival

Nacional dos Empregados

da Caixa. Qual a importân-

cia desses festivais na tua

carreira?

Angelino Rogério - Dasoito edições do Músi-caFenae,tive a felicidade de participar detodos. Acredito ser o único em-pregado da Caixa a participar detodas as edições do FestivalNacional de Música nesses 20anos de festivais. Isso me en-che de orgulho, porque foi frutode muita dedicação. Não é nadafácil vencer uma eliminatóriaestadual, num estado como oRio Grande do Sul que é berçode grandes intérpretes, compo-sitores e músicos e a Caixa temmuitos talentos! Das oito edi-ções estaduais, acabei vencen-do por seis vezes e fui finalistaem todos as edições nacionais,estando em todos os discos doFenec.

Esses festivais da Caixa fo-ram um enorme incentivo, por-que vi neles a oportunidade deme superar, compor outros esti-los e ritmos para competir commúsicos de todo o Brasil e vis-lumbrei a oportunidade de co-nhecer o país fazendo o que maisgosto.

Este ano, no 8° Festival Na-cional de Música em Salvador,conquistei o prêmio de MelhorIntérprete, uma grande vitória

Ele é conhecido de

vários festivais. Encan-

ta platéias e conquista

prêmios com suas com-

posições que falam de

temas simples. Depois

de quase trinta anos de

estrada, Angelino Rogé-

rio coloca em disco um

pouco de seu trabalho.

O lançamento do CD 20

anos de Festivais ocor-

reu em julho deste ano.

pessoal de superação e persis-tência.

JB- Como surgiu este pri-

meiro CD?

Angelino Rogério - A idéiade lançar este primeiro trabalhoindividual em CD vinha sendoadiada há um bom tempo. Mú-sicos, amigos, colegas, todos mecobravam esse registro musical,o que me motivou a compor essacoletânea que reúne 12 das mi-nhas canções mais conhecidasdos festivais nativistas que par-ticipei nesses últimos 20 anos.

A maioria são canções pre-miadas em grandes festivaiscomo Carijo da Canção Gaúcha,de Palmeira das Missões,

Cantando e encantando

Coxilha Nativista, de Cruz Alta,Gauderiada da Canção, de Ro-sário do Sul, e Seara da Can-ção, em Carazinho. E são todascanções de minha autoria e comalguns grandes parceiros conhe-cidos no meio musical.

O interessante deste primei-ro CD é que, por ser um projetoindependente, é composto decanções remasterizadas origi-nais dos festivais que participei,para que se tenha um registrofiel da musicalidade de sua épo-ca, trazendo a essência e a ca-racterística do palco dos festi-vais.

A receptividade está sendomaravilhosa e isso é um grandeincentivo.

Defesa dos bancos públicos é prioridade.

Você associado (a), canta, dança, toca instrumentos

musicais? adora desenhar, pintar, encenar? se dedica a

algum tipo de arte? ou conhece alguém com talento ar-

tístico? O João de Barro tem um lugar especial para você.

Entre em contato com a redação pelo telefone 51 3221

2829 e mostre aos seus amigos o que você faz.

Em busca de talentos

Fotos arquivo pessoal

Agenda APCEFQuintas-feiras, 20h,no Galpão Crioulo daColônia BEncontro do Núcleo de CulturaGaúcha da APCEF

Segundas e quartas-feiras, 19h30min,no Centro CulturalCia de ArteEnsaio do grupo de teatroCaixa de Pandora

Quintas-feiras, 19h,no Centro CulturalCia de ArteEnsaio do Coral APCEF

Primeira quinta-feirade cada mês

Jantar de recepção aos novosempregados da Caixa

SETEMBRO

13 - Núcleo de Cultura Gaúchano Piquete dos Bancários, noParque Harmonia, em PortoAlegre19 - Reunião de aposentadas(os), 14 horas, Casa dos Bancári-os (R. Gen. Câmara, 424/3ºandar, Porto Alegre)14 - Recepção aos novosempregados da Caixa23 - Jantar e Tertúlia do Núcleode Cultura Gaúcha, 20h30min,Galpão Crioulo (Av. Cel. Marcos,851)30 - Galeto do Coral, 20 horas,Colônia A (Av. Cel. Marcos, 627)

Recepção aos novosempregados

No dia 5 deste mês, umanova turma de empregadosda Caixa foi recepcionadana APCEF. Diretores da As-sociação apresentaram asColônias A e B e explicaramas vantagens em ser associ-ado (a), enquanto integran-tes do Núcleo de TradiçãoGaúcha preparavam o chur-rasco que foi servido noGalpão Crioulo.

A próxima turma serárecepcionada no dia 14 des-te mês.

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esporte joão de barro setembro/2006 12

ciano magenta amarelo preto

JOGOS DA

FENAE

Emgrandeestilo

A sétima edição dos Jogosda Fenae tornou-se a maiorde todas já realizadas. Como participação de todas as 27Apcefs reuniu 2100 atletasnas 21 modalidades oficiaise nas duas não-oficiais,dominó e truco. Este ano, osJogos foram realizados emBlumenau, Santa Catarina,de 19 a 26 de agosto.

A Apcef/DF foi a campeãgeral conquistando ouro em11 competições, cinco noatletismo, atingindo 342 pon-tos. Em segundo lugar ficoua Apcef São Paulo, com 235pontos e em terceira posição,a Apcef Paraná, com 188pontos.

A APCEF/RS ficou emsexto lugar, com 144 pontos.O destaque foi a dupla femi-nina de vôlei de praia quetornou-se tricampeã nos Jo-gos. Confira os três primeiroslugares em cada modalidade.

Basquete Distrito Federal, São Paulo e Rio Grande do Sul.Buraco Pernambuco, Sergipe e Bahia.Futebol Soçaite Bahia, Rio Grande do Sul e Minas Gerais.Futsal Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Bahia.Sinuca Goiás, Distrito Federal e São Paulo.Tênis de campo dupla feminino Paraná, São Paulo e Pará.Tênis de campo dupla masculino São Paulo, Paraíba e Dis-trito Federal.Tênis de campo simples feminino Paraná, São Paulo e Riode Janeiro.Tênis de campo simples masculino São Paulo, Paraná eMato Grosso.Tênis mesa masculino Mato Grosso, Paraná e Roraima.Tênis de mesa feminino Distrito Federal, Maranhão e Paraná.Vôlei quadra feminino Distrito Federal, Santa Catarina e Ceará.Vôlei quadra masculino Distrito Federal, Minas Gerais ePernambuco.Vôlei praia masculino Distrito Federal, Pará e Roraima.Vôlei de praia feminino Rio Grande do Sul, Ceará e Sergipe.AtletismoRústica (cinco mil metros) masculino1ª categoria (atletas nascidos a partir de 1969) Distrito Federal,Pará e São Paulo.2ª categoria (atletas nascidos entre 1959 e 1968) Santa Catarina,São Paulo e Piauí.3ª categoria (atletas nascidos antes de 1959) Bahia, DistritoFederal e Maranhão.Rústica (cinco mil metros) feminino1ª categoria (atletas nascidas a partir de 1969) Distrito Federal,Ceará e São Paulo.2ª categoria (atletas nascidas entre 1959 e 1968) Paraná, MinasGerais e Rio de Janeiro.3ª categoria (atletas nascidas antes de 1959) Minas Gerais,Paraná e Bahia.100m feminino Bahia, Paraná e São Paulo.100m masculino Distrito Federal, Ceará e São Paulo.Revezamento 4X100m feminino Pernambuco, Paraná e SãoPaulo.Revezamento 4X100m masculino Distrito Federal, Ceará eBahia.200m feminino Bahia, Paraná e Distrito Federal.200m masculino Distrito Federal, Rio de Janeiro e Ceará.Salto em distância feminino Paraná, Distrito Federal e SãoPaulo.Salto em distância masculino Ceará, Santa Catarina e Distri-to Federal.Natação50m livre masculino Pará, Distrito Federal e Bahia.50m livre feminino Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná.50m costas masculino Ceará, Distrito Federal e Pará.50m costas feminino Rio de Janeiro, Paraná e Espírito Santo.50m peito masculino Pará, São Paulo e Distrito Federal.50m peito feminino Rio de Janeiro, Minas Gerais e SantaCatarina.50m borboleta masculino Pará, Ceará e Rio de Janeiro.50m borboleta feminino Rio de Janeiro, Paraná e DistritoFederal.4X50m masculino Distrito Federal, Bahia e São Paulo.4X50m feminino Santa Catarina, São Paulo e Paraná.Damas Amapá, Mato Grosso e Maranhão.Xadrez São Paulo, Minas Gerais e Santa Catarina.Competições não-oficiaisDominó Alagoas, Piauí e Bahia.Truco Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal.

OS CAMPEÕES

Dupla de ouroA dupla de vôlei de praia Lorna Lehenbauer, da agência Roca Sales, e Karin Kestering, da agência

Santo Antônio da Patrullha, que representou a APCEF nos Jogos da Fenae, conquistou a medalha deouro vencendo a dupla cearense na final. Karin e Lorna jogam juntas desde que a modalidade foiincorporada aos Jogos da Fenae. Com a conquista deste ano, tornaram-se tricampeãs no vôlei depraia, foram campeãs em 1998, 2004 e este ano.Lorna - "É muito bom participar dos Jogos da Fenae. Esse investimento nos Jogos de Integração

é muito bom e deve ser sempre mantido. O que a gente percebeu este ano é que as outras delegaçõesestão investindo muito nos esportes, a qualidade dos outros estados cresceu muito, estão investindo noesporte e na integração dos associados."Karin - "Essa foi uma experiência mais sofrida, porque, obviamente, nós estamos mais velhas e

os adversários mais jovens. E o outro aspecto, foi o pouco tempo de treinamento. Mas a nossa duplatem muita integração, a gente se completa, sabe que pode contar uma com a outra."

Fotos Augusto Coelho/Fenae