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Fundamentos de Gestão Brasília-DF.

2 - Fundamentos da Gestão

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Fundamentos de Gestão

Brasília-DF.

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Elaboração

Rogério de Moraes Silva

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração

E-mail do elaborador: [email protected]

Telefone do elaborador: (61) 8155-4056

Todos os direitos reservados.

W Educacional Editora e Cursos Ltda.

Av. L2 Sul Quadra 603 Conjunto C

CEP 70200-630

Brasília-DF

Tel.: (61) 3218-8314 – Fax: (61) 3218-8320

www.ceteb.com.br

[email protected]| [email protected]

Page 3: 2 - Fundamentos da Gestão

SUMÁRIO APRESENTAÇÃO

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA

INTRODUÇÃO

UNIDADE I SISTEMAS DE GESTÃO

CAPÍTULO 1

ADMINISTRAÇÃO FARMACÊUTICA

CAPÍTULO 2

GESTÃO DA QUALIDADE

UNIDADE II MEDICAMENTOS

CAPÍTULO 3

SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO

CAPÍTULO 4

PADRONIZAÇÃO

UNIDADE III ANÁLISE DE RISCO E SEGURANÇA

CAPÍTULO 5

RISCO E SEGURANÇA

PARA (NÃO) FINALIZAR .................................................................................................... REFERÊNCIAS ................................................................................................................

Page 4: 2 - Fundamentos da Gestão

APRESENTAÇÃO

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que

se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.

Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela

interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da

Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da

pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos

específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao

profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução

científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso,

de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal

quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

Page 5: 2 - Fundamentos da Gestão

ORGANIZAÇÃO DO

CADERNO

DE ESTUDOS E PESQUISA Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades,

subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados

por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais

que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes

de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos

Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação

Pensamentos inseridos no Caderno, para provocar a reflexão

sobre a prática da disciplina.

Para refletir

Questões inseridas para estimulá-lo a pensar a respeito do

assunto proposto. Registre sua visão sem se preocupar com o conteúdo

do texto. O importante é verificar seus conhecimentos, suas experiências

e seus sentimentos. É fundamental que você reflita sobre as questões

propostas. Elas são o ponto de partida de nosso trabalho.

Textos para leitura complementar

Novos textos, trechos de textos referenciais, conceitos de

dicionários, exemplos e sugestões, para lhe apresentar novas visões

sobre o tema abordado no texto básico.

Sintetizando e enriquecendo nossas informações

Espaço para você, aluno, fazer uma síntese dos textos e enriquecê-

los com sua contribuição pessoal.

Page 6: 2 - Fundamentos da Gestão

Sugestão de leituras, filmes, sites e pesquisas

Aprofundamento das discussões.

Praticando

Atividades sugeridas, no decorrer das leituras, com o objetivo

pedagógico de fortalecer o processo de aprendizagem.

Para (não) finalizar

Texto, ao final do Caderno, com a intenção de instigá-lo a

prosseguir com a reflexão.

Referências

Bibliografia consultada na elaboração do Caderno.

Page 7: 2 - Fundamentos da Gestão

INTRODUÇÃO

Para um bom desempenho de suas funções, um gestor de uma instituição farmacêutica

deve ter conhecimentos apurados na área de Gestão.

Deste modo, nosso material didático abordará temas como a administração

farmacêutica, a gestão da qualidade, a padronização de medicamentos e a análise de

risco e segurança.

Este Caderno de Estudos e Pesquisa, portanto, tem o objetivo de proporcionar

informações acerca dos Fundamentos de Gestão, com o compromisso de orientar os

profissionais da área de Farmácia, para que possam desempenhar suas atividades com

eficiência e eficácia.

Objetivos

– Conhecer os conceitos e a evolução histórica dos processos de gestão;

– Entender as operações da padronização de medicamentos;

– Explicar a importância do gerenciamento dos sistemas de distribuição de

medicamentos;

- Identificar aspectos relevantes da análise de risco e segurança.

Page 8: 2 - Fundamentos da Gestão

UNIDADE I – SISTEMAS DE GESTÃO

Capítulo 1 – Administração Farmacêutica

EVOLUÇÃO ADMINISTRATIVA

No início do século XX, basicamente, a administração era uma atividade

exercida por meio de comportamentos predeterminados, sem possibilidade de utilização

do processo criativo, ou seja, disciplina, racionalização de tarefas, padronização da

produção, tecnologia e processo de trabalho caracterizou o que se chamou de

Taylorismo. [1]

No pós-guerra essa maneira de administrar foi colocada em cheque e entrou em

vigor o Fordismo. Essa nova maneira de pensar a administração introduziu conceitos

como incorporação de produtividade aos salários e gestão mais participativa dos

trabalhadores, no entanto o processo produtivo foi mantido rígido como no Taylorismo. [1]

A partir da década de 1970 as constantes modificações no ambiente externo,

demandas de clientes e inovações tecnológicas constantes abrem espaço para a chamada

administração flexível. Algumas de suas principais características são: trabalhador é um

ente criativo, necessidade de contínuo aperfeiçoamento e capacitação de pessoal,

redução de níveis hierárquicos com consequente melhoria da relação chefia/trabalhador,

controle realizado a cada etapa do processo minimizando perdas, comunicação

indispensável entre todos os níveis hierárquicos. [1]

PROCESSO ADMINISTRATIVO

O conceito de administração é amplo e não necessariamente se precisa de uma

grande indústria farmacêutica ou de um ambiente hospitalar para começar a entendê-lo,

pois assim como o conceito, são amplas suas aplicações. Pode-se começar a entender a

administração em casa, por exemplo. A mãe que divide as tarefas domésticas entre os

filhos de forma justa (gerenciar pessoas), fazer as compras do mês sem extrapolar o

orçamento (gerenciar recursos), fazer uma reforma na casa (necessidade de

planejamento), guardar dinheiro na poupança para comprar um apartamento (objetivo)

que comporte todos os membros da família de forma confortável (escolher estrutura

correta para o objetivo que se deseja alcançar). Fica claro então que administração é um

conjunto de ações que concretizadas da melhor maneira possível levam a um bom

resultado.

Para entender melhor a administração devemos observar os conceitos de eficácia

e eficiência. Pode-se pensar a eficácia como sendo a concretização positiva de um

resultado, ou seja, ao final do processo eu consegui chegar ao resultado que tracei como

meu objetivo inicial (consegui chegar ao resultado esperado por mim). Já na eficiência,

eu chegarei ao resultado esperado inicialmente, mas tendo que ao longo do processo

realizar todos os planejamentos feitos inicialmente de forma correta, com o menor gasto

de parâmetros como, por exemplo, recursos, tempo. Dessa maneira, meu processo foi

eficiente (análise do processo como um todo e não somente do resultado). Assim,

podemos concluir que administrar é a soma entre a eficiência e a eficácia, ou seja, é o

caminho a ser seguido para a realização de um objetivo da melhor maneira possível. [7]

Page 9: 2 - Fundamentos da Gestão

Exemplo: PRODUÇÃO DE UM MESMO MEDICAMENTO

PROCESSO RESULTADO

Gasto: 20 milhões

Tempo: 20 anos

Preço de venda: R$ 1000,00

a caixa

Cura 100% dos

usuários

O processo tem eficácia (cheguei

ao resultado esperado), mas não

tem eficiência, pois o gasto de

recursos e tempo foi demasiado e

a maioria dos usuários não

teriam dinheiro para adquirir o

medicamento.

Gasto: 10 milhões

Tempo: 10 anos

Preço de venda: R$ 150,00 a

caixa

Cura 100% dos

usuários

O processo é eficiente (o

processo e o resultado foram

satisfatórios). Consegui chegar a

um mesmo resultado gastando

menos tempo e recursos e o

usuário conseguirá adquirir o

medicamento.

Pode-se perceber, então, que o processo administrativo é uma relação estreita e

interdependente entre planejamento, organização, direção e controle e sua importância

reside no poder de fazer de uma instituição um ambiente próspero em qualidade dos

serviços prestados e por consequência disso, financeiramente rentável. [1]

O planejamento é o início do processo administrativo, pois dele dependem os

outros parâmetros citados acima. É dele que provém o roteiro/ projeto que deve ser

seguido para que o processo seja satisfatório e o resultado também (agir com eficiência),

tornando, assim, a administração uma atividade rotineira e minimizando os possíveis

erros ao longo do processo. Como exemplo, podemos citar o método de planejamento

estratégico situacional. Este é o mais utilizado na área da saúde por ter a capacidade de

abranger situações subjetivas de maneira mais coerente, abordando outros fatores que

não só os econômicos. Isso se deve a três características principais:

subjetivismo dos atores (cada pessoa que participa do processo tem uma visão

diferente dos acontecimentos e, portanto, age de maneira diferente na solução

dos problemas apresentados, sendo importante que todas as visões sejam

consideradas e participem da formação do projeto administrativo);

propostas a partir de problemas, ou seja, enxergar os problemas como obstáculos

evitáveis e, portanto, ter a capacidade de modificá-los;

futuro incerto, portanto, não se deve adivinhar o que vai acontecer, mas procurar

enumerar as várias possibilidades problemáticas a partir da visão dos diversos

atores e prepará-los para a possível reação. [1;6]

A organização dentro da administração visa distribuir o trabalho de forma

hierárquica, alocando as pessoas em posições onde serão exigidas de acordo com seu

nível de especialização. É interessante, que sejam criados organogramas (mapas que

mostram a estrutura da empresa) e que estes sejam o menos verticais possíveis, ou seja,

tenham menos níveis hierárquicos (alcance amplo) para que a tomada de decisões se

torne mais rápida e menos burocrática dentro da empresa auxiliando na manutenção da

eficiência dos processos. Quando o modelo organizacional de uma empresa é de alcance

Page 10: 2 - Fundamentos da Gestão

reduzido, esta se torna altamente hierarquizada e a tomada de decisões fica

comprometida, assim como todo o processo de uma administração eficiente. [1]

Dirigir é conduzir o grupo de pessoas a concretizarem os resultados/objetivos da

empresa. A liderança faz parte da direção, sendo a capacidade de influenciar de maneira

interpessoal por meio da comunicação as atividades do grupo positivamente. Aquele

que dirige bem tem liderança, mas nem sempre o bom líder é um bom dirigente. A

liderança pode ser descrita por três teorias: teoria do traço de personalidade, teoria sobre

estilos de liderança e teorias situacionais de estilo de liderança. [1]

A teoria do traço de personalidade descreve o líder como alguém que possui

alguns traços marcantes/específicos de personalidade que o distinguem dos demais e o

tornam capaz de influenciar seus comportamentos. Não existe um consenso de quais

seriam esses traços, o que a torna muito questionável. [1]

A teoria sobre estilos de liderança aborda a relação do líder com seus

subordinados por meio de estilos de comportamento (conduta autoritária, liberal ou

democrática) que são empregados pelo líder de acordo com a situação e as pessoas

envolvidas nela. Não há condições de um único estilo ser utilizado em todas as

situações sendo o líder responsável por escolher o que mais se adequar ao momento. [1]

A teoria da liderança situacional de Harsey e Blanchard é baseada na relação

entre: a quantidade de orientação e direção (comportamento tarefa, dizer o que e como

fazer) dadas pelo líder, a quantidade de apoio socioemocional

(comportamento/relacionamento, comunicação bilateral, ajuda psicológica) dado pelo

líder e a maturidade dos liderados (capacidade de assumir responsabilidades e dirigir

seu próprio comportamento). [1]

A direção é, portanto, parte essencial da administração e a liderança eficaz um

meio da direção sem o qual não seria possível chegar aos objetivos almejados. Na

prática, as três teorias acabam se mesclando e cabe ao bom líder identificar a que

melhor se encaixa a situação vivida. [1]

O controle pode ser entendido como um processo constante de fiscalização do

planejamento, da organização e da direção para que os desvios sejam descobertos de

maneira rápida e ao longo de todo o processo. Isso permite que modificações essenciais

sejam realizadas a tempo de não comprometer a eficiência administrativa e ajuda a

facilitar a tomada de decisões. [1]

HABILIDADES DO ADMINISTRADOR

O administrador é peça fundamental e sem suas habilidades/capacidades não há

como o processo administrativo ocorrer. É necessário que sua formação seja eficaz e

segundo Katz as habilidades precisam ser de três tipos: técnica, humana e conceitual. [1]

A técnica se baseia em conhecimentos especializados, ou seja, na própria

formação profissional que lhe acrescenta métodos, instrumentos e técnicas específicas

para desenvolver um processo administrativo. A humana nada mais é que a capacidade

de liderança discutida anteriormente. A conceitual se baseia no conhecimento que o

administrador tem da organização para que trabalha como um todo sendo capaz de

detectar as mudanças que mesmo pequenas modificações trariam a organização. [1]

Essas três habilidades podem ser menos ou mais exigidas de um administrador

dependendo do cargo que ocupa. Demonstra-se isso abaixo, no exemplo de um

Farmacêutico hospitalar. [1]

Page 11: 2 - Fundamentos da Gestão

Adaptado de Ciências Farmacêuticas: Uma abordagem em farmácia hospitalar [1]

Farmacêutico supervisor: precisa ter conhecimentos técnicos desenvolvidos;

Farmacêutico diretor: precisa ter habilidades conceituais amplas para gerir

objetivos globais da instituição. Posições mais elevadas dentro da organização

demandam maiores conhecimentos conceituais;

Todos os tipos de farmacêutico precisam ter habilidades humanas

desenvolvidas.[1]

ECONOMIA

A administração, como já foi mencionado, tem uma relação estreita com a saúde,

pois sem planejar, organizar, dirigir e controlar uma indústria ou um hospital não

sairiam de um projeto no papel. Mas aprofundando-se mais na história encontramos

algo, que não deixa de fazer parte da administração, e que é fundamental para a

sobrevivência e manutenção de uma empresa: uma economia sólida. [1]

Quando falamos de um hospital, de uma drogaria ou de uma indústria

farmacêutica pensamos primeiramente que são lugares que fornecem saúde. Essa

primeira imagem não está errada e, com certeza, esse é o objetivo primordial dessas

instituições. Mas, não se pode esquecer que por detrás disso encontra-se uma empresa

que deseja ser rentável e que desempenha um papel importante no próprio

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

100,00%

Centenas

supervisor coordenador diretor

tipos de farmacêuticos

Habilidades dos Farmacêuticos

habilidade conceitual

habilidade humana

habilidade técnica

Page 12: 2 - Fundamentos da Gestão

desenvolvimento econômico do país. Por isso, quando vimos uma saúde bem

desenvolvida, pode-se observar que isto se deve a um bom gerenciamento dos recursos

econômicos. No Brasil, esses conceitos estão intimamente conectados, pois o Sistema

Único de Saúde (SUS) preconiza a utilização de parcela dos recursos financeiros para a

manutenção de um sistema de saúde baseado na equidade (tratar os diferentes de

maneira diferente, aplicando mais recursos em prol de quem mais precisa) e bem-estar

da população. [1]

No entanto, a relação saúde-economia nem sempre foi bem estruturada e até hoje

encontra dificuldades em seu desenvolvimento. Só a partir da recessão ocorrida na

década de 80 nos países industriais é que se começou a pensar na saúde e em como

conseguir diminuir os desperdícios. Isso ficou refletido na utilização de técnicas de

análise como custo-efetividade, custo-utilidade, custo benefício e desenvolvimento de

indicadores econômicos ligados à saúde como gasto per capita, gastos em percentuais

de despesas públicas, anos de vida ajustados pela deficiência (Daly ou Avad). [1]

Análises econômicas bem estruturadas são, portanto, um importante ponto de

partida para que os recursos, mesmo que não sendo muitos, sejam utilizados de tal

maneira que se consiga obter o máximo de proveito (por exemplo, maior variedade de

serviços disponíveis ou atendimento com menor tempo de espera ou pesquisa de

medicamentos que abranja um maior número de doenças negligenciadas) tentando

sempre diminuir os custos, ou pelo menos deixá-los dentro de uma margem esperada e

até mesmo lucrativa. De acordo com o banco mundial, a não ser para os países mais

pobres do mundo, o que faz falta não é o dinheiro, e sim, a melhor

utilização/distribuição dos recursos dentro da saúde principalmente nos países em

desenvolvimento. Estes gastam em média US$ 50 per capita, enquanto um país

desenvolvido gasta em média US$ 2000. As principais causas dessas discrepâncias são:

Utilização inadequada de recursos – gasta-se, por exemplo, dinheiro em

cirurgias caras para problemas que poderiam ser resolvidos com tratamento

medicamentoso ou destina-se uma quinta parte do orçamento para a saúde a um

único hospital universitário em alguns países;

Iniquidade – maior quantidade de recursos que deveriam servir aos menos

desfavorecidos acabam sendo utilizados pelos mais ricos em subsídios dados a

planos de saúde, por exemplo;

Falta de eficiência – escolhas equivocadas de equipamentos e padronizações mal

feitas de medicamentos que acabam por se perder levam a gastos desnecessários

e os serviços prestados são de má qualidade;

Aumento desigual de custos – a renda da população cresce mais devagar do que

os custos que ela tem com a saúde. [1]

A avaliação econômica bem realizada pode representar um ganho muito grande

por conseguir diminuir os desperdícios para várias empresas do setor saúde, como

os hospitais e as indústrias, mas é necessário sempre ter em mente que o setor saúde

é delicado, pois a relação entre a população de menor poder aquisitivo e a doença é

diferente da relação com a de maior poder aquisitivo colocando aquela em

desvantagem. Assim muitos países precisam controlar essa dinâmica econômica

para que o acesso à saúde seja garantido principalmente aqueles cujos fatores

socioambientais já impõem maiores desvantagens. [1]

Um número crescente de instituições tem utilizado a análise econômica como

base para as escolhas, por exemplo, de que medicamentos e tecnologias adquirir,

que tratamentos são mais eficientes para o paciente, por entenderem que nem

sempre o que é melhor para o paciente precisa ser mais caro e que o conceito da

equidade é o melhor caminho para a tomada de decisões . Com embasamento em

Page 13: 2 - Fundamentos da Gestão

uma análise bem feita é possível reduzir custos principalmente porque os recursos

disponíveis não crescem a mesma velocidade das necessidades, do número de

pessoas que buscam os serviços de saúde, ou das tecnologias e produtos que são

descobertos. [1]

TIPOS DE ANÁLISE DOS CUSTOS

Existem quatro tipos de análise dos custos que possibilitam fazer uma análise

econômica em saúde por meio da comparação entre os custos e os resultados

terapêuticos obtidos com diferentes ações. A escolha de determinada análise depende da

situação problemática e suas especificidades. [1]

COMO MEDIR: ADOTA-SE QUANDO:

CUSTO MÍNIMO Apenas os custos são

diferentes. Então, é

necessário apenas compará-

los.

Duas ou mais alternativas de

resultados são equivalentes,

apenas os custos são diferentes.

CUSTO-

EFETIVIDADE

As unidades utilizadas para

medir são naturais ou

físicas. Ex: n° de anos

vividos.

Há possibilidade de fazer

economia, pois os resultados são

diferentes e é possível conseguir

melhor resultado com menor

custo.

CUSTO-

UTILIDADE

Mede-se utilizando unidades

de tempo ajustadas por

pesos que representam a

utilidade daquele resultado

para a saúde. É um tipo de

análise de custo-efetividade

mais detalhada. Ex: é

possível medir não só a

quantidade de anos vividos

mas também a qualidade

com que foram vividos.

Quando os resultados prolongam

a vida eliminando os efeitos

adversos ou que reduzam a

morbidade mais do que a própria

mortalidade, ou seja, quando é

necessário incorporar impressões

dos pacientes ou da sociedade a

análise. Ex: utilização de

quimioterapia em certos tipos de

câncer.

CUSTO-

BENEFÍCIO

Atribui-se um valor

monetário para caracterizar

o resultados/benefícios e

assim poder compará-los ao

custo líquido do serviço.

Comparar os custos líquidos

(médicos, hospitais, perda

de produtividade, remédios)

com os custos dos possíveis

benefícios que a intervenção

traria, podendo escolher a

opção de tratamento com

maior benefício em relação

ao custo, por exemplo.

Quando é possível transformar o

resultado/benefícios em um valor

em dinheiro. A análise mais

abrangente, no entanto, a de mais

difícil aplicação, justamente pelo

fato de ter que atribuir valor em

dinheiro a coisas subjetivas

(resultados de saúde, por

exemplo).

[1]

Page 14: 2 - Fundamentos da Gestão

Nota-se que a importância da análise econômica não é apenas fazer

comparações, mas sim embasar decisões que a longo prazo possam trazer economia

para a instituição que a utiliza. Criar novos programas sem antes analisar os

existentes e sua capacidade de acomodar as novas necessidades pode se tornar um

erro caro. É o caso do Ministério da Saúde que assumiu o programa de tratamento

para a AIDS sem nenhuma análise econômica prévia e acabou por comprometer

metade do orçamento do programa nacional de medicamentos. Fica claro, então, que

medir e ponderar a forma de aplicar os recursos é uma maneira muito mais coerente

de assegurar que com mais recursos poupados haverá a possibilidade de tratar com

maior equidade as necessidades da população. [1]

TIPOS DE CUSTOS

A análise econômica, como visto acima, têm a finalidade de comparar os custos

aos resultados ou benefício. Esses custos podem ser dos seguintes tipos:

CUSTOS DIRETOS Gastos com hospital, materiais, médicos,

medicamento e outros.

CUSTOS INDIRETOS Custo da ausência do trabalhador, da

produção que deixou de ser realizada.

CUSTOS INTANGÍVEIS Valor monetário da dor tanto do paciente

como da família durante o processo da

doença. [1]

Os custos diretos estão associados ao pagamento em dinheiro e não são somente

aqueles cobertos pelo seguro ou sistema de saúde, englobam também aqueles assumidos

diretamente pelo paciente como modificações na estrutura de sua residência para se

adaptar a uma nova condição física, roupas específicas, transporte até o hospital, por

exemplo. Esses custos podem também ser classificados como fixos ou variáveis. [1]

Custos fixos são aqueles que independem da quantidade de produto gerado, ou

seja, não variam com o uso. Uma aparelho de raio x ou qualquer outro aparelho de

diagnóstico, por exemplo, mesmo sendo usados diariamente repetidas vezes não haverá

a modificação do preço que foi pago para comprá-lo. Já os custos variáveis estão

relacionados com a quantidade produzida ou com número de vezes que uma atividade é

realizada. Por exemplo, pode-se citar o filme para revelar o raio x que a cada novo

exame realizado precisa ser trocado, ou seja, cada novo exame um filme novo tem que

ser pago, então dependendo do número de vezes que o paciente fizer o exame o

montante que irá pagar será maior ou menor. É importante salientar que os custos fixos

dependem do tempo e do nível de atividade. Se, por exemplo, mais pacientes são

mantidos em tratamento domiciliar, menor o espaço físico necessário dentro do hospital

com consequente desativação de áreas e demissão de pessoas que num dado momento

caracterizavam um custo fixo para o hospital. [1]

Os custos indiretos podem, ocasionalmente, serem maiores e mais

comprometedores que os diretos quando, por exemplo, um paciente morre ou adquire

uma doença crônica (AIDS) que o impeça de trabalhar e produzir gerando recursos para

a sociedade. Já os custos inatingíveis são os mais difíceis de avaliar e interessam

principalmente ao paciente e a família mais do que propriamente a análise econômica. [1]

Page 15: 2 - Fundamentos da Gestão

Os benefícios, assim como os custos, também podem ser medidos:

BENEFÍCIOS DIRETOS custos evitados com a intervenção médica

correta. Ex: câncer de mama evitado pela

realização de exames preventivos.

BENEFÍCIOS INDIRETOS Custos evitados porque mais pessoas estão

saudáveis e em condições de produzir.

BENEFÍCIOS INTANGÍVEIS Valor monetário de se ter evitado a dor e o

sofrimento do paciente e sua família. [1]

Dentro de um hospital, de uma indústria ou mesmo de uma drogaria há sempre

setores que geram maiores perdas que outros levando a um desequilíbrio das finanças

que geralmente é sanado pela utilização do conceito do custo marginal e não do custo

médio. O custo marginal se preocupa em determinar quanto custa a mais obter uma

unidade de resultado a mais. Isso leva a uma compensação, ou seja, poder determinar

quanto cada coisa (por exemplo, cada médico) custa à empresa e com isso poder

aumentar a cobrança em determinadas áreas (exames, por exemplo) para compensar o

prejuízo esperado em outras (emergência de um hospital). [1]

Outra situação exemplo disso é: [1]

[1]

FARMACOECONOMIA

A farmacoeconomia é uma parte da economia voltada à saúde que trata mais

especificamente da comparação entre medicamentos e da escolha do que melhor se

adapta a uma condição clínica determinada. Essa necessidade de enfocar mais

Page 16: 2 - Fundamentos da Gestão

especificamente os medicamentos se deve, principalmente, ao crescimento muito

acelerado da quantidade e da diversidade dos mesmos no mercado atual. [1]

Os medicamentos são componentes delicados no equilíbrio da saúde, isso se

deve principalmente a que independente do poder aquisitivo das pessoas essas

enxergam o medicamento como a salvação para problemas de saúde físicos,

psicológicos, estéticos entre outros, elevando o medicamento a um patamar de

importância muito alto dentro de sistema de saúde e aumento a responsabilidade do

governo de prover ao máximo o acesso a eles. Isso leva os medicamentos a ocuparem

lugar de destaque na porcentagem de gastos dos serviços de saúde. [1]

A análise farmacoecômica se torna uma ferramenta importante, pois tenta

manter o equilíbrio entre: disponibilizar medicamentos boa qualidade, em quantidades

que atendam a necessidade da população, a um preço justo para o próprio usuário, para

os produtores e que seja viável dentro do orçamento do sistema de saúde. [1]

Nesse contexto, entra o medicamento genérico (identificado pelo nome do

princípio ativo e a princípio mais barato que o medicamento de referência; surgem

quando há quebra ou término da patente) como forma de possibilitar o maior acesso e

ao mesmo tempo promover uma economia para o sistema de saúde. Esse processo é

possível da seguinte forma: [1]

Page 17: 2 - Fundamentos da Gestão

A farmacoeconomia pode ser aplicada aos ensaios clínicos por meio de análises

de custo-eficácia principalmente durante a fase III dos ensaios clínicos de maneira

prospectiva a fim de basear as decisões de incluir ou não os medicamentos nas listas de

padronizações do sistema de saúde. [1]

Estudos pré-clínicos: investigação de atividades farmacológicas em animais e in

vitro.

Estudos clínicos:

Fase I: voluntários sadios, estudos de farmacocinética e farmacodinâmica

(teste para confirmar segurança e efeito dos fármacos), aproximadamente

100 pessoas. Não conseguem, geralmente, confirmar a eficácia dos fármacos

porque os voluntários são sadios.

Fase II: pacientes portadores de determinada enfermidade para a qual se

deseja desenvolver o medicamento, aproximadamente 200 pacientes.

Estabelecer a atividade e a segurança a curto prazo do medicamento para a

enfermidade de interesse. Aqui a eficácia é testada, pois a pesquisa é

realizada em portadores da doença. Estabelecer relação dose-resposta.

Fase III: amostra maior de pacientes para ser representativa da população

que irá realmente utilizar o medicamento. Valor terapêutico do fármaco em

teste é comparado com o de um fármaco de referência ou placebo. Aqui são

exploradas as reações adversas. É o documento exigido pelos órgãos

sanitários para o registro do medicamento.

Fase IV: realizados após a comercialização do medicamento para

acompanhamento de reações adversas raras que não são detectadas nos

estudos de fase III pelo pouco tempo, pequena quantidade de pessoas,

pacientes com mais de uma doença, pacientes em uso de vários

medicamentos ao mesmo tempo. São estudos para monitorar a segurança dos

medicamentos em condições reais de utilização. [1]

Além de pensar no método a ser escolhido para a realização da análise de custo

ou da análise farmacoeconômica é necessário estabelecer a incerteza e a robustez

(capacidade de reproduzir resultados confiáveis ao longo de toda a análise) do método,

ou seja, fazer o que se chama de análise de sensibilidade, pois na saúde nem sempre é

possível prever o futuro e ao longo do processo é necessário lidar com as incertezas. É

possível testar a robustez do método escolhendo um parâmetro e variando seus valores,

se ao longo da análise eles permanecerem estáveis o método é válido. Existem dois

tipos principais de incertezas nesse caso: o desenvolvimento da doença é sempre algo

incerto e variável de paciente para paciente dependendo das condições sociais e

ambientais em que vive gerando incerteza quanto a quantidade de recursos que serão

gastos; outra incerteza é o resultado do procedimento médico que também depende das

características de cada paciente. [1]

Pode-se perceber que a quantidade de medicamentos, tecnologias, materiais

médico-hospitalarees crescem de maneira desproporcional a quantidade de recursos que,

principalmente, o sistema de saúde público dispõe. Nesse cenário, é possível vislumbrar

Page 18: 2 - Fundamentos da Gestão

a importância de cada dia mais padronizar os serviços e materiais a fim de reduzir os

custos e maximizar o benefício de manter tudo isso sempre ao alcance do paciente. A

economia entra nessa verdadeira luta como arma cada dia mais eficaz no gerenciamento

desses processos de escolha e deve ser lembrada como importante ferramenta de

trabalho no processo da saúde. [1]

Page 19: 2 - Fundamentos da Gestão

Capítulo 2 – Gestão da Qualidade

A gestão dentro da saúde, mais precisamente dos serviços farmacêuticos,

começa na gestão da qualidade mais aplicada a indústria farmacêutica (contemplada

pelas boas práticas de fabricação para a indústria farmacêutica (BPF) que constam da

RDC 210/2003 da ANVISA, pela série de normas ABNT NBR ISO 9000/9001/9004 e

pela ABNT NBR 14919), passa pela gestão da distribuição de medicamentos no

ambiente hospitalar e pela gestão do abastecimento de materiais.

GESTÃO DA QUALIDADE

O termo qualidade, além de outras coisas, significa algo que se adéqua a um

padrão, ou seja, algo que segue um planejamento e chega ao final do processo a um

resultado esperado, mas não só porque o resultado é bom e sim pelo fato de que todo o

processo foi desenvolvido de forma correta para possibilitar que ao final dele possa se

falar em eficiência (processo realizado e finalizado com perfeição) e não somente

eficácia (resultado é perfeito/esperado). [3]

Gerir a qualidade é conseguir que diferentes olhares e percepções (do cliente, da

empresa, dos fornecedores, dos órgãos reguladores) sobre um mesmo produto ou

serviço consigam convergir de forma positiva (gerar lucros para a empresa e satisfação

para ao cliente), ou seja, que todos possam ao final e durante os processos se sentirem

seguros de que o resultado vai ser adequado às necessidades existentes e exigências. A

qualidade pode ser representa por seis princípios básicos: [2;4]

Qualidade intrínseca: se o produto ou serviço foi capaz de chegar ao resultado

final para o qual foi criado de maneira positiva;

Custo: esse requisito tem duas visões diferentes, a do cliente e a da empresa, e

não deve representar o menor custo simplesmente, deve levar em consideração o

valor do serviço ou produto, se ele for bom é justo pagar um preço justo;

Atendimento: deve ser em local apropriado, no prazo estipulado e na quantidade

certa para servir as necessidades;

Moral e segurança: esses dois requisitos têm duas visões diferentes também,

uma é das pessoas que trabalham na empresa e que devem se sentir

estimuladas/motivadas e trabalhar em condições de segurança para que a

qualidade possa ser uma realidade. A outra visão é a do cliente que deve ser

sempre lembrado como parte principal dos cuidados para os quais uma gestão da

qualidade é desenvolvida;

Ética: refere-se às regras e condutas que devem ser mantidas diariamente para

criar credibilidade na empresa e assim possibilitar sua continuidade no mercado.

A ABNT NBR 14919 (Sistema de Gestão da Qualidade- Setor Farmacêutico)

relaciona de maneira específica e voltada para a fabricação de medicamentos a ISO

9001:2000 com as Boas práticas de Fabricação para a indústria farmacêutica (RDC

210/2003 da ANVISA). Pode ser aplicada, também em toda cadeia de produção

farmacêutica. Os processos nessa norma devem ser entendidos como uma junção de

procedimento que quando bem desempenhados levam ao atendimento das necessidades

do cliente que deve ser sempre o resultado obtido nos processos. Fala-se, portanto de

entradas e saídas bem sucedidas e o cliente encontra-se em ambas. A figura abaixo é um

resumo dos processos. [2]

Page 20: 2 - Fundamentos da Gestão

Figura retirada da ABNT NBR 14919. Processos. [2]

REQUISITOS GERAIS PARA A IMPLEMENTAÇÃO DE UM SISTEMA DE

GESTÃO DA QUALIDADE [2]

Identificar processos;

Determinar sua sequência e interação;

Determinar parâmetros para que o controle dos processos seja eficiente;

Recursos e informações devem ser disponibilizados para manter os processos;

Observar, fazer medições e análise dos processos;

Os resultados e a melhoria continuada dos processos devem ser reflexos de

ações de intervenção.

Exigências da BPF [2]

Os requisitos acima são mencionados na ABNT ISO 9001:2000 e têm que ser

complementados pelos requisitos da BPF que devem constar do manual da qualidade

confeccionado pela empresa. Os procedimentos contidos na BPF (ações ou resultados)

devem ser documentados seguindo a seguinte divisão:

1. Validação

2. Calibrações

3. Manutenção, limpeza e desinfecção

4. Treinamentos e higiene

Page 21: 2 - Fundamentos da Gestão

5. Monitoramento ambiental

6. Controle de pragas

7. Reclamações

8. Recolhimentos

9. Devoluções

2 DOCUMENTAÇÃO [2]

A empresa deve possuir: manual da qualidade e documentos para organizar o

planejamento, as operações e o controle.

2.1 Manual da qualidade

Deve ser a base da gestão da qualidade e precisar conter: finalidade e descrição do

sistema da qualidade, os procedimentos documentados e definição de como os

processos devem se inter-relacionar.

2.2 Controle de documentos

Deve haver um controle da documentação para:

Analisar e aprovar documentos que estejam de acordo com a política de

qualidade;

Revisá-los sempre que necessário para adequações;

Mantê-los sempre nos locais em que são necessários/utilizados para agilizar sua

consulta;

Mantê-los com bom aspecto para facilitar seu uso e evitar erros.

2.2.1 Registros

São um tipo de documento necessário para acompanhar, visualizar e controlar os

processos. São como comprovantes de que o processo aconteceu e de como ele

aconteceu.

Registros de produção: devem ser realizados desde o início até a conclusão do

processo, sendo todos os procedimentos documentados por pessoas autorizadas

e responsáveis pelo processo.

o Nos registros devem conter:

1. Identificação

2. Número do lote

3. Data e hora das fases de produção

4. Responsável pela fase de produção

5. Operador que realizou os diversos passos da produção

6. Informações sobre as matérias primas

7. Controles do processo

8. Quantidade obtida do produto

9. Observações sobre as desconformidades

10. Outras observações importantes para o processo

Page 22: 2 - Fundamentos da Gestão

DIREÇÃO [2]

A direção é o centro das decisões, então é dela que parte o plano para colocar a gestão

da qualidade em prática e também o seu gerenciamento.

Funções

o Reconhecer a importância do cliente e dos mecanismos regulatórios;

o Estabelecer a política da qualidade e seus objetivos;

o Fazer a análise crítica dos processos;

o Garantir que recursos estejam disponíveis.

RECURSOS [2]

Os recursos devem ser implementados e mantidos pela direção e devem ser suficientes

para satisfazer as necessidades dos clientes que são os principais termômetros da gestão

da qualidade. Recursos estruturais, equipamentos , utilidades

Recursos estruturais, equipamentos, utilidades;

Ambiente de trabalho;

Infraestrutura;

Recursos humanos;

GESTÃO DO PRODUTO [2]

As primeiras providências a serem tomadas pela direção com relação ao

desenvolvimento do produto são:

Traçar os objetivos e requisitos de qualidade que o produto deve ter;

Delimitar os documentos e recursos específicos para cada produto;

Validar, inspecionar, monitorar o produto para que ele possa ser aceito;

Fazer todos os registros ao longo do processo para comprovação da qualidade

dos processos e do produto.

A concepção do projeto para o produto deve ter os seguintes requisitos:

Garantia da qualidade;

Percepção do desempenho do produto vinda do cliente ou de fontes externas;

Requisitos para o meio ambiente externo e interno;

Determinar o fluxo de pessoal e materiais;

Selecionar os tipos de materiais e acabamento utilizados.

MEDIÇÃO, ANÁLISE E MELHORIA [2]

Esses procedimentos servem para:

Demonstrar que o produto esta dentro dos requisitos de conformidade;

Demonstrar que o plano da qualidade está dentro dos requisitos de

conformidade;

Poder melhorar o sistema de forma contínua.

Esses procedimentos dependem da medição da satisfação do cliente (reclamações e

devoluções do mercado), da realização de auditorias internas e externas, dos

procedimentos realizados pelo controle de qualidade, da retirada ou melhoramento de

produtos não-conformes.

Plano da

qualidade

Page 23: 2 - Fundamentos da Gestão

UNIDADE II – MEDICAMENTOS

Capítulo 3 – Sistemas de Distribuição

SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO DE MEDICAMENTOS

O uso racional de medicamento é compostos de vários aspectos e um deles é a

correta distribuição desses dentro do hospital. Há uma diferença básica quando se fala

de dispensação e distribuição, pois a primeira é exclusiva do profissional farmacêutico.

DISPENSAÇÃO Procedimento que deve ser realizado por

profissional farmacêutico priorizando a

orientação ao paciente sobre o

medicamento a ser consumido e a análise

da prescrição, ou seja, algo além de

apenas entregar ou vender o medicamento. [1]

DISTRIBUIÇÃO Entregar ao paciente os medicamentos

corretos, nas quantidades corretas, no caso

de um ambiente hospitalar, nos horários

corretos. Para a realização desse

procedimento deve-se priorizar o custo e a

eficiência do processo. [1]

O tipo de sistema de distribuição a ser escolhido depende de alguns requisitos

como, por exemplo, o nível de complexidade do hospital, estrutura física, recursos e

profissionais qualificados disponíveis, procedimentos operacionais padrão bem

determinados, entre outros. Será abordada uma distribuição com quatro tipos de

sistemas de distribuição. [1]

SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO COLETIVO

É o sistema mais antigo e se baseia no fato de que a distribuição ocorre por unidade

de internação ou pela solicitação da enfermagem. Assim, já é possível perceber que a

farmácia é apenas o repassador de medicamentos, não ocorre análise de prescrição e

parte da assistência farmacêutica é comprometida. A farmácia não tem a sua disposição

dados sobre o medicamento como: para quem, porque e por quanto tempo será

utilizado. [1]

O fato de a enfermagem ficar encarregada desse processo que, na realidade, deveria

ser de responsabilidade da farmácia, por tratar diretamente de processos que envolvem o

medicamento, facilita a ocorrência de erros e perda de tempo no cuidado com outros

aspectos relacionados ao paciente. Abaixo seguem alguns exemplos. [1]

Page 24: 2 - Fundamentos da Gestão

Adaptado de Ciência Farmacêuticas- Uma abordagem em Farmácia Hospitalar [1]

As desvantagens do sistema coletivo são as seguintes: [1]

RESULTANDO EM ERROS AO LONGO DO

PROCESSO QUE COMEÇA NA

PRESCRIÇÃO E FINALIZA NA

ADMINISTRAÇÃO

MÉDICO

SISTEMA COLETIVO

ENFERMAGEM

ENFERMAGEM

FARMÁCIA

RECEBE, PREPARA,

ADMINISTRA E ESTOCA

DISTRIBUI

SOLICITAÇÃO POR

UNIDADE ASSISTENCIAL

PRESCREVE

ERROS DE TRANSCRIÇÃO DA PRESCRIÇÃO

FALTA DE REVISÃO DA PRESCRIÇÃO

ERROS DIVERSOS

Page 25: 2 - Fundamentos da Gestão

Necessidade de transcrever as prescrições médicas, aumentando com isso o

tempo gasto pela enfermagem e a possibilidade de erros dos nomes, ou doses, ou

vias de administração, entre outros;

O farmacêutico não tem a oportunidade de desenvolver o processo de

dispensação e a falta de oportunidade de avaliar a receita permite que erros na

prescrição ou erros na transcrição passem despercebidos;

A correria da enfermagem por falta de tempo e de mão de obra suficiente para

gerenciar todo o processo, que na realidade não lhe pertence, acaba por acarretar

a falta de cuidado na preparação e na administração do medicamento;

Alto custo para o hospital pelo fato de se torna uma tarefa impossível controlar

as perdas, os desvios, armazenamento inadequado, caducidade dos

medicamentos;

Não é possível ter uma estimativa real dos gastos por paciente.

As vantagens do sistema coletivo são as seguintes: [1]

o Há sempre medicamentos disponíveis na unidade assistencial, o acesso

acaba por ser mais rápido;

o O fluxo de idas e vindas de medicamentos da farmácia diminui;

o A farmácia precisa de um número reduzido de funcionário para

funcionar.

o SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO INDIVIDUALIZADO

No sistema de distribuição individualizada os medicamentos são dispensados por

paciente e não por unidades assistencial, geralmente para cobrir 24 horas. Isso aproxima

o farmacêutico do processo de análise da prescrição, pois agora ele sabe para quem,

para que e por quanto tempo. Pode ser dividido em dois tipos: [1]

TIPO CARACTERÍSTICA

DIRETO Utiliza a transcrição da prescrição médica

INDIRETO Utiliza a cópia da prescrição médica

Maneiras de fazer as cópias: [1]

1. Cópia carbonada: colocação de papel carbono entre duas folhas de prescrição

gerando assim duas vias sendo uma enviada ao farmacêutico. A vantagem é que

não necessita da instalação de equipamentos especializados;

2. Fotocópias: utilizar máquina copiadora. Gera custos, pois é necessário a

aquisição de equipamento adequado;

3. Via fax: esse método reduz o tempo gasto com o transporte das prescrições, mas

além dos custos com a aquisição do equipamento pode ocasionar erros

Na realidade essas

vantagens do sistema

coletivo prejudicam a

assistência farmacêutica

adequada!

Page 26: 2 - Fundamentos da Gestão

relacionados a questão da qualidade do fax (se for ruim pode induzir a erros

como acontecia na transcrição) e ao envio de mais de uma cópia da mesma

prescrição;

4. Informatizada: os médicos fazem a prescrição em computadores disponíveis na

área da unidade assistencial e essa é diretamente enviada à farmácia. Os custos

para implementar são mais altos, porém a qualidade da letra do médico não mais

influencia e erros por conta disso são evitados além de reduzir a perda de tempo

no transporte de documentos;

5. Tecnologia sem fio: palmtops, tablets e outras tecnologias relacionadas

permitem ao médico realizar a prescrição diretamente na hora em que está

consultando o paciente e além das vantagens relacionadas para a prescrição

citada acima reduz-se a quantidade de espaço utilizado, cabos e outros.

A forma de a farmácia distribuir os medicamentos para as unidades depende de cada

tipo de hospital, mas, por exemplo, eles podem ser enviados em sacos plásticos

desordenadamente constando apenas o nome do paciente, número do leito e a

unidade assistencial a que se destina isso para um período de 24 horas. Ainda é

possível de maneira mais ordenada fabricar (por termossolda, por exemplo)

plásticos que contenham os medicamentos distribuídos por horário para um período

de 24 horas ou mesmo por turno. [1]

As desvantagens do sistema de distribuição individualizada são:

o Nesse sistema alguns vícios de rotina relacionados à prescrição e a

participação da enfermagem no processo continuam a existir (por exemplo,

cálculos e preparação de medicamentos para a administração na unidade

assistencial) acarretando erros de distribuição e administração;

o Consumo excessivo do tempo da enfermagem com questões relacionadas ao

medicamento;

o Nesse sistema continuam a existir as “mini” farmácias nas unidades

assistenciais e problemas como desvio, caducidade, falta de armazenamento

adequado, entre outros continuam a prejudicar a gestão dos medicamentos. [1]

As vantagens do sistema de distribuição individualizada são:

Page 27: 2 - Fundamentos da Gestão

o As prescrições médicas são agora revisadas antes de o medicamento ser

enviado a unidade assistencial, o farmacêutico tem acesso para quem, para

que e quanto tempo o paciente vai utilizar o medicamento podendo evitar

alguns erros de prescrição;

o Apesar de ainda existirem estoques nas unidades assistenciais, estes estão

reduzidos e podem também ocorrer devoluções do que não foi utilizado pelo

paciente para a farmácia;

o O gasto por paciente agora pode ser melhor contabilizado. [1]

o PRINCIPAIS CAUSAS DE ERROS NOS SISTEMAS COLETIVO E

INDIVIDUALIZADO

1. Qualidade da escrita médica é ruim;

2. Transcrever a prescrição facilita a ocorrência de erros;

3. Utilizar abreviaturas não padronizadas causa confusão na interpretação da

prescrição;

4. As ordens médicas dadas verbalmente;

5. Usar o termo “manter prescrição” ao invés de fazer uma nova a cada dia;

6. Falta de conhecimentos técnicos farmacêuticos (estabilidade, compatibilidade,

condições de armazenamento, etc.) pela enfermagem;

7. Nomes comerciais de fármacos com grafias semelhantes. [1]

Adaptado de Ciência Farmacêuticas- Uma abordagem em Farmácia Hospitalar [1]

o SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO COMBINADO/MISTO

Nesse sistema alguns medicamentos são distribuídos por cópia da prescrição

(característica do sistema individualizado) e alguns são distribuídos por

solicitação da enfermagem (característica do sistema coletivo). As unidades de

SISTEMA INDIVIDUALIZADO

INDIRETO DIRETO

MÉDICO

ENFERMAGEM,

ADMINISTRATIVO,

FARMÁCIA OU MÉDICO

FARMÁCIA

TRANSPORTE

ENFERMAGEM RECEBE E ADMINISTRA RECEBE E ADMINISTRA

ENTREGA

ANALISA, QUANTIFICA,

SEPARA E ACONDICIONA

TRANSCREVE

PRESCREVE

ENTREGA RECEBE E ADMINISTRA

ANALISA, QUANTIFICA,

SEPARA E ACONDICIONA

REMETE CÓPIA

PRESCREVE

Page 28: 2 - Fundamentos da Gestão

internação são atendidas pelo sistema individualizado e as de serviço

(ambulatório, urgência, etc.) pelo coletivo. É uma mistura de sistemas que

depende, como já mencionado anteriormente, das necessidades de

funcionamento e recursos do hospital. [1]

o SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO POR DOSE UNITÁRIA

A distribuição por dose unitária foi desenvolvida por farmacêuticos americanos

devido aos crescentes casos de erros de administração por causa da constante chegada

ao mercado de fármacos cada vez mais potentes, porém perigosos (exemplo, aqueles

com janelas terapêuticas estreitas, ou seja, pequenas mudanças de dose podem causar

toxicidade ao paciente). Esse método de distribuição é mais seguro para o paciente,

minimiza a ocorrência de erros, os recursos profissionais são mais bem gerenciados, tem

maior eficiência e reduz o custo com medicamentos. É importante esclarecer que a dose

unitária industrial não representa a mesma coisa e, sim, a dose de algum medicamento

vendida em uma embalagem unitária que contém identificação do fármaco, prazo de

validade, lote, nome comercial, entre outras, e que pode ser utilizada no sistema de

distribuição por dose unitária sendo muitas vezes de grande utilidade na farmácia

hospitalar. [1]

O sistema por dose unitária permite distribuir os medicamentos para cada

paciente (até aqui pode ser comparado ao sistema individualizado) de maneira que todos

os tipos de formas farmacêuticas sejam enviadas ao paciente, de acordo com a

prescrição médica, prontas para serem utilizadas e na dose correta para um determinado

intervalo de tempo, ou seja, a enfermagem não necessita mais manipular, fazer cálculos

ou preparar nenhum medicamento. Além disso, outra inovação trazida por esse sistema

é o fato de que a análise da prescrição deve ser realizada para que seja traçado um perfil

farmacoterapêutico do paciente. A enfermagem deve manter um registro das

administrações realizadas para controle e para que mesmo que o erro ocorra ele possa

ser mais rapidamente detectado e as consequências sejam mais bem controladas. [1]

O Perfil farmacoterapêutico deve conter:

o PARA O PACIENTE:

Idade;

Peso;

Diagnóstico;

Data da admissão;

Número do leito;

Nome da unidade assistencial.

o SOBRE O MEDICAMENTO:

Nome do fármaco de acordo com a Denominação Comum

Internacional (DCI) ou Denominação Comum Brasileira (DCB);

Forma farmacêutica;

Concentração;

Dose;

Intervalo;

Via de administração;

Data de início;

Quantidade distribuída por dia. [1]

Para adotar esse sistema é necessário pessoal qualificado, um sistema de

padronização e gestão dos medicamentos eficiente. Outra coisa importante é a

dificuldade de encontrar disponíveis no mercado doses unitárias de medicamentos

Page 29: 2 - Fundamentos da Gestão

estéreis. Isso leva a necessidade de implantação de uma Central de Preparações Estéreis,

o que demanda um custo inicial muito elevado que a maioria dos hospitais, como os de

médio e pequeno porte, não conseguem bancar. [1]

A obtenção da dose unitária dentro do hospital deve ser feita respeitando

primeiramente as características farmacológicas do medicamento (estabilidade,

fotossensibilidade, etc.). Por isso, deve-se observar os tipos de materiais utilizados no

processo de reembalagem e sua compatibilidade com a obtenção da dose unitária

evitando contaminações cruzadas e microbiológicas. [1]

TIPO DE FORMA FARMACÊUTICA CARACTERÍSTICAS DA EMBALAGEM

Líquidos de uso oral Deve ter características que permitam que

todo o conteúdo possa ser consumido;

dependendo da forma e do fármaco é preciso

calcular conteúdo a mais por causa da

perdas; a concentração do fármaco deve

constar em mg/mL ou g/mL; as seringas que

forem utilizadas para a administração ao

paciente não podem conter agulhas. [1]

Sólidos de uso oral O blíster deve ser confeccionado de parte

transparente para visualização do

medicamento e outro opaco para permitir a

impressão de informações e também de fácil

remoção para a retirada do medicamento. [1]

Uso parenteral O conjunto agulha + seringa já deve ser

mandado pronto para o uso não precisando

mais ser manipulado. A agulha deve ser de

tamanho adequado para o procedimento a ser

realizado no paciente. [1]

Outras formas A embalagem deve sempre conter a

finalidade para a qual se destina o

medicamento (ex: supositório, uso

oftálmico). [1]

REQUISITOS PARA IMPLANTAR O SISTEMA

Farmacêutico com especialização em farmácia hospitalar;

Laboratório de farmacotécnica;

Central de preparações estéreis;

Padronizar os medicamentos (isso ajuda a normatizar a rotina das preparações,

pois as características farmacológicas dos medicamentos padronizados são bem

conhecidas e isso evita erro);

Carrinhos, cestas e outros utensílios que possibilitem uma entrega organizada

dos medicamentos;

Ter equipamento de boa qualidade para imprimir etiquetas e outros de forma

rápida e legível;

Máquina de soldar plásticos para realizar a separação dos medicamentos por

paciente e por horário;

Embalagens adequadas;

Envelopadora (comprimidos);

Page 30: 2 - Fundamentos da Gestão

Envasadora (líquidos, cremes, pomadas);

Rotuladora, impressora para rótulos;

Máquina para lavar os frascos;

Computadores de boa qualidade para gerenciar todo o processo desde o

recebimento da prescrição. [1]

VANTAGENS DO SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO POR DOSE UNITÁRIA

A enfermagem não perde mais tempo com cálculos, transferências e preparações

de medicamentos tendo mais tempo para se dedicar ao paciente;

Erros de administração reduzidos (ex: de prescrição, de preparo, de

administração, etc.);

Diminuição de estocagem nas unidades assistenciais diminuindo perdas por

caducidade, desvios, etc.;

Maior controle com relação as infecções hospitalares pelo fato de que o preparo

é realizado de forma mais higiênica;

Consegue-se um maior controle dos gastos com cada paciente;

Relação de trabalho conjunto médico-farmacêutico aumenta o nível de

cumprimento correto da prescrição e a segurança para o paciente;

Menor espaço necessário na área assistencial para estocar medicamentos;

O trabalho da enfermagem e da farmácia fica bem delimitado fazendo com que o

paciente ganhe em qualidade de atendimento. [1]

DESVANTAGENS DO SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO POR DOSE

UNITÁRIA

A indústria não oferece a opção de compra de todas as formas farmacêuticas em

dose unitária;

A enfermagem é contra por achar que perde espaço de trabalho;

Os investimentos em recursos humanos e infraestrutura específica são maiores

tornando o investimento inicial elevado. [1]

o PORQUE OS ERROS DE DISTRIBUIÇÃO E ADMINISTRAÇÃO

SÃO REDUZIDOS NESSE SISTEMA?

A enfermagem só administra o medicamento já pronto,

diminuindo a necessidade de aplicação de conhecimentos

técnicos na preparação do medicamento que na maioria das vezes

pertencem à farmácia;

A redução de estoque nas unidades assistencial (só ficam

medicamentos para emergência, antissépticos, etc.) aumenta o

controle sobre desvios, preparações inadequadas, caducidade;

O duplo controle da farmácia e da enfermagem (análise

farmacoterapêutica e registro de administração do medicamento,

respectivamente) sobre o medicamento minimiza erros. [1]

SISTEMA DE DOSE UNITÁRIA

Page 31: 2 - Fundamentos da Gestão

Adaptado de Ciência Farmacêuticas- Uma abordagem em Farmácia Hospitalar [1]

O sistema de distribuição também pode ser classificado como centralizado ou

descentralizado.

o SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO CENTRALIZADO

O centro de distribuição está localizado em área física única, ou seja,

todas as áreas do hospital são atendidas por ele. [1]

o SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO DESCENTRALIZADO

Há mais de uma área física de distribuição localizada áreas estratégicas

para o hospital. Essas áreas auxiliares a farmácia central são chamadas de

farmácia satélite;

As farmácias satélites são implantadas em unidades que possuem

necessidades diferenciadas como centro cirúrgico, UTI ou são

MÉDICO

ENFERMAGEM

ENFERMAGEM

TRANSPORTE

FARMACÊUTICO

AUXILIAR DE FARMÁCIA

FARMACÊUTICO

TRANSPORTE

PRESCREVE

GERENCIA HORÁRIO

ENCAMINHA CÓPIA

AVALIA- ELABORA O PERFIL

FARMACOTERAPÊUTICO

SEPARA

REVISA E CONFERE

ENTREGA

CONFERE, REGISTRA

E ADMINISTRA

Page 32: 2 - Fundamentos da Gestão

construídas por necessidades físicas como expansão da farmácia, hospital

em multiblocos ou com muitos andares;

As vantagens de se ter as farmácias satélites são: melhor comunicação da

equipe de farmácia com médicos, enfermeiros e outros; agilidade na

entrega dos medicamentos e ainda é possível treinar pessoal para atender

as peculiaridades de cada unidade assistencial onde a farmácia se

encontra;

As desvantagens de se ter as farmácias satélites são: maior

disponibilização de recursos humanos, gerenciais e financeiros. [1]

Escolher bem o sistema de distribuição de medicamentos que se adapte a

realidade física e financeira do hospital, mas, principalmente da melhor qualidade de

serviços prestados ao paciente não é tarefa fácil e necessita de uma gestão atenta e

observadora. Se a escolha do sistema for eficiente serão também eficientes os processos,

a diminuição de gastos com medicamentos e outros que acabam por comprometer e

muito da receita do hospital. [1]

GESTÃO DO ABASTECIMENTO DE MATERIAIS

Antes de escolher o melhor sistema de distribuição é importante garantir que o

abastecimento de medicamentos vai conseguir suprir as necessidades do hospital e os

pacientes não terão que se deparar com horários para os quais não são enviados os

medicamentos. Os gastos com materiais variam de hospital para hospital, mas podem

comprometer até 50% do orçamento sendo, portanto, essencial utilizar os recursos da

melhor maneira para não faltar, estragar, ou comprar materiais sem necessidade. Além

disso, priorizar a qualidade dos materiais adquiridos é essencial tanto para o paciente

quanto para os profissionais que trabalharam com eles. [1]

Nesse contexto surge o conceito de logística possibilitando fazer o planejamento,

padronizar, adquirir, receber, armazenar, distribuir e fazer o controle de estoques, ou

seja, a logística é um conceito amplo que consegue tonar o abastecimento mais

eficiente. O gerenciamento é composto por: normalização, controle, aquisição e

armazenamento. [1]

o NORMALIZAÇÃO

Normalizar significa regularizar, estabelecer norma ou padrão, uniformizar. Isso

ajuda a conectar as necessidades reais da equipe hospitalar e dos pacientes com a

farmácia que é responsável por adquirir os materiais necessários. É dividida em:

padronização, especificação, classificação, codificação. [1]

PADRONIZAÇÃO É uma atividade que precisa ser

desenvolvida multidisciplinarmente para

que todas as unidades assistenciais tenham

seus interesses atendidos. Utiliza-se de

critérios de eficácia, segurança, qualidade

e custo. Tem a finalidade de aumentar a

qualidade dos materiais adquiridos,

reduzir a quantidade de materiais sem

utilidade e diminuir os custos. [1]

ESPECIFICAÇÃO É uma atividade desenvolvida para

Page 33: 2 - Fundamentos da Gestão

descrever os materiais. Uma descrição

mais detalhada ajuda na hora de comprar e

facilita a comunicação com os

fornecedores, já para os usuários e

profissionais uma mais simples é o

suficiente. Devem constar itens como:

dosagem, forma farmacêutica, nome do

fármaco segundo DCB, volume/peso. [1]

CLASSIFICAÇÃO Deve ter a capacidade de facilitar o

armazenamento/guarda dos materiais, a

padronização e a fácil informatização. [1]

CODIFICAÇÃO São do tipo numéricos, alfanuméricos e

alfabéticos e devem permitir a expansão.

Os critérios para sua criação dependem do

tipo de instituição e o mais importante é

que um código nunca se refira a mais de

um item e vice-versa. [1]

o CONTROLE DE ESTOQUE

O controle de estoque envolve métodos para determinar quanto e quando comprar,

ou seja, utilizando cálculos. E ainda há, também, o controle físico dos estoques.

QUANTO COMPRAR

O primeiro parâmetro necessário para calcular quanto comprar é a média

aritmética móvel que é assim chamada porque a cada novo mês acrescenta-se o mês

mais recente e descarta-se o mais antigo dando a idéia de movimentação da média. Ela é

um método de previsão do quanto será consumido no próximo período analisado (n= nº

de meses, por exemplo). O n escolhido depende da experiência de gestão da empresa,

mas quanto maior seu valor menos o método vai ser sensível as variações de consumo.

O valor de n deve ser escolhido a partir da escolha da variação de consumo adequada.

Existem alguns tipos dessa variação. [1]

TIPO DE VARIAÇÃO DE CONSUMO DESCRIÇÃO

Modelo de evolução sazonal É um desvio (aproximadamente 25%) do

consumo médio mensal (CMM) que

aparece conectado a causas como verão,

inverno, epidemias. Costuma ser o mais

utilizado em hospitais por representar

melhor a realidade do setor. [1]

Modelo de evolução de consumo sujeito a

tendências

O CMM de alguns itens novos vai

aumentando enquanto de itens mais

antigos vai caindo. [1]

Modelo horizontal Tendência é constante, pois não sofre

influências. [1]

CMM = consumo de “n” últimos meses

n

Page 34: 2 - Fundamentos da Gestão

CMM = consumo médio mensal

n = número de meses

Existem outros tipos de média que não a média móvel, mas esta é a mais utilizada.

Abaixo encontra-se um resumo. [1]

o ÚLTIMO PERÍODO

Utilizam-se os mesmos dados coletados no período anterior, ou seja, só pode ser usada

para produtos com consumo uniforme. [1]

o MÉDIA MÓVEL PONDERADA

Utiliza-se quando as variação nos períodos imediatamente mais próximos são grandes e

fica impossível utilizar a média do último período descrita acima. São utilizados pesos

maiores para os produtos de consumo mais recente que vão decrescendo para os mais

antigos. [1]

o MÉDIA MÓVEL EXPONENCIAL

Nesse tipo de média o erro da previsão é considerado. Soma-se a previsão anterior ao

produto de uma constante de amortecimento pelo erro de previsão como mostrado na

fórmula abaixo.

Fórmula retirada do livro Ciência Farmacêuticas- Uma abordagem em Farmácia Hospitalar [1]

Erro de previsão: diferença entre consumo do período anterior e a previsão que foi feita

para esse mesmo mês.

Alfa: constante de amortecimento (dado empírico, entre 0,1- 0,3; consumos mais

variáveis, alfa é maior, e consumos menos variáveis/uniformes alfa é menor). [1]

o MÍNIMOS QUADRADOS

É capaz de fazer previsões para mais de um período, mas não é indicada para hospitais

principalmente por não comportar os dados sazonais e porque não há, geralmente,

interesse em previsões a longo prazo. [1]

O quanto comprar é a junção da média aritmética móvel, do estoque de

segurança e da análise da curva ABC.

o ESTOQUE DE SEGURANÇA

Page 35: 2 - Fundamentos da Gestão

Pode também se chamado de estoque mínimo. É, como o próprio nome diz, a

quantidade mínima/reserva que deve ser mantida de produto no estoque para que em

casos emergenciais (atraso de suprimento, elevação não esperada de consumo, por

exemplo) o atendimento seja mantido. [1]

A quebra ou ruptura do atendimento desencadeia custos adicionais para o

sistema que podem ser muito maiores que os custos de manter um estoque de segurança

adequado. Isso pode ser visualizado calculando-se: custos do não atendimento; custos

com pessoal que está parado, ou seja, subutilizado pela falta de produtos para trabalhar;

custos dos produtos que tiverem que ser adquiridos fora da previsão; custo da mudança

da rotina. [1]

O TA compreende o período que vai do processamento interno das compras

(emissão do pedido, etc.) até a chegada dos produtos. [1]

TA= TPI + TPE

CURVA ABC

A curva ABC, também chamada de curva 80-20 ou gráfico de Pareto (por ter

sido inicialmente desenvolvida por Vildefedro Pareto em estudo sobre concentração de

renda, realizado na Itália em 1897), é um estudo que permite agrupar e gerenciar itens

de acordo com os seus valores e com o fluxo de sua utilização. [1]

A análise da curva é feita de acordo com a classificação abaixo:

Classes

% Itens % Custo

Classe A 20 50

Classe B 20 a 30 20 a 30

Classe C 50 20

Adaptado de Ciência Farmacêuticas- Uma abordagem em Farmácia Hospitalar [1]

Page 36: 2 - Fundamentos da Gestão

Os itens são divididos em três classes: na classe A os itens custam muito, mas

representam pequena porcentagem do estoque; na classe B os itens têm um custo menor

e já representam uma porcentagem maior do estoque; na classe C a porcentagem dos

itens é praticamente metade do estoque, mas o custo para a instituição é pequeno. Nem

sempre os valores que representam as porcentagens das classes vão ser exatamente os

representados acima, podendo uma classe ocupar mais ou menos do que isso. Essa

tabela demonstra que a curva ABC, portanto, tem a capacidade de nortear as compras da

instituição e participar da decisão de quantos itens de cada classe precisam ser mantidos

no estoque de segurança com maior precisão. [1]

A elaboração da curva segue no exemplo abaixo.

Procedimentos necessários:

Relacionar itens que pertencem a um mesmo grupo e seus custos unitários

médios a partir de uma fonte comum;

Relacionar o consumo anual (quantidade anual gasta de cada item);

Calcular o custo anual a partir dos valores unitários e do consumo anual;

Ordenar a tabela por custo anual decrescente;

Calcular o custo anual acumulado;

o Repete-se o primeiro valor do custo anual na primeira casa do custo

anual acumulado;

o Esse valor é então somado ao segundo valor do custo anual;

o O resultado dessa soma é então somado ao terceiro valor do custo anual;

o O resultado dessa soma é então somado ao quarto valor do custo anual e

assim por diante.

Calculam-se as porcentagens a partir do custo anual acumulado;

o Cada valor do custo anual acumulado deve ser dividido pelo valor do

último custo anual acumulado (que na realidade é soma/total de todos

custos anuais) até chegar ao 100% (valor do último custo anual

acumulado dividido por ele mesmo).

Para determinar quais itens são de que classe observa-se a coluna das

porcentagens;

o Começando da primeira porcentagem e seguindo a sequência deve-se

observar uma porcentagem que chegue para mais ou para menos próxima

ao valor de 50%, esses serão os itens da classe A ou aqueles que ocupam

50% dos recursos;

o Somando-se a última porcentagem dos itens do tipo A descoberta no

passo acima com 20 a 30% encontra-se até onde estão os itens B na

tabela, ou seja, os que consomem 20 a 30% dos recursos;

o O restante das porcentagens e dos itens será do tipo C, ou seja,

aproximadamente 20% dos recursos consumidos. [1]

Custo Anual

Item Custo unitário Consumo anual Custo anual

1 0,4 600 240,00

2 2,3 1000 2300,00

3 1,10 300 330,00

Page 37: 2 - Fundamentos da Gestão

4 19,00 10 190,00

5 1,20 1200 1440,00

6 6,3 800 5040,00

7 0,35 4000 1400,00

8 0,25 6000 1500,00

9 4,1 2000 8200,00

10 0,82 500 410,00

Adaptado de Ciência Farmacêuticas- Uma abordagem em Farmácia Hospitalar [1]

Classificação ABC

Grau Item Custo anual Custo anual

acumulado

% Classificação

1º 9 8200,00 8200,00 38,95% A

2º 6 5040,00 13240,00 62,89 A

3º 2 2300,00 15540,00 73,8 B

4º 8 1500,00 17040,00 80,9 B

5º 5 1440,00 18480,00 87,7 B

6º 7 1400,00 19880,00 94,4 C

7º 10 410,00 20290,00 96,3 C

8º 3 330,00 20620,00 97,9 C

9º 1 240,00 20860,00 99,09 C

10º 4 190,00 21050,00 100 C

Adaptado de Ciência Farmacêuticas- Uma abordagem em Farmácia Hospitalar [1]

Nessa tabela fica fácil de perceber o que foi falado anteriormente: poucos itens

do tipo A ocupando a maior porcentagem de gastos e muitos itens do tipo C ocupando a

menor porcentagem de gastos. Nessa tabela também é perceptível que a utilização da

curva ABC no calculo do estoque de segurança se deve ao fato de que os itens do tipo A

sendo os mais caros para a instituição devem ter um estoque reduzido e alto rotatividade

para não imobilizar os recursos. Já os do tipo B terão estoques de segurança maiores do

que os do tipo A e os do tipo C maiores do que os do tipo B e do tipo A. [1]

Voltando agora para o calculo do estoque de segurança que precisava do TA e

da Curva ABC, pode ser calculado da seguinte forma:

Page 38: 2 - Fundamentos da Gestão

- O coeficiente usado para multiplicar TA é escolhido a partir da realidade do hospital.

- O TA deve ser transformado de dias para meses por regra de três simples (se um mês

são 30 dias, então quantos meses são 45 dias?)

1 mês-----------30 dias

X meses--------45 dias

X= 1.5 meses [1]

LOTE DE RESSUPRIMENTO (QUANTO COMPRAR?)

Quantidade de itens que deve ser comprada para atingir o estoque máximo. Dois

conceitos precisam ser introduzidos antes de falar sobre lote de ressuprimento (LR).

Estoque máximo (Emax)

O estoque máximo é a maior quantidade de itens que se deseja manter em estoque e

depende de vários fatores: política da instituição, local disponível para guardar,

frequência de compras, etc. Calcula-se da seguinte forma:

Emax = ES + CMM / FC

Emax= estoque máximo

ES= estoque de segurança

CM= média aritmética móvel

FC= frequência de compras [1]

Frequência de compras (FC)

A frequência de compras é definida pelo calculo do lote econômico. O lote

econômico é uma análise feita para determinar um número ideal de compras para a

instituição. O número ideal de compras é aquele em que o custo com a aquisição é o

mais próximo do custo com armazenamento. Para determinar isso, constrói-se uma

tabela como a seguinte. [1]

Lote Econômico

Número de

aquisições por

ano

Quantidade de

aquisições

Custo de

armazenagem

Custo de

aquisição

Custo total

1 1200 480 50 530

2 6000 240 100 340

3 4000 160 150 310

4 3000 120 200 320

Page 39: 2 - Fundamentos da Gestão

5 2400 96 250 346

6 2000 80 300 380

Adaptado de Ciência Farmacêuticas- Uma abordagem em Farmácia Hospitalar [1]

Assim como para TA é interessante utilizar uma regra de três para transformar a FC de

anos para meses. [1]

12 meses (1 ano)--------3 (FC)

1 mês----------------------x

X (FC)= 0.25 por mês

Para um item com:

CM= 1000

FC=0.25

TA= 1.5 (45 dias)

O ES (para um item do de classe A) e Emax serão:

ES= 1/3 . TA . CM

ES= 1/3 . 1.5 . 1000

ES= 500 unidades

Emax= ES + CM/FC

Emax= 500 + 1000/0.25

Emax= 4500 unidades

A partir disso é possível calcular o lote de ressuprimento (LR):

LR= Emax – ES ou LR= CM / FC

Emax= 4500

ES= 500

Então:

LR= 4500 – 500

LR= 4000 unidades que devem ser adquiridas a cada compra.

PONTO DE RESSUPRIMENTO (QUANDO COMPRAR?) [1]

É o ponto em que ser deve fazer o pedido para que não chegue a faltar material.

Geralmente, para as instituições que têm como fazer a compra/recebimento de forma

rápida o ponto de ressuprimento é o próprio estoque de segurança. Quando, no entanto,

esse processo é mais lento, assume-se esse ponto como sendo o próprio estoque máximo

o alerta para fazer um novo pedido. Pode-se calcular da seguinte forma:

PR = CM . TA + ES

Para um item de classe A:

CM = 600 unidades

TA 1 mês= 30 dias, então TA = 1 ES ES= CM . 1/3 . TA ES = 600 . 1/3 . 1 = 200 unidades

Page 40: 2 - Fundamentos da Gestão

TA= 30 dias

ES = 200 unidades

Então:

PR = 600 . 1 + 200

PR= 800

CONTROLE FÍSICO

É baseado no inventário que serve para comparar o estoque físico/real com o

estoque presente nas fichas de controle ou no sistema de informática. Podem ser

classificados como permanentes, periódicos ou rotativos. O mais indicado na escolha do

tipo de inventário é utilizar a curva ABC e detectar os medicamentos que mais interessa

ter controle sobre determinando períodos mais curtos para a realização do inventário.

Por exemplo, itens do tipo A (maior custo) ou itens mais importantes à assistência do

paciente podem ser inventariados mensalmente. Itens do tipo B a cada dois meses e do

tipo C a cada seis meses de acordo com a importância financeira ou terapêutica maior

ou menor. As divergências que podem ocorrer em um inventário derivam basicamente

de: saídas e entradas feitas de maneira errada, problemas com o funcionamento do

software e o hardware, erros na contagem e desvios. [1]

o AQUISIÇÃO

Adquirir ou comprar materiais é um procedimento que deve ser feito sempre

dentro das qualificações/especificações, com os menores prazos possíveis, menor custo

e melhores condições de pagamento. Essas são as principais características para se

escolher um dentre tantos que pretendem fazer contrato com a empresa. Escolher o

processo pelo qual vão ser adquiridos os materiais depende da realidade da empresa

(pública ou privada) e deve estar vinculado a uma possibilidade de controlar ao

máximo, sem criar burocracia que acabe por comprometer a rapidez e qualidade do

sistema. [1]

A aquisição em órgãos públicos se dá por meio de licitações. Estas são

regulamentadas pela Lei 8.666/93 e suas alterações. A licitação é uma série de

procedimentos administrativos que permitem que a administração consiga selecionar a

melhor proposta para ela, mas ao mesmo tempo possibilita uma concorrência justa, com

iguais chances para aqueles que almejam o contrato com o serviço público. Se baseia

nos seguintes princípios:

Procedimento formal: significa dizer que as licitações só podem ser

realizadas de acordo com o que está escrito na lei;

Publicidade de seus atos: não pode haver sigilo sobre nenhuma licitação e

nem tampouco sobre seus acontecimentos/desenrolar;

Igualdade entre licitantes: ao Estado não é permitido dar condições

privilegiadas a nenhum dos licitantes e nem o licitante querer de alguma

forma ilegítima ser privilegiado;

Sigilo das propostas: isso deve ocorrer até um certo prazo para que não

haja combinação de preços ou elevação desses por parte dos licitantes;

Vinculação ao edital: todo processo deve ser regido pelo edital escrito

para que tanto dos direitos do Estado como dos licitantes sejam

Page 41: 2 - Fundamentos da Gestão

protegidos e não possa haver durante o processo mudanças que possam

desfavorecer ou privilegiar um ou outro candidato. O edital serve para

tornar pública a existência de nova licitação e para descrever as

condições em que ela ocorrerá. Instituições hospitalares adquirem

materiais que em sua maioria têm caráter muito específico

(medicamentos, materiais médicos, etc.) e portanto é importante que do

edital constem informações técnicas para auxiliar na escolha não só dos

produtos de menor preço, mas também os de melhor qualidade (melhor

custo-benefício).

Julgamento objetivo: devem ser escolhidos parâmetros bem delimitados

(qualidade, prazo de entrega, preço, condições de pagamento) que

possam guiar a administração na escolha do melhor licitante e devido as

condições especiais dos produtos hospitalares profissionais como

farmacêuticos, médicos e outros devem integrar a equipe de compras

para emitir parecer técnico sobre a compra, pois nem sempre o mais

barato é o melhor.

Adjudicação compulsória ao vencedor: a aquele que venceu é assegurado

o direito de vender até que o prazo do contrato tenha acabado, ou seja,

não é permitido ao hospital comprar de outro licitante que não seja o

vencedor. [1]

o MODALIDADES DE LICITAÇÕES

A escolha do tipo de licitação depende do total de recursos financeiros que o órgão

público pretende gastar em determinada compra.

TIPO CARACTERÍSTICAS

LEILÃO E CONCURSO Não se utiliza nas compras de produtos

farmacêuticos/hospitalares. [1]

CONVITE Para transações de pequeno valor. Devem

participar pelo menos três candidatos que

serão convidados pelo órgão e se outros

cadastrados no órgão se interessarem até

24 horas antes da apresentação das

propostas poderão fazê-lo. O documento

de convocação deve ficar afixado no

quadro do próprio órgão. [1]

TOMADA DE PREÇO Para contratos com valor imediatamente

inferior aos do da modalidade

concorrência. Interessados já registrados e

habilitados pelo órgão deverão ser

convocados com antecedência mínima de

15 dias. O edital de convocação deve ficar

visível no próprio órgão e ser também

entregue as entidades de classe que os

representam. [1]

CONCORRÊNCIA Pode participar todo aquele que o desejar

sendo necessária primeiramente a

comprovação de que está de acordo com

Page 42: 2 - Fundamentos da Gestão

as condições do edital. Convocar com

antecedência mínima de 30 dias e deve

constar de jornais de grande circulação

privados e do próprio órgão público. Aqui,

utiliza-se o registro de preço do tipo

menor preço, ou seja, o que ganha se

compromete a fornecer pelo tempo que o

contrato estiver em vigência o preço com

o qual ganhou a licitação. [1]

A licitação é dispensada em casos como:

Compras cujos valores sejam menores do que os estipulados pelo poder público;

Em caráter de emergência, no setor saúde, é permitido fazer comprar para suprir

apenas as necessidades emergenciais e após isso deve-se voltar ao sistema de

licitações normal;

Quando os licitantes determinarem preços maiores do que se sabe serem os do

mercado. [1]

A aquisição em órgãos particulares pode ser realizada por meio de tomada de preços,

fornecedores previamente habilitados, entre outras que a política da instituição julgar

serem competitivas e transparentes. Abaixo seguem alguns aspectos que devem ser

levados em consideração.

Analisar pelo menos três cotações de preço;

Selecionar e qualificar previamente fornecedores evita o desperdício de tempo;

Conhecer os preços reais do mercado ajudam o comprador a negociar com maior

segurança;

Manter o processo de compras sempre bem documentado ajuda a evitar

problemas. [1]

A qualidade dos medicamentos/materiais hospitalares que serão adquiridos deve ser

sempre prioridade nas compras. Essa qualidade é melhor assegurada em produtos que se

adéquam as exigências tanto do Ministério da Saúde como da ANVISA (Agência

Nacional de Vigilância Sanitária). Por isso, os responsáveis técnicos devem adotar

algumas estratégias para assegurar a compra de produtos de qualidade.

o As indústrias:

o Autorização de funcionamento do Ministério da Saúde, alvará do SUS e

certificado de responsabilidade emitido pelo Conselho Regional de

Farmácia;

o As distribuidoras:

o Autorização de funcionamento da Secretaria de Vigilância Sanitária,

alvará do SUS e certificado de responsabilidade emitido pelo Conselho

Regional de Farmácia;

o Numeração dos lotes nas notas fiscais e cópia do registro do

medicamento no ministério da saúde.

o Para os medicamentos:

o Exigir dos fornecedores o laudo analítico/técnico e o certificado de boas

práticas de fabricação emitido pela Secretaria de Vigilância Sanitária. [1]

Page 43: 2 - Fundamentos da Gestão

o ARMAZENAMENTO

É a parte do gerenciamento de materiais responsável pela movimentação (receber,

movimentar do lugar em que está guardado para os outros setores quando for solicitado)

e estocagem dos produtos adquiridos. O setor responsável pelo armazenamento de

medicamentos e correlatos é o almoxarifado ou também chamado de Central de

Abastecimento Farmacêutico (CAF). Suas atividades envolvem guardar de forma

organizada e que permita a localização rápida, a preservação e a segurança (proteção

contra riscos físico-químicos e microbiológicos) dos materiais. [1]

A portaria 1.884/95 do Ministério da Saúde define as normas para a construção de

estabelecimentos de saúde. Nela está definido que a CAF deve conter 0,6 m² por leito,

mas na realidade muito além dessa determinação física é importante levar em

consideração o tipo de assistência prestada pelo hospital, os medicamentos que são

utilizados por ele, etc. [1]

A CAF é responsável pelas seguintes atividades:

Receber produtos conferindo sua compatibilidade com a nota fiscal;

Lançar os produtos no sistema e guardá-los;

Após receber o pedido das unidades assistenciais separar, enviar e fazer o

registro das saídas.

A gestão/ controle de estoque é responsabilidade da CAF;

Utilizar o sistema PEPS (primeiro que entra primeiro que sai) para

movimentar os produtos no estoque;

Fazer o inventário do estoque e periodicamente confeccionar relatórios sobre

ele. [1]

A estocagem pode ser feita de duas maneiras:

Estocagem Fixa: são especificadas áreas para receber determinado tipo

de material. Muito utilizada para medicamentos sólidos, líquidos e

semissólidos;

Estocagem livre: quando os materiais chegarem, o lugar que estiver vazio

poderá receber qualquer tipo de produto. Esse método é muito utilizado

para soluções parenterais de grande volume ou de pequeno volume que

têm grande rotatividade. Esse método tem a desvantagem de materiais se

perderem no estoque. [1]

Aspectos que devem ser respeitados na estocagem de medicamento:

Os estoques devem ser armazenados, de preferência, por tipo de forma

farmacêutica e em ordem alfabética em cada grupo. Medicamentos que vencem

primeiro devem ser colocados sempre à esquerda e a frente nos locais de

armazenamento. Se forem mais pesados e de maior saída devem ficar próximos à área

de distribuição. Além disso, separar os medicamentos em pequenos lotes com as

quantidades que geralmente são entregues nos pedidos das unidades assistenciais

facilita a distribuição. [1]

Pallets (estrado, geralmente de madeira) devem ser utilizados para isolar o

contato dos produtos com o solo evitando umidade, sujeira, etc. Esses devem ficar a

uma distância mínima de 30 cm do solo. A estocagem deve também permitir que os

produtos fiquem de 30 a 50 cm das paredes e a 50 cm do teto, além disso, é importante

Page 44: 2 - Fundamentos da Gestão

manter certa distância entre os produtos para realizar a limpeza e circular ar evitando

umidade, fungos, etc. As prateleiras ideais para o armazenamento são as de aço (não

sofrem ação de insetos, suportam muito peso e são de fácil montagem e desmontagem)

e têm a vantagem de ocupar pouco espaço. O empilhamento de caixas deve obedecer a

um número que preserve as condições dos produtos e tem a vantagem de economizar

espaço, além de não precisar de outros equipamentos. [1]

CONDIÇÕES DE ARMAZENAMENTO

A Organização Mundial de Saúde preconiza que os locais de armazenamento

sejam ventilados e estejam a temperaturas de 15 a 25 °C e de no máximo 30 °C. Para

que sejam cumpridos esses requisitos é imprescindível à adaptação de sistemas de

refrigeração, principalmente em países tropicais como o Brasil. [1]

Medicamentos que exigem conservação sob refrigeração devem contar com uma

cadeia de frio ( refrigerador: cadeia fixa + caixas isotérmicas: cadeia móvel) e contam

com a seguinte classificação para o armazenamento segundo a temperatura adotado pela

Farmacopéia Brasileira quarta edição e Regulamento técnico de Medicamentos

Genéricos:

No congelador: temperatura entre 0 °C e -20 °C;

No refrigerador: entre 2 °C e 8 °C;

Local fresco: entre 8 °C e 15 °C;

Temperatura ambiente: entre 15 °C e 30 °C;

Local quente: entre 30 °C e 40 °C;

Calor excessivo: acima de 40 °C.

A temperatura deve ser medida e registrada em documento diariamente por termômetro

de máxima e mínima para controle das oscilações. [1]

Extremidades inferiores dos filetes

azuis marcam a temperatura máxima

e mínima. Extremidade superior dos

filetes em cinza marca a temperatura

do momento.

Figura retirada do Portal São Francisco Online [5]

A adequada gestão do abastecimento

de materiais é o que assegura que ao

paciente não faltará parte essencial da assistência a que ele tem direito: os

medicamentos e correlatos. Gerenciar essa parte do hospital, ou mesmo de uma

indústria, tem que ser um trabalho diário e contínuo de observação para um controle

eficiente do processo não comprometendo as outras áreas que dependem desse setor. [1]

Page 45: 2 - Fundamentos da Gestão

Capítulo 4 – Padronização

PADRONIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS

Segundo a portaria GM Nº 3.916, de 30 de outubro de 1998 do Ministério da

Saúde (conhecida como Política Nacional de Medicamentos) a definição de uso racional

de medicamentos é a seguinte:

“É o processo que compreende a prescrição apropriada; a disponibilidade oportuna e a

preços acessíveis; a dispensação em condições adequadas; e o consumo nas doses

indicadas, nos intervalos definidos e no período de tempo indicado

de medicamentos eficazes, seguros e de qualidade.” [8]

O uso racional de medicamentos é um dos pilares do desenvolvimento da

Política Nacional de Medicamentos e deve ser um guia para a padronização de

medicamentos. Selecionar medicamentos que possam ser efetivos, no tempo mais curto,

com menor custo e que estejam realmente disponíveis ao paciente é trabalho de

responsabilidade da Comissão de Farmácia e Terapêutica. Sua continuidade e utilização

diária na rotina da instituição devem ser incentivadas e fiscalizadas para que resultados

concretos tanto na melhoria da qualidade do atendimento ao paciente, quanto na

economia e otimização da utilização de recursos sejam conseguidos. [1;9]

Com a introdução cada dia mais acelerada de medicamentos e correlatos para a

saúde a quantidade de dinheiro gasto para manter essas novas tecnologias a disposição

dos pacientes nas instituições cresce. O problema é que nem sempre o medicamento

mais novo, ou o mesmo medicamento que se apresente com outra nova formulação ou

posologia, às vezes mais cômodas, é na realidade necessário ao processo de cura do

paciente se tornando um supérfluo que desloca recursos necessários em outras áreas

para uma falsa melhoria de terapêutica. O grande desafio então é fazer uma conta nem

sempre muito simples onde recursos limitados devem ser otimizados em resultados

eficazes, com custos racionais. A Política Nacional de Medicamentos por meio do uso

racional de medicamentos procura, justamente, a solução para esse problema e esta deve

começar pelas menores escalas do sistema, como por exemplo, um hospital ou um posto

de saúde. A Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) é um bom

exemplo de padronização. [1]

Padronizar é, portanto, ter a chance de analisar de forma coerente e ter bases

para escolher aqueles materiais que possam atender as necessidades dos pacientes, sem

diminuir com isso a qualidade dos serviços prestados, mas pensando sempre em

otimizar/organizar o próprio fluxo de atividades dentro da instituição. Alguns dos

objetivos de padronizar estão descritos abaixo: [1;10]

Melhorar o atendimento as necessidades do paciente;

Melhorar a qualidade da farmacoterapia;

Melhorar a vigilância farmacológica;

Melhorar a segurança da prescrição, aumentando a capacidade de prever e

controlar os efeitos adversos;

Diminuir os custos da terapêutica sem, contudo, minimizar eficácia e segurança

do tratamento;

Diminuir custos com quantidades e necessidade de lugar para manter os estoques

de produtos com mesma finalidade terapêutica;

Page 46: 2 - Fundamentos da Gestão

Agilizar a prescrição e o processo de dispensação dos medicamentos;

Facilitar a aquisição já que menor quantidade de medicamentos padronizados

gera pedidos menores e maior controle do que é pedido. [10]

PARA QUE SELECIONAR?

A indústria farmacêutica teve seu ápice de desenvolvimento, e desenvolvimento

aqui, no sentido de descobertas de novos fármacos para doença que ainda não tinham

cura, ou similares, nas décadas de 1950 a 1970. Na indústria contemporânea a maioria

das descoberta de novos medicamentos e tecnologias não são na realidade novidades,

mas sim, melhoramentos e modificações daquilo que já existe. Esses melhoramentos

nem sempre trazem benefícios reais a terapêutica, podendo muitos estar relacionados ao

aparecimento de novos risco a saúde do paciente. Isso leva a necessidade de análises

prévias sobre o que deve ser utilizado, colocando a padronização em lugar de

importância para o funcionamento da instituição. Para exemplificar isso no Brasil:

Existem cerca de 25 mil apresentações e 8 mil marcas diferentes para, apenas, 2

mil princípios ativos. Praticamente, só existem, aproximadamente, 8% de

apresentações com princípios ativos realmente diferentes. Esse problema é

reflexo de uma política de registro e comercialização inadequada;

Medicamentos sem comprovação de risco-benefício;

A propaganda da indústria farmacêutica é muitas vezes excessiva desencadeando

o uso irracional dos medicamentos. [1]

Em estudo realizado pela Organização Mundial de Saúde no período de 1975 a 1984

a respeito da situação em que se encontravam os medicamentos mundialmente por meio

da análise de novos fármacos surgidos a constatação foi a seguinte:

508 moléculas eram intituladas como novas, mas 398 desses eram, na realidade,

produtos antigos com novas indicações;

110 fármacos eram provenientes da síntese de novas moléculas, mas 75 não

apresentaram nenhuma vantagem terapêutica adicional aos já existentes no

mercado. [1]

O FDA (Food and Drug Administration), órgão regulatório de medicamentos e

alimentos nos EUA, possui uma classificação para novas substância que se encontra

resumida nas tabelas seguintes. [1]

CLASSIFICAÇÃO FDA DOS FÁRMACOS EM RELAÇÃO AS CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS

TIPO DEFINIÇÃO

1 Molécula nova, não comercializada nos EUA

2 Novo sal, éster ou outra função química originada de um outro fármaco

comercializado nos EUA

3 Nova formulação de um fármaco comercializado nos EUA

4 Nova associação de fármacos já comercializados nos EUA

5 Novo fabricante de um medicamento já comercializado por outra empresa

6 Nova indicação para um fármaco em comercialização Tabela retirada de Ciências Farmacêuticas- Uma Abordagem em Farmácia Hospitalar. [1]

Page 47: 2 - Fundamentos da Gestão

POTENCIAL TERAPÊUTICO DOS FÁRMACOS - FDA

TIPO DEFINIÇÃO

P Prioridade de estudo, ganho terapêutico

Antes de 1992 havia duas categorias: A- Ganho terapêutico elevado e B-

Ganho terapêutico moderado

S Estudo padrão, potencial terapêutico potencialmente equivalente

Antes de 1992 a designação era classe C- fármaco com ganho terapêutico nulo

ou pouco significativo Tabela retirada de Ciências Farmacêuticas- Uma Abordagem em Farmácia Hospitalar. [1]

No período de 1987 a 1989 foram aprovados pelo FDA 64 medicamentos sendo

que 55 corresponderiam a novos fármacos. Desses, apenas 11 foram classificados como

1A (molécula nova, não comercializada nos EUA e com ganho terapêutico elevado). [1]

PROCESSO DE SELEÇÃO

o ETAPAS

o Conscientizar a equipe multidisciplinar através de reuniões, boletins e

estratégias educativas;

o O diretor clínico deve designar a comissão de seleção de medicamentos;

o Traçar perfil nosológico

o Traçar perfil de assistência e infraestrutura do hospital;

o Analisar qual o perfil de utilização dos medicamentos;

o Definir critérios para realizar a seleção;

o Determinar quais parâmetros irão compor o formulário;

o Editar e divulgar o formulário;

o Revisar o formulário, pelo menos a cada dois anos. [1]

o CRITÉRIOS

São diversos e dependem de fatores como a prevalência de doenças (lugares que

têm muita incidência de doenças respiratórias, doenças tropicais, etc.), o tipo de

hospital (hospital especializado em câncer, em ortopedia, em cardiologia,

normal), experiência da equipe de seleção, entre outros.

o Devem ser selecionados medicamentos com nível de evidência clínica

satisfatório. Isso pode ser conseguido por meio de estudos clínicos com

seres humanos, metanálises.

o Se os medicamentos tiverem a mesma indicação e eficácia, deve-se

escolher aquele que apresente menores riscos de toxicidade e melhor

comodidade posológica para o paciente;

o Selecionar aqueles cujo custo/dia ou custo do tratamento completo seja

menor, respeitando sempre a manutenção da qualidade;

Page 48: 2 - Fundamentos da Gestão

o Do fármaco escolhido na seleção, padronizar as formas farmacêuticas

com maior quantidade de informações sobre biodisponibilidade e

farmacocinética disponíveis;

o Entre os medicamentos de mesma ação farmacológica escolher: um de

cada espécie química, ou características farmacocinéticas que sejam

diferentes, ou escolher aquele que tenha farmacologicamente alguma

vantagem para o paciente;

o As associações fixas, ou seja, que já vêm em um mesmo medicamento,

devem ser evitas a menos que comprovadamente por meio dos ensaios

clínicos tragam ganho terapêutico para o paciente;

o Escolher as formulações que possam ser fracionáveis e se adaptem

melhor as exigências das faixas etárias;

o Medicamentos que estejam disponíveis no comércio sendo de fácil

compra e vendidos em dose unitária devem ter preferência;

o A seleção de antimicrobianos deve ser feita em conjunto com a Comissão

de Controle de Infecção Hospitalar para que todas as especificidades com

relação a esses medicamentos sejam observadas;

o Padronizar os medicamentos utilizando o nome do princípio ativo

constante da DCB (Denominação Comum Brasileira). [1]

Page 49: 2 - Fundamentos da Gestão

SELEÇÃO PROCESSO:

MULTIDICIPLINAR

DINÂMICO

CONTÍNUO

PARTICIPATIVO

PROMOVE O USO

RACIONAL

POR QUÊ?

DISPONIBILIZA

MEDICAMENTOS MAIS

NECESSÁRIOS

COMO?

POR MEIO DE CRITÉRIOS:

- EFICÁCIA

- SEGURANÇA

- QUALIDADE

- CUSTO

OBJETIVA:

CRIAR POLÍTICAS DE

UTILIZAÇÃO

ATUALIZAR E RECICLAR A

TERAPÊUTICA DO HOSPITAL

REDUZIR CUSTOS, COM

GANHOS NA QUALIDADE

Page 50: 2 - Fundamentos da Gestão

COMISSÃO DE PADRONIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS (CPM)

A finalidade de sua existência é que os estoques da farmácia sejam constituídos

de medicamentos e materiais padronizados a realidade do hospital. É importante que

com o tempo a CPM se transforme em CFT (Comissão de Farmácia e Terapêutica) que

possui a mesma finalidade da CPM, mas atribuições diferentes.

Atribuições da CPM:

o Fazer a seleção dos medicamentos;

o Redigir e manter atualizada a padronização;

o Divulgar as informações a respeito dos medicamentos. [1]

COMISSÃO DE FARMÁCIA E TERAPÊUTICA (CFT)

Desenvolve e supervisiona as políticas de utilização de medicamentos no

hospital fazendo a conexão entre a farmácia e os outros setores hospitalares,

principalmente no assessoramento da diretoria clínica.

Atividades:

Normas e procedimentos para: selecionar, distribuir, produzir, utilizar e

administrar fármacos e agentes para diagnóstico;

Padronizar, incentivar e fazer a avaliação do uso racional dos medicamentos

prescritos;

Confeccionar o guia farmacoterapêutico ou formulário farmacêutico;

Reavaliar as padronizações realizadas incluindo ou excluindo de acordo com

critérios de eficiência e custo;

Normatizar procedimentos farmacoclínicos relacionados ao medicamento;

Coordenar estudos do perfil de consumo de medicamentos lançados;

Coordenar e fiscalizar o acesso da indústria farmacêutica ao ambiente hospitalar;

Realizar estudos (clínicos, químicos, etc.) para fornecer pareceres técnicos que

permitam a escolha fundamentada dos medicamentos, além de revisões

bibliográficas;

Divulgar informações sobre estudos;

Dirigir programa para acompanhar as notificações das reações adversas a

medicamentos. [1]

COMPOSIÇÃO DAS COMISSÕES (CFT E CPM)

Possuem a mesma composição e a escolha dos membros deve vislumbrar a maior

experiência na área de farmacologia e terapêutica e não os níveis hierárquicos. [1]

Page 51: 2 - Fundamentos da Gestão

FORMULÁRIO FARMACÊUTICO

É uma publicação interna da instituição que contém todos os medicamentos que

foram padronizados e informações relativas a eles. Os medicamentos contidos nele

devem estar disponíveis na farmácia. A farmácia e a CFT devem ser incentivadoras da

utilização do formulário por médicos, enfermeiros e outros e para tanto devem sugerir

trocas de medicamentos prescritos sempre que estes não estivem constando do

formulário ou em falta na farmácia, por exemplo. A tabela abaixo resume esses

possíveis tipos de trocas. [1]

DEFINIÇÃO DE ALTERNATIVAS E TIPOS DE SUBSTITUIÇÃO DE MEDICAMENTOS

ALTERNATIVA FARMACÊUTICA: medicamentos que contêm o mesmo fármaco, a

mesma dosagem e diferem em relação ao sal, éster, forma farmacêutica ou via de

administração.

ATIVIDADE TERAPÊUTICA: medicamentos que contêm diferentes fármacos, mas

que pertencem à mesma classe farmacológica. Apresentam os mesmos efeitos

terapêuticos quando administrados em doses terapeuticamente equivalentes.

SUBSTITUIÇÃO FARMACÊUTICA: ato de fornecer uma alternativa farmacêutica no

lugar do medicamento prescrito.

EX: Estolato de Eritromicina por Estearato de Eritromicina.

SUBSTITUIÇÃO TERAPÊUTICA: ato de fornecer uma alternativa no lugar do

medicamento prescrito.

EX: Omeprazol por Pantoprazol. Tabela retirada de Ciências Farmacêuticas- Uma Abordagem em Farmácia Hospitalar. [1]

A ampla divulgação do formulário e de suas revisões periódicas é uma boa

estratégia para diminuir as quantidade de prescrições e sugestões que não se encontram

no formulário, justamente pela maior conscientização do que o hospital pode

disponibilizar com maior agilidade, menos custo e maior qualidade ao paciente. As

ESTRUTURA BÁSICA:

1 MÉDICO PRESIDENTE

MÉDICOS REPRESENTANTES

DAS CLÍNICAS (DEPENDENDO

DA REALIZADADE DO

HOSPITAL)

1 FARMACÊUTICO SECRETÁRIO

1 ENFERMEIRO

ADICIONALMENTE PODE CONTER:

COMO MEMBRO PERMANENTE-

REPRESENTANTE DA COMISSÃO

DE CONTROLE DE INFECÇÃO

HOSPITALAR E/OU

REPRESENTANTE DA

ADMINISTRAÇÃO

QUANDO NECESSÁRIO-

ASSESSORES DA COMUNIDADE

INTRA-HOSPITALAR OU EXTERNA

SÃO RECOMENDADAS PELO MENOS SEIS REUNIÕES AO ANO

Page 52: 2 - Fundamentos da Gestão

sugestões de inclusões ou exclusões devem ser feitas por formulário próprio para tal e

encaminhadas à secretaria da CFT. Abaixo segue um exemplo. [1]

Figura retirada de Ciências Farmacêuticas- Uma Abordagem em Farmácia Hospitalar. [1]

Page 53: 2 - Fundamentos da Gestão

Existem algumas situações em que há necessidade de prescrever medicamentos que

não estão padronizados e, para tal, a melhor estratégia é a adoção de um formulário

próprio onde possa ser justiçado tal procedimento. A solicitação deve ser avaliada

primeiramente por membro da CFT (geralmente um médico auditor) para ser liberada.

Esses pontos de controle servem também com inibição para a utilização dos

medicamentos não padronizados. Abaixo seguem alguns exemplos de quando os não

padronizados podem ser requisitados. [1]

Patologias raras, ou seja, medicamentos específicos e muito pouco utilizados

para serem padronizados;

Não houve resposta terapêutica, ou o paciente possui algum tipo de alergia, ou

efeitos adversos aos medicamentos padronizados;

Pacientes que já se encontravam em tratamento ambulatorial com fármaco não

padronizado e que não é recomendada a troca. [1]

Figura retirada de Ciências Farmacêuticas- Uma Abordagem em Farmácia Hospitalar. [1]

Page 54: 2 - Fundamentos da Gestão

COMO DESENVOLVER UM FORMULÁRIO

o MÉTODO DO FORMULÁRIO POSITIVO

É geralmente utilizado por instituições recém-abertas. A instituição não dispõe de

processos para realizar a seleção de medicamentos que vai sendo feita ao longo do

próprio desenvolvimento do hospital, ou seja, a seleção parte de um “estoque zero”,

como se não houvesse nenhum medicamento sendo utilizado pelo hospital. [1]

o MÉTODO DO FORMULÁRIO NEGATIVO

Nesse método as limitações se encontram no fato de que a lista ao final da

seleção é extensa e é então necessário realmente selecionar dentre os medicamentos que

sobraram os que mais se adéquam a instituição e de maior qualidade para o paciente. [1]

MÉTODOS DE SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS

o REVISÃO DE CLASSE TERAPÊUTICA

Usada quando se quer selecionar fármacos de uma mesma classe terapêutica. É

considerada uma análise qualitativa e pode ser usada quando as diferenças nos critérios

que constam da tabela abaixo são significativas, se não, há necessidade de uma análise

quantitativa. Para fazer essa revisão a CFT precisa se respaldar em monografias

(revisões bibliográficas sobre o fármaco em diversos aspectos) confeccionadas pelo

centro de informação sobre medicamentos. Essas devem ser editadas preferencialmente

na forma de tabelas comparativas para facilitar a escolha. [1]

RELACIONA OS FÁRMACOS EM ESTOQUE

AGRUPA POR CLASSES TERAPÊUTICAS

ELIMINAM-SE FÁRMACOS COM MESMO SAL OU ÉSTER

DEFINE AS CLASSES TERAPÊUTICAS MAIS RELACIONADAS

AO PERFIL ASSISTENCIAL

Page 55: 2 - Fundamentos da Gestão

INFORMAÇÕES PARA A AVALIAÇÃO DE MEDICAMENTOS

- identificação do medicamento:

DCB ou DCI

Especialidades farmacêuticas

Formas farmacêuticas

Fornecedores

- classe farmacológica (aplicar a classe anatômico-terapêutica-clínica)

-indicações terapêuticas do medicamento autorizadas no país e outras indicações do

medicamento aprovadas em outro país de referência (FDA, por exemplo)

-farmacologia clínica

- farmacocinética

- reações adversas

- cuidados, precauções e contra indicações

- esquemas posológicos, inclusive em situações especiais: neonatologia, pediatria,

geriatria, gestação, insuficiência renal ou hepática e outras

- ensaios clínicos publicados na literatura e, se disponíveis, metanálises

- comparação com alternativas terapêuticas incluídas na padronização

- custo do tratamento e análise do impacto econômico na instituição Tabela retirada de Ciências Farmacêuticas- Uma Abordagem em Farmácia Hospitalar. [1]

o ANÁLISE DE DECISÃO CLÍNICA

Quando as análises qualitativas tornam a seleção subjetiva demais é importante utilizar

um método quantitativo. A análise de decisão clínica é um método que quantifica o

resultado final dos processos e pode ser usado em casos em que a classe terapêutica é

bastante homogênea. Seleção entre antagonistas H2 da histamina, por exemplo. O

método é estruturado da seguinte forma. [1]

DEFINEM-SE:

O PROBLEMA - SELECIONAR UM ANTAGONISTA H2, POR EXEMPLO.

OS OBEJETIVOS – DETECTAR O FÁRMACO COM MAIOR EFICÁCIA, DE MENOR CUSTO E MAIS SEGURO.

AS ALTERNATIVAS – RANITIDINA E CIMETIDINA. (PODEM SER VÁRIAS)

DEFINEM-SE OS CRITÉRIOS QUE SERÃO A BASE DA ANÁLISE

EXEMPLOS:

DOSE CUSTO

INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS EFICÁCIA EM ÚLCERA DUODENAL

DEFINEM-SE:

VALOR UTILITÁRIO (VALOR ATRIBUÍDO PELOS MÉDICOS E FARMACÊUTICOS PARA CADA CRITÉRIO- É

SUBJETIVO)

VALOR PROBABILÍSTICO (ESTIMATIVA NUMÉRICA DE COMO O FÁRMACO PREENCHE O CRITÉRIO- É

CALCULADO PARA CADA CRITÉRIO DE CADA UMA DAS ALTERNATIVAS DISPONÍVEIS)

Page 56: 2 - Fundamentos da Gestão

A tabela abaixo exemplifica esse processo.

CRITÉRIO CIMETIDINA RANITIDINA

UV VP VP x VU VU VP x VU Eficácia no tratamenta da úlcera

duodenal 10,9 1 10,9 1 10,9

Eficácia no tratamento da úlcera

gástrica 7,4 1 7,4 1 7,4

Eficácia na terapia de manutenção

da úlcera duodenal 8,9 1 8,9 1 8,9

Eficácia no tratamento da

síndrome de Zollinger-Elisson 8,1 0,6 4,9 0,6 4,9

Efeitos adversos no sistema

nervoso central 8,5 0,6 5,1 1 8,5

Efeitos hepáticos adversos 10,3 1 10,3 0,8 8,2 Efeitos antiandrogênicos 8,0 0,6 4,8 1 8,0 Interação medicamentosa 8,5 0,2 1,7 1 8,5 Experiência clínica com o

fármaco 9,0 1 9,0 0,6 5,4

Esquema de administração 8,3 0,6 4,5 0,8 6,6 Custo 6,6 1 6,6 0,8 5,3 Formas farmacêuticas 5,5 1 5,5 0,8 4,4 Total 79,6 87,0

Tabela retirada de Ciências Farmacêuticas- Uma Abordagem em Farmácia Hospitalar. [1]

LEGENDA: VU – Valor Utilitário; VP – Valor Probabilístico

Observação: os critérios podem ser classificados em negativos (6,7,8,11) e positivos (os

demais valores). Pontuação elevada para um critério positivo significa que o critério é

preenchido adequadamente. Para critérios negativos significa que o fármaco não

preenche integralmente o critério. [1]

o SISTEMA DE ANÁLISE DE AVALIAÇÃO POR OBJETIVO (SOJA)

Esse método é essencialmente racional, não permitindo valores subjetivos. O valor

máximo de pontos é 1000 e são divididos pelos critérios de acordo com o peso dado a

cada um, quanto mais relevante é o critério maior o peso dele. Especialistas da CFT

MULTIPLICA-SE O VALOR UTILITÁRIO DO CRITÉRIO PELO VALOR PROBABILÍSTICO DE CADA

ALTERNATIVA PARA CADA UM DOS CRITÉRIOS.

TODOS OS CRITÉRIOS PARA UMA MESMA ALTERNATIVA SÃO SOMADOS E OS RESULTADOS ENTRE AS

ALTERNATIVAS SÃO COMPARADOS. AQUELE QUE TIVER A MAIOR PONTUAÇÃO É SELECIONADO

Page 57: 2 - Fundamentos da Gestão

estipulam o peso dos critérios e o valor relativo que cada fármaco apresenta dependendo

do critério. Os critérios são os seguintes:

Custo;

Eficácia clínica;

Incidência de efeitos adversos e sua periculosidade;

Esquema posológico;

Interações medicamentosas;

Estudos clínicos;

Indicações para as quais o fármaco foi aprovado;

Tempo de comercialização do fármaco;

Farmacocinética;

Características específicas para cada classe terapêutica.

Page 58: 2 - Fundamentos da Gestão

UNIDADE III – ANÁLISE DE RISCO E SEGURANÇA

Capítulo 5 – Risco e Segurança

Para começar a falar sobre análise de risco e segurança é necessário explorar

primeiramente alguns conceitos.

Dano: “Defeito devido a causas de ordem natural

ou intrínseca que afeta a qualidade de um produto, quanto

a sua cor, consistência ou sabor.” [14]. Ou seja, uma

sequência de práticas inadequadas que têm como resultado

um comprometimento da qualidade de um produto (por

exemplo, medicamento que perde a eficácia) ou serviço

(no caso de má administração de um almoxarifado de

medicamentos de um hospital com consequente falta de

medicamentos aos pacientes). [13]

Perigo: “Situação em que está

ameaçada a existência ou integridade

de uma pessoa ou de uma coisa.” [14].

Pode-se entender o perigo como

sendo a potencial fonte do dano, ou

seja, situação que propicia o dano a

ocorrer. [13]

Risco: “Possibilidade de perigo, incerto, mas

previsível, que ameaça de dano à pessoa ou a coisa.”

[14]. O risco é, portanto, a soma entre a probabilidade

de ocorrência do dano e sua severidade/gravidade. É

como fazer uma análise do processo que leva ao dano

levando em consideração o perigo. [13]

Segurança: “3.Conjunto das ações e dos

recursos utilizados para proteger algo ou alguém. 4. O

que serve para diminuir os riscos ou os perigos.” [15]. A

segurança é, portanto, o processo de assegurar que os

riscos sejam medidos, controlados e se possível

eliminados dos processos para que o dano seja evitado

ou minimizado para níveis aceitáveis (por exemplo,

em uma máquina prensadora de comprimidos sempre

há perda de matérias prima e consequentemente de

princípio ativo, mas depois de uma análise de risco

adequada e determinação do nível de perda de eficácia

por causa do procedimento, é possível traçar um plano

de compensação para que o processo seja desenvolvido

com um nível de risco aceitável quando a manutenção

da qualidade do medicamento. [13]

Page 59: 2 - Fundamentos da Gestão

A análise de risco na indústria brasileira não é assunto novo. Muitas indústrias

tanto farmacêuticas, mas principalmente do ramo alimentício, já utilizam esse conceito

desde a década de 90 se valendo de guias de outras áreas com maior experiência no

assunto. Essa análise tem quatro finalidades: estimar, controlar, comunicar e revisar os

riscos para a qualidade do produto. Os objetivos de se fazer uma análise/gestão de risco

vão desde eliminar ou reduzir barreiras que prejudiquem a eficiência da fabricação e a

qualidade do produto, passando pela criação de ferramentas e de vocabulário comum

aos parâmetros de real importância na manutenção da qualidade e que acabem por

conscientizar tanto a indústria como as autoridades competentes sobre a importância de

compreender os riscos de maior potencial ofensivo à manutenção da qualidade. No

entanto essa análise ainda não é padronizada nem normatizada na rotina das indústrias

nacionais. Esse cenário vem mudando com a introdução da “Quality Risk Management

ICH Q9 – International Conference on Harmonisation of Technical Requirements for

Registration of Pharmaceuticals for Human Use”. Um guia que trata de maneira mais

específica à questão da indústria farmacêutica. Que na realidade é um procedimento

dividido em três partes, sendo uma delas o ICH Q9. Os outros dois guias são:

“Pharmaceutical Developement- ICH Q8; Pharmaceutical Quality System- ICH Q10”. [13]

Abaixo encontra-se um resumo de alguns outros métodos de análise utilizados.

Vantagens e Desvantagens das Metodologias

Ferramenta Objetivos Aplicação Vantagens Desvantagens

FMEA Identificar,

analisar e

prevenir as

falhas potenciais,

assim como seus

efeitos e causas

Definir as

medidas de

prevenção de

falhas, monitorar

e demonstrar a

eficácia destas

medidas

Produtos

Processos

Maquinário

Instalações

Sistemas

Elevada

flexibilidade por

sua ampla

aplicação

Utilizada de

maneira

prospectiva pode

evidenciar

deficiências que

não haviam sido

contempladas

anteriormente

Não é útil para

sistemas muito

complexos (Neste

caso, devem-se

isolar apenas as

etapas onde é

requerido o

método)

HAZOP Aumentar a

segurança do

processo,

garantindo a

integridade do

projeto com

respeito aos

regulamentos e

normativas legais

Instalações

Equipamentos

Contrastar

distintos pontos

de uma planta

Aumentar o

conhecimento do

processo

Centrar as

Técnica

qualitativa. Não

existe uma

estimativa real da

freqüência para

as causas que

produzem uma

conseqüência

Page 60: 2 - Fundamentos da Gestão

vigentes

Detectar

eventuais pontos

deficientes em

equipamentos e

instalações

análises nas

áreas de maior

risco

grave

As modificações

realizadas na

planta devem ser

analisadas com

maior detalhe e

outros critérios

É muito

dependente da

informação

disponível

PHA Utilizar

conhecimento e

experiência

prévia, para

poder identificar

os possíveis

riscos de um

sistema

determinado,

realizando uma

avaliação de cada

um deles com

base em sua

severidade e

probabilidade

Instalações

Produtos

Sistemas

(em fase de

projeto ou

desenvolvimento)

É um método

sensível e muito

fácil de utilizar

Prevê as

possíveis

medidas

corretivas a

serem aplicadas

no sistema para

minimizar os

riscos

Se aplicado na

fase de projeto

pode fornecer

uma visão global

dos riscos que

podemos ter

antes do “start

up” do projeto ou

equipamento

Por sua natureza não é uma

avaliação de riscos completa

(estimação preliminar)

Pode não refletir todos os

riscos reais que existem em um

sistema

Vantagens e Desvantagens das Metodologias

Ferramenta Objetivos Aplicação Vantagens Desvantagens

FTA Identificar as

possíveis causas

de uma falha ou

conseqüência

não desejada de

forma a

prevenir sua

repetição

Investigação de

reclamações e

Desvios

Trata-se de um

desdobramento gráfico

de uma cadeia de

eventos/acontecimentos

principais que podem

originar um

acontecimento

indesejável

Permite a identificação

de recursos necessários

Enfoque

limitado: FTA

avalia somente

um

acontecimento

não desejado

A quantificação

dos resultados

requer uma

experiência

Page 61: 2 - Fundamentos da Gestão

para prevenir

acontecimentos

indesejáveis

É uma boa ferramenta

retrospectiva

prévia

significativa, já

que é complexo

realizar

predições

estatísticas

sobre o

funcionamento

futuro do

sistema

HACCP Definir os

pontos críticos

de controle de

um processo

produtivo

estabelecido e

converte-los em

pontos de

monitoramento

Todas as

etapas de um

processo

Estabelecer um sistema

através do qual se

obtenha um produto de

qualidade baseado na

prevenção e não na

análise do produto ao

final do processo

Os pontos críticos de

controle podem ser

equiparados com os

parâmetros críticos do

processo.

Permite a melhoria

contínua e um maior

conhecimento do

processo

Auxilia a definir pontos

para aplicação de PAT

O sistema deve

ser revisado

periodicamente

a fim de

incorporar as

modificações

introduzidas

nos processos.

Não é

recomendável

aplicar em

novos processos

ou processos

com poucos

dados históricos

Não existe

sistemática para

avaliar o risco

em comparação

com outras

ferramentas

Hierarquização

e Filtro de

Riscos

Obter uma lista

dos riscos

avaliados e

ordenados

segundo sua

criticidade (De

acordo com os

recursos

disponíveis

comprovar que

os riscos podem

ser reduzidos)

Em um sistema

com riscos

muito variáveis

entre si e com

conseqüências

muito diversas

Permite priorizar as

ações para diminuir os

riscos

Útil quando se obtém

fatores muito diferentes

na avaliação de riscos

Amplamente aceito

pelas autoridades

sanitárias

Deve ser

realizada uma

boa justificativa

para os filtros

Requer revisão

freqüente visto

que o ranking

varia a medida

que vão sendo

implementas as

ações para

diminuir os

riscos

Ferramentas Servir de apoio

para as

ferramentas de

Para compilar,

organizar e

Facilita a interpretação

qualitativa a partir de

É necessário

pessoal com

formação nestas

Page 62: 2 - Fundamentos da Gestão

Estatísticas de

Suporte

análise de risco

descritas

analisar dados

Servir de base

para a

obtenção de

conclusões e

tomada de

decisões

dados quantitativos

A representação gráfica

dos dados facilita a

compreensão da

informação

áreas e

habituado a

trabalhar com

estas técnicas

Nem sempre é

possível obter

toda a

informação

necessária para

trabalhar com

estas técnicas

Adaptado de Consolidação de Conceitos no Gerenciamento de Riscos online. [13]

Na indústria o principal risco está associado ao medicamento em si, ou seja, aos

processos que ocorrem desde a fase pré-clínica (como a própria natureza perigosa do

princípio ativo) até sua fabricação/distribuição (contaminação cruzada, embalagem mal

programada) e que possam comprometer a qualidade do produto, afetando de maneira

negativa a eficácia para o usuário que irá consumi-lo. Então como gerenciar o risco? Por

meio da Garantia da qualidade (setor da indústria responsável por controlar, fazer

auditorias, documentar e produzir os procedimentos operacionais padrão utilizados tanto

na fabricação como no controle de qualidade dentro da indústria) implementando e

fiscalizando o cumprimento das Boas Práticas de Fabricação (BPF) que constam da

RDC 210/2003 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).

Com a chegada dos três guias ICH Q8, Q9 e Q10 esse gerenciamento do risco se

torna mais padronizado e a implementação na rotina da indústria mais simplificada. O

ICH Q8 trata sobre o desenvolvimento farmacêutico: o produto deve ter qualidade e

bom desempenho assegurados por um desenvolvimento consistente; a escolha da

formulação deve ser condizente com finalidade para a qual o produto for desenvolvido e

de maneira que o processo seja bem conhecido/detalhado; os componentes do produto e

o processo de fabricação devem ser avaliados quanto a garantia/manutenção de

qualidade. O ICH Q9: o gerenciamento do risco deve visualizar o paciente como a base

para suas ações que devem envolver um entendimento do processo como um todo,

definição e controle de riscos. O ICH Q10 está relacionado à fabricação/manutenção do

produto com qualidade e melhoria continuada. [12]

Figura retirada de Análise de Risco na Indústria Farmacêutica: Segurança ao Paciente. [12]

Page 63: 2 - Fundamentos da Gestão

Figura retirada de Análise de Risco na Indústria Farmacêutica: Segurança ao Paciente. [12]

O gerenciamento de risco é feito de maneira sistemática, ou seja, por meio de

métodos que possam ser reproduzidos, documentos e controlados trazendo assim maior

confiabilidade ao processo. Além disso, traz os benefícios de aperfeiçoar a utilização

dos recursos disponíveis, tomar decisões mais objetivas e rápidas ao longo do processo

e firmar uma relação mais sólida de confiança com os órgãos regulatórios. [12]

A primeira etapa do processo de gerenciamento de risco é procurar conhecer o

risco, ou seja, determinar quais as probabilidades dele ocorrer e qual a severidade dos

danos que ele pode causar podendo assim avaliar e chegar etapa de controle sabendo se

o risco deve ou não ser reduzido/extinto, ou se ele for um risco aceitável, passar a

monitorá-lo. O risco deve ser revisado periodicamente para o controle de possíveis

mudanças no seu perfil e reajustes nas condutas de controle. Todos esses passos devem

ser comunicados entre os setores que vivenciam o risco e a direção responsável pelo

processo de gerenciamento. O processo se encontra resumido na figura abaixo. [12]

Page 64: 2 - Fundamentos da Gestão

Figura retirada de Análise de Risco na Indústria Farmacêutica: Segurança ao Paciente. [12]

Page 65: 2 - Fundamentos da Gestão

Figura retirada de Análise de Risco na Indústria Farmacêutica: Segurança ao Paciente. [12]

Como saber, então, se a decisão correta é tentar reduzir/eliminar o risco ou

aceitá-lo como algo inerente ao processo? Isso deve ser avaliado de maneira específica

em cada processo, sendo o risco residual dado como aceitável quando os esforços para

eliminá-lo se sobrepõem ao benefício conseguido para o paciente. É importante lembrar

que a segurança e qualidade têm sempre o paciente como prioridade máxima. [12]

A análise de risco pode ser dividida em três tipos: qualitativa, semi-quantitativa

(escala de 1- baixo a 10- alto) e quantitativa. Na análise qualitativa os riscos são

agrupados por categorias (baixo risco, médio risco, alto risco e evitar/inaceitável). Há

uma análise da probabilidade de tendências seguidas pelos riscos (extremamente

improvável, extremamente remoto, remoto, provável e altamente provável). Há também

a representação do aumento da gravidade do risco ou das conseqüências. [12]

Page 66: 2 - Fundamentos da Gestão

Juntando-se os dois

gráficos acima é possível

fazer uma análise conjunta

da gravidade, probabilidade

e categoria que de

classificação do risco.

Figuras retiradas de Análise de Risco na Indústria Farmacêutica: Segurança ao Paciente. [12]

A análise quantitativa ocorre quando são atribuídos valores numéricos a três

quesitos (ocorrência, severidade, detecção) e se realiza a posterior multiplicação dos

valores sendo o resultado chamado de número de prioridade do risco (NPR). [12]

QUESITOS PERGUNTA

Ocorrência (O) Qual a probabilidade de ocorrência do dano?

Severidade (S) Qual a severidade do risco por mau funcionamento do produto?

Detecção (D) Quão provável é a detecção do dano?

O x S x D = NÚMERO DE PRIORIDADE DO RISCO [12]

Assim como na indústria, a preocupação primordial na farmácia hospitalar é

sempre a segurança do paciente. Portanto, mesmo mudando os riscos em relação à

indústria, há necessidade, como nesta, de planejar e controlar ao máximo os riscos nos

Page 67: 2 - Fundamentos da Gestão

diversos setores de maneira a conseguir visualizar as especificidades e tratá-las de forma

direcionada.

A definição de farmácia hospitalar que consta no termo de referência para

implantação ou reestruturação de farmácias de hospitais universitários é: “A farmácia

hospitalar é um órgão de abrangência assistencial técnico-científica e administrativa,

onde se desenvolvem atividades ligadas à produção, ao armazenamento, ao controle, à

dispensação e a distribuição de medicamentos e correlatos às unidades hospitalares, bem

como à orientação de pacientes internos e ambulatoriais visando sempre a eficácia da

terapêutica, além da redução de custos, voltando-se, também, para o ensino e a pesquisa,

propiciando um vasto campo de aprimoramento profissional.” [1]

A farmácia hospitalar, portanto é um campo vasto de trabalho e sendo assim está

passível a ocorrências de riscos em diversas de suas atividades:

Na seleção: selecionar os medicamentos mais eficazes para o paciente,

selecionar e controlar os antimicrobianos utilizados pela instituição são algumas

das medidas que evitam riscos de agravos da saúde e fortalecimento da fauna

hospitalar de micro-organismos com consequentes infecções hospitalares por

organismos cada vez mais resistentes, para os quais não há medicamentos

disponíveis;

Na aquisição: adquirir sempre de empresas/distribuidoras e laboratórios

farmacêuticos confiáveis certificados pela vigilância sanitária, medicamentos

registrados junto ao Ministério da Saúde, previne os riscos com relação falta de

eficácia e necessidade de prolongamento de tratamentos, que por si mesmo já

aumentam os riscos de morbidade de mortalidade.

Na estocagem: assegurar que os locais sejam adequados as condições de

temperatura, umidade, luz e que não haja distribuição de medicamentos vencidos

por falta de controle de estoque eficiente. Isso permite que as características

farmacotécnicas dos medicamentos sejam mantidas evitando riscos com relação

a intoxicações e reações adversas a medicamentos;

Na manipulação e produção: devem ser realizadas em locais com assepsia,

controle microbiano, limpeza de acordo com a necessidade exigida pelo

procedimento, evitando os riscos relacionados, principalmente, a que o paciente

seja exposto a infecção hospitalar ou até mesmo erros farmacotécnicos que

comprometam a qualidade do processo de cura. Exemplos disso são as salas de

preparação de nutrição parenteral e quimioterapia que devem possuir alguns

requisitos de controle da entrada de pessoas, vestimentas adequadas, sistemas de

ar com filtros capazes de proteger tanto o operador quanto a formulação, além de

procedimentos rígidos de manipulação dos materiais, medicamentos e

correlatos;

Na obtenção de informações: as informações coletadas e distribuídas pelo centro

de informação sobre medicamentos aos prescritores e administradores de

medicamentos e outros é uma fonte de riscos para o paciente já que informações

erradas, retiradas de fontes não confiáveis podem acabar acarretando agravos

para a saúde ou até mesmo a morte. Um exemplo disso são informações sobre

reconstituição de medicamentos. Muitos deles têm particularidades quando

precisam ser reconstituídos e um erro de utilização de veículo pode levar a

formação de precipitados, reações químicas com aparecimento de moléculas

altamente tóxicas.

Na dispensação/distribuição: a análise por parte do farmacêutico da prescrição

enviada à farmácia é parte crucial na detecção de riscos ao paciente. Uma

Page 68: 2 - Fundamentos da Gestão

prescrição pode conter erros (por exemplo, de digitação ou até mesmo por

desatenção do prescritor) que podem ser corrigidos por essa avaliação como:

horário de administração errado, posologia errada, interações com alimentos que

possam estar diminuindo a eficácia do medicamento e interações, muitas vezes,

graves com outros medicamentos levando a perda de eficácia ou até mesmo

toxicidade.

A farmácia clínica é uma parte da farmácia hospitalar responsável pela interação

direta com o paciente e equipe multidisciplinar de saúde no cuidado ao paciente

internado, ambulatorial e nos diversos programas assistenciais (centro de medicina do

idoso, do câncer, etc.) do hospital. O trabalho clínico é guiado na direção de conseguir

uma utilização racional dos medicamentos trazendo otimização de prescrições e terapias

para a melhoria da qualidade de vida do paciente. O acompanhamento das consultas,

das reuniões, do paciente internado é importante, pois, a maioria dos pacientes utiliza

múltiplos medicamentos e com isso crescem os riscos de interações, principalmente, das

graves tanto no sentido de anulação do efeito quanto de toxicidade severa. A escolha

fundamentada e orientada de medicamentos mais eficazes é também uma maneira de

diminuir os riscos dos agravos, das reincidências e da falta de eficácia.

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PARA (NÃO) FINALIZAR

Como você tem gerenciado os recursos, talentos e os bens que Deus confiou a você?

( Evangelho de Mateus cap. 25 vers. 14-29 )

Os custos e benefícios não podem ser observados apenas sobre a óptica do paciente ou

do governo ou da sociedade. Esse é o papel de um estudo econômico, conseguir captar

as diversas opiniões sobre um determinado assunto e servir como base para que a

melhor delas, ou mesmo mesclando-as seja possível maximizar os benefícios tendo em

vista que isso pode ser feito com uma contenção dos custos. Os custos de oportunidade

exemplificam bem essa questão das diversas necessidades, partindo de diferentes pontos

de vista. Por exemplo, escolher aplicar os recursos em um determinado serviço dentro

do hospital leva o recurso a se torna indisponível para outros serviços, então a pergunta

é: o dinheiro foi aplicado da melhor maneira possível? Aquela era realmente a aplicação

mais necessária?

Page 70: 2 - Fundamentos da Gestão

REFERÊNCIAS:

[1] GOMES, M.J.V.M.; REIS, A.M.M. Ciências Farmacêuticas: uma abordagem

em farmácia hospitalar. Rio de Janeiro: Atheneu, 2009.

[2] ABNT NBR 14919. Sistema de gestão da qualidade - Setor farmacêutico –

Requisitos específicos para a aplicação da NBR ISO 9001:2000 em conjunto com as

boas práticas de fabricação para a indústria farmacêutica (BPF).

[3] Wada, Célia. O que é gestão da qualidade? Disponível em:

<http://www.cmqv.org/website/artigo.asp?cod=1461&idi=1&moe=212&id=4467>

[4] Longo, Rose Mary Juliano. Gestão da Qualidade: Evolução Histórica, Conceitos

Básicos e Aplicação na Educação. Disponível em:

<http://www.dcce.ibilce.unesp.br/~adriana/ceq/Material%20complementar/historia.pdf>

[5] Figura do termômetro. Disponível em:

< http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/vacinas/manual-de-vacinacao-5.php>

[6] artigo do planejamento estratégico situacional

[7] Carles, Gustavo Henrique. A diferença entre eficiência, eficácia e efetividade.

Disponível em:

<http://www.tron.com.br/blog/2010/04/a-diferenca-entre-eficiencia-eficacia-e-efetividade/>

[8] Política Nacional de Medicamentos. PORTARIA GM Nº 3.916, DE 30 DE

OUTUBRO DE 1998. Disponível em:

<http://www.saude.rs.gov.br/dados/1239713866106Portaria%203916.pdf >

[9] Seleção e Padronização de Medicamentos. UFRJ. Disponível em:

<http://www.farmaciauniversitaria.ufrj.br/disciplinas/disciplina_farmacia_hospitalar/Selecao_e

_Padronizacao_de_Medicamentos.pdf>

[10] Farmácia Hospitalar: A seleção e padronização de medicamentos. Disponível

em:

<http://farmaciabrasileira.blogspot.com.br/2010/06/farmacia-hospitalar-selecao-e.html>

[11] Castro, Tatiane Araujo de. Segurança no serviço de farmácia hospitalar.

Disponível em:

<http://www.crfrs.org.br/crfrs/dados/Seguranca_no_Servico_de_Farm%C3%A1cia_Hospitalar.

pdf>

[12] Klafke, Arlete. Análise de Risco na Indústria Farmacêutica: Segurança ao

Paciente. Disponível em:

Page 71: 2 - Fundamentos da Gestão

<http://www.crfrs.org.br/crfrs/dados/ANALISE_DE_RISCO_NA_INDUSTRIA_FARMACEU

TICA_SEGURANCA_AO_PACIENTE.pdf>

[13] Carvalho, Adriana. Consolidação de conceitos no gerenciamento de risco.

Disponível em:

http://www.sbcc.com.br/revistas_pdfs/ed%2039/39-Consolid_Gerenciamento.pdf

[14] Dicionário Michaelis online. Disponível em:

<http://michaelis.uol.com.br/>

[15] Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Disponível em:

<http://www.priberam.pt/DLPO/>