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O CONHECIMENTO NA GESTÃO PÚBLICA

Volume II

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4 O conhecimento na gestão pública

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Amaury Meller Filho José Francisco de Assis Dias

Rosângela Danielides (Organizadores)

AUTORES:

Adriana Palmieri Alzir Bocchi Junior

Amaury Meller Filho Betânia Celli Marques Rodrigues

Charllane Piovezan Nathania Vansan Camillo

Rosângela Danielides Rosangela dos Santos

O CONHECIMENTO NA GESTÃO PÚBLICA

Volume II

Primeira Edição E-book

Editora Vivens O conhecimento a serviço da Vida!

Toledo – PR

2016

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6 O conhecimento na gestão pública

Copyright 2016 by

Amaury Meller Filho / José Francisco de Assis Dias Rosângela Danielides

EDITORA:

Daniela Valentini CONSELHO EDITORIAL:

Dr. José Beluci Caporalini – UEM Dr. Ricardo Daher Oliveira – CEUMA

Dra. Lorella Congiunti – PUU – Roma - Itália REVISÃO ORTOGRÁFICA:

Prof. Antonio Eduardo Gabriel CAPA, DIAGRAMAÇÃO E DESIGN:

Editora Vivens Ltda

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

Rosimarizy Linaris Montanhano Astolphi Bibliotecária CRB/9-1610

Todos os direitos reservados com exclusividade para o território nacional. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou

transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem

permissão escrita da Editora. Editora Vivens, O conhecimento a serviço da Vida!

Rua Pedro Lodi, nº 566 – Jardim Coopagro Toledo – PR – CEP: 85903-510; Fone: (45) 3056-5596

http://www.vivens.com.br; e-mail: [email protected]

O conhecimento na gestão pública, volume II /

C749 organizadores Amaury Meller Filho, José

Francisco de Assis Dias, Rosângela

Danielides; autores, Adriana Palmieri ...

[et al]. – 1. ed. e-book – Toledo, PR:

Vivens, 2016.

92 p.: il.

Modo de Acesso: World Wide Web:

<http://www.vivens.com.br>

ISBN: 978-85-92670-12-2

1. Licitação pública. 2. Gestão do

conhecimento. 3. Administração pública. 4. Gestão

pública - corrupção. I. Título.

CDD 22. ed. 350

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SUMÁRIO APRESENTAÇÃO.............................................................. I = LICITAÇÃO: CONCEITUAÇÃO, ANÁLISE E PROCEDIMENTOS DE ELABORAÇÃO Adriana Palmieri Alzir Bocchi Junior............................................................... II = GESTÃO FISCAL E SONEGAÇÃO DE IMPOSTOS Amaury Meller Filho Rosangela dos Santos........................................................ III = TRANSPARÊNCIA NA GESTÃO PÚBLICA: PERSPECTIVAS SOBRE A DISPONIBILIDADE DE INFORMAÇÕES Betânia Celli Marques Rodrigues Charllane Piovezan............................................................. IV = SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS NAS LICITAÇÕES PÚBLICAS Nathania Vansan Camillo Rosângela Danielides.........................................................

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APRESENTAÇÃO A globalização, entre outras coisas, tornou o

acesso a informação mais fácil e rápido, o que resultou numa mudança no perfil das pessoas: elas se tornaram mais cientes de seus direitos, adquiriram novas formas de perceber o mundo e novos valores sociais, e por tanto passaram a exigir mais ao serem atendidas.

Com este novo padrão de sociedade que busca formas de atendimento mais eficientes e democráticas que venham a facilitar a vida do cidadão, surge a necessidade de repensarmos o atual modelo de serviço e de gestão pública.

O compromisso com a qualidade passa então a ser não só uma questão de necessidade como uma questão de obrigação, não havendo mais espaço para uma filosofia de trabalho pautada na lentidão e na burocracia que só vem a dificultar a vida das pessoas que necessitam desses serviços.

Tal mudança só poderá ser possível quando passarmos a nos preocupar mais com os agentes envolvidos diretamente neste processo, os servidores públicos. É através desses agentes que a administração cumpre com seu dever que é o de prestar serviços à comunidade. E para que esses serviços sejam realizados com qualidade de maneira a atender aos anseios da sociedade, é importante que eles sejam prestados por profissionais qualificados e motivados.

Os trabalhos reunidos, neste segundo volume O CONHECIMENTO NA GESTÃO PÚBLICA, refletem o empenho e dedicação dos Autores que, com competência, apresentam conhecimentos que podem ser transformadores em nossa sociedade, para o bem dos organismos públicos através de uma eficiente gestão da informação e do conhecimento.

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No primeiro capítulo, os autores trabalharam a

licitação: conceituação, análise e procedimentos de elaboração.

No segundo capítulo, os autores trabalharam a gestão fiscal e sonegação de impostos.

No terceiro capítulo, os autores trabalharam a transparência na gestão pública: perspectivas sobre a disponibilidade de informações.

No quarto e último capítulo, os autores trabalharam o sistema de registro de preços nas licitações públicas.

Boa leitura!

Os organizadores

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= I =

LICITAÇÃO: CONCEITUAÇÃO, ANÁLISE E PROCEDIMENTOS DE ELABORAÇÃO

Adriana Palmieri

Alzir Bocchi Junior 1.1 INTRODUÇÃO

Na Administração pública a atenção deve ser

redobrada, pois se trata de recurso de uso comum da população e para que isso ocorra de forma correta e padronizada há várias regras e normas a serem seguidas, entre essas está a Lei Federal 8.666/93 e 10.520/02 (Lei do Pregão).

A Lei de Licitações tem como objetivo a realização de procedimentos de aquisição de Bens ou contratação de Serviços necessários à Administração Pública, visando manter os Princípios da Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência.

Além de seguir os princípios citados, a Lei visa também a aquisição e contratação de serviços com o melhor custo benefício e que se possa haver disputa plena, de acordo com as regras estabelecidas na Lei.

As diversas modalidades de licitação possuem suas particularidades se enquadrando dentre as modalidades que necessitam de julgamento, tais como, “Carta Convite”, “Concorrência”, “Concurso”, “Leilão”, “Pregão” e “Tomada de Preços”, bem como, aquelas em que há previsão legal de atos que não necessitam de julgamento de suas propostas, pelo fato de inviabilidade de concorrência ou atos emergenciais. Estes casos são chamados de licitação dispensada ou inexigível, onde estão presentes a Dispensa de Licitação e a Inexigibilidade.

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A Lei 8.666/93, no seu Art. 2, parágrafo único,

conceitua contrato Administrativo como “[…] todo e qualquer ajuste entre órgãos ou entidades da Administração Pública e particulares, em que haja um acordo de vontades para a formação de vínculo e estipulação de obrigações recíprocas, seja qual for à denominação utilizada”.

A administração pública a partir da conclusão do ato convocatório, ou seja, a homologação da licitação, necessita firmar com a empresa vencedora um compromisso, celebram entre si o chamado Contrato Administrativo.

O presente artigo objetiva demonstrar as modalidades de licitação e os procedimentos para a realização de suas etapas de acordo com a Lei 8.666/93, visando esclarecer a importância desse procedimento utilizado pelas entidades Públicas.

As licitações são procedimentos realizados pelo ente público que devem ser realizados, sem que infrinjam nenhum dos Princípios da Administração Pública, estabelecidos pela Constituição Federal e a Lei Federal 8.666/93, correspondente a Licitações e Contratos Administrativos.

Diante do exposto, o presente artigo se propõe a descrever e analisar as fases pertinentes aos diversos processos licitatórios. Para tanto, organizou-se o texto em alguns tópicos com conceitos e análise de alguns procedimentos adotados pelos responsáveis para execução dos procedimentos de aquisição de bens ou serviços da Administração Pública.

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Licitação... 13

1.2 PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Podemos conceituar licitação como sendo um

procedimento da Administração Pública que se destina a buscar a proposta mais vantajosa para a aquisição ou a contratação pela Administração. Dentro deste contexto, há uma interpretação errônea, observando que a licitação é o meio da administração adquirir bens com o valor mais barato, sendo que, deve-se observar sempre o custo benefício que isso irá acarretar.

De acordo com os princípios constitucionais da administração pública que estão descritos no Art. 37 da Constituição Federal,

A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência […].

Todas as entidades públicas, sem exceção, estão

obrigadas a obedecer aos princípios da Administração Pública, assim como, está pré-estabelecido na Constituição Federal.

A Constituição em seu Art. 37, inc. XXI atribui que: As obras, serviços, compras e alienações serão contratadas, ressalvados os casos especificados na legislação, mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da Lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.

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Os princípios devem ser seguidos na execução dos

procedimentos licitatórios, sendo estes, descritos no Art. 3 da Lei Federal 8.666/93 que diz:

A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.

De acordo com a Lei de licitações, para que haja

celebração de contratos com terceiros, a Administração Pública deve, necessariamente, proceder à licitação, ressalvadas as hipóteses de dispensa e de inexigibilidade de licitação, seguindo os princípios básicos que norteiam os procedimentos licitatórios que, obrigatoriamente, devem ser observados.

1.2.1 Princípio da legalidade

O princípio da legalidade prevê que todos os atos

devem ser praticados com a devida previsão legal, ou seja, são os atos relacionados aos procedimentos da Administração Pública que em sua realização, devem previamente estar contidos em Leis vigentes.

MEIRELLES menciona que: A legalidade, como princípio de administração significa que o administrador público está, em toda sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos da Lei, e as exigências do bem comum, e deles não se pode afastar ou desviar, sob pena de praticar ato inválido e expor-se a responsabilidade disciplinar, civil e criminal, conforme o caso. (1998, p. 67)

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Este princípio pressupõe que a Administração não

poderá realizar suas atividades funcionais sem que esta esteja regulamentada em Lei.

Sobre uma análise mais ampla sobre o princípio da legalidade FIGUEIREDO (1994, p. 35-36), dispõe que:

[…] não pode ser compreendido de maneira acanhada, de maneira pobre. E assim seria se o administrador, para prover, para praticar determinado ato administrativo, tivesse sempre de encontrar arrimo expresso em norma especifica, que dispusesse exatamente para aquele caso concreto. Ora, o princípio da legalidade é bem mais amplo do que a mera sujeição do administrador à Lei, pois abriga, necessariamente, a submissão também ao Direito, ao ordenamento jurídico, às normas e princípios constitucionais.

Logo, as pessoas podem fazer tudo aquilo que as

Leis e normas estabelecidas não proíbam, enquanto que a Administração pública é proibida de realizar atos que não possuam previsão legal e o que estiver excedente a isso torna os atos inviáveis ou nulos.

1.2.2 Princípio da impessoalidade

Este princípio estabelece que os atos públicos não

podem conter a marca pessoal do administrador, devido ao fato de que não são de realização própria e sim da administração e necessariamente, todas as realizações devem ser atribuídas a entidade que o promove. O princípio da impessoalidade determina que as atividades da Administração Pública possuam a finalidade de atendimento aos interesses da população, sendo que não se devem realizar os procedimentos buscando o favorecimento pessoal.

Segundo MOTTA (2005, p. 78-79), o princípio objetiva:

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[…] evitar qualquer concessão de privilégio e inspira todas as diretrizes que assegurem condições juntas de competição. A indisponibilidade do bem público, sua acessibilidade aos cidadãos, em igual medida, são as premissas da impessoalidade, retiradas nos Art. 5, I; 19; 152; e 170, IV, da Constituição Federal.

O princípio da impessoalidade é utilizado como

regulamentador, pois evita que o agente administrativo dê privilégios aos licitantes, assegurando assim a igualdade de condição nas licitações.

A Constituição Federal em seu Art. 37, inc. XXII diz: § 1 - A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.

Portanto, esse princípio obriga a Administração a

observar em suas decisões critérios previamente estabelecidos, afastando a escolha entre duas ou mais alternativas válidas, objetivando a condução dos procedimentos da licitação sem que haja um favorecimento pessoal neste ato.

1.2.3 Princípio da moralidade

O princípio da moralidade não se trata totalmente

da moral comum, mas em um conjunto de regras que excluem as convicções subjetivas dos agentes públicos, trazendo as necessidades de atuação com a máxima ética existente em um grupo social.

Segundo MEIRELLES (2000, p. 84): “É certo que a moralidade do ato administrativo juntamente a sua legalidade e finalidade, além de sua adequação aos demais princípios constituem pressupostos de

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validade sem os quais toda atividade pública será ilegítima”.

A Administração deve realizar suas atividades através de agentes públicos que atuem de acordo com comportamentos éticos, jurídicos e adequados.

Para MOTTA (2005, p. 85): O princípio da moralidade obriga à correta aplicação do dinheiro público […] A moralidade pública constitui sem dúvida uma das preocupações mais imediatas e cruciais da sociedade brasileira. Mais uma vez, é o Direito, ou a experiência jurídica, que irá fornecer o modelo ético a ser seguido pelos administradores.

A moralidade, dentro da Administração Pública, é

de primordial importância para que haja um bom gerenciamento dos bens públicos, pois quando há uma administração honesta, que atenda a moral comum, é possível realizar uma boa gestão garantindo um bom trabalho.

1.2.4 Princípio da publicidade

O Princípio da Publicidade diz respeito à

obrigatoriedade da Administração Pública de publicar seus atos, para que se torne de conhecimento público. Os atos que envolvem o poder público, de acordo com a Lei, devem ser divulgados, a fim de garantir a transparência da administração, dando conhecimento a quem interessar.

De acordo com MOTTA (2005, p. 88):

O princípio da publicidade preconiza a visibilidade dos atos da administração para viabilizar o exercício pleno do controle por parte da sociedade. Insurge-se este princípio contra a concepção segredista, instalada na burocracia administrativa, que dificulta o acesso a dados e documentos, proclamando a desnecessidade de motivar os atos.

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18 O conhecimento na gestão pública

A Administração, através de exigências

especificadas em Lei, tem a necessidade de publicar seus atos e decisões para que todos tenham conhecimento. O sigilo somente é permitido em casos de segurança nacional.

Segundo MEIRELLES (2000, p. 89): A publicidade, como princípio da administração pública, abrange toda atuação estatal, não só sob o aspecto de divulgação oficial de seus atos como, também, de propiciação de conhecimento da conduta interna de seus agentes.

Assim, este princípio deixa claro para a sociedade

o comportamento e as decisões tomadas pelos agentes da Administração Pública no gerenciamento e direcionamento dos recursos públicos.

1.2.5 Princípio da igualdade

A administração Pública, ao licitar, possui o dever

de possibilitar total igualdade e oportunidade entre os licitantes, ou seja, os participantes da licitação devem evitar os direcionamentos e preferências que possam facilitar ou definir o vencedor o certame.

O Art. 37, no seu inciso XXI: Ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da Lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômicas indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.

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Licitação... 19

A Constituição federal estabelece que a Administração Pública deve realizar alguns procedimentos padrão para a aquisição ou contratação de bens ou serviços para que se possa assegurar a igualdade de condição a todos os interessados, objetivando sempre o melhor custo benefício.

Para MEIRELLES (2000, p. 90) O princípio da igualdade entre os licitantes é a cláusula discriminatória ou o julgamento faccioso que desiguala os iguais ou iguala os desiguais, favorecendo a uns e prejudicando a outros, com exigências inúteis para o serviço público. (2000, p.90)

Este princípio visa estabelecer um padrão de

tratamento entre os participantes do certame, permite a Administração escolher a proposta mais vantajosa para a entidade e também assegurar a igualdade de direitos a todos os interessados.

1.2.6 Princípio da vinculação ao instrumento convocatório

O princípio da vinculação ao instrumento

convocatório obriga a Administração Pública e os licitantes a obedecerem às normas e condições pré-estabelecidas no ato convocatório. Para que nada possa ser criado ou realizado sem que haja previsão no instrumento de convocação.

MAZZA (2014, p. 393) utiliza uma expressão para este princípio que diz “[…] o edital é a Lei da licitação”.

O agente da administração, ao elaborar o edital, deve estabelecer as normas e procedimentos que realizará ato convocatório.

Segundo DI PRIETO (2007, p. 335): O princípio dirige-se tanto à Administração […] como aos licitantes, pois estes não podem deixar de atender aos

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20 O conhecimento na gestão pública

requisitos do instrumento convocatório (edital ou carta-convite); se deixarem de apresentar a documentação exigida, serão considerados inabilitado e receberão de volta, fechado, o envelope proposta (Art. 43, inciso II); se deixar de atender as exigências concernentes a proposta, serão desclassificados (Art. 48, inciso I).

As empresas interessadas em participar do

certame devem preencher todos os requisitos estabelecidos no ato convocatório e somente assim poderão participar da licitação.

O Art. 41 da Lei de licitação expressa que: “A Administração não pode descumprir as normas e condições do edital, ao qual se acha estritamente vinculada”.

Sendo assim, as condições para a participação em um certame devem estar previstas no ato convocatório, com suas devidas cláusulas essenciais e elementos que especifique estas condições.

1.2.7 Princípio do julgamento objetivo

O princípio do julgamento objetivo diz respeito aos

critérios definidos através do ato convocatório para julgamento dos documentos e das propostas. Com esses critérios pré-definidos, inviabiliza a possibilidade de que o pregoeiro, ou seja, a pessoa responsável pelo julgamento do processo licitatório, utilize de critérios não previstos no instrumento convocatório.

O artigo 45 da Lei 8.666/93 expressa que: O julgamento das propostas será objetivo, devendo a Comissão de licitação ou o responsável pelo convite realizá-lo em conformidade com os tipos de licitação, os critérios previamente estabelecidos no ato convocatório e de acordo com os fatores exclusivamente nele referidos, de maneira a possibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos órgãos de controle.

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Licitação... 21

Os critérios de julgamento devem seguir o que contempla a Lei e também o que estiver contido no ato convocatório ou edital de licitação.

Para MAZZA (2014, p. 393-394), princípio do julgamento objetivo diz que “[…] o edital deve apontar claramente o critério de julgamento a ser adotado para determinar o licitante vencedor. Assim, a análise de documentos e a avaliação das propostas devem se pautar por critérios objetivos predefinidos […]”.

Sendo assim, os critérios para uma boa execução do certame, deve-se constar no ato convocatório, os fatores exclusivos correspondentes ao processo de licitação além de adotar um padrão de entendimento entre os licitantes e órgãos de controle.

1.3 A LEI 8.666/93 E O CONCEITO DE LICITAÇÃO

A Constituição em seu Art. 22, inc. XXVII dispõe

que é de competência exclusiva da União estabelecer normas gerais sobre licitações e contratos administrativos. Logo, a União detém a prerrogativa de fixar normas gerais, enquanto os Estados, o Distrito Federal e os Municípios podem utilizar-se de normas particulares de seus respectivos interesses conforme citamos a seguir.

Art. 22 - […] Compete privativamente à União legislar sobre: XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no Art. 37, XXI.

Pode-se definir Licitação como sendo o processo

pelo qual a Administração Pública de forma legal realiza as aquisições de bens ou serviços utilizados para suprir as necessidades da população conforme explica PISCITELLI (2002, p.181):

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22 O conhecimento na gestão pública

Licitação é o conjunto de procedimentos administrativos, legalmente estabelecidos, através do qual a Administração Pública cria meios de verificar, entre os interessados habilitados, quem oferece melhores condições para a realização de obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações, concessões, permissões e locações.

A licitação, sendo um conjunto de procedimentos da Administração para a aquisição ou contratação de bens ou serviços, deve observar os licitantes habilitados e com a proposta mais vantajosa para a entidade.

O Art. 1 da Lei Federal 8.666/93 em seu parágrafo único diz que:

Subordinam-se ao regime desta Lei, além dos órgãos da administração direta, os fundos especiais, as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios.

Logo podemos dizer que licitação é o processo

administrativo em que a sucessão de fases e atos leva á indicação de quem vai celebrar contrato com a administração, visando, portanto, selecionar quem vai contratar com a administração, por oferecer proposta mais vantajosa ao interesse público. A licitação é a forma mais concisa e transparente de se adquirir bens e serviços para a administração pública, tornando mais fácil a prestação de contas.

A obrigatoriedade da realização de licitação, conforme exposta na Carta Magna em seu Art. 37, inciso XXI, expõe que:

Ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam

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Licitação... 23

obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da Lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.

Portanto, os procedimentos de licitação servem

para objetivar e permitir que a Administração contrate os interessados que reúnam as melhores e necessárias condições de participação do certame, levando em consideração aspectos relacionados à qualidade com o valor da execução do serviço ou para a aquisição de bens.

1.4 MODALIDADES E PARTICULARIDADES

A Lei 8.666/93 foi criada para regulamentar essa

obrigatoriedade, além de veicular as normas gerais sobre licitações, seguindo o previsto no artigo 22 da Lei 8.666/93 possui cinco modalidades de licitação: Concorrência, Tomada de Preço, Convite, Concurso e Leilão. Há também casos onde é constatada a inviabilidade de competição, que são chamados de inexigíveis e casos onde a urgência do procedimento, quando caracterizada como tal, torna-se dispensável de acordo com os Artigos 24, 25 e 26 da referida Lei.

A Lei Federal 8.666/93 em seu Art. 26 dispõe que: As dispensas previstas nos §§ 2 e 4 do Art. 17 e no inciso III e seguintes do Art. 24, as situações de inexigibilidade referidas no Art. 25, necessariamente justificadas, e o retardamento previsto no final do parágrafo único do Art. 8o desta Lei deverão ser comunicados, dentro de 3 (três) dias, à autoridade superior, para ratificação e publicação na imprensa oficial, no prazo de 5 (cinco) dias, como condição para a eficácia dos atos […].

Os procedimentos julgados dispensáveis, apesar

de mais simplificados, assim como as outras modalidades,

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24 O conhecimento na gestão pública

também devem seguir os procedimentos pré-estabelecidos pela Lei 8.666/93 em sua execução.

1.4.1 Concorrência

A Concorrência Pública é uma das modalidades

utilizadas para a contratação de obras de engenharia, serviços de grande porte e compras em grandes quantidades, ambas vinculadas a Contratos Administrativos de grande valor, com o valor mínimo estabelecido em R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais) de acordo com o Art. 23 da Lei 8.666/93.

De acordo com a Lei 8.666/93, Art. 23: “Concorrência é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto”.

Essa modalidade, assim como o pregão principalmente e as demais modalidades buscam evidenciar o princípio da isonomia, que destaca que o certame deve estar aberto a participação de quaisquer interessados.

MAZZA (2014, p. 398) diz que a Concorrência: É utilizada para objetos de grande vulto econômico, sem obrigatório, no caso de obras e serviços de engenharia, com valor acima de R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais). Em relação aos demais objetos, o uso da concorrência é obrigatório para contratação de valores superiores a R$ 650.000,00 (seiscentos e cinquenta mil reais). A circunstância de envolver valores elevados explica o fato de a concorrência se a modalidade formalmente mais rigorosa.

A concorrência é uma modalidade que está

diretamente relacionada com a universalidade, isso demonstra que a entidade deve possibilitar a qualquer interessado a participar da licitação independente de seu

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Licitação... 25

registro cadastral, com ampla publicidade, com habilitação preliminar e o julgamento pela Comissão.

1.4.2 Carta convite

A Carta Convite é a única modalidade que

obrigatoriamente necessita de 3 (três) interessados, cadastrados ou não cadastrados, convidados ou interessados, desde que se manifeste com até 24 horas de antecedência para apresentação da proposta.

Para esta modalidade não se faz necessário publicação do ato convocatório. Somente é necessário um prazo de 5 (cinco) dias úteis e é indicada para contratos de pequenos valores de até R$ 80.000,00 (Oitenta mil reais) para compras e serviços comuns e R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais) para obras e serviços de engenharia (Art. 23. Lei 8.999/93).

O Art. 22 da Lei 8.666/93 conceitua que: Convite é a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três) pela unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das propostas.

Sendo assim, a carta convite é a modalidade de

licitação mais simples, pelo fato de que através de sua facilidade e agilidade é maior a possibilidade de haver fraude ou erros.

1.4.3 Tomada de preços

Tomada de preços é a modalidade de licitação que

os interessados devem estar devidamente cadastrados e

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onde há necessidade de qualificação. Para se obter o chamado registro cadastral, os interessados deverão apresentar documentos relativos à habilitação jurídica, qualificação técnica, qualificação econômico financeira, de regularidade fiscal e demais documentos exigidos através do ato convocatório.

Assim, como diz a Lei 8.666/93, em seu Art. 22: Tomada de preços é a modalidade de licitação entre interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas, observada a necessária qualificação.

A Tomada de preços possui características

especificas como as outras modalidades, onde há necessidade de qualificação técnica ou obras onde necessite documentos específicos. Os valores pré-estabelecidos pela Lei 8.666/93 em seu Art. 23 são respectivamente de até R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais) para obras e serviços de engenharia e de até R$ 650.000,00 (seiscentos e cinqüenta mil reais) para compras e serviços.

1.4.4 Leilão

A modalidade de licitação denominada Leilão é

destinada à venda de bens móveis que não são mais utilizados pela administração pública, julgados inservíveis, de bens apreendidos ou de alienação de imóveis. Esta modalidade é destinada a qualquer interessado a participar do certame. Como determina a Lei 8.666/93, Art. 22:

Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a venda de bens móveis inservíveis para a administração ou de produtos legalmente

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apreendidos ou penhorados, ou para a alienação de bens imóveis, prevista no Art. 19, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação.

Para esta modalidade de licitação não existe valores máximos ou mínimos previstos na Lei 8.666/93, a forma de julgamento é realizada por lances verbais acima do valor previamente estabelecido através do ato convocatório, valores estes, determinados por uma comissão de avaliação destinada através de decretos de nomeação para segmentos específicos.

1.4.5 Concurso

O concurso é a modalidade destinada à escolha de

trabalhos técnicos, científicos e artísticos, gerando aos vencedores remuneração ou premiação, destinada a participação de quaisquer interessados, como estipula a Lei 8.666/93, em seu Art. 22:

Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes de edital publicado na imprensa oficial com antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias.

É comum confundir a modalidade Concurso com o

denominado Concurso Público, sendo que na modalidade Concurso são julgados os procedimentos, qualificação dos interessados, apresentação dos trabalhos e forma de premiação, ambos referenciados através do ato convocatório. Já o concurso público é utilizado para a seleção de servidores objetivando a contratação de servidores públicos.

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28 O conhecimento na gestão pública

1.4.6 Pregão

A Lei de licitações possui uma particularidade

quando se tratar de aquisição de bens e serviços comuns. Para isso, o Governo Federal criou a Medida Provisória 2.026, no dia 4 de maio de 2.000, com o objetivo de propiciar maior rapidez e reduzir os custos operacionais desse procedimento, aprimorando esta Medida foi criada em 17 de julho de 2.002 a Lei 10.520 que corresponde a Lei do Pregão.

O pregão é a modalidade de licitação para a aquisição de bens e serviços comuns, independentemente do valor estimado para a aquisição ou contratação, em que a disputa pelo fornecimento é feita por meio de propostas e lances em sessão pública. São considerados bens e serviços comuns.

A Lei 10.520/02 em seu Art. 1 pressupõe que: Para aquisição de bens e serviços comuns, poderá ser adotada a licitação na modalidade de pregão, que será regida por esta Lei. Parágrafo único. Consideram-se bens e serviços comuns, para os fins e efeitos deste artigo, aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais no mercado.

No pregão, também não há relação entre o

procedimento e o valor da liquidado, desde que o objeto licitado se enquadre no conceito de bem e serviço comum, a contratação derivada de licitação feita nesta modalidade pode envolver qualquer valor, sem limites mínimos ou máximos.

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1.4.7 Dispensa A modalidade de “Dispensa” constitui uma exceção

à regra geral, abrangendo a hipótese de que, embora haja possibilidade de competição e realização de um certame, não é conveniente a realização de tais procedimentos por não favorecer o interesse público. A dispensa de licitação decorre de casos especificados na legislação. Em alguns casos a própria Lei dispensa a realização da licitação, não cabendo à Administração, decidir ou não a realização da licitação.

Assim com apresenta o Art. 24, é dispensável a licitação:

IV - nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada urgência de atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, e somente para os bens necessários ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos contratos; X - para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendimento das finalidades precípuas da administração, cujas necessidades de instalação e localização condicionem a sua escolha, desde que o preço seja compatível com o valor de mercado, segundo avaliação prévia; XXIII - na contratação realizada por empresa pública ou sociedade de economia mista com suas subsidiárias e controladas, para a aquisição ou alienação de bens, prestação ou obtenção de serviços, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado.

Desta forma, em alguns casos a licitação poderá

ser dispensada principalmente em casos de emergência,

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30 O conhecimento na gestão pública

calamidade pública, locação de imóveis e contratação de empresas para execução de serviços específicos.

Ressalta-se que a dispensa somente é possível em certas situações em que a demora do procedimento é incompatível com a urgência na celebração do contrato ou quando sua realização, ao invés de favorecer, poderá vir a contrariar o interesse público.

1.4.8 Inexigibilidade

A modalidade denominada inexigibilidade somente

ocorre quando há inviabilidade da competição, sendo que há alguns casos específicos, quando, na aquisição de bens que se possa comprovar exclusividade de comercialização, na contratação de serviços de natureza singular e contratação de serviços profissionais nas áreas artísticas.

A Lei de licitação em seu Art. 25, diz que é inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição, em especial:

I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou representante comercial exclusivo, vedada a preferência de marca, devendo a comprovação de exclusividade ser feita através de atestado fornecido pelo órgão de registro do comércio do local em que se realizaria a licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes; III - para contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou através de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública. § 1o Considera-se de notória especialização o profissional ou empresa cujo conceito no campo de sua especialidade, decorrente de desempenho anterior, estudos, experiências, publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica, ou de outros requisitos

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relacionados com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho é essencial e indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação do objeto do contrato.

Logo a inexigibilidade de licitação somente poderá

ocorrer quando não houver possibilidade de competição. Além do exposto, vale ressaltar que a

inexigibilidade de licitação deve ser devidamente comunicada e justificada e possui um prazo máximo de 5 (cinco) dias para a publicação do seu ato em diário oficial da entidade, para que assim exerça a regra imposta pelo princípio da Publicidade.

1.5 FASES DA LICITAÇÃO

A licitação é um processo da Administração, que

representa uma série de procedimentos para obtenção de um objetivo final que é a aquisição de bens ou serviços gerados através da Administração.

Estes conjuntos de atos possuem particularidades pré-determinadas, tais como demonstramos na figura a seguir:

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Fonte: Elaborado pelo autor Figura demonstrativa das fases da licitação

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Os procedimentos de licitação adotam um padrão, sendo estes:

a Solicitação Interna de compra, que é quando algum setor solicita a aquisição ou contratação de acordo com a necessidade;

o Desenvolvimento do Edital, que ocorre quando há reserva de orçamento, especificação das características do produto ou serviço, a realização do ato convocatório e parecer jurídico do edital;

a Publicação do Aviso, necessária para que se respeitem os princípios da Administração dando ampla e total transparência dos atos públicos aos interessados;

a Fase de Habilitação, que determina que as empresas que possuam interesse no fornecimento a entidade pública apresentem os envelopes exigidos através do ato convocatório com a documentação exigida;

a Fase de Julgamento, em que as empresas determinadas pela comissão de licitação julgadas habilitadas apresentam suas propostas;

a Adjudicação, onde o responsável pela licitação declara a empresa vencedora;

a Homologação, que é onde a autoridade superior competente da entidade determina finalizado o certame.

Por fim o contrato administrativo realiza o acordo entre as partes e determina as regras e procedimentos para execução do ato.

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34 O conhecimento na gestão pública

1.6 METODOLOGIA

O método de pesquisa escolhido para compor esse

estudo foi o qualitativo, sendo que a estratégia de pesquisa escolhida foi a bibliográfica.

Trata-se de um levantamento da bibliografia já publicada, em forma de livros, revistas científicas, anais de congressos, imprensa escrita e internet, onde foram pesquisados diversos aspectos referente ao tema.

Sua finalidade é colocar os pesquisadores em contato direto com tudo que foi escrito e dito sobre determinado assunto.

O trabalho desenvolvido foi dividido em sete tópicos. De início, uma breve introdução sobre o trabalho. No segundo tópico, apresenta-se um relato sobre os princípios da administração pública. No terceiro tópico abordou-se o tema central do trabalho que é a lei de licitações, sua conceituação, análise e procedimentos de elaboração do instrumento convocatório. No quarto tópico, uma abordagem sobre as modalidades de licitações e suas particularidades. No quinto tópico mostra as fases da licitação desde seu início até sua conclusão. Na sequência a metodologia, a conclusão do trabalho e referências bibliográficas.

O conteúdo descrito foi desenvolvido de forma a propiciar um fácil entendimento de tudo que foi apresentado.

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Licitação... 35

1.7 CONSIDERAÇÕES FINAIS A licitação, para a Administração Pública, deve ser

realizada de forma padronizada, como exige a Lei. A eficácia nos procedimentos licitatórios está diretamente vinculada à forma de realização dos procedimentos para a licitação.

Para julgar se estes procedimentos estão sendo adotados de forma correta, cada estado do Brasil possui um Tribunal de Contas, que é responsável pela fiscalização e regulamentação dos procedimentos de gerenciamento dos recursos públicos.

Vale ressaltar que a Administração Pública deve seguir os princípios citados, as Leis que especificam os deveres e as proibições e além disso, também visa à objetividade de aquisição com o melhor custo benefício e que haja disputa plena entre os licitantes.

Este trabalho não tem a intenção de abordar sobre todo o assunto que é tema deste artigo, porém dar uma contribuição sobre o assunto para facilitar o entendimento, com o intuito de que possamos saber o que realmente acontece e quais são os procedimentos que os Agentes Públicos utilizam para gerenciar os recursos públicos gerados através de nossas contribuições.

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36 O conhecimento na gestão pública

REFERÊNCIAS

DI PRIETO, Maria Sylvia Zanella. Direito

Administrativo. 20 ed. São Paulo: Atlas, 2007. FIGUEIREDO, Lúcia Valle. Curso de Direito

Administrativo. São Paulo: Malheiros, 1994. MAZZA, Alexandre. Manual de direito administrativo.

São Paulo: Saraiva, 2014. MEDAUAR, Odete. Direito Administrativo moderno. 9

ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo

Brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1998. MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo

Brasileiro. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2000. MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Curso de direito

administrativo. São Paulo: Saraiva, 2005. MOTTA, Carlos Pinto Coelho. Eficácia nas Licitações e

Contratos: estrutura da contratação, concessões e permissões, responsabilidade fiscal, pregão – parcerias público-privadas. 10 ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2005.

NIEBHUR. Joel de Menezes. Princípio da Isonomia na Licitação Pública. Florianópolis: Obra Jurídica, 2000.

PISCITELLI, Roberto Bocaccio. et al. Contabilidade Pública: Uma Abordagem da Administração Financeira Pública. 7 ed. São Paulo: Atlas, 2002.

_______, Lei 10.520 de 17 de julho de 2002. Institui, no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, nos termos do Art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, modalidade de licitação denominada pregão, para aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, 2002. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10520.htm >.

_______, Lei 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o Art. 37, inciso XXI, da Constituição

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Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, 2007. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/l8666cons.htm >.

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= II =

GESTÃO FISCAL E SONEGAÇÃO DE IMPOSTOS

Amaury Meller Filho Rosangela dos Santos

2.1 INTRODUÇÃO

Atualmente, a sociedade brasileira tem

questionado os aumentos de taxas, impostos e afins, embora seus rendimentos continuem os mesmos, em comparação com a carga tributária elevada.

Como exemplo pode-se citar que no transcorrer deste ano foram mais de dois aumentos na tarifa de energia, de gás, além da alta do dólar, configurando uma crise econômica, política e institucional.

Vivendo esta realidade e sentindo o impacto da carga tributária para as empresas, o presente trabalho tem como objetivo discorrer sobre a gestão fiscal e a sonegação.

A metodologia utilizada é a pesquisa bibliográfica, utilizando livros e artigos de periódicos e de websites, mas tendo como eixo norteador a Constituição Federal de 1988, o Código Tributário e a legislação penal.

Inicialmente, apresenta-se o conceito de gestão pública e gestão fiscal, para em seguida, abordar os tributos, enfatizando os impostos e, finalizando, procura-se discutir o problema da sonegação de impostos.

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40 O conhecimento na gestão pública

2.2 GESTÃO PÚBLICA E GESTÃO FISCAL

Gestão pública é o termo utilizado para designar o

campo de conhecimento e de trabalho relacionados às organizações de interesse público. A sociedade possui determinadas necessidades básicas, como saúde, educação, moradia, previdência social, entre outras, para a sua sobrevivência e cabe ao Estado o dever de provê-las, tendo a Constituição Federal de 1988 assumido tal dever. Na busca da realização desse direito social para os cidadãos, o Estado se burocratiza. Assim, a burocratização é uma estratégia administrativa que objetiva estender e formalizar as atividades do bem público a todas as partes do país e, consequentemente, a todos os cidadãos (DECKER; MICHEL, 2015).

Para tanto, o poder Executivo, em todos os seus níveis, se subdivide em organizações que vão compor o todo do órgão público, destinados a atender às necessidades básicas sociais. As organizações públicas diferem em diversos aspectos das organizações privadas, para começar pelos objetivos, estrutura e poder decisório (DECKER; MICHEL, 2015).

Pereira e Fonseca (1997) destacam que o principal objetivo das organizações públicas é o interesse coletivo, enquanto das organizações privadas é o lucro. Com relação à estrutura, a organização privada é, com frequência descentralizada, diferindo das públicas, que possuem estrutura centralizada. No que diz respeito ao processo decisório, enquanto nas organizações privadas prevalece o fator econômico e amplitude decisória na escolha de políticas, no setor público verifica-se o domínio do fator político e restrições na escolha de políticas a serem adotadas.

Com relação à gestão fiscal, destacam-se que esse termo foi introduzido pela Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar n. 101/2000), que além de conceituar o que vem a ser gestão fiscal responsável, fixou normas

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Licitação... 41

de finanças públicas para os três níveis de governo: federal, estadual e municipal.

De acordo com Guzella (2011), a atividade tributária constitui um meio de obtenção de receitas. Entretanto, é preciso ponderar entre a necessidade de arrecadação, os direitos individuais e o modelo constitucional econômico, a fim de concretizar um equilíbrio entre o tributo exigido e a penalização aos evasores fiscais. O Sistema Tributário é constituído pelo conjunto de tributos vigentes em um país, em determinada época, estabelecidos conforme a competência dos entes federados, e pelas regras jurídicas que os disciplinam. O tributo possui, não apenas a função de meio de obtenção das receitas para que o Estado possa suprir as despesas que lhe são peculiares, mas também as funções de influir positivamente na redistribuição das riquezas entre classes sociais, entre regiões e o de influir com instrumento de realização da política econômica voltada para o desenvolvimento da nação.

Para Martins (1996), a sonegação fiscal causa um dano ao patrimônio público e se caracteriza como crime.

2.3 TRIBUTO

O Código Tributário Nacional define tributo no art.

3° como “toda prestação pecuniária compulsória instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa vinculada, que não constitua sanção de ato ilícito”. Desse modo, Bastos e Martins (2002) entendem que o tributo é uma prestação pecuniária que o Estado, ou ente público autorizado, exige dos sujeitos econômicos submetidos à territorialidade nacional.

O direito de tributar do Estado decorre do seu poder de império pelo qual pode fazer “derivar” para seus cofres uma parcela do patrimônio das pessoas sujeitas à sua jurisdição e que são chamadas “receitas derivadas” ou tributos, divididos em impostos, taxas e contribuições (MACHADO, 2015).

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42 O conhecimento na gestão pública

Assim, o imposto, com apoio na autoridade estatal

e fundamentado no próprio pacto social, possui caráter obrigatório, definitivo e unilateral, pois não pressupõe qualquer contraprestação, pelo menos direta, ao particular contribuinte.

O tributo tem como característica a prestação pecuniária, ou seja, tem que ser em dinheiro, na modalidade de moeda corrente. Tem caráter coercitivo e compulsório, independe da vontade do contribuinte. É aplicado pelo poder de tributar do Estado sustentado pelo poder de Imperium (BASTOS; MARTINS, 2002).

Outra característica do tributo é não se constituir em uma punição de ato ilícito, não se trata de uma sanção. O tributo é instrumento lícito, visto que é assegurado por lei que o constituiu. Entretanto, o dever tributário não efetivado ou realizado pelo contribuinte, pode consolidar na geração de multas ou penas. Situação, esta, distinta, visto que o tributo não deixa de ser lícito, o que passa a ser ilícita é a inadimplência. O tributo é cobrado pela atividade do órgão administrativo de forma vinculada, ou seja, o caráter subjetivo do administrador deve ter como fundamento as normas, inibindo o caráter discricionário do administrador (MACHADO, 2015).

2.3.1 Espécies de tributo

São espécies de tributo, o imposto, a taxa,

contribuições sociais e empréstimo compulsório. O imposto é uma espécie de tributo que tem como

característica fundamental suprir as necessidades do Estado sem a exigência de uma contraprestação pelo contribuinte. Cabe ao Estado determinar onde será aplicado dinheiro arrecadado. O imposto é um tributo obrigatório e não restituível (SILVA, 2015).

A taxa, ao contrário do imposto, é um tributo que está vinculado a uma prestação ou atividade específica destinada ao contribuinte, a um sujeito passivo e não a

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uma coletividade. A taxa é tida como tributo vinculado, ou seja, o caráter de vinculação é quem distingue a taxa do imposto. O fato gerador da taxa está vinculado a uma atividade do Estado em uma atuação específica em relação a um sujeito e não à coletividade em geral. Ocorre uma contraprestação que pode ser através do exercício do poder de polícia ou a utilização de um serviço (SILVA, 2015).

A contribuição de melhoria também é tratada como espécie de tributo devido seu ao caráter especial que a difere do imposto e da taxa. Quanto ao imposto, difere-se por ser um tributo não vinculado, enquanto que a contribuição de melhoria é vinculada. É parecida com a taxa, entretanto, difere-se dessa, visto que o fato gerador da contribuição de melhoria não é a contraprestação, mas a valorização que uma obra pública proporciona a um imóvel (MACHADO, 2015).

As contribuições sociais são de competência exclusiva da União e estão elencadas no art. 149 da Constituição Federal de 1988 num total de três, a saber: contribuições de seguridade social, de intervenção no domínio econômico e de interesse de categorias profissionais ou econômicas (SILVA, 2015)

O empréstimo compulsório é reconhecido como tributo, entretanto não está elencado na Constituição Federal como tributo. Pode ser instituída em caso de necessidade, atendendo dispêndios extraordinários como os decorrentes de uma calamidade pública, situação de guerra ou obra de relevante interesse social. Um de seus pressupostos é o seu caráter de urgência (MACHADO, 2015).

2.3.2 Limitações constitucionais ao poder de tributar

As imunidades tributárias são encontradas nos art.

150, 151 e 152 da Constitucional Federal. Alguns desses preceitos são concebidos como princípios tributários

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constitucionais e os demais são limitadores ao poder de tributar.

Imunidades são obstáculos à incidência da norma tributária. São excludentes de atuação do poder de tributar, proporcionando que incorra o fato gerador da obrigação tributária. É como uma exceção, onde a hipótese de incidência tem uma parte retirada, tornando essa parte isenta de incidência (SILVA, 2015).

Segundo Machado (2015), o poder de tributar, como expressão da soberania estatal, é limitado precisamente pelos princípios denominados princípios jurídicos da tributação, que ditam a forma e as condições para o exercício daquele aspecto da soberania nacional. As imunidades não vão além das hipóteses expressamente previstas na Constituição Federal. No art. 150, inciso VI encontra-se a imunidade recíproca, que vedada à União, Estados, Distrito Federal e Municípios instituir impostos sobre o patrimônio, renda ou serviços, um dos outros.

Depois se tem as imunidades de não incidência de imposto sobre qualquer tipo de templo e qualquer culto que seja. Entende-se templo como tudo que o for inerente à atividade religiosa (BASTOS; MARTINS, 2002).

Após, tem-se as imunidades referentes aos partidos políticos, entidades sindicais e instituições de educação ou assistência social sem fins lucrativos, observando-se os requisitos da lei. Também há as chamadas imunidades do livro, jornal e periódicos, que se refere a todo o material para sua confecção. Não se refere apenas ao exemplar, mas também ao maquinário, papel de impressão, venda distribuição, ou seja, o conjunto para o objeto da imunidade chegar ao seu destinatário, no caso o leitor (SILVA, 2015).

A esse respeito, Machado (2015) afirma que a imunidade dos livros, jornais e periódicos tem por fim assegurar a liberdade de expressão do pensamento e a disseminação da cultura.

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Silva (2015) entende que só existe imunidade quanto a impostos, enquanto Machado (2015) entende que, literalmente, o art. 150, inciso VI diz respeito a impostos, entretanto acredita existir fortes razões para estender-se esse preceito às taxas e contribuições de melhoria, visto que o princípio da imunidade tributária não permite que a pessoa ou coisa imune fique submetida a qualquer tributo, de forma que essa submissão pode vir a ensejar o amesquinhamento da imunidade.

Ocorrem outras imunidades de não incidência, identificável pela interjeição, mais o verbo (não incide ou não incidirá). Por exemplo, não incidirá o imposto instituído no art. 153, inciso IV, § 3°, sobre produtos industrializados destinados ao exterior (MACHADO, 2015).

2.3.3 Competências da união, dos estados, distrito federal e dos municípios

No Brasil vigora o sistema das competências

privativas. A Constituição Federal de 1988 adota uma discriminação exaustiva, rígida, taxativa, integral e completa dos entes federativos, sendo constituído pela União, pelos Estados, Distrito Federal e Municípios. A cada ente foi outorgada capacidade para instituir impostos, taxas e contribuição de melhoria (BASTOS; MARTINS, 2002).

É um meio pelo qual o legislador constituinte encontrou uma forma de limitar o poder de tributar, já que determinou quais os impostos que podem ser criados pela União, Estados, Municípios e Distrito Federal. Desse modo, não é possível instituir impostos fora do âmbito especificado e atribuído pela Constituição Federal, cabendo a cada esfera o tributo que lhe compete, não podendo ser modificada por lei complementar e nem ordinária (SILVA, 2015).

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46 O conhecimento na gestão pública

2.3.3.1 Competência Tributária da União

Os tributos de competência da União são

basicamente os constantes do art. 153 da Constituição Federal de 1988, no qual traz em seu rol os impostos sobre comércio exterior (inciso I), imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza (inciso III), imposto sobre produtos industrializados (§ 1°), imposto sobre operações financeiras (inciso V e § 1°), imposto sobre a propriedade rural (§ 4º), tributação de grandes fortunas (inciso VII). São, também, de sua competência os tributos extraordinários e o empréstimo compulsório.

É ainda reservada a União competência residual e de necessidade de instituir outros impostos por meio de lei complementar, observando que o fato gerador e a base de cálculo não nos estejam art. 153, 155 e 156 da Constituição Federal e que não sejam acumulativos.

Ocorrem tributos que são comuns para todas as esferas da Federação. Numa sequência encontram-se as taxas (tributo comum que pode ser instituído por todos os entes federativos a fim de manter o exercício de polícia e a utilização efetiva ou potencial de serviços públicos específicos, art. 145, II, da CF).

A contribuição de melhoria também é um tributo que pode ser instituído por todos os entes tributantes (art. 145, III, da CF), sendo instituído pela valorização que as obras públicas proporcionam aos imóveis.

2.3.3.2 Competência dos Estados e do Distrito Federal

A previsão desta competência encontra-se no art.

155 da Constituição Federal. São competência desses entes tributação sobre:

a) Herança e de doação de quaisquer bens ou dinheiro, sendo que o primeiro deve-se a causa mortis e o segundo deve-se à liberalidade

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atribuída à pessoa que transmite bens de forma gratuita a outra pessoa.

b) Imposto sobre circulação de mercadorias (ICMS), prestação de serviços de transporte interestadual e estadual, infere-se ainda imposto sobre serviços de comunicação, energia elétrica dentre outros (art. 155, inciso II, da CF).

c) Outro tributo é o que incide sobre veículos automotores (art. 155, inciso III, da CF). É atribuída competência para instituir imposto sobre a propriedade de veículos automotores.

2.3.3.3 Competência dos Municípios

Aos municípios é atribuída competência para

instituir impostos sobre propriedade urbana, tributação das transmissões de bens imóveis, tributação dos serviços e os tributos comuns a todos os entes (SILVA, 2015).

O imposto sobre a propriedade urbana é meio de arrecadação que visa assegurar através do princípio da progressividade a função social da propriedade, aplicável ao imóvel de destinação urbana, com ou sem construção (MACHADO, 2015).

O imposto sobre imóveis refere-se ao imposto inter vivos, entretanto, deve-se observar que ocorre sobre transferências onerosas, exclui-se as doações que são tributadas pelo Estado (MACHADO, 2015).

A tributação sobre serviços, ou seja, imposto sobre serviços de qualquer natureza (por exemplo, o ISSQN), deve ser instituída por lei complementar. Os impostos comuns são os cabíveis a todos os entes (art. 145, incisos II e III da CF) (SILVA, 2015).

2.3.4 Implicações da sonegação de impostos

O pagamento de impostos significa a contribuição

para a realização dos direitos sociais e individuais em prol da coletividade. O tributo constitui um dos mais

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importantes instrumentos de gestão (RODRIGUES; FREITAS, 2015).

A sonegação de impostos consiste em toda ação ou omissão dolosa que tende a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal. Na sonegação, o contribuinte deixa de prestar as informações necessárias sobre suas atividades, com o objetivo de suprimir ou reduzir o “quantum” de tributo devido, dificultando ou retardando a atividade do Fisco na apuração deste (BARETTA, 2004).

Martins (1996) relata que certa autoridade da Receita declarou em programa de televisão que grande parte das empresas de médio e pequeno porte repassa para o consumidor os impostos que sonegam, procurando demonstrar que o nível da carga tributária é excessivo e a sobrevivência da empresa depende de sua reordenação de custos, com redução do preço final, pela transferência do benefício que seria alcançado com a sonegação.

Martins (1996), ainda explica que nesta perspectiva é princípio elementar de que quanto maior a alta carga tributária, maior a sonegação de sobrevivência, observando que é correta a afirmação contrária de que quanto menor a carga, menor a sonegação, apenas praticada em casos de inequívoca patologia fiscal, isto é, de contribuintes que são sonegadores por vício, ambição, compulsão, sem qualquer justificativa. No caso de carga tributária “quase confiscatória”, a ação do contribuinte, na medida em que gera empregos e desenvolvimento desapareceriam se tal efeito “quase confiscatório” da carga desmedida gerasse exatamente o oposto: fechamento de empresas, desemprego e, em decorrência, queda da arrecadação tributária global.

Martins (1996) complementa este raciocínio afirmando que outro aspecto característico da resistência do contribuinte é aquele concernente à revolta dos que pagam, porque não podem deixar de fazê-lo (indicações

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das fontes pagadoras), em relação aos que sonegam à falta de máquina fiscalizadora eficiente, no que se sentem injustiçados e confiscados em seus recursos para o atendimento das necessidades de uma comunidade, na qual os sonegadores são também beneficiados. A tributação ganha níveis elevados para compensar a receita não arrecadável dos sonegadores, com o que aqueles que pagam têm a certeza de estar pagando mais do que deveriam para cobrir a parte dos que não pagam. Verifica-se que o exame da realidade, sobre a qual flutua a política de imposição, leva-me a entender seja o tributo uma penalidade, na opinião do sujeito passivo da relação, variando entre os que vêem nele, mal necessário e os que nele sentem um mal desmedido, pois na essência a tributação representa tirar algo de alguém, que sabe o que lhe custou ganhar e o que com este algo faria de concreto para o Estado, de quem não só não tem um benefício tão tateável, como também de quem, na maior parte das vezes, discorda sobre a excelência do emprego das receitas públicas. O tributo é uma prestação sempre maior do que a justa para as necessidades estatais, segundo a mentalidade do contribuinte, e, por consequência, o tributo é para o contribuinte uma penalidade.

Para Guzella (2011), a atividade tributária deve ser considerada meio de obtenção de receitas, devendo-se ponderar entre a necessidade de arrecadação, os direitos individuais e o modelo constitucional econômico, a fim de concretizar um equilíbrio entre o tributo exigido e a penalização aos evasores fiscais. O Sistema Tributário é constituído pelo conjunto de tributos vigentes em um país, em determinada época, estabelecidos conforme a competência dos entes federados, e pelas regras jurídicas que os disciplinam. O tributo possui, não apenas a função de meio de obtenção das receitas para que o Estado possa suprir as despesas que lhe são peculiares, mas também as funções de influir positivamente na redistribuição das riquezas entre classes sociais, entre regiões, e o de influir como instrumento de realização da política econômica

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voltada para o desenvolvimento da nação. Para se prevenir a sonegação, o ideal seria penas pecuniárias severas e eficiente fiscalização tributária.

Embora a Lei n. 4.729/65 tenha instituído os crimes de sonegação fiscal, esta mesma lei também dispôs no art. 2º que se o agente efetuasse o recolhimento do tributo devido antes do início da ação fiscal teria a punibilidade extinta. Esse benefício foi ampliado pelo Decreto-lei n. 157/67 (art. 18), permitindo a extinção da punibilidade com a satisfação do crédito tributário mesmo depois de iniciada a ação fiscal, porém antes do julgamento do processo administrativo, incluindo os crimes de contrabando e descaminho. Em 1968, a Lei n. 5.498 estabeleceu a extinção da punibilidade dos crimes previstos na Lei n. 4.729/65 para os contribuintes do imposto de renda, que efetuassem o pagamento no prazo de trinta dias da publicação da lei (HOUNIE, 2012).

Em 1990, a Lei n. 8.137 estendeu os efeitos da extinção de punibilidade aos tributos em geral e contribuições sociais, desde que fosse efetuado o pagamento integral do principal e dos acessórios antes do recebimento da denúncia. No ano seguinte, o art. 98 da Lei n. 8.383 revogou este dispositivo. Posteriormente, a Lei n. 9.249/95 renovou a possibilidade de extinção de punibilidade desde que o pagamento fosse realizado antes do recebimento da denúncia. Em 2000, foi instituído o Programa de Recuperação Fiscal (REFIS) pela Lei n. 9.964/00, admitindo a suspensão da punibilidade para os contribuintes não denunciados criminalmente que aderissem ao programa de parcelamento do débito, que com a quitação extinguiria a punibilidade. Ainda em 2000, a Lei n. 9.983/00 introduziu os art. 168-A e 337-A no Código Penal, estabelecendo que a confissão espontânea à Previdência Social antes do início da ação fiscal, extingue a punibilidade. A Lei n. 10.648/03 permitiu a modalidade de extinção de punibilidade a qualquer tempo, desde que satisfeito o crédito tributário, bem como o

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parcelamento do débito a qualquer tempo suspendia a pretensão punitiva. Por último, a Lei n. 11.941/09, em vigor, renovou os termos da Lei n. 10.648/03, mas aplicando o instituto em favor da pessoa física (HOUNIE, 2012).

Hounie (2012) explica, ainda, que apesar dos tipos penais de sonegação ou fraude fiscal terem sofrido pequenas alterações nas últimas décadas, verificou-se um marcante afrouxamento das regras relativas à extinção da punibilidade mediante pagamento do crédito tributário. Inicialmente, a reparação do dano tinha que ser realizada antes do início da ação fiscal, mas recentemente, passou a ser permitido mesmo com a condenação criminal transitada em julgado. Em outros termos, sob o pretexto de aumentar a arrecadação, o legislador passou a oferecer mais facilmente benefícios em troca do pagamento do tributo, estabelecendo “uma trilha econômica entre a conduta criminosa e a impunidade”.

A esse respeito, Ferreira (2013, p. 198) afirma: As desarrazoadas propostas legislativas, que amiúde ganham foro de direito positivo nascem da inversão axiomática que constitui a matriz de um sistema jurídico harmônico e civilizado, estruturado, sobretudo em termos globais. A irracionalidade dos (des.) arranjos guia a esquizofrenia do sistema penal quando seus institutos avançam para além de seu circuito de referência, rumo ao desempenho de expectativas consignadas a um espaço do outro sistema que com ele não guarda qualquer afinidade lógica.

No entender de Aires (2006), esse afrouxamento

na punibilidade dos crimes contra a ordem tributária afronta ao princípio da isonomia, que está positivado no art. 5º da Constituição Federal. O autor exemplifica comparando o furto de uma bicicleta, com prisão em flagrante do agente e o pagamento de tributos por agente que “reduziu ou suprimiu de forma fraudulenta”. Para o caso da bicicleta, a devolução da “res” (reparação) incide

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em redução da pena, enquanto no segundo caso, o pagamento integral do débito ao erário leva à extinção da punibilidade.

Para Marques (2011), está-se diante de um paradoxo: um simples furto, em que há arrependimento posterior, é beneficiado com redução da pena, enquanto um sonegador que desvia milhões é contemplado com a extinção da punibilidade, mesmo que o pagamento ou a negociação com o Fisco seja feito após o recebimento da denúncia.

2.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do exposto, pode-se concluir que os

impostos constituem fonte de recursos para o investimento das três esferas do governo (federal, estadual e municipal) em diversas áreas, como educação, saúde, transporte, entre outras, bem como uma forma de redistribuição das riquezas. Por outro lado, a sonegação é considerada um crime contra a ordem tributária. Dessa forma, a fiscalização realizada pelos auditores tributários constitui um importante serviço público.

Verifica-se que a sonegação é diretamente proporcional à carga tributária, ou seja, quanto mais elevada for à carga tributária, maior a incidência de sonegação de impostos por parte dos contribuintes, observando que aqueles que pagam corretamente os impostos ficam indignados com os inadimplentes. Mas, há de se considerar que muitas vezes o contribuinte considera os impostos mais como uma penalidade, uma vez que a prestação é sempre maior que a justa para as necessidades do Estado.

Além disso, é preciso considerar que nos últimos anos ocorreu um afrouxamento nas regras relacionadas à extinção da punibilidade, de forma que têm sido oferecidos benefícios ao sonegador em troca do pagamento do tributo.

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REFERÊNCIAS

AIRES, Leandro Antonio. A extinção da punibilidade

pelo pagamento do tributo nos crimes contra a ordem tributária. Monografia (Graduação em Direito). Universidade Federal do Paraná. Curitiba. 2006.

BARETTA, G.A. Os crimes fiscais e previdenciários: a extinção da punibilidade. Belo Horizonte: Mandamentos, 2004.

BASTOS, C.R.; MARTINS, I.G.S. Comentários à Constituição do Brasil. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2002.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 30 out. 2015.

BRASIL. Lei n. 5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 3 nov. 2015.

BRASIL. Lei Complementar n. 101, de 4 de maio de 2000. Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 3 nov. 2015.

DECKER, C.B.; MICHEL, M. A imagem nas organizações públicas: uma questão de política, poder, cultura e comunicação – estudo de caso INSS em Pelotas. Disponível em: <http://www.bocc.ubi.pt>. Acesso em: 28 out. 2015.

FERREIRA, Pedro Paulo da Cunha. A regularização pós-delitiva da situação tributária e contributiva nos crimes contra a fazenda pública: um estudo em torno da

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extinção da punibilidade e dos fins da pena. Revista dos Tribunais, São Paulo, v. 927, p. 263-308, 2013.

GUZELLA, T. L. Crimes tributários: aspectos e crítica. Curitiba: Juruá, 2011.

HOUNIE, Santiado Gabriel. A tutela penal da ordem tributária e a extinção da punibilidade mediante pagamento do débito. Revista da FARN, Natal, v. 11, n. ½, p. 63-86, jan./dez. 2012.

MACHADO, H.B. Curso de direito tributário. 36. ed. São Paulo: Malheiros, 2015.

MARQUES, Fabiano Lepre. O direito à extinção da punibilidade pelo arrependimento posterior nos crimes contra o patrimônio à luz do direito enquanto integridade de Ronaldo Dworkin. Revista de Direitos e Garantias Fundamentais, Vitória, n. 9. p. 211-228, jan./jun. 2011.

MARTINS, I.G.S. Crimes contra a ordem tributária. 2. ed.. São Paulo: Saraiva, 1996.

PEREIRA, M.J.L.B.; FONSECA, J.G.M. Faces da decisão: as mudanças de paradigmas e o poder de decisão. Rio de Janeiro: Makron Books, 1997.

RODRIGUES, H.T.; FREITAS, D.D. Cooperativismo interinstitucional público: uma proposta de gestão pública ributária para superação da guerra fiscal em busca do desenvolvimento. Disponível em: <http://www.publicadireito.com.br/compedi/ma naus/arquivos/anais/brasília/06_445.pdf>. Acesso em: 13 ago. 2015.

SILVA, J.A. Curso de direito constitucional positivo. 38. ed. São Paulo: Malheiros, 2015.

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= III =

TRANSPARÊNCIA NA GESTÃO PÚBLICA: PERSPECTIVAS SOBRE A DISPONIBILIDADE DE

INFORMAÇÕES

Betânia Celli Marques Rodrigues Charllane Piovezan

3.1 INTRODUÇÃO

Gestão pública é o conjunto de ações relacionadas

à administração da coletividade, exigindo dos responsáveis o conhecimento técnico e visão futura para elaborar programas voltados ao desenvolvimento econômico e social de determinada comunidade. Isto implica demonstrar a capacidade de solucionar problemas com o melhor custo x benefício, considerando tempo, recursos e a interação com outras sociedades.

Para alcançar esses objetivos com o apoio de todos, é imprescindível que o gestor demonstre ser confiável. Em outras palavras, significa dar transparência aos seus atos. Transparente é a característica que permite enxergar ao longe sem manchas e obstáculos. No contexto político significa clareza nas decisões governamentais, especialmente, naquelas relativas ao gerenciamento do patrimônio público.

Considerando que vivemos numa sociedade democrática onde a vontade do povo é manifestada por seus representantes, o valor da informação é imensurável. Com base nela, podemos escolher nossos governantes e decidir sobre o futuro da nação com menor chance de erro. Apostar no individualismo como alternativa às mazelas políticas e econômicas que descobrimos, diariamente, pela imprensa não é solução porque a autonomia absoluta não existe.

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Constata-se que é quase impossível para um só indivíduo ou cidadão buscar, reivindicar controle e punição aos corruptos. Contudo, a sociedade civil organizada tem força e voz. Exigindo maior transparência das contas públicas, por meio de meios acessíveis e compreensíveis ao entendimento do povo, é que se podem verificar os níveis de seriedade e credibilidade da administração da coisa pública” (RAUSCH, 2010, p. 40)

Na prática, isto significa o exercício da cidadania

pelo sujeito que conhece seus direitos políticos, civis e sociais. Mas, em contrapartida, também sabe que possui responsabilidades com a vida pública. 3.2 TRANSPARÊNCIA E CORRUPÇÃO

A transparência funciona como ferramenta que

minimiza a potencialidade da corrupção, ou seja, transferência de renda entre duas ou mais pessoas, fora dos padrões legais vigentes em prejuízo da sociedade.

O senso comum define a corrupção como ato ilegal e imoral, envolvendo o pagamento de propina entre políticos, servidores públicos e as elites econômicas. No entanto, o cidadão não classifica a solicitação de vantagem para si, perante órgão ou agente público, como uma forma de corrupção. Isto acontece porque ele enxerga uma `diferença´ muito grande entre seu ato e os escândalos divulgados em jornais, revistas e meios eletrônicos de comunicação.

O brasileiro, por exemplo, quando ouve ou lê a palavra corrupção, mentalmente, associa ao desvio monetário (material). Dificilmente, sente-se mal ao solicitar que o guarda de trânsito perdoe o estacionamento de seu carro em vaga privativa de idosos, deficientes ou gestantes. Também não se culpa por furar a fila do caixa no supermercado ou presentear o funcionário do posto de saúde que encontrou um horário conveniente para ser

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Transparência na gestão pública... 57

atendido pelo médico. É mais confortável admiti-los como favores, gestos de amizade, cortesia ou algo semelhante. Talvez esse comportamento seja resultado da eterna exploração que sofremos desde que essa terra foi descoberta. Quando éramos colônia de Portugal pagávamos impostos altíssimos para sustentar o luxo da Coroa que perduram até hoje, embora vivamos num outro sistema político-administrativo: o presidencialismo. Nessa relação de força desproporcional aprendemos, naturalmente, a driblar a ganância dos governantes em defesa do nosso patrimônio. Quem sonega informações ao fisco, superfatura notas fiscais, registra imóveis em nome de cônjuge ou filhos e compra produtos importados no Paraguai apresentará uma lista de escândalos financeiros do poder público para justificar suas ações.

O clamor pela transparência no Brasil evocado das ruas e cobrado por organizações internacionais culminou na criação da lei 12.527/2011, conhecida como Lei da Transparência. Ela estabelece os procedimentos que deverão ser observados pela União, Estados, Distrito Federal e municípios para garantir o acesso às informações de interesse público de forma ágil, transparente e linguagem de fácil compreensão. Nesta tarefa, serão utilizados todos os meios e instrumentos legítimos à disposição, sendo obrigatória a divulgação em sítios oficiais da rede mundial de computadores (internet).

Mesmo quando essa lei é cumprida satisfatoriamente a apuração de dados encontra obstáculos técnicos ou burocráticos. O cidadão comum não obterá cópia de documentos ou relatórios sem ofício, protocolo e assinaturas. A repartição pública também não emitirá esses documentos imediatamente. É obrigatório que o site oficial da instituição na internet disponibilize todas as informações relativas a ela. Porém, não basta clicar no ícone Portal da Transparência que apresentado na home. É preciso habilidade para navegar entre as páginas, abas, links, ícones e botões que o levará o internauta ao ponto desejado.

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3.3 VARIÁVEIS DO PROBLEMA

Em nações desenvolvidas, a corrupção é resultado das falhas na democracia e nos países em desenvolvimento ela surge em função da debilidade nas instituições. A simples existência da organização Transparência Internacional prova que a corrupção não é um mal restrito a determinada área ou povo. O que muda é a proporção que ela assume em cada nação. Mas, invariavelmente, os mais pobres serão os mais prejudicados porque dependem muito dos serviços públicos para atender suas necessidades básicas como: moradia, saúde, educação, segurança, infraestrutura de saneamento e transportes, previdência etc.

Em 2014, a Transparência Internacional realizou um estudo sobre a percepção da corrupção em 175 países e territórios. O Brasil ficou em 69º lugar junto com a Bulgária, Grécia, Itália, Romênia, Senegal e Suazilândia. A avaliação utilizou uma escala de 0 (extremamente corrupto) a 100 (muito transparente) e a Dinamarca foi o país melhor colocado alcançando 92 de satisfação. Na sequência, ficaram: Nova Zelândia, Finlândia, Suécia, Noruega, Suíça, Cingapura, Holanda, Luxemburgo e Canadá, respectivamente. Coréia do Norte e Somália ocuparam as últimas posições.

A Transparência Internacional é referência mundial na análise dos atos de corrupção. Seu relatório é elaborado, anualmente, desde 1995 a partir de diferentes estudos e pesquisas sobre os níveis de percepção da corrupção no setor público de diferentes países.

Na opinião de Neto (2008, p.1), “sociedades politicamente organizadas, estruturadas pela racionalização da ação política e administrativa – com mecanismos de controle eficientes e capazes de impor punição exemplar aos infratores” conquistarão melhores posições nessa pesquisa em função do esforço no combate à displicência com o erário público.

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Cientes que a prevenção e o combate à corrupção são indispensáveis à consolidação democrática, organismos internacionais estão compartilhando métodos que auxiliam a fiscalização. Dividindo esta linha de raciocínio, o Brasil aderiu aos seguintes tratados de cooperação: Convenção sobre o Combate da Corrupção de Funcionários Públicos Estrangeiros em Transações Comerciais Internacionais, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE); Convenção Interamericana contra a Corrupção, da Organização dos Estados Americanos (OEA) e Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção (CNUCC). Este último, assinado em 9 de dezembro de 2003, por mais de cem países, em Mérida, no México, foi considerado o maior tratado internacional de luta contra a corrupção mundial. Por isso, o dia 9 de dezembro foi escolhido como Dia Internacional contra a Corrupção. 3.4 INFORMAÇÃO

No Brasil, os meios de comunicação de massa

servem como fonte de informação para a maioria das pessoas. Seja por televisão, rádio, jornal ou internet, o cidadão acompanha, diariamente, as notícias do País e do mundo. Há empresas cuja função é atualizar informações 24 horas por dia. Essa estrutura tecnológica e profissional necessita da credibilidade para alcançar anunciantes e sobreviver num mercado altamente competitivo.

A Pesquisa Brasileira de Mídia (PBM) 2015 – hábitos de consumo de mídia pela população brasileira – aponta que a televisão ainda é o meio de comunicação predominante, que o brasileiro utiliza cinco horas do seu dia conectado à internet e que os jornais são os veículos considerados mais confiáveis. Este é o resultado do trabalho de campo, realizado pelo IBOPE, entre 5 e 22 de novembro de 2014, por encomenda da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (SECOM). O Instituto ouviu 18.312 pessoas maiores de 16

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anos, em 848 municípios, em entrevistas domiciliares pessoais face a face, mantendo a representatividade nacional da pesquisa de 2014, com amostras adequadas nos 26 Estados e Distrito Federal.

O canal de comunicação do governo federal mais conhecido ainda é o programa de rádio “A Voz do Brasil” lembrado por 57% dos entrevistados. Entre aqueles que o conhecem: 45% consideraram-no ótimo ou bom; 20%, regular e 12%, ruim ou péssimo. 3.5 INTERNET

Ainda segundo a PBM 2015, quase metade dos

brasileiros, 48%, usa internet e o percentual de pessoas que a utiliza todos dos dias cresceu de 26%, em 2014, para 37%, este ano. O tempo conectado à internet também é maior em 2015. Os usuários das novas mídias ficam on-line, em média, 4h59 por dia, durante a semana, e 4h24, nos finais de semana. Na PBM 2014, os números eram 3h39 e 3h43, respectivamente.

A Pesquisa também revelou que, apesar da sua crescente importância, é alta a porcentagem de entrevistados que não utilizam a internet (51%). A renda e a escolaridade criam um vácuo digital entre o cidadão conectado e o não conectado. As diferenças de geração e idade apontam que os jovens são usuários mais intensos das novas mídias. Os dados mostram ainda que 65% dos jovens com até 25 anos acessam internet todos os dias. Entre os maiores de 65 anos, esse percentual cai para 4%.

No grupo de entrevistados com renda familiar mensal de até um salário mínimo a proporção dos que acessam a internet, pelo menos, uma vez por semana é de 20%. No entanto, quando a renda familiar é superior a cinco salários mínimos a utilização sobe para 76%. O fator escolaridade mostra que 87% dos entrevistados com ensino superior acessam a internet, pelo menos, uma vez

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por semana, enquanto apenas 8% dos entrevistados que estudaram até 4ª série o fazem com a mesma frequência.

Além da falta de interesse (43%); a falta de habilidade com o computador (41%), Tais informações ajudam a explicar os principais gargalos no uso da internet: principalmente, entre as pessoas mais velhas e menos escolarizadas; a falta de necessidade (24%) e os custos que envolvem o uso das novas mídias (14%) impactam, em especial, os mais pobres. Estas são as principais razões pelas quais muitos brasileiros não utilizam as novas mídias.

A PBM 2015 também identificou que o contato direto entre o cidadão e os governos ou instituições públicas ainda é muito baixo. Somente 25% dos usuários entraram em contato por e-mail, formulários eletrônicos, chats (bate papo), redes sociais, fóruns de discussão ou consultas públicas nos últimos 12 meses. 3.6 FISCALIZAÇÃO ON-LINE

Segundo estimativa do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE), o Paraná tem cerca de 11.169.660 habitantes. Ele é o sexto Estado mais populoso do País. Sua capital, Curitiba, ultrapassa 1,8 milhão de moradores, sendo a maior cidade do Paraná neste quesito. Em seguida, estão: Londrina (543.003), Maringá (391.698), São José dos Pinhais (292.934) e Foz do Iguaçu (263.647).

Sendo o Brasil é um País de dimensões continentais, abrigando 5.570 municípios, o presente estudo utilizará como amostragem o Portal da Transparência, no site das câmaras municipais das cinco cidades mencionadas acima como um viés no processo de comunicação entre os governos e a população.

Para descobrir os vencimentos dos servidores da Câmara Municipal de Curitiba, por exemplo, é necessário clicar no botão Portal da Transparência → Servidores

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Efetivos → Tabelas de Vencimento (arquivo em PDF) atualizado em abril de 2015.

Na Câmara Municipal de Londrina, a mesma pesquisa deve ser feita da seguinte maneira: Transparência → Servidores → Folha de Pagamento de Servidores Efetivos → mês e ano → matrícula (vencimento, descontos, vantagem pessoal, total bruto etc.).

Em Maringá, o internauta deve acessar o site e, na sequência, clicar em Transparência → Informações Administrativas → Publicações → Servidores (funcionários) → Quadro Salarial que ao ser acionado abrirá a Tabela de Níveis Salariais do lado direito da página. O documento em PDF apresenta os vencimentos do prefeito, vereadores, servidores efetivos e comissionados, valores de comissões e funções gratificadas no legislativo municipal.

Na Câmara Municipal de São José dos Pinhais o caminho é o seguinte: Portal da Transparência → Administrativo → Remuneração dos Cargos Efetivos → Tabela de Vencimentos → vencimento de 120 cargos efetivos referentes a maio de 2014. Para compreendê-la é indispensável que o internauta acesse também outra página na seguinte ordem a partir de: Administrativo → níveis → salário → quantidade de servidores.

Em Foz do Iguaçu, o site da Câmara Municipal apresenta a mesma informação da seguinte forma: Portal da Transparência → Informações de Pessoal → Quadro de Pessoal Efetivo 2015 → (grupo ocupacional, denominação de cargo, quantidade de cargos preenchidos → níveis de vencimento por código ou despesa com pessoal (página resumida dos vencimentos pagos entre janeiro e abril de 2015 – 1º quadrimestre). Não existe a informação em valores da moeda corrente.

Assim como essas, outras instituições públicas parecem não entender a essência de um canal de comunicação on-line. Pode ser que aos olhos de técnicos

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Transparência na gestão pública... 63

em informática os procedimentos de busca sejam claros. Porém, é necessário lembrar que, ainda hoje, muitos brasileiros não têm acesso à internet. Obviamente, isso não desqualifica a Lei da Transparência e seus efeitos para a democracia.

No Brasil, observa-se que os órgãos federais de controle como a Corregedoria Geral da União (CGU) e o Tribunal de Contas da União (TCU) estão ampliando seus recursos humanos e as áreas de atuação no combate à corrupção, incentivando práticas semelhantes nos Estados e municípios. Além disso, é importante salientar o valioso trabalho das Organizações Não-Governamentais (ONGs) que colaboram na fiscalização dos Poderes Executivo e Legislativo auxiliando a atuação do Ministério Público. 3.7 CONTROLE SOCIAL

Entre as formas de controle social disponíveis no

Brasil pode-se citar o plebiscito, conselhos consultivos e deliberativos de políticas públicas, orçamento participativo e os observatórios sociais. Este último é composto por entidades representativas da sociedade civil que buscam a melhoria na gestão pública nos municípios onde atuam. Por isso, devem ser democráticos e apartidários.

A rede Observatório Social do Brasil padronizou a metodologia de atuação dos observadores e oferece suporte técnico aos 96 membros, espalhados por 18 Estados. São cerca de dois mil voluntários trabalhando pela causa da justiça social nos Observatórios Sociais pelo Brasil afora. Estima-se que a contribuição desses voluntários gere uma economia superior a R$ 300 milhões para os cofres municipais a cada ano (dados de fevereiro de 2014).

O embrião dos observatórios sociais é a Sociedade Eticamente Responsável (S.E.R Maringá), associação sem fins econômicos, constituída em março de 2004, fruto da mobilização de lideranças deste município paranaense,

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com intuito de valorizar a cidadania e a ética. Na época, os maringaenses estavam indignados com as denúncias de corrupção na administração municipal, veiculadas pela imprensa, com repercussão nacional. No rastro da S.E.R Maringá surgiu o Observatório Social de Maringá que reúne empresários, servidores da Justiça Federal, Ministério Público Federal, Receita Federal e Estadual, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e Universidade Estadual de Maringá (UEM).

O Observatório Social de Maringá também é parte de outro grupo criado com fins semelhantes. Trata-se da Rede Social Brasileira por Cidades Justas e Sustentáveis. Ela foi criada em Belo Horizonte (MG), no dia 8 de julho de 2008, por organizações apartidárias e inter-religiosas. Sua missão definida na carta de princípios é: “comprometer a sociedade e sucessivos governos com comportamentos éticos e com o desenvolvimento justo e sustentável de suas cidades”.

A rede não possui dirigentes, mas apenas encarregados escolhidos de comum acordo para realizar determinadas atividades e articular a tomada de decisões em consenso. No Brasil, ela congrega movimentos no Pará, Minas Gerais, Brasília, Bahia, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná (incluindo as cidades de Curitiba, Londrina e Maringá), Santa Catarina, Ceará, Rio de Janeiro, Paraíba, Alagoas, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Espírito Santo (atualizado pela última vez por Rede Cidades, em maio de 2013).

Também existe a Rede de Controle da Gestão Pública que se define como um centro decisório Inter organizacional que almeja aprimorar a efetividade da função de controle do Estado sobre a gestão pública. Seu principal objetivo é desenvolver ações direcionadas à fiscalização da gestão pública, diagnóstico e combate à corrupção, incentivo e fortalecimento do controle social, compartilhamento de informações e documentos, intercâmbio de experiências e capacitação dos seus

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quadros. Para isso, está aumentando e melhorando, de forma expressiva, a articulação entre os órgãos públicos e as entidades, nas diversas esferas da administração pública, mediante a formação de rede em âmbito estadual e federal, bem como a interação da rede formada pelos signatários do acordo estadual com a Rede de Controle da Gestão Pública.

O protocolo de intenções foi assinado pela autoridade máxima de 17 instituições, entre elas: Advocacia Geral da União (AGU), Banco Central do Brasil (Bacen), Ministério da Justiça, Senado Federal e Associação Brasileira dos Tribunais de Contas dos Municípios (ABRACOM).

No Paraná, essa Rede foi constituída por Termo de Acordo de Cooperação Técnica, em novembro de 2009, com a participação da: Controladoria-Geral da União (CGU/PR), Ministério Público Federal, Receita Federal do Brasil, Tribunal Regional Eleitoral, entre outros.

Nesse contexto, o controle social sobre a gestão e fiscalização dos gastos no setor público quando utilizado com eficiência torna-se precioso ao exercício da cidadania que ganhou destaque na Constituição Federal de 1988. 3.8 EDUCAÇÃO E CIDADANIA

A Carta Magna brasileira define no preâmbulo suas

principais intenções: “assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias” (Constituição Federal do Brasil, 1988). De forma detalhada, o documento garante o direito à cidadania a todos os brasileiros.

Sabe-se, porém, que a cidadania não é algo que nasce com a pessoa. Ela é construída por meio da vivência, da apreensão de conceitos e valores,

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transmitidos, inicialmente, no âmbito doméstico e, futuramente, na escola e ambientes sociais. A educação é um dos direitos garantidos pela Constituição Federal e ingrediente importante na formação cidadã do indivíduo. Quando ela é citada neste documento refere-se ao processo integral do cidadão, incluindo seu desenvolvimento intelectual, ético, físico, psicológico, artístico, expressivo e comunicativo.

Nesses termos, o exercício da cidadania só é possível na vida social. O que significa que a prática educativa – formação humana integral – assume sentido, à medida que educa para a vida em sociedade, ou da inserção do sujeito no social. Embora sem garantias, a escola educa ou prepara para a cidadania, à medida que, assegura aos alunos o acesso aos conhecimentos, saberes, capacidade de conviver, respeito à diversidade, etc. O exercício possível da cidadania, aquela que se vivencia no espaço/tempo escolar, mas também aquela que prepara para o espaço da vida pública, requer como prerrogativa inscrevê-la no horizonte da formação humana integral. CALLAI, 2014, p. 5)

Com base no que foi explicitado até aqui, estima-

se que a cidadania é um empecilho ao crescimento da corrupção. Isto porque é mais difícil conseguir vantagens ilícitas e amedrontar o cidadão mais consciente, que reage às mentiras utilizando o conhecimento e a leis que o protegem.

No Brasil, o maior obstáculo na área educacional não é a falta de recursos. Assim como outros setores da administração pública, a carência está na competência gerencial e ética para aplicar as verbas obtidas com os impostos, taxas e contribuições pagas pelo cidadão. Um dos resultados disso é que 8,5% da população brasileira é analfabeta, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2013. Este grupo é dividido entre absoluto e funcional, sendo que o último

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conhece as letras e números, no entanto, sente dificuldade para interpretar textos e fazer cálculos matemáticos mais complexos.

De acordo com o site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 5,4% dos eleitores apresentam-se como analfabetos e 12,98% assumem que apenas leem e escrevem.

Conhecimento é dinâmica ambígua: o mesmo conhecimento que esclarece, emancipa, é o mesmo que imbeciliza, convive com censura, coloniza. Esta condição apenas escancara ainda mais a politicidade intrínseca do conhecimento: com ele não só “pensamos”, “conhecemos”, sobretudo interferimos. Ao contrário do que o positivismo prega, o ambiente político não é espúrio, enfiado artificialmente de fora, mas mora dentro da mente humana, porque não sabemos pensar sem compromisso subjetivo e social, sem falar da localização multicultural. (DEMO, 2005, p. 77)

3.9 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A discussão da relação entre transparência e

corrupção mostra que as ilicitudes como a improbidade administrativa, propina e sonegação fiscal podem ocorrer em qualquer lugar do mundo. A diferença de uma nação para outra é a forma de enxergar os fatos e coibir o que é nocivo à sociedade. Este aprendizado faz parte da cultura de cada povo e não modifica repentinamente.

Filgueiras (2009, p. 23) diz que:

A tolerância à corrupção não é um desvio de caráter do brasileiro, uma propensão e culto à imoralidade, nem mesmo uma situação de cordialidade, mas uma disposição prática nascida de uma cultura em que as preferências estão circunscritas a um contexto de necessidades, representando uma estratégia de sobrevivência que ocorre pela questão material.

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Embora pareça clichê, o investimento em educação

é a solução mais eficaz para as nações subdesenvolvidas ou em desenvolvimento (Brasil, por exemplo). Oportunizar às pessoas assimilação de conhecimento, independentemente da idade cronológica, gera um ciclo virtuoso que diminui o abismo socioeconômico do País. À medida que o cidadão melhora sua autoestima o mundo lhe parece diferente. Ele sente-se mais forte e seguro para enfrentar os conflitos do dia-a-dia e lutar pelos seus sonhos. Ninguém deveria ser privado deste direito porque, a priori, todos somos iguais.

Acerca dessa reflexão Demo (2005, p.75) escreve o seguinte:

Pensar é atividade tipicamente mental e intervir é atividade eminentemente prática, mas ambas se entrelaçam e fazem um todo só. Do ponto de vista epistemológico, saber pensar supõe traquejo metódico para lidar de maneira adequada com o conhecimento e seu processo de construção, desconstrução e reconstrução, enquanto, do ponto de vista da política social, saber pensar é pilastra crucial da cidadania ativa, para saber melhor intervir. Dito de outro modo, saber pensar é o emblema da cidadania inteligente. Relembrando Paulo Freire, saber “ler” a realidade, para a desconstruir criticamente e para nela intervir alternativamente. Com isto dizemos também que saber pensar não se restringe ao lado técnico, metódico (métodos e técnicas de pesquisa, por exemplo), mas abarca a politicidade do conhecimento. Se definirmos politicidade como habilidade humana de fazer, em parte, seu destino (deixando a condição de objeto, para assumir a de sujeito participativo e criativo), saber pensar é ferramenta das mais decisivas. Está na base da autonomia possível.

A corrupção é um mal que, direta ou indiretamente,

afeta indistintamente as diferentes classes econômicas, gêneros, etnias, faixas etárias e religiões. Alguns sofrem

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de forma mais aguda que outros. Porém, ninguém escapa, no mínimo, de aborrecimentos e imprevistos que atrapalham a rotina da vida em sociedade.

REFERÊNCIAS BRASIL, Constituição Federal, 1988 -

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ConstituicaoCompilado.htm

CALLAI, H. C., Toso, C. E. I., de Moraes, M. M., & Kuhn, M. (2014). Educação e Cidadania. Salão do Conhecimento, 2(01).

CÂMARA MUNICIPAL DE CURITIBA. Disponível em: <http://www.cmc.pr.gov.br/#&panel1-2>. Acesso em 25 de agosto de 2015.

CÂMARA MUNICIPAL DE LONDRINA. Disponível em: <http://www1.cml.pr.gov.br/cml/site/index.xhtml>. Acesso em 25 de agosto de 2015.

CÂMARA MUNICIPAL DE MARINGÁ. Disponível em: <http://www.cmm.pr.gov.br/>. Acesso em 25 de agosto de 2015.

CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DOS PINHAIS. Disponível em: <http://www.cmsjp.com.br/cms/>. Acesso em 25 de agosto de 2015.

CÂMARA MUNICIPAL DE FOZ DO IGUAÇU. Disponível em: <http://www.camarafoz.pr.gov.br/>. Acesso em 25 de agosto de 2015.

DEMO, Pedro, Saber Pensar, Revista da Abeno, São Paulo, v. 5, n 1, p. 75-79, jan/jun. 2005.

FILGUEIRAS, Fernando. A tolerância à corrupção no Brasil: uma antinomia entre normas morais e prática social. Opinião Pública, v.15, n.2, p.386-421, 2009.

GESTÃO.ORG revista eletrônica de gestão organizacional – 8 (3): página 298-326, Set/Dez 2010.

NETO, Affonso Ghizzo. Corrupção, Estado Democrático de Direito e Educação. 2008, 290 f.

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70 O conhecimento na gestão pública

(Mestrado em Direito) – Universidade Federal de Santa Catarina.

OBSERVATÓRIO SOCIAL DO BRASIL. Disponível em: <http://osbrasil.org.br/>. Acesso em 25 de agosto de 2015.

OBSERVATÓRIO SOCIAL DE MARINGÁ. Disponível em: <http://observatoriosocialmaringa.org.br/>. Acesso em 25 de agosto de 2015.

PESQUISA BRASILEIRA DE MÍDIA: hábitos de consumo de mídia pela população brasileira, Ibope, 2015

PEREIRA, José Matias, Reforma do Estado e Controle da Corrupção no Brasil – Caderno de Pesquisas em Administração, São Paulo, v.12, n.2, p.1-17, abril/jun. 2005.

RAUSCH, Rita Buzzi, SOARES, Maurélio. Controle social na administração pública: A importância da transparência nas contas públicas para inibir a corrupção. Revista de Educação e Pesquisa em Contabilidade, v.4, n. 3, art.2, p.23-43, set/dez.2010.

REDE SOCIAL BRASILEIRA POR CIDADES JUSTAS E SUSTENTÁVEIS. Disponível em: <http://rededecidades.ning.com/>. Acesso em 25 de agosto de 2015.

REDE DE CONTROLE. Disponível em: <http://www.rededecontrole.gov.br/portal/page/portal/rededecontrole>. Acesso em 25 de agosto de 2015.

VIEIRA, Fabiano Mourão. Nove razões para ser otimista quanto aos ganhos do combate à corrupção. Disponível em: <https://sites.google.com/site/economiafabiano/> Acesso em 23 de jun.2015.

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= IV =

SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS NAS LICITAÇÕES PÚBLICAS

Nathania Vansan Camillo

Rosângela Danielides 4.1 INTRODUÇÃO

Atualmente, a ideia de uma Administração Pública

baseada na tradição está se tornando um modelo ultrapassado e nada eficiente. Surge então a necessidade de um modelo gerencial na gestão administrativa, capaz de realizar uma função de forma eficiente e moderna sem esquecer os princípios que orientam a Administração Pública.

Com a crescente demanda por bens, obras e serviços em todo o País, cabe ao Estado à garantia do desenvolvimento econômico e social do mesmo. Para que isso aconteça, a Administração Pública deve utilizar formas adequadas e eficientes. É nesse diapasão que surge o procedimento chamado licitação, consistente na procura da proposta mais vantajosa para o Setor Público, utilizando-se na maioria das vezes, do Pregão com fulcro em Sistema de Registro de Preços.

O Pregão foi a sexta modalidade de licitação instituída pela Lei nº 10.520/2002, destinando-se exclusivamente à aquisição de bens e serviços comuns, através do critério de julgamento pelo menor preço, logo, poderá ser usado para qualquer valor de contrato, buscando sempre o menor preço por item.

Assim, pode-se dizer que a administração pública além de adotar a modalidade pregão, instituiu o Sistema de Registro de Preços através de um procedimento vinculado ao certame licitatório, cujo objetivo é registrar os

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preços praticados por possíveis fornecedores ou prestadores de serviços à Administração Pública.

A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 37, inc. XXI criou bases genéricas da obrigatoriedade de licitação, assegurando a igualdade de condições a todos os concorrentes. Mais tarde, assentou-se a Lei Federal nº 8.666/93, que instituiu o Estatuto das Licitações e Contratos Administrativos. Por fim, em 2002 a Lei nº 10.520 acrescentou o pregão como uma modalidade de licitação.

Portando, o legislativo do registro de preços está sedimentado no artigo 15 da Lei Federal nº 8.666/93, que foi regulamentada pelo Decreto Federal nº 3.931/01. Contudo, em 23 de janeiro de 2013 foi publicado o Decreto Federal nº 7.892/13, revogando o Decreto Federal nº 3.931/01 e estabelecendo novas regras ao Sistema de Registro de Preços. Eis que no dia 23 de maio de 2014 surge o Decreto Federal nº 8.250 que alterou em partes o Decreto nº 7.892/13.

Assim, a Administração Pública somente poderá contratar serviços ou adquirir mercadorias através de um procedimento legalmente aceitável, respeitando extrinsecamente os princípios constitucionais e administrativos, cerne deste estudo.

4.2 LICITAÇÃO PÚBLICA

A licitação é uma garantia constitucional que

confere a todos uma igualdade em disputas para conseguir uma função pública, sendo assim dará uma sustentabilidade ao Estado Democrático de Direito, uma vez que o que importa no certame licitatório é a supremacia do interesse público sobre o privado. Seu escopo é proporcionar às entidades possibilidades de realizarem negócios mais vantajosos e assegurar aos candidatos do certame licitatório uma disputa leal e imparcial.

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Quando tratamos sobre a competência para legislar, devemos nos atentar à duas formas, a privativa da União, segundo o inciso XXVII do artigo 22 da Constituição Federal1, trata-se de competência para editar normas gerais de caráter nacional, ou seja, que obrigam todos os entes federados.

Já os Estados, Distrito Federal e os Municípios possuem competência para legislar sobre questões especificas, não podendo violar as normas gerais editadas pela União.

Para conceituar a licitação devemos considerar dois elementos, o primeiro é a natureza jurídica, ou seja, como ela se insere no quadro jurídico. O segundo é o objetivo a que se preordena.

Para José dos Santos Carvalho Filho,

Licitação é o procedimento administrativo vinculado por meio do qual os entes da Administração Pública e aqueles por ela controlados selecionam a melhor proposta entre as oferecidas pelos vários interessados, com dois objetivos – a celebração de contrato, ou a obtenção do melhor técnico, artístico ou cientifico. (CARVALHO, 2014, p. 226) Já para Helly Lopes Meirelles,

Licitação é o procedimento administrativo mediante o qual a Administração Pública seleciona a proposta mais vantajosa para o contrato de seu interesse. Como procedimento, desenvolve-se através de uma sucessão

1 Art. 22, inc. XXVII, da CF/88 – Compete privativamente à União legislar sobre: XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1º, III.

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ordenada de atos vinculantes para a Administração e para os licitantes, o que propicia igual oportunidade a todos os interessados e atua como fator de eficiência e moralidade nos negócios administrativos. (MEIRELLES, 2005, p. 82)

Nos ensinamentos de Maria Sylvia Zanella di

Pietro,

A licitação é um procedimento administrativo pelo qual um ente público, no exercício da função administrativa, abre todos os interessados, que se sujeitem às condições fixadas no instrumento convocatório, a possibilidade e formularem propostas dentre as quais selecionará e aceitará a mais conveniente para a celebração de contrato. (PIETRO, 2001, p. 291)

Ao falar sobre um procedimento administrativo,

deve-se atentar a uma série de atos preparatórios da administração devidamente organizados. A licitação, portanto, é um procedimento integrado a Administração Pública e aos atos do licitante, sendo uma disputa isonômica que leva à seleção da proposta mais vantajosa, finalizando com a formação de um contrato entre a administração e o particular vencedor do certame, que poderá ter vários objetos, como a realização de obras, serviços, concessões, permissões, compras, alienações ou locações.

A Lei básica que está em vigor é a Lei Federal nº 8.666 de 21 de junho de 1993, a qual foi nomeada como Estatuto dos Contratos e Licitações. Além dessa lei, foi editada a Lei nº 10.520/2002, que passou a regular a modalidade pregão. Este por sua vez, é o mais utilizado pela Administração, pois se destina a aquisição de bens e serviços comuns levando menos tempo para ocorrer e ser concluído.

Portanto, a natureza jurídica da licitação é de um procedimento administrativo com um fim seletivo, pois

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constitui um conjunto de documentos e atuações que servem de antecedente e fundamento para uma decisão administrativa, assim como as providências necessárias para executa-la.

4.2.1 Princípios que regem as licitações públicas

Além dos princípios aplicáveis à Administração

Pública em geral, encontrados no artigo 37 da Constituição Federal de 19882, existem outros específicos para os processos licitatórios elencados no artigo 3º da Lei nº 8.666/933. Por se tratarem da sustentabilidade e bom funcionamento das licitações, mister se faz compreendê-los para sua melhor aplicabilidade.

4.2.1.1 Princípio da vinculação ao instrumento convocatório

Esse princípio específico da Administração Pública

tem como base legal o artigo 41 da Lei nº 8.666/934. Trata-

2 Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. 3 Art. 3º da Lei 8.666/93 – A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia e a selecionar a proposta mais vantajosa para a Administração e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos. 4 Art. 41. A Administração não pode descumprir as normas e condições do edital, ao qual se acha estritamente vinculada. §1o Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar edital de licitação por irregularidade na aplicação desta Lei, devendo protocolar o pedido até 5 (cinco) dias úteis antes da data fixada para a abertura dos envelopes de habilitação, devendo a

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se da vinculação dos licitantes e da Administração aos exatos termos do edital convocatório, não podendo assim haver exigências a maior ou a menor daquilo que constar em seu conteúdo.

Os doutrinadores Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo enfatizam que,

Essas regras valem, igualmente, para a carta convite, instrumento convocatório específico da modalidade convite de licitação. (...) como tal, vincula aos seus termos tanto os licitantes como a Administração que o expediu. (ALEXANDRINO e PAULO, 2011, p. 577)

Portanto, o edital é a lei interna da licitação, assim

deverá ser amplamente respeitado pelas partes. Caso haja descumprimento de qualquer cláusula legalmente estabelecida no instrumento convocatório, poderá qualquer cidadão o impugnar por motivo de ilegalidade.

Administração julgar e responder à impugnação em até 3 (três) dias úteis, sem prejuízo da faculdade prevista no §1o do art. 113. §2o Decairá do direito de impugnar os termos do edital de licitação perante a administração o licitante que não o fizer até o segundo dia útil que anteceder a abertura dos envelopes de habilitação em concorrência, a abertura dos envelopes com as propostas em convite, tomada de preços ou concurso, ou a realização de leilão, as falhas ou irregularidades que viciariam esse edital, hipótese em que tal comunicação não terá efeito de recurso. §3o A impugnação feita tempestivamente pelo licitante não o impedirá de participar do processo licitatório até o trânsito em julgado da decisão a ela pertinente. §4o A inabilitação do licitante importa preclusão do seu direito de participar das fases subsequentes.

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4.2.1.2 Princípio do julgamento objetivo Entende-se como julgamento objetivo aquele que

se baseia nos critérios constantes do edital e nos termos específicos das propostas, não havendo qualquer tipo de discricionariedade quando da apreciação das propostas pela Administração.

Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo entendem que,

Não obstante essa constatação, o artigo 44 da Lei 8.666/93, e forma abrangente estatui que “no julgamento das propostas, a Comissão levará em consideração os critérios objetivos definidos no edital ou convite”, explicitando que esses critérios objetivos de julgamento não podem contrariar as normas e princípios na própria lei estabelecidos. (ALEXANDRINO e PAULO, 2011, p. 577)

Esse princípio se mostra como um desdobramento

do princípio da legalidade e da vinculação ao instrumento convocatório, encontrando-se expressamente no artigo 45 da Lei nº 8.666/935.

5 Art.45. O julgamento das propostas será objetivo, devendo a Comissão de licitação ou o responsável pelo convite realizá-lo em conformidade com os tipos de licitação, os critérios previamente estabelecidos no ato convocatório e de acordo com os fatores exclusivamente nele referidos, de maneira a possibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos órgãos de controle. §1o Para os efeitos deste artigo, constituem tipos de licitação, exceto na modalidade concurso I- a de menor preço - quando o critério de seleção da proposta mais vantajosa para a Administração determinar que será vencedor o licitante que apresentar a proposta de acordo com as especificações do edital ou convite e ofertar o menor preço; II - a de melhor técnica; III - a de técnica e preço.

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Logo, tem-se que nenhuma restrição ou condição

diferenciadora deve ser colocada no edital se não for indispensável, devendo ser tais critérios de julgamento objetivos.

4.2.1.3 Princípio da adjudicação compulsória

Primeiramente, entende-se por adjudicar a

atribuição do objeto do certame ao licitante vencedor. Assim, após a conclusão do processo licitatório fica vedado a Administração Pública requerer o objeto de outrem que não o vencedor do certame.

Nos ensinamentos de Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo entendem que,

IV - a de maior lance ou oferta - nos casos de alienação de bens ou concessão de direito real de uso. §2o No caso de empate entre duas ou mais propostas, e após obedecido o disposto no § 2o do art. 3o desta Lei, a classificação se fará, obrigatoriamente, por sorteio, em ato público, para o qual todos os licitantes serão convocados, vedado qualquer outro processo. §3o No caso da licitação do tipo "menor preço", entre os licitantes considerados qualificados a classificação se dará pela ordem crescente dos preços propostos, prevalecendo, no caso de empate, exclusivamente o critério previsto no parágrafo anterior. §4o Para contratação de bens e serviços de informática, a administração observará o disposto no art. 3oda Lei no.248, de 23 de outubro de 1991, levando em conta os fatores especificados em seu parágrafo 2o e adotando obrigatoriamente o tipo de licitação "técnica e preço", permitido o emprego de outro tipo de licitação nos casos indicados em decreto do Poder Executivo. §5o É vedada a utilização de outros tipos de licitação não previstos neste artigo. §6o Na hipótese prevista no art. 23, §7, serão selecionadas tantas propostas quantas necessárias até que se atinja a quantidade demandada na licitação.

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Não se deve confundir adjudicação com a celebração do contrato. A adjudicação é um ato declaratório, que apenas garante ao vencedor que, quando a administração for celebrar o contrato relativo ao objeto da licitação, ela o fará com o vencedor. (ALEXANDRINO e PAULO, 2011, p. 578)

Assim, a adjudicação se mostra como o ato final do

procedimento de licitação, preceituando que não poderá haver nenhuma restrição ou condição diferenciadora colocada no edital, caso não seja indispensável, devendo, pois, serem objetivos os critérios de julgamento.

4.2.1.4 Princípio da probidade administrativa

Registra-se a probidade administrativa como um

dever de todo administrador público de honestidade e fidelidade para com a população e com o Estado, na medida em que desempenha suas funções da melhor forma a alcançar o bem comum.

Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo citando Celson Antônio Bandeira de Mello,

Por último, registramos que autores como Celso Antônio Bandeira de Mello afirmam a aplicabilidade do princípio da moralidade não só à atuação dos agentes administrativos, mas também ao comportamento dos administrados participantes do procedimento licitatório. (ALEXANDRINO e PAULO, 2011, p.578)

Insta trazer a conhecimento que, o inverso da

probidade administrativa é a improbidade a qual, praticada pelo gestor público resultará em sanções como a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, sem prejuízo da sanção penal cabível, tanto que há a Lei nº 8.429/92 que disciplina os atos de improbidade administrativa.

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80 O conhecimento na gestão pública

4.3 MODALIDADE DE PREGÃO

O Pregão é a sexta modalidade de licitação

instituída pela Lei nº 10.520/02, destinando-se a aquisição de bens e serviços. Tornou-se a modalidade mais utilizada pela Administração Pública por ser mais ágil e possuir menor preço, ou seja, a melhor oferta.

Assim, o pregão é a modalidade de licitação passível de utilização pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, para a aquisição de bens e serviços comuns, quaisquer que seja o valor estimado da contratação, sendo a disputa entre os licitantes feita por meio de propostas e lances em sessão pública.

Para Helly Lopes Meirelles, O pregão é a modalidade de licitação para aquisição de bens e serviços comuns em que a disputa pelo fornecimento é feita em sessão pública, por meio de propostas e lances, para classificação e habilitação do licitante com a proposta de menor preço. (MEIRELLES, 2004, p. 266)

Já para Jorge Ulisses Jacoby Fernandes, Pregão é o procedimento administrativo por meio do qual a Administração Pública, garantindo a isonomia, seleciona o fornecedor ou prestador de serviço, visando a execução de objeto comum no mercado, permitindo aos licitantes, em sessão pública, reduzir o valor da proposta por meio de lances verbais e sucessivos. (FERNANDES, 2003, p. 419)

Em suma, o pregão é usado para qualquer valor de

contrato, sendo a licitação sempre do tipo menor preço. Traz uma série de vantagens para a Administração, pois é uma modalidade de licitação pouco complexa e o valor final dos contratos tende a ser mais vantajoso.

Pode-se afirmar que a Lei nº 10.520/2002 veicula normas gerais de licitações públicas, a qual encontra-se

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na mesma situação da Lei nº 8.666/93 no ordenamento jurídico. Assim, tem-se duas leis nacionais que regulamentam o artigo 37, inciso XXI, da Constituição Federal6.

Entretanto, o pregão é realizado mediante propostas e lances em sessão pública, pois constatada a melhor proposta, todas as outras que não ultrapassarem em 10% o valor da melhor proposta vão para a segunda fase.

Nesta fase, a dos lances sucessivos, quem fizer a melhor proposta é vencedor. A abertura dos envelopes da habilitação ocorrerá após a escolha da melhor proposta. Quando não for observado o percentual de 10%, as três melhores propostas irão para segunda fase.

Verificando o atendimento do edital, o licitante será vencedor. Homologada a licitação o adjudicatário será convocado para assinar a ata de registro de preços, e o prazo desta será de um ano.

4.4 SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS

O Sistema de Registro de Preços foi acrescentado

pelo Decreto Federal nº 7.892/13, mostrando-se como um conjunto de procedimentos destinados ao registro formal

6 Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.

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de preços relativos à prestação de serviços e aquisição de bens para contratações futuras.

Marçal Justen Filho conceitua Sistema de Registro de Preços como,

O Sistema de Registro de Preços consiste em um contrato normativo, resultante de um procedimento licitatório especifico. Estabelece regras vinculantes para a Administração Pública e um particular relativamente a contratações futuras, em condições predeterminadas. Não é gerada obrigação de contratar, mas o Poder Público está vinculado pelos termos do resultado da licitação. Deve respeitar as condições ali previstas e assume uma pluralidade de obrigações. (MARÇAL, 2012, p. 61)

Já para Marcelo Alexandrino e Vicente de Paulo, Sistema de Registro de Preços é um meio apto a viabilizar diversas contratações de compras, concomitantes ou sucessivas, sem a realização de um especifico procedimento licitatório previamente a cada uma, por um ou mais órgão ou entidade da Administração Pública. (ALEXANDRINO e VICENTE, 2011, p. 298)

Entretanto, o artigo 15, inciso II da Lei nº 8.666/937

recomenda a utilização do Sistema de Registro de Preços no planejamento das compras públicas. Assim, recomenda-se várias vantagens para a utilização desse sistema, sendo elas, a redução de estoque e de custos, o fornecedor realiza entregas em menores quantidades e com maior frequência, evita a perda de validade de produtos estocados, pode reduzir o número de licitações e acaba proporcionando uma maior transparência.

7 Art. 15 - As compras, sempre que possível, deverão: II-ser processadas através de sistema de registro de preços;

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Em decorrência da legislação geral, esta elegeu duas formas de se realizar o Registro de Preços. Inicialmente só poderia ser processada por meio da modalidade concorrência, no entanto, com a publicação da Lei nº 10.520/02, permitiu-se a realização através do pregão.

O Sistema de Registro de Preço é utilizado para aquisição futura de objetos mais simples e de uso comum da Administração, tendo como vigência doze meses após a assinatura da ata de registro de preços. Esta ata é um documento vinculado e obrigacional, pois caracteriza o compromisso da futura contratação em que se registram os preços e fornecedores.

4.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante de todo o exposto, é perceptível o grande

valor do processo licitatório para a Administração Pública, na aquisição de bens ou serviços. A licitação se apresenta como um instrumento fundamental na preservação e consolidação do princípio da igualdade de todos perante a lei, fazendo com que os gestores públicos hajam com igualdade, proporcionando aos interessados ampla transparência.

E a regra geral nas licitações públicas é que venha ser observado cada um dos princípios que norteiam o processo licitatório, pois eles foram criados para que mencionado processo possa ter a maior transparência possível, sendo para as empresas que querem contratar com o poder público uma espécie de arma em eventuais recursos administrativos.

A licitação representa um termômetro da administração, porque, bem formalizada e sem vícios, ocorre verdadeira disputa, sendo um instrumento limitador da discricionariedade administrativa. Além de ser um regulador do dinheiro público, devendo obrigatoriamente ser eficaz.

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Porém, a eficácia do procedimento licitatório nem

sempre é alcançada, podendo ocorrer processos improvisados atribulados, viciosos, projetos incompletos e editais dirigidos. No entanto, se observamos com mais rigor, são apenas as características de processos mal gerenciados, ou seja, as distorções e fraudes ao processo licitatório é responsabilidade de uma nação diante de seus problemas. Os erros não surgem por acaso, há todo um ambiente político, toda uma história cultural.

Este trabalho não tem o intuito de esgotar o assunto, porém dar uma contribuição acerca do tema para facilitar o entendimento. É evidente que não se recupera um sistema, em curto prazo, é preciso selecionar, formar e treinar os responsáveis pelos certames, porque a eficácia de um sistema reside principalmente nos recursos humanos que nele atuam.

Assim, a modalidade de licitação mais utilizada pela Administração Pública é o Sistema de Registro de Preços pelo Pregão, em virtude de ser do tipo menor preço, onde o vencedor é aquele que possui a proposta conforme as exigências do edital, observando-se sempre a legislação correlata e os princípios gerais e específicos aplicados nas licitações públicas.

REFERÊNCIAS

ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito

Administrativo Descomplicado. 19. Ed. Ver. e atual. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2011.

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 20 ed. São Paulo: Atlas, 2007.

DALLARI, Adilson Abreu. Aspectos jurídicos da licitação. Saraiva, 1992.

D’ ANGELO, Élcio. Direito Administrativo Municipal e Política Administrativa. Editora Anhanguera: Leme/SP, 2011.

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FERNANDES, Jorge Ulisses Jacoby. Sistema de Registro de Preços e Pregão Presencial e Eletrônico. Belo Horizonte: Fórum, 2009.

FILHO, José dos Santos Carvalho. Manual de Direito Administrativo. Editora Atlas, 2014.

JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos. 13. Ed. São Paulo: Dialética, 2009.

MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. rev. e atual. São Paulo: Malheiros, 2003.

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OS ORGANIZADORES:

Amaury Meller Filho é engenheiro civil, especialista em

Gestão Educacional e Gestão de Pessoas e do

Conhecimento e Mestrando em Gestão do Conhecimento

nas Organizações. Atuou como intérprete do Prêmio Nobel

da Paz, Henry Kissinger e dos governadores do Estado de

Santa Catarina: Cassildo Maldaner, Espiridião Amin e

Vilson Kleinubing. Exerceu a direção de marketing e

edificações da Faculdade Maringá e diretor geral da

Faculdade América do Sul. Atualmente é coordenador do

núcleo de pós-graduação da Faculdade América do Sul

Rio Grande do Sul e consultor educacional da Maringá

Pós. É autor do livro: Diferenciais Qualitativos em

Instituições de Ensino. Maringá: Editora Caiuas, 2012.

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José Francisco de Assis Dias, é Professor Adjunto da

UNIOESTE, Toledo-PR; professor do Mestrado em Gestão

do Conhecimento nas Organizações, na UNICESUMAR;

pesquisador do Grupo de Pesquisa “Educação e Gestão”

e do Grupo de Pesquisa “Ética e Política”, da UNIOESTE,

CCHS, Toledo-PR. Doutor em Direito Canônico pela

Pontifícia Universidade Urbaniana, Cidade do Vaticano,

Roma, Itália; Doutor em Filosofia também pela mesma

Pontifícia Universidade; Mestre em Direito Canônico

também pela mesma Pontifícia Universidade Urbaniana;

Mestre em Filosofia pela mesma Pontifícia Universidade;

Especialista em Docência no Ensino Superior pela

UNICESUMAR; Licenciado em Filosofia pela Universidade

de Passo Fundo – RS; Bacharel em Teologia pela

UNICESUMAR. Pesquisador do Instituto Cesumar de

Ciência, Tecnologia e Inovação (ICETI). E-mail:

[email protected]

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Rosângela Arrabal Danielides é graduada em educação

física e educação artística, especialista em moda. Atuou

como gerente de turismo de Maringá por 8 anos. Foi

presidente do Fórum Estadual de Turismo do Paraná.

Coordenadora da pós-graduação em Moda e Gestão de

Negócios e Varejo de Moda, no MBA Executivo em Gestão

de Saúde. É conselheira da ACIM Mulher e do CONSEG –

Conselho de Segurança de Maringá. Vice-presidente do

Congresso Internacional de Gestão e Inovação em Saúde.

Docente em diversos cursos de pós-graduação. Diretora

da Maringá Pós.

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