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PROVA COMENTADA - ENEM 2010

2 - Prova Comentada - 2010

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  • Didatismo e Conhecimento 1

    prova ComentaDa - enem 2010

    PROVA DO PRIMEIRO DIACINCIAS HUMANAS E SUAS

    TECNOLOGIAS

    Questo 1 - AAntes, eram apenas as grandes cidades que se apresentavam

    como o imprio da tcnica, objeto de modificaes, suspenses, acrscimos, cada vez mais sofisticadas e carregadas de artifcio. Esse mundo artificial inclui, hoje, o mundo rural.

    SANTOS, M. A Natureza do Espao. So Paulo: Hucitec, 1996.

    Considerando a transformao mencionada no texto, uma consequncia socioespacial que caracteriza o atual mundo rural brasileiro

    a) a reduo do processo de concentrao de terras. b) o aumento do aproveitamento de solos menos frteis. c) a ampliao do isolamento do espao rural. d) a estagnao da fronteira agrcola do pas. e) a diminuio do nvel de emprego formal.

    ResoluoParalelamente ao desenvolvimento industrial urbano do

    Pas, a agropecuria passa a desempenhar funes fundamentais para a sociedade, notadamente: fornecer matriaprima para as indstrias, gerar empregos, fornecer combustveis, produzir alimentos. divisas cambiais via exportao, entre outras.

    O desenvolvimento tecnolgico da agricultura permite o uso de solos menos frteis que, anteriormente, se tornariam muito difcies, seno impossveis, de uma produo agrcola razovel. Como exemplo, pode-se citar a utilizao dos solos amaznicos, cuja baixa fertilidade comprovada e com a tecnologia tornaram-se produtivos. Tal fato tambm ocorreu com os solos laterticos do Cerrado

    Questo 2 - A

    O grfico representa a relao entre o tamanho e a totalidade dos imveis rurais no Brasil. Que caracterstica da estrutura fundiria brasileira est evidenciada no grfico apresentado?

    a) A concentraao de terras nas mos de poucos. b) A existncia de poucas terras agricultveis. c) O domnio territorial dos minifndios. d) A primazia da agricultura familiar. e) A debilidade dos plantations modernos.

    Resoluo estrutura fundiria a forma como esto organizadas

    as propriedades agrrias de um pas ou regio, isto , a classificao dos imveis rurais segundo o nmero, tamanho e distribuio social. A caracterstica da estrutura fundiria evidenciada pelo grfico a concentrao de terras na mo de poucos proprietrios, j que as propriedades com rea superior a 1.000 ha (os chamados latifndios) concentram 53% das terras agricultveis do Pas.

    Questo 3 - AA maioria das pessoas daqui era do campo. Vila Maria

    hoje exportadora de trabalhadores. Empresrios de Primavera do Leste, Estado de Mato Grosso, procuram o bairro de Vila Maria para conseguir mo de obra. gente indo distante daqui 300, 400 quilmetros para ir trabalhar, para ganhar sete conto por dia. (Carlito, 43 anos, maranhense, entrevistado em 22/03/98).

    Ribeiro, H. S. O migrante e a cidade: dilemas e conflitos. Araraquara: Wunderlich, 2001 (adaptado).

    O texto retrata um fenmeno vivenciado pela agricultura brasileira nas ltimas dcadas do sculo XX, consequncia

    a) dos impactos sociais da modernizao da agricultura. b) da recomposio dos salrios do trabalhador rural. c) da exigncia de qualificao do trabalhador rural. d) da diminuio da importncia da agricultura. e) dos processos de desvalorizao de reas rurais.

    ResoluoOcorre, portanto, a penetrao do capitalismo no campo,

    aumentando a mecanizao da lavoura, o que implica elevao da produtividade e necessidade de menos mo-de-obra, fator gerador de desemprego. Ocorre a valorizao das culturas mais lucrativas, especialmente aquelas de exportao, como soja e laranja, desvalorizando as culturas voltadas para a alimentao interna, como o feijo e milho.

    A questo retrata os impactos sociais que a modernizao da agricultura brasileira trouxe ao deslocar trabalhadores de alguns centros para outros em funo de trabalho, nem sempre formal. Tais impactos compreendem fatos como os enormes deslocamentos feitos pelos trabalhadores, os baixos salrios auferidos, a situao do subemprego.

    Questo 4 - BOs lixes so o pior tipo de disposio final dos resduos

    slidos de uma cidade, representando um grave problema ambiental e de sade pblica. Nesses locais, o lixo jogado diretamente no solo e a cu aberto, sem nenhuma norma de controle, o que causa, entre outros problemas, a contaminao do solo e das guas pelo chorume (lquido escuro com alta carga poluidora, proveniente da decomposio da matria orgnica presente no lixo).

    RICARDO, B.; CANPANILLI, M. Almanaque BrasilSocioambiental 2008.

    So Paulo, Instituto Socioambiental, 2007.

    Considere um municpio que deposita os resduos slidos produzidos por sua populao em um lixo. Esse procedimento considerado um problema de sade pblica porque os lixes

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    a) causam problemas respiratrios, devido ao mau cheiro que provm da decomposio.

    b) so locais propcios proliferao de vetores de doenas, alm de contaminarem o solo e as guas.

    c) provocam o fenmeno da chuva cida, devido aos gases oriundos da decomposio da matria orgnica.

    d) so instalados prximos ao centro das cidades, afetando toda a populao que circula diariamente na rea.

    e) so responsveis pelo desaparecimento das nascentes na regio onde so instalados, o que leva escassez de gua.

    ResoluoTal processo se intensifica quando os terrenos utilizados pelos

    lixes no sofrerem o devido processo da impermeabilizao, o que impediria a penetrao do chorume. Os lixes, locais onde as comunidades dos municpios depositam resduos dos mais diversos tipos, so propcios proliferao de vetores de doenas, alm de contaminarem os solos e as guas com o chamado chorume.

    Figura para as questes 5 e 6

    TEIXEIRA, W. et al. (Orgs). Decifrando a Terra. So Paulo: Companhia Editora Nacional, 2009.

    Questo 5 - AMuitos processos erosivos se concentram nas encostas,

    principalmente aqueles motivados pela gua e pelo vento. No entanto, os reflexos tambm so sentidos nas reas de baixada, onde geralmente h ocupao urbana. Um exemplo desses reflexos na vida cotidiana de muitas cidades brasileiras

    a) a maior ocorrncia de enchentes, j que os rios assoreados comportam menos gua em seus leitos.

    b) a contaminao da populao pelos sedimentos trazidos pelo rio e carregados de matria orgnica.

    c) o desgaste do solo nas reas urbanas, causado pela reduo do escoamento superficial pluvial na encosta.

    d) a maior facilidade de captao de gua potvel para o abastecimento pblico, j que maior o efeito do escoamento sobre a infiltrao.

    e) o aumento da incidncia de doenas como a amebase na populao urbana, em decorrncia do escoamento de gua poluda do topo das encostas.

    ResoluoUm dos principais problemas que afetam os rios,

    principalmente os que passam por grandes cidades, o assoreamento. Neste processo ocorre o acmulo de lixo, entulho e outros detritos no fundo dos rios.

    Com isso, o rio passa a suportar cada vez menos gua, provocando enchentes em pocas de grande quantidade de chuvas. Uma encosta desprotegida de sua vegetao, exposta eroso constante, alm da perda dos solos frteis com o voorocamento, colabora tambm no preenchimento dos vales dos rios com sedimentos, causando o que se chama de assoreamento, inviabilizando a utilizao dos rios e a vida aqutica, bem como intensificando os transbordamentos e as inundaes.

    Questo 6 - DO esquema representa um processo de eroso em encosta. Que

    prtica realizada por um agricultor pode resultar em acelerao desse processo?

    a) Plantio direto. b) Associao de culturas. c) de curvas de nvel. d) Arao do solo, do topo ao vale. e) Terraceamento na propriedade

    ResoluoArao ou arada o processo de revolver um terreno agrcola

    com um arado, equipamento mecnico tracionado. Sua finalidade descompactar a terra para um melhor desenvolvimento das raizes. Expe o subsolo ao do sol, ajudando a aumentar a temperatura e apressar o degelo. Tambm enterra restos de culturas agrcolas anteriores ou ervas daninhas porventura existentes. Melhora ainda a infiltrao de gua no solo. Foi uma das grandes invenes da humanidade, por permitir a produo de crescentes quantidades de alimentos e o estabelecimento de populaes estveis.A acelerao do processo de eroso pode ser intensificada pela arao do solo, do topo ao vale, pois toda a rea estar exposta ao intemperismo. Na arao do solo, ocorre o desmatamento, o qual desprotege o terreno, expondo-o a enxurradas que intensificaro enormemente a eroso.

    Questo 7 - CPensando nas correntes e prestes a entrar no brao que deriva

    da Corrente do Golfo para o norte, lembrei-me de um vidro de caf solvel vazio. Coloquei no vidro uma nota cheia de zeros, uma bola cor rosa-choque. Anotei a posio e data: Latitude 4949 N, Longitude 2349 W. Tampei e joguei na gua. Nunca imaginei que receberia uma carta com a foto de um menino noruegus, segurando a bolinha e a estranha nota.

    KLINK. A. Parati: entre dois polos. So Paulo: Companhia das Letras, 1998 (adaptado).

    No texto, o autor anota sua coordenada geogrfica, que a) a relao;/ que se estabelece entre as distncias representadas

    no mapa e as distncias reais da superfcie cartografada.b) o registro de que os paralelos so verticais e convergem

    para os polos, e os meridianos so crculos imaginrios, horizontais e equidistantes.

    c) a informao de um conjunto de linhas imaginrias que permitem localizar um ponto ou acidente geogrfico na superfcie terrestre.

    d) a latitude como distncia em graus entre um ponto e o Meridiano de Greenwich, e a longitude como a distncia em graus entre um ponto e o Equador.

    e) a forma de projeo cartogrfica, usada para navegao, onde os meridianos e paralelos distorcem a superfcie do planeta.

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    ResoluoAs coordenadas geogrficas so um sistema de linhas sobre

    o globo ou o mapa. As coordenadas geogrficas so os paralelos e os meridianos. Ao dispor a latitude (4949N) e a longitude (2349W), Amyr Klink forneceu um conjunto de linhas imaginrias que permitem localizar um ponto ou um acidente geogrfico na superfcie da Terra: as chamadas coordenadas geogrficas.

    Questo 8 - BA evoluo do processo de transformao de matrias-primas

    em produtos acabados ocorreu em trs estgios: artesanato, manufatura e maquinofatura.

    Um desses estgios foi o artesanato, em que sea) trabalhava conforme o ritmo das mquinas e de maneira

    padronizada.b) trabalhava geralmente sem o uso de mquinas e de modo

    diferente do modelo de produo em srie. c) empregavam fontes de energia abundantes para o

    funcionamento das mquinas. d) realizava parte da produo por cada operrio, com uso de

    mquinas e trabalho assalariado. e) faziam interferncias do processo produtivo por tcnicos e

    gerentes com vistas a determinar o ritmo de produo.

    ResoluoA substituio das ferramentas pelas mquinas, da energia

    humana pela energia motriz e do modo de produo domstico pelo sistema fabril constituiu a Revoluo Industrial; revoluo, em funo do enorme impacto sobre a estrutura da sociedade, num processo de transformao acompanhado por notvel evoluo tecnolgica.

    A Revoluo Industrial aconteceu na Inglaterra na segunda metade do sculo XVIII e encerrou a transio entre feudalismo e capitalismo, a fase de acumulao primitiva de capitais e de preponderncia do capital mercantil sobre a produo. Completou ainda o movimento da revoluo burguesa iniciada na Inglaterra no sculo XVII. Durante a evoluo da chamada Revoluo Industrial, um dos primeiros estgios do processo foi o artesanato, quando o operrio trabalhava geralmente sem o uso de mquinas e no havia produo em srie (uma caracterstica que iria ocorrer no perodo fordista de produo). O trabalho era pouco organizado e com baixa produtividade.

    Questo 9 - AO G-20 o grupo que rene os pases do G-7, os mais

    industrializados do mundo (EUA, Japo, Alemanha, Frana, Reino Unido, Itlia e Canad), a Unio Europeia e os principais emergentes (Brasil, Rssia, ndia, China, frica do Sul, Arbia Saudita, Argentina, Austrlia, Coreia do Sul, Indonsia, Mxico e Turquia). Esse grupo de pases vem ganhando fora nos fruns internacionais de deciso e consulta.

    ALLAN. R. Crise global. Dsponivel em:http://conteudoclippingmp.planejamento.gov.br.

    Acesso em: 31 jul. 2010.

    Entre os pases emergentes que formam o G-20, esto os chamados BRIC (Brasil, Rssia, ndia e China), termo criado em 2001 para referir-se aos pases que

    a) apresentam caractersticas econmicas promissoras para as prximas dcadas.

    b) possuem base tecnolgica mais elevada. c) apresentam ndices de igualdade social e econmica mais

    acentuados. d) apresentam diversidade ambiental suficiente para

    impulsionar a economia global. e) possuem similaridades culturais capazes de alavancar a

    economia mundial.

    ResoluoOs pases considerados emergentes so pases

    subdesenvolvidos que ultimamente alcanaram destaque econmico pelo crescimento industrial e pela crescente exportaes de seus produtos. So destacados nessa categoria o BRIC (Brasil,Rssia, ndia , China) , alm de outros como a frica do Sul por exemplo , bem como Chile Mxico e os Tigres asiticos . no caso tambm o G-20. A partir da ltima dcada do sculo XX, alguns pases lograram obter um destacado grau de crescimento, o que levou alguns economistas a cham-los pases emergentes. Entre eles, destacam-se os BRICs, que emergiram da crise econmico-financeira de 2008 com uma situao econmica sustentvel a tal ponto que permite prever desenvolvimento promissor para as prximas dcadas.

    Questo 10 - CA serraria construa ramais ferrovirios que adentravam

    as grandes matas, onde grandes locomotivas com guindastes e correntes gigantescas de mais de 100 metros arrastavam, para as composies de trem, as toras que jaziam abatidas por equipes de trabalhadores que anteriormente passavam pelo local. Quando o guindaste arrastava as grandes toras em direo composio de trem, os ervais nativos que existiam em meio s matas eram destrudos por este deslocamento.

    MACHADO P. P. Lideranas do Contestado. Campinas: Unicamp. 2004 (adaptado).

    No incio do sculo XX, uma srie de empreendimentos capitalistas chegou regio do meio-oeste de Santa Catarina ferrovias, serrarias e projetos de colonizao. Os impactos sociais gerados por esse processo esto na origem da chamada Guerra do Contestado. Entre tais impactos, encontrava-se

    a) a absoro dos trabalhadores rurais como trabalhadores da serraria, resultando em um processo de xodo rural.

    b) o desemprego gerado pela introduo das novas mquinas, que diminuam a necessidade de mo de obra.

    c) a desorganizao da economia tradicional, que sustentava os posseiros e os trabalhadores rurais da regio.

    d) a diminuio do poder dos grandes coronis da regio, que passavam disputar o poder poltico com os novos agentes.

    e) o crescimento dos conflitos entre os operrios em pregados nesses empreendimentos e os seus pro-prietrios, ligados ao capital internacional.

    ResoluoA chamada Guerra do Contestado, foi um conflito armado

    que ocorreu na regio Sul do Brasil, entre outubro de 1912 e agosto de 1916. O conflito envolveu cerca de 20 mil camponeses que enfrentaram foras militares dos poderes federal e estadual.

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    Ganhou o nome de Guerra do Contestado, pois os conflitos ocorrem numa rea de disputa territorial entre os estados do Parar e Santa Catarina., teve sua origem na desestabilizao dos ncleos camponeses existente na regio, provocada pelo projeto de construir uma ferrovia que atravessasse a Mata da Araucria. Esse empreendimento, proposto ao governo brasileiro pelo empresrio norte-americano Percival Farquar, vinha causando uma devastao dos ervais nativos que serviam de base para a economia local.

    Questo 11 - B

    TEIXEIRA, W. et. al. (Orgs.) Decifrando a Terra. So Paulo: Companhia Editora Nacional, 2009 (adaptado).

    O esquema mostra depsitos em que aparecem fsseis de animais do Perodo Jurssico. As rochas em que se encontram esses fsseis so

    a) magmticas, pois a ao de vulces causou as maiores extines desses animais j conhecidas ao longo da histria terrestre.

    b) sedimentares, pois os restos podem ter sido soterrados e litificados com o restante dos sedimentos.

    c) magmticas, pois so as rochas mais facilmente erodidas, possibilitando a formao de tocas que foram posteriormente lacradas.

    d) sedimentares, j que cada uma das camadas encontradas na figura simboliza um evento de eroso dessa rea representada.

    e) metamrficas, pois os animais representados preci-savam estar perto de locais quentes.

    ResoluoRocha sedimentar um tipo de rocha das mais abundantes

    na superfcie de nosso planeta. So denominadas rochas sedimentares por serem constitudas de sedimentos, que so as inmeras partculas de rocha, lama, matria orgnica, podendo at mesmo possuir em sua composio restos corpreos de vegetais e animais. medida que os rpteis iam morrendo ao longo do Perodo Jurssico, seus restos iam-se depositando no fundo de vales e depsitos de sedimentos que se formaram em camadas (a estratificao) e permitiram, por um processo fsico-qumico, mant-los como fsseis.

    Questo 12 - EA Inglaterra pedia lucros e recebia lucros, Tudo se transformava

    em lucro. As cidades tinham sua sujeira lucrativa, suas favelas lucrativas, sua fumaa lucrativa, sua desordem lucrativa, sua ignorncia lucrativa, seu desespero lucrativo. As novas fbricas e os novos altos-fornos eram como as Pirmides, mostrando mais a escravizao do homem que seu poder.

    DEANE, P. A Revoluo Industrial. Rio de Janeiro: Zahar, 1979 (adaptado).

    Qual relao estabelecida no texto entre os avanos tecnolgicos ocorridos no contexto da Revoluo Industrial Inglesa e as caractersticas das cidades industriais no incio do sculo XIX?

    a) A facilidade em se estabelecerem relaes lucrativas transformava as cidades em espaos privilegiados para a livre iniciativa, caracterstica da nova sociedade capitalista.

    b) O desenvolvimento de mtodos de planejamento urbano aumentava a eficincia do trabalho industrial.

    c) A construo de ncleos urbanos integrados por meios de transporte facilitava o deslocamento dos trabalhadores das periferias at as fbricas.

    d) A grandiosidade dos prdios onde se localizavam as fbricas revelava os avanos da engenharia e da arquitetura do perodo, transformando as cidades em locais de experimentao esttica e artstica.

    e) O alto nvel de explorao dos trabalhadores industriais ocasionava o surgimento de aglomerados urbanos marcados por pssimas condies de moradia, sade e higiene.

    ResoluoComea na Inglaterra, em meados do sculo XVIII.

    Caracteriza-se pela passagem da manufatura indstria mecnica. A introduo de mquinas fabris multiplica o rendimento do trabalho e aumenta a produo global. A Inglaterra adianta sua industrializao em 50 anos em relao ao continente europeu e sai na frente na expanso colonial. O desenvolvimento acelerado das primeiras fases da Revoluo Industrial, a partir do sculo XVIII, causou o crescimento assombroso e catico das cidades, fazendo surgir favelas e poluio, e colaborando com as pssimas condies de moradia, sade e higiene. Observe-se que a alternativa A est correta, mas insere-se em menor proporo no contexto descrito pelo cabealho, coisa que a alternativa E melhor faz.

    Questo 13 - CAs secas e o apelo econmico da borracha produto que

    no final do sculo XIX alcanava preos altos nos mercados internacionais motivaram a movimentao de massas humanas oriundas do Nordeste do Brasil para o Acre. Entretanto, at o incio do sculo XX, essa regio pertencia Bolvia, embora a maioria da sua populao fosse brasileira e no obedecesse autoridade boliviana.

    Para reagir presena de brasileiros, o governo de La Paz negociou o arrendamento da regio a uma entidade internacional, o Bolivian Syndicate, iniciando violentas disputas dos dois lados da fronteira. O conflito s terminou em 1903, com a assinatura do Tratado de Petrpolis, pelo qual o Brasil comprou o territrio por 2 milhes de libras esterlinas.

    DISPONVEL em: www.mre.gov.br.Acesso em: 03 nov. 2008 (adaptado)

    Compreendendo o contexto em que ocorreram os fatos apresentados, o Acre tornou-se parte do territrio nacional brasileiro

    a) pela formalizao do Tratado de Petrpolis, que indenizava o Brasil pela sua anexao.

    b) por meio do auxlio do Bolivian Syndicate aos emigrantes brasileiros na regio.

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    c) devido crescente emigrao de brasileiros que exploravam os seringais.

    d) em funo da presena de inmeros imigrantes estrangeiros na regio.

    e) pela indenizao que os emigrantes brasileiros pagaram Bolvia.

    ResoluoAt o incio do sculo XX o Acre pertencia Bolvia.

    Porm, desde o princpio do sculo XIX, grande parte de sua populao era de brasileiros que exploravam seringais e que, na prtica, acabaram criando um territrio independente. Em 1899, os bolivianos tentaram assegurar o controle da rea, mas os brasileiros se revoltaram e houve confrontos fronteirios, gerando o episdio que ficou conhecido como a Revoluo Acreana. Em 17 de novembro de 1903, com a assinatura do Tratado de Petrpolis, o Brasil recebeu a posse definitiva da regio.

    A compra do Acre pelo Brasil faz parte da poltica de prestgio implementada pelo baro do Rio Branco (ministro das Relaes Exteriores de 1902 a 1912), a qual procurava dar ao Brasil uma posio de primazia na Amrica do Sul. Dentro dessa perspectiva, era crucial que o governo brasileiro protegesse seus cidados estabelecidos em territrio da Bolvia, os quais j haviam pegado em armas contra o exrcito boliviano, tendo chegado a proclamar, em 1901, o Estado Independente do Acre.

    Questo 14 - A Coube aos Xavante e aos Timbira, povos indgenas do

    Cerrado, um recente e marcante gesto simblico: a realizao de sua tradicional corrida de toras (de buriti) em plena Avenida Paulista (SP), para denunciar o cerco de suas terras e a degradao de seus entornos pelo avano do agronegcio.

    RICARDO, B.; RICARDO, F. Povos indgenas do Brasil: 2001-2005.

    So Paulo: Instituto Socioambiental, 2006 (adaptado).

    A questo indgena contempornea no Brasil evidencia a relao dos usos socioculturais da terra com os atuais problemas socioambientais, caracterizados pelas tenses entre

    a) a expanso territorial do agronegcio, em especial nas regies Centro-Oeste e Norte, e as leis de proteo indgena e ambiental.

    b) os grileiros articuladores do agronegcio e os povos indgenas pouco organizados no Cerrado.

    c) as leis mais brandas sobre o uso tradicional do meio ambiente e as severas leis sobre o uso capitalista do meio ambiente.

    d) os povos indgenas do Cerrado e os polos econmicos representados pelas elites industriais paulistas.

    e) o campo e a cidade no Cerrado, que faz com que as terras indgenas dali sejam alvo de invases urbanas.

    ResoluoA questo faz referncia s tenses entre, de um lado,

    a expanso do agronegcio por reas do Cerrado e, mais recentemente, por reas da floresta, no sul e no leste da Amaznia, e, do outro lado, as leis que deveriam proteger florestas e comunidades indgenas. O poder poltico v-se dividido entre interesses relacionados balana comercial e o dever de proteger o patrimnio cultural e ambiental.

    Questo 15 - CNo dia 28 de fevereiro de 1985, era inaugurada a Estrada de

    Ferro Carajs, pertencente e diretamente operada pela Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), na regio Norte do pas, ligando o interior ao principal porto da regio, em So Lus. Por seus, aproximadamente, 900 quil-metros de linha, passam, hoje, 5353 vages e 100 loco-motivas.

    Dsponivel em: http://www.transportes.gov.br. Acesso em 27 jul.2010 (adaptado).

    A ferrovia em questo de extrema importncia para a logstica do setor primrio da economia brasileira, em especial para pores dos estados do Par e Maranho. Um argumento que destaca a importncia estratgica dessa poro do territrio a

    a) produo de energia para as principais reas industriais do pas.

    b) produo sustentvel de recursos minerais no metlicos. c) capacidade de produo de minerais metlicos. d) logstica de importao de matrias-primas industriais. e) produo de recursos minerais energticos.

    ResoluoA construo da Estrada de Ferro dos Carajs, inaugurada

    em 1985, liga a Serra dos Carajs, no Sudeste do Par ao Porto de Itaqui no Maranho sendo utilizada para o transporte de passageiros e minrios (principalmente o minrio de ferro). est dentro do contexto do desenvolvimento econmico estabelecido durante o perodo militar. Esse se baseava na explorao e na produo de minerais metlicos, como ferro e mangans, tanto com o objetivo de obter fontes de renda, como gerar recursos para cobrir os emprstimos contrados para desenvolver obras de infraestrutura.

    Questo 16 - EO Imprio Inca, que corresponde principalmente aos

    territrios da Bolvia e do Peru, chegou a englobar enorme contingente populacional. Cuzco, a cidade sagrada, era o centro administrativo, com uma sociedade fortemente estratificada e composta por imperadores, nobres, sacerdotes, funcionrios do governo, artesos, camponeses, escravos e soldados. A religio contava com vrios deuses, e a base da economia era a agricultura. principalmente o cultivo da batata e do milho.

    A principal caracterstica da sociedade inca era aa) ditadura teocrtica, que igualava a todos. b) existncia da igualdade social e da coletivizao da terra. c) estrutura social desigual compensada pela coletivizao

    de todos os bens. d) existncia de mobilidade social, o que levou composio

    da elite pelo mrito. e) impossibilidade de se mudar de extrato social e a

    existncia de uma aristocracia hereditria.

    ResoluoA sociedade inca caracterizava-se por trs grandes grupos

    sociais. No pice da pirmide temos o grande Inca o qual realizava o culto ao Sol. Os sacerdotes eram responsveis por sacrifcios, adivinhaes e tambm pela educao de jovens nobres.

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    Em seguida vinham os nobres que geralmente eram membros da famlia do Inca, ou descendentes dos chefes de cls que passaram a integrar o imprio. Foram chamados de orejones pelos espanhis porque usavam olhereiras. A sociedade incaica era estamental, o que fazia do nascimento o elemento definidor da posio social. Nessa estrutura fortemente hierarquizada, as funes administrativas e guerreiras eram monopolizadas por uma aristocracia hereditria que sustentava o poder teocrtico do Sapa Inca (imperador, considerado Filho do Sol).

    Questo 17 - BOs vestgios dos povos Tupi-guarani encontram-se desde as

    Misses e o rio da Prata, ao sul, at o Nordeste, com algumas ocorrncias ainda mal conhecidas no sul da Amaznia. A leste, ocupavam toda a faixa litornea, desde o Rio Grande do Sul at o Maranho. A oeste, aparecem (no rio da Prata) no Paraguai e nas terras baixas da Bolvia. Evitam as terras inundveis do Pantanal e marcam sua presena discretamente nos cerrados do Brasil central. De fato, ocuparam, de preferncia, as regies de floresta tropical e subtropical.

    PROUS. A. O Brasil antes dos brasileiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. Editor, 2005.

    Os povos indgenas citados possuam tradies culturais especficas que os distinguiam de outras sociedades indgenas e dos colonizadores europeus. Entre as tradies tupi-guarani, destacava-se

    a) a organizao em aldeias politicamente independentes, dirigidas por um chefe, eleito pelos indivduos mais velhos da tribo.

    b) a ritualizao da guerra entre as tribos e o carter semissedentrio de sua organizao social.

    c) a conquista de terras mediante operaes militares, o que permitiu seu domnio sobre vasto territrio.

    d) o carter pastoril de sua economia, que prescindia da agricultura para investir na criao de animais.

    e) o desprezo pelos rituais antropofgicos praticados em outras sociedades indgenas.

    ResoluoAs sociedades indgenas tupis e guaranis eram distintas das

    demais justamente pela prtica da agricultura, alm de serem coletoras, o que lhes permitiu organizaes semissedentrias.

    Questo 18 - BA usina hidreltrica de Belo Monte ser construda no rio

    Xingu, no municpio de Vitria de Xingu, no Par. A usina ser a terceira maior do mundo e a maior totalmente brasileira, com capacidade de 11,2 mil megawatts. Os ndios do Xingu tomam a paisagem com seus cocares, arcos e flechas. Em Altamira, no Par, agricultores fecharam estradas de uma regio que ser inundada pelas guas da usina.

    BACOCCINA, D. QUEIROZ, G.: BORGES, R. Fim do leilo, comeo da confuso.

    Isto Dinheiro. Ano 13, n.o 655, 28 abri 2010 (adaptado).

    Os impasses, resistncias e desafios associados construo da Usina Hidreltrica de Belo Monte esto relacionados

    a) ao potencial hidreltrico dos rios no norte e nordeste quando comparados s bacias hidrogrficas das regies Sul, Sudeste e Centro-Oeste do pas.

    b) necessidade de equilibrar e compatibilizar o investimento no crescimento do pas com os esforos para a conservao ambiental.

    c) grande quantidade de recursos disponveis para as obras e escassez dos recursos direcionados para o pagamento pela desapropriao das terras.

    d) ao direito histrico dos indgenas posse dessas terras e ausncia de reconhecimento desse direito por parte das empreiteiras.

    e) ao aproveitamento da mo de obra especializada dispo-nvel na regio Norte e o interesse das construtoras na vinda de profissionais do Sudeste do pas.

    ResoluoNa fase desenvolvimentista do perodo militar, adotavam-se

    medidas que se consideravam plausveis para o desenvolvimento, sem maiores consultas s partes sociais interessadas. Hoje em dia, vrios atores sociais dialogam e se confrontam pelos mais diversos interesses. Assim, a instalao de uma usina hidroeltrica do porte de Belo Monte envolve diversos interesses e mostra a necessidade de equilibrar e compatibilizar o investimento no crescimento do Pas com os esforos para conservao ambiental.

    Questo 19 - COs tropeiros foram figuras decisivas na formao de vilarejos

    e cidades do Brasil colonial. A palavra tropeiro vem de tropa que, no passado, se referia ao conjunto de homens que transportava gado e mercadoria. Por volta do sculo XVIII, muita coisa era levada de um lugar a outro no lombo de mulas. O tropeirismo acabou associado atividade mineradora, cujo auge foi a explorao de ouro em Minas Gerais e, mais tarde, em Gois. A extrao de pedras preciosas tambm atraiu grandes contingentes populacionais para as novas reas e, por isso, era cada vez mais necessrio dispor de alimentos e produtos bsicos. A alimentao dos tropeiros era constituda por toucinho, feijo preto, farinha, pimenta-do-reino, caf, fub e coit (um molho de vinagre com fruto custico espremido). Nos pousos, os tropeiros comiam feijo quase sem molho com pedaos de carne de sol e toucinho, que era servido com farofa e couve picada. O feijo tropeiro um dos pratos tpicos da cozinha mineira e recebe esse nome porque era preparado pelos cozinheiros das tropas que conduziam o gado.

    Disponvel em http://www.tribunadoplanalto.com.br.Acesso em: 27 nov. 2008.

    A criao do feijo tropeiro na culinria brasileira est relacionada

    a) atividade comercial exercida pelos homens que trabalhavam nas minas.

    b) atividade culinria exercida pelos moradores cozinheiros que viviam nas regies das minas.

    c) atividade mercantil exercida pelos homens que transportavam gado e mercadoria.

    d) atividade agropecuria exercida pelos tropeiros que necessitavam dispor de alimentos.

    e) atividade mineradora exercida pelos tropeiros no auge da explorao do ouro.

  • Didatismo e Conhecimento 7

    prova ComentaDa - enem 2010

    ResoluoTropeiro a designao dada aos condutores de tropas, assim

    designadas as comitivas de muares, e cavalos entre as regies de produo e os centros consumidores, a partir do sculo XVII no Brasil pelos Bandeirantes. Mais ao sul do Brasil, tambm so conhecidos como carreteiros, pelas carretas com as quais trabalhavam.Trata-se de uma questo que exige habilidade de inteleco de texto por parte do candidato, utilizando a temtica da histria da alimentao, associada ao tropeirismo.

    Questo 20 - CI Para consolidar-se como governo, a Repblica precisava

    eliminar as arestas, conciliar-se com o passado monarquista, incorporar distintas vertentes do republicanismo. Tiradentes no deveria ser visto como heri republicano radical, mas sim como heri cvico-religioso, como mrtir, integrador, portador da imagem do povo inteiro.

    CARVALHO, J. M. C. A formao das almas:O imaginrio da Repblica no Brasil.

    So Paulo: Companhia das Letras, 1990.

    I Ei-lo, o gigante da praa, / O Cristo da multido! Tiradentes quem passa / Deixem passar o Tito.

    ALVES, C. Gonzaga ou a revoluo de Minas. In: CARVALHO. J. M. C. A formao das almas: O imaginrio da

    Repblica no Brasil. So Paulo: Companhia das Letras, 1990.

    A 1.a Repblica brasileira, nos seus primrdios, precisava constituir uma figura heroica capaz de congregar diferenas e sustentar simbolicamente o novo regime. Optando pela figura de Tiradentes, deixou de lado figuras como Frei Caneca ou Bento Gonalves. A transformao do inconfidente em heri nacional evidencia que o esforo de construo de um simbolismo por parte da Repblica estava relacionado

    a) ao carter nacionalista e republicano da Inconfidncia, evidenciado nas ideias e na atuao de Tiradentes.

    b) identificao da Conjurao Mineira como o movimento precursor do positivismo brasileiro.

    c) ao fato de a proclamao da Repblica ter sido um movimento de poucas razes populares, que precisava de legitimao.

    d) semelhana fsica entre Tiradentes e Jesus, que proporcionaria, a um povo catlico como o brasileiro, uma fcil identificao.

    e) ao fato de Frei Caneca e Bento Gonalves terem liderado movimentos separatistas no Nordeste e no Sul do pas.

    ResoluoA Proclamao da Repblica Brasileira foi um episdio

    da histria do Brasil, ocorrido em 15 de novembro de 1889, que instaurou o regime republicano no Brasil, derrubando a monarquia do Imprio do Brasil, pondo fim soberania do Imperador Dom Pedro II. A alternativa C, alm de corroborar o texto de Jos Murilo de Carvalho, se justifica pelo fato de a Monarquia haver cado por obra de um mero golpe militar, sem participao mais expressiva da populao (O povo assistiu bestializado proclamao da Repblica, segundo Aristides Lobo). Obs.: A alternativa A s no pode ser considerada correta porque o termo nacionalista extrapola o mbito da Inconfidncia Mineira. E a alternativa E, embora historicamente correta, no se aplica ao contexto da questo, pois no focaliza a figura de Tiradentes.

    Questo 21 - BNegro, filho de escrava e fidalgo portugus, o baiano Luiz

    Gama fez da lei e das letras suas armas na luta pela liberdade. Foi vendido ilegalmente como escravo pelo seu pai para cobrir dvidas de jogo. Sabendo ler e escrever, aos 18 anos de idade conseguiu provas de que havia nascido livre. Autodidata, advogado sem diploma, fez do direito o seu ofcio e transformou-se, em pouco tempo, em proeminente advogado da causa abolicionista.

    AZEVEDO, E. O Orfeu de carapinha. In: Revista de Histria. Ano 1, n.o 3. Rio de Janeiro:

    Biblioteca Nacional, jan. 2004 (adaptado).

    A conquista da liberdade pelos afro-brasileiros na segunda metade do sc. XIX foi resultado de importantes lutas sociais condicionadas historicamente. A biografia de Luiz Gama exemplifica a

    a) impossibilidade de ascenso social do negro forro em uma sociedade escravocrata, mesmo sendo alfabetizado.

    b) extrema dificuldade de projeo dos intelectuais negros nesse contexto e a utilizao do Direito como canal de luta pela liberdade.

    c) rigidez de uma sociedade, assentada na escravido, que inviabilizava os mecanismos de ascenso social.

    d) possibilidade de ascenso social, viabilizada pelo apoio das elites dominantes, a um mestio filho de pai portugus.

    e) troca de favores entre um representante negro e a elite agrria escravista que outorgara o direito advocatcio ao mesmo.

    ResoluoAlternativa escolhida por eliminao, pois d a entender que

    existia um nmero significativo de intelectuais afrodescendentes cujas possibilidades de ascenso foram cerceadas pelos preconceitos da sociedade brasileira na Colnia e no Imprio. Ora, essa ilao improcedente, pois figuras como o Aleijadinho, Mestre Valentim, os compositores Domingos Caldas Barbosa e Jos Maurcio Garcia, os engenheiros Teodoro Sampaio e Andr Rebouas, o jornalista Jos do Patrocnio e o prprio Luis Gama demonstram que suas qualidades intelectuais quando se destacavam eram reconhecidas. Em relao importncia do Direito como arma na luta pela liberdade, a alternativa confirma o enunciado.

    Questo 22 - DSubstitui-se ento uma histria crtica, profunda, por uma

    crnica de detalhes onde o patriotismo e a bravura dos nossos soldados encobrem a vilania dos motivos que levaram a Inglaterra a armar brasileiros e argentinos para a destruio da mais gloriosa repblica que j se viu na Amrica Latina, a do Paraguai.

    CHIAVENATTO, J. J. Genocdio americano: A Guerra do Paraguai. So Paulo: Brasiliense, 1979 (adaptado).

    O imperialismo ingls, destruindo o Paraguai, mantm o status quo na Amrica Meridional, impedindo a ascenso do seu nico Estado economicamente livre. Essa teoria conspiratria vai contra a realidade dos fatos e no tem provas documentais. Contudo essa teoria tem alguma repercusso.

    (DORATIOTO. F. Maldita guerra: nova histria da Guerra do Paraguai.

    So Paulo: Cia. das Letras, 2002 (adaptado).

  • Didatismo e Conhecimento 8

    prova ComentaDa - enem 2010

    Uma leitura dessas narrativas divergentes demonstra que ambas esto refletindo sobre

    a) a carncia de fontes para a pesquisa sobre os reais motivos dessa Guerra.

    b) o carter positivista das diferentes verses sobre essa Guerra.

    c) o resultado das intervenes britnicas nos cenrios de batalha.

    d) a dificuldade de elaborar explicaes convincentes sobre os motivos dessa Guerra.

    e) o nvel de crueldade das aes do exrcito brasileiro e argentino durante o conflito.

    ResoluoA Guerra do Paraguai foi o maior conflito armado

    internacional ocorrido na Amrica do Sul. Ela foi travada entre o Paraguai e a Trplice Aliana, composta por Brasil, Argentina e Uruguai. A guerra estendeu-se de dezembro de 1864 a maro de 1870. tambm chamada Guerra da Trplice Aliana (Guerra de la Triple Alianza), na Argentina e Uruguai, e de Guerra Grande, no Paraguai.Os textos citados sobre as causas da Guerra do Paraguai mostram o antagonismo entre uma interpretao ideolgica (a primeira) e outra mais cientfica, embasada em documentos.

    Questo 23 - CQuem construiu a Tebas de sete portas? Nos livros esto

    nomes de reis.Arrastaram eles os blocos de pedra?E a Babilnia vrias vezes destruda. Quem a reconstruiu

    tantas vezes?Em que casas da Lima dourada moravam os construtores?Para onde foram os pedreiros, na noite em que a Muralha da

    China ficou pronta?A grande Roma est cheia de arcos do triunfo. Quem os

    ergueu? Sobre quem triunfaram os csares?BRECHT, B. Perguntas de um trabalhador que l.

    Disponvel em: http://recantodasletras.uol.com.br. Acesso em:28 abr. 2010.

    Partindo das reflexes de um trabalhador que l um livro de Histria, o autor censura a memria construda sobre determinados monumentos e acontecimentos histricos. A crtica refere-se ao fato de que

    a) os agentes histricos de uma determinada sociedade deveriam ser aqueles que realizaram feitos heroicos ou grandiosos e, por isso, ficaram na memria.

    b) a Histria deveria se preocupar em memorizar os nomes de reis ou dos governantes das civilizaes que se desenvolveram ao longo do tempo.

    c) grandes monumentos histricos foram construdos por trabalhadores, mas sua memria est vinculada aos governantes das sociedades que os construram.

    d) os trabalhadores consideram que a Histria uma cincia de difcil compreenso, pois trata de sociedades antigas e distantes no tempo.

    e) as civilizaes citadas no texto, embora muito importantes, permanecem sem terem sido alvos de pesquisas histricas.

    ResoluoA alternativa constitui uma interpretao do texto de Brecht,

    um dramaturgo marxista que incorpora a tese de que a Histria deveria priorizar o papel das massas em vez de glorificar os governantes.

    Questo 24 - DAs runas do povoado de Canudos, no serto norte da Bahia,

    alm de significativas para a identidade cultural, dessa regio, so teis s investigaes sobre a Guerra de Canudos e o modo de vida dos antigos revoltosos.

    Essas runas foram reconhecidas como patrimnio cultural material pelo Iphan (Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional) porque renem um conjunto de

    a) objetos arqueolgicos e paisagsticos. b) acervos museolgicos e bibliogrficos. c) ncleos urbanos e etnogrficos d) prticas e representaes de uma sociedade. e) expresses e tcnicas de uma sociedade extinta.

    ResoluoGuerra dos Canudos, foi o confronto entre o Exrcito

    Brasileiro e integrantes de um movimento popular de fundo scio-religioso liderado por Antnio Conselheiro, que durou de 1896 a 1897, na ento comunidade de Canudos, no interior do estado da Bahia, no nordeste do Brasil. O Arraial de Canudos abrigou uma sociedade que, alm de incorporar as caractersticas da cultura sertaneja nordestina, apresentou prticas e representaes peculiares, decorrentes de sua religiosidade exacerbada e da liderana messinica exercida por Antonio Conselheiro.

    Questo 25 - CEm 2008 foram comemorados os 200 anos da mudana da

    famlia real portuguesa para o Brasil, onde foi instalada a sede do reino. Uma sequncia de eventos importantes ocorreu no perodo 1808-1821, durante os 13 anos em que D. Joo VI e a famlia real portuguesa permaneceram no Brasil.

    Entre esses eventos, destacam-se os seguintes: Bahia 1808: Parada do navio que trazia a famlia real

    portuguesa para o Brasil, sob a proteo da marinha britnica, fugindo de um possvel ataque de Napoleo.

    Rio de Janeiro 1808: desembarque da famlia real portuguesa na cidade onde residiriam durante sua permanncia no Brasil.

    Salvador 1810: D. Joo VI assina a carta rgia de abertura dos portos ao comrcio de todas as naes amigas, ato antecipadamente negociado com a Inglaterra em troca da escolta dada esquadra portuguesa.

    Rio de Janeiro 1816: D. Joo VI torna-se rei do Brasil e de Portugal, devido morte de sua me, D. Maria I.

    Pernambuco 1817: As tropas de D. Joo VI sufocam a revoluo republicana.

    GOMES. L. 1808: como uma rainha louca, um prncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleo e

    mudaram a histria de Portugal e do Brasil. So Paulo:Editora Planeta, 2007 (adaptado)

  • Didatismo e Conhecimento 9

    prova ComentaDa - enem 2010

    Uma das consequncias desses eventos foia) a decadncia do imprio britnico, em razo do contrabando

    de produtos ingleses atravs dos portos brasileiros,b) o fim do comrcio de escravos no Brasil, porque a

    Inglaterra decretara, em 1806, a proibio do trfico de escravos em seus domnios.

    c) a conquista da regio do rio da Prata em represlia aliana entre a Espanha e a Frana de Napoleo.

    d) a abertura de estradas, que permitiu o rompimento do isolamento que vigorava entre as provncias do pas, o que dificultava a comunicao antes de 1808.

    e) o grande desenvolvimento econmico de Portugal aps a vinda de D. Joo VI para o Brasil, uma vez que cessaram as despesas de manuteno do rei e de sua famlia.

    ResoluoA conquista da chamada banda oriental (margem

    esquerda dos Rios Uruguai e da Prata) ocorreu em um momento no qual a Espanha, ento sob o governo de Jos Bonaparte, e a Frana napolenica inimiga de Portugal eram aliadas. A regio seria anexada ao Brasil em 1821, com o nome de Provncia Cisplatina, era o nome dado a uma regio situada ao sul do atual Brasil, e que fazia parte do Vice-reinado do Prata (do Reino de Espanha) e que fora incorporada ao Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves em 1821. Os argentinos reivindicavam-na como parte do antigo Vice-reinado do Prata. O Imprio do Brasil a mantinha como necessria para a defesa das provncias do Sul. A desanexao ocorreu em 1828, com a independncia do territrio que formou a Repblica Oriental do Uruguai.

    Obs.: A carta-rgia com que D. Joo abriu os portos brasileiros ao comrcio das naes amigas foi assinada em 28 de janeiro de 1808 na cidade de Salvador, onde o navio que conduzia o prncipe-regente, desgarrado da frota principal, aportara dias antes. Os demais membros da Famlia Real portuguesa, transportados em barcos distintos, desembarcaram diretamente no Rio de Janeiro.

    Questo 26 - DO artigo 402 do Cdigo penal Brasileiro de 1890 dizia: Fazer

    nas ruas e praas pblicas exerccios de agilidade e destreza corporal, conhecidos pela denominao de capoeiragem: andar em correrias, com armas ou instrumentos capazes de produzir uma leso corporal, provocando tumulto ou desordens.

    Pena: Priso de dois a seis meses.

    SOARES, C. E. L. A Negregada instituio: os capoeiras no Rio de Janeiro: 1850-1890. Rio de Janeiro: Secretaria

    Municipal de Cultura, 1994 (adaptado).

    O artigo do primeiro Cdigo Penal Republicano naturaliza medidas socialmente excludentes. Nesse contexto, tal regulamento expressava

    a) a manuteno de parte da legislao do Imprio com vistas ao controle da criminalidade urbana.

    b) a defesa do retorno do cativeiro e escravido pelos primeiros governos do perodo republicano.

    c) o carter disciplinador de uma sociedade industrializada, desejosa de um equilbrio entre progresso e civilizao.

    d) a criminalizao de prticas culturais e a persistncia de valores que vinculavam certos grupos ao passado de escravido.

    e) o poder do regime escravista, que mantinha os negros como categoria social inferior, discriminada e segregada.

    ResoluoA alternativa endossa a capoeira, desenvolvida pelos

    afrodescendentes, como manifestao cultural, embora tambm visasse autodefesa de seus praticantes. Nessa linha de interpretao, as punies impostas pelo Cdigo Penal Republicano tinham no apenas carter repressivo, mas tambm objetivavam a excluso social de uma expressiva parcela da populao.

    Questo 27 - CA poltica foi, inicialmente, a arte de impedir as pessoas de se

    ocuparem do que lhes diz respeito. Posteriormente, passou a ser a arte de compelir as pessoas a decidirem sobre aquilo de que nada entendem.

    VALRY, P. Cadernos. Apud BENEVIDES, M. V. M.A cidadania ativa. So Paulo: tica, 1996.

    Nessa definio, o autor entende que a histria da poltica est dividida em dois momentos principais: um primeiro, marcado pelo autoritarismo excludente, e um segundo, caracterizado por uma democracia incompleta.

    Considerando o texto, qual o elemento comum a esses dois momentos da histria poltica?

    a) A distribuio equilibrada do poder. b) O impedimento da participao popular. c) O controle das decises por uma minoria. d) A valorizao das opinies mais competentes. e) A sistematizao dos processos decisrios.

    ResoluoSegundo o autor, as decises polticas sempre so tomadas

    por uma minoria: a princpio, porque a maioria excluda do processo decisrio; depois, porque essa mesma maioria induzida a tomar decises que na realidade no partem dela.

    Questo 28 - EO prncipe, portanto, no deve se incomodar com a reputao

    de cruel, se seu propsito manter o povo unido e leal. De fato, com uns poucos exemplos duros poder ser mais clemente do que outros que, por muita piedade, permitem os distrbios que levem ao assassnio e ao roubo.

    MAQUIAVEL, N. O Prncipe,So Paulo: Martin Claret, 2009.

    No sculo XVI, Maquiavel escreveu O Prncipe, reflexo sobre a Monarquia e a funo do governante

    A manuteno da ordem social, segundo esse autor, baseava-se na

    a) inrcia do julgamento de crimes polmicos. b) bondade em relao ao comportamento dos mercenrios. c) compaixo quanto condenao de transgresses

    religiosas. d) neutralidade diante da condenao dos servos. e) convenincia entre o poder tirnico e a moral do prncipe.

  • Didatismo e Conhecimento 10

    prova ComentaDa - enem 2010

    ResoluoDe acordo com Maquiavel (reconhecido como fundador do

    pensamento e da cincia poltica moderna, pelo fato de haver escrito sobre o Estado e o governo como realmente so e no como deveriam ser. Os recentes estudos do autor e da sua obra admitem que seu pensamento foi mal interpretado historicamente. Desde as primeiras crticas, feitas postumamente por um cardeal ingls, as opinies, muitas vezes contraditrias, acumularam-se, de forma que o adjetivo maquiavlico, criado a partir do seu nome, significa esperteza, astcia.), o poder tirnico do governante necessrio para manter a ordem no corpo social; por essa razo, a moral do prncipe no deve se pautar pelos valores tradicionais, devendo moldar-se pela convenincia da razo de Estado.

    Questo 29 - BEu, o Prncipe Regente, fao saber aos que o presente Alvar

    virem: que desejando promover e adiantar a riqueza nacional, e sendo um dos mananciais dela as manufaturas e a indstria, sou servido abolir e revogar toda e qualquer proibio que haja a este respeito no Estado do Brasil.

    Alvar de liberdade para as indstrias (1.o de Abril de 1808). In Bonavides, P.; Amaral, R. Textos polticos da Histria do

    Brasil. Vol. 1. Braslia: Senado Federal, 2002 (adaptado).

    O projeto industrializante de D. Joo, conforme expresso no alvar, no se concretizou. Que caractersticas desse perodo explicam esse fato?

    a) A ocupao de Portugal pelas tropas francesas e o fechamento das manufaturas portuguesas.

    b) A dependncia portuguesa da Inglaterra e o predomnio industrial ingls sobre suas redes de comrcio.

    c) A desconfiana da burguesia industrial colonial diante da chegada da famlia real portuguesa.

    d) O confronto entre a Frana e a Inglaterra e a posio dbia assumida por Portugal no comrcio internacional.

    e) O atraso industrial da colnia provocado pela perda de mercados para as indstrias portuguesas.

    ResoluoDos vrios tratados que comprovam a crescente dependncia

    portuguesa em relao Inglaterra, destaca-se o Tratado de Methuem (Panos e Vinhos) em 1703, pelo qual Portugal obrigado a adquirir os tecidos da Inglaterra e essa, os vinhos portugueses. Em 1808, o prncipe-regente D. Joo revogou o alvar de proibio industrial assinado por D. Maria I em 1785. Entretanto, essa medida no produziu resultados expressivos, no s pela carncia do Brasil em capitais e tecnologia, mas tambm pelo absoluto

    Questo 30 - DPecado nefando era expresso correntemente utilizada pelos

    inquisidores para a sodomia. Nefandus: o que no pode ser dito. A Assemblia de clrigos reunida em Salvador, em 1707, considerou a sodomia to pssimo e horrendo crime, to contrrio lei da natureza, que era indigno de ser nomeado e, por isso mesmo, nefando.

    NOVAIS, F.; MELLO E SOUZA L. Histria da vida privada no Brasil. V. 1.

    So Paulo: Companhia das Letras. 1997 (adaptado).

    O nmero de homossexuais assassinados no Brasil bateu o recorde histrico em 2009. De acordo com o Relatrio Anual de Assassinato de Homossexuais (LGBT Lsbicas, Gays, Bissexuais e Travestis), nesse ano foram registrados 195 mortos por motivao homofbica no Pas.

    Disponvel em: www.alemdanoticia.com.br/ utimas_noticias.php?codnoticia=3871.

    Acesso em: 29 abr. 2010 (adaptado).

    A homofobia a rejeio e menosprezo orientao sexual do outro e, muitas vezes, expressa-se sob a forma de comportamentos violentos. Os textos indicam que as condenaes pblicas, perseguies e assassinatos de homossexuais no pas esto associadas

    a) baixa representatividade poltica de grupos organizados que defendem os direitos de cidadania dos homossexuais.

    b) falncia da democracia no pas, que torna impeditiva a divulgao de estatsticas relacionadas violncia contra homossexuais.

    c) Constituio de 1988, que exclui do tecido social os homossexuais, alm de impedi-los de exercer seus direitos polticos.

    d) a um passado histrico marcado pela demonizao do corpo e por formas recorrentes de tabus e intolerncia.

    e) a uma poltica eugnica desenvolvida pelo Estado, justificada a partir dos posicionamentos de correntes filosfico-cientficas.

    ResoluoUm tabu um assunto cuja discusso costuma ser evitada

    pela populao em geral, devido diversas razes: seja porque este seria alvo de opinies contraditrias; porque trata-se de um assunto que interfere com a sensibilidade das pessoas; porque seja uma pauta polmica capaz interferir com a moral e bons costumes da sociedade etc. A homofobia est relacionada sobretudo s concepes culturais que possuem profundas razes histricas. Est de fato relacionada ao problema do tabu. Entende-se por tabu todo tema sobre o qual as instituies sociais dificultam a exposio e o debate por consider-lo imprprio moralmente, polmico ou ameaador de crenas e hbitos vigentes.

    Questo 31 - EAps a abdicao de D. Pedro I, o Brasil atravessou um

    perodo marcado por inmeras crises: as diversas foras polticas lutavam pelo poder e as reivindicaes populares eram por melhores condies de vida e pelo direito de participao na vida poltica do pas. Os conflitos representavam tambm o protesto contra a centralizao do governo. Nesse perodo, ocorreu tambm a expanso da cultura cafeeira e o surgimento do poderoso grupo dos bares do caf, para o qual era fundamental a manuteno da escravido e do trfico negreiro.

    O contexto do Perodo Regencial foi marcadoa) por revoltas populares que reclamavam a volta da

    monarquia. b) por vrias crises e pela submisso das foras polticas ao

    poder central. c) pela luta entre os principais grupos polticos que

    reivindicavam melhores condies de vida.

  • Didatismo e Conhecimento 11

    prova ComentaDa - enem 2010

    d) pelo governo dos chamados regentes, que promoveram a ascenso social dos bares do caf.

    e) pela convulso poltica e por novas realidades econmicas que exigiam o reforo de velhas realidades sociais.

    Resoluo Perodo regencial como ficou conhecido o decnio de 1831

    a 1840 na Histria do Brasil, compreendido entre a abdicao de D. Pedro I e o chamado Golpe da Maioridade, quando seu filho D. Pedro II teve a maioridade proclamada. Foi um dos mais importantes e agitados perodos da Histria brasileira; nele se firmou a unidade territorial do pas, a estruturao das Foras Armadas, debateu-se a centralizao do poder e, ainda, o grau de autonomia das Provncias.

    Foi a fase politicamente mais convulsionada da Histria Brasileira; nele eclodiram, por exemplo, a mais longa guerra civil brasileira (Farrapos). Por outro lado, a expanso da cafeicultura no Vale do Paraba, alm de criar uma nova aristocracia rural, ampliou a necessidade de mo de obra escrava o que explica a ineficcia da lei de 1831 que proibiu o trfico de cativos africanos para o Brasil.

    Questo 32 - DDe maro de 1931 a fevereiro de 1940, foram decretadas mais

    de 150 leis novas de proteo social e de regulamentao do trabalho em todos os seus setores. Todas elas tm sido simplesmente uma ddiva do governo. Desde a, o trabalhador brasileiro encontra nos quadros gerais do regime o seu verdadeiro lugar.

    DANTAS, M. A fora nacionalizadora do Estado Novo. Rio de Janeiro: DIP, 1942. Apud BERCITO, S. R. Nos Tempos de

    Getlio: da revoluo de 30 ao fim do Estado Novo. So Paulo: Atual, 1990.

    A adoo de novas polticas pblicas e as mudanas jurdico-institucionais ocorridas no Brasil, com a ascenso de Getlio Vargas ao poder, evidenciam o papel histrico de certas lideranas e a importncia das lutas sociais na conquista da cidadania. Desse processo resultou a

    a) criao do Ministrio do Trabalho, Indstria e Comrcio, que garantiu ao operariado autonomia para o exerccio de atividades sindicais.

    b) legislao previdenciria, que proibiu migrantes de ocuparem cargos de direo nos sindicatos

    c) criao da Justia do Trabalho, para coibir ideologias consideradas perturbadoras da harmonia social.

    d) legislao trabalhista que atendeu reivindicaes dos operrios, garantido-lhes vrios direitos e formas de proteo.

    e) decretao da Consolidao das Leis do Trabalho (CLT), que impediu o controle estatal sobre as atividades polticas da classe operria.

    ResoluoO governo Vargas atende a vrias reivindicaes operrias.

    Em 1932 a jornada de trabalho passa a ser oficialmente de oito horas e o trabalho da mulher e do menor regulamentado. estabelecido o princpio de salrio igual para trabalho igual e as mulheres ganham o direito licena-maternidade de dois meses. A lei de frias, criada em 1926, regulamentada em 1933, mas apenas algumas categorias de trabalhadores urbanos gozam de tal direito. Ainda em 1933, a previdncia

    social comea a ser organizada sob o controle do Estado e so criados os institutos de aposentadorias e penses (IAPs). Eles praticamente eliminam as antigas entidades assistenciais dos trabalhadores e colaboram para aumentar a fora do Estado com os imensos recursos recolhidos dos assalariados e das empresas. As conquistas alcanadas pelos trabalhadores brasileiros na Era Vargas resultaram da conjuno de duas vertentes: a luta social empreendida pelos operrios desde o anarcossindicalismo das primeiras dcadas do sculo XX, passando pela criao do PCB em 1922, e o populismo de Vargas, sensvel s aspiraes dos trabalhadores e direcionado para atend-las, mas tambm convertendo-as em capital poltico para sua permanncia frente do Estado.

    Questo 33 - BNo difcil entender o que ocorreu no Brasil nos anos

    imediatamente anteriores ao golpe militar de 1964. A diminuio da oferta de empregos e a desvalorizao dos salrios, provocadas pela inflao, levaram a uma intensa mobilizao poltica popular, marcada por sucessivas ondas grevistas de vrias categorias profissionais, o que aprofundou as tenses sociais. Dessa vez, as classes trabalhadoras se recusaram a pagar o pato pelas sobras do modelo econmico juscelinista.

    MENDONA, S. R. A industrializao Brasileira. So Paulo: Moderna, 2002 (adaptado)

    Segundo o texto, os conflitos sociais ocorridos no incio dos anos 1960 decorreram principalmente

    a) da manipulao poltica empreendida pelo governo Joo Goulart.

    b) das contradies econmicas do modelo desenvolvimentista.

    c) do poder poltico adquirido pelos sindicatos populistas. d) da desmobilizao das classes dominantes frente ao

    avano das greves. e) da recusa dos sindicatos em aceitar mudanas na

    legislao trabalhista.

    ResoluoA poltica econmica desenvolvimentista (Cinquenta anos

    de progresso em cinco de governo) do governo JK, posta em prtica entre 1956 e 1961, promoveu um crescimento econmico efetivo e beneficiou os trabalhadores urbanos com maior oferta de emprego, elevao dos salrios e mais qualificao profissional. Entretanto, o suporte financeiro dessa poltica dependeu em grande parte de subsdios governamentais e emisso de papel-moeda (JK rompera com o FMI), dando incio a um processo inflacionrio que se agravaria nos anos subsequentes, piorando a situao dos trabalhadores urbanos e gerando fortes tenses sociais. Estas foram agravadas pela incio da mobilizao do campesinato, iniciada no final da dcada anterior.

    Questo 34 - EA lei no nasce da natureza, junto das fontes frequentadas

    pelos primeiros pastores: a lei nasce das batalhas reais, das vitrias, dos massacres, das conquistas que tm sua data e seus heris de horror: a lei nasce das cidades incendiadas, das terras devastadas; ela nasce com os famosos inocentes que agonizam no dia que est amanhecendo.

    FOUCAULT. M. Aula de 14 de janeiro de 1976. In. Em defesa da sociedade. So Paulo: Martins Fontes. 1999

  • Didatismo e Conhecimento 12

    prova ComentaDa - enem 2010

    O filsofo Michel Foucault (sc. XX) inova ao pensar a poltica e a lei em relao ao poder e organizao social. Com base na reflexo de Foucault, a finalidade das leis na organizao das sociedades modernas

    a) combater aes violentas na guerra entre as naes. b) coagir e servir para refrear a agressividade humana. c) criar limites entre a guerra e a paz praticadas entre os

    indivduos de uma mesma nao. d) estabelecer princpios ticos que regulamentam as aes

    blicas entre pases inimigos. e) organizar as relaes de poder na sociedade e entre os

    Estados.

    ResoluoMichel Foucault, filsofo francs do sculo XX. Todo o

    seu trabalho foi desenvolvido em uma arqueologia do saber filosfico, da experincia literria e da anlise do discurso. Seu trabalho tambm se concentrou sobre a relao entre poder e governamentalidade, e das prticas de subjetivao. amplamente conhecido pelas suas crticas s instituies sociais, especialmente psiquiatria, medicina, s prises, e por suas ideias e da evoluo da histria da sexualidade, as suas teorias gerais relativas energia e complexa relao entre poder e conhecimento, bem como para estudar a expresso do discurso em relao histria do pensamento ocidental, e tem sido amplamente discutido, a imagem da morte do homem anunciada em As Palavras e Coisas, ou a ideia de subjetivao, reativada no interesse prprio de uma forma ainda problemtica para a filosofia clssica do sujeito. Parece ento que mais do que em anlises da identidade, por definio, estticas e objetivadas, Foucault centra-se na vida e nos diferentes processos de subjetivao.

    Questo 35 - EEm nosso pas queremos substituir o egosmo pela moral, a

    honra pela probidade, os usos pelos princpios, as convenincias pelos deveres, a tirania da moda pelo imprio da razo, o desprezo desgraa pelo desprezo ao vcio, a insolncia pelo orgulho, a vaidade pela grandeza de alma, o amor ao dinheiro pelo amor glria, a boa companhia pelas boas pessoas, a intriga pelo mrito, o espirituoso pelo gnio, o brilho pela verdade, o tdio da volpia pelo encanto da felicidade, a mesquinharia dos grandes pela grandeza do homem.

    HUNT, L. Revoluo Francesa e Vida Privada. In: PERROT, M. (Org.) Histria da Vida Privada: da Revoluo Francesa

    Primeira Guerra. Vol. 4. So Paulo: Companhia das Letras, 1991 (adaptado).

    O discurso de Robespierre, de 5 de fevereiro de 1794, do qual o trecho transcrito parte, relaciona-se a qual dos grupos poltico-sociais envolvidos na Revoluo Francesa?

    a) alta burguesia, que desejava participar do poder legislativo francs como fora poltica dominante.

    b) Ao clero francs, que desejava justia social e era ligado alta burguesia.

    c) A militares oriundos da pequena e mdia burguesia, que derrotaram as potncias rivais e queriam reorganizar a Frana internamente.

    d) nobreza esclarecida, que, em funo do seu contato, com os intelectuais iluministas, desejava extinguir o absolutismo francs.

    e) Aos representantes da pequena e mdia burguesia e das camadas populares, que desejavam justia social e direitos polticos.

    ResoluoRobespierre, advogado e poltico francs, foi uma das

    personalidades mais importantes da Revoluo Francesa. Os seus amigos chamavam-lhe O Incorruptvel. Principal membro dos Montanha durante a Conveno, ele encarnou a tendncia mais radical da Revoluo, transformando-se numa das personagens mais controversas deste perodo. Os seus inimigos chamavam-lhe o Candeia de Arras, Tirano e Ditador sanguinrio durante o Terror.

    Esse grupo poltico, inicialmente chamado montanheses, com o tempo passou a ser conhecido pela designao de jacobinos, em referncia ao grupo poltico de Robespierre. Nessa fase, que se radicalizaria como o Terror, foram aprovadas medidas de interesse popular, como o ensino primrio obrigatrio e a fixao de tetos para o preo dos alimentos.

    Questo 36 - EA poluio e outras ofensas ambientais ainda no tinham esse

    nome, mas j eram largamente notadas no sculo XIX, nas grandes cidades inglesas e continentais. E a prpria chegada ao campo das estradas de ferro suscitou protestos. A reao antimaquinista, protagonizada pelos diversos luddismos, antecipa a batalha atual dos ambientalistas. Esse era, ento, o combate social contra os miasmas urbanos.

    SANTOS M. A natureza do espao: tcnica e tempo, razo e emoo. So Paulo: EDUSP, 2002 (adaptado).

    O crescente desenvolvimento tcnico-produtivo impe modificaes na paisagem e nos objetos culturais vivenciados pelas sociedades. De acordo com o texto, pode-se dizer que tais movimentos sociais emergiram e se expressaram por meio

    a) das ideologias conservacionistas, com milhares de adeptos no meio urbano.

    b) das polticas governamentais de preservao dos objetos naturais e culturais.

    c) das teorias sobre a necessidade de harmonizao entre tcnica e natureza.

    d) dos boicotes aos produtos das empresas exploradoras e poluentes.

    e) da contestao degradao do trabalho, das tradies e da natureza.

    ResoluoO texto faz aluso aos movimentos sociais do incio do sculo

    XIX, destacando os movimentos ludistas, uma referncia a um de seus lderes, Ned Ludd, contrrios aos avanos tecnolgicos da 1.a Revoluo Industrial, mediante invaso de fbricas e quebra de mquinas, pois eram consideradas responsveis pelo desemprego e pelas pssimas condies de trabalho.

    Portanto, havia contestao degradao do trabalho, como o uso da mo de obra de baixa qualificao profissional, enquanto a tradio artesanal e manufatureira mantinha o trabalhador como dono de seu instrumento de trabalho, envolvendo o trabalho familiar e especializado. Com a mquina, o trabalhador muda a sua rotina, que passa a ser adequada ao ritmo da mquina, como se ele fosse apenas uma pea em suas engrenagens.

  • Didatismo e Conhecimento 13

    prova ComentaDa - enem 2010

    Muitas vezes, havia a preferncia pelo trabalho infantil, com salrios muito mais reduzidos do que o dos adultos, fato que provocava desemprego.

    No contexto atual, destacam-se os movimentos contrrios ao desemprego estrutural provocado pelos avanos tecnolgicos da 3.a e da 4.a Revoluo Industrial, assim como os protestos contrrios degradao ambiental.

    Questo 37 - A Os meios de comunicao funcionam como um elo entre os

    diferentes segmentos de uma sociedade. Nas ltimas dcadas, acompanhamos a insero de um novo meio de comunicao que supera em muito outros j existentes, visto que pode contribuir para a democratizao da vida social e poltica da sociedade medida que possibilita a instituio de mecanismos eletrnicos para a efetiva participao poltica e disseminao de informaes.

    Constitui o exemplo mais expressivo desse novo conjunto de redes informacionais a

    a) Internet.b) fibra tica.c) TV digital.d) telefonia mvel.e) portabilidade telefnica.

    ResoluoCom a Internet, os dados podem ser transmitidos e, ao mesmo

    tempo, processados em tempo real. a juno da informtica com as telecomunicaes. A disseminao de informaes se torna cada vez mais democrtica.

    Questo 38 - D

    Opinio

    Podem me prenderPodem me baterPodem at deixar-me sem comerQue eu no mudo de opinio.Aqui do morro eu no saio noAqui do morro eu no saio no.Se no tem guaEu furo um pooSe no tem carneEu compro um osso e ponho na sopaE deixa andar, deixa andar...Falem de mimQuem quiser falarAqui eu no pago aluguelSe eu morrer amanh seu doutor,Estou pertinho do cu

    Z Ketti. Opinio. Disponvel em: http:/www.mpbnet.com.br.

    Acesso em: 28 abr. 2010.Essa msica fez parte de um importante espetculo teatral que

    estreou no ano de 1964, no Rio de Janeiro. O papel exercido pela Msica Popular Brasileira (MPB) nesse contexto, evidenciado pela letra de msica citada, foi o de

    a) entretenimento para os grupos intelectuais. b) valorizao do progresso econmico do pas. c) crtica passividade dos setores populares. d) denncia da situao social e poltica do pas. e) mobilizao dos setores que apoiavam a Ditadura Militar.

    ResoluoO espetculo Opinio, apresentado no Rio de Janeiro em 11

    de dezembro de 1964, criticava o regime militar (foi um perodo da Histria poltica brasileira iniciado com o golpe militar de 31 de maro de 1964, que resultou no afastamento do Presidente da Repblica de jure e de facto, Joo Goulart, assumindo provisoriamente o presidente da Cmara dos Deputados Ranieri Mazzilli e, em definitivo, o Marechal Castelo Branco. O regime militar teve ao todo cinco presidentes e uma junta governativa, estendendo-se do ano de 1964 at 1985, com a eleio do civil Tancredo Neves.) instaurado naquele ano (crtica expressa nos quatros primeiros versos transcritos). Mas tambm retrata a misria e excluso da populao que vivia nos morros cariocas.

    Questo 39 - BA chegada da televisoA caixa de pandora tecnolgica penetra nos lares e libera

    suas cabeas falantes, astros, novelas, noticirios e as fabulosas, irresistveis garotas-propaganda, verses modernizadas do tradicional homem-sanduche.

    SEVCENKO, N. (Org). Histria da Vida Privada no Brasil 3.

    Repblica: da Belle poque Era do Rdio.So Paulo: Cia das Letras, 1998.

    A TV, a partir da dcada de 1950, entrou nos lares brasileiros provocando mudanas considerveis nos hbitos da populao. Certos episdios da histria brasileira revelaram que a TV, especialmente como espao de ao da imprensa, tornou-se tambm veculo de utilidade pblica, a favor da democracia, na medida em que

    a) amplificou os discursos nacionalistas e autoritrios durante o governo Vargas.

    b) revelou para o pas casos de corrupo na esfera poltica de vrios governos.

    c) maquiou indicadores sociais negativos durante as dcadas de 1970 e 1980.

    d) apoiou, no governo Castelo Branco, as iniciativas de fechamento do parlamento.

    e) corroborou a construo de obras faranicas durante os governos militares.

    ResoluoNa Nova Repblica (comea a abertura poltica no Brasil.

    O General Figueiredo, mostrando-se sem vontade de governar no consegue impor nao seu sucessor, como fizera seu antecessor, Ernesto Geisel. A campanha pelas diretas: Nos anos de 1983 e 1984, a campanha pelas diretas tomou conta do pas. O amarelo, cor das diretas, tomou conta do pas. Panelaos e buzinaos foram organizados. Milhes de pessoas foram s ruas para exigir eleies diretas para o sucessor de Figueiredo) iniciada em 1985, a televiso instrumento miditico de enorme penetrao passou a desempenhar um importante papel no jornalismo investigativo, juntamente com a mdia impressa.

  • Didatismo e Conhecimento 14

    prova ComentaDa - enem 2010

    Nesse sentido, tem prestado um importante servio sociedade, repercutindo denncias formuladas pelos jornais ou divulgando suas prprias descobertas sobre problemas de corrupo nos meios polticos e administrativos.

    Questo 40 - EHomens da Inglaterra, por que arar para os senhores que vos

    mantm na misria?Por que tecer com esforos e cuidado as ricas roupas que

    vossos tiranos vestem?Por que alimentar, vestir e poupar do bero at o tmulo esses

    parasitas ingratos que exploram vosso suor ah, que bebem vosso sangue?

    SHELLEY. Os homens da Inglaterra. Apud HUBERMAN, L. Histria da Riqueza do Homem. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.

    A anlise do trecho permite identificar que o poeta romntico Shelley (1792-1822) registrou uma contradio nas condies socioeconmicas da nascente classe trabalhadora inglesa durante a Revoluo Industrial. Tal contradio est identificada

    a) na pobreza dos empregados, que estava dissociada da riqueza dos patres.

    b) no salrio dos operrios, que era proporcional aos seus esforos nas indstrias.

    c) na burguesia, que tinha seus negcios financiados pelo proletariado.

    d) no trabalho, que era considerado uma garantia de liberdade.

    e) na riqueza, que no era usufruda por aqueles que a produziam.

    ResoluoO poeta Percy Shelley, amigo de Byron, mostra-se sensvel

    s mazelas do capitalismo selvagem ( um termo que se refere fase do capitalismo na poca da revoluo industrial (sculo XVIII), quando as condies de trabalho das classes trabalhadoras eram as mais desumanas possveis, com um dia de trabalho de dezesseis horas. Hoje emprega-se a locuo capitalismo selvagem para indicar um capitalismo de grande concorrncia entre as multinacionais que dominam vrios mercados ou pases, com o apoio dos governos.) presente na Revoluo Industrial Inglesa, embora ele prprio pertencesse camada dominante. Todavia, sua viso sobretudo emocional, se bem que possamos associ-las s crticas formuladas na poca pelos primeiros socialistas utpicos. um termo que se refere fase do capitalismo na poca da revoluo industrial (sculo XVIII), quando as condies de trabalho das classes trabalhadoras eram as mais desumanas possveis, com um dia de trabalho de dezesseis horas. Hoje emprega-se a locuo capitalismo selvagem para indicar um capitalismo de grande concorrncia entre as multinacionais que dominam vrios mercados ou pases, com o apoio dos governos.

    Questo 41 - AA tica precisa ser compreendida como um empreendimento

    coletivo a ser constantemente retomado e rediscutido, porque produto da relao interpessoal e social. A tica supe ainda que cada grupo social se organize sentindo-se responsvel por todos e que crie condies para o exerccio de um pensar e agir autnomos.

    A relao entre tica e poltica tambm uma questo de educao e luta pela soberania dos povos. necessria uma tica renovada, que se construa a partir da natureza dos valores sociais para organizar tambm uma nova prtica poltica.

    CORDI et al. Para filosofar. So Paulo: Scipione, 2007 (adaptado).

    O Sculo XX teve de repensar a tica para enfrentar novos problemas oriundos de diferentes crises sociais, conflitos ideolgicos e contradies da realidade. Sob esse enfoque e a partir do texto, a tica pode ser compreendida como

    a) instrumento de garantia da cidadania, porque atravs dela os cidados passam a pensar e agir de acordo com valores coletivos.

    b) mecanismo de criao de direitos humanos, porque da natureza do homem ser tico e virtuoso.

    c) meio para resolver os conflitos sociais no cenrio da globalizao, pois a partir do entendimento do que efetivamente a tica, a poltica internacional se realiza.

    d) parmetro para assegurar o exerccio poltico primando pelos interesses e ao privada dos cidados.

    e) aceitao de valores universais implcitos numa sociedade que busca dimensionar sua vinculao outras sociedades.

    ResoluoA tica o ramo da filosofia que busca estudar e indicar o

    melhor modo de viver no cotidiano e na sociedade. Diferencia-se da moral, pois enquanto esta se fundamenta na obedincia a normas, tabus, costumes ou mandamentos culturais, hierrquicos ou religiosos recebidos, a tica, ao contrrio, busca fundamentar o bom modo de viver pelo pensamento humano. Aparece como necessidade de se estabelecerem relaes sociais menos injustas, mais equitativas e democrticas. Ela evoca a necessidade de sobrepor, em momentos corretos, interesses coletivos acima dos pessoais.

    Questo 42 - E

    Judicirio contribuiu com ditadura no Chile, diz Juiz Guzmn Tapia

    As cortes de apelao rejeitaram mais de 10 mil habeas corpus nos casos das pessoas desaparecidas. Nos tribunais militares, todas as causas foram concludas com suspenses temporrias ou definitivas, e os desaparecimentos polticos tiveram apenas trmite formal na Justia. Assim, o Poder Judicirio contribuiu para que os agentes estatais ficassem impunes.

    Disponvel em: http://www.cartamaior.com.br.Acesso em: 20 jul. 2010 (adaptado).

    Segundo o texto, durante a ditadura chilena na dcada de 1970, a relao entre os poderes Executivo e Judicirio caracterizava-se pela

    a) preservao da autonomia institucional entre os poderes.b) valorizao da atuao independente de alguns juzes. c) manuteno da interferncia jurdica nos atos executivos.d) transferncia das funes dos juzes para o chefe de

    Estado. e) subordinao do poder judicirio aos interesses polticos

    dominantes.

  • Didatismo e Conhecimento 15

    prova ComentaDa - enem 2010

    ResoluoEm geral, os rgos judicirios exercem dois papis. O

    primeiro, do ponto de vista histrico, a funo jurisdicional, tambm chamada jurisdio. Trata-se da obrigao e da prerrogativa de compor os conflitos de interesses em cada caso concreto, atravs de um processo judicial, com a aplicao de normas gerais e abstratas. O segundo papel o controle de constitucionalidade. Tendo em vista que as normas jurdicas s so vlidas se conformarem Constituio Federal.

    A questo, ao mencionar um aspecto das relaes institucionais vigentes na ditadura chilena (1973-90), aborda um aspecto recorrente nos regimes militares implantados no Cone Sul nas dcadas de 1960-70: a supremacia do poder executivo sobre o legislativo e at sobre o judicirio transformados em auxiliares e ratificadores das decises tomadas pelo primeiro.

    Questo 43 - CUm banco ingls decidiu cobrar de seus clientes cinco libras

    toda vez que recorressem aos funcionrios de suas agncias. E o motivo disso que, na verdade, no querem clientes em suas agncias; o que querem reduzir o nmero de agncias, fazendo com que os clientes usem as mquinas automticas em todo o tipo de transaes. Em suma, eles querem se livrar de seus funcionrios.

    HOBSBAWM, E. O novo sculo. So Paulo: Companhia das Letras, 2000 (adaptado).

    O exemplo mencionado permite identificar um aspecto da adoo de novas tecnologias na economia capitalista contempornea. Um argumento utilizado pelas empresas e uma consequncia social de tal aspecto esto em

    a) qualidade total e estabilidade no trabalho. b) pleno emprego e enfraquecimento dos sindicatos. c) diminuio dos custos e insegurana no emprego d) responsabilidade social e reduo do desemprego. e) maximizao dos lucros e aparecimento de empregos.

    ResoluoA globalizao um fenmeno social que ocorre em escala

    global. Esse processo consiste em uma integrao em carter econmico, social, cultural e poltico entre diferentes pases.Se, por um lado, a globalizao permite ganhos de capital cada vez maiores, por outro lado, faz com que a ganncia prpria do capitalismo relativize cada vez mais as vitrias capitalistas, trazendo total insegurana s classes trabalhadoras.

    Questo 44 -D

    QUINO. Toda Mafalda. So Paulo: Martins Fontes, 1991.Democracia: regime poltico no qual a soberania exercida

    pelo povo, pertence ao conjunto dos cidados.JAPIASS, H.; MARCONDES, D. Dicionrio Bsico de

    Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2006.

    Uma suposta vacina contra o despotismo, em um contexto democrtico, tem por objetivo

    a) impedir a contratao de familiares para o servio pblico.

    b) reduzir a ao das instituies constitucionais. c) combater a distribuio equilibrada de poder. d) evitar a escolha de governantes autoritrios. e) restringir a atuao do Parlamento.

    ResoluoDespostismo a forma de governo na qual o governante

    dispe de poder ilimitado sobre a vida das pessoas. Os dspotas no so necessariamente rudes ou cruis. Podem ser bondosos e ponderados, e at mesmo colocar como principal objetivo o bem-estar do povo. Em geral, os dspotas somente conseguem conservar o seu poder atravs da fora. Os governos autoritrios representam sempre a maior ameaa ao regime democrtico. A sociedade civil precisa impor sua participao nas polticas pblicas para evitar os constrangimentos de um Estado marcado pelo despotismo.

    Questo 45 - DNa tica contempornea, o sujeito no mais um sujeito

    substancial, soberano e absolutamente livre, nem um sujeito emprico puramente natural. Ele simultaneamente os dois, na medida em que um sujeito histrico-social. Assim, a tica adquire um dimensionamento poltico, uma vez que a ao do sujeito no pode mais ser vista e avaliada fora da relao social coletiva. Desse modo, a tica se entrelaa, necessariamente, com a poltica, entendida esta como a rea de avaliao dos valores que atravessam as relaes sociais e que interliga os indivduos entre si.

    SEVERINO. A. J. Filosofia. So Paulo: Cortez, 1992 (adaptado).

    O texto, ao evocar a dimenso histrica do processo de formao da tica na sociedade contempornea, ressalta

    a) os contedos ticos decorrentes das ideologias poltico-partidrias.

    b) o valor da ao humana derivada de preceitos metafsicos. c) a sistematizao de valores desassociados da cultura. d) o sentido coletivo e poltico das aes humanas

    individuais. e) o julgamento da ao tica pelos polticos eleitos

    democraticamente.

    Resoluotica o estudo dos juzos de apreciao que se referem

    conduta humana susceptvel de qualificao do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente determinada sociedade, seja de modo absoluto. O professor Severino, no texto, evoca uma antropologia que j no v o homem como ser metafsico ou natural, mas como um ser resultante de processos histricos, sociais e culturais. O conceito de tica relaciona-se, nessa concepo nova do homem, questo da prxis, ou seja, dos sentidos polticos e do exerccio da cidadania da ao individual.

  • Didatismo e Conhecimento 16

    prova ComentaDa - enem 2010

    CINCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

    Questo 46 - A Em nosso cotidiano, utilizamos as palavras calor e

    temperatura de forma diferente de como elas so usadas no meio cientfico. Na linguagem corrente, calor identificado como algo quente e temperatura mede a quantidade de calor de um corpo. Esses significados, no entanto, no conseguem explicar diversas situaes que podem ser verificadas na prtica.

    Do ponto de vista cientfico, que situao prtica mostra a limitao dos conceitos corriqueiros de calor e temperatura?

    a) A temperatura da gua pode ficar constante durante o tempo em que estiver fervendo.

    b) Uma me coloca a mo na gua da banheira do beb para verificar a temperatura da gua.

    c) A chama de um fogo pode ser usada para aumentar a temperatura da gua em uma panela.

    d) A gua quente que est em uma caneca passada para outra caneca a fim de diminuir sua temperatura.

    e) Um forno pode fornecer calor para uma vasilha de gua que est em seu interior com menor temperatura do que a dele.

    ResoluoQuando, durante o processo de ebulio (temperatura qual

    a aplicao de mais calor a um lquido no provoca qualquer aumento de temperatura e o lquido se converte em vapor), a gua recebe calor e sua temperatura permanece constante, fica evidenciada a falha do modelo apresentado em que a temperatura mede a quantidade de calor do corpo.

    Questo 47 - CTodo carro possui uma caixa de fusveis, que so utilizados

    para proteo dos circuitos eltricos. Os fusveis so constitudos de um material de baixo ponto de fuso, como o estanho, por exemplo, e se fundem quando percorridos por uma corrente eltrica igual ou maior do que aquela que so capazes de suportar. O quadro a seguir mostra uma srie de fusveis e os valores de corrente por eles suportados.

    Fusvel Corrente Eltrica (A)

    Azul 1,5

    Amarelo 2,5

    Laranja 5,0

    Preto 7,5

    Vermelho 10,0

    Um farol usa uma lmpada de gs halognio de 55 W de potncia que opera com 36 V.

    Os dois faris so ligados separadamente, com um fusvel para cada um, mas, aps um mau funcionamento, o motorista passou a conect-los em paralelo, usando apenas um fusvel. Dessa forma, admitindo-se que a fiao suporte a carga dos dois faris, o menor valor de fusvel adequado para proteo desse novo circuito o

    a) azul. b) preto. c) laranja.

    d) amarelo. e) vermelho.

    ResoluoPara cada farol, temos: P = U I

    55 = 36II \ 1,53A

    Para a ligao em paralelo, a corrente total ser:Itotal = 2I \ 3,06AO fusvel adequado de menor corrente admissvel o laranja,

    que suporta at 5,0A.

    Questo 48 - A As ondas eletromagnticas, como a luz visvel e as ondas

    de rdio, viajam em linha reta em um meio homogneo. Ento, as ondas de rdio emitidas na regio litornea do Brasil no alcanariam a regio amaznica do Brasil por causa da curvatura da Terra. Entretanto sabemos que possvel transmitir ondas de rdio entre essas localidades devido ionosfera.

    Com ajuda da ionosfera, a transmisso de ondas planas entre o litoral do Brasil e a regio amaznica possvel por meio da

    a) reflexo.b) refrao.c) difrao.d) polarizao.e) interferncia.

    ResoluoPara a transmisso das ondas eletromagnticas na

    atmosfera, o fenmeno fundamental a reflexo das ondas na ionosfera. A reflexo de uma onda ocorre aps incidir num meio de caractersticas diferentes e retornar a se propagar no meio inicial. Qualquer que seja o tipo da onda considerada, o sentido de seu movimento invertido. Porm o mdulo de sua velocidade no se altera. Isto decorre do fato de que a onda continua a se propagar no mesmo meio

    Questo 49 - EA crie dental resulta da atividade de bactrias que degradam

    os acares e os transformam em cidos que corroem a poro mineralizada dos dentes. O flor, juntamente com o clcio e um acar chamado xilitol, agem inibindo esse processo. Quando no se escovam os dentes corretamente e neles acumulam-se restos de alimentos, as bactrias que vivem na boca aderem aos dentes, formando a placa bacteriana ou biofilme. Na placa, elas transformam o acar dos restos de alimentos em cidos, que corroem o esmalte do dente formando uma cavidade, que a crie.

  • Didatismo e Conhecimento 17

    prova ComentaDa - enem 2010

    Vale lembrar que a placa bacteriana se forma mesmo na ausncia de ingesto de carboidratos fermentveis, pois as bactrias possuem polissacardeos intracelulares de reserva.

    Disponvel em: http://www.diariodasaude.com.br. Acesso em: 11 ago. 2010 (adaptado).

    crie 1. destruio de um osso por corroso progressiva.* crie dentria: efeito da destruio da estrutura dentria por

    bactrias.HOUAISS, Antnio. Dicionrio eletrnico. Verso 1.0.

    Editora Objetiva, 2001 (adaptado).

    A partir da leitura do texto, que discute as causas do aparecimento de cries, e da sua relao com as informaes do dicionrio, conclui-se que a crie dental resulta, principalmente, de

    a) falta de flor e de clcio na alimentao diria da populao brasileira.

    b) consumo exagerado do xilitol, um acar, na dieta alimentar diria do indivduo.

    c) reduo na proliferao bacteriana quando a saliva desbalanceada pela m alimentao.

    d) uso exagerado do flor, um agente que em alta quantidade torna-se txico formao dos dentes.

    e) consumo excessivo de acares na alimentao e m higienizao bucal, que contribuem para a proliferao de bactrias.

    ResoluoA placa bacteriana uma espcie de pelcula composta de

    bactrias vivas e de resduos alimentares que se depositam sobre e entre os dentes. Ela cariognica quando bactrias capazes de causar a doena crie esto presentes na sua composio. O excessivo consumo de acares aliado falta de higienizao bucal so fatores causadores da crie dental.

    Questo 50 - BA vacina, o soro e os antibiticos submetem os organismos a

    processos biolgicos diferentes. Pessoas que viajam para regies em que ocorrem altas incidncias de febre amarela, de picadas de cobras peonhentas e de leptospirose e querem evitar ou tratar problemas de sade relacionados a essas ocorrncias devem seguir determinadas orientaes.

    Ao procurar um posto de sade, um viajante deveria ser orientado por um mdico a tomar preventivamente ou como medida de tratamento

    a) antibitico contra o vrus da febre amarela, soro antiofdico caso seja picado por uma cobra e vacina contra a leptospirose.

    b) vacina contra o vrus da febre amarela, soro antiofdico caso seja picado por uma cobra e antibitico caso entre em contato com a Leptospira sp.

    c) soro contra o vrus da febre amarela, antibitico caso seja picado por uma cobra e soro contra toxinas bacterianas.

    d) antibitico ou soro, tanto contra o vrus da febre amarela como para veneno de cobras, e vacina contra a leptospirose.

    e) soro antiofdico e antibitico contra a Leptospira sp e vacina contra a febre amarela caso entre em contato com o vrus causador da doena.

    ResoluoVrus da febre amarela Vacina

    Picada de cobra peonhentaSoro

    antiofdico

    Leptospira sp (infeco bacteriana) Antibitico

    Questo 51 - CEm visita a uma usina sucroalcooleira, um grupo de alunos

    pde observar a srie de processos de beneficiamento da cana-de-acar, entre os quais se destacam:

    1. A cana chega cortada da lavoura por meio de caminhes e despejada em mesas alimentadoras que a conduzem para as moendas. Antes de ser esmagada para a retirada do caldo aucarado, toda a cana transportada por esteiras e passada por um eletrom para a retirada de materiais metlicos.

    2. Aps se esmagar a cana, o bagao segue para as caldeiras, que geram vapor e energia para toda a usina.

    3. O caldo primrio, resultante do esmagamento, pas-sado por filtros e sofre tratamento para transformar-se em acar refinado e etanol.

    Com base nos destaques da observao dos alunos, quais operaes fsicas de separao de materiais foram realizadas nas etapas de beneficiamento da cana-de-acar?

    a) Separao mecnica, extrao, decan