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Professor: Alexandre Dutra Gomes da Cruz Teoria do Trauma Método Catártico Projeto 1895

2- Trauma, Catarse, Projeto (1)

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Professor: Alexandre Dutra Gomes da Cruz

Teoria do Trauma

Método Catártico

Projeto 1895

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História da Psicanálise

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História da Psicanálise

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História da Psicanálise

• Primórdios Psicanálise• Hipnose e método catártico: sugestão

• Teoria do Trauma (ab-reação):

• “Corpo estranho”

• A causa (etiologia) da neurose está fora do sujeito. Há um adulto perverso (pai) que abusa da criança.

• A hipnose supera as resistências por meio da sugestão, e não as elabora. Visa unicamente a remoção de sintomas.

• Inconsciente = Fora do fluxo da consciência

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História da Psicanálise

• Primórdios Psicanálise• Hipnose e método catártico: consiste em fazer o paciente

remontar, sob efeito hipnótico, a pré-história psíquica da doença a fim de que possa ser localizado o acontecimento traumático (etiologia/causa) que originou o distúrbio, eliminando o sintoma.

• Katharsis (catarse = purgação): termo antigo cunhado por Aristóteles, preconizando limpezas simbólicas das emoções; o termo também é utilizado para os laxativos em medicina.

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História da Psicanálise

• Primórdios Psicanálise• Hipnose e método catártico:

• Breuer e Anna O.: Anna O. Começou a apresentar uma série de sintomas enquanto cuidava do pai doente. Os sintomas desapareciam sempre que o acontecimento traumático que estava ligado a eles era reproduzido sob hipnose.

• Método de catártico (Breuer): a função da hipnose era a de remeter o paciente ao seu passado de modo que ele próprio encontrasse o fato traumático, produzindo-se a ab-reação (liberação adequada da carga de afeto).

• Uso da sugestão (Berheim)

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História da Psicanálise

• Primórdios Psicanálise

• Publicações:

• 1893- Comunicação preliminar (Anna O.)

• 1894- As neuropsicoses de defesa.

• 1895- Estudos sobre histeria.

• 1895- Projeto para uma Psicologia Científica (póstumo)

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História da Psicanálise

• Primórdios Psicanálise• Teoria do Trauma (ab-reação):

• Trauma: ferida, furar

• Afluxo de excitações que excede as defesas do ego

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História da Psicanálise

• Primórdios Psicanálise• Trauma e defesa psíquica

• O procedimento hipnótico era o obstáculo maior ao fenômeno que se tornará um dos pilares da teoria psicanalítica: a defesa (resistência/transferência).

• Freud abandona a hipnose, solicitando aos pacientes que procurem se lembrar do fato traumático. Percebe que tanto sua insistência quanto os esforços do paciente esbarravam com uma resistência.

• “A defesa aparece, assim, como uma forma de censura por parte do ego do paciente à idéia ameaçadora, focando-a manter-se fora da consciência; e a resistência é o sinal extremo dessa defesa” (pág.38).

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História da Psicanálise

• Primórdios Psicanálise• Trauma e defesa psíquica

• Defesa: Designa o mecanismo pelo qual o ego se protege de uma representação desagradável e ameaçadora.

• A conversão é um mecanismo pelo qual a carga de afeto ligada e essa idéia (ou conjunto de idéias) é transformada em sintomas somáticos (modo de defesa específico da histeria)

• Com esses conceitos, o objetivo da terapia não poderia consistir simplesmente em produzir a ab-reação do afeto, mas em tornar conscientes as idéias patogênicas possibilitando sua elaboração. Isso prenuncia a passagem do método catártico para o método psicanalítico.

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História da Psicanálise

• Primórdios Psicanálise• Trauma e defesa psíquica

• “A teoria da repressão é a pedra angular sobre a qual repousa toda a estrutura da psicanálise. É a parte mais essencial dela e todavia nada mais é senão a formulação teórica de um fenômeno que pode ser observado quantas vezes se desejar se se empreende a análise de um neurótico sem recorrer a hipnose. Em tais casos encontra-se uma resistência que se opõe ao trabalho da análise e, a fim de frustrá-lo, alega falha de memória. O uso da hipnose ocultava essa resistência; por conseguinte, a história da psicanálise propriamente dita só começa com a nova técnica que dispensa a hipnose” (Vol. XIV, p. 26).

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• Primórdios Psicanálise• Trauma e defesa psíquica

• A sexualidade

• O caso Anna O. aliado às experiências de Charcot, nas quais o componente sexual do comportamento das histéricas é evidente juntamente com a experiência clínica levaram Freud a hipótese de que não era qualquer espécie de excitação emocional que se encontrava por trás dos sintomas neuróticos, mas sobretudo uma “excitação de natureza sexual e conflitiva” (pág. 40).

• 1895-97: trauma de ordem sexual

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História da Psicanálise

• Primórdios Psicanálise• Trauma e defesa psíquica

• A palavra Trieb surge na teoria freudiana em 1905. Porém, desde suas primeiras publicações (“Sobre as Afasias” e “Projeto para uma Psicologia Científica”, em 1895), existem referências a idéia de Pulsão, como uma distinção entre dois tipos de excitações no sistema nervoso: externas, às quais o indivíduo pode fugir ou proteger-se; ou internas, portadoras de um afluxo constante de excitação da qual não se pode escapar, fator propulsor do funcionamento do aparelho psíquico.

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História da Psicanálise

• Primórdios Psicanálise• Trauma e defesa psíquica

• “... nas funções mentais, deve-se distinguir algo - uma carga de afeto ou soma de excitação - que possui todas as características de uma quantidade (embora não tenhamos meios de medi-la) passível de aumento, diminuição, deslocamento e descarga, e que se espalha sobre os traços mnêmicos das representações como uma carga elétrica espalhada pela superfície de um corpo” (Vol III, p. 73).

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• Primórdios Psicanálise• Teoria do Trauma (ab-reação):

• Dois tempos do trauma:

• Cena 1: Sedução do adulto (desprovida de significação sexual)

• Cena 2: Aparentemente irrelevante, ocorre na puberdade e evoca a cena 1 mediante associação via traço.

• Aposteriori (Nachträglich): Valor traumático, eficácia patogênica: “defesa patológica” (recalque). É só como lembrança que a primeira cena torna-se traumática: “Os neuróticos sofrem de reminiscências” (Estudos sobre histeria)

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• Primórdios Psicanálise• Teoria do Trauma (ab-reação):

• Este caso nos apresenta um quadro típico de repressão histérica. Sempre constatamos que uma lembrança que é reprimida, somente com efeito retardado [nachträglich] vem a se tornar trauma. A causa primária de tal estado de coisas reside em um retardo da puberdade, se comparado ao resto do desenvolvimento do indivíduo. (Freud, 1981, p. 403)

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História da Psicanálise

• Desdobramento da Teoria do Trauma:

• O significado etiológico do trauma se apaga em benefício da fantasia e das fixações nas diversas fases libidinais (história infantil)

• A teoria do trauma é abandonada, mas não completamente

• 1920: Neuroses traumáticas (contrariam o princípio do prazer)

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• Série Complementar (1915-1917):

• Etiologia da neurose = Constituição sexual (acontecimento pré-histórico, fixação da libido) + Acontecimento traumático desencadeador

• Série complementar:

• Fatores constitucionais + Vicissitudes da pulsão (acidental: elaboração ulterior)

• A elaboração ulterior decide em termos definitivos. O fator constitucional tem de aguardar experiências que o ponham em vigor; o acidental precisa apoiar-se na constituição para ter efeito.

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História da Psicanálise

• A Teoria da Fantasia e a Inauguração do Método Analítico

• O abandono e superação da teoria do trauma implicava duas descobertas:

• Descoberta da fantasia (roteiro erótico, romance familiar) + Sexualidade infantil = Teoria do Complexo de Édipo (carta de 1897- universalização do Édipo)

• Enquanto persistir a teoria do trauma, a sexualidade infantil e o complexo de Édipo não serão considerados .

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Projeto - 1895

• “Um homem como eu não pode viver sem um cavalo de batalha, sem uma paixão devoradora, sem um tirano. Encontrei um. A serviço dele não conheço limites. Trata-se da psicologia, que foi sempre minha meta distante a acenar-me, e que agora, desde que deparei com o problema das neuroses, aproximou-se muito mais. Estou atormentado por dois objetivos: examinar que forma irá assumir a teoria do funcionamento mental, se introduzirmos considerações quantitativas, uma espécie de economia das forças nervosas, e, em segundo lugar, extrair da psicopatologia um lucro para a psicologia normal” (Freud, 25.05.1895 – Carta a Fliess)

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Projeto - 1895

• “A intenção é prover uma psicologia que seja ciência natural: isto é, representar os processos psíquicos como estados quantitativamente determinados de partículas materiais especificáveis, tornando assim esses processos claros e livres de contradição. Duas são as idéias principais envolvidas:

• [1] A que distingue a atividade do repouso deve ser considerada como Q, sujeita às leis gerais do movimento.

• [2] Os neurônios devem se encarados como as partículas materiais”.

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Projeto - 1895• Três classes de neurônios:

• Φ: percepção

• Por estar ligado diretamente a Qs externas muito intensas, tem as suas barreiras de contato facilitadas ao máximo.

• Impede a chegada de grandes quantidades a ψ

• Ψ: memória

• Barreiras de contato, impermeabilidade

• ω: consciência (eu)

• Assegura ao indivíduo a distinção entre ‘realidade’ e fantasia (desejo).

• Função inibidora: fazer barreira ao livre escoamento de energia.

• Distingue o percebido do representado

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Projeto - 1895

• Princípio da inércia X Princípio da constância

• Princípio do prazer X Princípio da realidade

• Além do princípio do prazer (nirvana, pulsão de morte) X Princípio do prazer

• Princípio de inércia: “a inclinação natural dos neurônios é livrar-se de Q. E esse modo de funcionamento, somado a um outro (do sistema não procurar apenas se livrar de Q, mas também conservar as vias de escoamento pelas quais possa se manter afastado da excitação – a fuga do estímulo), constituem a função primária do aparelho”.

• Processo primário X Processo secundário

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Projeto - 1895

• Ao contrário dos estímulos externos, que podem ser evitados, os estímulos internos não oferecem possibilidade de fuga. Só desaparecem ou diminuem de intensidade após a realização de uma ação específica que os satisfaçam.

• Defesa Patológica: Implica um “deslocamento de quantidade” da representação que foi reprimida para a representação que a substituiu.

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Projeto - 1895

• Princípio do prazer (Princípio da constância): o A.P. tende a manter a excitação em um nível mínimo e constante. A constância é obtida mediante a descarga da energia já presente e a evitação de qualquer coisa que provoque aumento de energia

• Princípio de estabilidade

• Energia ligada (inibição da descarga)

• Processo secundário

• Além do Princípio do prazer (Princípio da inércia):

• Zerar a energia

• Energia Livre (escoamento sem barreiras)

• Processo primário

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Projeto - 1895

• Experiência primária de satisfação• Desamparo fundamental (originário)

• Hilflosigkeit: “ausência de ajuda”, “não ter ajuda”, “insocorribilidade”

• Estado de necessidade (urgência)

• Ação específica (auxílio do Outro)

• Inscrição de um traço da imagem mnêmica do objeto

• Identidade perceptiva

• Verificação da realidade: ego como instância inibidora do investimento regressivo

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Projeto - 1895• “Como resultado da experiência da satisfação, há uma

facilitação (Bahnung) entre duas imagens mnêmicas e os neurônios nucleares que ficam catexizados em estado de urgência (ou desejo). Com o reaparecimento do estado de urgência ou de desejo, a catexia também passa para as duas lembranças, reativando-as.(...) na primeira instância essa ativação do desejo produz algo idêntico a uma percepção - a saber, uma alucinação. Quando uma ação reflexa é introduzida em seguida a esta, a conseqüência inevitável é o desapontamento” (Vol. I, p.242).

• “...quando no estado de desejo investe de novo o objeto-recordação e então decreta a descarga; não obstante, a satisfação por força faltará, porque o objeto não tem presença real mas somente uma representação-fantasia”.

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Projeto - 1895• “Um componente essencial dessa vivência de satisfação é uma

percepção específica (a da nutrição, em nosso exemplo) cuja imagem mnêmica fica associada, daí por diante, ao traço mnêmico da excitação produzida pela necessidade. Em decorrência do vínculo assim estabelecido, na próxima vez em que essa necessidade for despertada, surgirá de imediato uma moção psíquica que procurará recatexizar a imagem mnêmica da percepção e reevocar a própria percepção, isto é, restabelecer a situação da satisfação original. Uma moção dessa espécie é o que chamamos de desejo; o reaparecimento da percepção é a realização do desejo, e o caminho mais curto para essa realização é a via que conduz diretamente da excitação produzida pelo desejo para uma completa catexia (Besetzung - investimento) da percepção” (1900, Vol V, p.602)