20 - OBRIGAÇÕES - Formas Especiais de Pagamento - Duas Aulas Online - l

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Bibliografia:

LFG CIVIL Prof. Pablo Stolze Intensivo I 2 Aulas On-line - 2012

DAO EM pagamento

A expresso dao em pagamento coloquial, mas na raiz do instituto, dao em pagamento conhecida como datio in solutum.

Conceito: Trata-se de uma forma de pagamento satisfativa do interesse do credor. Regulada a partir do artigo 356, a dao em pagamento opera-se quando o credor, na mesma relao obrigacional, aceita receber prestao diversa da que lhe devida.

Art. 356. O credor pode consentir em receber prestao diversa da que lhe devida.

At aqui que voc viu que essa forma de dao em pagamento forma de satisfao do interesse do credor. Quando o credor aceita receber prestao diversa da que lhe devida, opera-se o pagamento. A obrigao extinta. O direito do credor plenamente satisfeito. Acontece que existe uma forma de dao perigosssima para concurso pblico que uma forma de dao que no pode ser confundida com essa forma de dao que estou lhes ensinando. Eu estou lhes ensinando uma forma de dao in solutum, uma forma de pagamento cabal, que satisfaz o interesse do credor (forma satisfativa do interesse do credor). Mas existe uma forma de dao explorada pela doutrina que no pode ser confundida com essa que estou ensinando, que a chamada dao pro solvendo. A dao pro solvendo tambm conhecida na doutrina como dao por causa de pagamento ou dao em funo de pagamento. A dao pro solvendo no satisfaz o interesse do credor de forma plena. muito mais um meio facilitador do pagamento do que propriamente um meio satisfativo do interesse do credor.

Na dao pro solvendo, o interesse do credor no imediatamente satisfeito: Trata-se de um meio mais facilitador do pagamento do que efetivamente satisfativo do interesse do credor.

Exemplo: Eu sou seu devedor (temos um contrato e uma relao obrigacional). Vencida a dvida de 10 mil eu vou at voc e digo que a dvida venceu, mas que no tenho como pagar agora. Pergunto: Voc aceitaria que eu efetivasse uma dao de uns ttulos de crdito que tenho contra Fredie? Eu tenho 12 mil em ttulos. Eu posso endoss-los e ceder o direito a voc. Dando em pagamento esses cheques e se o credor aceitar, o direito dele est sendo imediata e integralmente satisfeito? No porque ainda ter que aguardar a execuo dos cheques. Ento, a dao de ttulo de crdito um exemplo de dao pro solvendo. No caso do carro, o bem se incorpora ao patrimnio imediatamente. Mas no caso dos ttulos, o direito do credor no fica plenamente satisfeito. Pelo contrrio. Eu estou facilitando o pagamento, mas o seu direito ainda no est plenamente satisfeito. Ao receber os cheques voc aguardar a compensao e se Fredie no pagar, o devedor dever executar os cheques. Isso matria do direito comercial. Mas o que eu quero que voc entenda que a dao de ttulos de crdito dao pro solvendo. Ento, um exemplo para voc colocar em prova de dao pro solvendo a entrega de ttulos de crdito emitido por terceiro. Porque se o cheque meu mesmo, voc pode fazer uma ressalva no sentido de que a obrigao s estar extinta se o cheque tiver proviso de fundos. Se eu transfiro para voc ttulos contra Fredie, estou operando dao pro solvendo porque seu direito no foi imediatamente satisfeito. Mas a dao que estou tratando aqui a dao in solutum.

Requisitos da dao em pagamento: Para que haja a dao em pagamento, os requisitos so: a existncia de uma obrigao vencida, o consentimento do credor (o credor tem que aceitar a dao em pagamento), o cumprimento de uma prestao diversa e o animus solvendi (a inteno de pagar).

O devedor, quando cumpre a prestao que lhe devida, ele deve atuar com animus solvendi, com a inteno de pagar. Porque se ele, ao efetuar prestao diversa, no estiver com animus solvendi poder estar cometendo uma simples liberalidade.

HC no STJ aceitaram a entrega do imvel em dao em pagamento para efeito de sua soltura na obrigao de pagar de alimentos. O outro poderia no aceitar, mas como estava em jogo a liberdade, o STJ entendeu que o devedor dos alimentos, no tendo condies de pagar a dvida vultosa, desse em pagamento o imvel como forma de ensejar a expedio de alvar de soltura em sede de habeas corpus.

OBS.: Ver, no material da apoio, interessante julgado (HC 20317/SP), em que o STJ aceitou a dao em pagamento de imvel para cumprimento de penso alimentcia em atraso.

Nessa temtica, o ltimo tpico a ser perguntado em concurso seria:

Parte da doutrina, quando fala da dao em pagamento sempre diz que na dao o devedor sugere ao credor entregar coisa diversa. Em geral, de fato assim. Agora, possvel dar em pagamento uma prestao de fazer? Ao invs de dinheiro, dar em pagamento, por exemplo, dez cursos, ministrar aulas? Isso possvel? Sim. possvel que a prestao seja obrigao de fazer. Em geral, o objeto cientfico da doutrina entrega de coisa, mas quando o cdigo civil inicia a disciplina da dao em pagamento diz que se opera a dao em pagamento quando o credor aceita receber prestao diversa da que lhe devida. Se o cdigo aceita isso, no est negando a possibilidade de essa prestao diversa ser uma prestao de fazer. Por que no? A autonomia privada, admite isso. Contudo, tradicionalmente, o exemplo que se trabalha com entrega de coisa.

Evico da coisa dada em pagamento a matria hoje no sobre evico, mas para entender o estudo desse tpico, vale anotar o conceito de evico.

Conceito de evico: Ocorre a evico quando o adquirente do bem perde a posse e a propriedade da coisa por ato judicial ou administrativo, em virtude do reconhecimento do direito anterior de outrem.

Toda vez que voc ouvir essa palavra, significa ser vencido, perder. Quando algum perde algo por evico significa que esse adquirente perdeu a coisa em virtude do reconhecimento de um direito anterior de outrem. Exemplo: voc comprou um apartamento de uma construtora, foi lavrada uma escritura em seu nome. Dois meses depois voc foi citado em uma ao reivindicatria porque um terceiro conseguiu provar que o registro foi falsificado e que o apartamento era dele, no podendo ter sido transferido a voc. Voc perde, no caso, a coisa por evico, pelo reconhecimento do direito anterior de outrem.

Outro exemplo: voc saiu com seu carro e foi parado numa blitz onde se constatou que o carro era roubado e pertencia, na verdade, a um terceiro. Voc perdeu o carro por evico. Mais na frente estudaremos evico, mas por hora o que importa saber.

O que isso tem a ver com dao em pagamento: O art. 359 um dos mais importantes dessa parte da aula:

Art. 359. Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, restabelecer-se- a obrigao primitiva, ficando sem efeito a quitao dada, ressalvados os direitos de terceiros.

OBS.: luz do princpio da boa-f, nos termos do art. 359, caso o credor seja evicto da coisa recebida em pagamento, a obrigao primitiva no poder se restabelecer, em respeito ao direito de terceiro, resolvendo-se em perdas e danos.

NOVAO

A palavra novao, etimologicamente, remete-nos a novatio, ideia de algo novo.

Conceito: Opera-se a novao quando uma nova obrigao criada para substituir e extinguir a obrigao anterior..

EM geral, toda novao tem natureza negocial, ressalvada a anmala hiptese de novao legal, prevista no art. 59 da Lei 11.101. Fala-se que a modalidade de novao legal anmala exatamente por no derivar da vontade das partes, mas sim da lei.Art. 59. O plano de recuperao judicial implica novao dos crditos anteriores ao pedido, e obriga o devedor e todos os credores a ele sujeitos, sem prejuzo das garantias, observado o disposto no 1o do art. 50 desta Lei. Requisitos da novao:

1) Existncia de uma obrigao anterior

Isso uma coisa lgica. S se pode novar uma obrigao que preexista. Vale lembrar todavia, nos termos do art. 367 do CC, que obrigaes nulas e extintas no podero ser novadas, mas as simplesmente anulveis sim. o que diz o art. 367, do Cdigo Civil.

Art. 367. Salvo as obrigaes simplesmente anulveis, no podem ser objeto de novao obrigaes nulas ou extintas.

E ainda nesse primeiro requisito, excelente questo dissertativa, a pergunta :

OBS.: Obrigao natural pode ser novada? R: Existe grande controvrsia na doutrina acerca da possibilidade de se novar ou no obrigao natural. Autores como Marcel Planiol, Serpa Lopes e Silvio Rodrigues so favorveis, entretanto, Washington de Barros Monteiro e Clvis Bevilqua discordam. Stolze acredita numa tendncia de ser possvel a novao de uma obrigao natural. Acreditamos haver tendncia de maior aceitao aos que defendem a possibilidade, por conta do que dispe o 1 do art. 814 do CC.

1 Estendese esta disposio a qualquer contrato que encubra ou envolva reconhecimento, novao ou fiana de dvida de jogo; mas a nulidade resultante no pode ser oposta ao terceiro de boaf.O que eu colocar em concurso? Coloque as duas correntes e se posicione.

2) Para que haja novao deve haver a criao de uma obrigao nova substancialmente diversa da primeira. Deve, pois, concorrer um elemento novo (aliquid novi )Orlando Gomes: Conforme a doutrina moderna, a novao s se configura se houver diversidade substancial entre a obrigao nova e a velha. No existe novao quando apenas se verificam acrscimos ou operaes secundrias da primeira obrigao.

Sabe o que ele quer dizer com isso? Que se as partes esto apenas alterando a estrutura da primeira obrigao, renegociando a mesma obrigao, no h novao. Renegociao de dvida no cheque especial no novao. Renegociar a mesma obrigao no novar. Para que haja novao preciso que haja a criao de uma obrigao nova a partir dali. Elemento novo. Aliquid novi. O fato de a operadora de celular conceder um parcelamento para quem est em dvida, no novao. Em geral, quando voc vai ao banco renegociar a dvida, voc est renegociando a mesma obrigao. No h elemento novo a, de maneira que no havendo obrigao nova, novao no existe.

Importante ainda dizer que a realizao da novao, p. ex., impe a retirada de eventual negativao do nome da pessoa em razo da obrigao extinta pela novao.

OBS.: muito importante pontuar que a novao pressupe a criao de uma obrigao nova, com a consequente quitao da primeira dvida. Assim, se as partes apenas renegociam a mesma obrigao (pactuando um parcelamento ou reduzindo uma multa) novao no h. Ver STJ: REsp 685023/RS fica muito claro que renegociar a mesma obrigao no significa novao).

H ainda um terceiro requisito para se identificar a novao:

3) Animus de novar (animus novandi)Para que haja novao preciso que haja animus de novar, ou seja, animus novandi com a inteno de constituir uma obrigao nova para substituir e extinguir a obrigao anterior.

Lembra-nos Eduardo Espnola que poucos so os cdigos que exigem uma declarao expressa do nimo de novar, a exemplo do Cdigo Civil Mexicano (art. 2.215). No Brasil a prova do nimo de novar pode resultar das circunstncias.

Espcies de novao:

Art. 360. D-se a novao:

I - quando o devedor contrai com o credor nova dvida para extinguir e substituir a anterior;

II - quando novo devedor sucede ao antigo, ficando este quite com o credor;

III - quando, em virtude de obrigao nova, outro credor substitudo ao antigo, ficando o devedor quite com este.

So fundamentalmente duas espcies de novao. Ambas so reguladas no art. 360, do Cdigo Civil. A novao poder ser:

Novao Objetiva As mesmas partes criam uma obrigao nova para substituir e liquidar a obrigao anterior. Tambm chamada de novao real. Est prevista no inciso I, do art. 360, mais importante porque, em geral, objeto de anlise cientfica dos professores e acadmicos de direito civil.Na novao objetiva, as mesmas partes criam obrigao nova destinada a substituir e a extinguir a obrigao anterior.

Novao Subjetiva no to conhecida, a novao subjetiva, prevista nos incisos II e III, do art. 360, poder ser ativa (por mudana de credor) e passiva (por mudana de devedor). Novao Subjetiva ATIVA (entre credores): Neste caso, em virtude de obrigao nova, um novo credor substitudo ao antigo, ficando o devedor quite com este.

Novao Subjetiva PASSIVA (entre devedores): A novao subjetiva passiva opera-se quando um novo devedor sucede ao antigo, considerando-se criada, a partir dali, uma obrigao nova. O modus operandi dessa novao subjetiva passiva merece ateno: Essa novao subjetiva passiva, pode se dar de duas maneiras: por delegao ou por expromisso.

Novao Subjetiva Passiva por DELEGAO Na delegao, que no tem artigo especfico no Cdigo Civil, mas que aceito pelo sistema, o devedor antigo participa do ato novatrio, aquiescendo. Voc tem uma situao triangularizada porque na delegao participam do ato novatrio, o credor, o devedor velho e o devedor novo. Os trs convencionam que o devedor velho sai, o devedor novo entra e considera-se criada a partir da uma obrigao nova.

Novao Subjetiva Passiva por EXPROMISSO - J na expromisso, regulada no art. 362, a novao subjetiva passiva realiza-se sem o consentimento do devedor originrio. A expromisso um ato de fora, de expulso. Na expromisso o credor simplesmente comunica ao devedor antigo que a obrigao est sendo extinta e que uma nova obrigao est sendo assumida pelo devedor novo. O antigo no precisa consentir. Isso acontece quando o pai vai at o credor do filho e diz que quer constituir com ele uma obrigao nova. Mas o antigo devedor pode se opor a isso? Na expromisso o devedor antigo no ouvido. O seu consentimento no importa.

Art. 362. A novao por substituio do devedor pode ser efetuada independentemente de consentimento deste.

Essa novao a novao que se d por expromisso. O credor notifica o devedor antigo dizendo que a obrigao est extinta, uma vez que um novo devedor assumiu obrigao nova.

Art. 363. Se o novo devedor for insolvente, no tem o credor, que o aceitou, ao regressiva contra o primeiro, salvo se este obteve por m-f a substituio.

Se o devedor antigo, por exemplo, sabia que o devedor novo estava quebrado. Se ficar demonstrada a m-f do antigo devedor, ele pode voltar a responder, mas fora isso, no.

Efeitos Jurdicos da novao:

A novao tem um efeito liberatrio do devedor, inclusive no que tange aos acessrios e garantia da obrigao primitiva, nos termos dos artigos 364 e 366.

A obrigao primitiva garantida por hipoteca. Tendo sido feita uma novao, a hipoteca da primeira garantia cai ou permanece? Se se constitui uma obrigao nova, extinguindo a antiga, as garantias e acessrios da pretrita obrigao, em regra, caem. Obs: basta lembrar do princpio da gravitao jurdica. Art. 364. A novao extingue os acessrios e garantias da dvida, sempre que no houver estipulao em contrrio. No aproveitar, contudo, ao credor ressalvar o penhor, a hipoteca ou a anticrese, se os bens dados em garantia pertencerem a terceiro que no foi parte na novao.

Muito claro: a garantia cai, salvo situao em contrrio porque se a garantia foi dada por terceiro, o terceiro deve participar do ato novatrio.

Art. 366. Importa exonerao do fiador a novao feita sem seu consenso com o devedor principal.

Ento, se o fiador no participou do ato novatrio, ele est exonerado.

Art. 365. Operada a novao entre o credor e um dos devedores solidrios, somente sobre os bens do que contrair a nova obrigao subsistem as preferncias e garantias do crdito novado. Os outros devedores solidrios ficam por esse fato exonerados.

Fcil ou difcil? Eu achei fcil. Pensem comigo: se o credor faz a novao com um dos devedores solidrios, a obrigao nova recai apenas na esfera jurdica do devedor que novou. Os outros esto exonerados.

O credor tem trs devedores em solidariedade passiva. Se esse credor novar com o devedor 01, significa que ele e o 01, segundo o princpio da autonomia privada, resolveram constituir uma obrigao nova. Resultado: Se o credor nova com o 01 constituda obrigao nova e os outros devedores que no participaram do ato novatrio esto exonerados, ou seja, vo para casa.

Na prova, em vez de colocar trs devedores solidrios eu coloquei trs credores solitrios e perguntei: se, no caso concreto voc tiver que um devedor vinculado a trs credores em solidariedade ativa, se o credor 01 resolver novar com o devedor, constituindo obrigao nova, o que acontece com os outros credores? Os outros credores esto exonerados como se fossem devedores? bvio que no. Se voc tem trs credores, tem direito de crdito. Se um deles novar, est prejudicando os outros. Resultado, neste caso, se um dos credores solidrios novar, os outros tero o direito de exigir dele o devido ressarcimento.

OBS.: Interpretando o art. 365, cumpre advertir que, em havendo novao feita por um dos credores solidrios, os outros credores tero o direito de exigir daquele que novou as suas respectivas partes no crdito.

Mas os outros credores poderiam impedir a novao? Negativo! No podem! Na solidariedade ativa, qualquer dos credores pode perdoar a dvida. E se pode perdoar, pode tambm novar. E se qualquer deles novar, os outros no esto exonerados. Vo exigir dele a sua parte correspondente.

J ouviram falar do REFIS? Parcelamento de dbitos tributrios, especialmente para pessoas jurdicas. Luiz Fux faz uma anlise muito precisa da novao no caso do REFIS. Em mais um julgado paradigmtico, o STJ tem entendido que quando a pessoa jurdica adere ao REFIS esse parcelamento no traduz a renegociao da mesma dvida. H vrios requisitos para isso: feito um reclculo da dvida, novos termos de vencimento, etc. Como a adeso ao REFIS no traduz uma mera renegociao da mesma relao, mas um reclculo do debito, o STJ tem entendido que a adeso ao REFIS traduz novao.

H entendimento no STJ no sentido de que a adeso ao REFIS traduz novao (AgRg nos EDcl embargos de declarao no REsp 726293/RS).AgRg nos EDcl no REsp 726293/RS: A Lei 9.964/2000, no seu art. 2, 6, tem como destinatrios os autores das aes que versam os crditos submetidos ao REFIS. Em consequncia, tanto o particular em ao declaratria, quanto a Fazenda que aceita a opo ao programa, renunciam ao direito em que se fundam as aes respectivas, porquanto, mutatis mutandi, a insero no REFIS importa novao luz do art. 110 do CTN c/c o art. 999, I, do CC.

Ele no est parcelando a mesma obrigao, mas assumindo uma obrigao nova a partir do REFIS.

Indaga-se: possvel invalidar clusula contratual de obrigao novada (clusula nula do contrato velho, mantida no contrato novado)?

R: O STJ j firmou o entendimento (AgRg no Ag. 801930/SC, bem como Smula 286) no sentido de que, mesmo tendo havido renegociao da mesma dvida ou novao possvel a impugnao a posteriori de clusula invlida e a reviso do contrato, a luz do princpio da funo social do contrato.

AgRg no Ag. 801930/SC: CONTRATO BANCRIO. NOVAO. REVISO.- A renegociao ou novao da dvida no veda a possibilidade de reviso dos contratos anteriores. Incide a Smula 286.

Smula 286, STJ: A renegociao de contrato bancrio ou a confisso da dvida no impede a possibilidade de discusso sobre eventuais ilegalidades dos contratos anteriores. uma forma inclusive, de respeitar o princpio da funo social porque mesmo a parte tendo renegociado ou novado, ela pode impugnar eventuais ilegalidades.

Pergunta que ficou no ar: Por que o banco no poderia, em defesa, alegar que o devedor no poderia, a posteriori, impugnar a clusula porque estaria sendo contraditrio? O banco no pode alegar isso porque o venire no pode ser usado para chancelar ilegalidade.

O princpio do venire no pode chancelar ilegalidade.

PAGAMENTO COM SUB-ROGAO

A palavra sub-rogao remete ideia de substituio. Sub-rogar substituir. Mas essa palavra tem outros sentidos. Substituir bem que foi dado em garantia substituio de coisas. Mas no campo do direito das obrigaes, esse pagamento com sub-rogao no se refere a coisas, mas a pessoas.

Conceito de pagamento com sub-rogao

Nos termos dos arts. 346 a 351 do CC, o pagamento com sub-rogao, forma especial de cumprimento da obrigao, consiste no pagamento que opera substituio de credores na mesma relao obrigacional.

Obs: Essa forma especial de pagamento se diferencia da novao subjetiva ativa, uma vez que nesta, verifica-se a formao de uma nova obrigao. O que no ocorre no pagamento com sub-rogao, ou seja, um pagamento com substituio de credor na mesma relao obrigacional. Obs: Isso no cesso de crdito? No parece um pouco? O credor originrio no est cedendo o crdito ao novo credor que o substitui? De fato, existe um ponto de interseo entre cesso de crdito e pagamento com sub-rogao, mas no so os mesmos institutos. No h uma identidade completa entre eles. H outras diferenas. O credor originrio poderia gratuitamente ceder o crdito dele ao terceiro? Sim. Seria uma cesso de crdito. No comum, mas seria. Houve pagamento? No. Ento, no se pode dizer que cesso de crdito igual a pagamento com sub-rogao. Entre outras diferenas, uma delas que a cesso de crdito pode ser gratuita. O pagamento com sub-rogao, jamais.

Obs.: No existe identidade entre cesso de crdito e pagamento com sub-rogao, mas sim pontos de contato. No se pode, todavia, afirmar que a identidade completa, dentre outras razes, porque a cesso de crdito pode ser gratuita.

Efeitos do pagamento com sub-rogao:

Art. 349. A sub-rogao transfere ao novo credor todos os direitos, aes, privilgios e garantias do primitivo, em relao dvida, contra o devedor principal e os fiadores.

Esse o exemplo geral do pagamento com sub-rogao. A sub-rogao opera, regra geral, a transferncia de todos os direitos, aes, privilgios e garantias do primitivo. O terceiro paga ao credor originrio e se sub-roga em tudo isso. Se esse credor tivesse, ainda aparelhando o crdito, esse terceiro, tornando-se credor sub-rogado teria a garantia em seu favor? Sem dvida, na forma do art. 350.

A dvida, originalmente, de 5 mil reais. O devedor no pagou. O credor notificou o terceiro, o fiador chora daqui e acol pedindo um desconto ao credor. O terceiro fiador pediu um desconto e levou. Efetua o pagamento e sub-roga-se nos direitos satisfeito. Na ao regressiva o que ele pode cobrar? A dvida originria ou o que efetivamente pagou? Alternativa 'a' ou 'b'? O Cdigo tem uma regra especfica para isso: s poder cobrar o que efetivamente pagou:

Na vereda do art. 593 do Cdigo Portugus, o art. 350 do Cdigo Civil Brasileiro limita o direito do novo credor ao valor efetivamente pago.

Art. 350. Na sub-rogao legal o sub-rogado no poder exercer os direitos e as aes do credor, seno at soma que tiver desembolsado para desobrigar o devedor.

Falo sobre a sub-rogao legal mais adiante. Na fiana locatcia, se porventura esse terceiro interessado no efetuar o pagamento, segundo o STF, o fiador na locao no tem direito proteo do bem de famlia. Se o credor executar o fiador, a casa que ele mora com a famlia dele vai para hasta pblica. Se o fiador na locao (terceiro interessado) efetuar o pagamento ao credor originrio, se sub-roga nos direitos, aes, privilgios e garantias. Pergunta-se: se o fiador paga, no poderia na ao de regresso, exigir a penhora do bem de famlia do devedor originrio? Sim ou no? O credor demandou o fiado na locao, sob pena de se fiador perder o seu bem de famlia porque vimos que o STF entende assim. O fiador pagou. Nesse caso, pode executar o bem de famlia desse devedor? O STJ tem entendido que no, at porque a norma que autoriza a penhora do bem de famlia do fiador (que est l na norma do bem de famlia) no comporta interpretao extensiva. Se o fiador paga o credor originrio, na ao regressiva contra o devedor, no poder executar o bem de famlia dele.

OBS.: Caso o fiador, na locao, efetue o pagamento ao credor originrio, sub-rogando-se na posio dele, no poder, com isso, pretender penhorar, em ao de regresso, bem de famlia do devedor: a norma que admite a constrio do seu imvel residencial (art. 3, VII, da Lei do Bem de Famlia) no comporta interpretao extensiva.

Espcies de pagamento com sub-rogao

Fundamentalmente, temos duas espcies de pagamento com sub-rogao:

Pagamento com sub-rogao legal (art. 346) Dispensa maiores comentrios. A sub-rogao (substituio) aqui, opera-se por fora de lei.

Art. 346. A sub-rogao opera-se, de pleno direito, em favor:

I - do credor que paga a dvida do devedor comum;

Imagine que haja trs credores. O credor 1, o credor 2 e o credor 3. Se o credor 2 pagar a dvida ao credor 1 vai se sub-rogar nos direitos dele contra o devedor. Ele passar a ter dois crditos. O prprio crdito e o crdito sub-rogado.

II - do adquirente do imvel hipotecado, que paga a credor hipotecrio, bem como do terceiro que efetiva o pagamento para no ser privado de direito sobre imvel;

Tambm haver sub-rogao legal do adquirente do imvel hipotecado que paga ao credor hipotecrio. Como se d essa forma de pagamento com sub-rogao legal em favor do adquirente do imvel hipotecado que paga ao credor hipotecrio? possvel comprar uma fazenda hipotecada a bom preo. O imvel hipotecado pode ser alienado. Imagine que voc tenha uma fazenda de propriedade de Joo s que ele tambm devedor do Bradesco. Ele, inclusive hipotecou essa fazenda ao Bradesco que passou a ser o credor hipotecrio. Um dia, Fredie se interessa pela fazenda e se oferece para compr-la de Joo. Diz o Cdigo Civil que se o adquirente do imvel, que Fredie, pagar ao credor hipotecrio, que o Bradesco, ele se sub-roga nos direitos do Bradesco contra Joo, que o devedor originrio. Isso acontece muito no pas. Mas qual o interesse do adquirente da fazenda em pagar o credor hipotecrio? Para liberar a hipoteca, j que a fazenda dele. E segundo para que ele, sub-rogando-se nos direitos do credor hipotecrio tenha direito contra o devedor. Sabe o que acontece na prtica? Quando Fredie for sentar para firmar o contrato da fazenda, ele j pede um desconto, no ato de compra exatamente argumentando que ele pagar ao Bradesco. Esse o mecanismo.

S que esse inciso II trouxe uma novidade: A sub-rogao opera-se de pleno direito em favor do terceiro que efetiva o pagamento para no ser privado de direito sobre o imvel. Isso no est no cdigo velho. Exemplo: Eu alugo um imvel h trinta anos. Minha locadora passou a dever ao Ita 30 mil reais. O Ita est em vias de executar. Eu estou com medo de, na Execuo, o Ita vir a penhorar o imvel e eu ser prejudicado. O que eu fiz? Fui at o Ita, paguei a dvida da minha locadora para no ser privado de direitos sobre o imvel. No momento que fiz isso, eu me sub-roguei nos direitos do Banco contra a locadora. possvel, ento, o pagamento com sub-rogao quando um terceiro (no caso, eu) efetiva o pagamento ao credor (no caso, o Ita) para no ser privado de direitos sobre o imvel. III do terceiro interessado, que paga a dvida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte.

Ainda haver pagamento com sub-rogao legal no seguinte caso: Em favor do terceiro interessado que paga a dvida pela qual era ou podia ser obrigado no todo ou em parte. Qual o exemplo prtico disso? O fiador o terceiro interessado que paga, uma vez que ele poderia ser responsabilizado. Aqui, acabaram as hipteses de pagamento com sub-rogao legal. No artigo seguinte, veremos o pagamento com sub-rogao convencional. A sub-rogao depende do negcio.

Pagamento com sub-rogao convencional (art. 347) ela convencional quando a substituio de credores opera-se por meio de um negcio jurdico.

Art. 347. A sub-rogao convencional:

I - quando o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe transfere todos os seus direitos;

Eu disse que havia um ponto de intercesso entre pagamento com sub-rogao e cesso de crdito. O ponto de intercesso esse inciso. Porque a principiologia a mesma para o pagamento com sub-rogao convencional do inciso I e a cesso de crdito. Isso opera como uma cesso de crdito. Nesse caso, voc tem um ponto de intercesso porque essa forma de pagamento com sub-rogao convencional do art. 347, I opera como uma cesso de crdito.

Exemplo: Imagine que um credor tenha um crdito de 10 mil que vence daqui a duas semanas. Mas ele precisa muito desse dinheiro j. Ento, ele vai at um terceiro e oferece transferir o crdito de 10 mil em troca de um pagamento de 9 mil. Neste caso, sub-rogao convencional. a primeira hiptese. Tambm h sub-rogao convencional quando:

II - quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para solver a dvida, sob a condio expressa de ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito.

O que mutuante? quem parte no contrato de mtuo. quem empresta.

Exemplo: O devedor deve 10 mil reais ao credor. Uma terceira pessoa, mediante negcio jurdico pactuado com esse devedor, empresta ao devedor a quantia necessria para que ele pague a dvida sob a condio de este terceiro (mutuante) sub-rogar-se nos direitos do credor satisfeito. como se o terceiro dissesse: devedor, eu, mediante negcio jurdico, lhe empresto 10 mil reais, voc paga ao credor e voc fica me devendo porque eu me sub-rogo nos direitos do credor satisfeito. Bancos oficiais do governo fazem muito isso. Agricultores de determinado ramo que esto devendo aos bancos privados. O BNDES, por exemplo, abre uma linha de crdito para emprestar ao devedor a juros mais baixos. O devedor paga ao banco particular sob a condio de o mutuante (CEF, BNDES, BB) ficar sub-rogado nos direitos do credor satisfeito. uma forma de o governo amparar algumas categorias.

III - do terceiro interessado, que paga a dvida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte.

OBS.: Vale lembrar ainda que, nos termos do art. 349 do CC, a sub-rogao transfere ao novo credor todos os direitos aes, privilgios e garantias do primitivo em relao dvida contra o devedor principal e os fiadores. Por bvio, que isso poder ser amenizado em razo da autonomia privada na elaborao do negcio jurdico celebrado, origem do pagamento em sub-rogao convencional. Art. 349. A sub-rogao transfere ao novo credor todos os direitos, aes, privilgios e garantias do primitivo, em relao dvida, contra o devedor principal e os fiadores.

-Smulas nos 188 e 257 do STF.

OBS: Nos termos do art. 350 do CC, o novo credor s poder cobrar do devedor aquilo que efetivamente desembolsou na realizao do pagamento. Isso ocorre at mesmo para evitar o enriquecimento sem causa. Art. 350. Na sub-rogao legal o subrogado no poder exercer os direitos e as aes do credor, seno at soma que tiver desembolsado para desobrigar o devedor. Imputao do pagamento

Essa forma especial diferente, menos uma forma tpica do pagamento. muito mais uma forma de indicao do pagamento.

Conceito: Na linha de pensamento do grande professor lvaro Villaa Azevedo, trata-se da indicao ou determinao, dentre dois ou mais dbitos lquidos e vencidos, devidos ao mesmo credor, em qual deles ser efetuado o pagamento.

A imputao do pagamento voc tem muito mais um meio de indicao ou de determinao de como a dvida ser solvida. Essa mecnica obrigacional atpica porque no se trata de forma clssica de solvncia de obrigao. A imputao do pagamento muito mais uma forma de indicao do pagamento: em qual das dvidas o pagamento ser indicado, atribudo, imputado. Imagine que entre credor e devedor existam duas ou mais dvidas da mesma natureza, de dinheiro, por exemplo. Exista a dvida 01, a dvida 02 e a dvida 03, todas de 5 mil. O devedor s dispe de 5 mil. A pergunta : em qual das dvidas ele imputar o pagamento? isso que estudamos aqui. Quando houver entre credor e devedor duas ou mais dvidas e o devedor no tiver valor suficiente para pagar todas as dvidas vencidas.

A regra nmero 01 no sentido de que a imputao ser feita pelo devedor. o devedor que indicar em qual das dvidas ser imputado o pagamento. Isso est no art. 352:

Art. 352. A pessoa obrigada por dois ou mais dbitos da mesma natureza, a um s credor, tem o direito de indicar a qual deles oferece pagamento, se todos forem lquidos e vencidos.

A imputao feita pelo devedor. E se ele no fizer a imputao? Voc cai na regra nmero 02: Se o devedor no imputar, a imputao ser feita pelo credor (art. 353):Art. 353. No tendo o devedor declarado em qual das dvidas lquidas e vencidas quer imputar o pagamento, se aceitar a quitao de uma delas, no ter direito a reclamar contra a imputao feita pelo credor, salvo provando haver ele cometido violncia ou dolo.

Indaga-se: vimos que a regra geral que a imputao feita pelo devedor e se este no imputar, o credor que faz isso. Mas e se nem o credor e nem o devedor o fazem? A voc cai na regra n 03: Caso no tenha havido imputao feita pelo devedor ou pelo credor, aplicam-se subsidiariamente as regras da imputao legal, que esto nos artigos 354 e 355.O art. 354 de aplicao mais tpica, restrita hiptese que a dvida de juros. Ele diz que se qualquer das dvidas for dvida de juros, se o devedor no imputou e o credor tambm no, pela regra da imputao legal, primeiramente abate-se os juros. Se qualquer dvida for dvida de juros, o pagamento recai sobre ela.

Art. 354. Havendo capital e juros, o pagamento imputar-se- primeiro nos juros vencidos, e depois no capital, salvo estipulao em contrrio, ou se o credor passar a quitao por conta do capital.

Essa regra estrita hiptese de qualquer das dvidas ser dvida de juros. No muito frequente acontecer isso. Note-se que a dvida no se refere a juros vencidos. A voc vai para o art. 355, que o artigo matriz. Vocs tm que memorizar esse artigo. Se vocs perceberem a lgica dele, vocs no tero dificuldade. Caiu uma questo envolvendo imputao, vai verificar se o devedor imputou. Depois, se o credor imputou. Se nenhum dois fez isso, voc vai cair na regra geral da imputao legal, que a do art. 355 se no houver, claro, referncia a juro. O artigo 355 diz que se o devedor no fez a imputao, se o credor tambm no fez porque a quitao for omissa, a imputao ser feita nas dvidas lquidas e vencidas em primeiro lugar, ou seja, se o devedor no imputou, pela lei, o pagamento imputado na dvida mais antiga, a que venceu primeiro.

Se todas as dvidas forem lquidas e vencidas, ao mesmo tempo, a imputao feita na dvida mais onerosa. a segunda regra. O que uma dvida mais onerosa? aquela que tem a multa mais alta, a clusula penal mais severa, a mais pesada para o devedor. D para avaliar isso no caso concreto.

Questo de concurso: se o devedor no imputou, se o credor no imputou, se no dvida de juro, diz o art. 355, que a imputao tem que recair sobre a dvida mais antiga. Mas se todas as dvidas forem vencidas ao mesmo tempo, a imputao recai sobre a dvida mais onerosa.

E se todas as dvidas forem igualmente vencidas e igualmente onerosas, a imputao recai em qual delas? Se todas as dvidas forem vencidas ao mesmo tempo e igualmente onerosas, vamos ver se o art. 355 responde:

Art. 355. Se o devedor no fizer a indicao do art. 352, e a quitao for omissa quanto imputao (ou seja, se o credor no fez a indicao), esta se far nas dvidas lquidas e vencidas em primeiro lugar. Se as dvidas forem todas lquidas e vencidas ao mesmo tempo, a imputao far-se- na mais onerosa.

Pergunta-se: E se todas as dvidas forem igualmente onerosas, em qual delas ser feita a imputao? O cdigo no responde a essa pergunta. Omisso do sistema jurdico brasileiro. um ponto de lacuna.

Como fundamentar o raciocnio diante disso? O Cdigo Comercial no final do sculo XIX, quando tratou da imputao ao pagamento no campo do direito mercantil, o Cdigo Comercial respondia a essa pergunta. Dizia que se todas as dvidas forem vencidas ao mesmo tempo e igualmente onerosas, o pagamento seria feito proporcionalmente em cada uma. S que essa regra do Cdigo Comercial, que respondia pergunta, foi revogada pelo novo Cdigo Civil. Fica a sugesto doutrinria, de lege ferenda, que o juiz, nesse caso, decida por equidade, podendo imputar o pagamento proporcionalmente em cada uma delas.

Vale lembrar que a antiga regra do Cdigo Comercial (art. 433, IV), que determinava neste caso a imputao proporcional em cada uma das dvidas encontra-se revogada. Assim, dever o juiz decidir por equidade.

REMISSO E CONFUSO

OBS.: Ver material de apoio (tema simples, bem explicado l).A remisso traduz o perdo da dvida, disciplinada a partir do artigo 385.

Art. 385. A remisso da dvida, aceita pelo devedor, extingue a obrigao, mas sem prejuzo de terceiro.

Art. 386. A devoluo voluntria do ttulo da obrigao, quando por escrito particular, prova desonerao do devedor e seus co-obrigados, se o credor for capaz de alienar, e o devedor capaz de adquirir.

Art. 387. A restituio voluntria do objeto empenhado prova a renncia do credor garantia real, no a extino da dvida.

Art. 388. A remisso concedida a um dos co-devedores extingue a dvida na parte a ele correspondente; de modo que, ainda reservando o credor a solidariedade contra os outros, j lhes no pode cobrar o dbito sem deduo da parte remitida.

A doutrina italiana entende que a remisso da dvida um ato unilateral do credor. S que o direito brasileiro no acompanha esse entendimento porque entre ns, o perdo da dvida tem natureza bilateral. Para que surta efeitos, o devedor tem que aceitar o perdo, da dizer-se que a remisso no direito brasileiro bilateral.

O tema confuso tambm tratado nos direitos reais. No direito obrigacional, tem uma inteleco simples. A matria est na apostila e deve l ser lida.

Conceito: A confuso se opera quando na mesma pessoa agregam-se as condies de credor e devedor (art. 381).

Confuso se d quando, na mesma pessoa renem-se as qualidades de credora e devedora. Imagine que meu nico parente vivo seja meu tio. E acontece que ele muito rico e eu estou devendo a ele 10 mil reais. Meu tio morreu, a herana dele automaticamente veio para mim. O que acontece? Opera-se uma confuso. O crdito correspondente minha dvida passou a me pertencer. Isso se chama confuso.

Confuso no se confunde com a compensao, forma especial de pagamento que ser estudada a seguir:

COMPENSAO

A compensao uma forma de extino das obrigaes em que as partes so, reciprocamente, credora e devedora uma da outra (art. 368 do CC).A compensao diferente da confuso, muito embora exista uma certa semelhana. Vai ficar claro agora.A compensao se opera nos termos do art. 368, do Cdigo Civil, se duas pessoas forem, ao mesmo tempo, credora e devedora uma da outra. Vamos a um dos artigos mais importantes do Cdigo:

Art. 368. Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, as duas obrigaes extinguem-se, at onde se compensarem.

Na confuso, a mesma pessoa rene as qualidades de credora e devedora (eu, nico herdeiro do meu tio, era devedor dele. Com a morte dele, houve a confuso). Na compensao, duas pessoas so, ao mesmo tempo credora e devedora uma da outra, operando-se a compensao. Aqui h duas partes. A credor de 10 de B. B, por sua vez credor de 8 de A. As duas obrigaes extinguem-se at onde se compensarem.Espcies de compensao:

Existem trs espcies de compensao. Das trs, a mais importante a legal, inclusive para concurso pblico:

Compensao LEGAL A compensao legal se opera quando, reunidos os requisitos da lei, o juiz, provocado, a declara.Art. 369. A compensao efetua-se entre dvidas lquidas, vencidas e de coisas fungveis.

Certamente vocs j escutaram que a compensao , em processo civil, uma exceo substancial. Por que isso? Porque exceo substancial uma defesa do ru, indireta de mrito. verdade isso. Se eu propuser uma ao de cobrana contra voc, voc primeiro alega, na contestao, pressupostos processuais, condies da ao e depois voc entra no mrito. Existem as chamadas preliminares do mrito. A compensao uma delas. uma matria de defesa do ru. Se eu entro com uma ao de cobrana contra voc, voc, na sua contestao, em defesa, em preliminar de mrito, ope a compensao, alegando que, de fato voc me deve mil, mas voc tambm credor de mil. Ento, se os requisitos da lei estiverem configurados o juiz deve acatar a defesa.Ento, vejam que a compensao legal a mais forte porque rene os requisitos da lei. Quando os requisitos da lei estiverem reunidos, o ru, alegando em defesa a contestao, j que o juiz no pode pronunciar de ofcio, o juiz deve declar-la. Essa a compensao legal. Daqui a pouco vou explicar quais so esses requisitos da lei. Compensao CONVENCIONAL A compensao convencional aquela que se opera independentemente dos requisitos da lei, de acordo com a vontade das partes.Essa compensao convencional se manifesta por conta da autonomia privada. As partes, de acordo com esse princpio, por meio de um negcio jurdico, resolvem compensar as suas dvidas, independentemente dos requisitos da lei. Essa a convencional, que uma aplicao do princpio da autonomia privada.

Compensao JUDICIAL aquela que se opera em juzo por autorizao de uma norma processual. Exemplo: Art. 21, do CPC.Art.21.Se cada litigante for em parte vencedor e vencido, sero recproca e proporcionalmente distribudos e compensados entre eles os honorrios e as despesas.

Vocs nunca viram, num processo, quando duas partes so ao mesmo tempo vencedor e vencido, o juiz dizer o nus da sucumbncia pro rata? uma forma de compensao judicial.

Eu volto compensao legal, lembrando que aquela que se opera quando, reunidos os requisitos da lei, por manifestao do interessado (ru), que na defesa alega compensao, o juiz, verificando que os requisitos da compensao legal esto configurados, ele deve declarar a compensao da dvida.

Requisitos da Compensao LegalArt. 369. A compensao efetua-se entre dvidas lquidas, vencidas e de coisas fungveis.

1 Requisito:Reciprocidade das dvidas

Para que haja compensao, as dvidas devem ser recprocas. A deve a B e B deve a A. As mesmas partes da relao obrigacional devem ser ao mesmo tempo credora e devedora uma da outra na mesma relao jurdica material. Isso reciprocidade.

Agora, existe uma situao, relativa a esse primeiro requisito:

Vale anotar que esse requisito sofre certa mitigao por fora do art. 371 que admite a possibilidade de um terceiro compensar uma dvida que no dele ( o caso do fiador).

Art. 371. O devedor somente pode compensar com o credor o que este lhe dever; mas o fiador pode compensar sua dvida com a de seu credor ao afianado.

Fiador parte da relao principal? No! Fiador terceiro interessado. E terceiro no parte. Eu no estou falando da relao acessria, fiana, em que o fiador parte. O fiador, garantindo a relao obrigacional, no parte da relao principal. Olha o que pode acontecer. Veja como essa situao do fiador acaba por excepcionar esse primeiro requisito.

Imagine que haja um fiador garantindo uma dvida em que o devedor no cumpriu a obrigao. O credor demandou o fiador. O fiador, em defesa, pode alegar compensao, quer seja do crdito dele contra o credor, quer seja do crdito do devedor contra o credor. Como assim? A dvida entre credor e devedor de 10 reais. O credor se volta contra o fiador. O fiador alega que o devedor tem um crdito contra o credor. Na verdade, o fiador estaria compensando com um crdito que no dele. Isso escapa da reciprocidade porque a reciprocidade diz que na compensao legal, A deve a B e B deve a A. Neste caso, h um terceiro compensando um crdito que no dele. No momento em que o CC permite que um terceiro que o fiador possa compensar com o credor, entenda, esse fiador no parte recproca da relao principal. uma exceo a esse primeiro requisito porque esse credor, demandando esse fiador, faz com que esse fiador possa alegar em defesa, em compensao, um crdito que pode, inclusive receber.

Vejam que essa situao (o fiador/terceiro alegando compensao do crdito do devedor contra o credor) escapa do primeiro requisito, que a reciprocidade. O art. 371 relativiza esse requisito.

2 Requisito:Liquidez das dvidas.

Para que haja compensao legal preciso que haja liquidez da dvida. O que significa? Que a dvida deve ser certa. 3 Requisito:As dvidas devem ser exigveis ou vencidas.

Para que haja compensao legal, as dvidas devem ser exigveis, ou seja, vencidas. Para o Cdigo Civil, para que haja compensao legal, eu cobro de voc uma dvida que j venceu e voc, em contestao, vai alegar a compensao de uma dvida que tambm j venceu.

Interessante notar que pelo projeto de reforma do Cdigo Civil, na sua redao original, e isso eu falo de lege ferenda, ser possvel compensar dvida vencida com dvida no vencida. S que pela lei atual, no pode. As dvidas tm que estar vencidas.

4 Requisito:As dvidas devem ser da mesma natureza, ou seja, a homogeneidade dos dbitos recprocos, nos termos do art. 370 do CC.

Art. 370. Embora sejam do mesmo gnero as coisas fungveis, objeto das duas prestaes, no se compensaro, verificandose que diferem na qualidade, quando especificada no contrato.Eu Pablo devo a voc, Rodrigo, R$ 15 mil. Voc, Rodrigo, me deve a entrega de moedas raras. possvel compensar dinheiro vivo com moedas raras? possvel haver compensao legal? No. No se pode compensar legalmente dinheiro vivo com moedas raras por fora desse quarto requisito.Com isso, eu quero dizer que para a compensao legal se operar preciso que haja a compensao de moeda corrente com moeda corrente.

Ou seja, caf do tipo A no pode, na compensao legal, compensar o caf do tipo B porque difere na qualidade. Se eu entrar com uma ao, obrigando que voc me entregue as 10 mil sacas de caf do tipo A que voc me deve, na compensao voc no pode alegar em defesa que, pelo fato de eu lhe dever 10 mil sacas de caf do tipo B, a compensao deve ser pronunciada pelo juiz. Isso porque a compensao legal, que obriga o juiz a declar-la, pressupe que as duas prestaes recprocas tenham objeto homogneo, inclusive no que tange qualidade da coisa. Ento, pressupe caf do tipo A com caf do tipo A; gado bovino nelore com gado bovino nelore, dinheiro moeda corrente com dinheiro moeda corrente.Mas e se as partes quiserem, no podem compensar caf do tipo A com caf do tipo B? No podem compensar moeda rara com moeda do tipo corrente? Ou gado nelore com gado holands? Essas perguntas fogem ao campo da compensao legal. Se as partes quiserem, significa que celebraram um contrato e mitigaram as exigncias da compensao legal. Se as partes quiserem, voc no est diante da compensao legal. Voc est diante da compensao convencional (onde impera a autonomia privada). Se as partes concordarem, convencionarem, podem perfeitamente compensar moeda corrente com moeda rara, podem compensar obrigao de fazer com obrigao de dar dinheiro.

Aqui as partes podem mitigar os requisitos da compensao legal. Na legal, se voc reunir os requisitos (reciprocidade, liquidez, vencimento e homogeneidade), quando o ru alega em defesa compensao legal, o juiz deve declar-la.Artigo de canto de cdigo, aquele que voc nunca leu, que pode ser perguntado. Pense sobre o seguinte: Imagine que sou seu credor de 10 mil reais. A dvida venceu ontem. Eu ingressei com a ao de cobrana. Voc me pede um prazo. Eu desisto da ao de cobrana e lhe dou um prazo de 45 dias para pagar. Voc sabia que esse prazo que o credor concede ao devedor chamado em direito civil de prazo de favor? O credor resolveu dar ao devedor, em face da dvida j vencida, um prazo de favor de 45 dias. Dentro desse prazo, eu, por qualquer motivo, acabei me tornando seu devedor de 10 mil reais e voc ingressou com a ao cobrando o valor. Voc ingressou com ao de cobrana e eu lhe concedi prazo de favor, dentro do qual a sua dvida no venceu ainda. Eu posso alegar compensao?

Ainda que a compensao legal luz de uma leitura tcnica possa no ser admitida pelo juiz, haja vista tratar-se de uma dvida vencida e a outra ainda no vencida, tendo em vista o princpio da eticidade, negar a compensao no seria justo, no seria tico. Com essa perspectiva da eticidade, que o Cdigo Civil traz um artigo dizendo que mesmo que eu haja concedido um prazo de favor, se durante esse prazo voc me cobra a dvida, eu posso, sim, alegar compensao porque isso respeito tica. um artigo que se voc no souber voc no responde no concurso.

luz do princpio da eticidade, mesmo que tenha sido concedido prazo de favor, possvel a alegao de compensao, nos termos do art. 372, do Cdigo Civil.Art. 372. Os prazos de favor, embora consagrados pelo uso geral, no obstam a compensao.

No campo do direito tributrio, voc sabia que o artigo que foi revogado logo no incio da entrada em vigor do novo Cdigo Civil foi revogado por razes de ordens fiscais, tributrias.

O art. 374, por fora da Lei 10.677/03 fora revogado.

Art. 374. A matria da compensao, no que concerne s dvidas fiscais e parafiscais, regida pelo disposto neste captulo. (Vide Medida Provisria n 75, de 24.10.2002) (Revogado pela Lei n 10.677, de 22.5.2003)

Entenda porque foi revogado. Geralmente o contribuinte se acha, de alguma maneira, titular de um direito contra o Estado. Ento, comum que o contribuinte alegue compensao, que a Unio deve a ele. Ento, o governo com medo da dimenso que os tribunais pudessem dar a isso, com medo de interpretao muito ampliativa de forma a reduzir a arrecadao do Estado, resolveu revogar o art. 374, do Cdigo Civil. De forma que o direito civil tem apenas aplicao subsidiaria no campo tributrio, sendo que o direito civil no tem mais uma norma explcita mandando aplicar as regras do Cdigo Civil s compensaes tributrias.O Enunciado 19, da I Jornada de Direito Civil estende a proibio da aplicao direta do Cdigo Civil, inclusive para dvidas fiscais e parafiscais dos outros entes da federao:

Enunciado 19, da I Jornada de Direito Civil: Art. 374: A matria da compensao no que concerne s dvidas fiscais e parafiscais de estados, do Distrito Federal e de municpios no regida pelo art. 374 do Cdigo Civil.

O que voc pode, no mximo, na forma da lei tributria especfica, buscar a aplicao subsidiria, mas no a aplicao direta da lei civil ao direito tributrio.

Pergunta simples: duas dvidas, recprocas, lquidas, vencidas e homogneas. Para efeito de compensao, interessa a causa de cada uma dessas dvidas? Em regra, no. Se minha dvida decorreu de uma aula que eu tive que ministrar, se a sua foi de um servio de pintura, no interessa. Mas, h situaes graves, de ordem pblica, no sistema jurdico brasileiro, em que a causa importa.

Regra geral, a causa das dvidas no interfere na compensao, com as excees do art. 373. Isso porque, ocorrendo qualquer das causas a que esse artigo se refere, no ser possvel a compensao.:

Art. 373. A diferena de causa nas dvidas no impede a compensao, exceto: I - se provier de esbulho, furto ou roubo; II - se uma se originar de comodato, depsito ou alimentos; III - se uma for de coisa no suscetvel de penhora.

Lgico que no possvel compensar se qualquer das dvidas provier de roubo, furto ou roubo. Eu roubei seu carro e no devolvo a no ser que voc compense a dvida que eu tenho com voc. Seria um absurdo isso! Outro exemplo: Eu pego a cerca da minha fazenda e avano dez metros, esbulhando a sua fazenda. O cdigo deveria ter falado em crime, mas preferiu nominar.

O cdigo, no inciso II, diz que no cabe compensao se as dvidas derivarem de comodato (emprstimo gratuito de coisa infungvel), depsito ou alimentos. Exemplo: eu lhe emprestei meu apartamento em Salvador. Quando eu volto voc diz que no vai devolver porque eu estou lhe devendo dinheiro e voc vai compensar com o meu apartamento. No pode porque se qualquer das dvidas deriva de comodato no poderia haver compensao porque haveria quebra de confiana. De igual forma, no caso do depsito (contrato atravs do qual voc guarda, conserva e devolve). Quando voc entrega seu carro no shopping voc entrega em depsito. No momento de sair, a empresa diz que vai ficar com o seu carro, a ttulo de compensao, porque voc arrebentou a parede. Se a dvida deriva de depsito, no pode haver compensao. Mas a empresa no poderia reter o carro dele? Direito de reteno uma coisa, compensao outra. Compensar a empresa reter a coisa para se pagar. Isso no possvel.

Tambm no pode haver compensao se qualquer das dvidas for dvida de alimentos. No pode haver compensao de dbito alimentar. Na visita ao pai devedor de alimentos, o filho causa dano ao apartamento do pai. O pai no pode compensar o prejuzo com a penso alimentcia. Existe no Brasil jurisprudncia contra legem. Apesar de todos os manuais de civil dizerem que dbitos alimentcios no podem ser compensados, o STJ tem reiteradamente entendido que dbitos alimentares no podem ser compensados, mas em situao excepcional podem, para evitar enriquecimento sem causa.

OBS.: Em regra, assentado o entendimento segundo o qual no pode haver compensao de dbitos alimentares. No entanto, o STJ excepcionalmente tem admitido a compensao, para evitar enriquecimento sem causa (REsp 202179/GO e REsp 982857/RJ).

Nesse REsp do Rio, o cidado pagava alimentos ao filho. O filho morava com a me num imvel que no era dele, pai. Verificando que a me no estava pagando IPTU e taxa de condomnio, pagou IPTU e a taxa de condomnio e precisou reduzir a penso, alegando compensao, alegando que, por ter pago uma dvida da outra parte, poderia compensar com o que devia a ela. Ele, por pagar dvida do filho e da me, alegou compensao do dbito que ele tinha perante o filho. O STJ admitiu, por exceo, a compensao com alimentos.

Discute-se se as dvidas alimentcias podem ser objeto de compensao. No caso, as instncias ordinrias reconheceram ser possvel a compensao do montante da dvida de verba alimentar com o valor correspondente s cotas condominiais e IPTU pagos pelo alimentante, relativos ao imvel em que residem os ora recorrentes, seus filhos e a me deles. Pois, embora o alimentante seja titular da nu-propriedade do referido imvel e o usufruto pertena av paterna dos recorrentes, os filhos e a me moram no imvel gratuitamente com a obrigao de arcar com o condomnio e o IPTU. Para o Min. Relator, apesar de vigorar, na legislao civil nacional, o princpio da no-compensao dos valores referentes penso alimentcia, em situaes excepcionalssimas, essa regra pode ser flexibilizada. Destaca que a doutrina admite a compensao de alimentos em casos peculiares e, na espcie, h superioridade do valor da dvida de alimentos em relao aos encargos fiscais e condominiais pagos pelo recorrido, que arcou com a despesa que os alimentandos deveriam suportar, para assegurar-lhes a prpria habitao. Assim, concluiu que, de acordo com as peculiaridades fticas do caso, no haver a compensao importaria manifesto enriquecimento sem causa dos alimentandos. Isso posto, a Turma no conheceu o recurso. Precedente citado: Ag 961.271-SP, DJ 17/12/2007. REsp 982.857-RJ, Rel. Min. Massami Uyeda, julgado em 18/9/2008.

Tambm no ser possvel a compensao se qualquer das dvidas for de coisa no suscetvel de penhora. Exemplo de coisa no suscetvel de penhora e que no pode ser objeto de compensao na forma do direito brasileiro: bem de famlia e salrio. O empregador no pode, a no ser quando expressamente autorizado pela lei, reter o salrio do ms para compensar nada. Salrio no suscetvel de penhora. No possvel a compensao tendo por objeto coisa que no suscetvel de penhora.

OBS.: No AgRg 353291/RS, restou claro que dada a sua impenhorabilidade como regra, o salrio no pode ser objeto de compensao automtica pelo banco

"CIVIL E PROCESSUAL. AO DE INDENIZAO. DANOS MORAIS. APROPRIAO, PELO BANCO DEPOSITRIO, DE SALRIO DE CORRENTISTA, A TTULO DE COMPENSAO DE DVIDA. IMPOSSIBILIDADE. CPC, ART. 649, IV. RECURSO ESPECIAL. MATRIA DE FATO E INTERPRETAO DE CONTRATO DE EMPRSTIMO. SMULAS NS. 05 E 07 - STJ.

I. A controvrsia acerca do teor do contrato de emprstimo e da situao ftica que envolveu o dano moral encontra, em sede especial, o bice das Smulas ns. 5 e 7 do STJ.

II. No pode o banco se valer da apropriao de salrio do cliente depositado em sua conta corrente, como forma de compensar-se da dvida deste em face de contrato de emprstimo inadimplido, eis que a remunerao, por ter carter alimentar, imune a constries dessa espcie, ao teor do disposto no art. 649, IV, da lei adjetiva civil, por analogia corretamente aplicado espcie pelo Tribunal a quo.

III. Agravo improvido.

(AgRg no Ag n. 353.291/RS, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, DJU de 19.11.2001)

PARTE ESPECIALLIVRO I DO DIREITO DAS OBRIGAESTTULO I - DAS MODALIDADES DAS OBRIGAES HYPERLINK \l "PE_L1_T2"

HYPERLINK \l "PE_L1_T1"

TTULO II - DA TRANSMISSO DAS OBRIGAES CAPTULO I - DA CESSO DE CRDITO CAPTULO II - DA ASSUNO DE DVIDATRANSMISSO DAS OBRIGAESH trs espcies de transmisso das obrigaes: Cesso de crdito Cesso de dbito Cesso de contrato1.CESSO DE CRDITO

Invoco Clvis do Couto e Silva para dizer que a relao obrigacional dinmica, no esttica. A cesso de crdito opera-se quando o credor originrio (cedente) transmite a um novo credor (cessionrio), total ou parcialmente o seu crdito em face do devedor (cedido), na mesma relao obrigacional.

Conceito: Trata-se de uma forma de transmisso no polo ativo da relao obrigacional, por meio da qual o credor (cedente) transmite total ou parcialmente o crdito ao cessionrio, mantida a mesma relao obrigacional com o devedor (cedido).

A mecnica da cesso de crdito simples.

Por conta de um determinado contrato (fonte primordial da obrigao), o credor originrio mantm uma relao obrigacional com o devedor. O credor tem o direito de receber mil reais dentro de 15 dias. S que o credor precisa muito desse dinheiro hoje. Um terceiro, por contrato, se oferece para pagar no ato 900 reais, em troca de figurar como credor naquela relao obrigacional (mil reais em 15 dias). Esta a forma mais comum da cesso de crdito. O credor originrio cede o crdito ao novo credor que o recebe, assumindo a mesma relao obrigacional.

E qual a diferena disso para novao subjetiva ativa? Na novao subjetiva ativa, quando o credor originrio sai e o novo entra, considera-se criada uma nova obrigao. Com novos prazos, novos termos. Na cesso de crdito, por mais que o novo credor assuma o crdito, no criada uma obrigao nova, a obrigao a mesma. Ele vai cobrar o mesmo crdito, respeitar o mesmo vencimento. Por isso que a cesso de crdito no novao subjetiva ativa.

Ficou claro que a cesso de crdito no o mesmo que novao subjetiva ativa porque com a novao subjetiva ativa considera-se criada uma nova obrigao com o ingresso do novo credor. Aqui, no. A obrigao a mesma.

Mas a cesso de crdito no seria pagamento com sub-rogao? De fato, quando a cesso de crdito onerosa, existe um ponto de contato com o pagamento com sub-rogao convencional (hiptese em que o terceiro, mediante negcio jurdico paga o credor, sub-rogando-se nos direitos dele contra o devedor). Realmente, voc tem que reconhecer que quando a cesso de crdito onerosa, h um ponto de contato com o chamado pagamento com sub-rogao convencional. Mas no a mesma coisa. correto dizer que h um ponto de contato, mas no identifica os dois institutos. A cesso de crdito pode ser gratuita. Um pagamento com sub-rogao jamais ser. Alm disso, o pagamento com sub-rogao tem regras especficas. Mas no d para negar que quando a cesso de crdito onerosa existe um ponto de contato com o chamado pagamento com sub-rogao convencional.Caiu na Defensoria Pblica/SP: O que restitutio in integrum? Clvis Bevilqua define o instituto: Restitutio in integrum o benefcio concedido aos menores e s pessoas que lhes equiparam (incapazes, portanto), a fim de poder anular atos vlidos sob outros pontos de vista nos quais tivessem sido lesados. Prestigia o incapaz que celebrou um negcio formalmente vlido alegando prejuzo, exigir de volta o que pagou. instituto que consagrava a insegurana jurdica, tanto que o cdigo velho vedava, explicitamente e o novo nada fala sobre ele.

Na cesso de crdito existe um credor que cede o crdito ao cessionrio, mantida a relao obrigacional. O Cdigo Civil disciplina a cesso de crdito a partir do artigo 286:

Art. 286. O credor pode ceder o seu crdito, se a isso no se opuser a natureza da obrigao, a lei, ou a conveno com o devedor; a clusula proibitiva da cesso (pacto de non cedendo) no poder ser oposta ao cessionrio de boa-f, se no constar do instrumento da obrigao.

Regra: Todo crdito pode ser cedido, mantida a mesma relao obrigacional. Mas no poder se a lei, a conveno ou a natureza da obrigao se opuser.

O crdito de alimentos, pela sua natureza no pode ser cedido. Tambm no poder haver cesso de crdito se houver vedao legal. Exemplo em que a lei impede a cesso: Art. 1.749, III. Esse artigo impede que o tutor se torne cessionrio de um crdito contra o tutelado. O contrato que o credor celebrou com o devedor pode proibir a cesso.

A clusula proibitiva da cesso constante no contrato entre credor e devedor chamada de pacto de non cedendo. O pacto de non cedendo, para ter eficcia tem que constar expressamente do contrato, na forma do art. 286.

A cesso de um crdito abrange tambm os seus acessrios.

Uma pergunta que no quer calar, aprofundamento fundamental: vimos que no mecanismo da cesso temos o credor originrio, que mantm uma relao obrigacional com o devedor, e que por meio de um negcio jurdico transfere seu crdito ao cessionrio, mantida a mesma relao obrigacional. O novo credor paga o credor originrio porque a cesso pode ser onerosa. Para que haja essa cesso de crdito, mantida a mesma relao obrigacional, o devedor precisa autoriz-la? Precisa autorizar a cesso de crdito? Questo de concurso! muita ousadia dar esse poder todo ao devedor. De acordo com o sistema jurdico brasileiro o devedor no tem legitimidade para autorizar ou desautorizar a cesso. A resposta negativa. Isso seria embaar a circulao dos crditos, a movimentao da economia. O sistema jurdico brasileiro no d ao devedor o poder de autorizar ou no a cesso de crdito.

No entanto, luz do princpio da boa-f objetiva, e com amparo no dever de informao, a teor do art. 290, preciso que o devedor seja comunicado da cesso feita, como consequncia lgica do prprio ato de cesso, especialmente para que saiba a quem pagar e contra quem se defender (ver arts. 292 e 294).

A comunicao da cesso condio de eficcia do ato. No correto se falar em validade porque o problema no est no plano da validade, mas no plano da eficcia do ato. O princpio da boa-f normatiza deveres anexos (que os portugueses chamam de deveres de proteo) e um dos deveres de proteo o dever de informao, implcito em qualquer contrato. A parte deve, independentemente de ser um contrato de consumo ou civil, toda parte deve, luz do princpio da eticidade, comunicar a outra, passar as informaes necessrias para o adequado cumprimento da obrigao negocial. No que ele tenha poderes, mas o devedor deve ser comunicado para que a cesso surta efeitos em sua esfera jurdica. o que diz o art. 290:Art. 290. A cesso do crdito no tem eficcia em relao ao devedor, seno quando a este notificada; mas por notificado se tem o devedor que, em escrito pblico ou particular, se declarou ciente da cesso feita.

E importante que ele seja comunicado para quem pagar e contra quem se defender.Art. 292. Fica desobrigado o devedor que, antes de ter conhecimento da cesso, paga ao credor primitivo, ou que, no caso de mais de uma cesso notificada, paga ao cessionrio que lhe apresenta, com o ttulo de cesso, o da obrigao cedida; quando o crdito constar de escritura pblica, prevalecer a prioridade da notificao.

O devedor paga a quem lhe comunica a cesso feita; se a comunicao no for feita, valer o pagamento ao credor primitivo. A idia do artigo essa. Se voc no comunica ao devedor, o pagamento que ele fizer ao antigo credor tem eficcia.

O devedor precisa ser comunicado para saber contra quem se defender. O art. 294 se inspirou no art. 1474 do Cdigo Argentino. Art. 294. O devedor pode opor ao cessionrio (novo credor) as excees que lhe competirem, bem como as que, no momento em que veio a ter conhecimento da cesso, tinha contra o cedente (credor primitivo).

Ele se defende alegando, por exemplo, que a dvida j foi paga, que o contrato invlido, que o valor excessivo, etc. So muitas as defesas que podem ser opostas aqui.

Responsabilidade pela cesso de crdito

O credor originrio (cedente) deve garantir a existncia do crdito que ele cedeu? Sim. Essa a regra geral. Esse credor originrio (cedente) deve tambm garantir a solvncia do devedor, ou seja, o pagamento da dvida? O credor originrio deve garantir a existncia do crdito que ele cede. E quanto solvncia do devedor?

Art. 295. Na cesso por ttulo oneroso, o cedente, ainda que no se responsabilize, fica responsvel ao cessionrio pela existncia do crdito ao tempo em que lhe cedeu; a mesma responsabilidade lhe cabe nas cesses por ttulo gratuito, se tiver procedido de m-f.

Art. 296. Salvo estipulao em contrrio, o cedente no responde pela solvncia do devedor.

Art. 297. O cedente, responsvel ao cessionrio pela solvncia do devedor, no responde por mais do que daquele recebeu, com os respectivos juros; mas tem de ressarcir-lhe as despesas da cesso e as que o cessionrio houver feito com a cobrana.

Interpretando sistematicamente os arts. 295 a 297, a regra geral : o cedente garante apenas a existncia do crdito cedido (neste caso, a cesso pro soluto). Todavia, caso seja convencionalmente ajustado, poder o cedente tambm garantir a solvncia do devedor, caso em que a cesso passa a se chamar pro solvendo.2.CESSO DE CONTRATO

Isso tambm pode ser chamado de cesso de posio contratual.

Se voc quiser fazer um mestrado, este um bom tema porque inexplorado no Brasil. Mas um tema que toca muito a realidade das pessoas.

Lembra-nos Emlio Betti, em sua clssica obra dedicada ao direito das obrigaes que a cesso de contrato realiza a mais completa forma de sucesso na relao jurdica obrigacional. De fato, diferentemente do que ocorre na cesso de crdito e de dbito, na cesso de contrato, o cedente transfere a sua prpria posio contratual, mediante a anuncia da parte contrria.

O Cdigo de Portugal dedica os seus arts. 424 a 427, a essa matria.ARTIGO 424 (Noo. Requisitos)

1. No contrato com prestaes recprocas, qualquer das partes tem a faculdade de transmitir a terceiro a sua posio contratual, desde que o outro contraente, antes ou depois da celebrao do contrato, consinta na transmisso.

Na cesso de contrato, o cedente no est transmitindo um crdito. Se ele tivesse transmitindo crdito, seria o caso de cesso de crdito. E nem um dbito (cesso de dbito). Na cesso de contrato, o cedente, por meio de um nico ato, est transmitindo globalmente toda a sua posio no contrato. Por isso que se diz que a cesso de contrato a forma mais completa de transmisso da obrigao.

Obs: Silvio Rodrigues traz um rol de contratos em que h essa figura (cesso de posio contratual) muito frequentemente em empreitada, financiamento e at no contrato de trabalho. Conceito: Diferentemente do que ocorre na simples cesso de crdito ou de dbito, na denominada cesso de contrato, o cedente, com a anuncia da outra parte, transmite a sua prpria posio no contrato a um terceiro que a aceita.A doutrina se digladiou durante muito tempo para explicar a natureza da cesso de contrato, talvez pelo fato de o Cdigo Civil no regular a matria.

Teorias Explicativas: Fundamentalmente duas correntes doutrinrias tentaram explicar a cesso de contrato, primeiro a chamada Teoria Atomstica ou da Decomposio que mantinham uma queda de brao com a segunda teoria, denominada Teoria Unitria. A primeira teoria (atomstica) no reconhecia a unidade da cesso, argumentando que, em verdade, haveria apenas vrias cesses de crdito e dbito reunidas.Eu sou parte em um contrato de financiamento com o Bradesco. Por fora desse contrato, tenho diretos e obrigaes (dbitos). Resolvo passar o contrato para frente (transmisso da posio contratual). Para a teoria atomstica no haveria uma cesso global, nica, da posio no contrato. O que haveria seriam vrias cesses dos crditos e dos dbitos que me tocam no contrato. Essa primeira teoria negava a autonomia da cesso do contrato. Entendia que quando o cedente passava o contrato para frente, estaria decompondo em vrias cesses de dbito e vrias cesses de crdito. Mas a idia que para essa teoria, no haveria unidade, ou seja, o cedente no estaria cedendo globalmente a posio dele. Haveria vrias cesses de dbito e vrias cesses de crdito ao novo cessionrio.

Essa primeira teoria lamentavelmente fraca. Alm de negar a autonomia da cesso de contrato, gerou outro problema. Se voc diz que h uma decomposio em vrias cesses de dbito e de crdito, voc vai admitir a absurda hiptese de ser possvel ceder parcialmente a posio no contrato. Eu vou ceder parte da minha posio no contrato? Seria uma completa insegurana jurdica. E foi, justamente por isso, por ser insegura, no vingou.A segunda teoria defendida por autores como Pontes de Miranda, Bevilqua, Antunes Varela (jurista Portugus), Silvio Venosa, a teoria unitria, muito mais objetiva e segura.

Para a segunda teoria, a chamada Teoria Unitria, a cesso de contrato traduzir-se-ia numa cesso nica e global de toda a posio contratual. Em outras palavras a teoria unitria, defendida por autores como Silvio Venosa e Antunes Varella, segundo a qual a cesso de contrato tem autonomia jurdica e se opera em um nico ato, globalmente.

A teoria unitria nica. a melhor teoria, sem sombra de dvida.

Requisitos da Cesso de Contrato 1 Requisito: Celebrao de um negcio entre cedente e cessionrio. 2 Requisito: H unidade da cesso. Ela nica, global, integral.

3 Requisito: Para a cesso de posio contratual, exige-se a anuncia da outra parte.

Nesse contexto do terceiro requisito, o que seria um contrato de gaveta? Isso timo para perguntar na Magistratura Federal. Contrato de gaveta traduziria a transmisso da posio contratual sem a anuncia da outra parte. Eu sou muturio da CEF, no estou conseguindo pagar, passo para frente. s vezes eu nem comunico ao agente financeiro porque a CEF pode no autorizar. Eu passo o imvel para voc, voc paga as parcelas que eu j paguei e vai pagando as vincendas. Mas o contrato permanece em meu nome. Se eu cedo minha posio contratual sem notificar a CEF, o contrato permanece no meu nome. E esse contrato de gaveta gerou muito problema por causa da quantidade de gente que faz isso.

OBS.: A regra geral em nosso sistema no sentido de que, especialmente no mbito do sistema financeiro, a instituio financeira deve anuir com a cesso de contrato (AgRg no REsp 934989/RJ). STJ: AgRg no REsp 934989/RJ: A intervenincia da instituio financeira obrigatria na transferncia de imvel financiado pelo Sistema Financeiro da Habitao pois, sem esta, no tem o cessionrio legitimidade ativa para ajuizar ao visando discutir o contrato realizado entre o muturio cedente e o mutuante.

Mas existe uma lei no Brasil que, em determinado perodo e nas condies que elenca, legitimou situaes de transmisso da posio contratual sem a anuncia do banco (contratos de gaveta) no mbito da Justia Federal. como se houvesse o que alguns autores chamam de cesso imprpria (sem a anuncia da outra parte). Trata-se de uma situao excepcionalssima autorizada por essa lei.

Mas, por exceo, a Lei 10.150/00, nos termos e nas condies do seu art. 20, legitimou a cesso feita sem a anuncia do agente financeiro (AgRg no Resp 838127/DF).

Essa lei permitiu que pessoas que fizeram contrato de gaveta, ou seja, passaram para frente seus contratos sem a anuncia do agente financeiro, pudessem regulariz-los. O STJ deixa claro que uma situao especfica para esta Lei 10.150/00 que, para concurso da Magistratura Federal importante voc ler.

STJ: AgRg no Resp 838127/DF A Lei n. 10.150/2000, por seu turno, prev a possibilidade de regularizao das transferncias efetuadas sem a anuncia da instituio financeira at 25/10/96, exceo daquelas que envolvam contratos enquadrados nos planos de reajustamento definidos pela Lei n. 8.692/93, o que revela a inteno do legislador de possibilitar a regularizao dos cognominados contratos de gaveta, originrios da celeridade do comrcio imobilirio e da negativa do agente financeiro em aceitar transferncias de titularidade do mtuo sem renegociar o saldo devedor.

Ou seja, o contrato de gaveta, aqui, aquele que o muturio passou para frente o contrato sem anuncia do banco e que na forma da Lei 10.150/00, art. 20, poderia ser regularizado.Obs: Ou seja, em suma, excepcionalmente pode a lei autorizar a cesso independentemente da anuncia da outra parte ( exemplo do 1 do art. 31 da Lei 6.766/79), caso em que a cesso de contrato denominada de CESSO LEGAL OU IMPRPRIA.

3.CESSO DE DBITO ou ASSUNO DE DVIDA

Conceito: A cesso de dbito consiste no negcio jurdico por meio do qual o devedor, com expressa anuncia do credor, transmite a um terceiro o seu dbito, na mesma relao jurdica obrigacional.

A cesso de dbito no estava regulada no Cdigo de 1916. uma novidade. Os mecanismos tpicos da novao, tais como a expromisso (quando o credor aceita o novo devedor sem ouvir o devedor antigo), delegao (quando o devedor participa do ato), voc pode at aplicar aqui. No tem problema. O que voc no pode dizer que no momento em que entra o novo devedor criada uma obrigao nova. Errado! A est a diferena entre cesso de dbito e novao subjetiva passiva. Na cesso de dbito, no importa se o novo devedor ingressou por expromisso ou por delegao. Na cesso de dbito, no momento em que ingressa o novo devedor, a relao obrigacional a mesma, os prazos so os mesmos. No considerada criada uma relao nova. Essa a diferena entre novao subjetiva passiva e cesso de dbito.

Art. 299. facultado a terceiro assumir a obrigao do devedor, com o consentimento expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele (o novo devedor), ao tempo da assuno, era insolvente e o credor o ignorava.

A lei diz o seguinte: no momento em que o novo devedor assume, o velho vai embora, est exonerado, mas se o novo devedor era insolvente e o credor no sabia, o devedor primitivo volta para responder.

OBS.: Com a assuno da dvida, a regra de que o devedor primitivo est exonerado, no tanto se o novo devedor era insolvente e o credor de nada sabia, a obrigao do antigo devedor se restabelece.Pargrafo nico. Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que consinta na assuno da dvida, interpretando-se o seu silncio como recusa.

O art. 300 j foi questo de prova objetiva:Art. 300. Salvo assentimento expresso do devedor primitivo, consideram-se extintas, a partir da assuno da dvida, as garantias especiais por ele originariamente dadas ao credor.

Ento, vejam, se o devedor primitivo deu como garantia um relgio dele, empenhando o objeto. Se o devedor primitivo cedeu o seu dbito, a garantia que ele deu, cai, salvo se ele optou por continuar garantindo a obrigao.Art. 301. Se a substituio do devedor vier a ser anulada, restaura-se o dbito, com todas as suas garantias, salvo as garantias prestadas por terceiros, exceto se este conhecia o vcio que inquinava a obrigao.

Ou seja, a lei coloca claramente que se a substituio invalidada, o dbito restaurado com todas as garantias, salvo aquelas que foram dadas por terceiro. A no ser que o terceiro soubesse do vcio porque se soubesse, justo que volte para responder.Art. 302. O novo devedor no pode opor ao credor as excees pessoais que competiam ao devedor primitivo.

Se o novo devedor assumiu, ele no pode opor defesas pessoais do antigo devedor. Exemplo: O antigo devedor foi vtima de dolo. O novo devedor no pode opor ao credor defesas pessoais que competiam ao devedor antigo.

A partir da prxima aula estudaremos a teoria do inadimplemento.

Conceito: Inadimplemento traduz descumprimento da obrigao, desdobrando-se em inadimplemento absoluto, culposo ou fortuito e inadimplemento relativo, traduzindo a mora.PAGE 239