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Tribunal da Relação de Coimbra, Secção Cível, Acórdão de 25 Set. 2007, Processo 1149/03 Relator: Jacinto Remígio Meca. Processo: 1149/03 Jurisdição: Cível JusJornal , N.º 411, 18 de Outubro de 2007 JusNet 5414/2007 Caso Esmeralda Regulação do poder paternal Caso Esmeralda. REGULAÇÃO DO PODER PATERNAL. O exercício do poder paternal da menor cabe ao pai biológico que a representará, continuando esta, transitoriamente, a residir com o casal que a pretenderia adoptar, que dela cuidará, alimentandoa, vestindoa e educandoa. A escolha do local de ensino é partilhada com o pai biológico e será na cidade onde a menor reside, até à idade escolar e ao momento em que for definitivamente entregue ao progenitor. A menor deverá contactar semanalmente com ambos os progenitores em local a definir e a partir da semana seguinte à da notificação deste acórdão, devendo também ter acompanhamento psicológico, prestado pelo Departamento de Saúde Mental Infantil e Juvenil do Centro Hospitalar de Coimbra. O regime transitório cessa decorridos que estejam noventa dias de integração da menor no seio da sua família, passando a menor a ser confiada à guarda e cuidados do pai que passará a exercer na plenitude o poder paternal, com visitas da progenitora reguladas judicialmente. MATÉRIA DE FACTO. Alterada e ampliada em alguns pontos. NULIDADE DA SENTENÇA. Inexistente. Disposições aplicadas DL n.º 47344, de 25 de Novembro de 1966 (Código Civil) (JusNet 1/1966) art. 389; art. 391; art. 396; art. 1878; art. 1905 DecretoLei n.º 44288, de 20 de Abril de 1962 (aprova a Organização Tutelar de Menores) (JusNet 493/1962) art. 147A; art. 175; art. 178; art. 180 DL n.º 44129, de 28 de Dezembro de 1961 (Código de Processo Civil)(JusNet 2/1961) art. 94; art. 194 a); art. 195 a); art. 196; art. 202; art. 204; art. 514; art. 655; art. 666; art. 668.1 c); art. 710.1; art. 712 D 10 de Abril de 1976 (Constituição da República Portuguesa)(JusNet 7/1976) art. 36; art. 67;

2007 - Caso Esmeralda

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Alienação Parental por casal a pais adoptivos.

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    TribunaldaRelaodeCoimbra,SecoCvel,Acrdode25Set.2007,Processo1149/03

    Relator:JacintoRemgioMeca.Processo:1149/03Jurisdio:Cvel

    JusJornal,N.411,18deOutubrode2007JusNet5414/2007

    CasoEsmeraldaRegulaodopoderpaternal

    CasoEsmeralda.REGULAODOPODERPATERNAL.Oexercciodopoderpaternaldamenorcabeao

    pai biolgico que a representar, continuando esta, transitoriamente, a residir com o casal que a

    pretenderiaadoptar,quedelacuidar,alimentandoa,vestindoaeeducandoa.Aescolhadolocalde

    ensinopartilhadacomopaibiolgicoesernacidadeondeamenorreside,atidadeescolare

    ao momento em que for definitivamente entregue ao progenitor. A menor dever contactar

    semanalmente com ambos os progenitores em local a definir e a partir da semana seguinte da

    notificao deste acrdo, devendo tambm ter acompanhamento psicolgico, prestado pelo

    Departamento de Sade Mental Infantil e Juvenil do Centro Hospitalar de Coimbra. O regime

    transitriocessadecorridosqueestejamnoventadiasdeintegraodamenornoseiodasuafamlia,

    passandoamenoraserconfiadaguardaecuidadosdopaiquepassaraexercernaplenitudeo

    poderpaternal,comvisitasdaprogenitorareguladasjudicialmente.MATRIADEFACTO.Alteradae

    ampliadaemalgunspontos.NULIDADEDASENTENA.Inexistente.

    Disposiesaplicadas

    DLn.47344,de25deNovembrode1966(CdigoCivil)(JusNet1/1966)art.389art.391

    art.396art.1878art.1905

    DecretoLei n.44288,de20deAbril de1962 (aprovaaOrganizaoTutelar deMenores)

    (JusNet493/1962)art.147Aart.175art.178art.180

    DLn.44129,de28deDezembrode1961(CdigodeProcessoCivil)(JusNet2/1961)art.94

    art.194a)art.195a)art.196art.202art.204art.514art.655art.666art.668.1c)

    art.710.1art.712

    D10deAbrilde1976(ConstituiodaRepblicaPortuguesa)(JusNet7/1976)art.36art.67

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    art.68art.69art.360

    Jurisprudnciarelacionada

    Emsentidoequivalente:

    STJ,Ac.de31deJaneirode2006(JusNet171/2006)

    TRC,Ade6deFevereirode2007(JusNet848/2007)

    STJ,Ade8deMaiode2007(JusNet2453/2007)

    TEXTO

    AcordamosJuizesqueconstituemoTribunaldRelaodeCoimbra.

    OMinistrioPblico,emrepresentaodamenorEsmeraldaP.,instaurounostermosdodispostonosartigos10,n2,1460,alnead)e1490daO.T.M.apresenteacoderegulaodopoderpaternalcontraBaltazarS.N.eAididaP.R.

    No essencial alegouque amenor filha dos requeridos, fruto deum relacionamentoquemantiveramentre si,encontramseseparadoshalgumtempoenoexiste,entreeles,opropsitodesereconciliarem.AmenorresidecomocasalconstitudoporLusManuelM.G.eMariaAdelinaC.L.,naRuadaVrzea,n...emCanceladoLeo,Torres Novas. Amenor foi entregue a este casal por deciso de Aidida P. R., na sequncia de impossibilidadetemporriadeassumiroscuidadosdamenor.Osrequeridosnoestodeacordosobreaformadeexerceremopoderpaternal,peloquese impeasuaregulao,definindoseostermosemquesedeveratribuiraguarda,fixandoseoregimedevisitas,bemcomoomontantedapensoalimentciaaserpago.

    Por despacho de folhas 5, designouse dia e hora para a conferncia a que alude o artigo 1750 da OTM edeterminouseacitaodosrequeridos.

    Conformeactadeconfernciade folhas18,no foipossveloacordoquanto regulaodopoderpaternaldamenoreordenousea convocaodo casal LusG. eMariaAdelinapara comparecer emTribunal nodia27deNovembrode2003.

    ArequeridaAididaP.R.apresentouassuasalegaesnasquaiseemsnteseapertadaalegouqueamenordeviaserimediatamenteentreguesuaguardaecuidados,porserumameamantssimaeextremosaquesempretratouafilha commaior carinhoe cuidado.A suavidaprofissionalestabilizou,atravsda celebraodeumcontratodetrabalhodomstico,auferindoaquantiamensalde330,21,comdireitoaalimentaoealojamento.Noentanto,preocupadacomafilha,passouahabitaremTomarnumamoradiaarrendadaque,emboramodesta,temtodasascomodidadesparareceberaEsmeralda.Quandoconfiouafilhaaumoutrocasalestavailegal,desempregada,semdinheiroesemapoiofamiliar.Porinmerasvezestentoucontactarocasalaquementregouafilha,masdeixaramderesponderssuaschamadasemensagens,oquealevouacontratarumdetectiveparticularcomafinalidadedeencontrarocasal,acabandoporlheindicaramoradadacasaonderesidiam.Decididaaencararocasal,passouarecebertelefonemasannimos,emqueumavozfemininalhedirigiuumasriedeameaas:eusouadvogadanosabescomquemteestsameterficadebicocaladosenovaisparaacadeiatunovalesnada,estilegalensdamoscabodetiquandoquisermos.PerantetaisameaasreceoupelasuaseguranaepeladeEsmeralda.TemeuespecialmenteaameaadedennciaaoServiodeEstrangeiroseFronteirasqueimplicariaasuaexpulsodopaseoafastamentodefinitivodasuafilhaEsmeralda.EmsedederegimedevisitasalegouquenoseopeaqueopaivisiteamenorEsmeraldasemprequeodesejardesdequeavisepreviamenteereclamoudorequeridoaquantia

  • 07/03/2015 JusJornalDiriojurdicoonlineWoltersKluwerPortugalDocumento

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    mensalde125,ooattulodealimentos,acrescendoasdespesascomassistnciamdicaemedicamentosa.NosmesesemqueaufereossubsdiosdeNatalefrias,deveserobrigadoacontribuircomumaprestaomensalnoinferiora250,00.

    Conformeevidenciaaactadefolhas51dosautos,ocasalLusG.eMariaAdelina,apesarderegularedevidamentenotificados,nocompareceu,juntandojustificativosemitidospeloHospitalRainhaSantaIsabelfolhas54e56.

    AExma.Juizdeterminoupordespachoinsertonaactadefolhas51oseguinte:

    SolicitearealizaodeinquritosaoI.R.S.sobreasituaopessoaleeconmicadosrequeridosedocasal,cujamenorseencontraguarda.

    SoliciteaosserviosdaSeguranaSocialdeLisboaeValedoTejo,comrefernciamenoreaocasalLusG.eMariaL.,guardadoqualseencontraamenorseexisteregistadoalgumcasodeconfianacomvistaadopo.

    BaltazarS.N.atravessounosautosassuasalegaes,nasquaisreferiutersidonotificadopeloTribunalJudicialdaSert no mbito de um processo de investigao de paternidade. Realizou o teste e passados trs meses foinotificadoquedeupositivo,assumindodesdelogoapaternidadedeEsmeraldaP..OnicomotivoqueolevouacolocaremcausaapaternidadefoiodaAididalhetercomunicadoqueestavagrvida,quandojestavanooitavomsdegravidez,detertido,comela,umarelacionamentoespordicoedesaberquenesseperodoaAididasehaviarelacionadocomoutroshomens.

    Apstersabidooresultadodoteste,deslocouseporinmerasvezesacasadaAidida,naSert,afimdevisitaramenor,respondendolhequeamenornoseencontravapoistinhaidoparaLisboaparacasadosseuspadrinhos.NasemanaseguintedeslocavaseSertearespostaquelheeradadaerasempreigual,oquelevouasolicitarlhea direco dos padrinhos, limitandose a informlo que residiam no Largo do Rato. Em face desta situao,deslocouse ao Tribunal Judicial da Sert a fim de dar conta da situao e reclamar os seus direitos como pai.Entretanto a Aidida abandonou a Sert e s veio a saber da sua novamorada emTomar atravs do processoadministrativoquecorriaporaqueleTribunal.No inciodoVerode2003teveconhecimentoqueasua filhaseencontravaentregueaumcasalemTorresNovas,tentouvisitlamassemsucesso.AAididanuncalhecomunicouaentregadafilha,oquesemprelheocultouesteveconhecimentodasituaoatravsdoTribunal.Alegoutercondiesparaqueafilhalhesejaconfiada,trabalhanumafbricaIMOCauferindo545,00porms,viveemuniodefactocomIldaMariaCunhaqueaufere,comoajudantedecozinha,osalriomdiode350,00porms.Ocasaltemumfilhode13anosdeidadequeumbomalunoehabitamnumacasaarrendada.

    OuvidoocasalG.actadefolhas86aExma.Juizfezconstaremactadeclaraesprestadasequeaseguirsetranscrevem: em Maio de 2002, por intermdio de terceiros, tiveram conhecimento que havia uma pessoainteressadaemdarumacriana,emvirtudedenotercondiesmoraiseeconmicasparaaterconsigo.Umavezque se encontram impossibilitados biologicamente de ter filhos e face ao enorme desejo de criar uma criana,combinaramumencontrocomumaconhecidadame,ocorridoem28deMaiode2002enoqualamesmalhesfoientregue.Desdeentoobebencontraseavivercomambos,beneficiandodetodasascondiesnormaisparaoseudesenvolvimento. J seencontram inscritosdesdeSetembrode2003, comocasal candidatoadopo,naSegurana Social de Santarm. Possuem uma declarao de consentimento para a adopo subscrita pelaprogenitoradamenor.

    NasequnciadoofcioquelhefoidirigidoaSeguranaSocialcomunicouaoTribunalque:emvirtudedacandidaturaadopodocasalLusManuelB.G.eMariaAdelinaC.L.,aindaseencontraemprazodeseleco,nopossvelaesteorganismoavanarcomqualquermedidadeconfianacomvistafuturaadopodamenorEsmeraldaP.

    ForamjuntosinquritossociaisrelativosaosrequeridoseaocasalconstitudoporLusManuelM.G.eMariaAdelina

  • 07/03/2015 JusJornalDiriojurdicoonlineWoltersKluwerPortugalDocumento

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    C.L.(folhas97a106).

    Realizouseaaudinciadediscussoejulgamentofolhas151e152166a169210e211.

    Conclusososautos,aExma.Juizproferiuadeciso (1)defolhas215a237contendoestaopronunciamentodecarcterdecisrioqueaquisetranscreve:

    1.AmenorEsmeraldaP.ficaconfiadaguardaecuidadsdopai,queexerceropoderpaternal.

    2. Amenor beneficiar de acompanhamento efectivo e peri' ico de natureza psicolgica/pedopsiquiatra, com afrequncia indicada pelos mdicos/tcnicos designados, encarregandose a equipa de Tomar do IRS deprovidenciar,urgentementepeloincioedesenrolardoacompanhamento.

    3. Num primeiro perodo de 6meses a contar da data da deciso, a progenitora poder visitar a filha e tlaconsigo,aosDomingos,quinzenalmente,noperodoentreas10H00eas19H00.

    4.Decorridosseismeses,amepodervisitarafilhaetlaconsigo,aosfinsdesemana,quinzenalmente,desdeas10H00deSbados19H00deDomingo.5.Nodiadeaniversriodamenorestatomarumarefeioprincipalcomcadaumdosprogenitores.

    6.RelativamenteaoNatal,amenor,passaranoitede24para25nacompanhiadeumprogenitoreodia25comooutro,omesmosucedendocomanoiteediadeAnoNovo,alternadamente.

    7.Attulodealimentosparaamenor,amecontribuircomaquantiade100(cemeuros)mensais,aentregaraopaiporintermdiodecheque,transfernciabancria,ouvalepostal,ataodia8decadams.

    8.Opaidamenorreceberoabonodefamliaetodososdemaissubsdiosaqueamenortenhamdireito.

    9.EmJaneirodecadaano,omontantereferidoem7)seractualizadoemfunodondicedeaumentodepreosnoconsumidorpublicadopeloInstitutoNacionaldeEstatstica.

    Lus G. e Maria L., inconformados com a sentena, interpuseram recurso folhas 247 recaindo sobre o seurequerimentoodespachodefolhas25oqueaseguirsetranscreve:osrecorrentesLusManuelM.G.emulhernoso titulares da relaomaterial controvertida que versa sobre o exerccio do poder paternal relativo menorEsmeraldaP..Porconseguinte,notmlegitimidadeparaimpugnaremadecisoqueregulouoexercciodopoderpaternal.Portalmotivo,indefiroorecursointerpostopelosmesmosartigos680e687,n3doCPC.

    LusG.eMariaL.reclamaramdodespachodefolhas250paraoExmo.SenhorPresidentedoTribunaldaRelaodeLisboa,reclamaoquelhefoiremetidapordespachodefolhas354.

    OExmo.PresidentedoTribunaldaRelaodeCoimbrapordespaco,datado15deSetembrode2004,decidiuareclamao escorandose no disposto nos artigos 6 e 687 do CPC e nesse sentido negou legitimidade aosreclamantespararecorremdadeciso.

    Irresignados,osreclamantesreclamaramparaoTribunalConstitucionalalneab)don1doartigo70daLein28/82.

    OTribunalConstitucional,poracrdodefolhas1384,decidiu:

    a)Julgarinconstitucional,porviolaodon1doartigo20daConstituio,anormaconstantedon2doartigo68odoCdigodeProcessoCivil, segundoaqual aqueleque temaguardade factodeuma crianano temlegitimidadepararecorrernombitodeumprocessoderegulaodoexercciodopoderpaternaldomenor.

  • 07/03/2015 JusJornalDiriojurdicoonlineWoltersKluwerPortugalDocumento

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    b)Concederprovimentoaorecurso,determinandoareformulaodadecisorecorridaemconformidadecomoprecedentejuizodeinconstitucionalidade.

    Na sequncia do decidido pelo Tribunal Constitucional o Exmo. Senhor Presidente do Tribunal da Relao deCoimbralavrouoseguintedespacho:(..)emobedinciaatalacrdo,datadode30deJaneirode2007,eaojuzode inconstitucionalidade nele expresso, reformulo a deciso do meu Ilustre antecessor e defiro a reclamaodeterminando consequentemente que o despacho reclamado seja substitudo por outro que, reconhecendolegitimidadeaosreclamantes,admitaorecursoporelesinterposto,seoutradiferentecausaatalnoobstar.

    Por despacho de folhas 1402 foi admitido o recurso interposto por Lus G. eMaria L. a folhas 247, que deapelao,asubirimediatamenteenosprpriosautosecomefeitomeramentedevolutivo.

    Os apelantes atravessaram nos autos as suas doutas alegaes que concluram, na parte que releva para oconhecimentodorecurso,doseguintemodo:

    1.Osrecorrentestmaguardadefactodamenordesde28deMaiode2002.

    2. Enquanto detentores da guarda damenor que receberam com3meses de idade, com vista a adopo, osrecorrentestmdireitoaintervirnacausa,influenciandoadecisoacercadodestinodamenor.

    3.DeveriamosrecorrentestersidocitadosdorequerimentoinicialapresentadonestesautospeloMinistrioPblicodoTribunaldeTorresNovas.

    4.Notendosidocitadosnulotudooqueseprocessouepoisdaquelerequerimentoinicialalneaa)doartigo194,alneaa)doarti195eartigos202e204,n2doCdigodeProcessoCivil.

    5.Impugnaseadecisodefactoproferidasobreospontos12,14,17,19,20,21e28.Constamdosautososdocumentosqueimpemdecisodiversaquantoaospontos14,17e19.factonotrioafalsidadedoponto12eainsuficinciadospontos19e28.Noexisteprovadosfactos20e21.

    6.Amatriade factodosautos insuficienteparaaquilatardossuperiores interessesdacriana.Aoabrigodospoderesqueoartigo712,n4doCPCconfereaesteTribunal,deverserampliadaamatriadefacto,julgandosetodososconcretospontosdefactoreferidosem1a42daparteIIBdestasalegaes.

    7.Asentenanula,porosseusfundamentosestarememoposiocomadecisoalneac)don1doartigo668 do CPC uma vez que o Tribunal a quo fundamentou que amenor se encontra inserida na famlia dosrecorrentes comosua filhaequeadecisoquanto regulaodopoderpaternaldeverbasearsenosuperiorinteressedamenor,masacaboupordecidircombasenumconceitobiologistaquenoacautelaosinteressesdamenor.

    8.Asentenarecorridaviolouoartigo69daConstituio.

    9.Asentenarecorridaviolouosartigos1878e1905doCC.

    10.Asentenarecorridaviolouoartigo180daOTM.

    11.Asentenarecorridaviolouaalneaa)doartigo4daLPCJR.

    12.Namedidaemquetodasestasnormasimpemqueointeressedamenorsesobreponhaatodososdemais,designandoodesuperior.

    13.Soinconstitucionaisosartigos1878e1905doCCe180daOTM,talcomointerpretadoseaplicadosnasentenarecorrida,porviolaodoartigo69daCRP.

  • 07/03/2015 JusJornalDiriojurdicoonlineWoltersKluwerPortugalDocumento

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    14.OTribunalaquodesprezouasrelaesdefactoestabelecidasentreamenoreosrecorrentes,apesardeteremsido estas relaes que permitiram a integrao damenor num ambiente familiar normal e o seu crescimentosaudvelefeliz.

    15.Retiraramenordaguardaecuidadosdosrecorrentescomprometeroseudesenvolvimentopsquico,moralefisico.

    16.OregimedevisitasfixadopeloTribunalaquonocompatvelcomointeressedacriana,peloquedeverserrevogado,atribuindoseaosrequeridosodireitodevisitaramenornostermosafixarporesteTribunal.

    17.Amenorconfiadaguardaecuidadodosrecorrentesnocarecedealimentos.

    Concluempelaprocednciadorecurso.

    Afolhas1671dosautosaExma.Juizproferiuoseguintedespao:(...)faceaosconsiderandossuprareferidosesemprejuzodoquevierasercididoemsedederecursopeloTribunaldaRelaodeCoimbra,oTribunalfixaoseguinte regime transitrio para cumprimentododeterminadona sentenaproferida em13de Julhode2004,tendopresenteospontosacordadospelasparteseintervenientesemsededeconfernciarealizadanopassadodia10deAbrilde2007folhas1662a1664nosseguintestermos.

    1.DuranteopresenteregimetransitrioamenorEsmeraldaresidircomos intervenientesLusManuelM.G.eMariaAdelinaC.L.,namoradaCanceladoLeo,...2350433TorresNovas,quedelacuidaro.

    2.OexercciodopoderpaternaldamenorcabeaopaiBaltazardosS.N.

    3.Amenorfrequentaroinfantrio"AbrigodoMeninoJesus",sitoemTorresNovas,noqualseencontrainscritaeafrequentardesdeodia12deAbrilde2007,fazendoohorrionormal.

    4. A menor ter contactos semanais com ambos os progenitores, numa fase inicial, no infantrio, com oacompanhamentodeumtcnicodoInstitutodeReinseroSocialdeTomar.Osreferidoscontactossemanaisteroincionaprximasemanade23deAbrilde2007,cujadataehoraconcretasdeveroserarticuladaspelotcnicodoInstitutodeReinseroSocial deTomar comospais damenor, faces circunstnciasda situaoemapreoeregrasde funcionamentodo infantrio.Apscadaencontro,oreferido tcnicodoInstitutodeReinseroSocialdeverelaborarumainformaosobreaformacomoomesmodecorreueremetlaaoprocesso.

    5.Amenorteracompanhamentopsicolgico,aprestarpeloDepartamentodeSadeMentalInfantileJuvenildoCentroHospitalardeCoimbra.

    6.OspaisdamenorBaltazardosS.N.eAididaP.R.eosintervenientesLusManuelM.G.eMariaAdelinaC.L.teroacompanhamentopsicolgico,aprestar,igualmente,peloDepartamentodeSadeMentalInfantileJuvenildoCentroHospitalardeCoimbra,pelamesmaequipaqueacompanharamenor.

    7.AequipadoInstitutodeReinseroSocialdeTomareoDepartamentodeSadeMentalInfantileJuvenildoCentroHospitalardeCoimbradeveroarticularseentresideformaauniformizareagilizarprocedimentos.

    8. Decorridos 45 (quarenta e cinco) dias sobre o primeiro contacto d menor com os pais, os tcnicos queprocederem ao acompanhamento psicolgio da menor, dos pais Baltazar dos S. N. e Aidida P. R. e osintervenientesLusManuelM.G.eMariaAdelinaC.L.,deveroelaborarrelatriosobreaexecuoeevoluodoscontactos,semprejuzodecomunicaremaoprocessotodasasvicissitudesecircunstnciasquejulguempertinentesenecessriasatentaasfunesporsiexercidaseosobjectivosdopresenteregime.

    9. O presente regime transitrio vigorar durante o tempo necessrio para que a menor Esmeralda esteja

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    psicologicamentepreparadaparapassararesidircomopaiBaltazardosS.N.,nocumprimentododeterminadonasentenaproferidanosautos,semprejuzodoquevieraserdecididoemsedederecursopeloVenerandoTribunaldaRelaodeCoimbra.

    Notificadodoteordestedespacho,LusG.eAdelinaLagartointerpuseramrecurso,quefoirecebidocomoagravo,asubirnosprpriosautoseaoqualfoifixadooefeitomeramentedevolutivo(despachodefolhas1736).

    Osagravantesatravessaramnosautosassuasalegaeseconcluram:

    1.Osrecorrentestmaguardadefactodamenordesde28deMaiode2002,peloquedeveriatersidocitadosdorequerimentoinicialapresentadopeloMinistrioPblicodeTorresNovas.

    2.Pornoteremsidocitadosnulotudooqueseprocessoudepoisdaentradadaquelerequerimentoinicialnostermosdoartigo194,alneaa),195,alneaa),202e204,n2doCPC.

    3.Odespachonulonostermosdodispostonoartigo668,n1,alneab)doCPC.

    4.OdespachofoiproferidodepoisdeesgotadoopoderjurisdicionaldoTribunalaquo.

    5.Existecontradioentreospontos1e2dodespachorecorrido,sendoilegaloponto2.

    6.Odespachorecorridovisaapreparaopsicolgicadamenorparacumprimentodeumadecisoque,almdeilegal,lhecausartraumas,instrumentalizandoamenor,ostcnicoseosrecorrentes.

    Concluempelaprocednciadorecurso.

    Contraalegouoagravadoesustentouqueorecursodeagravototalmentdestitudodefundamentoeporissodeveimproceder.

    OMinistrioPblicocontraalegoue tomouposiocircunstanciadasobrecadaumdosvciosqueosagravantesimputamaodespachorecorridoepugnoupelasuamanuteno.

    TambmoMinistrioPblicoapresentouassuascontraalegaes,ondemaisumavez,voltoua tomarposiosobrecadaumadasquesteslevantadaspelosapelantesnassuasalegaeseconcluiu:

    a)Noseverificaanulidadedefaltadecitaodosapelantes.

    b)Amatriadefactodadacomoprovadanasentenarecorridanocontmincorrecesouimprecises.

    c)Admiteseaampliaodamatriadefacto,semprejuzodanormalizaodavidadamenor.

    d)Asentenarecorridanopadecedanulidadeaquealudeon1doartigo668doCPC.

    e)Nosoinconstitucionaisosartigos1878e1905doCCeoartigo180daOTMinterpretadoscomooforampeladecisorecorrida,porqueconformesaodispostonon6doartigo36daCRP.

    Oapeladoapresentouassuascontraalegaesqueconcluiu,napartequerelevaparaoconhecimentodorecurso,doseguintemodo:

    I.Asentenarecorridanoestferidadequalquernulidadeeencontrasedevidamentefundamentadadefactoededireito.

    II.Asentenarecorridaatendeudevidamenteosuperiorinteressedacriana.

    III.OsdetentoresdaEsmeraldacontraavontadedeseuspaismantmoseuexclusivoconvvio.

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    data:text/htmlcharset=utf8,%3Cdiv%20id%3D%22dHead%22%20style%3D%22margin%3A%200px%3B%20padding%3A%200px%200px%2015px%3 8/39

    IV.Noageemnomedosuperiorinteressedacrianaquemrecebeumacrianade3mesesdevida,comescritoparticular emitido por aquela, dandoa para adopo, num momento em que o pai ainda ignorava a suapaternidadeemrelaocriana.

    V.Noageemnomedosuperiorinteressedacrianaquemapenasiniciaprocedimentostendentesaregularizarasituaodedetentordacrianajuntodeentidadescompetentes,depoisdesuspeitardaexistnciadeumpaisemquedurante8mesestivesseefectuadoqualquerdilignciaoucomunicadotalfactosautoridadesadministrativasoujudiciais.

    VI.Noageemnomedosuperiorinteressedacrianaquemamantmconsigo,semaconfianaadministrativaoujudicial,semestarinscritocomocasaladoptanteecontraavontadedoseupai.

    VII.Noageemnomedosuperiorinteressedacrianaquemnorespeitaosseusdireitosdepersonalidade,ocultaasuaidentidade,recusalheapossibilidadedeveropaiedecomeleprivareviver.

    VIII.Asentenarecorridaaplicoueinterpretoucorrectamenteosartigos1878e1905doCCe180daOTM.

    Concluiupelamanutenodasentenarecorrida.

    AExma.Juizlavroudespachotabelardesustentao.

    1.Delimitaodoobjectodorecurso

    Asquestesadecidirnosrecursosdeapelaoeagravoeemfunodasquaissefixaoobjectodorecurso,semprejuzodaquelascujoconhecimentooficiososeimponha,nostermosdasdisposiesconjugadasdon2doartigo6600eartigos661,664,684,n3e690,todosdoCdigodeProcessoCivil,soasseguintes:

    A.Recursodeapelao

    Faltadecitaodosapelantes.

    Impugnaodamatriadefactopontos12,14,17,19,20,21e28.

    Ampliaodamatriadefactoaospontos1a42referidosnaparteIIBdasalegaes.

    Nulidadedasentenaalneac)don1doartigo668doCPC.

    Inconstitucionalidadedosartigos1878e1905doCCeartigo180daOTMtalcomointerpretadoseaplicadospelasentenarecorrida,porviolaodoartigo69daCRP.

    Direitosdamenorregulaodopoderpaternal

    B.Recursodeagravo

    Faltadecitaodosagravantes.

    Nulidadedodespachoporviolaodaalneab)don1doartigo668doCPC.

    Violaododispostonoartigo666doCPC.

    Contradioentreospontos1e2dodespachorecorrido.

    2.Matriadefactodadaporprovadapelo20JuizodoTribunalJudicialdeTorres

    Novas

  • 07/03/2015 JusJornalDiriojurdicoonlineWoltersKluwerPortugalDocumento

    data:text/htmlcharset=utf8,%3Cdiv%20id%3D%22dHead%22%20style%3D%22margin%3A%200px%3B%20padding%3A%200px%200px%2015px%3 9/39

    1.AmenorEsmeraldaP.nasceunodia12deFevereirode2002eencontraseregistadacomofilhadeAididaP.R.,de39anosdeidade,edeBaltazarS.N.,de25anosdeidade.

    2.Oestabelecimentodapaternidadedeuseemconsequnciadetermodeperfiaolavradoem30deAbrilde2003

    3.Antesdeperfilharamenor,orequeridosubmeteuseatestesdeADNcomvistaacomprovarasuapaternidadebiolgica.

    4.Orequeridosolicitouarealizaodosreferidostestesemvirtudedetertidoapenasumrelacionamentoocasionalcomamedamenor,etersidoapenasinformadodagravidezdestaquandoseencontravanofinaldagestao.

    5.Ospaisdamenormantiveramentresiumrelacionamentoocasional,nuncatendovividojuntos.

    6. Em 28 de Maio de 2002 a requerida, por intermdio de uma amiga sua, entregou a filha menor ao casalconstitudoporLusManuelM.G.eMariaAdelinaC.L.

    7.Juntamentecomamenor,arequeridaentregoutambmumadeclaraodeconsentimentoparaadopoplena,comoseguinteteor:EuAididaP.R.,passaporten...,naturaldeGoiniaGo,Brasil,declaroquepormotivosdeinsuficinciaeconmicanopossogarantirminhafilhaEsmeraldaP.,comregistodenascimentoem12/02/02,Assenton...,nascidanoconcelhodeSert,filhadepaiincgnito,segurana,cuidadosdesade,formaomoraleeducao.PoressemotivoentregoaaoSr.LusManuelM.G.eSra.D.MariaAdelinaC.L.,casadosumcomooutro,paraquesejaadoptadaplenamentepelosmesmos,integrandosenasuafamlia,extinguindosedestaformaasrelaesfamiliaresexistentesentremimAididaP.R.eEsmeraldaP.(...)".

    7A (2) .Em28deMaiode2002amenornoapresentavasinaisdesubnutrio,estavabemcuidadaepossuaavacinaoobrigatriaemdia.

    8.Duranteagravidez,arequeridaefectuouanlisesclnicaseecografiasobsttricas.

    9.ArequeridaAididaP.veioparaPortugal,maisconcretamenteparaaSert,duranteoanode2001,nointuitodearranjarempregoemelhorarassuascondiesdevida.

    10.NalocalidadedaSertjseencontravaaresidirumairmdarequerida.

    11.Naalturaemqueentregouamenorarequeridapermaneciairregularmentenoterritrionacional.

    12.PelomenosapartirdeJunhode2003AididaP.pretendeureaverasuafilhaepassouaprocurarocasalaoqualtinhasidoentregue,chegandoatelefonarparaeste,semqualquersucesso.

    13.Desdeodia1deMarode2003quearequeridaseencontraatrabalharcomempregadadomsticaaoserviodeumcasaldeidosos,nalocalidadedeTomar,auferindoaquantiamensalde35320.

    14.Residesozinhanumacasacedidapelaentidadepatronal,sitaemTomar,tiporural,compostapor2quartos,umasaladeestar,cozinhaecasadebanho.

    15. Desde o ano de 2003 tambm se encontra a residir em Portugal, na Sert, a me da requerida a qual,entretanto,contraiucasamentocomumcidadoportugus,AdelinoC.,tambmeleresidentenaSert.

    16.Arequeridatemumtotalde8irmos,residindoalgunsnoBrasil,umemPortugaleumemLondres.

    17.Orequerido,apartirdaalturaemqueviucientificamentecomproadaapaternidaderelativamentemenor,em

    datanoapuradamasanteriora24deFevereirode2003 (3) ,procurouimediatamentearequeridanointuitode

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    data:text/htmlcharset=utf8,%3Cdiv%20id%3D%22dHead%22%20style%3D%22margin%3A%200px%3B%20padding%3A%200px%200px%2015px% 10/39

    estabelecerrelaescomafilhadeambos,comacolaboraodeIldaCunha,suacompanheira.

    18.DuranteosmesesseguintesdeslocavaseSert,aosfinsdesemana,nointuitodeverasuafilha,sendoquearequeridaafirmavaqueamesmaestavaemLisboa,emcasadeumatia.

    19.OrequeridosoubeporintermdiodosServiosdoMinistrioPblicodaSertqueamenorseencontravaaoscuidadosdeumdeterminadocasal.

    20.Daemdiantepassouaprocurarocasalacimareferido,conseguindocontactarcomLusG.eMariaAdelinaL.,osquaisnopermitiramaorequeridoverafilha.

    21.Noaniversriodamenor,orequeridodeslocouseaolocalondeseencontravaocasalaquesevemfazendorefernciaetentouentregarumpresentemenor,oquetambmnolhefoipermitido.

    22.Orequeridocarpinteiro/serralheirodeprofisso,encontrandoseactualmentedesempregado,auferindo350attulodesubsdiodedesemprego.Efectuaaindaalgunsbiscatesnombitodaactividadedeserralharia.

    23.DesdeAgostode2002queviveemuniodefactocomIldaCunha,empregadadomstica,queauferecercade300mensais.

    24. Do agregado faz ainda parte o filho da companheira do requerido, Ruben C., de 13 anos da idade, quefrequentao8anodeescolaridade.

    25. O referido agregado mantm um bom ambiente familiar, existindo um bom relacionamento entre os trsmembrosqueocompem.

    26.Habitamemcasaarrendada,compostapor3quartos,sala,cozinhaecasadebanho,nalocalidadedeCernachedoBonjardim,Sert.

    27. Nas proximidades residem ainda a me do requerido e 7 irmos deste, com quem mantm um ptimorelacionamentofamiliar.

    28.AmenorviveactualmentecomLusManuelM.G.eMariaAdelinoC.L.,emTorresNovas,osquaisalteraram(emtermosprticos,detratamento)onomedaquelaparaAnaF.

    29.EmMaiode2002tiveramconhecimentodequenumconsultriomdicohaviaumamedispostaaentregarumacrianaparaadopo.

    30.Combinaramaentregada criana,oqueaconteceuem28deMaiode2002, tendoporobjectivoa futuraadopodamesma,encontrandoseinscritoscomocasaladoptantenosserviosdaSeguranasocial.

    31.LusG.tem36anosdeidade(4)militardoexrcito(1sargento),auferindocercade1000mensais.

    32. Maria Adelina L. tem 38 anos de idades(5) vendedora de txteis, auferindo ndo mensalmente quantiaequivalenteaosalriomnimo,aqueacrescemumamdiade300ensaisattulodecomisses.

    33.Habitamumapartamento,tipoduplex,compostopor4quartos,2casasdebanho,sala,cozinhaeumterraocomareade110m2.

    33A.Denotaseumaforteligaoafectivaentreocasaleamenor(6).

    34.AmbososprogenitorespretendemquelhessejaatribudaaguardadamenorEsmeralda.

    35.EmMarode2004aSeguranaSocialrequereunesteTribunalaconfianajudicialdamenor,comvistaafutura

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    data:text/htmlcharset=utf8,%3Cdiv%20id%3D%22dHead%22%20style%3D%22margin%3A%200px%3B%20padding%3A%200px%200px%2015px% 11/39

    adopo,aocasalcompostoLusG.eMariaAdelinaL.

    36.No processo referido em34 foi proferido despacho de suspenso da instncia, ordenando que osmesmosaguardemadecisoaproferirnospresentes.

    37.Osapelantesouvidosem15deDezembrode2003,declararamaoExmo.Juizoseguinte (7) :emMaiode2002,porintermdiodeterceiros,tiveramconhecimentoquehaviaumapessoainteressadaemdarumacriana,em virtude de no ter condies morais e econmicas para a ter consigo. Uma vez que se encontramimpossibilitados biologicamente de ter filhos e face ao enorme desejo de criar uma criana, combinaram umencontrocomumaconhecidadame,ocorridoem28deMaiode2002enoqualamesmalhesfoientregue.Desdeento o beb encontrase a viver com ambos, beneficiando de todas as condies normais para o seudesenvolvimento. J se encontram inscritos desde Setembro de 2003, como casal candidato adopo, naSegurana Social de Santarm. Possuem uma declarao de consentimento para a adopo subscrita pelaprogenitoradamenor.

    38.OsapelantesalteraramonomedamenorparaAnaF.,identificaoqueadquiriueadoptoucomotempo(8).

    39.AAnaF.apresentasesemprebemcuidada(9).

    3.Dilucidaodasquestessuscitadaspelosapelantes/agravantes

    3.1Ordemdeconhecimentodosrecursos

    Evidenciacomclarezaaresenhadosautos,queosrecorrentesinterpuseramemprimeirolugarrecursodeapelaodosentenaproferidapeloTribunaldeTorresNovasesdepoisinterpuseramrecursodeagravododespachoquefixouoregimeprovisrio.Prescreveon1doartigo710doCPCqueaapelaoeosagravosquecomelatenhamsubidosojulgadospelaordemdasua interposiomasosagravos interpostospeloapeladoque interessemdecisodacausassoapreciadosseasentenanoforconfirmada.

    Asituaoemapreoenquadrasenaprimeirapartedon1doartigo710doCPC,razopelaqualpassamosdeimediatoaconhecerdorecursodeapelaoesdepisdorecursodeagravo.

    3.2Faltadecitaodosrecorrentes

    Alegamosapelantesquedetmaguardadefactodamenordesde28deMaiode2002,exercendoopoderpaternalsobre a mesma desde os trs meses de idade, pelo que deveriam ter sido citados do requerimento inicialapresentadopeloMinistrio PbliconoTribunal Judicial deTorresNovaspara, querendo, contestar.Ao ter sidoomitidooactodecitao,nulotudooqueseprocessoudepoisdaquelerequerimentoinicialnostermosdaalneaa)doartigo194,alneaa)doartigo195doCPC,nulidadequedeveserdecretadanostermosprevistosnoartigo202e204doCPC.

    Cumpredecidir

    AanlisemesmosuperficialdapetiosubscritapeloMinistrioPblicoedestinadaaregularopoderpaternaldamenorEsmeraldaP.,permite concluirqueaaco foi intentadacontraos seuspaisosaqui requeridosBaltazarSantosNeveseAididaP.R.Noartigo2dapetiodeusenotaqueamenorresidiacomumcasalconstitudoporLus G. e Maria L. (...) por deciso tomada pelame daquela, na sequncia de impossibilidade temporria deassumiroscuidadoscomamenor.

    Diznos a lei artigo 175 da OTM que autuado o requerimento so citados os pais para uma conferncia,permitindoaleiquesejamconvocadosparentes,v.g.avs,quepelo/amenormanifestemclaraafeioeevidentes

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    data:text/htmlcharset=utf8,%3Cdiv%20id%3D%22dHead%22%20style%3D%22margin%3A%200px%3B%20padding%3A%200px%200px%2015px% 12/39

    preocupaes.Compulsadososautosverificamosqueforamcitadosospais,quenochegaramaacordoquantoaoexercciodopoderpaternaldamenorsuafilhaequeoTribunaldeterminouanotificaodocasal,comoquala

    menor residia,paracompareceremdeterminadodia,oqueveioaacontecernasegundadata (10) para a qualforamconvocados.Naactadeaudiodefolhas86,nomanifestaramqualquerintenodeintervirnosautos,emparticular quanto regulao do poder paternal da menor Esmeralda, limitandose a juntar duas procuraesforenses.

    Querparecernosqueseocasalpretendesseterumaparticipaoactivanaregulaodopoderpaternaldamenor

    Esmeralda,ento,deveriaterinvocadoasualegitimidadeprocessualparaintervirnosautos(11),aquandodasuaaudiopeloExmo.Juiz,oqueclaraeobjectivamentenoaconteceu.Aonooterfeito,oTribunalaquolimitouseaordenarocumprimentododispostonoartigo178daOTMnaspessoasdospaisdamenorEsmeralda,daqueasuanocitaoalneaa)doartigo195doCPCnotenhaosreflexosprocessuaispretendidosposapelantes,emparticularanulidadedetodososactosnostermosdaalneaa)doartigo94doCPC,pelaelementarrazodenointegraremoncleodepessoasquealudeosartigos175e178.

    Alis,deverecordarsequealeiprocessualcivil,apropsitodanulidadedefaltadecitaoalneaa)doartigo194doCPCdeclaraqueasnulidadesprevistasnosartigos1940e200podemserarguidasemqualquerestadodoprocesso,enquantonodevamconsiderarsesanadas.

    Perguntemos,ento,averificarseanulidadeporfaltadecitao,estounosanada?

    Arespostanodadapornsmassimpeloartigo196doCPCaoprescrever:seoruouoMinistrioPblico,acrescentamosnsouaquelequeinvoqueodireitoaintervirnoprocessointerviernoprocessosemarguirlogoasuafaltadecitao,considerasesanadaanulidade.

    PorexpressivosnodeixaremosdetranscreverosensinamentosdoSr.ProLebredeFreitas:nofariasentidoqueoruouoMinistrioPblicointerviessenoprocessosemarguirafaltadecitaoeestamantivesseoefeitodenulidade.Aointervir,oruouoMinistrioPblicotem,oupodeterlogo,plenoconhecimentodoprocessado,peloque,optandopelanoarguiodafalta,nopodedeixardesepresumirjurisetdejurequedelanoquer,porque

    noprecisa,prevalecerse(12).

    Voltandoactadeaudiodecasaldefolhas86,verificamosqueLusG.eMariaL.sefizeramacompanharporilustreadvogadoque,noinciodadiligncia,juntouaosautosduasprocuraespassadasaseufavor,seguindoseaaudiodocasalpeloExmo.Juiz.Ora,osapelantesnosuscitaramasualegitimidadeparaintervirnosautoseconsequentemente a sua falta de citao, sendo certo que aquando da sua audio tiveram necessariamenteconhecimentoqueosautosvisavamaregulaodopoderpaternaldamenorEsmeraldaque,recordese,estavasuaguardadesdeos3mesesdeidade.

    Emconcluso,diremosqueoTribunalaquonoestavavinculadoaordenaracitaodocasal,amenosquetivessemanifestado, aquando da sua audio, o direito a intervir no processo em igualdade de circunstncias com osdemaisintervenientesprocessuais.Aindaqueseconsiderequecabenaprevisodoartigo175daOTMacitaodapessoasoupessoasaquemfoiconfiadaaguardadeumacrianaporprogenitorouprogenitores,afaltadecitaoficousanadaatravsdasuaintervenonoprocessonostermosdoartigo196doCPC.

    3.3Impugnaodamatriadefacto

    3.3.1Brevesconsideraes

    OsTribunaisdaRelaoconhecemdefactoededireito(13)daque,emregra,aleinorestrinjaosseuspoderesdecognio.Gravadasasdeclaraesprestadassemaudincia,possibilitaaapreciaodamatriadefactoartigos

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    data:text/htmlcharset=utf8,%3Cdiv%20id%3D%22dHead%22%20style%3D%22margin%3A%200px%3B%20padding%3A%200px%200px%2015px% 13/39

    5220B e 712 do CPC apesar de um conjunto de condicionantes, a primeira das quais relacionada com avinculaodoobjectodorecursoresultantesdasconclusesartigos690e6900AambosdoCPCqualseassociamoutrasapoiadasnalivreapreciaodaprovaartigos389,391e396doCCe655doCPCdaque

    seentendaqueosTribunaisdaRelaonoprocuramumanovaediferenteconvico(14)massaberseaexpressapeloTribunaldelainstnciatemounosuportenaquiloqueevidenciaagravaodaprova.

    3.3.2Ponto4dosfactosprovados(15)

    Defendemosapelantesqueoponto4dosfactosprovadosfalsonamedidaemquenofoiorequeridoqueteveainiciativa de requerer a realizao de tais testes,mas antes foi notificado para efectuar os testes hematolgicostendentesaoestabelecimentodafiliaobiolgica,nombitodoprocessodeaveriguaooficiosadapaternidade.

    Cumpredecidir

    Antesdemaiscumprenosdarnotaqueosapelantesselimitamaafirmarqueamatriadefactovazadanoponto4falsa,sem,noentanto,indicarem,comodeviam,qualquermeiodeprovaondeestribemasuairresignao.Noentanto,vejamosselhesassisterazo.

    Podelersenasentenarecorrida:oarguidosolicitouarealizaodosreferidostestesemvirtudedetertidoapenasum relacionamento ocasional com ame damenor e ter sido apenas informado da gravidez desta quando seencontravanofinaldagestao(facto4).

    AolermosafundamentaomatriadefactoverificamosqueparaalmdaprovatestemunhalaExma.Juizteveemconsideraoosrelatriose informaessociaisde folhas97e102e,entreoutrosdocumentos,oprocessoadministrativodaSert.

    Analisandoesteltimo,omesmoreportaseaopedidoformuladopelopaidamenorparaaregulaodopoderpaternaledaquenelenoexistaqualquerelementodocumentalondeaExma.Juizsetenhaancoradoparadarcomoprovadaadisponibilidade/solicitaodorequeridoparaarealizaodeexamehematolgico,oquenosignificaqueaprovanotivessesurgidoapartirdaaudiodetestemunhasoquenopodesersindicadoporesteTribunalnamedidaemqueaprovaproduzidaemaudincianoseencontragravada.

    EstjuntoaosautosumacertidoemitidapeloTribunalJudicialdaSert,porrefernciaaoprocessodeaveriguaooficiosadepaternidadecomon209/2002folhas203daqualfazparteoautodedeclaraesdorequerido,datadode11deJulhode2002,ondesepodeleroseguinte:quenuncadisseAididaquenoeraopaidamenorsimplesmentenoassumeessapaternidadesemteracertezadoqueestafazer,motivoporquesapsexameshematolgicospoderdecidiroqueirfazer.

    Emboranopossamossaberoqueastestemunhasdisseramsobreamatriadefactovertidanoponto4,averdadequenovislumbramosfundamentosrioquenosleveaalterla.Comefeito,seguroqueorequeridoBaltazarfoinotificadododia,horaelocaldarealizaodoexamehematolgico,namedidaemqueessainformaoemprimeirolugarcanalizadaparaoTribunalpeloInstitutodeMedicinaLegal,quedepoisnotificaorequeridodandoconta,precisamente,dodia,horaelocalondetemqueseapresentarpararealizaroexame,oqueestlongedepoder confundirse com uma realizao coactiva de exame. Alis, nas declaraes prestadas e que acima setranscreveram,podelersetotaldisponibilidadeparaarealizaodoexame,namedidaemqueaassunoounodapaternidadeficavadependentedorespectivoresultado.

    Assim,mantemosafactualidadedadacomoprovadasoboponto4.

    3.3.3Ponto12dosfactosprovados

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    data:text/htmlcharset=utf8,%3Cdiv%20id%3D%22dHead%22%20style%3D%22margin%3A%200px%3B%20padding%3A%200px%200px%2015px% 14/39

    Osapelantesdefendemqueoponto12damatriadefactoprovadanoespelhaaverdade,sendofactonotrioqueaprpriarequeridaveioapblico,atravsdosmeiosdecomunicaosocial,desmentirquealgumaveztivessepretendidoreaveramenor.

    Cumpredecidir

    Emborasejaoartigo514doCPCqueexpliciteosfactosquenocarecemdealegaoeprovaosfactosnotrios,devendo considerarse como tais os factos que so do conhecimento geral impunhase que os apelantesdelimitassemtemporalmenteasdeclaraesdarequeridamedamenorjque,hquenoesquecer,asentenarecorridafoiproferidaem13deJulhode2004,peloqueaconsiderarsecomonotriaapresenadarequeridaeassuas declaraes aos rgos de comunicao social, ento, a mesma teria que acontecer em data anterior sentena,oqueobjectivamentedesconhecemos.

    Paraestarmosempresenadeumfactonotrio(16),comasimplicaesprevistasnoartigo514,n1doCPCeranecessrioqueasdeclaraesdarequeridachegassemaoconhecimentogeneralizadodaspessoas,normalmente,informadasdeumdeterminadoespaogeogrfico.Ou seja, o quepoderia ser notrio era a suapresena e asdeclaraesproferidasnaquelecontexto,oquenosignificaaconformidadedassuasdeclaraescomarealidade,sendo semprepossvel aoTribunal aquo, atravsdeoutrosmeiosdeprova, dar comoprovadauma realidadefactualdiversadaquelaquearequeridativesseditoaosrgosdecomunicaosocial.Alis,mesmoatersecomocertaapresenadarequeridanasteleviseseoutrosrgosdecomunicaosocialadesmentirquealgumaveztivessepretendidoreaveramenor,oquequediriasetivessesidoconfrontadacomasdeclaraesprestadasaoDignoProcuradorAdjunto,noprocessoadministrativode regulaodopoderpaternal: desdeh8mesesvemreclamandoaentregadasuafilha,masessecasalagoranoaquerentregar,sendoqueamenortemagoraumanoe4meses(folhas182).

    Paraalmdenosepoderconsiderarcomofactonotrioasdeclaraesprestadasporumdeterminadapessoaaosrgosdecomunicaosocial,existeelementodeprovanosautosqueancoraefundamentaofacto12,paraalmdaprovatestemunhalimpossveldesindicarporesteTribunal.

    3.3.4Ponto17dosfactosprovados

    Sustentam os apelantes que o ponto 17 incorrecto, porquanto em Agosto de 2002, o requerido no haviarealizado os exames hematolgicos que s em Outubro tiveram lugar e cujos resultados foram notificados aorequeridoemFevereirode2003.

    Cumpredecidir

    Maisumavez,osapelantesnocumpriramodispostonaalneab)don1doartigo669doCPC,noentanto,eapesardetalomissonodeixaremosdeanalisaraquestotendoemcontaprovadocumentalexistentenosautos.

    AExma.Juizdeucomoprovadoqueorequerido,apartirdaalturaemqueviucientificamentecomprovadaapaternidaderelativamentemenor,porvoltadeAgostode2002,procurouimediatamentearequeridanointuitodeestabelecerrelaescomafilhadeambos,comacolaboraodeIldaCunha.

    Noexisteprovadocumentalnosautosquepermitaestabelecercomrigoradataemqueorequerido/apeladoteveconhecimento do resultado dos exames hematolgicos que determinaram a paternidade da menor Esmeralda.Podemos, com segurana, afirmar que em 11 de Julho de 2002, ainda no tinham sido feitos os examescomprovativosounodapaternidade,jquenestediaorequerido/apeladoprestoudeclaraesnaDelegaodoMinistrioPblicodaSert,ondereferiuquenoassumiaapaternidadesemteracertezadoqueestavaafazer,motivoporquesapsexameshematolgicospoderiadecidiroqueiriafazer(folhas203).Tambmsabemosque

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    data:text/htmlcharset=utf8,%3Cdiv%20id%3D%22dHead%22%20style%3D%22margin%3A%200px%3B%20padding%3A%200px%200px%2015px% 15/39

    nodia24deFevereirode2003 folhas205orequerido/apeladoteriaqueterconhecimentodoresultadodoexame na medida em que manifestou o desejo de perfilhar a menor Esmeralda, tal como veio a suceder. AexpressoutilizadapelaExma.JuizporvoltadeAgostode2002dealgummodoequvocaemfacedaprovadocumentalexistentenosautosemparticulardadecraodefolhas205.Comefeito,ouorequerido,apesardeconhecerosresultadosdoexameporvltadeAgostode2002,demoroucercade5mesesainteriorizlosouentoaqueladatadesconforme realidadenamedidaemque conhecedordos resultados logo tomouadecisodeperfilharamenorEsmeralda.

    Existeoutroelementoquepermitequenoacolhamosatesequeosresultadosdosexamestivessemchegadoaoconhecimento do requerido/apelado por volta de Agosto de 2002. que a assuno da paternidade ficoudependente da realizao de exames, declarao do requerido datada de 11 de Julho de 2002 folhas 2005.Mesmoqueoprocessotivessecorridoemfrias,mesmoquesetivessesolicitadoaoIMLarealizaodoexameemAgostode2002,eestetivesseindicadodataparaasuarealizaocomamaiordasbrevidades,nonosparecepossvelqueoIMLtivesseaindaemAgostode2002oumesmoemSetembrodomesmoano,osresultadosdosexames.Destemodo,parecenosmaisconformeprovadocumentalexistentenosautosalterarseomomentodoconhecimentoporpartedorequeridodosresultadosdosexames,sendoqueaprovatestemunhal,quantoaesteespecficoponto,temrelativainfluncia.

    Assim, o facto 17 passa a ter a seguinte redaco: o requerido, a partir da altura emque viu cientificamentecomprovadaapaternidaderelativamentemenor,emdatanoapuradamasanteriora24deFevereirode2003,procurouimediatamentearequeridanointuitodeestabelecerrelaescomafilhadeambos,comacolaboraodeIldaCunha.

    3.3.5Ponto19dosfactosprovados

    Quantoaoponto19damatriade facto,osapelantesdefendemque insuficientenamedidaemque importaesclarecerqueosserviosdoMinistrioPblicodaSerttiveramconhecimentodequeamenorseencontravaguardaeaoscuidadosdosrecorrentes,atravsdeumprocessodeadopoinstauradoemJaneirode2003,ouseja,nummomentoemqueorequeridonohaviaperfilhadoamenor,comooresultadodostestesnoerasequerconhecido.

    Cumpredecidir

    DeusecomoprovadoqueorequeridosoubeporintermdiodosServiosdoMinistrioPblicoqueamenorseencontravaaoscuidadosdeumdeterminadocasal.

    Comosepodeconstatardaleituradofacto19edapretensodosapelantes,noestemcausaaformaeadatadeconhecimento por parte dos Servios do Ministrio Pblico relativamente guarda da menor por parte dosapelantes.Oqueseexplicitanofacto19aformacomooapeladoteveconhecimentodaspessoasguardadequemseencontravaamenor,peloquenosevislumbramrazesvlidasquepossamlevaralteraodestefacto.

    3.3.6Factosprovadossobosns20,21e28

    Osapelantesinsurgemsecontraaosfactos20,21e28alegandoqueoprimeironoespelhaaverdade,osegundovagoeimprecisoeoterceiroinsuficiente,sendoqueemtodosnofoirespeitadooprincpiodocontraditrio.

    Cumpredecidir

    Comecemos por transcrever o primeiro dos factos: Da em diante passou a procurar o casal acima referido,conseguindocontactarcomLusG.eMariaAdelinaL.,osquaisnopermitiramaorequeridoverafilha.

    Sabemosqueosapelantesselimitamadizerqueestefactonoespelhaaverdadesem,noentanto,indicaremmeio

  • 07/03/2015 JusJornalDiriojurdicoonlineWoltersKluwerPortugalDocumento

    data:text/htmlcharset=utf8,%3Cdiv%20id%3D%22dHead%22%20style%3D%22margin%3A%200px%3B%20padding%3A%200px%200px%2015px% 16/39

    deprovaondepudessemescorartalafirmao.Emfacedestaconstatao,impedidoestesteTribunaldesindicarafactualidadevazadanofacto20.

    Sobre a no concesso do direito ao contraditrio, limitamonos a dar nota que entre princpios gerais que

    enformamoprocessocivildeclaratrio,emergeoprincpiodocontraditrio (17) quetantopodeserentendidonumsentidomeramenteformalcontrapartedeveserdadaapossibilidadedeserouvidacomonumsentido

    materialosinteressesdaspartessointeressescontrapostosumeoutroaplicveisaoprocessocivil(18).

    A posio do Exmo. Sr. Prof. Manuel de Andrade, a propsito do princpio do contraditrio, exemplarmenteelucidativanamedidaemquelheconfereumaposiocentral/angularnoquadrodosprincpiosqueenformamoprocessocivildeclaratrio,aoescrever:oprocessorevestea formadeumdebateoudiscussoentreaspartes(audiaturetalterapars) ...Cadaumadasparteschamadaadeduzirassuasrazes(defactoededireito),aoferecerassuasprovas,acontrolarasprovasdoadversrioeadiscretearsobreovalore resultadodeumaseoutras.Estaestruturaodialcticaoupolmicadoprocessotirapartidodocontrastedosinteressesdospleiteantes,ou at s do contraste faz suas opinies (...) para o esclarecimento da verdade. tal a sua vantagem seurendimentoqueasleisaconsagrammesmoonderepelemoucerceiamoprincpiododispositivo(...).Esperaseque,tambmparaosefeitosdoprocesso,dadiscussonasaaluzqueaspartes(ouosseuspatronos),integradosnocasoeacicatadospelointeresseoupelapaixo,tragamaodebateelementosdeapreciao(razeseprovas)queo juiz,mais serenomasmais distantedos factos emenos activo, dificilmente seria capazdedescobrir por

    si(19).

    Concluise do que acima se transcreveu a obrigatoriedade do Tribunal respeitar o princpio do contraditrio,ouvindo a parte sobre todas as questes que a contraparte tenha suscitado no processo, pelo que sempre seimpunhaaaudiodosapelantessetivessemrequeridoasuaintervenonoprocessoduranteasuafaseinicial.Ora,compulsadososautosverificamosqueasuaintervenoocorrenumafaseemqueasentenajhaviasidoproferida,peloquenopodiaoTribunaltervioladoaqueleprincpioantesdosapelantesteremsidoadmitidosainervirnosautos.

    Quantoaofacto21noaniversriodamenor,orequeridodeslocouseaolocalondeseencontravaocasalaquesevemfazendorefernciaetentouentregarumpresentemenor,oquetambmnolhefoipermitido.

    Apesardeconsiderarmosqueanoindicaodoaniversrionotemqualquerrelevncia,tendoporrefernciaocontedo factual vazado no facto 21, sempre diremos que teve que ser necessariamente quando a menorcompletouoseuprimeiroanodevida12deFevereirode2003dataemqueseguramentejtinhaconhecimentodoresultadopositivodoexamehematolgicoqueolevouadeclararpretenderperfilharamenorem24deFevereirode2003.

    Assim,mantmseofacto21.

    Relativamenteaofacto28,osapelantesconsideramqueafactualidadedadacomoprovadainsuficiente,umavezqueamenorvivecomelesininterruptamentedesde28deMaiode2002enoactualmentecomoseconsignounaquelefacto.

    Cumpredecidir

    AExma.JuizdeucomoprovadoqueamenorviveactualmentecomLusManuelM.G.eMariaAdelinaC.L.,emTorresNovas,osquaisalteraram(emtermosprticosdetratamento)onomedaquelaparaAnaF..

    Bastatersepresenteo factovertidonoponto6paraseconcluirosemrazodosapelantes.Comefeito,aliseescreveuqueem28deMaiode2002,arequeridaentregouasuafilhamenoraocasalapelante,filhaquepretendeu

  • 07/03/2015 JusJornalDiriojurdicoonlineWoltersKluwerPortugalDocumento

    data:text/htmlcharset=utf8,%3Cdiv%20id%3D%22dHead%22%20style%3D%22margin%3A%200px%3B%20padding%3A%200px%200px%2015px% 17/39

    reaverapartirdeJunhode2003(facto12)equeactualmenteseencontraavivercomoditocasal(facto28).Aanliseconjuntadestesfactos,levanosaconcluir,semmargemparadvidas,queamenorseencontraavivercomosapelantes,desdequearequerida/melhesfezaentregadafilha.Tambmosfactos17a21donotadessacontinuidadequandoconjugadoscomosfactosanteriores,peloquesenovislumbramrazesquelevemaalterarafactualidadedadacomoprovada.

    3.4Ampliaodamatriadefacto

    Entendemosapelantesqueamatriade factodadacomoprovadanosuficienteparaaquilatarossuperioresinteressesdacriana,namedidaemquereconheceosrecorrentescomopaiemeesereconhececomofilha.On4doartigo712doCPCpermiteaoTribunaldaRelaoanularadecisoproferida,quandoconsidereindispensvelaampliaodamatriadefacto.Nessesentido,identificamosfactos1a42comoobjectodanecessriaampliao.

    Cumpredecidir

    Senoconstaremdoprocessotodososelementosprobatriosque,nostermosdaalneaa)don1,permitamareapreciaodamatriadefacto,podeaelaoanular,mesmooficiosamente,adecisoproferidana1instncia,quandoreputededeficiente,obscuraoucontraditriaadecisosobrepontosdeterminadosdamatriadefactoouquandoconsidereindispensvelaampliaodestaarepetiodojulgamentonoabrangeapartedadecisoquenoestejaviciada,podendo,noentanto,oTribunalampliarojulgamentodemodoaapreciaroutrospontosdamatriadefacto,comofimexclusivodeevitarcontradies(n4doartigo712doCPC).

    Ainterpretaoliteraldestepreceitolevanosaconcluirquenodispondoosautosdoselementosprobatriosquepermitamareapreciaodamatriadefacto,ento,aleiconfereaoTribunaldaRelaoaanulaodojulgamento,mesmooficiosamente,desdequeconsiderequeafactualidadeprovadaobscura,deficienteoucontraditriaporrefernciaapontosdeterminados.Tambmaleilheconfereidnticafaculdadequandoconstateanecessidadedeampliaramatriadefacto.Nestescasosoexercciodopoderderescisooucassatrioconferidoporestepreceitodever,pois,entendersecomosubsidiriorelativamenteaospoderesdereapreciaooureexamedospontosdamatria de facto questionados no recurso s tendo lugar quando se revele absolutamente invivel o eficaz e

    satisfatrioexercciodestespelaRelao(20).

    Antesdeapreciarmosestapartedorecursodosapelantesampliaodamatriadefactoimpesevoltaradarnotaqueasentenarecorridafoiproferidaem13deJulhode2004,peloquedeveriatertidoemcontatodososelementosplasmadospelosrequeridosnassuasalegaesequeinteressassemboadecisodacausa,bemcomotodaaprovadocumental,incluindoosrelatriossociaiselaboradospororganismosoficiais.

    NaturalmentequeproferidaadecisoeesgotadoopoderjurisdicionaldoTribunalartigo666doCPCestava,por razesquenosparecembvias, impedidodealterarodecidido.Daque,nopossamosdeixarde limitaraanlisedaampliaodamatriadefactoaoselementosdisponibilizadosnosautosatprolaodasentena.

    Postoistodemodoaconferirmosalgumacoernciaaoacrdonaparteemqueabordaaampliaopretendidapelosapelantes,analisemolafactoafacto.

    Pretendemosapelantesqueamatriadefactosejaampliadanosentidodenelaconstar:

    Amenornasceuem12deFevereirode2002Bastaatentarnofacto1paraseconcluirqueestcontempladaafactualidadequesepretendeampliar.

    EfoiregistadacomofilhadeAididaP.R.em11deMarode2002Peseofactodenoestarexpressamenteregistadaesta realidade,averdadequeuma leitura integradados factos1a4, juntamente comaanlisedacertidodefolhas18,seconcluiu,semnecessidadedeoutroselementos,queamenoraps0seunascimentofoi

  • 07/03/2015 JusJornalDiriojurdicoonlineWoltersKluwerPortugalDocumento

    data:text/htmlcharset=utf8,%3Cdiv%20id%3D%22dHead%22%20style%3D%22margin%3A%200px%3B%20padding%3A%200px%200px%2015px% 18/39

    registadacomofilhadarequeridaAididanoconstandoqualquermenoquantopaternidade.

    NoinciodeMaiode2002,osrecorrentesforaminformadosdaexistnciadeumamenor,filhadepaiincgnito,queaprogenitoraqueriadarparaadopoefirmaramlogooseupropsitodeacolheramenoredeadoptarEstarealidade no foi alegada por nenhum dos requeridos, no consta do relatrio social e s foi trazida aoconhecimento do Tribunal em sede de recurso de apelao, da que entendamos no poder ser objecto deampliaonostermosdon4doartigo712doCPC.

    Os recorrentes nunca antes tinham visto amenor e desconheciam ento o seu estado de sade ou as suascaractersticas fsicas Nenhum elemento de prova disponibilizado nos autos e que pudesse e devesse ter sidotomadoemcontapeloTribunalaquopermitedarporverificadoeste facto.Responderse,por issoquesepretendeaampliao,todavia,aterseporcorrectooentendimentoquefazemosdoartigo712,n4doCPC,amesmatemdereportarseamatriaalegadapelaspartesque,v.g.notenhasidolevadabaseinstrutriaoupela

    reapreciaode factosque tenhamsidodeficientementeapreciados(21) . Apesar de estarmos no mbito de umprocessodejurisdiovoluntria,talnosignificaquepossamosconferirumatalamplitudeaon4doartigo712doCPCquepossibiliteaampliaodefactosnoalegadospelaspartes.

    Os recorrentesprocuraram informarsesobrea forma legaldeproceder, tendonodia27deMaiode2002,aprogenitoraemitidoumaDeclaraodeconsentimentoparaadopoplenacujaassinaturafoireconhecida,onderefere,almdomais:entregoaaoSr.LusManuelM.G.eSra.DaMariaAdelinaC.L.,casadosumcomooutro,paraquesejaadoptadaplenamentepelosmesmos, integrandosenasuafamlia,extinguindosedesta formaasrelaesfamiliaresexistentesentremimAididaP.eEsmeraldaP.DesdejdouautorizaoaosreferidosSr.LusManuelM.G.eSra.DMariaAdelinaC.L.paraaaberturadorespectivoprocessodeadopoeparatodososactosque levem ao bom termo do mesmo A matria de facto transcreve no ponto 7 o teor da declarao deconsentimentoparaadopoplena,daquenovislumbremosqualquernecessidadedeampliao.Sobreaformacomoosapelantes lidaramcomasituaoseseprocuraramouno informarumarealidadenovaqueno foiobjectodecontraditrio,nemconstadoprocessoqualquerelementoquepermitisseaotribunaltlotidoemcotaem sede de audincia de julgamento. No podemos deixar de voltar a r cordar, que os apelantes quandointervieramnoprocesso,juntandoduasprocuraes,podiamedeviamtersuscitadoasualegitimidadeeconcedidapodiamemsededealegaestrazeraoconhecimentodoTribunaltodaafactualidaderelevanteaumaboadecisodacausa.Optaramporoutrocaminho interpor recursodadeciso final nosendo,emnossomodestover,processualmenteadmissvelfazersedasalegaesderecursoumarticuladonoqualalegamumconjuntodefactos,cujapertinncianodiscutimos,masquenopodemsertidosemcontaparaefeitodeampliaodamatriadefacto.Aserassimestavaencontradoomecanismoquelevariasempreanulaodojulgamento,namedidaemque,porseremfactosnovos,no foramobjectodediscussoeanliseemsededeaudinciade julgamentoe,consequentemente,noconstavamdoprocessoquaisquerelementosdeprovapassveisdeseremreanalisadosporesteTribunal.

    Aps estaremnapossedesta declarao e por estarem convencidos que amesmabastavapara adoptaremamenor,vistoqueerafilhadepaiincgnito,osrecorrentesreceberamamenorOptandoporevitarrepetiesdesnecessriassobreos limites legaisdaampliaodamatriade facto, limitamonosadarnotaquese tratadematrianovanoalegadaanteriormenteeporissoinsusceptveldeserampliada.

    Amenortinhaento3mesesefoirecebidanoseiodafamliadosrecorrentescomosuafilhaedesdeessadata,amenornomaisdeixouoseuconvvio,tendoosrecorrentespassadoaalimentla,avestiIaeacallaQueamenortinhacercade3mesesdeidade,umarealidadequeseinferedaleituradosfactos1e6.Quenuncamaisdeixou de comeles conviver uma realidade que surge comevidncia da leitura damatria de facto provada.Quantoao factodealimentarem,vestiremecalaremamenorEsmeraldaumadecorrncianaturaldeaterem

  • 07/03/2015 JusJornalDiriojurdicoonlineWoltersKluwerPortugalDocumento

    data:text/htmlcharset=utf8,%3Cdiv%20id%3D%22dHead%22%20style%3D%22margin%3A%200px%3B%20padding%3A%200px%200px%2015px% 19/39

    acolhido,sendoqueningumocoloqueemcausa,tantomaisquenorelatriosocialseescreveuasituaojuntodocasal,tambmigualmentefavorvelaoseudesenvolvimento,denotandoseforteligaoafectivaentreocasaleamenor,oquenecessariamentesubjacenteoscuidadosbsicoscomalimentao,vesturioecalado.

    CuidaramdasuasadeehigieneSemnecessidadedeoutroselementos,remetemosparaoqueconsignmosnopargrafoanterior.

    No que concerne aos factos pretendidos ampliar e alegados sob os nmeros 9 a 19 de folhas 1550 e 1551,consideramosdesnecessriaasuatranscrioindividualizadanamedidaemqueversamsobreoacompanhamentomdicoqueconferemmenor,oseudesenvlvimentocomocrianaeasuaintegraonoseiodafamliaalargadaaquepertencem.Tambmdonotadonomeporqueseconheceamenor.

    Sobre a situao familiar, profissional, habitacional e os rendimentos auferidos pelos apelantes, entendemosdesnecessria ampliar a matria de facto, na justa medida em que dela constam os elementos pertinentes avaliaodassuascondiescomo,deresto,seconstatadaleituradosfactos31a33.Tambmamatriadefactodnotadapretensodosapelantesquantoguardadamenor,bemcomoaoestadodosautosdeadopofactos34a36edaadesnecessidadedeampliao.

    Arealidadevertidanosartigos29a32e34a38,reportaseaoprocessodeadopodamenoreaosrelacionadoscomasuainstruovisitasdetcnicasdoCDSSSS.

    Finalmente,nadatemosaoporaquedeaditematriadefactorealidadeestadistintadaampliaonostermospretendidosoteordassuasdeclaraesqueseencontramtranscritasafolhas86e87.

    Por relevante boa deciso da causa e constarem de elementos existentes nos autos data da prolao dasentena,aditaseaosfactosprovadosaseguintefactualidade:

    33ADenotaseumaforteligaoafectivaentreocasaleamenor.

    37.Osapelantesouvidosem15deDezembrode2003,declararamaoExmo.Juizoseguinte:emMaiode2002,por intermdio de terceiros, tiveram conhecimento que havia uma pessoa interessada emdar uma criana, emvirtudedenotercondiesmoraiseeconmicasparaaterconsigo.Umavezqueseencontramimpossibilitadosbiologicamentede ter filhose faceaoenormedesejode criarumacriana, combinaramumencontro comumaconhecidadame,ocorridoem28deMaiode2002enoqualamesmalhesfoientregue.Desdeentoobebencontraseavivercomambos,beneficiandodetodasascondiesnormaisparaoseudesenvolvimento.JseencontraminscritosdesdeSetembrode2003,comocasalcandidatoadopo,naSeguranaSocialdeSantarm.Possuemumadeclaraodeconsentimentoparaaadoposubscritapelaprogenitoradamenor.

    38.OsapelantesalteraramonomedamenorparaAnaF.,identificaoqueadquiriueadoptoucomotempo.

    39.AAnaF.apresentasesemprebemcuidada.

    Acrescentaseaofacto31LusG.tem36anosdeidade(22)(...).

    Acrescentaseaofacto32MariaAdelinatem38anosdeidade(23)(...).

    3.5Nulidadedasentena

    DefendemosapelantesqueoTribunalaquoreconheceuestaramenor integradanasua famlia,sendotratadacomofilha,peloquetalfactualidadeno,permiteadecisodeentregadamenoraoutremquenoosrecorrentes.detodoincompatvelfundamentarqueacrianaseencontraguardadefactodosrecorrentesqueatratamcomofilhaedecidiIaentreglaaoapeladoqueparaacrianaumestranho.Assimasentenanulaporviolaoda

  • 07/03/2015 JusJornalDiriojurdicoonlineWoltersKluwerPortugalDocumento

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    alneac)don1doartigo668doCPC.

    Cumpredecidir

    Noqueconcernealneac)don1doartigo668doCPCnulaasentenaquandoosfundamentosestejamemoposio com a deciso transcrevemos, por expressivo, o pensamento do Supremo Tribunal de Justia. Ascausasdenulidadedeacrdo,taxativamenteenunciadasnesseartigo668,noincluemnoseuelencobomdizloochamadoerrodejulgamento,ainjustiadadeciso,anoconformidadedelacomodireitosubstantivoaplicvel, o erro na construo do silogismo judicirio (...). Tratase de vcio da estrutura do acrdo, porcontradio entre as suas premissas de facto e de direito, e a concluso, existindo, por isso, quando osfundamentosinvocadosconduziriamlogicamentenoaoresultadoexpressonadeciso,massimaumresultadodiverso.Paraquedeterminadasituaopossasercontempladanessaalneac),necessriosetornaqueexistaumarealcontradioentreos fundamentoseadeciso.Oraciocniodo julgador terdepadecerdeumvcioreal.A

    fundamentaoapontanumsentido,adecisoseguecaminhooposto(24).

    Aplicandoestesensinamentossituaoemapreo,conclumosqueasentenarecorridanopadecedoapontadovcio.Comefeito,comeouportraaroquadrolegalrelativoinexistnciadequalquercausajustificativadainibiodopoderpaternalartigo1915doCCidentificouocritrioorientadoremsedederegulaodopoderpaternalinteressedacrianaeconcluiuemmatriadeguardadamenorpelodireitoqueassistemenordesereducadaetratadapelosseuspaisbiolgicosedaterdecididoqueficariaconfiadaguardaecuidadosdopai.Comosev,noexistequalqueroposioentrefundamentosedeciso,oqueacontecequeosapelantesnoseconformamcomasentena,noserevemnasuafundamentaoedaquepugnempelasuaalterao,oque,repetesenoenquadrvelnascausasdenulidadedesentena.

    3.6Artigo69daConstituiodaRepblicaPortuguesa.Artigos1878e1905doCC,artigo180daOTMealneaa)doartigo4daLPCRJ.Inconstitucionalidadedosartigos1878e1905doCC,artigo180daOTMporviolaodoartigo69.

    Oartigo69daCRPconferemenorodireitoaumdesenvolvimentointegraleosartigos1878e1905doCC,artigo180daOTMealneaa)doartigo4daLPCRJimpemqueointeressedamenorsesobreponhaatodososdemais. A sentena viola este quadro legal ao decidir combase no vnculo biolgico e no na salvaguarda dospontosderefernciadacriana.

    Cumpredecidir

    Osapelantesestruturamassuasalegaes/conclusesnosentidodeaExma.Juiztervioladooquadrolegalacimatranscrito,porviadeterconferidorelevnciaaovnculobiolgicoemdetrimentodasalvaguardadamanutenodospontosderefernciadacriana,daestabilidadedoseuambiente familiar, tranquilidadeehbitosderotina,atenoeafectos.

    Emboradeixemosparamomentosposterioraanlisedaquestodefundoregulaodopoderpaternal/interesseda criana diremos que a famlia assume no contexto constitucional um papel central (artigo 360 da CRP),expressandoon5destanormaqueospaistmdireitoeodeverdeeducaoemanutenodosfilhos,ouseja,

    oschamados"poderesdeveres,poderesfuncionaisouoficios"(25) ,queospaisnosolivresdeexercitar,masantesseencontramvinculadosafazlosobpenadasuaviolao.Afamliasurgecomoelementofundamentaldasociedadeartigo67daCRIexpressandooartigo69daCRI?queascrianas tmdireitoprotecoda

    sociedadeedoEstadocomvistaaoseudesenvolvimentointegral(...)(26).

    A filiaoassumesecomoumvnculo jurdicoqueunepaise filhos,quepode terumabasebiolgica artigos1796eseguintesdoCCouterporbaseumadecisojudicialartigos1973eseguintesdoCCexpressandoos

  • 07/03/2015 JusJornalDiriojurdicoonlineWoltersKluwerPortugalDocumento

    data:text/htmlcharset=utf8,%3Cdiv%20id%3D%22dHead%22%20style%3D%22margin%3A%200px%3B%20padding%3A%200px%200px%2015px% 21/39

    artigos 1878, n 1 e 1905, n 2 do CC que o poder paternal deve ter em conta o interesse dos filhos,emergindoidnticoprincpiodosartigos147Ae180,n1daOTMedaalneaa)doartigo4daLein147/99,de1.9.

    Queosuperiorinteressedomenorumprincpioprioritrio,noduvidamos,todavia,nopodemosdeixardeterem conta outros interesses legtimos no mbito da pluralidade dos interesses no caso concreto, como v.g. oprincpiodaprevalnciadafamlia,oprincpiodaproporcionalidadeedaactualidade.AExma.Juiz,nointeressedacriana, abordou e trabalhou um conjunto de factos que considerou relevantes para a atribuio da guarda damenor,analisoucadaumadasfamliaserelevou,nointeressedacriana,oslaosbiolgicos,oquenadatemdecensurvelnemviolaoprincpioqueemanadadecadaumadasnormasacimatranscritas.

    Em matria de inconstitucionalidade dos artigos 1878 e 1905 do CC e 180 da OTM, no encontramosfundamentoquenoslevemaconsiderar,talcomofazemosaplantes,queaExma.Juizconferiuprevalnciaaovnculobiolgicoemdetrimentodosprincipiosconsignadosnoartigo69daCRPdesenvolvimentointegraldamenor,ouseja,segundonascimentoenquantonascimentosciocultural.Sebementendemosoartigo69daCRP,o legisladorconstitucionalconsiderouodireitodascrianasaumdesenvolvimento integral,protegendoascontratodaequalquerformadeabandono,discriminao,opresso,abusofamiliarouinstitucional,realidadeestaquenofoicolocadaemcausapelaExma.Juizquando,depoisdeanalisartodasascircunstnciasrelevantesparaaatribuiodaguardamodelosfamiliar,econmico,socialeprofissionaldecadaumadasfamliasentendeuqueointeressedacrianaficariamelhorsatisfeitocomoregressoaoseiodasuafamliabiolgica.Entendemosnosqueesteraciocnionadatemdeinconstitucional,masantesestconformeaosartigos36,67,68e69daCRP.

    Peseofactodosapelantesteremsuscitadoainconstitucionalidadedosartigos1878e1905doCC,artigo180daOTMealneaa)doartigo4daLPCRJluzdoartigo69daCRP,entendemos,comorespeitodevido,queasituaoporsisuscitadanocabenombitodainconstitucionalidadedaquelasnormas,nemtopouconombitodainconstitucionalidadeinterpretativaquedelasfezoTribunalaquo.AExma.Juiz,talcomoalei lheimpunha,comeoupordefenderquesobreoapelado/requeridonorecaaqualquercausaqueoinibissedeexerceropoderpaternal,tomouposiosobreoprincpioorientadoreenformadordaregulaodopoderpaternalointeressedacriana,analisouseparadamenteascondiesdosapelanteseapeladoseperguntouseovnculobiolgicopodiapesarnadeciso,respondendoafirmativamente.Compreendesequeosapelantesnoconcordemcomadeciso,todavia,apelidladeinconstitucionalobjectivaeclaramenteexcessivo.

    Em concluso, o Tribunal a quo ponderou, entre os factores, o vnculo biolgico que liga a menor aorequerido/apelado, considerandoo, na ponderao do interesse da criana, comodecisivo na atribuio da suaguarda.Asquestessuscitadasnocabemnombitodainconstitucionalidadedasnormasacimaidentificadas,masantesamanifestao,salutar,dadiscordnciaemfacedodecidido.

    3.7PoderpaternalDireitosdamenorInteressedamenor

    AExma.Juizentendeuqueointeressesuperiordacrianaimpunhaqueficasseentregueguardaecuidadosdopai,quepassavaaexerceropoderpaternal.

    Opinio distinta, assumem os apelantes e insurgemse contra esta deciso, pugnando para sua revogao,invocando,paratanto,que:

    Adecisorecorridadecidiusemouviracrianaesemaconhecer,logodeformacegaeabstracta,quandosabidoqueasdecisesjudiciaisdevemfazerjustianocasoconcreto.

    OTribunalaquodesprezouasrelaesdefactoestablecidasntreamenoreosrecorrentes.

    Retiraramenordaguardaecuidadosdosrecorrentescomprometeroseudesenvolvimentopsquico.

  • 07/03/2015 JusJornalDiriojurdicoonlineWoltersKluwerPortugalDocumento

    data:text/htmlcharset=utf8,%3Cdiv%20id%3D%22dHead%22%20style%3D%22margin%3A%200px%3B%20padding%3A%200px%200px%2015px% 22/39

    OregimefixadopeloTribunalnocompatvelcomointeressedacriana.JuntaramumparecerjurdicosubscritopelaExma.Sra.Dra.MariaClaraSottomayor.eumparecersubscritopeloSr.Prof.EduardoS.

    3.7.1Faltadeaudiodacriana.Faltadeconhecimentodacriana.Decisocegaeabstracta.

    OcompulsardosautospermitenosconcluirqueaacofoiintentadacontraosrequeridosBaltazareAididaquenochegaramaacordonaconfernciaaquealudeoartigo175daOTMedateremsidocitadosparaalegar,oquefizeramcarreandoparaosautosarealidadefactualqueconsideraramdeterminantenadefesadassuasposies.OuvidoocasalG.eMariaL.,prestouadeclaraesaquesealudenamatriadefactoprovada,semquetivessemrequeridoasuaintervenonoprocessodemodoaconferiremlheasuavisodosfactos,oquesabemosteremfeitosapsaprolaodedeciso,atravsdainterposiodocompetenterecurso.

    Feitoesteenquadramento,diremosqueamenorEsmeralda,datadarealizaodaaudinciadejulgamentoteriacercade2anosetrsmesesdeidadeeacabaradeentrarnouniversomgicodaspalavrasque,necessariamente,

    repetiasemsinalde julgamentooude reflexo relativamenteaoquedizia (27) e, por isso, impedida estava detomarposiodeformacrticasobreumaspectotoimportanteedecisivodasuavida.Notersido,seguramente,poracasoqueolegisladorvinculouoJuizobrigaodeouvirofilhomaiorde14anos,antesdedecidir(n2doartigo1901doCC).

    No que respeita, ao segundo argumento falta de conhecimento da criana limitamonos a dar nota que oTribunaltrabalhoucomoselementosque lheforamtrazidospelosrelatriossociaiselaboradospeloInstitutodeReinsero Social e que se os apelantes tivessem considerado de interesse que o Tribunal conhecesse amenorEsmeralda,dissolhedariamconhecimento,oquesabemosnoterocorrido.Alis,faceaoteordassuasdeclaraes desde ento a beb encontrase a viver comambos, beneficiandode todas as condies normais para o seudesenvolvimentooquenofoicolocadoemcausapelosrelatriossociaissuficientementetranquilizanteeafastaanecessidadedoTribunalcontactarfisicamentecomamenor.

    Finalmente sobre o epiteto de deciso cega e abstracta, limitamonos a convidar os apelantes a relerem asentena, sobre a qual podem, felizmente,manifestar total discordncia,mas no devemapelidla de "cega eabstracta"namedidaemqueamesmasencontradevidamentefundamentadadefactoededireito.

    3.7.2OTribunalaquodesprezouasrelaesdefactoestabelecidasentreamenoreosrecorrentes

    Paratentarmosilustrarosemrazodosapelantesiremostranscreveraseguintepassagemdasentenarecorrida:(..)quantoaCarlosG.eMariaC.L.,norestamdvidasqueemtermoseconmicososmesmospodempropiciarEsmeralda (Ana F. para aqueles) melhores condies de vida em termos materiais (...) no se questionandotambmqueomesmopossuaumenormeafectoporesta,tratandoacomosesuafilhafosse.

    Comosev,oTribunalaquoteveemcontaoselementosdefactoqueosautos,datadaprolaodasentena,disponibilizavam,dandonotadacapacidadeeconmicadocasalparacuidaremdamenorEsmeraldaedoenormeafectoquelhedispensavam,tratandoacomofilha.

    Perguntamosnsqueoutroselementosestavamdisponveisnosautos, datadaelaboraoda sentena,quecaracterizassemarelaoentreapelantesemenorquetenhamsidodesprezadaspeloTribunal?

    Arespostasimplesecompostaporumanicapalavranenhum.

    3.7.3A sentena compromete o seudesenvolvimento psquico damenor.O regime fixadopelo Tribunal no compatvelcomointeressedacriana.

    Estamosemcrerterchegadoaopontofulcraldopresenterecurso,daquenopossamosdeixardeteceraindaque

  • 07/03/2015 JusJornalDiriojurdicoonlineWoltersKluwerPortugalDocumento

    data:text/htmlcharset=utf8,%3Cdiv%20id%3D%22dHead%22%20style%3D%22margin%3A%200px%3B%20padding%3A%200px%200px%2015px% 23/39

    superficialmentebrevesconsiderandossobreesteinstituto.

    Antesdenosdebruarmossobreoquadronormativoquejulgamosseroaplicvelsituaoemapreo,cumprenosdarnotaqueaotomarposiosobreaquestorelativaguardadamenor,aExma.Juizteveemconsideraoopercursodamenordesdeoseunascimentoeatsuaentregaaosapelantescompoucomaisdetrsmesesdeidade,paradeseguidasedebruarsobrequaldosprogenitoresreuniaasmelhorescondieseconmicasesociaisparaproporcionaremmenorEsmeraldaumharmoniosodesenvolvimento fsico,psquico, intelectualemoral,evidenciandoumconjuntodeconsiderandosqueculminaramnaopopeloprogenitornamedidaemquegozavademaiorestabilidadepessoaleeconmica,usufruindodonecessrioapoiodasuafamliaalargada.

    Ouseja,numcontextofactualemquesedonascimentodeumcrianaforadocasamentoeatforadequalqueruniodefacto,aprogenitora,queseencontravaaresidirilegalmenteemPortugal,decidiuentregaraterceirosasuafilhaoquefezsemconhecimentodoprogenitoreconsentindonasuaadopoplena.Nasequnciadoprocessodeaveriguaooficiosadepaternidade,opretensopaiemdeclaraesfoiclaronaafirmaoquenoasumiaapaternidadedacriana,semteracertezadoqueestavaafazer,razopelaualsdepoisdosexameshematolgicosdecidiria o que fazer (certido de folhas 203). Realizados os exames e confirmada a paternidade, o progenitorassumiuvoluntariamentea suapaternidadeepassou, como lhe competia, aprocurar a filhaoque fezdurantemeses,juntodame,semsucessonamedidaemquelheocultavaaverdade,informandooerradamentequeamenorestavaemcasadeumatiaemLisboa.Conhecida,atravsdoTribunal,aresidnciadocasalqueacolheuamenor,oquefezoprogenitor,procurouaparaaver,noquefoiimpedido,renovandosetalimpedimentonodiadeanosdamenorEsmeralda.

    Analisando criticamente o comportamento do progenitor versus o da progenitora, no podemos deixar deconsiderar que aquele nunca desistiu de encontrar a filha, procurandoa durante meses na Sert, assumindoidnticocomportamentoquandosoubequeseencontravanaresidnciadocasalapelante.Estaatitudedeumpaiempenhado,quepretendereavereeducarasuafilha,nopodendodeixardeverse,nasuapersistncia,claraseobjectivas manifestaes de amor. Da que se compreenda e bem que a Exma. Juiz, confrontandocomportamentos, tivesse optado pelo progenitor que revelou a partir do momento em que ficou provada apaternidade,umaenormepreocupao,traduzidanaincessantebuscadeummomentocomasuafilha,noque

    contoucomaajudaeincentivodasuaprpriacompanheira(28).

    Ouseja,entreosrequeridosnaacoderegulaodopoderpaternal (29) ,aExma.Juizentendeuebemqueointeressedacrianaficavamelhorsalvaguardadocomasuaentregaaopai.Masmais.Apesardenoserempartesna acode regulaodopoder paternal, a Exma. Juiz analisou o casal constitudoporCarlosG. eMaria L. econcluiu:Assim,nestaaltura,seemtermoseconmicosoreferidocasalqueoferecemelhorescondiesmenor,nosequestionandotambmqueomesmopossuaumenormeafectoporesta,tratandoacomosesuafilhafosse,

    restanossaberseexisteoutroargumentosusceptveldeapreciao(30).

    Noseguimentodaperguntaformulada,aExma.JuizconsiderouquemenorEsmeraldaassistiaodireitoavivercomopaiquepossuaascondiesindispensveisparalhepropiciarumdesenvolvimentosaudveleharmoniosoedecidiunestesentido,considerandoosinteressesdamenor.

    Feito esteenquadramento,nopodemosdeixardedarnotaqueonossoCdigoCivil confereaospais pai e

    me (31) no interesse dos filhos, velar pela sua segurana e sade, promover o seu sustento, dirigir a suaeducao artigo1878doCCdeclarandooartigo1885doCCquecabeaospais,deacordocomassuaspossibilidades,promoverodesenvolvimento fisico, intelectualemoraldos filhosn1doartigo1885doCC.Como se ve, a lei em primeira linha afecta aos pais o tal poderdever que deve ser exercido no interesse dosmenoresedeveexprimirumaideiadecompromissodiriodospaisparacomasnecessidadesfsicas,emocionaise

  • 07/03/2015 JusJornalDiriojurdicoonlineWoltersKluwerPortugalDocumento

    data:text/htmlcharset=utf8,%3Cdiv%20id%3D%22dHead%22%20style%3D%22margin%3A%200px%3B%20padding%3A%200px%200px%2015px% 24/39

    intelectuaisdosfilhos(...).Ocuidadoparentalumainstituioaltrusta,dirigidaafazerprevalecerointeressedacrianasobreointeressedoadultoematerializadaemactosdesacrifciodirios(...)queseconcretizanarelaoenacomunicaocomofilho,norespeitopelasuapersonalidade,assimcomonaatitudedecolocarosinteressesdos

    filhosacimadosseus(32).

    NafaltadeacordodospaisoTribunalregullotendoporrefernciaointeressedamenor(n2doartigo1905doCC),quemaisnodoqueumconceito indeterminadoquedeveserpreenchidocasoacasoeemfaceda

    matria de facto dada como provada (33) , constituindo o nico critrio legal a observar na deciso judicial,estando,deresto,aquelenormativoemcompletasintoniacomasproclamaes internacionaiseeuropeiasdosdireitosdascrianasequenosvinculamcomvalorsupralegal,todaspondoanfasenesseinteresse"osuperior

    interessedacriana"comoprevalecendosobrequalqueroutrona"ratiodecidendi"dassentenasjudiciais(34).

    ParecenosqueoutranopodiaseradecisoaproferirpelaExma.Juizaqual,emnossaopinio,respeitouotalvalorsupralegalosuperiorinteressedamenorEsmeraldaaoconferiraopaiasuaguarda.Desdelogoecomosefazalusonasentenarecorridaentendemosquequalquerdospaisnoseencontrainibidodoexercciodopoderpaternal na medida em que nada existe na matria de facto provada capaz de integrar qualquer das causasobjectivasinexperincia,enfermidade,ausnciaououtrasrazescomotambmnelamatriadefactonadaseevidenciaquepossibiliteinibirqualquerdosprogenitorescombasenainfracoculposadequalquerdosdeveres

    paracomaEsmeralda,comgraveprejuzoparaesta(artigo1915doCC)(35).Seacondutadamedonosso

    pontodevistacensurvel,considerandoosfactosdisponibilizadosnosautos(36),masinsuficienteparaainibirdoexercciodopoderpaternal,ento,quedizerdeumpaiquenombitodeumprocessodeaveriguaooficiosadapaternidadefezosexameshematolgicoseconhecidososresultados,nomaisparouetudofezparaencontrarafilha,passandomesesaserenganadoquantosualocalizaoedepoisdeasaber,viuseimpedidodeaver,atnodiadoaniversriodafilha.Quecausasobjectivasousubjectivasjustificavaminibiremseosprogenitoresdoexercciodopoderpaternal?Talcomotentmosexplicitar,nenhumasdaquesufraguemosquantoaesteaspectoasentenarecorrida.

    Equedizerdointeressedacriana?TersidocolocadoemcausaeloIribunalaquo?

    Naconcretizaododesgnioconstitucionalprevistonoartigo69dCRP,foipublicadaaLein147/99,de1.9que

    noseuartigo4estabeleceumconjuntodeprincpiosorientadoresdeinterveno (37)dosquaissedestacamo"interessesuperiordacriana".a"intervenoprecoce"a"proporcionalidadeeactualidade"a"responsabilidadeparental"ea"subsidiariedade".

    AConstituiodaRepblicaPortuguesaprotegee tutelaa famlianatural, reconhecendoaospais "odireitoeodever de educao emanuteno dos filhos" n 5 do artigo 36 da CRP consentindo que os filhos sejamseparadosdospaisquandoestesdeixemdecumprirosseus"deveresfundamentaisparacomeles"n6doartigo36daCRP.Oartigo67,n1daCRPdestacaa"famliacomooelementofundamentaldasociedade",paraoartigo68daCRP,evidenciaramaternidadeeapaternidadecomovaloressociaiseminentes,conferindoaospaisum papel determinante na educao dos filhos. O texto constitucional reconhece as crianas como sujeitosautnomosdedireitos,daqueoartigo69daCRPprescrevaqueascrianastmdireitoaespecialprotecodasociedade e do Estado, com vista ao seu desenvolvimento integral, especialmente contra todas as formas deabandono, de discriminao e de opresso e contra o exerccio abusivo da autoridade na famlia e nas demaisinstituies.

    Emsedederegulaodopoderpaternal,umdosprincpiosfundamentaisequedeveassumirprepondernciaointeressedomenorquedeveserentregueaoprogenitorquemaisgarantiasdemmatriadevalorizaododesenvolvimentodasuapersonalidadeelhepossaprestarmaiorassistnciaecarinho.

  • 07/03/2015 JusJornalDiriojurdicoonlineWoltersKluwerPortugalDocumento

    data:text/htmlcharset=utf8,%3Cdiv%20id%3D%22dHead%22%20style%3D%22margin%3A%200px%3B%20padding%3A%200px%200px%2015px% 25/39

    EnsinaaExma.Sra.Dra.MariaClaraSottomayorque"ocritriolegal,quaseuniversal,paraescolherapessoaaquemserentregueaguardadacrianaapsodivrcioouaseparaojudicialdepessoasebens,ointeressedacriana,leitmotivdetodoodireitodosmenores.(...).umconceitojurdicoindeterminado(...).Oconceitodeinteresse da criana o exemplo de uma dessas aberturas s mudanas sociais e evoluo dos costumes,pretendidas pelo legislador. uma noo em desenvolvimento contnuo e progressivo uma noo poliforma,plsticaeessencialmentenoobjectivvel,quepodeassumirtodasasformasevigoraremtodasaspocaseemtodasascausas.Faceaconceitos indeterminadosoJuiznose limitaadeclararodireito,masprocedeauma

    adaptaodesteaosfactosessituaessociais"(38).

    J o Exmo. Dr. Almiro Rodrigues concretiza aquele conceito definindoo como o direito do menor aodesenvolvimentosoenormalnoplanofsico, intelectual,moral,espiritualesocial,emcondiesdeliberdadee

    dignidade"(39).

    EmmatriadepreenchimentodocontedodointeressedacrianaguiremosdepertoosensinamentosdaExma.Sra. Dra.Maria Clara Sottomayor que invoca do Philippe Heck evidencia: "uma zona o ncleo do conceito passveldeserpreenchidaatravsdorecursoavaloraesobjectivas,eoutrazonaohalodoconceitoemqueograude.incertezaseriamaioreatirredutvel,mesmoperanteorecursoaprincpiosjurdicosgeraisouaosvaloresdageneralidade,exigindo,pois,aojuiz,umadecisopessoal.(...).Podemosafirmarqueoncleodoconceitodeinteressedacriana,emrelaoaoqualdispomosdedadosmaisseguros,servedecritrioparaaescolhaentreosdoispais,naqueleconjuntodesituaesemqueumdospaispeemperigoavida,asadefsicaoumentaldosfilhos(...)enoscasosemqueacriananotemcomumdosprogenitoresumarelaoafectivapositiva,devidoausnciaoudesinteressedestepelofilho.(...).Parapreencherocontedodo interessedacriananestescasos,bastariaaojuizrecorreraumavaloraoobjectiva,pois,oconceitocomportaapenasumsentido,adescobrirporviadainterpretao.(...).Oprocessodeselecocomea(...)porumaseleconegativa,isto,pelaprocuradeaspectosaapontarfortementecontraaatribuiodaguardaaumdospais.Naausnciadetaisfactores,ouseja,senenhumdospaisforclaramenteincapazparareceberaguardadacriana,adecisofinaltornasebastantemaisdifcil e incerta, entrando o julgador naquilo a que chamamos o halo do conceito (...) ou seja a sua zona depenumbracinzenta,seriaconstitudoporaquelescasos,quesonormalmenteasuamaioriaemqueambosospais

    soprogenitorespsicolgicoscomcapacidadeparaeducarecuidardosfilhos"(40).

    Munidosdestesensinamentos,vejamos,seasentenarecorridateveounoemconsideraoointeressedamenorEsmeraldaouseao invs,osubalternizou,oumesmoopostergou,emfacedovnculobiolgicoqueauneaoapelado.

    Amatria de facto provadadnos contade trsmomentos emque se tivesseprevalecido o amorpelamenorEsmeralda,seguramente,nonosencontrvamoshojeaqui.

    OprimeiromomentoocorrenumaalturaemqueamenorEsmeraldaaindanotinhafeitoumanodeidadedatadoconhecimentoporpartedoprogenitordosresultadosdoexamehematolgicoprocurouafilhasemsucessojuntodame,noquegastoualgunsmeses.

    Aqui, seoamorprevalecesse, impunhaseprogenitoraa clarificaoda situao, informandooprogenitordosucedido.Masno,optoupor lhedar informaesqueestavamlongedecorresponderrealidade, levandooainvestirmesesnumaprocuraqueserelevouinfrutfera.

    ConhecidooparadeirodaEsmeralda,opaitentoujuntodocasalverafilha,oquenolhefoipermitido.ChegmosaosegundomomentodecisivonavidadaEsmeralda.Opaibiolgicofoi impedidodeaverecomelacomearaestabelecerlaosdeproximidade.Pornosparecerrelevante,impesequeclarifiquemos.Oprogenitornotentouretirarafilhadocasal,limitouseaquerervla.Perguntamos:AatitudedocasalG.eMariaL.teveemcontaos

  • 07/03/2015 JusJornalDiriojurdicoonlineWoltersKluwerPortugalDocumento

    data:text/htmlcharset=utf8,%3Cdiv%20id%3D%22dHead%22%20style%3D%22margin%3A%200px%3B%20padding%3A%200px%200px%2015px% 26/39

    interessesdamenor?

    Comtodoorespeito,parecenosqueno.

    Antesseimpunha,nointeressedela,umaconversaeaadopodecomportamentosqueretirassequalquercargalitigiosaaoencontrocomoprogenitor,devendoambosencontrarumasoluoquedefendesseos interessesdaEsmeralda,oquesabemosnotersidoasoluoescolhida.

    OutromomentooterceiroreportaseaaniversriodaEsmeralda.

    Nodiadoseuaniversrio,opaitentoudarlheumaprenda,noquefoiimpedido.

    TambmaquiocasalG.pensoumaisnosseusinteressesdoquenointeressedamenor.Tambmaqui,ocasalG.optouporumaestratgiadeafastamentodamenordopai,ao invsdepotenciaraaproximaosemqueelaaproximao significasse a retirada abrupta damenor de sua casa, aqui sim em rota de coliso com os seusinteresses,namedidaemquejestavacomocasalhcercade1anoe9meses.

    Aestestrsmomentosdevesomarseumquartomomento.

    Em13de Julhode2004proferida sentenaquedecide confiaramenorguardadopai,devendoamesmabeneficiardeacompanhamentodenaturezapsicolgicaepedopsiquitrica.

    TambmaquiocasalG.eMariaL.entendeunocumprirasentenasemprejuzodenaturalmentedelarecorrermasantesoptoupormanteracrianaconsigo,nopermitindomaisumavezqueoprogenitorcomelacontactasse.

    AExma.Sra.Dra.MariaClaraSottomayorescreveunoseudoutoparecer:paraoacertoe justiadasdecisesjudiciaisessencialqueosmagistradostenhamconhecimentodasvriasfasesdedesenvolvimentodascrianas,dassuasnecessidadesemcadaestdiodedesenvolvimentoedaimportnciadaestabilidadedassuasrelaesafectivasprofundas, para que a criana ultrapasse, com sucesso, os vrios desafios do desenvolvimento, que tem deenfrentar(...)Numasituaoemqueacrianaexperimentaumafaltadecoincidnciaentreosvnculosbiolgicoseosafectivosdevemprevalecerestesltimos(folhas1618/9).

    Sufragamosesteentendimento,todavia,nopodemosdeixardeafirmarque,donossomodestopontodevista,asituaodosautosnolhereconduzvel.

    Aquelesensinamentosassumemplenavalidadenassituaesemqueaconsanguinidadeapenasumarealidadefriamenteobjectiva,semquaisquerenvolvimentosafectivosentreacrianaeosseusprogenitores.Contrariamentea situao dos autos revela, desde o momento que soube ser o progenitor da menor Esmeralda, um paiafectivamenteenvolvidoeempenhadoemtrazerafilhaparaoseuconvvio,demonstrandoemcadapassoumrealeefectivoamorpelamenorEsmeralda,oqueestobjectivaeclaramentedemonstradonaformacomoaceitouasdecisesdocasalG.eMariaL.que,pordiversasvezes,oimpediramdever/contactarcomasuafilha(factos20e21).

    PoraquisetentademonstrarquefoiocasalG.eMariaL.que,semcuidardosuperiorinteressedamenorquelhesfoientregue,comeoupor lhealterar, semqualquer fundamento legal,umdoselementosestruturantesdasuapersonalidadeoseunome.RecordesequeameninatinhacercadetrsmesesemeioquandolhesfoientregueeduranteesseperododetempofoichamadadeEsmeraldapelame.

    Tambmocasal/apelante,semrazeslegaisououtras,v.g.remoodequalquersituaodeperigoparaonormalesalutardesenvolvimento fsicooupsquicodamenorEsmeralda, impediuoestabelecimentodequaisquer laosafectivosentreosprogenitoreseacriana.

  • 07/03/2015 JusJornalDiriojurdicoonlineWoltersKluwerPortugalDocumento

    data:text/htmlcharset=utf8,%3Cdiv%20id%3D%22dHead%22%20style%3D%22margin%3A%200px%3B%20padding%3A%200px%200px%2015px% 27/39

    AsdecisesdocasalG.eMariaL. foramtomadasnoseunicoeexclusivo interesse,semaomenospararparapensarnointeressedamenorEsmeralda.

    Quemalpodiavirparaamenorseconhecesseospais?Quemalpodiavirparaamenorsebrincassecomospais?

    Comtodoorespeito,noconseguimosvislumbrarnenhum(41)eatersidopossvelestecontacto/relacionamento,ento,podamosafirmar comseguranaqueovnculobiolgicoeoafectivo sepodiam fundirnumnico, comvantagensparaamenoresemqualquerdesvantagemparaocasalqueaacolheu.

    OrelacionamentoentreoprogenitoreaEsmeralda,entreaquele,estaeocasalqueaacolheuteriaconduzido,seaamassemcomoumserindividualecomdireitos,aumasoluoconsensualquedefendiaosseusinteresses,sembeliscaroamorquecadaumdelesprogenitorecasalnutriamporela.

    OcaminhoescolhidofoioutroedaquetivessesidooTribunalchamadoatomarposiosobreosdestinosdeuma

    crianaquedatadasentenatinha2anose5meses,masquehojetem5anose5meses(42),oqueclaramenteobrigaqueasoluodestelitgionopossadeixardeteremcontaestanovarealidade,aqualdeveprivilegiarointeressedacriana,massemesquecerovnculobiolgicoquealigaaorequerido/apeladonemovnculoafectivoqueestabeleceuapartirdos3mesesdeidadecomosapelantes.

    Senospermitidaumanotafinal,diremosqueacondutadosapelantesantesdainstauraodoprocessoeapsasuainstauraoedeciso,sepautoupelorecursoestratgiadofactoconsumado,ouseja,prolongarasualigaoEsmeralda,semconferiremaosprogenitoresqualquercontactocomafilha,detalsortequeaquandodadeciso,oTribunaltivessequedarprefernciaaovnculoafectivoversusvnculobiolgicooqueeraaceitvelnointeressedacriana,seospais,emparticularoprogenitor,nuncativessemanifestadoqualquervontade,disponibilidade,amor,afectopelacriana,oquesabemosnoterocorrido.

    Ofactoconsumado,nopodenemdeveterocondodelimitarasdecisesdosTribunais,asquais,devem,nestetipo de processos, ter em conta os legtimos interesses da menor e no quaisquer interesses mais ou menosegostasqueorientamedefinemaestratgiadoprogenitoroudequemtemdefactoamenorsuaguarda.

    Nolimite,ateoriadofactoconsumadopoderialevaraqueumacriana,vtimaderaptoporumdosprogenitoresou por terceiros, nunca pudesse ser entregue ao outro progenitor ou aos pais com o fundamento na falta dequalquercontactoentreambos,oqeconvenhamosnosseriaobjectivaeclaramenteinjustoparaoprogenitorcumpridor ou para os pais, como trairia o interesse dessa criana concreta e de todas as outras crianas que

    pudessemverseenvolvidasemsituaessemelhantes(43).

    SeoTribunalficasserefmdofactoconsumadomaisdoqueviolaroslegtimosesuperioresinteressesdamenorEsmeraldanadanemningumlhepodenegaroafectodospais,desdequesejampaisafectivamenteenvolvidoseinteressadosnoseusalutarenormaldesenvolvimentofsico,intelectualemoralcolocariaemcausaossuperioresinteresses de todos os menores em que um dos progenitores ou terceiro (s) conseguisse, com recurso a umconjuntodemeios,evitarqueomenorcontactassecomooutroprogenitoroucomospaiseassimdefenderqueaqueleouestesprogenitoroupaiseramestranhoscrianaeporissonolhe(s)podiaserconferidaaguarda,jquecolocariaemcausaasadepsicolgicadomenor.

    ApesardasentenarecorridatersidoproferidaemJulhode2004,concordamoscomacrticaquelhedirigidaeque no essencial se traduz na existncia de um corte que podemos qualificar de abrupto entre amenor e osapelantes.

    Com efeito, o Tribunal a quo deveria ter em conta a idade da menor cerca de 2 anos e 6 meses odesenvolvimentodasuapersonalidade,a inevitvel interacoafectivaqueexistiaentreamenoreocasalquea

  • 07/03/2015 JusJornalDiriojurdicoonlineWoltersKluwerPortugalDocumento

    data:text/htmlcharset=utf8,%3Cdiv%20id%3D%22dHead%22%20style%3D%22margin%3A%200px%3B%20padding%3A%200px%200px%2015px% 28/39

    acolheuesobretudoosofrimentoqueumainesperadarupturalhetraria,quepodia,certo,sermitigadocomaintervenodeprofissionaisdasade,masinsuficienteadebello.

    Nestesentido,impunhasequeaExma.Juiz,peseaatribuiodopoderpaternalaoprogenitor,percorressenovoscaminhos que passassem pela continuidade da menor no seio da famlia G. e Maria L., os quais, deviam,definitivamente,perceberquepapelpodiamjogarnavidadamenorEsmeraldaajudandoaainteriorizaraentradade duas novas pessoas na sua vida pai e me ajudando os progenitores a darem passos seguros na suaintegrao juntodamenor,noquetodospodiamedeviamserassessoradosporpessoadareadasadecomcompetnciasnasreasdapsicologia,pedopsiquiatriaeatcomaintervenodeoutrosprofissionaisdasreasdascinciassociais,v.g.assistentessociais.

    Tambmentendemosqueadecisorecorridadevia,asim,rompercomaactualsituaodamenorEsmeralda/Ana

    F.(44),fechadanumcrculofamiliarrestritoqueaimpededeconviveredesesociabilizarcomcrianasdamesmaidade.Haviaehquerompercomasteiasdoisolamentoelevlaaocontactocomoutraspessoasdemodoaquepercebaquogratificanteocontactocomosoutros,daanecessidadeurgentedeserintegradanumjardimdeinfnciaouatnaescola,atentaasuaidade.

    Emconcluso,oTribunaltendoporrefernciaosuperiorinteressedamenorregularopoderpaternalqueteremconta a sua idade, o seu desenvolvimento e personalidade, a sua ligao afectiva ao casal G. e Maria L.,mastambmoseuinteresseemconhecererelaci