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FALE COM A GENTE [ COTIDIANO EDITORES: TÂNIA ALVES E LISIANE MOSSMANN FONE: 85 3255 6147 - 3255 6024 FAX: 85 3255 6139 E-MAIL: [email protected] ] www.opovo.com.br TEMPERATURA 04h49min 3,1 10h53min 0,0 17h00min 3,2 23h15min 0,0 FAIXA LITORÂNEA Nebulosidade variável com chuvas isoladas. REGIÃO JAGUARIBANA Nebulosidade variável com chuvas isoladas. Fonte: Funceme - www.funceme.br Fonte:Diretoria de Hidrografia e Navegação - DHN SERRA DA IBIAPABA Nebulosidade variável com chuvas isoladas. REGIÃO DO CARIRI Nebulosidade variável com chuvas isoladas. MÁXIMA 30,0º C MÍNIMA 24,0º C Crescente 25/3 Cheia 2/4 Minguante 10/4 Nova 19/3 SERTÃO CENTRAL E INHAMUNS Nebulosidade variável com chuvas isoladas. LUA DO MÊS FORTALEZA-CE, SEGUNDA-FEIRA, 19 de março de 2007 FOrTaLeZa TEMPO NO CEARÁ HOJE MARÉS DO DIA 3 Médicos foram mortos com arma de uso da Polícia CHOQUE DE VERSÕES ] Exame cadavérico aponta que os dois médicos foram mortos com tiros de pistola .40, de uso da Polícia. A perícia encontrou marcas de agressão no corpo de uma das vítimas. À Polícia, o capitão disse que um dos rapazes estaria armado e que atirou para se defender ILUSTRAçõES GUABIRAS Marcos Cavalcante e Ricardo Moura da Redação O s tiros que mataram os médicos recém- formados Marcelo Moreno Teixeira, 26, e Leonardo Moreno Teixeira, 24, partiram de uma pistola .40, de uso restrito da Polícia. O POVO obteve a informação de duas pes- soas que estiveram presentes ao exame cadavérico das vítimas, realizado no Instituto Médico Legal (IML) de Quixeramobim. Na madrugada de sábado, os dois jovens foram mortos, com um tiro no abdome de cada um, pelo capitão PM Daniel Gomes Bezer- ra, no município de Iguatu, a 395 quilômetros de Fortaleza. além da identificação dos projéteis, o exame feito no IML revela a existência de hematomas na testa, na boca e nas pernas de Marcelo Teixeira, que teriam sido resultado da agressão do policial. De acordo com uma das fontes ouvidas por O POVO, o médico não teria chegado a travar luta corporal com o militar. Segundo a fonte, pelas marcas, ele deve ter levado uns dois murros e uns oitos chutes do capitão. “Foi uma execução pura e simplesmente. Um policial recebe instrução para lidar em situações muito mais graves como esta”, comen- tou um amigo da família, que não quis se identificar. Um exame de parafina, usado para detectar a presença de pólvora nas mãos, também foi feito, mas o resultado ainda não foi revelado. O exame cadavérico dos mé- dicos foi feito na noite do último sábado, depois do velório e do cortejo até o cemitério de Mom- baça. Um empresário amigo da família disse que teve de esperar a multidão sair do local, por volta das 17h50min de sábado, para que os corpos pudessem ser levados ao IML de Quixeramobim. De lá, eles retornaram a Mombaça, já de madrugada. Só às 3 da manhã de domingo os dois irmãos foram definitivamente enterrados. Os dados levantados pelo IML trazem novos elementos ao cri- me. No depoimento que prestou na Delegacia regional de Jagua- ribe, o capitão, que é comandan- te do destacamento de Mombaça, disse que agiu em legítima defe- sa. ele apresentou-se à Polícia na tarde de sábado acompanhado de um advogado. O superior do ofi- cial, coronel Sérgio Magalhães, do comando de Policiamento do Interior (cPI), fala sobre a ver- são do capitão: “ele disse que foi tomar satisfação com um dos ir- mãos, que sacou uma arma. O ca- pitão disse que reagiu, conseguiu tomar a arma e atirou, mas rece- beu uma gravata do outro irmão, por isso teve de atirar também”, explica. O comandante do cPI escol- tou o capitão Daniel ao quartel do Batalhão de choque (BPchoque), no centro de Fortaleza, onde de- verá permanecer detido por, pelo menos, cinco dias. O oficial so- mente está detido porque estava de posse de uma pistola .40, per- tencente à Polícia Militar. como ele estava de folga, não tinha au- torização para andar com a arma da corporação. Segundo a Polícia, ele poderia usar uma arma parti- cular, desde que registrada. “Na versão do capitão, a arma es- tava dentro do carro e não teria sido disparada. Quanto à arma do crime, ele diz não saber onde ela se encontra. Fique claro que o depoimento do capitão não é a visão da PM”, explicou o coman- dante do cPI. Uma das fontes ouvidas por O POVO, contudo, afirma que o capitão estaria com duas pistolas no momento do cri- me: uma no cinto e outra no tor- nozelo, sendo que a última teria usada contra os médicos. O delegado titular da Delega- cia regional de Iguatu, Marcos andré rodrigues, está à frente da investigação sobre a morte dos médicos. No fim de semana, a Polícia começou a tomar depoi- mentos das testemunhas. O dire- tor do Departamento de Polícia do Interior (DPI), delegado Na- poleão Timbó, esteve na região acompanhando o caso. LEIA MAIS NA 5 1. Por volta das 3 horas da manhã de sábado, o estudante de Medicina Marcelo Teixeira sai da churrascaria onde estava bebendo com o irmão e dirige-se a um terreno baldio para urinar atrás de um Celta, de propriedade do capitão PM Daniel Gomes Bezerra. A mulher do capitão, que estava no carro, vê o estudante e avisa o marido. 2. De acordo com o relato de testemunhas, o capitão chega ao local e derruba Marcelo com um murro no rosto. O militar teria chutado a cabeça da vítima várias vezes e, em seguida, atirado contra o seu abdome. O irmão de Marcelo, o também estudante de Medicina Leonardo Teixeira, deixa a churrascaria e vai ao encontro do irmão. 3. O capitão PM teria, segundo testemunhas, abraçado Leonardo e disparado contra o abdome dele à queima-roupa. O militar disse à Polícia que teria disparado contra os jovens apenas para se defender. A arma, segundo ele, pertenceria aos estudantes. O projétil retirado do corpo das vítimas é de uma pistola .40, de uso exclusivo da Polícia. COMO OCORREU O CRIME

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FALE COM A GENTE [ COTIDIANO ■ EdiTOREs: tânIA Alves e lIsIAne MossMAnn ■ FOnE: 85 3255 6147 - 3255 6024 ■ FAX: 85 3255 6139 ■ E-mAiL: [email protected] ] www.opovo.com.br

TEMPERATURA04h49min 3,1

10h53min 0,0

17h00min 3,2

23h15min 0,0

FAIXA LITORânEA Nebulosidade variável com chuvas isoladas.

REGIãO JAGUARIBAnA Nebulosidade variável com chuvas isoladas.

Fonte: Funceme - www.funceme.brFonte:Diretoria de Hidrografia e Navegação - DHN

SERRA DA IBIAPABA Nebulosidade variável com chuvas isoladas.

REGIãO DO CARIRI Nebulosidade variávelcom chuvas isoladas.

máXimA

30,0º C

mínimA

24,0º CCrescente 25/3

Cheia2/4

Minguante 10/4

nova 19/3

SERTãO CEnTRAL E InhAMUnS Nebulosidade variável com chuvas isoladas.

LUA DO MÊS

FORTALEZA-CE, sEgundA-FEiRA, 19 de março de 2007

FOrTaLeZaTEMPO NO CEARÁ HOJE MARÉS DO DIA

3

Médicos foram mortos com arma de uso da PolíciaCHOQUE DE VERSÕES ] Exame cadavérico aponta que os dois médicos foram mortos com tiros de pistola .40, de uso da Polícia. A perícia encontrou marcas de agressão no corpo de uma das vítimas. À Polícia, o capitão disse que um dos rapazes estaria armado e que atirou para se defender

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Marcos Cavalcante eRicardo Moura da Redação

Os tiros que mataram os médicos recém-formados Marcelo Moreno Teixeira, 26,

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além da identificação dos projéteis, o exame feito no IML revela a existência de hematomas na testa, na boca e nas pernas de Marcelo Teixeira, que teriam sido resultado da agressão do policial. De acordo com uma das fontes ouvidas por O POVO, o médico

não teria chegado a travar luta corporal com o militar. Segundo a fonte, pelas marcas, ele deve ter levado uns dois murros e uns oitos chutes do capitão. “Foi uma execução pura e simplesmente. Um policial recebe instrução para lidar em situações muito mais graves como esta”, comen-tou um amigo da família, que não quis se identificar. Um exame de parafina, usado para detectar a presença de pólvora nas mãos, também foi feito, mas o resultado ainda não foi revelado.

O exame cadavérico dos mé-dicos foi feito na noite do último sábado, depois do velório e do cortejo até o cemitério de Mom-baça. Um empresário amigo da família disse que teve de esperar a multidão sair do local, por volta das 17h50min de sábado, para que os corpos pudessem ser levados ao IML de Quixeramobim. De lá, eles retornaram a Mombaça, já de madrugada. Só às 3 da manhã de domingo os dois irmãos foram definitivamente enterrados.

Os dados levantados pelo IML

trazem novos elementos ao cri-me. No depoimento que prestou na Delegacia regional de Jagua-ribe, o capitão, que é comandan-te do destacamento de Mombaça, disse que agiu em legítima defe-sa. ele apresentou-se à Polícia na tarde de sábado acompanhado de um advogado. O superior do ofi-cial, coronel Sérgio Magalhães, do comando de Policiamento do Interior (cPI), fala sobre a ver-são do capitão: “ele disse que foi tomar satisfação com um dos ir-mãos, que sacou uma arma. O ca-pitão disse que reagiu, conseguiu tomar a arma e atirou, mas rece-beu uma gravata do outro irmão, por isso teve de atirar também”, explica.

O comandante do cPI escol-tou o capitão Daniel ao quartel do Batalhão de choque (BPchoque), no centro de Fortaleza, onde de-verá permanecer detido por, pelo menos, cinco dias. O oficial so-mente está detido porque estava de posse de uma pistola .40, per-tencente à Polícia Militar. como ele estava de folga, não tinha au-

torização para andar com a arma da corporação. Segundo a Polícia, ele poderia usar uma arma parti-cular, desde que registrada. “Na versão do capitão, a arma es-tava dentro do carro e não teria sido disparada. Quanto à arma do crime, ele diz não saber onde ela se encontra. Fique claro que o depoimento do capitão não é a visão da PM”, explicou o coman-dante do cPI. Uma das fontes ouvidas por O POVO, contudo, afirma que o capitão estaria com duas pistolas no momento do cri-me: uma no cinto e outra no tor-nozelo, sendo que a última teria usada contra os médicos.

O delegado titular da Delega-cia regional de Iguatu, Marcos andré rodrigues, está à frente da investigação sobre a morte dos médicos. No fim de semana, a Polícia começou a tomar depoi-mentos das testemunhas. O dire-tor do Departamento de Polícia do Interior (DPI), delegado Na-poleão Timbó, esteve na região acompanhando o caso.

LEIA MAIS NA 5

1. Por volta das 3 horas da manhã de sábado, o estudante de Medicina Marcelo Teixeira sai da churrascaria onde estava bebendo com o irmão e dirige-se a um terreno baldio para urinar atrás de um Celta, de propriedade do capitão PM Daniel Gomes Bezerra. A mulher do capitão, que estava no carro, vê o estudante e avisa o marido.

2. De acordo com o relato de testemunhas, o capitão chega ao local e derruba Marcelo com um murro no rosto. O militar teria chutado a cabeça da vítima várias vezes e, em seguida, atirado contra o seu abdome. O irmão de Marcelo, o também estudante de Medicina Leonardo Teixeira, deixa a churrascaria e vai ao encontro do irmão.

3. O capitão PM teria, segundo testemunhas, abraçado Leonardo e disparado contra o abdome dele à queima-roupa. O militar disse à Polícia que teria disparado contra os jovens apenas para se defender. A arma, segundo ele, pertenceria aos estudantes. O projétil retirado do corpo das vítimas é de uma pistola .40, de uso exclusivo da Polícia.

COMO OCORREU O CRIME

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#Data: 070319 #Clichê: Primeiro #Editoria: Fortaleza
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