496
SOCIEDADE BRASILEIRA DE FITOPATOLOGIA Brazilian Phytopathological Society Founded in July 22, 1966 Fundada em 22 de julho de 1966 Endereço/Address: SGAS 902 Edifício Athenas – Bloco B, Salas 102/103 70390-020 Brasília, DF Fone: 61 - 3225.2421, E-mail: [email protected] http://www.sbfito.com.br STAFF MEMBERS / DIRETORIA President / Presidente Ricardo Magela de Souza Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG Vice President / Vice-Presidente José Rogério de Oliveira Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG Administrative Director / Diretor Administrativo Sueli Correa Marques de Mello Embrapa Recursos Genéticos, Brasília, DF Treasurer / Tesoureiro Alice Kazuko Inoue Nagata Embrapa Hortaliças, Brasília, DF Secretary / Secretário Antônia dos Reis Figueira Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG

2010 - Cuiabá

Embed Size (px)

Citation preview

  • SOCIEDADE BRASILEIRA DE FITOPATOLOGIA

    Brazilian Phytopathological SocietyFounded in July 22, 1966Fundada em 22 de julho de 1966Endereo/Address:SGAS 902 Edifcio Athenas Bloco B, Salas 102/10370390-020 Braslia, DFFone: 61 - 3225.2421, E-mail: [email protected]://www.sbfito.com.br

    STAFF MEMBERS / DIRETORIA

    President / PresidenteRicardo Magela de SouzaUniversidade Federal de Lavras, Lavras, MGVice President / Vice-PresidenteJos Rogrio de OliveiraUniversidade Federal de Viosa, Viosa, MGAdministrative Director / Diretor AdministrativoSueli Correa Marques de MelloEmbrapa Recursos Genticos, Braslia, DFTreasurer / TesoureiroAlice Kazuko Inoue NagataEmbrapa Hortalias, Braslia, DFSecretary / SecretrioAntnia dos Reis FigueiraUniversidade Federal de Lavras, Lavras, MG

    00I Iniciais-AF 22.07.10 11:48 Page 2

  • Official Publication of the Brazilian Phytopathological Society

    Vol. 35 SUPLEMENTOAUGUST, 2010

    TROPICAL PLANT PATHOLOGYFormer Fitopatologia Brasileira

    Official Publication of the Brazilian Phytopathological SocietyRevista Oficial da Sociedade Brasileira de FitopatologiaISSN 1982-5676

    Editorial Committee (2009 - 2011) / Comisso EditorialAddress / EndereoCx. Postal 3066, 37200-000, Lavras, MGFone: 55-35-3829.1479, e-mail: [email protected]://www.sbfito.com.br/tpp

    President / PresidenteLudwig H. PfenningUniversidade Federal de Lavras, MG

    Assistant Editors / Editores AdjuntosEduardo S.G. Mizubuti

    Universidade Federal de Viosa, MG

    Mrio Lcio V. ResendeUniversidade Federal de Lavras, MG

    Associate Editors / Editores Associados

    Alice K. Inoue NagataEmbrapa HortaliasBraslia, DF

    Andr DrenthUniversity of BrisbaneAustrlia

    Carlos R. CaselaEmbrapa Milho e SorgoSete Lagoas, MG

    Francisco Murilo Zerbini JuniorUniv. Federal de ViosaViosa, MG

    Francisco F. LaranjeiraEmbrapa Mandioca e FruticulturaCruz das Almas, BA

    Gary OdvodyTexas A&M UniversityCorpus Christi, EUA

    John C. SuttonUniversity of GuelphCanad

    Jos da Cruz MachadoUniv. Federal de LavrasLavras, MG

    Jos Maurcio C. FernandesEmbrapa TrigoPasso Fundo, RS

    Lilian AmorimUniv. de So Paulo - ESALQPiracicaba, SP

    Luadir GasparottoEmbrapa Amaznia OcidentalManaus, AM

    Luis Eduardo Aranha CamargoUniv. de So Paulo - ESALQPiracicaba, SP

    Marciel Joo StadnikUniv. Federal de Santa CatarinaFlorianpolis, SC

    Marcos Paz S. CmaraUniv. Federal Rural de PernambucoRecife, PE

    Marisa A.S.V. FerreiraUniv. de BrasliaBraslia, DF

    Nilceu R.X. NazarenoInst. Agronmico do ParanCuritiba, PR

    Regina Maria D.G. CarneiroEmbrapa Recursos GenticosBraslia, DF

    Reginaldo da Silva RomeiroUniv. Federal de ViosaViosa, MG

    Renato B. BassaneziFundecitrusAraraquara, SP

    Robert W. BarretoUniv. Federal de ViosaViosa, MG

    Rosangela DArc LimaUniv. Federal de ViosaViosa, MG

    Sukumar ChakrabortyQueensland Bioscience PrecinctAustrlia

    Valmir DuarteUniv. Federal do Rio Grande do SulPorto Alegre, RS

    Wagner BettiolEmbrapa Meio AmbienteJaguarina, SP

    Wolfgang OsswaldTechnical University MunichAlemanha

    00I Iniciais-AF 22.07.10 11:48 Page 3

  • Industrial Production / Produo Industrial

    Rua Tibiri, 639 Brooklin04622-011 So Paulo SPTel.: (11) 5542-6897e-mail: [email protected]: www.tecdigital.com.br

    Printed copies / Tiragem1200 copies / 1300 cpias

    Ago/2010

    2010-

    00I Iniciais-AF 22.07.10 11:48 Page 4

  • Presidente:Ph.D. Luiz Gonzaga Chitarra Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria - EMBRAPA

    Vice Presidente:Dr. Daniel Cassetari Neto Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT

    Tesoureiro:MSc. Nelson de Angelis CortesUNIVAG Centro Universitrio

    Secretaria Executiva:MSc. Andria Quixabeira Machado UNIVAG Centro Universitrio

    Dra. Rosngela Aparecida da Silva UNIVAG Centro Universitrio

    COMISSO DE CAPTAO DE RECURSOS

    Membros:Dr. Joo Carlos Souza MaiaFundao de Amparo Pesquisa do Estado de Mato Grosso - FAPEMAT

    Md. Vet. Francisco Moraes Chico CostaSuperintendncia Federal de Agricultura no Estado de Mato Grosso SFA/MT

    MSc. Roseli Muniz GianchiniUniversidade Federal de Mato Grosso - UFMT

    COMISSO SCIO-CULTURAL

    Coordenao:Ph.D. Gilma Silva Chitarra Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia de Mato Grosso IFMT

    Membro:MSc. Marlene Milharezi Del Duccas Mendona Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT

    COMISSO TCNICO CIENTFICA

    Coordenao:Dra. Leimi Kobayasti Universidade Federal de Mato Grosso UFMT

    Membros:Dra. Analy Castilho Polizel Universidade Federal de Mato Grosso UFMT

    MSc. Andria Quixabeira Machado UNIVAG Centro Universitrio

    Dr. Daniel Cassetari Neto Universidade Federal de Mato Grosso UFMT

    Dra. Dejnia Vieira de Arajo Universidade do Estado de Mato Grosso UNEMAT

    Dra. Leimi Kobayasti Universidade Federal de Mato Grosso UFMT

    Ph.D. Luiz Gonzaga Chitarra Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria EMBRAPA

    Dra. Rita de Cssia Santos Goussain Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia de Mato Grosso - IFMT

    Dra. Rosangela Aparecida da Silva UNIVAG Centro Universitrio

    Dr. Sidney Fernando Caldeira Universidade Federal de Mato Grosso UFMT

    EQUIPE DE APOIO

    Dr. Acelino Couto Alfenas ....................................................(UFV)Dra. Antonia dos Reis Figueira ..........................................(UFLA)MSc. Augusto Csar Pereira Goulart ...(EMBRAPA Agropecuria

    Oeste)Dr. Carlos Alberto Lopes ..........................(EMBRAPA Hortalias)Dr. Celso Dornelas Fernandes .........(EMBRAPA Gado de Corte)Dr. Celso Luiz Moretti ...............................(EMBRAPA Hortalias)Dr. Claudio Marcelo Gonalves de Oliveira ....(Instituto Biolgico)Dr. Cleber Novais Bastos ...................(CEPLAC/SUPOR/ERJOH)Dr. David de Souza Jaccoud Filho ....................................(UFPG)Dra. Dejnia Vieira de Arajo .......(UNEMAT Tangar da Serra)Dr. Edson Amplio Pozza ..................................................(UFLA)Dr. Fernando Csar Juliatti ..................................................(UFU)Dr. Fernando Mendes Lamas ...(EMBRAPA Agropecuria Oeste)Md. Vet. Francisco Moraes Chico Costa .....................(SFA/ MT)Eng. Agrnomo Glauber Silveira da Silva ...............(APROSOJA)Dr. Joo Flvio Veloso Silva .................(EMBRAPA Mato Grosso)Dr. Jos Aires Ventura .................................................(INCAPER)Dr. Jos da Cruz Machado ................................................(UFLA)Dr. Jos Otvio Machado Menten ........................(USP / ESALQ)Dr. Jos Rogrio de Oliveira ................................................(UFV)Dra. Ktia Regina F. Schwan-Estrada .................................(UEM)Dr. Luadir Gasparotto ...............(EMBRAPA Amaznia Ocidental)Dr. Ludwig Heinrich Pfenning .............................................(UFLA) Dr. Mario Massayuki Inomoto ..........................................(ESALQ)Dra. Marta Hiromi Taniwaki ..................................................(ITAL)Dr. Mauricio Conrado Meyer ..............................(EMBRAPA Soja)Eng. Agrnomo Naildo da Silva Lopes ....................(APROSOJA)Dr. Napoleo Esberard de Macdo Beltro .(EMBRAPA Algodo)MSc. Rafael Galberi ..............................................................(IMA)Dr. Rafael Geraldo de Oliveira Alves (EMBRAPA Gado de Corte)Dr. Renato Resende ............................................................(UNB)Dr. Ricardo Magela de Souza ............................................(UFLA)Dra. Rita de Cssia Santos Goussain ........(IFMT So Vicente)Dr. Roberto Kubo ............................................(Instituto Biolgico)Dr. Srgio F. Pascholatti ..................................................(ESALQ)Dr. Silvaldo Felipe da Silveira ............................................(UENF)MSc. Wanderlei Dias Guerra .......................................(SFA / MT)

    XLIII Congresso Brasileiro de FitopatologiaXLIII Annual Meeting of the Brazilian Phytopathological Society

    Cuiab, MT - 15 a 19 de Agosto de 2010Cuiab, MT - August 15th a 19th, 2010

    COMISSO ORGANIZADORA/ ORGANIZATION COMMITEE

    00I Iniciais-AF 22.07.10 11:48 Page 5

  • 00I Iniciais-AF 22.07.10 11:48 Page 6

  • SUMRIO / CONTENTXLIII Congresso Brasileiro de Fitopatologia

    XLIII Annual Meeting of the Brazilian Phytopathological Society

    PALESTRAS, MESAS REDONDAS, GRUPOS DE DISCUSSO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . VII

    RESUMOS

    CONTROLE ALTERNATIVO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . S1

    CONTROLE BIOLGICO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . S45

    CONTROLE QUMICO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . S73

    EPIDEMIOLOGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . S123

    ETIOLOGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . S161

    FISIOLOGIA DO PARASITISMO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . S189

    MELHORAMENTO / RESISTNCIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . S197

    PATOLOGIA FLORESTAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . S227

    PATOLOGIA PS-COLHEITA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . S239

    PATOLOGIA DE SEMENTES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . S245

    OUTROS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . S267

    NDICE DE AUTORES

    PALESTRAS, MESAS REDONDAS, GRUPOS DE DISCUSSO, WORKSHOP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . S303

    RESUMOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . S307

    NDICE DE HOSPEDEIROS

    NOME COMUM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . S363

    NOME CIENTFICO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . S375

    NDICE DE PATGENOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . S387

    00I Iniciais-AF 22.07.10 11:48 Page 7

  • PALESTRAS, MESAS REDONDAS, GRUPOS DE DISCUSSO

    00 Rosto 20.07.10 17:15 Page 18

  • PALESTRA 1

    Genetic diversity of Potato virus Y: a new challenge for plant quarantine servicesAlexander V. Karasev

    University of Idaho, Moscow, Idaho 83844-2339, U.S.A.

    Potato is a major food crop, ranked fourth in production worldwide behind rice, wheat, and corn.As a vegetatively propagated crop, potato is always under threat from a long list of viruses most of which are vector

    transmitted. During the past two decades, aphid-transmitted Potato virus Y (PVY) has emerged as the main virus threatto potato production worldwide. PVY exists as a complex of strains and variants adapted to different species ofSolanaceae, and displaying a broad range of symptoms. PVY infection in potato results in yield losses, but it may alsoaffect the quality of tubers in cultivars susceptible to potato tuber necrotic ringspot disease (PTNRD). In potato, at leastfive distinct genetic strains were defined, based on genetic responses in a set of standard cultivars, PVYO, PVYN, PVYC,PVYZ, and PVYE. PVYO, PVYC, PVYZ, and PVYE strains induce mosaic in tobacco, while PVYN strains induce veinnecrosis and, thus, can be easily distinguished by their symptoms in tobacco into biologically O-type and N-type,respectively. Genomes of PVYO and PVYN strains have been sequenced and found to have about 8% difference in theirnucleotide sequences along the genome. However, multiple recombinant variants have also been discovered withgenomes composed of segments of parental PVYO and PVYN strains. These recombinant strains have been namedPVYWi, PVYN:O, PVYNTN and others. Recently, new recombinant types were described containing segments from otherparental genomes, distinct from PVYO or PVYN, like PVYNA-N, and PVYNE-11. PVYZ was also found to be a recombinantbetween PVYO and PVYN genomes. Many of these recombinants induce necrosis in tobacco, and should be classified asN-type PVY strains. Classification of various strains of PVY, is thus based partly on genetic reactions towards specific Ngenes in standard potato cultivars, and partly on molecular structure of their genomes. Unfortunately, both classificationshave not been unified, and often result in confusions, since, for instance, some NTN molecular recombinants do notinduce vein necrosis in tobacco, and genetically belong to PVYZ strains.

    From a practical standpoint, it would be useful to have specific detection methods to identify PVY strains inducingspecific symptoms, e.g. PTNRD in potato or vein necrosis in tobacco. It is known that most (if not all) NTN recombinantsstudied so far induce PTNRD, and a test identifying NTN recombinants would be a good test for PTNRD-inducing PVYstrains. However, such a test would miss some non-recombinant PVYN isolates which are also known to induce PTNRD.Hence, a good test might be the one detecting both NTN and N strains. Unfortunately, there are other known isolatesbelonging to molecularly defined PVYO or PVYWi strains also inducing PTNRD. New recombinant variants are beingdiscovered that may easily evade detection methods based on molecular structure of PVY genome. A much more specifictest, focused on a PTNRD symptom in potato and not on molecular structure of the PVY genome is needed. Anastonishing evolutionary flexibility of PVY and its ability to adapt to different hosts and overcome various types ofresistance available in potato cultivars present serious challenges for the phytosanitary and quarantine services aroundthe globe.

    This presentation will address the modern state of PVY biology and classification, its relations to recentdevelopments in virus detection and strain differentiation, molecular genetics of PVY, and practical application toquarantine services, as well as important role of potato seed certification programs and resistance breeding.

    PALESTRA 2

    Perspectivas da agroenergiaDcio Luiz Gazzoni

    A Agencia Internacional de Energia estima que, nos prximos 40 anos, a demanda de energia no mundo devercrescer entre 70 e 80%, dependendo da evoluo dos parmetros demogrficos, econmicos e ambientais. A princpiopoderia parecer um desafio de fcil equacionamento pois, se voltarmos 40 anos no tempo, o desafio era semelhante.Entretanto, h uma grande diferena: nos anos 70 no havia qualquer questionamento quanto ao uso de energia fssil(petrleo, carvo e gs). Tampouco havia a suspeita das relaes entre uso de energia fssil e aumento da concentraode gases de efeito estufa, ou entre este aumento e as mudanas climticas globais. No momento, a sociedade mundialclama por uma mudana de paradigma, o que inviabiliza o atendimento da demanda de energia at 2050 usando asmesmas fontes fsseis que hoje dominam 80% da matriz energtica mundial. Isto posto, tanto a comunidade cientfica,quanto os governos e os empresrios voltam-se para a viabilizao comercial, em larga escala, de fontes de energiarenovvel, como forma de suprir a demanda futura. Existem alguns desafios a serem superados, como o elevado custoda energia, em termos de unidades (J, W ou Cal) de fontes renovveis ou fsseis. Isto se deve maturidade da tecnologiae da logstica associadas a fontes fsseis, aprimoradas ao longo dos ltimos 150 anos, o que remete ao segundo desafio,

    PalestrasXLIII Congresso Brasileiro de Fitopatologia

    Tropical Plant Pathology 35 (Suplemento), agosto 2010 IX

    00II Palestras e Mesa-AF 20.07.10 17:03 Page IX

  • que a relativa primariedade tecnolgica de obteno de energia de fontes renovveis, vis a vis o seu potencial terico.Em particular, existem ineficincias abissais tanto na transformao de energia solar em energia eltrica pela viafotovoltaica, quanto no armazenamento desta energia para uso posterior. Anlises estratgicas apontam que este gaptecnolgico somente ser definitivamente solucionado na segunda metade deste sculo. Neste contexto, observa-se umajanela de oportunidades para a gerao de energia de biomassa, nos prximos 50 anos, por dispor da tecnologia maismadura, com menores custos por unidade de energia gerada. Dois grandes carriers energticos ocuparo parcelasprogressivamente maiores do mercado de energia: os biocombustveis e a bioeletricidade. Alm dos desafiostecnolgicos corriqueiros de viabilizao da produo de energia em larga escala, a sociedade impe que as novasenergia sejam tambm sustentveis sob os aspectos ambiental e social. Este um desafio complementar dodesenvolvimento tecnolgico, sem o que no ser viabilizada uma maior participao da energia renovvel na matrizenergtica mundial. Perscrutando as perspectivas para os prximos anos, no mbito da energia de biomassa,vislumbramos trs aspectos marcantes principais. O primeiro deles a abertura de novos negcios, sejam eles novosnegcios dentro de um negcio tradicional (novos biocombustveis de cana-de-acar ou de oleaginosas) ou inovaestecnolgicas como as biorefinarias e os bioprodutos que substituiro a petroqumica, e que estaro fortementeassociados produo de energia. O segundo aspecto a sustentabilidade, pois as novas fontes de energia primaropor elevado balano energtico, baixo fluxo de carbono e observao das regras universais de proteo do ambiente,alm de atentar para a democratizao de oportunidades de renda e emprego e interiorizao do desenvolvimento. Oterceiro aspecto ser a estonteante dinmica tecnolgica, pois tecnologias protagonistas se sucedero em escalavertiginosa, de maneira que, dentro de uma mesma dcada observaremos uma ou mais quebras de paradigmas, queobrigaro a todo um reaparelhamento tecnolgico setorial.

    Engenheiro Agrnomo, assessor da SAE/Presidncia da Repblica.

    PALESTRA 3

    O Futuro da transgenia no controle de doenas de plantas Francisco J. L. Arago

    Embrapa Recursos Genticos e Biotecnologia, Braslia, DF, Brazil; E-mail: [email protected].

    Um grande nmero de estratgias envolvendo o uso da engenharia gentica tem sido utilizado para estudos dainterao planta-patgeno bem como para a gerao de plantas geneticamente modificadas (PGM) resistentes adoenas, especialmente aquelas causadas por vrus, nematides. Vrias estratgias tm sido empregas para a obtenode plantas resistentes a vrus, incluindo a expresso do gene da capa protica, genes truncados defectivos, e RNAantisenso. A primeira PGM resistente a vrus a ser cultivada em maior escala so as linhagens de mamo resistentes aoPapaya ringspot virus cultivadas nos EUA. O conceito de RNA interferente (RNAi) para silenciar genes virais tem sidousado para gerar plantas de vrias espcies resistentes. Na Embrapa temos feitos todos os esforos para desenvolvervariedades de feijo resistentes ao Bean golden mosaic vrus e feijo-caupi resistentes ao Cowpea aphid-borne mosaicvirus e Cowpea severe mosaic vrus, alm de mamoeiros resistentes ao Papaya ringspot vrus e Papaya lethal yellowingvrus. RNAi tambm tem sido usado para obteno de resistncia a nematides e mais recentemente demonstramos que possvel modificar uma planta para silenciar um gene no fungo patognicos Fusarium verticillioides. Isso abre apossibilidade para gerao de plantas resistentes a fungos com amplo espectro de resistncia. Embora j existamexemplos de explorao comercial das ferramentas de engenharia gentica em fitopatologia, muitos novos exemplosainda devem ser gerados nos prximos anos. A gerao dessas tecnologias em ambientes pblicos e privados, bemcomo sua utilizao comercial no campo sero discutidas.

    PALESTRA 4

    Situao atual, perspectivas e desafios no manejo da ferrugem asitica da sojaCludia Vieira Godoy

    Embrapa Soja, Caixa Postal 231, 86001-970, Londrina, e-mail: [email protected]

    A ferrugem asitica da soja (FAS), causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi Syd. & P. Syd., uma das principaisdoenas da cultura. O fungo encontra-se presente nas principais regies produtoras do mundo, mas os impactoseconmicos mais significativos tm ocorrido no Brasil. As primeiras epidemias severas da FAS na Amrica do Sul foramrelatadas no Paraguai, na safra 2000/01, e no Brasil, na safra 2001/02, no sul do estado de Gois, no Mato Grosso, nonorte do Mato Grosso do Sul e no Rio Grande do Sul (Yorinori et al., 2005). Nos ltimos anos, as perdas econmicas

    Palestras

    Tropical Plant Pathology 35 (Suplemento), agosto 2010

    XLIII Congresso Brasileiro de Fitopatologia

    X

    00II Palestras e Mesa-AF 20.07.10 17:03 Page X

  • anuais devido FAS no Brasil, considerando a reduo no rendimento de gros e tambm o custo para o controle dadoena, foram estimadas em U$ 2 bilhes.

    Os sintomas iniciais da doena caracterizam-se pela presena de pequenas pstulas, de colorao castanha amarrom escura, nas folhas das plantas de soja. Na face inferior da folha, pode-se observar uma ou mais urdias que serompem e liberam os uredsporos (Sinclair & Hartman, 1999). Plantas severamente infectadas apresentam desfolhaprecoce, que compromete a formao, o enchimento de vagens e o peso final do gro. Quanto mais cedo ocorrer adesfolha, menor ser o tamanho do gro e, consequentemente, maiores sero as perdas em rendimento e de qualidade(Yang et al., 1991). As condies climticas tm importncia fundamental nas epidemias da FAS, sendo a precipitaoconsiderada o fator mais importante no progresso da doena (Del Ponte et al., 2006). Embora sintomas possam ocorrerem qualquer estdio fenolgico, normalmente, no so encontradas leses de ferrugem antes do florescimento da soja,a no ser que os nveis de inculo no incio da estao sejam elevados.

    Em setembro de 2004 foi formada uma fora tarefa denominada Consrcio Antiferrugem (CAF) do qual fazemparte instituies representantes dos diversos segmentos da cadeia produtiva da soja como fundaes, universidades,institutos de pesquisa, entidades representantes de fabricantes de insumos e cooperativas de produtores. Os principaisobjetivos do CAF so monitorar a disperso da doena no Brasil, divulgar informaes relativas s deteces por meiodo mapa de focos disponibilizado na internet (www.consorcioantiferrugem.net), uniformizar e difundir o conhecimentogerado pela pesquisa. O CAF formado por 97 instituies, com 159 participantes e 99 laboratrios autorizados acadastrar focos de ferrugem no mapa.

    Para reduzir os riscos de danos cultura da soja pela FAS, no Brasil as estratgias recomendadas no manejo dadoena so: a utilizao de cultivares de ciclo precoce, com semeadura no incio da poca recomendada; a ausncia decultivos de soja na entressafra, incluindo a eliminao de plantas de soja voluntrias, por meio do vazio sanitrio; e omonitoramento da lavoura desde o incio do desenvolvimento da cultura, com a utilizao de fungicida no aparecimentodos primeiros sintomas ou, preventivamente, quando a doena j estiver presente na regio (Tecnologias, 2008).

    O vazio sanitrio iniciou em 2006, em trs estados, e constitui-se em um perodo de 60 a 90 dias com a ausnciade plantas de soja na entressafra. Atualmente regularizado em 11 estados e no Distrito Federal. O objetivo do vaziosanitrio interromper o ciclo do fungo durante a entressafra e atrasar as primeiras ocorrncias da doena na safra. Apartir do incio da adoo do vazio sanitrio foi observado um atraso no desenvolvimento das epidemias e os focoscadastrados no CAF, nos meses de novembro e dezembro, foram progressivamente reduzidos.

    Nos ltimos anos, as perdas em rendimento devido a FAS, nas lavouras de soja brasileiras, veem sendo reduzidaspelo eficiente controle alcanado com a utilizao de fungicidas. A mdia do nmero de aplicaes de fungicida paracontrole da FAS no Brasil tem se estabilizado ao redor de duas aplicaes, utilizando-se principalmente produtos de doisgrupos, os triazis e as estrobilurinas. Ensaios em rede tm sido realizados desde a safra 2003/04, com o objetivo decomparar os diferentes produtos registrados para o controle da FAS. Pela tcnica de meta anlise, realizada com osensaios de 2003/04 at 2006/07, em geral, as misturas de triazis e estrobilurinas apresentaram eficincia maior que ostriazis sozinhos (Scherm et al., 2009). No entanto, os triazis tebuconazol e prothioconazol, apresentaram desempenhosemelhante s misturas.

    Na safra 2007/08 foi observada uma menor eficincia do produto tebuconazol, em ensaios realizados emsemeaduras tardias. Essa menor eficincia tem sido associada seleo de populaes do fungo menos sensveis aostriazis, no decorrer da safra. Embora as ferrugens estejam classificadas como patgenos de baixo risco de resistncia(Brent & Hollomon, 1998), a presso de seleo que ocorre nos cultivos de soja no Brasil muito alta devido s grandesreas cultivadas, a frequncia de aplicao proporcionada pela extensa janela de plantio para a cultura, a utilizao desubdoses pelos produtores e as aplicaes curativas que ocorrem a partir da doena instalada. A partir de 2008 o CAFpassou a orientar que nas regies do Mato Grosso, do Mato Grosso do Sul e de Gois, onde foram observadaspopulaes do fungo menos sensveis, fossem utilizadas preferencialmente misturas de triazis e estrobilurinas, comouma estratgia anti-resistncia. Os ensaios cooperativos, realizados na safra 2008/09, tambm indicaram que asmisturas de triazis e estrobilurinas apresentam uma maior eficincia de controle quando comparadas somente com ostriazis, devendo essa recomendao ser estendida para as demais regies do Pas.

    A obteno de cultivares de soja resistente FAS um desafio para a pesquisa. At a entrada da FAS no Brasil,haviam sido identificados quatro genes dominantes para a resistncia, denominados Rpp1 a Rpp4 (Bromfield & Hartwig,1980; Bromfield & Melching, 1982; Hartwig, 1986; McLean & Byth, 1980). Aps a entrada da doena nas Amricas, novasfontes de resistncia foram identificadas (Pierozzi et al., 2008; Calvo et al., 2008) e incorporadas aos programas demelhoramento. Trs cultivares resistentes, com genes maiores (BRSGO 7560, TMG 801 e TMG 803) foramdisponibilizadas recentemente no Brasil. Contudo, a estabilidade dessa resistncia duvidosa, em funo da grandevariabilidade do patgeno. Assim, tais cultivares devem ser vistas apenas como uma ferramenta a mais a ser incorporadadentro do conjunto das estratgias de controle da doena.

    Embora a FAS tenha recebido destaque nas ltimas safras, outras doenas tambm devem ser consideradas nomanejo da cultura. Os fungicidas utilizados para o controle da ferrugem, embora apresentem amplo espectro de ao,tm baixa eficincia sobre a mancha alvo (Corynespora cassiicola) e a antracnose (Colletotrichum truncatum). Por isso,estas duas doenas tm aumentado de importncia nas ltimas safras. O manejo de doenas na cultura da soja deveser realizado desde o planejamento da lavoura, por meio da escolha da cultivar, rotao de culturas, utilizao desementes certificadas e tratadas e pelo conhecimento prvio do histrico de doenas que predominam na regio paraque se adote a melhor estratgia evitando-se dessa forma perdas de produtividade.

    PalestrasXLIII Congresso Brasileiro de Fitopatologia

    Tropical Plant Pathology 35 (Suplemento), agosto 2010 XI

    00II Palestras e Mesa-AF 20.07.10 17:03 Page XI

  • Referncias

    BRENT, K. J.; HOLLOMON, D. W. Fungicide resistance: the assessment of risk. Brussels: GCPF, 1998. 48p. (FRAC Monograph, n.2).BROMFIELD, K. R.; HARTWIG, E. E. Resistance to soybean rust and mode of inheritance. Crop Science, v. 20, p. 254-255, 1980.BROMFIELD, K. R.; MELCHING, J. S. Sources of specific resistance to soybean rust. Phytopatology, v. 72, p. 706, 1982 (Abstract).CALVO, E. S.; KIILH, R. A. S.; GARCIA, A.; HARADA, A.; MIROMOTO, D. M. Two major recessive soybean genes conferring soybean rust

    resistance. Crop Science, v. 48, p.1350-1354, 2008.CONSRCIO ANTIFERRUGEM. Acesso em: 17 ago. 2009.DEL PONTE, E. M.; GODOY, C. V.; LI, X.;YANG, X. B. Predicting severity of Asian soybean rust epidemics with empirical rainfall models.

    Phytopathology, v. 96, p.797-803, 2006.HARTWIG, E. E. Identification of a fourth major genes conferring to rust in soybeans. Crop Science, v.26, p.1135-1136, 1986.McLEAN, R. J.; BYTH, D. E. Inheritance of resistance to rust (Phakopsora pachyrhizi) in soybeans. Australian Journal Agriculture

    Research, v.31, p. 951-956, 1980.PIEROZZI, P. H. B.; RIBEIRO, A. S.; MOREIRA, J. U. V. M.; LAPERUTA, L. C.; RACHID, B. F.; LIMA, W. F.; ARIAS, C. A. A.; OLIVEIRA, M.

    F.; TOLEDO, J. F. F. New soybean sources of qualitative genetic resistance to Asian soybean rust caused by Phakopsora pachyrhizi.Genetics and Molecular Biology, v. 31, n.2, p. 505-511, 2008.

    SCHERM, H.; CHRISTIANO, R. S. C.; ESKER, P. D.; DEL PONTE, E. M.; GODOY, C. V. Quantitative review of fungicide efficacy trials formanaging soybean rust in Brazil. Crop protection, v.28, p. 774-782, 2009.

    SINCLAIR, J. B.; HARTMAN, G. L. Soybean rust. In: HARTMAN G. L.; SINCLAIR J. B.; RUPE J. C. (ED.). Compendium of soybeandiseases. 4. ed. Saint Paul:. APS Press. 1999. pp. 25-26.

    TECNOLOGIAS de produo de soja regio central do Brasil 2009 e 2010. Londrina: Embrapa Soja: Embrapa Cerrados : EmbrapaAgropecuria Oeste, 2008.

    YANG, X.B.; TSCHANZ, A.T.; DOWLER, W.M.; WANG, T.C. Development of yield loss models in relation to reductions of components ofsoybean infected with Phakopsora pachyrhizi. Phytopathology, v.81, p.1420?1426, 1991.

    YORINORI, J. T.; PAIVA, W. M.; FREDERICK, R. D.; COSTAMILAN L. M.; BERTAGNOLLI, P. F.; HARTMAN, G. L.; GODOY, C. V.; NUNESJUNIOR, J. Epidemics of soybean rust (Phakopsora pachyrhizi) in Brazil and Paraguay from 2001 to 2003. Plant Disease, v. 89, p.675-677, 2005.

    PALESTRA 5

    Is fungal taxonomy still relevant in plant pathology?Pedro W. Crous

    CBS-KNAW Fungal Biodiversity Centre, P.O. Box 85167, 3508 AD Utrecht, The Netherlands

    We are currently celebrating the International Year of Biodiversity as designated by the United Nations. Ascommunity we were invited to safeguard the variety of life on earth: biodiversity. Recent results from large scale DNAsequencing projects have shown that most biodiversity on earth is actually very small, represented in insects andmicrobes. Fungi represent a relatively unexplored group of organisms of which only the most common examples areknown at species level. A conservative estimate based on the number of unique fungi per plant species suggest that atleast 1.5 M species of fungi should occur on plants, of which around 7 % have been described to date. Many habitats,ecosystems and host plants have, however, never been investigated, and thus their microbial inhabitants remainunexplored, unknown, and underutilised. Over the past 10 years, mycologists have on average described 1250 speciesper year, meaning that it will take 1120 years to simply describe the number of taxa we now consider to be a vastunderestimate. Furthermore, based on DNA data, the majority of fungal morphogenera are shown to be poly- orparaphyletic, and most morphological species appear to represent assemblages of different phylogenetic taxa, many ofwhich turn out to be geographically separated. Although the Linnaean system was based on the phenotype, I argue thatinconspicuous differences may in some cases be more relevant for trade and quarantine, and hence a more accuratenaming system based on DNA data is called for. This is an achievable goal if scientists embrace the virtual laboratory ofthe future, and deposit related data in interactive, linked databases such as GenBank, TreeBase and BOLD, with metadatain MycoBank, and links to other user communities such as GBIF and EOL. This process, which could also becircumscribed as accountability in science, should be strongly enforced as part of the editorial policy of all reputablejournals. Techniques to detect minute quantities of DNA, and compare partial or whole genomes are continually evolving.Although we need to improve our understanding of population dynamics and gene flow, we should also acknowledge theimportance of new emerging diseases caused by novel organisms, or formerly less relevant pathogens that have gainednew importance due to climate change. Molecular techniques, new sequencing platforms, and the accessibility of thesedata will play a central role in the future taxonomic system adapted for fungi.

    Palestras

    Tropical Plant Pathology 35 (Suplemento), agosto 2010

    XLIII Congresso Brasileiro de Fitopatologia

    XII

    00II Palestras e Mesa-AF 20.07.10 17:03 Page XII

  • PALESTRA 6

    Impacto das mudanas climticas sobre doenas de plantasRaquel Ghini

    Embrapa Meio Ambiente, Caixa Postal 69, CEP 13820-000, Jaguarina, SP; e-mail: [email protected]

    IntroduoAs atividades antrpicas, intensificadas aps a Revoluo Industrial, esto alterando as concentraes de gases

    de efeito estufa na atmosfera, causando mudanas no clima da Terra (IPCC, 2007). Durante o sculo XX, houve umaumento na temperatura mdia da superfcie do planeta, de aproximadamente 0,74C. Porm, esse aumento no foihomogneo, isto , algumas regies apresentaram maiores incrementos de temperatura que outras. Recentemente, ofenmeno tem se acelerado, pois as maiores temperaturas mdias anuais foram registradas nos ltimos anos (IPCC,2007). Rockstrm et al. (2009) identificaram e quantificaram limites planetrios que no devem ser transpostos com afinalidade de evitar danos ambientais. Dos sistemas analisados, trs se encontram operando acima do limite proposto:mudana climtica, perda de biodiversidade e ciclo do nitrognio.

    Os microrganismos esto entre os primeiros organismos a demonstrar os efeitos da mudana climtica devido snumerosas populaes, facilidade de multiplicao e disperso, alm do curto tempo entre geraes. Dessa forma,constituem um grupo fundamental de indicadores biolgicos para o estudo dos impactos da mudana climtica. Almdisso, a importncia de fitopatgenos e de outros microrganismos atuantes no agroecossistema faz com que o assuntoassuma grande importncia para garantir a sustentabilidade dos sistemas. Discusses sobre os impactos da mudanaclimtica sobre doenas de importantes culturas do Brasil foram publicadas no livro editado por Ghini & Hamada (2008).

    As doenas abiticas, causadas por falta ou excesso de um determinado fator do ambiente devero consistir numdos principais problemas nas prximas dcadas. O aumento da frequncia de extremos de temperatura ou precipitao,em limites acima ou abaixo dos tolerados pelas plantas, certamente causar graves prejuzos se no forem adotadasmedidas de adaptao. Porm, a presente discusso abordar somente os impactos da mudana climtica sobredoenas biticas.

    Casos de alteraes causadas pela mudana climticas sobre problemas fitossanitriosAinda h um pequeno nmero de casos comprovados de alterao na ocorrncia de problemas fitossanitrios em

    decorrncia da mudana climtica. Esse fato devido necessidade de registro de mudana na ocorrncia de pragasou doenas por um perodo relativamente longo, com significativa correlao com alguma varivel climtica alterada emdecorrncia da mudana climtica. A ausncia de sries histricas de problemas fitossanitrios outra razo para opequeno nmero de casos comprovados. Alm disso, sabido que diversos fatores, alm do clima, causam flutuaesnas populaes de patgenos e pragas, como por exemplo, tratos culturais, nutrio da planta, cultivares utilizadas, entreoutros, dificultando a correlao entre a mudana climtica e os problemas fitossanitrios.

    Uma das evidncias em ecossistema natural o caso de Dothistroma septosporum, causador de queima dasacculas em Pinus contorta var. latifolia, na florestas da British Columbia no Canad. O primeiro relato da doena datado incio dos anos 1960, sendo que entre 1984 e 1986 foram observadas rvores com sintomas da queima das acculasem 10 ha. Woods et al. (2005) avaliaram uma rea de 40.898 ha e observaram que 37.664 ha apresentavam plantasinfectadas, com rvores mortas em 2.741 ha. Os autores afirmam que a epidemia coincide com aumento da frequnciade chuvas de vero na regio. Mais recentemente, Kurz et al. (2008) relataram que epidemias do besouro Dendroctonusponderosae, causadas pelas alteraes de precipitao e aumento da temperatura, esto resultando no aumento deemisses de gases de efeito estufa pela floresta. O inseto parasita as rvores, levando-as morte e decomposio,liberando o carbono para a atmosfera. Com a mudana climtica traduzida pelo aumento da temperatura e reduo daprecipitao, houve o aumento da rea favorvel ao desenvolvimento da praga e as projees indicam que o crescimentoda floresta no ser suficiente para compensar a quantidade de emisses.

    O declnio do Pinus sylvestris nos Alpes italianos e suos outra evidncia de alterao de problemasfitossanitrios em decorrncia da mudana climtica. Dobbertin et al. (2007) correlacionaram sries climticas histricasda regio e a incidncia de declnio nas rvores e concluram que a seca predisps as rvores ao ataque de besourose as altas temperaturas da primavera e do vero favoreceram o desenvolvimento dos insetos, o qual contribuiu para aalta taxa de mortalidade.

    Utilizando dados de 69 anos de incidncia de requeima da batata na Finlndia, Hannukkala et al. (2007)associaram epidemias da doena com a mudana climtica e com a ausncia de rotao de cultura. O clima se tornoumais favorvel doena no final da dcada de 90, resultando em um aumento da venda de fungicidas deaproximadamente quatro vezes, de 1980 a 2002.

    Aes de pesquisaOs efeitos da mudana climtica sobre os danos causados pelas doenas so determinados pelas interaes de

    um grande nmero de fatores que, direta ou indiretamente, influenciam a ocorrncia e a severidade das doenas.Algumas regies podem se tornar menos aptas para determinadas culturas e causar a necessidade de migrao para

    PalestrasXLIII Congresso Brasileiro de Fitopatologia

    Tropical Plant Pathology 35 (Suplemento), agosto 2010 XIII

    00II Palestras e Mesa-AF 20.07.10 17:03 Page XIII

  • novas reas, onde provavelmente os patgenos devero migrar tambm. Mas, um novo cenrio fitossanitrio serestabelecido a partir do novo balano entre espcies resultante da mudana climtica (Chakraborty et al., 2008). Mtodosde controle de doenas, como o controle qumico, tambm devem ser alterados (Ghini, 2005; Ghini & Hamada, 2008).

    A mudana climtica representa um desafio global e interdisciplinar. As doenas de plantas representam sriosimpactos econmicos para o agronegcio, colocando em risco a sustentabilidade dos cultivos, devido s perdas naprodutividade e aos custos do manejo fitossanitrio. A abordagem desse problema deve ser por meio de trabalhosinterdisciplinares, que evitam a duplicidade de esforos e facilitam a divulgao de informaes, para a obteno demedidas de adaptao. Com essas caractersticas, foi iniciado em 2009 um projeto denominado Climapest(http://www.macroprograma1.cnptia.embrapa.br/climapest), com os objetivos de: avaliar os efeitos do aumento daconcentrao do dixido de carbono atmosfrico e da temperatura sobre doenas, pragas e plantas invasoras; os efeitosdo aumento da radiao UV-B sobre microrganismos associados s plantas; e os riscos potenciais das mudanasclimticas na distribuio geogrfica e temporal de pragas, doenas e plantas invasoras. O projeto, que tem aparticipao de mais de 134 pesquisadores de 37 instituies, contempla problemas fitossanitrios de 16 importantesculturas agrcolas: espcies florestais, ma, pssego, soja, uva, milho, algodo, mamona, forragicultura, caf, mandioca,banana, manga, coco, dend e laranja.

    Referncias bibliogrficas

    Chakraborty S, Luck J, Hollaway G, Freeman A, Norton R, Garrett KA, Percy K, Hopkins A, Davis C, Karnosky DF (2008) Impacts ofglobal change on diseases of agricultural crops and forest trees. CAB Reviews: Perspectives in Agriculture, Veterinary Science,Nutrition and Natural Resources 3:1-15.

    Dobbertin M, Wermelinger B, Bigler C, Brgi M, Carron M, Forster B, Gimmi U, Rigling A (2007) Linking increasing drought stress toscots pine mortality and bark beetle infestations. The Scientific World Journal 7:231-239.

    Ghini R (2005) Mudanas climticas globais e doenas de plantas. Jaguarina, SP: Embrapa Meio Ambiente, 104p.Ghini R & Hamada E (2008) Mudanas climticas: impactos sobre doenas de plantas no Brasil. Braslia, DF: Embrapa/SCT, 331p.Hannukkala AO, Kaukoranta T, Lehtinen A, Rahkonen A (2007) Late-blight epidemics on potato in Finland, 19332002; increased and

    earlier occurrence of epidemics associated with climate change and lack of rotation. Plant Pathology 56:167-176.IPCC. Climate change 2007: the physical science basis. Geneva: Intergovernmental Panel on Climate Change, 2007. 996p.Kurz WA, Dymond CC, Stinson G, Rampley GJ, Neilson ET, Carroll AL, Ebata T, Safranyik L (2008) Mountain pine beetle and forest

    carbon feedback to climate change. Nature 452:987-990.Rockstrm J, Steffen W, Noone K, Persson , Chapin FS, Lambin EF, Lenton TM, Scheffer M, Folke C, Schellnhuber HJ, Nykvist B, Wit

    CAd, Hughes T, Leeuw Svd, Rodhe H, Srlin S, Snyder PK, Costanza R, Svedin U, Falkenmark M, Karlberg L, Corell RW, Fabry VJ,Hansen J, Walker B, Liverman D, Richardson K, Crutzen P, Foley JA (2009) A safe operating space for humanity. Nature 461 472-475.

    Woods A, Coates KD, Hamann A (2005) Is an unprecedented Dothistroma needle blight epidemic related to climate change? BioScience55:761-769.

    PALESTRA 7

    Bridging Classical and Molecular Genetics of Bacterial Blight Resistance in CottonRobert Jenkins Wright

    Associate Professor, Texas Tech University, Texas AgriLife Research

    Bacterial blight of cotton (Gossypium spp.), incited by the pathogen Xanthomonas axonopodis pv. malvacearum(Xam) (former speciation = Xanthomonas campestris pv. malvacearum; Vauterin et al. 2000), is a classical example of aplant-pathogen relationship in an important crop. The unique phylogeny of tetraploid cotton adds an additional dimensionfor studying the network of genes that confer pathogenicity and host pest resistance. The continental isolation of theprogenitor Old World A-genome and New World D-genome diploid taxa have much different histories coevolving with Xam.While the analysis of the subgenomic (At vs. Dt) distribution of genes conferring disease resistance in tetraploid AD-genome cottons provides an excellent system for studying the impact of allopolyploid formation on host-pathogeninteractions. Evidence that the allopolyploid event occurred in the New World and that greater numbers of the bacterialblight resistance genes (R-genes) map to the D-subgenome of tetraploid cotton allude to an interesting yet unresolvedevolutionary history.

    Although 22 putative alleles/genes conferring Xam resistance have been identified and characterized inGossypium species, only a small subset have been used to develop resistant cultivars and an even small number mappedwithin the genome. The allelomorphism and chromosomal locations of all loci that confer resistance to Xam has not beencompletely resolved thus the true number is unknown. The chromosomal and subgenomic distribution of the B2, B3, Qb6a,Qb6b, Qb6c, Qb6d, and B12 loci were mapped as quantitative trait loci (QTL) (Wright et al., 1998) and activities to elucidatethe positions of B4, B5, B6, b7, and BIn are ongoing. Genetic mapping reveal that the D-subgenome of tetraploid cotton hasa higher propensity to give rise to new resistance alleles. This observation suggests that polyploid formation appears tohave conferred new avenues of response to selection for disease resistance in cotton.

    Palestras

    Tropical Plant Pathology 35 (Suplemento), agosto 2010

    XLIII Congresso Brasileiro de Fitopatologia

    XIV

    00II Palestras e Mesa-AF 20.07.10 17:03 Page XIV

  • Research advances have provided evidence that all cotton Bacterial Blight resistance genes interact with theavrBs3 family of avirulence genes (Yang and Gabriel 1995, De Feyter et al. 1998, and Delannoy et al. 2005). The avrBs3gene family contains several important functional motifs involved in pathogenicity. The sequence diversity among XamavrBs3 family members has not been extensively examined, nor has the allelic variability among races at each avirulencelocus. To date, six avrBs3 Xam loci have been characterized but only one family member, avrb6, has been completelysequenced from a single Xam race. There is a critical need to characterize Xam isolates and populations using bothtraditional phenotypic approaches (i.e. host differential), but also using genetic assays that target genes involved in racespecific pathogencity.

    When examining a species genome, we observe the consequences of many evolutionary events that have shapedthe organization, distribution, and function of genes. Indeed, the order in which R-genes originate and evolve does notalways parallel that of speciation. As a result, alleles that confer resistance can be lost or subsequently gained at pointsthat depart from these historical evolutionary events. Research activities intended to (1) elucidate the genomeorganization of R-genes in both the diploid and tetraploid genomes, (2) pinpoint likely events (relative to Gossypiumspeciation) that led to the origin and radiation of R-genes in cotton, (3) define Xam population dynamics, (4) compare andcontrast the sequence diversity among different R-genes and Xam avirulent genes, and (5) examine host-pathogeninteractions leading to host plant resistance and pathogenicity are research targets.

    PALESTRA 8

    Desafios do uso de Trichoderma spp. no controle biolgico de doenas na cultura da sojaChallenges to the uses of Trichoderma spp. to the control of soybean diseases.

    Lus Henrique Carregal Pereira da Silva1, Hercules Diniz Campos1, Juliana Resende Campos Silva2,Vincius Adonio Henkes Valiati1. 1Faculdade de Agronomia, Universidade de Rio Verde FESURV, Rio

    Verde, GO; 2Campos Carregal Pesquisa e Tecnologia Agrcola Ltda, Rio Verde, GO. E-mail:[email protected]

    As doenas de plantas destacam-se entre os principais fatores limitantes a produo e, por isso, necessitam sermanejadas. O manejo envolve a integrao de diferentes medidas de controle, as quais devem ser implantadas de formalgica e racional, preservando ao mximo o meio ambiente. no mbito da questo que o controle biolgico torna-semais importante a cada dia, embora ainda existam grandes desafios para que seja efetivo a campo em larga escala nacultura da soja.

    A aplicabilidade do controle biolgico em soja est relacionada capacidade de sobrevivncia do Trichoderma noambiente em que foi introduzido, s doenas possveis de serem controladas, ao posicionamento no que diz respeito asua utilizao (momento, dose, nmero de aplicaes e a forma como ser aplicado), ao sistema de cultivo (plantio direto,convencional ou reas irrigadas) e tambm compatibilidade com outras prticas culturais (controle qumico).

    A dinmica populacional das espcies de organismos e microrganismos habitantes do solo provavelmenteinterfere na efetividade do controle biolgico e este pode ser um dos principais fatores relacionados aos casos deinsucesso a campo. A introduo de um isolado extico em determinada regio no implica necessariamente em suaadaptao e, consequentemente, em exercer seu papel de antagonista. Desta forma, o mais coerente seria obter osisolados na rea em que se deseja utilizar, multiplic-lo e, em seguida, reintroduzi-lo. Mas essa prtica muito pouco ou,at mesmo, no realizada.

    O sistema de cultivo tambm pode influenciar na colonizao, reproduo e sobrevivncia de Trichoderma acampo. O cerrado, por exemplo, caracterizado por alta umidade e temperatura favorveis durante a safra. Por outro lado,na entressafra, as temperaturas so elevadas, com alto ndice de radiao e baixa umidade. No sistema de cultivoconvencional, no qual h revolvimento do solo, a exposio do agente de biocontrole s condies desfavorveis aindamaior. Maior probabilidade de sucesso pode ser obtida em reas irrigadas ou sob sistema plantio direto, onde ascondies de cobertura de solo (palha), maior teor de matria orgnica e a menor oscilao hdrica e trmica podemfavorecer a sobrevivncia do Trichoderma. Nestas condies, comumente verifica-se a presena de restos culturais demilho, soja e milheto colonizados por Trichoderma.

    Na literatura so citados casos de sucesso no controle de patgenos de solo, normalmente formadores deestruturas de resistncia, como Fusarium, Rhizoctonia, Sclerotium rolfsii e Sclerotinia sclerotiorum por diferentesespcies de Trichoderma. Entretanto, poucos so os trabalhos com rigor cientfico que comprovam sua eficcia a campona cultura da soja. Em experimentos conduzidos no setor de Fitopatologia da Universidade de Rio Verde-FESURV,verificou-se, em condies in vitro, que tanto Trichoderma asperellum quanto T. harzianum apresentaram algum tipo decontrole de Sclerotinia sclerotiorum, possivelmente por antibiose e micoparasitismo. Uma vez evidenciada a possibilidadede controle em condies de laboratrio, experimentos a campo foram conduzidos em rea com alto potencial de inculoe histrico da doena a pelo menos dez anos. Em todos os experimentos no se verificou reduo na incidncia deplantas infectadas por Sclerotinia sclerotiorum, mas o nmero de esclerdios produzidos por hectare foi significa-

    PalestrasXLIII Congresso Brasileiro de Fitopatologia

    Tropical Plant Pathology 35 (Suplemento), agosto 2010 XV

    00II Palestras e Mesa-AF 20.07.10 17:03 Page XV

  • tivamente menor nos tratamentos que receberam pulverizao de Trichoderma sp. Os esclerdios contendo presena deTrichoderma no germinaram de forma miceliogncia nem carpognica.

    Nestes trabalhos tambm ficou evidenciado que os tratamentos pulverizados com Trichoderma apresentarammaior altura de plantas e desenvolvimento foliar, bem como maior produtividade. Os resultados obtidos permitem inferirum possvel efeito tnico ou simbionte, conforme j verificado por alguns pesquisadores. Vale ressaltar que em casosonde a concentrao de Trichoderma nas sementes foi alta, ocorreu efeito antagnico germinao das mesmas,culminando em falhas de estande.

    O outro agravante para sua aplicao a campo refere-se ao posicionamento de uso em relao no s ao nmeroe forma de aplicao, mas principalmente quanto poca de aplicao. As recomendaes so variveis e confusas,sendo que algumas empresas posicionam o uso de Trichoderma exclusivamente no tratamento de sementes(independente do emprego de fungicidas), enquanto que outras recomendam pulverizaes em parte area (desde afase vegetativa at em estdios fenolgicos prximos a colheita). O que seria mais coerente: determinar um estdio idealou, por se tratar de um organismo vivo, seria mais importante analisar as condies ambientais tanto as que precedemquanto as posteriores aplicao? H necessidade de reintrodues do agente de controle biolgico a cada safra?Esses fatos ainda no foram completamente elucidados, o que gera dvidas quanto sua aplicabilidade a campo.

    No bastassem os problemas de posicionamento, existe grande nmero de marcas comerciais no mercado quesequer so registradas junto ao Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento (MAPA). Como garantir a qualidadedo produto que est sendo adquirido? Em anlises preliminares constatou-se que em muitas marcas comerciais oscondios do fungo apresentam baixo ndice de germinao e h ainda aqueles que no germinaram. Tambm foiconstatado alto ndice de contaminao por outros fungos (ex: Aspergillus e Penecillium) ou mesmo por bactrias. Destaforma, o agricultor que pretende adotar essa tecnologia deve evitar produtos de origem duvidosa e adquirirexclusivamente produtos registrados junto ao MAPA.

    Dentre os demais entraves do controle biolgico de doenas na cultura da soja, destaca-se a compatibilidade deuso do Trichoderma spp. com outras prticas agrcolas, como o emprego de fungicidas. Atualmente a cultura da sojarecebe pelo menos duas a trs aplicaes de fungicidas para o controle do complexo de doena. Em casos de altapresso de inculo, so comuns mais de trs pulverizaes para o controle da ferrugem asitica e, em muitos casos, asrecomendaes de aplicao de Trichoderma coincidem com o uso de fungicidas, seja no tratamento de semente, sejanas pulverizaes em parte rea. Com intuito de elucidar o efeito dos principais grupos qumicos no desenvolvimento invitro de duas espcies de Trichoderma, um experimento foi conduzido no laboratrio de Fitopatologia da FESURV,avaliando-se fungicidas de parte area e tambm de tratamento de sementes. Dos fungicidas recomendados parapulverizaes em parte area foram testados trs grupos qumicos: estrobilurinas (azoxistrobina), triazol (tebuconazol) ebenzimidazol (tiofanato metlico), variando-se as concentraes de 0,1 a 1000ppm. Em relao ao tratamento desementes, foram utilizados dois fungicidas: fludioxonil (fenilpirrol) + metalaxil (acilalaninato) e tiram(dimetilditiocarbamato) + carbendazim (benzimidazol), alm da testemunha sem tratamento.

    Os fungicidas tebuconazol e tiofanato metlico inibiram totalmente o crescimento micelial de T. harzianum e T.asperellum a partir da concentrao de 10 ppm. Normalmente esses fungicidas so utilizados a campos emconcentraes acima de 250 e 1000 ppm, respectivamente. Apenas a azoxistrobina no inibiu completamente odesenvolvimento micelial do agente de biocontrole. No caso do tratamento de sementes, o fungicida carbendazim + tiraminibiu completamente a colonizao das sementes por Trichoderma, enquanto que no tratamento contendo fludioxonil +metalaxil ocorreu menor inibio do antagonista.

    Para que o agricultor possa utilizar o controle biolgico com Trichoderma a campo e alcanar os resultadosesperados, ainda h necessidade de maior evoluo dessa tecnologia, como registro de produtos com mais de umaespcie e isolados, obteno de isolados resistentes aos principais fungicidas e melhor adaptados para as condies decerrado e, at mesmo, melhor posicionamento de uso.

    PALESTRA 9

    O Futuro do Agronegcio: qualidade, segurana, sustentabilidade e eficinciaAntnio Mrcio Buainain1, Adriana C.P. Vieira2

    IntroduoComeamos com uma platitude: o mundo mudou e a economia tornou-se mais complexa; a aplicao do

    progresso tecnolgico, alavanca de Arquimedes que move o mundo e transforma diariamente fico cientfica emrealidade, afeta diretamente a organizao da produo e da sociedade em geral, amplia os limites e conquistas daHumanidade, que paradoxalmente no parece capaz de equacionar problemas aparentemente simples, como o da fomee de enfermidades para as quais j se conhece tratamento h dcadas. Os desafios de hoje so imensos, talvez maisdifceis do que os do passado, e embora a humanidade conte com meios cientficos, tecnolgicos, humanos e materiaispara faz-lo, nada trivial.

    Palestras

    Tropical Plant Pathology 35 (Suplemento), agosto 2010

    XLIII Congresso Brasileiro de Fitopatologia

    XVI

    00II Palestras e Mesa-AF 20.07.10 17:03 Page XVI

  • Um dos maiores desafios que a humanidade enfrenta o de suprimir a fome no mundo, que hoje alcana 1 bilhode pessoas e compe um quadro vergonhoso e incompatvel do ponto de vista tico com o nvel de desenvolvimento eestilo de vida j alcanado em um nmero relevante de pases (estimativa do manifesto 1 billion hungry, lanado pelaFAO em maio de 2009). Mais que isto: ser preciso alimentar uma populao mundial que ainda se encontra emcrescimento e que segundo o Relatrio Agricultural Outlook, da FAO e OCDE, publicado em maio de 2010, deveaumentar entre 2 bilhes e 2,5 bilhes de pessoas at 20503. Ainda que a escassez de alimento tenha deixado de ser oprincipal responsvel pela fome endmica que atinge 1 bilho de pessoas, e que o problema seja hoje mais associado falta de poder de compra, a prpria FAO estima que a produo precisar aumentar aproximadamente 70% at 2050para suprir o aumento da demanda mundial.

    De imediato, o Brasil tem uma grande oportunidade e responsabilidade no abastecimento alimentar do mundo.Para a FAO, a produo agrcola brasileira a que apresenta maior potencial para atender a expanso da demandaalimentar nos prximos anos e dever registrar o maior crescimento mundial, de mais de 40% at 2019, na comparaocom o perodo entre 2007 e 2009.

    De fato, parece que finalmente o Brasil est em condies de se transformar no celeiro do mundo, figura retricato comum quanto vazia de contedo at passado bem recente. Alm do estoque de terras de cerca de 70 milhes dehectares de rea agrcola total e 200 milhes de hectares de reas de pastagens, sendo que 30% dessas terras estariamdegradadas e desmatadas, que poderiam ser reabsorvidas com baixo impacto ambiental em atividades de produtividademais elevada, o pas conta recursos humanos qualificados e instituies de ensino e pesquisa capacitadas para alimentaro processo de inovao tecnolgica que fator chave para o desenvolvimento; conta com instituies pblicas e dasociedade necessrias para regulares processos e conflitos cada vez mais complexos, com uma classe trabalhadoraoperosa e com um empresariado rural e industrial empreendedor e cada vez mais consciente tanto das oportunidadescomo dos condicionantes, responsabilidades e exigncias, explcitas e implcitas, impostas pelos novos paradigmas e poruma nova institucionalidade que aos poucos vai se afirmando, e da qual nem desejvel e nem ser possvel escapar.

    No se trata de um desafio fcil, pois ao lado da potencialidade e das vantagens o agronegcio enfrenta inmerosproblemas, alguns seculares que nos pases hoje desenvolvidos foram equacionados no sculo XIX, como o dapropriedade da terra, e outros mais contemporneos, desde a deficincia de infra-estrutura e logstica, carga tributriaelevada que recai sobre o setor, endividamento crnico dos produtores rurais at a ainda elevada pobreza rural e baixonvel educacional que se refletem na qualificao da mo-de-obra no meio rural.

    Nova Institucionalidade e Condicionantes do Desenvolvimento do AgronegcioAo longo das ltimas dcadas vem se estabelecendo um contexto institucional regras e normas de comrcio,

    exigncias dos consumidores, tecnologia utilizada, polticas gerais e setoriais e cultura traos culturais que condicionama economia e sociedade que j condiciona e que continuar condicionando, de forma substancial, a dinmicaprodutiva e tecnolgica de todas as cadeias produtivas do agronegcio.

    De um lado, a demanda crescente e as perspectivas de mdio e longo prazo so extremamente favorveis,como indica o documento Perspectivas Agrcolas 2010-2019, da FAO/OCDE; de outro, a concorrncia tambm cadavez mais acirrada e sustentar a competitividade exige investimentos contnuos e o atendimento a um conjunto cada vezmais abrangente de regras, formais e informais. A economia mundial globalizada ao mesmo tempo liberal e cada vezmais fortemente regulada. As convenes e tratados internacionais, a maioria com pelo menos alguns mecanismos deenforcement, cobrem praticamente todos os aspectos da vida social, Na rea ambiental se destacam a Conveno daDiversidade Biolgica, Protocolo de Cartagena, Conveno de Combate Desertificao, Utilizao de RecursosHdricos; na rea de segurana dos alimentos e sade, o Codex e a Conveno Quadro relacionam-se diretamente aoagronegcio; na rea social, a Agenda do Trabalho Decente j uma realidade, independente da adeso formal do pas.Neste contexto de intensa concorrncia e regulao, as regras so ao mesmo tempo uma exigncia e uma possibilidadede vantagem competitiva. e ser cada vez mais necessrio atende-las como condio para participar do jogo, mas ospases e as empresas inovadores, que logrem se antecipar s exigncias, podem conquistar vantagens nos mercados eassegura um melhor posicionamento para enfrentar a concorrncia.

    Em muitas reas as empresas vm adotando, cada vez mais, sistemas para melhor se adequarem e melhorresponderem s mudanas, em muitos casos em antecipao s normas que procuram regulamentar e expressar avontade do consumidor coletivo.

    Neste contexto, a preocupao com a segurana e seguridade dos alimentos sintetiza uma parte desta novainstitucionalidade em construo, e ao mesmo tempo revela novas tendncias do consumo de alimentos, com impactosdiretos sobre o funcionamento e futuro das cadeias do agronegcio, tanto na produo quanto na comercializao.

    Os consumidores e os mercados de hoje so mais exigentes do que do que h poucos anos. Exigem, sobretudo,qualidade em um sentido bem abrangente. A segurana dos alimentos, at pouco quase ignorada pelos consumidores, hoje um forte condicionante para o acesso aos mercados mais dinmicos e um fator determinante de vantagemcompetitiva nos mercados globais. As exigncias relacionadas segurana dos alimentos se traduzem em normastcnicas do comrcio ou barreiras no tarifrias (BNT) que so hoje mais importantes do que as barreiras tarifrias(Oliveira, 2005). Ao mesmo tempo em que funcionam de fato como barreiras, como pr-condies para participar docomrcio mundial e de acesso aos mercados, tambm desempenham um papel relevante na determinao de vantagenscompetitivas entre firmas e pases.

    PalestrasXLIII Congresso Brasileiro de Fitopatologia

    Tropical Plant Pathology 35 (Suplemento), agosto 2010 XVII

    00II Palestras e Mesa-AF 20.07.10 17:03 Page XVII

  • Cresce, em todo o mundo, a busca por produtos mais associados Natureza, em uma reao ao que muitosconsideram uma excessiva industrializao do alimento. Neste contexto, atributos pouco valorizados no passado, comoa produo orgnica ou agroecolgica, ganham importncia, e passam a ser fator de agregao de valor aos produtos:Os consumidores buscam maior diversidade e intensidade de sabores, tambm reagindo chamada comida de isopor.Os mercados reagem sazonalidade que sempre marcou o comrcio agropecurio e exigem um fluxo regular deabastecimento ao longo do ano.

    Ao lado da qualidade (safety food), outro fator chave para o funcionamento das cadeias produtivas do agronegcio a conscientizao da populao sobre a gravidade do problema ambiental, seja no plano local seja no plano global.

    A preocupao com os recursos naturais tem profundos impactos sobre toda a lgica do setor, em particular noque se refere ao uso de tecnologias. No passado o drive tecnolgico movia-se em funo quase absoluta da elevaodo rendimento da produo e, de maneira secundria, da reduo de custos. Essa filosofia, cuja racionalidadeassentava-se no risco real de ocorrncia do cenrio malthusiano, nas grandes fomes que marcaram alguns pases noperodo do ps-guerra e na divulgao das primeiras informaes da FAO sobre a fome no mundo, orientou a RevoluoVerde e foi responsvel pelo enorme progresso da agropecuria e pelo afastamento, nestes ltimos 50 anos, o fantasmamalthusiando. A produtividade total dos fatores cresceu de forma considervel e permitiu a multiplicao dos alimentos,em propores talvez equivalente ao do milagre da multiplicao dos peixes.

    Esse progresso foi obtido, pelo menos em parte, com sacrifcio de recursos naturais e com impactos negativossobre o meio ambiente em geral. O contexto de hoje diverso. A elevao de produtividade e ou reduo de custos deproduo j no podem ser alcanados custa do meio ambiente. A anlise de impacto ambiental tornou-se, no novocontexto, pr-condio para a viabilidade de qualquer tecnologia, da mais simples mais sofisticada. A novainstitucionalidade impe, de maneira indita, a convergncia entre interesses micro e macro, entre os interesses dosprodutores e da sociedade como um todo, expressos nas regras de comrcio internacional e no conjunto de exigncias,muitas delas ainda no transformadas em normas escritas e aprovadas pelos organismos reitores, dos consumidores emgeral. No atual contexto, ainda que uma tecnologia seja vantajosa do ponto de vista microeconmico; dificilmente setornar hegemnica e se disseminar se no estiver em conformidade com os padres estabelecidos, em especial osrelacionados qualidade e segurana dos alimentos e aos impactos ambientais.

    A produo de alimentos deve respeitar atributos de qualidade e responsabilidade social. Assim, o diferencial doproduto agroalimentar deve, necessariamente, assegurar a comprovao e a confiana do mercado atravs de sistemasestruturados e formalizados que propiciem os procedimentos de avaliao da conformidade, identificao de origem e arastreabilidade (identificados, especificados, formalmente descritos e homologados mediante protocolos de normastcnicas) de processos produtivos adotados.

    Outra dimenso relevante a econmica financeira. A atividade agropecuria mais sujeita aos riscosassociados Natureza e aos riscos econmicos do que a indstria em geral. Isto se deve prpria dependncia daNatureza, que impe hora certa para plantar, colher, ordenhar, etc., e dificulta os ajustes e respostas s sucessivasflutuaes que caracterizam os mercados. Os custos de produo so hoje elevados e os produtores, sujeitos a forteconcorrncia, so relativamente vulnerveis s vicissitudes da Natureza e s flutuaes dos mercados. Pequenasvariaes de custos e ou de produtividade podem ser significativas para a sustentabilidade econmico-financeira daatividade.

    Este contexto exige controles cada vez mais rigorosos de todo o processo produtivo, para assegurar oenquadramento s crescentes exigncias dos mercados e da sociedade. O agronegcio do futuro dever produzirqualidade, com segurana, sustentabilidade e eficincia, e esta equao s tem soluo na aplicao dodesenvolvimento cientfico e na inovao moldadas pelos mesmos condicionantes gerais necessrios para assegurar odesenvolvimento sustentvel.

    Na falta de uma explicao lgica para as causas das doenas, a fitopatologia desenvolveu-se ao longo dosanos, comeando pelo chamado perodo mstico, passando pelos perodos da predisposio, etiolgico, ecolgico,chegando ao perodo atual que denominado de perodo fisiolgico, no qual as doenas das plantas passam a serencaradas com base nas relaes fisiolgicas entre planta patgeno, como um processo dinmico e mutuamenteinfluencivel.

    Atualmente, o crescente e contnuo aumento na populao mundial fazem crescer a preocupao com aquantidade e a qualidade dos alimentos produzidos. Desta forma torna-se necessrio buscar instrumentos que permitamum aumento na produo de alimentos. Entretanto, o desenvolvimento da agricultura esta diretamente relacionadas comalgumas questes bsicas como a influncia de solos, clima, pragas e doenas, alm, claro, do desenvolvimento deavanos tecnolgicos.

    Inserida neste contexto, a fitopatologia apresenta-se como ferramenta crucial para subsidiar o desenvolvimentoda produo agrcola, buscando solucionar os problemas relacionados com o aparecimento de doenas que reduzem aquantidade e a qualidade dos alimentos produzidos. Os conhecimentos gerados nas diferentes linhas de pesquisa dentroda rea de fitopatologia podem ser utilizados em programas de melhoramento gentico, visando o desenvolvimento decultivares resistentes/tolerantes doenas, garantindo, assim, um incremento na produtividade de diversas culturas.

    Palestras

    Tropical Plant Pathology 35 (Suplemento), agosto 2010

    XLIII Congresso Brasileiro de Fitopatologia

    XVIII

    00II Palestras e Mesa-AF 20.07.10 17:03 Page XVIII

  • PALESTRA 10

    The reniform nematode, Rotylenchulus reniformis, holistic management options for crop production.Kathy S. Lawrence1 and Gary W. Lawrence2

    1Department of Entomology and Plant Pathology, Auburn University, Auburn, AL 36849 and 2Department ofEntomology and Plant Pathology, Mississippi State University, Mississippi State, MS 39759.

    Rotylenchulus reniformis, commonly known as the reniform nematode is considered an economic pest to cottonand soybean in the southern USA. This nematode is tropical to sub tropical and has not been reported in areas withextended freezing temperatures. The distribution of the reniform nematode is not limited by soil types as no consistentrelationships have been determined between the presence of the reniform nematode and soil texture or, soil pH and,rainfall. In general, the finer-textured silt and clay soils support larger nematode populations than the coarser-texturedsandy soils. The lack of water stress in crop production appears to facilitate higher reniform nematode population levelsduring the growing season. The host range of the reniform nematode is extensive including many dicotyledonous weedplants. However, corn, wheat, and peanuts are not considered hosts for this nematode. Yield losses of 50% to 33% oncotton and soybean have been reported with losses varying depending upon initial population levels of the reniformnematode, crop cultivar tolerance, and environmental stress during crop production. Reniform nematodes populationsmay reach 5,000 to 60,000/500 cm3 of soil in many soil types.

    The reniform nematode has a debilitating effect on the growth and yield of cotton and soybeans. Symptoms of thisnematode in fields recently infested are areas of stunted and uneven plant growth giving the field an irregular jaggedappearance. Over time or with tillage, the populations become evenly distributed and stunted plant growth is not obvious.Yellowing or interveinal chlorosis of foliage resembling a potassium deficiency can occur with high populations. Root systemsare small with limited secondary root development. This nematode is often overlooked in the field because root galls are notproduced. Soil particles also adhere to the egg mass, which makes visual observations of nematode infection difficult.

    Nematode management options begin with sanitation. If plant-parasitic nematodes are not present in a growersfield, preventative measures should be taken to reduce the chance of introducing. Planting, cultivating, and harvestingequipment should be washed free of soil when moved from field to field. Once plant-parasitic nematodes are present ina field they cannot be eradicated and must be managed. The most important and often economical management tool isthe use of resistant or tolerant cultivars when available. New cultivars are constantly being developed for all crops invarious crop production regions. Evaluations of nematode tolerance in field crops are determined through field trials whichexamine yield. Tolerance is defined as the ability of a crop to produce an adequate yield in the presence of the nematode.Resistance is the ability of a plant to limit nematode population increases and is defined based on a nematodereproductive factor (Rf) which is a ration of the initial nematode population (Pi) and the final nematode population (Pf), or(Rf = Pi/Pf). A host variety with a Rf < 1 is considered resistant and does not allow the nematode population to increase.A value of >1 indicates the nematode population increased and reproduction occurred. However, often plant breeders willdetermine resistance as a ratio between the varieties being evaluated and a standard cultivar. Any variety that has a lowernematode population than the standard is then considered moderately resistant or resistant in a breeding aspect. In afield situation, nematode numbers following a tolerant crop will generally be higher than numbers recovered from aresistance crop and should not be planted the following season. Crop rotations are effective in reducing nematodepopulations. The production of corn, grain sorghum, or peanuts for one year may reduce reniform nematode numberssufficiently to allow the production of a cotton or soybean crop the following season. Plant-parasitic nematode types andpopulation levels will shift with the rotation crop sequence.The specific nematode species present in a field will be affectedby the rotation crop. Weed populations in all crops must be controlled to eliminate nematode increases. It is common tofind an increase in reniform nematodes during the corn and grain sorghum rotation since these nematodes may befeeding on weeds that are often present in the field late in the growing season. If cultivars resistant to a specific nematodeare available, the resistant cultivar should not be grown two consecutive years in the same field. This will help reduce theselection of strains or biotypes capable of reproducing on a particular resistant variety. This practice is common insoybean production where a resistance soybean is rotated with a non-host (corn or grain sorghum) or a susceptiblesoybean. Multiple cropping sequences are possible including summer and winter crops.

    There are no nematicides that will give 100% nematode control. Therefore they should be used with othermanagement tactics such as crop rotations or other management practices in a total nematode management program.The decision to use a nematicide for nematode management should be based on a strategy to reduce the initial nematodeinoculums and nematode population development. The use of a pre-plant fumigant nematicide (Telone II, Vapam, Kapam)or the use of in-furrow products (Temik, Counter) or seed treatment nematicides (Avicta, Aeris ,Votivo, and N-Hibit) at thetime of planting are effective in reducing the initial nematode inoculums. Reducing the rate of nematode developmentduring the season is accomplished when the plant has sufficient leaf and root mass to allow the uptake of the nematicideby the root (side dress Temik) or foliar absorption and downward translocation of foliar sprays (Vydate C-LV) where it willaffect the feeding activity of the nematode. Each of the products mentioned will vary in their effectiveness and local countyand state agricultural officials should be consulted for efficacy in a specific region. Microbial degradation has also beenobserved occurring with some nematicides thus consistent continuous use is not advisable.

    PalestrasXLIII Congresso Brasileiro de Fitopatologia

    Tropical Plant Pathology 35 (Suplemento), agosto 2010 XIX

    00II Palestras e Mesa-AF 20.07.10 17:03 Page XIX

  • Precision agriculture has become a widely adopted practice for nematicide application in crop production in theUnited States. Plant-parasitic nematodes generally have a clustered distribution in the field thus variable rate nematicideapplications of nematicides only to the areas in the field where the nematode has developed to a level in the soil thatreduces plant growth and subsequent economic yields. These zones or areas of similarity are determined by multiplemethods. One criteria is soil electrical conductivity. This data is collected with a Veris EC mapping system used inconjunction with a GPS receiver to georeference the data and converted it into contour maps classed by specific ECranges. A nematicide prescription map is developed based on these zones representing the EC ranges. Preliminaryresults have shown that less nematicide is applied to the zones with higher EC values. These EC zone maps can beoverlaid with yield maps to determine problem areas in the field. Nematode populations can be confirmed in problem areathen nematode contour maps can be developed to graphically represent the areas in a field. Poor crop yields incombination with high nematode numbers are good indications the certain areas within the field that may requirenematicide applications. A nematicide prescription map and predetermined nematicide application rates are thendeveloped and installed in the computer system on the application equipment. The specific amount of nematicide isapplied to the selected areas as the equipment moves across the field. To monitor that the correct dose is delivered, anas-applied map is created during the application process. This technique has been show to increase profitability to theproducer with the use of less nematicide.

    PALESTRA 12

    Agrotxicos no mercado internacionalMaria Celia Sob

    Agrotxicos podem ser definidos como quaisquer produtos de natureza biolgica, fsica ou qumica que tm afinalidade de exterminar pragas ou doenas que ataquem as culturas agrcolas. Estes podem ser pesticidas, herbicidase fungicidas, dentre outros.

    Com a globalizao da economia mundial, e deste mercado em especial, as vendas (importao e exportao)tambm aumentaram. O mercado mundial dos agrotxicos embora se mantivesse estvel na dcada passada, aumentou apartir de 2003, atingindo mais de 50% nesta dcada, em valores absolutos chegando a 40 bilhes de US dlares em 2008.

    Dividindo o mundo em regies podemos identificar o bloco europeu como sendo o local que houve as maiorestaxas de vendas de agrotxicos em 2007, responsvel por 32% do mercado. Seguido da Nafta, sia e a Amrica Latinacom 19%, sendo que o Brasil abarca 84% deste valor.

    O Mercado brasileiro cresceu em valores mais elevados que os valores mundiais chegando a 2008 com 7.000milhes de dlares. A taxa de crescimento do mercado brasileiro da ordem de 176%, portanto muito maior quandocomparado com a taxa mundial, que foi de 45,44% no mesmo perodo.

    As taxas de exportaes e importaes de agrotxicos cresceram em trono de 75% na ltima dcada. Analisandoos pases exportadores, a Frana tem se mantido em primeiro lugar em valor das exportaes seguido da Alemanha,Estados Unidos, Reino Unido, China e Blgica. Quando se analisa as exportaes em termos de toneladas de agrotxicoproduzido, a China, que assumiu o primeiro lugar em 2003, se mantm nesta posio at hoje.

    Considerando o ano 2000 como ano base, para o mercado de importao de agrotxicos o Brasil tem umcrescimento de mais de 230% at 2007. Em valores absolutos, entretanto a Frana se mantm na frente seguida daAlemanha, Canad, Estados Unidos, Reino Unido e Brasil.

    Nesta palestra ser feita uma explanao sobre o mercado internacional de agrotxico em especial de fungicida,dados sobre importao e exportao, principais pases produtores e comparando-o com a produo de commodities.

    Palestras

    Tropical Plant Pathology 35 (Suplemento), agosto 2010

    XLIII Congresso Brasileiro de Fitopatologia

    XX

    00II Palestras e Mesa-AF 20.07.10 17:03 Page XX

  • MESA REDONDA 1: "Epidemiologia e manejo de doenas"Coordenador: Dr. Edson Amplio Pozza (UFLA)

    Epidemiologia: Cincia e Prtica.Edson Amplio Pozza

    (Depto. De Fitopatologia CP 3037, Universidade Federal de Lavras, Lavras-MG,[email protected]);Adlia Aziz Alexandre Pozza (Universidade Federal de Viosa,

    Campus de Florestal, Florestal-MG, [email protected])

    Foi notrio o avano da cincia epidemiologia nas ltimas dcadas, principalmente devido a quantificar variveiscapazes de diferenciar tratamentos. E como descreveu Lord Kelvin, se a varivel foi medida ou quantificada, sabe-sealguma coisa a respeito dela. Na maioria das vezes, os experimentos so delineados para obter resultados de cunhoprtico, do contrrio, certamente serviro de base para tal premissa. Por mais que os trabalhos sejam realizados emlaboratrio ou em ambientes controlados, o objetivo do pesquisador, em sua linha de pesquisa, gerar conhecimentopara ser utilizado no campo. Afinal o objetivo da cincia gerar tecnologia e garantir a sustentabilidade financeira,ambiental e social do agronegcio. Sendo assim, a epidemiologia por quantificar e gerar resultados plausveis de seremanalisados e diferenciados entre si, tem sido cincia de ampla utilizao no manejo de doenas de plantas.

    praticamente impossvel, analisar qualquer ttica de controle, seja ela qumica, gentica e nutricional, semavaliar doenas, incluindo a escolha do perodo e periodicidade de avaliao, sem realizar amostragem, sem definir qualvarivel de intensidade ser empregada: incidncia, severidade ou ambas e ainda qual escala diagramtica? Depois decoletados os dados, vem outra pergunta: Como analis-los? Por data de avaliao? Deve-se integr-los em rea abaixoda curva de progresso da doena (AACPD)? Deve-se plotar as curvas de progresso, ajustar modelos e obter as taxaspara diferenciar os tratamentos? Qual teste de mdias deve-se empregar, um rigoroso, ou melhor, o que significa essarigorosidade na avaliao do custo benefcio da tomada da medida de controle para o produtor? Por outro lado, a buscaincessante por tecnologia sobrepe regras bsicas da agricultura como a correo da acidez do solo e a manuteno dadisponibilidade de gua, fatores essenciais para expressar a resistncia horizontal, constitutiva da planta. Sem gua, porexemplo, essa resistncia, tambm chamada quantitativa, expressa em baixos nveis e assim a frmula: Fentipo =Gentipo + Meio ambiente, fica comprometida, devido simplesmente a faltar ambiente favorvel expresso gnica.Entre os princpios de controle de Whetzel comprometidos, o da regulao, principalmente, deixou de ser empregadona estratgia de manejo. Pode-se contribuir com esse princpio, disponibilizando gua no solo, com a calagem e aadubao equilibrada de nutrientes, entre outros mtodos.

    Para expressar diversas barreiras de resistncia, como exemplo, destaca-se a necessidade do equilbrio do clciocom outros nutrientes, suprido por meio da calagem. Certamente esse suprimento contribuir para reduzir a taxa deprogresso da doena no campo e tambm aumentar a sustentabilidade do agronegcio. Para exemplificar, o emprego daepidemiologia da cincia pratica, citam-se as pesquisas geradas desde ambientes controlados at sua utilizao nocampo em reas comerciais, com esse nutriente para a cultura a cercosporiose na cultura do cafeeiro .

    Em viveiros de caf, a utilizao de substratos pobres em matria orgnica, com desequilbrio de nutrientes podepredispor as mudas cercosporiose. Baixas dosagens de nitrognio e altas de potssio, sem a presena de Clcio (calagemadequada) proporcionaram aumento na severidade da doena (Figura 1) e maior porcentual de desfolha (Pozza et al. 2001).O aumento do nitrognio de 3 para 11 mmol/L, em soluo nutritiva, reduziu a rea abaixo da curva de progresso dacercosporiose em aproximadamente 40%, enquanto o potssio provocou o efeito inverso. Provavelmente devido a concorrercom o clcio, constituinte essencial da parede celular. Sem esse elemento a parede celular pode ter menor espessura e rigidez.

    Mesa RedondaXLIII Congresso Brasileiro de Fitopatologia

    Tropical Plant Pathology 35 (Suplemento), agosto 2010 XXI

    Figura 1. rea abaixo da curva de progresso (AACP) de leses deC. coffeicola por folha de cafeeiro, em funo de doses de N (mmol/L) ede K (mmol/L) em soluo nutritiva.

    00II Palestras e Mesa-AF 20.07.10 17:03 Page XXI

  • Comprovando o experimento anterior, doses de Clcio proporcionaram reduo na rea abaixo da curva deprogresso da incidncia da cercosporiose (Figura 2) em soluo nutritiva (Garcia Jr. et al.,2003).

    Mesa Redonda

    Tropical Plant Pathology 35 (Suplemento), agosto 2010

    XLIII Congresso Brasileiro de Fitopatologia

    XXII

    Figura 2. rea abaixo da curva de progresso de incidncia de Cercosporacoffeicola em funo das doses de clcio em soluo nutritiva (Garcia Jr. etal.,2003).

    Figura 3. Mudas com adubao equilibrada de clcio e potssio,conforme anlise de solo (esquerda). A direita mudas semadubao com clcio no solo e com excesso de potssio,resultando em intensa desfolha por cercosporiose.

    Quando aplicado no solo, na dose de 1 g de CaCO3 por Kg de substrato, proporcionou menor intensidade dadoena e maior padro sanitrio das mudas, quando comparado a mudas sem adubao com clcio e com excesso depotssio (Figura 3).

    Esses resultados foram validados em experimento de campo em rea de aproximadamente 10 ha, no municpiode Ijaci-MG, ao longo de trs anos, com a utilizao de metodologias de avaliao capazes de contribuir para entendera relao obtida em ambientes controlados. No caso da produo dessa rea, em 2005, observou-se padro devariabilidade espacial correspondente nos mapas de produtividade em 2005 com os de teor foliar de Ca, Mg, B,incidncia foliar de ferrugem e cercosporiose em 6/2005 (Figura 4). Com relao produo em 2006, observou-sepadro de variabilidade espacial correspondente nos mapas de produtividade em 2006 com os de teor foliar de Cu endice de rea foliar em 12/2005, argila, silte, matria orgnica, SB e t no solo em 2/2006, ndice de rea foliar,intensidade de ferrugem e cercosporiose nas folhas, teores foliares de Ca e Mg em 5/2006. Tambm foram observadospadres inversos com os mapas de severidade foliar de ferrugem, incidncia e severidade foliar de cercosporiose em12/2005 e infestao de broca em 5/2006. Deve-se lembrar que esses resultados somente devero constituir um dositens do manejo de doenas e certamente nunca sero a soluo definitiva para conter as epidemias de doenas nocampo.

    Levando em conta esses resultados e o estudo de outras doenas em cafeeiro dentro da linha de pesquisa, dolaboratrio at o campo, o prximo passo foi implanta-los em lavoura comercial. Foram avaliados em propriedade, nacidade de Campos Altos e Medeiros-MG, esquema de consultoria, em lavoura de aproximadamente 600 ha, privilegiandoos princpios da regulao, evaso, reduo do inculo inicial, proteo, alm do monitoramento de doenas. Aps trsanos, houve aumento na produtividade, de 27 para 31 sacas/ha, com custo/benefcio positivo para o produtor ao longodos anos.

    O uso dessas prticas, baseadas em cincia, e a todo o momento relembrando os conceitos bsicos daagricultura e da fitopatologia, contribuiu para a propriedade ser agraciada com o prmio de Boas prticas e

    00II Palestras e Mesa-AF 20.07.10 17:03 Page XXII

  • Sustentabilidade da Lavoura Cafeeira, de empresa italiana, importadora e torrefadora de caf, julgado anualmente entrevrios produtores de todo Brasil, fornecedores de cafs de qualidade. Enfim, foi a cincia a servio da prtica, comsustentabilidade social, ambiental e financeira.

    Mesa RedondaXLIII Congresso Brasileiro de Fitopatologia

    Tropical Plant Pathology 35 (Suplemento), agosto 2010 XXIII

    Figura 4. Krigagem de nitrognio (N) (g.kg-1), fsforo (P) (mg.dm-3), potssio (K)(mg.dm-3), clcio (Ca) (g.kg-1), magnsio (Mg) (g.kg-1), enxofre (S) (g.kg-1),cobre (Cu) (mg.dm-3), ferro (Fe) (mg.dm-3), mangans (Mn) (mg.dm-3), zinco(Zn) (mg.dm-3), boro (B) (mg.dm-3), ndice de rea foliar (escala diagramtica),incidncia (%) de ferrugem e cercosporiose nas folhas, incidncia (%) eseveridade (escala diagramtica) de cercosporiose nos frutos, infestao debicho-mineiro nas folhas (%) e infestao de broca-do-caf (%) nos frutos,amostrados em 15/06/2005. UFLA, Lavras, MG, 2006.

    POZZA, A. A. A., MARTINEZ, H. E. P., CAIXETA, S. L., CARDOSO, A. A., ZAMBOLIM, L., POZZA, E. A. . INFLU NCIA DA NUTRIOMINERAL NA INTENSIDADE DA MANCHA-DE-OLHO-PARDO EM MUDAS DE CAFEEIRO. Pesquisa Agropecuria Brasileira, v. 36,n. 1, p. 53-60, 2001

    GARCIA JNIOR, D., POZZA, E. A., POZZA, A. A. A., SOUZA, P. E., CARVALHO, J. G., BALIEIRO,A.C. Incidncia e severidade dacercosporiose do cafeeiro em funo do suprimento de potssio e clcio em soluo nutritiva. Fitopatologia Brasileira, v.28, n.3,p.286-291,2003.

    ALVES, M.C., SILVA, F.M., POZZA, E.A., OLIVEIRA, M.S. Modeling spatial variability and pattern of rust and brown eye spot in coffeeagroecosystem. Journal of Pest Science. v.83, p.137-148, 2009.

    Critrios prticos de fundamento epidemiolgico que auxiliam na tomada de deciso para ocontrole de doenas de plantas

    Fernando Cezar Juliatti1; Anakely Alves Rezende1; Francisco Xavier Ribeiro do Vale21LAMIP, Setor de Fitopatologia, UFU, Bloco 2E, Uberlndia, MG, email:[email protected]; 2 Departamento de

    Fitopatologia, UFV, Viosa-MG, [email protected], [email protected]

    Durante aproximadamente trs dcadas, a partir dos anos 40, o controle de doenas perseguiu um nico objetivo,o de eliminar ou exterminar completamente os patgenos nocivos de campos comerciais. Fatos passados, apontados porRachel Carson em se livro Primavera Silenciosa, impuseram uma nova dinmica no manejo ecolgico de pragas edoenas a partir da dcada de 60. Onde, a convivncia com o problema com as inmeras tticas de manejo ou controle mais fcil do que a sua erradicao. Essa deciso nem sempre fcil: a adoo da filosofia do manejo integrado dedoenas (MID) requer que se encontre o ponto de equilbrio entre a confiabilidade e a simplicidade dos mtodos a seremempregados. Os principais componentes que devem ser considerados na tomada de deciso por parte do agricultor paraestabelecer uma estratgia de controle so: o valor da produo, o custo de controle da doena, o valor esperado dasperdas da cultura e a determinao da intensidade da doena (monitoramento espao-temporal), visando determinar o

    00II Palestras e Mesa-AF 20.07.10 17:03 Page XXIII

  • perodo e local para efetuar o controle (JESUS JUNIOR et al., 2004; REIS, 2009).. Essas v