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AULA 9 – NEGÓCIO JURÍDICO DIREITO CIVIL I –PARTE GERAL– LUCY FIGUEIREDO [email protected]

2012.1 semana 9 negocio juridico

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AULA 9 – NEGÓCIO JURÍDICO

DIREITO CIVIL I –PARTE GERAL– LUCY FIGUEIREDO

[email protected]

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DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS

1.Negócio jurídico (conceito e classificação).

2.Noções sobre os planos de existência, validade e

eficácia do negócio jurídico.

3.Da representação.

4.Elementos acidentais (condição, termo, encargo ou

modo): conceitos, espécies e efeitos jurídicos.

SEMANA 9 - PLANO DE ENSINO

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NEGÓCIO JURÍDICO é uma espécie do gênero ato jurídico em sentido amplo. Pode ser entendido como toda ação humana, de autonomia privada, com o qual o particular regula por si os próprios interesses. Nele há uma composição de interesses.

Os atos praticados pelos agentes foram previstos em lei e desejados por eles.

Segundo Caio Mário de Silva Pereira - são declarações de vontade destinadas à produção de efeitos jurídicos queridos pelo agente.

1.Negócio jurídico - conceito

“O fundamento e os efeitos do negócio jurídico assentam, então, na vontade, não uma vontade qualquer, mas aquela que atua em conformidade com os preceitos ditados pela ordem legal”.

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Quanto à manifestação da vontade

unilaterais – a declaração de vontade, feita por uma ou mais pessoas, na mesma direção (ex.: testamento, renúncia) bilaterais – duas manifestações de vontade, em sentido oposto, porém há coincidência em relação ao objeto. (ex: compra e venda, locação, prestação de serviços);

Quanto às vantagens gratuitos – outorgam vantagens, sem exigir do beneficiário qualquer contraprestação (contratos de comodato e de doação)onerosos – impõem sacrifícios e vantagens patrimoniais a todos os envolvidos ( compra e venda).

Quanto à subordinação

principais – são os negócios jurídicos que têm existência própria e não dependem de nenhum outro (compra e venda, locação etc.); acessórios – aquele cuja existência subordina a um outro(fiança, caução).

Classificação do negócio jurídico

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Quanto às formalidades

Quanto à pessoa

solenes – são celebrados de acordo com a forma prevista na lei; (exemplo: testamento público, constante dos artigos 1864 a 1867 do Código Civil Brasileiro),

não solenes – não dependem de forma rígida para sua celebração, além da manifestação de vontade (exemplo: contrato de compra e venda)

impessoais – não importa quem sejam as partes; (exemplo: qualquer pessoa pode entrar numa loja e adquirir um produto)

intuitu personae – aquele realizado de acordo com as qualidades especiais de quem o celebra. (exemplo: procuração, em que uma pessoa vai conceder poderes a uma determinada pessoa).

Classificação do negócio jurídico

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Para a interpretação do Negócio Jurídico, o próprio Código Civil estabelece regras a serem observadas em caso de dúvidas:

Estabelece, pois, uma regra de interpretação destacando o elemento intenção sobre a literalidade da linguagem.

Cabe ao intérprete investigar qual foi a real intenção dos contratantes na elaboração da cláusula contratual duvidosa ou obscura.

INTERPRETAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS

Art. 112 do CC: “Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem”.

Art. 113 do CC.“Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração”.

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Normas interpretativas: O Código Civil possui as seguintes:

Nas declarações de vontade atender-se-á mais a sua intenção do que ao

sentido literal da linguagem. (art.112);

A transação interpreta-se restritivamente (art. 843) ;

A fiança dar-se-á por escrito e não admite interpretação extensiva

(art.819);

Os Negócios jurídicos benéficos interpretar-se-ão estritamente (art. 114);

Quando a cláusula testamentária for suscetível de interpretações

diferentes, prevalecerá a que melhor assegure a observância da vontade

do testador. (Art. 1.899)

INTERPRETAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS

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A doutrina e a jurisprudência têm entendido em matéria interpretativa que:

a)em relação aos contratos deve-se ater à boa fé, às necessidades de crédito e a equidade; b)nos contratos que tiverem palavras que admitam 2 sentidos, deve-se preferir o que mais convier a sua natureza; c)nos contratos de compra e venda, no que concerne à extensão do bem alienado, deve-se interpretar em favor do comprador; d)no caso de ambigüidade, interpreta-se de conformidade com o costume do país; e)na interpretação contratual considerar-se-ão as normas jurídicas correspondentes; f)nas estipulações obrigacionais dever-se-á interpretar do modo menos oneroso para o devedor; g)no conflito entre 2 cláusulas a antinomia prejudicará o outorgante e não o outorgado; h)na cláusula suscetível de 2 significados, interpretar-se-á em atenção ao que poder ser exeqüível; i)nas cláusulas duvidosas, prevalecerá o entendimento de que se deve favorecer quem se obriga.

INTERPRETAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS

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O negócio jurídico é uma emissão volitiva dirigida a um determinado fim. Para que produza todos os efeitos, é necessário que se revista de certos requisitos referentes à pessoa do agente, ao objeto da relação e à forma da emissão da vontade.

1.Inicialmente a pergunta do jurista é para saber se está diante de um autêntico negócio jurídico ou não, pois, se aquele ato não se revestir dos elementos fundamentais ou estruturais (partes, vontade, objeto e forma), não será um negócio jurídico e será tido com o inexistente.

2.Em segundo lugar, vendo-se diante de um negócio jurídico, o jurista deve então observar os requisitos para sua validade (art. 104), ou seja, se aquele ato não contém algum vício na sua formação, seja esse vício relacionado à declaração de vontade, ou um vício relacionado à capacidade das partes, bem como, quanto à sua forma, afim de que aquele ato produza os efeitos desejado pela partes contratantes.

3.Por fim, o jurista observará se aquele negócio jurídico contém ou não algum elemento ou cláusula que pode sustar a sua eficácia, ou seja, a produção dos efeitos desejados, por um determinado tempo.

Existência, validade e eficácia do negócio jurídico

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Desta forma, podemos analisar o negócio jurídico sob a ótica de três planos, quais sejam:

NO PLANO DA EXISTÊNCIA, importa apenas a realidade da existência. Não se indaga da validade/invalidade ou eficácia. São os seus elementos estruturais: a declaração de vontade, a finalidade negocial; Idoneidade do objeto. Sem eles, o negócio não existe. (partes, vontade, objeto e forma)

O PLANO DA VALIDADE são condições necessárias para o produza seus efeitos. Se os possui é válido, se não os possui, o negócio é inválido podendo ser nulo ou anulável são os requisitos do art. 104 do CC. Agente capaz; objeto lícito, possível, determinado ou determinável; forma prescrita ou não defesa em lei.

O PLANO DE EFICÁCIA é onde os fatos jurídicos produzem seus efeitos, pressupondo a passagem pelo plano da existência, não, todavia, pelo plano da validade.

Existência, validade e eficácia do negócio jurídico

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ELEMENTOS ESSENCIAIS

ELEMENTOS ACIDENTAIS

Plano da EficáciaCondiçãoTermoEncargo

Plano de ExistênciaPartesVontadeObjetoForma

NEGÓCIOJURÍDICO

Plano de ValidadeAgente CapazObjeto lícito e possívelForma prescrita ou não defesa em lei

ELEMENTOS ESTRUTURAIS

Existência, validade e eficácia do negócio jurídico

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TERCEIRO DEGRAU: o plano da eficácia. Estão as conseqüências do negócio jurídico, seus efeitos práticos no caso concreto. Elementos acidentais (condição, termo e encargo).

SEGUNDO DEGRAU: o plano da validade. Os substantivos recebem os adjetivos. Requisitos de validade (art 104) -> partes capazes, vontade livre (sem vícios), objeto lícito, possível ou determinado ou determinável, e forma prescrita ou não defesa em lei. Temos aqui os requisitos da validade. Não há dúvida, o código civil adotou o plano da validade. Se tenho um vício de validade, ou problema estrutural, ou funcional, o negocio jurídico será nulo (166 e 167) ou anulável (171).

PRIMEIRO DEGRAU: o plano da existência. Onde estão os elementos mínimos, os pressupostos de existência. Sem eles, o negócio não existe. Substantivos (partes, vontade, objeto e forma) sem adjetivos. Se não tiver partes, vontade, objeto e forma, ele não existe.

Esta tricotomia é também chamada de Escada Ponteana porque na visão de Pontes de Miranda, o negócio jurídico é dividido em três planos, o que gera um esquema gráfico como uma estrada com três degraus, denominada por parte da doutrina, como escada ponteana.

A ESCADA PONTEANA

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Dúvida prática: O CC/2002 adota expressamente o plano da existência?

Resposta: Não, não há previsão contra a teoria da existência. No artigo 104, já trata do plano da validade. E também, só há regras para a nulidade absoluta: 166 e 167; e nulidade relativa ou anulabilidade, art 171. O plano da existência está embutido no plano da validade (implícito). Teoria inútil para alguns doutrinadores: casamento inexistente: resolve com a questão da nulidade; contrato inexistente se resolve com a teoria da nulidade. Mas é uma teoria didática. Vários autores são adeptos da teoria da inexistência.

Existência, validade e eficácia do negócio jurídico

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I - Agente capaz Para que o negócio jurídico ganhe plena eficácia produzindo todos os seus efeitos, exige a lei que ele seja praticado por agente capaz. Por agente capaz há que se entender a pessoa capaz ou emancipada para os atos da vida civil.

 II – Objeto lícito e possível, determinado ou determinável; A licitude está inserida no conceito. É mister que o alcance visado pelo ato não seja ofensivo à ordem jurídica. A sua liceidade é condição essencial à eficácia do negócio jurídico, que sempre tem por finalidade produzir efeitos jurídicos através da manifestação de vontade. Esta tem que ser sempre voltada para fins legítimos, possíveis, determinados ou determináveis. Quando o efeito não for legítimo ou possível, apesar de existir a vontade, caracteriza-se um ato ilegítimo, ilícito.

REQUISITOS PARA A VALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO

Art. 104 “A validade do negócio jurídico requer: I – agente capaz; II – objeto lícito, possível, determinado ou determinável; III – forma prescrita ou não defesa em lei”.

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III - Forma prescrita ou não defesa em lei Todo negócio jurídico tem uma forma.

A vontade, manifestada pelas pessoas, pode ser verbal, por escrito, ou através de gestos.

Em numerosos casos a lei exige das partes uma forma especial. A regra geral é a forma livre.

Isto significa que todas as exceções devem ser respeitadas, ou seja, se a lei impuser forma especial, esta deverá ser atendida.

Por exemplo, a compra de uma casa à vista, deve ser através da escritura pública. Se realizada por instrumento particular, não tem validade, porque a lei impõe uma forma (CC, artigo 108).

Art. 107 do CC “A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir”.

REQUISITOS PARA A VALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO

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Segundo Nelson Nery " Reserva Mental é a emissão de uma declaração não querida em seu conteúdo, tampouco em seu resultado, tendo por único objetivo enganar o declaratário" (Nery, Vícios, n. 3.1, p. 18)

Na reserva mental o que o agente deseja é diferente do que ele declarou. Sua declaração é para enganar a pessoa com quem celebrou o negócio jurídico ou a terceiros. Tem como elementos caracterizadores a declaração não querida em seu objeto e o intento de enganar terceiros ou mesmo o declaratário.

A Reserva mental

Professora,

Cadê o

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Exemplos: 1 - declaração do autor de determinada obra literária, anunciando que o produto da venda dos livros terá destinação filantrópica, mas com o único intuito de obter lucros com boa vendagem.2 - homem, com o propósito de manter relação sexual com uma mulher, afirma que se casará com ela.3 - estrangeiro que, em situação ilegal no país, casa-se com uma mulher da terra a fim de não ser expulso pelo serviço de imigração.4 - declaração do testador que, com a preocupação de prejudicar herdeiro, dispõe em benefício de quem se diz falsamente devedor.

Veremos mais sobre o assunto ao tratarmos dos vícios de vontade ou consentimento

A Reserva mental

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Da representação

Representação: é a possibilidade de outro praticar atos da vida civil no lugar do interessado, de forma que o primeiro, o representante, possa conseguir efeitos jurídicos para o segundo, o representado, do mesmo modo que este poderia fazê-lo pessoalmente. Pode ser legal ou voluntária.

O representante posiciona-se de maneira que conclua negócios em lugar diverso de onde se encontra o representado, ou quando este se encontra temporariamente impedido de atuar na vida negocial, ou ainda quando o representado não queira envolver-se diretamente na vida dos negócios.

Representar, portanto, é agir em nome de outrem.

Quem age em nome de outrem sem poderes pratica ato nulo ou anulável.

Art. 115. Os poderes de representação conferem-se por lei ou pelo interessado

Art. 116. A manifestação de vontade pelo representante, nos limites de seus poderes, produz efeitos em relação ao representado.

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O representante atua em nome do representado, no lugar do representado.

O representante conclui o negócio não em seu próprio nome, mas como pertencente ao representado.

Quem é a parte no negócio é o representado e não o representante.

O representante é um substituto do representado, porque o substitui não apenas na manifestação externa, fática do negócio, como também na própria vontade do representado.

Da representação

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REPRESENTAÇÃO

LEGALA representação legal ocorre quando a lei estabelece, para certas situações, uma representação, o que ocorre no caso dos incapazes, na tutela, curatela etc.

Nesses casos, o poder de representação decorre diretamente da lei, que estabelece a extensão do âmbito da representação, os casos em que é necessária, o poder de administrar e quais as situações em que se permite dispor dos direitos do representado.

Art. 120. Os requisitos e os efeitos da representação legal são os estabelecidos nas normas respectivas; os da representação voluntária são os da Parte Especial deste Código. 

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A representação voluntária é baseada, em regra, no mandato, cujo instrumento é a PROCURAÇÃO.

A figura da representação não se confunde com a do mandato.

O vigente Código Civil traz, em sua parte geral, disposições gerais sobre a representação (arts. 115 a 120), distinguindo o art. 115 essas duas formas de representação, conferidas "por lei ou pelo interessado".

Para que essa situação ocorra, é necessário, primeiramente, que o ordenamento jurídico a permita e, em segundo lugar, que os requisitos desse mesmo ordenamento jurídico tenham sido cumpridos.

REPRESENTAÇÃO

VOLUNTÁRIA

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Quando se trata da representação legal, é na lei que se procura o teor do poder de representação.

O pai, na administração de bens do filho, possui poderes gerais de gerência, não podendo, contudo, aliená-los ou gravá-los, sem autorização judicial. Para contrair obrigações, o princípio é o mesmo.

Tal não ocorre, porém, quando se tratar de aquisição de direitos que, em tese, beneficiam o menor ou incapaz. A lei tem em mira, aí, a proteção ao incapaz de consentir.

Na representação voluntária, é na vontade emitida pelo representado que se deve aquilatar a extensão dos poderes outorgados ao representante. O representante legal pode, por sua vez, constituir representante voluntário que representará o incapaz em determinados atos.

Da representação legal e voluntária

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CONTRATO CONSIGO MESMO (AUTOCONTRATAÇÃO)

O instituto está regulado no artigo 117 do Código Civil, segundo o qual

Note-se que estamos diante de uma exceção, haja vista que, regra geral, o mandatário (representante), não pode atuar em seu próprio interesse, não lhe sendo lícito celebrar contrato consigo mesmo, ainda que não exista conflito de interesse.

Sendo assim, apenas excepcionalmente o mandante ou a lei podem autorizar que o mandatário atue em nome do representado e que também se apresente como a outra parte do negócio jurídico a ser celebrado.

Art. 117. Salvo se o permitir a lei ou o representado, é anulável o negócio jurídico que o representante, no seu interesse ou por conta de outrem, celebrar consigo mesmo. Parágrafo único. Para esse efeito, tem-se como celebrado pelo representante o negócio realizado por aquele em quem os poderes houverem sido subestabelecidos.

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Exemplificando: “Nilo" outorga procuração para “Francisco", para que esse realize a venda de sua casa. Ocorre que “Francisco" se interessa pelo imóvel e decide adquiri-lo. A celebração do contrato de compra e venda e, da respectiva escritura envolverá apenas uma pessoa: “Francisco", que, de um lado, estará representando “Nilo" e, de outro, os seus próprios interesses.

Em sendo esse o caso, deve-se compreender que, embora fisicamente haja uma única pessoa (Francisco), são duas as manifestação de vontade, uma, como representante de ‘Nilo’ e a outra, como parte do negócio jurídico celebrado.

CONTRATO CONSIGO MESMO (AUTOCONTRATAÇÃO)

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Art. 118. O representante é obrigado a provar às pessoas, com quem tratar em nome do representado, a sua qualidade e a extensão de seus poderes, sob pena de, não o fazendo, responder pelos atos que a estes excederem.

É importante que os terceiros tenham ciência da representação, sob pena de inviabilizar o negócio jurídico. Essa é uma das questões fulcrais da matéria.

Art. 119. É anulável o negócio concluído pelo representante em conflito de interesses com o representado, se tal fato era ou devia ser do conhecimento de quem com aquele tratou. Parágrafo único. É de cento e oitenta dias, a contar da conclusão do negócio ou da cessação da incapacidade, o prazo de decadência para pleitear-se a anulação prevista neste artigo.

Da representação legal e voluntária

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Também o representante legal do incapaz deve informar sua qualidade a terceiros. Sem que o terceiro tenha plena ciência da representação, sua extensão e qualidade, seja ela voluntária ou legal, o dito representante responderá pela prática de atos que excederem os poderes.

A esse propósito, o art. 119 pontifica ao afirmar que é anulável o negócio concluído pelo representante em conflito de interesses com o representado, se tal fato era ou devia ser conhecido pelo terceiro com quem contratou.

A questão, como se vê, é complexa e depende da apuração probatória no caso concreto. Procurando o atual Código restringir a instabilidade dos negócios jurídicos de maneira geral, neste passo o atual ordenamento estabelece o prazo decadencial de 180 dias para o pleito de anulação, a contar da conclusão do negócio ou cessação da incapacidade.

Da representação legal e voluntária

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ELEMENTOS ACIDENTAIS DO NEGÓCIO JURÍDICO

No plano da eficácia, verifica-se o negócio se é eficaz quando produzidos os efeitos manifestados como queridos pelas partes.

Elementos acidentais do negócio jurídico: são elementos que interferem na eficácia do negócio jurídico e têm como objetivo modificar uma ou algumas consequências naturais dos negócios jurídicos

Não estão no plano de sua existência ou no de sua validade, mas no plano de sua eficácia, sendo sua presença dispensável. Isto não significa dizer que esses elementos são acessórios à condução da sua eficácia. Entretanto, em alguns casos a sua presença pode gerar a nulidade do negócio jurídico (art. 123, CC).

Neste campo de estudo, são considerados elementos acidentais limitadores da eficácia do negócio jurídico ou elementos acidentais: condição, termo e encargo.

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CONDIÇÃO – É o acontecimento futuro e incerto que subordina a eficácia de determinado negócio jurídico, ou seja, é o elemento acidental do negócio jurídico, que faz o mesmo depender de um evento futuro e incerto (art. 121, do CC).

A incerteza deve ser objetiva e não subjetiva.

Enquanto não realizada a condição, o ato não pode ser exigido. Assim, a promessa de pagar quantia a alguém, se concluir curso superior, não pode ser exigida enquanto não ocorrer o evento.

A condição atinge os efeitos dos negócios jurídicos se assim desejarem os agentes. Uma vez que o ato sob condição apresenta-se como todo unitário, não deve a condição ser encarada como cláusula acessória.

Art. 121 “Considera–se condição a cláusula que derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do negocio jurídico a evento futuro e incerto”.

CONDIÇÃO

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a) QUANTO À POSSIBILIDADE:

b) QUANTO À LICITUDE:

c) QUANTO À PARTICIPAÇÃO DOS CELEBRANTES:

a)causalb)potestativac)simplesmente potestativa

d) QUANTO AO MODO DE ATUAÇÃO:

a) lícitab) ilícita;

a) possívelb) impossível (física ou jurídica);

SuspensivaResolutiva

Condição – Classificação (gráfico)

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a) QUANTO À POSSIBILIDADE: possível e impossível (física ou jurídica);

b) QUANTO À LICITUDE: lícita e ilícita;

C) QUANTO À PARTICIPAÇÃO DOS CELEBRANTES: causal - depende de acontecimento fortuito ou da vontade exclusiva

de terceiros- Ex. te darei tal quantia se chover amanhã.

potestativa -depende da vontade exclusiva de uma das partes- Ex."se eu me casar", "se eu viajar para o Rio", "se eu vender minha casa"

simplesmente potestativa ( fica totalmente sobre a vontade de uma das partes, nesse caso, é nulo), mista ( junta a vontade de uma ou ambas as partes com a vontade de terceiro); "se eu puder", "se eu entender conveniente", "se eu assim decidir”

CONDIÇÃO - Classificação

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D) QUANTO AO MODO DE ATUAÇÃO: Suspensiva – a eficácia do negócio jurídico fica suspensa até a implementação de evento futuro e incerto. Ex. “Te darei uma quantia se te graduares no curso superior“. As partes protelam o negócio temporariamente a eficácia, quando o evento futuro e incerto acontecer o negócio se realiza.

Resolutiva – subordina a ineficácia do negócio a evento futuro e incerto. Quando ocorre o evento futuro e incerto extingue-se os efeitos do negócio jurídico. Ex. "pagar-te-ei uma pensão enquanto estudares"

CONDIÇÃO - Classificação

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NEGÓCIOS JURÍDICOS QUE NÃO ACEITAM CONDIÇÃO(ATOS PUROS)

São condições não aceitas pelo direito:

a) não se casar;

b) exílio ou morada perpétua em determinado lugar;

c) exercício de determinada profissão;

d) seguimento de determinada religião;

e) aceitação ou renúncia de herança;

f) reconhecimento de filho;

g) emancipação.

CONDIÇÃO

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TERMO: A eficácia de um negócio jurídico pode ser fixada no tempo. Determinam as partes ou fixa o agente quando a eficácia do ato começará e terminará. Esse dia do início e do fim da eficácia do negócio chama-se termo, que pode ser inicial ou final.

TERMO INICIAL (ou suspensivo ou dies a quo) aquele a partir do qual se pode exercer o direito; O termo inicial suspende a eficácia de um negócio até sua ocorrênciaTERMO FINAL (ou extintivo ou dies ad quem) aquele no qual termina a produção de efeitos do negócio jurídico.o termo final resolve seus efeitos. ) TERMO CERTO – estabelece de uma data de calendário; TERMO INCERTO – evento futuro, que se verificará em data indeterminada; TERMO SUSPENSIVO – a partir dele se pode exercer determinado direito; TERMO RESOLUTIVO – a partir dele cessa os efeitos do negócio jurídico.

TERMO

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Art. 132. Salvo disposição legal ou convencional em contrário, computam-se os prazos, excluído o dia do começo, e incluído o do vencimento.

§ 1o Se o dia do vencimento cair em feriado, considerar-se-á prorrogado o prazo até o seguinte dia útil.

§ 2o Meado considera-se, em qualquer mês, o seu décimo quinto dia.

§ 3o Os prazos de meses e anos expiram no dia de igual número do de início, ou no imediato, se faltar exata correspondência.

§ 4o Os prazos fixados por hora contar-se-ão de minuto a minuto

PRAZO é o lapso de tempo compreendido entre o termo inicial e o termo final.

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ATENÇÃO

Não confundir termo inicial com condição suspensiva.

Na condição suspensiva configura-se uma mera expectativa de direito, enquanto que no termo inicial, configura-se um direito adquirido conforme preceituam os arts. 125 e 131 do CC.Art. 125. Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva, enquanto esta se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa.

Art. 131. O termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito.

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ENCARGO OU MODO – cláusula acessória, em regra, descreve atos de liberalidade inter vivos ou causa mortis , que impõe ônus ou obrigação a uma pessoa contemplada pelos referidos atos.

O encargo distingue da condição porque ele não suspende a eficácia do negócio, apenas destina a coisa adquirida. A aquisição é prefeita e acabada desde logo.

O encargo não suspende a aquisição ou exercício de direito. Ex. faço doação a instituição, impondo-lhe o encargo de prestar determinada assistência a necessitados; faço legado de determinada quantia a alguém, impondo-lhe o dever de construir monumento em minha homenagem; etc.

Obs1. Art. 555 CC. “A doação pode ser revogada por ingratidão do donatário ou por inexecução do encargo”.Obs2. Considera-se não escrito o encargo ilícito ou impossível, salvo se constituir o motivo determinante da liberalidade, caso em que se invalida o negócio jurídico.

ENCARGO OU MODO

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Carlos Alberto e Miguel são colegas de turma e estudam no 3o período da

faculdade de Direito. Durante a aula de Direito Civil, Miguel, que anotava a

matéria, vê que sua caneta começa a falhar. Carlos Alberto, percebendo

que o amigo está em dificuldades, abre seu estojo, tira dele uma lapiseira

e, em silêncio, a entrega a Miguel que, também em silêncio, a aceita e

retoma suas anotações. Ao final da aula, Carlos Alberto pede a lapiseira de

volta. Miguel se recusa a devolvê-la, alegando ter havido uma doação na

presença de diversas testemunhas.

Pergunta-se:

Carlos Alberto e Miguel são colegas de turma e estudam no 3o período da

faculdade de Direito. Durante a aula de Direito Civil, Miguel, que anotava a

matéria, vê que sua caneta começa a falhar. Carlos Alberto, percebendo

que o amigo está em dificuldades, abre seu estojo, tira dele uma lapiseira

e, em silêncio, a entrega a Miguel que, também em silêncio, a aceita e

retoma suas anotações. Ao final da aula, Carlos Alberto pede a lapiseira de

volta. Miguel se recusa a devolvê-la, alegando ter havido uma doação na

presença de diversas testemunhas.

Pergunta-se:

CASO CONCRETO 1

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1) Houve negócio jurídico entre Carlos Alberto e Miguel? Justifique a resposta. 2)Tomando por base a classificação dos negócios jurídicos como podemos classificar o ato praticado ?

3) É possível a prática de negócio jurídico sem a troca de palavras?

4) Como se deve resolver o conflito entre Carlos Alberto e Miguel, diante das regras de interpretação contidas em nosso Código Civil?

1) Houve negócio jurídico entre Carlos Alberto e Miguel? Justifique a resposta. 2)Tomando por base a classificação dos negócios jurídicos como podemos classificar o ato praticado ?

3) É possível a prática de negócio jurídico sem a troca de palavras?

4) Como se deve resolver o conflito entre Carlos Alberto e Miguel, diante das regras de interpretação contidas em nosso Código Civil?

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José Carlos decide doar bens imóveis de sua propriedade para Júlio e determina que tais bens sejam utilizados em atividades de ensino para crianças com necessidades especiais. Júlio assume o compromisso de cumprir tal destinação. Pouco tempo depois, os bens recebidos por ele são utilizados para a implantação de uma rede de padarias.

1.A doação feita para Júlio possuí algum elemento acidental? Em caso positivo, justifique e conceitue. Em caso negativo, justifique.2.Pode haver revogação do contrato celebrado? Fundamente a resposta.3.Aplica-se na hipótese, a regra do artigo 125 do CC? Esclareça.

José Carlos decide doar bens imóveis de sua propriedade para Júlio e determina que tais bens sejam utilizados em atividades de ensino para crianças com necessidades especiais. Júlio assume o compromisso de cumprir tal destinação. Pouco tempo depois, os bens recebidos por ele são utilizados para a implantação de uma rede de padarias.

1.A doação feita para Júlio possuí algum elemento acidental? Em caso positivo, justifique e conceitue. Em caso negativo, justifique.2.Pode haver revogação do contrato celebrado? Fundamente a resposta.3.Aplica-se na hipótese, a regra do artigo 125 do CC? Esclareça.

CASO CONCRETO 2

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CASO CONCRETO 3

Antero empresta a Luiz Guilherme a quantia de R$ 4.500,00 (quatro

mil e quinhentos reais ), concedendo a este último um ano de prazo

para pagar. O empréstimo ocorre no dia 26 de junho. O dia 26 de

junho do ano seguinte é um sábado.

Pergunta-se:

1) Qual é a data do vencimento da dívida de Luiz Guilherme?

2) No caso, identifique o termo e o prazo para o pagamento da

dívida.

CASO CONCRETO 3

Antero empresta a Luiz Guilherme a quantia de R$ 4.500,00 (quatro

mil e quinhentos reais ), concedendo a este último um ano de prazo

para pagar. O empréstimo ocorre no dia 26 de junho. O dia 26 de

junho do ano seguinte é um sábado.

Pergunta-se:

1) Qual é a data do vencimento da dívida de Luiz Guilherme?

2) No caso, identifique o termo e o prazo para o pagamento da

dívida.

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Requisitos de validade do negócio jurídico.

O Código Civil exige, para a validade do ato jurídico, que o agente seja capaz. Tal disposição legal configura a exigência de que o agente: A) tenha capacidade de gozo, a capacidade de direito, a capacidade de aquisição.B) tenha capacidade de fato, a capacidade de ação, a capacidade de exercício.C) pessoa física, seja dotado de personalidade jurídica.D) tenha sempre mais de 18 anos de idade. E) nenhuma das respostas anteriores está correta.

Requisitos de validade do negócio jurídico.

O Código Civil exige, para a validade do ato jurídico, que o agente seja capaz. Tal disposição legal configura a exigência de que o agente: A) tenha capacidade de gozo, a capacidade de direito, a capacidade de aquisição.B) tenha capacidade de fato, a capacidade de ação, a capacidade de exercício.C) pessoa física, seja dotado de personalidade jurídica.D) tenha sempre mais de 18 anos de idade. E) nenhuma das respostas anteriores está correta.

QUESTÃO OBJETIVA 1

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Sobre os elementos acidentais do negócio jurídico, que podem afetar sua validade ou comprometer sua eficácia em determinadas situações, marque a alternativa correta:a) sobrevindo condição resolutiva em negócio jurídico de execução continuada ou periódica, a sua realização, salvo disposição em contrário, não tem eficácia quanto aos atos já praticados, ainda que incompatíveis com a natureza da condição pendente;b) considera-se não escrito o encargo ilícito ou impossível, salvo se constituir o motivo determinante da liberalidade, caso em que se invalida o negócio jurídico;c) ao titular do direito eventual, nos casos de condição suspensiva ou resolutiva, não é permitida a prática de atos destinados à sua conservação ou execução;d) não tendo sido estipulado prazo para sua execução, os negócios jurídicos celebrados entre vivos são exeqüíveis trinta dias após a data da celebração.

Sobre os elementos acidentais do negócio jurídico, que podem afetar sua validade ou comprometer sua eficácia em determinadas situações, marque a alternativa correta:a) sobrevindo condição resolutiva em negócio jurídico de execução continuada ou periódica, a sua realização, salvo disposição em contrário, não tem eficácia quanto aos atos já praticados, ainda que incompatíveis com a natureza da condição pendente;b) considera-se não escrito o encargo ilícito ou impossível, salvo se constituir o motivo determinante da liberalidade, caso em que se invalida o negócio jurídico;c) ao titular do direito eventual, nos casos de condição suspensiva ou resolutiva, não é permitida a prática de atos destinados à sua conservação ou execução;d) não tendo sido estipulado prazo para sua execução, os negócios jurídicos celebrados entre vivos são exeqüíveis trinta dias após a data da celebração.

QUESTÃO OBJETIVA 2