2012_Brz_Cadeia Cinéticas Abertas & Fechada_ Reab. Avanç. Coifa Rotadores

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    Fisioter Mov. 2012 abr/jun;25(2):291-9

    ISSN 0103-5150

    Fisioter. Mov., Curitiba, v. 25, n. 2, p. 291-299, abr./jun. 2012

    Licenciado sob uma Licena Creative Commons

    [T]

    Cadeia cintica aberta versuscadeia cintica fechada

    na reabilitao avanada do manguito rotador[I]

    Open kinetic chain versus closed kinetic chain

    in advanced rehabilitation rotator cuff

    [A]

    Rudiel Luciano Boeck[a], Marcelo Baptista Dhnert[b], Tiago Sebasti Pavo[c]

    [a] Acadmico de Graduao do curso de Fisioterapia da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), Torres, RS - Brasil,e-mail: [email protected]

    [b] Professor do curso de Graduao em Fisioterapia da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), Torres, RS - Brasil, e-mail:[email protected]

    [c] Professor do curso de Graduao em Fisioterapia da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), Torres, RS - Brasil, e-mail:[email protected]

    [R]

    Resumo

    Introduo: Sndrome do impacto do ombro uma alterao osteomuscular prevalente que leva a uma

    reduo signiicativa da sade e incapacidade funcional. Esta leso causada pelo uso repetitivo dos bra-

    os acima da linha do ombro ou condio patolgica em que ocorre irritao do tendo supraespinhoso

    secundria a uma abraso em sua supercie pelo tero anterior do acrmio. Fisioterapia , muitas vezes,

    a primeira opo de tratamento, embora sua eiccia ainda esteja em debate. Clinicamente, a reabilitao

    em cadeia cintica tem sido eicaz na restaurao da funo do ombro com bons resultados teraputicos.Objetivos: Avaliar a efetividade de um protocolo de reabilitao do ombro em cadeia cintica fechada

    para sndrome de impacto do manguito rotador. Materiais e mtodos: Ensaio clnico randomizado de

    equivalncia com 20 pacientes que apresentam leso grau I e II de manguito rotador na classiicao de

    Neer. Pacientes foram divididos em dois grupos: grupo I, com protocolo de exerccios em Cadeia Cintica

    Fechada (CCF), e grupo II, com exerccios em Cadeia Cintica Aberta (CCA). Os pacientes foram submeti-

    dos a 20 sesses, trs vezes por semana, e foram avaliados quanto dor, mobilidade ativa, passiva, fora

    muscular, atividade eltrica muscular e funcionalidade. Essa avaliao ocorreu em trs momentos: ini-

    cialmente, com 10 sesses e ao im do tratamento. Para a anlise estatstica, foram utilizadas medidas

    paramtricas, como o teste t-Student (comparao entre os grupos) e ANOVA para medidas repetidas

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    (comparao dentro de cada grupo), e medidas no paramtricas (Kruskal Wallis e teste de Friedman).

    Resultados: Ambos os grupos apresentaram resultados signiicativos quanto aos escores obtidos na es-

    cala UCLA e Constant. A mobilidade ativa do ombro lesado aumentou no grupo CCF nos movimentos de

    lexo (p = 0,01), rotao externa (p = 0,000) e rotao interna (p = 0,000). O movimento de abduo me-

    lhorou nos dois grupos (p = 0,02 no grupo CCF e 0,04 no grupo CCA). A fora muscular de lexo e abduo

    mostrou um aumento apenas no grupo CCF, enquanto que nos movimentos de rotao externa e interna

    esses aspectos foram signiicativos em ambos os grupos. Concluso: Constatou-se que exerccios em CCFapresentam melhoras importantes na mobilidade, funcionalidade e fora para os pacientes com sndrome

    de impacto de ombro. [P]

    Palavras-chave: Sndrome de coliso do ombro. Terapia por exerccio. Fisioterapia.

    [B]

    Abstract

    Introduction: Shoulder impingement syndrome is a prevalent musculoskeletal alteration that leads to a

    signiicant reduction of health and to functional disability. This injury is caused by repetitive use of arms

    above the shoulder line or pathological condition to which the supraspinatus tendon irritation occurs sec-

    ondary to an abrasion on its surface by the anterior third of the acromion. Physiotherapy is often the irst

    choice of treatment, although its effectiveness is still under debate. Clinically, the kinetic chain rehabilita-

    tion has been effective in restoring shoulder function with good therapeutic results. Objectives: To evalu-

    ate the effectiveness of a protocol for rehabilitation of the shoulder in a closed kinetic chain for impact

    syndrome rotator cuff. Materials and methods: Randomized clinical trial of equivalence with 20 patients

    with grade I and II lesions of the rotator cuff in the classiication of Neer. Patients were divided into two

    groups: group I, with the exercise protocol in closed kinetic chain (CKC), and group II, with exercises in open

    kinetic chain (OKC). Patients underwent 20 sessions, three times a week, and were evaluated on pain, mobil-

    ity, active, passive, muscular strength, muscular activity and functionality. This evaluation occurred three

    times: initially, with 10 sessions and at the end of treatment. Statistical analysis used parametric measures

    such as the t-Student test (comparison between groups) and ANOVA for repeated measures (comparison

    within each group), and nonparametric measures (Kruskal Wallis and Friedman test). Results: Both groups

    showed signiicant results regarding the scores obtained in the UCLA and Constant scale. The active mobil-

    ity of the shoulder increased in the injured group CCF in lexion (p = 0.01), external rotation (p = 0.000) andinternal rotation (p = 0.000). The movement of abduction improved in both groups (p = 0.02 in CCF group

    and 0.04 in CCA group). Muscle strength of lexion and abduction showed an increase only in the CCF group,

    while in the rotation movements were external and internal signiicant in both groups. Conclusion: It was

    concluded that CKC exercises have major improvements in mobility, functionality and strength for patients

    with shoulder impact syndrome. [K]

    Keywords: Shoulder impingement syndrome. Exercise therapy. Physical therapy.

    tambm relata a importncia da supercie interna dotendo e as potenciais mudanas que podem ocorrerpela frico repetitiva e irritao deste no estgio trsna classiicao do processo de impacto (4). A altura do

    espao subacromial em ombros saudveis est entre9 e 10 milmetros, sendo que medidas radiogricasmenores que 6 milmetros so consideradas patolgi-

    cas para compresso do manguito rotador. A espessura

    normal do tendo do manguito rotador nesta reaest entre cinco e seis milmetros (5).

    Introduo

    Dentre as leses do ombro que provocam dor eimpotncia funcional, a sndrome de impacto do man-

    guito rotador se destaca e foi descrita por Charles Neer

    pela primeira vez em 1972 (1). Caracteriza-se pelouso repetitivo dos braos acima da linha do ombro,condio patolgica em que ocorre a irritao do ten-do supraespinhoso secundria a uma abraso em sua

    supercie pelo tero anterior do acrmio (2, 3). Neer

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    Cadeia cintica aberta versuscadeia cintica fechada na reabilitao avanada do manguito rotador293

    Foram includos no estudo pacientes com diagns-tico clnico de sndrome de impacto concedido pormdico traumatologista, com a presena de, pelomenos, trs testes clnicos positivos para sndromede impacto e manguito rotador; presena de resso-nncia magntica apresentando quadro inlamatrio,

    espessamento de manguito rotador e cabo longo dobceps; ou ecograia apresentando quadro inlamat-rio, espessamento de manguito rotador e cabo longo

    do bceps; no estar realizando previamente algumoutro tipo de modalidade isioteraputica; e ter assi-

    nado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

    Foram excludos do estudo sujeitos com presenade cirurgia ou outro tipo de leso prvia no ombroafetado, diagnstico de sndrome de impacto grau III

    de Neer, indicao cirrgica concedida pelo mdicotraumatologista e ter trs faltas consecutivas nojustiicadas ao protocolo experimental.

    Randomizao

    Os pacientes foram divididos aleatoriamente emdois grupos:

    Grupo I recebendo interveno por meio deexerccios em CCF + medicamento(s) prescrito(s)

    pelo mdico traumatologista + orientaes domi-

    ciliares + crioterapia domiciliar;

    Grupo II recebendo interveno por meio deexerccios em CCA + medicamento(s) prescrito(s)

    pelo mdico traumatologista + orientaes domi-

    ciliares + crioterapia domiciliar.

    Protocolo de avaliao

    Testes clnicos

    Os testes clnicos, alm de terem sido utilizados

    como critrio diagnstico, serviram como parmetropara anlise da evoluo teraputica de cada grupo.Foram utilizados os testes de Neer, Jobe, Hawkins-Kennedy e Yocum.

    Amplitude de movimento

    A avaliao da amplitude de movimento foi rea-lizada com a utilizao de um gonimetro como

    O protocolo de cadeia cintica fechada ummodelo biomecnico utilizado para analisar mui-tas atividades esportivas e gestos biomecnicos,representando o corpo como um sistema coeren-te de segmentos interdependentes, muitas vezestrabalhando em uma sequncia de proximal para

    distal, para dar uma ao desejada no segmento dis-tal. Isso refora os padres de movimento normale reduz o desaio de aprender novos movimentosdurante a reabilitao, numa sequncia coerentecom a funo biomecnica da extremidade superior

    (6-9). Giordano et al. compartilham da opinio deGreve (1995 a, b) e de outros autores (Neer II, 1995;

    Morelli & Vulcano, 1993) de que o tratamento a SIOdeve ser inicialmente clnico, independentementeda presena de alteraes anatmicas envolvidasna gnese da doena (10). O objetivo do estudo foiavaliar a efetividade de um protocolo de reabilitao

    do ombro em cadeia cintica fechada para sndrome

    de impacto do manguito rotador.

    Materiais e mtodos

    Delineamento

    Ensaio clnico randomizado de equivalncia rea-lizado com pacientes com diagnstico de sndromede impacto de ombro grau I e II, entre os meses de

    agosto e novembro de 2010.

    tica

    O estudo foi aprovado pelo Comit de tica ePesquisa em Seres Humanos e Animais da Universi-dade Luterana do Brasil, sob o registro 2010-213H.Explicou-se a todos os participantes o objetivo dapesquisa, os critrios de incluso e de excluso, osprocedimentos experimentais e de avaliao. Todos

    os participantes assinaram o termo de consentimentolivre e esclarecido.

    Critrios de elegibilidade

    A populao abordada foi composta por pessoasacometidas por sndrome de impacto de manguitorotador em grau I e II inicial na classiicao de Neere com solicitao de tratamento isioteraputico.

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    abduo e extenso. Foi utilizado um dinammetromodelo push-pull, marca Chattanooga Group. O apa-

    relho foi estabilizado pelo avaliador, no permitindo

    que o paciente executasse o movimento durante oteste de contrao.

    Protocolo de interveno

    Os pacientes receberam o protocolo de exerc-cios trs vezes por semana, divididos em subgruposde quatro pacientes para dinamizar o atendimen-to. O protocolo teve durao mdia de 50 minutospara cada subgrupo e contou com mais 12 minutosde crioterapia ao inal do protocolo.

    Interveno CCA

    - Exerccios pendulares de Codman;- Flexo: em decbito dorsal, elevando o brao

    at o limite da dor, repetir o gesto 20 vezes;- Rotao interna: em decbito dorsal, trazer o

    brao de rotao neutra para interna, repetiro gesto 20 vezes;

    - Rotao externa: em decbito dorsal, trazer obrao de rotao neutra para externa, repetiro gesto 20 vezes;

    - Abdu-aduo: em decbito dorsal, trazer o

    brao para junto do corpo, repetir o gesto20 vezes;

    - Abdu-aduo horizontal: em decbito dorsal,com os braos abertos, bater palma na alturado peito, repetir o gesto 20 vezes;

    - Elevao em polia, sentado, 60 repeties;- Flexo: sentado, elevando o brao at o limite

    da dor, repetir o gesto 20 vezes;- Rotao interna: em ortostase, trazer o bra-

    o de rotao neutra para interno (coar ascostas), at o limite da dor, repetir o gesto 20

    vezes;- Rotao externa: sentado trazer o brao derotao neutra para externa (pedir carona),at o limite da dor, repetir o gesto 20 vezes;

    - Abdu-aduo: sentado, bater palmas, at olimite da dor, repetir o gesto 20 vezes;

    - Abdu-aduo horizontal: sentado, com os bra-os abertos, bater palmas na altura do peito,

    repetir o gesto 20 vezes;- Crioterapia aps exerccio durante 12 minutos.

    orientaes do manual de goniometria (11), no qualtnhamos um brao ixo e o mvel que acompanhavao sentido do arco de movimento at o mximo deamplitude que o paciente conseguia.

    Qualidade de vida

    A qualidade funcional e o grau de comprometi-mento foram avaliados por meio dos questionriosvalidados de UCLA, o qual avalia dor, funo, mobili-dade de lexo ativa, fora muscular (teste manual)e satisfao do paciente, e a escala de CONSTANT,que avalia dor, atividades de vida diria (AVDs) (li-mitaes no trabalho, lazer, dormir, funo do brao)

    e mdia de movimentos (lexo, abduo, rotaoexterna RE, rotao interna RI).

    Atividade eletromiogrfica dos msculosdo manguito rotador

    Outro instrumento de avaliao utilizado foi aeletromiograia de supercie (EMG). Ela determina

    o incio de ativao muscular e avalia a coordenao

    ou o desequilbrio dos diferentes msculos envolvi-

    dos (12, 13). Utilizou-se um eletromigrafo de dois

    canais modelo EMG Retrainer, marca ChattanoogaGroupcom eletrodos de supercie autoadesivos

    e descartveis. A coleta dos sinais foi iniciada coma tricotomia dos pelos quando necessrio, limpe-za da pele com algodo embebido em lcool 70%,seguida da colocao dos eletrodos, guiado peladisposio das ibras musculares e prova de funo

    dos msculos analisados. O sinal foi captado emcontrao isotnica isomtrica voluntria mxima e

    expresso em microvolts (V) (12). Foram avaliadas

    a atividade eltrica dos msculos supraespinhoso,infraespinhoso, deltoide anterior, deltoide mdio,deltoide posterior e bceps braquial. A coleta dos

    dados ocorreu simultaneamente anlise da for-a muscular.

    Fora muscular

    A contrao isomtrica voluntria mxima (CIVM)

    foi avaliada simultaneamente realizao da eletro-miograia de supercie. Foram observados os movi-mentos de rotao externa, rotao interna, lexo,

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    dentro de cada grupo. Para as medidas no param-tricas, foram utilizados os testes de Kruskal Wallis eFriedman. O nvel de signiicncia estabelecido parao teste estatstico de p < 0,05.

    Resultados

    Entre agosto e novembro de 2010, 14 pacientesforam includos no estudo. A mdia de idade totalfoi de 55,57 11,85 anos, sendo que no grupo CCF amdia de idade foi de 54,71 12,84 anos, e de 56,43 11,74 anos para o grupo CCA. No grupo CCF haviasete mulheres e, no grupo CCA, seis eram do sexofeminino e um do masculino. No se observou dife-renas signiicativas entre ambos os grupos nas suas

    caractersticas (p > 0,05).Para avaliar a funo foram utilizadas duas escalas

    funcionais validadas: escala de UCLA (Universidadeda Califrnia, Los Angeles) e Constant. Houve melhora

    no escore total da escala UCLA em ambos os gruposaps a interveno. No grupo CCF, o escore inicial era

    12,42 1,49 e, ao im do protocolo, foi de 27 2,3(p = 0,003). J no grupo CCA, o escore inicial foi de18 3,4 e, ao im da interveno, foi de 32,66 0,42(p = 0,02) (Figura 1). Na escala de Constant tambmse veriicou melhora dos escores de ambos os gru-pos, porm no grupo CCF esta melhora j ocorreu apartir da dcima sesso. Os sujeitos do grupo CCF

    apresentaram, inicialmente, um escore 31,71 3,68e, ao inal da interveno, 62,42 4,49 (p = 0,002).J no grupo CCA, o escore inicialmente foi de 36,83 20,91 e, ao inal da interveno, foi de 74,67 2,65(p = 0,017) (Figura 2).

    A amplitude de movimento (ADM) ativa do om-bro lesado, realizada com um gonimetro universal,mostrou um aumento signiicativo no grupo CCFpara os movimentos de lexo (p = 0,011), abduo(p = 0,021), rotao externa (p = 0,000) e rotaointerna (p = 0,000). J no grupo CCA, apenas a abdu-

    o apresentou melhora (p = 0,04). Todos os planosde movimentos, no grupo CCF, obtiveram melhorasigniicativa j nas 10 primeiras sesses. A avaliaoda ADM passiva mostrou resultados semelhantes ADM ativa. Apenas o grupo CCF obteve resultados ex-

    pressivos de melhora na abduo (p = 0,025), rotao

    externa (p = 0,013) e interna (p = 0,043). Na lexo,no se obteve signiicncia, pois os pacientes j apre-

    sentavam na avaliao inicial uma ADM de 127,85,no gerando signiicncia no aumento da amplitude.

    Interveno CCF

    - Flexo: de p, mos apoiadas na parede, rea-lizando movimento de reverncia (agacha-mento), at o limite da dor, repetir o gesto20 vezes;

    - Extenso: em p, de costas para a parede, mosapoiadas na mesma, afastando as costas daparede, at o limite da dor, repetir o gesto 20vezes;

    - Rotao interna: em p, mo apoiada na paredecom ombro em extenso (de costas para a pa-rede), paciente realiza a inclinao em diagonal

    para trs e para o lado da mo apoiada na pare-

    de, at o limite da dor, repetir o gesto 20 vezes;

    - Rotao externa: de p, mos apoiada no mar-co de uma porta ou pilar, cotovelo e ombro le-

    xionados a 90 graus, realizar uma inclinao do

    tronco frente apoiando-se sobre o membroem exerccio, at o limite da dor, repetir o gesto

    20 vezes;- Abdu-aduo: em ortostase, apoiar as mos

    nas barras paralelas e agachar, at o limite dador, repetir o gesto 20 vezes;

    - Abdu-aduo horizontal: de quatro apoios(sobre a bola sua, para iniciar), realizandoinclinaes laterais, at o limite da dor, repetir

    o gesto 20 vezes;- Flexo: de quatro apoios (sobre a bola sua,

    para iniciar), realizando movimento de revern-cia, at o limite da dor, repetir o gesto 20 vezes;

    - Extenso: decbito dorsal, apoiado nos cotove-los erguendo as costas do tatame, at o limiteda dor, repetir o gesto 20 vezes;

    - Crioterapia aps exerccios durante 12 minutos.

    Anlise estatstica

    Para a anlise estatstica, utilizou-se o SPSS

    (Statistical Package for the Social Sciences) verso17.0. Os dados foram expressos em frequncia, m-dia e desvio padro. Para avaliar a homogeneidadedos grupos, foi utilizado o teste de qui quadrado.J para a anlise dos resultados de interveno foiutilizado o teste t-Student para as medidas param-tricas entre os grupos de interveno e a anlise devarincia (ANOVA) one-way para medidas repetidas,

    seguido pelo testepost hocde Bonferroni para com-parao das mdias pr, parcial e ps-interveno

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    Figura 1 - Anlise da avaliao UCLA ambos os grupos

    Legenda: # p = 0,02 avaliao inicial para avaliao parcial com

    dez sesses; ## p = 0,003 para grupo CCF e p = 0,022

    para grupo CCA avaliao inicial para avaliao final.

    Figura 2 - Anlise dos pontos da escala de Constant ambos

    os grupos

    Legenda: # p = 0,002 para grupo CCF e p = 0,017 para grupo

    CCA avaliao inicial para avaliao final; ## p = 0,026

    avaliao parcial com dez sesses para avaliao final.

    CCA CCF

    ###

    ##

    Total de pontos UCLA

    Avaliao 3

    Total de pontos UCLAAvaliao 2

    Total de pontos UCLA

    0

    10

    20

    30

    40

    Mean

    Grupo de interveno

    CCA CCF

    # #

    ##

    Escala Constant

    Avaliao 3

    Escala ConstantAvaliao 2

    Escala Constant

    0

    10

    20

    30

    40

    Mean

    Grupo de interveno

    No teste de Hawkins, todos os sete sujeitos dogrupo CCF eram positivos, sendo que, ao inal da in-terveno, todos os casos se tornaram negativos. Jno grupo CCA, trs eram positivos e, aps a interven-

    o, um caso ainda era positivo.O teste de Yocum mostrava positividade em seis

    casos positivos no grupo CCA e todos os sete no CCF.Ao inal da interveno, apenas um positivo no CCAe quatro ainda eram positivos no CCF.

    Finalmente, no teste de Jobe, todos os 14 sujei-

    tos do estudo apresentavam teste positivo no inciodo estudo. Na reavaliao inal, cinco em cada grupotornaram-se negativos.

    Discusso

    Vrios autores tm pesquisado a reabilitao depacientes com SIO atravs de programa de reabili-tao atravs de exerccios em CCF. Os protocolosconservadores deste tipo de pacientes normalmente

    abordam protocolos que utilizam exerccios em CCA.Neste estudo, avaliamos a recuperao funcionalatravs das escala UCLA e Constant. itaker et al. (14)

    avaliaram a funcionalidade de indivduos com sn-drome do impacto, utilizando a UCLA, e encontraram

    melhoras signiicantes aps 20 sesses de interven-o. Ambos os grupos do estudo apresentaram me-lhora signiicativa dos escores funcionais em ambasas escalas. Vrios estudos corroboram com os nossos

    achados. Glasoe et al. (15) investigaram a eiccia de

    A fora muscular, avaliada por meio da dinamo-metria, melhorou em todos os planos de movimento

    no grupo CCF. A fora muscular inicial para lexofoi de 2,91 kg e aumentou para 7,75 kg ao im doprotocolo (p = 0,024). A fora muscular de abdu-o aumentou de 3,16 kg para 7,41 kg (p = 0,05)(Figura 3). Na rotao externa, a fora muscular pas-

    sou de 2,25 kg para 8,08 kg ao inal do protocolo (p =0,001) (Figura 4).

    Por im, a fora de rotao interna passou de 2,83

    kg para 8,33 kg (p = 0.001) (Figura 5). No grupo CCA,apenas a fora dos movimentos rotacionais apresen-

    tou melhora ao inal do protocolo. A rotao externainicial era de 3,80 kg e progrediu para 7,9 kg ao i-nal do protocolo (p = 0.028) (Figura 4). J a rotaointerna apresentava 5,2 kg e melhorou para 8,7 kg(p = 0.009) (Figura 5).

    A ativao de unidades motoras, avaliada pormeio da eletromiograia de supercie, no mostrouresultados estatsticos signiicativos. Observou-se,porm, mdias de sinais eltricos que acompanha-

    ram idedignamente o ganho de fora muscular deambos os grupos.Por meio dos testes clnicos especicos, conse-

    guimos analisar o grau de acometimento e, com uma

    medida qualitativa, observar a evoluo inal dos pa-

    cientes em relao primeira avaliao.O teste Neer era inicialmente positivo em 11 su-

    jeitos do estudo (todos os sete no grupo CCF e quatro

    no grupo CCA). Ao inal do tratamento, quatro aindaeram positivos no CCF e apenas um no CCA.

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    Cadeia cintica aberta versuscadeia cintica fechada na reabilitao avanada do manguito rotador297

    Figura 3 - Anlise da fora dinamomtrica de abduo do

    ombro (kg)

    Legenda: # p = 0,05 avaliao inicial para avaliao final.

    Figura 4 - Anlise da fora dinamomtrica de rotao exter-

    na do ombro (kg)Legenda: # p = 0,001grupo CCF e p = 0,028 grupo CCA avaliao

    inicial para avaliao final.

    Figura 5 - Anlise da fora dinamomtrica de rotao inter-

    na do ombro (kg)

    Legenda: # p = 0,001 avaliao inicial para avaliao final; ##

    p = 0,04 grupo CCF e p = 0,009 grupo CCA avaliao

    parcial com dez sesses para avaliao final.

    CCA CCF

    #

    Dinamometria abduo

    Avaliao 3

    Dinamometria abduoAvaliao 2

    Dinamometria abduo

    0.00

    2.00

    4.00

    6.00

    8.00

    10.00

    12.00

    Mean

    Grupo de interveno

    CCA CCF

    #

    #

    Dinamometria rot. ext.Avaliao 3

    Dinamometria rot. ext.Avaliao 2

    Dinamometria rot. ext.

    0.00

    2.00

    4.00

    6.00

    8.00

    10.0012.00

    Mean

    Grupo de interveno

    CCA CCF

    ## #

    ##

    Dinamometria rot. int.

    Avaliao 3

    Dinamometria rot. int.

    Avaliao 2

    Dinamometria rot. int.

    0.002.00

    4.00

    6.00

    8.00

    10.00

    12.00

    Mean

    Grupo de interveno

    um protocolo de tratamento pra SIO com CCA, pormeio da escala UCLA, e constataram melhora siginii-

    cativa aps a interveno. Lech et al. (16) analisaramo sucesso de uma abordagem isioteraputica conser-

    vadora para pacientes com SIO e obtiveram 69,2% debons e excelentes resultados na escala UCLA. Barbosa,

    Goes e Fonseca (17) abordaram pacientes com SIO pormeio de exerccios em CCA, veriicando uma melhora

    do escore UCLA: de 14,57 na avaliao inicial para 28,0

    na avaliao inal. Em nosso estudo, os escores iniciais

    foram de 12,42 (CCF) e 18,00 (CCA), progredindo para

    27,00 (CCF) (p = 0,003) e 32,67 (p = 0,022).Levando em considerao a escala de Constant,

    outro estudo avaliou a inluncia da mobilizao ar-ticular em pacientes com tendinopatia de bceps esupraespinhoso e encontrou escores signiicativosna escala de Constant (17). San Segundo et al. (18)utilizaram a escala de Constant para avaliar a melhora

    de pacientes com SIO submetidos a um protocoloutilizando a teraputica do ultrassom e veriicaramque o escore inicial era de 49,4 e evoluiu para 61,3(p = 0,001). Em nosso estudo, os escores iniciais fo-ram de 31,71 (CCF) e 36,83 (CCA), progredindo para

    62,43 (CCF) (p = 0,002) e 74,66 (CCA) (p = 0,017).Tanto a ADM ativa quanto a passiva obtiveram

    ganho expressivo no grupo tratado com exercciosem CCF, enquanto que no grupo CCA apenas a abdu-o melhorou. Uma reviso Cochrane concluiu que aterapia por exerccios por meio de CCA para o man-

    guito rotador benica, tanto a curto como a longoprazo, no que diz respeito a uma maior valorizao da

    funo e progresso de abduo (19). Outro estudo

    refere que o efeito tem sido visto at 2,5 anos aps aconcluso do tratamento. No entanto, h evidnciaslimitadas para sugerir qual o regime de exercciotimo, ou a frequncia ou a intensidade do programa

    para aprimorar a teraputica (20).Neste estudo, veriicamos uma melhora expres-

    siva da fora muscular em todos os planos de mo-vimento para o grupo CCF, enquanto o grupo CCA

    apresentou apenas melhora da fora nos movimentosde rotao externa e interna. Glasoe et al. (15) ava-liaram o ganho de fora por meio de dinamometriaisocintica pr e ps-interveno, e constataram umganho de 93% na fora do membro contralateral aoinal do estudo. Arajo et al. (21) avaliaram a ativida-

    de eletromiogrica dos msculos do ombro e cintura

    escapular durante um programa de exerccios em CCF

    em 20 sujeitos, detectando um excelente ndice deconiabilidade intragrupo com essa tcnica de exame.

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    Em nosso estudo, apesar de no termos observadoum resultado signiicativo nas mdias da atividadeeletromiogrica, notamos que o comportamento da

    atividade eltrica de cada grupo muscular avaliadoacompanhou os resultados apresentados na avaliao

    da contrao isomtrica voluntria mxima (CIVM).

    Concluso

    Ambos os protocolos de interveno apresenta-ram resultados satisfatrios na reabilitao da SIO.Veriicou-se que o grupo de inteveno tratado comum programa de exerccios em CCF apresentou resul-

    tados mais expressivos quanto ao ganho de mobilida-

    de articular, funcionalidade, fora e ativao muscular

    do manguito rotador, em comparao ao programade exerccios em CCA. Acreditamos que o tamanhopequeno da amostra e a falta de um acompanhamento

    destes pacientes por um perodo maior tenha sidoum fator limitante do estudo. Sugerimos a realizao

    de novos estudos com amostragens maiores para aconirmao de tais resultados.

    Lista de abreviaes

    SIO: sndrome de impacto do ombro;CCA: cadeia cintica aberta;

    CCF: cadeia cintica fechada;ADM: amplitude de movimento;UCLA: Universidade da Califrnia, Los Angeles;V: microvolts;RE: rotao externa;RI: rotao interna;AVDs: atividades de vida diria;CIVM: contrao isomtrica voluntria mxima.

    Conflitos de interesse

    Os autores declaram no haver conlitos de inte-resse entre as partes.

    Referncias

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