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Vol.8 Nº68 ABRIL DE 2013 Director: Mário Carvalho 60 anos de emigração pouguesa no Canadá

2013-04 - Revista O Açoriano

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Revista O Açoriano

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Vol.8

Nº6

8a

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013

Director: Mário Carvalho

60 anosde emigraçãoportuguesa no Canadá

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O Açoriano2

EditorialEDIÇÕES MAR

4231-B, Bl. St-LaurentMontréal, Québec

H2W 1Z4Tel.: (514) 284-1813Fax: (514) [email protected]

PRESIDENTE: Sandy Martins

VICE-PRESIDENTE: Nancy Martins

DIRECTOR: Mario Carvalho

DIRECTOR ADJUNTO: Antero Branco

REDACÇÃO: Sandy Martins

COLABORADORES: Debby MartinsMaria Calisto

Natércia Rodrigues

CORRESPONDENTES:Açores

Alamo OliveiraEdite MiguelJorge Rocha

Roberto Medeiros

FOTOGRAFIA: Anthony NunesRicardo Santos

AçoresHumberto Tibúrcio

INFOGRAFIA: Sylvio Martins

CORRECTOR ORTOGRáFICONatércia Rodrigues

Envie o seu pedido para Assinantes O Açoriano

4231-B, Bl. St-LaurentMontréal, Québec

H2W 1Z4

O Açoriano Também nós somos CanadáEste ano, de 2013, nós os portugueses

que residimos no Canadá, estamos a co-memorar 60 anos de emigração, neste maravilhoso país!

Foi no longínquo dia 13 de Maio de 1953, quando o primeiro contingente de 85 imigran-tes portugueses (67 de Portugal Continental e 18 dos Açores), que deixara Lisboa a 8 de Maio, chegou ao porto de Halifax, a bordo do navio Satúrnia (hoje célebre PIER 21) entrou em terras canadianas. Portugueses, somos parte integrante da his-

tória deste maravilhoso, país, que nos acolheu (emigrantes) de braços abertos, nos deu a opor-tunidade de sonhar mais alto! Hoje com 60 anos de história de emigração

portuguesa para o Canadá, não podemos esque-cer, o quanto esta nação foi importante para nós e o quanto nós também temos sido importantes para este país. Foi na tão distante, primavera do ano de 1953 que a nossa aventura começou!A Primavera traz uma sensação de frescura

com a fragrância das flores e dos ventos, ainda frios, do rigoroso inverno.A primavera, do ano de 1953, trouxe-nos a

esperança de um futuro melhor, para os por-tugueses e as gerações futuras que decidiram buscar e tentar uma vida melhor, neste país do hemisfério norte, foram eles que preparam o caminho da liberdade e da independência fi-nanceira para as gerações futuras, liberdade financeira, (quero dizer) que se tem mais di-nheiro a render do que a gastar, que é como quem diz, ganhas mais do que gastas, ter casa e carro. E em cima disso, ainda conseguimos usufruir de pequenos (ou grandes) luxos que este mundo proporciona. Também é tempo de recordar a nossa prima-

vera da vida, de aonde viemos, por onde pas-samos e para aonde queremos ir como comu-nidade!Na trajectória da nossa vida no Canadá, como

de todas as pessoas, muitos são os que con-tribuíram para o nosso desenvolvimento pes-soal, profissional e comunitário. Alguns, por pouco tempo, outros por muito tempo, alguns com uma influência pequena, outros com in-fluências mais marcantes e decisivas. Em vá-rias ocasiões, já retomamos aspectos do nos-so caminhar ao longo dos 60 anos e, sempre que possível, mencionar a alegria de ter tido o apoio de tantos, mas em particular, agradecer profundamente aos pioneiros que cá chegaram.Nem sempre foi fácil, mas com a grande von-

tade de vencer, ultrapassamos a barreira da lín-

gua, resistimos ao rigor do inverno, glacial e inter-minável, a única coisa que ainda não conseguimos esquecer foi as saudades da nossa terra.O Canadá nos deu trabalho e nós agarrámos esta

oportunidade, dando o melhor de nós próprios, para ganhar honradamente o nosso salário, somos um povo trabalhador e honesto.O Canadá nos ensinou como gerir o fruto do nosso

trabalho, amealhando pouco a pouco para não faltar no dia de amanhã, por isso pagamos os estudos aos nossos filhos, compramos casa, carro, e ainda cresce para viajar e por vezes ajudar familiares que vivem em Portugal, sempre foi assim desde o inicio, os emigrantes foram e actualmente voltaram a ser uma ajuda preciosa para Portugal enviando remessas (dó-lares) para familiares, porque talvez hoje Portugal esteja a atravessar uma maior crise que há 60 anos atrás.Há 60 anos atrás não havia que comer, mas as pes-

soas não estavam endividadas muito menos o país, todo o mundo sofria em 1953, era o após segunda guerra mundial. É verdade Portugal e os portugueses sofreram com

os anos da ditadura, e agora que vivemos em plena democracia desde 1974. O que aconteceu?Quem roubou Portugal? Quem endividou os portu-

gueses, e lhes ensinou a gastar mais do que aquilo que ganha?Tudo, perguntas que não têm resposta!Só sei que ao longo destes 60 anos, construímos,

estradas, caminhos-de-ferro, trabalhamos na cons-trução civil, limpamos hospitais, edifícios públicos e industriais, fabricamos vestuário que serviu para agasalhar rico e pobre, fabricamos móveis.Temos restaurantes e padarias, que são autênticas

vitrinas de Portugal que deram a conhecer ao res-to do mundo delicias da nossa cozinha, o frango no churrasco, chouriço, pastéis de nata etc.Alegramos as ruas da Cidade, com as festas e pro-

cissões, demonstramos e manifestamos o quanto amamos a nossa selecção e a bandeira de Portugal.Construímos, igrejas, fundaram-se associações e fi-

larmónicas, ranchos folclóricos!Ao longo destes 60 anos fomos crescendo no tem-

po, temos, advogados, notários, médicos, professo-res, enfermeiros, bancários, políticos etc.Atletas desportistas, a nível internacional Mike Ri-

beiro, Meaghan Benfeito!Nós também somos Canadá, somos parte integrante

da sua história!Só nos falta construir um grande lar português para

a terceira idade, aos 60 anos aproximamo-nos da velhice, soubemos construir um bom futuro para os nossos filhos agora é a vez dos filhos garantirem um fim de vida feliz para os pais.

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Mário Carvalho

Gente da TerraHaja Saúde meu Velho

Sinto uma grande alegria quando chega a primavera, porque tenho sempre a esperança que dias melhores, virão!A Primavera traz uma sensação de frescura, com a fragrância das

flores e dos ventos, ainda frios, do inverno. Também é tempo de recordar a nossa primavera da vida, de aonde viemos, por onde pas-samos e para aonde desejamos ir. Na minha infância, o meu avô foi muito importante na minha vida, ensinou-me aquilo que não se aprende nos livros, a saber como enfrentar os desafios e obstáculos da vida. Ensinou-me a trabalhar a terra, semear, plantar, lidar com burros, fui cabreiro e vaqueiro!Foi ele que incansavelmente me dizia “Marim um dia irás ser um

campeão” tenho lutado por isso, para o fazer feliz, mas não é fácil de agradar a todos. Foi na primavera do ano de 1992 que o perdi, morreu no mesmo ano que lhe tinha prometido ir visitá-lo, e, dar--lhe a conhecer a minha primeira filha. Cheguei tarde demais, mas, continua a ser a minha inspiração, o meu protector e conselheiro nos momentos difíceis.Este Haja saúde é em sua memória!Irei dar a conhecer aos leitores do “Açoriano” um artigo que escre-

vi no ano de 1999 e foi publicado, no Jornal Seara Verde (Açores) intitulado: “SAUDADES DO MEU AVÔ, o pai do meu pai”.Hoje sinto-me triste. No meu peito navega uma nuvem de dor

que me atormenta, um desejo de confessar este pesadelo que me acompanha há já algum tempo. Agora veio ao de cima as saudades do meu avô. Há sete anos que morreu e durante estes anos todos, variadíssimas vezes que tenho sonhado com ele. Tantas vezes lhe tenho pedido ajuda e protecção nas horas difíceis da vida. Nos bons momentos, tenho-me esquecido de lhe agradecer, tudo o que fez e continua a fazer por mim. Quantas quadras e poemas, tenho dedica-do a outros, e, a ele que foi o primeiro a apreciar, os meus primeiros passos, nada escrevi!Avô, quantas lágrimas derramaste, sobre as cartas que escrevi a

meus pais? As saudades que sentias pelo teu neto mais velho? As quais, faziam com que perdesses horas a fio na boca da Canadá a ver se o carteiro trazia carta minha… Carta não vinha… E quando chegava, eu adiava o meu regresso. Insistias em me ver pela última vez… Quando voltei, já a tua casa estava vazia… só restava o cheiro dos cigarros que tu fumavas.Lembranças havia muitas, depositadas debaixo daquele telhado

sagrado. Quantas dores e tristezas, alegrias e conquistas, guardadas entre aquelas quatro paredes, caiadas de lágrimas choradas, por teus filhos que morreram e por aqueles que emigraram para longe de ti. Gritos e choros dos teus netos, histórias da tua vida amargurada à procura do sustento, da família.Viajámos juntos tantas vezes em cima do burro. Entre vales e ata-

lhos, tudo enfrentavas e nada temias. Conhecias bem a terra que os teus pés cansados pisavam. Na vida nunca abandonaste; sempre procuraste encontrar uma saída para vencer e não desistir. Foste lavrador, camponês e vendilhão de peixe. Ainda hoje na

Lomba do Cavaleiro os mais velhos se lembram, do Ti António da Hora.Recordo aquela segunda-feira de Verão em que fui contigo no fun-

do do ceirão para a Lomba do Cavaleiro e me compraste o meu

primeiro chapéu de palha, de cor azul – foi na loja do Mariano. Ou então aquele sábado de S. Paulo em que eu não tinha dinheiro para brincar nos carroceis e do pouco que tinhas deste-me cem escudos… Minha avó não gostou, mas, disseste-lhe que eu merecia… Gostavas de mim de verdade…Quantas recordações!... Do Garajau, onde eu me perdi naquela tar-

de e tu pensavas que eu havia caído na rocha que dá para a água do João Lopes – tinhas medo de me encontrar morto. Ou então aque-le dia que tive aquele acidente no Vales dos Pereiros em que me magoei no joelho (carregastes comigo às costas, por aquela ladeira fora até ao carregadouro onde estava o burro que me trouxe para a Ribeira Quente).

De dia, as tuas mãos calejadas desafiavam o cabo do sacho que reviravam a terra pedregosa que a vida te deu. Á noite, os teus de-dos repenicavam as cordas da guitarra tocando o teu fado preferido com que convencestes a minha avó a casar contigo. Chamavas-lhe o ʺfado da meia- noiteʺ. De tudo eu sabia um pouco porque ma ensinaste. Até aquela can-

cão que cantavas nas manhãs de bruma, que era assim :

O pobre trabalhadorLeva a vida amargurada

De manhã ao sol-pôrA puxar pela enxada.

Tu, que eras justo e honesto, sempre me ensinaste a respeitar para ser respeitado, a vencer para não ser vencido, a conhecer para não cair no erro de condenar quem é inocente. Até agora só falei daquilo que fizeste por mim. Que tenho eu feito

por ti? Pouco ou nada ; algumas, Ave-marias e insignificantes esmo-las por tu alma. Sinto-me mais leve e pouco a pouco meu pesadelo vai-se evaporando, transformando-se numa alegria de escrever para todos quantos queiram ler; como me sinto feliz de ter crescido e vivido ao lado do único avô que conheci.Quem me pregunta quem sou, digo ser neto do António ʺSerradorʺ

da Ribeira Quente.

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Fé de um PovoComeçaram as: Domingas do Espírito Santo As coroações do Espírito Santo - as chamadas sete domingas

– este ano, começaram no dia 7 de Abril e prolongar-se-ão até ao Domingo do Espírito Santo (Pentecostes) dia 19 de Maio. Todas as ilhas dos Açores têm a sua forma muito peculiar de cele-

brar estas festas, sendo de realçar a Ilha de Santa Maria, Terceira, São Jorge e o Pico onde o carácter extrovertido e festeiro do Aço-riano, se manifesta de uma forma mais vívica.

Em São Miguel, tais festividades tiveram como principal motivo, o terramoto de 1522 que arrasou Vila Franca do Campo, levando o povo micaelense a implorar a divina protecção. Contudo, foi com D. Manuel da Câmara, 1º Conde da Ribeira Grande, que as Festas do Espírito Santo, passaram a ser celebradas, com maior pompa e circunstância, por causa do nascimento do seu único filho, D. José da Câmara, visto que tal acontecimento foi atribuído à divina intervenção.

Actualmente, não existe freguesia em todo o arquipélago que não tenha a sua “irmandade”, uma espécie de confraria formada por “irmãos” que todos os anos sorteiam os cargos dos mordomos para o ano seguinte.

Os irmãos que tiveram as seis primeiras domingas, têm a res-ponsabilidade de realizar a sua respectiva coroação ornamentando para tal, o melhor quarto da casa que irá receber a coroa, e, rezar diante do Altar, desta, o terço todos os dias à noitinha. Todavia, é na Sétima Dominga que a Festa do Espírito Santo atin-

ge o seu auge, altura em que o “mordomo”, ou “imperador” tem a seu cargo, não só a coroação, mas também, a organização da dis-pensa, a distribuição das pensões, a função na igreja e o “império”. Os sete Dons do Espírito Santo são: a sabedoria, o entendimento,

o conselho, a fortaleza, a ciência, a piedade e o temor de Deus. Per-tence em plenitude, a Cristo, filho de David. Completam e levam à perfeição as virtudes de quem os recebe. Tornam dóceis os fiéis na obediência às inspirações divinas.

Eis o que se deve entender por cada um deles: Sabedoria: É o oposto à Estreiteza de espírito. A pessoa sábia, não olha as coisas apenas de um ponto de vista,

mas sim de maneira integral. Sabedoria significa ver as coisas de todos os ângulos. É esta larga visão que faz as pessoas sábias e é neste sentido que

nos pode ajudar o Dom da Sabedoria.

Entendimento: Significa a Ciência do coração. Entender significa ver, a partir do coração das outras pessoas,

sentir e conhecer os sentimentos e as atitudes do coração das ou-tras pessoas. É neste sentido que nos pode ajudar o Dom do Entendimento. Conselho: Significa tomar boas decisões. Para se poderem tomar boas decisões é necessário um trabalho

preparatório; ver as alternativas e prever as consequências. Então, quando a pessoa julga, o seu julgamento será correcto. É neste sentido que nos pode ajudar o Dom do Conselho.

Fortaleza: Significa que é preciso viver as decisões tomadas, se-jam quais forem as dificuldades.

Significa coragem para viver as próprias convicções, a qualquer preço.É neste sentido que nos pode ajudar o Dom da Fortaleza. Ciência: Significa um conhecimento claro do mundo, tal como

ele é para cada um, conforme a época da vida em que se vive. O mundo vai mudando e é preciso interpretá-lo a seu tempo. É neste sentido que nos pode ajudar o Dom da Ciência. Piedade: Significa ter na devida conta e apreço o valor da vida e

tudo o que a mantém e suporta. O Dom da Piedade, é para se enfrentar a realidade e responsabi-

lidade de cada um, como por exemplo: os pais dedicarem-se aos seus filhos com todo o cuidado e ternura. Cada um deve assumir as suas responsabilidades. É neste sentido que nos pode ajudar o Dom da Piedade. Temor de Deus: Significa que se deve reconhecer com profundos

sentimentos de respeito e amor, que se está sempre na presença de

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Fé de um PovoComeçaram as: Domingas do Espírito Santo

Deus. Assim, mais facilmente se reconhece, o perigo do erro e do pe-

cado, bem como a vantagem do bem e do cumprimento do dever. É nesse sentido que nos pode ajudar o Dom do Temor de Deus. Porque dá Deus os Seus Dons ao Seu Povo?

Os Dons do Espírito Santo, não são concedidos às pessoas, ape-nas para sua felicidade pessoal no contexto da Economia Divina. Eles são concedidos para o bem da sua comunidade, para o bem

de toda a Igreja e para o bem do mundo inteiro.

A Festa e o Culto ao Divino Espírito Santo, abrangem todas as Ilhas e toca na alma e na cultura de todos os açorianos, é a mais pura e sincera identidade açoriana. Com a emigração para as Amé-ricas do Norte e do Sul, nomeadamente Brasil, EUA, Canadá, Ber-muda e no próprio continente português, foi na bagagem, esta tra-dição, a sua importância tem tal dimensão, que por exemplo: Em Fall River, Mass, EUA realizam-se em Agosto, as Grandes Festas do Espírito Santo que costumam atrair milhares de açorianos, re-sidentes na América do Norte, e, para ali transportam também, as insígnias e os dirigentes das suas irmandades.

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Comunidade

Seja o Filho e a Bendita Virgem- MariaBendito sejais meu Deus, por nos teres dado vida até agora.

Por efeito da Vossa bondade começo hoje este dia, merecendo por meus pecados hoje este dia, merecendo por meus pecados já estar contado entre os mortos e condenados, pelo que Vos ofereço todos os meus bons pensamentos, palavras e obras que neste dia praticar, juntamente todas as indulgências que nele ganhar, tudo isso deposito nas Vossas mãos e mãos de Maria Santíssima, para repartirdes pelas almas do purgatório a fa-vor das quais faço voto de renuncia livre do pecado. Proponho, Senhor, desde já, e nem em tempo algum consentirei pecado ou ofensa Vossa graça, que sem ela nada posso.Como tem sido tradição ao longo dos últimos 25 anos, o rancho

dos romeiros do Quebeque fez a sua caminhada de fé e de oração na sexta-feira santa, dia 29 de Março!Numa manifestação de fé cristão este ano um número recorde de

150 irmãos homens e mulheres, de todas as idades vestidos a rigor, o bordão, xaile, lenço e saco ao ombro. Levando ainda dois terços, um ao pescoço e outro na mão para a oração durante o decurso de toda a romaria, como regista a tradição das romarias da ilha de São Miguel, aonde tiveram inicio no dizer do povo, e, o povo em seus ditos, sempre tem razão, semelhante religiosidade vem do tempo do grande “castigo” em Vila Franca, da subversão de 22 de Outu-bro de 1522. (…)

O Mestre, o Procurador das Almas e o Guia, são as três personali-dades consagradas pelo tempo em seus ofícios; esses são infalíveis nesta piedade todos os anos, que a substituição de qualquer deles não é coisa fácil; os mais Romeiros vão por devoção somente em cumprimento de promessas feitas, ou para desagravo de qualquer pecado ou caso de consciência.É durante a sexta-feira santa que tem lugar esta piedosa prática

através da Ilha de Montreal e Laval. Irmãos romeiros, homens, mulheres e crianças, de todas as ida-

des, o menino que levava a cruz Corey Sa Ventura com apenas 15 anos e a senhora Carreiro com 78 anos de idade que valentemente completou a romaria!Os irmãos compareceram pelas 5:30 da madrugada na igreja de

Santa Cruz para dar início a esta devoção e caminhada piedosa, o tempo pode vir a ser, um dos adversários mais difíceis que o romeiro possa a vir a ter que enfrentar durante a sua caminhada, teme-se o vento o frio e a chuva.A primeira oração faz-se no interior da igreja Santa Cruz, este

ano a romaria tem início em Montreal e termina na igreja de Nossa Senhora de Fátima em Laval, mais uma dificuldade se acrescenta neste meu segundo ano de romeiro, este percurso é mais penoso, porque é sempre a subir a subir.Após haver rezado, o mestre agradece a presença do Senhor pa-

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ComunidadeSeja o Filho e a Bendita Virgem- Maria

dre José Maria Cardoso, por sua vez, o pároco também agradece a presença dos romeiros, e, pede a Deus que lhes dê uma boa e santa caminhada.Nas orações por alma dos defuntos, pedimos pela população, pela

paz no Mundo e na família, pelos doentes e idosos, pelas crianças e jovens – e também, entre outras petições, para que «Nossa Se-nhora os livre dos abalos de terra, da fome, da peste, da guerra e de mortes repentinas».O rancho forma-se no adro da igreja a espera pelas forças poli-

ciais de Montreal para que seja autorizada a romaria, pelas 7:30 começam os primeiros passos na rua Rachel e a ouvir-se em voz alta o cântico da Ave-Maria. Durante a caminhada, em Montreal, vai-se orando nas igrejas,

Santa Cruz, Saint-Enfant Jesus, Notre Dame des Defenses, Santa Cecilia, Saint-Vincent Ferrier, Saint Sauveur (à porta da igreja) em Laval, na Saint-Martim e Nossa Senhora de Fátima.Pelas 10h00 da manhã fizemos uma pausa de descanso na igreja

Saint-Vincent Ferrier, no salão uma farta mesa com comida e re-frescos espera os romeiros, oferecimento de um grupo de pessoas, e é a primeira oportunidade que nos é dada de confraternizar com alguns irmãos romeiros que vou descobrindo que também estão nesta romaria, alguns de origem do continente português, arquipé-lago da Madeira e de várias ilhas dos Açores, entre outros o bem conhecido e amigo pessoal, o editor do Jornal A Voz de Portugal e a revista O Açoriano o Terceirense Eduíno Martins, também o Nel-son Vallacorba, filho do malogrado António Vallacorba o grande defensor das tradições açorianas.Depois toca a campainha para reunir de novo o rancho, é tempo

de agradecer e rezar pelas intenções de quem ofereceu a comida, seus parentes e amigos.O rancho faz-se de novo ao caminho, sempre caminhando pelos

passeios e ladeado pelos simpáticos 2 agentes da polícia de Mon-treal, 3 ciclistas patrulheiros em bicicleta de Jeunesse au Soleil, que controlavam o trânsito para nossa protecção, no dizer de al-guns irmãos este é o mais penoso e doloroso percurso em direcção a Laval, uma só paragem está prevista para orar na igreja Saint--Sauveur.Já na rua Salberry o sofrimento aumenta, a força na voz começa

a baixar já não se canta com o mesma tom do inicio, agora é que é a verdadeira caminhada de sofrimento, é a luta entre a dor e o querer completar a romaria, peço a Deus que não me abandone e que me deia forças para continuar, no interior do calçado parece que nasceram pedras.Chegamos à Ponte Lachapelle, cidade de Laval à vista, a polícia

de Montreal entrega-nos aos cuidados dos colegas de Laval, são 5 carros à ordem e agora iremos caminhar pela estrada, (parecia o início da chegada triunfal) três carros à nossa frente, um ao meio outro atrás, duas vias de rodagem reservadas.Que alegria ao chegar à igreja de Nossa Senhora de Fátima, no

interior muitos paroquianos e o Senhor padre José Carlos Dias recebe-nos com os olhos repletos de alegria.Os romeiros assistiram à oração da Cruz e participaram na euca-

ristia, era o fim de um dia diferente dos outros.Passadas várias horas juntos, os Romeiros, entraram no salão Pa-

roquial confraternizam, comendo uma sopa quente, oferta do pão de Santo António e então despedem-se uns dos outros, findando aqui a devoção.”É de louvar o grande número de jovens que foram de romeiros,

demonstrando que o futuro das nossas tradições está garantido!Parabéns a todos, em particular, ao Mestre Duarte Amaral por

todo o esforço e dedicação!

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Comunidade16º Aniversário da AssociaçãoSaudades da Terra Quebequente…

A Associação Saudades da Terra Quebequente é uma das associações que apresenta apenas duas grandes fes-tas anuais, tendo sido a Festa do Chicharro a ultima que nos obsequiaram e na qual se celebravam os 16 anos da sua existência.Este organismo nasceu como a maioria de todos os outros

organismos portugueses, de um punhado de gente que tinham e têm muito orgulho das suas raízes e neste caso, originários do bonito lugar Ribeira Quente na ilha de S. Miguel, Açores. Este ano a Direção era composta por: Roberto Carvalho,

Presidente; Tito Carvalho, Secretario; Alex Tibúrcio, Tesou-reiro; Diretores: João Branco, José Manuel Cabral, António Chico, Jerry Arruda, Roberto Abarrota, José Gafanhoto e João Gonçalo. Todo este punhado de pessoas juntamente com todos os que ajudaram na confeção da comida, na deco-ração da sala que estava magnifica e na parte musical, estão de parabéns. A sala estava esgotada três semanas antes do dia do espe-

táculo. Sete centenas e tal de pessoas! Carlos Botelho, re-presentante da Sata em Toronto também esteve entre nós e mais tarde dirigiu-nos a palavra após a apresentação de uma placa as pessoas pediam viagens na Sata de Montreal para os Açores, mas foi-nos explicado que de Montreal não há gente suficiente para justificar que um avião da Sata venha a Mon-treal rumo aos Açores. No entanto ficou no ar a promessa de que quando houver um número suficiente, teremos então o serviço. De Toronto igualmente veio um representante do banco Banif. Por volta das 20h00 o Mestre de Cerimónia, Mário Carvalho – Chefe Redator do jornal A Voz de Portugal e Diretor do jornal/revista O Açoriano, deus as boas vindas e agradeceu a todos os presentes o terem-se deslocado ao salão da igreja Santa Enfant de Jesus para que todos jun-

tos possam olvidar suas tristezas e divertirem-se um pouco. Uma referência foi feita aos 60 anos que a comunidade por-tuguesa no Canadá está a celebrar e que graças aos nossos pioneiros, muito se construiu e se fez, e que este património perdure por muitos e muitos anos. Devemos estar orgulho-sos da nossa participação para que o Canadá se tenha tor-nado num país acolhedor e muito temos feito para o grande desenvolvimento do mesmo. O Mário agradeceu muito aos jovens o empenho que eles mostram ao participarem nas festas portugueses. Sábado há noite havia muitos e muitos jovens que ajudaram e outros que vieram participar da festa. Devemo-nos sentir orgulhosos deles pois é através deles que

as nossas tradições, língua e música vão continuar. Começou o jantar onde o chicharro foi o cam-

peão da festa. Excelente serviço e fartura. Co-meçou depois a parte musical com uma surpresa. Alguém que há já muitos anos vem colaborando com a organização: Fátima Miguel. Fátima é uma cantora comunitária muito popular e interpretou algumas cancões, algumas da sua própria autoria tendo a ultima sido umas quadras dedicadas à fes-ta do chicharro.O jovem D.J. Moreira surpreendeu todos com a

sua grande variedade de música e convidou o povo a dançar. Foi depois a vez do excelente conjunto Contactactuar cujo vocalista, Carlos, nos cantou em português, inglês, espanhol e italiano.

Chegou a altura de se entregar algumas placas a certos membros da Direção: Jerry Arruda, um elemento muito prestável e grande defensor das nossas tradições açorianas; João Branco, pela incondicional boa vontade e trabalhador formidável; Tito Carvalho que antes de casar já ajudava e muita esperança tem em continuar até poder; Roberto Abar-rota que há mais de 15 anos tira fotos e vai enriquecendo o site www.quebequente.com., e Alex Tibúrcio, o mais jovem do grupo.O tempo ia passando e nós nem dávamos por isso, pois a

noite foi-se sempre passando de surpresa em surpresa, mas ainda falta ouvir aquele que veio de tão longe, o Gabriel. Tive o prazer de ter ficado na mesma mesa dele onde me contou que é de Coimbra e estava muito contente por ter vindo a Montreal pela primeira vez. Cantigas um pouco “pi-cantes”, talvez o estilo do cantor Quim Barreiros. O Gabriel também toca concertina e compõe muitas das suas cancões. É de salientar também o excelente serviço de som oferecido por TNT de Toronto.Parabéns à Associação Saudades da Terra Quebequen-

te pelo harmónico e espetacular serão, e votos para que continuem sempre a presentearem festejos idênticos.

Natércia Rodrigues

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ComunidadeFesta da Rádio Centre-Ville: Um Grande Sucesso...

sete saias como é da praxe, não ficando nada a dever às verdadeiras nazarenas, dando-nos a sensação que não estávamos no Canadá e sentimo-nos transportado à nossa Pátria, cantinho que nos é queri-do. É talvez por estes pormenores e movidos pelas saudades e pelo facto do nosso folclore nos preveligiar com danças e costumes do norte ao sul, quase me leva a uma certa exageração? Não, creio

mesmo num certo... realismo!Outra atuação foi a de Alex Camâra, um

jovem cheio de talento, um artista que tem hábito de nos mostrar o seu empenho na car-reira que escolheu e que muito sucesso tem obtido, mesmo fora do Canadá. Devemos sentir-nos orgulhosos de ter-mos

na comunidade pessoas que tão bem nos re-presentam, e o mesmo podemos dizer dos outros dois artistas presentes no espectácu-lo: Fátima Miguel que tem demonstrado o seu potencial, interpretando tanto a canção nacional, como qualquer outro estilo de mú-

sica, tem de facto um grande potencial. Também quero aqui men-cionar um outro artista amador mas possuidor de uma voz de tenor, José Gil, pena é que a idade não perdoa, pois continua oferecer--nos muito boas interpretações das canções do seu reportório. Sua esposa, sra. Isabel Gil também nos deliciou com poesias da sua autoria.A finalizar o artista de cabeça de cartaz, vindo dos Estados-Uni-

dos, Eduardo D’Deus, encheu a sala com o seu carisma e a sua total entrega ao público. Podemos notar também a presença do Joe Puga que recebeu uma placa de agradecimento pela sua vinda à festa. Obrigado a todos estes artistas, e ao DJ Entre-Nós, Marinho e o

nosso conhecido e ex-colega da rádio, Luís de Melo. Os dois números que não foram entregues na festa: 604566 (um

CD de saúde natural de Fernanda Almeida). 411358 (um certifica-do do restaurante Helena no valor de 100$).Foi um êxito a todos os níveis. A administração e a equipa

portuguesa chefiada pelo Dr. Arlindo Vieira e senhor Ricardo Costa agradecem à comunidade a ajuda preciosa. Bem Hajam.

Teve lugar no passado dia 9 de março, o jantar dançante, or-ganizado por esta mesma organização afim de angariar fun-dos para a manutenção e amelhoração desta estação radiofó-nica ao serviço da comunidade, desde 1975.

Foi um evento muito bem sucedido a todos os níveis: pelo públi-co que veio em grande número dar a sua participação, pela qua-lidade do conteúdo artístico e como não podia deixar de ser, pela parte gastronómica, servida com grande classe por um restaurante bem conhecido da diáspora, a Casa Minhota. A qualidade do repasto e o serviço impecável de jovens enérgicos

e de boa conduta foram excelentes. Estava cheio o recinto da cave da igreja de Santa Cruz, vendo-se nas pessoas uma grande alegria por participarem num serão cuja causa reflecte em fator de um organismo comunitário, que trabalha para a mesma. Lá já 38 anos benevolamente.Felizmente não é o único, mas esta é uma estação de rádio que tem muitos pergaminhos, muita história e por onde passaram grandes entidades. Não podemos esquecer a preciosa contribuição dos organismos que ajudaram, um grande agradeci-mento a todos, que de perto ou de longe nos apoiaram. A parte do espetáculo foi do agrado de todos. O Rancho Folclórico da Missão Santa Cruz iniciou o sarau, brindando-nos com danças típicas da Nazaré, muito bem interpretadas. As moças com as tradicionais

Jorge Matos

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O Açoriano10

Comunidade

Paulo Teves, DiretorRegional das Comunidades

O novo diretor das comunidades, do governo Regional dos Açores, o dr. Paulo César Teves, recentemente visitou a comu-nidade açoriana, e, o lugar de encontro foi na Casa dos Açores, do Quebeque, aonde quase uma centena de pessoas marcaram presença, para desejar as boas vindas ao jovem director das comunidades.

Numa viagem relâmpago por terras do Canadá, o novo diretor iniciou a sua visita em Montreal, passando por Vancouver, e termi-nando em Toronto.Com 32 anos de idade, dr. Paulo Teves principiou as suas funções

em Janeiro, num mandato de 4 anos.

Originário da Ribeira Grande, é licenciado em Ciências Politicas e Relações Internacionais da Universidade Nova, de Lisboa. Na mesma universidade, fez uma Pós Graduação em Ecologia Huma-na e Problemas Sociais Contemporâneos.

Em Montreal, esteve no Consulado-Geral de Portugal em Mon-treal, na Missão Santa Cruz e na Desjardins, Caixa Portuguesa.

Terminando a sua passagem por Montreal, com um encontro à noite na Casa dos Açores de Quebeque, onde estiveram presentes, muitas pessoas e individualidades representantes das bandas filar-

Mário Carvalho mónicas e associações de origem açoriana.É sua intenção durante os próximos 4 anos de mandato, visitar as

1200 associações açorianas espalhadas pelo mundo.

Esta viagem permite sublinhar que os açorianos, são verdadeiros embaixadores, da Região Autónoma dos Açores, e o povo açoria-no, deve orgulhar-se das suas raízes.

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Comunidade

A Filarmónica Portuguesa de Montreal, com a cumplicidade do seu maestro, realizou recentemente uma noite de fados intitula-da «Alfama». Quase nem reconhecemos a sala desta prestigiosa agremiação. Redecorada para a ocasião, pela Natércia Rodrigues, minha colega de redacção, dava a impressão de estarmos numa casa de fado em Lisboa. Victor Barreira tem inúmeros talentos e um deles é o de mestre de cerimónia. O seu à-vontade em comu-nicar com o público, impressionou. Na sua primeira intervenção disse ter escolhido Alfama, por ser o mais antigo e um dos mais

típicos bairros da capital nacional, Lisboa. De seguida apresen-tou a estrela da noite, a nossa conterrânea, Cathy Pimentel, que durante o jantar, ao piano interpretou algumas peças do seu vasto

reportório, finalizando com o Allelujah de Leonard Cohen, Que maravilha! Uma artista completa. Depois de se ter jantado um bom caldo verde e um bacalhau no forno, acompanhado de uma boa

Antero Branco

Noite de Fado na FilarmónicaPortuguesa de Montreal

pinga, teve então lugar o fado clássico. Iniciaram o espectáculo com uma guitarrada, os três músicos da noite, Nilton Ribeiro à guitarra portuguesa, Luís Costa à viola clássica e Samuel Pereira à viola baixo. Seguiu-se então a voz de Victor Vilela, que com toda a sua generosidade e num estilo bem castiço, encantou-nos, como sempre, com seus fados. Por fim Cathy Pimentel, a estrela açoria-na, com a sua voz e simpatia, fez-nos sonhar com Alfama. Pela noite fora, dois grandes artistas da comunidade, vieram prestar homenagem à nossa anfitriã. Luís Duarte e Jordelina Benfeito, a cotovia açoriana, cantaram vários fados do seu vasto reportório. A venda de bilhetes para um sorteio, teve imenso sucesso. O prémio

era original, uma noite de fados em sua casa, uma simpática oferta da Cathy e dos seus músicos. A contemplada foi a senhora Rego, que por sua vez, ofereceu o

prémio à Dominga do Espírito Santo da Filarmónica. Após a rifa e para finalizar a noite de encanto, o amigo Vilela e a Cathy voltaram a nos seduzir com a sua arte e sabedoria. Parabéns à Filarmónica e ao Victor Barreira por esta noite de fado bem sucedida. Espero que voltem a repetir esta experiência.

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Comunidade

Lançamento do 1º CD da Banda Filarmónica do Divino Espírito Santo de LavalFoi, no passado domingo, dia 25 de Março, que foi lançado ao

público, na Casa dos Açores do Quebeque, o primeiro trabalho discográfico, intitulado ‘’Divino Espírito Santo’’ da autoria da banda filarmónica do Divino Espírito Santo de Laval.Os músicos apresentaram-se fardados a rigor, assim como os

membros da direcção, para dar a conhecer ao público o resultado de muitas horas de ensaio, horas de estúdio e o resultado está à vista, assim foi o que podemos na realidade apreciar, um CD com várias músicas, incluindo o hino da banda do Divino Espírito Santo. O sa-lão nobre da casa dos Açores estava repleto de familiares, amigos e simpatizantes desta banda filarmónica e alguns patrocinadores, que fizeram questão de estar presentes, neste momento histórico e que certamente ficará gravado na memória dos músicos, maestro e diri-gentes que conseguiram assinalar o trigésimo aniversário da banda com a gravação do seu primeiro CD. No mesmo ano que a comuni-dade portuguesa celebra 60 anos de emigração no Canadá. O presidente da banda, Sr. Victor Faria, fez questão de agradecer

a todos os quantos, participaram neste projecto, músicos, maestro, dirigentes, amigos, comerciantes e privados que ajudaram a finan-ciar os custos das gravações, também homenageou todos quantos já fizeram parte desta banda, ao longo dos 35 anos, dirigentes e músi-cos. O maestro Sr. Gilberto Pavão, resumiu como tudo começou, no longínquo ano de 1987, quando o Sr. António dos Reis e Olímpio Teixeira, fundadores desta banda, lhe bateram à porta, para o con-vidar a ser o maestro desta nova banda de Laval. Ficou apreendido com o convite, não queria mas depois, acabou por aceitar, já lá vão 35 anos, com os instrumentos às costas, andaram de um lado para o outro, por não terem sede própria aonde ensaiar.A primeira direcção oficial da banda, foram: Olímpio Teixeira, An-

tónio dos Reis, João Fernandes e Viriato Pacheco.Presentemente é nas instalações da Casa dos Açores que a banda

ensaia e está instalada! O maestro, também agradeceu a todos os músicos, desde os primeiros que fizeram parte até aos que ainda

hoje fazem parte da banda, dizendo que os músicos desta banda são como se fossem seus filhos, para além de fazer um esforço para que a banda toque bem a sua grande preocupação é o respeito e a disci-plina. A banda brindou os presentes, interpretando algumas músicas do CD, ao início, tocaram o Hino da banda. As gravações tiveram lugar na cidade de Montreal nos dias 1 e 2 de Dezembro de 2012. Este trabalho acontece justamente quando estão festejando os 35 anos de fundação, uma banda que sem dúvida, se tornou referência, na defesa dos valores da cultura musical da nossa gente e do povo Açoriano. É de louvar o trabalho que as filarmónicas têm desempe-nhado no Canadá na preservação e divulgação da cultura açoriana, ao longo destes 35 anos foram centenas de músicos que tocaram e foram formados pelo seu maestro, pais, filhos e netos, filhas e noras e genros, tem sido os músicos que todos os anos, embelezam as nos-sas festas, animando as procissões e arraiais, deliciando os amantes da música, dando de beber à saudade. Por fim, todos os presentes foram convidados a um ʺbuffetʺ e assim tiverem a oportunidade de confraternizar com os músicos e a direcção da banda. Parabéns a todos!

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Comunidade

No passado dia 9 de Março, Alice e Angelo Ribeiro levaram a afeito o 7º jantar de angariação de fundos com beneficio para o Hospital Judeu de Montreal, nomeadamente para o departa-mento de oncologia de Montreal.Com uma sala esgotada, Alice Ribeiro iniciou este jantar, com a

homenagem às sobreviventes, o que é sempre um momento co-movente.

Não só para as sobreviventes, mas também suas famílias, e relem-

brou que continuamos a lutar por esta causa, como duas jovens, Amanda Nobrega Rodrigues e Ana Curado Vieira.A parte musical foi a cargo do DJ Jeff Gouveia. Podemos notar

que o cantor Jomani apresentou, pela primeira vez, a sua filha Ke-lly Anne, cantando em português o que foi uma surpresa, porque a sua mãe não é portuguesa e a canção cantada pelos dois foi um grande sucesso.Cathy Pimentel, a nova sensação do fado na nossa comunidade,

com a sua voz castiça, linda mesmo, com os seus guitarritas todos empenhados a continuaram as nossoas tradições: Nelson acompa-nhou a Cathy com a nossa guitarra portuguesa que ainda há um ano não o fazia, uma delícia dos ouvi-los.E o nosso Jason Coroa, que esta parte da Laval ainda não o ti-

nha ouvido atuar, o nosso Pavarotti português, conquistou, e não o queriam deixar sair do palco, foi um sucesso. O copioso jantar foi servido pelos nossos jovens que quiseram fazer parte de uma cause que afeta muitos dos nossos familiares e amigos.Os quadro majores cancros continuam a afetar, (mama, pulmões,

colateral e próstata) representam 53% dos novos cancros diagnós-ticos. O cancro da prostrada é o mais comum nos homens e o da mama nas mulheres.Por esta razão diz a Alice, continuamos a lutar e angariar fundos

para um mundo sem cancro. Resta agradecer a uma equipa mara-vilhosa que fez tudo para que este jantar se realize sempre melhor cada ano, a toda a nossa comunidade que dá sempre o seu melhor.

Fim-de-SemanaPara Vencer o Cancro

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Nossa Terra

No rescaldo da visita do Governo Regional à Ilha

De 26 a 28 de março, ou seja durante a Semana Santa, tem-po de reflexão e de esperança, o Governo Regional dos Açores rumou à Ilha de São Jorge para fazer a sua primeira visita estatutária.Longe vão os tempos em que estas visitas eram esperadas com

muita ansiedade pelas populações, pois haveria sempre grandes medidas a serem tomadas e o contato mais direto com a realidade da Ilha. Hoje já é diferente. O mundo mudou. E nesta aldeia global o cidadão tem vários meios de informação (televisão, rádio, jor-nais, as redes sociais, por exemplo o facebook), para saber o que se passa em seu redor e neste caso o que os governos vão dizendo ou fazendo em relação à sua Ilha ou comunidade.Enquanto cidadão e agora em “modo de pausa” na vida politica,

queria fazer os seguintes comentários:Apreciei com agrado a “operação de charme” em o Sr. Presidente

do Governo Regional dos Açores remeteu a cada casa Jorgense carta (infomail) a informar o atendimento à população por alguns secretários do seu Governo. Em tempos de dificuldades a conver-sa e o diálogo vão atenuando as mesmas…..Em relação ao setor da saúde, fiquei tranquilo e preocupado.

Tranquilo porque o Secretário da Saúde afirmou que “PARA JÀ” tudo fica como está.Preocupado porque espero que o Governo tenha “SAÙDE MEN-

TAL” para no futuro tomar as decisões acertadas, tendo sempre em conta o bem-estar das populações. Em relação ao setor cooperativo leiteiro da Ilha de São Jorge, o Sr. Presidente do Governo Regional disse: “Não há cheques para pagar dívidas”. Senhor Presidente do Governo Regional dos Açores. Concordo em parte, mas não será bem assim. É preciso fazer um “exercício de memória” e relembrar que o modelo em que está o setor cooperativo hoje foi, um co pro-jetado com o Governo Regional. Penso que o Governo Regional em tempos idos quando saneou o setor com 5 milhões de euros devia ter tido de lá até agora, um maior e melhor acompanhamento do valor então despendido.Se assim tivesse acontecido, talvez hoje não estivéssemos a viver

esta situação no setor cooperativo. Sobre este setor quero dar o Pa-rabéns à FINISTERRA, Cooperativa de Lacticínios do Topo, pelos resultados apresentados na sua gestão, que foi amplamente divul-gado na comunicação social local. Penso que agora a restante setor cooperativo leiteiro da Ilha de São Jorge deve seguir o exemplo, e usando uma linguagem informática deverá fazer “copy-paste”.Um bem-haja ao futuro da nossa Ilha.

Mark Marques

Felícia Pimentel Oliveira, de 8 anos, de Ponta Garça, foi a grande vencedora da XXII Gala Regional dos Pequenos Can-tores Caravela D’ouro, evento que decorreu, no dia 6 de Abril, na Vila da Povoação.A menina do Concelho de Vila Franca arrecadou o 1º lugar com a

canção “O Livro”, com letra e música de João Paulo Costa. Como prémio, levou para casa um computador portátil e um voucher com uma noite para duas pes-soas no Hotel do Mar.Em 2º lugar ficou Rodolfo Medeiros, de

8 anos, das Furnas, com a canção “Vio-la”, da autoria de AnaTorcato e música de Paulo Pimentel. O menino das Furnas ganhou um leitor de DVD portátil.Em 3º lugar ficou Tatiana Soares Medei-

ros, de 10 anos, da Povoação, que venceu com a letra “ A Minha História”, de César Carvalho, tendo arrecadado uma máqui-na fotográfica. O troféu da “Melhor Música” foi para Ana Furtado, com a canção “O Jogo do Rodrigo”, cantada por Rodrigo Furtado Mendonça. Já a “Melhor Letra” foi atribuída a Lina Freitas com o título “ Mundo da Fantasia”, interpretada por Maria Macedo Pereira. Os dois autores foram brindados com vouchers de duas noites para duas pessoas no Terra Nostra Garden Hotel. Finalmen-te o galardão da “Canção Recomendada para Crianças” foi para José Afonso Ferreira, da Lomba da Maia, que ganhou uma Mol-dura Digital. O intervalo da XXII Gala dos Pequenos Cantores foi preenchido com a animação proporcionada pelo Curso Técnico de

Apoio à Infância da Escola Profissional da Povoação. A segunda e última parte da noite abriu com a participação especial de Sofia Braga, da Ribeira Quente, vencedora da Gala do ano passado.A Gala Caravela D’ouro contou com 13 concorrentes, com idades

compreendidas entre cinco e dez anos, dos Concelhos da Povoa-ção, de Vila Franca do Campo, da Ribei-ra Grande e de Ponta Delgada. O mundo dos “Estrunfes” foi, este ano, o cenário apresentado, por Alberto Ferreira, para enfeitiçar a vista dos apreciadores da Gala e deliciar os intérpretes que viaja-ram, por momentos, neste mundo encan-tado das minúsculas criaturas azuis, que são um verdadeiro fenómeno de popula-ridade à escala planetária.Os 13 pequenos participantes foram

acompanhados, como já é tradição, pela Orquestra Ligeira da Câmara Municipal da Povoação, sob a direção de orquestra

do maestro Paulo Leite e por um Coro composto por 47 crianças de várias freguesias do Concelho da Povoação, sob a direção da maestrina Cília Barros.O júri foi composto por 5 elementos: Carlos Sousa (presidente),

Romina Cardoso, Margarida Ferro, Humberto Tibúrcio e Andreia Amaral. A apresentação da grande Gala foi novamente da respon-sabilidade da povoacense Cândida Cosme. A Gala Regional dos Pequenos Cantores - Caravela D’ouro é uma iniciativa da Câmara Municipal da Povoação que conta com o apoio de uma Comissão Organizadora constituída para o efeito.

Vencedora da XXII Gala Regional Gala dos Pequenos Cantores Caravela D’ouro é da Ponta Garça

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GastronomiaSopa do Espírito Santo

TERCEIRA

INGREDIENTES: Para 10 a 12 pessoas2kg de carne de vaca (peito)1 galinha (ou dois frangos)500g de fígado de vaca250g de sangue de vaca coalhado3 dentes de alho2 cebolas1 ramo grande de hortelã1 pau de canela

1 colher de sopa de massa de malagueta1 repolho médio1 colher de sopa de banha ou de manteiga1 pão de trigo grande (duro)1 concha de molho de alcatra ;sal

PREPARAÇÃO:Faz-se uma boneca deitando num pano os dentes de alho, as cebo-las aos quartos, a hortelã, o pau de canela e a massa da malagueta. Ata-se com uma guita e mergulha-se na água para a sopa que já está temperada com sal. Leva-se ao lume e quando ferver introduz--se a carne e a galinha e deixam-se cozer. (Substituindo a galinha por frangos, estes devem juntar-se quando a carne estiver pratica-mente cozida.) Estando as carnes cozidas, junta-se o repolho cor-tado aos quartos e a banha e continua a cozer. À parte e em reci-pientes separados cozem-se em água o bocado de fígado inteiro e o sangue. Corta-se o pão ao meio, no sentido horizontal, e depois em quatro ou cinco bocados (cada metade), no sentido vertical. Põe-se este pão (com o miolo voltado para cima) numa tigela. Dispõe-se por cima um ramo de hortelã e rega-se com uma concha de molho de alcatra. Espalham-se ainda por cima o repolho, algumas fatias pequenas de fígado e de sangue e rega-se tudo com um pouco de caldo. Tapa-se, e alguns minutos depois rega-se com o restante caldo. Cobre-se a sopa com uma toalha de linho e abafa-se com cobertores, ficando assim durante umas duas a três horas.Comida a sopa, come-se a carne, a galinha e o que resta do fígado e do sangue.

Esta sopa é sempre servida nas Funções (festas) do Espírito Santo, comendo-se a seguir a alcatra com massa sovada ou com pão de mesa, conforme as freguesias.

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Quem são eles?