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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS ALDO CORDEIRO SAUDA Do direito à cidade à anticorrupção: deslocamento de pautas, diversificação de atores e desdobramentos de Junho de 2013 CAMPINAS 2019

 · 2020. 7. 13. · ALDO CORDEIRO SAUDA DO DIREITO À CIDADE À ANTICORRUPÇÃO: DESLOCAMENTO DE PAUTAS, DIVERSIFICAÇÃO DE ATORES E DESDOBRAMENTOS DE JUNHO DE 2013 Dissertação

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS

ALDO CORDEIRO SAUDA

Do direito à cidade à anticorrupção: deslocamento de pautas, diversificação de atores e desdobramentos de Junho de 2013

CAMPINAS

2019

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ALDO CORDEIRO SAUDA

DO DIREITO À CIDADE À ANTICORRUPÇÃO: DESLOCAMENTO DE PAUTAS, DIVERSIFICAÇÃO DE ATORES E DESDOBRAMENTOS DE JUNHO DE 2013

Dissertação apresentada ao Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de mestre em Ciência Política

ORIENTADORA: ANDRÉIA GALVÃO ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELO ALUNO ALDO CORDEIRO SAUDA, E ORIENTADO PELA PROFA. DR. ANDRÉIA GALVÃO.

CAMPINAS

2019

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Ficha catalográficaUniversidade Estadual de Campinas

Biblioteca do Instituto de Filosofia e Ciências HumanasPaulo Roberto de Oliveira - CRB 8/6272

Sauda, Aldo Cordeiro, 1987- Sa85d SauDo direito à cidade à anticorrupção : deslocamento de pautas,

diversificação de atores e desdobramentos de junho de 2013 / Aldo CordeiroSauda. – Campinas, SP : [s.n.], 2019.

SauOrientador: Andréia Galvão. SauDissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Instituto de

Filosofia e Ciências Humanas.

Sau1. Movimentos sociais. 2. Classes sociais. 3. Movimentos de protesto. 4.

Neoliberalismo. 5. Partido dos Trabalhadores (Brasil). I. Galvão, Andréia,1971-. II. Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Filosofia e CiênciasHumanas. III. Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: From city rights to anticorruption: agenda shifts, actordiversification and the outcomes of June 2013Palavras-chave em inglês:Social movementSocial classesProtest MovementsNeoliberalismWorker's Party (Brazil)Área de concentração: Ciência PolíticaTitulação: Mestre em Ciência PolíticaBanca examinadora:Andréia Galvão [Orientador]Luciana Ferreira TatagibaRobert Sean PurdyData de defesa: 26-09-2019Programa de Pós-Graduação: Ciência Política

Identificação e informações acadêmicas do(a) aluno(a)- ORCID do autor: https://orcid.org/0000-0002-6569-4045- Currículo Lattes do autor: http://lattes.cnpq.br/9492742843092773

Powered by TCPDF (www.tcpdf.org)

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS

A Comissão Julgadora dos trabalhos de Defesa de Dissertação de Mestrado, composta pelos

Professores Doutores a seguir descritos, em sessão pública realizada dia 26 de setembro de

2019, considerou o candidato Aldo Cordeiro Sauda aprovado.

Prof(a) Dr(a) Andréia Galvão

Prof(a) Dr(a) Luciana Ferreira Tatagiba

Prof Dr Robert Sean Purdy

A Ata de Defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no SIGA/Sistema

de Fluxo de Dissertações/Teses e na Secretaria do Programa de Pós-Graduação em Ciência

Política do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas.

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À Tainã, com amor

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Agradecimentos

Agradeço principalmente aos debates com os colegas do grupo de pesquisa Movimentos Sociais, Sindicalismo e Política (MOB) do Centro de Estudos Marxistas do IFCH em Campinas, onde formulei a maior parte das ideias neste trabalho: Agnus, Amanda, Caue, Cristhiane, Ellen, João Campinho, João Tury, Mateus, Priscila e Vagner. A paciência, persistência e perseverança da minha orientadora Andréia Galvão, que ao me empurrar para além da zona de conforto, permitiu meu amadurecimento no marxismo. Agradeço também a Silvia Miskulin, Henrique Carneiro, Valério Arcary, Paula Marcelino, Waldo Mermelstein e Rodrigo Ricupero, companheiros que me incentivaram na academia. O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001. Agradeço também ao apoio dos professores do departamento de Ciência Política da universidade, em particular Raquel Meneguello, Armando Boito, Luciana Tatagiba e Sávio Cavalcante, do Departamento de Sociologia, sendo que aos dois últimos agradeço também terem feito parte de minha banca de qualificação. Agradeço aos editores da Autonomia Literária, Caue Ameni, Hugo Albuquerque e Manu Beloni, assim como à Márcia Camargos, pelas contínuas aventuras no mundo dos livros que marcaram este período. À Marcela Grecco e Carlos de Lucca pela parceria no direito, Charlotte Heltai e Camila Valle, da Heymarket Books e NYC for Abortion Rights, que gentilmente me hospedaram para a conferência Historical Materialism deste ano em Nova York, assim como Felipe Vonno e Ramon Koelle, incansáveis camaradas e advogados do MTST. Agradeço ao meus pais, Norma e Aldo Sr., pelo carinho e apoio permanente. Por fim, a todos os lutadores e lutadoras que desde junho de 2013 continuam nas ruas preenchendo nosso horizonte, decifrando a esfinge enquanto a constroem.

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Mónica Bergamo - O próprio PT faz críticas a Dilma. O senhor sempre fala que tem muito orgulho em ter saído com 85% de aprovação e ser o presidente mais bem avaliado do Brasil. O senhor tem vergonha de ter eleito uma presidente que foi a mais mal avaliada; Temer é o único que "ganha" dela. Lula - Orgulho, Orgulho. Tenho muito orgulho de ter a Dilma. M. Bergamo - Mas ela saiu pessimamente avaliada, presidente. o povo brasileiro... Lula - Nem todo filho consegue ter o sucesso que você teve. M. Bergamo - Ela foi um fracasso, saiu mal avaliada… Lula - O Pelé, não teve nenhum jogador como ele, nem o filho dele. É importante lembrar que em 2013 a Dilma tinha quase 75% de preferência eleitoral, aprovação de 75%… M. Bergamo - E em 2015? Lula - Espera aí, deixa eu falar querida. Depois do que aconteceu a partir de 2013, que eu acho que nem a imprensa avaliou direito, nem a esquerda, nem os cientistas políticos avaliaram direito, o que foi 2013? E o que foi a Primavera Árabe? Sabe, aquela loucura… Eu fiquei muito feliz quando derrubaram o Mubarak. Fiquei muito feliz! Porque conheci ele bem. O Obama tinha acabado de ir lá fazer um discurso. O grande discurso do Egito. Bem, aí derrubam o Mubark, elegem o Morsi. Em três meses, derrubam o Morsi. E quem tá governando? Uma junta militar. E não tem mais nenhuma manifestação na rua.1

1 Entrevista no cárcere da superintendência da Polícia Federal em Curitiba, realizada pelos jornais Folha de S.Paulo e El Pais com Luís Inácio Lula da Silvia. (Bergamo & Fernandes, 2019)

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RESUMO

A presente pesquisa investiga as causas, organizações promotoras e resultados das

mobilizações de junho de 2013 pela análise da bibliografia que utiliza classes e frações de

classes na compreensão do fenômeno. Ultrapassando o plano dos resultados imediatos, busca-

se apontar desdobramentos políticos de médio prazo. Sustentamos, em primeiro lugar, que a

composição social dos protestos, desde seu início majoritariamente de classe média,

possibilitou seu sequestro por grupos anticorrupção. Em segundo lugar, esta mesma

composição se expressou nas campanhas de rua em 2015-16 - favoráveis ou contrárias ao

impeachment - revelando uma continuidade em relação a 2013. Terceiro, ao desmobilizar sua

base eleitoral em 2014, o PT permitiu confluir a fração internacionalizada da burguesia e a

mobilização de massas da alta classe média. Por fim, que os protestos encabeçados pelo MPL

foram se metamorfoseando ao longo do acirramento dos conflitos entre projetos políticos

distintos, desencadeando uma crise política de hegemonia da burguesia interna no bloco de

poder. Esta crise levou ao fim da frente neodesenvolvimentista no Brasil e à restauração do

neoliberalismo ortodoxo. Junto à bibliografia, o trabalho utiliza como fonte a imprensa

autonomista, relevante para compreender a base, a direção e o programa do primeiro grupo

promotor dos protestos, o Movimento Passe Livre (MPL).

Palavras-chave: movimentos sociais; classes sociais; movimentos de protesto; neoliberalismo;

Partido dos Trabalhadores (Brasil)

Movimentos Sociais; Classes Sociais; Movimentos de Protesto; neoliberalismo; Partido dos

Trabalhadores (Brasil)

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ABSTRACT

This dissertation investigates causes, initiator groups and results of the June 2013 mass

mobilizations, analyzing the bibliography that uses classes and class fractions. Attention will

be given to mid-term political consequences of those events. We will point out that the social

composition of those protests, mostly middle class since their inception, allowed them to be

hijacked by anti-corruption groups. Second, that this social composition, also predominant in

the demonstrations in favor or against President Dilma Rousseff’s impeachment in 2015-16,

express continuity with regards to 2013. Third, that the Workers Party (PT) strategy of class

conciliation, through the demobilization of its base after the 2014 elections, lead the

internationalized fraction of the bourgeoise to coalesce with mass mobilizations of the upper

middle class. Lastly, that the protests lead by MPL metamorphosed with the intensification of

conflicts between different political projects, triggering in the power block a crisis of political

hegemony of the internal bourgeoise. This crisis leads to an end of the neodevelopmentalist

front in Brazil, restoring orthodox neoliberalism. Along with the bibliography, this essay will

use the autonomist press as a relevant source to explain the base, program and leadership of

the first group responsible for calling the demonstrations, the Free Fares Movement (MPL).

Keywords: social movements; social classes; protest movements; neoliberalism; Workers Party

(Brazil)

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LISTA DE TABELAS

Gráfico 1 - Frequência anual de protestos registrados na imprensa entre 2011 e 2016 ........ 14

Gráfico 2 - Greves na indústria de transformação entre 2003 e 2016 ................................... 15

Gráfico 3 – Greves no setor de serviços entre 2003 e 2016 ................................................... 15

Tabela 1 - Composição social dos protestos em 2013 ........................................................... 44

Gráfico 4 - Relação entre protestos e PIB entre 2011 e 2016 .............................................. 46

Gráfico 5 – grupos sociais nos protestos .............................................................................. 47

Gráfico 6 – Setores da classe trabalhadora nos protestos ..................................................... 48

Tabela 2 – grupos sociais nos protestos pré e pós de 2013 .................................................. 48

Tabela 3 - Quantidade de greves nas empresas privadas e estatais, por setor econômico ..... 49

Gráfico 7 - total de greves nas empresas privadas e estatais ................................................. 50

Imagem 1 – Mapa da segregação racial – Terminal Pirituba ................................................. 75

Imagem 2 – Mapa da segregação racial – Estrada do M`Boi Mirim ..................................... 75

Imagem 3 – Mapa da segregação racial – Largo da Batata .................................................... 76

Imagem 4 – Mapa da segregação racial – Avenida Paulista .................................................. 76

Tabela 4 – Motivos de participação nas manifestações de 2013 ............................................ 81

Tabela 5 - Composição social dos protestos em 2015-16 ............................................ 108-109

Tabela 6 – Opinião e Boato entre os manifestantes anticorrupção ................................. 111-12

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AGP - Ação Global dos Povos

CMI – Centro de Mídia Independente

Conlutas – Coordenação Nacional de Lutas

CUT – Central Única dos Trabalhadores

ELP – Estudantes Pela Liberdade

MBL – Movimento Brasil Livre

MPL – Movimento Passe Livre

MST – Movimento Rural dos Trabalhadores Sem Terra

MTST – Movimento dos Trabalhadores Sem Teto

MP – Ministério Público

OAB – Ordem dos Advogados do Brasil

PCB – Partido Comunista Brasileiro

PCO – Partido da Causa Operária

PC do B – Partido Comunista do Brasil

PF – Polícia Federal

PSL – Partido Social Liberal

PSDB – Partido Social Democrático Brasileiro

PSOL – Partido Socialismo e Liberdade

PSTU – Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados

PT – Partido dos Trabalhadores

PMDB – Partido do Movimento Democrático Brasileiro

STF – Supremo Tribunal Federal

TRT – Tribunal Regional do Trabalho

UBES – União Brasileira dos Estudantes Secundaristas

UMES – União Municipal dos Estudantes Secundaristas

UPES – União Paulista dos Estudantes Secundaristas

VPR – Vem pra Rua

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SUMÁRIO

Introdução ........................................................................................................................... 13

1. Classes e movimentos sociais ............................................................................................ 20

2. Metodologia ...................................................................................................................... 23

Capítulo I - Antecedentes...................................................................................................... 28

1.Razões Econômicas: as contradições do neodesenvolvimentismo........................................ 29

2. Mudanças no mundo do trabalho e na estrutura de classes................................................... 33

3. A composição social dos protestos....................................................................................... 35

a) O precariado enquanto “Nova Classe” ..................................................................... 36

b) O precariado enquanto parte do Proletariado........................................................... 39

c) A centralidade das Classes Médias........................................................................... 42

4. Razões Políticas: das críticas ao reformismo fraco à pauta anticorrupção.......................... 46

Capítulo II – O Movimento nas ruas ................................................................................... 54

1. Origens e composição social do MPL.................................................................................. 54

2. A organização do movimento ............................................................................................. 63

a) Bases políticas e teóricas do MPL .......................................................................... 72

b) MPL e o movimento social como um todo .............................................................. 72

3. Os protestos em junho.......................................................................................................... 74

3.1 Perfil dos participantes e motivos do protesto...................................................... 80

3.2 A capilaridade dos protestos.................................................................................. 82

3.3 Os “Black Blocs” e a violência............................................................................... 84

4. Os protestos de 2013 integram uma onda internacional? ................................................... 86

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4.1 As classes sociais na Primavera Árabe ................................................................ 91

Capítulo III – O pós-Junho: muitas possibilidades, um único desfecho............................ 97

1. A crise política pós-2013 ..................................................................................................... 99

2. A esquerda na crise ............................................................................................................ 101

2.1 As ocupações dos secundaristas .......................................................................... 102

2.2 A fragmentação da esquerda ................................................................................ 105

3. A base social das mobilizações a favor e contra o golpe institucional................................ 107

3.1 A reorganização da direita.................................................................................... 110

Conclusão ............................................................................................................................. 114

Bibliografia .......................................................................................................................... 116

Anexo 1 – tabela de artigos publicados no #transportes do site Passa Palavra

Anexo 2 – Linha de eventos dos protestos de 2013

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Introdução

Esta dissertação se propõe a discutir o processo político brasileiro relativo às

manifestações que eclodiram em junho de 2013, mobilização que levou estimados 2 milhões

de brasileiros às ruas de mais de 400 cidades – incluindo 100 mil manifestantes em São Paulo

e no Rio de Janeiro – analisando suas causas, organizações promotoras, e resultados. Embora

seja um fenômeno relativamente recente, já há um volume significativo de análises sobre os

protestos na literatura (Maricato, 2013, Gohn, 2013, Alonso & Miche, 2015, Boito, 2018

Galvão & Tatagiba, 2019, Singer, 2018, Braga, 2013, Badaró, 2013, Purdy, 2018, Jourdan,

2018, Nogueira, 2014, Saad Filho & Morais, 2018, Ortellado, Pomar, Lima & Judensnaider,

2013, Cava & Cocco, 2013, Cavalcante & Aries, 2019). No entanto, as interpretações são

bastante variadas, considerando desde “novos” sujeitos e movimentos (com destaque para a

juventude, a onda de ativismos identitários em torno de questões de raça, gênero e orientação

sexual, e para os novos grupos de direita) assim como “velhos” atores, sejam eles classes e/ou

movimentos sociais em campanha por redistribuição.

Os protestos de 2013 começaram por uma demanda específica, a redução das tarifas no

transporte público de São Paulo. No dia 02 de junho, as passagens de ônibus, trens e metrô

foram reajustadas em 6% de RS 3,00 para R$ 3,20, retornando ao preço original no dia 20,

após os protestos massivos verificados ao longo daquele mês. O Movimento Passe Livre

(MPL), surgido em 2003 em Salvador e Florianópolis em defesa do transporte gratuito, foi a

principal organização promotora das mobilizações entre o início de junho até o dia 20. Com os

protestos se espraiando para outras cidades, as pautas e os atores foram se diversificando,

surgindo novas reivindicações.

Ao analisar o período compreendido entre 2011 e 2016, Andréia Galvão e Luciana

Tatagiba consideram que os protestos revelam "duas dinâmicas distintas: polarização política

(em torno do eixo PT X anti-PT) e heterogeneização de atores e reivindicações, com uma

permanência importante de conflitos de classe e o fortalecimento de conflitos estruturados em

torno de outros pertencimentos identitários." (Galvão & Tatagiba, 2019, pág. 5). Ao mesmo

tempo, o aumento significativo de ações de protestos registrados na imprensa, sobretudo em

2013, ocorre simultaneamente a uma onda de greves operárias (Galvão, 2019 pág. 75-6). Nas

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regiões metropolitanas, as greves e protestos estimularam os movimentos de moradia,

resultando em “quase 700 ocupações entre 2013 e 2014, praticamente o triplo do que havia

sido registrado nos dois anos anteriores” (Boulos, 2015, p. 20).

Dados do Dieese indicaram crescimento nas mobilizações dos trabalhadores desde

2008, quando ocorreram 411 greves no país, alimentando a hipótese defendida por Marcelo

Badaró (2016, pag. 1149) de efeito bumerangue entre as greves e os protestos de junho. Entre

2011 e 2012 foram 554 paralisações, quantidade que salta para 2.050 em 2013, sugerindo uma

possível relação entre as manifestações de junho e as mobilizações sindicais. Enquanto 2013

marca um salto nas atividades grevistas no setor de serviços (gráfico 3), é entre os trabalhadores

da indústria - espaço em que os sindicatos operários são mais fortes - que as greves parecem

seguir padrão mais próximo à onda de protestos registrada na imprensa (gráfico 1), cujo pico

na quantidade de paralisações nas empresas ocorre no mesmo ano das maiores manifestações

de rua (gráfico 2).

Gráfico 1- Frequência anual de protestos registrados na imprensa entre 2011 e 2016

* Fonte: Galvão e Tatagiba 2019, p.10. Frequência anual dos protestos entre 01/01/2011 a

31/08/2016, agregado por evento (N=1285).

108

260

445

147 153 172

2011 2012 2013 2014 2015 2016

Frequência anual dos protestos - 2011-2016

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16

Gráfico 2 - Greves na indústria de transformação entre 2003 e 2016

Gráfico 3 – Greves no setor de serviços entre 2003 e 2016

* Fonte: Galvão 2019, p.75. Baseada em Banco de Dados SAG-DIEESE.

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A alta nos números registrados nos gráficos 2 e 3 mostram que a intensificação dos

protestos pré-junho segue os padrões do aumento de greves identificado pelo DIEESE (Galvão,

2019 p.75). Para Tatagiba e Galvão, "os protestos evidenciam queixas e insatisfações de um

conjunto muito diverso de atores sociais, indicando uma conflitividade social crescente que

extrapola a capacidade de incorporação política do lulismo" (p. 13).

Pablo Ortellado, Elena Judensnaider, Luciana Lima e Marcelo Pomar (2013)

reconstroem de forma minuciosa os eventos do início de junho, sendo a explicação mais

detalhada dos protestos. Dando fala ao movimento social, o livro Vinte centavos, a luta contra

o aumento (Editora Veneta) expressa um dos ângulos da perspectiva do MPL. Sua periodização

em torno da campanha pela redução da tarifa, porém, limita a narrativa até o dia 19, quando o

então prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, cede aos protestos e reduz o valor da passagem.

O maior protesto do mês, que juntou 110 mil pessoas dia 20 na Avenida Paulista (Datafolha,

2013b), pontuado pelo enfrentamento físico entre direita e esquerda, é ignorado. Segundo

André Singer (2018), “na segunda etapa dos acontecimentos, com as manifestações de 17, 18,

19 e 20 de junho, quando os protestos alcançam o auge, camadas da sociedade alheias ao MPL

entram em cena”. (p. 208)

Estimulados pela intensificação do ativismo político ocorrido durante os governos

petistas (Tatagiba & Galvão, 2019), assim como pela expansão desordenada das cidades

durante o período de crescimento econômico precedente (Maricato et al, 2013), a causa que

originalmente levou as organizações promotoras às ruas não parece ser aquela que possibilitou

a massificação dos protestos. Junto a demanda por outros direitos sociais (saúde, educação) e

a crítica aos gastos públicos para obras da Copa de 2014 e Olimpíada de 2016, medidas

anticorrupção em tramitação no Congresso Nacional ganharam o holofote central. Angela

Alonso e Ann Mische (p. 2, 23-24) identificam a violência policial contra os manifestantes

enquanto elemento importante para a nacionalização do movimento. Ao mesmo tempo, se

enquanto para Ortellado et al (2013) dia 14 de junho a pauta por direitos à cidade passa a

competir com bandeiras anticorrupção introduzidas no movimento através da internet, este

processo, para Singer (2018, p. 207-8) acompanha mudanças na composição social dos

protestos.

A partir do segundo fim de semana do mês, destaca-se a oposição à PEC 37, que

limitaria o poder de investigação do Ministério Público, entre as bandeiras dos manifestantes.

Parcela da sociedade, principalmente na alta classe média, interpretou a medida como um

incentivo à impunidade, especialmente no caso de acusações contra políticos. O apoio à pauta

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anticorrupção, que já havia ganhado destaque com as denúncias do chamado “mensalão”

encontrou respaldo na manifestação realizada dia 20 na Avenida Paulista. Em pesquisa

realizada pelo Datafolha nessa data, Joaquim Barbosa, ex-ministro do STF, aparecia em

primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto para presidente, mencionado por 30% dos

manifestantes. Marina Silva pontuava em segundo com 22% e Dilma em terceiro, com 10%

(Datafolha, 2013b). Como explicar essa mudança de pautas? Em que medida a composição de

classe dos manifestantes contribui para compreendê-la?

Mesmo que engajados pela tarifa zero e assumindo-se como uma organização simpática

às necessidades das classes trabalhadoras2, o MPL é geralmente analisado a partir de uma

perspectiva geracional, como um movimento de juventude ou de estudantes sem vínculos ao

movimento socialista. Sua caracterização enquanto expressão de um novo paradigma político

e social – livre das amarras de classe do século XX - aparece com frequência na literatura sobre

2013. Gohn apresentará o coletivo como um “novíssimo movimento social” (Gohn, 2013, pág.

44) para diferenciá-lo dos "novos movimentos sociais” associado a pautas identitárias e de

esquerda3. Enquanto o MPL seria um movimento social com existência e espaço próprio, a

velocidade e dispersão territorial dos protestos de 2013 o tornou apenas mais um elemento

entre "muitos outros atores, incluindo diferentes movimentos sociais, que foram às ruas e

muitos protestos que surgiram, um após o outro, sem clara coordenação, formando um ciclo de

ação coletiva" (Alonso e Mische, 2015, p. 10).

Alonso e Mische (2015) enfatizarão que junho inaugura um novo ciclo de protestos,

conformado por autonomistas, socialistas e patriotas. Os primeiros são movimentos

2 O conceito de classes trabalhadoras, no plural, tem enquanto objetivo abarcar a pluralidade das formas de

trabalho contemporâneas. Segundo Galvão (2011) nem todos aqueles que vivem do trabalho devem ser

identificados como “proletariado" ou “classe operária”. Ao incluir as classes médias e a pequena burguesia, o

conceito de classes trabalhadoras engloba “trabalho manual e não manual, produtivo e improdutivo, assalariado e

não assalariado, tarefas de direção e de execução.” (p. 111) 3 Segundo Cox, Krinsky e Nilsen (2013) “No continente europeu, aonde o estalinismo e os marxismos dissidentes

ainda dominavam a esquerda, intelectuais engajados como André Gorz, Alain Touraine ou Rudolf Bahro e

acadêmicos como Alberto Melucci – engajados nos Novos Movimentos Sociais – extraíram muito do formato

geral da analise marxista, pensando um novo modelo por entenderem que mudanças fundamentais macro-

históricas haviam ocorrido nos países de bem estar social ou “sociedades pos-industriais.” (...) As derrotas sofridas

pelas “organizações do trabalho” ao final dos anos 70 e 80 junto à perspectiva cada vez mais conservadora dos

partidos stalinistas e socialdemocratas, assim como das estruturas sindicais que os acompanhavam, contribuíram

ao apelo desta perspectiva.” (p.4-5)

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independentes e inovadores que, sob inspiração dos protestos anti-globalização, recuperam

várias formas de contra-cultura, como a estética punk, valores libertários e anarquistas. O MPL

corresponderia a essa primeira categoria. Os segundos são grupos mais tradicionais de

esquerda, oriundos do movimento operário e de partidos políticos, que recorrem a um

repertório de ação mais tradicional e apresentam demandas com uma tônica redistributiva. Os

terceiros são nacionalistas, que se valem de ações e símbolos convencionais, recuperando o

verde e amarelo e a bandeira nacional, e tal como no Fora Collor, enfatizando a temática da

anticorrupção. A despeito dos três repertórios, segundo as autoras, o movimento se divide em

dois campos de ação estratégica essencialmente antipetistas, com “todos os manifestantes

fazendo exigências e denunciando o governo: por eficiência estatal (incluindo pedidos por um

Estado melhor e/ou menor), contra a partidarização (oposição à representação política dos

partidos, ao governo do PT ou por auto-governo) e contra a repressão policial. Porém,

constituíram dois campos de oposição, um situado à esquerda e outro à direita do governo

federal, que é dirigido por uma coalizão de centro-esquerda.” (p. 25)

Enquanto as autoras recusam o conceito de classe, outra parte da literatura analisa junho

a partir desse recorte, embora não defina classe da mesma forma, nem identifique as mesmas

classes em ação. Segundo Ruy Braga (2013) os protestos de junho trataram da insubordinação

do precariado, uma parcela da classe trabalhadora precarizada e descontente com os limites das

políticas petistas. Já para Singer (2018) se trata de uma combinação entre a nova classe

trabalhadora e a classe média tradicional, enquanto para Armando Boito (2018) e Alfredo Saad

Filho e Lécio Morais (2018), foi um movimento predominantemente das classes médias e suas

frações. Marcelo Ridenti (2013), por sua vez, destaca como a consolidação da democracia

liberal, a massificação da cultura e a multiplicação do acesso à internet foram pré-requisitos

centrais para mover as classes médias em 2013. Em 2012, o Brasil já tinha 94,2 milhões de

pessoas conectadas à internet, quase três vezes mais que em 2005, então o quinto país do mundo

em conexões. Erminia Maricato (2013) também chama atenção para o papel das redes, mas

destaca a importância de associar a composição de classe dos protestos à questão urbana,

afirmando que “talvez a condição de jovens, predominantemente de classe média, que

compunha a maioria dos manifestantes exigia uma explicação um pouco mais elaborada, já que

foi antecedida dos movimentos fortemente apoiados nas redes sociais. Mas no Brasil é

impossível dissociar as principais questões, objetivas e subjetivas desses protestos, da condição

das cidades.” (Maricato, 2013, p. 22).

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Outros autores também utilizam o conceito de classe, mas de uma forma que o dilui em

distintas categorias, parcialmente dissolvidas na sociedade de redes (Nogueira, 2013) ou

substituídas por uma multidão articulada por interesses relativamente uniformes (Cava &

Cocco, 2013). Tratando a multidão enquanto ator político4, esta literatura focada em redes

considera a relação entre a economia política e os movimentos sociais menos relevantes por se

tratar não mais de "uma luta meramente contra a privatização, o mercado ou o neoliberalismo,

como nas décadas passadas, segundo o modelo dicotômico público x privado, – mas uma luta

multitudinária que foi diretamente ao coração do público, que não distingue entre estado e

mercado, entre a burocracia e o aglomerado de interesses empresariais, financeiros e mafiosos

(três interesses que, no fundo, são o mesmo) que também e sobretudo são estado” (Cava e

Cocco, 2013, p.15).

O conceito de multidão, ao permitir tratar o movimento como ator unificado, acaba por

secundarizar as expressões ideológicas do conflito entre as frações das classes médias. Cava e

Cocco (2013) e Nogueira (2013) identificam nos protestos uma nova direção geracional para a

sociedade civil, que se constrói em oposição radical ao PT, cuja fome pelo poder estatal teria

levado a perder influência sobre as novas gerações, em parte pela sua própria corrupção moral.

A natureza carismática da dominação de Lula, que se distanciaria de um modelo mais

burocrático, e teoricamente mais institucional, da época de Fernando Henrique Cardoso e do

PSDB seria uma das explicações para este fenômeno. A ideia do Partido dos Trabalhadores

enquanto partido populista, e não um partido de origem operária, leva Nogueira a concluir que

o PT abandonou a disputa pela sociedade civil.

O que une as interpretações de Nogueira (2013), Gohn (2013), Cava e Cocco (2013,

2015), Alonso e Mische (2015) é a superestimação dos conflitos políticos e ideológicos entre

MPL e o Partido dos Trabalhadores, assim como a secundarização dos vínculos do grupo com

o movimento popular, sindical e estudantil entre 2011 e 2013.

4 Segundo Cocco (2015) “a multidão não é uma manifestação em si, mas o fazer-se de uma subjetividade que se

mantém múltipla” também afirmando no mesmo trabalho que “o conceito de “multidão” não é aquele de um

projeto político, mas a definição ontológica da nova condição do trabalho e da luta (da política) no capitalismo

contemporâneo. Política e economia nunca se separam no fazer-se da multidão como nova realidade ontológica

do social.” Cocco (2015) também afirma que “o binarismo do poder pode ter derrotado a multidão de junho, mas

nunca vai conseguir cooptá-la.” Por “binarismo do poder” Cocco se refere à divisão dos protestos de 2015-16

entre favoráveis ao impeachment e aqueles contrários ao golpe.

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Este trabalho pretende contribuir para sistematizar o debate sobre esse fenômeno

político recente, trazendo algumas reflexões sobre a composição social das manifestações e

seus desdobramentos. Para isso, recorreremos à literatura recente sobre movimentos sociais,

que vem recuperando o conceito de classe para a análise de protestos.

1. Classes e movimentos sociais

Conforme a perspectiva teórica utilizada nesta dissertação, os movimentos sociais são

“formas mediadas de expressão da luta de classes” (Barker, 2013, p.47). Isso significa que os

movimentos sociais se referem aos problemas que surgem das características centrais do

capitalismo e às particularidades concretas que esses problemas assumem em diferentes

contextos históricos. No entanto, essa é uma perspectiva de análise marginal no campo.

Segundo Hetland e Goodwin (2013), o termo “capitalismo” foi amplamente retirado dos

estudos contemporâneos de movimentos sociais, em particular devido à influência do pós-

modernismo, o declínio do marxismo na academia e o papel relativamente diminuído dos

movimentos tradicionalmente baseados na classe operária, como sindicatos e partidos políticos

de esquerda (Purdy, 2017, p.12).

Segundo Sean Purdy (2017), as classes sociais são pouco utilizadas como categoria de

análise para novos movimentos sociais na América Latina, em particular nas leituras mais

influenciadas por estudos de redes sociais e internet. Conflitos geracionais tendem a ser

superestimados, em detrimento de conflitos de classe, o que nos leva a testar seu potencial

explicativo.

Em nossa concepção, as classes sociais não constituem atores definidos de modo

ideologicamente uniforme e organizados politicamente em uma única entidade. Elas são

divididas internamente conforme seus interesses, apresentando vários pontos de conflito.

Assim, as classes sociais são entendidas nesta dissertação não como blocos homogêneos e

opostos utilizando o conceito de burguesia e classe trabalhadora de modo genérico, mas

identificando a existência de “diferentes frações da burguesia - dotadas de interesses

específicos e intervindo de maneiras diversas no processo político nacional - e a diversidade

das classes trabalhadoras - o operariado e seus diferentes setores, a classe média e suas frações,

e também, a massa marginalizada, que tanto se expandiu nos anos de capitalismo neoliberal.”

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(Boito & Galvão, 2012,p.8). Embora a ação coletiva não seja explicada apenas pelas classes

sociais, havendo distintas formas de dominação e opressão, o conceito permite a identificação

dos processos, tendências e relações de médio e longo prazo em torno das estruturas da

sociedade.

Esse ponto nos permite refletir sobre os desdobramentos políticos de 2013 de um modo

distinto de Alonso e Mische (2015). As autoras entendem que são os patriotas o grupo que

permanece na rua a partir de 2014, em torno do conservadorismo moral e de uma posição

política que vai se definindo em torno da questão do impeachment. Já o conceito de classes

permite identificar os interesses em jogo e refletir sobre a inserção do Brasil na economia

globalizada, observando relações sociais em plano nacional e internacional.

A interação entre diferentes classes sociais em um mesmo movimento leva Colin Barker

(2014) a recuperar a ideia de "movimento social como um todo”, elaborada por Karl Marx em

1869. Junto à ação dos operários, a mobilização de setores da pequena burguesia e dos

camponeses pobres era politicamente indispensável, segundo Marx, para derrubar o império

britânico e seu governo.5 A consideração como um “todo”, nos termos de Barker, não significa

que o movimento social seja uma entidade homogênea. A imagem interligada de uma “rede” é

mais adequada do que a de uma "“organização". "Assim como uma renda, redes de movimentos

podem ter múltiplos padrões; elas consistem em diversos agrupamentos, organizações,

indivíduos e assim por diante, entrelaçados de maneira variada em relações de cooperação e

(algumas vezes) antagonismo.” (p. 12)

A hipótese deste trabalho é que os protestos de 2013 envolveram uma diversidade de

classes e movimentos sociais nas ruas, que se mobilizaram por razões distintas, sendo que a

mobilização da alta classe média nos protestos e nas instituições estatais, sob a bandeira da

anticorrupção, se impôs de cima para baixo a partir de 2014. Canalizada institucionalmente

pelos setores politicamente ativos do Judiciário, Ministério Público e Polícia Federal

organizados pela operação Lava Jato, o “ingresso da alta classe média como força social ativa

e militante no processo político”, foi a principal novidade de 2013 (Boito, 2016, p. 29). Entre

5 Segundo Barker “Para Marx e Engels, antagonismos e contradições internas ao movimento social poderiam

atrasar o conjunto do seu desenvolvimento. Assim como a escravidão retardou o movimento independente dos

trabalhadores nos Estados Unidos, preconceitos dividiram e contiveram tais movimentos na Inglaterra. Neste

último caso, a luta de base camponesa pela independência irlandesa era, na visão de Marx, o “fermento" que

poderia transformar a situação para o “movimento social em geral””. (Barker, 2014, p. 9)

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2015-16 a alta classe média, sob a direção de uma fração da burocracia do Estado (Boito, 2018,

pág. 256), estimulou e auxiliou a fração internacionalizada da burguesia a restaurar o

neoliberalismo no Brasil (Singer, 2018)6. A confluência entre a mobilização institucional e de

massas com o esgotamento da relação parlamentar entre o PT e a fração internacionalizada da

burguesia representada pelo PSDB no Congresso, desestabilizou politicamente o governo

Dilma Rousseff levando frações burguesas que a apoiaram em outubro de 2014 a romper com

o governo reeleito entre 2015-16 (Boito, 2018).

O conceito de classes e fração de classes permite identificar de qual forma o acúmulo

de contradições no bloco no poder7 resultou na expulsão das organizações iniciadoras do

movimento no dia 20 de junho, assim como a substituição das pautas por direito à cidade8 pela

6 Exemplo de confluência entre a classe média alta e a burguesia internacionalizada se expressa, por exemplo, nos

diálogos mediados pela agência de investimentos XP entre o chefe da força-tarefa da Lava Jato e os bancos JP

Morgan, Morgan Stanley, Goldman Sachs, Merrill Lynch e Citibank de Nova York, State Street, de Boston,

Barclays, Standard Chartered e Royal Bank of Scotland, de Londres, Macquarie Capital de Sydney, Dominion

Bank de Toronto, BNP Paribas, Natixis e Societe Generale de Paris, Credit Suissee e UBS de Zurique, Deutsche

Bank de Berlin, Banco Nomura de Tóquio e o espanhol Santander durante as eleições de 2018. (Audi, Demori e

Martins, 2019) Deve se destacar que a relação entre burguesia bancária interna e bancos internacionais é marcado

por cooperação e conflito. Segundo relatório do banco Goldman Sachs, “Fintec Brazil’s Moment” publicado em

2017 e reportado nos jornais Financial Times (Leahy, 2017) e New York Times (Sreeharsha, 2017), o sistema

bancário brasileiro é “uma estrutura de mercado oligopolista”, descrita como uma das mais fechadas do mundo,

e cuja abertura para “Fintecs” associadas ao capital estrangeiro poderiam movimentar até 24 biliões de dólares

nos próximos 10 anos. Apresentados como exemplos de inovação “Fintec”, os bancos Original e Nubank são

contrapostos pelo Goldman Sachs aos bancos Bradesco e Itaú, descritos como barreiras à abertura e modernização

do mercado. Segundo FT, “A emergência do Nubank, que levantou 180 milhões de dólares com seis grupos de

capital de risco, inclusive o grupo financeiro Sequoia, despertando interesse de investidores no potencial de novas

tecnologias em novas empresas de serviço financeiro na maior economia da América Latina”. (Leahy, 2017)

Enquanto meio termo entre a burguesia nacional e a burguesia compradora, a parcela financeirizada do grande

capital interno – Bradesco e Itaú - foi deslocado a partir de 2015 pelo grande capital internacional para a oposição

ao governo.

7 Bloco no poder constitui o conjunto de classes dominantes que exerce o poder de Estado. Para uma explicação

deste conceito elaborado por Nicos Poulantzas e sua aplicação à estrutura de classes no Brasil, ver Boito. (2018,

p.19-26). Conforme esse referencial teórico, hegemonia refere-se à capacidade de uma fração de classe burguesa

se sobrepor às outras no interior do bloco no poder, direcionando o poder de Estado para sua estratégia de

acumulação de capital. 8 Segundo David Harvey (2013), “O direito à cidade “não pode ser concebido como um simples direito de visita

ou um retorno às cidades tradicionais”. Ao contrário, “ele pode apenas ser formulado como um renovado e

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ideologia neoliberal da anticorrupção9. Enquanto pode-se apontar que os germes do movimento

anticorrupção de 2015-2016 estavam presentes em 2013, é pouco frutífero explicar o processo

por seu resultado final. Os protestos de junho continham diversos outros ingredientes, e uma

massa dos manifestantes, que apesar da derrota conjuntural, ao participar com entusiasmo das

mobilizações multitudinárias certamente não se esqueceram delas.

2. Metodologia

A presente pesquisa possui natureza fundamentalmente bibliográfica, uma vez que seu

objetivo é fazer um balanço da literatura, sobretudo aquela que trabalha com conteúdo de

classe. Também utiliza fontes primárias, dentre as quais entrevistas com quadros do MPL e a

imprensa autonomista, a fim de fundamentar a análise proposta.

Foram realizadas 13 entrevistas com 8 dirigentes e ex-dirigentes do movimento sobre a

estrutura do MPL, assim como questões de estratégia e tática.10 Atendendo a pedidos tanto dos

transformado direito à vida urbana”. A liberdade da cidade é, portanto, muito mais que um direito de acesso à

aquilo que já existe: é o direito de mudar a cidade mais de acordo com o desejo de nossos corações.” (p. 28)

9 A anticorrupção, segundo Bratsis (2017), rompe com a ideia clássica da corrupção enquanto decadência e

destruição, passando a entende-la como falta de transparência. Movimento também estruturado em torno da

organização Transparência Internacional, a anticorrupção cumpre duas funções ideológicas no neoliberalismo. Ao

exigir um padrão técnico de transparência institucionalizada de Estados no sul global em que a correlação de

forças é permeada por arranjos opacos, ela contribui para aumentar a autonomia do Estado em relação às classes

populares, abrindo espaço para o capital transnacional. Segundo, ao propor quantificar internacionalmente o risco

da corrupção, cria uma hierarquia entre países que reproduz padrões e conceitos neocoloniais. Segundo Bratsis,

“Como o capital transnacional ganhou em importância na era global, a sua vontade para atender a interesses e

demandas locais foi reduzida. Consequentemente, ele pressiona as estruturas institucionais que estão ligadas à

governança tecnocrática, e são capazes de agir, em oposição às demandas populares e contra as preferências de

muitas elites locais.” ( p. 30)

10 Fonte importante desta revisão bibliográfica também serão três entrevistas dadas por Fernando Haddad, uma

extensa em português para a Revista Piauí e duas para a imprensa estrangeira. Além de fonte secundária, as

entrevistas de Haddad são importante perspectiva de análise, dada sua formação em economia política. Também

são fontes primárias desta pesquisa entrevistas realizadas pelo autor da dissertação com Michael Bourawoy

(2015), Michel Lowy (2015), Guilherme Boulos (2016), Tarik Ali (2017) e Noam Chomsky (2019).

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entrevistados como do movimento, as citações no presente trabalho foram obtidas unicamente

em registros públicos da mídia escrita.11 A partir da direção, da base e do programa do MPL,

discutiremos a caracterização social desse grupo e sua relação com as duas classes sociais

fundamentais.

A produção bibliográfica do movimento autonomista de São Paulo, em geral produzida

por estudantes universitários oriundos da classe média, teve enquanto principal centro o site

Passa Palavra. Parte importante das elaborações do grupo que compunha o núcleo Passa

Palavra / MPL foi publicado em Movimentos em Marcha: ativismo, cultura e tecnologia (org.

Ortellado, Rhatto e Parra, 2013). Esse livro, distribuído pela internet pouco antes dos protestos

de junho, trata das Marchas pela Liberdade, que mobilizaram em São Paulo setores similares à

base social do MPL12 durante a fase ascendente do ciclo de protestos entre 2011 e 2013. Entre

2009 e 2012, o Passa Palavra publicou 163 entradas sobre #transportes, 118 em 2013 e 147

entre 2014 e janeiro de 2016.

O livro Escolas de Luta de Antônia Campos, Jonas Medeiros e Márcio Ribeiro (2016),

com introdução de Ortellado, destaca o papel do site Passa Palavra na organização das

ocupações de escolas em São Paulo durante o fim de 2015, assim como na identificação dos

vínculos entre o movimento e o MPL. Já o livro Junho: Potência das ruas e das redes editado

por Jean Tible, Hugo Albuquerque, Alana Morais, Bernardo Gutiérrez, Henrique Parra e

Salvador Schavelzon (2014), publicou o principal balanço do processo pela direção do

movimento, texto intitulado “Revolta Popular: O limite da Tática” (Martins & Cordeiro, 2014),

originalmente divulgado no site Passa Palavra. O principal trabalho que interpreta a política do

MPL para os protestos de 2013 usando o Passa Palavra foi redigida por Paulo Arantes no livro

O Novo Tempo do Mundo (2014, em particular p. 353 a 461). Ressaltando o debate estratégico

do grupo, Arantes diferencia o MPL de parte relevante dos movimentos sociais

contemporâneos por sua recusa à participação institucional na gestão de conflitos sociais. Parte

11 Para evitar qualquer tipo de identificação pessoal, o nome dos ativistas entrevistados foi ocultado nas

referências, sendo substituído por letras.

12 Segundo Henrique Carneiro (2013) “socialmente o movimento é, obviamente, majoritariamente de classes

médias, estudantes e gente ligada à mídia e à produção cultural. Isso é muito positivo, pois representa uma

radicalização política das classes médias ilustradas e progressistas que se contrapõe ao fortalecimento do

fundamentalismo religioso homofóbico e conservador.” (p. 128)

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importante das fontes trabalhadas na presente pesquisa se encontra primeiro no texto de

Arantes (p. 404 a 424). Já o presente trabalho também procura identificar como o Passa Palavra

possivelmente atuou enquanto “organizador coletivo” do núcleo dirigente dos primeiros

protestos de 2013.

Um exemplo clássico de imprensa que atua enquanto organizador coletivo, segundo

Lambert (2019), foi a publicação El Moudjahid, órgão editado por Frantz Fanon e impresso

clandestinamente na Tunísia durante o conflito anticolonial argelino, conduzida nos anos 50

pela Frente por Libertação Nacional (FLN). Lambert (2019) destaca cinco publicações

contemporâneas internacionais - Métagraphes da França, Pathways da África do Sul, Kohl do

Líbano, Pensaré da Espanha e México, e Mada Masr do Egito - como parte de uma nova

imprensa subalterna fortemente integrada à internet que canaliza debates estratégicos e táticos

dos movimentos populares e sociais.13 A esta lista poderíamos também adicionar o site Passa

Palavra, que entre as jornadas contra o aumento da tarifa de 2011 até os protestos de junho de

2013 funcionou como órgão do MPL. Segundo Lambert, a nova geração de publicações ligadas

a movimentos sociais coloca à prova perguntas estratégicas (transformadas estruturalmente

pela internet) que também existiam na imprensa subalterna do século XX. 14 Entre as

13 Edição dedicada à imprensa subalterna da revista francesa The Fundambulist (2019, No 22), editada por

Lambert, destaca como parte da primeira geração da imprensa subalterna no século XX, além do jornal l Mujahid,

a publicação The Black Panther entre 1967 a 1978, jornal do movimento negro norte-americano (Rhodes, 2019),

o PFLP Bulletin, órgão da Frente Popular pela Libertação da Palestina publicada em Beirute de 1968 a 1984

(Abdullah, 2019), The Koorier, Te Hokioi e Réveil Kanak, publicações aborígenes, maoris e kankas do pacífico

sul durante o final dos anos 60 aos até os anos 80 (Stastny, 2019) assim como a revista e os cartazes da

Tricontinental, publicada de 1967 até hoje pela Organização de Solidariedade entre Povos da África, Ásia e

América Latina (OSPAAAL) baseada em Havana (Macphee, 2019). 14 Segundo Lambert é possível identificar similaridades e diferenças entre revistas de distintas gerações que

publicam sobre as lutas sociais. Perguntas como “sobre quem consegue falar? Sobre o que, e quando? Como? De

onde e em qual língua? Com qual resposta? Em qual forma é falado? Os leitores acham os conteúdos acessíveis?

Qual a influência de seu feedback? Somadas a essas perguntas, há outras mais técnicas, que são inerentes à

publicação (neste caso impressa): Quem imprime? Que tipo de papel e tinta? Quais são as redes de distribuição?

É de graça, e se não, qual o preço? Ele muda segundo o contexto ou status social dos leitores? Como se recicla

cópias defeituosas? Em qual bairro o escritório se baseia? Sem esquecer as questões fundamentais ligadas as

relações dos membros do time editorial: Há hierarquia ou ela é inteiramente horizontalista? Gênero, raça, classe,

habilidade ou idade afetam de que forma estas relações? Quanto cada um dos membros recebe pelo trabalho?

Todos se sentem confortáveis no local de trabalho? Quem faz parte do processo decisório? Quem fala em publico

pela publicação? Quem faz o chá ou café?” (p.16, 2019)

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publicações contemporâneas apresentadas por Lambert, Mada Masr e Kohl, por exemplo,

apenas existem em versão digital.

A imprensa autonomista permite identificar com destaque três autores: João Bernardo

(1991, 2003), Manolo (2011) e Felipe Correia (2013), como eixos político-ideológicos do

MPL. Este núcleo de elaboração programática usou a internet para fazer balanços e traçar

perspectivas, assim como organizar o movimento. Apesar da hostilidade aos sindicatos e ao

Estado (o MPL sendo descrito por Haddad (2018a) como “antiestatal”) a perspectiva

programática do grupo se apresentava como marxista, se relacionando mais com a tradição

petista que o movimento anarquista, ao contrário do descrito em parte da bibliografia. (ver

capítulo 2)

Para identificar a natureza de classe dos protestos recorremos também às pesquisas de

opinião feitas com os manifestantes, sobretudo as pesquisas do Datafolha e Ibope em 2013 e

da Fundação Perseu Abramo em 2015. O jornal Folha de S. Paulo foi utilizado para reconstruir

a cronologia dos protestos e para recuperar as informações apresentadas pela mídia sobre esse

movimento15.

Feitos esses esclarecimentos, apresentamos a seguir a estrutura da dissertação.

O primeiro capítulo recupera alguns elementos mais gerais do contexto político do

período no qual os protestos de junho emergem. A partir da reconfiguração na correlação de

forças entre o bloco no poder e as classes populares após a eleição do PT à presidência em

2003, procurará identificar a relação dos protestos de junho com a crise de hegemonia da

grande burguesia interna, que perde a posição ocupada no bloco do poder durante os governos

petistas em meio ao surgimento de uma nova burguesia do setor de serviços, abrindo caminho

para o retorno do neoliberalismo ao Brasil. A bibliografia que trabalha a relação entre classes,

suas frações e sua relação com o poder de Estado, assim como a que trata das mudanças no

mercado de trabalho durante os governos Lula e Dilma, serão revistas neste capítulo, assim

15 As duas primeiras menções ao MPL na Folha de S. Paulo ocorreram em espaços marginais. (Folhateen,

24/04/2006; Painel do Leitor, 24/07/2008) Já o primeiro relato no jornal de protesto do movimento ocorreu no

final de novembro de 2008, quando "fotos de [Claudio] Lembo e de [Gilberto] Kassab foram coladas em caixas

de papelão, e o "enterro" ocorreu em frente à prefeitura.” (Tamari, 29/11/2008) A segunda Jornada contra o

aumento da tarifa de R$ 2,30 para R$ 2,70, foi noticiada pela Folha Online no final de 2009 quando ativistas do

movimento se acorrentaram na prefeitura em protesto (Folha, 26/10/2009).

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como sua relação com a hipótese do surgimento na base da pirâmide de uma nova classe ou

fração de classe proletária, o “precariado”.

O segundo capítulo, baseado na narrativa de Ortellado et al (2013) e da imprensa

autonomista, tentará identificar as perspectivas teóricas do MPL e a relação entre os protestos

encabeçados pelo grupo e o movimento social como um todo, assim como as articulações

anticorrupção. Para isto, se utilizará de dados do Dieese e do banco de dados de análise de

eventos de protesto desenvolvido por Tatagiba e Galvão (2019) na Unicamp. O terceiro e

último capítulo, sobre as consequências de junho, debaterá a composição social das duas

principais campanhas de rua em 2015-16, favoráveis ou contrárias ao impeachment, e sua

relação com 2013.

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Capítulo I - Antecedentes

O presente capítulo pretende identificar a dinâmica de classes na crise de hegemonia

da grande burguesia interna no bloco no poder, desencadeado pelos protestos de junho de 2013.

Buscaremos inicialmente verificar como as mudanças no mundo do trabalho durante o período

de governos petistas, que denominaremos neodesenvolvimentista, afetaram as estruturas de

classes no Brasil. Em seguida, examinaremos as razões políticas, ideológicas e econômicas que

levaram o Movimento Passe Livre (MPL) a perder espaço nos protestos e ser substituído ao

longo do mês por uma direção encabeçada por novos grupos anticorrupção.

A política neodesenvolvimentista, definida por Armando Boito (2018) como o

“desenvolvimentismo possível dentro do modelo capitalista neoliberal periférico.” (p. 57),

compreendia uma nova correlação de forças entre as classes dominantes no interior do bloco

no poder e uma nova relação entre estas e os trabalhadores, fossem eles sindicalmente

organizados ou mais precários e desorganizados. Estes últimos, denominados por Boito de

massa marginal, são identificados por Marcio Pochmann (2012) na sociedade em “crescente

polarização entre os dois extremos com forte crescimento relativo: os trabalhadores na base da

pirâmide social e os detentores de renda derivada da propriedade” (p. 22). O

neodesenvolvimentismo viabilizou uma aliança de classes "em torno de políticas econômicas

levemente heterodoxas e um impulso ligeiramente mais forte rumo à distribuição de renda na

margem. No contexto de prosperidade global sem precedentes de meados dos anos 2000, essas

políticas desencadearam um pequeno boom no Brasil” (Saad Filho e Morais, 2018 p. 21). Por

que esse arranjo e essa aliança se deterioram a partir de 2013? Três hipóteses presentes na

literatura serão revisadas16: o movimento de protestos em 2013 enquanto expressão de uma

nova classe, o “precariado” de Guy Standing (2013, 2016) ou, de modo relativamente distinto,

enquanto mobilização desse setor precarizado do proletariado (Braga, 2013); enquanto

expressão de distintas frações de classe média (Boito, 2013 e Cavalcante e Arias 2019), e por

16 Patrocinada pelo Centro Internacional para o Desenvolvimento e o Trabalho Digno, instituição próxima à

Organização Mundial do Trabalho (OIT), a edição “Política da precariedade: engajamentos críticos com Guy

Standing” da revista Global Labour Journal (Vol.7 No.2, publicada em 2016 na cidade de Johannesburg) será

fonte para o presente debate teórico. Editada por Marcel Paret, a revista trás considerações críticas ao conceito

por Jennifer Jihye Chun, Erik Olin Wright, Ruy Gomes Braga e Ben Scully, assim como uma resposta de Standing.

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fim como hibrido entre o proletariado precarizado e as classes médias tradicionais (Singer,

2013, 2018).

Segundo Saad & Morais (2018), “Tentativas de desafiar o papel conservador do Estado

sempre desencadearam turbulências políticas no Brasil - por exemplo, nos anos 1920, 1944-

45, 1953-55, 1961-64, 1977-84, 1985-88 e a partir de 2013.” (p. 26) A capacidade de absorção

do Estado brasileiro, porém, está diretamente ligada a seu desenvolvimento desordenado em

escala nacional. Estes desequilíbrios, para Saad Filho & Morais, ocorrem pelo Estado ser forte

“verticalmente” e fraco “horizontalmente” – isto é, ele possui ampla capacidade de repressão,

genocídio étnico, escravização dos negros e criminalização da pobreza, porém dificuldade em

mediar conflitos entre diferentes frações das burguesias locais. A classe dominante, quase toda

ela branca, tende ao pragmatismo nas disputas internas, se movendo por um mínimo múltiplo

comum, atuando acima de tudo de forma pragmática. O Estado brasileiro espelha esta

realidade, administrado por “uma burocracia que, com frequência, se divide entre a

implementação de políticas definidas por interesses setoriais (incluindo os da própria

burocracia) e a busca pragmática por políticas determinadas por mínimos denominadores

comuns” (Saad Filho e Morais, 2018 p. 27).

Argumentaremos que as fragilidades organizacionais da grande burguesia interna, cuja

principal expressão histórica é a ausência de representação partidária própria, empurraram esta

fração de classe a se representar através e por dentro do PT - cuja origem no movimento

operário o coloca em permanente tensão com o Estado - tornando o elo entre os governos

neodesenvolvimentistas e a grande burguesia interna relativamente frágil. Este processo ocorre

em paralelo, desde os anos 90, a desindustrialização nacional e o surgimento de uma nova

burguesia de serviços, reconfigurando a estrutura da política de classes brasileira no longo

prazo.

Esta relação se desequilibra após os protestos de 2013, quando a classe média alta, até

então ator político passivo, ganhou nova relevância política.

1.Razões Econômicas: as contradições do neodesenvolvimentismo

Durante os 13 anos de governo Lula e Dilma, promoveu-se no Estado capitalista

brasileiro uma nova hegemonia no interior do bloco no poder, na qual a fração interna da grande

burguesia - que ao longo da redemocratização ocupou papel secundário em relação ao grande

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capital financeiro internacional – passou ao centro da política econômica nacional e externa,

sendo a fração de classes que mais ganhou com os governos democráticos e populares. A

contradição ou fracionamento principal durante este período se deu entre os grandes

empresários da construção civil, agronegócio, mineração e petróleo, indústria nacional e setor

bancário nacional, de um lado, e a ala internacionalizada, diretamente ligada aos mercados

financeiros dos Estados Unidos e União Europeia, assim como grandes empresas

transnacionais e seus associados, de outro. Ao escolher administrar o estado capitalista, o PT -

principalmente após a crise do chamado “mensalão” em 2006 – o fez enquanto representante

da burguesia interna. Através do aquecimento do mercado de consumo e incentivo às

exportações, este modelo se distingue do neoliberalismo vigente nos anos 90, embora não

rompa com ele (Boito, 2018).

A longo prazo, a transição ao regime de acumulação neoliberal iniciada em meados dos

anos 80, em paralelo à redemocratização (Saes, 2001) implicou duas importantes modificações

na estrutura da classe dominante brasileira. A primeira foi o enfraquecimento da burguesia

nacional de Estado, uma fração da grande burguesia interna, formada centralmente pela cúpula

das empresas públicas, boa parte das quais foram privatizadas durante o fim do século XX.

Segundo Boito (2018), “Entre 1989 e 1999, dentre as 40 maiores empresas operando no Brasil,

o número de estatais caiu de 14 para apenas 7”. (p. 30) Ao lado deste processo, é também

possível identificar o surgimento daquilo que Boito descreve como uma “nova burguesia de

serviços” (p. 28), que seriam os principais beneficiários do recuo na prestação de direitos

básicos providenciados pelo Estado. Essa fração burguesa, cuja relação com as forças

produtivas difere da burguesia representante dos interesses do capital financeiro internacional

é, ao mesmo tempo, particularmente hostil à regulamentação do mercado de trabalho assim

como a políticas públicas universalistas, também porque seus serviços muitas vezes competem

com o setor estatal.

O neoliberalismo se caracteriza por ser ao mesmo tempo um conjunto de práticas

governamentais, uma corrente intelectual e uma ideologia (Saes, 2001). Ela possui dois eixos

prioritários, “a apologia do mercado e às críticas à intervenção estatal, oferecendo à burguesia

novas frentes de acumulação de capital” (Galvão, 2003 p 80). A consolidação do

neoliberalismo no Brasil durante os anos 90 foi centralmente ancorada no plano Real, cuja

estabilidade inicial promovida pela contenção da inflação aumentou o poder de compra dos

trabalhadores e das classes médias.

A adesão quase universal da burguesia brasileira ao neoliberalismo no início dos anos

90 se deveu, em parte, ao temor de vitória eleitoral do PT em 1989 (Galvão, p.90 2003). A

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fração internacionalizada da burguesia (expressa nas políticas monetaristas de Pedro Malan,

Armínio Fraga e Gustavo Franco) se fazia representar pelo PSDB, porém o grande capital

industrial, do agronegócio, da mineração, do petróleo e do gás careciam de representantes

políticos próprios. Ao mesmo tempo, a adaptação da direção majoritária da CUT ao

sindicalismo de "parceria social", modelo de ação baseado em “posições políticas moderadas,

buscando mais a negociação que a mobilização” (Galvão, 2016) enfraqueceu a relação entre o

movimento social e o PT, e reduzindo a capacidade de pressão dos sindicatos sobre o governo.

O partido passou crescentemente a representar, desde meados dos anos 90, interesses que

convergiam apenas quanto à oposição ao governo neoliberal, redefinindo a inserção social dos

integrantes daquela “coalizão de perdedores”17 .

Pressionado pela concorrência com o grande capital norte-americano e canadense por

conta da proposta da Área de Livre Comercio das Américas (ALCA), o enfraquecimento da

CUT ocorreu simultaneamente à intensificação das divisões internas na burguesia. Enquanto

politicamente elas se expressaram na participação de dirigentes da FIESP nos palanques do

Fora Collor, sua forma organizacional também se deu, em 1996, pelo surgimento da Coalizão

Empresarial Brasileira (CEB), cujo objetivo era organizar politicamente as “empresas de

grande e médio porte do sul e sudeste do país” contra pressões por abertura do mercado

nacional. (Boito, 2018 p. 171-172) Mais que qualquer outra classe ou fração de classe, será no

ativismo político desta fração interna da burguesia que se estruturará o projeto democrático e

popular.

Importante diferença entre o neodesenvolvimentismo e o desenvolvimentismo clássico

é a localização da burguesia industrial no bloco de poder. Para Otavio Spinace (2019), durante

o governo petista aplicou-se um modelo de especialização regressiva, baseado na agricultura,

pecuária e mineração, estimulando-se “segmentos de baixa densidade tecnológica, portanto

sem tensionar a divisão internacional do trabalho.” (p. 72) Esta premissa colocou a burguesia

industrial, em particular a indústria de transformação, em um segundo plano no bloco de poder

– mesmos nos marcos hegemônicos da burguesia interna. “O PIB industrial cresceu nos

governos petistas, mas a participação da indústria no PIB permaneceu relativamente estável

entre 2002 e 2010. Se observarmos o intervalo 2005-2010 há, inclusive, uma tendência de

17 Segundo Saad Filho e Morais, esta aliança era composta por “uma coalizão pouco definida de grupos que tinham

em comum apenas a experiência de perdas com o neoliberalismo”. (2018, p, 134) A partir da crise do mensalão,

com o fortalecimento dos laços do PT com a burguesia interna, o partido passou a liderar uma “coalizão de

vencedores” das políticas neodesenvolvimentistas.

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queda”. (Spinace, 2019 p. 85) A reversão da tendência de longo prazo de desindustrialização

brasileira, além de incentivos do BNDES à indústria, exigira possivelmente alteração nas

tarifas de importações, revertendo tendência iniciada nos anos 9018, assim como o combate à

apreciação cambial (produto do aumento na exportação de produtos primários) algo que se

chocaria frontalmente com o tripé macroeconômico, compreendido pela política de câmbio

flutuante, metas de inflação e equilíbrio fiscal19. Indústrias com capacidade de geração de

empregos de alta especialização voltados à classe média foram pouco estimuladas a longo

prazo durante os governos do PT. Ou seja, esse cenário, ao mesmo tempo em que satisfez

algumas demandas, provocou descontentamentos entre setores dominantes.

Esses descontentamentos, expressos nos protestos de junho de 2013, reativaram

conflitos sociais em torno da posição ocupada pelos setores subalternos no âmbito da política

institucional e na própria correlação de forças entre dominados e dominantes. Como

identificado por Paula Marcelino (2017), a chegada de Lula ao governo é ponto de inflexão na

atividade política da classe operária, que retoma a greve como instrumento de luta durante os

governos do PT.20

18 Segundo Boito (2018), “Em 1990, a alíquota média das tarifas de importação era de 40%, a alíquota mais

frequente, de 32,2%. Em 1992, graças às medidas de Collor de Mello, ambas caíram para a casa dos 20%. Uma

vez empossado, FHC tratou, ainda em 1995, de impor uma nova e drástica redução de tarifas. A alíquota média

caiu para 12.6% e a mais frequente par o valor quase simbólico de 2%.” Já em 1997, a consequência destas

medidas resultou em déficit na balança comercial de 10 bilhões de dólares, mais tarde revertido pelas políticas de

incentivo às exportações da burguesia interna pelos governos do PT. (p. 68) 19 Segundo Saad Filho e Morais (2018), o equilíbrio entre o tripé neoliberal e o modelo neodesenvolvimentista

criou um “sistema de acumulação híbrido, desde meados dos anos 2000, que levou a um progressivo desequilíbrio

da conta corrente e a pressões crescentes sobre o orçamento fiscal, em razão dos custos da dívida pública interna,

da esterilização da entrada de divisas, do investimento público, dos empréstimos subsidiados do BNDES e das

transferências de renda” (p.189). 20 Segundo Marcelino (2017) “do ano de 2004 até, pelo menos, o ano de 2012, o país viveu um ciclo de greves

específico, de greves com características próprias que nos permitem agrupá-las; a principal delas é o fato de serem

greves ofensivas, em que as reivindicações dos trabalhadores por melhores salários e ampliação de benefícios

trabalhistas estiveram na pauta e foram conquistas da ampla maioria das greves. Mas há outras características:

uma certa estabilidade ascendente no número de greves e de grevistas e a proximidade entre os setores público e

privado” (p. 205).

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2. Mudanças no mundo do trabalho e na estrutura de classes

O aumento na massa salarial dos trabalhadores na base da pirâmide (produto das altas

no salário mínimo e nos pisos salariais das categorias sindicalmente organizadas, assim como

das transferências de renda promovidas por políticas públicas) ocorreu, segundo Marcio

Pochman (2012, 2013) em paralelo a uma segunda tendência: a queda na criação de empregos

de especialização mais alta com rendimentos intermediários. Na década de 2000, empregos

“com rendimento acima de três salários mínimos mensais, (…) [tiveram] 400 mil trabalhos por

ano a menos” (Pochman, 2012 p. 19). Esta perspectiva é reforçada por Cavalcante e Arias

(2019). Segundo dados coletados pelos autores, a variação anual de rendimentos em ocupações

manuais e entre empregadores rurais foi mais elevada que os empregos de classe média. “De

2002 a 2013, o índice anual foi de 1,06% para administradores e gerentes, 1,36% para

profissionais, 1,87% para trabalhadores não-manuais de rotina, 4,13% para trabalhadores

manuais não-qualificados, 5,41% para empregados rurais e 6,61% para empregadores rurais”

( p. 19).

Na sua maioria, os postos de trabalho gerados durante os governos do PT concentram-

se no setor de serviços21, tradicionalmente reconhecido pela natureza precária dos empregos,

localizados na base da pirâmide social. Segundo Pochman, “95% das vagas abertas [nos anos

2000] tinham remuneração mensal de até 1.5 salário mínimo, o que significou o saldo líquido

de 2 milhões de ocupações abertas ao ano, em média, para o segmento de trabalhadores de

salário de base.” (2012, p. 19-20). Segundo Cavalcante e Arias (2019) isso não significou que

durante o período petista não tenha ocorrido expansão em empregos de alta especialização

“especialmente até 2009, houve significativa elevação de empregos em ocupações típicas de

classe média, como na indústria de transformação e construção civil [...] elas acompanham a

expansão de empregos no setor público, em particular na educação, devido à expansão do

ensino superior” (p.19). Esta expansão, porém, foi incapaz de reverter os efeitos da tendência

de longo prazo da diminuição do parque industrial no mercado de trabalho.

Durante os governos petistas, segundo Galvão (2014), identifica-se um processo

contraditório, com a “contratação de prestadores de serviços na condição de empresas

constituídas por uma única pessoa, a chamada “pessoas jurídica” - modalidade de contratação

que pode constituir uma forma de ocultar a relação de emprego, fraudando o pagamento de

direitos trabalhistas e encargos sociais.” (p. 7) Entre os empregos de classe média e média alta

21 Entre as ocupações que mais se expandiram, encontram-se trabalhadores do comércio, assim como escriturários

e trabalhadores de atendimento ao público (Pochmann, 2012, p. 33-34).

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(arquiteto, jornalista, engenheiro, advogado, etc.) plenamente inseridos nos ciclos de

acumulação capitalista, houve precarização do trabalho pela via da flexibilização da legislação

trabalhista.

O setor de serviços é bastante heterogêneo e inclui atividades com relações inteiramente

diferentes de produção, realização, apropriação, e distribuição de mais-valia. Além de se

estender a atividades capitalistas e não capitalistas, serviços incluem duas esferas próprias, a

circulação e a produção de mercadorias. Consequentemente, a divisão entre setor de serviços

e indústria não deve ser confundida com a distinção entre trabalho produtivo e improdutivo.22

A divisão entre serviços capitalistas e não capitalistas é de relevância particular no Brasil pelo

peso do trabalho de prestação de serviços para as famílias, que muitas vezes ocorre por fora do

ciclo de acumulação de capital. Em números totais, esta categoria de trabalhadores somava

23,6 milhões de pessoas, com destaque para a região sudeste (11,5 milhões de ocupados).

Segundo Pochmann (2012), “Apesar de responder por mais de 30% do total de ocupações,

percebe-se também que a remuneração auferida tende a ser relativamente baixa, significando

pouco mais de um quinto do total do rendimento dos trabalhadores brasileiros ocupados no ano

de 2007… isto ocorre, em grande medida, porque a sistemática de contratação laboral pelas

unidades familiares ocorre de maneira muito diferenciada daquela verificada tanto no setor

empresarial privado como no setor público.” (p. 49 - 50 e 54-55)

No entanto, o aumento do salário mínimo e, particularmente, da proteção laboral

estendia a empregados domésticos durante os governos petistas levou ao encarecimento dos

serviços prestados às famílias. Esse fator, juntamente com o achatamento da classe média, teria

sido um dos motivadores de parte dos protestos em 2013. Segundo o ex-prefeito da cidade de

São Paulo, Fernando Haddad (2017), "Se os rendimentos dessas camadas médias não perderam

poder de compra medido em bens materiais, perderam em termos de serviços”. Isso teria

importância central para a classe média, pois "serviços domésticos em quantidade eram a

grande compensação pela falta de serviços públicos de qualidade.” (2018a) Ainda conforme o

autor:

22 Segundo Tregenna (2007), "aquilo que unifica o setor de serviços é de menor relevância, de uma perspectiva

marxiana, que as diferenças entre os diversos tipos de atividades de serviço.” (p. 7) A argumentação é

compartilhada por Ernest Mandel, segundo quem “a questão sobre a ampla categoria da chamada indústria dos

serviços, podemos dizer que, como regra geral, todas as formas de trabalho assalariado que se exteriorizam em si

e consequentemente adicionam valor ao produto (materiais) são criadores de mais-valia e consequentemente

produtivos para o capitalismo como um todo”. (Mandel, 1992)

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Marx, em seus estudos tardios contrários à tese da pauperização da classe trabalhadora,

concluiu que, no capitalismo tardio, a dinâmica das classes tende à volatilidade. Por

isto, argumentou que o estudo das posições relativas de classe seria de extrema

importância para compreender a política nacional.

Um estudo de Mark Morgan sobre o Brasil confirmou as reflexões de Marx. Ele

argumenta, essencialmente, que os ricos ficaram mais ricos, os pobres menos pobres, e

a classe média perdeu sua posição relativa em relação à classe alta e baixa. Essa perda

de posição relativa está por trás da revolta da classe média contra o PT e as instituições

do Estado (Haddad, 2018a).

Essa perda de ocupação, renda e capacidade de consumir serviços provocou

descontentamentos, como fica evidenciado nas resistências apresentadas pelos consumidores

dos estratos A e B à elevação social dos pobres. Segundo Cavalcante e Arias (2019) estatísticas

levantadas em 2012 pelo Instituto Data Popular “mostravam que 55,3% dos consumidores do

topo da pirâmide achavam que os produtos deveriam ter versões para rico e para pobre, 48,4%

afirmavam que a qualidade dos serviços piorou, 49,7% preferem ambientes frequentados por

pessoas do mesmo nível social, 16,5% acreditam que pessoas mal vestidas deveriam ser

barradas em certos lugares e 26% dizem que o metrô traria “gente indesejada” para a região

onde mora.” (p. 20-21). Essa insatisfação se refletiu nos protestos de junho, como veremos a

seguir.

3. A Composição Social dos protestos

O debate sobre a composição social nos protestos de 2013 remete à estrutura

contemporânea de classes em escala nacional e internacional. Entre aqueles que ressaltam a

presença das classes médias nos protestos, alguns autores diferenciam as frações e distinções

internas, relacionando-as a diferentes campos políticos polarizados pelo neoliberalismo

ortodoxo e pelo neodesenvolvimentismo. (Saad Filho & Morais, 2018, Cavalcante & Arias,

2019)

De ângulo distinto, parte relevante da literatura que dá centralidade à questão de classe

nas explicações sobre junho recorre ao conceito de precariado para se referir aos milhões de

jovens integrados ao mercado de trabalho durante período descrito por Singer (2012) como

"era lulista” (2003-2013). Todavia, os autores se dividem, em linhas gerais, entre aqueles que

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o consideram parte do proletariado, como faz Braga (2011), e aqueles os que o interpretam

como uma nova classe, como Standing (2013). Segundo Guy Standing (2016), os protestos de

Junho de 2013 representaram “as movimentações do precariado na fase 'primitiva rebelde',

articulada por pessoas que sabiam aquilo ao qual se opunham, porém, sem saber exatamente o

que queriam” (p 9, 10). Gohn (2013), adotando concepção similar, afirma que “precariado é a

nova denominação que está sendo dada aos cidadãos deste novo século, os filhos de uma

sociedade precária onde impera a desigualdade social e econômica, onde há perda de direitos

sociais e políticos, exclusão de imigrantes etc.” (p. 140) Tal interpretação se distingue da de

Braga (2012), para quem "o precariado, isto é, o proletariado precarizado, é formado por aquilo

que, excluídos tanto o lumpemproletariado quanto a população pauperizada, Marx veio a

chamar de “superpopulação relativa”; a população estagnada, latente e flutuante. A mesma

contrasta com os trabalhadores que recebem os melhores salários." (p. 18)

Examinemos mais de perto essa polêmica.

a) O precariado como uma nova classe

Termo cunhado por Guy Standing, autor britânico que entre 1975 e 2006 trabalhou

como economista-chefe da Organização Internacional do Trabalho (OIT), o conceito sintetiza

teoricamente suas intervenções no Caribe, África subsaariana, Malásia, Tailândia, Filipinas,

África do Sul, Tanzânia, Etiópia, Índia e Escandinávia. Segundo o autor, “a era da globalização

(1975 - 2008) foi o período no qual a economia foi 'desmembrada' da sociedade enquanto

financistas e economistas neoliberais buscaram criar uma economia mundial de mercado

baseada na competitividade e no individualismo”. A consequência disso teria sido “a criação

de um ‘precariado’ global, composto por muitos milhões ao redor do mundo sem uma ancora

de estabilidade” (Standing, 2011 p.1). Esta nova classe deve ser compreendida a partir de três

relações sociais:

• A interação com o modo de produção

• A interação com o modo de distribuição

• A interação com o Estado

Aquilo que diferenciaria o precariado das outras classes em relação ao modo de

produção seria a instabilidade laboral, prolongados períodos de desemprego, assim como a

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ausência de regulamentação do trabalho. 23 Já no campo das relações de distribuição, o

precariado é marcado pela ausência de acessos a benefícios estatais, assim como outros

benefícios que existem do lado de fora da relação salarial entre contratante o contratado. Já na

interação com o Estado, Standing divide a sociedade em duas categorias, cidadanizadas e

descidadanizadas. Os descidadanizados, entre os quais inclui os imigrantes sem direitos civis,

estariam aqueles que, mesmo vivendo sob jurisdição do Estado, teriam negados direitos em

geral concedidos à classe trabalhadora, alguns dos quais cristalizados em sindicatos e partidos

socialdemocratas. Consequentemente, esta nova classe se define pela precariedade em relação

aos meios de produção, vulnerabilidade em relação aos meios de distribuição, e marginalidade

em relação ao Estado.

A estrutura da sociedade, segundo Standing, se divide em sete classes. De cima para

baixo, começa pela “elite”, seguida pela “plutocracia”, o “salariado’’, os “proficians”, o "velho

núcleo da classe trabalhadora (proletariado)”, o “precariado”, os “desempregados” e no final,

o “lumpem-precariado (ou subclasse)”. Em geral, porém, o precariado é colocado em oposição

à “velha classe trabalhadora”, categoria voltada a descrever os trabalhadores da manufatura,

principalmente aqueles com forte tradição sindical.24 O principal limite desta proposta de

estrutura de classes, segundo Olin Wright, é a ausência de como “trabalhadores de colarinho

branco sem cargos de gerência e empregados qualificados em trabalhos estáveis no setor

público e privado devem ser tratados." (Wright, 2016)

Destaca-se, para Wright, que "há pouca dúvida de que a precariedade, em diversas

dimensões, tem aumentado enquanto condição de vida em países capitalistas desenvolvidos. A

pergunta central segue sendo como compreender conceitualmente este fenômeno.” Mesmo que

Standing se refira "ao precariado como uma classe em construção, assumindo que ela ainda

não age como um ator coletivo finalizado - isto é, ainda não é uma classe-para-si em termos

tradicionais marxistas - mesmo assim, em termos de sua localização dentro das estruturas de

classe do capitalismo é uma localização distinta de classe, diferenciada da classe trabalhadora

e das outras classes de seu inventário”. (Wright, 2016)

23 Ao apresentar o conceito, Paret reforça que "Standing argumenta que suas próprias conceptualizações das

relações de produção, relações de distribuição e relações com o Estado ‘são todos conceitos marxianos’” (Paret,

2016). 24 Para Olin Wright, “O objetivo de Standing não é construir uma análise cuidadosa, rigorosa de cada uma das

definições, ele apenas está preocupado em diferenciar o precariado do resto da estrutura de classe, em específico

da classe trabalhadora. O resultado é que se tem apenas um conjunto vago de demarcações e justificativas para

estas categorias.” (Wright, 2016)

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Já Berman (2013) afirma que o termo "entrincheira distinções artificiais entre diferentes

frações da classe trabalhadora” contribuindo para a fragmentação política do proletariado.25

Berman critica o ex-dirigente da OIT afirmando que apesar de reconhecer que em surveys no

Reino Unido, por exemplo, cerca de dois terços daqueles entre 25 e 34 anos se consideram

“classe trabalhadora", Standing ignora esse dado, considerando-o fruto de uma confusão

identitária, pois são trabalhadores que se encontram em empregos precários.26 Ao mesmo

tempo, o economista constrói uma imagem distorcida dos trabalhadores melhor organizados,

considerando-os avessos a qualquer relação de solidariedade e proximidade com os setores

mais precários. Enxergando a precarização da força de trabalho como uma tendência

historicamente determinada e irreversível, Standing defende como parte da agenda dos

precarizados a adaptação a esta inevitabilidade27.

25 Em sua crítica à metodologia adotada por Standing para identificar no precariado uma nova classe, Berman

afirma que “pelo estilo e método, O Precariado mais parece um longo texto de opinião em formato de livro.

Apesar da afirmação de que o precariado é uma classe global, seu foco permanece voltado às economias

avançadas: a maioria dos exemplos de Standing vem dos EUA, Reino Unido, França, Alemanha, Japão e Coreia

do Sul.” (Berman, 2013) 26 Para Berman “A sociedade capitalista sempre se caracterizou pelo vasto repertório de diferentes modalidades

de emprego. Ao focar quase que exclusivamente no período pós-1945, a análise de Standing carece da

profundidade histórica que informe investigações de natureza global sobre o trabalho precarizado, como as feitas

por Marcel van der Linden. Este último mostra o quão limitado no tempo e no espaço foram os ganhos parciais

dos meados do século XX. O que viria a chamar-se “contrato padrão de trabalho” produziu-se devido a uma

mudança na correlação de forças entre capital e trabalho que surgiu no Ocidente durante o período da Guerra Fria.

Na essência, envolvia a subordinação dócil dos trabalhadores ao capital, em troca de trabalho regular e condições

adequadas de vida para si e seus dependentes. A ideia de que trabalhadores manuais, inclusive nos países

capitalistas mais ricos, gozam de uma revigorada segurança, revela ignorância lamentável sobre as atuais

condições da classe trabalhadora.” (Berman, 2013) 27 Segundo Sunkara (2012), o foco de Standing nas transformações tecnológicas (mudanças nos meios de

produção) são apresentadas como inerentemente responsáveis por alterações nas condições de trabalho (relações

de produção) na sociedade capitalista. Assim como a fixação de Negri no trabalho imaterial, a ideia do precariado

retira a centralidade da política das relações de classe, reproduzindo (de forma similar à ideologia neoliberal) a

ideia de desenvolvimento autônomo do capital. Para o autor, “ao invés do enquadramento “pós-fordista” que

enxerga as transformações reais e perigosas que vem ocorrendo como fruto de uma nova fase do capitalismo,

talvez seja mais relevante considerar como essas formas atuais assemelham um retorno ao pré-fordismo.”

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40

b) O precariado enquanto parte do proletariado

Diferente de Standing, Ruy Braga (2012) identifica o precariado como força distinta ao

“salariado”, aquilo que o autor virá a descrever como "os setores profissionais - os grupos mais

qualificados, mais bem remunerados e, por isso mesmo, tendencialmente mais estáveis da

classe trabalhadora”(p.17), mas que integra o proletariado. Utilizando-se da “conhecida

problematização teórica empreendida pelo cientista político argentino José Nun” (p. 18) na

análise dos países periféricos, Braga associa o precariado ao conceito de “massa marginal”. Os

regimes de acumulação periféricos na América Latina produzem , segundo Nun (2000), uma

massa marginal permanente de trabalhadores, o que os distinguiriada classe operária nos países

de capitalismo central. Ao serem atingidas por crises cíclicas dos regimes de acumulação, os

trabalhadores nos países do norte global passam para o exército industrial de reserva, porém se

manteriam sob regulamentação de regimes plenamente capitalistas. Já na América Latina, o

desemprego entre trabalhadores manuais muitas vezes implica um retorno a origens não

plenamente inseridas no capitalismo. Este processo significa para Nun que o operário nos

países centrais tem mais facilidade de reintegrar-se na economia em momentos pós-crise,

enquanto o trabalhador latino americano precisa continuamente transitar entre o mundo do

trabalho formal e o informal28.

Ao mesmo tempo em se aproxima da interpretação de Nun, Braga afasta-se dela ao

identificar no processo de precarização da força de trabalho nos países de capitalismo central

identidades similares às dos trabalhadores não plenamente inseridos no ciclo de acumulação

capitalista. Assim, Braga resgata a divisão entre trabalhadores manuais da indústria,

28 Enquanto pode-se estabelecer uma relação direta entre precarização e ganhos de produtividade nos países do

centro, a precariedade enquanto característica da informalidade no mercado de trabalho – relacionado diretamente

a baixos índices de produtividade - limita a comparação internacional entre trabalhadores precarizados em

diferentes partes do mundo. Analisando a importação dos métodos de gerência japoneses pela indústria

automotiva dos Estados Unidos que substituíram o modelo anterior centrado em Detroit durante o pós-guerra,

Parker (2017) caracteriza o atual regime industrial de produção flexível como “gerenciamento-por-stress”. A

flexibilização e a multiplicidade de tarefas alocadas ao trabalhador individual pelo sistema toyotista significou a

desespecialização da força de trabalho na grande indústria e o redesenho das classificações de trabalho no chão

de fábrica, reduzindo sua quantidade e dando maior poder à gerência. Este sistema, além de aumentar os índices

de adoecimento dos trabalhadores, pela via da terceirização, empurrou os empregos mais qualificados para locais

de trabalho menores, em que a organização sindical é mais difícil. Segundo autor, “os mesmos mecanismos que

levam o sistema a novos picos de produtividade também são instrumentos que os trabalhadores poderiam utilizar

contra a gerência para ganhar concessões. Mas se os trabalhadores utilizarem estas ferramentas para aliviar a

pressão e o stress ao qual estão submetidos, o sistema perde sua força motora.” (Parker, 2017)

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41

identificando no setor mais oprimido o precariado, e considera que este segmento não constitui

uma novidade29, ao menos no caso brasileiro. Segundo autor, o bloco mais velho, com maior

qualificação técnica e de origem sul-europeia foi empurrado e radicalizado pelo precariado

semi ou não-qualificado, negro, mais jovem e de origem nordestina, desencadeando entre

1978-79 o principal ciclo de mobilizações dos trabalhadores na história do país (p.142-179).

Este ciclo teria culminado politicamente na construção do PT e da CUT, que seriam portanto

expressões históricas do precariado brasileiro.

O principal ponto de divergência entre Braga (2016) e Standing (2016) se dá em torno

da possibilidade de aliança entre o precariado e outros setores das classes trabalhadoras. Em

sua crítica a Braga pela identificação do sindicato como possível local de organização do

precariado, Standing afirma que “os sindicatos mais bem estabelecidos tem representado,

principalmente, os empregados proletários mais velhos e tem tentado defender benefícios

baseados em relações laborais construídos ao longo dos anos. Não vejo nada ilegítimo nisto.

Na verdade, é uma nobre função. Mas temos que ser realistas e admitir que esta não é uma

agenda que fortalece a segurança econômica do precariado, e não corresponde às prioridades

ou ideologias da ala progressiva do precariado.” (Standing, 2016). Desse modo, a prioridade

do precariado seria a renda básica cidadã, em detrimento de pautas como a regulamentação do

mercado de trabalho. Braga, no sentido oposto, tem compromisso com o arcabouço jurídico

conquistado pelos trabalhadores durante o regime de industrialização por substituição de

importações30. Estas diferenças se expressam na interpretação de Braga do precariado enquanto

parte do proletariado, e não uma nova classe, como afirma Standing.

Segundo Braga, as Jornadas de Junho teriam sido protagonizadas por essa "massa

formada por trabalhadores desqualificados e semiqualificados que entram e saem rapidamente

29 A interpretação de Braga se aproxima da de Scully (2016). Em debate na revista Global Labour Journal, o

autor sul-africano considera que “A velha classe trabalhadora do Sul compartilha diversas características do

precariado, que Standing identifica com as classes “emergentes" do século XXI. Este reconhecimento é importante

para se pensar as possibilidades de uma política trabalhista anti-precariedade tanto no Norte quanto no Sul.”

(Scully, 2016) 30 Segundo Braga, “Ao contrário do que muitos imaginam, a CLT não foi uma dádiva de Vargas aos pobres.

Antes, ela resultou de duas décadas e meia de lutas sociais e da institucionalização de direitos trabalhistas contra

os abusos de uma classe empresarial herdeira do éthos escravocrata. (...) Em suma, a ameaça à CLT não expressa

o embate das forças vanguardistas da globalização econômica contra o que restou do atrasado poder corporativo

dos sindicatos. Na verdade, testemunhamos a desforra de organizações empresariais passadistas pela ousadia do

subalterno de apropriar-se da linguagem dos direitos sociais.” (Braga, 2014)

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do mercado de trabalho”. Para corroborar sua análise sobre o papel do proletariado precarizado

em junho, Braga enfatiza dados da “Pesquisa da Empresa de consultoria Plus Marketing na

passeata de 20 de junho de 2013 no Rio de Janeiro”, assim como "dados colhidos em Belo

Horizonte” (2013, p. 82). Mas assim como Standing, Braga interpreta a utilização de novas

tecnologias e formas de protesto como característica política desta nova classe, que segundo

Standing (2016), tende a perspectivas horizontalistas, feministas e ambientalistas.

Em sua análise da composição social de junho, Singer apresenta sua hipótese como

síntese de duas leituras opostas: a de Boito (2013) e a de Braga (2013):

O primeiro [Boito] identificou neles uma extração predominante de classe média,

enquanto o segundo tendeu a enxergar uma forte presença do precariado [...].

Analisando as pesquisas disponíveis, gostaria de sugerir uma terceira hipótese: a de que

elas possam ter sido simultaneamente as duas coisas - tanto expressão de uma classe

média tradicional inconformada, quanto um reflexo daquilo que prefiro denominar de

novo proletariado, mas cujas características se aproximam, no caso, daquelas atribuídas

ao precariado pelos autores que preferem tal denominação. Tratam-se dos

trabalhadores, em geral jovens, que conseguiram emprego com carteira assinada na

década lulista (2003-2013), mas que padecem com baixa remuneração, alta rotatividade

e más condições de trabalho. (Singer, 2013, p. 5)

Singer (2018) divide Junho em três fases. (p. 103-5). Durante a primeira fase, centrada

em São Paulo sob direção do MPL, Singer identifica um movimento de classe média

hegemonizado pela esquerda. Mais tarde, a partir do dia 17, o movimento ganha dimensão

nacional enquanto recebe a adesão de jovens trabalhadores e setores tradicionais da classe

média - passando a representar um espectro ideológico mais amplo, incluindo a direita. Depois

do dia 20, quando a massificação nas ruas atinge seu auge, o movimento se fragmenta segundo

múltiplas preferencias ideológicas. Singer afirma que “nunca ficou claro quem convocou, em

quatro dias, pelas redes aquela massa de pessoas distantes da esquerda, refratárias aos partidos,

algumas visivelmente conservadoras, para ocupar espaço numa iniciativa autonomista.” (p.

105)31 O perfil dos manifestantes passou a destoar significativamente dos jovens dirigidos pelo

31 A hipótese de Singer fundamenta-se em "duas pesquisas realizadas pelo Datafolha em São Paulo, nas

manifestações dos dias 17 de junho (766 entrevistas, com margem de erro de quatro pontos percentuais para mais

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MPL e das organizações do movimento estudantil - que inicialmente promoveram as

mobilizações, verificando-se a partir da nacionalização do movimento um predomínio da classe

média mais tradicional e de direita. Saad Filho e Morais (2018), por sua vez, destacam nas

manifestações do dia 20 de junho a presença uniformizada da extrema-direita (p. 116).

Vejamos isso mais de perto a seguir.

c) A centralidade das Classes Médias

O conceito de classe média suscita muitas polêmicas, sobretudo entre autores marxistas

(Boito, 2007, p. 223-245). No entanto, alguns autores consideram que esse conceito é útil para

captar as diferenças no interior das classes trabalhadoras, e seus impactos sobre as formas de

organização e mobilização (Galvão, 2011; Cavalcante e Arias, 2019).

É possível diferenciar o proletariado das classes médias32 ao se separar os assalariados

em dois grupos: os trabalhadores manuais e sem qualificação (proletariado) e os trabalhadores

não-manuais e qualificados (classe média). Segundo Cavalcante (2015) a classe média se

define como uma “camada distinta de trabalhadores (incluindo os “profissionais liberais”), na

medida em que absorvem de maneira particular a ideologia dominante de valorização do

trabalho e mobilidade social, em razão de sua posição nas funções intelectuais de produção e

gestão em diversos setores da economia” (p. 180). Segundo Cavalcante, é a partir da

localização específica da classe média junto às forças produtivas que a mesma irá

organicamente produzir sua ideologia específica - a ideologia meritocrática. Tal perspectiva é

“própria a trabalhadores intelectuais mais distantes da fábrica e do trabalho manual,

justificando e naturalizando a hierarquia do trabalho como se fosse uma expressão de pirâmide

natural de ‘dons e méritos.’” (Cavalcante, 2013) Assim como a meritocracia, noções de justiça

social exercem pressão sobre a classe média possibilitando sua vinculação com os

desprivilegiados, porém as premissas ideológicas da meritocracia as deixam tentadas a se unir,

individualmente, à burguesia. “O primeiro elemento pode ser inspirado por ideias religiosas,

valores democráticos ou compromisso ideológico com a justiça diante do poder do capital. Isso

e para menos) e 20 de junho (551 entrevistas, com margem de erro de quatro pontos percentuais para mais ou para

menos)” (cf. Tabela 1). 32 As origens históricas desta classe no Brasil remontam a dois grupos, homens livres do período colonial e

escravocrata, assim como o quadro de técnicos e gerentes de grandes empresas estatais e capitalistas surgido no

período da acumulação por substituição de importação (Cavalcante e Arias, 2019 p.6)

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inclui, historicamente, exemplos de voluntarismo e ultraesquerdismo, em especial entre

estudantes, funcionários públicos, intelectuais e líderes religiosos.” (Saad Filho e Morais

(2018, p. 203)

A classe média, segundo Saad Filho e Morais, representa 16% da população segundo o

censo de 2010, cerca de 32 milhões de pessoas. (2018, p. 193). Ela comporta diferenças

internas, razão pela qual alguns preferem falar em classes médias, usando o conceito no plural,

para aludir a sua heterogeneidade em termos de inserção ocupacional e posicionamento político

(Galvão, 2016). Ao contrário do setor privado, a fração de classe média no setor “publico”, por

ser empregada pelo Estado, tende a se opor por interesse próprio ao neoliberalismo, defendendo

uma concepção mais regulada da economia. "na maioria das vezes, no entanto, a classe média

incorpora uma ética capitalista de competitividade, acumulação e exclusão social,

especialmente entre gerentes, donos de pequenas empresas e proprietários de terra.” (Saad

Filho e Morais, 2013, p. 203)33. Isso ajudaria a entender as diversas insatisfações de setores de

classe média diante dos governos petistas, sua incorporação às Jornadas de Junho e sua divisão

no processo de crise política de 2015-2016 (Cavalcante e Arias, 2019).

Assim, embora tenha havido participação das camadas populares nos protestos,

especialmente nas grandes cidades e durante o pico de mobilização em junho, este processo

caracteriza-se melhor como exceção do que regra, como veremos no quadro abaixo:

33 Por isso, Davidson (2013) defende que “é improvável que o movimento da classe trabalhadora encontre aliados

entre os setores profissionais e da classe média que tira proveito material na preservação do capitalismo. Há,

porém, muito "maiores possibilidades [de alianças] com a pequena burguesia e o 'setor público' da moderna classe

média” (p. 297).

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Tabela 1 - Composição social dos protestos em 2013 Largo da Batata Avenida Paulista Media de São Paulo

Mês do protesto Junho 2013 Junho 2013

Estimativa de público 65 mil 110 mil 12 milhões

Ocupação

PEA 76% 86% 75%

Assalariado registrado 39% 51% 35%

assalariado sem registro 3% 3% 7%

funcionário publico 4% 6% 3%

autônomo regular 7% 5% 9%

Profissional liberal 3% 5% 1%

Empresário 5% 4% 2%

Free-lance / bico 6% 5% 9%

Estagiário/ aprendiz 6% 5% 1%

Desempregado 3% 3% 7%

NÃO PEA 24% 14% 25%

Estudante 22% 11% 4%

Dona de casa 0% 1% 8%

Aposentado 1% 1% 10%

Desempregado 0% 1% 1%

Gênero

Homens 63% 61% 47%

Mulheres 37% 39% 53%

Idade

12 a 20 23% 19% n/a

21 a 25 30% 32% n/a

26 a 35 35% 31% n/a

35 a 50 8% 14% n/a

51+ 4% 5% n/a

Escolaridade

Fundamental 1% 2% 27%

Médio 22% 20% 45%

Superior 77% 78% 28%

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Diferente das manifestações ocorridas entre 2015-16, as pesquisas do Datafolha

realizadas em 2013 não contêm dados de renda, ocupação e cor, dificultando a caracterização

social do protesto. Ao mesmo tempo, ao comparar o perfil de ambas as manifestações com o

resto da cidade, identifica-se maior perfil estudantil e das classes médias.

Davidson (2013) localiza na base dos movimentos sociais de direita, que se tornaram

majoritários em junho após a redução da tarifa, três setores com características políticas

próprias. Dois deles apresentam "profundidade histórica e social” - a pequena burguesia

tradicional e os setores profissionais. Segundo o autor, "ambas consistem, de forma diferentes,

os auto empregados, apesar de existirem, é claro, enormes diferenças de renda e status social

entre representantes do primeiro grupo, como um lojista, e do segundo, como um médico. O

terceiro grupo, cuja origem está quase inteiramente no século XX, é composto pela moderna

classe média. Estas camadas sociais seriam integradas por dois componentes: membros com

cargos empresariais e administrativos, e aqueles que funcionam como empregados

semiautônomos.” (Davidson, 2014 p 295) Segundo Davidson, sessões de profissionais e da

moderna classe média podem intervir de forma relativamente autônoma na política de

diferentes países, não respondendo estritamente nem aos interesses diretos da burguesia, nem

do proletariado. Na maior parte das vezes, segundo o autor, elas são “indiretamente e

possivelmente não-intencionalmente desestabilizadores” para a linha da burguesia de

“acumular estratégias de capital” (p. 296). O exemplo mais extremo dos movimentos de classe

média de direita seria o fascismo, que levou à quase destruição o capitalismo italiano e

alemão34.

Mais do que uma deterioração nas condições de vida da classe média, o que a colocou

nas ruas foi centralmente o “medo da queda”, em termos relacionais, de desclassificação social

a partir do enriquecimento dos muito ricos e muito pobres. (Cavalcante & Arias, 2019). Em

localidades menores, como nas cidades no interior de São Paulo, segundo Cavalcante e Arias

34 Segundo Davidson “As classes médias são, em geral, apresentadas como incapazes de ação independente,

obrigadas a vacilar politicamente até forcadas a escolher, ou se dividir, em torno do apoio à burguesia ou ao

proletariado. A apresentação clássica desta perspectiva está nos escritos de Trotsky sobre a Alemanha nos últimos

dias da República Weimar; mas esta análise, a despeito de sua natureza brilhante, veio para explicar uma situação

extrema e atípica. Em circunstâncias normais, nas quais a guerra civil não está na agenda, a margem de manobra

das classes médias é maior que Trotsky e aqueles que o seguem acriticamente sugerem.” (Daividson, 2013, p286)

Para uma versão levemente editada destas análises, ver Trotsky (2018), para uma análise marxista do papel das

classes médias no fascismo italiano, ver Zetkin (2019).

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(2019) “os protestos se iniciam ou tomam maiores proporções com um público muito mais

característico de classe média tradicional, para o qual a pauta da precariedade da mobilidade

urbana não era decisiva". (p. 10)

4. Razões Políticas: das críticas ao reformismo fraco à pauta da corrupção

As insatisfações com os governos petistas não têm, necessariamente, base material.

Como vimos anteriormente, o programa neodesenvolvimentista foi construído por dentro dos

marcos globais do neoliberalismo e, ao limitar a estrutura do desenvolvimento econômico

nacional à divisão internacional do trabalho, torna-se incapaz de gerar empregos de alta

especialização. Mas a despeito das transformações verificadas nos polos da estrutura de classes

brasileira e da crise de empregos de classe média, correlação não deve ser confundida com

causalidade, não havendo relação direta entre a conjuntura econômica e os protestos.

Ao analisar os eventos de protestos registrados no jornal Folha de São Paulo ocorridos

entre 2011 e 2016, Luciana Tatagiba & Andréia Galvão (2019) demonstram que não há relação

entre a queda do PIB e o aumento nas manifestações (Gráfico 4), e que os protestos precedem

a crise econômica e o aumento do desemprego.

Gráfico 4 - Relação entre protestos e PIB entre 2011 e 2016

* Fonte: Galvão e Tatagiba, 2019, p.16. Baseada em Banco de Dados e IBGE, Diretoria de Pesquisas,

Coordenação de Contas Nacionais

4.0

1.93.0

0.5

-3.8 -3.6

-5.0-4.0-3.0-2.0-1.00.01.02.03.04.05.0

0

100

200

300

400

500

2011 2012 2013 2014 2015 2016

Relação entre protestos e PIB

Protestos PIB

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Os dados de participação política das classes trabalhadoras durante o ciclo de protestos

entre 2011-2016 contabilizam entre os atores mais ativos categorias tradicionais como os

operários da indústria e profissionais da educação. Segundo Galvão e Tatagiba (2019), “os

protestos são protagonizados tanto por uma parcela da classe trabalhadora mais precária,

quanto por assalariados de classe média, como os da educação, bancários (inseridos no setor

de serviços) e da administração pública, setores que se destacam pela taxa de sindicalização

acima da média nacional e elevada atividade grevista” (p. 20-1). Como demonstra o gráfico 5,

enquanto as classes populares, entendidas como trabalhadores pobres, precários,

desempregados ou que trabalham no mercado informal, tiveram participação relevante nos

protestos entre 2011-2016, ela se deu em conjunto com os setores mais tradicionais e bem

estruturados dos trabalhadores, representando juntos 50% dos grupos em protesto segundo o

banco de dados elaborado pelas autoras (p. 21).

Gráfico 5 – Grupos sociais nos protestos

*Fonte Tatagiba e Galvão, 2019, p. 20. Desagregação da categoria Trabalhadores (N=455) * Variável múltipla

(N=1469).

Após as jornadas de 2013 identifica-se o crescimento de protestos promovidos por

grupos antipetistas e difusos, ao mesmo tempo em que trabalhadores, populares e moradores,

e estudantes mantêm as primeiras posições entre os grupos sociais mais mobilizados (Gráfico

6 e Tabela 2, sendo que esta indica um deslocamento entre os grupos mobilizados antes e depois

1.81.21.41.61.81.93.13.5

5.15.35.3

6.211.9

19.031.0

OutrosEmpresários

ReligiososFamiliares e amigos de vitimas

Defensores dos direitos…Ambientalistas

Militantes partidáriosPovos originarios

Coletivos ou grupos ad hocGrupos identitários

DifusosGrupos antipetistas

EstudantesPopulares e moradores

Trabalhadores

Grupos sociais nos protestos (%)

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de junho). Isso indica que os protestos "expressam insatisfações tanto daqueles setores que

buscavam avançar nas reformas, quanto daqueles que buscavam restaurar o status quo”

(Galvão e Tatagiba, 2019 p. 5). Segundo as autoras, a complexidade da relação entre política e

economia raramente pode ser interpretada em termos de causalidade unívoca, não havendo

relação mecânica entre os fatores. Ao mesmo tempo, como também observado por Purdy

(2018) a crise econômica de 2008 contribuí para a intensificação dos protestos no Brasil.

Gráfico 6 – Setores da classe trabalhadora nos protestos

Tabela 2 – Grupos sociais nos protestos pré e pós de 2013

Grupos Sociais Pré Grupos Sociais 2 Pós Trabalhadores 189 Trabalhadores 259

Populares e moradores 89 Populares e moradores 186 Estudantes 50 Estudantes 112

Grupos identitários 34 Grupos antipetistas 74 Povos originários 23 Difusos 62

Defensores dos direitos humanos 19 Coletivos ou grupos ad hoc 54 Coletivos ou grupos ad hoc 18 Grupos identitários 44

Grupos antipetistas 17 Militantes partidários 31 Ambientalistas 15 Povos originários 23

Difusos 15 Ambientalistas 13 Familiares e amigos de vítimas 14 Religiosos 9

Militantes partidários 12 Defensores dos direitos humanos 8 Religiosos 12 Familiares e amigos de vítimas 8

Empresários 10 Empresários 5 Outros 7 Outros 19

* Fonte: Galvão e Tatagiba, 2019, p. 24. Variável múltipla (N=1393), sendo Pré < 06/06/2013 e Pós >

20/06/2013.

2.95.75.7

6.87.9

8.89.59.7

11.615.2

16.3

RuralOutrosSaúde

TransporteInformais

Administração públicaForças de seguranca

Centrais sindicaisComércio e serviço

IndústriaEducação

Grupo social desagregado - Trabalhadores

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A partir de categorias elaboradas por Antônio Gramsci - em particular os conceitos de

“transformismo” e “revolução passiva” – Nogueira (2013), por sua vez, interpreta a crise como

consequência da falta de um projeto hegemônico do Partido dos Trabalhadores para a esquerda,

tendo este sido substituído por um mero projeto de poder (p.35-36). O autor enxerga a

permanência do PT no governo federal durante 13 anos como resultado de reformas limitadas

e cooptação da oposição. A modernização do país, passando a funcionar cada vez mais em

rede, permitiria que instituições da sociedade civil, como os sindicatos dirigidos por líderes

socialdemocratas, fossem facilmente integrados à elite do regime político.35

No entanto, quando consideramos as greves nas empresas privadas e estatais,

excluindo o funcionalismo público da administração municipal, estadual e federal, observa-

se o crescimento das greves entre 2011 e 2012, e sua manutenção em níveis elevados após

2013 (Tabela 3 e gráfico 6), sobretudo no setor de serviços, enfraquece a tese desse autor.

Tabela 3 - Quantidade de greves nas empresas privadas e estatais, por setor econômico

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 total

Serviços 98 75 73 82 78 94 137 96 106 139 626 713 737 789 3843

Indústria 84 66 85 87 90 149 160 114 147 346 600 435 356 335 3054

Rural 0 1 1 5 4 11 3 1 1 3 7 1 1 2 41

Comércio 1 2 2 1 1 0 2 1 3 7 19 11 9 5 64

Total 183 144 161 175 173 254 302 212 257 495 1252 1160 1103 1131 7002 * Fonte: Galvão 2019, p.75. Baseada em Banco de Dados SAG-DIEESE.

35 Enquanto Nogueira trabalha o conceito de “transformismo" associando-o à ideia de sociedades em redes

elaborada por Manuel Castells, conclusões similares às suas, porém vindas de uma perspectiva crítica ao

capitalismo (Garcia, 2012) podem ser identificadas nos esforços que misturam as categorias analíticas de Leon

Trotsky e Antônio Gramsci. Associada ao conceito de “casta” (elaborado por Trotsky durante a polêmica sobre o

surgimento de uma nova classe na União Soviética), a ideia de “transformismo” é usada por Garcia (2012) para

identificar a suposta fusão parcial entre a alta burocracia sindical e o aparato de Estado. Segundo o autor, os cargos

públicos conquistados através de eleições somados à administração, por sindicalistas e ex-sindicalistas petistas,

de fundos de pensão como a Petros (funcionários da Petrobras) Funcef (Caixa Econômica Federal) e

principalmente a Previ, fundo de pensão dos trabalhadores do Banco do Brasil, demonstrariam desde o início dos

anos 90 a aplicabilidade do conceito de “transformismo” às direções majoritárias do movimento social.

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Gráfico 7 - Total de greves nas empresas privadas e estatais

* Fonte: Galvão 2019, p.75. Baseada em Banco de Dados SAG-DIEESE.

Entre setores da esquerda, a questão urbana e o direito à cidade constituíram um ponto

fundamental de descontentamento com o modelo neodesenvolvimentista e guardam uma

relação direta com a principal demanda do MPL, a redução da tarifa de transporte público.

Segundo Maricato (2013), durante os governos do PT estimulou-se “uma nova política urbana,

em torno da qual organizaram-se movimentos sociais, pesquisadores, arquitetos, urbanistas,

advogados, engenheiros, assistentes sociais, parlamentares, prefeitos, ONGs etc. Construiu-se

a Plataforma de Reforma Urbana, e muitas prefeituras de “novo tipo” (ou democrático-

populares) implementaram novas práticas urbanas.” Além de incluir a participação social -

orçamento participativo, por exemplo - os governos do PT também construíram novas

instituições, como o Ministério das Cidades (2003), o Conselho das Cidades (2004), as

Conferências Nacionais das Cidades (2003, 2005 e 2007), assim como o Estatuto da Cidade.”

(p. 22)

Se, para a esquerda, a existência desses canais de participação era importante, mas

limitada, para a direita o excesso de participação distorcia a igualdade de oportunidades (como

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as bolsas e políticas voltadas para determinados públicos-alvo), produzindo privilégios,

intervenções demasiadas no mercado e, como veremos a seguir, corrupção.

As críticas genéricas à política, aos partidos e aos sindicatos foram uma marca dos

protestos dia 20 de junho, momento das maiores mobilizações do mês:

Sob o refrão “todos políticos são corruptos” (uma mensagem subliminarmente repetida

pela mídia desde o mensalão), algumas manifestações se declaravam (de alguma forma)

apartidárias, e militantes de esquerda, sindicalistas ou qualquer um que usasse a cor

vermelha corria o risco de ser assediado e espancado. Homens musculosos de cabelo

rente, envoltos na bandeira nacional, vagavam pelas ruas gritando ‘meu partido é meu

país’. Muitos manifestantes pediam o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, e

alguns sugeriam um golpe militar (Saad Filho & Morais, 2018 p. 116).

Esse discurso da classe média de direita, em alguns momentos, foi endossado em 2013

por setores autonomistas36 pela via da associação da política à corrupção. Nesse contexto, a

diversificação de pautas e atores produziu um efeito paradoxal, fomentando a polarização

“petismo X antipetismo” e trazendo-a para o centro da política nacional. (Galvão & Tatagiba,

2019).

De acordo com uma parte da literatura (principalmente Nogueira, 2013 e Cava e Cocco,

2013), os protestos de junho de 2013 foram direcionados desde o início contra o PT enquanto

organização política. Cava & Cocco, por exemplo, afirmam que "quando os primeiros cartazes,

gritos e marchinhas apareceram, não havia mais nenhuma ambiguidade: também eram contra

o governo Dilma, o PT e, mais em geral, bandeiras tradicionais das agremiações de esquerda.”

(Cava & Cocco 2013, p. 19). Enquanto as campanhas encabeçadas pelo MPL contra o aumento

da tarifa na cidade de São Paulo ocorridas em 2011 "tiveram a participação da juventude do

partido e contaram com significativo apoio parlamentar de pelo menos três vereadores petistas:

Antônio Donato (então secretário de governo), Juliana Cardoso (que segue vereadora) e José

Américo (então presidente da Câmara Municipal)” (Ortelado, 2013 p.52), em 2013, esta

relação atinge um impasse final, transformando as manifestações pelo congelamento dos

preços do transporte público em manifestações anti-PT.

36 Pomar (2013) descreve o MPL como “constituído em sua maior parte por jovens que tem aversão aos meios

institucionais, como os partidos políticos e a disputa de espaços de poder do Estado. São, assim, ao mesmo tempo,

menos suscetíveis à corrupção moral das formas tradicionais do jogo político, mas também muitas vezes não dão

a devida importância ao processo histórico, tendo pouca ou nenhuma relação orgânica com o passado público da

época que vivem.” (p.14). Retomaremos essa questão no capítulo 2.

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Segundo Tatagiba, Trindade e Teixeira (2015) “após a repressão dos protestos no dia

13 de junho, a corrupção se tornou um dos temas mais presentes nas ruas e nas redes sociais.

No dia 15 de junho começou a Copa das Confederações, e Dilma foi vaiada no estádio Mané

Garrincha, no Distrito Federal.” A mudança final na correlação de forças na rua entre os

defensores da pauta anticorrupção e aqueles ligados ao direito à cidade se consolida após o dia

19, quando Haddad reduziu o valor da tarifa em São Paulo. A fragilidade e o localismo dos

movimentos por direito à cidade, assim como a desestruturação e a fragmentação do principal

setor do movimento social nacional – o movimento sindical – além das críticas ao reformismo

fraco do PT, permitiram que o espaço aberto pela esquerda em 2013 fosse ocupado pela direita.

Ao longo desse processo, as pautas pelo direito à cidade foram progressivamente substituídas

pelo discurso anticorrupção, tema vocalizado e instrumentalizado pela alta classe média (cf.

tabela 3).

Mesmo que a crítica moral à atuação partidária em algum grau aproxime intelectuais

próximos ao MPL à crítica mais genérica da anticorrupção, a descrição dos protestos de junho

como um movimento pelo direito à cidade, e não uma mobilização antipetista, é a perspectiva

defendida pelo grupo. (MPL, 2013). A pauta anticorrupção tornou-se hegemônica entre

manifestantes em junho após o dia 20 (para uma periodização dos protestos, ver a introdução).

Ao mesmo tempo, é possível que motivações anticorrupção tenham influenciado, ainda que de

forma minoritária, os atos de rua na própria base do MPL desde o início dos protestos de 2013.

A associação do movimento ao combate à “corrupção moral” identificada por Pomar

(2013) em parte expressa o pertencimento de classe média dos integrantes do MPL. Segundo

Cavalcante e Arias (2019), a centralidade dada à bandeira da anticorrupção é historicamente

atrelada à classe média e seus intelectuais. À exceção do tenentismo dos anos 20, ela é

identificada politicamente a perspectiva liberal-conservadora, “com destaque para a atuação

contra o modelo populista com concessões às classes trabalhadoras presentes nas décadas de

1940 e 1960, cujo ápice se efetivou com o golpe civil-militar de 1964” (p. 17) A cruzada moral

contra a corrupção não é alheia às relações de classe.

É possível identificar na literatura sobre movimentos sociais dois polos, o daqueles que

viram em junho o ponto alto de um ciclo de protestos ocorridos entre 2011 e 2016, cuja

consequência foi o desencadeamento de uma crise política que expressa as contradições entre

classes e grupos sociais (Galvão e Tatagiba, 2019) e aqueles que enxergam em junho algo

paradigmaticamente novo (Gohn, 2013; Cava e Cocco, 2013; Alonso e Mische, 2014). A forma

inovadora de organização e agitação política do MPL, principalmente ligada à sua

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instrumentalização da internet e das redes sociais, expressaria uma tendência desta nova etapa.

A pauta anticorrupção, consequentemente, seria apenas mais um elemento político introduzido

ao cenário, produto espontâneo da mobilização popular. Consequentemente, esta perspectiva

enxerga os protestos entre 2015-16 a favor do impeachment como produto vindo de baixo para

cima, sem estratégia prévia de classe.

Para Nogueira, os protestos de junho são resposta à “perversão sistêmica [que] tornou-

se mais grave no decorrer dos últimos 15 anos, justamente quando os grupos dirigentes

passaram a ser integrados por quadros e políticos do PT.” (2013 p.35) Isto revelaria sua “baixa

capacidade hegemônica”, pois “o partido e suas organizações não se dedicaram a qualificar sua

ascensão política e sua própria condição histórica de voz contestadora. Não formularam uma

nova ideia de política, de democracia, de economia. Não disseminaram cultura, não

promoveram uma nova ‘direção intelectual e moral’ (Gramsci) para a sociedade.” (2013 p. 22)

O sucesso político do PT anterior a 2013 não estaria relacionado à nova composição de

classes do governo e ao pequeno boom econômico que seu projeto desencadeou, mas aos traços

excepcionais, carismáticos, de Lula. Utilizando o Estado burguês, o ex-sindicalista teria

cooptado a esquerda e os movimentos sociais da geração anterior. Consequentemente, “a

reprodução do engenhoso sistema de poder tornou-se mais difícil com a ausência de Lula e

com os atritos que se seguiram à substituição por Dilma Rousseff.” (p. 45)

Nogueira (2013), assim como Gohn (2013), sublinha as diferenças entre os protestos

multitudinários de junho e a tentativa de paralisação nacional organizada em julho pelos

partidos de esquerda e o movimento sindical.37 Enquanto a recusa do MPL em aderir a esses

protestos revela os contornos de classe de seu anti-sindicalismo, é valido lembrar que o

movimento desde o início se posicionou contrariamente ao movimento anticorrupção, como

veremos no capítulo 2 a seguir.

37 Segundo Nogueira “se junho foi de massas, julho foi de classe. Os protestos juninos foram polissêmicos e

horizontais; o de julho foi uníssono. Em junho, houve festa, militância cívica, política de novo tipo e pouca

organização. O Dia Nacional foi sindical, organizado e a moda antiga. O som de junho foi da opinião e do

sentimento; em julho ouviu-se a voz do interesse. Em junho, escutaram-se os gemidos de um mundo que desponta;

em julho, o grito rouco e cansado de um mundo que resiste para não acabar.” (Nogueira, p. 57)

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Capítulo II – O Movimento nas ruas

Este capítulo reconstruirá os principais momentos de junho de 2013 em São Paulo e

discutirá a relação entre base, direção e programa do principal organizador dos protestos, o

MPL-SP. A questão da natureza social do grupo, assim como dos protestos que liderou,

perpassa centralmente sua relação com o movimento social como um todo. A origem,

capilaridade e composição social do MPL, assim como sua política ao longo do ciclo de

protestos, revelam uma cooperação continua entre o Passe Livre e o movimento operário e

popular.

Utilizando a imprensa autonomista fonte primária, o presente capítulo pretende

identificar a dinâmica do MPL junto ao movimento social como um todo. É possível atribuir,

em geral, três perspectivas teóricas norteando o MPL entre 2011 e 2013: a primeira, antiestatal

e antisindical, é enraizada nas elaborações políticas do autor português João Bernardo (1991,

2003), a segunda, mais propriamente marcada por questões do direito à cidade, encontra-se

difundida em sites e blogs – com destaque ao site Tarifa Zero – e a terceira, fundamentada na

critica política à geração de autonomistas do final dos anos 90 e inicio dos 2000 nos protestos

antiglobalização de São Paulo, fundamentou o grupo organizacionalmente. A questão da

direção do movimento, assim como sua horizontalidade, também será tratada abaixo. Junto ao

debate sobre a relação entre o MPL e as classes e frações de classes mobilizadas ao longo do

período entre 2011 e 2016, a produção do movimento na internet auxiliará na caracterização

do grupo e suas ideias.

1. Origens e composição social do MPL

As origens do MPL-SP remetem à interatividade nas redes do Centro de Mídia

Independente (CMI) entre a Revolta do Buzu, ocorrida em Salvador em agosto de 2003 e a

Revolta das Catracas, deflagrada 2.600 quilômetros ao sul, entre 2004 e 2005 em Florianópolis

(Pomar, 2013 p. 11). Nacionalmente, o projeto do MPL ganha corpo próprio no “primeiro

encontro realizado em Florianópolis, no mês de junho de 2004. O evento não se propõe a fundar

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um movimento, mas institui uma “campanha nacional pelo Passe Livre”. 38 Nele “estavam

presentes basicamente três correntes de pensamento e da organização juvenil de esquerda na

época: jovens ligados ao trotskismo, dissidentes das organizações tradicionais da esquerda e

seus métodos e associados a jovens independentes, sobretudo na Campanha pelo Passe Livre

de Florianópolis; ativistas articulados em torno dos movimentos que a partir dos anos 1990

ficaram conhecidos como movimentos antiglobalização, e organizados pelo Centro de Mídia

Independente (CMI-Brasil)” (2013, p. 12).

O recorte geográfico do grupo revela que as dinâmicas locais se sobrepõem às

nacionais. País semicontinental marcado por enormes longitudes entre suas metrópoles, a

particularidade política do Brasil é sua descentralização geográfica, que em 2013 atuou como

barreira à integração política dos movimentos por direito à cidade. Pomar afirma que desde

seus dois encontros nacionais, em junho de 2005 na Unicamp e em 2007, na Escola Nacional

Florestan Fernandes (ligada ao MST) no interior de São Paulo, o movimento na prática deixou

de existir nacionalmente.39 Segundo autor “o MPL avançou pouco em termos de estruturação

e não se consolidou como uma organização perene com fóruns regulares, embora se mantenha

como uma rede de articulação nacional que troca experiências e alimenta uma proposta

avançada” (p. 13).

A inserção do MPL entre estudantes40 foi facilitada pela expansão da internet e do

acesso ao ensino superior. As políticas neodesenvolvimentistas que expandiram o mercado

universitário levaram a um salto no total de graduandos de 2.694.245 (32,6% no ensino

público), para 6.739.689 (26,3% nas escolas do Estado) (Ridenti, 2013). Observa-se que novas

38 A articulação nacional do MPL foi fortalecida pelo surgimento da internet que, ao acelerar a comunicação,

diminuiu as distâncias, permitindo a interação virtual entre os ativistas de São Paulo e aqueles identificados na

rede de articulação mencionada por Pomar. Os protestos em Goiás em junho de 2013, assim como a publicação

pelo TarifaZero Goiânia do texto "Goiânia: suspenso o aumento da tarifa", no site Passa Palavra dia 11 de julho

de 2013, revela conexões próximas entre grupos locais e o MPL-SP. 39 A relação cotidiana de militância dos ativistas do MPL-SP, quase todos inseridos no espaço universitário e nos

movimentos de direito à cidade de São Paulo, se deu centralmente na interação e troca de experiências com as

correntes majoritárias da esquerda nacional, formada por socialistas e petistas. Para outra autora, todavia, “mais

frutífero que buscar relações entre o MPL e os partidos políticos é buscar elos entre as formas de luta

antiglobalização do início dos anos de 2000 e manifestações nas ruas em 2013” (Gohn, 2013, p. 43). 40 Segundo manchete do jornal Folha de S. Paulo, “Ex-alunos do colégio Equipe formam a linha de frente do

Movimento Passe Livre em São Paulo”. Além da escola construtivista de classe média, o colégio Santa Cruz,

escola privada de classe média alta gerida por padres canadense liberais, aparece em destaque na matéria.

(Bergamim, 2013)

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formas de ativismo político entre a juventude, como as ocupações de escolas em 2015 e 2016

(Campos, Medeiros e Ribeiro, 2016) foram disseminadas pelo MPL-SP41. Segundo estudo

clássico de Foracchi (1977), há diferenças entre as categorias jovens e estudantes: “jovem”

constitui um recorte geracional policlassista, que se insere de diferentes formas no mercado de

trabalho, enquanto “estudante” tem origem na classe média. O estudante que não trabalha pode

postergar sua inserção no mercado de trabalho, prolongando sua permanência na escola ou

acedendo à universidade. “Ao ser compreendida em conexão com o projeto de carreira e com

as oportunidades de profissionalização que a classe média acalenta, a ação do estudante

evidencia sua conotação pequeno-burguesa.” (Foracchi (1977, p 13).

O MPL seria, assim, uma organização híbrida, produto da mistura entre o movimento

estudantil clássico e o movimento social por direito à cidade. Pomar (2013), porém, diferencia

o MPL do movimento estudantil tradicional, historicamente dirigido pela corrente socialista,

criticando seus métodos. “Na reta final de mobilizações [2005 em Florianópolis] organizações

tradicionais do movimento estudantil, que dirigem suas entidades de representação, tomaram

a dianteira de um processo político que elas não iniciaram e não entenderam em sua essência.”

(p. 9) Segundo Pomar, “não foram poucas as críticas ao MPL, quando este pautou o passe livre

- entendido aqui como passe livre para estudantes - como sua bandeira principal, sendo

questionado, sobretudo pelas entidades estudantis, por avançar demais no debate, que deveria

ser a garantia da meia passagem.” (p. 18) A política do MPL mais tarde avança em direção à

universalização do Passe Livre. Em artigo publicado após os protestos de 2013, o MPL afirma:

A luta de reapropriação do espaço urbano produzido pelos trabalhadores supera, na

prática, a bandeira do MPL em seus primeiros anos, que era o passe livre estudantil.

Quanto as tarifas aumentaram, evidenciam-se contradições que afetam a todos, não

somente os estudantes, e então deixa de fazer sentido ter em vista apenas um recorte da

população. A luta por transporte tem a dimensão da cidade e não desta ou daquela

categoria. (MPL, 2013 p. 15-6)

41 Movimento esse que variou em termos de abrangência e temporalidade nos estados. Após as ocupações de

escolas no Estado de São Paulo, os secundaristas de Goiás foram os primeiros a replicar localmente o movimento,

iniciando as ocupações ainda em dezembro de 2015. Em janeiro de 2016, o movimento atingiu 27 escolas

ocupadas (Campos, Medeiros e Ribeiro, 2016, p.313).

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No campo da esquerda, a concepção programática do MPL se aproximava mais do PT

de São Paulo que das organizações socialistas. Isto porque o programa defendido pelo PSOL,

PSTU e PCB se centrava menos no congelamento dos preços e mais na estatização do sistema

de ônibus. Esta diferença programática, focada em reverter as privatizações nos transportes

iniciada nos anos 90, tornava mais abstrato o envolvimento dos socialistas no movimento pela

redução da passagem. Já o programa neodesenvolvimentista aproximava o MPL da bancada

do PT, uma vez que o governo federal não era antipático a políticas de controle de preços.

No entanto, em 2013 o PT revelou dificuldades para dialogar com o MPL. Logo no

início dos protestos, dia 12, após uma mesa redonda que incluiu a prefeitura, o Ministério

Público e MPL, em que a "promotoria propôs como solução ao conflito que prefeitura e

governo revogassem por 45 dias o aumento das passagens para que se fizesse negociações e

estudos técnicos enquanto o movimento suspenderia as manifestações” (Ortellado et al, 2013,

p.80), a prefeitura rejeitou a proposta do MP, apesar de o MPL ter sido favorável.42 Mais tarde,

quando o movimento já começava a sair do controle da esquerda, uma segunda rodada de

diálogo ocorreu durante o Conselho da Cidade, onde a maioria dos conselheiros se pronunciam

em favor de um recuo do prefeito, que novamente se recusou a ceder. Segundo Ortellado et al

(2013), naquele momento, Dilma também se posicionava pela flexibilização na política do PT

municipal.43 (p. 210)

Argumentando contra a redução da tarifa durante o início dos protestos, o então prefeito

Fernando Haddad (2017) afirmava que a redução da tarifa era inviável, pois acarretaria

desequilíbrio fiscal. Coube a dois economistas, Samuel Pessoa, professor da Fundação Getúlio

Vargas, e seu secretário de Finanças, Marcos Cruz (que segundo o ex-prefeito, “o empresário

Jorge Gerdau havia lhe apresentado e que deixara a consultoria McKinsey para organizar as

contas da prefeitura”) elaborar a proposta para a tarifa. A prefeitura “estava preparando um

estudo em que mostrava como a municipalização da Cide, o imposto federal sobre a gasolina,

poderia ser utilizada para ampliar o subsídio ao transporte público”. (Haddad, 2017) Segundo

Ortellado et al (2013), a proposta incluía exigir, em troca do congelamento da tarifa que ocorreu

42 Em artigo publicado no site Passa Palavra, assinado coletivamente pelo MPL dia 11 de junho, o grupo afirmava

no título "Movimento Passe Livre protocola pedido de reunião” (MPL, 2013) 43 Tal narrativa é disputada por Haddad. Segundo o ex-prefeito: “Em termos de conteúdo, as demandas dos

manifestantes eram inteiramente compatíveis com a agenda dos governos federal e municipal. Coloquei o tema

da mobilidade no centro de minha campanha. Em termos de forma, porém, havia uma clara tendência anti-estatal

nos protestos. A recusa ao diálogo institucional se cristalizou, e não pode ser alterada. As tentativas de estabelecer

diálogo vieram diretamente da prefeitura, posto que o movimento nunca solicitou uma audiência.” (Haddad, 2017)

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no primeiro semestre em São Paulo, "desoneração de tributos que dava margem para um

aumento da tarifa abaixo da inflação.” (p. 44-43). O PT municipal adotava então uma linha de

equilíbrio em relação ao expansionismo fiscal intensificado por Dilma Rousseff.44

Durante o início dos protestos, Haddad e Alckimin, então governador do estado,

promoviam a cidade de São Paulo para a atração de grandes eventos internacionais em Paris.

Ambos adotaram uma linha unificada na reação às manifestações. Porém, o desgaste político

causado pela violenta repressão policial, de responsabilidade do governador, acabava

comprometendo também a imagem de Haddad, uma vez que “a campanha contra o aumento

está muito mais orientada às passagens de ônibus (a cargo do município) do que às de metrô e

trem (de responsabilidade do governo do Estado).” (Ortellado et al, 2013. p.51)

A guinada de Haddad a favor da redução da tarifa se inicia com uma nota publicada no

Facebook do diretório municipal do PT dia 14.45 Reivindicando a proposta de Samuel Pessoa

e Marcos Cruz pela municipalização da CIDE - mostrando assim compromisso com o tripé

macroeconômico - o diretório afirmava também que “a negociação de uma pauta de melhoria

do transporte público e de tarifas menos impactantes aos usuários do sistema exige um

desarmamento de espíritos e a busca do diálogo” (Ortellado et al, 2013, p. 210). Três dias

depois, foi a vez do ex-presidente Lula reforçar o realinhamento do partido, postando no

facebook:

Ninguém em sã consciência pode ser contra manifestações da sociedade civil porque a

democracia não é um pacto de silêncio, mas sim a sociedade em movimentação em

44 Quando a presidenta Dilma propôs em junho a Haddad controlar os preços, o ex-prefeito discordou. Segundo

Haddad, "não se pensa em controlar a inflação de um país continental pelo represamento de uma tarifa municipal

sem atravessar estágios intermediários e sucessivos de uma compreensão equivocada. Não se chega a um erro

deste tamanho sem ter feito um percurso todo ele equivocado. Não se produz estabilidade macroeconômica por

intervencionismo microeconômico.” (Haddad, 2017) 45 Em texto publicado no mesmo dia em seu blog, José Dirceu, ex-chefe da casa civil do governo Lula (2003-5)

preso por corrupção quatro meses após os protestos de junho, também adotou nova posição. Independente as

consequências fiscais da medida, passa a defender que era preciso disposição para diferenciar do PSDB. Segundo

o ex-ministro da casa civil “É preciso negociar com o MPL. Quem deve tomar a iniciativa é o prefeito da cidade,

Fernando Haddad. Dialogar e envolver toda a cidade e entidades organizadas no debate e na busca de saídas para

a situação do transporte e para a questão específica da passagem. E mais do que isso: aproveitar para discutir a

gravíssima situação da segurança pública e a atuação inaceitável da polícia militar e do Governo do Estado.”

(Dirceu em Ortellado, 2013 p.120)

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busca de novas conquistas. (…) Estou seguro, se bem conheço o prefeito Fernando

Haddad, que ele é um homem de negociação. Tenho certeza que dentre os

manifestantes, a maioria tem disposição de ajudar a construir uma solução para o

transporte urbano (Lula em Ortellado et al, 2013 p.161).

A insistência de Haddad em não ceder na política fiscal, segundo entrevista do prefeito

à Revista Piauí, mudou apenas quando a legenda mais associada à burguesia interna no

governo Dilma, o PMDB de Eduardo Paes, então prefeito do Rio de Janeiro, anunciou a

Haddad que iria ceder às demandas dos protestos que também ocorriam em sua cidade,

isolando-o politicamente (Haddad, 2017). A linha de não se descolar do PSDB se expressou

no anúncio da redução da tarifa ao lado do governador Geraldo Alckimin. Após a indecisão do

PT, a extrema-direita saiu abertamente às ruas na manifestação ocorrida no dia seguinte, que

já havia sido convocada pelo MPL antes do anúncio da redução. Após os choques violentos na

Avenida Paulista, o movimento anunciou sua retirada do processo.

2. A organização do movimento

Lembrando o levante mexicano em Chiapas em 1995, os protestos estudantis na

Indonésia contra Suharto em 1998 e a revolta camponesa na Bolívia em 2000 contra a

privatização da água, Chomsky e Herman (2002) destacam o papel da internet que,

“aumentando escopo e eficácia (...) produziu um nível de publicidade e atenção global com

consequências importantes” para aquelas mobilizações, lhes assegurando vitorias parciais. Por

outro ângulo, servindo como instrumento do movimento, durante os protestos contra o encontro

da OMC em novembro de 1999 em Seattle, “a comunicação através da internet desempenhou

um papel importante organizando os protestos assim como disseminando informações sobre os

próprios eventos, se contrapondo à forma hostil com que a grande imprensa representava os

manifestantes.” (p. 15) Isto não significa, ao mesmo tempo, que a internet tenha afetado de

forma estrutural a economia política da comunicação de massas. Para Chomsky e Herman:

Enquanto a Internet tem sido uma adição valiosa ao arsenal de comunicação de

dissidentes e manifestantes, ela é limitada enquanto ferramenta crítica. Para começar,

aqueles com maior necessidade de acesso à informação não são bem servidos pela

internet – muitos não tem acesso, seus bancos de dados não atendem às suas

necessidades, e o uso desta base de dados (e a utilização efetiva de internet em geral)

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pressupõem conhecimento e organização. A internet não é um instrumento de

comunicação de massas para os que não tem nomes de marcas conhecidas, uma grande

audiência previa, e/ou muitos recursos. (2002, p. 16)

Em entrevista com o autor realizada em São Paulo, no dia 8 de agosto de 2019, ao

comentar o efeito da internet no modelo de propaganda contemporâneo46, Chomsky afirma que

ele e seu colaborador Edward S. Herman fizeram “uma atualização do livro [Manufacturing

Consent, 2002] depois que a internet se tornou um fenômeno mais presente. No entanto,

decidimos não publicá-la, porque a situação da imprensa não mudou tanto. Já o novo fenômeno

das redes sociais mudou muito a situação. O Brasil é um exemplo dramático da força

extraordinária das redes sociais.” (2019)

Enquanto o papel estrutural da internet nos protestos é consensual na literatura sobre

junho, seus efeitos geram leituras polarizadas. Enquanto Gohn, Nogueira, Cava & Cocco

tendem a ver a internet como força essencialmente democratizadora, Haddad (2017), assim

como Saad Filho e Morais (2018) a veem como catalisadora do individualismo. Segundo Saad

Filho e Morais, a comunicação digital não é adequada à organização baseada na classe ou local

de trabalho, pois “quando grupos organizados de forma virtual aparecem no “mundo real”, eles

tendem a estrelar um espetáculo que pode ser transmitido aos amigos na “rede”, criando

incentivos para a individualização das demandas e a personalização das manifestações por

meio do humor, de disfarces coloridos e assim por diante. O Faceook e o YouTube tornam-se

o mundo inteiro, e o mundo se torna uma internet mais real”, consequentemente “muitos

manifestantes estavam mais interessados em tirar selfies que qualquer outra coisa” (p. 215-6).

A antipatia frente às redes digitais em parte leva os autores a caracterizar os protestos de junho

como expressão da “lumpenização da política”. Os protestos lumpen seriam esporádicos e sem

foco, facilmente sequestrados pela burguesia.

Enfatizando o papel das empresas norte-americanas provedoras das principais redes

sociais na internet, Haddad (2017) afirma que ao permitir que qualquer um emita sua opinião

46 Analisando a imprensa de massas nos EUA e Reino Unido, Chomsky e Herman (2002) destacam que aquilo

que é considerado notícia pela grande imprensa perpassa cinco filtros do modelo de propaganda, “1) tamanho,

concentração de propriedade, riqueza do proprietário, e a busca por lucros das principais empresas de

comunicação, 2) os comerciais enquanto principal fonte de recursos 3) dependência em informações

providenciadas por governos, empresas e “experts” financiados e aprovados por estas fontes primárias e agentes

de poder 4) campanhas de denúncia como forma de disciplinar a imprensa, e 5) “anticomunismo” enquanto

religião nacional e mecanismo de controle.” (p. 12)

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pelas redes, a autoridade das fontes se anula, sendo substituída por seu irreconhecimento. O

ambiente da “pós-verdade” estabelecido pelas redes abre espaço para que protestos como os

de Junho sejam objeto de manipulação externa. Segundo Haddad

Durante os protestos de 2013 no Brasil, a percepção de alguns estudiosos da rede social

já era de que as ações virtuais poderiam estar sendo patrocinadas. Não se falava ainda

da Cambridge Analytica, empresa que, segundo relatos, atuou na eleição de Donald

Trump, na votação do Brexit, entre outras, usando sofisticados modelos de data mining

e data analysis. Mas já naquela ocasião vi um estudo gráfico mostrando uma série de

nós na teia de comunicação virtual, representativos de centros nervosos emissores de

convocações para os atos. O que se percebia era uma movimentação na rede social com

um padrão e um alcance que por geração espontânea dificilmente teria tido o êxito

obtido. Bem mais tarde, eu soube que Putin e Erdogan haviam telefonado pessoalmente

para Dilma e Lula com o propósito de alertá-los sobre essa possibilidade (Haddad,

2017).

No polo oposto a Haddad, Gohn (2013) identifica como força motora de insatisfações

democráticas a “presença de grupos internacionais do ativismo digital nos protestos” (p. 52)

Segundo Ortellado et al (2013), o grupo “Anonymous” foi um dos principais responsáveis pela

difusão das pautas em junho, tentando desviar o movimento para a anticorrupção. Sua imagem

mais compartilhada nas redes sociais foi uma faixa dizendo “O povo acordou, o povo decidiu,

ou para a roubalheira, ou paramos o Brasil” (p. 148). Para os autores “se analisarmos o que é

publicamente compartilhado nas redes sociais no fim de semana [anterior à massificação dos

protesto], vemos que, desde a sexta-feira – ou seja, mais ou menos quando começam a circular

as revistas semanais – algumas das publicações mais compartilhadas dos nós mais ativos nas

redes sociais já incorporam a difusão de pauta” (p. 148).

Segundo noticiado na imprensa, o grupo Anonymous Brasil foi alvo de infiltração

policial do FBI durante o período em que realizou campanhas contra o governo federal

brasileiro, ao menos, até 2012. Segundo jornal britânico Guardian, como resultado de processo

e investigação criminal nos EUA “o superhaker conhecido como “Sabu” 47, e seus colegas do

47 Hector Xavier Monsegur, condenado a 124 anos de prisão, é apontado com principal arquiteto dos ataques do

Anonymous Brasil na internet. Em perfil no New York Times, o jornal afirma, “No último verão, as autoridades

prenderam Monsegur. (...) Em agosto, ele se confessou culpado de uma dezena de crimes, a maioria envolvendo

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coletivo Anonymous, revelam a vasta escala de ataques que Monsegur orquestrou contra sites

do governo e empresas no Brasil quando operava como informante para o FBI. (...) Alvos

incluíram o servidor da polícia militar do Distrito Federal, sites do governo [e Petrobrás], o

império midiático da Globo e centenas de entidades comerciais.” (Pilkington, 2014) Segundo

a revista norte-americana Vice, o processo criminal revelava que Monsegur “estava facilitando

uma campanha anticorrupção contra o governo brasileiro”. (Blake e Stuckey, 2014) Enquanto

não há documentos que relacionam o Anonymous em 2013 àquilo descrito por Haddad (2017)

como “ações virtuais patrocinadas”, não há vínculos claros entre o grupo digital e o movimento

social como um todo. De outra perspectiva, ao falar do grupo Anonymous, segundo Gohn, “um

destaque desse grupo é que a maioria deles esconde sua identidade, ao contrário de lideranças

dos chamados Novos Movimentos Sociais das últimas décadas do século XX que se firmavam

pela explicitação e defesa de sua identidade.” (Gohn, 2013, p. 52)

A descentralização trazida pelas redes, assim como sua utilização centralizada e

coordenada em grupo, permitiu que o MPL adotasse uma pluralidade de imagens e identidades

em suas ações de agitação, possuindo uma estética mais internacionalizada. A disparidade

geracional entre a coluna de quadros do MPL comparada às organizações socialistas e às

correntes do PT, cujos dirigentes mais velhos em geral expressavam ceticismo e desconfiança

em relação à internet, permitiu ao grupo criar uma imagem mais próxima dos padrões de

consumo cultural contemporâneos que as outras correntes de juventude. Esta maleabilidade

estética, ao mesmo tempo, voltou-se contra o grupo durante a segunda metade dos protestos de

junho, quando ela foi adaptada por diferentes atores ao discurso anticorrupção e à ideologia

neoliberal.

A análise das bases políticas e teóricas do movimento, que empreendemos a seguir, será

realizada a partir de suas intervenções na internet por meio do site Passa Palavra.

conspirações para hackear computadores, e entrou em acordo de cooperação com a polícia. (...) Ele foi solto e

começou a trabalhar como informante, continuando a publicar no twitter e outros lugares enquanto Sabou.”

(Kleinfield & Somini, 2012)

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a) Bases políticas e teóricas do MPL

Surgido em fevereiro de 2009, alguns meses antes do lançamento do site porta-voz

oficial do movimento, Tarifa Zero48 – o Passa Palavra foi ao ar na cobertura da segunda jornada

contra o aumento da tarifa, ocorrida entre 27 de outubro de 2009 e fevereiro de 2010, época

em que a passagem subiu de 2,70 para 3,00 reais. Ao longo da segunda jornada, a etiqueta

#transportes do site, onde se centravam os debates em torno do MPL, acumulou 19 entradas,

entre elas vídeos, entrevistas e principalmente artigos (anexo 1). A terceira Jornada contra o

aumento da tarifa, de 2011, é coberta de forma mais ampla, entre o dia 22 de dezembro de 2010

até 27 de abril de 2011, com 40 entradas. Em 2013, durante um período mais curto de tempo,

há 56 entradas no site. Quatro referem-se ao Rio de Janeiro, três a Goiânia e a Salvador e uma

a Florianópolis e a Porto Alegre, com o resto dos artigos expressando a centralidade do grupo

na cidade de São Paulo. Mais tarde, o espaço serviu de plataforma para canalizar diferentes

posições conflitantes dentro do MPL-SP, publicando também o material referente à sua

fragmentação. A dinâmica da publicação no Passa Palavra corrobora com o argumento de que

os protestos de 2013 são produto de um ciclo maior iniciado em 2011. Seu conteúdo também

relativiza a distância triangular descrita por Alonso & Mische (2015) entre “socialistas”,

“autonomistas” e “patriotas”, permitindo localizar o MPL no campo da esquerda influenciada

pelo marxismo. Enquanto a proximidade com a tradição socialista levou o grupo a enfatizar o

trabalho de base na periferia de São Paulo, sua composição social estudantil de classe média

impediu o aprofundamento destes vínculos junto os trabalhadores.

Entre os artigos no site Passa Palavra também se destacam debates públicos

expressando diferentes concepções autonomistas, algumas mais próximas ao anarquismo,

enquanto a maioria mais associada ao marxismo. O próprio site, em sua área de links, destacava

o Arquivo Marxista na Internet49. O Autonomismo do MPL possuía três intelectuais que

48 Uma particularidade das publicações digitais em detrimento das impressas é que a internet permite que se

organize, sem grandes dificuldades, órgãos distintos com linhas editoriais e periodicidades próprias.

Consequentemente tornou-se relativamente fácil para um grupo pequeno organizar dois jornais ao mesmo tempo,

sem ter de se preocupar com questões gráficas, diagramação impressa e distribuição própria. 49 Segundo Gohn, “muitos dos que não encontram programa ou estratégias claras nas manifestações o fazem sob

a ótica teórica das esquerdas, da luta de classes” (p. 67). Consequentemente, seria necessário resgatar as ideias do

século XIX de Proudhon e Kropotkin para entender o movimento, uma vez que “aqueles que afirmam não ter o

movimento metas, propostas, projetos estavam cegos e surdos porque suas demandas são a base de outro modelo

de desenvolvimento, de acordo com a escolha de outras prioridades nas políticas públicas e com outros parâmetros

éticos para os políticos que ocupam cargos públicos.” (p. 66) Enquanto entre 2009 e junho de 2013 o mecanismo

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desempenharam funções de elaboração política para o grupo: João Bernardo50, Felipe Correia51

e Manolo52. Na bibliografia do movimento, se destaca, além dos livros Economia dos conflitos

sociais (1991) e Labirintos do fascismo (2003), de João Bernardo, Burocracia e ideologia

(1974) de Maurício Tragtenberg.

Organizacionalmente, Felipe Correia (2011) principalmente através de seu balanço

autocrítico acerca da Ação Global dos Povos no Brasil53 (braço organizado do movimento

de buscas do site Passa Palavra identifica Kropotkin em 15 entradas e Proudhon em 33, Karl Marx aparece em

617 vezes.

50 As origens político-ideológicas de Bernardo remetem a um marxismo português, principalmente à experiência

da Revolução dos Cravos (1974). Segundo Pinto, “Era militante do PCP, mas entre 1965-1966 já estava sob

influência do programa comunista dissidente desenvolvido pelo Camarada Campos (Francisco Martins

Rodrigues), programa apresentado na revista Revolução Popular (editada por Martins Rodrigues) e que teria como

corolário a organização maoísta do CMLP (Comitê Marxista Leninista Português). João Bernardo esteve sob

influência do programa de Martins Rodrigues, mas não participava da organização do CMLP, manteve-se

vinculado ao PCP (até 1966, quando o abandona) e diante da heterodoxia do programa de Martins Rodrigues,

organizou no período de 1967 a 1969 um programa teórico político em defesa de um “maoísmo libertário” que

teve como corolário institucional a organização dos CCR, práticas que o levaram tanto ao rompimento político

com o PCP como ao rompimento ideológico com o CMLP.” (Pinto, 2016)

51 Professor convidado na Escola de Artes e Ciências Humanas (EACH) da Universidade de São Paulo (USP),

Corrêia, nascido em 1978, possui doutorado na Faculdade de Educação da Unicamp, tendo pesquisado as obras

de Mikhail Bakunin, e mestrado no programa de Mudança Social e Participação Política da USP, com dissertação

sobre o anarquismo. Pesquisador coordenador do Instituto de Teoria e História Anarquista (ITHA) e editor da

Faísca Publicações Libertárias, por mais de 10 anos desenvolveu-se como autodidata, enquanto trabalhava para a

indústria automobilística. Tendo passagem pela coordenadoria do MST de São Paulo, Correia pode ser descrito

como intelectual mais próximo à tradição anarquista entre aqueles mencionados no presente trabalho. 52 Advogado formado na Universidade Federal da Bahia (UFBA), Manuel Nascimento, nascido em 1978, é

estudante de mestrado em Urbanismo e Arquitetura na UFBA, onde realiza pesquisa sobre os traços e rastros dos

conflitos sociais ocorridos entre 1549 e 1889 em Salvador como elementos da formação e consolidação de seu

território urbano atual. Durante os protestos de 2004 contra o aumento da tarifa na capital baiana, Manolo teve

papel de destaque na condução do CMI da cidade. Entre 2000-1, estagiou na bancada municipal do PT na Câmara

dos Vereadores de Salvador. Atualmente trabalha no Centro de Estudos e Ação Social (CEAS) com assessoria

jurídica e mobilização comunitária em torno de pautas fundiárias e ambientas nas ocupações organizadas pelo

Movimento dos Sem Teto da Bahia (MSTB) em Camaçari, assim como junto aos movimentos de moradia no

centro histórico de Salvador. 53 Em texto de balanço do movimento antiglobalização, o autor,afirma ser “certo que, dentre os companheiros que

atuaram no movimento do final dos anos 1990 até meados dos anos 2000, talvez minha autocrítica tenha sido uma

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antiglobalização do início dos anos 2000) publicado em forma de livro digital (Ortellado, Parra

e Rochers, 2013) meses antes dos protestos de junho, moldou os debates organizacionais do

MPL entre 2011 e 2013. Já Manolo, autor de teses reivindicadas pelo MPL no livro Cidades

Rebeldes, Passe Livre e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil, publicado pela

Editora Boitempo (Maricato et al 2013) tem sua produção centrada primeiro no CMI Salvador,

e principalmente, a partir de 2011, no Passa Palavra. A forte inserção da fração de classe média

representada pelo MPL na internet permitia ao ativista influenciar o movimento social em São

Paulo desde o nordeste.

O pensamento político de João Bernardo à época dos protestos melhor se expressou no

site Passa Palavra em manifesto intitulado “Ponto Final” publicado 19 de junho de 2012, um

ano antes de junho. 54 Segundo as reflexões teóricas de Bernardo (2012), até então o principal

elaborador do espaço, “o fim dos regimes soviéticos trouxe duas grandes ilusões: a de que,

liquidado o capitalismo de Estado, deixaria de se confundir socialismo com nacionalizações e

centralismo económico; e a de que surgiria uma nova síntese programática, que superasse o

marxismo e o anarquismo doutrinários. (...) Não obstante, é certo que tem existido entre os

marxistas um esforço de autocrítica, que conseguirá talvez rejuvenescer a herança de Marx.

Entre os anarquistas, porém, nem isto se passa, porque, sendo hostis ao pensamento dialéctico,

julgam que se pode voltar atrás na história e, com as mesmas receitas, reconstruir de maneira

certa aquilo que resultara errado.” Crítico àquilo que descreve como “políticas identitárias”,

para Bernardo:

A esquerda do século XXI substituiu o sujeito histórico classe trabalhadora por uma

multiplicidade de sujeitos: os dois sexos, para os quais curiosamente se abandonou a

das mais radicais, dentre aqueles que permaneceram na militância. Muito dessa autocrítica serviu para minha

mudança de posição” (Correia, 2013) 54 Segundo Bernardo “Estou farto. Para ser sincero, estou muitíssimo farto. Não só de escrever em vão, isso seria

de somenos importância, mas de que outros antes de mim tivessem escrito em vão e alguns partilhem hoje o

mesmo destino. (...) Desisto? Das esquerdas doutrinárias sim, totalmente. A tragédia é que hoje o pensamento

revolucionário surge e extingue-se sem saber que é esse o adjectivo que o devia classificar. Do mesmo modo, a

política, se não for reduzida aos escândalos e às rasteiras que os profissionais passam uns aos outros, localiza-se

hoje sobretudo fora do âmbito considerado político. Por isso não desisto da capacidade da classe trabalhadora

para acabar com o existente. Uma revolução nos nossos dias só pode significar uma libertação das energias

criativas dos trabalhadores nos processos de trabalho. Quanto ao que virá depois e ao que formos capazes de

construir…” (Bernardo, 2012)

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denominação biológica e se adoptou a denominação gramatical de géneros; as

preferências sexuais; as etnias; as nações; as tradições culturais. (...) A esquerda

contemporânea é um dos principais agentes da debilidade estrutural da classe

trabalhadora, contribuindo para fragmentá-la perante um inimigo unificado. (...) Outro

resultado imediato da adopção de uma multiplicidade de sujeitos históricos pela

esquerda do século XXI foi a redução do conceito de classe trabalhadora à sua

modalidade arcaica. Em vez de se entender a reestruturação da classe trabalhadora

operada pelo sistema de produção toyotista, pela terceirização da mão-de-obra e pela

transnacionalização do capital, a noção de classe trabalhadora manteve-se resumida ao

fabrico industrial de artigos materiais. (Bernardo, 2012)

Destaca-se que o pensamento de Bernardo pouco tem em comum com a ênfase dada

por Gohn (2013) sobre o MPL enquanto “novíssimos movimentos sociais” desvinculado de

uma perspectiva de classe. O classismo do autor, assim como sua teoria sobre o fascismo, muito

influente entre integrantes do MPL55, foi uma das fontes do pensamento político do grupo que

o aproxima do resto da esquerda socialista e petista. Em análise do pensamento político de João

Bernardo, Alberto da Costa Pinto (CEMARX, 2009 e Revista Espaço Acadêmico, 2016) afirma

que “como exemplo histórico similar aos argumentos políticos de João Bernardo, temos, com

evidentes diferenciações, não só conjunturais, como teórico - programáticas, as históricas

intervenções, na década de 1920, de Karl Korsch, Hermann Gorter, Anton Pannekoek, entre

outros, contra as diretrizes do socialismo de gestores da Revolução Russa” (Pinto, 2016). Para

Pinto, a preocupação política de Bernardo é a diferenciação do movimento dos trabalhadores

com os aparatos do sindicalismo institucionalizado e dedicado à gerência da força de trabalho.

Bernardo, além de ter militado com o movimento operário em Portugal durante a Revolução

dos Cravos, teve participação em cursos de formação para a militância de base da Central Única

dos Trabalhadores (CUT) durante seu período de formação.56 Enquanto figura mais velha em

55 Segundo postagem no perfil de facebook do Passa Palavra dia 20 de março, “Quase sete anos após o "Ponto

Final", João Bernardo volta a escrever para o Passa Palavra. Naquele longínquo ano de 2012, o autor se dizia

farto "de escrever em vão". Neste novo artigo ele volta aos debates, desta vez contra o identitarismo.” (Passa

Palavra, 2019) Observa-se que na relação com movimentos de identidade racial e de gênero, o MPL era mais

fechado que as correntes de juventude organizadas no PSOL, PSTU e PT. Correia (2011), porém, tende a ser

mais receptivo aos novos movimentos sociais que Bernardo (2012, 2019). 56 Segundo Pinto (2016) o objetivo de Bernardo se centra em “manter a atualidade do programa teórico-político

do comunismo marxista autogestionário, programa centrado no conceito de exploração e na redefinição (junto a

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um blog formado essencialmente por estudantes, Bernardo exercia o papel de “decano” junto

ao MPL, em parte protegido do desgaste cotidiano da construção do grupo pela distancia física

entre Portugal e Brasil.

Enquanto João Bernardo (1991, 2003) elaborava sobre temas mais teóricos, cabia a

Manolo (2011) produzir continuamente para o site uma perspectiva nacional sobre o

movimento. Reafirmada pelo MPL logo após as manifestações de junho (Maricato et al 2013)

as “teses de Manolo” 57 sobre os protestos de Salvador, que chegaram a envolver 40 mil

pessoas, versavam sobre um levante que “exigia na prática, nas ruas, um afastamento dos

modelos hierarquizados; expunha outra maneira, ainda que embrionária, de organização.” (p.

14). Segundo as teses do autor:

1) O transporte coletivo público é, simultaneamente, bem de consumo coletivo e

instrumento essencial para o funcionamento da economia capitalista; por isso mesmo é

objeto de disputa entre capitalistas e trabalhadores.

2) A Revolta do Buzu não foi apenas um movimento estudantil, mas um movimento

social, de classe, radicalizado até onde foi possível dentro da conjuntura, no qual a

demanda por transporte catalisou várias insatisfações sociais.

3) As demandas da Revolta do Buzu não foram alcançadas em sua totalidade, mas a

vivência dos bloqueios teve efeitos duradouros em seus participantes.

4) A Revolta do Buzu expôs ao país uma nova fase do movimento estudantil e uma nova

cultura organizacional deste mesmo movimento – que prima pela recusa à

burocratização, mas nem sempre consegue o que pretende.

Marx) do estatuto teórico da mais-valia, da lei do valor nas práticas recentes do capitalismo. Nesse sentido o

autor procura desenvolver uma agenda política sempre atual que desvele as contradições sociais imanentes às

práticas institucionais da organização da exploração capitalista. Essa agenda demarca-se pela defesa intransigente

das lutas autonomistas dos trabalhadores oriundas dos laços de sua solidariedade germinados dessas práticas

anticapitalistas, principalmente aquelas que se antepõem ao capitalismo dos sindicatos, uma das expressões

máximas do capitalismo de gestores.” (Pinto, 2016) 57 Segundo Manolo “Parte deste artigo foi elaborado durante a ocupação da reitoria da UFBA realizada em 2004,

e ainda enquanto eu escrevia, Florianópolis era paralisada pela primeira Revolta da Catraca (2004), movimento

semelhantíssimo à Revolta do Buzu e diretamente inspirado por ela.” (2011)

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5) A Revolta do Buzu indica a recuperação das formas radicalizadas de protesto pelos

movimentos sociais soteropolitanos, que infelizmente não as têm conseguido usar a

contento.

6) As novas formas de protesto apresentadas na Revolta do Buzu condicionaram o

surgimento de formas complementares de repressão e controle, como numa espécie de

“estado de sítio preventivo” declarado em algumas regiões da cidade.

7) Apropriar-se da Revolta do Buzu é palavra de ordem de todas as correntes políticas; a

disputa que se deu nas ruas agora se dá na escrita da História. (Manolo, 2011)

Segundo entrevistas com membros do MPL, além das reflexões teóricas de João

Bernardo e das elaborações de Manolo sobre transporte e sociedade, a crítica à perspectiva

anarquista da horizontalidade durante os protestos antiglobalização ocorridos no início dos

anos 2000 por Felipe Correia, publicado no Passa Palavra em 2011, foi particularmente

influente na concepção de regime do grupo. Segundo Correia, “Sendo responsável por

convocar e promover os chamados “Dias de Ação Global”, a AGP promoveu uma série de

mobilizações em escala global, com destaque para o J18, em junho de 1999, quando mais de

50 cidades manifestaram-se contra a reunião do G7 em Colônia, na Alemanha; o N30, por

ocasião das manifestações contra o encontro da OMC em Seattle em novembro de 1999; e,

principalmente, o S26, quando mais de 100 cidades em todo o mundo, inclusive na América

Latina, protestaram contra o encontro do FMI e do Banco Mundial, em Praga, em setembro

de 2000. O S26 provavelmente significou o ponto mais alto do movimento e dos dias de ação

global. Além desses dias globais de ação, a AGP realizou encontros visando promover a

comunicação e o intercâmbio das experiências de luta.” (Correia, 2011)

Baseado teoricamente nos textos de Michael Albert, Buscando a autonomia, e

Comunalismo de Murray Bookchin, assim como na descrição de Bergel e Ortellado (2006),

Correia (2013) afirma que “A Ação Global dos Povos (AGP) nasceu no início de 1998 e

constituía uma rede global de movimentos sociais de base originalmente criada para combater

o livre comércio. Não era uma organização formal, mas uma rede de comunicação e

coordenação de lutas em escala global baseada apenas em princípios comuns”. Segundo

Correia:

Por mais que as mobilizações como as Diretas Já e as lutas contra a ditadura

envolvessem estudantes e jovens, foi somente nos fins dos anos 1990 e início dos anos

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2000 que a cultura dos chamados “Novos Movimentos Sociais” chegou e se

estabeleceu, de fato, no Brasil. Essa cultura militante, que havia surgido nos Estados

Unidos e na Europa, ainda nos anos 1960 e 1970, e que foi teorizada por intelectuais

como Alberto Melucci e Alain Touraine, trazia novos elementos em relação aos

movimentos populares clássicos. (...) No Brasil, isso se evidencia de maneira mais clara

no início dos anos 2000, com o estabelecimento da AGP no país, ainda que seja

possível, anos antes, identificar traços desse tipo que seriam acentuados com o passar

do tempo. Se a AGP, portanto, não criou a cultura dos Novos Movimentos Sociais no

Brasil, pelo menos ela foi um fator enorme de impulsão e auxiliou de maneira

determinante seu estabelecimento no país. (Correia, 2013)

Ao mesmo tempo em que Correia identifica na AGP traços similares aos Novos

Movimentos Sociais, a natureza da composição social de classe média do movimento

antiglobalização dos anos 2000 era para o autor fonte de sua fraqueza. Este balanço crítico

servirá de impulso para o MPL em direção à periferia de uma forma distinta da geração

autonomista anterior. A cultura de classe média, segundo Correia (2011), fez com que o

movimento antiglobalização do início dos 2000 tivessem pouca elaboração teórica sobre as

relações sociais,58 além de problemas de disciplina militante que levaram a APG a colapsar.59

O MPL-SP viria a ter outra relação com a militância, mais similar às correntes universitárias

de juventude de partidos socialistas que o movimento autonomista da geração anterior.

O programa em torno dos transportes enquanto direito à cidade, algo politicamente mais

concreto que o combate ao “livre comércio” de tratados internacionais, também permitia ao

58 Correia, apresentando perspectiva própria, afirma “Pode-se também afirmar que a luta contra a dominação não

é sinônimo de luta de classes, mas que ela envolve, necessariamente, a luta de classes. Ou seja, um projeto de luta

contra a dominação não tem como desconsiderar a luta de classes e a própria luta contra a exploração. Há, portanto,

outras possibilidades de conceber a noção de classe, para além do que foi, e que em grande medida ainda é, a

posição da velha esquerda. Não se pode descartar as categorias “classes sociais”, “luta de classes” e do próprio

“classismo”, por razão de uma definição e de uma utilização que parecem limitadas, e muitas vezes realmente o

são.” (Correia, 2013)

59 Segundo Correia “essa cultura da irregularidade da militância evidenciava-se nos atos que, quando aconteciam

juntavam muita gente, não sem, imediatamente após, desmobilizar todos, inclusive parte da militância que

ocupava o centro da organização do movimento. O trabalho só seria retomado na próxima manifestação. Enquanto

isso, reuniões, discussões e algo mais; mas trabalho, de fato, havia muito pouco.” (Correia, 2013)

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grupo avançar em elaborações programáticas com recorte voltado a bairros periféricos,

canalizando esta produção através do site Tarifa Zero.60 Geograficamente distante da APG, a

origem do MPL de Florianópolis, segundo Leo Vinicius61 (2005) remete ao PT. Segundo

Vinicius (em livro também diagramado por Correia), “A Juventude Revolução Independente

surge da desvinculação da Juventude Revolução de Florianópolis da corrente trotskista O

Trabalho e do próprio PT. A JRI passa a ter uma postura apartidária, autonomista e libertária

(alguns exemplos disso são sua postura diante do sistema eleitoral, a prática do consenso ao

invés do centralismo democrático, e uma postura ética infelizmente rara na extrema-

esquerda).”(Vinicius, 2005 p. 29)

Enquanto Manolo, Leo Vinicius e Correia tiveram papel importante junto à elaboração

de balanços e perspectivas para o MPL-SP, o papel incontestável de direção intelectual – por

sua produção profícua, experiência internacional e idade mais avançada – foi desempenhada

por João Bernardo. Este papel hierárquico de direção internacional, porém, não ocorria de

forma acrítica.62 Enquanto organização formalmente horizontal, o MPL, ao mesmo tempo,

60 Ortellado (2013), expressando uma visão mais próxima à realidade da primeira geração do movimento

autonomista, entende que para o MPL “as lutas são ao mesmo tempo experiências vivas de uma democracia

comunitária e espaços de autoexpressão contracultural. Algumas vezes, essa dimensão processual é

sobrevalorizada e mesmo contraposta aos resultados práticos da ação política” (p. 227). 61 Assim como Correia e Manolo, Leo Vinicius Maia Liberato, além de ativista, é pesquisador. Possui doutorado

(“Expressões Contemporâneas de Rebeldia: Poder e Fazer da Juventude Autonomista") e mestrado (“Uma

Universidade Crítica ou Funcional: as propostas e a política atual para a universidade brasileira”) em Sociologia

Política pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), tendo também desenvolvido pós-doutorado no

Departamento de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, dedica-se ao tema da saúde do

trabalhador, assim como classes, movimentos sociais e grupos de interesse. Por conta de suas intervenções nos

protestos de 2004-5 em Florianópolis contra o aumento da tarifa, Leo Vinicios, de forma similar a Manolo,

exerceu influência ideológica direta, via internet, sobre o MPL-SP.

62 O debate interno sobre a estrutura do MPL era realizado através das interpretações do texto “a tirania das

organizações sem estrutura” de Jo Freeman (1970). Segundo Freeman “Ao contrário do que gostaríamos de

acreditar, não existe algo como um grupo "sem estrutura". Qualquer grupo de pessoas de qualquer natureza,

reunindo-se por qualquer período de tempo, para qualquer propósito, inevitavelmente estruturar-se-á de algum

modo.” Frente à tendência de surgimento de grupos de elite em círculos militantes, Freedman propõem uma lista

de sete métodos para grupos horizontais: 1. Delegação, por meios democráticos. 2. Exigência de que aqueles a

quem a autoridade foi delegada sejam responsáveis. 3. Distribuição da autoridade entre tantas pessoas quanto

razoavelmente possível 4. Rotação de tarefas 5. Alocação de tarefas segundo critérios racionais 6. Difusão de

informação e 7. Acesso igualitário aos recursos necessários ao grupo. Enquanto aqueles que melhor dominavam

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possuía estruturas participativas mais dinâmicas entre 2011 e 2013 que as correntes de

juventude socialista ou petista.

Destaca-se, na distinção com o PT, a recusa do MPL à participação eleitoral, e um certo

impulso antisindical63. Estes serão um dos principais pontos de divergência entre o MPL e as

correntes trotskistas do movimento estudantil da USP, com quem disputava espaço. Assim, o

pensamento político autonomista marxista do MPL caracteriza-se por uma postura

antissindical, que existia em paralelo ao antiestatismo. Haddad (2017, 2018a) enfatiza o caráter

“antiestatal” do MPL como uma barreira para o diálogo. Segundo o ex-prefeito, “a velha

esquerda fracassou em estabelecer diálogo com formas menos hierarquizas e mais horizontais

de organização que caracterizam os novos movimentos sociais” (Haddad, 2018a). De ângulo

oposto, Saad Filho e Morais afirmam que “horizontalidade” seria na verdade “falta de

hierarquias no movimento”, algo que fomentaria o individualismo e a desorganização. (2018,

p. 215)

Por outra perspectiva, Ortellado, Pomar, Lima e Judensnaider (2013) de forma distinta

de Gohn (2013), Alonso e Mische (2015), identificam cooperações e contradições do

movimento com a prefeitura e o Partido dos Trabalhadores, complexificando a relação entre o

MPL e a esquerda socialista e petista64, como veremos na sequência.

a literatura teórica do MPL, principalmente os conceitos elaborados por João Bernardo, tinham tarefas mais

centrais na política, nem todo militante do Passe Livre era necessariamente seguidor de Bernardo, porém todos,

entre 2011 e 2013, tiveram contato com suas ideias.

63 João Bernardo, referindo-se ao livro Capitalismo Sindical (Editora Xamã, 2008) afirma “Luciano Pereira e eu

explicámos o aparente paradoxo de, ao mesmo tempo que se reduziu o papel dos sindicatos enquanto

representantes dos trabalhadores, mensurável pelo declínio da percentagem de filiados, a importância social e

política dos sindicatos não se ter reduzido. É que os sindicatos passaram a ser, antes de mais, investidores

capitalistas.” (Bernardo, 2010) É comum ao autor uma visão excessivamente pessimista em relação ao

sindicalismo, como expressa na Revista Crítica Marxista No 7 de 1997. Segundo Bernardo, “Na medida em que

a sindicalização acompanha freqüentemente a estabilidade de emprego, os próprios membros dos sindicatos

mostram-se muitas vezes relutantes em defender aqueles que estão condenados a uma atividade incerta e

permanecem sem filiação sindical. Nestes casos, os sindicatos funcionam como um fator de privilégios e de

divisão entre os trabalhadores. (...) A situação é talvez mais grave ainda naqueles países em que a precariedade

do trabalho atinge sobretudo a mão-de-obra imigrada, porque então a separação entre sindicalizados e não-

sindicalizados pode ser vista como uma divisão étnica e estimular o racismo.” (p.135)

64 Ao mesmo tempo, Pomar, superestimando o papel do MPL, afirma que “a derrubada do aumento é uma das

mais importantes conquistas do movimento social brasileiro desde o fim do regime militar” (2013 p. 223).

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b) O MPL e o movimento social como um todo

Segundo Colin Barker (2014) “Uma “onda de protesto” é um processo complexo que

envolve padrões específicos de interação entre vários atores - dentre os quais existe, como

Rosa Luxemburgo insistiu, uma “ação recíproca”. Uma onda de protesto é um fenômeno sui

generis, cuja exploração requer sua definição e suas próprias ferramentas conceituais

específicas. Tomada como um processo em si, uma “onda de protesto” pode ser comparada, de

maneira apropriada, apenas a outros fenômenos similares. Além disto, uma onda de protesto é

um padrão específico de desenvolvimento de “um movimento como um todo”65. Deve-se

observar no debate em torno do “movimento social como um todo” a ausência de relações entre

as organizações estudantis, sindicais e populares que encabeçam os protestos entre 2011 e 2013

e os agrupamentos e mobilizações anticorrupção, que surgem com peso apenas após junho. Ao

contrario dos protestos encabeçados pelo MPL, o que define a ação destes setores anticorrupção

é a ausência de perspectiva política. Segundo Luciana Tatagiba, Thiago Trindade e Ana

Claudia Chaves Teixeira (2015), analisando os protestos anti-PT que se massificam após 2013,

“não parece possível afirmar que os participantes estejam na rua unidos pela defesa de um

projeto político de contornos claros, nem que sejam “de direita” no que se refere ao seu

posicionamento político.” (p. 198) Este caráter mais fluido do movimento anticorrupção, em

muito se diferencia do movimento social encabeçado pelo MPL, que centralizava como uma

frente em torno de concepções comuns sobre transporte público e direito à cidade.

A melhor forma de compreender as opções estratégicas dos movimentos sociais em

2013 se da a luz das manifestações desencadeadas durante o aumento anterior da tarifa, em

2011, assim como seu contexto político e social, ocorrido a época em que Gilberto Kassab, do

partido Democratas, governava a cidade. Diferente da política de unidade de ação com o

movimento social de São Paulo em 2011, para Ortellado, Pomar, Lima e Judensnaider (2013),

a massificação dos protestos de 2013 em parte se explica pela recusa de uma frente única do

MPL com organizações socialistas e dos trabalhadores. Segundo este autor:

65 Segundo Barker, “A sua figura implica situações ou períodos de ascensão e queda. Um elemento significativo

em tais movimentos diz respeito às estimativas populares de “sucesso” na ação coletiva. (…) Assim como ocorre

na natureza, uma onda de protesto deve ser entendida, do começo ao fim, como contendo impulsos e forças

bastante contraditórias, tanto para o radicalismo como para a moderação, tanto para saltos radicais como para a

contenção conservadora. A maneira como essas tendências opostas se desenrolam fornece um formato geral para

o progresso da onda. (Barker, 2014, p 17)

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Além da intensidade dos atos, outra mudança em relação às campanhas anteriores

[incluindo a de 2011] foi a concentração no movimento das responsabilidades sobre as

decisões estratégicas de luta. Antes, as decisões eram tomadas num foro ampliado,

chamado de “frente de luta” ou “comitê" contra o aumento, que contava com a

participação de outros movimentos, sindicatos e partidos políticos. Esse modelo

buscava incluir e dar voz a outros atores sociais que não tinham o custo do transporte

público como tema prioritário. No entanto, esse formato de organização permitia que

interesses políticos da outra ordem interferissem no planejamento das ações,

comprometendo a autonomia do movimento e desviando as decisões do foco das

reivindicações. (Ortellado et al, 2013, p. 27)

Como resultado desta política menos aberta, aquilo descrito na literatura por Gohn

como “velha esquerda”66 foi afastada da direção do protesto paulistano. Segundo Ortellado et

al (2013), “assim, em 2013, partidos políticos como o PSOL e o PSTU e movimentos como o

Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) e o Sindicato dos Metroviários entraram

como aliados nas manifestações, mas sem poder de decisão sobre questões cruciais como as

datas dos atos, os trajetos das passeatas e a orientação da interlocução com o poder público”

(p. 28). Mesmo que esta política tenha servido para garantir os primeiros protestos, a

impossibilidade do MPL em conduzir os atos a partir da segunda metade do mês se explica

parcialmente por não ter conseguido organizar seus aliados de forma similar a 2011, ano em

que as jornadas se mantiveram por quatro meses nas ruas, protestando toda semana sob direção

dos autonomistas.

Para compor as forças da coalizão que dirigia, o MPL oscilava em 2011 entre o apoio

às políticas defendidas pelos partidos socialistas (PSOL, PSTU e PCB) e aquelas do bloco PT

66 Segundo Gohn (2013), nem o MTST escapa de tal caracterização por ser “bastante antigo, organizado segundo

o antigo modelo vertical, com articulações com partidos da esquerda.” (p. 13) Já Oliveira (2010), em um estudo

comparativo sobre o movimento de moradia em São Paulo, descreve o MTST como “um movimento de moradia

de novo tipo” (p. 22) marcado pela presença de uma direção jovem, assim como a ênfase na ação direta. Ao

contrário dos movimentos de moradia tradicionais ligados ao petismo, de enfoque socialdemocrata, o MTST

“possui muitas diferenças referentes à estrutura organizativa, métodos de luta e relação com os outros movimentos

sociais. Essas diferenças se devem em grande medida a perspectiva política particular deste movimento, a saber,

postura anticapitalista de modo a ter como perspectiva futura uma revolução social para romper com a sociedade

capitalista vigente.” (p. 101)

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e PC do B.67 Ao garantir uma frente única pela redução da tarifa juntando dois campos

adversários, o MPL conseguiu rapidamente expandir sua rede de mobilização, o que tornou o

processo de 2011 o mais forte até então conduzido pelo grupo68. Em 2013, a história seria

diferente. Uma possível explicação para a recusa à frente única com o resto da oposição de

esquerda foi a presença de PT e PC do B na direção da prefeitura da cidade, após a eleição de

Haddad em 2012.

3. Os protestos em Junho

Os primeiros protestos encabeçados pelo MPL-SP em junho de 2013 exemplificam um

impulso em direção aos bairros periféricos, ocorrendo nos terminais de Pirituba69, na zona

norte, e na estrada do M`Boi Mirim70, extremo sul da cidade. Como expresso nos mapas da

composição racial de São Paulo, o grupo iniciou os protestos em bairros com população parda

e negra (imagem 1 e 2) mais acentuada que nos locais em que os protestos foram massificados

pela classe média (imagens 3 e 4).71 A dificuldade do PT em negociar com o MPL, apontada

67 Exemplo deste equilíbrio buscado pelo MPL se dava junto às entidades estudantis. O grupo colaborava com a

ANEL, ligada ao PSTU, assim como a UNE, cuja direção majoritária respondia ao PC do B. 68 Segundo artigo assinado por militantes do movimento no site Passa Palavra "a força desta jornada foi obtida

por uma forte unidade na luta com movimentos sociais, entidades estudantis, grupos autônomos, trabalhadores

dos transportes, partidos políticos e parlamentares. A partir deste consenso propiciado pela mobilização contra o

aumento, o problema dos transportes em São Paulo foi trazido a público, permitindo que se pautasse de maneira

ampla a reivindicação da Tarifa Zero, tanto na mídia quanto nas ruas.” (MPL, 2011) 69 Primeiro ato das jornadas de junho, o protesto na zona norte ocorrido dia 23 de maio foi reportado no site Passa

Palavra sob o título “Ato contra o aumento invade Terminal Pirituba”. Envolvendo cerca de 200 pessoas, segundo

a matéria, “A manifestação teve início às 7h da manhã em frente à EE Ermano Marchetti, de onde estudantes e

moradores, embalados pela bateria da Fanfarra do MAL, partiram em marcha pelo bairro.” (Redação, 2013a) 70 Reportagem intitulada “Protesto contra o aumento de tarifa bloqueia a M’Boi Mirim”, publicado dia 3 de junho

no site Passa Palavra afirmava que a manifestação na zona sul da cidade, iniciada as 6 da manhã, ocorreu em

diversas partes da avenida. Segundo a matéria, “a M’Boi Mirim é uma das regiões com maior congestionamento

da cidade e que concentra o maior número de usuários do transporte coletivo. Desde 2008, a população local

realizou pelo menos 11 manifestações exigindo melhorias no transporte, como a duplicação da Estrada até a divisa

e a extensão da Linha 5 do metrô até o Jd. Ângela.” (Redação, 2013b) 71 A relação entre centro e periferia foi ressaltada no balanço redigido dia 24 de junho - “Uma nação em cólera: a

revolta dos Coxinhas" - pelo comitê editorial do Passa Palavra como uma das explicações para a perda de direção

do movimento pelo MPL. Segundo os autores, “No caso de São Paulo, temos nos ocupado muito com o que

acontece nas regiões centrais e pouca atenção tem sido dada às movimentações que acontecem nas periferias. (...)

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anteriormente, acelerou o crescimento do movimento nos bairros centrais, que a partir da

segunda semana do mês passa a ser disputado abertamente pelo movimento anticorrupção.

Imagem 1 - Mapa da segregação racial - Terminal Pirituba

* Fonte: http://patadata.org

Imagem 2 - Mapa da segregação racial - Estrada do M`Boi Mirim

* Fonte: http://patadata.org

Cremos que o momento agora é de concentrar nossos esforços aí, onde os “coxinhas” não estão, onde as pautas

populares encontram sua base real” (Comitê Editorial, 2013).

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Imagem 3 - Mapa da segregação racial - Largo da Batata

* Fonte: http://patadata.org

Imagem 4 - Mapa da segregação racial - Avenida Paulista

* Fonte: http://patadata.org

A atuação da imprensa enquanto mobilizadora para os atos é relativamente consensual

na bibliografia sobre junho. Para Gohn, “a mídia escrita, TV, som/rádio e internet foi muito

mais que veículo de transmissão dos acontecimentos. Foi parte agente de construção dos

eventos, quer seja noticiado as manifestações com destaque, manchetes diárias, divulgando as

convocações etc.; quer seja transmitindo os atos em tempo real (papel desempenhado num

primeiro momento pela mídia alternativa, a exemplo da Mídia Ninja); quer como parte das

manifestações, compondo um bloco formado de fotógrafos, repórteres e jornalista, que se

destacava dos outros dois blocos: os manifestantes e a polícia.” (Gohn, 2013 p. 72).

Antecipando-se ao recuo de Fernando Haddad, o giro político dado pela imprensa vai da

denúncia do MPL como organização radical, à exaltação de suas diferenças com o resto da

esquerda. Este processo é acompanhado pela invisibilização das pautas pelo direito à cidade e

a ênfase na anticorrupção, o que vai se potencializar no segundo fim de semana de junho,

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quando as revistas nacionais passam a agitar o tema da corrupção (Ortellado et al, 2013, p. 141

e 147 e 203)72. A capa da revista Veja, publicada dia 14, por exemplo, afirma, “A revolta dos

jovens – depois do preço das passagens, a vez da corrupção e da criminalidade?”73. Exigindo

a derrubada de uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC 37) em torno da autonomia do

Ministério Público, a TV Globo passou a convocar protestos anticorrupção em seus noticiários.

Segundo um dos seus comentaristas, Arnaldo Jabor:

Esta energia do Passe Livre tem de ser canalizada para melhorar as condições de vida

no Brasil, desde o desprezo com que se trata os passageiros pobres de ônibus, passando

pelo escândalo ecológico, passando pelo código penal do país que legitima a corrupção

institucionalizada. Tudo está parado e esta oportunidade não pode ser perdida. De um

fato pequeno pode surgir muita coisa, muito crime pode estar escondido atrás de uma

bobagem. Os fatos concretos são valiosos. Exemplo: não basta lutar genericamente

contra a corrupção, há que se deter em fatos singulares e exemplares, como a terrível

ameaça da PEC 37, que será votada daqui a uma semana na Câmara dos Deputados e

que acaba com a prática do Ministério Publico, que pode reverter as punições do

Mensalão, que pode acabar com o processo da morte de Celso Daniel. Como os alvos

concretos existem, por exemplo, descobrir por que a Petrobras comprou uma refinaria

por US$ 1 bilhão em Pasadena, no Texas, se ela só vale US$ 100 milhões. (Jabor em

Ortellado et al, 2013 p. 152)

A partir do fim de semana, “A estratégia de relacionar o movimento a pequenos partidos

de extrema-esquerda para desqualificá-lo sofreu uma curiosa modificação. Quase toda a

cobertura da imprensa escrita até o momento usava a presença do PSOL, PSTU e PCO para

dizer que o movimento carecia de representatividade. Uma insólita matéria na Folha de São

Paulo do sábado inicia a guinada que faz com que os partidos deixem de ser identificados com

o movimento legítimo” (Ortellado, 2013 p. 139-40). Após chamar o governo do estado a aplicar

“a força da lei” (Editorial Folha, 2013) contra os manifestantes que tomariam a Avenida

72 Segundo Ortellado et al “Embora no protesto de quinta-feira não fosse possível perceber nas ruas de São Paulo

qualquer expressão significativa de outras reivindicações que não a rejeição ao aumento das passagens, a imprensa

começa claramente a enxergar e dar destaque a difusão de pautas” (2013, p. 147). 73 Este movimento também se expressa na TV Globo, cujo Programa Profissão Repórter do dia 18 é “corrupção,

roubo, impunidade: 20 centavos foi só o estopim” (Ortellado et al, 2013, p. 203).

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Paulista dia 11 de junho, o editorial do dia seguinte à manifestação que havia sido reprimida

na Avenida Consolação adota uma nova linha política, denunciando principalmente a violência

do governo. Entre os dias 14 a 17, a Folha abertamente mobiliza seus leitores para as ruas. A

cobertura adotada três políticas simultâneas: 1) a criminalização dos partidos socialistas, 2) a

invisibilização da presença do PT, sindicatos e movimentos sociais e 3) a supervalorização do

caráter apartidário do MPL.

A edição da Folha de domingo, dia 16, do caderno Cotidiano, dedicado exclusivamente

aos protestos, com destaque na capa do Jornal, melhor expressa esta política. Enquanto a

matéria de capa “ato contra a tarifa une punks a ativistas do ‘paz e amor’” (Bedinelli, 2013)

reforça a divisão entre manifestante bom – manifestante ruim, o resto dos artigos são dedicados

à demonização dos socialistas.74 Em duas manchetes, “Serviço secreto da PM diz que PSOL

‘recruta’ punks para protestos” (Carvalho, 2013) e “’Avaliação é totalmente equivocada’, diz

deputado” (Redação Folha 2013ª), o PSOL é responsabilizado pela violência nas ruas.

Afirmando que “os grupos mais violentos nem sempre agem de maneira espontânea”, o artigo

acusa o PSOL de supostamente contratar punks para realizar ações “semelhantes a atos de

guerrilha” voltados a desestabilizar o governo sem “desgastar a imagem do partido”. Já o

PSTU, de forma mais sutil, seria responsável, como expresso no texto “A caminho do

confronto” (Maisonnave, 2013), pelo clima intolerante disseminado entre os jovens.

A consequência negativa para o movimento fica visível no dia 17. Após a imprensa

convocar no fim de semana anterior a classe média aos protestos, o MPL perde o controle do

ato que havia marcado ainda na concentração, no Largo da Batata. Não conseguindo abrir a

faixa do grupo para determinar o caminho a ser seguido, a manifestação se dispersa por

diferentes lados.75 A partir dos protestos seguintes, a direita passou a controlar as ruas.

A violência que se seguiu, em particular dia 18, voltada quase exclusivamente contra o

governo Haddad, é amplamente debatida por Ortellado et al (2013), que a desassocia do MPL.

Segundo o autor, quando manifestantes violentos cercam a sede da administração municipal,

"a prefeitura se convence de que a situação saiu do controle do movimento e aciona a polícia

militar, que não vem. Pelo centro, não se vê viaturas policiais para coibir a violência, o que

74 Segundo Ortellado et al, “surpreendentemente, o MPL, que exerce a liderança política das mobilizações e que

até então vinha sendo desqualificado, aparece como apartidário e “sincero”, além de “não violento”. A mudança

aponta, em realidade, para distinção entre vândalos e manifestantes.” (2013, p. 147) 75 As informações acerca da perda da direção dos protestos no Largo da Batata foram colhidas em entrevista junto

ao quadro B do MPL em 29 de maio de 2015.

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gera apreensão na prefeitura e estranhamento nos meios de comunicação. O portal Terra noticia

o caso da seguinte forma: “Sem polícia nas ruas, vândalos depredam centro de SP após ato”".

(p. 198-199) Protesto que se dividiu entre a prefeitura e a Av. Paulista, segundo Ortellado et al

aquele dia “a bandeira do Brasil é projetada na fachada do prédio da Federação das Indústrias

de São Paulo (Fiesp), que no dia seguinte sediaria um encontro entre seu presidente, Paulo

Skaf, e militares da Escola de Comando e Estado maior do Exército” (p. 198).

Mesmo sem deter o controle das ruas, o MPL seguiu como direção legítima do processo

até a redução no preço da tarifa, dia 19. Após os ataques violentos contra o grupo, também

voltados contra a esquerda socialista e petista na Av. Paulista dia 20, o MPL formaliza sua

retirada dos protestos. Aquele dia, segundo apurou o Datafolha, mais de 50% dos manifestantes

estavam lá contra a corrupção e apenas 32% pela redução da tarifa (Tatagiba, Trindade e

Chaves, Teixeira, 2015).

A identificação deste processo no Passa Palavra começa em artigo assinado

individualmente, publicado dia 19, com título "Nos arredores dos grandes protestos e o cheiro

de primavera” (Ribeiro, 2013). Dia 22, quando o avanço da direita já estava claro, em artigo

também assinado individualmente intitulado "O povo nos acordou? A perplexidade da

esquerda frente às revoltas” afirma que a “entrada em cena da direita organizada, disputando o

sentido das manifestações tanto internamente (distribuindo bandeiras do Brasil e hostilizando

partidos de esquerda) quanto externamente (pela cobertura midiática, que impõe a tônica

pacifista e dá suas pautas, diluindo as originais). Para as organizações de esquerda ficou claro

que resistir à direita significava garantir a centralidade da pauta única: a revogação imediata

do aumento. Mas, com o aumento revogado, se abriu um vácuo de pauta e nossa unidade se

desmanchou.” (Martins, 2013) Dois dias depois, esta posição passa a ser reivindicada pelo

Comitê Editorial do site em artigo intitulado “Uma nação em cólera: a revolta dos Coxinhas".

O artigo argumenta que o “relato da manifestação de São Paulo ocorrida na Av. Paulista nesta

quinta-feira, 20 de junho, não pode ser outro senão a operação de empresários e da extrema-

direita para desestabilizar o país inspirando-se nos lockout que ocorrem na Venezuela.”

(Comitê Editorial, 2013) Passado o calor dos protestos, o balanço final do setor do MPL

organizado em torno do Passa Palavra foi publicado dia 27, com o título “Revolta Popular: O

limite da Tática”. (Martins & Cordeiro, 2014) O artigo mais tarde integrou a coletânea sobre

as jornadas de junho publicada pela Friedrich Ebert Stiftung (Tible, Albuquerque et al, 2014).

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3.1 Perfil dos participantes e motivos do protesto

É possível identificar o surgimento da direita em 2013 nas duas pesquisas de opinião

realizadas pelo Datafolha dia 17, no Largo da Batata, e dia 20, na Avenida Paulista

(DatafolhaA, 2013, DatafolhaB, 2013). Enquanto no Largo da Batata a proporção de filiados

petistas e tucanos era a mesma que a média da cidade - 6% do PT para 2% do PSDB - na

Paulista o número de tucanos e petistas empatou (6% para ambos). O envelhecimento de Junho

também foi captado. No Largo da Batata, a quantidade de jovens entre 12 e 20 era de 23%, ela

cai para 19% (tabela 1, p. 52-3). O inverso é verdadeiro para o grupo dos que tem entre 36 a

50 anos; enquanto no Largo eles eram 8%, tornam-se 14% na Paulista. Outro fator importante

é que enquanto 71% dos presentes no dia 13 eram iniciantes, 40% dos na Avenida Paulista iam

às ruas pela primeira vez na vida, indicando em parte a diferença etária no protesto. Dado

importante coletado pelo Datafolha é a motivação da participação na manifestação. Enquanto

31% dos que foram ao Largo da Batata o fizeram para “protestar contra a violência/repressão

policial”, estes eram apenas 11% na Paulista. Além disso a centralidade da intervenção em

torno do "combate à corrupção" vai de 40% para 50%. Como mostra a tabela 4, a questão da

PEC 37, estanha ao movimento inicial, sequer figura nas perguntas do Datafolha dia 17. Três

dias depois, porém, a força da pauta anticorrupção divulgada pela grande imprensa tornou o

projeto de emenda constitucional, até então desconhecido pelo grande público, o motivador da

participação de 16% dos manifestantes.

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Tabela 4 - Motivos de participação nas manifestações de 2013

Largo da Batata

(17/06/2013)

Av. Paulista

(20/06/2013)

Protestar contra o aumento da passagem 56% 32%

Contra a corrupção 40% 50%

Contra a violência e repressão policial 31% 11%

contra os políticos 24% 27%

por transporte de melhor qualidade 27% 19%

PEC 37 x 16%

comemorar a redução da tarifa x 13%

Por mais segurança 13% 13%

pela tarifa 0/ passe livre 14% 11%

Pela saúde 2% 9%

pela educação - 8%

contra os gastos na Copa - 3%

Outras respostas 31% 29%

* Fonte: Datafolha 2013b

O dado mais curioso abordado por Singer (2018) e Braga (2013) a partir do

levantamento feito pelo Datafolha no Largo da Batata, no dia 17 de junho de 2013, foi a

presença muito maior naquele ato de estudantes quando comparado ao protesto seguinte, na

Avenida Paulista dia 20 (cf. tabela 1, p. 52-3). No largo, 13% dos presentes eram estudantes

da USP – de um total de 22% de universitários no protesto. A queda deste percentual pela

metade três dias depois indica uma tendência mais geral, principalmente após as manifestações

do dia 14 na Avenida Consolação, quando o movimento ainda era encabeçado por jovens de

classe média dirigidos pelo MPL. Único instituto de pesquisa a realizar enquetes nas

manifestações, o Datafolha não levantou dados nem sobre a composição racial, nem sobre a

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faixa salarial nos dois protestos (dias 17 e 20). Possivelmente, eles indicariam uma tendência

de embranquecimento e de aumento da faixa salarial dos presentes.

Para a literatura que identificara em junho um novo ciclo multifacetado, o momento

significava a ruptura com formas de protesto e mobilização anteriores, dirigidas pela esquerda.

Segundo Alonso e Mische, "grupos estudantis tradicionais de esquerda temiam que os protestos

saíssem do controle dos estudantes, com um temor em geral expresso pela critica à ‘falta de

direção’ das mobilizações”. (Alonso & Mische, 2015, p. 15) Segundo Alonso e Mische,

socialistas, assim como autonomistas e “patriotas” participaram das manifestações, porém elas

se dividiram em dois campos de ação estratégica, “em um campo, símbolos e slogans

patrióticos apareciam de forma mais consistente, enquanto em outro, o repertório autonomista

era mais generalizado.” Alonso & Mische identificam no campo dos patriotas uma vertente

nacionalista que primeiro se expressou contra a ditadura militar durante as Diretas Já, o Fora

Collor, e até mesmo no movimento ambientalista da conferência Rio-92 (2015, p. 17-8). Uma

vez que os protestos pelas Diretas Já foram “em geral alimentados pela retórica socialista”

(p.17) e o Fora Collor identificado centralmente ao movimento estudantil, junho de 2013 abria

um espaço próprio a uma nova identidade patriótica. Ao contrário de Alonso & Mische, para

Gohn “as manifestações de junho no Brasil não são “nacionalistas”; ao contrário, mostram-se

como modos e formas de agir coletivo, especialmente adquirido/construído via redes sociais e

telefonia móvel, e advém de ondas globais, internacionais.” (Gohn, 2013 p.9). Retomaremos

este aspecto adiante (item 4).

3.2 A capilaridade dos protestos

Enquanto um grupo local de estudantes, o MPL conduziu os protestos apenas na cidade

de São Paulo até a redução do valor da tarifa, momento em que novos atores se apropriam dos

protestos. Nas manifestações com maior presença das classes populares, como no Rio de

Janeiro e em Belo Horizonte, a cooperação entre socialistas e autonomistas ocorreu em parte

importante do movimento social.76 No Rio, PSOL e PSTU animaram um fórum amplo contra

o aumento da passagem que se reunia em modelo assembleísta, de forma horizontal. O espaço

manteve vida própria depois de junho, com presença anarquista organizada. Já em Brasília, que

no dia 17 testemunhou a “ocupação” da Esplanada dos Ministérios e do teto do Congresso

76 As informações sobre os protestos de Junho em escala nacional foram colhidas em entrevistas com os quadros

B em 7 de junho de 2015 e D em 1 de março de 2019.

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Nacional (evento repetido dia 19), a conquista pelo movimento social do passe livre estudantil,

assim como o congelamento das tarifas de ônibus desde dezembro de 2005, esvaziou do

protesto qualquer recorte em torno do tema do direito à cidade.

Assim como Brasília, Belo Horizonte não testemunhou o aumento da passagem de

ônibus em 2013, levando o movimento social a se organizar no Comitê Popular da Copa, com

forte presença da esquerda socialista. Enquanto o movimento “Tarifa Zero” apenas se

estruturou em BH depois de Junho, as Brigadas Populares, organização de tradição castrista,

cumpriu importante papel na organização dos atos, dando a ele um caráter muito mais à

esquerda que no Distrito Federal, cujo foco era a anticorrupção.

Em Goiás, uma frente formada pelo movimento maoísta e grupos anarquistas

radicalizou a luta política local, centrada geograficamente na Universidade Federal de Goiânia

e seus arredores. Já Porto Alegre, em que a redução da tarifa ocorreu por conta de protestos

antes mesmo de Junho, o movimento foi conduzido pelo Bloco de Lutas, que além de organizar

PSOL e PSTU, ocorreu em ambiente com a presença de um movimento anarquista forte,

atrelada ao FARG (Frente Anarquista do Rio Grande do Sul) e a setores pró-anarquistas do

MST estadual. Já locais como Curitiba e Fortaleza não contaram com movimentos pela redução

da tarifa com tradição local, porém, tiveram protestos de natureza inversa. Em Curitiba

prevaleceu a confusa coabitação entre a maioria, que protestou em espírito de marcha cívica

conservadora vestindo branco ou verde-amarelo, e uma minoria confusa que partiu para cenas

de violência em uma tentativa de “tomada do palácio” do governador – evento possivelmente

conduzido por provocadores. Já no Ceará, o embate com a polícia por conta da Copa das

Confederações marcou repetidos protestos. Nas 438 diferentes cidades com atos,

principalmente no interior de São Paulo, como em Jundiaí, parece ter sido o clima de “marcha

cívica”, expressa de forma intensa em Recife77, que prevaleceu.

77 Segundo o jornal Diário do Comércio, a manifestação que reuniu milhares na cidade de Recife, realizada dois

dias após a redução da tarifa (oposto simétrico a São Paulo, em que o aumento, e não a redução, antecede as

mobilizações) foi dirigida, entre outros, por "representantes do Ministério Público e da Ordem dos Advogados do

Brasil (OAB)". Segundo jornal, "até a Associação Pernambucana de Cabos e Soldados (ACS-PE) estará do lado

do movimento e vai orientar PMs a atuar com tranquilidade.” Já o site 247, afirmava que o governador Eduardo

Campos "em uma jogada de marketing digna de ser estudada” organizou policiais com braçadeiras brancas escritas

“paz" e carregando flores brancas. Segundo site "a atuação da Polícia foi aprovada pelas mais de 50 mil pessoas

que participaram da manifestação. (…) No bairro do Recife, uma viatura da polícia chegou a ser aplaudida pelos

manifestantes e retribuiu buzinando para agradecer o gesto de quem aclamava os policiais.” (Sarmento e Carvalho,

2013)

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3.3 Os “black Blocs” e a violência nas ruas

A argumentação de que houve amplo repúdio à violência policial78 em Junho tem como

base a cidade de São Paulo. Pesquisa Datafolha do dia 18 detectou que “para 37% dos

paulistanos, a Polícia Militar é vista como nada eficiente na prevenção ao crime antes que eles

aconteçam. Esse índice é dez pontos superior ao registrado na semana anterior, em pesquisa

realizada antes da ação em que policiais militares foram acusados de reprimir com violência

os protestos contra o reajuste da tarifa de ônibus. No mesmo período, caiu de 60% para 51% o

índice dos que consideram a corporação um pouco eficiente, e recua de 11% para 8% o índice

dos que avaliam a Polícia Militar como muito eficiente” (Datafolha, 2013ª, p. 4). A mesma

pesquisa revela que a opinião sobre os protestos contra o aumento da tarifa salta de 55% a favor

no dia 13 para 77% a favor no dia 18, e a posição contrária, cai de 41% para 18%. Tais números

podem ser atribuídos a diversos fatores, da simpatia aos estudantes às consequências na

mudança na linha editorial da Folha de S. Paulo, que após ser reprimida na Avenida

Consolação, deixa de apoiar as ações da Tropa de Choque, antecipando um movimento que

mais tarde atingiria o resto da imprensa no país.

Tendências ideológicas distintas àquelas em São Paulo, simpáticas à repressão da

Polícia Militar, podem ser identificadas na pesquisa Ibope, feita em escala nacional sobre os

protestos de 2013. Segundo 42,4% dos entrevistados, a polícia “agiu com muita violência” em

junho, porém, um número ainda maior, de 43,8%, acredita que os manifestantes também

agiram “com muita violência”. Para 41,3% a polícia agiu “com violência, mas sem exageros”

(o mesmo dado, para os manifestantes, foi de 38,9%). Somados aos 12,7% que acham que a

polícia “agiu sem violência”, 54% argumentavam que o movimento foi reprimido de forma

legítima. Parte importante do discurso usado pela polícia para justificar a repressão ao

movimento relacionou-se diretamente à tática black bloc.

Ao debater os protestos de 2013, Camila Jourdan (2018) afirma que “este ano também

foi, e talvez fundamentalmente, o ano do surgimento da tática black bloc no Brasil. A tática

ajudou a dar voz aos protestos nas ruas, expressando uma crítica radical ao sistema e

fortalecendo sua capacidade de resistir aos ataques da polícia à população.” (p. 110) Gohn

78 Segundo Gohn (2013) “quando o povo viu na TV e jornais jovens sendo espancados por lutarem por bandeiras

que eram também suas, a mobilidade urbana, ele saiu as ruas. Com isto pode-se afirmar: boa parte da sociedade

aderiu e entrou no movimento” (p.21).

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enfatizará que o movimento em junho estava sob direção não apenas do MPL, mas também do

grupo Anonymous e de adeptos da tática Black Bloc79. Enquanto Gohn (2013) identifica os

Black blocs como responsáveis pelos enfrentamentos físicos contra a esquerda organizada

durante os protestos dia 20 de junho, para Cocco (2015) “talvez a agressão foi planejada por

algum grupo manipulado. O fato é que, quando aconteceu, o sentimento geral da multidão era

de hostilidade a toda tentativa de “representar” um movimento que “valia a pena” exatamente

por ser irrepresentável.”

No entanto, ao contrário do que sugere Gohn (2013), entendemos que o MPL deve ser

classificado de forma diferente dos Black Blocs e do Anonymous. Movimento de base

estudantil por direito à cidade, a internet serviu ao MPL como meio de comunicação e

organização de seu programa por transporte gratuito, porém não substituiu as reuniões

presenciais periódicas do grupo; já entre os adeptos da tática Black Blocs e o grupo

Anonymous, as redes digitais funcionaram como principal instrumento de sociabilidade

interna. Ainda mais relevante, ao contrário do MPL, Black Blocs e Anonymous não possuíam

tradição no movimento social de São Paulo antes dos protestos de 2013. Esta característica, em

parte, explica o antipetismo destes grupos. Dia 11 de junho, quando black blocs assumem o

controle do ato, segundo Ortellado et al (2013) “além de estações de metro e agências

bancárias, é depredada a sede do Partido dos Trabalhadores. Apesar da tentativa de militantes

do MPL de impedir o ataque, o prédio tem seus vidros quebrados e o muro pichado. O

movimento liga imediatamente para a lideranças do partido para se desculpar por não ter

conseguido conter os manifestantes.” (p. 63)

Enquanto no Rio de Janeiro os Black Blocs foram organizados pela Frente

Independente Popular (FIP), possuindo certo grau de organicidade política, este fenômeno não

se repetiu em São Paulo. Segundo Jourdan (2018) a FIP pode ser descrita como “uma frente

que faz ressurgir a aliança histórica entre anarquistas e comunistas (maoístas), com um número

grande também de pessoas independentes, que não fazem parte de movimentos organizados.”

(p. 120) Jourdan (2013) destaca também o papel da infiltração policial (p. 65-8) entre os Black

Blocs. Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em filosofia na Universidade Estadual

79 Como parte dos novíssimos movimentos sociais responsáveis por junho, Gohn atribui aos black blocs

representatividade política similar à do MPL (Gohn, 2013, p.56). Segundo a autora “com o ciclo de violência que

passou a imperar no segundo momento das manifestações de junho, o Anonymous passou a ficar isolado,

juntamente com o grupo que passou a dominar a cena dos conflitos: os black blocs.” (p. 55).

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do Rio de Janeiro (UERJ) Jourdan80 foi presa dia 12 de julho de 2014 junto com outras 22

pessoas, tendo passado 13 dias na penitenciária feminina de Bangu. Em manifesto assinado

junto a outras ativistas presas (Jourdan et al, 2018) afirma que “numa ação arbitrária, com um

processo forjado, provas plantadas, menores presos, violências, ameaças, fomos jogadas no

cárcere com outras exploradas e excluídas como nós.” (p. 43) O inquérito da polícia civil, que

acusou a filosofa de formação de quadrilha armada, identificava também Mikhail Bakunin

(morto em 1876) como suspeito potencial dos protestos na cidade. (p. 83)

Mesmo com os Black Blocs nutrindo diferentes graus de simpatia entre ativistas de

esquerda, não seria um exagero afirmar que a aplicação da tática foi a principal responsável

por afastar os grupos iniciadores dos protestos de 2013 do grosso da população no período

posterior a junho. Segundo pesquisa do Datafolha (2013c) realizada em novembro, 95% dos

entrevistados em São Paulo se apresentavam como contrários à tática. Na região central, 11%

da população se posicionou de forma simpática ao movimento, porém a rejeição à tática foi

muito maior na periferia, com 4% de apoio na zona sul da cidade e 3% na zona leste. Entre os

que recebiam até dois salários mínimos, o apoio aos black blocs era de 2%, na faixa de dois e

cinco salários, 5%. Este número que salta para 10% entre aqueles que recebem de cinco a dez

salários, com a taxa de apoio caindo novamente a 3% entre os que recebem mais de dez salários,

possivelmente expressando maior simpatia ao movimento entre as classes médias. Mesmo a

tática Black Bloc sendo uma reação à violência policial do início de junho, este tipo de ação

parece ter sido instrumentalizado pela grande imprensa e pelo Estado para a criminalização dos

movimentos sociais pós-2013 com amplo apoio popular.

4. Os protestos de 2013 integram uma onda internacional?

Outra questão bastante presente na literatura sobre junho é aquela que traça um paralelo

entre 2013 e uma nova onda internacional de protestos por democracia e contra a crise

financeira de 2008. Assim, “as Jornadas de Junho podem ser incluídas no mesmo diapasão do

ciclo de protestos que enlaçou Espanha (2011), Portugal (2012) e Turquia (2013). Em suma,

um enrijecido sistema político, fundamentalmente refratário à participação popular, estaria se

80 Na leitura própria de Jourdan (2018) sobre a composição social dos protestos, o “levante que se deu em junho

contou com a presença popular maciça; pessoas que jamais tinham ido a manifestações; moradores de rua; negros

das periferias das grandes cidades; feministas; gays; lesbicas... não foi um movimento de classe média branca,

como se pretendeu estabelecer na grande mídia.” (p. 113)

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chocando com uma vibrante cultura política democrática fermentada desde baixo pelas redes

sociais eletrônicas.” (Braga, 2014, p. 228-9) Para Braga, estes movimentos reforçam a

existência do precariado como categoria social e política.

Enquanto a questão da precarização da força de trabalho parece ser tema diretamente

relacionado aos protestos nos países do sul da Europa, o mesmo não aparenta ser o caso na

Turquia, em parte por responderem a dinâmicas econômicas opostas. A União Monetária

Europeia, segundo Costas Lapavitsas (2017) gerou duas dinâmicas distintas na periferia da

Alemanha, que até certa medida também se reproduziu na Turquia. Enquanto o Euro teve papel

desindustrializante em países como Portugal e Espanha, no leste europeu ele serviu de estímulo

para o desenvolvimento da indústria. A base de infraestrutura e tecnologia desenvolvidos

durante o período da guerra fria, alinhados a baixos salários e sindicatos fracos, atraíram capital

alemão e a constituição de cadeias de produção europeias no leste. Segundo Lapavitsas, (2017)

“o desemprego está caindo na periferia da Europa central e os salários tem até subido, mas o

perigo da proximidade ao centro industrial alemão é evidente. O sul da Europa, em

comparação, está em uma tendência de declínio na indústria, depende cada vez mais de

serviços, incluindo o turismo, e sua base tecnológica é em geral fraca. Ambas as periferias

exportam mão de obra qualificada à Alemanha, reduzindo sua capacidade de aumento de

produtividade.” (p. 48)

No caso turco, a base industrial desenvolvida no século XX, o acesso preferencial a

mercados, a política de desvalorização cambial e o custo de mão de obra mais baixa que dos

países centrais gerou efeitos econômicos similares aos da periferia da Europa central. O período

posterior à crise econômica turca de 2001, mesmo nos marcos do neoliberalismo tutelado pelo

FMI, foi marcado pela industrialização. Em 2000, 81,2% do total de exportações da Turquia

eram produtos industriais, enquanto o equivalente foi de 38.4% no Egito e 9.8% do resto dos

países árabes. (Achcar, 2013, p. 265) Essa industrialização orientada para a Europa

complexificou o mercado de trabalho turco, criando empregos de alta qualificação. Segundo

Yoruk e Yuksel (2014) os 12 anos anteriores aos protestos na praça Gazi Taksim foram

marcados por forte crescimento econômico: “o PIB expandiu de $230 bi para $788 bi, puxado

pela política de livre mercado do AKP [partido governante turco] voltado ao comercio exterior

e enormes fluxos de investimento externo.” (p. 107)

Mesmo que os protestos na Espanha, Portugal e Turquia possam ser descritos

genericamente como movimentos de classes médias, segundo Cihan Tugal (2013) é preciso

diferenciar os protestos turcos dos europeus por representaram mais especificamente a alta

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classe média em processo de ascensão social81, e não de precarização. Entre aqueles mais

presentes nas assembleias, segundo Tugal, estavam engenheiros, advogados, médicos,

especialistas em imprensa e redes sociais, corretores de imóveis e profissionais do mercado

financeiro. (p. 158) Para o autor, o movimento na praça Taksim

Aparenta ocasionalmente ser policlassista, mas é predominantemente um movimento

de classe média. Certamente, precisamos de mais informações para uma análise mais

completa, mas descrever a revolta como um movimento da classe média proletarizada

ou trabalhadores de colarinho branco é menos sólido que as análises que enfatizam a

classe média em si. Profissionais bem pagos que exercem algum grau de controle sobre

a produção e serviços (mesmo sem serem donos), e não proletários de colarinho branco

(como garçons, vendedores ou secretários) predominavam. (p. 157)

A leitura de Tugal (2013) é questionada por Yoruk e Yuksel (2014), que ao analisarem

dados coletados pelos institutos de pesquisa Konda e Samer na praça, concluíram que a

composição social dos protestos se aproximava à média de Istambul, sendo majoritariamente

proletária. Para os autores, “enquanto a maioria dos manifestantes vieram das classes baixas, o

alto grau de participação de membros da classe média e alta criaram a impressão de um

movimento majoritariamente de classe média. Além disto, as classes médias possuíam maior

grau de controle sobre os meios de comunicação e portanto podiam se representar nos protestos

enquanto força social maior do que realmente eram.” (p. 88)

A despeito dessa polêmica, é plausível supor que, por sua composição social, os

protestos turcos se aproximam da experiência brasileira, se afastando das mobilizações de

jovens da península ibérica 82 . Segundo Yoruk e Yuksel (2014), a partir das reformas à

81 Segundo Tugal (2013) “a maior parte dos profissionais turcos experimentaram mobilidade ascendente ao longo

de suas vidas. Seus padrões são (ou prometem ser) incomparavelmente mais altos que o de seus país. Igualmente

importante, é dubio se eles se beneficiariam ou perderiam com uma redistribuição igualitária de recursos pelo

país. Por isto, não se assemelham a juventude “indignada” espanhola que se apresenta como “sem moradia, sem

trabalho, sem aposentadoria”.” (p. 150) 82 Ao que tudo indica, a precarização da força de trabalho relaciona-se diretamente à onda de protestos no sul da

Europa. Segundo Carneiro (2012) os indignados da Puerta del Sol, na Espanha, a Geração à Rasca, em Portugal,

e a ocupação da praça Syntagma na Grécia relacionam-se “a perda de direitos sociais, políticos e sindicas e as

características de inorganicidade das novas camadas do proletariado, especialmente na Europa, marcadas pela

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constituição turca em 2010, que aumentaram o poder do executivo, se intensificaram conflitos

sociais entre uma diversidade de agentes. Após listar uma serie de choques durante o período

entre o governo e o movimento operário, feminista, ambiental, LGBT e estudantil, assim como

minorias religiosas e étnicas, os autores afirmam que o principal elemento de unidade entre os

atores foi a oposição à repressão, afirmando que os protestos na praça “uniram esses diferentes

grupos na base de um sentimento anti-governo, reagindo à forte violência estatal com a mais

inocente das demandas políticas: “por favor não destruam o parque de nossa cidade”. (p. 110)

Assim como demonstrado por Tatagiba e Galvão (2018) no caso brasileiro, Yoruk e

Yuksel (2014) afirmam que “os protestos na praça Gezi não foram uma eclosão repentina mas

parte de um ciclo de protestos maior, cuja atividade política já havia escalado durante o ano

precedente a junho de 2013.” Segundo os autores, a partir da analise de publicações de protestos

em jornais turcos, é possível concluir que as manifestações em Istambul foram o ponto alto de

um ciclo que cresce “de menos de 60 protestos em junho de 2012 para mais de uma centena

por mês entre setembro e dezembro de 2012; de 150 em janeiro para mais de 200 em março e

250 em maio, levando a um pico de mais de 400 protestos em junho de 2013”. (p. 89-90)

O protagonismo do precariado possui mais força nas análises sobre os protestos no sul

da Europa. No entanto, como a precariedade é uma tendência do capitalismo contemporâneo

que afeta diversas classes (Wright, 2016), ela também ajuda a entender as mobilizações da

classe média. A esse respeito, pode-se destacar que movimentos sociais de classe média

possuem similaridades internacionais. Em estudo comparativo sobre a composição de classes

do movimento antiglobalização do início dos anos 2000, comparando o Fórum Social Mundial

de 2003 no Brasil com o movimento francês ATTAC (Associação pela Tributação das

Transações Financeiras para Ajuda aos Cidadãos) organização dedicada à criação de um

imposto internacional sobre o mercado financeiro, Correia e Arias (2011) identificam forte

composição de classe média em ambos os grupos. Segundo as autoras, no fórum de 2003 em

Porto Alegre "73,4% dos participantes tinham cursado o ensino superior, mesmo que

incompleto. Quanto à ocupação, 43,4% eram funcionários de instituição privada/ONG e 36%

funcionários públicos, sendo que 79,5% trabalhavam no setor de serviços.” (p. 158)

Esta composição social se repete no Fórum Social Mundial Europeu de 2003 na França,

a despeito das diferentes estruturas de classe em relação à América Latina. Enquanto 69,2%

dos presentes no fórum europeu possuíam ensino superior completo, este índice não passa de

presença de um apartheid em relação aos imigrantes ilegais e por uma maior exclusão dos direitos também nas

novas gerações de trabalhadores.” (p. 13)

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30% junto ao resto da população francesa. Conclusão similar a Correia e Arias (2011) se

encontra nas pesquisas de Lewis, Luce e Milkman (2012), após enquetes aplicadas ao

movimento Ocuppy Wall Street. Segundo os autores, as pesquisas revelam a presença

“desproporcional entre jovens brancos com altíssimo nível educacional, e rendimentos salariais

acima da média. Quase um quarto dos entrevistados (24%) eram estudantes, 44% dos quais

estavam na universidade ou pós-graduação. Entre os entrevistados que completaram seus

estudos, 76% tinham ensino superior completo, e mais de metade deles (39% do total)

possuíam título de pós-graduação. Esta média é muito maior que a da cidade de Nova York,

em que apenas cerca de 34% possuem ensino superior completo." (p.9)

Enquanto 29,7% dos residentes em Nova York vivem com menos de 25 mil dólares por

ano, este número era de apenas 7,9% na ocupação. Entre os que protestavam, 16.9%

trabalhavam em escritórios, vendas e serviços, 20.2% no setor de educação, e 12.6% no setor

de arte e entretenimento. Enquanto a média na cidade é de 43.8% para serviços, 6.6% para

educação e apenas 3.4% para as artes. Entre operários, a média na ocupação, 6.9%, era menos

da metade comparada ao resto da cidade, que possui 16.4% trabalhadores manuais entre a

população economicamente ativa. (p. 45)

De angulo oposto a Braga, principalmente no que se refere ao papel das redes sociais,

Haddad (2017) identifica paralelos entre os protestos no Brasil e na Turquia à luz da

interferência externa. Segundo o autor, em junho de 2013 “Putin e Erdogan haviam telefonado

pessoalmente para Dilma e Lula” para alertá-los da possibilidade de grandes empresas de

mineração de dados estarem fustigando os protestos na internet. A ideia das redes sociais como

disseminadoras da democracia também é questionada por Lincon Secco (2013). Segundo o

autor “as revoltas no sul da Europa, em Istambul ou no mundo árabe respondem a problemas

domésticos. A pergunta a se fazer é: por que, se tão diferentes, guardam entre si um ar de

familiaridade? São revoltas disseminadas pelas redes virtuais, nas quais as pessoas agem como

singularidades, mas o conjunto é construído pela reação calculada dos donos do poder e da

informação. Assim, sua potencialidade revolucionária pode ser cooptada, como foi visto

anteriormente.” (p. 77)

Tugal (2013) ressalta como, enquanto celebravam e reivindicavam o espírito coletivo

de solidariedade na praça, entre os ativistas na Taksim prevalecia uma visão elitista. Segundo

o autor, “participantes não socialistas frequentemente expunham seu desprezo pelas classes

baixas “ignorantes” que insistiam em votar no partido governante.” (p. 159) Enquanto é

possível traçar paralelos entre o antipetismo e a oposição da elite turca ocidentalizada ao AKP

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por conta de sua origem no movimento islamista83, as posições antissocialistas e antisindicais

do partido limitam estas comparações.

Ao longo do mês de junho, Erdogan fez pronunciamentos televisivos afirmando que os

protestos no Brasil e Turquia integravam uma conspiração internacional. (Camargos e Sauda,

2013a) Enquanto a participação desestabilizadora de atores estrangeiros, principalmente pela

internet e redes sociais, ocorreram em ambos os países, a ideia de que os manifestantes seriam

meras marionetes de Washington parte do pressuposto de que as classes médias são incapazes

de agência política autônoma, ou que sempre tendem a atuar em bloco com forças pro-

imperialistas. Mas assim como a trajetória do MPL durante o ciclo de protestos entre 2011 e

2016 aponta o contrário, veremos abaixo como a possibilidade de coalizões progressistas entre

frações de classe média e a classe operária marcou os movimentos iniciais mais importantes da

primavera árabe.

4.1 As classes sociais na Primavera Árabe

A estrutura produtiva da Turquia, quando comparada à dos países árabes, revela

formações sociais pouco similares, o que limitaria a comparação entre os movimentos de

protesto. Segundo o Achcar “Em 2007, as exportações de hidrocarbonetos – petróleo e gás

natural - resultaram em mais de 80% das exportações de todos os países árabes juntos. As

exportações destes países sem os hidrocarbonetos, no mesmo ano, representaram apenas 22,6%

de apenas um país, a Turquia. Adicionado os hidrocarbonetos, o total de suas exportações eram

seis vezes maiores que a turca. Juntos, os países do golfo exportaram acima de quatro vezes

mais que a Turquia em 2007.” (p. 265)

Os protestos no Oriente Médio e Norte da África, segundo Achcar (2013), expressam a

contradição entre um modelo econômico especificamente determinado pela renda da terra em

torno do petróleo e uma sociedade crescentemente complexa e interconectada. Para o autor

83 Em meio as enormes transformações sociais e econômicas dos últimos 15 anos, o AKP deslocou setores

seculares e pró-militares do governo com um discurso enfatizando uma identidade religiosa e popular. Vindo de

fora da elite política, assim como os movimentos islamistas em geral, o AKP tem origem de classe na pequena e

média burguesa, tendo evoluído para representar a partir dos anos 90 frações burguesas internas organizadas em

torno da associação empresarial Musiad (Tugal, 2009 p.8). Segundo Harman (2010) “O islamismo surgiu em

sociedades traumatizadas pelo impacto do capitalismo – primeiro como forma externa de conquista pelo

imperialismo e depois, crescentemente, pela transformação interna nas relações sociais que acompanharam a

ascensão de uma classe local de capitalistas e a formação de um estado capitalista independente.” (p. 308)

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“além da renda da mineração,84 outras formas de renda também se acumulam aos estados

Árabes: renda geográfica, como taxas ou pedágios de trânsito (ex: o canal de Suez ou gasodutos

e tubulações de petróleo); renda capitalista derivada das finanças e investimentos imobiliários,

ou investimentos em carteiras no exterior, ou investimentos em fundos soberanos estrangeiros

- fonte de parte crescente dos recursos de países exportadores de petróleo - e finalmente, rendas

estratégicas, isto é, financiamento externo que os estados recebem em troca de cumprir uma

função militar ou outras questões relacionadas à segurança.” Segundo o autor, sobre esta base

econômica se assentaram estruturas políticas patrimonialistas85 das monarquias e repúblicas

formais” (ex.: Egito, Síria, Iêmen) que levaram a região estruturalmente a mais de 30 anos de

estagnação econômica. Combinado a índices de desemprego maiores que os da África

Subsaariana, esta atrofia expressa uma “variante regional específica do modo capitalista de

produção”.86

Em termos de mobilização, aquilo que mais separa os protestos na praça Tahrir dos

ocorridos no Largo da Batata e Av. Paulista é o grau de centralização política distinta entre os

dois países. Gohn, após pesquisa de campo no Cairo, menciona a presença da Liga Árabe, do

Museu Nacional e da Universidade Americana, assim como a sede do partido do antigo

governo no entorno da praça egípcia para explicar sua relevância (2013, p. 101). Junto a estes

na Tahrir havia também os órgãos do poder político nacional; Congresso, Senado, a Residência

oficial do Presidente da República assim como do Primeiro Ministro, a sede da radio e TV

estatal, e principalmente, os ministérios da Informação – responsável pela censura - e do

Interior, de onde se comandava a polícia e o serviço secreto. Este grau de concentração, além

da ausência de centros urbanos rivais (Alexandria, segunda maior cidade do país, é menos que

84 Estritamente, renda mineira é o excedente de lucro sobre e acima o lucro médio no capital (infraestrutura,

maquiaria e trabalho) investido na exploração de um recurso mineral. 85 Segundo Achcar (2016), “não [são] regimes “neopatrimonialistas” – mantra da “ciência política” e instituições

internacionais quando este conceito é correlacionado com a visão de que o nepotismo e a corrupção são doenças

intrínsecas dos governos árabes, que pode ser curada e substituída por “boa gestão” sem radicalmente transformar

o estado – mas estados de fato patrimoniais, sejam eles monárquicos ou “republicanos”; em outras palavras,

estados que tem mais em comum com o absolutismo da Europa no passado, o ancien régime no estrito senso

histórico, do que com o estado burguês moderno.” (p. 7) 86 Mesmo que as políticas do neoliberalismo tenham tido um papel na intensificação dos conflitos sociais, o regime

de acumulação especifico à região do mundo árabe não pode ser descrito como neoliberal ortodoxo, uma vez que

carrega “as desvantagens do capitalismo burocrático de estado que havia atingido o limite de seu potencial

desenvolvimentista com as desvantagens de um neoliberalismo capitalista corrupto sem os benefícios ou qualquer

das supostas vantagens do modelo estatista ou neoliberal.” (Achcar, 2013, p. 95)

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metade do tamanho do Cairo) canalizava as atividades e mobilizações nacionais vindas de todo

interior para um mesmo ponto, concedendo força desproporcional a pequenos grupos de

ativistas locais. Cidade de cerca de 20 milhões de habitantes, mais de um quarto da população

do país vive na capital.

Para além dessas diferenças importantes, as similitudes de reivindicações e de

repertórios de ação constituem elementos que possibilitam identificar junho como parte de uma

onda global de protestos. Para Gohn, os protestos de 2013 integram uma tendência

internacional de ocupações de espaços públicos – com destaque aos eventos ocorridos nas

praças Porta do Sol (Madri) Willy-Brandt Platz (Frankfurt), Syntagma (Atenas), Taksim

(Istambul), Praça Mohammad Bouazizi (Túnis), Tahrir (Cairo); Praça Zuccoti/Wall Street

(Nova York) e em São Paulo, a Avenida Paulista e o Largo da Batata (Gohn, 2013 p.15). Ainda

segundo outras autoras, “os protestos brasileiros também adotaram ferramentas do repertório

de contenção que têm circulado nas recentes ondas globais de protesto. Manifestantes

encararam intensa repressão – como na Turquia – que tornaram os protestos mais conflitivos,

porém ainda marcados por simbologia irreverente” (Alonso & Mische, 2015).

E qual o papel da organização nesses protestos? Qual sua conexão com outros protestos

e movimentos? Verificam-se semelhanças quanto a esses aspectos? Segundo Adam Hanieh

(2013), “a velocidade e escala destes protestos tornou moda a interpretação de que eram “sem

liderança” e “desorganizados” – uma explosão espontânea de uma massa incoerente. Enquanto

estes movimentos certamente colocaram em ação milhões de pessoas que nunca antes haviam

se mobilizado em ações políticas – e é verdade dizer que em geral não foram dirigidas por uma

organização única e claramente identificável – seus sucessos e fracassos estavam mesmo assim

fortemente conectados a ondas anteriores de luta.” Exemplo destacado por Hanieh foi o papel

cumprido pela base do movimento sindical tunisiano, em particular entre operários mineiros e

profissionais da educação no interior. Os sindicatos de professores, bastiões da ala esquerda da

UGTT (a central sindical única do país) tiveram um papel central na nacionalização do

movimento. Segundo Hanieh:

Comitês sindicais de base, por exemplo, tiveram um papel central na revolta

monumental da bacia mineira de Gafsa, que foi descrita como “o movimento de

protestos mais importante visto na Tunísia desde a revolta do pão em janeiro de 1984.”

A revolta de Gafsa juntou os desempregados, trabalhadores com contratos temporários,

secundaristas, e famílias daqueles que trabalhavam nas minas de fosforo da região.

Empregando uma diversidade de táticas, incluindo greves de fome, ocupações e

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protestos de rua – o movimento se chocava principalmente com a desregulamentação

do mercado de trabalho e a precarização, que eram elementos centrais do

neoliberalismo tunisiano. A relevância desta poderosa greve estava na forma com que

ela juntou os mais impactados pelas reformas [neoliberais] – principalmente os

desempregados e trabalhadores temporários – e os ergueu contra as estruturas do

regime, incluindo a central sindical oficial. A despeito da repressão que eventualmente

derrotou esta greve em 2008, ela permitiu criar as fundações para o levante de 2010-

2011. (Hahieh, 2013 p.163)

Segundo Barker (2014), “como a Primavera Árabe pode nos relembrar, foi a

combinação de gigantescas manifestações públicas com crescentes ondas de greves que

derrubaram Ben Ali e Mubarak (...) tais combinações, é claro, dependem de um complexo

intercâmbio de ideias e impulsos entre diferentes setores do movimento, nos quais diferentes

forças sociais podem promover a catálise de outras (ou, igualmente, aparecer como

impedimento)”. (p. 27) Embora as greves possam ser lembradas como indicadores de

semelhanças entre os protestos no Brasil e nos países árabes, há diferenças importantes a serem

consideradas. Conforme o argumento de Badaró (2016), as greves ocorridas entre 2011 e 2013

no Brasil possibilitaram uma maior conflituosidade e ativismo, porém, a relação entre as greves

e os protestos de junho se deu na esfera social, sem articulação política ou vínculos

organizacionais diretos entre os protestos, ao contrário do que se deu na primavera árabe, onde

se verifica a presença da classe operária enquanto ator político (Chomsky, 2013). Para este

autor, “o que mais chama a atenção nestes dois países – Egito e Tunísia – em que houve mais

progresso no movimento, é que os dois tinham um poderoso movimento militante dos

trabalhadores, que estava em luta há anos para conquistar direitos trabalhistas.” (p. 117)

Enquanto a classe média foi importante nos protestos árabes, a intervenção destes setores, em

particular entre jovens profissionais, se deu por dentro da simbologia do movimento operário.87

87 Segundo Chomsky, “no Egito as manifestações na praça Tahrir foram lideradas e iniciadas por aquilo que era

chamado de Movimento 6 de Abril, um movimento de jovens profissionais. Porque 6 de abril? Bem, porque no

dia 6 de abril de 2008 houve gigantes protestos operários organizados no conglomerado industrial de Mahallah,

com apoio em outros lugares, que foram esmagados pela ditadura. Um grupo de jovens profissionais se juntou

para continuar a luta utilizando aquele nome e iniciaram os levantes de janeiro de 2001, resultando na primavera

árabe do Egito.” (p.117) Achcar (2013), assim como Benin (2012) e Alexander & Bassiuni (2014) também

enfatizam que a origem política dos grupos de juventude, inclusive entre os setores liberais democráticos, ocorreu

através de campanhas de solidariedade com a classe operária, principalmente com o movimento grevista de

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Analisando a mobilização dos trabalhadores, Alexander e Bassyouni (2015) apontam

sua interação com os protestos na praça Tahrir, que ocorreram entre 25 de janeiro e 11 de

fevereiro de 2011: “as primeiras greves ocorreram nos dias 6 e 7 de fevereiro [enquanto ocorria

a ocupação da praça]. Ao final da semana haviam se espalhado por todo país, levando a

paralisação de cerca de 300.000 trabalhadores. Segundo dados compilados pela ONG Awad

al-Ard, houve quarenta e dois protestos de trabalhadores em Janeiro de 2011, enquanto um

número muito maior ocorreu apenas entre os dias 7 e 11 de fevereiro. Nos dias seguintes à

queda de Mubarak houve entre quarenta e sessenta greves por dia. No total o mês de fevereiro

de 2011 viu quase a mesma quantidade de ações grevistas que todo ano passado em conjunto.”

(p.53)

Segundo Benin (2012) "Facilitado pelo fechamento do governo de todos locais de

trabalho no início de fevereiro, muitos trabalhadores participaram do levante popular enquanto

indivíduos. No dia 6 de fevereiro voltaram a seus empregos; apenas dois dias depois, a central

sindical independente [criada em meio aos protestos] convocou uma greve geral exigindo a

queda do governo de Hosni Mubarak. Dezenas de milhares de trabalhadores - incluindo aqueles

empregados em empresas grandes e estratégicas como a Autoridade de Transporte Público do

Cairo, Empresa Estatal de Ferrovias, as empresas subsidiárias da Autoridade do Canal de Suez,

a empresa estatal elétrica e Ghazl al-Mahalla - responderam ao chamado, organizando cerca de

60 greves e protestos no local de trabalho nos últimos dias anteriores à queda de Mubarak dia

11 de fevereiro.” (p. 7)

Em sua primeira entrevista após ser preso em Curitiba, ao explicar a repentina queda

na popularidade de Dilma Rousseff após os protestos de 2013 e seu consequente impeachment,

Lula recorreu à primavera árabe, em específico ao caso egípcio, como possível analogia para

explicar as dificuldades políticas da esquerda brasileira pós-junho (Bergamo e Fernandes,

2019). Produto dos protestos iniciados no ano anterior na praça Tahrir, após eleições

presidenciais relativamente livres em 2012, Mohamed Mursi, da Irmandade Muçulmana, foi

eleito presidente, tendo caído no ano seguinte após protestos de rua que juntaram números

similares aos que se moveram em 2011. Principal representante da média e pequena burguesia

no campo da oposição, a chegada dos islamistas ao governo se baseou fortemente na

mobilização do campesinato durante o período posterior à queda de Mubarak. Durante seu

curto período na presidência, a Irmandade chocou-se com os militares ligados ao antigo

tecelões da Ghazl al-Mahalla – fábrica com mais de 22 mil trabalhadores manuais. (Alexander & Bassiuni, 2014,

p. 118 a 123)

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governo na disputa por espaços no Estado, assim como reprimiu duramente o movimento

operário e popular, com quem havia colaborado durante a ocupação da praça Tahrir.

As duas mobilizações de massas no Cairo, em 2011 e 2013, foram seguidas por golpes

de estado conduzidos pelas forças armadas. O primeiro golpe, conservador, retirou Mubarak

do governo substituindo-o por uma junta militar que administrou o país até a vitória eleitoral

da irmandade. O segundo, reacionário, ao colocar o general Mohamed Sisi na presidência88,

desencadeou um período de restauração da velha ordem com grau de violência e repressão

qualitativamente maior que durante os governos militares do período entre 1952 e 2013.

(Achcar, 2013, p. 105-6) Mesmo não existindo pesquisas empíricas sobre a composição de

classes dos protestos, alguns relatos destacam que enquanto os primeiros, em 2011, eram

policlassistas, com presença destacada da juventude, durante a segunda onda prevaleceu um

perfil mais velho e elitizado89.

Assim como durante a segunda metade dos protestos de 2013 no Brasil, quando após o

dia 20 a grande imprensa e políticos conservadores passam a convocar as manifestações, a

mesma dinâmica ocorreu no Cairo. Ao contrário do movimento que derrubou Mubarak, a

mobilização anti-irmandade, além de ter sido amplamente convocada pelos meios de

comunicação, contou com o apoio e até adesão da polícia e da tropa de choque, muitos dos

quais foram carregados nos ombros dos manifestantes. Os desfechos dos protestos,

principalmente a dinâmica substitucionista na qual jovens simpáticos à classe trabalhadora,

organizados de forma policlassista, foram trocados pela classe média conservadora, permite

comparações entre Brasil e Egito, principalmente ao considerarmos o que se seguiu após a

reeleição e o impeachment de Dilma, que será debatido no próximo capítulo.

88 Observa-se na estratégia de Sisi o papel da distância geográfica enquanto instrumento de dominação. Junto à

duplicação do canal do Suez, a construção de uma nova capital no meio do deserto, entre o rio Nilo e o canal,

tornou-se prioridade do Estado. (Achcar, 2016 p. 142-145) Segundo o arquiteto Léopold Lambert, o megaprojeto

egípcio possui duas fontes de inspiração, as reformas urbanas de Haussmann, feitas para facilitar a repressão aos

levantes urbanos em Paris e “a apropriação da capital nova em folha do Brasil pela ditadura militar em 1964”. 89 A forma com que a questão palestina foi tratada pelos manifestantes revela as diferenças político-ideológicas

dos protestos de 2011 e de 2013. Enquanto em 2011 a solidariedade internacional ocupava espaço importante no

movimento, em 2013 o sentimento anti-palestino foi amplamente difundido. Como testemunhado pelo autor da

presente dissertação, em conjunto com a escritora Marcia Camargos, “Desde a queda de Morsi circulam boatos

de que a Irmandade seria, na verdade, a fachada de um complô internacional dirigido por extremistas sírios e

palestinos dispostos a destruir o Egito.” (Camargos e Sauda, 2013b) Durante os protestos de junho de 2013 no

Cairo, foram registrados repetidos episódios de ataques a palestinos e sírios, assim como a suas casas e comércios.

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Capítulo III – O pós-Junho: muitas possibilidades, um único desfecho

Este capítulo se propõe a discutir as consequências de junho, marcadas pela crise de

hegemonia da burguesia interna após 2013, uma nova correlação de forças entre as classes e o

acirramento da polarização política no eixo “petismo x antipetismo”. Os desdobramentos se

deram em direções distintas. Os movimentos contra a Copa em 2014, as greves dos garis e dos

metroviários, assim como as ocupações secundaristas, constituem um desdobramento dos

conflitos pela esquerda. Polarizando no campo oposto, os protestos de 2015-16 em prol do

impeachment de Dilma Rousseff indicam que a pauta da anticorrupção e o antipetismo se

fortaleceram nas ruas90.

Ao contrário do que projeta Pomar (2013), o MPL não se unificou nacionalmente após

2013, se fragmentando em consequência da crise de direção desencadeada pela derrota após as

mobilizações.91 Dois anos após os protestos, o setor mais dinâmico do grupo afastou-se do

movimento por direito à cidade, retornando a suas origens estudantis. Reorganizando-se entre

os secundaristas que atuavam na base do MPL e adotando o nome de “Mal Educado”, o novo

grupo dirigiu uma onda de ocupações de escolas públicas em São Paulo ao final de 2015.

Segundo Ortellado (2016), as ocupações representaram a “continuidade da cultura organizava

que liga o Movimento Passe Livre (MPL) ao coletivo Mal Educado e este aos estudantes” (p.

15).

90 “As manifestações de 2013 tiveram basicamente dois tipos de reivindicações: uma crítica da representação,

decorrente da crise de legitimidade do sistema político e a defesa dos direitos sociais, principalmente educação,

saúde e transporte. Esse duplo legado foi dividido entre os campos políticos: de um lado o próprio MPL, o

movimento contra a Copa do Mundo de 2014, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto e outras iniciativas

semelhantes levam adiante o legado social; de outro, as manifestações convocadas por grupos de direita como

Vem Pra Rua e Movimento Brasil Livre levaram adiante o legado “antipolítico” de junho, explorado

exclusivamente na chave de combate à corrupção.” (Ortellado, 2016, p. 15). Ortellado (2016), porém, assim como

parte da bibliografia que identifica nos protestos de 2013 um novo paradigma, acaba por secundarizar a força da

dinâmica política estabelecida no eixo PT versus anti-PT, que em 2016 vai resultar em 60% das manifestações

registradas no país. (Galvão & Tatagiba (2019), p. 27) 91 A divisão do grupo foi coberta pela Folha de São Paulo, que afirmou em manchete "Dissidente 'decreta' fim do

Movimento Passe Livre e gera crise interna” (Redação Folha, 2015). A manchete referia-se a artigo publicado no

Passa Palavra com o título "O Movimento Passe Livre acabou?" (Legume, 2015) O debate sobre a crise da

organização é aprofundado no texto "Conversa com Legume” (Daniels, 2015).

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Os protestos de massas entre 2015-16 não contaram com a simpatia do MPL. Parte

relevante dos iniciadores de junho, à exceção do MTST, se ausentaram do processo de

mobilização contra a queda do governo. Os sindicalistas, pouco presentes nas manifestações

de massas em 2013, tentaram se articular em duas frentes políticas, a Frente Brasil Popular e a

Frente Povo Sem Medo, mas tampouco tiveram centralidade nos protestos contrários ao

impeachment (Galvão e Marcelino, 2018). A fragmentação política e sindical iniciada nos anos

90, somada à política de austeridade aplicada pelo PT após as eleições de 2014, reduziram a

influência da ala esquerda do sindicalismo, dentro da CUT e fora dela.

Ortellado (2016), mesmo identificando o MTST, principal movimento popular a

participar das mobilizações contra o impeachment em São Paulo, como um dos herdeiros de

junho, evita identificar relações entre os protestos contra o golpe e aqueles de 201392. Já para

Boulos, “os protestos de 2013, principalmente a partir do dia 20 de junho em São Paulo,

Brasília e Curitiba, abriram espaço para o avanço da direita” que seria a principal beneficiária

das mobilizações nacionalmente. O MTST também entendia os protestos contra o golpe

institucional, devido a sua composição social assim como a seu programa político, como

continuidade das jornadas de junho.

Mesmo que os protestos de 2013 tenham introduzido a alta classe média na ação de

massas nas ruas, eles também abriram espaços para os movimentos sociais consolidarem

ganhos. Segundo Tatagiba e Galvão (2019) “o pico de mobilizações em 2013 abre

oportunidades políticas inéditas para os setores oposicionistas, à direita e à esquerda do PT,

conformando um cenário de crise política que, associado à crise econômica, abre caminho para

o impeachment” (p. 32). A divisão da esquerda em movimentos, sindicatos e partidos com

posições distintas durante a crise também contribuiu para o fortalecimento das mobilizações

de rua da direita, que ocorreram sem enfrentamentos. O diferencial nesse contexto foi a

ascensão do conservadorismo e o surgimento de movimentos anticorrupção, que

permaneceram mobilizados com uma pauta bastante unificada, como veremos neste capítulo.

92 Segundo entrevista concedida pelo coordenador nacional do MTST, Guilherme Boulos, em 23 de agosto de

2016 ao autor,, entre 2015-16 o movimento possuía maior proximidade com as entidades sindicais e populares do

que de grupos como o MPL ou o movimento contra a copa.

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1. A crise política pós-2013

Junho de 2013 inicia uma crise política, mas não uma situação revolucionária.

Enquanto as situações revolucionárias significam a transição do capitalismo para o socialismo,

a crise política é a transformação da correlação de forças por dentro do bloco no poder

(Poulantzas, 1976 p. 79). Esta transformação exige uma mudança estrutural nas instituições do

Estado, que no Brasil se expressa no ativismo político do judiciário, Ministério Público, Polícia

Federal, e crescentemente, das Forças Armadas. A crise iniciada em junho é uma crise da

representatividade não orgânica da burguesia interna, isto é, quando a alta classe média inicia

uma ofensiva política e ideológica “anticorrupção”, questionando a hegemonia da burguesia

interna no bloco no poder, a frente neodesenvolvimentista se desmantela devido às tensões de

fundo entre as classes populares e o bloco. Este processo acaba fragilizando o apoio da

burguesia interna ao governo Dilma. Diferentemente do ocorrido na crise do mensalão de 2005,

quando a "burguesia interna se opôs publicamente, através de documentos e declarações à

imprensa” à derrubada do governo. (Spinace, 2019 p.82), em 2016 ela rompeu com ele.

Segundo Saad Filho e Morais (2018), as contradições entre o neoliberalismo enquanto

sistema de acumulação e a democracia como forma política levaram ao golpe institucional de

2016. (p. 33) Devemos denominar este processo, segundo Boito, “de ofensiva restauradora,

porque seu objetivo era restaurar a hegemonia do neoliberalismo puro e duro. Essas forças

viram no declínio do crescimento econômico a oportunidade de lutar contra as medidas de

radicalização do neodesenvolvimentismo tomados pela presidente Dilma - a redução inusitada

da taxa básica de juros, novas medidas protecionistas e a depreciação cambial, entre outras.”

(Boito, 2016 p. 28). Construída em torno do discurso anticorrupção, a ofensiva restauradora

deparou-se com uma pequena resistência do PT e da esquerda em geral.

Expresso na defesa de Dilma Rousseff pela construção de “uma grande nação de classe

média” (Rousseff, apud Cavalcante e Aires, 2019, p.24) o abandono do discurso classista pelo

PT fortaleceu o movimento anticorrupcão. O deslocamento na curva de distribuição de renda

entre os 40% mais pobres, produto da formalização e expansão dos empregos no setor de

serviços, segundo Pochmann (2014), reforçaram “os laços significativos da volta da

mobilidade social ascendente no país, sobretudo na base da pirâmide social brasileira, que nada

tem de novo, tampouco de classe média” (p. 18). A política de conciliação do PT, porém, ao

invés de apresentar este processo de fortalecimento e expansão da classe trabalhadora pelo que

ele era, obrigava o partido a descrever tal fenômeno como o surgimento de uma “nova classe

média”. Cavalcante & Arias (2019) argumentam que o papel da direção do PT, ao afirmar que

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“não seria mais possível fazer uso de categorias, como proletariado ou classe trabalhadora, para

sustentar o projeto de diminuição de desigualdades” desarmou sua base (p. 24).

A polarização no eixo “petismo x antipetismo” pós-Junho ganhou força com a

mobilização política ocorrida nas eleições presidenciais de 2014, que obrigou o PT a deslocar

sua campanha à esquerda para se diferenciar do PSDB, ganhando pela quarta vez a Presidência

da República. A vitória eleitoral, porém, se constituiu em derrota política, uma vez que colocou

em xeque a correlação de forças na qual se centrava o projeto neodesenvolvimentista. A

resposta dada pelo partido foi uma guinada à direita logo após as eleições. Segundo Singer

(2018) o governo, “na mesma noite da vitória, deixa vazar para a imprensa que buscaria um

ministro da fazenda no setor financeiro, negando frontalmente as palavras solenes que

pronunciara ao longo da disputa. Em consequência, a expressão ‘estelionato eleitoral’ ficou

gravada a ferro na Dilma da fase 2” (p. 293). Deve-se ressaltar, porém, que a política possuía

o aval de Lula, que ao invés de Joaquim Levy no Ministério da Fazenda, defendia o nome de

Henrique Meirelles.93 Destaca-se nesse giro à direita do governo petista a aprovação da lei

antiterrorismo (13.260/2016), duramente criticada por movimentos sociais, assim como a

restrição ao acesso de direitos trabalhistas e previdenciários, como seguro-desemprego,

auxílio-doença e pensão por morte (MP 664, 665)94.

Este processo serviu para consolidar o afastamento de organizações socialistas, como

PSOL, PSTU e PCB, do campo encabeçado pelo PT e PC do B. Assim, os movimentos sociais

de esquerda reagiram à deterioração das condições econômicas e à política de austeridade. As

greves continuaram em alta: passaram de 2057 em 2013 para 2085 em 2014, cairam um pouco

em 2015, para 1964, e voltaram a subir em 2016, com 2114 greves no total (Dieese apud

Galvão, 2019, p. 70).

No entanto, diante das ameaças aos direitos e à democracia representados pela substituição de

Dilma por Temer, muitos desses movimentos se integraram às frentes contra o impeachment,

mas não tiveram força política para enfrentar seus adversários.

93 Segundo a Folha de S. Paulo, em novembro de 2015, Lula defendia que "Meirelles à frente do Ministério da

Fazenda traria uma "perspectiva de futuro" para o mercado financeiro e "mudaria o humor" da sociedade” (Seabra,

Uribe, Dias, 2015) 94 Segundo Saad Filho e Morais (2018) apesar de tais medidas “politicamente, Dilma Rousseff foi a presidenta

mais à esquerda no Brasil desde João Goulart. Ela manteve o núcleo da equipe econômica de Lula, mas substitui

o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, por Alexandre Tombini, funcionário de carreira mais alinhado

às prioridades da nova mandatária” (p. 172).

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102

2. A esquerda na crise

A greve dos garis durante o carnaval carioca de 2014 pode ser interpretada como

continuidade dos protestos de Junho. A distinção na composição de classe entre os dois

movimentos, porém, é limitador importante nas comparações. Segundo Badaró, “Apesar do

incômodo com o acúmulo de lixo nas calçadas e ruas, em plena festa carnavalesca, a maioria

da população da cidade apoiou a greve e quando, em 7 de março, os garis fizeram sua maior

manifestação pelo Centro da cidade onde foram fortemente aplaudidos e receberam muitas

adesões em seu protesto. Imediatamente após essa demonstração de força, a Prefeitura do Rio

de Janeiro, que havia classificado a greve como “motim” e mobilizara escoltas policiais para

forçar os garis a trabalharem, chamou os líderes da greve para negociar e a paralisação se

encerrou com ganhos substantivos para os trabalhadores” (Badaró, 2016). O autor enxerga

similaridades entre este processo e a greve dos metroviários em junho de 2014, que parou o

transporte em São Paulo por cinco dias. Ao contrário da greve dos garis, o protesto ocorreu por

dentro da estrutura representativa formal, cuja particularidade era o sindicato estar sob direção

de correntes socialistas. Associando a mobilização salarial aos protestos contra o aumento da

tarifa de 2013, antes de desencadear a greve, o sindicato propôs como alternativa para evitar

transtornos à população a abertura das catracas, política programática do MPL. 95

Principal mobilização dos trabalhadores na cidade após junho de 2013, o processo foi

marcado por piquetes radicalizados, principalmente na estação Ana Rosa, onde houve

enfrentamento com a Tropa de Choque. Enquanto a greve começou com força, as divisões

fracionais na diretoria96 – produto da fragmentação da CUT - levaram os dirigentes a prolongar

a greve contra a vontade do setor operário da manutenção e dos motoristas de trem, principais

vértebras da categoria, assim como alienaram a população da cidade, que aguardava

ansiosamente pela Copa do Mundo. Após a divisão interna na diretoria devido à recusa da

95 Segundo o jornal Estado de São Paulo, “Alckmin foi taxativo sobre o impedimento da medida e também negou

a hipótese de assumir pessoalmente a negociação com os metroviários. A direção do Sindicato dos Metroviários

pede que as tratativas da campanha salarial sejam feitas diretamente com o governador - e não com a administração

da empresa.” (do Vale, 2014) 96 Repetidamente a coalizão formada entre PSOL, PSTU e socialistas independentes que compunham a chapa

dirigente do sindicato se enfrentou em plebiscitos na base, corroendo laços de solidariedade interna. Após

desfiliarem a entidade de uma das centrais surgidas em ruptura com a CUT - a CTB, ligada ao PC do B e à antiga

gestão – os novos diretores passaram a disputar constantemente votos entre si em torno da filiação e desfiliação a

outras centrais sindicais de esquerda, tema de importância secundária para a base da categoria.

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maioria do sindicato em aceitar a proposta de acordo do Tribunal Regional do Trabalho (TRT)

e o consequente acirramento da repressão com a demissão de 42 líderes dos trabalhadores, a

liderança foi forçada a recuar, aceitando um acordo inferior ao originalmente proposto pelo

Tribunal.

2.1 As ocupações dos secundaristas

A guinada à direita na sociedade, ao mesmo tempo, impediu uma maior politização

entre estudantes secundaristas em São Paulo - que ao final de 2015 iniciaram uma onda de

ocupações de escolas públicas - assim como acirrou rivalidades sectárias entre a corrente

autonomista e as entidades secundaristas sob influência do PT e seus aliados, que também

participaram das mobilizações (Campos, Medeiros e Ribeiro, 2016, p.50). Assim como a

redução da tarifa em junho de 2013, a onda de ocupações secundaristas que impediu a aplicação

da política de arrocho fiscal pelo governo do Estado de São Paulo na área da educação, ao final

de 2015 (que pretendia “reorganizar” cerca de um milhão de estudantes para reduzir custos

fechando salas de aula) foi dirigida pelo campo autonomista.

Segundo boletins da Apeoesp, o anúncio da suposta reorganização resultou em forte

mobilização secundarista, que entre os dias 8 de novembro de 2015 e 19 de janeiro de 2016

ocuparam mais de 200 escolas. (Campos, Medeiros, Ribeiro 2016 p. 334-5) Ao contrário dos

protestos de 2013, cuja massificação ocorreu por meio da ação da grande imprensa, segundo

Ortellado (2016) "a capilaridade do sistema de ensino que atravessa todo o território do estado

serviu como correia de difusão das notícias tanto sobre o fechamento das escolas, como do

processo de luta dos estudantes." (p. 14) As diferenças na forma com que os protestos foram

convocados expressam suas diferentes bases sociais.

Para Ortellado (2016), “os secundaristas conseguiram, pelo caráter social da sua

reivindicação e pelo caráter radicalmente democrático da sua organização, reunir as duas

metades de junho” (p. 15) isto é, o campo que incluiria MTST, MPL e os grupos contra a Copa

do Mundo, ao lado das organizações liberais de direita. O envolvimento ativo de secundaristas

dirigidos pelo PT e PC do B nas mobilizações contra o golpe é ignorado por Ortellado (2016).

Governo no município, o PT integrava a oposição ao governo do Estado, reivindicando o

movimento contra Geraldo Alckmin e o PSDB97. Ao mesmo tempo, as organizações a favor

97 A pesquisa de Campos, Medeiros e Ribeiro (2016) representa a documentação mais completa, escrito da

perspectiva dos estudantes, sobre as ocupações secundaristas de 2015-16. Em conjunto com entrevistas a

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do impeachment tiveram destaque na organização de ofensivas políticas e até mesmo ataques

físicos contra a movimentação secundarista, principalmente a partir da nacionalização das

ocupações de escola.98

Apesar da ausência da universalização do ensino médio no Brasil99, não se pode atribuir

automaticamente a condição de classe dos secundaristas à classe média. O principal recorte

que separa a classe média dos trabalhadores neste quesito é a natureza da escola, se pública ou

privada. Enquanto podem haver nichos específicos com recorte mais próximo à classe média

nas escolas de ensino técnico, sua principal característica é a predominância das classes

populares.

Organizados sob direção da fração mais dinâmica do MPL, agora com nome de "Mal

Educado”, o movimento de ocupação de escolas, assim como a greve dos garis e do metrô,

expressou os impulsos mais autênticos da primeira fase dos protestos de 2013. Utilizando-se

da legitimidade conquistada em junho, o Mal Educado se projetou ao distribuir panfletos com

o endereço eletrônico para uma cartilha de oito páginas. Segundo Campos, Medeiros e Ribeiro

(2016) “o manual “Como ocupar um colégio?” foi traduzido e adaptado pelo coletivo a partir

de documento elaborado pela seção argentina da “Frente de Estudiantes Libertários”, sobre sua

experiência organizacional, inspirada, por sua vez, no ativismo dos secundaristas chilenos100”

(p. 55).

militantes do MPL (principalmente os quadros B, F e G, realizadas em...) que mais tarde fundaram o grupo Mal

Educado, ela será utilizada como principal base bibliográfica para o presente capítulo. 98 Esses ataques foram protagonizados sobretudo por movimentos de direita que surgiram em 2013. Além de

projetos como “Escola Sem Partido”, apoiados pelo MBL, quando o movimento secundarista se nacionalizou o

grupo passou a intervir de forma violenta, principalmente em Curitiba, para desocupar as escolas agredindo

estudantes. (Rossi, 2016) 99 Segundo dados da Pnad contínua de 2016, nacionalmente "enquanto 96,5% da população de 6 a 14 anos está

no ensino fundamental, a porcentagem cai para 68% dos jovens de 15 a 17 anos no ensino médio, e 23,8% das

pessoas do grupo de 18 a 24 anos no ensino superior.” (Ferreira, 2017) Mesmo que a média de estudantes

matriculados no ensino médio em São Paulo seja mais elevada que a nacional, ela não atinge níveis próximos à

quase universalização do ensino fundamental. 100 A cartilha do Mal Educado revela, a nível internacional, que as correntes autonomistas possuíam vínculos

concretos com movimentos de esquerda na América Latina muito maiores que aqueles na Europa, América do

Norte e Oriente Médio descritos por Gohn (2013). Outro exemplo destes vínculos pode ser identificado no artigo

publicado no Passa Palavra com o título, “Após solidariedade internacional, militantes do MPL são perseguidos

no México” (Redação, 2013c)

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Enquanto a base social das ocupações, principalmente nas regiões periféricas, era

essencialmente composta pelas classes populares, a natureza de classe do grupo Mal Educado

pode, assim como no caso do MPL, ser definido como de classe média. A despeito de tirarem

seu nome de um jornal originalmente distribuído na Escola Estadual José Vieira Dutra, na

Cidade Dutra, extremo sul de São Paulo, e de em um segundo momento incluírem mais escolas

públicas, sua origem organizacional relaciona-se às escolas de elite da cidade. Segundo

Campos, Medeiros e Ribeiro, o grupo surge em torno da Poligremia, articulação secundarista

que compunha a base de mobilização do MPL durante as jornadas contra o aumento da tarifa

de 2011101 (p. 60-2). Tirando a ETEC Basilides de Godoy, as escolas fundadoras da Poligremia

- Escola da Vila, Santa Cruz, Equipe, Vera Cruz e Santa Clara, possuem mensalidade acima da

média do resto da cidade, localizadas em bairros de classe média ou média alta. Esta relação

geográfica se expressou na centralidade da Escola Estadual Fernão Dias, em Pinheiros, no

processo de organização das ocupações (p. 84-85). Embora seus estudantes não devam ser

confundidos com a classe média, sua proximidade física com ela e com as escolas particulares

permitiu uma intervenção mais bem estruturada pelo grupo autonomista.

A ocupação dos estudantes secundaristas, diferentemente de 2013, ocorreu em meio ao

crescimento da corrente autonomista, a estagnação dos socialistas e a crise dos petistas.

Distinto ao período anterior a junho, ele foi marcado por um comportamento muito menos

cooperativo dos coletivos autonomistas em relação ao campo político encabeçado pelo PT. De

forma oposta às jornadas contra o aumento da tarifa de 2011, durante o movimento de ocupação

das escolas, o Mal Educado centrou esforços na polarização com o PT. Segundo Campos,

Medeiros e Ribeiro “o conflito entre entidades representativas (em especial a [União Municipal

dos Estudantes Secundaristas] Umes-SP e, mais tarde, a União Paulista dos Estudantes

Secundaristas-Upes e a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas-Ubes) e estudantes

autônomos (organizados em coletivos ou não) foi uma constante no desenvolvimento do

movimento dos secundaristas” (p.50).

Apesar de iniciativas relevantes dos trabalhadores organizados, como garis e

metroviários, assim como de estudantes secundaristas, terem ocorrido ao longo do período

101 O vínculo entre Mal Educado, MPL e o site Passa Palavra é destacado por Campos, Medeiros e Ribeiro (2016).

Segundo os autores, “quatro estudantes que participaram da Poligremia escreveram, no mesmo ano de fundação

do coletivo Mal Educado, um artigo, publicado no site Passa Palavra, com o título “A experiência da Poligremia

- autocrítica em busca de um sentido histórico no movimento secundarista”.” (p. 62).Texto fundacional do grupo,

ele remete à origem do coletivo a "colégios particulares de tradição pedagógica crítica”. Ver também Martins,

Cordeiro, Mandetta e Hotimsky (2012).

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entre 2015-16, elas foram incapazes de ocupar o centro da agenda política. A composição social

destes movimentos em parte explica sua falta de protagonismo, uma vez que as insatisfações

da classe média alta passaram a ocupar o centro da política nacional. Mas um outro fator

contribuiu para isso, qual seja, a fragmentação da esquerda.

2.2 A fragmentação da esquerda

O papel desempenhado pelo PT, principalmente após as eleições de 2014 - em que

passa a aplicar uma política de austeridade fiscal na tentativa de equilibrar suas políticas

neodesenvolvimentistas nos marcos do neoliberalismo – contribuiu para cristalizar a

fragmentação da esquerda, enfraquecendo-a inclusive a nível ideológico na medida em que a

desarma para resistir ao neoliberalismo, um processo em curso desde os anos 90 na CUT.

(Galvão 2016, Cavalcante & Arias, 2019) Esta desorganização, que dividiu socialistas e

petistas em centrais sindicais rivais também se expressou em conflitos entre autonomistas e a

centro-esquerda ao longo das ocupações secundaristas de 2016 em São Paulo. A fragmentação

em parte refletiu, como apontam Galvão, Marcelino & Trópia (2012), divisões de classe,

havendo também paralelos entre o distanciamento dos autonomistas da base da Ubes com a

política das correntes socialistas que as afastou das bases operárias do PT.

A cristalização da fragmentação entre petistas e socialistas, acompanhada paralelamente pelo

acirramento do conflito interno entre os próprios socialistas, segundo Haddad, em parte explica

a derrota eleitoral do PT em São Paulo nas primeiras eleições municipais posteriores aos

protestos de 2013. Durante as eleições municipais de 2016, marcada pelo golpe institucional

que tirou o PT do poder, Haddad teve apenas 16,7% dos votos totais, votação mais baixa da

história do partido (G1, 2016). Eduardo Suplicy, na primeira disputa do PT em 1985, recebeu

19,75% (Acervo Globo, 2016). A divisão em três do legado petista na cidade, expresso na

candidatura de Marta Suplicy pelo PMDB (que rompe com o PT em abril de 2015) assim como

"a candidatura de Erundina pelo PSOL, complicaria ainda mais o quadro já fragmentado e

abriria uma avenida para João Doria” (Haddad, 2017). Este processo de divisão interna, que se

inicia com a chegada do PT à Presidência da República, ocorre também a nível sindical.

O primeiro marco em escala nacional da fragmentação do sindicalismo ocorre em

março de 2004, com o surgimento da Conlutas, que nasce em oposição à participação da CUT

no Fórum Nacional do Trabalho. Forma de tripartismo que reunia estado e patronato no mesmo

patamar que os trabalhadores, o fórum foi visto pelos socialistas de distintas matrizes como

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uma forma de cooptação. Posterior à Conlutas, outras correntes da esquerda da CUT criaram a

Intersindical em 2007, que logo em seguida se fragmentou em grupos rivais (Galvão,

Marcelino e Trópia (2012).

A principal tentativa de unificação do movimento sindical e por direito à cidade anterior

aos protestos de junho, o Conclat de Santos de 2010, apesar da proposta inovadora de incluir

movimentos populares e de estudantes ao lado de entidades sindicais em sua estrutura

deliberativa, foi incapaz de unificar os principais grupos que o convocaram; a Intersindical,

Conlutas e MTST. A presença de movimentos de moradia no processo expressava a proposta

de uma estrutura capaz de abarcar movimentos como o próprio MPL, amarrando os sindicatos

às novas formas de intervenção. O projeto do Conclat em parte fracassa pela fragmentação

eleitoral das direções sindicais do PSTU e do PSOL, que após a construção de uma frente única

em torno de Heloisa Helena como candidata à Presidência da República, lançam candidaturas

próprias para as eleições de 2010. Posterior a Junho, iniciativas como a Frente de Esquerda de

2006 ou o Conclat de Santos deixam de ocorrer.

Segundo Singer (2018), “caso tivesse se conectado com o ensaio desenvolvimentista

numa ponta e com as greves noutra, junho poderia ter representado um momento de ascensão

da luta dos trabalhadores” (p. 118). A radicalização a nível federal do projeto

neodesenvolvimentista, em que o governo Dilma adotava uma postura mais combativa em

relação aos bancos, fracassou segundo o autor por não ter sido acompanhada de ações

populares. Relativizando a dinâmica entre o PT e a burguesia interna, Singer identifica como

principal obstáculo, além da distância pessoal entre Dilma e o movimento sindical, que “as

direções sindicais evitaram politizar a onda de greves”, já mencionada. Como consequência,

"na ausência de uma resposta à esquerda, a não ser aquela oferecida pelo PSOL e agremiações

com menor inserção institucional, o centro e a direita ocuparam o espaço” (Singer, 2018, p.

119).

Uma característica da fragmentação da CUT foi afastar o PSOL e o PSTU da base

operária dirigida pelo PT. A hipótese levantada por Boito, de que a fragmentação pela esquerda

da CUT pudesse “repercutir, também, na orientação dos sindicatos que apoiam o governo,

levando-os a assumir, em alguns casos, uma posição mais crítica diante da política

neodesenvolvimentista” (p. 185) não se concretizou. Segundo Galvão, Marcelino e Trópia

(2012), “Quando isolamos as entidades sindicais da Conlutas e as comparamos às da

Intersindical, verifica-se em ambas o peso do sindicalismo do setor público. Na Intersindical,

58% dos sindicatos são do setor público, seguidos do setor privado (23,3%) e por entidades

sindicais públicas e privadas (12,5%)”; na Conlutas este número atingiu 42% no setor público

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contra 20% no privado (p. 36). Segundo as autoras, é possível identificar um peso

desproporcional de frações de classes médias nas novas entidades, em particular “segmentos

de trabalhadores com salários mais elevados na Conlutas, sobretudo professores das

universidades federais e funcionários do sistema judiciário.” (Galvão, Marcelino & Trópia,

2012 p. 43)

Esta fragmentação entre trabalhadores que exercem função intelectual organizados

pelas correntes socialistas e a base operária e popular do PT teve efeito estruturante durante o

ciclo de protestos entre 2011 e 2016. Segundo Cavalcante e Arias, a fração de classe média que

saiu às ruas contra o impeachment “secundarizou ideologias orgânicas à sua própria condição

de classe, como a ideologia meritocrática, e acentuou as convergências com os demais

trabalhadores assalariados” (2019, p. 2), porém a ausência de uma estrutura política, sindical

ou estudantil que potencializasse estas posições, limitou o alcance do apelo.

3. A base social das mobilizações a favor e contra o golpe institucional

A presença das classes médias no campo da esquerda e da direita é algo destacado por

alguns autores (Galvão, 2016; Boito, 2018, Cavalcante & Arias, 2019), que procuram

compreender a divisão das classes médias indicando a relação entre suas diferentes frações e

as diferentes posições político-ideológicas que sustentam: “a classe média teve participação

decisiva nos dois blocos, o que faz com que os públicos das manifestações tenham mais

semelhança entre si do que em relação à população em geral; mas a classe média,

especificamente sua fração superior, desequilibra a correlação de forças ao pender

majoritariamente para o campo “verde amarelo”.” (Cavalcante & Arias, 2019, p. 14) Principal

expressão desta nova realidade ocorreu em março de 2016, quando os dois lados mediram

forças nas ruas, a direita mobilizando 500 mil pessoas,102 e a esquerda 95 mil. Cerca de um

102 Segundo Cavalcante & Arias (2019) “Uma mudança fundamental ocorreu em março de 2016, quando os

processos da Lava Jato atingem mais diretamente o ex-presidente Lula, que é levado a depor, pelo controverso

procedimento da “condução coercitiva”, à Polícia Federal no dia 4 daquele mês.” (p. 14) Enquanto organizações

da classe média alta (Boito, 2016) o papel de mobilização de instituições como a Polícia Federal (PF) e o

Ministério Público (MP) não devem ser subestimados em detrimento dos grupos que operacionalizaram as

manifestações. Usando as redes sociais para mobilizar seus apoiadores e discursando em carros de som nos atos,

as próprias entidades representativas dos membros do MP e PF tiveram papel de condução dos protestos.

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mês depois, a Câmara dos deputados aceitou o pedido de impeachment de Dilma Rousseff,

com o processo sendo finalmente consumado dia 31 de agosto no Senado.

A análise da composição social dos protestos ocorridos em 2015-16 (tabela 5) permite

identificar traços de continuidade entre junho e os movimentos favoráveis ao impeachment ou

contrários ao golpe.

Tabela 5 - Composição social dos protestos em 2015-16 Fora Dilma Fica Dilma Fora Dilma Fica Dilma Media de S. Paulo

Mês do protesto Março 2015 Março 2015 Março 2016 Março 2016

Estimativa de público 210 mil 40 mil 500 mil 95 mil 12 milhões

Ocupação

PEA 85% 87% 82% 80% 75%

Assalariado registrado 37% 19% 31% 32% 35%

assalariado sem registro 3% 3% 2% 3% 7%

funcionário publico 4% 44% 5% 15% 3%

autônomo regular 11% 6% 12% 9% 9%

Profissional liberal 7% 1% 8% 4% 1%

Empresário 14% 2% 12% 6% 2%

Free-lance / bico 4% 5% 4% 6% 9%

Estagiário/ aprendiz 1% 1% 0% 2% 1%

Outros PEA 0% 1% 2% 0% x

Desempregado 3% 5% 5% 3% 7%

NÃO PEA 15% 13% 18% 20% 25%

Estudante 5% 5% 4% 8% 4%

Dona de casa 2% 1% 2% 1% 8%

Aposentado 6% 4% 11% 7% 10%

Desempregado 0% 1% 5% 2% 1%

Gênero

Homens 63% 63% 57% 57% 47%

Mulheres 38% 37% 43% 43% 53%

Consequentemente, a função exercida pelos grupos anticorrupção não devem ser igualadas com as do MPL em

junho de 2013, que atuou, de baixo para cima, como organização promotora daquelas mobilizações.

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Idade

12 a 20 6% 8% 4% 9% x

21 a 25 9% 6% 5% 12% x

26 a 35 28% 27% 19% 27% x

35 a 50 36% 38% 33% 26% x

51+ 21% 21% 40% 26% x

Salário

ate 2 SM 7% 18% 6% 9% 29%

2 a 3 SM 7% 20% 8% 12% 43%

3 a 5 SM 15% 24% 17% 23% 15%

5 a 10 SM 27% 21% 26% 28% 8%

10 a 20 SM 22% 10% 24% 18% 2%

20 a 50 SM 16% 1% 11% 5% 1%

Mais de 50 SM 3% 1% 2% 1% 1%

Cor

Branco 69% 56% 77% 62% 48%

Pardo 20% 28% 15% 20% 33%

Preto 5% 12% 4% 14% 14%

outro 5% 4% 3% 4% 5%

Escolaridade

Fundamental 2% 14% 4% 5% 27%

Médio 21% 18% 18% 18% 45%

Superior 76% 68% 77% 78% 28%

* Fonte: Datafolha (2013a, 2013b, 2015a, 2015b, 2016a, 2016b) Fundação Perseu Abramo (2015)

Nos protestos contra o golpe institucional, há alta participação de funcionários públicos,

44% em 2015 e 15% em 2016. Há também grande presença em suas fileiras de participantes

recebendo acima de 5 salários mínimos, 53% dos presentes no maior ato anti-impeachment de

2016, dando lhes feições de um movimento de classe média com participação minoritária da

classe média baixa. Já o alto número de profissionais liberais, 7% em 2015 e 8% em 2016 nos

atos pró-impeachment, assim como de empresários, 14% em 2015 e 12% em 2016, implicam

uma base social com a presença da alta classe média assim como da pequena e média burguesia.

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111

Tal fato é sublinhado pela média salarial dos protestos da direita, com mais de 35% dos

manifestantes em 2015 e 2016 recebendo mais de 10 salários mínimos em média. Assim,

enquanto ambos os movimentos favoráveis e contrários ao golpe institucional sejam das classes

médias, a classe média alta tem maior relevância na composição social dos protestos pro-

impeachment. Segundo Cavalcante e Arias (2019) “A ambivalência do efeito do reformismo

fraco em ocupações de maior qualificação exige que a pergunta sobre a revolta da maior parte

da classe média seja colocada não em termos estritamente de renda, mas de reação à diminuição

da desigualdade.” (p.20) Consequentemente, foi o temor na queda do estatus social que

permitiu à direita mobilizar números muito maiores na classe média que a esquerda.

3.1 A reorganização da direita

O surgimento dos protestos de direita, que a partir de junho de 2013 dão um salto

qualitativo, tem origem em 2007. Remetem ao movimento Cansei, que organizou duas

manifestações de rua entre julho e agosto daquele ano, e cujo um dos co-organizadores, João

Doria, foi eleito prefeito de São Paulo em 2016. Criado cinco dias após um acidente aéreo em

Cumbica, de queda de um avião da TAM em que morreram 199 pessoas, buscava atrelar o

tema da corrupção ao chamado “caos aéreo”. Em termos de mobilização, os protestos tiveram

baixo engajamento, não superando 5 mil pessoas. Sua relevância se deu mais no campo da

articulação política, revelando as primeiras movimentações dos profissionais de classe média

contra o governo, expressa na participação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) na

organização do movimento. O principal fio de continuidade entre aqueles protestos e a

massificação, pela direita, das manifestações de junho foi a ideologia anticorrupção. (Tatagiba,

Trindade e Chaves Teixeira, 2015, p. 197-198).

Os três principais organizadores das mobilizações pró-impeachment, como indicam

Tatagiba, Trindade & Teixeira (2015) e Firmino (2018) são os grupos liberais Vem pra Rua

(VPR), Movimento Brasil Livre (MBL) e Revoltados Online. O VPR existiu desde seu início

como entidade colateral do PSDB, voltado para esconder nos protestos de rua o peso real dos

partidos tradicionais da classe dominante nas mobilizações (Lopes e Sagalla, 2016). Já o grupo

Revoltados Online, em que se destacava o ex-ator Alexandre Frota e a jornalista Carla

Zambelli, foi absorvido pela estrutura política da família Bolsonaro, Frota e Zambelli sendo

eleitos deputados pelo PSL em 2018. O MBL, grupo mais ativo entre os três, possui raízes

próprias. Segundo Firmino, “evidências apontam que o MBL surgiu como um braço da

organização “Estudantes pela Liberdade” (EPL), fundada em 2012, e que atua como a seção

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brasileira da Students For Liberty, organização de perfil “libertariano” criada em 2008 nos

Estados Unidos, com o objetivo de descobrir e treinar jovens lideranças universitárias tendentes

ao “libertarianismo”. Mais precisamente, o MBL teria sido uma tentativa do EPL de promover

suas pautas nas manifestações de junho de 2013103” (Firmino, 2018). Defensores do livre

mercado, dados colhidos nos protestos de direita revelam que estes movimentos têm enquanto

base setores ideologicamente reacionários da classe média (tabela 6).

Em pesquisa realizada por Solano, Ortellado & Nader (2016) nos protestos de direita em 2015

“a esmagadora maioria concorda com as seguintes afirmações: “Cotas nas universidades geram

mais racismo” (71%) e “O Bolsa Família só financia preguiçoso (60%). Em outro

levantamento, realizado no mesmo dia, ao serem perguntados quais ações do governo afetaram

negativamente sua vida: 45% mencionaram o Bolsa Família, 44% o auxílio reclusão e 36% as

cotas raciais nas universidades públicas. Sobre as que afetaram mais positivamente, destaca-se

o Prouni com 29% de aprovação” (Tatagiba, Trindade e Chaves Teixeira, 2015, p. 209).

Tabela 6 - Opinião e Boato entre manifestantes anticorrupção

O PT quer implantar um regime comunista no Brasil

Fabio Luís Lula da Silva, o Lulinha, é sócio da Friboi

O Foro de São Paulo quer criar uma ditadura bolivariana no Brasil

não respondeu / nenhum

1.40 0.70 1.10

concorda 64.10 71.30 55.90

não sei 4.60 17.30 21.90

não concorda 29.90 10.70 21.20

103 Padrão similar ao identificado por Firmino, segundo Ciccariello-Maher (2016), pode ser identificado na

Venezuela. Para o autor, instituições como o "National Endowment for Democracy (NED), International

Republican Institute (IRI), e a United States Agency for International Development (USAID) - tem utilizado

recursos para treinar a oposição venezuelana na nova geração de combate bélico que utiliza a não-violência

estratégica para tentar derrubar presidentes democraticamente eleitos.” (p. 113-14) Similar ao MBL, que negava

relações com partidos políticos até a eleição de suas figuras públicas, como Fernando Holiday em 2016 e Kim

Kataguiri em 2018 (ambos pelo pelo DEM) “estudantes nas linhas de frente dos protestos de 2013 insistiam que

seu movimento era espontâneo e não tinham relação alguma com a oposição venezuelana ou qualquer partido

político existente. A conexão que já era óbvia aquela época, porém, foi rapidamente confirmada quando quase

todos os dirigentes estudantis se filiaram a partidos políticos da oposição. O mais visível de todos, Yon

Goicoechea, mais tarde ganhou um prêmio do Instituto Catho, dos Estados Unidos, com o nome do fundador do

neoliberalismo, Milton Friedman - um titulo adequado.” (p. 114)

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Cotas nas universidades geram mais racismo

O PCC é um braço armado do PT

O bolsa-família só financia preguiçoso

O PT trouxe 50 mil haitianos para votar na Dilma nas últimas eleições

não respondeu / nenhum

1.20 1.20 1.10 1.20

concorda 70.90 53.20 60.40 42.60

não sei 6.30 17.90 5.30 29.20

não concorda 21.50 27.70 33.30 27.00

fonte: https://gpopai.usp.br/pesquisa/120415/ (Solano, Ortellado & Nader, 2016) em Tatagiba, Trindade e

Chaves Teixeira, 2015, p. 208-9

A reorganização da direita, traduzida na mobilização nas ruas, contou com o

engajamento de diversas instituições, dos templos cristãos neopentecostais à Polícia Federal e

ao Ministério Publico, cuja atuação possibilitou o fortalecimento da pauta anticorrupção na

sociedade como um todo. Até narrativas bíblicas em torno da corrupção moral tiveram no PT

seu principal alvo,104 contribuindo para a corrosão do partido entre setores populares. Ao

mesmo tempo, a experiência acumulada por grupos religiosos fundamentalistas na organização

da “Marcha por Jesus”, que segundo o Datafolha mobilizou 335 mil pessoas em 2012,

representando experiência organizativa maior que os protestos de 2013 (Redação Folha, 2016),

deu aos grupos neopentecostais experiência de mobilização superior a organizações como

MBL e Vem Pra Rua. Produto destas confluências, segundo Tatagiba e Galvão (2019),

expressou-se em pesquisa divulgada pelo Datafolha, em novembro de 2015 apontando que,

pela primeira vez, a corrupção foi eleita como principal problema pelos brasileiros (para 34%

dos entrevistados), deixando para trás temas tradicionais, como saúde (16% das menções

espontâneas), desemprego (8%) e educação (8%) (Datafolha, 2015)." (p. 28)

O papel da imprensa nas manifestações em prol do impeachment também foi bastante

ativo, o que contradiz a avaliação de Cocco (2015), para quem foi possível testemunhar “no

104 Esta ofensiva ideológica em parte baseou-se, segundo Tatagiba e Galvão (2019) na disseminação da Teologia

da Prosperidade, melhor expressa no crescimento das igrejas neopentecostais (p. 18-19).

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dia 15 [de março de 2015], a mobilização de uma verdadeira indignação, espontânea e

horizontal, mas atravessada por um viés conservador, ou seja por um viés (que não acho que

seja tão majoritário como o governismo tenta dizer) que se preocupa mais com a corrupção

como desvio da regra do que como funcionamento mesmo de um sistema desigual.” O papel

de mobilização da imprensa tradicional (assim como das empresas que gerenciam redes sociais

na internet) relativiza o viés espontâneo descrito por Cocco.

A nova força adquirida pelo MP, PF e poder judiciário, produto das mobilizações

anticorrupção, possibilita uma mudança na correlação de forças do bloco no poder, levando ao

colapso da frente neodesenvolvimentista. Por meio da interação entre protestos de massas e

operações policiais e políticas contra o PT, amplamente cobertos pela mídia, a alta classe média

forçou o descolamento contínuo, de 2014 a 2016, dos setores burgueses que apoiavam o

governo. Este processo, longe de pacífico, incluiu além da prisão de importantes empresários,

a destruição da indústria naval e parte relevante da indústria de construção civil, assim como

de gás e petróleo.105

Enquanto as Jornadas de Junho não tiveram os movimentos anticorrupção como suas

organizações propulsoras, tendo os protestos se dividido a partir do dia 20 em distintas

perspectivas ideológicas (Singer, 2018), durante a segunda metade do ciclo de protestos que se

encerrara 2016, a mobilização anticorrupção foi politicamente mais dinâmica. Ao acumular

contradições entre os diferentes setores, classes e frações de classe, o projeto

neodesenvolvimentista colapsou sem grande resistência popular. Mais que a vontade de

dirigentes partidários e sindicais, a queda do governo Dilma, em última instância consequência

dos protestos de Junho, revelou os limites da política de conciliação de classes no país.

105 Segundo jornal Valor Econômico, por consequência da Operação Lava Jato, a “receita líquida das maiores

construtoras brasileiras encolheu 85% em 3 anos. Em 2015, as empresas faturaram R$ 71 bilhões. Em 2018,

apenas R$ 10,6 bilhões.” (Valor, 2019) Segundo o IEEP Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás e

Biocombustível, “em 2015 a força tarefa provocou a redução do equivalente a 2,0% do PIB em investimentos da

Petrobrás e a diminuição do equivalente a 2,8% do PIB em investimentos das construtoras e empreiteiras; em

2016 calcula-se que a Operação tenha sido responsável pelo encolhimento de 5,0% dos investimentos em

formação bruta de capital fixo no país, bem como reduziu em mais de R$ 100 bilhões o faturamento das empresas

arroladas na Lava Jato. A indústria naval, uma das mais afetadas, chegou a empregar 82.472 mil trabalhadores

em 2014, esse número caiu para 29.539 trabalhadores em 2018.” (INEEP, 2018)

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Conclusão

Um argumento central na presente dissertação é que a transformação dos protestos de

junho de 2013 de um movimento por direito à cidade em mobilizações anticorrupção não era

inevitável. Mas eles ocorreram, e ao ocorrer, desestabilizaram a política de conciliação de

classes do PT. Tal perspectiva se contrapõem a aquela que ao rejeitar a capacidade de ação

relativamente autônoma das classes médias, reduz as mobilizações à mera manobra do grande

capital internacional. Segundo esta leitura, os protestos de junho, desde o início, teriam

representado uma conspiração voltada a tirar o PT do poder, sendo o MPL parte de um projeto

político contrario à esquerda. Polo oposto, ao identificar nas transformações ocorridas no

mundo do trabalho, em particular na expansão do setor de serviços, antagonismos que se

sobrepõem aos conflitos entre classes, entende junho como momento de quebra paradigmática

para os estudos de movimentos sociais. A pauta da anticorrupção, neste contexto, ganharia

caráter possivelmente progressivo, uma vez que viria a representar os anseios legítimos de

novos sujeitos. O presente trabalho buscou apresentar uma perspectiva alternativa, isto é, que

as manifestações de 2013, através de um processo de metamorfose política e social, evoluíram

de uma base policlassista - dirigida por grupos de esquerda descontentes com o reformismo

fraco do PT - para um assalto ao poder, de cima para baixo, da alta classe média, em muito

baseado na mobilização de massas de seus integrantes. Segundo esta hipótese, foi esta fração

de classe, também organizada no aparato estatal pela operação Lava Jato, que estimulou e

auxiliou a fração internacionalizada da burguesia a reorganizar o bloco no poder, reanimando

o neoliberalismo no Brasil.

O agravamento da crise de empregos de alta qualificação, somado ao encarecimento

dos serviços às unidades familiares, estimulou majoritariamente as classes médias às ruas,

porém esta classe não atuou de forma unificada. Nas pesquisas de opinião realizadas nos

protestos de rua em 2015-16, é possível identificar presença maior da alta classe média no polo

a favor do impeachment quando comparado aos setores que se mobilizaram pela democracia.

O elemento decisivo na divisão desta classe parece ter sido ideológico. Uma das frações de

classe média, ao não adotar a perspectiva meritocrática particular a sua localização de classe,

buscou se aliar aos setores populares contra o impeachment. Esta mesma divisão, em termos

distintos, colocou em polos opostos o movimento por direito à cidade e o movimento

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anticorrupção em junho de 2013. Por outro lado, o presente trabalho identificou que os

elementos ideológicos antisindicais e antiestatais nas ideias políticas do MPL, identificáveis

também no site Passa Palavra, podem ter servido enquanto barreira a sua aproximação com as

classes trabalhadoras. Neste sentido, a composição social de classe média do grupo se

expressou em sua política de longo prazo, a despeito de seus objetivos estratégicos iniciais,

voltados às classes trabalhadoras.

Ao ocorrer em paralelo a uma serie de protestos internacionais em que a internet foi

instrumento organizacional, servido não só para divulgar ideias, mas também para mover

pessoas, os protestos brasileiros têm paralelos importantes com a Turquia e o Egito. Em ambos

os país, as manifestações marcaram primeiro uma abertura política dos regimes para em

seguida intensificarem medidas de exceção, com o retorno do exercito à presidência do Egito

e a militarização do regime turco. Em ambos os países, as liberdades democráticas

retrocederam quando comparadas ao período anterior aos protestos.

O ciclo de manifestações entre 2011 e 2016, como identificado no banco de dados de

eventos de protestos, revela 2013 como ponto alto de uma serie de mobilizações estudantis,

sindicais e populares. Será durante o inicio deste ciclo em São Paulo, principalmente ao longo

da campanha contra o aumento da tarifa em 2011, que se consolida o núcleo dirigente do MPL

que estimulou o início dos protestos de junho. Este processo acelera o acumulo de contradições

na frente política encabeçada pelo PT, que ao assumir a prefeitura de São Paulo em 2012, passa

a incentivar ao mesmo tempo a mobilização social e sua repressão pela polícia. Enquanto os

protestos de junho foram marcados por uma pluralidade de experiências distintas pelas cidades

do país, em São Paulo, Curitiba e Brasília, a articulação anticorrupção prevaleceu sobre os

movimentos sociais, estabelecendo novos ritmos à política nacional.

As mobilizações de rua ao longo da campanha pelo impeachment em 2015-16 levaram

à reorganização da direita no Brasil. Este processo, ancorado na articulação política da alta

classe média, devolveu à fração internacionalizada da burguesia a cabeceira do bloco no poder,

que ao longo dos governos petistas foi ocupada prioritariamente pelos setores internos da

economia. Mesmo que tenha resultado na restauração do neoliberalismo ortodoxo no Brasil, a

ofensiva da direita foi incapaz de desmobilizar o movimento grevista desencadeado pelos

protestos de 2013, principalmente no setor de serviços. A luz dos distintos ciclos de protestos

internacionais ocorridos entre 2011 e 2013, seria um exagero dizer que o movimento de junho

foi derrotado. Isto porque, a despeito de maior fragmentação da esquerda socialista e

autonomista, a exceção de alguns casos específicos centrados no Rio de Janeiro, não houve

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repressão generalizada aos ativistas de 2013. A longo prazo, as consequências daqueles

protestos na correlação de forças entre as classes fundamentais segue aberta.

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pacific” The Funambulist, Paris, volume 23, p. 42 maio-junho 2019

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133

Publicações e Revistas Eletrônicas

AUDI, Amanda. DEMORI, Leandro. MARTINS. Rafael Moro “Isto é um pepino para mim:

Deltan Dallagnol deu palestra remunerada para empresa investigada na Lava Jato” 26 de julho

de 2019, The Intercept Brasil Disponível em: < https://theintercept.com/2019/07/26/deltan-

dallagnol-palestra-empresa-investigada-lava-jato/> Acesso em: 1 de agosto de 2019

BRAGA, Ruy. “O fim da CLT?” em Blog da Boitempo, São Paulo, 06/10/2014 Disponível em

< https://blogdaboitempo.com.br/2014/10/06/o-fim-da-clt/> Acesso em: 20 de fevereiro de

2019

BOITO JR, Armando. “O conflito de classe por tras da crise institucional” em Site Brasil de

Fato, São Paulo, 07/12/2016 Disponível em <https://www.brasildefato.com.br/2016/12/07/o-

conflito-de-classe-por-tras-da-crise-institucional/> Acesso em: 20 de fevereiro de 2019

CHOMSKY, Noam; SAUDA, Aldo Cordeiro; ARMENI, Caue; ALBUQUERQUE, Hugo.

ZIGGUI, Guilherme. “Lula é o Principal Preso Político do Mundo”, Jacobin Brasil, PUC-SP,

08/082019 Disponível em < https://jacobin.com.br/2019/08/chomsky-lula-e-o-principal-

preso-politico-do-mundo/ > Acesso em: 18 de agosto de 2019

GALVÃO, Andréia. “As classes médias na crise política brasileira”, Blog Junho, 7/06/16

Disponível em < blogjunho.com.br/as-classes-medias-na-crise-politica-brasileira/ > Acesso

em: 10 de outubro de 2016

COCCO, Giuseppe. “As manifestações de Março de 2015 são o avesso de Junho de 2013.

Entrevista especial com Giuseppe Cocco” Instituto Humánitas Unisinos, São Leopoldo,

23/03/2015 disponível em <http://www.ihu.unisinos.br/entrevistas/541110-as-manifestacoes-

de-marco-de-2015-sao-o-avesso-de-junho-de-2013-entrevista-especial-com-giuseppe-cocco >

Acesso em: 20 de fevereiro de 2019

Jornal eletrônico ou impresso nacional

Folha de São Paulo

Editorial. “Retomar a Paulista” Folha de S. Paulo, 13/06/2013

Redação. “Grupo fica acorrentado para protestar contra aumento da tarifa de onibus em São

Paulo” Folha de S. Paulo, 26/10/2009

Page 134:  · 2020. 7. 13. · ALDO CORDEIRO SAUDA DO DIREITO À CIDADE À ANTICORRUPÇÃO: DESLOCAMENTO DE PAUTAS, DIVERSIFICAÇÃO DE ATORES E DESDOBRAMENTOS DE JUNHO DE 2013 Dissertação

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Redação Folha. “Avaliação é totalmente equivocada', diz deputado” Folha de S. Paulo,

16/06/2013

Redação Folha. “Folha debate cobertura de protestos de rua” Folha de S. Paulo, 07/07/2013

Redação Folha. “Ato 'unificado' tem discursos a favor e contra Dilma” Folha de S. Paulo,

12/07/2013

Redação Folha. "Dissidente 'decreta' fim do Movimento Passe Livre e gera crise interna” Folha

de S. Paulo, 06/08/2013

Redação Folha, “Protesto na av. Paulista é o maior ato político já registrado em São Paulo”

Folha de S. Paulo, 13/03/2016

Redação Folhateen. “Grupo pede transporte gratuito” Folha de S. Paulo, 24/04/2006

BERGAMIM, Giba Jr. “Ex-alunos do colégio Equipe formam linha de frente do Passe Livre em SP”

Folha de S. Paulo, 06/07/2013

CARVALHO, Mário César. “Serviço secreto da PM diz que PSOL 'recruta' punks para

protestos” Folha de S. Paulo, 16/06/2013

MAISONNAVE, Fabiano. “A caminho do confronto” Folha de S. Paulo, 16/06/2013

MONTEIRO, André. BEDINELLI, Talita. BENITES, Afonso. “Grupo do PT engrossa

protesto contra tarifa” Folha de S. Paulo, 11/06/2013

BEDINELLI, Talita. “ato contra a tarifa une punks a ativistas do ‘paz e amor’” Folha de São

Paulo, 16/06/2013

PAINEL DO LEITOR. “Fome, Sistema Tributário, Israel, Antonio Candido, Fichas sujas,

Diplomacia, Ônibus” Folha de S. Paulo, 24/07/2008.

ROCHA, Graciliano. MONTEIRO, André. BERGAMIM JR, Giba. “Alckmin quer cobrar

prejuízos de 'vândalos'” Folha de São Paulo, 13/06/2013

SEABRA, Catia. URIBE, Gustavo. DIAS, Marina. "A aliados Lula defende Meirelles na

Fazenda para deter impeachment" 12/11/2015

TAMARI, Mariana. "Ato contra reajuste "enterra" Lembo e Kassab", Folha de S. Paulo

29/11/2006

Page 135:  · 2020. 7. 13. · ALDO CORDEIRO SAUDA DO DIREITO À CIDADE À ANTICORRUPÇÃO: DESLOCAMENTO DE PAUTAS, DIVERSIFICAÇÃO DE ATORES E DESDOBRAMENTOS DE JUNHO DE 2013 Dissertação

135

Estado de São Paulo

CAMARGOS, Márcia. SAUDA, Aldo Cordeiro. “Convocação Profunda” Estado de São Paulo,

20/06/2013 disponível em: https://alias.estadao.com.br/noticias/geral,convocacao-profunda-

imp-,1048639 Acesso em: 1 de agosto de 2019

CAMARGOS, Márcia. SAUDA, Aldo Cordeiro. “Praça sequestrada” Estado de São Paulo,

03/08/2013 disponível em: https://www.estadao.com.br/noticias/geral,praca-

sequestrada,1060272 Acesso em: 1 de agosto de 2019

DO VALE, Caio. “Alckmin descarta 'catraca livre' durante greve no Metrô” Estado de São

Paulo, 29/05/2014 Disponível em: https://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,alckmin-

descarta-catraca-livre-durante-greve-no-metro,1173453 Acesso em: 1 de agosto de 2019

Universo Online (UOL)

BALZA, Guilherme. “PM intervém em protesto contra o aumento da tarifa de ônibus em SP e

agride vereadores” UOL, 17/02/2011 Disponível em <

https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2011/02/17/pm-intervem-em-protesto-

contra-o-aumento-da-passagem-em-sp-e-agride-vereador.htm> Acesso em: 25 de fevereiro de

2019

LOPES, Pedro. SAGALLA, Vinícius. “Áudios mostram que partidos financiaram MBL em

atos pró-impeachment” UOL, São Paulo, 27/05/2016 Disponível em <

https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2016/05/27/maquina-de-partidos-foi-

utilizada-em-atos-pro-impeachment-diz-lider-do-mbl.htm > Acesso em: 25 de fevereiro de

2019

Piauí

HADDAD, Fernando. “Vivi na pele o que aprendi nos Livros” Revista Piaui, Edição 129, Rio

de Janeiro: 2017

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136

Outras medias

Acervo Globo, “Candidato em 1985, FH sentou na cadeira do prefeito de SP e perdeu a eleição”, O

Globo, 2016. Disponível em: <https://acervo.oglobo.globo.com/em-destaque/candidato-em-1985-fh-

sentou-na-cadeira-do-prefeito-de-sp-perdeu-eleicao-19069894#ixzz5ijYvTtfE> Acesso em: 20 de

fevereiro de 2019

DO VALE, Caio. “Alckmin descarta 'catraca livre' durante greve no Metrô” Estado de São

Paulo, 29/05/2014 Disponível em: https://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,alckmin-

descarta-catraca-livre-durante-greve-no-metro,1173453 Acesso em: 1 de agosto de 2019

Redação G1. “São Paulo, apuração por zona eleitoral” G1, 02/10/2016. Disponível em:

<http://especiais.g1.globo.com/sao-paulo/eleicoes/2016/apuracao-zona-eleitoral-prefeito/sao-

paulo/1-turno/ > Acesso em: 20 de fevereiro de 2019

FERREIRA, Paula. "Brasil tem quase 25 milhões de jovens de 14 a 29 anos fora da escola" O

Globo, 2017 Disponível em <https://oglobo.globo.com/sociedade/educacao/brasil-tem-quase-

25-milhoes-de-jovens-de-14-29-anos-fora-da-escola-22212162> Acesso em: 2 de fevereiro de

2018

NOZAKI, William. Os impactos econômicos da Operação Lava Jato e o desmonte da

Petrobras, INEEP e Jornal GGN, 26/08/2018 Disponível em:

<https://jornalggn.com.br/crise/ineep-os-impactos-economicos-da-operacao-lava-jato-e-o-

desmonte-da-petrobras/> Acesso em: 1 de agosto de 2019

Redação Brasil247. “Planejamento evitou confrontos no Recife” Brasil247, 2013 Disponível

em <https://www.brasil247.com/pt/247/pernambuco247/106115/Planejamento-evitou-

confrontos-no-Recife.html > Acesso em: 15 de outubro de 2017

Redação Terra. “PF acompanha protestos em SP; ministro da Justiça oferece ajuda” Portal

Terra, 2013 Disponível em < https://www.terra.com.br/noticias/brasil/policia/pf-acompanha-

protestos-em-sp-ministro-da-justica-oferece-

ajuda,fd850effe573f310VgnCLD2000000ec6eb0aRCRD.html> Acesso em: 15 de outubro de

2017

ROSSI, Marina. “MBL monta contraofensiva para desocupar escolas no Paraná”, El Pais

Brasil, 31/10/2016 Disponível em:

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137

<https://brasil.elpais.com/brasil/2016/10/29/politica/1477698231_566717.html> Acesso em:

20 de fevereiro de 2019

SACRAMENTO, Wagner., CARVALHO, João. “Uma quinta-feira para ficar marcada na

história do Recife” Jornal do Comércio, 2013. Disponível em

<https://jconline.ne10.uol.com.br/canal/cidades/geral/noticia/2013/06/19/uma-quinta-feira-

para-ficar-marcada-na-historia-do-recife-87203.php> Acesso em: 15 de outubro de 2017

VALENTI, Graziella; HIRATA, Taís. “Construtoras encolhem 85% em 3 anos” Valor

Econômico, 1/7/19 Disponível em: <

https://www.valor.com.br/empresas/6326143/construtoras-encolhem-85-em-3-anos > Acesso

em: 1 de agosto de 2019

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Passa Palavra #transportes - janeiro de 2016 a 2014

data Titulo do artigo categoria autor tags

janeiro 30, 2016

Haddad quer diálogo Categoria Flagrantes Delitos

Passa Palavra Etiquetas: Transportes

janeiro 28, 2016

Considerações sobre o posicionamento da prefeitura diante da luta contra a tarifa

Categoria Brasil André Manfim Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

janeiro 23, 2016

Formando novas lideranças Categoria Flagrantes Delitos

"Anonimo" Etiquetas: Burocratização, Transportes

janeiro 19, 2016

A irresistível centralidade da tática e os dilemas requentados

Categoria Ideias & Debates

Daniel Lage e Rodrigo Massatelli

Etiquetas: Extrema_esquerda, Reflexões, Transportes

janeiro 15, 2016

Ué, o MPL não tinha morrido? Categoria Brasil Paulo Motoryn Etiquetas: Ensino, Ocupações, Transportes

dezembro 17, 2015

Dança das cadeiras Categoria Brasil Passageira Etiquetas: Literatura, Reflexões, Transportes

dezembro 3, 2015

Tarifa Zero no Jardim Novo Horizonte Categoria PassaPalavraTV

passa palavra Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

setembro 28, 2015

Goiânia: lições do triunfo da revolta popular na GO-070

Categoria Brasil grouxo marxista

Etiquetas: Transportes

setembro 23, 2015

democracia de base sem trabalho de base? Categoria PassaPalavraTV

Luta do Transporte no Extremo Sul

Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

setembro 17, 2015

17 SET 2015 (BR-SP) Moradores do Extremo Sul se acorrentam na SPTrans

Categoria Movimentos em Luta

sem assinatura Etiquetas: Repressão_e_liberdades, Transportes

agosto 30, 2015

Ferrodrama: reflexões sobre teatro e militância na Argentina

Categoria Cultura primo jonas Etiquetas: Repressão_e_liberdades, Teatro, Trabalho_e_sindicatos, Transportes

agosto 22, 2015

Bloco catraqueiro – 1° semana de luta contra o aumento – MPL BH – TZ – Ago/15

Categoria PassaPalavraTV

sem assinatura Etiquetas: Bairros_e_cidades, Outras_lutas, Transportes

agosto 22, 2015

• 25 AGO, 11 às 19h, BR Belo Horizonte Categoria Eventos 3° Ato contra o aumento da tarifa

Etiquetas: Bairros_e_cidades, Outras_lutas, Transportes

agosto 22, 2015

22 AGOSTO 2015 (BR-MG) Nota do MPL-BH sobre o aumento das passagens

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Outras_lutas, Transportes

agosto 18, 2015

O MPL está em coma, mas ainda não morreu Categoria Brasil Tarifa Zero Goiânia

Etiquetas: Extrema_esquerda, Transportes

agosto 11, 2015

Conversa com Legume Lucas Categoria Brasil Cristina Daniels Etiquetas: Extrema_esquerda, Reflexões, Transportes

agosto 4, 2015

O Movimento Passe Livre acabou? Categoria Brasil Legume Lucas Etiquetas: Burocratização, Extrema_esquerda, Reflexões, Transportes

agosto 1, 2015

Existe solidariedade em SP Categoria Flagrantes Delitos

passa palavra Etiquetas: Transportes

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Passa Palavra #transportes - janeiro de 2016 a 2014

julho 22, 2015

Quase batida de funk Categoria Flagrantes Delitos

passa palavra Etiquetas: Transportes

julho 20, 2015

Tarifa zero em Buenos Aires: luta na linha 60 Categoria Mundo Primo Jonas Etiquetas: Argentina, Trabalho_e_sindicatos, Transportes

julho 4, 2015 Até cair! Categoria Flagrantes Delitos

passa palavra Etiquetas: Transportes

julho 3, 2015 03 JULHO 2015 (BR-SP) Carta de desligamento do MPL-SP

Categoria Movimentos em Luta

Cristina Daniels e Rafael Beverari

Etiquetas: Transportes

junho 30, 2015

MPL, a ritualização da autonomia Categoria Brasil Fagner Enrique Etiquetas: Bairros_e_cidades, Extrema_esquerda, Reflexões, Transportes

junho 21, 2015

“Revolta popular: o limite da tática”, um documento pós-leninista?

Categoria Brasil Aldo Cordeiro Sauda

Etiquetas: Capitalismo, Extrema_esquerda, Juventude, Reflexões, Transportes

junho 17, 2015

A loira, o cabeludo e o (escroto) motorista Categoria Brasil Franciel Cruz Etiquetas: Bairros_e_cidades, Literatura, Transportes

junho 17, 2015

17 JUNHO 2015 (BR-BA) Carta-resposta do Tarifa Zero Salvador

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Transportes

junho 16, 2015

Metrô de Salvador opera há um ano com tarifa zero

Categoria Brasil Manolo Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

maio 27, 2015

Com luta, moradores conquistam linhas de ônibus gratuitas no Extremo Sul de São Paulo

Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Bairros_e_cidades, Extrema_esquerda, Transportes

maio 25, 2015

25 MAIO 2015 (BR-SP) Moradores do Extremo Sul conquistam criação de linhas Tarifa Zero

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

maio 23, 2015

23 MAIO 2015 (BR-SP) Moradores de Parelheiros recebem Haddad com protesto por transporte

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Transportes

maio 23, 2015

23 MAIO 2015 (BR-GO) Pela continuidade da meia-tarifa no Eixo e contra sua privatização!

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Trabalho_e_sindicatos, Transportes

maio 17, 2015

Passarinho guloso Categoria Flagrantes Delitos

passa palavra Etiquetas: Transportes

maio 16, 2015

Sem transporte, moradores organizam suas próprias linhas de ônibus no extremo sul de São Paulo

Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

maio 12, 2015

12 MAIO 2015 (BR-SP) Moradores do Extremo Sul organizam três dias de “linhas populares” de ônibus

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

abril 28, 2015 Aula da Extremo Sul: cadê o ônibus? Categoria PassaPalavraTV

Passa Palavra

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Passa Palavra #transportes - janeiro de 2016 a 2014

abril 27, 2015 27 ABRIL 2015 (BR-SP) Moradores de Parelheiros interrompem aula de Haddad para exigir ônibus

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

março 19, 2015

19 MARÇO 2015 (BR-SP) MPL-SP: Aula pública “Quem manda no nosso busão?”

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

março 17, 2015

Goianésia: Tira os ônibus que eu paro a avenida Categoria Brasil "Anonimo" Etiquetas: Bairros_e_cidades, Ensino, Transportes

março 15, 2015

“Recebemos aviso prévio para 60 trabalhadores e avisamos: Não vai ser assim, não”

Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Greves, Repressão_e_liberdades, Trabalho_e_sindicatos, Transportes

março 3, 2015

03 MARÇO 2015 (BR-SP) Extremo Sul unido na luta por transporte conquista primeira vitória

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Transportes

março 3, 2015

Moradores do extremo sul de São Paulo lutam pela criação de linhas de ônibus

Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Bairros_e_cidades, Outras_lutas, Transportes

fevereiro 25, 2015

Sexta contra o aumento – 1ª Manifestação de Goiânia

Categoria PassaPalavraTV

Coma Livre Etiquetas: Transportes

fevereiro 12, 2015

Humor oscilante Categoria Flagrantes Delitos

passa palavra Etiquetas: Mídia/comunicação_social, Transportes

fevereiro 12, 2015

Por uma nova compreensão das Jornadas de Junho: formas descentralizadas de ação política e crítica ao “espontaneísmo” analítico

Categoria Ideias & Debates

Gustavo Fernandes

Etiquetas: Bairros_e_cidades, Outras_lutas, Transportes

fevereiro 5, 2015

1ª Caminhada da Zona Oeste Contra o Aumento da Tarifa

Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Transportes

fevereiro 4, 2015

Resposta à matéria da CartaCapital Categoria Brasil Miguel Said Vieira

Etiquetas: Mídia/comunicação_social, Transportes

fevereiro 2, 2015

Mirando a estatística Categoria Flagrantes Delitos

Passa Palavra Etiquetas: Transportes

fevereiro 2, 2015

Democracia de base sem trabalho de base? Categoria Brasil Caio e Simone Etiquetas: Reflexões, Transportes

janeiro 31, 2015

Ato contra a tarifa no M’Boi Mirim Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Transportes

janeiro 30, 2015

Rádio Feira Livre no Butantã contra o aumento (São Paulo)

Categoria PassaPalavraTV

Coletivo de cobertura da luta contra a tarifa

Etiquetas: Transportes

janeiro 29, 2015

29 JANEIRO 2015 (BR-SP) Caminhada contra o aumento da tarifa no Grajaú

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Transportes

janeiro 28, 2015

Vídeos do 5º Grande Ato Contra o Aumento da Tarifa em São Paulo

Categoria PassaPalavraTV

Coletivo de cobertura da luta contra a tarifa

Etiquetas: Repressão_e_liberdades, Transportes

janeiro 26, 2015

Revolta popular contra a tarifa: notas sobre os limites da tática

Categoria Brasil Eugênio Varlino

Etiquetas: Bairros_e_cidades, Outras_lutas, Transportes

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Passa Palavra #transportes - janeiro de 2016 a 2014

janeiro 24, 2015

Vídeos do 4º Ato Contra a Tarifa em São Paulo Categoria PassaPalavraTV

MPL-SP transportes

janeiro 21, 2015

Chamada da população do Extremo Sul para a luta contra o aumento

Categoria PassaPalavraTV

Luta do Transporte no Extremo Sul

Etiquetas: Transportes

janeiro 17, 2015

São Paulo – 2º Grande Ato Contra a Tarifa Categoria PassaPalavraTV

Coletivo de Cobertura da Luta Contra a Tarifa

Etiquetas: Transportes

janeiro 16, 2015

16 JANEIRO 2015 (BR-SP) Nota do MPL-SP sobre articulação da prefeitura

Categoria Movimentos em Luta

MPL-SP Etiquetas: Transportes

janeiro 16, 2015

Enterro do transporte público Categoria PassaPalavraTV

Passa Palavra Etiquetas: Transportes

janeiro 14, 2015

Noroeste em Luta! – Atividade do MPL-SP Categoria PassaPalavraTV

passa palavra Etiquetas: Transportes

janeiro 13, 2015

13 JANEIRO 2015 (BR-SP) MPL-Guarulhos: PM defende empresários no 1º ato contra o aumento

Categoria Movimentos em Luta

MPL-Guarulhos

Etiquetas: Transport

janeiro 13, 2015

13 JANEIRO 2015 (BR-SP) MPL: Organize-se! Lute contra a tarifa no seu bairro!

Categoria Movimentos em Luta

MPL-SP Etiquetas: Transportes

janeiro 8, 2015

Uma nova onda de lutas contra o aumento da tarifa

Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Transportes

janeiro 6, 2015

Aula pública do MPL-SP abre a nova jornada de lutas contra o aumento da tarifa

Categoria PassaPalavraTV

Passa Palavra Etiquetas: Transportes

janeiro 6, 2015

Colocando aspas no “passe livre estudantil” – Aula Pública: Tarifa Zero Já!

Categoria Brasil passa palavra Etiquetas: Transportes

janeiro 5, 2015

05 JANEIRO 2015 (BR-SP) MPL: Aula pública sobre Tarifa Zero

Categoria Movimentos em Luta

MPL-SP Etiquetas: Transportes

janeiro 3, 2015

São Paulo sem condução Categoria Flagrantes Delitos

passa palavra Etiquetas: Transportes

dezembro 31, 2014

Passe livre estudantil: Perspectiva dos trabalhadores x perspectiva dos gestores (e dos patrões)

Categoria Brasil Fran e Dan Etiquetas: Transportes

dezembro 27, 2014

27 DEZEMBRO 2014 (BR-SP) MPL: 1º Grande Ato Contra a Tarifa

Categoria Movimentos em Luta

MPL-SP Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

dezembro 20, 2014

20 DEZEMBRO 2014 (BR-SP) MPL-SP: Sobre aumentos e gratuidades

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Transportes

dezembro 16, 2014

Linha Popular: um novo horizonte Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Bairros_e_cidades, Saúde, Transportes

dezembro 15, 2014

15 DEZEMBRO 2014 (BR-SP) Bairros do Barragem na luta por transporte!

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

dezembro 13, 2014

13 DEZEMBRO 2014 (BR-SP) Sem ônibus, moradores do Jd. Novo Horizonte, ZL, fazem “linha popular”

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

dezembro 10, 2014

09 DEZEMBRO 2014 (BR-SP) Moradoras e moradores do Marsilac seguem na luta pelo busão!

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

Page 142:  · 2020. 7. 13. · ALDO CORDEIRO SAUDA DO DIREITO À CIDADE À ANTICORRUPÇÃO: DESLOCAMENTO DE PAUTAS, DIVERSIFICAÇÃO DE ATORES E DESDOBRAMENTOS DE JUNHO DE 2013 Dissertação

Passa Palavra #transportes - janeiro de 2016 a 2014

dezembro 2, 2014

02 DEZEMBRO 2014 (BR-SP) Bosque do Sol, Est. do Jusa e Pq. Oriente na luta pela criação da linha!

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

novembro 20, 2014

Fortaleza, transporte eficiente para quem? Categoria Brasil Pedro Nacimento

Etiquetas: Outras_lutas, Transportes

novembro 12, 2014

Em casa Categoria Flagrantes Delitos

Passa Palavra Etiquetas: Bairros_e_cidades, Reflexões, Transportes

outubro 28, 2014

Rumo à tarifa zero. Protesto não é crime! Categoria PassaPalavraTV

Etiquetas: Outras_lutas, Repressão_e_liberdades, Transportes

outubro 28, 2014

28 OUTUBRO 2014 (BR-SP) Noroeste em Movimento: Vai ter trem semana que vem?

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Transportes

outubro 14, 2014

14 OUTUBRO 2014 (BR-SP) Luta do Transporte no Extremo Sul: o Bosque do Sol luta por ônibus!

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

outubro 9, 2014

09 OUTUBRO 2014 (BR-BA) Movimento pelo passe livre nos serviços de saúde mental

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Outras_lutas, Saúde, Transportes

outubro 5, 2014

ABC Cooperativa: empresa de ônibus gerida por seus trabalhadores

Categoria Mundo passa palavra Etiquetas: Trabalho_e_sindicatos, Transportes, Uruguai

setembro 8, 2014

08 SETEMBRO 2014 (BR-SP) Luta do Transporte no Extremo Sul: devolvam os ônibus da linha 5362-10!

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

setembro 3, 2014

Uma flor no asfalto Categoria Flagrantes Delitos

passa palavra Etiquetas: Transportes

setembro 2, 2014

MPL-SP: Motoristas e cobradores demitidos após greve

Categoria PassaPalavraTV

Etiquetas: Trabalho_e_sindicatos, Transportes

agosto 24, 2014

25 anos de subordinação: o Edital de transportes de Salvador (parte 3)

Categoria Brasil Daniel Caribé Leia

Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

agosto 22, 2014

22 AGOSTO 2014 (BR-BA) PAREM DE NOS USAR: não fazemos parte da sua campanha eleitoral!

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Burocratização, Transportes

agosto 20, 2014

O vagão exclusivo de mulheres: pensar reivindicações e formas de organização

Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Burocratização, Sexualidade, Transportes

agosto 17, 2014

25 anos de subordinação: o Edital de transportes de Salvador (parte 2)

Categoria Brasil Daniel Caribé Leia

Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

agosto 10, 2014

25 anos de subordinação: o Edital de transportes de Salvador (parte 1)

Categoria Brasil Daniel Caribé Leia

Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

agosto 6, 2014

06 AGOSTO 2014 (BR-GO) Revolta Proletária e Estudantil: truculência policial no transporte coletivo

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Bairros_e_cidades, Repressão_e_liberdades, Transportes

agosto 5, 2014

05 AGOSTO 2014 (BR-SP) Rede Extremo Sul: Jardim da União e Mangue Seco querem busão

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Transportes

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Passa Palavra #transportes - janeiro de 2016 a 2014

agosto 5, 2014

25 anos de subordinação: o Edital de transportes de Salvador

Categoria Séries Daniel Caribé Leia

Etiquetas: Transportes

agosto 3, 2014

Onde vivem os editais Categoria Brasil Daniel Caribé Leia

Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

julho 27, 2014

27 JULHO 2014 (BR-SP) Todo apoio à luta dos motoristas e cobradores

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Trabalho_e_sindicatos, Transportes

julho 27, 2014

27 JULHO 2014 (BR-SP) Movimento Passe Livre contra o vagão rosa

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Transportes

julho 19, 2014

DOSSIÊ: Especial Transportes Categoria Dossiês, Ideias & Debates

passa palavra Etiquetas: Transportes

julho 1, 2014 01 JULHO 2014 (BR-SP) MPL-SP: Ato debate sobre criminalização dos movimentos sociais

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Bairros_e_cidades, Repressão_e_liberdades, Transportes

junho 24, 2014

Agora só faltam 3 reais… e um imenso desafio Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Reflexões, Transportes

junho 20, 2014

Imagens do ato ‘Não vai ter tarifa’, do MPL-SP Categoria PassaPalavraTV

Etiquetas: Transportes

junho 19, 2014

19 JUNHO 2014 (BR-SP) Movimento Passe Livre realiza ato por tarifa zero – 19/06

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Outras_lutas, Transportes

junho 13, 2014

13 JUNHO 2014 (BR-SP) Moção de apoio aos metroviários

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Greves, Transportes

junho 7, 2014 São Paulo em cinco atos Categoria Séries Passa Palavra Etiquetas: Transportes

junho 7, 2014 DOSSIÊ: Jornadas de Junho Categoria Brasil, Dossiês

Passa Palavra Etiquetas: Outras_lutas, Reflexões, Transportes

junho 5, 2014 São Paulo: greve dos metroviários e catracaço dos usuários

Categoria Brasil passa palavra Etiquetas: Greves, Transportes

maio 30, 2014

30 MAIO 2014 (BR-SP) MPL-SP: Acorrentamento nesse momento na Secretaria de Segurança Pública

Categoria Movimentos em Luta, PassaPalavraTV

Etiquetas: Repressão_e_liberdades, Transportes

maio 27, 2014

Revolta popular: o limite da tática Categoria Ideias & Debates

Caio Martins e Leonardo Cordeiro

Etiquetas: Burocratização, Transportes

maio 27, 2014

27 MAIO 2014 (BR-BA) Tarifa Zero Salvador: Todo apoio aos rodoviários grevistas!

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Trabalho_e_sindicatos, Transportes

maio 27, 2014

De baixo para cima: a greve dos rodoviários em Salvador

Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Greves, Trabalho_e_sindicatos, Transportes

maio 24, 2014

Trair tudo, menos os patrões Categoria Flagrantes Delitos

passa palavra Etiquetas: Trabalho_e_sindicatos, Transportes

maio 23, 2014

23 MAIO 2014 (BR-GO) Urgente! Prisões políticas em Goiânia

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Bairros_e_cidades, Repressão_e_liberdades, Transportes

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Passa Palavra #transportes - janeiro de 2016 a 2014

maio 21, 2014

21 MAIO 2014 (BR-SP) MPL-SP: Todo apoio à luta dos motoristas e cobradores

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Greves, Transportes

maio 20, 2014

A economia das lutas do transporte Categoria Ideias & Debates

Dokonal Etiquetas: Economia, Reflexões, Transportes

maio 18, 2014

Sem choro nem vela: paralisações no transporte em Goiânia

Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Bairros_e_cidades, Greves, Repressão_e_liberdades, Trabalho_e_sindicatos, Transportes

maio 16, 2014

16 MAIO 2014 (BR-GO) Revolta Estudantil do Bandeiras: Apoio à greve dos motoristas

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Bairros_e_cidades, Greves, Transportes

maio 13, 2014

Um “case” para refletir sobre governos e movimentos sociais. Ou a fórmula mágica da paz

Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Ocupações, Reflexões, Transportes

maio 13, 2014

13 MAIO 2014 (BR) Nota da Federação Nacional do Movimento Passe Livre sobre o sequestro da sigla “MPL”

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Outras_lutas, Transportes

maio 8, 2014 Verão quente no transporte coletivo Categoria Brasil Tarifa Zero Goiania

Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

abril 28, 2014 Moradores do Marsilac se acorrentam em frente à Prefeitura de São Paulo

Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Outras_lutas, Transportes

abril 28, 2014 28 ABRIL 2014 (BR-SP) Moradores de Marsilac: Por que estamos protestando aqui na Prefeitura

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Transportes

abril 25, 2014 25 ABRIL 2014 (BR-SP) Moradores do Marsilac convocam Haddad para reunião: linha de ônibus gratuita

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Transportes

abril 22, 2014 Goiânia: no Dia de Lutas Contra o Aumento da Tarifa o jogo terminou em 3 x 2

Categoria Brasil Fagner Enrique, Grouxo Marxista e Karina O.

Etiquetas: Outras_lutas, Transportes

abril 12, 2014 Linha de ônibus organizada pelos moradores Categoria Brasil passa palavra Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

abril 11, 2014 Luta contra o aumento em Goiânia: por baixo, por cima e pelos lados

Categoria Brasil Grouxo Marxista e Fagner Enrique

Etiquetas: Transportes

abril 11, 2014 11 ABRIL 2014 (BR-GO) Goiânia: panfletos locais do Dia de Luta Contra o Aumento

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

abril 9, 2014 Chamada: Linha Popular Mambu – Marsilac Categoria PassaPalavraTV

as: Bairros_e_cidades, Transportes

abril 8, 2014 08 ABRIL 2014 (BR-SP) Luta do transporte no Extremo Sul: Linha popular tarifa zero Mambu–Marsilac

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

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Passa Palavra #transportes - janeiro de 2016 a 2014

abril 6, 2014 06 ABRIL 2014 (BR-GO) Frente de Luta Pelo Transporte: Nem um centavo a mais para as empresas!

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

abril 1, 2014 São Paulo: a mobilidade urbana de uma cidade à beira do infarto

Categoria Brasil Lya Fichmann Etiquetas: Bairros_e_cidades, Reflexões, Transportes

março 31, 2014

31 MARÇO 2014 (BR-GO) Jataí: Carta de Reinvidicações do Movimento por Acessibilidade

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Bairros_e_cidades, Ensino, Transportes

março 29, 2014

29 MARÇO 2014 (BR-GO) Invasão da reitoria da UFG por acessibilidade em Jataí e em Goiânia

Categoria Movimentos em Luta, PassaPalavraTV

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março 25, 2014

• 26 MARÇO, 10h30, BR Goiânia Categoria Eventos ato contra criminalização de manifestante

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março 25, 2014

25 MARÇO 2014 (BR-GO) Urgente! Ato contra criminalização de manifestante

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Repressão_e_liberdades, Transportes

março 23, 2014

22 MARÇO 2014 (BR-GO) UFG – Jataí: Ato e paralisação por acessibilidade após morte de aluna

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Bairros_e_cidades, Ensino, Outras_lutas, Transportes

março 16, 2014

16 MARÇO 2014 (BR-SC) Nota pública de repúdio à repressão policial em Blumenau

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

março 8, 2014

08 MARÇO 2014 (BR-SP) MPL: Sobre inquéritos, intimações e investigações

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Repressão_e_liberdades, Transportes

fevereiro 27, 2014

O lobo só é mau porque as ovelhas são mansas Categoria Brasil Fagner Torres Etiquetas: Repressão_e_liberdades, Transportes

fevereiro 15, 2014

Goiânia: mais uma manifestação a favor do transporte coletivo

Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Bairros_e_cidades, Outras_lutas, Repressão_e_liberdades, Transportes

fevereiro 12, 2014

O fantástico mundo do transporte ferroviário no Brasil

Categoria Brasil Thiago Matiolli Etiquetas: Transportes

fevereiro 11, 2014

Mesmo sob pressão, manifestantes voltam à rua no Rio de Janeiro

Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Outras_lutas, Transportes

fevereiro 9, 2014

09 FEVEREIRO 2014 (BR-RJ) MPL: Nota de repúdio à violência da PMERJ e a tentativa de criminalização dos movimentos sociais

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Repressão_e_liberdades, Transportes

fevereiro 7, 2014

Rio de Janeiro e Goiânia: quinta-feira de manifestação e resistência

Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Repressão_e_liberdades, Transportes

janeiro 29, 2014

Ato do MPL começa pacífico e termina em catracaço no Rio

Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Transportes

janeiro 24, 2014

24 JANEIRO 2014 (BR-SP) MPL: Por que não vamos depor no DEIC – ou sobre intimações, inquéritos e investigações

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Repressão_e_liberdades, Transportes

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Passa Palavra #transportes - janeiro de 2016 a 2014

janeiro 23, 2014

Goiânia: o ônibus atrasa, mas o povo não espera Categoria Brasil "Um participante'

Etiquetas: Bairros_e_cidades, Repressão_e_liberdades, Transportes

janeiro 10, 2014

Mobilidade urbana como um problema Categoria Ideias & Debates

Legume Lucas Etiquetas: Transportes

janeiro 5, 2014

A revisão do Plano Diretor, participação popular e a proposta de mobilidade

Categoria Brasil Ivan Etiquetas: Bairros_e_cidades, Outras_lutas, Transportes

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Passa Palavra #transportes - 2013

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dezembro 22, 2013

22 DEZEMBRO 2013 (BR-SP) Sobre as mobilizações no México

dezembro 22, 2013 Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: México, Repressão_e_liberdades, Transportes

dezembro 21, 2013

Após solidariedade internacional, militantes do MPL são perseguidos no México

dezembro 21, 2013 Categoria Brasil

Etiquetas: México, Repressão_e_liberdades, Transportes

dezembro 21, 2013

Rio de Janeiro: fica o recado! dezembro 21, 2013 Categoria Brasil

Etiquetas: Outras_lutas, Transportes

dezembro 11, 2013

11 DEZEMBRO 2013 (BR-RJ) MPL-Rio inicia jornada de luta contra o aumento

dezembro 11, 2013 Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Outras_lutas, Transp

dezembro 5, 2013

05 DEZEMBRO 2013 (BR-GO) Aparecida de Goiânia: perspectivas de luta na Região Metropolitana

dezembro 5, 2013 Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Outras_lutas, Repressão_e_liberdades, Transportes

dezembro 1, 2013

30 NOVEMBRO 2013 (BR-MT) Repressão e criminalização dos lutadores populares em Mato Grosso

dezembro 1, 2013 Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Repressão_e_liberdades, Transportes

dezembro 1, 2013

30 NOVEMBRO 2013 (BR-MT) Pedido de solidariedade financeira!

dezembro 1, 2013 Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Repressão_e_liberdades, Transportes

novembro 28, 2013

Quem manda na cidade em que você vive? novembro 28, 2013 Categoria PassaPalavraTV

Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

novembro 11, 2013

Goiânia: ameaças policiais no transporte novembro 11, 2013 Categoria Brasil

novembro 10, 2013

Salvador: ganhando por fora, perdendo por dentro

novembro 10, 2013 Categoria Brasil

Etiquetas: Bairros_e_cidades, Reflexões, Transportes

novembro 4, 2013

Corte de linhas e os efeitos de uma decisão tomada sem consultar a população

novembro 4, 2013 Categoria Brasil

Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

novembro 1, 2013

Considerações sobre a criação da nova frente de luta de Goiânia

novembro 1, 2013 Categoria Ideias & Debates

Etiquetas: Reflexões, Transportes

outubro 26, 2013

Polícia encerra ato do MPL com agressão, lançamento de bombas e detenções

outubro 26, 2013 Categoria Brasil

Etiquetas: Repressão_e_liberdades, Transportes

outubro 24, 2013

Denúncia da repressão policial na Marcha do Transporte

outubro 24, 2013 Categoria PassaPalavraTV

Etiquetas: Repressão_

outubro 24, 2013

24 OUTUBRO 2013 (BR-SP) Rede Extremo Sul: repressão policial na luta do transporte

outubro 24, 2013 Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Outras_lutas, Transportes

outubro 24, 2013

Periferia luta! Contra as catracas! Contra os despejos!

outubro 24, 2013 Categoria Brasil

Etiquetas: Outras_lutas, Transportes

outubro 23, 2013

23 OUTUBRO 2013 (BR) Semana Nacional pelo Transporte Público

outubro 23, 2013 Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Transportes

outubro 21, 2013

21 OUTUBRO 2013 (BR-SP) MPL: protesto na M’Boi Mirim, agora!

outubro 21, 2013 Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Transportes

setembro 20, 2013

Primeiras Chamas: atos regionais das jornadas de junho

setembro 20, 2013 Categoria PassaPalavraTV

etas: Transportes

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Passa Palavra #transportes - 2013

agosto 27, 2013

27 AGOSTO 2013 (BR-SP) MPL e outros apresentam denúncia pela repressão das manifestações de junho

agosto 27, 2013 Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Outras_lutas, Repressão_e_liberdades, Transportes

agosto 22, 2013

22 AGOSTO 2013 (BR-PE) Recife Resiste! O protesto pelo passe livre

agosto 22, 2013 Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Outras_lutas, Transportes

agosto 18, 2013

Luta do Transporte no Extremo Sul: Terminal Grajaú – A humilhação coletiva

agosto 18, 2013 Categoria PassaPalavraTV

etas: Outras_lutas, Transportes

agosto 16, 2013

16 AGOSTO 2013 (BR-MG) Assembleia Popular: Comunidade do Canela cerca ônibus da Presidente

agosto 16, 2013 Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

agosto 15, 2013

15 AGOSTO 2013 (BR-MG) Moradores de São Sebastião da Vitória: melhorias após ocupação

agosto 15, 2013 Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Bairros_e_cidades, Ocupações, Transportes

agosto 13, 2013

São João Del Rei: Ocupação da prefeitura em luta pelo transporte

agosto 13, 2013 Categoria Brasil

Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

agosto 6, 2013

Quando as contas não batem agosto 6, 2013 Categoria Brasil

transportes

agosto 3, 2013

Goiânia: A reação das empresas de transporte agosto 3, 2013 Categoria Brasil

Etiquetas: Trabalho_e_sindicatos, Transportes

agosto 2, 2013

02 AGOSTO 2013 (BR-ES) MPL-GV: farsa da perícia incriminou ativista do MPL

agosto 2, 2013 Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Repressão_e_liberdades, Transportes

julho 31, 2013

Revolta/revolução julho 31, 2013 Categoria Ideias & Debates

Etiquetas: Juventude, Reflexões, Transportes

julho 24, 2013

Salvador: dando a volta no CAB junto com os governistas

julho 24, 2013 Categoria Brasil

Etiquetas: Outras_lutas, Transportes

julho 24, 2013

24 JULHO 2013 (BR-BA) 1ª edição do diário de ocupação da Câmara Municipal de Salvador

julho 24, 2013 Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Ocupações, Transportes

julho 22, 2013

• 05 AGO, 18h, BR Rio de Janeiro julho 22, 2013 Categoria Eventos

Etiquetas: Calendário_AGOSTO_2013, Transportes

julho 21, 2013

Para o desânimo de quem canta o fracasso, o fim da tarifa zero em Hasselt nos anima

julho 21, 2013 Categoria Ideias & Debates

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julho 11, 2013

10 JULHO 2013 (BR-SP) MPL-SP: Onde estaremos no dia 11?

julho 11, 2013 Categoria Movimentos em Luta

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julho 6, 2013

(RS-POA) “Muitas casas da Avenida Tronco já estão no chão”

julho 6, 2013 Categoria PassaPalavraTV

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julho 6, 2013

(RS-POA) Para onde agora? Debate com Bloco de Lutas Pelo Transporte Público

julho 6, 2013 Categoria PassaPalavraTV

Etiquetas: Outras_lutas, Reflexões, Transportes

julho 4, 2013

04 JULHO 2013 (BR-SP) MPL: A farsa do “passe livre” estudantil.

julho 4, 2013 Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Transportes

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Passa Palavra #transportes - 2013

julho 4, 2013

04 JULHO 2013 (BR-SC) Ocupação do Sindicato das Empresas de Transporte de Florianópolis

julho 4, 2013 Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Transportes

julho 3, 2013

03 JULHO 2013 (BR-SP) MPL: Nota sobre a situação dos detidos nos atos contra o aumento

julho 3, 2013 Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Repressão_e_liberdades, Transportes

julho 3, 2013

Salvador: 2 de Julho, dia do passe livre e de vaiar os governantes

julho 3, 2013 Categoria Brasil

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julho 1, 2013

01 JULHO 2013 (ET-CAIRO) Nós podemos cheirar o gás lacrimogênio do Rio e Taksim até Tahrir

julho 1, 2013 Categoria Movimentos em Luta

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julho 1, 2013

Aula Pública: Tarifa Zero e mobilização popular julho 1, 2013 Categoria PassaPalavraTV

Etiquetas: Transportes

junho 27, 2013

27 JUNHO 2013 (BR-BA) Carta Aberta do Movimento Passe Livre Salvador

junho 27, 2013 Categoria Movimentos em Luta

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junho 27, 2013

Repensar as lutas sociais à esquerda junho 27, 2013 Categoria Brasil

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junho 24, 2013

24 JUNHO 2013 (FRANÇA) Cancelamento do ato em Paris em apoio às manifestações no Brasil

junho 24, 2013 Categoria Movimentos em Luta

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junho 24, 2013

Uma nação em cólera: a revolta dos Coxinhas junho 24, 2013 Categoria Brasil

Etiquetas: Extrema_esquerda, Outras_lutas, Repressão_e_liberdades, Transportes

junho 24, 2013

Desafios da luta pelo Passe Livre, desafios da luta amanhã

junho 24, 2013 Categoria Brasil

Etiquetas: Nacionalismo, Transportes

junho 24, 2013

24 JUNHO 2013 (BR-SP) Carta aberta do MPL-SP à presidenta

junho 24, 2013 Categoria Movimentos em Luta

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junho 23, 2013

Manifestação contra o aumento – Rio de Janeiro 20 de junho de 2013

junho 23, 2013 Categoria PassaPalavraTV

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junho 23, 2013

Um relato das lutas em Salvador junho 23, 2013 Categoria Brasil

Etiquetas: Repressão_e_liberdades, Transportes

junho 22, 2013

R$ 0,20 é só o começo. Manifestações na zona sul de São Paulo

junho 22, 2013 Categoria PassaPalavraTV

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junho 22, 2013

O povo nos acordou? A perplexidade da esquerda frente às revoltas

junho 22, 2013 Categoria Brasil

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junho 21, 2013

21 JUNHO 2013 (BR-SP) Rede Extremo Sul: R$ 0,20 é só o começo

junho 21, 2013 Categoria Movimentos em Luta

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junho 20, 2013

20 JUNHO 2013 (BR-RS) Porto Alegre: nota do Bloco de Lutas Pelo Transporte 100% Público

junho 20, 2013 Categoria Movimentos em Luta

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junho 20, 2013

Barramos! 15 anos em 15 dias junho 20, 2013 Categoria Brasil

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junho 20, 2013

A ofensiva das catracas e outras ofensivas junho 20, 2013 Categoria Brasil

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Page 150:  · 2020. 7. 13. · ALDO CORDEIRO SAUDA DO DIREITO À CIDADE À ANTICORRUPÇÃO: DESLOCAMENTO DE PAUTAS, DIVERSIFICAÇÃO DE ATORES E DESDOBRAMENTOS DE JUNHO DE 2013 Dissertação

Passa Palavra #transportes - 2013

junho 20, 2013

Da ponte pra cá: a zona sul de São Paulo parou junho 20, 2013 Categoria PassaPalavraTV

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junho 20, 2013

19 JUNHO (BR-GO) Goiânia: Governos se antecipam e revogam aumento da tarifa

junho 20, 2013 Categoria Movimentos em Luta

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junho 19, 2013

Manifestações contra o aumento das passagens em Niterói e no Rio de Janeiro

junho 19, 2013 Categoria PassaPalavraTV

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junho 19, 2013

19 JUNHO 2013 (BR-SP) Rede Extremo Sul: periferia luta e a zona sul pára!

junho 19, 2013 Categoria Movimentos em Luta

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junho 19, 2013

19 JUNHO 2013 (BR-GO) O que é a Frente de Luta Contra o Aumento? O que queremos?

junho 19, 2013 Categoria Movimentos em Luta

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junho 19, 2013

Nos arredores dos grandes protestos e o cheiro de primavera

junho 19, 2013 Categoria Brasil

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junho 18, 2013

Relato de um cárcere: 68 longas horas junho 18, 2013 Categoria Brasil

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junho 18, 2013

18 JUNHO 2013 (BR-SP) Rede Extremo Sul: A tomada das ruas

junho 18, 2013 Categoria Movimentos em Luta, PassaPalavraTV

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junho 18, 2013

Questão de matemática junho 18, 2013 Categoria Flagrantes Delitos

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junho 18, 2013

Vídeos do 5º Grande Ato Contra o Aumento das passagens

junho 18, 2013 Categoria PassaPalavraTV

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junho 18, 2013

5º Ato: Hora de começar a pensar sobre a maior manifestação dos últimos tempos

junho 18, 2013 Categoria Brasil

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junho 18, 2013

São Paulo Chamas junho 18, 2013 Categoria Cultura

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junho 17, 2013

17 JUNHO 2013 (BR-SC) Florianópolis: Programe-se na luta contra a tarifa!

junho 17, 2013 Categoria Movimentos em Luta

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junho 17, 2013

Gente junho 17, 2013 Categoria Flagrantes Delitos

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junho 17, 2013

Por um vintém junho 17, 2013 Categoria Brasil

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junho 16, 2013

16 JUNHO 2013 (BR-SP) UNESP-FATEC: rodovias cortadas em Marília

junho 16, 2013 Categoria Movimentos em Luta

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junho 16, 2013

Violência e pacifismo, ordem e desordem junho 16, 2013 Categoria Ideias & Debates

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junho 16, 2013

Recomeçar as lutas: 1º ato pelo passe livre em Salvador

junho 16, 2013 Categoria Brasil

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Passa Palavra #transportes - 2013

junho 14, 2013

Vídeos do 4º Grande Ato Contra o Aumento em São Paulo

junho 14, 2013 Categoria PassaPalavraTV

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junho 14, 2013

A novidade da recusa do MPL: uma vitória popular

junho 14, 2013 Categoria Brasil

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junho 14, 2013

14 JUNHO 2013 (BR-SP) MPL-SP: Situação dos detidos nos atos contra o aumento da tarifa de 11/06

junho 14, 2013 Categoria Movimentos em Luta

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junho 14, 2013

4º grande ato: Haddad não revoga, MP não suspende, Alckmin solta a polícia nos manifestantes

junho 14, 2013 Categoria Brasil

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junho 13, 2013

13 JUNHO 2013 (BR-SP) Movimento Passe Livre: Por que estamos nas ruas

junho 13, 2013 Categoria Movimentos em Luta

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junho 13, 2013

3º grande ato contra o aumento das passagens em São Paulo

junho 13, 2013 Categoria PassaPalavraTV

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junho 12, 2013

12 JUNHO 2013 (BR-SP) Rede Extremo Sul: A luta contra o aumento das passagens

junho 12, 2013 Categoria Movimentos em Luta

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junho 12, 2013

3º ato: São Paulo para, Haddad viaja junho 12, 2013 Categoria Brasil

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junho 11, 2013

11 JUNHO 2013 (BR-SP) Movimento Passe Livre protocola pedido de reunião

junho 11, 2013 Categoria Movimentos em Luta

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junho 11, 2013

11 JUNHO 2013 (BR-RJ) Rio de Janeiro: nota sobre o terceiro ato contra o aumento da passagem

junho 11, 2013 Categoria Movimentos em Luta

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junho 11, 2013

Goiânia: suspenso o aumento da tarifa junho 11, 2013 Categoria Brasil

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junho 11, 2013

Ações locais preparam terceiro grande ato contra o aumento em São Paulo

junho 11, 2013 Categoria Brasil

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junho 10, 2013

Vídeo do 2º Grande Ato Contra o Aumento em São Paulo

junho 10, 2013 Categoria PassaPalavraTV

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junho 9, 2013

09 JUNHO 2013 (BR-SP) Nota pública do Movimento Passe Livre sobre a luta contra o aumento

junho 9, 2013 Categoria Movimentos em Luta

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junho 8, 2013

Manifestação pela redução das tarifas volta às ruas e paralisa Marginal Pinheiros

junho 8, 2013 Categoria Brasil

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junho 7, 2013

07 JUNHO 2013 (BR-SP) Nota de Esclarecimento do Movimento Passe Livre

junho 7, 2013 Categoria Movimentos em Luta

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junho 7, 2013

Vídeos da 1ª manifestação contra o aumento em São Paulo

junho 7, 2013 Categoria PassaPalavraTV

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junho 7, 2013

Batalha no centro: primeiro grande ato contra a tarifa em São Paulo

junho 7, 2013 Categoria Brasil

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Passa Palavra #transportes - 2013

junho 7, 2013

07 JUNHO 2013 (BR-SP) Depois da repressão da PM, MPL convoca novo ato na 6ª-feira

junho 7, 2013 Categoria Movimentos em Luta

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junho 6, 2013

06 JUNHO 2013 (BR-RJ) Nota sobre o ato contra o aumento da passagem no Rio de Janeiro

junho 6, 2013 Categoria Movimentos em Luta

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junho 6, 2013

06 JUNHO 2013 (BR-SP) MPL: ato contra o aumento das passagens de ônibus nesta 5ª (atualizado)

junho 6, 2013 Categoria Movimentos em Luta

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junho 5, 2013

Chamada para ato contra o aumento das passagens em São Paulo

junho 5, 2013 Categoria PassaPalavraTV

Etiquetas: Transportes

junho 5, 2013

04 JUNHO 2013 (BR-SP) Rede Extremo Sul: O transporte público e as lutas – aumento de passagem

junho 5, 2013 Categoria Movimentos em Luta

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junho 3, 2013

03 JUNHO 2013 (BR-SP) Protesto contra o aumento de tarifa bloqueia a M’Boi Mirim

junho 3, 2013 Categoria Movimentos em Luta

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maio 29, 2013

29 MAIO 2013 (BR-SP) Ato contra o aumento da tarifa queima catraca no terminal do Pq. D. Pedro

maio 29, 2013 Categoria Movimentos em Luta

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maio 29, 2013

28 MAIO 2013 (BR-GO) Goiânia: Comunicado Emergencial da Frente Contra o Aumento

maio 29, 2013 Categoria Movimentos em Luta

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maio 28, 2013

28 MAIO 2013 (BR-GO) Goiânia: Denúncia da Frente contra o Aumento sobre perseguição

maio 28, 2013 Categoria Movimentos em Luta

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maio 27, 2013

27 MAIO 2013 (BR-SP) Ato contra o aumento invade Terminal Pirituba

maio 27, 2013 Categoria Movimentos em Luta

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maio 23, 2013

Goiânia: Plateia invade o teatro do aumento da tarifa

maio 23, 2013 Categoria Brasil

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maio 13, 2013

13 MAIO 2013 (BR-SP) Rede Extremo Sul: O trem e a revolta da periferia

maio 13, 2013 Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Transportes

maio 13, 2013

13 MAIO 2013 (BR-GO) “Mais caro que a pamonha” – Protesto contra o aumento da passagem

maio 13, 2013 Categoria Movimentos em Luta

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maio 13, 2013

“Mais caro que a pamonha” – Protesto contra o aumento da passagem em Goiânia

maio 13, 2013 Categoria PassaPalavraTV

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maio 10, 2013

Goiânia: Protesto contra aumento da passagem fecha a rua e abre caminhos

maio 10, 2013 Categoria Brasil

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maio 5, 2013

“A gente não é cachorro não” – greve dos motoristas em Goiânia

maio 5, 2013 Categoria PassaPalavraTV

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abril 28, 2013

28 ABRIL 2013 (BR-GO) Goiânia: Informativo e manifestação da Frente Contra o Aumento da Passagem

abril 28, 2013 Categoria Movimentos em Luta

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abril 15, 2013

Reflexões sobre o Bilhete Mensal abril 15, 2013 Categoria Brasil

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abril 13, 2013

13 ABRIL 2013 (BR-SP) Contra o corte de linhas na Cidade Universitária

abril 13, 2013 Categoria Movimentos em Luta

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Passa Palavra #transportes - 2013

janeiro 21, 2013

21 JANEIRO 2013 (BR-SP) Grupo exige melhores condições de transporte em Prudente

janeiro 21, 2013 Categoria Movimentos em Luta

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janeiro 20, 2013

São Paulo: região metropolitana fervendo, contra todos os aumentos!

janeiro 20, 2013 Categoria Brasil

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janeiro 19, 2013

19 JANEIRO 2013 (BR-SP) Santo André: manifestação contra aumento das tarifas: 9 detidos, 15 feridos

janeiro 19, 2013 Categoria Movimentos em Luta

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janeiro 18, 2013

18 JANEIRO 2013 (BR-PE) Catracaço em Recife

janeiro 18, 2013 Categoria Movimentos em Luta, PassaPalavraTV

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janeiro 7, 2013

07 JANEIRO 2013 (BR-PE) Recife – A cidade não se cala: ação contra o aumento das passagens

janeiro 7, 2013 Categoria Movimentos em Luta, PassaPalavraTV

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janeiro 5, 2013

05 JANEIRO 2013 (BR-SP) Manifestação contra o aumento da tarifa em Mauá/SP

janeiro 5, 2013 Categoria Movimentos em Luta

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Passa Palavra #transportes - 2012 a 2009

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dezembro 29, 2012

29 DEZEMBRO 2012 (BR-SP) Franco da Rocha: movimento contra o aumento da passagem

Categoria Movimentos em Luta

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dezembro 5, 2012

05 DEZEMBRO 2012 (BR-RJ) Novo ato contra o aumento das passagens de ônibus no Rio

Categoria Movimentos em Luta, PassaPalavraTV

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novembro 22, 2012

Tá lá o corpo estendido no chão Categoria Cultura Paola Camargo

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novembro 7, 2012

A catraca: uma questão estética Categoria Brasil Legume Lucas Etiquetas: Outras_lutas, Transportes

outubro 23, 2012

22 OUTUBRO 2012 (BR-SP) Pronunciamento do Secretário das Tarifas: Dia de Luta pelo Passe Livre

Categoria Movimentos em Luta, PassaPalavraTV

Etiquetas: Transportes

outubro 13, 2012

O virtual e o real Categoria Flagrantes Delitos

Passa Palavra Etiquetas: Reflexões, Transportes

outubro 2, 2012

02 OUTUBRO 2012 (BR-SP) MPL lança jornal Passe 5

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Transportes

setembro 29, 2012

Tudo por causa do Troféu Catraca Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Repressão_e_liberdades, Transportes

setembro 29, 2012

29 SETEMBRO 2012 (BR-SP) Companhia Teatral Servos do Barão: entrega do Troféu Catraca

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Transportes

setembro 20, 2012

A população do M’Boi Mirim voltou a se manifestar

Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Outras_lutas, Transportes

setembro 19, 2012

19 SETEMBRO 2012 (BR-SP) Fórum de Transportes do Fundão faz ato agora na M’Boi Mirim!

Categoria Movimentos em Luta

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setembro 11, 2012

Tarifa Zero: teses contrárias e repente Categoria Cultura Servos da Catraca, Grêmio Estudantil Bertold Brecht, MPL e Helena Zelic.

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agosto 6, 2012

Debate ‘Tarifa Zero: uma realidade possível’ Categoria Ideias & Debates

Etiquetas: Transportes

agosto 6, 2012

Anúncio da transmissão do debate ‘Tarifa Zero’ Categoria Uncategorized

Tarifa Zero Etiquetas: Transportes

junho 10, 2012

Da Revolta do Buzu aos dias atuais Categoria Brasil Robson Etiquetas: Outras_lutas, Transportes

maio 28, 2012

27 MAIO 2012 (BR-SP) Rede Extremo Sul: Sobre a greve dos metroviários

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Transportes

maio 24, 2012

Catracas liberadas? Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Greves, Trabalho_e_sindicatos, Transportes

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Passa Palavra #transportes - 2012 a 2009

maio 24, 2012

23 MAIO 2012 (BR-GO) Polícia reprime ato contra aumento da tarifa

Categoria Movimentos em Luta

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maio 23, 2012

Greve dos metroviários em São Paulo Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Greves, Transportes

maio 22, 2012

A catraca iremos pular, R$ 2,70 não vamos aceitar!

Categoria Brasil Tarifa Zero Goiânia

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maio 7, 2012 07 MAIO 2012 (BR-SP) Transporte 24h: Por que só na Virada Cultural?

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Outras_lutas, Transportes

abril 10, 2012 Um avanço nas revoltas de trabalhadores humilhados pela CPTM

Categoria Brasil Ronan Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

abril 3, 2012 02 ABRIL 2012 (BR-SP) Quebrar catraca não é crime, crime é ter catraca – Nota de apoio à revolta dos usuários da CPTM

Categoria Movimentos em Luta

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março 20, 2012

20 MARÇO 2012 (BR-PB) Estudante é acusado de ‘terrorismo’ durante atos contra aumento tarifário

Categoria Movimentos em Luta

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março 14, 2012

O espetáculo na inauguração do terminal Garavelo em Aparecida de Goiânia

Categoria Brasil Tarifa Zero Goiânia

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fevereiro 24, 2012

O trem das onze já não sai mais Categoria Brasil Legume Lucas Etiquetas: Música, Reflexões, Transportes

fevereiro 2, 2012

Repressão dos protestos contra o aumento das passagens em Recife. Eduardo Campos (PSB), em qual grande político o senhor se inspira: Médici ou Mussolini? (2ª parte)

Categoria Brasil Revocultura Etiquetas: Repressão_e_liberdades, Transportes

janeiro 22, 2012

Repressão dos protestos contra o aumento das passagens em Recife. Eduardo Campos (PSB), em qual grande político o senhor se inspira: Médici ou Mussolini?

Categoria Brasil Revocultura Etiquetas: Repressão_e_liberdades, Transportes

novembro 14, 2011

De individual a coletivo: a paralisação da linha verde em Campinas

Categoria Brasil Ronan Etiquetas: Greves, Transportes

novembro 9, 2011

As catracas da Saúde Categoria Brasil Ana Manhani e Legume Lucas

Etiquetas: Saúde, Transportes

outubro 17, 2011

17 OUTUBRO 2011 (BR-PR) 26 de outubro: Dia Nacional de Luta do Passe Livre

Categoria Movimentos em Luta

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outubro 9, 2011

Teses sobre a Revolta do Buzu – 3ª Parte Categoria Ideias & Debates

Manolo Etiquetas: Outras_lutas, Transportes

outubro 3, 2011

Teses sobre a Revolta do Buzu – 2ª Parte Categoria Ideias & Debates

Manolo Etiquetas: Outras_lutas, Transportes

setembro 25, 2011

Teses sobre a Revolta do Buzu – 1ª Parte Categoria Ideias & Debates

Manolo Etiquetas: Outras_lutas, Transportes

setembro 25, 2011

Teses sobre a Revolta do Buzu Categoria Séries Manolo Etiquetas: Outras_lutas, Transportes

agosto 16, 2011

O trânsito nas filas da saúde Categoria Brasil Ana Manhani Etiquetas: Saúde, Transportes

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Passa Palavra #transportes - 2012 a 2009

agosto 16, 2011

O Movimento Passe Livre São Paulo e a Tarifa Zero

Categoria Brasil Legume Lucas e Mariana Toledo

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agosto 16, 2011

Sair do roteiro: obrigação de quem quer vencer Categoria Ideias & Debates

Manolo Etiquetas: Transportes

agosto 16, 2011

Ir e vir e olhar e ouvir Categoria Ideias & Debates

José Calixto Etiquetas: Transportes

agosto 16, 2011

DOSSIÊ: Campanha pela Tarifa Zero Categoria Dossiês MPL-SP Etiquetas: Outras_lutas, Transportes

junho 25, 2011

Saber é foder Categoria Flagrantes Delitos

Passa Palavra Etiquetas: Transportes

maio 10, 2011

10 MAIO 2011 (BR-SC) Florianópolis: ocupação de 24 horas do Ticen

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Ocupações, Transportes

maio 9, 2011 • 12 e 13 MAI, BR Florianópolis Categoria Eventos ocupação do terminal do Centro

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abril 27, 2011 [Vídeo e artigo] Florianópolis contra a tarifa Categoria Brasil, PassaPalavraTV

Doc Dois Filmes, Passa Palavra

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abril 26, 2011 26 ABRIL 2011 (BR-SC) [Florianópolis] Panfleto da Frente de Luta pelo Transporte Público

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Transportes

abril 23, 2011 23 ABRIL 2011 (BR-SC) [Florianópolis] Carta da Frente de Luta pelo Transporte Público

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Transportes

abril 15, 2011 15 ABRIL 2011 (BR-SP) Da luta contra o aumento à conquista da Tarifa Zero

Categoria Movimentos em Luta

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março 29, 2011

MPL: se construiu uma forte unidade na ação Categoria Brasil passa palavra Etiquetas: Bairros_e_cidades, Outras_lutas, Transportes

março 19, 2011

Denúncias pelos olhos de quem? Categoria Flagrantes Delitos

Passa Palavra Etiquetas: Transportes

março 17, 2011

17 MARÇO 2011 (BR-SP) Carta aberta aos Moradores e Moradoras da Região da M’Boi Mirim

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Outras_lutas, Transportes

março 16, 2011

• 17 MAR, 17h00, BR São Paulo Categoria Eventos 9o Grande ato contra o aumento do ônibus

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março 16, 2011

Kassab queimado Categoria Brasil passa palavra Etiquetas: Bairros_e_cidades, Outras_lutas, Transportes

março 10, 2011

O aumento também chegou aqui Categoria Brasil passa palavra Etiquetas: Outras_lutas, Transportes

março 8, 2011

Para onde vai a luta contra o aumento? Categoria Brasil passa palavra Etiquetas: Bairros_e_cidades, Outras_lutas, Transportes

março 7, 2011

Moradores de M’Boi Mirim protestam por um transporte público de qualidade

Categoria PassaPalavraTV

passa palavra etas: Transportes

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Passa Palavra #transportes - 2012 a 2009

março 6, 2011

Perdido na Poluída Pólis (3ª Parte) Categoria Cultura Hugo Scabello de Mello

Etiquetas: Literatura, Transportes

fevereiro 27, 2011

Perdido na Poluída Pólis (2ª Parte) Categoria Cultura Hugo Scabello de Mello

Etiquetas: Literatura, Transportes

fevereiro 23, 2011

23 FEVEREIRO 2011 (BR-SC) Nota da Frente de Luta pelo Transporte Público de Florianópolis

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Transportes

fevereiro 23, 2011

Corrente contra Catracas Categoria Brasil passa palavra Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

fevereiro 20, 2011

Perdido na Poluída Pólis Categoria Cultura, Séries

Hugo Scabello de Mello

Etiquetas: Literatura, Transportes

fevereiro 20, 2011

Perdido na Poluída Pólis (1ª Parte) Categoria Cultura Hugo Scabello de Mello

Etiquetas: Literatura, Transportes

fevereiro 19, 2011

18 FEVEREIRO 2011 (BR-SP) MPL: Nota de esclarecimento sobre o dia 17 de fevereiro

Categoria Movimentos em Luta

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fevereiro 17, 2011

17 FEVEREIRO 2011 (BR-SP) Movimento Social acorrentado AGORA na Prefeitura de SP- contra o aumento das passagens de ônibus

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Transportes

fevereiro 17, 2011

16 FEVEREIRO 2011 (BR-SP) Carta Aberta do Movimento Passe Livre de São Paulo

Categoria Movimentos em Luta

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fevereiro 16, 2011

Vencemos um mito! Categoria Brasil passa palavra Etiquetas: Bairros_e_cidades, Outras_lutas, Transportes

fevereiro 16, 2011

• 18 FEV, BR São Paulo Categoria Eventos ato contra o aumento da tarifa no Grajaú

Etiquetas: Bairros_e_cidades, Calendário_FEVEREIRO_2011, Transportes

fevereiro 16, 2011

• 17 FEV, BR São Paulo Categoria Eventos 6o grande ato contra o aumento da tarifa

Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

fevereiro 16, 2011

• 16 FEV, BR São Paulo Categoria Eventos 2o ato contra o aumento da tarifa em Pinheiros

Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

fevereiro 9, 2011

A volta das escolas Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Bairros_e_cidades, Outras_lutas, Transportes

fevereiro 8, 2011

• 10 FEV, BR São Paulo Categoria Eventos 5o Grande ato contra o aumento da tarifa

Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

fevereiro 8, 2011

• 09 FEV, BR São Paulo Categoria Eventos Ato contra o aumento da tarifa em Pinheiros

Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

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Passa Palavra #transportes - 2012 a 2009

fevereiro 8, 2011

• 12 FEV, BR São Paulo Categoria Eventos audiencia publica sobre o aumento da tarifa

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fevereiro 2, 2011

02 FEVEREIRO 2011 (BR-RS) Porto Alegre: Cuidado Povo!

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Transportes

janeiro 29, 2011

• 02 FEV, BR São Paulo Categoria Eventos Ato contra o aumento de ônibus em frente à câmara

Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

janeiro 29, 2011

• 03 FEV, BR São Paulo Categoria Eventos 4o grande ato contra o aumento do ônibus

Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

janeiro 29, 2011

29 JANEIRO 2011 (BR) Carta do MPL ao poder legislativo da cidade de São Paulo

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

janeiro 29, 2011

E foi maior! Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Bairros_e_cidades, Tra

janeiro 26, 2011

457 anos de festa? De luta! Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

janeiro 23, 2011

• 28 JAN, BR São Paulo Categoria Eventos Bicicletada contra o aumento do preço do ônibus

Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

janeiro 23, 2011

• 27 JAN, BR São Paulo Categoria Eventos 3o grande ato contra o aumento do ônibus

Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

janeiro 21, 2011

Contra o aumento da tarifa de ônibus: 4 mil saem às ruas em São Paulo

Categoria Brasil passa palavra Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

janeiro 14, 2011

(Vídeo e Artigo) Ato contra o aumento da tarifa é reprimido

Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Bairros_e_cidades, Repressão_e_liberdades, Transportes

janeiro 14, 2011

• 20 JAN, BR São Paulo Categoria Eventos segundo grande ato contra o aumento de tarifa

Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

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Passa Palavra #transportes - 2012 a 2009

janeiro 14, 2011

• 18 JAN, BR São Paulo Categoria Eventos flash mob contra o aumento do ônibus no Terminal Bandeira

Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

janeiro 3, 2011

03 JANEIRO 2011 (BR-BA) Salvador: manifestações contra aumento de ônibus 15h na Rótula do Abacaxi

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Transportes

dezembro 30, 2010

• 13 JAN, 17h00, BR São Paulo Categoria Eventos ato contra o amento da tarifa de ônibus

Etiquetas: Calendário_JANEIRO_2011, Transportes

dezembro 29, 2010

Rumo à tarifa impossível Categoria Brasil passa palavra Etiquetas: Bairros_e_cidades, Tr

dezembro 22, 2010

Começa a luta contra o Aumento Categoria Brasil Passa palavra Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

dezembro 21, 2010

21 DEZEMBRO 2010 (BR-SC) Joinville: Por um transporte público de verdade

Categoria Movimentos em Luta

Etiquetas: Transportes

novembro 10, 2010

Com a delicadeza de um cavalo Categoria Flagrantes Delitos

passa palavra Etiquetas: Transportes

setembro 20, 2010

Florianópolis: fotos dos atos da semana e do lançamento do documentário «Impasse»

Categoria PassaPalavraTV

Hans Denis Schneider, Ivanir França, Yuri Gama e Passa Palavra

Etiquetas: Outras_lutas, Transportes

setembro 17, 2010

Um brinde às concessões Categoria Flagrantes Delitos

passa palavra Etiquetas: Transportes

setembro 17, 2010

«Impasse» em Florianópolis Categoria Brasil Victor Khaled Etiquetas: Outras_lutas, Transportes

junho 9, 2010 (Florianópolis) Quinta semana de luta: novas táticas e intervenções

Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Outras_lutas, Transportes

junho 1, 2010 Polícia Militar reprime manifestação na Avenida Belmira Marin

Categoria Brasil Rodrigo Andrade

Etiquetas: Bairros_e_cidades, Repressão_e_liberdades, Transportes

maio 31, 2010

(Vídeo e texto) Florianópolis: resistência se mantém viva após 3 semanas de mobilização

Categoria Brasil, PassaPalavraTV

Passa Palavra Etiquetas: Outras_lutas, Transportes

maio 25, 2010

A construção de uma ideia Categoria Brasil Bruno Isidoro Pereira

Etiquetas: Juventude, Transportes

maio 25, 2010

Florianópolis: atos descentralizados dão novo fôlego à resistência

Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Outras_lutas, Transportes

maio 21, 2010

Florianópolis: tensão e possibilidades de vitória Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Outras_lutas, Transportes

maio 19, 2010

Grande Ato Contra o Aumento de Tarifas 20/05 Categoria PassaPalavraTV

apocrifo Etiquetas: Transportes

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Passa Palavra #transportes - 2012 a 2009

maio 19, 2010

A população que passa por baixo Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Transportes

maio 17, 2010

17 MAIO 2010 (BR-SC) Florianópolis: Chega de aumento! Chega de catraca! Chega de tarifa!

Categoria Movimentos em Luta

apocrifo Etiquetas: Transportes

maio 17, 2010

17 MAIO 2010 (BR-SC) Florianópolis: carta aberta da Frente de Luta pelo Transporte Público

Categoria Movimentos em Luta

Frente de Luta pelo Transporte Público

Etiquetas: Outras_lutas, Transportes

maio 17, 2010

Florianópolis: grande ato encerra semana de luta contra o aumento

Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Outras_lutas, Transportes

maio 17, 2010

Catracation Categoria PassaPalavraTV

Frente de Luta pelo Transporte Público

Etiquetas: Ocupações, Transportes

maio 13, 2010

Florianópolis: manifestantes se acorrentam na sede do Setuf

Categoria Brasil Passa Palavra, TarifaZero.Org

Etiquetas: Outras_lutas, Transportes

maio 13, 2010

13 MAIO 2010 (BR-SC) Frente de Luta pelo Transporte Público de Florianópolis: manifestantes se acorrentam no Setuf

Categoria Movimentos em Luta

Frente de Luta pelo Transporte Publico

Etiquetas: Outras_lutas, Transportes

maio 12, 2010

(Vídeo e relato) Florianópolis: segundo dia de manifestações

Categoria Brasil Passa Palavra, Sarcastico.com.br

Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

maio 12, 2010

Florianópolis 2010: luta contra o aumento das tarifas do transporte

Categoria Dossiês Passa Palavra Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

maio 10, 2010

Florianópolis viverá uma nova Revolta da Catraca? [*]

Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Bairros_e_cidades, Outras_lutas, Transportes

maio 8, 2010 08 MAIO 2010 (BR-SC) Frente de Luta pelo Transporte Público: manifestação marca o primeiro dia de resistência ao aumento das tarifas do transporte público em Florianópolis

Categoria Movimentos em Luta

Frente de Luta pelo Transporte Público

Etiquetas: Outras_lutas, Transportes

março 14, 2010

2,45 é roubo! Pixe y Lute! Categoria PassaPalavraTV

Coletivo Muralha Rubro Negra

Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

março 6, 2010

Revolução nos transportes? Categoria Flagrantes Delitos

Passa Palavra Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

março 1, 2010

Manifestantes estendem faixa contra o aumento em São Paulo

Categoria PassaPalavraTV

Arte Contra o Aumento

Etiquetas: Arte, Outras_lutas, Transportes

fevereiro 12, 2010

12 FEVEREIRO 2010 (BR-SP) Artistas, ativistas e demais indignados: Chamado para ação!

Categoria Movimentos em Luta

http://www.arte.barraroaumento.org/

Etiquetas: Arte, Bairros_e_cidades, Outras_lutas, Transportes

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Passa Palavra #transportes - 2012 a 2009

fevereiro 11, 2010

11 FEVEREIRO 2010 (BR-SP) Movimento Passe Livre acorrentado contra o aumento (atualizado)

Categoria Movimentos em Luta

MPL-SP Etiquetas: Ocupações, Transportes

fevereiro 6, 2010

06 FEVEREIRO 2010 (BR-ES) MPL Vitória ocupa a sede das empresas de transporte

Categoria Movimentos em Luta

Ocupação da SETPES

Etiquetas: Outras_lutas, Transportes

fevereiro 1, 2010

E o transporte é público em São Paulo. Né? Categoria PassaPalavraTV

Rede Contra o Aumento da Tarifa

Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

janeiro 27, 2010

Contra o aumento e a inundação Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Outras_lutas, Transportes

janeiro 19, 2010

Manifestação contra o aumento da tarifa em São Paulo (14/01)

Categoria PassaPalavraTV

Passa Palavra Etiquetas: Transportes

janeiro 15, 2010

“Barrar esse aumento será inevitável” [*] Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Outras_lutas, Transportes

janeiro 15, 2010

Ato da Rede contra o Aumento Categoria PassaPalavraTV

Lucas Duarte de Souza

Etiquetas: Outras_lutas, Transportes

janeiro 7, 2010

Abrir portas, fechar ruas, construir caminhos Categoria Brasil Legume Lucas Etiquetas: Outras_lutas, Transportes

janeiro 4, 2010

“Aumentou o ônibus, você viu?” Categoria Flagrantes Delitos

Passa Palavra Etiquetas: Transportes

dezembro 29, 2009

29 DEZEMBRO 2009 – (BR-SP) Rede Contra o Aumento da Tarifa: Não engula o aumento!

Categoria Movimentos em Luta

Rede Contra o Aumento da Tarifa

Etiquetas: Outras_lutas, Transportes

dezembro 1, 2009

01 DEZEMBRO 2009 – (BR-DF) Nota do Movimento Passe Livre

Categoria Movimentos em Luta

MPL-SP Etiquetas: Outras_lutas, Transportes

novembro 25, 2009

25 NOVEMBRO 2009 – (BR-SP) MPL: Jornal Passe nº 4

Categoria Movimentos em Luta

MPL-SP Etiquetas: Outras_lutas, Transportes

novembro 19, 2009

19 NOVEMBRO 2009 – (BR-SP) Por um transporte público de verdade!

Categoria Movimentos em Luta

Rede Contra o Aumento da Tarifa

Etiquetas: Transportes

novembro 12, 2009

15 NOV, BR São Paulo Categoria Eventos MPL-SP Etiquetas: Outras_lutas, Transportes

novembro 5, 2009

07 NOV (sab), 14h, BR São Paulo Categoria Eventos MPL-SP Etiquetas: Calendário_NOVEMBRO_2009, Transportes

outubro 28, 2009

MPL acorrentado na Secretaria de Transportes de São Paulo

Categoria PassaPalavraTV

Passa Palavra Etiquetas: Outras_lutas, Transportes

outubro 27, 2009

Entre catracas e correntes Categoria Movimentos em Luta

MPL-SP Etiquetas: Outras_lutas, Transportes

outubro 26, 2009

26 OUTUBRO 2009 – (BR-SP) Movimento Passe Livre acorrentado na secretaria de transporte

Categoria Movimentos em Luta

MPL-SP Etiquetas: Transportes

outubro 15, 2009

15 OUTUBRO 2009 – (BR-RJ) FARJ: Ação Direta na Supervia e a precariedade do serviço de transporte no Rio de Janeiro

Categoria Movimentos em Luta

FARJ Etiquetas: Outras_lutas, Transportes

outubro 7, 2009

De cliente a súdito: o regime da CPTM Categoria Brasil Ronan Etiquetas: Repressão_e_liberdades, Transportes

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Passa Palavra #transportes - 2012 a 2009

setembro 24, 2009

24 SETEMBRO 2009 – (BR-SP) MPL: Jornal «Passe» nº 3

Categoria Movimentos em Luta

MPL-SP Etiquetas: Transportes

setembro 9, 2009

08 SETEMBRO 2009 – (BR) TarifaZero.org – no ar!

Categoria Movimentos em Luta

tarifazero.org Etiquetas: Outras_lutas, Transportes

agosto 8, 2009

“Tarifa não precisa pagar custo de transporte” Categoria Brasil camarada d. Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

julho 21, 2009

“Eu sonho com que, um dia, essas empresas sejam municipalizadas”

Categoria Brasil camarada d. Etiquetas: Greves, Transportes

julho 21, 2009

SINTRATURB – entrevista de um grevista Categoria PassaPalavraTV

camarada d. Etiquetas: Greves, Transportes

julho 13, 2009

Lutas sociais pelo transporte: uma breve introdução

Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Outras_lutas, Transportes

julho 11, 2009

Seminário de Transportes do Fórum da Cidade (Florianópolis/SC)

Categoria PassaPalavraTV

Passa Palavra Etiquetas: Transportes

julho 10, 2009

10 JULHO 2009 – (BR) Florianópolis: Panfleto da Frente de Luta pelo Transporte

Categoria Movimentos em Luta

frente de luta pelo transporte

Etiquetas: Outras_lutas, Transportes

julho 9, 2009 “Eu só quero é ser feliz!” – cantando no debate…

Categoria PassaPalavraTV

Passa Palavra Etiquetas: Música, Outras_lutas, Transportes

julho 6, 2009 Um programa da Rádio Campeche – Mobilidade urbana

Categoria PassaPalavraTV

Passa Palavra Etiquetas: Outras_lutas, Transportes

julho 3, 2009 “5 anos da Revolta da Catraca” – o 8º e último debate da série

Categoria PassaPalavraTV

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julho 3, 2009 03 JULHO 2009 – (BR-SC) MPL: Pela municipalização dos transportes coletivos de Florianópolis

Categoria Movimentos em Luta

MPL Etiquetas: Transportes

julho 2, 2009 “5 anos da Revolta da Catraca” – o 7º debate Categoria PassaPalavraTV

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julho 1, 2009 “5 anos da Revolta da Catraca” – o 6º debate Categoria PassaPalavraTV

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julho 1, 2009 “5 anos da Revolta da Catraca” – o 5º debate Categoria PassaPalavraTV

Passa Palavra Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

junho 29, 2009

“5 anos da Revolta da Catraca” – o 4º debate Categoria PassaPalavraTV

Passa Palavra Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

junho 29, 2009

“5 anos da Revolta da Catraca” – o 3º debate Categoria PassaPalavraTV

Passa Palavra Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

junho 28, 2009

“5 anos da Revolta da Catraca” – o 2º debate Categoria PassaPalavraTV

Passa Palavra Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

junho 28, 2009

“5 anos da Revolta da Catraca” – o 1º debate Categoria PassaPalavraTV

Passa Palavra Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

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Passa Palavra #transportes - 2012 a 2009

junho 24, 2009

Conheça o Movimento Passe Livre (MPL) Categoria Brasil Movimento Passe Livre

Etiquetas: Transportes

junho 13, 2009

12 JUNHO 2009 – (BR-DF) Comunicado do MPL do Distrito Federal

Categoria Movimentos em Luta

MPL Destrito Federal

Etiquetas: Transportes

maio 24, 2009

Semana de luta contra o aumento da tarifa de ônibus em Joinville

Categoria Brasil MPL Joinville Etiquetas: Juventude, Outras_lutas, Transportes

maio 12, 2009

A Luta pelo Transporte Público em Feira de Santana (Bahia)

Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Outras_lutas, Transportes

março 15, 2009

[Joinville – Brasil] Manifesto da Frente de Luta pelo Transporte Público

Categoria Brasil frente de luta pelo transporte

Etiquetas: Outras_lutas, Transportes

fevereiro 25, 2009

NENHUM CENTAVO A MAIS! RESISTIR ATÉ A TARIFA CAIR!

Categoria Agir é preciso

Passa Palavra Etiquetas: Outras_lutas, Transportes

fevereiro 22, 2009

Entendendo o Expresso Tiradentes Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes

fevereiro 13, 2009

Nas ruas de Florianópolis Categoria PassaPalavraTV

Flora Lorena Etiquetas: Bairros_e_cidades, Outras_lutas, Transportes

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Dia 27 de maio (segunda) Passa Palavra: Ato contra o aumento invade

Terminal Pirituba

Na manhã desta segunda-feira, dia 27, cerca de 200 pessoas

invadiram o Terminal Pirituba (...) os manifestantes queimaram

uma catraca, simbolizando que a luta por um transporte

verdadeiramente público é a luta pelo fim da cobrança de tarifa.

Após sair do Terminal Pirituba a manifestação entrou na estação

da CPTM, aos gritos de “vem, vem, pra luta vem! Contra o

Aumento”.

Essa foi a primeira ação contra o aumento realizada pelo MPL na

semana. Nos próximos dias, o movimento realizará novas

manifestações em outras regiões da cidade, espalhando a luta

pelos bairros e divulgando o grande ato marcado para o dia

06/06 no centro de São Paulo.

dia 2 de Junho (domingo) Singer: “Na primeira etapa dos

protestos, havia um objetivo específico: a redução no preço das passagens do ônibus e do metrô de São Paulo, reajustadas em 6%”

Mapa racial Terminal Pirituba

Dia 29 de maio (quarta)

Passa Palavra: Ato contra o aumento da tarifa

queima catraca no terminal do Pq. D. Pedro

Mesmo sob intensa chuva, cerca de 100 pessoas se reuniram em

frente à escola com faixas e cartazes e, embaladas pela batucada

de luta da Fanfarra do MAL – bateria autônoma que toca em

manifestações de rua -, ocuparam o viaduto da Rangel Pestana.

Em seguida, a passeata invadiu o Terminal Parque D. Pedro – que

é o maior terminal de ônibus urbanos do continente! -, onde

foram distribuídos panfletos para a população e para os

trabalhadores do terminal.

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dia 3 de junho (segunda)

Passa Palavra: Protesto contra o aumento de

tarifa bloqueia a M’Boi Mirim

Neste momento, cerca de cem pessoas bloqueiam a Estrada do

M’Boi Mirim, zona sul de São Paulo, em protesto contra o

aumento das tarifas de ônibus para R$ 3,20 e as péssimas

condições do sistema de transporte na região. A manifestação

teve início por volta das 6h da manhã em frente ao Terminal

Guarapiranga e segue pacificamente com faixas e tambores em

direção à Subprefeitura.

Mapa racial Estrada do M’Boi Mirim

Dia 7 de junho (sexta)

[2º Grande ato]

Faceook: Altino Prazeres

Fui detido na 78a Delegacia Policial por ter participado de uma

manifestação extremamente justa contra o Aumento da

Passagem do ônibus, metrô e trem em São Paulo. (...) Me

identifiquei como presidente do Sindicato dos Metroviários e aí

fui detido de forma ridícula e arbitrária. Não fiz literalmente

nada pra estar preso a não ser ter participado de uma

manifestação contra o aumento das passagens.

Me considero neste momento um preso político porque não fiz

vandalismo, Mas lutei contra o aumento do prefeito Haddad do

PT e do governador Alckmin do PSDB. (...) Falo também pra

todos e todas metroviário(a)s. Fizemos uma belíssima

campanha salarial e uma das nossas bandeiras ê contra o

aumento das passagens.

Dia 6 de junho (quinta)

[1º Grande Ato]

Passa Palavra: MPL: ato contra o aumento das

passagens de ônibus nesta 5ª (atualizado)

19h20 – O Movimento Passe Livre SP informa que o primeiro

Grande Ato contra o Aumento das Tarifas do transporte público

se concentrou a partir das 17hs em frente ao Teatro Municipal e

saiu em passeata com 4 mil pessoas.

Os manifestantes bloquearam totalmente a avenida 23 de Maio

ao formarem uma barricada com pneus em chamas na via.

Protesto dia 6 no Vale do Anhangabaú

Protesto dia 6 na Prefeitura

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Dia 10 de junho (segunda)

Passa Palavra: Ações locais preparam terceiro

grande ato contra o aumento em São Paulo

esta segunda-feira, moradores e estudantes do Jardim Mirna,

bairro do distrito do Grajaú, na zona sul de São Paulo,

organizaram um protesto contra o aumento das passagens do

transporte coletivo na porta da Escola Estadual de Ensino

Fundamental e Médio Levi Carneiro.

O terceiro grande ato contra o aumento está marcado para

acontecer nesta terça-feira, às 17h, na Praça do Ciclista, esquina

das avenidas Paulista e Consolação

Protesto dia 11 no centro

Protesto dia 11 no centro

Protesto dia 11 no centro

Protesto dia 10 na zona sul

Dia 11 de junho (terça)

[3º Grande ato]

Passa Palavra: Movimento Passe Livre Protocola

pedido de reunião

O MPL está disposto a discutir esta única demanda. Para isso, na

manhã desta terça-feira (11/06), o MPL protocolou na Prefeitura

um pedido de reunião com o prefeito em exercício para quarta-

feira e com pauta única: a REVOGAÇÃO DO AUMENTO. Nesta

reunião, não aceitaremos qualquer proposta que não atenda a

reivindicação da população nas ruas. Enquanto a tarifa não cair,

a luta continua.

Passa Palavra: 3º Ato, São Paulo para, Haddad

viaja

Mesmo a Polícia Militar, num primeiro momento, hesitou em

passar os seus números para não ter de admitir que o

movimento cresceu bastante desde o início da jornada, mas

entre os manifestantes estima-se que pelo menos 12 mil pessoas

tenham comparecido à marcha

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Tendências e Debates: Folha de S. Paulo e

Passa Palavra; Porque Estamos nas ruas

O modelo de transporte coletivo baseado em concessões para

exploração privada e cobrança de tarifa está esgotado. E

continuará em crise enquanto o deslocamento urbano seguir a

lógica da mercadoria, oposta à noção de direito fundamental

para todas e todos. Essa lógica, cujo norte é o lucro, leva as

empresas, com a conivência do poder público, a aumentar

repetidamente as tarifas. O aumento faz com que mais usuários

do sistema deixem de usá-lo, e, com menos passageiros, as

empresas aplicam novos reajustes.

Calcula-se que são 37 milhões de brasileiros excluídos do sistema

de transporte por não ter como pagar. Esse número, já defasado,

não surgiu do nada: de 20 em 20 centavos, o transporte se

tornou, de acordo com o IBGE, o terceiro maior gasto da família

brasileira, retirando da população o direito de se locomover.

Dia 14 de junho (sexta)

Conlutas: Alckmin e Haddad aumentam ataques e

trabalhadores respondem com greves e

manifestações

Nesta quinta-feira (13) os trabalhadores da CPTM iniciaram uma

forte greve pela campanha salarial. Estão paralisadas as Linhas

da Zona Leste e Sorocabana.

Os trabalhadores da CPTM, descontentes com a proposta do

governo para suas reivindicações, inspiraram-se na luta dos

metroviários que fizeram uma forte mobilização e arrancou do

governo Alckmin uma proposta, sem precisar fazer greve.

O Sindicato dos Metroviários está apoiando a luta dos

ferroviários e o presidente do Sindicato e militante da CSP

Conlutas, Altino Prazeres, está nos piquetes junto com outros

dirigentes do Sindicato dos Metroviários fortalecendo a greve

dos ferroviários. Segundo informações deles, apenas os

supervisores estão furando a greve.

Dia 13 de junho (quinta)

[4º Grande ato]

Passa Palavra: Haddad não revoga, MP não

suspende, Alckmin solta a polícia nos manifestantes

Forte repressão policial marcou o ato desta quinta-feira; ainda

na saída do metrô manifestantes eram detidos por “porte de

vinagre”.

Cobertura da grande imprensa dia 13

Facebook: José Dirceu

É preciso negociar com o MPL. Quem deve tomar a iniciativa é

o prefeito da cidade, Fernando Haddad. Dialogar e envolver

toda a cidade e entidades organizadas no debate e na busca de

saídas para a situação do transporte e para a questão específica

da passagem. E mais do que isso: aproveitar para discutir a

gravíssima situação da segurança pública e a atuação

inaceitável da polícia militar e do Governo do Estado.

Hoje me coloco frontalmente contra a repressão e espero que

o movimento se reorganize e pacificamente lute e conquiste

um transporte melhor para os trabalhadores da nossa São

Paulo.

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Dia 15 de junho (sábado)

Editorial Folha de S. Paulo: Agentes do caos

A Polícia Militar do Estado de São Paulo protagonizou, na noite

de anteontem, um espetáculo de despreparo, truculência e falta

de controle ainda mais grave que o vandalismo e a violência dos

manifestantes, que tinha por missão coibir.

Sete repórteres da Folha terminaram atingidos, quatro deles

com balas de borracha, em meio à violência indiscriminada da

polícia. A jornalista Giuliana Vallone foi alvejada no olho e

recebeu 15 pontos no rosto. O comandante da PM diz que o

disparo foi feito para o chão.

Passa Palavra: 5º Ato: Hora de começar a pensar

sobre a maior manifestação dos últimos tempos

Alguns institutos de pesquisas chegaram a falar em 65 mil

pessoas nas ruas. Talvez tenha sido isso, mas talvez fosse melhor

dizer 90, 100, 110 mil ou mais — tanto faz. A partir desse

momento passamos a contabilizar numa escala em que essa

quantificação se torna indiferente ou, pelo menos, secundária.

Hoje é possível dizer que a cidade esteve na mão do povo, a

polícia entregou a chave. Deixando de lado a questão da polícia

e centrando-se no povo, isso seria bom ou ruim?

Povo aqui diz respeito àquela massa social sem forma definida.

Se há algo que marca a manifestação de segunda-feira, sem

dúvida esta marca é a polifonia.

Considerando os acontecimentos em outras 11 capitais

brasileiras, presenciamos nesta segunda-feira um dos maiores

eventos políticos do último período, isto é certo. A jornada de

lutas contra o aumento avançou enormemente, disso não

restam dúvidas. E abre caminhos para coisas até há uma semana

inimagináveis no campo da luta de classes.

Imagem na capa da Folha de S. Paulo dia 14

Mapa racial Largo da Batata

Dia 17 de junho (segunda)

[5º Grande ato]

Singer: “Na segunda etapa dos acontecimentos,

com as manifestações de 17, 18, 19 e 20 de junho,

quando os protestos alcançam o auge, camadas da

sociedade alheias ao MPL entram em cena”

Faceook: Lula

Ninguém em sã consciência pode ser contra manifestações da

sociedade civil, porque a democracia não é um pacto de

silêncio, mas sim a sociedade em movimentação em busca de

novas conquistas. Não existe problema que não tenha solução.

A única certeza é que as reivindicações não são coisa de polícia,

mas sim de mesa de negociação. Estou seguro, se bem conheço

o prefeito Frenando Haddad, que ele é um homem de

negociação. Tenho certeza que dentre os manifestantes, a

maioria tem disposição de ajudar a construir uma solução para

o transporte urbano.

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Dia 18 de junho (terça)

[6º Grande Ato]

Folha de SP: Grupo defende desestatização do

transporte (Colaboração para o jornal)

Um grupo de 50 pessoas protestou ontem no vão livre do Masp,

na Avenida Paulista, pela desestatização do transporte coletivo.

O organizador da manifestação, o movimento Libertários,

propõe o fim do modelo de concessão pública para linhas de

ônibus e defende a livre iniciativa.

Conlutas: População toma as ruas e novas

manifestações são marcadas

Novas manifestações estão sendo convocadas pelo país. Nesta

terça-feira, em São Paulo, haverá novo ato na Praça da Sé, às

17h. Em Belo Horizonte, nesta terça-feira haverá concentração

às 17h20 para protestos na Avenida Presidente Antônio Carlos,

em frente à portaria da Universidade Federal de Minas Gerais

(UFMG) no campus Pampulha. Na quarta-feira (19/6), em

Brasília, os manifestantes vão se reunir na Rodoviária do Plano

Piloto e na quinta-feira (20/6), o ato pretende tomar novamente

a Esplanada dos Ministérios. As ações do Distrito Federal já

somam 14 mil participantes confirmados em eventos

organizados pelas redes sociais. No Rio de Janeiro está sendo

convocada nova manifestação para a quinta-feira (20/06).

Passa Palavra: Nos arredores dos grandes

protestos e o cheiro de primavera

O bloco liderado pela perspectiva eleitoral do PSDB também foi

aos poucos, ao seu modo, procurando tirar proveito da situação.

Dar um caráter anti-governo-federal ao protesto. Incluíram as

vaias à presidenta Dilma no Mané Garrincha durante o início da

Copa das Confederações no sábado, para dar um caráter único

aos contratempos.

Nesse momento, criar uma força política plural contra o

conservadorismo e o aliancismo negociante deve ser a estratégia

fundamental do movimento encabeçado pelo Movimento Passe

Livre (MPL) daqui para a frente. Avançar na inter-relação com a

classe trabalhadora e desvencilhar-se das armadilhas da direita

e dos vícios cooptantes da “esquerda”, ora hegemônica, são

táticas fundamentais para o avanço das lutas sociais no Brasil.

mapa racial Avenida Paulista

Vinte Centavos: A luta contra o Aumento

“O MPL pretendia conduzir os Manifestantes até a Avenida do

Estado e, de lá, à marginal Tiete, principal via expressa na cidade;

no entanto, não é possível conter as 50 mil pessoas que, sem que

se pudesse entender o porquê, se dirigem à praça Ramos, em

frente à prefeitura. A manifestação, então, se divide em duas.

(...) A Bandeira do Brasil é projetada na fachada do prédio da

Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), que no dia

seguinte sediaria um encontro entre seu presidente, Paulo Skaf,

e militares da Escola de Comando e Estado maior do Exército.

Nos arredores da prefeitura a situação é de descontrole (...) a

prefeitura se convence de que a situação saiu do controle do

movimento e aciona a polícia militar, que não vem. Pelo centro

não se vê viaturas policiais para coibir a violência, o que gera

apreensão na prefeitura e estranhamento nos meios de

comunicação.”

Dia 19 de junho (quarta)

[Revogação do aumento]

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Dia 20 de junho (quinta)

[7º Ato/ Ato de celebração]

Passa Palavra: Revolta dos coxinhas

Desde a sua criação, o Passa Palavra tem alertado para o

fascismo larvar e para os riscos do nacionalismo, inclusivamente

na esquerda. O que para muitos era uma ideia espúria verifica-

se agora ser um fato muito real, sentido na carne. Na sociedade

as coisas não nascem do nada e convém vê-las antes de elas

entrarem pelos olhos dentro. Ora, nos últimos dias, mas

sobretudo desde quinta-feira, dia 20 de junho, assistimos a um

movimento inédito, pelo menos inédito com esta amplitude. As

manifestações que a esquerda organizou num grande número

de cidades pela redução da tarifa dos transportes públicos

começaram a ser sequestradas por forças sociais conservadoras

e nacionalistas, e dentro deste movimento começou a

desenvolver-se uma contra-revolução. Chamamos-lhe a Revolta

dos Coxinhas. Pertencendo àquela gente a quem os jornalistas

gostam de chamar classe média, os coxinhas passaram agora

para primeiro plano político, como agentes de um fascismo

potencial.

Singer: “Na terceira e última etapa, que vai do dia

21 até o final do mês, os protestos se fragmentam

em iniciativas parciais com propósitos específicos e

distintos”

Folha de SP: Protesto contra a ‘cura gay’ reúne

mil em São Paulo

O protesto foi convocado pelas redes sociais e tem apoio do

Conselho Federal de Psicologia. Os psicólogos, principalmente,

defendem que o ato continue na praça. O projeto aprovado na

Câmara revoga duas resoluções do conselho que proíbem que

psicólogos realizem tratamentos para curar a homossexualidade

Celebração dia 20 na Av. Paulista

Celebração dia 20 na Av. Paulista

Dia 21 de junho (sexta)

Conlutas: 4 mil metalúrgicos de SP participaram

de ato no dia 21/06 por transporte público de

qualidade

O Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo realizou, na última

sexta-feira (21), um ato que reuniu mais de 4 mil metalúrgicos

na região da Mooca. A manifestação tinha o objetivo de apoiar

os protestos realizados pelo país, impulsionados pelos

estudantes. A mobilização reivindicou melhores condições no

transporte público e mobilidade urbana. Além disso, incluiu

pauta especifica dos trabalhadores contra a terceirização, contra

o fator previdenciário, pela reposição das perdas salariais dos

trabalhadores entre outras demandas.

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Dia 22 de junho (sábado)

Folha de SP: Em clima de calçadão, Paulista reúne

30 mil contra PEC 37

Surgiram grupos de médicos com faixas cobrando qualidade na

saúde e mensagens com críticas à contratação de profissionais

estrangeiros. Além da PEC 37, pequenos grupos gritavam contra

o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e a

presidente Dilma Rousseff. Predominou o verde-amarelo.

Entre os organizadores da manifestação contra a aprovação da

PEC 37 estavam também promotores paulistas e integrantes do

movimento "Dia do Basta". A PEC (proposta de emenda

constitucional) 37 retira o poder de investigação dos Ministérios

Públicos federais e estaduais das apurações penais e determina

que tais inquéritos sejam conduzidos exclusivamente pelas

polícias. O projeto tramita no Congresso Nacional.

Dia 27 de junho (quinta)

Conlutas: Acompanhe a cobertura dos atos do Dia

Nacional de Luta convocado pela CSP-Conlutas

Estudantes ocupam reitoria da Unesp

A atividade do Dia de Luta convocado pelo Fórum das

Seis (ADUNESP, ADUNICAMP, ADUSP, SINTEPS, SINTUNESP,

SINTUSP E STU) contou com ato pela manhã em frente a UNESP

e os Estudantes resolveram ocupar a Reitoria. Na parte da tarde

houve Audiência Pública na Assembleia Legislativa com a

participação de 400 pessoas, o tema pautado foi mais verbas

para a educação.

Movimento anticorrupção na Av. Paulista dia 22

Dia 25 de junho (terça)

Conlutas: Centrais Sindicais convocam Dia

Nacional de Lutas em 11 de julho

As centrais sindicais brasileiras, CSP-Conlutas, CUT, UGT, Força

Sindical, CGTB, CTB, CSB e NCST, juntamente com o MST e o

Dieese, realizaram uma reunião nesta terça-feira (25) para

discutir o processo de lutas que tomou conta do país. Foi

definido que 11 de julho será o Dia Nacional de Lutas com Greves

e Mobilizações, com o tema “Pelas liberdades democráticas e

pelos direitos dos trabalhadores”.

Invasão da Unesp pela Tropa de Choque dia 27

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Fontes

dia 27 – Mapa Pirituba, p. 74

https://passapalavra.info/2013/05/77940/

dia 29 –

https://teste.passapalavra.info/2013/05/78039/

dia 2 - Singer, 2018, p. 103

dia 3 – Mapa M’Boi Mirim, p. 74

https://passapalavra.info/2013/06/78269

dia 6 –

http://passapalavra.info/2013/06/78528/

http://passapalavra.info/2013/06/78554/

Facebook: Altino Prazeres –

https://www.facebook.com/altino.prazeres?__tn__=

%2CdC-R-

R&eid=ARAdMDFX7IaOUKD6AR4g7RGdv-

MMx0E7J0PxJ45k78DeVoXQ6k8mQeGAfbIcCIir

fzF50RmtHTkhnug4&hc_ref=ARSl59XrQDdVBg

Gib2A61Ev726Bt4mNe7BQDfJKH7DbY2CPEiD8

0zZG59pWDAVVZOX4&fref=nf

dia 10 –

http://passapalavra.info/2013/06/78775

dia 11 –

http://passapalavra.info:8080/2013/06/78825 ,

https://passapalavra.info/2013/06/78835/

dia 13 -

http://www.passapalavra.info/2013/06/79025

http://www.passapalavra.info/2013/06/79001/

http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2013/06/129

4177-nina-cappello-erica-de-oliveira-daniel-

guimaraes-rafael-siqueira-por-que-estamos-nas-

ruas.shtml), imagem Datena,

http://passapalavra.info/2013/06/79190/

dia 14 -

http://cspconlutas.org.br/2013/06/nota-da-csp-

conlutas-sp-governos-de-alckmin-e-haddad-

aumentam-ataques-e-trabalhadores-respondem-

com-greves-e-manifestacoes/ , José Dirceu em

Ortellado et al, 2013 p.120

dia 15 –

http://passapalavra.info/2013/06/79356

Mapa Largo da Batata, p. 75

http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2013/06/129

5534-editorial-agentes-do-caos.shtml , imagem

capa Folha

https://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/2014/05/1

458969-relembre-em-7-atos-os-protestos-que-

pararam-sp-em-junho-de-2013.shtml

dia 17 - Facebook: Lula em Ortellado et al, 2013

p.161 - Singer, 2018, p. 204

dia 18 – Ortellado et al, 2013 p. 197-8 , Mapa

Paulista, p.75

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/114614

-grupo-defende-desestatizacao-do-transporte.shtml,

http://cspconlutas.org.br/2013/06/populacao-toma-

as-ruas-e-novas-manifestacoes-sao-marcadas/

dia 20 -

https://passapalavra.info/2013/06/79473/

https://passapalavra.info/2013/06/79726/ ,

http://passapalavra.info/2013/06/79837/

Dia 21 -

Singer, 2018, p. 107

http://cspconlutas.org.br/2013/06/mais-de-4-mil-

metalurgicos-de-sp-participam-de-ato-no-dia-2106-

por-transporte-publico-e-melhores-condicoes-de-

trabalho/

https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/06/1

299397-protesto-contra-cura-gay-reune-1000-em-

sao-paulo.shtml

dia 22 –

http://feeds.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/115472-

em-clima-de-calcadao-paulista-reune-30-mil-

contra-pec-37.shtml

https://oglobo.globo.com/brasil/novo-perfil-de-

manifestante-toma-as-ruas-de-sao-paulo-8787083

Dia 25 -

http://cspconlutas.org.br/2013/06/fortalecer-o-dia-

27-em-todo-o-pais-e-em-seguida-preparar-o-dia-

nacional-de-lutas-em-11-de-julho-convocado-

pelas-centrais-sindicais/

Dia 27 -

http://cspconlutas.org.br/2013/06/confira-as-

primeiras-atividades-desse-dia-nacional-de-luta-

convocado-pela-csp-conlutas/

https://www.pragmatismopolitico.com.br/2013/07/

a-ocupacao-da-reitoria-da-unesp.html (foto de

autoria da Mídia Ninja)