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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
ALDO CORDEIRO SAUDA
Do direito à cidade à anticorrupção: deslocamento de pautas, diversificação de atores e desdobramentos de Junho de 2013
CAMPINAS
2019
ALDO CORDEIRO SAUDA
DO DIREITO À CIDADE À ANTICORRUPÇÃO: DESLOCAMENTO DE PAUTAS, DIVERSIFICAÇÃO DE ATORES E DESDOBRAMENTOS DE JUNHO DE 2013
Dissertação apresentada ao Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de mestre em Ciência Política
ORIENTADORA: ANDRÉIA GALVÃO ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELO ALUNO ALDO CORDEIRO SAUDA, E ORIENTADO PELA PROFA. DR. ANDRÉIA GALVÃO.
CAMPINAS
2019
Ficha catalográficaUniversidade Estadual de Campinas
Biblioteca do Instituto de Filosofia e Ciências HumanasPaulo Roberto de Oliveira - CRB 8/6272
Sauda, Aldo Cordeiro, 1987- Sa85d SauDo direito à cidade à anticorrupção : deslocamento de pautas,
diversificação de atores e desdobramentos de junho de 2013 / Aldo CordeiroSauda. – Campinas, SP : [s.n.], 2019.
SauOrientador: Andréia Galvão. SauDissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Instituto de
Filosofia e Ciências Humanas.
Sau1. Movimentos sociais. 2. Classes sociais. 3. Movimentos de protesto. 4.
Neoliberalismo. 5. Partido dos Trabalhadores (Brasil). I. Galvão, Andréia,1971-. II. Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Filosofia e CiênciasHumanas. III. Título.
Informações para Biblioteca Digital
Título em outro idioma: From city rights to anticorruption: agenda shifts, actordiversification and the outcomes of June 2013Palavras-chave em inglês:Social movementSocial classesProtest MovementsNeoliberalismWorker's Party (Brazil)Área de concentração: Ciência PolíticaTitulação: Mestre em Ciência PolíticaBanca examinadora:Andréia Galvão [Orientador]Luciana Ferreira TatagibaRobert Sean PurdyData de defesa: 26-09-2019Programa de Pós-Graduação: Ciência Política
Identificação e informações acadêmicas do(a) aluno(a)- ORCID do autor: https://orcid.org/0000-0002-6569-4045- Currículo Lattes do autor: http://lattes.cnpq.br/9492742843092773
Powered by TCPDF (www.tcpdf.org)
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
A Comissão Julgadora dos trabalhos de Defesa de Dissertação de Mestrado, composta pelos
Professores Doutores a seguir descritos, em sessão pública realizada dia 26 de setembro de
2019, considerou o candidato Aldo Cordeiro Sauda aprovado.
Prof(a) Dr(a) Andréia Galvão
Prof(a) Dr(a) Luciana Ferreira Tatagiba
Prof Dr Robert Sean Purdy
A Ata de Defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no SIGA/Sistema
de Fluxo de Dissertações/Teses e na Secretaria do Programa de Pós-Graduação em Ciência
Política do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas.
À Tainã, com amor
Agradecimentos
Agradeço principalmente aos debates com os colegas do grupo de pesquisa Movimentos Sociais, Sindicalismo e Política (MOB) do Centro de Estudos Marxistas do IFCH em Campinas, onde formulei a maior parte das ideias neste trabalho: Agnus, Amanda, Caue, Cristhiane, Ellen, João Campinho, João Tury, Mateus, Priscila e Vagner. A paciência, persistência e perseverança da minha orientadora Andréia Galvão, que ao me empurrar para além da zona de conforto, permitiu meu amadurecimento no marxismo. Agradeço também a Silvia Miskulin, Henrique Carneiro, Valério Arcary, Paula Marcelino, Waldo Mermelstein e Rodrigo Ricupero, companheiros que me incentivaram na academia. O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001. Agradeço também ao apoio dos professores do departamento de Ciência Política da universidade, em particular Raquel Meneguello, Armando Boito, Luciana Tatagiba e Sávio Cavalcante, do Departamento de Sociologia, sendo que aos dois últimos agradeço também terem feito parte de minha banca de qualificação. Agradeço aos editores da Autonomia Literária, Caue Ameni, Hugo Albuquerque e Manu Beloni, assim como à Márcia Camargos, pelas contínuas aventuras no mundo dos livros que marcaram este período. À Marcela Grecco e Carlos de Lucca pela parceria no direito, Charlotte Heltai e Camila Valle, da Heymarket Books e NYC for Abortion Rights, que gentilmente me hospedaram para a conferência Historical Materialism deste ano em Nova York, assim como Felipe Vonno e Ramon Koelle, incansáveis camaradas e advogados do MTST. Agradeço ao meus pais, Norma e Aldo Sr., pelo carinho e apoio permanente. Por fim, a todos os lutadores e lutadoras que desde junho de 2013 continuam nas ruas preenchendo nosso horizonte, decifrando a esfinge enquanto a constroem.
Mónica Bergamo - O próprio PT faz críticas a Dilma. O senhor sempre fala que tem muito orgulho em ter saído com 85% de aprovação e ser o presidente mais bem avaliado do Brasil. O senhor tem vergonha de ter eleito uma presidente que foi a mais mal avaliada; Temer é o único que "ganha" dela. Lula - Orgulho, Orgulho. Tenho muito orgulho de ter a Dilma. M. Bergamo - Mas ela saiu pessimamente avaliada, presidente. o povo brasileiro... Lula - Nem todo filho consegue ter o sucesso que você teve. M. Bergamo - Ela foi um fracasso, saiu mal avaliada… Lula - O Pelé, não teve nenhum jogador como ele, nem o filho dele. É importante lembrar que em 2013 a Dilma tinha quase 75% de preferência eleitoral, aprovação de 75%… M. Bergamo - E em 2015? Lula - Espera aí, deixa eu falar querida. Depois do que aconteceu a partir de 2013, que eu acho que nem a imprensa avaliou direito, nem a esquerda, nem os cientistas políticos avaliaram direito, o que foi 2013? E o que foi a Primavera Árabe? Sabe, aquela loucura… Eu fiquei muito feliz quando derrubaram o Mubarak. Fiquei muito feliz! Porque conheci ele bem. O Obama tinha acabado de ir lá fazer um discurso. O grande discurso do Egito. Bem, aí derrubam o Mubark, elegem o Morsi. Em três meses, derrubam o Morsi. E quem tá governando? Uma junta militar. E não tem mais nenhuma manifestação na rua.1
1 Entrevista no cárcere da superintendência da Polícia Federal em Curitiba, realizada pelos jornais Folha de S.Paulo e El Pais com Luís Inácio Lula da Silvia. (Bergamo & Fernandes, 2019)
RESUMO
A presente pesquisa investiga as causas, organizações promotoras e resultados das
mobilizações de junho de 2013 pela análise da bibliografia que utiliza classes e frações de
classes na compreensão do fenômeno. Ultrapassando o plano dos resultados imediatos, busca-
se apontar desdobramentos políticos de médio prazo. Sustentamos, em primeiro lugar, que a
composição social dos protestos, desde seu início majoritariamente de classe média,
possibilitou seu sequestro por grupos anticorrupção. Em segundo lugar, esta mesma
composição se expressou nas campanhas de rua em 2015-16 - favoráveis ou contrárias ao
impeachment - revelando uma continuidade em relação a 2013. Terceiro, ao desmobilizar sua
base eleitoral em 2014, o PT permitiu confluir a fração internacionalizada da burguesia e a
mobilização de massas da alta classe média. Por fim, que os protestos encabeçados pelo MPL
foram se metamorfoseando ao longo do acirramento dos conflitos entre projetos políticos
distintos, desencadeando uma crise política de hegemonia da burguesia interna no bloco de
poder. Esta crise levou ao fim da frente neodesenvolvimentista no Brasil e à restauração do
neoliberalismo ortodoxo. Junto à bibliografia, o trabalho utiliza como fonte a imprensa
autonomista, relevante para compreender a base, a direção e o programa do primeiro grupo
promotor dos protestos, o Movimento Passe Livre (MPL).
Palavras-chave: movimentos sociais; classes sociais; movimentos de protesto; neoliberalismo;
Partido dos Trabalhadores (Brasil)
Movimentos Sociais; Classes Sociais; Movimentos de Protesto; neoliberalismo; Partido dos
Trabalhadores (Brasil)
ABSTRACT
This dissertation investigates causes, initiator groups and results of the June 2013 mass
mobilizations, analyzing the bibliography that uses classes and class fractions. Attention will
be given to mid-term political consequences of those events. We will point out that the social
composition of those protests, mostly middle class since their inception, allowed them to be
hijacked by anti-corruption groups. Second, that this social composition, also predominant in
the demonstrations in favor or against President Dilma Rousseff’s impeachment in 2015-16,
express continuity with regards to 2013. Third, that the Workers Party (PT) strategy of class
conciliation, through the demobilization of its base after the 2014 elections, lead the
internationalized fraction of the bourgeoise to coalesce with mass mobilizations of the upper
middle class. Lastly, that the protests lead by MPL metamorphosed with the intensification of
conflicts between different political projects, triggering in the power block a crisis of political
hegemony of the internal bourgeoise. This crisis leads to an end of the neodevelopmentalist
front in Brazil, restoring orthodox neoliberalism. Along with the bibliography, this essay will
use the autonomist press as a relevant source to explain the base, program and leadership of
the first group responsible for calling the demonstrations, the Free Fares Movement (MPL).
Keywords: social movements; social classes; protest movements; neoliberalism; Workers Party
(Brazil)
LISTA DE TABELAS
Gráfico 1 - Frequência anual de protestos registrados na imprensa entre 2011 e 2016 ........ 14
Gráfico 2 - Greves na indústria de transformação entre 2003 e 2016 ................................... 15
Gráfico 3 – Greves no setor de serviços entre 2003 e 2016 ................................................... 15
Tabela 1 - Composição social dos protestos em 2013 ........................................................... 44
Gráfico 4 - Relação entre protestos e PIB entre 2011 e 2016 .............................................. 46
Gráfico 5 – grupos sociais nos protestos .............................................................................. 47
Gráfico 6 – Setores da classe trabalhadora nos protestos ..................................................... 48
Tabela 2 – grupos sociais nos protestos pré e pós de 2013 .................................................. 48
Tabela 3 - Quantidade de greves nas empresas privadas e estatais, por setor econômico ..... 49
Gráfico 7 - total de greves nas empresas privadas e estatais ................................................. 50
Imagem 1 – Mapa da segregação racial – Terminal Pirituba ................................................. 75
Imagem 2 – Mapa da segregação racial – Estrada do M`Boi Mirim ..................................... 75
Imagem 3 – Mapa da segregação racial – Largo da Batata .................................................... 76
Imagem 4 – Mapa da segregação racial – Avenida Paulista .................................................. 76
Tabela 4 – Motivos de participação nas manifestações de 2013 ............................................ 81
Tabela 5 - Composição social dos protestos em 2015-16 ............................................ 108-109
Tabela 6 – Opinião e Boato entre os manifestantes anticorrupção ................................. 111-12
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AGP - Ação Global dos Povos
CMI – Centro de Mídia Independente
Conlutas – Coordenação Nacional de Lutas
CUT – Central Única dos Trabalhadores
ELP – Estudantes Pela Liberdade
MBL – Movimento Brasil Livre
MPL – Movimento Passe Livre
MST – Movimento Rural dos Trabalhadores Sem Terra
MTST – Movimento dos Trabalhadores Sem Teto
MP – Ministério Público
OAB – Ordem dos Advogados do Brasil
PCB – Partido Comunista Brasileiro
PCO – Partido da Causa Operária
PC do B – Partido Comunista do Brasil
PF – Polícia Federal
PSL – Partido Social Liberal
PSDB – Partido Social Democrático Brasileiro
PSOL – Partido Socialismo e Liberdade
PSTU – Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados
PT – Partido dos Trabalhadores
PMDB – Partido do Movimento Democrático Brasileiro
STF – Supremo Tribunal Federal
TRT – Tribunal Regional do Trabalho
UBES – União Brasileira dos Estudantes Secundaristas
UMES – União Municipal dos Estudantes Secundaristas
UPES – União Paulista dos Estudantes Secundaristas
VPR – Vem pra Rua
SUMÁRIO
Introdução ........................................................................................................................... 13
1. Classes e movimentos sociais ............................................................................................ 20
2. Metodologia ...................................................................................................................... 23
Capítulo I - Antecedentes...................................................................................................... 28
1.Razões Econômicas: as contradições do neodesenvolvimentismo........................................ 29
2. Mudanças no mundo do trabalho e na estrutura de classes................................................... 33
3. A composição social dos protestos....................................................................................... 35
a) O precariado enquanto “Nova Classe” ..................................................................... 36
b) O precariado enquanto parte do Proletariado........................................................... 39
c) A centralidade das Classes Médias........................................................................... 42
4. Razões Políticas: das críticas ao reformismo fraco à pauta anticorrupção.......................... 46
Capítulo II – O Movimento nas ruas ................................................................................... 54
1. Origens e composição social do MPL.................................................................................. 54
2. A organização do movimento ............................................................................................. 63
a) Bases políticas e teóricas do MPL .......................................................................... 72
b) MPL e o movimento social como um todo .............................................................. 72
3. Os protestos em junho.......................................................................................................... 74
3.1 Perfil dos participantes e motivos do protesto...................................................... 80
3.2 A capilaridade dos protestos.................................................................................. 82
3.3 Os “Black Blocs” e a violência............................................................................... 84
4. Os protestos de 2013 integram uma onda internacional? ................................................... 86
4.1 As classes sociais na Primavera Árabe ................................................................ 91
Capítulo III – O pós-Junho: muitas possibilidades, um único desfecho............................ 97
1. A crise política pós-2013 ..................................................................................................... 99
2. A esquerda na crise ............................................................................................................ 101
2.1 As ocupações dos secundaristas .......................................................................... 102
2.2 A fragmentação da esquerda ................................................................................ 105
3. A base social das mobilizações a favor e contra o golpe institucional................................ 107
3.1 A reorganização da direita.................................................................................... 110
Conclusão ............................................................................................................................. 114
Bibliografia .......................................................................................................................... 116
Anexo 1 – tabela de artigos publicados no #transportes do site Passa Palavra
Anexo 2 – Linha de eventos dos protestos de 2013
14
Introdução
Esta dissertação se propõe a discutir o processo político brasileiro relativo às
manifestações que eclodiram em junho de 2013, mobilização que levou estimados 2 milhões
de brasileiros às ruas de mais de 400 cidades – incluindo 100 mil manifestantes em São Paulo
e no Rio de Janeiro – analisando suas causas, organizações promotoras, e resultados. Embora
seja um fenômeno relativamente recente, já há um volume significativo de análises sobre os
protestos na literatura (Maricato, 2013, Gohn, 2013, Alonso & Miche, 2015, Boito, 2018
Galvão & Tatagiba, 2019, Singer, 2018, Braga, 2013, Badaró, 2013, Purdy, 2018, Jourdan,
2018, Nogueira, 2014, Saad Filho & Morais, 2018, Ortellado, Pomar, Lima & Judensnaider,
2013, Cava & Cocco, 2013, Cavalcante & Aries, 2019). No entanto, as interpretações são
bastante variadas, considerando desde “novos” sujeitos e movimentos (com destaque para a
juventude, a onda de ativismos identitários em torno de questões de raça, gênero e orientação
sexual, e para os novos grupos de direita) assim como “velhos” atores, sejam eles classes e/ou
movimentos sociais em campanha por redistribuição.
Os protestos de 2013 começaram por uma demanda específica, a redução das tarifas no
transporte público de São Paulo. No dia 02 de junho, as passagens de ônibus, trens e metrô
foram reajustadas em 6% de RS 3,00 para R$ 3,20, retornando ao preço original no dia 20,
após os protestos massivos verificados ao longo daquele mês. O Movimento Passe Livre
(MPL), surgido em 2003 em Salvador e Florianópolis em defesa do transporte gratuito, foi a
principal organização promotora das mobilizações entre o início de junho até o dia 20. Com os
protestos se espraiando para outras cidades, as pautas e os atores foram se diversificando,
surgindo novas reivindicações.
Ao analisar o período compreendido entre 2011 e 2016, Andréia Galvão e Luciana
Tatagiba consideram que os protestos revelam "duas dinâmicas distintas: polarização política
(em torno do eixo PT X anti-PT) e heterogeneização de atores e reivindicações, com uma
permanência importante de conflitos de classe e o fortalecimento de conflitos estruturados em
torno de outros pertencimentos identitários." (Galvão & Tatagiba, 2019, pág. 5). Ao mesmo
tempo, o aumento significativo de ações de protestos registrados na imprensa, sobretudo em
2013, ocorre simultaneamente a uma onda de greves operárias (Galvão, 2019 pág. 75-6). Nas
15
regiões metropolitanas, as greves e protestos estimularam os movimentos de moradia,
resultando em “quase 700 ocupações entre 2013 e 2014, praticamente o triplo do que havia
sido registrado nos dois anos anteriores” (Boulos, 2015, p. 20).
Dados do Dieese indicaram crescimento nas mobilizações dos trabalhadores desde
2008, quando ocorreram 411 greves no país, alimentando a hipótese defendida por Marcelo
Badaró (2016, pag. 1149) de efeito bumerangue entre as greves e os protestos de junho. Entre
2011 e 2012 foram 554 paralisações, quantidade que salta para 2.050 em 2013, sugerindo uma
possível relação entre as manifestações de junho e as mobilizações sindicais. Enquanto 2013
marca um salto nas atividades grevistas no setor de serviços (gráfico 3), é entre os trabalhadores
da indústria - espaço em que os sindicatos operários são mais fortes - que as greves parecem
seguir padrão mais próximo à onda de protestos registrada na imprensa (gráfico 1), cujo pico
na quantidade de paralisações nas empresas ocorre no mesmo ano das maiores manifestações
de rua (gráfico 2).
Gráfico 1- Frequência anual de protestos registrados na imprensa entre 2011 e 2016
* Fonte: Galvão e Tatagiba 2019, p.10. Frequência anual dos protestos entre 01/01/2011 a
31/08/2016, agregado por evento (N=1285).
108
260
445
147 153 172
2011 2012 2013 2014 2015 2016
Frequência anual dos protestos - 2011-2016
16
Gráfico 2 - Greves na indústria de transformação entre 2003 e 2016
Gráfico 3 – Greves no setor de serviços entre 2003 e 2016
* Fonte: Galvão 2019, p.75. Baseada em Banco de Dados SAG-DIEESE.
17
A alta nos números registrados nos gráficos 2 e 3 mostram que a intensificação dos
protestos pré-junho segue os padrões do aumento de greves identificado pelo DIEESE (Galvão,
2019 p.75). Para Tatagiba e Galvão, "os protestos evidenciam queixas e insatisfações de um
conjunto muito diverso de atores sociais, indicando uma conflitividade social crescente que
extrapola a capacidade de incorporação política do lulismo" (p. 13).
Pablo Ortellado, Elena Judensnaider, Luciana Lima e Marcelo Pomar (2013)
reconstroem de forma minuciosa os eventos do início de junho, sendo a explicação mais
detalhada dos protestos. Dando fala ao movimento social, o livro Vinte centavos, a luta contra
o aumento (Editora Veneta) expressa um dos ângulos da perspectiva do MPL. Sua periodização
em torno da campanha pela redução da tarifa, porém, limita a narrativa até o dia 19, quando o
então prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, cede aos protestos e reduz o valor da passagem.
O maior protesto do mês, que juntou 110 mil pessoas dia 20 na Avenida Paulista (Datafolha,
2013b), pontuado pelo enfrentamento físico entre direita e esquerda, é ignorado. Segundo
André Singer (2018), “na segunda etapa dos acontecimentos, com as manifestações de 17, 18,
19 e 20 de junho, quando os protestos alcançam o auge, camadas da sociedade alheias ao MPL
entram em cena”. (p. 208)
Estimulados pela intensificação do ativismo político ocorrido durante os governos
petistas (Tatagiba & Galvão, 2019), assim como pela expansão desordenada das cidades
durante o período de crescimento econômico precedente (Maricato et al, 2013), a causa que
originalmente levou as organizações promotoras às ruas não parece ser aquela que possibilitou
a massificação dos protestos. Junto a demanda por outros direitos sociais (saúde, educação) e
a crítica aos gastos públicos para obras da Copa de 2014 e Olimpíada de 2016, medidas
anticorrupção em tramitação no Congresso Nacional ganharam o holofote central. Angela
Alonso e Ann Mische (p. 2, 23-24) identificam a violência policial contra os manifestantes
enquanto elemento importante para a nacionalização do movimento. Ao mesmo tempo, se
enquanto para Ortellado et al (2013) dia 14 de junho a pauta por direitos à cidade passa a
competir com bandeiras anticorrupção introduzidas no movimento através da internet, este
processo, para Singer (2018, p. 207-8) acompanha mudanças na composição social dos
protestos.
A partir do segundo fim de semana do mês, destaca-se a oposição à PEC 37, que
limitaria o poder de investigação do Ministério Público, entre as bandeiras dos manifestantes.
Parcela da sociedade, principalmente na alta classe média, interpretou a medida como um
incentivo à impunidade, especialmente no caso de acusações contra políticos. O apoio à pauta
18
anticorrupção, que já havia ganhado destaque com as denúncias do chamado “mensalão”
encontrou respaldo na manifestação realizada dia 20 na Avenida Paulista. Em pesquisa
realizada pelo Datafolha nessa data, Joaquim Barbosa, ex-ministro do STF, aparecia em
primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto para presidente, mencionado por 30% dos
manifestantes. Marina Silva pontuava em segundo com 22% e Dilma em terceiro, com 10%
(Datafolha, 2013b). Como explicar essa mudança de pautas? Em que medida a composição de
classe dos manifestantes contribui para compreendê-la?
Mesmo que engajados pela tarifa zero e assumindo-se como uma organização simpática
às necessidades das classes trabalhadoras2, o MPL é geralmente analisado a partir de uma
perspectiva geracional, como um movimento de juventude ou de estudantes sem vínculos ao
movimento socialista. Sua caracterização enquanto expressão de um novo paradigma político
e social – livre das amarras de classe do século XX - aparece com frequência na literatura sobre
2013. Gohn apresentará o coletivo como um “novíssimo movimento social” (Gohn, 2013, pág.
44) para diferenciá-lo dos "novos movimentos sociais” associado a pautas identitárias e de
esquerda3. Enquanto o MPL seria um movimento social com existência e espaço próprio, a
velocidade e dispersão territorial dos protestos de 2013 o tornou apenas mais um elemento
entre "muitos outros atores, incluindo diferentes movimentos sociais, que foram às ruas e
muitos protestos que surgiram, um após o outro, sem clara coordenação, formando um ciclo de
ação coletiva" (Alonso e Mische, 2015, p. 10).
Alonso e Mische (2015) enfatizarão que junho inaugura um novo ciclo de protestos,
conformado por autonomistas, socialistas e patriotas. Os primeiros são movimentos
2 O conceito de classes trabalhadoras, no plural, tem enquanto objetivo abarcar a pluralidade das formas de
trabalho contemporâneas. Segundo Galvão (2011) nem todos aqueles que vivem do trabalho devem ser
identificados como “proletariado" ou “classe operária”. Ao incluir as classes médias e a pequena burguesia, o
conceito de classes trabalhadoras engloba “trabalho manual e não manual, produtivo e improdutivo, assalariado e
não assalariado, tarefas de direção e de execução.” (p. 111) 3 Segundo Cox, Krinsky e Nilsen (2013) “No continente europeu, aonde o estalinismo e os marxismos dissidentes
ainda dominavam a esquerda, intelectuais engajados como André Gorz, Alain Touraine ou Rudolf Bahro e
acadêmicos como Alberto Melucci – engajados nos Novos Movimentos Sociais – extraíram muito do formato
geral da analise marxista, pensando um novo modelo por entenderem que mudanças fundamentais macro-
históricas haviam ocorrido nos países de bem estar social ou “sociedades pos-industriais.” (...) As derrotas sofridas
pelas “organizações do trabalho” ao final dos anos 70 e 80 junto à perspectiva cada vez mais conservadora dos
partidos stalinistas e socialdemocratas, assim como das estruturas sindicais que os acompanhavam, contribuíram
ao apelo desta perspectiva.” (p.4-5)
19
independentes e inovadores que, sob inspiração dos protestos anti-globalização, recuperam
várias formas de contra-cultura, como a estética punk, valores libertários e anarquistas. O MPL
corresponderia a essa primeira categoria. Os segundos são grupos mais tradicionais de
esquerda, oriundos do movimento operário e de partidos políticos, que recorrem a um
repertório de ação mais tradicional e apresentam demandas com uma tônica redistributiva. Os
terceiros são nacionalistas, que se valem de ações e símbolos convencionais, recuperando o
verde e amarelo e a bandeira nacional, e tal como no Fora Collor, enfatizando a temática da
anticorrupção. A despeito dos três repertórios, segundo as autoras, o movimento se divide em
dois campos de ação estratégica essencialmente antipetistas, com “todos os manifestantes
fazendo exigências e denunciando o governo: por eficiência estatal (incluindo pedidos por um
Estado melhor e/ou menor), contra a partidarização (oposição à representação política dos
partidos, ao governo do PT ou por auto-governo) e contra a repressão policial. Porém,
constituíram dois campos de oposição, um situado à esquerda e outro à direita do governo
federal, que é dirigido por uma coalizão de centro-esquerda.” (p. 25)
Enquanto as autoras recusam o conceito de classe, outra parte da literatura analisa junho
a partir desse recorte, embora não defina classe da mesma forma, nem identifique as mesmas
classes em ação. Segundo Ruy Braga (2013) os protestos de junho trataram da insubordinação
do precariado, uma parcela da classe trabalhadora precarizada e descontente com os limites das
políticas petistas. Já para Singer (2018) se trata de uma combinação entre a nova classe
trabalhadora e a classe média tradicional, enquanto para Armando Boito (2018) e Alfredo Saad
Filho e Lécio Morais (2018), foi um movimento predominantemente das classes médias e suas
frações. Marcelo Ridenti (2013), por sua vez, destaca como a consolidação da democracia
liberal, a massificação da cultura e a multiplicação do acesso à internet foram pré-requisitos
centrais para mover as classes médias em 2013. Em 2012, o Brasil já tinha 94,2 milhões de
pessoas conectadas à internet, quase três vezes mais que em 2005, então o quinto país do mundo
em conexões. Erminia Maricato (2013) também chama atenção para o papel das redes, mas
destaca a importância de associar a composição de classe dos protestos à questão urbana,
afirmando que “talvez a condição de jovens, predominantemente de classe média, que
compunha a maioria dos manifestantes exigia uma explicação um pouco mais elaborada, já que
foi antecedida dos movimentos fortemente apoiados nas redes sociais. Mas no Brasil é
impossível dissociar as principais questões, objetivas e subjetivas desses protestos, da condição
das cidades.” (Maricato, 2013, p. 22).
20
Outros autores também utilizam o conceito de classe, mas de uma forma que o dilui em
distintas categorias, parcialmente dissolvidas na sociedade de redes (Nogueira, 2013) ou
substituídas por uma multidão articulada por interesses relativamente uniformes (Cava &
Cocco, 2013). Tratando a multidão enquanto ator político4, esta literatura focada em redes
considera a relação entre a economia política e os movimentos sociais menos relevantes por se
tratar não mais de "uma luta meramente contra a privatização, o mercado ou o neoliberalismo,
como nas décadas passadas, segundo o modelo dicotômico público x privado, – mas uma luta
multitudinária que foi diretamente ao coração do público, que não distingue entre estado e
mercado, entre a burocracia e o aglomerado de interesses empresariais, financeiros e mafiosos
(três interesses que, no fundo, são o mesmo) que também e sobretudo são estado” (Cava e
Cocco, 2013, p.15).
O conceito de multidão, ao permitir tratar o movimento como ator unificado, acaba por
secundarizar as expressões ideológicas do conflito entre as frações das classes médias. Cava e
Cocco (2013) e Nogueira (2013) identificam nos protestos uma nova direção geracional para a
sociedade civil, que se constrói em oposição radical ao PT, cuja fome pelo poder estatal teria
levado a perder influência sobre as novas gerações, em parte pela sua própria corrupção moral.
A natureza carismática da dominação de Lula, que se distanciaria de um modelo mais
burocrático, e teoricamente mais institucional, da época de Fernando Henrique Cardoso e do
PSDB seria uma das explicações para este fenômeno. A ideia do Partido dos Trabalhadores
enquanto partido populista, e não um partido de origem operária, leva Nogueira a concluir que
o PT abandonou a disputa pela sociedade civil.
O que une as interpretações de Nogueira (2013), Gohn (2013), Cava e Cocco (2013,
2015), Alonso e Mische (2015) é a superestimação dos conflitos políticos e ideológicos entre
MPL e o Partido dos Trabalhadores, assim como a secundarização dos vínculos do grupo com
o movimento popular, sindical e estudantil entre 2011 e 2013.
4 Segundo Cocco (2015) “a multidão não é uma manifestação em si, mas o fazer-se de uma subjetividade que se
mantém múltipla” também afirmando no mesmo trabalho que “o conceito de “multidão” não é aquele de um
projeto político, mas a definição ontológica da nova condição do trabalho e da luta (da política) no capitalismo
contemporâneo. Política e economia nunca se separam no fazer-se da multidão como nova realidade ontológica
do social.” Cocco (2015) também afirma que “o binarismo do poder pode ter derrotado a multidão de junho, mas
nunca vai conseguir cooptá-la.” Por “binarismo do poder” Cocco se refere à divisão dos protestos de 2015-16
entre favoráveis ao impeachment e aqueles contrários ao golpe.
21
Este trabalho pretende contribuir para sistematizar o debate sobre esse fenômeno
político recente, trazendo algumas reflexões sobre a composição social das manifestações e
seus desdobramentos. Para isso, recorreremos à literatura recente sobre movimentos sociais,
que vem recuperando o conceito de classe para a análise de protestos.
1. Classes e movimentos sociais
Conforme a perspectiva teórica utilizada nesta dissertação, os movimentos sociais são
“formas mediadas de expressão da luta de classes” (Barker, 2013, p.47). Isso significa que os
movimentos sociais se referem aos problemas que surgem das características centrais do
capitalismo e às particularidades concretas que esses problemas assumem em diferentes
contextos históricos. No entanto, essa é uma perspectiva de análise marginal no campo.
Segundo Hetland e Goodwin (2013), o termo “capitalismo” foi amplamente retirado dos
estudos contemporâneos de movimentos sociais, em particular devido à influência do pós-
modernismo, o declínio do marxismo na academia e o papel relativamente diminuído dos
movimentos tradicionalmente baseados na classe operária, como sindicatos e partidos políticos
de esquerda (Purdy, 2017, p.12).
Segundo Sean Purdy (2017), as classes sociais são pouco utilizadas como categoria de
análise para novos movimentos sociais na América Latina, em particular nas leituras mais
influenciadas por estudos de redes sociais e internet. Conflitos geracionais tendem a ser
superestimados, em detrimento de conflitos de classe, o que nos leva a testar seu potencial
explicativo.
Em nossa concepção, as classes sociais não constituem atores definidos de modo
ideologicamente uniforme e organizados politicamente em uma única entidade. Elas são
divididas internamente conforme seus interesses, apresentando vários pontos de conflito.
Assim, as classes sociais são entendidas nesta dissertação não como blocos homogêneos e
opostos utilizando o conceito de burguesia e classe trabalhadora de modo genérico, mas
identificando a existência de “diferentes frações da burguesia - dotadas de interesses
específicos e intervindo de maneiras diversas no processo político nacional - e a diversidade
das classes trabalhadoras - o operariado e seus diferentes setores, a classe média e suas frações,
e também, a massa marginalizada, que tanto se expandiu nos anos de capitalismo neoliberal.”
22
(Boito & Galvão, 2012,p.8). Embora a ação coletiva não seja explicada apenas pelas classes
sociais, havendo distintas formas de dominação e opressão, o conceito permite a identificação
dos processos, tendências e relações de médio e longo prazo em torno das estruturas da
sociedade.
Esse ponto nos permite refletir sobre os desdobramentos políticos de 2013 de um modo
distinto de Alonso e Mische (2015). As autoras entendem que são os patriotas o grupo que
permanece na rua a partir de 2014, em torno do conservadorismo moral e de uma posição
política que vai se definindo em torno da questão do impeachment. Já o conceito de classes
permite identificar os interesses em jogo e refletir sobre a inserção do Brasil na economia
globalizada, observando relações sociais em plano nacional e internacional.
A interação entre diferentes classes sociais em um mesmo movimento leva Colin Barker
(2014) a recuperar a ideia de "movimento social como um todo”, elaborada por Karl Marx em
1869. Junto à ação dos operários, a mobilização de setores da pequena burguesia e dos
camponeses pobres era politicamente indispensável, segundo Marx, para derrubar o império
britânico e seu governo.5 A consideração como um “todo”, nos termos de Barker, não significa
que o movimento social seja uma entidade homogênea. A imagem interligada de uma “rede” é
mais adequada do que a de uma "“organização". "Assim como uma renda, redes de movimentos
podem ter múltiplos padrões; elas consistem em diversos agrupamentos, organizações,
indivíduos e assim por diante, entrelaçados de maneira variada em relações de cooperação e
(algumas vezes) antagonismo.” (p. 12)
A hipótese deste trabalho é que os protestos de 2013 envolveram uma diversidade de
classes e movimentos sociais nas ruas, que se mobilizaram por razões distintas, sendo que a
mobilização da alta classe média nos protestos e nas instituições estatais, sob a bandeira da
anticorrupção, se impôs de cima para baixo a partir de 2014. Canalizada institucionalmente
pelos setores politicamente ativos do Judiciário, Ministério Público e Polícia Federal
organizados pela operação Lava Jato, o “ingresso da alta classe média como força social ativa
e militante no processo político”, foi a principal novidade de 2013 (Boito, 2016, p. 29). Entre
5 Segundo Barker “Para Marx e Engels, antagonismos e contradições internas ao movimento social poderiam
atrasar o conjunto do seu desenvolvimento. Assim como a escravidão retardou o movimento independente dos
trabalhadores nos Estados Unidos, preconceitos dividiram e contiveram tais movimentos na Inglaterra. Neste
último caso, a luta de base camponesa pela independência irlandesa era, na visão de Marx, o “fermento" que
poderia transformar a situação para o “movimento social em geral””. (Barker, 2014, p. 9)
23
2015-16 a alta classe média, sob a direção de uma fração da burocracia do Estado (Boito, 2018,
pág. 256), estimulou e auxiliou a fração internacionalizada da burguesia a restaurar o
neoliberalismo no Brasil (Singer, 2018)6. A confluência entre a mobilização institucional e de
massas com o esgotamento da relação parlamentar entre o PT e a fração internacionalizada da
burguesia representada pelo PSDB no Congresso, desestabilizou politicamente o governo
Dilma Rousseff levando frações burguesas que a apoiaram em outubro de 2014 a romper com
o governo reeleito entre 2015-16 (Boito, 2018).
O conceito de classes e fração de classes permite identificar de qual forma o acúmulo
de contradições no bloco no poder7 resultou na expulsão das organizações iniciadoras do
movimento no dia 20 de junho, assim como a substituição das pautas por direito à cidade8 pela
6 Exemplo de confluência entre a classe média alta e a burguesia internacionalizada se expressa, por exemplo, nos
diálogos mediados pela agência de investimentos XP entre o chefe da força-tarefa da Lava Jato e os bancos JP
Morgan, Morgan Stanley, Goldman Sachs, Merrill Lynch e Citibank de Nova York, State Street, de Boston,
Barclays, Standard Chartered e Royal Bank of Scotland, de Londres, Macquarie Capital de Sydney, Dominion
Bank de Toronto, BNP Paribas, Natixis e Societe Generale de Paris, Credit Suissee e UBS de Zurique, Deutsche
Bank de Berlin, Banco Nomura de Tóquio e o espanhol Santander durante as eleições de 2018. (Audi, Demori e
Martins, 2019) Deve se destacar que a relação entre burguesia bancária interna e bancos internacionais é marcado
por cooperação e conflito. Segundo relatório do banco Goldman Sachs, “Fintec Brazil’s Moment” publicado em
2017 e reportado nos jornais Financial Times (Leahy, 2017) e New York Times (Sreeharsha, 2017), o sistema
bancário brasileiro é “uma estrutura de mercado oligopolista”, descrita como uma das mais fechadas do mundo,
e cuja abertura para “Fintecs” associadas ao capital estrangeiro poderiam movimentar até 24 biliões de dólares
nos próximos 10 anos. Apresentados como exemplos de inovação “Fintec”, os bancos Original e Nubank são
contrapostos pelo Goldman Sachs aos bancos Bradesco e Itaú, descritos como barreiras à abertura e modernização
do mercado. Segundo FT, “A emergência do Nubank, que levantou 180 milhões de dólares com seis grupos de
capital de risco, inclusive o grupo financeiro Sequoia, despertando interesse de investidores no potencial de novas
tecnologias em novas empresas de serviço financeiro na maior economia da América Latina”. (Leahy, 2017)
Enquanto meio termo entre a burguesia nacional e a burguesia compradora, a parcela financeirizada do grande
capital interno – Bradesco e Itaú - foi deslocado a partir de 2015 pelo grande capital internacional para a oposição
ao governo.
7 Bloco no poder constitui o conjunto de classes dominantes que exerce o poder de Estado. Para uma explicação
deste conceito elaborado por Nicos Poulantzas e sua aplicação à estrutura de classes no Brasil, ver Boito. (2018,
p.19-26). Conforme esse referencial teórico, hegemonia refere-se à capacidade de uma fração de classe burguesa
se sobrepor às outras no interior do bloco no poder, direcionando o poder de Estado para sua estratégia de
acumulação de capital. 8 Segundo David Harvey (2013), “O direito à cidade “não pode ser concebido como um simples direito de visita
ou um retorno às cidades tradicionais”. Ao contrário, “ele pode apenas ser formulado como um renovado e
24
ideologia neoliberal da anticorrupção9. Enquanto pode-se apontar que os germes do movimento
anticorrupção de 2015-2016 estavam presentes em 2013, é pouco frutífero explicar o processo
por seu resultado final. Os protestos de junho continham diversos outros ingredientes, e uma
massa dos manifestantes, que apesar da derrota conjuntural, ao participar com entusiasmo das
mobilizações multitudinárias certamente não se esqueceram delas.
2. Metodologia
A presente pesquisa possui natureza fundamentalmente bibliográfica, uma vez que seu
objetivo é fazer um balanço da literatura, sobretudo aquela que trabalha com conteúdo de
classe. Também utiliza fontes primárias, dentre as quais entrevistas com quadros do MPL e a
imprensa autonomista, a fim de fundamentar a análise proposta.
Foram realizadas 13 entrevistas com 8 dirigentes e ex-dirigentes do movimento sobre a
estrutura do MPL, assim como questões de estratégia e tática.10 Atendendo a pedidos tanto dos
transformado direito à vida urbana”. A liberdade da cidade é, portanto, muito mais que um direito de acesso à
aquilo que já existe: é o direito de mudar a cidade mais de acordo com o desejo de nossos corações.” (p. 28)
9 A anticorrupção, segundo Bratsis (2017), rompe com a ideia clássica da corrupção enquanto decadência e
destruição, passando a entende-la como falta de transparência. Movimento também estruturado em torno da
organização Transparência Internacional, a anticorrupção cumpre duas funções ideológicas no neoliberalismo. Ao
exigir um padrão técnico de transparência institucionalizada de Estados no sul global em que a correlação de
forças é permeada por arranjos opacos, ela contribui para aumentar a autonomia do Estado em relação às classes
populares, abrindo espaço para o capital transnacional. Segundo, ao propor quantificar internacionalmente o risco
da corrupção, cria uma hierarquia entre países que reproduz padrões e conceitos neocoloniais. Segundo Bratsis,
“Como o capital transnacional ganhou em importância na era global, a sua vontade para atender a interesses e
demandas locais foi reduzida. Consequentemente, ele pressiona as estruturas institucionais que estão ligadas à
governança tecnocrática, e são capazes de agir, em oposição às demandas populares e contra as preferências de
muitas elites locais.” ( p. 30)
10 Fonte importante desta revisão bibliográfica também serão três entrevistas dadas por Fernando Haddad, uma
extensa em português para a Revista Piauí e duas para a imprensa estrangeira. Além de fonte secundária, as
entrevistas de Haddad são importante perspectiva de análise, dada sua formação em economia política. Também
são fontes primárias desta pesquisa entrevistas realizadas pelo autor da dissertação com Michael Bourawoy
(2015), Michel Lowy (2015), Guilherme Boulos (2016), Tarik Ali (2017) e Noam Chomsky (2019).
25
entrevistados como do movimento, as citações no presente trabalho foram obtidas unicamente
em registros públicos da mídia escrita.11 A partir da direção, da base e do programa do MPL,
discutiremos a caracterização social desse grupo e sua relação com as duas classes sociais
fundamentais.
A produção bibliográfica do movimento autonomista de São Paulo, em geral produzida
por estudantes universitários oriundos da classe média, teve enquanto principal centro o site
Passa Palavra. Parte importante das elaborações do grupo que compunha o núcleo Passa
Palavra / MPL foi publicado em Movimentos em Marcha: ativismo, cultura e tecnologia (org.
Ortellado, Rhatto e Parra, 2013). Esse livro, distribuído pela internet pouco antes dos protestos
de junho, trata das Marchas pela Liberdade, que mobilizaram em São Paulo setores similares à
base social do MPL12 durante a fase ascendente do ciclo de protestos entre 2011 e 2013. Entre
2009 e 2012, o Passa Palavra publicou 163 entradas sobre #transportes, 118 em 2013 e 147
entre 2014 e janeiro de 2016.
O livro Escolas de Luta de Antônia Campos, Jonas Medeiros e Márcio Ribeiro (2016),
com introdução de Ortellado, destaca o papel do site Passa Palavra na organização das
ocupações de escolas em São Paulo durante o fim de 2015, assim como na identificação dos
vínculos entre o movimento e o MPL. Já o livro Junho: Potência das ruas e das redes editado
por Jean Tible, Hugo Albuquerque, Alana Morais, Bernardo Gutiérrez, Henrique Parra e
Salvador Schavelzon (2014), publicou o principal balanço do processo pela direção do
movimento, texto intitulado “Revolta Popular: O limite da Tática” (Martins & Cordeiro, 2014),
originalmente divulgado no site Passa Palavra. O principal trabalho que interpreta a política do
MPL para os protestos de 2013 usando o Passa Palavra foi redigida por Paulo Arantes no livro
O Novo Tempo do Mundo (2014, em particular p. 353 a 461). Ressaltando o debate estratégico
do grupo, Arantes diferencia o MPL de parte relevante dos movimentos sociais
contemporâneos por sua recusa à participação institucional na gestão de conflitos sociais. Parte
11 Para evitar qualquer tipo de identificação pessoal, o nome dos ativistas entrevistados foi ocultado nas
referências, sendo substituído por letras.
12 Segundo Henrique Carneiro (2013) “socialmente o movimento é, obviamente, majoritariamente de classes
médias, estudantes e gente ligada à mídia e à produção cultural. Isso é muito positivo, pois representa uma
radicalização política das classes médias ilustradas e progressistas que se contrapõe ao fortalecimento do
fundamentalismo religioso homofóbico e conservador.” (p. 128)
26
importante das fontes trabalhadas na presente pesquisa se encontra primeiro no texto de
Arantes (p. 404 a 424). Já o presente trabalho também procura identificar como o Passa Palavra
possivelmente atuou enquanto “organizador coletivo” do núcleo dirigente dos primeiros
protestos de 2013.
Um exemplo clássico de imprensa que atua enquanto organizador coletivo, segundo
Lambert (2019), foi a publicação El Moudjahid, órgão editado por Frantz Fanon e impresso
clandestinamente na Tunísia durante o conflito anticolonial argelino, conduzida nos anos 50
pela Frente por Libertação Nacional (FLN). Lambert (2019) destaca cinco publicações
contemporâneas internacionais - Métagraphes da França, Pathways da África do Sul, Kohl do
Líbano, Pensaré da Espanha e México, e Mada Masr do Egito - como parte de uma nova
imprensa subalterna fortemente integrada à internet que canaliza debates estratégicos e táticos
dos movimentos populares e sociais.13 A esta lista poderíamos também adicionar o site Passa
Palavra, que entre as jornadas contra o aumento da tarifa de 2011 até os protestos de junho de
2013 funcionou como órgão do MPL. Segundo Lambert, a nova geração de publicações ligadas
a movimentos sociais coloca à prova perguntas estratégicas (transformadas estruturalmente
pela internet) que também existiam na imprensa subalterna do século XX. 14 Entre as
13 Edição dedicada à imprensa subalterna da revista francesa The Fundambulist (2019, No 22), editada por
Lambert, destaca como parte da primeira geração da imprensa subalterna no século XX, além do jornal l Mujahid,
a publicação The Black Panther entre 1967 a 1978, jornal do movimento negro norte-americano (Rhodes, 2019),
o PFLP Bulletin, órgão da Frente Popular pela Libertação da Palestina publicada em Beirute de 1968 a 1984
(Abdullah, 2019), The Koorier, Te Hokioi e Réveil Kanak, publicações aborígenes, maoris e kankas do pacífico
sul durante o final dos anos 60 aos até os anos 80 (Stastny, 2019) assim como a revista e os cartazes da
Tricontinental, publicada de 1967 até hoje pela Organização de Solidariedade entre Povos da África, Ásia e
América Latina (OSPAAAL) baseada em Havana (Macphee, 2019). 14 Segundo Lambert é possível identificar similaridades e diferenças entre revistas de distintas gerações que
publicam sobre as lutas sociais. Perguntas como “sobre quem consegue falar? Sobre o que, e quando? Como? De
onde e em qual língua? Com qual resposta? Em qual forma é falado? Os leitores acham os conteúdos acessíveis?
Qual a influência de seu feedback? Somadas a essas perguntas, há outras mais técnicas, que são inerentes à
publicação (neste caso impressa): Quem imprime? Que tipo de papel e tinta? Quais são as redes de distribuição?
É de graça, e se não, qual o preço? Ele muda segundo o contexto ou status social dos leitores? Como se recicla
cópias defeituosas? Em qual bairro o escritório se baseia? Sem esquecer as questões fundamentais ligadas as
relações dos membros do time editorial: Há hierarquia ou ela é inteiramente horizontalista? Gênero, raça, classe,
habilidade ou idade afetam de que forma estas relações? Quanto cada um dos membros recebe pelo trabalho?
Todos se sentem confortáveis no local de trabalho? Quem faz parte do processo decisório? Quem fala em publico
pela publicação? Quem faz o chá ou café?” (p.16, 2019)
27
publicações contemporâneas apresentadas por Lambert, Mada Masr e Kohl, por exemplo,
apenas existem em versão digital.
A imprensa autonomista permite identificar com destaque três autores: João Bernardo
(1991, 2003), Manolo (2011) e Felipe Correia (2013), como eixos político-ideológicos do
MPL. Este núcleo de elaboração programática usou a internet para fazer balanços e traçar
perspectivas, assim como organizar o movimento. Apesar da hostilidade aos sindicatos e ao
Estado (o MPL sendo descrito por Haddad (2018a) como “antiestatal”) a perspectiva
programática do grupo se apresentava como marxista, se relacionando mais com a tradição
petista que o movimento anarquista, ao contrário do descrito em parte da bibliografia. (ver
capítulo 2)
Para identificar a natureza de classe dos protestos recorremos também às pesquisas de
opinião feitas com os manifestantes, sobretudo as pesquisas do Datafolha e Ibope em 2013 e
da Fundação Perseu Abramo em 2015. O jornal Folha de S. Paulo foi utilizado para reconstruir
a cronologia dos protestos e para recuperar as informações apresentadas pela mídia sobre esse
movimento15.
Feitos esses esclarecimentos, apresentamos a seguir a estrutura da dissertação.
O primeiro capítulo recupera alguns elementos mais gerais do contexto político do
período no qual os protestos de junho emergem. A partir da reconfiguração na correlação de
forças entre o bloco no poder e as classes populares após a eleição do PT à presidência em
2003, procurará identificar a relação dos protestos de junho com a crise de hegemonia da
grande burguesia interna, que perde a posição ocupada no bloco do poder durante os governos
petistas em meio ao surgimento de uma nova burguesia do setor de serviços, abrindo caminho
para o retorno do neoliberalismo ao Brasil. A bibliografia que trabalha a relação entre classes,
suas frações e sua relação com o poder de Estado, assim como a que trata das mudanças no
mercado de trabalho durante os governos Lula e Dilma, serão revistas neste capítulo, assim
15 As duas primeiras menções ao MPL na Folha de S. Paulo ocorreram em espaços marginais. (Folhateen,
24/04/2006; Painel do Leitor, 24/07/2008) Já o primeiro relato no jornal de protesto do movimento ocorreu no
final de novembro de 2008, quando "fotos de [Claudio] Lembo e de [Gilberto] Kassab foram coladas em caixas
de papelão, e o "enterro" ocorreu em frente à prefeitura.” (Tamari, 29/11/2008) A segunda Jornada contra o
aumento da tarifa de R$ 2,30 para R$ 2,70, foi noticiada pela Folha Online no final de 2009 quando ativistas do
movimento se acorrentaram na prefeitura em protesto (Folha, 26/10/2009).
28
como sua relação com a hipótese do surgimento na base da pirâmide de uma nova classe ou
fração de classe proletária, o “precariado”.
O segundo capítulo, baseado na narrativa de Ortellado et al (2013) e da imprensa
autonomista, tentará identificar as perspectivas teóricas do MPL e a relação entre os protestos
encabeçados pelo grupo e o movimento social como um todo, assim como as articulações
anticorrupção. Para isto, se utilizará de dados do Dieese e do banco de dados de análise de
eventos de protesto desenvolvido por Tatagiba e Galvão (2019) na Unicamp. O terceiro e
último capítulo, sobre as consequências de junho, debaterá a composição social das duas
principais campanhas de rua em 2015-16, favoráveis ou contrárias ao impeachment, e sua
relação com 2013.
29
Capítulo I - Antecedentes
O presente capítulo pretende identificar a dinâmica de classes na crise de hegemonia
da grande burguesia interna no bloco no poder, desencadeado pelos protestos de junho de 2013.
Buscaremos inicialmente verificar como as mudanças no mundo do trabalho durante o período
de governos petistas, que denominaremos neodesenvolvimentista, afetaram as estruturas de
classes no Brasil. Em seguida, examinaremos as razões políticas, ideológicas e econômicas que
levaram o Movimento Passe Livre (MPL) a perder espaço nos protestos e ser substituído ao
longo do mês por uma direção encabeçada por novos grupos anticorrupção.
A política neodesenvolvimentista, definida por Armando Boito (2018) como o
“desenvolvimentismo possível dentro do modelo capitalista neoliberal periférico.” (p. 57),
compreendia uma nova correlação de forças entre as classes dominantes no interior do bloco
no poder e uma nova relação entre estas e os trabalhadores, fossem eles sindicalmente
organizados ou mais precários e desorganizados. Estes últimos, denominados por Boito de
massa marginal, são identificados por Marcio Pochmann (2012) na sociedade em “crescente
polarização entre os dois extremos com forte crescimento relativo: os trabalhadores na base da
pirâmide social e os detentores de renda derivada da propriedade” (p. 22). O
neodesenvolvimentismo viabilizou uma aliança de classes "em torno de políticas econômicas
levemente heterodoxas e um impulso ligeiramente mais forte rumo à distribuição de renda na
margem. No contexto de prosperidade global sem precedentes de meados dos anos 2000, essas
políticas desencadearam um pequeno boom no Brasil” (Saad Filho e Morais, 2018 p. 21). Por
que esse arranjo e essa aliança se deterioram a partir de 2013? Três hipóteses presentes na
literatura serão revisadas16: o movimento de protestos em 2013 enquanto expressão de uma
nova classe, o “precariado” de Guy Standing (2013, 2016) ou, de modo relativamente distinto,
enquanto mobilização desse setor precarizado do proletariado (Braga, 2013); enquanto
expressão de distintas frações de classe média (Boito, 2013 e Cavalcante e Arias 2019), e por
16 Patrocinada pelo Centro Internacional para o Desenvolvimento e o Trabalho Digno, instituição próxima à
Organização Mundial do Trabalho (OIT), a edição “Política da precariedade: engajamentos críticos com Guy
Standing” da revista Global Labour Journal (Vol.7 No.2, publicada em 2016 na cidade de Johannesburg) será
fonte para o presente debate teórico. Editada por Marcel Paret, a revista trás considerações críticas ao conceito
por Jennifer Jihye Chun, Erik Olin Wright, Ruy Gomes Braga e Ben Scully, assim como uma resposta de Standing.
30
fim como hibrido entre o proletariado precarizado e as classes médias tradicionais (Singer,
2013, 2018).
Segundo Saad & Morais (2018), “Tentativas de desafiar o papel conservador do Estado
sempre desencadearam turbulências políticas no Brasil - por exemplo, nos anos 1920, 1944-
45, 1953-55, 1961-64, 1977-84, 1985-88 e a partir de 2013.” (p. 26) A capacidade de absorção
do Estado brasileiro, porém, está diretamente ligada a seu desenvolvimento desordenado em
escala nacional. Estes desequilíbrios, para Saad Filho & Morais, ocorrem pelo Estado ser forte
“verticalmente” e fraco “horizontalmente” – isto é, ele possui ampla capacidade de repressão,
genocídio étnico, escravização dos negros e criminalização da pobreza, porém dificuldade em
mediar conflitos entre diferentes frações das burguesias locais. A classe dominante, quase toda
ela branca, tende ao pragmatismo nas disputas internas, se movendo por um mínimo múltiplo
comum, atuando acima de tudo de forma pragmática. O Estado brasileiro espelha esta
realidade, administrado por “uma burocracia que, com frequência, se divide entre a
implementação de políticas definidas por interesses setoriais (incluindo os da própria
burocracia) e a busca pragmática por políticas determinadas por mínimos denominadores
comuns” (Saad Filho e Morais, 2018 p. 27).
Argumentaremos que as fragilidades organizacionais da grande burguesia interna, cuja
principal expressão histórica é a ausência de representação partidária própria, empurraram esta
fração de classe a se representar através e por dentro do PT - cuja origem no movimento
operário o coloca em permanente tensão com o Estado - tornando o elo entre os governos
neodesenvolvimentistas e a grande burguesia interna relativamente frágil. Este processo ocorre
em paralelo, desde os anos 90, a desindustrialização nacional e o surgimento de uma nova
burguesia de serviços, reconfigurando a estrutura da política de classes brasileira no longo
prazo.
Esta relação se desequilibra após os protestos de 2013, quando a classe média alta, até
então ator político passivo, ganhou nova relevância política.
1.Razões Econômicas: as contradições do neodesenvolvimentismo
Durante os 13 anos de governo Lula e Dilma, promoveu-se no Estado capitalista
brasileiro uma nova hegemonia no interior do bloco no poder, na qual a fração interna da grande
burguesia - que ao longo da redemocratização ocupou papel secundário em relação ao grande
31
capital financeiro internacional – passou ao centro da política econômica nacional e externa,
sendo a fração de classes que mais ganhou com os governos democráticos e populares. A
contradição ou fracionamento principal durante este período se deu entre os grandes
empresários da construção civil, agronegócio, mineração e petróleo, indústria nacional e setor
bancário nacional, de um lado, e a ala internacionalizada, diretamente ligada aos mercados
financeiros dos Estados Unidos e União Europeia, assim como grandes empresas
transnacionais e seus associados, de outro. Ao escolher administrar o estado capitalista, o PT -
principalmente após a crise do chamado “mensalão” em 2006 – o fez enquanto representante
da burguesia interna. Através do aquecimento do mercado de consumo e incentivo às
exportações, este modelo se distingue do neoliberalismo vigente nos anos 90, embora não
rompa com ele (Boito, 2018).
A longo prazo, a transição ao regime de acumulação neoliberal iniciada em meados dos
anos 80, em paralelo à redemocratização (Saes, 2001) implicou duas importantes modificações
na estrutura da classe dominante brasileira. A primeira foi o enfraquecimento da burguesia
nacional de Estado, uma fração da grande burguesia interna, formada centralmente pela cúpula
das empresas públicas, boa parte das quais foram privatizadas durante o fim do século XX.
Segundo Boito (2018), “Entre 1989 e 1999, dentre as 40 maiores empresas operando no Brasil,
o número de estatais caiu de 14 para apenas 7”. (p. 30) Ao lado deste processo, é também
possível identificar o surgimento daquilo que Boito descreve como uma “nova burguesia de
serviços” (p. 28), que seriam os principais beneficiários do recuo na prestação de direitos
básicos providenciados pelo Estado. Essa fração burguesa, cuja relação com as forças
produtivas difere da burguesia representante dos interesses do capital financeiro internacional
é, ao mesmo tempo, particularmente hostil à regulamentação do mercado de trabalho assim
como a políticas públicas universalistas, também porque seus serviços muitas vezes competem
com o setor estatal.
O neoliberalismo se caracteriza por ser ao mesmo tempo um conjunto de práticas
governamentais, uma corrente intelectual e uma ideologia (Saes, 2001). Ela possui dois eixos
prioritários, “a apologia do mercado e às críticas à intervenção estatal, oferecendo à burguesia
novas frentes de acumulação de capital” (Galvão, 2003 p 80). A consolidação do
neoliberalismo no Brasil durante os anos 90 foi centralmente ancorada no plano Real, cuja
estabilidade inicial promovida pela contenção da inflação aumentou o poder de compra dos
trabalhadores e das classes médias.
A adesão quase universal da burguesia brasileira ao neoliberalismo no início dos anos
90 se deveu, em parte, ao temor de vitória eleitoral do PT em 1989 (Galvão, p.90 2003). A
32
fração internacionalizada da burguesia (expressa nas políticas monetaristas de Pedro Malan,
Armínio Fraga e Gustavo Franco) se fazia representar pelo PSDB, porém o grande capital
industrial, do agronegócio, da mineração, do petróleo e do gás careciam de representantes
políticos próprios. Ao mesmo tempo, a adaptação da direção majoritária da CUT ao
sindicalismo de "parceria social", modelo de ação baseado em “posições políticas moderadas,
buscando mais a negociação que a mobilização” (Galvão, 2016) enfraqueceu a relação entre o
movimento social e o PT, e reduzindo a capacidade de pressão dos sindicatos sobre o governo.
O partido passou crescentemente a representar, desde meados dos anos 90, interesses que
convergiam apenas quanto à oposição ao governo neoliberal, redefinindo a inserção social dos
integrantes daquela “coalizão de perdedores”17 .
Pressionado pela concorrência com o grande capital norte-americano e canadense por
conta da proposta da Área de Livre Comercio das Américas (ALCA), o enfraquecimento da
CUT ocorreu simultaneamente à intensificação das divisões internas na burguesia. Enquanto
politicamente elas se expressaram na participação de dirigentes da FIESP nos palanques do
Fora Collor, sua forma organizacional também se deu, em 1996, pelo surgimento da Coalizão
Empresarial Brasileira (CEB), cujo objetivo era organizar politicamente as “empresas de
grande e médio porte do sul e sudeste do país” contra pressões por abertura do mercado
nacional. (Boito, 2018 p. 171-172) Mais que qualquer outra classe ou fração de classe, será no
ativismo político desta fração interna da burguesia que se estruturará o projeto democrático e
popular.
Importante diferença entre o neodesenvolvimentismo e o desenvolvimentismo clássico
é a localização da burguesia industrial no bloco de poder. Para Otavio Spinace (2019), durante
o governo petista aplicou-se um modelo de especialização regressiva, baseado na agricultura,
pecuária e mineração, estimulando-se “segmentos de baixa densidade tecnológica, portanto
sem tensionar a divisão internacional do trabalho.” (p. 72) Esta premissa colocou a burguesia
industrial, em particular a indústria de transformação, em um segundo plano no bloco de poder
– mesmos nos marcos hegemônicos da burguesia interna. “O PIB industrial cresceu nos
governos petistas, mas a participação da indústria no PIB permaneceu relativamente estável
entre 2002 e 2010. Se observarmos o intervalo 2005-2010 há, inclusive, uma tendência de
17 Segundo Saad Filho e Morais, esta aliança era composta por “uma coalizão pouco definida de grupos que tinham
em comum apenas a experiência de perdas com o neoliberalismo”. (2018, p, 134) A partir da crise do mensalão,
com o fortalecimento dos laços do PT com a burguesia interna, o partido passou a liderar uma “coalizão de
vencedores” das políticas neodesenvolvimentistas.
33
queda”. (Spinace, 2019 p. 85) A reversão da tendência de longo prazo de desindustrialização
brasileira, além de incentivos do BNDES à indústria, exigira possivelmente alteração nas
tarifas de importações, revertendo tendência iniciada nos anos 9018, assim como o combate à
apreciação cambial (produto do aumento na exportação de produtos primários) algo que se
chocaria frontalmente com o tripé macroeconômico, compreendido pela política de câmbio
flutuante, metas de inflação e equilíbrio fiscal19. Indústrias com capacidade de geração de
empregos de alta especialização voltados à classe média foram pouco estimuladas a longo
prazo durante os governos do PT. Ou seja, esse cenário, ao mesmo tempo em que satisfez
algumas demandas, provocou descontentamentos entre setores dominantes.
Esses descontentamentos, expressos nos protestos de junho de 2013, reativaram
conflitos sociais em torno da posição ocupada pelos setores subalternos no âmbito da política
institucional e na própria correlação de forças entre dominados e dominantes. Como
identificado por Paula Marcelino (2017), a chegada de Lula ao governo é ponto de inflexão na
atividade política da classe operária, que retoma a greve como instrumento de luta durante os
governos do PT.20
18 Segundo Boito (2018), “Em 1990, a alíquota média das tarifas de importação era de 40%, a alíquota mais
frequente, de 32,2%. Em 1992, graças às medidas de Collor de Mello, ambas caíram para a casa dos 20%. Uma
vez empossado, FHC tratou, ainda em 1995, de impor uma nova e drástica redução de tarifas. A alíquota média
caiu para 12.6% e a mais frequente par o valor quase simbólico de 2%.” Já em 1997, a consequência destas
medidas resultou em déficit na balança comercial de 10 bilhões de dólares, mais tarde revertido pelas políticas de
incentivo às exportações da burguesia interna pelos governos do PT. (p. 68) 19 Segundo Saad Filho e Morais (2018), o equilíbrio entre o tripé neoliberal e o modelo neodesenvolvimentista
criou um “sistema de acumulação híbrido, desde meados dos anos 2000, que levou a um progressivo desequilíbrio
da conta corrente e a pressões crescentes sobre o orçamento fiscal, em razão dos custos da dívida pública interna,
da esterilização da entrada de divisas, do investimento público, dos empréstimos subsidiados do BNDES e das
transferências de renda” (p.189). 20 Segundo Marcelino (2017) “do ano de 2004 até, pelo menos, o ano de 2012, o país viveu um ciclo de greves
específico, de greves com características próprias que nos permitem agrupá-las; a principal delas é o fato de serem
greves ofensivas, em que as reivindicações dos trabalhadores por melhores salários e ampliação de benefícios
trabalhistas estiveram na pauta e foram conquistas da ampla maioria das greves. Mas há outras características:
uma certa estabilidade ascendente no número de greves e de grevistas e a proximidade entre os setores público e
privado” (p. 205).
34
2. Mudanças no mundo do trabalho e na estrutura de classes
O aumento na massa salarial dos trabalhadores na base da pirâmide (produto das altas
no salário mínimo e nos pisos salariais das categorias sindicalmente organizadas, assim como
das transferências de renda promovidas por políticas públicas) ocorreu, segundo Marcio
Pochman (2012, 2013) em paralelo a uma segunda tendência: a queda na criação de empregos
de especialização mais alta com rendimentos intermediários. Na década de 2000, empregos
“com rendimento acima de três salários mínimos mensais, (…) [tiveram] 400 mil trabalhos por
ano a menos” (Pochman, 2012 p. 19). Esta perspectiva é reforçada por Cavalcante e Arias
(2019). Segundo dados coletados pelos autores, a variação anual de rendimentos em ocupações
manuais e entre empregadores rurais foi mais elevada que os empregos de classe média. “De
2002 a 2013, o índice anual foi de 1,06% para administradores e gerentes, 1,36% para
profissionais, 1,87% para trabalhadores não-manuais de rotina, 4,13% para trabalhadores
manuais não-qualificados, 5,41% para empregados rurais e 6,61% para empregadores rurais”
( p. 19).
Na sua maioria, os postos de trabalho gerados durante os governos do PT concentram-
se no setor de serviços21, tradicionalmente reconhecido pela natureza precária dos empregos,
localizados na base da pirâmide social. Segundo Pochman, “95% das vagas abertas [nos anos
2000] tinham remuneração mensal de até 1.5 salário mínimo, o que significou o saldo líquido
de 2 milhões de ocupações abertas ao ano, em média, para o segmento de trabalhadores de
salário de base.” (2012, p. 19-20). Segundo Cavalcante e Arias (2019) isso não significou que
durante o período petista não tenha ocorrido expansão em empregos de alta especialização
“especialmente até 2009, houve significativa elevação de empregos em ocupações típicas de
classe média, como na indústria de transformação e construção civil [...] elas acompanham a
expansão de empregos no setor público, em particular na educação, devido à expansão do
ensino superior” (p.19). Esta expansão, porém, foi incapaz de reverter os efeitos da tendência
de longo prazo da diminuição do parque industrial no mercado de trabalho.
Durante os governos petistas, segundo Galvão (2014), identifica-se um processo
contraditório, com a “contratação de prestadores de serviços na condição de empresas
constituídas por uma única pessoa, a chamada “pessoas jurídica” - modalidade de contratação
que pode constituir uma forma de ocultar a relação de emprego, fraudando o pagamento de
direitos trabalhistas e encargos sociais.” (p. 7) Entre os empregos de classe média e média alta
21 Entre as ocupações que mais se expandiram, encontram-se trabalhadores do comércio, assim como escriturários
e trabalhadores de atendimento ao público (Pochmann, 2012, p. 33-34).
35
(arquiteto, jornalista, engenheiro, advogado, etc.) plenamente inseridos nos ciclos de
acumulação capitalista, houve precarização do trabalho pela via da flexibilização da legislação
trabalhista.
O setor de serviços é bastante heterogêneo e inclui atividades com relações inteiramente
diferentes de produção, realização, apropriação, e distribuição de mais-valia. Além de se
estender a atividades capitalistas e não capitalistas, serviços incluem duas esferas próprias, a
circulação e a produção de mercadorias. Consequentemente, a divisão entre setor de serviços
e indústria não deve ser confundida com a distinção entre trabalho produtivo e improdutivo.22
A divisão entre serviços capitalistas e não capitalistas é de relevância particular no Brasil pelo
peso do trabalho de prestação de serviços para as famílias, que muitas vezes ocorre por fora do
ciclo de acumulação de capital. Em números totais, esta categoria de trabalhadores somava
23,6 milhões de pessoas, com destaque para a região sudeste (11,5 milhões de ocupados).
Segundo Pochmann (2012), “Apesar de responder por mais de 30% do total de ocupações,
percebe-se também que a remuneração auferida tende a ser relativamente baixa, significando
pouco mais de um quinto do total do rendimento dos trabalhadores brasileiros ocupados no ano
de 2007… isto ocorre, em grande medida, porque a sistemática de contratação laboral pelas
unidades familiares ocorre de maneira muito diferenciada daquela verificada tanto no setor
empresarial privado como no setor público.” (p. 49 - 50 e 54-55)
No entanto, o aumento do salário mínimo e, particularmente, da proteção laboral
estendia a empregados domésticos durante os governos petistas levou ao encarecimento dos
serviços prestados às famílias. Esse fator, juntamente com o achatamento da classe média, teria
sido um dos motivadores de parte dos protestos em 2013. Segundo o ex-prefeito da cidade de
São Paulo, Fernando Haddad (2017), "Se os rendimentos dessas camadas médias não perderam
poder de compra medido em bens materiais, perderam em termos de serviços”. Isso teria
importância central para a classe média, pois "serviços domésticos em quantidade eram a
grande compensação pela falta de serviços públicos de qualidade.” (2018a) Ainda conforme o
autor:
22 Segundo Tregenna (2007), "aquilo que unifica o setor de serviços é de menor relevância, de uma perspectiva
marxiana, que as diferenças entre os diversos tipos de atividades de serviço.” (p. 7) A argumentação é
compartilhada por Ernest Mandel, segundo quem “a questão sobre a ampla categoria da chamada indústria dos
serviços, podemos dizer que, como regra geral, todas as formas de trabalho assalariado que se exteriorizam em si
e consequentemente adicionam valor ao produto (materiais) são criadores de mais-valia e consequentemente
produtivos para o capitalismo como um todo”. (Mandel, 1992)
36
Marx, em seus estudos tardios contrários à tese da pauperização da classe trabalhadora,
concluiu que, no capitalismo tardio, a dinâmica das classes tende à volatilidade. Por
isto, argumentou que o estudo das posições relativas de classe seria de extrema
importância para compreender a política nacional.
Um estudo de Mark Morgan sobre o Brasil confirmou as reflexões de Marx. Ele
argumenta, essencialmente, que os ricos ficaram mais ricos, os pobres menos pobres, e
a classe média perdeu sua posição relativa em relação à classe alta e baixa. Essa perda
de posição relativa está por trás da revolta da classe média contra o PT e as instituições
do Estado (Haddad, 2018a).
Essa perda de ocupação, renda e capacidade de consumir serviços provocou
descontentamentos, como fica evidenciado nas resistências apresentadas pelos consumidores
dos estratos A e B à elevação social dos pobres. Segundo Cavalcante e Arias (2019) estatísticas
levantadas em 2012 pelo Instituto Data Popular “mostravam que 55,3% dos consumidores do
topo da pirâmide achavam que os produtos deveriam ter versões para rico e para pobre, 48,4%
afirmavam que a qualidade dos serviços piorou, 49,7% preferem ambientes frequentados por
pessoas do mesmo nível social, 16,5% acreditam que pessoas mal vestidas deveriam ser
barradas em certos lugares e 26% dizem que o metrô traria “gente indesejada” para a região
onde mora.” (p. 20-21). Essa insatisfação se refletiu nos protestos de junho, como veremos a
seguir.
3. A Composição Social dos protestos
O debate sobre a composição social nos protestos de 2013 remete à estrutura
contemporânea de classes em escala nacional e internacional. Entre aqueles que ressaltam a
presença das classes médias nos protestos, alguns autores diferenciam as frações e distinções
internas, relacionando-as a diferentes campos políticos polarizados pelo neoliberalismo
ortodoxo e pelo neodesenvolvimentismo. (Saad Filho & Morais, 2018, Cavalcante & Arias,
2019)
De ângulo distinto, parte relevante da literatura que dá centralidade à questão de classe
nas explicações sobre junho recorre ao conceito de precariado para se referir aos milhões de
jovens integrados ao mercado de trabalho durante período descrito por Singer (2012) como
"era lulista” (2003-2013). Todavia, os autores se dividem, em linhas gerais, entre aqueles que
37
o consideram parte do proletariado, como faz Braga (2011), e aqueles os que o interpretam
como uma nova classe, como Standing (2013). Segundo Guy Standing (2016), os protestos de
Junho de 2013 representaram “as movimentações do precariado na fase 'primitiva rebelde',
articulada por pessoas que sabiam aquilo ao qual se opunham, porém, sem saber exatamente o
que queriam” (p 9, 10). Gohn (2013), adotando concepção similar, afirma que “precariado é a
nova denominação que está sendo dada aos cidadãos deste novo século, os filhos de uma
sociedade precária onde impera a desigualdade social e econômica, onde há perda de direitos
sociais e políticos, exclusão de imigrantes etc.” (p. 140) Tal interpretação se distingue da de
Braga (2012), para quem "o precariado, isto é, o proletariado precarizado, é formado por aquilo
que, excluídos tanto o lumpemproletariado quanto a população pauperizada, Marx veio a
chamar de “superpopulação relativa”; a população estagnada, latente e flutuante. A mesma
contrasta com os trabalhadores que recebem os melhores salários." (p. 18)
Examinemos mais de perto essa polêmica.
a) O precariado como uma nova classe
Termo cunhado por Guy Standing, autor britânico que entre 1975 e 2006 trabalhou
como economista-chefe da Organização Internacional do Trabalho (OIT), o conceito sintetiza
teoricamente suas intervenções no Caribe, África subsaariana, Malásia, Tailândia, Filipinas,
África do Sul, Tanzânia, Etiópia, Índia e Escandinávia. Segundo o autor, “a era da globalização
(1975 - 2008) foi o período no qual a economia foi 'desmembrada' da sociedade enquanto
financistas e economistas neoliberais buscaram criar uma economia mundial de mercado
baseada na competitividade e no individualismo”. A consequência disso teria sido “a criação
de um ‘precariado’ global, composto por muitos milhões ao redor do mundo sem uma ancora
de estabilidade” (Standing, 2011 p.1). Esta nova classe deve ser compreendida a partir de três
relações sociais:
• A interação com o modo de produção
• A interação com o modo de distribuição
• A interação com o Estado
Aquilo que diferenciaria o precariado das outras classes em relação ao modo de
produção seria a instabilidade laboral, prolongados períodos de desemprego, assim como a
38
ausência de regulamentação do trabalho. 23 Já no campo das relações de distribuição, o
precariado é marcado pela ausência de acessos a benefícios estatais, assim como outros
benefícios que existem do lado de fora da relação salarial entre contratante o contratado. Já na
interação com o Estado, Standing divide a sociedade em duas categorias, cidadanizadas e
descidadanizadas. Os descidadanizados, entre os quais inclui os imigrantes sem direitos civis,
estariam aqueles que, mesmo vivendo sob jurisdição do Estado, teriam negados direitos em
geral concedidos à classe trabalhadora, alguns dos quais cristalizados em sindicatos e partidos
socialdemocratas. Consequentemente, esta nova classe se define pela precariedade em relação
aos meios de produção, vulnerabilidade em relação aos meios de distribuição, e marginalidade
em relação ao Estado.
A estrutura da sociedade, segundo Standing, se divide em sete classes. De cima para
baixo, começa pela “elite”, seguida pela “plutocracia”, o “salariado’’, os “proficians”, o "velho
núcleo da classe trabalhadora (proletariado)”, o “precariado”, os “desempregados” e no final,
o “lumpem-precariado (ou subclasse)”. Em geral, porém, o precariado é colocado em oposição
à “velha classe trabalhadora”, categoria voltada a descrever os trabalhadores da manufatura,
principalmente aqueles com forte tradição sindical.24 O principal limite desta proposta de
estrutura de classes, segundo Olin Wright, é a ausência de como “trabalhadores de colarinho
branco sem cargos de gerência e empregados qualificados em trabalhos estáveis no setor
público e privado devem ser tratados." (Wright, 2016)
Destaca-se, para Wright, que "há pouca dúvida de que a precariedade, em diversas
dimensões, tem aumentado enquanto condição de vida em países capitalistas desenvolvidos. A
pergunta central segue sendo como compreender conceitualmente este fenômeno.” Mesmo que
Standing se refira "ao precariado como uma classe em construção, assumindo que ela ainda
não age como um ator coletivo finalizado - isto é, ainda não é uma classe-para-si em termos
tradicionais marxistas - mesmo assim, em termos de sua localização dentro das estruturas de
classe do capitalismo é uma localização distinta de classe, diferenciada da classe trabalhadora
e das outras classes de seu inventário”. (Wright, 2016)
23 Ao apresentar o conceito, Paret reforça que "Standing argumenta que suas próprias conceptualizações das
relações de produção, relações de distribuição e relações com o Estado ‘são todos conceitos marxianos’” (Paret,
2016). 24 Para Olin Wright, “O objetivo de Standing não é construir uma análise cuidadosa, rigorosa de cada uma das
definições, ele apenas está preocupado em diferenciar o precariado do resto da estrutura de classe, em específico
da classe trabalhadora. O resultado é que se tem apenas um conjunto vago de demarcações e justificativas para
estas categorias.” (Wright, 2016)
39
Já Berman (2013) afirma que o termo "entrincheira distinções artificiais entre diferentes
frações da classe trabalhadora” contribuindo para a fragmentação política do proletariado.25
Berman critica o ex-dirigente da OIT afirmando que apesar de reconhecer que em surveys no
Reino Unido, por exemplo, cerca de dois terços daqueles entre 25 e 34 anos se consideram
“classe trabalhadora", Standing ignora esse dado, considerando-o fruto de uma confusão
identitária, pois são trabalhadores que se encontram em empregos precários.26 Ao mesmo
tempo, o economista constrói uma imagem distorcida dos trabalhadores melhor organizados,
considerando-os avessos a qualquer relação de solidariedade e proximidade com os setores
mais precários. Enxergando a precarização da força de trabalho como uma tendência
historicamente determinada e irreversível, Standing defende como parte da agenda dos
precarizados a adaptação a esta inevitabilidade27.
25 Em sua crítica à metodologia adotada por Standing para identificar no precariado uma nova classe, Berman
afirma que “pelo estilo e método, O Precariado mais parece um longo texto de opinião em formato de livro.
Apesar da afirmação de que o precariado é uma classe global, seu foco permanece voltado às economias
avançadas: a maioria dos exemplos de Standing vem dos EUA, Reino Unido, França, Alemanha, Japão e Coreia
do Sul.” (Berman, 2013) 26 Para Berman “A sociedade capitalista sempre se caracterizou pelo vasto repertório de diferentes modalidades
de emprego. Ao focar quase que exclusivamente no período pós-1945, a análise de Standing carece da
profundidade histórica que informe investigações de natureza global sobre o trabalho precarizado, como as feitas
por Marcel van der Linden. Este último mostra o quão limitado no tempo e no espaço foram os ganhos parciais
dos meados do século XX. O que viria a chamar-se “contrato padrão de trabalho” produziu-se devido a uma
mudança na correlação de forças entre capital e trabalho que surgiu no Ocidente durante o período da Guerra Fria.
Na essência, envolvia a subordinação dócil dos trabalhadores ao capital, em troca de trabalho regular e condições
adequadas de vida para si e seus dependentes. A ideia de que trabalhadores manuais, inclusive nos países
capitalistas mais ricos, gozam de uma revigorada segurança, revela ignorância lamentável sobre as atuais
condições da classe trabalhadora.” (Berman, 2013) 27 Segundo Sunkara (2012), o foco de Standing nas transformações tecnológicas (mudanças nos meios de
produção) são apresentadas como inerentemente responsáveis por alterações nas condições de trabalho (relações
de produção) na sociedade capitalista. Assim como a fixação de Negri no trabalho imaterial, a ideia do precariado
retira a centralidade da política das relações de classe, reproduzindo (de forma similar à ideologia neoliberal) a
ideia de desenvolvimento autônomo do capital. Para o autor, “ao invés do enquadramento “pós-fordista” que
enxerga as transformações reais e perigosas que vem ocorrendo como fruto de uma nova fase do capitalismo,
talvez seja mais relevante considerar como essas formas atuais assemelham um retorno ao pré-fordismo.”
40
b) O precariado enquanto parte do proletariado
Diferente de Standing, Ruy Braga (2012) identifica o precariado como força distinta ao
“salariado”, aquilo que o autor virá a descrever como "os setores profissionais - os grupos mais
qualificados, mais bem remunerados e, por isso mesmo, tendencialmente mais estáveis da
classe trabalhadora”(p.17), mas que integra o proletariado. Utilizando-se da “conhecida
problematização teórica empreendida pelo cientista político argentino José Nun” (p. 18) na
análise dos países periféricos, Braga associa o precariado ao conceito de “massa marginal”. Os
regimes de acumulação periféricos na América Latina produzem , segundo Nun (2000), uma
massa marginal permanente de trabalhadores, o que os distinguiriada classe operária nos países
de capitalismo central. Ao serem atingidas por crises cíclicas dos regimes de acumulação, os
trabalhadores nos países do norte global passam para o exército industrial de reserva, porém se
manteriam sob regulamentação de regimes plenamente capitalistas. Já na América Latina, o
desemprego entre trabalhadores manuais muitas vezes implica um retorno a origens não
plenamente inseridas no capitalismo. Este processo significa para Nun que o operário nos
países centrais tem mais facilidade de reintegrar-se na economia em momentos pós-crise,
enquanto o trabalhador latino americano precisa continuamente transitar entre o mundo do
trabalho formal e o informal28.
Ao mesmo tempo em se aproxima da interpretação de Nun, Braga afasta-se dela ao
identificar no processo de precarização da força de trabalho nos países de capitalismo central
identidades similares às dos trabalhadores não plenamente inseridos no ciclo de acumulação
capitalista. Assim, Braga resgata a divisão entre trabalhadores manuais da indústria,
28 Enquanto pode-se estabelecer uma relação direta entre precarização e ganhos de produtividade nos países do
centro, a precariedade enquanto característica da informalidade no mercado de trabalho – relacionado diretamente
a baixos índices de produtividade - limita a comparação internacional entre trabalhadores precarizados em
diferentes partes do mundo. Analisando a importação dos métodos de gerência japoneses pela indústria
automotiva dos Estados Unidos que substituíram o modelo anterior centrado em Detroit durante o pós-guerra,
Parker (2017) caracteriza o atual regime industrial de produção flexível como “gerenciamento-por-stress”. A
flexibilização e a multiplicidade de tarefas alocadas ao trabalhador individual pelo sistema toyotista significou a
desespecialização da força de trabalho na grande indústria e o redesenho das classificações de trabalho no chão
de fábrica, reduzindo sua quantidade e dando maior poder à gerência. Este sistema, além de aumentar os índices
de adoecimento dos trabalhadores, pela via da terceirização, empurrou os empregos mais qualificados para locais
de trabalho menores, em que a organização sindical é mais difícil. Segundo autor, “os mesmos mecanismos que
levam o sistema a novos picos de produtividade também são instrumentos que os trabalhadores poderiam utilizar
contra a gerência para ganhar concessões. Mas se os trabalhadores utilizarem estas ferramentas para aliviar a
pressão e o stress ao qual estão submetidos, o sistema perde sua força motora.” (Parker, 2017)
41
identificando no setor mais oprimido o precariado, e considera que este segmento não constitui
uma novidade29, ao menos no caso brasileiro. Segundo autor, o bloco mais velho, com maior
qualificação técnica e de origem sul-europeia foi empurrado e radicalizado pelo precariado
semi ou não-qualificado, negro, mais jovem e de origem nordestina, desencadeando entre
1978-79 o principal ciclo de mobilizações dos trabalhadores na história do país (p.142-179).
Este ciclo teria culminado politicamente na construção do PT e da CUT, que seriam portanto
expressões históricas do precariado brasileiro.
O principal ponto de divergência entre Braga (2016) e Standing (2016) se dá em torno
da possibilidade de aliança entre o precariado e outros setores das classes trabalhadoras. Em
sua crítica a Braga pela identificação do sindicato como possível local de organização do
precariado, Standing afirma que “os sindicatos mais bem estabelecidos tem representado,
principalmente, os empregados proletários mais velhos e tem tentado defender benefícios
baseados em relações laborais construídos ao longo dos anos. Não vejo nada ilegítimo nisto.
Na verdade, é uma nobre função. Mas temos que ser realistas e admitir que esta não é uma
agenda que fortalece a segurança econômica do precariado, e não corresponde às prioridades
ou ideologias da ala progressiva do precariado.” (Standing, 2016). Desse modo, a prioridade
do precariado seria a renda básica cidadã, em detrimento de pautas como a regulamentação do
mercado de trabalho. Braga, no sentido oposto, tem compromisso com o arcabouço jurídico
conquistado pelos trabalhadores durante o regime de industrialização por substituição de
importações30. Estas diferenças se expressam na interpretação de Braga do precariado enquanto
parte do proletariado, e não uma nova classe, como afirma Standing.
Segundo Braga, as Jornadas de Junho teriam sido protagonizadas por essa "massa
formada por trabalhadores desqualificados e semiqualificados que entram e saem rapidamente
29 A interpretação de Braga se aproxima da de Scully (2016). Em debate na revista Global Labour Journal, o
autor sul-africano considera que “A velha classe trabalhadora do Sul compartilha diversas características do
precariado, que Standing identifica com as classes “emergentes" do século XXI. Este reconhecimento é importante
para se pensar as possibilidades de uma política trabalhista anti-precariedade tanto no Norte quanto no Sul.”
(Scully, 2016) 30 Segundo Braga, “Ao contrário do que muitos imaginam, a CLT não foi uma dádiva de Vargas aos pobres.
Antes, ela resultou de duas décadas e meia de lutas sociais e da institucionalização de direitos trabalhistas contra
os abusos de uma classe empresarial herdeira do éthos escravocrata. (...) Em suma, a ameaça à CLT não expressa
o embate das forças vanguardistas da globalização econômica contra o que restou do atrasado poder corporativo
dos sindicatos. Na verdade, testemunhamos a desforra de organizações empresariais passadistas pela ousadia do
subalterno de apropriar-se da linguagem dos direitos sociais.” (Braga, 2014)
42
do mercado de trabalho”. Para corroborar sua análise sobre o papel do proletariado precarizado
em junho, Braga enfatiza dados da “Pesquisa da Empresa de consultoria Plus Marketing na
passeata de 20 de junho de 2013 no Rio de Janeiro”, assim como "dados colhidos em Belo
Horizonte” (2013, p. 82). Mas assim como Standing, Braga interpreta a utilização de novas
tecnologias e formas de protesto como característica política desta nova classe, que segundo
Standing (2016), tende a perspectivas horizontalistas, feministas e ambientalistas.
Em sua análise da composição social de junho, Singer apresenta sua hipótese como
síntese de duas leituras opostas: a de Boito (2013) e a de Braga (2013):
O primeiro [Boito] identificou neles uma extração predominante de classe média,
enquanto o segundo tendeu a enxergar uma forte presença do precariado [...].
Analisando as pesquisas disponíveis, gostaria de sugerir uma terceira hipótese: a de que
elas possam ter sido simultaneamente as duas coisas - tanto expressão de uma classe
média tradicional inconformada, quanto um reflexo daquilo que prefiro denominar de
novo proletariado, mas cujas características se aproximam, no caso, daquelas atribuídas
ao precariado pelos autores que preferem tal denominação. Tratam-se dos
trabalhadores, em geral jovens, que conseguiram emprego com carteira assinada na
década lulista (2003-2013), mas que padecem com baixa remuneração, alta rotatividade
e más condições de trabalho. (Singer, 2013, p. 5)
Singer (2018) divide Junho em três fases. (p. 103-5). Durante a primeira fase, centrada
em São Paulo sob direção do MPL, Singer identifica um movimento de classe média
hegemonizado pela esquerda. Mais tarde, a partir do dia 17, o movimento ganha dimensão
nacional enquanto recebe a adesão de jovens trabalhadores e setores tradicionais da classe
média - passando a representar um espectro ideológico mais amplo, incluindo a direita. Depois
do dia 20, quando a massificação nas ruas atinge seu auge, o movimento se fragmenta segundo
múltiplas preferencias ideológicas. Singer afirma que “nunca ficou claro quem convocou, em
quatro dias, pelas redes aquela massa de pessoas distantes da esquerda, refratárias aos partidos,
algumas visivelmente conservadoras, para ocupar espaço numa iniciativa autonomista.” (p.
105)31 O perfil dos manifestantes passou a destoar significativamente dos jovens dirigidos pelo
31 A hipótese de Singer fundamenta-se em "duas pesquisas realizadas pelo Datafolha em São Paulo, nas
manifestações dos dias 17 de junho (766 entrevistas, com margem de erro de quatro pontos percentuais para mais
43
MPL e das organizações do movimento estudantil - que inicialmente promoveram as
mobilizações, verificando-se a partir da nacionalização do movimento um predomínio da classe
média mais tradicional e de direita. Saad Filho e Morais (2018), por sua vez, destacam nas
manifestações do dia 20 de junho a presença uniformizada da extrema-direita (p. 116).
Vejamos isso mais de perto a seguir.
c) A centralidade das Classes Médias
O conceito de classe média suscita muitas polêmicas, sobretudo entre autores marxistas
(Boito, 2007, p. 223-245). No entanto, alguns autores consideram que esse conceito é útil para
captar as diferenças no interior das classes trabalhadoras, e seus impactos sobre as formas de
organização e mobilização (Galvão, 2011; Cavalcante e Arias, 2019).
É possível diferenciar o proletariado das classes médias32 ao se separar os assalariados
em dois grupos: os trabalhadores manuais e sem qualificação (proletariado) e os trabalhadores
não-manuais e qualificados (classe média). Segundo Cavalcante (2015) a classe média se
define como uma “camada distinta de trabalhadores (incluindo os “profissionais liberais”), na
medida em que absorvem de maneira particular a ideologia dominante de valorização do
trabalho e mobilidade social, em razão de sua posição nas funções intelectuais de produção e
gestão em diversos setores da economia” (p. 180). Segundo Cavalcante, é a partir da
localização específica da classe média junto às forças produtivas que a mesma irá
organicamente produzir sua ideologia específica - a ideologia meritocrática. Tal perspectiva é
“própria a trabalhadores intelectuais mais distantes da fábrica e do trabalho manual,
justificando e naturalizando a hierarquia do trabalho como se fosse uma expressão de pirâmide
natural de ‘dons e méritos.’” (Cavalcante, 2013) Assim como a meritocracia, noções de justiça
social exercem pressão sobre a classe média possibilitando sua vinculação com os
desprivilegiados, porém as premissas ideológicas da meritocracia as deixam tentadas a se unir,
individualmente, à burguesia. “O primeiro elemento pode ser inspirado por ideias religiosas,
valores democráticos ou compromisso ideológico com a justiça diante do poder do capital. Isso
e para menos) e 20 de junho (551 entrevistas, com margem de erro de quatro pontos percentuais para mais ou para
menos)” (cf. Tabela 1). 32 As origens históricas desta classe no Brasil remontam a dois grupos, homens livres do período colonial e
escravocrata, assim como o quadro de técnicos e gerentes de grandes empresas estatais e capitalistas surgido no
período da acumulação por substituição de importação (Cavalcante e Arias, 2019 p.6)
44
inclui, historicamente, exemplos de voluntarismo e ultraesquerdismo, em especial entre
estudantes, funcionários públicos, intelectuais e líderes religiosos.” (Saad Filho e Morais
(2018, p. 203)
A classe média, segundo Saad Filho e Morais, representa 16% da população segundo o
censo de 2010, cerca de 32 milhões de pessoas. (2018, p. 193). Ela comporta diferenças
internas, razão pela qual alguns preferem falar em classes médias, usando o conceito no plural,
para aludir a sua heterogeneidade em termos de inserção ocupacional e posicionamento político
(Galvão, 2016). Ao contrário do setor privado, a fração de classe média no setor “publico”, por
ser empregada pelo Estado, tende a se opor por interesse próprio ao neoliberalismo, defendendo
uma concepção mais regulada da economia. "na maioria das vezes, no entanto, a classe média
incorpora uma ética capitalista de competitividade, acumulação e exclusão social,
especialmente entre gerentes, donos de pequenas empresas e proprietários de terra.” (Saad
Filho e Morais, 2013, p. 203)33. Isso ajudaria a entender as diversas insatisfações de setores de
classe média diante dos governos petistas, sua incorporação às Jornadas de Junho e sua divisão
no processo de crise política de 2015-2016 (Cavalcante e Arias, 2019).
Assim, embora tenha havido participação das camadas populares nos protestos,
especialmente nas grandes cidades e durante o pico de mobilização em junho, este processo
caracteriza-se melhor como exceção do que regra, como veremos no quadro abaixo:
33 Por isso, Davidson (2013) defende que “é improvável que o movimento da classe trabalhadora encontre aliados
entre os setores profissionais e da classe média que tira proveito material na preservação do capitalismo. Há,
porém, muito "maiores possibilidades [de alianças] com a pequena burguesia e o 'setor público' da moderna classe
média” (p. 297).
45
Tabela 1 - Composição social dos protestos em 2013 Largo da Batata Avenida Paulista Media de São Paulo
Mês do protesto Junho 2013 Junho 2013
Estimativa de público 65 mil 110 mil 12 milhões
Ocupação
PEA 76% 86% 75%
Assalariado registrado 39% 51% 35%
assalariado sem registro 3% 3% 7%
funcionário publico 4% 6% 3%
autônomo regular 7% 5% 9%
Profissional liberal 3% 5% 1%
Empresário 5% 4% 2%
Free-lance / bico 6% 5% 9%
Estagiário/ aprendiz 6% 5% 1%
Desempregado 3% 3% 7%
NÃO PEA 24% 14% 25%
Estudante 22% 11% 4%
Dona de casa 0% 1% 8%
Aposentado 1% 1% 10%
Desempregado 0% 1% 1%
Gênero
Homens 63% 61% 47%
Mulheres 37% 39% 53%
Idade
12 a 20 23% 19% n/a
21 a 25 30% 32% n/a
26 a 35 35% 31% n/a
35 a 50 8% 14% n/a
51+ 4% 5% n/a
Escolaridade
Fundamental 1% 2% 27%
Médio 22% 20% 45%
Superior 77% 78% 28%
46
Diferente das manifestações ocorridas entre 2015-16, as pesquisas do Datafolha
realizadas em 2013 não contêm dados de renda, ocupação e cor, dificultando a caracterização
social do protesto. Ao mesmo tempo, ao comparar o perfil de ambas as manifestações com o
resto da cidade, identifica-se maior perfil estudantil e das classes médias.
Davidson (2013) localiza na base dos movimentos sociais de direita, que se tornaram
majoritários em junho após a redução da tarifa, três setores com características políticas
próprias. Dois deles apresentam "profundidade histórica e social” - a pequena burguesia
tradicional e os setores profissionais. Segundo o autor, "ambas consistem, de forma diferentes,
os auto empregados, apesar de existirem, é claro, enormes diferenças de renda e status social
entre representantes do primeiro grupo, como um lojista, e do segundo, como um médico. O
terceiro grupo, cuja origem está quase inteiramente no século XX, é composto pela moderna
classe média. Estas camadas sociais seriam integradas por dois componentes: membros com
cargos empresariais e administrativos, e aqueles que funcionam como empregados
semiautônomos.” (Davidson, 2014 p 295) Segundo Davidson, sessões de profissionais e da
moderna classe média podem intervir de forma relativamente autônoma na política de
diferentes países, não respondendo estritamente nem aos interesses diretos da burguesia, nem
do proletariado. Na maior parte das vezes, segundo o autor, elas são “indiretamente e
possivelmente não-intencionalmente desestabilizadores” para a linha da burguesia de
“acumular estratégias de capital” (p. 296). O exemplo mais extremo dos movimentos de classe
média de direita seria o fascismo, que levou à quase destruição o capitalismo italiano e
alemão34.
Mais do que uma deterioração nas condições de vida da classe média, o que a colocou
nas ruas foi centralmente o “medo da queda”, em termos relacionais, de desclassificação social
a partir do enriquecimento dos muito ricos e muito pobres. (Cavalcante & Arias, 2019). Em
localidades menores, como nas cidades no interior de São Paulo, segundo Cavalcante e Arias
34 Segundo Davidson “As classes médias são, em geral, apresentadas como incapazes de ação independente,
obrigadas a vacilar politicamente até forcadas a escolher, ou se dividir, em torno do apoio à burguesia ou ao
proletariado. A apresentação clássica desta perspectiva está nos escritos de Trotsky sobre a Alemanha nos últimos
dias da República Weimar; mas esta análise, a despeito de sua natureza brilhante, veio para explicar uma situação
extrema e atípica. Em circunstâncias normais, nas quais a guerra civil não está na agenda, a margem de manobra
das classes médias é maior que Trotsky e aqueles que o seguem acriticamente sugerem.” (Daividson, 2013, p286)
Para uma versão levemente editada destas análises, ver Trotsky (2018), para uma análise marxista do papel das
classes médias no fascismo italiano, ver Zetkin (2019).
47
(2019) “os protestos se iniciam ou tomam maiores proporções com um público muito mais
característico de classe média tradicional, para o qual a pauta da precariedade da mobilidade
urbana não era decisiva". (p. 10)
4. Razões Políticas: das críticas ao reformismo fraco à pauta da corrupção
As insatisfações com os governos petistas não têm, necessariamente, base material.
Como vimos anteriormente, o programa neodesenvolvimentista foi construído por dentro dos
marcos globais do neoliberalismo e, ao limitar a estrutura do desenvolvimento econômico
nacional à divisão internacional do trabalho, torna-se incapaz de gerar empregos de alta
especialização. Mas a despeito das transformações verificadas nos polos da estrutura de classes
brasileira e da crise de empregos de classe média, correlação não deve ser confundida com
causalidade, não havendo relação direta entre a conjuntura econômica e os protestos.
Ao analisar os eventos de protestos registrados no jornal Folha de São Paulo ocorridos
entre 2011 e 2016, Luciana Tatagiba & Andréia Galvão (2019) demonstram que não há relação
entre a queda do PIB e o aumento nas manifestações (Gráfico 4), e que os protestos precedem
a crise econômica e o aumento do desemprego.
Gráfico 4 - Relação entre protestos e PIB entre 2011 e 2016
* Fonte: Galvão e Tatagiba, 2019, p.16. Baseada em Banco de Dados e IBGE, Diretoria de Pesquisas,
Coordenação de Contas Nacionais
4.0
1.93.0
0.5
-3.8 -3.6
-5.0-4.0-3.0-2.0-1.00.01.02.03.04.05.0
0
100
200
300
400
500
2011 2012 2013 2014 2015 2016
Relação entre protestos e PIB
Protestos PIB
48
Os dados de participação política das classes trabalhadoras durante o ciclo de protestos
entre 2011-2016 contabilizam entre os atores mais ativos categorias tradicionais como os
operários da indústria e profissionais da educação. Segundo Galvão e Tatagiba (2019), “os
protestos são protagonizados tanto por uma parcela da classe trabalhadora mais precária,
quanto por assalariados de classe média, como os da educação, bancários (inseridos no setor
de serviços) e da administração pública, setores que se destacam pela taxa de sindicalização
acima da média nacional e elevada atividade grevista” (p. 20-1). Como demonstra o gráfico 5,
enquanto as classes populares, entendidas como trabalhadores pobres, precários,
desempregados ou que trabalham no mercado informal, tiveram participação relevante nos
protestos entre 2011-2016, ela se deu em conjunto com os setores mais tradicionais e bem
estruturados dos trabalhadores, representando juntos 50% dos grupos em protesto segundo o
banco de dados elaborado pelas autoras (p. 21).
Gráfico 5 – Grupos sociais nos protestos
*Fonte Tatagiba e Galvão, 2019, p. 20. Desagregação da categoria Trabalhadores (N=455) * Variável múltipla
(N=1469).
Após as jornadas de 2013 identifica-se o crescimento de protestos promovidos por
grupos antipetistas e difusos, ao mesmo tempo em que trabalhadores, populares e moradores,
e estudantes mantêm as primeiras posições entre os grupos sociais mais mobilizados (Gráfico
6 e Tabela 2, sendo que esta indica um deslocamento entre os grupos mobilizados antes e depois
1.81.21.41.61.81.93.13.5
5.15.35.3
6.211.9
19.031.0
OutrosEmpresários
ReligiososFamiliares e amigos de vitimas
Defensores dos direitos…Ambientalistas
Militantes partidáriosPovos originarios
Coletivos ou grupos ad hocGrupos identitários
DifusosGrupos antipetistas
EstudantesPopulares e moradores
Trabalhadores
Grupos sociais nos protestos (%)
49
de junho). Isso indica que os protestos "expressam insatisfações tanto daqueles setores que
buscavam avançar nas reformas, quanto daqueles que buscavam restaurar o status quo”
(Galvão e Tatagiba, 2019 p. 5). Segundo as autoras, a complexidade da relação entre política e
economia raramente pode ser interpretada em termos de causalidade unívoca, não havendo
relação mecânica entre os fatores. Ao mesmo tempo, como também observado por Purdy
(2018) a crise econômica de 2008 contribuí para a intensificação dos protestos no Brasil.
Gráfico 6 – Setores da classe trabalhadora nos protestos
Tabela 2 – Grupos sociais nos protestos pré e pós de 2013
Grupos Sociais Pré Grupos Sociais 2 Pós Trabalhadores 189 Trabalhadores 259
Populares e moradores 89 Populares e moradores 186 Estudantes 50 Estudantes 112
Grupos identitários 34 Grupos antipetistas 74 Povos originários 23 Difusos 62
Defensores dos direitos humanos 19 Coletivos ou grupos ad hoc 54 Coletivos ou grupos ad hoc 18 Grupos identitários 44
Grupos antipetistas 17 Militantes partidários 31 Ambientalistas 15 Povos originários 23
Difusos 15 Ambientalistas 13 Familiares e amigos de vítimas 14 Religiosos 9
Militantes partidários 12 Defensores dos direitos humanos 8 Religiosos 12 Familiares e amigos de vítimas 8
Empresários 10 Empresários 5 Outros 7 Outros 19
* Fonte: Galvão e Tatagiba, 2019, p. 24. Variável múltipla (N=1393), sendo Pré < 06/06/2013 e Pós >
20/06/2013.
2.95.75.7
6.87.9
8.89.59.7
11.615.2
16.3
RuralOutrosSaúde
TransporteInformais
Administração públicaForças de seguranca
Centrais sindicaisComércio e serviço
IndústriaEducação
Grupo social desagregado - Trabalhadores
50
A partir de categorias elaboradas por Antônio Gramsci - em particular os conceitos de
“transformismo” e “revolução passiva” – Nogueira (2013), por sua vez, interpreta a crise como
consequência da falta de um projeto hegemônico do Partido dos Trabalhadores para a esquerda,
tendo este sido substituído por um mero projeto de poder (p.35-36). O autor enxerga a
permanência do PT no governo federal durante 13 anos como resultado de reformas limitadas
e cooptação da oposição. A modernização do país, passando a funcionar cada vez mais em
rede, permitiria que instituições da sociedade civil, como os sindicatos dirigidos por líderes
socialdemocratas, fossem facilmente integrados à elite do regime político.35
No entanto, quando consideramos as greves nas empresas privadas e estatais,
excluindo o funcionalismo público da administração municipal, estadual e federal, observa-
se o crescimento das greves entre 2011 e 2012, e sua manutenção em níveis elevados após
2013 (Tabela 3 e gráfico 6), sobretudo no setor de serviços, enfraquece a tese desse autor.
Tabela 3 - Quantidade de greves nas empresas privadas e estatais, por setor econômico
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 total
Serviços 98 75 73 82 78 94 137 96 106 139 626 713 737 789 3843
Indústria 84 66 85 87 90 149 160 114 147 346 600 435 356 335 3054
Rural 0 1 1 5 4 11 3 1 1 3 7 1 1 2 41
Comércio 1 2 2 1 1 0 2 1 3 7 19 11 9 5 64
Total 183 144 161 175 173 254 302 212 257 495 1252 1160 1103 1131 7002 * Fonte: Galvão 2019, p.75. Baseada em Banco de Dados SAG-DIEESE.
35 Enquanto Nogueira trabalha o conceito de “transformismo" associando-o à ideia de sociedades em redes
elaborada por Manuel Castells, conclusões similares às suas, porém vindas de uma perspectiva crítica ao
capitalismo (Garcia, 2012) podem ser identificadas nos esforços que misturam as categorias analíticas de Leon
Trotsky e Antônio Gramsci. Associada ao conceito de “casta” (elaborado por Trotsky durante a polêmica sobre o
surgimento de uma nova classe na União Soviética), a ideia de “transformismo” é usada por Garcia (2012) para
identificar a suposta fusão parcial entre a alta burocracia sindical e o aparato de Estado. Segundo o autor, os cargos
públicos conquistados através de eleições somados à administração, por sindicalistas e ex-sindicalistas petistas,
de fundos de pensão como a Petros (funcionários da Petrobras) Funcef (Caixa Econômica Federal) e
principalmente a Previ, fundo de pensão dos trabalhadores do Banco do Brasil, demonstrariam desde o início dos
anos 90 a aplicabilidade do conceito de “transformismo” às direções majoritárias do movimento social.
51
Gráfico 7 - Total de greves nas empresas privadas e estatais
* Fonte: Galvão 2019, p.75. Baseada em Banco de Dados SAG-DIEESE.
Entre setores da esquerda, a questão urbana e o direito à cidade constituíram um ponto
fundamental de descontentamento com o modelo neodesenvolvimentista e guardam uma
relação direta com a principal demanda do MPL, a redução da tarifa de transporte público.
Segundo Maricato (2013), durante os governos do PT estimulou-se “uma nova política urbana,
em torno da qual organizaram-se movimentos sociais, pesquisadores, arquitetos, urbanistas,
advogados, engenheiros, assistentes sociais, parlamentares, prefeitos, ONGs etc. Construiu-se
a Plataforma de Reforma Urbana, e muitas prefeituras de “novo tipo” (ou democrático-
populares) implementaram novas práticas urbanas.” Além de incluir a participação social -
orçamento participativo, por exemplo - os governos do PT também construíram novas
instituições, como o Ministério das Cidades (2003), o Conselho das Cidades (2004), as
Conferências Nacionais das Cidades (2003, 2005 e 2007), assim como o Estatuto da Cidade.”
(p. 22)
Se, para a esquerda, a existência desses canais de participação era importante, mas
limitada, para a direita o excesso de participação distorcia a igualdade de oportunidades (como
52
as bolsas e políticas voltadas para determinados públicos-alvo), produzindo privilégios,
intervenções demasiadas no mercado e, como veremos a seguir, corrupção.
As críticas genéricas à política, aos partidos e aos sindicatos foram uma marca dos
protestos dia 20 de junho, momento das maiores mobilizações do mês:
Sob o refrão “todos políticos são corruptos” (uma mensagem subliminarmente repetida
pela mídia desde o mensalão), algumas manifestações se declaravam (de alguma forma)
apartidárias, e militantes de esquerda, sindicalistas ou qualquer um que usasse a cor
vermelha corria o risco de ser assediado e espancado. Homens musculosos de cabelo
rente, envoltos na bandeira nacional, vagavam pelas ruas gritando ‘meu partido é meu
país’. Muitos manifestantes pediam o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, e
alguns sugeriam um golpe militar (Saad Filho & Morais, 2018 p. 116).
Esse discurso da classe média de direita, em alguns momentos, foi endossado em 2013
por setores autonomistas36 pela via da associação da política à corrupção. Nesse contexto, a
diversificação de pautas e atores produziu um efeito paradoxal, fomentando a polarização
“petismo X antipetismo” e trazendo-a para o centro da política nacional. (Galvão & Tatagiba,
2019).
De acordo com uma parte da literatura (principalmente Nogueira, 2013 e Cava e Cocco,
2013), os protestos de junho de 2013 foram direcionados desde o início contra o PT enquanto
organização política. Cava & Cocco, por exemplo, afirmam que "quando os primeiros cartazes,
gritos e marchinhas apareceram, não havia mais nenhuma ambiguidade: também eram contra
o governo Dilma, o PT e, mais em geral, bandeiras tradicionais das agremiações de esquerda.”
(Cava & Cocco 2013, p. 19). Enquanto as campanhas encabeçadas pelo MPL contra o aumento
da tarifa na cidade de São Paulo ocorridas em 2011 "tiveram a participação da juventude do
partido e contaram com significativo apoio parlamentar de pelo menos três vereadores petistas:
Antônio Donato (então secretário de governo), Juliana Cardoso (que segue vereadora) e José
Américo (então presidente da Câmara Municipal)” (Ortelado, 2013 p.52), em 2013, esta
relação atinge um impasse final, transformando as manifestações pelo congelamento dos
preços do transporte público em manifestações anti-PT.
36 Pomar (2013) descreve o MPL como “constituído em sua maior parte por jovens que tem aversão aos meios
institucionais, como os partidos políticos e a disputa de espaços de poder do Estado. São, assim, ao mesmo tempo,
menos suscetíveis à corrupção moral das formas tradicionais do jogo político, mas também muitas vezes não dão
a devida importância ao processo histórico, tendo pouca ou nenhuma relação orgânica com o passado público da
época que vivem.” (p.14). Retomaremos essa questão no capítulo 2.
53
Segundo Tatagiba, Trindade e Teixeira (2015) “após a repressão dos protestos no dia
13 de junho, a corrupção se tornou um dos temas mais presentes nas ruas e nas redes sociais.
No dia 15 de junho começou a Copa das Confederações, e Dilma foi vaiada no estádio Mané
Garrincha, no Distrito Federal.” A mudança final na correlação de forças na rua entre os
defensores da pauta anticorrupção e aqueles ligados ao direito à cidade se consolida após o dia
19, quando Haddad reduziu o valor da tarifa em São Paulo. A fragilidade e o localismo dos
movimentos por direito à cidade, assim como a desestruturação e a fragmentação do principal
setor do movimento social nacional – o movimento sindical – além das críticas ao reformismo
fraco do PT, permitiram que o espaço aberto pela esquerda em 2013 fosse ocupado pela direita.
Ao longo desse processo, as pautas pelo direito à cidade foram progressivamente substituídas
pelo discurso anticorrupção, tema vocalizado e instrumentalizado pela alta classe média (cf.
tabela 3).
Mesmo que a crítica moral à atuação partidária em algum grau aproxime intelectuais
próximos ao MPL à crítica mais genérica da anticorrupção, a descrição dos protestos de junho
como um movimento pelo direito à cidade, e não uma mobilização antipetista, é a perspectiva
defendida pelo grupo. (MPL, 2013). A pauta anticorrupção tornou-se hegemônica entre
manifestantes em junho após o dia 20 (para uma periodização dos protestos, ver a introdução).
Ao mesmo tempo, é possível que motivações anticorrupção tenham influenciado, ainda que de
forma minoritária, os atos de rua na própria base do MPL desde o início dos protestos de 2013.
A associação do movimento ao combate à “corrupção moral” identificada por Pomar
(2013) em parte expressa o pertencimento de classe média dos integrantes do MPL. Segundo
Cavalcante e Arias (2019), a centralidade dada à bandeira da anticorrupção é historicamente
atrelada à classe média e seus intelectuais. À exceção do tenentismo dos anos 20, ela é
identificada politicamente a perspectiva liberal-conservadora, “com destaque para a atuação
contra o modelo populista com concessões às classes trabalhadoras presentes nas décadas de
1940 e 1960, cujo ápice se efetivou com o golpe civil-militar de 1964” (p. 17) A cruzada moral
contra a corrupção não é alheia às relações de classe.
É possível identificar na literatura sobre movimentos sociais dois polos, o daqueles que
viram em junho o ponto alto de um ciclo de protestos ocorridos entre 2011 e 2016, cuja
consequência foi o desencadeamento de uma crise política que expressa as contradições entre
classes e grupos sociais (Galvão e Tatagiba, 2019) e aqueles que enxergam em junho algo
paradigmaticamente novo (Gohn, 2013; Cava e Cocco, 2013; Alonso e Mische, 2014). A forma
inovadora de organização e agitação política do MPL, principalmente ligada à sua
54
instrumentalização da internet e das redes sociais, expressaria uma tendência desta nova etapa.
A pauta anticorrupção, consequentemente, seria apenas mais um elemento político introduzido
ao cenário, produto espontâneo da mobilização popular. Consequentemente, esta perspectiva
enxerga os protestos entre 2015-16 a favor do impeachment como produto vindo de baixo para
cima, sem estratégia prévia de classe.
Para Nogueira, os protestos de junho são resposta à “perversão sistêmica [que] tornou-
se mais grave no decorrer dos últimos 15 anos, justamente quando os grupos dirigentes
passaram a ser integrados por quadros e políticos do PT.” (2013 p.35) Isto revelaria sua “baixa
capacidade hegemônica”, pois “o partido e suas organizações não se dedicaram a qualificar sua
ascensão política e sua própria condição histórica de voz contestadora. Não formularam uma
nova ideia de política, de democracia, de economia. Não disseminaram cultura, não
promoveram uma nova ‘direção intelectual e moral’ (Gramsci) para a sociedade.” (2013 p. 22)
O sucesso político do PT anterior a 2013 não estaria relacionado à nova composição de
classes do governo e ao pequeno boom econômico que seu projeto desencadeou, mas aos traços
excepcionais, carismáticos, de Lula. Utilizando o Estado burguês, o ex-sindicalista teria
cooptado a esquerda e os movimentos sociais da geração anterior. Consequentemente, “a
reprodução do engenhoso sistema de poder tornou-se mais difícil com a ausência de Lula e
com os atritos que se seguiram à substituição por Dilma Rousseff.” (p. 45)
Nogueira (2013), assim como Gohn (2013), sublinha as diferenças entre os protestos
multitudinários de junho e a tentativa de paralisação nacional organizada em julho pelos
partidos de esquerda e o movimento sindical.37 Enquanto a recusa do MPL em aderir a esses
protestos revela os contornos de classe de seu anti-sindicalismo, é valido lembrar que o
movimento desde o início se posicionou contrariamente ao movimento anticorrupção, como
veremos no capítulo 2 a seguir.
37 Segundo Nogueira “se junho foi de massas, julho foi de classe. Os protestos juninos foram polissêmicos e
horizontais; o de julho foi uníssono. Em junho, houve festa, militância cívica, política de novo tipo e pouca
organização. O Dia Nacional foi sindical, organizado e a moda antiga. O som de junho foi da opinião e do
sentimento; em julho ouviu-se a voz do interesse. Em junho, escutaram-se os gemidos de um mundo que desponta;
em julho, o grito rouco e cansado de um mundo que resiste para não acabar.” (Nogueira, p. 57)
55
Capítulo II – O Movimento nas ruas
Este capítulo reconstruirá os principais momentos de junho de 2013 em São Paulo e
discutirá a relação entre base, direção e programa do principal organizador dos protestos, o
MPL-SP. A questão da natureza social do grupo, assim como dos protestos que liderou,
perpassa centralmente sua relação com o movimento social como um todo. A origem,
capilaridade e composição social do MPL, assim como sua política ao longo do ciclo de
protestos, revelam uma cooperação continua entre o Passe Livre e o movimento operário e
popular.
Utilizando a imprensa autonomista fonte primária, o presente capítulo pretende
identificar a dinâmica do MPL junto ao movimento social como um todo. É possível atribuir,
em geral, três perspectivas teóricas norteando o MPL entre 2011 e 2013: a primeira, antiestatal
e antisindical, é enraizada nas elaborações políticas do autor português João Bernardo (1991,
2003), a segunda, mais propriamente marcada por questões do direito à cidade, encontra-se
difundida em sites e blogs – com destaque ao site Tarifa Zero – e a terceira, fundamentada na
critica política à geração de autonomistas do final dos anos 90 e inicio dos 2000 nos protestos
antiglobalização de São Paulo, fundamentou o grupo organizacionalmente. A questão da
direção do movimento, assim como sua horizontalidade, também será tratada abaixo. Junto ao
debate sobre a relação entre o MPL e as classes e frações de classes mobilizadas ao longo do
período entre 2011 e 2016, a produção do movimento na internet auxiliará na caracterização
do grupo e suas ideias.
1. Origens e composição social do MPL
As origens do MPL-SP remetem à interatividade nas redes do Centro de Mídia
Independente (CMI) entre a Revolta do Buzu, ocorrida em Salvador em agosto de 2003 e a
Revolta das Catracas, deflagrada 2.600 quilômetros ao sul, entre 2004 e 2005 em Florianópolis
(Pomar, 2013 p. 11). Nacionalmente, o projeto do MPL ganha corpo próprio no “primeiro
encontro realizado em Florianópolis, no mês de junho de 2004. O evento não se propõe a fundar
56
um movimento, mas institui uma “campanha nacional pelo Passe Livre”. 38 Nele “estavam
presentes basicamente três correntes de pensamento e da organização juvenil de esquerda na
época: jovens ligados ao trotskismo, dissidentes das organizações tradicionais da esquerda e
seus métodos e associados a jovens independentes, sobretudo na Campanha pelo Passe Livre
de Florianópolis; ativistas articulados em torno dos movimentos que a partir dos anos 1990
ficaram conhecidos como movimentos antiglobalização, e organizados pelo Centro de Mídia
Independente (CMI-Brasil)” (2013, p. 12).
O recorte geográfico do grupo revela que as dinâmicas locais se sobrepõem às
nacionais. País semicontinental marcado por enormes longitudes entre suas metrópoles, a
particularidade política do Brasil é sua descentralização geográfica, que em 2013 atuou como
barreira à integração política dos movimentos por direito à cidade. Pomar afirma que desde
seus dois encontros nacionais, em junho de 2005 na Unicamp e em 2007, na Escola Nacional
Florestan Fernandes (ligada ao MST) no interior de São Paulo, o movimento na prática deixou
de existir nacionalmente.39 Segundo autor “o MPL avançou pouco em termos de estruturação
e não se consolidou como uma organização perene com fóruns regulares, embora se mantenha
como uma rede de articulação nacional que troca experiências e alimenta uma proposta
avançada” (p. 13).
A inserção do MPL entre estudantes40 foi facilitada pela expansão da internet e do
acesso ao ensino superior. As políticas neodesenvolvimentistas que expandiram o mercado
universitário levaram a um salto no total de graduandos de 2.694.245 (32,6% no ensino
público), para 6.739.689 (26,3% nas escolas do Estado) (Ridenti, 2013). Observa-se que novas
38 A articulação nacional do MPL foi fortalecida pelo surgimento da internet que, ao acelerar a comunicação,
diminuiu as distâncias, permitindo a interação virtual entre os ativistas de São Paulo e aqueles identificados na
rede de articulação mencionada por Pomar. Os protestos em Goiás em junho de 2013, assim como a publicação
pelo TarifaZero Goiânia do texto "Goiânia: suspenso o aumento da tarifa", no site Passa Palavra dia 11 de julho
de 2013, revela conexões próximas entre grupos locais e o MPL-SP. 39 A relação cotidiana de militância dos ativistas do MPL-SP, quase todos inseridos no espaço universitário e nos
movimentos de direito à cidade de São Paulo, se deu centralmente na interação e troca de experiências com as
correntes majoritárias da esquerda nacional, formada por socialistas e petistas. Para outra autora, todavia, “mais
frutífero que buscar relações entre o MPL e os partidos políticos é buscar elos entre as formas de luta
antiglobalização do início dos anos de 2000 e manifestações nas ruas em 2013” (Gohn, 2013, p. 43). 40 Segundo manchete do jornal Folha de S. Paulo, “Ex-alunos do colégio Equipe formam a linha de frente do
Movimento Passe Livre em São Paulo”. Além da escola construtivista de classe média, o colégio Santa Cruz,
escola privada de classe média alta gerida por padres canadense liberais, aparece em destaque na matéria.
(Bergamim, 2013)
57
formas de ativismo político entre a juventude, como as ocupações de escolas em 2015 e 2016
(Campos, Medeiros e Ribeiro, 2016) foram disseminadas pelo MPL-SP41. Segundo estudo
clássico de Foracchi (1977), há diferenças entre as categorias jovens e estudantes: “jovem”
constitui um recorte geracional policlassista, que se insere de diferentes formas no mercado de
trabalho, enquanto “estudante” tem origem na classe média. O estudante que não trabalha pode
postergar sua inserção no mercado de trabalho, prolongando sua permanência na escola ou
acedendo à universidade. “Ao ser compreendida em conexão com o projeto de carreira e com
as oportunidades de profissionalização que a classe média acalenta, a ação do estudante
evidencia sua conotação pequeno-burguesa.” (Foracchi (1977, p 13).
O MPL seria, assim, uma organização híbrida, produto da mistura entre o movimento
estudantil clássico e o movimento social por direito à cidade. Pomar (2013), porém, diferencia
o MPL do movimento estudantil tradicional, historicamente dirigido pela corrente socialista,
criticando seus métodos. “Na reta final de mobilizações [2005 em Florianópolis] organizações
tradicionais do movimento estudantil, que dirigem suas entidades de representação, tomaram
a dianteira de um processo político que elas não iniciaram e não entenderam em sua essência.”
(p. 9) Segundo Pomar, “não foram poucas as críticas ao MPL, quando este pautou o passe livre
- entendido aqui como passe livre para estudantes - como sua bandeira principal, sendo
questionado, sobretudo pelas entidades estudantis, por avançar demais no debate, que deveria
ser a garantia da meia passagem.” (p. 18) A política do MPL mais tarde avança em direção à
universalização do Passe Livre. Em artigo publicado após os protestos de 2013, o MPL afirma:
A luta de reapropriação do espaço urbano produzido pelos trabalhadores supera, na
prática, a bandeira do MPL em seus primeiros anos, que era o passe livre estudantil.
Quanto as tarifas aumentaram, evidenciam-se contradições que afetam a todos, não
somente os estudantes, e então deixa de fazer sentido ter em vista apenas um recorte da
população. A luta por transporte tem a dimensão da cidade e não desta ou daquela
categoria. (MPL, 2013 p. 15-6)
41 Movimento esse que variou em termos de abrangência e temporalidade nos estados. Após as ocupações de
escolas no Estado de São Paulo, os secundaristas de Goiás foram os primeiros a replicar localmente o movimento,
iniciando as ocupações ainda em dezembro de 2015. Em janeiro de 2016, o movimento atingiu 27 escolas
ocupadas (Campos, Medeiros e Ribeiro, 2016, p.313).
58
No campo da esquerda, a concepção programática do MPL se aproximava mais do PT
de São Paulo que das organizações socialistas. Isto porque o programa defendido pelo PSOL,
PSTU e PCB se centrava menos no congelamento dos preços e mais na estatização do sistema
de ônibus. Esta diferença programática, focada em reverter as privatizações nos transportes
iniciada nos anos 90, tornava mais abstrato o envolvimento dos socialistas no movimento pela
redução da passagem. Já o programa neodesenvolvimentista aproximava o MPL da bancada
do PT, uma vez que o governo federal não era antipático a políticas de controle de preços.
No entanto, em 2013 o PT revelou dificuldades para dialogar com o MPL. Logo no
início dos protestos, dia 12, após uma mesa redonda que incluiu a prefeitura, o Ministério
Público e MPL, em que a "promotoria propôs como solução ao conflito que prefeitura e
governo revogassem por 45 dias o aumento das passagens para que se fizesse negociações e
estudos técnicos enquanto o movimento suspenderia as manifestações” (Ortellado et al, 2013,
p.80), a prefeitura rejeitou a proposta do MP, apesar de o MPL ter sido favorável.42 Mais tarde,
quando o movimento já começava a sair do controle da esquerda, uma segunda rodada de
diálogo ocorreu durante o Conselho da Cidade, onde a maioria dos conselheiros se pronunciam
em favor de um recuo do prefeito, que novamente se recusou a ceder. Segundo Ortellado et al
(2013), naquele momento, Dilma também se posicionava pela flexibilização na política do PT
municipal.43 (p. 210)
Argumentando contra a redução da tarifa durante o início dos protestos, o então prefeito
Fernando Haddad (2017) afirmava que a redução da tarifa era inviável, pois acarretaria
desequilíbrio fiscal. Coube a dois economistas, Samuel Pessoa, professor da Fundação Getúlio
Vargas, e seu secretário de Finanças, Marcos Cruz (que segundo o ex-prefeito, “o empresário
Jorge Gerdau havia lhe apresentado e que deixara a consultoria McKinsey para organizar as
contas da prefeitura”) elaborar a proposta para a tarifa. A prefeitura “estava preparando um
estudo em que mostrava como a municipalização da Cide, o imposto federal sobre a gasolina,
poderia ser utilizada para ampliar o subsídio ao transporte público”. (Haddad, 2017) Segundo
Ortellado et al (2013), a proposta incluía exigir, em troca do congelamento da tarifa que ocorreu
42 Em artigo publicado no site Passa Palavra, assinado coletivamente pelo MPL dia 11 de junho, o grupo afirmava
no título "Movimento Passe Livre protocola pedido de reunião” (MPL, 2013) 43 Tal narrativa é disputada por Haddad. Segundo o ex-prefeito: “Em termos de conteúdo, as demandas dos
manifestantes eram inteiramente compatíveis com a agenda dos governos federal e municipal. Coloquei o tema
da mobilidade no centro de minha campanha. Em termos de forma, porém, havia uma clara tendência anti-estatal
nos protestos. A recusa ao diálogo institucional se cristalizou, e não pode ser alterada. As tentativas de estabelecer
diálogo vieram diretamente da prefeitura, posto que o movimento nunca solicitou uma audiência.” (Haddad, 2017)
59
no primeiro semestre em São Paulo, "desoneração de tributos que dava margem para um
aumento da tarifa abaixo da inflação.” (p. 44-43). O PT municipal adotava então uma linha de
equilíbrio em relação ao expansionismo fiscal intensificado por Dilma Rousseff.44
Durante o início dos protestos, Haddad e Alckimin, então governador do estado,
promoviam a cidade de São Paulo para a atração de grandes eventos internacionais em Paris.
Ambos adotaram uma linha unificada na reação às manifestações. Porém, o desgaste político
causado pela violenta repressão policial, de responsabilidade do governador, acabava
comprometendo também a imagem de Haddad, uma vez que “a campanha contra o aumento
está muito mais orientada às passagens de ônibus (a cargo do município) do que às de metrô e
trem (de responsabilidade do governo do Estado).” (Ortellado et al, 2013. p.51)
A guinada de Haddad a favor da redução da tarifa se inicia com uma nota publicada no
Facebook do diretório municipal do PT dia 14.45 Reivindicando a proposta de Samuel Pessoa
e Marcos Cruz pela municipalização da CIDE - mostrando assim compromisso com o tripé
macroeconômico - o diretório afirmava também que “a negociação de uma pauta de melhoria
do transporte público e de tarifas menos impactantes aos usuários do sistema exige um
desarmamento de espíritos e a busca do diálogo” (Ortellado et al, 2013, p. 210). Três dias
depois, foi a vez do ex-presidente Lula reforçar o realinhamento do partido, postando no
facebook:
Ninguém em sã consciência pode ser contra manifestações da sociedade civil porque a
democracia não é um pacto de silêncio, mas sim a sociedade em movimentação em
44 Quando a presidenta Dilma propôs em junho a Haddad controlar os preços, o ex-prefeito discordou. Segundo
Haddad, "não se pensa em controlar a inflação de um país continental pelo represamento de uma tarifa municipal
sem atravessar estágios intermediários e sucessivos de uma compreensão equivocada. Não se chega a um erro
deste tamanho sem ter feito um percurso todo ele equivocado. Não se produz estabilidade macroeconômica por
intervencionismo microeconômico.” (Haddad, 2017) 45 Em texto publicado no mesmo dia em seu blog, José Dirceu, ex-chefe da casa civil do governo Lula (2003-5)
preso por corrupção quatro meses após os protestos de junho, também adotou nova posição. Independente as
consequências fiscais da medida, passa a defender que era preciso disposição para diferenciar do PSDB. Segundo
o ex-ministro da casa civil “É preciso negociar com o MPL. Quem deve tomar a iniciativa é o prefeito da cidade,
Fernando Haddad. Dialogar e envolver toda a cidade e entidades organizadas no debate e na busca de saídas para
a situação do transporte e para a questão específica da passagem. E mais do que isso: aproveitar para discutir a
gravíssima situação da segurança pública e a atuação inaceitável da polícia militar e do Governo do Estado.”
(Dirceu em Ortellado, 2013 p.120)
60
busca de novas conquistas. (…) Estou seguro, se bem conheço o prefeito Fernando
Haddad, que ele é um homem de negociação. Tenho certeza que dentre os
manifestantes, a maioria tem disposição de ajudar a construir uma solução para o
transporte urbano (Lula em Ortellado et al, 2013 p.161).
A insistência de Haddad em não ceder na política fiscal, segundo entrevista do prefeito
à Revista Piauí, mudou apenas quando a legenda mais associada à burguesia interna no
governo Dilma, o PMDB de Eduardo Paes, então prefeito do Rio de Janeiro, anunciou a
Haddad que iria ceder às demandas dos protestos que também ocorriam em sua cidade,
isolando-o politicamente (Haddad, 2017). A linha de não se descolar do PSDB se expressou
no anúncio da redução da tarifa ao lado do governador Geraldo Alckimin. Após a indecisão do
PT, a extrema-direita saiu abertamente às ruas na manifestação ocorrida no dia seguinte, que
já havia sido convocada pelo MPL antes do anúncio da redução. Após os choques violentos na
Avenida Paulista, o movimento anunciou sua retirada do processo.
2. A organização do movimento
Lembrando o levante mexicano em Chiapas em 1995, os protestos estudantis na
Indonésia contra Suharto em 1998 e a revolta camponesa na Bolívia em 2000 contra a
privatização da água, Chomsky e Herman (2002) destacam o papel da internet que,
“aumentando escopo e eficácia (...) produziu um nível de publicidade e atenção global com
consequências importantes” para aquelas mobilizações, lhes assegurando vitorias parciais. Por
outro ângulo, servindo como instrumento do movimento, durante os protestos contra o encontro
da OMC em novembro de 1999 em Seattle, “a comunicação através da internet desempenhou
um papel importante organizando os protestos assim como disseminando informações sobre os
próprios eventos, se contrapondo à forma hostil com que a grande imprensa representava os
manifestantes.” (p. 15) Isto não significa, ao mesmo tempo, que a internet tenha afetado de
forma estrutural a economia política da comunicação de massas. Para Chomsky e Herman:
Enquanto a Internet tem sido uma adição valiosa ao arsenal de comunicação de
dissidentes e manifestantes, ela é limitada enquanto ferramenta crítica. Para começar,
aqueles com maior necessidade de acesso à informação não são bem servidos pela
internet – muitos não tem acesso, seus bancos de dados não atendem às suas
necessidades, e o uso desta base de dados (e a utilização efetiva de internet em geral)
61
pressupõem conhecimento e organização. A internet não é um instrumento de
comunicação de massas para os que não tem nomes de marcas conhecidas, uma grande
audiência previa, e/ou muitos recursos. (2002, p. 16)
Em entrevista com o autor realizada em São Paulo, no dia 8 de agosto de 2019, ao
comentar o efeito da internet no modelo de propaganda contemporâneo46, Chomsky afirma que
ele e seu colaborador Edward S. Herman fizeram “uma atualização do livro [Manufacturing
Consent, 2002] depois que a internet se tornou um fenômeno mais presente. No entanto,
decidimos não publicá-la, porque a situação da imprensa não mudou tanto. Já o novo fenômeno
das redes sociais mudou muito a situação. O Brasil é um exemplo dramático da força
extraordinária das redes sociais.” (2019)
Enquanto o papel estrutural da internet nos protestos é consensual na literatura sobre
junho, seus efeitos geram leituras polarizadas. Enquanto Gohn, Nogueira, Cava & Cocco
tendem a ver a internet como força essencialmente democratizadora, Haddad (2017), assim
como Saad Filho e Morais (2018) a veem como catalisadora do individualismo. Segundo Saad
Filho e Morais, a comunicação digital não é adequada à organização baseada na classe ou local
de trabalho, pois “quando grupos organizados de forma virtual aparecem no “mundo real”, eles
tendem a estrelar um espetáculo que pode ser transmitido aos amigos na “rede”, criando
incentivos para a individualização das demandas e a personalização das manifestações por
meio do humor, de disfarces coloridos e assim por diante. O Faceook e o YouTube tornam-se
o mundo inteiro, e o mundo se torna uma internet mais real”, consequentemente “muitos
manifestantes estavam mais interessados em tirar selfies que qualquer outra coisa” (p. 215-6).
A antipatia frente às redes digitais em parte leva os autores a caracterizar os protestos de junho
como expressão da “lumpenização da política”. Os protestos lumpen seriam esporádicos e sem
foco, facilmente sequestrados pela burguesia.
Enfatizando o papel das empresas norte-americanas provedoras das principais redes
sociais na internet, Haddad (2017) afirma que ao permitir que qualquer um emita sua opinião
46 Analisando a imprensa de massas nos EUA e Reino Unido, Chomsky e Herman (2002) destacam que aquilo
que é considerado notícia pela grande imprensa perpassa cinco filtros do modelo de propaganda, “1) tamanho,
concentração de propriedade, riqueza do proprietário, e a busca por lucros das principais empresas de
comunicação, 2) os comerciais enquanto principal fonte de recursos 3) dependência em informações
providenciadas por governos, empresas e “experts” financiados e aprovados por estas fontes primárias e agentes
de poder 4) campanhas de denúncia como forma de disciplinar a imprensa, e 5) “anticomunismo” enquanto
religião nacional e mecanismo de controle.” (p. 12)
62
pelas redes, a autoridade das fontes se anula, sendo substituída por seu irreconhecimento. O
ambiente da “pós-verdade” estabelecido pelas redes abre espaço para que protestos como os
de Junho sejam objeto de manipulação externa. Segundo Haddad
Durante os protestos de 2013 no Brasil, a percepção de alguns estudiosos da rede social
já era de que as ações virtuais poderiam estar sendo patrocinadas. Não se falava ainda
da Cambridge Analytica, empresa que, segundo relatos, atuou na eleição de Donald
Trump, na votação do Brexit, entre outras, usando sofisticados modelos de data mining
e data analysis. Mas já naquela ocasião vi um estudo gráfico mostrando uma série de
nós na teia de comunicação virtual, representativos de centros nervosos emissores de
convocações para os atos. O que se percebia era uma movimentação na rede social com
um padrão e um alcance que por geração espontânea dificilmente teria tido o êxito
obtido. Bem mais tarde, eu soube que Putin e Erdogan haviam telefonado pessoalmente
para Dilma e Lula com o propósito de alertá-los sobre essa possibilidade (Haddad,
2017).
No polo oposto a Haddad, Gohn (2013) identifica como força motora de insatisfações
democráticas a “presença de grupos internacionais do ativismo digital nos protestos” (p. 52)
Segundo Ortellado et al (2013), o grupo “Anonymous” foi um dos principais responsáveis pela
difusão das pautas em junho, tentando desviar o movimento para a anticorrupção. Sua imagem
mais compartilhada nas redes sociais foi uma faixa dizendo “O povo acordou, o povo decidiu,
ou para a roubalheira, ou paramos o Brasil” (p. 148). Para os autores “se analisarmos o que é
publicamente compartilhado nas redes sociais no fim de semana [anterior à massificação dos
protesto], vemos que, desde a sexta-feira – ou seja, mais ou menos quando começam a circular
as revistas semanais – algumas das publicações mais compartilhadas dos nós mais ativos nas
redes sociais já incorporam a difusão de pauta” (p. 148).
Segundo noticiado na imprensa, o grupo Anonymous Brasil foi alvo de infiltração
policial do FBI durante o período em que realizou campanhas contra o governo federal
brasileiro, ao menos, até 2012. Segundo jornal britânico Guardian, como resultado de processo
e investigação criminal nos EUA “o superhaker conhecido como “Sabu” 47, e seus colegas do
47 Hector Xavier Monsegur, condenado a 124 anos de prisão, é apontado com principal arquiteto dos ataques do
Anonymous Brasil na internet. Em perfil no New York Times, o jornal afirma, “No último verão, as autoridades
prenderam Monsegur. (...) Em agosto, ele se confessou culpado de uma dezena de crimes, a maioria envolvendo
63
coletivo Anonymous, revelam a vasta escala de ataques que Monsegur orquestrou contra sites
do governo e empresas no Brasil quando operava como informante para o FBI. (...) Alvos
incluíram o servidor da polícia militar do Distrito Federal, sites do governo [e Petrobrás], o
império midiático da Globo e centenas de entidades comerciais.” (Pilkington, 2014) Segundo
a revista norte-americana Vice, o processo criminal revelava que Monsegur “estava facilitando
uma campanha anticorrupção contra o governo brasileiro”. (Blake e Stuckey, 2014) Enquanto
não há documentos que relacionam o Anonymous em 2013 àquilo descrito por Haddad (2017)
como “ações virtuais patrocinadas”, não há vínculos claros entre o grupo digital e o movimento
social como um todo. De outra perspectiva, ao falar do grupo Anonymous, segundo Gohn, “um
destaque desse grupo é que a maioria deles esconde sua identidade, ao contrário de lideranças
dos chamados Novos Movimentos Sociais das últimas décadas do século XX que se firmavam
pela explicitação e defesa de sua identidade.” (Gohn, 2013, p. 52)
A descentralização trazida pelas redes, assim como sua utilização centralizada e
coordenada em grupo, permitiu que o MPL adotasse uma pluralidade de imagens e identidades
em suas ações de agitação, possuindo uma estética mais internacionalizada. A disparidade
geracional entre a coluna de quadros do MPL comparada às organizações socialistas e às
correntes do PT, cujos dirigentes mais velhos em geral expressavam ceticismo e desconfiança
em relação à internet, permitiu ao grupo criar uma imagem mais próxima dos padrões de
consumo cultural contemporâneos que as outras correntes de juventude. Esta maleabilidade
estética, ao mesmo tempo, voltou-se contra o grupo durante a segunda metade dos protestos de
junho, quando ela foi adaptada por diferentes atores ao discurso anticorrupção e à ideologia
neoliberal.
A análise das bases políticas e teóricas do movimento, que empreendemos a seguir, será
realizada a partir de suas intervenções na internet por meio do site Passa Palavra.
conspirações para hackear computadores, e entrou em acordo de cooperação com a polícia. (...) Ele foi solto e
começou a trabalhar como informante, continuando a publicar no twitter e outros lugares enquanto Sabou.”
(Kleinfield & Somini, 2012)
64
a) Bases políticas e teóricas do MPL
Surgido em fevereiro de 2009, alguns meses antes do lançamento do site porta-voz
oficial do movimento, Tarifa Zero48 – o Passa Palavra foi ao ar na cobertura da segunda jornada
contra o aumento da tarifa, ocorrida entre 27 de outubro de 2009 e fevereiro de 2010, época
em que a passagem subiu de 2,70 para 3,00 reais. Ao longo da segunda jornada, a etiqueta
#transportes do site, onde se centravam os debates em torno do MPL, acumulou 19 entradas,
entre elas vídeos, entrevistas e principalmente artigos (anexo 1). A terceira Jornada contra o
aumento da tarifa, de 2011, é coberta de forma mais ampla, entre o dia 22 de dezembro de 2010
até 27 de abril de 2011, com 40 entradas. Em 2013, durante um período mais curto de tempo,
há 56 entradas no site. Quatro referem-se ao Rio de Janeiro, três a Goiânia e a Salvador e uma
a Florianópolis e a Porto Alegre, com o resto dos artigos expressando a centralidade do grupo
na cidade de São Paulo. Mais tarde, o espaço serviu de plataforma para canalizar diferentes
posições conflitantes dentro do MPL-SP, publicando também o material referente à sua
fragmentação. A dinâmica da publicação no Passa Palavra corrobora com o argumento de que
os protestos de 2013 são produto de um ciclo maior iniciado em 2011. Seu conteúdo também
relativiza a distância triangular descrita por Alonso & Mische (2015) entre “socialistas”,
“autonomistas” e “patriotas”, permitindo localizar o MPL no campo da esquerda influenciada
pelo marxismo. Enquanto a proximidade com a tradição socialista levou o grupo a enfatizar o
trabalho de base na periferia de São Paulo, sua composição social estudantil de classe média
impediu o aprofundamento destes vínculos junto os trabalhadores.
Entre os artigos no site Passa Palavra também se destacam debates públicos
expressando diferentes concepções autonomistas, algumas mais próximas ao anarquismo,
enquanto a maioria mais associada ao marxismo. O próprio site, em sua área de links, destacava
o Arquivo Marxista na Internet49. O Autonomismo do MPL possuía três intelectuais que
48 Uma particularidade das publicações digitais em detrimento das impressas é que a internet permite que se
organize, sem grandes dificuldades, órgãos distintos com linhas editoriais e periodicidades próprias.
Consequentemente tornou-se relativamente fácil para um grupo pequeno organizar dois jornais ao mesmo tempo,
sem ter de se preocupar com questões gráficas, diagramação impressa e distribuição própria. 49 Segundo Gohn, “muitos dos que não encontram programa ou estratégias claras nas manifestações o fazem sob
a ótica teórica das esquerdas, da luta de classes” (p. 67). Consequentemente, seria necessário resgatar as ideias do
século XIX de Proudhon e Kropotkin para entender o movimento, uma vez que “aqueles que afirmam não ter o
movimento metas, propostas, projetos estavam cegos e surdos porque suas demandas são a base de outro modelo
de desenvolvimento, de acordo com a escolha de outras prioridades nas políticas públicas e com outros parâmetros
éticos para os políticos que ocupam cargos públicos.” (p. 66) Enquanto entre 2009 e junho de 2013 o mecanismo
65
desempenharam funções de elaboração política para o grupo: João Bernardo50, Felipe Correia51
e Manolo52. Na bibliografia do movimento, se destaca, além dos livros Economia dos conflitos
sociais (1991) e Labirintos do fascismo (2003), de João Bernardo, Burocracia e ideologia
(1974) de Maurício Tragtenberg.
Organizacionalmente, Felipe Correia (2011) principalmente através de seu balanço
autocrítico acerca da Ação Global dos Povos no Brasil53 (braço organizado do movimento
de buscas do site Passa Palavra identifica Kropotkin em 15 entradas e Proudhon em 33, Karl Marx aparece em
617 vezes.
50 As origens político-ideológicas de Bernardo remetem a um marxismo português, principalmente à experiência
da Revolução dos Cravos (1974). Segundo Pinto, “Era militante do PCP, mas entre 1965-1966 já estava sob
influência do programa comunista dissidente desenvolvido pelo Camarada Campos (Francisco Martins
Rodrigues), programa apresentado na revista Revolução Popular (editada por Martins Rodrigues) e que teria como
corolário a organização maoísta do CMLP (Comitê Marxista Leninista Português). João Bernardo esteve sob
influência do programa de Martins Rodrigues, mas não participava da organização do CMLP, manteve-se
vinculado ao PCP (até 1966, quando o abandona) e diante da heterodoxia do programa de Martins Rodrigues,
organizou no período de 1967 a 1969 um programa teórico político em defesa de um “maoísmo libertário” que
teve como corolário institucional a organização dos CCR, práticas que o levaram tanto ao rompimento político
com o PCP como ao rompimento ideológico com o CMLP.” (Pinto, 2016)
51 Professor convidado na Escola de Artes e Ciências Humanas (EACH) da Universidade de São Paulo (USP),
Corrêia, nascido em 1978, possui doutorado na Faculdade de Educação da Unicamp, tendo pesquisado as obras
de Mikhail Bakunin, e mestrado no programa de Mudança Social e Participação Política da USP, com dissertação
sobre o anarquismo. Pesquisador coordenador do Instituto de Teoria e História Anarquista (ITHA) e editor da
Faísca Publicações Libertárias, por mais de 10 anos desenvolveu-se como autodidata, enquanto trabalhava para a
indústria automobilística. Tendo passagem pela coordenadoria do MST de São Paulo, Correia pode ser descrito
como intelectual mais próximo à tradição anarquista entre aqueles mencionados no presente trabalho. 52 Advogado formado na Universidade Federal da Bahia (UFBA), Manuel Nascimento, nascido em 1978, é
estudante de mestrado em Urbanismo e Arquitetura na UFBA, onde realiza pesquisa sobre os traços e rastros dos
conflitos sociais ocorridos entre 1549 e 1889 em Salvador como elementos da formação e consolidação de seu
território urbano atual. Durante os protestos de 2004 contra o aumento da tarifa na capital baiana, Manolo teve
papel de destaque na condução do CMI da cidade. Entre 2000-1, estagiou na bancada municipal do PT na Câmara
dos Vereadores de Salvador. Atualmente trabalha no Centro de Estudos e Ação Social (CEAS) com assessoria
jurídica e mobilização comunitária em torno de pautas fundiárias e ambientas nas ocupações organizadas pelo
Movimento dos Sem Teto da Bahia (MSTB) em Camaçari, assim como junto aos movimentos de moradia no
centro histórico de Salvador. 53 Em texto de balanço do movimento antiglobalização, o autor,afirma ser “certo que, dentre os companheiros que
atuaram no movimento do final dos anos 1990 até meados dos anos 2000, talvez minha autocrítica tenha sido uma
66
antiglobalização do início dos anos 2000) publicado em forma de livro digital (Ortellado, Parra
e Rochers, 2013) meses antes dos protestos de junho, moldou os debates organizacionais do
MPL entre 2011 e 2013. Já Manolo, autor de teses reivindicadas pelo MPL no livro Cidades
Rebeldes, Passe Livre e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil, publicado pela
Editora Boitempo (Maricato et al 2013) tem sua produção centrada primeiro no CMI Salvador,
e principalmente, a partir de 2011, no Passa Palavra. A forte inserção da fração de classe média
representada pelo MPL na internet permitia ao ativista influenciar o movimento social em São
Paulo desde o nordeste.
O pensamento político de João Bernardo à época dos protestos melhor se expressou no
site Passa Palavra em manifesto intitulado “Ponto Final” publicado 19 de junho de 2012, um
ano antes de junho. 54 Segundo as reflexões teóricas de Bernardo (2012), até então o principal
elaborador do espaço, “o fim dos regimes soviéticos trouxe duas grandes ilusões: a de que,
liquidado o capitalismo de Estado, deixaria de se confundir socialismo com nacionalizações e
centralismo económico; e a de que surgiria uma nova síntese programática, que superasse o
marxismo e o anarquismo doutrinários. (...) Não obstante, é certo que tem existido entre os
marxistas um esforço de autocrítica, que conseguirá talvez rejuvenescer a herança de Marx.
Entre os anarquistas, porém, nem isto se passa, porque, sendo hostis ao pensamento dialéctico,
julgam que se pode voltar atrás na história e, com as mesmas receitas, reconstruir de maneira
certa aquilo que resultara errado.” Crítico àquilo que descreve como “políticas identitárias”,
para Bernardo:
A esquerda do século XXI substituiu o sujeito histórico classe trabalhadora por uma
multiplicidade de sujeitos: os dois sexos, para os quais curiosamente se abandonou a
das mais radicais, dentre aqueles que permaneceram na militância. Muito dessa autocrítica serviu para minha
mudança de posição” (Correia, 2013) 54 Segundo Bernardo “Estou farto. Para ser sincero, estou muitíssimo farto. Não só de escrever em vão, isso seria
de somenos importância, mas de que outros antes de mim tivessem escrito em vão e alguns partilhem hoje o
mesmo destino. (...) Desisto? Das esquerdas doutrinárias sim, totalmente. A tragédia é que hoje o pensamento
revolucionário surge e extingue-se sem saber que é esse o adjectivo que o devia classificar. Do mesmo modo, a
política, se não for reduzida aos escândalos e às rasteiras que os profissionais passam uns aos outros, localiza-se
hoje sobretudo fora do âmbito considerado político. Por isso não desisto da capacidade da classe trabalhadora
para acabar com o existente. Uma revolução nos nossos dias só pode significar uma libertação das energias
criativas dos trabalhadores nos processos de trabalho. Quanto ao que virá depois e ao que formos capazes de
construir…” (Bernardo, 2012)
67
denominação biológica e se adoptou a denominação gramatical de géneros; as
preferências sexuais; as etnias; as nações; as tradições culturais. (...) A esquerda
contemporânea é um dos principais agentes da debilidade estrutural da classe
trabalhadora, contribuindo para fragmentá-la perante um inimigo unificado. (...) Outro
resultado imediato da adopção de uma multiplicidade de sujeitos históricos pela
esquerda do século XXI foi a redução do conceito de classe trabalhadora à sua
modalidade arcaica. Em vez de se entender a reestruturação da classe trabalhadora
operada pelo sistema de produção toyotista, pela terceirização da mão-de-obra e pela
transnacionalização do capital, a noção de classe trabalhadora manteve-se resumida ao
fabrico industrial de artigos materiais. (Bernardo, 2012)
Destaca-se que o pensamento de Bernardo pouco tem em comum com a ênfase dada
por Gohn (2013) sobre o MPL enquanto “novíssimos movimentos sociais” desvinculado de
uma perspectiva de classe. O classismo do autor, assim como sua teoria sobre o fascismo, muito
influente entre integrantes do MPL55, foi uma das fontes do pensamento político do grupo que
o aproxima do resto da esquerda socialista e petista. Em análise do pensamento político de João
Bernardo, Alberto da Costa Pinto (CEMARX, 2009 e Revista Espaço Acadêmico, 2016) afirma
que “como exemplo histórico similar aos argumentos políticos de João Bernardo, temos, com
evidentes diferenciações, não só conjunturais, como teórico - programáticas, as históricas
intervenções, na década de 1920, de Karl Korsch, Hermann Gorter, Anton Pannekoek, entre
outros, contra as diretrizes do socialismo de gestores da Revolução Russa” (Pinto, 2016). Para
Pinto, a preocupação política de Bernardo é a diferenciação do movimento dos trabalhadores
com os aparatos do sindicalismo institucionalizado e dedicado à gerência da força de trabalho.
Bernardo, além de ter militado com o movimento operário em Portugal durante a Revolução
dos Cravos, teve participação em cursos de formação para a militância de base da Central Única
dos Trabalhadores (CUT) durante seu período de formação.56 Enquanto figura mais velha em
55 Segundo postagem no perfil de facebook do Passa Palavra dia 20 de março, “Quase sete anos após o "Ponto
Final", João Bernardo volta a escrever para o Passa Palavra. Naquele longínquo ano de 2012, o autor se dizia
farto "de escrever em vão". Neste novo artigo ele volta aos debates, desta vez contra o identitarismo.” (Passa
Palavra, 2019) Observa-se que na relação com movimentos de identidade racial e de gênero, o MPL era mais
fechado que as correntes de juventude organizadas no PSOL, PSTU e PT. Correia (2011), porém, tende a ser
mais receptivo aos novos movimentos sociais que Bernardo (2012, 2019). 56 Segundo Pinto (2016) o objetivo de Bernardo se centra em “manter a atualidade do programa teórico-político
do comunismo marxista autogestionário, programa centrado no conceito de exploração e na redefinição (junto a
68
um blog formado essencialmente por estudantes, Bernardo exercia o papel de “decano” junto
ao MPL, em parte protegido do desgaste cotidiano da construção do grupo pela distancia física
entre Portugal e Brasil.
Enquanto João Bernardo (1991, 2003) elaborava sobre temas mais teóricos, cabia a
Manolo (2011) produzir continuamente para o site uma perspectiva nacional sobre o
movimento. Reafirmada pelo MPL logo após as manifestações de junho (Maricato et al 2013)
as “teses de Manolo” 57 sobre os protestos de Salvador, que chegaram a envolver 40 mil
pessoas, versavam sobre um levante que “exigia na prática, nas ruas, um afastamento dos
modelos hierarquizados; expunha outra maneira, ainda que embrionária, de organização.” (p.
14). Segundo as teses do autor:
1) O transporte coletivo público é, simultaneamente, bem de consumo coletivo e
instrumento essencial para o funcionamento da economia capitalista; por isso mesmo é
objeto de disputa entre capitalistas e trabalhadores.
2) A Revolta do Buzu não foi apenas um movimento estudantil, mas um movimento
social, de classe, radicalizado até onde foi possível dentro da conjuntura, no qual a
demanda por transporte catalisou várias insatisfações sociais.
3) As demandas da Revolta do Buzu não foram alcançadas em sua totalidade, mas a
vivência dos bloqueios teve efeitos duradouros em seus participantes.
4) A Revolta do Buzu expôs ao país uma nova fase do movimento estudantil e uma nova
cultura organizacional deste mesmo movimento – que prima pela recusa à
burocratização, mas nem sempre consegue o que pretende.
Marx) do estatuto teórico da mais-valia, da lei do valor nas práticas recentes do capitalismo. Nesse sentido o
autor procura desenvolver uma agenda política sempre atual que desvele as contradições sociais imanentes às
práticas institucionais da organização da exploração capitalista. Essa agenda demarca-se pela defesa intransigente
das lutas autonomistas dos trabalhadores oriundas dos laços de sua solidariedade germinados dessas práticas
anticapitalistas, principalmente aquelas que se antepõem ao capitalismo dos sindicatos, uma das expressões
máximas do capitalismo de gestores.” (Pinto, 2016) 57 Segundo Manolo “Parte deste artigo foi elaborado durante a ocupação da reitoria da UFBA realizada em 2004,
e ainda enquanto eu escrevia, Florianópolis era paralisada pela primeira Revolta da Catraca (2004), movimento
semelhantíssimo à Revolta do Buzu e diretamente inspirado por ela.” (2011)
69
5) A Revolta do Buzu indica a recuperação das formas radicalizadas de protesto pelos
movimentos sociais soteropolitanos, que infelizmente não as têm conseguido usar a
contento.
6) As novas formas de protesto apresentadas na Revolta do Buzu condicionaram o
surgimento de formas complementares de repressão e controle, como numa espécie de
“estado de sítio preventivo” declarado em algumas regiões da cidade.
7) Apropriar-se da Revolta do Buzu é palavra de ordem de todas as correntes políticas; a
disputa que se deu nas ruas agora se dá na escrita da História. (Manolo, 2011)
Segundo entrevistas com membros do MPL, além das reflexões teóricas de João
Bernardo e das elaborações de Manolo sobre transporte e sociedade, a crítica à perspectiva
anarquista da horizontalidade durante os protestos antiglobalização ocorridos no início dos
anos 2000 por Felipe Correia, publicado no Passa Palavra em 2011, foi particularmente
influente na concepção de regime do grupo. Segundo Correia, “Sendo responsável por
convocar e promover os chamados “Dias de Ação Global”, a AGP promoveu uma série de
mobilizações em escala global, com destaque para o J18, em junho de 1999, quando mais de
50 cidades manifestaram-se contra a reunião do G7 em Colônia, na Alemanha; o N30, por
ocasião das manifestações contra o encontro da OMC em Seattle em novembro de 1999; e,
principalmente, o S26, quando mais de 100 cidades em todo o mundo, inclusive na América
Latina, protestaram contra o encontro do FMI e do Banco Mundial, em Praga, em setembro
de 2000. O S26 provavelmente significou o ponto mais alto do movimento e dos dias de ação
global. Além desses dias globais de ação, a AGP realizou encontros visando promover a
comunicação e o intercâmbio das experiências de luta.” (Correia, 2011)
Baseado teoricamente nos textos de Michael Albert, Buscando a autonomia, e
Comunalismo de Murray Bookchin, assim como na descrição de Bergel e Ortellado (2006),
Correia (2013) afirma que “A Ação Global dos Povos (AGP) nasceu no início de 1998 e
constituía uma rede global de movimentos sociais de base originalmente criada para combater
o livre comércio. Não era uma organização formal, mas uma rede de comunicação e
coordenação de lutas em escala global baseada apenas em princípios comuns”. Segundo
Correia:
Por mais que as mobilizações como as Diretas Já e as lutas contra a ditadura
envolvessem estudantes e jovens, foi somente nos fins dos anos 1990 e início dos anos
70
2000 que a cultura dos chamados “Novos Movimentos Sociais” chegou e se
estabeleceu, de fato, no Brasil. Essa cultura militante, que havia surgido nos Estados
Unidos e na Europa, ainda nos anos 1960 e 1970, e que foi teorizada por intelectuais
como Alberto Melucci e Alain Touraine, trazia novos elementos em relação aos
movimentos populares clássicos. (...) No Brasil, isso se evidencia de maneira mais clara
no início dos anos 2000, com o estabelecimento da AGP no país, ainda que seja
possível, anos antes, identificar traços desse tipo que seriam acentuados com o passar
do tempo. Se a AGP, portanto, não criou a cultura dos Novos Movimentos Sociais no
Brasil, pelo menos ela foi um fator enorme de impulsão e auxiliou de maneira
determinante seu estabelecimento no país. (Correia, 2013)
Ao mesmo tempo em que Correia identifica na AGP traços similares aos Novos
Movimentos Sociais, a natureza da composição social de classe média do movimento
antiglobalização dos anos 2000 era para o autor fonte de sua fraqueza. Este balanço crítico
servirá de impulso para o MPL em direção à periferia de uma forma distinta da geração
autonomista anterior. A cultura de classe média, segundo Correia (2011), fez com que o
movimento antiglobalização do início dos 2000 tivessem pouca elaboração teórica sobre as
relações sociais,58 além de problemas de disciplina militante que levaram a APG a colapsar.59
O MPL-SP viria a ter outra relação com a militância, mais similar às correntes universitárias
de juventude de partidos socialistas que o movimento autonomista da geração anterior.
O programa em torno dos transportes enquanto direito à cidade, algo politicamente mais
concreto que o combate ao “livre comércio” de tratados internacionais, também permitia ao
58 Correia, apresentando perspectiva própria, afirma “Pode-se também afirmar que a luta contra a dominação não
é sinônimo de luta de classes, mas que ela envolve, necessariamente, a luta de classes. Ou seja, um projeto de luta
contra a dominação não tem como desconsiderar a luta de classes e a própria luta contra a exploração. Há, portanto,
outras possibilidades de conceber a noção de classe, para além do que foi, e que em grande medida ainda é, a
posição da velha esquerda. Não se pode descartar as categorias “classes sociais”, “luta de classes” e do próprio
“classismo”, por razão de uma definição e de uma utilização que parecem limitadas, e muitas vezes realmente o
são.” (Correia, 2013)
59 Segundo Correia “essa cultura da irregularidade da militância evidenciava-se nos atos que, quando aconteciam
juntavam muita gente, não sem, imediatamente após, desmobilizar todos, inclusive parte da militância que
ocupava o centro da organização do movimento. O trabalho só seria retomado na próxima manifestação. Enquanto
isso, reuniões, discussões e algo mais; mas trabalho, de fato, havia muito pouco.” (Correia, 2013)
71
grupo avançar em elaborações programáticas com recorte voltado a bairros periféricos,
canalizando esta produção através do site Tarifa Zero.60 Geograficamente distante da APG, a
origem do MPL de Florianópolis, segundo Leo Vinicius61 (2005) remete ao PT. Segundo
Vinicius (em livro também diagramado por Correia), “A Juventude Revolução Independente
surge da desvinculação da Juventude Revolução de Florianópolis da corrente trotskista O
Trabalho e do próprio PT. A JRI passa a ter uma postura apartidária, autonomista e libertária
(alguns exemplos disso são sua postura diante do sistema eleitoral, a prática do consenso ao
invés do centralismo democrático, e uma postura ética infelizmente rara na extrema-
esquerda).”(Vinicius, 2005 p. 29)
Enquanto Manolo, Leo Vinicius e Correia tiveram papel importante junto à elaboração
de balanços e perspectivas para o MPL-SP, o papel incontestável de direção intelectual – por
sua produção profícua, experiência internacional e idade mais avançada – foi desempenhada
por João Bernardo. Este papel hierárquico de direção internacional, porém, não ocorria de
forma acrítica.62 Enquanto organização formalmente horizontal, o MPL, ao mesmo tempo,
60 Ortellado (2013), expressando uma visão mais próxima à realidade da primeira geração do movimento
autonomista, entende que para o MPL “as lutas são ao mesmo tempo experiências vivas de uma democracia
comunitária e espaços de autoexpressão contracultural. Algumas vezes, essa dimensão processual é
sobrevalorizada e mesmo contraposta aos resultados práticos da ação política” (p. 227). 61 Assim como Correia e Manolo, Leo Vinicius Maia Liberato, além de ativista, é pesquisador. Possui doutorado
(“Expressões Contemporâneas de Rebeldia: Poder e Fazer da Juventude Autonomista") e mestrado (“Uma
Universidade Crítica ou Funcional: as propostas e a política atual para a universidade brasileira”) em Sociologia
Política pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), tendo também desenvolvido pós-doutorado no
Departamento de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, dedica-se ao tema da saúde do
trabalhador, assim como classes, movimentos sociais e grupos de interesse. Por conta de suas intervenções nos
protestos de 2004-5 em Florianópolis contra o aumento da tarifa, Leo Vinicios, de forma similar a Manolo,
exerceu influência ideológica direta, via internet, sobre o MPL-SP.
62 O debate interno sobre a estrutura do MPL era realizado através das interpretações do texto “a tirania das
organizações sem estrutura” de Jo Freeman (1970). Segundo Freeman “Ao contrário do que gostaríamos de
acreditar, não existe algo como um grupo "sem estrutura". Qualquer grupo de pessoas de qualquer natureza,
reunindo-se por qualquer período de tempo, para qualquer propósito, inevitavelmente estruturar-se-á de algum
modo.” Frente à tendência de surgimento de grupos de elite em círculos militantes, Freedman propõem uma lista
de sete métodos para grupos horizontais: 1. Delegação, por meios democráticos. 2. Exigência de que aqueles a
quem a autoridade foi delegada sejam responsáveis. 3. Distribuição da autoridade entre tantas pessoas quanto
razoavelmente possível 4. Rotação de tarefas 5. Alocação de tarefas segundo critérios racionais 6. Difusão de
informação e 7. Acesso igualitário aos recursos necessários ao grupo. Enquanto aqueles que melhor dominavam
72
possuía estruturas participativas mais dinâmicas entre 2011 e 2013 que as correntes de
juventude socialista ou petista.
Destaca-se, na distinção com o PT, a recusa do MPL à participação eleitoral, e um certo
impulso antisindical63. Estes serão um dos principais pontos de divergência entre o MPL e as
correntes trotskistas do movimento estudantil da USP, com quem disputava espaço. Assim, o
pensamento político autonomista marxista do MPL caracteriza-se por uma postura
antissindical, que existia em paralelo ao antiestatismo. Haddad (2017, 2018a) enfatiza o caráter
“antiestatal” do MPL como uma barreira para o diálogo. Segundo o ex-prefeito, “a velha
esquerda fracassou em estabelecer diálogo com formas menos hierarquizas e mais horizontais
de organização que caracterizam os novos movimentos sociais” (Haddad, 2018a). De ângulo
oposto, Saad Filho e Morais afirmam que “horizontalidade” seria na verdade “falta de
hierarquias no movimento”, algo que fomentaria o individualismo e a desorganização. (2018,
p. 215)
Por outra perspectiva, Ortellado, Pomar, Lima e Judensnaider (2013) de forma distinta
de Gohn (2013), Alonso e Mische (2015), identificam cooperações e contradições do
movimento com a prefeitura e o Partido dos Trabalhadores, complexificando a relação entre o
MPL e a esquerda socialista e petista64, como veremos na sequência.
a literatura teórica do MPL, principalmente os conceitos elaborados por João Bernardo, tinham tarefas mais
centrais na política, nem todo militante do Passe Livre era necessariamente seguidor de Bernardo, porém todos,
entre 2011 e 2013, tiveram contato com suas ideias.
63 João Bernardo, referindo-se ao livro Capitalismo Sindical (Editora Xamã, 2008) afirma “Luciano Pereira e eu
explicámos o aparente paradoxo de, ao mesmo tempo que se reduziu o papel dos sindicatos enquanto
representantes dos trabalhadores, mensurável pelo declínio da percentagem de filiados, a importância social e
política dos sindicatos não se ter reduzido. É que os sindicatos passaram a ser, antes de mais, investidores
capitalistas.” (Bernardo, 2010) É comum ao autor uma visão excessivamente pessimista em relação ao
sindicalismo, como expressa na Revista Crítica Marxista No 7 de 1997. Segundo Bernardo, “Na medida em que
a sindicalização acompanha freqüentemente a estabilidade de emprego, os próprios membros dos sindicatos
mostram-se muitas vezes relutantes em defender aqueles que estão condenados a uma atividade incerta e
permanecem sem filiação sindical. Nestes casos, os sindicatos funcionam como um fator de privilégios e de
divisão entre os trabalhadores. (...) A situação é talvez mais grave ainda naqueles países em que a precariedade
do trabalho atinge sobretudo a mão-de-obra imigrada, porque então a separação entre sindicalizados e não-
sindicalizados pode ser vista como uma divisão étnica e estimular o racismo.” (p.135)
64 Ao mesmo tempo, Pomar, superestimando o papel do MPL, afirma que “a derrubada do aumento é uma das
mais importantes conquistas do movimento social brasileiro desde o fim do regime militar” (2013 p. 223).
73
b) O MPL e o movimento social como um todo
Segundo Colin Barker (2014) “Uma “onda de protesto” é um processo complexo que
envolve padrões específicos de interação entre vários atores - dentre os quais existe, como
Rosa Luxemburgo insistiu, uma “ação recíproca”. Uma onda de protesto é um fenômeno sui
generis, cuja exploração requer sua definição e suas próprias ferramentas conceituais
específicas. Tomada como um processo em si, uma “onda de protesto” pode ser comparada, de
maneira apropriada, apenas a outros fenômenos similares. Além disto, uma onda de protesto é
um padrão específico de desenvolvimento de “um movimento como um todo”65. Deve-se
observar no debate em torno do “movimento social como um todo” a ausência de relações entre
as organizações estudantis, sindicais e populares que encabeçam os protestos entre 2011 e 2013
e os agrupamentos e mobilizações anticorrupção, que surgem com peso apenas após junho. Ao
contrario dos protestos encabeçados pelo MPL, o que define a ação destes setores anticorrupção
é a ausência de perspectiva política. Segundo Luciana Tatagiba, Thiago Trindade e Ana
Claudia Chaves Teixeira (2015), analisando os protestos anti-PT que se massificam após 2013,
“não parece possível afirmar que os participantes estejam na rua unidos pela defesa de um
projeto político de contornos claros, nem que sejam “de direita” no que se refere ao seu
posicionamento político.” (p. 198) Este caráter mais fluido do movimento anticorrupção, em
muito se diferencia do movimento social encabeçado pelo MPL, que centralizava como uma
frente em torno de concepções comuns sobre transporte público e direito à cidade.
A melhor forma de compreender as opções estratégicas dos movimentos sociais em
2013 se da a luz das manifestações desencadeadas durante o aumento anterior da tarifa, em
2011, assim como seu contexto político e social, ocorrido a época em que Gilberto Kassab, do
partido Democratas, governava a cidade. Diferente da política de unidade de ação com o
movimento social de São Paulo em 2011, para Ortellado, Pomar, Lima e Judensnaider (2013),
a massificação dos protestos de 2013 em parte se explica pela recusa de uma frente única do
MPL com organizações socialistas e dos trabalhadores. Segundo este autor:
65 Segundo Barker, “A sua figura implica situações ou períodos de ascensão e queda. Um elemento significativo
em tais movimentos diz respeito às estimativas populares de “sucesso” na ação coletiva. (…) Assim como ocorre
na natureza, uma onda de protesto deve ser entendida, do começo ao fim, como contendo impulsos e forças
bastante contraditórias, tanto para o radicalismo como para a moderação, tanto para saltos radicais como para a
contenção conservadora. A maneira como essas tendências opostas se desenrolam fornece um formato geral para
o progresso da onda. (Barker, 2014, p 17)
74
Além da intensidade dos atos, outra mudança em relação às campanhas anteriores
[incluindo a de 2011] foi a concentração no movimento das responsabilidades sobre as
decisões estratégicas de luta. Antes, as decisões eram tomadas num foro ampliado,
chamado de “frente de luta” ou “comitê" contra o aumento, que contava com a
participação de outros movimentos, sindicatos e partidos políticos. Esse modelo
buscava incluir e dar voz a outros atores sociais que não tinham o custo do transporte
público como tema prioritário. No entanto, esse formato de organização permitia que
interesses políticos da outra ordem interferissem no planejamento das ações,
comprometendo a autonomia do movimento e desviando as decisões do foco das
reivindicações. (Ortellado et al, 2013, p. 27)
Como resultado desta política menos aberta, aquilo descrito na literatura por Gohn
como “velha esquerda”66 foi afastada da direção do protesto paulistano. Segundo Ortellado et
al (2013), “assim, em 2013, partidos políticos como o PSOL e o PSTU e movimentos como o
Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) e o Sindicato dos Metroviários entraram
como aliados nas manifestações, mas sem poder de decisão sobre questões cruciais como as
datas dos atos, os trajetos das passeatas e a orientação da interlocução com o poder público”
(p. 28). Mesmo que esta política tenha servido para garantir os primeiros protestos, a
impossibilidade do MPL em conduzir os atos a partir da segunda metade do mês se explica
parcialmente por não ter conseguido organizar seus aliados de forma similar a 2011, ano em
que as jornadas se mantiveram por quatro meses nas ruas, protestando toda semana sob direção
dos autonomistas.
Para compor as forças da coalizão que dirigia, o MPL oscilava em 2011 entre o apoio
às políticas defendidas pelos partidos socialistas (PSOL, PSTU e PCB) e aquelas do bloco PT
66 Segundo Gohn (2013), nem o MTST escapa de tal caracterização por ser “bastante antigo, organizado segundo
o antigo modelo vertical, com articulações com partidos da esquerda.” (p. 13) Já Oliveira (2010), em um estudo
comparativo sobre o movimento de moradia em São Paulo, descreve o MTST como “um movimento de moradia
de novo tipo” (p. 22) marcado pela presença de uma direção jovem, assim como a ênfase na ação direta. Ao
contrário dos movimentos de moradia tradicionais ligados ao petismo, de enfoque socialdemocrata, o MTST
“possui muitas diferenças referentes à estrutura organizativa, métodos de luta e relação com os outros movimentos
sociais. Essas diferenças se devem em grande medida a perspectiva política particular deste movimento, a saber,
postura anticapitalista de modo a ter como perspectiva futura uma revolução social para romper com a sociedade
capitalista vigente.” (p. 101)
75
e PC do B.67 Ao garantir uma frente única pela redução da tarifa juntando dois campos
adversários, o MPL conseguiu rapidamente expandir sua rede de mobilização, o que tornou o
processo de 2011 o mais forte até então conduzido pelo grupo68. Em 2013, a história seria
diferente. Uma possível explicação para a recusa à frente única com o resto da oposição de
esquerda foi a presença de PT e PC do B na direção da prefeitura da cidade, após a eleição de
Haddad em 2012.
3. Os protestos em Junho
Os primeiros protestos encabeçados pelo MPL-SP em junho de 2013 exemplificam um
impulso em direção aos bairros periféricos, ocorrendo nos terminais de Pirituba69, na zona
norte, e na estrada do M`Boi Mirim70, extremo sul da cidade. Como expresso nos mapas da
composição racial de São Paulo, o grupo iniciou os protestos em bairros com população parda
e negra (imagem 1 e 2) mais acentuada que nos locais em que os protestos foram massificados
pela classe média (imagens 3 e 4).71 A dificuldade do PT em negociar com o MPL, apontada
67 Exemplo deste equilíbrio buscado pelo MPL se dava junto às entidades estudantis. O grupo colaborava com a
ANEL, ligada ao PSTU, assim como a UNE, cuja direção majoritária respondia ao PC do B. 68 Segundo artigo assinado por militantes do movimento no site Passa Palavra "a força desta jornada foi obtida
por uma forte unidade na luta com movimentos sociais, entidades estudantis, grupos autônomos, trabalhadores
dos transportes, partidos políticos e parlamentares. A partir deste consenso propiciado pela mobilização contra o
aumento, o problema dos transportes em São Paulo foi trazido a público, permitindo que se pautasse de maneira
ampla a reivindicação da Tarifa Zero, tanto na mídia quanto nas ruas.” (MPL, 2011) 69 Primeiro ato das jornadas de junho, o protesto na zona norte ocorrido dia 23 de maio foi reportado no site Passa
Palavra sob o título “Ato contra o aumento invade Terminal Pirituba”. Envolvendo cerca de 200 pessoas, segundo
a matéria, “A manifestação teve início às 7h da manhã em frente à EE Ermano Marchetti, de onde estudantes e
moradores, embalados pela bateria da Fanfarra do MAL, partiram em marcha pelo bairro.” (Redação, 2013a) 70 Reportagem intitulada “Protesto contra o aumento de tarifa bloqueia a M’Boi Mirim”, publicado dia 3 de junho
no site Passa Palavra afirmava que a manifestação na zona sul da cidade, iniciada as 6 da manhã, ocorreu em
diversas partes da avenida. Segundo a matéria, “a M’Boi Mirim é uma das regiões com maior congestionamento
da cidade e que concentra o maior número de usuários do transporte coletivo. Desde 2008, a população local
realizou pelo menos 11 manifestações exigindo melhorias no transporte, como a duplicação da Estrada até a divisa
e a extensão da Linha 5 do metrô até o Jd. Ângela.” (Redação, 2013b) 71 A relação entre centro e periferia foi ressaltada no balanço redigido dia 24 de junho - “Uma nação em cólera: a
revolta dos Coxinhas" - pelo comitê editorial do Passa Palavra como uma das explicações para a perda de direção
do movimento pelo MPL. Segundo os autores, “No caso de São Paulo, temos nos ocupado muito com o que
acontece nas regiões centrais e pouca atenção tem sido dada às movimentações que acontecem nas periferias. (...)
76
anteriormente, acelerou o crescimento do movimento nos bairros centrais, que a partir da
segunda semana do mês passa a ser disputado abertamente pelo movimento anticorrupção.
Imagem 1 - Mapa da segregação racial - Terminal Pirituba
* Fonte: http://patadata.org
Imagem 2 - Mapa da segregação racial - Estrada do M`Boi Mirim
* Fonte: http://patadata.org
Cremos que o momento agora é de concentrar nossos esforços aí, onde os “coxinhas” não estão, onde as pautas
populares encontram sua base real” (Comitê Editorial, 2013).
77
Imagem 3 - Mapa da segregação racial - Largo da Batata
* Fonte: http://patadata.org
Imagem 4 - Mapa da segregação racial - Avenida Paulista
* Fonte: http://patadata.org
A atuação da imprensa enquanto mobilizadora para os atos é relativamente consensual
na bibliografia sobre junho. Para Gohn, “a mídia escrita, TV, som/rádio e internet foi muito
mais que veículo de transmissão dos acontecimentos. Foi parte agente de construção dos
eventos, quer seja noticiado as manifestações com destaque, manchetes diárias, divulgando as
convocações etc.; quer seja transmitindo os atos em tempo real (papel desempenhado num
primeiro momento pela mídia alternativa, a exemplo da Mídia Ninja); quer como parte das
manifestações, compondo um bloco formado de fotógrafos, repórteres e jornalista, que se
destacava dos outros dois blocos: os manifestantes e a polícia.” (Gohn, 2013 p. 72).
Antecipando-se ao recuo de Fernando Haddad, o giro político dado pela imprensa vai da
denúncia do MPL como organização radical, à exaltação de suas diferenças com o resto da
esquerda. Este processo é acompanhado pela invisibilização das pautas pelo direito à cidade e
a ênfase na anticorrupção, o que vai se potencializar no segundo fim de semana de junho,
78
quando as revistas nacionais passam a agitar o tema da corrupção (Ortellado et al, 2013, p. 141
e 147 e 203)72. A capa da revista Veja, publicada dia 14, por exemplo, afirma, “A revolta dos
jovens – depois do preço das passagens, a vez da corrupção e da criminalidade?”73. Exigindo
a derrubada de uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC 37) em torno da autonomia do
Ministério Público, a TV Globo passou a convocar protestos anticorrupção em seus noticiários.
Segundo um dos seus comentaristas, Arnaldo Jabor:
Esta energia do Passe Livre tem de ser canalizada para melhorar as condições de vida
no Brasil, desde o desprezo com que se trata os passageiros pobres de ônibus, passando
pelo escândalo ecológico, passando pelo código penal do país que legitima a corrupção
institucionalizada. Tudo está parado e esta oportunidade não pode ser perdida. De um
fato pequeno pode surgir muita coisa, muito crime pode estar escondido atrás de uma
bobagem. Os fatos concretos são valiosos. Exemplo: não basta lutar genericamente
contra a corrupção, há que se deter em fatos singulares e exemplares, como a terrível
ameaça da PEC 37, que será votada daqui a uma semana na Câmara dos Deputados e
que acaba com a prática do Ministério Publico, que pode reverter as punições do
Mensalão, que pode acabar com o processo da morte de Celso Daniel. Como os alvos
concretos existem, por exemplo, descobrir por que a Petrobras comprou uma refinaria
por US$ 1 bilhão em Pasadena, no Texas, se ela só vale US$ 100 milhões. (Jabor em
Ortellado et al, 2013 p. 152)
A partir do fim de semana, “A estratégia de relacionar o movimento a pequenos partidos
de extrema-esquerda para desqualificá-lo sofreu uma curiosa modificação. Quase toda a
cobertura da imprensa escrita até o momento usava a presença do PSOL, PSTU e PCO para
dizer que o movimento carecia de representatividade. Uma insólita matéria na Folha de São
Paulo do sábado inicia a guinada que faz com que os partidos deixem de ser identificados com
o movimento legítimo” (Ortellado, 2013 p. 139-40). Após chamar o governo do estado a aplicar
“a força da lei” (Editorial Folha, 2013) contra os manifestantes que tomariam a Avenida
72 Segundo Ortellado et al “Embora no protesto de quinta-feira não fosse possível perceber nas ruas de São Paulo
qualquer expressão significativa de outras reivindicações que não a rejeição ao aumento das passagens, a imprensa
começa claramente a enxergar e dar destaque a difusão de pautas” (2013, p. 147). 73 Este movimento também se expressa na TV Globo, cujo Programa Profissão Repórter do dia 18 é “corrupção,
roubo, impunidade: 20 centavos foi só o estopim” (Ortellado et al, 2013, p. 203).
79
Paulista dia 11 de junho, o editorial do dia seguinte à manifestação que havia sido reprimida
na Avenida Consolação adota uma nova linha política, denunciando principalmente a violência
do governo. Entre os dias 14 a 17, a Folha abertamente mobiliza seus leitores para as ruas. A
cobertura adotada três políticas simultâneas: 1) a criminalização dos partidos socialistas, 2) a
invisibilização da presença do PT, sindicatos e movimentos sociais e 3) a supervalorização do
caráter apartidário do MPL.
A edição da Folha de domingo, dia 16, do caderno Cotidiano, dedicado exclusivamente
aos protestos, com destaque na capa do Jornal, melhor expressa esta política. Enquanto a
matéria de capa “ato contra a tarifa une punks a ativistas do ‘paz e amor’” (Bedinelli, 2013)
reforça a divisão entre manifestante bom – manifestante ruim, o resto dos artigos são dedicados
à demonização dos socialistas.74 Em duas manchetes, “Serviço secreto da PM diz que PSOL
‘recruta’ punks para protestos” (Carvalho, 2013) e “’Avaliação é totalmente equivocada’, diz
deputado” (Redação Folha 2013ª), o PSOL é responsabilizado pela violência nas ruas.
Afirmando que “os grupos mais violentos nem sempre agem de maneira espontânea”, o artigo
acusa o PSOL de supostamente contratar punks para realizar ações “semelhantes a atos de
guerrilha” voltados a desestabilizar o governo sem “desgastar a imagem do partido”. Já o
PSTU, de forma mais sutil, seria responsável, como expresso no texto “A caminho do
confronto” (Maisonnave, 2013), pelo clima intolerante disseminado entre os jovens.
A consequência negativa para o movimento fica visível no dia 17. Após a imprensa
convocar no fim de semana anterior a classe média aos protestos, o MPL perde o controle do
ato que havia marcado ainda na concentração, no Largo da Batata. Não conseguindo abrir a
faixa do grupo para determinar o caminho a ser seguido, a manifestação se dispersa por
diferentes lados.75 A partir dos protestos seguintes, a direita passou a controlar as ruas.
A violência que se seguiu, em particular dia 18, voltada quase exclusivamente contra o
governo Haddad, é amplamente debatida por Ortellado et al (2013), que a desassocia do MPL.
Segundo o autor, quando manifestantes violentos cercam a sede da administração municipal,
"a prefeitura se convence de que a situação saiu do controle do movimento e aciona a polícia
militar, que não vem. Pelo centro, não se vê viaturas policiais para coibir a violência, o que
74 Segundo Ortellado et al, “surpreendentemente, o MPL, que exerce a liderança política das mobilizações e que
até então vinha sendo desqualificado, aparece como apartidário e “sincero”, além de “não violento”. A mudança
aponta, em realidade, para distinção entre vândalos e manifestantes.” (2013, p. 147) 75 As informações acerca da perda da direção dos protestos no Largo da Batata foram colhidas em entrevista junto
ao quadro B do MPL em 29 de maio de 2015.
80
gera apreensão na prefeitura e estranhamento nos meios de comunicação. O portal Terra noticia
o caso da seguinte forma: “Sem polícia nas ruas, vândalos depredam centro de SP após ato”".
(p. 198-199) Protesto que se dividiu entre a prefeitura e a Av. Paulista, segundo Ortellado et al
aquele dia “a bandeira do Brasil é projetada na fachada do prédio da Federação das Indústrias
de São Paulo (Fiesp), que no dia seguinte sediaria um encontro entre seu presidente, Paulo
Skaf, e militares da Escola de Comando e Estado maior do Exército” (p. 198).
Mesmo sem deter o controle das ruas, o MPL seguiu como direção legítima do processo
até a redução no preço da tarifa, dia 19. Após os ataques violentos contra o grupo, também
voltados contra a esquerda socialista e petista na Av. Paulista dia 20, o MPL formaliza sua
retirada dos protestos. Aquele dia, segundo apurou o Datafolha, mais de 50% dos manifestantes
estavam lá contra a corrupção e apenas 32% pela redução da tarifa (Tatagiba, Trindade e
Chaves, Teixeira, 2015).
A identificação deste processo no Passa Palavra começa em artigo assinado
individualmente, publicado dia 19, com título "Nos arredores dos grandes protestos e o cheiro
de primavera” (Ribeiro, 2013). Dia 22, quando o avanço da direita já estava claro, em artigo
também assinado individualmente intitulado "O povo nos acordou? A perplexidade da
esquerda frente às revoltas” afirma que a “entrada em cena da direita organizada, disputando o
sentido das manifestações tanto internamente (distribuindo bandeiras do Brasil e hostilizando
partidos de esquerda) quanto externamente (pela cobertura midiática, que impõe a tônica
pacifista e dá suas pautas, diluindo as originais). Para as organizações de esquerda ficou claro
que resistir à direita significava garantir a centralidade da pauta única: a revogação imediata
do aumento. Mas, com o aumento revogado, se abriu um vácuo de pauta e nossa unidade se
desmanchou.” (Martins, 2013) Dois dias depois, esta posição passa a ser reivindicada pelo
Comitê Editorial do site em artigo intitulado “Uma nação em cólera: a revolta dos Coxinhas".
O artigo argumenta que o “relato da manifestação de São Paulo ocorrida na Av. Paulista nesta
quinta-feira, 20 de junho, não pode ser outro senão a operação de empresários e da extrema-
direita para desestabilizar o país inspirando-se nos lockout que ocorrem na Venezuela.”
(Comitê Editorial, 2013) Passado o calor dos protestos, o balanço final do setor do MPL
organizado em torno do Passa Palavra foi publicado dia 27, com o título “Revolta Popular: O
limite da Tática”. (Martins & Cordeiro, 2014) O artigo mais tarde integrou a coletânea sobre
as jornadas de junho publicada pela Friedrich Ebert Stiftung (Tible, Albuquerque et al, 2014).
81
3.1 Perfil dos participantes e motivos do protesto
É possível identificar o surgimento da direita em 2013 nas duas pesquisas de opinião
realizadas pelo Datafolha dia 17, no Largo da Batata, e dia 20, na Avenida Paulista
(DatafolhaA, 2013, DatafolhaB, 2013). Enquanto no Largo da Batata a proporção de filiados
petistas e tucanos era a mesma que a média da cidade - 6% do PT para 2% do PSDB - na
Paulista o número de tucanos e petistas empatou (6% para ambos). O envelhecimento de Junho
também foi captado. No Largo da Batata, a quantidade de jovens entre 12 e 20 era de 23%, ela
cai para 19% (tabela 1, p. 52-3). O inverso é verdadeiro para o grupo dos que tem entre 36 a
50 anos; enquanto no Largo eles eram 8%, tornam-se 14% na Paulista. Outro fator importante
é que enquanto 71% dos presentes no dia 13 eram iniciantes, 40% dos na Avenida Paulista iam
às ruas pela primeira vez na vida, indicando em parte a diferença etária no protesto. Dado
importante coletado pelo Datafolha é a motivação da participação na manifestação. Enquanto
31% dos que foram ao Largo da Batata o fizeram para “protestar contra a violência/repressão
policial”, estes eram apenas 11% na Paulista. Além disso a centralidade da intervenção em
torno do "combate à corrupção" vai de 40% para 50%. Como mostra a tabela 4, a questão da
PEC 37, estanha ao movimento inicial, sequer figura nas perguntas do Datafolha dia 17. Três
dias depois, porém, a força da pauta anticorrupção divulgada pela grande imprensa tornou o
projeto de emenda constitucional, até então desconhecido pelo grande público, o motivador da
participação de 16% dos manifestantes.
82
Tabela 4 - Motivos de participação nas manifestações de 2013
Largo da Batata
(17/06/2013)
Av. Paulista
(20/06/2013)
Protestar contra o aumento da passagem 56% 32%
Contra a corrupção 40% 50%
Contra a violência e repressão policial 31% 11%
contra os políticos 24% 27%
por transporte de melhor qualidade 27% 19%
PEC 37 x 16%
comemorar a redução da tarifa x 13%
Por mais segurança 13% 13%
pela tarifa 0/ passe livre 14% 11%
Pela saúde 2% 9%
pela educação - 8%
contra os gastos na Copa - 3%
Outras respostas 31% 29%
* Fonte: Datafolha 2013b
O dado mais curioso abordado por Singer (2018) e Braga (2013) a partir do
levantamento feito pelo Datafolha no Largo da Batata, no dia 17 de junho de 2013, foi a
presença muito maior naquele ato de estudantes quando comparado ao protesto seguinte, na
Avenida Paulista dia 20 (cf. tabela 1, p. 52-3). No largo, 13% dos presentes eram estudantes
da USP – de um total de 22% de universitários no protesto. A queda deste percentual pela
metade três dias depois indica uma tendência mais geral, principalmente após as manifestações
do dia 14 na Avenida Consolação, quando o movimento ainda era encabeçado por jovens de
classe média dirigidos pelo MPL. Único instituto de pesquisa a realizar enquetes nas
manifestações, o Datafolha não levantou dados nem sobre a composição racial, nem sobre a
83
faixa salarial nos dois protestos (dias 17 e 20). Possivelmente, eles indicariam uma tendência
de embranquecimento e de aumento da faixa salarial dos presentes.
Para a literatura que identificara em junho um novo ciclo multifacetado, o momento
significava a ruptura com formas de protesto e mobilização anteriores, dirigidas pela esquerda.
Segundo Alonso e Mische, "grupos estudantis tradicionais de esquerda temiam que os protestos
saíssem do controle dos estudantes, com um temor em geral expresso pela critica à ‘falta de
direção’ das mobilizações”. (Alonso & Mische, 2015, p. 15) Segundo Alonso e Mische,
socialistas, assim como autonomistas e “patriotas” participaram das manifestações, porém elas
se dividiram em dois campos de ação estratégica, “em um campo, símbolos e slogans
patrióticos apareciam de forma mais consistente, enquanto em outro, o repertório autonomista
era mais generalizado.” Alonso & Mische identificam no campo dos patriotas uma vertente
nacionalista que primeiro se expressou contra a ditadura militar durante as Diretas Já, o Fora
Collor, e até mesmo no movimento ambientalista da conferência Rio-92 (2015, p. 17-8). Uma
vez que os protestos pelas Diretas Já foram “em geral alimentados pela retórica socialista”
(p.17) e o Fora Collor identificado centralmente ao movimento estudantil, junho de 2013 abria
um espaço próprio a uma nova identidade patriótica. Ao contrário de Alonso & Mische, para
Gohn “as manifestações de junho no Brasil não são “nacionalistas”; ao contrário, mostram-se
como modos e formas de agir coletivo, especialmente adquirido/construído via redes sociais e
telefonia móvel, e advém de ondas globais, internacionais.” (Gohn, 2013 p.9). Retomaremos
este aspecto adiante (item 4).
3.2 A capilaridade dos protestos
Enquanto um grupo local de estudantes, o MPL conduziu os protestos apenas na cidade
de São Paulo até a redução do valor da tarifa, momento em que novos atores se apropriam dos
protestos. Nas manifestações com maior presença das classes populares, como no Rio de
Janeiro e em Belo Horizonte, a cooperação entre socialistas e autonomistas ocorreu em parte
importante do movimento social.76 No Rio, PSOL e PSTU animaram um fórum amplo contra
o aumento da passagem que se reunia em modelo assembleísta, de forma horizontal. O espaço
manteve vida própria depois de junho, com presença anarquista organizada. Já em Brasília, que
no dia 17 testemunhou a “ocupação” da Esplanada dos Ministérios e do teto do Congresso
76 As informações sobre os protestos de Junho em escala nacional foram colhidas em entrevistas com os quadros
B em 7 de junho de 2015 e D em 1 de março de 2019.
84
Nacional (evento repetido dia 19), a conquista pelo movimento social do passe livre estudantil,
assim como o congelamento das tarifas de ônibus desde dezembro de 2005, esvaziou do
protesto qualquer recorte em torno do tema do direito à cidade.
Assim como Brasília, Belo Horizonte não testemunhou o aumento da passagem de
ônibus em 2013, levando o movimento social a se organizar no Comitê Popular da Copa, com
forte presença da esquerda socialista. Enquanto o movimento “Tarifa Zero” apenas se
estruturou em BH depois de Junho, as Brigadas Populares, organização de tradição castrista,
cumpriu importante papel na organização dos atos, dando a ele um caráter muito mais à
esquerda que no Distrito Federal, cujo foco era a anticorrupção.
Em Goiás, uma frente formada pelo movimento maoísta e grupos anarquistas
radicalizou a luta política local, centrada geograficamente na Universidade Federal de Goiânia
e seus arredores. Já Porto Alegre, em que a redução da tarifa ocorreu por conta de protestos
antes mesmo de Junho, o movimento foi conduzido pelo Bloco de Lutas, que além de organizar
PSOL e PSTU, ocorreu em ambiente com a presença de um movimento anarquista forte,
atrelada ao FARG (Frente Anarquista do Rio Grande do Sul) e a setores pró-anarquistas do
MST estadual. Já locais como Curitiba e Fortaleza não contaram com movimentos pela redução
da tarifa com tradição local, porém, tiveram protestos de natureza inversa. Em Curitiba
prevaleceu a confusa coabitação entre a maioria, que protestou em espírito de marcha cívica
conservadora vestindo branco ou verde-amarelo, e uma minoria confusa que partiu para cenas
de violência em uma tentativa de “tomada do palácio” do governador – evento possivelmente
conduzido por provocadores. Já no Ceará, o embate com a polícia por conta da Copa das
Confederações marcou repetidos protestos. Nas 438 diferentes cidades com atos,
principalmente no interior de São Paulo, como em Jundiaí, parece ter sido o clima de “marcha
cívica”, expressa de forma intensa em Recife77, que prevaleceu.
77 Segundo o jornal Diário do Comércio, a manifestação que reuniu milhares na cidade de Recife, realizada dois
dias após a redução da tarifa (oposto simétrico a São Paulo, em que o aumento, e não a redução, antecede as
mobilizações) foi dirigida, entre outros, por "representantes do Ministério Público e da Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB)". Segundo jornal, "até a Associação Pernambucana de Cabos e Soldados (ACS-PE) estará do lado
do movimento e vai orientar PMs a atuar com tranquilidade.” Já o site 247, afirmava que o governador Eduardo
Campos "em uma jogada de marketing digna de ser estudada” organizou policiais com braçadeiras brancas escritas
“paz" e carregando flores brancas. Segundo site "a atuação da Polícia foi aprovada pelas mais de 50 mil pessoas
que participaram da manifestação. (…) No bairro do Recife, uma viatura da polícia chegou a ser aplaudida pelos
manifestantes e retribuiu buzinando para agradecer o gesto de quem aclamava os policiais.” (Sarmento e Carvalho,
2013)
85
3.3 Os “black Blocs” e a violência nas ruas
A argumentação de que houve amplo repúdio à violência policial78 em Junho tem como
base a cidade de São Paulo. Pesquisa Datafolha do dia 18 detectou que “para 37% dos
paulistanos, a Polícia Militar é vista como nada eficiente na prevenção ao crime antes que eles
aconteçam. Esse índice é dez pontos superior ao registrado na semana anterior, em pesquisa
realizada antes da ação em que policiais militares foram acusados de reprimir com violência
os protestos contra o reajuste da tarifa de ônibus. No mesmo período, caiu de 60% para 51% o
índice dos que consideram a corporação um pouco eficiente, e recua de 11% para 8% o índice
dos que avaliam a Polícia Militar como muito eficiente” (Datafolha, 2013ª, p. 4). A mesma
pesquisa revela que a opinião sobre os protestos contra o aumento da tarifa salta de 55% a favor
no dia 13 para 77% a favor no dia 18, e a posição contrária, cai de 41% para 18%. Tais números
podem ser atribuídos a diversos fatores, da simpatia aos estudantes às consequências na
mudança na linha editorial da Folha de S. Paulo, que após ser reprimida na Avenida
Consolação, deixa de apoiar as ações da Tropa de Choque, antecipando um movimento que
mais tarde atingiria o resto da imprensa no país.
Tendências ideológicas distintas àquelas em São Paulo, simpáticas à repressão da
Polícia Militar, podem ser identificadas na pesquisa Ibope, feita em escala nacional sobre os
protestos de 2013. Segundo 42,4% dos entrevistados, a polícia “agiu com muita violência” em
junho, porém, um número ainda maior, de 43,8%, acredita que os manifestantes também
agiram “com muita violência”. Para 41,3% a polícia agiu “com violência, mas sem exageros”
(o mesmo dado, para os manifestantes, foi de 38,9%). Somados aos 12,7% que acham que a
polícia “agiu sem violência”, 54% argumentavam que o movimento foi reprimido de forma
legítima. Parte importante do discurso usado pela polícia para justificar a repressão ao
movimento relacionou-se diretamente à tática black bloc.
Ao debater os protestos de 2013, Camila Jourdan (2018) afirma que “este ano também
foi, e talvez fundamentalmente, o ano do surgimento da tática black bloc no Brasil. A tática
ajudou a dar voz aos protestos nas ruas, expressando uma crítica radical ao sistema e
fortalecendo sua capacidade de resistir aos ataques da polícia à população.” (p. 110) Gohn
78 Segundo Gohn (2013) “quando o povo viu na TV e jornais jovens sendo espancados por lutarem por bandeiras
que eram também suas, a mobilidade urbana, ele saiu as ruas. Com isto pode-se afirmar: boa parte da sociedade
aderiu e entrou no movimento” (p.21).
86
enfatizará que o movimento em junho estava sob direção não apenas do MPL, mas também do
grupo Anonymous e de adeptos da tática Black Bloc79. Enquanto Gohn (2013) identifica os
Black blocs como responsáveis pelos enfrentamentos físicos contra a esquerda organizada
durante os protestos dia 20 de junho, para Cocco (2015) “talvez a agressão foi planejada por
algum grupo manipulado. O fato é que, quando aconteceu, o sentimento geral da multidão era
de hostilidade a toda tentativa de “representar” um movimento que “valia a pena” exatamente
por ser irrepresentável.”
No entanto, ao contrário do que sugere Gohn (2013), entendemos que o MPL deve ser
classificado de forma diferente dos Black Blocs e do Anonymous. Movimento de base
estudantil por direito à cidade, a internet serviu ao MPL como meio de comunicação e
organização de seu programa por transporte gratuito, porém não substituiu as reuniões
presenciais periódicas do grupo; já entre os adeptos da tática Black Blocs e o grupo
Anonymous, as redes digitais funcionaram como principal instrumento de sociabilidade
interna. Ainda mais relevante, ao contrário do MPL, Black Blocs e Anonymous não possuíam
tradição no movimento social de São Paulo antes dos protestos de 2013. Esta característica, em
parte, explica o antipetismo destes grupos. Dia 11 de junho, quando black blocs assumem o
controle do ato, segundo Ortellado et al (2013) “além de estações de metro e agências
bancárias, é depredada a sede do Partido dos Trabalhadores. Apesar da tentativa de militantes
do MPL de impedir o ataque, o prédio tem seus vidros quebrados e o muro pichado. O
movimento liga imediatamente para a lideranças do partido para se desculpar por não ter
conseguido conter os manifestantes.” (p. 63)
Enquanto no Rio de Janeiro os Black Blocs foram organizados pela Frente
Independente Popular (FIP), possuindo certo grau de organicidade política, este fenômeno não
se repetiu em São Paulo. Segundo Jourdan (2018) a FIP pode ser descrita como “uma frente
que faz ressurgir a aliança histórica entre anarquistas e comunistas (maoístas), com um número
grande também de pessoas independentes, que não fazem parte de movimentos organizados.”
(p. 120) Jourdan (2013) destaca também o papel da infiltração policial (p. 65-8) entre os Black
Blocs. Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em filosofia na Universidade Estadual
79 Como parte dos novíssimos movimentos sociais responsáveis por junho, Gohn atribui aos black blocs
representatividade política similar à do MPL (Gohn, 2013, p.56). Segundo a autora “com o ciclo de violência que
passou a imperar no segundo momento das manifestações de junho, o Anonymous passou a ficar isolado,
juntamente com o grupo que passou a dominar a cena dos conflitos: os black blocs.” (p. 55).
87
do Rio de Janeiro (UERJ) Jourdan80 foi presa dia 12 de julho de 2014 junto com outras 22
pessoas, tendo passado 13 dias na penitenciária feminina de Bangu. Em manifesto assinado
junto a outras ativistas presas (Jourdan et al, 2018) afirma que “numa ação arbitrária, com um
processo forjado, provas plantadas, menores presos, violências, ameaças, fomos jogadas no
cárcere com outras exploradas e excluídas como nós.” (p. 43) O inquérito da polícia civil, que
acusou a filosofa de formação de quadrilha armada, identificava também Mikhail Bakunin
(morto em 1876) como suspeito potencial dos protestos na cidade. (p. 83)
Mesmo com os Black Blocs nutrindo diferentes graus de simpatia entre ativistas de
esquerda, não seria um exagero afirmar que a aplicação da tática foi a principal responsável
por afastar os grupos iniciadores dos protestos de 2013 do grosso da população no período
posterior a junho. Segundo pesquisa do Datafolha (2013c) realizada em novembro, 95% dos
entrevistados em São Paulo se apresentavam como contrários à tática. Na região central, 11%
da população se posicionou de forma simpática ao movimento, porém a rejeição à tática foi
muito maior na periferia, com 4% de apoio na zona sul da cidade e 3% na zona leste. Entre os
que recebiam até dois salários mínimos, o apoio aos black blocs era de 2%, na faixa de dois e
cinco salários, 5%. Este número que salta para 10% entre aqueles que recebem de cinco a dez
salários, com a taxa de apoio caindo novamente a 3% entre os que recebem mais de dez salários,
possivelmente expressando maior simpatia ao movimento entre as classes médias. Mesmo a
tática Black Bloc sendo uma reação à violência policial do início de junho, este tipo de ação
parece ter sido instrumentalizado pela grande imprensa e pelo Estado para a criminalização dos
movimentos sociais pós-2013 com amplo apoio popular.
4. Os protestos de 2013 integram uma onda internacional?
Outra questão bastante presente na literatura sobre junho é aquela que traça um paralelo
entre 2013 e uma nova onda internacional de protestos por democracia e contra a crise
financeira de 2008. Assim, “as Jornadas de Junho podem ser incluídas no mesmo diapasão do
ciclo de protestos que enlaçou Espanha (2011), Portugal (2012) e Turquia (2013). Em suma,
um enrijecido sistema político, fundamentalmente refratário à participação popular, estaria se
80 Na leitura própria de Jourdan (2018) sobre a composição social dos protestos, o “levante que se deu em junho
contou com a presença popular maciça; pessoas que jamais tinham ido a manifestações; moradores de rua; negros
das periferias das grandes cidades; feministas; gays; lesbicas... não foi um movimento de classe média branca,
como se pretendeu estabelecer na grande mídia.” (p. 113)
88
chocando com uma vibrante cultura política democrática fermentada desde baixo pelas redes
sociais eletrônicas.” (Braga, 2014, p. 228-9) Para Braga, estes movimentos reforçam a
existência do precariado como categoria social e política.
Enquanto a questão da precarização da força de trabalho parece ser tema diretamente
relacionado aos protestos nos países do sul da Europa, o mesmo não aparenta ser o caso na
Turquia, em parte por responderem a dinâmicas econômicas opostas. A União Monetária
Europeia, segundo Costas Lapavitsas (2017) gerou duas dinâmicas distintas na periferia da
Alemanha, que até certa medida também se reproduziu na Turquia. Enquanto o Euro teve papel
desindustrializante em países como Portugal e Espanha, no leste europeu ele serviu de estímulo
para o desenvolvimento da indústria. A base de infraestrutura e tecnologia desenvolvidos
durante o período da guerra fria, alinhados a baixos salários e sindicatos fracos, atraíram capital
alemão e a constituição de cadeias de produção europeias no leste. Segundo Lapavitsas, (2017)
“o desemprego está caindo na periferia da Europa central e os salários tem até subido, mas o
perigo da proximidade ao centro industrial alemão é evidente. O sul da Europa, em
comparação, está em uma tendência de declínio na indústria, depende cada vez mais de
serviços, incluindo o turismo, e sua base tecnológica é em geral fraca. Ambas as periferias
exportam mão de obra qualificada à Alemanha, reduzindo sua capacidade de aumento de
produtividade.” (p. 48)
No caso turco, a base industrial desenvolvida no século XX, o acesso preferencial a
mercados, a política de desvalorização cambial e o custo de mão de obra mais baixa que dos
países centrais gerou efeitos econômicos similares aos da periferia da Europa central. O período
posterior à crise econômica turca de 2001, mesmo nos marcos do neoliberalismo tutelado pelo
FMI, foi marcado pela industrialização. Em 2000, 81,2% do total de exportações da Turquia
eram produtos industriais, enquanto o equivalente foi de 38.4% no Egito e 9.8% do resto dos
países árabes. (Achcar, 2013, p. 265) Essa industrialização orientada para a Europa
complexificou o mercado de trabalho turco, criando empregos de alta qualificação. Segundo
Yoruk e Yuksel (2014) os 12 anos anteriores aos protestos na praça Gazi Taksim foram
marcados por forte crescimento econômico: “o PIB expandiu de $230 bi para $788 bi, puxado
pela política de livre mercado do AKP [partido governante turco] voltado ao comercio exterior
e enormes fluxos de investimento externo.” (p. 107)
Mesmo que os protestos na Espanha, Portugal e Turquia possam ser descritos
genericamente como movimentos de classes médias, segundo Cihan Tugal (2013) é preciso
diferenciar os protestos turcos dos europeus por representaram mais especificamente a alta
89
classe média em processo de ascensão social81, e não de precarização. Entre aqueles mais
presentes nas assembleias, segundo Tugal, estavam engenheiros, advogados, médicos,
especialistas em imprensa e redes sociais, corretores de imóveis e profissionais do mercado
financeiro. (p. 158) Para o autor, o movimento na praça Taksim
Aparenta ocasionalmente ser policlassista, mas é predominantemente um movimento
de classe média. Certamente, precisamos de mais informações para uma análise mais
completa, mas descrever a revolta como um movimento da classe média proletarizada
ou trabalhadores de colarinho branco é menos sólido que as análises que enfatizam a
classe média em si. Profissionais bem pagos que exercem algum grau de controle sobre
a produção e serviços (mesmo sem serem donos), e não proletários de colarinho branco
(como garçons, vendedores ou secretários) predominavam. (p. 157)
A leitura de Tugal (2013) é questionada por Yoruk e Yuksel (2014), que ao analisarem
dados coletados pelos institutos de pesquisa Konda e Samer na praça, concluíram que a
composição social dos protestos se aproximava à média de Istambul, sendo majoritariamente
proletária. Para os autores, “enquanto a maioria dos manifestantes vieram das classes baixas, o
alto grau de participação de membros da classe média e alta criaram a impressão de um
movimento majoritariamente de classe média. Além disto, as classes médias possuíam maior
grau de controle sobre os meios de comunicação e portanto podiam se representar nos protestos
enquanto força social maior do que realmente eram.” (p. 88)
A despeito dessa polêmica, é plausível supor que, por sua composição social, os
protestos turcos se aproximam da experiência brasileira, se afastando das mobilizações de
jovens da península ibérica 82 . Segundo Yoruk e Yuksel (2014), a partir das reformas à
81 Segundo Tugal (2013) “a maior parte dos profissionais turcos experimentaram mobilidade ascendente ao longo
de suas vidas. Seus padrões são (ou prometem ser) incomparavelmente mais altos que o de seus país. Igualmente
importante, é dubio se eles se beneficiariam ou perderiam com uma redistribuição igualitária de recursos pelo
país. Por isto, não se assemelham a juventude “indignada” espanhola que se apresenta como “sem moradia, sem
trabalho, sem aposentadoria”.” (p. 150) 82 Ao que tudo indica, a precarização da força de trabalho relaciona-se diretamente à onda de protestos no sul da
Europa. Segundo Carneiro (2012) os indignados da Puerta del Sol, na Espanha, a Geração à Rasca, em Portugal,
e a ocupação da praça Syntagma na Grécia relacionam-se “a perda de direitos sociais, políticos e sindicas e as
características de inorganicidade das novas camadas do proletariado, especialmente na Europa, marcadas pela
90
constituição turca em 2010, que aumentaram o poder do executivo, se intensificaram conflitos
sociais entre uma diversidade de agentes. Após listar uma serie de choques durante o período
entre o governo e o movimento operário, feminista, ambiental, LGBT e estudantil, assim como
minorias religiosas e étnicas, os autores afirmam que o principal elemento de unidade entre os
atores foi a oposição à repressão, afirmando que os protestos na praça “uniram esses diferentes
grupos na base de um sentimento anti-governo, reagindo à forte violência estatal com a mais
inocente das demandas políticas: “por favor não destruam o parque de nossa cidade”. (p. 110)
Assim como demonstrado por Tatagiba e Galvão (2018) no caso brasileiro, Yoruk e
Yuksel (2014) afirmam que “os protestos na praça Gezi não foram uma eclosão repentina mas
parte de um ciclo de protestos maior, cuja atividade política já havia escalado durante o ano
precedente a junho de 2013.” Segundo os autores, a partir da analise de publicações de protestos
em jornais turcos, é possível concluir que as manifestações em Istambul foram o ponto alto de
um ciclo que cresce “de menos de 60 protestos em junho de 2012 para mais de uma centena
por mês entre setembro e dezembro de 2012; de 150 em janeiro para mais de 200 em março e
250 em maio, levando a um pico de mais de 400 protestos em junho de 2013”. (p. 89-90)
O protagonismo do precariado possui mais força nas análises sobre os protestos no sul
da Europa. No entanto, como a precariedade é uma tendência do capitalismo contemporâneo
que afeta diversas classes (Wright, 2016), ela também ajuda a entender as mobilizações da
classe média. A esse respeito, pode-se destacar que movimentos sociais de classe média
possuem similaridades internacionais. Em estudo comparativo sobre a composição de classes
do movimento antiglobalização do início dos anos 2000, comparando o Fórum Social Mundial
de 2003 no Brasil com o movimento francês ATTAC (Associação pela Tributação das
Transações Financeiras para Ajuda aos Cidadãos) organização dedicada à criação de um
imposto internacional sobre o mercado financeiro, Correia e Arias (2011) identificam forte
composição de classe média em ambos os grupos. Segundo as autoras, no fórum de 2003 em
Porto Alegre "73,4% dos participantes tinham cursado o ensino superior, mesmo que
incompleto. Quanto à ocupação, 43,4% eram funcionários de instituição privada/ONG e 36%
funcionários públicos, sendo que 79,5% trabalhavam no setor de serviços.” (p. 158)
Esta composição social se repete no Fórum Social Mundial Europeu de 2003 na França,
a despeito das diferentes estruturas de classe em relação à América Latina. Enquanto 69,2%
dos presentes no fórum europeu possuíam ensino superior completo, este índice não passa de
presença de um apartheid em relação aos imigrantes ilegais e por uma maior exclusão dos direitos também nas
novas gerações de trabalhadores.” (p. 13)
91
30% junto ao resto da população francesa. Conclusão similar a Correia e Arias (2011) se
encontra nas pesquisas de Lewis, Luce e Milkman (2012), após enquetes aplicadas ao
movimento Ocuppy Wall Street. Segundo os autores, as pesquisas revelam a presença
“desproporcional entre jovens brancos com altíssimo nível educacional, e rendimentos salariais
acima da média. Quase um quarto dos entrevistados (24%) eram estudantes, 44% dos quais
estavam na universidade ou pós-graduação. Entre os entrevistados que completaram seus
estudos, 76% tinham ensino superior completo, e mais de metade deles (39% do total)
possuíam título de pós-graduação. Esta média é muito maior que a da cidade de Nova York,
em que apenas cerca de 34% possuem ensino superior completo." (p.9)
Enquanto 29,7% dos residentes em Nova York vivem com menos de 25 mil dólares por
ano, este número era de apenas 7,9% na ocupação. Entre os que protestavam, 16.9%
trabalhavam em escritórios, vendas e serviços, 20.2% no setor de educação, e 12.6% no setor
de arte e entretenimento. Enquanto a média na cidade é de 43.8% para serviços, 6.6% para
educação e apenas 3.4% para as artes. Entre operários, a média na ocupação, 6.9%, era menos
da metade comparada ao resto da cidade, que possui 16.4% trabalhadores manuais entre a
população economicamente ativa. (p. 45)
De angulo oposto a Braga, principalmente no que se refere ao papel das redes sociais,
Haddad (2017) identifica paralelos entre os protestos no Brasil e na Turquia à luz da
interferência externa. Segundo o autor, em junho de 2013 “Putin e Erdogan haviam telefonado
pessoalmente para Dilma e Lula” para alertá-los da possibilidade de grandes empresas de
mineração de dados estarem fustigando os protestos na internet. A ideia das redes sociais como
disseminadoras da democracia também é questionada por Lincon Secco (2013). Segundo o
autor “as revoltas no sul da Europa, em Istambul ou no mundo árabe respondem a problemas
domésticos. A pergunta a se fazer é: por que, se tão diferentes, guardam entre si um ar de
familiaridade? São revoltas disseminadas pelas redes virtuais, nas quais as pessoas agem como
singularidades, mas o conjunto é construído pela reação calculada dos donos do poder e da
informação. Assim, sua potencialidade revolucionária pode ser cooptada, como foi visto
anteriormente.” (p. 77)
Tugal (2013) ressalta como, enquanto celebravam e reivindicavam o espírito coletivo
de solidariedade na praça, entre os ativistas na Taksim prevalecia uma visão elitista. Segundo
o autor, “participantes não socialistas frequentemente expunham seu desprezo pelas classes
baixas “ignorantes” que insistiam em votar no partido governante.” (p. 159) Enquanto é
possível traçar paralelos entre o antipetismo e a oposição da elite turca ocidentalizada ao AKP
92
por conta de sua origem no movimento islamista83, as posições antissocialistas e antisindicais
do partido limitam estas comparações.
Ao longo do mês de junho, Erdogan fez pronunciamentos televisivos afirmando que os
protestos no Brasil e Turquia integravam uma conspiração internacional. (Camargos e Sauda,
2013a) Enquanto a participação desestabilizadora de atores estrangeiros, principalmente pela
internet e redes sociais, ocorreram em ambos os países, a ideia de que os manifestantes seriam
meras marionetes de Washington parte do pressuposto de que as classes médias são incapazes
de agência política autônoma, ou que sempre tendem a atuar em bloco com forças pro-
imperialistas. Mas assim como a trajetória do MPL durante o ciclo de protestos entre 2011 e
2016 aponta o contrário, veremos abaixo como a possibilidade de coalizões progressistas entre
frações de classe média e a classe operária marcou os movimentos iniciais mais importantes da
primavera árabe.
4.1 As classes sociais na Primavera Árabe
A estrutura produtiva da Turquia, quando comparada à dos países árabes, revela
formações sociais pouco similares, o que limitaria a comparação entre os movimentos de
protesto. Segundo o Achcar “Em 2007, as exportações de hidrocarbonetos – petróleo e gás
natural - resultaram em mais de 80% das exportações de todos os países árabes juntos. As
exportações destes países sem os hidrocarbonetos, no mesmo ano, representaram apenas 22,6%
de apenas um país, a Turquia. Adicionado os hidrocarbonetos, o total de suas exportações eram
seis vezes maiores que a turca. Juntos, os países do golfo exportaram acima de quatro vezes
mais que a Turquia em 2007.” (p. 265)
Os protestos no Oriente Médio e Norte da África, segundo Achcar (2013), expressam a
contradição entre um modelo econômico especificamente determinado pela renda da terra em
torno do petróleo e uma sociedade crescentemente complexa e interconectada. Para o autor
83 Em meio as enormes transformações sociais e econômicas dos últimos 15 anos, o AKP deslocou setores
seculares e pró-militares do governo com um discurso enfatizando uma identidade religiosa e popular. Vindo de
fora da elite política, assim como os movimentos islamistas em geral, o AKP tem origem de classe na pequena e
média burguesa, tendo evoluído para representar a partir dos anos 90 frações burguesas internas organizadas em
torno da associação empresarial Musiad (Tugal, 2009 p.8). Segundo Harman (2010) “O islamismo surgiu em
sociedades traumatizadas pelo impacto do capitalismo – primeiro como forma externa de conquista pelo
imperialismo e depois, crescentemente, pela transformação interna nas relações sociais que acompanharam a
ascensão de uma classe local de capitalistas e a formação de um estado capitalista independente.” (p. 308)
93
“além da renda da mineração,84 outras formas de renda também se acumulam aos estados
Árabes: renda geográfica, como taxas ou pedágios de trânsito (ex: o canal de Suez ou gasodutos
e tubulações de petróleo); renda capitalista derivada das finanças e investimentos imobiliários,
ou investimentos em carteiras no exterior, ou investimentos em fundos soberanos estrangeiros
- fonte de parte crescente dos recursos de países exportadores de petróleo - e finalmente, rendas
estratégicas, isto é, financiamento externo que os estados recebem em troca de cumprir uma
função militar ou outras questões relacionadas à segurança.” Segundo o autor, sobre esta base
econômica se assentaram estruturas políticas patrimonialistas85 das monarquias e repúblicas
formais” (ex.: Egito, Síria, Iêmen) que levaram a região estruturalmente a mais de 30 anos de
estagnação econômica. Combinado a índices de desemprego maiores que os da África
Subsaariana, esta atrofia expressa uma “variante regional específica do modo capitalista de
produção”.86
Em termos de mobilização, aquilo que mais separa os protestos na praça Tahrir dos
ocorridos no Largo da Batata e Av. Paulista é o grau de centralização política distinta entre os
dois países. Gohn, após pesquisa de campo no Cairo, menciona a presença da Liga Árabe, do
Museu Nacional e da Universidade Americana, assim como a sede do partido do antigo
governo no entorno da praça egípcia para explicar sua relevância (2013, p. 101). Junto a estes
na Tahrir havia também os órgãos do poder político nacional; Congresso, Senado, a Residência
oficial do Presidente da República assim como do Primeiro Ministro, a sede da radio e TV
estatal, e principalmente, os ministérios da Informação – responsável pela censura - e do
Interior, de onde se comandava a polícia e o serviço secreto. Este grau de concentração, além
da ausência de centros urbanos rivais (Alexandria, segunda maior cidade do país, é menos que
84 Estritamente, renda mineira é o excedente de lucro sobre e acima o lucro médio no capital (infraestrutura,
maquiaria e trabalho) investido na exploração de um recurso mineral. 85 Segundo Achcar (2016), “não [são] regimes “neopatrimonialistas” – mantra da “ciência política” e instituições
internacionais quando este conceito é correlacionado com a visão de que o nepotismo e a corrupção são doenças
intrínsecas dos governos árabes, que pode ser curada e substituída por “boa gestão” sem radicalmente transformar
o estado – mas estados de fato patrimoniais, sejam eles monárquicos ou “republicanos”; em outras palavras,
estados que tem mais em comum com o absolutismo da Europa no passado, o ancien régime no estrito senso
histórico, do que com o estado burguês moderno.” (p. 7) 86 Mesmo que as políticas do neoliberalismo tenham tido um papel na intensificação dos conflitos sociais, o regime
de acumulação especifico à região do mundo árabe não pode ser descrito como neoliberal ortodoxo, uma vez que
carrega “as desvantagens do capitalismo burocrático de estado que havia atingido o limite de seu potencial
desenvolvimentista com as desvantagens de um neoliberalismo capitalista corrupto sem os benefícios ou qualquer
das supostas vantagens do modelo estatista ou neoliberal.” (Achcar, 2013, p. 95)
94
metade do tamanho do Cairo) canalizava as atividades e mobilizações nacionais vindas de todo
interior para um mesmo ponto, concedendo força desproporcional a pequenos grupos de
ativistas locais. Cidade de cerca de 20 milhões de habitantes, mais de um quarto da população
do país vive na capital.
Para além dessas diferenças importantes, as similitudes de reivindicações e de
repertórios de ação constituem elementos que possibilitam identificar junho como parte de uma
onda global de protestos. Para Gohn, os protestos de 2013 integram uma tendência
internacional de ocupações de espaços públicos – com destaque aos eventos ocorridos nas
praças Porta do Sol (Madri) Willy-Brandt Platz (Frankfurt), Syntagma (Atenas), Taksim
(Istambul), Praça Mohammad Bouazizi (Túnis), Tahrir (Cairo); Praça Zuccoti/Wall Street
(Nova York) e em São Paulo, a Avenida Paulista e o Largo da Batata (Gohn, 2013 p.15). Ainda
segundo outras autoras, “os protestos brasileiros também adotaram ferramentas do repertório
de contenção que têm circulado nas recentes ondas globais de protesto. Manifestantes
encararam intensa repressão – como na Turquia – que tornaram os protestos mais conflitivos,
porém ainda marcados por simbologia irreverente” (Alonso & Mische, 2015).
E qual o papel da organização nesses protestos? Qual sua conexão com outros protestos
e movimentos? Verificam-se semelhanças quanto a esses aspectos? Segundo Adam Hanieh
(2013), “a velocidade e escala destes protestos tornou moda a interpretação de que eram “sem
liderança” e “desorganizados” – uma explosão espontânea de uma massa incoerente. Enquanto
estes movimentos certamente colocaram em ação milhões de pessoas que nunca antes haviam
se mobilizado em ações políticas – e é verdade dizer que em geral não foram dirigidas por uma
organização única e claramente identificável – seus sucessos e fracassos estavam mesmo assim
fortemente conectados a ondas anteriores de luta.” Exemplo destacado por Hanieh foi o papel
cumprido pela base do movimento sindical tunisiano, em particular entre operários mineiros e
profissionais da educação no interior. Os sindicatos de professores, bastiões da ala esquerda da
UGTT (a central sindical única do país) tiveram um papel central na nacionalização do
movimento. Segundo Hanieh:
Comitês sindicais de base, por exemplo, tiveram um papel central na revolta
monumental da bacia mineira de Gafsa, que foi descrita como “o movimento de
protestos mais importante visto na Tunísia desde a revolta do pão em janeiro de 1984.”
A revolta de Gafsa juntou os desempregados, trabalhadores com contratos temporários,
secundaristas, e famílias daqueles que trabalhavam nas minas de fosforo da região.
Empregando uma diversidade de táticas, incluindo greves de fome, ocupações e
95
protestos de rua – o movimento se chocava principalmente com a desregulamentação
do mercado de trabalho e a precarização, que eram elementos centrais do
neoliberalismo tunisiano. A relevância desta poderosa greve estava na forma com que
ela juntou os mais impactados pelas reformas [neoliberais] – principalmente os
desempregados e trabalhadores temporários – e os ergueu contra as estruturas do
regime, incluindo a central sindical oficial. A despeito da repressão que eventualmente
derrotou esta greve em 2008, ela permitiu criar as fundações para o levante de 2010-
2011. (Hahieh, 2013 p.163)
Segundo Barker (2014), “como a Primavera Árabe pode nos relembrar, foi a
combinação de gigantescas manifestações públicas com crescentes ondas de greves que
derrubaram Ben Ali e Mubarak (...) tais combinações, é claro, dependem de um complexo
intercâmbio de ideias e impulsos entre diferentes setores do movimento, nos quais diferentes
forças sociais podem promover a catálise de outras (ou, igualmente, aparecer como
impedimento)”. (p. 27) Embora as greves possam ser lembradas como indicadores de
semelhanças entre os protestos no Brasil e nos países árabes, há diferenças importantes a serem
consideradas. Conforme o argumento de Badaró (2016), as greves ocorridas entre 2011 e 2013
no Brasil possibilitaram uma maior conflituosidade e ativismo, porém, a relação entre as greves
e os protestos de junho se deu na esfera social, sem articulação política ou vínculos
organizacionais diretos entre os protestos, ao contrário do que se deu na primavera árabe, onde
se verifica a presença da classe operária enquanto ator político (Chomsky, 2013). Para este
autor, “o que mais chama a atenção nestes dois países – Egito e Tunísia – em que houve mais
progresso no movimento, é que os dois tinham um poderoso movimento militante dos
trabalhadores, que estava em luta há anos para conquistar direitos trabalhistas.” (p. 117)
Enquanto a classe média foi importante nos protestos árabes, a intervenção destes setores, em
particular entre jovens profissionais, se deu por dentro da simbologia do movimento operário.87
87 Segundo Chomsky, “no Egito as manifestações na praça Tahrir foram lideradas e iniciadas por aquilo que era
chamado de Movimento 6 de Abril, um movimento de jovens profissionais. Porque 6 de abril? Bem, porque no
dia 6 de abril de 2008 houve gigantes protestos operários organizados no conglomerado industrial de Mahallah,
com apoio em outros lugares, que foram esmagados pela ditadura. Um grupo de jovens profissionais se juntou
para continuar a luta utilizando aquele nome e iniciaram os levantes de janeiro de 2001, resultando na primavera
árabe do Egito.” (p.117) Achcar (2013), assim como Benin (2012) e Alexander & Bassiuni (2014) também
enfatizam que a origem política dos grupos de juventude, inclusive entre os setores liberais democráticos, ocorreu
através de campanhas de solidariedade com a classe operária, principalmente com o movimento grevista de
96
Analisando a mobilização dos trabalhadores, Alexander e Bassyouni (2015) apontam
sua interação com os protestos na praça Tahrir, que ocorreram entre 25 de janeiro e 11 de
fevereiro de 2011: “as primeiras greves ocorreram nos dias 6 e 7 de fevereiro [enquanto ocorria
a ocupação da praça]. Ao final da semana haviam se espalhado por todo país, levando a
paralisação de cerca de 300.000 trabalhadores. Segundo dados compilados pela ONG Awad
al-Ard, houve quarenta e dois protestos de trabalhadores em Janeiro de 2011, enquanto um
número muito maior ocorreu apenas entre os dias 7 e 11 de fevereiro. Nos dias seguintes à
queda de Mubarak houve entre quarenta e sessenta greves por dia. No total o mês de fevereiro
de 2011 viu quase a mesma quantidade de ações grevistas que todo ano passado em conjunto.”
(p.53)
Segundo Benin (2012) "Facilitado pelo fechamento do governo de todos locais de
trabalho no início de fevereiro, muitos trabalhadores participaram do levante popular enquanto
indivíduos. No dia 6 de fevereiro voltaram a seus empregos; apenas dois dias depois, a central
sindical independente [criada em meio aos protestos] convocou uma greve geral exigindo a
queda do governo de Hosni Mubarak. Dezenas de milhares de trabalhadores - incluindo aqueles
empregados em empresas grandes e estratégicas como a Autoridade de Transporte Público do
Cairo, Empresa Estatal de Ferrovias, as empresas subsidiárias da Autoridade do Canal de Suez,
a empresa estatal elétrica e Ghazl al-Mahalla - responderam ao chamado, organizando cerca de
60 greves e protestos no local de trabalho nos últimos dias anteriores à queda de Mubarak dia
11 de fevereiro.” (p. 7)
Em sua primeira entrevista após ser preso em Curitiba, ao explicar a repentina queda
na popularidade de Dilma Rousseff após os protestos de 2013 e seu consequente impeachment,
Lula recorreu à primavera árabe, em específico ao caso egípcio, como possível analogia para
explicar as dificuldades políticas da esquerda brasileira pós-junho (Bergamo e Fernandes,
2019). Produto dos protestos iniciados no ano anterior na praça Tahrir, após eleições
presidenciais relativamente livres em 2012, Mohamed Mursi, da Irmandade Muçulmana, foi
eleito presidente, tendo caído no ano seguinte após protestos de rua que juntaram números
similares aos que se moveram em 2011. Principal representante da média e pequena burguesia
no campo da oposição, a chegada dos islamistas ao governo se baseou fortemente na
mobilização do campesinato durante o período posterior à queda de Mubarak. Durante seu
curto período na presidência, a Irmandade chocou-se com os militares ligados ao antigo
tecelões da Ghazl al-Mahalla – fábrica com mais de 22 mil trabalhadores manuais. (Alexander & Bassiuni, 2014,
p. 118 a 123)
97
governo na disputa por espaços no Estado, assim como reprimiu duramente o movimento
operário e popular, com quem havia colaborado durante a ocupação da praça Tahrir.
As duas mobilizações de massas no Cairo, em 2011 e 2013, foram seguidas por golpes
de estado conduzidos pelas forças armadas. O primeiro golpe, conservador, retirou Mubarak
do governo substituindo-o por uma junta militar que administrou o país até a vitória eleitoral
da irmandade. O segundo, reacionário, ao colocar o general Mohamed Sisi na presidência88,
desencadeou um período de restauração da velha ordem com grau de violência e repressão
qualitativamente maior que durante os governos militares do período entre 1952 e 2013.
(Achcar, 2013, p. 105-6) Mesmo não existindo pesquisas empíricas sobre a composição de
classes dos protestos, alguns relatos destacam que enquanto os primeiros, em 2011, eram
policlassistas, com presença destacada da juventude, durante a segunda onda prevaleceu um
perfil mais velho e elitizado89.
Assim como durante a segunda metade dos protestos de 2013 no Brasil, quando após o
dia 20 a grande imprensa e políticos conservadores passam a convocar as manifestações, a
mesma dinâmica ocorreu no Cairo. Ao contrário do movimento que derrubou Mubarak, a
mobilização anti-irmandade, além de ter sido amplamente convocada pelos meios de
comunicação, contou com o apoio e até adesão da polícia e da tropa de choque, muitos dos
quais foram carregados nos ombros dos manifestantes. Os desfechos dos protestos,
principalmente a dinâmica substitucionista na qual jovens simpáticos à classe trabalhadora,
organizados de forma policlassista, foram trocados pela classe média conservadora, permite
comparações entre Brasil e Egito, principalmente ao considerarmos o que se seguiu após a
reeleição e o impeachment de Dilma, que será debatido no próximo capítulo.
88 Observa-se na estratégia de Sisi o papel da distância geográfica enquanto instrumento de dominação. Junto à
duplicação do canal do Suez, a construção de uma nova capital no meio do deserto, entre o rio Nilo e o canal,
tornou-se prioridade do Estado. (Achcar, 2016 p. 142-145) Segundo o arquiteto Léopold Lambert, o megaprojeto
egípcio possui duas fontes de inspiração, as reformas urbanas de Haussmann, feitas para facilitar a repressão aos
levantes urbanos em Paris e “a apropriação da capital nova em folha do Brasil pela ditadura militar em 1964”. 89 A forma com que a questão palestina foi tratada pelos manifestantes revela as diferenças político-ideológicas
dos protestos de 2011 e de 2013. Enquanto em 2011 a solidariedade internacional ocupava espaço importante no
movimento, em 2013 o sentimento anti-palestino foi amplamente difundido. Como testemunhado pelo autor da
presente dissertação, em conjunto com a escritora Marcia Camargos, “Desde a queda de Morsi circulam boatos
de que a Irmandade seria, na verdade, a fachada de um complô internacional dirigido por extremistas sírios e
palestinos dispostos a destruir o Egito.” (Camargos e Sauda, 2013b) Durante os protestos de junho de 2013 no
Cairo, foram registrados repetidos episódios de ataques a palestinos e sírios, assim como a suas casas e comércios.
98
Capítulo III – O pós-Junho: muitas possibilidades, um único desfecho
Este capítulo se propõe a discutir as consequências de junho, marcadas pela crise de
hegemonia da burguesia interna após 2013, uma nova correlação de forças entre as classes e o
acirramento da polarização política no eixo “petismo x antipetismo”. Os desdobramentos se
deram em direções distintas. Os movimentos contra a Copa em 2014, as greves dos garis e dos
metroviários, assim como as ocupações secundaristas, constituem um desdobramento dos
conflitos pela esquerda. Polarizando no campo oposto, os protestos de 2015-16 em prol do
impeachment de Dilma Rousseff indicam que a pauta da anticorrupção e o antipetismo se
fortaleceram nas ruas90.
Ao contrário do que projeta Pomar (2013), o MPL não se unificou nacionalmente após
2013, se fragmentando em consequência da crise de direção desencadeada pela derrota após as
mobilizações.91 Dois anos após os protestos, o setor mais dinâmico do grupo afastou-se do
movimento por direito à cidade, retornando a suas origens estudantis. Reorganizando-se entre
os secundaristas que atuavam na base do MPL e adotando o nome de “Mal Educado”, o novo
grupo dirigiu uma onda de ocupações de escolas públicas em São Paulo ao final de 2015.
Segundo Ortellado (2016), as ocupações representaram a “continuidade da cultura organizava
que liga o Movimento Passe Livre (MPL) ao coletivo Mal Educado e este aos estudantes” (p.
15).
90 “As manifestações de 2013 tiveram basicamente dois tipos de reivindicações: uma crítica da representação,
decorrente da crise de legitimidade do sistema político e a defesa dos direitos sociais, principalmente educação,
saúde e transporte. Esse duplo legado foi dividido entre os campos políticos: de um lado o próprio MPL, o
movimento contra a Copa do Mundo de 2014, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto e outras iniciativas
semelhantes levam adiante o legado social; de outro, as manifestações convocadas por grupos de direita como
Vem Pra Rua e Movimento Brasil Livre levaram adiante o legado “antipolítico” de junho, explorado
exclusivamente na chave de combate à corrupção.” (Ortellado, 2016, p. 15). Ortellado (2016), porém, assim como
parte da bibliografia que identifica nos protestos de 2013 um novo paradigma, acaba por secundarizar a força da
dinâmica política estabelecida no eixo PT versus anti-PT, que em 2016 vai resultar em 60% das manifestações
registradas no país. (Galvão & Tatagiba (2019), p. 27) 91 A divisão do grupo foi coberta pela Folha de São Paulo, que afirmou em manchete "Dissidente 'decreta' fim do
Movimento Passe Livre e gera crise interna” (Redação Folha, 2015). A manchete referia-se a artigo publicado no
Passa Palavra com o título "O Movimento Passe Livre acabou?" (Legume, 2015) O debate sobre a crise da
organização é aprofundado no texto "Conversa com Legume” (Daniels, 2015).
99
Os protestos de massas entre 2015-16 não contaram com a simpatia do MPL. Parte
relevante dos iniciadores de junho, à exceção do MTST, se ausentaram do processo de
mobilização contra a queda do governo. Os sindicalistas, pouco presentes nas manifestações
de massas em 2013, tentaram se articular em duas frentes políticas, a Frente Brasil Popular e a
Frente Povo Sem Medo, mas tampouco tiveram centralidade nos protestos contrários ao
impeachment (Galvão e Marcelino, 2018). A fragmentação política e sindical iniciada nos anos
90, somada à política de austeridade aplicada pelo PT após as eleições de 2014, reduziram a
influência da ala esquerda do sindicalismo, dentro da CUT e fora dela.
Ortellado (2016), mesmo identificando o MTST, principal movimento popular a
participar das mobilizações contra o impeachment em São Paulo, como um dos herdeiros de
junho, evita identificar relações entre os protestos contra o golpe e aqueles de 201392. Já para
Boulos, “os protestos de 2013, principalmente a partir do dia 20 de junho em São Paulo,
Brasília e Curitiba, abriram espaço para o avanço da direita” que seria a principal beneficiária
das mobilizações nacionalmente. O MTST também entendia os protestos contra o golpe
institucional, devido a sua composição social assim como a seu programa político, como
continuidade das jornadas de junho.
Mesmo que os protestos de 2013 tenham introduzido a alta classe média na ação de
massas nas ruas, eles também abriram espaços para os movimentos sociais consolidarem
ganhos. Segundo Tatagiba e Galvão (2019) “o pico de mobilizações em 2013 abre
oportunidades políticas inéditas para os setores oposicionistas, à direita e à esquerda do PT,
conformando um cenário de crise política que, associado à crise econômica, abre caminho para
o impeachment” (p. 32). A divisão da esquerda em movimentos, sindicatos e partidos com
posições distintas durante a crise também contribuiu para o fortalecimento das mobilizações
de rua da direita, que ocorreram sem enfrentamentos. O diferencial nesse contexto foi a
ascensão do conservadorismo e o surgimento de movimentos anticorrupção, que
permaneceram mobilizados com uma pauta bastante unificada, como veremos neste capítulo.
92 Segundo entrevista concedida pelo coordenador nacional do MTST, Guilherme Boulos, em 23 de agosto de
2016 ao autor,, entre 2015-16 o movimento possuía maior proximidade com as entidades sindicais e populares do
que de grupos como o MPL ou o movimento contra a copa.
100
1. A crise política pós-2013
Junho de 2013 inicia uma crise política, mas não uma situação revolucionária.
Enquanto as situações revolucionárias significam a transição do capitalismo para o socialismo,
a crise política é a transformação da correlação de forças por dentro do bloco no poder
(Poulantzas, 1976 p. 79). Esta transformação exige uma mudança estrutural nas instituições do
Estado, que no Brasil se expressa no ativismo político do judiciário, Ministério Público, Polícia
Federal, e crescentemente, das Forças Armadas. A crise iniciada em junho é uma crise da
representatividade não orgânica da burguesia interna, isto é, quando a alta classe média inicia
uma ofensiva política e ideológica “anticorrupção”, questionando a hegemonia da burguesia
interna no bloco no poder, a frente neodesenvolvimentista se desmantela devido às tensões de
fundo entre as classes populares e o bloco. Este processo acaba fragilizando o apoio da
burguesia interna ao governo Dilma. Diferentemente do ocorrido na crise do mensalão de 2005,
quando a "burguesia interna se opôs publicamente, através de documentos e declarações à
imprensa” à derrubada do governo. (Spinace, 2019 p.82), em 2016 ela rompeu com ele.
Segundo Saad Filho e Morais (2018), as contradições entre o neoliberalismo enquanto
sistema de acumulação e a democracia como forma política levaram ao golpe institucional de
2016. (p. 33) Devemos denominar este processo, segundo Boito, “de ofensiva restauradora,
porque seu objetivo era restaurar a hegemonia do neoliberalismo puro e duro. Essas forças
viram no declínio do crescimento econômico a oportunidade de lutar contra as medidas de
radicalização do neodesenvolvimentismo tomados pela presidente Dilma - a redução inusitada
da taxa básica de juros, novas medidas protecionistas e a depreciação cambial, entre outras.”
(Boito, 2016 p. 28). Construída em torno do discurso anticorrupção, a ofensiva restauradora
deparou-se com uma pequena resistência do PT e da esquerda em geral.
Expresso na defesa de Dilma Rousseff pela construção de “uma grande nação de classe
média” (Rousseff, apud Cavalcante e Aires, 2019, p.24) o abandono do discurso classista pelo
PT fortaleceu o movimento anticorrupcão. O deslocamento na curva de distribuição de renda
entre os 40% mais pobres, produto da formalização e expansão dos empregos no setor de
serviços, segundo Pochmann (2014), reforçaram “os laços significativos da volta da
mobilidade social ascendente no país, sobretudo na base da pirâmide social brasileira, que nada
tem de novo, tampouco de classe média” (p. 18). A política de conciliação do PT, porém, ao
invés de apresentar este processo de fortalecimento e expansão da classe trabalhadora pelo que
ele era, obrigava o partido a descrever tal fenômeno como o surgimento de uma “nova classe
média”. Cavalcante & Arias (2019) argumentam que o papel da direção do PT, ao afirmar que
101
“não seria mais possível fazer uso de categorias, como proletariado ou classe trabalhadora, para
sustentar o projeto de diminuição de desigualdades” desarmou sua base (p. 24).
A polarização no eixo “petismo x antipetismo” pós-Junho ganhou força com a
mobilização política ocorrida nas eleições presidenciais de 2014, que obrigou o PT a deslocar
sua campanha à esquerda para se diferenciar do PSDB, ganhando pela quarta vez a Presidência
da República. A vitória eleitoral, porém, se constituiu em derrota política, uma vez que colocou
em xeque a correlação de forças na qual se centrava o projeto neodesenvolvimentista. A
resposta dada pelo partido foi uma guinada à direita logo após as eleições. Segundo Singer
(2018) o governo, “na mesma noite da vitória, deixa vazar para a imprensa que buscaria um
ministro da fazenda no setor financeiro, negando frontalmente as palavras solenes que
pronunciara ao longo da disputa. Em consequência, a expressão ‘estelionato eleitoral’ ficou
gravada a ferro na Dilma da fase 2” (p. 293). Deve-se ressaltar, porém, que a política possuía
o aval de Lula, que ao invés de Joaquim Levy no Ministério da Fazenda, defendia o nome de
Henrique Meirelles.93 Destaca-se nesse giro à direita do governo petista a aprovação da lei
antiterrorismo (13.260/2016), duramente criticada por movimentos sociais, assim como a
restrição ao acesso de direitos trabalhistas e previdenciários, como seguro-desemprego,
auxílio-doença e pensão por morte (MP 664, 665)94.
Este processo serviu para consolidar o afastamento de organizações socialistas, como
PSOL, PSTU e PCB, do campo encabeçado pelo PT e PC do B. Assim, os movimentos sociais
de esquerda reagiram à deterioração das condições econômicas e à política de austeridade. As
greves continuaram em alta: passaram de 2057 em 2013 para 2085 em 2014, cairam um pouco
em 2015, para 1964, e voltaram a subir em 2016, com 2114 greves no total (Dieese apud
Galvão, 2019, p. 70).
No entanto, diante das ameaças aos direitos e à democracia representados pela substituição de
Dilma por Temer, muitos desses movimentos se integraram às frentes contra o impeachment,
mas não tiveram força política para enfrentar seus adversários.
93 Segundo a Folha de S. Paulo, em novembro de 2015, Lula defendia que "Meirelles à frente do Ministério da
Fazenda traria uma "perspectiva de futuro" para o mercado financeiro e "mudaria o humor" da sociedade” (Seabra,
Uribe, Dias, 2015) 94 Segundo Saad Filho e Morais (2018) apesar de tais medidas “politicamente, Dilma Rousseff foi a presidenta
mais à esquerda no Brasil desde João Goulart. Ela manteve o núcleo da equipe econômica de Lula, mas substitui
o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, por Alexandre Tombini, funcionário de carreira mais alinhado
às prioridades da nova mandatária” (p. 172).
102
2. A esquerda na crise
A greve dos garis durante o carnaval carioca de 2014 pode ser interpretada como
continuidade dos protestos de Junho. A distinção na composição de classe entre os dois
movimentos, porém, é limitador importante nas comparações. Segundo Badaró, “Apesar do
incômodo com o acúmulo de lixo nas calçadas e ruas, em plena festa carnavalesca, a maioria
da população da cidade apoiou a greve e quando, em 7 de março, os garis fizeram sua maior
manifestação pelo Centro da cidade onde foram fortemente aplaudidos e receberam muitas
adesões em seu protesto. Imediatamente após essa demonstração de força, a Prefeitura do Rio
de Janeiro, que havia classificado a greve como “motim” e mobilizara escoltas policiais para
forçar os garis a trabalharem, chamou os líderes da greve para negociar e a paralisação se
encerrou com ganhos substantivos para os trabalhadores” (Badaró, 2016). O autor enxerga
similaridades entre este processo e a greve dos metroviários em junho de 2014, que parou o
transporte em São Paulo por cinco dias. Ao contrário da greve dos garis, o protesto ocorreu por
dentro da estrutura representativa formal, cuja particularidade era o sindicato estar sob direção
de correntes socialistas. Associando a mobilização salarial aos protestos contra o aumento da
tarifa de 2013, antes de desencadear a greve, o sindicato propôs como alternativa para evitar
transtornos à população a abertura das catracas, política programática do MPL. 95
Principal mobilização dos trabalhadores na cidade após junho de 2013, o processo foi
marcado por piquetes radicalizados, principalmente na estação Ana Rosa, onde houve
enfrentamento com a Tropa de Choque. Enquanto a greve começou com força, as divisões
fracionais na diretoria96 – produto da fragmentação da CUT - levaram os dirigentes a prolongar
a greve contra a vontade do setor operário da manutenção e dos motoristas de trem, principais
vértebras da categoria, assim como alienaram a população da cidade, que aguardava
ansiosamente pela Copa do Mundo. Após a divisão interna na diretoria devido à recusa da
95 Segundo o jornal Estado de São Paulo, “Alckmin foi taxativo sobre o impedimento da medida e também negou
a hipótese de assumir pessoalmente a negociação com os metroviários. A direção do Sindicato dos Metroviários
pede que as tratativas da campanha salarial sejam feitas diretamente com o governador - e não com a administração
da empresa.” (do Vale, 2014) 96 Repetidamente a coalizão formada entre PSOL, PSTU e socialistas independentes que compunham a chapa
dirigente do sindicato se enfrentou em plebiscitos na base, corroendo laços de solidariedade interna. Após
desfiliarem a entidade de uma das centrais surgidas em ruptura com a CUT - a CTB, ligada ao PC do B e à antiga
gestão – os novos diretores passaram a disputar constantemente votos entre si em torno da filiação e desfiliação a
outras centrais sindicais de esquerda, tema de importância secundária para a base da categoria.
103
maioria do sindicato em aceitar a proposta de acordo do Tribunal Regional do Trabalho (TRT)
e o consequente acirramento da repressão com a demissão de 42 líderes dos trabalhadores, a
liderança foi forçada a recuar, aceitando um acordo inferior ao originalmente proposto pelo
Tribunal.
2.1 As ocupações dos secundaristas
A guinada à direita na sociedade, ao mesmo tempo, impediu uma maior politização
entre estudantes secundaristas em São Paulo - que ao final de 2015 iniciaram uma onda de
ocupações de escolas públicas - assim como acirrou rivalidades sectárias entre a corrente
autonomista e as entidades secundaristas sob influência do PT e seus aliados, que também
participaram das mobilizações (Campos, Medeiros e Ribeiro, 2016, p.50). Assim como a
redução da tarifa em junho de 2013, a onda de ocupações secundaristas que impediu a aplicação
da política de arrocho fiscal pelo governo do Estado de São Paulo na área da educação, ao final
de 2015 (que pretendia “reorganizar” cerca de um milhão de estudantes para reduzir custos
fechando salas de aula) foi dirigida pelo campo autonomista.
Segundo boletins da Apeoesp, o anúncio da suposta reorganização resultou em forte
mobilização secundarista, que entre os dias 8 de novembro de 2015 e 19 de janeiro de 2016
ocuparam mais de 200 escolas. (Campos, Medeiros, Ribeiro 2016 p. 334-5) Ao contrário dos
protestos de 2013, cuja massificação ocorreu por meio da ação da grande imprensa, segundo
Ortellado (2016) "a capilaridade do sistema de ensino que atravessa todo o território do estado
serviu como correia de difusão das notícias tanto sobre o fechamento das escolas, como do
processo de luta dos estudantes." (p. 14) As diferenças na forma com que os protestos foram
convocados expressam suas diferentes bases sociais.
Para Ortellado (2016), “os secundaristas conseguiram, pelo caráter social da sua
reivindicação e pelo caráter radicalmente democrático da sua organização, reunir as duas
metades de junho” (p. 15) isto é, o campo que incluiria MTST, MPL e os grupos contra a Copa
do Mundo, ao lado das organizações liberais de direita. O envolvimento ativo de secundaristas
dirigidos pelo PT e PC do B nas mobilizações contra o golpe é ignorado por Ortellado (2016).
Governo no município, o PT integrava a oposição ao governo do Estado, reivindicando o
movimento contra Geraldo Alckmin e o PSDB97. Ao mesmo tempo, as organizações a favor
97 A pesquisa de Campos, Medeiros e Ribeiro (2016) representa a documentação mais completa, escrito da
perspectiva dos estudantes, sobre as ocupações secundaristas de 2015-16. Em conjunto com entrevistas a
104
do impeachment tiveram destaque na organização de ofensivas políticas e até mesmo ataques
físicos contra a movimentação secundarista, principalmente a partir da nacionalização das
ocupações de escola.98
Apesar da ausência da universalização do ensino médio no Brasil99, não se pode atribuir
automaticamente a condição de classe dos secundaristas à classe média. O principal recorte
que separa a classe média dos trabalhadores neste quesito é a natureza da escola, se pública ou
privada. Enquanto podem haver nichos específicos com recorte mais próximo à classe média
nas escolas de ensino técnico, sua principal característica é a predominância das classes
populares.
Organizados sob direção da fração mais dinâmica do MPL, agora com nome de "Mal
Educado”, o movimento de ocupação de escolas, assim como a greve dos garis e do metrô,
expressou os impulsos mais autênticos da primeira fase dos protestos de 2013. Utilizando-se
da legitimidade conquistada em junho, o Mal Educado se projetou ao distribuir panfletos com
o endereço eletrônico para uma cartilha de oito páginas. Segundo Campos, Medeiros e Ribeiro
(2016) “o manual “Como ocupar um colégio?” foi traduzido e adaptado pelo coletivo a partir
de documento elaborado pela seção argentina da “Frente de Estudiantes Libertários”, sobre sua
experiência organizacional, inspirada, por sua vez, no ativismo dos secundaristas chilenos100”
(p. 55).
militantes do MPL (principalmente os quadros B, F e G, realizadas em...) que mais tarde fundaram o grupo Mal
Educado, ela será utilizada como principal base bibliográfica para o presente capítulo. 98 Esses ataques foram protagonizados sobretudo por movimentos de direita que surgiram em 2013. Além de
projetos como “Escola Sem Partido”, apoiados pelo MBL, quando o movimento secundarista se nacionalizou o
grupo passou a intervir de forma violenta, principalmente em Curitiba, para desocupar as escolas agredindo
estudantes. (Rossi, 2016) 99 Segundo dados da Pnad contínua de 2016, nacionalmente "enquanto 96,5% da população de 6 a 14 anos está
no ensino fundamental, a porcentagem cai para 68% dos jovens de 15 a 17 anos no ensino médio, e 23,8% das
pessoas do grupo de 18 a 24 anos no ensino superior.” (Ferreira, 2017) Mesmo que a média de estudantes
matriculados no ensino médio em São Paulo seja mais elevada que a nacional, ela não atinge níveis próximos à
quase universalização do ensino fundamental. 100 A cartilha do Mal Educado revela, a nível internacional, que as correntes autonomistas possuíam vínculos
concretos com movimentos de esquerda na América Latina muito maiores que aqueles na Europa, América do
Norte e Oriente Médio descritos por Gohn (2013). Outro exemplo destes vínculos pode ser identificado no artigo
publicado no Passa Palavra com o título, “Após solidariedade internacional, militantes do MPL são perseguidos
no México” (Redação, 2013c)
105
Enquanto a base social das ocupações, principalmente nas regiões periféricas, era
essencialmente composta pelas classes populares, a natureza de classe do grupo Mal Educado
pode, assim como no caso do MPL, ser definido como de classe média. A despeito de tirarem
seu nome de um jornal originalmente distribuído na Escola Estadual José Vieira Dutra, na
Cidade Dutra, extremo sul de São Paulo, e de em um segundo momento incluírem mais escolas
públicas, sua origem organizacional relaciona-se às escolas de elite da cidade. Segundo
Campos, Medeiros e Ribeiro, o grupo surge em torno da Poligremia, articulação secundarista
que compunha a base de mobilização do MPL durante as jornadas contra o aumento da tarifa
de 2011101 (p. 60-2). Tirando a ETEC Basilides de Godoy, as escolas fundadoras da Poligremia
- Escola da Vila, Santa Cruz, Equipe, Vera Cruz e Santa Clara, possuem mensalidade acima da
média do resto da cidade, localizadas em bairros de classe média ou média alta. Esta relação
geográfica se expressou na centralidade da Escola Estadual Fernão Dias, em Pinheiros, no
processo de organização das ocupações (p. 84-85). Embora seus estudantes não devam ser
confundidos com a classe média, sua proximidade física com ela e com as escolas particulares
permitiu uma intervenção mais bem estruturada pelo grupo autonomista.
A ocupação dos estudantes secundaristas, diferentemente de 2013, ocorreu em meio ao
crescimento da corrente autonomista, a estagnação dos socialistas e a crise dos petistas.
Distinto ao período anterior a junho, ele foi marcado por um comportamento muito menos
cooperativo dos coletivos autonomistas em relação ao campo político encabeçado pelo PT. De
forma oposta às jornadas contra o aumento da tarifa de 2011, durante o movimento de ocupação
das escolas, o Mal Educado centrou esforços na polarização com o PT. Segundo Campos,
Medeiros e Ribeiro “o conflito entre entidades representativas (em especial a [União Municipal
dos Estudantes Secundaristas] Umes-SP e, mais tarde, a União Paulista dos Estudantes
Secundaristas-Upes e a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas-Ubes) e estudantes
autônomos (organizados em coletivos ou não) foi uma constante no desenvolvimento do
movimento dos secundaristas” (p.50).
Apesar de iniciativas relevantes dos trabalhadores organizados, como garis e
metroviários, assim como de estudantes secundaristas, terem ocorrido ao longo do período
101 O vínculo entre Mal Educado, MPL e o site Passa Palavra é destacado por Campos, Medeiros e Ribeiro (2016).
Segundo os autores, “quatro estudantes que participaram da Poligremia escreveram, no mesmo ano de fundação
do coletivo Mal Educado, um artigo, publicado no site Passa Palavra, com o título “A experiência da Poligremia
- autocrítica em busca de um sentido histórico no movimento secundarista”.” (p. 62).Texto fundacional do grupo,
ele remete à origem do coletivo a "colégios particulares de tradição pedagógica crítica”. Ver também Martins,
Cordeiro, Mandetta e Hotimsky (2012).
106
entre 2015-16, elas foram incapazes de ocupar o centro da agenda política. A composição social
destes movimentos em parte explica sua falta de protagonismo, uma vez que as insatisfações
da classe média alta passaram a ocupar o centro da política nacional. Mas um outro fator
contribuiu para isso, qual seja, a fragmentação da esquerda.
2.2 A fragmentação da esquerda
O papel desempenhado pelo PT, principalmente após as eleições de 2014 - em que
passa a aplicar uma política de austeridade fiscal na tentativa de equilibrar suas políticas
neodesenvolvimentistas nos marcos do neoliberalismo – contribuiu para cristalizar a
fragmentação da esquerda, enfraquecendo-a inclusive a nível ideológico na medida em que a
desarma para resistir ao neoliberalismo, um processo em curso desde os anos 90 na CUT.
(Galvão 2016, Cavalcante & Arias, 2019) Esta desorganização, que dividiu socialistas e
petistas em centrais sindicais rivais também se expressou em conflitos entre autonomistas e a
centro-esquerda ao longo das ocupações secundaristas de 2016 em São Paulo. A fragmentação
em parte refletiu, como apontam Galvão, Marcelino & Trópia (2012), divisões de classe,
havendo também paralelos entre o distanciamento dos autonomistas da base da Ubes com a
política das correntes socialistas que as afastou das bases operárias do PT.
A cristalização da fragmentação entre petistas e socialistas, acompanhada paralelamente pelo
acirramento do conflito interno entre os próprios socialistas, segundo Haddad, em parte explica
a derrota eleitoral do PT em São Paulo nas primeiras eleições municipais posteriores aos
protestos de 2013. Durante as eleições municipais de 2016, marcada pelo golpe institucional
que tirou o PT do poder, Haddad teve apenas 16,7% dos votos totais, votação mais baixa da
história do partido (G1, 2016). Eduardo Suplicy, na primeira disputa do PT em 1985, recebeu
19,75% (Acervo Globo, 2016). A divisão em três do legado petista na cidade, expresso na
candidatura de Marta Suplicy pelo PMDB (que rompe com o PT em abril de 2015) assim como
"a candidatura de Erundina pelo PSOL, complicaria ainda mais o quadro já fragmentado e
abriria uma avenida para João Doria” (Haddad, 2017). Este processo de divisão interna, que se
inicia com a chegada do PT à Presidência da República, ocorre também a nível sindical.
O primeiro marco em escala nacional da fragmentação do sindicalismo ocorre em
março de 2004, com o surgimento da Conlutas, que nasce em oposição à participação da CUT
no Fórum Nacional do Trabalho. Forma de tripartismo que reunia estado e patronato no mesmo
patamar que os trabalhadores, o fórum foi visto pelos socialistas de distintas matrizes como
107
uma forma de cooptação. Posterior à Conlutas, outras correntes da esquerda da CUT criaram a
Intersindical em 2007, que logo em seguida se fragmentou em grupos rivais (Galvão,
Marcelino e Trópia (2012).
A principal tentativa de unificação do movimento sindical e por direito à cidade anterior
aos protestos de junho, o Conclat de Santos de 2010, apesar da proposta inovadora de incluir
movimentos populares e de estudantes ao lado de entidades sindicais em sua estrutura
deliberativa, foi incapaz de unificar os principais grupos que o convocaram; a Intersindical,
Conlutas e MTST. A presença de movimentos de moradia no processo expressava a proposta
de uma estrutura capaz de abarcar movimentos como o próprio MPL, amarrando os sindicatos
às novas formas de intervenção. O projeto do Conclat em parte fracassa pela fragmentação
eleitoral das direções sindicais do PSTU e do PSOL, que após a construção de uma frente única
em torno de Heloisa Helena como candidata à Presidência da República, lançam candidaturas
próprias para as eleições de 2010. Posterior a Junho, iniciativas como a Frente de Esquerda de
2006 ou o Conclat de Santos deixam de ocorrer.
Segundo Singer (2018), “caso tivesse se conectado com o ensaio desenvolvimentista
numa ponta e com as greves noutra, junho poderia ter representado um momento de ascensão
da luta dos trabalhadores” (p. 118). A radicalização a nível federal do projeto
neodesenvolvimentista, em que o governo Dilma adotava uma postura mais combativa em
relação aos bancos, fracassou segundo o autor por não ter sido acompanhada de ações
populares. Relativizando a dinâmica entre o PT e a burguesia interna, Singer identifica como
principal obstáculo, além da distância pessoal entre Dilma e o movimento sindical, que “as
direções sindicais evitaram politizar a onda de greves”, já mencionada. Como consequência,
"na ausência de uma resposta à esquerda, a não ser aquela oferecida pelo PSOL e agremiações
com menor inserção institucional, o centro e a direita ocuparam o espaço” (Singer, 2018, p.
119).
Uma característica da fragmentação da CUT foi afastar o PSOL e o PSTU da base
operária dirigida pelo PT. A hipótese levantada por Boito, de que a fragmentação pela esquerda
da CUT pudesse “repercutir, também, na orientação dos sindicatos que apoiam o governo,
levando-os a assumir, em alguns casos, uma posição mais crítica diante da política
neodesenvolvimentista” (p. 185) não se concretizou. Segundo Galvão, Marcelino e Trópia
(2012), “Quando isolamos as entidades sindicais da Conlutas e as comparamos às da
Intersindical, verifica-se em ambas o peso do sindicalismo do setor público. Na Intersindical,
58% dos sindicatos são do setor público, seguidos do setor privado (23,3%) e por entidades
sindicais públicas e privadas (12,5%)”; na Conlutas este número atingiu 42% no setor público
108
contra 20% no privado (p. 36). Segundo as autoras, é possível identificar um peso
desproporcional de frações de classes médias nas novas entidades, em particular “segmentos
de trabalhadores com salários mais elevados na Conlutas, sobretudo professores das
universidades federais e funcionários do sistema judiciário.” (Galvão, Marcelino & Trópia,
2012 p. 43)
Esta fragmentação entre trabalhadores que exercem função intelectual organizados
pelas correntes socialistas e a base operária e popular do PT teve efeito estruturante durante o
ciclo de protestos entre 2011 e 2016. Segundo Cavalcante e Arias, a fração de classe média que
saiu às ruas contra o impeachment “secundarizou ideologias orgânicas à sua própria condição
de classe, como a ideologia meritocrática, e acentuou as convergências com os demais
trabalhadores assalariados” (2019, p. 2), porém a ausência de uma estrutura política, sindical
ou estudantil que potencializasse estas posições, limitou o alcance do apelo.
3. A base social das mobilizações a favor e contra o golpe institucional
A presença das classes médias no campo da esquerda e da direita é algo destacado por
alguns autores (Galvão, 2016; Boito, 2018, Cavalcante & Arias, 2019), que procuram
compreender a divisão das classes médias indicando a relação entre suas diferentes frações e
as diferentes posições político-ideológicas que sustentam: “a classe média teve participação
decisiva nos dois blocos, o que faz com que os públicos das manifestações tenham mais
semelhança entre si do que em relação à população em geral; mas a classe média,
especificamente sua fração superior, desequilibra a correlação de forças ao pender
majoritariamente para o campo “verde amarelo”.” (Cavalcante & Arias, 2019, p. 14) Principal
expressão desta nova realidade ocorreu em março de 2016, quando os dois lados mediram
forças nas ruas, a direita mobilizando 500 mil pessoas,102 e a esquerda 95 mil. Cerca de um
102 Segundo Cavalcante & Arias (2019) “Uma mudança fundamental ocorreu em março de 2016, quando os
processos da Lava Jato atingem mais diretamente o ex-presidente Lula, que é levado a depor, pelo controverso
procedimento da “condução coercitiva”, à Polícia Federal no dia 4 daquele mês.” (p. 14) Enquanto organizações
da classe média alta (Boito, 2016) o papel de mobilização de instituições como a Polícia Federal (PF) e o
Ministério Público (MP) não devem ser subestimados em detrimento dos grupos que operacionalizaram as
manifestações. Usando as redes sociais para mobilizar seus apoiadores e discursando em carros de som nos atos,
as próprias entidades representativas dos membros do MP e PF tiveram papel de condução dos protestos.
109
mês depois, a Câmara dos deputados aceitou o pedido de impeachment de Dilma Rousseff,
com o processo sendo finalmente consumado dia 31 de agosto no Senado.
A análise da composição social dos protestos ocorridos em 2015-16 (tabela 5) permite
identificar traços de continuidade entre junho e os movimentos favoráveis ao impeachment ou
contrários ao golpe.
Tabela 5 - Composição social dos protestos em 2015-16 Fora Dilma Fica Dilma Fora Dilma Fica Dilma Media de S. Paulo
Mês do protesto Março 2015 Março 2015 Março 2016 Março 2016
Estimativa de público 210 mil 40 mil 500 mil 95 mil 12 milhões
Ocupação
PEA 85% 87% 82% 80% 75%
Assalariado registrado 37% 19% 31% 32% 35%
assalariado sem registro 3% 3% 2% 3% 7%
funcionário publico 4% 44% 5% 15% 3%
autônomo regular 11% 6% 12% 9% 9%
Profissional liberal 7% 1% 8% 4% 1%
Empresário 14% 2% 12% 6% 2%
Free-lance / bico 4% 5% 4% 6% 9%
Estagiário/ aprendiz 1% 1% 0% 2% 1%
Outros PEA 0% 1% 2% 0% x
Desempregado 3% 5% 5% 3% 7%
NÃO PEA 15% 13% 18% 20% 25%
Estudante 5% 5% 4% 8% 4%
Dona de casa 2% 1% 2% 1% 8%
Aposentado 6% 4% 11% 7% 10%
Desempregado 0% 1% 5% 2% 1%
Gênero
Homens 63% 63% 57% 57% 47%
Mulheres 38% 37% 43% 43% 53%
Consequentemente, a função exercida pelos grupos anticorrupção não devem ser igualadas com as do MPL em
junho de 2013, que atuou, de baixo para cima, como organização promotora daquelas mobilizações.
110
Idade
12 a 20 6% 8% 4% 9% x
21 a 25 9% 6% 5% 12% x
26 a 35 28% 27% 19% 27% x
35 a 50 36% 38% 33% 26% x
51+ 21% 21% 40% 26% x
Salário
ate 2 SM 7% 18% 6% 9% 29%
2 a 3 SM 7% 20% 8% 12% 43%
3 a 5 SM 15% 24% 17% 23% 15%
5 a 10 SM 27% 21% 26% 28% 8%
10 a 20 SM 22% 10% 24% 18% 2%
20 a 50 SM 16% 1% 11% 5% 1%
Mais de 50 SM 3% 1% 2% 1% 1%
Cor
Branco 69% 56% 77% 62% 48%
Pardo 20% 28% 15% 20% 33%
Preto 5% 12% 4% 14% 14%
outro 5% 4% 3% 4% 5%
Escolaridade
Fundamental 2% 14% 4% 5% 27%
Médio 21% 18% 18% 18% 45%
Superior 76% 68% 77% 78% 28%
* Fonte: Datafolha (2013a, 2013b, 2015a, 2015b, 2016a, 2016b) Fundação Perseu Abramo (2015)
Nos protestos contra o golpe institucional, há alta participação de funcionários públicos,
44% em 2015 e 15% em 2016. Há também grande presença em suas fileiras de participantes
recebendo acima de 5 salários mínimos, 53% dos presentes no maior ato anti-impeachment de
2016, dando lhes feições de um movimento de classe média com participação minoritária da
classe média baixa. Já o alto número de profissionais liberais, 7% em 2015 e 8% em 2016 nos
atos pró-impeachment, assim como de empresários, 14% em 2015 e 12% em 2016, implicam
uma base social com a presença da alta classe média assim como da pequena e média burguesia.
111
Tal fato é sublinhado pela média salarial dos protestos da direita, com mais de 35% dos
manifestantes em 2015 e 2016 recebendo mais de 10 salários mínimos em média. Assim,
enquanto ambos os movimentos favoráveis e contrários ao golpe institucional sejam das classes
médias, a classe média alta tem maior relevância na composição social dos protestos pro-
impeachment. Segundo Cavalcante e Arias (2019) “A ambivalência do efeito do reformismo
fraco em ocupações de maior qualificação exige que a pergunta sobre a revolta da maior parte
da classe média seja colocada não em termos estritamente de renda, mas de reação à diminuição
da desigualdade.” (p.20) Consequentemente, foi o temor na queda do estatus social que
permitiu à direita mobilizar números muito maiores na classe média que a esquerda.
3.1 A reorganização da direita
O surgimento dos protestos de direita, que a partir de junho de 2013 dão um salto
qualitativo, tem origem em 2007. Remetem ao movimento Cansei, que organizou duas
manifestações de rua entre julho e agosto daquele ano, e cujo um dos co-organizadores, João
Doria, foi eleito prefeito de São Paulo em 2016. Criado cinco dias após um acidente aéreo em
Cumbica, de queda de um avião da TAM em que morreram 199 pessoas, buscava atrelar o
tema da corrupção ao chamado “caos aéreo”. Em termos de mobilização, os protestos tiveram
baixo engajamento, não superando 5 mil pessoas. Sua relevância se deu mais no campo da
articulação política, revelando as primeiras movimentações dos profissionais de classe média
contra o governo, expressa na participação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) na
organização do movimento. O principal fio de continuidade entre aqueles protestos e a
massificação, pela direita, das manifestações de junho foi a ideologia anticorrupção. (Tatagiba,
Trindade e Chaves Teixeira, 2015, p. 197-198).
Os três principais organizadores das mobilizações pró-impeachment, como indicam
Tatagiba, Trindade & Teixeira (2015) e Firmino (2018) são os grupos liberais Vem pra Rua
(VPR), Movimento Brasil Livre (MBL) e Revoltados Online. O VPR existiu desde seu início
como entidade colateral do PSDB, voltado para esconder nos protestos de rua o peso real dos
partidos tradicionais da classe dominante nas mobilizações (Lopes e Sagalla, 2016). Já o grupo
Revoltados Online, em que se destacava o ex-ator Alexandre Frota e a jornalista Carla
Zambelli, foi absorvido pela estrutura política da família Bolsonaro, Frota e Zambelli sendo
eleitos deputados pelo PSL em 2018. O MBL, grupo mais ativo entre os três, possui raízes
próprias. Segundo Firmino, “evidências apontam que o MBL surgiu como um braço da
organização “Estudantes pela Liberdade” (EPL), fundada em 2012, e que atua como a seção
112
brasileira da Students For Liberty, organização de perfil “libertariano” criada em 2008 nos
Estados Unidos, com o objetivo de descobrir e treinar jovens lideranças universitárias tendentes
ao “libertarianismo”. Mais precisamente, o MBL teria sido uma tentativa do EPL de promover
suas pautas nas manifestações de junho de 2013103” (Firmino, 2018). Defensores do livre
mercado, dados colhidos nos protestos de direita revelam que estes movimentos têm enquanto
base setores ideologicamente reacionários da classe média (tabela 6).
Em pesquisa realizada por Solano, Ortellado & Nader (2016) nos protestos de direita em 2015
“a esmagadora maioria concorda com as seguintes afirmações: “Cotas nas universidades geram
mais racismo” (71%) e “O Bolsa Família só financia preguiçoso (60%). Em outro
levantamento, realizado no mesmo dia, ao serem perguntados quais ações do governo afetaram
negativamente sua vida: 45% mencionaram o Bolsa Família, 44% o auxílio reclusão e 36% as
cotas raciais nas universidades públicas. Sobre as que afetaram mais positivamente, destaca-se
o Prouni com 29% de aprovação” (Tatagiba, Trindade e Chaves Teixeira, 2015, p. 209).
Tabela 6 - Opinião e Boato entre manifestantes anticorrupção
O PT quer implantar um regime comunista no Brasil
Fabio Luís Lula da Silva, o Lulinha, é sócio da Friboi
O Foro de São Paulo quer criar uma ditadura bolivariana no Brasil
não respondeu / nenhum
1.40 0.70 1.10
concorda 64.10 71.30 55.90
não sei 4.60 17.30 21.90
não concorda 29.90 10.70 21.20
103 Padrão similar ao identificado por Firmino, segundo Ciccariello-Maher (2016), pode ser identificado na
Venezuela. Para o autor, instituições como o "National Endowment for Democracy (NED), International
Republican Institute (IRI), e a United States Agency for International Development (USAID) - tem utilizado
recursos para treinar a oposição venezuelana na nova geração de combate bélico que utiliza a não-violência
estratégica para tentar derrubar presidentes democraticamente eleitos.” (p. 113-14) Similar ao MBL, que negava
relações com partidos políticos até a eleição de suas figuras públicas, como Fernando Holiday em 2016 e Kim
Kataguiri em 2018 (ambos pelo pelo DEM) “estudantes nas linhas de frente dos protestos de 2013 insistiam que
seu movimento era espontâneo e não tinham relação alguma com a oposição venezuelana ou qualquer partido
político existente. A conexão que já era óbvia aquela época, porém, foi rapidamente confirmada quando quase
todos os dirigentes estudantis se filiaram a partidos políticos da oposição. O mais visível de todos, Yon
Goicoechea, mais tarde ganhou um prêmio do Instituto Catho, dos Estados Unidos, com o nome do fundador do
neoliberalismo, Milton Friedman - um titulo adequado.” (p. 114)
113
Cotas nas universidades geram mais racismo
O PCC é um braço armado do PT
O bolsa-família só financia preguiçoso
O PT trouxe 50 mil haitianos para votar na Dilma nas últimas eleições
não respondeu / nenhum
1.20 1.20 1.10 1.20
concorda 70.90 53.20 60.40 42.60
não sei 6.30 17.90 5.30 29.20
não concorda 21.50 27.70 33.30 27.00
fonte: https://gpopai.usp.br/pesquisa/120415/ (Solano, Ortellado & Nader, 2016) em Tatagiba, Trindade e
Chaves Teixeira, 2015, p. 208-9
A reorganização da direita, traduzida na mobilização nas ruas, contou com o
engajamento de diversas instituições, dos templos cristãos neopentecostais à Polícia Federal e
ao Ministério Publico, cuja atuação possibilitou o fortalecimento da pauta anticorrupção na
sociedade como um todo. Até narrativas bíblicas em torno da corrupção moral tiveram no PT
seu principal alvo,104 contribuindo para a corrosão do partido entre setores populares. Ao
mesmo tempo, a experiência acumulada por grupos religiosos fundamentalistas na organização
da “Marcha por Jesus”, que segundo o Datafolha mobilizou 335 mil pessoas em 2012,
representando experiência organizativa maior que os protestos de 2013 (Redação Folha, 2016),
deu aos grupos neopentecostais experiência de mobilização superior a organizações como
MBL e Vem Pra Rua. Produto destas confluências, segundo Tatagiba e Galvão (2019),
expressou-se em pesquisa divulgada pelo Datafolha, em novembro de 2015 apontando que,
pela primeira vez, a corrupção foi eleita como principal problema pelos brasileiros (para 34%
dos entrevistados), deixando para trás temas tradicionais, como saúde (16% das menções
espontâneas), desemprego (8%) e educação (8%) (Datafolha, 2015)." (p. 28)
O papel da imprensa nas manifestações em prol do impeachment também foi bastante
ativo, o que contradiz a avaliação de Cocco (2015), para quem foi possível testemunhar “no
104 Esta ofensiva ideológica em parte baseou-se, segundo Tatagiba e Galvão (2019) na disseminação da Teologia
da Prosperidade, melhor expressa no crescimento das igrejas neopentecostais (p. 18-19).
114
dia 15 [de março de 2015], a mobilização de uma verdadeira indignação, espontânea e
horizontal, mas atravessada por um viés conservador, ou seja por um viés (que não acho que
seja tão majoritário como o governismo tenta dizer) que se preocupa mais com a corrupção
como desvio da regra do que como funcionamento mesmo de um sistema desigual.” O papel
de mobilização da imprensa tradicional (assim como das empresas que gerenciam redes sociais
na internet) relativiza o viés espontâneo descrito por Cocco.
A nova força adquirida pelo MP, PF e poder judiciário, produto das mobilizações
anticorrupção, possibilita uma mudança na correlação de forças do bloco no poder, levando ao
colapso da frente neodesenvolvimentista. Por meio da interação entre protestos de massas e
operações policiais e políticas contra o PT, amplamente cobertos pela mídia, a alta classe média
forçou o descolamento contínuo, de 2014 a 2016, dos setores burgueses que apoiavam o
governo. Este processo, longe de pacífico, incluiu além da prisão de importantes empresários,
a destruição da indústria naval e parte relevante da indústria de construção civil, assim como
de gás e petróleo.105
Enquanto as Jornadas de Junho não tiveram os movimentos anticorrupção como suas
organizações propulsoras, tendo os protestos se dividido a partir do dia 20 em distintas
perspectivas ideológicas (Singer, 2018), durante a segunda metade do ciclo de protestos que se
encerrara 2016, a mobilização anticorrupção foi politicamente mais dinâmica. Ao acumular
contradições entre os diferentes setores, classes e frações de classe, o projeto
neodesenvolvimentista colapsou sem grande resistência popular. Mais que a vontade de
dirigentes partidários e sindicais, a queda do governo Dilma, em última instância consequência
dos protestos de Junho, revelou os limites da política de conciliação de classes no país.
105 Segundo jornal Valor Econômico, por consequência da Operação Lava Jato, a “receita líquida das maiores
construtoras brasileiras encolheu 85% em 3 anos. Em 2015, as empresas faturaram R$ 71 bilhões. Em 2018,
apenas R$ 10,6 bilhões.” (Valor, 2019) Segundo o IEEP Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás e
Biocombustível, “em 2015 a força tarefa provocou a redução do equivalente a 2,0% do PIB em investimentos da
Petrobrás e a diminuição do equivalente a 2,8% do PIB em investimentos das construtoras e empreiteiras; em
2016 calcula-se que a Operação tenha sido responsável pelo encolhimento de 5,0% dos investimentos em
formação bruta de capital fixo no país, bem como reduziu em mais de R$ 100 bilhões o faturamento das empresas
arroladas na Lava Jato. A indústria naval, uma das mais afetadas, chegou a empregar 82.472 mil trabalhadores
em 2014, esse número caiu para 29.539 trabalhadores em 2018.” (INEEP, 2018)
115
Conclusão
Um argumento central na presente dissertação é que a transformação dos protestos de
junho de 2013 de um movimento por direito à cidade em mobilizações anticorrupção não era
inevitável. Mas eles ocorreram, e ao ocorrer, desestabilizaram a política de conciliação de
classes do PT. Tal perspectiva se contrapõem a aquela que ao rejeitar a capacidade de ação
relativamente autônoma das classes médias, reduz as mobilizações à mera manobra do grande
capital internacional. Segundo esta leitura, os protestos de junho, desde o início, teriam
representado uma conspiração voltada a tirar o PT do poder, sendo o MPL parte de um projeto
político contrario à esquerda. Polo oposto, ao identificar nas transformações ocorridas no
mundo do trabalho, em particular na expansão do setor de serviços, antagonismos que se
sobrepõem aos conflitos entre classes, entende junho como momento de quebra paradigmática
para os estudos de movimentos sociais. A pauta da anticorrupção, neste contexto, ganharia
caráter possivelmente progressivo, uma vez que viria a representar os anseios legítimos de
novos sujeitos. O presente trabalho buscou apresentar uma perspectiva alternativa, isto é, que
as manifestações de 2013, através de um processo de metamorfose política e social, evoluíram
de uma base policlassista - dirigida por grupos de esquerda descontentes com o reformismo
fraco do PT - para um assalto ao poder, de cima para baixo, da alta classe média, em muito
baseado na mobilização de massas de seus integrantes. Segundo esta hipótese, foi esta fração
de classe, também organizada no aparato estatal pela operação Lava Jato, que estimulou e
auxiliou a fração internacionalizada da burguesia a reorganizar o bloco no poder, reanimando
o neoliberalismo no Brasil.
O agravamento da crise de empregos de alta qualificação, somado ao encarecimento
dos serviços às unidades familiares, estimulou majoritariamente as classes médias às ruas,
porém esta classe não atuou de forma unificada. Nas pesquisas de opinião realizadas nos
protestos de rua em 2015-16, é possível identificar presença maior da alta classe média no polo
a favor do impeachment quando comparado aos setores que se mobilizaram pela democracia.
O elemento decisivo na divisão desta classe parece ter sido ideológico. Uma das frações de
classe média, ao não adotar a perspectiva meritocrática particular a sua localização de classe,
buscou se aliar aos setores populares contra o impeachment. Esta mesma divisão, em termos
distintos, colocou em polos opostos o movimento por direito à cidade e o movimento
116
anticorrupção em junho de 2013. Por outro lado, o presente trabalho identificou que os
elementos ideológicos antisindicais e antiestatais nas ideias políticas do MPL, identificáveis
também no site Passa Palavra, podem ter servido enquanto barreira a sua aproximação com as
classes trabalhadoras. Neste sentido, a composição social de classe média do grupo se
expressou em sua política de longo prazo, a despeito de seus objetivos estratégicos iniciais,
voltados às classes trabalhadoras.
Ao ocorrer em paralelo a uma serie de protestos internacionais em que a internet foi
instrumento organizacional, servido não só para divulgar ideias, mas também para mover
pessoas, os protestos brasileiros têm paralelos importantes com a Turquia e o Egito. Em ambos
os país, as manifestações marcaram primeiro uma abertura política dos regimes para em
seguida intensificarem medidas de exceção, com o retorno do exercito à presidência do Egito
e a militarização do regime turco. Em ambos os países, as liberdades democráticas
retrocederam quando comparadas ao período anterior aos protestos.
O ciclo de manifestações entre 2011 e 2016, como identificado no banco de dados de
eventos de protestos, revela 2013 como ponto alto de uma serie de mobilizações estudantis,
sindicais e populares. Será durante o inicio deste ciclo em São Paulo, principalmente ao longo
da campanha contra o aumento da tarifa em 2011, que se consolida o núcleo dirigente do MPL
que estimulou o início dos protestos de junho. Este processo acelera o acumulo de contradições
na frente política encabeçada pelo PT, que ao assumir a prefeitura de São Paulo em 2012, passa
a incentivar ao mesmo tempo a mobilização social e sua repressão pela polícia. Enquanto os
protestos de junho foram marcados por uma pluralidade de experiências distintas pelas cidades
do país, em São Paulo, Curitiba e Brasília, a articulação anticorrupção prevaleceu sobre os
movimentos sociais, estabelecendo novos ritmos à política nacional.
As mobilizações de rua ao longo da campanha pelo impeachment em 2015-16 levaram
à reorganização da direita no Brasil. Este processo, ancorado na articulação política da alta
classe média, devolveu à fração internacionalizada da burguesia a cabeceira do bloco no poder,
que ao longo dos governos petistas foi ocupada prioritariamente pelos setores internos da
economia. Mesmo que tenha resultado na restauração do neoliberalismo ortodoxo no Brasil, a
ofensiva da direita foi incapaz de desmobilizar o movimento grevista desencadeado pelos
protestos de 2013, principalmente no setor de serviços. A luz dos distintos ciclos de protestos
internacionais ocorridos entre 2011 e 2013, seria um exagero dizer que o movimento de junho
foi derrotado. Isto porque, a despeito de maior fragmentação da esquerda socialista e
autonomista, a exceção de alguns casos específicos centrados no Rio de Janeiro, não houve
117
repressão generalizada aos ativistas de 2013. A longo prazo, as consequências daqueles
protestos na correlação de forças entre as classes fundamentais segue aberta.
118
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HADDAD, Fernando. “Vivi na pele o que aprendi nos Livros” Revista Piaui, Edição 129, Rio
de Janeiro: 2017
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Outras medias
Acervo Globo, “Candidato em 1985, FH sentou na cadeira do prefeito de SP e perdeu a eleição”, O
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sentou-na-cadeira-do-prefeito-de-sp-perdeu-eleicao-19069894#ixzz5ijYvTtfE> Acesso em: 20 de
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DO VALE, Caio. “Alckmin descarta 'catraca livre' durante greve no Metrô” Estado de São
Paulo, 29/05/2014 Disponível em: https://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,alckmin-
descarta-catraca-livre-durante-greve-no-metro,1173453 Acesso em: 1 de agosto de 2019
Redação G1. “São Paulo, apuração por zona eleitoral” G1, 02/10/2016. Disponível em:
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FERREIRA, Paula. "Brasil tem quase 25 milhões de jovens de 14 a 29 anos fora da escola" O
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NOZAKI, William. Os impactos econômicos da Operação Lava Jato e o desmonte da
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<https://jornalggn.com.br/crise/ineep-os-impactos-economicos-da-operacao-lava-jato-e-o-
desmonte-da-petrobras/> Acesso em: 1 de agosto de 2019
Redação Brasil247. “Planejamento evitou confrontos no Recife” Brasil247, 2013 Disponível
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confrontos-no-Recife.html > Acesso em: 15 de outubro de 2017
Redação Terra. “PF acompanha protestos em SP; ministro da Justiça oferece ajuda” Portal
Terra, 2013 Disponível em < https://www.terra.com.br/noticias/brasil/policia/pf-acompanha-
protestos-em-sp-ministro-da-justica-oferece-
ajuda,fd850effe573f310VgnCLD2000000ec6eb0aRCRD.html> Acesso em: 15 de outubro de
2017
ROSSI, Marina. “MBL monta contraofensiva para desocupar escolas no Paraná”, El Pais
Brasil, 31/10/2016 Disponível em:
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<https://brasil.elpais.com/brasil/2016/10/29/politica/1477698231_566717.html> Acesso em:
20 de fevereiro de 2019
SACRAMENTO, Wagner., CARVALHO, João. “Uma quinta-feira para ficar marcada na
história do Recife” Jornal do Comércio, 2013. Disponível em
<https://jconline.ne10.uol.com.br/canal/cidades/geral/noticia/2013/06/19/uma-quinta-feira-
para-ficar-marcada-na-historia-do-recife-87203.php> Acesso em: 15 de outubro de 2017
VALENTI, Graziella; HIRATA, Taís. “Construtoras encolhem 85% em 3 anos” Valor
Econômico, 1/7/19 Disponível em: <
https://www.valor.com.br/empresas/6326143/construtoras-encolhem-85-em-3-anos > Acesso
em: 1 de agosto de 2019
Passa Palavra #transportes - janeiro de 2016 a 2014
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janeiro 30, 2016
Haddad quer diálogo Categoria Flagrantes Delitos
Passa Palavra Etiquetas: Transportes
janeiro 28, 2016
Considerações sobre o posicionamento da prefeitura diante da luta contra a tarifa
Categoria Brasil André Manfim Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes
janeiro 23, 2016
Formando novas lideranças Categoria Flagrantes Delitos
"Anonimo" Etiquetas: Burocratização, Transportes
janeiro 19, 2016
A irresistível centralidade da tática e os dilemas requentados
Categoria Ideias & Debates
Daniel Lage e Rodrigo Massatelli
Etiquetas: Extrema_esquerda, Reflexões, Transportes
janeiro 15, 2016
Ué, o MPL não tinha morrido? Categoria Brasil Paulo Motoryn Etiquetas: Ensino, Ocupações, Transportes
dezembro 17, 2015
Dança das cadeiras Categoria Brasil Passageira Etiquetas: Literatura, Reflexões, Transportes
dezembro 3, 2015
Tarifa Zero no Jardim Novo Horizonte Categoria PassaPalavraTV
passa palavra Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes
setembro 28, 2015
Goiânia: lições do triunfo da revolta popular na GO-070
Categoria Brasil grouxo marxista
Etiquetas: Transportes
setembro 23, 2015
democracia de base sem trabalho de base? Categoria PassaPalavraTV
Luta do Transporte no Extremo Sul
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes
setembro 17, 2015
17 SET 2015 (BR-SP) Moradores do Extremo Sul se acorrentam na SPTrans
Categoria Movimentos em Luta
sem assinatura Etiquetas: Repressão_e_liberdades, Transportes
agosto 30, 2015
Ferrodrama: reflexões sobre teatro e militância na Argentina
Categoria Cultura primo jonas Etiquetas: Repressão_e_liberdades, Teatro, Trabalho_e_sindicatos, Transportes
agosto 22, 2015
Bloco catraqueiro – 1° semana de luta contra o aumento – MPL BH – TZ – Ago/15
Categoria PassaPalavraTV
sem assinatura Etiquetas: Bairros_e_cidades, Outras_lutas, Transportes
agosto 22, 2015
• 25 AGO, 11 às 19h, BR Belo Horizonte Categoria Eventos 3° Ato contra o aumento da tarifa
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Outras_lutas, Transportes
agosto 22, 2015
22 AGOSTO 2015 (BR-MG) Nota do MPL-BH sobre o aumento das passagens
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
agosto 18, 2015
O MPL está em coma, mas ainda não morreu Categoria Brasil Tarifa Zero Goiânia
Etiquetas: Extrema_esquerda, Transportes
agosto 11, 2015
Conversa com Legume Lucas Categoria Brasil Cristina Daniels Etiquetas: Extrema_esquerda, Reflexões, Transportes
agosto 4, 2015
O Movimento Passe Livre acabou? Categoria Brasil Legume Lucas Etiquetas: Burocratização, Extrema_esquerda, Reflexões, Transportes
agosto 1, 2015
Existe solidariedade em SP Categoria Flagrantes Delitos
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Passa Palavra #transportes - janeiro de 2016 a 2014
julho 22, 2015
Quase batida de funk Categoria Flagrantes Delitos
passa palavra Etiquetas: Transportes
julho 20, 2015
Tarifa zero em Buenos Aires: luta na linha 60 Categoria Mundo Primo Jonas Etiquetas: Argentina, Trabalho_e_sindicatos, Transportes
julho 4, 2015 Até cair! Categoria Flagrantes Delitos
passa palavra Etiquetas: Transportes
julho 3, 2015 03 JULHO 2015 (BR-SP) Carta de desligamento do MPL-SP
Categoria Movimentos em Luta
Cristina Daniels e Rafael Beverari
Etiquetas: Transportes
junho 30, 2015
MPL, a ritualização da autonomia Categoria Brasil Fagner Enrique Etiquetas: Bairros_e_cidades, Extrema_esquerda, Reflexões, Transportes
junho 21, 2015
“Revolta popular: o limite da tática”, um documento pós-leninista?
Categoria Brasil Aldo Cordeiro Sauda
Etiquetas: Capitalismo, Extrema_esquerda, Juventude, Reflexões, Transportes
junho 17, 2015
A loira, o cabeludo e o (escroto) motorista Categoria Brasil Franciel Cruz Etiquetas: Bairros_e_cidades, Literatura, Transportes
junho 17, 2015
17 JUNHO 2015 (BR-BA) Carta-resposta do Tarifa Zero Salvador
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Transportes
junho 16, 2015
Metrô de Salvador opera há um ano com tarifa zero
Categoria Brasil Manolo Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes
maio 27, 2015
Com luta, moradores conquistam linhas de ônibus gratuitas no Extremo Sul de São Paulo
Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Bairros_e_cidades, Extrema_esquerda, Transportes
maio 25, 2015
25 MAIO 2015 (BR-SP) Moradores do Extremo Sul conquistam criação de linhas Tarifa Zero
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes
maio 23, 2015
23 MAIO 2015 (BR-SP) Moradores de Parelheiros recebem Haddad com protesto por transporte
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Transportes
maio 23, 2015
23 MAIO 2015 (BR-GO) Pela continuidade da meia-tarifa no Eixo e contra sua privatização!
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Trabalho_e_sindicatos, Transportes
maio 17, 2015
Passarinho guloso Categoria Flagrantes Delitos
passa palavra Etiquetas: Transportes
maio 16, 2015
Sem transporte, moradores organizam suas próprias linhas de ônibus no extremo sul de São Paulo
Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes
maio 12, 2015
12 MAIO 2015 (BR-SP) Moradores do Extremo Sul organizam três dias de “linhas populares” de ônibus
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes
abril 28, 2015 Aula da Extremo Sul: cadê o ônibus? Categoria PassaPalavraTV
Passa Palavra
Passa Palavra #transportes - janeiro de 2016 a 2014
abril 27, 2015 27 ABRIL 2015 (BR-SP) Moradores de Parelheiros interrompem aula de Haddad para exigir ônibus
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes
março 19, 2015
19 MARÇO 2015 (BR-SP) MPL-SP: Aula pública “Quem manda no nosso busão?”
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes
março 17, 2015
Goianésia: Tira os ônibus que eu paro a avenida Categoria Brasil "Anonimo" Etiquetas: Bairros_e_cidades, Ensino, Transportes
março 15, 2015
“Recebemos aviso prévio para 60 trabalhadores e avisamos: Não vai ser assim, não”
Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Greves, Repressão_e_liberdades, Trabalho_e_sindicatos, Transportes
março 3, 2015
03 MARÇO 2015 (BR-SP) Extremo Sul unido na luta por transporte conquista primeira vitória
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Transportes
março 3, 2015
Moradores do extremo sul de São Paulo lutam pela criação de linhas de ônibus
Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Bairros_e_cidades, Outras_lutas, Transportes
fevereiro 25, 2015
Sexta contra o aumento – 1ª Manifestação de Goiânia
Categoria PassaPalavraTV
Coma Livre Etiquetas: Transportes
fevereiro 12, 2015
Humor oscilante Categoria Flagrantes Delitos
passa palavra Etiquetas: Mídia/comunicação_social, Transportes
fevereiro 12, 2015
Por uma nova compreensão das Jornadas de Junho: formas descentralizadas de ação política e crítica ao “espontaneísmo” analítico
Categoria Ideias & Debates
Gustavo Fernandes
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Outras_lutas, Transportes
fevereiro 5, 2015
1ª Caminhada da Zona Oeste Contra o Aumento da Tarifa
Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Transportes
fevereiro 4, 2015
Resposta à matéria da CartaCapital Categoria Brasil Miguel Said Vieira
Etiquetas: Mídia/comunicação_social, Transportes
fevereiro 2, 2015
Mirando a estatística Categoria Flagrantes Delitos
Passa Palavra Etiquetas: Transportes
fevereiro 2, 2015
Democracia de base sem trabalho de base? Categoria Brasil Caio e Simone Etiquetas: Reflexões, Transportes
janeiro 31, 2015
Ato contra a tarifa no M’Boi Mirim Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Transportes
janeiro 30, 2015
Rádio Feira Livre no Butantã contra o aumento (São Paulo)
Categoria PassaPalavraTV
Coletivo de cobertura da luta contra a tarifa
Etiquetas: Transportes
janeiro 29, 2015
29 JANEIRO 2015 (BR-SP) Caminhada contra o aumento da tarifa no Grajaú
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Transportes
janeiro 28, 2015
Vídeos do 5º Grande Ato Contra o Aumento da Tarifa em São Paulo
Categoria PassaPalavraTV
Coletivo de cobertura da luta contra a tarifa
Etiquetas: Repressão_e_liberdades, Transportes
janeiro 26, 2015
Revolta popular contra a tarifa: notas sobre os limites da tática
Categoria Brasil Eugênio Varlino
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Outras_lutas, Transportes
Passa Palavra #transportes - janeiro de 2016 a 2014
janeiro 24, 2015
Vídeos do 4º Ato Contra a Tarifa em São Paulo Categoria PassaPalavraTV
MPL-SP transportes
janeiro 21, 2015
Chamada da população do Extremo Sul para a luta contra o aumento
Categoria PassaPalavraTV
Luta do Transporte no Extremo Sul
Etiquetas: Transportes
janeiro 17, 2015
São Paulo – 2º Grande Ato Contra a Tarifa Categoria PassaPalavraTV
Coletivo de Cobertura da Luta Contra a Tarifa
Etiquetas: Transportes
janeiro 16, 2015
16 JANEIRO 2015 (BR-SP) Nota do MPL-SP sobre articulação da prefeitura
Categoria Movimentos em Luta
MPL-SP Etiquetas: Transportes
janeiro 16, 2015
Enterro do transporte público Categoria PassaPalavraTV
Passa Palavra Etiquetas: Transportes
janeiro 14, 2015
Noroeste em Luta! – Atividade do MPL-SP Categoria PassaPalavraTV
passa palavra Etiquetas: Transportes
janeiro 13, 2015
13 JANEIRO 2015 (BR-SP) MPL-Guarulhos: PM defende empresários no 1º ato contra o aumento
Categoria Movimentos em Luta
MPL-Guarulhos
Etiquetas: Transport
janeiro 13, 2015
13 JANEIRO 2015 (BR-SP) MPL: Organize-se! Lute contra a tarifa no seu bairro!
Categoria Movimentos em Luta
MPL-SP Etiquetas: Transportes
janeiro 8, 2015
Uma nova onda de lutas contra o aumento da tarifa
Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Transportes
janeiro 6, 2015
Aula pública do MPL-SP abre a nova jornada de lutas contra o aumento da tarifa
Categoria PassaPalavraTV
Passa Palavra Etiquetas: Transportes
janeiro 6, 2015
Colocando aspas no “passe livre estudantil” – Aula Pública: Tarifa Zero Já!
Categoria Brasil passa palavra Etiquetas: Transportes
janeiro 5, 2015
05 JANEIRO 2015 (BR-SP) MPL: Aula pública sobre Tarifa Zero
Categoria Movimentos em Luta
MPL-SP Etiquetas: Transportes
janeiro 3, 2015
São Paulo sem condução Categoria Flagrantes Delitos
passa palavra Etiquetas: Transportes
dezembro 31, 2014
Passe livre estudantil: Perspectiva dos trabalhadores x perspectiva dos gestores (e dos patrões)
Categoria Brasil Fran e Dan Etiquetas: Transportes
dezembro 27, 2014
27 DEZEMBRO 2014 (BR-SP) MPL: 1º Grande Ato Contra a Tarifa
Categoria Movimentos em Luta
MPL-SP Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes
dezembro 20, 2014
20 DEZEMBRO 2014 (BR-SP) MPL-SP: Sobre aumentos e gratuidades
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Transportes
dezembro 16, 2014
Linha Popular: um novo horizonte Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Bairros_e_cidades, Saúde, Transportes
dezembro 15, 2014
15 DEZEMBRO 2014 (BR-SP) Bairros do Barragem na luta por transporte!
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes
dezembro 13, 2014
13 DEZEMBRO 2014 (BR-SP) Sem ônibus, moradores do Jd. Novo Horizonte, ZL, fazem “linha popular”
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes
dezembro 10, 2014
09 DEZEMBRO 2014 (BR-SP) Moradoras e moradores do Marsilac seguem na luta pelo busão!
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes
Passa Palavra #transportes - janeiro de 2016 a 2014
dezembro 2, 2014
02 DEZEMBRO 2014 (BR-SP) Bosque do Sol, Est. do Jusa e Pq. Oriente na luta pela criação da linha!
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes
novembro 20, 2014
Fortaleza, transporte eficiente para quem? Categoria Brasil Pedro Nacimento
Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
novembro 12, 2014
Em casa Categoria Flagrantes Delitos
Passa Palavra Etiquetas: Bairros_e_cidades, Reflexões, Transportes
outubro 28, 2014
Rumo à tarifa zero. Protesto não é crime! Categoria PassaPalavraTV
Etiquetas: Outras_lutas, Repressão_e_liberdades, Transportes
outubro 28, 2014
28 OUTUBRO 2014 (BR-SP) Noroeste em Movimento: Vai ter trem semana que vem?
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Transportes
outubro 14, 2014
14 OUTUBRO 2014 (BR-SP) Luta do Transporte no Extremo Sul: o Bosque do Sol luta por ônibus!
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes
outubro 9, 2014
09 OUTUBRO 2014 (BR-BA) Movimento pelo passe livre nos serviços de saúde mental
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Outras_lutas, Saúde, Transportes
outubro 5, 2014
ABC Cooperativa: empresa de ônibus gerida por seus trabalhadores
Categoria Mundo passa palavra Etiquetas: Trabalho_e_sindicatos, Transportes, Uruguai
setembro 8, 2014
08 SETEMBRO 2014 (BR-SP) Luta do Transporte no Extremo Sul: devolvam os ônibus da linha 5362-10!
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes
setembro 3, 2014
Uma flor no asfalto Categoria Flagrantes Delitos
passa palavra Etiquetas: Transportes
setembro 2, 2014
MPL-SP: Motoristas e cobradores demitidos após greve
Categoria PassaPalavraTV
Etiquetas: Trabalho_e_sindicatos, Transportes
agosto 24, 2014
25 anos de subordinação: o Edital de transportes de Salvador (parte 3)
Categoria Brasil Daniel Caribé Leia
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes
agosto 22, 2014
22 AGOSTO 2014 (BR-BA) PAREM DE NOS USAR: não fazemos parte da sua campanha eleitoral!
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Burocratização, Transportes
agosto 20, 2014
O vagão exclusivo de mulheres: pensar reivindicações e formas de organização
Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Burocratização, Sexualidade, Transportes
agosto 17, 2014
25 anos de subordinação: o Edital de transportes de Salvador (parte 2)
Categoria Brasil Daniel Caribé Leia
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes
agosto 10, 2014
25 anos de subordinação: o Edital de transportes de Salvador (parte 1)
Categoria Brasil Daniel Caribé Leia
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes
agosto 6, 2014
06 AGOSTO 2014 (BR-GO) Revolta Proletária e Estudantil: truculência policial no transporte coletivo
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Repressão_e_liberdades, Transportes
agosto 5, 2014
05 AGOSTO 2014 (BR-SP) Rede Extremo Sul: Jardim da União e Mangue Seco querem busão
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Transportes
Passa Palavra #transportes - janeiro de 2016 a 2014
agosto 5, 2014
25 anos de subordinação: o Edital de transportes de Salvador
Categoria Séries Daniel Caribé Leia
Etiquetas: Transportes
agosto 3, 2014
Onde vivem os editais Categoria Brasil Daniel Caribé Leia
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes
julho 27, 2014
27 JULHO 2014 (BR-SP) Todo apoio à luta dos motoristas e cobradores
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Trabalho_e_sindicatos, Transportes
julho 27, 2014
27 JULHO 2014 (BR-SP) Movimento Passe Livre contra o vagão rosa
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Transportes
julho 19, 2014
DOSSIÊ: Especial Transportes Categoria Dossiês, Ideias & Debates
passa palavra Etiquetas: Transportes
julho 1, 2014 01 JULHO 2014 (BR-SP) MPL-SP: Ato debate sobre criminalização dos movimentos sociais
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Repressão_e_liberdades, Transportes
junho 24, 2014
Agora só faltam 3 reais… e um imenso desafio Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Reflexões, Transportes
junho 20, 2014
Imagens do ato ‘Não vai ter tarifa’, do MPL-SP Categoria PassaPalavraTV
Etiquetas: Transportes
junho 19, 2014
19 JUNHO 2014 (BR-SP) Movimento Passe Livre realiza ato por tarifa zero – 19/06
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
junho 13, 2014
13 JUNHO 2014 (BR-SP) Moção de apoio aos metroviários
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Greves, Transportes
junho 7, 2014 São Paulo em cinco atos Categoria Séries Passa Palavra Etiquetas: Transportes
junho 7, 2014 DOSSIÊ: Jornadas de Junho Categoria Brasil, Dossiês
Passa Palavra Etiquetas: Outras_lutas, Reflexões, Transportes
junho 5, 2014 São Paulo: greve dos metroviários e catracaço dos usuários
Categoria Brasil passa palavra Etiquetas: Greves, Transportes
maio 30, 2014
30 MAIO 2014 (BR-SP) MPL-SP: Acorrentamento nesse momento na Secretaria de Segurança Pública
Categoria Movimentos em Luta, PassaPalavraTV
Etiquetas: Repressão_e_liberdades, Transportes
maio 27, 2014
Revolta popular: o limite da tática Categoria Ideias & Debates
Caio Martins e Leonardo Cordeiro
Etiquetas: Burocratização, Transportes
maio 27, 2014
27 MAIO 2014 (BR-BA) Tarifa Zero Salvador: Todo apoio aos rodoviários grevistas!
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Trabalho_e_sindicatos, Transportes
maio 27, 2014
De baixo para cima: a greve dos rodoviários em Salvador
Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Greves, Trabalho_e_sindicatos, Transportes
maio 24, 2014
Trair tudo, menos os patrões Categoria Flagrantes Delitos
passa palavra Etiquetas: Trabalho_e_sindicatos, Transportes
maio 23, 2014
23 MAIO 2014 (BR-GO) Urgente! Prisões políticas em Goiânia
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Repressão_e_liberdades, Transportes
Passa Palavra #transportes - janeiro de 2016 a 2014
maio 21, 2014
21 MAIO 2014 (BR-SP) MPL-SP: Todo apoio à luta dos motoristas e cobradores
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Greves, Transportes
maio 20, 2014
A economia das lutas do transporte Categoria Ideias & Debates
Dokonal Etiquetas: Economia, Reflexões, Transportes
maio 18, 2014
Sem choro nem vela: paralisações no transporte em Goiânia
Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Bairros_e_cidades, Greves, Repressão_e_liberdades, Trabalho_e_sindicatos, Transportes
maio 16, 2014
16 MAIO 2014 (BR-GO) Revolta Estudantil do Bandeiras: Apoio à greve dos motoristas
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Greves, Transportes
maio 13, 2014
Um “case” para refletir sobre governos e movimentos sociais. Ou a fórmula mágica da paz
Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Ocupações, Reflexões, Transportes
maio 13, 2014
13 MAIO 2014 (BR) Nota da Federação Nacional do Movimento Passe Livre sobre o sequestro da sigla “MPL”
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
maio 8, 2014 Verão quente no transporte coletivo Categoria Brasil Tarifa Zero Goiania
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes
abril 28, 2014 Moradores do Marsilac se acorrentam em frente à Prefeitura de São Paulo
Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
abril 28, 2014 28 ABRIL 2014 (BR-SP) Moradores de Marsilac: Por que estamos protestando aqui na Prefeitura
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Transportes
abril 25, 2014 25 ABRIL 2014 (BR-SP) Moradores do Marsilac convocam Haddad para reunião: linha de ônibus gratuita
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Transportes
abril 22, 2014 Goiânia: no Dia de Lutas Contra o Aumento da Tarifa o jogo terminou em 3 x 2
Categoria Brasil Fagner Enrique, Grouxo Marxista e Karina O.
Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
abril 12, 2014 Linha de ônibus organizada pelos moradores Categoria Brasil passa palavra Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes
abril 11, 2014 Luta contra o aumento em Goiânia: por baixo, por cima e pelos lados
Categoria Brasil Grouxo Marxista e Fagner Enrique
Etiquetas: Transportes
abril 11, 2014 11 ABRIL 2014 (BR-GO) Goiânia: panfletos locais do Dia de Luta Contra o Aumento
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes
abril 9, 2014 Chamada: Linha Popular Mambu – Marsilac Categoria PassaPalavraTV
as: Bairros_e_cidades, Transportes
abril 8, 2014 08 ABRIL 2014 (BR-SP) Luta do transporte no Extremo Sul: Linha popular tarifa zero Mambu–Marsilac
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes
Passa Palavra #transportes - janeiro de 2016 a 2014
abril 6, 2014 06 ABRIL 2014 (BR-GO) Frente de Luta Pelo Transporte: Nem um centavo a mais para as empresas!
Categoria Movimentos em Luta
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abril 1, 2014 São Paulo: a mobilidade urbana de uma cidade à beira do infarto
Categoria Brasil Lya Fichmann Etiquetas: Bairros_e_cidades, Reflexões, Transportes
março 31, 2014
31 MARÇO 2014 (BR-GO) Jataí: Carta de Reinvidicações do Movimento por Acessibilidade
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Ensino, Transportes
março 29, 2014
29 MARÇO 2014 (BR-GO) Invasão da reitoria da UFG por acessibilidade em Jataí e em Goiânia
Categoria Movimentos em Luta, PassaPalavraTV
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março 25, 2014
• 26 MARÇO, 10h30, BR Goiânia Categoria Eventos ato contra criminalização de manifestante
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março 25, 2014
25 MARÇO 2014 (BR-GO) Urgente! Ato contra criminalização de manifestante
Categoria Movimentos em Luta
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março 23, 2014
22 MARÇO 2014 (BR-GO) UFG – Jataí: Ato e paralisação por acessibilidade após morte de aluna
Categoria Movimentos em Luta
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março 16, 2014
16 MARÇO 2014 (BR-SC) Nota pública de repúdio à repressão policial em Blumenau
Categoria Movimentos em Luta
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março 8, 2014
08 MARÇO 2014 (BR-SP) MPL: Sobre inquéritos, intimações e investigações
Categoria Movimentos em Luta
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fevereiro 27, 2014
O lobo só é mau porque as ovelhas são mansas Categoria Brasil Fagner Torres Etiquetas: Repressão_e_liberdades, Transportes
fevereiro 15, 2014
Goiânia: mais uma manifestação a favor do transporte coletivo
Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Bairros_e_cidades, Outras_lutas, Repressão_e_liberdades, Transportes
fevereiro 12, 2014
O fantástico mundo do transporte ferroviário no Brasil
Categoria Brasil Thiago Matiolli Etiquetas: Transportes
fevereiro 11, 2014
Mesmo sob pressão, manifestantes voltam à rua no Rio de Janeiro
Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
fevereiro 9, 2014
09 FEVEREIRO 2014 (BR-RJ) MPL: Nota de repúdio à violência da PMERJ e a tentativa de criminalização dos movimentos sociais
Categoria Movimentos em Luta
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fevereiro 7, 2014
Rio de Janeiro e Goiânia: quinta-feira de manifestação e resistência
Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Repressão_e_liberdades, Transportes
janeiro 29, 2014
Ato do MPL começa pacífico e termina em catracaço no Rio
Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Transportes
janeiro 24, 2014
24 JANEIRO 2014 (BR-SP) MPL: Por que não vamos depor no DEIC – ou sobre intimações, inquéritos e investigações
Categoria Movimentos em Luta
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Passa Palavra #transportes - janeiro de 2016 a 2014
janeiro 23, 2014
Goiânia: o ônibus atrasa, mas o povo não espera Categoria Brasil "Um participante'
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janeiro 10, 2014
Mobilidade urbana como um problema Categoria Ideias & Debates
Legume Lucas Etiquetas: Transportes
janeiro 5, 2014
A revisão do Plano Diretor, participação popular e a proposta de mobilidade
Categoria Brasil Ivan Etiquetas: Bairros_e_cidades, Outras_lutas, Transportes
Passa Palavra #transportes - 2013
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dezembro 22, 2013
22 DEZEMBRO 2013 (BR-SP) Sobre as mobilizações no México
dezembro 22, 2013 Categoria Movimentos em Luta
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dezembro 21, 2013
Após solidariedade internacional, militantes do MPL são perseguidos no México
dezembro 21, 2013 Categoria Brasil
Etiquetas: México, Repressão_e_liberdades, Transportes
dezembro 21, 2013
Rio de Janeiro: fica o recado! dezembro 21, 2013 Categoria Brasil
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dezembro 11, 2013
11 DEZEMBRO 2013 (BR-RJ) MPL-Rio inicia jornada de luta contra o aumento
dezembro 11, 2013 Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Outras_lutas, Transp
dezembro 5, 2013
05 DEZEMBRO 2013 (BR-GO) Aparecida de Goiânia: perspectivas de luta na Região Metropolitana
dezembro 5, 2013 Categoria Movimentos em Luta
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dezembro 1, 2013
30 NOVEMBRO 2013 (BR-MT) Repressão e criminalização dos lutadores populares em Mato Grosso
dezembro 1, 2013 Categoria Movimentos em Luta
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dezembro 1, 2013
30 NOVEMBRO 2013 (BR-MT) Pedido de solidariedade financeira!
dezembro 1, 2013 Categoria Movimentos em Luta
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novembro 28, 2013
Quem manda na cidade em que você vive? novembro 28, 2013 Categoria PassaPalavraTV
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes
novembro 11, 2013
Goiânia: ameaças policiais no transporte novembro 11, 2013 Categoria Brasil
novembro 10, 2013
Salvador: ganhando por fora, perdendo por dentro
novembro 10, 2013 Categoria Brasil
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Reflexões, Transportes
novembro 4, 2013
Corte de linhas e os efeitos de uma decisão tomada sem consultar a população
novembro 4, 2013 Categoria Brasil
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes
novembro 1, 2013
Considerações sobre a criação da nova frente de luta de Goiânia
novembro 1, 2013 Categoria Ideias & Debates
Etiquetas: Reflexões, Transportes
outubro 26, 2013
Polícia encerra ato do MPL com agressão, lançamento de bombas e detenções
outubro 26, 2013 Categoria Brasil
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outubro 24, 2013
Denúncia da repressão policial na Marcha do Transporte
outubro 24, 2013 Categoria PassaPalavraTV
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outubro 24, 2013
24 OUTUBRO 2013 (BR-SP) Rede Extremo Sul: repressão policial na luta do transporte
outubro 24, 2013 Categoria Movimentos em Luta
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outubro 24, 2013
Periferia luta! Contra as catracas! Contra os despejos!
outubro 24, 2013 Categoria Brasil
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outubro 23, 2013
23 OUTUBRO 2013 (BR) Semana Nacional pelo Transporte Público
outubro 23, 2013 Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Transportes
outubro 21, 2013
21 OUTUBRO 2013 (BR-SP) MPL: protesto na M’Boi Mirim, agora!
outubro 21, 2013 Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Transportes
setembro 20, 2013
Primeiras Chamas: atos regionais das jornadas de junho
setembro 20, 2013 Categoria PassaPalavraTV
etas: Transportes
Passa Palavra #transportes - 2013
agosto 27, 2013
27 AGOSTO 2013 (BR-SP) MPL e outros apresentam denúncia pela repressão das manifestações de junho
agosto 27, 2013 Categoria Movimentos em Luta
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agosto 22, 2013
22 AGOSTO 2013 (BR-PE) Recife Resiste! O protesto pelo passe livre
agosto 22, 2013 Categoria Movimentos em Luta
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agosto 18, 2013
Luta do Transporte no Extremo Sul: Terminal Grajaú – A humilhação coletiva
agosto 18, 2013 Categoria PassaPalavraTV
etas: Outras_lutas, Transportes
agosto 16, 2013
16 AGOSTO 2013 (BR-MG) Assembleia Popular: Comunidade do Canela cerca ônibus da Presidente
agosto 16, 2013 Categoria Movimentos em Luta
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agosto 15, 2013
15 AGOSTO 2013 (BR-MG) Moradores de São Sebastião da Vitória: melhorias após ocupação
agosto 15, 2013 Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Ocupações, Transportes
agosto 13, 2013
São João Del Rei: Ocupação da prefeitura em luta pelo transporte
agosto 13, 2013 Categoria Brasil
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agosto 6, 2013
Quando as contas não batem agosto 6, 2013 Categoria Brasil
transportes
agosto 3, 2013
Goiânia: A reação das empresas de transporte agosto 3, 2013 Categoria Brasil
Etiquetas: Trabalho_e_sindicatos, Transportes
agosto 2, 2013
02 AGOSTO 2013 (BR-ES) MPL-GV: farsa da perícia incriminou ativista do MPL
agosto 2, 2013 Categoria Movimentos em Luta
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julho 31, 2013
Revolta/revolução julho 31, 2013 Categoria Ideias & Debates
Etiquetas: Juventude, Reflexões, Transportes
julho 24, 2013
Salvador: dando a volta no CAB junto com os governistas
julho 24, 2013 Categoria Brasil
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julho 24, 2013
24 JULHO 2013 (BR-BA) 1ª edição do diário de ocupação da Câmara Municipal de Salvador
julho 24, 2013 Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Ocupações, Transportes
julho 22, 2013
• 05 AGO, 18h, BR Rio de Janeiro julho 22, 2013 Categoria Eventos
Etiquetas: Calendário_AGOSTO_2013, Transportes
julho 21, 2013
Para o desânimo de quem canta o fracasso, o fim da tarifa zero em Hasselt nos anima
julho 21, 2013 Categoria Ideias & Debates
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julho 11, 2013
10 JULHO 2013 (BR-SP) MPL-SP: Onde estaremos no dia 11?
julho 11, 2013 Categoria Movimentos em Luta
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julho 6, 2013
(RS-POA) “Muitas casas da Avenida Tronco já estão no chão”
julho 6, 2013 Categoria PassaPalavraTV
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julho 6, 2013
(RS-POA) Para onde agora? Debate com Bloco de Lutas Pelo Transporte Público
julho 6, 2013 Categoria PassaPalavraTV
Etiquetas: Outras_lutas, Reflexões, Transportes
julho 4, 2013
04 JULHO 2013 (BR-SP) MPL: A farsa do “passe livre” estudantil.
julho 4, 2013 Categoria Movimentos em Luta
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Passa Palavra #transportes - 2013
julho 4, 2013
04 JULHO 2013 (BR-SC) Ocupação do Sindicato das Empresas de Transporte de Florianópolis
julho 4, 2013 Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Transportes
julho 3, 2013
03 JULHO 2013 (BR-SP) MPL: Nota sobre a situação dos detidos nos atos contra o aumento
julho 3, 2013 Categoria Movimentos em Luta
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julho 3, 2013
Salvador: 2 de Julho, dia do passe livre e de vaiar os governantes
julho 3, 2013 Categoria Brasil
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julho 1, 2013
01 JULHO 2013 (ET-CAIRO) Nós podemos cheirar o gás lacrimogênio do Rio e Taksim até Tahrir
julho 1, 2013 Categoria Movimentos em Luta
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julho 1, 2013
Aula Pública: Tarifa Zero e mobilização popular julho 1, 2013 Categoria PassaPalavraTV
Etiquetas: Transportes
junho 27, 2013
27 JUNHO 2013 (BR-BA) Carta Aberta do Movimento Passe Livre Salvador
junho 27, 2013 Categoria Movimentos em Luta
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junho 27, 2013
Repensar as lutas sociais à esquerda junho 27, 2013 Categoria Brasil
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junho 24, 2013
24 JUNHO 2013 (FRANÇA) Cancelamento do ato em Paris em apoio às manifestações no Brasil
junho 24, 2013 Categoria Movimentos em Luta
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junho 24, 2013
Uma nação em cólera: a revolta dos Coxinhas junho 24, 2013 Categoria Brasil
Etiquetas: Extrema_esquerda, Outras_lutas, Repressão_e_liberdades, Transportes
junho 24, 2013
Desafios da luta pelo Passe Livre, desafios da luta amanhã
junho 24, 2013 Categoria Brasil
Etiquetas: Nacionalismo, Transportes
junho 24, 2013
24 JUNHO 2013 (BR-SP) Carta aberta do MPL-SP à presidenta
junho 24, 2013 Categoria Movimentos em Luta
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junho 23, 2013
Manifestação contra o aumento – Rio de Janeiro 20 de junho de 2013
junho 23, 2013 Categoria PassaPalavraTV
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junho 23, 2013
Um relato das lutas em Salvador junho 23, 2013 Categoria Brasil
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junho 22, 2013
R$ 0,20 é só o começo. Manifestações na zona sul de São Paulo
junho 22, 2013 Categoria PassaPalavraTV
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junho 22, 2013
O povo nos acordou? A perplexidade da esquerda frente às revoltas
junho 22, 2013 Categoria Brasil
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junho 21, 2013
21 JUNHO 2013 (BR-SP) Rede Extremo Sul: R$ 0,20 é só o começo
junho 21, 2013 Categoria Movimentos em Luta
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junho 20, 2013
20 JUNHO 2013 (BR-RS) Porto Alegre: nota do Bloco de Lutas Pelo Transporte 100% Público
junho 20, 2013 Categoria Movimentos em Luta
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junho 20, 2013
Barramos! 15 anos em 15 dias junho 20, 2013 Categoria Brasil
Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
junho 20, 2013
A ofensiva das catracas e outras ofensivas junho 20, 2013 Categoria Brasil
Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
Passa Palavra #transportes - 2013
junho 20, 2013
Da ponte pra cá: a zona sul de São Paulo parou junho 20, 2013 Categoria PassaPalavraTV
Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
junho 20, 2013
19 JUNHO (BR-GO) Goiânia: Governos se antecipam e revogam aumento da tarifa
junho 20, 2013 Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Outras_lutas, Repressão_e_liberdades, Transportes
junho 19, 2013
Manifestações contra o aumento das passagens em Niterói e no Rio de Janeiro
junho 19, 2013 Categoria PassaPalavraTV
Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
junho 19, 2013
19 JUNHO 2013 (BR-SP) Rede Extremo Sul: periferia luta e a zona sul pára!
junho 19, 2013 Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
junho 19, 2013
19 JUNHO 2013 (BR-GO) O que é a Frente de Luta Contra o Aumento? O que queremos?
junho 19, 2013 Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Outras_lutas, Repressão_e_liberdades, Transportes
junho 19, 2013
Nos arredores dos grandes protestos e o cheiro de primavera
junho 19, 2013 Categoria Brasil
Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
junho 18, 2013
Relato de um cárcere: 68 longas horas junho 18, 2013 Categoria Brasil
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Repressão_e_liberdades, Transportes
junho 18, 2013
18 JUNHO 2013 (BR-SP) Rede Extremo Sul: A tomada das ruas
junho 18, 2013 Categoria Movimentos em Luta, PassaPalavraTV
Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
junho 18, 2013
Questão de matemática junho 18, 2013 Categoria Flagrantes Delitos
Etiquetas: Transportes
junho 18, 2013
Vídeos do 5º Grande Ato Contra o Aumento das passagens
junho 18, 2013 Categoria PassaPalavraTV
Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
junho 18, 2013
5º Ato: Hora de começar a pensar sobre a maior manifestação dos últimos tempos
junho 18, 2013 Categoria Brasil
Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
junho 18, 2013
São Paulo Chamas junho 18, 2013 Categoria Cultura
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Literatura, Transportes
junho 17, 2013
17 JUNHO 2013 (BR-SC) Florianópolis: Programe-se na luta contra a tarifa!
junho 17, 2013 Categoria Movimentos em Luta
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junho 17, 2013
Gente junho 17, 2013 Categoria Flagrantes Delitos
Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
junho 17, 2013
Por um vintém junho 17, 2013 Categoria Brasil
Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
junho 16, 2013
16 JUNHO 2013 (BR-SP) UNESP-FATEC: rodovias cortadas em Marília
junho 16, 2013 Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Ensino, Outras_lutas, Transportes
junho 16, 2013
Violência e pacifismo, ordem e desordem junho 16, 2013 Categoria Ideias & Debates
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junho 16, 2013
Recomeçar as lutas: 1º ato pelo passe livre em Salvador
junho 16, 2013 Categoria Brasil
Etiquetas: Repressão_e_liberdades, Transportes
Passa Palavra #transportes - 2013
junho 14, 2013
Vídeos do 4º Grande Ato Contra o Aumento em São Paulo
junho 14, 2013 Categoria PassaPalavraTV
Etiquetas: Outras_lutas, Repressão_e_liberdades, Transportes
junho 14, 2013
A novidade da recusa do MPL: uma vitória popular
junho 14, 2013 Categoria Brasil
Etiquetas: Outras_lutas, Repressão_e_liberdades, Transportes
junho 14, 2013
14 JUNHO 2013 (BR-SP) MPL-SP: Situação dos detidos nos atos contra o aumento da tarifa de 11/06
junho 14, 2013 Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Outras_lutas, Repressão_e_liberdades, Transportes
junho 14, 2013
4º grande ato: Haddad não revoga, MP não suspende, Alckmin solta a polícia nos manifestantes
junho 14, 2013 Categoria Brasil
Etiquetas: Repressão_e_liberdades, Transportes
junho 13, 2013
13 JUNHO 2013 (BR-SP) Movimento Passe Livre: Por que estamos nas ruas
junho 13, 2013 Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
junho 13, 2013
3º grande ato contra o aumento das passagens em São Paulo
junho 13, 2013 Categoria PassaPalavraTV
Etiquetas: Outras_lutas, Repressão_e_liberdades, Transportes
junho 12, 2013
12 JUNHO 2013 (BR-SP) Rede Extremo Sul: A luta contra o aumento das passagens
junho 12, 2013 Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Repressão_e_liberdades, Transportes
junho 12, 2013
3º ato: São Paulo para, Haddad viaja junho 12, 2013 Categoria Brasil
Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
junho 11, 2013
11 JUNHO 2013 (BR-SP) Movimento Passe Livre protocola pedido de reunião
junho 11, 2013 Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
junho 11, 2013
11 JUNHO 2013 (BR-RJ) Rio de Janeiro: nota sobre o terceiro ato contra o aumento da passagem
junho 11, 2013 Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
junho 11, 2013
Goiânia: suspenso o aumento da tarifa junho 11, 2013 Categoria Brasil
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Outras_lutas, Transportes
junho 11, 2013
Ações locais preparam terceiro grande ato contra o aumento em São Paulo
junho 11, 2013 Categoria Brasil
Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
junho 10, 2013
Vídeo do 2º Grande Ato Contra o Aumento em São Paulo
junho 10, 2013 Categoria PassaPalavraTV
etas: Outras_lutas, Transportes
junho 9, 2013
09 JUNHO 2013 (BR-SP) Nota pública do Movimento Passe Livre sobre a luta contra o aumento
junho 9, 2013 Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
junho 8, 2013
Manifestação pela redução das tarifas volta às ruas e paralisa Marginal Pinheiros
junho 8, 2013 Categoria Brasil
Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
junho 7, 2013
07 JUNHO 2013 (BR-SP) Nota de Esclarecimento do Movimento Passe Livre
junho 7, 2013 Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
junho 7, 2013
Vídeos da 1ª manifestação contra o aumento em São Paulo
junho 7, 2013 Categoria PassaPalavraTV
Outras_lutas, Transportes
junho 7, 2013
Batalha no centro: primeiro grande ato contra a tarifa em São Paulo
junho 7, 2013 Categoria Brasil
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Outras_lutas, Transportes
Passa Palavra #transportes - 2013
junho 7, 2013
07 JUNHO 2013 (BR-SP) Depois da repressão da PM, MPL convoca novo ato na 6ª-feira
junho 7, 2013 Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
junho 6, 2013
06 JUNHO 2013 (BR-RJ) Nota sobre o ato contra o aumento da passagem no Rio de Janeiro
junho 6, 2013 Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
junho 6, 2013
06 JUNHO 2013 (BR-SP) MPL: ato contra o aumento das passagens de ônibus nesta 5ª (atualizado)
junho 6, 2013 Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
junho 5, 2013
Chamada para ato contra o aumento das passagens em São Paulo
junho 5, 2013 Categoria PassaPalavraTV
Etiquetas: Transportes
junho 5, 2013
04 JUNHO 2013 (BR-SP) Rede Extremo Sul: O transporte público e as lutas – aumento de passagem
junho 5, 2013 Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Transportes
junho 3, 2013
03 JUNHO 2013 (BR-SP) Protesto contra o aumento de tarifa bloqueia a M’Boi Mirim
junho 3, 2013 Categoria Movimentos em Luta
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maio 29, 2013
29 MAIO 2013 (BR-SP) Ato contra o aumento da tarifa queima catraca no terminal do Pq. D. Pedro
maio 29, 2013 Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
maio 29, 2013
28 MAIO 2013 (BR-GO) Goiânia: Comunicado Emergencial da Frente Contra o Aumento
maio 29, 2013 Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
maio 28, 2013
28 MAIO 2013 (BR-GO) Goiânia: Denúncia da Frente contra o Aumento sobre perseguição
maio 28, 2013 Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Repressão_e_liberdades, Transportes
maio 27, 2013
27 MAIO 2013 (BR-SP) Ato contra o aumento invade Terminal Pirituba
maio 27, 2013 Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes
maio 23, 2013
Goiânia: Plateia invade o teatro do aumento da tarifa
maio 23, 2013 Categoria Brasil
Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
maio 13, 2013
13 MAIO 2013 (BR-SP) Rede Extremo Sul: O trem e a revolta da periferia
maio 13, 2013 Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Transportes
maio 13, 2013
13 MAIO 2013 (BR-GO) “Mais caro que a pamonha” – Protesto contra o aumento da passagem
maio 13, 2013 Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
maio 13, 2013
“Mais caro que a pamonha” – Protesto contra o aumento da passagem em Goiânia
maio 13, 2013 Categoria PassaPalavraTV
Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
maio 10, 2013
Goiânia: Protesto contra aumento da passagem fecha a rua e abre caminhos
maio 10, 2013 Categoria Brasil
Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
maio 5, 2013
“A gente não é cachorro não” – greve dos motoristas em Goiânia
maio 5, 2013 Categoria PassaPalavraTV
Etiquetas: Greves, Transportes
abril 28, 2013
28 ABRIL 2013 (BR-GO) Goiânia: Informativo e manifestação da Frente Contra o Aumento da Passagem
abril 28, 2013 Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Transportes
abril 15, 2013
Reflexões sobre o Bilhete Mensal abril 15, 2013 Categoria Brasil
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes
abril 13, 2013
13 ABRIL 2013 (BR-SP) Contra o corte de linhas na Cidade Universitária
abril 13, 2013 Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Ensino, Transportes
Passa Palavra #transportes - 2013
janeiro 21, 2013
21 JANEIRO 2013 (BR-SP) Grupo exige melhores condições de transporte em Prudente
janeiro 21, 2013 Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Transportes
janeiro 20, 2013
São Paulo: região metropolitana fervendo, contra todos os aumentos!
janeiro 20, 2013 Categoria Brasil
Etiquetas: Repressão_e_liberdades, Transportes
janeiro 19, 2013
19 JANEIRO 2013 (BR-SP) Santo André: manifestação contra aumento das tarifas: 9 detidos, 15 feridos
janeiro 19, 2013 Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Repressão_e_liberdades, Transportes
janeiro 18, 2013
18 JANEIRO 2013 (BR-PE) Catracaço em Recife
janeiro 18, 2013 Categoria Movimentos em Luta, PassaPalavraTV
Etiquetas: Transportes
janeiro 7, 2013
07 JANEIRO 2013 (BR-PE) Recife – A cidade não se cala: ação contra o aumento das passagens
janeiro 7, 2013 Categoria Movimentos em Luta, PassaPalavraTV
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes
janeiro 5, 2013
05 JANEIRO 2013 (BR-SP) Manifestação contra o aumento da tarifa em Mauá/SP
janeiro 5, 2013 Categoria Movimentos em Luta
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Passa Palavra #transportes - 2012 a 2009
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dezembro 29, 2012
29 DEZEMBRO 2012 (BR-SP) Franco da Rocha: movimento contra o aumento da passagem
Categoria Movimentos em Luta
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dezembro 5, 2012
05 DEZEMBRO 2012 (BR-RJ) Novo ato contra o aumento das passagens de ônibus no Rio
Categoria Movimentos em Luta, PassaPalavraTV
Etiquetas: Transportes
novembro 22, 2012
Tá lá o corpo estendido no chão Categoria Cultura Paola Camargo
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novembro 7, 2012
A catraca: uma questão estética Categoria Brasil Legume Lucas Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
outubro 23, 2012
22 OUTUBRO 2012 (BR-SP) Pronunciamento do Secretário das Tarifas: Dia de Luta pelo Passe Livre
Categoria Movimentos em Luta, PassaPalavraTV
Etiquetas: Transportes
outubro 13, 2012
O virtual e o real Categoria Flagrantes Delitos
Passa Palavra Etiquetas: Reflexões, Transportes
outubro 2, 2012
02 OUTUBRO 2012 (BR-SP) MPL lança jornal Passe 5
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Transportes
setembro 29, 2012
Tudo por causa do Troféu Catraca Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Repressão_e_liberdades, Transportes
setembro 29, 2012
29 SETEMBRO 2012 (BR-SP) Companhia Teatral Servos do Barão: entrega do Troféu Catraca
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Transportes
setembro 20, 2012
A população do M’Boi Mirim voltou a se manifestar
Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
setembro 19, 2012
19 SETEMBRO 2012 (BR-SP) Fórum de Transportes do Fundão faz ato agora na M’Boi Mirim!
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Outras_lutas, Transportes
setembro 11, 2012
Tarifa Zero: teses contrárias e repente Categoria Cultura Servos da Catraca, Grêmio Estudantil Bertold Brecht, MPL e Helena Zelic.
Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
agosto 6, 2012
Debate ‘Tarifa Zero: uma realidade possível’ Categoria Ideias & Debates
Etiquetas: Transportes
agosto 6, 2012
Anúncio da transmissão do debate ‘Tarifa Zero’ Categoria Uncategorized
Tarifa Zero Etiquetas: Transportes
junho 10, 2012
Da Revolta do Buzu aos dias atuais Categoria Brasil Robson Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
maio 28, 2012
27 MAIO 2012 (BR-SP) Rede Extremo Sul: Sobre a greve dos metroviários
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Transportes
maio 24, 2012
Catracas liberadas? Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Greves, Trabalho_e_sindicatos, Transportes
Passa Palavra #transportes - 2012 a 2009
maio 24, 2012
23 MAIO 2012 (BR-GO) Polícia reprime ato contra aumento da tarifa
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Repressão_e_liberdades, Transportes
maio 23, 2012
Greve dos metroviários em São Paulo Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Greves, Transportes
maio 22, 2012
A catraca iremos pular, R$ 2,70 não vamos aceitar!
Categoria Brasil Tarifa Zero Goiânia
Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
maio 7, 2012 07 MAIO 2012 (BR-SP) Transporte 24h: Por que só na Virada Cultural?
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
abril 10, 2012 Um avanço nas revoltas de trabalhadores humilhados pela CPTM
Categoria Brasil Ronan Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes
abril 3, 2012 02 ABRIL 2012 (BR-SP) Quebrar catraca não é crime, crime é ter catraca – Nota de apoio à revolta dos usuários da CPTM
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Repressão_e_liberdades, Transportes
março 20, 2012
20 MARÇO 2012 (BR-PB) Estudante é acusado de ‘terrorismo’ durante atos contra aumento tarifário
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Repressão_e_liberdades, Transportes
março 14, 2012
O espetáculo na inauguração do terminal Garavelo em Aparecida de Goiânia
Categoria Brasil Tarifa Zero Goiânia
Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
fevereiro 24, 2012
O trem das onze já não sai mais Categoria Brasil Legume Lucas Etiquetas: Música, Reflexões, Transportes
fevereiro 2, 2012
Repressão dos protestos contra o aumento das passagens em Recife. Eduardo Campos (PSB), em qual grande político o senhor se inspira: Médici ou Mussolini? (2ª parte)
Categoria Brasil Revocultura Etiquetas: Repressão_e_liberdades, Transportes
janeiro 22, 2012
Repressão dos protestos contra o aumento das passagens em Recife. Eduardo Campos (PSB), em qual grande político o senhor se inspira: Médici ou Mussolini?
Categoria Brasil Revocultura Etiquetas: Repressão_e_liberdades, Transportes
novembro 14, 2011
De individual a coletivo: a paralisação da linha verde em Campinas
Categoria Brasil Ronan Etiquetas: Greves, Transportes
novembro 9, 2011
As catracas da Saúde Categoria Brasil Ana Manhani e Legume Lucas
Etiquetas: Saúde, Transportes
outubro 17, 2011
17 OUTUBRO 2011 (BR-PR) 26 de outubro: Dia Nacional de Luta do Passe Livre
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
outubro 9, 2011
Teses sobre a Revolta do Buzu – 3ª Parte Categoria Ideias & Debates
Manolo Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
outubro 3, 2011
Teses sobre a Revolta do Buzu – 2ª Parte Categoria Ideias & Debates
Manolo Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
setembro 25, 2011
Teses sobre a Revolta do Buzu – 1ª Parte Categoria Ideias & Debates
Manolo Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
setembro 25, 2011
Teses sobre a Revolta do Buzu Categoria Séries Manolo Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
agosto 16, 2011
O trânsito nas filas da saúde Categoria Brasil Ana Manhani Etiquetas: Saúde, Transportes
Passa Palavra #transportes - 2012 a 2009
agosto 16, 2011
O Movimento Passe Livre São Paulo e a Tarifa Zero
Categoria Brasil Legume Lucas e Mariana Toledo
Etiquetas: Outras_lutas, Transp
agosto 16, 2011
Sair do roteiro: obrigação de quem quer vencer Categoria Ideias & Debates
Manolo Etiquetas: Transportes
agosto 16, 2011
Ir e vir e olhar e ouvir Categoria Ideias & Debates
José Calixto Etiquetas: Transportes
agosto 16, 2011
DOSSIÊ: Campanha pela Tarifa Zero Categoria Dossiês MPL-SP Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
junho 25, 2011
Saber é foder Categoria Flagrantes Delitos
Passa Palavra Etiquetas: Transportes
maio 10, 2011
10 MAIO 2011 (BR-SC) Florianópolis: ocupação de 24 horas do Ticen
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Ocupações, Transportes
maio 9, 2011 • 12 e 13 MAI, BR Florianópolis Categoria Eventos ocupação do terminal do Centro
Etiquetas: Ocupações, Transportes
abril 27, 2011 [Vídeo e artigo] Florianópolis contra a tarifa Categoria Brasil, PassaPalavraTV
Doc Dois Filmes, Passa Palavra
Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
abril 26, 2011 26 ABRIL 2011 (BR-SC) [Florianópolis] Panfleto da Frente de Luta pelo Transporte Público
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Transportes
abril 23, 2011 23 ABRIL 2011 (BR-SC) [Florianópolis] Carta da Frente de Luta pelo Transporte Público
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Transportes
abril 15, 2011 15 ABRIL 2011 (BR-SP) Da luta contra o aumento à conquista da Tarifa Zero
Categoria Movimentos em Luta
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março 29, 2011
MPL: se construiu uma forte unidade na ação Categoria Brasil passa palavra Etiquetas: Bairros_e_cidades, Outras_lutas, Transportes
março 19, 2011
Denúncias pelos olhos de quem? Categoria Flagrantes Delitos
Passa Palavra Etiquetas: Transportes
março 17, 2011
17 MARÇO 2011 (BR-SP) Carta aberta aos Moradores e Moradoras da Região da M’Boi Mirim
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
março 16, 2011
• 17 MAR, 17h00, BR São Paulo Categoria Eventos 9o Grande ato contra o aumento do ônibus
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Calendário_MARÇO_2011, Transportes
março 16, 2011
Kassab queimado Categoria Brasil passa palavra Etiquetas: Bairros_e_cidades, Outras_lutas, Transportes
março 10, 2011
O aumento também chegou aqui Categoria Brasil passa palavra Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
março 8, 2011
Para onde vai a luta contra o aumento? Categoria Brasil passa palavra Etiquetas: Bairros_e_cidades, Outras_lutas, Transportes
março 7, 2011
Moradores de M’Boi Mirim protestam por um transporte público de qualidade
Categoria PassaPalavraTV
passa palavra etas: Transportes
Passa Palavra #transportes - 2012 a 2009
março 6, 2011
Perdido na Poluída Pólis (3ª Parte) Categoria Cultura Hugo Scabello de Mello
Etiquetas: Literatura, Transportes
fevereiro 27, 2011
Perdido na Poluída Pólis (2ª Parte) Categoria Cultura Hugo Scabello de Mello
Etiquetas: Literatura, Transportes
fevereiro 23, 2011
23 FEVEREIRO 2011 (BR-SC) Nota da Frente de Luta pelo Transporte Público de Florianópolis
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Transportes
fevereiro 23, 2011
Corrente contra Catracas Categoria Brasil passa palavra Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes
fevereiro 20, 2011
Perdido na Poluída Pólis Categoria Cultura, Séries
Hugo Scabello de Mello
Etiquetas: Literatura, Transportes
fevereiro 20, 2011
Perdido na Poluída Pólis (1ª Parte) Categoria Cultura Hugo Scabello de Mello
Etiquetas: Literatura, Transportes
fevereiro 19, 2011
18 FEVEREIRO 2011 (BR-SP) MPL: Nota de esclarecimento sobre o dia 17 de fevereiro
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Repressão_e_liberdades, Transportes
fevereiro 17, 2011
17 FEVEREIRO 2011 (BR-SP) Movimento Social acorrentado AGORA na Prefeitura de SP- contra o aumento das passagens de ônibus
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Transportes
fevereiro 17, 2011
16 FEVEREIRO 2011 (BR-SP) Carta Aberta do Movimento Passe Livre de São Paulo
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes
fevereiro 16, 2011
Vencemos um mito! Categoria Brasil passa palavra Etiquetas: Bairros_e_cidades, Outras_lutas, Transportes
fevereiro 16, 2011
• 18 FEV, BR São Paulo Categoria Eventos ato contra o aumento da tarifa no Grajaú
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Calendário_FEVEREIRO_2011, Transportes
fevereiro 16, 2011
• 17 FEV, BR São Paulo Categoria Eventos 6o grande ato contra o aumento da tarifa
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes
fevereiro 16, 2011
• 16 FEV, BR São Paulo Categoria Eventos 2o ato contra o aumento da tarifa em Pinheiros
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes
fevereiro 9, 2011
A volta das escolas Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Bairros_e_cidades, Outras_lutas, Transportes
fevereiro 8, 2011
• 10 FEV, BR São Paulo Categoria Eventos 5o Grande ato contra o aumento da tarifa
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes
fevereiro 8, 2011
• 09 FEV, BR São Paulo Categoria Eventos Ato contra o aumento da tarifa em Pinheiros
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes
Passa Palavra #transportes - 2012 a 2009
fevereiro 8, 2011
• 12 FEV, BR São Paulo Categoria Eventos audiencia publica sobre o aumento da tarifa
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes
fevereiro 2, 2011
02 FEVEREIRO 2011 (BR-RS) Porto Alegre: Cuidado Povo!
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Transportes
janeiro 29, 2011
• 02 FEV, BR São Paulo Categoria Eventos Ato contra o aumento de ônibus em frente à câmara
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes
janeiro 29, 2011
• 03 FEV, BR São Paulo Categoria Eventos 4o grande ato contra o aumento do ônibus
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes
janeiro 29, 2011
29 JANEIRO 2011 (BR) Carta do MPL ao poder legislativo da cidade de São Paulo
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes
janeiro 29, 2011
E foi maior! Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Bairros_e_cidades, Tra
janeiro 26, 2011
457 anos de festa? De luta! Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes
janeiro 23, 2011
• 28 JAN, BR São Paulo Categoria Eventos Bicicletada contra o aumento do preço do ônibus
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes
janeiro 23, 2011
• 27 JAN, BR São Paulo Categoria Eventos 3o grande ato contra o aumento do ônibus
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes
janeiro 21, 2011
Contra o aumento da tarifa de ônibus: 4 mil saem às ruas em São Paulo
Categoria Brasil passa palavra Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes
janeiro 14, 2011
(Vídeo e Artigo) Ato contra o aumento da tarifa é reprimido
Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Bairros_e_cidades, Repressão_e_liberdades, Transportes
janeiro 14, 2011
• 20 JAN, BR São Paulo Categoria Eventos segundo grande ato contra o aumento de tarifa
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes
Passa Palavra #transportes - 2012 a 2009
janeiro 14, 2011
• 18 JAN, BR São Paulo Categoria Eventos flash mob contra o aumento do ônibus no Terminal Bandeira
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes
janeiro 3, 2011
03 JANEIRO 2011 (BR-BA) Salvador: manifestações contra aumento de ônibus 15h na Rótula do Abacaxi
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Transportes
dezembro 30, 2010
• 13 JAN, 17h00, BR São Paulo Categoria Eventos ato contra o amento da tarifa de ônibus
Etiquetas: Calendário_JANEIRO_2011, Transportes
dezembro 29, 2010
Rumo à tarifa impossível Categoria Brasil passa palavra Etiquetas: Bairros_e_cidades, Tr
dezembro 22, 2010
Começa a luta contra o Aumento Categoria Brasil Passa palavra Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes
dezembro 21, 2010
21 DEZEMBRO 2010 (BR-SC) Joinville: Por um transporte público de verdade
Categoria Movimentos em Luta
Etiquetas: Transportes
novembro 10, 2010
Com a delicadeza de um cavalo Categoria Flagrantes Delitos
passa palavra Etiquetas: Transportes
setembro 20, 2010
Florianópolis: fotos dos atos da semana e do lançamento do documentário «Impasse»
Categoria PassaPalavraTV
Hans Denis Schneider, Ivanir França, Yuri Gama e Passa Palavra
Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
setembro 17, 2010
Um brinde às concessões Categoria Flagrantes Delitos
passa palavra Etiquetas: Transportes
setembro 17, 2010
«Impasse» em Florianópolis Categoria Brasil Victor Khaled Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
junho 9, 2010 (Florianópolis) Quinta semana de luta: novas táticas e intervenções
Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
junho 1, 2010 Polícia Militar reprime manifestação na Avenida Belmira Marin
Categoria Brasil Rodrigo Andrade
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Repressão_e_liberdades, Transportes
maio 31, 2010
(Vídeo e texto) Florianópolis: resistência se mantém viva após 3 semanas de mobilização
Categoria Brasil, PassaPalavraTV
Passa Palavra Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
maio 25, 2010
A construção de uma ideia Categoria Brasil Bruno Isidoro Pereira
Etiquetas: Juventude, Transportes
maio 25, 2010
Florianópolis: atos descentralizados dão novo fôlego à resistência
Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
maio 21, 2010
Florianópolis: tensão e possibilidades de vitória Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
maio 19, 2010
Grande Ato Contra o Aumento de Tarifas 20/05 Categoria PassaPalavraTV
apocrifo Etiquetas: Transportes
Passa Palavra #transportes - 2012 a 2009
maio 19, 2010
A população que passa por baixo Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Transportes
maio 17, 2010
17 MAIO 2010 (BR-SC) Florianópolis: Chega de aumento! Chega de catraca! Chega de tarifa!
Categoria Movimentos em Luta
apocrifo Etiquetas: Transportes
maio 17, 2010
17 MAIO 2010 (BR-SC) Florianópolis: carta aberta da Frente de Luta pelo Transporte Público
Categoria Movimentos em Luta
Frente de Luta pelo Transporte Público
Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
maio 17, 2010
Florianópolis: grande ato encerra semana de luta contra o aumento
Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
maio 17, 2010
Catracation Categoria PassaPalavraTV
Frente de Luta pelo Transporte Público
Etiquetas: Ocupações, Transportes
maio 13, 2010
Florianópolis: manifestantes se acorrentam na sede do Setuf
Categoria Brasil Passa Palavra, TarifaZero.Org
Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
maio 13, 2010
13 MAIO 2010 (BR-SC) Frente de Luta pelo Transporte Público de Florianópolis: manifestantes se acorrentam no Setuf
Categoria Movimentos em Luta
Frente de Luta pelo Transporte Publico
Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
maio 12, 2010
(Vídeo e relato) Florianópolis: segundo dia de manifestações
Categoria Brasil Passa Palavra, Sarcastico.com.br
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes
maio 12, 2010
Florianópolis 2010: luta contra o aumento das tarifas do transporte
Categoria Dossiês Passa Palavra Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes
maio 10, 2010
Florianópolis viverá uma nova Revolta da Catraca? [*]
Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Bairros_e_cidades, Outras_lutas, Transportes
maio 8, 2010 08 MAIO 2010 (BR-SC) Frente de Luta pelo Transporte Público: manifestação marca o primeiro dia de resistência ao aumento das tarifas do transporte público em Florianópolis
Categoria Movimentos em Luta
Frente de Luta pelo Transporte Público
Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
março 14, 2010
2,45 é roubo! Pixe y Lute! Categoria PassaPalavraTV
Coletivo Muralha Rubro Negra
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes
março 6, 2010
Revolução nos transportes? Categoria Flagrantes Delitos
Passa Palavra Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes
março 1, 2010
Manifestantes estendem faixa contra o aumento em São Paulo
Categoria PassaPalavraTV
Arte Contra o Aumento
Etiquetas: Arte, Outras_lutas, Transportes
fevereiro 12, 2010
12 FEVEREIRO 2010 (BR-SP) Artistas, ativistas e demais indignados: Chamado para ação!
Categoria Movimentos em Luta
http://www.arte.barraroaumento.org/
Etiquetas: Arte, Bairros_e_cidades, Outras_lutas, Transportes
Passa Palavra #transportes - 2012 a 2009
fevereiro 11, 2010
11 FEVEREIRO 2010 (BR-SP) Movimento Passe Livre acorrentado contra o aumento (atualizado)
Categoria Movimentos em Luta
MPL-SP Etiquetas: Ocupações, Transportes
fevereiro 6, 2010
06 FEVEREIRO 2010 (BR-ES) MPL Vitória ocupa a sede das empresas de transporte
Categoria Movimentos em Luta
Ocupação da SETPES
Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
fevereiro 1, 2010
E o transporte é público em São Paulo. Né? Categoria PassaPalavraTV
Rede Contra o Aumento da Tarifa
Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes
janeiro 27, 2010
Contra o aumento e a inundação Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
janeiro 19, 2010
Manifestação contra o aumento da tarifa em São Paulo (14/01)
Categoria PassaPalavraTV
Passa Palavra Etiquetas: Transportes
janeiro 15, 2010
“Barrar esse aumento será inevitável” [*] Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
janeiro 15, 2010
Ato da Rede contra o Aumento Categoria PassaPalavraTV
Lucas Duarte de Souza
Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
janeiro 7, 2010
Abrir portas, fechar ruas, construir caminhos Categoria Brasil Legume Lucas Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
janeiro 4, 2010
“Aumentou o ônibus, você viu?” Categoria Flagrantes Delitos
Passa Palavra Etiquetas: Transportes
dezembro 29, 2009
29 DEZEMBRO 2009 – (BR-SP) Rede Contra o Aumento da Tarifa: Não engula o aumento!
Categoria Movimentos em Luta
Rede Contra o Aumento da Tarifa
Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
dezembro 1, 2009
01 DEZEMBRO 2009 – (BR-DF) Nota do Movimento Passe Livre
Categoria Movimentos em Luta
MPL-SP Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
novembro 25, 2009
25 NOVEMBRO 2009 – (BR-SP) MPL: Jornal Passe nº 4
Categoria Movimentos em Luta
MPL-SP Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
novembro 19, 2009
19 NOVEMBRO 2009 – (BR-SP) Por um transporte público de verdade!
Categoria Movimentos em Luta
Rede Contra o Aumento da Tarifa
Etiquetas: Transportes
novembro 12, 2009
15 NOV, BR São Paulo Categoria Eventos MPL-SP Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
novembro 5, 2009
07 NOV (sab), 14h, BR São Paulo Categoria Eventos MPL-SP Etiquetas: Calendário_NOVEMBRO_2009, Transportes
outubro 28, 2009
MPL acorrentado na Secretaria de Transportes de São Paulo
Categoria PassaPalavraTV
Passa Palavra Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
outubro 27, 2009
Entre catracas e correntes Categoria Movimentos em Luta
MPL-SP Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
outubro 26, 2009
26 OUTUBRO 2009 – (BR-SP) Movimento Passe Livre acorrentado na secretaria de transporte
Categoria Movimentos em Luta
MPL-SP Etiquetas: Transportes
outubro 15, 2009
15 OUTUBRO 2009 – (BR-RJ) FARJ: Ação Direta na Supervia e a precariedade do serviço de transporte no Rio de Janeiro
Categoria Movimentos em Luta
FARJ Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
outubro 7, 2009
De cliente a súdito: o regime da CPTM Categoria Brasil Ronan Etiquetas: Repressão_e_liberdades, Transportes
Passa Palavra #transportes - 2012 a 2009
setembro 24, 2009
24 SETEMBRO 2009 – (BR-SP) MPL: Jornal «Passe» nº 3
Categoria Movimentos em Luta
MPL-SP Etiquetas: Transportes
setembro 9, 2009
08 SETEMBRO 2009 – (BR) TarifaZero.org – no ar!
Categoria Movimentos em Luta
tarifazero.org Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
agosto 8, 2009
“Tarifa não precisa pagar custo de transporte” Categoria Brasil camarada d. Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes
julho 21, 2009
“Eu sonho com que, um dia, essas empresas sejam municipalizadas”
Categoria Brasil camarada d. Etiquetas: Greves, Transportes
julho 21, 2009
SINTRATURB – entrevista de um grevista Categoria PassaPalavraTV
camarada d. Etiquetas: Greves, Transportes
julho 13, 2009
Lutas sociais pelo transporte: uma breve introdução
Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
julho 11, 2009
Seminário de Transportes do Fórum da Cidade (Florianópolis/SC)
Categoria PassaPalavraTV
Passa Palavra Etiquetas: Transportes
julho 10, 2009
10 JULHO 2009 – (BR) Florianópolis: Panfleto da Frente de Luta pelo Transporte
Categoria Movimentos em Luta
frente de luta pelo transporte
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julho 9, 2009 “Eu só quero é ser feliz!” – cantando no debate…
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julho 6, 2009 Um programa da Rádio Campeche – Mobilidade urbana
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julho 3, 2009 “5 anos da Revolta da Catraca” – o 8º e último debate da série
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julho 3, 2009 03 JULHO 2009 – (BR-SC) MPL: Pela municipalização dos transportes coletivos de Florianópolis
Categoria Movimentos em Luta
MPL Etiquetas: Transportes
julho 2, 2009 “5 anos da Revolta da Catraca” – o 7º debate Categoria PassaPalavraTV
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julho 1, 2009 “5 anos da Revolta da Catraca” – o 6º debate Categoria PassaPalavraTV
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julho 1, 2009 “5 anos da Revolta da Catraca” – o 5º debate Categoria PassaPalavraTV
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junho 29, 2009
“5 anos da Revolta da Catraca” – o 4º debate Categoria PassaPalavraTV
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junho 29, 2009
“5 anos da Revolta da Catraca” – o 3º debate Categoria PassaPalavraTV
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junho 28, 2009
“5 anos da Revolta da Catraca” – o 2º debate Categoria PassaPalavraTV
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junho 28, 2009
“5 anos da Revolta da Catraca” – o 1º debate Categoria PassaPalavraTV
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Passa Palavra #transportes - 2012 a 2009
junho 24, 2009
Conheça o Movimento Passe Livre (MPL) Categoria Brasil Movimento Passe Livre
Etiquetas: Transportes
junho 13, 2009
12 JUNHO 2009 – (BR-DF) Comunicado do MPL do Distrito Federal
Categoria Movimentos em Luta
MPL Destrito Federal
Etiquetas: Transportes
maio 24, 2009
Semana de luta contra o aumento da tarifa de ônibus em Joinville
Categoria Brasil MPL Joinville Etiquetas: Juventude, Outras_lutas, Transportes
maio 12, 2009
A Luta pelo Transporte Público em Feira de Santana (Bahia)
Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Outras_lutas, Transportes
março 15, 2009
[Joinville – Brasil] Manifesto da Frente de Luta pelo Transporte Público
Categoria Brasil frente de luta pelo transporte
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fevereiro 25, 2009
NENHUM CENTAVO A MAIS! RESISTIR ATÉ A TARIFA CAIR!
Categoria Agir é preciso
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fevereiro 22, 2009
Entendendo o Expresso Tiradentes Categoria Brasil Passa Palavra Etiquetas: Bairros_e_cidades, Transportes
fevereiro 13, 2009
Nas ruas de Florianópolis Categoria PassaPalavraTV
Flora Lorena Etiquetas: Bairros_e_cidades, Outras_lutas, Transportes
Dia 27 de maio (segunda) Passa Palavra: Ato contra o aumento invade
Terminal Pirituba
Na manhã desta segunda-feira, dia 27, cerca de 200 pessoas
invadiram o Terminal Pirituba (...) os manifestantes queimaram
uma catraca, simbolizando que a luta por um transporte
verdadeiramente público é a luta pelo fim da cobrança de tarifa.
Após sair do Terminal Pirituba a manifestação entrou na estação
da CPTM, aos gritos de “vem, vem, pra luta vem! Contra o
Aumento”.
Essa foi a primeira ação contra o aumento realizada pelo MPL na
semana. Nos próximos dias, o movimento realizará novas
manifestações em outras regiões da cidade, espalhando a luta
pelos bairros e divulgando o grande ato marcado para o dia
06/06 no centro de São Paulo.
dia 2 de Junho (domingo) Singer: “Na primeira etapa dos
protestos, havia um objetivo específico: a redução no preço das passagens do ônibus e do metrô de São Paulo, reajustadas em 6%”
Mapa racial Terminal Pirituba
Dia 29 de maio (quarta)
Passa Palavra: Ato contra o aumento da tarifa
queima catraca no terminal do Pq. D. Pedro
Mesmo sob intensa chuva, cerca de 100 pessoas se reuniram em
frente à escola com faixas e cartazes e, embaladas pela batucada
de luta da Fanfarra do MAL – bateria autônoma que toca em
manifestações de rua -, ocuparam o viaduto da Rangel Pestana.
Em seguida, a passeata invadiu o Terminal Parque D. Pedro – que
é o maior terminal de ônibus urbanos do continente! -, onde
foram distribuídos panfletos para a população e para os
trabalhadores do terminal.
dia 3 de junho (segunda)
Passa Palavra: Protesto contra o aumento de
tarifa bloqueia a M’Boi Mirim
Neste momento, cerca de cem pessoas bloqueiam a Estrada do
M’Boi Mirim, zona sul de São Paulo, em protesto contra o
aumento das tarifas de ônibus para R$ 3,20 e as péssimas
condições do sistema de transporte na região. A manifestação
teve início por volta das 6h da manhã em frente ao Terminal
Guarapiranga e segue pacificamente com faixas e tambores em
direção à Subprefeitura.
Mapa racial Estrada do M’Boi Mirim
Dia 7 de junho (sexta)
[2º Grande ato]
Faceook: Altino Prazeres
Fui detido na 78a Delegacia Policial por ter participado de uma
manifestação extremamente justa contra o Aumento da
Passagem do ônibus, metrô e trem em São Paulo. (...) Me
identifiquei como presidente do Sindicato dos Metroviários e aí
fui detido de forma ridícula e arbitrária. Não fiz literalmente
nada pra estar preso a não ser ter participado de uma
manifestação contra o aumento das passagens.
Me considero neste momento um preso político porque não fiz
vandalismo, Mas lutei contra o aumento do prefeito Haddad do
PT e do governador Alckmin do PSDB. (...) Falo também pra
todos e todas metroviário(a)s. Fizemos uma belíssima
campanha salarial e uma das nossas bandeiras ê contra o
aumento das passagens.
Dia 6 de junho (quinta)
[1º Grande Ato]
Passa Palavra: MPL: ato contra o aumento das
passagens de ônibus nesta 5ª (atualizado)
19h20 – O Movimento Passe Livre SP informa que o primeiro
Grande Ato contra o Aumento das Tarifas do transporte público
se concentrou a partir das 17hs em frente ao Teatro Municipal e
saiu em passeata com 4 mil pessoas.
Os manifestantes bloquearam totalmente a avenida 23 de Maio
ao formarem uma barricada com pneus em chamas na via.
Protesto dia 6 no Vale do Anhangabaú
Protesto dia 6 na Prefeitura
Dia 10 de junho (segunda)
Passa Palavra: Ações locais preparam terceiro
grande ato contra o aumento em São Paulo
esta segunda-feira, moradores e estudantes do Jardim Mirna,
bairro do distrito do Grajaú, na zona sul de São Paulo,
organizaram um protesto contra o aumento das passagens do
transporte coletivo na porta da Escola Estadual de Ensino
Fundamental e Médio Levi Carneiro.
O terceiro grande ato contra o aumento está marcado para
acontecer nesta terça-feira, às 17h, na Praça do Ciclista, esquina
das avenidas Paulista e Consolação
Protesto dia 11 no centro
Protesto dia 11 no centro
Protesto dia 11 no centro
Protesto dia 10 na zona sul
Dia 11 de junho (terça)
[3º Grande ato]
Passa Palavra: Movimento Passe Livre Protocola
pedido de reunião
O MPL está disposto a discutir esta única demanda. Para isso, na
manhã desta terça-feira (11/06), o MPL protocolou na Prefeitura
um pedido de reunião com o prefeito em exercício para quarta-
feira e com pauta única: a REVOGAÇÃO DO AUMENTO. Nesta
reunião, não aceitaremos qualquer proposta que não atenda a
reivindicação da população nas ruas. Enquanto a tarifa não cair,
a luta continua.
Passa Palavra: 3º Ato, São Paulo para, Haddad
viaja
Mesmo a Polícia Militar, num primeiro momento, hesitou em
passar os seus números para não ter de admitir que o
movimento cresceu bastante desde o início da jornada, mas
entre os manifestantes estima-se que pelo menos 12 mil pessoas
tenham comparecido à marcha
Tendências e Debates: Folha de S. Paulo e
Passa Palavra; Porque Estamos nas ruas
O modelo de transporte coletivo baseado em concessões para
exploração privada e cobrança de tarifa está esgotado. E
continuará em crise enquanto o deslocamento urbano seguir a
lógica da mercadoria, oposta à noção de direito fundamental
para todas e todos. Essa lógica, cujo norte é o lucro, leva as
empresas, com a conivência do poder público, a aumentar
repetidamente as tarifas. O aumento faz com que mais usuários
do sistema deixem de usá-lo, e, com menos passageiros, as
empresas aplicam novos reajustes.
Calcula-se que são 37 milhões de brasileiros excluídos do sistema
de transporte por não ter como pagar. Esse número, já defasado,
não surgiu do nada: de 20 em 20 centavos, o transporte se
tornou, de acordo com o IBGE, o terceiro maior gasto da família
brasileira, retirando da população o direito de se locomover.
Dia 14 de junho (sexta)
Conlutas: Alckmin e Haddad aumentam ataques e
trabalhadores respondem com greves e
manifestações
Nesta quinta-feira (13) os trabalhadores da CPTM iniciaram uma
forte greve pela campanha salarial. Estão paralisadas as Linhas
da Zona Leste e Sorocabana.
Os trabalhadores da CPTM, descontentes com a proposta do
governo para suas reivindicações, inspiraram-se na luta dos
metroviários que fizeram uma forte mobilização e arrancou do
governo Alckmin uma proposta, sem precisar fazer greve.
O Sindicato dos Metroviários está apoiando a luta dos
ferroviários e o presidente do Sindicato e militante da CSP
Conlutas, Altino Prazeres, está nos piquetes junto com outros
dirigentes do Sindicato dos Metroviários fortalecendo a greve
dos ferroviários. Segundo informações deles, apenas os
supervisores estão furando a greve.
Dia 13 de junho (quinta)
[4º Grande ato]
Passa Palavra: Haddad não revoga, MP não
suspende, Alckmin solta a polícia nos manifestantes
Forte repressão policial marcou o ato desta quinta-feira; ainda
na saída do metrô manifestantes eram detidos por “porte de
vinagre”.
Cobertura da grande imprensa dia 13
Facebook: José Dirceu
É preciso negociar com o MPL. Quem deve tomar a iniciativa é
o prefeito da cidade, Fernando Haddad. Dialogar e envolver
toda a cidade e entidades organizadas no debate e na busca de
saídas para a situação do transporte e para a questão específica
da passagem. E mais do que isso: aproveitar para discutir a
gravíssima situação da segurança pública e a atuação
inaceitável da polícia militar e do Governo do Estado.
Hoje me coloco frontalmente contra a repressão e espero que
o movimento se reorganize e pacificamente lute e conquiste
um transporte melhor para os trabalhadores da nossa São
Paulo.
Dia 15 de junho (sábado)
Editorial Folha de S. Paulo: Agentes do caos
A Polícia Militar do Estado de São Paulo protagonizou, na noite
de anteontem, um espetáculo de despreparo, truculência e falta
de controle ainda mais grave que o vandalismo e a violência dos
manifestantes, que tinha por missão coibir.
Sete repórteres da Folha terminaram atingidos, quatro deles
com balas de borracha, em meio à violência indiscriminada da
polícia. A jornalista Giuliana Vallone foi alvejada no olho e
recebeu 15 pontos no rosto. O comandante da PM diz que o
disparo foi feito para o chão.
Passa Palavra: 5º Ato: Hora de começar a pensar
sobre a maior manifestação dos últimos tempos
Alguns institutos de pesquisas chegaram a falar em 65 mil
pessoas nas ruas. Talvez tenha sido isso, mas talvez fosse melhor
dizer 90, 100, 110 mil ou mais — tanto faz. A partir desse
momento passamos a contabilizar numa escala em que essa
quantificação se torna indiferente ou, pelo menos, secundária.
Hoje é possível dizer que a cidade esteve na mão do povo, a
polícia entregou a chave. Deixando de lado a questão da polícia
e centrando-se no povo, isso seria bom ou ruim?
Povo aqui diz respeito àquela massa social sem forma definida.
Se há algo que marca a manifestação de segunda-feira, sem
dúvida esta marca é a polifonia.
Considerando os acontecimentos em outras 11 capitais
brasileiras, presenciamos nesta segunda-feira um dos maiores
eventos políticos do último período, isto é certo. A jornada de
lutas contra o aumento avançou enormemente, disso não
restam dúvidas. E abre caminhos para coisas até há uma semana
inimagináveis no campo da luta de classes.
Imagem na capa da Folha de S. Paulo dia 14
Mapa racial Largo da Batata
Dia 17 de junho (segunda)
[5º Grande ato]
Singer: “Na segunda etapa dos acontecimentos,
com as manifestações de 17, 18, 19 e 20 de junho,
quando os protestos alcançam o auge, camadas da
sociedade alheias ao MPL entram em cena”
Faceook: Lula
Ninguém em sã consciência pode ser contra manifestações da
sociedade civil, porque a democracia não é um pacto de
silêncio, mas sim a sociedade em movimentação em busca de
novas conquistas. Não existe problema que não tenha solução.
A única certeza é que as reivindicações não são coisa de polícia,
mas sim de mesa de negociação. Estou seguro, se bem conheço
o prefeito Frenando Haddad, que ele é um homem de
negociação. Tenho certeza que dentre os manifestantes, a
maioria tem disposição de ajudar a construir uma solução para
o transporte urbano.
Dia 18 de junho (terça)
[6º Grande Ato]
Folha de SP: Grupo defende desestatização do
transporte (Colaboração para o jornal)
Um grupo de 50 pessoas protestou ontem no vão livre do Masp,
na Avenida Paulista, pela desestatização do transporte coletivo.
O organizador da manifestação, o movimento Libertários,
propõe o fim do modelo de concessão pública para linhas de
ônibus e defende a livre iniciativa.
Conlutas: População toma as ruas e novas
manifestações são marcadas
Novas manifestações estão sendo convocadas pelo país. Nesta
terça-feira, em São Paulo, haverá novo ato na Praça da Sé, às
17h. Em Belo Horizonte, nesta terça-feira haverá concentração
às 17h20 para protestos na Avenida Presidente Antônio Carlos,
em frente à portaria da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG) no campus Pampulha. Na quarta-feira (19/6), em
Brasília, os manifestantes vão se reunir na Rodoviária do Plano
Piloto e na quinta-feira (20/6), o ato pretende tomar novamente
a Esplanada dos Ministérios. As ações do Distrito Federal já
somam 14 mil participantes confirmados em eventos
organizados pelas redes sociais. No Rio de Janeiro está sendo
convocada nova manifestação para a quinta-feira (20/06).
Passa Palavra: Nos arredores dos grandes
protestos e o cheiro de primavera
O bloco liderado pela perspectiva eleitoral do PSDB também foi
aos poucos, ao seu modo, procurando tirar proveito da situação.
Dar um caráter anti-governo-federal ao protesto. Incluíram as
vaias à presidenta Dilma no Mané Garrincha durante o início da
Copa das Confederações no sábado, para dar um caráter único
aos contratempos.
Nesse momento, criar uma força política plural contra o
conservadorismo e o aliancismo negociante deve ser a estratégia
fundamental do movimento encabeçado pelo Movimento Passe
Livre (MPL) daqui para a frente. Avançar na inter-relação com a
classe trabalhadora e desvencilhar-se das armadilhas da direita
e dos vícios cooptantes da “esquerda”, ora hegemônica, são
táticas fundamentais para o avanço das lutas sociais no Brasil.
mapa racial Avenida Paulista
Vinte Centavos: A luta contra o Aumento
“O MPL pretendia conduzir os Manifestantes até a Avenida do
Estado e, de lá, à marginal Tiete, principal via expressa na cidade;
no entanto, não é possível conter as 50 mil pessoas que, sem que
se pudesse entender o porquê, se dirigem à praça Ramos, em
frente à prefeitura. A manifestação, então, se divide em duas.
(...) A Bandeira do Brasil é projetada na fachada do prédio da
Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), que no dia
seguinte sediaria um encontro entre seu presidente, Paulo Skaf,
e militares da Escola de Comando e Estado maior do Exército.
Nos arredores da prefeitura a situação é de descontrole (...) a
prefeitura se convence de que a situação saiu do controle do
movimento e aciona a polícia militar, que não vem. Pelo centro
não se vê viaturas policiais para coibir a violência, o que gera
apreensão na prefeitura e estranhamento nos meios de
comunicação.”
Dia 19 de junho (quarta)
[Revogação do aumento]
Dia 20 de junho (quinta)
[7º Ato/ Ato de celebração]
Passa Palavra: Revolta dos coxinhas
Desde a sua criação, o Passa Palavra tem alertado para o
fascismo larvar e para os riscos do nacionalismo, inclusivamente
na esquerda. O que para muitos era uma ideia espúria verifica-
se agora ser um fato muito real, sentido na carne. Na sociedade
as coisas não nascem do nada e convém vê-las antes de elas
entrarem pelos olhos dentro. Ora, nos últimos dias, mas
sobretudo desde quinta-feira, dia 20 de junho, assistimos a um
movimento inédito, pelo menos inédito com esta amplitude. As
manifestações que a esquerda organizou num grande número
de cidades pela redução da tarifa dos transportes públicos
começaram a ser sequestradas por forças sociais conservadoras
e nacionalistas, e dentro deste movimento começou a
desenvolver-se uma contra-revolução. Chamamos-lhe a Revolta
dos Coxinhas. Pertencendo àquela gente a quem os jornalistas
gostam de chamar classe média, os coxinhas passaram agora
para primeiro plano político, como agentes de um fascismo
potencial.
Singer: “Na terceira e última etapa, que vai do dia
21 até o final do mês, os protestos se fragmentam
em iniciativas parciais com propósitos específicos e
distintos”
Folha de SP: Protesto contra a ‘cura gay’ reúne
mil em São Paulo
O protesto foi convocado pelas redes sociais e tem apoio do
Conselho Federal de Psicologia. Os psicólogos, principalmente,
defendem que o ato continue na praça. O projeto aprovado na
Câmara revoga duas resoluções do conselho que proíbem que
psicólogos realizem tratamentos para curar a homossexualidade
Celebração dia 20 na Av. Paulista
Celebração dia 20 na Av. Paulista
Dia 21 de junho (sexta)
Conlutas: 4 mil metalúrgicos de SP participaram
de ato no dia 21/06 por transporte público de
qualidade
O Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo realizou, na última
sexta-feira (21), um ato que reuniu mais de 4 mil metalúrgicos
na região da Mooca. A manifestação tinha o objetivo de apoiar
os protestos realizados pelo país, impulsionados pelos
estudantes. A mobilização reivindicou melhores condições no
transporte público e mobilidade urbana. Além disso, incluiu
pauta especifica dos trabalhadores contra a terceirização, contra
o fator previdenciário, pela reposição das perdas salariais dos
trabalhadores entre outras demandas.
Dia 22 de junho (sábado)
Folha de SP: Em clima de calçadão, Paulista reúne
30 mil contra PEC 37
Surgiram grupos de médicos com faixas cobrando qualidade na
saúde e mensagens com críticas à contratação de profissionais
estrangeiros. Além da PEC 37, pequenos grupos gritavam contra
o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e a
presidente Dilma Rousseff. Predominou o verde-amarelo.
Entre os organizadores da manifestação contra a aprovação da
PEC 37 estavam também promotores paulistas e integrantes do
movimento "Dia do Basta". A PEC (proposta de emenda
constitucional) 37 retira o poder de investigação dos Ministérios
Públicos federais e estaduais das apurações penais e determina
que tais inquéritos sejam conduzidos exclusivamente pelas
polícias. O projeto tramita no Congresso Nacional.
Dia 27 de junho (quinta)
Conlutas: Acompanhe a cobertura dos atos do Dia
Nacional de Luta convocado pela CSP-Conlutas
Estudantes ocupam reitoria da Unesp
A atividade do Dia de Luta convocado pelo Fórum das
Seis (ADUNESP, ADUNICAMP, ADUSP, SINTEPS, SINTUNESP,
SINTUSP E STU) contou com ato pela manhã em frente a UNESP
e os Estudantes resolveram ocupar a Reitoria. Na parte da tarde
houve Audiência Pública na Assembleia Legislativa com a
participação de 400 pessoas, o tema pautado foi mais verbas
para a educação.
Movimento anticorrupção na Av. Paulista dia 22
Dia 25 de junho (terça)
Conlutas: Centrais Sindicais convocam Dia
Nacional de Lutas em 11 de julho
As centrais sindicais brasileiras, CSP-Conlutas, CUT, UGT, Força
Sindical, CGTB, CTB, CSB e NCST, juntamente com o MST e o
Dieese, realizaram uma reunião nesta terça-feira (25) para
discutir o processo de lutas que tomou conta do país. Foi
definido que 11 de julho será o Dia Nacional de Lutas com Greves
e Mobilizações, com o tema “Pelas liberdades democráticas e
pelos direitos dos trabalhadores”.
Invasão da Unesp pela Tropa de Choque dia 27
Fontes
dia 27 – Mapa Pirituba, p. 74
https://passapalavra.info/2013/05/77940/
dia 29 –
https://teste.passapalavra.info/2013/05/78039/
dia 2 - Singer, 2018, p. 103
dia 3 – Mapa M’Boi Mirim, p. 74
https://passapalavra.info/2013/06/78269
dia 6 –
http://passapalavra.info/2013/06/78528/
http://passapalavra.info/2013/06/78554/
Facebook: Altino Prazeres –
https://www.facebook.com/altino.prazeres?__tn__=
%2CdC-R-
R&eid=ARAdMDFX7IaOUKD6AR4g7RGdv-
MMx0E7J0PxJ45k78DeVoXQ6k8mQeGAfbIcCIir
fzF50RmtHTkhnug4&hc_ref=ARSl59XrQDdVBg
Gib2A61Ev726Bt4mNe7BQDfJKH7DbY2CPEiD8
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dia 10 –
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por-transporte-publico-e-melhores-condicoes-de-
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https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/06/1
299397-protesto-contra-cura-gay-reune-1000-em-
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dia 22 –
http://feeds.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/115472-
em-clima-de-calcadao-paulista-reune-30-mil-
contra-pec-37.shtml
https://oglobo.globo.com/brasil/novo-perfil-de-
manifestante-toma-as-ruas-de-sao-paulo-8787083
Dia 25 -
http://cspconlutas.org.br/2013/06/fortalecer-o-dia-
27-em-todo-o-pais-e-em-seguida-preparar-o-dia-
nacional-de-lutas-em-11-de-julho-convocado-
pelas-centrais-sindicais/
Dia 27 -
http://cspconlutas.org.br/2013/06/confira-as-
primeiras-atividades-desse-dia-nacional-de-luta-
convocado-pela-csp-conlutas/
https://www.pragmatismopolitico.com.br/2013/07/
a-ocupacao-da-reitoria-da-unesp.html (foto de
autoria da Mídia Ninja)