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SUMÁRIO 1 - A POESIA HEBRAICA BÍBLICA...............................................................................2

1.1. ESTRUTURA DE UMA POESIA HEBRAICA ........................................................................2 1.2. PARALELISMOS ..........................................................................................................2 1.3. PROCEDIMENTOS PARA INTERPRETAR OS SALMOS...........................................................3 1.4. FIGURAS DE LINGUAGEM ............................................................................................3 1.5. FIGURAS SIMPLES......................................................................................................3 1.6. FIGURAS COMPOSTAS.................................................................................................4

2 - JÓ.........................................................................................................................4

2.1. CONTEÚDO DO LIVRO .................................................................................................6 2.2. IMPORTÂNCIA DO LIVRO DE JÓ PARA OS NOSSOS DIAS....................................................9 2.3. COMPARANDO JÓ COM OUTROS LIVROS DA BÍBLIA .......................................................10

3 - SALMOS..............................................................................................................11

3.1. MAIS DO QUE APENAS BELA POESIA ...........................................................................14 3.2. DESTAQUES DOS SALMOS .........................................................................................16 3.3. EXPRESSÕES DE AGRADECIMENTO E DE LOUVOR A DEUS .............................................16 3.4. PETIÇÕES DE MISERICÓRDIA E AJUDA DIRIGIDAS A DEUS .............................................16 3.5. PROFECIAS CUMPRIDAS NO MESSIAS ..........................................................................16 3.6. DOUTRINAS BÍBLICAS QUE CONSTAM NO LIVRO DOS SALMOS.........................................17 3.7. CONSELHO INSPIRADO PARA NOS AJUDAR A OBTER A APROVAÇÃO DE DEUS ....................17

4 - PROVÉRBIOS ......................................................................................................17

4.1. O REINADO DE SALOMÃO ERA UMA ÉPOCA PROPÍCIA PARA DEUS GUIAR SEU POVO ..........18 4.2. O LIVRO NÃO DIZ QUE SALOMÃO ESCREVEU OS PROVÉRBIOS.........................................18 4.3. QUANDO SE ESCREVEU E COMPILOU O LIVRO DE PROVÉRBIOS?.....................................18 4.4. CONTEÚDO DO LIVRO ...............................................................................................19 4.5. IMPORTÂNCIA DO LIVRO DE PROVÉRBIOS PARA OS NOSSOS DIAS....................................21

5 - ECLESIASTES .....................................................................................................24

5.1. CONTEÚDO DO LIVRO ...............................................................................................25 5.2. IMPORTÂNCIA DO LIVRO DE ECLESIASTES PARA OS NOSSOS DIAS ...................................26

6 - CANTARES DE SALOMÃO....................................................................................27

6.1. CONTEÚDO DO LIVRO ...............................................................................................28 6.2. IMPORTÂNCIA DO LIVRO DE CANTARES DE SALOMÃO PARA OS NOSSOS DIAS ....................29

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1 - A POESIA HEBRAICA BÍBLICA Tem-se que se um terço do Antigo Testamento é composto de Narrativas, outro terço é

composto por Poesia. A poesia consta em sua maioria nos livros conhecidos com “Poéticos”(Jó, Salmos, Provérbios[Sabedoria], Eclesiastes, Cantares). Somente sete livros do Antigo Testamento não contêm qualquer poesia: Levítico, Rute, Esdras, Neemias, Éster, Ageu e Malaquias. Portanto se faz necessário compreender este gênero literário tão rico no AT.

1.1. Estrutura de Uma Poesia Hebraica

A poesia hebraica é cheia do uso de linguagem figura, com abundância de símiles e metáforas. A Poesia Hebraica não se preocupa com a rima ou a métrica, pois o “ritmo se manifesta nas idéias e acha sua expressão ma formulação de frases paralelas”. É por isso que Cássio pode dizer que “a essência da poesia na Bíblia encontra-se na densidade ou no uso intenso de conotações, de comparações e de metáforas, mais do que em características formais(rima, métrica, etc)”. Deve-se notar, então, que o principal recurso ou estrutura de uma poesia hebraica é o Paralelismo.

1.2. Paralelismos

Entre os recursos literários da poesia hebraica o Paralelismo é considerado por muitos como a característica principal. Segundo Robert Lowth, considerado maior autoridade em poesia do Antigo Testamento, “à correspondência de um verso ou linha com outro, chamo de paralelismo. Quando uma proposição é emitida, e uma segunda é juntada a ela, ou feita com base nela, equivalente ou contrastante com ela em sentido ou semelhante a ela na forma de construção gramatical, a estas chamo de linhas paralelas; e às palavras ou expressões que respondem uma à outra nas linhas correspondentes, termos paralelos”. Como isso classificou-se os Paralelismo nos seguintes tipos:

A. Sinonímico. A segunda linha repete a idéia da primeira linha sem fazer qualquer adição ou subtração significativa. Exemplo: Salmo 103.10 e ISm 2.6:

“Não agiu conosco conforme os nossos pecados / e não nos retribuiu conformenossas iniqüidades” (Sl 103.3).

“O Senhor mata e dá a vida / faz descer ao Sheol e dele faz subir” (1 Sm 2.6).

B. Antitético. A segunda linha da poesia contrasta ou nega o pensamento e o sentido da primeira linha. Exemplo: Prov. 10. 1:

“O filho sábio alegra a seu pai / “mas o filho tolo é a tristeza de sua mãe”

C. Sintético. Este não tem sido considerado um paralelismo real, pois, embora os significados se sigam, o equilíbrio de pensamento se perde6. Lowth enfatiza apenas a progressividade de pensamento. Um exemplo dado por Lowth foi o Salmo 148. 7

D. Emblemático. A forma de pensamento é expressa de forma figura e depois literal ou vice-versa. Exemplo deste é o Sl 42.1; 1.4:

“Como a corsa anseia pelas correntes de águas [literal] / assim minha alma anseiapor ti, ó Deus [figurado ou abstrato]”

E. Quiasmo. É outra forma de paralelismo onde os temas são apresentados de forma invertidas, mas o pensamento pode ser sinonímicos ou não. Exemplo é o Sl 107.16:

“Pois, ele quebrou as portas de bronze / e os trancas de ferro despedaçou”.

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1.3. Procedimentos para Interpretar os Salmos

Note de que tipo é o Salmo (Louvor, Súplica, Lamentação, etc). Por exemplo, oSalmo 103 é um salmo de gratidão, sendo assim, as bênçãos mencionadas (perdão,santidade, bens, etc) adquirem a plenitude de seus significados.

Veja se há conexão histórica, pois as circunstâncias certamente ajudarão acompreender melhor o Salmo;

Observe o estado psicológico do autor, pois em muitas poesias o autor estavaabatido, temeroso, esperançoso, suplicante, etc. É neste sentido que Calvino chamao saltério de “anatomia de todas as partes da alma”.

Busque o Sitz im Leben (vivencial ou teológico) do Salmo. A teologia do tempo doSalmo é indicativo para esclarecer o texto.

Os Salmos imprecatórios devem ser interpretados dentro de sua natureza econtexto teológico. O pedido de destruição dos inimigos equivalia pedir a justiça deDeus sobre eles.

1.4. Figuras de Linguagem

O Estudo das Figuras de Linguagem diz respeito a parte da gramática conhecida com Estilística. Na Hermenêutica recai na Análise Lingüística. Temos uma Figura de Linguagem quando uma palavra expressa uma idéia diferente de seu sentido literal. Desta forma as Figuras de Linguagem são, também, uma forma de expressar os pensamentos. É um fenômeno lingüístico que deve ser levando em conta na Exegese, pois, do contrário pode-se cometer equívocos e até heresias em não distinguir quando o autor desejou expressar um sentido literal ou metafórico. Estudar as Figuras de Linguagem na literatura bíblica é algo interessante e bastante proveitoso, verificando as expressões artísticas de cada autor, o que demonstra que na Inspiração Deus preservou a personalidade de cada escritor. Consideremos agora as figuras de linguagem mais usuais classificadas em dois grupos: Figuras Simples e Compostas.

1.5. Figuras Simples

Figuras de Comparação A. Símile. É a figura mais simples e consiste em uma comparação formal, geralmente

precedida, no hebraico pela partícula K.(como), entre duas coisas ou ações, entre duas coisas ou ações, mantendo-as distintas. Exemplos:

“Então ele será como uma árvore plantada junto as correntes de águas” – Sl 1. 3.

A comparação é que os que meditam na Lei do Senhor estão seguro, protegido e fortes, da maneira como uma árvore que está plantada onde existe água. Ambos, o homem e a árvore, são beneficiados e produzem frutos.

“Não é, pois, a minha palavra como fogo, dito de Yahweh, e como martelo que esmiúça a penha” – Jr 23. 29.

B. Metáfora. É outra figura de comparação, mas que não se expressa formalmente onde a idéia de um objeto é transmitida para outro sem que se diga que são ‘semelhantes’. Bullinger diz que na Metáfora não há aviso prévio na transferência de significados entre os elementos. Por exemplo, Is 40. 6 diz que “toda carne é erva”.

Ainda sobre a Figura de Comparação temos as Parábolas (Is 5.1–7) e as Alegorias (Sl 80.8–16).

Figuras de Dicção A. Pleonasmo. Consiste na redundância de expressão com o objetivo de enfatizar o

argumento ou dar vivacidade a linguagem. Por exemplo, em Gn 40. 23 o pleonasmo se pela

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repetição de “dele se esqueceu”. Em Gn 9. 5 a repetição do substantivo “mão” enfatiza que Deus requereria o sangue de quem derramasse o sangue do homem (vv. 5, 6).

B. Hipérbole. Consiste em um exagero consciente ou um tipo de exagero para aumentar o efeito do que se disse. Por exemplo, diz o salmista “cansei em meus gemidos; faço nadar todas as noite a minha cama, em lágrimas a faço alagar” (Sl 6.6). Só um leitor desatento não perceberá o exagero do escritor.

Figuras de Relação A. Sinédoque. Consiste na substituição de todo pela parte onde existem associações

de idéias. Em Gn 3.19 temos esta figura, pois, diz o texto: “no suor de teu rosto comerás o teu pão”. Temos ‘rosto’ por todo ‘corpo’ e ‘pão’ por ‘alimento’.

B. Metonímia. É a substituição de um nome por outro em que o primeiro guarda alguma relação com o segundo. Por exemplo, diz ISm 7. 16 que a ‘casa’ de Davi e o seu ‘trono’ durariam para sempre. Será que é uma construção física e um trono físico? É certo que não, pois, neste caso, ‘casa’ é substituído por ‘dinastia’ e ‘trono’ por ‘reinado’.

Figuras de Contraste A. Ironia. Quando um escritor utiliza palavras para transmitir o oposto de seu sentido

literal. Por exemplo, em IIRs 18 temos o que, talvez, seja a mais perfeita ironia. Elias dizia aos profetas de Baal: “Clamai em altas vozes, porque ele é um deus; pode ser que esteja falando, ou que tenha alguma coisa que fazer, ou que intente alguma viagem; talvez esteja dormindo, e despertará” (v. 27). É óbvio que Baal não era ‘deus’. Outro exemplo é a palavra de Deus a Jó, no capítulo 38. Ao fazer uma série de perguntas a Jó (vv. 4–20) Deus pede que Jó responda, pois, como diz o Senhor, “De certo tu o sabes, porque já então eras nascido, e por ser grande o número dos teus dias!” (v. 21).

B. Eufemismo. É a substituição de uma forma mais ríspida ou indelicada, por uma mais branda e agradável. Por exemplo em Gn 15. 15 diz de Abrão que “tu irás a teus pais” para dizer “morrerás”; outro exemplo é quando Davi perguntou a Cusi: “Vai bem com o jovem, com Absalão?” a resposta de Cusi foi: “Sejam como aquele jovem os inimigos do rei meu senhor, e todos os que se levantam contra ti para mal” (IISm 18. 32). Observe o eufemismo de Cusi. Cusi disse que a todos os inimigos de Davi aconteça o mesmo que aconteceu com Absalão, ou seja, sejam mortos.

1.6. Figuras Compostas

A. Alegoria. É uma sucessão de Metáforas onde há uma pluralidade de pontos de comparação. No AT as mais importantes estão nos Sl 80; Pv. 5. 15 – 18.

B. Fábulas. Aqui seres inanimados atuam e falam como se fossem pessoas. Por exemplo, a excelente alegoria em Jz 9. 7 – 15 e IIRs 19. 4. Será demonstrado pelo próprio texto se é uma Fábula.

C. Enigma. O sentido está encoberto artificialmente com o propósito de intrigar e despertar o desejo de descobrir o que se quer dizer e demonstrar, assim, a destreza do investigador. Alguns enigmas encontram-se em Jz 14. 14, 18; Is 21. 11, 12; Dn 5. 25 -28.

Sem dúvidas que estudar as Figuras de Linguagem será de grande ajuda na interpretação das Escrituras, por sua beleza e esclarecimento do pensamento do autor, evitando cometer interpretações fantasiosas como fazem as seitas.

2 - JÓ Escritor: Desconhecido

Data: cerca de 2000 a.C. (?)

Tema: Por que sofre o justo?

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Um dos mais antigos livros das Escrituras inspiradas! Um livro tido na mais alta estima e muitas vezes citado, todavia muito pouco entendido pela humanidade. Por que foi escrito este livro, e de que valor é para nós hoje? A resposta é indicada no significado do nome de Jó: “Objeto de Hostilidade” Sim, este livro trata de duas importantes perguntas: Por que sofrem os inocentes? Por que permite Deus a iniqüidade na terra? Temos o registro do sofrimento de Jó e de sua grande perseverança para considerarmos ao responder a essas perguntas. Tudo foi registrado por escrito, precisamente como Jó pediu (19:23, 24).

Jó se tornou sinônimo de paciência e perseverança. Mas, será que existiu mesmo uma pessoa chamada Jó? Apesar de todos os esforços do Diabo de remover este excelente exemplo de integridade das páginas da história, a resposta é clara. Jó foi personagem real! Deus o menciona junto com Suas testemunhas Noé e Daniel, cuja existência foi aceita por Jesus Cristo (Ez 14:14, 20; compare com Mt 24:15, 37.). A antiga nação hebréia encarava a Jó como pessoa real. O escritor cristão Tiago menciona o exemplo de perseverança de Jó (Tg 5:11) Somente um exemplo da vida real, e não um fictício, teria peso para convencer os adoradores de Deus de que é possível manter a integridade sob todas as circunstâncias. Ademais, a intensidade e o sentimento dos discursos registrados em Jó testificam a realidade da situação.

A autenticidade e a inspiração do livro de Jó são também provadas por os antigos hebreus sempre o terem incluído em seu cânon da Bíblia, um fato notável visto que o próprio Jó não era israelita. Além das referências feitas por Ezequiel e por Tiago, o livro é citado pelo apóstolo Paulo (Jó 5:13; I Co 3:19). Prova poderosa da inspiração do livro é sua surpreendente harmonia com os fatos provados das ciências. Como se poderia saber que Deus “suspende a terra sobre o nada”, quando os antigos tinham os conceitos mais fantásticos sobre como a terra era sustentada? (Jó 26:7) Um conceito que se tinha na antigüidade era que a terra se apoiava em elefantes que estavam em pé sobre uma grande tartaruga-marinha. Por que não reflete o livro de Jó tal tolice? Obviamente porque Deus, o Criador, forneceu a verdade mediante inspiração. As muitas outras descrições da terra e suas maravilhas, bem como dos animais selvagens e das aves nos seus habitats, são tão exatas que só mesmo o Senhor Deus poderia ser o Autor e Inspirador do livro de Jó

Jó morava em Uz, localizada, segundo alguns geógrafos, no Norte da Arábia, perto da terra ocupada pelos edomitas, e a leste da terra prometida à descendência de Abraão. Os sabeus ficavam ao sul, os caldeus, ao leste (1:1, 3, 15, 17). A época da provação de Jó foi muito depois dos dias de Abraão. Foi num tempo em que não havia “ninguém igual a [Jó] na terra, homem inculpe e reto” (1:8). Este parece ser o período transcorrido entre a morte de José, um homem de notável fé, e o tempo em que Moisés iniciou seu proceder de integridade. Jó se distinguia na adoração pura durante este período em que Israel estava contaminado com a adoração demoníaca do Egito. Ademais, as práticas mencionadas no primeiro capítulo de Jó, e aceitar Deus a Jó como verdadeiro adorador, indicam os tempos patriarcais (1:8; 42:16, 17).

O vigoroso estilo autêntico da poesia hebraica, empregado no livro de Jó, torna evidente que era composição original em hebraico. Não poderia ter sido tradução de outro idioma como o árabe. Também, os trechos em prosa têm mais forte semelhança com o Pentateuco do que com quaisquer outros escritos da Bíblia. O escritor deve ter sido israelita, porque os judeus “foram incumbidos das proclamações sagradas de Deus” (Rm 3:1, 2).

De acordo com The New Encyclopædia Britannica (A Nova Enciclopédia Britânica), o livro de Jó é muitas vezes “contado entre as obras-primas da literatura mundial”. Entretanto, o livro é muito mais do que uma obra-prima literária. Jó se destaca entre os livros da Bíblia em exaltar o poder, a justiça, a sabedoria e o amor de Deus. Revela com a máxima clareza a questão primária colocada diante do universo. Esclarece muito do que é dito em outros livros da Bíblia, especialmente Gênesis, Êxodo, Eclesiastes, Lucas, Romanos e Apocalipse (compare Jó 1:6-12; 2:1-7 com Gn 3:15; Ex 9:16; Lc 22:31,32; Rm 9:16-19 e Ap 12:9; também Jó 1:21; 24:15; 21:23-26; 28:28 com Ec 5:15; 8:11; 9:2, 3; 12:13, respectivamente). Fornece as respostas a muitas perguntas da vida. É seguramente parte integrante da inspirada Palavra de Deus, à qual contribui muito no sentido de entendimento proveitoso.

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2.1. Conteúdo do Livro

A. Prólogo do livro de Jó (1:1-5). Este nos apresenta Jó, homem ‘inculpe e reto, que teme a Deus e desvia-se do mal’. Jó é feliz, tendo sete filhos e três filhas. É um proprietário de terras rico em sentido material, possuindo numerosos rebanhos e manadas. Tem muitos servos e é “o maior de todos os orientais” (1:1, 3). Todavia, não é materialista, pois não se fia em seus bens materiais. É também rico em sentido espiritual, rico em boas obras, sempre disposto a ajudar alguém aflito ou angustiado, ou a dar uma vestimenta a alguém necessitado (29:12-16; 31:19, 20). Todos o respeitam. Jó adora o verdadeiro Deus. Recusa-se a prostrar-se diante do sol, da lua e das estrelas, como fazem as nações pagãs, mas é fiel a Deus, mantendo a integridade a seu Deus e desfrutando uma relação íntima com Ele (29:7, 21-25; 31:26, 27; 29:4). Jó serve qual sacerdote para sua família, oferecendo regularmente sacrifícios queimados, para o caso de terem pecado.

B. O diabo desafia a Deus (1:6–2:13). Abre-se de modo maravilhoso a cortina da invisibilidade, de modo que podemos visualizar coisas celestiais. Deus é visto presidindo uma assembléia dos filhos de Deus. o diabo também comparece. Deus traz à atenção seu fiel servo Jó, mas o diabo desafia a integridade de Jó, acusando Jó de servir a Deus por causa dos benefícios materiais recebidos. Se Deus permitir que o diabo lhe tire tais coisas, Jó se desviará da sua integridade. Deus aceita o desafio, com a restrição de que o diabo não toque no próprio Jó

Muitas calamidades começam a sobrevir ao insuspeitoso Jó ataques-surpresa dos sabeus e dos caldeus levam suas grandes riquezas. Uma tempestade mata seus filhos e suas filhas. Esta prova severa fracassa em fazer com que Jó amaldiçoe a Deus ou se desvie dele. Em vez disso, ele diz: “Continue a ser abençoado o nome do Senhor” (1:21). o diabo, derrotado e provado mentiroso nesta questão, comparece outra vez perante Deus e acusa: “Pele por pele, e tudo o que o homem tem dará pela sua alma” (2:4). o diabo afirma que, se lhe fosse permitido tocar no corpo de Jó, poderia fazer com que Jó amaldiçoasse a Deus na sua face. Com a permissão de fazer tudo menos tirar a vida de Jó, o diabo fere Jó com uma terrível doença. Sua carne fica “revestida de gusanos e de pó incrustado”, e seu corpo e seu hálito tornam-se fedorentos para sua esposa e seus parentes (7:5; 19:13-20). Como indício de que Jó não violou sua integridade, a esposa insta com ele: “Ainda te aferras à tua integridade? Amaldiçoa a Deus e morre!” Jó a censura e não ‘peca com os seus lábios’ (2:9, 10).

O diabo suscita então três companheiros, que vêm ‘consolar’2:11 a Jó São Elifaz, Bildade e Zofar. De longe, não reconhecem a Jó, mas então passam a erguer a voz e a chorar e a lançar pó sobre a cabeça. A seguir, sentam-se diante dele em terra sem falar uma palavra sequer. Após sete dias e sete noites de tal ‘consolo’ silencioso, Jó finalmente rompe o silêncio ao iniciar um longo debate com seus pretensos consoladores. 2:11.

C. O debate: primeira fase (3:1–14:22). Deste ponto em diante, o drama se desenrola em sublime poesia hebraica. Jó amaldiçoa o dia do seu nascimento e se pergunta por que Deus permite que ele continue vivendo.

Em resposta, Elifaz acusa Jó de falta de integridade. Os retos nunca pereceram, afirma. Lembra uma visão noturna em que uma voz lhe disse que Deus não tem fé nos seus servos, especialmente nos que são de mero barro, o pó da terra. Indica que o sofrimento de Jó é uma disciplina da parte do Deus Todo-Poderoso.

Jó replica vigorosamente a Elifaz. Lamenta-se como qualquer criatura perseguida e angustiada se lamentaria. A morte seria um alívio. Censura seus companheiros por tramarem contra ele e protesta: “Instruí-me, e eu, da minha parte, ficarei calado; e fazei-me entender que engano cometi.” (6:24) Jó contende pela sua própria justiça perante Deus, “o Observador da humanidade” (7:20).

Bildade externa então seu argumento, dando a entender que os filhos de Jó pecaram e que o próprio Jó não é reto, do contrário seria ouvido por Deus. Instrui Jó a olhar para as gerações anteriores e para as coisas esquadrinhadas (8:8) por seus antepassados como orientação.

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Jó replica, sustentando que Deus não é injusto. Tampouco precisa Deus prestar contas ao homem, pois Ele está “fazendo grandes coisas inescrutáveis, e inúmeras coisas maravilhosas” (9:10). Jó não pode ganhar de Deus como seu adversário em juízo. Pode apenas implorar o favor de Deus. Não obstante, há algum proveito em procurar fazer o que é correto? “Ao inculpe, também ao iníquo, ele leva ao seu fim” (9:22). Não há julgamento justo na terra. Jó teme perder a causa mesmo com Deus. Necessita de um mediador. Pergunta por que está sendo julgado e implora a Deus que se lembre de que ele é feito “de barro” (10:9). Aprecia as benevolências que Deus lhe demonstrou no passado, mas diz que Deus só ficará mais agastado se ele argumentar, embora esteja certo. Se tão-somente pudesse expirar!

Zofar entra então no debate. Na realidade, ele diz: Somos por acaso crianças para ouvir conversa vã? Você afirma ser realmente puro, mas se Deus tão-somente falasse, revelaria a sua culpa. Pergunta a Jó: “Acaso podes descobrir as coisas profundas de Deus?” (11:7) Aconselha Jó a largar as práticas nocivas, pois advirão bênçãos aos que assim fizerem, ao passo que “falharão os próprios olhos dos iníquos” (11:20).

Jó clama com forte sarcasmo: “De fato, vós sois o povo, e a sabedoria morrerá convosco!” (12:2). Ele pode ser objeto de riso, mas não é inferior. Se seus companheiros olhassem para as criações de Deus, até mesmo elas lhes ensinariam algo. Força e sabedoria prática pertencem a Deus, que controla todas as coisas, até “fazendo as nações tornar-se grandes, para as destruir” (12:23). Jó se deleita em argumentar sua causa com Deus, mas, quanto aos seus três “consoladores” - “vós sois homens que besuntam com falsidade; todos vós sois médicos sem valor algum” (13:4). Seria sábio da parte deles manter-se calados! Expressa confiança na retidão de sua causa e invoca a Deus para que o ouça. Passa à idéia de que “o homem, nascido de mulher, é de vida curta e está empanturrado de agitação” (14:1). O homem passa logo, como a flor ou a sombra. Não se pode produzir alguém puro de alguém impuro. Ao orar para que Deus o esconda em secreto no SHeol até que Sua ira se recue, Jó pergunta: “Morrendo o varão vigoroso, pode ele viver novamente?” Em resposta, expressa forte esperança: ‘Esperarei até vir a minha substituição’ (14:13, 14).

D. O debate: segunda fase (15:1–21:34). Ao iniciar o segundo debate, Elifaz zomba do conhecimento de Jó, dizendo que este ‘encheu seu ventre com o vento oriental’ (15:2). Novamente, desacredita a afirmação de Jó de ser íntegro, sustentando que nem o homem mortal, nem os santos nos céus podem reter fé aos olhos de Deus. Acusa indiretamente a Jó de procurar mostrar-se superior a Deus e de praticar apostasia, suborno e engano.

Jó retruca que seus companheiros são ‘consoladores funestos, com palavras ventosas’ (16:2, 3). Se estivessem no seu lugar, ele não os insultaria. Deseja muito ser justificado, e olha para Deus, que tem seu registro e decidirá sua causa. Jó não encontra sabedoria nos seus companheiros. Tiram-lhe toda a esperança. O “consolo” deles é como dizer que a noite é dia. A única esperança é ‘descer ao Sheol’ (17:15, 16).

A discussão fica acalorada. Bildade está agora ressentido, pois acha que Jó comparou seus amigos a animais sem entendimento. Pergunta a Jó: ‘Será abandonada a terra por tua causa?’ (18:4). Adverte que Jó cairá num terrível laço, como exemplo para outros. Jó não terá descendência que viva após ele.

Jó responde: “Até quando ficareis irritando a minha alma e esmigalhando-me com palavras?” (19:2). Perdeu a família e os amigos, a esposa e os de sua casa se afastaram dele, e ele próprio escapou só ‘com a pele dos seus dentes’ (19:20). Confia no aparecimento de um redentor para resolver a questão em seu favor, para que finalmente ‘observe a Deus’ (19:25, 26).

Zofar, igual a Bildade, fica ressentido por ter de ouvir a “exortação insultante” de Jó (20:3). Repete que os pecados de Jó lhe trouxeram retribuição. Os iníquos sempre recebem o castigo de Deus, e não têm descanso, diz Zofar, mesmo enquanto gozam de prosperidade.

Jó replica com um argumento fulminante: Se Deus sempre castiga assim os iníquos, por que é que os iníquos continuam vivendo, envelhecem, e se tornam superiores em riquezas? Passam seus dias desfrutando a vida. Quantas vezes lhes sobrevém a calamidade? Mostra que o rico e o pobre morrem da mesma forma. De fato, o iníquo com

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freqüência morre “despreocupado e tranqüilo”, ao passo que o justo talvez morra “com alma amargurada” (21:23, 25).

E. O debate: terceira fase (22:1–25:6). Elifaz volta a atacar ferozmente, zombando da afirmação de Jó de ser inculpe diante do Todo-Poderoso. Levanta calúnia mentirosa contra Jó, declarando que este é mau, explorou os pobres, negou pão ao faminto e maltratou viúvas e órfãos de pai. Elifaz diz que a vida particular de Jó não é tão pura como afirma e que isso explica a situação calamitosa de Jó Mas, “se retornares ao Todo-Poderoso”, entoa Elifaz, “ele te ouvirá” (22:23, 27).

Jó, em resposta, refuta a ultrajante acusação de Elifaz dizendo que deseja uma audiência perante Deus, o qual está ciente do seu proceder justo. Há aqueles que oprimem os órfãos de pai, as viúvas e os pobres, e que cometem homicídio, roubo e adultério. Talvez pareçam prosperar por algum tempo, mas receberão sua recompensa. Serão reduzidos a nada. “Por conseguinte, quem me fará de mentiroso?”, desafia Jó (24:25).

Bildade redargüi brevemente a isto, sustentando seu argumento de que nenhum homem pode ser puro perante Deus. Zofar deixa de participar nesta terceira fase. Não tem nada a dizer.

F. O argumento concludente de Jó (26:1– 31:40). Numa dissertação final, Jó silencia completamente seus companheiros (32:12, 15, 16). Com grande sarcasmo, diz: “Oh! de quanta ajuda foste àquele que não tem poder! (...) Quanto aconselhaste aquele que não tem sabedoria!” (26:2, 3). Nada, porém, nem mesmo o Sheol, pode encobrir algo da vista de Deus. Jó descreve a sabedoria de Deus no espaço sideral, na terra, nas nuvens, no mar e no vento — os quais o homem tem visto. Estes são apenas as beiradas dos caminhos do Todo-Poderoso. Mal chegam a ser um sussurro da grandeza do Todo-Poderoso.

Convencido de sua inocência, declara: “Até eu expirar não removerei de mim a minha integridade!” (27:5). Não, Jó não fez nada para merecer o que lhe sobreveio. Contrário às acusações deles, Deus recompensará a integridade, cuidando de que as coisas armazenadas pelos iníquos na sua prosperidade sejam herdadas pelos justos.

O homem sabe donde vêm os tesouros da terra (prata, ouro, cobre), “mas a própria sabedoria — donde vem”? (28:20) Ele a tem procurado entre os viventes; vasculhou o mar; não pode ser comprada com ouro ou prata. Deus é aquele que entende a sabedoria. Ele enxerga até as extremidades da terra e dos céus, proporciona o vento e as águas, e controla a chuva e a nuvem de temporal. Jó conclui: “Eis o temor do Senhor Deus — isso é sabedoria, e desviar-se do mal é compreensão” (28:28).

O angustiado Jó apresenta, a seguir, a história de sua vida. Deseja ser restabelecido à sua anterior posição achegada com Deus, quando era respeitado até mesmo pelos líderes da cidade. Socorria os afligidos e servia de olhos para os cegos. Seu conselho era bom, e as pessoas esperavam suas palavras. Mas, agora, em vez de ter uma posição honrosa, é escarnecido até mesmo pelos mais jovens, cujos pais nem eram dignos de estar com os cães do seu rebanho. Cospem nele e se lhe opõem. Agora, na sua maior aflição, não lhe dão descanso.

Jó descreve a si mesmo como homem dedicado, e pede para ser julgado por Deus. “Ele me pesará em balança exata, e Deus chegará a saber a minha integridade” (31:6). Jó defende suas ações no passado. Não foi adúltero, nem tramou contra outros. Não negligenciou a ajuda aos necessitados. Embora fosse rico, não confiava nas riquezas materiais. Não adorou o sol, a lua e as estrelas, pois “isto também seria um erro a receber a atenção dos magistrados, pois eu teria renegado o verdadeiro Deus de cima” (31:28). Jó convida seu adversário em juízo a levantar acusações contra o registro verídico da sua vida.

G. Eliú fala (32:1–37:24). Nesse ínterim, Eliú, descendente de Buz, filho de Naor, e, por conseguinte, parente distante de Abraão, estava escutando o debate. Esperou porque achava que os de mais idade teriam maior conhecimento. Entretanto, não é a idade, mas o Espírito de Deus que dá entendimento. A ira de Eliú se acende contra Jó, por este “declarar justa a sua própria alma em vez de a Deus”, mas fica ainda mais irado com os três companheiros de Jó, por sua deplorável falta de sabedoria ao pronunciarem Deus iníquo. Eliú fica “cheio de palavras”, e o Espírito de Deus o compele a dar vazão a elas, mas sem parcialidade e sem ‘dar títulos ao homem terreno’ (Jó 32:2, 3, 18-22; Gn 22:20, 21).

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Eliú fala com sinceridade, reconhecendo a Deus como seu Criador. Salienta que Jó tem estado mais preocupado com sua própria vindicação do que com a de Deus. Não era necessário Deus responder a todas as palavras de Jó, como se precisasse justificar suas ações, não obstante, Jó havia contendido com Deus. Entretanto, ao passo que a alma de Jó se aproxima da morte, Deus o favorece com um mensageiro, dizendo: “Isenta-o de descer à cova! Achei um resgate! Torne-se a sua carne mais fresca do que na infância; volte ele aos dias do seu vigor juvenil” (33:24, 25). Os justos serão restabelecidos!

Eliú convoca os sábios a ouvir. Censura a Jó por dizer que não há proveito em manter a integridade: “Longe está do verdadeiro Deus agir iniquamente, e do Todo-Poderoso agir injustamente! Pois é segundo a atuação do homem terreno que ele o recompensará” (34:10, 11). Ele pode remover o fôlego de vida, e toda carne expirará. Deus julga sem parcialidade. Jó tem destacado demais sua própria justiça. Tem sido precipitado, não deliberadamente, mas “sem conhecimento”; e Deus tem sido longânime com ele (34:35). Há mais coisas que precisam ser ditas para a vindicação de Deus. Deus não tirará seus olhos dos justos, mas os repreenderá. “Não preservará vivo a alguém iníquo, mas dará o julgamento dos atribulados” (36:6). Visto que Deus é o Instrutor supremo, Jó devia magnificar Sua atividade.

Numa atmosfera de inspirar temor, de uma tempestade em formação, Eliú fala das grandes coisas feitas por Deus e de Seu controle sobre as forças naturais. A Jó ele diz: “Fica parado e mostra-te atento às obras maravilhosas de Deus” (37:14). Considere o esplendor dourado de Deus e a dignidade dele, que inspira temor, muito além do escrutínio humano. “Ele é sublime em poder, e não depreciará o juízo e a abundância da justiça.” Sim, Deus considerará aqueles que o temem, não os que são “sábios no seu próprio coração” (37:23, 24).

H. Deus responde a Jó (38:1–42:6). Jó havia pedido que Deus falasse com ele. Agora Deus responde majestosamente de dentro do vendaval. Propõe a Jó uma série de perguntas que são em si mesmas uma lição objetiva da pequenez do homem e da grandeza de Deus. “Onde vieste a estar quando fundei a terra? (...) Quem lançou a sua pedra angular, quando as estrelas da manhã juntas gritavam de júbilo e todos os filhos de Deus começaram a bradar em aplauso?” (38:4, 6, 7). Isso foi muito antes do tempo de Jó! Suscitam-se perguntas, uma após a outra, e Jó não consegue responder a elas, ao passo que Deus aponta para o mar da terra, sua vestimenta de nuvens, a alva, os portões da morte, e a luz e a escuridão. “Acaso o sabes por que nasceste naquele tempo, e porque os teus dias são muitos em número?” (38:21). E que dizer dos depósitos de neve e de saraiva, o temporal e a chuva e as gotas de orvalho, o gelo e a geada, as poderosas constelações celestes, os relâmpagos e as camadas de nuvens, os animais e as aves?

Jó admite humildemente: “Eis que me tornei de pouca importância. Que te replicarei? Pus a minha mão sobre a boca” (40:4). Deus ordena Jó a enfrentar a questão. Propõe mais uma série de perguntas desafiadoras que exaltam Sua dignidade, superioridade e força, conforme evidenciadas em suas criações naturais. Até mesmo o beemote e o leviatã são muito mais poderosos do que Jó! Completamente humilhado, Jó admite que seu ponto de vista fosse errado, e que falou sem conhecimento. Vendo agora a Deus, não por ouvir falar dele, mas com entendimento, retrata-se e arrepende-se “em pó e cinzas” (42:6).

I. O julgamento e a bênção de Deus (42:7-17). A seguir, Deus acusa Elifaz e seus dois companheiros de não terem falado coisas verídicas sobre Ele. Precisam providenciar sacrifícios e é preciso que Jó ore por eles. Depois disso, Deus reverte a condição cativa de Jó, abençoando-o com o dobro do que tinha. Seus irmãos, suas irmãs e seus anteriores amigos retornam a ele com presentes, e ele é abençoado com o dobro do que possuía antes em matéria de ovelhas, camelos, gado e jumentas. Tem novamente dez filhos, sendo suas três filhas as mais belas mulheres de todo o país. Sua vida é milagrosamente prolongada em 140 anos, de modo que chega a ver quatro gerações da sua descendência. Morre “velho e saciado de dias” (42:17).

2.2. Importância do Livro de Jó Para os Nossos Dias

O livro de Jó exalta a Deus e testifica Sua sabedoria e poder insondáveis (12:12, 13; 37:23). Só neste livro, Deus é chamado de Todo-Poderoso 31 vezes, o que é mais do que em

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todo o restante das Escrituras. O relato exalta a Sua eternidade e posição enaltecida (10:5; 36:4, 22, 26; 40:2; 42:2), bem como sua justiça, benevolência e misericórdia (36:5-7; 10:12; 42:12). Salienta a vindicação de Deus acima da salvação do homem (33:12; 34:10, 12; 35:2; 36:24; 40:8). O Senhor, Deus de Israel, é indicado como sendo também o Deus de Jó

O registro de Jó magnífica e explica a obra criativa de Deus (38:4–39:30; 40:15, 19; 41:1; 35:10). Harmoniza-se com a declaração de Gênesis, de que o homem é feito do pó e ao pó retorna (Jó 10:8, 9; Gn 2:7; 3:19). Emprega os termos “redentor”, “resgate” e “viver novamente”, fornecendo assim um vislumbre de destacados ensinamentos das Escrituras Gregas Cristãs (Jó 19:25; 33:24; 14:13, 14). Muitas das expressões no livro foram empregadas ou usadas como paralelo pelos profetas e por escritores cristãos. Compare por exemplo, Jó 7:17 com Salmo.8:4; Jó 9:24 com 1João.5:19; Jó 10:8 com Salmo.119:73; Jó 12:25 com Deuteronômio.28:29; Jó 24:23 com Provérbios.15:3; Jó 26:8 com Provérbios.30:4; Jó 28:12, 13, 15-19 com Provérbios.3:13-15; Jó 39:30 com Mateus.24:28.

As normas justas de vida estabelecidas por Deus são delineadas em muitas passagens. O livro condena fortemente o materialismo (31:24, 25), a idolatria (31:26-28), o adultério (31:9-12), alegrar-se com a desgraça de outros (31:29), a injustiça e a parcialidade (31:13; 32:21), o egoísmo (31:16-21), a desonestidade e a mentira (31:5), indicando que quem pratica tais coisas não pode ganhar o favor de Deus e a vida eterna. Eliú é um excelente exemplo de profundo respeito e modéstia, junto com denodo, coragem e exaltação de Deus (32:2, 6, 7, 9, 10, 18-20; 33:6, 33). O próprio exercício de liderança por parte de Jó, a consideração que tinha pela família, e sua hospitalidade também fornecem excelente lição (1:5; 2:9, 10; 31:32). Entretanto, Jó é principalmente lembrado por manter a integridade e perseverar com paciência, dando um exemplo que provou ser um baluarte fortalecedor da fé para os servos de Deus no decorrer das eras, e especialmente nestes tempos que põem à prova a nossa fé. “Ouvistes falar da perseverança de Jó e vistes o resultado que Deus deu, que Deus é mui terno em afeição e é misericordioso” (Tg 5:11).

Jó não fazia parte da semente de Abraão, a quem foram dadas as promessas do Reino, contudo o registro de sua integridade contribui muito para tornar claro o entendimento dos propósitos referentes ao Reino de Deus. O livro é parte essencial do registro divino, pois revela a questão fundamental entre Deus e o diabo, que envolve a integridade do homem para com Deus como seu Soberano. Mostra que os anjos, criados antes da terra e do homem, também são espectadores e estão muito interessados nesta terra e no desfecho da controvérsia (1:6-12; 2:1-5; 38:6,7) Indica que essa controvérsia já existia antes dos dias de Jó, e que o diabo é uma pessoa espiritual real. Se o livro de Jó foi escrito por Moisés, trata-se da primeira ocorrência da expressão “has•Sa•tán” no texto hebraico da Bíblia, fornecendo uma identidade adicional para “a serpente original” (Jó 1:6, nota; Ap.12:9). O livro prova também que Deus não é o causador do sofrimento, das doenças e da morte dos humanos, e explica por que os justos são perseguidos, ao passo que se permite que os iníquos e a iniqüidade continuem. Mostra que Deus está interessado em levar a questão em litígio à sua solução final.

Agora é o tempo em que todos os que desejam viver sob o governo do Reino de Deus precisam responder ao diabo, “o acusador”, por manterem a integridade (Ap 12:10, 11). Mesmo enfrentando ‘provações intrigantes’, os que mantêm a integridade precisam continuar orando para que o nome de Deus seja santificado, e para que Seu Reino venha e destrua ao diabo e a toda a sua zombeteira prole. Esse será “o dia de peleja e de guerra” de Deus, seguido pelo alívio e pelas bênçãos das quais Jó esperava compartilhar (I Pd 4:12; Mt 6:9,10; Jó 38:23; 14:13-15).

2.3. Comparando Jó com Outros Livros da Bíblia

Livro de Jó Ponto de comparação (referências bíblicas) 3:17-19 Os mortos não sabem nada, mas estão como os adormecidos (Ec 9:5,

10; Jo1:11-14; I Co 15:20).

10:4 Deus não julga com base no ponto de vista humano (I Sm 16:7).

10:8-12 O grande cuidado de Deus em criar o homem (Sl 139:13-16).

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12:23 Deus deixa as nações ficarem poderosas e até mesmo unidas contra ele, para que possa com justiça destruí-las de um só golpe (Re 17:13, 14, 17).

14:1-5 Homem nasce em pecado e em servidão à morte (Sl 51:5; Rm 5:12).

14:13-15 Ressurreição dos mortos (I Co 15:21-23).

17:9 O justo não tropeça, não importa o que outros façam (Sl 119:165).

19:25 O propósito de Deus é remir (resgatar, livrar) a humanidade fiel (Rm 3:24; I Co 1:30).

21:23-26 Todos os homens estão sujeitos ao mesmo evento conseqüente; todos são iguais na morte (Ec 9:2, 3).

24:3-12 Aflição causada pelos iníquos; cristãos são tratados assim (II Co 6:4-10; 11:24-27).

24:13-17 Os iníquos amam a escuridão, em vez de a luz; a luz os aterroriza (Jo 3:19).

26:6 Todas as coisas estão expostas aos olhos de Deus (Hb 4:13).

27:12 Os que têm “visões” do seu próprio coração, não de Deus, proferem coisas vãs (Jr 23:16).

27:8-10 O apóstata não invocará genuinamente a Deus, nem será ouvido por Ele (Hb 6:4-6).

27:16, 17 O justo herdará a riqueza acumulada pelo iníquo (Dt 6:10, 11; Pv 13:22).

Cap. 28 O homem não pode encontrar verdadeira sabedoria do ‘livro da criação divina’, mas só de Deus e pelo temor Dele (Ec.12:13; 1Co.2:11-16).

30:1, 2, 8, 12 Vadios imprestáveis, insensatos, são usados para perseguir os servos de Deus (At 17:5).

32:22 Conferir títulos antibíblicos é errado (Mt 23:8-12).

34:14, 15 A vida de toda a carne está na mão de Deus (Sl 104:29, 30; Is 64:8; At 17:25, 28).

34:19 Deus não é parcial (At 10:34).

34:24, 25 Deus derruba e estabelece governantes a seu bel-prazer (Dn 2:21; 4:25).

36:24; 40:8 O importante é declarar a justiça de Deus (Rm 3:23-26).

42:2 Para Deus, todas as coisas são possíveis (Mt 19:26).

42:3 A sabedoria de Deus é inescrutável (Is 55:9; Rm 11:33).

Outras comparações dignas de nota: Jó 7:17 e Sl 8:4; Jó 9:24 e I Jo 5:19; Jó 10:8 e Sl 119:73; Jó 26:8 e Pv .30:4; Jó 28:12, 13, 15-19 e Pv 3:13-15; Jó 39:30 e Mt 24:28.

3 - SALMOS Livro que parece consistir em cinco coleções de cânticos sagrados: (1) 1-41; - (2) 42-

72; - (3) 73-89; - (4) 90-106; - (5) 107-150. Cada coleção terminando com uma bênção proferida sobre Deus. Segundo o seu lugar no livro, os respectivos salmos, desde tempos antigos, evidentemente eram conhecidos por número. Por exemplo, o que é agora chamado de “segundo salmo” também era chamado assim no primeiro século a.C. (At 13:33).

A. Estilo. A poesia do livro dos Salmos consiste em idéias ou expressões paralelas. Característicos são os salmos acrósticos, ou alfabéticos (9, 10, 25, 34, 37, 111, 112, 119,

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145). Nestes salmos, o versículo ou versículos iniciais da primeira estrofe começam com a letra hebraica ´á•lef (álefe), o(s) versículo(s) seguinte(s) com behth (bete), e assim por diante, passando por todas ou quase todas as letras do alfabeto hebraico. Este arranjo talvez servisse de auxílio para a memória. Sobre a terminologia encontrada no livro dos Salmos,

B. Cabeçalhos. Os cabeçalhos, ou epígrafes, que se encontram no início de muitos dos salmos identificam o escritor, fornecem matéria de fundo, dão instruções musicais, ou indicam o uso ou o objetivo do salmo (veja os cabeçalhos dos capítulos 3, 4, 5, 6, 7, 30, 38, 60, 92, 102). Ocasionalmente, os cabeçalhos fornecem as informações necessárias para se acharem outros textos que esclarecem determinado salmo (compare Sl 51 com II Sm 11:2-15; 12:1-14.). Visto que outras partes poéticas da Bíblia muitas vezes são introduzidas de modo similar (Ex 15:1; Dt 31:30; 33:1; Jz 5:1; compare II Sm 22:1 com o cabeçalho de Sl 18), isto sugere que os cabeçalhos foram originados quer pelos escritores, quer pelos colecionadores dos salmos. O que dá apoio a isso é que, já no tempo da escrita dos Rolos do Mar Morto dos Salmos (entre 30 e 50 a.C.), os cabeçalhos faziam parte do texto principal.

C. Escritores. Dentre os 150 salmos, os cabeçalhos atribuem 73 a Davi, 11 aos filhos de Corá (um deles [88] também menciona Hemã), 12 a Asafe (evidentemente referindo-se à família de Asafe), um a Moisés, um a Salomão e um a Etã, o ezraíta. Além disso, o Salmo 72 é “referente a Salomão” e parece ter sido escrito por Davi (veja 72:20). À base de Atos 4:25 e Hebreus 4:7, é evidente que os Salmos 2 e 95 foram escritos por Davi. Os Salmos 10, 43, 71 e 91 parecem ser continuações dos Salmos 9, 42, 70 e 90 respectivamente. Portanto, os Salmos 10 e 71 podem ser atribuídos a Davi, o Salmo 43, aos filhos de Corá, e o Salmo 91, a Moisés. Há indícios de que o Salmo 119 talvez fosse escrito pelo jovem príncipe Ezequias (note 119:9, 10, 23, 46, 99, 100). Isto deixa mais de 40 salmos sem menção ou indicação dum compositor específico.

Os salmos individuais foram escritos durante um período de cerca de 1.000 anos, desde o tempo de Moisés até depois do retorno do exílio babilônico (90; 126:1, 2; 137:1, 8).

D. Compilação. Visto que Davi compôs muito deles e organizou os músicos levitas em 24 grupos de serviço, é razoável concluir que ele tenha começado uma coleção desses cânticos a serem usados no santuário (II Sm 23:1; I Cr 25:1-31; II Cr 29:25-30). Depois disso, devem ter sido feitas outras coleções, conforme se pode deduzir das repetições encontradas no livro (compare 14 com 53; 40:13-17 com 70; 57:7-11 com 108:1-5). Diversos peritos acreditam que Esdras foi responsável pelo arranjo do livro dos Salmos na forma final.

Há evidência de que o conteúdo do livro dos Salmos já estava estabelecido bem cedo. A ordem e o conteúdo do livro na Septuaginta grega concordam basicamente com o texto hebraico. Portanto, é razoável que o livro dos Salmos já estivesse completo no terceiro século a.C., quando se iniciou o trabalho nesta tradução grega. Um fragmento do texto hebraico,em uso no terceiro quarto do primeiro século a.C., que contém o Salmo 150:1-6, é logo seguido por uma coluna em branco. Isto parece indicar que este antigo manuscrito hebraico terminava o livro dos Salmos neste ponto, e assim também corresponde ao texto massorético.

E. Preservação Exata do Texto. O Rolo do Mar Morto dos Salmos oferece evidência da preservação exata do texto hebraico. Embora seja uns 900 anos mais antigo do que o geralmente aceito texto massorético, o conteúdo deste rolo (41 salmos canônicos, inteiros ou em parte) corresponde basicamente ao texto em que se baseia a maioria das traduções. O Professor J. A. Sanders observou: “A maioria [das variações] são ortográficas, e só importam para os peritos interessados em indícios quanto à pronúncia do hebraico na antigüidade, e em assuntos deste tipo .... Algumas variações se recomendam, de imediato, como aprimoramentos do texto, em especial as que oferecem um texto hebraico mais claro, porém, fazem pouca ou nenhuma diferença quanto à tradução ou à interpretação” (The Dead Sea Psalms Scroll - O Rolo do Mar Morto dos Salmos, 1967, p. 15).

F. Inspirado por Deus. Não pode haver dúvida de que o livro dos Salmos faz parte da Palavra inspirada de Deus. Está em plena harmonia com o restante das Escrituras. Idéias comparáveis são muitas vezes encontradas em outras partes da Bíblia (compare Sl 1 com Jr 17:5-8; Sl 49:12 com Ec3:19 e; II Pd 2:12; Sl 49:17 com Lc 12:20, 21). Também, muitas são as citações dos Salmos encontradas nas Escrituras Gregas Cristãs. Compare:

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5:9 com Rm 3:13;

8:6 com I Co 15:27 e Ef 1:22;

10:7 com Ro 3:14;

14:1-3 e 53:1-3 com Rm 3:10-12;

19:4 com Rm 10:18;

24:1 com I Co 10:26;

32:1, 2 com Ro 4:7,8;

36:1 com Rm 3:18;

44:22 com Rm 8:36;

50:14 com Mt 5:33;

51:4 com Ro 3:4;

56:4,11 e 118:6 com Hb 13:6;

62:12 com Rm 2:6;

69:22,23 com Rm 11:9,10;

78:24 com Jo 6:31;

94:11 com I Co 3:20;

95:7-11 com Hb 3:7-11,15,4:3-7;

102:25-27 com Hb 1:10-12;

104:4 com Hb1:7;

112:9 com II Co 9:9;

116:10 com II Co 4:13;

144:3 Hb 2:6, e outros

Davi escreveu a respeito de si mesmo: “Foi o Espírito de Deus que falou por meu intermédio, e a sua palavra estava na minha língua” (II Sm 23:2). Esta inspiração é confirmada pelo apóstolo Pedro (At 1:15, 16), pelo escritor da carta aos hebreus (Hb 3:7,8; 4:7) e por outros cristãos do primeiro século (At 4:23-25). O mais notável testemunho é o do Filho de Deus (Lc 20:41-44) Depois da sua ressurreição, ele disse aos seus discípulos: “Estas são as minhas palavras que vos falei enquanto ainda estava convosco, que todas as coisas escritas na lei de Moisés, e nos Profetas, e nos Salmos [o primeiro livro dos Hagiógrafos, ou Escritos Sagrados, que assim dá seu nome a toda esta seção], a respeito de mim, têm de se cumprir” (Lc 24:44).

Preditas as experiências e atividades do Messias: um exame das Escrituras Gregas Cristãs revela que grande parte das atividades e experiências do Messias foi predita nos Salmos, conforme os seguintes exemplos demonstrarão:

Quando Jesus se apresentou para o batismo, ele indicou que viera para fazer a “vontade” do seu Pai relacionada com o sacrifício do seu próprio corpo ‘preparado’ e com respeito à eliminação dos sacrifícios de animais oferecidos segundo a Lei, conforme está escrito no Salmo 40:6-8 (Hb 10:5-10). Deus aceitou a apresentação que Jesus fez de si mesmo, derramando sobre ele Seu Espírito e reconhecendo-o como Seu Filho, conforme predito no Salmo 2:7 (Mc 1:9-11; Hb 1:5; 5:5). Também, conforme predito no Salmo 8:4-6, o homem Jesus era “um pouco menor que os anjos” (Hb 2:6-8).

No decorrer do seu ministério, ele ajuntou e treinou discípulos. Não se envergonhava de chamá-los de “irmãos”, conforme se escrevera no Salmo 22:22. (Hb 2:11, 12; compare isso com Mt 12:46-50 e Jo 20:17.) De acordo com o que se predissera nos Salmos, Jesus falava com ilustrações (Sl 78:2; Mt 13:35), mostrou ter zelo pela casa de Deus por limpá-la do comercialismo, e não agradou a si mesmo (Sl 69:9; Jo 2:13-17; Rm 15:3). No entanto, foi odiado sem causa (Sl 35:19; 69:4; Jo 15:25) O ministério de Cristo Jesus a favor dos judeus circuncisos serviu para confirmar as promessas feitas aos antepassados deles, e, mais tarde, induziu pessoas das nações a glorificar e louvar a Deus. Isto também fora predito (Sl 18:49; 117:1; Rm 15:9, 11).

Quando Jesus entrou em Jerusalém montado num jumentinho, multidões o aclamaram com as palavras do Salmo.118:26 (Mt 21:9). Quando os principais sacerdotes e os escribas objetaram ao que meninos no templo diziam em reconhecimento de Jesus como “o Filho de Davi”, Jesus silenciou os opositores religiosos por citar o Salmo 8:2 (Mt 21:15,16).

O livro dos Salmos indicava que Jesus seria traído por um associado íntimo (Sl 41:9; Jo 13:18), o qual, conforme predito, seria substituído (Sl 69:25; 109:8; At 1:20). Até mesmo fora predito que os governantes (Herodes e Pôncio Pilatos) se alinhariam contra Jesus com homens das nações (tais como os soldados romanos), e com povos de Israel (Sl 2:1, 2; At 4:24-28), assim como também fora predito que ele seria rejeitado pelos construtores

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religiosos, judeus. (Sl 118:22, 23; Mt 21:42; Mc 12:10,11; At 4:11) E testemunhas falsas testificaram contra ele, conforme predisse o Salmo.27:12 (Mt 26:59-61).

Ao chegar ao lugar em que seria pregado na estaca, ofereceram a Jesus vinho misturado com fel (Sl 69:21; Mt 27:34). Fazendo uma alusão profética ao próprio ato de Jesus ser pregado na estaca, o salmista escreveu: “Cercaram-me cães; rodeou-me a assembléia dos próprios malfeitores. Iguais a um leão atacam as minhas mãos e os meus pés” (Sl 22:16). Os soldados romanos repartiram a roupa de Jesus por lançar sortes (Sl 22:18; Mt 27:35; Lc 23:34; Jo 19:24). Seus inimigos religiosos caçoaram dele com as palavras registradas pelo salmista (Sl 22:8; Mt 27:41-43). Sofrendo sede intensa, Jesus pediu algo para beber (Sl 2:15; Jo 19:28). Novamente ofereceram-lhe vinho acre (Sl 69:21; Mt 27:48; Jo 19:29, 30). Pouco antes de morrer, Jesus clamou, citando o Salmo.22:1; (Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste?” (Mt 27:46; Mc 15:34). Com o último suspiro, ele usou o Salmo.31:5 ao dizer: “Pai, às tuas mãos confio o meu espírito” (Lc 23:46). Conforme o salmista predissera adicionalmente, não se lhe quebrou nenhum osso (Sl 34:20; Jo 19:33, 36).

Embora fosse deitado num túmulo, Jesus não foi abandonado no Hades, nem viu a sua carne a corrupção, mas ele foi levantado dentre os mortos (16:8-10; At 2:25-31; 13:35-37). Quando ascendeu ao céu, foi assentado à mão direita de Deus, aguardando que seus inimigos fossem postos como escabelo para os seus pés (Sl 110:1; At 2:34, 35). Ele tornou-se também sacerdote à maneira de Melquisedeque (Sl 110:4; Hb 5:6, 10; 6:20; 7:17, 21) e deu dádivas em forma de homens (68:18; Ef 4:8-11). Todos estes pormenores foram profetizados nos Salmos. Ainda é futura a vinda de Jesus no papel de executor da parte de Deus para espatifar as nações (Sl 2:9; I Re 2:27; 19:14, 15). Depois disso, Cristo, como Rei, trará bênçãos eternas para os seus súditos leais. Embora o Salmo 72 fosse originalmente escrito referente a Salomão, a descrição do seu governo ali se aplica em grau ainda maior ao Messias. Isto é atestado pela profecia de Zacarias (9:9, 10), que ecoa o Salmo.72:8 e é aplicada a Cristo Jesus (Mt 21:5).

Quanto a outros cumprimentos do livro dos Salmos, compare o Salmo 45 com Hebreus 1:8, 9; Apocalipse 19:7-9, 11-15; 21:2, 9-11.

3.1. Mais do que Apenas Bela Poesia

Além de indicar eventos futuros, os Salmos contêm muita coisa de que a pessoa pode derivar encorajamento e que lhe pode servir de guia. Os Salmos são mais do que apenas bela poesia. Retratam a vida como ela realmente é as alegrias, as tristezas, os temores e os desapontamentos. Em todos eles há evidência da relação íntima dos salmistas com Deus. E as atividades e as qualidades de Deus são postas em nítido foco, motivando expressões de louvor e de agradecimento.

A. Mostra-se que a verdadeira felicidade deriva de se evitar a associação com os iníquos, de se agradar da lei de Deus (1:1, 2), de se refugiar no Seu ungido (2:11,12), de confiar em Deus (40:4), de ter consideração com os de condição humilde (41:1,2), de receber correção de Deus (94:12,13), de obedecer às Suas ordens (112:1; 119:1,2), e de tê-lo como Deus e Ajudador (146:5,6).

B. Admoesta-se a ter confiança em Deus. “Lança teu fardo sobre o próprio Deus, e ele mesmo te susterá. Nunca permitirá que o justo seja abalado” (55:22; 37:5). Tal confiança exclui o temor de homem (56:4, 11).

C. Incentiva-se a esperar por Deus (42:5,11; 43:5), bem como recorrer a palavras e ações corretas, para se obter a aprovação divina. (1:1-6; 15:1-5; 24:3-5; 34:13, 14; 37:3, 4, 8,27; 39:1; 100:2) Dá-se ênfase no valor das boas associações. (18:25, 26; 26:4, 5) E aconselha-se a não invejar a prosperidade ou o sucesso dos iníquos, porque eles perecerão (37:1,2,7-11).

Os Salmos indicam que os servos de Deus podem orar corretamente por coisas tais como a salvação ou a libertação (3:7, 8; 6:4; 35:1-8; 71:1-6), favor (4:1; 9:13), orientação (5:8; 19:12-14; 25:4, 5; 27:11; 43:3), proteção (17:8), perdão de pecados (25:7, 11, 18; 32:5, 6; 41:4; 51:1-9), um coração puro, um espírito novo e firme (51:10), e a glorificação do nome

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de Deus (115:1). Podem também orar para ser examinados, refinados (26:2) e julgados (35:24; 43:1), bem como para que se lhes ensine bondade, sensatez, conhecimento e regulamentos de Deus (119:66, 68, 73, 124, 125, 135).

D. Destacam as atividades e as qualidades de Deus. Os Salmos realçam o apreço por Deus, cuja existência apenas o insensato negaria (14:1;19:7-11; 53:1). Deus é revelado como Aquele que “ama a justiça e o juízo” (33:5), que “é para nós refúgio e força, uma ajuda encontrada prontamente durante aflições” (46:1). Ele é justo Juiz (7:11; 9:4,8), o Criador (8:3; 19:1; 33:6), Rei (10:16; 24:8-10), Pastor (23:1-6) e Instrutor (25:9,12), o Provisor tanto para os homens como para os animais (34:10; 147:9), o Salvador ou Libertador (35:10; 37:39, 40; 40:17; 54:7), e a Fonte da vida (36:9) e de consolo (86:17), bênção e força (29:11).

Deus ‘não se esquece do clamor dos atribulados’ (9:12; 10:14), mas responde às orações dos seus servos (3:4; 30:1, 2; 34:4, 6, 17, 18), recompensando-os e protegendo-os (3:3, 5, 6; 4:3, 8; 9:9, 10; 10:17, 18; 18:2, 20-24; 33:18-20; 34:22; veja 34:7 a respeito de proteção angélica). Ele odeia a iniqüidade e toma ação contra os transgressores (5:4-6, 9, 10; 9:5, 6, 17, 18; 21:8-12; 99:8).

E. Mostra-se que Deus é atemorizante (76:7) e grande (77:13), contudo, humilde (18:35); ele é santo (99:5), e abundante em bondade (31:19) e em poder (147:5). Ele é “um Deus misericordioso e clemente, vagaroso em irar-se e abundante em benevolência e veracidade” (86:15). Seu entendimento está além de ser narrado (147:5) e suas obras criativas atestam a sua sabedoria (104:24). Ele conta o número das estrelas e chama a todas elas por nome (147:4). É capaz de ver até mesmo o embrião humano (139:16). Pode curar todas as enfermidades (103:3). Ele pode fazer cessar guerras por destroçar o equipamento de guerra dos inimigos.(46:9). Tem estado ativamente envolvido em muitos eventos da história na promoção do seu justo propósito (44:1-3; 78:1-72; 81:5-7; 105:8-45; 106:7-46; 114:1-8; 135:8-12; 136:4-26). Tal Deus, deveras, merece louvor e agradecimentos (92:1; 96:1-4; 146150). Confiar em homens (60:11; 62:9), riquezas (49:6-12,17) ou ídolos (115:4-8; 135:15-18) seria tolice.

F. Consideram o valor da palavra de Deus. Os Salmos também ensinam a ter apreço pela palavra de Deus. Mostram que as declarações de Deus são puras (Sal 12:6) e refinadas (18:30). Sua lei é preciosa (119:72) e é verdade (119:142). Benefícios duradouros resultam de se observar a Sua lei perfeita, suas advertências fidedignas, suas ordens retas, seus mandamentos limpos e suas decisões judiciais justas (19:7-11). A palavra de Deus serve para iluminar a senda da pessoa (119:105), e seus mandamentos a tornam sábia, dando-lhe perspicácia e entendimento (119:98-100, 104).

G. Esclarecem e suplementam outros textos. Às vezes, o livro dos Salmos esclarece ou suplementa outras partes da Bíblia. Mostra que ‘atribular a alma’, como os israelitas faziam no Dia da Expiação (Lv 16:29; 23:27; Nm 29:7), refere-se a jejuar (Sl 35:13). Só o salmista relata o tratamento severo dado a José, pelo menos inicialmente, enquanto estava preso no Egito: “Atribularam-lhe os pés com grilhetas, sua alma entrou em ferros.” (105:18) Dos Salmos aprendemos que “delegações de anjos” estavam envolvidas em causar as pragas no Egito (78:44-51) e que, no ermo, as águas milagrosamente providas “foram através das regiões áridas como um rio” (105:41), fornecendo assim um amplo e prontamente acessível suprimento de água para a nação de Israel e seus muitos animais domésticos. Os Salmos fornecem evidência de que o próprio Faraó morreu no mar Vermelho (136:15).

Os Salmos indicam que os israelitas sofreram reveses e grandes dificuldades antes da derrota dos edomitas no Vale do Sal (Sl 60:1, 3, 9) Isto sugere que os edomitas invadiram Judá enquanto a nação estava guerreando no norte com as forças de Arã-Naaraim e Arã-Zobá.

O Salmo 101 revela a maneira em que Davi administrava os assuntos de estado. Como seus servos, Davi escolhia apenas pessoas fiéis. Não suportava pessoas arrogantes e não tolerava calúnias. Preocupava-se diariamente com levar os iníquos às barras da justiça.

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3.2. Destaques dos Salmos

Compilação de 150 cânticos sagrados, muitos deles baseados nas experiênciaspessoais de Davi e de outros servos de Deus;

Compostos durante um período de uns 1.000 anos, começando no tempo de Moisése estendendo-se além do retorno do exílio babilônico.

3.3. Expressões de Agradecimento e de Louvor a Deus

Pela grandiosidade do seu nome (99:3; 113; 148:13, 14);

Por suas grandiosas obras criativas (33:1-9; 148:1-12);

Por ele ser o Grandioso Pastor (23);

Por ele atender orações (21:1-7; 28; 116; 118:21);

Por ele ser o que é (50; 95:1-7; 96:4-13; 97; 150);

Por libertar de inimigos e de circunstâncias aflitivas (18; 30; 107; 140; 149);

Por seus julgamentos justos (67:3, 4; 98);

Por suas qualidades pessoais (57:9-11; 92; 100; 108:1-4; 117; 138:1, 2);

Por suas abundantes provisões (37:25; 67:5-7; 145:15, 16);

Induzidas por seus tratos passados com o seu povo (66; 81; 105; 106; 126; 136:10-24; 147).

3.4. Petições de Misericórdia e Ajuda Dirigidas a Deus

De libertação de inimigos (3-5; 7; 12; 13; 17; 31; 59);

De perdão de pecados (19:12, 13; 25:7,.11; 32; 51:1, 2, 7-15; 130);

De orientação na conduta (119:124, 125; 143:8,.10;

De amparo em doença e aflição (41:1-4);

De favor ao sofrer aflição (6:2, 9; 9:13, 14; 123).

3.5. Profecias Cumpridas no Messias

Ele era da linhagem real de Davi (89:3, 4, 29, 36, 37; 132:11);

Consumia-o o zelo pela casa de Deus (69:9);

Falava usando ilustrações. (78:2);

Foi traído por um associado íntimo (41:9; 55:12-14);

Indicou-se a maneira em que seria executado (22:16);

Foi vituperado e injuriado (22:6-8; 69:9);

Lançaram-se sortes sobre a sua vestimenta (22:18);

Deram-lhe vinagre para beber (69:21);

Nenhum osso seu foi quebrado (34:20);

Foi levantado do Sheol (16:10);

A pedra rejeitada pelos construtores tornou-se a principal do ângulo (118:22);

Ascendeu ao alto, provendo dádivas em forma de homens (68:18);

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Foi glorificado e recebeu domínio sobre tudo (8:5-8);

Recebeu o reinado (2:6; 110);

Destruirá as nações que se lhe opõem (2:8, 9; 45:3-5);

Tem um casamento real; designará príncipes na terra (45:2, 6-17);

Seu domínio sobre a terra será justo e compassivo (72).

3.6. Doutrinas Bíblicas que Constam no Livro dos Salmos

Identidade e qualidades do verdadeiro Deus (78:38, 39; 83:18; 86:15; 90:1-4;102:24-27; 103; 139);

Soberania de Deus (11:4-7; 24:1; 29; 44; 47; 48; 76; 93);

Santificação do nome de Deus (79; 83);

Todos os homens são pecadores (14:1-3; 51:5; 53:1-3);

A tolice da idolatria (115:4-8; 135:15-18);

A condição dos mortos (6:5; 88:10-12; 115:17; 146:4);

A terra será o lar duradouro dos justos (37:9-11, 29; 104:5; 115:16).

3.7. Conselho Inspirado Para nos Ajudar a Obter a Aprovação de Deus

Temer a Deus e obedecer a seus mandamentos (112:1-4; 128);

Cultivar alta estima pelas pronunciações de Deus, por sua lei (1:2; 19:7-11; 119);

Confiar em Deus (9:10; 115:9-11;125; 146:5-7);

Esperar pacientemente que ele aja (42; 43);

Empenhar-se pela paz e pela justiça (34:14, 15);

Ter vivo apreço por estar com o povo de Deus, estar na Sua casa (84; 122; 133);

Evitar más associações (1:1; 26:4, 5; 101:3-8);

Ensinar aos filhos as maneiras de agir de Deus (78:3-8);

Falar a verdade; evitar a calúnia e os juramentos falsos (15:2, 3; 24:3-5; 34:13) ;

Manter a palavra, mesmo quando isso mostra ser mau para a própria pessoa(15:4);

Evitar o mau uso do dinheiro (15:5);

A generosidade resulta em bênçãos para o doador (112:5-10);

Louvar a Deus publicamente (26:7, 12; 40:9).

4 - PROVÉRBIOS Proferidos por: Salomão, Agur e Lemuel

Lugar da escrita: Jerusalém

Escrita completada: cerca de 717 a.C.

Quando Salomão, filho de Davi, se tornou rei de Israel orou a Deus, pedindo-lhe “sabedoria e conhecimento” para “julgar este grande povo”. Em resposta, Deus lhe deu

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‘conhecimento e sabedoria, e um coração entendido’ (II Cr 1:10-12; I Re 3:12;4:30, 31). Em resultado disso, Salomão chegou a “falar três mil provérbios” (I Re 4:32). Parte dessas palavras de sabedoria foi assentada por escrito no livro bíblico de Provérbios. Visto que a sua sabedoria era realmente a que “Deus lhe pusera no coração”, então, ao estudarmos Provérbios, estamos estudando, com efeito, a sabedoria do Senhor Deus (I Re 10:23, 24). Esses provérbios englobam verdades eternas. Têm o mesmo valor hoje como quando foram proferidos pela primeira vez.

4.1. O Reinado de Salomão era uma Época Propícia Para Deus Guiar seu Povo

Dizia-se que Salomão ‘se sentava no trono de Deus’. O reino teocrático de Israel estava no seu apogeu, e Salomão foi favorecido com superabundante “dignidade real” (I Cr 29:23, 25). Era época de paz, fartura e segurança (I Re 4:20-25). Entretanto, mesmo sob aquele domínio teocrático, o povo tinha seus problemas e suas dificuldades pessoais em virtude das imperfeições humanas. É compreensível que o povo se voltasse para o sábio Rei Salomão em busca de ajuda para solucionar seus problemas (I Re 3:16-28). Ao pronunciar julgamento nesses numerosos casos, ele proferiu ditos proverbiais que se adequavam a muitas circunstâncias da vida do dia-a-dia. Esses ditos breves, mas cheios de significado, foram muito prezados por aqueles que desejavam harmonizar seu modo de vida com a vontade de Deus.

4.2. O Livro não diz que Salomão Escreveu os Provérbios

Todavia, diz que ele ‘falou’ provérbios, também que “fez uma investigação cabal, a fim de pôr em ordem muitos provérbios”, revelando assim que tinha interesse em preservar esses provérbios para uso futuro (I Re 4:32; Ec 12:9). Na época de Davi e de Salomão, o nome dos secretários oficiais figurava na lista dos oficiais da corte (II Sm 20:25; II Re 12:10). Não sabemos se esses escribas da sua corte escreveram e compilaram os provérbios de Salomão, mas as expressões de um rei tão importante seriam altamente consideradas e normalmente seriam assentadas por escrito. Admite-se em geral que o livro seja uma coleção compilada de outras coleções.

O livro de Provérbios pode ser dividido em cinco partes. Estas são: os capítulos...

1. 1-9: iniciando com as palavras: “Os provérbios de Salomão, filho de Davi”;

2. 10-24: descritos como “Provérbios de Salomão”;

3. 25-29: esta parte começa com as seguintes palavras: “Também estes sãoprovérbios de Salomão transcritos pelos homens de Ezequias, rei de Judá”;

4. 30: inicia assim: “Palavras de Agur, filho de Jaque”, e

5. 31: que abrange “Palavras do rei Lemuel, a profecia que lhe ensinou sua mãe”.Salomão foi, pois, o originador da maior parte dos provérbios. Quanto a Agur eLemuel, não há nenhuma informação precisa sobre a identidade deles. Algunscomentaristas sugerem que Lemuel talvez tenha sido outro nome de Salomão.

4.3. Quando se Escreveu e Compilou o Livro de Provérbios?

A maior parte foi assentada por escrito, sem dúvida, durante o reinado de Salomão, antes de seu desvio. Em virtude da incerteza sobre a identidade de Agur e de Lemuel, não é possível determinar a data da matéria deles. Visto que uma das coleções foi feita durante o reinado de Ezequias (cerca de 700 a.C.), a coleção final não poderia ter sido feita antes de seu reinado.

Nas Bíblias hebraicas, esse livro era chamado originalmente pela primeira palavra do livro, “mish•léh”, que significa “provérbios”. “Mish•léh” é o plural, em construto, do substantivo hebraico “ma•shál”, substantivo este que, segundo se crê, deriva duma raiz que significa “ser parecido” ou “ser comparável”. Estes termos descrevem bem o conteúdo do

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livro, pois provérbios são ditos sucintos que com freqüência empregam semelhança ou comparação destinada a fazer o ouvinte refletir. A forma breve dos provérbios faz com que seja fácil seguir a linha de pensamento e entendê-los, e os torna interessantes, sendo desta forma facilmente ensinados, aprendidos e lembrados. A idéia fica gravada na memória.

É também muito interessante examinar o estilo de expressão do livro. É escrito em estilo poético hebraico. A estrutura da maior parte do livro é em paralelismo poético. Não se expressa com rima no fim dos versos, ou com som igual. Consiste em versos rítmicos com repetição de idéias ou de pensamentos paralelos. A beleza e a força didática residem no ritmo de pensamento. Esses pensamentos podem ser sinônimos ou antíteses, e há neles a força do paralelismo que estende o pensamento, amplia a idéia e assegura que seja transmitido o significado do pensamento. Encontramos exemplos de paralelismo sinônimo em 11:25; 16:18; e 18:15, e de paralelismo mais abundante de antítese em 10:7, 30; 12:25; 13:25; e 15:8. No fim do livro, aparece outro tipo de estrutura (31:10-31) Os 22 versículos ali estão dispostos de forma tal que, em hebraico, cada um começa com a letra sucessiva do alfabeto hebraico, sendo este o estilo acróstico, também usado em diversos salmos. Quanto à beleza, este estilo é sem igual nos escritos antigos.

A autenticidade de Provérbios é também provada pelo amplo uso que os cristãos primitivos fizeram desse livro para estabelecer as regras de conduta. Parece que Tiago estava bem familiarizado com Provérbios, e empregou os princípios básicos encontrados nesse livro para dar bons conselhos sobre a conduta cristã (compare 14:29; 17:27 com Tg 1:19, 20; 3:34 com Tg 4:6; 27:1 com Tg 4:13, 14). Citações diretas de Provérbios acham-se também nas seguintes passagens: Rm 12:20 e Pv 25:21, 22; Hb 12:5, 6 e Pv 3:11, 12; II Pd 2:22 e Pv 26:11.

Além disso, o livro de Provérbios revela estar em harmonia com o restante da Bíblia, provando assim que faz parte de “toda a Escritura”. Quando o comparamos com a Lei de Moisés, com o ensinamento de Jesus e com os escritos de seus discípulos e apóstolos, observamos uma notável união de pensamento (compare Pv 10:16 e I Co 15:58 e Gl 6:8, 9; Pv 12:25 e Mt 6:25; Pv 20:20 e Ex 20:12 e Mt 15:4.). Mesmo quando se trata de pontos tais como a preparação da terra para ser a habitação do homem, há harmonia de pensamento com outros escritores da Bíblia — Pv 3:19, 20; Gn 1:6, 7; Jó 38:4-11; Sl 104:5-9.

A exatidão científica, quer se trate de provérbios que envolvam princípios da química, da medicina, quer da saúde, atesta também a inspiração divina do livro. Aparentemente, Provérbios 25:20 fala das reações ácido-alcalinas. Provérbios 31:4, 5 concorda com as últimas descobertas científicas de que o álcool inibe o raciocínio. Muitos médicos e nutricionistas concordam que o mel é alimento sadio, o que faz lembrar o provérbio: “Filho meu, come mel, pois é bom” (24:13) As modernas observações psicossomáticas não são novidade para Provérbios. “O coração alegre faz bem como o que cura” (17:22; 15:17).

Deveras, o livro de Provérbios abrange de modo tão completo as necessidades do homem, bem como todas as situações em que se pode encontrar, que certa autoridade declarou: “Não há nenhuma relação na vida que não tenha a sua instrução apropriada, não há tendência boa ou má sem o seu devido incentivo ou correção. A percepção humana é em toda a parte levada em relação imediata com a Divina, (...) e o homem caminha como na presença do seu Criador e Juiz (...) Todo o tipo de humanos se encontra neste livro antigo; e, embora esboçado há três mil anos, ainda é tão fiel à natureza como se tivesse sido tirado agora do seu representante vivo” (Dictionary of the Bible, de Smith, 1890, Vol. III, página 2616).

4.4. Conteúdo do Livro

A. Primeira Parte (1:1–9:18). É um poema contínuo, composto de curtos discursos, como de um pai para seu filho, que recomenda a necessidade de sabedoria para guiar o coração, a pessoa inteira no seu íntimo, e para orientar seus desejos. Ensina o valor da sabedoria e as bênçãos decorrentes dela: a felicidade, o prazer, a paz e a vida (1:33; 3:13-18; 8:32-35). Contrasta isto com a falta de sabedoria e suas conseqüências: o sofrimento e por fim a morte (1:28-32; 7:24-27; 8:36). Considerando a infinidade de situações e possibilidades que se apresentam na vida, fornece um estudo fundamental da conduta

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humana e de suas conseqüências no presente e no futuro. As palavras contidas em Provérbios 1:7 constituem o tema do livro inteiro: “O temor de Deus é o princípio do conhecimento.” Em todas as ações é preciso levar em consideração a Deus. Há constante repetição da necessidade de não esquecermos as leis de Deus, de nos conservarmos achegados aos mandamentos dele e de não os abandonarmos.

Os fios destacados que tecem esta primeira parte são a sabedoria prática, o conhecimento, o temor de Deus, a disciplina e o discernimento. Há advertências contra a má companhia, contra rejeitar a disciplina de Deus e contra as relações ilícitas com mulheres estranhas (1:10-19; 3:11, 12; 5:3-14; 7:1-27). Duas vezes, a sabedoria é descrita como estando em lugares públicos, podendo ser assim obtida e estando disponível (1:20, 21; 8:1-11). Ela é personificada, fala solicitamente aos inexperientes e até dá esclarecimentos sobre a criação da terra (1:22-33; 8:4-36). Que livro notável é! Esta parte termina com o tema inicial, que “o temor de Deus é o início da sabedoria” (9:10). Do começo ao fim, argumenta que o reconhecimento de Deus em todos os nossos caminhos, junto com nossa aderência à sua justiça, é o caminho da vida e pode resguardar-nos de tantas coisas indesejáveis.

B. Segunda Parte (10:1–24:34). Encontramos aqui uma variedade de máximas seletas, independentes, que aplicam sabedoria aos problemas complexos da vida. Ensinando-nos as aplicações corretas, tem por objetivo promover maior felicidade e vida agradável. As antíteses nos paralelismos fazem com que esses ensinamentos se destaquem em nossa mente. Eis aqui uma lista parcial dos assuntos que são considerados só nos capítulos 10, 11 e 12:

amor em oposição ao ódio;

a sabedoria em oposição à tolice;

a honestidade em oposição à fraudulência;

a fidelidade em oposição à falsidade;

a verdade em oposição à mentira;

a generosidade em oposição à avareza;

a diligência em oposição à indolência;

a integridade em oposição aos caminhos pervertidos;

os bons conselhos em oposição à falta de orientação.

a esposa capaz em oposição à esposa desavergonhada.

a justiça em oposição à iniqüidade, e

a modéstia em oposição à presunção.

Se considerarmos esta lista em relação com a vida do dia-a-dia, nós nos daremos conta da utilidade prática de Provérbios.

O restante desta parte (13:1-24:34) faz lembrar as normas de Deus, a fim de agirmos com perspicácia e discernimento. Uma enumeração da grande variedade de situações que os humanos têm de enfrentar mostra o amplo alcance dos assuntos tratados nesse livro. São de máximo proveito os conselhos bíblicos sobre: fingimento, presunção, manter a palavra, argúcia, associações, disciplina e educação dos filhos, o conceito do homem sobre o que é reto, a necessidade de ser vagaroso em irar-se, mostrar favor aos atribulados, fraude, oração, zombaria, contentar-se com o necessário para a vida, orgulho, lucro injusto, suborno, contendas, autodomínio, isolar-se, calar-se, parcialidade, altercações, humildade, luxo, assistência a pai e mãe, bebidas inebriantes, trapaça, qualidades de uma esposa, dar presentes, tomar empréstimo, emprestar, bondade, confiança, termos de propriedades, edificar a família, inveja, revide, vaidade, resposta branda, meditação e verdadeiro companheirismo. Que tesouro de conselhos a recorrer para orientação sadia sobre assuntos do dia-a-dia! Para alguns, diversos desses itens podem parecer sem importância, mas

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notamos aqui que a Bíblia não negligencia as nossas necessidades mesmo nas coisas aparentemente pequenas. Nisto, o livro de Provérbios é de valor inestimável.

C. Terceira Parte (25:1–29:27). Recebemos conselhos edificantes sobre assuntos tais como honra, paciência, inimigos, como lidar com os estúpidos, como divertir-se, lisonja, ciúme, ferimentos causados por um amigo, fome, calúnia, cumprir responsabilidades, juros, confissão, conseqüências do domínio dum governo mau, arrogância, bênçãos decorrentes dum governo justo, delinqüência juvenil, relacionamento com servos, perspicácia e visão.

D. Quarta Parte (30:1-33). Trata-se da “mensagem ponderosa” atribuída a Agur. Depois de humilde reconhecimento de sua própria pequenez, o escritor faz alusão à incapacidade do homem de criar a terra e as coisas que há nela. Diz que a Palavra de Deus é refinada e é um escudo. Pede que seja afastada dele a palavra mentirosa e que não lhe sejam dadas nem riquezas nem pobreza. Descreve em seguida uma impura, orgulhosa e gananciosa geração que amaldiçoa os próprios pais. Quatro coisas que não disseram “Basta!” são identificadas, bem como quatro coisas que são maravilhosas demais para compreender (30:15, 16). Fala-se da atitude impudente da mulher adúltera que afirma não ter pecado. Daí, há quatro coisas que a terra não pode suportar, quatro coisas pequenas, mas instintivamente sábias, e quatro coisas que sobressaem na sua locomoção. Mediante comparações aptas, o escritor adverte que “premer a ira é o que produz a altercação” (30:33).

E. Quinta Parte (31:1-31). Eis outra “mensagem ponderosa” de Lemuel, o rei. É composta em dois estilos diferentes de escrita. A primeira parte anuncia a ruína à qual se pode chegar por meio de uma mulher má, adverte como a bebida inebriante pode perverter o julgamento e exorta que se faça julgamento justo. Na parte final, o acróstico faz uma descrição clássica da esposa capaz. Descreve em pormenores as qualidades dela, falando que ela é de grande valor e inspira confiança, e é uma recompensa para seu dono. As qualidades dela incluem que é trabalhadeira, levanta-se cedo, compra com discernimento, é bondosa para com os pobres, é precavida, fala com sabedoria. Também, ela é atenta, seus filhos a respeitam e seu marido a louva. Acima de tudo, ela teme a Deus.

4.5. Importância do Livro de Provérbios Para os Nossos Dias

O propósito benéfico de Provérbios está declarado nos primeiros versículos: “Para se conhecer sabedoria e disciplina, para se discernirem as declarações de entendimento, para se receber a disciplina que dá perspicácia, justiça e juízo, e retidão, para se dar argúcia aos inexperientes, conhecimento e raciocínio ao moço” (1:2-4). Em harmonia com tal propósito declarado, o livro salienta o conhecimento, a sabedoria e a compreensão, cada uma dessas qualidades sendo proveitosa do seu próprio modo.

A. O conhecimento é a maior necessidade do homem, pois não lhe é salutar ficar na ignorância. É impossível adquirir conhecimento exato sem o temor de Deus, pois tal temor é o início do conhecimento. O conhecimento é preferível ao ouro fino. Por quê? Porque,mediante o conhecimento, os justos são libertados; ele nos refreia de cair no pecado. Quão necessário é buscá-lo, assimilá-lo! É precioso. Portanto: “Inclina teu ouvido e ouve as palavras dos sábios, para que fixes teu próprio coração no meu conhecimento” (22:17; 1:7; 8:10; 11:9; 18:15; 19:2; 20:15).

B. A sabedoria, quer dizer, a habilidade de usar corretamente o conhecimento para o louvor do Senhor Deus, “é a coisa principal”. Adquira-a. A Fonte dela é Deus. A sabedoria vivificadora tem seu início no conhecimento e no temor do Senhor Deus — esse é o grande segredo da sabedoria. Portanto, tema a Deus, não ao homem. A sabedoria personificada faz uma proclamação, instando com todos para que endireitem os seus caminhos. A sabedoria grita em voz alta nas próprias ruas. Deus chama a todos os inexperientes e os faltos de coração para que se voltem e se alimentem do pão da sabedoria. Serão então felizes com o temor de Deus, mesmo que possuam pouco. Muitas são as bênçãos da sabedoria; grandemente proveitosos são os seus efeitos. A sabedoria e o conhecimento — os elementos fundamentais preliminares para se adquirir reflexão, que é uma salvaguarda. Como o mel é benéfico e agradável ao paladar, assim é a sabedoria. É mais preciosa do que o ouro; é árvore de vida. Os que não possuem sabedoria perecem, pois a sabedoria preserva a vida;

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ela significa vida (4:7; 1:7, 20-23; 2:6, 7, 10, 11; 3:13-18, 21-26; 8:1-36; 9:1-6, 10; 10:8; 13:14; 15:16, 24; 16:16, 20-24; 24:13, 14).

C. Além do conhecimento e da sabedoria, é de suma importância adquirir a compreensão; por conseguinte, “com tudo o que adquirires, adquire compreensão”. A compreensão é a habilidade de ver uma coisa nos seus elementos e na sua relação; isto significa discernimento, tendo-se sempre em mente a Deus, pois o homem não pode estribar-se na sua própria compreensão. É absolutamente impossível alguém ter compreensão ou discernimento, se as suas obras estiverem em oposição a Deus! Precisamos buscar diligentemente a compreensão como um tesouro escondido, a fim de a possuirmos. Para adquirirmos compreensão, precisamos ter conhecimento. Quem se empenha em adquirir conhecimento é recompensado, e a sabedoria se acha diante dele. Pode evitar as inumeráveis armadilhas do mundo, tais como das incontáveis pessoas más que poderiam procurar enlaçá-lo a andar com elas no caminho das trevas. Sejam dadas graças ao Senhor Deus — a Fonte do vitalizador conhecimento, sabedoria e compreensão! (4:7; 2:3, 4; 3:5; 15:14; 17:24; 19:8; 21:30).

D. Conforme o objetivo benéfico de Provérbios, o livro apresenta uma abundância de sábios conselhos inspirados, que nos ajudam a adquirir a compreensão, e resguardam nosso coração, “pois dele procedem as fontes da vida” (4:23). Segue-se uma seleção de conselhos sábios, acentuados do começo ao fim do livro.

Contraste entre os iníquos e os justos: os iníquos serão apanhados nos seus caminhos pervertidos, e seus tesouros não os salvarão no dia do furor. Os justos se colocam no caminho da vida e serão recompensados por Deus 2:21, 22; 10:6, 7, 9, 24, 25, 27-32; 11:3-7, 18-21, 23, 30, 31; 12:2, 3, 7, 28; 13:6, 9; 14:2, 11; 15:3, 8, 29; 29:16.

A necessidade de retidão moral: Salomão avisa constantemente contra a imoralidade. Os adúlteros receberão uma praga, bem como desonra, e o seu vitupério não será apagado. “Águas furtadas” podem parecer doces para um jovem, mas a prostituta desce à morte e arrasta consigo suas vítimas inexperientes. (Os que caem no profundo abismo da imoralidade são condenados por Deus 2:16-19; 5:1-23; 6:20-35; 7:4-27; 9:13-18; 22:14; 23:27,28).

A necessidade de autodomínio: a bebedice e a glutonaria são condenadas. Todos os que desejam ter a aprovação de Deus precisam praticar moderação no comer e no beber (20:1; 21:17; 23:21, 29-35; 25:16; 31:4).

E. Os que são vagarosos em se irar são abundantes em discernimento e maiores do que um homem poderoso que captura uma cidade (14:17, 29; 15:1, 18; 16:32; 19:11; 25:15, 28; 29:11, 22). O autodomínio é necessário também para se evitar a inveja e o ciúme, sendo este podridão para os ossos (14:30; 24:1; 27:4; 28:22).

O uso sábio e o uso insensato da língua: a fala pervertida, o caluniador, a testemunha falsa e o falsificador serão descobertos, pois são detestáveis a Deus (4:24; 6:16-19; 11:13; 12:17, 22; 14:5, 25; 17:4; 19:5, 9; 20:17; 24:28; 25:18). Se a boca de alguém fala coisas boas, é fonte de vida; mas a boca do insensato o precipita à ruína. “Morte e vida estão no poder da língua, e quem a ama comerá os seus frutos” (18:21). A calúnia, a fraude, a lisonja e as palavras irrefletidas são condenadas. Falar a verdade e honrar a Deus é o caminho da sabedoria (10:11, 13, 14; 12:13, 14, 18, 19; 13:3; 14:3; 16:27-30; 17:27, 28; 18:6-8, 20; 26:28; 29:20; 31:26).

A tolice do orgulho e a necessidade de humildade: o orgulhoso se eleva a uma posição que realmente não deve, de modo que sofre uma queda desastrosa. Deus detesta os que são de coração altivo, mas dá aos humildes sabedoria, glória, riquezas e vida (3:7; 11:2; 12:9; 13:10; 15:33; 16:5, 18, 19; 18:12; 21:4; 22:4; 26:12; 28:25, 26; 29:23).

Diligência, não indolência: muitas são as descrições do preguiçoso. Ele devia ir ter com a formiga para aprender uma lição e se tornar sábio. Quanto ao diligente - este prosperará! (1:32; 6:6-11; 10:4, 5, 26; 12:24; 13:4; 15:19; 18:9; 19:15, 24; 20:4, 13; 21:25, 26; 22:13; 24:30-34; 26:13-16; 31:24, 25).

A boa associação: é loucura associar-se com os que não temem a Deus, com os iníquos ou estúpidos, com pessoas irascíveis, com mexeriqueiros ou com glutões. Antes,

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busque a companhia de pessoas sábias, e adquirirá mais sabedoria (1:10-19; 4:14-19; 13:20; 14:7; 20:19; 22:24, 25; 28:7)

A necessidade de repreensão e de correção: “Deus repreende aquele a quem ama”, e os que aceitam essa disciplina estão no caminho da glória e da vida. Quem odeia a repreensão chegará à desonra (3:11, 12; 10:17; 12:1; 13:18; 15:5, 31-33; 17:10; 19:25; 29:1).

Como ser boa esposa: repetidas vezes os Provérbios avisam contra a esposa ser contenciosa e agir vergonhosamente. A esposa discreta, capaz e que teme a Deus tem na língua a lei da benevolência; quem encontra tal esposa obtém a boa vontade da parte de Deus (12:4; 18:22; 19:13, 14; 21:9, 19; 27:15, 16; 31:10-31).

Como criar os filhos: devem-se lhes ensinar os mandamentos de Deus regularmente para que ‘não os esqueçam’. Devem ser criados desde a infância na instrução de Deus. Não se poupe a vara quando necessária; como expressão de amor, a vara e a repreensão dão sabedoria ao menino. Os pais que criam seus filhos no caminho de Deus terão filhos sábios que lhes trarão regozijo e muito prazer (4:1-9; 13:24; 17:21; 22:6, 15; 23:13, 14, 22, 24, 25; 29:15, 17).

A obrigação de ajudar os outros: com freqüência, salienta-se isto em Provérbios. O sábio deve difundir conhecimento para o proveito dos outros. A pessoa precisa também ser generosa em mostrar favor aos de poucos meios, e, assim fazendo, está realmente emprestando a Deus que garante retribuir (11:24-26; 15:7; 19:17; 24:11, 12; 28:27).

Confiança em Deus: o livro de Provérbios chega ao âmago de nossos problemas ao aconselhar-nos a depositar plena confiança em Deus. Devemos levar em conta a Deus em todos os nossos caminhos. O homem pode fazer planos, mas é Deus que deve dirigir seus passos. O nome de Deus é torre forte, para a qual o justo corre e encontra proteção. Espere em Deus e deixe-se guiar pela sua Palavra (3:1, 5, 6; 16:1-9; 18:10; 20:22; 28:25, 26; 30:5, 6).

Quão proveitoso é o livro de Provérbios para ensinar e disciplinar tanto a nós como a outros! Parece que nenhum aspecto das relações humanas ficou despercebido. Há alguém que se isola dos co-adoradores de Deus? (18:1) É alguém em posição de responsabilidade que tira conclusões antes de ouvir ambos os lados da questão? (18:17). É brincalhão perigoso? (26:18, 19) Mostra-se parcial? (28:21). O comerciante na sua loja, o lavrador no campo, o marido, a esposa e o filho — todos recebem instrução salutar. Os pais são ajudados de modo a poderem expor os muitos laços ocultos na vereda dos jovens. Os sábios podem ensinar os inexperientes. Os provérbios são práticos onde quer que vivamos; a instrução e o conselho do livro nunca ficam antiquados. “O livro de Provérbios”, disse certa vez o educador norte-americano William Lyon Phelps, “é mais atual do que o jornal desta manhã”. O livro de Provérbios é atual, prático e proveitoso para ensino, porque é inspirado por Deus.

Sendo proveitoso para endireitar as coisas, o livro de Provérbios, composto em grande parte de provérbios proferidos por Salomão, conduz os homens ao Todo-Poderoso Deus. Assim fez também Jesus Cristo, mencionado em Mateus 12:42 como sendo “algo maior do que Salomão”.

Quão gratos podemos ser de que Este preeminentemente sábio é a escolha de Deus para ser a Semente do Reino! Seu trono “será firmemente estabelecido pela própria justiça”, será um reinado pacífico muito mais glorioso do que o do Rei Salomão. Dir-se-á a respeito da dominação desse Reino: “Benevolência e veracidade — elas salvaguardam o rei; e ele amparou seu trono pela benevolência.” Isso abrirá diante da humanidade uma eternidade de governo justo, a respeito do qual Provérbios também diz: “Quando o rei julga em veracidade os de condição humilde, seu trono ficará firmemente estabelecido para todo o sempre.” Assim, reconhecemos com prazer que os Provérbios iluminam a nossa vereda, dando-nos conhecimento, sabedoria e compreensão, bem como a vida eterna; mais importante, porém, magnificam a Deus como a Fonte da verdadeira sabedoria, que ele dá por intermédio de Cristo Jesus, o Herdeiro do Reino. O livro de Provérbios aumenta o nosso apreço pelo Reino de Deus e pelos justos princípios segundo os quais governa agora (25:5; 16:12; 20:28; 29:14).

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5 - ECLESIASTES Escritor: Salomão.

Lugar da escrita: Jerusalém.

Data: cerca de 935 a.C.

O Livro de Eclesiastes foi escrito com um objetivo elevado. Na qualidade de líder de um povo dedicado a Deus, Salomão tinha a responsabilidade de manter este povo coeso em fidelidade à sua dedicação. Ele procurou cumprir essa responsabilidade por meio dos conselhos sábios contidos em Eclesiastes.

Em Eclesiastes 1:1, ele se refere a si mesmo como o “congregante”. No idioma hebraico, esta palavra é “Qo•hé•leth”, e na Bíblia hebraica o livro recebe esse nome. A Septuaginta grega dá o título de “Ek•kle•si•a•stés”, que significa “um membro de uma eclésia (congregação; assembléia)”, do qual deriva o nome português Eclesiastes. Entretanto, a tradução mais apropriada de “Qo•hé•leth” é “O Congregante”, e esta designação é também mais adequada para Salomão. Expressa o objetivo de Salomão ao escrever esse livro.

Em que sentido foi o Rei Salomão um congregante, e a que congregou pessoas? Ele foi o congregante de seu povo, os israelitas, e dos companheiros destes, os residentestemporários. Congregou todos estes para a adoração ao Senhor seu Deus. Antes, ele havia construído o templo de Deus, em Jerusalém, e, na ocasião da dedicação desse templo, ele havia convocado ou congregado todos eles para a adoração do Senhor Deus (1 Reis 8:1). Agora, por meio de Eclesiastes, procurava congregar o seu povo para obras dignas, desviando-o das obras vãs e infrutíferas deste mundo (12:8-10).

Embora não se diga especificamente que Salomão foi o escritor, diversas passagens são bem conclusivas neste sentido. O congregante se apresenta como “filho de Davi”, que ‘veio a ser rei sobre Israel, em Jerusalém’. Isto só se poderia aplicar ao Rei Salomão, pois os seus sucessores, em Jerusalém, reinaram apenas sobre Judá. Além disso, conforme o congregante escreve: “Eu mesmo aumentei grandemente em sabedoria, mais do que qualquer outro que veio a estar antes de mim em Jerusalém, e meu próprio coração tem visto muita sabedoria e conhecimento” (1:1, 12, 16) Isto se ajusta a Salomão. Eclesiastes 12:9 diz-nos que ele “ponderou e fez uma investigação cabal, a fim de pôr em ordem muitos provérbios”. O Rei Salomão proferiu 3.000 provérbios. (1Reis4:32) Eclesiastes 2:4-9 fala do programa de construção do escritor; de seus vinhedos, dos jardins e parques; do sistema de irrigação; de ter adquirido servos e servas; de ter acumulado prata e ouro e de outras consecuções. Tudo isto Salomão fez. Quando a rainha de Sabá viu a sabedoria e a prosperidade de Salomão, ela disse: “Não se me contou nem a metade” (1 Reis 10:7).

O livro identifica Jerusalém com o lugar da escrita, ao dizer que o congregante era rei “em Jerusalém”. O tempo da escrita deve ter sido perto do fim do reinado de 40 anos de Salomão, depois de se ter empenhado nos numerosos empreendimentos referidos no livro, mas antes de sua queda na idolatria. Por volta desse tempo, ele já havia adquirido conhecimento extensivo das atividades deste mundo e do empenho deste por vantagens materiais. Nessa época, ele ainda estava no favor de Deus e sob Sua inspiração.

Como podemos ter certeza de que Eclesiastes é ‘inspirado por Deus’?. Sem a mínima dúvida, defende a verdadeira adoração de Deus, encontramos ali repetidas vezes a expressão há “ ´Elo•hím”, “o verdadeiro Deus”. Objeção talvez seja levantada, dizendo-se que não há citações diretas de Eclesiastes nos outros livros da Bíblia. Contudo, os ensinamentos apresentados e os princípios expressos no livro estão em perfeita harmonia com o resto das Escrituras. Eis o que declara o Commentary de Clarke, Volume III, página 799: “O livro, intitulado Koheleth, ou Eclesiastes, foi sempre aceito, tanto pela igreja judaica como pela cristã, como tendo sido escrito sob inspiração do Todo-Poderoso; e foi considerado devidamente parte do cânon sagrado.”

Os “altos críticos”, sábios segundo este mundo, afirmam que Eclesiastes não foi escrito por Salomão, e que não faz parte genuína de “toda a Escritura”, dizendo que sua linguagem e filosofia pertencem a uma época posterior. Eles ignoram o fundo de

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informações que Salomão pôde acumular graças ao desenvolvimento progressivo de seu comércio internacional e de sua indústria, bem como por meio de dignitários viajantes e outros contatos com o mundo exterior (1 Reis 4:30, 34; 9:26-28; 10:1, 23, 24) Conforme escreve F. C. Cook no seu Bible Commentary (Comentário da Bíblia), Volume IV, página 622: “As ocupações diárias e os empreendimentos preferidos do grande rei hebreu certamente o levaram muito além da esfera da vida, do pensamento e da linguagem comuns dos hebreus.”

Mas, são realmente necessárias fontes externas para provar a canonicidade de Eclesiastes? Um exame do próprio livro revelará não só sua harmonia intrínseca, mas também sua harmonia com o resto das Escrituras, das quais faz realmente parte.

5.1. Conteúdo do Livro

A. A futilidade do modo de vida do homem (1:1–3:22). As primeiras palavras ressoam o tema do livro: “‘A maior das vaidades’, disse o congregante, ‘a maior das vaidades! Tudo é vaidade!’ ” Que proveito tira o homem de toda a luta e labuta em que se empenha? Gerações vêm e vão, os ciclos naturais seguem seu curso na terra, e “não há nada de novo debaixo do sol”. (1:2, 3, 9) O congregante pôs o coração a buscar e perscrutar a sabedoria, no tocante às calamitosas atividades dos filhos dos homens, mas constata que, na sabedoria e na estultícia, nos empreendimentos e no trabalho árduo, no comer e no beber, tudo é “vaidade e um esforço para alcançar o vento”. Ele chega a ‘odiar a vida’, a vida cheia de calamidades e de empreendimentos materialistas (1:14; 2:11, 17).

Para tudo há um tempo designado — sim, Deus fez tudo “bonito no seu tempo”. Ele deseja que suas criaturas desfrutem a vida sobre a terra. “Vim saber que não há nada melhor para eles do que alegrar-se e fazer o bem durante a sua vida; e também que todo homem coma e deveras beba, e veja o que é bom por todo o seu trabalho árduo. É a dádiva de Deus.” Mas, infelizmente, para o homem pecador e para o animal há o mesmo evento conseqüente: “Como morre um, assim morre o outro; e todos eles têm apenas um só espírito, de modo que não há nenhuma superioridade do homem sobre o animal, pois tudo é vaidade” (3:1, 11-13, 19).

B. Conselhos sábios para os que temem a Deus (4:1–7:29). Salomão congratula os mortos, porque estão livres de “todos os atos de opressão que se praticam debaixo do sol”. Daí, continua a descrever as obras vãs e calamitosas. Ele aconselha também de modo sábio, dizendo que é “melhor dois do que um” e que o “cordão tríplice não pode ser prontamente rompido em dois” (4:1, 2, 9, 12). Ele dá bons conselhos ao povo de Deus, ao se congregar: “Guarde os seus pés, sempre que for à casa do verdadeiro Deus; e haja um achegamento para ouvir”. Não seja precipitado em falar diante de Deus; “as suas palavras devem mostrar ser poucas”, e pague o que vota a Deus. “Tema o próprio verdadeiro Deus”. Quando os pobres são oprimidos, lembre-se de que “alguém que é mais alto do que o alto está vigiando, e há os que estão alto por cima deles”. O simples servo, observa ele, terá sono doce, mas o rico está preocupado demais para poder dormir. Contudo, nu ele veio ao mundo, e, apesar de todo o seu trabalho árduo, não pode levar nada do mundo (5:1, 2, 4, 7, 8, 12, 15).

Um homem talvez receba riquezas e glória, mas que adianta viver “mil anos duas vezes”, se não vir o que é bom? É melhor tomar a peito as questões sérias da vida e da morte do que associar-se com o estúpido, “na casa de alegria”; com efeito, é melhor receber a repreensão do sábio, pois como o estalar “de espinhos sob a panela é o riso do estúpido”. A sabedoria é proveitosa: “Pois a sabedoria é para proteção, assim como o dinheiro é para proteção; mas a vantagem do conhecimento é que a própria sabedoria preserva vivos os que a possuem”. Por que, então, se tornou calamitoso o caminho da humanidade? “O verdadeiro Deus fez a humanidade reta, mas eles mesmos têm procurado muitos planos” (6:6; 7:4, 6, 12, 29).

C. O mesmo evento conseqüente para todos (8:1–9:12). “Guarda a própria ordem do rei”, aconselha o congregante, mas ele observa que, visto que a sentença contra o trabalho mau não é executada prontamente, “o coração dos filhos dos homens ficou neles plenamente determinado a fazer o mal”. (8:2, 11) Ele próprio gaba a alegria, mas há outra coisa calamitosa! Toda sorte de homens segue o mesmo caminho — para a morte! Os vivos

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estão cônscios de que morrerão, os “mortos, porém, não estão cônscios de absolutamente nada (...) Tudo o que a tua mão achar para fazer, faze-o com o próprio poder que tens, pois não há trabalho, nem planejamento, nem conhecimento, nem sabedoria no Sheol, o lugar para onde vais” (9:5, 10).

D. A sabedoria prática e a obrigação do homem (9:13–12:14). O congregante cita outras calamidades, como a “estultícia (...) em muitas posições elevadas”. Apresenta também muitos provérbios de sabedoria prática, e declara que mesmo “a juventude e o primor da mocidade são vaidade”, a menos que se acate a verdadeira sabedoria. Ele declara: “Lembra-te, pois, do teu Grandioso Criador nos dias da tua idade viril.” De outra forma, a velhice resultará meramente em a pessoa retornar ao pó da terra, isto acompanhado das palavras do congregante: “A maior das vaidades! (...) Tudo é vaidade.” Ele próprio sempre ensinou ao povo o conhecimento, pois “as palavras dos sábios são como aguilhadas”, impelindo as obras corretas, mas, quanto à sabedoria do mundo, ele adverte: “De se fazer muitos livros não há fim, e muita devoção a eles é fadiga para a carne.” Daí, o congregante leva o livro ao seu grandioso clímax, fazendo um resumo de tudo o que considerou sobre a vaidade e sobre a sabedoria: “A conclusão do assunto, tudo tendo sido ouvido, é: Teme o verdadeiro Deus e guarda os seus mandamentos. Pois esta é toda a obrigação do homem. Pois o próprio verdadeiro Deus levará toda sorte de trabalho a julgamento com relação a toda coisa oculta, quanto a se é bom ou mau” (10:6; 11:1, 10; 12:1, 8-14).

5.2. Importância do Livro de Eclesiastes Para os Nossos Dias

Longe de ser um livro pessimista, Eclesiastes está cravejado de brilhantes gemas de sabedoria divina. Quando Salomão enumera as muitas consecuções que ele chama de vaidade, não inclui a construção do templo de Deus, sobre o monte Moriá, em Jerusalém, nem a adoração pura de Deus. Tampouco diz que a vida, que é uma dádiva de Deus, seja vaidade; ao contrário, mostra que o objetivo era que o homem se regozijasse e fizesse o bem. (3:12, 13; 5:18-20; 8:15) As atividades calamitosas são as que não levam em conta a Deus. Um pai pode ajuntar riquezas para seu filho, mas um desastre destrói tudo e nada lhe resta. Seria muito melhor providenciar uma herança duradoura de riquezas espirituais. É calamitoso possuir uma abundância e não poder usufruí-la. A calamidade sobrevém a todos os ricos do mundo quando ‘se vão’, de mãos vazias, na morte (5:13-15; 6:1, 2).

Em Mateus 12:42, Cristo Jesus se referiu a si mesmo como “algo maior do que Salomão”. Visto que Salomão prefigurou a Jesus, podemos dizer que as palavras de Salomão, contidas no livro “Qo•hé•leth”, estão em harmonia com os ensinamentos de Jesus? Encontramos muitos paralelos! Por exemplo, Jesus sublinhou o grande alcance da obra de Deus, ao dizer: “Meu Pai tem estado trabalhando até agora e eu estou trabalhando” (João 5:17). Salomão falou igualmente das obras de Deus: “E eu vi todo o trabalho do verdadeiro Deus, que a humanidade não é capaz de descobrir o trabalho que se fez debaixo do sol; por mais que a humanidade trabalhe arduamente para procurar, ainda assim não o descobre. E mesmo que dissessem que são bastante sábios para saber, não seriam capazes de o descobrir” (8:17).

Tanto Jesus como Salomão encorajaram os verdadeiros adoradores a se congregarem (Mt 18:20; Ec 4:9-12; 5:1). As declarações de Jesus sobre a “terminação do sistema de coisas” e “os tempos designados das nações” estão em harmonia com as palavras de Salomão de que “para tudo há um tempo determinado, sim, há um tempo para todo assunto debaixo dos céus” (Mt 24:3; Lc 21:24; Ec 3:1).

Acima de tudo, Jesus e seus discípulos se unem a Salomão para avisar sobre as armadilhas do materialismo. A sabedoria é a verdadeira proteção, pois “preserva vivos os que a possuem”, diz Salomão. Jesus diz: “Persisti, pois, em buscar primeiro o reino e a Sua justiça, e todas estas outras coisas vos serão acrescentadas” (Ec. 7:12; Mt 6:33). Em Eclesiastes 5:10, está escrito: “O mero amante da prata não se fartará de prata, nem o amante da opulência, da renda. Também isto é vaidade.” Paulo nos dá um conselho bem similar, ao dizer, em I Timóteo 6:6-19, que “o amor ao dinheiro é raiz de toda sorte de coisas prejudiciais”. Há similares passagens paralelas sobre outros pontos de instrução bíblica (Ec 3:17 com At 17:31; Ec 4:1 com Tg 5:4; Ec 5:1, 2 com Tg 1:19; Ec 6:12 com 4:14; Ec 7:2 com Rm 3:23; Ec 8:17 com Rm 11:33).

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O governo do Reino do amado Filho de Deus, Jesus Cristo, que na carne era descendente do sábio Rei Salomão, estabelecerá uma nova sociedade terrestre (Ap 21:1-5). O que Salomão escreveu para a orientação de seus súditos no seu reino típico é de interesse vital para todos os que agora depositam a sua esperança no Reino sob Cristo Jesus. Debaixo da dominação deste Reino, a humanidade viverá segundo os mesmos princípios sábios que o congregante apresentou, e se regozijará eternamente com a dádiva divina de uma vida feliz. Agora é tempo de nos congregarmos para a adoração de Deus, a fim de usufruirmos plenamente as alegrias da vida sob o seu Reino (3:12, 13; 12:13, 14).

6 - CANTARES DE SALOMÃO Escritor: Salomão.

Lugar da escrita: Jerusalém.

Data: cerca de 960 a.C.

“O mundo inteiro não era digno do dia em que este sublime Cântico foi dado a Israel.” Assim expressou o “rabino” judeu Akiba, que viveu no primeiro século da Era Comum, a sua admiração pelo Cântico de Salomão. O título do livro é uma forma abreviada das primeiras palavras: “O cântico superlativo, que é de Salomão.” No texto hebraico, é literalmente o “Cântico dos cânticos”, denotando excelência superlativa, similar à expressão “os céus dos céus” para os mais altos céus (Dt 10:14). Não se trata de uma coleção de cânticos, mas de um só cântico, “um cântico de extrema perfeição, um dos melhores que já existiram ou que foram escritos”.

O Rei Salomão, de Jerusalém, foi o escritor desse cântico, segundo indicado na introdução. Estava altamente qualificado para escrever este supremamente belo exemplo de poesia hebraica (I Re 4:32). É um poema idílico, de grande significado e muito expressivo na sua descrição de beleza. O leitor que puder visualizar o cenário oriental apreciará isto ainda mais (4:11,13; 5:11; 7:4). A ocasião para a sua escrita era ímpar. O grande Rei Salomão, glorioso em sabedoria, forte em poder e deslumbrante no brilho da sua riqueza material, que suscitou até mesmo a admiração da rainha de Sabá, não conseguiu impressionar uma jovem simples do interior por quem se enamorou. Por causa da constância de seu amor por um jovem pastor, o rei não teve êxito. Portanto, o livro bem poderia ser chamado de “O Cântico do Amor Frustrado de Salomão”. Deus o inspirou a compor este cântico para o proveito dos leitores da Bíblia das eras futuras. Ele o escreveu em Jerusalém. Talvez isso se tenha dado por volta de 960 a.C., alguns anos depois de terminar a construção do templo. Na época em que escreveu esse cântico, Salomão tinha “sessenta rainhas e oitenta concubinas”, ao passo que no fim do seu reinado possuía “setecentas esposas, princesas, e trezentas concubinas” (6:8; I Re 11:3).

Nos tempos antigos, a canonicidade do Cântico de Salomão era absolutamente incontestada. Muito antes de Cristo, era considerado inspirado e parte integrante do cânon hebraico. Foi incorporado na Septuaginta grega. Josefo o incluiu no seu catálogo dos livros sagrados. Por conseguinte, tem as mesmas comumente citadas evidências de autenticidade que quaisquer outros livros das Escrituras Hebraicas.

A canonicidade desse livro é, porém, contestada por alguns sob o pretexto de que não há nele menção de Deus. O fato de não mencionar a Deus não desqualifica o livro, assim como a mera presença da palavra “Deus” não o tornaria canônico. No entanto, no capítulo 8, versículo 6, diz que o amor é “a chama do Senhor”. Esse livro inquestionavelmente faz parte dos escritos aos quais Jesus Cristo se referiu com aprovação, ao dizer: “Pesquisais as Escrituras, porque pensais que por meio delas tereis vida eterna.” (Jo 5:39) Além do mais, sua poderosa descrição da sublime qualidade de amor mútuo, tal como existe em sentido espiritual entre Cristo e sua “noiva”, distingue o Cântico de Salomão e lhe dá um lugar sem igual no cânon da Bíblia (Ap 19:7,8; 21:9).

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6.1. Conteúdo do Livro

A matéria do livro é apresentada na forma de uma série de conversas. Há constante mudança de personagens. As pessoas que desempenham o papel das partes faladas são Salomão, rei de Jerusalém, um pastor, sua amada sulamita, os irmãos dela, as damas da corte (“filhas de Jerusalém”) e as mulheres de Jerusalém (“filhas de Sião”) (1:5-7; 3:5,11) São identificadas por aquilo que elas próprias dizem ou pelas palavras dirigidas a elas. O drama se desenrola perto de Suném, ou Sulém, onde Salomão está acampado com sua comitiva da corte. Expressa um tema comovente — o amor de uma jovem camponesa, da aldeia de Suném, pelo seu companheiro pastor.

A. A sulamita no acampamento de Salomão (1:1-14). A jovem aparece nas tendas reais, onde o rei a introduziu, mas ela só anseia ver seu amado pastor. Com saudades do seu amado, ela fala como se ele estivesse presente. As damas da corte (“filhas de Jerusalém”) que assistem o rei olham curiosamente para a sulamita por causa da sua tez morena. Ela explica que está queimada do sol por cuidar dos vinhedos de seus irmãos. Daí, fala ao seu amado como se ela estivesse livre, e pergunta onde o pode encontrar. As damas da corte mandam-na ir pastorear o seu rebanho perto das tendas dos pastores.

Salomão entra em cena. Não está disposto a deixá-la partir. Ele exalta a beleza dela e promete adorná-la com “argolinhas de ouro” e “botõezinhos de prata”. Mas a sulamita resiste aos avanços dele e deixa-lhe saber que o único amor que ela sente é pelo seu amado (1:11).

B. O amado pastor aparece (1:15–2:2). O amado da sulamita consegue penetrar no acampamento de Salomão e a encoraja. Ele lhe expressa todo o seu amor. A sulamita anseia que seu querido fique perto dela e quer ter o simples prazer de viver unida com ele nos campos e nos bosques.

A sulamita é uma moça modesta. “Sou apenas um açafrão da planície costeira”, diz ela. Seu amado pastor a julga incomparável: “Como lírio entre as plantas espinhosas, assim é minha companheira entre as filhas” (2:1, 2).

C. A donzela sente saudades de seu pastor (2:3–3:5). Separada de novo de seu amado, a sulamita mostra o quanto o preza acima de todos, e diz às filhas de Jerusalém que elas estão sob juramento de não tentarem despertar nela um amor não desejado por outro. A sulamita relembra o tempo em que seu pastor respondeu à sua chamada e a convidou a passear nas colinas na primavera. Ela o revê subir os montes, pulando de alegria. A sulamita o ouve gritar para ela: “Levanta-te, vem, ó companheira minha, minha bela, e vem.” Mas, seus irmãos, que duvidavam da sua constância, zangaram-se e ordenaram-lhe trabalhar na guarda dos vinhedos. Ela declara: “Meu querido é meu e eu sou dele”, e implora-lhe que se apresse a vir para junto dela (2:13, 16).

A sulamita descreve sua detenção no acampamento de Salomão. De noite, na cama, sente saudades de seu pastor. Novamente lembra as filhas de Jerusalém que estão sob juramento de não despertarem nela um amor não desejado.

D. A sulamita em Jerusalém (3:6–5:1). Salomão retorna com grande pompa a Jerusalém, e o povo admira o seu cortejo. Nessa hora cruciante, o amado pastor não abandona a sulamita. Ele segue a sua companheira, que está usando um véu, e entra em contato com ela. Ele encoraja a sua amada com palavras de ternura. Ela lhe diz que quer libertar-se e abandonar a cidade; ele então cai num êxtase de amor, e diz: “Tu és inteiramente bela, ó companheira minha.” (4:7) Um simples olhar dele para ela faz o coração dele bater mais rápido. Suas expressões de afeto são melhores do que o vinho, sua fragrância é como a fragrância do Líbano e a sua pele é como um paraíso de romãs. A moça convida seu amado a vir ao ‘jardim dele’, e ele aceita. As amistosas mulheres de Jerusalém os encorajam, dizendo: “Comei, companheiros! Bebei e embriagai-vos com expressões de afeto!” (4:16; 5:1).

E. O sonho da donzela (5:2–6:3). A sulamita conta às mulheres da corte um sonho em que ouve alguém bater. Seu amado está lá fora e pede-lhe que o deixe entrar. Mas ela está deitada. Quando finalmente se levanta para abrir a porta, ele desapareceu no meio da noite. Ela sai para procurá-lo, mas não o encontra. Os vigias a maltratam. Ela diz às damas da

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corte que estão sob juramento de dizer a seu amado, se o encontrarem, que ela desfalece de amor. Elas lhe perguntam o que faz com que ele seja tão notável. Ela responde com uma descrição encantadora dele, dizendo que ele é “deslumbrante e corado, o mais conspícuo de dez mil” (5:10). As damas da corte lhe perguntam onde ele foi. Ela responde que foi pastorear entre os jardins.

F. Os últimos avanços de Salomão (6:4–8:4). O Rei Salomão se aproxima da sulamita. Novamente lhe diz quão bela ela é, mais bela do que “sessenta rainhas e oitenta concubinas”, mas ela o rejeita (6:8). Só está ali porque uma incumbência de serviço a levou perto do acampamento dele. ‘O que vê em mim?’ pergunta ela. Salomão tira partido de sua pergunta ingênua e lhe diz quão bela ela é, dos pés à cabeça, mas a donzela repele os avanços dele. Declara corajosamente sua devoção a seu pastor, clamando para que ele venha. Pela terceira vez diz às filhas de Jerusalém que estão sob juramento de não despertarem nela um amor não espontâneo. Salomão deixa-a partir. Fracassou em conquistar o amor da sulamita.

G. O retorno da sulamita (8:5-14). Os irmãos dela vêem-na aproximar-se, mas ela não está sozinha. Está “encostando-se no seu querido”. Ela relembra ter conhecido seu amado debaixo de uma macieira, e declara o seu inquebrantável amor por ele. São mencionados alguns comentários anteriores de seus irmãos sobre a preocupação destes a respeito dela quando “pequena irmã”, mas ela diz que revelou ser mulher madura e estável (8:8). Que seus irmãos consintam agora no seu casamento. O Rei Salomão pode ficar com a sua riqueza! Ela se contenta com o seu único vinhedo, pois ama alguém que lhe é exclusivamente querido. No seu caso, seu amor é tão forte quanto a morte e suas labaredas como “a chama de Deus”. A insistência na devoção exclusiva, “tão inexorável como o Sheol”, triunfou e conduziu à elevação sublime de união com seu amado pastor (8:5, 6).

6.2. Importância do Livro de Cantares de Salomão Para os Nossos Dias

Que lições, ensinadas neste cântico de amor, pode o homem de Deus achar proveitosas hoje? A fidelidade, a lealdade e a integridade aos princípios piedosos nos são claramente mostradas. O cântico ensina a beleza da virtude e da inocência numa pessoa que ama verdadeiramente. Ensina que o verdadeiro amor permanece inflexível, inextinguível, não pode ser comprado. Os jovens cristãos, homens e mulheres, bem como maridos e esposas, poderão tirar proveito deste excelente exemplo de integridade diante de tentações e seduções.

Este cântico inspirado é também de muito proveito para a Igreja cristã como um todo. Os cristãos do primeiro século o reconheciam como parte das Escrituras inspiradas, tendo um deles escrito: “Todas as coisas escritas outrora foram escritas para a nossa instrução, para que, por intermédio da nossa perseverança e por intermédio do consolo das Escrituras, tivéssemos esperança” (Rm15:4). É bem possível que esse mesmo escritor inspirado, Paulo, tivesse em mente o amor exclusivo da sulamita pelo seu pastor, quando escreveu à Igreja cristã: “Pois, estou ciumento de vós com ciúme piedoso, porque eu, pessoalmente, vos prometi em casamento a um só marido, a fim de vos apresentar como virgem casta ao Cristo.” Paulo escreveu também sobre o amor de Cristo pela sua Igreja como o de um marido para com a esposa. (II Co 11:2; Ef 5:23-27) Jesus Cristo não só é o Pastor Excelente para eles, mas é também seu Rei, e prometeu a seus seguidores a alegria indescritível do “casamento” com ele nos céus (Ap19:9; Jo 10:11).

Esses seguidores de Cristo Jesus podem certamente tirar muito proveito do exemplo da sulamita. Eles também precisam ser leais no seu amor, não se deixando enlaçar pelo brilho materialista do mundo e mantendo equilíbrio na sua integridade até obterem a recompensa. Sua mente está fixa nas coisas de cima e ‘buscam primeiro o Reino’. Eles acolhem com alegria os sinais de afeto de seu Pastor, Jesus Cristo. Transbordam de alegria ao saberem que este amado, está perto deles, dando-lhes encorajamento para vencerem o mundo. Tendo tal amor inextinguível, tão forte pelo seu Pastor-Rei, vencerão, sim, e se unirão a Ele no glorioso Reino dos céus (Mt 6:33; Jo 16:33).

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BIBLIOGRAFIA BÁSICA GUSSO, Antônio Renato. Os Livros Poéticos e os da Sabedoria. Curitiba: AD SANTOS Editora, 2012.

PEIXOTO, Western Clay. A Experiência de Deus nos Sapienciais. Petrópolis: Editora VOZES, 1996.