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29/10/2012 1 Higiene Ocupacional O higienista ocupacional Atuação profissional Higiene ocupacional ou higiene industrial? A ABHO adota o conceito de Higiene Ocupacional por ser este mais abrangente, quando se fala em atividades humanas e pode ser aplicado nas mais diversos tipos de ambientes de trabalho. Assim por exemplo podemos falar em “ocupacional” quando nos referimos a trabalho agrícola, mineração, escritórios oficinas etc. Pensamos que a palavra “industrial” é restrita para o conceito de indústria, onde são transformadas matérias primas em produtos. A partir deste momento falaremos em Higiene Ocupacional ao referir-nos a este conceito. ABHO 2

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Higiene Ocupacional

O higienista ocupacionalAtuação profissional

Higiene ocupacional ou higiene industrial?

A ABHO adota o conceito de Higiene Ocupacional

por ser este mais abrangente, quando se fala ematividades humanas e pode ser aplicado nas maisdiversos tipos de ambientes de trabalho.Assim por exemplo podemos falar em “ocupacional”quando nos referimos a trabalho agrícola,mineração, escritórios oficinas etc.Pensamos que a palavra “industrial” é restrita para oconceito de indústria, onde são transformadasmatérias primas em produtos.

A partir deste momento falaremos em Higiene Ocupacional ao referir-nos a este conceito.

ABHO 2

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Definição de Higiene Ocupacional.

Fonte: Enciclopédia de saúde e segurança ocupacional, OIT

Genebra 1998.

Higiene Ocupacional• Higiene Ocupacional é a ciência daantecipação, reconhecimento, avaliação econtrole de fatores de riscos que ocorremno, ou provem do local de trabalho, e quepodem prejudicar a saúde o bem estar dostrabalhadores, também tomando emconsideração o possível impacto nascomunidades adjacentes e no meioambiente em geral.

Berenice Goelzer 1998.

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Nesta definiçãoAntecipação:significa uso de tecnologias limpas, desde a etapa de estudo e planejamento de processos. Tecnicamente existe um volume muito grande de informações que podem ser usadas na prevenção antecipada.Reconhecimento:Significa identificar fatores de risco, real ou potencial nos locais de trabalho. Requer conhecimentos do processo, matérias primas, subprodutos, energias utilizadas, etc.

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Nesta definiçãoAvaliação:Pode ser qualitativa, semi-quantitativa ou quantitativa A primeira se baseia em observações e documentação, a quantitativa uso os recursos da amostragem e da interpretação matemática (representatividade estatística) comparando resultados com um padrão ocupacional que garanta a conservação da saúde do trabalhador no seu ambiente de trabalho.

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Nesta definição

ControleSeu objetivo é recomendar, projetar, implementar e verificar programas de controle dos riscos detectados e avaliados.

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Perfil do Higienista OcupacionalSão Paulo, dezembro de 1998 :Um grupo internacional de especialistas da OMS, junto com profissionais do Brasil e da América Latina, definiram este perfil em reunião realizada na FUNDACENTRO, com base em trabalhos similares já realizados em na Europa em 1992 , considerando também outros documentos e experiências similares realizadas pela OIT, como por ex; Convenção 161 parte II e citados pela ACGIH e outras entidades de USA.

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O Higienista Ocupacional

É um profissional que deve estar capacitado para:

�Prever fatores de risco para a saúde dos trabalhadores,

�Reconhecer no ambiente de trabalho a existência real ou potencial de agentes químicos, físicos ou biológicos,

�Entender de que forma estes agentes podem atuar sobre o organismo humano e afetar a saúde e o bem-estar dos trabalhadores,

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O Higienista OcupacionalÉ um profissional que deve estar capacitado para:

�Avaliar a exposição dos trabalhadores aos agentes de risco, através de estratégia e métodos quali e quantitativos, condizentes com os avanços técnicos disponíveis interpretando os resultados com ajuda das ciências básicas química, física e matemáticas que garantam representatividade dos resultados.

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O Higienista OcupacionalÉ um profissional que deve estar capacitado para:

�Avaliar processos e métodos de trabalho em relação a geração, liberação e propagação de agentes prejudiciais com o objetivo de eliminar a exposição, ou reduzi-la a níveis aceitáveis.

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O Higienista OcupacionalÉ um profissional que deve estar capacitado para:

�Recomendar e projetar, em colaboração com outros profissionais, medidas de prevenção e controle relativas aos processos e ambientes de trabalho assim como aquelas relativas aos trabalhadores, levando em consideração sua viabilidade técnica e econômica.

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O Higienista OcupacionalÉ um profissional que deve estar capacitado para:

�Assegurar a implementação e o funcionamento correto das medidas de controle, avaliando regularmente sua eficiência.

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O Higienista OcupacionalÉ um profissional que deve estar capacitado para:

�Contribuir para a promoção da saúde dos trabalhadores,

� Trabalhar eficazmente em equipes multidisciplinares integrados por outros profissionais de saúde e segurança ocupacionais,

�Reconhecer e atuar sobre outros agentes que podem ter impacto sobre o meio ambiente.

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Áreas de conhecimentos básicos

Higienista com formação superior em ciências exatas ou

biológicas.

Quais cursos de formação superior são os mais recomendados?

�Engenharia�Física

�Química�Biologia

�Bioquímica�Farmácia

�Medicina

Resumindo: curso superior com forte formação básica em ciências exatas: matemática, física, química e ciências

biológicas.

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Cursos de especialização em HO

• Considerando as características da especialização o grupo OPAS/OMS recomenda cursos de HO com carga horária de 800 horas com um curso de pós-graduação.

• Em alguns países como Estados Unidos de América, um número considerável de universidades oferecem cursos de mestrado e doutorado em HO.

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Formação de Técnico

em Higiene OcupacionalProfissional com formação técnica de nível médio, competente para realizar tarefas específicas da área de HO tais como:

�Coleta de amostras de AQ�Realização de medições de AF

Não deve interpretar resultados nem definir recomendações.

Deve trabalhar sob a supervisão de um Higienista Ocupacional pleno.

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Considerando o conceito

de Gestão em HO.

O elemento Chave será o profissional de Higiene Ocupacional com formação e critério adequado, formado por estudo

e trabalhos práticos que permitam observação dos ambientes de trabalho, identificando

riscos planejando sua quantificação e seu

controle.

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Ainda falando em gestão em HO.

O segundo elemento necessário:

Normas Adequadas

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Normas legais vigentes

Em contraposição com os avanços na área de HO que acontecem

permanentemente liderados por pesquisas em universidades e centros de estudos, aos quais olhamos desde longe e com admiração crescente, no Brasil

temos uma legislação e um conjunto de normas que ficaram detidas no tempo e que muitas vezes caminham na direção contraria da história e desenvolvimento

da Higiene Ocupacional.

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Porquê de tal afirmativa?Temos um conceito nefasto na NR-15 da

Portaria 3214 de 08/06/78:

InsalubridadeInsalubridadeInsalubridadeInsalubridadeO qual definido numa norma, que deveria ser a base de orientação e consulta de conceitos importantes da

HO

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Esta norma ficou parada no tempo.Em 1978 foi publicada como uma “norma

transitória” visto que não podia ser totalmente quantitativa e não se podia tirar o conceito de “insalubridade”

Era portanto esperado uma alteração e atualização na medida em que os centros universitários e os órgãos

competentes tivessem recursos humanos e materiais adequados para uma

atualização.

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A ABHO no seu congresso anual de 2010 debateu e aprovou uma moção, que

sugeria um estudo de atualização, desta norma.

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Quando se fala em Agentes Químicos, uma simples comparação entre os valores dos Limites de Exposição Ocupacional (LEO), chamados de LT´s na NR-15 da Portaria 3414 de 08/06/78 e os TLV´s da ACGIH,

que são anualmente revisados e atualizados , encontramos:

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Situação em 2010� 13% dos LT são mais de 30 vezes

superiores aos recomendados na tabela da ACGIH 2010

� 16% dos LT são superiores aos valores recomendados na tabela da ACGIH 2010

� 24% são mais de 3 vezes superiores aos recomendados na tabela da ACGIH 2010

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Os Limites, na sua grande maioria nunca foram atualizados

.

Legislação Brasileira.

LTs = TLVs47,7%

LTsmaiores que os TLVs

52,3 %

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Situação em 2012� Esta norma é uma peça de museu onde convivem conceitos técnicos da década de 1950 como mínimo.

�O resultado da interpretação traz a maior confusão e facilita as distorções de argumentos técnicos.

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Algumas pérolas desta

norma8,5

L.T. = ————————mppdc% quartzo + 10

impactador (impinger) - zona respiratória % quartzo - amostras em suspensão aérea.

8 L.T.= ——————— mg/m3 (poeira respirável)

% quartzo + 2

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Anexo 13

� Arsênico:......• Preparação de “secret”• Fabricação de tafetá “siré”� Chumbo:......• Fabricação de ungüentos• Fabricação e uso de Chumbo tetraetila• Trabalhos usando gasolina contendo

Chumbo tetraetila.

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Pérolas do Anexo 13

• Cromo ......• Tanagem a cromo• Fabricação de projeteis incendiários,

explosivos e gases asfixiantes à base de fósforo branco.

• Fósforo...• Fabricação de mechas fosforadas para

lâmpadas de mineiros.• Defensivos (ou Agrotóxicos)• Emprego de defensivos organoclorados:

DDT, DDD, Metoxicloro, BHC

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Pérolas do anexo 13

Operações diversas• Fabricação de emetina e pulverização

de ipeca.

• Operação com o timbó.

• Telegrafia e radiotelegrafia, manipulação em aparelhos do tipo Morse e recepção de sinais de fones.

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Situação atual• Nos defrontamos com 34 anos de

paralisação da norma, com pequenas alterações pontuais.

• O Brasil mudou, o mundo mudou, a ciência e a técnica evoluíram.

• Em agosto de 2011 a ABHO, durante seu congresso anual de Higiene Ocupacional, fez uma revisão desta norma e formulou uma moção a qual foi encaminhada aos órgãos competentes responsáveis pelas atualizações.

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Quem é o responsável pela

atualização destas Normas?

A coordenação está a cargo do MTE o qual orienta um grupo tripartite

CTPP, no qual participam representantes dos trabalhadores,

das empresas e do governo.A revisão técnica dos acordos as vezes

fica com a Fundacentro.

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Proposta de Alteração da NR-15

Finalmente a referida norma entra na pauta de revisão do Ministério do Trabalho e

Emprego em 2011.

Em setembro do presente ano é divulgada a parte introdutória da proposta de

alteração da NR-15, sendo ela, apresentada para consulta pública, com

prazo envio de sugestões até 29 de outubro de 2012.

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Proposta de Alteração da NR-15

A ABHO assim como outras entidades revisou o material divulgado,

consultando todos seus membros ativos, fez ponderações e críticas que se resumem em parecer final, que passo a

comentar neste auditório.

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Parecer da ABHO

• A ABHO tem alertando a opinião pública e os setores especializados, principalmente aqueles vinculados à prevenção das doenças ocupacionais, sobre a necessidade de proceder a uma atualização da NR-15, que permita renovar e adequar essa norma às necessidades do estágio técnico-científico atual e, consequentemente, permitir sua apropriada aplicação, a fim de que sirva aos objetivos para os quais foi estabelecida.

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Parecer da ABHO referente à

proposta de alteração da Norma

• Recentemente, o MTE divulgou para consulta pública, o texto básico parcial de revisão da Norma Regulamentadora. A ABHO, após análise do texto conclui:

• 1. O texto divulgado é apenas a parte geral da referida norma em estudo, faltando aí os anexos que a completam. Dessa forma, fica dificultada ou até impossibilitada sua análise quanto à consistência e completude frente ao todo; a ABHO considera fundamental que a norma seja ajustada no seu todo e apenas emitida quando plenamente consistente e sistematizada

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Parecer da ABHO

• 2. Fica perceptível uma carência de coerência deste projeto com a lei maior, evidenciando a necessidade de uma revisão por especialistas da área jurídico-trabalhista; este aporte deve ser oferecido desde os primeiros momentos, para que não seja emitida com conflitos com os dispositivos existentes na CLT; .

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Parecer da ABHO

• 3. Na sua redação não se observa a participação de especialistas representando entidades das áreas tradicionais de medicina, higiene e segurança do trabalho, entidades essas que detêm, no Brasil, décadas de experiência no estudo e na aplicação dos princípios aí tratados. Sempre que instada, a ABHO não se furtará de oferecer todo o apoio para uma evolução normativa de êxito, como o faz agora e deseja continuar fazendo;

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Parecer da ABHO

4. Ainda que impossibilitada sua extinção por sua presença expressa pela lei maior, não se vislumbra nesse projeto, o início de um esforço para mudar o maléfico conceito de “adicional de insalubridade”, ansiado por décadas e com unanimidade por toda a comunidade prevencionista; ao contrário, essa proposta pode incentivar e facilitar os procedimentos para sua atribuição se não houver uma ação ordenada de dispositivos que ofereçam ênfase nos aspectos de controle no ambiente, desfazendo-se o peso da insalubridade em si. Em outras palavras, buscar meios criativos de causar a “morte natural” da insalubridade;

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Parecer da ABHO

5. • Os conceitos fundamentais de Higiene Ocupacional são abalados e banalizados, dando-se primazia a uma aplicação meramente qualitativa de “análises preliminares de riscos”. Entende-se que é um primeiro passo, mas em nenhuma hipótese dever-se-ia a tal se restringir. É fundamental que haja uma sequência lógica de estudo dos passos clássicos fundamentais de antecipação, reconhecimento, avaliação por meio de uma adequada estratégia de amostragem, de uma conclusão dentro de critérios de tolerabilidade bem definidos e de um procedimento estruturado de controle dos riscos.

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• 6No texto são negados os avanços técnicos evidenciados e demonstrados cotidianamente pelos programas de conservação da audição e de proteção respiratória, facilitando uma simples “apreciação do especialista” para caracterizar uma situação de “risco para o trabalhador”. Mesmo o maior especialista, exercendo seu julgamento profissional, não se deve furtar de fundamentar suas conclusões dentro do âmbito técnico e valorizando as ferramentas existentes.

Parecer da ABHO

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Parecer da ABHO

• 6Estabelece-se uma sensação inegável de um processo de simplificação que afasta a especialização e o aprofundamento já conseguidos em todo o mundo na saúde ocupacional, com potenciais desastrosas de consequências para a proteção da saúde e da integridade do trabalhador.

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Parecer da ABHO

Assim sendo, a ABHO rejeita esse projeto como se encontra, considerando-o um retrocesso para o arcabouço legal de proteção do trabalhador e alerta os participantes do grupo tripartite para que seja feita uma análise mais profunda e uma revisão dos conceitos que esse texto parcial já abalou, para que seja possível contribuir com uma verdadeira melhora e atualização dessa norma. A ABHO reafirma sua determinação em colaborar, em todas as etapas e instâncias, para o aperfeiçoamento desta norma, colocando-se à disposição através de sua Diretoria e de todos os seus membros especialistas, reconhecidos nacional e internacionalmente.

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