29
XX 31 24/02/2012 * MP convoca clubes e Estado para tratar do Independência- p.01 * DESFILE DE OMISSÃO E IMPRUDÊNCIA - p.14 * A reforma do Judiciário em perspecva - p.26

24 Fev 2012

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Clipping Digital

Citation preview

Page 1: 24 Fev 2012

XX 31 24/02/2012

* MP convoca clubes e Estado para tratar do Independência- p.01

* DESFILE DE OMISSÃO E IMPRUDÊNCIA - p.14

* A reforma do Judiciário em perspectiva - p.26

Page 2: 24 Fev 2012

O TEMPO - P. 32 - EsPOrTEs - 24.02.2012Polêmica. Citado por Kalil, órgão deve esclarecer se deu aval a acordo

MP convoca clubes e Estado para tratar do Independência

Atento

América não descarta ir à Justiça para barrar contrato

01

BRASÍLIA. O Supremo Tribunal Federal (STF) validou integralmente o Estatuto do Torcedor, criado em 2003 para combater a violência em even-tos esportivos. A decisão unânime foi tomada ontem, no julgamento de uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin) proposta pelo PP.

O principal ponto questionado pelo partido era o artigo que respon-sabiliza entidades organizadoras de torneios e competições por danos cau-sados aos torcedores devido a falhas na segurança.

Os ministros afirmaram que a lei serve para garantir a ordem, sem ame-açar a independência das entidades. O relator, ministro Cezar Peluso, pre-sidente do STF, disse que o estatuto é rígido, mas o considera fundamental para proteger o torcedor de dirigentes oportunistas.

A lei proíbe objetos, uso de fogos de artifício, bebidas ou substâncias que possam gerar ou possibilitar a prática de atos de violência.

O TEMPO - On linE 24.02.2012

JulgamentoEstatuto do Torcedor é

constitucional, diz

Page 3: 24 Fev 2012

EdiçãO dO brAsil - P. 12 - 19 A 26.02.2012

Cerceamento da imprensa

02

Page 4: 24 Fev 2012

cOnT.... EdiçãO dO brAsil - P. 12 - 19 A 26.02.2012

03

Page 5: 24 Fev 2012

hOJE EM diA - 1ª P. - 24.02.2012

04

Page 6: 24 Fev 2012

hOJE EM diA - P. 05 - 24.02.2012

05

Page 7: 24 Fev 2012

cOnT... hOJE EM diA - P. 05 - 24.02.2012

06

Page 8: 24 Fev 2012

hOJE EM diA - P. 05 - 24.02.2012

Al inFOrMA - P. 02 - 24.02.2012

07

Page 9: 24 Fev 2012

Gustavo WerneckOs bons ares da preservação sopram sobre Berilo, no

Vale do Jequitinhonha, a 545 quilômetros de Belo Horizon-te. Um termo de ajustamento de conduta (TAC), firmado en-tre o Ministério Público estadual e a prefeitura, vai permitir a conservação do casarão conhecido como Sobrado Abreu Vieira ou Sobrado Velho, tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha/MG). O município se comprometeu a recuperar e manter o calçamento da Rua Porto, onde fica o imóvel, implantar sistema de iluminação pública e serviço de vigilância permanente na área, estabe-lecer condições plenas de construção para funcionamento do Centro de Artes e Ofícios do Alto Jequitinhonha, promover a manutenção das peças dos forros artísticos no interior do edifício e a melhoria do acesso ao prédio.

O Iepha, por sua vez, deverá fiscalizar e expedir as orien-tações e recomendações de natureza técnica para os serviços necessários à manutenção do sobrado e seu entorno. Se des-cumprir qualquer uma das obrigações assumidas nos prazos fixados, a Prefeitura de Berilo vai arcar com multa de R$ 5 mil, acrescida de R$ 1 mil por dia de atraso. Domingos de Abreu Vieira foi um tenente-coronel da Cavalaria Auxiliar de Minas Novas, comerciante e administrador dos contra-tos e coletas de impostos. Durante a Inconfidência Mineira (1789) foi preso na cadeia de Vila Rica, hoje Ouro Preto.

A preocupação em recuperar e preservar o Sobrado Abreu Vieira exigiu a participação efetiva do MP, devido ao péssimo estado de conservação do imóvel. Em primeiro

lugar, conforme a instituição, foi preciso fazer acordo com a proprietária do casarão a fim de desapropriá-lo. Na sequ-ência, o Iepha assumiu o compromisso de restaurar a cons-trução histórica, com previsão de término ainda este ano. A edificação, que fica bem próxima do Rio Araçuaí, sofrendo, períodos de cheia, chegou a correr risco de desabamento em função de problemas estruturais, desprendimento do revesti-mento da alvenaria de adobe, comprometimento dos esteios e falhas no calçamento de seixo rolado da rua. As chuvas dos últimos anos apressaram a degradação.

rEcUPErAçãO O trabalho de restauração, iniciado em 2009, foi divi-

dido em duas etapas em razão do precário estado de con-servação do imóvel, segundo técnicos do Iepha. A primei-ra, executada com recursos do Fundo Estadual de Cultura (FEC) e com a contrapartida da Prefeitura de Berilo, totali-zando investimento de R$ 200 mil, incluiu a consolidação e reforço estrutural da edificação; emenda em todos os pés de esteio; remoção e substituição das peças deterioradas); demolição das alvenarias de adobe que apresentavam risco para a execução da intervenção; construção de novo telhado e imunização da estrutura. O forro de gamela, com pinturas de autor desconhecido, foi removido, mapeado, embalado e acondicionado em local apropriado enquanto aguarda res-tauração definitiva. A segunda etapa, contratada pelo Iepha com recursos provenientes do estado, teve o recurso inicial de R$ 263,9 mil.

PATriMÔniO

Casarão de inconfidente preservado

Sobrado tombado onde viveu Domingos Vieira, em Berilo, ganhará projeto de conservação

EsTAdO dE MinAs - P. 20 - 24.02.2012

Publicação: 24/02/2012

08

Page 10: 24 Fev 2012

PATriMÔniO

Sem pressa de proteger as igrejasEsTAdO dE MinAs - 1ª P. E P. 20 - 24.02.2012

09

Page 11: 24 Fev 2012

cOnT... EsTAdO dE MinAs - P. 20 - 24.02.2012

10

Page 12: 24 Fev 2012

O TEMPO - P. 03 - 24.02.2012

11

Page 13: 24 Fev 2012

cOnT... O TEMPO - P. 03 - 24.02.2012

12

Page 14: 24 Fev 2012

EsTAdO dE MinAs - P. 04 - 19 A 26.02.2012

13

Page 15: 24 Fev 2012

EsTAdO dE MinAs - P. 17 E 19 - 24.02.2012

14

Page 16: 24 Fev 2012

cOnT... EsTAdO dE MinAs - P. 17 E 19 - 24.02.2012

rEPOrTAGEM dE cAPADnit não conseguiu tirar do papel 75% dos editais que previam obras em rodovias federais que cortam Minas. Mais de 1.700 quilômetros que exigem intervenção estão esquecidos

O mapa do abandono

15

Page 17: 24 Fev 2012

cOnT... EsTAdO dE MinAs - P. 17 E 19 - 24.02.2012

16

Page 18: 24 Fev 2012

EsTAdO dE MinAs - P. 03 - 24.02.2012

17

Page 19: 24 Fev 2012

EsTAdO dE MinAs - P. 21 - 24.02.2012

18

Page 20: 24 Fev 2012

O EsTAdO dE sP - P. A10 - 22.02.2012

19

isTO é - sP - P. 33 -22.02.2012

isTO é - sP - P. 34 -22.02.2012

isTO é - sP - P. 34 -22.02.2012

Page 21: 24 Fev 2012

cOnT... O EsTAdO dE sP - P. A10 - 22.02.2012

20

Page 22: 24 Fev 2012

hOJE EM diA - P. 19 - 24.02.2012

21

São Paulo. O mutirão nacional para retomar investigações de assassinatos ou tentativas de assassinatos que estavam abandonadas teve pouco efeito prático. Pouco mais de 3% dos casos foram reme-tidos para o Ministério Público para que uma denúncia formal fosse oferecida à Justiça. A informação é da reportagem de Luiza Bandei-ra e Estelita Hass Carazzai publicada ontem da “Folha de S.Paulo”.

A meta estabelecida por governo federal, Justiça e Ministério Público era concluir, até o fim do ano passado, 143 mil inquéritos abertos antes de dezembro de 2007 e que estavam sem solução. Até dezembro de 2011, apenas 28 mil - 20% do total - tiveram um fim. E esse fim não resultou em apontar culpados. Cerca de 80% desses

28 mil inquéritos só foram concluídos porque os casos foram arqui-vados sem solução.

O número de casos remetidos para o Ministério Público para que uma denúncia formal fosse oferecida à Justiça é de 4.652. Ou seja, pouco mais de 3% dos 143 mil casos que eram alvo do mutirão tiveram um culpado apontado. Para um inquérito policial ser arqui-vado é preciso parecer do Ministério Público e da Justiça.

O número de arquivamentos em todo o país só não foi maior porque 69 mil casos que a polícia queria arquivar foram mandados de volta às delegacias pelo Ministério Público sob o argumento de que as investigações eram insuficientes.

no brasil

Só 3% dos inquéritos “acham” os assassinosO TEMPO - On linE - 24.02.2012

Polícia investiga ligação do tráfico com chacinaCorpos de 4 homens são encontrados empilhados em Vespasiano

Page 23: 24 Fev 2012

O EsTAdO dE sP - P. c8 - 24.02.2012

22

Page 24: 24 Fev 2012

hOJE EM diA - P.13 - 24.02.2012

23

Page 25: 24 Fev 2012

Ao declarar constitucional, por 7 votos a 4, a Lei da Ficha Limpa, o Supremo Tribunal Federal (STF) legitimou em boa hora a “saturação do povo com os maus-tratos infligidos à coisa pú-blica”, nas palavras do ministro Carlos Ayres Britto, da maioria vencedora, sobre a ira da grande maioria dos brasileiros com a cor-rupção política. Decerto, o fato de uma lei atender a um justo cla-mor popular - ou, mais ainda, de ter sido “gestada no ventre mora-lizante da sociedade” como apontou a nova ministra Rosa Weber, aludindo ao 1,3 milhão de adesões à iniciativa popular que lhe deu origem - não a torna necessariamente coerente com os princípios constitucionais. No estado de direito, tal sintonia é exigida, por definição, de toda norma adotada pelo Poder Legislativo.

Mas, não sendo o direito uma ciência exata, pode-se interpre-tar de mais de uma maneira a compatibilidade de um texto legal com o arcabouço jurídico do país. E essa avaliação, quando se trata de matérias de manifesto interesse público, dificilmente fica alheia à vontade geral da nação.

O Supremo Tribunal, observou a ministra Rosa, “não deve ser insensível às aspirações populares”. E poucas delas, no Brasil de hoje, hão de ser mais compartilhadas que a do fim da impuni-dade que cresceu a ponto de se transformar em traço constituti-vo da vida institucional. Pode-se arguir, é bem verdade, que leis defeituosas “corrompem o propósito dos legisladores e o próprio direito”, conforme ressaltou o ministro José Antonio Dias Toffoli - voto vencido, ao lado de Celso de Mello, Cezar Peluso e Gilmar Mendes.

No caso da Ficha Limpa, aprovada em 2010, mas que só pas-sará a valer a partir das eleições deste ano, como decidiu correta-mente o mesmo STF em março passado, há mais de uma provisão que, para os críticos, justificaria as objeções de Toffoli. A principal delas é a da inelegibilidade de quem quer que tenha sido conde-nado por um colegiado em julgamentos ainda passíveis de con-testação, o que atropelaria o princípio da presunção de inocência. Outra é a validade da lei para delitos anteriores à sua promulgação,

fazendo-a, portanto, retroagir. Outra ainda é a de barrar candidatos que tenham sido banidos da profissão pelos órgãos que regulam o seu exercício, como os conselhos de medicina, equiparando o ato a uma decisão judicial pelos seus efeitos para a legislação eleitoral.

A maioria dos ministros, no entanto, deixou claro ter enten-dido que o País está mais disposto a aceitar uma lei moralizadora que peque por severidade do que uma que peque por complacên-cia. Não se pode esquecer, como assinalou Ayres Britto, que, du-rante os 16 anos que se seguiram à aprovação da emenda consti-tucional que determina o exame da vida pregressa de candidatos a cargos eletivos, o Congresso não moveu uma palha para implantar a medida. “O povo, cansado, desalentado, se organizou sob a li-derança de mais de 70 organizações e criou a iniciativa popular”, comparou.

O resultado final é um texto apropriadamente duro. Veta a participação em eleições, por oito anos a contar da sentença de-finitiva, de condenados por uma extensa relação de crimes (entre outros, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, atentado ao patrimônio público, improbidade administrativa, corrupção eleito-ral, tráfico e racismo).

A inelegibilidade pelo mesmo período se estende aos gover-nantes cujas contas tiverem sido rejeitadas sem apelação pelo TCU, aos funcionários públicos demitidos ou aposentados compulsoria-mente e aos políticos cassados por seus pares, ou que renunciaram para evitar a cassação e poder se candidatar de novo na eleição seguinte. Para eles, a exclusão conta a partir da data do término do mandato. Assim, para citar o exemplo mais notório, o ex-senador Joaquim Roriz, do Distrito Federal, que em 2007 deixou a cadeira que ocuparia até 2015 para se safar de um processo de cassação, só poderá voltar a se candidatar em 2023. Fez por merecer.

A esperança é que, já a partir deste ano, a lei finalmente in-duza os partidos, por interesse próprio, a excluir os fichas-sujas das listas que estiverem preparando, antes que a Justiça Eleitoral venha a fazê-lo. O tempo mostrará o tamanho do avanço.

O EsTAdO dE sP – On linE – 18.02.2012

A sensibilidade do Supremo

O TEMPO - P. 16 - 24.02.2012

24

Page 26: 24 Fev 2012

vAlOr EcOnÔnicO - P. A4 - 24.02.2012

25

Page 27: 24 Fev 2012

O EsTAdO dE sP – On linE – 19.03.2012

A reforma do Judiciário em perspectivaCONRADO HUBNER MENDES,

doutor em Dieito pela Universidade de Edimburgo e em Ciência Política pela USP. É autor do livro ‘Direitos Funda-mentais, Separação de Poderes e Deli-beração’ (Saraiva, 2011) - O Estado de S.Paulo

Depois do longo recesso de verão, o ano judiciário de 2012 finalmente co-meçou. No ato oficial de abertura, o dis-curso do ministro Cezar Peluso buscava dissolver a percepção de crise que ronda o Poder Judiciário há alguns meses. Na sua avaliação, ao Judiciário não se po-deria atribuir “nenhum dos males que atormentam a sociedade brasileira”, afi-nal, este seria “o melhor Judiciário que já teve o País”.

Em suas palavras, “nenhum outro serviço público evoluiu tanto em todos os sentidos”. Ao tom triunfalista mes-clou momentos de moderação: reconhe-ceu que o Judiciário “não é perfeito” e a magistratura é “tão imperfeita, nos ingredientes humanos, quanto todos os demais estratos da sociedade”.

Não seria justo, porém, reduzir o discurso às suas frases de efeito. Para além de representar uma autoafirmação política, ele não deixa de ser uma peça informativa, em dois sentidos. Primeiro, porque fez um breve histórico das refor-mas que sofreu o Judiciário nos últimos 20 anos, desde a Proposta de Emenda Constitucional n.º 96-A, de 1992, pas-sando pela aprovação da Emenda Cons-titucional n.º 45, de 2004, pelos dois pac-tos republicanos e por outras inovações normativas e procedimentais. Foram, de fato, mudanças relevantes para o aper-feiçoamento da função judicial.

O discurso do ministro Peluso, en-tretanto, é também ilustrativo pelo que não diz. Vale mencionar ao menos qua-tro informações que teriam sido úteis a uma discussão franca dos vícios e virtu-des do Judiciário brasileiro.

Esse Poder oferece uma das carrei-ras públicas mais bem pagas entre todas as democracias ocidentais. Bons salá-rios e longas férias, sem dúvida, seriam motivo de celebração, não estivessem tantas carreiras públicas de igual impor-tância social - como as de médicos, pro-fessores, policiais ou assistentes sociais

- no distante extremo oposto da pirâmi-de salarial do serviço público.

Embora se torne gradativamente mais plural na primeira instância (em termos de gênero, raça, origem socio-econômica e criatividade jurispruden-cial), o Judiciário ainda é estratificado e pouco heterogêneo daí para cima.

O Judiciário continua sendo exces-sivamente lento. Isso se deve, em parte, ao aumento da litigiosidade a partir do advento da Constituição de 1988, mas, sobretudo, à irracionalidade processual e de gestão.

Apesar dos esforços de ampliação da acessibilidade, o Judiciário permane-ce excludente e discriminatório: o tem-po, o mérito e a execução das decisões judiciais ainda variam conforme o tama-nho do bolso e a cor da pele. Estatísti-cas do processo criminal e do sistema prisional são apenas as evidências mais gritantes dessa distorção.

Não se trata de contrapor uma ver-são pessimista a um discurso que se confessa, logo de início, “otimista por convicção” nem de dizer que o copo está meio vazio, não meio cheio. O discurso inaugural parece não perceber que, a despeito dos avanços, os proble-mas estruturais do Judiciário e o DNA aristocrático de sua cúpula permanecem firmes e fortes. Objetivamente, o copo não chegou à metade. Omitir esse fato e se apegar ao autoelogio não contribuem para um debate sincero.

Nesse contexto, foi um alívio ver que o Supremo Tribunal Federal (STF), horas mais tarde, preservou as compe-tências constitucionais do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Reconheceu que este não ameaça o equilíbrio entre os Poderes nem o princípio federativo. Ao contrário do que sugeria a ironia de um ministro vencido, o CNJ não ganhou carta em branco nem se transformou num superórgão, desprovido de limites. Sua função essencial é administrativa e, portanto, não poderá interferir, sob pena de desvio, na forma como cada juiz apli-ca o Direito. Agora, mesmo que parte influente da magistratura não esteja feliz e continue a resistir ao controle de suas atividades, a sociedade espera que o CNJ, moralmente revigorado e com cre-

dibilidade em alta, expanda as investi-gações de improbidade que despertaram tanta comoção dentro do Judiciário. É o próprio Judiciário, antes de qualquer outra instituição, que se fortalece com isso.

Apesar do alívio que trouxe a aper-tada decisão do STF, a energia contesta-tória que emergiu nos últimos meses não pode subestimar a dificuldade dos próxi-mos passos. O momento é oportuno para um balanço do processo de reforma do Judiciário. A agenda pendente é extensa e inclui mudanças de caráter administra-tivo, procedimental e cultural. Algumas exigem inovações legislativas, outras dependem de adaptações de normas, ritos e costumes internos aos tribunais. Outras, ainda, exigem maior reflexão sobre a ética da imparcialidade, base da judicatura legítima. Dessa agenda parti-cipam operadores do Direito, governos, legisladores, jornalistas e cidadãos em geral. Participam também escolas de Di-reito e cientistas sociais comprometidos com a pesquisa isenta e empiricamente rigorosa.

Entre os obstáculos à frente há muitos de primeira grandeza. Cito dois para começar: a substituição da antiga Lei Orgânica da Magistratura, de 1979, por um Estatuto da Magistratura que não mais misture ou confunda garan-tias da função judicial com privilégios de classe; e a elaboração de um sistema recursal que não se limite a adaptações superficiais do código de processo nem manipule o significado constitucional do direito de defesa.

A um se opõe o corporativismo ju-dicial, ao outro se opõe o corporativis-mo advocatício, duas forças com notá-vel capacidade de mobilização política e tergiversação retórica. Cabe às mentes avançadas do Judiciário e da advocacia liderar o contramovimento.

Modernizar e democratizar o Judi-ciário é trabalho para uma geração. É tarefa política indispensável dentro do inacabado projeto da democratização brasileira. Não é menos importante do que a conquista de eleições livres e di-retas, nem menos difícil. Em perspecti-va, essa é a magnitude histórica de tal processo.

26

Page 28: 24 Fev 2012

Com a decisão soberana do Supremo Tribunal Federal (STF) de reconhecer competência ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para abrir processos contra juízes suspeitos de conduta irregular, resta a esperança de que a atuação pu-nitiva do órgão agora se volte realmente contra as pessoas, e não contra o Poder Judiciário como um todo. Os juízes que cometeram ilícitos administrativos ou penais devem, realmente, ser responsabilizados e punidos, resguardados, sempre, o direito ao devido processo legal e a ampla defesa, princípios constitucionais de garantia de qualquer cidadão.

Espera-se, contudo, que a partir de agora não se repi-ta a fúria repressora e indeterminada contra a instituição, porque, conforme bem enfatizou o ministro Cezar Peluso, é um erro procurar desmoralizar um Poder que ajuda a pre-servar o Estado de Direito e a República. A própria decisão do STF, reconhecendo competência ao CNJ para agir con-tra juízes, mostra como é importante existir uma instituição que tenha a finalidade de dizer o Direito e de ser ouvida. Aviltado o Judiciário, o que se poderia fazer? Privatizar a Justiça?

O julgamento do STF referente ao CNJ demonstrou claramente que a decisão judicial, por envolver raciocínio lógico, variável entre as pessoas, não se processa como se fosse uma simples operação aritmética. Sempre ocorrem divergências.

Diante de um fato, e da lei que o alcança, o juiz desen-volve em seu consciente um silogismo jurídico e, ao fazê-lo, cede aos compromissos que tem com suas próprias con-vicções jurídicas e culturais. Daí as divergências de pontos de vista que afloram e mostram a importância de sempre prevalecer o entendimento da maioria, considerado o mais acertado.

São exatamente essas divergências de convicções, va-riáveis entre os seres humanos e, sobretudo, entre os juízes, que motivam em maioria as denúncias formuladas nas cor-regedorias de Justiça e também no CNJ contra magistrados. Sempre que alguém é vencido numa disputa judicial, existe a lamentável tendência de concluir que o juiz errou, ou foi incompetente, ou foi vendido à parte contrária.

As decisões judiciais, é bom lembrar, sempre agradam a 50% das pessoas e desagradam aos outros 50%. O ven-cedor da demanda sente-se reconfortado e tende a elogiar a decisão, mas aquele que perde, em muitos casos, fica pri-sioneiro de um estado de espírito emocional que pode desa-guar em denúncia contra o juiz prolator da decisão.

É muito grande o número de pessoas descontentes com decisões judiciais, que são fruto, na grande e maciça maioria, das convicções de cada juiz. Com ênfase, ganhou destaque nos jornais, rádios e televisões, nas últimas se-manas, a circunstância de ser muito pequena a existência de processos abertos contra desembargadores, sugerindo-se protecionismo a eles por parte dos tribunais.

As denúncias contra juízes ocorrem em maior número

porque derivam de decisões individuais, facilmente identi-ficáveis. A parte ou seu advogado que se sentem prejudica-dos formulam a representação e indicam o nome de quem teria adotado conduta inadequada.

Quando, no entanto, a decisão é colegiada - envolven-do três, cinco, 12 ou até mesmo 25 desembargadores -, tor-na-se difícil para o denunciante apontar a responsabilidade individual. Mesmo assim aparecem vez ou outra denúncias contra desembargadores e devem ser apuradas com todo o rigor.

O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP) tem punido desembargadores que se desviaram da conduta esperada de um magistrado, em julgamentos realizados pe-los 25 desembargadores de seu Órgão Especial. Estes rece-bem uma cópia do processo administrativo e todos votam, em julgamento às vezes com divergências, respeitadas as convicções pessoais e adotado, ao final, o entendimento da maioria.

As penalidades aplicadas, quando a conduta é julgada reprovável, resultam não das convicções pessoais de cada julgador, mas das dispostas na legislação em vigor.

No caso dos desembargadores paulistas que receberam direitos trabalhistas antecipadamente, antes dos demais co-legas - fato que se lamenta -, não foram encontrados indí-cios de ilícito administrativo ou penal, mas, sim, de condu-ta eticamente reprovável. Por isso não serão punidos pelo tribunal. Seguramente, porém, a menção ao nome deles feita pelos órgãos de divulgação representa a pior das con-denações. É uma forma triste de encerrar a carreira.

Sempre que um juiz é julgado e punido, as penas estão indicadas pela Lei Orgânica da Magistratura, a qual, en-quanto não for modificada, terá de ser cumprida. O Supre-mo Tribunal Federal tem sido duramente criticado por não remeter ao Congresso Nacional o projeto de reforma dessa lei. Os críticos, todavia, não se dão conta de que desde a criação do Conselho Nacional de Justiça isso não poderia ser efeito sem que antes restassem decididos os limites de competência entre este órgão e os Tribunais de Justiça, para incluir na lei.

Agora, com a decisão do STF, não haverá mais entra-ves para que o anteprojeto já elaborado seja atualizado e remetido ao Congresso Nacional. É importante que as di-vergências de convicções existentes na Corte Suprema, e também entre a população, a respeito do assunto sejam ava-liadas, discutidas e votadas pelos representantes do povo no Congresso Nacional.

Tem havido muita paixão na aparente colidência de propósitos entre o CNJ e os tribunais. Espera-se, agora, que os juízes que se desviaram da conduta adequada sejam in-dicados, permitindo-se, assim, a “absolvição” da grande e maciça maioria dos magistrados que jamais praticou irre-gularidade alguma e também deseja a punição dos eventu-ais culpados.

EsTAdO dE MinAs – On linE – 18.02.2012

Os juízes e o dever de puni-los

27

Page 29: 24 Fev 2012

FOlhA dE sP - P. A2 - 24.02.2012

28