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24013620 Trecho Comentario Biblico Vida Nova

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TradutorsCarlos E. S. Lopes

James ReisLucília Marques P. da Silva

Márcio L. Redondo Valdemar Kroker

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Comentário bíblico : Vida Nova / D. A. Carson...[et al.]. -- São Paulo : Vida Nova, 2009.

Outros editores: R. T. France, J. A. Motyer, G. J.WenhamTítulo original: The New Bible Commentary.Vários tradutores.

ISBN 978-85-275-0424-9

1. Bíblia - Comentários I. Carson, D. A.II. France, R. T.. III. Motyer, J. A. IV. Wenham, G. J.

09-10088 CDD-220.7

Índices para catálogo sistemático:1. Bíblia : Comentários 220.7

Copyright © Universities and Colleges Christian Fellowhip, Leicester, England, 1994.

Todos os direitos reservados. Título do original: The New Bible Commentary 21 st  Century Edition.

Traduzido da edição publicada em 1994, por InterVarsity Press, mediante acordo com a InterVarsity

Press, Leicester, Reino Unido.

1.a edição: 2009

Publicado no Brasil com a devida autorização e com todos os direitos reservados por 

Sociedade R eligioSa ediçõeSVida NoVa, Caixa Postal 21266, São Paulo, SP, 04602-970

www.vidanova.com.br 

Proibida a reprodução por quaisquer meios (mecânicos, eletrônicos, xerográcos, fotográcos,

gravação, estocagem em banco de dados, etc.), a não ser em citações breves com indicação de fonte.

ISBN 978-85-275-0424-9

Impresso no Brasil/ Printed in Brazil 

cooRdeNação editoRialMarisa K. A. de Siqueira Lopes 

R eViSão Eulália Pacheco KregnessLena AranhaThomas Neufeld de LimaValdemar Kroker 

R eViSão de PRoVaSMauro NogueiraUbevaldo G. Sampaio

cooRdeNação de PRodução Sérgio Siqueira Moura

DiagramaçãoOM Designers Grácos

caPaOsiris Carezzato Rangel Rodrigues

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Mapas, grácos e tabelas ........................6Prefácio ................................................... 7Explicações ............................................. 9Colaboradores .......................................10Abreviaturas ..........................................13Transliterações ......................................14Como abordar a Bíblia ..........................15História bíblica ......................................43

  Antio TstamntoO Pentateuco.........................................76Gênesis .................................................. 92Êxodo .................................................. 150Levítico ............................................... 191

 Números .............................................. 247Deuteronômio .....................................305Josué .................................................... 357

Juízes ................................................... 399Rute ..................................................... 4381 e 2Samuel .........................................4511 e 2Reis .............................................. 5091 e 2Crônicas.......................................591Esdras e Neemias ................................640Ester .................................................... 672

 A poesia na Bíblia ...............................688Jó ......................................................... 696

Salmos ................................................. 734Provérbios ........................................... 883Eclesiastes ........................................... 920Cântico dos cânticos ........................... 935Os profetas .......................................... 949Isaías ................................................... 950Jeremias............................................. 1014Lamentações .....................................1070Ezequiel............................................. 1079

Daniel ................................................ 1121Oseias ................................................ 1148Joel .................................................... 1173Amós ................................................. 1191Obadias ............................................. 1217

Jonas .................................................. 1224Miqueias ............................................ 1237

 Naum ................................................. 1254Habacuque......................................... 1263Sofonias............................................. 1274Ageu .................................................. 1287Zacarias ............................................. 1296Malaquias .......................................... 1325

 Apócrifos e literatura apocalíptica...1337

Novo TstamntoComo ler os evangelhos .................... 1346Mateus ............................................... 1359Marcos............................................... 1423Lucas ................................................. 1473João ................................................... 1536Atos ................................................... 1603

 Lendo as cartas.................................1667Romanos ........................................... 16781Coríntios .......................................... 17462Coríntios .......................................... 1786Gálatas............................................... 1813Efésios............................................... 1836Filipenses .......................................... 1871Colossenses ....................................... 18941Tessalonicenses ............................... 1920

2Tessalonicenses ............................... 1932 As cartas pastorais............................19401Timóteo ........................................... 19442Timóteo ........................................... 1959Tito .................................................... 1969Filemom ............................................ 1975Hebreus ............................................. 1982Tiago ................................................. 20301Pedro ............................................... 2051

2Pedro ............................................... 20771João ................................................. 20932 e 3João ........................................... 2113Judas .................................................. 2119Apocalipse......................................... 2127

SUMÁRIO0

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Vários grácos e tabelas neste comentário são relevantes apenas para as passagens bíblicas que ilustram (e.g., os que mostram a estrutura do livro de Números). Os abaixorelacionados podem ter uso mais amplo. Além disso, referências cruzadas são colocadasno texto sempre que apropriado.

Esboço cronológico: Antigo e Novo Testamentos ........................................................... 44A família de Terá e Abrão .............................................................................................. 115Possíveis rotas da viagem de Abrão de Ur para Canaã .................................................. 117A Terra Santa no tempo da campanha militar de Abrão ................................................ 119A região do mar Morto quando Ló viveu em Sodoma................................................... 125Possíveis rotas do êxodo ................................................................................................ 167A ecácia do sacrifício ................................................................................................... 215Planta do acampamento israelita ................................................................................... 266Planta da Tenda do Encontro ......................................................................................... 269Planta da cidade levítica ................................................................................................. 302Os territórios das tribos de Israel .................................................................................. 353

Datas alternativas do êxodo e da conquista ................................................................... 359Canaã antes da conquista ............................................................................................... 365Jericó, Ai e a renovação da aliança em Siquém ............................................................. 373A conquista de Hazor ..................................................................................................... 381Rúben, Gade e Manassés Oriental ................................................................................. 387A família de Rute ........................................................................................................... 449A família de Davi ........................................................................................................... 488O império do rei Davi .................................................................................................... 519A administração de Salomão .......................................................................................... 523

Os reinos de Israel e de Judá ......................................................................................... 537O Império Assírio ........................................................................................................... 573O Império Babilônico .................................................................................................... 587Sinopse dos principais acontecimentos que afetaram a Terra Santa .............................. 642O Império Persa ............................................................................................................. 643Jerusalém à época de Neemias ...................................................................................... 661Os profetas em ordem cronológica ................................................................................ 949O contexto de Jonas .................................................................................................... 1227Viagens missionárias de Paulo à Galácia e Grécia ...................................................... 1633

O ministério de Paulo no Egeu .................................................................................... 1647A viagem de Paulo a Roma .......................................................................................... 1663A situação da Galácia ................................................................................................... 1815A situação de Colossos no vale do rio Lico ................................................................. 1897O possível trajeto da primeira carta de Pedro .............................................................. 2053

MAPAS, gRÁfICOS e TABeLAS0

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Por mais de três anos, na qualidade de edi-tores, tivemos o privilégio de estar bem nocentro de uma notável rede de atividades.Enquanto outros trabalhavam, nós tive-mos a honra de tomar parte nesses traba-lhos. Na verdade, fomos abençoados por aqueles que Deus chamou para trabalhar conosco neste grande projeto; por isso,

antes de tudo, gostaríamos de agradecer a esses autores por seus dedicados esfor -ços e pela paciência com que suportaramnossas sugestões, interferências e nossos

 pedidos ocasionais por reformulações.Fomos cercados por uma equipe seleta deestudiosos da Bíblia, aos quais somos pro-fundamente gratos.

Como sempre ocorre com os que con-seguem ter seus textos publicados pelaInterVarsity Press, tivemos um excelenteapoio prossional. Mencionar nominal-mente Derek Wood como editor organiza-dor e Sue Rebis como editora coordenado-ra é o modo mais fácil de transmitir nossosagradecimentos a todos da InterVarsityPress que, direta ou indiretamente, ajuda-ram este comentário a vir a lume. É certoque não foram poucas as vezes em que eles

desejaram que trabalhássemos com maisrapidez, respondêssemos com mais preste-za ou escrevêssemos com mais clareza; noentanto, nunca deixaram de ser pacientesconosco. Com isso, conquistaram nossaeterna gratidão e a de todos que acharem

 prazeroso e proveitoso o uso desta obra.Um comentário de um único volume

sobre toda a Bíblia tem que ser um grandeexercício de síntese, que segue uma disci-

 plina rigorosa sobre o que deve ser incluídoe o que deve ser omitido. Optamos por nosconcentrar em acompanhar o modo comoos livros e passagens se “desenvolvem” e,dessa maneira, dar uma contribuição para

uma síntese da Bíblia. Com demasiadafrequência o leitor da Bíblia (e não apenasnos primeiros anos de leitura da Bíblia)ca confuso e quer ajuda para conseguir ter uma visão do todo, e não só de partesisoladas. Cremos que, quando nosso co-mentário for utilizado tendo em mente esseobjetivo, ele trará ao leitor seus maiores

 benefícios. No entanto, no que diz respeitoa espaço, procuramos não passar por cimade diculdades pontuais. De qualquer for -ma, ao longo de toda a obra fornecemoslistas de livros para leitura e estudo maisaprofundados. Como regra geral, as listasreetem uma ordem crescente do nível deexigência que apresentam ao leitor. Os li-vros no início da lista têm o propósito deatender às necessidades mais básicas dosque desejam avançar, a partir daquilo queo comentário oferece, para um conheci-mento minucioso das Escrituras Sagradas.Isto, na verdade, constitui nossa motivaçãoe convicção principais: o cristão, comoindivíduo, bem como toda a igreja que

 professa a Cristo não possuem, hoje emdia, necessidade maior do que conhecer a Bíblia como Palavra de Deus, amá-la e

submeter-se a ela. É a essa causa que al-mejamos servir e é com esse alvo que, comoração, lançamos este comentário para quesiga seu curso.

Esta é a segunda grande revisão do Novo Comentário da Bíblia, que foi ini-cialmente publicado em 1953. Como edi-tores, tivemos o privilégio de fazer partede uma tradição muito honrosa. Saudamose pagamos o devido tributo às memóriasde Francis Davidson, Ernest Kevan, AlanStibbs e Donald Guthrie, notáveis mestresda Palavra de Deus, os quais agora fazem

 parte de nosso tesouro nos céus. Tambémnos lembramos, com gratidão, do papel

PRefÁCIO0

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de consultor e colaborador de DonaldWiseman, quando, em 1970, surgiu o

 New Bible Commentary Revised  [ Novo

Comentário da Bíblia Revisado]. Nosso

terno respeito por esses homens e pelosdons que lhes foram outorgados por Deusé algo partilhado em todo o mundo por milhões de leitores agradecidos. Contudo,nesta nova edição do  Novo Comentário

da Bíblia nada resta da edição de 1953 equase nada da revisão de 1970. Passamosda Revised Standard Version para a NewInternational Version como ponto de par-tida de nossa edição em inglês, e Deus fez

nascer uma nova equipe internacional deautores. (N. do R.: Em português, o tex-to comentado é o da Almeida Revista eAtualizada, aRa, 1995). Mesmo que algum

autor seja o mesmo de 1970, seu artigo oufoi reescrito ou totalmente revisado.

Mas, em meio a todas essas mudanças,está o Deus imutável e o poder imutável

de sua Palavra inspirada. Não ousamosnos comparar aos gigantes do passado,mas aguardamos, com oração cheia deexpectativa, que Deus uma vez mais façadesta obra, ora publicada no Brasil com otítulo de Comentário Bíblico Vida Nova,uma bênção para o seu povo e algo paraa sua glória.

 D. A. Carson R. T. France

 J. A. Motyer 

G. J. Wenham

COMENTÁRIO BÍBLICO VIDA NOVA0

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Suência dos artios. Ver o sumário. Os comentários aparecem na ordem bíblicacom os artigos explicativos inseridos onde for o caso.

Rrências bíblicas aparecem na forma geralmente aceita: capítulo . versículo(-versículo(s) seguinte(s), outro(s) versículo(s). Por exemplo, Is 53.1-3,10,11 signicaIsaías 52, versículos 1 a 3 e versículos 10 e 11. Quanto a abreviaturas dos livros daBíblia, ver página 13.

Quando uma letra aparece depois do número de um versículo, isso geralmente indica oinício ou o m de um versículo (a ou b). Ocasionalmente, especialmente em passagens

 poéticas, tais como Salmos, a letra se refere à respectiva linha no texto de versões bíblicasque compõem a poesia em diversas linhas. Assim, Salmos 49.14 cd refere-se às linhas 3 e4 do versículo 14 do salmo 49.

Litura adicional. Listas de livros acompanham cada artigo. Aparecem classicadasde sorte que os livros mais simples vêm primeiro, e os de nível mais profundo no nal. Aslistas não trazem obras técnicas avançadas. Um traço comprido indica o mesmo autor dalinha de cima. Quanto a abreviaturas, ver, por favor, a lista da página 13.

Datação. Numa obra vasta como esta, escrita por cerca de quarenta e cinco autores, é bem possível que haja pequenas discrepâncias nas datas. Nem todos os estudiosos estão plenamente de acordo quanto às datas da história antiga. Por exemplo, há um debate con-tínuo sobre a data do êxodo, que afeta a datação da conquista e do período dos juízes. Essaquestão é tratada no comentário. Ver na página 359 um sumário do assunto. Fizemos, noentanto, todos os esforços para não confundir o leitor. Um quadro geralmente aceito dahistória bíblica está na página 44.

eXPLICAÇÕeS0

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As informações abaixo estavam corretas àépoca da publicação deste comentário eminglês.

T. Desmond Alexander, B.A., Ph.D., professor de Estudos Semíticos, TheQueen’s University of Belfast, ReinoUnido.  ÊXODO

Leslie C. Allen, M.A., Ph.D., D.D., professor de Antigo Testamento, Fuller Theological Seminary, Pasadena,Califórnia, Estados Unidos.  JOEL

David W. Baker, A.B., M.C.S, M. Phil.,Ph.D., professor de Antigo Testamento eLínguas Semíticas, Ashland TheologicalSeminary, Ashland, Ohio, Estados Unidos.OBADIAS, HABACUQUE, SOFONIAS 

John A. Balchin, M.A., B.D., pastor titular da Primeira Igreja Presbiteriana,Papakura, Nova Zelândia.CÂNTICO DOS CÂNTICOS 

Joyce G. Baldwin, B.A., B.D., ex-diretora, Trinity College, Bristol, ReinoUnido.  RUTE, ESTER

George R. Beasley-Murray, M.A.,Ph.D., D.D., D.Litt, professor titular de interpretação do Novo Testamento,Southern Baptist Theological Seminary,Louisville, Kentucky, Estados Unidos.

 APOCALIPSE 

Roger T. Beckwick, B.D., D.D., M.A.,diretor da Latimer House, Oxford, e

 professor, Wycliffe Hall, Oxford, Reino

Unido. LIVROS APÓCRIFOS E  LITERATURA APOCALÍPTICA

John J. Bimson, B.A., Ph.D., professor de Antigo Testamento e hebraico, Trinity

College, Bristol, Reino Unido.1 e 2REIS 

G. Michael Butterworth, B.Sc.,B.D., M.Phil., Ph.D., professor,Oak Hill College, e diretor Oak HillExtension College, Londres,Reino Unido.OSEIAS, NAUM, ZACARIAS 

*Donald A. Carson, B.Sc., M.Div.,Ph.D., professor-pesquisador de NovoTestamento, Trinity EvangelicalDivinity School, Deereld, Illinois,Estados Unidos.COMO ABORDAR A BÍBLIA,COMO LER AS EPÍSTOLAS 

David J. Clines, M.A., professor de

estudos bíblicos, University of Shefeld,Reino Unido.  JÓ

R. Alan Cole, Ph.D., ex-professor deAntigo Testamento, Moore TheologicalCollege, Sydney, Austrália, e TrinityTheological College, Cingapura.

 MARCOS 

Peter H. Davids, B.A., M.Div., Ph.D.,

 pesquisador e professor de teologia,Langley Vineyard Christian Fellowship,Langley, British Columbia, Canadá.TIAGO

Michael A. Eaton, B.D., B.Th., M.Th.,D.Th, pastor titular, Crisco Fellowship of 

 Nairobi, e professor, Nairobi EvangelicalGraduate School of Theology, Nairóbi,Quênia.  ECLESIASTE S 

Sinclair B. Ferguson, M.A., B.D.,Ph.D., professor de teologia sistemática,Westminster Theological Seminary,Filadéla, Pensilvânia, Estados Unidos.

 DANIEL

COLABORADOReS0

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Francis Foulkes, B.A., B.D., M.A.,M.Sc., ex-curador, St John’s TheologicalCollege, Auckland, Nova Zelândia.FILIPENSES 

*Richard T. France, M.A., B.D., Ph.D.,diretor, Wycliffe Hall, Oxford, ReinoUnido. COMO LER OS EVANGELHOS 

Conrad Gempf, Ph.D., professor titular,London Bible College, Londres, ReinoUnido.  ATOS 

John E. Goldingay, B.A., Ph.D., diretor,St John’s College, Nottingham, Reino

Unido.  PROVÉRBIOS Donald Guthrie (falecido), B.D., M.Th.,Ph.D., ex-vice-diretor, London BibleCollege, Londres, Reino Unido.

 JOÃO, EPÍSTOLAS PASTORAIS 

Gordon P. Hugenberger, M.Div., Ph.D., professor adjunto de Antigo Testamento,Gordon-Conwell, South Hamilton,Massachusetts, e pastor titular, LanesvilleCongregational Church, Gloucester,Massachusetts, Estados Unidos.

 MALAQUIAS  

Philip P. Jenson, M.A., S.T.M., Ph.D., professor de Antigo Testamento ehebraico, Trinity College, Bristol, ReinoUnido.  POESIA NA BÍBLIA

F. Derek Kidner, M.A., A.R.C.M.,

ex-curador, Tyndale House, Cambridge,Reino Unido.  ISAÍAS 

Colin G. Kruse, B.D., Th.L., M.Phil.,Ph.D., professor titular de NovoTestamento, Ridley College, Universityof Melbourne, Austrália. 2CORÍNTIOS 

I. Howard Marshall, M.A., B.D.,Ph.D., professor de exegese do Novo

Testamento, University of Aberdeen,Reino Unido. LUCAS, 1 e 2TESSALONICENSES 

J. Gordon McConville, M.A., B.D.,Ph.D., professor de Antigo Testamento,

Wycliffe Hall, Oxford, Reino Unido. HISTÓRIA BÍBLICA, DEUTERONÔMIO, JEREMIAS, LAMENTAÇÕES 

L. John McGregor, B.A., Ph.D., programador e analista de sistemas,East Grinstead, Reino Unido.

 EZEQUIEL

Douglas J. Moo, Ph.D., professor de NovoTestamento, Trinity Evangelical DivinitySchool, Deereld, Illinois, Estados Unidos.

 ROMANOS 

Leon L. Morris, B.Sc., M.Th., Ph.D.,M.Sc., ex-diretor, Ridley College,Melbourne, Austrália.CARTAS JOANINAS 

*J. A. Motyer, M.A., B.D., ex-diretor,Trinity College, Bristol, Reino Unido.

 SALMOS, AMÓS 

Peter J. Naylor, B.A., D.Phil., A.C.A.,contabilista, Cardiff, Reino Unido.

 NÚMEROS 

Peter T. O’Brien, Ph.D., vice-diretor,Moore Theological College, Sydney,Austrália. COLOSSENSES, FILEMOM 

David F. Payne, M.A., deão acadêmico,London Bible College, Londres, ReinoUnido. 1 e 2SAMUEL

David F. Pennant, M.A., B.D., Ph.D.,diretor de música, St Andrew’sSchool, Horsell, Woking Surrey; ex-

 pastor interino, St Saviour’s Church,Brookwood, Reino Unido.  AGEU 

David G. Peterson, M.A., B.D.,Ph.D., Th. Schol., chefe doDepartamento de Ministério, professor de Novo Testamento, Moore Theological

College, Sydney, Austrália.  HEBREUS Moisés Silva, A.B., B.D., Th.M.,Ph.D., professor de Novo Testamento,Westminster Theological Seminary,Filadéla, Estados Unidos. GÁLATAS 

COLABORADORESW11

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Douglas Stuart, Ph.D., professor deAntigo Testamento e chefe da Divisãode Estudos Bíblicos, Gordon-ConwellTheological Seminary, South Hamilton,Massachusetts, Estados Unidos.  JONAS 

Max Turner, M.A., Ph.D., diretor de pesquisa e professor de Novo Testamento,London Bible College; ex-professor de Novo Testamento, King’s College,Aberdeen, Reino Unido.  EFÉSIOS 

Bruce Waltke, Th.D., Ph.D., professor de Antigo Testamento, Regent College,Vancouver, Canadá.

 JOSUÉ, MIQUEIAS Barry G. Webb, B.A., B.D., Ph.D., chefedo Departamento de Hebraico e AntigoTestamento, Moore Theological College,Sydney, Austrália.  JUÍZES 

*Gordon J. Wenham, M.A., Ph.D., professor titular de estudos religiosos,Cheltenham and Gloucester College of Higher Education, Cheltenham, ReinoUnido.  PENTATEUCO, GÊNESIS 

David H. Wheaton, M.A., B.D., pastor daChrist Church, Ware; membro honorárioda equipe pastoral da St Albans Cathedral;capelão honorário da rainha; ex-diretor,Oak Hill College, Londres, Reino Unido.

1 e 2PEDRO, JUDAS 

Michael J. Wilcock, B.A., pastor da St Nicholas’ Church, Durham; ex-diretor de Estudos Pastorais, Trinity College,Bristol, Reino Unido. 1 e 2CRÔNICAS 

H. G. M. Williamson, M.A., Ph.D.,D.D., F.B.A., real professor de hebraico,University of Oxford, e pesquisador da

Christ Church, Oxford, Reino Unido. ESDRAS e NEEMIAS 

Bruce Winter, B.A., M.Th., Ph.D.,curador, Tyndale House, Cambridge,Reino Unido. 1CORÍNTIOS 

Christopher J. H. Wright, M.A., Ph.D.,diretor, All Nations Christian College,Ware, Reino Unido.  LEVÍTICO

*Editor-consultor 

COMENTÁRIO BÍBLICO VIDA NOVA0 12

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 Abrviaturas rais traduçõs bíblicas

c. por volta de (usada com datas)cp. capítulo(s)cf. compareSr Sirácida (ou Eclesiástico,

um dos apócrifos)s. (ss.) e versículo(s) seguinte(s)

gr. gregolit. literalmentelxx Septuaginta (versão grega do at)Mb Macabeus (entre os apócrifos)mg. MargemMS/MSS manuscrito(s)tM Texto Massorético (do at) N,S,L,O norte, sul, leste, oeste Nt Novo Testamentoat Antigo Testamento

1QH Hinos de Ação de Graças(um dos textos de Qumran)1QS Regras da Comunidade

(um dos textos de Qumran )v. versículo(s)

ARA Almeida Revista e RevisadaARC Almeida Revista e CorrigidaACF Almeida Corrigida FielAV Authorized Version of the Bible

(King James Version)BJ Bíblia de JerusalémBFH A Bíblia Fala HojeVFL Versão Fácil de Ler( NT) NVI Nova Versão Internacional NEB New English Bible NTLH Nova Tradução na Linguagem

de Hoje NASB New American Standart Bible NRSV New Revised Standart VersionTB Tradução Ecumênica da Bíblia

RSV Revised Standard Version of the Bible

REB Revised English BibleSCB Série Cultura Bíblica

Livros priódicos d rfrência

AB Anchor Bible Ann.   Annales (Tácito) Ant.   Antiguidades dos Judeus (Josefo) BAR British Archaeological Review

BBC Broadman Bible Commentary BJRL   Bulletin of the John Rylands Library

BNTC Black’s New Testament

CommentariesBST The Bible Speaks TodayCC The Communicator’s CommentaryDSB Daily Study BibleEBC Expositor’s Bible Commentary

 ExpT    Expository Times

 DIB Dicionário Ilustrado da Bíblia

ITC International TheologicalCommentary

IVPNTC Inter-Varsity Press New Testament

Commentary JBL Journal of Biblical Literature

 JSNTS Journal for the Study of the New

Testament (volumes suplementares) JSOTS Journal for the Study of the Old 

Testament (volumes suplementares) NDB   Novo Dicionário da Bíblia

 NCB New Century Bible NIBC  New International Bible

Commentary NICNT New International Commentary

on the New Testament NICOT New International Commentary

on the Old Testament NIGTC New International Greek Testament

CommentaryOTL Old Testament LibraryOBS Oxford Bible SeriesQRBT Quick Reference Bible TopicsTBC Torch Bible CommentariesTNTC Tyndale New Testament

CommentaryTOTC Tyndale Old Testament

CommentaryWBC Word Biblical Commentary

ABRevIATURAS0

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a =  

B =

b =

G =   

g =   

D =  

d =  

h =

w =

z =   

j =

f =  

y =  

K =  

k =  

 l = l 

m =

n =

s =  

u =  

P =  

p =  

x =

q =

r =  

c =  

v =  

T =  

t =  

TRANSLITeRAÇÕeS0Hbraico

Vogais longas Vogais breves Vogais brevíssimas  

a =

b =

g =   

d =  e =

z =   

h =  

q =

i =

k =   

l =  

m = n =

c =  

o =

p =  

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t =  

u =  f =  

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  ( =  

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RvlaçãoA teologia bíblica é um todo orgânico. Issosignica que não só é possível abordar qual-quer parte do assunto a partir de qualquer outro ponto do mesmo assunto (emboraalguns pontos de partida sejam, certamente,

mais proveitosos do que outros), mas sig-nica também que tratar um determinadoelemento da teologia bíblica como se eleexistisse totalmente isolado é algo que dis-torce seriamente o quadro no seu todo.

Em bem poucos assuntos isso é maisóbvio e verdadeiro do que no que diz res-

 peito à doutrina das Escrituras. Nesta erade ceticismo é de duvidar se um entendi-mento bem-elaborado e coerente acercada natureza das Escrituras, e da maneirade interpretá-las em determinada situação,

 pode ser mantido por muito tempo numasituação em que, ao mesmo tempo, inexis-te uma compreensão da ideia bíblica sobreDeus, os seres humanos, o pecado, a re-denção e o avanço da história rumo ao seudestino derradeiro.

Por exemplo, se é verdade que a Bíblia

nos fala de Deus, e nos diz mais do quesimplesmente o tipo de Deus que ele é, éigualmente verdade que, a menos que Deusseja esse tipo de Deus, é impossível reco-nhecer a Bíblia pelo que ela é. Para abordar corretamente a Bíblia, é importante saber algo do Deus que está por trás dela.

Deus é tanto transcendente (i.e., eleestá “acima” do tempo e do espaço) quanto

 pessoal. É o Criador soberano e todo-po-deroso a quem o universo inteiro deve suaexistência; e, ao mesmo tempo, é o Deusque graciosamente aceita interagir conos-co, seres humanos, os quais ele mesmoformou à sua própria imagem. Pelo fato

de estarmos presos ao tempo e ao espaço,é aqui que Deus se encontra conosco; é oDeus pessoal que interage com outras pes-soas que criou para gloricá-lo e desfrutar da comunhão com ele para sempre.

Em resumo, Deus escolheu revelar-se

a nós, pois doutra forma saberíamos muito pouco acerca dele. É verdade que sua exis-tência e poder revelam-se na ordem criada,muito embora essa ordem tenha cicatrizes

 profundas devido à rebeldia humana e suasconsequências (Gn 3.18; Rm 8.19-22; v.Sl 19.1,2; Rm 1.19,20). Também é verdadeque, na consciência humana, se reete umaimagem muito tênue dos atributos moraisde Deus (Rm 2.14-16). Mas esse conhe-cimento não é suciente para conduzir àsalvação. Além do mais, a pecaminosidadehumana é tão ardilosa que nem se dá ao tra-

 balho de menosprezar uma revelação comoessa. Mas, em sua graça sem medida, Deusintervém ativamente no mundo que fez, am de revelar-se a homens e mulheres demaneiras ainda mais poderosas.

Isso foi verdadeiro mesmo antes da

queda. Deus entregou certas responsabi-lidades às criaturas que fez à sua própriaimagem (sendo isso mesmo um ato de re-velação) e, então, encontrou-se com elesno jardim que zera para eles. QuandoDeus escolheu Abraão, estabeleceu umaaliança com ele, revelando-se como  seu Deus (Gn 15; 17). Quando redimiu Israelda escravidão, Deus não apenas falou comMoisés, mas apresentou-se na forma de

 pragas aterrorizadoras e de trovões e re-lâmpagos do monte Sinai. Embora toda aterra seja dele, ele escolheu Israel como o

 povo da sua aliança e fez deles um reino desacerdotes e uma nação santa (Êx 19.5,6).

COMO ABORDAR A BÍBLIA

O qUe é A BÍBLIA

0

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0 16COMENTÁRIO BÍBLICO VIDA NOVA

A eles se revelou não apenas em espeta-culares demonstrações de poder, mas emsua Torá (lit. “instrução”), que incluía nãoapenas prescrições detalhadas para a vida

diária, mas também conjuntos completosde práticas religiosas estabelecidas (taber-náculo/templo, sacrifícios, sacerdócio).

Em todo o período coberto peloat, Deusse revelou por meio da providência (e.g., ascircunstâncias que levaram José ao Egito,Gn 37—50; 50.19,20; a insônia numa certanoite na vida de Xerxes; Et 6.1ss.; os de-cretos, de Ciro e Dario, que produziram avolta de alguns hebreus a Jerusalém depois

do exílio); de acontecimentos miraculosos(e.g., a sarça ardente, Êx 3; o fogo no mon-te Carmelo, 1Rs 18); das palavras proféti-cas (“a palavra do SeNhoR ” vem repetidasvezes aos profetas); da poesia e dos cân-ticos (e.g., Salmos). Mas, mesmo quandoos crentes do at sabiam que Deus havia serevelado ao povo de sua aliança, este ti-nha consciência de que ele prometera umarevelação mais clara no futuro. Deus pro-meteu uma época quando um novo ramosurgiria da linhagem de Davi (Is 11), umhomem que se assentaria no trono de Davi,mas que, apesar disso, seria chamado de oDeus Poderoso, o Pai Eterno, o Príncipeda Paz (Is 9). O próprio Deus desceria econduziria a um novo céu e a uma novaterra (Is 65). Ele derramaria o seu Espírito(Jl 2), introduziria uma nova aliança (Jr 31;

Ez 36), ressuscitaria os mortos (Ez 37) emuito mais.

Os autores do Nt estão convictos de quea tão aguardada autorrevelação de Deus esua salvação chegaram até nós na pessoade Jesus Cristo, o Filho de Deus. No passa-do, Deus se revelara basicamente por meiodos profetas, mas agora, nestes últimosdias, ele se revelou suprema e decisiva-mente no Filho (Hb 1.2). O Filho é a per-feita imagem do Pai (2Co 4.4; Cl 1.15;Hb 1.3); toda a plenitude de Deus habitanele (Cl 1.9; 2.9). Ele é a encarnação daautoexpressão de Deus; é o Verbo de Deusfeito carne (Jo 1.1,14,18).

Essa revelação centrada no Filho se vênão apenas na pessoa de Jesus, mas tam-

 bém em seus feitos. Não apenas em seu en-sino, pregação e cura, mas supremamente

na cruz e na ressurreição é que Jesus revelaDeus e consuma o plano divino de reden-ção. Mediante o Espírito, que o Cristo exal-tado outorgou (Jo 14—16), Deus convenceo mundo (Jo 16.7-11), ajuda os crentes emseu testemunho (Jo 15.27,28) e, acima detudo, manifesta-lhes a si próprio ao fazer morada neles (Jo 14.19-26). Dessa forma,Deus se revela por intermédio do EspíritoSanto, que é a garantia e o sinal de entrada

da herança prometida (Ef 1.13,14). Um diaacontecerá a autorrevelação derradeira, etodo joelho se dobrará e toda língua con-fessará que Jesus é Senhor para a glória deDeus Pai (Fp 1.11; cf. Ap 19—22).

O ponto a ser destacado é que uma com- preensão genuinamente cristã da Bíblia pressupõe o Deus da Bíblia, um Deus quese faz conhecido de um grande númerode maneiras, de modo que seres humanosconheçam o propósito para o qual foramfeitos — conhecer e amar e adorar a Deuse, dessa forma, ter prazer nesse relacio-namento em que Deus é gloricado, aomesmo tempo em que recebem o benefícioincomparável de se tornarem tudo aquiloque Deus quer que sejam. Qualquer conhe-cimento genuíno que os seres humanos

 possuam de Deus depende de Deus se re-

velar primeiro.

 A palavra d DusO que não se deve ignorar é que esse Deusé um Deus que fala. Não há dúvida de queele se revela a nós de muitas maneiras, masa palavra não é a menos importante delas.

Em português, pode-se entender a pa-lavra “revelação” num sentido ativo ou

 passivo, i.e., ou como a atividade pela qualDeus se revela ou como o resultado dessaatividade. Quando se refere à autorrevela-ção de Deus mediante palavras, o sentidoativo imagina Deus fazendo-se conheci-do por palavras, ao passo que o sentido

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W17 COMO ABORDAR A BÍBLIA

 passivo se concentra nas palavras em si, namedida em que são a mensagem que Deusescolhe transmitir.

 Nunca é demais realçar a importância

da fala divina como recurso fundamentalde sua autorrevelação. A própria criação éo produto da fala divina: Deus fala, e mun-dos vêm à existência (Gn 1). Muitos dosmais impressionantes feitos de revelaçãonão seriam compreensíveis sem a corres-

 pondente fala divina. Moisés vê a sarçaardente com curiosidade até que a vozlhe diz para tirar as sandálias e lhe atri-

 bui suas novas responsabilidades. Abraão

não teria tido motivo algum para sair deUr se não fosse pela revelação divina em

 palavras. Vez após vez, os profetas car -regam o peso de transmitir “a palavra doSeNhoR ” ao povo. A revelação verbal éessencial mesmo no caso do Senhor Jesus:durante os dias em que viveu no mundoele foi, antes de tudo, o mestre. Além dis-so, sem a explicação do signicado de suamorte e ressurreição, preservada tanto nosevangelhos quanto nas epístolas, mesmoesses acontecimentos cruciais teriam sidolastimavelmente obscuros. A fala divinaé tão fundamental em sua autorrevelaçãoque, quando o evangelista João busca umamaneira completa de referir-se à derradei-ra autorrevelação em seu Filho, escolhereferir-se a ele como “o Verbo, e o Verboestava com Deus, e o Verbo era Deus”

(Jo 1.1,14). O cavaleiro de Apocalipse 19é chamado assim: “Fiel e Verdadeiro [...]Está vestido com um manto tinto de san-gue, e o seu nome se chama o Verbo deDeus” (19.11,13).

É claro que demonstrar que Deus é umDeus que fala e que suas palavras são umelemento fundamental em sua graciosa ma-nifestação de si mesmo para nós, por si só,não demonstra que a Bíblia é produto da-quela revelação ativa e que, dessa maneira,é ela mesma revelação no sentido passivo.De fato, a expressão “a palavra de Deus”tem, na Bíblia, uma ampla gama de usos.Todos pressupõem que Deus fala, que não

é um mero e impessoal “fundamento detodo ser” nem um “outro” misterioso; masa variedade de usos é digna de nota. Por exemplo, frequentemente se arma que

“a palavra de Deus” ou “a palavra doSeNhoR ” “veio” a um de seus profetas(e.g., Jr 1.2; Ez 30.1; Os 1.1; Lc 3.2).Geralmente, não se explica como essa “pa-lavra” ou “mensagem” chega. Fica claro,no entanto, que mesmo esses exemplos sãosucientes para demonstrar que na própriaBíblia a expressão “a palavra de Deus” nãonecessariamente se refere às Escrituras.

Alguns que fazem tal observação vão

além e defendem que é inapropriado falar das Escrituras como a palavra de Deus. Emvez disso, sustentam que, caso a expressão“a palavra de Deus” seja empregada parareferir-se à Bíblia, isso deve assumir umsentido amplo: a mensagem da Bíblia,aquilo que, em termos gerais, Deus reveloua testemunhas humanas, ou algo parecido.

 Não deve ser empregada para referir-se às palavras reais das Escrituras.

Todavia, isso é, com certeza, cometer o erro oposto. Jesus pôde repreender seusadversários por colocarem suas tradiçõesacima da “palavra de Deus” (Mc 7.13), eo que teve em mente foram as Escriturasque já foram dadas. Se algumas mensagensda parte de Deus são expressas em termosmais genéricos, um número substancial éexpresso como oráculos, falas, do próprio

Deus. É assim que, com modéstia, a profe-cia de Amós começa “As palavras [...] quevieram a Amós”, mas, ao longo de todoo livro, um oráculo após outro é iniciadocom alguma expressão do tipo: “Assim dizo SeNhoR ” (2.6) ou: “Portanto, assim dizo SeNhoR  Deus” (3.11). Jeremias descre-ve a revelação de Deus como algo que lhevem quase que por ditado, de forma que,quando o primeiro manuscrito é destruído,na sua graça, Deus entrega novamente amensagem (Jr 30.2; 36.27-32). Davi insis-te que “as palavras do SeNhoR são palavras

 puras, prata renada em cadinho de barro,depurada sete vezes” (Sl 12.6). Quando

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0 1COMENTÁRIO BÍBLICO VIDA NOVA

levamos nossa investigação até o  Nt, en-contramos um autor após outro dizendoque “ Deus diz” algo que se acha em umou outro livro canônico. Conquanto auto-

res do Nt

frequentemente se reram àquiloque Moisés ou Isaías ou alguém mais diz(e.g., Rm 9.29; 10.19), também podem sereferir àquilo que o próprio Deus diz quan-do fala ao autor de determinado livro do at (e.g., Rm 9.15,25). Além do mais, podemdizer que “Deus diz” ou “o Espírito Santodiz” mesmo quando citam passagens dasEscrituras em que o autor do at não rece-

 be uma mensagem direta de Deus (e.g.,

Hb 7.21; 10.15). Às vezes emprega-se umafórmula mais longa, e.g.: “o que fora dito

 pelo Senhor por intermédio do profeta”(Mt 1.22); “a Escritura que o EspíritoSanto proferiu anteriormente por boca deDavi” (At 1.16).

Esse breve esboço dos dados existen-tes buscou mostrar que Deus se reveloude muitas maneiras, mas especialmente narevelação verbal. Identicamos elementosque mostram que a revelação verbal estáligada às próprias Escrituras, mas não nosaprofundamos nessa direção. Antes defazê-lo, na revelação bíblica há um ele-mento correlato que se deve mencionar rapidamente.

 A palavra d srs humanosMesmo uma leitura supercial da Bíblia

revela que ela não é o resultado de um di-tado divino puro e simples e muito menosque é algo que, vindo do céu, foi entregueem placas de ouro. Apesar de suas muitasarmações de ser revelação e ter autorida-de divina, a Bíblia é muito surpreendente-mente um livro humano — ou, para sermosmais exatos, 66 documentos surpreenden-temente humanos. Autores canônicos citamautores mais antigos pelo nome, tratandomuitos dos documentos como produzidos

 por pessoas históricas, mas sem indicarem,nem mesmo por um instante, que essa di-mensão humana diminui a autoridade dosdocumentos. Aliás, algumas das alusões às

Escrituras do at são feitas com uma notá-vel informalidade, e.g.: “alguém, em certolugar” (Hb 2.6). Se vamos considerar cla-ramente como os cristãos devem abordar 

a Bíblia, então, por mais que declaremosque as Escrituras são Palavra de Deus(uma questão na qual ainda insistiremos),não se pode ignorar essa dimensão decidi-damente humana.

Há várias implicações importantes. ABíblia não chegou até nós de uma vez só,mas ao longo de um período de aproxima-damente mil e quinhentos anos, pelas mãosde muitos seres humanos, sendo que a iden-

tidade de alguns é totalmente desconheci-da. A primeira implicação é, então, que aBíblia está profundamente arraigada nahistória. Os vários autores humanos repre-sentam culturas, idiomas, acontecimentoshistóricos, pressuposições e maneiras quesão concretos. O paralelo óbvio, para o qualse tem frequentemente chamado a atenção,é a encarnação. O Filho Eterno, o Verbo

 pré-existente, tornou-se encarnado. Ele étanto Deus quanto homem. A formulaçãoclássica ainda é a melhor: o Filho eternotornou-se encarnado na história, duas natu-rezas, uma pessoa. Não se pode discernir verdadeiramente a Jesus Cristo, e nele crer,caso se rejeite ou enfraqueça sua divinda-de ou sua humanidade. De modo um tantosemelhante, a Bíblia é tanto divina quantohumana. É a revelação de Deus e é um re-

gistro humano. A mensagem, incluindo as próprias palavras, é divina, tendo o Deuseterno como origem. Contudo, é um livro

 profundamente humano, escrito na his-tória, um só livro com duas naturezas. Éclaro que não se deve ir muito longe coma analogia. Jesus Cristo é ele próprio tantoDeus quanto homem, mas ninguém diriaque a Bíblia é ela própria Deus e homem;

 jamais passa de uma ferramenta nas mãosde um Deus que se revela. Jesus Cristodeve ser adorado; a Bíblia em si não deveser adorada. No entanto, a comparação, sefeitas as devidas ressalvas, é proveitosacaso nos forneça algumas categorias que

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W19 COMO ABORDAR A BÍBLIA

nos ajudem a compreender aquilo que aBíblia é e também caso nos incentive à hu-mildade quando nos aproximamos desselivro. Em todo nosso exame das Escrituras,

 jamais devemos abrir mão da virtude dahumildade — humildade diante do Deusque, de forma tão graciosa, se adaptou àsnossas necessidades a ponto de se desvelar 

 poderosamente tanto no Verbo encarnadoquanto na palavra escrita.

A segunda implicação é que a revela-ção preservada na Bíblia não é um sistemaabstrato, seja losóco, ético ou teológi-co. O budismo se mantém ou desmorona

como um sistema de pensamento: casose provasse que Gautama, o Buda, nuncaviveu, a religião que leva o seu nome nãocorreria risco. Não é esse o caso do cristia-nismo. A despeito da imensa diversidadeliterária existente na Bíblia, no seu todo elaconta uma história, e essa história se pas-sa no tempo e no espaço. Apesar dos me-lhores esforços que alguns estudiosos têmempreendido em alegar que a fé bíblica ja-mais deve estar aprisionada à pesquisa his-tórica, há uma percepção acentuada de quea natureza da graciosa automanifestaçãodivina, que ocorre na história simples e co-mum (por mais espetaculares ou milagro-sos que sejam alguns dos elementos dessarevelação), assegura que não há como fugir da investigação histórica. Se Jesus Cristonunca viveu, o cristianismo está destruído;

se ele nunca morreu na cruz, o cristianismoestá destruído. Se jamais ressuscitou dosmortos, o cristianismo está destruído. Por mais que o objetivo derradeiro da fé cristãseja Deus, essa fé é incoerente se declara féno Deus da Bíblia, mas não no Deus que,segundo a Bíblia, se revela na história queé, em grande parte, acessível e vericável.Em resumo, os elementos da história bíbli-ca, em toda a sua dimensão, são essenciaisà integridade da mensagem cristã.

Em terceiro lugar, pelo fato de a Bíbliaser tão convincentemente humana, ela in-clui não apenas a graciosa autorrevelaçãode Deus a nós, mas também o testemunho

humano sobre Deus. O livro de Atos, por exemplo, relata muitos incidentes em queos apóstolos confrontaram com ousadia asautoridades que procuravam silenciá-los,

e a conança inabalável desses primeiroscristãos está ligada à imutabilidade de suaconvicção de que Jesus havia ressuscita-do dos mortos. Eles o haviam visto; aliás,de acordo com Paulo, mais de quinhentastestemunhas o haviam visto (1Co 15).Muitos dos salmos oferecem um testemu-nho tocante de como aqueles que creemno Deus vivo reagem às circunstâncias emtransformação e às tempestades da vida.

De forma mais ampla, muitas pessoas quesão descritas nas Escrituras, ou que foramautoras das Escrituras, interagiram profun-damente com seus contemporâneos. Nãosão simples secretários que recebem di-tados vindos do céu. Não se consegue ler o teor apaixonado de, digamos, Paulo em2Coríntios 10—13, ou a indignação moralde Amós, ou a ferida profunda reetida emLamentações ou em Habacuque, ou a preo-cupação de Judas diante do desvio teológi-co, ou o testemunho rme e comprometidode Mateus e João, ou o transparente carinhoque Paulo revela em Filipenses, sem reco-nhecer que a Bíblia descreve pessoas de ver-dade e que foi escrita por pessoas tambémde verdade. Por mais que elas sejam usadas

 para transmitir a verdade divina a gerações posteriores, também dão testemunho de sua

experiência pessoal e profunda de Deus.Essas três implicações aparecem juntas

numa quarta. Conforme vimos, os autoreshumanos da Bíblia estão profundamenteenraizados na história; descrevem sua par-ticipação no evento; dão testemunho. Oque descobrimos é que os autores bíblicos

 posteriores não apenas pressupõem a his-toricidade dos principais acontecimentosda história redentora (tais como a queda,o chamado de Abraão e a aliança de Deuscom ele, o êxodo e a promulgação da lei, osurgimento dos profetas, o estabelecimentoda monarquia davídica, o ministério, mor-te e ressurreição de Jesus), mas também

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0 20COMENTÁRIO BÍBLICO VIDA NOVA

 pressupõem que sejam dedignos até mes-mo os relatos bíblicos de acontecimentoshistóricos relativamente menos impor-tantes. A rainha do sul visitou Salomão

(Mt 12.42; Lc 11.31,32), Davi comeu os pães da proposição (Mc 2.25,26), Moisésergueu a serpente no deserto (Jo 3.14),Abraão deu a Melquisedeque um décimodos despojos (Hb 7.2), oito pessoas se sal-varam na arca (1Pe 3.20), a mula de Balaãofalou (2Pe 2.16) — para oferecer apenasuns poucos exemplos. Um dos exemplosmais intrigantes está nos lábios de Jesus(Mt 22.41-46; Mc 12.35-37) quando ele

cita Salmos 110, que, de acordo com o sub-título, é um salmo de Davi. O que se deveobservar de importante é que, aqui, o pesoda argumentação de Jesus depende total-mente da pressuposição de que o subtítu-lo seja autêntico. Caso o salmo não tenhasido escrito por Davi, então Davi não faloudo Messias como seu Senhor, embora ain-da mencionando o “meu Senhor” a quem“o Senhor” falou. Se, digamos, um corte-são houvesse composto o salmo, podería-mos então facilmente entender que “meuSenhor” era referência ao próprio Davi oua um dos monarcas que o sucederam (comomuitos críticos contemporâneos conjectu-ram). Mas, caso entendamos, como Jesus,que o subtítulo diz a verdade, é quase ine-vitável alguma espécie de interpretaçãomessiânica. Em suma, as referências his-

tóricas são não apenas abundantes e beminterligadas, mas, sempre que Escrituras

 posteriores citam exemplos anteriores, ja-mais alimentam suspeita de que o relato éenganador, não histórico, correto apenasnum nível teológico ou algo do gênero.

Finalmente, reconhecendo-se que aBíblia foi escrita por muitas pessoas aolongo de muitos séculos, não podemos nossurpreender que ela seja constituída de mui-tos gêneros literários. Poesia e prosa, narra-tiva e discurso, oráculo e lamento, parábolae fábula, história e teologia, genealogia eapocalíptica, provérbio e salmo, evangelhoe carta, lei e literatura de sabedoria, relató-

rio e sermão, dístico e épico — a Bíblia éconstituída de todos esses e muitos mais.Padrões de alianças emergem com algu-ma semelhança aos tratados hititas; listas

de deveres domésticos são encontradas e possuem notável semelhança com códigosde conduta existentes no mundo helênico.E essas realidades, um subproduto da hu-manidade da Bíblia, inuenciam necessa-riamente como devemos abordar a Bíblia, am de interpretá-la corretamente.

escrituras cânonCaso reconheçamos que Deus é um Deus

que fala, que sua autorrevelação incluirevelação verbal e que, com frequência,tem usado seres humanos como porta-vozes, temos de indagar, primeiramente,como passamos daquilo que parece um

 processo basicamente pessoal e oral paraas Escrituras, ou seja, para textos escri-tos e públicos (o tema desta seção); e, emsegundo lugar, como devemos entender arelação entre aquilo que Deus fala e aqui-lo que seu agente humano fala (o tema daseção seguinte).

É óbvio que, embora as Escrituras des-crevam Deus falando por meio de sereshumanos, o único acesso que temos a taisfenômenos durante o período da históriaabrangido pelas Escrituras está nas própriasEscrituras. Isso está pressuposto, por exem-

 plo, na pergunta retórica de Jesus: “Não

tendes lido o que Deus vos declarou?”(Mt 22.31). As alternativas resultantes pa-recem ser então que, ou as Escrituras nãosão mais do que um testemunho (falível) detal revelação verbal divina, ou são nada me-nos do que o produto de tal revelação. No

 primeiro caso, o intérprete tem de decidir,com o máximo de sua capacidade, quaissão aquelas partes das Escrituras que cons-tituem um testemunho el do Deus que serevela em feitos e em palavras, pondo delado aquelas que não são um testemunho -dedigno ou conável — e informar quais as

 bases em que tomou essas decisões. No se-gundo caso, deve-se entender que a Bíblia é

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W21 COMO ABORDAR A BÍBLIA

não apenas um testemunho el da graciosaautorrevelação divina em palavras e ações,mas também a própria expressão da revela-ção verbal de Deus à humanidade. Essas vi-

sões alternativas sobre as Escrituras terão,certamente, um efeito na maneira comoabordamos as Escrituras.

 Não deve haver quase nenhuma dúvidasobre o modo como Escrituras posterioresse referem a Escrituras mais antigas; deze-nas e dezenas de passagens deixam claroque, para esses leitores, não importa o queas Escrituras digam, é Deus quem o diz. Éclaro que uma formulação dessas permite

que se registre que Satanás e todo tipo de pessoas más falem dentro das Escrituras;invariavelmente o contexto deixa patenteque o propósito de registrar tais falas é quefaçam parte de um relato mais amplo emque ca apresentada, implícita ou explici-tamente, a perspectiva divina. No entanto,deve-se ter bastante cuidado em identi-car exatamente qual o gênero literário queestá sendo empregado e exatamente qual amensagem que está sendo transmitida, e oresultado é nada menos do que a mente deDeus sobre o assunto.

Dessa forma, em Mateus 19.5, as pa-lavras de Gênesis 2.24, que na narrativade Gênesis não são atribuídas a Deus, sãoassim mesmo apresentadas como aquiloque Deus “disse”. Deus mesmo falou pela

 boca dos santos profetas (e.g., Lc 1.70).

Se os discípulos foram considerados tolos por deixarem de crer em “tudo o que os profetas disseram” (Lc 24.25), então o sig-nicado daquilo que os discípulos deviamter entendido e que Jesus explica a eles é“o que a seu respeito constava em todasas Escrituras” (Lc 24.27). O evangelho énada menos do que aquilo que Deus havia“prometido por intermédio dos seus profe-tas nas Sagradas Escrituras, com respeitoa seu Filho” (Rm 1.2,3). As palavras dasEscrituras e as palavras de Deus são tãoequivalentes que Paulo pôde personicar asEscrituras: “Porque a Escritura diz a Faraó”(Rm 9.17); “tendo a Escritura previsto que

Deus justicaria pela fé os gentios”(Gl 3.8); “Mas a Escritura encerrou tudosob o pecado” (Gl 3.22). Nenhuma dessasfrases faz sentido a menos que Paulo pressu-

 ponha que o que as Escrituras dizem, Deusdiz. Essa questão ganha formulação explí-cita em 2Timóteo 3.16: “Toda a Escritura[  ] é inspirada por Deus e útil...”. Éverdade que, nesse contexto, a referência éàquilo que chamamos de Escrituras do at.Observe-se o versículo antecedente: desdea infância Timóteo havia conhecido “as sa-gradas letras” [ ]; além domais, essa passagem nada declara sobre os

exatos limites das Escrituras, dessa formanão estabelecendo um cânon consensual.

 No entanto, o que a passagem realmentefaz é armar que, se um corpo literário estáincluído nas “Escrituras”, deve-se julgá-locomo “inspirado por Deus” (a tal respei-to examinaremos mais detalhadamenteadiante) e tratá-lo consoantemente.

A mesma posição, de acordo com osautores dos evangelhos, é pressuposta

 pelo próprio Senhor Jesus. Ele insistiu que“a Escritura não pode falhar” (Jo 10.35).Quando se refere a Moisés, Jesus está

 pensando no que Moisés escreveu, i.e., asEscrituras: “Quem vos acusa é Moisés [eledisse a alguns de seus oponentes], em quemtendes rmado a vossa conança. Porque,se, de fato, crêsseis em Moisés, tambémcreríeis em mim; porquanto ele escreveu

a meu respeito. Se, porém, não credes nosseus escritos, como crereis nas minhas pa-lavras?” (Jo 5.45-47). Por mais difícil queseja a interpretação de Mateus 5.17-20 ou

 por mais contestada que seja a naturezaexata do “cumprimento”, certamente estáclaro que, quando Jesus diz: “Porque emverdade vos digo: até que o céu e a terra

 passem, nem um i ou um til jamais passaráda Lei, até que tudo se cumpra” (Mt 5.18),ele pressupõe a veracidade e a conabili-dade da “Lei” (que no contexto se refere àtotalidade das Escrituras: cf. “a Lei” e “osProfetas” em 5.17; 7.12) tal como se acha

registrada nas Escrituras. A autoridade

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0 22COMENTÁRIO BÍBLICO VIDA NOVA

divina, que tanto Jesus quanto seus pri-meiros seguidores atribuem às Escrituras,constitui o poder que ca pressuposto nafórmula frequentemente repetida e que

introduz muitas citações das Escrituras:“Está escrito” (e.g., Mt 4.4; Rm 9.33), elesdisseram — e isso bastava.

Aqui se introduziu apenas uma ínma parcela dos dados, mas é suciente paramostrar que, para Jesus e os autores do

 Novo Testamento, as Escrituras já existen-tes não eram vistas como um testemunhomeramente escrito da revelação de Deus;

 pelo contrário, tais Escrituras eram elas

 próprias, simultaneamente, o produto deautores humanos e a revelação do Deusque fala. O que as Escrituras disseram,Deus disse. Por mais que sua autoridadenão proceda de si mesma, aquilo que aBíblia diz está carimbado com a autorida-de de Deus, pois suas palavras são as pala-vras de Deus.

O cânon das Escrituras 

Por si só este exame nada diz sobre o es-copo das Escrituras. Mesmo concordandoacerca da natureza das Escrituras, aindaca a denir a questão de quais escritosconstituem as Escrituras. O que forma ocânon das Escrituras, e como sabemos queé assim, é um assunto complexo sobre oqual muito se tem escrito. Este brevíssimosumário deve bastar.

1. Muitos têm alegado que as Escriturasdo at foram canonizadas (i.e., reconhecidascomo uma lista fechada de escritos) em trêsetapas: primeiro, a Torá (aqui com o senti-do do que chamamos de Pentateuco, os cin-co primeiros livros); segundo, os Profetas;terceiro, os Escritos. Conforme com fre-quência se alega, não se chegou à últimaetapa senão no nal do século i da era cristã,no Concílio de Jamnia. No entanto, mais emais vem-se reconhecendo que, no que dizrespeito ao cânon, Jamnia nada mais fez doque revisar argumentos a favor de dois doslivros dos Escritos (Eclesiastes e Cantares)

 — algo parecido com o que Lutero faria,

mais tarde, ao reavaliar os argumentos afavor de Tiago. Nos dois casos, a pressu-

 posição herdada foi de que os escritos emquestão pertenciam, de fato, ao cânon, e o

assunto levantado foi se era ou não possívelmanter essa pressuposição.2. Indícios indiretos da posição de li-

vros do at podem ser percebidos a partir do  Nt. De acordo com Lucas 24.44, o pró-

 prio Jesus referiu-se às Escrituras comoaquilo que está “escrito na Lei de Moisés,nos Profetas e nos Salmos” — a maneiratradicional de designar as três divisões docânon hebraico, à qual acabamos de fazer 

menção. Num contexto mais amplo, o  Nt cita cada uma das três seções e a maioriados livros do at e apresenta tais citaçõescomo “Escritura”. Nem todo escrito antigoera considerado Escrituras, de modo quetratar alguns livros, mas não outros, comoEscrituras pressupõe que a mente daquelesque estão a citar funciona com uma listade livros escriturísticos. Assim, citaçõesde Cleanto em Atos 17.28, Menandro em1Coríntios 15.33, Epimênides em Tito1.12 ou 1Enoque em Judas 14,15 não sãointroduzidas como Escrituras. Tambémé interessante que nenhuma alusão a li-vros apócrifos é tratada como Escrituras.Conquanto as cópias da Septuaginta (tra-dução grega do at) que chegaram até nós,e provêm dos séculos iV e V da era cristã,incluam a maioria dos livros apócrifos, re-

conhece-se amplamente que esses manus-critos não fornecem praticamente nenhumindício daquilo que pensavam os judeusque moravam na Palestina no primeiro sé-culo, e talvez nem mesmo forneçam quais-quer indícios a favor de um cânon judaicoampliado e adotado por judeus em, diga-mos, Alexandria.

3. Obviamente não se pode abordar exatamente da mesma maneira o encer-ramento do cânon do  Nt, i.e., o momentono qual se chegou a um acordo universalde que não havia mais nenhum livro a ser acrescentado a uma lista fechada de livrosque eram Escrituras ociais, visto que isso

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W23 COMO ABORDAR A BÍBLIA

exigiria um corpo escriturístico ainda pos-terior para autenticar os escritos do  Nt, eassim por diante, num ciclo sem m. Assimmesmo, vale a pena observar como alguns

documentos tardios do Nt

se referem aalguns mais antigos como “Escrituras”(1Tm 5.18; 2Pe 3.16).

4. Mas, talvez, o mais importante sejamvárias passagens em que o próprio Cristose torna o centro do que veio a ser o cânondo  Nt. Em particular, os versículos iniciaisde Hebreus fazem contraste entre comoDeus falou, “muitas vezes e de muitas ma-neiras, aos pais, pelos profetas” e a maneira

como “nestes últimos dias, nos falou peloFilho” (Hb 1.1,2). O próprio Filho é o pontomáximo da revelação; para usar o linguajar de João, o próprio Jesus, conforme já vi-mos, é o Verbo derradeiro, a autoexpressãode Deus, o Verbo encarnado. Dessa ma-neira, qualquer noção de um cânon do  Nt ca imediatamente vinculada à sua relaçãocom ele. Jesus certamente preparou seu pe-queno grupo de apóstolos, tendo em vistaa compreensão ampliada que teriam comoconsequência de sua ressurreição e dadescida do Espírito (Jo 14.26; 16.12-15).Com certeza também há indícios de que,embora os doze e Paulo pudessem co-meter e de fato cometeram erros (e.g.,Gl 2.11-14), ocasionalmente podiam estar tão cônscios de que o que estavam escre-vendo era nada menos do que o manda-

mento do Senhor que podiam considerar inaceitáveis até mesmo os profetas do pe-ríodo neotestamentário que os questiona-vam naquele momento (1Co 14.37,38).

5. Alguns têm dado a impressão total-mente falsa de que a igreja primitiva levouum tempo excessivo para reconhecer a au-toridade dos documentos do  Nt. Na verda-de, é vital fazer distinção entre o reconhe-cimento da autoridade desses documentose um reconhecimento universal do conte-údo de uma lista fechada de documentosdo  Nt. Os livros do  Nt vinham circulandopor longo tempo antes de ocorrer esse re

esses livros eram aceitos em toda parte comolivros com autoridade divina e todos eleseram aceitos em pelo menos grande parteda igreja. Em sua maioria, os documentos

do Nt

 são citados como autorizados já bemcedo. Isso inclui os quatro evangelhos, astreze cartas paulinas, 1Pedro e 1João. Orestante dos limites do cânon do  Nt estava,na sua maior parte, já bem denido à épocade Eusébio, no início do século iV.

6. Foram basicamente três os critériosmediante os quais a igreja primitiva con-cordou que certos livros possuíam autori-dade. Primeiro, os Pais da igreja buscaram

apostolicidade, i.e., um documento deviater sido escrito por um apóstolo ou por alguém em contato direto com os apóstolos.É assim que se entendia que Marcos tevecomo base o testemunho de Pedro; Lucasesteve relacionado com Paulo. Tão logo osPais analisaram a possibilidade, rejeitaramqualquer documento que fosse suspeito de

 pseudonímia (escrito por alguém que nãoo autor indicado). Segundo, uma exigência

 básica de canonicidade era a conformidadeà “regra de fé”, i.e., ao cristianismo bási-co, ortodoxo, reconhecido como normanas igrejas. Terceiro, e dicilmente menosimportante, o documento tinha de ter des-frutado uso amplo e contínuo pelas igrejas.A propósito, para ser viável, esse critérioexige que se passe certo tempo e ajuda aexplicar por que demorou tanto até o “en-

cerramento” do cânon (i.e., até que a igrejativesse quase universalmente concordadosobre a posição de todos os 27 documen-tos do  Nt). Um dos motivos pelos quaisHebreus não foi aceito no Ocidente tãorapidamente quanto algumas epístolas foique era anônimo (não pseudonímico!), e,de fato, foi mais rapidamente aceito noOriente, onde muitos achavam (erronea-mente) que fora escrito por Paulo.

7. O dado talvez mais importante a re-conhecer é que, embora não houvesse ne-nhuma estrutura ou hierarquia eclesiásticasemelhante ao papado medie al q e imp