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    Abordagem sistmica do jogo de futebol: moda ounecessidade?

    Resumo

    Vrias tentativas tm s ido feitas para descrever a estrutura do

    rendimento no Futebol. No entanto, apesar de alguns factores

    poderem j ser reunidos, os catlogos de prioridades e as estruturas

    hierrquicas estabelecidas pouco mais tm conseguido do que

    reproduzir pequenas e desarticuladas fraces do jogo. Todavia, arealidade tem demonstrado que a pertinncia do estudo dos

    problemas inerentes ao jogo e ao jogador dever situar-se mais ao

    nvel da interaco dos factores do que em cada um deles per se.

    Diversas concluses decorrentes de vrios estudos realizados, fazem

    emergir a necessidade de encontrar mtodos que permitam reunir e

    organizar os conhecimentos, a partir do reconhecimento da

    complexidade do jogo de Futebol e das propriedades de interaco

    dinmica das equipas implicadas, enquanto conjuntos ou

    totalidades. No presente artigo pretendemos evidenciar que a

    abordagem sistmica do jogo de Futebol constitui uma importante

    referncia a considerar nos processos de ensino e treino do Futebol,

    na medida em que oferece a possibilidade de identificar e a valiar

    aces/sequncias de jogo que, peia sua frequente ocorrncia, ou por

    induzirem desequilbrios (ofensivos e defensivos) importantes, se

    afiguram representativas da dinmica das partidas.

    Abstract

    Systemic approach of soccer game: a case of fashion or need?

    Within studies, research in soccer had made several attempts to

    describe the performance structure of this sport. Although some

    factors are already recognised, they picture only small and

    desegregated game sinces. Meanwhile, the reality of the game has

    been claming the pertinence of studding the game and players re lated

    problems. So, we must place the focus on factors interaction.

    The main conclusions of current studies make it necessary to find out

    methods that allow us to assemble and organise knowledge about the

    complexity of soccer game and dynamically interaction properties of

    soccer teams. The purpose of this paper is to show that systemic

    approach of soccer game is an important reference to teaching and

    coaching process because it provides the possibility of identify and

    evaluate game features, according ther regularity or critical

    importance.

    INTRODUO

    O Futebol uma modalidade desportiva integrada noquadro dos designados jogos desportivos colectivos (JDC).

    Os JDC caracterizam-se, entre outros factores, pelaaciclicidade tcnica, por solicitaes e efeitos cumulati-vos morfolgico-funcionais e motores e por uma intensaparticipao psquica (Teodorescu, 1977).

    As aces de jogo realizam-se num contexto diver-sificado, configurado a partir de uma intrincada trama derelaes de oposio e de cooperao. Os jogadores e asequipas procuram resolver em situao, vrias vezes e si-multaneamente, cascatas de problemas que encerram umaelevada imprevisibilidade (Metzler, 1987). A questo fun-damental pode ser enunciada da seguinte forma (Grhaigne& Guillon, 1992): face a situaes de oposio dos adver-srios, os jogadores devem coordenar as aces com afinalidade de recuperar, conservar e fazer progredir o mbildo jogo (bola), tendo como objectivo criar situaes definalizao e marcar golo ou ponto.

    Tratando-se de uma actividade frtil em aconteci-mentos cuja frequncia, ordem cronolgicaccomplexi-dade no podem ser determinados antecipadamente(Metzler, 1987), o factor estratgico-tctico assume umaimportncia capital (Grhaigne, 1989; Deleplace, 1994;Mombaerts, 1996; Garganta, 1997). Deste modo, orien-tando-se para um objectivo de produo - ganhar o jogo -a identidade dos diferentes JDC indissocivel de umquadro de actividades particular, dado por:

    J. Garganta*J. F. Grhaigne**

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    uma relao de foras materializada no confronto entredois grupos de jogadores de equipas diferentes que disputam ou trocam um objecto, ou mbil do jogo (na maiorparte dos casos uma bola);

    uma escolha de habilidades motoras realizada a partirdo repertrio motor do praticante;

    estratgias individuais e colectivas que condicionam asdecises implcitas e explcitas, tomadas com o intuito delevar de vencida o adversrio.

    De acordo com Grhaigne & Guillon (1992), estemodo de perspectivar os JDC coloca trs grandes catego-rias de problemas:

    no plano espacial e temporal:na fase ofensiva - problemas de utilizao da bola, individual e colectivamente, na

    tentativa de ultrapassar obstculos moveis no uniformes(adversrios); na fase defensiva - problemas na produode obstculos, com a finalidade de dificultar ou parar omovimento da bola e dos jogadores adversrios, no intuito de conseguir a posse da bola;

    no plano informacional:problemas ligados produode incerteza para os adversrios e de certeza para os companheiros;

    no plano organizacional:problemas relacionados com

    a integrao do projecto colectivo na aco individual evice-versa.

    PERCEBER A LGICA DO JOGO DE FUTEBOL

    As situaes que ocorrem no contexto dos JDC de-vem ser entendidas como unidades de aco que possuemuma natureza complexa, decorrente no apenas do nmerode variveis em jogo, mas tambm da imprevisibilidade ealeatoriedade' das situaes que se colocam aos jogadores

    e s equipas (Konzag, 1991; Riera, 1995; Reilly, 1996).

    Vrios autores tm sustentado que a construo doconhecimento em Futebol se deve edificar a partir de pers-pectivas que se focalizem na lgica interna2 ou naturezado jogo (Dufour, 1983; Queiroz, 1986; Dugrand, 1989;Grhaigne, 1989; Castelo, 1994; Baconi &Marella, 1995;Garganta, 1997).

    Teodorescu (1985) vem chamando ateno para

    o facto da representao do contedo do jogo e do siste-ma de relaes dos elementos que o compem se revestirde grande importncia, na medida em que ao permitir evi-denciar os aspectos relativos sua lgica interior, possi-bilita o aperfeioamento contnuo, quer do treino quer doprprio jogo.

    Tal entendimento vem na linha do j expresso porFerreira & Queiroz (1982), segundo os quais a identifica-o, a definio e a caracterizao das fases, componen-tes e factores da competio so aspectos que viabilizama conceptualizao do "modelo de treino".

    Castelo (1994) refere que da reflexo conceptualdo jogo de Futebol emerge a necessidade da construo eunificao de um modelo tcnico-tctico do jogo, de for-ma a definir a sua lgica interna, a partir da observao eanlise das equipas mais representativas de um nvel su-

    perior de rendimento.

    DO TREINO AO JOGO E DO JOGO AO TREINO

    No Futebol diz-se, frequentemente, que conformese quer jogar assim se deve treinar, o que sugere uma rela-o de interdependncia e reciprocidade entre a prepara-o e a competio.

    Esta relao consubstanciada por um dos princ-

    pios do treino, o princpio da especificidade, que preconi-za que sejam treinados os aspectos que se prendemdirectamente com o jogo (estrutura do movimento, estru-tura da carga, natureza das tarefas, etc.), no sentido deviabilizar a maior transferncia possvel das aquisiesoperadas no treino para o contexto especfico das partidas.

    Deste modo, pretende-se que a preparao seja ade-quada, isto , induza adaptaes especficas que viabilizemuma maior eficcia de processos na competio (Figura 1).

    Figura l -Interdependncia entre a preparao e acompetio (redesenhado de Pinto, 1991).

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    Thiess (1994), num artigo publicado no peridicoLeistungssport, e tendo como base o princpio da unidadee do condicionamento mtuo entre treino e competio,invoca a necessidade de, paralelamente a uma teoria dotreino, se desenvolver uma teoria da competio, indis-pensvel, no apenas para o desenvolvimento da prticadesportiva, mas tambm para a evoluo das cincias do

    desporto.

    Este entendimento, que corroborado por Tschiene(1994), tem implicaes importantes no domnio particu-lar dos jogos desportivos colectivos.

    Reconhecendo-se que o jogo configura o perfil dasexigncias especficas impostas aos jogadores (Grhaigne,1989; Garganta, 1997), e que o treino viabiliza ou limita aexpresso de tais exigncias no jogo, quanto mais a rela-o entre estas realidades interdependentes for privada

    do esforo de compreenso, menos ajustada e eficaz setorna a interveno dos treinadores e dos investigadores(Castelo, 1994).

    A natureza e diversidade dos factores que concor-rem para o rendimento em Futebol deixam perceber umaestrutura de grande complexidade, devido: i) extensodas relaes de envolvimento dos jogadores (Worthington,1974): ii) ao facto das aces de jogo no corresponderema uma sequncia previsvel de codificaes (Garganta,1994), revelando um elevado grau de indeterminismo

    (Dufour, 1993); (iii) presena de sistemas sujeitos a r-pidas alteraes (Schubert, 1990), com componentes nu-merosas e variadas.

    Assim, na aparncia simples de um jogo de Fute-bol esconde-se um fenmeno que assenta numa lgicacomplexa, a qual responsvel pela opacidade de que ojogo se reveste quando perspectivado como objecto deconhecimento cientfico, nomeadamente no que diz res-peito sua expresso tctica.

    Neste contexto, a elevao do jogo a objecto deestudo constitui um imperativo, porquanto o conhecimentoda sua lgica e dos seus princpios tem implicaes im-portantes nos planos do ensino, treino e controlo da pres-tao dos jogadores e das equipas.

    CARCTER HEURSTICO E POLIFACETADO DO JOGO

    Vrias tentativas tm sido feitas para descrever a

    estrutura do rendimento no Futebol. No entanto, apesarde alguns factores poderem j ser reunidos com algumaextenso, os catlogos de prioridades e as estruturas hie-rrquicas estabelecidas pouco mais tm conseguido do quereproduzir pequenas e desarticuladas fraces do jogo.Ora a realidade tem demonstrado que a pertinncia doestudo dos problemas inerentes ao jogo e ao jogador de-

    ver situar-se mais ao nvel da inter-relao dos factoresdo que em cada um deles per se (Bauer & Ueberle, 1988).

    As concluses decorrentes de grande parte dos es-tudos realizados, fazem emergir a necessidade de encon-trar mtodos que permitam reunir e organizar os conheci-mentos, a partir do reconhecimento da complexidade dojogo de Futebol e das propriedades de interaco3 din-mica das equipas implicadas, enquanto conjuntos ou tota-1 idades.

    No concurso das equipas para um objectivo comume no permanente antagonismo destas, de acordo com asdiferentes fases que atravessa, o jogo de Futebol apresen-ta-se como um fenmeno de contornos variveis no qualas ocorrncias se intrincam umas nas outras. As compe-tncias dos jogadores e das equipas no se confinam, por-tanto, a aspectos pontuais mas reportam-se a grandes ca-tegorias de problemas, pelo que se torna necessrio per-ceber o jogo na sua complexidade.

    O desenvolvimento do jogo decorre duma inte-

    raco entre uma dimenso mais previsvel, induzida pe-las leis e princpios do jogo, e uma dimenso maisimprevisvel, materializada a partir da autonomia dos jo-gadores, que introduzem a diversidade e singularidadeespcio-temporal dos acontecimentos. As equipas em con-fronto operam como colectivos, organizados de acordocom uma lgica particular, em funo de regras, princpi-os e prescries. As aces dos jogadores da mesma equipatendem a ser convergentes, na medida em que as estrat-gias e aces individuais so direccionadas no sentido desatisfazer finalidades e objectivos comuns.

    Face a uma situao de jogo, cada jogador privile-gia determinadas aces em detrimento de outras, estabe-lecendo uma hierarquia de relaes de excluso e de pre-ferncia, com implicaes no comportamento da equipaenquanto sistema. Assim, a equipa constitui uma totalida-de em permanente construo, na qual as aces pontu-ais, mesmo que aparentemente isoladas, influem no com-portamento colectivo. Trata-se de uma actividade colec-tiva, que consiste numa rede de interaces complexas de

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    cooperao e oposio, integrando distintos nveis de or-ganizao (Grhaigne, 1992).

    Numa partida, o quadro do jogo organizado e co-nhecido, mas o seu contedo sempre surpreendente,imprevisvel, incerto, aleatrio. No possvel estandar-dizar as sequncias de aces. Pode mesmo dizer-se que

    no existem duas situaes absolutamente idnticas e queas possibilidades de combinao so inmeras, o que tor-na impossvel recri-las no treino.

    Todavia, no obstante essas caractersticas, as situ-aes podem ser "categorizveis", isto , reconvertveisnum nmero restrito de categorias ou tipos de situaes.Se assim no acontecesse, ou seja, se no houvesse algoque ligasse o jogo a um territrio de possveis previsveis,no qual pontificam os designados modelos ou representa-es, a preparao dos jogadores e das equipas tomar-se-

    ia obsoleta.

    Contudo, para Teodorescu (1985) os JDC, na me-dida em que no constituem uma sequncia de acesrigorosamente pr-determinadas, no podem ser reduzi-dos a um modelo puramente algortmico. Referindo-separticularmente ao Futebol, Grhaigne (1989) apela paraum tipo de raciocnio heurstico e refora esta ideia re-ferindo que se a cascata de decises for restringida auma escolha binria do tipo algortmico, ocorre neces-sariamente um empobrecimento e uma esteriotipia dos

    comportamentos.

    A LGICA SISTMICA DO JOGO DE FUTEBOL

    A equipa um sistema, uma vez que as aces dos jogado-res so integradas numa determinada estrutura, segundoum determinado modelo, de acordo com certos princpiose regras. (L.Teodorescu, 1977)

    Na medida em que a aco de um jogador desem-boca obrigatoriamente na interaco entre os demais ele-

    mentos em jogo, cada uma das equipas que se defrontamcomporta-se como uma unidade cujas interaces dos seuselementos se sobrepem s mais-valias individuais.

    Dado que actuam num contexto em que se estabe-lecem relaes de dependncia e interdependncia, asequipas de Futebol podem ser consideradas sistemashierarquizados4, especializados e fortemente dominadospelas competncias estratgias e heursticas. Assim, cadaequipa constitui um sistema adaptativo complexo5.

    A relao entre as equipas configura os contornosdo jogo que pode ser considerado um sistema constitudopor outros sistemas que procuram alcanar determinadasfinalidades (Grhaigne, 1989).

    Conforme sustenta Castelo (1994), trata-se de umsistema aberto6, dinmico, complexo e no-linear, no qual

    coexistem subsistemas hierarquizados que interagem atra-vs de conexes mltiplas. De acordo com o mesmo au-tor, sua condio de sistema aberto faz emergir o consen-so que a estrutura do jogo7 deve ser observada e analisadana identificao, conceptualizao e interreao dosfactores que a constituem.

    Identificam-se dois grandes sistemas em confron-to, as equipas, que exibem a capacidade de se auto-orga-nizar e de se auto-transformar, comportando-se como uni-dades organizadas com uma rede de processos de auto-

    produo e auto-transformao de comportamentos dosseus componentes.

    Durante uma partida, dado que os acontecimentosque ocorrem no terreno podem ser entendidos como osmomentos de passagem de um estado para outro do siste-ma, o jogo pode ser considerado, recorrendo a uma ex-presso de Morin (1982), um sistema acontecimental.

    Adoptando a classificao dos sistemas preconiza-da por Beer (1966) e Lesourne (1976), podemos conside-

    rar o jogo de Futebol:

    um macrosistema complexo, na medida em que os elementos que o constituem, pelas suas profusas inter-rela-es, o tornam altamente elaborado e portanto com elevado grau de inteligibilidade;

    um macrosistema probabilista de escolha mltipla, porque as suas unidades constituintes interagem de um modono previsvel e as respostas, nas aces de jogo, so condicionadas pela configurao de diferentes sequncias decodificaes.

    A optimizao dum sistema num dado momento,resulta da confluncia de distintos nveis de organizaodos demais sistemas que o compem. a concordnciadessas confluncias que mediatiza o caminho daoptimizao (Seirul-lo, 1993). Nesta linha de raciocnio,no jogo de Futebol importa identificar sub-sistemas que,relacionados entre si, operem a optimizao de todo o sis-tema.

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    Partindo do princpio de que qualquer sistema podeser decomposto num certo nmero de sistemas (Durand,1992), num jogo de Futebol possvel discriminar(Grhaigne, 1989):

    o macrosistema jogo, identificado a partir do nvel deconfronto global entre duas equipas, consideradas as zo

    nas de aco dos jogadores e o espectro da equipa;

    o sub-sistema equipa, primeiro subsistema fundamentaldo macrosistema, cujos elementos, baseando-se num cdigo de comunicao comum, definem um determinadonvel de cooperao e confronto;

    1

    o sub-sistema (microsistema) confrontos parciais quecontribui para a transformao do jogo, materializado naoposio entre uma parte das duas equipas numa dada zonado terreno;

    o sub-sistema (infra-sistema) confrontos elementares cujaexpresso se confina s situaes de l contra l e aos due-los (1x1 com contacto fsico). Estes infra-sistemas modi-ficam de forma pontual o sistema dos confrontos parciais(Benedek, 1984).

    INTERESSE DA ABORDAGEM SISTMICA

    Toda a interaco dotada de alguma estabilidade ou regu-laridade assume um carcter organizacional e produz umsistema. (E. Morin, 1990)

    A noo de sistema exprime a unidade complexa eo carcter fenomenal do todo, assim como o complexodas relaes entre o todo e as partes (Durand, 1992; Morin,1982). Um sistema apresenta-se como um todo homog-neo, se o perspectivarmos a partir do conjunto, mas ele tambm simultaneamente, pelas caractersticas dos seusconstituintes, diverso e heterogneo.

    Contudo, a discriminao de um sistema tem uma

    carga subjectiva, no tendo necessariamente que haver con-senso sobre a sua existncia ou os seus limites (Epstein,1986). Esta ubiquidade dos sistemas faz com que a sua clas-sificao possa ser feita a partir de uma diversidade de cri-trios: natureza dos objectos ou dos atributos, inter-rela-es das partes constitutivas, nveis de complexidade, etc.

    O desenvolvimento mais importante da noo detotalidade tem sido realizado a partir da conceptualizaodo termo sistema. E de tal forma isto tem acontecido, que

    no discurso sistmico a noo de totalidade sinnima danoo de sistema (Durand, 1982).

    O conhecimento, a identificao e a definio do jogode Futebol, passa pela utilizao de modelos capazes de oexplicar e interpretar (Grhaigne, 1989). Trata-se de repre-sentar o contedo e a lgica do jogo a partir da integrao

    das dimenses percebidas como essenciais do fenmeno.

    Ora, como refere L Moigne (1986), se pretende-mos construir a inteligibilidade de um sistema complexo,devemos modela-lo. Modelar um sistema complexo ela-borar e conceber modelos, i.e., construes simblicas,com a ajuda das quais podemos definir projectos de aco,avaliar os seus processos e a sua eficcia.

    Para Grhaigne (1989), no possvel compreen-der e explicar a complexidade dos JDC, enquanto sistema

    de transformao, seno apeando a modelos que integremas noes de ordem, desordem, interaco e organizao.

    O conceito de sistema, porque a complexidade, oparadoxal, o dia lgico, e por isso mesmo o incerto(Jantsch, 1980), afigura-se nuclear porque permite focali-zar a anlise nos aspectos da organizao do jogo,consubstanciados num conjunto de regras de gesto eaco (Catlin, 1994) que derivam de um conceito ou ideiacentral, vulgarmente designada por modelo ou concepode jogo (Trapp, 1975). .

    Todo este quadro de referncias aponta para a ne-cessidade de realizar uma incurso nas designadas abor-dagens do tipo sistmico.

    A sistmica constitui uma abordagem, um mtodode compreenso e de resoluo de problemas que visaaumentar a eficcia da aco face a problemas relaciona-dos com o modo de observao, de representao, demodelao ou de simulao de totaidades complexas.

    uma disciplina que emergiu, pouco a pouco, a par-

    tir do estruturalismo, da ciberntica e da teoria da informa-o, nos anos 50, e que, gravitando em torno do conceitode sistema, recebeu diversas designaes: anlise de siste-mas, anlise sistmica, anlise estrutural, anlise funcio-nal, abordagem sistmica, dinmica dos sistemas, etc.

    Vrios autores (Rosnay, 1975; Atlan, 1979; Andree-wsky, 1991; Bertrand & Guillemet, 1988) recorreram expresso abordagem sistmica para designarem as pers-

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    pectivas e metodologias empregues na descrio e estudodos sistemas, no sentido de tornar a aco mais eficaz. Aabordagem sistmica consiste portanto numa estratgia demodelao da realidade que compoita a utilizao de cer-tos instrumentos conceptuais bem definidos, conduzindo modelao sistmica8 (Bertrand & Guillemet, 1988).

    A modelao sistmica assenta em quatro catego-rias fundamentais (Durand, 1979): interaco, globalidade,complexidade e organizao. Neste sentido parece reve-lar-se profcua para defrontar fenmenos complexos comoo jogo de Futebol, porquanto estamos em presena de umprocesso: (1) interactivo, porque os jogadores que o cons-tituem actuam numa relao de reciprocidade; (2) globalou total, porque o valor das equipas pode ser maior oumenor do que a soma dos valores individuais dos jogado-res que as constituem; (3) complexo (porque existe umaprofuso de relaes entre os elementos em jogo); (4) or-

    ganizado, porque a sua estrutura e funcionalidade se con-figuram a partir das relaes de cooperao e de oposi-o, estabelecidas no respeito por princpios e regras eem funo de finalidades e objectivos.

    De acordo com Wilkinson (1982), o jogo de Fute-bol pode ser considerado um sistema, na medida em quemanifesta as seguintes propriedades:

    possui componentes que integram, eles prprios, outrossistemas;

    comporta decisores e processos de deciso;

    " possui possibilidades de modificao, de variao;

    existe um objectivo e unidades de avaliao para o sucesso da prestao.

    Teodorescu (1977) foi um dos primeiros autores autilizar, no mbito dos JDC, os conceitos de sistema ede modelo e a alertar para a pertinncia da modelao

    no desenvolvimento da teoria e da prtica deste grupode desportos. Cerca de vinte anos mais tarde, Grhaigne(1989) retomou, e aprofundou, a problemtica da mo-delao sistmica, na sua tese de doutoramento: Footballde mouvement. Vers une approche systmique du jeu.

    DOS SISTEMAS DE JOGO ORGANIZAO DAS EQUIPAS

    Como foi j referido, no contexto do Futebol, o

    conceito de sistema revela-se profcuo para inteligir a l-gica do jogo. O recurso abordagem sistmica parece jus-tificar-se porquanto esta, ao salientar pontos sensveis,pode contribuir para a emergncia de novas representa-es da realidade, e oferecer vias de investigao e dereflexo profcuas nos planos do treino, ensino e compe-tio (Grhaigne, 1992).

    No se trata, todavia, de reduzir o jogo a uma no-o abstracta de sistema, mas de procurar inteligir princ-pios teleolgicos que orientem o comportamento e defi-nam a organizao dos sistemas implicados, atravs daidentificao de regras de gesto e de funcionamento dosjogadores e das equipas, e da descrio acontecimentaldas regularidades e variaes que ocorrem nas aces dejogo.

    Isto significa que, neste mbito, o conceito de sis-

    tema deve exprimir sobretudo a dinmica do jogo, a qualpermite configurar as opes tcticas dos jogadores e dasequipas. Um sistema uma forma concreta de manifesta-o da tctica, que se organiza de acordo com princpios emtodos escolhidos de entre uma grande variedade (Godik& Popov, 1993). Neste sentido, o sistema de jogo consti-tui o denominador comum a todos os jogadores da equipano sentido em que, em situao real de jogo, toda aactividade de um jogador se inscreve no interior de umreferencial simultaneamente estvel e adaptvel aos im-perativos do momento (Ripoll, 1979).

    Contudo, no Futebol o conceito de "sistema" temsido utilizado com um significado diverso. O que frequen-temente se designa por sistema de jogo ou sistema tctico,e se descreve atravs de siglas como 4:2:4, 4:3:3, 4:4:2,WM, etc. (Batty, 1981; Wilkinson, 1984; Serrano, 1993),restringe-se a um dispositivo, a uma distribuiotopogica dos jogadores pelo terreno de jogo (Teissie,1969; Godik & Popov, 1993; Catlin, 1994; Hughes, 1994),de acordo com o respectivo estatuto posicionai9.

    Segundo Kacani (1982), pode constatar-se que aconcepo de jogo no Futebol actual caracterizada peloequilbrio entre a participao dos jogadores na defesa eno ataque, com a particularidade de existir, por parte dasequipas, uma vontade de impor a sua concepo de jogoao adversrio. Tal equilbrio requer a interveno de jo-gadores universais no jogo.

    Navarra (1983) sublinha a necessidade de potenciarcada vez mais a universalidade dos jogadores numa rela-

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    co ptima entre a universalidade e o nvel deespecializao. Segundo este autor, o futebolista deve sercapaz de resolver com eficcia as tarefas adstritas suafuno especfica dentro da formao de base e, quando asituao o impe, funcionar no mbito da super-estruturaqueauniversalidaderepresenta.

    No Futebol moderno mantm-se a denominao dosjogadores segundo o seu posicionamento no terreno de jogo(defesa, mdio, atacante). No entanto, esta nomenclatura,baseada na posio ocupada pelo jogador no terreno,designa apenas o seu papel dominante (Kacani, 1982), poisque, dadas as exigncias actuais do Futebol, a actividadedos jogadores, ao longo do jogo, transcende largamente olimiteimpostoporaqueladenominao.

    Deste modo, cada vez mais se esbatem as fronteirasentre os papis de defensor, mdio e avanado. A

    diferenciao de papis e funes no se realiza tanto apartir da participao, ou no, de determinados jogadoresnas fases do ataque e da defesa, mas sobretudo a partir dascaractersticas dessa participao, face s configuraesparticulares do jogo em determinados momentos e zonasdoterreno.

    O Futebol actual exige, cada vez mais, que o jogadorsejacapazdecumprirtodasasfunes,paraalmdoespaoquepredominantemente ocupa no terreno de jogo, pelo quenoodeposiosetemsobrepostoadefuno.

    Todavia, a identificao da tctica com os "sistemastcticos" tem feito com que a importncia atribuda aosdesignados sistemas de jogo seja sobrevalorizada. Defacto, duas equipas podem utilizar o mesmo "sistematctico", e.g. 4-3-3, e jogarem de modo compleamentediferente (Hughes, 1994), o que quer dizer que conhecer odispositivo no implica conhecer o modo como elefunciona(Grhaigne,1989).

    Os jogadores de Futebol procuram desenvolver

    aces durante o jogo que, no seu conjunto, contribuampara dois aspectos importantes: (1) a coerncia lgica queresulta do carcter unitrio dos comportamentos tcnico-tcticos, reconhecidos na estabilidade e na organizao daprpria equipa; (2) a procura de criar desequilbrio ouruptura na organizao da equipa opositora, com o intuitode contrariar a lgica interna do adversrio (Bacconi &Marella, 1995).

    Neste contexto, a organizao das aces dos joga-

    Dores decorre de sistemas que no que no se restringema uma estrutura de base, ou seja, a uma repartio fixadas foras no terreno de jogo, mas, pelo contrrio, soconfigurados sobretudo a partir da evoluo das funes(Mombaerts, 1991; Godik&Popov, 1993).

    Importa, sobretudo, valorizar o carcter

    organizacional do jogo, na medida em que a organizaoque produz a unidade global do sistema; ela quetransforma, produz, relaciona e mantm o sistema,concedendo caractersticas distintas e prprias totalidadesistmica(Morin,1982).

    Pode dizer-se que as equipas de Futebol operamcorno sistemas cujos constituintes se organizam de acordocom uma lgica particular, em funo de princpios eprescries, num contexto de oposio e cooperao. Estetipo de sistemas s se mantm pela aco, pela mudana. A

    sua identidade, ou a sua invarincia, no provm dainalterabilidade dos seuscomponentes, mas da estabilidadeda suaforma e organizao face aosfluxosacontecimentaisqueosatravessam.

    Em jogos de sorte, em jogos de estratgia e em jogosque combinam a sorte com a estratgia, o decurso de cadajogo "historicamente" nico em virtude do grande nmerode escolhas possveis (Eigen & Winkler, 1989). Todavia,

    existe uma lgica interna do jogo que decorre da relao deoposio que, em cada sequncia de jogo, gera umadinmica de movimento global de um alvo ao outro, e cujosentido pode a cada momento inverter-se. Isto impe umaorganizao a cada uma das equipas que se defrontam, quesurge como resposta a esta reversibilidade decomportamentos(Deleplace,1994).

    A evoluo do jogo, ao longo dos tempos, pode serresumida em torno em torno de trs grandes fases; (1) oataquecomo elemento dominante. Neste caso, a disposio

    geomtrica dos jogadores caracteriza-se por um tringulocujo cume se orienta para a retaguarda do espao de jogo;(2) a defesa o elemento dominante. A disposiogeomtrica dos jogadores caracteriza-se por um tringulocujo cume se orienta para a frente do espao de jogo; (3) oreforo do meio campo o elemento dominante dossistemas de jogo modernos. A disposio geomtrica dosjogadorespode ser caracterizada por um losango.

    A EVOLUO DO JOGO

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    Pode pensar-se, em relao a este ltimo tipo dedispositivo, que se passou da noo de "sistema" noode "trama de jogo", que pode ser definida como o conjun-to de princpios tcticos que materializam a organizaotctica de uma equipa. No Futebol moderno de alto nvel,no existem sistemas estritos e rgidos. A partir de umatrama de jogo comum, em funo da importncia do en-

    contro, da evoluo do marcador, do tempo de jogo de-corrido, os jogadores podem alterar ou fazer evoluir o seumodo de jogar adoptando diferentes comportamentos.

    Assiste-se hoje a uma complexificao crescentedo jogo, com repercusses claras sobre a formao e apreparao/treino dos jogadores e das equipas. Ao longoda histria do Futebol, as defesas foram-se reforandoprogressivamente com o intuito de resistirem a ataquescada vez mais fortes e organizados. Neste sentido, as tare-fas de defensor so cada vez mais extensivas a outros jo-

    gadores o que acarreta uma diminuio do nmero depotenciais atacantes.

    Neste contexto, os designados sistemas de jogo ori-entam-se para formas cada vez mais defensivas. Contu-do, a necessidade de marcar golos fez emergir formas dejogo cada vez menos esteriotipadas, com o intuito de pro-vocar maior surpresa nos adversrios e bem assim ultra-passar os "muros" defensivos.

    PARA UMA NOVAABORDAGEMDOJOGO

    Do ponto de vista da didctica dos JDC, uma ca-racterstica importante pode ser retirada da abordagemsistmica. Com efeito, na aprendizagem clssica dos jo-gos desportivos procura-se, antes de mais, ensinar os ges-tos tcnicos e a impor a ordem no terreno de jogo, atravsduma repartio formal e esttica (esquemas).

    Somos tentados a dizer que para os jogadores igualmente, ou mais, importante saber gerir a desordem10.Num encontro, a oposio do adversrio gera imprevisi-bilidade e necessidade de constante adaptao aos cons-trangimentos que decorrem da natureza do confronto.

    Deste modo, a qualidade do jogo no pode vingarcom base na aplicao mecnica de combinaes tcticasaprendidas e repetidas no treino. Assim, no jogo os joga-dores devem, sobretudo, confrontar-se com a evoluo dasconfiguraes do ataque e da defesa, o que faz com que orecurso ao raciocnio heurstico parea o caminho mais

    adequado para tratar eficazmente os problemas postos pelainteraco especfica das duas equipas. Este tipo de anli-se, que privilegia a oposio e a gesto da desordem comofonte de todo o progresso, contribui com novos conceitose perspectivas para a edificao de uma metodologia re-novada do ensino e treino do Futebol. Para alm disso,ela permite reabilitar o jogo como elemento fundamental

    de aprendizagem e, parafraseando um slogan clebre, "de-volver o jogo aos futebolistas".

    QUE CONSEQUNCIAS PARA A COMPREENSO DO JOGO?

    O Futebol um jogo organizado o que, desde logo,pressupe uma organizao das equipas (Hainaut &Benoit, 1979). A noo central de oposio conduz-nos aconsiderar as duas equipas como sistemas organizados eminteraco. As caractersticas estruturais destes sistemas

    consistem num programa modificvel em funo da ex-perincia adquirida, sendo a aprendizagem a sua proprie-dade fundamental. As condies de funcionamento des-tes sistemas fazem com que procurem gerar desordempreservando uma certa ordem que permite tomar decisesnum contexto no completamente previsvela priori.

    luz das caractersticas sistmicas do jogo, acres-centaramos outros elementos para promover a anlise dasrelaes de fora entre as equipas, com o intuito de me-lhor compreendermos a evoluo do jogo. Em particular,porque as equipas se encontram, ora na fase defensiva orana fase ofensiva, a noo de reversibilidade das situaesrepresenta um aspecto fundamental.

    O comportamento inteligente de uma equipa resul-ta da actividade cognitiva e motora dos jogadores. Estavisa a resoluo dos problemas colocados pela relaoentre as perturbaes relativas ao funcionamento dos di-ferentes sub-sistemas e das escolhas efectuadas pelos jo-gadores para compensar ou acentuar os desequilbrios.

    A abordagem sistmica tem interesse, sobretudo,quando desagua no concreto e permite aumentar a efic-cia da aco. Ela deve possibilitar o despiste de regrasessenciais para agir no confronto desportivo, a partir doconhecimento das propriedades do jogo e do comporta-mento das equipas.

    O enfoque sistmico do jogo de Futebol oferece apossibilidade de identificar, avaliar e regular aces/sequncias de jogo que se afiguram representativas da

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    dinmica das partidas, pelo que constitui uma refernciaa considerar na construo e controlo dos exerccios diri-gidos ao ensino e treino do Futebol.

    Tal quadro de referncia pode proporcionar adeteco e interpretao de invariantes, isto , de princpi-os gerais, estveis e mais facilmente comunicveis, bemcomo de variaes significativas que, por induziremdesequilbrios (ofensivos e defensivos) importantes, se cons-tituem como fases crticas do jogo. A sua utilidade repousana possibilidade de, ao detectar as eventuais "variveis decomando", permitir melhor organizar e sintetizar os conhe-cimentos e induzir uma maior eficcia na aco.

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    NOTAS

    'Entenda-se como imprevisvel um fenmeno inesperado, ino-pinado; e como aleatrio um fenmeno dependente dascircunstncias do acaso, que pode tomar um certo nmero devalores a cada um dos quais est ligada uma possibilidadesubjectiva (Godet, 1991).2A lgica interna do jogo o produto da interaco contnuaentre as principais convenes do regulamento e a evoluodas solues prticas encontradas pelos jogadores, decorren-tes das suas habilidades tcticas, tcnicas e fsicas (Deleplace,1979).

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    3. A interaco exprime o conjunto das relaes, aces erectroaces que se efectuam e se tecem num sistema (Morin,1982).

    UNITERMOS

    Futebol; Organizao; Sistemas; Tctica.

    * Jlio Garganta Doutor em Cincia do Desporto. Profes-sor da Faculdade de Cincias do Desporto e de Educao F-sica, da Universidade do Porto, Portugal

    ** Jean Francis Grhaigne Doutor em Cincias e Tcnicasdas Actividades Fsicas e Desportivas. Mestre de Confern-cias no Institut Universitaire de Formation ds Matres de

    Franche-Comt, Besanon, France.

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