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  • Constante de PlanckQUMICA NOVA NA ESCOLA Vol. 33, N 4, NOVEMBRO 2011

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    ExpErimEntao no Ensino dE Qumica

    Recebido em 20/06/2011, aceito em 13/10/2011

    Silio Lima de Moura, Francisco Ivan da Silva, Francisco Carlos Marques da Silva e Jos Aroldo Viana dos Santos

    A seo Experimentao no ensino de qumica descreve experimentos cuja implementao contribua para o aprimoramento e a interpretao de conceitos qumicos no ensino mdio e fundamental e que utilizem materiais de fcil aquisio, permitindo sua realizao em qualquer das diversas condies das escolas brasileiras. Este artigo descreve um experimento simples para a determinao da constante de Planck em sala de aula.

    constante de Planck, LED, ensino mdio

    Constante de Planck: Uma Nova Viso para o Ensino Mdio

    A expresso teoria quntica tem origem no

    termo latino quantum, que significa unidade mnima,

    indivisvel. Foi utilizada por Max Planck em 1900, no trabalho que deu inicio ao desenvolvimento da

    Mecnica Quntica.

    A constante de Planck, que tem o nome em homenagem ao fsico alemo Max Karl Ludwig Planck (1858-1947), uma das mais importantes constantes no mundo quntico, fundamental para o entendimento de vrios conceitos e interpretaes fsicas e qumicas. No entanto, alguns livros didticos de qumica do ensino mdio a apresentam, quando trabalham o conceito de quantizao da ener-gia, como sendo simplesmente um nmero determinado a partir de um padro adotado. Outros a tratam unicamente como sendo um nmero positivo, um pacote ou um tan-to de energia. A expresso teoria quntica tem origem no termo latino quantum, que significa unidade mni-ma, indivisvel. Foi utilizada por Max Planck em 1900, no trabalho que deu inicio ao desenvolvimento da Mec-nica Quntica. Pode-se dizer, por exemplo, que o tomo era o quantum de matria (antes de se descobrir que ele prprio divisvel) e que o eltron corresponde ao quantum de eletricidade. poca de Planck, admitia-se que algumas grandezas eram descontnuas, divididas em

    unidades (como a carga eltrica). Outras, no entanto, classificavam-se como contnuas. A fsica quntica co-meou a despontar com a hiptese de que a prpria energia devia ser decomposta em unidades mnimas ou quanta (o plural de quantum). Posteriormente, outros aspectos, como o indeterminismo e a duali-dade onda-partcula, passaram a caracteriz-la, sem que apresentassem relao direta com o significado original do termo quantum. Para a cincia, lon-ge de sofrer uma revoluo ou mesmo ser criada uma nova teoria, a inteno de Planck era simples-mente tentar com-preender um fenmeno especifico, que pouco ou nenhum interesse des-pertava na maioria dos cientistas da poca. Ele buscava uma explicao para as caractersticas especiais da luz emitida por corpos aquecidos (ou mais exatamente aquilo que os fsi-cos chamam de Radiao de corpo negro). No final de 1900, ele chegou

    equao que descrevia o espectro luminoso desses corpos, mas no sabia como justific-la em bases tericas. Somente com os trabalhos de Einstein sobre o efeito fotoel-trico em 1905 e do calor especifico dos slidos em 1907 que a atitude negativa em relao quantizao da energia comeou a mudar. O efeito fotoeltrico um modelo que

    significa a ejeo de eltrons de um metal quando sua superfcie exposta radiao com fre-quncia acima de certo valor carac-terstico do metal. Este prope que a radiao eletromag-ntica constituda por partculas (quan-

    tum ou ftons), como no modelo da ptica de Newton. Einstein, que intro-duziu uma explicao semelhante de Planck, sups que a energia das partculas vibrantes dos slidos era quantizada. Isso significa que elas no podem possuir valores quais-quer de energia, mas sim aqueles mltiplos de uma energia mnima.

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    Essa uma iniciativa pioneira do comportamento dual da radiao eletromagntica. Mais tarde, em 1925, Louis de Broglie props que as partculas deveriam ser entendidas como tendo propriedades de ondas, ou seja, existe um comprimento de onda associado onda da partcula, que inversamente proporcional ao produto da massa pela velocidade da partcula. Em siste-mas microscpicos, o h quantifica valo-res da energia como pacotes discretos. Assim, quando a energia transfe-rida de um objeto para outro, torna--se restrita a certos valores, definindo uma nova escala, na qual os efeitos qunticos devem ser considerados, ao contrrio da proposta da fsica clssica, que no coloca restrio aos valores de ener-gias, admitindo similaridade entre o clssico e o quntico. A constante de Planck tem um valor da ordem de 1034 em Js, valor muito pequeno se comparado energia requerida para mudanas fsicas ou qumicas dos materiais do cotidiano como ferver o leite, por exemplo, ou a digesto dos alimentos. Fica assim evidente que o valor de h nos remete a um mundo muito pequeno como o mundo atmico. A constante h, que depois se tornou conhecida como constante de Planck, tem unidade de energia multiplicada por tempo.

    Nos livros didticos, os alunos no tm uma ideia real de como feita tal determinao, ficando muitas vezes a ideia de que um nmero mgico que surge no se sabe de onde. Por questes prticas, os livros didticos necessitam utilizar com certa frequncia unidades e va-lores numricos de vrias constantes

    fsicas e geralmente as disponibiliza em tabelas no corpo do captulo ou em apndices no final do livro, no consi-derando o mtodo de obt-las relevante para o contexto que discutem. Fica a cri-trio do interessado pesquisar como e onde so obtidas. Iniciativas que tra-

    gam a discusso desses aspectos so positivas. No entanto, deve-se frisar que a medida da constante de Planck feita atualmente por mtodos bastante sofisticados, como o caso da balana de Watt, instrumento utilizado para redefi-nir o quilograma e o mtodo por densidade obtida por difrao de raios-X, tcnica de determinao do nmero de Avogadro (Mills et al., 2005; 2006). O aluno interessado no assunto poder consultar referncias especializadas no final deste artigo para um tratamento mais minucioso sobre a determinao atual da cons-tante de Planck.

    O objetivo deste texto relatar um experimento simples (medidas

    de tenso e corrente de LEDs) que pode ser realizado com material de fcil aquisio e usado para clculo da constante de Planck, cujo valor recomendado 6,626 069 311 000 00(10) x 10-34 Js (Mills et al., 2005).

    LED (Light emitting diode)Diodo emissor de luz ou LED,

    ilustrado na Figura 1A, um dispo-sitivo constitudo pela juno de dois materiais semicondutores dopados (o termo dopado refere-se adio de outro elemento ou composto), formando uma juno do tipo p-n. A luz emitida por um LED pratica-mente monocromtica (somente um comprimento de onda). possvel fabricar LEDs que emitem luz de dife-rentes cores, alterando a composio qumica do material semicondutor. Os LEDs mais comuns so feitos de ligas de glio, arsnio e alumnio. Alterando a proporo de glio e alumnio, possvel fabricar LEDs que emitem vrias cores na faixa do visvel e do infravermelho. O LED que utiliza o arsenieto de glio (GaAs) emite radiaes infravermelhas. Dopando--se com fsforo, a emisso pode ser vermelha ou amarela, de acordo com a concentrao de fsforo. Utilizando-se fosfeto de glio (GaP) com dopagem de nitrognio, a luz emitida pode ser verde ou amarela. Hoje em dia, com o uso de outros materiais, consegue-se fabricar LEDs que emitem luz azul, violeta e at ul-travioleta. Existem tambm os LEDs brancos, mas estes so geralmente LEDs emissores de cor azul, reves-tidos com uma camada de fsforo

    Figura 1. Ilustrao de (A) um LED, (B) uma juno pn submetida diferena de potencial e (C) um diagrama de bandas de energia da juno pn.

    LEDs, multmetros, reostato e fonte de alimentao podem ser obtidos em

    lojas de materiais eltricos com um baixo custo. De

    preferncia, utilizam-se LEDs com cpsulas

    transparentes, pois assim ser mais fcil de visualizar o incio da conduo da

    corrente eltrica.

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    do mesmo tipo usado nas lmpadas fluorescentes, que absorve a luz azul e emite a luz branca (Superled, 2011). A luz na lmpada tradicional produz--se pela incandescncia do filamento, que constituda pelo elemento qu-mico tungstnio (W).

    A aplicao de uma diferena de potencial V, diretamente polarizada aos terminais do LED, injeta eltrons e lacunas (ou buracos) nas bandas de conduo e valncia do material tipo n e p, respectivamente, fazendo (produzindo) uma corrente eltrica atravessar a juno pn conforme ilustra a Figura 1B. A recombinao desse par eltron-buraco resulta na liberao de energia eletromagnti-ca que depende da energia do gap, ou seja, a quantidade de energia necessria para que o eltron efetue a transio (Figura 1C). Essa ener-gia designada por Eg (Halliday; Resnick; Krane, 2004).

    Materiais e mtodosLEDsRede de difrao (CD Compact Disc)Multmetros (ITMD 3000)Fonte de alimentao (Bateria de 12,0 V)RguaTrilho com escalaReostato (R = 3300W)

    LEDs, multmetros, reostato e fonte de alimentao podem ser ob-tidos em lojas de materiais eltricos com um baixo custo. De preferncia, utilizam-se LEDs com cpsulas trans-parentes, pois assim ser mais fcil de visualizar o incio da conduo da corrente eltrica.

    A rede de difrao pode ser obtida a partir de um CD. Para a obteno de uma eficiente rede de difrao, recomenda-se fornecer um choque

    trmico no CD, aps isso poder ser visualizada a soltura mais facilmente da sua pelcula protetora, corta-se um retngulo do material do CD prximo extremidade externa, obtendo-se assim uma rede de difrao de baixo custo e perfeitamente adequada para o experimento de determinao dos comprimentos de onda dos LEDs. O trilho com escala poder ser feito artesanalmente, de acordo com a dimenso do arranjo experimental, e podem-se adaptar canos de PVC (policloreto de vinila) para tal fim.

    Procedimento

    Medidas de corrente e tenso

    O experimento consiste basica-mente nas medidas de corrente e tenso de cada LED. Inicialmente, o sistema montado de acordo com a Figura 3. As correntes e tenses foram medidas utilizando-se dois mul-tmetros: um na escala de corrente (A) e outro na escala de tenso (V), alterando-se o valor da resistncia no reostato. Assim, tomado um conjunto de dados de corrente (i) e tenso (V) para cada um dos LEDs, obtm-se o grfico de i vs. V, o valor da tenso de corte Vc. A tenso (ou energia) mni-ma necessria para que os eltrons

    possam vencer a energia do gap pode ser obtida extrapolando-se a parte linear da curva i vs. V at cruzar o eixo da tenso (V), conforme ilustra a Figura 4. Esse ponto de cruzamento da reta com o eixo da tenso repre-senta o valor da Vc. Abaixo desse valor, o LED no emite luz.

    No processo de conduo, o fton de luz transporta energia Ef expressa por Ef = hn = hc/l, o que implica em l = hc/Ef. Considerando a recombi-nao direta dos eltrons e buracos na juno e toda a energia envolvida convertida em energia do fton ape-nas, pode-se afirmar que

    Eg = Ef (Eq. 1)

    Se a tenso V for exatamente constante na polarizao direta,

    Figura 2. Arranjo experimental usado para determinao da constante de Planck.

    Figura 3. Montagem para medida de i vs. V, utilizando uma fonte de alimentao constante de 12 V e um reostato de R = 3300 .

    Figura 4. Curva caracterstica i vs V dos LEDs e obteno da Vc por extrapolao (seg-mento de linha reta que possua o maior nmero de pontos possveis).

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    determina-se imediata da constante de Planck h a partir das medidas de V e de l, por meio da expresso:

    eV hn (Eq. 2)

    na qual e = 1,60 10-19 C a carga do eltron; 1 eV = 1,60 10-19 J.

    A descrio pormenorizada da propagao de corrente por meio do LED polarizado diretamente mostra que a corrente apresenta um comportamento aproximadamente exponencial em funo do aumento da tenso (Figura 4), sendo que a curva i vs. V comea a apresentar crescimento aprecivel a partir de um valor de tenso que depende diretamente de Eg.

    Alm disso, deve-se levar em con-siderao ainda a presena de uma resistncia eltrica intrnseca ao diodo, o que leva a curva e i vs. V a possuir uma contribuio aproximadamente linear acima do limiar de conduo, ou seja, o limite na qual os eltrons tm energia suficiente para vencer a ener-gia do gap. Assim, a determinao de qual valor V deve ser empregada na equao 2 algo arbitrrio.

    A curva caracterstica i vs. V obtida variando-se a tenso V e medindo-se a corrente eltrica i. O mtodo usualmente empregado para a obteno da tenso de corte Vc corresponde a traar uma reta tangente poro aproximadamente linear na parte da curva i vs. V logo acima do limiar de conduo, pois a parte linear do grfico em que podemos estabelecer um padro e assim determinar a preciso dos dados, obtendo-se por extrapolao do valor da tenso de corte Vc para o qual essa reta corta o eixo horizontal conforme ilustra a Figura 4.

    Esse valor de tenso no pode ser diretamente empregado na equao 2, mas a variao de Vc com a fre-quncia n da radiao emitida pelos LEDs fornece uma relao linear a partir da qual a constante de Planck h pode ser obtida:

    h Vc = n (Eq. 3)

    e

    O aluno interessado no assunto poder consultar referncias especiali-

    zadas no final deste artigo para um tra-tamento mais minucioso sobre LEDs e da relao entre os valores medidos de V e a barreira de energia associada juno. Como j discutido, na prti-ca, qualquer valor de tenso medido para uma mesma corrente dentro de certos limites pode ser utilizado o m-todo acima, j que a obteno de h a partir do grfico de Vc vs. n remove as constantes aditivas envolvidas entre os diversos valores de Vc.

    Medidas do comprimento de onda

    Aps a obteno da Vc, uma se-gunda etapa do experimento consiste em se determinar o comprimento de onda (l) da luz emitida por cada LED, de acordo com o arranjo experimental apresentado nas Fig. 2 e 5. Com a escala posicionada atrs do LED, olha-se atravs da grade de difrao para ver o primeiro mximo de luz di-fratada simultaneamente direita e esquerda do centro, onde est o LED, medindo a distncia ym=+1 e ym=-1 entre os dois mximos de difrao, direita e esquerda do LED, bem como a distncia D entre a escala e a rede de difrao.

    Se uma luz com comprimento de onda l incidir sobre uma grade de difrao, esta ser difratada. Os picos de intensidade ocorrem para ngulo de difrao q dados por

    dsenq = ml com m = 1, 2, 3 (Eq. 4)

    na qual d a constante da grade ou a distncia entre as fendas. Tem-se que

    .A luz difratada observada, e l

    determinado por meio da equao 4, projetando-se o primeiro mximo de difrao (m = 1) sobre a escala e medindo-se as distncias y e D. Logo aps, obtenha a frequncia n por meio da equao 5.

    n = c/l (Eq. 5)

    na qual c representa a velocidade da luz: c = 3,0 108 ms-1.

    Fazendo-se um grfico de Vc vs. n, e com o ajuste da reta que melhor passa pelos pontos, podemos aplicar diretamente na equao 7 e obter a constante de Planck.

    Resultados e discusso

    A aplicao de uma tenso de corte implica em um fornecimento de uma energia mnima, necessria para excitar um eltron para a ban-da de conduo. Assim, temos da equao 3:

    h Vc = n e

    Vc h = e (Eq. 6)n

    Assim, a equao 6, na qual Vc a tenso de corte, n a frequncia e e a carga elementar, mostra uma equao de reta de coeficiente de inclinao Vc/n, representado aqui pela letra a.

    a = Vc/n

    Assim, obtemos:

    h = ae (Eq. 7)

    A determinao e o ajuste da reta que melhor passa pelos pontos pode ser obtida por meio da utilizao do Mtodo dos Mnimos Quadrados (MMQ), definindo uma reta que passe pela origem, ou seja, no h condu-o em V = 0, portanto:

    y = ax

    S5i=1 yi xi a = S5i=1 x2i

    na qual y a tenso de corte e x, a frequncia de emisso do LED. No caso especifico, tm-se um total de cinco pontos (LEDs). Dessa forma, obteve-se:

    Figura 5. Esquema para medida do com-primento de onda do LED.

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    Tabela 1. Dados obtidos na determinao da constante de Planck utilizando diferentes LEDs.

    LED Comprimento de onda (nm) Frequncia (Hz)/1014 Tenso de corte (V)

    Violeta 400,0 7,502 2,85

    Azul 463,5 6,442 2,69

    Verde 538,2 5,552 2,62

    Laranja 595,0 5,050 1,80

    Vermelho 623,5 4,789 1,78

    Referncias BIPM. Bureau International Des Poids

    Et Mesures. The principle of the watt balance. Disponvel em: http://blog.edu-cacional.com.br/redir.asp?url=abresite.asp?IdPublicacao=295220. Acesso em: set. 2011.

    HALLIDAY, D.; RESNICK, R. e KRANE, K.S. Fsica 4. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2004.

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    ampere, kelvin and mole: a proposed approach to implementing CIPM recom-mendation 1 (CI-2005). Metrologia, 43, 227 (2006).

    MOREHOUSE, R. Measuring Plancks constant by means of an LED. Am. J. Phys., vol. 66(1), p. 12, 1998.

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    SUPERLED. Neo Tecnologia de Ilu-minao. Sobre LED em mais detalhe. Disponvel em: http://www.superled.com.

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    Para saber maisREZENDE, S.M. A fsica dos materiais

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    TAVOLARO, C.R.C e CAVALCANTE, M.A. Fsica moderna experimental. So Paulo: Manole, 2003.

    TERRAZAN, A. Perspectivas para inser-o da fsica moderna na escola mdia. 1994. Tese (Doutorado) - Faculdade de Educao da Universidade de So Paulo, So Paulo, 1994.

    Abstract: Plancks constant: A new vision for High School - The section Experiments in chemical education describes experiments whose implementation will contribute to the enhancement and interpretation of chemical concepts in elementary and high school and using materials easily obtainable, allowing its implementation in any of several conditions of Brazilian schools. This article describes a simple experiment for determining the Plancks constant in the classroom.Keywords: Plancks Constant, LEDs, High School

    a = 3,998 10-15

    Da equao 7, temos:

    h = 3,998 10-15 1,6 10-19h = 6,39 10-34Js

    Os dados coletados no experi-mento so apresentados na Tabela 1. O clculo do desvio padro dos dados dessa tabela fornece o valor da constante igual a 6,39 0,4

    10-34 Js. O desvio observado pode ser atribudo a erros nas medidas de corrente, tenso e comprimento de onda.

    ConclusoEsse experimento permitiu a

    determinao simples e de fcil re-produo da constante de Planck, possibilitando que um aluno do en-sino mdio o realize com facilidade, alm de permitir que outros conceitos

    sejam trabalhados, tornando, assim, mais atraente a aprendizagem desse assunto no ensino mdio. Por meio desse equipamento, foi possvel de-terminar o valor da constante como sendo h = 6,39 0,4 10-34 Js, o que est bastante prximo ao valor esperado (6,62 10-34 Js), concor-dncia de 96,52%, desvio que pode ser atribudo a erros de medidas experimentais e de preciso de equi-pamentos de medida.

    Silio Lima de Moura ([email protected]) graduando em Licenciatura Plena em Qumica pela Universidade Federal do Piau (UFPI). Francisco Ivan da Silva ([email protected]) graduando em Licenciatura Plena em Qumica pela UFPI. Francisco Carlos Marques da Silva ([email protected]) profes-sor doutor do Departamento de Qumica da UFPI. Jos Aroldo Viana dos Santos ([email protected]) pro-fessor doutor do Departamento de Qumica da UFPI.

    Resenha

    O livro em anlise, organizado por Wildson Luiz Pereira dos Santos e Otavio Aloisio Maldaner, uma coletnea de artigos assinados por 24 autores, sendo a quase totalidade profissionais com formao acadmica em Qumica e, a maioria, em Educao. Comprometidos com a melhoria da qualidade de ensino desenvolvem projetos e investigaes em ensino de Qumica, em universidades pblicas e particulares de seis estados pertencentes a regies geogrficas e

    socioeconmicas distintas: So Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Gois, Rio de Janeiro, Mato Grosso e Distrito Federal. O conjunto de artigos vem suprir a necessidade, h muito sentida, de subsdios para a formao de profes-sores, bem como, para a proposio de mudanas na prtica educativa. claro que no d conta dos mltiplos aspec-tos que envolvem o ensino de Qumica. Todavia, oferece indicativos de comeos, aos quais podem ser associados outros

    Ensino de Qumica em Foco

    textos com interpretaes diferenciadas, possibilitando, assim, alimentar novas perspectivas e novos olhares no saber--fazer pedaggico dos professores que atuam em diferentes nveis de escolarida-de. Constitui, dessa maneira, um marco de referenciais que podem ser usados por docentes que atuam em cursos de formao de professores de Qumica e por alunos do curso de Licenciatura em Qumica. Recomenda-se, tambm, a sua consulta aos professores da rea de

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    Cincias da Natureza Fsica, Qumica, Biologia e afins da Educao Bsica. A obra rene importantes contribuies terico-metodolgicas para a reflexo sobre o ensino de Qumica, com a inten-o de marcar distintos olhares, estudos, propostas e prticas educativas.

    O livro constitudo de treze cap-tulos sendo que o contedo de cada um deles pertinente e relevante s emergentes discusses sobre o ensi-no de Qumica. No primeiro captulo, Dilogos de aprendentes, o professor Attico Chassot apresenta um bate papo online entre um professor e uma aluna do curso de Licenciatura em Qumica. A forma dialgica possibilita ao leitor transitar na produo cientfica do autor, mergulhando na riqueza de seus escritos sobre os processos formativos, indo alm dos aspectos tcnico instrumen-tais. No captulo dois, Apontamentos sobre a histria do ensino de Qumica no Brasil, a professora Roseli P. Schnetzler compartilha memrias e vai ao encontro de marcas do passado, que do signi-ficado ao presente e possibilidades de novos sentidos, como forma de recriar as prticas formativas. Desse modo, rememora as principais caractersticas do ensino secundrio de Qumica no Brasil, marcos de pesquisa e discorre sobre as propostas alternativas para o ensino de Qumica.

    As professoras Rozana Gomes de Abreu e Alice Casimiro Lopes, no terceiro captulo, que se intitula A interdiscipli-naridade e o ensino de Qumica: uma leitura a partir das polticas de currculo, esquadrinham os discursos curriculares de docentes que integram a comunidade de ensino de Qumica e de textos oficiais que tratam sobre a interdisciplinaridade.

    Preocupados em superar currculos pobres e asspticos, os autores do captulo quatro questionam a forma de organizao curricular instituda, tencio-nando a tradio de composio linear e fragmentada dos mesmos. nessa perspectiva que a professora Lenir Bas-so Zanon e o professor Otvio Alosio Maldaner propem o texto A Qumica escolar na inter-relao com outros cam-pos de saber.

    No quinto captulo, O enfoque CTS e a educao ambiental: possibilidade de ambientalizao na sala de aula de Cincias, os professores Wildson Luis

    Pereira dos Santos, Maria do Carmo Galiazzi, Edi Morales Pinheiro Junior, Moacir Langoni de Souza e Simone Portugal apresentam a articulao entre o movimento Cincia, Tecnologia e So-ciedade (CTS) e a Educao Ambiental (EA), apontando os diferentes enfoques e perspectivas do movimento CTS para a sala de aula e a necessidade de con-ceitualizao da EA no contexto escolar. Os autores defendem a abordagem temtica como forma de articulao entre CTS e EA.

    Histria e Filosofia da Cincia no en-sino de Qumica: em busca de objetivos educacionais da atualidade, no captulo seis, de autoria de Paulo Alves Porto, enfatiza a necessidade de abordagens que privilegiem a temtica em foco no en-sino de Qumica, em outra perspectiva, diferente da enciclopdica, internalista, continusta e acumulativa.

    No captulo sete, Eduardo Fleury Mor-timer, no artigo As chamas e os cristais revisitados: estabelecendo dilogos en-tre a linguagem cientfica e a linguagem cotidiana no ensino de Cincias da Na-tureza, busca contribuir para a reflexo sobre a linguagem e seu funcionamento na sala de aula de Cincias da Natureza.

    A professora Rosria Justi, em modelos e modelagem no ensino de Qumica: um olhar sobre aspectos es-senciais pouco discutidos aponta para o fato de que professores e alunos no atribuem um significado adequado palavra modelo. Desse modo, inicia seu texto explicitando os significados de modelos e modelagem no contexto da Cincia. Aprofundando o tema, discorre sobre a utilizao de modelos de ensino em situaes didticas, no sentido de favorecer a compreenso de conceitos qumicos pelos alunos.

    O professor Roberto Ribeiro da Silva e as professoras Patrcia Fernandes Lootens Machado e Elizabeth Tunes, no nono captulo, intitulado Experimentar sem medo de errar, apresentam as tendncias que ampliam o conceito de atividades experimentais. Os autores sugerem atividades experimentais com possibilidades de serem significativas envolvendo uma diversidade de espa-os.

    Livro Didtico: anlise e utilizao no ensino de Qumica, a temtica de auto-ria dos professores Agustina Echeverra,

    Irene Mello e Ricardo Gauche, traz para o debate o significado e as mltiplas fun-es que podem ser atribudas ao livro didtico. O texto apresenta, tambm, alguns aspectos relativos orientao para a definio e utilizao de os livros didticos no contexto escolar.

    A incluso escolar tem sido palco de inmeras discusses que sinalizam para a superao de vrios desafios. nessa direo que os autores Patrcia Neves Raposo e Gerson de Souza Mol abordam seu texto A Diversidade para aprender conceitos cientficos: a ressig-nificao do ensino de Cincias a partir do trabalho pedaggico com alunos cegos, defendendo a ideia de que preciso que todos tenham acesso s informaes.

    No captulo doze, Maurivan Guntzel Ramos e Roque Moraes tratam sobre A avaliao em Qumica: contribuio aos processos de mediao da apren-dizagem e de melhoria do ensino. O tema em destaque pelos autores pe em pauta a polmica sobre a avaliao no contexto escolar, trazendo elementos que podem apoiar outra perspectiva de avaliao, capaz de romper com a fun-o de verificao e classificao.

    E, o livro concludo pelos professo-res Otavio Alosio Maldaner e Lenir Basso Zanon com o texto Pesquisa educacio-nal e produo de conhecimento pelo professor de Qumica. Nesse artigo, os processos de ensino e de aprendizagem da Cincia/Qumica servem como pano de fundo das reflexes sobre como se d a produo da Cincia e apontam a necessidade de uma reflexo epistemo-lgica nos cursos de formao docente.

    Finalizando, importante assinalar que se trata de uma obra teoricamente consistente e com reflexes apoiadas em investigaes desenvolvidas no interior das escolas sendo, certamente, uma contribuio na qualificao docente e, consequentemente, catalisadora de mudanas no ensino de Cincias.

    tima leitura, que a todo (a)s reco-mendo.

    Rejane Maria Ghisolfi da Silva MEN/CED/UFSC

    SANTOS, W. L. P.; MALDANER, O. A. - En-sino de Qumica em Foco - (Orgs). Ensino de Qumica em foco. Iju-RS: UNIJU, 2010.