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UMA REALIDADE AGRO-PECUÁRIA EM ANGOLA 25 USD’s OUTUBRO / NOVEMBRO 2006 | n.º Angola 20 USD’s | Portugal 26€ | Resto do Mundo www.valoracrescentado-online.com 6

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PROJECTO ALDEIA NOVAUMA REALIDADE AGRO-PECUÁRIA EM ANGOLA

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A INVASÃO QUE VEM DO ORIENTE JÁ ESTÁ EM ANGOLA

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editorial

A História mostra que ao longo da evolução do Homem, não foram sempre os mesmos povos a dominar o Mundo. O Egipto, a Babilónia, a Grécia, Roma, a Inglaterra, Espanha, por exemplo, durante séculos dominaram o Mundo, para dar lugar a outros e, no caso actual, temos novos candidatos como a China, Índia… Este domínio, para além das armas, foi imposto pelo saber e pelo conhecimento. E vai ser sempre o saber e o conheci-mento, que vão marcar esse domínio.

Mas o surgimento da China e da Índia e porque não do Japão e da Coreia do Sul, como as grandes potências do século XXI, tem um factor comum: a sua independência ocorreu nos finais da década de 40, inícios da década de 50. O Japão teve a imple-mentação do plano Marshall nessa altura. Estes países, depois da independência apostaram e apostam forte na Educação. E não foi uma Educação qualquer. O ensino da Matemática e das Ciências foi obrigatório, e inclusivé, no Japão pri-mavam pela competição entre os alunos.

Angola precisa de estradas. É verdade. Mas tão importante ou mais importante é a aposta na Educação. Em 1978, já era Ango-la independente e, nessa data, a China era dos países mais pobres do Mundo. Hoje é a segunda maior economia do Globo e foi em 2005, o país que mais Investimento Directo Estrangeiro atraiu. E porquê? Educação e visão.

Na Educação não podemos pensar só no Ensino Superior. Hoje há uma apetência forte na sua implementação. Com que corpo docente? Que cursos? Mais Direitos, mais Economias, e as Enge-nharias e as Biologias, estas não devem também existir? A dife-rença é que os cursos virados para as engenharias e afins a nível de implementação são mais caros, e por consequência o retorno do investimento mais demorado. Mas antes de se avançar com o ensino superior deve-se pegar e bem, no ensino primário ou básico. Ninguém ou muito dificilmente alguém, consegue avançar no ensino, sem ter um bom ensino primário. É neste, que temos de apostar. Angola precisa de professores primários com qualidade e dedicação. É frequente os Administradores Municipais pedirem escolas e profes-sores nas nossas províncias, nomeadamente as do inte-

rior. Tem de haver merenda escolar em todas as provín-cias nomeadamente para os alunos mais carenciados, isto porque é mais que sabido quão importante é uma refeição para muitos angolanos. É necessário que o Orça-mento Geral do Estado esteja dotado com mais dinheiro para alcançarmos esse objectivo. Depois do ensino primário, temos de apostar no ensino técnico ou profissional. Em vez de mais universidades, devem ser criadas mais escolas técnico profissionais, mesmo a nível das províncias. Finalmente, melhorar as universidades que temos.

O Projecto Aldeia Nova (PAN), no Waco Kungo conseguiu re-cuperar uma região com boas condições agro-pecuárias. Talvez este projecto bem divulgado interna e externamente possa atrair mais gente para trabalhar as nossas terras, noutras regiões. Para além da recuperação agrícola o PAN, conseguiu recu-perar o Homem. Foi a sua reinserção, a grande vitória deste projecto. É importante dizer que há outros valo-res acima da economia. Repetimos, há as pessoas e há a história. Há, pois deveres do Estado.

A importância do PAN no município do Waco Kungo, trouxe um meio envolvente importante: emprego e mais população radi-cada e a possibilidade de desenvolver outras actividades, como o turismo rural. Já há três bancos instalados no Waco Kungo: banco Keve, BFA e BPC.

O ministro da Agricultura e do Desenvolvimento Rural, defen-deu em Ondjiva, na abertura do 31º Conselho Consultivo Alar-gado do Minader, que a Banca deve apoiar os agricultores na-cionais. Está correcto este pensamento. Mas a Banca, apoia com garantias, e a agricultura, devido às transformações climatéricas a que muitas vezes está sujeita precisa de coberturas, nomeada-mente a nível de seguros de colheita e afins. Estes não existem ainda em Angola. E depois, é importante ver o seu custo/be-neficio. Assim, não é só a Banca que tem de criar condições para o tal apoio. A actividade seguradora que está a despontar também tem de pensar na actividade agrícola e pecuária. Banca e Seguros, aí sim, talvez seja mais fácil o apoio pretendido pelo ministro.

ProPriedade Valor Acrescentado - Prestações de Serviços Lda director José Luís Magro chefe de redacção Adelaide Alves redacção Filipa Couto, Carlos NetoPublicidade Tânia BravodeSiGN GrÁfico PMD - Comunicação e Design www.pmd.ptiMPreSSão Uniarte Gráfica / PortocolaboraraM NeSte NúMero Anabela Neto, António Lopes de Sá, Filipa Couto, José Luís Magro, Joaquim Fernando da Cunha Guimarães, Teresa Eugénio

tiragem: 10.000 exemplares. registada sob o número McS-430/b/2006.

SedeAv. Comandante Valódia, nº 5 - 1º nº 15 - Luanda Tel. 00244 2442497 - Fax 00244 4311168 aGeNteRua da Cidade de Luanda, nº 9 - BengueladeleGaçãoRua Quinta da Campainha, nº 14435-406 Rio Tinto - PortugalTel. 00351 228300507 - Fax 00351 228329897

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� . VALOR ACRESCENTADO // Outubro | Novembro 2006

Outubro/Novembro ‘06 | nº 6

contabilidade

10 Contabilidade social versus contabilidade ambiental: dos anos 60 até aos nossos dias

Dadaacrescenteimportânciaatribuídaaoambiente,muitasempresaspassaramarelatarmaisinformaçãoambiental.

16 Análise científica do equilíbrio do capital e modelos contábeis qualitativos

Oequilíbriodocapitaldasempresasdependedeproporçõesdefinidasdoscomponentespatrimoniais,deacordocomacapacidadedecirculaçãoeoprocessorequeridoparaaformaçãodolucro.

26 Sr. Empresário – Sabe para que serve a Contabilidade?

AContabilidadeparamuitosempresárioséúnicaeexclusivamenteumaobrigaçãofiscal.Comesteartigopretende-sedesmistificaressepensamento..

gestão

30 As Pessoas: Um Valor Acrescentado OCapitalHumanoé,semdúvida,obemmais

preciosonoactualmundodasOrganizações

32 Ideias e Técnicas de Gestão GlossárioquevainaletraG

36 Glossário de Bolsa de Valores GlossárioquevainaletraE

informática de gestão

40 Produção de dois artigos. Maximização do lucro.

OSOLVERconsegueresolverproblemasqueenvolvammuitascélulascomvariáveisepodeajudá-loaencontrarcombinaçõesdevariáveisquemaximizamouminimizamumacéluladedestino.Permitetambémespecificarumaoumaisrestrições–condiçõesquetêmdesercumpridasparaqueasoluçãosejaencontrada.

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. �Outubro | Novembro 2006 // VALOR ACRESCENTADO

comer bem

78 Restaurante Tia Maria

sumário

secções

02 EDITORIAL

06 RECORTESDEIMPRENSA

08 OPINIÃODOSLEITORES

10 CONTABILIDADE

30 GESTÃO

40 INFORMÁTICADEGESTÃO

44 ESPECIAL

88 COMERBEM

86 FORMAÇÃO

90 PRÓXIMONÚMERO

formação

80 Calendário de Formação

especial

60 AINVASÃOQUEVEM DOORIENTE

OProjectoAldeiaNova(PAN)provaduasrealidades:aprimeira,foipossívelaintegraçãodapopulaçãodeagricultores,járesidente,comosdesmobilizadosdeguerracomquadrantespolíticosdiferentes;asegunda,adequeAngoladeveapostarfortenosectorprimário,maispropriamentenaagro-pecuária.Masparaescoaraproduçãosãonecessáriasestradas.Estasestãoaserrecuperadasereconstruídas.Esperemos,quebrevementeasnossasestradasestejamdevidamentetransitáveis,paraqueoscustosdetransportenãoonerememdemasiaosprodutosvindosdointerior.Poroutrolado,somosdosqueacreditamquecomestradas,vaiserpossívelradicarquadrosnestasparagens,quecomoésabidotantafaltafazem.

especial

44 PROJECTO ALDEIA NOVAUM CAMINHO

UMA ESPERANÇA

UMA REALIZAÇÃO

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6 . VALOR ACRESCENTADO // Outubro | Novembro 2006

recortes de imprensa

O campo petrolífero Dália, um investimento de quatro mil mi-lhões de dólares norte-ameri-canos, foi oficialmente inau-gurado no dia 29 de Março de 2007, no Bloco 17, a 135 quilómetros ao largo da costa angolana, pelo ministro dos Petróleos, Desidério Costa.

O jazigo, que abrange uma su-perfície de cerca de 230 quiló-metros quadrados, poderá pro-duzir até 240 mil barris por dia, sendo o primeiro no mundo a extrair petróleo do tipo viscoso e ácido, de um tal volume di-ário e a uma profundidade da água que varia entre os mil e 200 e os mil 500 metros.

Sustentado por uma fábrica flutuante com 300 metros de comprimento e 60 de largura, o campo Dália apresenta um sistema de produção submari-no assente em 67 poços (com uma possível extensão a 71), dos quais 34 são de produção e 30 de injecção de gás.

Descoberto em 1997, o Dália é considerado exemplar quanto ao respeito pelo meio ambien-te por garantir ausência de queima de gás em condições de operação normais e pela não reinjecção para o mar das águas de produção.

Actuam no Bloco 17 a com-panhia internacional francesa Total, com 40% de acções, a Esso (20%), a BP (16, 67%), bem como as norueguesas Statoil (13,33%) e a Hydro (10%). A Sonangol é a con-cessionária do campo.

Fonte:AngolaPress

INAUGURADO OFICIALMENTE CAMPO PETROLíFERO DáLIA

As estradas de ligação entre Luanda e as províncias do Norte, Sul, Centro/Sul e Leste do país serão reabilitadas nos próximos doze meses, num investimento avaliado em 1 bilião de dólares, proveniente da linha de crédito do Brasil.Integrada no Programa de Investimentos Públicos, a referida acção vai abranger as vias Viana/Calumbo, estrada do Golfe/Viana e Rua do Sanatório, a 4.ª, 5.ª e 6.ª Ave-nidas do Cazenga.Beneficiarão ainda de reabilitação total a avenida Ngola Kiluanje (estrada da Cuca), via Boavista/Tunga Ngó/estrada de Catete, via expresso Luanda/Kifangondo, o troço Cacuaco/Viana, a estrada Viana/Kicuxi e a estrada Viana/Cambulombo (Benfica).Reunido em Conselho de Ministros na sua terceira sessão ordinária do ano orientada pelo Presidente da República, José Eduardo dos Santos, o Gover-no aprovou o Programa de reabilitação da rede viária de Luanda, com o pro-pósito de “resolver problemas relacionados com o congestionamento do trânsi-to, dificuldades de acesso às áreas limítrofes, circulação regular de veículos e peões” bem como os problemas relacionados com a drenagem das águas da chuva. Em função do referido programa, o Conselho de Ministros aprovou os contratos de empreitada por série de preços entre o Instituto de Estrada de Angola (INEA) e as em-presas brasileiras Norberto Odebrecht, Queiroz Galvão, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e EMSA, para a execução das referidas obras.O programa integra ainda outros troços, cujos contratos de execução das obras foram já aprovados pelo Conselho de Ministros e compreende uma intervenção imediata com vista a criar vias alternativas ao tráfego urbano da capital.O projecto sobre a via expresso Luanda/Viana já tinha sido aprovado, tendo sido ape-nas aprovado o contrato quarta-feira. A estrada circular entre Cacuaco/Viana/Cambu-lombo (Benfica) está igualmente em obras e ontem o INEA submeteu à aprovação do Governo a segunda fase do projecto, que compreende a pavimentação da mesma.De acordo com o director-geral do INEA, Joaquim Sebastião, a recuperação das es-tradas Viana/Calumbo, Viana/Quiquxi e a duplicação da via entre o GAMEK/Shoprite, passando pelo Golfe, serão efectuadas em função dos investimentos que estão a ser feitos na zona industrial de Viana e no Projecto Zango.Joaquim Sebastião anunciou que os trabalhos começam “imediatamente” e, em fun-ção disso, o INEA e o Governo Provincial de Luanda deverão coordenar esforços para se encontrarem alternativas para o trânsito na capital.

Fonte:JornaldeAngola

REABILITAÇÃO DAS ESTRADAS NOS PRÓXIMOS 12 MESES

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A partir do mês de Abril já será possível marcar entrevistas para pedido de vistos para não imigrantes para os Estados Unidos através da Internet. O novo sistema de marcação de entrevistas on-line está disponível no site da embaixada ameri-cana em Angola http://luanda.usembassy.gov.Com instruções em inglês e em português, o novo sistema entra em serviço a partir de 9 de Abril podendo a partir desta altura os requerentes escolherem a data da entrevista para o visto.A cônsul da embaixada americana em Angola, Tara Rougle, garantiu à imprensa que o novo sistema vai reduzir o tempo de espera e melhorar o serviço de atendimento.A embaixada americana informa que a maioria dos requerentes não terão de es-perar mais de dois dias úteis para marcar a sua entrevista. Contudo, adverte desde já que haverá vezes em que a Secção Consular poderá não ter marcações disponíveis durante vários dias.Aconselha por esta razão os interessados a marcarem as suas entrevistas com pelo menos duas semanas antes da data da sua viagem..

Fonte:Expresso

ENTREVISTAS ONLINE PARA VISTOS NOS EUA

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� . VALOR ACRESCENTADO // Outubro | Novembro 2006

opinião dos leitores

“AS EMPRESAS NÃO SABEM NEM PODEM APURAR LUCROS REAIS”

Como estudante universitário já ouvi falar do Rogério Fernandes Fer-reira. Li o artigo dele, mas não percebi porque é que as empresas não apuram lucros reais. Não é isso que estou a aprender na escola. Perguntei a um professor não me soube explicar a minha dúvida.

Anastácio Faztudo

Nota Redacção – O professor Rogério Fernandes Ferreira para nós é das pessoas que mais sabe Contabilidade a nível mundial. Levanta questões pertinentes quer sobre o seu en-sino quer sobre a forma como está a ser usada nos dias que correm, nomeadamente com a harmonização contabilística a nível mundial. Em muitos países a Fiscalidade sobrepõe-se à Contabilidade, pelo que é importante dizer que há o resultado contabilístico (que se ensina nas faculdades) e há o resultado fiscal (que também algumas faculdades ensinam). Este últi-mo, expurga muitos custos, como amortizações e reintegra-ções que não estejam dentro do âmbito da legislação fiscal (a maioria desactualizada dos tempos modernos, tendo em con-ta a vida útil dos bens), provisões que também não estejam dentro dos cânones da lei tributária (contraria muitas vezes o principio geralmente aceite em Contabilidade a “prudência”). Outra grande questão nos dias que correm é o uso do custo histórico ou do justo valor? Como também os impostos dife-ridos, ou seja, custos (óptica económica) num dado exercício, mas a liquidação (óptica financeira) em exercícios seguintes. Também há a imparidade dos Activos, que critérios?

ESTOU BARALHADO

Li o trabalho sobre o português em Angola. Estava convencido que era mais fácil criar uma empresa em An-gola. Tenho ouvido muita gente que está em Angola e diz que lá é que se ganha dinheiro, mas lendo este trabalho confesso que estou muito baralhado.

António Fragoso, Arouca

Nota Redacção – Se realmente pensa investir em Angola o con-selho que damos é ir até lá e ver no terreno se gosta e se tem pos-sibilidades de investir.

Contas do Banco Nacional de Angola

Como é possível as contas do BNA estarem tão atrasadas? O Banco está falido com a Situação Liquida que tem.

Bancário na reforma

Nota Redacção – É verdade que o BNA tem de melhorar a sua Si-tuação Liquida, para nós o termo hoje mais usual e mais correcto Capitais Próprios. A própria Lei Orgânica no seu artigo 87º refe-re que o Ministério das Finanças, perante a situação de perda de ca-pital do banco emissor, o capital possa ser reposto com títulos da Dívida Pública. “É urgente que o BNA apresente as contas de 2005 e 2006, para se saber qual foi a evolução dos Capitais Próprios”.

O investidor português

Como investidor concordo em abso-luto com o estudo feito. Julgo que o autor sabe mais do que escreveu, mas é verdade que não se pode dizer tudo, sob pena de fe-rir muita gente.

Carlos Sousa, Coimbra e Luanda

Relatório de Contas

Na peça que fizeram sobre as contas do BNA dizem que é impor-tante a informação extra-contabilistica. Porquê?.

Carlos Ezequiel, estudante e bancário

Nota Redacção – Não é só pela análise de um balanço e de uma demonstração de Resultados por natureza, que se pode concluir sobre a valia das contas de uma unidade económica (u.e.). Tem de existir outras peças complementares como: o re-latório de Gestão e o Anexo ao Balanço e à Demonstração dos Resultados. Um relatório de gestão deve focar os aspectos macroeconómicos internacionais e nacionais, nomeadamen-te os que afectam o sector de actividade da u.e.. Deve referir o que aconteceu ao longo do exercício que tenha afectado a actividade da u.e., incluindo as acções de formação, defesa do ambiente, politica social... indicadores económicos -financei-ros e actividade futura e a aplicação e distribuição dos Resul-tados. O Anexo ao Balanço e à Demonstração dos Resultados, porque nas várias notas que o compõem, têm de ser referidos quais foram os critérios valorimétricos usados, responsabili-dades que não figuram no Balanço (não usual em Angola, mas existente em países europeus como a Responsabilidade por Letras Descontadas), responsabilidades com garantias reais e pessoais, Demonstração dos Resultados Financeiros, De-monstração dos Resultados Extraordinários…

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10 . VALOR ACRESCENTADO // Outubro | Novembro 2006

Uma revisão histórica aos estudos publicados nesta área de SEAR (Social Environmental Accoun-

ting Research) permite concluir que a contabilidade social começou a ser uma área activa de investigação e prá-tica, particularmente, a partir da déca-da de 70 (Gray and Bebbington, 2001, p. 275), sendo que a década de 60 teve uma importância crucial para o seu desenvolvimento. Nessa altura o ca-pitalismo estava a ficar enfraquecido e era necessário legitimar a activida-de das organizações. Logo a novidade do aspecto social introduzido entre os negócios e a sociedade era bem visto (Gray, 2002, p. 690). Há quem afirme que a contabilidade social e ambien-tal é agora uma área de investigação

já bem definida que se desenvolveu através da literatura em responsabili-dade social e corporativa dos anos 70, que explorava a relação entre a conta-bilidade, a organização e a sociedade. Esta literatura reflectia a importância da questão social sobre as consequên-cias do crescimento económico para o ambiente (Jones, 2003, p. 762).

A década de 80 é também importan-te para o aumento de divulgação so-cial, ambiental e ética (Adams, 2004, p. 731), verificando-se que na década de 90 os temas abordados tem maior incidência em questões ambientais que questões sociais. Podemos afirmar que a literatura em contabilidade so-cial e ambiental alterou os seus temas

de análise. Antes eram dominados por questões sobre os trabalhadores (di-vulgação de informação sobre empre-gados, regras dos sindicatos, politicas laborais, etc.) e a partir do anos 90 começou a ser dominada por assuntos ambientais� (Gray, 2002, p. 695). A in-vestigação em contabilidade social e ambiental acompanhou esta tendên-cia, como refere Paker 2005 em que analisa a publicação de artigos de 1988 a 2003. Neste período verifica-se um domínio do aspecto ambiental.

� Com excepções como as referidas por Gray, 2002, p. 695: “Ullmann (1976) and Dierkes and Preston (1977) gave us two of the earliest examples of envi-ronmental accounting, witch was concern to the incre-ase of environmental disclosures in firm’s reports”.

contabilidade

CONtabilidade sOCialversus

CONtabilidade ambieNtal: DOS ANOS 60 ATé AOS NOSSOS DiAS

teresa eUgéNiO

Professora do instituto Politécnico de Leiria, ESTG, Leiria, [email protected]

A contabilidade pode ser vista como a linguagem dos negócios (Belkaui, 2004) com o objectivo de fazer chegar a todos os interessados informação sobre a forma de actuar da empresa. Essa informação pode chegar através de vários veículos. Alguns desses veículos são obrigatórios, como as demonstrações financeiras, outros são voluntários, como o recente crescimento em divulgação de informação social e ambiental. Este tipo de informação é considerada como fazendo parte do “território” da contabilidade como refere Buhr and Reiter, 2006, p. 8: “environmental and sustainable development reports that we consider to be part of the field of accounting because they represent mechanisms for accountability (at

least in the ideal)”.

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12 . VALOR ACRESCENTADO // Outubro | Novembro 2006

contabilidade

Dada a crescente importância atribuída ao ambiente, muitas empresas passaram a relatar mais informação ambiental, apa-recendo relatórios autónomos que versavam apenas sobre o assunto ambiente (Adams, 2004). Para esta situação pode ter contribuído o aumento de legislação que muitas vezes obriga à divulgação de informação ambiental por parte das empre-sas, como refere Adams, 1998, p. 3:

“Corporate social accountability is like-ly to be an increasingly important ele-ment of the Western European psyche in the years to follow, evidenced not only by corporate, professional and academic developments, but also by the increasing legislative developments of the European Union and European Economic Area re-quiring greater corporate social respon-sibility and accountability (see Gray et al., 1996).” Adams, 1998, p. 3

Na Europa a publicação da Recomendação da Comissão Eu-ropeia de 30 de Maio de 2001 respeitante ao reconhecimen-to, à valorimetria e à prestação de informações sobre questões ambientais nas contas e no relatório de gestão das sociedades (2001/453/EC) veio sugerir que os Estados Membros adaptassem as suas orientações internamente. Esta recomendação sugeria a divulgação de informação ambiental nas contas das empresas.

Em Outubro de 2004 a PriceWaterhouseCoopers, divulgou um estudo intitulado: “Implementation in Member States of Commission Recommendation on Treatment of Environ-mental Issues in Companies’ Financial Reports”. Este estudo transmite-nos o ponto de situação sobre a implementação da Recomendação da Comissão Europeia por parte dos diferen-tes membros da EU. Pela sua análise percebemos que nem todos os países adoptaram a maioria das suas orientações, no entanto foi sem duvida um passo importante em termos de regulamentação desta temática. Em Portugal, na sequência desta recomendação foi publicada a Directriz Contabilística 29 – Matérias Ambientais, pela Comissão de Normalização Contabilística�.

Pelo exposto percebemos que a “disciplina mãe” era apelida-da de contabilidade social, que com o crescente interesse pela questão ambiental, passou a ser apelidada de contabilidade social e ambiental. Este é para nós o termo correcto. Para a construção desta posição decidimos seguir Mathews and Pe-rera, 1996 e Gray, 2002, que apontam no mesmo sentido. Mathews e Perera, 1996, p. 364, refere que a contabilidade social tem muitos significados para muita gente, consequen-

� Para mais detalhes ver Eugénio, 2004.

temente a sua definição e análise pode ser difícil, mas refere que em último caso podemos considerar a contabilidade so-cial como uma extensão da divulgação em áreas não tradi-cionais provendo informação sobre empregados, produtos, serviços à comunidade e prevenção ou redução da poluição. Portanto, considera a questão ambiental como fazendo par-te da contabilidade social. Parece-nos que actualmente se generalizou este termo. Gray, 2002, p. 687 utiliza o termo contabilidade social como um termo genérico independente-mente das diferentes forma em que aparece: contabilidade de responsabilidade social, relatório social, relatório de recursos humanos, relatório ambiental, relatório do dialogo com os stakeholders.

Mathews e Perera, 1996, dividem a contabilidade social, classificando e esclarecendo o significado de cada área associada. A contabilidade ambiental aparece associada a uma delas: Total Impact Accounting (TIA). Apresentamos o

Dada a crescente importância atribuída ao ambiente, muitas empresas

passaram a relatar mais informação ambiental, aparecendo relatórios autónomos que versavam apenas

sobre o assunto ambiente.

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1� . VALOR ACRESCENTADO // Outubro | Novembro 2006

contabilidade

quadro abaixo onde podemos perceber as restantes compo-nentes da contabilidade social.

Consideramos que este quadro exemplifica de forma simples as várias vertentes da contabilidade social. Como a vertente do ambiente a partir da década de 80 começou a ganhar terreno quase que se tornou uma área autónoma e muitos estudos ana-lisam a informação social e a informação ambiental, ora em conjunto ora separada.

Gray et al., 1996, p.3 define a contabilidade social como: um processo de comunicação dos efeito sociais e ambientais da orga-nização provenientes de acções económicas com interesse para largos grupos dentro da sociedade e para a sociedade em geral. Dado que estas acções envolvem responsabilidades para a empre-sa, estas devem ser divulgadas tal como a informação financeira aos detentores do capital em particular os shareholders. É neces-sários que as empresas compreendam que têm outras responsa-bilidades além de fazer dinheiro para os seus shareholders.

Contabilidade financeira ambiental tem o objectivo de regis-tar as transacções das empresas que têm impacto no meio ambiente e os seus efeitos na posição económica e financeira da empresa que reporta tais situações (definição de Bergami-ni, 2000 citada por Eugénio, 2004, p. 52).

Division Purpose Area of main use Time Scale Measurements

used (**) Associated areas

�. Social Responsibility Accounting (SRA)

Disclosure of individual items having a social impact

Private sector

Short term* Mainly non-financial and qualitative AAA Levels I

Employee reports, human resource accounting, industrial democracy

�. Total Impact Accounting (TIA)

Measures the total cost (public and private) of running na organization

Private sector

Medium and long term

Financial AAA Level III Strategic planning, cost-benefit analysis, environmental accounting

3. Socio-economic Accounting (SEA)

Evaluation of publicly funded projects involving both financial and non-financial measures

Public sector

Short and medium term

Financial and non-financial AAA Level II and III

Cost-benefit analysis, planned programmed budgeting systems, zero based budgeting, institutional performance indicators, value for money audit

4. Social Indicators Accounting (SIA)

Long term non-financial qualification of societal statistics

Public sector

Long term Non- Financial quantitative AAA Level II

National income accounts, census statistics

5. Societal Accounting (SA)

Attempts to portray accounting in global terms – overarching theories

Both all embracing

All Financial aggregates Systems theory, mega-accountancy trends

* Normally short term to fit annual reporting patterns** O autor apresenta aexplicação dos níveis de mensuração utilizados ( ver p. 378)Fonte: Mathews and Perera, 1996, p. 379 (o sublinhado é nosso)

REfERÊNCIAS

Adams, C. and Kuasirikun, N., 2000, A comparative analysis of corporate re-porting on ethical issues by UK and German chemical and pharmaceutical com-panies, The European Accounting Review, 9 (1), 53-79

Adams, C.; Hill, W. and Roberts, C., 1998, Corporate social reporting practices in Western Europe: legitimating corporate behaviour?, British Accounting Re-view, 30 (1), 1-21

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CONCEITOS GERAIS SOBRE O EQUILíBRIO DO CAPITAL E A ANáLISE CONTáBIL PERTINENTE

A análise dos balanços e da peças demonstrativas resultan-tes dos registros é uma aplicação do conhecimento contábil que consiste em utilizar recursos científicos, com o objetivo de entender sobre o comportamento da riqueza, em face das constantes mutações que se operam.

Por natureza, tudo, no patrimônio, é movimento, fluxo e transformação e o estudo analítico é tanto mais valioso quan-to mais examinar as relações que representam estados de efi-cácia.

Segundo a doutrina do Neopatrimonialismo o que importa é a verificação dos fenômenos patrimoniais sob o aspecto “funcional” (de utilidade), considerado de acordo com cada sistema específico (liquidez, resultabilidade, estabilidade, economicidade, produtividade, invulnerabilidade, elasticida-de e socialidade).

O sistema de funções patrimoniais da estabilidade é o que tem por objetivo suprir a necessidade de “equilíbrio”, ou seja, aquele no qual o desempenho funcional deve evi-

tar que existam deficiências (subinvestimentos) e excessos, (superinvestimentos) quer de investimentos, quer de finan-ciamentos do capital (subfinanciamentos e superfinancia-mentos).

Entre o obter recursos de capital (de sócios, fornecedo-res, instituições de crédito etc.) e o aplicar tais fontes em investimentos diversos (imóveis, móveis, veículos, mercadorias etc.) devem existir relações definidas que se alteram de acordo com a velocidade com que giram os componentes da riqueza e o processo empregado em obter o lucro.

Existem, todavia, além da relatividade que gere a medição de todos os fatos patrimoniais, aspectos a respeitar, segundo a consideração que se faça, em face do tempo e do espaço (cen-tros de operações ou transformações patrimoniais).

Há um equilíbrio estático (feito em relação a informes que só enfocam um dado momento) e um equilíbrio dinâmico (que considera todo um ciclo de produção do resultado).

A estática é oferecida pela evidência, por exemplo, de um exercício ou ciclo determinado; a dinâmica é a que con-

aNÁlise CieNtÍFiCaDO EQUiLÍBRiO DO CAPiTAL E

MODELOS CONTÁBEiS QUALiTATiVOS

O equilíbrio do capital das empresas depende de proporções definidas dos componentes patrimoniais, de acordo com a capacidade de circulação e o processo requerido para a formação do lucro. Modelos contábeis qualitativos, concernentes às funções patrimoniais de estabilidade, são orientações sobre as

probabilidades de eficácia, devendo estar fundamentados em Teoremas e Princípios científicos.

PalaVras CHaVes:– eqUilÍbriO PatrimONial – estabilidade dO CaPital – mOdelOs de estabilidade

– aNÁlise dO CaPital – teOremas da estabilidade –

aNtôNiO lOPes de sÁ

Presidente da Academia Brasileira de Ciências Contábeis

Reitor do Centro de Estudos Superiores de Contabilidade, do CRC de Minas Gerais

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contabilidadecontabilidade

sidera diversos exercícios seqüenciais comparados, ou seja todo um fluxo.

O juízo que se deve formar e que precisa ser objetivado, pois, segundo as teorias neopatrimonialistas, refere-se ao aspecto essencial funcional da riqueza, em face de todas as dimen-sões desta (causa, efeito, tempo, espaço, qualidade e quan-tidade), considerando-se, ainda, a natureza dos entornos ou ambientes e que são as causas agentes transformado-ras do capital (internas: administração, pessoal; externas: natureza, sociedade, mercado, ciência, tecnologia, política econômica, legislação etc.).

A análise, como prática ou exercício profissional, só pode ser útil se estribada em realidades, submetidas, estas, ao cri-vo dos preceitos lógicos de um método competente, funda-mentado em doutrina científica (exatidão dos dados e me-todologia racional).

Dentre os critérios, julgo, fundamental, o que parte de proba-bilidades de acontecimentos, estes considerados segundo os preceitos da doutrina contábil, ou seja, de relações necessárias para que a eficácia ocorra, ou ainda de modelos científicos a serem tomados como parâmetros.

Tais modelos são os estruturados para todos e quaisquer ca-sos, com caráter universal, por isto sendo de teor científico; por esta razão, também, devem ser expressos em relações de natureza qualitativa dos elementos do capital.

As “proporções” em que devem ser combinados os compo-nentes da riqueza para que o equilíbrio se opere, devem estar fundamentadas em “razões” em “identidade” de correla-ções constantes.

Isso porque “razão” (em termos filosóficos, segundo Aristó-teles) é o que distingue uma coisa da outra (qualidade), mas, também, quanto uma em outra grandeza se contém, ou seja, um quociente (segundo a Matemática).

Contabilmente a eficácia ou situação de satisfação da necessidade opera-se através de funções qualitativa-mente identificáveis e que devem respeitar uma iden-tidade de relações, para que o equilíbrio se promova.

Essa a justificativa fundamental para que se realizem estu-dos apoiados em modelos em bases de “proporções”, como identidades necessárias de correlações patrimoniais volvidas à eficácia.

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O valor de tal recurso, pela visão lógica que apresenta, que em Matemática, já estava consolidado no mundo antigo e já existia na escola de Pitágoras (cerca de 580-500 antes de Cristo), de Platão, onde Eudoxo (408-355 Antes de Cristo) desenvolveu a matéria e Euclides (430-360 Antes de Cristo), considerado o maior matemático da antiguidade, o procla-mou, apresentando diversas variações, afirmando sobre o imenso potencial de cálculos que envolviam.

No Renascimento italiano, Luca Pacioli dedicou toda uma obra específica às “Divinas Proporções” (ilustrada por Leo-nardo da Vinci), editada em Veneza em 1509, com base em manuscrito anterior de 1498 (época em que foi concluída) e se acha hoje na “Biblioteca Ambrosiana” de Milão (cuja cópia integral do original tenho a felicidade de possuir).

Tão importante é o raciocínio fundamentado nas proporções que ela inspirou, inclusive, na antiguidade, conclusões filo-sóficas.

ASPECTOS DO EQUILíBRIO DO CAPITAL

Qualitativamente o capital tem como “causa” as fontes que dão origem ao nascimento dele como recurso (próprio e de terceiros) e “efeito” aquilo que constitui a “substância”, esta que é um universo de “meios patrimoniais” a serem utilizados para a satisfação das necessidades ou objetivos de um empreendimento (célula social).

Os constructos lógicos que originaram tal conceito (de débito como efeito e crédito como causa), em suas primeiras condu-ções racionais, parecem ter sido de Leonardo Gomberg (obra “La science de la Comptabilité”, editada em 1897, em Gene-bra e Paris), mas já se encontram demarcados nas intuições de Francesco Villa em 1840 (obra referida na Bibliografia), na Introdução de seu livro mais famoso.

O aprimoramento de tais concepções deu-se ao longo do tempo, realizado por personalidades intelectuais do mundo contábil, tanto europeu quanto americano; Vincenzo Masi, em sua “Ragioneria Generale” (obra identificada na biblio-grafia, página 110), identificou uma classificação, admitin-do na “contra-substância” o capital de crédito e o capital próprio; na “substância” o capital fixo e o capital circulan-te, distinguindo tal classificação como qualitativa (nisto, acompanhando as bases do que em 1840 já estabelecera Fran-cesco Villa, página 32 da obra identificada na Bibliografia; Masi, sempre, ostensivamente, declarou-se adepto das dou-trinas de Villa).

Tal forma de disciplinar o pensamento orientou o método científico do preclaro mestre referido e em outra obra (Statica

Patrimoniale, referida na bibliografia) desenvolveu toda uma doutrina que serviu de vigorosa base ao patrimonialismo, en-focando os elementos da riqueza em si, pela qualidade, pro-priedades e potencialidades de utilidades.

Por aspecto “Quantitativo”, em “Ativo” (Investimentos) e “Passivo” (Financiamentos), entretanto, admitiu Masi (como muitos outros grandes doutrinadores, tais como Gino Zappa, Pietro Onida, Egidio Giannessi, Lino Azzini etc.) o ca-pital como aquele que se espelha mensurado, logo sujeito aos riscos do valor.

O critério de incerteza nas mensurações, despertado no campo da Física por Werner Heisenberg, em 1927, já o havia mencionado, no campo contábil, Francesco Villa, em 1840, referindo-se a diversidade entre utilidade e expressão mone-tária, assim como às influências de tempo e espaço, compe-tentes para imprimirem variações no próprio conceito do útil (obra identificada na bibliografia, página 9 e seguintes).

Tal peculiaridade, como disciplina de raciocínio, precisa ser observada para que a prática da análise siga linhas racionais, tão como para que as conclusões possam ser consentâneas com as verdades conquistadas pela ciência.

Só os critérios rigorosamente lógicos, científicos, abrangentes, podem amparar a metodologia da aná-lise contábil.

Segundo a tradição, o patrimônio, como na realidade se apre-senta, deve ser considerado sob os dois aspectos básicos (de essência e de mensuração) e estes, também, são, por natureza, aqueles que geram a natureza dos modelos.

O aspecto “qualitativo” enseja “modelos universais”, “essenciais”.

O aspecto “quantitativo” procura estabelecer “mode-los particulares”, “em valor”, sendo “específicos” para cada caso.

Como o “equilíbrio” deflui de forças iguais e contrárias, os modelos, como probabilidades de ocorrências que são, devem ater-se a tal ótica; a eficácia do “sistema da estabilidade” é, pois, a espelhada pelo “equilíbrio funcional” dos “meios patrimoniais” e das “necessidades patrimoniais”.

Não basta considerar o que se possui, mas, sim, o que é de-veras útil e nisto está uma grande diferença entre os critérios analíticos feitos sob a égide do “direito” e aqueles inspirados em raciocínios nitidamente contábeis (que são os das fun-ções patrimoniais visando a eficácia, segundo o Neopa-trimonialismo).

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Um componente do capital pode possuir forma física, par-ticipação no universo da riqueza e não ter “poder funcio-nal” ou de utilidade, logo, sendo incapaz de contribuir para o “equilíbrio funcional”.

Assim, por exemplo, a expressão monetária de um imóvel pode ser de $1.000.000,00 e o elemento referido não servir para nenhuma utilização na empresa (por não produzir fru-tos, como seriam os de uso para estacionamento de veículos, depósito de materiais, fabricação, aluguel etc.).

Não é o fato de “existir”, nem o de “possuir” mas, o de “exercer utilidade” o que torna funcional um bem; o que é ineficaz não pode ser considerado como “riqueza” para os fins de análise contábil do equilíbrio, mas, sim, até de for-ma oposta, em muitos casos, como fator de desequilíbrio.

Pode ser uma obediência “normativa” (seguindo a padrões contábeis emitidos por instituições e leis das sociedades em-presariais) registrar pelo “valor original”, “de custo de aquisi-ção”, um elemento patrimonial, mas, isto não significa, para os efeitos da análise contábil, que tal valor seja considerado para fins da eficácia do sistema de estabilidade patrimonial.

O equilíbrio que se busca conhecer pela análise contá-bil não é simplesmente o aritmético, de consideração isolada de valores, mas, sim, o funcional ou de supri-mento do que uma célula social precisa para manter o empreendimento.

O analista precisa lidar com “realidades” em face da “utili-dade da riqueza” e é esta a ótica que o Neopatrimonialis-mo sugere em sua doutrina.

PRINCíPIO NATURAL DO GIRO COMO INSTRUMENTO DE EQUILíBRIO

O capital é movido por forças agentes externas a ele (dentro e fora da empresa).

Vive a riqueza, portanto, em razão de sua movimentação e transformação.

Esses os axiomas que alicerçam os pontos de partida de consi-deração sobre as relações lógicas do patrimônio, ditados pelo Neopatrimonialismo (Axioma do Movimento e Axioma da Transformação).

O tempo de movimentação, o espaço onde esta se opera, a qualidade e a quantidade dos meios, são, todavia, variáveis quanto à duração e intensidade.

Tais fatos são os que ensejam o conceito convencional de cir-culação e que em razão da constância e perspectiva de uso, pela agilidade de movimento, é intitulado como Circulan-te, propriamente dito; se o movimento é lento, em longo prazo, denomina-se, então, Fixo ou Permanente, tendo como parâmetro o exercício ou ciclo produtivo.

O “fixo”, o “permanente”, em sentido absoluto, funcional, contudo, não existe.

Em verdade tudo circula funcionalmente (ainda que não ocorra movimento físico), variando, apenas a velocidade, ou seja a relação entre movimento e tempo.

O “movimento”, entretanto, seja em que aspecto for, sujeita-se a “condicionantes”.

O “circulante”, tal como tradicionalmente tem sido tratado, nem sempre representa a funcionalidade que visa a estudar uma análise contábil quantitativa, pois, as classificações que se operam podem fugir à realidade.

O perigo dos conceitos está sempre nas razões tomadas como válidas para sustentá-los, ou seja, nem sempre o que eles ten-tam exprimir é a verdade.

O mal de muitas indagações tem sido o de não considerar a “função” como motor da satisfação da necessidade e a “in-teração” como um fator vital entre os sistemas patrimo-niais.

Ou seja, no afã de estabelecer quocientes, como razões de fa-tos, se tem esquecido de que elas se operam dentro de um universo de correlações constantes, interdependentes onde se precisa buscar “identidades” (Proporções).

Investir e recuperar o investimento são fatos naturais no regime circulatório, este que sob a égide das relações di-mensionais e ambientais (dos entornos) constrói o conceito de “Circulante” (adotado por nossos doutrinadores há bem mais que 150 anos).

O equilíbrio funcional, pois, muito depende da velocidade do capital em relação ao tempo e aos espaços.

Na equivalência ou identidade entre investir e recuperar ou liquefazer o investimento, quantitativa e tempestivamente, reside o fundamento da estabilidade eficaz.

Os movimentos da massa patrimonial dependem, para a promoção do equilíbrio desta, da velocidade circulatória dos elementos que compõe qualitativa-mente a substância e a contra-substância.

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Tal verdade, uma autêntica “proposição lógica”, é, também, a que sustenta os modelos de equilíbrio.

MODELO QUALITATIVO DO EQUILíBRIO ESTRUTURAL

No sentido amplo, uma “razão” significa uma correlação entre fatos e esta pode-se encontrar em toda e qualquer ciência (a ciência é um estudo de relações entre coisas e fenômenos).

É possível estabelecer tais ligações quer essencial (qualitati-va), quer mensurada quantitativamente, dependendo do tipo de probabilidade que se deseja construir.

Também, como já foi referido, é possível reunir conjuntos de razões, buscando uma identidade e que são as proporções (em condições de igualdades de condições ou semelhança de necessidades).

As proporções são, pois, identidades de condições entre ra-zões, formando um conjunto de fatos ou expressões, mas, relativas a um enfoque holístico, “uno”.

Contabilmente, segundo a doutrina neopatrimonialista, a função dos meios patrimoniais deve guardar relações cons-tantes entre os componentes da riqueza, sob vários aspectos.

É uma proporção que sugere um modelo qualitativo de equi-líbrio, a seguinte:

Ou seja: o capital próprio (CP) deve estar para o capital de ter-ceiros (CT), assim como o capital circulante (CC) deve estar para o capital fixo (CF).

Portanto, em tese, deve existir uma “relatividade” de com-posição que enseje uma harmoniosa convivência entre os recursos e os investimentos deles decorrentes.

Três proposições lógicas ou teoremas de estabilidade defluem dessas correlações apresentadas pelo modelo qualitativo (impor-tantes para a análise dos balanços e demonstrações contábeis):

Quanto maior for a velocidade do capital circu-lante e tanto menor será a necessidade de capi-tal próprio.

Quanto maior for a aplicação em capital fixo e tanto mais vigoroso deve ser o capital próprio ou o financiamento de terceiros em longo prazo.

O tempo de circulação do investimento (CC e CF) deve ser compatível com aquele do supri-mento de recurso (CP e CT).

Esses três preceitos lógicos são teoremas no estudo da “estabi-lidade”; enunciam as bases da eficácia que gera a harmonia estrutural temporal do patrimônio.

Não basta, pois, observar o quanto um elemento em outro está contido (como se faz com os quocientes), sendo neces-sário que se observe se tal participação se processa em iden-tidade de eficácia entre os recursos do capital (próprio e de terceiros) e as aplicações do mesmo capital (fixo e circu-lante).

MODELO QUALITATIVO DE SUSTENTAÇÃO DA ESTRUTURA

O movimento da estrutura do capital requer uma sustenta-ção através das funções de resultabilidade.

A um empreendimento não basta ter estabilidade em um certo momento, necessário sendo que se mantenha estável (princípio da continuidade).

A sustentação referida é, pois, a da garantia da permanên-cia do estado de equilíbrio.

Outra face da questão, portanto, a ser analisada é a relativa às razões que devem existir entre o total investido (Ativo Total) e os recursos próprios, em face do Lucro Líquido, perante a Receita Bruta.

Uma outra proporção dita um outro modelo qualitativo:

Ou seja: O Ativo Total (AT) deve estar para o Capital Próprio (CP), assim como o Lucro Líquido (LL) deve estar para a Re-ceita Bruta (RB).

O que se investe deve dimensionar-se adequadamente em re-lação aos recursos próprios, como um lucro líquido precisa igualmente comportar-se de forma adequada perante o movi-mento da receita bruta da empresa.

O modelo do equilíbrio estrutural deve complemen-tar-se com o de sua sustentação, ou seja, a adequada participação do recurso próprio necessita ser acom-panhada de uma conveniente remuneração do movi-mento reditual da empresa.

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Assim, se um capital é suficiente em sua estrutura, também o resultado do movimento produtivo deve corresponder ao volume movimentado.

Por outro lado, por coerência, sugere-se que a probabilidade do lucro líquido (este que reforça o capital próprio) guar-de uma relação harmônica com a movimentação da receita bruta.

Ou seja, é preciso considerar como princípio que:

o equilíbrio da estrutura deve ensejar a do re-sultado e esta reforçar, por sua vez, a própria estrutura, dentro de um regime de interação constante entre os sistemas das funções pa-trimoniais de estabilidade e resultabilidade, como prega o Neopatrimonialismo contábil.

Portanto:

Ou seja: a harmônica composição patrimonial entre Ca-pital Próprio (CP) e Ativo Total (AT), onde se tem o Ca-pital Circulante igualmente adequado em face do Capital Fixo (CF), deve ensejar um Ativo Total (AT) adequado ao Capital Próprio (CP), da mesma forma que o Lucro Lí-quido (LL) deve estar para a Receita bruta (RB), tudo isto implicando aumento do Capital Próprio (CP), indefini-damente.

A capitalização (CP) tende a reforçar ainda mais a estrutu-ra patrimonial, permitindo a destinação do acréscimo em relações proporcionais adequadas entre capital fixo e circu-lante, de modo a novamente ensejar mais capitalizações; se tudo isso acontece sempre em regime de eficácia, também advirá a Prosperidade (que é, segundo a doutrina neopa-trimonialista, a eficácia permanente com o crescimento permanente).

Em um regime eficaz de funções patrimoniais de Estabi-lidade, Resultabilidade e Liquidez, por decorrência, pro-cessa-se a natural influência sobre a Economicidade, ou seja, a empresa tende a revigorar a sua vitalidade (tais conexões eficazes sustentam o regime de interação dos sistemas básicos de funções patrimoniais, resultando em Prosperidade).

Os modelos apresentados, de “sustentação eficaz” da es-trutura patrimonial, sugerem integração ao de estabilidade, como complemento natural.

O “quantitativo” desses modelos, entretanto, depende de condições “dimensionais” e só em cada caso podem ser apli-cados.

Para fim de metodologia geral, em análise, entretanto, são os modelos qualitativos os que devem ser tomados como orientação universal, apoiados e aplicados de acordo com axiomas, teoremas, princípios e leis científicas da Contabilidade.

Ou seja, ao se realizar a comparação de fenômenos é preciso ter em mente que o regime ideal de acontecimentos ou fenô-menos patrimoniais deve ser o estruturado pelas proporções enunciadas pelos “modelos qualitativos”, considerada a dou-trina aos mesmos pertinentes (sobre a qual me refiro neste trabalho).

As expressões matemáticas dos modelos contábeis devem ser apenas um caminho para a simplificação terminológica, pois, na realidade o que interessa é conhecer cientificamente como as relações se operam e sob que condições estas condu-zem à eficácia, para tanto se considerando Teoremas e Princípios (o Neopatrimonialismo, mais que a Matemática formal, é o guia fundamental na produção de modelos).

A própria Matemática, segundo destacados especialistas da atualidade, tende, aceleradamente para o qualitativo, ou seja, cada vez mais para o uso de expressões verbais que de fórmulas (segundo Jacob Palis, em matéria editada no jornal Paraná-on-line, de Curitiba, de 31-10-2004 sob o titulo Mate-mática Qualitativa).

PROSPERIDADE E EQUILíBRIO

A prosperidade é um fenômeno que deflui da eficácia cons-tante dos sistemas de funções.

Segundo a doutrina neopatrimonialista:

Ou seja: a Prosperidade (PS) é igual ao somatório de todas as eficácias dos sistemas dos oito sistemas de funções patrimo-niais (EaSx) tendendo ao infinito.

Tal fenômeno, pois, liga-se não só ao lucro, mas, também, ao uso deste como capital para produzir sempre melhores resul-tados, assegurando uma situação de prosseguimento eficaz da vida da célula social, em todas as funções que a riqueza deve exercer, permitindo a dilatação ou maior volume do patri-mônio.

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Para efeitos da probabilidade do equilíbrio deve-se modelar, para a dinâmica do capital, a seguinte proporção:

Ou seja: O Ativo Total (AT) deve estar para a Prosperidade (Ps) assim como o Lucro Líquido (LL) deve estar para o Capital Próprio (CP).

Ou ainda, considerando que:

o aumento do Ativo Total (∆AT) deve guardar relações proporcionais diretas e constantes com o aumento do Capital Próprio (∆CP), em razão da destinação adequada do lucro líquido, em face da capitalização (∆LL ∆CP).

Como Princípio é preciso reconhecer, pois, que:

Deve existir uma relação de dependência harmô-nica constante entre a integração dos lucros ao capital próprio (∆LL ∆CP) e o crescimento dos investimentos (∆AT), de modo que estes produ-zam um real aumento da capacidade funcional do capital aplicado, para que possam coexistir : equilíbrio integral e prosperidade.

É importante que a análise contábil ocorra sob a égide de uma visão dimensional e holística, tal como a sugere o Neopatri-monialismo e a prenunciou o Prof. Giovanni Ferrero, um dos mais insignes autores sobre a matéria analítica contábil no século XX (obra identificada na bibliografia, página 207).

O referido luminar lecionou que a questão não se encontra apenas na visão do que se aplica de capital, mas, essencial-mente na circulação funcional dos meios empregados, mes-mo quando tudo resulte de uma situação de capitalização de resultados (página 207 da obra identificada na bibliografia).

As necessidades de estruturas harmônicas do capital são pro-porcionais e constantes e a cada fase de crescimento surgem com a mesma intensidade; isto equivale a dizer que mesmo próspera uma empresa não pode e nem deve abando-nar os cuidados para com a eliminação dos riscos dos desequilíbrios.

O destino da capitalização do rédito deve ser tão eficaz quan-to as causas que a produziram.

Os modelos de prosperidade devem-se elaborar tendo em vis-ta a cautela referida, aquela que, também já havia sido ressal-

tada por Pietro Onida (página 366 e seguintes da obra referida na Bibliografia); este emérito autor, embora um líder na cor-rente cientifica contábil do Aziendalismo, em tais assuntos guarda rigorosa coerência com a atualidade do Neopatrimo-nialismo (embora sem a metodologia holística e sistemática que o Neopatrimonialismo tem como fundamento).

RENOVAÇÃO E EQUILíBRIO PATRIMONIAL

A relação entre o Quantitativo Global de aplicação em um componente do patrimônio e o promédio de permanência deste (em relação ao início e fim de um mesmo período de tempo convencionado), enseja a idéia da velocidade com que se renovou o referido elemento.

Quantitativo Global é o que expressa a totalidade inves-tida no elemento ou meio patrimonial que se movimentou em um determinado período (no caso de mercadorias, por exemplo, o volume comprado; no caso de Clientes, o volume do crédito cedido).

Permanência é uma convenção que resulta da idéia de exis-tência normal de um elemento patrimonial considerado de forma estática (evidenciado na escrituração pelo saldo inven-tariado em determinados momentos; no caso de mercadoria,

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por exemplo, o estoque existente; no caso de créditos, o saldo de clientes que está por ser recebido).

A “renovação” dos elementos é denominada, também “ro-tação” ou “giro”, representando números de circulações da permanência dos elementos patrimoniais estudados.

O Quantitativo Global (Qg) resulta da consideração do que se possuía no inicio de um período (i), somado aos ingressos (I) e este total reduzido do que permanece no fim do mesmo período (f).

(i + I) – f = Qg

Quantas vezes circularam os componentes patrimoniais (quer de ativo, quer de passivo) em um tempo determinado, é in-dicativo da velocidade dos mesmos e o estudo do equilíbrio muito depende do conhecimento de tal giro.

Velocidade do capital e equilíbrio deste são fatores funda-mentais que devem ser examinados em relação a cada com-ponente.

Uma proporção precisa existir entre o quantitativo do investimento e aquele do giro do elemento patrimo-nial, o mesmo ocorrendo em relação ao financiamen-to, para que a estabilidade possa ter eficácia.

Assim, por exemplo, o volume de vendas (VV) implica Quan-titativo de Estoques (QnE), logo, este deve estar para o Ati-vo Total (AT), assim como as Vendas (V) devem estar para o Capital Próprio (CP), ou seja, para que exista vitalidade (Sistema de funções da Economicidade) e equilíbrio, é preciso que o giro ocorra com rapidez, tanto em re-lação ao investimento quanto ao financiamento ou origem do capital.

As relações evidenciadas no modelo sinalizam para necessi-dades fundamentais no sistema da estabilidade, ou sejam as ditadas pelo princípio de que:

um investimento deve guardar proporções ade-quadas com os ingressos oriundos da atividade e estes para com os recursos próprios que su-prem os mesmos investimentos.

O giro patrimonial tem altas responsabilidades com a estabi-lidade e isto implica proporções definidas entre a circulação dos elementos do patrimônio e os ingressos provenientes da movimentação (receitas).

A velocidade da renovação dos meios patrimo-niais está para a estabilidade eficaz, assim como o meio patrimonial deve estar para a es-trutura e os ingressos da atividade devem estar para o capital próprio.

Os investimentos e financiamentos em excesso ou em escassez são desequilíbrios, logo estados gravosos do patrimônio que in-dicam ineficácia, devendo, pois, nas análises contábeis haver sempre a preocupação em detectá-los (dediquei, há tempos, toda uma obra em dois volumes que foi editada sobre esta ma-téria e que se intitulou Curso Superior de Análise de Balanço).

Através da comparação das situações encontradas com os modelos científicos de comportamento dos fenômenos pa-trimoniais, é possível, com maior precisão, concluir e opinar sobre as mesmas.

FUNÇÕES PATRIMONIAIS DE RESULTABILIDADE E ESTABILIDADE

Dentre os sistemas de funções patrimoniais mais importantes estão os que se referem ao suprimento das necessidades de ob-tenção do resultado e da manutenção do equilíbrio, ou sejam, os de Resultabilidade e Estabilidade (segundo a doutrina neopa-trimonialista estes sistemas são conceituados como básicos).

Harmônica deve ser a correlação entre o total investido (disponibilidades, estoques, créditos cedidos, imóveis, móveis, veículos, máquinas etc.) e os recursos próprios (capital social, re-servas, resultados acumulados, fundos), assim como o lucro líquido deve ser coerente com o que se recuperou dos investimentos (Vendas e Recei-tas Gerais) em relação a um mesmo período (ge-ralmente o exercício) e local.

Tal realidade é um princípio importante para que o equilíbrio se processe e nas análises deve merecer atenção singular.

Da mesma forma:

O lucro líquido deve ser um resultado harmônico e razoável em face da Receita Bruta como esta o deve ser em relação ao que se investiu na produção .

Tais condições devem ser, pois, concomitantes, ou seja:

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Portanto: Receita Bruta (RB) e Lucro Líquido (LL) devem estar para o total investido, representado pelo Ativo (AT) e para o Capital Próprio (CP), assim como o Lucro Líquido (LL) e os Investimentos na produção (IP) devem estar para a Receita Bruta (RB).

O investimento na produção, já era preocupação do emérito precursor da ciência contábil, Francesco Villa, em 1840, des-tacando ele o Ativo como composto de três grandes partes: Capital Circulante, Capital Fixo e Capital Produtivo (obra identificada na bibliografia, página 32).

Relevante é comparar o que efetivamente circula para pro-duzir o resultado, embora as classificações eminentemente financeiras não se preocupem com tal fato (de acordo com Normas e leis), necessário sendo segregar contas para obter tal elemento.

O complexo de relações que enunciei influi, também, em ou-tros sistemas, inclusive nos demais básicos e que são os de Liquidez e Economicidade.

A doutrina neopatrimonialista fundamenta-se, no caso, na de-nominada Teoria das Interações Sistemáticas Funcionais (que trata das influências recíprocas entre grupos de funções).

O processo de obtenção do rédito influi, diretamente, sobre o regi-me circulatório e conforme é a intensidade de tal processo podem ser alteradas as condições do equilíbrio funcional do capital.

A estabilidade, pois, não depende só do volume ou quantidade de elementos patrimoniais, mas, especial e basicamente, da velocidade com que tais componen-tes são movimentados.

Portanto, a correlação entre rédito e equilíbrio, para ser julga-da, depende da consideração de tempo e movimento, mes-mo quando o que se tem por objetivo é a determinação de um equilíbrio estático.

Os modelos qualitativos possuem a virtude de indicar as razões sob as quais as relações se operam, servindo melhor aos interesses científicos; os modelos quantitativos, to-davia, por serem específicos a cada caso, são empíricos, es-tando fortemente influenciados pela relatividade.

RELAÇÕES PROPORCIONAIS DE CADA SISTEMA EM RELAÇÃO A ESTABILIDADE

Ao proceder a análise de uma empresa, aplicando-se a doutri-na do Neopatrimonialismo, deve-se separar cada Sistema para observar o seu comportamento em relação àquele do equilí-brio (Estabilidade).

Em assim o fazendo deve-se observar a seguinte proporção:

Ou seja: O elemento de um sistema qualquer (Pmx) deve es-tar para o seu Sistema (Sx), assim como o Sistema pertinente (Sx) deve estar para o Sistema da estabilidade (SEx).

Isso significa que o comportamento, de cada sistema de funções, como, por exemplo, o da Liquidez, deve ter identidade com o equilíbrio e isto passa pela identidade de cada componente.

O volume de créditos a receber, portanto, deve ser coerente com as necessidades de liquidez, mas, também esta deve o ser em relação a estabilidade.

O comportamento das relações entre elementos patri-moniais deve processar-se em cadeias de identidades correlativas.

A situação de equilíbrio compromete todos os sistemas e es-tes, logo, estão, com a mesma, igualmente comprometidos, em regime de interação e identidade.

A teoria neopatrimonialista, segundo as classificações que es-tabelece, oferece expressivo recurso para estudos de profun-didade, apresentando para o campo de aplicação de análises de balanços e situações um rico potencial metodológico, di-tando modelos de proporções patrimoniais com significativo rigor lógico.

contabilidade

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contabilidadecontabilidade

a questão supra, assumidamente com tom provocató-rio, é, com certeza, colocada por muitos empresários e gestores, sem formação contabilística, que ainda

consideram a Contabilidade apenas como uma obrigação le-gal resultante da aplicação do Plano Geral de Contabilidade (PGC), aprovado pelo Decreto nº 82/01 de 16 de Novembro.

Neste contexto, poderemos inferir que a frase em epígrafe res-ponde praticamente à questão supra.

Subjacente a esta temática coloca-se o problema da utilidade da Contabilidade nomeadamente para os empresários e gestores.

Uma das definições mais simplicistas mas, ao mesmo tempo, mais pragmáticas da Contabilidade é a de que se trata de “um sis-tema de informação para a gestão (base para a tomada de decisões)”.

A Contabilidade como “ciência social” não deve privilegiar ne-nhum dos seus utilizadores/stakeholders internos e externos.

sr. emPresÁriOsabe Para qUe serVe

a CONtabilidade?

JOaqUim FerNaNdO da CUNHa gUimarães

Mestre em Contabilidade e AuditoriaRevisor Oficial de Contas e Técnico Oficial de Contas

Assistente-Convidado da Universidade do Minho

“A Contabilidade (as partidas dobradas) é uma das mais belas invenções da mente humana e todo o bom empresário deveria

introduzi-la na sua administração”

(Goethe, citado por Martim Noel Monteiro, “A Contabilidade e o seu Mundo”, Ed. Portugália Editora, 1965)

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contabilidade

. 27Outubro | Novembro 2006 // VALOR ACRESCENTADO

contabilidade

Estas situações podem ser interpretadas à luz da Teoria da Contabilidade através de uma dupla perspectiva: a normativa (ou prescritiva) que visa a escolha da melhor opção contabi-lística de registo dos factos patrimoniais, e a positiva (ou des-critiva) que procura descobrir de que forma o órgão de gestão decide o que é melhor para si.�

Em artigo sob o título “A Contabilidade - Utilidade para a Gestão (decisão)”, publicado na revista Revisores & Empresas n.º 25, de Abril/Junho de 2004 e na revista TOC n.º 54, de Se-tembro de 2004 e disponível no Portal INFOCONTAB (www.infocontab.com.pt), publicações e portal portugueses, alertá-mos para alguns aspectos actuais e futuros da contabilidade e sublinhámos:

“É, também, neste quadro que se tem colocado a questão de se elaborarem demonstrações financeiras adaptadas aos diversos utilizadores, considerando, por exemplo, os factos patrimoniais como componentes de uma base de dados, da qual se extrairiam as informações requeridas pelos utilizado-res. Ou seja, a informação financeira seria disponibilizada “à medida” dos interesses/utilidade dos stakeholders, i.e., uma “contabilidade self-service”.”

Na oportunidade também referimos:

“Subjacente a essa problemática, enquadra-se o denominado “pa-radigma da utilidade” da Contabilidade, o qual está vinculado à ideia de que a Contabilidade deverá servir de suporte à tomada de decisões dos seus utentes/utilizadores, nomeadamente os investi-dores, accionistas actuais e potenciais, os financiadores (v.g. ban-ca, locadoras, fornecedores) e os trabalhadores da empresa.”

Note-se que o “paradigma da utilidade” anda não raras vezes associado à criação de valor para o sócio/accionista, como refe-re o Professor Rogério Fernandes Ferreira (em artigo sob o títu-lo “O Valor Criado na Empresa – Breves Reflexões”, publicado na Revista “TOC” n.º 46, de Janeiro de 2004, pp. 60 – 61):

“Em Portugal começa a ser frequente repetir referências de biblio-grafia de outros países a indicar que o objecto ou objectivo da em-presa é a criação de valor para o(s) accionista(s).

Sempre nos situámos entre os que entendem que o objectivo da em-presa é “criar valor”, não apenas para os sócios ou accionistas mas

� Sobre esta dicotomia ver, por exemplo, “TEORIA DA CONTABILIDADE” de Eldon S. Hendriksen

e Michael F. Van Breda, Ed. Atlas, São Paulo, 1999. Tradução de “Accounting Theory”, 5.ª Edição,

por António Zoratto Sanvicente da Universidade de S. Paulo (Brasil). Os autores referem: “As teorias

positivas (ou descritivas) visam mostrar e explicar (como?) quais as informações financeiras que

são apresentados e comunicadas aos utilizadores. As teorias normativas (ou prescritivas) visam

recomendar que dados devem ser comunicados e como devem ser apresentados: ou seja, procuram

explicar o que deve ser, em lugar do que é.”.

também para demais stakeholders, expressão esta que engloba só-cios ou accionistas, gestores, empregados, fornecedores, clientes e até a própria comunidade.”

Na mesma linha de pensamento, o Professor Hernâni O. Car-queja sublinhou (editorial da Revista de Contabilidade e Co-mércio n.º 236, vol. LIX, de Julho de 2004):

“Sou do parecer que o valor para os accionistas não é forçosamente objectivo dominante da gestão e só erradamente é tomado como cerne da informação contabilística, o cerne é sim o valor para a empresa e é este que está em causa, quer para gestores quer para contabilistas...”

Na verdade, também a “lei contabilística fundamental” – O Plano Geral de Contabilidade (item “2.2 – Objectivos das Demonstrações Financeiras”) releva a importância da con-tabilidade numa “óptica capitalista”, i.e., numa perspectiva de orientação para o investidor/mercado de capitais, como transcrevemos:

“As demonstrações financeiras são uma representação financeira esquematizada da posição financeira e das transacções de uma entidade. São, por essa razão, úteis como forma de proporcionar informação acerca da posição financeira, desempenho e alterações na posição financeira de uma entidade a um vasto leque de utentes na tomada de decisões económicas.”

Uma das definições mais simplicistas mas, ao mesmo tempo, mais

pragmáticas da Contabilidade é a de que se trata de “um sistema de

informação para a gestão (base para a tomada de decisões”.

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contabilidade

É neste contexto que os empresá-rios e ou gestores devem analisar a importância da Contabilidade, que, sem sermos exaustivos, pode ser afe-rida pelas seguintes utilidades:

Apuramento e aplicação dos resultados, nomeadamente para distribuição aos sócios/ac-cionistas e auto-financiamento (v.g. constituição de “reservas” para eventos futuros); Financiamento bancário e pa-rabancário; Elaboração de planos de ne-gócios, projectos de investi-mentos, aquisição e alienação de participações e património empresarial e particular, bem como avaliação de empresas; Operações de fusão, cisão e transformação de sociedades; Base das Declarações de Ren-dimentos (v.g. Imposto Indus-trial) à Administração Fiscal; Disponibilização ao público através do depósito de contas no âmbito do Código do Re-gisto Comercial; Prova em litígios comerciais (v.g. aquisição e alienação de quotas/acções) e civis (v.g. divórcios); Base para apresentação das contas nacionais; Base para elaboração do Orçamento de Estado; etc..

•••

Nesta conformidade, não compreen-demos os motivos pelos quais a maio-ria das PME continuam a proceder ao encerramento das contas do exercí-cio anterior em Maio ou até Junho do ano seguinte, quando o número 6 do art.º 70.º da Lei das Sociedades Comerciais estabelece o prazo até 31 de Março. Ou seja, já a empresa está em laboração há cinco/seis meses num exercício económico e as con-tas do exercício anterior ainda não foram apresentadas, apesar da acta da Assembleia Geral referir que a mesma se realizou até àquelas datas.

Dir-se-á: “É o sistema!”. Na verda-de, continuamos a verificar que na maioria dos casos as contas são en-cerradas de acordo com aquelas da-tas, coincidindo, respectivamente, com as datas de apresentação da De-claração Modelo 1. Ou seja, são os prazos fiscais que ditam os procedi-mentos.

No entanto, poder-se-á argumentar que tal evidência resulta da necessi-dade de calcular o imposto sobre o rendimento (Imposto Industrial) e

que tal só é possível através do preenchimento daquelas de-clarações. Tal afirmação não é correcta, pois sabemos que o cálculo desse imposto pode (deve) ser simulado muito antes e quando todos os registos/assentos do exercício estiverem relevados na Contabilidade.

Nesta conformidade, não compreendemos os motivos

pelos quais a maioria das PME continuam a proceder ao encerramento das contas

do exercício anterior em Maio ou até Junho do ano

seguinte, quando o número 6 do art.º 70.º da Lei das Sociedades Comerciais

estabelece o prazo até 31 de Março. Ou seja, já a

empresa está em laboração há cinco/seis meses num

exercício económico e as contas do exercício

anterior ainda não foram apresentadas

(**) Artigo adaptado pela VALOR ACRESCENTADO ao Plano Geral de Contabilidade e Lei das Sociedades Comerciais

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gestãogestão

as PessOas: Um ValOr

aCresCeNtadO

aNabela NetODocente da Universidade Lusíada de Lisboa

m uito se fala de Gestão de Pessoas ou Gestão de Re-cursos Humanos, pessoalmente gosto mais de ges-tão de pessoas.

No fundo são elas que fazem parte das organizações que ditam o seu sucesso ou fracasso, que desenham ao longo das suas vidas profissionais um futuro melhor para as sociedades.

Daí que a Fórmula adoptada para as organizações que bus-cam o sucesso seja o talento dos seus colaboradores, como Raminez & Nonman afirmavam num artigo de opinião de Harvard Business Review, em 1993, “as empresas bem suce-didas não se limitam a acrescentar valor, reinventam-no”.

O Capital Humano é, sem dúvida, o bem mais precioso no actual mundo das Organizações e assim sendo devemos man-tê-lo, alimentá-lo e continuadamente motivá-lo.

Este não é um processo fácil na medida em que, o que mais se busca, nos nossos dias, é o ter e não o ser.

Mas este efeito negativo não pode originar desânimo, deve levar-nos a apostar cada vez mais na qualificação das pes-soas, na sua formação contínua,no seu desenvolvimento pessoal. O conhecimento do colaborador, de hoje, nas or-ganizações tem de se desenvolver em prol de si próprio, e assume também um papel mais preponderante no senti-

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gestão

. 31Outubro | Novembro 2006 // VALOR ACRESCENTADO

gestão

do de produzir melhores respostas nas organizações para o mercado actual.

O mundo com a globalização, tornou-se mais “pequeno”, es-tamos mais perto e esse factor determinou e influencia-nos a todos, por isso não devemos alhear a importância que as pessoas hoje têm para um futuro “muito” próximo Mais Prós-pero e porque não dizê-lo Mais Feliz!

Deste modo as políticas sociais dos Estados são de extrema pertinência, o Estado previdência como Estado que propor-ciona bem estar ao seu povo é fundamental e são necessários atitudes corajosas para se ultrapassarem os obstáculos que ainda persistem e teimam em manter-se no mundo actual.

É através de uma política social sólida que se criam oportu-nidades, que se gera emprego que se oferece melhor quali-dade de vida, é através de uma Politica Social Sólida que se reintegram aqueles que, em determinadas circunstâncias, se viram desviados dos seus objectivos de vida e é aqui que se aplaudem grandes lideres empresariais que não receiam em contratar todos os que já falharam ou nunca tiveram uma oportunidade.

Estes lideres são grandes chefes, são pessoas que levam a que os outros os sigam pelo seu exemplo, pela sua postura, pelo seu conhecimento e pela sua humildade. São lideres que têm como meta contribuir para o êxito da sua organização e para a riqueza do seu País, são lideres que normalmente “pecam” pela sua discrição, pelo seu bom senso e que utilizam a sua ra-cionalidade para passarem a mensagem “Vamos Conseguir”. São lideres que com a sua coragem transmitem confiança, segurança e motivação. São líderes responsáveis tendo por objectivo não tanto serem os 1os mas sim serem competitivos, inovadores e diferentes. São verdadeiros apostadores, são ou-sados, não temem riscos.

Com estas características geram boas equipas de trabalho, geram riqueza e alcançam os principais objectivos das suas organizações.

Os líderes são um valor acrescentado para as organizações são o exemplo de que o trabalho vem primeiro do que o sucesso, apenas no dicionário nos deparamos com o contrário.

O Capital Humano é, sem dúvida, o bem mais precioso no actual mundo das Organizações e assim sendo devemos

mantê-lo, alimentá-lo e continuadamente motivá-lo.

Os líderes são um valor acrescentado para as organizações são o exemplo

de que o trabalho vem primeiro do que o sucesso, apenas no dicionário nos

deparamos com o contrário.

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32 . VALOR ACRESCENTADO // Outubro | Novembro 2006

JOsé lUÍs magrO

gestão

ideias e téCNiCas de gestãO

GASTARBEITER

Termo alemão para designar “trabalhador convidado”, ou seja, trata-se de um traba-lhador emigrante oriundo de um país pobre, convidado a fornecer mão-de-obra não especializada a um país rico. O Gastarbeiter deve regressar à sua origem depois de um período de tempo. Daí não ter os mesmos direitos (ou incorre nos mesmos custos) dos empregados locais.

Os turcos formam o maior contingente de estrangeiros na Alemanha, com um total de dois milhões de pessoas, seguidos por italianos, sérvios-montenegrinos, gregos, polacos e croatas. Oitenta por cento dos estrangeiros que residem no país vêm de outros países europeus. Segundo especialistas em direito internacional, a Alemanha é, há muito, um país de imigração. De meados dos anos 50 até 1973, milhões de trabalhadores (os chamados Gastarbeiter) foram convidados a residir no país, tendo servido de mão-de-obra em sectores como o da construção civil, por exemplo, que vinha registando falta de pessoal, ou mesmo na indústria.

Bibliografia:The Economist Book, http://www.dw-world.de/dw/article/

Pode-se definir como um conjunto de responsáveis provenientes de diferentes horizontes da empresa, com o objectivo de resolver um problema que não pode ser confiado a uma única unidade.

Praticamente em cada passo do proces-so de controlo de gestão existem opor-tunidades de diálogo: na negociação de objectivos, na negociação dos meios a prever no plano operacional e no or-çamento, na prestação de contas dos resultados intermédios e na negociação das acções correctivas.

GRUPODEINTEGRAÇÃO

Bibliografia:STRATEGOR - Politica Global da Empresa; Jordan Hugues, Carvalho das Neves, Azevedo Rodrigues José, “ O Controlo de Gestão”.

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. 33Outubro | Novembro 2006 // VALOR ACRESCENTADO

GESTÃO

Não há uma definição universalmente aceite para o conceito de gestão. Tenta-se muitas vezes dar-lhe um significado opositor ao conceito de administração, dizen-do-se que este último termo, pejorativamente, corresponde à execução de traba-lhos rotineiros sem grandes responsabilidades.

Porém Henry Fayol, dava uma grande importância à administração, invocando os cinco famosos imperativos: prever, organizar, comandar, coordenar e con-trolar que caracterizavam bem a função administrativa pelos seus aspectos funda-mentais. Estes imperativos são usuais em muitos escritos e manuais de gestão.

Para evitar estas correntes doutrinárias, muitas vezes influenciadas pelas modas, o que julgamos de interesse é fazer uma abordagem genérica do que pode significar “gestão” considerando os cinco imperativos acima:

os três níveis de responsabilidade: direcção geral, gestão e execução;as características da acção a estes três níveis;os métodos é técnicas de recolha, classificação medida e de interpretação dos factos, distinguindo os factos facilmente quantificáveis dos que o não são;a elaboração dos painéis de gestão por selecção e apresentação ordenada das in-formações (internas e externas) segundo formas adaptadas aos diferentes níveis de responsabilidade mas com a preocupação de obter um sistema coerente;as consequências da aparição de materiais modernos para o tratamento auto-mático da informação e a simulação de gestão.

Peter Drucker, nasceu em 19 de Novembro de 1909 em Viena de Áustria e faleceu em 11 de Novembro de 2005, em Claremont, Califórnia, EUA. Este austríaco naturaliza-do americano, foi considerado por muitos o criador da Gestão, tal qual conhecemos nos nossos dias, tendo deixado uma vastíssima obra sobre a temática da Gestão.

“A gestão é uma actividade ou arte em que aqueles que ainda não tiveram êxito e aqueles que provaram não ter êxito são dirigidos por aqueles que ainda não fracassaram”

[Paulsson Frenckner]

“Os homens foram feitos para serem geridos e as mulheres nascem gestoras” [George Meredith]

•••

Bibliografia:Lauzel Pierre, “A Gestão pelo Método Orçamental”; http://de.wikipedia.org/wiki/Peter_Drucker; The Economist Books.

É uma prática de decisão que aparece nas situações de crise e de surpresa es-tratégica, caracterizada pela modifica-ção da distribuição do poder dentro e fora da empresa.

Tempos que correm o jogo de ges-tão, é um programa de formação e treino na área da gestão tendo em vista melhorar as competências e ca-pacidades de gestão de profissionais e estudantes da área.

Em Angola, estes eventos começaram a surgir muito recentemente como o Global Management Challenge, pro-movido pela Accenture e Gestinov – Inovação e Gestão junto de várias universidades do país.

A competição desenrola-se havendo como suporte um simulador empresa-rial. A cada equipa participante é en-tregue a gestão de uma empresa que por sua vez deve enviar para o cen-tro de resultados (via Internet) o seu plano de negócios, que depois será analisado e pontuado pelo respectivo centro.

GRANDEJOGO

(OUJOGOPOLITICOABERTO)

Bibliografia:The Persuit of WOW, de Tom Peters (Alfred Knopf, 1995); The One-to-One Futura, de Don Peppers e Martha Rodgers (Platkus, 1994); e The Customer-Driven Company, de Rchard Whitely (Addisno-Wesley, 1991); www.guiarh.com.br/p64.htm

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3� . VALOR ACRESCENTADO // Outubro | Novembro 2006

gestão

Entende-se como um conjunto de empresas que no seio de um sector, seguem a mesma estratégia.

Como exemplo, temos as construtoras de automóveis Gene-ral Motor. Ford, Nissan, Honda, VW, em para além da quer procuram uma integração vertical acentuada, reduzidos cus-tos de produção, poucos serviços e qualidade média.

GRUPOESTRATÉGICO

Bibliografia:STRATEGOR - Politica Global da Empresa; http://www.esce.ips.pt/discipli-nas/licenciatura/ge/GE/GE_II_1_7.pdf

Resulta da diferença entre um nível inicial de preços mantido no tempo e um nível decrescente de custos.

Em vez de fazer evoluir o preço paralelamente aos custos, a empresa mantém o nível inicial do preço, aumentando assim as suas margens e criando aquilo que se chama um “guarda-chuva” de preço. Uma estratégia deste tipo permite à empre-sa rendibilizar rapidamente os seus investimentos, mas não pode ser seguida em caso de guerra de preços.

GUARDA-CHUVADEPREÇOS

BibliografiaSTRATEGOR - Politica Global da Empresa

Bibliografia:Verbo Jurídico; STRATEGOR - Politica Global da Empresa; friedman, Tho-mas, “O Mundo é Plano – Uma história breve do século XXI”.

GLOBALIZAÇÃO

A globalização não é uma realidade recente. Poder-se-á dizer que teve o seu início nos séculos XV e XVI, com a era dos des-cobrimentos marítimos encetada por várias potências europeias e continuada e desenvolvida pela era capitalista. A diferença en-tre a globalização ou mundialização daquela época com a actual, prende-se com a velocidade e abrangência do seu processo, muito maior nos dias que correm.

Para GIDDENS (1991), globalização é um fenómeno que pode ser definido como a intensificação das relações sociais em escala mundial, que ligam localidades distantes de tal maneira que acon-tecimentos locais são modelados por eventos ocorrendo a muitas milhas de distância e vice-versa.

Para BARRAL (1998) pode-se definir o termo globalização como o pro-cesso de internacionalização dos factores produtivos, impulsionado pela revolução tecnológica e pela internacionalização dos capitais.

É a abordagem do mercado mundial como se tratasse de um úni-co e mesmo mercado, com produtos e serviços normalizados à escala mundial. Esta estratégia assenta na semelhança dos facto-res críticos de sucesso na maioria dos mercados mundiais. A con-corrência num país ou num continente está, então, dependente da concorrência nos outros países ou continentes.[STRATEGOR - Politica Global da Empresa].

Para se ter uma ideia do efeito globalização licenciam-se em Contabilidade na Índia cerca de 70 mil jovens por ano. Muitos deles vão trabalhar para empresas indianas a ganhar cerca de USD 100 por mês. Com a ajuda das telecomunicações de alta velocidade, formação rigorosa e formulários padronizados, estes jovens licenciados indianos convertem-se rapidamente e com toda legitimidade em contabilistas ocidentais, numa fracção de segundos, isto porque são eles a preparar e a executar as declara-ções de rendimentos de muitos americanos. Assim, muitas em-presas indianas de Contabilidade chegam ao ponto de se darem a conhecer às empresas americanas através da teleconferência, evitando assim viagens.

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36 . VALOR ACRESCENTADO // Outubro | Novembro 2006

gestão

glOssÁriObOlsa de ValOres

FiliPa COUtO

Earnings Per Common Share

Relação entre lucro líquido - menos dividendos pagos às acções preferenciais - e o número de acções ordinárias.

Eased Off Mercado calmo, indicando ligeira queda nos preços das acções.

EmissãoLançamento de valores mobiliários em bolsa, (exemplo: acções ou obrigações), por parte de empresas públicas ou privadas com o objectivo de se financiarem devido às suas necessidades de investimento ou de fundo de maneio.

Emissor Entidade oficial que emite papel-moeda ou instituição emitente de título de cré-dito, de renda ou ordem de pagamento.

e

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. 37Outubro | Novembro 2006 // VALOR ACRESCENTADO

Emitente Pessoa que emite um título, criando uma obrigação de pagamento.

Empresa Holding Empresa que detém o controle de acções de uma empresa ou um grupo de empresas subsidiárias.

Empresa privada Empresas cujo capital é detido na sua maioria pelos agentes económicos priva-dos, e cujo objectivo final é o lucro.

Empresa públicaEmpresa criada pelo Estado com capitais próprios ou fornecidos por outras em-presas públicas, para a exploração de actividades de natureza económica ou social.

Encerramento de Posição

As posições a futuro de compra ou venda podem ser encerradas antecipada-mente mediante a realização de uma operação inversa. Neste caso, a Caixa de Registo e Liquidação da Bolsa apura os resultados acumulados proporcio-nalmente à quantidade encerrada, lançando-os via compensação financeira à sociedade corretora responsável pela operação e coloca à disposição as res-pectivas garantias (margem ou cobertura).

Encouraging Market Mercado animador.

Endosso Assinatura do proprietário no verso de um título, para transferir a sua propriedade.

Endosso em Branco Quando o endossante não declara a quem transfere o título, limitando-se a lan-çar no mesmo a assinatura.

Endosso em Preto Quando o endossante indica o nome a quem transfere o título, isto é, o endos-satário que, por sua vez, poderá também transferir o título a outrem.

Escola fundamentalista

Corrente de pensamento que se baseia, para fazer análise do investimento de uma acção, nos dados económico-financeiros da empresa, relacionando-os à situação de seu sector de actividade e à economia do País.

Entidade Gestora

Entidade especializada e legalmente habilitada que se encarrega da gestão do património de um fundo de investimento, tomando as decisões de investimento segundo os princípios da diversificação (divisão do risco) e da maximização de rendibilidade das aplicações.

gestão

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gestãogestão

Entidades Colocadoras

Encarregam-se da comercialização de um fundo de investimento, recebendo dos participantes as ordens de subscrição e de resgate das unidades de parti-cipação. O banco depositário é obrigatoriamente entidade colocadora. Além do banco depositário, podem outras instituições financeiras ser entidades colocado-ras de fundos de investimento.

EPS (Earning per share)

É o resultado por líquido por acção. Em termos de cálculo, obtém-se dividindo o resultado líquido total pelo nº de acções que constituem o capital social total da empresa.

Escola TécnicaCorrente de pensamento que se baseia, para fazer análise do investimento de uma acção, no comportamento da acção no mercado (Bolsa de Valores), sen-do os gráficos seu material de apoio principal.

Equity, Trade On The Trabalhar com capital de terceiros, tendo que conseguir lucros superiores às despesas com juros.

EspecialistaMembro da Bolsa de Valores que se compromete a dar liquidez a uma deter-minada acção, mantendo o mercado do título equilibrado, mediante a efecti-vação de compras e vendas desta mesma acção para sua própria conta.

Especular Negociar em qualquer mercado, com o objectivo de auferir lucros em curto pra-zo, aproveitando uma situação temporária do mercado.

Estar Comprado Ter assumido posições de compra em contratos futuros, na expectativa de uma alta de preços.

Estar Vendido Ter assumido posições de venda em contratos futuros, na expectativa de uma queda de preços.

Exercício Quando o detentor do warrant exerce o seu warrant.

Excess Equity Quando o valor em dinheiro, de uma conta, excede o montante necessário para margem.

Exercício AutomáticoO detentor do warrant recebe o valor intrínseco automaticamente sem que para isso tenha que desencadear nenhuma acção na data de expiração (Isto pode ser estabelecido nos termos e condições contratuais do warrant).

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. 39Outubro | Novembro 2006 // VALOR ACRESCENTADO

gestãogestão

Ex-Direitos Negociação de uma acção, após exercício de um direito.

Exclusão do Direito de Preferência

O estatuto da empresa aberta que contiver autorização para aumento do ca-pital pode prever a emissão, sem direito de preferência, para os antigos pos-suidores de acções, partes beneficiárias conversíveis em acções.

Execução de Ordem Efectiva realização de uma ordem de compra ou venda de valores mobiliários

Exercício de Opção

É a operação através da qual o titular da opção exerce o seu direito de com-prar ou de vender o lote de acções objecto da opção, ao preço de exercício. O exercício da opção far-se-á mediante o registro da operação de compra ou de venda à vista das acções objecto em pregão da Bolsa de Valores que opera com o mercado de opções.

Exótica

Um warrant Exótico é aquela cujas características não são standard no que diz respeito ao activo subjacente, ao preço de exercício, o cálculo do valor intrínseco ou o vencimento. A avaliação destas opções não pode ser feita através dos métodos matemáticos usuais.(Tipos: “Knock-out”, capped, digital, reset, look-back)

Extracto de Conta Cliente – Custódia (ECC-C)

Extracto de Conta Cliente - Custódia - Tem a finalidade de informar todos os lan-çamentos que ocorreram na sua posição de títulos, em um período determinado bem como seu saldo actual.

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�0 . VALOR ACRESCENTADO // Outubro | Novembro 2006

O SOLVER é um suplemento. Se fizer a instalação completa do EXCEL, o menu “Ferramenta” inclui o comando “SOLVER”.

O SOLVER consegue resolver problemas que envolvam muitas células com variáveis e pode ajudá-lo a encontrar combinações de variáveis que maximizam ou minimizam uma célula de destino. Permite também especificar uma ou mais restrições – con-dições que têm de ser cumpridas para que a solução seja encontrada.

Neste contexto, vamos mostrar o seguinte exercício.

A unidade fabril XPTO SA, pensa produzir dois produtos P1 e P2. Para os produzir, vão ser necessários dois recursos A e B, con-forme quadro abaixo:

Recursos P1 P2

A 4 2B 2 5

A disponibilidade do recurso A é de 80 unidades e a de B é de 120 unidades.

Os lucros unitários, resultantes da venda dos produtos P1 e P2 são respectivamente 3 e 4 unidades monetárias.

A XPTO SA, pretende saber qual a quantidade a produzir de cada artigo de modo a maximizar o lucro.

FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

Max z = 3 P1+ 4 P2

4 P1+ 2 P2<= 80 ☛ Recurso A2 P1+ 5 P2<= 120 ☛ Recurso BeP1, P2 >= 0eP1, P2 Inteiro

Û

P1 <= (80- 2 P2)/4P2 <= (120 -2 P1) / 5eP1, P2 >= 0eP1 P2Inteiro

informática de gestão

FiliPa COUtOLicenciada em Gestão de Empresas

Pós-Graduada em Gestão de Centros Urbanos

PrOdUÇãO de dOis artigOsmaXimiZaÇãO dO lUCrO

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RESOLUÇÃO DO PROBLEMA

Vamos inserir no EXCEL os dados constantes da figura abaixo:

Figura 1

Na célula B2 vamos digitar a função objectivo, ou seja, a maximização do lucro

=3* A5+4* B5

Em que A5, corresponde a P1 e B5 corresponde a P2.

No EXCEL, vamos ao menu “Ferramentas” (TOOLS) e entramos em Suplementos conforme figura abaixo:

Figura 2

. �1Outubro | Novembro 2006 // VALOR ACRESCENTADO

informática de gestão

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�2 . VALOR ACRESCENTADO // Outubro | Novembro 2006

informática de gestão

Posteriormente, temos de ir novamente a “Ferramentas” e accionar o “SOLVER”�, conforme figura a seguir:

Figura 3

Ao accionarmos o SOLVER temos de introduzir os dados constantes da figura a seguir:

Figura 4

Em que em $A$5:$B$5, vão aparecer as unidades produzidas de P1 e P2 , cuja estrutura foi criada na figura 1. Em B2, vai apa-recer a maximização do lucro. Por tal razão na figura acima, o botão está em “Máximo”.

� Pode acontecer que por vezes há dificuldade em abrir este comando devido à segurança das macros. Se tal acontecer, deve colocar as macros com uma segurança média e depois de executar o SOLVER, colocar novamente a segurança das macros em alta. Evite vírus e as macros são propensas a ganhá-los.

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. �3Outubro | Novembro 2006 // VALOR ACRESCENTADO

Seguidamente temos de adicionar restrições conforme quadro a seguir:

Figura 5

A “Referência da célula” é $A$5, ou seja, o P1 e as restrições constam do quadro do lado direito de “Formulação do Problema”. Esta metodologia a seguir para todas as restrições constantes do respectivo quadro.

A figura a seguir, mostra-nos que o SOLVER, encontrou uma solução perante as restrições que colocamos. Compete ao gestor aceitar ou não a solução encontrada

Figura 6

informática de gestão

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�� . VALOR ACRESCENTADO // Outubro | Novembro 2006

Jlmagro

PrOJeCtOaldeia NOVa

O Projecto Aldeia Nova (PAN) prova duas realidades: a primeira, foi possível a integração da população de agricultores, já residente, com os desmobilizados de guerra com quadrantes políticos diferentes; a segunda, a de que Angola deve apostar forte no sector primário, mais propriamente na agro-pecuária. Mas para escoar a produção são necessárias estradas. Estas estão a ser recuperadas e reconstruídas. Esperemos, que brevemente as nossas estradas estejam devidamente transitáveis, para que os custos de transporte não onerem em demasia os produtos vindos do interior. Por outro lado, somos dos que acreditam que com estradas, vai ser possível radicar quadros nestas paragens, que como é sabido tanta falta fazem.

O PAN, já criou um meio envolvente, forte no Waco Kungo. Criou emprego, há três agências bancárias a funcionar e e já há fazendas limítrofes com turismo rural.

Tudo indica que o PAN vai ser “exportado” para outras províncias. Se fôr é de louvar. Mas é importante que se diga: não há dois projectos iguais, isto porque temos de considerar a morfologia dos terrenos, recursos humanos e vontade politica central e local.

Criou-se uma cadeia de valor, que os nossos académicos deveriam conhecê-la e ensinar nas aulas de Gestão de Empresas.

espe

cial

Um CamiNHOUma esPeraNÇaUma realiZaÇãO

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. ��Outubro | Novembro 2006 // VALOR ACRESCENTADO

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1. âMBITO

O Projecto Aldeia Nova (PAN) é um conceito de desenvol-vimento rural assente em duas componentes: uma, de cariz social e, outra, agro-industrial.

O PAN, está localizado na província do Kuanza Sul, mais propriamente no município da Cela, na cidade de Wako Kungo. Há cerca de 800 famílias a beneficiarem do PAN. Ini-cialmente, este projecto foi concebido para a reinserção so-cial única e, exclusivamente, para desmobilizados de guer-ra, mas com a implementação do projecto foram admitidas outras famílias. E porquê? Porque as casas abandonadas estavam ocupadas por famílias de agricultores e não fazia sentido desalojá-las. Assim, foram determinantes as orien-tações emanadas pelo ministro Higino Carneiro: construir casas novas para os que chegavam e reabilitar as casas dos agricultores existentes.

O PAN, baseia-se na criação de pequenas quintas familiares de 3 hectares agrupadas em oito aldeias, com casa e instala-ções de apoio para a prática da agro-pecuária. No conjunto, este empreendimento ocupa uma área de cerca de 2.500 hec-tares.

As terras já são trabalhadas com um sistema moderno de irri-gação gota-gota. Cada aldeia é especializada ou na agricultura ou num tipo de criação animal como: gado bovino leiteiro, galinhas poedeiras e cria e recria de frangos e gado suíno. Cada aldeia tem à sua disposição, armazéns colectivos, esco-las, postos de saúde, igrejas e zonas de lazer.

2. INVESTIMENTOS

O investimento global está a seguir indicado:

Unidade: USD 106

INVESTIMENTOS VALOR %

Agricultores 8,5 12%

Fábrica de Apoio 22,3 32%

Capital 7,3 10%

Infra-estruturas humanas (1) 5,0 7%

Infra-estruturas físicas 15,0 21%

Construção de Casas 9,0 13%

Planeamento e Supervisão de Engenharia

3,4 5%

TOTAL 70,5 100%

(1) - Formação, supervisão, administração

Para além deste investimento, houve um acréscimo de USD 15 milhões para a recuperação dos canais de drenagem, ten-do em linha de conta que o município da Cela situa-se num vale, com terras muito junto à superfície e se não houver dre-nagens, os terrenos não podem ser aproveitados para a agri-cultura.

Com todo este investimento espera-se obter um forte rendi-mento para o Estado e incrementar a economia desta região com a atracção de vários agentes económicos como a Banca (existem três bancos e a breve trecho abrirá outro banco), in-vestidores, comerciantes…

Espera-se com este projecto, o retorno directo dos investi-mentos, em particular dos agricultores que devolverão a to-talidade dos investimentos na agricultura e 75 % dos inves-timentos nas casas. A vigência vai ser de 20 anos com juros bonificados.

Os investimentos em capital serão devolvidos pelos agricul-tores, no final de cada estação e renovados no início estação seguinte de cultivo.

Nas terras geridas colectivamente, as famílias accionistas vão ter direito a uma parte proporcional dos rendimentos líquidos alcançados na produção anual. Sobre os lucros serão desconta-das as despesas sociais como: condomínios, educação, saúde…Assim, o PAN pretende aliviar o peso das despesas obrigatórias, no sentido de permitir às famílias uma vida consentânea com os tempos actuais e permitir alguma poupança.

O PAN, está localizado na província do Kuanza Sul, mais propriamente no município da Cela, na cidade de Wako

Kungo. Há cerca de 800 famílias a beneficiarem do PAN. Inicialmente,

este projecto foi concebido para a reinserção social única e,

exclusivamente, para desmobilizados de guerra, mas com a implementação

do projecto foram admitidas outras famílias. E porquê? Porque as casas

abandonadas estavam ocupadas por famílias de agricultores e não fazia sentido desalojá-las. Assim,

foram determinantes as orientações emanadas pelo ministro Higino

Carneiro: construir casas novas para os que chegavam e reabilitar as casas

dos agricultores existentes.

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Família beneficiária do PAN

Os investimentos nas fábricas serão restituídos no início pela administração do projecto e concessionários e, mais tarde, serão devolvidos na totalidade aquando da privatização das mesmas.

Os investimentos em infra-estruturas físicas e humanas, bem como os investimentos em planeamento e supervisão, não serão devolvidos directamente, mas o Estado a longo prazo poderá ter os seguintes benefícios:

Maior disponibilidade de alimentos para os cidadãos a preços consentâneos para as famílias mais carenciadas;

Criação de postos de trabalho;

Aumento da receita fiscal, resultante das vendas dos pro-dutos agrícolas;

Diminuição da importação de alimentos, o que vai permi-tir uma melhoria qualitativa na balança de pagamentos.

1.

2.

3.

4.

O investimento nas fazendas agrícolas está assim distribuído:

Unidade: USD 106

INVESTIMENTOS TOTAL %

Cultivos de campo, irrigação e escoamento (600 fazendas)

2,00 24%

Aves de abate (120 fazendas a USD11,3 mil por galinheiro)

1,35 16%

Pintos (20 fazendas a USD 12,5 mil por galinheiro)

0,25 3%

Poedeiras (120 fazendas a USD 10,8 mil por galinheiro)

1,30 15%

Leite (160 fazendas a USD 13,8 mil estábulo +máquina ordenha)

2,20 26%

Suínos (80 fazendas a USD 17,5 por chiqueiro)

1,40 16%

TOTAL 8,50 100%

Miúdos levando o gado para a sala de ordenha

O leite e o cultivo dos campos, são os maiores investimentos representando 26% e 24% respectivamente do total do inves-timento.

Vista panorâmica da Aldeia 4

Os investimentos nas fábricas serão restituídos no início pela administração do projecto e concessionários e, mais tarde, serão devolvidos na totalidade

aquando da privatização das mesmas.

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O investimento em fábricas e organismos e serviços está as-sim distribuído:

Unidade: USD 106

INVESTIMENTOS TOTAL %

fÁBRICAS DE APOIO

Incubadora 0,65 6%

Central de ração 1,80 16%

Moinho de farinha de milho 1,70 15%

Fábrica de óleo 2,00 18%

Leitaria 1,70 15%

Matadouro de aves 1,70 15%

Matadouro de bovinos 0,40 4%

Matadouro de porcos 0,65 6%

Tratamento de detritos 0,55 5%

SUBTOTAL ��,�5 100%

ORGANISMOS DE SERVIÇOS

Central de triagem de ovos 0,40 4%

Central de triagem de vegetais 0,40 4%

Tractores e equipamento 9,00 81%

Estação de combustível e serviço 0,35 3%

Oficina mecânica e serralharia 0,25 2%

Depósitos de sementes 0,25 2%

Laboratórios 0,50 4%

SUBTOTAL ��,�5 100%

TOTAL 22,30

O investimento nas fábricas de apoio e em organismos e ser-viços é de USD 11,15 milhões cada. Dentro das fábricas de apoio, a fábrica de óleo alimentar e a central de ração são os

que têm maior peso com 18% e 16% respectivamente. Dentro dos organismos e serviços os tractores e equipamentos são quem têm a maior fatia, ou seja, 81%.

O número de fazendas e área dedicada, para a criação de ani-mais, estão assim distribuídos:

Unidade área dedicada: hectare

TIPO Nº DE fAzENDAS

PRODUÇÃO ANUAL

ÁREA DEDICADA

Frangos 1203.000 toneladas de carne

216

Poedeiras 12022,3 milhões de ovos

200

Pintos para poedeiras 20 100 mil pintos 120

Criação de vacas leiteiras 160

4 milhões de litros, 280 tone-ladas de carne

105

Suinos 801.000 toneladas de carne 200

TOTAL 500 84�

Pode-se perceber qual a quantidade de objectos em obra nas aldeias no quadro abaixo.

Todas as oito aldeias têm uma igreja católica e a nível de esco-las só não têm as aldeias com os números 4 e 8. As aldeias em função das características dos seus habitantes, ora têm mata-douros, ora aviários e a número 11, está dotada de pocilgas. Todas têm armazéns, excepção, por enquanto, para as aldeias números 4, 6 e 8. A nível de esgotos, só estão instalados nas aldeias com os números 1 e 2 e, tudo indica, que os detritos vão ser reciclados, defendendo-se desta forma o ambiente. No que concerne à energia eléctrica só as aldeias números 1, 2 e 3 é que a possuem.

POSTOS MéDICOS

ARMAzéNS AVIÁRIOS

Aldeias Casas Re-abilitadas

Casas Novas

Igrejas Novas

Escolas Novas Novos Reabi-

litados Novos Reabi-litados Estábulos Ovos Recriação Carne Pocilgas Água e

Esgotos Energia

1 23 78 1 2 1 2 80 Tem Tem

2 27 23 1 1 1 1 40 Tem Tem

3 37 45 1 3 1 1 40 20 Não Tem Tem

4 29 58 1 1 80 Não Tem Não Tem

6 30 55 1 2 1 1 40 18 Não Tem Não Tem

7 29 1 2 1 1 27 Não Tem Não Tem

8 27 53 1 75 Não Tem Não Tem

11 29 57 1 2 1 1 80 Não Tem Não Tem

Total �3� 369 8 �� 3 3 � 6 160 120 20 120 80

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�� . VALOR ACRESCENTADO // Outubro | Novembro 2006

3. A IMPORTâNCIA E O MEIO ENVOLVENTE DESTE PROJECTO

Para que seja realizado um projecto desta envergadura, im-plica que haja vontade política. É importante dizer que, com este projecto, foi recuperado um património agrícola impor-tante do país. Assim temos de ver os impactos directos e indi-rectos do projecto. Com ele, criou-se condições no sentido de aparecer noutras províncias projectos similares. No boletim informativo do Projecto Aldeia Nova “ECOS”de Janeiro/Fe-vereiro de 2007, está inserta a opinião dos governadores pro-vinciais que visitaram o PAN e a seguir transcrevemos o que julgamos ser relevante:

Paulo Kassoma, governador do Huambo “ o Projecto Aldeia Nova constitui-se como uma experiência interessante para outras regiões, particularmente do Centro e Sul”.

Dumilde Rangel, governador de Benguela “ tive oportuni-dade de participar no acto inaugural do Projecto. É grande a diferença entre o que vi na altura e o que vejo hoje. Fiquei real-mente sensibilizado, porque os objectivos preconizados estão a ser alcançados”.

José Amaro Táti governador do Bié “ estamos perante um caso particular, quase único, no nosso país. A história desta região é de muita produção e agora temos tecnologia para conseguirmos

produzir muito mais. Oxalá houvesse muitos “wacos” pelo país – um nível de investimento muito alto, utilização de tecnologia de ponta, uma capacidade de produção que, dentro de pouco tempo, vai permitir a sua exportação”.

José Ernesto dos Santos “Liberdade”, governador do Moxico “ vai resolver muitos problemas. Sobretudo daqueles nossos compa-triotas que durante muitos anos estiveram nas forças armadas, quer da parte do Governo quer da parte da UNITA. E não só, o projecto também integra cidadãos do município da Cela e do resto do país”.

“Estamos perante um caso particular, quase único, no nosso país. A história

desta região é de muita produção e agora temos tecnologia para

conseguirmos produzir muito mais. Oxalá houvesse muitos “wacos” pelo país – um nível de investimento muito alto, utilização de tecnologia de ponta,

uma capacidade de produção que, dentro de pouco tempo, vai permitir a

sua exportação”

Construção de uma nova casa

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Cristóvão da Cunha, governador de Malanje, “ regresso a Ma-lanje mais encorajado para preparar condições para que projecto idêntico nasça também naquela província. Precisamos de multi-plicar unidades deste género, para diminuir o exército de desem-pregados por um lado, e, por outro, para aumentar a produção de bens que precisamos”.

Gomes Maiato, governador da Lunda Norte, “ encontrámos fa-mílias que hoje têm ocupação, têm uma fonte de rendimento para o seu sustento. Vamos levar esta experiência para a nossa provín-cia da Lunda Norte onde, como sabem, a produção principal é o diamante, e a agricultura tem sido relegada para segundo plano”.

Da leitura destas opiniões é importante realçar:Todos são unânimes de que este projecto deve ser aplicado para além do município da Cela. Angola, é essencialmen-te um território com condições naturais mais que privile-giadas para a prática da agricultura. Não se pode pensar que a criação de projectos tipo PAN noutras províncias têm de ser rigorosamente iguais, conforme atrás referido: há a morfologia dos terrenos, culturas, a predisposição das pessoas e a vontade e capacidade politica do poder local.

O Homem. Foi a sua reinserção a grande vitória deste pro-jecto. É importante dizer que há outros valores acima da economia. Repetimos, há as pessoas e há a história. Há, pois deveres do Estado.

A importância do PAN no município do Waco Kungo, trouxe um meio envolvente importante: emprego e mais população radicada e a possibilidade de desenvolver ou-tras actividades como o turismo rural. Tal como já foi dito já estão instalados no Waco Kungo três agências bancá-rias: banco Keve, BFA e BPC.

Possibilidade de pressionar o poder político central, para outros projectos de igual ou maior envergadura.

Possibilidade de deslocar população de Luanda para esta zona e/ou para zonas onde possam ser instalados projec-tos similares.

O exemplo de paz e harmonia, foi mostrado pelo responsá-vel pelo Centro Logístico, o veterinário Joaquim Russo, aos responsáveis pela LACTOGAL, aquando da visita ao PAN, dando o exemplo de um homem que, durante vinte anos, foi segurança do Estado (DISA), fartou-se de dar tiros, e hoje

a sua vida é completamente diferente. É um grande produtor de leite. Para se conseguir este efeito, tal como disse Joaquim Russo “temos de tirar o chapéu aos israelitas que estiveram e/estão a trabalhar aqui connosco, conseguiram que os nossos produtores de leite, avícolas e hortícolas obtivessem bons índices de produti-vidade. Resumindo, as pessoas absorveram os conhecimentos que lhes foram transmitidos e agarraram as oportunidades que lhes foram dadas”.

Prosseguindo, Joaquim Russo referiu “ muitos criticam este pro-jecto, porque implica um capital intensivo e, Angola, tem de criar emprego para muito mais pessoas. Porém, tal facto não corres-ponde à verdade, isto porque a própria agricultura evoluiu e, hoje, temos de aplicar as melhores técnicas para que possamos ter valor competitivo. Assim, a formação continua é importante e necessá-ria, pelo que o número de pessoas a seleccionar tem de obedecer a critérios rigorosos. Por outro lado, temos de pensar que, a criação de emprego, na agricultura, depende do aumento da produtividade, o que conseguimos provar com este projecto”.

Joaquim Russo, responsável pelo Centro Logístico

4. CENTRO LOGISTICO

As unidades que compõem o Centro Logístico são muito variadas. Há, presentemente cerca de 200 trabalhadores efectivos. Entre esses trabalhadores, há muitos estrangei-ros a nível técnico isto porque, há um contrato firmado com a empresa israelita AGR, responsável técnico pela im-plementação do projecto, cujo contrato termina no final de 2007.

Com a implementação do projecto, vão ser criados cerca de 800 postos de trabalho, em que cerca de 70% dos tra-balhadores, terão formação média e superior. Dentro desses trabalhadores, pensa-se ter cerca de 10 técnicos estrangei-ros em áreas em que há falta de trabalhadores no mercado nacional, nomeadamente no apoio ao parque de máquinas (engenheiros mecânicos) isto porque a maquinaria agrícola exige uma manutenção permanente (há cerca de 50 tractores e 50 máquinas diversas). Na agricultura na área do milho, que é a cultura mais sensível, em que se prevê chegar aos 6 mil hectares, vão ser necessários nesta área, alguns técnicos estrangeiros.

O Homem. Foi a sua reinserção a grande vitória deste projecto.

É importante dizer que há outros valores acima da economia. Repetimos, há as pessoas e há a história. Há, pois

deveres do Estado.

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�0 . VALOR ACRESCENTADO // Outubro | Novembro 2006

A nível das fábricas, há a de lacticínios, que em Angola só existe uma a funcionar em Luanda, que é a SÓLEITE. A ní-vel de quadros dirigentes, pelo menos durante dois anos vão ser necessários técnicos ou assistência técnica estran-geira. Temos de pensar que Angola é um mercado aberto, onde se importa de tudo. A produção nacional tem de ter qualidade para concorrer com a estrangeira.

A nível do matadouro coloca-se a mesma situação, ou seja ter alguns técnicos ou assistência estrangeira.

Em suma, as áreas mais sensíveis são: a cultura do milho, a fábrica de lacticínios e o matadouro.

Vai haver uma aposta forte na formação no local, em Luan-da e possivelmente fora do país, no sentido de gradualmen-te, substituir-se os técnicos estrangeiros por nacionais.

Tendo em linha de conta que Angola tem uma forte importa-ção de bens essenciais nomeadamente de produtos alimenta-res, já se nota uma boa procura dos produtos produzidos pelo PAN, apesar de, conforme disse Joaquim Russo, “Angola ainda vai importar produtos alimentares por mais uma década, porque o aumento da produção agrícola não vai acompanhar numa razão directa o crescimento da população, aumento do emprego e do seu nível de vida”.

Relativamente à comercialização dos próprios produtos, já se está numa fase de organização do mercado e por incrível que pareça, há consumidores, há produção, mas falta uma boa rede de distribuição, em que as estradas são assaz importan-tes para o seu funcionamento. A título de exemplo, o ananás que é um produto abundante nesta região, é vendido por 50

kwanzas pelo agricultor, mas em Luanda é pago entre 300 a 400 kwanzas. Indubitavelmente o transporte é uma das va-riáveis que mais encarece o produto, isto porque um camião deveria fazer do Waco Kungo a Luanda entre 5 a 6 horas, mas demora em média um dia.

Estrada Alto Dondo-Waco Kungo

Tractores agrícolas

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“Angola ainda vai importar produtos alimentares por mais uma década,

porque o aumento da produção agrícola não vai acompanhar numa razão directa o crescimento da população, aumento do emprego e do seu nível de vida”.

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Por outro lado, há a ausência de mercados abastecedores, que pode ser colmatado com o Programa de Reestruturação do Sis-tema de Logística e de Distribuição de Produtos Essenciais à População (PRESILD) e o surgimento de cadeias de super e/ou hipermercados. De acordo com Joaquim Russo, “prevê-se que daqui a dois anos, tenhamos já essas estruturas a funcionar”.

4.1.CRIAÇÃODEPINTOS

De acordo com o responsável, por esta área, o engenheiro téc-nico agrário Rui Flora, existe uma tiragem de 22 mil pintos para postura. Esta unidade tem 5 funcionários angolanos efec-tivos, e um técnico israelita, cujo contrato está prestes a expi-rar. Eventualmente, esta unidade poderá contratar tarefeiros.

A criação de pintos de-mora em média dez se-manas.São vacinados no sentido de minimizar possíveis doenças. Pos-teriormente, vão para uma aldeia que se dedica única e, exclusivamente, à criação de frangas para produção, que as man-tém pelo período de 12 meses. Ao fim de quatro semanas, as frangas já es-tão em condições de po-rem ovos, pelo que serão distribuídas por outras aldeias que se dedicam a este tipo de criação.

Aquando da nascença os machos são eliminados, visto não terem valor comercial. Assim, os ovos para consumo, não são fecundados, ou seja, nunca vão dar pintos.

4.2.ORDENHA

Por dia são ordenhadas cerca de 10 vacas. O leite extraído vai para a fábrica de lacticínios. O PAN, paga o leite aos criadores.

Sala de Ordenha

Rui Flora, responsável pela zona avícola

Incubadora

“O ovo é o óvulo da galinha, ou seja, a célula reprodutora. O ovo está protegido por uma casca, tem muitas reservas, que formam a clara e a gema. É na gema que se desenvolve o embrião, quando há fecundação”.

Fonte : http://www.ceja.educagri.fr

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4.3.FÁBRICADELACTICíNIOS

A responsável por esta unidade é a Sandra Kamundungo na-tural da província do Huambo, com uma licenciatura em Me-dicina Veterinária e uma pós-graduação em Agridoces, ambas tiradas no Brasil. Uma prova que os nossos jovens depois da sua formação regressam ao país e trabalham fora de Luanda, e pegando no que disse esta jovem veterinária “ Angola em particular e o Mundo em geral, tem de acreditar nos jovens quadros angolanos”. Os recursos humanos desta unidade no total de oito, são todos angolanos, com uma média etária de 25 anos, tendo a sua maioria formação a nível médio. A responsável como já foi referido possui formação superior.

Sandra Kamundungo responsável pela Fábrica de Lacticios

Existe uma subunidade de produção cuja matéria-prima prin-cipal é o leite. O leite é trazido por camiões cisternas da secção de ordenha, que o coloca em três depósitos com capacidade para seis mil litros, ou seja, um capacidade total de dezoito mil litros. Esse leite é testado, através de análises laboratoriais.

Esta unidade está a testar vários produtos como queijos iogurtes e outros derivados, no sentido de serem comercializados muito brevemente. Entretanto e de acordo com a Sandra Kamundun-go, ainda não existe uma secção de controlo de qualidade, sendo este, um dos óbices para a não comercialização dos produtos.

Funcionárias da Fábrica de Lacticios

A distribuição e comercialização dos produtos vão ficar a car-go da Waco Distribuidora.

4.4.FÁBRICADERAÇõES

António Santos é o responsável por esta unidade. Tem cerca de 80 trabalhadores, todos angolanos.

António Santos responsável pela Fábrica de Rações

Nesta unidade são feitas ra-ções de milho, óleo de soja, entre outras. O óleo de soja é um complemento da ali-mentação do gado leiteiro. Estas rações ainda não estão a ser comercializadas, mas de acordo com o responsá-vel por esta unidade “temos capacidade para abastecer o país todo”. A produção má-xima é de 30 mil toneladas, conseguindo-se em 30 mi-nutos produzir 10 tonela-das de ração.

4.5.VERDURAS

Alexandre Mendes é o responsável. Os cinco trabalhadores da unidade são angolanos.

As verduras são recolhidas dos campos agrícolas das aldeias e trazidas por esta unidade. As verduras vão desde o tomate,

Trabalhador ensacando ração

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. �3Outubro | Novembro 2006 // VALOR ACRESCENTADO

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pepino, abóbora, quiabo, entre outras existentes nesta região. Nesta unidade é feita a selecção das verduras

O circuito comercial é o seguinte: os agricultores vendem os seus produtos ao PAN. Os produtos estão sujeitos a uma triagem, ou seja, são só aceites produtos que estejam dentro dos padrões de qualidade definidos pelo PAN. Às quartas e sextas-feiras, essas verduras seguem via camião para Luanda, sob a responsabilidade da Waco Distribuidora, com o fim de serem distribuídos por vários clientes desta cidade. Para além de Luanda, há comerciantes na Quibala e Gabela, regiões que já tiveram ou têm grande tradição agrícola, que compram verduras do PAN, devido à sua qualidade.

A produção semanal ronda as 15 toneladas de verduras, e de acordo com Alexandre Mendes, se houvesse mais produção mais se vendia.

4.6.VIVEIROS

Esta unidade tem 21 trabalhadores, todos angolanos. Há aposta na formação contínua, que neste momento está a ser dada pelo responsável pela unidade Matias Faztudo.

É um viveiro de plantas: eucalipto, maracujá, pimento, pe-pino, melão, melancia. Estas plantas não germinam, tendo esta técnica sido trazida pelos israelitas, sendo bastante eficaz nesta região. Posteriormente, são vendidas aos agricultores.

Viveiro

A produção quinzenal é de cerca de 90 mil plantas.

4.7.FÁBRICADEBLOCOS

Um dos responsáveis por esta unidade é o brasileiro Marcos Miranda. Esta unidade existe há cerca de dois anos e fabrica blocos única e exclusivamente, para o PAN. Tem 29 traba-lhadores nacionais e um estrangeiro que é o responsável. O pessoal tem uma média etária de 20 anos e a maioria está a continuar os seus estudos.

Fábrica de blocos

A produção diária varia entre 3 mil a quatro mil blocos, de-pendendo muito da disponibilidade das matérias-primas que incorporam o produto. O cimento, uma das principais maté-rias-primas é comprado à Nova Cimangola, mas o principal problema é a areia. De acordo com Marcos Miranda, “temos de ir buscar areia a cerca de 180 quilómetros”. Há rios na zona do Waco kungo, mas a quantidade de areia é mínima. Entretanto, a areia fina é possível encontrar relativamente perto: no rio Keve.

5. ORGANIZAÇÃO SOCIAL E FAMILIAS

Qualquer meio social, independentemente da sua dimensão, im-plica uma organização para que possa funcionar. Dentro da or-ganização tem de existir regras de conduta e de comportamento, no sentido de todos se sentirem bem na sua comunidade. Tem de existir uma liderança., que controle, resolva conflitos e ensine.

5.1.COORDENADORSOCIAL

De acordo com Martins da Ser-ra, responsável pela Aldeia 6, que alberga 29 famílias, o coor-denador social é um interlocu-tor com o PAN, relativamente a problemas que possam surgir na sua comunidade. Para além do cariz social propriamente dito, orienta e forma a comunida-de nos trabalhos agrícolas e/ou criação e manutenção do gado. De acordo com Martins da Serra a receptividade das orientações e ensinamentos têm sido boas por parte da comunidade da qual é o responsável.

Martins da Serra, coordenador social Aldeia 6

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6. FAMíLIA ELIAS

Elias Armando é o patriarca da família, com cinquenta e cin-co anos. Foi militar durante cinco anos e depois de desmobi-lizado, corria o ano de 1992, passou a viver na Aldeia 6, com a sua família que foi aumentando, com filhos já nascidos nesta terra. É agricultor. As suas principais culturas são: pimento, repolho, batata rena…O tratamento dos terrenos para o cul-tivo, já passou a ser feito com os tractores e alfaias do PAN. Os seus produtos são vendidos ao PAN.No que concerne aos preços de venda, de acordo com Elias Armando, o pimento e o tomate se forem bem criados têm um bom preço. Quando o PAN, não consegue escoar toda a produção, este agricultor tem de procurar outros compradores.

Família Elias com o coordenador social Martins da Serra

Neste momento, ainda não está a pagar nenhuma prestação da casa onde vive com a família.Mas pelo que sabe, o valor das prestações, vai ser abatido ao valor das suas vendas ao PAN. Entretanto, é preocupação de Elias Armando saber qual vai ser o valor de cada uma das suas prestações mensais. Julgamos ser necessário que o PAN, explique a cada família como funcionam tais pagamentos e, dentro do possível, entregar a cada uma de-las um calendário financeiro, no sentido de saber em qualquer momento, o valor da dívida e o fim das rendas vincendas.

6.1.FAMíLIAAMÉLIAMANUEL

Amélia Manuel e as filhas

Amélia Manuel, é criadora de aves. Tem cerca de 2.3 mil galinhas. As suas galinhas estão numa fase de criação. Esta criação não lhe tem dado problemas de maior. Recebe diaria-mente do PAN duas caixas de ovos para criação. Quando as galinhas estiverem criadas são vendidas ao PAN.

6.2.HARMONIA

Anacleto Aureliano, é o responsável pela aldeia 2, cuja acti-vidade é a criação de aves. Anacleto Aureliano com a idade de 40 anos, natural do Bié, está no PAN há cerca de um ano. Foi militar das FALA, durante anos e anos, tendo saído com a patente de major. Aproveitou para dizer, que, independen-temente, da linha politica dos habitantes da Aldeia, onde é coordenador, todos aceitam e acatam as suas ordens, ou seja, “ao nosso nível não há problemas”.retorquiu.

Francisco Reis, natural do Sumbe, vive há cerca de um ano na Aldeia 3, mas trabalha na Aldeia 2. Foi militar na Força Aérea, com a patente de 1º tenente. Depois de ter terminado a vida militar foi trabalhar para os Correios em Luanda e, posteriormente, resolveu radicar-se nesta região e trabalhar no PAN.

Francisco Reis e Anacleto Aureliano

Independentemente de terem servido forças contrárias, du-rante anos, hoje dão-se bem. Há paz e harmonia nas suas re-lações. Ambos pretendem que o PAN continue a trilhar um bom caminho, como tem sido até à presente data e que haja amizade e boa confraternização entre todos os habitantes das aldeias.

6.3.FORMARNASLIDESDOMÉSTICAS

Boa parte destas famílias foi durante anos e anos, verda-deiros saltimbancos fruto do conflito armado que grassou em Angola. Muitas destas famílias tiveram de recomeçar, e de criar novos hábitos de acordo com o meio onde passa-ram a viver. Os responsáveis pelo PAN, viram esta falha e procuraram colmatá-la através da formação, no sentido das mulheres e mães, passassem a ter mais conhecimentos do-mésticos.

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Mulheres, aprendendo a passar roupa a ferro

Para além de aprender a passar roupa a ferro, outra forma-ção é dada a nível de lides domésticas como: cozinhar, lavar, costurar…

6.4.OCUPAÇÃODOSTEMPOSLIVRES

Os jovens, que estão na sua fase de crescimento devem saber o ocupar os seus tempos livres e de recreio. Para o efeito, é necessário que os pais, encarregados de educação ou respon-sáveis pela educação, criem condições para que os jovens ocupem os seus tempos livres de uma forma sã. Esta é uma preocupação do PAN. Há uma animadora israelita que ocu-pa os jovens com danças tradicionais, cerâmica, desenho...

Alguns destes jovens querem ser médicos, engenheiros agró-nomos, cantores. Como diz o poeta “o sonho comanda a vida”. Estes jovens têm a vantagem relativamente aos da cidade de terem espaço para brincar, não estando fechados dentro de quatro paredes agarrados a jogos de computador e/ou consola.

Não obstante, querem o que muitos jovens da sua idade já possuem: um computador com Internet. Outros, querem uma biblioteca no PAN. Em suma, computadores, inter-net e biblioteca, são importantes e necessários para estes jovens.

7. ENSINO

Encontrámos um chinês a dar aulas de Inglês a uma classe. Este professor não fala português, pelo que há em princí-pio dificuldade de dialogar com os alunos, numa língua que deveria ser comum entre docente e discentes: o português. Porém, compreendemos esta situação. Viver no interior para muitos angolanos com formação é complicado por razões várias e é bom pensarmos na hierarquia de necessidades de Maslow�. De acordo com Maslow, temos necessidades pri-márias como: fisiológicas (fome, sede abrigo e repouso); se-gurança (desejo de protecção contra perigos ou privação) e passando para necessidades secundárias, temos: sociais (ne-cessidade de ser integrado num meio social, particularmente família e amigos); auto-estima (necessidade de ser reconheci-do, ser apreciado, ser respeitado). Ora, o professor angolano com habilitações para leccionar disciplinas como o Inglês, se as suas necessidades primárias e secundárias estiverem sa-tisfeitas em Luanda, de uma forma fria e realista (não vale a pena invocar falsos patriotismos) não vai para o interior. É preciso criar e dar condições aos quadros angolanos para se deslocarem para o interior. Ora, como recurso, temos de recorrer a técnicos estrangeiros, ou seja, “quem não tem cão, caça com o gato”.

Miguel Lucas, tem 29 anos de idade é aluno da 10 ª clas-se e estava na sala, quando o interpelámos a ter aula de Inglês, com o dito professor chinês. Conforme nos disse para além deste professor, há mais outros dois chineses que leccionam Matemática e Física. A 10 ª classe tem aulas só de manhã. Apesar da escola estar em terrenos do PAN, há alunos cujas famílias não vivem nas respectivas aldeias, mas sim no Waco Kungo – mais uma vez o meio envolven-te do PAN.

� Já referido no número 0.

Um CURSO é uma ENXADA platando na VIDA, uma árvore de fRUTO. Em que cada RAMADA, é uma DISCIPLINA.

Nuno de Menezes in “PENSATIVAMENTE PENSANDO”

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ACTIVIDADES DE APOIO

Infra-estruturas

MARGEM

Gestão de recursos humanosDesenvolvimento tecnológico

AprovisionamentosLOGÍSTICA INTERNA

PRODUÇÃOLOGÍSTICA EXTERNA

COMERCIALIZA-ÇÃO E VENDA

Actividades principais

8. SAUDE

José Castilho, natural do Waco Kungo, tem o curso básico de enfermagem, ti-rado no Sumbe onde tem a sua família. Este é o segundo ano que está a trabalhar neste posto. Atende uma média de 10 doentes por dia. Uma das doenças que mais prolifera nesta região é a malária. Os casos mais graves são tratados no hospital do Waco Kungo.

Este posto de enfermagem tem 4 enfermeiros ao seu ser-viço, sendo todos nacionais.

9. A CADEIA DE VALOR

Apresentada pelo americano Michael Porter na sua obra “A VANTAGEM CONCORRENCIAL”�, tem como principal van-tagem permitir a destrinça entre actividades principais e fun-ções de apoio tal como consta na figura abaixo.

A cada elo da cadeia corresponde uma função que precisa da aplicação de um conjunto de competências que corres-ponde ao património da organização, no caso concreto do PAN.

� STRATEGOR, Politica Global da Empresa, 3ª edição actualizada.

As competências podem ser divididas em:

Competência económica, que se podem aplicar a cada um dos diferentes estádios da cadeia para melhorar o res-pectivo funcionamento.

Concepção, o PAN, foi implementado nesta região devido às infra-estruturas já existentes (casas anti-gas nas aldeias) e dos seus recursos naturais, quer na vertente agrícola quer pecuária. Procurou-se e conse-guiu-se aliar três sectores de actividade económica: primário (agro-pecuário), secundário (indústria de transformação) e terciário ou de serviços (distribuição – Waco Distribuidora).

Tecnologia, conseguiu-se uma simbiose entre tra-balho braçal e tecnologia que pode evoluir para tec-nologias mais avançadas, consoante os programas de formação dos recursos humanos: fábrica de lacticí-nios, fábrica de rações, sistema de rega gota a gota…

Capacidade de produção, a localização das unidades de produção é assaz importante neste projecto, isto por-que para além da interligação as distâncias são curtas. A especialização de aldeias em culturas e criação de gado é deveras importante para a capacidade de produção e por consequência do aumento do valor concorrencial.

Qualidade de fabrico, a frequência de controlos de qualidade, como está a acontecer na fábrica de lacticí-nios, verduras…para além da sua importância, devem ser constantes.

Distribuição, é uma das principais pechas, visto que ainda não existem estradas rápidas entre Waco Kun-go e os principais mercados. A rede de frio é extre-mamente importante como a criação de entrepostos comerciais.

Competência de gestão, que se obtém em funções como:

Finanças, política de endividamento, nível de endi-vidamento, fontes de financiamento. No ponto 2 é desenvolvido o Investimento realizado e as formas do seu retorno (payback).

José Castilho tratandode um doente

Fonte: Michael Porter, L´Avantage concurrentiel, InterEditions, 1986 e adaptado por VALOR ACRESCENTADO

Uma das doenças que mais prolifera nesta região é a malária.

Os casos mais graves são tratados no hospital do Waco Kungo.

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PUbliCite aqUiMOSTRE O VALOR DA SUA EMPRESA.

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Pessoal, política e modo de recrutamento, capacidade de atrair e reter pessoal de qua-lidade. O PAN, tem a nível de quadros angolanos pessoal com formação superior. Seria im-portante conseguir atrair mais quadros, não só com formação superior, mas também com for-mação média.

Política de promoção, grelha de salários, sistemas de recom-pensa e gratificações.

Organização, estrutura (ter em linha de conta a flexibilidade), adaptação ao ambiente

Processo de tomada de deci-sões, circuitos e procedimentos administrativos, qualidade de colaboração entre serviços.

Processo de controlo, como funciona o controlo interno e a sua eficácia, qualidade dos

fluxos de informação, análise de desvios.

Sistemas de comunicação, a fluidez da comunicação na pirâmide social da organiza-ção.

Competência psicológica, tem a ver com as regras comportamen-tais do universo onde está inserido o PAN. Julgamos que este projec-to, se encaixou bem no município da Cela, pelo que hoje, já se pensa na sua “exportação” para outras províncias.

Desta forma pensamos que o PAN reúne todas as condições para que a sua cadeia de valor traga vantagens competitivas em particular para o próprio projecto e esta região e em geral para a economia de An-gola. Tal como nos dizia tempos atrás um amigo “se conseguirmos colocar o projecto PAN em várias províncias, ninguém nos segu-ra na agricultura, no continente africano”.

Por outro lado, é importante que nas nossas universidades, nomeadamente em cursos de Gestão, se ensine e se dê a conhecer as cadeias de valor existentes e que estão a ser criadas no país a nível empresarial.

Waco Kungo

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Pensamos que o PAN reúne todas as condições para que a sua cadeia de valor traga vantagens competitivas em

particular para o próprio projecto e esta região e em geral para a economia de Angola.

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www.valoracrescentado-online.comA sua revista online com conteúdos sempre actualizados,

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“Há três coisas na vida que nunca voltam atrás: a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida”.

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1. INTRODUÇÃO

Nos finais da década de 90, do século anterior, a economia mundial entrou em recessão, e pensava-se que só no início de século XXI, se daria a recuperação. Esta aconteceu mais cedo, mais propriamente em 2001, fruto possivelmente, do meio envolvente com os atentados de 11 de Setembro. A partir daquela data, surgiu uma grande competição económica, mais propriamente uma grande disputa geopolítica que ainda se mantém. Essa disputa geopolítica, está a gravitar à volta dos territórios e das regiões que dispõem de excedentes energéticos. Quem são os principais impulsionadores? Estados Unidos da América e a China.

OS EUA sabem que a China e a Índia, para além de terem 1/3 da população mundial, estão a ter um crescimento demográfico nas últimas décadas, a uma taxa média entre os 6% e 10% ao ano. Assim, quando fizeram em 2005, o seu Plano de Futuro Global, o Conselho de Inteligência dos Estados Unidos da América, previu que se forem mantidas as actuais taxas de crescimento dos dois países asiáticos, a China deverá aumentar em cerca de 150% o seu consumo energético e a índia em 100% até 2020. Com base nessa previsão deste crescimento, não vai ser possível, estes dois países, satisfazerem as suas necessidades só com a produção interna, nomeadamente a nível de petróleo e gás. A China já foi exportadora de petróleo, mas nos dias que correm é o segundo maior importador (em 2005, Angola, foi o seu maior fornecedor). Entretanto, as necessidades da Índia em matéria de petróleo e gás são maiores, basta dizer que a sua dependência nestes últimos quinze anos aumentou de 70% para 85% no que concerne ao consumo interno. Daí, aquando da visita do Presidente da Republica Portuguesa à Índia, os indianos pediram os bons ofícios de Cavaco Silva, no sentido de interceder junto de Angola, para passar a ser seu fornecedor de petróleo.

São estas carências colectivas dos países asiáticos que explica a sua aproximação ao Irão, em detrimento da política americana. Não só ao Irão, como há uma ofensiva diplomática e económica da China e da Índia, pelo Mundo, nomeadamente em África e América Latina.

Em suma, esta competição está a transformar-se num novo triângulo económico (EUA, China e Índia), complementar e competitivo, a um só tempo, que está cumprindo uma função organizadora e dinamizadora de várias regiões e economias nacionais, através de todo o Mundo.

Mas na Ásia, outras potências já consolidadas como o Japão e outras emergentes como a Coreia do Sul, Singapura, Malásia, começam a dar cartas a nível mundial nomeadamente no sector industrial. Vamos analisar a seguir alguns dessas potências.

2. BILHETE DE IDENTIDADE

DADOS CHINA JAPÃO INDIA COREIA SUL

População (est. 2007) 1,321 mil milhões (1º) 127 mil milhões (10º) 1,1 mil milhões (2º) 49 mil milhões (24º)

Densidade 136,1/habitantes/km2 335/habitantes/km2 329/habitantes/km2 488/habitantes/km2

IDH* 0,927 (22º ) 0,949 (7º) 0,611 (126º ) 0,912 (26º)

Esperança de vida 73 anos (76º) 81 anos (4º) 64 anos (129º) 77 anos (38º)

PIB (2006) FMI USD 9,4 biliões (2ª ) USD 3,9 biliões (3ª ) USD 3,6 biliões (4ª ) USD 0,9 biliões (14ª)

Moeda Renminbi (Yuan) Yen Rúpia indiana Won

3. POPULAÇÃO E IMIGRAÇÃO

A China e a Índia são os países mais populosos do Mundo. Cada um dos países do quadro acima, em população, têm as maio-res cidades do Mundo, conforme quadro abaixo:

Ranking Cidade País Área (km²) População Estimada

Densidade da População (/km²)

1 Bombaim Índia 438 12.883.645 29.430

2 Tóquio Japão 2.187 12.527.115 5.651

5 Seul Coréia do Sul 605 10.297.004 16.575

7 Xangai China 6.340 9.838.000 2.804

Fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_das_maiores_cidades_do_mundo

* Índice de Desenvolvimento Humano

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Há cinquenta anos atrás previa-se para 2050, uma população de cerca de 15 biliões de ha-bitantes. Hoje, a previsão está muito aquém, ou seja, 9 biliões. A Índia, hoje o segundo pais mais populoso e com a cidade com maior número de habitantes, Bombaim, vai ser naquele ano, o pais com o maior número de habitantes. Entretanto, na Índia, a pro-porção entre homens e mulheres tem vindo a decrescer, isto porque os indianos querem ter meninos. O Japão, o 10º maior país em população, hoje está preocupado com a sua taxa de natalidade na ordem dos 9.47%, e com uma taxa de mortalidade de 8.95%. Assim, pode-se concluir, que as taxas estão muito próximas, ou seja, não há crescimento demográfico, o que não é alheio a esperança de vida do Japão a 4ª maior com uma idade de 81 anos. Entretanto, a corrente migra-tória japonesa tem a sua maior colónia no Brasil com uma população na ordem de um milhão e quinhentas mil pessoas; os,Estados Unidos da América tem cerca de 816 mil de origem nipónica; a Europa com 21 mil; e, Oceânia com 16 mil.

A Coreia do Sul, com 49 milhões de habi-tantes é a 24ª maior nação. O seu IDH é de 0.912 sendo o 26º de acordo com o ranking das Nações Unidas, estando classificado tal como a China e o Japão dentro dos Esta-dos-membros das Nações Unidas, como um índice elevado. A população coreana é das mais homogéneas do Mundo no ponto de vista étnico e linguístico. A instabilidade po-litica, social e económica, levou muitos sul-coreanos a emigrar para outras paragens, em particular para os Estados Unidos da Amé-rica (concentração na Califórnia), Canadá e Brasil, onde hoje para além dos naturais há um número significativo de descendentes. Estima-se que há mais de um milhão de sul-coreanos a viver fora do país.

Em cada cinco habitantes do planeta 1 é chinês. Pode-se di-zer que há uma “invasão silenciosa” da população chinesa por todos os continentes. Têm a particularidade de criarem os seus negócios e na prática só empregam naturais. Há muitas Chinatown, espalhadas por esse Mundo fora.

4. DA ESCASSEZ à ABUNDâNCIA

Os países em análise tornaram-se independentes nos finais da década de 40 e princípios da década de 50. O Japão é neste pe-ríodo que recupera depois dos americanos terem implemen-tado o Plano Marshall.

Não foi fácil a vida pós-independência. O mundo nessa altura, estava marcado por dois blocos: Ocidente e Leste e, este úl-timo, lançou as suas influências doutrinais também na Ásia, sendo a China o seu principal baluarte.

4.1.CHINA

Antes de 1978, a China tinha cerca de metade da popula-ção mais pobre do Mundo. Nas regiões urbanas faltava tudo inclusivé comida e nas zonas rurais os agricultores tinham grandes problemas com as quebras de produção.

Mas a partir de 1992, a China conseguiu dar a volta.

Para se ter uma ideia deste crescimento, durante muito tem-po o televisor foi o produto mais vendido. Não havia mãos a medir. A burocracia tinha de aparecer, tinha de pôr mais entraves. O comprador tinha de obter primeiro um talão de compra. Estes talões tornaram-se activos muito valiosos. Sur-giu o mercado negro. Mas este negócio não durou muito tem-po. Surgiram na China centenas de fábricas de televisores.

Como é evidente não surgiram só fábricas de televisores, ou-tras fábricas surgiram com outros produtos manufacturados. O curioso, foi que o surgimento deste boom não nasceu de uma forma planeada, mas sim de uma forma espontânea.

Há cinquenta anos atrás previa-se para 2050, uma população de cerca de 15 biliões de

habitantes. Hoje, a previsão está muito aquém, ou seja, 9 biliões.

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Este crescimento espontâneo, foi a grande arma que a China teve para que a sua expansão económica se tornasse uma rea-lidade e temida por muitas potências económicas. Hoje é a 2ª maior economia do Mundo, como se vê no mapa acima, e o Fundo Monetário Internacional (FMI), prevê um crescimento da economia deste país, para 2007 e 2008 de 10% e 9.5 % res-pectivamente, enquanto que o crescimento para 2007 e 2008 da economia mundial, cifra-se nos 4.9%.

4.2.JAPÃO

Muito se tem falado e escrito sobre o Japão depois da 2ª guer-ra mundial. Pode-se dividir o período de ocupação americana de 1945 a 1953 da seguinte forma:

esforço de desmilitarização e acabar com as estruturas po-lítico-económico do regime imperial vigente;

recuperação económica em detrimento da democratiza-ção do país.

A recuperação económica, na década de 50, originou:

a distribuição da energia eléctrica e o funcionamento de um Serviço Nacional de Saúde abrangente, provocou um aumento demográfico, que mais tarde teve de ser contro-lado.

o êxodo da população rural para os meios urbanos, pro-vocando uma urbanização caótica como também a falta de transportes.

a comunicação social, mais propriamente a televisão con-seguiu uma aculturação “americanizada”, nomeadamente na classe mais jovem em que vestiam à “americana” e os seus ídolos eram da Nova Inglaterra.

Mas, foi com o ensino que o Japão, deu a volta:

o ensino para além de ser gratuito, é de qualidade e carac-teriza-se pela homogeneidade do conteúdo curricular ser igual em todo o país;

por privilegiar o ensino da matemática, ciências e o pró-prio japonês;

a nível de pedagogia, adoptar sistemas mais formais e tra-dicionais

O ensino obrigava a competição entre os estudantes, ou seja, dava estatuto ser o melhor aluno.

Depois da implementação destas reformas, a economia nipó-nica, continuou a expandir-se até à década de 70, tendo sofri-do apenas duas breves recessões em 1962 e em 1965. Para este crescimento, teve peso o forte investimento na indústria priva-da em novas fábricas e equipamentos. A elevada poupança das famílias japonesas permitiu aos bancos, fazerem empréstimos ao sector da indústria, inclusivé permitiu a sua modernização. Com esta modernização, o seu sector industrial passou a ser mais competitivo, nomeadamente com a produção “em mas-sa”, melhoria da produtividade e a criação de novos produtos.

O Japão, é a 3ª maior economia mundial, com um PIB na ordem dos USD 3,9 biliões, mas de acordo com as previsões do Banco Mundial, a economia nipónica vai ter um decrés-cimo na ordem dos 2.3% devido à redução verificada com o consumo privado.

Antes de 1978, a China tinha cerca de metade da população mais pobre

do Mundo. Nas regiões urbanas faltava tudo inclusivé comida e nas zonas rurais os agricultores tinham grandes problemas com as quebras

de produção.

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4.3.íNDIA

A estratégia para os primeiros anos do governo de Nehru, as-sentou no seguinte:

Economia de mercado; e,

Educação alargada. A educação até aqui pertencia basica-mente às castas superiores, passando posteriormente a ser livre e gratuita para todas as crianças até aos 14 anos. E tal como no Japão, a educação neste país, também dava prioridade ao ensino da matemática e das ciências exac-tas. Nehru dizia “ só a ciência pertence ao futuro” e, feliz-mente, o tempo veio dar-lhe razão. Em 1968, mais de 90% da população rural tinha acesso às escolas complementa-do por uma vasta rede de institutos tecnológicos.Com o apoio do Estado e distribuindo quotas pelas diferentes castas, tornaram-se centros de referência pública, com uma amplitude social considerável. Com uma formação técnico-científica de excelência, são hoje considerados, um trunfo para o progresso tecnológico do país.

Na década de 90, apesar da alfabetização espalhada pelo país, houve em 1991, a queda abrupta da rupia, o que lançou o país numa grave crise económica: deficit orçamental na ordem dos 8,5%, apenas com USD 1 bilião de reservas e uma inflação ga-lopante. Manmohan Singh, hoje primeiro-ministro, na altura titular da pasta das Finanças encetou o milagre com:

Modernização das empresas públicas;

Desregulamentação progressiva dos mercados;

Reforço da posição do Estado em áreas como a educação, saúde e outras necessidades básicas;

Atracção do investimento directo estrangeiro;

Simplificação do sistema fiscal.

Relativamente ao plano Singh, o prémio Nobel da Econo-mia em 2001, Joseph Stiglitz disse” mudou de uma perspecti-va ‘anti-business’ para uma orientação pró-mercado”. Tendo o economista americano acrescentado “dá-se demasiado crédito ao efeito da globalização. E pouco à liberalização interna no cres-cimento económico da Índia”.

Mas, este milagre hindu, não resolveu todos os problemas do país. Ainda há grandes desigualdades na distribuição de rendimentos: há um extracto social onde está incluído um terço dos melhores engenheiros de software do Mundo. Não obstante, um terço da sua população é a das mais subnu-tridas do Mundo, daí compreender-se o seu nível de IDH de 0,611, ocupando o 126º dentro dos Estados-membros das Nações Unidas e, é de longe, o mais fraco dos países aqui analisados.

Mas, este milagre hindu, não resolveu todos os problemas do país. Ainda

há grandes desigualdades na distribuição de rendimentos: há um

extracto social onde está incluído um terço dos melhores engenheiros de software do Mundo. Não obstante, um terço da sua população é a das

mais subnutridas do Mundo, daí compreender-se o seu nível de IDH de 0,611, ocupando o 126º dentro dos Estados-membros das Nações Unidas e, é de longe, o mais fraco

dos países aqui analisados.

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Entretanto, a sua economia com USD 3,6 biliões é a quarta maior do Mundo e de acordo com o Fundo Monetário Interna-cional, em 2007, o PIB deve rondar os 8.4%, sendo a par da China, das economias mundiais com maior crescimento no ano que está a correr.

4.4.COREIADOSUL

O sucesso deste país, que se tornou independente em 17/07/1948, foi o Governo ter incrementado o desenvolvimento da iniciativa privada, restringindo as importações, facilidades de crédito, subsídios a determinados sectores de actividade e in-centivos ao trabalho.

Na década de 70, a Coreia do Sul, começou a apostar na indústria pe-sada, química, electrónica e de automóveis.

Entre os finais da década de 90 e começo do século XXI, o sector de tecnologia de informação e semicondutores passou a ser dominado a nível mundial pela Coreia do Sul tendo ultrapassado o Japão. Os gigantes Samsung e LG ultrapassaram a Sony e hoje os telefones celu-lares e televisores plasma feitos na Coreia do Sul são os mais avançados do Mundo.

Não obstante, ainda há muito que fazer na Coreia do Sul, nomeada-mente a nível da privatização de bancos é necessária uma economia ainda mais liberalizada e tudo indica que o comércio com a China, pode tornar a economia da Coreia do Sul como a mais importante da Ásia.

A economia da Coreia do Sul, em 2006, era a 14ª a nível mundial no montante de USD 0,9 biliões e de acordo com as previsões do FMI, o crescimento para 2007 deve cifrar-se nos 8.4%.

5. INVESTIMENTO DIRECTO ESTRANGEIRO (IDE)

A Ásia meridional e oriental, em 2006 alcançou um IDE, de USD 187 milhões em que só a China teve USD 72 milhões, o que representa 61% do total. A China foi o terceiro país seguido do Reino Unido e do EUA, tendo a Índia superado a Coreia do Sul a nível de IDE.

Dentro das 25 maiores empresas não financeiras do Mundo, com activos estrangeiros, reportados ao ano de 2003, constam as seguintes empresas pertencentes aos países que elegemos para este trabalho:

Activos Volume Negócio Trabalhadores filiais

Ordem Empresa País Actividade Est Total Est Total Est Total Est Total

8Toyota Motor Corporation

JapãoVeículos

Automóveis94.164 189.503 87.353 149.179 89.314 264.410 124 330

16Hutchison

Wampoa LtdChina

Actividades Diversas

59.141 80.340 10.800 18.699 104.529 126.250 1.900 2.350

19Honda Motor

Co LtdJapão

Veículos Automóveis

53.113 77.766 54.199 70.408 93.006 131.600 102 133

Fonte:UNCTAD

O quadro mostra que o Japão tem duas empresas no top25, pertencentes ao mesmo sector de actividade: indústria automóvel e a China uma empresa cuja actividade centra-se em cinco pontos-chave: portos e afins; serviços relacionados com proprieda-des e hotéis; turismo; energia, infra-estruturas e investimentos; telecomunicações. A maior empresa do top25 é a americana General Electric e para além das empresas asiáticas do quadro acima, há empresas americanas (6) do Reino Unido (3), Alema-nha (6), França (5), Itália (1) e Austrália (1).

Entre os finais da década de 90 e começo do século XXI,

o sector de tecnologia de informação e semicondutores passou a ser dominado a nível

mundial pela Coreia do Sul tendo ultrapassado o Japão. Os gigantes Samsung e LG

ultrapassaram a Sony e hoje os telefones celulares e televisores

plasma feitos na Coreia do Sul são os mais avançados do

Mundo.

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Dentro das 25 maiores empresas não financeiras do Mundo, dos países emergentes, reportados ao ano de 2003, com activos estrangeiros, constam as seguintes empresas pertencentes aos países que elegemos para este trabalho:

Activos Volume Negócio Trabalhadores filiais

Ord Empresa País Actividade Est Total Est Total Est Total Est Total

1Hutchison

Wampo LtdChina

Actividades Diversas

59.141 80.340 10.800 18.699 104.529 126.250 1.900 2.350

2 Sintel LtdSingapura

(*)Telecomu-nicações

17.911 21.668 4.672 68.848 8.642 21.716 23 30

3Petronas-Petroliuam

Nacional BhdMalásia (*) Ind. Petrolifera 16.114 53.457 8.981 25.661 3.625 30.634 167 234

4Samsung

Electronics CO Ltd

Coreia Sul Mat. Eléctrico 12.387 56.524 41.382 54.349 19.026 55.397 80 89

7China

OcenaShiping (Group) CO

China Transportes 8.457 18.007 6.076 9.163 4.600 64.586 22 56

9LG Electronis

IncCoreia Sul Mat. Eléctrico 7.118 20.173 14.443 29.846 36.268 63.951 134 151

10Jardine

Matheson Holdings Ltd

ChinaActividades

Diversas6.159 6.949 5.540 8.477 57.895 110.000 16 23

13China National Petrolium Corp

China Ind. Petrolifera 4.060 97.653 5.218 57.423 22.000 1.671.293 119 204

14Capitaland

LimitedSingapura

(*)Imobiliário 3.936 10.316 1.449 2.252 5.033 10.175 2 61

15City

Developments Ltd

Singapura (*)

Hoteis 3.879 7.329 703 930 11.549 13.703 228 275

16Shangri-La Asia Limited

ChinaHoteis e moteis

3.672 4.743 436 542 12.619 16.300 29 31

17 Citic Pacific Ltd China Construções 3.574 7.167 2.409 3.372 8.045 12.174 2 3

18 CLP Holdings ChinaElectricida-

de, gaz3.564 9.780 298 3.639 488 4.705 3 11

19China State Construction

China Construções 3.417 9.677 2.715 9.134 17.051 121.549 28 75

21Asia Food & Properties

Singapura (*)

Alimentação 3.331 3.537 1.232 1.273 32.295 41.800 2 4

22Flextronics

International LtdSingapura

(*)Mat. Eléctrico 3.206 5.634 4.674 8.340 80.091 82.000 92 106

24YTL Corp.

BerhadMalásia (*)

Serviços Publicos

2.878 6.248 489 1.060 1.518 4.895 24 115

25Hon Hai Precision Industries

China Mat. Eléctrico 2.597 6.032 4.038 10.793 78.575 93.109 25 33

Fonte:UNCTAD

(*) Países asiáticos que não fazem parte do nosso trabalho.

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Os países asiáticos têm 18 empresas colocadas no top25 dos países emergentes, com Activos estrangeiros no montante de USD 165.401 milhões e com um total de Activos de USD 425.234 milhões e em número estão assim distribuídas:

País Número

China 9

Coreia do Sul 2

Malásia 2

Singapura 5

A África do Sul (3), México (2) e Brasil (2) são os restantes países com empresas neste top25.

5.1.CHINA

“Uma economia em rodas de bicicleta” era a imagem que a maioria dos observadores estrangeiros tinham da China.

Hoje os chineses substituíram as bicicletas por motorizadas, motos e carros, ou seja, é uma economia em expansão.

Professor chinês em Angola

Poder-se-á dizer que todas as empresas globais de energia e de petróleo têm interesses na China e lutam entre si para cons-truírem bombas de gasolina, refinarias e centrais de energia.

A BP apostou nas províncias emergentes de Gaungdong e de Zhejiang e a sua joint-venture já detém 358 bombas de gasolina. A Shell, apostou na província de Jiangsu e a sua joint-venture conta com cerca de 500 bombas de gasolina. A Exxon/Mobile, a sua joint-venture está a preparar-se para dar o salto de leão e espera ter a curto prazo 1.100 bombas de gasolina nas províncias de Guangdiong e Fujian. Resumindo, até dá para escolher sem ser incomodado.

Esta invasão das petrolíferas, para além das potencialidades do mercado chinês, prende-se também com o mau momento que o mercado de energia norte-americano tem sofrido nos últimos anos devido a conflitos jurídicos e à produção em

excesso. A China, apercebeu-se deste problema, suavizou a sua legislação e hoje constrói mais e mais centrais de energia, refinarias e bombas de gasolina.

Actualmente o slogan é, “veja o seu negócio a duplicar na China”. Mas será mesmo assim? Há efectivamente muitas multinacionais a realizar esse sonho, esse objectivo, como exemplo a Eastman, Kodak, Fuji, Konica e AGFA.

Os não orientais têm muitas vezes a ideia de que os chineses só sabem tirar fotografias. É verdade que as multinacionais acima estão todas ligadas ao negócio fotográfico e consegui-ram na China realizar os seus objectivos, acabando inclusivé com o negócio interno. Hoje, praticamente, só existe uma empresa neste ramo genuinamente chinesa que é a Lucky Film, mas já com uma grande participação social da Kodak. Esta última multinacional é quem domina o mercado com uma quota de mercado de 50%.

O negócio dos rolos fotográficos, pode explicar o sucesso das multinacionais deste ramo na China. Nos EUA, um consumi-dor compra, em média, três rolos de fotografia por ano, en-quanto que na China apenas se compra 0,15 rolos. Mas basta que os chineses passem a comprar um rolo por ano, para pas-sar a ser o dobro dos EUA. Mais, há negócios que estão pra-

Os países asiáticos têm 18 empresas colocadas no top25 dos países

emergentes, com Activos estrangeiros no montante de USD 165.401 milhões

e com um total de Activos de USD 425.234 milhões.

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ticamente em desuso na América, caso dos rolos fotográficos hoje substituídos pelas máquinas digitais, mas continuam a florescer na China.

Na distribuição há este slogan “uma loja estrangeira destrói três lojas chinesas”. Esta situação coloca uma grande pres-são sobre os retalhistas locais: ou se adaptam e melhoram, ou morrem. Não existe espaço intermédio para estas duas opções. Isto porquê? Porque não há poder económico, nem now-how para fazer frente a colossos como a Wall-Mart, Makro, 7-Eleven,Tesco, IKEA…

Em Beijing, existem 26 retalhistas internacionais a operar. Em 2003, 25 retalhistas estrangeiros tinham investido um to-tal de USD 1.540 milhões, ocupando um espaço de 565 mil metros quadrados, onde 21 marcas abriram 50 lojas. Nesse mesmo ano, obtiveram uma facturação na ordem dos USD 1.3 milhões o que corresponde a 6% da quota de mercado desta cidade.

Cada vez mais aparece na China o negócio de franchising, o que tem originado duas correntes de opinião: a primeira defende o aumento do negócio de franchising; a segunda, defende a fusão das pequenas lojas em grandes lojas. Mas é preciso ter presente que muitas das pequenas lojas ainda são propriedade do Estado.

A Everybody Happy (EH) é uma cadeia de lojas chinesa, que está no mercado desde 1996. É uma cadeia de lojas de cariz familiar presidida por HE Jinming. Este homem tem como lema: aprender com os gigantes internacionais e melhorar ainda mais.

O Carrefour mostrava uma grande flexibilidade a nível de preços, o que levava os consumidores chineses a preferir esta cadeia em detrimento da EH. Jinming, resolveu também bai-xar os seus preços, mesmo que nada ganhasse. Esta estratégia implicou que os clientes que preferiram o Carrefour regressas-sem, como também tirou clientela a este gigante. Este empre-sário diariamente tem um grupo de funcionários que visita as congéneres estrangeiras, e no final do dia, apresentam-lhe um relatório circunstanciado do seu trabalho. Desta forma, tem descoberto os truques das lojas estrangeiras o que lhe tem permitido melhorar e jogar por antecipação.

Tudo indica que o governo chinês não tem quaisquer pro-blemas com a entrada em catadupa das multinacionais, isto porque um mercado aberto produz melhores empresas, me-lhores produtos. A entrada destes gigantes permite aprender técnicas de fabrico de gestão para aplicá-las quer dentro do país quer fora, tendo em linha de conta a “ocupação chinesa” pelo Mundo.

5.2.íNDIA

Neste país por ano licenciam-se em Contabilidade cerca de 70 mil jovens. A maioria vai trabalhar para empresas de Contabi-lidade locais com salários médios na ordem dos USD 100. A utilização de telecomunicações de alta velocidade, formação rigorosa e formulários padronizados, permite a esses jovens serem convertidos em contabilistas ocidentais em fracções de segundo. E porquê? Porque, em 2003, cerca de 25 mil decla-rações de impostos dos EUA foram processadas na Índia, por esses jovens contabilistas indianos. Em 2004, esse número su-biu para 100 mil e em 2005 para 400 mil. Perante esta grande procura, as empresas de Contabilidade da Índia, dão-se a co-nhecer às congéneres americanas através da Internet, através da teleconferência, evitando-se desta forma despesas com via-gens e estadia.

Os call center indianos empregam cerca de 2.500 jovens uni-versitários, como operadores telefónicos. O seu trabalho está distribuído por operadores “de saída” que vendem de tudo um pouco, desde cartões de crédito a ligações telefónicas ao minu-to. Outros trabalham como operadores de “entrada” que englo-ba tudo, desde encontrar uma bagagem perdida de passageiros de companhias aéreas americanas e europeias até à resolução de problemas informáticos de alguns consumidores america-nos. Estas chamadas são transferidas por satélite e por cabos submarinos de fibra óptica. Os jovens trabalham em pequenas equipas, sob a bandeira da empresa cuja assistência telefónica estão a facultar. Assim, pode-se encontrar num canto o grupo Dell e noutro, o grupo Microsoft.

Este homem tem como lema: aprender com os gigantes

internacionais e melhorar ainda mais.

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Muitos utilizadores quer nos EUA quer na Europa, não imaginam que estas chamadas telefónicas estão a ser feitas a quilómetros e quilómetros de distância por cidadãos de um país muito dife-rente do seu.

A Reuters é das maiores senão a maior agência financeira de informação do Mundo. As informações da bolsa de Nova Iorque a nível de cotações têm de ser dadas no momento. Na altura, não é necessário uma grande análise esta é feita depois. Assim o flash noticioso tem de estar on-line segundos depois da empresa estar cotada e o gráfico que mostra a evolução recente dos re-sultados trimestrais deve estar disponível alguns segundos mais tarde. Tom Glocer, CEO da Reuters, pensou nos conhecimentos que os indianos têm das novas tecnologias. Pensou também em Bangalore, na Índia, que é um dos locais no Mundo, com mais ligações em rede. Assim recrutou naquela cidade, técnicos infor-máticos indianos cujo trabalho consiste em fazer os cabeçalhos dos flashs noticiosos , gráficos, e tudo o que é possível fazer em Bangalore. Esta experiência levou Tom Glacer a dizer “a Índia é um lugar inacreditavelmente fértil para recrutar pessoas, não apenas com competências técnicas mas também financeiras”.E, por outro lado, há uma redução de custos fixos como acrescentou o CEO “ a diferença reside no facto de os salários e arrendamento das instalações em Bangalore corresponderem a menos de um quinto do que custam em Londres ou Nova Iorque”

Todas estas experiências realizadas na Índia encaixam-se na definição de outsourcing�, ou seja, é a acção da empresa ou organiza-ção obter mão-de-obra fora da empresa. Pegando nesta definição, há quem considere o outsourcing a contratação de mão-de-obra fora do país e terceirização, à mão-de-obra contratada no país.

6. A INDUSTRIA AUTOMÓVEL

Unidade: 106 quantidade

O mapa acima mostra-nos a produção de veículos em quantidade, no Mundo, de 1997 a 2005. A China é o único país que de 1997 a 2005 teve sempre uma subida de produção. O Japão teve uma produção maior em 1997 do que a verificada em 2005. A Coreia do Sul depois de ter tido uma quebra em 2001, a sua produção de 2002 a 2005, foi sempre a crescer.

A expansão do negócio automóvel chinês prende-se conforme relato do seu Ministério do Comércio com a exportação de veículos de baixo preço – 8.366 dólares, para mercados como Médio Oriente, África do Norte, Sudeste Asiático, América do Sul e Rússia. Em 2005, as importações de veículos automóveis foi de cerca de 160 mil contra 175 mil automóveis exportados, tendo sido este ano, o primeiro que tal aconteceu.

� Encontra-se em muitos manuais traduzido como subcontratação.

Em 2003, cerca de 25 mil declarações de impostos dos EUA foram processadas na Índia, por

esses jovens contabilistas indianos. Em 2004, esse número subiu para 100 mil e em 2005 para 400 mil.

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Em 2005 a China vendeu ao Japão cerca de 5.850 veículos e aos EUA 17.500,tendo o mercado interno consumido cerca de 5.720.

As vendas de automóveis por fabricante na China constam do mapa a seguir:

Unidade:103

fabricante Principais Modelos 2004 2005 Variação (%) Quota mercado 2005

Shanghai GM Excelle,Buick Regal, Chevrolet Sail 252 325 29% 8

Shanghai VW Santana, Polo,Gol 355 287 -19% 7

FAW-VW Jetta, Bora, Audi A6 300 277 -8% 7

Beijing Hyundai Elantra,Sonata, Tucson 144 233 62% 6

Guangzhou Honda Accord, Fit( Jazz), Odyssey 202 230 14% 6

Tianjin FAW Charade Charade,Platz/Vela, Vitz (Yaris) 127 200 57% 5

Chery Auto QQ, Fulwin, Easter 86,5 185 114% 5

Dongfen Nissan Sunny,Tiida, Teana 60,7 157,5 159% 4

Tanjin Toyota Corola,Vios,Crown 81,8 155 89% 4

Dongfeng Citroen ZX, Elusee, Picasso 89 140 57% 4

Geely Haoqing, Merrie,Freedom Ship 95 140 47% 4

Chagan Suzuki Alto, Cultus, Swift 110 90 -18% 2

Fonte:ChineseAutomotiveIndustry

A China tem 12 construtores de automóveis, o que em número, é superior aos EUA e Japão. Pelo mapa acima constata-se que há uma série de joint-ventures com construtores americanos (GM), europeus (VW, Renault, Citroen) e japoneses (Toyota, Honda e Nissan). A Nissan, apesar de ser uma empresa sedeada no Japão foi comprada pela Renault (França).

No Outono de 2006, a Geely, expôs no International Motor Show, em Frankfurt, e no North American Auto Show, em Detroit, um pequeno sedan com o nome de CK, que espera lançar em 2008, em Detroit, por um preço de venda inferior a USD 10 mil, carro esse que foi lançado na China em 2005 com preços entre os USD 7.5 mil e USD 8.7 mil.

O lançamento deste pequeno carro no mercado americano, vai mexer com os preços dos automóveis, o que já está a criar uma certa apreensão junto dos grandes construtores.

Um jeep LandWind (chinês) em plena Angola

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7. SISTEMAS FINANCEIROS

7.1.CHINA

No primeiro semestre de 2004, o presidente do Banco Central chinês, Zhou Xiaochuan, numa conferência para analistas e investidores internacionais, referiu que a estratégia do Parti-do Comunista chinês para sanear as combalidas finanças dos bancos chineses passaria por atrair investidores estrangeiros, lançar acções no mercado global, e desta forma, obrigar os bancos nacionais a obedecerem às regras internacionais de Contabilidade e transparência, tal como determinam as re-gras de qualquer mercado aberto.

Da plateia, um céptico jornalista estrangeiro perguntou a Zhou Xiaochuan, se haveria investidores dispostos a colocar biliões de USD em bancos que continuariam a ser controla-dos pelo Estado, sem existir uma programação de privatiza-ções e com a agravante dos bancos estarem carregadíssimos de crédito malparado.

Passados dois anos o cepticismo do jornalista estrangeiro go-rou-se. Os investidores estrangeiros apareceram apesar dos problemas apontados por aquele jornalista. Nos dois últimos anos, os cinco maiores bancos chineses, receberam USD 27 biliões de gigantes financeiros como HSBC (10º maior do Mundo em 2006, pela Fourtune), Bank of América (14º ), Royal Bank of Sctland (22º) entre outros.

Para além da venda directa de participações sociais, os qua-tro maiores bancos chineses estatais seguindo a estratégia de Zhou Xiaochuan, lançaram acções nos mercados finan-ceiros, o que originou que o China Construction Bank (3º maior banco chinês) abrisse o seu capital na bolsa de Hon Kong, conseguindo arrecadar cerca de USD 9.23 biliões, sen-do o maior valor conseguido no Mundo, nos últimos quatro anos. Entretanto, está para entrar em bolsa o maior banco chinês, o Industrial and Commercial Bank of China, que prevê captar entre USD 10 biliões e USD 12 biliões de capi-tais frescos.

“O sistema bancário na China herdou muitos problemas, mas, por outro

lado, há um novo mercado de crédito imobiliário, crédito para compra

de veículos ou empréstimos para empresas privadas. Um novo sistema

bancário está sendo construído!”.

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O ex-chairman do HSBC, John Bond, sobre o comércio ban-cário chinês referiu “o sistema bancário na China herdou muitos problemas, mas, por outro lado, há um novo mercado de crédito imobiliário, crédito para compra de veículos ou empréstimos para empresas privadas. Um novo sistema bancário está sendo cons-truído!”.

Entretanto, o sistema bancário chinês ainda enferma de vá-rios problemas tais como: a Contabilidade ainda não segue as Normas Internacionais de Contabilidade e, nos últimos dois anos, tem havido várias investigações por corrupção, algu-mas das quais levou ao afastamento dos principais dirigentes de várias instituições.

Com toda esta problemática é bom ter presente as palavras do economista Michael Pettis, professor na Universidade de Pequim” vão ser necessários alguns anos, para avaliar se os estrangeiros estão fazendo bom negócio na China”

7.2.JAPÃO

O Japão desde há muito que tem uma moeda cotada internacio-nalmente: o yen. Faz parte por direito próprio do grupo designa-do por G8, ou seja, os países mais industrializados do Mundo�.

Qualquer economia tem a sua fase de aquecimento, como também tem a sua fase de recessão. Foi o que aconteceu com o Japão, corria o ano de 1991, mais propriamente com o estoiro da “bolha” económica. A partir desta altu-ra, pequenas e médias instituições financeiras passaram a ter problemas com as suas administrações. Em 1997, as

� EUA, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Canadá e Rússia.

grandes instituições financeiras passaram a ter problemas e denotar grandes dificuldades. O mito de que, “um ban-co japonês nunca quebrará” foi por terra, originando uma grave crise financeira no Japão e, por arrasto a outros mer-cados financeiros. As causas para esta problemática foram: credito malparado não relevado contabilisticamente, no sentido dessas instituições apresentarem demonstrações financeiras mais “bonitas”; demora na determinação do justo valor de muitos imóveis.

Mas para muitos analistas, o grande culpado da crise nipó-nica foi o todo poderoso Ministério das Finanças, que inibiu durante muitos anos o desenvolvimento do mercado finan-ceiro e bolsista do Japão. Há quem diga, que o sucesso indus-trial do império do “Sol Nascente” permitiu o crescimento em exponencial da Banca comercial, mas faltou habilidade e perícia para negociar junto dos mercados internacionais, ou então, o jugo do Ministério das Finanças não o permitiu.

Para ultrapassar a crise do sistema financeiro, houve neces-sidade de uma maior aceleração na liberalização do próprio sistema, o chamado Big Bang, que permitiu um aumento da competitividade, simplificação do sistema administrativo e as empresas financeiras que operavam no mercado que não conseguiram adaptar-se às novas regras tiveram de sair de cena.

Entretanto, o Banco do Japão, conforme noticia da agência “Kyodo” decidiu em Abril/07, não alterar as taxas de juro, isto porque em Fevereiro/07, o banco central subiu as taxas de juro de 0.25% para 0.5%, fruto da recuperação económica entretanto verificada. Desde 2002 que os bancos mantinham os juros a zero.

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8. A OCUPAÇÃO CHINESA

O governo chinês não está preocupado com a invasão ame-ricana e europeia no seu território. São bem-vindos. Foram um dos motores para o desenvolvimento rápido que a China teve. A China nos dias que correm, tem várias “Chinatown” espalhadas pelo Mundo.

No mês de Junho de 2006, o primeiro-ministro chinês Wen Jiabao, visitou sete países africanos e assinou 72 acordos bi-laterais. O governo chinês considerou o ano de 2006, como o “ano de África na China” aproveitando a comemoração do 50º aniversário das relações sino-africanas. Em 1956, o Egipto foi o primeiro país africano a estabelecer relações diplomáti-cas com a China.

Coreanos a conviverem no Wako Kungo

De acordo com os especialistas, esta ofensiva chinesa por Áfri-ca, tem como objectivo a procura de matérias-primas nome-adamente petróleo e gás, para poder desenvolver o notável crescimento industrial da China. E porquê? Porque a maioria dos acordos bilaterais entre Pequim e os países africanos têm uma grande componente energética (Sudão, Nigéria, Angola, Guiné Equatorial, Gabão…).

Mas a China tem outras armas para entrar e seduzir as débeis economias africanas: créditos a longo prazo, empresas espe-cializadas em quase todos os sectores, preços competitivos em produtos como os têxteis, vestuário, calçado, bem como para equipamentos industriais, transportes, comunicações e informática.

De acordo com uma das edições do New York Times de Novembro último,

estão cerca de 80 mil chineses radicados no continente africano.

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7� . VALOR ACRESCENTADO // Outubro | Novembro 2006

São empresas chinesas sozinhas ou com parcerias

locais, que estão a construir por todo o continente africano

auto-estradas, oleodutos, caminhos-de-ferro , hospitais,

portos, habitações…com financiamentos

a longo prazo do governo chinês, que já ultrapassaram os USD 4 mil milhões. Angola, segundo

fornecedor de petróleo à China tem

sido até à data o principal beneficiário das ajudas externas

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Nos primeiros seis meses de 2006, os investimentos

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focalizados em Angola e no Brasil. Angola é o principal parceiro económico da China em África.

Bibliografia:Gu Zhibin, in Made in ChinaFriedman, Thomas L, in O Mundo é PlanoPortal da ChinaPortal da ÍndiaPortal da Coreia do Sul

Esta invasão chinesa pelo continen-te africano, de acordo com a “África Monitor Intelligence”, tem sido uma crescente preocupação dos EUA, isto porque a China pretende projectar-se com as suas influências político-sociais e económicas como potência global. De acordo com uma das edições do New York Times de Novembro último, estão cerca de 80 mil chineses radicados no continente africano.

Chineses com o director da VA na quedas de kalandula

São empresas chinesas sozinhas ou com parcerias locais, que estão a construir por todo o continente africano auto-estradas, oleodutos, caminhos-de-ferro3, hospitais, portos, habitações…com financiamentos a longo prazo do governo chinês, que já ultrapassaram os USD 4 mil milhões. Angola, segundo fornecedor de petróleo à China tem sido até à data o principal beneficiário das ajudas externas chinesas a fundo perdido.

Nos primeiros seis meses de 2006, os in-vestimentos chineses nos PALOP, ultra-passaram na totalidade os investimentos verificados em 2005. Oitenta e cinco por cento desses investimentos estão focali-zados em Angola e no Brasil. Angola é o principal parceiro económico da China em África.

Mas os empreendimentos a cargo dos chineses, no caso concreto de Angola, têm uma forte carga de mão-de-obra chi-nesa, mesmo a não especializada. Enten-demos que pelo menos essa deveria estar a cargo dos nacionais, tendo em vista minorar o desemprego que grassa em Angola, ou seja, o investimento chinês em Angola é quase todo de contexto.

3 Temos em Angola o Caminho-de-ferro de Benguela

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PUbliCite aqUiMOSTRE O VALOR DA SUA EMPRESA.

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76 . VALOR ACRESCENTADO // Outubro | Novembro 2006

nota de imprensa

O Banco Millennium Angola celebra o 1.º aniversário com a inauguração de dois balcões em Viana e Amílcar Cabral, em Luanda e com a abertura em Benguela e Lobito nos próximos dias. O Banco expande assim para sete a sua rede de balcões e tem como objectivo a abertura de mais treze até final do ano.

Os balcões de Viana e Lobito presta-rão também o serviço de transferên-cias rápidas Western Union e todos terão Caixas Automáticas (ATM’s) para depósito e levantamento de va-lores.

Desde o início do ano o Banco já lançou Crédito Automóvel com se-guro incluído, Crédito Pessoal e uma Conta Salário, alargando a oferta de soluções de poupança, investimento e de crédito, para particulares e em-presas.

BANCO MILLENNIUM ANGOLA CELEBRA ANIVERSÁRIO COM ABERTURA DE QUATRO NOVOS BALCÕES

Millennium Angola abre quatro balcões situados em Viana, Luanda, Benguela e Lobito

Serviços de transferências rápidas Western Union nos balcões de Viana e Lobito

Banco alarga oferta com Crédito Automóvel com seguro incluído, Crédito Pessoal e Conta Salário

2007-04-18

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N.º 5

O INVESTIDOR PORTUGUÊSEM ANGOLA

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N.º 3

O NOSSO FUTEBOL E O MUNDO2010 já é amanhã. Nesse ano temos o Mundial e o CAN.

Temos de mostrar ao Mundo que somos capazes.

FALANDO COMAndamos pela Lunda Norte. É importante dar a conhecer o interior de Angola.

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7� . VALOR ACRESCENTADO // Outubro | Novembro 2006

é um restaurante bem situado na baixa da capital. Quem gosta de futebol ou de ténis, e está nos Coqueiros ou no Clube de Ténis de Luanda é só entrar, porque é

mesmo perto. E não se vai arrepender.

Eduardo Alcouce e a família têm este restaurante há cerca de um mês. Porquê “TIA MARIA”?

Porque anteriormente a família Alcouce tinha o restaurante BORDÃO, também em Luanda. Os clientes de uma forma ca-rinhosa e afectiva tratavam a cozinheira, esposa do patriarca Eduardo Alcouce por “TIA MARIA”.

Mas não é só a forma afável e carinhosa da Tia Maria que trás clientes para o restaurante com o seu nome. É a qualidade da sua cozinha e da sua doçaria. A comida para além de ser casei-ra, é bem confeccionada. Só há pratos fixos nos dias:

Sexta-feira – cozido à portuguesa

Sábado – cozinha angolana

Domingo – cabrito assado à moda da beira

Entretanto, todos os dias, há leitão à Bairrada. Eduardo Alcou-ce, conta a história do leitão. “Ainda estávamos no Bordão quan-do começámos a cozinhar o leitão num forno a gás. Assávamos um leitão de cada vez. Entretanto os pedidos começaram a ser em maior número. Procurámos saber quais os melhores molhos para o leitão. Felizmente a Tia Maria, conseguiu encontrar o molho ideal e passamos a ter mais clientes para o leitão. Um dia, fui a Portugal e na zona de Ourém visitei um restaurante de leitões e fiquei bem impressionado, quer com a confecção, quer com a sua saída Re-solvi comprar um forno maior, que está a agora a funcionar, e que permite assar três leitões de uma só vez. Ainda estamos numa fase experimental, mas de certeza que vamos ter boa saída”.

O leitão à Bairrada na TIA MARIA, pode ser acompanhado por um bom vinho da Bairrada, zona do leitão em Portugal. O restaurante possui ainda de uma boa carta de vinhos, com origem em Portugal, França, Espanha, Africa do Sul, Chile, Austrália… Também está bem sortido de whiskies, aguarden-tes, licores…

Os preços das refeições variam entre os USD 25 a USD 30 e o restaurante tem capacidade para 120 pessoas.

A clientela vai desde o ministro ao simples executivo. A TIA MARIA, tem 30 funcionários prontos a servi-lo com quali-dade e simpatia.

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Rua Francisco das Necessidades Castelo Branco, nº 1Município das Ingombotas - Bairro dos Coqueiros

Luanda - Angola

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formação

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formação

OBJECTIVO

Oferecer aos participantes conhecimentos teóricos, sobre a evolução da Contabilidade ao longo dos tempos e paralela-mente dar a conhecer o seu impacto e importância a nível da globalização. Dar a conhecer a relevância do Anexo ao Balan-ço e Demonstração dos Resultados para melhor compreensão das demonstrações financeiras. A responsabilidade do relató-rio de gestão.

A QUEM SE DESTINA

A Contabilistas, Administradores, Bancários e Gestores de empresas, bem como a todos que estudam esta temática.

RESPONSáVEL PELA FORMAÇÃO

José Luís Faria Magro, licenciado em Contabilidade e pós-gra-duado em Finanças Empresariais. Larga experiência na área da Contabilidade no norte de Portugal. Investigador na área da Contabilidade e Gestão, com artigos publicados em Portu-gal, Brasil e Angola. Várias conferências sobre Contabilidade e Gestão e a entrada de Portugal na Moeda Única.

LIMITE DE FORMANDOS

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CARGA HORáRIA

30 horas, distribuídas por 1 dia de cada semana:

Período da manhã 9H00 - 12H30 Período da tarde 14H00 – 18H00

PREÇO

1.500 USD, pagos no acto de inscrição

TEXTOS DE APOIO

Fornecidos pelo formador e distribuídos em cada sessão

INFORMAÇÕES E RESERVAS

Avenida Comandante Valódia nº 5, nº15 1º -Luanda Telf. 00244 244497 Móvel 00244 923454677 0351919352177 Fax 00244 4311168 Email [email protected]

PROGRAMA

. �1Outubro | Novembro 2006 // VALOR ACRESCENTADO

Contabilidade AvançadaHistória da Contabilidade.

Normalização ou Harmonização Contabilística.

Plano de Contas.

Encerramento de Contas.

Análise FinanceiraFunção Financeira e Análise Financeira.

Instrumentos-Base de Análise Financeira.

Método dos Rácios.

Análise do Risco.

Análise de Rendibilidade e Crescimento.

Análise dos Fluxos de Caixa.

Contabilidade BancáriaO que são Planos de Contas Sectoriais.

Normas e Princípios Contabilísticos.

O Plano de Contas das Instituições Financeiras

As Contas Internas e de Regularização e a sua importância à luz dos princípios contabilísticos.

Contas de ordem ou extrapatrimoniais.

A Norma Internacional de Contabilidade (NIC) nº 30 – Divulgações das Demonstrações e de Instituições Financeiras Similares.

Auditoria FinanceiraA origem da Auditoria.

Princípios e normas de Contabilidade versus Princípios e Normas de Auditoria.

Procedimentos e Testes de Auditoria.

A Organização de uma Auditoria.

Os papeis de trabalho

Controlo Interno.

Auditoria ao Balanço e Demonstração dos Resultados.

Relatórios e pareceres de Auditoria.

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VariaÇÕes dO CaPital PrÓPriO e a PrOsPeridade das emPresasé da natureza do capital a variação, como efeito da transformação constante do património. Quando o Capital Próprio sofre uma redução é preciso identificar a causa de tal efeito, pois pode estar em curso um processo de definhamento da riqueza. Quer a prosperidade, quer o definhamento são aspectos de importância que a doutrina contabilística tem como principais preocupações.

O léXiCO POrtUgUÊs em CONtabilidade e as NiC/NirFDevido à aplicação das NiC (iAS)/NiRF(iFRS) o léxico contabilístico português tem merecido alguma (pouca) reflexão, nomeadamente no que respeita à tradução de termos, conceitos e expressões nelas contidos.

as sOCiedades gestOras de PartiCiPaÇÕes sOCiais (sgPs) NO mUNdO aCtUal Começa-se por observar que talvez tenha sido opção errónea deixar de tributar directamente as empresas componentes de grupos a consolidar, desconsiderando que as empresas são pessoas jurídicas (pessoas colectivas).

O CONtrOlO de gestãOO controlo de gestão nem sempre é bem visto pelos gestores. Muitos chamam-lhe “policiamento” e “burocratização” da gestão, pelo que criam barreiras e resistên-cias à sua implementação.

FiCHa de armaZemPreenchimento de uma ficha de armazém utilizando o Custo Médio Unitário, o FiFO e o LiFO e qual o mais vantajoso.

próximo número

�2 . VALOR ACRESCENTADO // Outubro | Novembro 2006

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editorial

A História mostra que ao longo da evolução do Homem, não foram sempre os mesmos povos a dominar o Mundo. O Egipto, a Babilónia, a Grécia, Roma, a Inglaterra, Espanha, por exemplo, durante séculos dominaram o Mundo, para dar lugar a outros e, no caso actual, temos novos candidatos como a China, Índia… Este domínio, para além das armas, foi imposto pelo saber e pelo conhecimento. E vai ser sempre o saber e o conheci-mento, que vão marcar esse domínio.

Mas o surgimento da China e da Índia e porque não do Japão e da Coreia do Sul, como as grandes potências do século XXI, tem um factor comum: a sua independência ocorreu nos finais da década de 40, inícios da década de 50. O Japão teve a imple-mentação do plano Marshall nessa altura. Estes países, depois da independência apostaram e apostam forte na Educação. E não foi uma Educação qualquer. O ensino da Matemática e das Ciências foi obrigatório, e inclusivé, no Japão pri-mavam pela competição entre os alunos.

Angola precisa de estradas. É verdade. Mas tão importante ou mais importante é a aposta na Educação. Em 1978, já era Ango-la independente e, nessa data, a China era dos países mais pobres do Mundo. Hoje é a segunda maior economia do Globo e foi em 2005, o país que mais Investimento Directo Estrangeiro atraiu. E porquê? Educação e visão.

Na Educação não podemos pensar só no Ensino Superior. Hoje há uma apetência forte na sua implementação. Com que corpo docente? Que cursos? Mais Direitos, mais Economias, e as Enge-nharias e as Biologias, estas não devem também existir? A dife-rença é que os cursos virados para as engenharias e afins a nível de implementação são mais caros, e por consequência o retorno do investimento mais demorado. Mas antes de se avançar com o ensino superior deve-se pegar e bem, no ensino primário ou básico. Ninguém ou muito dificilmente alguém, consegue avançar no ensino, sem ter um bom ensino primário. É neste, que temos de apostar. Angola precisa de professores primários com qualidade e dedicação. É frequente os Administradores Municipais pedirem escolas e profes-sores nas nossas províncias, nomeadamente as do inte-

rior. Tem de haver merenda escolar em todas as provín-cias nomeadamente para os alunos mais carenciados, isto porque é mais que sabido quão importante é uma refeição para muitos angolanos. É necessário que o Orça-mento Geral do Estado esteja dotado com mais dinheiro para alcançarmos esse objectivo. Depois do ensino primário, temos de apostar no ensino técnico ou profissional. Em vez de mais universidades, devem ser criadas mais escolas técnico profissionais, mesmo a nível das províncias. Finalmente, melhorar as universidades que temos.

O Projecto Aldeia Nova (PAN), no Waco Kungo conseguiu re-cuperar uma região com boas condições agro-pecuárias. Talvez este projecto bem divulgado interna e externamente possa atrair mais gente para trabalhar as nossas terras, noutras regiões. Para além da recuperação agrícola o PAN, conseguiu recu-perar o Homem. Foi a sua reinserção, a grande vitória deste projecto. É importante dizer que há outros valo-res acima da economia. Repetimos, há as pessoas e há a história. Há, pois deveres do Estado.

A importância do PAN no município do Waco Kungo, trouxe um meio envolvente importante: emprego e mais população radi-cada e a possibilidade de desenvolver outras actividades, como o turismo rural. Já há três bancos instalados no Waco Kungo: banco Keve, BFA e BPC.

O ministro da Agricultura e do Desenvolvimento Rural, defen-deu em Ondjiva, na abertura do 31º Conselho Consultivo Alar-gado do Minader, que a Banca deve apoiar os agricultores na-cionais. Está correcto este pensamento. Mas a Banca, apoia com garantias, e a agricultura, devido às transformações climatéricas a que muitas vezes está sujeita precisa de coberturas, nomeada-mente a nível de seguros de colheita e afins. Estes não existem ainda em Angola. E depois, é importante ver o seu custo/be-neficio. Assim, não é só a Banca que tem de criar condições para o tal apoio. A actividade seguradora que está a despontar também tem de pensar na actividade agrícola e pecuária. Banca e Seguros, aí sim, talvez seja mais fácil o apoio pretendido pelo ministro.

ProPriedade Valor Acrescentado - Prestações de Serviços Lda director José Luís Magro chefe de redacção Adelaide Alves redacção Filipa Couto, Carlos NetoPublicidade Tânia BravodeSiGN GrÁfico PMD - Comunicação e Design www.pmd.ptiMPreSSão Uniarte Gráfica / PortocolaboraraM NeSte NúMero Anabela Neto, António Lopes de Sá, Filipa Couto, José Luís Magro, Joaquim Fernando da Cunha Guimarães, Teresa Eugénio

tiragem: 10.000 exemplares. registada sob o número McS-430/b/2006.

SedeAv. Comandante Valódia, nº 5 - 1º nº 15 - Luanda Tel. 00244 2442497 - Fax 00244 4311168 aGeNteRua da Cidade de Luanda, nº 9 - BengueladeleGaçãoRua Quinta da Campainha, nº 14435-406 Rio Tinto - PortugalTel. 00351 228300507 - Fax 00351 228329897

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Conhecemos os mercados financeiros. Temos mais de vinte anos de experiência.

Estamos actualizados.

Brevemente vamos começar com os nossos cursos de formação nas seguintes áreas:

• Contabilidade Avançada • Mercado de Capitais • Análise Financeira • Análise de Projectos de Investimento

Temos pessoal com experiência nestas áreas. Em todos os cursos será fornecido material didáctico. Cada curso está limitado a 20 formandos.

2 . VALOR ACRESCENTADO // Outubro | Novembro 2006

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PROJECTO ALDEIA NOVAUMA REALIDADE AGRO-PECUÁRIA EM ANGOLA

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A INVASÃO QUE VEM DO ORIENTE JÁ ESTÁ EM ANGOLA