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2ª Turma Recursal JUIZ(a) FEDERAL DR(a). GUSTAVO ARRUDA MACEDO Nro. Boletim 2014.000114 DIRETOR(a) DE SECRETARIA LILIA COELHO DE CARVALHO MAT. 10061 20/10/2014 Expediente do dia FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS 91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL 1 - 0000046-44.2012.4.02.5054/01 (2012.50.54.000046-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) AUGUSTO FALCAO DA SILVA (ADVOGADO: ES013010 - FRANCISCO MACHADO NASCIMENTO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.). Processo nº: 0000046-44.2012.4.02.5054/01 (2012.50.54.000046-0/01) Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS Recorrido: AUGUSTO FALCAO DA SILVA Juízo de Origem: 1ª VF Colatina Relator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO VOTO EMENTA EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONTRADIÇÃO ENTRE DECISÕES DISTINTAS. IMPOSSIBILIDADE. QUESTÕES APRECIADAS DE FORMA CLARA E OBJETIVA. PREQUESTIONAMENTO IMPLICITO. AFIRMAÇÃO GENÉRICA DE OMISSÃO E/OU OBSCURIDADE DO ACÓRDÃO. RECURSO DESPROVIDO. 1. O Instituto Nacional do Seguro Social - INSS opôs embargos de declaração com a finalidade de prequestionar o entendimento adotado no acórdão no que se refere à prescrição. 2. Convém ressaltar inicialmente, que a contradição que autoriza o manejo dos embargos de declaração deve ser a contradição interna, verificada entre os elementos que compõem a estrutura da decisão judicial e não entre duas decisões distintas (acórdão e entendimentos proferidos pelo STJ nos AgRg no REsp nº 1.143.254/PR, AgRg no REsp nº 1.150.455/RS, AgRg no REsp nº 1.042.837/DF e no REsp 1.270.439/PR), como aduz o embargante. 3. No mais, o embargante limita-se a questionar o entendimento adotado por esta Turma Recursal relativo à prescrição qüinqüenal, o momento da sua interrupção e a renúncia ao prazo já consumado. 4. Os embargos de declaração visam, tão somente, suprir a decisão judicial de qualquer eventual tipo de contradição, omissão ou obscuridade passível de correção, e não, analisar novos fatos e argumentos legais. No caso, a petição de fls. 62/74 não apresenta ou aponta de forma conclusiva quaisquer das hipóteses passíveis de embargos de declaração afirmando a existência de omissão/contradição de forma genérica. 5. O julgador não está obrigado a exaurir em respostas jurídicas todos os argumentos aduzidos pela parte, sendo suficiente a fundamentação que demonstre cabalmente o seu convencimento. 6. Sobre prequestionamento, requisito indispensável à admissão do recurso extraordinário, cumpre considerar, conforme entendimento firmado pela Corte Superior de Justiça, a possibilidade de prequestionamento implícito, ou seja, a matéria litigiosa pode ser apreciada de maneira clara e objetiva ainda que sem menção expressa à norma legal, não havendo necessidade, portanto, de específica alusão aos dispositivos legais questionados. Vejamos: “PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DOENÇA DE PARKINSON. FORNECIMENTO DE MEDICAMENTO PARA TRATAMENTO DE SAÚDE. PROVA CABAL DO AUTOR SOBRE SUA NECESSIDADE. DEVER CONSTITUCIONAL. OBRIGAÇÃO DO ESTADO DE ASSEGURAR ÀS PESSOAS O ACESSO A MEDICAMENTOS. SOLIDARIEDADE DOS ENTES FEDERADOS. REEXAME DO JULGADO. INADEQUAÇÃO DA VIA. OMISSÃO, CONTRADIÇÃO E OBSCURIDADE. INEXISTÊNCIA. 1. A Constituição Federal de 1988 (art. 1º, III), ao dispor sobre a dignidade da pessoa humana como fundamento do Estado Democrático de Direito, reconheceu que o Estado existe em função da pessoa humana, uma vez que sua finalidade precípua é o próprio ser humano. 2. A União Federal, os Estados e os Municípios são responsáveis solidários pela saúde frente aos indivíduos, sendo, pois, os legitimados passivos nas ações cuja causa de pedir é o fornecimento de medicamentos e/ou leitos aos necessitados. Pode o Autor mover a pretensão contra qualquer um dos entes ou contra todos, independentemente de qualquer divisão efetuada pela Lei nº 8.080/90. 3. Uma vez comprovado pela prescrição médica que o Autor foi diagnosticado como portador de Doença de Parkinson, cardiopatia crônica, diabete mellitus tipo 2 e hipertensão arterial, e que necessita dos medicamentos acima descritos para tratamento de sua saúde, o papel do Poder Judiciário cinge-se à determinação de cumprimento da prestação devida, sendo o caso, portanto, de se conferir efetividade à garantia do direito à saúde, norma constitucional cuja aplicabilidade é plena e imediata. 4. Os embargos de declaração são via imprópria para o rejulgamento da causa, sendo que eventual reforma do

2ª Turma Recursal JUIZ(a) FEDERAL DR(a). GUSTAVO … · Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS, em face do acórdão proferido por esta Turma Recursal, às fls. 129/130

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2ª Turma RecursalJUIZ(a) FEDERAL DR(a). GUSTAVO ARRUDA MACEDO

Nro. Boletim 2014.000114 DIRETOR(a) DE SECRETARIA LILIA COELHO DE CARVALHO MAT. 10061

20/10/2014Expediente do dia

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

1 - 0000046-44.2012.4.02.5054/01 (2012.50.54.000046-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) AUGUSTO FALCAO DA SILVA(ADVOGADO: ES013010 - FRANCISCO MACHADO NASCIMENTO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.).Processo nº: 0000046-44.2012.4.02.5054/01 (2012.50.54.000046-0/01)Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: AUGUSTO FALCAO DA SILVAJuízo de Origem: 1ª VF ColatinaRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONTRADIÇÃO ENTRE DECISÕES DISTINTAS. IMPOSSIBILIDADE. QUESTÕESAPRECIADAS DE FORMA CLARA E OBJETIVA. PREQUESTIONAMENTO IMPLICITO. AFIRMAÇÃO GENÉRICA DEOMISSÃO E/OU OBSCURIDADE DO ACÓRDÃO. RECURSO DESPROVIDO.

1. O Instituto Nacional do Seguro Social - INSS opôs embargos de declaração com a finalidade de prequestionar oentendimento adotado no acórdão no que se refere à prescrição.

2. Convém ressaltar inicialmente, que a contradição que autoriza o manejo dos embargos de declaração deve ser acontradição interna, verificada entre os elementos que compõem a estrutura da decisão judicial e não entre duas decisõesdistintas (acórdão e entendimentos proferidos pelo STJ nos AgRg no REsp nº 1.143.254/PR, AgRg no REsp nº1.150.455/RS, AgRg no REsp nº 1.042.837/DF e no REsp 1.270.439/PR), como aduz o embargante.

3. No mais, o embargante limita-se a questionar o entendimento adotado por esta Turma Recursal relativo à prescriçãoqüinqüenal, o momento da sua interrupção e a renúncia ao prazo já consumado.

4. Os embargos de declaração visam, tão somente, suprir a decisão judicial de qualquer eventual tipo de contradição,omissão ou obscuridade passível de correção, e não, analisar novos fatos e argumentos legais. No caso, a petição de fls.62/74 não apresenta ou aponta de forma conclusiva quaisquer das hipóteses passíveis de embargos de declaraçãoafirmando a existência de omissão/contradição de forma genérica.

5. O julgador não está obrigado a exaurir em respostas jurídicas todos os argumentos aduzidos pela parte, sendo suficientea fundamentação que demonstre cabalmente o seu convencimento.

6. Sobre prequestionamento, requisito indispensável à admissão do recurso extraordinário, cumpre considerar, conformeentendimento firmado pela Corte Superior de Justiça, a possibilidade de prequestionamento implícito, ou seja, a matérialitigiosa pode ser apreciada de maneira clara e objetiva ainda que sem menção expressa à norma legal, não havendonecessidade, portanto, de específica alusão aos dispositivos legais questionados. Vejamos:

“PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DOENÇA DE PARKINSON. FORNECIMENTO DEMEDICAMENTO PARA TRATAMENTO DE SAÚDE. PROVA CABAL DO AUTOR SOBRE SUA NECESSIDADE. DEVERCONSTITUCIONAL. OBRIGAÇÃO DO ESTADO DE ASSEGURAR ÀS PESSOAS O ACESSO A MEDICAMENTOS.SOLIDARIEDADE DOS ENTES FEDERADOS. REEXAME DO JULGADO. INADEQUAÇÃO DA VIA. OMISSÃO,CONTRADIÇÃO E OBSCURIDADE. INEXISTÊNCIA. 1. A Constituição Federal de 1988 (art. 1º, III), ao dispor sobre adignidade da pessoa humana como fundamento do Estado Democrático de Direito, reconheceu que o Estado existe emfunção da pessoa humana, uma vez que sua finalidade precípua é o próprio ser humano. 2. A União Federal, os Estados eos Municípios são responsáveis solidários pela saúde frente aos indivíduos, sendo, pois, os legitimados passivos nas açõescuja causa de pedir é o fornecimento de medicamentos e/ou leitos aos necessitados. Pode o Autor mover a pretensãocontra qualquer um dos entes ou contra todos, independentemente de qualquer divisão efetuada pela Lei nº 8.080/90. 3.Uma vez comprovado pela prescrição médica que o Autor foi diagnosticado como portador de Doença de Parkinson,cardiopatia crônica, diabete mellitus tipo 2 e hipertensão arterial, e que necessita dos medicamentos acima descritos paratratamento de sua saúde, o papel do Poder Judiciário cinge-se à determinação de cumprimento da prestação devida, sendoo caso, portanto, de se conferir efetividade à garantia do direito à saúde, norma constitucional cuja aplicabilidade é plena eimediata. 4. Os embargos de declaração são via imprópria para o rejulgamento da causa, sendo que eventual reforma do

decisum deve ser buscada pela via recursal própria. 5. Quanto ao requisito do prequestionamento - indispensável àadmissão dos recursos especial e extraordinário -, a Corte Superior de Justiça tem entendido ser suficiente oprequestionamento implícito, presente quando se discute a matéria litigiosa de maneira clara e objetiva, ainda que semalusão expressa aos dispositivos legais questionados. 6. Não ocorrendo irregularidades no acórdão quando a matéria queserviu de base à oposição do recurso foi devidamente apreciada, com fundamentos claros e nítidos, enfrentando asquestões suscitadas ao longo da instrução, tudo em perfeita consonância com os ditames da legislação e jurisprudênciaconsolidada, não há que se falar em omissão, obscuridade ou contradição. 7. Embargos desprovidos. Grifei. (TRF2 –Quinta Turma Especializada – E-DJF2R 24/02/2014 APELRE 200951010128348 APELRE - APELAÇÃO/REEXAMENECESSÁRIO, 585866, rel. Desembargador Federal MARCUS ABRAHAM)”.

7. Acerca das Súmulas apontadas pelo embargante, acrescente-se que a súmula 98 do STJ é de 1994 e a súmula 356 doSTF é de 1963. Os Juizados Especiais foram criados pela Lei 9.099 de 1995, bem como pela Lei 10.259 de 2001, portanto,esses enunciados estão em desacordo com o entendimento moderno no sentido da desnecessidade de interposição deembargos de declaração para efeito exclusivo de prequestionamento (teoria do prequestionamento implícito). Nessesentido:

“PROCESSO CIVIL EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. SUPOSTAS OMISSÕES NÃO COMPROVADAS.PREQUESTIONAMENTO QUE NÃO SE VISLUMBRA EM SEDE DE JUIZADOS ESPECIAIS. RECURSO CONHECIDO,MAS IMPROVIDO. 1 - A SIMPLES PRETENSÃO DE PREQUESTIONAMENTO DE MATÉRIAS CONSTITUCIONAIS NÃOCONDUZ AO AUTOMÁTICO RACIOCÍNIO DE QUE O ACÓRDÃO EM ANÁLISE RESTOU OMISSO. 2 - INCLUSIVE, NÃOSE ADMITE EM SEDE DE JUIZADOS ESPECIAIS OPOSIÇÃO DE EMBARGOS DECLARATÓRIOS COM INTUITO DEPREQUESTIONAMENTO DE MATÉRIAS PASSÍVEIS DE ANÁLISE POR INSTÂNCIAS EXTRAORDINÁRIAS. 3 -OMISSÕES QUE NÃO SE VERIFICARAM, HAJA VISTA QUE AS RAZÕES DE DECIDIR, AINDA QUE REFLEXAMENTE,EXAURIRAM A QUESTÃO. 4 - NO MAIS, PRETENDE A EMBARGANTE MODIFICAÇÃO DO JULGADO, O QUE ÉINADMISSÍVEL NESTA VIA ESTREITA DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. 5 - EMBARGOS DE DECLARAÇÃOCONHECIDOS, MAS IMPROVIDOS. 6 - SÚMULA DE JULGAMENTO SERVINDO DE ACÓRDÃO NOS MOLDESPRECONIZADOS PELO ARTIGO 46, 2ª PARTE, DA LEI Nº. 9.099 , DE 1995. TJ-DF - APELACAO CIVEL NO JUIZADOESPECIAL ACJ 20070910136783 DF (TJ-DF) Data de publicação: 20/08/2008.”

8. Ademais, observa-se que a matéria foi devidamente apreciada com o enfrentamento das questões suscitadas estandoem perfeita consonância com a legislação e jurisprudência consolidada sobre o tema, não havendo que se falar emomissão.

9. Cumpre ressaltar que inexistente omissão, contradição ou obscuridade que objetivamente resulte do julgado não cabe autilização de embargos. Divergência subjetiva da parte ou resultante de interpretação jurídica diversa não enseja a utilizaçãode embargos declaratórios, devendo a parte, se assim entender, manejar o recurso próprio.

Diante disso, forçoso concluir que estamos diante de situação que se enquadra no art. 538, parágrafo único, do CPC.Assim, condeno o embargante ao pagamento de multa equivalente a 1% (um por cento) sobre o valor da causa, que serárevertida em favor do embargado.

11. Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

2 - 0000891-81.2009.4.02.5054/01 (2009.50.54.000891-5/01) DENY DE MELLO MACIEL RIGONI (ADVOGADO: ES011273- BRUNO SANTOS ARRIGONI, ES004925 - HENRIQUE SOARES MACEDO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.).Processo nº: 0000891-81.2009.4.02.5054/01 (2009.50.54.000891-5/01)Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: DENY DE MELLO MACIEL RIGONIJuízo de Origem: 1ª VF ColatinaRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ.CORREÇÃO MONETÁRIA. APLICAÇÃO DO INPC. OMISSÃO. CONDENAÇÃO EM HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.INTERPRETAÇÃO LITERAL DO ART. 55 DA LEI 9.099/95. VÍCIO SANADO. EMBARGOS ACOLHIDOS.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS, em face do acórdão proferido por esta Turma Recursal, às fls.129/130. Alega o embargante que o julgado guerreado é omisso e contraditório acerca da fixação dos índices de correçãomonetária e juros. Aduz que o acórdão contraria a posição do STF no julgamento das ADI’S 4357 e 4425, haja vista quehouve manifestação explícita de que o índice de correção monetária seria fixado pela Corte Magna em momentosuperveniente, quando da análise da modulação de efeitos. Aponta contradição no tocante à condenação do INSS emhonorários de sucumbência em demanda recursal a que não deu causa. Afirma que não há condenação em honoráriosadvocatícios nos Juizados Especiais Federais para o recorrido. Sustenta, outrossim, que há omissão quanto àaplicabilidade da Súmula 111 do STJ. Dessa forma, requer seja suspenso o julgamento dos aclaratórios até que o STFprofira julgamento final nas ADI’S 4357 e 4425.

Ressalto, inicialmente, que apenas os recursos extraordinários e especiais estão sujeitos à suspensão determinada nosartigos 543-B e 543-C do CPC, não havendo óbice ao julgamento dos presentes embargos.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais sejam, os de obscuridade, contradição, omissãoou dúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-seque este aponta a existência de omissão e contradição no julgado.

Quanto ao índice de correção monetária, é importante registrar que a declaração de inconstitucionalidade da Lei nº11.960/09 se deu por arrastamento, no bojo de ação direta cujo objeto era o questionamento da constitucionalidade doscritérios de correção monetária dos precatórios nos termos estabelecidos pela EC nº 62/09. Além do mais, o fato de aquestão estar sendo debatida no âmbito do STF, sem que esteja produzindo efeitos alguma decisão com eficáciavinculante, não impede que as instâncias ordinárias exerçam o controle difuso de constitucionalidade, nos casos concretosque lhes forem submetidos à apreciação, utilizando-se para tanto dos mesmos fundamentos que levaram à declaração deconstitucionalidade no âmbito do controle concentrado e abstrato.

A decisão prolatada pelo Eminente Min. Luiz Fux nos autos da ADI nº 4.357/DF não determina a aplicação integral da Lei nº11.960/09 a todas as ações em que haja condenação da Fazenda Pública. Em verdade, trata-se de decisão prolatada comvistas a solucionar o problema específico dos precatórios pendentes de pagamento no âmbito dos tribunais pátrios.

Por outro lado, a decisão prolatada na Rcl nº 16.745-MC/DF não contém qualquer determinação no sentido da suspensãodos processos em que se discuta a matéria, nem no sentido de impor a todos os órgãos do Poder Judiciário a aplicação doart. 1º-F da Lei nº 11.960/09 a todas as demandas em que haja condenação da Fazenda Pública. Nesse sentido foi oentendimento do Superior Tribunal de Justiça, conforme aresto abaixo.

PROCESSUAL CIVIL. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. ART. 1º-F DA LEI N. 9.494/97. APLICAÇÃO IMEDIATA. ART.5º DA LEI N. 11.960/09. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL POR ARRASTAMENTO (ADIN4.357/DF). ÍNDICE DE CORREÇÃO MONETÁRIA APLICÁVEL: IPCA. JULGAMENTO DE ADI NO STF.SOBRESTAMENTO. INDEFERIMENTO. 1. A Corte Especial do STJ, no julgamento do Recurso Especial repetitivo1.205.946/SP, assentou a compreensão de que a Lei n. 11.960/09, ante o seu caráter instrumental, deve ser aplicada deimediato aos processos em curso, à luz do princípio tempus regit actum, sem, contudo, retroagir a período anterior à suavigência. 2. O Plenário do STF declarou a inconstitucionalidade parcial por arrastamento do art. 5º da Lei n. 11.960/09, nojulgamento da ADI 4357/DF, Rel. Min. Ayres Brito, em 14.3.2013. 3. A Primeira Seção, por unanimidade, na ocasião dojulgamento do Recurso Especial repetitivo 1.270.439/PR, assentou que, nas condenações impostas à Fazenda Pública denatureza não tributária, os juros moratórios devem ser calculados com base no índice oficial de remuneração básica e jurosaplicados à caderneta de poupança, nos termos da regra do art. 1º-F da Lei n. 9.494/97, com redação da Lei n. 11.960/09.Já a correção monetária, por força da declaração de inconstitucionalidade parcial do art. 5º da Lei n. 11.960/09, deverá sercalculada com base no IPCA, índice que melhor reflete a inflação acumulada do período. 4. A pendência de julgamento noSTF de ação em que se discute a constitucionalidade de lei não enseja o sobrestamento dos recursos que tramitam noSTJ. Cabível o exame de tal pretensão somente em eventual juízo de admissibilidade de Recurso Extraordinário interpostonesta Corte Superior. 5. A correção monetária e os juros de mora, como consectários legais da condenação principal,possuem natureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício, bastando que a matéria tenha sidodebatida na Corte de origem. Logo, não há falar em reformatio in pejus. 6. Por fim, com relação à liminar deferida peloeminente Ministro Teori Zavascki na Reclamação 16.745-MC/DF, não há falar em desobediência desta Corte em cumprirdeterminação do Pretório Excelso, haja vista que não há determinação daquela Corte para que o STJ e demais tribunaispátrios se abstenham de julgar a matéria relativa aos índices de juros de mora e correção monetária previstos do art. 1º-Fda Lei n. 9.494/97, na redação da Lei n. 11.960/2009. Tampouco se extrai comando para que as Cortes do País aguardemou mantenham sobrestados os feitos que cuidam da matéria até a modulação dos efeitos da decisão proferida na ADI.Agravo regimental improvido.(Processo AGARESP 201300185086 AGARESP - AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL –288026 Relator(a) HUMBERTO MARTINS Sigla do órgão STJ Órgão julgador SEGUNDA TURMA Fonte DJE DATA:20/02/2014).

No que se refere à condenação do INSS ao pagamento de honorários advocatícios, assiste razão ao embargante, tendo emvista que o art. 55 da Lei 9.099/95 estabelece que: “A sentença de primeiro grau não condenará o vencido em custas ehonorários de advogado, ressalvados os casos de litigância de má-fé. Em segundo grau, o recorrente, vencido, pagará ascustas e honorários de advogado, que serão fixados entre dez por cento e vinte por cento do valor de condenação ou, nãohavendo condenação, do valor corrigido da causa.”

Oportuno ressaltar, que a 2ª Turma Recursal da Seção Judiciária do Espírito Santo, com a ressalva do entendimentopessoal do Relator, decidiu aplicar literalmente o disposto no art. 55 da Lei nº 9.099/1995, passando a condenar apenas orecorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios.In casu, o recurso inominado foi interposto pela parte autora, ao qual foi dado provimento, conforme se infere do acórdão defls. 129/130, não havendo, portanto, que se condenar o INSS em honorários advocatícios.Em face do exposto, é necessário retificar o julgado apenas e tão-somente para acrescentar ao acórdão recorrido afundamentação acima acerca da fixação do índice de juros e correção monetária, bem como para excluir a condenação doInstituto Nacional do Seguro Social – INSS ao pagamento dos honorários advocatícios, mantendo os seus demais termos.Resta prejudicado, portanto, o pleito acerca da aplicabilidade da Súmula 111, do STJ, haja vista a exclusão da condenaçãoem honorários advocatícios.Embargos de Declaração conhecidos e providos, integrando o item 6 do acórdão embargado com o seguinte trecho: “Semcondenação em custas, nem em honorários, tendo em vista o disposto no art. 55, caput, da Lei 9.099/1995.”ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer eprover os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

3 - 0002868-18.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.002868-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIO LUIZ DA CRUZ(ADVOGADO: SC030714 - MARCO AURÉLIO TAVARES PEREIRA, ES012916 - MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.).Processo nº: 0002868-18.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.002868-9/01)Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: MARIO LUIZ DA CRUZJuízo de Origem: 1º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONTRADIÇÃO ENTRE DECISÕES DISTINTAS. IMPOSSIBILIDADE. QUESTÕESAPRECIADAS DE FORMA CLARA E OBJETIVA. PREQUESTIONAMENTO IMPLICITO. AFIRMAÇÃO GENÉRICA DEOMISSÃO E/OU OBSCURIDADE DO ACÓRDÃO. RECURSO DESPROVIDO.

1. O Instituto Nacional do Seguro Social - INSS opôs embargos de declaração com a finalidade de prequestionar oentendimento adotado no acórdão no que se refere à prescrição.

2. Convém ressaltar inicialmente, que a contradição que autoriza o manejo dos embargos de declaração deve ser acontradição interna, verificada entre os elementos que compõem a estrutura da decisão judicial e não entre duas decisõesdistintas (acórdão e entendimentos proferidos pelo STJ nos AgRg no REsp nº 1.143.254/PR, AgRg no REsp nº1.150.455/RS, AgRg no REsp nº 1.042.837/DF e no REsp 1.270.439/PR), como aduz o embargante.

3. No mais, o embargante limita-se a questionar o entendimento adotado por esta Turma Recursal relativo à prescriçãoqüinqüenal, o momento da sua interrupção e a renúncia ao prazo já consumado.

4. Os embargos de declaração visam, tão somente, suprir a decisão judicial de qualquer eventual tipo de contradição,omissão ou obscuridade passível de correção, e não, analisar novos fatos e argumentos legais. No caso, a petição de fls.65/77 não apresenta ou aponta de forma conclusiva quaisquer das hipóteses passíveis de embargos de declaraçãoafirmando a existência de omissão/contradição de forma genérica.

5. O julgador não está obrigado a exaurir em respostas jurídicas todos os argumentos aduzidos pela parte, sendo suficientea fundamentação que demonstre cabalmente o seu convencimento.

6. Sobre prequestionamento, requisito indispensável à admissão do recurso extraordinário, cumpre considerar, conformeentendimento firmado pela Corte Superior de Justiça, a possibilidade de prequestionamento implícito, ou seja, a matérialitigiosa pode ser apreciada de maneira clara e objetiva ainda que sem menção expressa à norma legal, não havendonecessidade, portanto, de específica alusão aos dispositivos legais questionados. Vejamos:

“PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DOENÇA DE PARKINSON. FORNECIMENTO DEMEDICAMENTO PARA TRATAMENTO DE SAÚDE. PROVA CABAL DO AUTOR SOBRE SUA NECESSIDADE. DEVERCONSTITUCIONAL. OBRIGAÇÃO DO ESTADO DE ASSEGURAR ÀS PESSOAS O ACESSO A MEDICAMENTOS.SOLIDARIEDADE DOS ENTES FEDERADOS. REEXAME DO JULGADO. INADEQUAÇÃO DA VIA. OMISSÃO,CONTRADIÇÃO E OBSCURIDADE. INEXISTÊNCIA. 1. A Constituição Federal de 1988 (art. 1º, III), ao dispor sobre adignidade da pessoa humana como fundamento do Estado Democrático de Direito, reconheceu que o Estado existe emfunção da pessoa humana, uma vez que sua finalidade precípua é o próprio ser humano. 2. A União Federal, os Estados e

os Municípios são responsáveis solidários pela saúde frente aos indivíduos, sendo, pois, os legitimados passivos nas açõescuja causa de pedir é o fornecimento de medicamentos e/ou leitos aos necessitados. Pode o Autor mover a pretensãocontra qualquer um dos entes ou contra todos, independentemente de qualquer divisão efetuada pela Lei nº 8.080/90. 3.Uma vez comprovado pela prescrição médica que o Autor foi diagnosticado como portador de Doença de Parkinson,cardiopatia crônica, diabete mellitus tipo 2 e hipertensão arterial, e que necessita dos medicamentos acima descritos paratratamento de sua saúde, o papel do Poder Judiciário cinge-se à determinação de cumprimento da prestação devida, sendoo caso, portanto, de se conferir efetividade à garantia do direito à saúde, norma constitucional cuja aplicabilidade é plena eimediata. 4. Os embargos de declaração são via imprópria para o rejulgamento da causa, sendo que eventual reforma dodecisum deve ser buscada pela via recursal própria. 5. Quanto ao requisito do prequestionamento - indispensável àadmissão dos recursos especial e extraordinário -, a Corte Superior de Justiça tem entendido ser suficiente oprequestionamento implícito, presente quando se discute a matéria litigiosa de maneira clara e objetiva, ainda que semalusão expressa aos dispositivos legais questionados. 6. Não ocorrendo irregularidades no acórdão quando a matéria queserviu de base à oposição do recurso foi devidamente apreciada, com fundamentos claros e nítidos, enfrentando asquestões suscitadas ao longo da instrução, tudo em perfeita consonância com os ditames da legislação e jurisprudênciaconsolidada, não há que se falar em omissão, obscuridade ou contradição. 7. Embargos desprovidos. Grifei. (TRF2 –Quinta Turma Especializada – E-DJF2R 24/02/2014 APELRE 200951010128348 APELRE - APELAÇÃO/REEXAMENECESSÁRIO, 585866, rel. Desembargador Federal MARCUS ABRAHAM)”.

7. Acerca das Súmulas apontadas pelo embargante, acrescente-se que a súmula 98 do STJ é de 1994 e a súmula 356 doSTF é de 1963. Os Juizados Especiais foram criados pela Lei 9.099 de 1995, bem como pela Lei 10.259 de 2001, portanto,esses enunciados estão em desacordo com o entendimento moderno no sentido da desnecessidade de interposição deembargos de declaração para efeito exclusivo de prequestionamento (teoria do prequestionamento implícito). Nessesentido:

“PROCESSO CIVIL EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. SUPOSTAS OMISSÕES NÃO COMPROVADAS.PREQUESTIONAMENTO QUE NÃO SE VISLUMBRA EM SEDE DE JUIZADOS ESPECIAIS. RECURSO CONHECIDO,MAS IMPROVIDO. 1 - A SIMPLES PRETENSÃO DE PREQUESTIONAMENTO DE MATÉRIAS CONSTITUCIONAIS NÃOCONDUZ AO AUTOMÁTICO RACIOCÍNIO DE QUE O ACÓRDÃO EM ANÁLISE RESTOU OMISSO. 2 - INCLUSIVE, NÃOSE ADMITE EM SEDE DE JUIZADOS ESPECIAIS OPOSIÇÃO DE EMBARGOS DECLARATÓRIOS COM INTUITO DEPREQUESTIONAMENTO DE MATÉRIAS PASSÍVEIS DE ANÁLISE POR INSTÂNCIAS EXTRAORDINÁRIAS. 3 -OMISSÕES QUE NÃO SE VERIFICARAM, HAJA VISTA QUE AS RAZÕES DE DECIDIR, AINDA QUE REFLEXAMENTE,EXAURIRAM A QUESTÃO. 4 - NO MAIS, PRETENDE A EMBARGANTE MODIFICAÇÃO DO JULGADO, O QUE ÉINADMISSÍVEL NESTA VIA ESTREITA DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. 5 - EMBARGOS DE DECLARAÇÃOCONHECIDOS, MAS IMPROVIDOS. 6 - SÚMULA DE JULGAMENTO SERVINDO DE ACÓRDÃO NOS MOLDESPRECONIZADOS PELO ARTIGO 46, 2ª PARTE, DA LEI Nº. 9.099 , DE 1995. TJ-DF - APELACAO CIVEL NO JUIZADOESPECIAL ACJ 20070910136783 DF (TJ-DF) Data de publicação: 20/08/2008.”

8. Ademais, observa-se que a matéria foi devidamente apreciada com o enfrentamento das questões suscitadas estandoem perfeita consonância com a legislação e jurisprudência consolidada sobre o tema, não havendo que se falar emomissão.

9. Cumpre ressaltar que inexistente omissão, contradição ou obscuridade que objetivamente resulte do julgado não cabe autilização de embargos. Divergência subjetiva da parte ou resultante de interpretação jurídica diversa não enseja a utilizaçãode embargos declaratórios, devendo a parte, se assim entender, manejar o recurso próprio.

Diante disso, forçoso concluir que estamos diante de situação que se enquadra no art. 538, parágrafo único, do CPC.Assim, condeno o embargante ao pagamento de multa equivalente a 1% (um por cento) sobre o valor da causa, que serárevertida em favor do embargado.

11. Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

4 - 0001008-78.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.001008-4/01) ELIAS DARÉ VENTORIM (ADVOGADO: ES008522 -EDGARD VALLE DE SOUZA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: THIAGO DEALMEIDA RAUPP.).Processo nº: 0001008-78.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.001008-4/01)Recorrente: ELIAS DARÉ VENTORIMRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSJuízo de Origem: 1ª VF Sao MateusRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – CONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADEPARA A ATIVIDADE LABORATIVA – PEDIDO PROCEDENTE – RECURSO DO AUTOR - FUNGIBILIDADE.

1. Trata-se de recurso interposto pelo autor em face da sentença que julgou procedente o pedido de restabelecimento deauxílio-doença. Sustenta em suas razões que ajuizou demanda pleiteando a concessão de auxílio doença e aposentadoriapor invalidez, tendo a sentença rejeitado a aposentadoria por invalidez, muito embora o demandante esteja incapacitadototal e definitivamente para toda e qualquer atividade laborativa, considerando-se não só as conclusões da perícia judicial,mas também as suas condições pessoais. Contrarrazões às fls. 114.

2. A sentença recorrida foi prolatada nos termos seguintes:

“Trata-se de ação de conhecimento proposta por Elias Daré Ventorim em face do Instituto Nacional do Seguro Social –INSS, objetivando a condenação do réu ao restabelecimento de auxílio-doença, a ser convertido em aposentadoria porinvalidez, bem como ao pagamento dos atrasados devidamente corrigidos.Dispensado o relatório (art. 38 da Lei 9099/95), passo a decidir.A questão controvertida no caso dos autos se restringe à existência de incapacidade que autorize conceder à parte autoraauxílio-doença ou aposentadoria por invalidez.O auxílio doença é benefício legalmente previsto no caput do art. 59 da Lei 8.213/1991:“Art. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carênciaexigido nesta lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) diasconsecutivos”.No tocante à aposentadoria por invalidez, dispõe a Lei 8.213/91, no art. 42, que:“Art. 42. A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao seguradoque, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício deatividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição”.O autor recebeu, administrativamente, o benefício auxílio-doença pelo período de 08.04.2008 a 30.04.2009 (fl. 12).A perícia médica judicial, conforme laudo de fls. 82/91, constatou que o autor no início do ano de 2008 começou aapresentar fraqueza, náuseas, epigastralgia e emagrecimento. Submetido a avaliação médica foi firmado diagnóstico decâncer de estômago. Realizou tratamento completo (cirurgia – gastrectomia subtotal em 05.06.2008 – quimioterapia eradioterapia, adjuvantes). Atualmente, queixa de fraqueza, pois alimenta pouco, e cefaléia. Afirmou ainda que o autor éportador de hipertensão arterial compensada, sem sequelas. Concluiu a perita que o autor, no momento, não estáincapacitado para suas atividades habituais. Muito embora tenha concluído pela ausência de incapacidade laborativa, aperita ponderou em dizer que para atividades que demandem intenso esforço físico é importante considerar a possibilidadede evitá-las, principalmente, devido ao fato do periciando ser portador de hipertensão arterial (doença compensada e nãoincapacitante, mas que exige cuidados), além de já estar próximo aos 50 anos de idade, ou seja, toda pessoa próxima aos50 anos e hipertensa, não deve exagerar em atividades que requeiram muito esforço físico (laborativas ou não).Nesse contexto, associando o quadro patológico constatado pela perita do Juízo à sua atividade habitual – agricultor – e aorecebimento de auxílio-doença, em sede administrativa, concluo que o mesmo se encontra incapacitado para atividadesque demandem esforço físico.Quanto à qualidade de segurado do postulante, apesar de não contestada, verifico que este a possuía, inclusive erabeneficiário de auxílio-doença até 30.04.2009.Assim sendo, entendo que deve prosperar o pleito autoral, retrocedendo o restabelecimento do auxílio-doença à data dacessação do benefício, em 30.04.2009, quando o autor ainda estava incapacitado, devendo ser observadas as parcelaspagas a título de tutela antecipada.É de se destacar que o referido benefício deve ser pago até a devida reabilitação do segurado, assim como preceitua o art.62 da Lei 8.213/1991:“Art. 62. O segurado em gozo de auxílio-doença, insusceptível de recuperação para sua atividade habitual, deverásubmeter-se a processo de reabilitação profissional para o exercício de outra atividade. Não cessará o benefício até queseja dado como habilitado para o desempenho de nova atividade que lhe garanta a subsistência ou, quando consideradonão-recuperável, for aposentado por invalidez”.Além disso, vale frisar que o INSS não impugnou as conclusões periciais e às fls. 97/98 apresentou proposta de acordo,que não foi aceita (fl. 100).Pelo exposto, mantenho a tutela antecipada e julgo procedente com resolução de mérito o pedido de auxílio-doença (NB529.964.184-9), nos termos do art. 269, I do CPC, condenando o réu a restabelecer o benefício desde o dia posterior a suacessação (01.05.2009 – fl. 12), bem como a pagar as parcelas vencidas, devendo ser descontadas as parcelas pagasadministrativamente e/ou a título de tutela antecipada, com incidência de correção monetária, conforme tabela do CJF,desde a data em que foram devidas, e de juros mora de 1% ao mês a contar da citação e até 26.06.2009 (data do adventoda Lei 11960/2009). Após essa data, atualização na forma do art. 1º F da Lei 9494/97, com a redação que lhe foi dada pelaLei 11960/2009.Condeno, também, o INSS no ressarcimento dos honorários periciais.Sem custas nem honorários advocatícios (art. 55 da Lei n.º 9.099/95).Caso venha a ser interposto recurso, após certificação da tempestividade, intime(m)-se a(s) parte(s) recorrida(s) paraapresentar contrarrazões, no prazo de 10 (dez) dias. Transcorrido o prazo, remetam-se os autos à Turma Recursal.Não havendo interposição recursal, certifique-se o trânsito em julgado e intime-se o INSS para comprovar nos autos o

cumprimento da sentença e apresentar planilha de cálculo com os valores atualizados, em 10 (dez) dias. Em caso deprecatório, deverá o réu informar a existência de crédito a ser compensado, ex vi do disposto no art. 100 da CF.Cumprida a determinação, cadastre(m)-se o(s) requisitório(s) na forma do art. 17 da Lei nº. 10.259/2001 e intimem-se aspartes para manifestação, em 05 (cinco) dias, podendo a parte autora, no prazo assinado, apresentar impugnação ouindicar eventual valor a ser deduzido, nos termos da Resolução 168/2011 do Conselho da Justiça Federal.Transcorrido in albis o prazo, venham os autos conclusos para envio do(s) requisitório(s) ao TRF 2ª Região. Noticiado(s)o(s) depósito(s), intime(m)-se o(s) beneficiário(s) para levantamento, dê-se baixa e arquivem-se os autos.Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

3. Sem razão o recorrente. Entendo que a sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46 da Lei9.099/1995), tendo em vista que as provas foram analisadas de forma plena e prudente pelo juízo de piso e o julgado estáem consonância com a lei e o entendimento pacificado desta Turma Recursal, ao afastar os argumentos reproduzidos nopresente recurso.

4. Com efeito, a perícia realizada em Juízo não afirmou a incapacidade total, ou seja, para toda e qualquer atividadelaborativa, nem tampouco definitiva, assim considerada a incapacidade permanente, sem possibilidade de recuperação oureabilitação. Aliás, a perícia nem mesmo afirmou a incapacidade parcial e temporária, tendo tal constatação resultado daanálise do caso concreto pelo MM Juiz sentenciante, que por sua vez concluiu, acertadamente, pelo direito aorestabelecimento do auxílio-doença em razão das limitações físicas, afirmadas pelo perito, para atividades que envolvamesforço físico, o que se afigura incompatível com as atividades de agricultor desempenhadas pelo segurado.

5. Recurso conhecido e desprovido. Sem custas e honorários, haja vista a gratuidade de justiça deferida à fl. 48.ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a elenegar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

5 - 0004876-94.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.004876-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA GOMES DOS SANTOS(DEF.PUB: RICARDO FIGUEIREDO GIORI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:BRUNO MIRANDA COSTA.).Processo nº: 0004876-94.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.004876-4/01)Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSSRecorrido: MARIA GOMES DOS SANTOSJuízo de Origem: 1º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONTRADIÇÃO ENTRE DECISÕES DISTINTAS. IMPOSSIBILIDADE. QUESTÕESAPRECIADAS DE FORMA CLARA E OBJETIVA. PREQUESTIONAMENTO IMPLICITO. AFIRMAÇÃO GENÉRICA DEOMISSÃO E/OU OBSCURIDADE DO ACÓRDÃO. RECURSO DESPROVIDO.

1. O Instituto Nacional do Seguro Social - INSS opôs embargos de declaração com a finalidade de prequestionar oentendimento adotado no acórdão no que se refere à prescrição.

2. Convém ressaltar inicialmente, que a contradição que autoriza o manejo dos embargos de declaração deve ser acontradição interna, verificada entre os elementos que compõem a estrutura da decisão judicial e não entre duas decisõesdistintas (acórdão e entendimentos proferidos pelo STJ nos AgRg no REsp nº 1.143.254/PR, AgRg no REsp nº1.150.455/RS, AgRg no REsp nº 1.042.837/DF e no REsp 1.270.439/PR), como aduz o embargante.

3. No mais, o embargante limita-se a questionar o entendimento adotado por esta Turma Recursal relativo à prescriçãoqüinqüenal, o momento da sua interrupção e a renúncia ao prazo já consumado.

4. Os embargos de declaração visam, tão somente, suprir a decisão judicial de qualquer eventual tipo de contradição,omissão ou obscuridade passível de correção, e não, analisar novos fatos e argumentos legais. No caso, a petição de fls.76/88 não apresenta ou aponta de forma conclusiva quaisquer das hipóteses passíveis de embargos de declaraçãoafirmando a existência de omissão/contradição de forma genérica.

5. O julgador não está obrigado a exaurir em respostas jurídicas todos os argumentos aduzidos pela parte, sendo suficientea fundamentação que demonstre cabalmente o seu convencimento.

6. Sobre prequestionamento, requisito indispensável à admissão do recurso extraordinário, cumpre considerar, conformeentendimento firmado pela Corte Superior de Justiça, a possibilidade de prequestionamento implícito, ou seja, a matéria

litigiosa pode ser apreciada de maneira clara e objetiva ainda que sem menção expressa à norma legal, não havendonecessidade, portanto, de específica alusão aos dispositivos legais questionados. Vejamos:

“PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DOENÇA DE PARKINSON. FORNECIMENTO DEMEDICAMENTO PARA TRATAMENTO DE SAÚDE. PROVA CABAL DO AUTOR SOBRE SUA NECESSIDADE. DEVERCONSTITUCIONAL. OBRIGAÇÃO DO ESTADO DE ASSEGURAR ÀS PESSOAS O ACESSO A MEDICAMENTOS.SOLIDARIEDADE DOS ENTES FEDERADOS. REEXAME DO JULGADO. INADEQUAÇÃO DA VIA. OMISSÃO,CONTRADIÇÃO E OBSCURIDADE. INEXISTÊNCIA. 1. A Constituição Federal de 1988 (art. 1º, III), ao dispor sobre adignidade da pessoa humana como fundamento do Estado Democrático de Direito, reconheceu que o Estado existe emfunção da pessoa humana, uma vez que sua finalidade precípua é o próprio ser humano. 2. A União Federal, os Estados eos Municípios são responsáveis solidários pela saúde frente aos indivíduos, sendo, pois, os legitimados passivos nas açõescuja causa de pedir é o fornecimento de medicamentos e/ou leitos aos necessitados. Pode o Autor mover a pretensãocontra qualquer um dos entes ou contra todos, independentemente de qualquer divisão efetuada pela Lei nº 8.080/90. 3.Uma vez comprovado pela prescrição médica que o Autor foi diagnosticado como portador de Doença de Parkinson,cardiopatia crônica, diabete mellitus tipo 2 e hipertensão arterial, e que necessita dos medicamentos acima descritos paratratamento de sua saúde, o papel do Poder Judiciário cinge-se à determinação de cumprimento da prestação devida, sendoo caso, portanto, de se conferir efetividade à garantia do direito à saúde, norma constitucional cuja aplicabilidade é plena eimediata. 4. Os embargos de declaração são via imprópria para o rejulgamento da causa, sendo que eventual reforma dodecisum deve ser buscada pela via recursal própria. 5. Quanto ao requisito do prequestionamento - indispensável àadmissão dos recursos especial e extraordinário -, a Corte Superior de Justiça tem entendido ser suficiente oprequestionamento implícito, presente quando se discute a matéria litigiosa de maneira clara e objetiva, ainda que semalusão expressa aos dispositivos legais questionados. 6. Não ocorrendo irregularidades no acórdão quando a matéria queserviu de base à oposição do recurso foi devidamente apreciada, com fundamentos claros e nítidos, enfrentando asquestões suscitadas ao longo da instrução, tudo em perfeita consonância com os ditames da legislação e jurisprudênciaconsolidada, não há que se falar em omissão, obscuridade ou contradição. 7. Embargos desprovidos. Grifei. (TRF2 –Quinta Turma Especializada – E-DJF2R 24/02/2014 APELRE 200951010128348 APELRE - APELAÇÃO/REEXAMENECESSÁRIO, 585866, rel. Desembargador Federal MARCUS ABRAHAM)”.

7. Acerca das Súmulas apontadas pelo embargante, acrescente-se que a súmula 98 do STJ é de 1994 e a súmula 356 doSTF é de 1963. Os Juizados Especiais foram criados pela Lei 9.099 de 1995, bem como pela Lei 10.259 de 2001, portanto,esses enunciados estão em desacordo com o entendimento moderno no sentido da desnecessidade de interposição deembargos de declaração para efeito exclusivo de prequestionamento (teoria do prequestionamento implícito). Nessesentido:

“PROCESSO CIVIL EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. SUPOSTAS OMISSÕES NÃO COMPROVADAS.PREQUESTIONAMENTO QUE NÃO SE VISLUMBRA EM SEDE DE JUIZADOS ESPECIAIS. RECURSO CONHECIDO,MAS IMPROVIDO. 1 - A SIMPLES PRETENSÃO DE PREQUESTIONAMENTO DE MATÉRIAS CONSTITUCIONAIS NÃOCONDUZ AO AUTOMÁTICO RACIOCÍNIO DE QUE O ACÓRDÃO EM ANÁLISE RESTOU OMISSO. 2 - INCLUSIVE, NÃOSE ADMITE EM SEDE DE JUIZADOS ESPECIAIS OPOSIÇÃO DE EMBARGOS DECLARATÓRIOS COM INTUITO DEPREQUESTIONAMENTO DE MATÉRIAS PASSÍVEIS DE ANÁLISE POR INSTÂNCIAS EXTRAORDINÁRIAS. 3 -OMISSÕES QUE NÃO SE VERIFICARAM, HAJA VISTA QUE AS RAZÕES DE DECIDIR, AINDA QUE REFLEXAMENTE,EXAURIRAM A QUESTÃO. 4 - NO MAIS, PRETENDE A EMBARGANTE MODIFICAÇÃO DO JULGADO, O QUE ÉINADMISSÍVEL NESTA VIA ESTREITA DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. 5 - EMBARGOS DE DECLARAÇÃOCONHECIDOS, MAS IMPROVIDOS. 6 - SÚMULA DE JULGAMENTO SERVINDO DE ACÓRDÃO NOS MOLDESPRECONIZADOS PELO ARTIGO 46, 2ª PARTE, DA LEI Nº. 9.099 , DE 1995. TJ-DF - APELACAO CIVEL NO JUIZADOESPECIAL ACJ 20070910136783 DF (TJ-DF) Data de publicação: 20/08/2008.”

8. Ademais, observa-se que a matéria foi devidamente apreciada com o enfrentamento das questões suscitadas estandoem perfeita consonância com a legislação e jurisprudência consolidada sobre o tema, não havendo que se falar emomissão.

9. Cumpre ressaltar que inexistente omissão, contradição ou obscuridade que objetivamente resulte do julgado não cabe autilização de embargos. Divergência subjetiva da parte ou resultante de interpretação jurídica diversa não enseja a utilizaçãode embargos declaratórios, devendo a parte, se assim entender, manejar o recurso próprio.

Diante disso, forçoso concluir que estamos diante de situação que se enquadra no art. 538, parágrafo único, do CPC.Assim, condeno o embargante ao pagamento de multa equivalente a 1% (um por cento) sobre o valor da causa, que serárevertida em favor da embargada.

11. Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado..

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º Relator

Assinado eletronicamente

6 - 0000366-16.2006.4.02.5051/01 (2006.50.51.000366-5/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.) x BERNADETE ROSA (ADVOGADO: ES005098 - SIRO DA COSTA.).Processo nº: 0000366-16.2006.4.02.5051/01 (2006.50.51.000366-5/01)Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: BERNADETE ROSAJuízo de Origem: 1ª VF Cachoeiro - Juizado Especial FederalRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

PREVIDENCIARIO. AUXÍLIO DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE RECONHECIDA PELAPERICIA. QUALIDADE DE SEGURADO. EMPREGADA DOMESTICA. ANOTAÇÃO NA CTPS CORROBORADA PORPROVA TESTEMUNHAL. FILIAÇÃO AO RGPS PELO EXERCÍCIO DE ATIVIDADE E NÃO PELO RECOLHIMENTO DECONTRIBUIÇÕES. PEDIDO PROCEDENTE. RECURSO DESPROVIDO. SENTENÇA DE PROCEDENCIA MANTIDA.1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de concessãode auxílio doença com a posterior conversão em aposentadoria por invalidez, com data de início a partir da data da prolaçãoda decisão sentença. Segundo o INSS, a sentença merece reforma porque no caso dos autos a recorrida não detém aqualidade de segurada, já que desde a data da anotação na CTPS não houve sequer um recolhimento de contribuições,tendo o ex-empregador, ao prestar depoimento em Juízo, afirmado que não recolheu contribuições nem efetivou o registrodo contrato de trabalho porque a recorrida não quis. Logo, a hipótese dos autos seria de atuação da parte com abuso dedireito de maneira a impedir o INSS de exercer a atuação fiscalizatória que lhe compete relativamente ao cumprimento, pelosegurado e o empregador, dos deveres legais perante a Previdência Social. Contrarrazões às fls. 176/179.2. Inicialmente, registra-se que não há controvérsia acerca das conclusões tiradas pelo perito no laudo de fls. 24/25 acercada incapacidade total e definitiva para o labor, recaindo a irresignação recursal apenas e tão-somente quanto à qualidadede segurado alegada na inicial.3. Analisando o caso dos autos, afigura-se relevante transcrever o teor do depoimento prestado pelo ex-empregador darecorrida à fl. 163, que se deu nos termos seguintes:

“que conheceu a autora Bernadete Rosa que trabalhou como empregada do depoente; que a mesma trabalhou para odepoente de 02 a 03 anos; que acha que o vínculo ocorreu nos anos de 2003 a 2005; que a autora trabalhava na casa dodepoente na Rua Mapuá, 350, rua 13, casa 69, Taquara, Jacarepaguá; que é verossímil o registro aposto na carteira detrabalho da autora às fls. 06; que reconhece a sua assinatura no referido registro; que não recolheu as contribuiçõesprevidenciárias da autora, mesmo porque somente fez o registro da carteira de trabalho à época da demissão deBernadete; que sempre tentou registrar o contrato de trabalho da autora em sua carteira de trabalho, mas não conseguia, jáque a autora nunca o quis e sempre dizia que a sua carteira trabalhista estava no Espírito Santo; que para anotação nacarteira de trabalho da autora, teve que localizá-la através de anúncio no jornal; que a autora sumiu e o depoente tentoulocalizá-la através de seus familiares e para se resguardar é que fez o referido anúncio de jornal, comunicando o abandonodo emprego da autora. Pelo(a) Procurador(a) Federal nada foi perguntado. Pelo(a) Procurador(a) da República foiperguntado e respondido: que, à época que a autora trabalhou para o depoente, a mesma não apresentava qualquerdistúrbio mental. Nada mais havendo, foi este termo encerrado.”

4. Ao analisar o depoimento prestado, entendeu por bem a MM Juíza sentenciante que no caso não pode ser acolhida aalegação do INSS acerca da falta da qualidade de segurado, haja vista que o recolhimento das contribuições e o registro dovínculo não se deram porque a recorrida não quis.5. Embora esta relatoria não concorde com o respeitável fundamento adotado na sentença para não acolher a alegaçãoacerca da falta da qualidade de segurado, é de se ver que as anotações feitas na CTPS foram corroboradas pelodepoimento prestado em Juízo, haja vista a declaração do ex-empregador no sentido de considerar verídico o registro feitona carteira, reconhecendo inclusive com sua a assinatura ali aposta.6. As anotações feitas na carteira de trabalho, é bom lembrar, gozam de presunção, ainda que relativa, de veracidade, aqual somente pode ser afastada por prova cabal em sentido contrário, prova esta cuja produção incumbe logicamente aquem aproveita, no caso o INSS.7. Nesse sentido é o entendimento da jurisprudência, conforme aresto abaixo.

EmentaPREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. REMESSA OFICIAL. PENSÃO POR MORTE. ÓBITO POSTERIOR À LEI Nº9.528/97. TRABALHADOR URBANO. QUALIDADE DE SEGURADO COMPROVADA. ANOTAÇÕES NA CTPS.PRESUNÇÃO JURIS TANTUM. CORREÇÃO MONETÁRIA. JUROS DE MORA. 1. Remessa Oficial conhecida de ofício:inaplicabilidade do §§ 2º e 3º do artigo 475 do CPC, eis que ilíquido o direito reconhecido e não baseando em jurisprudênciaou Súmula do STF ou do STJ. 2. Comprovado, por meio de anotações em CTPS, que, na da data do óbito, o de cujusostentava a qualidade de segurado da Previdência Social, e demonstrada a qualidade de dependente da autora, é devida aconcessão do benefício de pensão por morte. 3. As anotações em CTPS gozam de presunção juris tantum de veracidade,nos termos da Súmula 12/TST, as quais somente podem ser infirmadas com prova em contrário. Precedentes. 4. Correçãomonetária: as parcelas vencidas deverão ser corrigidas nos termos do MCCJF até a entrada em vigor da Lei 11.960/2009.5. Juros moratórios: de 1% a.m. até a edição da Lei nº. 11.960/2009, quando então serão devidos no percentual fixado poressa norma. Contam-se da citação, para as parcelas vencidas anteriormente a ela, e do respectivo vencimento, para as quelhe são posteriores. 6. Implantação imediata do benefício, nos termos do art. 461 do CPC - obrigação de fazer. 7. Apelação

e remessa oficial parcialmente providas (itens 4 e 5).(Processo AC 200801990350433 AC - APELAÇÃO CIVEL – 200801990350433 Relator(a) JUIZ FEDERAL CLEBERSONJOSÉ ROCHA (CONV.) Sigla do órgão TRF1 Órgão julgador SEGUNDA TURMA Fonte e-DJF1 DATA:06/11/2013PAGINA:174) Grifamos.

8. Embora o depoimento contenha trechos de duvidosa verossimilhança, como ocorre com a afirmação ex-empregador deque localizou a recorrida por meio de anúncio no jornal, além de constar na CTPS endereço diverso daquele declarado nodepoimento com sendo a sede da prestação dos serviços de doméstica, o fato é que tais informações não conduzem aoafastamento da presunção de veracidade do vínculo registrado na carteira laboral, haja vista a não produção, pelo INSS, deprova cabal acerca da inexistência do vínculo empregatício.9. A falta de recolhimento das contribuições, por seu turno, não conduzem à conclusão pretendida pelo INSS, no sentido danegativa da qualidade de segurando, haja vista que a caracterização da filiação ao RGPS se dá em razão do exercício deatividade de vinculação obrigatória, conforme aresto abaixo.

EmentaPREVIDENCIÁRIO. PROCESSO CIVIL. AGRAVO. ART. 557, §1º, CPC. APOSENTADORIA POR IDADE.RECONHECIMENTO DE TEMPO DE SERVIÇO. DOMÉSTICA. COMPROVAÇÃO. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS.NECESSIDADE SOMENTE APÓS A EDIÇÃO DA LEI Nº 5.859/72. I - A decisão monocrática apreciou os documentos queinstruíram a inicial, sopesando todos os elementos apresentados, segundo o princípio da livre convicção motivada. II -Reconhecido o direito à contagem do tempo de serviço cumprido pela autora como doméstica, sem o devido registro,durante o período de 01.06.1962 a 31.10.1970, ante a existência de início de prova material, corroborada por provatestemunhal. III - Independe de recolhimento de contribuições previdenciárias o referido período, pois tal ônus passou acompetir ao empregador, após a edição, em 11.12.1972, da Lei nº 5.859, que incluiu os empregados domésticos no rol dossegurados obrigatórios do Regime Geral da Previdência Social, cabendo ressaltar que tal fato não constitui óbice aocômputo do tempo de serviço cumprido anteriormente a esta lei, para fins previdenciários, conforme o disposto no art. 60, I,do Decreto nº 3.048/99. IV - Quanto à carência, dispõe o art. 47 da Instrução Normativa INSS/DC nº 95 de 07.10.1993, quea carência do empregado doméstico anterior ao advento da Lei 8.213/91, é contada a partir da data da filiação, ou seja, nãodecorria do recolhimento das contribuições, e sim do exercício de atividade prevista na legislação previdenciária, assim, aparte autora está filiada à Previdência Social restando cumpridos os requisitos atinentes à carência para fruição do beneficiode aposentadoria por idade. V - Completado a autora 60 anos de idade em 05.07.2007, ano em que a carência fixada paraa obtenção do benefício era de 156 contribuições mensais, tendo cumprido número de contribuições superior ao legalmenteestabelecido, é de se conceder a concessão da aposentadoria por idade, nos termos dos arts. 48, caput, e 142 da Lei8.213/91, no valor de 01 salário mínimo. VI - Agravo (art. 557, §1º, CPC) interposto pelo INSS improvido.(Processo AC 00280832620134039999 AC - APELAÇÃO CÍVEL – 1885763 Relator(a) DESEMBARGADOR FEDERALSERGIO NASCIMENTO Sigla do órgão TRF3 Órgão julgador DÉCIMA TURMA Fonte e-DJF3 Judicial 1 DATA:11/12/2013)

10. Em face do exposto, é de se concluir que a irresignação do INSS em face da sentença não merece prosperar por contada omissão da própria autarquia previdenciária em produzir prova que desconstitua a presunção de veracidade ínsita àanotação feita na carteira de trabalho.11. Recurso conhecido e desprovido. Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honoráriosadvocatícios, devidos pelo INSS, fixados em 10% sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).12. É como voto.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

7 - 0000996-87.2011.4.02.5054/01 (2011.50.54.000996-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) GILBERTO MANOEL VIEIRA(ADVOGADO: ES013010 - FRANCISCO MACHADO NASCIMENTO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.).Processo nº: 0000996-87.2011.4.02.5054/01 (2011.50.54.000996-3/01)Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: GILBERTO MANOEL VIEIRAJuízo de Origem: 1ª VF ColatinaRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONTRADIÇÃO ENTRE DECISÕES DISTINTAS. IMPOSSIBILIDADE. QUESTÕESAPRECIADAS DE FORMA CLARA E OBJETIVA. PREQUESTIONAMENTO IMPLICITO. AFIRMAÇÃO GENÉRICA DEOMISSÃO E/OU OBSCURIDADE DO ACÓRDÃO. RECURSO DESPROVIDO.

1. O Instituto Nacional do Seguro Social - INSS opôs embargos de declaração com a finalidade de prequestionar oentendimento adotado no acórdão no que se refere à prescrição.

2. Convém ressaltar inicialmente, que a contradição que autoriza o manejo dos embargos de declaração deve ser acontradição interna, verificada entre os elementos que compõem a estrutura da decisão judicial e não entre duas decisões

distintas (acórdão e entendimentos proferidos pelo STJ nos AgRg no REsp nº 1.143.254/PR, AgRg no REsp nº1.150.455/RS, AgRg no REsp nº 1.042.837/DF e no REsp 1.270.439/PR), como aduz o embargante.

3. No mais, o embargante limita-se a questionar o entendimento adotado por esta Turma Recursal relativo à prescriçãoqüinqüenal, o momento da sua interrupção e a renúncia ao prazo já consumado.

4. Os embargos de declaração visam, tão somente, suprir a decisão judicial de qualquer eventual tipo de contradição,omissão ou obscuridade passível de correção, e não, analisar novos fatos e argumentos legais. No caso, a petição de fls.82/94 não apresenta ou aponta de forma conclusiva quaisquer das hipóteses passíveis de embargos de declaraçãoafirmando a existência de omissão/contradição de forma genérica.

5. O julgador não está obrigado a exaurir em respostas jurídicas todos os argumentos aduzidos pela parte, sendo suficientea fundamentação que demonstre cabalmente o seu convencimento.

6. Sobre prequestionamento, requisito indispensável à admissão do recurso extraordinário, cumpre considerar, conformeentendimento firmado pela Corte Superior de Justiça, a possibilidade de prequestionamento implícito, ou seja, a matérialitigiosa pode ser apreciada de maneira clara e objetiva ainda que sem menção expressa à norma legal, não havendonecessidade, portanto, de específica alusão aos dispositivos legais questionados. Vejamos:

“PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DOENÇA DE PARKINSON. FORNECIMENTO DEMEDICAMENTO PARA TRATAMENTO DE SAÚDE. PROVA CABAL DO AUTOR SOBRE SUA NECESSIDADE. DEVERCONSTITUCIONAL. OBRIGAÇÃO DO ESTADO DE ASSEGURAR ÀS PESSOAS O ACESSO A MEDICAMENTOS.SOLIDARIEDADE DOS ENTES FEDERADOS. REEXAME DO JULGADO. INADEQUAÇÃO DA VIA. OMISSÃO,CONTRADIÇÃO E OBSCURIDADE. INEXISTÊNCIA. 1. A Constituição Federal de 1988 (art. 1º, III), ao dispor sobre adignidade da pessoa humana como fundamento do Estado Democrático de Direito, reconheceu que o Estado existe emfunção da pessoa humana, uma vez que sua finalidade precípua é o próprio ser humano. 2. A União Federal, os Estados eos Municípios são responsáveis solidários pela saúde frente aos indivíduos, sendo, pois, os legitimados passivos nas açõescuja causa de pedir é o fornecimento de medicamentos e/ou leitos aos necessitados. Pode o Autor mover a pretensãocontra qualquer um dos entes ou contra todos, independentemente de qualquer divisão efetuada pela Lei nº 8.080/90. 3.Uma vez comprovado pela prescrição médica que o Autor foi diagnosticado como portador de Doença de Parkinson,cardiopatia crônica, diabete mellitus tipo 2 e hipertensão arterial, e que necessita dos medicamentos acima descritos paratratamento de sua saúde, o papel do Poder Judiciário cinge-se à determinação de cumprimento da prestação devida, sendoo caso, portanto, de se conferir efetividade à garantia do direito à saúde, norma constitucional cuja aplicabilidade é plena eimediata. 4. Os embargos de declaração são via imprópria para o rejulgamento da causa, sendo que eventual reforma dodecisum deve ser buscada pela via recursal própria. 5. Quanto ao requisito do prequestionamento - indispensável àadmissão dos recursos especial e extraordinário -, a Corte Superior de Justiça tem entendido ser suficiente oprequestionamento implícito, presente quando se discute a matéria litigiosa de maneira clara e objetiva, ainda que semalusão expressa aos dispositivos legais questionados. 6. Não ocorrendo irregularidades no acórdão quando a matéria queserviu de base à oposição do recurso foi devidamente apreciada, com fundamentos claros e nítidos, enfrentando asquestões suscitadas ao longo da instrução, tudo em perfeita consonância com os ditames da legislação e jurisprudênciaconsolidada, não há que se falar em omissão, obscuridade ou contradição. 7. Embargos desprovidos. Grifei. (TRF2 –Quinta Turma Especializada – E-DJF2R 24/02/2014 APELRE 200951010128348 APELRE - APELAÇÃO/REEXAMENECESSÁRIO, 585866, rel. Desembargador Federal MARCUS ABRAHAM)”.

7. Acerca das Súmulas apontadas pelo embargante, acrescente-se que a súmula 98 do STJ é de 1994 e a súmula 356 doSTF é de 1963. Os Juizados Especiais foram criados pela Lei 9.099 de 1995, bem como pela Lei 10.259 de 2001, portanto,esses enunciados estão em desacordo com o entendimento moderno no sentido da desnecessidade de interposição deembargos de declaração para efeito exclusivo de prequestionamento (teoria do prequestionamento implícito). Nessesentido:

“PROCESSO CIVIL EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. SUPOSTAS OMISSÕES NÃO COMPROVADAS.PREQUESTIONAMENTO QUE NÃO SE VISLUMBRA EM SEDE DE JUIZADOS ESPECIAIS. RECURSO CONHECIDO,MAS IMPROVIDO. 1 - A SIMPLES PRETENSÃO DE PREQUESTIONAMENTO DE MATÉRIAS CONSTITUCIONAIS NÃOCONDUZ AO AUTOMÁTICO RACIOCÍNIO DE QUE O ACÓRDÃO EM ANÁLISE RESTOU OMISSO. 2 - INCLUSIVE, NÃOSE ADMITE EM SEDE DE JUIZADOS ESPECIAIS OPOSIÇÃO DE EMBARGOS DECLARATÓRIOS COM INTUITO DEPREQUESTIONAMENTO DE MATÉRIAS PASSÍVEIS DE ANÁLISE POR INSTÂNCIAS EXTRAORDINÁRIAS. 3 -OMISSÕES QUE NÃO SE VERIFICARAM, HAJA VISTA QUE AS RAZÕES DE DECIDIR, AINDA QUE REFLEXAMENTE,EXAURIRAM A QUESTÃO. 4 - NO MAIS, PRETENDE A EMBARGANTE MODIFICAÇÃO DO JULGADO, O QUE ÉINADMISSÍVEL NESTA VIA ESTREITA DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. 5 - EMBARGOS DE DECLARAÇÃOCONHECIDOS, MAS IMPROVIDOS. 6 - SÚMULA DE JULGAMENTO SERVINDO DE ACÓRDÃO NOS MOLDESPRECONIZADOS PELO ARTIGO 46, 2ª PARTE, DA LEI Nº. 9.099 , DE 1995. TJ-DF - APELACAO CIVEL NO JUIZADOESPECIAL ACJ 20070910136783 DF (TJ-DF) Data de publicação: 20/08/2008.”

8. Ademais, observa-se que a matéria foi devidamente apreciada com o enfrentamento das questões suscitadas estandoem perfeita consonância com a legislação e jurisprudência consolidada sobre o tema, não havendo que se falar emomissão.

9. Cumpre ressaltar que inexistente omissão, contradição ou obscuridade que objetivamente resulte do julgado não cabe a

utilização de embargos. Divergência subjetiva da parte ou resultante de interpretação jurídica diversa não enseja a utilizaçãode embargos declaratórios, devendo a parte, se assim entender, manejar o recurso próprio.

Diante disso, forçoso concluir que estamos diante de situação que se enquadra no art. 538, parágrafo único, do CPC.Assim, condeno o embargante ao pagamento de multa equivalente a 1% (um por cento) sobre o valor da causa, que serárevertida em favor do embargado.

11. Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado..GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

8 - 0002077-51.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.002077-9/01) COSME FRANCISCO PEREIRA (ADVOGADO: ES007070 -WELITON ROGER ALTOE.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Vinícius de LacerdaAleodim Campos.).Processo nº: 0002077-51.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.002077-9/01)Recorrente: COSME FRANCISCO PEREIRARecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSJuízo de Origem: 1ª VF Cachoeiro - Juizado Especial FederalRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL. AUSÊNCIA DEINCAPACIDADE. ATIVIDADE EXERCIDA PELO SEGURADO. LIMITAÇOES EM RAZAO DO TRATAMENTO.REABILITAÇÃO. NÃO COMPROVACAO. PEDIDO IMPROCEDENTE. RECURSO PROVIDO EM PARTE. SENTENÇAREFORMADA

1. A parte autora interpôs recurso da sentença que julgou improcedente o pedido de concessão do benefício deauxílio-doença e de aposentadoria por invalidez, com base no laudo pericial de fls. 117/119. Sustenta o recorrente que, emrazão das doenças que a acometem, não tem condições de desempenhar suas atividades laborativas habituais demotorista de coletivo. Aponta que o perito não foi integralmente claro nas respostas dos quesitos. O INSS não apresentoucontrarrazões (fls. 195v. e 199v)

2. A perícia judicial, às fls. 117/119 e 147/148, constatou que o autor apresenta quadro psiquiátrico compatível com quadrode reação aguda ao stress e transtorno de adaptação, estando com quadro psíquico estável, não havendo incapacidade.Com base nas conclusões tiradas pelo perito em seu laudo, a MM Juíza sentenciante entendeu por bem julgarimprocedente o pedido.

3. O juiz não está adstrito à conclusão do laudo pericial, podendo formar sua convicção com base em outras circunstânciasou fatos comprovados, ainda que não alegados pela parte (art. 131 do Código de Processo Civil - CPC). No caso dos autos,o laudo pericial de fls. 117/119, em resposta ao quesito nº 08 do autor à fl. 12, afirmou que não é recomendável o exercícioda atividade de motorista com a utilização da medicação indicada para o tratamento. Contraditoriamente, porém, respondeuao quesito dizendo que o autor pode exercer tal atividade porque renovou a sua carteira de habilitação em 2007. Emresposta ao quesito nº 10, também do autor, afirmou que ele tem condições de recuperação total desde que faça otratamento regularmente. Ainda em resposta ao quesito nº 11 do autor, afirmou o perito que o segurado, estando ainda emuso de medicamentos psicotrópicos, não deveria exercer a atividade de motorista de coletivos, mas podendo exercer outrasatividades para a qual possa ser reabilitado. Já em resposta ao quesito nº 06 do INSS (fls. 114), afirmou que a doença induzem incapacidade para o trabalho, nas fases agudas ou de agudização.4. Instado a prestar esclarecimentos, afirmou o perito às fls. 147/148 que existe tratamento para a doença, comestabilização do quadro, sendo que a cura é subjetiva em razão da possibilidade de sofrer novo estresse, que poderiacausar nova crise. Acrescentou que a medicação que o periciando tem utilizado, devido às receitas médicas apresentadas,consiste em Carbamazepina 200mg, Clonazepan 2mg e Rohypnol 1mg, não sendo recomendável o seu uso em conjuntocom a condução de veículos, haja vista a sonolência e rebaixamento da atenção. Conclui o perito que devido às queixas dopericiando em se sentir inseguro para voltar a trabalhar como motorista e por uso de medicamento, não deve voltar àfunção de motorista, podendo contudo ser reabilitado para outras funções. Salienta o perito que o autor continua a dirigirveículos automotores, haja vista o fato de ter renovado sua carteira de habilitação.

5. Diante das respostas aos quesitos, bem como diante dos esclarecimentos prestados pelo perito, fica muito difícilentender como o expert chegou à conclusão de que o autor se encontra plenamente capaz para o exercício da suaprofissão de motorista de coletivos. O INSS, por seu turno, baseou sua defesa na conclusão do laudo pericial, afirmando àsfls. 163/164 que o autor foi submetido a reabilitação profissional, conforme consta à fls. 113.

6. Com a devida vênia do entendimento explicitado na sentença, nem o laudo pericial afirmou categoricamente a ausênciade incapacidade, nem o INSS comprovou que promoveu a reabilitação do segurado. Com efeito, as respostas acimamencionadas, relativamente aos quesitos formulados pelas partes, bem com os esclarecimentos de fls. 147/148, sãoevidentes no sentido de que o autor possui limitações para o exercício de sua atividade habitual, qual seja, a de motoristade coletivos, já que a medicação que utiliza no tratamento da doença causa efeitos colaterais totalmente incompatíveis coma condução de veículo automotor. Por outro lado, o documento de fl. 113 está muito longe de comprovar que o segurado foidevidamente reabilitado, à míngua de qualquer informação mais substanciosa nesse sentido, já que no referido documentoconsta a singela informação, no campo “considerações”, no sentido de que o “paciente retornando da RP estando apto paraas funções de cobrador, vigia e servente”.

7. Afigura-se importante observar que o autor esteve em gozo de benefício por incapacidade de 2004 a 2009, conformecomprovam os documentos de fls. 80/96 e 99/112, razão pela qual, na ausência de prova da efetiva reabilitação, é de seconsiderar indevida a cessação do benefício previdenciário de auxílio-doença, o qual deve, portanto, ser restabelecidodesde a data da cessação ilegal.

8. O pedido da parte autora, todavia, de concessão de aposentadoria por invalidez, não pode ser acatado, já que o peritoafirmou categoricamente que o segurado pode ser totalmente recuperado desde que se submeta ao tratamento médicoregularmente.

9. Já que a hipótese é de condenação do INSS, afigura-se necessário tecer algumas considerações acerca dos juros demora e da correção monetária.

10. De acordo com a jurisprudência mais recente do Superior Tribunal de Justiça, a decisão do STF no sentido dadeclaração parcial de inconstitucionalidade, por arrastamento, do art. 5º da Lei nº 11.960/2009, referiu-se apenas etão-somente ao critério de correção monetária ali especificado, mantidos o critério de cálculo de juros. Nesse sentido:AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL – 1263644 Relator(a) SÉRGIO KUKINA Sigla do órgão STJÓrgão julgador PRIMEIRA TURMA Fonte DJE DATA:18/10/2013.

11. No caso de benefício previdenciário, o entendimento da jurisprudência que perfilho foi no sentido da aplicação do art.43-A da Lei nº 8.213/91, aplicando-se o INPC na correção monetária dos valores atrasados, mantendo-se todavia o critériode cálculo de juros conforme precedente acima citado.

12. No caso das demais condenações impostas à Fazenda Pública, inclusive na hipótese de concessão de benefício denatureza assistencial, exceção feita à matéria tributária, é de se aplicar o IPCA (AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NORECURSO ESPECIAL – 1398307 Relator(a) HUMBERTO MARTINS Sigla do órgão STJ Órgão julgador SEGUNDATURMA Fonte DJE DATA:25/10/2013).

13. Não pode ser acolhida a alegação acerca da imposição da aplicação integral da Lei nº 11.960/09, seja por conta da nãopublicação da decisão do STF nas ADIs nº 4.357/DF e 4.425/DF; seja por conta da pendência da modulação dos seusefeitos; seja tampouco por conta da decisão cautelar proferida pelo Eminente Min. Luiz Fux nos autos da primeira das ADIsacima referidas.

14. Isto porque a declaração de inconstitucionalidade da Lei nº 11.960/09 se deu por arrastamento, no bojo de ação diretacujo objeto era o questionamento da constitucionalidade dos critérios de correção monetária dos precatórios nos termosestabelecidos pela EC nº 62/09. Além do mais, o fato de a questão estar sendo debatida no âmbito do STF, sem que estejaproduzindo efeitos alguma decisão com eficácia vinculante, não impede que as instâncias ordinárias exerçam o controledifuso de constitucionalidade, nos casos concretos que lhes forem submetidos à apreciação, utilizando-se para tanto dosmesmos fundamentos que levaram à declaração de constitucionalidade no âmbito do controle concentrado e abstrato.

15. A decisão prolatada pelo Eminente Min. Luiz Fux nos autos da ADI nº 4.357/DF não determina a aplicação integral daLei nº 11.960/09 a todas as ações em que haja condenação da Fazenda Pública. Em verdade, trata-se de decisão prolatadacom vistas a solucionar o problema específico dos precatórios pendentes de pagamento no âmbito dos tribunais pátrios.Neste sentido, manifestaram-se os Ministros Roberto Barroso (Rcl 17.012) e Marco Aurélio (Rcl 16.982 e Rcl 17.200).

16. Recurso da parte autora conhecido e provido em parte, para condenar o INSS a restabelecer o benefício de auxíliodoença em nome do autor, bem como a pagar os valores atrasados, devidamente acrescidos de juros nos termos dodisposto no art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação dada pela Lei nº 11.960/2009, e correção monetária pelo INPC.Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Sem honorários advocatícios (art. 55, caput, da Lei nº9.099/1995).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a eledar parcial provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDO

Juiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

9 - 0005777-04.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005777-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.) x MARLENE RODRIGUES(ADVOGADO: ES013758 - VINICIUS DINIZ SANTANA.).Processo nº: 0005777-04.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005777-2/01)Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: MARLENE RODRIGUESJuízo de Origem: 1º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. FIXAÇÃO NOS MOLDESDO ART. 55 DA LEI Nº 9.099/95. RECURSO DESPROVIDO.

1. Trata-se de embargos de declaração, opostos pelo INSS, em face do acórdão que negou provimento ao recursoinominado interposto pela autarquia previdenciária, confirmando a sentença prolatada pelo Juízo a quo. Alega o embarganteque houve omissão no julgado, visto que não foi analisada, na decisão colegiada a aplicabilidade da Súmula 111 do STJ,eis que aplicou o percentual de 10 % (honorários advocatícios) sobre a condenação e não apenas sobre as parcelasvencidas até a sentença.

2. Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais sejam, os de obscuridade, contradição, omissãoou dúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da argüição da embargante, verifica-seque este aponta a existência de omissão no julgado.

3. Sem razão o embargante. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foram devidamente analisados nadecisão colegiada. Não houve omissão na condenação em honorários advocatícios, visto que tal fixação encontra-se emconsonância com o percentual estabelecido no art. 55 da Lei nº 9.099/95.

4. Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

10 - 0000782-10.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000782-2/01) DOLORES DOS SANTOS AMERICO (ADVOGADO:ES015171 - BEATRICEE KARLA LOPES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:HENRIQUE BICALHO CIVINELLI DE ALMEIDA.).Processo nº: 0000782-10.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000782-2/01)Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: DOLORES DOS SANTOS AMERICOJuízo de Origem: 1ª VF Sao MateusRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ÍNDICE DE CORREÇÃO MONETÁRIA. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. MANIFESTAÇÃOEXPRESSA POR PARTE DO JUÍZO. INCORFORMISMO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO NO JULGADO. RECURSODESPROVIDO.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, em face do acórdãoproferido às fls. 139/142. Alega o embargante, em resumo, que o julgado é omisso e contraditório quanto ao índice decorreção monetária, contrariando posição do STF no julgamento das ADI’S 4357 e 4425, haja vista que houve manifestaçãoexplícita de que o índice de correção monetária seria fixado pela Corte Magna em momento superveniente, quando daanálise da modulação de efeitos. Aponta violação ao artigo 102, § 2º, da CRFB/1988. Dessa forma, requer seja sanado oapontado vício.Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais sejam, os de obscuridade, contradição, omissão

ou dúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-seque este aponta a existência de omissão e contradição no julgado.Inexiste omissão ou contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foramdevidamente analisados na decisão colegiada, sobretudo no que tange aos critérios de fixação dos juros e correçãomonetária (itens 12/19).Consigne-se que a via dos aclaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo diante da conclusãojurisdicional adotada. Destarte, o que se tem na hipótese é o uso dos embargos de declaração com fins meramenteprotelatórios, pois destituídos de fundamentos ou qualquer razão plausível que justifique sua utilização.

Diante disso, forçoso concluir que a situação se enquadra no art. 538, parágrafo único, do CPC. Assim, condeno oembargante ao pagamento de multa equivalente a 1% (um por cento) sobre o valor da causa, que será revertida em favorda embargada.

Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

11 - 0001297-75.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.001297-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) DANILO MAGNOMARCHIORI (ADVOGADO: ES007860 - MARCELO ALVARENGA PINTO, ES019572 - JONES ALVARENGA PINTO.) xUNIAO FEDERAL (PROCDOR: ADRIANA ZANDONADE.).Processo nº: 0001297-75.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.001297-2/01)Recorrente: DANILO MAGNO MARCHIORIRecorrido: UNIAOJuízo de Origem: 2º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. TRIBUTÁRIO. TERÇO ADICIONAL DE FÉRIAS GOZADAS. OMISSÃO.PREQUESTIONAMENTO. INCONFORMISMO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS NO JULGADO. RECURSO DESPROVIDO.

Trata-se de embargos de declaração opostos pela parte autora, em face do acórdão proferido às fls. 102/103. Alega oembargante, em resumo, que o julgado é omisso quanto ao enfrentamento das questões constitucionais suscitadas (art. 7º,inciso XVII, art. 39, § 3º e art. 153, inciso III, todos da CRFB/1988). Aduz que o acórdão simplesmente concluiu que o terçode férias teria natureza remuneratória reconhecida pela jurisprudência, sem confrontar a previsão legal, fato que exige odevido pronunciamento. Assevera que há necessidade de manifestação explícita acerca da exclusão do adicional de fériasgozadas do conceito de remuneração para o servidor federal, na literalidade do art. 1º, III, “j”, da Lei 8.852/1994. Dessaforma, requer sejam sanados os apontados vícios.Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais sejam, os de obscuridade, contradição, omissãoou dúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-seque este aponta a existência de omissão no julgado.Inexiste omissão no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foram devidamenteanalisados na decisão colegiada, especificamente nos itens 2/4 (fls. 102/103).Registre-se o entendimento pacífico da jurisprudência no sentido de que o magistrado não está obrigado a analisar todos osargumentos apresentados pela parte, desde que os fundamentos adotados sejam suficientes para embasar a conclusãosubjacente ao julgamento.Sobre prequestionamento, requisito indispensável à admissão do recurso extraordinário, cumpre considerar, conformeentendimento firmado pela Corte Superior de Justiça, a possibilidade de prequestionamento implícito, ou seja, a matérialitigiosa pode ser apreciada de maneira clara e objetiva ainda que sem menção expressa à norma legal, não havendonecessidade, portanto, de específica alusão aos dispositivos legais questionados. Vejamos:“PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DOENÇA DE PARKINSON. FORNECIMENTO DEMEDICAMENTO PARA TRATAMENTO DE SAÚDE. PROVA CABAL DO AUTOR SOBRE SUA NECESSIDADE. DEVERCONSTITUCIONAL. OBRIGAÇÃO DO ESTADO DE ASSEGURAR ÀS PESSOAS O ACESSO A MEDICAMENTOS.SOLIDARIEDADE DOS ENTES FEDERADOS. REEXAME DO JULGADO. INADEQUAÇÃO DA VIA. OMISSÃO,CONTRADIÇÃO E OBSCURIDADE. INEXISTÊNCIA. 1. A Constituição Federal de 1988 (art. 1º, III), ao dispor sobre adignidade da pessoa humana como fundamento do Estado Democrático de Direito, reconheceu que o Estado existe emfunção da pessoa humana, uma vez que sua finalidade precípua é o próprio ser humano. 2. A União Federal, os Estados eos Municípios são responsáveis solidários pela saúde frente aos indivíduos, sendo, pois, os legitimados passivos nas açõescuja causa de pedir é o fornecimento de medicamentos e/ou leitos aos necessitados. Pode o Autor mover a pretensão

contra qualquer um dos entes ou contra todos, independentemente de qualquer divisão efetuada pela Lei nº 8.080/90. 3.Uma vez comprovado pela prescrição médica que o Autor foi diagnosticado como portador de Doença de Parkinson,cardiopatia crônica, diabete mellitus tipo 2 e hipertensão arterial, e que necessita dos medicamentos acima descritos paratratamento de sua saúde, o papel do Poder Judiciário cinge-se à determinação de cumprimento da prestação devida, sendoo caso, portanto, de se conferir efetividade à garantia do direito à saúde, norma constitucional cuja aplicabilidade é plena eimediata. 4. Os embargos de declaração são via imprópria para o rejulgamento da causa, sendo que eventual reforma dodecisum deve ser buscada pela via recursal própria. 5. Quanto ao requisito do prequestionamento - indispensável àadmissão dos recursos especial e extraordinário -, a Corte Superior de Justiça tem entendido ser suficiente oprequestionamento implícito, presente quando se discute a matéria litigiosa de maneira clara e objetiva, ainda que semalusão expressa aos dispositivos legais questionados. 6. Não ocorrendo irregularidades no acórdão quando a matéria queserviu de base à oposição do recurso foi devidamente apreciada, com fundamentos claros e nítidos, enfrentando asquestões suscitadas ao longo da instrução, tudo em perfeita consonância com os ditames da legislação e jurisprudênciaconsolidada, não há que se falar em omissão, obscuridade ou contradição. 7. Embargos desprovidos. Grifei. (TRF2 –Quinta Turma Especializada – E-DJF2R 24/02/2014 APELRE 200951010128348 APELRE - APELAÇÃO/REEXAMENECESSÁRIO, 585866, rel. Desembargador Federal MARCUS ABRAHAM)”.

6. Acerca das Súmulas apontadas pelo embargante, acrescente-se que as súmulas 282 e 356 do STF são de 1963. OsJuizados Especiais foram criados pela Lei 9.099 de 1995, bem como pela Lei 10.259 de 2001, portanto, esses enunciadosestão em desacordo com o entendimento moderno no sentido da desnecessidade de interposição de embargos dedeclaração para efeito exclusivo de prequestionamento (teoria do prequestionamento implícito). Nesse sentido:“PROCESSO CIVIL EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. SUPOSTAS OMISSÕES NÃO COMPROVADAS.PREQUESTIONAMENTO QUE NÃO SE VISLUMBRA EM SEDE DE JUIZADOS ESPECIAIS. RECURSO CONHECIDO,MAS IMPROVIDO. 1 - A SIMPLES PRETENSÃO DE PREQUESTIONAMENTO DE MATÉRIAS CONSTITUCIONAIS NÃOCONDUZ AO AUTOMÁTICO RACIOCÍNIO DE QUE O ACÓRDÃO EM ANÁLISE RESTOU OMISSO. 2 - INCLUSIVE, NÃOSE ADMITE EM SEDE DE JUIZADOS ESPECIAIS OPOSIÇÃO DE EMBARGOS DECLARATÓRIOS COM INTUITO DEPREQUESTIONAMENTO DE MATÉRIAS PASSÍVEIS DE ANÁLISE POR INSTÂNCIAS EXTRAORDINÁRIAS. 3 -OMISSÕES QUE NÃO SE VERIFICARAM, HAJA VISTA QUE AS RAZÕES DE DECIDIR, AINDA QUE REFLEXAMENTE,EXAURIRAM A QUESTÃO. 4 - NO MAIS, PRETENDE A EMBARGANTE MODIFICAÇÃO DO JULGADO, O QUE ÉINADMISSÍVEL NESTA VIA ESTREITA DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. 5 - EMBARGOS DE DECLARAÇÃOCONHECIDOS, MAS IMPROVIDOS. 6 - SÚMULA DE JULGAMENTO SERVINDO DE ACÓRDÃO NOS MOLDESPRECONIZADOS PELO ARTIGO 46, 2ª PARTE, DA LEI Nº. 9.099 , DE 1995. TJ-DF - APELACAO CIVEL NO JUIZADOESPECIAL ACJ 20070910136783 DF (TJ-DF) Data de publicação: 20/08/2008.”7. Ademais, observa-se que a matéria foi devidamente apreciada com o enfrentamento das questões suscitadas estandoem perfeita consonância com a legislação e jurisprudência consolidada sobre o tema, não havendo que se falar emomissão.

8. Consigne-se que a via dos aclaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo diante daconclusão jurisdicional adotada. Divergência subjetiva da parte ou resultante de interpretação jurídica diversa não enseja autilização de embargos declaratórios, devendo a parte, se assim entender, manejar o recurso próprio.

9. Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

12 - 0000453-96.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000453-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) COSME MARTINS ABADE(DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.).Processo nº: 0000453-96.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000453-0/01)Recorrente: COSME MARTINS ABADERecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSJuízo de Origem: 3º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUXÍLIO-DOENÇA. SENTENÇA ANULADA. CONDENAÇÃO DO RECORRIDO AOPAGAMENTO DE HONORÁRIOS. CONTRADIÇÃO. VÍCIO SANADO. EMBARGOS ACOLHIDOS.

1. Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS, em face do acórdão de fls. 66/67. Sustenta o embargante, emsíntese, que o julgado é contraditório, haja vista que condenou o INSS ao pagamento de honorários advocatícios como seestivesse na condição de recorrente vencido, apesar de o recurso inominado ter sido interposto pela parte autora. Alémdisso, a sentença foi anulada, portanto, não houve finalização do processo. Assim, requer seja sanada a contradiçãoapontada e excluída a condenação ao pagamento de honorários advocatícios.

2. Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais sejam, os de obscuridade, contradição, omissãoou dúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-seque este aponta a existência de contradição no julgado.

3. Com razão o embargante. O acórdão embargado anulou a sentença de primeiro grau e determinou a reabertura de prazopara manifestação sobre o laudo pericial. Portanto, não há que se falar em sucumbência, considerando que não houve umasentença terminativa, e que, com o retorno do feito ao Juízo de origem, deverá ser proferida nova sentença, não havendoque se falar em fixação de honorários advocatícios.

4. Diante destas razões. Conheço dos embargos de declaração e a eles dou provimento, no sentido de afastar acondenação em honorários estabelecida no acórdão de fls. 66/67.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer eprover os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

13 - 0000356-19.2013.4.02.5053/01 (2013.50.53.000356-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: EUGENIO CANTARINO NICOLAU.) x PEDROLINA DE AMORIM DA COSTA(ADVOGADO: ES012938 - JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES.).Processo nº: 0000356-19.2013.4.02.5053/01 (2013.50.53.000356-0/01)Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: PEDROLINA DE AMORIM DA COSTAJuízo de Origem: 1ª VF LinharesRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREQUESTIONAMENTO. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. CONTRADIÇÃO NÃOCONFIGURADA. DECAIMENTO DE PARTE MÍNIMA DO PEDIDO. CONDENAÇÃO DA PARTE CONTRÁRIA EMHONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. POSSIBILIDADE. ART. 21, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC. RECURSO DESPROVIDO.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, em face do acórdão proferidoàs fls. 135/138. Alega o embargante, em resumo, que o julgado é contraditório, no tocante à condenação do INSS emhonorários de sucumbência, na medida em que o recurso foi parcialmente provido. Afirma que foi vencedor, ainda queapenas em uma das suas pretensões recursais, razão pela qual, não se encontra na condição de recorrente vencido. Dessaforma, requer seja sanado o apontado vício e prequestionada a tese autárquica.Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais sejam, os de obscuridade, contradição, omissãoou dúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-seque este aponta a existência de contradição no julgado.Inexiste contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foram devidamenteanalisados na decisão colegiada, sobretudo no que tange à condenação em honorários sucumbenciais (item 17).A sucumbência recíproca importa, a teor do art. 21, do CPC, na compensação recíproca e proporcional dos honoráriosentre as partes, admitindo, contudo, o parágrafo único do mesmo artigo, a condenação da parte contrária quando um doslitigantes decair de parte mínima do pedido.No caso em análise, o recurso inominado interposto pelo INSS visava a improcedência do pedido de concessão de LOAS,ou a alteração da DIB do benefício assistencial, tendo a Turma decidido manter a condenação à concessão do benefício,acatando o recurso apenas quanto à data de início do benefício, razão pela qual, conclui-se que a parte autora decaiu departe mínima do pedido.Consigne-se que a via dos aclaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo diante da conclusãojurisdicional adotada. Destarte, o que se tem na hipótese é o uso dos embargos de declaração com fins meramenteprotelatórios, pois destituídos de fundamentos ou qualquer razão plausível que justifique sua utilização.

Pelo exposto, forçoso concluir que estamos diante de situação que se enquadra no art. 538, parágrafo único, do CPC.Assim, condeno o embargante ao pagamento de multa equivalente a 1% (um por cento) sobre o valor da causa, que serárevertida em favor da embargada.

Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

14 - 0003833-98.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003833-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ALEX PAGANI ATHAYDESDE AMORIM (ADVOGADO: MG120075 - MARIO DE SOUZA GOMES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.).Processo nº: 0003833-98.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003833-7/01)Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: ALEX PAGANI ATHAYDES DE AMORIMJuízo de Origem: 3º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO DOENÇA. CORREÇÃO MONETÁRIA. APLICAÇÃO DOINPC. OMISSÃO NA FUNDAMENTAÇÃO. CONDENAÇÃO EM HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. INTERPRETAÇÃOLITERAL DO ART. 55 DA LEI 9.099/95. VÍCIO SANADO. EMBARGOS ACOLHIDOS.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS, em face do acórdão proferido por esta Turma Recursal, às fls.106/107. Alega o embargante que o julgado guerreado é omisso e contraditório quanto à aplicação do INPC como índice decorreção monetária. Aduz que o acórdão embargado contraria a posição do STF no julgamento das ADI’S 4357 e 4425.Aponta contradição no tocante à condenação do INSS em honorários de sucumbência em demanda recursal a que não deucausa. Afirma que não há condenação em honorários advocatícios nos Juizados Especiais Federais para o recorrido.Sustenta, outrossim, que há omissão acerca da aplicabilidade da Súmula 111 do STJ. Dessa forma, requer seja suspenso ojulgamento dos aclaratórios até que o STF profira julgamento final nas ADI’S 4357 e 4425.

Ressalto, inicialmente, que apenas os recursos extraordinários e especiais estão sujeitos à suspensão determinada nosartigos 543-B e 543-C do CPC, não havendo óbice ao julgamento dos presentes embargos.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais sejam, os de obscuridade, contradição, omissãoou dúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-seque este aponta a existência de omissão e contradição no julgado.

Quanto ao índice de correção monetária, é importante registrar que a declaração de inconstitucionalidade da Lei nº11.960/09 se deu por arrastamento, no bojo de ação direta cujo objeto era o questionamento da constitucionalidade doscritérios de correção monetária dos precatórios nos termos estabelecidos pela EC nº 62/09. Além do mais, o fato de aquestão estar sendo debatida no âmbito do STF, sem que esteja produzindo efeitos alguma decisão com eficáciavinculante, não impede que as instâncias ordinárias exerçam o controle difuso de constitucionalidade, nos casos concretosque lhes forem submetidos à apreciação, utilizando-se para tanto dos mesmos fundamentos que levaram à declaração deconstitucionalidade no âmbito do controle concentrado e abstrato.

A decisão prolatada pelo Eminente Min. Luiz Fux nos autos da ADI nº 4.357/DF não determina a aplicação integral da Lei nº11.960/09 a todas as ações em que haja condenação da Fazenda Pública. Em verdade, trata-se de decisão prolatada comvistas a solucionar o problema específico dos precatórios pendentes de pagamento no âmbito dos tribunais pátrios.

Por outro lado, a decisão prolatada na Rcl nº 16.745-MC/DF não contém qualquer determinação no sentido da suspensãodos processos em que se discuta a matéria, nem no sentido de impor a todos os órgãos do Poder Judiciário a aplicação doart. 1º-F da Lei nº 11.960/09 a todas as demandas em que haja condenação da Fazenda Pública. Nesse sentido foi oentendimento do Superior Tribunal de Justiça, conforme aresto abaixo.

PROCESSUAL CIVIL. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. ART. 1º-F DA LEI N. 9.494/97. APLICAÇÃO IMEDIATA. ART.

5º DA LEI N. 11.960/09. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL POR ARRASTAMENTO (ADIN4.357/DF). ÍNDICE DE CORREÇÃO MONETÁRIA APLICÁVEL: IPCA. JULGAMENTO DE ADI NO STF.SOBRESTAMENTO. INDEFERIMENTO. 1. A Corte Especial do STJ, no julgamento do Recurso Especial repetitivo1.205.946/SP, assentou a compreensão de que a Lei n. 11.960/09, ante o seu caráter instrumental, deve ser aplicada deimediato aos processos em curso, à luz do princípio tempus regit actum, sem, contudo, retroagir a período anterior à suavigência. 2. O Plenário do STF declarou a inconstitucionalidade parcial por arrastamento do art. 5º da Lei n. 11.960/09, nojulgamento da ADI 4357/DF, Rel. Min. Ayres Brito, em 14.3.2013. 3. A Primeira Seção, por unanimidade, na ocasião dojulgamento do Recurso Especial repetitivo 1.270.439/PR, assentou que, nas condenações impostas à Fazenda Pública denatureza não tributária, os juros moratórios devem ser calculados com base no índice oficial de remuneração básica e jurosaplicados à caderneta de poupança, nos termos da regra do art. 1º-F da Lei n. 9.494/97, com redação da Lei n. 11.960/09.Já a correção monetária, por força da declaração de inconstitucionalidade parcial do art. 5º da Lei n. 11.960/09, deverá sercalculada com base no IPCA, índice que melhor reflete a inflação acumulada do período. 4. A pendência de julgamento noSTF de ação em que se discute a constitucionalidade de lei não enseja o sobrestamento dos recursos que tramitam noSTJ. Cabível o exame de tal pretensão somente em eventual juízo de admissibilidade de Recurso Extraordinário interpostonesta Corte Superior. 5. A correção monetária e os juros de mora, como consectários legais da condenação principal,possuem natureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício, bastando que a matéria tenha sidodebatida na Corte de origem. Logo, não há falar em reformatio in pejus. 6. Por fim, com relação à liminar deferida peloeminente Ministro Teori Zavascki na Reclamação 16.745-MC/DF, não há falar em desobediência desta Corte em cumprirdeterminação do Pretório Excelso, haja vista que não há determinação daquela Corte para que o STJ e demais tribunaispátrios se abstenham de julgar a matéria relativa aos índices de juros de mora e correção monetária previstos do art. 1º-Fda Lei n. 9.494/97, na redação da Lei n. 11.960/2009. Tampouco se extrai comando para que as Cortes do País aguardemou mantenham sobrestados os feitos que cuidam da matéria até a modulação dos efeitos da decisão proferida na ADI.Agravo regimental improvido.(Processo AGARESP 201300185086 AGARESP - AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL –288026 Relator(a) HUMBERTO MARTINS Sigla do órgão STJ Órgão julgador SEGUNDA TURMA Fonte DJE DATA:20/02/2014).

No que se refere à condenação do INSS ao pagamento de honorários advocatícios, assiste razão ao embargante, tendo emvista que o art. 55 da Lei 9.099/95 estabelece que: “A sentença de primeiro grau não condenará o vencido em custas ehonorários de advogado, ressalvados os casos de litigância de má-fé. Em segundo grau, o recorrente, vencido, pagará ascustas e honorários de advogado, que serão fixados entre dez por cento e vinte por cento do valor de condenação ou, nãohavendo condenação, do valor corrigido da causa.”Oportuno ressaltar, que a 2ª Turma Recursal da Seção Judiciária do Espírito Santo, com a ressalva da posição pessoal doRelator, decidiu aplicar literalmente o disposto no art. 55 da Lei nº 9.099/1995, passando a condenar apenas o recorrentevencido ao pagamento de honorários advocatícios.In casu, o recurso inominado foi interposto pela parte autora, ao qual foi dado provimento, conforme se infere do acórdão defls. 106/107, não havendo, portanto, que se condenar o INSS em honorários advocatícios.Em face do exposto, é necessário retificar o julgado apenas e tão-somente para acrescentar ao acórdão recorrido afundamentação acima acerca da fixação do índice de correção monetária, bem como para excluir a condenação do InstitutoNacional do Seguro Social – INSS ao pagamento dos honorários advocatícios, mantendo os seus demais termos.Resta prejudicado, portanto, o pleito acerca da aplicabilidade da Súmula 111, do STJ, haja vista a exclusão da condenaçãoem honorários advocatícios.Embargos de Declaração conhecidos e providos, integrando o item 5 do acórdão embargado com o seguinte trecho: “Semcondenação em custas, nem em honorários, tendo em vista o disposto no art. 55, caput, da Lei 9.099/1995.”

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer eprover os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

15 - 0003099-13.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.003099-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.) x MARIA ANGELA BOM CUNHA (ADVOGADO: RJ155930- CARLOS BERKENBROCK.).Processo nº: 0003099-13.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.003099-4/01)Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: MARIA ANGELA BOM CUNHAJuízo de Origem: 1ª VF Cachoeiro - Juizado Especial FederalRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CRITÉRIOS DE JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO.MANIFESTAÇÃO EXPRESSA POR PARTE DO JUÍZO. INCONFORMISMO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SÚMULA111 DO STJ. FIXAÇÃO NOS MOLDES DO ART. 55 DA LEI 9.099/1995. INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS NO JULGADO.RECURSO DESPROVIDO.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, em face do acórdão proferidoàs fls. 96/97. Alega o embargante, em resumo, que o julgado é omisso e contraditório quanto ao critério de juros e correçãomonetária, contrariando posição do STF no julgamento das ADI’S 4357 e 4425, haja vista que houve manifestação explícitade que o índice de correção monetária seria fixado pela Corte Magna em momento superveniente, quando da análise damodulação de efeitos. Aduz que houve omissão também acerca da aplicabilidade da Súmula 111 do STJ, tendo em vistaque o acórdão embargado, ao condenar o embargante nos honorários advocatícios aplicou o percentual de 10% sobre ovalor da condenação e não apenas sobre as parcelas vencidas até a sentença. Dessa forma, requer sejam sanados osapontados vícios.Ressalto, inicialmente, que apenas os recursos extraordinários e especiais estão sujeitos à suspensão determinada nosartigos 543-B e 543-C do CPC, não havendo óbice ao julgamento dos presentes embargos.Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais sejam, os de obscuridade, contradição, omissãoou dúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-seque este aponta a existência de omissão e contradição no julgado.Inexiste omissão ou contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foramdevidamente analisados na decisão colegiada. Aliás, a matéria objeto do recurso inominado versa exclusivamente sobre oscritérios de fixação dos juros e correção monetária, tendo sido exaustivamente apreciada (itens 2/8).No que tange à condenação em honorários advocatícios, igualmente não há que se falar em omissão, haja vista que talfixação, encontra-se em consonância com o percentual estabelecido no art. 55 da lei nº 9.099/1995.Consigne-se que a via dos aclaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo diante da conclusãojurisdicional adotada. Destarte, o que se tem na hipótese é o uso dos embargos de declaração com fins meramenteprotelatórios, pois destituídos de fundamentos ou qualquer razão plausível que justifique sua utilização.

Desta forma, forçoso concluir que estamos diante de situação que se enquadra no art. 538, parágrafo único, do CPC.Assim, condeno o embargante ao pagamento de multa equivalente a 1% (um por cento) sobre o valor da causa, que serárevertida em favor do embargado.

Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

16 - 0001034-02.2011.4.02.5054/01 (2011.50.54.001034-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) VELMA BELLATO DOSSANTOS (ADVOGADO: ES013010 - FRANCISCO MACHADO NASCIMENTO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.).Processo nº: 0001034-02.2011.4.02.5054/01 (2011.50.54.001034-5/01)Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: VELMA BELLATO DOS SANTOSJuízo de Origem: 1ª VF ColatinaRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONTRADIÇÃO ENTRE DECISÕES DISTINTAS. IMPOSSIBILIDADE. QUESTÕESAPRECIADAS DE FORMA CLARA E OBJETIVA. PREQUESTIONAMENTO IMPLICITO. AFIRMAÇÃO GENÉRICA DEOMISSÃO E/OU OBSCURIDADE DO ACÓRDÃO. RECURSO DESPROVIDO.

1. O Instituto Nacional do Seguro Social - INSS opôs embargos de declaração com a finalidade de prequestionar oentendimento adotado no acórdão no que se refere à prescrição.

2. Convém ressaltar inicialmente, que a contradição que autoriza o manejo dos embargos de declaração deve ser acontradição interna, verificada entre os elementos que compõem a estrutura da decisão judicial e não entre duas decisõesdistintas (acórdão e entendimentos proferidos pelo STJ nos AgRg no REsp nº 1.143.254/PR, AgRg no REsp nº1.150.455/RS, AgRg no REsp nº 1.042.837/DF e no REsp 1.270.439/PR), como aduz o embargante.

3. No mais, o embargante limita-se a questionar o entendimento adotado por esta Turma Recursal relativo à prescrição

qüinqüenal, o momento da sua interrupção e a renúncia ao prazo já consumado.

4. Os embargos de declaração visam, tão somente, suprir a decisão judicial de qualquer eventual tipo de contradição,omissão ou obscuridade passível de correção, e não, analisar novos fatos e argumentos legais. No caso, a petição de fls.79/91 não apresenta ou aponta de forma conclusiva quaisquer das hipóteses passíveis de embargos de declaraçãoafirmando a existência de omissão/contradição de forma genérica.

5. O julgador não está obrigado a exaurir em respostas jurídicas todos os argumentos aduzidos pela parte, sendo suficientea fundamentação que demonstre cabalmente o seu convencimento.

6. Sobre prequestionamento, requisito indispensável à admissão do recurso extraordinário, cumpre considerar, conformeentendimento firmado pela Corte Superior de Justiça, a possibilidade de prequestionamento implícito, ou seja, a matérialitigiosa pode ser apreciada de maneira clara e objetiva ainda que sem menção expressa à norma legal, não havendonecessidade, portanto, de específica alusão aos dispositivos legais questionados. Vejamos:

“PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DOENÇA DE PARKINSON. FORNECIMENTO DEMEDICAMENTO PARA TRATAMENTO DE SAÚDE. PROVA CABAL DO AUTOR SOBRE SUA NECESSIDADE. DEVERCONSTITUCIONAL. OBRIGAÇÃO DO ESTADO DE ASSEGURAR ÀS PESSOAS O ACESSO A MEDICAMENTOS.SOLIDARIEDADE DOS ENTES FEDERADOS. REEXAME DO JULGADO. INADEQUAÇÃO DA VIA. OMISSÃO,CONTRADIÇÃO E OBSCURIDADE. INEXISTÊNCIA. 1. A Constituição Federal de 1988 (art. 1º, III), ao dispor sobre adignidade da pessoa humana como fundamento do Estado Democrático de Direito, reconheceu que o Estado existe emfunção da pessoa humana, uma vez que sua finalidade precípua é o próprio ser humano. 2. A União Federal, os Estados eos Municípios são responsáveis solidários pela saúde frente aos indivíduos, sendo, pois, os legitimados passivos nas açõescuja causa de pedir é o fornecimento de medicamentos e/ou leitos aos necessitados. Pode o Autor mover a pretensãocontra qualquer um dos entes ou contra todos, independentemente de qualquer divisão efetuada pela Lei nº 8.080/90. 3.Uma vez comprovado pela prescrição médica que o Autor foi diagnosticado como portador de Doença de Parkinson,cardiopatia crônica, diabete mellitus tipo 2 e hipertensão arterial, e que necessita dos medicamentos acima descritos paratratamento de sua saúde, o papel do Poder Judiciário cinge-se à determinação de cumprimento da prestação devida, sendoo caso, portanto, de se conferir efetividade à garantia do direito à saúde, norma constitucional cuja aplicabilidade é plena eimediata. 4. Os embargos de declaração são via imprópria para o rejulgamento da causa, sendo que eventual reforma dodecisum deve ser buscada pela via recursal própria. 5. Quanto ao requisito do prequestionamento - indispensável àadmissão dos recursos especial e extraordinário -, a Corte Superior de Justiça tem entendido ser suficiente oprequestionamento implícito, presente quando se discute a matéria litigiosa de maneira clara e objetiva, ainda que semalusão expressa aos dispositivos legais questionados. 6. Não ocorrendo irregularidades no acórdão quando a matéria queserviu de base à oposição do recurso foi devidamente apreciada, com fundamentos claros e nítidos, enfrentando asquestões suscitadas ao longo da instrução, tudo em perfeita consonância com os ditames da legislação e jurisprudênciaconsolidada, não há que se falar em omissão, obscuridade ou contradição. 7. Embargos desprovidos. Grifei. (TRF2 –Quinta Turma Especializada – E-DJF2R 24/02/2014 APELRE 200951010128348 APELRE - APELAÇÃO/REEXAMENECESSÁRIO, 585866, rel. Desembargador Federal MARCUS ABRAHAM)”.

7. Acerca das Súmulas apontadas pelo embargante, acrescente-se que a súmula 98 do STJ é de 1994 e a súmula 356 doSTF é de 1963. Os Juizados Especiais foram criados pela Lei 9.099 de 1995, bem como pela Lei 10.259 de 2001, portanto,esses enunciados estão em desacordo com o entendimento moderno no sentido da desnecessidade de interposição deembargos de declaração para efeito exclusivo de prequestionamento (teoria do prequestionamento implícito). Nessesentido:

“PROCESSO CIVIL EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. SUPOSTAS OMISSÕES NÃO COMPROVADAS.PREQUESTIONAMENTO QUE NÃO SE VISLUMBRA EM SEDE DE JUIZADOS ESPECIAIS. RECURSO CONHECIDO,MAS IMPROVIDO. 1 - A SIMPLES PRETENSÃO DE PREQUESTIONAMENTO DE MATÉRIAS CONSTITUCIONAIS NÃOCONDUZ AO AUTOMÁTICO RACIOCÍNIO DE QUE O ACÓRDÃO EM ANÁLISE RESTOU OMISSO. 2 - INCLUSIVE, NÃOSE ADMITE EM SEDE DE JUIZADOS ESPECIAIS OPOSIÇÃO DE EMBARGOS DECLARATÓRIOS COM INTUITO DEPREQUESTIONAMENTO DE MATÉRIAS PASSÍVEIS DE ANÁLISE POR INSTÂNCIAS EXTRAORDINÁRIAS. 3 -OMISSÕES QUE NÃO SE VERIFICARAM, HAJA VISTA QUE AS RAZÕES DE DECIDIR, AINDA QUE REFLEXAMENTE,EXAURIRAM A QUESTÃO. 4 - NO MAIS, PRETENDE A EMBARGANTE MODIFICAÇÃO DO JULGADO, O QUE ÉINADMISSÍVEL NESTA VIA ESTREITA DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. 5 - EMBARGOS DE DECLARAÇÃOCONHECIDOS, MAS IMPROVIDOS. 6 - SÚMULA DE JULGAMENTO SERVINDO DE ACÓRDÃO NOS MOLDESPRECONIZADOS PELO ARTIGO 46, 2ª PARTE, DA LEI Nº. 9.099 , DE 1995. TJ-DF - APELACAO CIVEL NO JUIZADOESPECIAL ACJ 20070910136783 DF (TJ-DF) Data de publicação: 20/08/2008.”

8. Ademais, observa-se que a matéria foi devidamente apreciada com o enfrentamento das questões suscitadas estandoem perfeita consonância com a legislação e jurisprudência consolidada sobre o tema, não havendo que se falar emomissão.

9. Cumpre ressaltar que inexistente omissão, contradição ou obscuridade que objetivamente resulte do julgado não cabe autilização de embargos. Divergência subjetiva da parte ou resultante de interpretação jurídica diversa não enseja a utilizaçãode embargos declaratórios, devendo a parte, se assim entender, manejar o recurso próprio.

Diante disso, forçoso concluir que estamos diante de situação que se enquadra no art. 538, parágrafo único, do CPC.

Assim, condeno o embargante ao pagamento de multa equivalente a 1% (um por cento) sobre o valor da causa, que serárevertida em favor do embargado.

11. Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado..

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

17 - 0003487-84.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.003487-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA.) x GILSON MEDEIROS DA SILVA (ADVOGADO: ES012411 -MARCELO CARVALHINHO VIEIRA.).Processo nº: 0003487-84.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.003487-0/01)Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: GILSON MEDEIROS DA SILVAJuízo de Origem: 1º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL. ATIVIDADES EXERCIDAS SOBCONDIÇÕES ESPECIAIS. EPI EFICAZ. CONDENAÇÃO EM HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SÚMULA 111 DO STJ.OMISSÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO NO JULGADO. RECURSO DESPROVIDO.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, em face do acórdão proferidoàs fls. 293/294. Alega o embargante, em resumo, que o julgado é omisso quanto à incidência dos artigos 195, § 5º e 201, §1º da CRFB/88 em relação à utilização de EPI eficaz. Aponta, ainda, ausência de manifestação quanto à aplicação daSúmula 111, do STJ, no que se refere aos honorários advocatícios.Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais sejam, os de obscuridade, contradição, omissãoou dúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-seque este aponta a existência de omissão no julgado.Inexiste omissão ou contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foramdevidamente analisados na decisão colegiada.O acórdão recorrido abordou expressamente a questão atinente ao fornecimento e utilização de EPI eficaz, sendototalmente descabida a alegação de omissão formulada pelo INSS. Da mesma forma, quanto à condenação em honoráriosadvocatícios, também não há que se falar em omissão, visto que tal fixação encontra-se em consonância com o percentualestabelecido no art. 55 da Lei nº 9.099/95.Sobre prequestionamento, requisito indispensável à admissão do recurso extraordinário, cumpre considerar, conformeentendimento firmado pela Corte Superior de Justiça, a possibilidade de prequestionamento implícito, ou seja, a matérialitigiosa pode ser apreciada de maneira clara e objetiva ainda que sem menção expressa à norma legal, não havendonecessidade, portanto, de específica alusão aos dispositivos legais questionados.Ademais, observa-se que a matéria foi devidamente apreciada com o enfrentamento das questões suscitadas estando emperfeita consonância com a legislação e jurisprudência consolidada sobre o tema, não havendo que se falar em omissão.Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer edesprover embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

18 - 0001026-39.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.001026-5/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.) x ILZO SILVA DOS SANTOS (ADVOGADO: ES003841 - NELSON DEMEDEIROS TEIXEIRA.).Processo nº: 0001026-39.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.001026-5/01)Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: ILZO SILVA DOS SANTOS

Juízo de Origem: 1ª VF Cachoeiro - Juizado Especial FederalRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL. ATIVIDADES EXERCIDAS SOBCONDIÇÕES ESPECIAIS. EPI EFICAZ. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO NO JULGADO. RECURSO DESPROVIDO.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, em face do acórdão proferidoàs fls. 175/179. Alega o embargante, em resumo, que o julgado é omisso quanto à incidência dos artigos 195, § 5º e 201, §1º da CRFB/88 em relação à utilização de EPI eficaz.Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais sejam, os de obscuridade, contradição, omissãoou dúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-seque este aponta a existência de omissão no julgado.Inexiste omissão ou contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foramanalisados na decisão colegiada. A matéria foi devidamente apreciada, estando em perfeita consonância com a legislação ejurisprudência consolidada sobre o tema, não havendo que se falar em omissão.Sobre prequestionamento, requisito indispensável à admissão do recurso extraordinário, cumpre considerar, conformeentendimento firmado pela Corte Superior de Justiça, a possibilidade de prequestionamento implícito, ou seja, a matérialitigiosa pode ser apreciada de maneira clara e objetiva ainda que sem menção expressa à norma legal, não havendonecessidade, portanto, de específica alusão aos dispositivos legais questionados.Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

19 - 0001625-41.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001625-9/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARCELA REIS SILVA.) x ISMAEL DE LIMA MOREIRA (ADVOGADO: ES012448 - PRISCILLA THOMAZ DEOLIVEIRA, ES004142 - JOSE IRINEU DE OLIVEIRA.).Processo nº: 0001625-41.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001625-9/01)Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: ISMAEL DE LIMA MOREIRAJuízo de Origem: 1ª VF Cachoeiro - Juizado Especial FederalRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL. ATIVIDADES EXERCIDAS SOBCONDIÇÕES ESPECIAIS. EPI EFICAZ. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO NO JULGADO. RECURSO DESPROVIDO.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, em face do acórdão proferidoàs fls. 109/117. Alega o embargante, em resumo, que o julgado é omisso quanto à incidência dos artigos 195, § 5º e 201, §1º da CRFB/88 em relação à utilização de EPI eficaz.Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais sejam, os de obscuridade, contradição, omissãoou dúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-seque este aponta a existência de omissão no julgado.Inexiste omissão ou contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foramanalisados na decisão colegiada. A matéria foi devidamente apreciada, estando em perfeita consonância com a legislação ejurisprudência consolidada sobre o tema, não havendo que se falar em omissão.Sobre prequestionamento, requisito indispensável à admissão do recurso extraordinário, cumpre considerar, conformeentendimento firmado pela Corte Superior de Justiça, a possibilidade de prequestionamento implícito, ou seja, a matérialitigiosa pode ser apreciada de maneira clara e objetiva ainda que sem menção expressa à norma legal, não havendonecessidade, portanto, de específica alusão aos dispositivos legais questionados.Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer edesprover embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

20 - 0103028-68.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.103028-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LUIZ CLÁUDIO SALDANHA SALES.) x CENAIR BURGARELLI (ADVOGADO:ES019221 - AMAURI BRAS CASER.).Processo nº: 0103028-68.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.103028-6/01)Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: CENAIR BURGARELLIJuízo de Origem: 1ª VF ColatinaRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. RMI. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO EPOSTERIOR JUBILAMENTO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. DESNECESSIDADE.PEDIDO PROCEDENTE. SENTENÇA CONFIRMADA.1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente a pretensão autoral derenúncia ao benefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão denovo benefício mais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado trabalhando e contribuindo para o Regime Geral dePrevidência Social – RGPS. Sustenta o recorrente: a) constitucionalidade e imperatividade da vedação legal ao empregodas contribuições posteriores à aposentadoria; b) o contribuinte em gozo de aposentadoria pertence a uma espécie queapenas contribui para o custeio do sistema, não para a obtenção de benefícios; c) ao aposentar-se, o segurado fez umaopção por uma renda menor, mas recebida por mais tempo; d) o ato jurídico perfeito não pode ser alterado unilateralmente;e) violação ao art. 18, parágrafo 2º, da Lei nº 8.213/1991. Pugna, assim, pela reforma da sentença, a fim de que sejajulgado improcedente o pedido. Pela eventualidade pleiteia no sentido de que a desconstituição do benefício sejacondicionada à devolução de todos os proventos que a recorrida recebeu relativamente ao benefício anterior. Requer,outrossim, a aplicação integral do art. 1º-F da Lei 9.494/1997, no que se referem aos juros e à correção monetária, tendoem vista a ausência de modulação dos efeitos das ADIs 4.357/DF e 4.425/DF. Contrarrazões às fls. 142/158.

2. Ressalto, inicialmente, que apenas os recursos extraordinários e especiais estão sujeitos à suspensão determinada nosartigos 543-B e 543-C do CPC, não havendo óbice ao julgamento do presente recurso inominado.

3. O prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei 8.213/1991 não se aplica aos casos de desaposentação, uma vez que aparte autora não busca a revisão do ato concessório, mas sim a renúncia e cancelamento do benefício em manutenção,com o objetivo de obter novo benefício. Nesse sentido já se manifestou o Superior Tribunal de Justiça:

PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DECADÊNCIA. ART. 103 DA LEI 8.213/1991 (COM A REDAÇÃO DALEI 10.839/2004). PEDIDO DE RENÚNCIA DE BENEFÍCIO (DESAPOSENTAÇÃO). NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIAPACIFICADA PELA SEÇÃO COMPETENTE. PREJUDICIAL AFASTADA. JULGAMENTO DA MATÉRIA REMANESCENTE.(STJ, EDcl no AgRg no REsp Nº 1.305.914 – SC, rel. Min. Herman Benjamin - 2012/0011629-3)

4. A questão em debate importa aferir a viabilidade jurígena de segurado que continuou em atividade remunerada econtribuindo para o RGPS renunciar a benefício previdenciário, com o escopo de, ao tempo de contribuição apurado porocasião de sua concessão, ver acrescido aquele relativo à atividade laborativa – e respectivas contribuições – posterior àjubilação, para assim auferir renda mensal mais vantajosa.

5. Outra questão a ser abordada diz com os efeitos do ato de renúncia ao benefício, do que decorre a (não) obrigatoriedadede o segurado devolver o que recebeu a título de proventos.

6. Nesse ponto, a Turma Nacional de Uniformização perfilhou entendimento de que a renúncia à aposentadoria trata-se deato com eficácia ex tunc, ensejando, desta feita, a devolução dos valores percebidos a título de aposentadoria à qual sepretenda renunciar. Observe-se:

PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO PARA FINS DE OBTENÇÃO DE NOVO BENEFÍCIO, TAMBÉM NO REGIMEGERAL DE PREVIDÊNCIA, COM UTILIZAÇÃO DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO UTILIZADO NO PRIMEIRO.DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. NECESSIDADE. INCIDENTE IMPROVIDO.1. Esta Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especais Federais sedimentou o entendimentode necessidade de devolução dos valores percebidos a titulo de aposentadoria à qual se pretenda renunciar, para fins deobtenção de novo benefício, no mesmo regime, com observância do tempo utilizado para concessão do primeiro. 2.Incidente improvido. (PEDILEF 200872550094057 PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEIFEDERAL. Relatora JUIZA FEDERAL SIMONE DOS SANTOS LEMOS FERNANDES. DOU 06/05/2011) (grifei)

7. Outro foi o entendimento adotado pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp1334488/SC, realizado no dia 08 de maio de 2013 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de Processo

Civil e RES. n º. 8/2008-STJ). Confira-se:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA AAPOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIOR JUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES.DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(REsp 1334488/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/05/2013, DJe 14/05/2013).

8. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na Turma Nacionalde Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsável pelauniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº 10.259/01 éclara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

9. A respeito dos juros de mora e correção monetária, de acordo com a jurisprudência mais recente do Superior Tribunal deJustiça, ressalta-se que a decisão do STF no sentido da declaração parcial de inconstitucionalidade, por arrastamento, doart. 5º da Lei nº 11.960/2009, referiu-se apenas e tão-somente ao critério de correção monetária ali especificado, mantido ocritério de cálculo de juros. Nesse sentido: AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL – 1263644Relator(a) SÉRGIO KUKINA Sigla do órgão STJ Órgão julgador PRIMEIRA TURMA Fonte DJE DATA:18/10/2013.

10. No caso de benefício previdenciário, o entendimento da jurisprudência que perfilho foi no sentido da aplicação do art.41-A da Lei nº 8.213/91, aplicando-se o INPC na correção monetária dos valores atrasados, mantendo-se, todavia, o critériode cálculo de juros conforme precedente acima citado.

11. No caso das demais condenações impostas à Fazenda Pública, inclusive na hipótese de concessão de benefício denatureza assistencial, exceção feita à matéria tributária, é de se aplicar o IPCA (AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NORECURSO ESPECIAL – 1398307 Relator(a) HUMBERTO MARTINS Sigla do órgão STJ Órgão julgador SEGUNDATURMA Fonte DJE DATA:25/10/2013).

12. Não pode ser acolhida a tese que vem sendo defendida pela Fazenda Pública, acerca da imposição da aplicaçãointegral da Lei nº 11.960/09, seja por conta da não publicação da decisão do STF nas ADIs nº 4.357/DF e 4.425/DF; sejapor conta da pendência da modulação dos seus efeitos; seja tampouco por conta da decisão cautelar proferida peloEminente Min. Luiz Fux nos autos da primeira das ADIs acima referidas.

13. Isto porque a declaração de inconstitucionalidade da Lei nº 11.960/09 se deu por arrastamento, no bojo de ação diretacujo objeto era o questionamento da constitucionalidade dos critérios de correção monetária dos precatórios nos termosestabelecidos pela EC nº 62/09. Além do mais, o fato de a questão estar sendo debatida no âmbito do STF, sem que estejaproduzindo efeitos alguma decisão com eficácia vinculante, não impede que as instâncias ordinárias exerçam o controledifuso de constitucionalidade, nos casos concretos que lhes forem submetidos à apreciação, utilizando-se para tanto dosmesmos fundamentos que levaram à declaração de constitucionalidade no âmbito do controle concentrado e abstrato.

14. A decisão prolatada pelo Eminente Min. Luiz Fux nos autos da ADI nº 4.357/DF não determina a aplicação integral daLei nº 11.960/09 a todas as ações em que haja condenação da Fazenda Pública. Em verdade, trata-se de decisão prolatadacom vistas a solucionar o problema específico dos precatórios pendentes de pagamento no âmbito dos tribunais pátrios.Neste sentido, manifestaram-se os Ministros Roberto Barroso (Rcl 17.012) e Marco Aurélio (Rcl 16.982 e Rcl 17.200).

15. Por essas razões, curvo-me à orientação firmada no STJ.

16. Recurso a que se nega provimento. Sentença confirmada.

17. Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289, de 4 de julho de 1996. Honorários advocatícios devidos pelo

recorrente, correspondentes a 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (55, segunda parte, da Lei nº 9.099/1995 eart. 1º da Lei nº 10.259/2001).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

21 - 0101974-66.2013.4.02.5001/01 (2013.50.01.101974-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) RONALDO ROSA ZULCÃO(ADVOGADO: ES015283 - WANESSA ALDRIGUES CANDIDO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.).Processo nº: 0101974-66.2013.4.02.5001/01 (2013.50.01.101974-0/01)Recorrente: RONALDO ROSA ZULCÃORecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSJuízo de Origem: 1º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. RMI. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO EPOSTERIOR JUBILAMENTO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. DESNECESSIDADE.PEDIDO IMPROCEDENTE. SENTENÇA REFORMADA.1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor em face da sentença que julgou improcedente a pretensão autoralde renúncia ao benefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão denovo benefício mais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado trabalhando e contribuindo para o Regime Geral dePrevidência Social – RGPS. Sustenta ter direito a renunciar o benefício de aposentadoria usufruído, com o acréscimo dotempo laborado após sua concessão ante a inexistência de expressa proibição legal e, ainda, por se tratar de medida maisfavorável. Argumenta que a aposentadoria constitui direito disponível, passível, portanto, de renúncia. Assevera, outrossim,que a desaposentação não pressupõe acúmulo de benefícios, mas sim extinção do benefício anterior para concessão deum novo, o que justifica a irrepetibilidade dos benefícios já percebidos. Pugna, assim, pela reforma do julgado. Não foramapresentadas contrarrazões.

2. O prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei 8.213/1991 não se aplica aos casos de desaposentação, uma vez que aparte autora não busca a revisão do ato concessório, mas sim a renúncia e cancelamento do benefício em manutenção,com o objetivo de obter novo benefício. Nesse sentido já se manifestou o Superior Tribunal de Justiça:

PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DECADÊNCIA. ART. 103 DA LEI 8.213/1991 (COM A REDAÇÃO DALEI 10.839/2004). PEDIDO DE RENÚNCIA DE BENEFÍCIO (DESAPOSENTAÇÃO). NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIAPACIFICADA PELA SEÇÃO COMPETENTE. PREJUDICIAL AFASTADA. JULGAMENTO DA MATÉRIA REMANESCENTE.(STJ, EDcl no AgRg no REsp Nº 1.305.914 – SC, rel. Min. Herman Benjamin - 2012/0011629-3).

3. A questão em debate importa aferir a viabilidade jurígena de segurado que continuou em atividade remunerada econtribuindo para o RGPS renunciar a benefício previdenciário, com o escopo de, ao tempo de contribuição apurado porocasião de sua concessão, ver acrescido aquele relativo à atividade laborativa – e respectivas contribuições – posterior àjubilação, para assim auferir renda mensal mais vantajosa.

4. Outra questão a ser abordada diz com os efeitos do ato de renúncia ao benefício, do que decorre a (não) obrigatoriedadede o segurado devolver o que recebeu a título de proventos.

5. Nesse ponto, a Turma Nacional de Uniformização perfilhou entendimento de que a renúncia à aposentadoria trata-se deato com eficácia ex tunc, ensejando, desta feita, a devolução dos valores percebidos a título de aposentadoria à qual sepretenda renunciar. Observe-se:

PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO PARA FINS DE OBTENÇÃO DE NOVO BENEFÍCIO, TAMBÉM NO REGIMEGERAL DE PREVIDÊNCIA, COM UTILIZAÇÃO DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO UTILIZADO NO PRIMEIRO.

DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. NECESSIDADE. INCIDENTE IMPROVIDO.1. Esta Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especais Federais sedimentou o entendimentode necessidade de devolução dos valores percebidos a titulo de aposentadoria à qual se pretenda renunciar, para fins deobtenção de novo benefício, no mesmo regime, com observância do tempo utilizado para concessão do primeiro. 2.Incidente improvido. (PEDILEF 200872550094057 PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEIFEDERAL. Relatora JUIZA FEDERAL SIMONE DOS SANTOS LEMOS FERNANDES. DOU 06/05/2011) (grifei)

6. Outro foi o entendimento adotado pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp1334488/SC, realizado no dia 08 de maio de 2013 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de ProcessoCivil e RES. n º. 8/2008-STJ). Confira-se:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA AAPOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIOR JUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES.DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(REsp 1334488/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/05/2013, DJe 14/05/2013).

7. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na Turma Nacionalde Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsável pelauniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº 10.259/01 éclara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

8. Por essas razões, curvo-me à orientação firmada no STJ. Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

9. Oportuno registrar, de acordo com a jurisprudência mais recente do Superior Tribunal de Justiça, que a decisão do STFno sentido da declaração parcial de inconstitucionalidade, por arrastamento, do art. 5º da Lei nº 11.960/2009, referiu-seapenas e tão-somente ao critério de correção monetária ali especificado, mantidos o critério de cálculo de juros. Nessesentido: AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL – 1263644 Relator(a) SÉRGIO KUKINA Sigla doórgão STJ Órgão julgador PRIMEIRA TURMA Fonte DJE DATA:18/10/2013.

10. No caso de benefício previdenciário, o entendimento da jurisprudência que perfilho foi no sentido da aplicação do art.41-A da Lei nº 8.213/91, aplicando-se o INPC na correção monetária dos valores atrasados, mantendo-se, todavia, o critériode cálculo de juros conforme precedente acima citado.

11. No caso das demais condenações impostas à Fazenda Pública, inclusive na hipótese de concessão de benefício denatureza assistencial, exceção feita à matéria tributária, é de se aplicar o IPCA (AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NORECURSO ESPECIAL – 1398307 Relator(a) HUMBERTO MARTINS Sigla do órgão STJ Órgão julgador SEGUNDATURMA Fonte DJE DATA:25/10/2013).

12. Não pode ser acolhida a tese que vem sendo defendida pela Fazenda Pública, acerca da imposição da aplicaçãointegral da Lei nº 11.960/09, seja por conta da não publicação da decisão do STF nas ADIs nº 4.357/DF e 4.425/DF; sejapor conta da pendência da modulação dos seus efeitos; seja tampouco por conta da decisão cautelar proferida peloEminente Min. Luiz Fux nos autos da primeira das ADIs acima referidas.

13. Isto porque a declaração de inconstitucionalidade da Lei nº 11.960/09 se deu por arrastamento, no bojo de ação diretacujo objeto era o questionamento da constitucionalidade dos critérios de correção monetária dos precatórios nos termosestabelecidos pela EC nº 62/09. Além do mais, o fato de a questão estar sendo debatida no âmbito do STF, sem que estejaproduzindo efeitos alguma decisão com eficácia vinculante, não impede que as instâncias ordinárias exerçam o controledifuso de constitucionalidade, nos casos concretos que lhes forem submetidos à apreciação, utilizando-se para tanto dosmesmos fundamentos que levaram à declaração de constitucionalidade no âmbito do controle concentrado e abstrato.

14. A decisão prolatada pelo Eminente Min. Luiz Fux nos autos da ADI nº 4.357/DF não determina a aplicação integral daLei nº 11.960/09 a todas as ações em que haja condenação da Fazenda Pública. Em verdade, trata-se de decisão prolatadacom vistas a solucionar o problema específico dos precatórios pendentes de pagamento no âmbito dos tribunais pátrios.Neste sentido, manifestaram-se os Ministros Roberto Barroso (Rcl 17.012) e Marco Aurélio (Rcl 16.982 e Rcl 17.200).

15. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento, para condenar o INSS a: I) desconstituir a aposentadoria portempo de contribuição usufruída pelo recorrente (NB 135.408.771-0), concedendo-lhe novo benefício da mesma espécie,independentemente de devolução dos proventos; II) computar o tempo de serviço efetivamente prestado após ojubilamento, fixando-se como data de início do novo benefício a data do ajuizamento desta ação; III) pagar-lhe asprestações vencidas, acrescidas de correção monetária e juros de mora, aplicando-se, para tanto, o INPC na forma do 41-Ada Lei nº 8.213/1991 para a correção monetária e os parâmetros do art. 1º-F, da Lei 9.494/1997 para os juros de mora.

16. Sem condenação em custas nem em honorários advocatícios (art. 55, caput, da Lei 9.099/1995).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

22 - 0102752-37.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.102752-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO COSTA BUARQUE.) x WALDEMIR JOAO DELFINO (ADVOGADO:ES019221 - AMAURI BRAS CASER.).RECURSO Nº 0102752-37.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.102752-4/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: WALDEMIR JOAO DELFINO

VOTO EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. RMI. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO EPOSTERIOR JUBILAMENTO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. DESNECESSIDADE.PEDIDO PROCEDENTE. SENTENÇA CONFIRMADA.1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente a pretensão autoral derenúncia ao benefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão denovo benefício mais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado trabalhando e contribuindo para o Regime Geral dePrevidência Social – RGPS. Sustenta o recorrente: a) constitucionalidade e imperatividade da vedação legal ao empregodas contribuições posteriores à aposentadoria; b) o contribuinte em gozo de aposentadoria pertence a uma espécie queapenas contribui para o custeio do sistema, não para a obtenção de benefícios; c) ao aposentar-se, o segurado fez umaopção por uma renda menor, mas recebida por mais tempo; d) violação ao art. 18, parágrafo 2º, da Lei nº 8.213/1991.Pugna, assim, pela reforma da sentença, a fim de que seja julgado improcedente o pedido. O recorrido não apresentoucontrarrazões.

2. Ressalto, inicialmente, que apenas os recursos extraordinários e especiais estão sujeitos à suspensão determinada nosartigos 543-B e 543-C do CPC, não havendo óbice ao julgamento do presente recurso inominado.

3. O prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei 8.213/1991 não se aplica aos casos de desaposentação, uma vez que aparte autora não busca a revisão do ato concessório, mas sim a renúncia e cancelamento do benefício em manutenção,com o objetivo de obter novo benefício. Nesse sentido já se manifestou o Superior Tribunal de Justiça:

PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DECADÊNCIA. ART. 103 DA LEI 8.213/1991 (COM A REDAÇÃO DALEI 10.839/2004). PEDIDO DE RENÚNCIA DE BENEFÍCIO (DESAPOSENTAÇÃO). NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIAPACIFICADA PELA SEÇÃO COMPETENTE. PREJUDICIAL AFASTADA. JULGAMENTO DA MATÉRIA REMANESCENTE.(STJ, EDcl no AgRg no REsp Nº 1.305.914 – SC, rel. Min. Herman Benjamin - 2012/0011629-3)

4. A questão em debate importa aferir a viabilidade jurígena de segurado que continuou em atividade remunerada econtribuindo para o RGPS renunciar a benefício previdenciário, com o escopo de, ao tempo de contribuição apurado porocasião de sua concessão, ver acrescido aquele relativo à atividade laborativa – e respectivas contribuições – posterior àjubilação, para assim auferir renda mensal mais vantajosa.

5. Outra questão a ser abordada diz com os efeitos do ato de renúncia ao benefício, do que decorre a (não) obrigatoriedadede o segurado devolver o que recebeu a título de proventos.

6. Nesse ponto, a Turma Nacional de Uniformização perfilhou entendimento de que a renúncia à aposentadoria trata-se de

ato com eficácia ex tunc, ensejando, desta feita, a devolução dos valores percebidos a título de aposentadoria à qual sepretenda renunciar. Observe-se:

PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO PARA FINS DE OBTENÇÃO DE NOVO BENEFÍCIO, TAMBÉM NO REGIMEGERAL DE PREVIDÊNCIA, COM UTILIZAÇÃO DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO UTILIZADO NO PRIMEIRO.DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. NECESSIDADE. INCIDENTE IMPROVIDO.1. Esta Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especais Federais sedimentou o entendimentode necessidade de devolução dos valores percebidos a titulo de aposentadoria à qual se pretenda renunciar, para fins deobtenção de novo benefício, no mesmo regime, com observância do tempo utilizado para concessão do primeiro. 2.Incidente improvido. (PEDILEF 200872550094057 PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEIFEDERAL. Relatora JUIZA FEDERAL SIMONE DOS SANTOS LEMOS FERNANDES. DOU 06/05/2011) (grifei)

7. Outro foi o entendimento adotado pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp1334488/SC, realizado no dia 08 de maio de 2013 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de ProcessoCivil e RES. n º. 8/2008-STJ). Confira-se:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA AAPOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIOR JUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES.DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(REsp 1334488/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/05/2013, DJe 14/05/2013).

8. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na Turma Nacionalde Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsável pelauniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº 10.259/01 éclara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

9. No que se refere ao critério de correção monetária, de acordo com a jurisprudência mais recente do Superior Tribunal deJustiça, que a decisão do STF no sentido da declaração parcial de inconstitucionalidade, por arrastamento, do art. 5º da Leinº 11.960/2009, referiu-se apenas e tão-somente ao critério de correção monetária ali especificado, mantidos o critério decálculo de juros. Nesse sentido: AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL – 1263644 Relator(a)SÉRGIO KUKINA Sigla do órgão STJ Órgão julgador PRIMEIRA TURMA Fonte DJE DATA:18/10/2013.

10. No caso de benefício previdenciário, o entendimento da jurisprudência que perfilho foi no sentido da aplicação do art.41-A da Lei nº 8.213/91, aplicando-se o INPC na correção monetária dos valores atrasados, mantendo-se, todavia, o critériode cálculo de juros conforme precedente acima citado.

11. No caso das demais condenações impostas à Fazenda Pública, inclusive na hipótese de concessão de benefício denatureza assistencial, exceção feita à matéria tributária, é de se aplicar o IPCA (AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NORECURSO ESPECIAL – 1398307 Relator(a) HUMBERTO MARTINS Sigla do órgão STJ Órgão julgador SEGUNDATURMA Fonte DJE DATA:25/10/2013).

12. Não pode ser acolhida a tese que vem sendo defendida pela Fazenda Pública, acerca da imposição da aplicaçãointegral da Lei nº 11.960/09, seja por conta da não publicação da decisão do STF nas ADIs nº 4.357/DF e 4.425/DF; sejapor conta da pendência da modulação dos seus efeitos; seja tampouco por conta da decisão cautelar proferida peloEminente Min. Luiz Fux nos autos da primeira das ADIs acima referidas.

13. Isto porque a declaração de inconstitucionalidade da Lei nº 11.960/09 se deu por arrastamento, no bojo de ação diretacujo objeto era o questionamento da constitucionalidade dos critérios de correção monetária dos precatórios nos termosestabelecidos pela EC nº 62/09. Além do mais, o fato de a questão estar sendo debatida no âmbito do STF, sem que esteja

produzindo efeitos alguma decisão com eficácia vinculante, não impede que as instâncias ordinárias exerçam o controledifuso de constitucionalidade, nos casos concretos que lhes forem submetidos à apreciação, utilizando-se para tanto dosmesmos fundamentos que levaram à declaração de constitucionalidade no âmbito do controle concentrado e abstrato.

14. A decisão prolatada pelo Eminente Min. Luiz Fux nos autos da ADI nº 4.357/DF não determina a aplicação integral daLei nº 11.960/09 a todas as ações em que haja condenação da Fazenda Pública. Em verdade, trata-se de decisão prolatadacom vistas a solucionar o problema específico dos precatórios pendentes de pagamento no âmbito dos tribunais pátrios.Neste sentido, manifestaram-se os Ministros Roberto Barroso (Rcl 17.012) e Marco Aurélio (Rcl 16.982 e Rcl 17.200).

15. Recurso a que se nega provimento. Sentença confirmada.

16. Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289, de 4 de julho de 1996. Honorários advocatícios devidos pelorecorrente, correspondentes a 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (55, segunda parte, da Lei nº 9.099/1995 eart. 1º da Lei nº 10.259/2001).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

23 - 0102311-56.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.102311-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO COSTA BUARQUE.) x ANAIR ZANETTI COSTA AGUIAR(ADVOGADO: ES021038 - CARLOS BERKENBROCK.).RECURSO Nº 0102311-56.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.102311-7/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ANAIR ZANETTI COSTA AGUIAR

VOTO EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. RMI. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO EPOSTERIOR JUBILAMENTO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. DESNECESSIDADE.PEDIDO PROCEDENTE. SENTENÇA CONFIRMADA.1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente a pretensão autoral derenúncia ao benefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão denovo benefício mais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado trabalhando e contribuindo para o Regime Geral dePrevidência Social – RGPS. Sustenta o recorrente: a) constitucionalidade e imperatividade da vedação legal ao empregodas contribuições posteriores à aposentadoria; b) o contribuinte em gozo de aposentadoria pertence a uma espécie queapenas contribui para o custeio do sistema, não para a obtenção de benefícios; c) ao aposentar-se, o segurado fez umaopção por uma renda menor, mas recebida por mais tempo; d) violação ao art. 18, parágrafo 2º, da Lei nº 8.213/1991.Pugna, assim, pela reforma da sentença, a fim de que seja julgado improcedente o pedido. O recorrido não apresentoucontrarrazões.

2. Ressalto, inicialmente, que apenas os recursos extraordinários e especiais estão sujeitos à suspensão determinada nosartigos 543-B e 543-C do CPC, não havendo óbice ao julgamento do presente recurso inominado.

3. O prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei 8.213/1991 não se aplica aos casos de desaposentação, uma vez que aparte autora não busca a revisão do ato concessório, mas sim a renúncia e cancelamento do benefício em manutenção,com o objetivo de obter novo benefício. Nesse sentido já se manifestou o Superior Tribunal de Justiça:

PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DECADÊNCIA. ART. 103 DA LEI 8.213/1991 (COM A REDAÇÃO DALEI 10.839/2004). PEDIDO DE RENÚNCIA DE BENEFÍCIO (DESAPOSENTAÇÃO). NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIAPACIFICADA PELA SEÇÃO COMPETENTE. PREJUDICIAL AFASTADA. JULGAMENTO DA MATÉRIA REMANESCENTE.(STJ, EDcl no AgRg no REsp Nº 1.305.914 – SC, rel. Min. Herman Benjamin - 2012/0011629-3)

4. A questão em debate importa aferir a viabilidade jurígena de segurado que continuou em atividade remunerada econtribuindo para o RGPS renunciar a benefício previdenciário, com o escopo de, ao tempo de contribuição apurado porocasião de sua concessão, ver acrescido aquele relativo à atividade laborativa – e respectivas contribuições – posterior àjubilação, para assim auferir renda mensal mais vantajosa.

5. Outra questão a ser abordada diz com os efeitos do ato de renúncia ao benefício, do que decorre a (não) obrigatoriedade

de o segurado devolver o que recebeu a título de proventos.

6. Nesse ponto, a Turma Nacional de Uniformização perfilhou entendimento de que a renúncia à aposentadoria trata-se deato com eficácia ex tunc, ensejando, desta feita, a devolução dos valores percebidos a título de aposentadoria à qual sepretenda renunciar. Observe-se:

PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO PARA FINS DE OBTENÇÃO DE NOVO BENEFÍCIO, TAMBÉM NO REGIMEGERAL DE PREVIDÊNCIA, COM UTILIZAÇÃO DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO UTILIZADO NO PRIMEIRO.DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. NECESSIDADE. INCIDENTE IMPROVIDO.1. Esta Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especais Federais sedimentou o entendimentode necessidade de devolução dos valores percebidos a titulo de aposentadoria à qual se pretenda renunciar, para fins deobtenção de novo benefício, no mesmo regime, com observância do tempo utilizado para concessão do primeiro. 2.Incidente improvido. (PEDILEF 200872550094057 PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEIFEDERAL. Relatora JUIZA FEDERAL SIMONE DOS SANTOS LEMOS FERNANDES. DOU 06/05/2011) (grifei)

7. Outro foi o entendimento adotado pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp1334488/SC, realizado no dia 08 de maio de 2013 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de ProcessoCivil e RES. n º. 8/2008-STJ). Confira-se:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA AAPOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIOR JUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES.DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(REsp 1334488/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/05/2013, DJe 14/05/2013).

8. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na Turma Nacionalde Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsável pelauniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº 10.259/01 éclara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

9. No que se refere ao critério de correção monetária, de acordo com a jurisprudência mais recente do Superior Tribunal deJustiça, que a decisão do STF no sentido da declaração parcial de inconstitucionalidade, por arrastamento, do art. 5º da Leinº 11.960/2009, referiu-se apenas e tão-somente ao critério de correção monetária ali especificado, mantidos o critério decálculo de juros. Nesse sentido: AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL – 1263644 Relator(a)SÉRGIO KUKINA Sigla do órgão STJ Órgão julgador PRIMEIRA TURMA Fonte DJE DATA:18/10/2013.

10. No caso de benefício previdenciário, o entendimento da jurisprudência que perfilho foi no sentido da aplicação do art.41-A da Lei nº 8.213/91, aplicando-se o INPC na correção monetária dos valores atrasados, mantendo-se, todavia, o critériode cálculo de juros conforme precedente acima citado.

11. No caso das demais condenações impostas à Fazenda Pública, inclusive na hipótese de concessão de benefício denatureza assistencial, exceção feita à matéria tributária, é de se aplicar o IPCA (AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NORECURSO ESPECIAL – 1398307 Relator(a) HUMBERTO MARTINS Sigla do órgão STJ Órgão julgador SEGUNDATURMA Fonte DJE DATA:25/10/2013).

12. Não pode ser acolhida a tese que vem sendo defendida pela Fazenda Pública, acerca da imposição da aplicaçãointegral da Lei nº 11.960/09, seja por conta da não publicação da decisão do STF nas ADIs nº 4.357/DF e 4.425/DF; sejapor conta da pendência da modulação dos seus efeitos; seja tampouco por conta da decisão cautelar proferida peloEminente Min. Luiz Fux nos autos da primeira das ADIs acima referidas.

13. Isto porque a declaração de inconstitucionalidade da Lei nº 11.960/09 se deu por arrastamento, no bojo de ação diretacujo objeto era o questionamento da constitucionalidade dos critérios de correção monetária dos precatórios nos termosestabelecidos pela EC nº 62/09. Além do mais, o fato de a questão estar sendo debatida no âmbito do STF, sem que estejaproduzindo efeitos alguma decisão com eficácia vinculante, não impede que as instâncias ordinárias exerçam o controledifuso de constitucionalidade, nos casos concretos que lhes forem submetidos à apreciação, utilizando-se para tanto dosmesmos fundamentos que levaram à declaração de constitucionalidade no âmbito do controle concentrado e abstrato.

14. A decisão prolatada pelo Eminente Min. Luiz Fux nos autos da ADI nº 4.357/DF não determina a aplicação integral daLei nº 11.960/09 a todas as ações em que haja condenação da Fazenda Pública. Em verdade, trata-se de decisão prolatadacom vistas a solucionar o problema específico dos precatórios pendentes de pagamento no âmbito dos tribunais pátrios.Neste sentido, manifestaram-se os Ministros Roberto Barroso (Rcl 17.012) e Marco Aurélio (Rcl 16.982 e Rcl 17.200).

15. Recurso a que se nega provimento. Sentença confirmada.

16. Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289, de 4 de julho de 1996. Honorários advocatícios devidos pelorecorrente, correspondentes a 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (55, segunda parte, da Lei nº 9.099/1995 eart. 1º da Lei nº 10.259/2001).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

24 - 0100754-34.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.100754-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO COSTA BUARQUE.) x JOSE DE SOUZA PIMENTEL (ADVOGADO:ES020141 - LILIANE TOMAZ DE SOUZA BALMANT.).RECURSO Nº 0100754-34.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.100754-9/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: JOSE DE SOUZA PIMENTEL

VOTO EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. RMI. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO EPOSTERIOR JUBILAMENTO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. DESNECESSIDADE.PEDIDO PROCEDENTE. SENTENÇA CONFIRMADA.1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente a pretensão autoral derenúncia ao benefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão denovo benefício mais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado trabalhando e contribuindo para o Regime Geral dePrevidência Social – RGPS. Sustenta o recorrente: a) constitucionalidade e imperatividade da vedação legal ao empregodas contribuições posteriores à aposentadoria; b) o contribuinte em gozo de aposentadoria pertence a uma espécie queapenas contribui para o custeio do sistema, não para a obtenção de benefícios; c) ao aposentar-se, o segurado fez umaopção por uma renda menor, mas recebida por mais tempo; d) violação ao art. 18, parágrafo 2º, da Lei nº 8.213/1991.Pugna, assim, pela reforma da sentença, a fim de que seja julgado improcedente o pedido. O recorrido não apresentoucontrarrazões.

2. Ressalto, inicialmente, que apenas os recursos extraordinários e especiais estão sujeitos à suspensão determinada nosartigos 543-B e 543-C do CPC, não havendo óbice ao julgamento do presente recurso inominado.

3. O prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei 8.213/1991 não se aplica aos casos de desaposentação, uma vez que aparte autora não busca a revisão do ato concessório, mas sim a renúncia e cancelamento do benefício em manutenção,com o objetivo de obter novo benefício. Nesse sentido já se manifestou o Superior Tribunal de Justiça:

PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DECADÊNCIA. ART. 103 DA LEI 8.213/1991 (COM A REDAÇÃO DALEI 10.839/2004). PEDIDO DE RENÚNCIA DE BENEFÍCIO (DESAPOSENTAÇÃO). NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIAPACIFICADA PELA SEÇÃO COMPETENTE. PREJUDICIAL AFASTADA. JULGAMENTO DA MATÉRIA REMANESCENTE.(STJ, EDcl no AgRg no REsp Nº 1.305.914 – SC, rel. Min. Herman Benjamin - 2012/0011629-3)

4. A questão em debate importa aferir a viabilidade jurígena de segurado que continuou em atividade remunerada econtribuindo para o RGPS renunciar a benefício previdenciário, com o escopo de, ao tempo de contribuição apurado por

ocasião de sua concessão, ver acrescido aquele relativo à atividade laborativa – e respectivas contribuições – posterior àjubilação, para assim auferir renda mensal mais vantajosa.

5. Outra questão a ser abordada diz com os efeitos do ato de renúncia ao benefício, do que decorre a (não) obrigatoriedadede o segurado devolver o que recebeu a título de proventos.

6. Nesse ponto, a Turma Nacional de Uniformização perfilhou entendimento de que a renúncia à aposentadoria trata-se deato com eficácia ex tunc, ensejando, desta feita, a devolução dos valores percebidos a título de aposentadoria à qual sepretenda renunciar. Observe-se:

PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO PARA FINS DE OBTENÇÃO DE NOVO BENEFÍCIO, TAMBÉM NO REGIMEGERAL DE PREVIDÊNCIA, COM UTILIZAÇÃO DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO UTILIZADO NO PRIMEIRO.DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. NECESSIDADE. INCIDENTE IMPROVIDO.1. Esta Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especais Federais sedimentou o entendimentode necessidade de devolução dos valores percebidos a titulo de aposentadoria à qual se pretenda renunciar, para fins deobtenção de novo benefício, no mesmo regime, com observância do tempo utilizado para concessão do primeiro. 2.Incidente improvido. (PEDILEF 200872550094057 PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEIFEDERAL. Relatora JUIZA FEDERAL SIMONE DOS SANTOS LEMOS FERNANDES. DOU 06/05/2011) (grifei)

7. Outro foi o entendimento adotado pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp1334488/SC, realizado no dia 08 de maio de 2013 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de ProcessoCivil e RES. n º. 8/2008-STJ). Confira-se:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA AAPOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIOR JUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES.DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(REsp 1334488/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/05/2013, DJe 14/05/2013).

8. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na Turma Nacionalde Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsável pelauniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº 10.259/01 éclara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

9. No que se refere ao critério de correção monetária, de acordo com a jurisprudência mais recente do Superior Tribunal deJustiça, que a decisão do STF no sentido da declaração parcial de inconstitucionalidade, por arrastamento, do art. 5º da Leinº 11.960/2009, referiu-se apenas e tão-somente ao critério de correção monetária ali especificado, mantidos o critério decálculo de juros. Nesse sentido: AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL – 1263644 Relator(a)SÉRGIO KUKINA Sigla do órgão STJ Órgão julgador PRIMEIRA TURMA Fonte DJE DATA:18/10/2013.

10. No caso de benefício previdenciário, o entendimento da jurisprudência que perfilho foi no sentido da aplicação do art.41-A da Lei nº 8.213/91, aplicando-se o INPC na correção monetária dos valores atrasados, mantendo-se, todavia, o critériode cálculo de juros conforme precedente acima citado.

11. No caso das demais condenações impostas à Fazenda Pública, inclusive na hipótese de concessão de benefício denatureza assistencial, exceção feita à matéria tributária, é de se aplicar o IPCA (AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NORECURSO ESPECIAL – 1398307 Relator(a) HUMBERTO MARTINS Sigla do órgão STJ Órgão julgador SEGUNDATURMA Fonte DJE DATA:25/10/2013).

12. Não pode ser acolhida a tese que vem sendo defendida pela Fazenda Pública, acerca da imposição da aplicação

integral da Lei nº 11.960/09, seja por conta da não publicação da decisão do STF nas ADIs nº 4.357/DF e 4.425/DF; sejapor conta da pendência da modulação dos seus efeitos; seja tampouco por conta da decisão cautelar proferida peloEminente Min. Luiz Fux nos autos da primeira das ADIs acima referidas.

13. Isto porque a declaração de inconstitucionalidade da Lei nº 11.960/09 se deu por arrastamento, no bojo de ação diretacujo objeto era o questionamento da constitucionalidade dos critérios de correção monetária dos precatórios nos termosestabelecidos pela EC nº 62/09. Além do mais, o fato de a questão estar sendo debatida no âmbito do STF, sem que estejaproduzindo efeitos alguma decisão com eficácia vinculante, não impede que as instâncias ordinárias exerçam o controledifuso de constitucionalidade, nos casos concretos que lhes forem submetidos à apreciação, utilizando-se para tanto dosmesmos fundamentos que levaram à declaração de constitucionalidade no âmbito do controle concentrado e abstrato.

14. A decisão prolatada pelo Eminente Min. Luiz Fux nos autos da ADI nº 4.357/DF não determina a aplicação integral daLei nº 11.960/09 a todas as ações em que haja condenação da Fazenda Pública. Em verdade, trata-se de decisão prolatadacom vistas a solucionar o problema específico dos precatórios pendentes de pagamento no âmbito dos tribunais pátrios.Neste sentido, manifestaram-se os Ministros Roberto Barroso (Rcl 17.012) e Marco Aurélio (Rcl 16.982 e Rcl 17.200).

15. Recurso a que se nega provimento. Sentença confirmada.

16. Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289, de 4 de julho de 1996. Honorários advocatícios devidos pelorecorrente, correspondentes a 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (55, segunda parte, da Lei nº 9.099/1995 eart. 1º da Lei nº 10.259/2001).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

25 - 0100490-17.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.100490-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.) x AUREA MARIA BITTENCOURT DE CASTROREZENDE (ADVOGADO: ES019221 - AMAURI BRAS CASER.).RECURSO Nº 0100490-17.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.100490-1/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: AUREA MARIA BITTENCOURT DE CASTRO REZENDE

VOTO EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. RMI. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO EPOSTERIOR JUBILAMENTO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. DESNECESSIDADE.PEDIDO PROCEDENTE. SENTENÇA CONFIRMADA.1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente a pretensão autoral derenúncia ao benefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão denovo benefício mais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado trabalhando e contribuindo para o Regime Geral dePrevidência Social – RGPS. Sustenta o recorrente: a) constitucionalidade e imperatividade da vedação legal ao empregodas contribuições posteriores à aposentadoria; b) o contribuinte em gozo de aposentadoria pertence a uma espécie queapenas contribui para o custeio do sistema, não para a obtenção de benefícios; c) ao aposentar-se, o segurado fez umaopção por uma renda menor, mas recebida por mais tempo; d) violação ao art. 18, parágrafo 2º, da Lei nº 8.213/1991.Pugna, assim, pela reforma da sentença, a fim de que seja julgado improcedente o pedido. O recorrido não apresentoucontrarrazões.

2. Ressalto, inicialmente, que apenas os recursos extraordinários e especiais estão sujeitos à suspensão determinada nosartigos 543-B e 543-C do CPC, não havendo óbice ao julgamento do presente recurso inominado.

3. O prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei 8.213/1991 não se aplica aos casos de desaposentação, uma vez que aparte autora não busca a revisão do ato concessório, mas sim a renúncia e cancelamento do benefício em manutenção,com o objetivo de obter novo benefício. Nesse sentido já se manifestou o Superior Tribunal de Justiça:

PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DECADÊNCIA. ART. 103 DA LEI 8.213/1991 (COM A REDAÇÃO DALEI 10.839/2004). PEDIDO DE RENÚNCIA DE BENEFÍCIO (DESAPOSENTAÇÃO). NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIAPACIFICADA PELA SEÇÃO COMPETENTE. PREJUDICIAL AFASTADA. JULGAMENTO DA MATÉRIA REMANESCENTE.(STJ, EDcl no AgRg no REsp Nº 1.305.914 – SC, rel. Min. Herman Benjamin - 2012/0011629-3)

4. A questão em debate importa aferir a viabilidade jurígena de segurado que continuou em atividade remunerada econtribuindo para o RGPS renunciar a benefício previdenciário, com o escopo de, ao tempo de contribuição apurado por

ocasião de sua concessão, ver acrescido aquele relativo à atividade laborativa – e respectivas contribuições – posterior àjubilação, para assim auferir renda mensal mais vantajosa.

5. Outra questão a ser abordada diz com os efeitos do ato de renúncia ao benefício, do que decorre a (não) obrigatoriedadede o segurado devolver o que recebeu a título de proventos.

6. Nesse ponto, a Turma Nacional de Uniformização perfilhou entendimento de que a renúncia à aposentadoria trata-se deato com eficácia ex tunc, ensejando, desta feita, a devolução dos valores percebidos a título de aposentadoria à qual sepretenda renunciar. Observe-se:

PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO PARA FINS DE OBTENÇÃO DE NOVO BENEFÍCIO, TAMBÉM NO REGIMEGERAL DE PREVIDÊNCIA, COM UTILIZAÇÃO DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO UTILIZADO NO PRIMEIRO.DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. NECESSIDADE. INCIDENTE IMPROVIDO.1. Esta Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especais Federais sedimentou o entendimentode necessidade de devolução dos valores percebidos a titulo de aposentadoria à qual se pretenda renunciar, para fins deobtenção de novo benefício, no mesmo regime, com observância do tempo utilizado para concessão do primeiro. 2.Incidente improvido. (PEDILEF 200872550094057 PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEIFEDERAL. Relatora JUIZA FEDERAL SIMONE DOS SANTOS LEMOS FERNANDES. DOU 06/05/2011) (grifei)

7. Outro foi o entendimento adotado pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp1334488/SC, realizado no dia 08 de maio de 2013 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de ProcessoCivil e RES. n º. 8/2008-STJ). Confira-se:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA AAPOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIOR JUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES.DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(REsp 1334488/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/05/2013, DJe 14/05/2013).

8. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na Turma Nacionalde Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsável pelauniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº 10.259/01 éclara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

9. No que se refere ao critério de correção monetária, de acordo com a jurisprudência mais recente do Superior Tribunal deJustiça, que a decisão do STF no sentido da declaração parcial de inconstitucionalidade, por arrastamento, do art. 5º da Leinº 11.960/2009, referiu-se apenas e tão-somente ao critério de correção monetária ali especificado, mantidos o critério decálculo de juros. Nesse sentido: AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL – 1263644 Relator(a)SÉRGIO KUKINA Sigla do órgão STJ Órgão julgador PRIMEIRA TURMA Fonte DJE DATA:18/10/2013.

10. No caso de benefício previdenciário, o entendimento da jurisprudência que perfilho foi no sentido da aplicação do art.41-A da Lei nº 8.213/91, aplicando-se o INPC na correção monetária dos valores atrasados, mantendo-se, todavia, o critériode cálculo de juros conforme precedente acima citado.

11. No caso das demais condenações impostas à Fazenda Pública, inclusive na hipótese de concessão de benefício denatureza assistencial, exceção feita à matéria tributária, é de se aplicar o IPCA (AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NORECURSO ESPECIAL – 1398307 Relator(a) HUMBERTO MARTINS Sigla do órgão STJ Órgão julgador SEGUNDATURMA Fonte DJE DATA:25/10/2013).

12. Não pode ser acolhida a tese que vem sendo defendida pela Fazenda Pública, acerca da imposição da aplicação

integral da Lei nº 11.960/09, seja por conta da não publicação da decisão do STF nas ADIs nº 4.357/DF e 4.425/DF; sejapor conta da pendência da modulação dos seus efeitos; seja tampouco por conta da decisão cautelar proferida peloEminente Min. Luiz Fux nos autos da primeira das ADIs acima referidas.

13. Isto porque a declaração de inconstitucionalidade da Lei nº 11.960/09 se deu por arrastamento, no bojo de ação diretacujo objeto era o questionamento da constitucionalidade dos critérios de correção monetária dos precatórios nos termosestabelecidos pela EC nº 62/09. Além do mais, o fato de a questão estar sendo debatida no âmbito do STF, sem que estejaproduzindo efeitos alguma decisão com eficácia vinculante, não impede que as instâncias ordinárias exerçam o controledifuso de constitucionalidade, nos casos concretos que lhes forem submetidos à apreciação, utilizando-se para tanto dosmesmos fundamentos que levaram à declaração de constitucionalidade no âmbito do controle concentrado e abstrato.

14. A decisão prolatada pelo Eminente Min. Luiz Fux nos autos da ADI nº 4.357/DF não determina a aplicação integral daLei nº 11.960/09 a todas as ações em que haja condenação da Fazenda Pública. Em verdade, trata-se de decisão prolatadacom vistas a solucionar o problema específico dos precatórios pendentes de pagamento no âmbito dos tribunais pátrios.Neste sentido, manifestaram-se os Ministros Roberto Barroso (Rcl 17.012) e Marco Aurélio (Rcl 16.982 e Rcl 17.200).

15. Recurso a que se nega provimento. Sentença confirmada.

16. Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289, de 4 de julho de 1996. Honorários advocatícios devidos pelorecorrente, correspondentes a 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (55, segunda parte, da Lei nº 9.099/1995 eart. 1º da Lei nº 10.259/2001).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

26 - 0104621-35.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.104621-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.) x EDECIR PERTEL (ADVOGADO: ES019221 -AMAURI BRAS CASER.).RECURSO Nº 0104621-35.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.104621-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: EDECIR PERTEL

VOTO EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. RMI. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO EPOSTERIOR JUBILAMENTO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. DESNECESSIDADE.PEDIDO PROCEDENTE. SENTENÇA CONFIRMADA.1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente a pretensão autoral derenúncia ao benefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão denovo benefício mais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado trabalhando e contribuindo para o Regime Geral dePrevidência Social – RGPS. Sustenta o recorrente: a) constitucionalidade e imperatividade da vedação legal ao empregodas contribuições posteriores à aposentadoria; b) o contribuinte em gozo de aposentadoria pertence a uma espécie queapenas contribui para o custeio do sistema, não para a obtenção de benefícios; c) ao aposentar-se, o segurado fez umaopção por uma renda menor, mas recebida por mais tempo; d) violação ao art. 18, parágrafo 2º, da Lei nº 8.213/1991.Pugna, assim, pela reforma da sentença, a fim de que seja julgado improcedente o pedido. O recorrido não apresentoucontrarrazões.

2. Ressalto, inicialmente, que apenas os recursos extraordinários e especiais estão sujeitos à suspensão determinada nosartigos 543-B e 543-C do CPC, não havendo óbice ao julgamento do presente recurso inominado.

3. O prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei 8.213/1991 não se aplica aos casos de desaposentação, uma vez que aparte autora não busca a revisão do ato concessório, mas sim a renúncia e cancelamento do benefício em manutenção,com o objetivo de obter novo benefício. Nesse sentido já se manifestou o Superior Tribunal de Justiça:

PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DECADÊNCIA. ART. 103 DA LEI 8.213/1991 (COM A REDAÇÃO DALEI 10.839/2004). PEDIDO DE RENÚNCIA DE BENEFÍCIO (DESAPOSENTAÇÃO). NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIAPACIFICADA PELA SEÇÃO COMPETENTE. PREJUDICIAL AFASTADA. JULGAMENTO DA MATÉRIA REMANESCENTE.(STJ, EDcl no AgRg no REsp Nº 1.305.914 – SC, rel. Min. Herman Benjamin - 2012/0011629-3)

4. A questão em debate importa aferir a viabilidade jurígena de segurado que continuou em atividade remunerada econtribuindo para o RGPS renunciar a benefício previdenciário, com o escopo de, ao tempo de contribuição apurado porocasião de sua concessão, ver acrescido aquele relativo à atividade laborativa – e respectivas contribuições – posterior àjubilação, para assim auferir renda mensal mais vantajosa.

5. Outra questão a ser abordada diz com os efeitos do ato de renúncia ao benefício, do que decorre a (não) obrigatoriedadede o segurado devolver o que recebeu a título de proventos.

6. Nesse ponto, a Turma Nacional de Uniformização perfilhou entendimento de que a renúncia à aposentadoria trata-se deato com eficácia ex tunc, ensejando, desta feita, a devolução dos valores percebidos a título de aposentadoria à qual sepretenda renunciar. Observe-se:

PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO PARA FINS DE OBTENÇÃO DE NOVO BENEFÍCIO, TAMBÉM NO REGIMEGERAL DE PREVIDÊNCIA, COM UTILIZAÇÃO DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO UTILIZADO NO PRIMEIRO.DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. NECESSIDADE. INCIDENTE IMPROVIDO.1. Esta Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especais Federais sedimentou o entendimentode necessidade de devolução dos valores percebidos a titulo de aposentadoria à qual se pretenda renunciar, para fins deobtenção de novo benefício, no mesmo regime, com observância do tempo utilizado para concessão do primeiro. 2.Incidente improvido. (PEDILEF 200872550094057 PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEIFEDERAL. Relatora JUIZA FEDERAL SIMONE DOS SANTOS LEMOS FERNANDES. DOU 06/05/2011) (grifei)

7. Outro foi o entendimento adotado pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp1334488/SC, realizado no dia 08 de maio de 2013 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de ProcessoCivil e RES. n º. 8/2008-STJ). Confira-se:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA AAPOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIOR JUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES.DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(REsp 1334488/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/05/2013, DJe 14/05/2013).

8. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na Turma Nacionalde Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsável pelauniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº 10.259/01 éclara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

9. No que se refere ao critério de correção monetária, de acordo com a jurisprudência mais recente do Superior Tribunal deJustiça, que a decisão do STF no sentido da declaração parcial de inconstitucionalidade, por arrastamento, do art. 5º da Leinº 11.960/2009, referiu-se apenas e tão-somente ao critério de correção monetária ali especificado, mantidos o critério decálculo de juros. Nesse sentido: AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL – 1263644 Relator(a)SÉRGIO KUKINA Sigla do órgão STJ Órgão julgador PRIMEIRA TURMA Fonte DJE DATA:18/10/2013.

10. No caso de benefício previdenciário, o entendimento da jurisprudência que perfilho foi no sentido da aplicação do art.41-A da Lei nº 8.213/91, aplicando-se o INPC na correção monetária dos valores atrasados, mantendo-se, todavia, o critériode cálculo de juros conforme precedente acima citado.

11. No caso das demais condenações impostas à Fazenda Pública, inclusive na hipótese de concessão de benefício denatureza assistencial, exceção feita à matéria tributária, é de se aplicar o IPCA (AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NORECURSO ESPECIAL – 1398307 Relator(a) HUMBERTO MARTINS Sigla do órgão STJ Órgão julgador SEGUNDA

TURMA Fonte DJE DATA:25/10/2013).

12. Não pode ser acolhida a tese que vem sendo defendida pela Fazenda Pública, acerca da imposição da aplicaçãointegral da Lei nº 11.960/09, seja por conta da não publicação da decisão do STF nas ADIs nº 4.357/DF e 4.425/DF; sejapor conta da pendência da modulação dos seus efeitos; seja tampouco por conta da decisão cautelar proferida peloEminente Min. Luiz Fux nos autos da primeira das ADIs acima referidas.

13. Isto porque a declaração de inconstitucionalidade da Lei nº 11.960/09 se deu por arrastamento, no bojo de ação diretacujo objeto era o questionamento da constitucionalidade dos critérios de correção monetária dos precatórios nos termosestabelecidos pela EC nº 62/09. Além do mais, o fato de a questão estar sendo debatida no âmbito do STF, sem que estejaproduzindo efeitos alguma decisão com eficácia vinculante, não impede que as instâncias ordinárias exerçam o controledifuso de constitucionalidade, nos casos concretos que lhes forem submetidos à apreciação, utilizando-se para tanto dosmesmos fundamentos que levaram à declaração de constitucionalidade no âmbito do controle concentrado e abstrato.

14. A decisão prolatada pelo Eminente Min. Luiz Fux nos autos da ADI nº 4.357/DF não determina a aplicação integral daLei nº 11.960/09 a todas as ações em que haja condenação da Fazenda Pública. Em verdade, trata-se de decisão prolatadacom vistas a solucionar o problema específico dos precatórios pendentes de pagamento no âmbito dos tribunais pátrios.Neste sentido, manifestaram-se os Ministros Roberto Barroso (Rcl 17.012) e Marco Aurélio (Rcl 16.982 e Rcl 17.200).

15. Recurso a que se nega provimento. Sentença confirmada.

16. Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289, de 4 de julho de 1996. Honorários advocatícios devidos pelorecorrente, correspondentes a 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (55, segunda parte, da Lei nº 9.099/1995 eart. 1º da Lei nº 10.259/2001).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

27 - 0007762-53.2013.4.02.5001/02 (2013.50.01.007762-7/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANTONIO PAULA DE SOUZA(ADVOGADO: ES015004 - JOYCE DA SILVA PASSOS, ES013392 - VANESSA SOARES JABUR.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.).RECURSO Nº 0007762-53.2013.4.02.5001/02 (2013.50.01.007762-7/02)RECORRENTE: ANTONIO PAULA DE SOUZARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

VOTO EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. RMI. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO EPOSTERIOR JUBILAMENTO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. DESNECESSIDADE.PEDIDO IMPROCEDENTE. SENTENÇA REFORMADA.1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor em face da sentença que julgou improcedente a pretensão autoralde renúncia ao benefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão denovo benefício mais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado trabalhando e contribuindo para o Regime Geral dePrevidência Social – RGPS. Sustenta ter direito a renunciar o benefício de aposentadoria usufruído, com o acréscimo dotempo laborado após sua concessão ante a inexistência de expressa proibição legal e, ainda, por se tratar de medida maisfavorável. Argumenta que a aposentadoria constitui direito disponível, passível, portanto, de renúncia. Assevera, outrossim,que a desaposentação não pressupõe acúmulo de benefícios, mas sim extinção do benefício anterior para concessão deum novo, o que justifica a irrepetibilidade dos benefícios já percebidos. Pugna, assim, pela reforma do julgado. Não foramapresentadas contrarrazões.

2. O prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei 8.213/1991 não se aplica aos casos de desaposentação, uma vez que aparte autora não busca a revisão do ato concessório, mas sim a renúncia e cancelamento do benefício em manutenção,com o objetivo de obter novo benefício. Nesse sentido já se manifestou o Superior Tribunal de Justiça:

PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DECADÊNCIA. ART. 103 DA LEI 8.213/1991 (COM A REDAÇÃO DALEI 10.839/2004). PEDIDO DE RENÚNCIA DE BENEFÍCIO (DESAPOSENTAÇÃO). NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIAPACIFICADA PELA SEÇÃO COMPETENTE. PREJUDICIAL AFASTADA. JULGAMENTO DA MATÉRIA REMANESCENTE.(STJ, EDcl no AgRg no REsp Nº 1.305.914 – SC, rel. Min. Herman Benjamin - 2012/0011629-3).

3. A questão em debate importa aferir a viabilidade jurígena de segurado que continuou em atividade remunerada econtribuindo para o RGPS renunciar a benefício previdenciário, com o escopo de, ao tempo de contribuição apurado porocasião de sua concessão, ver acrescido aquele relativo à atividade laborativa – e respectivas contribuições – posterior àjubilação, para assim auferir renda mensal mais vantajosa.

4. Outra questão a ser abordada diz com os efeitos do ato de renúncia ao benefício, do que decorre a (não) obrigatoriedadede o segurado devolver o que recebeu a título de proventos.

5. Nesse ponto, a Turma Nacional de Uniformização perfilhou entendimento de que a renúncia à aposentadoria trata-se deato com eficácia ex tunc, ensejando, desta feita, a devolução dos valores percebidos a título de aposentadoria à qual sepretenda renunciar. Observe-se:

PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO PARA FINS DE OBTENÇÃO DE NOVO BENEFÍCIO, TAMBÉM NO REGIMEGERAL DE PREVIDÊNCIA, COM UTILIZAÇÃO DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO UTILIZADO NO PRIMEIRO.DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. NECESSIDADE. INCIDENTE IMPROVIDO.1. Esta Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especais Federais sedimentou o entendimentode necessidade de devolução dos valores percebidos a titulo de aposentadoria à qual se pretenda renunciar, para fins deobtenção de novo benefício, no mesmo regime, com observância do tempo utilizado para concessão do primeiro. 2.Incidente improvido. (PEDILEF 200872550094057 PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEIFEDERAL. Relatora JUIZA FEDERAL SIMONE DOS SANTOS LEMOS FERNANDES. DOU 06/05/2011) (grifei)

6. Outro foi o entendimento adotado pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp1334488/SC, realizado no dia 08 de maio de 2013 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de ProcessoCivil e RES. n º. 8/2008-STJ). Confira-se:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA AAPOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIOR JUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES.DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(REsp 1334488/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/05/2013, DJe 14/05/2013).

7. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na Turma Nacionalde Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsável pelauniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº 10.259/01 éclara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

8. Por essas razões, curvo-me à orientação firmada no STJ. Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

9. Oportuno registrar, de acordo com a jurisprudência mais recente do Superior Tribunal de Justiça, que a decisão do STFno sentido da declaração parcial de inconstitucionalidade, por arrastamento, do art. 5º da Lei nº 11.960/2009, referiu-seapenas e tão-somente ao critério de correção monetária ali especificado, mantidos o critério de cálculo de juros. Nessesentido: AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL – 1263644 Relator(a) SÉRGIO KUKINA Sigla doórgão STJ Órgão julgador PRIMEIRA TURMA Fonte DJE DATA:18/10/2013.

10. No caso de benefício previdenciário, o entendimento da jurisprudência que perfilho foi no sentido da aplicação do art.41-A da Lei nº 8.213/91, aplicando-se o INPC na correção monetária dos valores atrasados, mantendo-se, todavia, o critériode cálculo de juros conforme precedente acima citado.

11. No caso das demais condenações impostas à Fazenda Pública, inclusive na hipótese de concessão de benefício de

natureza assistencial, exceção feita à matéria tributária, é de se aplicar o IPCA (AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NORECURSO ESPECIAL – 1398307 Relator(a) HUMBERTO MARTINS Sigla do órgão STJ Órgão julgador SEGUNDATURMA Fonte DJE DATA:25/10/2013).

12. Não pode ser acolhida a tese que vem sendo defendida pela Fazenda Pública, acerca da imposição da aplicaçãointegral da Lei nº 11.960/09, seja por conta da não publicação da decisão do STF nas ADIs nº 4.357/DF e 4.425/DF; sejapor conta da pendência da modulação dos seus efeitos; seja tampouco por conta da decisão cautelar proferida peloEminente Min. Luiz Fux nos autos da primeira das ADIs acima referidas.

13. Isto porque a declaração de inconstitucionalidade da Lei nº 11.960/09 se deu por arrastamento, no bojo de ação diretacujo objeto era o questionamento da constitucionalidade dos critérios de correção monetária dos precatórios nos termosestabelecidos pela EC nº 62/09. Além do mais, o fato de a questão estar sendo debatida no âmbito do STF, sem que estejaproduzindo efeitos alguma decisão com eficácia vinculante, não impede que as instâncias ordinárias exerçam o controledifuso de constitucionalidade, nos casos concretos que lhes forem submetidos à apreciação, utilizando-se para tanto dosmesmos fundamentos que levaram à declaração de constitucionalidade no âmbito do controle concentrado e abstrato.

14. A decisão prolatada pelo Eminente Min. Luiz Fux nos autos da ADI nº 4.357/DF não determina a aplicação integral daLei nº 11.960/09 a todas as ações em que haja condenação da Fazenda Pública. Em verdade, trata-se de decisão prolatadacom vistas a solucionar o problema específico dos precatórios pendentes de pagamento no âmbito dos tribunais pátrios.Neste sentido, manifestaram-se os Ministros Roberto Barroso (Rcl 17.012) e Marco Aurélio (Rcl 16.982 e Rcl 17.200).

15. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento, para condenar o INSS a: I) desconstituir a aposentadoria portempo de contribuição usufruída pelo recorrente (NB 104.048.791-0), concedendo-lhe novo benefício da mesma espécie,independentemente de devolução dos proventos; II) computar o tempo de serviço efetivamente prestado após ojubilamento, fixando-se como data de início do novo benefício a data do ajuizamento desta ação; III) pagar-lhe asprestações vencidas, acrescidas de correção monetária e juros de mora, aplicando-se, para tanto, o INPC na forma do 41-Ada Lei nº 8.213/1991 para a correção monetária e os parâmetros do art. 1º-F, da Lei 9.494/1997 para os juros de mora.

16. Sem condenação em custas nem em honorários advocatícios (art. 55, caput, da Lei 9.099/1995).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

28 - 0107502-94.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.107502-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) HAMILTON ELIAS BARBOSA(ADVOGADO: ES017590 - ROGÉRIO FERREIRA BORGES, ES017591 - FABIOLA CARVALHO FERREIRA BORGES,ES017356 - DANIEL FERREIRA BORGES, ES017407 - MARCILIO TAVARES DE ALBUQUERQUE FILHO, ES012179 -DANIELLE GOBBI, ES019092 - GABRIEL SCHMIDT DA SILVA, DF036024 - IRIS SALDANHA BUENO, DF035417 -VIVIANE MONTEIRO, RJ184452 - LUCIANA PANNAIN PAREIRA, RJ138284 - ALESSANDRA NAVARRO ABREU.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.).RECURSO Nº 0107502-94.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.107502-7/01)RECORRENTE: HAMILTON ELIAS BARBOSARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

VOTO EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. RMI. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO EPOSTERIOR JUBILAMENTO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. DESNECESSIDADE.PEDIDO IMPROCEDENTE. SENTENÇA REFORMADA.1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor em face da sentença que julgou improcedente a pretensão autoralde renúncia ao benefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão denovo benefício mais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado trabalhando e contribuindo para o Regime Geral dePrevidência Social – RGPS. Sustenta ter direito a renunciar o benefício de aposentadoria usufruído, com o acréscimo dotempo laborado após sua concessão ante a inexistência de expressa proibição legal e, ainda, por se tratar de medida maisfavorável. Argumenta que a aposentadoria constitui direito disponível, passível, portanto, de renúncia. Assevera, outrossim,que a desaposentação não pressupõe acúmulo de benefícios, mas sim extinção do benefício anterior para concessão deum novo, o que justifica a irrepetibilidade dos benefícios já percebidos. Pugna, assim, pela reforma do julgado. Não foramapresentadas contrarrazões.

2. O prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei 8.213/1991 não se aplica aos casos de desaposentação, uma vez que aparte autora não busca a revisão do ato concessório, mas sim a renúncia e cancelamento do benefício em manutenção,com o objetivo de obter novo benefício. Nesse sentido já se manifestou o Superior Tribunal de Justiça:

PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DECADÊNCIA. ART. 103 DA LEI 8.213/1991 (COM A REDAÇÃO DALEI 10.839/2004). PEDIDO DE RENÚNCIA DE BENEFÍCIO (DESAPOSENTAÇÃO). NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIAPACIFICADA PELA SEÇÃO COMPETENTE. PREJUDICIAL AFASTADA. JULGAMENTO DA MATÉRIA REMANESCENTE.(STJ, EDcl no AgRg no REsp Nº 1.305.914 – SC, rel. Min. Herman Benjamin - 2012/0011629-3).

3. A questão em debate importa aferir a viabilidade jurígena de segurado que continuou em atividade remunerada econtribuindo para o RGPS renunciar a benefício previdenciário, com o escopo de, ao tempo de contribuição apurado porocasião de sua concessão, ver acrescido aquele relativo à atividade laborativa – e respectivas contribuições – posterior àjubilação, para assim auferir renda mensal mais vantajosa.

4. Outra questão a ser abordada diz com os efeitos do ato de renúncia ao benefício, do que decorre a (não) obrigatoriedadede o segurado devolver o que recebeu a título de proventos.

5. Nesse ponto, a Turma Nacional de Uniformização perfilhou entendimento de que a renúncia à aposentadoria trata-se deato com eficácia ex tunc, ensejando, desta feita, a devolução dos valores percebidos a título de aposentadoria à qual sepretenda renunciar. Observe-se:

PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO PARA FINS DE OBTENÇÃO DE NOVO BENEFÍCIO, TAMBÉM NO REGIMEGERAL DE PREVIDÊNCIA, COM UTILIZAÇÃO DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO UTILIZADO NO PRIMEIRO.DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. NECESSIDADE. INCIDENTE IMPROVIDO.1. Esta Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especais Federais sedimentou o entendimentode necessidade de devolução dos valores percebidos a titulo de aposentadoria à qual se pretenda renunciar, para fins deobtenção de novo benefício, no mesmo regime, com observância do tempo utilizado para concessão do primeiro. 2.Incidente improvido. (PEDILEF 200872550094057 PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEIFEDERAL. Relatora JUIZA FEDERAL SIMONE DOS SANTOS LEMOS FERNANDES. DOU 06/05/2011) (grifei)

6. Outro foi o entendimento adotado pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp1334488/SC, realizado no dia 08 de maio de 2013 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de ProcessoCivil e RES. n º. 8/2008-STJ). Confira-se:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA AAPOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIOR JUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES.DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(REsp 1334488/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/05/2013, DJe 14/05/2013).

7. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na Turma Nacionalde Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsável pelauniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº 10.259/01 éclara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

8. Por essas razões, curvo-me à orientação firmada no STJ. Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

9. Oportuno registrar, de acordo com a jurisprudência mais recente do Superior Tribunal de Justiça, que a decisão do STFno sentido da declaração parcial de inconstitucionalidade, por arrastamento, do art. 5º da Lei nº 11.960/2009, referiu-seapenas e tão-somente ao critério de correção monetária ali especificado, mantidos o critério de cálculo de juros. Nessesentido: AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL – 1263644 Relator(a) SÉRGIO KUKINA Sigla doórgão STJ Órgão julgador PRIMEIRA TURMA Fonte DJE DATA:18/10/2013.

10. No caso de benefício previdenciário, o entendimento da jurisprudência que perfilho foi no sentido da aplicação do art.41-A da Lei nº 8.213/91, aplicando-se o INPC na correção monetária dos valores atrasados, mantendo-se, todavia, o critériode cálculo de juros conforme precedente acima citado.

11. No caso das demais condenações impostas à Fazenda Pública, inclusive na hipótese de concessão de benefício denatureza assistencial, exceção feita à matéria tributária, é de se aplicar o IPCA (AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NORECURSO ESPECIAL – 1398307 Relator(a) HUMBERTO MARTINS Sigla do órgão STJ Órgão julgador SEGUNDATURMA Fonte DJE DATA:25/10/2013).

12. Não pode ser acolhida a tese que vem sendo defendida pela Fazenda Pública, acerca da imposição da aplicaçãointegral da Lei nº 11.960/09, seja por conta da não publicação da decisão do STF nas ADIs nº 4.357/DF e 4.425/DF; sejapor conta da pendência da modulação dos seus efeitos; seja tampouco por conta da decisão cautelar proferida peloEminente Min. Luiz Fux nos autos da primeira das ADIs acima referidas.

13. Isto porque a declaração de inconstitucionalidade da Lei nº 11.960/09 se deu por arrastamento, no bojo de ação diretacujo objeto era o questionamento da constitucionalidade dos critérios de correção monetária dos precatórios nos termosestabelecidos pela EC nº 62/09. Além do mais, o fato de a questão estar sendo debatida no âmbito do STF, sem que estejaproduzindo efeitos alguma decisão com eficácia vinculante, não impede que as instâncias ordinárias exerçam o controledifuso de constitucionalidade, nos casos concretos que lhes forem submetidos à apreciação, utilizando-se para tanto dosmesmos fundamentos que levaram à declaração de constitucionalidade no âmbito do controle concentrado e abstrato.

14. A decisão prolatada pelo Eminente Min. Luiz Fux nos autos da ADI nº 4.357/DF não determina a aplicação integral daLei nº 11.960/09 a todas as ações em que haja condenação da Fazenda Pública. Em verdade, trata-se de decisão prolatadacom vistas a solucionar o problema específico dos precatórios pendentes de pagamento no âmbito dos tribunais pátrios.Neste sentido, manifestaram-se os Ministros Roberto Barroso (Rcl 17.012) e Marco Aurélio (Rcl 16.982 e Rcl 17.200).

15. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento, para condenar o INSS a: I) desconstituir a aposentadoria portempo de contribuição usufruída pelo recorrente (NB 100.381.496-1), concedendo-lhe novo benefício da mesma espécie,independentemente de devolução dos proventos; II) computar o tempo de serviço efetivamente prestado após ojubilamento, fixando-se como data de início do novo benefício a data do ajuizamento desta ação; III) pagar-lhe asprestações vencidas, acrescidas de correção monetária e juros de mora, aplicando-se, para tanto, o INPC na forma do 41-Ada Lei nº 8.213/1991 para a correção monetária e os parâmetros do art. 1º-F, da Lei 9.494/1997 para os juros de mora.

16. Sem condenação em custas nem em honorários advocatícios (art. 55, caput, da Lei 9.099/1995).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

29 - 0001660-30.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.001660-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA NATALINA SOUZADOS SANTOS (ADVOGADO: ES005215 - JEFFERSON PEREIRA, ES016418 - Maurício Antônio Botacin Altoé, ES013434- HERMINIO SILVA NETO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.).RECURSO Nº 0001660-30.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.001660-6/01)RECORRENTE: MARIA NATALINA SOUZA DOS SANTOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

VOTO EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. RMI. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO EPOSTERIOR JUBILAMENTO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. DESNECESSIDADE.PEDIDO IMPROCEDENTE. SENTENÇA REFORMADA.1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor em face da sentença que julgou improcedente a pretensão autoralde renúncia ao benefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão denovo benefício mais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado trabalhando e contribuindo para o Regime Geral dePrevidência Social – RGPS. Sustenta ter direito a renunciar o benefício de aposentadoria usufruído, com o acréscimo dotempo laborado após sua concessão ante a inexistência de expressa proibição legal e, ainda, por se tratar de medida maisfavorável. Argumenta que a aposentadoria constitui direito disponível, passível, portanto, de renúncia. Assevera, outrossim,que a desaposentação não pressupõe acúmulo de benefícios, mas sim extinção do benefício anterior para concessão deum novo, o que justifica a irrepetibilidade dos benefícios já percebidos. Pugna, assim, pela reforma do julgado. Não foramapresentadas contrarrazões.

2. O prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei 8.213/1991 não se aplica aos casos de desaposentação, uma vez que a

parte autora não busca a revisão do ato concessório, mas sim a renúncia e cancelamento do benefício em manutenção,com o objetivo de obter novo benefício. Nesse sentido já se manifestou o Superior Tribunal de Justiça:

PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DECADÊNCIA. ART. 103 DA LEI 8.213/1991 (COM A REDAÇÃO DALEI 10.839/2004). PEDIDO DE RENÚNCIA DE BENEFÍCIO (DESAPOSENTAÇÃO). NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIAPACIFICADA PELA SEÇÃO COMPETENTE. PREJUDICIAL AFASTADA. JULGAMENTO DA MATÉRIA REMANESCENTE.(STJ, EDcl no AgRg no REsp Nº 1.305.914 – SC, rel. Min. Herman Benjamin - 2012/0011629-3).

3. A questão em debate importa aferir a viabilidade jurígena de segurado que continuou em atividade remunerada econtribuindo para o RGPS renunciar a benefício previdenciário, com o escopo de, ao tempo de contribuição apurado porocasião de sua concessão, ver acrescido aquele relativo à atividade laborativa – e respectivas contribuições – posterior àjubilação, para assim auferir renda mensal mais vantajosa.

4. Outra questão a ser abordada diz com os efeitos do ato de renúncia ao benefício, do que decorre a (não) obrigatoriedadede o segurado devolver o que recebeu a título de proventos.

5. Nesse ponto, a Turma Nacional de Uniformização perfilhou entendimento de que a renúncia à aposentadoria trata-se deato com eficácia ex tunc, ensejando, desta feita, a devolução dos valores percebidos a título de aposentadoria à qual sepretenda renunciar. Observe-se:

PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO PARA FINS DE OBTENÇÃO DE NOVO BENEFÍCIO, TAMBÉM NO REGIMEGERAL DE PREVIDÊNCIA, COM UTILIZAÇÃO DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO UTILIZADO NO PRIMEIRO.DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. NECESSIDADE. INCIDENTE IMPROVIDO.1. Esta Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especais Federais sedimentou o entendimentode necessidade de devolução dos valores percebidos a titulo de aposentadoria à qual se pretenda renunciar, para fins deobtenção de novo benefício, no mesmo regime, com observância do tempo utilizado para concessão do primeiro. 2.Incidente improvido. (PEDILEF 200872550094057 PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEIFEDERAL. Relatora JUIZA FEDERAL SIMONE DOS SANTOS LEMOS FERNANDES. DOU 06/05/2011) (grifei)

6. Outro foi o entendimento adotado pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp1334488/SC, realizado no dia 08 de maio de 2013 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de ProcessoCivil e RES. n º. 8/2008-STJ). Confira-se:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA AAPOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIOR JUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES.DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(REsp 1334488/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/05/2013, DJe 14/05/2013).

7. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na Turma Nacionalde Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsável pelauniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº 10.259/01 éclara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

8. Por essas razões, curvo-me à orientação firmada no STJ. Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

9. Oportuno registrar, de acordo com a jurisprudência mais recente do Superior Tribunal de Justiça, que a decisão do STFno sentido da declaração parcial de inconstitucionalidade, por arrastamento, do art. 5º da Lei nº 11.960/2009, referiu-seapenas e tão-somente ao critério de correção monetária ali especificado, mantidos o critério de cálculo de juros. Nessesentido: AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL – 1263644 Relator(a) SÉRGIO KUKINA Sigla do

órgão STJ Órgão julgador PRIMEIRA TURMA Fonte DJE DATA:18/10/2013.

10. No caso de benefício previdenciário, o entendimento da jurisprudência que perfilho foi no sentido da aplicação do art.41-A da Lei nº 8.213/91, aplicando-se o INPC na correção monetária dos valores atrasados, mantendo-se, todavia, o critériode cálculo de juros conforme precedente acima citado.

11. No caso das demais condenações impostas à Fazenda Pública, inclusive na hipótese de concessão de benefício denatureza assistencial, exceção feita à matéria tributária, é de se aplicar o IPCA (AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NORECURSO ESPECIAL – 1398307 Relator(a) HUMBERTO MARTINS Sigla do órgão STJ Órgão julgador SEGUNDATURMA Fonte DJE DATA:25/10/2013).

12. Não pode ser acolhida a tese que vem sendo defendida pela Fazenda Pública, acerca da imposição da aplicaçãointegral da Lei nº 11.960/09, seja por conta da não publicação da decisão do STF nas ADIs nº 4.357/DF e 4.425/DF; sejapor conta da pendência da modulação dos seus efeitos; seja tampouco por conta da decisão cautelar proferida peloEminente Min. Luiz Fux nos autos da primeira das ADIs acima referidas.

13. Isto porque a declaração de inconstitucionalidade da Lei nº 11.960/09 se deu por arrastamento, no bojo de ação diretacujo objeto era o questionamento da constitucionalidade dos critérios de correção monetária dos precatórios nos termosestabelecidos pela EC nº 62/09. Além do mais, o fato de a questão estar sendo debatida no âmbito do STF, sem que estejaproduzindo efeitos alguma decisão com eficácia vinculante, não impede que as instâncias ordinárias exerçam o controledifuso de constitucionalidade, nos casos concretos que lhes forem submetidos à apreciação, utilizando-se para tanto dosmesmos fundamentos que levaram à declaração de constitucionalidade no âmbito do controle concentrado e abstrato.

14. A decisão prolatada pelo Eminente Min. Luiz Fux nos autos da ADI nº 4.357/DF não determina a aplicação integral daLei nº 11.960/09 a todas as ações em que haja condenação da Fazenda Pública. Em verdade, trata-se de decisão prolatadacom vistas a solucionar o problema específico dos precatórios pendentes de pagamento no âmbito dos tribunais pátrios.Neste sentido, manifestaram-se os Ministros Roberto Barroso (Rcl 17.012) e Marco Aurélio (Rcl 16.982 e Rcl 17.200).

15. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento, para condenar o INSS a: I) desconstituir a aposentadoria portempo de contribuição usufruída pelo recorrente (NB 075.652.397-4), concedendo-lhe novo benefício da mesma espécie,independentemente de devolução dos proventos; II) computar o tempo de serviço efetivamente prestado após ojubilamento, fixando-se como data de início do novo benefício a data do ajuizamento desta ação; III) pagar-lhe asprestações vencidas, acrescidas de correção monetária e juros de mora, aplicando-se, para tanto, o INPC na forma do 41-Ada Lei nº 8.213/1991 para a correção monetária e os parâmetros do art. 1º-F, da Lei 9.494/1997 para os juros de mora.

16. Sem condenação em custas nem em honorários advocatícios (art. 55, caput, da Lei 9.099/1995).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

30 - 0000449-56.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.000449-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) VALDEMIR ALVES(ADVOGADO: ES007070 - WELITON ROGER ALTOE.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.).RECURSO Nº 0000449-56.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.000449-5/01)RECORRENTE: VALDEMIR ALVESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

VOTO EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. RMI. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO EPOSTERIOR JUBILAMENTO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. DESNECESSIDADE.PEDIDO IMPROCEDENTE. SENTENÇA REFORMADA.1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor em face da sentença que julgou improcedente a pretensão autoralde renúncia ao benefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão denovo benefício mais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado trabalhando e contribuindo para o Regime Geral dePrevidência Social – RGPS. Sustenta ter direito a renunciar o benefício de aposentadoria usufruído, com o acréscimo dotempo laborado após sua concessão ante a inexistência de expressa proibição legal e, ainda, por se tratar de medida maisfavorável. Argumenta que a aposentadoria constitui direito disponível, passível, portanto, de renúncia. Assevera, outrossim,que a desaposentação não pressupõe acúmulo de benefícios, mas sim extinção do benefício anterior para concessão deum novo, o que justifica a irrepetibilidade dos benefícios já percebidos. Pugna, assim, pela reforma do julgado. Não foramapresentadas contrarrazões.

2. O prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei 8.213/1991 não se aplica aos casos de desaposentação, uma vez que aparte autora não busca a revisão do ato concessório, mas sim a renúncia e cancelamento do benefício em manutenção,com o objetivo de obter novo benefício. Nesse sentido já se manifestou o Superior Tribunal de Justiça:

PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DECADÊNCIA. ART. 103 DA LEI 8.213/1991 (COM A REDAÇÃO DALEI 10.839/2004). PEDIDO DE RENÚNCIA DE BENEFÍCIO (DESAPOSENTAÇÃO). NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIAPACIFICADA PELA SEÇÃO COMPETENTE. PREJUDICIAL AFASTADA. JULGAMENTO DA MATÉRIA REMANESCENTE.(STJ, EDcl no AgRg no REsp Nº 1.305.914 – SC, rel. Min. Herman Benjamin - 2012/0011629-3).

3. A questão em debate importa aferir a viabilidade jurígena de segurado que continuou em atividade remunerada econtribuindo para o RGPS renunciar a benefício previdenciário, com o escopo de, ao tempo de contribuição apurado porocasião de sua concessão, ver acrescido aquele relativo à atividade laborativa – e respectivas contribuições – posterior àjubilação, para assim auferir renda mensal mais vantajosa.

4. Outra questão a ser abordada diz com os efeitos do ato de renúncia ao benefício, do que decorre a (não) obrigatoriedadede o segurado devolver o que recebeu a título de proventos.

5. Nesse ponto, a Turma Nacional de Uniformização perfilhou entendimento de que a renúncia à aposentadoria trata-se deato com eficácia ex tunc, ensejando, desta feita, a devolução dos valores percebidos a título de aposentadoria à qual sepretenda renunciar. Observe-se:

PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO PARA FINS DE OBTENÇÃO DE NOVO BENEFÍCIO, TAMBÉM NO REGIMEGERAL DE PREVIDÊNCIA, COM UTILIZAÇÃO DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO UTILIZADO NO PRIMEIRO.DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. NECESSIDADE. INCIDENTE IMPROVIDO.1. Esta Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especais Federais sedimentou o entendimentode necessidade de devolução dos valores percebidos a titulo de aposentadoria à qual se pretenda renunciar, para fins deobtenção de novo benefício, no mesmo regime, com observância do tempo utilizado para concessão do primeiro. 2.Incidente improvido. (PEDILEF 200872550094057 PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEIFEDERAL. Relatora JUIZA FEDERAL SIMONE DOS SANTOS LEMOS FERNANDES. DOU 06/05/2011) (grifei)

6. Outro foi o entendimento adotado pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp1334488/SC, realizado no dia 08 de maio de 2013 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de ProcessoCivil e RES. n º. 8/2008-STJ). Confira-se:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA AAPOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIOR JUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES.DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(REsp 1334488/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/05/2013, DJe 14/05/2013).

7. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na Turma Nacionalde Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsável pelauniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº 10.259/01 éclara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

8. Por essas razões, curvo-me à orientação firmada no STJ. Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

9. Oportuno registrar, de acordo com a jurisprudência mais recente do Superior Tribunal de Justiça, que a decisão do STFno sentido da declaração parcial de inconstitucionalidade, por arrastamento, do art. 5º da Lei nº 11.960/2009, referiu-se

apenas e tão-somente ao critério de correção monetária ali especificado, mantidos o critério de cálculo de juros. Nessesentido: AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL – 1263644 Relator(a) SÉRGIO KUKINA Sigla doórgão STJ Órgão julgador PRIMEIRA TURMA Fonte DJE DATA:18/10/2013.

10. No caso de benefício previdenciário, o entendimento da jurisprudência que perfilho foi no sentido da aplicação do art.41-A da Lei nº 8.213/91, aplicando-se o INPC na correção monetária dos valores atrasados, mantendo-se, todavia, o critériode cálculo de juros conforme precedente acima citado.

11. No caso das demais condenações impostas à Fazenda Pública, inclusive na hipótese de concessão de benefício denatureza assistencial, exceção feita à matéria tributária, é de se aplicar o IPCA (AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NORECURSO ESPECIAL – 1398307 Relator(a) HUMBERTO MARTINS Sigla do órgão STJ Órgão julgador SEGUNDATURMA Fonte DJE DATA:25/10/2013).

12. Não pode ser acolhida a tese que vem sendo defendida pela Fazenda Pública, acerca da imposição da aplicaçãointegral da Lei nº 11.960/09, seja por conta da não publicação da decisão do STF nas ADIs nº 4.357/DF e 4.425/DF; sejapor conta da pendência da modulação dos seus efeitos; seja tampouco por conta da decisão cautelar proferida peloEminente Min. Luiz Fux nos autos da primeira das ADIs acima referidas.

13. Isto porque a declaração de inconstitucionalidade da Lei nº 11.960/09 se deu por arrastamento, no bojo de ação diretacujo objeto era o questionamento da constitucionalidade dos critérios de correção monetária dos precatórios nos termosestabelecidos pela EC nº 62/09. Além do mais, o fato de a questão estar sendo debatida no âmbito do STF, sem que estejaproduzindo efeitos alguma decisão com eficácia vinculante, não impede que as instâncias ordinárias exerçam o controledifuso de constitucionalidade, nos casos concretos que lhes forem submetidos à apreciação, utilizando-se para tanto dosmesmos fundamentos que levaram à declaração de constitucionalidade no âmbito do controle concentrado e abstrato.

14. A decisão prolatada pelo Eminente Min. Luiz Fux nos autos da ADI nº 4.357/DF não determina a aplicação integral daLei nº 11.960/09 a todas as ações em que haja condenação da Fazenda Pública. Em verdade, trata-se de decisão prolatadacom vistas a solucionar o problema específico dos precatórios pendentes de pagamento no âmbito dos tribunais pátrios.Neste sentido, manifestaram-se os Ministros Roberto Barroso (Rcl 17.012) e Marco Aurélio (Rcl 16.982 e Rcl 17.200).

15. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento, para condenar o INSS a: I) desconstituir a aposentadoria portempo de contribuição usufruída pelo recorrente (NB 145.186.438-5), concedendo-lhe novo benefício da mesma espécie,independentemente de devolução dos proventos; II) computar o tempo de serviço efetivamente prestado após ojubilamento, fixando-se como data de início do novo benefício a data do ajuizamento desta ação; III) pagar-lhe asprestações vencidas, acrescidas de correção monetária e juros de mora, aplicando-se, para tanto, o INPC na forma do 41-Ada Lei nº 8.213/1991 para a correção monetária e os parâmetros do art. 1º-F, da Lei 9.494/1997 para os juros de mora.

16. Sem condenação em custas nem em honorários advocatícios (art. 55, caput, da Lei 9.099/1995).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

31 - 0003860-73.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.003860-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ALDAY BARRETO PEREIRA(ADVOGADO: ES007070 - WELITON ROGER ALTOE.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO.).RECURSO Nº 0003860-73.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.003860-6/01)RECORRENTE: ALDAY BARRETO PEREIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

VOTO EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. RMI. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO EPOSTERIOR JUBILAMENTO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. DESNECESSIDADE.PEDIDO IMPROCEDENTE. SENTENÇA REFORMADA.1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor em face da sentença que julgou improcedente a pretensão autoralde renúncia ao benefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão denovo benefício mais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado trabalhando e contribuindo para o Regime Geral dePrevidência Social – RGPS. Sustenta ter direito a renunciar o benefício de aposentadoria usufruído, com o acréscimo dotempo laborado após sua concessão ante a inexistência de expressa proibição legal e, ainda, por se tratar de medida maisfavorável. Argumenta que a aposentadoria constitui direito disponível, passível, portanto, de renúncia. Assevera, outrossim,que a desaposentação não pressupõe acúmulo de benefícios, mas sim extinção do benefício anterior para concessão de

um novo, o que justifica a irrepetibilidade dos benefícios já percebidos. Pugna, assim, pela reforma do julgado. Não foramapresentadas contrarrazões.

2. O prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei 8.213/1991 não se aplica aos casos de desaposentação, uma vez que aparte autora não busca a revisão do ato concessório, mas sim a renúncia e cancelamento do benefício em manutenção,com o objetivo de obter novo benefício. Nesse sentido já se manifestou o Superior Tribunal de Justiça:

PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DECADÊNCIA. ART. 103 DA LEI 8.213/1991 (COM A REDAÇÃO DALEI 10.839/2004). PEDIDO DE RENÚNCIA DE BENEFÍCIO (DESAPOSENTAÇÃO). NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIAPACIFICADA PELA SEÇÃO COMPETENTE. PREJUDICIAL AFASTADA. JULGAMENTO DA MATÉRIA REMANESCENTE.(STJ, EDcl no AgRg no REsp Nº 1.305.914 – SC, rel. Min. Herman Benjamin - 2012/0011629-3).

3. A questão em debate importa aferir a viabilidade jurígena de segurado que continuou em atividade remunerada econtribuindo para o RGPS renunciar a benefício previdenciário, com o escopo de, ao tempo de contribuição apurado porocasião de sua concessão, ver acrescido aquele relativo à atividade laborativa – e respectivas contribuições – posterior àjubilação, para assim auferir renda mensal mais vantajosa.

4. Outra questão a ser abordada diz com os efeitos do ato de renúncia ao benefício, do que decorre a (não) obrigatoriedadede o segurado devolver o que recebeu a título de proventos.

5. Nesse ponto, a Turma Nacional de Uniformização perfilhou entendimento de que a renúncia à aposentadoria trata-se deato com eficácia ex tunc, ensejando, desta feita, a devolução dos valores percebidos a título de aposentadoria à qual sepretenda renunciar. Observe-se:

PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO PARA FINS DE OBTENÇÃO DE NOVO BENEFÍCIO, TAMBÉM NO REGIMEGERAL DE PREVIDÊNCIA, COM UTILIZAÇÃO DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO UTILIZADO NO PRIMEIRO.DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. NECESSIDADE. INCIDENTE IMPROVIDO.1. Esta Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especais Federais sedimentou o entendimentode necessidade de devolução dos valores percebidos a titulo de aposentadoria à qual se pretenda renunciar, para fins deobtenção de novo benefício, no mesmo regime, com observância do tempo utilizado para concessão do primeiro. 2.Incidente improvido. (PEDILEF 200872550094057 PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEIFEDERAL. Relatora JUIZA FEDERAL SIMONE DOS SANTOS LEMOS FERNANDES. DOU 06/05/2011) (grifei)

6. Outro foi o entendimento adotado pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp1334488/SC, realizado no dia 08 de maio de 2013 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de ProcessoCivil e RES. n º. 8/2008-STJ). Confira-se:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA AAPOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIOR JUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES.DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(REsp 1334488/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/05/2013, DJe 14/05/2013).

7. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na Turma Nacionalde Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsável pelauniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº 10.259/01 éclara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

8. Por essas razões, curvo-me à orientação firmada no STJ. Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

9. Oportuno registrar, de acordo com a jurisprudência mais recente do Superior Tribunal de Justiça, que a decisão do STFno sentido da declaração parcial de inconstitucionalidade, por arrastamento, do art. 5º da Lei nº 11.960/2009, referiu-seapenas e tão-somente ao critério de correção monetária ali especificado, mantidos o critério de cálculo de juros. Nessesentido: AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL – 1263644 Relator(a) SÉRGIO KUKINA Sigla doórgão STJ Órgão julgador PRIMEIRA TURMA Fonte DJE DATA:18/10/2013.

10. No caso de benefício previdenciário, o entendimento da jurisprudência que perfilho foi no sentido da aplicação do art.41-A da Lei nº 8.213/91, aplicando-se o INPC na correção monetária dos valores atrasados, mantendo-se, todavia, o critériode cálculo de juros conforme precedente acima citado.

11. No caso das demais condenações impostas à Fazenda Pública, inclusive na hipótese de concessão de benefício denatureza assistencial, exceção feita à matéria tributária, é de se aplicar o IPCA (AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NORECURSO ESPECIAL – 1398307 Relator(a) HUMBERTO MARTINS Sigla do órgão STJ Órgão julgador SEGUNDATURMA Fonte DJE DATA:25/10/2013).

12. Não pode ser acolhida a tese que vem sendo defendida pela Fazenda Pública, acerca da imposição da aplicaçãointegral da Lei nº 11.960/09, seja por conta da não publicação da decisão do STF nas ADIs nº 4.357/DF e 4.425/DF; sejapor conta da pendência da modulação dos seus efeitos; seja tampouco por conta da decisão cautelar proferida peloEminente Min. Luiz Fux nos autos da primeira das ADIs acima referidas.

13. Isto porque a declaração de inconstitucionalidade da Lei nº 11.960/09 se deu por arrastamento, no bojo de ação diretacujo objeto era o questionamento da constitucionalidade dos critérios de correção monetária dos precatórios nos termosestabelecidos pela EC nº 62/09. Além do mais, o fato de a questão estar sendo debatida no âmbito do STF, sem que estejaproduzindo efeitos alguma decisão com eficácia vinculante, não impede que as instâncias ordinárias exerçam o controledifuso de constitucionalidade, nos casos concretos que lhes forem submetidos à apreciação, utilizando-se para tanto dosmesmos fundamentos que levaram à declaração de constitucionalidade no âmbito do controle concentrado e abstrato.

14. A decisão prolatada pelo Eminente Min. Luiz Fux nos autos da ADI nº 4.357/DF não determina a aplicação integral daLei nº 11.960/09 a todas as ações em que haja condenação da Fazenda Pública. Em verdade, trata-se de decisão prolatadacom vistas a solucionar o problema específico dos precatórios pendentes de pagamento no âmbito dos tribunais pátrios.Neste sentido, manifestaram-se os Ministros Roberto Barroso (Rcl 17.012) e Marco Aurélio (Rcl 16.982 e Rcl 17.200).

15. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento, para condenar o INSS a: I) desconstituir a aposentadoria portempo de contribuição usufruída pelo recorrente (NB 109.467.946-9), concedendo-lhe novo benefício da mesma espécie,independentemente de devolução dos proventos; II) computar o tempo de serviço efetivamente prestado após ojubilamento, fixando-se como data de início do novo benefício a data do ajuizamento desta ação; III) pagar-lhe asprestações vencidas, acrescidas de correção monetária e juros de mora, aplicando-se, para tanto, o INPC na forma do 41-Ada Lei nº 8.213/1991 para a correção monetária e os parâmetros do art. 1º-F, da Lei 9.494/1997 para os juros de mora.

16. Sem condenação em custas nem em honorários advocatícios (art. 55, caput, da Lei 9.099/1995).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

32 - 0001956-03.2014.4.02.5001/01 (2014.50.01.001956-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSÉ CARLOS DE OLIVEIRAPASSOS (ADVOGADO: ES014383 - TATIANA VIGGIANO DE SOUZA, ES014653 - JULIANA FELIX CAMPOSTRINI.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.).RECURSO Nº 0001956-03.2014.4.02.5001/01 (2014.50.01.001956-5/01)RECORRENTE: JOSÉ CARLOS DE OLIVEIRA PASSOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

VOTO/EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. RMI. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO EPOSTERIOR JUBILAMENTO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. DESNECESSIDADE.PEDIDO IMPROCEDENTE. SENTENÇA REFORMADA.1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor em face da sentença que julgou improcedente a pretensão autoralde renúncia ao benefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão denovo benefício mais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado trabalhando e contribuindo para o Regime Geral dePrevidência Social – RGPS. Sustenta ter direito a renunciar o benefício de aposentadoria usufruído, com o acréscimo dotempo laborado após sua concessão ante a inexistência de expressa proibição legal e, ainda, por se tratar de medida mais

favorável. Argumenta que a aposentadoria constitui direito disponível, passível, portanto, de renúncia. Assevera, outrossim,que a desaposentação não pressupõe acúmulo de benefícios, mas sim extinção do benefício anterior para concessão deum novo, o que justifica a irrepetibilidade dos benefícios já percebidos. Pugna, assim, pela reforma do julgado. Não foramapresentadas contrarrazões.

2. O prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei 8.213/1991 não se aplica aos casos de desaposentação, uma vez que aparte autora não busca a revisão do ato concessório, mas sim a renúncia e cancelamento do benefício em manutenção,com o objetivo de obter novo benefício. Nesse sentido já se manifestou o Superior Tribunal de Justiça:

PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DECADÊNCIA. ART. 103 DA LEI 8.213/1991 (COM A REDAÇÃO DALEI 10.839/2004). PEDIDO DE RENÚNCIA DE BENEFÍCIO (DESAPOSENTAÇÃO). NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIAPACIFICADA PELA SEÇÃO COMPETENTE. PREJUDICIAL AFASTADA. JULGAMENTO DA MATÉRIA REMANESCENTE.(STJ, EDcl no AgRg no REsp Nº 1.305.914 – SC, rel. Min. Herman Benjamin - 2012/0011629-3).

3. A questão em debate importa aferir a viabilidade jurígena de segurado que continuou em atividade remunerada econtribuindo para o RGPS renunciar a benefício previdenciário, com o escopo de, ao tempo de contribuição apurado porocasião de sua concessão, ver acrescido aquele relativo à atividade laborativa – e respectivas contribuições – posterior àjubilação, para assim auferir renda mensal mais vantajosa.

4. Outra questão a ser abordada diz com os efeitos do ato de renúncia ao benefício, do que decorre a (não) obrigatoriedadede o segurado devolver o que recebeu a título de proventos.

5. Nesse ponto, a Turma Nacional de Uniformização perfilhou entendimento de que a renúncia à aposentadoria trata-se deato com eficácia ex tunc, ensejando, desta feita, a devolução dos valores percebidos a título de aposentadoria à qual sepretenda renunciar. Observe-se:

PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO PARA FINS DE OBTENÇÃO DE NOVO BENEFÍCIO, TAMBÉM NO REGIMEGERAL DE PREVIDÊNCIA, COM UTILIZAÇÃO DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO UTILIZADO NO PRIMEIRO.DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. NECESSIDADE. INCIDENTE IMPROVIDO.1. Esta Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especais Federais sedimentou o entendimentode necessidade de devolução dos valores percebidos a titulo de aposentadoria à qual se pretenda renunciar, para fins deobtenção de novo benefício, no mesmo regime, com observância do tempo utilizado para concessão do primeiro. 2.Incidente improvido. (PEDILEF 200872550094057 PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEIFEDERAL. Relatora JUIZA FEDERAL SIMONE DOS SANTOS LEMOS FERNANDES. DOU 06/05/2011) (grifei)

6. Outro foi o entendimento adotado pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp1334488/SC, realizado no dia 08 de maio de 2013 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de ProcessoCivil e RES. n º. 8/2008-STJ). Confira-se:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA AAPOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIOR JUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES.DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(REsp 1334488/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/05/2013, DJe 14/05/2013).

7. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na Turma Nacionalde Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsável pelauniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº 10.259/01 éclara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

8. Por essas razões, curvo-me à orientação firmada no STJ. Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

9. Oportuno registrar, de acordo com a jurisprudência mais recente do Superior Tribunal de Justiça, que a decisão do STFno sentido da declaração parcial de inconstitucionalidade, por arrastamento, do art. 5º da Lei nº 11.960/2009, referiu-seapenas e tão-somente ao critério de correção monetária ali especificado, mantidos o critério de cálculo de juros. Nessesentido: AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL – 1263644 Relator(a) SÉRGIO KUKINA Sigla doórgão STJ Órgão julgador PRIMEIRA TURMA Fonte DJE DATA:18/10/2013.

10. No caso de benefício previdenciário, o entendimento da jurisprudência que perfilho foi no sentido da aplicação do art.41-A da Lei nº 8.213/91, aplicando-se o INPC na correção monetária dos valores atrasados, mantendo-se, todavia, o critériode cálculo de juros conforme precedente acima citado.

11. No caso das demais condenações impostas à Fazenda Pública, inclusive na hipótese de concessão de benefício denatureza assistencial, exceção feita à matéria tributária, é de se aplicar o IPCA (AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NORECURSO ESPECIAL – 1398307 Relator(a) HUMBERTO MARTINS Sigla do órgão STJ Órgão julgador SEGUNDATURMA Fonte DJE DATA:25/10/2013).

12. Não pode ser acolhida a tese que vem sendo defendida pela Fazenda Pública, acerca da imposição da aplicaçãointegral da Lei nº 11.960/09, seja por conta da não publicação da decisão do STF nas ADIs nº 4.357/DF e 4.425/DF; sejapor conta da pendência da modulação dos seus efeitos; seja tampouco por conta da decisão cautelar proferida peloEminente Min. Luiz Fux nos autos da primeira das ADIs acima referidas.

13. Isto porque a declaração de inconstitucionalidade da Lei nº 11.960/09 se deu por arrastamento, no bojo de ação diretacujo objeto era o questionamento da constitucionalidade dos critérios de correção monetária dos precatórios nos termosestabelecidos pela EC nº 62/09. Além do mais, o fato de a questão estar sendo debatida no âmbito do STF, sem que estejaproduzindo efeitos alguma decisão com eficácia vinculante, não impede que as instâncias ordinárias exerçam o controledifuso de constitucionalidade, nos casos concretos que lhes forem submetidos à apreciação, utilizando-se para tanto dosmesmos fundamentos que levaram à declaração de constitucionalidade no âmbito do controle concentrado e abstrato.

14. A decisão prolatada pelo Eminente Min. Luiz Fux nos autos da ADI nº 4.357/DF não determina a aplicação integral daLei nº 11.960/09 a todas as ações em que haja condenação da Fazenda Pública. Em verdade, trata-se de decisão prolatadacom vistas a solucionar o problema específico dos precatórios pendentes de pagamento no âmbito dos tribunais pátrios.Neste sentido, manifestaram-se os Ministros Roberto Barroso (Rcl 17.012) e Marco Aurélio (Rcl 16.982 e Rcl 17.200).

15. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento, para condenar o INSS a: I) desconstituir a aposentadoria portempo de contribuição usufruída pelo recorrente (NB 146.088.242-0), concedendo-lhe novo benefício da mesma espécie,independentemente de devolução dos proventos; II) computar o tempo de serviço efetivamente prestado após ojubilamento, fixando-se como data de início do novo benefício a data do ajuizamento desta ação; III) pagar-lhe asprestações vencidas, acrescidas de correção monetária e juros de mora, aplicando-se, para tanto, o INPC na forma do 41-Ada Lei nº 8.213/1991 para a correção monetária e os parâmetros do art. 1º-F, da Lei 9.494/1997 para os juros de mora.

16. Sem condenação em custas nem em honorários advocatícios (art. 55, caput, da Lei 9.099/1995).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

33 - 0105425-15.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.105425-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.) x ANTONIO ROCHA MATHIAS(ADVOGADO: ES014600 - ALLEX WILLIAM BELLO LINO.).RECURSO Nº 0105425-15.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.105425-5/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ANTONIO ROCHA MATHIAS

VOTO/EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. RMI. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO EPOSTERIOR JUBILAMENTO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. DESNECESSIDADE.PEDIDO PROCEDENTE. SENTENÇA CONFIRMADA.1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente a pretensão autoral derenúncia ao benefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão denovo benefício mais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado trabalhando e contribuindo para o Regime Geral de

Previdência Social – RGPS. Sustenta o recorrente: a) constitucionalidade e imperatividade da vedação legal ao empregodas contribuições posteriores à aposentadoria; b) o contribuinte em gozo de aposentadoria pertence a uma espécie queapenas contribui para o custeio do sistema, não para a obtenção de benefícios; c) ao aposentar-se, o segurado fez umaopção por uma renda menor, mas recebida por mais tempo; d) violação ao art. 18, parágrafo 2º, da Lei nº 8.213/1991.Pugna, assim, pela reforma da sentença, a fim de que seja julgado improcedente o pedido. O recorrido não apresentoucontrarrazões.

2. Ressalto, inicialmente, que apenas os recursos extraordinários e especiais estão sujeitos à suspensão determinada nosartigos 543-B e 543-C do CPC, não havendo óbice ao julgamento do presente recurso inominado.

3. O prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei 8.213/1991 não se aplica aos casos de desaposentação, uma vez que aparte autora não busca a revisão do ato concessório, mas sim a renúncia e cancelamento do benefício em manutenção,com o objetivo de obter novo benefício. Nesse sentido já se manifestou o Superior Tribunal de Justiça:

PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DECADÊNCIA. ART. 103 DA LEI 8.213/1991 (COM A REDAÇÃO DALEI 10.839/2004). PEDIDO DE RENÚNCIA DE BENEFÍCIO (DESAPOSENTAÇÃO). NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIAPACIFICADA PELA SEÇÃO COMPETENTE. PREJUDICIAL AFASTADA. JULGAMENTO DA MATÉRIA REMANESCENTE.(STJ, EDcl no AgRg no REsp Nº 1.305.914 – SC, rel. Min. Herman Benjamin - 2012/0011629-3)

4. A questão em debate importa aferir a viabilidade jurígena de segurado que continuou em atividade remunerada econtribuindo para o RGPS renunciar a benefício previdenciário, com o escopo de, ao tempo de contribuição apurado porocasião de sua concessão, ver acrescido aquele relativo à atividade laborativa – e respectivas contribuições – posterior àjubilação, para assim auferir renda mensal mais vantajosa.

5. Outra questão a ser abordada diz com os efeitos do ato de renúncia ao benefício, do que decorre a (não) obrigatoriedadede o segurado devolver o que recebeu a título de proventos.

6. Nesse ponto, a Turma Nacional de Uniformização perfilhou entendimento de que a renúncia à aposentadoria trata-se deato com eficácia ex tunc, ensejando, desta feita, a devolução dos valores percebidos a título de aposentadoria à qual sepretenda renunciar. Observe-se:

PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO PARA FINS DE OBTENÇÃO DE NOVO BENEFÍCIO, TAMBÉM NO REGIMEGERAL DE PREVIDÊNCIA, COM UTILIZAÇÃO DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO UTILIZADO NO PRIMEIRO.DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. NECESSIDADE. INCIDENTE IMPROVIDO.1. Esta Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especais Federais sedimentou o entendimentode necessidade de devolução dos valores percebidos a titulo de aposentadoria à qual se pretenda renunciar, para fins deobtenção de novo benefício, no mesmo regime, com observância do tempo utilizado para concessão do primeiro. 2.Incidente improvido. (PEDILEF 200872550094057 PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEIFEDERAL. Relatora JUIZA FEDERAL SIMONE DOS SANTOS LEMOS FERNANDES. DOU 06/05/2011) (grifei)

7. Outro foi o entendimento adotado pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp1334488/SC, realizado no dia 08 de maio de 2013 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de ProcessoCivil e RES. n º. 8/2008-STJ). Confira-se:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA AAPOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIOR JUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES.DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(REsp 1334488/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/05/2013, DJe 14/05/2013).

8. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na Turma Nacional

de Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsável pelauniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº 10.259/01 éclara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

9. No que se refere ao critério de correção monetária, de acordo com a jurisprudência mais recente do Superior Tribunal deJustiça, que a decisão do STF no sentido da declaração parcial de inconstitucionalidade, por arrastamento, do art. 5º da Leinº 11.960/2009, referiu-se apenas e tão-somente ao critério de correção monetária ali especificado, mantidos o critério decálculo de juros. Nesse sentido: AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL – 1263644 Relator(a)SÉRGIO KUKINA Sigla do órgão STJ Órgão julgador PRIMEIRA TURMA Fonte DJE DATA:18/10/2013.

10. No caso de benefício previdenciário, o entendimento da jurisprudência que perfilho foi no sentido da aplicação do art.41-A da Lei nº 8.213/91, aplicando-se o INPC na correção monetária dos valores atrasados, mantendo-se, todavia, o critériode cálculo de juros conforme precedente acima citado.

11. No caso das demais condenações impostas à Fazenda Pública, inclusive na hipótese de concessão de benefício denatureza assistencial, exceção feita à matéria tributária, é de se aplicar o IPCA (AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NORECURSO ESPECIAL – 1398307 Relator(a) HUMBERTO MARTINS Sigla do órgão STJ Órgão julgador SEGUNDATURMA Fonte DJE DATA:25/10/2013).

12. Não pode ser acolhida a tese que vem sendo defendida pela Fazenda Pública, acerca da imposição da aplicaçãointegral da Lei nº 11.960/09, seja por conta da não publicação da decisão do STF nas ADIs nº 4.357/DF e 4.425/DF; sejapor conta da pendência da modulação dos seus efeitos; seja tampouco por conta da decisão cautelar proferida peloEminente Min. Luiz Fux nos autos da primeira das ADIs acima referidas.

13. Isto porque a declaração de inconstitucionalidade da Lei nº 11.960/09 se deu por arrastamento, no bojo de ação diretacujo objeto era o questionamento da constitucionalidade dos critérios de correção monetária dos precatórios nos termosestabelecidos pela EC nº 62/09. Além do mais, o fato de a questão estar sendo debatida no âmbito do STF, sem que estejaproduzindo efeitos alguma decisão com eficácia vinculante, não impede que as instâncias ordinárias exerçam o controledifuso de constitucionalidade, nos casos concretos que lhes forem submetidos à apreciação, utilizando-se para tanto dosmesmos fundamentos que levaram à declaração de constitucionalidade no âmbito do controle concentrado e abstrato.

14. A decisão prolatada pelo Eminente Min. Luiz Fux nos autos da ADI nº 4.357/DF não determina a aplicação integral daLei nº 11.960/09 a todas as ações em que haja condenação da Fazenda Pública. Em verdade, trata-se de decisão prolatadacom vistas a solucionar o problema específico dos precatórios pendentes de pagamento no âmbito dos tribunais pátrios.Neste sentido, manifestaram-se os Ministros Roberto Barroso (Rcl 17.012) e Marco Aurélio (Rcl 16.982 e Rcl 17.200).

15. Recurso a que se nega provimento. Sentença confirmada.

16. Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289, de 4 de julho de 1996. Honorários advocatícios devidos pelorecorrente, correspondentes a 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (55, segunda parte, da Lei nº 9.099/1995 eart. 1º da Lei nº 10.259/2001).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

34 - 0004551-22.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.004551-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.) x VALDECYR GUSS (ADVOGADO: ES018446 -GERALDO BENICIO, ES017409 - RAFAELLA CHRISTINA BENÍCIO, ES019803 - LARISSA CRISTIANI BENÍCIO.).RECURSO Nº 0004551-22.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.004551-9/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: VALDECYR GUSS

VOTO/EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. RMI. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO EPOSTERIOR JUBILAMENTO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. DESNECESSIDADE.PEDIDO PROCEDENTE. SENTENÇA CONFIRMADA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente a pretensão autoral derenúncia ao benefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão denovo benefício mais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado trabalhando e contribuindo para o Regime Geral dePrevidência Social – RGPS. Sustenta o recorrente: a) constitucionalidade e imperatividade da vedação legal ao empregodas contribuições posteriores à aposentadoria; b) o contribuinte em gozo de aposentadoria pertence a uma espécie queapenas contribui para o custeio do sistema, não para a obtenção de benefícios; c) ao aposentar-se, o segurado fez umaopção por uma renda menor, mas recebida por mais tempo; d) violação ao art. 18, parágrafo 2º, da Lei nº 8.213/1991.Pugna, assim, pela reforma da sentença, a fim de que seja julgado improcedente o pedido. O recorrido não apresentoucontrarrazões.

2. Ressalto, inicialmente, que apenas os recursos extraordinários e especiais estão sujeitos à suspensão determinada nosartigos 543-B e 543-C do CPC, não havendo óbice ao julgamento do presente recurso inominado.

3. O prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei 8.213/1991 não se aplica aos casos de desaposentação, uma vez que aparte autora não busca a revisão do ato concessório, mas sim a renúncia e cancelamento do benefício em manutenção,com o objetivo de obter novo benefício. Nesse sentido já se manifestou o Superior Tribunal de Justiça:

PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DECADÊNCIA. ART. 103 DA LEI 8.213/1991 (COM A REDAÇÃO DALEI 10.839/2004). PEDIDO DE RENÚNCIA DE BENEFÍCIO (DESAPOSENTAÇÃO). NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIAPACIFICADA PELA SEÇÃO COMPETENTE. PREJUDICIAL AFASTADA. JULGAMENTO DA MATÉRIA REMANESCENTE.(STJ, EDcl no AgRg no REsp Nº 1.305.914 – SC, rel. Min. Herman Benjamin - 2012/0011629-3)

4. A questão em debate importa aferir a viabilidade jurígena de segurado que continuou em atividade remunerada econtribuindo para o RGPS renunciar a benefício previdenciário, com o escopo de, ao tempo de contribuição apurado porocasião de sua concessão, ver acrescido aquele relativo à atividade laborativa – e respectivas contribuições – posterior àjubilação, para assim auferir renda mensal mais vantajosa.

5. Outra questão a ser abordada diz com os efeitos do ato de renúncia ao benefício, do que decorre a (não) obrigatoriedadede o segurado devolver o que recebeu a título de proventos.

6. Nesse ponto, a Turma Nacional de Uniformização perfilhou entendimento de que a renúncia à aposentadoria trata-se deato com eficácia ex tunc, ensejando, desta feita, a devolução dos valores percebidos a título de aposentadoria à qual sepretenda renunciar. Observe-se:

PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO PARA FINS DE OBTENÇÃO DE NOVO BENEFÍCIO, TAMBÉM NO REGIMEGERAL DE PREVIDÊNCIA, COM UTILIZAÇÃO DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO UTILIZADO NO PRIMEIRO.DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. NECESSIDADE. INCIDENTE IMPROVIDO.1. Esta Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especais Federais sedimentou o entendimentode necessidade de devolução dos valores percebidos a titulo de aposentadoria à qual se pretenda renunciar, para fins deobtenção de novo benefício, no mesmo regime, com observância do tempo utilizado para concessão do primeiro. 2.Incidente improvido. (PEDILEF 200872550094057 PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEIFEDERAL. Relatora JUIZA FEDERAL SIMONE DOS SANTOS LEMOS FERNANDES. DOU 06/05/2011) (grifei)

7. Outro foi o entendimento adotado pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp1334488/SC, realizado no dia 08 de maio de 2013 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de ProcessoCivil e RES. n º. 8/2008-STJ). Confira-se:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA AAPOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIOR JUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES.DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.

(REsp 1334488/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/05/2013, DJe 14/05/2013).

8. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na Turma Nacionalde Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsável pelauniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº 10.259/01 éclara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

9. No que se refere ao critério de correção monetária, de acordo com a jurisprudência mais recente do Superior Tribunal deJustiça, que a decisão do STF no sentido da declaração parcial de inconstitucionalidade, por arrastamento, do art. 5º da Leinº 11.960/2009, referiu-se apenas e tão-somente ao critério de correção monetária ali especificado, mantidos o critério decálculo de juros. Nesse sentido: AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL – 1263644 Relator(a)SÉRGIO KUKINA Sigla do órgão STJ Órgão julgador PRIMEIRA TURMA Fonte DJE DATA:18/10/2013.

10. No caso de benefício previdenciário, o entendimento da jurisprudência que perfilho foi no sentido da aplicação do art.41-A da Lei nº 8.213/91, aplicando-se o INPC na correção monetária dos valores atrasados, mantendo-se, todavia, o critériode cálculo de juros conforme precedente acima citado.

11. No caso das demais condenações impostas à Fazenda Pública, inclusive na hipótese de concessão de benefício denatureza assistencial, exceção feita à matéria tributária, é de se aplicar o IPCA (AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NORECURSO ESPECIAL – 1398307 Relator(a) HUMBERTO MARTINS Sigla do órgão STJ Órgão julgador SEGUNDATURMA Fonte DJE DATA:25/10/2013).

12. Não pode ser acolhida a tese que vem sendo defendida pela Fazenda Pública, acerca da imposição da aplicaçãointegral da Lei nº 11.960/09, seja por conta da não publicação da decisão do STF nas ADIs nº 4.357/DF e 4.425/DF; sejapor conta da pendência da modulação dos seus efeitos; seja tampouco por conta da decisão cautelar proferida peloEminente Min. Luiz Fux nos autos da primeira das ADIs acima referidas.

13. Isto porque a declaração de inconstitucionalidade da Lei nº 11.960/09 se deu por arrastamento, no bojo de ação diretacujo objeto era o questionamento da constitucionalidade dos critérios de correção monetária dos precatórios nos termosestabelecidos pela EC nº 62/09. Além do mais, o fato de a questão estar sendo debatida no âmbito do STF, sem que estejaproduzindo efeitos alguma decisão com eficácia vinculante, não impede que as instâncias ordinárias exerçam o controledifuso de constitucionalidade, nos casos concretos que lhes forem submetidos à apreciação, utilizando-se para tanto dosmesmos fundamentos que levaram à declaração de constitucionalidade no âmbito do controle concentrado e abstrato.

14. A decisão prolatada pelo Eminente Min. Luiz Fux nos autos da ADI nº 4.357/DF não determina a aplicação integral daLei nº 11.960/09 a todas as ações em que haja condenação da Fazenda Pública. Em verdade, trata-se de decisão prolatadacom vistas a solucionar o problema específico dos precatórios pendentes de pagamento no âmbito dos tribunais pátrios.Neste sentido, manifestaram-se os Ministros Roberto Barroso (Rcl 17.012) e Marco Aurélio (Rcl 16.982 e Rcl 17.200).

15. Recurso a que se nega provimento. Sentença confirmada.

16. Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289, de 4 de julho de 1996. Honorários advocatícios devidos pelorecorrente, correspondentes a 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (55, segunda parte, da Lei nº 9.099/1995 eart. 1º da Lei nº 10.259/2001).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

35 - 0108079-72.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.108079-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: GISELA PAGUNG TOMAZINI.) x LUIZ MARCOS BERMUDES (ADVOGADO:ES017590 - ROGÉRIO FERREIRA BORGES, ES017591 - FABIOLA CARVALHO FERREIRA BORGES, ES017356 -DANIEL FERREIRA BORGES, ES017407 - MARCILIO TAVARES DE ALBUQUERQUE FILHO, RJ184452 - LUCIANAPANNAIN PAREIRA, RJ138284 - ALESSANDRA NAVARRO ABREU, ES019092 - GABRIEL SCHMIDT DA SILVA,DF036024 - IRIS SALDANHA BUENO, DF035417 - VIVIANE MONTEIRO, ES012179 - DANIELLE GOBBI.).RECURSO Nº 0108079-72.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.108079-5/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: LUIZ MARCOS BERMUDES

VOTO/EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. RMI. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO EPOSTERIOR JUBILAMENTO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. DESNECESSIDADE.PEDIDO PROCEDENTE. SENTENÇA CONFIRMADA.1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente a pretensão autoral derenúncia ao benefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão denovo benefício mais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado trabalhando e contribuindo para o Regime Geral dePrevidência Social – RGPS. Sustenta o recorrente: a) constitucionalidade e imperatividade da vedação legal ao empregodas contribuições posteriores à aposentadoria; b) o contribuinte em gozo de aposentadoria pertence a uma espécie queapenas contribui para o custeio do sistema, não para a obtenção de benefícios; c) ao aposentar-se, o segurado fez umaopção por uma renda menor, mas recebida por mais tempo; d) violação ao art. 18, parágrafo 2º, da Lei nº 8.213/1991.Pugna, assim, pela reforma da sentença, a fim de que seja julgado improcedente o pedido. O recorrido não apresentoucontrarrazões.

2. Ressalto, inicialmente, que apenas os recursos extraordinários e especiais estão sujeitos à suspensão determinada nosartigos 543-B e 543-C do CPC, não havendo óbice ao julgamento do presente recurso inominado.

3. O prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei 8.213/1991 não se aplica aos casos de desaposentação, uma vez que aparte autora não busca a revisão do ato concessório, mas sim a renúncia e cancelamento do benefício em manutenção,com o objetivo de obter novo benefício. Nesse sentido já se manifestou o Superior Tribunal de Justiça:

PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DECADÊNCIA. ART. 103 DA LEI 8.213/1991 (COM A REDAÇÃO DALEI 10.839/2004). PEDIDO DE RENÚNCIA DE BENEFÍCIO (DESAPOSENTAÇÃO). NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIAPACIFICADA PELA SEÇÃO COMPETENTE. PREJUDICIAL AFASTADA. JULGAMENTO DA MATÉRIA REMANESCENTE.(STJ, EDcl no AgRg no REsp Nº 1.305.914 – SC, rel. Min. Herman Benjamin - 2012/0011629-3)

4. A questão em debate importa aferir a viabilidade jurígena de segurado que continuou em atividade remunerada econtribuindo para o RGPS renunciar a benefício previdenciário, com o escopo de, ao tempo de contribuição apurado porocasião de sua concessão, ver acrescido aquele relativo à atividade laborativa – e respectivas contribuições – posterior àjubilação, para assim auferir renda mensal mais vantajosa.

5. Outra questão a ser abordada diz com os efeitos do ato de renúncia ao benefício, do que decorre a (não) obrigatoriedadede o segurado devolver o que recebeu a título de proventos.

6. Nesse ponto, a Turma Nacional de Uniformização perfilhou entendimento de que a renúncia à aposentadoria trata-se deato com eficácia ex tunc, ensejando, desta feita, a devolução dos valores percebidos a título de aposentadoria à qual sepretenda renunciar. Observe-se:

PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO PARA FINS DE OBTENÇÃO DE NOVO BENEFÍCIO, TAMBÉM NO REGIMEGERAL DE PREVIDÊNCIA, COM UTILIZAÇÃO DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO UTILIZADO NO PRIMEIRO.DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. NECESSIDADE. INCIDENTE IMPROVIDO.1. Esta Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especais Federais sedimentou o entendimentode necessidade de devolução dos valores percebidos a titulo de aposentadoria à qual se pretenda renunciar, para fins deobtenção de novo benefício, no mesmo regime, com observância do tempo utilizado para concessão do primeiro. 2.Incidente improvido. (PEDILEF 200872550094057 PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEIFEDERAL. Relatora JUIZA FEDERAL SIMONE DOS SANTOS LEMOS FERNANDES. DOU 06/05/2011) (grifei)

7. Outro foi o entendimento adotado pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp1334488/SC, realizado no dia 08 de maio de 2013 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de ProcessoCivil e RES. n º. 8/2008-STJ). Confira-se:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA AAPOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIOR JUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES.DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg no

AREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(REsp 1334488/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/05/2013, DJe 14/05/2013).

8. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na Turma Nacionalde Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsável pelauniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº 10.259/01 éclara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

9. No que se refere ao critério de correção monetária, de acordo com a jurisprudência mais recente do Superior Tribunal deJustiça, que a decisão do STF no sentido da declaração parcial de inconstitucionalidade, por arrastamento, do art. 5º da Leinº 11.960/2009, referiu-se apenas e tão-somente ao critério de correção monetária ali especificado, mantidos o critério decálculo de juros. Nesse sentido: AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL – 1263644 Relator(a)SÉRGIO KUKINA Sigla do órgão STJ Órgão julgador PRIMEIRA TURMA Fonte DJE DATA:18/10/2013.

10. No caso de benefício previdenciário, o entendimento da jurisprudência que perfilho foi no sentido da aplicação do art.41-A da Lei nº 8.213/91, aplicando-se o INPC na correção monetária dos valores atrasados, mantendo-se, todavia, o critériode cálculo de juros conforme precedente acima citado.

11. No caso das demais condenações impostas à Fazenda Pública, inclusive na hipótese de concessão de benefício denatureza assistencial, exceção feita à matéria tributária, é de se aplicar o IPCA (AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NORECURSO ESPECIAL – 1398307 Relator(a) HUMBERTO MARTINS Sigla do órgão STJ Órgão julgador SEGUNDATURMA Fonte DJE DATA:25/10/2013).

12. Não pode ser acolhida a tese que vem sendo defendida pela Fazenda Pública, acerca da imposição da aplicaçãointegral da Lei nº 11.960/09, seja por conta da não publicação da decisão do STF nas ADIs nº 4.357/DF e 4.425/DF; sejapor conta da pendência da modulação dos seus efeitos; seja tampouco por conta da decisão cautelar proferida peloEminente Min. Luiz Fux nos autos da primeira das ADIs acima referidas.

13. Isto porque a declaração de inconstitucionalidade da Lei nº 11.960/09 se deu por arrastamento, no bojo de ação diretacujo objeto era o questionamento da constitucionalidade dos critérios de correção monetária dos precatórios nos termosestabelecidos pela EC nº 62/09. Além do mais, o fato de a questão estar sendo debatida no âmbito do STF, sem que estejaproduzindo efeitos alguma decisão com eficácia vinculante, não impede que as instâncias ordinárias exerçam o controledifuso de constitucionalidade, nos casos concretos que lhes forem submetidos à apreciação, utilizando-se para tanto dosmesmos fundamentos que levaram à declaração de constitucionalidade no âmbito do controle concentrado e abstrato.

14. A decisão prolatada pelo Eminente Min. Luiz Fux nos autos da ADI nº 4.357/DF não determina a aplicação integral daLei nº 11.960/09 a todas as ações em que haja condenação da Fazenda Pública. Em verdade, trata-se de decisão prolatadacom vistas a solucionar o problema específico dos precatórios pendentes de pagamento no âmbito dos tribunais pátrios.Neste sentido, manifestaram-se os Ministros Roberto Barroso (Rcl 17.012) e Marco Aurélio (Rcl 16.982 e Rcl 17.200).

15. Recurso a que se nega provimento. Sentença confirmada.

16. Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289, de 4 de julho de 1996. Honorários advocatícios devidos pelorecorrente, correspondentes a 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (55, segunda parte, da Lei nº 9.099/1995 eart. 1º da Lei nº 10.259/2001).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

36 - 0108194-93.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.108194-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSE DE ANCHIETADESTEFANI (ADVOGADO: ES010321 - OLDER VASCO DALBEM DE OLIVEIRA, ES018483 - LÍVIA NOGUEIRAALMEIDA, ES019645 - ALEX SANDRO SALAZAR.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:

BRUNO MIRANDA COSTA.).RECURSO Nº 0108194-93.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.108194-5/01)RECORRENTE: JOSE DE ANCHIETA DESTEFANIRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

VOTO EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. RMI. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO EPOSTERIOR JUBILAMENTO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. DESNECESSIDADE.PEDIDO IMPROCEDENTE. SENTENÇA REFORMADA.1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor em face da sentença que julgou improcedente a pretensão autoralde renúncia ao benefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão denovo benefício mais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado trabalhando e contribuindo para o Regime Geral dePrevidência Social – RGPS. Sustenta ter direito a renunciar o benefício de aposentadoria usufruído, com o acréscimo dotempo laborado após sua concessão ante a inexistência de expressa proibição legal e, ainda, por se tratar de medida maisfavorável. Argumenta que a aposentadoria constitui direito disponível, passível, portanto, de renúncia. Assevera, outrossim,que a desaposentação não pressupõe acúmulo de benefícios, mas sim extinção do benefício anterior para concessão deum novo, o que justifica a irrepetibilidade dos benefícios já percebidos. Pugna, assim, pela reforma do julgado. Não foramapresentadas contrarrazões.

2. O prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei 8.213/1991 não se aplica aos casos de desaposentação, uma vez que aparte autora não busca a revisão do ato concessório, mas sim a renúncia e cancelamento do benefício em manutenção,com o objetivo de obter novo benefício. Nesse sentido já se manifestou o Superior Tribunal de Justiça:

PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DECADÊNCIA. ART. 103 DA LEI 8.213/1991 (COM A REDAÇÃO DALEI 10.839/2004). PEDIDO DE RENÚNCIA DE BENEFÍCIO (DESAPOSENTAÇÃO). NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIAPACIFICADA PELA SEÇÃO COMPETENTE. PREJUDICIAL AFASTADA. JULGAMENTO DA MATÉRIA REMANESCENTE.(STJ, EDcl no AgRg no REsp Nº 1.305.914 – SC, rel. Min. Herman Benjamin - 2012/0011629-3).

3. A questão em debate importa aferir a viabilidade jurígena de segurado que continuou em atividade remunerada econtribuindo para o RGPS renunciar a benefício previdenciário, com o escopo de, ao tempo de contribuição apurado porocasião de sua concessão, ver acrescido aquele relativo à atividade laborativa – e respectivas contribuições – posterior àjubilação, para assim auferir renda mensal mais vantajosa.

4. Outra questão a ser abordada diz com os efeitos do ato de renúncia ao benefício, do que decorre a (não) obrigatoriedadede o segurado devolver o que recebeu a título de proventos.

5. Nesse ponto, a Turma Nacional de Uniformização perfilhou entendimento de que a renúncia à aposentadoria trata-se deato com eficácia ex tunc, ensejando, desta feita, a devolução dos valores percebidos a título de aposentadoria à qual sepretenda renunciar. Observe-se:

PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO PARA FINS DE OBTENÇÃO DE NOVO BENEFÍCIO, TAMBÉM NO REGIMEGERAL DE PREVIDÊNCIA, COM UTILIZAÇÃO DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO UTILIZADO NO PRIMEIRO.DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. NECESSIDADE. INCIDENTE IMPROVIDO.1. Esta Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especais Federais sedimentou o entendimentode necessidade de devolução dos valores percebidos a titulo de aposentadoria à qual se pretenda renunciar, para fins deobtenção de novo benefício, no mesmo regime, com observância do tempo utilizado para concessão do primeiro. 2.Incidente improvido. (PEDILEF 200872550094057 PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEIFEDERAL. Relatora JUIZA FEDERAL SIMONE DOS SANTOS LEMOS FERNANDES. DOU 06/05/2011) (grifei)

6. Outro foi o entendimento adotado pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp1334488/SC, realizado no dia 08 de maio de 2013 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de ProcessoCivil e RES. n º. 8/2008-STJ). Confira-se:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA AAPOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIOR JUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES.DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,

1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(REsp 1334488/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/05/2013, DJe 14/05/2013).

7. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na Turma Nacionalde Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsável pelauniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº 10.259/01 éclara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

8. Por essas razões, curvo-me à orientação firmada no STJ. Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

9. Oportuno registrar, de acordo com a jurisprudência mais recente do Superior Tribunal de Justiça, que a decisão do STFno sentido da declaração parcial de inconstitucionalidade, por arrastamento, do art. 5º da Lei nº 11.960/2009, referiu-seapenas e tão-somente ao critério de correção monetária ali especificado, mantidos o critério de cálculo de juros. Nessesentido: AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL – 1263644 Relator(a) SÉRGIO KUKINA Sigla doórgão STJ Órgão julgador PRIMEIRA TURMA Fonte DJE DATA:18/10/2013.

10. No caso de benefício previdenciário, o entendimento da jurisprudência que perfilho foi no sentido da aplicação do art.41-A da Lei nº 8.213/91, aplicando-se o INPC na correção monetária dos valores atrasados, mantendo-se, todavia, o critériode cálculo de juros conforme precedente acima citado.

11. No caso das demais condenações impostas à Fazenda Pública, inclusive na hipótese de concessão de benefício denatureza assistencial, exceção feita à matéria tributária, é de se aplicar o IPCA (AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NORECURSO ESPECIAL – 1398307 Relator(a) HUMBERTO MARTINS Sigla do órgão STJ Órgão julgador SEGUNDATURMA Fonte DJE DATA:25/10/2013).

12. Não pode ser acolhida a tese que vem sendo defendida pela Fazenda Pública, acerca da imposição da aplicaçãointegral da Lei nº 11.960/09, seja por conta da não publicação da decisão do STF nas ADIs nº 4.357/DF e 4.425/DF; sejapor conta da pendência da modulação dos seus efeitos; seja tampouco por conta da decisão cautelar proferida peloEminente Min. Luiz Fux nos autos da primeira das ADIs acima referidas.

13. Isto porque a declaração de inconstitucionalidade da Lei nº 11.960/09 se deu por arrastamento, no bojo de ação diretacujo objeto era o questionamento da constitucionalidade dos critérios de correção monetária dos precatórios nos termosestabelecidos pela EC nº 62/09. Além do mais, o fato de a questão estar sendo debatida no âmbito do STF, sem que estejaproduzindo efeitos alguma decisão com eficácia vinculante, não impede que as instâncias ordinárias exerçam o controledifuso de constitucionalidade, nos casos concretos que lhes forem submetidos à apreciação, utilizando-se para tanto dosmesmos fundamentos que levaram à declaração de constitucionalidade no âmbito do controle concentrado e abstrato.

14. A decisão prolatada pelo Eminente Min. Luiz Fux nos autos da ADI nº 4.357/DF não determina a aplicação integral daLei nº 11.960/09 a todas as ações em que haja condenação da Fazenda Pública. Em verdade, trata-se de decisão prolatadacom vistas a solucionar o problema específico dos precatórios pendentes de pagamento no âmbito dos tribunais pátrios.Neste sentido, manifestaram-se os Ministros Roberto Barroso (Rcl 17.012) e Marco Aurélio (Rcl 16.982 e Rcl 17.200).

15. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento, para condenar o INSS a: I) desconstituir a aposentadoria portempo de contribuição usufruída pelo recorrente (NB 155.369.698-8), concedendo-lhe novo benefício da mesma espécie,independentemente de devolução dos proventos; II) computar o tempo de serviço efetivamente prestado após ojubilamento, fixando-se como data de início do novo benefício a data do ajuizamento desta ação; III) pagar-lhe asprestações vencidas, acrescidas de correção monetária e juros de mora, aplicando-se, para tanto, o INPC na forma do 41-Ada Lei nº 8.213/1991 para a correção monetária e os parâmetros do art. 1º-F, da Lei 9.494/1997 para os juros de mora.

16. Sem condenação em custas nem em honorários advocatícios (art. 55, caput, da Lei 9.099/1995).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

37 - 0104707-06.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.104707-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LUIZ CLÁUDIO SALDANHA SALES.) x JACIARA VAGO (ADVOGADO: ES019221 -AMAURI BRAS CASER.).RECURSO Nº 0104707-06.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.104707-9/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: JACIARA VAGO

VOTO/EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. RMI. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO EPOSTERIOR JUBILAMENTO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. DESNECESSIDADE.PEDIDO PROCEDENTE. SENTENÇA CONFIRMADA.1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente a pretensão autoral derenúncia ao benefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão denovo benefício mais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado trabalhando e contribuindo para o Regime Geral dePrevidência Social – RGPS. Sustenta o recorrente: a) constitucionalidade e imperatividade da vedação legal ao empregodas contribuições posteriores à aposentadoria; b) o contribuinte em gozo de aposentadoria pertence a uma espécie queapenas contribui para o custeio do sistema, não para a obtenção de benefícios; c) ao aposentar-se, o segurado fez umaopção por uma renda menor, mas recebida por mais tempo; d) violação ao art. 18, parágrafo 2º, da Lei nº 8.213/1991.Pugna, assim, pela reforma da sentença, a fim de que seja julgado improcedente o pedido. O recorrido não apresentoucontrarrazões.

2. Ressalto, inicialmente, que apenas os recursos extraordinários e especiais estão sujeitos à suspensão determinada nosartigos 543-B e 543-C do CPC, não havendo óbice ao julgamento do presente recurso inominado.

3. O prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei 8.213/1991 não se aplica aos casos de desaposentação, uma vez que aparte autora não busca a revisão do ato concessório, mas sim a renúncia e cancelamento do benefício em manutenção,com o objetivo de obter novo benefício. Nesse sentido já se manifestou o Superior Tribunal de Justiça:

PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DECADÊNCIA. ART. 103 DA LEI 8.213/1991 (COM A REDAÇÃO DALEI 10.839/2004). PEDIDO DE RENÚNCIA DE BENEFÍCIO (DESAPOSENTAÇÃO). NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIAPACIFICADA PELA SEÇÃO COMPETENTE. PREJUDICIAL AFASTADA. JULGAMENTO DA MATÉRIA REMANESCENTE.(STJ, EDcl no AgRg no REsp Nº 1.305.914 – SC, rel. Min. Herman Benjamin - 2012/0011629-3)

4. A questão em debate importa aferir a viabilidade jurígena de segurado que continuou em atividade remunerada econtribuindo para o RGPS renunciar a benefício previdenciário, com o escopo de, ao tempo de contribuição apurado porocasião de sua concessão, ver acrescido aquele relativo à atividade laborativa – e respectivas contribuições – posterior àjubilação, para assim auferir renda mensal mais vantajosa.

5. Outra questão a ser abordada diz com os efeitos do ato de renúncia ao benefício, do que decorre a (não) obrigatoriedadede o segurado devolver o que recebeu a título de proventos.

6. Nesse ponto, a Turma Nacional de Uniformização perfilhou entendimento de que a renúncia à aposentadoria trata-se deato com eficácia ex tunc, ensejando, desta feita, a devolução dos valores percebidos a título de aposentadoria à qual sepretenda renunciar. Observe-se:

PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO PARA FINS DE OBTENÇÃO DE NOVO BENEFÍCIO, TAMBÉM NO REGIMEGERAL DE PREVIDÊNCIA, COM UTILIZAÇÃO DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO UTILIZADO NO PRIMEIRO.DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. NECESSIDADE. INCIDENTE IMPROVIDO.1. Esta Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especais Federais sedimentou o entendimentode necessidade de devolução dos valores percebidos a titulo de aposentadoria à qual se pretenda renunciar, para fins deobtenção de novo benefício, no mesmo regime, com observância do tempo utilizado para concessão do primeiro. 2.Incidente improvido. (PEDILEF 200872550094057 PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEIFEDERAL. Relatora JUIZA FEDERAL SIMONE DOS SANTOS LEMOS FERNANDES. DOU 06/05/2011) (grifei)

7. Outro foi o entendimento adotado pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp1334488/SC, realizado no dia 08 de maio de 2013 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de ProcessoCivil e RES. n º. 8/2008-STJ). Confira-se:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA AAPOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIOR JUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES.DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.

3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(REsp 1334488/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/05/2013, DJe 14/05/2013).

8. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na Turma Nacionalde Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsável pelauniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº 10.259/01 éclara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

9. No que se refere ao critério de correção monetária, de acordo com a jurisprudência mais recente do Superior Tribunal deJustiça, que a decisão do STF no sentido da declaração parcial de inconstitucionalidade, por arrastamento, do art. 5º da Leinº 11.960/2009, referiu-se apenas e tão-somente ao critério de correção monetária ali especificado, mantidos o critério decálculo de juros. Nesse sentido: AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL – 1263644 Relator(a)SÉRGIO KUKINA Sigla do órgão STJ Órgão julgador PRIMEIRA TURMA Fonte DJE DATA:18/10/2013.

10. No caso de benefício previdenciário, o entendimento da jurisprudência que perfilho foi no sentido da aplicação do art.41-A da Lei nº 8.213/91, aplicando-se o INPC na correção monetária dos valores atrasados, mantendo-se, todavia, o critériode cálculo de juros conforme precedente acima citado.

11. No caso das demais condenações impostas à Fazenda Pública, inclusive na hipótese de concessão de benefício denatureza assistencial, exceção feita à matéria tributária, é de se aplicar o IPCA (AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NORECURSO ESPECIAL – 1398307 Relator(a) HUMBERTO MARTINS Sigla do órgão STJ Órgão julgador SEGUNDATURMA Fonte DJE DATA:25/10/2013).

12. Não pode ser acolhida a tese que vem sendo defendida pela Fazenda Pública, acerca da imposição da aplicaçãointegral da Lei nº 11.960/09, seja por conta da não publicação da decisão do STF nas ADIs nº 4.357/DF e 4.425/DF; sejapor conta da pendência da modulação dos seus efeitos; seja tampouco por conta da decisão cautelar proferida peloEminente Min. Luiz Fux nos autos da primeira das ADIs acima referidas.

13. Isto porque a declaração de inconstitucionalidade da Lei nº 11.960/09 se deu por arrastamento, no bojo de ação diretacujo objeto era o questionamento da constitucionalidade dos critérios de correção monetária dos precatórios nos termosestabelecidos pela EC nº 62/09. Além do mais, o fato de a questão estar sendo debatida no âmbito do STF, sem que estejaproduzindo efeitos alguma decisão com eficácia vinculante, não impede que as instâncias ordinárias exerçam o controledifuso de constitucionalidade, nos casos concretos que lhes forem submetidos à apreciação, utilizando-se para tanto dosmesmos fundamentos que levaram à declaração de constitucionalidade no âmbito do controle concentrado e abstrato.

14. A decisão prolatada pelo Eminente Min. Luiz Fux nos autos da ADI nº 4.357/DF não determina a aplicação integral daLei nº 11.960/09 a todas as ações em que haja condenação da Fazenda Pública. Em verdade, trata-se de decisão prolatadacom vistas a solucionar o problema específico dos precatórios pendentes de pagamento no âmbito dos tribunais pátrios.Neste sentido, manifestaram-se os Ministros Roberto Barroso (Rcl 17.012) e Marco Aurélio (Rcl 16.982 e Rcl 17.200).

15. Recurso a que se nega provimento. Sentença confirmada.

16. Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289, de 4 de julho de 1996. Honorários advocatícios devidos pelorecorrente, correspondentes a 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (55, segunda parte, da Lei nº 9.099/1995 eart. 1º da Lei nº 10.259/2001).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDO

Juiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

38 - 0105598-27.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.105598-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LUIZ CLÁUDIO SALDANHA SALES.) x NELSON SCHMIDT DE SOUZA(ADVOGADO: ES022052 - VINICIUS FONTANA, ES019221 - AMAURI BRAS CASER.).RECURSO Nº 0105598-27.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.105598-2/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: NELSON SCHMIDT DE SOUZA

VOTO/EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. RMI. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO EPOSTERIOR JUBILAMENTO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. DESNECESSIDADE.PEDIDO PROCEDENTE. SENTENÇA CONFIRMADA.1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente a pretensão autoral derenúncia ao benefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão denovo benefício mais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado trabalhando e contribuindo para o Regime Geral dePrevidência Social – RGPS. Sustenta o recorrente: a) constitucionalidade e imperatividade da vedação legal ao empregodas contribuições posteriores à aposentadoria; b) o contribuinte em gozo de aposentadoria pertence a uma espécie queapenas contribui para o custeio do sistema, não para a obtenção de benefícios; c) ao aposentar-se, o segurado fez umaopção por uma renda menor, mas recebida por mais tempo; d) violação ao art. 18, parágrafo 2º, da Lei nº 8.213/1991.Pugna, assim, pela reforma da sentença, a fim de que seja julgado improcedente o pedido. O recorrido não apresentoucontrarrazões.

2. Ressalto, inicialmente, que apenas os recursos extraordinários e especiais estão sujeitos à suspensão determinada nosartigos 543-B e 543-C do CPC, não havendo óbice ao julgamento do presente recurso inominado.

3. O prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei 8.213/1991 não se aplica aos casos de desaposentação, uma vez que aparte autora não busca a revisão do ato concessório, mas sim a renúncia e cancelamento do benefício em manutenção,com o objetivo de obter novo benefício. Nesse sentido já se manifestou o Superior Tribunal de Justiça:

PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DECADÊNCIA. ART. 103 DA LEI 8.213/1991 (COM A REDAÇÃO DALEI 10.839/2004). PEDIDO DE RENÚNCIA DE BENEFÍCIO (DESAPOSENTAÇÃO). NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIAPACIFICADA PELA SEÇÃO COMPETENTE. PREJUDICIAL AFASTADA. JULGAMENTO DA MATÉRIA REMANESCENTE.(STJ, EDcl no AgRg no REsp Nº 1.305.914 – SC, rel. Min. Herman Benjamin - 2012/0011629-3)

4. A questão em debate importa aferir a viabilidade jurígena de segurado que continuou em atividade remunerada econtribuindo para o RGPS renunciar a benefício previdenciário, com o escopo de, ao tempo de contribuição apurado porocasião de sua concessão, ver acrescido aquele relativo à atividade laborativa – e respectivas contribuições – posterior àjubilação, para assim auferir renda mensal mais vantajosa.

5. Outra questão a ser abordada diz com os efeitos do ato de renúncia ao benefício, do que decorre a (não) obrigatoriedadede o segurado devolver o que recebeu a título de proventos.

6. Nesse ponto, a Turma Nacional de Uniformização perfilhou entendimento de que a renúncia à aposentadoria trata-se deato com eficácia ex tunc, ensejando, desta feita, a devolução dos valores percebidos a título de aposentadoria à qual sepretenda renunciar. Observe-se:

PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO PARA FINS DE OBTENÇÃO DE NOVO BENEFÍCIO, TAMBÉM NO REGIMEGERAL DE PREVIDÊNCIA, COM UTILIZAÇÃO DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO UTILIZADO NO PRIMEIRO.DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. NECESSIDADE. INCIDENTE IMPROVIDO.1. Esta Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especais Federais sedimentou o entendimentode necessidade de devolução dos valores percebidos a titulo de aposentadoria à qual se pretenda renunciar, para fins deobtenção de novo benefício, no mesmo regime, com observância do tempo utilizado para concessão do primeiro. 2.Incidente improvido. (PEDILEF 200872550094057 PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEIFEDERAL. Relatora JUIZA FEDERAL SIMONE DOS SANTOS LEMOS FERNANDES. DOU 06/05/2011) (grifei)

7. Outro foi o entendimento adotado pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp1334488/SC, realizado no dia 08 de maio de 2013 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de ProcessoCivil e RES. n º. 8/2008-STJ). Confira-se:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA AAPOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIOR JUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES.DESNECESSIDADE.

1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(REsp 1334488/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/05/2013, DJe 14/05/2013).

8. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na Turma Nacionalde Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsável pelauniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº 10.259/01 éclara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

9. No que se refere ao critério de correção monetária, de acordo com a jurisprudência mais recente do Superior Tribunal deJustiça, que a decisão do STF no sentido da declaração parcial de inconstitucionalidade, por arrastamento, do art. 5º da Leinº 11.960/2009, referiu-se apenas e tão-somente ao critério de correção monetária ali especificado, mantidos o critério decálculo de juros. Nesse sentido: AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL – 1263644 Relator(a)SÉRGIO KUKINA Sigla do órgão STJ Órgão julgador PRIMEIRA TURMA Fonte DJE DATA:18/10/2013.

10. No caso de benefício previdenciário, o entendimento da jurisprudência que perfilho foi no sentido da aplicação do art.41-A da Lei nº 8.213/91, aplicando-se o INPC na correção monetária dos valores atrasados, mantendo-se, todavia, o critériode cálculo de juros conforme precedente acima citado.

11. No caso das demais condenações impostas à Fazenda Pública, inclusive na hipótese de concessão de benefício denatureza assistencial, exceção feita à matéria tributária, é de se aplicar o IPCA (AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NORECURSO ESPECIAL – 1398307 Relator(a) HUMBERTO MARTINS Sigla do órgão STJ Órgão julgador SEGUNDATURMA Fonte DJE DATA:25/10/2013).

12. Não pode ser acolhida a tese que vem sendo defendida pela Fazenda Pública, acerca da imposição da aplicaçãointegral da Lei nº 11.960/09, seja por conta da não publicação da decisão do STF nas ADIs nº 4.357/DF e 4.425/DF; sejapor conta da pendência da modulação dos seus efeitos; seja tampouco por conta da decisão cautelar proferida peloEminente Min. Luiz Fux nos autos da primeira das ADIs acima referidas.

13. Isto porque a declaração de inconstitucionalidade da Lei nº 11.960/09 se deu por arrastamento, no bojo de ação diretacujo objeto era o questionamento da constitucionalidade dos critérios de correção monetária dos precatórios nos termosestabelecidos pela EC nº 62/09. Além do mais, o fato de a questão estar sendo debatida no âmbito do STF, sem que estejaproduzindo efeitos alguma decisão com eficácia vinculante, não impede que as instâncias ordinárias exerçam o controledifuso de constitucionalidade, nos casos concretos que lhes forem submetidos à apreciação, utilizando-se para tanto dosmesmos fundamentos que levaram à declaração de constitucionalidade no âmbito do controle concentrado e abstrato.

14. A decisão prolatada pelo Eminente Min. Luiz Fux nos autos da ADI nº 4.357/DF não determina a aplicação integral daLei nº 11.960/09 a todas as ações em que haja condenação da Fazenda Pública. Em verdade, trata-se de decisão prolatadacom vistas a solucionar o problema específico dos precatórios pendentes de pagamento no âmbito dos tribunais pátrios.Neste sentido, manifestaram-se os Ministros Roberto Barroso (Rcl 17.012) e Marco Aurélio (Rcl 16.982 e Rcl 17.200).

15. Recurso a que se nega provimento. Sentença confirmada.

16. Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289, de 4 de julho de 1996. Honorários advocatícios devidos pelorecorrente, correspondentes a 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (55, segunda parte, da Lei nº 9.099/1995 eart. 1º da Lei nº 10.259/2001).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

39 - 0102558-37.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.102558-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LUIZ CLÁUDIO SALDANHA SALES.) x MARIA DA CONCEIÇÃO FARIA SAMPAIO(ADVOGADO: ES012584 - JULIANA CARDOZO CITELLI.).RECURSO Nº 0102558-37.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.102558-8/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: MARIA DA CONCEIÇÃO FARIA SAMPAIO

VOTO/EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. RMI. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO EPOSTERIOR JUBILAMENTO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. DESNECESSIDADE.PEDIDO PROCEDENTE. SENTENÇA CONFIRMADA.1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente a pretensão autoral derenúncia ao benefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão denovo benefício mais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado trabalhando e contribuindo para o Regime Geral dePrevidência Social – RGPS. Sustenta o recorrente: a) constitucionalidade e imperatividade da vedação legal ao empregodas contribuições posteriores à aposentadoria; b) o contribuinte em gozo de aposentadoria pertence a uma espécie queapenas contribui para o custeio do sistema, não para a obtenção de benefícios; c) ao aposentar-se, o segurado fez umaopção por uma renda menor, mas recebida por mais tempo; d) violação ao art. 18, parágrafo 2º, da Lei nº 8.213/1991.Pugna, assim, pela reforma da sentença, a fim de que seja julgado improcedente o pedido. O recorrido não apresentoucontrarrazões.

2. Ressalto, inicialmente, que apenas os recursos extraordinários e especiais estão sujeitos à suspensão determinada nosartigos 543-B e 543-C do CPC, não havendo óbice ao julgamento do presente recurso inominado.

3. O prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei 8.213/1991 não se aplica aos casos de desaposentação, uma vez que aparte autora não busca a revisão do ato concessório, mas sim a renúncia e cancelamento do benefício em manutenção,com o objetivo de obter novo benefício. Nesse sentido já se manifestou o Superior Tribunal de Justiça:

PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DECADÊNCIA. ART. 103 DA LEI 8.213/1991 (COM A REDAÇÃO DALEI 10.839/2004). PEDIDO DE RENÚNCIA DE BENEFÍCIO (DESAPOSENTAÇÃO). NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIAPACIFICADA PELA SEÇÃO COMPETENTE. PREJUDICIAL AFASTADA. JULGAMENTO DA MATÉRIA REMANESCENTE.(STJ, EDcl no AgRg no REsp Nº 1.305.914 – SC, rel. Min. Herman Benjamin - 2012/0011629-3)

4. A questão em debate importa aferir a viabilidade jurígena de segurado que continuou em atividade remunerada econtribuindo para o RGPS renunciar a benefício previdenciário, com o escopo de, ao tempo de contribuição apurado porocasião de sua concessão, ver acrescido aquele relativo à atividade laborativa – e respectivas contribuições – posterior àjubilação, para assim auferir renda mensal mais vantajosa.

5. Outra questão a ser abordada diz com os efeitos do ato de renúncia ao benefício, do que decorre a (não) obrigatoriedadede o segurado devolver o que recebeu a título de proventos.

6. Nesse ponto, a Turma Nacional de Uniformização perfilhou entendimento de que a renúncia à aposentadoria trata-se deato com eficácia ex tunc, ensejando, desta feita, a devolução dos valores percebidos a título de aposentadoria à qual sepretenda renunciar. Observe-se:

PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO PARA FINS DE OBTENÇÃO DE NOVO BENEFÍCIO, TAMBÉM NO REGIMEGERAL DE PREVIDÊNCIA, COM UTILIZAÇÃO DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO UTILIZADO NO PRIMEIRO.DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. NECESSIDADE. INCIDENTE IMPROVIDO.1. Esta Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especais Federais sedimentou o entendimentode necessidade de devolução dos valores percebidos a titulo de aposentadoria à qual se pretenda renunciar, para fins deobtenção de novo benefício, no mesmo regime, com observância do tempo utilizado para concessão do primeiro. 2.Incidente improvido. (PEDILEF 200872550094057 PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEIFEDERAL. Relatora JUIZA FEDERAL SIMONE DOS SANTOS LEMOS FERNANDES. DOU 06/05/2011) (grifei)

7. Outro foi o entendimento adotado pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp1334488/SC, realizado no dia 08 de maio de 2013 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de ProcessoCivil e RES. n º. 8/2008-STJ). Confira-se:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA AAPOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIOR JUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES.DESNECESSIDADE.

1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(REsp 1334488/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/05/2013, DJe 14/05/2013).

8. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na Turma Nacionalde Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsável pelauniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº 10.259/01 éclara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

9. No que se refere ao critério de correção monetária, de acordo com a jurisprudência mais recente do Superior Tribunal deJustiça, que a decisão do STF no sentido da declaração parcial de inconstitucionalidade, por arrastamento, do art. 5º da Leinº 11.960/2009, referiu-se apenas e tão-somente ao critério de correção monetária ali especificado, mantidos o critério decálculo de juros. Nesse sentido: AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL – 1263644 Relator(a)SÉRGIO KUKINA Sigla do órgão STJ Órgão julgador PRIMEIRA TURMA Fonte DJE DATA:18/10/2013.

10. No caso de benefício previdenciário, o entendimento da jurisprudência que perfilho foi no sentido da aplicação do art.41-A da Lei nº 8.213/91, aplicando-se o INPC na correção monetária dos valores atrasados, mantendo-se, todavia, o critériode cálculo de juros conforme precedente acima citado.

11. No caso das demais condenações impostas à Fazenda Pública, inclusive na hipótese de concessão de benefício denatureza assistencial, exceção feita à matéria tributária, é de se aplicar o IPCA (AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NORECURSO ESPECIAL – 1398307 Relator(a) HUMBERTO MARTINS Sigla do órgão STJ Órgão julgador SEGUNDATURMA Fonte DJE DATA:25/10/2013).

12. Não pode ser acolhida a tese que vem sendo defendida pela Fazenda Pública, acerca da imposição da aplicaçãointegral da Lei nº 11.960/09, seja por conta da não publicação da decisão do STF nas ADIs nº 4.357/DF e 4.425/DF; sejapor conta da pendência da modulação dos seus efeitos; seja tampouco por conta da decisão cautelar proferida peloEminente Min. Luiz Fux nos autos da primeira das ADIs acima referidas.

13. Isto porque a declaração de inconstitucionalidade da Lei nº 11.960/09 se deu por arrastamento, no bojo de ação diretacujo objeto era o questionamento da constitucionalidade dos critérios de correção monetária dos precatórios nos termosestabelecidos pela EC nº 62/09. Além do mais, o fato de a questão estar sendo debatida no âmbito do STF, sem que estejaproduzindo efeitos alguma decisão com eficácia vinculante, não impede que as instâncias ordinárias exerçam o controledifuso de constitucionalidade, nos casos concretos que lhes forem submetidos à apreciação, utilizando-se para tanto dosmesmos fundamentos que levaram à declaração de constitucionalidade no âmbito do controle concentrado e abstrato.

14. A decisão prolatada pelo Eminente Min. Luiz Fux nos autos da ADI nº 4.357/DF não determina a aplicação integral daLei nº 11.960/09 a todas as ações em que haja condenação da Fazenda Pública. Em verdade, trata-se de decisão prolatadacom vistas a solucionar o problema específico dos precatórios pendentes de pagamento no âmbito dos tribunais pátrios.Neste sentido, manifestaram-se os Ministros Roberto Barroso (Rcl 17.012) e Marco Aurélio (Rcl 16.982 e Rcl 17.200).

15. Recurso a que se nega provimento. Sentença confirmada.

16. Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289, de 4 de julho de 1996. Honorários advocatícios devidos pelorecorrente, correspondentes a 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (55, segunda parte, da Lei nº 9.099/1995 eart. 1º da Lei nº 10.259/2001).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

40 - 0000206-25.2005.4.02.5051/01 (2005.50.51.000206-1/01) CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO:ES009540 - LUCIANO PEREIRA CHAGAS, ES010485 - CLEBER ALVES TUMOLI, ES001614 - SELCO DALTO.) x MARIAAMELIA DA SILVA ALVES (ADVOGADO: RJ113708 - EVARISTO ALMEIDA DA SILVA.).Processo nº: 0000206-25.2005.4.02.5051/01 (2005.50.51.000206-1/01)Recorrente: CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERALRecorrido: MARIA AMELIA DA SILVA ALVESJuízo de Origem: 1ª VF Cachoeiro - Juizado Especial FederalRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

RESPONSABILIDADE CIVIL. DANOS MORAIS. TALÕES DE CHEQUES. FORNECIMENTO A TERCEIROS SEMAUTORIZAÇÃO DO CORRENTISTA. EMISSÃO E APRESENTAÇÃO DOS CHEQUES. CANCELAMENTO PELA CEF.COBRANÇA EFETUADA PELOS CREDORES EM FACE DO TITULAR DA CONTA. NÃO COMPROVAÇÃO. DANOMORAL NÃO CARACTERIZADO. SENTENÇA REFORMADATrata-se de recurso inominado interposto pela CEF em face da sentença que julgou procedente o pedido de indenizaçãopor danos morais. Segundo a CEF, o MM Juiz não levou em consideração o fato de a autora ter ajuizado a demandaapenas 2 (dois) anos depois dos fatos. Acrescenta que a condenação apenas com base no fato da emissão de talonário decheques a terceiros não conduz à configuração da responsabilidade civil. Aduz, ainda, que adotou todas as medidasnecessárias para sanar a falha. Contrarrazões às fls. 76/80.Analisando o caso dos autos, a conclusão é de que a sentença merece reparo.Isto porque a condenação da CEF se deu, no final das contas, apenas e tão-somente pelo fornecimento de talonário decheques a terceira pessoa, ainda que sem autorização da recorrida, mas sem que a demandante tenha sofrido qualquerdano à sua imagem ou abalo psicológico digno de nota.Com efeito, conforme se observa pelo depoimento prestado às fls. 25/26, o credor do cheque nº 191 (fl. 74), Sr. JoséPereira Neto, ao receber o título das mãos de uma pessoa já falecida (Sr. Getúlio), em troca de dinheiro em espécie,descobriu, por intermédio de sua esposa, funcionária do banco BANESTES, que a assinatura nele aposta pertencia a umaconhecida dela, cliente do BANESTES, apelidada de Terezinha. Acrescentou o depoente que a Sra. Terezinha pagou ocheque quando cobrada. O depoente afirmou, ainda, que não depositou o cheque, devolvendo-o para a Sra. Terezinha porocasião do pagamento.Ora, se a assinatura do cheque pertencia a Sra. Terezinha, e se ela pagou o cheque ao credor, mediante entrega do títulode crédito, conclui-se que foi ela, Sra. Terezinha, que apresentou o cheque perante a CEF para pagamento, o qual foidevidamente recusado por cancelamento conforme consta à fl. 74/74v, não havendo, portanto, cobrança alguma por partedo credor do título. Não em face da autora da demanda, mas sim conforme relatado em depoimento prestado em Juízo.O outro cheque alegadamente lançado na praça, de fls. 75, no valor de R$40,00 (quarenta reais), tem a mesma assinatura,não havendo quanto a ele qualquer prova de que tenha sido objeto de cobrança ou apresentação perante a CEF parapagamento, já que não há, no verso de fl. 75, um carimbo como aquele existente no verso de fl. 74.Por outro lado, não há nos autos qualquer notícia do paradeiro dos demais 18 (dezoito) cheques constantes do talonário,mesmo tendo a demanda sido proposta dois anos depois dos fatos narrados na inicial.Logo, é de se concluir que a Sra. Terezinha, uma vez recebendo o talonário, tentou passar adiante um dos cheques, porintermédio do Sr. Getúlio (falecido), sem sucesso, haja vista que quem o recebeu (Sr. José Pereira Neto, conformedepoimento de fl. 25), conhecia a parte autora e identificou a ilegalidade, tendo desistido de passar outros cheques hajavista o fato de ter sido descoberta.Não é demais destacar o acerto da alegação formulada pela CEF, de que a parte autora ajuizou a presente demanda doisanos depois, sem trazer qualquer notícia acerca dos outros cheques, razão pela qual a conclusão que se extrai pela históriacontada pelos autos é a de que nenhum dano de ordem moral se materializou no caso ora analisado.Em face do exposto, a sentença merece reforma, com a conseqüente improcedência do pedido formulado na inicial.Sendo vencida, no caso, a recorrida, afigura-se importante tecer algumas considerações acerca da sucumbência. Ainterpretação literal do art. 55 da Lei nº 9.099/95, entendida como excludente da possibilidade de condenação do recorrido,vencido, acarretaria grave problema de acesso à justiça, haja vista o disposto no art. 5º, XXXV, da CRFB/88, pois a parte,não se conformando com a sentença, é obrigada a contratar advogado para fazer valer seu direito constitucional derecorrer, sem, contudo, haver a correspectiva previsão de ressarcimento dos honorários, caso seja vencedora ao final dademanda.

A violação à isonomia, registre-se, seria patente, pois a interpretação literal do art. 55 da Lei nº 9.099/95, caso se concluaque a norma consagra um silêncio eloqüente, seria no sentido de que apenas o recorrente, vencido na demanda, teria odever de ressarcimento das verbas sucumbenciais pertinentes, mesmo sendo ele o único que é obrigado a contrataradvogado para exercer seu direito constitucional de recorrer.A interpretação razoável que se pode extrair do art. 55 da Lei nº 9.99/95, a fim de se coadunar com a salvaguarda do direitoconstitucional ao duplo grau de jurisdição, assim como a inafastabilidade de jurisdição, é no sentido de entender adisposição não apenas e tão-somente como um desestímulo ao recurso, mas sim como um desestímulo ao recursomanifestamente descabido ou protelatório, o que obviamente não se verifica nas hipóteses em que o recorrente saivencedor na demanda, já que em tal caso o órgão colegiado, ao dar provimento ao recurso, afirma a pertinência dairresignação recursal manejada no exercício de um direito constitucional, hipótese em que declara que o recorrido, este sim,deu causa à instauração da demanda, devendo, portanto, ser chamado a arcar com o ônus decorrente da sucumbência.Aplica-se ao caso, portanto, o disposto no art. 20, caput e § 4º, do Código de Processo Civil, sem qualquer conflito com aprevisão do art. 55 da Lei nº 9.099/95.Recurso conhecido e provido, para julgar improcedente o pedido formulado na inicial, com a condenação daautora/recorrida nas custas e honorários fixados em R$100,00 (cem reais).É como voto.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

41 - 0001965-22.2008.4.02.5050/02 (2008.50.50.001965-0/02) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Luciano Martins De Oliveira, BRUNO MIRANDA COSTA.) x ANA PAULA MARÇAL DOS SANTOS(ADVOGADO: ES001442B - EVERALDO BARRETO LEMOS.).Processo nº: 0001965-22.2008.4.02.5050/02 (2008.50.50.001965-0/02)Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: ANA PAULA MARÇAL DOS SANTOSJuízo de Origem: 1º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

RESPONSABILIDADE CIVIL. DANOS MORAIS. INSS. BENEFÍCIO DE NATUREZA ACIDENTÁRIA. POSTERIORALTERAÇÃO DA CLASSIFICAÇÃO PARA BENEFÍCIO DE NATUREZA PREVIDENCIÁRIA. CESSAÇÃO. OFENSASDIRIGIDAS POR SERVIDORES. NÃO COMPROVAÇÃO. SENTENÇA REFORMADA. RECURSO PROVIDO.1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido inicial, paracondenar a autarquia previdenciária ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$5.000,00. Segundoargumenta o INSS, a sentença deve ser anulada em razão da ausência de causa de pedir específica, já que a inicial nãonarra o xingamento específico reconhecido pelo MM Juiz sentenciante como idôneo a ensejar a responsabilidade civil, porter sido proferido pela servidora do INSS e dirigido à parte autora. Destaca que a causa de pedir, em verdade, consistiu navia crucis por que a segurada passou ao ser submetida a diversos exames periciais, bem como em um suposto conluio dosperitos médicos com vistas a prejudicar a recorrida. Pontua o recorrente que na inicial não há uma só linha sobre oxingamento mencionado na audiência de instrução pela testemunha ouvida pelo Juízo.2. Analisando o caso dos autos, é de se destacar, inicialmente, a procedência das afirmações feitas pelo Eminente Juizprolator da sentença de fls. 159/160, anulada pela Turma Recursal à fl 192, bem como pelo MM Juiz prolator da sentençaora guerreada, no sentido do descabimento de se falar em indenização por danos morais com fundamento na alteração daclassificação, pelo INSS, do benefício pago ao segurado, de acidentário para previdenciário, ou ainda pela decisão nosentido da cessação do benefício em um dado momento, já que se trata de matéria sujeita à análise técnica por parte daautarquia previdenciária. Logo, não havendo o comprovado intuito de prejudicar, ou ainda de ofender o segurado, não háque se falar em danos morais.3. No que se refere ao fato exclusivo do xingamento mencionado na sentença, assiste razão ao INSS, haja vista que oxingamento mencionado pela testemunha ouvida em juízo sequer foi mencionado na inicial, não podendo, por tal razão, serobjeto de conhecimento nestes autos.4. Por outro lado, a prova testemunhal produzida não deu conta de que a recorrida foi vítima de ofensas verbais por partedos médicos que a atenderam nas dependências do INSS, conforme alegado na inicial.5. No que pertine à prova da ofensa, portanto, a sentença merece reparo.6. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO, para julgar improcedente o pedido inicial, por falta de prova. Sem custas ehonorários, haja vista a gratuidade de justiça deferida, observada a disposição do art. 12 da Lei nº 12.016/09.É como voto.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

91003 - MANDADO DE SEGURANÇA/ATO JUIZADO ESPECIAL

42 - 0000478-34.2010.4.02.5054/01 (2010.50.54.000478-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) BENEDITO DE JESUSSOARES (ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.) x JUIZ FEDERAL DE COLATINA x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.).Processo nº: 0000478-34.2010.4.02.5054/01 (2010.50.54.000478-0/01)Recorrente: BENEDITO DE JESUS SOARESRecorrido: JUIZ FEDERAL DE COLATINA E OUTROJuízo de Origem: 1ª VF ColatinaRelator para o acórdão: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

MANDADO DE SEGURANÇA. PREVIDENCIÁRIO. EXECUÇÃO. OBRIGAÇÃO DE FAZER. MULTA COMINADA EMSENTENÇA. ART. 461, § 4º, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.

1. Adoto como relatório aquele apresentado pelo relator originário do recurso.

2. Quanto ao cabimento de mandado de segurança em face de decisão judicial, o entendimento da jurisprudência é nosentido da restrição às hipóteses de ilegalidade, abuso de poder ou teratologia (STJ – Corte Especial – Agravo Regimentalno MS 17525 DF, Relator Min. João Otávio de Noronha, Julgado em 07/05/2012, DJe 18/05/2012).

3. No caso em análise, observa-se que o MM Juízo impetrado adotou interpretação sobre a sentença por ele próprioproferida, no sentido de que a multa ali estabelecida ainda não havia sido aplicada de plano, tendo sido estabelecido o valorrespectivo meramente para fins de advertência para o caso de descumprimento.

4. Conquanto sejam absolutamente respeitáveis os entendimentos em cotrário, o fato é que a interpretação dada pelomagistrado não pode ser considerada teratológica, ilegal ou abusiva, pois a fixação, bem como a aplicação da multa de quetrata o art. 461 do CPC, são medidas sujeitas ao prudente arbítrio do juiz, a quem compete avaliar caso a caso se odescumprimento foi tamanho que justifique a sua indicência, ou se, apesar de decorrido o prazo fixado, o cumprimento daobrigação se deu de maneira satisfatória, como entendeu por bem o impetrado.

5. Segurança denegada. Custas ex lege. Sem honorários (art. 25 da Lei nº 12.016/09).

6. É como voto.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente