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2º Capítulo - Aleixo Pais 1 2.º Capítulo - Aleixo Paes 9.1 - Francisco Aleixo Paes, nasceu na freguesia da Sé de Évora a 12 de junho de 1818 (1) . Casou na freguesia de São Mamede da mesma cidade a 22 de abril de 1845 (2) com Maria Benjamim Rita de Lima Fonseca, que nascera na freguesia de Santo Antão a 22 de maio de 1823 (3) ; filha legítima de José Maria Sérgio da Fonseca, natural da freguesia da Sé, e de sua mulher Ino- cência Maria Lima da Costa Guimarães, de Santo Antão. Maria Benjamim Rita de Lima Fonseca era neta paterna de José António da Fonseca e de Maria Vitória Perdigão, ambos de Santo Antão; e neta materna de Pascoal da Costa Guimarães, da freguesia vimaranense de Mesão Frio, e de Antónia Angélica Pereira de Lima, de Santo Antão de Évora. Tiveram: Arquivo Distrital de Évora, Sé, livro 58, registo de batismo: Aos 19 do mês de Junho de 1818, nesta Sé de Évora baptizei Francisco, que nasceu a 12 do dito mês, filho legítimo 1º deste nome e do 1º matrimónio amborum de João Nepumoceno da Silva Leitão, desta cidade, e de D. Anna Manuel Saldanha e Pegas, natural da cidadede Coimbra, neto paterno do Dr. Caetano Rozado da Costa, baptizado na dita freguesia de Sancto Antam e de Dona Genoveva Joaquina Roza Barbora da Silva, natural do lugar da Moxueira, termo de Lisboa e neto materno do Dr. Joaquim Aleixo Paes da Costa Pegas, baptizado na freguesia de Sam Mamede d’esta cidade e a avó hé incógnita. Foram padrinhos o Ilustríssimo Francisco Pereira da Silva Souza e Menezes, Coronel do regimento de Milícias de Évora e madrinha a mulher do referido padrinho, Ignácia de Souza da Câmara Aragão e Castro. (1) - Francisco Aleixo Paes foi batizado na Sé Catedral de Évora a 19 de Junho de 1818 e foi apadri- nhado por Francisco Pereira da Silva Sousa e Menezes, Coronel do Regimento de Milícias de Évora, e sua mulher D. Inácia de Sousa da Câmara Aragão e Castro, que passou procuração ao Reverendo Cónego Manuel Afonso Madeira. - A.D.E., Registos Paroquiais, Évora, Freguesia da Sé, Lv. B58, 1813-1818, fls. 244v.º e 245. – Doc. XVIII. (2) - Assistiram a este casamento como testemunhas João Nepomuceno da Silva Leitão e Joaquim Aleixo Paes. - A.D.E., Registos Paroquiais, Évora, Freguesia de São Mamede, Lv. C30, 1843-1860, fl. 9v.º. - Doc. XIX. (3) - D. Maria Benjamim Rita da Fonseca foi batizada na Igreja Paroquial de Santo Antão a 5 de Junho de 1823, sendo seus padrinhos Dom Frei Patrício da Silva, Arcebispo de Évora, com procura- ção passada ao Cónego Estêvão José Vieira; e a invocação de Nossa Senhora, com cuja prenda tocou Francisco Joaquim da Fonseca, tio de D. Maria Benjamim. - A.D.E., Registos Paroquiais, Évora, Freguesia de Santo Antão, Lv. B35, 1820-1844, fl. 53v.º. - Doc. XX.

2.º Capítulo - Aleixo Paes - lavradoresdemontemor.com · que nasceu a 12 do dito mês, filho legítimo 1º deste nome e do 1º matrimónio amborum de João Nepumoceno da Silva Leitão,

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2º Capítulo - Aleixo Pais

1

2.º Capítulo - Aleixo Paes

9.1 - Francisco Aleixo Paes, nasceu na freguesia da Sé de Évora a 12 de

junho de 1818(1). Casou na freguesia de São Mamede da mesma cidade a 22

de abril de 1845(2) com Maria Benjamim Rita de Lima Fonseca, que nascera

na freguesia de Santo Antão a 22 de maio de 1823(3); filha legítima de José

Maria Sérgio da Fonseca, natural da freguesia da Sé, e de sua mulher Ino-

cência Maria Lima da Costa Guimarães, de Santo Antão. Maria Benjamim

Rita de Lima Fonseca era neta paterna de José António da Fonseca e de

Maria Vitória Perdigão, ambos de Santo Antão; e neta materna de Pascoal

da Costa Guimarães, da freguesia vimaranense de Mesão Frio, e de Antónia

Angélica Pereira de Lima, de Santo Antão de Évora. Tiveram:

Arquivo Distrital de Évora, Sé, livro 58, registo de batismo:

Aos 19 do mês de Junho de 1818, nesta Sé de Évora baptizei Francisco,

que nasceu a 12 do dito mês, filho legítimo 1º deste nome e do 1º matrimónio

amborum de João Nepumoceno da Silva Leitão, desta cidade, e de D. Anna

Manuel Saldanha e Pegas, natural da cidadede Coimbra, neto paterno do

Dr. Caetano Rozado da Costa, baptizado na dita freguesia de Sancto Antam

e de Dona Genoveva Joaquina Roza Barbora da Silva, natural do lugar da

Moxueira, termo de Lisboa e neto materno do Dr. Joaquim Aleixo Paes da

Costa Pegas, baptizado na freguesia de Sam Mamede d’esta cidade e a avó

hé incógnita. Foram padrinhos o Ilustríssimo Francisco Pereira da Silva

Souza e Menezes, Coronel do regimento de Milícias de Évora e madrinha a

mulher do referido padrinho, Ignácia de Souza da Câmara Aragão e Castro.

(1) - Francisco Aleixo Paes foi batizado na Sé Catedral de Évora a 19 de Junho de 1818 e foi apadri-

nhado por Francisco Pereira da Silva Sousa e Menezes, Coronel do Regimento de Milícias de Évora,

e sua mulher D. Inácia de Sousa da Câmara Aragão e Castro, que passou procuração ao Reverendo

Cónego Manuel Afonso Madeira. - A.D.E., Registos Paroquiais, Évora, Freguesia da Sé, Lv. B58,

1813-1818, fls. 244v.º e 245. – Doc. XVIII.

(2) - Assistiram a este casamento como testemunhas João Nepomuceno da Silva Leitão e Joaquim

Aleixo Paes. - A.D.E., Registos Paroquiais, Évora, Freguesia de São Mamede, Lv. C30, 1843-1860,

fl. 9v.º. - Doc. XIX.

(3) - D. Maria Benjamim Rita da Fonseca foi batizada na Igreja Paroquial de Santo Antão a 5 de

Junho de 1823, sendo seus padrinhos Dom Frei Patrício da Silva, Arcebispo de Évora, com procura-

ção passada ao Cónego Estêvão José Vieira; e a invocação de Nossa Senhora, com cuja prenda

tocou Francisco Joaquim da Fonseca, tio de D. Maria Benjamim. - A.D.E., Registos Paroquiais,

Évora, Freguesia de Santo Antão, Lv. B35, 1820-1844, fl. 53v.º. - Doc. XX.

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2º Capítulo - Aleixo Pais

2

10.1 - Francisco Aleixo Paes, foi batizado na freguesia de S. Mamede de

Évora a 31 de outubro de 1845, tendo nascido a 28 de setembro de 1845.

Casou com Augusta Aleixo nascida a 10 de outubro de 1846 no Couço, con-

celho de Coruche, filha de Custódio Silvestre, nascido a 1 de maio de 1817

na freguesia de Santa Justa do concelho de Coruche e de Silvéria Aleixo, nas-

cida a 30 de abril de 1818 no Couço.

Foi estudar para Lisboa em junho de 1853, tendo regressado ao Couço

em 1864 e tomado conta das herdades de Colmieirinho, Pavões, Sesmaria

Nova e Esparteiro, além de numerosos foros.

Foi depois proprietário e lavrador das herdades de Santiago de Cima, do

Meio e de Baixo na freguesia de S. Geraldo, herdades compradas por seu

pai cerca de 1882. Viveu na Herdade do Meio desde esse ano até falecer em

20 de agosto de 1913.

A sua mulher Augusta Aleixo faleceu a 8 de novembro de 1930 na Her-

dade de Baixo, no monte do seu filho Henrique, que ficou solteiro.

O casal teve cinco filhos:

Resumo dos filhos:

11.1 - 1 - Julia Adelaide Aleixo Paes nasceu a 16.11.1871 e cc Gaspar da Cunha Prelada.

11.2 - 2 - Artur Aleixo Paes nasceu a 10.4.1874 e casou com Amélia Clementina de Sousa.

11.3 - 3 - Henrique Aleixo Paes nasceu a 18.1.1876. Faleceu s.d..

11.4 - 4 - Ernestina Augusta Aleixo Paes nasceu a 20.10.1877 e cc Joaquim José de Almeida.

11.5 - 5 - Joaquim Aleixo Paes nasceu a 30.12.1879 e casou com Inácia Maria Mateus.

11.1 - 1 - Julia Adelaide Aleixo Paes, nasceu a 16 de novembro de 1871 no

Couço e faleceu a 4 de maio de 1969, proprietária das herdades da Aguda e

Arriscada no Couço, entre outras. Casou a 31 de outubro de 1888 em S.

Mamede, Évora com Gaspar da Cunha Prelada, que foi o Presidente da Jun-

ta Militar do Norte (na monarquia do norte em janeiro de 1919), Coronel e

Comandante de Infantaria 6, nascido a 17 de março de 1862 na freguesia de

Santa Marinha de Moreira, concelho de Geráz do Lima e falecido a 6 de

junho de 1951. Era filho de José António da Costa Prelada, natural de Braga

e de Delphina Clara d’Annunciada Alvares Vieira d’Araújo Torres, natural

de Monção.

Tiveram seis filhos:

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2º Capítulo - Aleixo Pais

3

Arquivo Distrital de Santarém, registo de batismo:

Aos 28.11.1871 em Santo António do Couço, foi baptizada Júlia que

nasceu na Rua do Bairro Alto, no Couço a 16.11.1871 de pai incógnito e de

Augusta Aleixo, solteira. Foram padrinhos Joaquim Filippe Machado, pro-

prietário, casado, morador no Couço e tocou com a coroa Felizardo Ber-

nardes Branco, casado, proprietário, morador no Couço.

Foi reconhecida e legitimada em 24.6.1874 por Francisco Aleixo Paes

Júnior e feito outro registo.

Resumo dos filhos:

12.1 - 11 - Rogério Aleixo Paes da Cunha Prelada nasceu a 28.7.1889 e casou com Rosa

Santos da Silva Guimarães.

12.2 - 12 - Francisco da Cunha Prelada nasceu a 17.11.1891. Faleceu em criança.

12.3 - 13 - Francisco da Cunha Prelada nasceu a 30.10.1892 e cc Dulce N.. Faleceu a 22.1.1927.

12.4 - 14 -Venusina da Cunha Prelada nasceu a 7.9.1897.

12.5 - 15 - António da Cunha Prelada nasceu a 26.7.1901. Faleceu a 3.8.1972.

12.6 - 16 - Gaspar da Cunha Prelada nasceu a 28.11.1905. Faleceu a 7.7.1906.

12.1 - 11 - Rogério Aleixo Paes da Cunha Prelada, capitão e médico mili-

tar(4), nasceu a 28 de julho de 1889. Foi batizado a 30 de agosto de 1889 em

S. Mamede, Évora e faleceu a 18 de dezembro de 1946 em Matosinhos.

Casou a 30 de dezembro de 1911 no Porto com Rosa Santos da Silva Gui-

marães. Tiveram cinco filhos, Fernando, Maria Albertina, Maria Ernestina,

Rogério e Maria Rosa:

Arquivo Distrital de Évora, S. Mamede, registo de batismo:

Rogério, baptizado a 30.8.1889 em S. Mamede, Évora, nasceu no nº16

da Rua Manoel Olival a 28.7.1889, filho 1º de nome e do 1º matrimónio de

Gaspar da Cunha Prelada, alferes do regimento de Infantaria, n.º 4, natural

e baptizado na freguesia de Santa Marinha de Moreira de Geráz de Lima,

concelho de Viana do Castelo e de Júlia Adelaide Paes, natural e baptizada

em Santo António do Couço, concelho de Coruche. Recebidos e moradores

em São Mamede. Neto paterno de José António da Costa Prelada e de Del-

(4) Fez parte com o seu pai, do grupo de militares que no Porto retiraram o poder ao Governo Repu-

blicano e instauraram a Monarquia do Norte em Janeiro de 1919, entregando o poder nas mãos de

Paiva Couceiro. Posteriormente foi julgado à revelia e condenado ao exílio.

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2º Capítulo - Aleixo Pais

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phina Clara d’Annunciada Alvares d’Araújo Torres, neto materno de Fran-

cisco Aleixo Paes, natural e baptizado nesta freguesia e de Augusta Aleixo,

natural e baptizada em Santo António do Couço. Foram seus padrinhos o

Capitão Luiz Valério da Câmara Lomelin, casado, tenente, morador em Lis-

boa, representado pelo Dr. Francisco Ignácio Calça e Pina, casado, Con-

servador e Francisca de Calça e Pina, solteira.

13.1 - 111 - Fernando Guimarães da Cunha Prelada, nasceu a 28 de

setembro de 1912 e casou com Maria da Conceição Granja Areias, licencia-

da em Farmácia, nascida a 29 de dezembro de 1921.

Tiveram três filhos:

14.1 - 1111 - Maria Fernanda Areias da Cunha Prelada, licenciada em

Farmácia, nasceu em 1948. Casou com José Manuel Correia Pereira Ferraz,

Economista e tiveram quatro filhos:

15.1 - 1111.1 - Maria Ana Prelada Correia Ferraz, Advogada, nasceu em

1977 e casou com José Pedro Machado Liberal, licenciado em Farmácia.

15.2 - 1111.2 - Maria Manuela Prelada Correia Ferraz, licenciada em

Pintura, nasceu em 1980.

15.3 - 1111.3 - José Fernando Prelada Correia Ferraz, Engenheiro Civil,

nasceu em 1981.

15.4 - 1111.4 - Maria Fernanda Prelada Correia Ferraz, licenciada em

Design de Comunicação, nasceu em 1987.

14.2 - 1112 - Maria Paula Areias da Cunha Prelada, licenciada em Far-

mácia, nasceu em 1949.

14.3 - 1113 - Fernando Areias da Cunha Prelada, nasceu em 1955.

13.2 - 112 - Maria Albertina Guimarães da Cunha Prelada, nasceu a 24

de dezembro de 1914.

13.3 - 113 - Maria Ernestina Guimarães da Cunha Prelada, nasceu em

julho de 1916 e casou com Rodrigo Pereira de Araújo Freitas. Morreu num

acidente de viação quando da despedida do filho mobilizado para a Guiné

como piloto da Força Aérea.

Tiveram dois filhos:

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14.1 - 1131 - Maria Rosa Prelada de Araújo Freitas (Mirró), nasceu cerca

de 1936 e casou com Terence Raymond Heard. Residentes em Inglaterra

(Londres).

14.2 - 1132 - Rodrigo Prelada de Araújo Freitas, nasceu cerca de 1938.

Foi Comandante da TAP.

13.4 - 114 - Rogério Guimarães da Cunha Prelada, nasceu a 1 de fevereiro

de 1919 e casou com Gabriela Consiglieri de Sá Pereira. Tiveram uma filha:

14.1 - 1141 - Ana Maria Consiglieri da Cunha Prelada, nasceu a 8 de

outubro de 1951 e casou com Jorge Alves de Castro Paiva. Tiveram dois

filhos:

15.1 - 1141.1 - Linda da Cunha Prelada de Castro Paiva, nasceu a 18 de

novembro de 1971.

15.2 - 1141.2 - Nuno da Cunha Prelada de Castro Paiva, nasceu a 19 de

dezembro de 1972 e casou com Edite Alvarenga.

13.5 - 115 - Maria Rosa Guimarães da Cunha Prelada, nasceu a 26 de

setembro de 1920.

12.2 - 12 - Francisco da Cunha Prelada, nasceu a 17 de novembro de

1891 em Montemor-o-Novo, S. Geraldo. Faleceu em criança.

Arquivo Distrital de Évora, S. Geraldo, registo de batismo:

Francisco, baptizado a 27.12.1891 em S. Geraldo, Montemor-o-Novo,

nasceu em Setúbal a 17.11.1891, filho de Gaspar da Cunha Prelada, alferes

de Infantaria e de Júlia Aleixo Paes. Foram seus padrinhos Francisco Alei-

xo Paes, casado, lavrador, avô materno e Ernestina Augusta Paes, solteira,

tia materna.

12.3 - 13 - Francisco da Cunha Prelada, nasceu a 30 de outubro de 1892

em Montemor-o-Novo, S. Geraldo e faleceu a 22 de janeiro de 1927. Casou

com Dulce. Não tiveram descendência.

O seu tio Henrique Aleixo Paes montou-lhe lavoura na herdade da Cha-

miné perto de Vendas Novas.

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1º Quadro

Nota: O 8º Cap. acima referido pertence ao livro Lavradores de Montemor

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Arquivo Distrital de Évora, S. Geraldo, registo de batismo:

Francisco, baptizado a 25.12.1892 em São Geraldo, gravemente enfer-

mo, nasceu na Travessa da Mangalaça, Évora a 30.10.1982, filho de Gas-

par da Cunha Prelada e de Júlia Aleixo Paes. Foram seus padrinhos Fran-

cisco Aleixo Paes, casado, proprietário, e a bisavó materna, D. Maria Ben-

jamim da Fonseca Paes, viúva.

12.4 - 14 - Venusina da Cunha Prelada, nasceu a 7 de setembro de 1897

em Évora, S. Francisco e foi batizada em S. Geraldo, freguesia do concelho

de Montemor-o-Novo. Faleceu em 1989 sem descendência. Foram seus

padrinhos de batismo os tios maternos Henrique e Ernestina.

12.5 - 15 - António da Cunha Prelada, nasceu a 26 de julho de 1901 em

Évora, S. Francisco e faleceu a 3 de agosto de 1972, sem descendência. Foi

seu padrinho de batismo o Dr. António da Cunha Prelada e a sua avó,

Augusta Aleixo.

12.6 - 16 - Gaspar da Cunha Prelada, nasceu a 28 de novembro de 1905 e

faleceu a 7 de julho de 1906.

11.2 - 2 - Artur Aleixo Paes, nasceu a 10 de abril de 1874 numa casa do

Bairro das Ferreiras no Couço e faleceu a 16 de julho de 1949 em Vendas

Novas. Estudou no Porto e foi médico em Vendas-Novas(5). Casou a 26 de

junho de 1903 no Porto com Amélia Clementina de Sousa, nascida a 25 de

novembro de 1881 no Porto e falecida a 18 de setembro de 1955 em Vendas

Novas, filha de José Vicente de Sousa e de Maria Clementina.

Tiveram quatro filhos, Francisco, José, Augusto e Artur:

(5) A primeira página do semanário “A Folha do Sul” de Montemor-o-Novo, sábado dia 25 de Abril

de 1903 contém um artigo com fotografia intitulado Dr. Arthur Aleixo Paes, de que transcrevo um

extrato:

“ Contando apenas 29 annos de idade pois nasceu na freguesia de Santo António do Couço do

vizinho concelho de Coruche no dia 10 d’ Abril de 1874, o sr. dr. Arthur Aleixo Paes, ultimamente

nomeado pela nossa Câmara facultativo em Vendas Novas …

Tendo cursado o lyceu d’Évora e feito os preparatórios médicos na Academia Polytechnica do

Porto, na Escola Médica desta cidade se matriculou, alcançando distinções em quase todas as

cadeiras e feito o acto grande no dia 15 d’Outubro de 1902 em que obteve approvação, a escola lhe

passou o diploma merecidamente obtido …”

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2º Capítulo - Aleixo Pais

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Arquivo Distrital de Santarém, registo de batismo:

Aos 20.4.1874 em Santo António do Couço, foi baptizado Arthur, que

nasceu numa casa do bairro dos Ferreiros, no Couço a 10.4.1874 filho de

Francisco Aleixo Paes Júnior, que vive em casa dos seus pais, solteiro e de

Augusta Aleixo, solteira. Foram padrinhos Felisardo Bernardes Telles

Branco, casado, proprietário, e tocou com a prenda Francisco Maria

Banha.

12.1 - 21 - Francisco de Sousa Aleixo Paes, nasceu a 29 de março de 1904

em Vendas Novas e faleceu a 13 de maio de 1985. Casou a 20 de fevereiro

de 1936 em Vendas-Novas com Maria da Conceição Rodrigues, nascida a 6

de dezembro de 1911 e falecida a 9 de setembro de 2005, filha de Francisco

Xavier Rodrigues e de Maria Amália. Tiveram dois filhos:

13.1 - 211 - Artur Aleixo Paes, primeiro de nome, nasceu a 28 de novem-

bro de 1936 em Vendas-Novas onde faleceu a 29 de março de 1938, s.d..

13.2 - 212 - Artur Aleixo Pais, segundo de nome, nasceu a 17 de agosto de

1939 em Vendas-Novas, Jornalista na Gazeta e Rádio Granada, autor de

livros sobre a história da sua terra, medalha de ouro de mérito municipal de

Vendas-Novas. Aí casou a 19 de dezembro de 1965 com Ivone Vargas de

Andrade, nascida nesta localidade a 13 de junho de 1943, filha de Raul José

de Andrade e de Ivone Morais Vargas.

Tiveram duas filhas:

Conservatória de Registo Civil em Montemor-o-Novo, registo de nascimento:

Artur Aleixo Paes, nasceu a 17.8.1940 na Praça da República em Ven-

das Novas, filho de Francisco de Souza Aleixo Paes, de 36 anos de idade,

Chefe de Conservação de Estradas e de Maria da Conceição, de 28 anos de

idade, natural de S. Francisco, Évora, neto paterno de Artur Aleixo Paes e

de Amélia Clementina de Souza, neto materno de Francisco Xavier Rodri-

gues e de Maria Amália.

14.1 - 2121 - Ivone Maria Andrade Aleixo Pais, nasceu a 15 de dezembro

de 1966 em Vendas-Novas e casou a 1 de junho de 2006 com João Paulo Dias

Araújo. São ambos licenciados em Matemáticas e moradores em Carnaxide.

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2º Capítulo - Aleixo Pais

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14.2 - 2122 - Carla Maria Andrade Aleixo Pais, nasceu a 24 de novembro

de 1972, licenciada em Ciências da Comunicação e casou a 2 de junho de

2007 em Vendas Novas com António Amorim Alves. Tiveram uma filha:

15.1 - 2122.1 - Rita Andrade Pais Amorim Alves, que nasceu a 3 de janeiro

de 2009 nos Olivais em Lisboa.

12.2 - 22 - José de Sousa Aleixo Pais, nasceu a 10 de julho de 1907 em

Vendas-Novas e faleceu a 12 de janeiro de 2005 em Lisboa. Casou a 20 de

julho de 1940 em Vendas-Novas com Manuela da Rocha Martins, nascida

cerca de 1913 no Pinhal Novo e falecida a 15 de março de 1991, filha de

Manuel Jacinto Martins e Hermínia Rosa Martins. Tiveram dois filhos:

13.1 - 221 - José Manuel Martins Aleixo Pais, nasceu a 23 de junho de 1941

em Vendas-Novas, Médico Oftalmologista. Casou a 9 de setembro de 1970

com Maria Teresa Carvalho Martins, natural de Moçambique. Tiveram três

filhos:

Registo de nascimento:

Aos 23.6.1941 nasceu em Vendas Novas José Manuel Martins Aleixo

Pais, filho de José de Sousa Aleixo Pais, de 34 anos, funcionário público,

natural de Vendas Novas e de Manuela da Rocha Martins, de 28 anos, natural

de Pinhal Novo, neto paterno de Dr. Artur Aleixo Pais e de Amélia Clementi-

na da Costa, neto materno de Manuel Jacinto Martins e de Hermínia Rosa

Martins.

14.1 - 2211 - Paula Aleixo Pais, nasceu a 17 de junho de 1971 em Lisboa,

licenciada em Letras e casou a 14 de julho de 2001 no Convento de Mafra

com João N..

14.2 - 2212 - Pedro Miguel Aleixo Pais, nasceu a 3 de janeiro de 1977 em

Lisboa.

14.3 - 2213 - José Gonçalo Aleixo Pais, nasceu a 11 de outubro de 1981 em

Lisboa.

13.2 - 222 - Maria Amélia Martins Aleixo Pais, nasceu a 9 de novembro

de 1943 em Vendas-Novas. Casou a 24 de maio de 1971 em Lisboa com

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2º Capítulo - Aleixo Pais

10

Carlos Santos Silva. São ambos licenciados em Matemáticas e moradores

em Lisboa. Tiveram três filhos:

14.1 - 2221 - Carlos Nuno Santos Silva, nasceu a 1 de dezembro de 1972

em Lisboa, Diácono desde dezembro de 2006 em cerimónia nos Jerónimos

presidida pelo Cardeal Patriarca e posteriormente ordenado Padre.

14.2 - 2222 - João Manuel Aleixo Pais Silva, nasceu a 2 de junho de 1975

em Lisboa, casado. Teve um filho de nome Manuel Pais Silva.

14.3 - 2223 - Rui Pedro Aleixo Pais Silva, nasceu a 21 de setembro de 1976

em Lisboa. Foi frade em paris.

12.3 - 23 - Augusto de Sousa Aleixo Pais, Médico Veterinário, nasceu a 26

de janeiro de 1914 em Vendas Novas e faleceu a 16 de junho de 1996 em

Lisboa. Casou a 21 de abril de 1951 em Vendas-Novas com Noémia Lança

Marques, natural de Silves. Tiveram dois filhos:

Registo de nascimento:

A 26.1.1914 nasceu em Vendas-Novas Augusto de Souza Aleixo Pais,

filho de Dr. Artur Aleixo Pais, de 39 anos, natural do Couço e de Amélia de

Souza, de 25 anos, natural de Santo Ildefonso, Porto, neto paterno de Fran-

cisco Aleixo Pais e de Augusta Aleixo, neto materno de José Vicente de Sou-

za e de Maria Clementina.

13.1 - 231 - Maria Rita Marques Aleixo Pais, nasceu a 6 de novembro de

1952 em Lisboa. É licenciada em Germânicas, Quadro Técnico da Editora

Saramago e casou a 12 de outubro de 1974 com Afonso Eduardo Del-

Reonaira. Divorciados, s.d..

13.2 - 232 - Augusto José Marques Aleixo Pais, Engenheiro Químico, nas-

ceu a 27 de novembro de 1954 em Lisboa e casou a 29 de dezembro de

1975 com Marília Ganeiro, divorciados. Tiveram 2 filhas:

14.1 - 2321 - Isa Aleixo Pais, nasceu a 19 de março de 1980 em Lisboa.

14.2 - 2322 - Rita Aleixo Pais, nasceu a 16 de julho de 1983 em Lisboa.

12.4 - 24 - Artur de Sousa Aleixo Pais, nasceu a 30 de janeiro de 1922 em

Vendas-Novas e faleceu a 31 de maio de 1995 em Setúbal. Casou a 21 de

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2º Capítulo - Aleixo Pais

11

2º Quadro

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2º Capítulo - Aleixo Pais

12

abril de 1951 (no mesmo dia que o seu irmão Augusto) com Maria Teresa

Ribeiro. Tiveram dois filhos:

13.1 - 241 - Artur Henrique Ribeiro Aleixo Pais, nasceu a 28 de janeiro

de 1952 em Lisboa e casou a 7 de janeiro de 1979 com Maria de Fátima

Ferreira Bento, nascida a 25 de abril de 1952.

Tiveram duas filhas:

14.1 - 2411 - Erica Ribeiro Aleixo Pais, que nasceu a 2 de fevereiro de 1980.

14.2 - 2412 - Inês Aleixo Pais, que nasceu a 2 de julho de 1984.

13.2 - 242 - Maria Luísa Ribeiro Aleixo Pais.

11.3 - 3 - Henrique Aleixo Paes, proprietário e lavrador da Herdade de Bai-

xo, na freguesia de S. Geraldo e herdade do Casão na freguesia de Lavre, foi

batizado a 19 de fevereiro de 1876 em Santo António do Couço onde nasceu

a 18 de janeiro de 1876. Foram seus padrinhos Francisco Maria Banha,

casado, professor de Instrução Primária, morador no Couço e procurador de

Henrique de Souza Aleixo Paes, solteiro e D. Joanna Lúcia d’Oliveira Banha(6),

solteira, moradora no Couço. Faleceu a 14 de julho de 1947, sem descendência.

11.4 - 4 - Ernestina Augusta Aleixo Paes, foi batizada a 5 de novembro de

1877 em Santo António do Couço, tendo nascido a 20 de outubro de 1877 e

falecido a 20 de abril de 1939. Foi proprietária das herdades do Meio e de

Cima, na freguesia de S. Geraldo e casou com Joaquim José de Almeida,

nascido a 9 de Agosto de 1874 e falecido a 30 de abril de 1943, lavrador,

rendeiro das propriedades do Conde de Valenças. Foram seus padrinhos

Francisco Maria Banha, casado e D. Joanna Lúcia d’Oliveira, solteira, ambos

moradores no Couço.

Tiveram sete filhos:

Resumo dos filhos:

12.1 - 41 - Francisco Paes d’ Almeida nasceu em 1899. Faleceu sem descendência.

(6) - Joana Lúcia d’Oliveira Banha nasceu a 2 de Janeiro de 1860 no Couço foi a professora

primária dos irmãos Aleixo Paes. Mais tarde, tendo falecido os seus pais e a convite do meu avô,

Joaquim Aleixo Paes, veio viver para a Lobeira, onde esteve largos anos ensinando filhos de

empregados, tratada por “D. Joana” ou “madrinha Joana”. Aí faleceu no dia 24 de Maio de 1950

tendo sido sepultada no cemitério de S. Geraldo, junto de outros falecidos da família Aleixo Paes.

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2º Capítulo - Aleixo Pais

13

12.2 - 42 - José Paes d’ Almeida nasceu a 16.1.1901. Faleceu sem descendência.

12.3 - 43 - Joaquim Paes d’ Almeida nasceu em 1903. Faleceu sem descendência.

12.4 - 44 - Henrique Paes de Almeida n. em 1905 e cc Maria Gertrudes Morgado Palhavã.

12.5 - 45 - Artur Paes de Almeida, nasceu em 1911 e cc Maria Luísa da Cunha Machado,

12.6 - 46 - António Paes de Almeida, n. em 1914 e cc Maria Helena da Cunha Toscano Sampaio.

12.7 - 47 - Isabel Augusta Paes de Almeida n. em 1916 e cc José António Morgado Palhavã.

12.1 - 41 - Francisco Paes d’ Almeida, nasceu a 24 de outubro de 1899 e

faleceu a 17 de março de 1945, sem descendência.

12.2 - 42 - José Paes d’ Almeida, nasceu a 16 de janeiro de 1901 (ou

16.5.1901) e faleceu a 17 de janeiro de 1920 (ou 1970?), sem descendência.

12.3 - 43 - Joaquim Paes d’ Almeida, nasceu a 21 de janeiro de 1903 e

faleceu a 25 de outubro de 1940, sem descendência.

12.4 - 44 - Henrique Paes d’ Almeida, nasceu a 9 de maio de 1905 e fale-

ceu a 25 de novembro de 1992. Casou com Maria Gertrudes Morgado

Palhavã, nascida a 29 de dezembro de 1904 e falecida a 7 de novembro de

1977, filha de Francisco António Correia da Silva Palhavã nascido a 3 de

abril de 1868 na freguesia de Cabrela, e de Gertrudes Maria Morgado nasci-

da a 25 de maio de 1886 na freguesia de Safira.

Tiveram dois filhos:

A sua descendência segue no 12.º Capítulo dos Lavradores de Monte-

mor, ramo Morgado, 53.

12.5 - 45 - Artur Paes de Almeida, nasceu a 25 de agosto de 1911 e casou

a 8 de janeiro de 1945 com Maria Luísa da Cunha Machado, nascida a 11 de

dezembro de 1922.

Tiveram dois filhos:

13.1 - 451 - Maria Teresa Machado Paes d’Almeida, nasceu a 1 de

novembro de 1945 em Aveiro e casou a 8 de março de 1969 com Rui de

Matos Oliveira Sérgio, nascido a 8 de outubro de 1940.

Tiveram três filhos:

14.1 - 4511 - Rita Pais de Almeida Sérgio, nasceu a 14 de julho de 1971.

14.2 - 4512 - Pedro Miguel Pais de Almeida Sérgio, nasceu a 24 de junho

de 1972.

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2º Capítulo - Aleixo Pais

14

14.3 - 4513 - Manuel Pedro Pais de Almeida Sérgio, nasceu a 22 de

novembro de 1974 em Lisboa e casou com Isabel Nunes da Silva, nascida a

9 de abril de 1974 também em Lisboa. Tiveram dois filhos:

15.1 - 4513.1 - Manuel da Silva de Almeida Sérgio, nasceu a 11 de março

de 2003.

15.2 - 4513.2 - António da Silva de Almeida Sérgio, nasceu a 27 de outu-

bro de 2006.

13.2 - 452 - Pedro Manuel Machado Paes d’Almeida, nasceu a 16 de maio

de 1948 em Aveiro, estudante de Agronomia, forcado do Grupo de Monte-

mor com estreia em 1964, falecido em combate em Moçambique a 25 de

abril de 1972.

Casou a 22 de novembro de 1971 com Maria Teresa Barosa Seabra Can-

cela, nascida a 6 de dezembro de 1949, filha de Adriano de Seabra Cancela,

nascida a 11 de agosto de 1913 e de Maria Teresa Taibner Morais Santos

Barosa, nascida a 31 de julho de 1922. Sem descendência.

12.6 - 46 - António Paes de Almeida, nasceu a 25 de maio de 1914 em

Lavre, concelho de Montemor-o-Novo e faleceu a 13 de fevereiro de 1994.

Viveu na herdade do Meio e estudou em Lisboa. Foi engenheiro na Câmara

de Montemor-o-Novo, depois lavrador na Vidigueira, na Quinta do Carmo.

Casou com Maria Helena da Cunha Toscano Sampaio.

Tiveram duas filhas:

Conservatória de Registo Civil de Montemor-o-Novo, registo de batismo:

António Pais de Almeida nasceu a 25.5.1914 na rua Cândido dos Reis

de Lavre, filho de Joaquim José de Almeida de 39 anos e de Ernestina

Augusta de 35 anos, natural de Santo António do Couço, neto paterno de

José de Almeida e Isabel Francisca Gavião, neto materno de Francisco

Aleixo Pais e Augusta Aleixo. Foram seus padrinhos José Pais de Almeida,

solteiro, estudante e Filipa Teresa Veiga, viúva, natural de Lavre.

13.1 - 461 - Maria Manuela Sampaio Pais d’Almeida, nasceu a 5 de agos-

to de 1947 em Aveiro. Teve uma filha.

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2º Capítulo - Aleixo Pais

15

13.2 - 462 - Maria do Carmo Sampaio Pais d’Almeida, nasceu a 5 de

dezembro de 1948 em Lisboa mas foi registada na Vidigueira.

Casou com Mário Alberto Prestes Maia e Silva. Moradores no Convento

Vera Cruz, da Vidigueira.

12.7 - 47 - Isabel Augusta Paes de Almeida, nasceu a 23 de setembro de

1916 em Lavre e faleceu a 17 de janeiro de 2007. Casou a 6 de junho de 1945

na Igreja de Santa Maria da Lagoa em Portel com José António Morgado

Palhavã, nascido a 29 de dezembro de 1914 em Cabrela. Este, proprietário e

lavrador, grande caçador em montarias, forcado do Grupo de Montemor era

filho de Francisco António Correia Palhavã, nascido a 3 de abril de 1868 na

freguesia de Cabrela do concelho de Montemor-o-Novo e de Gertrudes

Maria Morgado, nascida a 25 de maio de 1886 na freguesia de Safira também

do concelho de Montemor-o-Novo.

Tiveram dois filhos:

Conservatória de Registo Civil de Montemor-o-Novo, registo de nascimento:

Isabel Augusta Pais de Almeida nasceu a 23.9.1916 na Rua Cândido dos

Rei de Lavre, filha de Joaquim José de Almeida, de 42 anos e de Ernestina

Aleixo Paes de 38 anos.

Foi padrinho Francisco Pais de Almeida, seu irmão, estudante.

A sua descendência segue no 12.º Capítulo dos Lavradores de Monte-

mor, ramo Morgado, 56.

11.5 - 5 - Joaquim Aleixo Paes, proprietário e lavrador da herdade da

Lobeira de Baixo onde construiu o monte, foi batizado a 3 de fevereiro de

1879 em Santo António do Couço, tendo nascido a 30 de dezembro de 1878

no bairro dos Ferreiros no Couço. Foram seus padrinhos Joaquim Maria

Ribeiro, solteiro, morador no monte do Lugal, Couço e Luísa Lopes Aleixo,

casada, moradora no Couço. Faleceu a 19 de maio de 1938 na freguesia de

S. Geraldo. Casou em 1935 no monte da Lobeira com Inácia Maria Mateus

nascida a 10 de julho de 1886 em S. Pedro da Gafanhoeira, concelho de

Arraiolos e falecida a 17 de novembro de 1960 em Montemor-o-Novo.

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2º Capítulo - Aleixo Pais

16

Nota: O 12º cap. acima referido pertence ao livro Lavradores de Monte-

mor-o-Novo.

3º Quadro

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2º Capítulo - Aleixo Pais

17

Tiveram uma filha:

12.1 - 51 - Maria Augusta Aleixo Paes, proprietária da herdade da Lobeira

de Baixo, nasceu a 5 de agosto de 1918 no monte da Lobeira, Lavre e fale-

ceu a 19 de fevereiro de 1976 em Lisboa. Casou a 9 de outubro de 1938 na

Igreja da aldeia de S. Geraldo com António Vacas de Carvalho, batizado a

27 de março de 1911 em S. Cristóvão onde nasceu a 6 de julho de 1910 no

monte da Figueira, e falecido a 23 de maio de 1993 em Montemor-o-Novo.

Este foi licenciado em Direito e lavrador das herdades da Lobeira, herdade

de Baixo e herdade de Cima. O casal teve catorze filhos.

A sua descendência segue no 8.º Capítulo dos Lavradores de Montemor,

ramo Aleixo Pais Vacas de Carvalho, 347.

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2º Capítulo - Aleixo Pais

18

10.1

Francisco Aleixo Paes júnior, sua

mulher Augusta Aleixo, Arthur

Aleixo Paes e sua mulher, Amélia

Clementina de Sousa

10.1

Francisco Aleixo Paes júnior

1

Coronel da Cunha Prelada

1

Júlia Aleixo Paes, aos dezasseis anos de idade

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2º Capítulo - Aleixo Pais

19

1

Fotografia na gurita do Gudial

(herdade extrema da herdade de Bai-

xo): à direita o Coronel Gaspar da

Cunha Prelada; segunda em baixo,

Maria Augusta Aleixo Paes e em cima

ao centro, Venusina da Cunha Prelada

e Maria da Conceição Rodrigues.

1

Coronel Gaspar da Cunha Prelada, sua mulher, Júlia Aleixo Paes e filhos:

da esquerda para a direita: Francisco, António, Venusina e Rogério da

Cunha Prelada.

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2º Capítulo - Aleixo Pais

20

11

Rogério Aleixo Paes da Cunha Prelada

1

Coronel Médico António da Cunha

Prelada

1 Júlia Aleixo Paes em 1946

11

Rogério Aleixo Paes da

Cunha Prelada e sua mulher,

Rosa Santos da Silva

Guimarães

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2º Capítulo - Aleixo Pais

21

13

Francisco da Cunha Prelada e sua mulher,

Dulce

1131

Maria Rosa Prelada de Araújo Freitas

14

Venusina da Cunha Prelada

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2º Capítulo - Aleixo Pais

22

2

Arthur Aleixo Paes

2

Maria da Conceição Rodrigues

2

À esquerda

Arthur Aleixo Paes

e ao centro

Joaquim Aleixo Paes

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2º Capítulo - Aleixo Pais

23

3

Henrique Aleixo Paes

21

Francisco de Sousa Aleixo Paes

21

Maria da Conceição Rodrigues

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2º Capítulo - Aleixo Pais

24

4

Ernestina Aleixo Paes

3

Henrique Aleixo Paes,

Venusina da Cunha Prelada e

familiar.

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2º Capítulo - Aleixo Pais

25

5 - Inácia Maria Mateus

44

Henrique Paes d’Almeida

4

No Monte da Herdade do

Meio em 1935: Joaquim José

d’Almeida, um filho e as três

primas direitas Maria Augusta

Aleixo Paes, Isabel Paes

d’Almeida e Venusina da

Cunha Prelada.

5 - Joaquim Aleixo Paes

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2º Capítulo - Aleixo Pais

26

5

Joaquim Aleixo Paes

51

Maria Augusta Aleixo Paes

Monte da Lobeira em 1934

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2º Capítulo - Aleixo Pais

27

51

Casamento de Maria Augusta Aleixo Paes com António Vacas de Carvalho

na Igreja de S. Geraldo. Convidados, à esquerda, Francisco Carneiro,

Verdiana Reis Malta, à direita Arthur Aleixo Paes e seu filho Augusto.

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2º Capítulo - Aleixo Pais

28

História

Casal Francisco Aleixo Paes sénior e D. Maria Benjamim

Além duma árvore genealógica muito completa da antiga família, um

documento manuscrito na posse de D. Ernestina Paes d’Almeida contém

algumas informações importantes:

“Maria Benjamim Rita da Fonseca Lima foi baptizada na Igreja Paro-

quial de Santo Antão a 5 de junho de 1823, sendo seus padrinhos Dom Frei

Patrício da Silva, Arcebispo de Évora e a invocação de Nossa Senhora, com

cuja prenda tocou Francisco Joaquim da Fonseca, tio de D. Maria Benjamim.

Foi-lhe dado o apelido de Rita porque nasceu no dia de Santa Rita de

Cássia.

A 19 de setembro de 1830 entrou como educanda no convento. Saiu a 20

de julho de 1833. Casou na freguesia de São Mamede da mesma cidade a 22

de abril de 1845, passando a ser tratada por Maria Benjamim da Fonseca

Paes.

Maria Benjamim e Francisco Aleixo Paes deixaram Évora no dia 11 de

março de 1846 e foram viver para a herdade do Coiço, termo de Coruche,

tendo regressado a Évora a 30 de setembro de 1882 onde residiram na casa

Pais Aleixo na Rua Manuel Olival, n.º 16.”

Cartas enviadas a Maria Benjamim da Fonseca Paes

A família guardou algumas cartas antigas, entre elas:

Uma carta sem data, enviada de Lisboa para Maria Benjamim Fonseca

Paes, em Mora, do seu filho Francisco Aleixo Paes;

Uma carta enviada de Lisboa por Francisco Aleixo Paes com data de 27

de agosto de 1858, para sua mãe, Maria Benjamim Fonseca Paes em Mora;

Uma carta enviada de Lisboa com data de 18 de setembro de 1858 duma

prima para Maria Benjamim Fonseca Paes em Évora;

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2º Capítulo - Aleixo Pais

29

(1) - Algumas passagens desta carta suscitam dúvidas, como por exemplo os doze volumes do Judeo

Errante! O tio Jacinto e o primo João citados são Jacinto Barata Godinho casado com Anna José

Aleixo Paes, irmã do seu pai e o seu filho João Nepomuceno Barata. Este tinha praticamente a idade

de Francisco Aleixo Paes júnior (ver na genealogia 8.11).

Uma carta com data de 24 de outubro de 1863 para Maria Benjamim

Fonseca Paes, em Évora, assinada pelo seu marido e filho;

Uma carta de Lisboa com data de 31 de dezembro de 1865, de Maria

Benjamim Fonseca Paes para seu marido em Évora.

Porque achei mais interessantes para conhecimento dessa recuada época,

e sem correção das palavras originais, transcrevo apenas as duas cartas de

Francisco Aleixo Paes para a sua mãe e um extrato da carta duma sua prima:

Carta sem data, talvez de 1858, enviada de Lisboa para Maria Benja-

mim Fonseca Paes em Mora, pelo seu filho Francisco Aleixo Paes:

“Minha querida Mãe

Estimarei que ao receber d’esta esteja gosando d’uma perfeita saúde em

companhia do meu Papá, eu por em quanto tenho passado sem novidade

nenhuma.

O Tio Jacinto(1) aqui veio um dia, e me disse aonde está mais o primo

João, que é em caza duma velha na carreira do Menino Jesus, eu fui lá uma

vez visitá-lo, porque o tio Jacinto demora-se cá até elle fazer exame de

Grammatica Latina, e a respeito da matrícula fui a casa do Marrecas, e elle

disse-me mais o tio Jacinto, que me matriculasse em Latinidade e Francez, e

que me fosse lecionar os trez dias, que não há Latinidade com o Monte

Negro, que era melhor porque podia fazer no fim do anno exame de ambas

as cousas, e não lecionando e matriculando-me também no 1.º anno de geo-

metria que não fazia exame de nada porque não fico sabendo nada, e que

vendesse a Arithmetica porque para o anno já é edicção nova, e então não

sei o que o meo Pae quererá; mas o tio Jacinto diz que fizesse isto que ó

depois cá lhe diria, eu sempre vou lecionar-me mas mande dizer se sim ou

senão, porque senão quizer posso deixar lá de ir, e se quer que vá cá pagan-

do, ou se quando vier pagará.

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2º Capítulo - Aleixo Pais

30

(2) - Trata-se duma corrida de touros na praça de Salitre em Lisboa. De facto essa praça existiu em

Lisboa situada nos terrenos da rua de Salitre. Terá sido construída cerca de 1780 e demolida em

1879. A praça era sobre o quadrado tendo dum lado do anfiteatro camarotes para os aficionados de

cotação social, e em toda a volta bancadas para o povo.

A minha cama arranjei-a logo no outro dia, e estes dias tenho passeado,

lido no Judeo Errante que é bem bonito já vou no volume douse e hontem

fui a huma feira que houve de gado. (…)

Já ouvi dizer que o Rei no dia 15 partia de Lisboa e que (???) depois vai

a Villa Viçosa. Não sei se é verdade ou peta. Muitas recomendações a todos

que mas mandaram e dê também muitas ao meo Pae. Adeos minha querida

Mãe aseite muitos abraços e beijos e dê também muitos ao meu Pae (…)

Para me matricular também foi precizo levar a certidão de idade como a

todos os otros são mais esses quatorze vinténs.

Assina F. Aleixo Paes Júnior.”

Carta de Lisboa de Francisco Aleixo Paes Júnior com data de 27 de

agosto de 1858, com o seguinte endereço: “Exm.ª Sr.ª D. Maria Benja

mim Fonseca Paes etc. etc., para Alem-Tejo, Mora, pelo correio de

Monte Mor Novo:

“M.ª Chara Mãe do C.º

Recebi hoje a sua carta de 22 do corrente a qual muito estimei por saber

da sua saúde e da do meu Pai, eu vou passando melhor, mas já tenho tomado

trez garrafas de óleo com este que estou tomando, amanhãa vou principiar

os banhos, e hoje em acabando de lhe escrever vou cortar o cabelo à escovi-

nha. No Domingo fui a Salitre(2) mais a minha Prima, o meu primo e os

meninos mas eu fui para as trincheiras porque estávamos muito apertados no

camarote, eu gostei muito porque foi muito bonito.

Na quinta feira da semana passada fui mais os meus primos e o menino

ao Passeio ver e ouvir cantar as Senhoras do café Concerto que também gos-

tei muito.

A Terça feira pela manhã ainda estava na cama bateu á porta o Felizardo

que esteve cá até eu ir para o Collegio, e foi-me acompanhar à porta do Col-

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2º Capítulo - Aleixo Pais

31

Carta de Francisco Aleixo Paes júnior para sua mãe.

legio, e na quinta feira às dez horas veio cá outra vez e esteve cá até às doze.

A Izabel tem estado doente primeiro esteve constipada e agora anda com

sezões. Muitas saudades digo à Sr.ª D. Gerarda mais da Izabel e da Maria

que teve cá a irmã hoje, porque lhe veio fazer uma visita e dê muitas sauda-

des minhas a todos que perguntarem por mim mais a meu Pai e dê também

muitos abraços e beijos. Adeos minha Mãe asseite muitos abraços e beijos

deste seu filho que pede a bênção a seu Paes e que será sempre,

Muito Obrigado e Amigo do Coração que os deseja muito ver.

Assina Francisco Aleixo Paes Júnior.

P.J. A minha prima manda-lhe saudades e que desculpe não lhe escrever

mas que para a semana lhe escreve.”

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2º Capítulo - Aleixo Pais

32

Carta de Francisco Aleixo Paes júnior para sua mãe. (cont.)

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2º Capítulo - Aleixo Pais

33

Idem, 2.ª página

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2º Capítulo - Aleixo Pais

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Carta de Lisboa de uma prima com data de 18 de setembro de 1858

para a Exm.ª Sr.ª D. Maria Benjamim Fonseca Paes, para Évora”:

“Minha chara Prima

Muito desejo que não tivesse incomodado na sua jornada igualmente o

Primo, e que achasse todas as pessoas da sua amizade de perfeita saúde.

Muito sinto que tivesse o desgosto da morte do seu tio, eu soube no

domingo em Belém que estivemos com o seu primo João Paulo, disse-nos

que sua Thia estava inconsolável, coitadinha tem toda a razão era a sua

companhia.

Sei que a prima talvez se resolva a dar uma saltada aqui tenho muita

pena que o Primo a não acompanhe, e se se lembra que nos dá incómodo

engana-se porque sempre temos o maior gosto na sua companhia e a minha

pena he não a poder tratar tão bem como os primos nos tratão quando vamos

ao Coiço. O Francisquinho está muito melhor (…) mas hoje tem-no tão

inchado que tivemos medo que fosse ao banho mandámo-lo a caza do

Arnaut mas não o achou porque está fora da terra (…) e hoje não vai ao

Colégio (…)

Assina M. H. (?)”

Esta parece ser a carta prometida na anterior carta de Francisco Aleixo

Paes para a sua mãe, de 27 de agosto desse ano de 1858 e transcrevo algu-

mas passagens porque refere familiares que convinha identificar, em parti-

cular quem é esta prima que escreve. Julgo ser Anna José Aleixo Paes casa-

da com Jacinto Barata. Teve um filho de nome Francisco que na data da car-

ta, tinha doze anos de idade e andava num colégio. Mas a assinatura parece

ser M.H.

Francisco Aleixo Paes, com a idade de 13 anos, estava pois em Lisboa,

em casa de primos para frequentar um colégio. A carta também fala de um

médico Arnaut que é um apelido de família no ramo Rebelo, descrito no 3.º

Capítulo deste livro.

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Livro de contas de Francisco Aleixo Paes júnior

Livro de contas de Francisco Aleixo Paes Júnior

Escrito metodicamente com a letra corrida que se vê nas cartas à sua

mãe, encontra-se na minha posse o livro de contas de lavoura de Francisco

Aleixo Paes Júnior. Cobre um largo período com registos desde 1864 até

1887 - 23 anos de actividade agrícola na região do Couço e Coruche. As

contas no livro são interrompidas subitamente nesse ano de 1887.

Apesar do grande interesse desta informação na medida em que refere

herdades, contas de cultura, nomes de pessoas da região com que negociava,

alguns antepassados de famílias conhecidas de hoje, contribuições e foros

que pagava, etc., pela sua extensão não a transcrevo aqui completamente,

apenas a resumo:

O lavrador Francisco Aleixo Paes Júnior tomava conta das herdades do

Colmieirinho, Quinta dos Pavões, Quinta do Esparteiro e Sesmaria Nova

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além de treze foros, logo a partir de 1864. Numa avaliação feita em dezem-

bro de 1873 (para inventário pela morte de Caldeira ?) atribui ao Colmeiri-

nho 7:000:000 reis, aos Pavões, 9:000:000 reis, à Sesmaria Nova 2:000:000

reis, ao Esparteiro 4:000:000 reis e as Foros e quinhões o valor de 3.257:600

reis, no total de 25:257:600 reis.

Algumas das herdades foram arrendadas inicialmente por quatro anos

mas tudo indica que os arrendamentos continuaram. Escreve por exemplo

que a herdade do Colmeirinho foi arrendada a António Patrício Correia

Gomes a partir de 15 de agosto de 1864 até ao mesmo dia de 1868. A Ses-

maria Nova foi arrendada a José Elias Bitenrenot (?) recebendo rendas des-

de 1864 até 1878. Mas a herdade do Esparteiro foi cultivada por sua conta,

pagando quinhões a A. Felippe Ramalho, à Collegiada de Coruche, a Santo

António do Couço e a Nossa Senhora da Graça de Coruche.

Quanto à herdade dos Pavões foi arrendada a Manuel Francisco de 1864

a 1868, tendo sido fiador o cunhado Manuel Serrão, lavrador na Vinha junto

a Cabeção. Esta renda foi estipulada em cereais postos em Coruche ou “aqui

no Coiço”, alqueires de trigo, milho, centeio, cevada e de arroz em branco.

Mais tarde escreve: “Arrendei a herdade do Colmeirinho pelo mesmo

tempo de onze annos a António Eugénio dos Menezes, de Salvaterra, pela

quantia de réis 500$000, livres de toda qualquer contribuição presente e

futura e dos quinhões que a dita herdade paga. Começa este arrendamento

em 15 de agosto de 1876 e acaba em agosto de 1887; a escritura foi feita no

notário do tabelião José Simões Pimentel, Julgado de Coruche, em 9 de

agosto de 1876, competentemente registada.”

No livro constam alguns nomes de família, como António Joaquim Alei-

xo Paes, “enphiteuta ou quinhoeiro da Sesmaria da Vinha a partir de 1864”;

e Henrique de Souza Aleixo Paes, lavrador na herdade da Vinha a partir de

1872 até 1881.

Refere mais tarde: “a renda de 1882 é já com a Senhoria porque

emquanto a esta herdade dos Pavões acabou a minha gerência” e “As herda-

des dos Pavões e Esparteiro pertencem a uns orfãos cuja tutora é a Mai viú-

va do falecido José Cohim (?)a Exma. D. Gertrudes José de Mesquita Mar-

çalo Cary.”

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Aparentemente Francisco Aleixo Paes não seria o proprietário dessas

terras, mas seu enfiteuta (figura jurídica de rendeiro privilegiado nesse tem-

po) e cultivava diretamente ou sub-arrendava as herdades que geria.

Origem do Couço

Como acima foi referido, Francisco Aleixo Paes e a sua mulher Maria

Benjamim Fonseca e Lima deixaram Évora a 11 de março de 1846, pouco

depois do seu casamento e foram residir no monte da herdade do Couço,

embora mantendo casa em Évora.

Na história do ramo Perdigão no 4.º Capítulo transcrevo vários docu-

mentos que listam os bens de José Maria Sérgio da Fonseca e sua mulher

Inocência Maria Lima da Costa, os pais de Maria Benjamim.

São quatro documentos: o dote nupcial de Inocência Maria com data de

1816, um inventário fiscal completo de todos os bens do casal em 1831, o

inventário orfanológico de Inocência Maria, de 1844 e o de Sérgio da Fon-

seca, de 1846.

Maria Benjamim Fonseca Paes e a sua irmã Antónia Agripina foram her-

deiras, uma vez que a outra irmã, Maria Adelaide, era freira e não consta

nos inventários.

Também nos documentos Antónia Agripina é referida como ausente.

Muitas das propriedades não aparecem no último inventário, o que pare-

ce indicar que José Maria Sérgio da Fonseca não geriu convenientemente os

seus bens. Aliás, o facto de a sua mulher, que faleceu dois anos antes, ter

feito testamento, pode ter sido um ato de salvaguarda de bens para as suas

filhas.

Também Francisco Aleixo Paes sénior devia ser proprietário de bens na

zona do Couço, apesar de ter tido doze irmãos. No Arquivo Distrital de Évo-

ra está arquivado o inventário orfanológico do seu avô, o médico Caetano

Rosado da Fonseca, com data de 6 de Novembro de 1793 (3) e também aí se

encontra o inventário orfanológico do pai deste, Manuel Rosado da Costa

(3) ADE, n.º 101, Maço 5 de 1793.

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casado com D. Leocádia Eusébia da Conceição, no ano de 1794, nomeando

os seus bens e herdeiros(4).

No primeiro caso os bens foram herdados pelos três filhos do Doutor

Caetano Rosado da Fonseca, Mariana de doze anos, José de nove anos e

João Nepomuceno de sete anos. Infelizmente os inventários não são muito

legíveis e não me forneceram a identificação dos bens imobiliários e a sua

localização.

Francisco Aleixo Paes sénior residiu pois no Couço no histórico monte

da herdade do “Coiço”, centro e origem da povoação e durante trinta e cinco

anos geriu os seus bens nessa zona e alguma propriedade herdada pela sua

mulher na zona de Évora.

Pelo livro de lavoura do seu filho Francisco Aleixo Paes júnior temos

uma descrição completa da atividade deste no Couço. Mas não encontrei

documentos que permitam descrever a atividade do seu pai nesse período,

para além de ser o lavrador da herdade do Monte do Couço.

No livro de lavoura encontramos mais duas pessoas de apelido Aleixo

Paes, António Joaquim Aleixo Paes, como lavrador da Sesmaria da Vinha e

Henrique de Souza Aleixo Paes, como lavrador da herdade da Vinha com

arrendamento até 1881. O primeiro terá sido irmão de Francisco Aleixo

Paes sénior e o segundo seu sobrinho, filho de um irmão e de uma senhora

de apelido Souza.

Henrique de Souza Aleixo Paes também é mencionado na genealogia,

tendo sido, ainda solteiro, o padrinho de batismo do irmão do meu avô,

Henrique Aleixo Paes.

Um livro editado em 1948, “Monografia de Santo António do Cousso”

de Alberto Garcia descreve na página 182 a origem da povoação. Henrique

de Souza Aleixo Paes aforou a sua herdade de Monte do Couço de 264 hecta-

res, tendo possibilitado a fixação de famílias num local privilegiado em água.

(4) ADE, n.º 112, Maço 6 de 1794.

Com o falecimento de Manuel Rosado da Costa herdam os filhos Reverendo Dr. Inocêncio

Rosado da Costa, Edwiges Angélica Rosado da Costa casada com João Pedro Vitório, Maria Cândi-

da do Carmo casada com Manuel Nunes, Ana Barbara, maior de 25 anos e a sua nora D. Genoveva

Joaquina Rosa Barbara da Silva, viúva do Dr. Caetano Rosado da Costa, tutora dos filhos.

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Alberto Garcia escreve:

“A propriedade do Monte do Cousso, pertencente durante muitos anos a

um dos ramos da família Aleixo Paes, era sede do grupo constituído por

mais três: Pinheiro, Vinha e Sesmaria Nova.

(…) Quando atrás referimos o sentido histórico da sua formação foi den-

tro dela que se realizou pois o Cousso está edificado inteiramente e sem

exceção sobre a sua terra.”

O autor refere ainda que Henrique de Souza Aleixo Paes foi casado com

D. Laura Teixeira, ambos falecidos e lamenta que a população não tenha

manifestado o justo reconhecimento ao casal fundador da povoação, tendo

sido apenas dado o nome de Eng.º Aleixo Paes a uma rua do Couço, o que

ainda hoje se conserva.

Nesse livro, na lista das herdades da freguesia do “Cousso” de 1942

encontra-se a herdade da Aguda com 570 hectares como propriedade do Dr.

Artur Aleixo Paes e do Coronel Gaspar da Cunha Prelada e a herdade das

Manas com 420 hectares como propriedade do Dr. Artur Aleixo Paes.

Atualmente, em 2012, todas as herdades a que a família Aleixo Paes

explorava ou era proprietária no Couço pertencem à Casa Barreiras, entre

elas a herdade do Monte do Couço, a Vinha, Sesmaria Nova, Aguda e

Manas.

Cerca de 1882, Francisco Aleixo Paes sénior comprou três herdades na

freguesia de S. Geraldo, concelho de Montemor-o-Novo, de nome S. Tiago

de Cima, do Meio e de Baixo e entregou-as ao seu filho, Francisco Aleixo

Paes júnior, para exploração. Este deixou o Couço e passou a residir a partir

desse ano e em permanência no monte da herdade do Meio, no mesmo ano

em que os seus pais também passaram a residir em Évora.

São surpreendentes as modificações que ocorreram em 1882 na vida de

toda a família, isso é, a compra das três herdades de S. Tiago, a liquidação

da gestão das herdades do Couço por Francisco Aleixo Paes Júnior e a

mudança de residência dos seus pais do monte do Couço, onde tinham vivi-

do desde 1846 (num largo período de 36 anos) para a casa Pais Aleixo em

Évora!

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Na minha interpretação, que ainda poderá ser confirmada, a família Alei-

xo Paes fez partilhas em 1882 e nessas partilhas a herdade do Monte do

Couço ficou a pertencer ao Eng.º Henrique de Souza Aleixo Paes, que pos-

teriormente a decidiu aforar e estabelecer a povoação. O remanescente dessa

herdade tal como outras herdades do grupo foram depois comprados pelos

irmãos Barreira, produtores e industriais de cortiça, hoje pertencendo como

referido aos seus descendentes.

O monte do Couço onde residiu Francisco Aleixo Paes, meu trisavô, é

hoje um escritório dessa sociedade. Ainda tem fornecimento de água gratui-

ta por contrato de captação de água da Junta de Freguesia do Couço com os

antigos proprietários.

O casamento contrariado

Recorrendo às informações dos diversos manuscritos, consegue-se datar

a vida de Francisco Aleixo Paes Júnior:

Em junho de 1853 foi estudar para Lisboa quando tinha apenas oito anos

de idade, uma vez que nascera em 28 de setembro de 1845. Como atrás foi

referido, com treze anos escreveu de Lisboa as cartas para sua mãe no ano

de 1858.

Aos dezanove anos já tinha uma atividade de lavrador de herdades do

Couço, uma vez que o seu livro de contas de lavoura é escrito a partir de

1864 e alguns anos depois iniciou uma ligação com uma senhora, Augusta

Aleixo, nascida no Couço a 10 de outubro de 1846 - diga-se, desde já, que

essa foi uma ligação e depois casamento para toda a sua vida.

Os pais de Francisco Aleixo Paes Júnior, particularmente a sua mãe

Maria Benjamim Rita de Fonseca e Lima, não aceitaram inicialmente essa

ligação. Augusta Aleixo era filha de Custódio Silvestre, de Coruche e de

Silvéria Aleixo, do Couço e os seus futuros sogros tinham outros planos

para o casamento do seu filho único.

Mas em 16 de novembro de 1871 nasceu a primeira filha deste casal na

rua do Bairro Alto no Couço, a quem foi dado o nome de Júlia, que foi

registada como filha de Augusta Aleixo, solteira e pai incógnito. Um dos

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(5) - A família Teles Branco, depois Lopes Branco, era bastante próxima da família Aleixo Paes

desde essa data. Os Teles ou Lopes Branco foram padrinhos de batismo de Júlia e Arthur (Felizardo

Bernardes Teles Branco), depois de Joaquim Aleixo Paes, meu avô (Luísa Lopes Aleixo). Anos

depois, os seus descendentes foram padrinhos de batismo dos meus irmãos José Luís (Artur Lopes

Branco), Maria Augusta, Maria Luísa e Maria Inácia Aleixo Pais Vacas de Carvalho (Luísa Lopes

Branco).

padrinhos da recém-nascida foi Felizardo Bernardes Branco, casado, pro-

prietário, morador no Couço(5).

Numa casa do bairro dos Ferreiros no Couço nasceu depois outro filho a

10 de abril de 1874, tendo sido registado com o nome de Arthur, filho de

Francisco Aleixo Paes Júnior, que vivia sendo solteiro em casa dos seus pais

e de Augusta Aleixo também solteira. Felizardo Bernardes Telles Branco

volta a apadrinhar a criança.

A 24 de junho desse ano de 1874 Júlia foi reconhecida e legitimada pelo

seu pai em escritura pública no tabelião Francisco Joaquim Rodrigues em

Èvora, tendo sido feito outro registo de nascimento.

Nasceram seguidamente mais três filhos, todos no bairro dos Ferreiros

do Couço: Henrique a 18 de janeiro de 1876, Ernestina a 20 de outubro de

1877 e o mais novo que viria a ser o meu avô, Joaquim, a 30 de dezembro

de 1878.

Consta na família que houve um dia, desconhecendo-se o ano, em que se

encontraram de surpresa numa feira o casal Francisco Aleixo Paes sénior/

Maria Benjamim e Francisco Aleixo Paes júnior/ Augusta Aleixo e Maria

Benjamim não conseguiu resistir aos encantos das crianças, seus netos.

Aceitou nessa altura a ligação do seu filho mas impôs uma condição: que a

sua neta mais velha, Júlia, fosse viver com os avós e fosse educada segundo

as suas orientações.

Assim aconteceu e Júlia entrou como instruenda num convento em Évora.

Arthur Aleixo Paes que foi médico em Vendas Novas escreve nas suas

memórias que todos os filhos do casal foram legitimados por assento dos

seus pais depois do falecimento do avô, o que aconteceu em 14 de abril de

1885. Na realidade essa foi a data do casamento de Francisco Aleixo Paes

júnior, de 39 anos com Augusta Aleixo de 36 anos na Sé de Évora. Ao

registo de casamento junta-se a legitimação de todos os filhos.

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Esta regularização também se impôs por outra razão que foi a proximi-

dade do casamento de Júlia Aleixo Paes com o alferes Gaspar da Cunha Pre-

lada, que se veio a realizar em 31 de outubro de 1888 em Évora.

Arthur Aleixo Paes confirma no seu manuscrito atrás citado que o avô

adquiriu as herdades de S. Thiago de Cima, do Meio e de Baixo, da fregue-

sia de S. Geraldo e concelho de Montemor-o-Novo, embora não informe a

data dessa compra.

Mas temos outra informação de que Francisco Aleixo Paes Júnior viveu

na herdade do Meio desde setembro de 1882 até falecer em 20 de agosto de

1913. Portanto, é de crer que a compra das herdades de S. Tiago tenha sido

feita pouco tempo antes de 1882, embora Francisco Aleixo Paes Júnior

tenha continuado a tomar conta da sua lavoura no Couço até 1887. A súbita

interrupção da escrita no seu livro de contas sucede com o final dos prazos

de arrendamento das herdades do Couço.

Francisco Aleixo Paes Júnior terá cedido todos os seus direitos de enfi-

teuta das quatro herdades de que tomava conta, Colmieirinho, Sesmaria

Nova, Esparteiro e Quinta dos Pavões e dos muitos foros do Couço para

tomar conta das três herdades de

S. Tiago adquiridas pelo seu pai.

Mais tarde, em 1902, Francisco Aleixo Paes Júnior adquiriu duas herda-

des extrema das três primeiras de S. Tiago, de nome Lobeira de Baixo e

Vale do Corvo. Creio que a razão destas compras teve a ver com a herança

dos cinco filhos: convinha deixar a cada filho terra de cuja exploração

pudessem viver.

Transcrevo a seguir extratos da escritura de doação e partilha de Augusta

Aleixo Paes aos seus filhos em 14 de Maio de 1914.

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Escritura de doação e partilha que fazem a viúva e herdeiros do senhor

Francisco Aleixo Paes celebrada em quatorze de Maio de mil novecen-

tos e quatorze.

“Saibam quantos esta publica escritura de doação partilha, obrigação,

hipoteca e quitação virem, que no ano de mil novecentos e quatorze, aos

quatorze dias do mês de Maio, no monte da Herdade do Meio, freguezia de

S. Geraldo, da comarca de Montemor-o-Novo, aonde por ser chamado pelos

outorgantes vim eu Manuel Salvador da Costa, notário público nesta comar-

ca, com cartório no edifício do Tribunal Judicial situado no Terreiro de S.

João de Deus, da vila de Montemor-o-Novo, aqui compareceram:

- A senhora Dona Augusta Aleixo Pais, viúva, proprietária os senhores:

- Gaspar da Cunha Prelada, major de infantaria trinta e um, morador na

rua Nove de julho da cidade do Porto, por si e como procurador de sua

mulher Dona Júlia Pais da Cunha Prelada, proprietária e com ele residente

na mesma cidade, como me fez certo pelas procurações que neste acto me

apresentou e que ficam arquivadas no meu cartório para os efeitos legais,

- Doutor Artur Aleixo Pais, médico-cirurgião e sua mulher Dona Amélia

de Sousa Aleixo Pais casado, proprietária, moradores na vila de Vendas

Novas desta comarca,

- Henrique Aleixo Pais, solteiro, proprietário, morador nesta herdade do

Meio,

- Joaquim José d’Almeida, casado, proprietário, morador na vila de

Lavre desta comarca, por si e como procurador de sua mulher Dona Ernesti-

na Augusta Pais d’Almeida, proprietária e com ele moradora na mesma vila,

como me fez certo pela procuração que neste acto me apresentou e que fica

arquivada em meu cartório para os efeitos legais e

- Joaquim Aleixo Pais, solteiro, proprietário, morador com a primeira

outorgante sua mãe neste monte da herdade do Meio,

todos os outorgantes de maior idade, conhecidos pelos próprios de mim

notário e das testemunhas idóneas adiante nomeadas e assinadas que tam-

bém conheço, do que dou fé.

E na minha presença e na das mesmas testemunhas por eles outorgantes

foi dito:

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Que no dia vinte de Agosto de mil novecentos e treze faleceu neste mon-

te, sem testamento ou qualquer disposição de última vontade, Francisco

Aleixo Pais, que era casado com a outorgante Augusta Aleixo Pais em pri-

meiras núpcias de ambos e sem contracto ante-nupcial, deixando cinco

filhos que são os herdeiros legítimos Júlia Pais da Cunha Prelada, Artur

Aleixo Pais, Henrique Aleixo Pais, Ernestina Augusta Pais d’Almeida e Joa-

quim Aleixo Pais, e deixando bens moveis que já entre si partilharam e bens

imobiliários que vão partilhar.

Que estando nas circunstâncias legais de procederem extrajudicialmente

à partilha amigável dos bens imobiliários, para ela se concertaram (…).

Pela primeira outorgante Dona Augusta Aleixo Pais foi dito: Que achan-

do-se em avançada idade e desejando que os seus filhos façam desde já par-

tilha de todos os bens imobiliários do casal, pois que eles melhor os poderão

administrar, resolveu por isso fazer-lhes doação de todos os bens imobiliá-

rios que constituem a sua meação (…).

Pelos outorgantes (…) foi dito que aceitam, agradecidos, a doação que

pela presente escritura é feita por sua mãe e sogra; e porque assim ficam nas

circunstâncias de poderem proceder à partilha de todos os bens imobiliários

do casal fazem essa partilha pela forma que se segue:

Que aos interessados Dona Júlia Pais da Cunha Prelada e Doutor Artur

Aleixo Pais ficam pertencendo, em comum, os seguintes bens: a herdade

denominada Cabeça Aguda, situada na freguesia de Santo António do Cou-

ço (…); a propriedade duma morada de casas situada na rua Manuel Olival,

freguesia de São Mamede da cidade de Évora (…); o domínio direto e foro

anual (…) na herdade da Amendoeirinha situada na freguesia da Sé do con-

celho de Évora (…).

Que aos interessados Henrique Aleixo Pais, Dona Ernestina Augusta

Pais d’Almeida e Joaquim Aleixo Pais ficam pertencendo, em comum, os

seguintes bens:

A herdade da Lobeira de Baixo, situada na freguesia de Lavre (…); a

herdade de Vale do Corvo situada na mesma freguesia de Lavre (…); a her-

dade de Baixo situada na freguesia de S. Geraldo (…); a herdade do Meio

situada na mesma freguesia (…); a herdade de Cima (…); a herdade da Cha-

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miné situada na freguesia de Santa Justa do concelho de Arraiolos (…).”

Neste segundo grupo ainda pertenciam ferragiais na freguesia do

Vimieiro, além de quinhões na herdade do Silval na freguesia de Santa Sofia

e na herdade da Defesinha, freguesia de São Matias.

Esta é uma primeira fase da partilha da herança Aleixo Paes em dois

grupos: os bens em conjunto para os dois filhos mais velhos Júlia e Artur e

outro grupo de bens para os três outros filhos, Ernestina, Henrique e Joa-

quim.

Compreende-se a lógica desta primeira partilha: no primeiro caso, tanto

Gaspar da Cunha Prelada, cônjuge de Júlia Aleixo Paes, como Artur Aleixo

Paes herdaram mais em dinheiro porque tinham carreiras que não estavam

ligadas à exploração agrícola, enquanto Joaquim José d’ Almeida, cônjuge

de Ernestina Aleixo Paes, tal como Henrique e Joaquim Aleixo Paes viviam

da exploração agrícola, pelo que este segundo grupo ficou com mais terra.

A chamada casa Paes Aleixo de Évora ficou para Arthur Aleixo Paes e o

seu recheio (bastante rico) foi herdado por Júlia Aleixo Paes. Arthur Aleixo

Paes veio a ficar com a herdade da Amendoeirinha na freguesia da Sé de

Évora e dividiu a herdade da Aguda e Arriscada (esta a Aguda velha) com o

seu cunhado Gaspar da Cunha Prelada.

Ernestina Aleixo Paes e seu marido vieram a ficar com a herdade de

Cima e a herdade do Meio. O irmão Henrique ficou com a herdade de Baixo

e o irmão mais novo e meu avô, Joaquim Aleixo Paes, ficou com as herda-

des da Lobeira de Baixo e Vale do Corvo, extremas da herdade de Baixo,

mas já na freguesia de Lavre.

Como referido nas suas memórias, com a verba recebida nas partilhas,

Arthur Aleixo Paes comprou posteriormente a herdade das Manas no Cou-

ço, em 30 de dezembro de 1917 a Joaquim Pedro Durão.

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Memórias de Júlia Paes da Cunha Prelada

No início deste manuscrito encontra-se a seguinte nota:

“Estes registos foram copiados dum livro de apontamentos intitulado

“nascimentos e enterros” que me foi emprestado pela minha prima em

segundo grau, Venusina Prelada, a 8 de dezembro de 1976.”

O autor desta nota foi Artur Aleixo Paes (júnior) que transcreveu o

seguinte:

“Francisco Aleixo Paes, meu pae, nasceu no dia 28 (n.a. dia 26) de

setembro de 1845 e casou com a minha mãe, Augusta Aleixo Paes que nas-

ceu no dia 10 de outubro de 1846 e faleceu no dia 7 (n.a. dia 6) de novem-

bro de 1930, às cinco da manham, com 84 anos. Faleceu meu pae no dia 14

de agosto de 1913 com 68 anos.

Nasci no dia 16 de novembro de 1871 às três da tarde na aldeia de Santo

António do Couço, concelho de Coruche, dia de Santa Ignês e fui batisada

na mesma freguesia pelo Padre Valério. Foram meus padrinhos o Sr. Joa-

quim Filipe Machado e Nossa Senhora da Conceição, tocando com a prenda

o Sr. Felizardo Branco.

Casei no dia 31 de outubro de 1888 às quatro horas da tarde em Évora,

na freguesia de São Mamede, com o alferes Gaspar da Cunha Prelada, que

nasceu na freguesia de Moreira da Cruz (Gerês?) do Lima, distrito de Vian-

na do Castello, no dia 14 (n.a.dia 17) de março de 1862, filho de José Antó-

nio da Costa Prelada e de D. Delfina Clara d’Annunciada Alvares Vieira de

Araújo Torres. O seu pai era de Braga e a sua mãe de Monção.

Nasceu o meu primeiro filho no dia 28 de julho de 1889, às oito horas da

manhã, dia de São Celso e foi batizado no dia 30 de agosto, sendo madrinha

a minha prima.

D. Francisca de Calça e Pina, que lhe pôs o nome de Rogério e padrinho

o Sr. Capitão Luís Valério da Câmara ?, levando a procuração o meu primo

Francisco Ignácio de Calça e Pina. O Baptisado foi na freguesia de São

Mamede em Évora.

Casou no Porto com 21 annos, com D. Rosa Guimarães de 20 anos, no

dia 30 de dezembro de 1911, na freguesia de Cedofeita.

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2º Capítulo - Aleixo Pais

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Nasceu o seu 1.º filho no dia 28 de setembro de 1912, chama-se Fernan-

do, o 2.º filho no dia 24 de dezembro de 1914, chama-se Maria Albertina,

3.ª filha que veio ao mundo morta, 4.ª filha nasceu no dia 7 de agosto de

1916, chama-se Maria Ernestina, 5.º filho nasceu no dia 1 de fevereiro de

1919, chama-se Rogério e 6.ª filha que nasceu no dia 26 de setembro de

1920.

O meu 2.º filho foi uma menina que nasceu morta no dia 26 de novem-

bro de 1890 às sete horas da tarde em Évora.

O meu 3.º filho nasceu em Setúbal às cinco da tarde e foi baptizado em

São Geraldo. Foi madrinha a minha avó e padrinho o meu pae, chama-se

Francisco, morreu no dia 5 de maio de 1891 às cinco da manhã.

Nasceu o meu 4.º filho no dia 30 de outubro de 1891 às dez da manham

e foi baptizado na freguesia de São Geraldo. Nasceu em Évora na freguesia

de São Mamede e foi madrinha a minha avó e padrinho o meu pae.

Nasceu a minha 5.ª filha no dia 7 de setembro de 1897 às quatro horas da

manham em Évora, freguesia de São Francisco. Foi baptizada em São

Geraldo e foi madrinha a minha irmã Ernestina e padrinho meu irmão Hen-

rique. Recebeu o nome de Venusina, nasceu no dia de Nossa Senhora dos

Reis (?).

Nasceu o meu 6.º filho no dia 26 de julho de 1901, às quatro horas da

tarde e recebeu o nome de António. Foi padrinho o meu cunhado Dr. Antó-

nio da Cunha Prelada e a minha mãe foi a madrinha. Nasceu na freguesia da

Sé e foi baptizado na freguesia de São Francisco. O meu 6.º filho chama-se

Gaspar e nasceu na Rua da Rainha, no Colégio das Mercês, no dia 28 de

novembro de 1905, às quatro da tarde. Foi baptizado à hora da morte e mor-

reu no dia 7 de julho de 1906.

A minha 7.ª filha: tive mais uma menina em 9 de janeiro de 1906, mor-

reu de três meses.

Tive mais 2 abortos de 1 mês.

Faleceu o meu filho Francisco no dia 22 de janeiro de 1927, às duas da

noite, na herdade da Chaminé. Está sepultado em Vendas Novas.

Faleceu o meu filho Rogério no dia 19 (n.a. dia 18) de Dezembro de

1946, às sete da manhã, está sepultado no Porto, no cemitério de Agramon-

te.

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2º Capítulo - Aleixo Pais

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A minha avó e os meus filhos pequeninos estão no jazigo de Família em

Évora no cemitério dos Remédios.

Faleceu o meu marido no dia 6 de Junho de 1951, às duas da tarde, com

89 anos menos 3 meses e 18 dias, está em Évora, no nosso jazigo; nasceu

em Cruz do Lima, Vianna do Castello, no dia 17 de Março de 1861 (n.a. ano

1862).

O meu avô paterno nasceu no dia 20 de Julho e faleceu no dia 11 de

Julho de 1885, à uma hora da madrugada, chamava-se Francisco Aleixo

Paes e contava 68 annos.

Faleceu a minha avó no dia 4 de Abril de 1895 à uma hora da manhã.

Nascera no dia 22 de Maio, dia de Santa Rita e faleceu com 72 annos.

Faleceu o meu irmão Joaquim no dia 19 de Maio de 1939 (n.a. ano

1938) com 58 annos, está em São Geraldo.

Faleceu a minha irmã Ernestina no dia 18 de Abril de 1940 com 60

annos.

Faleceu o meu irmão Henrique no dia 14 de Julho de 1947.

Faleceu o meu irmão Artur no dia 14 de Agosto de 1949 (n.a. dia

16.7.1949)”

Embora não seja uma biografia mas apenas um registo de acontecimen-

tos, este manuscrito comove. Na realidade, a vida de Júlia Aleixo Paes da

Cunha Prelada foi cheia de contradições.

Com o apoio dos seus avós recebeu uma educação esmerada, tendo fre-

quentado um colégio de religiosas em Évora e convivido com familiares da

melhor sociedade dessa cidade.

Aos dezassete anos realizou-se o seu casamento com um noivo de boas

famílias do norte, Gaspar da Cunha Prelada, na altura alferes de Infantaria

em Vendas-Novas e o seu futuro previa-se risonho. Assim foi do ponto de

vista económico, mas sofreu muito com o falecimento de vários filhos e

outros familiares, muito da responsabilidade do atraso da medicina dessa

época.

Mais tarde o seu marido e filho, militares de carreira, envolveram-se ine-

vitavelmente na defesa da monarquia e Júlia Paes da Cunha Prelada teve a

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2º Capítulo - Aleixo Pais

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coragem, aos quarenta e nove anos de idade, de conseguir a fuga e liberdade

do seu marido da cadeia da Relação do Porto para um exílio de dez anos em

Tui.

Júlia Paes da Cunha Prelada viveu até a idade avançada de noventa e

sete anos, teve a grata companhia dos seus filhos e netos, mas assistiu e

sofreu também com o falecimento do seu marido e dos seus quatro irmãos.

O manuscrito atrás transcrito revela bem quanto foi difícil a sua vida.

Memórias de Arthur Aleixo Paes

(Manuscrito de Arthur Aleixo Paes, médico em Vendas Novas)

“O avô comprou a herdade da Aguda, que adquiriu por troca com a her-

dade das Paredes e as herdades de S. Thiago de Cima, do Meio e de Baixo.

Francisco Aleixo Paes, meu Avô, faleceu a 4 de Abril de 1885 e jaz no

cemitério de Évora em coval que ignoro.

Meu pae, Francisco Aleixo Paes, viveu na Herdade do Meio desde

Setembro de 1882 até 20 de Agosto de 1913, dia em que faleceu. Está numa

campa do Cemitério de

S. Geraldo. Meu pae comprou a herdade da Lobeira de Baixo e Vale do

Corvo em 1905.

Minha Mãe, Augusta Aleixo Paes, natural do Couço, faleceu em 5 de

Novembro de 1930, na Herdade de Baixo, em casa de meu irmão Henrique,

e jaz no Cemitério de S. Geraldo. Foram sempre extremosos pelos filhos

(vide folha 98 verso à margem).

No livro nada há escripto por meu Pae, mas eu, seu filho Arthur, sei que

todos os seus filhos foram legitimados por assento d’elle com minha mãe

em – de 188… (ano 1886) depois do falecimento do meu Avô. Eu, Arthur

Aleixo Paes que escrevo estas notas em 13 de Junho de 1938, assentarei

aqui também o estado actual dos primeiros descendentes do casal Francisco

Aleixo Paes e de Augusta Aleixo Paes.

- Júlia Paes da Cunha Prelada casou em 188… (n.a. ano 1888)

---

Arthur Aleixo Paes filho de Francisco Aleixo Paes e de Augusta Aleixo

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Paes nascido em 10 de Abril de 1874 na aldeia do Couço, formou-se em

medicina na Escola Médico-Cirúrgica do Porto em 1902 e foi médico muni-

cipal de Vendas Novas desde 1 de Dezembro de 1902 ao fim de Julho de

1917. Em 26 de Junho de 1903 casou no Porto com Amélia Clementina de

Sousa vindo ambos residir para Vendas Novas. Tiveram estes filhos:

1º Filho: Francisco, nasceu em Vendas Novas a 29 de Março de 1904 e

foi baptizado pelo Padre Francisco Maria Corrêa. Foram padrinhos os seus

avós, Francisco Aleixo Paes e D. Augusta Aleixo Paes, em 15 d’Agosto de

1904 na Igreja de Vendas Novas.

2º Filho: José, nasceu em Vendas Novas a 10 de Julho de 1907, foi bap-

tizado na Igreja de Vendas Novas pelo Padre José d’Abreu, sendo padrinhos

os seus avós, em 29 de Março de 1908.

3º Filho: Augusto, nasceu em Vendas Novas a 26 de Janeiro de 1914.

Foi registado em 14 de Fevereiro de 1914 e baptizado na Igreja de Vendas

Novas pelo Padre Francisco Maria Corrêa, sendo padrinhos José Pinto dos

Santos, administrador da Casa Bragança e sua mulher D. Júlia Castro dos

Santos.

4º Filho: Arthur, nasceu em Vendas Novas a 30 de Janeiro de 1922. Foi

registado em Évora em 2 de Fevereiro de 1922 e baptizado na Igreja de

Vendas Novas em Abril do mesmo anno pelo Padre Francisco Maria Rodri-

gues, sendo padrinhos seu tio, o meu irmão Henrique e madrinha a minha

cunhada Ignácia, mulher do meu irmão Joaquim.

Não houve mais filhos.

Nota: Em 30 de Dezembro de 1917 comprei a Herdade das Manas a Joa-

quim Pedro Durão. Em 13 de Junho de 1958 ainda vivemos todos na mesma

casa em Vendas Novas apesar do meu Chico ter casa à parte desde que

casou.

Segue-se o assento dos filhos casados e dos netos do casal de Arthur

Aleixo Paes e de sua mulher Amélia Clementina de Sousa Aleixo Paes.

1º filho: Francisco de Sousa Aleixo Paes casou em Vendas Novas com

Maria da Conceição Rodrigues em 20 de Fevereiro de 1936. Nasceu o seu 1º

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filho Arthur em 28 de Novembro de 1936 e foi registado em 23 de Dezem-

bro de 1936.

Foi baptizado pelo Padre António de Sousa Duarte na Igreja de Vendas

Novas em 6 de Janeiro de 1937, sendo padrinhos os avós, Arthur Aleixo

Paes e Amélia de Sousa Aleixo Paes. Faleceu em 29 de Março de 1938 e jaz

no Cemitério de Vendas Novas na campa nº 21 da trisavó Maria Amália

Vassalo. Hoje está na campa de meus avós Artur e Amélia no referido cemi-

tério.

Nasceu o 2º filho em 17 de Agosto de 1939 em Vendas Novas: Arthur

Aleixo Paes, baptizado em Vendas Novas. Foram padrinhos Manoel (???) e

António Lopes Branco.”

Memórias de Arthur Aleixo Paes júnior

“Por qualquer razão o meu Pae não continuou este livro faço-o eu pelo

3º filho, Augusto, para dar conta dos restantes filhos.

O 2.º filho: José casou com Manuela da Rocha Martins em 20 de Julho

de 1940, na Igreja de Vendas Novas. Tiveram dois filhos:

O José Manuel, nascido em 23 de Junho de 1942 e estuda hoje em 1958

medicina que foi o curso de meu pai e meu avô. Nasceu em Vendas Novas o

1º médico oftalmologista.

A Maria Amélia nascida a 9 de Novembro de 1943 em Vendas Novas.

Ambos baptizados e Vendas Novas e foram padrinhos dela o tio Henrique e

minha mãe e dele os meus pais. José formou-se em medicina em Lisboa e é

especialista em oftalmologia.

O 3º filho: Augusto casou com Noémia Lança na Igreja de Vendas

Novas em 21 de Abril de 1951 e nasceram dois filhos: Maria Rita em 6 de

Novembro de 1952 e Augusto José nascido em 22 de Novembro de 1954.

Foram registados e baptizados em Vendas Novas sendo padrinhos dela

minha mãe e meu sogro e dele meu irmão José e minha cunhada Maria da

Conceição. O meu sogro chama-se Francisco Álvaro Marques.

O 4º filho Artur casou com Maria Luísa Ribeiro e teve um filho Artur

Henrique que nasceu a 28 de Janeiro de 1951, sendo padrinhos a minha mãe

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(6) Um irmão de Gaspar da Cunha Prelada foi António da Cunha Prelada, nascido cerca de 1864,

também militar, Coronel Médico, Comandante das Companhias de Saúde.

e o Dr, António Vacas de Carvalho, marido da minha prima Maria Augusta

filha do meu tio Joaquim irmão do meu pai. Mais tarde em 1964 em 8 de

Julho e chama-se também Luísa a 1ª filha, portanto teve um casal.

Meu pai faleceu a 16 de Julho de 1959 em Vendas Novas e está sepultado

em campa juntamente com minha mãe que faleceu a 18 de Setembro de 1955.

Meus pais foram modelos de dedicação pelos filhos a ponto de terem

levado uma vida cheia de simplicidade e modéstia pois tiveram fim o bem

estar dos filhos tanto quanto lhes foi possível. Que Deus os tenha na sua gló-

ria eterna.

Continuo a escrever:

O 3º filho do Dr. Artur Aleixo Paes, Augusto, que iniciou actividade em

Vendas Novas mas que se mudou para Lisboa com a família, por necessida-

de de estarem todos juntos …

A minha filha Maria Rita formou-se em Germânicas (???) e casou a 12

de Outubro de 1974 com (???) “

A monarquia do Norte

Gaspar da Cunha Prelada nasceu em Geráz do Lima em 1862 e teve uma

vida acidentada. Foi militar e um intelectual. Criou um Instituto Politécnico

em Évora, foi professor de Físico-Química, membro da Sociedade de Geo-

grafia de Lisboa e autor de vários livros didáticos. Os seus últimos livros

ainda se podem encontrar na Biblioteca Nacional, um deles com o título

“Uma orientação educativa em Portugal, desde 1883”, editado em 1936.

Quando Gaspar da Cunha Prelada casou com Júlia Adelaide Aleixo Paes

a 31 de Outubro de 1888 em Évora, ainda era alferes na Escola de Vendas

Novas.

Parte da sua vida passou-a no sul, em Évora, mas a partir de 1914 encon-

tramo-lo no Porto, com o posto de Major, depois Coronel e comandante de

Infantaria 6(6). Nesse período foi também docente da escola Comercial e de

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Contabilidade Raul Dória, ainda hoje existente no Porto. Também o seu

filho Rogério, Capitão Médico militar, foi professor nessa Escola.

A 14 de Dezembro de 1918 foi assassinado o presidente da República,

major Sidónio Pais, morto a tiro na estação do Rossio e logo a seguir, a 18

de Dezembro, deu-se no Porto um golpe militar de tendência monárquica

liderado por Gaspar da Cunha Prelada como Presidente da Junta Militar.

Este suspendeu os poderes do Governo Republicano, assinando um mês

mais tarde, a 19 de Janeiro de 1919, a proclamação Monárquica e entregan-

do o poder nas mãos de Henrique Mitchell de Paiva Couceiro como Presi-

dente da Junta Governativa do Reino.

Desse período encontrei uma publicação de António Álvaro Dória, filho

do fundador da escola, com o título “O Prof. Raul Dória”, de que transcrevo

alguns extratos:

“Ano lectivo 1916-1917:

(…) O Coronel Gaspar da Cunha Prelada sempre fardado, sanglé no seu

uniforme azul ferrete, austero mas bom, que, tal como Aristóteles preleccio-

nava passeando pela sala, e cujas lições de física e química eram para mim

encantadoras; (…)

À frente, já em 1918:

Do Corpo Docente faziam parte dois oficiais do Exército declaradamen-

te monárquicos e que, meses mais tarde, representariam papel de relevo

durante a Monarquia do Norte: o Coronel Gaspar da Cunha Prelada e seu

filho, o Capitão Dr. Rogério Prelada.

(…) E lembro-me perfeitamente da consternação e, sobretudo, do espan-

to quando chegou ao nosso conhecimento que no Monte Pedral, pouco

depois das 13 horas, o Coronel Henrique de Paiva Couceiro proclamara

solenemente a Monarquia. Nos primeiros dias não houve nada que pudesse

trazer preocupações de maior, apesar de a Escola estar fechada. Mas certo

dia, um grupo de jovens filiados no R. B. A. P. aparecem em frente do edifí-

cio, onde não puderam entrar (…)

Entretanto, de nossa casa telefonava-se para o Coronel Gaspar da Cunha

Prelada, presidente da Junta Militar do Norte e comandante da Infantaria 6,

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que, como já referi, era professor da Escola, e pediu-se-lhe para intervir no

sentido de evitar desacatos no edifício. (…)

E foi pela intervenção desse distinto professor e sincero amigo de meu

Pai que os jovens do R. B. A. P. não conseguiram fazer mais do que quebrar

a lápide do jardim.”

A República foi restaurada um mês depois, a 13 de Fevereiro, e Gaspar

da Cunha Prelada foi preso na cadeia da Relação do Porto. O seu filho

Rogério da Cunha Prelada, que era Capitão Médico como dissemos, tam-

bém entrara no movimento da restauração da monarquia, conseguiu fugir

para Tui, tendo sido julgado à revelia e condenado ao exílio.

Gaspar da Cunha Prelada conseguiu por sua vez evadir-se da cadeia, mas

apenas em 15 de Fevereiro de 1920, disfarçado de mulher. Foi ajudado pela

sua mulher Júlia Adelaide e pela sua filha Venusina, que levaram roupas

para o seu disfarce nas visitas ao preso. Este episódio da sua fuga rocambo-

lesca, conhecido na família, é mencionado nas “Memórias da Condessa de

Mangualde, Incursões Monárquicas 1910/1920”, da autoria de Maria Teresa

de Souza Botelho e Melo.

Em Tui, Rogério da Cunha Prelada era conhecido como “o homem do

capote”, porque no Inverno usava sempre um capote alentejano de Évora.

Durante os quase dez anos de desterro em Espanha, todas as noites percorria

a ponte que une Espanha a Portugal para pisar o lado português da ponte e

assim todos os dias pôr os pés em solo nacional.

Ao sábado era sempre seguido nesse cerimonial pelo filho mais velho,

Fernando, que sendo aluno interno no colégio dos Franciscanos em Tui, só

nesse dia tinha disponibilidade para o acompanhar.

Gaspar da Cunha Prelada regressou a Portugal refugiando-se no monte

da Lobeira, do seu cunhado e meu avô Joaquim Aleixo Paes (7).

(7) Sempre me admirou e escandalizou a falta de reconhecimento dos monárquicos portugueses para

com este nome Cunha Prelada e para com esta família. Duma forma geral, mesmo nas publicações

históricas referentes a este período os seus nomes são deixados no esquecimento!

Tenho conhecimento apenas duma publicação “A Monarquia do Norte“ de Rocha Martins, que

nomeia de forma isenta Gaspar da Cunha Prelada, apresentando a sua fotografia.

Outra publicação é “O Reino da Traulitânea“ de Campos Lima, mas este autor era republicano e

carbonário e refere-se com sectarismo a Gaspar da Cunha Prelada, a Rogério da Cunha Prelada e a

António da Cunha Prelada.

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(8) O grande pintor Simão Luís da Veiga, discípulo de Malhôa, nascido na freguesia de Lavre, Mon-

temor-o-Novo em 8 de Junho de 1878, foi o proprietário e lavrador de várias herdades, entre elas a

herdade do Pedrógão que faz extrema com a Lobeira e era muito amigo do meu avô Joaquim Aleixo

Paes. Apreciando muito a sua obra, obra por um lado animalista e por outro lado retratando quase

completamente a vida do Alentejo dos anos 20-40, este incitava-o a pintar, comprando-lhe quadros

ou encomendando-lhe quadros como foi o caso deste contrato.

(9) - Comunicado da Freguesia de Nossa Senhora da Hora, Concelho de Matosinhos:

“Para a concretização do processo para a elevação a Freguesia desta povoação, muito contribuiu e se

esforçou o membro substituto da primeira Comissão Administrativa desta Junta, senhor Dr. Rogério

Paes da Cunha Prelada, médico, muito carinhoso para com os pobres, o qual foi alvo duma singela

mas significativa homenagem de reconhecimento, realizada aquando da passagem do 1º Aniversário

da referida elevação em 14 de Junho de 1934.”

Dessa época, tenho em minha posse um contrato singular assinado pelos

dois com data de 16 de Março de 1928, de encomenda de quadros ao pintor

Simão da Veiga a troco de prestações mensais(8). VER FOTO DO CONTRATO.

O seu filho Rogério também residiu com a sua família na Lobeira duran-

te o período em que, regressado de Tui, procurava uma colocação de médi-

co. Seguiu depois para Matosinhos onde teve uma brilhante carreira(9).

Gaspar da Cunha Prelada residiu posteriormente em Lisboa, onde morou

no Largo do Andaluz. Ele e a sua família passavam férias todos os anos, um

ou dois meses, na herdade de Baixo, herdade que ficara por herança a Henri-

que Aleixo Paes, o irmão que viveu solteiro. Nesses períodos, Júlia Aleixo

Paes e a sua filha Venusina davam escola aos filhos dos empregados da

lavoura. Ainda hoje vivem na herdade de Baixo e nos Foros de Vale Figuei-

ra idosos que recordam as suas aulas.

O lavrador do cavalo branco

António Matheus, pequeno agricultor ou seareiro e Joaquina Maria

Rosalino, pais da minha avó Inácia Maria Mateus, viviam no monte de Bes-

teiros ao norte de

S. Pedro da Gafanhoeira, num local isolado entre Brotas e Arraiolos

(perto existe o marco dos três concelhos, termo dos concelhos de Coruche,

Arraiolos e Mora). Vizinho de Besteiros fica o monte de Besteirinhos, onde

vivia um irmão de Joaquina Maria, Narciso Rosalino.

Tinham casado a 3 de Novembro de 1883, António Matheus, de 34 anos

e Joaquina Maria apenas com 14 anos de idade e tiveram cinco filhos,

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Contrato de Simão da Veiga de venda de quadros

(…)

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Epílogo, Óleo sobre tela, 155 x 110, quadro de Simão da Veiga

Castelã, Óleo sobre tela, 119 x 100, Quadro de Simão da Veiga

representando Augusta Aleixo Paes no monte da Lobeira

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Precalço, Óleo sobre tela, 170 x 179, quadro de Simão da Veiga

Mateus, Inácia, Beatriz, Manuel e Maria Joaquina. As crianças eram muito

bonitas e chamaram-lhe “os bonitos de Besteirinhos”.

Certamente por isso o meu avô, Joaquim Aleixo Paes, o mais novo dos

irmãos Aleixo Paes que residiam na Herdade do Meio, se encantou pela Iná-

cia Maria. Segundo contava uma irmã do segundo casamento da mãe, de

nome Vitória, o meu avô aparecia a visitar a namorada montado num cavalo

branco, o que atraía a atenção.

Joaquim Aleixo Paes, nascido a 30 de Dezembro de 1879 no Couço,

embora não tivesse tirado curso, era um indivíduo culto e evoluído, como

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mostra a sua vida. Foi pegador de touros, sendo anunciada nos jornais a sua

participação em corridas. Viajava e lia muito, deixou no monte da Lobeira

uma biblioteca extensa de todos os tipos de livros a qual os seus netos se

encarregaram de usar, lendo também muito e deteriorando os livros antigos.

Caçava regularmente sobretudo o pombo bravo e adquiria espingardas

de cano comprido, a que chamava de “inglesas” para tiros largos. O cabeço

da Bela Vista, para trás do monte, era o ponto de observação da passagem

dos pombos e as azinheiras da negaça tomavam o nome da caçada consegui-

da, por exemplo a azinheira dos cento e quinze (pombos).

Como referido, o seu pai comprou a herdade da Lobeira de Baixo em

1902, herdade que tinha um pequeno monte chamado de “Lobeira Velha”,

hoje chamado de “Monte de Cima”.

O casal juntou-se e a minha avó morou por algum tempo na Lobeira

Velha, enquanto decorreram as obras de construção do novo monte da

Lobeira, a Lobeira de Baixo, construída de raiz. VER FOTO.

Na chaminé principal do monte lê-se o ano em que as obras terminaram,

1914. Francisco Aleixo Paes júnior faleceu em agosto de 1913 e a escritura

de doação de Augusta Aleixo aos seus filhos atrás transcrita data de maio de

1914, pelo que é natural que o jovem lavrador Joaquim Aleixo Paes tenha

tomado posse da sua herança e passado a residir na Lobeira nesse ano ou no

seguinte. Mas a primeira e única filha do casal, Maria Augusta Aleixo Paes,

minha mãe, só aí nasceria em 1918.

Joaquim Aleixo Paes era muito sociável e o monte da Lobeira, embora

muito isolado (a quase igual distância de 10 km de Lavre, S. Geraldo e

Ciborro) estava sempre cheio de convidados e também de refugiados no

tempo da implantação da República. Comentavam os antigos empregados: “

A Lobeira foi sempre um santuário”.

O monte da Lobeira de Baixo

O local escolhido para o novo monte da Lobeira de Baixo foi esplêndi-

do: um pequeno planalto sobre a ribeira de Lavre, tendo atrás, na encosta, a

melhor fonte da zona, que até hoje, passados cem anos, conseguiu responder

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às necessidades. O monte seguiu um projeto tal que revela bem a habilidade

do construtor.

Foi desenhado em quadrado, com pátio central fechado e casas de baixo

pé direito. A parte frontal era a residência do lavrador, com janelas e portas

gradeadas. Das construções que fechavam o quadrado, as laterais eram casas

de habitação dos empregados e a linha de construções atrás, viradas para o

pátio central, eram as diversas casas do motor, das garrafas, dos queijos, da

matança, da farinha e das ferramentas. Um único portão dava acesso ao

pátio central e a criação era recolhida ao cair da noite.

No interior existia um forno de pão, pombal e galinheiros e no centro um

relógio de sol, este instalado por Gaspar da Cunha Prelada (idêntico ao da

herdade do Meio e ao da herdade de Baixo). Num dos cantos do monte foi

erigida uma torre com o único primeiro andar e nos outros cantos a cochei-

ra, a adega de produção de vinho, a casa da malta e a abegoaria (esta era

uma oficina de trabalho em madeira e ferro do equipamento de lavoura -

tenho na minha residência em Montemor-o-Novo o fole da forja) e o casão

com tulhas de cereal.

A água da fonte foi canalizada para a residência e existia um motor que

trabalhava ao cair da noite carregando baterias elétricas em série.

Na área residencial, a porta de entrada dava diretamente para a sala de

estar com uma grande chaminé (na realidade, de Inverno, a zona de estar era

mesmo dentro da chaminé, ao lume). Um pequeno escritório com armários

de contas da lavoura, de livros e de armas ficava ao lado da sala, donde par-

tia o corredor de acesso aos quartos.

Em baixo, sobre o rossio, foi construído o cabanão dos bois de trabalho e

em separado, a cabana das cabras e as pocilgas dos porcos; mais tarde foi

construída a curralada do outro lado da ribeira.

Foi construída uma ponte sobre a ribeira de Lavre, ribeira que toma

grandes cheias de Inverno, inaugurada com corte de fita pela minha avó de

que há fotografias.

O monte era elogiado por amigos da família como o melhor exemplo de

planta caraterística de monte alentejano. Muitos anos depois da sua constru-

ção, o meu pai, António Vacas de Carvalho, substituiu as estruturas de

Page 61: 2.º Capítulo - Aleixo Paes - lavradoresdemontemor.com · que nasceu a 12 do dito mês, filho legítimo 1º deste nome e do 1º matrimónio amborum de João Nepumoceno da Silva Leitão,

2º Capítulo - Aleixo Pais

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Monte da Lobeira de Baixo

madeira para betão, mas manteve, no seu todo, o projeto inicial.

É interessante a construção de raiz deste centro de lavoura que, como se

descreve, ficou completo até aos mínimos detalhes. A Lobeira era um local

muito isolado e bravio, onde as estevas cresciam até à copa das azinheiras.

Como o próprio nome indica, existiam ainda lobos (e ainda criámos raposas

e pequenos lobos na minha infância) e “malteses” nos caminhos, pelo que o

monte tem uma planta como pequena fortaleza que garantia a segurança.

Diga-se que as duas portas com trancas e as janelas gradeadas ainda prote-

geram a família nas ocupações da reforma agrária em 1976!

As instalações descritas asseguravam a produção agrícola e pecuária,

com gado das diversas espécies. Sobre os empregados, indispensáveis para

o funcionamento deste centro de lavoura, falarei no 7.º capítulo, no ramo

Mateus.