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8/17/2019 2_Telma Vinha, Orly Assis, Adriana Ramos_A Relação Entre a Qualidade Do
http://slidepdf.com/reader/full/2telma-vinha-orly-assis-adriana-ramosa-relacao-entre-a-qualidade-do 1/10
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A relação entre a qualidade do ambiente sociomoral da classe e o desenvolvimento
das estratégias de negociação em conflitos interpessoais
La relation entre la qualité de l’environnement socio-moral de la classe et le
développement des stratégies de négociation dans les conflits interpersonnels
Telma Vinha (Unicamp)
Orly Assis (Unicamp)
Adriana Ramos (Unicamp)
Resumo
Consistindo num estudo de caso, esta pesquisa buscou investigar se o ambiente escolar influencia ou não a
formação dos alunos, tanto em grupo, ou seja, nas relações estabelecidas entre as crianças e na maneira como
elas próprias lidam com os seus conflitos, quanto individualmente, isto é na forma como interpretam e resolvem
conflitos hipotéticos.A amostra foi constituída por duas classes do 4º ano de ensino fundamental pertencentes a escolas públicas
brasileiras, sendo que em uma o ambiente era caracterizado por relações autocráticas e a outra pautava-se por
relações democráticas. Para coletar os dados foram feitas 26 sessões de observação, em que se procurou examinar
as diferenças no ambiente de ambas as classes, ou seja, a maneira como ocorriam as relações interpessoais, a
forma como a aquisição do conhecimento era trabalhada, o ambiente sociomoral, como as professoras atuavam
quando deparavam com os conflitos sociais e, principalmente, como as próprias crianças lidavam com os mesmos.
Para avaliar como as crianças interpretam e resolvem os conflitos hipotéticos foram sorteadas 6 crianças de cada
classe e apresentadas, para cada uma, situações-problema envolvendo conflitos interpessoais e atividades com
desenhos de manifestações de conflitos comuns na escola. A análise dos dados fundamentou-se, principalmente,
na teoria de Jean Piaget e em alguns dos estudos de Robert Selman.Os resultados indicam que, apesar de pertencerem ao mesmo nível socioeconômico e possuírem a mesma faixa
etária, encontrou-se na classe cujo ambiente era mais autocrático, um menor desenvolvimento das crianças na
resolução de conflitos hipotéticos e nas interações entre os pares. Elas tendiam a relacionar-se de forma pouco
harmoniosa, competiam entre si e as estratégias utilizadas quando se deparavam com conflitos eram mais
impulsivas, autocentradas e pouco elaboradas. Na classe categorizada como ambiente democrático, as relações
entre as crianças eram mais harmoniosas e recíprocas e durante os conflitos negociavam de forma mais elaborada,
empregando diferentes estratégias que levavam em conta os sentimentos e os pontos de vista dos outros,
demonstrando maior empenho para buscar alternativas de soluções que fossem satisfatórias para os envolvidos,
sendo mais bem sucedidas nessa resolução. Comprovou-se, portanto, que o ambiente escolar influencia a formação
das crianças tanto individualmente quanto na forma como se relacionam e lidam com seus conflitos interpessoais,
podendo favorecer ou inibir este desenvolvimento.
Palavras-chave: conflitos interpessoais, escola, relações interpessoais
Résumé
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En tant qu’étude de cas, cette recherche tente de déterminer si l'environnement sco laire influe ou non sur la
formation des étudiantes, soit en groupe, c’est-à-dire, dans des relations établies entre les enfants et dans la
façon dont ils traitent leurs conflits, soit individuellement, c'est-à-dire la façon dont ils interprètent et peuvent
résoudre leurs conflits hypothétiques.
L’échantillon s’est composé de deux classes de la quatrième année de l’enseignement fondamental appartenant à
les écoles publiques brésiliennes, l’une, caractérisée par des relations autocratiques et l'autre par des relationsdémocratiques. Pour collecter les données, nous avons fait 26 séances d’observation, dans lesquelles nous avons
cherché à examiner les différences dans l’environnement de ces deux classes, c’est-à-dire, comment les relations
interpersonnelles ont eu lieu, la manière dont l’acquisition de la connaissance était effectuée, l’environnement
socio-moral, comment les enseignantes agissaient face aux conflits sociaux et surtout comment les enfants eux-
mêmes vivaient cette situation. Afin d’évaluer comment les enfants interprètent et peuvent résoudre leurs conflits
hypothétiques, 6 enfants ont été choisis au hasard dans chaque classe et on leur a présenté des situations-
problèmes, impliquant des conflits interpersonnels, et des activités illustrées par dessins de manifestations
courantes à l'école. L’analyse des données a été fondée sur la théorie de Jean Piaget et sur certaines études de
Robert Selman.
Les résultants indiquent que, bien qu’en appartenant au même niveau socio -économique et en étant du même
âge, dans la classe plus autocratique, on a trouvé moins de développement chez les enfants dans la résolution de
conflits hypothétiques et dans les interactions entre pairs. Les enfants tendaient à s’associer d’une façon moins
harmonieuse, étaient en concurrence les uns avec les autres et les stratégies utilisées face aux conflits étaient
plus impulsives, autocentrées et peu élaborées. Dans la classe démocratique, les relations entre les enfants
étaient plus harmonieuses et réciproques et ils résolvaient les conflits d’une façon plus élaborée, en employant
des stratégies différentes qui prenaient en compte les sentiments et les opinions des autres, ce qui démontre un
plus grand effort pour appliquer des alternatives satisfaisant les parties concernées. On a pu vérifier comment
l’environnement scolaire influe sur la formation des enfants à la fois individuellement et dans leur manière de
s’associer et faire face aux conflits interpersonnels, qui favorisent ou interdisent ce développement.
Mots-clés: conflits interpersonnels, école, relations interpersonnelles
O ambiente sociomoral1 e os conflitos interpessoais
Atualmente, muitos professores sentem-se impotentes e inseguros ao se depararem com problemas cada vez
mais frequentes de indisciplina ou de conflitos2 interpessoais na escola, tais como agressões físicas e verbais,
furtos, insultos, desobediência às normas, bullying, entre outros. Dados encontrados por Biondi (2008) com
base em questionários respondidos por diretores de todo o Brasil (Saeb3) mostram que os conflitos e a
indisciplina por parte dos alunos são considerados “problemas” por 64% dos diretores das escolas estaduais, 54%
1 Devries e Zan (1998, p.17) definem um ambiente sociomoral como “toda a rede de relações interpessoais que forma aexperiência escolar da criança. Essa experiência inclui o relacionamento da criança com o professor, com as outras crianças,com os estudos e com as regras”. 2 Os conflitos, tanto os que ocorrem no interior do sujeito (cognitivos e morais) como entre os indivíduos (interpessoais),possuem um lugar relevante na teoria de Piaget. Por meio dos conflitos é que o processo de equilibração ou autorregulação édesencadeado. Ao utilizar simplesmente o vocábulo “conflito”, estamos referindo-nos às interações entre as pessoas em quehá algum desequilíbrio, questão primária desse trabalho.3 Sistema de Avaliação da Educação Básica.
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das municipais e 47% das instituições particulares. Tardeli (2003), em um estudo de caso constatou 77,7%
professores de Ensino Médio desmotivados com a profissão devido ao comportamento indisciplinado dos alunos.
Buscando investigar a causa desses fenômenos, o Observatório do Universo Escolar (La Fábrica do Brasil, 2001)
encontrou que 57% dos professores apontam a família como principal responsável pela indisciplina na escola,
29,1% a atribuem aos meios de comunicação como a televisão e 22,6% à índole ou caráter do aluno que, para
boa parcela dos professores, são atributos inatos. Somente 20 % dos docentes e especialistas consideramtambém como causa desse problema as deficiências da escola em promover uma educação que desperte o
interesse dos alunos, a falta de recursos, as classes numerosas e a desvalorização do profissional da educação.
Destaca-se contudo, que apenas 30% destas respostas referem-se à questão pedagógica ou às relações entre os
educadores e os alunos, as demais ainda são fatores exteriores à instituição educativa (desvalorização, falta de
recursos etc.).
Resultados análogos também são encontrados em outras pesquisas que investigaram os principais motivos para
a indisciplina, tais como Nakayma (1996) e Rego (1996). Vasconcelos (2005), por exemplo, entrevistando
professores dos diversos níveis de ensino, encontra novamente a família como a primeira causa não exclusiva
(68,5%) e também exclusiva (28,2%) de indisciplina. Somente 15,6% dos professores incluíram o contexto
escolar como um outro fator que contribui para esse fenômeno. Esses dados indicam que a escola, neste
aspecto, isenta-se de uma revisão interna, já que o problema é quase sempre deslocado para fora de seu
domínio.
Se a maioria dos educadores escolares se exime de responsabilidade ou não crê que contribui de forma
significativa com esta questão, observa-se esse mesmo paradigma de maneira ainda mais acentuada quando os
conflitos ocorrem fora desta. Atualmente, muitas pessoas se dizem surpresas e indignadas com algumas ações
de nossos jovens (e também de adultos) contrárias aos princípios morais. Observa-se atos desrespeitosos como
agressões, vandalismo, preconceitos e humilhações; constata-se cada vez mais o uso dos meios de comunicação
eletrônica como a internet, por exemplo, para insultar, difamar ou intimidar; percebe-se a dificuldade de as
pessoas resolverem seus conflitos de forma não violenta, de chegarem a soluções que beneficiem pelo menos
em parte os envolvidos e de expressarem seus sentimentos sem causar dano aos outros. Surpreendemo-nos com
jovens que pareciam ter “bom comportamento” demonstrarem, na ausência dos adultos ou em situações que
acreditam que não serão punidos, atitudes desrespeitosas e violentas, em que se evidencia a ausência de
autorregulação. Novamente para muitos professores, a principal responsabilidade, quando não exclusiva, é
atribuída à família.
Em nossa sociedade, existem duas instituições formalmente responsáveis pela educação do ser humano: a
família e a escola. Possuem caráter diferenciado, portanto, funções e objetivos diversos. Entre outros, na
família ocorre a aprendizagem da vivência no espaço privado, íntimo. Na escola aprende-se a viver no espaço
público, no sentido de coletivo, de igualdade. É evidente que o espaço público (escola) e o privado (família)
não são compartimentos estanques, mas que interagem entre si. Sabe-se que a estruturação psíquica prévia aotrabalho pedagógico é principalmente de responsabilidade da família, não havendo possibilidade de a escola
assumir essa tarefa. Mas é importante salientar que, considerando a educação em seu sentido mais amplo, não
se pode pensar na estruturação escolar apartada da familiar.
É preciso modificar a crença na impotência da escola perante a família. Inúmeros estudos (Bagat, 1986; Araújo,
1993; Devries & Zan, 1995; Vinha, 2000; Tognetta, 2003; Vinha, 2003; Tognetta & Vinha, 2007) indicam que as
escolas influenciam de modo significativo na formação moral das crianças e jovens, quer queiram ou não. Essas
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pesquisas têm confirmado que o desenvolvimento da moralidade está relacionado à qualidade das relações que
se apresentam nos ambientes sociais nos quais o indivíduo interage, se cooperativos ou autoritários. Como
afirma La Taille (2002, p.118), “pelo que aprendemos após décadas de pesquisa sobre desenvolvimento moral,
sabemos que é sobre a qualidade das interações sociais que devemos dirigir nossos olhares, e que estas
interações evidentemente não ocorrem apenas no seio familiar”. É impossível evitar mensagens que dizem
respeito à moralidade, já que as relações que ocorrem no interior da escola se baseiam em normas ecomportamentos, fornecendo informações sobre o que é justo ou injusto, certo ou errado. Desta forma,
conscientes ou não dessa influência, qualquer escola atuará no desenvolvimento da moralidade de seus alunos,
todavia, constata-se que poucas em direção à autonomia (Menin, 1996).
Apesar de muitos professores atribuírem as principais causas dos conflitos e da indisciplina à família, à
personalidade do aluno e aos meios de comunicação; ao analisarmos projetos pedagógicos de diferentes escolas
e em entrevistas com os professores, constatamos que a maioria afirma ter como objetivo em longo prazo,
entre outros, a formação de pessoas autônomas (autorregulação), responsáveis, críticas, capazes de tomar
decisões, justas, respeitosas e que resolvam seus conflitos por meio do diálogo. Ou seja, de maneira
contraditória, nos objetivos maiores a escola parece acreditar que pode influenciar neste processo de
aprendizagem dos valores...
Em nossas pesquisas (Vinha, 2000, 2003; Tognetta & Vinha, 2007; Ramos & Vinha, 2009; Vinha, Vidigal, Busch &
Tognetta, 2009; Vinha & Mantovani de Assis, 2009) comprovamos que a concepção sobre os conflitos do
professor e, conseqüentemente, as intervenções realizadas por ele ao deparar-se com desavenças entre as
crianças e jovens, interfere nas interações entre os alunos e no desenvolvimento socioafetivo dos mesmos,
transmitindo mensagens que dizem respeito à moralidade. Em geral, grande parte dos educadores concebe os
conflitos como negativos e danosos ao bom andamento das relações, sentindo-se inseguro, angustiado ou
irritado quando se depara com situações como furtos, danos ao patrimônio, agressões... Assim, os esforços
destes adultos são empregados em três direções.
A primeira é evitá-los. Para isso, elaboram-se regras e mais regras, controlam-se os comportamentos por meio
de filmadoras ou de vigilância sistemática sobre os alunos, trancam-se armários e salas de aula para evitar
furtos, ameaça-se, ocupam os estudantes com atividades de pouco valor pedagógico como cópias de conteúdos
em lousa e exercícios de repetição, entre outras. Desta forma, em vez de educação, encontra-se controle,
coação e vigilância. A segunda é ignorar os conflitos quando ocorrem entre os alunos. Várias pesquisas (Leme,
2006; Tognetta & Vinha, 2007; Vinha, Vidigal, Busch & Tognetta, 2009) mostraram que quando o conflito ocorre
entre aluno e autoridade, a escola atribui maior gravidade; quando acontece entre os pares, o incidente é
miminizado, sendo considerado como “brincadeiras da idade”. Sem se dar conta das consequências, crianças e
jovens são deixados à própria sorte quando a autoridade (adulto) não está envolvida no conflito. Com isso,
transmitem a mensagem subliminar de que o respeito e a justiça devem ser dedicados às autoridades e não a
qualquer ser humano. A terceira direção encontrada é a contenção. Desse modo, os educadores “terceirizam”a intervenção no problema, transferindo-o para a família ou para um especialista; dão soluções prontas;
utilizam mecanismos de contenção e punições; incentivam a delação; culpabilizam; admoestavam; associam a
obediência à regra ao temor da autoridade, ao medo da punição, da censura e da perda do afeto. São
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mecanismos de controle utilizados cotidianamente nas escolas, que “funcionam” temporariamente, mas que,
além de reforçar a heteronomia4, não raro, agravam o problema.
A perspectiva construtivista piagetiana, compreende os conflitos como naturais em qualquer relação e
necessários ao desenvolvimento da criança e do jovem. São vistos como oportunidades para que os valores e as
regras sejam trabalhados, oferecendo “pistas” sobre o que precisam aprender. Por conseguinte, suas
intervenções não enfatizam a resolução do conflito em si, o produto (como resolver?; mas sim o processo, ouseja, a forma com que os problemas serão enfrentados (o que eles poderão aprender com o ocorrido?). Os
educadores que possuem esta concepção compreendem o conflito e sua resolução como partes importantes do
“currículo” tanto quanto os outros conteúdos que devem ser trabalhados e não apenas o vendo como um
problema a ser resolvido. De acordo com essa perspectiva, ao invés de o professor gastar seu tempo e energia
tentando preveni-los, deve-se aproveitá-los como oportunidades para auxiliar os alunos a reconhecerem as
perspectivas próprias e as dos outros e aprenderem, aos poucos, como buscar soluções aceitáveis e respeitosas
para todas as partes envolvidas.
Foi visto que a maioria dos educadores concebe paz como ausência de conflitos e, apesar dos enormes esforços
na tentativa de evitá-los ou contê-los, depara-se cada vez mais com um aumento dessas situações (Leme, 2006;
Malta Campos, 2008). Apesar de quase metade dos professores dedicarem entre 21% e 40% de seu dia escolar
aos problemas de indisciplina e de conflitos entre os alunos (Fante, 2003), raramente os cursos de formação
estudam essas questões preparando o futuro profissional em educação de forma que se sinta mais apto para
construir um ambiente sociomoral cooperativo que favoreça a troca de perspectivas, a cooperação, a gestão
compartilhada, o respeito mútuo, a assertividade e o diálogo como estratégia para resolução dos conflitos.
Diante desse cenário questionamos: Será que a qualidade do ambiente sociomoral de uma classe influência na
maneira como os alunos se relacionam e como lidam com os seus conflitos?
A pesquisa
Consistindo num estudo de caso, esta pesquisa buscou investigar se o ambiente escolar influencia a maneira
como os alunos se relacionam e lidam com seus conflitos interpessoais, bem como no modo em que
interpretam e resolvem seus conflitos hipotéticos.
Para investigar se os diferentes modelos pedagógicos, assim como as divergentes concepções sobre os conflitos,
influenciam o desenvolvimento dos alunos, após a observação de inúmeras classes, foram selecionadas duas do
3º ano do ensino fundamental (crianças de 9-10 anos), pertencentes a escolas públicas, cujas docentes
possuíam perspectivas epistemológicas e constituíam ambientes sociomorais bastante distintos. Assim, foram
escolhidas duas professoras, sendo que uma atuava sob orientação construtivista e a outra de forma
tradicional, tanto na maneira como trabalhavam a aquisição do conhecimento, quanto com relação às
interações sociais. A forma como concebiam e intervinham nos conflitos interpessoais também era bem
diferente. Após identificar o ambiente sociomoral utilizando o instrumento elaborado por Tognetta (2003),
4 Na moral heterônoma os valores não se conservam sendo regulados pela pressão do meio, isto é, o sujeito modifica ocomportamento moral em diferentes contextos. Assim, há uma relação de submissão ao poder, sendo considerado certoobedecer às ordens das pessoas que detêm a autoridade ou agir da mesma forma que se comportam as pessoas de suacomunidade. Na autonomia moral, o sentimento de aceitação ou de obrigação para com as normas é interno (autorregulação)sendo fundamentado na equidade e nas relações reciprocidade. Concebe a moral como regras e princípios que regem asrelações entre todos os seres humanos. Na pessoa autônoma há a conservação dos valores apesar das mudanças de contextos eda presença de pressões sociais.
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constatou-se que em uma das classes (A) o ambiente era caracterizado por relações coercitivas enquanto a
outra (B), pautava-se por relações cooperativas.
O ambiente sociomoral da classe A foi considerado mais coercitivo porque as relações eram pautadas no
respeito unilateral. A professora centralizava as decisões, determinava o que podia ou não ser feito; concebia o
conhecimento como algo a ser transmitido por meio de cópias, técnicas e repetições de exercícios
(procedimentos mecanicistas); corrigia todos os erros; acreditava que a interação social entre pares comoprejudicial à aprendizagem; resolvia os problemas e os conflitos, utilizava inúmeras estratégias para evitá-los,
para contê-los e para fazer com as crianças a obedecessem (censuras, ameaças, sermões, punições, entre
outros); impunha as normas sem esclarecer a necessidade de existirem.
Na classe B, o ambiente era embasado no respeito mútuo, com predominância de relações cooperativas, em
que o processo decisório, assim como a elaboração de regras, eram realizados pelo grupo e a professora possuía
um papel de mediadora, discutindo problemas por meio das assembleias. Havia a constante preocupação da
docente em: favorecer uma interação social de qualidade, evitar pressões e coerções, assim como o uso de
recompensas e punições, incentivar os alunos a fazerem por si mesmos tudo o que já fossem capazes, tendo
oportunidades de realizarem escolhas, tomarem decisões, resolverem seus problemas e expressarem-se. A
professora buscava, ainda, empregar uma linguagem construtiva; conceber o conhecimento como algo a ser
investigado, reinventado ou descoberto pelo sujeito e não transmitido como verdade absoluta; estimular a ação
sobre o objeto do conhecimento assim como o estabelecimento de relações, oportunizando discussões e
reflexões sobre situações-problema; trabalhar a expressão dos sentimentos e a resolução dos conflitos
interpessoais por meio do diálogo e, também, utilizar as sanções por reciprocidade 5 quando era necessário
revalidar as normas e os princípios.
Por caracterizarem-se como ambientes antagônicos, considerou-se mais apropriado denominá-los como
ambientes6 autocrático (A) e democrático (B). A partir da identificação, descrição, comparação e análise dos
ambientes escolares, comprovando diferenças significativas entre ambas as classes, investigamos se o ambiente
escolar influencia a maneira como os alunos relacionam-se e lidam com seus conflitos interpessoais, bem como
no modo como interpretam e resolvem conflitos hipotéticos.
Para coletar os dados foram feitas 26 sessões de observação, em que se procurou examinar as diferenças no
ambiente de ambas as classes, ou seja, a maneira como ocorriam as relações interpessoais, a forma como a
aquisição do conhecimento era trabalhada, o ambiente sociomoral, como as professoras atuavam quando se
deparavam com os conflitos sociais e, principalmente, como as próprias crianças lidavam com os mesmos e
ainda apresentadas em entrevistas clínicas situações-problema envolvendo conflitos interpessoais e atividades
com desenhos de manifestações de conflitos comuns na escola. A análise qualitativa dos dados fundamentou-
se, principalmente, na teoria de Piaget (1932/1977) e nos níveis de “Entendimento Interpessoal 7” de Selman
(1980; 1989).
5 As sanções por reciprocidade possuem uma relação lógica com aquilo que o aluno fez, são pouco coercitivas e, ao mesmo tempo,preservam sua dignidade.6 Denominação utilizada por Lewin (1939), que considera que uma das diferenças entre os líderes de ambos os grupos é que odemocrático não impõe (lidera), como o autocrático (comanda), seus objetivos ao grupo. Ao denominarmos o ambienteescolar como sendo democrático, evidentemente não está sendo dito que a democracia está presente em todos osmomentos. Pretende-se com a utilização deste conceito evidenciar que neste ambiente estão sendo propiciadas situações emque os estudantes irão vivenciar relações mais democráticas e cooperativas, possibilitando oportunidades para aaprendizagem desse sistema (o inverso vale para a autocracia).7 Esses níveis, que envolvem uma combinação de fatores cognitivos, afetivos e situacionais, mostram a evolução dasestratégias de negociação, ou seja, dos procedimentos empregados pelos sujeitos de idades diferentes ao interagirem em
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Os resultados indicam que apesar de pertencerem ao mesmo nível socioeconômico e possuírem a mesma faixa
etária, encontrou-se, na classe cujo ambiente foi considerado autocrático (A), um menor desenvolvimento das
crianças com relação aos níveis de entendimento interpessoal na resolução de conflitos hipotéticos e nas
interações entre os pares. Essas crianças apresentavam: menor controle de suas emoções, uma certa
impulsividade e dificuldade na coordenação de pontos de vistas e sentimentos, ainda mais quando seus
interesses estavam em jogo; frequentemente, surgiam expressões que denotavam irritação, críticas, delações,insultos e ameaças. Tendiam a relacionar-se de forma pouco harmoniosa, competiam entre si e as estratégias
utilizadas quando se deparavam com conflitos eram mais impulsivas, autocentradas e pouco elaboradas, o que
levava uma das partes a submeter-se ou retrair-se (estratégias de negociação dos níveis 0 e 1). Pode-se inferir,
portanto, que as intervenções realizadas pela professora não foram adequadas para auxiliar na promoção do
entendimento pessoal, talvez até tenham impedido que esse desenvolvimento ocorresse.
Na classe B, que possuía um ambiente mais democrático, constatou-se, tanto ao resolver as situações-problema
propostas quanto nas interações sociais, um maior desenvolvimento de acordo com os níveis propostos por
Selman. As relações entre as crianças eram mais harmoniosas e recíprocas e durante os conflitos negociavam
de forma mais elaborada, empregando diferentes estratégias que levavam em conta os sentimentos e os pontos
de vista dos outros, demonstrando maior empenho para buscar alternativas de soluções que fossem
satisfatórias para os envolvidos mesmo quando seus interesses estavam envolvidos (estratégias do nível 2 e,
algumas vezes, do nível 3). Dessa forma, eram mais bem-sucedidas na resolução dos mesmos do que as crianças
da classe A. Pode-se deduzir que o ambiente sociomoral cooperativo e as intervenções construtivas realizadas
pela professora auxiliaram na promoção do desenvolvimento do entendimento pessoal.
Comprovou-se, portanto que, tendo como parâmetro os níveis de negociação interpessoal de Selman, as
crianças que pertenciam a um ambiente democrático apresentaram um desenvolvimento maior do que aquelas
que faziam parte de um ambiente autocrático. Estes resultados confirmam que o ambiente escolar influencia a
formação das crianças tanto individualmente quanto na forma como se relacionam e lidam com seus conflitos
interpessoais, podendo favorecer ou inibir este desenvolvimento.
Considerações finais
Auxiliar na aprendizagem dos alunos e, ao mesmo tempo, favorecer seu desenvolvimento sociomoral podem
aparentar serem problemas diferentes, mas não o são. Esta dissociação é equivocada, pois são sistemas
solidários, visto que os eventos de desavenças pessoais e os de aprendizagem estão incorporados, fundem-se. A
obtenção de relações equilibradas e satisfatórias (o que não significa que os conflitos estarão ausentes) não são
frutos de um dom gratuito ou de desenvolvimento maturacional; mas sim, decorrentes de um processo de
construção e aprendizagem. Porém, poucas escolas compreendem a relação entre a qualidade do ambiente
sociomoral proporcionado e o desenvolvimento sociomoral. E ainda, poucos educadores percebem os conflitos
como inerentes às relações educativas e, muitas vezes, necessários ao desenvolvimento e a aprendizagem,visto que podem constituir valiosas oportunidades para que os envolvidos compreendam a necessidade dos
valores e das normas nas relações que estabelecem.
Essa pesquisa comprova a necessidade de cuidar do convívio escolar, da qualidade do ambiente em que o aluno
está interagindo de forma que este seja estimulador, embasado na justiça e no respeito mútuo e que favoreça
situações de conflitos interpessoais. Apresentam o desenvolvimento da capacidade de compreender a perspectiva do outro ecoordená-la com a própria opinião em ações efetivas.
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a cooperação. Piaget (1932-1977; 1967) considera que a autonomia do indivíduo não se desenvolverá em uma
atmosfera de autoridade e opressões intelectuais e morais (como ocorre em muitas escolas). Ao contrário, é
fundamental para a própria formação, a vivência da cooperação, a liberdade de pesquisa e a experiência de
vida. “Co-operar” é realizar trocas operativas de perspectivas, sentimentos, ideias, informações, opiniões,
atitudes, num clima tal que as regras valham democraticamente para ambas as partes, adultos e crianças, e os
valores possam ser esclarecidos (entretanto sem prescindir da autoridade, necessária no processo educativo). Éa partir dessas trocas sociais, das relações de respeito mútuo, que a criança desenvolve a personalidade e,
percebendo, aos poucos, que as pessoas têm diferentes necessidades e maneiras de pensar e sentir.
Todavia, além da vivência democrática e do cuidado com a qualidade das relações, é essencial também que
haja a reflexão sobre as ações. Considerando que a moral é um objeto do conhecimento que se aprende
racionalmente e raramente a educação apresenta ao aluno a moral como objeto de estudo e reflexão. Todo
projeto pedagógico que tenha por finalidade “educar para a autonomia”, ou seja, favorecer a construção de
relações mais justas e solidárias e contribuir efetivamente para o desenvolvimento da capacidade dos alunos de
expressarem suas perspectivas sem causarem danos aos outros e de buscarem soluções não violentas e
cooperativas para seus conflitos, deve conceder um lugar relevante às relações interpessoais.
Os resultados desta pesquisa corroboram os encontrados em outros estudos citados anteriormente, que
demonstram a influência do ambiente escolar no desenvolvimento moral e nas estratégias empregadas para
lidar com os conflitos. Assim, é preciso modificar a crença na impotência da escola perante a família, visto que
mesmo aquelas crianças que pertencem a famílias “desestruturadas” terão maiores possibilidades para
“superar essas adversidades”, se tiverem outras oportunidades de vivenciar modelos educativos construtivos,
se interagirem com ambientes sociomorais mais cooperativos do que o familiar, se puderem ter outras
possibilidades de estabelecer novas referências ao ter como educadores, adultos mais afetivos, democráticos e
positivos. Talvez seja uma das poucas oportunidades que essa criança terá para vivenciar relações de respeito
mútuo, de reciprocidade e de cooperação.
Os dados encontrados reiteram a importância de se cuidar da qualidade do ambiente sociomoral da classe,
visto que, não se pode defender uma escola que utiliza uma abordagem fortemente autocrática, acrescida de
uma grande ênfase nos conteúdos programáticos, se esta combinação acarreta em prejuízo ao desenvolvimento
sociomoral de nossos educandos. Se tal combinação não pode ser defendida como uma educação consistente
em uma escola tradicional, quanto mais em instituições que têm como objetivo favorecer a construção de
pessoas autônomas.
Bibliografia
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Dissertação de mestrado, Faculdade de Educação, UNICAMP. Campinas.
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