22
3 Amplificador óptico a fibra dopada Em qualquer sistema de transmissão o amplificador tem um papel importante de captar o sinal que leva a informação, amplificá-lo, e devolvê-lo para o canal de transmissão ou para o receptor, de forma que o sinal chegue no destino desejado e possa ser entendido. No caso de um sistema óptico, temos um feixe de luz viajando dentro de uma fibra óptica, que, depois de percorrer certa distância, tem sua intensidade atenuada devido à absorção e ao espalhamento pela fibra. O amplificador óptico eleva essa intensidade, possibilitando a comunicação entre os lugares mais distantes. Antes do conceito de amplificador óptico, o sistema tinha regeneradores ao longo da linha. Estes regeneradores consistiam em um fotodetector, que capturava o sinal óptico e transformava para elétrico, amplificadores e sistemas de análise e sincronização eletrônicos, para tratar o sinal que poderia apresentar, além de alta atenuação, alta dispersão, e laser para relançar o sinal na fibra. Estes regeneradores limitavam o sistema pela velocidade dos seus componentes eletrônicos. Como os sistemas à fibra têm uma enorme capacidade de transmissão e largura de banda, o sistema era totalmente sub utilizado com os regeneradores. Com isso o grande interesse em desenvolver amplificadores ópticos. O amplificador óptico estudado aqui é o amplificador óptico a fibra dopada. As primeiras referências de amplificação a fibra dopada com átomos de terra rara datam de 1964 [28]. Nos anos 70 surgiram os primeiros trabalhos sobre laser a fibra dopada [29-31], no início dos anos 80, em 1983, a primeira demonstração de dopagem de terra rara em fibras monomodo [32], em 85, o primeiro laser a fibra dopada com Nd 3+ [33] e finalmente o primeiro amplificador óptico a fibra dopada com érbio em 1987 [34]. Em pouco tempo este amplificador tornou-se comercial, e até hoje continua havendo grande interesse em estudá-lo e desenvolvê-lo. O uso do dopante na fibra é uma tentativa de desenvolver características especiais. Com este procedimento os níveis de energia do sistema passam a apresentar uma estrutura equivalente à dos seus dopantes. O princípio de

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Page 1: 3 Amplificador óptico a fibra dopada - DBD PUC RIO · processo de amplificação. Com isso é preciso falar dos processos envolvidos para a amplificação. Vê-se na Figura 4, e

3 Amplificador óptico a fibra dopada

Em qualquer sistema de transmissão o amplificador tem um papel

importante de captar o sinal que leva a informação, amplificá-lo, e devolvê-lo para

o canal de transmissão ou para o receptor, de forma que o sinal chegue no destino

desejado e possa ser entendido. No caso de um sistema óptico, temos um feixe de

luz viajando dentro de uma fibra óptica, que, depois de percorrer certa distância,

tem sua intensidade atenuada devido à absorção e ao espalhamento pela fibra. O

amplificador óptico eleva essa intensidade, possibilitando a comunicação entre os

lugares mais distantes.

Antes do conceito de amplificador óptico, o sistema tinha regeneradores ao

longo da linha. Estes regeneradores consistiam em um fotodetector, que capturava

o sinal óptico e transformava para elétrico, amplificadores e sistemas de análise e

sincronização eletrônicos, para tratar o sinal que poderia apresentar, além de alta

atenuação, alta dispersão, e laser para relançar o sinal na fibra. Estes

regeneradores limitavam o sistema pela velocidade dos seus componentes

eletrônicos. Como os sistemas à fibra têm uma enorme capacidade de transmissão

e largura de banda, o sistema era totalmente sub utilizado com os regeneradores.

Com isso o grande interesse em desenvolver amplificadores ópticos.

O amplificador óptico estudado aqui é o amplificador óptico a fibra dopada.

As primeiras referências de amplificação a fibra dopada com átomos de terra rara

datam de 1964 [28]. Nos anos 70 surgiram os primeiros trabalhos sobre laser a

fibra dopada [29-31], no início dos anos 80, em 1983, a primeira demonstração de

dopagem de terra rara em fibras monomodo [32], em 85, o primeiro laser a fibra

dopada com Nd3+ [33] e finalmente o primeiro amplificador óptico a fibra dopada

com érbio em 1987 [34]. Em pouco tempo este amplificador tornou-se comercial,

e até hoje continua havendo grande interesse em estudá-lo e desenvolvê-lo.

O uso do dopante na fibra é uma tentativa de desenvolver características

especiais. Com este procedimento os níveis de energia do sistema passam a

apresentar uma estrutura equivalente à dos seus dopantes. O princípio de

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Amplificador óptico a fibra dopada 28

funcionamento leva em consideração os processos de absorção e emissões

espontânea e estimulada. Para se entender melhor, imaginemos um sistema de

bombeamento que cede energia aos elétrons dos átomos dopantes, e, estes, em um

nível mais excitado, relaxam decaindo para seu estado inicial, liberando energia.

Essa energia é liberada de forma radiativa e não radiativa; a forma não radiativa se

apresenta como uma vibração em torno do átomo, ou seja, fônon. Estamos

interessados na emissão radiativa, que pode ser de duas maneiras, emissão

espontânea ou emissão estimulada. Em ambos os casos ocorrem a emissão de

fótons, com seus comprimentos de onda dependendo da energia de separação

entre os níveis de energia permitidos envolvidos.

O processo de emissão espontânea libera fótons por decaimento natural

gerando ruído óptico; já o de emissão estimulada, como o nome sugere, precisa do

estímulo de um sinal externo para gerar fótons da mesma freqüência óptica e

mesma fase do sinal de informação, conseguindo assim a amplificação. Isso gera

uma série de sinais que transitam na fibra em ambas as direções: sinais de ASE

(emissão espontânea amplificada), resto de bombeio que atravessou a fibra, além

do sinal amplificado. A Figura 2 mostra sinais gerados por um amplificador a

fibra dopada.

Fonte

Receptor

Amplificador

Sinal

ASE Resto de bombeio Sinal refletido

ASE Resto de bombeio Sinal atrazado

Sinal Amplificado

Figura 2: Sinais gerados no processo de amplificação a fibra dopada.

Para se chegar ao amplificador óptico a fibra dopada, primeiramente torna-

se necessário o estudo de certos materiais, como as terras raras. Estes elementos

possuem características que os diferem de outros elementos opticamente ativos,

pois eles emitem e absorvem em faixas estreitas de comprimentos de onda, o

tempo médio de vida dos elétrons no estado metaestável é bastante longo, os

comprimentos de onda das transições de emissão e absorção não são sentidas pelo

material hospedeiro (sílica), entre outras [35]. Usando estes materiais, estas

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Amplificador óptico a fibra dopada 29

propriedades resultam da natureza dos estados envolvidos nestes processos e

conduzem a um excelente desempenho das terras raras em amplificações ópticas.

As terras raras são divididas em dois grupos de 14 elementos cada, os

lantanídeos, com números atômicos de 57 a 71, e os actinídeos com números

atômicos de 89 a 103. Embora todos estes compartilhem de muitas propriedades

eletrônicas, os lantanídeos são mais utilizados para aplicação em laser e

amplificadores porque sua estrutura atômica particular propicia este processo.

Dentre as terras raras usadas na dopagem de fibras ópticas estão o érbio

(Er), o túlio (Tm), o neodímio (Nd) e o praseodímio (Pr) [35, 36]. A razão do uso

destes elementos vem do fato deles emitirem nas faixas de freqüência utilizadas

para transmissão de sinais em telecomunicação. Por exemplo, o neodímio e o

praseodímio são utilizados na faixa de 1310 nm, que é a faixa que apresenta

menor dispersão do sinal na fibra de sílica convencional. O túlio é utilizado na

faixa de 1480 nm, chamada short band, ou banda S. Já o érbio permite trabalhar

na faixa de 1550 nm, que apresenta menor atenuação do sinal na fibra

convencional e é chamada de convencional band, ou banda C, e na faixa de

1590nm, no final de seu espectro de emissão, que é chamada de long band, ou

banda L. A Figura 3 ilustra a posição das bandas de transmissão na curva do

coeficiente de atenuação da fibra, e também a posição dos dopantes para

amplificação em cada banda.

λ (nm)

E r

Coe

ficie

nte

de A

tenu

ação

(dB

/km

)

picode OH

1200 1300 1400 1500 1600 1700

30nm(1530-1560)

25nm(1295-1320) 40nm

(1575-1615)

LC

OE

S

80nm(1340-1420)

60nm(1420-1480)

0.4

0.3

0.2

T m

Nd

Pr

atenuaçãominima

=minimo ruído

U/XL

60nm(1630-1690)

Das

urvi

re, E

., w

orks

hop

Cam

pina

s20

03

λ (nm)

E r

Coe

ficie

nte

de A

tenu

ação

(dB

/km

)

picode OH

1200 1300 1400 1500 1600 1700

30nm(1530-1560)

25nm(1295-1320) 40nm

(1575-1615)

LLCC

OE

S

80nm(1340-1420)

60nm(1420-1480)

0.4

0.3

0.2

T m

Nd

Pr

atenuaçãominima

=minimo ruído

U/XL

60nm(1630-1690)

Das

urvi

re, E

., w

orks

hop

Cam

pina

s20

03

Figura 3: Localização das bandas de transmissão dentro do espectro de atenuação da

fibra de sílica.

Nas próximas secções, será mostrada uma análise simples sobre o uso dos

amplificadores a fibra dopada com érbio e com túlio.

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Amplificador óptico a fibra dopada 30

3.1. Fibra dopada com Érbio

O amplificador a fibra dopada com érbio é uma das maiores contribuições

para o avanço dos sistemas de telecomunicações ópticas. Ele possibilitou, entre

outras coisas, a implementação de enlaces submarinos e enlace de longa distância

com altas taxas de transmissão.

O amplificador feito com a fibra dopada a érbio, tem uma banda de emissão

que vai da faixa de 1530 a 1560 nm, a chamada banda C e atualmente vem sendo

estudado para emitir fora de sua banda ótima, entre 1570 e 1605 nm que é a

chamada banda L.

O terra rara entrega ao material sua característica eletrônica, e a Figura 4

ilustra o diagrama de níveis de energia de emissão e absorção para a fibra dopada

com érbio. Como já foi mencionado, a EDF (sigla em inglês para fibra dopada

com érbio) emite em torno de 1540 nm, se os elétrons estiverem excitados, ou

seja, se estiverem no nível 4I13/2 . Para levar os elétrons a esta condição, pode-se

observar diretamente a absorção de 1480 nm. Uma outra alternativa é a absorção

de 980 nm, que leva até 4I11/2 decaindo rapidamente para o nível desejado, ou

seja, para ocorrer a amplificação, é preciso a inversão de população entre os níveis 4I13/2 e 4I15/2 .

4F 7/2

4F 9/2

4I 11/2

4I 13/2

4I 15/2

4S 3/2

4F 5/2

5

10

15

20

25

T r ans ições de abs or çao T r ans ições de emi s s ão

(a) (b)

4I 9/2

2H 11/

2

2H 9/2 4F 3/2

1480

980

800

670

532

514

485

450

440

410

1660

540

850

1220

1720

640

980

2750

1540

Figura 4: Diagrama de níveis de energia mais baixos do Er3+ em fibras de silica,

indicando as energias de absorção e de emissão do estado fundamental e de alguns

estados excitados.

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Amplificador óptico a fibra dopada 31

A Figura 5 mostra o espectro de absorção para a fibra dopada com érbio.

Pode-se observar que os maiores picos de absorção a partir do estado 4I15/2

ocorrem para os estados 4I13/2, 4F9/2 e 4H11/2 , correspondendo aos comprimentos de

onda de 1480 nm, 670 nm e 514 nm respectivamente. O bombeio de 980 nm

também é bastante absorvido, sendo ele e 1480 nm os comprimentos de onda de

bombeamento mais eficientes para a utilização desejada da EDF.

Comprimento de onda (nm)

Abs

orçã

o (d

B)

Figura 5: Espectro de absorção do estado fundamental de uma fibra dopada com Er3+

[36].

Para estudar o comportamento do ganho, é preciso discutir mais a fundo o

processo de amplificação. Com isso é preciso falar dos processos envolvidos para

a amplificação. Vê-se na Figura 4, e também na Figura 5, as energias que levam

os átomos a um estado excitado e também a energia de emissão a partir deste

estado. Como já dito, a transição desejada é entre os níveis 4I13/2 e 4I15/2 , com dois

esquemas de bombeamento. Isso leva a uma análise de um sistema de 3 e 2 níveis.

A Figura 6 ilustra um esquema simplificado de um sistema de 3 níveis, ou

seja, bombeamento em 980 nm [3]. Essa análise será de forma bem simplificada

tentando ilustrar o funcionamento do sistema. Toda a análise é feita para um

sistema de 3 níveis, mas pode ser aproximada também para um sistema de dois

níveis [3], com bombeamento de 1480 nm

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Amplificador óptico a fibra dopada 32

1

2

3

ϕ p σ p

ϕ s σ s

γ 32

γ 2 1

γ 31

Figura 6: Ilustração do sistema de três níveis usado para a análise do modelo do

amplificador a fibra dopada com érbio.

Pode-se observar um processo entre os níveis 1 e 3. que é devido ao

bombeio (p de pump, em inglês), um processo entre 1 e 2, que é devido sinal (s de

signal, em inglês), e ainda emissões espontâneas, indicados por uma linha

tracejada entre os níveis 3 e 2, 3 e 1, e 2 e 1. A quantidade ppσϕ seria uma

espécie de taxa de transição entre os níveis 1 e 3, onde pϕ é o fluxo de bombeio, e

pσ é a secção de choque (cross section) do bombeio, assim como ssσϕ uma taxa

de transição entre 1 e 2 devido ao sinal. As quantidades 32γ , 21γ e 31γ são as

probabilidades de transição por emissão espontânea entre os níveis 3-2, 2-1 e 3-1

respectivamente. As transições 3-2 são na maioria não radiativas e para 2-1 e 3-1

radiativas. Definimos também 221 /1 τγ = , 332 /1 τγ = onde 2τ e 3τ são os tempos

de vida dos elétrons no nível 2 e 3 respectivamente. A probabilidade da transição

por emissão espontânea, 31γ , é muito pequena, sendo desprezada nas análises.

Podemos, utilizando este esquema simples, construir as equações de taxa.

Um sistema mais complexo pode ser visto em [36, 37].

Seja N a população do sistema, e N1, N2 e N3 as populações dos níveis 1, 2 e

3 respectivamente, temos:

321 NNNN ++= (3.1)

De acordo com a Figura 6, as variações de população em cada nível

obedecem as seguintes equações:

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Amplificador óptico a fibra dopada 33

( ) ( ) sspp NNNNNdt

dN σϕσϕγ 12312211 −+−−= (3.2)

( ) ssNNNNdt

dN σϕγγ 123322212 −−+−= (3.3)

( ) ppNNNdt

dN σϕγ 313323 −+−= (3.4)

num estado estacionário, temos ainda:

0321 ===dt

dNdt

dNdt

dN (3.5)

então usando (3.5) e também (3.4) temos:

132

31

1NN

ppσϕγ+

= (3.6)

Usando esta equação (3.6) em (3.3) temos:

121

322 NN

ss

sspp

σϕγ

σϕγσϕ

+

+

= (3.7)

Agora, imaginemos que 32γ é grande o bastante para garantir que toda a

população que chega em 3, decai rapidamente para 2, fazendo com que a

população em N3 seja praticamente nula, simplificando a equação (3.1). Então, a

partir de (3.3), e usando (3.6), (3.7) e bem como (3.1) simplificada, podemos dizer

que a inversão de população, ou seja a diferença de população entre os níveis 2 e

1, pode ser descrita da seguinte forma :

NNNppss

pp

σϕσϕγγσϕ++

−=−

221

2112 (3.8)

Para garantir inversão de população, N2 deve ser maior que N1, ou a equação

(3.8) deve ser nula. Definimos agora um fluxo de bombeio limite para garantir a

inversão de população e com isso, a amplificação:

ppth στσ

γϕ2

21 1== (3.9)

Esta definição de inversão de população é muito importante, pois é por

causa dela que existe a amplificação. Se o fluxo de bombeio é maior que o limite

mostrado em (3.9), o sistema está pronto para emitir fótons através da emissão

estimulada pelo sinal enviado. Este processo de emissão, gera fótons com a

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Amplificador óptico a fibra dopada 34

mesma característica do fóton do sinal. Se a inversão é negativa, ou seja o fluxo

de bombeio é pequeno, não há amplificação do sinal.

Agora seja a intensidade de bombeio, em unidade de energia por unidade de

área por unidade de tempo, dada por :

ppp hI ϕν= (3.10)

então temos que a intensidade de bombeio limite é:

2

21

τσν

σγν

p

p

p

pth

hhI == (3.11)

a partir de (3.11) observamos que, para um sistema ter um baixo limiar de

intensidade de bombeio, o material deveria ter elevada secção de choque de

absorção, ou pσ , e ainda um longo tempo de vida no nível 2, ou seja, que 2τ seja

maior. O érbio leva uma grande vantagem, pois além de emitir em 1550nm, ou

seja num comprimento de onda com boas características para a fibra, ainda possui

um tempo de vida do nível 4I13/2 bastante alto, por volta de 10 ms [36] em sílica.

Em [3], é dado uma estimativa do valor de Ith∼ 10 KW/cm2 para valores típicos de

érbio e bombeamento com 980 nm. Assumindo que esta intensidade de bombeio é

distribuída uniformemente na área efetiva de 5 µm2, área efetiva do núcleo típica

para fibras dopadas a érbio [3], temos então uma potência limite de Pth = 0,5 mW.

Este valor corresponde à quantidade necessária para tornar transparente apenas

um comprimento infinitesimal de fibra dopada a érbio. Este exemplo ilustra mais

ainda a grande vantagem do uso do érbio como dopante, por isso ele é muito

utilizado e seu uso foi rapidamente incorporado aos sistemas.

Agora, para seguir com a análise do ganho em fibras dopadas com érbio,

devemos pensar que existem dois campos viajando no meio, interagindo com os

íons, são eles o campo do sinal e o do bombeio. Como já foi mencionado

anteriormente, vamos definir os fluxos de sinal e de bombeio como:

s

ss h

ϕ = (3.12)

p

pp h

I

νϕ = (3.13)

portanto, assumindo que ambos, o sinal e o bombeio propagam na mesma direção,

ou seja, são co propagantes. O campo será amplificado ou atenuado a medida que

se desloca no eixo z através da absorção dos íons do estado fundamental, N1, ou de

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Amplificador óptico a fibra dopada 35

processos de emissão pelos estados excitados, N2 e N3. Então podemos dizer que a

variação do fluxo de sinal e de bombeio podem ser descritos como:

sss NN

dzd ϕσϕ

)( 12 −= (3.14)

ppp NN

dz

dϕσ

ϕ)( 13 −= (3.15)

e através de (3.12) e (3.13), e ainda utilizando (3.8) e uma equação equivalente

vinda de uma análise semelhante a partir de (3.4), tem-se as equações referentes

ao aumento do sinal e à atenuação do bombeio:

NI

h

I

hI

h

I

dzdI

ss

p

pp

s

ss

p

pp

s σ

νσ

νσγ

γν

σ

++

−=

221

21

(3.16)

NI

h

I

hIh

I

dz

dIpp

p

pp

s

ss

s

ss

p σ

νσ

νσγ

νσγ

++

+−=

221

21

(3.17)

Agora, tentando simplificar as equações de fluxo de sinal e de bombeio, serão

definidas as intensidades normalizadas de sinal e de bombeio como:

th

pp I

II =' (3.18)

th

ss I

II =' (3.19)

e definindo os seguintes parâmetros:

p

s

s

p

h

h

σσ

νν

η = (3.20)

η2

)('1)(

zIzI p

sat

+= (3.21)

Temos para o sinal:

NzIzI

zI

zIzIdzzdI

ssp

p

sats

s )('1)('

1)('

)(/)('11)(' σ

+−

+= (3.22)

e para o bombeio:

NzIzIzI

zIdz

zdIpp

ps

sp )(')(')('21

)('1)('σ

ηη

+++−= (3.23)

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Amplificador óptico a fibra dopada 36

Estas equações determinam, de maneira bem simples, o comportamento do

bombeio e do sinal dentro da fibra, portanto para uso de modelamento do sinal,

um modelo mais complexo deveria ser utilizado [36, 37]. Porém, no caso deste

trabalho, onde apenas uma análise do comportamento do ganho do sinal é

desejada, é possível o uso deste modelo, sendo necessária apenas uma análise

mais cuidadosa da equação (3.22).

Se Is<<Isat, a equação (3.22) resulta em: )()0(´)(´ z

sspeIzI α= (3.24)

onde o coeficiente de ganho é dado por:

NzI

zIs

p

pp σα

+−

=1)('

1)(' (3.25)

Então o sinal cresce exponencialmente com um coeficiente proporcional a

secção de choque e ao grau de inversão de população. Observa-se também que

para um bombeamento muito intenso, muito maior que a intensidade limite, o

coeficiente de ganho é:

Nsp σα = (3.26)

o que significa que o coeficiente de ganho depende apenas da secção de choque

do sinal, sendo o sistema ideal quando todo o sinal absorvido é emitido e colabora

para o aumento do ganho. Porém, na prática, não é bem assim devido ao processo

de emissão espontânea presente na fibra. Este regime de operação é chamado

operação em pequenos sinais, e apresenta um grande aumento do ganho com o

aumento da potência de bombeio, para uma potência de sinal constante.

Analisando agora a condição de Is>>Isat, a equação (3.22) se torna:

NzI

zIzI

dzzdI

sp

psat

s σ

+−

=1)('

1)(')(

)(' (3.27)

Portanto, o crescimento do sinal agora tem um comportamento linear em função

de I’p. O regime de operação neste caso é chamado de operação em grandes sinais.

A Figura 7 ilustra o comportamento do ganho com a variação do bombeio.

Neste gráfico observam-se os dois regimes, pequenos e grandes sinais. Neste caso,

com a potência de sinal constante, o valor de Is se torna comparável ao valor de

Isat devido ao aumento da potência de bombeio, isto porque Isat varia em função de

Ip.

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Amplificador óptico a fibra dopada 37

Gan

ho (

dB)

Potencia de Bombeio (mW)

Região de pequenos sinais

Com ASE

Região de grandes sinais Ganho saturado

Sem ASE

Figura 7: Curva do comportamento do ganho em função da potência de bombeio.

Segundo a equação (3.23), a intensidade do bombeio vai diminuindo

enquanto percorre o eixo z. Com a definição de intensidade de bombeio limite, só

existe ganho na fibra se a intensidade do bombeio for maior que esta intensidade

limite, portanto, como a intensidade cai ao longo de z, existe um ponto na fibra de

comprimento L em que ocorre a igualdade da intensidade de bombeio com a

intensidade limite, a partir deste ponto o ganho é negativo. Este ponto é definido

como comprimento ótimo da fibra.

A Figura 8 ilustra o comportamento do ganho de sinal e do bombeio ao

longo do comprimento da fibra. Com três potências de bombeio na entrada, a

potência do bombeio vai caindo ao longo da fibra, enquanto que o ganho vai

subindo, num certo ponto o ganho chega a um máximo e depois começa a cair, o

ponto L onde o ganho é máximo é chamado comprimento ótimo da fibra. Percebe-

se, analisando estas curvas, que o comprimento L é diferente para potências de

bombeio diferentes.

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Amplificador óptico a fibra dopada 38

P

oten

cia

de b

ombe

io P

p/P

sat

Comprimento da fibra (m)

Ganho (dB

)

Figura 8: Comportamento do ganho e da potência de bombeio ao longo do comprimento

da curva

Portanto, há um compromisso entre as potências de sinal e de bombeio, e

também o comprimento da fibra, para os quais, o sistema opera em regime de

pequenos ou grandes sinais, ou seja, em regime linear ou saturado. Pode-se definir

que o nível de inversão na fibra faz com que o ganho de sinal sature [36].

Portanto, dependendo da potência de bombeio e do ponto na fibra, o nível de

inversão de população é diferente, com isso o ganho é maior ou menor. A Figura 9

mostra o coeficiente de ganho em função do comprimento de onda, para diferentes

níveis de inversão de população.

Figura 9: Coeficiente do ganho, em função do comprimento de onda, para diferentes

níveis de inversão de população relativos [6].

Comprimento de onda (µµm)

Coe

ficie

nte

de G

anho

(m-1

)

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Amplificador óptico a fibra dopada 39

Para um nível de inversão de população total, curva mais alta na Figura 9,

tem-se amplificação em todo o espectro, e para o outro extremo, curva mais baixa,

tem-se absorção total do sinal. Em níveis intermediários de inversão de população,

o sinal é absorvido no início do espectro e amplificado no final do espectro,

promovendo amplificação em comprimentos de onda mais longos, ou seja, na

banda L.

Existem alguns fatores que colaboram para o baixo nível de inversão de

população, um deles é, como já comentado, a absorção do bombeio ao longo da

fibra. Para uma fibra longa, existe um z que tem baixa inversão de população,

favorecendo amplificação para longos comprimentos de onda.

Outro fator é a saturação do ganho de sinal pelo sinal amplificado e pela

ASE. Para um alto sinal, a taxa de emissão estimulada se iguala ou ultrapassa a

taxa de bombeamento, também se a ASE é alta, pode ocorrer emissão estimulada

da ASE. Quando esta emissão estimulada da ASE aumenta, ela eventualmente

compete com a taxa de bombeamento, isto ocorre geralmente nas extremidades da

fibra onde a ASE é mais forte, e nestas regiões a inversão do meio é reduzida.

Como visto na Figura 9, as características espectrais do ganho mudam com

a não uniformidade do índice de inversão de população na fibra, e ainda depende

das secções de choque de emissão e absorção [36]. Portanto o uso de uma fibra

mais longa ou a presença de um sinal específico, de forma a promover a

diminuição do índice de inversão de população, pode promover a variação do

espectro do ganho, e propiciar amplificação na banda L.

Outra definição de grande importância para caracterizar o desempenho de

um amplificador, neste caso, a fibra dopada com érbio, é a Figura de Ruído (NF

sigla de Noise Figure, em inglês). Ela representa a medida de degradação da

relação sinal ruído da entrada para a saída, ou seja:

)()0(

LSNRSNR

NF = (3.28)

Deseja-se uma menor NF possível, porém, esta relação é, no mínimo 1,

porque o amplificador sempre adiciona ruído durante o processo de amplificação,

e além disso, para amplificadores a fibra dopada com érbio este mínimo é 3 dB

(limite quântico teórico) quando o comprimento de onda 980 nm é usado como

bombeio [36].

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Amplificador óptico a fibra dopada 40

Diferentes aspectos devem ser abordados para um estudo de figura de ruído

de amplificadores a fibra dopada, porém, não serão abordados neste trabalho,

sendo somente estudado o comportamento do ganho dos amplificadores.

No próximo capítulo, serão mostradas medidas de ganho distribuído para

EDF, para regimes de pequenos sinais e grandes sinais, ganho de sinais com a

presença de sinais saturantes e o uso da EDF para ganho em longos comprimentos

de onda (banda L).

3.2. Fibra dopada com Túlio

O alargamento da faixa de freqüência de utilização dos sistemas ópticos, em

busca de mais capacidade, é o maior aliado do estudo desta fibra. Como as bandas

C e L já tem o seu uso comercialmente garantido, com o EDFA, o novo passo é

estudar componentes que operem em outras faixas. Operando na banda S (1460

nm a 1530 nm, exatamente antes da banda C), o amplificador feito com fibra

dopada a Túlio é um dos dispositivos que apresenta esta característica.

Em 1982, houve a primeira proposição de que a transição entre os níveis 3H4→3F4 do íon de Tm3+ poderia ser uma transição laser, emitindo em torno de

1470 nm [38]. Mais tarde, em 1989, foi demonstrada a oscilação laser em torno de

1480 nm numa fibra fluorada multimodo dopada com túlio [39]. Porém, só em

1993 foi publicado um artigo sobre amplificadores de túlio usando um esquema

de conversão ascendente de freqüência, que será explicada depois, para operar

nessa região (1470 nm) [40].

A fibra dopada com túlio de melhor desempenho é a fibra fluorozirconada,

ou ZBLAN (ZrF4-BaF2-LaF3-AlF3-NaF3), que será utilizada para as análises e

medidas deste trabalho. Esta fibra, por não ser de sílica, é muito difícil de se

manusear. A sílica não é um bom material hospedeiro do túlio, para o processo de

amplificação entre os dois níveis de energia desejados [41]. O problema é que a

sílica impede que haja amplificação óptica eficiente entre os níveis desejados 3H4

e 3F4, pois a sua energia de fônon é alta, e seus fônons são facilmente emitidos

para um outro nível de relaxação 3H5, restando no nível de interesse por um tempo

muito curto.

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Amplificador óptico a fibra dopada 41

Para explicar o funcionamento deste amplificador, será preciso

primeiramente observar os diagramas dos níveis de energia do íon Tm3+. Nas

figuras a seguir, vêem-se as energias de absorção do nível fundamental (3H6) e em

níveis excitados, e também de emissão. Pode ser observado pela Figura 11 que a

transição desejada se dá entre os níveis 3H4 e 3F4 e corresponde à emissão de 1470

nm.

3F2

3H4

3H5

3F4

3H6

1420 nm

1055 nm

635 nm

445 nm

0,8 µm 1,41 µm

[Xe]4f 13 5d 0 6s 2

3F3

1G4

1D2

1120 nm

3650 nm

1,05 µm 1,56 µm 1,24 µm

Absorção de estado excitado (nm)

3580 nm

1110 nm

635 nm

4550 nm

3F4

3H4

790 nm

660 nm

465 nm

355 nm

685 nm

1200 nm

1650 nm

Absorção de estado fundamental (nm)

4

8

12

16

20

24

28

Figura 10: Diagrama de níveis de energia mais baixos do estado do estado 4f do íon

Tm3+ em fibras fluoradas, indicando as energias de absorção do estado fundamental e de

alguns estados excitados [41].

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Amplificador óptico a fibra dopada 42

3F2

3H4

3H5

3F4

3H6

3F3

1G4

1D2

4

8

12

16

20

24

28

0,8 µm

0,48 µm

0,45 µm

2,3 µm

1,9 µm

1,47 µm

1,51 µm

Figura 11: Diagrama de níveis de energia mais baixos do estado 4f do túlio em fibras

fluoradas, indicando as energias de emissão de diversos estados excitados [41].

Os primeiros trabalhos [14, 15] envolvendo amplificação com esta fibra

utilizam os esquemas mostrados na Figura 12, principalmente para 1050 nm, o

trabalho envolvendo bombeamento com 1410 nm é mais recente [16]. A idéia

inicial é, com um único bombeamento, levar os elétrons para o estado 3F4 e a

partir daí bombear para levar os elétrons até o estado 3H4, isto porque não há

como bombear diretamente para o nível 3F4, pois seu tempo de vida é muito

menor que o tempo de vida de 3H4. Se não houver um bombeamento entre estes

dois níveis, não há amplificação. Esse processo é chamado de bombeamento de

conversão ascendente de freqüência [41]. Portanto, para promover a inversão de

população entre estes dois níveis, esquemas complexos de bombeamento são

exigidos, para assim, possibilitar a amplificação em 1470 nm.

Apesar de haver amplificação, estes esquemas não são eficientes, porque a

absorção do estado fundamental para estes comprimentos de onda (1,05 e 1,41

µm) é baixo, isto pode ser visto na Figura 13, portanto é necessário uma alta

potência de bombeio para levar os íons do estado fundamental para o primeiro

estado excitado e, a partir daí, iniciar o processo de amplificação.

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Amplificador óptico a fibra dopada 43

3F2

3H4

3H5

3F4

3H6

0,48 µm

2,3 µm

3F3

1G4

1,05 µm 1,9 µm 0,8 µm

1,05 µm

1,05 µm

1,47 µm 4

8

12

16

20

1,41 µm

1,41 µm

1,47 µm

1,41 µm

Bombeamento 1050 nm Bombeamento 1410 nm

2,3 µm

1,9 µm 0,8 µm

(a) (b)

Figura 12: Esquema de bombeamento para túlio em fibras ZBLAN. (a) bombeamento

em 1050 nm; (b) bombeamento em 1410 nm [41].

0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,60

5

10

15

20

25

30

35

3F4

3H5

3H4

3F3

3F2

Comprimento de onda [µµm]

Per

das

[d

B/p

pm

/km

]

Figura 13: Espectro de absorção de uma fibra ZBLAN dopada com Tm3+ [42]

O entendimento deste sistema é complexo, alguns modelos foram propostos

[43, 44], porém para a sua solução numérica, é necessário o conhecimento de

alguns parâmetros que não são simples de se encontrar, sendo sempre necessário

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Amplificador óptico a fibra dopada 44

diversas simplificações. Neste trabalho será mostrado o desenvolvimento do

modelo mostrado em [42].

Será feito um estudo com bombeamento de 1050 nm, e a Figura 14 ilustra o

sistema de cinco níveis usado para o modelo. O bombeamento terá três transições,

a primeira é de 3H6 para 3H5, ou entre os níveis 0 e 2, e sua probabilidade de

transição é definida como Wp1, a segunda transição é entre 3F4 e 3F2,3, que

corresponde à transição entre os níveis 1 e 4, e cuja probabilidade de transição é

Wp2, esta transição é responsável pela inversão de população, e a terceira transição

é entre 3H4 e 1G4, ou entre 3 e 5, com probabilidade de transição de Wp3, e esta

transição reduz a população de 3H4. Observam-se ainda as transições de emissão

espontânea, representadas por γij, onde i e j indicam os níveis de energia 0,1,2,3,4

e 5.

3F2,3

3H4

3H5

3F4

3H6

1G4

γγ21

γγ43

Ws

5

4

3

2

1

0

Wp1

Wp2

Wp3 γγ50

γγ52

γγ30

γγ10

Figura 14 Ilustração do sistema de cinco níveis usado para a análise do modelo do

amplificador a fibra dopada com túlio.

Portanto sejam N0, N1, N2, N3, N4 e N5 as populações dos níveis 0, 1, 2, 3, 4

e 5 respectivamente. A densidade total de população é:

543210 NNNNNNN +++++= (3.29)

A partir deste conhecimento, as equações de taxa podem ser escritas:

550330110010 NNNNW

dtdN

p γγγ +++−= (3.30)

322112101 )( NWNNWW

dtdN

ssp ++++−= γγ (3.31)

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Amplificador óptico a fibra dopada 45

552221012 NNNW

dtdN

p γγ +−= (3.32)

443333013 )( NNWWNW

dtdN

pss γγ +++−= (3.33)

443124 NNW

dtdN

p γ−= (3.34)

55350335 )( NNW

dtdN

p γγ +−= (3.35)

onde:

;p

pippi h

IW

νσ

= 3,2,1=i (3.36)

s

sss h

IW

νσ= (3.37)

330

γ = (3.38)

110

γ = (3.39)

Sendo, Ip a intensidade de bombeamento, Is a intensidade de sinal, σp1, σp2 e σp3,

as secções de choque de absorção das três transições de bombeamento, τ1 e τ3 os

tempos de vida dos estados 1 e 3 respectivamente, h a constante de Planck e νs e

νp as freqüências de luz do sinal e do bombeio.

Observando a Figura 14 e analisando os processos, assume-se que N2 e N4

são muito pequenos comparados com as outras densidades populacionais, portanto

a partir de agora elas serão desprezadas, modificando então a equação (3.29).

No estado estacionário, portanto d/dt =0, as equações (3.29) a (3.35)

formam um conjunto de sete equações. Escolhendo cinco delas, os valores de N0,

N1, N3, e N5 podem ser determinados em função de N.

Então, como na análise feita para fibra dopada a érbio na secção anterior,

sendo a inversão de população definida por:

13 NNN −=∆ (3.40)

que, após o desenvolvimento das equações de taxa, pode ser re-escrita por:

NBA

N =∆ (3.41)

onde:

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Amplificador óptico a fibra dopada 46

)()( 303215250 γγγ −−+= ppp WWWA (3.42)

321501301021

3102123013030105250

))((}2)(

){(

psppspspp

ppppp

WWWWWWWWW

WWWWWB

+++++++

+++++=

γγγγγγγγγγ

(3.43)

Pode-se definir a intensidade de bombeio limite, a partir da qual há inversão

de população, este ponto limite é exatamente quando ∆N=0. Após algumas

manipulações, esta intensidade pode ser aproximada para:

332 )( τσσν

pp

pth

hI

−= (3.44)

A intensidade limite define a potência de bombeio mínima para haver

amplificação, da mesma forma que para um sistema de três níveis, mostrado na

secção anterior. E para este tipo de sistema, a intensidade de sinal e de bombeio

podem satisfazer às seguintes equações diferenciais:

ssssss NIINN

dzdI

∆=−= σσσ )( 13 (3.45)

ppppp INNN

dz

dI)( 331201 σσσ ++−= (3.46)

Temos ainda que, dependendo da potência de bombeamento, a terceira

transição é muito pequena, ou seja, Wp3 pode ser desprezado (N5 muito pequeno).

Nesta condição, pode-se reescrever a equação (3.45) da seguinte forma:

ss

a

s

s NI

II

KdzdI σ

+≈

1

1 (3.47)

onde,

pp

p

I

hK

1

3010

4

)3(1

1

σνγγ +

+= (3.48)

pp

s

s

pa II

=

νν

σσ 2

21

(3.49)

ou seja, o comportamento do sinal, e portanto do ganho para um sistema de 4

níveis, é equivalente ao ganho de um sistema de três níveis multiplicado por um

fator K.

Vale ressaltar que o uso de equações de taxa serve para um melhor

entendimento do dispositivo, porém, neste caso, pôde-se observar que várias

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Amplificador óptico a fibra dopada 47

aproximações foram feitas, fazendo com que o modelo não seja muito preciso.

Além deste exemplo de modelamento, existem outros trabalhos que tentam

modelar o TDFA de forma mais precisa, porém equivalente a este.

Como mencionado anteriormente, o sistema com apenas um bombeio não é

eficiente, necessitando de uma potência muito alta de bombeio para a

amplificação. Vários trabalhos procuram um sistema mais eficiente de

bombeamento através de diferentes configurações [45-49].

Um exemplo de solução seria utilizar duplo bombeamento, como mostrado

na Figura 15, com o esquema proposto em [48] para bombeamento de 800 e 1050

nm, e também com o duplo bombeamento de 800 e 1410 nm [49]. O bombeio de

800 nm leva íons do estado fundamental diretamente para 2H4, este bombeamento

é bem mais eficiente devido ao coeficiente de absorção do estado fundamental

para este comprimento de onda, porém ele sozinho não garante a inversão de

população, já que o tempo de vida deste nível não é tão longo. O segundo

bombeio, neste exemplo 1050 ou 1410 nm, mantém a inversão de população entre 2F4 e 2H4.

3F2

3H4

3H5

3F4

3H6

3F3

1G4

1,05 µm

1,05 µm

1,05 µm

1,47 µm 4

8

12

16

20

1,41 µm

1,41 µm

1,47 µm

1,41 µm

(a) (b)

0,8 µm 0,8 µm

Figura 15: Diagrama de níveis de energia para um sistema de duplo bombeamento, onde

(a) apresenta bombeamento de 800 e 1050 nm e (b) 800 e 1410 nm.

Outra consideração a ser feita sobre o dispositivo é que o comprimento de

onda do sinal, por volta de 1470 nm, não é absorvido pelo estado fundamental

(Figura 13). Com isso, uma vez atingido o comprimento ótimo da fibra, ou seja

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Amplificador óptico a fibra dopada 48

ponto em que não há mais aumento de ganho com o aumento do bombeio,

também não há perdas por absorção diferentemente da fibra dopada com érbio

No próximo capítulo serão mostradas medidas de ganho distribuído em

fibras dopadas com túlio, ilustrando o comportamento do ganho e escolha de

comprimento ótimo, e ainda uma medida com duplo bombeio.

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