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Em movimento Movimento Negação da Negação PT e a crise da dominação burguesa no Brasil Programa único Em movimento julho 2015 abril maio junho julho março fevereiro janeiro 2014 dezembro novembro outubro setembro agosto julho junho maio abril março fevereiro janeiro 2013 dezembro novembro outubro setembro agosto Os mencheviques do Syriza – Parte 1 Autor Conselho editorial Data 06022015 Este artigo será publicado em duas partes. A próxima parte será publicada na segundafeira, 9/2, também em movimentonn.org. A eleição do partido SYRIZA (acrônimo para Coalizão da Esquerda Radical) na Grécia no dia 25 de janeiro é oportuna para se discutir as posições da esquerda naquele país e mundialmente, com destaque para as posições da esquerda no Brasil. Syriza é uma junção de grupos, cujo maior é o Synaspismos, que tem origem no Eurocomunismo (corrente stalinista próxima às teorias de Gramsci), secundado por maoístas e por “pós marxistas” (pósmodernos, ecológicos, etc), contando também com apoio de um setor que reivindica, ao menos em nome, o trotskismo. Syriza foi eleito com 36% dos votos, deixando em segundo lugar, com 27% dos votos, o partido Nova Democracia, de direita, que até pouco mais de um mês governava a Grécia com o Primeiro Ministro Antonis Samaras. Em terceiro lugar ficaram os facistas do Aurora Dourada (Golden Down), com 6,3% dos votos; em quarto o direitista O Rio (To Potami) com 6%; em quinto o Partido Comunista Grego (KKE) com 5,4%; em sexto o direitista Gregos Independentes (ANEL) com 4,7% e, por último, com pouco menos votos que o ANEL, o PASOK (Partido Socialista), por mais de 40 anos o principal partido da esquerda grega. A mídia mundial tem alimentado a versão de que se passa uma atmosfera de efervescência, ânimo e ebulição na Grécia com a vitória de Syriza e seu primeiro ministro, principal figura pública do partido, Alexis Tsipras. Isso é, no mínimo, exagerado. Como um todo, a abstenção, anulação e protesto nas urnas cresceram e somaram mais de 38% dos votos, ultrapassando o resultado do próprio Syriza. A rigor, Syriza foi eleito com cerca de 2,5 milhões de votos, numa população votante de mais de 10 milhões de pessoas. Com seus 36% de votos, Syriza teve direito a 98 cadeiras no parlamento. Somese a isso um dispositivo eleitoral grego que dá 50 cadeiras ao partido mais votado, e o Syriza passa a 148 cadeiras (quase metade das 300 do parlamento). Assim se produz a mágica da democracia burguesa, que no parlamento sempre deforma a relação entre as classes, fazendo com que um partido que teve 2,5 milhões de votos obtivesse uma representação equivalente à metade da população do país. Além disso, é preciso considerar que parte dos setores mais dinâmicos da classe trabalhadora, sobretudo os setores operários, votaram no KKE, historicamente dirigente dos Compartilhe Facebook Twitter Outras redes sociais “A produção capitalista produz, com a inexorabilidade de um processo natural, sua própria negação. É a negação da negação.” –Marx, O capital. Livro I Cap. XXIV, 1867. Receba o boletim Entre em contato

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Em movimento

Movimento Negaçãoda Negação

PT e a crise dadominação burguesano Brasil

Programa único

Em movimento

julho2015abrilmaiojunhojulhomarçofevereirojaneiro2014dezembronovembrooutubrosetembroagostojulhojunhomaioabrilmarçofevereirojaneiro2013dezembronovembrooutubrosetembroagosto

Os mencheviques doSyriza – Parte 1

Autor Conselho editorialData 06­02­2015

Este artigo será publicado em duas partes. A próxima parteserá publicada na segunda­feira, 9/2, também emmovimentonn.org.

A eleição do partido SYRIZA (acrônimo para Coalizão daEsquerda Radical) na Grécia no dia 25 de janeiro é oportunapara se discutir as posições da esquerda naquele país emundialmente, com destaque para as posições da esquerda noBrasil.

Syriza é uma junção de grupos, cujo maior é o Synaspismos,que tem origem no Eurocomunismo (corrente stalinista próximaàs teorias de Gramsci), secundado por maoístas e por “pós­marxistas” (pós­modernos, ecológicos, etc), contando tambémcom apoio de um setor que reivindica, ao menos em nome, otrotskismo.

Syriza foi eleito com 36% dos votos, deixando em segundolugar, com 27% dos votos, o partido Nova Democracia, dedireita, que até pouco mais de um mês governava a Gréciacom o Primeiro Ministro Antonis Samaras. Em terceiro lugarficaram os facistas do Aurora Dourada (Golden Down), com6,3% dos votos; em quarto o direitista O Rio (To Potami) com6%; em quinto o Partido Comunista Grego (KKE) com 5,4%;em sexto o direitista Gregos Independentes (ANEL) com 4,7%e, por último, com pouco menos votos que o ANEL, o PASOK(Partido Socialista), por mais de 40 anos o principal partido daesquerda grega.

A mídia mundial tem alimentado a versão de que se passauma atmosfera de efervescência, ânimo e ebulição na Gréciacom a vitória de Syriza e seu primeiro ministro, principal figurapública do partido, Alexis Tsipras. Isso é, no mínimo,exagerado. Como um todo, a abstenção, anulação e protestonas urnas cresceram e somaram mais de 38% dos votos,ultrapassando o resultado do próprio Syriza. A rigor, Syriza foieleito com cerca de 2,5 milhões de votos, numa populaçãovotante de mais de 10 milhões de pessoas.

Com seus 36% de votos, Syriza teve direito a 98 cadeiras noparlamento. Some­se a isso um dispositivo eleitoral grego quedá 50 cadeiras ao partido mais votado, e o Syriza passa a 148cadeiras (quase metade das 300 do parlamento). Assim seproduz a mágica da democracia burguesa, que no parlamentosempre deforma a relação entre as classes, fazendo com queum partido que teve 2,5 milhões de votos obtivesse umarepresentação equivalente à metade da população do país.Além disso, é preciso considerar que parte dos setores maisdinâmicos da classe trabalhadora, sobretudo os setoresoperários, votaram no KKE, historicamente dirigente dos

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“A produção capitalista produz, coma inexorabilidade de um processonatural, sua própria negação. É anegação da negação.” –Marx, Ocapital. Livro I Cap. XXIV, 1867. Receba o boletim

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sindicatos privados mais importantes da classe operária (juntocom o PASOK). O Syriza tem inserção quase irrelevante naclasse trabalhadora, em sindicatos e no movimento estudantil,e é um partido que cresceu após as mobilizações pequeno­burguesas na praça Syntagma e, sobretudo, com odesmoronamento do PASOK após este implementar asmedidas de austeridade. Grande parte dos parlamentaresoportunistas do PASOK migrou para o Syriza, bem comogrande parte do voto do PASOK.

Isso está de acordo com o que reportaram alguns ateniensesmarxistas e anarquistas de oposição de esquerda ao Syriza:“Mais do que captar um ideário e a paixão da população, oSyriza venceu porque é um grupo novo e diferente na política”,disse, por exemplo, Thrasybulus, ao jornal libcom.org.

Ainda assim, apesar de todas essas colocações, é precisoconstatar que Syriza capta um sentimento da classetrabalhadora contrário às políticas do grande capital para aEuropa, contrário às políticas lideradas pela “Troika” (BancoCentral Europeu, Comissão Europeia e Fundo MonetárioInternacional). Isso ocorre porque tais políticas de austeridadetêm destruído as condições de vida da classe trabalhadora emdiversos países da Zona do Euro, com destaque para a Grécia,Irlanda, Espanha e Portugal, mas também em certa medida emeconomias grandes como a italiana. O temor da Troika,centralizada pela Alemanha, principal economia da Zona doEuro, parece ser de que Syriza desencadeie uma onda anti­austeridade em diversos países da Zona do Euro, o que já sedesenha na Espanha e na Irlanda. A ascensão do partidoPodemos na Espanha parece ser análoga à do Syriza emdiversos sentidos (pouco lastro na classe operária, resultadode mobilizações super­estruturais, etc).

Cabe perguntar: essa capitalização do sentimento da classetrabalhadora pelo Syriza é necessariamente progressiva, comoadvoga a maioria da esquerda mundial? Para responder a estaquestão, é preciso primeiro analisar o que é e o que representao Syriza na conjuntura atual.

O Syriza é marxista ou revolucionário?

O programa do Syriza é de esquerda e revolucionário?Podemos dizer que Syriza é de esquerda na exata medida emque “esquerda” é um termo tão vago que, cada vez mais,significa menos. O programa atual do Syriza não tem nada demarxista; é de matriz keynesiana.

Que se trata de um programa keynesiano é fácil de constatarverificando quem é o Ministro de Finanças apontado porTsipras: Yannis Varoufakis. Varoufakis, antigo consultor doPASOK, é professor de economia na Universidade de Atenas ena Universidade do Texas (em Austin); publicou recentementeo livro Modesta proposta para resolver a crise do Euro, emcoautoria com Stuart Holland e James K. Galbraith. Holland éconsultor econômico do Partido Trabalhista inglês. JamesGalbraith (filho do famoso economista), destaca­se como umdos principais nomes do neo­keynesianismo, corrente queganhou destaque após a crise de 2008 e conta também com oNobel de Economia Paul Krugman. Não à toa, Krugman noFinancial Times teceu diversos artigos elogiosos ao Syriza,fazendo coro com o presidente Obama.

Também é fácil constatar o programa keynesiano verificandoquantas vezes os principais representantes do Syriza falamem “New Deal” e em “Plano Marshall”. Isso está expresso comdestaque no “Programa de Tessalônica”, programa de governoapresentado pelo Syriza pouco antes da eleição. Logo nocomeço desse programa se lê que o que pretende Syriza é “umNew Deal europeu baseado em investimento público financiadopelo Banco Europeu de Investimento”. Da mesma forma,Varoufakis, em entrevista recente ao Die Zeit, clamou por um“Plano Merkel”, similar ao Plano Marshall, articulado pelachanceler alemã Angela Merkel.

New Deal e Plano Marshall foram programas de matrizkeynesiana que serviram para rearticular a economiaamericana e europeia, respectivamente, após a grandedepressão da década de 1930 e após a destruição de forçasprodutivas provocada pela II Guerra Mundial. A essência daspolíticas keynesianas consiste na reativação da economiaartificialmente via transferência de recursos do Estado para ocapital, usando a classe trabalhadora como intermediária (ouseja: aumentando o poder de consumo dos trabalhadores egerando certa estabilidade no emprego). Ao mesmo tempo,essas medidas implicam em reestruturação da produçãocapitalista em novas bases, mais avançadas e produtivas, que

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permitam maior grau de extração de mais­valia, aumentandolocalizadamente e temporariamente (mas não globalmente) ataxa de lucro capitalista.

Essas medidas, do ponto de vista burguês, devem ser usadasem momentos de crise acentuada do sistema. Tudo isso, tinhaclareza Keynes, não visava impedir a excessiva miséria daclasse trabalhadora, mas a revolução socialista. A tendênciageral do sistema capitalista no atual período, como já mostraraTrotsky na década de 1920, é de uma curva descendente, queamplia aos poucos a miséria da classe trabalhadora em todoplaneta; as medidas keynesianas são apenas contra­tendências limitadas, artificiais e temporárias, dentro datendência geral decadente, usadas em momentos agudos paraatenuar as contradições de classe. Mesmo assim, comotambém afirmara Trotsky, essas medidas estatais tomadaspela burguesia confrontam­se a todo momento com o “complôdas 60 famílias”, ou seja, com a sabotagem dos setoresmonopolistas do capital internacional.

Faz parte historicamente desse tipo de “novo acordo” entre asclasses um maior atrelamento dos sindicatos ao Estado, que,por meio de novas agências estatais de controle, realiza opacto entre a classe trabalhadora e a classe capitalista. Oplano inaugurado por Roosevelt nos EUA foi também aplicadono Brasil de Getúlio Vargas na sua fase “trabalhista”, bemcomo, similarmente, pela social­democracia europeia no pós­guerra. O Syriza sabe de tudo isso. Foi conscientementeseguindo essa tradição que, já em 2012, um importantedeputado do Syriza, Euclid Tsakalotos (formado em economiaem Oxford), tranquilizou a burguesia europeia ao afirmar:“Nosso programa é o que os antigos partidos trabalhistas esocial­democratas costumavam ter”.

Entretanto, essa “transfusão de sangue” — como Trotskychamou o “New Deal” — do Estado para as empresas, usandoa classe trabalhadora como intermediária, só pode serrealizada em Estados Nacionais com grande acumulação decapital anterior. O próprio Varoufakis reconhece que essapolítica proposta pelo Syriza só poderia ser aplicada num paíscom acumulação anterior, por um governo muito mais rico queo da Grécia. Na entrevista ao Die Zeit, já citada, ele afirma quecaberia à Alemanha realizar a salvação da Zona do Euro: “AAlemanha é o país mais poderoso da Europa. Eu acho que aUnião Européia lucraria se a Alemanha visse a si própria comohegemônica”. Na condição de país hegemônico, a Alemanha,diz ele, poderia “tomar a responsabilidade pelos demaispaíses”, assim como os “EUA tomaram a responsabilidade dereconstruir a Europa após a Segunda Guerra Mundial”. É ocitado “Plano Merkel”.

Mas a grande diferença entre o Syriza e a Troika não é emsalvar a Zona do Euro e a União Européia. A diferença está emsaber quando realizar o salvamento. A Troika, centralizadapelo capital alemão, também não é contra medidaskeynesianas de resgate e rearticulação da produçãocapitalista. Basta verificar que o governo alemão é compostonão só pelos democratas­cristãos de Angela Merkel, mastambém pela social­democracia, em coalizão. O SPD, partidosocial­democrata alemão que sustentou as medidaskeynesianas no coração da Europa, aliás, é o responsávelpelas negociações com o Syriza desde antes das eleições dejaneiro de 2015. Assim, portanto, a diferença se dá em relaçãoao momento de aplicar tais medidas de resgate. A Alemanhaacha que é possível sangrar ainda mais as economiasperiféricas da Zona do Euro.

A Alemanha visa, com isso, rebaixar o nível geral da classetrabalhadora dentro da Zona do Euro, para, assim, aumentar ograu de exploração (extração de mais­valia) nos locais ondeestão concentradas as principais forças produtivas europeias(sobretudo na Alemanha e França, mas também parte daItália). A Alemanha tem pouco interesse em retirar a Grécia daZona do Euro; prefere empobrecê­la, aumentar seus jáabsurdos níveis de desemprego (25% entre a populaçãoadulta, e quase 60% entre a juventude), para, assim, aumentara concorrência dentro da própria Zona do Euro e rebaixar onível médio salarial da classe trabalhadora europeia. Isso tudo,dentro do possível, sem fazer despertar uma grande revolta naclasse trabalhadora organizada nas principais forças produtivas(Alemanha e França), para o que ela conta com o apoio dossindicatos pelegos teutônicos e franceses.

Que pode fazer Syriza nessa situação de contrariedade daTroika centralizada pela Alemanha?

Numa situação assim, Syriza somente pode ganhar tempo, se

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equilibrando entre os diferentes setores da burguesia mundial ese equilibrando na população grega. Antes de tudo, Syrizabusca apoio nas potências mundiais que se opõem àAlemanha (EUA, França, Itália e Rússia), visando pressionar aAlemanha para que a Troika conceda um maior prazo para opagamento da dívida grega. É por isso que Syriza se nega anegociar com a Troika; quer negociar em separado com cadauma das suas três partes, tentando separar a Alemanha dasdemais potências que dirigem a CE e o BCE, bem comosepará­la dos EUA e do FMI.

Na impossibilidade de realizar o programa que deseja, o “NewDeal Europeu”, o “Plano Merkel”, Syriza cria uma retóricaradical para se apoiar na classe trabalhadora grega. Essaretórica é para encobrir uma espécie de paródia pequeno­burguesa do keynesianismo, um keynesianismo em um sópaís, embasado numa economia falida. Syriza tenta reanimar,com os não­recursos internos, o Estado grego, anunciandoenergia mais barata para setores industriais (e de quebra,grátis a 300 mil lares empobrecidos), e prometendo medidas deelevação do nível de vida da classe trabalhadora (aumento dosalário mínimo de 580 euros para 750 e a recontratação dealguns milhares de funcionários públicos demitidos). Essasúltimas promessas — salário e readmissão — habilmenteainda não foram aprovadas pelo Syriza, mas apenasprometidas, para serem usadas como elementos de pressãosobre a Alemanha (que já sinaliza que não as aceitará).

De onde Syriza pretende tirar dinheiro para essas medidasinternas? Em grande parte por meio do “imposto progressivo”,ou seja, taxando a burguesia nacional e aliviando para a classetrabalhadora e setores empobrecidos. Isso, assim como a ideiade uma auditoria e suspensão da dívida, revela o caráterpequeno­burguês do Syriza, que não pretende transformarradicalmente a sociedade, mas apenas taxar a burguesianacional, tornar mais efetivo o Estado burguês e, ao mesmotempo, fazer assistencialismo para setores empobrecidos daclasse trabalhadora. Trata­se de um equilíbrio difícil e frágil.

Aqui, um pequeno parêntese: Tsipras e Varoufakis — assimcomo boa parte da esquerda mundial — justificam o “impostoprogressivo” como uma medida radical, mesmo marxista. Issose faz, em geral, apontando que tal reivindicação já seencontrava, em 1848, no Manifesto do Partido Comunista deMarx e Engels, o que é verdade. O que essa esquerdaesconde, entretanto, é que Marx e Engels abandonaram essareivindicação, sobretudo após a Comuna de Paris (1871). Issofica claro no prefácio à edição alemã do Manifesto de 1872.Marx e Engels, sobretudo após a experiência das formasparalelas (duais) de poder da classe trabalhadora,abandonaram a visão abstrata a respeito do Estado burguês,de que é possível tomá­lo e preenchê­lo com um conteúdorevolucionário. Entretanto, mundialmente, a esquerda charlatã“revolucionária” ainda justifica tal medida — assim comodiversas outras medidas para o Estado burguês — como“marxistas”.

Via imposto progressivo, por exemplo, é possível taxar setoresda burguesia nacional, fortalecer o Estado burguês nacional e,em decorrência disso, dar serviços sociais estatais paraclasse trabalhadora. Isso permite diminuir os custos dereprodução da força de trabalho da classe trabalhadora, umavez que deles são extraídos os custos de seguro­desemprego,seguro de saúde, educação, moradia, etc. Ou seja, essapolítica permite uma forma de extração de mais­valia relativa,em detrimento de setores nacionais da burguesia e emfavorecimento de setores do grande capital.

Retornando: o fato é que Syriza está na corda bamba: seaplicar as medidas que lhe dão sustentação interna (semromper com a ordem burguesa), será atacado pela Troika,centralizada pela Alemanha. Caso se submeta à Troika, serádesmascarado e derrubado internamente, pela esquerda oupela direita. Conseguirão se equilibrar Tsipras e Varoufakis?

Fim da primeira parte. A próxima parte, que analisa a relaçãodo Syriza com a direita, bem como o programa do KKE naatual conjuntura, será publicada em movimentonn.org no dia09/02.