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Direito Administrativo para TRF Prof. Cyonil Borges – Aula 04 Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 142 AGENTES PÚBLICOS – PARTE I Oi Pessoal, O assunto, da aula de hoje, é animador, afinal todos desejam ser agentes públicos ! Se é assim vamos logo à aula. Ah! Tenho o costume de usar “muitos” exemplos do Tribunal de Contas da União (TCU), que é o local onde, atualmente, trabalho, mas podem ficar sossegados (as), pois basicamente as situações se repetem... Outra coisa, algumas jurisprudências apresentadas são do TCU, isso porque é esta Corte de Contas que controla a admissão e a aposentadoria dos servidores públicos federais, ok? Em frente! Por fim, destaco que a aula será apresentada em três partes. A primeira contendo a teoria propriamente dita, acompanhada de algumas questões de bancas organizadoras em geral, por acreditar, piamente, na “Lei de Lavoisier” (nada se cria, tudo se copia). No caso, além da Lei 8.112, de 1990, tive de avançar pelo texto constitucional, por ser bastante comum nossa ilustre organizadora recortar expressamente trechos do capítulo da Administração Pública (arts. 37 a 43 da CF/1988). A segunda parte da aula é só de questões aplicadas em 2010 pela organizadora FCC. A terceira, e última parte, composta por “todas” as questões de FCC, do ano de 2011, em forma de simulado. A intenção é uma só: gabaritarmos a prova! Boa aula a todos! Cyonil Borges

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Agentes publicos, direito administrativo

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    AGENTES PBLICOS PARTE I

    Oi Pessoal,

    O assunto, da aula de hoje, animador, afinal todos desejam ser agentes

    pblicos !

    Se assim vamos logo aula.

    Ah! Tenho o costume de usar muitos exemplos do Tribunal de Contas da

    Unio (TCU), que o local onde, atualmente, trabalho, mas podem ficar

    sossegados (as), pois basicamente as situaes se repetem...

    Outra coisa, algumas jurisprudncias apresentadas so do TCU, isso porque

    esta Corte de Contas que controla a admisso e a aposentadoria dos

    servidores pblicos federais, ok? Em frente!

    Por fim, destaco que a aula ser apresentada em trs partes.

    A primeira contendo a teoria propriamente dita, acompanhada de algumas

    questes de bancas organizadoras em geral, por acreditar, piamente, na

    Lei de Lavoisier (nada se cria, tudo se copia).

    No caso, alm da Lei 8.112, de 1990, tive de avanar pelo texto

    constitucional, por ser bastante comum nossa ilustre organizadora recortar

    expressamente trechos do captulo da Administrao Pblica (arts. 37 a 43

    da CF/1988).

    A segunda parte da aula s de questes aplicadas em 2010 pela

    organizadora FCC.

    A terceira, e ltima parte, composta por todas as questes de FCC, do ano

    de 2011, em forma de simulado.

    A inteno uma s: gabaritarmos a prova!

    Boa aula a todos!

    Cyonil Borges

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    TEORIA

    1 A RAZO DE SER DOS AGENTES PBLICOS

    Vocs j pensaram por que, realmente, existem agentes pblicos? A

    resposta relativamente simples. O Estado tem atribuies a serem

    cumpridas. E tais atribuies no so efetivamente desempenhadas pelo

    Estado, pois este um ser, uma pessoa, imaterial, ou seja, sem existncia

    fsica, enfim, o Estado no tem pernas e sequer braos. Desse modo,

    necessrio que algum materialize a atuao do Estado. Nesse contexto,

    surgem os agentes pblicos.

    Antes da classificao dos agentes pblicos, til conceitu-los. Para

    tanto, possvel nos socorrermos s lies doutrinrias, bem como, s

    normas. Vejamos.

    Doutrinariamente, podemos dizer que os agentes pblicos

    constituem um conjunto de pessoas que, de alguma forma, exercem

    uma funo pblica, como prepostos do Estado. De pronto, vejamos o

    conceito de agente pblico nas normas jurdicas. Para tanto, faamos a

    leitura da Lei 8.429/1992, popularmente conhecida como "Lei de

    Improbidade Administrativa". O conceito que a norma em referncia d

    categoria o que se segue:

    Reputa-se agente pblico, para efeitos desta Lei, todo aquele que

    exerce, ainda que transitoriamente ou sem remunerao, por

    eleio, nomeao, designao, contratao ou qualquer

    forma de investidura ou vnculo, mandato, cargo, emprego ou

    funo nas entidades mencionadas no artigo anterior.

    A despeito da Lei de Improbidade dispor sobre as sanes aplicveis

    aos agentes pblicos nos casos de enriquecimento ilcito na administrao

    pblica, o conceito contido em tal norma pode ser utilizado para a definio

    geral, a qual, conforme se observa, bastante ampla, englobando dos

    mais altos escales (detentores de mandato, tal como o Presidente da

    Repblica), at queles que executam as mais simples tarefas.

    Feitas essas consideraes iniciais, passemos classificao dos

    agentes pblicos.

    2 CLASSIFICAO DOS AGENTES PBLICOS

    A doutrina clssica divide servidores pblicos da seguinte forma:

    polticos; administrativos; honorficos; delegatrios; e credenciados.

    J a doutrina moderna enquadra-os em: polticos, particulares em

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    colaborao, servidores pblicos estatais e agentes militares.

    Vejamos, abaixo, a clssica.

    Os Agentes Polticos so aqueles incumbidos das mais altas

    diretrizes estabelecidas pelo Poder Pblico, em outros termos, so aqueles

    que desenham o destino da nao. Ocupam os mais elevados postos da

    Administrao Pblica, sejam cargos, funes, mandatos ou comisses,

    com ampla liberdade funcional e com normas especficas para sua escolha.

    So exemplos unnimes entre os doutrinadores: Membros do Legislativo

    (Deputados, Senadores e Vereadores), Chefes de Poder Executivo

    (Presidente da Repblica, Governadores e Prefeitos), assessores diretos

    destes (Ministros e Secretrios), e os membros de carreira diplomtica.

    Gosto de apontar, em turma, que os agentes polticos transpiram o

    poder. So aqueles que voc lembra quando se menciona poder constitudo.

    Quando se pensa em Poder Executivo Federal, qual a 1 imagem que vem

    lembrana? O Presidente da Repblica, o Ministro de Estado. So agentes

    polticos, como vimos. E assim se sucede no poder legislativo.

    O amigo se questiona: a classificao acima dita unnime, ento

    qual a divergncia existente? Desvenda Mister M. Vamos a ela.

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    H certa discusso doutrinria a respeito da possibilidade de

    incluso de alguns agentes na categoria dos agentes polticos, tais

    como os Magistrados; membros do Ministrio Pblico (Procuradores da

    Repblica e Promotores do Ministrio Pblico dos Estados), e dos

    Tribunais de Contas.

    Alguns autores mostram-se a favor; outros se apresentam contrrios

    a tal incluso. Ento como se comportar na PROVA?

    Informamos que o STF no Recurso Extraordinrio 228.977/SP,

    referindo-se especificamente aos Magistrados, tratou-os como agentes

    polticos, investidos para o exerccio de atribuies constitucionais, sendo

    dotados de plena liberdade funcional no desempenho de suas funes, com

    prerrogativas prprias e legislao especfica.

    Assim, sem maiores discusses, alm dos integrantes do

    Legislativo, Chefes de Executivo (e seus auxiliares diretos), os

    Magistrados podem ser enquadrados na categoria de agentes

    polticos.

    Legal. E os membros dos Tribunais de Contas?

    A doutrina clssica enquadra-os como agentes polticos. Porm, o

    STF, estranhamente, afirmou, com todas as letras, que os membros dos

    TCs so agentes administrativos.

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    Quanto aos membros do Ministrio Pblico, ou seja, promotores

    de justia e procuradores da repblica, de modo geral, a corrente

    moderna no os situa como agentes polticos.

    Duas so as principais caractersticas comuns dos agentes

    polticos:

    a) boa parte de suas competncias obtida diretamente da

    Constituio; e,

    b) de regra no se submetem s regras comuns aplicveis aos

    servidores pblicos. o caso dos Juzes, os quais no se submetem

    Lei 8.112/1990, por exemplo.

    Os Agentes Administrativos, por sua vez, constituem o maior

    contingente dos agentes pblicos e so os que exercem cargos, empregos

    ou funes pblicos, no mais das vezes, de carter permanente. No

    so membros de Poder do Estado, sequer exercem atribuies

    polticas ou governamentais. Integram, sim, o quadro funcional dos

    entes da federao, bem como o das entidades da Administrao

    Indireta.

    Os agentes administrativos submetem-se hierarquia funcional

    e ao regime jurdico estabelecido pela entidade qual pertencem. So

    agentes administrativos: servidores pblicos ocupantes de cargos

    efetivos; exercentes, exclusivamente, de cargos em comisso;

    exercentes de empregos ou funes pblicos; e os servidores

    temporrios (estes ltimos so referidos no inc. IX do art. 37 da

    CF/1988). Isso mesmo. Os temporrios so agentes pblicos, apesar de

    no ocuparem cargo ou emprego pblico. Mas, se temporrio no ocupa

    cargo, nem emprego, ocupa o qu? Ocupa a tal funo temporria.

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    No caso da Unio, a Lei que rege os temporrios Lei 8.745, de

    1993. Mas no se preocupem em ler tal norma, pois ela no cai,

    reiteradamente, na prova, ok? E quando cai, um desastre geral, porque

    ningum sabe o gabarito, nem os Professores, que precisam consultar a lei,

    rsrs...

    Por sua vez, os Agentes Honorficos so cidados (particulares

    em colaborao) que, em razo de sua condio cvica, sua

    honorabilidade ou de sua reconhecida capacidade profissional, so

    convocados para colaborar transitoriamente com o Estado, sem vnculos

    empregatcios ou estatutrios, e, no mais das vezes, no recebendo

    remunerao por tal atividade (esta a principal caracterstica dos

    honorficos: no so remunerados em espcie dindim, no mximo, um

    vale coxinha). Mas podem receber compensaes, como, por exemplo,

    folgas por terem trabalhado nas eleies como mesrios.

    A despeito de os agentes honorficos (particulares em colaborao)

    no serem servidores pblicos (so agentes), exercem funo

    pblica, sendo, por consequncia, considerados funcionrios pblicos,

    ao menos para fins penais. Vejamos o que estabelece o art. 327 do

    Cdigo Penal:

    Art. 327 - Considera-se funcionrio pblico, para os

    efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem

    remunerao, exerce cargo, emprego ou funo pblica.

    1 - Equipara-se a funcionrio pblico quem exerce cargo,

    emprego ou funo em entidade paraestatal, e quem trabalha

    para empresa prestadora de servio contratada ou conveniada

    para a execuo de atividade tpica da Administrao Pblica.

    (Includo pela Lei n 9.983, de 2000)

    2 - A pena ser aumentada da tera parte quando os

    autores dos crimes previstos neste Captulo forem ocupantes

    de cargos em comisso ou de funo de direo ou

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    assessoramento de rgo da administrao direta, sociedade

    de economia mista, empresa pblica ou fundao instituda

    pelo poder pblico. (Includo pela Lei n 6.799, de 1980)

    Em razo da transitoriedade do vnculo, a funo pblica

    desempenhada pelos agentes honorficos no h de ser considerada

    para efeitos de acumulao de cargos, funes ou empregos

    pblicos. So agentes honorficos: jurados, os mesrios eleitorais,

    os comissrios de menores.

    Os Agentes Delegados ou delegatrios so particulares em

    colaborao com Estado que tm sob sua incumbncia a execuo de

    certas atividades, obras ou servios pblicos, por sua conta e risco, enfim,

    em seu nome prprio. Sujeitam-se s normas e fiscalizao

    permanente do Estado, em especial do Poder Pblico delegante

    (Administrao Direta e, excepcionalmente, Agncias Reguladoras).

    So exemplos de agentes delegatrios: concessionrios,

    permissionrios e autorizatrios de servios pblicos; os titulares

    (donos) de cartrio; leiloeiros; e tradutores oficiais. Lembro, por

    relevante, que, da lista apresentada, os tabelies submetem-se a

    concurso pblico de provas E ttulos (art. 236 da CF/1988).

    Por fim, os Agentes Credenciados so os que recebem a

    incumbncia da Administrao para represent-la em determinado

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    ato ou praticar certa atividade especfica, mediante remunerao do

    Poder Pblico, em momento ou tempo certo. o caso, por exemplo,

    dos peritos credenciados pela Justia, para que elaborem laudos

    necessrios tomada de deciso por parte do magistrado. Muitas vezes, o

    magistrado precisa determinar, por exemplo, a indisponibilidade de bens de

    um particular, para fazer frente a uma eventual dvida que vai ser satisfeita

    judicialmente. S que Juiz no sabe quanto custa um imvel

    (ilustrativamente). Da ocorre a designao do perito credenciado para fazer

    a avaliao.

    Bom, apenas para finalizar. Foram apresentados exemplos de cada

    uma das categorias desses agentes, os quais so infindveis. Ento, se

    poupem de ficar se perguntando se este ou aquele agente pblico

    administrativo, honorfico etc. Entendam os conceitos, logo fica mais fcil

    acertar na prova, ok? Vamos prosseguir com a matria, tratando de alguns

    conceitos essenciais ao bom entendimento.

    3 CONCEITOS BSICOS

    3.1 CARGOS, EMPREGOS E FUNES

    Cargos pblicos podem ser vistos como as mais simples e

    indivisveis unidades de competncia a serem exercidas por um agente

    regido por estatuto prprio, que, no caso federal, a 8.112/1990.

    Esta definio est em linha com o disposto na Lei 8.112/90, que

    estatui o regime jurdico dos servidores pblicos da Unio, na

    Administrao Direta, bem como nas Autarquias (inclusive as de regime

    especial) e nas fundaes pblicas, em mbito FEDERAL. importante

    destacar, desde logo, que:

    I) A Lei 8.112, de 1990, no abrange os servidores das

    demais esferas federativas, uma vez que estados e

    municpios tem sua prpria autonomia, devendo, portanto,

    estabelecer seu prprio regime jurdico de servidores; e,

    II) A Lei 8.112, de 1990, no alcana sociedades mistas e

    empresas pblicas da Unio. Assim, o campo de

    abrangncia da Lei a Administrao Direta, Autarquias e

    Fundaes Pblicas FEDERAIS.

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    Apenas para ilustrar, vejamos o art. 2 da Lei 8.112/1990, que define

    cargo pblico como: o conjunto de atribuies e responsabilidades

    previstas na estrutura organizacional que devem ser cometidas a um

    servidor.

    Sinceramente, esse conceito a no muito til no... Se

    escondermos a parte final (cometidas a servidor) o conceito serve,

    praticamente, para qualquer coisa, de goleiro de time de futebol at

    astronauta...

    Por isso, parte da doutrina prefere conceituar cargo pblico como um

    lugar inserido na organizao do servio pblico, regido por norma

    prpria (no caso federal, a Lei 8.112, de 1990) a ser preenchido por

    servidor pblico, com funes prprias e remunerao fixada em lei.

    Esclareo que os cargos na Lei 8.112, de 1990, so de provimento

    efetivo ou comissionado. Ou seja, aqueles que ocupam exclusivamente

    cargos em comisso tambm ocupam, obviamente, cargos. S que tais

    cargos no so efetivos, mas sim comissionados. Mas importante

    registrar essa informao, pois COMISSIONADOS NO SO

    EMPREGADOS PBLICOS, NO SO REGIDOS PELA CLT. Peo no

    confundir o fato de tais servidores seguirem o RGPS (sistema de

    previdncia) com a natureza jurdica do cargo: comissionado.

    Vejamos o conceito de emprego, ento.

    O cargo pblico difere do emprego pblico essencialmente no

    que se refere ao vnculo que une o ocupante ao Estado: no caso do cargo

    pblico, o vnculo estatutrio, institucional, unilateral, legal (de

    novo: no caso da Unio, a Lei 8.112, de 1990); no do emprego pblico, o

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    vnculo contratual, bilateral, sob a regncia da Consolidao das Leis do

    Trabalho CLT.

    Os empregados pblicos, a despeito de no terem direito

    estabilidade constitucional referente ao exerccio de cargo pblico ou ao

    regime prprio de previdncia dos servidores pblicos, devem ser

    admitidos mediante concurso, ante o que estabelece o inc. II do art. 37

    da Constituio Federal.

    Questo interessante se possvel, HOJE, a contratao sob o

    regime de emprego pblico (CLT) na Administrao Direta,

    Autrquica e Fundacional FEDERAL?.

    Bom, isso diz respeito redao do caput do art. 39 da CF/1988, que

    teve sua constitucionalidade apreciada mediante a Ao Declaratria de

    Inconstitucionalidade ADI 2135.

    Em tal julgado, o Supremo deferiu, cautelarmente, para suspender a

    vigncia do dispositivo, em razo de aparente inconstitucionalidade no rito

    formal para sua aprovao. Assim, por conta das nuances do processo de

    controle de constitucionalidade, com a suspenso da vigncia do caput do

    art. 39, volta a valer a redao anterior de tal dispositivo, que a seguinte:

    Art. 39 A Unio, os Estados, o Distrito Federal e os

    Municpios instituiro, no mbito de sua competncia,

    regime jurdico nico e planos de carreira para os

    servidores da administrao pblica direta, das

    autarquias e fundaes.

    Assim, primeiro de tudo: com a ADI 2135, a Lei 8.112, de 1990,

    pode voltar a ser chamada de regime jurdico nico. Vejamos outros

    detalhes a respeito.

    A Lei 8.112/1990 instituiu, para a Unio (pessoas jurdicas de Direito

    Pblico), o chamado Regime estatutrio, legal, institucional. um

    sistema legal, e no contratual, por se tratar de uma Lei, qual os

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    ocupantes de cargos efetivos e comissionados em nvel federal

    aderiro.

    Seu campo de abrangncia diz respeito, repetimos, UNIO e no

    aos estados/municpios, os quais detm competncia para editar suas

    prprias leis referentes aos servidores de sua esfera, em razo da

    autonomia concedida pelo art. 18 da CF/1988.

    Cabe, aqui, explicitar o sentido da expresso Regime Jurdico

    constante do art. 1o da Lei 8.112/1990. Regime jurdico um conjunto de

    regras que regula determinado instituto. No caso, a Lei 8.112/1990 trata da

    vida funcional do servidor pblico, de seu ingresso originrio at sua sada,

    com ou sem extino definitiva do vnculo, nessa ordem, aposentadoria e

    readaptao, por exemplo.

    Necessrio ressaltar que o Estatuto, mesmo em mbito federal,

    abrange no a totalidade dos agentes pblicos, mas somente os

    servidores pblicos das pessoas jurdicas de Direito Pblico

    (Administrao Direta e Indireta de Direito Pblico, inclusive,

    agncias especiais), no conceito dado pela Lei, ou seja, os ocupantes de

    CARGOS PBLICOS.

    O Cdigo dos Servidores Civis no abrange, por exemplo, os

    agentes polticos (Presidente da Repblica, Deputados, Magistrados, por

    exemplo), tampouco os particulares que colaboram com o poder

    pblico (Leiloeiros e tradutores, por exemplo), ou mesmo empregados

    pblicos (os tais celetistas).

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    Bom, finalmente, a Funo pblica, de maneira residual, pode ser

    definida como o conjunto de atribuies s quais no corresponde cargo

    ou emprego pblico. No se pode dizer que as funes, no sentido de

    desempenho de atribuies, sejam excludentes com relao aos

    cargos/empregos pblicos. De fato, na clssica assertiva do mestre Hely

    Lopes, todo cargo tem funo, mas pode haver funo sem cargo. Por

    isso que se diz que possvel que a funo no corresponda a cargo. Com

    efeito, quando se fala em funes pblicas, tm-se claras pelo menos

    duas situaes:

    I) Na contratao temporria de servidores, em razo de

    necessidade temporria de excepcional interesse pblico

    (inc. IX do art. 37 da Constituio Federal). Em razo da

    transitoriedade que a contratao visa a atender, muitas vezes

    em carter de urgncia, dispensa-se mesmo a realizao de

    concurso pblico, dado que o trmite normal de um

    procedimento complexo como o concurso pblico para seleo

    de pessoal inviabilizaria o atendimento da situao excepcional.

    Tais agentes so submetidos, maior parte das vezes, a

    processo seletivo simplificado;

    II) No preenchimento de funes de confiana, referentes

    chefia, assessoramento ou outro tipo de atividade para as

    quais o legislador no haja criado cargos de natureza efetiva.

    Ressalto, desde logo, que h uma distino conceitual

    importantssima para concursos pblicos entre as funes de

    confiana e os cargos em comisso. Essa distino ser

    trabalhada mais frente.

    Mata rpido essa: temporrios fazem concurso? NO! Mas como,

    temporrio no faz concurso? Um dia desses eu vi um para o IBGE... Olha

    s, gente, vamos ler, juntos, o inc. IX do art. 37 da CF/1988:

    a lei estabelecer os casos de contratao por tempo

    determinado para atender a necessidade temporria de

    excepcional interesse pblico.

    Assim, uma primeira observao. Para a contratao temporria

    exige-se LEI.

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    A CF exige concurso pblico para CARGOS E EMPREGOS pblicos

    (inc. II do art. 37 da CF/1988), da, no h necessidade de concurso

    para os temporrios. MAS COMO NO?

    O concursando se pergunta: os TEMPORRIOS NO TM

    CARGO/EMPREGO? No! Ento, os temporrios possuem o qu?

    FUNES pblicas temporrias. Passemos, ento, a falar um pouco mais

    sobre tais funes temporrias, j que o assunto est se tornando comum

    em provas recentes.

    De cara, sero destacados julgados do STF que vm consolidando

    posio mais conservadora da Corte a respeito das contrataes

    temporrias: estas no podem ser utilizadas indiscriminadamente,

    para atividades da rotina administrativa.

    O caso mais clssico ( novo, mas j clssico) o relacionado s

    atividades da Defensoria Pblica. Vejamos o que diz a ADIN 3700,

    apreciada em 2008 e noticiada no informativo do Supremo do modo que se

    v:

    Contratao Temporria de Advogado e Exerccio da Funo de

    Defensor Pblico

    Por vislumbrar ofensa ao princpio do concurso pblico (CF, art.

    37, II), o Tribunal julgou procedente pedido formulado em ao direta ajuizada pelo Conselho Federal da Ordem dos

    Advogados do Brasil, para declarar a inconstitucionalidade da Lei 8.742/2005, do Estado do Rio Grande do Norte, que dispe sobre a contratao temporria de advogados para

    o exerccio da funo de Defensor Pblico, no mbito da Defensoria Pblica do referido Estado-membro. Considerou-se

    que, em razo de desempenhar uma atividade estatal permanente e essencial jurisdio, a Defensoria Pblica no convive com a possibilidade de que seus

    agentes sejam recrutados em carter precrio. Asseverou-se ser preciso estrutur-la em cargos de provimento

    efetivo, cargos de carreira, haja vista que esse tipo complexo

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    de estruturao que garante a independncia tcnica das

    Defensorias, a se refletir na boa qualidade da assistncia a que tm direito as classes mais necessitadas. Precedente citado:

    ADI 2229/ES (DJU de 25.6.2004).

    O destaque no consta do texto original. O caso incidental, ou seja,

    tratou ESPECIFICAMENTE das atividades dos defensores. Da, mais

    recentemente, o STF fixou parmetros para as contrataes temporrias

    de forma mais clara:

    ADI N. 3.430-ES

    RELATOR: MIN. RICARDO LEWANDOWSKI

    EMENTA: CONSTITUCIONAL. LEI ESTADUAL CAPIXABA QUE

    DISCIPLINOU A CONTRATAO TEMPORRIA DE SERVIDORES

    PBLICOS DA REA DE SADE. POSSVEL EXCEO PREVISTA

    NO INCISO IX DO ART. 37 DA LEI MAIOR.

    INCONSTITUCIONALIDADE. ADI JULGADA PROCEDENTE.

    I A contratao temporria de servidores sem concurso

    pblico exceo, e no regra na Administrao Pblica,

    e h de ser regulamentada por lei do ente federativo que assim

    disponha.

    II Para que se efetue a contratao temporria, necessrio

    que no apenas seja estipulado o prazo de contratao em

    lei, mas, principalmente, que o servio a ser prestado revista-

    se do carter da temporariedade.

    III O servio pblico de sade essencial, jamais pode-

    se caracterizar como temporrio, razo pela qual no

    assiste razo Administrao estadual capixaba ao

    contratar temporariamente servidores para exercer tais

    funes.

    IV Prazo de contratao prorrogado por nova lei

    complementar: inconstitucionalidade.

    V pacfica a jurisprudncia desta Corte no sentido de no

    permitir contratao temporria de servidores para a execuo

    de servios meramente burocrticos. Ausncia de relevncia

    e interesse social nesses casos.

    VI Ao que se julga procedente.

    * noticiado no Informativo 555

    O trecho negritado para que se registre o seguinte: as atividades

    que sejam consideradas essenciais no podem ser objeto de

    contratao direta.

    3.2 CARGOS VITALCIOS, EFETIVOS E EM COMISSO

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    Inicialmente, vejamos o que diz o inc. V do art. 37 da CF/1988:

    V - as funes de confiana, exercidas exclusivamente

    por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos

    em comisso, a serem preenchidos por servidores de

    carreira nos casos, condies e percentuais mnimos

    previstos em lei, destinam-se apenas s atribuies de

    direo, chefia e assessoramento

    Os destaques, mais uma vez, no constam do texto original: funes

    de confiana so para servidores de cargos EFETIVOS, enquanto que

    os cargos em comisso devem ser preenchidos por servidores de

    CARREIRA, nos casos/condies/percentuais mnimos estabelecidos em

    LEI.

    Funes de

    Confiana

    Servidores de cargos

    EFETIVOS (EXCLUSIVO)

    Destinam-se

    APENAS s

    atribuies de

    direo, chefia e

    assessoramento

    Cargos em

    Comisso Servidores de CARREIRA

    Alguns pontos comuns entre as funes e os cargos

    comissionados:

    I) destinam-se Direo e ao Assessoramento Superior. por

    isso que, recorrentemente, referem-se a tais cargos como os de D.A.S.

    Ressalto que tanto os cargos em comisso, como as funes de

    confiana, devem ter por finalidades atribuies de comando ou de

    assessoria. Um cargo de motorista no pode ser, por exemplo, um cargo

    comissionado (exclusivamente), pois no de comando ou assessoria,

    apesar de ser um cargo de direo..., rsrs....

    II) so preenchidos sem a necessidade de concurso pblico

    prvio, no oferecendo garantia de permanncia do titular no cargo

    (estabilidade). Dispensam, ainda, motivao para a exonerao de

    seus ocupantes, com exceo feita, por exemplo, aos Diretores de Agncias

    Reguladoras, que, a despeito de exercerem cargos de direo, no so

    exonerveis (demissveis) ad nutum, uma vez que contam com mandato;

    III) no h nomeao para FUNES DE CONFIANA, mas to

    s mera designao. De fato, como para ocupar FUNO DE CONFIANA o

    sujeito j tem que ser detentor de cargo efetivo, ser meramente

    DESIGNADO para a funo de confiana. Vejamos o que diz o 4o do art.

    15 da Lei 8.112:

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    O incio do exerccio de funo de confiana coincidir

    com a data de publicao do ato de designao, salvo

    quando o servidor estiver em licena ou afastado por qualquer

    outro motivo legal, hiptese em que recair no primeiro dia til

    aps o trmino do impedimento, que no poder exceder a

    trinta dias da publicao.

    Perceba que o incio do exerccio da funo de confiana

    IMEDIATO, e tem incio com a publicao do ato que designa para tal.

    A razo uma s: como o sujeito j possui cargo efetivo, ento por que

    nome-lo, novamente? Assim, ser DESIGNADO para a funo de

    confiana.

    Por fim uma breve nota sobre cargos vitalcios: esses so de

    previso constitucional, isto , cargos vitalcios so aqueles previstos na

    CF de 1988. Aps a aquisio da vitaliciedade, somente por meio de

    processo judicial com sentena transitada em julgado poder ocorrer

    a perda do cargo pelo vitalcio. Podem ser citados como exemplos de

    tais cargos: o dos Magistrados (art. 95, I, CF); o de membros do

    Ministrio Pblico (art. 128, 5, I, a, CF) e dos membros dos

    Tribunais de Contas (art. 73, 3, CF).

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    3.3 CRIAO DE CARGOS PBLICOS

    Aqui, a observao singela: cargos pblicos so criados por

    LEI. Seria, praticamente, s isso. Mas tem um segredinho, como sempre...

    Como a criao de cargos se faz por lei (com exceo dos cargos

    de legislativo, que so criados por Resoluo), a extino tambm se faz

    por Lei, ante um princpio vlido para o direito, de modo geral, que

    chamamos de simetria (ou paralelismo de forma), dizer, como se

    faz, desfaz-se. Se o cargo pblico criado por lei, por lei deve ser

    extinto. Mas bom recordar que a CF/1988 d a possibilidade de extino

    de cargos pblicos VAGOS por decreto (vejam o inc. VI do art. 84 da

    CF/88).

    Detalhe: cargos pblicos preenchidos tambm podem ser

    extintos. S que, neste caso, necessria a edio de uma LEI, por

    conta do nosso princpio da simetria.

    3.4 PADRO, CLASSE, CARREIRA, CARGOS ISOLADOS E QUADRO.

    Essa passagem para que os amigos possam ter uma breve noo a

    respeito de como se organizam os quadros de pessoal da Administrao

    Pblica. Vamos l.

    Os cargos a serem ocupados por servidores pblicos organizados

    em carreira so distribudos em padres e classes.

    Classes constituem o agrupamento de cargos da mesma

    profisso, com idnticas atribuies, responsabilidades e

    vencimentos. Classes, portanto, constituem os degraus de crescimento

    em uma carreira.

    Interessante notar que PADRO a subdiviso de uma classe, ou

    seja, DENTRO DAS CLASSES, TEMOS OS PADRES.

    Quando um servidor ocupante de cargo organizado em carreira

    muda de CLASSE PROMOVIDO. J quando ele muda de padro, SEM

    MUDAR DE CLASSE, PROGREDIDO.

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    A Lei 8.112/1990 fala s de PROMOES e no de progresses

    funcionais. E, detalhe: segundo a Lei, a promoo forma simultnea

    de provimento e vacncia. Confiram nos arts. 8 e 33 da norma. Depois

    voltaremos a esse assunto (provimento e vacncia). Mas, antes,

    continuemos a entender a organizao dos quadros da Administrao.

    Carreira o agrupamento de classes de uma mesma profisso

    ou atividade, organizadas sob o fundamento da hierarquia. Para o

    ingresso em uma carreira referente a cargos efetivos, o provimento

    dever ser originrio (a ocorrer por nomeao), devendo ser precedido,

    sob a gide da atual Constituio Federal, de concurso pblico (nesse

    ponto, uma paradinha, e leiam ao art. 37, inc. II, CF).

    De outra parte, h cargos que no se encontram organizados

    em carreira, sendo nicos em sua categoria. So tais cargos ditos

    isolados. Um exemplo destes o cargo de Ministro. No ano X, tem

    determinadas atribuies e remunerao; no ano Y, as atribuies e

    remunerao so as mesmas. Ou seja, no h alterao na

    complexidade das atribuies, semelhana do que ocorre com os

    cargos organizados em carreira.

    Ao somatrio de carreiras, cargos isolados, e, ainda, das funes

    de um mesmo rgo ou Poder d-se a denominao de quadro.

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    E assim se organiza a Administrao: cargos organizados em

    carreira, exemplo, tcnico de controle externo do TCU, e cargos isolados,

    exemplo, auditor, o que substitui os Ministros, do TCU.

    Ah! Um ltimo detalhe. Se um sujeito de cargo de nvel mdio galga

    todas as classes e nveis de sua carreira, chegando ao topo de tal carreira,

    mesmo que ele seja excelente, no poder ser ascendido a uma

    carreira de nvel superior, uma vez que o STF vem decidindo que isso

    inconstitucional, por se tratar de uma situao que no mais autorizada

    pela atual constituio. Ou seja, se o sujeito em questo quiser passar para

    uma carreira de nvel superior, ter de prestar novo concurso.

    4 ACESSIBILIDADE A CARGOS PBLICOS

    A acessibilidade quer dizer como se faz para termos acesso aos

    cargos e empregos pblicos. Ento, o que preciso fazer para ingressar

    em um cargo efetivo? No vale responder fazer cursinho! Em realidade, a

    resposta CONCURSO PBLICO. Ento, para podermos falar sobre o

    ingresso dos servidores nos quadros da Administrao, a primeira coisa

    falar sobre os concursos. A seguir.

    4.1 A REGRA DO CONCURSO PBLICO

    Repassemos, inicialmente, os contedos gerais a respeito do

    concurso pblico, a partir do regramento constitucional estabelecido no inc.

    II do art. 37 da CF, que assim dispe:

    A investidura em cargo ou emprego pblico depende de aprovao prvia em concurso pblico de provas ou de

    provas e ttulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei,

    ressalvadas as nomeaes para cargo em comisso declarado em lei de livre nomeao e exonerao.

    Vrias observaes podem ser feitas em relao a este inciso.

    Primeiro: a exigncia de concurso pblico ocorre no s com

    relao aos servidores estatutrios, mas tambm com relao aos

    empregados pblicos. Perceba que, mesmo as empresas estatais

    exploradoras de atividades econmicas (1 do art. 173 da CF), como as

    Sociedades de Economia Mista e as Empresas Pblicas, devem contratar seu

    pessoal por meio de concurso pblico. Esse, inclusive, o entendimento do

    STF. Mas, responde rpido a: todo acesso a cargo pblico demanda

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    concurso pblico. Sem entrar em detalhes, um item assim estaria ERRADO,

    uma vez que cargos em comisso no demandam concurso. Tenham

    ateno, ento!

    Nesse primeiro ponto tambm ressalto que o inc. I do art. 37 da CF,

    com redao dada pela EC 19/98, dispe:

    os cargos, empregos e funes pblicas so acessveis aos

    brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei,

    assim como aos estrangeiros, na forma da lei.

    Verifica-se a possibilidade de no s os brasileiros, natos ou

    naturalizados, terem acesso a cargos/empregos/funes pblicos, mas

    tambm os estrangeiros. Contudo tal acesso permitido aos

    estrangeiros no amplo e irrestrito: h cargos privativos de brasileiro

    natos. So exemplos de cargos privativos de brasileiros natos: Presidente e

    Vice-Presidente da Repblica; Presidente da Cmara dos Deputados;

    Presidente do Senado Federal; e, Ministro de Estado da Defesa.

    Segundo: o concurso pode ser s de provas ou de provas e

    ttulos, no se admitindo concurso s de ttulos (releiam o inc. II do

    art. 37). O amigo ento se questiona: e o famoso exame curricular? No

    cabvel?

    Esclareo que as contrataes temporrias, por excepcional

    interesse pblico, referidas no inc. IX do art. 37 da CF/1988, e j objeto

    de comentrios acima, no esto sujeitas regra do concurso pblico,

    cabendo, no entanto, conforme o caso, processo seletivo simplificado

    mediante provas, provas e ttulos, ou ANLISE CURRICULAR. Da

    mesma forma, alerto para a inexigibilidade de concurso para o

    preenchimento de determinados cargos vitalcios, tais como os de Ministros

    do STF e do Tribunal de Contas da Unio, dentre outros.

    Pois bem. Seguindo adiante, podemos ver o concurso como um

    procedimento administrativo composto de vrias etapas, tais como a

    inscrio, a aprovao e a nomeao do candidato, para citar apenas

    algumas.

    A inscrio no gera ao candidato o direito realizao das provas,

    haja vista que a Administrao pode alterar a data ou mesmo desistir de

    realiz-las, tratando-se, pois, de uma expectativa de direito dos

    candidatos.

    Na doutrina, boa parte dos autores tem entendido que a aprovao

    gera ao candidato expectativa de direito investidura no cargo ou

    emprego em questo, ou seja, o aprovado em concurso pblico tem

    mera expectativa de direito nomeao. Contudo, as coisas vm

    mudando.

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    Por uma questo de moralidade, de respeito aos cidados ainda bem

    que a jurisprudncia vem mudando. No STJ, decises como as seguintes

    passaram a surgir:

    Servidor pblico - Concurso - Aprovao de candidato

    dentro do nmero de vagas previstas em edital -

    Direito lquido e certo nomeao e posse no cargo.

    (Recurso em Mandado de Segurana n 19.922)

    O destacado ainda bem da frase anterior por conta da certa

    tranquilidade de que as decises como essa citada podem trazer para

    centenas, milhares, de candidatos, os quais aprovados em concurso pblico,

    NAS VAGAS PREVISTAS NO EDITAL, simplesmente no so chamados

    pela Administrao. Com tais precedentes, muitos tero chance de no

    serem deixados de lado pela Administrao.

    Agora, j notaram como passaram a proliferar concursos com

    cadastros de reserva?

    Pois , se no h vagas previstas no edital, no tem como que se

    falar de direito nomeao. Essa a razo de concurso com cadastro de

    reserva.

    E, agora, o martelo foi batido pelo STF (RE 598099). O Supremo

    reconheceu o direito subjetivo nomeao. Segundo a Corte, a

    Administrao Pblica dever agir eficientemente ao deflagrar concurso

    pblico para provimento de cargos pblicos e nomear os candidatos

    aprovados em nmero igual ao dos cargos vagos previstos no edital

    do certame, homenageando-se a profissionalizao da funo pblica.

    Terceiro ponto: a validade do concurso (melhor seria eficcia,

    mas deixa pra l) est prevista no inc. III do art. 37 da CF/1988:

    o prazo de validade do concurso pblico ser de at dois

    anos, prorrogvel uma vez, por igual perodo

    Apesar de ser uma questo mais do que batida em concurso atentem que

    a vigncia do concurso de AT dois anos, PRORROGVEL por igual

    perodo, ou seja, FACULTADO Administrao prorrogar, tratando-

    se, portanto, de ato discricionrio da Administrao.

    Uma observao, alis, trs interessantes:

    I) o prazo inicial determina a prorrogao. Assim, um concurso

    pode ter vigncia de seis meses, prorrogveis por mais seis;

    II) o concurso s pode ter seu prazo de vigncia prorrogado

    caso ainda esteja em vigor. Assim, concursos vencidos no podem

    ser prorrogados, pois no existem mais; e,

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    III) a contagem de prazo de vigncia ocorre a partir da

    homologao do resultado mesmo, enfim, oportunidade em que a

    Administrao reconhece a legitimidade de todas as etapas do concurso.

    Quarto ponto: a questo do ingresso dos deficientes nos quadros

    da Administrao. Vamos ns de novo na CF/1988:

    VIII - a lei reservar percentual dos cargos e empregos

    pblicos para as pessoas portadoras de deficincia e

    definir os critrios de sua admisso

    De pronto, percebam que o dispositivo constitucional no isenta os

    portadores de deficincia de prestar concurso para ingresso nos quadros da

    Administrao. O que se preserva, contudo, o direito de tais pessoas de

    participarem de concursos pblicos, para cargos que sejam compatveis

    com as deficincias que portem.

    A propsito, a Lei 8.112/90, ao regulamentar a matria, estatui:

    s pessoas portadoras de deficincia assegurado o direito de se

    inscrever em concurso pblico para provimento de cargo cujas

    atribuies sejam compatveis com a deficincia de que so

    portadoras; para tais pessoas sero reservadas at 20% das vagas

    oferecidas no concurso.

    Percebe-se, pelo dispositivo transposto, que o limite mximo.

    Mas, interessante notar que, a partir de decises judiciais, pode-se

    afirmar que nem todo concurso precisa reservar vagas para

    deficientes. Tratemos, sinteticamente, do Mandado de Segurana

    26310/STF.

    Com base nesse entendimento, a Suprema Corte considerou

    legtimo o edital de concurso para o preenchimento de duas vagas que

    no reservou nenhuma para deficientes. Entendeu a Corte Suprema

    que reservar uma vaga, ou seja, cinquenta por cento das vagas existentes,

    implicaria majorao indevida dos percentuais legalmente

    estabelecidos. Ento, simplesmente a partir desse julgado, podemos dizer

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    que NEM TODO CONCURSO PBLICO RESERVAR VAGAS PARA

    DEFICIENTES. Alis, a prpria definio de deficincia por vezes traz

    polmica. Vejamos, por exemplo, a questo dos monoculares.

    O STF, ao tratar do RMS 26.071 entendeu que J.F.A., portador de

    viso monocular, tinha o direito de ocupar o cargo de tcnico judicirio do

    Tribunal Superior do Trabalho (TST). A deciso foi adotada por unanimidade

    da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF).

    No caso, os ministros da Turma concordaram com o entendimento do

    relator de que viso monocular uma necessidade especial e legitima o

    portador a concorrer s vagas especiais nos concursos pblicos.

    Agora, vejam s: o candidato, a despeito de ser possuidor de viso

    em um olho s, no era considerado deficiente, por conta das normas que

    tratam da matria, pois teria plena capacidade visual no olho direito. Ora,

    gritante que tal situao (monocular) deve ser considerada deficincia, na

    linha do decidido pelo STF. Destaque-se que esse mesmo

    posicionamento do STJ (viso monocular deficincia, para efeitos de

    participao em concurso).

    de incumbncia de junta mdica oficial avaliar se o portador

    de deficincia possui condies de exercer o cargo pretendido, ou,

    ainda, informar se o candidato mesmo deficiente. Caso no seja

    deficiente, o candidato que houver concorrido para a vaga nessa qualidade

    ter sua aprovao invalidada, e dever ser convocado o deficiente seguinte

    na ordem de classificao, para que se adote o mesmo procedimento

    verificatrio.

    Quinto ponto: o estabelecimento de limitaes ao acesso a

    cargos e empregos pblicos, ou seja, firmar que s a partir de

    determinada altura, tal sexo, determinada condio fsica, e outros, o

    candidato pode ter acesso ao cargo ou emprego pretendido.

    As limitaes ao acesso aos cargos/empregos pblicos s devem ser

    aceitas quando razoveis e em consonncia com a ordem jurdica.

    No caso de veto participao de candidato, dever sempre ser

    motivada. Tal regra encontra-se consolidada na Smula 684, do STF:

    inconstitucional o veto no motivado participao de candidato a

    concurso pblico.

    Tambm no devem ser admitidas as odiosas restries

    discriminatrias, em relao origem, sexo, raa, religio, etc. De toda

    forma, h necessidade de estabelecimento de requisitos que

    permitam aferir a aptido do interessado em ingressar no servio

    pblico. Tais requisitos, em virtude do princpio da legalidade, devem gozar

    de previso legal, e no apenas no edital do certame. Nesse quadro,

    cumpre trazer lume o RE 184.432-RS, apreciado pelo STF:

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    O edital de concurso no instrumento idneo para o

    estabelecimento de limite de idade para a inscrio em

    concurso pblico; para que seja legtima tal exigncia

    imprescindvel a previso em lei. Nada impede que o edital

    mencione ou mesmo reproduza o que dispe a Lei, a ttulo de

    exigncia. O que se veda realizao de exigncias

    exclusivamente por meio de edital.

    O momento de exigncia dos requisitos para o exerccio das

    atribuies do cargo tambm importante: devem ser cumpridos quando

    da posse, e no no momento de inscrio, conforme a Smula 266 do

    STJ. Quanto s carreiras especficas da rea jurdica, Juzes e Membros do

    MP, h outras regras. Mas no vm ao caso no curso de Direito

    Administrativo.

    Com relao s limitaes de idade, o STF entende ser razovel

    (Smula 683) a sua existncia, desde que a natureza das atribuies do

    cargo as exija. Por exemplo: idade mxima para agentes da Polcia

    Federal, haja vista a necessidade de vigor fsico.

    Por fim, a questo da exigncia dos exames psicotcnicos, que

    pode ser entendida, em certa medida, como uma espcie de limitao.

    Se fossemos citar a jurisprudncia do STF a respeito do assunto,

    passaramos horas aqui. Mas basta apenas uma smula para entendermos.

    a Smula 686 da Corte Constitucional, que assim estabelece:

    S por lei se pode sujeitar a exame psicotcnico a

    habilitao de candidato a cargo pblico.

    No h dvida, portanto: s a LEI possibilita a exigncia de

    exames psicotcnicos.

    Quinto ponto: o concurso para seleo de servidores diferente

    do concurso modalidade de licitao. Pode parecer bobo, mas isso ainda

    cai em prova...

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    Os de l (de licitaes) tm por objeto a escolha de um ALGO

    (trabalho tcnico, artstico, cientfico), e os de c (Lei 8.112/1990),

    a escolha de ALGUM. No podem ser confundidos.

    Olha s um exemplo do assunto, em prova do TCU

    (analista/TCU/2005):

    Considerando que a Agncia Nacional de Telecomunicaes

    (ANATEL) uma autarquia federal, julgue os itens a seguir.

    77 Considere que a ANATEL pretenda selecionar pessoas

    para ocuparem cargos de provimento efetivo lotados na

    autarquia. Nessa situao, a ANATEL deve selecionar tais

    pessoas mediante procedimento licitatrio realizado na

    modalidade concurso.

    Gabarito da questo: ERRADO, claro. Mas, a lio: NUNCA

    DIGAM NUNCA EM CONCURSOS. Pode cair, sim, questo fcil na prova

    do TCU...

    4.2 PROVIMENTOS: FORMAS E TIPOS

    Podemos dizer que o incio da relao do candidato com o cargo

    pblico e com a Administrao Pblica se d com o provimento.

    Provimento o ato administrativo mediante o qual uma pessoa

    passar a ser a detentora do cargo, ou seja, o preenchimento de cargo.

    A forma originria de provimento de cargos pblicos a nomeao.

    Antes dela, a pessoa mera pretendente a um cargo, dizer, um

    concursando.

    Importante que os cargos em comisso tambm tm provimento.

    Basta ver o que diz o art. 9 da 8.112/1990, que diz que os provimentos

    so EFETIVOS (para o cargo efetivo, obviamente) e EM COMISSO,

    para cargos dessa natureza.

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    Da, algo importante: as outras formas de provimento s so

    aplicveis aos cargos efetivos, no aos cargos em comisso. Vamos

    tratar de todas as formas de provimento, comeando pela nomeao.

    A nomeao, forma de provimento originrio, que inaugura tal

    vnculo, sendo uma das formas de provimento previstas na Lei 8.112/1990

    (art. 8).

    Muita gente confunde nomeao com posse. So coisas distintas.

    NOMEAO o primeiro provimento. POSSE o ato formal em que o

    NOMEADO firma o compromisso de exercer o cargo, ou seja, o

    compromisso solene, no qual se afirma: eu quero o cargo!

    o momento em que se investe servidor, coloca a capa com Poderes,

    algo do tipo Batman. Apesar de fazerem parte do mesmo procedimento (o

    concurso), a nomeao e a posse no podem ser confundidas, embora

    s possamos falar em posse se tiver ocorrido, preliminarmente, nomeao

    (vejam o 4 do art. 13 da Lei n 8.112/1990).

    Mais uma forma de provimento da Lei n 8.112/1990: a promoo.

    Como sobredito, as formas de provimento, de acordo com a Lei

    8.112/1990, so sete: Nomeao, Aproveitamento, Promoo,

    REintegrao, REconduo, REadaptao e REverso.

    O concursando pensa: nossa, que coisa chata! Cheio de nomes! Sabe

    o que ns fazemos para memorizar? N P A RE RE RE RE! O que isso? As

    iniciais de cada uma das formas de provimento apontadas pela Lei n

    8.112/1990.

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    Fazer o qu? Tem que dar um jeito de lembrar. Tem um mnemnico,

    olha a o Rei Narciso Reformou o Ptio da Amada Rainha Regina

    escolham! Ah para cada uma das formas de provimento que

    comeam com RE colocamos uma palavra-chave para memorizao.

    Exemplo: reintegrao palavra chave: DEMISSO.

    Vejamos, ento, cada uma delas, apenas deixando de lado a

    nomeao, j abordada.

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    O aproveitamento, em regra, diz respeito ao retorno ao servio

    pblico de servidor que estava em disponibilidade. Disponibilidade no

    nada mais que estar sem trabalhar, ocorrendo em razo da extino

    do cargo ou da declarao da desnecessidade deste.

    O servidor em disponibilidade permanece com remunerao

    proporcional ao tempo de servio, conforme estabelece o 3 do art.

    41 da atual Constituio Federal, at o adequado aproveitamento, em cargo

    com atribuies compatveis com o cargo anteriormente ocupado.

    J a promoo o movimento no mbito de uma mesma carreira,

    com adio de vencimentos e de responsabilidades, ocorrendo pela

    mudana de CLASSE. Lembrem-se do que j foi dito: a mudana de

    CLASSES promoo, enquanto que a mudana de PADRES dentro

    de uma classe PROGRESSO FUNCIONAL.

    No h promoo com relao a cargos isolados, uma vez que

    estes no compem uma carreira. A promoo pode ocorrer por

    merecimento ou por antiguidade (tempo de servio). Chamo ateno,

    ainda, para dois pontos com relao promoo:

    I) muitos doutrinadores criticam a insero da promoo como forma

    de provimento. De fato, ao ser promovido, o servidor continua ligado ao

    cargo pblico, sendo discutvel, doutrinariamente, ver-se a promoo como

    forma de provimento. Todavia, para fins de concurso pblico, no cabe

    tal discusso, uma vez que a Lei 8.112/1990 coloca, textualmente, a

    promoo como forma de provimento;

    II) no h que se falar de promoo de uma carreira para

    outra, como de Analista para Auditor da Receita, por exemplo. Nesse caso,

    a hiptese diferente. Seria uma espcie de ascenso, o que

    inadmissvel, na viso do STF;

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    III) a promoo tambm uma forma de vacncia, prevista no

    art. 33 da Lei 8.112/1990. Atentem para essa informao, uma vez que o

    examinador adora brincar com as formas simultneas de VACNCIA E

    DE PROVIMENTO.

    Por sua vez, a reintegrao ocorre no caso de desfazimento de

    deciso que levou demisso de servidor estvel. A palavra-chave para

    a reintegrao , portanto, DEMISSO. A invalidao (desfazimento) da

    deciso pode ser administrativa ou judicial. Mas, vem a pergunta: e se o

    cargo do sujeito que foi demitido estiver ocupado? Vai ser reintegrado

    aonde?

    Se o cargo do reintegrado estiver ocupado, o ocupante, se

    estvel, dever ser reconduzido ao seu cargo de origem (se ainda

    estiver vago). Se o cargo anterior estiver preenchido, o servidor

    estvel ser aproveitado em outro cargo, ou mesmo posto em

    disponibilidade.

    Interessante anotar que a condio para a

    reintegrao/reconduo do servidor pblico a ESTABILIDADE.

    Apesar de extremamente criticvel, o que dispe a CF/1988 (vejam o 2

    do art. 41 da CF). Ressalte-se, ainda, que a Lei 8.112/1990 assegura ao

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    injustamente demitido o ressarcimento de todas as vantagens

    (remuneraes, por exemplo) que faria jus.

    J a reconduo ocorre em duas hipteses na reintegrao do

    ocupante do cargo e na inabilitao de estgio probatrio e a palavra-

    chave RETORNO AO CARGO ANTERIOR.

    A 1 hiptese j foi abordada acima. No caso da inabilitao em

    estgio probatrio, o inabilitado dever ter ocupado cargo anterior, no

    qual j era estvel. Desse modo, ao ser inabilitado no novo cargo, dever

    retornar ao anteriormente ocupado.

    Interessante questo diz respeito possibilidade da reconduo a

    pedido. Imaginemos o seguinte: um Auditor da Receita logrou xito (foi

    aprovado) no concurso para Perito da Polcia Federal. O Auditor, que j era

    estvel no servio pblico, resolve tomar posse e entrar em exerccio no

    cargo de perito. Posteriormente, descontente com o novo cargo, revolve

    pedir para ser reconduzido.

    Tal situao juridicamente possvel, dado se tratar de um ato

    menos gravoso do que a reprovao do servidor no estgio probatrio, que

    poderia dar motivo reconduo. Inclusive, esse foi o entendimento

    perfilhado pelo STF ao apreciar, dentre outros, o RMS 22.933-DF, de 1998.

    Portando, no h dvida: reconhece-se o direito do servidor estvel

    reconduo enquanto durar o estgio probatrio do novo cargo.

    Ficamos assim. Seja pela inabilitao no novo cargo, ou mesmo

    em razo de pedido do servidor, o STF tem resguardado esse direito do

    servidor, ENQUANTO DURA O ESTGIO PROBATRIO NO NOVO

    CARGO.

    Ah! Antes que algum pergunte, o estgio probatrio, PELA

    JURISPRUDNCIA DOS TRIBUNAIS SUPERIORES, tem durao de 36

    MESES. O QU???? , isso mesmo! J volto a falar sobre isso.

    Pergunta capciosa: possvel a reconduo entre esferas

    distintas da Federao? Noutras palavras: servidor pblico federal passa

    em um concurso para um cargo estadual, arrepende-se, pede para voltar.

    Pergunta-se: possvel a reconduo do servidor em questo? Resposta

    difcil...

    Na viso da AGU, TCU e Tribunais Superiores h o entendimento

    de que sim possvel a reconduo entre diferentes esferas da

    Federao. Guarda a com carinho esta informao.

    A readaptao trata da possibilidade de recolocao do servidor

    que tenha sofrido limitao (que nossa palavra-chave para esta forma de

    provimento), fsica ou sensvel (mental), em suas habilidades,

    impeditiva do exerccio das atribuies do cargo que ocupava. Portanto, por

    meio da readaptao, o servidor ser remanejado para um cargo

    compatvel com sua nova situao laboral.

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    Para que possa ocorrer a readaptao, o novo cargo ter que ser

    compatvel com o anterior, dizer, com atribuies afins, nvel de

    escolaridade compatvel etc. Desse modo, no pode um auditor do INSS

    cargo de atribuio de nvel superior, por exemplo, ser readaptado na

    condio de motorista cargo de atribuio de nvel mdio, com atribuies

    nitidamente diferenciadas. Ressalte-se que, na hiptese de inexistncia

    de cargo vago, o readaptando exercer suas atribuies na condio

    de excedente.

    ATENO: EXCEDENTE diferente de DISPONVEL. Excedente,

    trabalha, e, por isso, recebe normalmente sua remunerao.

    Disponvel no est trabalhando, recebendo, por conseguinte,

    remunerao proporcional ao tempo de servio.

    Reverso o retorno do servidor aposentado atividade

    (Aposentou, voltou! Volta por reverso). Pode ocorrer em decorrncia de

    duas situaes.

    Na 1, a insubsistncia de motivo de invalidez (reverso DE

    OFCIO), a causa que levou aposentadoria (uma enfermidade) no existe

    mais.

    Em tal situao, o servidor em processo de reverso dever ser

    submetido ao exame da junta mdica oficial, a qual, ento, dever declarar

    que inexiste (insubsistente) o fato motivador da aposentadoria.

    Estando provido o cargo do servidor revertido, este exercer suas

    atribuies como excedente, at a ocorrncia de vaga.

    Na 2 situao, a reverso ocorre a pedido do servidor, desde que

    haja interesse da administrao (ato discricionrio), e se cumpridas as

    seguintes condies:

    - pedido do servidor, o qual deveria ser estvel na atividade;

    - aposentadoria ocorrida nos cinco anos anteriores solicitao,

    sendo que essa aposentadoria tem que ter sido a pedido,

    voluntria. No h que se falar em reverso para:

    I) aposentados pela compulsria, pois completaram a idade

    mxima para o exerccio de cargos EFETIVOS;

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    II) aposentados por invalidez: neste caso, se no existir mais o

    motivo de invalidez e no for impossvel a reverso pelo

    transcurso de prazo decadencial, o servidor ser revertido DE

    OFCIO; e,

    - necessidade de cargo vago. ATENO: no h que se falar em

    excedente na reverso a pedido, pois a Lei EXIGE a existncia

    de cargo vago para tal hiptese.

    Depois de aferidos todos os requisitos anteriores, a reverso a

    pedido ATO DISCRICIONRIO da Administrao Pblica, ou seja, ficam

    a critrio desta. Isso serve para que a Administrao avalie se a reverso

    em questo refere-se a um servidor que tem um histrico de til ao

    interesse pblico.

    No fosse assim, a Administrao teria de reverter alguns que,

    absolutamente, no teriam contribuio significativa a dar ao poder pblico,

    por seu histrico. Da, bem racional que a reverso a pedido do servidor

    fique a critrio da Administrao Pblica.

    Por fim, uma ltima informao: REMOO e REDISTRIBUIO

    (tambm chamada relotao) no so formas de PROVIMENTO, so

    formas de DESLOCAMENTO do servidor ou cargo pblico,

    respectivamente.

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    A remoo deslocamento do servidor, com ou sem mudana de

    sede, para desempenhar suas atribuies em outra unidade do mesmo

    quadro. Redistribuio o deslocamento do cargo efetivo, ocupado ou

    no, no mbito do quadro geral de pessoal, para outro rgo ou atividade.

    Ambos no so hipteses de provimento ou vacncia.

    Vejamos dois exemplos, para situarmos a questo:

    Na sala de determinado rgo X, em So Paulo, tem 10 cadeiras

    cargos -, sendo que apenas sete existem pessoas sentadas servidores. No

    rgo Y, localizado no Rio de Janeiro, tem 12 cadeiras, sendo que apenas

    10 esto preenchidas. Assim, o servidor pode ser removido de So Paulo

    para o Rio de Janeiro, pergunta-se: quantas vagas foram criadas? Quantos

    servidores entraram? No houve vacncia e sequer provimento, exatamente

    porque o nmero de servidores e de cargos permaneceu constante.

    Agora, o rgo X precisa de novas cadeiras em um novo

    departamento que acaba de ser criado. Bom, como vimos, a criao de

    novas cadeiras (cargos) depende de lei, no entanto, como das 12 cadeiras

    no RJ apenas 10 esto preenchidas, e como em SP, h trs cadeiras

    subutilizadas, que tal deslocarmos as cadeiras para o novo

    departamento, isso mesmo, que tal redistribuir, promover a relotao

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    das cadeiras? Notem que, igualmente, no houve reduo ou acrscimo

    do quantitativo de servidores, no sendo, portanto, o caso de se falar

    em vacncia ou em provimento. Acrescento que a redistribuio pode

    acarretar o deslocamento de cadeiras ocupadas. Por exemplo: houve a

    criao de um novo departamento da Receita, com a reunio de tarefas

    afetas matria previdenciria. Assim, possvel redistribuir as cadeiras do

    INSS para a Receita, e, conforme o caso, os servidores sentados nas

    cadeiras sero igualmente redistribudos.

    J a remoo pode ocorrer de ofcio (no interesse da

    administrao) ou a pedido do servidor.

    Na remoo de ofcio, caso seja necessria a mudana de sede do

    servidor, este far jus ajuda de custo (com um mximo de at trs

    remuneraes, conforme regulamento), para compensar despesas

    ocorridas.

    Na remoo de ofcio, fica garantido o direito do servidor e de seu

    cnjuge, filhos, enteados ou menor sob sua guarda, de se matricular em

    instituies de ensino congnere, em qualquer poca, independente de vaga

    ou de poca (cuidado! Instituies congneres...No tem o filho do servidor,

    civil e militar, estudante de faculdade particular, direito de matricular-se na

    Universidade de Braslia ou pblicas em geral, em razo da remoo de

    ofcio, a no ser, obviamente, que o curso s seja oferecido pela instituio

    pblica).

    Notaram o negrito na expresso DE OFCIO neste pargrafo? que

    existem outras formas de remoo, que so bem diferentes.

    A remoo a pedido pode a ser a critrio da administrao ou

    independente do interesse desta.

    Na primeira hiptese, o servidor faz o pedido e a Administrao

    avalia a convenincia ( ato discricionrio). J remoo a pedido,

    independente do interesse da administrao, ocorre nas seguintes

    hipteses:

    - Para acompanhamento do cnjuge, que tambm deve ser servidor,

    ou militar, de qualquer dos poderes da Unio, dos Estados, dos

    Municpios, que foi deslocado no interesse da administrao. Em outros

    termos, se o cnjuge passou em concurso ou solicita remoo, ele

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    quem criou o problema (talvez, no queira mais voc! Rsrsrs...), no

    tendo a Administrao o dever de remov-lo, assim entende o STJ;

    - Por motivo de doena do servidor, cnjuge, ou dependente que

    viva s suas expensas, sendo que dever constar do assentamento

    funcional do servidor;

    - Em virtude de concurso de remoo, em que o nmero de

    interessados superior ao nmero de vagas na unidade de destino.

    Em todas as hipteses, SEMPRE que a remoo/redistribuio

    implicar o exerccio de atribuies do servidor em outro municpio, ser

    concedido um prazo quele de 10 a 30 dias contados da publicao do

    ato para a retomada do efetivo desempenho de suas atividades, estando

    incluso, nesse prazo, o tempo de deslocamento para a nova sede.

    Estando o servidor afastado, ou de licena, o prazo aqui

    referenciado dever ser contado a partir do trmino do impedimento.

    Ah! Um ltimo detalhe nessa passagem. Peo que se esqueam da

    vida de vocs da expresso TRANSFERNCIA. O STF declarou-a

    inconstitucional, por ferir o princpio do concurso pblico.

    Bom, vamos resumir o que vimos nesse item na j famosa tabelinha:

    FORMA DE PROVIMENTO RAZO/PALAVRA-CHAVE

    Nomeao Provimento originrio

    Aproveitamento Em regra, retorno atividade do servidor

    que estava em disponibilidade

    Promoo Crescimento na carreira

    Reintegrao Demisso. Voltou. Reintegrou.

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    Reconduo Voltar ao cargo anteriormente ocupado.

    Readaptao

    Servidor sofreu limitao em sua

    capacidade de trabalho. Sendo possvel,

    ser readaptado.

    Reverso O aposentado voltou ao exerccio de

    cargo ativo.

    OBSERVAO:

    remoo/redistribuio

    No so formas de provimento, e sim

    de deslocamento de servidor ou cargo

    4.3 POSSE x EXERCCIO

    A posse, na verdade, aperfeioa a nomeao, dizer, sem posse,

    de nada vale a nomeao. por isso que se a doutrina diz que se o

    nomeado no tornar posse, o ato jurdico [de nomeao] ser

    tornado sem efeito. O prazo para a posse de trinta dias,

    improrrogveis, contados da nomeao.

    Ah, trs informaes importantes:

    - na posse, no h que se falar em assinatura de contrato, mas

    sim de um termo, no qual so firmados os compromissos do servidor;

    - possvel posse mediante procurao especfica ( 3 do art.

    13 da Lei 8.112/1990). Ora, se possvel casamento por procurao, claro

    que pode se tomar posse procurao;

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    - no se pode confundir posse com exerccio. Este ltimo quer

    dizer comear a trabalhar. Pode no coincidir com a posse. Olhem s o

    que diz o 1 do art. 15 da Lei 8.112, de 1990: de quinze dias o prazo

    para o servidor empossado em cargo pblico entrar em exerccio,

    contados da data da posse.

    Bom, s para registro: o servidor faz jus remunerao a partir

    do EXERCCIO e no da POSSE, ok? Tem que trabalhar, feliz e

    infelizmente...

    E outra: no possvel exerccio por procurao, claro. O

    servidor X, profissional em concursos, passa no cargo Y e outorga

    procurao ao candidato A. Depois, passa no cargo W, outorgando

    procurao ao candidato B. Na boa, isso ia virar uma indstria das provas.

    Exerccio tem uma relao com a posse como se fosse o casamento e

    a Lua de Mel. possvel casamento (posse) por procurao. J para a lua

    de mel (o exerccio), bom entrar em exerccio. E que ele seja

    efetivo...rsrsrsrs...

    4.4 POSSIBILIDADES DE ACUMULAO DE CARGOS E EMPREGOS

    PBLICOS.

    De antemo, registre-se que a regra geral que se veda a

    acumulao remunerada de cargos, empregos e funes pblicos, seja

    na Administrao Direta, seja na Administrao Indireta. A regra da

    no-acumulao abrange, portanto, tambm autarquias, fundaes,

    empresas pblicas, e sociedades de economia mista, em quaisquer

    esferas da federao (Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios).

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    A partir da EC 19/1998, a regra da no acumulao passou a abarcar

    as subsidirias daquelas entidades, bem como as sociedades controladas

    direta ou indiretamente pelo Poder Pblico. Por consequncia, a presente

    regra no impeditiva de ocupaes privadas por parte do servidor

    pblico, desde que, obviamente, tais ocupaes no sejam

    incompatveis com o cargo exercido pelo servidor (p. ex.: a Lei n

    8.112/1990 veda a gerncia de sociedades empresariais, ressalvando

    conselhos Fiscal e de Administrao de entidades sob o domnio do Estado,

    por exemplo).

    H que se ter um pressuposto para que possa ocorrer a acumulao

    remunerada: a compatibilidade de horrios. No existindo

    compatibilidade de horrios, TODA E QUALQUER acumulao de

    cargos/empregos pblicos ser vedada.

    A jurisprudncia do TCU admite acumulao com jornada

    mxima de 60 horas, ou seja, um cargo/emprego pblico de 40 horas +

    um cargo/emprego pblico de 20 horas, por exemplo.

    Outro ponto a ser levado em considerao diz respeito observncia

    dos tetos constitucionais remuneratrios, estabelecidos no art. 37, XI, da

    CF, os quais, no caso de acumulao (acima listados), no podero ser

    superados. Aguardem, j falarei sobre os tais tetos remuneratrios (geral e

    subtetos nos Estados).

    De acordo com o inc. XVI do art. 37 da CF permitida a

    acumulao de cargos e empregos pblicos nas seguintes situaes:

    a) dois cargos de professor;

    b) um cargo de professor com outro tcnico ou cientfico;

    c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de

    sade, com profisses regulamentadas.

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    No h maiores controvrsias no que diz respeito acumulao de

    dois cargos de professor. Todavia, no o que se verifica nas duas outras

    hipteses.

    H falta de preciso no que se refere definio de cargo tcnico

    ou cientfico, o que tem provocado algumas dvidas na interpretao que

    se faz da expresso. A despeito das controvrsias, pode-se afirmar que h

    possibilidade de cargos de nvel mdio serem tidos como tcnicos, desde

    que as caractersticas de seu exerccio possam ser entendidas como

    tcnicas.

    Como exemplo de cargos de nvel mdio que podem ser entendidos

    como de caractersticas tcnicas citamos: Programador, Tcnico de

    laboratrio, Tcnico de Contabilidade, Auxiliar de Enfermagem, e

    desenhista. Cargos de nvel mdio, cujas atribuies sejam de baixa

    complexidade, no mais das vezes fazendo parte da rotina administrativo-

    burocrtica do Estado, no devem ser considerados tcnicos ou

    cientficos, no podendo, por consequncia, serem acumulados com

    outro de professor. So exemplos de tais tipos de cargos, de acordo com

    o parecer H 194, da extinta Consultoria Geral da Repblica: Agentes

    Administrativos, Agente de Portaria, etc.

    No mesmo sentido, podemos afirmar que no so todos os cargos de

    nvel superior. Exemplo disso: analistas administrativos, de modo geral,

    que no tenham por atribuio tarefas tcnicas, como analistas da

    rea meio (administrativa) de tribunais judiciais. Logo, no cabe cogitar

    de acumulao neste caso, pois, ainda que se trate de um cargo de

    professor, o outro no visto como tcnico (o de analista da rea meio

    do tribunal judicial em referncia). A propsito, vejamos a questo exigida

    em prova anterior elaborada pelo CESPE:

    10 - (2006/CESPE/TRF-5/JUIZ) Suponha que Pedro seja

    professor em uma universidade pblica. Nesse caso, ele

    poder acumular o seu cargo de professor com um cargo de

    analista judicirio, rea meio, em tribunal regional federal.

    Gabarito: ERRADO

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    Como o Pedro da questo analista da rea meio, no poderia

    acumular o cargo com o de professor, como pr-falado. Da o erro da

    questo. Alis, esse tema de acumulao de cargos e empregos pblicos j

    foi at tema de prova dissertativa. Mas tudo tem seu tempo. Prossigamos,

    por ora, em nossas anlises.

    Falemos um pouco do acmulo de cargo/empregos pblicos por parte

    de aposentados. Havia certa controvrsia doutrinria se estes poderiam,

    ou no acumular os proventos da aposentadoria com a retribuio

    pecuniria do cargo, emprego ou funo. Tal dvida foi dirimida,

    contudo, com a redao dada pela EC 19/98 ao 10 do art. 37 da CF, que

    diz:

    vedada a percepo simultnea de proventos de

    aposentadoria decorrente do art. 40 ou dos arts. 42 e 142

    com a remunerao de cargo, emprego ou funo

    pblica, ressalvados os cargos acumulveis na forma desta

    Constituio, os cargos eletivos e os cargos em comisso

    declarados em lei de livre nomeao e exonerao.

    Assim, o aposentado pode acumular os proventos recebidos

    com:

    I) a retribuio pecuniria de outro

    cargo/emprego/funo, desde que a hiptese de acumulao

    fosse permitida caso em atividade estivesse;

    II) cargos eletivos (de Deputado, Prefeito, Governador, etc.);

    e

    III) cargos em comisso.

    H que se destacar, ainda, que as hipteses de acumulao

    referem-se a DOIS cargos, empregos ou funes pblicos. Assim, no se

    admite o acmulo de trs ou mais cargos/empregos, ainda que algum

    deles provenha da aposentadoria. H apenas uma hiptese de

    acumulao de trs cargos, em virtude da norma temporria contida no

    1 do art. 17 da ADCT: dois de mdico civil, com outro de mdico

    militar. Mas, em concursos pblicos, de cinco anos para c, no temos

    visto as organizadoras tratar do assunto.

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    A vedao acumulao tambm no abrange empregos da

    iniciativa privada, conforme j dito anteriormente. Assim, possvel, por

    exemplo, que o servidor pblico seja vigilante de posto de gasolina, sem

    problemas.

    Outras hipteses de acumulao permitida so as seguintes:

    a) Mandato de Vereador com as vantagens de cargo,

    emprego ou funo, sem prejuzo da remunerao do cargo

    eletivo. Deve haver, bvio, compatibilidade de horrios, e

    servidor deve exercer seu cargo;

    b) Ministro do TCU com outra funo de magistrio

    (art. 73, 3, da CF/88);

    c) Magistrado com uma funo de magistrio (art. 95,

    nico, I, da CF 88); e,

    d) Membro do Ministrio Pblico com outra funo

    pblica de magistrio (art. 128, 5, II, d, da CF/1988).

    Mais uma vez, vale a lembrana: vedada a acumulao de

    cargos/empregos/funes pblicos, admitindo-se to s os casos de

    previso constitucional, desde que haja compatibilidade de horrios

    no exerccio das ocupaes pblicas.

    4.5 FORMAS DE VACNCIA PREVISTAS NA 8.112/1990

    DEFININDO... Vacncia a situao em que o cargo pblico est

    vago, sem ocupante, tornando-o passvel de ser provido por algum. As

    formas de vacncia previstas na Lei 8.112/1990 so (art. 33):

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    exonerao, demisso, promoo, readaptao, aposentadoria,

    posse em outro cargo inacumulvel e falecimento. ATENO: a

    ascenso e a transferncia foram expressamente revogadas pela Lei

    9.527/1997.

    Inicialmente, cabe fazer diferena entre exonerao e demisso.

    Esta ltima uma penalidade, prevista na Lei n 8.112/1990, bem como

    no Cdigo Penal (inc. I do art. 92 do CP). J os casos de exonerao no

    constituem punies, tratando-se de hipteses especficas, com previso

    na Lei 8.112/1990 (arts. 34 e 35).

    Destaques pertinentes vacncia:

    I) Promoo , a um s momento, vacncia, em cargo inferior, e

    provimento, em cargo superior, no mbito de uma carreira. Pode ser por

    antiguidade ou por merecimento. A despeito de muitos doutrinadores

    criticarem a insero da promoo como forma simultnea de

    provimento/vacncia, por razes que, com sinceridade, no so importantes

    para nossas exposies aqui, MEMORIZEM: PROMOO FORMA

    SIMULTNEA DE PROVIMENTO/VACNCIA;

    II) alm da promoo, h outra forma simultnea de

    vacncia/provimento, de acordo com a Lei 8.112/1990 (art. 8 e 33): a

    readaptao. De fato, ao passar pela limitao na capacidade laboral,

    o servidor readaptado, caso possvel, noutro cargo, compatvel com tal

    limitao, deixando o primeiro vago, ao tempo que prov o segundo;

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    III) apesar de no ser indicada expressamente na Lei como

    forma de vacncia, a reconduo, em decorrncia de inabilitao em

    estgio probatrio, , de acordo com apontamentos da doutrina, forma

    simultnea de vacncia, dado que o servidor deixar vago o ltimo

    cargo, no qual foi inabilitado, voltando a prover o primeiro. Nessa ltima

    hiptese, o servidor, caso estvel, dever ser reconduzido ao cargo

    anteriormente ocupado, provendo-o de forma derivada.

    H quem aponte, ainda, para a posse em outro cargo no

    acumulvel, forma de vacncia expressa, sendo entendida como

    provimento implcito.

    5 ESTABILIDADE x ESTGIO PROBATRIO

    Algum a j deve ter pensado: ih, l vem confuso... essa

    interminvel histria a respeito de estabilidade X estgio probatrio... pois

    , como a inteno s facilitar a vida dos amigos, vamos direto ao

    mago...

    Inicialmente, cumpre registrar que o estgio probatrio sempre

    andou junto com a estabilidade, a despeito de serem, conceitualmente,

    figuras distintas.

    Estgio probatrio o perodo a que deve ser submetido o

    servidor ESTATUTRIO nomeado para cargo de provimento efetivo.

    No estgio probatrio, a capacidade e a aptido do servidor para

    desempenho do cargo so constantemente avaliadas. Podemos dizer

    que o estgio probatrio funciona como um perodo para confirmao no

    cargo.

    Respondam rpido a: ser um bom analista judicirio implica,

    necessariamente, ser um bom auditor da Receita ou do TCU? A resposta,

    evidentemente, no, pois os cargos possuem atribuio distinta. Por isso

    que a doutrina diz que a cada novo cargo, novo estgio probatrio.

    Isso mesmo. O servidor analista judicirio pode ser estvel no servio

    pblico e, ainda assim, ter de se submeter a novo estgio probatrio.

    A grande confuso quanto ao instituto em estudo quanto a sua

    durao: se de 36 meses (em decorrncia da EC 19/98, que alterou o

    perodo de aquisio da estabilidade), ou se de 24 meses, conforme

    consta do texto da Lei 8.112/1990. Alguns autores afirmam que o estgio

    probatrio de trs anos, e sua transposio necessria para a aquisio

    da estabilidade. Em nvel federal, a matria extremamente confusa.

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    Todavia, em julgados recentes, os tribunais superiores vm adotando a

    posio de que o estgio probatrio de 36 meses. Alis, isso j at

    caiu no TCU. Olha a:

    Conforme recente entendimento do STJ, o prazo do estgio

    probatrio dos servidores pblicos de 24 meses, visto que tal

    prazo no foi alterado pela Emenda Constitucional n. 19/1998,

    que trata apenas da estabilidade dos referidos servidores.

    GABARITO: ERRADO. COMENTRIOS tanto o STJ,

    quanto o STF tem adotado, como dito, a posio que o

    estgio probatrio tem durao de 36 meses.

    E, como sobredito, a posio do STF a mesma, em tempos

    recentes: o estgio probatrio tem 36 meses de durao.

    Um ltimo detalhe. Os critrios de avaliao do estgio

    probatrio constam da Lei 8.112, de 1990, art. 20, e so: assiduidade,

    disciplina, capacidade de iniciativa, responsabilidade e

    produtividade.

    J a estabilidade a garantia constitucional dada ao servidor

    ocupante de cargo efetivo, nomeado em virtude de concurso pblico,

    quanto permanncia no servio pblico aps trs anos de efetivo

    exerccio.

    Na redao original da CF/88, a estabilidade seria adquirida aps dois

    anos de efetivo exerccio, apenas com o decurso do tempo, ou seja, a partir

    de um critrio puramente objetivo, em face do mero transcurso do tempo.

    Contudo, aps a EC n 19/1998, para a aquisio da estabilidade

    so exigidos trs anos de efetivo exerccio, ao trmino dos quais dever

    ser precedida de avaliao especial de desempenho por comisso

    especial instituda para esse fim (caput e art. 41 da CF/1988), pelo que,

    pode-se afirmar, a estabilidade deixou de ser estritamente objetiva,

    uma vez que depende da mencionada avaliao especial.

    Sinteticamente, podem ser apontadas quatro condies necessrias

    para aquisio da estabilidade:

    I) aprovao em concurso pblico. Tal condio exclui a

    possibilidade de aquisio para quaisquer agentes pblicos que tenham

    vnculos empregatcios provisrios ou transitrios junto

    Administrao Pblica, tais como os contratados temporariamente por

    excepcional interesse pblico (art. 37, inc. IX, CF/88).

    II) nomeao para cargo de provimento efetivo. Tal condio

    afasta, por exemplo, a aquisio de estabilidade pelos empregados

    pblicos, regidos pela CLT, ou, ainda, pelos ocupantes, exclusivamente,

    de cargos em comisso.

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    III) cumprimento de estgio probatrio. S lembrando que o

    estgio probatrio deve ser visto com durao de 36 meses, pelos

    entendimentos mais recentes dos tribunais superiores.

    IV) avaliao especial de desempenho para fins de aquisio

    de estabilidade (4 do art. 41 da CF). Assim, o servidor no adquire

    estabilidade pelo simples decurso de prazo, mas, de outro modo, deve se

    sujeitar avaliao especfica para tanto.

    Questo interessante surge na possibilidade de a Administrao no

    proceder avaliao de que ora se trata. Nesse caso, na ausncia de

    avaliao, seria o servidor estvel ou no?

    A resposta que o servidor deve ser considerado estvel, em razo

    da avaliao positiva de forma tcita, para efeitos de estabilidade.

    Ressalte-se que tal avaliao funcional foi criada em favor da

    Administrao. Contudo, no poderia o servidor ser prejudicado pela

    inrcia administrativa. O STF corroborou essa afirmativa ao apreciar o

    MS 25.543-DF, em 21.8.2003, registrando que a ausncia de avaliao

    de desempenho no afasta a presuno de estabilidade no cargo.

    Diferentemente do estgio probatrio, a estabilidade NO SERVIO

    PBLICO, noutra clssica afirmao doutrinria.

    A CF/1988 fala das seguintes hipteses de perda de estabilidade:

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    I) em virtude de sentena judicial transitada em julgado.

    Esta hiptese , praticamente, autoexplicativa uma sentena judicial

    irrecorrvel pode determinar a perda do cargo pelo servidor;

    II) mediante processo administrativo em que lhe seja

    assegurada ampla defesa. Hiptese semelhante anterior, com a

    diferena que, neste caso, a via administrativa;

    III) em decorrncia de insuficincia de desempenho (inc. III do

    1 do art. 41 da CF), na forma de Lei Complementar a ser editada (norma

    de eficcia limitada), de mbito nacional. Devem ser assegurados a ampla

    defesa e o contraditrio, como condio de validade do processo. No

    constitui medida punitiva (no demisso, exonerao) e atende o

    princpio da eficincia; e,

    IV) em razo de excesso de despesa de pessoal (art. 169, 3,

    CF/1988), caso descumpridos os limites para tal natureza despesa,

    estabelecidos na Lei Complementar 101/2000 (a to famosa Lei de

    Responsabilidade Fiscal LRF). Contudo, para que, neste caso, a

    exonerao do servidor estvel ocorra, o ente federativo dever,

    preliminarmente, ter adotado as seguintes medidas administrativas:

    i) reduo ao menos em 20% das despesas com cargos em

    comisso ou funes de confiana; e,

    ii) exonerao dos servidores no-estveis. De acordo com o art.

    33 da EC n 19/1998, os no-estveis so aqueles admitidos na

    administrao direta, na autrquica e na fundacional, no entanto, sem

    concurso pblico de provas ou de provas e ttulos aps o dia 5 de outubro

    de 1983.

    SOMENTE se essas medidas prvias no forem suficientes para

    o reequilbrio das despesas de pessoal que se poder promover a

    exonerao dos estveis, em decorrncia de excesso de despesa.

    Por fim, lembro que o cargo objeto da reduo ser extinto,

    sendo vedada a criao de cargo, de emprego, ou de funes com

    atribuies iguais ou assemelhadas pelo prazo de QUATRO anos

    (lembrem aqui do mandato Presidencial). O servidor (estvel!) far jus

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    indenizao, correspondente a um ms de remunerao BRUTA por

    ano de servio (no contribuio, cuidado!).

    Apesar de pouco exigido em concursos pblicos, lembro que a

    CF/1988, por meio do art. 19 da ADCT, fixou hiptese excepcional de

    aquisio da estabilidade por parte de certos agentes pblicos.

    Tal instituto tem recebido a denominao por parte da doutrina de

    estabilizao constitucional. O referido dispositivo constitucional afirma

    que devem ser considerados estveis todos os servidores pblicos civis

    federais, estaduais, distritais e municipais, da Administrao Direta e

    Indireta de Direito Pblico, que estivessem em exerccio h pelo

    menos cinco anos na data de promulgao da CF, de 1988, e que no

    houvessem sido admitidos na forma estabelecida no art. 37 da CF (por

    via de concurso pbl