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26-06-22 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 1 26-06-22 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 1 Programa Sucinto (1) 1. História e cultura; civilização e civilizações; a dinâmica das civilizações. 2. A civilização ocidental e oriental: da construção do ocidente e do oriente. 3. A Europa; história de uma civilização; das origens greco-romanas ao surgimento e criação da União Europeia.

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Programa Sucinto (1)

1. História e cultura; civilização e civilizações; a dinâmica das civilizações.

2. A civilização ocidental e oriental: da construção do ocidente e do oriente.

3. A Europa; história de uma civilização; das origens greco-romanas ao surgimento e criação da União Europeia.

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Programa Sucinto (2)

4. A América e a civilização europeia no novo mundo

5. O mundo muçulmano: características e perspectivas.

6. O mundo africano e o mundo asiático: características e dinâmicas.

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O Mundo Chinês (Módulo 6)BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:

Braudel, Fernand (1989). Gramática das Civilizações. Lisboa: Editorial Teorema.

Goldman, Merle; Gordon, Andrew (2000). Historical Perspectives on Contemporary East Asia. Cambridge: Harvard University Press.

Rémond, René (1994). Introdução à História do Nosso Tempo: do Antigo Regime aos Nossos Dias. Lisboa: Gradiva.

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Introdução à geografia da China (1)

• O Extremo-Oriente é, genericamente, uma região tropical e subtropical: a China é «meridional, pluviosa e quente.» Não obstante, a China do Norte ser «um imenso campo (…) de aluviões recentes, com os seus invernos rigorosos.» [Braudel]

• Por outro lado, a Manchúria, situada a Nordeste, é também uma região densamente arborizada. Igualmente existem desertos (e.g. Gobi) gelados no Norte.

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Precipitação na China (1983) Fonte: https://www.lib.utexas.edu/maps/china.html

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Introdução à geografia da China (2)

• A geografia do Sueste Asiático, devido à sua diversidade, não confere unidade a esta região. O que une esta parte do globo é uma civilização material comum:

• Os chineses permanecem vegetarianos, daí retiram as calorias. Desconhecem, em grande medida, a manteiga, o queijo, o leite, comem pouca carne e muito peixe.

• Os hidratos de carbono são-lhes propiciados «em parte pelo trigo, pelo milho miúdo, no Norte; no Sul, predomina o arroz; as proteínas vêm da soja, dos grãos de mostarda, de vários óleos vegetais.» [Braudel]

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Regiões agrícolas da China (1986)Fonte: https://www.lib.utexas.edu/maps/china.html

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Introdução à geografia da China (3)

• O Sueste, grande produtor e consumidor de arroz, através da exportação, foi responsável pela generalização do seu consumo também a Norte.

• Esta dieta permite um crescimento demográfico superior, quando comparada com um regime baseado na carne: basta um só hectare para alimentar seis a oito camponeses no caso de uma alimentação exclusivamente vegetariana.

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O arrozalFonte: http://www.greenpeace.org.uk/files/images/migrated/MultimediaFiles/Live/Image/7003.JPG

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Introdução à geografia da China (4)

• Esta evolução exponencial da população chinesa deu-se no Sul da China, «com a generalização, a partir dos sécs. XI e XII, das espécies temporãs [precoces] dos arroz que permitem uma dupla colheita anual.» [Braudel] Será no séc. XVII que este salto demográfico será mais sensível.

• A cultura do arroz iniciou-se no segundo milénio a. C. «nas terras baixas niveladas» e foi ganhando terreno instalando-se gradualmente em todas as terras irrigáveis, «ao mesmo tempo que ia melhorando, graças aos grãos seleccionados que permitiram criar espécies temporãs.» [Braudel]

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Densidade populacional na China (1983)Fonte: https://www.lib.utexas.edu/maps/middle_east_and_asia/china_population_83.jpg

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Introdução à geografia da China (5)

• A agricultura em que se baseia a rizicultura é primitiva, raramente utiliza a força animal, são povos muito atrasados, os que dela colhem subsistência.

• Isto explica «na China, a presença de tantos povos não sinificados» (i.e. povos isolados alheios ao processo de construção da Nação).

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Introdução à História da China (1)

• A História chinesa, como de resto a indiana, registaram periodicamente a invasão de tribos, provenientes dos desertos e das estepes (a oeste e a norte da China).

• Os invasores eram povos de pastores (Turcos, Turcomanos, Khirgiz, Mongóis, etc.) «violentos, ladrões, cruéis, de uma valentia louca» [Braudel]. As suas incursões terminam no séc. XVII, quando a introdução da pólvora permitiu aos povos sedentários garantir a sua defesa.

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Introdução à História da China (2)

• A muralha da China, cuja construção foi iniciada no séc. III a. C., pretendia deter estas hordas de invasores que partiam do amplo deserto de Gobi. No entanto, a muralha foi transposta inúmeras vezes.

• Estes bárbaros, segundo Braudel, outrora tinham sido camponeses cuja inadaptação aos progressos da agricultura havia conduzido para os desertos e as estepes, donde regressavam sempre que o seu reduto era assolado por crises internas, revoluções sociais, explosões demográficas.

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A Grande Muralha da China Fonte: http://newsimg.bbc.co.uk/media/images/45682000/gif/_45682151_china_great_wall_466map.gif

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Introdução à História da China (3)

• Este regresso era acompanhado de pilhagem e destruição «o nómada despreza, nega o sedentário conquistado.» [Braudel]

• As duas últimas vagas de conquistadores mongóis, que vitimam a China ocorrem nos sécs. XIII-XIV e XVI-XVII. Gengis Cão ocupa Pequim em 1215, em 1644 é a vez dos Manchus (originais da Manchúria), secundados pelos Mongóis, tomarem Pequim.

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Introdução à História da China (4)

• Estas invasões provocam sangrias inauditas: milhares de mortes.

• «As invasões que, para o Ocidente significariam rupturas e o nascimento de novas civilizações, passam pela China e pela Índia como catástrofes materiais, mas não chegam a alterar verdadeiramente as suas formas de pensamento ou as suas estruturas sociais.» [Braudel]

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Introdução à História da China (5)

• Estas turbas bárbaras porém, segundo Braudel, não podem ser completamente responsabilizadas pela incapacidade da China em prosseguir o avanço técnico que havia experimentado até ao séc. XIII: este país distancia-se, desde aí, irreversivelmente do Ocidente – até aos dias de hoje.

• O Extremo-Oriente não irá retroceder, o que acontece, simplesmente, é que o resto do mundo progride sensivelmente. Assim, comparativamente, o Extremo-Oriente parece imóvel.

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Introdução à História da China (6)

• Estas civilizações do Extremo-Oriente cedo atingiram uma grande maturidade «colheram daí uma unidade, coesão espantosas, mas também uma imensa dificuldade em se transformarem (…) como se se tivessem recusado sistematicamente à mudança e ao progresso.» [Braudel]

• As religiões seculares chinesas do taoísmo, do confucionismo e do budismo (importado da Índia) ligam-se à hierarquia familiar e social chinesa. Contrariamente ao que sucede no Ocidente, que separa o humano do divino, o Extremo-Oriente é alheio a esta diferenciação.

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Mapa geográfico da ChinaFonte: wikipédia

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Estruturas religiosas da China (1)

• A civilização chinesa levou muito tempo a definir os seus caracteres originais. Ela, contudo, nunca está imóvel: «como todas as civilizações, a chinesa acumula as suas experiências, faz uma escolha (…) Os ventos do exterior chegam até ela e impõem a sua presença.» [Braudel]

• A religião confucionista, taoísta e, posteriormente, a Budista ao firmarem-se no território chinês não o fizeram a expensas umas das outras, malgrado os confrontos que se geram entre elas. Foram isso sim somar-se a uma vida religiosa muito anterior, primitiva.

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Estruturas religiosas da China (2)

• Esta religião atávica remonta a antes do primeiro milénio a. C. Nesta época pratica-se o culto dos antepassados e o das divindades do Sol. Crê-se na sobrevivência das almas. Também aqui (vd. Religião em África) às oferendas humanas correspondem protecções divinas.

• A época dos Han vai ser cenário para a emergência do confucionismo, «tendência nitidamente racionalista de reacção à antiga religião» [Braudel].

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Estruturas religiosas da China (3)

• O confucionismo não é somente uma explicação racionalista do mundo é igualmente uma moral política e social. Não é tanto uma religião como é uma atitude filosófica.

• Confúcio (551-479 a. C) é o fundador deste sistema. Embora não tenha deixado qualquer escrito, a sua doutrina foi-nos legada pelos seus discípulos.

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Estruturas religiosas da China (4)

• O confucionismo é a expressão de uma classe a dos letrados, designadamente dos mandarins «representantes da nova ordem social que se organiza a pouco e pouco, após a desintegração feudal, em resumo, os administradores e funcionários dessa China nova.»

• Estes emissários do poder central (funcionários letrados), estavam sujeitos a cargos subalternos antes de ascenderem com o Império Han (206-220 a. C.).

• O confucionismo está ligado ao ensino ministrado aos letrados.

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Estruturas religiosas da China (5)

• O confucionismo, enquanto doutrina, procura explicar o mundo procurando eliminar as crenças populares primitivas, ainda que mantendo a tradição.

• Contudo, mantêm elementos muito antigos de origem popular como o yin e o yang. Para os confucionistas estas palavras são símbolos, são «dois aspectos concretos e complementares do universo, que se opõem no espaço e se alternam no tempo.» [Braudel]

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Estruturas religiosas da China (6)

• São dois pólos antagónicos, que congregam todas as energias do universo. Estes dois tempos alteram consecutiva e infinitamente: um tempo de repouso yin, um tempo de actividade yang; nas estações um yin (Outono/Inverno) e um yang (Primavera/Verão).

• Desta forma, se explica também a alternância entre dia e noite, frio e calor. O ritmo que preside a esta alternância é o tao: «a unidade de todo o ser com toda a evolução.»

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Símbolo da integração do yin e do yangFonte: wikipédia

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Estruturas religiosas da China (7)

• O homem na natureza é o único ser que pode interferir neste tao, ou segui-lo. Com as suas más acções, o homem rompe a harmonia pré-estabelecida.

• Os confucionistas criam que todas as perturbações físicas (eclipses, sismos, inundações,…) quer humanas (revoltas, calamidades, escassez,…) deviam ser assacadas ao homem.

• Assim, o confucionismo estabeleceu uma norma de vida que «tende a manter a ordem e a hierarquia na sociedade e no Estado.» [Braudel]

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Estruturas religiosas da China (8)

• Alicerçados em práticas remotas, os confucionistas deram a uma série de ritos, de modos de estar sociais e familiares, um papel relevante no equilíbrio moral. Os ritos orientam a vida de cada um.

• Segundo Braudel, seguir o seu tao é «cada qual manter-se no lugar que lhe pertence (…) na hierarquia social.» Assim, a obediência absoluta é «condição de harmonia na sociedade.»

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Estruturas religiosas da China (9)

• A importância conferida pelo confucionismo ao culto dos antepassados é uma forma de na própria família manter a obediência e a hierarquia absolutas e não uma dimensão da religiosidade.

• Esta moral «formalista e tradicional», no entender de Braudel, contribuiu para o imobilismo social chinês.

• O taoísmo, por seu turno, é quase coetâneo do confucionismo, e pode ser considerado uma procura mística do absoluto e da imortalidade e uma religião individual de salvação, diz Braudel.

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Estruturas religiosas da China (10)

• Lao Tsé, o iniciador desta religião, supõe-se que tenha vivido no séc. VII a. C., ainda que o livro de onde se retira a sua doutrina remonte somente ao séc. IV ou III a. C.

• Os Taoístas reapropriam-se dos elementos yin, yang e tao, interpretando-os de uma outra forma. O tao representa a origem do universo, «a mãe de todos os seres».

• A perfeição, a santidade a que almejam os taoistas, é «a união mística com o tao eterno.» [Braudel], tal significa alcançar a imortalidade. Esta experiência mística só se atinge através da meditação, purificação e boas acções.

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Estruturas religiosas da China (11)

• A imortalidade procurada pelos taoístas não reside somente na salvação da alma, mas igualmente na imortalidade do corpo.

• A imortalidade do corpo obtém-se através de purificações e exercícios: ginástica obrigatória que permite a circulação do sopro e do sangue e evita congestionamentos e uma dieta rígida.

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Estruturas religiosas da China (12)

• O budismo, a mais recente das atitudes filosóficas atrás mencionadas, é uma religião importada por missionários oriundos da Índia e da Ásia Central. Contudo, o seu contacto com o substrato do pensamento chinês operou uma transformação radical nesta religião.

• O budismo estabelece-se nos sécs. VI e V a. C. na Índia e introduz-se no Império Han no séc. I d. C. A generalização da sua difusão no seio da sociedade chinesa só acontece no séc. III onde exercerá uma influência primordial até ao séc. X.

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Estruturas religiosas da China (13)

• O budismo sustenta que os homens reencarnam (renascem noutro corpo) depois da morte, para usufruírem de uma existência mais ou menos feliz - dependendo das acções realizadas em vidas anteriores – mas sempre dolorosa.

• A única saída para esta provação é a via que ensina o Buda e que permite atingir o Nirvana (i.e. «confundir-se com a vida eterna incondicionada e entrar na roda da reencarnação») [Braudel].

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Budismo no TibeteFonte: http://eng.tibet.cn/news/today/200801/W020080116414529518893.jpg

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Estruturas religiosas da China (14)

• Esta via é difícil, uma vez que o que faz os seres reencarnarem é o seu desejo de viver, assim é este sentimento que deve ser extirpado «pelo despojamento e pela renúncia.» [Braudel]

• A iluminação só é atingida através da contemplação e de exercícios espirituais muitas vezes repetidos e em várias existências. Este budismo modificado, difundiu-se prontamente devido a uma ampla rede de comunidades monásticas de homens e mulheres.

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Estruturas religiosas da China (15)

• O taoísmo e o budismo distinguem-se radicalmente. O primeiro busca a imortalidade, a não obliteração do corpo, o segundo «considera o corpo uma cadeia imposta aos homens pela sua imperfeição sem existência real.»

• O Eu, não existe para o budismo: «no Nirvana toda a personalidade se dissolve.» [Braudel].

• O budismo marcou a civilização chinesa e simultaneamente foi impregnado por esta.

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Estruturas políticas na China Clássica (1)

• A monarquia imperial chinesa representa esta continuidade chinesa - nos seus quatro mil anos de história e nas suas 22 dinastias.

• É claro que estas dinastias não se sucederam sem interrupções e dificuldades. Contudo, só podemos falar de instituição imperial com a unificação chinesa operada pelo primeiro imperador Qin Shi Huang Di (221-210 a. C.).

• Esta herança foi continuada e solidificada pela dinastia Han (202 a.C.-220 d. C.).

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Mapa Político da ChinaFonte: http://geology.com/world/china-map.gif

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Estruturas políticas na China Clássica (2)

• Podemos, então, falar de uma instituição imperial que vai de 221 a. C. até 1911-12, quando a dinastia Manchu foi destronada.

• Os actos do imperador, como ressalva Braudel, nunca são exclusivamente laicos: o imperador «preside simultaneamente à ordem sobrenatural e à ordem natural do mundo.»

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Estruturas políticas na China Clássica (3)

• O imperador governa em virtude de um mandato do céu. Todas as calamidades que possam ocorrer durante um mandato (inundações, secas catastróficas, revoltas camponesas, derrotas frente aos bárbaros) são devidas à ausência de virtude do governante.

• O governante cessa, desta forma, de ser o mandatário do Céu. Estes maus presságios auguram uma mudança de dinastia, sem a qual «gerações de homens se arriscariam a desaparecer atrás de um imperador indigno no abismo bruscamente aberto.» [Braudel]

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Estruturas políticas na China Clássica (4)

• As revoltas populares, pelo menos na China Antiga, prenunciam a decadência imperial. O mandato celeste passará legitimamente de uma família que não tem méritos para uma nova dinastia, que forçosamente os terá, uma vez que recebe o mandato.

• A expressão koming (i.e. revolução - adoptada posteriormente, na época republicana) significa literalmente retirar o mandato.

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Estruturas políticas na China Clássica (5)

• O carácter de continuidade da civilização chinesa, reconhecido por Braudel, é explicado pelo facto de a dinastia ter recebido um mandato do céu que está consubstanciado na força por esta revelada para aceder ao poder.

• Esta monarquia primitiva, de cerimonial luxuoso, coabita com «a modernidade de um corpo de funcionários letrados, os mandarins.»

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Estruturas políticas na China Clássica (6)

• Os mandarins constituem um número restrito de altos funcionários, recrutados a partir de um concurso complexo.

• O que os distingue não é o seu nascimento, mas a sua cultura e as suas funções fazem deles «uma casta que não é socialmente fechada, mas também onde não é fácil de penetrar.» [Braudel]

• Estes intelectuais comungam de conhecimentos, de uma linguagem, de preocupações, de ideias e atitudes que os isolam da restante população.

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Estruturas políticas na China Clássica (7)

• Aos mandarins cabe a tarefa de governar, de dirigir. «O horror ao trabalho manual é um título honorífico: a mão do letrado, com unhas que deixa crescer desmesuradamente, só pode realizar um único trabalho: manejar o pincel que serve para traçar os caracteres.»

• Os mandarins então encarregues de todas as tarefas de administração e justiça: lançar impostos, administrar a justiça, assegurar o policiamento, levar a cabo grandes operações militares, proceder à construção e conservação de estradas, barragens, sistemas de irrigação.

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Foto de um mandarimFonte:http://farm4.static.flickr.com/3340/3199219951_3906530e7e.jpg

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Estruturas políticas na China Clássica (8)

• Os mandarins, na opinião de Braudel, representam a ordem contra a desordem, encerram a estabilidade da sociedade, do Estado, da civilização. Eles advogam os valores da moral confucionista, i.e. as virtudes da hierarquia e da ordem pública.

• A sua actividade assegura a unidade de um vastíssimo império, obstando aos riscos de fragmentação representados pelos senhores feudais e pela sociedade camponesa atreita à anarquia.

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Estruturas políticas na China Clássica (9)

• Por outro lado, os mandarins garantem o imobilismo social chinês, no entender de Braudel:

• «salvaguardam o equilíbrio entre os grandes proprietários, os latifundiários, postos no seu lugar, e os camponeses miseráveis, mas que possuíam sempre as suas miseráveis terras; vigiavam os eventuais capitalistas, mercadores, usuários, novos-ricos.»

• A unidade chinesa (entre Norte e Sul), porém, só é absolutamente lograda no séc. XIII.

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Estruturas políticas na China Clássica (10)

• Entre 1211 e 1279 a China foi unificada por intermédio do Império Mongol que subjugou primeiro o império Jin no Norte e, posteriormente, o Song do Sul.

• Estes novos senhores da China irão concluir uma tendência há muito verificada «que irá consagrar a riqueza e a supremacia da China meridional e esta riqueza alastra depois a todo o corpo da China Imperial.» [Braudel]

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Estruturas políticas na China Clássica (11)

• O Sul, por muitos séculos, escassamente povoado de tribos indígenas que era forçoso rechaçar, passa a ser o «celeiro da China» [Braudel] quando as espécies temporãs do arroz tornaram possível as duplas colheitas, a partir do séc. XI.

• O primado do Sul será também manifesto a nível demográfico: no séc. XIII já existem 10 chineses do sul por cada nórdico. Entre o séc. XI e XIII, existe uma inversão no equilíbrio geográfico chinês: a China meridional do arroz suplanta a China setentrional do milho miúdo e do trigo.

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Estruturas sociais e económicas na China Clássica (1)

• As estruturas económicas e sociais chinesas clássicas são apelidadas, por Braudel, de semi-imóveis.

• Na base, a sociedade é amplamente agrícola e proletária, integrada, assim, por um grande número de camponeses pobres e de citadinos indigentes, que ignora os seus senhores.

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Estruturas sociais e económicas na China Clássica (2)

• No cume da sociedade aparecem, além do imperador, os príncipes «riquíssimos mas pouco numerosos» [Braudel] ou os grandes proprietários representados por administradores detestados e ainda os altos funcionários, temidos, que governam os país à distância.

• No meio da pirâmide social encontramos os bem-amados pequenos burocratas, e os odiados usurários e prestamistas.

• Esta sociedade é diversa da Ocidental. Para Braudel, ela é patriarcal, esclavagista e camponesa.

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Estruturas sociais e económicas na China Clássica (3)

1. Patriarcal: devido ao poder das suas linhagens e à importância conferida ao culto dos antepassados. A célula familiar estende a sua solidariedade aos primos mais afastados e até aos amigos de infância. Aquele que triunfa retribui aos familiares a sua prosperidade.

2. Esclavagista: não se trata da principal característica desta sociedade, mas acontece amiúde. «A escravatura é a forma espontânea de uma miséria sem remissão e de uma inexorável sobrepopulação.» [Braudel]. Os desafortunados vendem-se a si próprios.

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Estruturas sociais e económicas na China Clássica (4)

Por todo o Extremo-Oriente, regista Braudel, os pais vendem os filhos. Na China esta prática só conhece um fim com a ordenação de 1908 que proibiu a escravatura e a venda de crianças.

3. Camponesa: mas não feudal, no sentido estrito do termo. A sociedade chinesa «não tem feudos com investidura, não tem concessões camponesas, não tem servos camponeses». [Braudel]

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Estruturas sociais e económicas na China Clássica (5)

Muitos camponeses são detentores dos seus humildes pedaços de terra.

Porém, acima deles encontramos os notáveis rurais (chen che), algumas vezes usurários, que arrendam as suas terras em troca de corveias (trabalho gratuito na terra do senhor) por parte dos camponeses e prestações pela utilização do forno ou moinho.

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Estruturas sociais e económicas na China Clássica (6)

Estes notáveis, contudo, estão ligados aos letrados que, por sua vez, representam o interesse do Estado, desta forma, contrariando o domínio excessivo de uma classe por outra:

«E sobretudo de uma classe de senhores feudais capazes de competir com a autoridade central.» [Braudel]

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Estruturas sociais e económicas na China Clássica (7)

• Assim se conserva a antiga hierarquia social baseada em 4 grupos: no topo os letrados (che); depois os camponeses (mong); os artesãos (Kong) e os mercadores (chang).

• Estes dois últimos grupos podiam ter assegurado o desenvolvimento de um capitalismo mercantil, tal não sucedeu já que permaneceram sob a alçada do poder central e porque os surtos económicos eram intermitentes.

• Acresce que a China não dispunha de cidades livres e de suficiente abertura comercial.

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Estruturas sociais e económicas na China Clássica (8)

• Os artesãos são ainda itinerantes, ainda não estão implicados com uma mentalidade capitalista à Ocidental. A Europa supera este comércio itinerante já no séc. XIII, quando as casas comerciais com sede fixa proliferam.

• Como já vimos anteriormente, há algumas concentrações empresariais, Braudel precisa: minas de carvão (ainda artesanais) no Norte; no Sul, fornos de fabricantes de porcelana.

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Estruturas sociais e económicas na China Clássica (8)

• A China também não conhecia o crédito, que só é implementado no séc. XVIII e, amiúde, no séc. XIX, daí a existência do usurário.

• «Apesar dos seus rios, juncos, sampanas [barco de transporte de pessoas], comboios, imunidades entre as províncias, correios, caravanas de camelos no Norte, a China clássica está mal ligada entre as suas várias partes e, ainda, pior aberta para o mundo exterior.» [Braudel]

• A China viveu sobretudo para si própria.

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Estruturas sociais e económicas na China Clássica (9)

• Durante o Império Mongol (1215-1368), houve uma abertura que durou quase um século (1240-1340). O imperador Kublai (1260-1294), procurou criar uma marinha para prescindir dos navios muçulmanos e obstar à concorrência e pirataria dos japoneses.

• Simultaneamente conservou desimpedida «a grande rota mongol que, para além do Cáspio, atingia o Mar Negro e as prósperas colónias dos genoveses e dos venezianos (…) Esta China aberta foi inegavelmente próspera, alimentada por moedas de prata pelos mercadores do Ocidente.» [Braudel]

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Estruturas sociais e económicas na China Clássica (10)

• Em 1368, a revolução Ming expulsa a dinastia mongol forasteira para o deserto. Os Ming tentaram abrir novas rotas, organizando sete expedições marítimas sucessivas (de 1405 a 1431-32) sob o comando do almirante Zheng He.

• As frotas zarparam de Nanquim para restabelecerem um protectorado chinês sobre as ilhas de Sonda, na actual Indonésia (que abasteciam a China de ouro em pó, pimenta e especiarias).

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Estruturas sociais e económicas na China Clássica (11)

• Chegam igualmente a Ceilão (actual Sri Lanka) deixando aí uma guarnição, ao Golfo Pérsico, ao Mar Vermelho e, finalmente, à Costa Oriental de África.

• Contudo, em 1431-32, a aventura termina abruptamente e a China cerra fileiras para enfrentar o seu inimigo de sempre situado a Norte da China. A capital transfere-se de Nanquim para Pequim, em 1421.

• Nos sécs. XVII e XVIII, a dinastia Manchu ocupa vastos territórios até ao Cáspio e ao Tibete, assim logrando proteger-se dos nómadas do deserto.

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Estruturas sociais e económicas na China Clássica (12)

• A China, desde o séc. XIII, padece de um excesso de população. Braudel especula que essa pode ter sido uma das causas para o insuficiente desenvolvimento técnico: «o homem pulula, torna inútil o emprego de máquinas, como outrora o escravo no mundo da Grécia e da Roma antigas.»

• A China, sem dúvida conhece progressos científicos, mas aqui a ciência não acompanha a técnica.

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A China no século XIX e na primeira metade do séc. XX (1)

• Esta China antiga foi aberta à força pelas grandes potências estrangeiras no séc. XIX. O Império do Meio não foi colonizado, nem sequer ocupado como a Índia, porém foi esbulhado por estas potências, cada qual reclamando seu quinhão.

• A China liberta-se desta ingerência estrangeira somente com Mao, em 1949.

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A China no século XIX e na primeira metade do séc. XX (2)

• Em 1527, os portugueses fixam-se em Macau, em frente a Cantão «onde desempenharam um papel considerável, sobretudo na mediação entre China e Japão.» [Braudel]

• Desde o séc. XVI que os Europeus dirigiram os seus interesses comerciais para a China, contudo sem consequências muito penosas para os chineses até ao séc. XIX.

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A China no século XIX e na primeira metade do séc. XX (3)

• A segunda metade do séc. XVIII, é a «idade de ouro de um comércio da China» limitado, todavia, ao porto de Cantão. [Braudel]

• Este comércio é relevante para a China e muito rentável para a Europa, ainda que para a primeira só parcialmente para um território tão vasto.

• Os comerciantes europeus, essencialmente ingleses, tratam com uma companhia monopolista de comerciantes chineses privilegiados.

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A China no século XIX e na primeira metade do séc. XX (4)

• Estas trocas intensificam-se e incluem o ouro (cujo preço é mais acessível na China), o chá, o algodão e os panos de algodão, importados sobretudo das Índias.

• «Os jogos de crédito: os comerciantes europeus avançam dinheiro aos comerciantes chineses que o repartem e por sua vez o emprestam, drenando assim, em contrapartida, os produtos até às províncias mais longínquas do Império» [Braudel]

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A China no século XIX e na primeira metade do séc. XX (5)

• No séc. XIX, as relações alteram-se. A poderosa Europa torna-se exigente. A Guerra do Ópio, já abordada atrás, franqueia aos Ocidentais 5 portos, onde se incluem Cantão e Xangai, pelo Tratado de Nanquim.

• A rebelião de Tai Ping (guerra civil chinesa), favorece uma nova ingerência dos Ocidentais, em 1860, e a abertura de mais sete portos.

• Esta revolução camponesa, nacionalista, xenófoba é ao mesmo tempo moderna: abole a escravatura, emancipa a mulher e procedeu a uma reforma agrária.

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A China no século XIX e na primeira metade do séc. XX (6)

• Pelo Tratado (desigual) de Aigun, de 1858, a China é obrigada a ceder a Província Marítima, onde a Rússia erige Vladivostok.

• A primeira guerra sino-japonesa (1894-95), desapossa-a da Coreia e é ocasião azada para as potências procederem a nova partição da China: os Russos instalam-se na Manchúria.

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A China no século XIX e na primeira metade do séc. XX (7)

• O movimento dos Boxers, protagonizado por uma sociedade secreta «dada a ritos misteriosos e aterradores» [Braudel] de 1900 é uma reacção xenófoba que termina com o cerco das embaixadas e que é neutralizado pelas potências ocidentais [Rémond].

• A China em 1919, mostra-se amputada de importantes partes do seu território.

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A China no século XIX e na primeira metade do séc. XX (8)

• Dentro das suas fronteiras, Ocidentais e Japoneses beneficiam de liberdades, de prerrogativas e de concessões:

• «a concessão internacional de Xangai; controlam uma parte das vias férreas e as fronteiras, que servem de penhor ao pagamento de juros sobre empréstimos internacionais».

• «Estabelecem aqui e ali os seus postos de correios, as suas jurisdições consulares, implantaram os seus bancos, as suas empresas, industriais ou mineiras.» [Braudel]

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Esferas de influência (antes de 1911)Fonte: http://portsmouthpeacetreaty.org/process/causes/images/12-China-Westrn-Influ-LG.jpg

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A China no século XIX e na primeira metade do séc. XX (9)

• As tentativas de reforma desta sociedade depararam-se com a resistência dos mandarins e com a indiferença popular, que havia escolhido o caminho da xenofobia. A reforma de 1898, intitulada dos Cem Dias gorou-se.

• Contudo, o caminho para a modernização seria entabulado através da revolução. Em 1911, este movimento conduzido por Sun-Yat-Sen (que se inspira no modelo americano) derruba a dinastia manchu do imperador Pu-Yi e instaura a república.

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A China no século XIX e na primeira metade do séc. XX (10)

• A Revolução parte de Cantão, «fenómeno clássico, na China, os movimentos reformistas, revolucionários ou nacionalistas partiam quase sempre do Sul.» [Rémond]

• A Revolução vai encetar uma longa época de instabilidade e uma guerra civil de cerca de 30 anos.

• O poder cairá em mãos dos senhores da guerra, governadores militares de províncias que se aliam aos notáveis rurais disputando «todos os territórios da China com os seus exércitos privados.» [Rémond]

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O Período dos Senhores da Guerra (1925)Fonte: wikipédia

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A China no século XIX e na primeira metade do séc. XX (12)

• Com a morte do primeiro senhor da guerra yuan shikai, passam a existir dois governos rivais em Nanquim e Pequim. A anarquia resultante coloca a China à mercê das incursões do Japão.

• Sun-Yat-sen, alia-se à União Soviética, para se defender da exploração económica externa. O Kuomintang (partido nacionalista chinês fundado em 1913 por Sun-Yat-sen) e o Partido Comunista Chinês (PCC) fazem então uma causa comum. [Rémond]

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A China no século XIX e na primeira metade do séc. XX (13)

• Mas com a morte de Sun Yat-sen, em 1925, dá-se a ruptura irreversível entre o Kuomintang, liderado agora por Chang Kai-Chek e o PCC.

• Inicia-se assim uma guerra civil que dura mais de 20 anos e que actualmente ainda não está sarada porque a ilha Formosa (Taiwan) é administrada pelos sucessores de Chang Kai-chek.

• Esta guerra não é só de poder, mas sobretudo de ideologia (comunismo vs. nacionalismo).

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A China no século XIX e na primeira metade do séc. XX (14)

• O Kuomintang (KMG) é durante muito tempo o partido mais forte, acresce a isto o facto de Estaline se alhear do conflito uma vez que não acreditava que uma revolução comunista na China se pudesse realizar em breve.

• Para fugirem à extinção, os comunistas são arrastados, numa Longa Marcha «um êxodo de cem mil homens que dura um ano e meio, estende-se por cerca de 100.000 km e acarreta uma dupla mutação geográfica e sociológica.» [Rémond]

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A Longa MarchaFonte: wikipédia

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A China no século XIX e na primeira metade do séc. XX (15)

• Mutação Geográfica: uma migração do Sul para o Norte; antes disseminado principalmente na China meridional, de Cantão a Xangai; o comunismo é compelido a achar refúgio no extremo Norte, onde estabelece raízes duradouras.

• Mutação Sociológica: Por outro lado há uma transferência das cidades para os campos. Anteriormente o comunismo era sobretudo urbano, colhendo a sua base de apoio entre os operários e os intelectuais.

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A China no século XIX e na primeira metade do séc. XX (16)

A partir de então torna-se rural: «é um exército de camponeses que funda o comunismo, e a reforma agrária será a pedra angular da transformação social.» [Rémond]. Porém, o partido comunista controla somente um quinto da China.

• Em 1937, o sentimento nacionalista é estimulado com os avanços do Japão. «Na guerra que nacionalistas e comunistas conduzem, paralelamente, contra o invasor, a China toma consciência de si própria, não apenas como civilização comum, mas como nação.» [Rémond]

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A China no século XIX e na primeira metade do séc. XX (17)

• A China consegue resistir durante 8 anos às investidas japonesas (1937-45). O fim da 2ª GM, vê-a no lado vencedor do conflito:

Consegue dos vencedores a ab-rogação dos tratados desiguais, recupera a soberania plena e passa a dispor de assento permanente na Organização das Nações Unidas, com direito de veto, à imagem das Grandes Potências. Livra-se, em suma, do jugo estrangeiro.

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A China no século XIX e na primeira metade do séc. XX (18)

• No entanto, com o fim da 2ª GM recomeça a guerra civil. Entre as duas facções em combate a relação de forças é muito desigual em favor de Chang Kai-chek, mas, ainda assim, em 4 anos os comunistas acedem ao poder.

• A corrupção e venalidade de que enferma o KMG, e que concorre para a sua desagregação, faz com que os comunistas beneficiem do beneplácito das massas rurais e da arraia-miúda.

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A China no século XIX e na primeira metade do séc. XX (19)

• Esta reviravolta deve-se «à coragem e ao génio de Mao» aos efeitos da reforma agrária e à «integridade moral» demonstrada pelos comunistas. [Rémond]

• Em 1949, o exército popular chega a Pequim e a breve trecho alastra o seu domínio a toda a China continental (excepção feita à Ilha Formosa), cuja unidade é assegurada pelo Partido Comunista.

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A China no século XIX e na primeira metade do séc. XX (20)

• O novel regime elegeu como principal objectivo fazer o seu país atingir riqueza e poder (fu qiang). Para tal era forçoso modernizar a economia e o exército o mais rápido possível e revolucionar a sociedade chinesa.

• Os líderes comunistas na 2ª metade do séc. XX experimentaram diversos modelos económicos. Contudo, só na era pós-Mao, a China encontrou o caminho certo para atingir o seu fito de prosperidade e influência mundial.

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A Era de Mao (1)

• A maioria da população chinesa acolheu favoravelmente a ascensão do Partido Comunista (PCC) ao poder - e a sua unificação do país – esperando, assim, pôr termo à guerra civil à desordem.

• Desde início ficou claro que os líderes comunistas pretendiam levar a cabo uma revolução radical.

• Sinais desse facto já se haviam feito sentir quando - durante a etapa final da guerra civil e no dealbar da década de 50 –, em áreas afectas ao partido, foram executados um grande número de terra-tenentes.

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A Era de Mao (2)• Depois de:

a) Preencher os lugares de liderança - deixados vagos pela eliminação dos terra-tenentes – com efectivos do PCC;

b) Redistribuir a terra pelos camponeses;

c) Reconstruir as infra-estruturas económicas e debelar a inflação herdada da era KMG;

Mao e o seu partido estavam prontos para imitar o modelo de desenvolvimento soviético elaborado por Estaline.

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A Era de Mao (3)

• A maioria dos intelectuais chineses, no final da década de 40, via o capitalismo como algo de corrupto e instável, caracterizado pelo desperdício, pelo consumismo, por crises cíclicas, injustiça social, e militarismo internacional.

• Deste modo, segundo os chineses, o modelo soviético (dos planos quinquenais estalinistas) seria uma maneira já experimentada de crescimento rápido e racional.

• Em 1954, os líderes do PCC começaram a planificar a economia a nível estatal, a nacionalizar o comércio e a indústria e, em 1955, a colectivizar a agricultura.

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A Era de Mao (4)

• Contudo, a economia chinesa era bem mais rural do que a Russa (80% das pessoas trabalhavam no campo) envolvidos numa agricultura intensiva que produzia pouco excedente além do necessário para a subsistência.

• A maneira mais eficaz, para os líderes do PCC, de aumentar e controlar esse excedente para o desviar para a indústria era através da colectivização agrícola.

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A Era de Mao (5)

• A situação internacional de isolacionismo chinês, desencadeada pelos EUA e que vigorou por duas décadas, também tinha contribuído para a adopção do modelo de desenvolvimento soviético.

• A hostilidade da América anti-comunista agravou-se quando a Coreia do Norte invadiu a Coreia do Sul na década de 50, com a permissão de Estaline e Mao.

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A Era de Mao (6)

• Os EUA durante a guerra da Coreia defenderam a Coreia do Sul e, ao mesmo tempo, protegeram a ilha da Formosa (Taiwan), para onde se havia refugiado o KMG de Chang Kai-chek, do assédio da China comunista.

• Quatro anos depois, os EUA e Taiwan assinam um Tratado de Mútua Defesa. Em resposta, a China assina em 1950 um Tratado de Amizade, Aliança e de Mútua Assistência com a União Soviética, que previa a assistência soviética em caso de guerra com os EUA ou o Japão.

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A Era de Mao (7)

• Durante a década de 50, a China vai receber ajuda de especialistas soviéticos para implementar um sistema de planificação económica e administrativa e assistência na criação de infra-estruturas e projectos industriais.

• Esta ajuda foi preciosa para a concretização do primeiro plano quinquenal chinês (1953-57) que robusteceu e expandiu o esforço industrial iniciado pelo KMG.

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A Era de Mao (8)

• Por outro lado, os comunistas chineses também seguiram o modelo político soviético. Estabeleceram uma ditadura de partido único ao estilo leninista.

• Mas, no entender de Goldman e Nathan, o PCC penetrava ainda mais profundamente na sociedade e nas áreas locais do que o seu congénere soviético. Era o partido quem mandava, quem liderava e controlava a sociedade.

• No topo do partido, o poder estava concentrado numas 40 ou 30 pessoas que tinham a autoridade para tomar as decisões mais importantes.

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A Era de Mao (9)

• Embora Mao fosse o líder dominante e em seu torno se exercesse um culto de personalidade, o seu poder era vigiado de forma intermitente por aqueles que haviam sido seus correligionários na Longa Marcha.

• Mao, sempre alerta, equilibrava o poder dos seus seguidores jogando com os seus ciúmes e rivalidades. Não obstante, era ele quem controlava o exército.

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A Era de Mao (10)

• Porém, a sua liderança sofreu uma série de contrariedades a partir da colectivização de 1955. Os proventos da venda forçada de cereais e do imposto sobre os cereais foram uma desilusão. E a agricultura não se desenvolveu tão rápido como era esperado pelos líderes do PCC.

• O crescimento industrial também tardou.

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A Era de Mao (11)

• Os dirigentes estavam desiludidos com a incapacidade demonstrada pelo modelo de desenvolvimento soviético de reagir aos estrangulamentos a nível dos transportes, energia e materiais de construção que acompanhavam o desenvolvimento acelerado.

• Os camponeses em busca de uma vida melhor começaram a migrar para as cidades, onde não conseguiam arranjar emprego.

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A Era de Mao (12)

• Pretendendo encontrar um novo plano de desenvolvimento, em 1956-57, Mao lança uma campanha chamada: Desabrochar de Cem Flores.

• Durante esta campanha Mao encorajou os intelectuais a apresentarem novas propostas e a criticarem os quadros do partido por problemas que tenham decorrido da implementação do modelo soviético.

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A Era de Mao (13)

• Contudo, quando alguns intelectuais foram além de criticar os quadros locais do partido por má conduta e incompetência e começaram a apontar o dedo à liderança e às suas políticas, Mao lançou em 1957, uma campanha anti-direitista contra os críticos.

• Estima-se que 750.000 pessoas rotuladas como direitistas tenham sido alvo de castigos que iam desde a mera despromoção até penas de 20 anos de trabalhos forçados.

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A Era de Mao (14)

• Após o período do Desabrochar de Cem Flores, a desconfiança de Mao em relação aos intelectuais aumentou, culminando na Revolução Cultural (1966-1976), uma campanha contra quase todos os intelectuais.

• O primeiro modelo de desenvolvimento maoista foi O Grande Salto em Frente (1958-61). Fazendo tábua rasa das propostas dos intelectuais e do modelo soviético, Mao apresentou o seu próprio modelo.

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A Era de Mao (15)

• Este modelo pretendia fazer da China um país moderno quase da noite para o dia.

• A mais representativa instituição maoista foi a comuna rural. Com uma população que oscilava entre 10.000 e 60.000 pessoas, estas comunas pretendiam providenciar todas as necessidades dos seus membros.

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A Era de Mao (16)

• Na realidade, as comunas eram versões maiores e mais arregimentadas das colectividades rurais. Os seus integrantes eram obrigados a entregar ao governo quantidades fixas de cereal independentemente da qualidade da colheita.

• Inicialmente, as comunas foram bem sucedidas na missão de retirarem do campo a maior quantidade de excedente possível para ser usado em prol do desenvolvimento industrial. E ainda mobilizaram o trabalho camponês no sentido de se criarem projectos de modernização rural.

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A Era de Mao (17)

• Contudo, ao fim e ao cabo, as comunas coarctaram o crescimento produtivo devido ao controle férreo que exerceram sobre quase todas as empresas rurais e actividades camponesas.

• Procurando obstar aos estrangulamentos decorrentes do crescimento económico que se tinham verificado na implementação do modelo soviético, Mao, criou colossais empreendimentos industriais verticalmente integrados.

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A Era de Mao (18)

• Reprimiu ainda o consumo, reforçou o controlo social e político, através da criação de unidades de trabalho (danwei) às quais estavam vinculados os trabalhadores vitaliciamente.

• Procedeu também à segregação entre residentes rurais e urbanos, ao implementar na década de 50 o sistema de registo do agregado familiar (hukuo), que proibia os cidadãos de alterarem o seu local de residência sem permissão.

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A Era de Mao (19)

• Tal permissão raramente era outorgada e, portanto, prendendo o camponês à terra conseguia-se impedir que a população rural inundasse as cidades.

• Pelo facto da ligação do indivíduo ao danwei ser perpétua, as autoridades do partido podiam controlar a vida de um indivíduo e da sua família, incluindo o trabalho, a casa onde habita, o seu casamento, nascimento, cuidados de saúde, educação, férias e reforma.

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A Era de Mao (20)

• Para um indivíduo ser bem tratado, tal dependeria das suas relações pessoais com os líderes políticos, do seu activismo político, e, sobretudo, do historial de classe da sua família (jieji chushen), que poderia ser qualificado somente de bom ou mau.

• O hukuo, o danwei e o chushen assim integrados «criavam um sistema de castas virtual que assinalavam as maiores barreiras sociais e o destino do indivíduo durante a era Mao.» [Goldman e Gordon]

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A Era de Mao (21)

• O danwei, embora oferecesse assistência social, cuidados de saúde e educação vitalícia exercia um controlo político total do indivíduo enquanto que o partido tinha poder ilimitado para convertê-lo em inimigo de classe.

• Assim, Mao desumanizava os inimigos de classe dentro destas instituições do quotidiano.

• A China também tinha o seu sistema de campos de trabalhos forçados para aqueles que eram considerados os piores transgressores. A ameaça do terror estava sempre implícita.

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A Era de Mao (22)

• Outro grande revés político deste modelo era o sacrifício do nível de vida rural e urbano em benefício de um crescimento extensivo assegurado por um investimento crescente.

• O governo era assim capaz de investir anualmente uns impressionantes 30% do PIB (!) no desenvolvimento económico, para assim criar uma economia industrial auto-suficiente.

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A Era de Mao (23)

• Contudo, este desenvolvimento implicou custos enormes. Os altos níveis de acumulação de investimento requeriam uma forte coerção política e a ausência de mercados e de planos bem desenvolvidos levou ao desperdício em grande escala.

• Embora tenha criado bolsas de crescimento em certos sectores industriais e projectos infra-estruturais, O Grande Passo em Frente - e a sua exploração infrene da população rural para lograr o crescimento industrial - devastou o sector agrícola.

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A Era de Mao (24)

• Embora os armazéns de cereal estivessem cheios e as cidades bem abastecidas, o desvio da produção agrícola para as cidades e para o comércio internacional causou o pior período de fome da história mundial 1958-61 [Goldman e Gordon].

• O número de mortes está estimado em mais de 30 milhões de pessoas.

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A Era de Mao (25)

• O Maoísmo ilustrava o conceito clássico de totalitarismo: a eliminação da sociedade civil, a imposição da autoridade do partido sobre todos os grupos sociais, o sistema político de natureza monolítica.

• E ainda a centralização extrema da autoridade política num líder que pode tudo, a utilização da doutrinação ideológica e do terror como meios de controle. A aspiração de refazer a natureza humana e o fito não só de controlar a população mas também de a mobilizar para objectivos específicos.

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A Era de Mao (26)

• «De todos os sistemas totalitários, o Maoísmo assemelhava-se ao Estalinismo, mas também exibia algumas características do fascismo.» [Goldman e Gordon]

• Pelo facto do terror na China estar a cargo da danwei, no maoismo a polícia e os campos de trabalho forçado eram menos relevantes do que no caso do Estalinismo.

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A Era de Mao (27)

• Embora o poder estivesse centralizado no grande líder, os oficiais do partido a nível local podiam exercer a sua autoridade nas unidades sem serem alvo de controlo apertado, desde que concretizassem as ordens de Mao, sem resistir.

• Porém, os camponeses começaram a optar pela resistência pacífica, à medida que a sua mobilização nas comunas se intensificava e eles eram levados ao extremo da resistência física. Assim, no início da década de 60, o regime foi obrigado a rever as políticas d’ O Grande Passo em Frente.

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A Era de Mao (28)

• As comunas permaneceram como unidades políticas, mas as aldeias (agora chamadas brigadas de produção), foram reinstaladas como o nível básico da produção agrícola. Contudo, as principais instituições d’O Grande Passo em Frente mantiveram-se.

• Em 1960, a China de Mao corta relações com a União Soviética, consequentemente os fundos, planos e especialistas soviéticos são expulsos e os oficiais do partido com ligações à União Soviética são alvo de purga.

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A Era de Mao (29)

• Com a descontinuação d’O Grande Passo em Frente, os correligionários de Mao e sobreviventes da Longa Marcha, começaram a questionar as suas decisões. Estes já não o consideravam infalível.

• Alguns chegaram mesmo a publicar críticas indirectas à sua pessoa nos media do partido. Os seus colegas de partido temiam ainda que Mao os envolvesse em mais alguma campanha que se pudesse revelar desastrosa.

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A Era de Mao (30)

• Receoso de que os seus colegas estivessem a conspirar contra ele e de que a revolução pela qual lutou se estivesse a burocratizar, Mao desencadeia a Revolução Cultural, entre 1966 e 1976.

• Assim, Mao mobilizou os jovens em grupos, Guarda Vermelha, para atacarem os seus supostos rivais e os inimigos de classe que restavam do passado regime, particularmente os intelectuais.

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A Era de Mao (31)

• De início a juventude aderiu entusiasticamente a esta purga dos velhos oficiais do partido e das autoridades intelectuais pensando que tal levasse a um aumento da liberdade e das oportunidades de desenvolvimento.

• Porém, o movimento rapidamente se tornou numa incontrolada perseguição em massa não só dos líderes do partido e intelectuais como de milhões de oficiais do partido, burocratas e outros profissionais, que foram acusados de reagirem à ideologia revolucionária de Mao.

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A Era de Mao (32)

• O movimento disseminou-se amplamente pelas sociedades urbanas. A Guarda Vermelha e os acólitos de Mao manipulavam e coagiam colegas, amigos e até familiares para obter delações através de humilhações, espancamento, aprisionamentos e homicídios.

• Ademais, a Guarda Vermelha saqueava as casas e destruía a propriedade privada e aterrorizava quem fosse considerado inimigo de classe.

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A Era de Mao (33)

• Quando o movimento fugiu por completo ao controle, a Guarda Vermelha dividiu-se em facções que passaram a lutar entre si e contra grupos rivais de revolucionários rebeldes compostos por operários mobilizados e, a partir de 1967, por elementos do Exército de Libertação Popular.

• Quando as suas acções desvairadas levaram ao recrudescimento da violência contra os oficiais do partido e os intelectuais, à desarticulação da economia urbana e por pouco à eclosão da guerra civil em certas partes do país, em 1968, Mao ordenou que o exército restaurasse a ordem.

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A Era de Mao (34)

• Milhões de pessoas foram perseguidas pela Guarda Vermelha.

• Quando a fase mais caótica da Revolução Cultural terminou, foi de novo lançada uma campanha ideológica pela mulher de Mao, Jiang Jing e os seus aliados ideológicos, conhecidos como o Bando dos Quatro, contra opositores reais ou fictícios.

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A Era de Mao (35)

• Mao persuadido de que o seu inimigo externo mais perigoso era a União Soviética, em 1972 inicia uma aliança tácita com os EUA contra a Rússia.

• Mao morre em 1976, deixando um legado político no mínimo controverso.

• O sistema maoísta erigiu o seu poder sobre clivagens sociais, ao classificar um grupo social de vanguardista e outro de retrógrado, e deixando a maioria dos indivíduos inseguros acerca do seu estatuto. A delação era promovida.

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A Era de Mao (36)

• Os inimigos de classe eram desumanizados e diabolizados, o que levava a que muitas pessoas receassem descer a essa categoria. A única maneira de evitar esta despromoção era alinhar com os prevaricadores.

• «Até as vítimas do sistema esperavam a oportunidade para provarem a sua lealdade participando nele e vitimizando os outros.» [Goldman e Gordon]