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ARQUITETURA E HISTÓRIA: INSTÂNCIA COLETIVA OU CONSUMO CULTURAL? A arquitetura pode ser entendida como objeto de produção social, que possibilitaria a compreensão da sociedade em relação a seu passado; pode ainda ser caracterizada como uma relação de produção e apropriação moldada (ou desmontada) no e pelo presente; e, por fim, decorrente da durabilidade das formas construídas, a A história como valor de consumo está presente na produção cultural contemporânea, e a arquitetura não está isenta disso. Tomar a história como exemplaridade tem levado à sua redução, no campo da arquitetura, a um mero repertório de fonnas, condizente com as necessidades fugazes do momento atual. • Professora da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia. [email protected] arquitetura poderia ser entendida como molde para o futuro do espaço social. Nesse sentido, a arquitetura se constituiria no ponto de partida para a análise histórica de sua relação com a sociedade nas três dimensões temporais ressaltadas. O que aqui propomos vai num sentido um pouco diferente, na medida em que, ao invés de privilegiarmos a arquitetura como ponto de partida possível para o entendimento (ou parte do entendimento) da relação entre sociedade e história, partimos da história como um dos elementos essenciais para a compreensão, hoje, da relação entre arquitetura e sociedade. Não estamos aqui nos referindo à história como processo social de conhecimento que problematiza o tempo e cujos avanços com relação a uma forte tradição de análise evolutiva, linear e positiva têm sido bastante alvissareiros; estamos aqui nos referindo a um processo propriamente histórico (NORA, 1993), onde a história é erigida em valor cultural, em Qualidade que a coloca no seio da formação de valores culturais contemporâneos. Essa problematização da história toma-se, a nosso ver, fundamental, para se compreender a relação atual entre arquitetura e sociedade. É fundamental também, por um lado, porque o conceito de história carreia com ele, como um de seus conteúdos, um sentido coletivo de abordagem que, no caso específico da arquitetura, se manifesta em substituição - e, em certa medida, em oposição - à abordagem dominante anteriormente da arquitetura como bem social. Dentro das

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  • ARQUITETURA E HISTRIA: INSTNCIACOLETIVA OU CONSUMO CULTURAL?

    A arquitetura pode ser entendidacomo objeto de produo social, quepossibilitaria a compreenso dasociedade em relao a seu passado;pode ainda ser caracterizada como umarelao de produo e apropriaomoldada (ou desmontada) no e pelopresente; e, por fim, decorrente dadurabilidade das formas construdas, a

    A histria como valor de consumo estpresente na produo culturalcontempornea, e a arquitetura no estisenta disso. Tomar a histria comoexemplaridade tem levado sua reduo,no campo da arquitetura, a um merorepertrio de fonnas, condizente com asnecessidades fugazes do momento atual.

    Professora da Faculdade de Arquitetura daUniversidade Federal da Bahia.

    [email protected]

    arquitetura poderia ser entendida comomolde para o futuro do espao social.Nesse sentido, a arquitetura seconstituiria no ponto de partida para aanlise histrica de sua relao com asociedade nas trs dimenses temporaisressaltadas.

    O que aqui propomos vai numsentido um pouco diferente, na medidaem que, ao invs de privilegiarmos aarquitetura como ponto de partidapossvel para o entendimento (ou partedo entendimento) da relao entresociedade e histria, partimos da histriacomo um dos elementos essenciais paraa compreenso, hoje, da relao entrearquitetura e sociedade.

    No estamos aqui nos referindo histria como processo social deconhecimento que problematiza o tempoe cujos avanos com relao a umaforte tradio de anlise evolutiva, lineare positiva tm sido bastante alvissareiros;estamos aqui nos referindo a umprocesso propriamente histrico(NORA, 1993), onde a histria erigidaem valor cultural, em Qualidade que acoloca no seio da formao de valoresculturais contemporneos. Essaproblematizao da histria toma-se, anosso ver, fundamental, para secompreender a relao atual entrearquitetura e sociedade.

    fundamental tambm, por um lado,porque o conceito de histria carreiacom ele, como um de seus contedos,um sentido coletivo de abordagem que,no caso especfico da arquitetura, semanifesta em substituio - e, em certamedida, em oposio - abordagemdominante anteriormente da arquiteturacomo bem social. Dentro das

  • perspectivas atuais da disciplina, essa me pareceparticularmente interessante, por se contrapor, a outrasvises de essencialidade meta-histrica da arquitetura(ARGAN, 1977), em que a referencialidade apenas internaaela prpria.

    Mas, por outro lado, a instrumentalizao do conceitodehistria e de seus atributos espaciais - o lugar e o territrio-, inseridos num circuito de consumo e privilegiamento doextico, tem levado a uma auto-validao e a umavalorizao mecnica do conceito, o que nos alerta para anecessidade de sua crtica e superao.

    A abordagem da arquitetura como bem social entrouemcrise no Brasil h cerca de duas dcadas. Colada a umacrise mais geral do Estado-providncia e a uma reduointerna prpria disciplina - onde os arquitetos se tomaramessencialmente planejadores - essa perspectiva perdeuflego ao no encontrar mais validao nem nas esferas dedemanda dessa arquitetura, nem no pensamento elaboradonoseu interior. A questo social foi claramente abandonadapelodiscurso arquitetnico e s nos ltimos anos vem dandomostras de algum fortalecimento.

    Mas, paralelamente, assistimos, dentro daquilo que seconvencionou chamar a crise do movimento moderno emarquitetura, eleio de algumas categorias que passam aser centrais na elaborao contempornea dessepensamento. Os conceitos de histria, memria e seuscorrelatos espaciais - lugar, contexto, regio - florescemnesses novos discursos, buscando criar novas refernciasparaa produo terica e para a produo concreta da rea.Essesconceitos, por sua prpria definio, ancoram-se numaproduo coletiva de anseios e idias organizadassocialmente e que so, portanto, "coletivamentesignificativas em sua diversidade" (PAOLI, 1992)conflitante. Matria-prima por excelncia da nossa memriasocial,essa produo transfigura-se em artefatos, em formasconstrudas que passariam, ento, a informar e a qualificaros desdobramentos e as proposies da arquitetura e dourbanismo. nesse sentido que nos defrontamos comafirmaes como aquelas feitas por A. Grumbach a propsitodaexposio organizada em 1978 por G .C. Argan, "RomaInterrota": "Todas as proposies se adequam tese segundoa qual a histria um instrumento na prancheta dosarquitetos e o contexto a matria das operaes urbanas",ou ainda o reconhecimento de que as diversas posieslevadas exposio faziam da "forma urbana um objeto dereflexo autnoma de seu funcionamento, mas no de suahistria", qual se acrescenta a constatao de que "a formada cidade de amanh est inserida nos traados de sua

    histria" (GRUMBACH, 1994). Assim, crtica explcitado funcionalismo monodirecional se soma aoperacionalizao do conceito de histria, tomada agoracomo guia da reflexo e da proposio.

    Importa verificar ento que, sem dvida, a dimenso daproduo coletiva indissocivel da retomada do conceitode histria e que, portanto, algumas concepes dearquitetura passam a considerar no apenas a verso eruditada produo do quadro construdo, mas tambm a versovernacular, ampliando, assim, a esfera de reconhecimentoda produo social efetivada por diferentes grupos sociais.Nesse sentido, aflora, atravs da histria, a incorporao,no mbito da atividade projetual, de um sentido de coletivoque estava ausente no vigor do entendimento da arquiteturacomo bem social. Nessa, a referencialidade para projetaoera estritamente interna prpria disciplina.

    Aparecem, assim, as elaboraes referentes memriado lugar, construo do lugar, construo da prpriamemria, valorando uma relao coletiva com o passado, oque, se por um lado, informa com novas variveis o exercciode projetao, por outro traz conseqncias para a prpriahistoriografia da arquitetura, que se toma mais branda emais flexvel em relao a seus objetos e menos excludenteem suas categorias de anlise.

    evidente que todo esse processo no decorrenteapenas do raciocnio interno disciplina, mas tambm esobretudo, de todo um movimento de idias que contaminaa arquitetura, ressaltando-se a influncia preponderante quea antropologia e a prpria histria exerceram na configuraodesse novo modo de se pensar a disciplina (e que sesubstituem, sem dvida, economia e sociologia).

    O sentido coletivo, atravs da valorizao do outro, daalteridade ou do reconhecimento valorado de diversas formasde existncia social, est presente nessa recuperao dahistria pela arquitetura. Vale ressaltar, no entanto, que umclaro deslocamento se operou: a arquitetura, entendida comobem social, privilegiava, como esfera de anlise, os meiossociais de sua produo e apropriao social. Agora, oprivilgio se d no mbito da reflexo sobre a criao e afruio da arquitetura como valor existencial e artstico.Poderamos, assim, pensar numa ampliao e numa restrioda arquitetura em seu modus operandi: uma refernciacultural que se toma mais ampla e complexa em suaconcepo, concomitantemente a uma despolitizao dofazer arquitetura, que deixa de problematizar a apropriaopara se centrar no uso. 1

    Esse distanciamento das formas de produopropriamente ditas ou da sua crtica tem levado, a nossover, a uma disperso do contedo positivo outorgado histria- a dimenso coletiva -, na medida em que tudo se tomahistria e, alm disso, sua subverso, sobretudo quando

  • apropriado pela indstria cultural. Por outro lado, tem levadotambm a uma certa prepotncia dos arquitetos em relaoa uma prtica social, na medida em que tendem a substitu-Ia por sua prpria prtica profissional.

    Civilizao da imagem, do virtual, do instantneo, dofragmento, os eventos se sucedem numa velocidade tal, queo perodo contemporneo j foi caracterizado como deacelerao da histria (SANTOS, 1994; NORA, 1993).Umavoracidade infindvel de coisas e objetos, que se substituemuns aos outros, marcam o tempo dominante do mundo, tempoque submete e hierarquiza os espaos.

    O consumo e particularmente o consumo culturalreorganiza espaos e tempos de forma virulenta. apresentificao de todo o repertrio da humanidade, mundode imagens retiradas do sem-fim, transformadas eminformao, que rapidamente se esvaem no consumoimediato de bens e de lugares.

    Trazer tudo, inclusive o passado, para o presente, eis ogrande lema do nosso perodo. Como o j citado P. Noraressalta, a sociedade contempornea vive uma ruptura como passado. "Da mesma forma que o futuro visvel, previsvel,manipulvel, balizado, projeo do presente, torna-seinvisvel, imprevisvel, incontrolvel, chegamos,simetricamente, da idia de um passado visvel a um passadoinvisvel, de um passado coeso a um passado que vivemoscomo rompimento; de uma histria que era procurada nacontinuidade de uma memria a uma memria que se projetana descontinuidade de uma histria. ( ...) o passado nos dado como radicalmente outro, ele esse mundo do qualestamos desligados para sempre" (NORA, 1993). Assim, oreconhecimento inevitvel de que algo j no mais nospertence ou de que no pertencemos mais a um lugar(NORA, 1993) reproduz de forma infindvel o domnio sobreo qual se pode agir, na medida em que tudo passa a serconsiderado como exterioridade prpria sociedade e,portanto, passvel de ser reduzido a objeto de apropriao,dado que no existe mais quase nenhuma hierarquia devalidao para sua valorao. O processo de presentificaose d, ento, em conjunto com uma enorme extenso dahistria, ou seja, a ruptura com o passado o mesmomovimento que, na idade mdia, o coloca inteiramente disposio do consumo no presente, instaurador permanentede novas demandas e de novas inteligibilidades. o presenterompido, portanto, que tende para uma busca infindvel dopassado e, atravs de suas normas de produo ereproduo, para um movimento profundo de mercantilizaoda histria, que traz, como corolrio desse distanciamento,dessa ruptura, a monetizao do passado e da histria,

    qual os novos modos de consumo e o turismo no soabsolutamente estranhos.

    Assim, a expanso do mercado e da lgica de mercados mais recnditas esferas da sociedade tende a fazercircular e tornar trnsfuga de si mesma qualquerparticularidade histrico-cultural ainda existente, reinserindo-a constantemente no "livre jogo" de mercado e submetendo-a a suas leis inflexveis e peremptrias. "Sede operatriosou desaparecei", j nos fala Lyotard em sua crtica sociedade contempornea (LYOTARD, 1988), mostrandoa operao de reduo ao consumo que a caracteriza naesfera de produo da cultura.

    Nesse lampejar de sucesses, a arquitetura viu umacontradio em termos: a sua durabilidade deve se combinarcom a fugacidade do presente, dos modos e das modas,levando-a uma multiplicidade que, alm de multiforme, disforme: tudo passa a ser possvel em nome da diversidadee da plural idade. Paralelamente, por essa mesmadurabilidade das formas e pela impossibilidade de um espaosincrnico total, faz-se rapidamente necessria a reciclagemdas velhas formas, atualizando-as em seu contedo e emsuas formas de reproduo.

    Nesse contexto, a histria passa a serreinstrumentalizada atravs dos conceitos de memria e depatrimnio, que, alm do j visto significado de valoraode uma relao coletiva com o passado, passa a carregarcom ela toda uma carga valorativa de valor de consumo, aopossibilitar respostas a uma demanda social que dupla:desejo de histria e desejo de dpaysement espao-temporal(FERNANDES,GOMES,1993) ..

    No que tange ento ao quadro construdo, tanto aproduo da edificao nova quanto a interveno sobre opatrimnio j construdo se vero reinvestidas de novasqualidades, em que aquela de espao histrico passa a serrequisito indispensvel boa localizao. Os processosrecentes de retomada de espaos urbanos centraisreinvestidos social, cultural e materialmente mostram bemesse processo de "valorizao de espaos historicizados,erigidos agora em territrios de evaso" (FERNANDES,GOMES, 1993), em cenrios onde se pode tomar ou retomarum contato fugaz com uma realidade densamente povoadade histria ou recm-historicizada, atravs da adoo derepertrios plsticos consagrados pelo tempo social.

    Assistimos, assim, a um processo de banalizao dahistria, no qual proliferao de registros que devem serconservados sem hierarquizao (NORA, 1993) se soma asua apropriao pelo circuito de produo cultural ouimobiliria, que os purifica e asseptiza, transcrevendo-os emcpias de si prprios e destacando seus particularismosexticos. A crise dos meta-relatos de que nos falava Lyotard(LYOTARD, 1988) pode ser estendida, nesse sentido, dosrelatos propriamente ditos.

  • A histria como valor de consumo, portanto, est presentenaproduo cultural contempornea e a arquitetura noestisenta disso. Tomar a histria como exemplaridade temlevado sua reduo, no campo da arquitetura, a um merorepertrio de formas, condizente com as necessidadesfugazesdo momento atual. Reduzi-Ia a valor apenas formaltemlevado ainda ao desprestgio de prticas sociais em favordareificao dos objetos e de prticas individuais ou depequenos grupos, decorrncia da prpria privatizao damemria,que passa a ser psicolgica, individual e subjetiva(NORA,1993).

    esse o sentido dominante - embora existam outros,dos quais no trataremos aqui - que podemos atribuir utilizao crescente das noes de memria do lugar ou deconstru~o da memria (e de seu correlato, constru~o dolu~ar), bastante difundidos atualmente no campo daarquitetura e do urbanismo. Essas noes operam como sefossepossvel, atravs de aes na maior parte das vezesindividuais, produzir memria ou produzir lugares comoobjetos, reduzindo esses conceitos a uma nica prtica, aumnico tempo e a uma nica forma de produo. Comodiz Pierre Nora, "a memria a vida, sempre carregadaporgrupos vivos e, nesse sentido, ela est em permanenteevoluo, aberta dialtica da lembrana e do esquecimento,inconsciente de suas deformaes sucessivas, vulnervel atodosos usos e manipulaes, susceptvel de longas latnciase de repentinas revitalizaes" (1993). O que importaressaltar, ento, que a memria no pode ser dissociadadavida vivida e que, portanto, ela no pode ser reduzida aargumento genrico, suficiente ou auto-explicativo paraqualquer ao. Essa a esfera de justificativa do circuitodoconsumo cultural, onde a memria manipulada comoinstrumento de produo.2

    A histria, como valor de consumo, est submetida temporalidade rala da breve, brevssima durao. A histria,como instncia coletiva, apia-se numa temporal idade maislonga, densa de prticas e de significados sociais. Uma

    mesma palavra no pode obscurecer contedos social etemporalmente distintos. E no a possibilidade de durao(CHESNEAUX, 1994), hoje, o que garante a existncia deprticas sociais diversificadas?

    I CHESNEAU, 1. (1994), citando H. Lefebvre. A anlise se desloca de umacategoria social para o usurio.

    2 A esse respeito - a manipulao da memria - foi interessante seguir oprocesso de recomposio de sua memria que o presidente francs FranoisMitterrand fez, ainda em vida, com relao ao affaire Ptain. Ou o filme deWim Wenders - Until the End of the World -, onde o personagem centralbusca exaustivamente imagens para a atualizao de memrias vividas.

    ARGAN, Giulio Carto 1977 "EI Revival" in ARGAN, Giulio Car10 (org.) EIPasado en el Presente, Barcelona: Ed. Gustavo Gili.

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