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B. Geoci. Petrobras, Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 511-529, maio/nov. 2007 | 511 Bacia de Campos Wilson Rubem Winter 1 , Ricardo Jorge Jahnert 2 , Almério Barros França 3 Palavras-chave: Bacia de Campos l Estratigrafia l carta estratigráfica Keywords: Campos Basin l Stratigraphy l stratigraphic chart 1 Unidade de Negócio de Exploração e Produção da Bacia de Campos/Exploração/Sedimentologia e Estratigrafia e-mail: [email protected] 2 E&P Exploração/Interpretação e Avaliação das Bacias da Costa Sudeste/Pólo Centro 3 E&P Exploração/Geologia Aplicada a Exploração/Modelagem de Sistema Petrolífero introdução A Bacia de Campos localiza-se no litoral norte do Estado do Rio de Janeiro e a sul do Estado do Espírito Santo, limitada a norte pelo Arco de Vitória e, a sul pelo Arco de Cabo Frio. Possui uma área aproximada de 100.000 km 2 , com mais de 1.600 poços perfurados ao longo de mais de três décadas de exploração petrolífera. Economicamente, é a ba- cia brasileira mais prolífica, alojando mais de 90% das reservas petrolíferas brasileiras atuais. A primeira carta estratigráfica da Bacia de Campos data de 1973, compilada por Schaller (1973) a partir dos resultados da perfuração dos primeiros poços na bacia. Seguiram-se várias atualizações, sendo a última a de Rangel et al. (1994), todas com foco em litoestratigrafia. A presente carta resume o conhecimento atual da bacia, com ênfase na análise cronoestratigráfica, onde foram mapeadas as principais seqüências de- posicionais com registro em todas as demais bacias costeiras brasileiras. Além dos dados de poços e sís- mica, foram utilizadas tabelas bioestratigráficas in-

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B. Geoci. Petrobras, Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 511-529, maio/nov. 2007 | 511

Bacia de Campos

Wilson Rubem Winter1, Ricardo Jorge Jahnert2, Almério Barros França3

Palavras-chave: Bacia de Campos l Estratigrafia l carta estratigráfica

Keywords: Campos Basin l Stratigraphy l stratigraphic chart

1 Unidade de Negócio de Exploração e Produção da Bacia de Campos/Exploração/Sedimentologia e Estratigrafia

e-mail: [email protected]

2 E&P Exploração/Interpretação e Avaliação das Bacias da Costa Sudeste/Pólo Centro

3 E&P Exploração/Geologia Aplicada a Exploração/Modelagem de Sistema Petrolífero

introdução

A Bacia de Campos localiza-se no litoral nortedo Estado do Rio de Janeiro e a sul do Estado doEspírito Santo, limitada a norte pelo Arco de Vitóriae, a sul pelo Arco de Cabo Frio. Possui uma áreaaproximada de 100.000 km2, com mais de 1.600poços perfurados ao longo de mais de três décadasde exploração petrolífera. Economicamente, é a ba-cia brasileira mais prolífica, alojando mais de 90%das reservas petrolíferas brasileiras atuais.

A primeira carta estratigráfica da Bacia deCampos data de 1973, compilada por Schaller (1973)a partir dos resultados da perfuração dos primeirospoços na bacia. Seguiram-se várias atualizações,sendo a última a de Rangel et al. (1994), todas comfoco em litoestratigrafia.

A presente carta resume o conhecimento atualda bacia, com ênfase na análise cronoestratigráfica,onde foram mapeadas as principais seqüências de-posicionais com registro em todas as demais baciascosteiras brasileiras. Além dos dados de poços e sís-mica, foram utilizadas tabelas bioestratigráficas in-

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ternas da Petrobras, calibradas com tabelas de tem-po de Gradstein et al. (2004).

embasamento

O embasamento cristalino da Bacia de Cam-pos é caracterizado por gnaisses de idade pré-cambriana pertencentes à Província Proterozóica daRibeira. Rochas do embasamento foram identificadasno poço 1-ESS-50 e testemunhadas nos poços 2-CST-1-RJ (2.619-2.621 m) e 1-RJS-94 (2.708-2.713 m).

O embasamento econômico da Bacia de Cam-pos é definido pelos basaltos da Formação Cabiú-nas (equivalentes às seqüências K20-K34), deposi-tado nos andares Rio da Serra e Aratu inferior(Halteriviano), que cobrem discordantemente oembasamento pré-Cambriano.

Superseqüência Rifte

O registro sedimentar da fase rifte da Baciade Campos foi subdividido em três seqüências depo-sicionais denominadas K20-K34, K36 e K38, comidades Hauteriviano, Barremiano (porção superior doAndar Aratu) e Eoaptiano (Andar Jiquiá).

As unidades pertencentes à antiga FormaçãoLagoa Feia foram elevadas à categoria de forma-ção. Assim, o Grupo Lagoa Feia é atualmente com-posto pelas formações: Coqueiro e Retiro - definidaspor Rangel et al. (1994) e Itabapoana, Atafona,Gargaú e Macabu - definidas neste trabalho.

Seqüência K20-K34

A Seqüência K20-K34 possui como limite su-perior a discordância observada no contato com ossedimentos da Seqüência K36. A Seqüência K20-K34 é composta de derrames ígneos, subalcalinos,subaéreos e subaquosos, com espessura máximaperfurada de 650 m, tendo sido atingida em cercade uma centena de poços. Basaltos e diabásios sãoas principais litologias desta unidade. Arenitos, silti-tos e conglomerados ocorrem localmente entre der-rames sucessivos, sendo denominados de intertrapes.

Basaltos fraturados e vesiculares representam reser-vatórios produtores de óleo no campo de Badejo. Asdatações obtidas nessas rochas permitem correla-cionar o evento magmático Cabiúnas com o eventoígneo Serra Geral, na Bacia do Paraná.

Seqüência K36

A seqüência corresponde à porção basal daFormação Lagoa Feia, doravante elevada à categoriade grupo, mantendo a mesma seção-tipo proposta porRangel et al. (1994). A Seqüência K36 é constituídapelas formações Itabapoana e Atafona, depositadasno Andar Barremiano, equivalente aos andarescronoestratigráficos locais Aratu superior e Buracica.Seu limite inferior é a discordância do topo dos basal-tos da Formação Cabiúnas (K20-K34) e o limite supe-rior, a discordância pré-Jiquiá, de 125,8 Ma.

A Formação Itabapoana é representada porconglomerados, arenitos, siltitos e folhelhosavermelhados proximais de borda de bacia e de bor-da de falha. A Formação Atafona está representa-da, principalmente, por arenitos, siltitos e folhelhosdepositados em ambiente quimicamente diferencia-do, alcalino caracterizado pela deposição predomi-nante de minerais de talco e estevensita.

Seqüência K38

A seqüência corresponde à porção intermediá-ria do Grupo Lagoa Feia, compreendendo as forma-ções Itabapoana e Coqueiros, depositadas desde oBarremiano superior ao Aptiano inferior (equivalenteao Andar local Jiquiá). Seu limite inferior é adiscordância pré-Jiquiá, de 125,8 Ma e o limite su-perior corresponde à discordância pré-neo-Alagoas(com ocorrência entre 120 Ma e 123,1 Ma), facil-mente identificada em seções sísmicas.

A Formação Itapaboana representa os con-glomerados e arenitos proximais da bacia e de bor-da de falha.

A Formação Coqueiros está representada porintercalações de camadas de folhelhos e carbonatoslacustres compostos, predominantemente, pormoluscos bivalves. Estes depósitos de conchas che-gam a formar espessas camadas porosas, acima de100 m, denominadas barras de coquinas. Os paco-tes de coquinas porosas foram depositados em am-biente de alta energia e se constituem em reservató-rios produtores de petróleo.

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A Formação Coqueiros é facilmente reconhe-cida em sísmica, uma vez que a intercalação de fo-lhelhos de baixa densidade, ricos em matéria orgâ-nica, com carbonatos de alta densidade estabeleceuma sismofácies característica. Os refletores sísmi-cos com máximas amplitudes negativas referem-seaos folhelhos do andar Jiquiá (folhelho Jiquiá), quesão os principais geradores de petróleo da bacia.

Superseqüência Pós-Rifte

Esta superseqüência corresponde à seção sedi-mentar disposta discordantemente sobre a seqüênciade rochas de origem lacustre que foi depositada emambiente tectonicamente brando. Essa superseqüênciapossui em sua base rochas argilosas (folhelho Alagoas),ricas em sílica, alumínio e ferro, além de estratos origi-nados pelo retrabalhamento de coquinas Jiquiá. Predo-minam conglomerados e arenitos nas porções proximaiscom típico padrão progradacional. A base do sistemaexibe maiores variações de espessura, reflexo darugosidade do relevo herdado do substrato exposto àerosão e condicionadas às raras falhas sindeposicionais.

A porção superior exibe padrão retrograda-cional, caracterizando uma subida eustática, confor-me registrado pela análise isotópica de oxigênio.

O registro fossilífero é pobre, representadopor ostracodes e rochas de origem microbial, deno-tando o stress ambiental que prevaleceu durantesua acumulação.

Seqüências K46 e K48

As seqüências correspondem à porção superiordo Grupo Lagoa Feia, compreendendo as formaçõesItabapoana, Gargaú e Macabu, depositadas no andarAptiano médio e superior (equivalente ao andar localAlagoas médio e superior). Limitam-se na base peladiscordância pré-neo-Alagoas e no topo pela discor-dância da base da Seqüência Evaporítica, de 112 Ma.Essas seqüências transicionais, originadas durante apassagem do ambiente continental lacustre para oambiente marinho, representam uma grande expan-são da bacia envolvendo grande diversidade litológica.

Enquanto a Seqüência K46 apresenta um ca-ráter progradacional, a Seqüência K48 apresenta umpadrão retrogradacional.

A Formação Itapaboana representa os conglo-merados e arenitos de borda de bacia, que progradambacia adentro até o topo da Seqüencia K46, passan-do, então, a um padrão retrogradante.

As formações Gargaú e Macabu estão caracteri-zadas por sedimentos carbonáticos, margas e arenitos,depositados em ambiente raso, transicional. Essas uni-dades litoestratigráficas estão detalhadas no Apêndice.

A passagem entre as Seqüências K46 e K48está representada por uma discordância de idade esti-mada de 115 Ma, evidente na porção proximal dabacia e por variação de litofácies nas porções distais,equivalente à predominância de laminitos microbiaise feições de exposição, sugeridas por perfis.

Nas porções mais distais das Seqüências K46e K48 ocorrem calcários estromatolíticos (represen-tados como calcarenitos na carta) e laminitosmicrobiais da Formação Macabu, por vezes dolomiti-zados. Esses carbonatos revelam, através de teste-munhos e perfis, feições de exposição subaérea edeposição local de arenitos eólicos (?).

Nesta seqüência são observados reflexões sís-micas com elevado mergulho no sentido offshore queestão sendo interpretadas como seaward dipping

reflections (SDR). Essas feições rejuvenescem no sen-tido offshore até se conectarem lateralmente com acrosta oceânica, interpretada como originada próxi-ma ao limite K46-K48.

Seqüência K50

A seqüência corresponde aos evaporitos daFormação Retiro, do Grupo Lagoa Feia (Andar Albia-no inferior ou Andar local Alagoas superior). Está li-mitada na base pela discordância entre os evaporitose a seqüência sedimentar transicional, de 112 Ma eno topo pela passagem dos evaporitos da FormaçãoRetiro para sedimentos da Formação Goitacás e For-mação Quissamã do Grupo Macaé. O tempo estima-do de deposição é de 0,7 a 1 Ma, com taxa de acu-mulação incerta, devido a remobilização posterior dehalita no sentido das águas mais profundas.

De uma maneira geral, os sais mais solúveisestão nos depocentros deposicionais do ambientemarinho/lagunar, árido. São observados ciclos ondeocorre a seguinte seqüência mineral: anidrita, anidri-ta + halita, anidrita + halita + carnalita/silvinita.

A Seqüência K50 tem um papel importantena arquitetura da Bacia de Campos. A movimenta-ção de sal moldou o assoalho marinho, criando ca-

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minhos preferenciais para as areias depositadas noCretáceo Superior.

Superseqüência Drifte

A superseqüência compreende os sedimentosmarinhos depositados sob um regime de subsidênciatérmica associada a tectonismo adiastrófico.

Seqüência K60

A seqüência compreende as formaçõesGoitacás (porção proximal) e Quissamã (porção distal),do Grupo Macaé. Também conhecida informalmen-te como Macaé α (Alfa) ou Macaé Águas Rasas. Olimite inferior é o topo da Formação Retiro/GrupoLagoa Feia e, o superior, o marco estratigráfico de-nominado Marco Beta, de caráter regional, que cor-responde a uma superfície de inundação máxima,correlacionável ao Marco Glauconítico nas porçõesmais proximais da bacia.

A seqüência foi depositada em um período apro-ximado de 4,9 Ma, com uma taxa máxima de deposi-ção de 21,5 m/Ma. Litologicamente, ao longo da bordaoeste da bacia ocorre uma associação complexa de le-ques aluviais, leques deltáicos e fandeltas (clásticos) alémde bancos e lagunas calco-pelíticos (sistema misto), co-nhecido como Macaé Proximal (Guardado et al. 1989).Nas porções intermediárias predominam sedimentoscarbonáticos depositados em ambiente de energia altaa moderada, representada por bancos de calcarenitosoolíticos, oncolíticos e micro-oncolíticos, formando ciclosde arraseamento ascendente de até 15 m de espessura,com porosidades variáveis. As porções distais estão ca-racterizadas por um aumento significativo no teor deargilas (folhelho Albiano Alfa), com condensação de se-ção. A base dessa seqüência está caracterizada por umsistema carbonático de planície de maré, comsubambientes de supramaré, intermaré e lagunar.

Um pacote de dolomitos muito bem desenvolvi-do ocorre na porção proximal das áreas centro e sul dabacia. Esta fácies, aqui denominada de Membro Búziosda Formação Quissamã, está definida no Apêndice.

Na área norte da bacia, o sistema proximalclástico de textura grossa da Formação Goitacáspassa a um sistema misto que avança no sentidodas águas profundas.

Seqüência K70

A seqüência corresponde às formaçõesGoitacás (proximal), Outeiro (distal) e o Arenito Na-morado, que passa a ser denominado FormaçãoNamorado do Grupo Macaé. A seção-tipo continuasendo a do poço 1-RJS-283, conforme proposto porRangel et al. (1994).

O limite inferior dessa seqüência é dadopelo Marco Beta nas porções distais e pela dis-cordância do topo dos sedimentos calco-areno-sos das formações Goitacás e Quissamã nas por-ções proximais. O limite superior é marcado peladiscordância que marca a passagem do Cretáceoinferior para o Cretáceo superior nas porções pro-ximais e pelo Marco Chalk nas posições não pro-ximais. Engloba o andar Albiano superior, tendosido depositada inteiramente ao longo de 6,8 Macom taxa de sedimentação máxima de 53 m/Ma.

A base da seção é informalmente conhecidacomo Seção Bota, devido à forma das curvas dosperfis de raios gama e resistividade. É composta porcalcilutitos com biota plantônica, principalmentecalcisferulídeos e foraminíferos da Formação Outeiro(porções proximal e mediana) e conglomeradospolimíticos e arenitos da Formação Goitacás (porçãoproximal). Em águas profundas há um considerávelenriquecimento em folhelhos e margas, com aumen-to na quantidade de foraminíferos planctônicos,cocólitos e radiolários.

Os sedimentos pelágicos dessa seqüência fo-ram depositados em resposta a uma progressiva su-bida relativa do nível do mar que resultou no afoga-mento da plataforma rasa.

Os depósitos arenosos de sistemas originadospor fluxos hiperpicnais compõem a Formação Na-morado, que representa reservatórios arenosos queocorrem encaixados em baixos deposicionais (intra-

slope basins) gerados e controlados pela tectônicasalífera albiana.

Seqüência K82-K84

A seqüência corresponde às formações Goitacás(proximal), Namorado e Imbetiba (distal) - detalhadano anexo I - compondo a parte superior do GrupoMacaé. A Formação Imbetiba, aqui definida, corres-ponde as margas do intervalo palinológico informal-mente conhecido como gama (Cenomaniano).

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A Seqüência K82-K84 tem como limite inferiora discordância que marca a passagem do Cretáceoinferior para o Cretáceo superior ou o Marco Chalk. Olimite superior é caracterizado pela base de um eventoanóxico. A unidade foi depositada, aproximadamente,em 6 Ma, com taxa deposicional máxima estimada de55 m/Ma. Nessa unidade predominam as rochaspelíticas representadas por margas bioturbadas comforaminíferos bentônicos e planctônicos, além deradiolários. Esses pelitos compõem uma grande cunhaclástica que selou definitivamente a ocorrência dos car-bonatos do Grupo Macaé.

Os arenitos da Formação Namorado ocorremintercalados aos sedimentos pelíticos da FormaçãoImbetiba. Nas porções proximais predominam conglo-merados polimíticos e arenitos da Formação Goitacás.

Essa unidade foi depositada em ambiente ba-tial superior, com registro de anoxias episódicas, repre-sentadas por folhelhos escuros laminados.

Seqüência K86-K88

A seqüência corresponde à porção basal doGrupo Campos, referente aos andares Turoniano eConiaciano inferior, envolvendo as formaçõesUbatuba (Membro Tamoios), Carapebus e Emborê(Membro São Tomé - informalmente conhecidacomo Fácies Clástica).

Esta seqüência, depositada ao longo de 5 Ma,possui como limite inferior os folhelhos turonianos doMarco Verde, e, superior, a discordância Eoconiacianade 88,5 Ma (Gradstein et al. 2004). Os arenitos doandar Turoniano, depositados em ambiente batialsuperior, foram gerados a partir de fluxos hiperpicnaisque produziram depósitos menos encaixados que osda seqüência inferior.

Seqüência K90

A seqüência corresponde aos sedimentossiliciclásticos de idade Eoconiaciana a Mesocampani-ana, do Grupo Campos, formações Ubatuba (Mem-bro Tamoios), Carapebus e Emborê (Membro SãoTomé, informalmente conhecida como FáciesClástica). Tem como limite inferior a discordânciaEoconiaciana de 88,5 Ma (Gradstein et al. 2004) e,como limite superior, uma discordância Mesocam-paniana em 79,6 Ma.

A deposição dessa seqüência ocorreu em am-biente progressivamente mais profundo, de batial

superior para batial médio, sendo os depósitos dearenito encontrados confinados em calhas intratalude,de direção NW-SE, com padrão de estaqueamentoretrogradante (megasseqüência marinha transgressi-va). Nas regiões distais ocorreu um forte controle dosevaporitos na deposição dos pacotes arenosos quese estaquearam em sub-bacias entre as muralhas edomos de sal.

Este sistema arenoso (Coniaciano/Santoniano)é o mais expressivo do Cretáceo da Bacia de Campos.Nesta seqüência ocorrem rochas representantes deintensa atividade vulcânica, principalmente na áreasul, de natureza tanto extrusiva (basaltos ehialoclastitos) quanto intrusiva (diabásios e gabros) deidade 81,5 a 83,2 Ma (método Ar/Ar). No topo dessaunidade ocorrem cinzas vulcânicas, do Campaniano,com assinatura peculiar no perfil sônico conhecido comoMarco Três Dedos. Litologicamente são argilitos decor cinza esverdeada, extremamente higroscópicos,homogêneos, não-bioturbados e afossilíferos.

Seqüência K100 - K110

A seqüência corresponde aos sedimentos deidade Mesocampaniana. Possui como limite inferiora discordância Mesocampaniana, de 79,6 Ma, e comolimite superior a discordância Neocampaniana de 73 Ma.A seqüência compreende as formações Ubatuba(Membro Tamoios), Carapebus e Emborê (MembroSão Tomé-Fácies Clástica).

Esta seqüência é composta, em sua porçãoproximal, por sedimentos arenosos avermelhados,neríticos, típicos de ambiente plataformal raso, inter-pretados como depósitos de fandelta. Nas porçõesintermediárias, predominam folhelhos e, nas distais,margas com corpos arenosos intercalados. Essa unida-de faz parte da porção superior da megasseqüênciamarinha transgressiva, que desloca, em muito, o onlap

costeiro em direção ao continente, com paleobatimetriabatial inferior a abissal na maior parte da bacia.

Seqüência K120

A seqüência compreende os sedimentos silici-clásticos dos andares Campaniano superior a Maastri-chtiano inferior. Possui como limite inferior a discor-dância Neocampaniana de 73 Ma, e como superior àdiscordância de 69 Ma. A seqüência corresponde àsformações Ubatuba (Membro Tamoios) e Carapebus,caracterizadas por um pacote siliciclástico fino com

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raros corpos arenosos, originados por fluxoshiperpicnais, de ambiente marinho profundo (batialinferior) - e Formação Emborê/Membro São Tomé(Fácies Clástica) - caracterizada por arenitos platafor-mais avermelhados. Os sedimentos avermelhados doMembro São Tomé da Formação Emborê foram de-positados em ambiente de plataforma costeira, neríti-co raso, em sistema do tipo fandelta, que ocorre aolongo da borda oeste da bacia.

Seqüência K130

A seqüência compreende os sedimentos silici-clásticos depositados no andar Maastrichtianosubjacente ao limite Cretáceo-Paleógeno. A seqüên-cia corresponde às formações Ubatuba (MembroTamoios) e Carapebus, caracterizadas por um paco-te siliciclástico fino com corpos arenosos, originadospor fluxos hiperpicnais, de sistemas turbidíticos de-positados em ambiente marinho profundo (batial in-ferior) - e Formação Emborê/Membro São Tomé(Fácies Clástica) - caracterizada por arenitos plata-formais avermelhados.

Este sistema arenoso (K130) de águas profun-das é relativamente mais rico em areia quando com-parado aos plays mais antigos e, de uma maneirageral, foi depositado em calhas mais amplas e menosencaixadas, passando a um sistema de depósitosestaqueados entre muralhas de sal nas porções maisdistais. Texturalmente, essas areias são reservatóriosde granulação de fina a grossa, limpos e com exce-lente potencial permoporoso. Mineralogicamente sãoarcósios e arcósios líticos, com seleção moderada apobre, e grãos subangulosos a angulosos. Nas por-ções mais proximais ocorrem canais discretos, preen-chidos por conglomerados e arenitos grossos.

Seqüência E10-E20

A seqüência engloba os sedimentos deposita-dos durante a série Paleoceno. Ela corresponde aosdepósitos das formações Ubatuba (Membro Geribá),Carapebus, e Emborê (Membro São Tomé). Limita-se, na base, pela discordância limítrofe do Cretáceo-Paleógeno e, no topo, pela discordância que limita asséries cronoestratigráficas do Paleoceno e Eoceno.

Nas porções proximais, no sopé do talude de-posicional, são freqüentes as erosões e deposições decamadas (drapes) de lama originando depósitos dedebris flow (diamictitos lamosos), que revelam termi-

nações em onlap contra a sua base, na forma de gran-des cunhas. Nessas porções proximais é intensa a ero-são com preservação apenas local de relictos sedi-mentares de idade Daniana. O trato de mar baixo,em águas profundas, apresenta depósitos de fluxoshiperpicnais constituídos por arenitos e diamictitos deleques acanalados, bem como canais alimentadores -quilométricos, preenchidos por conglomerados.

Esta seqüência encontra-se incompleta por ero-são até mesmo em águas ultraprofundas. A atividadevulcânica está representada por basaltos, datados de65,5 Ma (Evento Magmático Cretáceo-Paleógeno) e62 Ma (Evento Magmático Paleoceno). Na localida-de de Barra de São João, município de Casemiro deAbreu (RJ) ocorre um corpo alcalino de geometria cir-cular, com 3 km de diâmetro e 700 m de altitude,representando um monte vulcânico desta idade.

Seqüência E30

A seqüência compreende os sedimentos de-positados durante o Eoceno inferior e tem como li-mite inferior a discordância da passagem do Paleo-ceno para o Eoceno e o limite superior à discordân-cia do Eoceno inferior, de 50 Ma. A porção proximalestá caracterizada pelos sedimentos de fandeltas edeltas da Formação Emborê/Membro São Tomé,composto por conglomerados e arenitos que reve-lam estilo deposicional retrogradante.

Nesta seqüência, os arenitos foram deposita-dos em calhas halocinéticas e, principalmente,tectônicas, relacionadas a reativação de sistemastranscorrentes NW-SE. Comumente, são observa-dos retrabalhamentos por correntes de fundo. Mani-festações vulcânicas, iniciadas na seqüência anterior(Cretáceo superior e Paleoceno), ocorrem sob a for-ma de derrames basálticos (Evento Magmático Abro-lhos, de 53 Ma ± 2 Ma). Também foram encontra-dos hialoclastitos e rochas mistas (lava + sedimen-tos), denominadas peperitos, em poços da porçãosul da bacia.

Seqüência E40-E50

A seqüência compreende os sedimentos de-positados entre o final do Eoceno inferior e o Eocenomédio e tem como limite inferior a discordância doEoceno inferior (50 Ma) e o limite superior à discor-dância do Eoceno médio, de 41,8 Ma. Nesta seqüên-cia ocorrem os primeiros carbonatos plataformais,

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representados por calcarenitos e calcirruditosbioclásticos (principalmente constituídos por algasvermelhas), quartzosos, com matriz micrítica(packstone), definindo a litologia predominante noMembro Grussaí da Formação Emborê.

Na porção proximal, a sedimentação(fandeltas) é predominantemente siliciclástica, deconglomerados, arenitos e pelitos clásticos que ca-racterizam o Membro São Tomé da Formação Emborê,enquanto nas áreas bacinais ocorrem depósitos are-nosos de fluxos hiperpicnais, constituindo os SistemasTurbidíticos Marginais Mistos (Mutti et al. 2003) daFormação Carapebus, além do Sistema Pelítico Bacinalda Formação Ubatuba/Membro Geribá. Há registrosde vulcanismo alcalino (basaltos, diabásios e tufosvulcânicos), com aproximadamente 43 Ma, corres-pondentes ao Evento Magmático Eoceno Médio. Tam-bém são encontrados importantes pacotes de diamicti-tos rodolíticos, denominados pebbly, depositados apartir de fluxo de detritos (debris flow). Localmente,podem gradar a calcirruditos rodolíticos e conglome-rados polimíticos, com rodolitos.

Seqüência E60

A seqüência compreende os sedimentos do Eo-ceno médio (parte superior) e Eoceno superior e temcomo limite inferior a discordância interna ao Eocenomédio de 41,8 Ma (Gradstein et al. 2004). O limite su-perior é a discordância do Eoceno superior, de 34,4 Ma.

A porção proximal está caracterizada pelos se-dimentos de fandeltas e deltas da Formação Emborê/Membro São Tomé, composto por conglomerados earenitos que revelam estilo deposicional progradan-te. Os sedimentos carbonáticos são as litologias quediferenciam o Membro Grussaí da Formação Emborê.Nesta seqüência encontram-se os pacotes mais es-pessos de diamictitos (pebbly) e de maior distribuiçãoem área na bacia (marco regional). Arenitos maci-ços, arenitos laminados com siltitos argilosos,bioturbados estão intercalados a folhelhos e margas.As maiores espessuras de arenitos reservatório ocor-rem no preenchimento de calhas e baixos deposicio-nais, conferindo a esses reservatórios geometriaacanalada. Na porção média a superior dessa seqüên-cia, ocorre uma camada regional de diamictitos co-nhecida como “pebbly eocênico”. Nessa seção supe-rior a ocorrência de arenitos é menor, devido à faltade continuidade lateral dos arenitos maciços e/ou in-tensa diagênese carbonática.

Seqüência E72

A seqüência compreende os sedimentos quedistinguem a passagem do Eoceno superior (andarPriaboniano) para o Oligoceno inferior (andarRupeliano). Esta seqüência contempla um pacotesedimentar com deslocamento no sentido do conti-nente, representando um aumento na variação rela-tiva do nível do mar.

Ela se compõe das formações Ubatuba (Mem-bro Geribá), Carapebus e Emborê (Membros SãoTomé e Grussaí). As rochas predominantes nessa se-qüência são arenitos, resultantes de fluxos turbidíti-cos densos, siltitos e folhelhos. Um avental de dia-mictitos ocorre nas porções de base de talude. Nasporções proximais ocorrem arenitos plataformais daFormação Emborê. Em posições próximas à quebrade plataforma ocorrem calcarenitos e calcirruditos debancos algálicos do Membro Grussaí.

Seqüência E74

A seqüência corresponde aos sedimentos doOligoceno inferior, andar Rupeliano. Ela engloba asformações Ubatuba (Membro Geribá), Carapebus eEmborê (Membros São Tomé e Grussaí). Esta seqüên-cia contém depósitos de arenitos que ocorrem amal-gamados sobre o Marco Azul, em águas profundas.

O Marco Azul ocorre em praticamente toda abacia, composto por calcilutitos ricos em nanoplanctonBraarudosphaera bigelowii, que representam um im-portante evento de inundação na bacia (maximum

flood surface - MFS). Essas camadas de rochas, ori-ginadas por depósitos de fitoplânctons, se desen-volvem sob condições ecológicas específicas decrescimento explosivo, denominado de floraçãofitoplanctônica. O evento que resultou na forma-ção desse particular depósito sedimentar foi prati-camente instantâneo, em escala de tempo geoló-gico, e extremamente abrangente em área - ca-racterísticas de um verdadeiro marco geológico.Esse fenômeno é associado às áreas de ressurgênciaou regiões sob grande influência de influxo de nu-trientes provenientes do continente; em escala glo-bal, por eventos de degelo em épocas interglaciais(Shimabokuru, 1994).

As demais rochas que compõem a suíte mi-neral dessa seqüência seguem o padrão do pacoteTerciário com arenitos resultantes de fluxos turbi-díticos densos ou sistemas turbidíticos mistos, silti-

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tos e folhelhos, além de diamictitos e margas, subor-dinadamente. Nas porções proximais, ocorrem are-nitos plataformais da Formação Emborê. Em posi-ções próximas à quebra de plataforma ocorrem cal-carenitos e calcirruditos de bancos algálicos doMembro Grussaí.

Seqüência E80

A seqüência compreende os sedimentos doOligoceno superior, andar Chattiano e inclui asformações Ubatuba (Membro Geribá), Carapebus,Emborê (Membro São Tomé e Membro Siri, par-te inferior). Arenitos, resultantes de fluxos turbi-díticos e correntes de contorno, siltitos e folhe-lhos são as rochas predominantes. Diamictitosocorrem nas porções de base de talude e margaspredominam nas porções de águas profundas. Nasporções proximais ocorrem arenitos plataformaisda Formação Emborê. Nessa seqüência está in-cluído um corpo de rochas carbonáticas formadapor um banco recifal de algas vermelhas, que ca-racterizam o Membro Siri.

As rochas do Membro Siri incluem calcirru-ditos e calcarenitos bioclásticos, constituídos porfragmentos de algas vermelhas micritizadas (tam-bém colunares), briozoários, miliolídeos, crinóides,moluscos e fragmentos de rodolitos. Formam ca-madas de até 4 m de espessura. Nesse ambientedeposicional também ocorrem sedimentosretrabalhados das porções de maior energia dosbancos algálicos.

Seqüência N10

A seqüência corresponde aos sedimentos doEomioceno, andares Aquitaniano e Burdigaliano einclui as formações Ubatuba (Membro Geribá),Carapebus, Emborê (Membro São Tomé e MembroSiri, parte superior) e Barreiras. Arenitos resultantesde fluxos densos e correntes de contorno, siltitos efolhelhos são as rochas predominantes. Os corposarenosos amalgamados compõem as camadas derocha com centenas de metros de espessura. Dia-mictitos ocorrem nas porções de base de talude emargas predominam nas porções de águas profun-das. Nas porções proximais ocorrem arenitosplataformais da Formação Emborê.

Nessa seqüência está incluído a porção supe-rior das rochas carbonáticas formadas pelo recife de

algas vermelhas do Membro Siri. São calcirruditos ecalcarenitos bioclásticos, constituídos por fragmentosde algas vermelhas micritizadas (também colunares),briozoários, miliolídeos, crinóides, moluscos e fragmen-tos de rodolitos e formam camadas de até 4 m deespessura. Na borda ocidental da bacia – hoje aflorante(parte emersa da margem continental brasileira) –ocorrem depósitos conglomeráticos, arenosos elamosos, de cores variegadas, ricos em concreçõesferruginosas, depositados a partir de processos trativosde alta energia (ambiente fluvial entrelaçado) e defluxos gravitacionais relacionados (leques aluviais), quecompõem a Formação Barreiras.

Seqüência N20

A seqüência corresponde aos sedimentos daporção superior do Mioceno inferior e parte do Mio-ceno médio, andares Burdigaliano e Langhiano, e in-clui as formações Ubatuba (Membro Geribá),Carapebus, Emborê (membros São Tomé e Grussaí) eBarreiras. A suíte mineral desta seqüência segue opadrão do pacote Terciário com arenitos resultantesde fluxos turbidíticos densos, siltitos e folhelhos, alémde diamictitos e margas, subordinadamente. Nas por-ções proximais ocorrem arenitos plataformais da For-mação Emborê e sedimentos siliciclásticos ferruginososda Formação Barreiras. Em posições próximas, naquebra de plataforma, ocorrem calcarenitos e calcir-ruditos de bancos algálicos do Membro Grussaí.

Esta seqüência representa a maior variaçãorelativa do nível do mar desde o Mioceno até o re-cente, responsável pela deposição de um grandevolume de sedimentos nas porções costeiras e deinterior da placa sul-americana.

Seqüência N30

A seqüência corresponde aos sedimentos daporção superior do Mioceno médio, andar Serrava-liano, e porção inferior do Mioceno superior, andarTortoniano. Inclui as formações Ubatuba (MembroGeribá), Carapebus, Emborê (membros São Tomé eGrussaí) e Barreiras. Possui como limite inferior a dis-cordância de 13,6 Ma e o limite superior em tornode 11 Ma, que corresponde a uma importante dis-cordância, que representa uma queda eustática glo-bal conhecida, informalmente, como Marco Cinza,facilmente reconhecível em linhas sísmicas.

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O pacote de rochas desta seqüência está com-posto por arenitos, siltitos e folhelhos, além de dia-mictitos e margas, subordinadamente. Nas porçõesproximais ocorrem arenitos plataformais da Forma-ção Emborê e arenitos conglomeráticos e lamas cos-teiras da Formação Barreiras. Em posições próximasà quebra de plataforma ocorrem calcarenitos ecalcirruditos de bancos algálicos do Membro Grussaí.

Seqüência N40

A seqüência corresponde aos sedimentos depo-sitados no Neomioceno, andar Tortoniano e à parte in-ferior do andar Messiniano. Ela inclui as formaçõesUbatuba (Membro Geribá), Carapebus e Emborê (mem-bros São Tomé e Grussaí) e possui como limite inferior adiscordância de 11 Ma e o limite superior a discordânciaem 5,8 Ma, que corresponde a uma importante discor-dância, que representa uma queda eustática global.

O pacote sedimentar desta seqüência ocorrea partir de um grande evento de queda do nível domar com remobilização de um volume gigantescode sedimentos, inclusive arenitos plataformais, paraáguas profundas. São visíveis os relictos deixados poresse evento erosivo (Tortoniano) nas partes emersasdas bacias costeiras desde o Rio de Janeiro até aregião do Pará-Maranhão. A discordância superiordessa unidade (5,8 Ma) corresponde a outro grandeevento de rebaixamento eustático.

A assembléia mineral dessa seqüência estárepresentada por arenitos resultantes de fluxos turbi-díticos densos, siltitos, folhelhos e argilitos, além degrande volume de debris flow compostos por bre-chas de folhelhos e diamictitos. Margas predominamnas porções mais profundas e distais da bacia. Nasporções proximais ocorrem arenitos plataformais daFormação Emborê. Em posições próximas à quebrade plataforma ocorre calcarenitos e calcirruditos debancos algálicos do Membro Grussaí.

Seqüência N50

A seqüência engloba os sedimentos do andarsuperior do Mioceno superior, andar Messiniano, eparte superior e todo o Plioceno, andares Zancleano,Piacenziano e Gelasiano. Ela inclui as formaçõesUbatuba (Membro Geribá), Carapebus e Emborê(Membros São Tomé e Grussaí) e possui como limiteinferior a discordância de 5,8 Ma, que é uma impor-tante discordância relacionada à queda eustática glo-

bal e ao limite superior da discordância em 1,6 Ma(Gradstein et al. 2004).

Esta seqüência está composta por arenitos re-sultantes de fluxos turbidíticos densos, siltitos, folhe-lhos e argilitos, além de grande volume de debris

flow compostos por brechas de folhelhos e diamicti-tos. Margas predominam nas porções muito profun-das e distais da bacia. Pacotes extensos de diamicti-tos fornecem, em sísmica, uma sismofácies caracte-rística e peculiar a essa seqüência. A seqüência com-porta uma série de eventos, de menor ordem, comregistros nas variações do onlap costeiro.

Seqüência N60

A seqüência corresponde aos sedimentos dosistema Pleistoceno e inclui as formações Ubatuba(Membro Geribá), Carapebus e Emborê (MembrosSão Tomé e Grussaí). Ela possui como limite inferiora discordância de 1,6 Ma e que corresponde a umaimportante discordância, relacionada à quedaeustática global. O limite superior são os sedimentosatuais do fundo marinho.

A faciologia dominante na porção de platafor-ma está representada por areias e próximo à quebrade plataforma os corpos de calcário. Apenas na re-gião de Cabo Frio (RJ) ocorrem lamas depositadas naplataforma. Na porção do talude predominam lamas,lamitos de denudação e corais de águas profundas.Cânions lamosos e arenosos cortam o talude. Na re-gião do sopé do talude predominam cunhas de dia-mictitos e lamas que ocorrem também nas áreas maisdistais cortadas por raros cânions arenosos.

A assembléia mineral dessa seqüência estácomposta por arenitos resultantes de fluxos turbidíti-cos densos, argilitos, além de grande volume dedebris flow compostos por brechas de folhelhos, ar-gilitos e diamictitos. Margas predominam nas por-ções muito profundas e distais da bacia e a seqüên-cia suporta uma série de eventos de menor ordemde variações do onlap costeiro.

referênciasbibliográficas

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geologic time scale. Cambridge: Cambridge

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SHIMABUKURO, S. “Braarudosphaera chalk”: in-vestigações sobre a gênese de um marco estratigráfi-co. 1994. 120 p. Tese (Mestrado) – Universidade Fe-deral do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1994.

apêndice:litoestratigrafia

Grupo Lagoa Feia/FormaçãoItabapoana

Esta unidade está representada por conglome-rados polimíticos e arenitos líticos de fandeltas proxi-mais (leques de borda), recorrentes em todo o Cretá-ceo inferior na borda ocidental da bacia, associadosaos falhamentos de borda de blocos estruturais. Aespessura máxima desses sedimentos chega a 5.000 mnos principais depocentros proximais da bacia.

• nome: o nome da Formação Itabapoana deri-va da cidade de São Francisco de Itabapoana,situada a norte do Estado do Rio de Janeiro;

• equivalência regional: baseado em dadosbioestratigráficos e cronogeológicos, bemcomo correlações estratigráficas regionais, estaunidade pode ser correlacionada com as for-mações Chela (porção superior da FormaçãoItabapoana) e Lucula (porção inferior da For-mação Itabapoana), da Bacia de Cabinda eKwanza (oeste africano). Representam as por-ções basal, oriental e do rifte proto-Atlântico;

• seção tipo: a Formação Itabapoana ocorreapenas em subsuperfície e está definida nopoço Rio de Janeiro Submarino 58 (1-RJS-58;210 36’ 9,37" S e 400 38’13,64"W), perfura-do em 1978, tendo atingido a profundidademáxima de 3.796 m. Ocorre entre as profun-didades de – 2.731 m / -3.105 m e -3.429 m /-3.677 m, perfazendo um total de 522 m deseção clástica (fig.1);

• litologia: predominam os ortoconglomeradospolimíticos, com seixos de basaltos, arenitos,ígneas e raros carbonatos, depositados sobrea forma de fandeltas e leques aluviais, emambiente lacustrino/lagunar. Essas rochas es-tão descritas no testemunho n02 do poço 1-RJS-58 (-2.834 m / 2.846 m);

• distribuição: ocorre em toda a borda oeste daBacia de Campos, em batimetrias de até 150m (atuais). A partir dessa batimetria, para les-te, muda faciologicamente para pelitos da For-mação Gargaú;

• contatos e relações estratais: os sedimen-tos terrígenos da Formação Itabapoana de-positam-se discordantemente sobre os basal-tos da Formação Cabiúnas. O contato supe-rior com as formações Atafona e Coqueirosocorre sob a forma de uma expressiva discor-dância angular observada em sísmica e mu-dança litológica para os pelitos da FormaçãoAtafona ou carbonatos da Formação Coquei-ros. Distalmente, a Formação Itabapoana gra-da para fácies pelíticas da Formação Atafonaou carbonatos da Formação Coqueiros. Na se-ção superior do Andar Alagoas, grada para afácies peliticas (margas e folhelhos) da Forma-

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ção Gargaú e, por vezes, carbonatos da Forma-ção Macabu;

• idade: a Formação Itabapoana está bem de-finida quanto a sua idade uma vez que ocor-re entre os basaltos da Formação Cabiúnas(datados de 130 a 136,4 Ma) e os evaporitosda Formação Retiro (datados em 111,3 a 112Ma). Os dados palinológicos e de ostracodesindicam que as rochas dessa unidade per-tencem aos andares Barremiano e Aptiano,equivalente aos andares locais Aratu,Buracica, Jiquiá e Alagoas.

Grupo Lagoa Feia/FormaçãoAtafona

A Formação Atafona está representada porsiltitos, arenitos e folhelhos lacustres, com intercala-ções de delgadas camadas carbonáticas. Os siltitose arenitos apresentam minerais de talco e estevensita,originados por processos de deposição química asso-ciados à atividade hidrotermal em lagos vulcânicosalcalinos. Nesta seqüência, ocorre um pacote pelítico,de ambiente lacustre de águas doces, conhecido in-formalmente como folhelho Buracica.

• nome: o nome Formação Atafona deriva donome da praia de Atafona, localizada no mu-nicípio de São João da Barra, a norte do Esta-do do Rio de Janeiro;

• equivalência regional: baseado em dadosbioestratigráficos e cronológicos, bem comocorrelações estratigráficas regionais, esta uni-dade pode ser correlacionada com a seçãobasal do poço 1-RJS-625 (intervalo -6.406 m/-6.476 m), situado na porção norte da Ba-cia de Santos;

• seção tipo: a Formação Atafona ocorreapenas em subsuperfície e está definida nopoço Rio de Janeiro Submarino 13 (1-RJS-13; 220 41’ 44,72" S e 400 49’ 48,20"W),perfurado em 1975, tendo atingido a pro-fundidade máxima de -3.234 m (descobri-dor do Campo de Badejo). Ocorre entre asprofundidades de – 3.039 m / -3.163 m,perfazendo um total de 124 m de seçãoclástica (fig.2);

Figura 1 – Seção Tipo da

Formação Itabapoana –

Grupo Lagoa Feia.

Figure 1 – Itabapoana

Formation Reference

Section – Lagoa Feia Group.

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• litologia: predominam, arenitos e folhelhoslacustres, com minerais de talco e estevensita,originados por processos de deposição quí-mica associados à atividade hidrotermal emlagos vulcânicos alcalinos. Estas rochas es-tão descritas no testemunho n01 do poço 1-RJS95 (-4.294 m / -4.302 m);

• distribuição: ocorre preferencialmente nasporções sul e centro da Bacia de Campos, nosdepocentros dos lagos rasos da fase rifte. Apresença desta unidade em posições mais dis-tais da Bacia de Campos não foi avaliada atra-vés de poços, sendo sua caracterização sísmi-

ca imprecisa; lateralmente, a FormaçãoAtafona grada para fácies arenoconglomerá-ticas da Formação Itabapoana;

• contatos e relações estratais: os sedimen-tos terrígenos da Formação Atafona deposi-tam-se, discordantemente, sobre os basaltosda Formação Cabiúnas ou com os conglome-rados da Formação Itabapoana. O contato su-perior ocorre também, discordantemente,com as rochas pelíticas e os carbonatos daFormação Coqueiros;

• idade: a Formação Atafona está definida – combase em datações pelos métodos palinológicos e

Figura 2 – Seção Tipo da Formação Atafona – Grupo Lagoa Feia. Figure 2 – Atafona Formation Reference Section – Lagoa Feia Group.

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de ostracodes - como tendo sido depositada noAndar Barremiano (equivalente à parte superiordo Andar locar Aratu e ao Andar Buracica).

Grupo Lagoa Feia/FormaçãoGargaú

A Formação Gargaú está representada pre-dominantemente por rochas pelíticas, tais como fo-lhelhos, siltitos e margas, intercalados por arenitos ecalcilutitos, que gradam distalmente para os carbo-natos da Formação Macabu.

• nome: o nome Formação Gargaú deriva dalocalidade Barra de Gargaú, localizada no mu-nicípio de São Francisco de Itabapoana, a nor-te do Estado do Rio de Janeiro;

• equivalência regional: baseado em dados bi-oestratigráficos e cronogeológicos, bem comocorrelações estratigráficas regionais, esta uni-dade pode ser correlacionada com algumasseções pelíticas das formações Chela eBucomazi, da Bacia de Cabinda e folhelhoLukunga da Bacia de Kwanza;

• seção tipo: a Formação Gargaú ocorre ape-nas em subsuperfície e está definida no poçopioneiro, Rio de Janeiro Submarino 102A (1-RJS-102A; 220 26’ 48,224" S e 400 34’3,698"W), perfurado em 1979/80, tendo atin-gido a profundidade máxima de -5.027 m.Ocorre entre as profundidades de – 3.932 m-4.347 m, perfazendo um total de 415 m deseção clástica (fig.3);

• litologia: predominam margas e calcilutitos,depositados em ambiente costeiro raso, comeventuais aportes de siliciclastos arenosos e,mais raramente, conglomeráticos. Essas ro-chas estão descritas no testemunho n01 dopoço 1-RJS118 (-4.251 m / -4.265 m);

• distribuição: ocorre preferencialmente nasporções sul e centro da Bacia de Campos, nosdepocentros dos lagos rasos da fasetransicional. A presença dessa unidade emposições mais distais da Bacia de Campos nãofoi avaliada através de poços, sendo sua ca-racterização sísmica imprecisa; Figura 3 – Poço 1-RJS-102A – Seção Tipo

da Formação Gargaú, Grupo Lagoa Feia.

Figure 3 – Well 1-RJS-102A – Gargaú Formation

Reference Section – Lagoa Feia Group.

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• contatos e relações estratais: os sedimen-tos terrígenos da Formação Gargaú deposi-tam-se discordantemente sobre os sedimen-tos carbonáticos da Formação Coqueiros. Ocontato superior ocorre também, discordan-temente, com as rochas evaporíticas da For-mação Retiro. Lateralmente, a FormaçãoGargaú grada para as fácies carbonáticas daFormação Macabu (distal) e fácies areno-conglomeráticas da Formação Itabapoana;

• idade: a Formação Gargaú está definida, combase em datações pelos métodos palinológi-cos e de Ostracodes, como depositada no An-dar Aptiano (equivalente a parte superior doAndar local Alagoas).

Grupo Lagoa Feia/FormaçãoMacabu

A Formação Macabu está representada porsedimentos carbonáticos (estromatolitos e laminitosmicrobiais) depositados em ambiente árido e raso.

• nome: o nome Formação Macabu derivado nome da cidade de Conceição deMacabu, situada a norte do Estado do Riode Janeiro;

• equivalência regional: baseado em dadosbioestratigráficos e cronogeológicos, bemcomo correlações estratigráficas regionais, estaunidade pode ser correlacionada com a seçãocarbonática da Formação Guaratiba, na Baciade Santos;

• seção tipo: a Formação Macabu ocorreapenas em subsuperfície e está definida nopoço pioneiro, Rio de Janeiro Submarino 602(1-RJS-602; 220 22’ 17,39" S e 390 51’38,09"W), perfurado em 2002/03, tendoatingido a profundidade máxima de -5.218 m.Ocorre entre as profundidades de – 4.532 m-4.846 m, perfazendo um total de 314 m deseção predominantemente carbonática(fig.4).

• litologia: predominam laminitos microbiaise estromatolitos, localmente dolomitizadose/ou silicificados, com raras intercalações de

estratos arenosos (dunas eólicas?) e folhe-lhos. Essas rochas estão descritas nas amos-tras laterais do poço 3-ESP-21-RJS (intervalo-3.701 m / -3.845 m);

• distribuição: ocorre preferencialmente nasporções sul e centro da Bacia de Campos, emáreas mais distais da Bacia de Campos;

• contatos e relações estratais: os sedimen-tos carbonáticos da Formação Macabu de-positam-se discordantemente sobre os se-dimentos terrígenos da Formação Coquei-ros ou, mais raramente, sobre o embasa-mento basáltico da bacia. O contato supe-rior é discordante com os evaporitos daFormação Retiro;

• idade: a Formação Macabu foi depositada,com base em datações pelos métodos pali-nológicos e de ostracodes, no Andar Aptianosuperior (equivalente à parte superior do An-dar local Alagoas).

Grupo Macaé/FormaçãoQuissamã/Membro Búzios

A porção proximal da Formação Quissamã estácaracterizada por estratos de dolomitos que apre-sentam um sistema poroso complexo composto porbrechas, vugs, grutas e cavernas que respondem poruma perda de circulação de fluidos durante a perfu-ração. Esta unidade foi perfurada por dezenas depoços na região dos campos de Pampo, Linguado,Badejo e arredores.

À medida que se avança bacia adentro, oscorpos de dolomito tornam-se mais delgados e res-tritos a seção basal da Formação Quissamã.

• nome: o Membro Búzios, da FormaçãoQuissamã, tem seu nome derivado da cidade-balneário de Búzios, localizada no litoral doEstado do Rio de Janeiro;

• equivalência regional: baseado em dados bi-oestratigráficos e cronogeológicos, bem comocorrelações estratigráficas regionais, esta unida-de pode ser correlacionada com a seção basal daFormação Guarujá, na Bacia de Santos, e Forma-ção Pinda, na Bacia de Cabinda (oeste africano);

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Figura 4 – Seção Tipo da Formação Macabu – Grupo Lagoa Feia. Figure 4 – Macabu Formation Reference Section – Lagoa Feia Group.

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• seção tipo: o Membro Búzios da FormaçãoQuissamã ocorre apenas em subsuperfície e estádefinido no poço Rio de Janeiro Submarino 157C(1-RJS-157C; 220 46’ 10,28" S e 400 48’54,70"W), perfurado em 1981, tendo atingidoa profundidade máxima de -3.224 m (descobri-dor do Campo de Badejo). Ocorre entre as pro-fundidades de -2.389 m / -2.646 m, perfazendoum total de 257 m de seção clástica (fig.5);

• litologia: predominam dolomitos comcristalinidade fina a grossa, derivados demudstones e grainstones depositados primaria-

mente. O caráter brittle dessas litologias favorecea ocorrência de fraturas, falhas, brechas e caver-nas, resultando em um sistema poroso comple-xo, com freqüentes perdas de circulação quandoda perfuração de poços petrolíferos;

• distribuição: ocorre preferencialmente nas por-ções sul e centro da Bacia de Campos. Adelgaçaem direção às porções mais distais da Bacia deCampos, onde se encontra ausente. Nas porçõescentral e distal é comum a ocorrência de interca-lações de microdolomitos intercalados a anidritas,representando uma transição de um ambientede sabkha, para um ambiente marinho;

• contatos e relações estratais: os dolomitos doMembro Búzios são produtos da diagênese pre-coce dos carbonatos basais, de águas rasas, daFormação Quissamã. Soluções ricas em magnésiopercolando estes sedimentos basais resultaramnuma gama variegada de texturas, com dife-rentes graus de porosidade/permeabilidade. Emse tratando de uma unidade diagenética, seuscontatos apresentam-se interdigitados tanto comos carbonatos da Formação Quissamã quantocom os siliciclastos da Formação Goitacás;

• idade: o Membro Búzios está definido, combase em datações pelos métodos palinológi-cos e nanofósseis, como depositada no AndarAlbiano inferior.

Grupo Macaé/FormaçãoImbetiba

A porção superior do Grupo Macaé está caracte-rizada por sedimentos pelíticos com ampla predominân-cia de margas, depositados no Andar Cenomaniano.

• nome: a Formação Imbetiba tem seu nomederivado da praia de Imbetiba, na cidade deMacaé, localizada no litoral norte do Estadodo Rio de Janeiro;

• equivalência regional: baseado em dadosbioestratigráficos e cronogeológicos, bemcomo correlações estratigráficas regionais, estaunidade pode ser correlacionada com a seçãosuperior (pelitos) da Formação Guarujá, daBacia de Santos e seção superior da Forma-ção Regência da Bacia do Espírito Santo;

Figura 5 – Seção Tipo da Formação

Quissamã/Membro Búzios.

Figure 5 – Quissamã/Búzios Member

Formation Reference Section.

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• seção tipo: a Formação Imbetiba ocorre ape-nas em subsuperfície e está definida no poçoRio de Janeiro Submarino 509A, do Campode Espadarte (1-RJS-509A; 220 47’ 59,23" Se 400 30’ 16,06"W), perfurado em 1995/96, tendo atingido a profundidade máximade -3.297 m. Ocorre entre as profundidadesde -3.013 m / -3.202 m, perfazendo um totalde 189 m de seção terrígeno-carbonática (fig.6);

• litologia: predominam margas, com raros are-nitos erráticos turbidíticos. Nas porções proximaisgradam a sedimentos arenosos de fandeltas eleques de borda. Esta unidade representa o afo-gamento da plataforma carbonática albiana;

• distribuição: ocorre praticamente em todaa Bacia de Campos, sendo restrita em algu-mas porções da área norte da bacia, devidoao influxo terrígeno;

• contatos e relações estratais: os sedimen-tos margosos da Formação Imbetiba deposi-tam-se, discordantemente, sobre os calciluti-tos da Formação Outeiro nas regiões proxi-mais e em concordância relativa nas porçõesmais distais. O contato superior é discordantecom as rochas pelíticas da Formação Tamoios.Nas regiões proximais, as margas dão lugar àsedimentação clástica terrígena (conglomera-dos e arenitos) de fandeltas;

• idade: a Formação Imbetiba está definida,com base em datações pelos métodos pali-nológicos e de nanofósseis, como depositadano Andar Cenomaniano. Figura 6 – Seção Tipo da Formação

Imbetiba do Grupo Macaé.

Figure 6 – Imbetiba do Formation

Reference Section.

Page 18: 33-Bacia de Campos

528 | Bacia de Campos - Winter et al.

MaÉPOCA IDADE

BACIA DE CAMPOS

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DISCORDÂNCIASAMBIENTEDEPOSICIONAL

GEOCRONOLOGIA

FORMAÇÃO MEMBRO

LITOESTRATIGRAFIA

WILSON RUBEM WINTER et al.

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2250

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L A N G H I A N O

S E R R A V A L I A N O

T O R T O N I A N O

M E S S I N I A N OZ A N C L E A N O

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B A R T O N I A N O

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MESO

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K86

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88

Page 19: 33-Bacia de Campos

B. Geoci. Petrobras, Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 511-529, maio/nov. 2007 | 529

TECTÔNICA E MAGMATISMO Ma

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DRIFTE

BACIA DE CAMPOS WILSON RUBEM WINTER et al.