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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO Administração
JUSSARA GIMENEZ DA SILVA
ANÁLISE DAS PROPOSTAS DE USO PARA O MONUMENTO
NATURAL ESTADUAL DA PEDRA GRANDE
Bragança Paulista 2012
JUSSARA GIMENEZ DA SILVA – R. A. 001200801663
ANÁLISE DAS PROPOSTAS DE USO PARA O MONUMENTO NATURAL ESTADUAL DA PEDRA GRANDE
Bragança Paulista 2012
Monografia apresentada ao curso de Administração da Universidade São Francisco, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Administração. Orientador: Prof.º Dr. João Luiz de Moraes Hoeffel.
JUSSARA GIMENEZ DA SILVA
ANÁLISE DAS PROPOSTAS DE USO PARA O MONUMENTO NATURAL ESTADUAL DA PEDRA GRANDE
Trabalho de conclusão de curso aprovado pelo Programa de Graduação em Administração da Universidade São Francisco, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Administração. Data de aprovação: ___/___/___
Banca Examinadora:
_________________________________________________________
Prof.º Dr. João Luiz de Moraes Hoeffel (Orientador)
Universidade São Francisco
_______________________________________________
Prof.º Wagner Lopes Junior (Examinador)
Universidade São Francisco
__________________________________________________
Prof.ª Nayra de M. Gonçalves (Examinadora)
Moinho d’Água Treinamentos Ltda.
A minha família, pela paciência e compreensão, que
sempre me deu força, apoiou e incentivou a nunca
desistir dos meus sonhos e objetivos.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a DEUS, pela vida, saúde, família, por todas minhas conquistas e
sucessos, pois sem a Sua mão estendida me abençoando, eu não poderia alcançar. Agradeço a
Ele, que em todos meus anos de vida, nunca tem me abandonado.
A minha família, que sempre me deu constante apoio, força, incentivo, compreensão e
carinho.
A meu avô José Gimenez Marques, que infelizmente não está mais presente entre nós, a não
ser no coração e nas lembranças, mas que sempre esteve presente no laço familiar.
A todos meus professores, que durante alguns anos contribuíram para enriquecer meus
conhecimentos.
Ao meu Orientador Professor Dr. João Luiz de Moraes Hoeffel, pela paciência na orientação,
incentivo, compreensão e atenção.
A todos meus amigos da USF, em especial minha equipe de classe, Adriana, Anderson, Cleisi,
Reginaldo, Jade e Juliana, pelo ombro amigo nas situações difíceis e por compartilhar
vivências.
Ao meu supervisor de Estágio, pela paciência e contribuição para a realização deste trabalho.
Enfim, agradeço a todos que de alguma forma passaram pela minha vida e contribuíram para
minha formação pessoal, intelectual e profissional.
RESUMO
Este projeto teve por objetivo analisar as principais propostas existentes para o Monumento Natural Estadual da Pedra Grande e, através da análise do seu contexto, buscou-se identificar os erros pertinentes e apontar melhorias para a gestão das mesmas. Para isso, foi possível realizar um levantamento bibliográfico desde os primeiros passos da Gestão Ambiental até a Unidade de Conservação em questão, abordando a história evolutiva e conceituação dos principais itens participativos no processo. Neste processo foi notória a evolução no cenário ambiental no que diz respeito a leis e a criação de várias Unidades de Conservação. Através da realização de entrevistas, foi possível conhecer, do ponto de vista de cada responsável, quais as propostas que norteiam o Monumento Natural Estadual da Pedra Grande, assim como as principais dificuldades encontradas. Verificou-se que o trabalho em conjunto e a interação entre os órgãos, sociedade civil, entre outros, são fatores primordiais para a efetividade nas ações, aspecto que muita das vezes vem passando por certa deficiência. E o modo como as pessoas, enquanto população tem o conhecimento e informação desta Unidade de Conservação, visto que, muitos não contam com informações precisas e acabam por julgar de forma errônea as ações envolvidas. Assim é necessário haver maior interação entre os grupos envolvidos e passar o conhecimento para a sociedade de uma forma que fique explícito o entendimento da criação da Unidade de Conservação em questão.
Palavras-chave: Propostas, Monumento Natural Estadual da Pedra Grande, Gestão Ambiental, Unidade de Conservação.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Organograma da Fundação Florestal ........................................................ 16
Figura 2 - Unidades de Conservação, Parques e Reservas Nacionais 2002 .............. 22
Figura 3 - Novas Unidades de Conservação do Contínuo da Cantareira ................... 26
Figura 4 - Delimitação das Novas Unidades de Conservação ................................... 27
Figura 5 - Marco ITESP ............................................................................................. 27
Figura 6 - Evento 1º de Maio no MNE Pedra Grande 2012 ...................................... 37
Figura 7 - Evento 1º de Maio no MNE Pedra Grande 2012 ...................................... 38
Figura 8 - MNE Pedra Grande – Pedra Rachada ....................................................... 40
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Grupos das Unidades de Conservação ........................................................ 19
Quadro 2 - Abrangência das Novas Unidades de Conservação .................................... 26
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Parques Nacionais existentes no Brasil até 2002 ........................................ 20
Tabela 2 - Parques Estaduais Paulistas sob gestão da Fundação Florestal
nos dias atuais .............................................................................................. 23
Tabela 3 - Nível de Escolaridade dos Entrevistados .................................................... 30
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
MNE PEDRA GRANDE Monumento Natural Estadual da Pedra Grande
UCs Unidades de Conservação
SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservação
FUNDAÇÃO FLORESTAL Fundação para a Conservação e a Produção Florestal
do Estado de São Paulo
APA Área de Proteção Ambiental
IBDF Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis
ITESP Instituto de Terras do Estado de São Paulo
RDS Reserva de Desenvolvimento Sustentável
RESEX Reserva Extrativista
PE ITAPETINGA Parque Estadual do Itapetinga
CNUMAD Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e
Desenvolvimento
LAP Limitação Administrativa Provisória
SMA Secretaria do Meio Ambiente
RBCV Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo
FAPESP Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
ONG Organização Não Governamental
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
SIMBiOSE Serra do Itapetinga Movimento pela Biodiversidade e
Organização dos Setores Ecológicos
FERA Festival de Esportes Radicais de Atibaia
E1 Entrevistado 1
E2 Entrevistado 2
E3 Entrevistado 3
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 11
2. JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 12
3. OBJETIVOS ............................................................................................................ 13
3.1 Objetivos Gerais ........................................................................................................ 13
3.2 Objetivos Específicos ................................................................................................ 13
4. METODOLOGIA .................................................................................................... 14
5. CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA ................................................................. 15
5.1 A Empresa .................................................................................................................. 15
5.2 Organograma da Fundação Florestal ......................................................................... 16
6. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................... 17
7. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS COLETADOS ....................... 30
7.1 Análise do Nível de Escolaridade dos Entrevistados ................................................. 30
7.2 Análise das Respostas para as Questões do Roteiro de Entrevistas .......................... 31
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 41
9. REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 43
10. APÊNDICE ............................................................................................................... 46
11
1. INTRODUÇÃO
Este trabalho tem por tema a análise das propostas de uso para o Monumento Natural
Estadual da Pedra Grande (MNE Pedra Grande), está inserido na área da Administração geral
e na subárea da Gestão Ambiental.
As Unidades de Conservação (UCs), através de suas riquezas naturais, apresentam
papel relevante para a manutenção da diversidade biológica. Decorrente disso, a Fundação
para a Conservação e a Produção Florestal do Estado de São Paulo (Fundação Florestal),
pessoa jurídica dotada de autonomia administrativa e financeira, segundo seu Estatuto (SÃO
PAULO, 1986a, s/p), e de acordo com o documento Regimento Interno (SÃO PAULO,
1986c, p. 5) é, vinculada à Secretaria do Meio Ambiente, tem por objetivo estatutário
contribuir para a conservação, manejo e ampliação das florestas de produção e de
preservação permanente, pertencentes ou possuídas pelo patrimônio do Estado.
A Fundação Florestal é responsável pela gestão de aproximadamente 100 (cem)
Unidades de Conservação de Proteção Integral e de Uso Sustentável no estado de São Paulo.
Uma de suas Unidades de Conservação é o Monumento Natural Estadual da Pedra Grande,
que será o foco desta pesquisa, e que se enquadra na categoria das áreas protegidas de
proteção integral, e que de acordo com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação -
SNUC - (BRASIL, 2000, s/p) tem como objetivo básico preservar sítios naturais raros,
singulares ou de grande beleza cênica.
Sua atividade é voltada para a conservação florestal, com isso a Fundação busca
proteger seus recursos naturais, recuperar áreas que sofreram algum tipo de ameaças, e enfim,
oferecer um possível suporte para a manutenção e conservação da unidade.
A Fundação Florestal do Estado de São Paulo tem sua sede localizada em São Paulo e
conta com diversas unidades, e possui aproximadamente 420 (quatrocentos e vinte)
funcionários alocados para as unidades. Atualmente na gestão do MNE Pedra Grande atuam
apenas um gestor da Unidade de Conservação e um (a) estagiário (a) da área administrativa,
mas estão em análises mudanças neste quadro.
12
2. JUSTIFICATIVA
Falar em Unidade de Conservação, logo vem em mente à idéia de natureza e meio
ambiente. E isso se tem demonstrado atuar num papel muito importante para a manutenção da
vida no planeta.
Esta pesquisa terá como alvo o Monumento Natural Estadual da Pedra Grande (MNE
Pedra Grande), uma Unidade de Conservação que merece um olhar primordial, enfatizando
uma administração e ferramenta eficazes, capazes de proporcionar uma melhoria e ou
replanejamento das propostas que o norteiam.
Por ser uma região muito frequêntada, tanto pelo lado do esporte, quanto a passeio,
muitas das vezes precisam de suporte, para uma devida segurança e conservação da área. E é
por esse intuito, que se busca aprimorar e readequar essas propostas, tornando a pesquisa
importante ao analisar as principais responsabilidades, dificuldades e os erros que ocorrem,
com isso apontar algumas melhorias.
Assim sua viabilidade torna-se possível, por seus benefícios expostos acima e por suas
informações não serem sigilosas, capazes de contribuir para uma boa gestão de uso e
conservação da unidade.
13
3. OBJETIVOS
3.1 Objetivo Geral
Este projeto tem por objetivo geral analisar as propostas de uso elaboradas para o
MNE da Pedra Grande e verificar as responsabilidades e dificuldades encontradas para sua
implantação.
3.2 Objetivos Específicos
As ações específicas e previstas para construção deste projeto foram:
� Identificar e levantar dados do órgão e do local a ser alvo de pesquisa;
� Analisar a bibliografia para embasamento teórico sobre a evolução da
Gestão Ambiental, as Unidades de Conservação e o Monumento
Natural Estadual da Pedra Grande;
� Analisar e avaliar as propostas existentes no Monumento;
� Preparar um instrumento para coleta de dados;
� Realizar entrevistas e aplicar questionários a uma devida amostra;
� Definir a amostragem a ser pesquisada;
� Analisar e interpretar os dados coletados em pesquisa;
� Sugerir melhorias;
� Elaborar o relatório final.
Por meio dessas ações, houve a pretensão de elaborar este projeto e contribuir na
gestão dessas propostas e se cabível, apontar melhorias.
14
4. METODOLOGIA
O Método é segundo Oliveira (2002) derivado da Metodologia e envolve os meios,
processos, regras ou passos que levam a alcançar um objetivo. Dentro desse meio há etapas e
procedimentos, assim como as formas empregadas para alcançar o fim, objetivo ou resultado.
O trabalho aqui proposto trata-se de uma pesquisa qualitativa, por não requerer dados
estatísticos na análise de um problema (OLIVEIRA, 2002). Assim “o ambiente natural é a
fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave” (MENEZES e
SILVA, 2001, p. 20).
Para esta pesquisa será adotado o método hipotético-dedutivo, que segundo Gil (1999
apud MENEZES; SILVA, 2001, p. 27):
Proposto por Popper consiste na adoção da seguinte linha de raciocínio: “quando os conhecimentos disponíveis sobre determinado assunto são insuficientes para a explicação de um fenômeno, surge o problema. Para tentar explicar as dificuldades expressas no problema, são formuladas conjecturas ou hipóteses. Das hipóteses formuladas, deduzem-se conseqüências que deverão ser testadas ou falseadas. Falsear significa tornar falsas as conquências deduzidas das hipóteses. Enquanto no método dedutivo se procura a todo custo confirmar a hipótese, no método hipotético-dedutivo, ao contrário, procuram-se evidências empíricas para derrubá-la”.
Do ponto de vista do objetivo esta pesquisa se enquadra no grupo de pesquisa
exploratória, que segundo Gil (1994) é o tipo de pesquisa que envolve habitualmente
levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas e estudo de casos.
Neste contexto foi realizado um levantamento bibliográfico do conceito abrangente de
Gestão Ambiental, incluindo seu histórico de evolução até ao conceito de Unidades de
Conservação. A partir daí, com o intuito de desenvolver a envoltura do tema, foram realizadas
entrevistas com os principais responsáveis que possuem contato com a Unidade de
Conservação em estudo, incluindo o gestor da mesma. O roteiro de entrevistas aplicado
conteve dez questões subjetivas.
Nesta perspectiva, é através desta metodologia que se obteve o desenvolvimento do
tema pesquisado e o alcance do objetivo almejado.
15
5. CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA
5.1 A Empresa
A Fundação Para a Conservação e a Produção Florestal do Estado de São Paulo -
Fundação Florestal -, é um órgão do governo do Estado de São Paulo, instituída pela Lei N°
5.208, de 1° de Julho de 1986 (SÃO PAULO, 1986b). Segundo o Artigo 2° do Estatuto (SÃO
PAULO, 1986a, s/p) é vinculada à Secretaria de Agricultura e Abastecimento através da
Coordenadoria da Pesquisa de Recursos Naturais e especificamente do ponto de vista
técnico-operacional ao Instituto Florestal, recebendo deste orientação, diretrizes de trabalho
e supervisão geral.
Com localização na Rua do Horto, n° 931, São Paulo, possui diversas unidades e
núcleos alocados para algumas regiões. Dentre essas unidades encontra-se uma sede em local
provisório em Atibaia, para a gestão das Unidades de Conservação em questão, Parque
Estadual do Itapetinga (PE Itapetinga) e MNE Pedra Grande.
16
5.2 Organograma da Fundação Florestal
A Fundação Florestal apresenta um Organograma de Recursos Humanos, sendo
possível visualizá-lo na Figura 1 abaixo:
Figura 1 – Organograma da Fundação Florestal
Fonte: São Paulo (2011e)
17
6. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A Gestão Ambiental, segundo Kolakowski (www.unemat-net.br, 2011, s/p) é um
aspecto funcional de uma empresa, que desenvolve e implanta as políticas e estratégias
ambientais.
A Gestão Ambiental é entendida segundo Barbieri (2004) como:
[...] as diretrizes e as atividades administrativas e operacionais, tais como planejamento, direção, controle, alocação de recursos e outras realizadas com o objetivo de obter efeitos positivos sobre o meio ambiente, quer reduzindo ou eliminando os danos ou problemas causados pelas ações humanas, quer evitando que eles surjam (BARBIERI, 2004, p. 19 e 20).
A Gestão Ambiental atualmente é importante, devido a fatores climáticos e
interferências humanas, que através de atitudes impensáveis e destrutivas do ser humano, vem
com um alto grau de relevância para conscientizar e interromper quaisquer atividades
degradáveis ao meio ambiente.
A preocupação com o meio ambiente, em combater a poluição, começou efetivamente
a partir da Revolução Industrial. Mas é na segunda metade do século XIX, que começa um
forte debate entre membros da comunidade científica e artística para a delimitação de áreas do
ambiente natural, a fim de protegê-las das ações humanas, onde fossem criados santuários
para a preservação da vida selvagem. Muitas ações começaram a ser manifestadas e debatidas
com o intuito da preservação ambiental. Desde então, houve uma participação cada vez maior,
por parte da população, que antes era restrita a pequenos grupos e agora abrange praticamente
amplos setores da população de todo o mundo (BARBIERI, 2004).
Segundo Moura (2004), a degradação ambiental começou a ser percebida, mediante as
aparições de graves problemas de saúde, devido a um evento ocorrido em Londres, Inglaterra,
em 1952, já que nesta época grande parte das indústrias e residências utilizavam o carvão para
a produção de energia, e isto, já não havia um tratamento dos gases emitidos na atmosfera,
resultou num fenômeno chamado smog. Assim, uma grande massa de ar frio penetrou na
região de Londres, ocasionando uma Inversão Térmica, que ainda segundo Moura (2004, p.
2), é caracterizada por se formar, em uma determinada altura, uma camada de ar mais
quente do que a camada imediatamente mais baixa, ou seja, a massa de ar quente fica acima
da camada mais fria, impedindo a dispersão dos poluentes. Devido a este fato, e a temperatura
chegada próximo de zero grau, muitas pessoas começaram a queimar carvão em suas
residências a fim de se aquecer e proteger do frio, e assim isso começou a ser realizado com
18
uma certa frequência, emitindo poluidores no ar. Segundo o mesmo autor, houveram muitas
mortes, ocasionadas por problemas respiratórios e pulmonares, e a situação só deu início de
melhoras, quando a temperatura começou a se elevar e as emissões de poluentes diminuírem,
caracterizando o fim da inversão térmica. Decorrente disso houve muitas perdas humanas em
grande escala, e um estudo realizado pelo Ministério da Saúde Britânico, revelou que cerca de
8000 (oito mil) pessoas faleceram em conseqüência do smog (MOURA, 2004).
Conforme a passagem das décadas começou a aumentar a preocupação com a
repetição destes eventos ocorridos em situações anteriores. Algumas décadas foram marcadas
por suas evoluções no cenário ambiental, como por exemplo, na década de 1970,
caracterizada pelo aumento das atividades de regulamentação (criação de leis) e de controle
ambiental (MOURA, 2004, p. 5). Ainda segundo Moura (2004), com a participação de 113
(cento e treze) países, ocorreu neste mesmo período em Estocolmo, a Conferência das Nações
Unidas para o Meio Ambiente, e que de acordo com o documento Gestão Ambiental
(w3.ualg.pt, 2011, s/p) como resultado directo desta conferência, foi criado o Programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente e a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento. Segundo Barbieri (2004) para ressaltar sua importância, esta Conferência
contribuiu para a geração de uma nova concepção em relação aos problemas ambientais e o
posicionamento da sociedade frente a sua subsistência. Em 1992, no Rio de Janeiro, é
realizada a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento
(CNUMAD) com a participação de 178 países, em que houve a aprovação de importantes
documentos referentes aos problemas socioambientais globais, dos quais se encontram a
Declaração do Rio de Janeiro sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, a Convenção da
Biodiversidade, Convenção sobre Mudanças Climáticas e Agenda 21 (BARBIERI, 2004).
Outro fator de influência na evolução das questões ambientais, na década de 1990, foi
o grande impulso com relação à consciência ambiental, momento em que as pessoas, para
terem uma melhor qualidade de vida, davam uma atenção maior para o meio ambiente,
conforme descreve Moura (2004):
O termo “qualidade ambiental” passou a fazer parte do cotidiano das pessoas. Muitas empresas passaram a se preocupar com a racionalização do uso de energia e de matérias-primas (madeiras para fabricação de papel, água, combustíveis, minérios e outros), além de existir um maior empenho na promoção da reciclagem e reutilização de materiais, evitando-se os desperdícios (MOURA, 2004, p. 11).
A preocupação da sociedade para com as questões ambientais tem se mostrado
significativa, na medida em que as pessoas vão se dando conta do grau de importância da
qualidade de vida e da sobrevivência humana (BARBIERI, 2004).
19
Nesta perspectiva observa-se a valorização de espaços naturais conservados como
áreas que contribuem para a melhoria da qualidade de vida.
A primeira área natural protegida criada foi o Parque Nacional de Yellowstone,
considerada primeira no mundo, nos Estados Unidos em 1872, e até então não existia ainda o
conceito de Unidades de Conservação (BARBIERI, 2004; COSTA, 2002).
As Unidades de Conservação (UCs) são definidas pelo documento Sistema Nacional
de Unidades de Conservação da Natureza - SNUC - como:
Espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas juridicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção (BRASIL, 2000, s/p).
E segundo o site oficial da Fundação para a Conservação e a Produção Florestal do
Estado de São Paulo - Fundação Florestal - (SÃO PAULO, 2011a):
Uma Unidade de Conservação tem sua gestão apoiada em seu Conselho Gestor, presidido pelo gestor da UC e que será Conselho Consultivo (no caso de UCs de Proteção Integral, das Florestas e das APAs) ou Deliberativo (RDS e Resex) (www.fflorestal.sp.gov.br, 2011, s/p).
O SNUC, segundo Brasil (2000), foi instituído em 18 de julho do ano de 2000, pela
Lei nº 9.985, que regulamenta o art. 225, § 1°, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal
(BRASIL, 2000, s/p). Esta Lei estabelece critérios e normas para a criação, implantação e
gestão das unidades de conservação (BRASIL, 2000, s/p). De acordo com o mesmo
documento, o próprio é constituído pelo conjunto das unidades de conservação federais,
estaduais e municipais e se dividem em dois grupos, que podem ser observados no Quadro 1
abaixo:
Quadro 1 – Grupos das Unidades de Conservação
Grupos Objetivos Categorias
Unidades de Proteção Preservar a natureza, admitindo apenas Estação Ecológica; Reserva Biológica;
Integral o uso indireto dos seus recursos naturais, Parque Nacional; Monumento Natural;
exceto casos previstos nesta Lei. e Refúgio de Vida Silvestre.
Unidades de Uso Compatibilizar a conservação da Área de Proteção Ambiental; Área de Relevante
Sustentável natureza com o uso sustentável de Interesse Ecológico; Floresta Nacional; Reserva
parcela dos seus recursos naturais. Extrativista; Reserva de Fauna; Reserva de
Desenvolvimento Sustentável; e Reserva particular
do Patrimônio Natural.
Fonte: SNUC (BRASIL, 2000) adaptado por Silva (2011)
20
O Parque Nacional de Itatiaia, localizado no Rio de Janeiro, foi a primeira Unidade de
Conservação brasileira. Criado em 1937, no Rio de Janeiro, foi embasado no Código Florestal
de 1934. A partir deste fato observa-se o desencadeamento da criação de vários parques
nacionais e de outras Unidades de Conservação. Um novo Código Florestal vai aparecer e ser
oficializado em 15 de setembro de 1965, através da Lei nº 4.771 (COSTA, 2002).
As Unidades de Conservação Federais, por um longo período, tiveram por mentor o
Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF), criado em 1967 é um organismo
que está ligado ao Ministério da Agricultura. Assim as unidades de conservação passaram por
uma evolução, no que diz respeito ao enriquecimento da legislação e criação de decretos
favorecendo na criação de categorias das Unidades (COSTA, 2002).
De acordo com Costa (2002), as Unidades de Conservação só podem ser criadas
mediante decretos ou leis, seja em âmbito municipal, estadual e federal e sua existência só
poderá ser concretizada, através de algumas medidas que efetivem a sua criação e visem à
administração do local. Podem estar vinculadas a distintos órgãos administrativos, como
também contar com a gestão de mais de um órgão competente em sua administração.
Neste contexto é possível observar que o número de áreas protegidas no Brasil tem se
mostrado crescente no decorrer do tempo. A Tabela 1 abaixo mostra a categoria Parques
Nacionais existente no Brasil até 2002:
Tabela 1 – Parques Nacionais existentes no Brasil até 2002
Nome UF Ano de criação Área em há
1. Amazônia AM e PA 1974 864.047,00*
2. Aparados da Serra RS 1959 10.250,00
3. Araguaia TO 1959 557.714,00*
4. Brasília DF 1961 30.000,00
5. Cabo Orange AP 1980 619.000,00
6. Caparaó MG e ES 1961 31853,00*
7. Cavernas do Peruaçu MG 1999 56.800,00
8. Chapada Diamantina BA 1985 152.000,00
9. Chapada dos Guimarães MT 1989 33.000,00
10. Chapada dos Veadeiros GO 1961 60.000,00
11. Descobrimento BA 1999 21.129,00
12. Emas GO 1961 133.063,00*
13. Grande Sertão Veredas MG 1989 84.000,00
14. Iguaçu PR 1939 185.262,50
15. Ilha Grande PR e MS 1997 78.875,00
16. Itatiaia RJ e MG 1937 30.000,00
17. Jaú AM 1980 2.272.000,00
18. Jericoacoara CE 2002 8.416,08
21
19. Lagoa do Peixe RS 1986 34.400,00
20. Lençóis Maranhenses MA 1981 155.000,00
21. Marinho de Fernando de Noronha PE 1988 11.270,00
22. Marinho dos abrolhos BA 1983 88.249,00*
23. Monte Pascoal BA 1961 22.500,00
24. Monte Roraima PR 1989 116.000,00
25. Pacaás Novos RO 1979 764.801,00
26. Pantanal Mato-grossense MT 1981 135.000,00
27. Pau-brasil BA 1999 11.538,00
28. Pico da Neblina AM 1979 2.200.000,00
29. Restinga de Jurubatiba RJ 1998 14.860,00
30. Saint-Hilaire/Lange PR 2001 25.000,00*
31. São Joaquim SC 1961 49.300,00
32. Serra da Bocaina RJ e SP 1971 100.000,00
33. Serra da Bodoquena MS 2000 76.481,00
34. Serra da Canastra MG 1972 200.000,00
35. Serra da Capivara PI 1979 100.000,00
36. Serra do Cipó MG 1984 33.800,00
37. Serra da Mocidade RR 1998 350.960,45
38. Serra das Confusões PI 1998 502.411,00
39. Serra do Divisor AC 1989 846.633,00*
40. Serra dos Órgãos RJ 1939 10.527,00*
41. Serra Geral RS 1999 17.300,00
42. Sete Cidades PI 1961 7.700,00
43. Superagui PR 1989 33.928,00*
44. Tijuca RJ 1961 3.200,00
45. Ubajara CE 1959 563,00
46. Viruá PR 1998 227.011,00
* Área calculada por técnicas de geoprocessamento.
Fonte: IBAMA (2002 apud Costa, 2002, p. 44 a 46)
Numa visão mais dimensional, é possível visualizar as Unidades de Conservação,
como Parques e Reservas Nacionais até 2002, como mostra a Figura 2 abaixo:
23
Em contrapartida na Tabela 2, mostra os Parques Estaduais de São Paulo nos dias
atuais, que estão sob gestão da Fundação para a Conservação e a Produção Florestal do
Estado de São Paulo, como segue abaixo:
Tabela 2 – Parques Estaduais Paulistas sob gestão da Fundação Florestal nos dias atuais
Parque Estadual Área (ha) Municípios Legislação
Aguapeí 9.043,97
Castilho, Guaraçaí, Junqueirópolis, Monte Castelo, Nova Andradina, São J. do Pau D´Álho. (06 municípios)
Dec .43.269, de 02/07/98Dec. 44.730 de 28/02/00
ARA (Assessoria de Referência Agrária) 64,3 Campinas (pelo Dec.)
Dec. 51.988, de 04/06/69Dec. 928, de 09/01/73
Caverna do Diabo 40.219,66 Eldorado Lei 12.810 em 21/02/2008
Campina do Encantado (ex - Pariquera Abaixo 2.360,00 Pariquera - Açú
Lei 8.873, de 16/08/94Lei 10.316, de 26/05/99
Campos do Jordão 8.341,00 Campos do Jordão Dec. Lei 11.908, de 27/03/41
Cantareira 7.900,00 Caieiras, Guarulhos, Mairiporã, São Paulo (04 municípios) Dec. 41.626, de 30/01/63
Carlos Botelho 37.644,36 Capão Bonito, São Miguel Arcanjo, Sete Barras, Tapiraí (04 municípios)
Dec. 19.499, de 10/09/82
Furnas do Bom Jesus 2.069,06 Pedregulho Dec. 30.591, de 12/10/89Dec. 31.644, de 31/05/90
Guarapiranga 250 São Paulo
Ilha Anchieta 838,08 Ubatuba Dec. 9.629, de 29/03/77
Ilha do Cardoso 22.500,00 Cananéia Dec. 40.319, de 03/07/62
Ilhabela 27.025,00 Ilhabela Dec. 9.414, de 20/01/77
Intervales 41.987,81
Guapiara, Eldorado Paulista, Iporanga , Ribeirão Grande, Sete Barras (05 municípios)
Dec. 40.135, de 08/06/95
Lei 10.850, de 06/07/2001
Itaberaba
Itapetinga
Lagamar de Cananéia
Jaraguá 492,68 São Paulo Dec. 10.877, de 30/12/39 e Dec. 38.391 de 03/05/ 61
Juquery 1.927,70 Caieiras e Franco da Rocha Dec. 36.859, de 05/06/93
24
Jurupará (ex - RE 2º Per. São Roque) 26.250,47 Ibiúna e Piedade Dec. 35.703/35.704, de 22/09/92
Mananciais de Campos do Jordão 502,96 Campos do Jordão Dec. 37.539, de 27/09/93
Marinho da Laje de Santos 5.000,00 Santos Dec. 37.537, de 27/09/93
Morro do Diabo (ex –RE. Morro do Diabo- 33.845,33 Teodoro Sampaio
Dec. 25.342, de 04/06/86Dec 28.169, de 21/01/88
Porto Ferreira (ex RE. Porto Ferreira ) 611,55 Porto Ferreira
Dec. 40.991 de 06/11/62 e Dec. 26.891, de 12/03/87
Serra do Mar 315.390,69
Caraguatatuba, Cunha, Curucutu, Itutinga-Pilões, Itarirú, Picinguaba, Santa Virgínia, São Sebastião
Dec. 10.251, de 30/08/77 e 13.313, de 06/03/79Dec. 19.448, de 30/08/82
Serra do Mar - Núcleo Caraguatatuba 50.000,00 Caraguatatuba
Serra do Mar - Núcleo Cunha 14.000,00 Cunha
Serra do Mar - Núcleo Curucutu 12.029,00 São Paulo e Itanhaém
Serra do Mar - Núcleo Itutinga-Pilões 115.000,00 Cubatão
Serra do Mar - Núcleo Itarirú 50.000,00 Pedro de Toledo
Serra do Mar - Núcleo Picinguaba 47.500,00 Ubatuba
Serra do Mar - Núcleo Santa Virgínia 17.500,00 São Luiz do Paraitinga
Serra do Mar - Núcleo São Sebastião 30.000,00 São Sebastião
Rio do Peixe 7.720,00 Outro verde, Dracena, Presidente Venceslau e Piquerobi Decreto 47.095/2002
Rio Turvo
Turístico do Alto Ribeira 35.884,28 Apiaí e Iporanga Dec. 32.283, de 19/05/58Lei 5.973, de 28/11/60
Vassununga 1.732,14 Santa Rita do Passa Quatro Dec. 52.546, de 26/10/70
Várzea do Embu-Guaçu 128 Embu Guaçu
Xixová-Japuí 901 Praia Grande e São Vicente Dec. 37.536, de 27/09/93
ÁREA TOTAL (aproximada) 767.681,88 ///////////////////////////////// /////////////////////////////////
Fonte: São Paulo (2011g)
25
Nesta perspectiva, é possível obter uma análise quantitativa e qualitativa em relação às
Unidades de Conservação no Brasil e no estado de São Paulo, haja vista que, possuem ampla
contribuição para a diversidade biológica no País.
Em 30 de março do ano de 2010, através do Decreto N° 55.662, foram criadas quatro
novas Unidades de Conservação localizadas ao norte da serra da Cantareira, com o objetivo
de garantir, preservar e conservar os recursos naturais oferecidos pela natureza e ampliar o
sistema de áreas protegidas na região, sendo elas o Parque Estadual de Itaberaba, Parque
Estadual de Itapetinga, Monumento Natural Estadual da Pedra Grande e a Floresta Estadual
de Guarulhos, formando assim um contínuo se estendendo para o interior do Estado, o
Contínuo da Cantareira, junto com o Parque Estadual da Cantareira. Sendo que, nesta
dimensão, o Parque Estadual de Itaberaba e Itapetinga e o Monumento Natural Estadual da
Pedra Grande, contará com a administração da Fundação Florestal, vinculada à Secretaria do
Meio Ambiente e a Floresta Estadual de Guarulhos sob a gestão do Instituto Florestal da
Secretaria do meio Ambiente (SÃO PAULO, 2010; SÃO PAULO, 2011b; SÃO PAULO,
2011f).
O início da criação das novas Unidades de Conservação se deu pela criação do
Decreto 54.746, assinado em setembro de 2009 que estabelecia a Limitação Administrativa
Provisória (LAP) durante sete meses, em que foi proibida uma série de atividades e
desenvolvidos trabalhos para a realização de estudos nas áreas para a criação das unidades de
conservação. Os esforços foram realizados através de equipes da Secretaria do Meio
Ambiente (SMA), Fundação Florestal, Instituto Florestal e da Reserva da Biosfera do
Cinturão Verde da Cidade de São Paulo (RBCV). Houve um cruzamento das informações
obtidas, através de um estudo realizado pelo Programa Biota da Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), com o inventário realizado pelo Instituto
Florestal, onde respectivamente por ambos foram indicadas áreas prioritárias para a criação
de UCs importantes para a proteção da fauna e flora (www.fflorestal.sp.gov.br, 2011, s/p) e
um levantamento dos fragmentos relevantes de mata atlântica (www.fflorestal.sp.gov.br,
2011, s/p). Assim verificou-se a importância de proteger esses quase trinta mil hectares de
mata atlântica, através de seus recursos e riquezas biológicas (SÃO PAULO, 2009; SÃO
PAULO, 2011f).
De acordo com o decreto de criação das novas unidades, as mesmas abrangem alguns
municípios, que podem ser observadas a partir do Quadro 2 abaixo:
26
Quadro 2 – Abrangência das Novas Unidades de Conservação
Unidades de Conservação Área (ha) Municípios
Parque Estadual de Itaberaba 15.113,11 Arujá, Guarulhos, Nazaré Paulista
e Santa Isabel
Parque Estadual de Itapetinga 10.191,63 Atibaia, Bom Jesus dos Perdões,
Mairiporã e Nazaré Paulista
Floresta Estadual de Guarulhos 92,2 Guarulhos
Monumento Natural Estadual da Pedra
Grande 3.297,01 Atibaia, Bom Jesus dos Perdões,
Mairiporã e Nazaré Paulista
Fonte: (SÃO PAULO, 2010) adaptado por Silva (2011)
Abaixo, nas Figuras 3 e 4, é possível visualizar dois mapas das novas Unidades de
Conservação do Contínuo da Cantareira:
Figura 3 – Novas Unidades de Conservação do Contínuo da Cantareira
Fonte: São Paulo (2011c)
27
Figura 4 – Delimitação das Novas Unidades de Conservação
Fonte: São Paulo (2011d)
Com a criação das novas Unidades de Conservação foram demarcadas áreas, para
identificar o limite do Parque e seu entorno. Assim, uma empresa contratada pela Fundação
Florestal, o Instituto de Terras do Estado de São Paulo (ITESP), ficou responsável em realizar
o levantamento fundiário das ocupações e propriedades das áreas inseridas no limite das
Unidades de Conservação e posteriormente a Fundação Florestal realizar a regularização
fundiária dessas áreas, no que diz respeito ao artigo 14, do Decreto de criação n° 55.662
(SÃO PAULO, 2010).
Ao passar por uma área e concluir o seu trabalho, a Fundação ITESP deixa um marco
na intenção de mostrar sua passagem no local, como pode ser observado na Figura 5 abaixo:
Figura 5 – Marco ITESP
Fonte: Jussara Silva (2011)
28
Assim, de acordo com o Decreto n° 55.662 (2010), toda área particular que estiver
inserida dentro do Parque passará por uma “negociação”, mediante aquisição amigável e por
intermédio de aquisições para compensação de reserva legal. Caso não haja essa negociação
entre as partes, serão objeto de declaração de utilidade pública para fins de desapropriação,
por via amigável ou judicial, a serem promovidas pela Fazenda Pública do Estado de São
Paulo (SÃO PAULO, 2010, s/p). A Fundação Florestal poderá indenizar essas
desapropriações.
Ainda segundo o Decreto n° 55.662 (SÃO PAULO, 2010), cada Unidade de
Conservação criada pelo mesmo, contará com um Conselho Consultivo. E de acordo com o
Decreto Estadual nº 49.672 de 6 de Junho de 2005 (SÃO PAULO, 2005, s/p), no artigo
número 6 (seis) descreve que cada Conselho Consultivo de Unidade de Conservação de
Proteção Integral deve ser integrado por representantes dos segmentos públicos e da
sociedade civil, que apresentem atuação relevante na área de influência da Unidade de
Conservação. Assim em especial, o Monumento Natural Estadual da Pedra Grande - MNE
Pedra Grande -, que é o foco desta pesquisa, e fazem parte do Conselho Consultivo um grupo
de colegiados denominados “Governo” e “Não Governo”, na qual o grupo “Governo” envolve
os representantes de entidades públicas, interessadas em integrar e contribuir para a gestão da
Unidade de Conservação. O grupo “Não Governo”, envolve os representantes de entidades
particulares, proprietários e do Terceiro Setor (Organização Não Governamental - ONG)
também dispostos a contribuir para a gestão da mesma (SÃO PAULO, 2005). Dentro do
Conselho Consultivo podem ser criados Câmaras Técnicas de assuntos específicos, como por
exemplo, “Uso Público”, que é um grupo de interessados do Conselho, dispostos a melhor
adequar e administrar as atividades ligadas ao uso público, no caso do MNE Pedra Grande,
junto com o gestor. O Conselho Consultivo contará com a estrutura, Plenário, Presidência e
Secretaria Executiva, eleitos por votação do próprio Conselho (SÃO PAULO, 2005).
A categoria Monumento Natural, segundo o documento SNUC (BRASIL, 2000), se
enquadra no grupo de Unidades de Proteção Integral, tem como objetivo básico preservar
sítios naturais raros, singulares ou de grande beleza cênica (BRASIL, 2000, s/p). Podendo
ainda, ser constituídas por áreas particulares, desde que, haja compatibilidade entre a
utilização dos recursos naturais e o objetivo da Unidade (BRASIL, 2000).
O Monumento Natural Estadual da Pedra Grande está localizado na cidade de Atibaia,
interior de São Paulo, com 1.450m (mil e quatrocentos e cinqüenta metros) de altitude e
aproximadamente 200.000 m² (duzentos mil metros quadrados) de superfície (PEDRA...,
2011). Recentemente criado, segundo o gestor da Unidade, é o primeiro Monumento do
29
Estado de São Paulo. Muito procurado e visitado pelos atrativos turísticos, tanto pelo lado do
esporte, quanto a passeio, atividades educacionais, culturais, apresenta uma imagem relevante
na cidade. Por ser uma área muito frequêntada, muitas das vezes acabam não tendo o suporte
necessário para sua manutenção.
Como em outras áreas, existem algumas propostas de uso público, e foi com este
intuito que se realizou este trabalho, para assim identificar quais são as propostas de uso no
MNE Pedra Grande, assim como verificar as responsabilidades e dificuldades encontradas em
sua implantação, contribuindo para a gestão da unidade.
30
7. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS COLETADOS
Para a coleta dos dados, foi definida uma amostra de quatro gestores que possuem uma
atuação direta na gestão do Monumento Natural Estadual da Pedra Grande, porém desse
objetivo, somente foram atendidos três, visto que, a quarta pessoa definida a ser entrevistada,
por motivos desconhecidos, não procedeu com a entrevista. Foi definido outro responsável em
seu lugar, também de um órgão público, mas devido a mudanças de servidores ou
funcionários da área de trabalho, não houve um aproveitamento eficiente, visto que o mesmo
não detinha informações do assunto em questão. Portanto foram entrevistados dois
representantes de órgãos públicos distintos, Entrevistado 1 (E1) e Entrevistado 2 (E2) e o
terceiro de uma Organização Não Governamental – ONG, Entrevistado 3 (E3).
A Pesquisa teve como objetivo verificar o ponto de vista de cada responsável frente às
propostas de uso para a Unidade de Conservação em questão, bem como as dificuldades e
responsabilidades relacionadas com as mesmas. Os resultados obtidos com a pesquisa são
apresentados a seguir.
7.1 Análise do Nível de Escolaridade dos Entrevistados
Tabela 3 – Nível de Escolaridade dos Entrevistados
Categoria Frequência Percentual % Ensino Fundamental Incompleto 0 0% Ensino Fundamental Completo 0 0% Ensino Médio Incompleto 0 0% Ensino Médio Completo 0 0% Ensino Superior Incompleto 0 0% Ensino Superior Completo 2 66,67%
Especialização 1 33,33%
Total 3 100%
Em relação ao nível de escolaridade dos entrevistados, todos possuem formação
acadêmica e 33,33% possuem especialização, no caso Pós-graduação.
31
7.2 Análise das Respostas para as Questões do Roteiro de Entrevistas
Questão 1 – Quais são os procedimentos para elaborar, aprovar e aplicar uma
proposta?
Para esta questão obteve-se as respostas apresentadas a seguir:
E1 – Primeiramente identificamos os problemas e desafios, depois realizamos um “Raio X”
da atual situação, para então planejarmos o futuro desejável. O caminho para se alcançar o
desejável é o segredo da eficiência das ações.
E2 – Para elaborar uma boa proposta é necessário fazer um levantamento de dados desde as
características do local, identificando a realidade, potencialidades, aspectos positivos e
negativos, podendo assim, apresentar um diagnóstico da situação, ver se há necessidades de
mudanças, levar para aprovação. Aplicar a proposta, acompanhar os resultados e analisar se
chegou no esperado.
E3 – Conhecimento técnico, transcrição de conhecimento técnico para conhecimento legível a
população, submeter a proposta a uma financiador adequado (público ou privado), e seriedade
na aplicação da proposta.
Com base nas respostas obtidas com a entrevista, em relação aos procedimentos para
uma proposta, o diagnóstico da situação do local é apontado por dois dos entrevistados, como
uns dos requisitos importantes para se chegar a elaborar uma proposta. Esta visão está de
acordo com Costa (2002) quando este afirma que a concretização de uma unidade de
conservação depende de uma administração local, o que envolve certamente um
conhecimento detalhado e um diagnóstico da área protegida. A própria definição do grupo
colegiado do Conselho Consultivo, a quem cabe pensar no gerenciamento da área, também
prevê grupos colegiados distintos que inclui membros da sociedade civil e que devem de certa
forma participar de um diagnóstico e na indicação de possíveis propostas para o uso da área.
Questão 2 – Quais as responsabilidades para a implantação de uma proposta?
Para esta questão obteve-se as respostas apresentadas a seguir:
32
E1 – Atingir em pelo menos 70% das ações planejadas.
E2 – As responsabilidades para implantar uma proposta incluem: comprometimento, pró-
atividade e identificar os órgãos competentes para o gerenciar a proposta.
E3 – São muitas, pois a partir do momento que um compromisso é assumido o mesmo deve
ser cumprido, mas a essência é a Seriedade.
Quando questionados sobre as responsabilidades para a implantação de uma proposta,
cada responsável utilizou como base um ponto de vista diferente, mas sempre na mesma linha
de raciocínio que espera uma efetividade na implantação das propostas, mesmo que de uma
forma parcial. Segundo o SNUC (BRASIL, 2000) o gestor e o conselho consultivo têm um
papel fundamental nesta ação.
Questão 3 - Quais as dificuldades e principais erros encontrados para a implantação de
uma proposta já elaborada?
Para esta questão obteve-se as respostas apresentadas a seguir:
E1 - Capital financeiro, social e estrutural. Os principais erros estão associados aos prazos
determinados.
E2 - Primeiramente para implantar uma proposta tem que seguir o Plano de Manejo. Uma das
principais dificuldades encontradas, seria a compreensão e comunicação entre os diversos
órgãos e atores envolvidos na realização da proposta, é muito importante que órgãos
competentes e sociedade se entendam para que cada um cumpra seu papel, visando um bem
maior.
E3 - Falta de competência e compromisso dos Recursos Humanos alocados para execução.
Com base nas dificuldades encontradas para a implantação de uma proposta, foi
destacado por todos os entrevistados, o social, como um fator muito importante para haver
interação entre os órgãos. Segundo o SNUC (BRASIL, 2000), o processo de gestão das
unidades deve ser realizado de forma integrada e participativa, não deixando de atender os
33
objetivos de conservação, de modo que seja possível compatibilizar a presença da
biodiversidade, valorização da sociodiversidade e o desenvolvimento sustentável.
Questão 4 - De quem é a responsabilidade na elaboração, aprovação e aplicação de uma
proposta?
Para esta questão obteve-se as respostas apresentadas a seguir:
E1 - Do Órgão Gestor, no caso a Fundação Florestal. Mas compete ao Conselho Consultivo e
as Câmaras Técnicas auxiliarem a gestão das UC’s além das populações diretamente
“afetadas” e da comunidade científica.
E2 - Uma proposta pode ser realizada por qualquer órgão ou até mesmo pessoa física, já a
questão da aprovação da proposta fica por conta do órgão gestor da área. Quanto à aplicação,
pode ser feita de diversas maneiras, em forma cooperada ou de responsabilidade de um só
órgão podendo ele ser municipal, estadual, regional ou terceiro setor.
E3 - O correto é que a responsabilidade seja compartilhada, porém isto é raro, e muitas vezes
utópico, de forma geral a responsabilidade fica sempre com o proponente da proposta, seja
uma pessoa jurídica ou uma pessoa física.
Com relação ao responsável pela elaboração, aprovação e aplicação de uma proposta,
os entrevistados relatam que, tanto pessoas físicas ou jurídicas podem elaborar uma proposta,
porém cabe ao órgão gestor aprová-la. Esta visão está em conformidade com o decreto nº
55.662 de 30 de março de 2010 de criação das novas Unidades de Conservação (UCs), no
qual, no artigo 13 dispõe de que, a administração da unidade caberá a Fundação Florestal
vinculada à Secretaria do Meio Ambiente (SÃO PAULO, 2010).
Questão 5 - O que acontece quando a aplicação de uma proposta não alcança um
objetivo esperado? Como proceder?
Para esta questão obteve-se as respostas apresentadas a seguir:
E1 - Faz-se um novo planejamento. Uma nova articulação regional incluindo órgão do
governo e não governo.
34
E2 - Na própria aprovação do projeto, é possível verificar se o mesmo vai alcançar o sucesso
ou não. Se ocorrer dele for aprovado e não atingir o objetivo, teria que passar por uma
readaptação, para então chegar ao resultado esperado.
E3 - Proposta mal elaborada não deve ser executada. Desvios e correções no curso de um
projeto são comuns e aceitáveis, desde que justificáveis dentro dos parâmetros técnicos, éticos
e legais.
Quando questionados sobre o procedimento ao se ter um insucesso do objetivo
esperado em uma proposta, a base é um novo planejamento e para isso é preciso realizar
correções e readaptações no projeto dentro dos parâmetros legais estabelecidos pelo SNUC
(BRASIL, 2000).
Questão 6 - Você sabe dizer quais são as Propostas de uso existentes e as que estão em
andamento para o MNE Pedra Grande?
Para esta questão obteve-se as respostas apresentadas a seguir:
E1 - Sim. Plano Emergencial de implantação das novas UCs do Contínuo Cantareira.
E2 - Em se tratando da Secretaria de Turismo, nenhuma proposta está em andamento. Porém
existem algumas propostas, que são: Equipe de Monitoramento para trilhas e lajes;
Interpretação ambiental com alunos das redes municipais; Sinalização Turística; Fomento
para o turismo de aventura dentro das normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT) - Mountain bike, Escalada, Rapel.
E3 - São muitas e fazem parte do Plano Estratégico da Serra do Itapetinga Movimento pela
Biodiversidade e Organização dos Setores Ecológicos (SIMBiOSE), portanto ainda não
podem ser divulgadas, o que podemos citar é a implantação do Plano de Manejo Emergencial
do MNE Pedra Grande e PE Itapetinga, que é uma iniciativa do Governo do Estado e é uma
informação pública.
Ao se referir nas propostas de uso existentes e as em andamento, dois dos profissionais
entrevistados apontam o Plano de Manejo Emergencial de implantação das novas Unidades de
Conservação do Contínuo Cantareira, por ser uma informação pública. Já por parte de outro
35
entrevistado é alegado que há algumas propostas, mas se referindo aquele setor, não há
nenhuma em andamento. O Plano de Manejo é definido pelo SNUC (BRASIL, 2000) como:
Documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma unidade de conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade (BRASIL, 2000, s/p).
Esta concepção está em conformidade com o SNUC, visto que o mesmo dispõe de um
prazo de cinco anos, a partir da data de criação da unidade de conservação, para sua
elaboração. E isto está aliado ao Plano de Manejo Emergencial do Monumento Natural
Estadual da Pedra Grande, pois o mesmo se encontra em estado de andamento, a partir do ato
de criação da unidade.
Questão 7 - Em sua opinião, o que é indispensável e o que falta para a implantação de
uma proposta ser bem sucedida?
Para esta questão obteve-se as respostas apresentadas a seguir:
E1 - Capital Social, ou seja, equipe multi, inter e trandisciplinar, além da participação da
sociedade organizada e comunidade científica.
E2 - Participação de todos os órgãos responsáveis, comunicar e solicitar participação da
comunidade. Todos os órgãos competentes estarem unidos para realizarem os objetivos da
proposta.
E3 - Indispensável é uma boa gestão e um amplo conhecimento sobre o assunto. O que falta
para propostas bem sucedidas é competência. Vivemos em um mundo de especialistas, e
vários especialistas sem um generalista é uma fórmula exata para o fracasso.
Para esta questão, cada responsável aponta visões sempre vinculadas com as demais,
como perceptivo aqui é a interação e participação social, assim como a união entre os órgãos
competentes. Um dos entrevistados menciona o conhecimento e a competência, como uns dos
requisitos essenciais para o sucesso. Nesta concepção o SNUC (BRASIL, 2000) dispõe dos
Conselhos Consultivos, das organizações da sociedade civil de interesse público com
objetivos afins aos da unidade para auxílio de sua gestão, sendo que este último é por meio de
um instrumento a ser firmado com o órgão responsável pela gestão. Também há um incentivo
36
na área do desenvolvimento de pesquisas através da comunidade científica, disposto no artigo
32 do SNUC (BRASIL, 2000).
Questão 8 - Na sua opinião, quais as propostas de uso que obtiveram resultados
satisfatórios no MNE Pedra Grande?
Para esta questão obteve-se as respostas apresentadas a seguir:
E1 - Apoio a pesquisa científica, combate aos incêndios florestais, criação do Conselho
Consultivo e suas Câmaras Técnicas, monitoramento de grandes eventos, incentivo a visitação
monitorada e a prática esportiva de mínimo impacto, entre outros.
E2 - Propostas que apresentam bons resultados:
Evento: 1º de Maio; realizado pelo 3º setor (ONG – SIMBiOSE) e poder público, em que seu
objetivo é com o passar do tempo ir diminuindo os impactos negativos gerados pelo fluxo de
pessoas. Objetivo que já vem sendo alcançado e também diminuir os resíduos gerados.
Evento FERA – Festival de Esportes Radicais de Atibaia: as atividades que ocorreram no
evento como; trekking regularidade, corrida de mountain bike e passeio de jipe, foram
atividades desenvolvidas em parceria entre a Secretaria de Turismo, ONG SIMBiOSE,
Fundação Florestal e empresa privada, mostrando que é possível realizar estas atividades
dentro das normas de regulamentação dos esportes e da Unidade de Conservação.
Delimitação da área; criação da Unidade de Conservação; ter um órgão responsável, realizar
gestão da área e criar novas propostas para uso.
Supressão de Vegetação Exótica e Restauração Ecológica.
A criação do Conselho Consultivo, também é um resultado positivo, pois o MNE Pedra
Grande e Parque Estadual do Itapetinga, agora tem representatividade regional, possibilitando
identificar mais atores sociais, através da participação da comunidade, envolvimento do poder
público e possibilidades para dar sugestões para as soluções das problemáticas da área.
E3 - Enquanto MNE Pedra Grande acho que por enquanto só estamos observando as coisas
acontecerem,... antes de ser MNE Pedra Grande cito os eventos de 1º de Maio,
Estacionamentos Pedra Grande, e trabalhos de Minimização de Impacto, Manutenção da
Trilha da Pedra Rachada, porém todos são pontuais e não tem efetivo resultado por serem
com baixa freqüência.
37
Ao serem questionados sobre as Propostas de uso que obtiveram resultados
satisfatórios no MNE Pedra Grande, dois dos entrevistados apontam o Conselho Consultivo e
todos citam o monitoramento de eventos que inclui, 1º de maio, FERA (Festival de Esportes
Radicais de Atibaia) entre outros, e um dos entrevistados aponta que, por serem realizados
com baixa freqüência e serem pontuais não possuem um resultado efetivo. As atividades e
trabalhos de redução de impactos também são mencionados por todos os responsáveis e outras
atividades no Monumento, visto que, já refletem em resultados positivos. Esta visão está de
acordo com o descrito no documento do SNUC (BRASIL, 2000), já que unidades de
conservação de categoria Monumento Natural tem como objetivo básico preservar sítios
naturais raros, singulares ou de grande beleza cênica (BRASIL, 2000, s/p) e suas atividades,
até que seja elaborado o Plano de Manejo, devem estar limitadas àquelas que têm como
destinos a garantir a integridade dos recursos que a unidade objetiva proteger, assegurando-
se às populações tradicionais porventura residentes na área as condições e os meios
necessários para a satisfação de suas necessidades materiais, sociais e culturais (BRASIL,
2000, s/p).
Abaixo as Figuras 6 e 7 mostram o Evento 1º (primeiro) de Maio realizado no MNE
Pedra Grande no ano de 2012.
Figura 6 – Evento 1º de Maio no MNE Pedra Grande 2012
Fonte: Jussara Silva (2012)
38
Figura 7 - Evento 1º de Maio no MNE Pedra Grande 2012
Fonte: Jussara Silva (2012)
Questão 9 - Em sua opinião, no momento atual, qual é a maior necessidade do MNE
Pedra Grande em relação ao uso público? E o que você sugere?
Para esta questão obteve-se as respostas apresentadas a seguir:
E1 - Capital Social, Equipe, apoio institucional municipal, empresarial, comercial, que
exploram diretamente ou indiretamente a UC.
E2 - A maior necessidade é o Plano de Manejo que estabelece todas as diretrizes para área,
pois se trata de um documento técnico que tem o papel de orientar a gestão do local, cumprir
seus objetivos específicos e, assim, conservar os recursos naturais, estabelecidos pelo SNUC –
Sistema Nacional de Unidades de Conservação.
Sabe-se que o afloramento rochoso principal ponto turístico da cidade de Atibaia,
popularmente conhecido como Pedra Grande, a partir de 30.03.2010 foi decretado pelo estado
o Monumento Natural Estadual da Pedra Grande. Neste local existe grande conflito referente
as atividades de esportes radicais, ligadas ao segmento de turismo de aventura. Por se tratar de
uma área protegida por uma lei, deve-se seguir os objetivos relacionados a categoria da
Unidade de Conservação, regulamentando e normatizando todas as atividades.
E3 - A ordenação total da área em todos os aspectos possíveis.
39
Ao se referir à maior necessidade do atual momento em relação ao uso público, cada
responsável aponta visões em aspectos como, apoio no âmbito municipal, empresarial,
comercial, o Plano de Manejo que se encontra em processo de construção, e ordenação, e
sempre objetivando a conservação e a efetividade junto aos seus recursos. Uma vez que
houver interação, apoio, participação e trabalho em equipe, refletirá em efeitos altamente
positivos. Segundo o SNUC (BRASIL, 2000), quando se tem um conjunto de Unidades de
Conservação que constitui um mosaico, sua gestão deverá ser realizada de forma integrada e
participativa e sempre considerando os objetivos de conservação.
Questão 10 - Quais são suas expectativas para o MNE Pedra Grande?
Para esta questão obteve-se as respostas apresentadas a seguir:
E1 - Compor uma equipe de gestão inter, multi e trandisciplinar compromissada com as ações
operacionais, administrativas e de planejamento.
E2 - As expectativas são que as atividades estejam ordenadas e regulamentadas, que haja a
união entre o poder público, privado e 3º setor;
Maior divulgação para a comunidade sobre o que significa o local, pois muitos não têm a
informação correta do que realmente é o MNE da Pedra Grande e acabam transmitindo uma
visão equivocada do que está sendo realizado.
Infraestrutura adequada que garanta a segurança dos visitantes.
E3 - Espero subir um dia até a Pedra Grande com meus netos por uma trilha sinalizada, sem
traços de impacto ambiental, sombreada por árvores nativas, encontrar no “cocuruto” da rocha
todas as belezas da flora e da fauna, tomar um pouco de água, ir a um banheiro adequado ao
ambiente natural, e contemplar um maravilhoso por do sol, e que isto seja um direito de todos
nas mais diversas formas de uso que a Pedra Grande pode proporcionar.
Quando questionados sobre as expectativas para o MNE Pedra Grande, todos apontam
aspectos bastante relevantes para o Monumento e para a interação entre o social, econômico,
ambiental e cultural, e todos manifestam uma perspectiva para que esta unidade de
conservação tenha um uso dentro dos padrões da sustentabilidade.
A Figura 8 abaixo mostra a parte da Pedra Rachada, ao fundo e no topo da pedra, ou
“cocuruto” como mencionado por um dos entrevistados.
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8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O propósito deste trabalho foi analisar quais eram as propostas de uso existentes para o
Monumento Natural Estadual da Pedra Grande, identificar dificuldades, responsabilidades e
erros que ocorrem para o insucesso das mesmas e sugerir melhorias. Os entrevistados
apresentam grandes conhecimentos e contribuem positivamente para a sustentabilidade e
manutenção da área. Assim uma análise geral das respostas dos entrevistados permite
verificar que são encontradas algumas dificuldades na implantação de uma proposta, sendo
uma delas a falta de união entre os atores envolvidos, falta de apoio, ausência de comunicação
e comprometimento entre algumas deficiências que infelizmente estão presente neste
processo, já que os mesmos representam o alicerce, que quando trabalhados em conjunto,
possibilitam que os resultados sejam obtidos com efetividade.
Outra dificuldade que se faz notória é o não entendimento por parte da população do
significado e a importância de uma unidade de conservação, que muita das vezes não tem uma
informação correta e precisa. Muitos não possuem a informação de que a “Pedra Grande”
como popularmente conhecida, através do decreto 55.662 de 30 de março de 2010 foi criado o
Monumento Natural Estadual da Pedra Grande e assim por terem informações insuficientes
acabam se expressando de forma inadequada, pois para eles a “Pedra Grande” foi tirada dos
mesmos. Hoje o Monumento Natural conta com uma gestão, coisa que anteriormente não
tinha e verificou-se a necessidade da criação da Unidade de Conservação. A sugestão aqui
proposta seria maior divulgação para essas pessoas seja através de palestras, capacitação para
professores da rede Municipal e Estadual, pois na maioria das vezes as primeiras informações
da existência da Pedra Grande vêm na escola por meio dos professores e interação entre os
colegas. Os informativos em lugares de maiores fluxos de pessoas, como por exemplo, os
Postos de Saúde, Ônibus, Ponto de Ônibus, lugares em que a rotatividade de pessoas é imensa
em um único dia e provavelmente disseminaria todo este conhecimento.
Observa-se também que o Plano Emergencial, um documento técnico que ainda está
em andamento, quando implantado estabelecerá maior ordenação, já que no mesmo consta
tudo o que deve ou não ser realizado em uma unidade de conservação, bem como as ações a
serem realizadas, as responsabilidades dos órgãos e setores envolvidos (Poder Público,
Sociedade Civil, Terceiro Setor, entre outros). O Plano Emergencial é algo de extrema
42
importância para a gestão da unidade, capaz de possibilitar a eficiência e eficácia nos
resultados.
Nota-se que são inúmeras as atividades realizadas no Monumento Natural Estadual da
Pedra Grande, como o evento 1º de Maio, que ocorre todos os anos e que na verdade
caracteriza a subida das pessoas na Unidade, sejam jovens, famílias, amadores, e que
normalmente vem seguido há anos na tradição da cidade de Atibaia, desde quando era
denominada “Pedra Grande”. Porém a tendência depois do ato de criação e contar com uma
gestão, é que mude esse foco de simplesmente subir no Monumento e fazer o que quiser, para
algo que de alguma forma alimente o conhecimento e deixe marcas significativas nos
participantes. O Evento FERA (Festival de Esportes Radicais de Atibaia) também é uma
organização entre poder público, terceiro setor, entre outros, que conta com várias atividades,
disposta a atender diversos públicos e que com o passar dos anos vêm sendo aperfeiçoadas.
Vale salientar aqui, que os ingredientes principais para alcançar o sucesso são união,
interação, participação, envolvimento e comprometimento. Ingredientes estes que, muitas
falhas que ainda ocorrem hoje, são resultantes da ausência desses agentes.
A criação do Conselho Consultivo do Monumento Natural Estadual da Pedra Grande e
Parque Estadual do Itapetinga também é um grande avanço e apresenta características
bastante fortes para o auxílio na gestão das Unidades de Conservação.
Portanto a união, participação e interação entre os agentes da sociedade civil, pública e
terceiro setor, seriam as principais soluções encontradas para a colheita de bons frutos, já que
eliminaria grande parte das barreiras.
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9. REFERÊNCIAS BARBIERI, José Carlos. Gestão ambiental empresarial: conceitos, modelos e instrumentos. São Paulo: Saraiva, 2004. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Sistema Nacional de Unidades de Conservação. Brasília: MMA, 2000. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9985.htm> Acesso em: 20 set. 2011. COSTA, Patrícia Côrtes. Unidades de conservação. São Paulo: Aleph, 2002 – (Série Turismo). GESTÃO AMBIENTAL. Disponível em: <http://w3.ualg.pt/~jmartins/Gest%C3%A3oAmbiental.pdf> Acesso em: 29 set. 2011 às 15h08min. GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 4 ed. São Paulo: Atlas, 1994. IBGE. Unidades de Conservação: Parques e Reservas Nacionais 2002. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/atlasescolar/mapas_pdf/brasil_uc.pdf> Acesso em: 13 out. 2011 às 14h00min. KOLAKOWSKI, Pablo Diego. Gestão ambiental. Acadêmico do 3º semestre do curso de Ciências Contábeis, UNEMAT do Campus Universitário de Sinop-MT. Disponível em: <http://www.unemat-net.br/artigos/fot_18artigo4.pdf> Acesso em: 29 set. 2011 às 16h58min. MENEZES, E. M; SILVA, E. L. da. Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação. 3 ed. rev. atual. – Florianópolis: Laboratório de Ensino a Distância da UFSC, 2001. Disponível em: <http://projetos.inf.ufsc.br/arquivos/Metodologia%20da%20Pesquisa%203a%20edicao.pdf> Acesso em: 31 out. 2011 às 14h25min. MOURA, Luiz Antônio Abdalla de. Qualidade e gestão ambiental. 4ª Ed. – São Paulo: Editora Juarez de Oliveira, 2004. OLIVEIRA, Silvio Luiz de. Tratado de metodologia científica: projetos de pesquisas, TGI, TCC, monografias, dissertações e teses. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.
44
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45
<http://licenciamento.cetesb.sp.gov.br/legislacao/estadual/decretos/2009_Dec_Est_54746.pdf> Acesso em: 23 abr. 2012. SÃO PAULO. Decreto Estadual Nº 49.672, de 6 de junho de 2005. São Paulo, 2005. Disponível em: <http://www.ambiente.sp.gov.br/legislacao/estadual/decretos/2005%20Dec%2049672.pdf> Acesso em: 10 mar. 2012. SÃO PAULO. Estatuto da Fundação para a Conservação e a Produção Florestal do Estado de São Paulo. Fundação Florestal, 1986a. Disponível em: <http://www.fflorestal.sp.gov.br/media/uploads/historico/Estatuto.pdf> Acesso em: 23 ago. 2011. SÃO PAULO. Lei Nº 5.208 de 1º de Julho de 1986 de São Paulo. Autoriza o Poder Executivo a instituir a Fundação denominada “Fundação para a Conservação e a Proteção Florestal do Estado de São Paulo”. 1986b. Disponível em: < http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/192519/lei-5208-86-sao-paulo-sp> Acesso em: 10 mai. 2012. SÃO PAULO. Regimento Interno. Fundação Florestal, 1986c. Disponível em: <http://www.fflorestal.sp.gov.br/media/uploads/historico/regimento.pdf> Acesso em: 22 ago. 2011. TURISMO. Pedra Grande. Atibaia. Disponível em: <http://www.atibaia.com.br/turismo/turismo.asp?numero=7> Acesso em: 22 ago. 2011 às 14h40min.
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10. APÊNDICE
Pesquisa sobre as Propostas de Uso para o Monumento Natural Estadual
da Pedra Grande (MNE Pedra Grande)
Órgão Público ou Instituição Representada: ________________________________________
Nível de Escolaridade (se superior citar a graduação): ________________________________
Ocupação: __________________________________________________________________
1. Quais são os procedimentos para elaborar, aprovar e aplicar uma proposta?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
2. Quais as responsabilidades para a implantação de uma proposta?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
3. Quais as dificuldades e principais erros encontrados para a implantação de uma proposta já
elaborada?
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
4. De quem é a responsabilidade na elaboração, aprovação e aplicação de uma proposta?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
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5. O que acontece quando a aplicação de uma proposta não alcança um objetivo esperado?
Como proceder?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
6. Você sabe dizer quais são as Propostas de uso existentes e as que estão em andamento para o
MNE Pedra Grande?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
7. Em sua opinião, o que é indispensável e o que falta para a implantação de uma proposta ser
bem sucedida?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
8. Na sua opinião, quais as propostas de uso que obtiveram resultados satisfatórios no MNE
Pedra Grande?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
9. Em sua opinião, no momento atual, qual é a maior necessidade do MNE Pedra Grande em
relação ao uso público? E o que você sugere?
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
10. Quais são suas expectativas para o MNE Pedra Grande?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________