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11/01/2013 1 Apocalipse Apenas Uma Panorâmica Pr. Fernando Fernandes PIB em Penápolis, 30/12/12 e 06/01/2013 O que oferece esperança ao cristão em meio à tribulação e ao sofrimento? Por mais incrível que pareça, simplificando o tema, este o objetivo principal do livro de Apocalipse. 2 A salvação escatológica como apresentada em Apocalipse se reporta a esperança cristã que deve preencher o mais profundo anseio espiritual de toda a criatura, embora nem sempre tenhamos plena consciência de que a escatologia comprova e reafirma o fato de que somos objetos do amor de Deus e de sua graça salvadora revelados em Cristo Jesus e demonstrados na cruz. 3 O nome original do livro é Revelação, com o sentido de “descortinar”, “abrir a cortina” e revelar o que nos dá esperança e o que está por vir, se perseveramos na esperança da salvação. Porém, devemos ter em mente que originariamente Apocalipse não era um livro de “mistérios”. 4 O autor é João, Ap 1.9, que estava preso na ilha de Patmos. Na verdade, atribuímos a autoria ao Apóstolo João devido as afirmações de Justino Mártir em 150 d.C. e de Irineu em 200 d.C.. 5 Eles chegaram a esta conclusão por causa do estilo do livro, que aponta que o escritor era um cristão de origem hebraica, e pelo profundo conhecimento que este autor demonstra ter do Antigo Testamento. 6

342mica) - Primeira Igreja Batista em Penápolis11/01/2013 2 João escreveu o Apocalipse por volta do ano 90 d.C. e o endereçou às 7 Igrejas da Ásia, que são as igrejas do grande

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11/01/2013

1

ApocalipseApenas Uma Panorâmica

Pr. Fernando FernandesPIB em Penápolis, 30/12/12 e 06/01/2013

O que oferece esperança ao cristão em meio à tribulação e ao

sofrimento?

Por mais incrível que pareça, simplificando o tema, este o objetivo

principal do livro de Apocalipse.

2

A salvação escatológica como apresentada em Apocalipse se reporta a esperança cristã que deve preencher o mais profundo anseio espiritual de toda a criatura, embora nem sempre tenhamos plena consciência de que a

escatologia comprova e reafirma o fato de que somos objetos do amor de

Deus e de sua graça salvadora revelados em Cristo Jesus e

demonstrados na cruz. 3

O nome original do livro é Revelação, com o sentido de “descortinar”, “abrir

a cortina” e revelar o que nos dá esperança e o que está por vir, se

perseveramos na esperança da salvação.

Porém, devemos ter em mente que originariamente Apocalipse não era

um livro de “mistérios”. 4

O autor é João, Ap 1.9, que estava preso na

ilha de Patmos.

Na verdade, atribuímos a autoria

ao Apóstolo João devido as afirmações de Justino Mártir em

150 d.C. e de Irineu em 200 d.C.. 5

Eles chegaram a esta conclusão por causa do estilo do livro, que aponta

que o escritor era um cristão de origem hebraica, e pelo profundo

conhecimento que este autor demonstra ter do Antigo Testamento.

6

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2

João escreveu o Apocalipse por volta

do ano 90 d.C. e o endereçou às 7 Igrejas

da Ásia, que são as igrejas do grande

avivamento relatado em Atos 19.1-22, mas que estavam sendo

perseguidas pelo Imperador Domiciano.7

Domiciano exigia ser adorado e desejava implantar uma base de

unidade espiritual no Império Romano, mas os cristãos se recusavam a adorá-lo, declarando que só Jesus é Senhor, sendo o único digno de toda

adoração e de todo o louvor.

8

Além disso, Domiciano afirmava ter o destino do mundo em suas mão e os

cristão rebatiam declarando e proclamando que Deus é quem tem o destino da história em suas poderosas

mãos.

9

Essa recusa e essas declarações, bem como a pregação cristã, deflagraram a

perseguição que foi mais acirrada contra as igrejas da Ásia Menor, as

mais avivadas, em especial às igrejas de 2ª e 3ª geração, nas quais não se tinha mais testemunhas oculares do Ministério terreno do Senhor Jesus.

10

Nessas igrejas, o fervor quanto ao retorno de Cristo já não ardia com

tanta intensidade nos corações, a fé em Deus como sendo poderosa para

livrar do jugo cruel de Roma era questionada e, por isso, era grande a

pressão de falsos mestres na tentativa de corromper a fé e a integridade

moral dos cristão, e de promover o sincretismo, associando a fé cristã

com a servidão à Roma. 11

Diante desses fatos, João escreve ao povo de Deus para fortalecê-los nas tribulações que enfrentavam e que

ainda enfrentariam, apesar de todo o sofrimento, a fim de que mantivessem

vívida na mente e nos corações a esperança de que o Senhor Jesus

voltaria em breve para destruir Roma e todos os inimigos da Igreja,

libertando o seu povo e garantindo a herança celestial eterna.

12

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3

Como João estava preso, ele não podia usar uma linguagem clara para exortar a seus leitores e, por isso, ele

optou pela literatura apocalíptica, com uma linguagem extremamente

escatológica, que só seria compreendida pelos leitores cristãos, conhecedores deste tipo de literatura.

13

Temos livros apocalípticos no Antigo Testamento e na literatura religiosa judaica que prevaleceu no período interbíblico, e que eram conhecidos

dos cristãos do 1º século, o que facilitou a divulgação do livro de

Apocalipse escrito por João.

14

A literatura apocalíptica na Bíblia é encontrada em Daniel 1 a 12, Isaías 24 a 27; 33; 34 e 35, Ezequiel 2.8- a 3.39, Zacarias 12 a 14, Joel 2, no discurso

escatológico de Jesus em Marcos 13, Mateus 24 e Lucas 21, nas cartas de

Paulo, 1 Tessalonisences 4.13 a 5.11 e 2 Tessalonisences 2, e no próprio livro

de Apocalipse.15

Além dos livros canônicos, os cristãos conheciam o Livro de Henoque, que é

aceito até hoje pelas igrejas da etiópia, e o Apocalipse de Esdras, que aparece como apéndice na Vulgata e

na Bíblia usada pela Igreja da Armênnia.

16

Fora da Bíblia os livros apocalípticos, que são chamados de Livros Apócrifos, são o Apocalipse de Pedro, o Segundo Livro de Enoque, o Livro dos Jubileus,

atribuído a Moisés, a Assunção de Moisés, o Livro de Baruque e o Testamento dos 12 Patriarcas, atribuído aos 12 filhos de Jacó.

17

O Apocalipse não é apenas um livro, mas sim todo um gênero literário que surgiu e floresceu no Oriente Médio, nos séculos I e II AEC (Antes da Era

Cristã), e aparece nas literaturas judaica, cristã, gnóstica, grega, persa e

latina.

18

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4

A essência de um apocalipse não é o fim do mundo, como geralmente se pensa, mas uma revelação do futuro

glorioso que aguarda os escolhidos de Deus que sofrem perseguição no

tempo real e no espaço físico, natural, da história.

19

É por isso que uma característica marcante do gênero apocalíptico é sua relação problemática e contraditória

com a História.

Porém, cada apocalipse foi escrito em resposta a uma situação histórica

concreta, normalmente a submissão a algum conquistador mais forte.

20

Entretanto, os apocalipses não se preocupam com a história passada,

mas sim com a que virá, com a enumeração dos fatos históricos que ainda acontecerão antes do fim dos

tempos e da vitória final dos escolhidos.

Porém, de um modo ou de outro, a história, pregressa ou futura, está sempre presente nos apocalipses.21

Todos os apocalipses surgiram em situações históricas específicas, tempos de grande opressão e

perseguição, quando os fiéis já não tinham mais esperanças de libertação.

Os autores dos apocalipses, e isso inclui João, acreditavam viver no pior

dos mundos e escreveram para leitores que compartilhavam dessa

opinião. 22

A literatura apocalíptica é uma literatura em crise, de crise e para um tempo de crise aguda, numa tentativa

de organizar e entender um mundo avassalador que já não faz mais

sentido, mas também é uma literatura de crítica social, escrita por uma

minoria descontente, impotente e desprivilegiada, mas fiel às suas

convicções espirituais ou religiosas.23

Na atualidade, para entendermos o Apocalipse, devemos estudar a

Escatologia, que é a Ciência do Fim da História, porém, sem perdermos de

vista o fato de que a literatura apocalíptica/escatológica não é uma

literatura pura e simplesmente profética.

24

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5

Por ser recheado de figuras e de simbolismo, os apocalipses e a

literatura escatológica em si, são de difícil interpretação.

São muitos símbolos estranhos e alguns até bizarros, com um gênero

peculiar e bem distinto, devendo, por isso, se ter extremo cuidado em seu

estudo e em sua interpretação. 25

Também não podemos esquecer ou negligenciar o contexto histórico de

cada livro escatológico, inclusive o do Apocalipse de João, que escreveu aos cristãos que vivenciavam momento histórico delicado, de perseguição e

de esfriamento espiritual.

26

Assim sendo, ao estudarmos o livro de Apocalipse, devemos ter em mente

que toda a sua simbologia está relacionada à esperança escatológica, mas também ao contexto histórico de governo perverso, de desânimo e da

cultura relativista e sincrética da época.

27

É por isso que devemos estudar o livro de Apocalipse a partir do Método Histórico, que encara o livro como uma profecia simbólica de toda a

história da igreja até a volta de Cristo e o fim dos tempos, em que os símbolos apenas identificam os

diversos acontecimento e tendências da história do mundo ocidental e da

Igreja. 28

Mas também podemos estudá-lo pelo Método Idealista, que evita o

problema de ter que encontrar cumprimento histórico para os seus símbolos e vê somente um quadro

simbólico do conflito cósmico espiritual entre o reino de Deus e os

poderes satânicos.29

Com base em Apocalipse 12, este método afirma que a Besta é o mau

em qualquer forma que ele tome para oprimir a Igreja de Jesus Cristo.

30

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Alguns preferem, entre estes a grande maioria pentecostal, o Método

Futurista, que interpreta o Apocalipse como uma profecia de

acontecimentos futuros, colocada em termos simbólicos, e que apontam e

levam ao fim do mundo.

31

O Método Futurista se divide em duas vertentes, a Moderada, que entende que o povo que sofre a perseguição é

a Igreja de Jesus Cristo, a Israel de Deus, e que lê as 7 cartas às igrejas apenas como escritas para igrejas

históricas e não como uma predição de períodos da história da Igreja.

32

Já a vertente Dispensacionalista, defendida pelos pentecostais

históricos, entende as 7 cartas às Igrejas da Ásia como 7 épocas

sucessivas da História da Igreja.

33

As dispensações, expressas em símbolos, caracterizam os 7 principais períodos de declínio e de apostasia da

igreja, bem como o arrebatamento simboliza o arrebatamento da Igreja

no fim dos tempos.

34

Para os dispensacionalistas os capítulos 6 a 18 de Apocalipse

retratam a grande tribulação, que acontecerá na última dispensação, quando o Anticristo praticamente destruirá o povo de Deus, que é a nação de Israel, em sua volta para Jerusalém, protegidos por um selo divino, Ap 7.1-8, para reconstruir o

templo, Ap 11.1-3, posto que a igreja, arrebatada, não mais estará na Terra.35

Há ainda os que preferem o Método Literal de interpretação do Apocalipse,

defendendo a tese de que a interpretação verdadeira e correta da Bíblia é a que se baseia na literalidade

do texto escrito.

36

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7

O problema deste método é que não poderíamos entender as profecias do Antigo Testamento e as escatológicas,

sobre o governo de Cristo como cumpridas na história ou suscetíveis de cumprimento, posto que reino de

Deus e de seu Cristo não é deste mundo e nem geopolítico, mas

espiritual.37

Há ainda aqueles que optam pelo Método Alegórico, que interpreta o Apocalipse de maneira “figurada,

espiritual e mais profunda”, mas que na verdade é espiritualizada e

despreza totalmente o significado histórico do texto, prevalecendo as

ideias mirabolantes do intérprete que muitas vezes perverte a mensagem

bíblica para sustentar o seu obscuro e manipulador teologismo escatológico.38

Por fim, alguns, como eu, preferem o Método Histórico-Gramatical, que dá

a cada palavra o mesmo sentido básico e exato que teriam no uso costumeiro, normal e cotidiano empregado na transmissão oral,

escrita, gramatical e conceitual do Texto Sagrado.

39

Neste método, o sentido das palavras devem ser apurados mediante

considerações históricas e gramaticais do tempo da escrita e do cotidiano

dos leitores originais em sua realidade sociocultural, sem desprezar, porém, a

simbologia, a tipologia e a alegoria utilizadas pelos leitores originais na interpretação e na compreensão do

Texto Sagrado. 40

Na verdade, as grandes diferenças de interpretação e os grandes debates sobre o milênio (pré-milenarismo, pós-milenarismo e amilenarismo),

sobre o arrebatamento) da Igreja (pré-tribulacionista, midi-tribulacionista e

pós-tribulacionista), sobre a besta, sobre o Anticristo, sobre Israel e a

igreja resultam do método de interpretação utilizado para o estudo

do Apocalipse. 41

Algumas questões relevantes

devemos se considerar sobre a

escatologia e o estudo do livro de

Apocalipse.

São elas:42

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8

a) A Escatologia é um preceito bíblico e deve ser levada a sério como

Doutrina, mas não é um fim em si mesma e nem é superior a

necessidade de comunhão com Deus, de fidelidade a Deus e a Jesus, e de

santidade, e nem supera a ordenança da pregação do evangelho, seja pela

autoridade testemunhal ou pela proclamação. 43

b) Ao estudarmos o Apocalipse devemos ter em mente uma estrutura antitética, ou seja, um fato histórico,

uma figura, um símbolo ou uma profecia está sempre em oposição ao seu equivalente no mundo real, físico

e natural.

44

Vemos esta estrutura em 1Co 13.12, Mc 10.30, Lc 18.30, Mt 12.32 e Hb 6.4-5, e esta dinâmica antitética é o que deve orientar a nossa interpretação

sobre o que “JÁ” e o que “AINDA NÃO” se cumpriu na profecia escatológica ou

apocalíptica.

45

c) Em Apocalipse o contraste entre a era presente e a vindoura é

parcialmente rompido, visto que sua interpretação depende da convicção de que o Rei Messias se fez carne e

veio ao mundo para salvar os que nele creem, e para resgatar aqueles que “já” estão santificados e preparados

para o arrebatamento e o juízo final, e que se motivam pela parousia, a segunda vinda do Rei Messias.

46

d) Ao lermos e estudarmos o Apocalipse, devemos ter em mente que a questão dos últimos dias no

Novo Testamento deve ser compreendida como a expansão e o

cumprimento da Profecia e da História do Antigo Testamento, da mesma forma como os escritores bíblicos judeus do NT a compreendiam.

47

e) Sobre os “últimos dias” em Apocalipse, para melhor

compreendermos o seu significado, devemos ter em mente o sermão de

Pedro em Atos 2, em especial os vs. 17 e 18, quando ele cita Joel 2.28-29,

porém, sem afirmar que aquele dia era “O” dia do Senhor, mas apenas

indicando que algum dos aspectos dos “últimos dias” mencionados em Joel

haviam se cumprido e estavam acontecendo. 48

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Esta compreensão é importante porque nos ajuda a perceber que os “últimos dias” do Antigo Testamento não está se referindo somente ao fim absoluto ou à plena consumação da

Terra, mas também aos muitos acontecimentos antecedentes à

segunda vinda de Jesus e aos eventos e cataclismos conducentes a este

momento, bem como ao fim derradeiro do mundo. 49

f) Ao estudarmos o Apocalipse devemos ter em mente que “o dia do Senhor” não é um dia específico na

história, um evento pontual, mas sim, como no caso dos “últimos dias”, é uma expressão que vem do Antigo

para o Novo Testamento com o sentido de um tempo de intervenção de Deus na história, para acerto de

contas. 50

Neste sentido, de intervenção de Deus na história para acerto de contas, reside a dimensão escatológica do “dia do Senhor, que abrange três

aspectos distintos:

51

1. A diferenciação entre o justo e o injusto, Amós 5.18-24.

52

2. A salvação/regeneração de todos os que renunciaram tudo por Jesus e que perseveraram até o fim, Mateus 19.28.

53

3. O julgamento ou juízo final vai acontecer de fato,

Salmo 9.17 e Joel 3.8-9.

54

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10

Além desses aspectos, uma coisa é certa:

a) Haverá uma volta súbita, pessoal, corpórea e visível de Jesus Cristo,

Mateus 24.44, João 145.3, Atos 1.11, 1 Tessalonicenses 4.16, Hebreus 9.28, Tiago 5.8, 2 Pedro 3.10, 1 João 3.2 e

Apocalipese22.20.55

b) Devemos não apenas desejar esta volta, 1 Coríntios 16.22, Filipenses

3.20, Tito 2.12-13 e Apocalipse 22.20, mas devemos estar preparados para a

parousia, a segunda vinda de Jesus, no fim dos tempos, Mateus 24.44 e 50, Mateus 25.13, Marcos 13.32-33, 1 Tessalonicenses 5.2, Tiago 5.7-9,

Hebreus 10.25, 1 Pedro 4.7, Apocalipse 1.3, 22.7, 12 e 20. 56

c) A nossa compreensão sobre a escatologia e sobre o livro de

Apocalipse só fará sentido quando nos libertarmos do desejo de decifrar o simbolismo enigmático do tema e quando entendermos que a nossa salvação é, de fato, escatológica, Mateus 20.22-23, Mt 24.10-13 e

Hebreus 10.35-37.57

Porém, a escatologia da salvação só faz sentido e só reflete a Revelação

bíblica quando é vinculada e centrada no senhorio de Cristo sobre a Igreja, Corpo de Cristo, sobre a Igreja Local,

nossa Eclesiologia e Identidade Doutrinária e, de forma integral e incondicional, visto sermos Igreja,

sobre as nossas vidas.58

d) Devemos também tomar cuidado com algumas interpretações da Doutrina das Últimas Coisas, a

Escatologia, que exercem influência sobre várias denominações

evangélicas, inclusive a nossa, Batista, tais como:

59

i. As Duas Cidades,de Santo Agostinho.

60

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Doutrina expressa no livro A Cidade de Deus, tem como tema central o

colapso do Império Romano e a queda de Roma, como resultado da

complexidade da relação entre a “cidade de Deus”, destino dos fiéis, e a “cidade dos homens”, onde vivemos,

apresentando a igreja como uma espécie de exílio neste período

intermediário entre a encarnação de Jesus e a sua volta final em glória.61

ii. A Divina Comédia,de Dante Alighieri.

62

Este livro acabou por definir o conceito cristão católico de inferno e

de danação eterna, bem diferente, em vários aspectos, daquilo que é

ensinado por Jesus na Bíblia Sagrada, e, devido a influência do catolicismo no Brasil, influencia também a ideia

de inferno de muitos cristãos evangélicos.

63

iii. A Esperança em

Face da Morte,Doutrina

desenvolvida pelo Pastor Anglicano

Jeremy Taylor, quando da morte

de sua esposa64

Esta doutrina tem como tônica a ideia de que “morrer bem é uma grande arte”, razão pela qual o cristão não deve ter medo da morte, mas sim

alimentar a sua esperança cristã pela contemplação daquilo que ele

encontrará depois e além da morte.

65

O problema desta doutrina é que, por ter sido mau interpretada, gerou um muitos uma acomodação espiritual contemplativa que se

expressa através de um exagerado triunfalismo

expresso na maioria dos hinos fúnebres do

cancioneiro evangélico.66

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É por causa desse triunfalismo e dessa acomodação nefasta que costumo

dizer, citando o “profeta” Raul Seixas, que tem muita gente sentada nos

bancos das igrejas “com a boca arreganhada cheia de dentes

esperando a morte chegar”, enquanto o céu não vem.

67

iv. A Demitologização

da Escatologia e do Apocalipse de

João, proposta por Rudolf Bultmann.

68

Bultmann alegava que as crenças sobre o fim da história como previstas na Escatologia e em Apocalipse eram

apenas mitos e que deveriam ser interpretadas existencialmente, visto que tais mitos dizem respeito ao aqui e o agora da existência humana, das decisões que tomamos e da nossa

própria morte. 69

Para Bultimann não haverá um “juízo final”, posto que não haverá

julgamento futuro ou depois do fim do mundo.

Para ele, o que realmente existe e acontece é o julgamento que fazemos de nós mesmos a cada dia, e que este julgamento influencia o nosso destino no futuro, se o fim do mundo não for

apenas um mito. 70

v. A Teologia da

Esperança,

proposta por

Jürgen Moltmann, no livro publicado

em 1964, na Alemanha.

71

Para Moltmann, Deus é parte do processo do tempo, em direção ao

futuro, não sendo, portanto, absoluto, mas apenas estando a caminho do futuro, onde se cumprirão as suas

promessas.

O futuro é a natureza essencial de Deus.

72

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Segundo Moltmann, a ressurreição de Jesus Cristo como evento histórico não

tem nenhuma importância.

A importância da ressurreição de Cristo é escatológica e deve ser vista

pela perspectiva do futuro, porque dá aos cristãos a “esperança” de uma

ressurreição geral no futuro.73

Em lugar de olhar a partir da tumba vazia em direção ao futuro, ele sugere olharmos

sempre para o futuro, porque é o futuro que

legitimará a ressurreição de

Cristo.74

A solução para o homem e seu pecado é associar-se a Deus, que “se

apresenta sempre que a humanidade se despreza ou se brutaliza”, através do que Moltmann, que era Luterano,

chama de teologia da cruz.

75

Para ele, o homem participa na teologia da cruz aceitando que os desafios da vida são momentos

futuros que se rompem no presente, razão pela qual devemos participar

ativamente na sociedade, para transformá-la, eliminando as

diferenças de “raças, classes, status e igrejas nacionais.”

76

77

A igreja é o instrumento de Deus para a mudança, para reconciliar aos ricos

com os pobres, as raças e as estruturas sociais, provocando uma grande revolução, que pode ser um

dos meios para que a igreja introduza mudanças radicais no mundo e na

sociedade.78

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14

Porém, ele faz uma perigosa e errônea dissociação da História com a

Escatologia, negando o verdadeiro significado da história e seus eventos,

negando também, por isso, a imutabilidade de Deus, Malaquias 3.6,

visto que, para ele, Deus “se move para o futuro”, mas sem intervir na

história vivenciada e escriturada pelo ser humano. 79

Assim pensando, Jürgen Moltmannnega a compreensão normal da

História e rejeita o significado da historicidade da ressurreição de

Cristo, encarando tudo como uma mera previsão do futuro.

80

Não é difícil perceber a influência do Marxismo e do “Marxismo Cristão” de

Ernst Bloch nesta proposta de Igreja transformando a sociedade e o

mundo.

81

Sem dúvida alguma, as Teologias da Libertação, da Prosperidade, da

Confissão Positiva e o Teísmo Aberto têm as suas raízes na Teologia da

Esperança e na proposta de revolução e mudança social de Moltmann.

82

Para encerrar esta panorâmica sobre o estudo de Apocalipse, deixo com os

amados alguns sábios conselhos:

83

“Esteja atento, e tenha um espírito avivado [...] Seja sempre mais zeloso

do és agora. Analise as épocas cuidadosamente. Olhe para Aquele

que está acima de todo o tempo, que é eterno e invisível, e que, no entanto,

se tornou visível para o nosso bem”.Inácio de Antioquia

84

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Santo Inácio, um dos Pais da Igreja Primitiva,

o terceiro bispo de Antioquia, e chamado de “Inácio, o Teóforo”, o que traz Deus com ele, e que já idoso foi levado acorrentado a

Roma, onde foi martirizado no Coliseu,

lançado às feras. 85

“Que a graça venha, e este mundo passe. Hosana ao Deus (Filho) de Davi!

Se alguém é santo, que venha, se alguém não é santo, que se

arrependa. Maranata. Amém.

O Didaquê – 10.6

86

O Didaquê é o livro de instrução

doutrinária, com base nos

ensinanentos dos Apóstolos, que

circulou nas igrejas cristãs entre 120 e

150 d.C.87

“Por que, então, não rejeitar todo o cuidado terreno e nos preparar para

encontrar o Senhor Jesus Cristo?”

Efraim da Síria

88

Efraim foi um poeta cristão sírio que

viveu entre 306 e 373 d.C., e seus

manuscritos foram encontrados, ainda

sem tradução, somente no século

20.89

A minha oração é para que a partir do dia 13/01, terceiro domingo de janeiro, tenhamos proveitosas,

abençoadas e abençoadoras aulas sobre o livro de Apocalipse em nossa

EBD.

90

Page 16: 342mica) - Primeira Igreja Batista em Penápolis11/01/2013 2 João escreveu o Apocalipse por volta do ano 90 d.C. e o endereçou às 7 Igrejas da Ásia, que são as igrejas do grande

11/01/2013

16

Amém.91

Fontes:

LADD, George. Apocalipse – Introdução e

Comentário. Mundo Cristão e Vida Nova

STURZ, Richard J. Teologia Sistemática. Vida Nova

PENTECOST, J. Dwigth. Manual de

Escatologia. Vida92

PANNENBERG, Wolfhart. Teologia

Sistemática. Vol. 3. Academia Cristã e Paulus

CULVER, Robert D. Teologia Sistemática,

Bíblica e Histórica. Shedd

GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática.

Vida.93

McGRATH, Alister E. Teologia Sistemática,

Histórica e Filosófica. Shedd

GEISLER, Norman. Teologia Sistemática.

Vol. 2. CPAD

Comentário Bíblico Bradman. Vol. 12 –Hebreus a Apocalipse, JUERP

94

A Bíblia de Estudo do Discípulo/IBB

http://interney.net/blogs/lll/2008/05/06/o_que_e_a_literatura_apocaliptica/

http://doutrinacalvinista.blogspot.com.br/2012/01/teologia-da-esperanca-jurgen-moltmann.html

95