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Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 4, n. 4, p. 47-63, out./dez. 2004. ISSN 1415-8876 © 2004, Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído. Todos os direitos reservados 47 Viabilidade técnica da utilização de concretos com agregados reciclados de resíduos de construção e demolição Technical feasibility of the use of concrete with recycled construction and demolition residues as aggregates Geilma Lima Vieira Denise Carpena Coutinho Dal Molin Resumo m que pese o aprimoramento das técnicas construtivas e as inovações tecnológicas, a construção civil ainda enfrenta muitos problemas. Um dos principais questionamentos atuais é o que será da construção civil quando os recursos naturais se tornarem escassos. De fato, a sua exploração indiscriminada tem causado graves problemas ambientais, além da geração de montantes de entulhos nas regiões urbanas. Uma alternativa para reduzir o acúmulo desses resíduos é a sua reciclagem. O presente artigo apresenta resultados de uma pesquisa cujo objetivo principal foi avaliar a viabilidade de utilização, técnica e econômica, dos resíduos de construção e demolição, mediante sua aplicação na produção de agregados reciclados em concretos. Foi realizada uma comparação entre concretos produzidos com agregados convencionais e reciclados. Os resultados indicam que agregados reciclados podem melhorar algumas propriedades do concreto, como resistência à compressão e durabilidade, medida através da estimativa da sua vida útil. A viabilidade econômica foi também considerada, embora de forma superficial, por meio da comparação de preços entre agregados naturais e reciclados. Palavras-chave: agregados reciclados, concreto, viabilidade Abstract Despite the improvement of construction techniques and technological innovation, construction still faces many problems. One current major issue is what will become of construction as the natural resources are getting scarce. In fact, the indiscriminate exploitation of such resources has caused serious environmental problems, as well as the generation of much construction waste in urban areas. One of the alternatives to reduce the accumulation of such waste is recycling. This paper presents results of a research study that aimed to assess the technical feasibility of using construction and demolition waste for producing concrete recycled aggregates. A comparative study of concrete using natural and recycled aggregates was made. The results indicate that recycled aggregates can improve some concrete properties, such as compressive strength and durability, measured by the concrete service life prediction. The economical feasibility was also considered, although superficially, through the price comparison between natural and recycled aggregates. Keywords: recycled agregates, concretes, viability E Geilma Lima Vieira Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Núcleo Orientado para a Inovação da Edificação Av. Osvaldo Aranha, 99 – 3º Andar CEP: 90035-190 Porto Alegre, RS – Brasil E-mail: [email protected] Denise Carpena Coutinho Dal Molin Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Núcleo Orientado para a Inovação da Edificação E-mail: [email protected] Recebido em 31/03/04 Aceito em 22/11/04

3575-12219-1-PB

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  • Ambiente Construdo, Porto Alegre, v. 4, n. 4, p. 47-63, out./dez. 2004. ISSN 1415-8876 2004, Associao Nacional de Tecnologia do Ambiente Construdo. Todos os direitos reservados

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    Viabilidade tcnica da utilizao de concretos com agregados reciclados de resduos de construo e demolio Technical feasibility of the use of concrete with recycled construction and demolition residues as aggregates

    Geilma Lima Vieira Denise Carpena Coutinho Dal Molin

    Resumo m que pese o aprimoramento das tcnicas construtivas e as inovaes tecnolgicas, a construo civil ainda enfrenta muitos problemas. Um dos principais questionamentos atuais o que ser da construo civil quando os recursos naturais se tornarem escassos. De fato, a sua

    explorao indiscriminada tem causado graves problemas ambientais, alm da gerao de montantes de entulhos nas regies urbanas. Uma alternativa para reduzir o acmulo desses resduos a sua reciclagem. O presente artigo apresenta resultados de uma pesquisa cujo objetivo principal foi avaliar a viabilidade de utilizao, tcnica e econmica, dos resduos de construo e demolio, mediante sua aplicao na produo de agregados reciclados em concretos. Foi realizada uma comparao entre concretos produzidos com agregados convencionais e reciclados. Os resultados indicam que agregados reciclados podem melhorar algumas propriedades do concreto, como resistncia compresso e durabilidade, medida atravs da estimativa da sua vida til. A viabilidade econmica foi tambm considerada, embora de forma superficial, por meio da comparao de preos entre agregados naturais e reciclados. Palavras-chave: agregados reciclados, concreto, viabilidade

    Abstract Despite the improvement of construction techniques and technological innovation, construction still faces many problems. One current major issue is what will become of construction as the natural resources are getting scarce. In fact, the indiscriminate exploitation of such resources has caused serious environmental problems, as well as the generation of much construction waste in urban areas. One of the alternatives to reduce the accumulation of such waste is recycling. This paper presents results of a research study that aimed to assess the technical feasibility of using construction and demolition waste for producing concrete recycled aggregates. A comparative study of concrete using natural and recycled aggregates was made. The results indicate that recycled aggregates can improve some concrete properties, such as compressive strength and durability, measured by the concrete service life prediction. The economical feasibility was also considered, although superficially, through the price comparison between natural and recycled aggregates. Keywords: recycled agregates, concretes, viability

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    Geilma Lima Vieira Programa de Ps-Graduao em

    Engenharia Civil, Escola de Engenharia da Universidade

    Federal do Rio Grande do Sul Ncleo Orientado para a Inovao da

    Edificao Av. Osvaldo Aranha, 99 3 Andar

    CEP: 90035-190 Porto Alegre, RS Brasil

    E-mail: [email protected]

    Denise Carpena Coutinho Dal Molin

    Programa de Ps-Graduao em Engenharia Civil,

    Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

    Ncleo Orientado para a Inovao da Edificao

    E-mail: [email protected]

    Recebido em 31/03/04

    Aceito em 22/11/04

  • Vieria, l. G; Dal Molin, D. C.C.

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    IntroduoTradicionalmente, a viso de progresso confundia-se com um crescente domnio e transformao da natureza. Nessa tica, os recursos naturais so vistos como ilimitados. A preservao da natureza foi tida, durante muito tempo, como um entrave para o progresso e o desenvolvimento.

    Os vrios impactos causados pela ineficcia do controle ambiental, como a destruio da camada de oznio, o efeito estufa e outras catstrofes decorrentes de aes humanas, indicam que a preservao do meio ambiente exige uma reformulao mais ampla dos processos produtivos e de consumo, desde a explorao da matria-prima, passando pelos processos industriais, o transporte e o destino dos resduos gerados, e tambm o do produto aps sua utilizao (JOHN, 2001; POON, 1997).

    Existe, portanto, a necessidade de se buscarem alternativas para reduzir o acmulo desses resduos. Pode-se comear pela melhoria da qualidade dos processos da construo civil, resultando numa diminuio de perdas de materiais. Tambm se deve aumentar o grau de conscientizao ambiental no sentido de minimizar os impactos causados pela urbanizao indiscriminada e mal planejada das cidades e cobrar dos responsveis uma legislao que atenda a todos e que, sobremaneira, faa valer os direitos e deveres de cada pessoa envolvida nesse processo.

    Outra alternativa fazer uso da reciclagem desses resduos. A reciclagem, potencialmente, pode resultar na reduo de custos e do volume de extrao da matria-prima, preservando os recursos naturais limitados, e tambm na minimizao dos problemas com gerenciamento dos resduos slidos urbanos nos municpios (LEITE, 2001).

    A reciclagem dos resduos de construo e demolio (RCD) no uma atividade recente. Na Alemanha, em torno de 1860, foram produzidos artefatos de concreto de cimento Portland com agregados reciclados. Contudo, a utilizao mais necessria e relevante deu-se aps o fim da Segunda Guerra Mundial, quando milhares de resduos ficaram espalhados pelas cidades da Alemanha. Diante da necessidade de reconstruir as cidades, que tiveram seus edifcios demolidos, e a carncia de materiais de construo, a sada foi o desenvolvimento da tecnologia de reciclagem dos resduos de construo e demolio (LEITE, 2001; LEVY 2002). Desde ento, pases europeus tm pesquisado o assunto de maneira mais aprofundada, com o objetivo de estabelecer procedimentos para a obteno de agregados

    reciclados com bom padro de qualidade (VAZQUEZ, 2001; LEVY 2002).

    No Brasil, a discusso sobre resduos ainda permeia no ambiente tcnico-cientfico. A reciclagem de resduos como material de construo ocorre ainda de uma forma incipiente, exceto pela intensa reciclagem das indstrias do cimento e do ao (NGULO; ZORDAN; JOHN, 2001). O aprofundamento das discusses a respeito do que fazer com o grande volume de entulho gerado pelo setor da construo, depositado inadequadamente nos locais no propcios para esse fim, vem, aos poucos, ocupando espao nas discusses polticas, dadas a importncia do tema e a conscientizao ambiental por parte da sociedade.

    Dessa forma, este trabalho tem o objetivo de discutir a viabilidade tcnica de utilizao de resduos de construo e demolio na produo de agregados para concreto. Para tanto, foi realizado um estudo comparativo entre concretos convencionais e concretos obtidos com agregados reciclados, focado na durabilidade deles quando submetidos a um ataque de agentes agressivos. Foi realizada, em ambiente de laboratrio, uma simulao de ataque de ons cloreto nesses concretos. Os ons cloreto so considerados uns dos piores agentes de deteriorao de uma estrutura de concreto, pois eles penetram na estrutura porosa do concreto e atingem a armadura, podendo provocar corroso e, conseqentemente, levar a estrutura ao colapso.

    Definio, classificao, gerao e composio dos resduos de construo e demolio

    Definio e classificao Qualquer material proveniente de atividades de demolio de obras civis, assim como restos de obras, autoconstruo ou reformas, pode ser considerado como resduo de construo e demolio.

    De acordo com NBR 10004 (ABNT, 1987), os resduos de construo e demolio podem ser classificados na classe III, como resduos inertes, ou seja, que no reagem quimicamente mesmo contendo elementos minerais.

  • Viabilidade tcnica da utilizao de concretos com agregados reciclados de resduos de construo e demolio

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    Essa classificao est sendo muito contestada no meio tcnico. Oliveira, Mattos e Assis (2001) sugerem que seja feita uma reviso da norma NBR 10004, passando os resduos de construo e demolio da classe III inertes para a classe II no inertes. Segundo os autores, o estudo constatou, atravs de anlise qumica, que o resduo proveniente de concreto no apresentou propriedades inertes.

    O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) aprovou, em 2002, a Resoluo 307 (BRASIL, 2002), que faz orientaes a respeito da destinao que dada ao resduo de construo civil. Essa resoluo estabelece diretrizes e critrios para a gesto dos resduos provenientes de obras civis. O artigo 3 desta resoluo apresenta uma classificao dos resduos de construo e demolio quanto sua origem. O foco do presente trabalho est nos resduos Classe A, que so passveis de ser reciclados ou reutilizados como agregados.

    Gerao de resduos Diversos estudos tm indicado elevados percentuais de perdas de materiais de construo e, em conseqncia, uma grande quantidade de resduos gerados (FORMOSO et al., 1998; ISATTO et al., 2000; ANDRADE et al., 2001). Tais perdas, segundo Formoso et al. (1998), podem atingir valores da ordem de 8% em termos de custo.

    Os resduos de construo so gerados em diferentes fases do empreendimento: fase de construo, fase de manuteno ou reformas e fase de demolio. A gerao de resduo durante a fase de construo decorrncia das perdas nos processos construtivos. Parte dessa perda permanece incorporada nas construes, sob a forma de componentes que acabam ficando superdimensionados (FORMOSO et al., 1998).

    A gerao de resduos na fase de manuteno est associada a vrios fatores, entre eles reparos na estrutura em funo da necessidade de correo de patologias, reformas nos edifcios, que normalmente causam demolies, ou o final de vida til dos componentes que precisam ser substitudos. Nesta fase, a reduo da gerao de resduos depende principalmente da melhoria da qualidade da construo, de tal forma que a manuteno seja reduzida (JOHN; AGOPYAN, 2000).

    Na etapa de demolio, a reduo dos resduos depende do prolongamento da vida til de seus componentes, que, por sua vez, dependem das tecnologias e materiais utilizados, da existncia de incentivos para que os proprietrios realizem modernizaes e no demolies, e da existncia de procedimentos eficazes para a reutilizao de componentes (JOHN, 2000).

    Supe-se que so gerados de 2 a 3 bilhes de toneladas de entulho por ano em todo o mundo. Em pases europeus, tais como Alemanha e pases da Europa Oriental, aproximadamente dois teros dos resduos de construo gerados so provenientes de obras de manuteno e demolio, sendo o restante resultante de atividades de construo (OZKAN, 2001; VAZQUEZ, 2001; LEITE, 2001; POON, 1997; JOHN, 2000).

    No Brasil no h nmeros precisos que apontem uma estimativa nacional da gerao de resduos. Algumas estimativas pontuais levam a uma gerao anual entre 220 a 670 quilos por habitante. Para um edifcio, cuja massa de materiais equivale a 1.000 kg/m , o entulho gerado corresponde a aproximadamente 5% da massa total do edifcio (ANDRADE et al., 2001; JOHN, 2000; PINTO, 1999). Na Tabela 1 possvel visualizar a gerao dos resduos de construo em diferentes cidades do pas.

    Observa-se na Tabela 1 que o percentual de resduos de construo e demolio gerados, em alguns casos, chega a envolver mais da metade de todo o resduo slido urbano. Em Belo Horizonte, 51% dos resduos coletados na cidade so de construo e demolio.

    Pinto e Agopyan (1994), citados por Cavalcanti (2002), propem algumas diretrizes para a reciclagem dos resduos de construo civil em zonas urbanas:

    (a) mais de 90% dos resduos da construo civil podem ser reutilizados na prpria indstria da Construo Civil, na produo de novos componentes de construo;

    (b) de fundamental importncia conhecer a composio qumica e as qualidades fsicas do resduo, para que seja definido o uso para o qual ser destinado; e

    (c) os principais adversrios reciclagem de resduos da construo so decorrentes da falta de polticas sistemticas e da dificuldade de mudar os hbitos das pessoas envolvidas na construo civil.

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    Cidade Populao

    (milhes de hab.) Gerao de entulho

    (ton/dia)

    % de entulho em relao ao resduo

    slido urbano So Paulo(1) 15,0 5.000 - Salvador(1) 2,20 1.700 37 Belo Horizonte(1) 2,01 1.200 51 Porto Alegre(1) 1,20 350 - Campinas(2) 0,85 1.258 - Macei(3) 0,70 1.100 45 Florianpolis(2) 0,28 636 - Santo Andr/SP(1) 0,63 1.013 58 So J. dos Campos(1) 0,50 733 65 Ribeiro Preto(1) 0,46 1.043 67

    Fontes: (1) a partir de Leite (2001); (2) Andrade et al. (2001); (3) Superintendncia de Limpeza Urbana de Macei SLUM (1997)

    Tabela 1 Gerao de resduos em algumas cidades brasileiras

    Composio dos RCD Uma grande variedade de componentes contribui para a formao dos resduos. A proporo desses materiais em diferentes amostras de grande variabilidade e heterogeneidade. Esse um dos motivos pelos quais a utilizao de agregados reciclados ainda to tmida; a natureza varivel deste material dificulta o seu aproveitamento pela indstria.

    Segundo Leite (2001), a composio do resduo de construo e demolio tem influncia direta na anlise do comportamento do agregado no concreto. A autora analisou a composio do resduo proveniente da cidade de Porto Alegre, RS, apresentada na Figura 1.

    Na Figura 1 observa-se que foram encontrados diversos materiais, entre eles materiais cermicos, concretos e argamassa. Tambm foram encontrados elementos como gesso, vidros, materiais betuminosos, matria orgnica, metais, plsticos, papis, entre outros, mas so considerados como impurezas na reciclagem dos resduos de construo e demolio. A presena do gesso na composio do resduo provoca reaes de expanso e pode fissurar o concreto, no podendo este material ser utilizado na reciclagem para a produo de agregados. Materiais metlicos tambm podem causar danos ao concreto se inseridos na mistura, pois a presena de elementos como zinco e alumnio podem favorecer o desprendimento do hidrognio no concreto fresco ou podem provocar reaes de expanso, causando fissuras no concreto (HANSEN, 1992; LEITE, 2001; JOHN; AGOPYAN, 2000).

    Analisando a composio do resduo de construo e demolio proveniente das cidades, percebe-se que, apesar de serem resduos vindos das mais diversas regies, a sua composio em geral tem elevados percentuais de concreto, material cermico e argamassa, independentemente da regio, estado ou at mesmo pas. A Tabela 2 apresenta uma comparao entre as composies dos resduos para diferentes regies do Brasil e do mundo.

    Utilizao de agregados reciclados na construo O emprego de agregados na produo de componentes como blocos de pavimentao, blocos de alvenaria, concretos, entre outros, vem sendo intensificado no Brasil somente nos ltimos cinco ou seis anos. Embora as pesquisas realizadas at agora indiquem um bom potencial para utilizar agregados reciclados em concretos das mais variadas classes de resistncias, o emprego de agregados reciclados ainda relativamente pequeno.

    Uma das maiores dificuldades para a aplicao de agregados reciclados a sua grande variabilidade. A tecnologia de controle de qualidade sistemtica ainda pouco conhecida no Brasil, ocorrendo o emprego de agregados reciclados principalmente em pavimentao.

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    Rocha natural (Arenito)

    13%Rocha natural

    (Outras)17%

    Argamassa28,3%

    Outros0,4% Material

    cermico26,3%

    Concreto15,2%

    Fonte: Leite (2001) Figura 1 Composio do entulho de Porto Alegre RS

    Material (%) Local

    Concreto Argamassa Material cermico Outros

    Porto Alegre(1) 15 28 26 31 Campinas(2) 21 37 21 21 Salvador(3) 20 33 14 33 Macei(4) 19 28 48 5 Itatiba (SP)(5) 13 35 47 5 Holanda(4) 42 6 32 20 Taiwan(4) 43 12 35 10

    Fontes: (1) Leite (2001); (2) Zordan (1997); (3) Carneiro et al. (2001); (4) a partir de Vieira (2003); (5) John; Agopyan (2000)

    Tabela 2 Comparativo da composio dos resduos de construo e demolio

    Entretanto, as pesquisas nacionais que tratam da utilizao de agregados reciclados tm chegado a concluses similares: concretos com esse tipo de agregado tm alcanado bons desempenhos em relao avaliao mecnica e durabilidade. Zordan (1997), Leite (2001), Chen et al. (2003), entre outros, avaliaram a viabilidade tcnica da utilizao desses materiais em relao a suas propriedades mecnicas e concluram que agregados reciclados podem ser utilizados em concretos. Gmez-Soberon (2002) salienta que, apesar da grande porosidade dos agregados reciclados, a sua utilizao em concretos possvel. Olorunsogo e Padayachee (2002) concluram que os concretos obtidos com agregados reciclados, ao serem avaliados quanto durabilidade, apresentavam algumas propriedades melhoradas, como, por exemplo, diminuio da condutividade de ons cloreto em determinados nveis de substituio.

    Influncia dos agregados reciclados no concreto

    Propriedades mecnicas

    As pesquisas sobre propriedades mecnicas em concretos reciclados tratam, na sua grande maioria, da propriedade de resistncia compresso e, quase sempre, o resultado o mesmo: a viabilidade tcnica dos concretos com agregados reciclados devido ao seu bom desempenho diante dessa propriedade. Entretanto, para que o bom resultado seja concretizado, existe a necessidade de dar um tratamento ao agregado reciclado antes da concretagem.

    Chen et al. (2003) desenvolveram um estudo de concretos com agregados reciclados de tijolos e concretos, utilizando os agregados reciclados em lotes separados de agregados grados reciclados, lavados e no lavados.

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    Os resultados mostraram que os concretos reciclados, obtidos a partir dos agregados grados lavados, obtiveram valores em torno de 90% da resistncia compresso e flexo dos concretos de referncia. Para os concretos de agregados reciclados no lavados, os valores no passaram de 75%.

    Um outro procedimento, utilizado por Leite (2001), foi a pr-molhagem dos agregados minutos antes da concretagem, em funo da taxa de absoro dos agregados. Este procedimento possibilitou uma melhora na trabalhabilidade dos concretos produzidos, pois com a pr-molhagem os agregados no absorviam a gua do trao, melhorando o valor do abatimento.

    A diminuio da resistncia dos concretos reciclados est sendo alvo de muitas discusses. perfeitamente comum encontrar resultados cujas misturas obtenham valores abaixo dos de referncia. Limbachiya1 (2000), citado por Levy (2001), afirma que o decrscimo da resistncia nos concretos com agregados reciclados se d, principalmente, devido alterao da relao entre gua e cimento (a/c). Zaharieva et al. (2002) enfatizam que a alterao da relao a/c provoca diminuio das resistncias, mas o acrscimo de gua na mistura, em funo da alta taxa de absoro dos agregados reciclados, necessrio para atingir a trabalhabilidade adequada.

    A alta taxa de absoro de gua dos agregados um ponto a ser discutido. Por ser um agregado mais poroso, obviamente ir precisar de mais gua para ter a mesma trabalhabilidade que concretos convencionais. Baseados nessa premissa, muitos autores realizam misturas de concretos variando a quantidade de gua para que o abatimento e a trabalhabilidade sejam satisfeitos. Dessa forma, a relao a/c alterada, e a classe de resistncia desses concretos tambm se altera, acarretando na impossibilidade de comparao direta entre concretos convencionais e reciclados.

    A tendncia de comportamento da resistncia compresso do concreto, sob a influncia da substituio do agregado natural pelo reciclado, pode ser visualizada na Figura 2. Observa-se que o aumento do teor de substituio de agregado grado reciclado (AGR) tende a diminuir a resistncia, enquanto o aumento do teor de agregado mido reciclado (AMR) faz aumentar a resistncia compresso.

    A maior porosidade e a menor resistncia dos agregados grados reciclados so fatores que podem influenciar na reduo da resistncia compresso. Para o agregado mido reciclado, propriedades

    1 LIMBACHIYA, M. C. Use of recycled concrete aggregate in high-strength concrete. Materials and Structures, Novembro, 2000.

    como maior rugosidade, que melhora a aderncia, granulometria mais contnua e maior quantidade de finos, que diminuem a segregao, ajudam no efeito de empacotamento e contribuem para o fechamento dos vazios, contribuindo para melhorar a resistncia compresso dos concretos com esses agregados (LEITE, 2001). Na Figura 3 possvel visualizar o efeito da substituio do agregado natural pelo reciclado sobre a resistncia compresso para diferentes relaes a/c.

    A viabilidade da utilizao em substituio total, porm, foi vlida apenas para o agregado mido reciclado, principalmente para relaes a/c mais baixas (0,40 e 0,45). Quando usado 100% de AMR e 0% de AGR, os concretos apresentam maiores valores de resistncia compresso, para qualquer relao a/c. Para o uso de agregados grados e midos, combinados numa mesma mistura, s possvel para relaes a/c altas (a/c > 0,60), pois se obtm concretos com maiores resistncias, tomando-se cuidado apenas com a trabalhabilidade deles (LEITE, 2001).

    Durabilidade de concretos com agregados reciclados

    A vulnerabilidade do concreto diante de condies de agressividade do meio um fator bastante preocupante na avaliao da vida til das estruturas, pois uma durabilidade inadequada pode trazer srias complicaes, comprometendo a utilidade delas.

    De forma geral, a durabilidade de concretos incide diretamente na facilidade ou dificuldade do transporte de fluidos dentro do concreto, sendo classificado como um concreto pouco ou muito permevel. O principal agente de transporte de fluido no concreto a gua, que pode estar pura ou conter agentes agressivos, tais como o dixido de carbono e o oxignio. O deslocamento desses elementos no concreto vai depender da estrutura da pasta de cimento hidratado (NEVILLE, 1997). A durabilidade do concreto de agregados reciclados tambm depende da facilidade, ou no, do transporte desses fluidos.

    Olorunsogo e Padayachee (2002) estudaram propriedades relacionadas com a durabilidade do concreto como a condutividade de ons cloreto, permeabilidade ao oxignio e sortividade gua, contendo percentuais de 0%, 50% e 100% de substituio de agregados naturais por reciclados. Os resultados mostraram que a durabilidade diminui proporo que aumenta o percentual de substituio, para todas as propriedades avaliadas. Entretanto, essas propriedades melhoram com o aumento da idade e com percentuais de 50% de agregados reciclados na mistura.

  • Viabilidade tcnica da utilizao de concretos com agregados reciclados de resduos de construo e demolio

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    Metodologia experimental O procedimento experimental deste trabalho foi constitudo das etapas de obteno do agregado reciclado, do beneficiamento dele, planejamento dos ensaios, dosagem experimental dos concretos e anlise, mecnica e de durabilidade, dos resultados obtidos. Foi realizada uma avaliao da propriedade mecnica de resistncia compresso aos 28 dias, apenas como parmetro de controle de produo dos concretos e para que pudesse ser feito um comparativo entre os ensaios de durabilidade e a sua resistncia mecnica.

    Os agregados reciclados utilizados neste trabalho foram provenientes de uma obra de demolio na cidade de Macei. Os resduos foram coletados e ento foram realizadas as etapas de seleo e retirada das impurezas. A composio do resduo est apresentada na Figura 4, na qual se observa um elevado percentual de material cermico (cermica vermelha) em sua composio, seguido de resduos de concreto e argamassa, alm de outros materiais em menores pecentuais.

    Inicialmente, os resduos foram triturados e selecionados em duas granulometrias, uma para obter o agregado mido reciclado (AMR) e outra para se obter o agregado grado reciclado (AGR), a serem utilizados nas misturas de concreto. Alm

    da composio granulomtrica, foram realizados ensaios de massa especfica e absoro de gua. A caracterizao fsica dos agregados, naturais e reciclados, est descrita na Tabela 3.

    De acordo com a Tabela 3, os agregados reciclados, diferentemente dos naturais, tm uma alta taxa de absoro de gua. Determinar essa taxa imprescindvel, pois ela determina o percentual de gua que dever ser suprido ao agregado reciclado, minutos antes das concretagens, para no haver problemas como reduo na relao entre gua e cimento, no abatimento e moldabilidade das misturas devido falta de gua. Ficou estabelecido que as taxas de absoro seriam compensadas para evitar que os agregados absorvessem toda a gua do trao e as misturas se tornassem pouco trabalhveis e excessivamente secas, devido falta de gua. Entretanto, esse procedimento foi feito cuidadosamente para que no houvesse um excesso de gua na mistura, saturando os agregados e ocasionando um aumento da relao entre gua e cimento e, conseqentemente, uma diminuio nas resistncias mecnicas dos concretos produzidos, o que inviabilizaria a comparao entre os concretos convencionais e os reciclados. Dessa forma, a compensao de gua foi de 50% da taxa de absoro dos agregados.

    21,0

    21,5

    22,0

    22,5

    23,0

    23,5

    24,0

    0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

    % de substituio do agregado

    fc (M

    Pa)

    AMRAGR

    Fonte: Leite (2001) Figura 2 Resistncia compresso em funo do efeito do teor de substituio do agregado reciclado

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    10,0

    15,0

    20,0

    25,0

    30,0

    35,0

    40,0

    45,0

    0,40 0,60 0,80

    Relao a/c

    fc (M

    Pa)

    R eferncia

    100% AM R - 0% AG R50% AM R - 50% AG R0% AM R - 100% AG R

    100% AM R - 100% AGR

    Fonte: Leite (2001) Figura 3 Resistncia compresso em funo da relao a/c para os diferentes percentuais de substituio do AMR e do AGR aos 28 dias

    Figura 4 Composio do resduo utilizado proveniente da cidade de Macei, AL

    Agregado Tipo de material Absoro (%) Massa especfica (kg/dm3) Natural 2,50 2,70 Grado Reciclado 6,04 2,52 Natural - 2,62

    Mido Reciclado 14,65 2,51

    Tabela 3 Caracterizao fsica dos agregados

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    Potencial de corroso em relao ao eletrodo de referncia de cobre/sulfato de cobre - CU/CUSO4 (mV)

    Probabilidade de corroso (%)

    Mais positivo que 200 5 Mais negativo que 350 95 Entre 200 e 350 Incerta

    Tabela 4 Critrios de avaliao das medidas dos potenciais de corroso de acordo com a ASTM C876 Com relao massa especfica dos agregados reciclados, os valores obtidos foram menores que os agregados convencionais. Em funo disso, na dosagem dos concretos as massas desses materiais tiveram que passar por uma compensao, para que no houvesse diferena nos volumes de material quando fossem utilizados agregados naturais e reciclados nas misturas.

    Na produo dos concretos foram definidas trs relaes entre gua e cimento (0,40, 0,60 e 0,80) e trs percentuais de substituies dos agregados naturais pelo reciclados, tanto do agregado mido reciclado (AMR), quanto do agregado grado reciclado (AGR). Estes percentuais foram definidos em 0%, 50% e 100% de substituio.

    Assim, no houve substituio por agregado reciclado em alguns concretos. Esse procedimento foi necessrio para que houvesse misturas com agregados naturais para servir como um concreto de referncia na anlise dos resultados, com a finalidade de fazer um comparativo entre concretos convencionais e reciclados.

    Ensaios de durabilidade Nos ensaios de durabilidade foram realizadas medidas de potencial de corroso e resistncia de polarizao. Os corpos-de-prova foram submetidos a ciclos alternados de imerso e secagem numa soluo agressiva de 3,5% de NaCl (cloreto de sdio), simulando um ambiente marinho que contm teores suficientes de sais que possam despassivar a armadura do concreto, acelerando o processo de corroso nas barras de ao.

    Potencial de Corroso

    A American Society for Testing and Materials C876 (ASTM C876/91) prescreve o mtodo de ensaio para a obteno dos potenciais de corroso em concreto e estabelece a avaliao da probabilidade de corroso em armaduras de concreto. Apesar de qualitativo na anlise de avaliao de corroso das armaduras, o levantamento de potenciais de corroso em estruturas constitui-se, ainda, na tcnica mais utilizada para monitorar estruturas de concreto armado com vistas corroso das armaduras e constitui-se num instrumento que, se rigorosa e

    cuidadosamente utilizado, permite identificar de forma no destrutiva as reas com corroso. A Tabela 4 apresenta os critrios de avaliao das medidas dos potenciais de corroso.

    Taxa de Corroso

    A taxa ou velocidade de corroso foi calculada utilizando-se do valor registrado da resistncia de polarizao no ensaio eletroqumico, na qual calculada a corrente de corroso instantnea (Icorr), fazendo-se uso da equao de Stern-Geary, na qual se utilizam constantes que dependem de contribuies das reaes andicas e catdicas do processo de corroso (B) (CASCUDO, 1997; ANDRADE et al., 2001). As Equaes 1 e 2 apresentam, respectivamente, a corrente de corroso instantnea e a taxa de corroso.

    RpBIcorr (1)

    Dividindo-se o valor de Icorr pela rea da barra polarizada (A) tem-se a taxa ou velocidade de corroso (icorr), caracterizada pela densidade de corrente de corroso. Esse valor o parmetro mais importante para avaliao do estado de corroso nas barras de ao, pois ele determina o estado em que se encontra a armadura e constitui uma ferramenta importante para a previso de vida til nas estruturas que possuem esse tipo de manifestao patolgica.

    AIi corrcorr (2)

    Resultados

    Resistncia compresso Foram analisados os ensaios de resistncia compresso axial aos 28 dias para diferentes relaes entre gua e cimento (a/c) e para diferentes percentuais de substituio dos agregados naturais pelos reciclados. Para a anlise dos resultados foi realizada uma modelagem matemtica atravs de anlise de regresso mltipla com o objetivo de explicar a variabilidade dos resultados. O coeficiente de determinao (R ) da regresso mltipla foi de 99,87%. O efeito dos

  • Vieria, l. G; Dal Molin, D. C.C.

    56

    percentuais de substituio dos agregados naturais pelos reciclados, em funo da relao a/c, est descrito na Figura 5.

    De acordo com o grfico da Figura 4, possvel notar que, em alguns casos, houve reduo da resistncia e em outros houve aumento dessa mesma propriedade. Para relaes a/c menores (0,4 e 0,6), houve uma reduo apenas nos concretos feitos com 100% de substituio dos agregados mido e grado utilizados conjuntamente num mesmo trao. Essa reduo foi de 16% para os concretos com relao a/c = 0,4 e de 11% para os concretos de relao a/c = 0,6. Nos traos com esse mesmo percentual e relao a/c = 0,8 os valores situaram-se no mesmo patamar que os de referncia.

    O melhor desempenho da atuao conjunta dos agregados mido e grado reciclados se deu nos concretos com 50% de substituio de AGR e 100% de AMR, e com 50% de ambos, porque no houve perda de resistncia. O ganho foi observado para todas as classes de resistncias, tendo seu maior valor obtido para o trao 100% de AMR e 50% de AGR e relao a/c = 0,80, em que o aumento da resistncia foi de 56% em relao ao concreto de referncia.

    Ensaios de durabilidade Os corpos-de-prova submetidos aos ensaios de durabilidade permaneceram em ciclos de imerso e secagem por um perodo de 150 dias numa soluo agressiva de cloreto de sdio. Dentro desse tempo foram registradas as leituras eletroqumicas de potencial de corroso (Ecorr) e resistncia de polarizao (RP) das barras de ao contidas nos corpos-de-prova.

    Potencial de corroso

    O processo de despassivao da armadura foi medido de acordo com as recomendaes da ASTM C-876/91 no ensaio de potencial de corroso. Na Figura 6 so mostrados os valores dos potenciais de corroso para 0%, 50% e 100% de substituio de agregdos reciclados em funo das relaes a/c utilizadas.

    De acordo com o grfico da Figura 6, observa-se melhor desempenho para o concreto com 100% de AMR e 0% de AGR, para todas as relaes a/c estudadas. Esse mesmo trao possibilitou uma diminuio, em valores absolutos, no valor do

    potencial de corroso para relao a/c = 0,80 em relao ao concreto de referncia, assim como em todos os concretos onde havia substituio total ou parcial do AMR. Por outro lado, os concretos com 100% de substituio de ambos os agregados tiveram o pior desempenho com relao aos outros concretos, obtendo valores de potencial de corroso acima de todos os outros.

    Taxa de corroso

    A taxa de corroso, calculada a partir da Equao 2, expressa a velocidade com que est se dando o processo de corroso. Embora no haja ainda critrios definidos para relacionar a taxa de corroso com a importncia do ataque e o grau de deteriorao da armadura, Andrade e Alonso (2001) propem critrios de avaliao da corroso a partir de dados obtidos em experincias de campo e em laboratrio pela tcnica de resistncia de polarizao. Esses valores podem ser visualizados na Tabela 5.

    De acordo com a Figura 7, pode-se observar o comportamento dos concretos com relao aos traos com 100% de AMR e 100% de AGR, cujo desempenho foi considerado insatisfatrio. Para todas as relaes a/c, os nveis de taxa de corroso ficaram acima dos valores com nenhuma ou com substituio parcial de agregados reciclados e os mesmos corroam as barras mais rapidamente que os demais. Por outro lado, os concretos com 100% de AMR e 0% de AGR tiveram os valores das velocidades de corroso abaixo do concreto de referncia. Na Figura 5 foi verificado que este trao apresentou valores de resistncia compresso maiores que os de referncia, em funo, talvez, do grande percentual de finos na mistura, o que possibilita um maior preenchimento dos vazios no concreto. Isso pode explicar o bom desempenho do trao 100% de AMR e 0% de AGR ante a corroso.

    Na Figura 7 apresentado um grfico que relaciona o efeito da taxa de corroso das armaduras, em funo das relaes a/c estudadas, para diferentes percentuais de substituio dos agregados reciclados.

    A Figura 8 apresenta os diferentes valores da taxa de corroso em funo da idade e dos diferentes percentuais de substituio, avaliando-se o efeito isolado do percentual de agregado grado e mido, bem como o efeito da combinao de ambos, total e parcial, sobre a velocidade de corroso.

  • Viabilidade tcnica da utilizao de concretos com agregados reciclados de resduos de construo e demolio

    57

    10

    15

    20

    25

    30

    35

    40

    45

    50

    0,40 0,60 0,80Relao a/c

    fc (M

    Pa)

    Referncia

    100% AMR - 50% AGR

    100% AMR - 0% AGR

    50% AMR - 50% AGR

    0% AMR - 100% AGR

    100% AMR - 100% AGR

    Figura 5 Resistncia compresso em funo da relao a/c para os diferentes percentuais de substituio do AMR e do AGR aos 28 dias

    -600

    -550

    -500

    -450

    -400

    -350

    -300

    -250

    -200

    0,40 0,50 0,60 0,70 0,80

    Relao a/c

    Ecor

    r (m

    V)

    Referncia 100%AMR - 50%AGR100%AMR - 0%AGR 50%AMR - 50%AGR0%AMR -100%AGR 100%AMR - 100%AGR

    Figura 6 Potencial de corroso para diferentes percentuais de substituio dos agregados reciclados

    Velocidade de corroso (PA/cm ) Grau de corroso < 0,1 Desprezvel

    Entre 0,1 e 0,5 Iniciao com nvel baixo de corroso

    Entre 0,5 e 1,0 Nvel moderado, mas no severo

    > 1,0 Nvel alto de corroso

    > 10 Ataque muito severo

    Tabela 5 Critrios de avaliao da velocidade de corroso

  • Vieria, l. G; Dal Molin, D. C.C.

    58

    0,1

    0,4

    0,7

    1,0

    1,3

    1,6

    1,9

    0,4 0,5 0,6 0,7 0,8Relao a/c

    i corr

    ( [A

    /cm

    )

    Referncia 100%AMR - 0%AGR

    0%AMR - 100%AGR 100%AMR - 50%AGR

    50%AMR - 50%AGR 100%AMR - 100%AGR

    Figura 7 Taxa de corroso das armaduras em funo relao a/c para diferentes teores de substituio do agregado reciclado

    0,00,20,40,60,81,01,21,41,6

    30 50 70 90 110 130 150Idade (dias)

    i corr

    ( PA

    /cm

    )

    Referncia 0%AMR - 100%AGR100%AMR - 0%AGR 100%AMR - 100%AGR

    (a) efeito isolado da % de AMR e 100% de ambos

    0,00,20,40,60,81,01,21,41,6

    30 50 70 90 110 130 150Idade (dias)

    i corr

    ( PA

    /cm

    )

    Referncia 50%AMR - 50%AGR100%AMR -50%AGR 50%AMR - 100%AGR

    (b) efeito da combinao da de AMR e da AGR

    Figura 8 Taxa de corroso em funo da idade, para os diferentes teores de substituio

    De acordo com os grficos, observa-se que para os traos nos quais no houve substituio do AMR e em que houve substituio total de agregados reciclados, as taxas de corroso obtidas foram bem maiores que os valores de referncia, e os traos com apenas a substituio de AMR situaram-se praticamente na mesma faixa que os concretos com agregados naturais (Figura 8a).

    Na Figura 8b tambm so mostrados os concretos com substituio de ambos os agregados. Nota-se que com os traos em que houve um percentual maior de substituio do AGR a corroso ocorreu bem mais rpida que nos outros concretos. Pode-se concluir, nesse caso, que o agregado grado reciclado no contribui para a melhoria da

    durabilidade de concretos reciclados em face da corroso das armaduras iniciada por ons cloreto, exceto quando misturado ao agregado mido reciclado em propores parciais de ambos, ou totais, quando a substituio se d apenas por parte do agregado mido reciclado.

    Desenvolvimento de mercado para os resduos de construo e demolio Em alguns pases onde a reciclagem de resduos de construo j est consolidada, a utilizao de agregados reciclados h muito deixou de ocorrer apenas em obras de construo de rodovias. Nos

  • Viabilidade tcnica da utilizao de concretos com agregados reciclados de resduos de construo e demolio

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    pases europeus, precursores da reciclagem de resduos de construo e demolio, o concreto reciclado j est sendo utilizado em concreto armado para casas residenciais de mdio padro e portos martimos, e at em concretos de alta resistncia.

    No Brasil, o problema maior incide em transpor as barreiras (legais, regulamentares, de educao, tecnolgicas, econmicas) com a insero de um novo produto no mercado contendo resduo. Essa no tarefa das mais fceis, especialmente para um setor considerado como conservador como o da Construo Civil. A sada para essa situao o desenvolvimento de novas aplicaes, contendo agregados reciclados, que apresente vantagens competitivas sobre os produtos convencionais.

    Viabilidade tcnica e econmica com a reciclagem Do ponto de vista financeiro, o uso da reciclagem pode trazer benefcios para as empresas construtoras e tambm para as cidades, em funo dos ganhos ambientais associados. O que falta, talvez, seja a comprovao de que fazer uso de agregados reciclados na construo civil pode, de fato, trazer economias para o construtor e a certeza de que o produto seja de qualidade.

    Considerando que o poder pblico ou autarquias estejam envolvidos nesse assunto e na montagem de uma usina de reciclagem, a determinao do custo operacional de cada uma delas um processo bastante complexo. Entretanto, segundo Pinto (2001), a considerao criteriosa dos componentes necessrios custos com a manuteno e reposio, servios de gua e luz, custos com mo-de-obra, juros, amortizaes, equipamentos para movimentao interna tem apontado para valores na ordem de R$ 5,00 por tonelada processada de agregado reciclado. Considerando que houve reajustes, por conta dos ndices de inflao, esse valor est sendo atualizado para, aproximadamente, R$ 7,00 atualmente. Transformando o peso dos agregados, de tonelada para metro cbico comercializado, tem-se uma idia mais ampla da economia feita na utilizao desses materiais.

    A Tabela 6 apresenta um comparativo dos custos com agregados naturais e reciclados necessrios para utilizao em concretos.

    A Tabela 6 permite observar um diferencial expressivo entre os valores anunciados para os agregados naturais e o custo com agregados reciclados, dando indicaes de que existe viabilidade econmica para a considerao da reciclagem de resduos de construo e demolio.

    Entretanto, os valores dispostos na Tabela 6 apresentam apenas um indicador de que pode haver uma reduo no valor do produto final, que o concreto. A anlise econmica foi feita apenas em cima dos valores de obteno dos agregados, no levando em conta os custos externos, como, por exemplo, custos com transporte.

    Os valores dos agregados foram utilizados em funo da unidade de comercializao dos produtos, que, em geral, vendida por metro cbico de produto. Para a transformao de tonelada para metro cbico de material, utilizaram-se valores conhecidos da massa unitria dos materiais reciclados utilizados.

    J foi constatado, pela Tabela 6, que pode haver economia na aquisio dos materiais para produo de artefatos de cimento Portland, podendo chegar at a 74% no valor de aquisio de um produto. A economia obtida no custo dos agregados pode se refletir em ganhos para empresas ou instituies que trabalham com habitaes de interesse social, pois os menores custos com os agregados reciclados possibilitaro uma reduo no valor do produto final, seja esse produto final uma habitao popular, artefatos de concreto ou at mesmo a produo de agregados reciclados para venda direta ao consumidor.

    No entanto, recomendvel, tambm, avaliar a durabilidade de um concreto com agregados reciclados e compar-la com a de um concreto convencional. Um dos parmetros para avaliar a durabilidade por meio da estimativa da vida til. Entende-se como vida til o perodo durante o qual as suas propriedades permanecem acima dos limites mnimos especificados no projeto, cujo elemento desempenha sua funo para o qual foi designado.

    Diversos modelos de previso de vida til de estruturas de concreto armado so conhecidos no meio tcnico. Um desses modelos o de Andrade et al. (1989), citado por Andrade (2003), no qual se faz uma estimativa da vida til de uma estrutura exposta a um ambiente contendo ons cloreto, levando em considerao a expanso que ocorre devido aos produtos de corroso formados, o dimetro da armadura no tempo inicial e o dimetro da armadura aps algum perodo de exposio do concreto a esses ons. O tempo de despassivao funo da variao dos dimetros causada pela corroso, e da taxa de corroso medida nas armaduras. Esse modelo representado pela Equao 3.

  • Vieria, l. G; Dal Molin, D. C.C.

    60

    corr

    fi

    it

    023,0

    MM (3)

    onde:

    Mi dimetro inicial da armadura (mm); Mi dimetro mdio da armadura aps um perodo de exposio a cloretos (mm);

    icorr intensidade de corroso na armadura (PA/cm ); e t tempo para despassivao da armadura (anos).

    Para a obteno dessa estimativa, foram utilizados os resultados dos ensaios de taxa de corroso das armaduras em concretos com agregados provenientes da reciclagem de resduos de construo e demolio desenvolvidos neste trabalho.

    Para a comparao da vida til de concretos convencionais e reciclados, preciso considerar a padronizao das condies de execuo, adensamento e cura do concreto, alm da mesma classe de resistncia dos concretos. Sendo assim, considerou-se um concreto com 20 MPa de resistncia (concreto com relao a/c em torno de 0,60), dimetro mdio da armadura de 5 mm, mesmo tipo de cimento para ambos os concretos, mesmas condies de execuo, adensamento e cura.Substituindo os valores da intensidade de corroso apresentados (Figura 4), tem-se a estimativa de vida til de ambos os concretos.

    A Tabela 7 apresenta uma comparao entre esses materiais. De acordo com a Tabela 7, a economia obtida com a utilizao de agregados reciclados no concreto, no que diz respeito durabilidade, expressa pela quantidade de anos que a estrutura levaria para que a armadura fosse despassivada e se iniciasse um processo de corroso. Para um concreto com 20 MPa de resistncia e substituindo-se a areia natural por uma areia reciclada, por exemplo, o tempo para despassivao seria de 45,8 anos, contra 35,1 anos com um concreto convencional de agregados naturais.

    Quando h mistura de agregados naturais e reciclados, como foi o caso da substituio de 50% de ambos os agregados, praticamente no h diferena entre os concretos. Entretanto, considerando que a diferena entre um concreto e outro foi quase insignificante, o fato de que os agregados reciclados so mais baratos pode favorecer o uso de concretos com materiais reciclados.

    No entanto, importante salientar que estes resultados expressam apenas uma estimativa. necessrio que se d importncia primria ao tratamento dos resduos de construo e demolio desde o beneficiamento, passando pela caracterizao dos materiais, at a fase de utilizao dos agregados no concreto. Dessa forma, o material utilizado fica com suas propriedades conhecidas, e a sua utilizao no fica limitada.

    Preo mdio para agregados (R$/m3) Tipo de agregado Natural(1) Reciclado(2) Economia no custo do produto (%)

    Areia 16 8,47 47,06 Brita 31 7,84 74,71

    Fonte: (1) Mdia de vendas para Porto Alegre, em 2004; (2) Pinto (2001), considerando os valores corrigidos pelos ndices de inflao no perodo de 2001 a 2003

    Tabela 6 Comparativo de custos entre agregados naturais e reciclados

    Estimativa de vida til (anos) Condio Concreto convencional Concreto reciclado

    Concreto com 20 MPa

    45,8 (1) relao a/c de 0,60

    35,1 34,8 (2)

    (1) concreto com 100% de agregado mido reciclado e brita natural; (2) concreto com 50% de agregado mido natural e 50% de agregado grado reciclado

    Tabela 7 Estimativa de vida til entre concretos convencionais e reciclados

  • Viabilidade tcnica da utilizao de concretos com agregados reciclados de resduos de construo e demolio

    61

    Consideraes finais O presente trabalho indicou que o uso do agregado reciclado no concreto, em propores convenientemente dosadas, no afeta a resistncia compresso, tampouco a durabilidade do concreto ante a corroso das armaduras. Em alguns casos essas propriedades so at melhoradas, como pode ser visto com os traos em que houve a substituio do agregado mido natural pelo agregado mido reciclado.

    Sob o ponto de vista da durabilidade, possvel afirmar que vivel a utilizao de agregados reciclados em concretos. Os resultados mostram que a substituio vivel at um determinado percentual, pois misturas com 100% de substituio de ambos os agregados ou com apenas substituio total do agregado grado reciclado podem prejudicar o desempenho do concreto em funo da diminuio da resistncia aos ataques de agentes agressivos.

    possvel afirmar, tambm, que h indcios de economia na produo de concretos e de outros artefatos de cimento Portland, em funo da economia obtida com os custos dos agregados reciclados em comparao aos agregados naturais. Isso pode tornar economicamente vivel o uso de concretos com materiais reciclados.

    Muitos estudos, porm, ainda precisam ser feitos para sedimentar a utilizao desses materiais nos mais variados tipos de construo. Num momento em que se discute preservao do ambiente e seus recursos naturais, a reciclagem de resduos de construo e demolio constitui-se numa importante alternativa para a minimizao dos impactos ambientais. Desde que sejam tomadas medidas rigorosas na especificao, normalizao e utilizao desses materiais, o seu uso no ficar restrito a utilizaes de pouca importncia.

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