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CEI - MPF 3ª RODADA 13/08/2014 www.cursocei.com facebook.com/cursocei Página - 1 3ª RODADA CEI - MPF PREPARATÓRIO PARA O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL 13/08/2014 Círculo de Estudos pela Internet www.cursocei.com facebook.com/cursocei

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CEI - MPFPREPARATÓRIO PARA O

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

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CORPO DOCENTE

Renan Paes – mediador das matérias Direito Constitucional e Metodologia Jurídica e Direito Penal.Procurador da República em Monteiro/PB (aprovado em 2° lugar no 26° CPR). Especialista em Direito Constitucional. Juiz de Direito do Estado de São Paulo (2012/2013). Analista Processual do Ministério Público Federal, com lotação na Procuradoria Geral da República (2008/2012). Técnico Administrativo do Ministério Público Federal (2007/2008). Bolsista do Instituto Interamericano de Direitos Humanos (2008). Graduado em Direito pela Universidade Federal da Paraíba (2007). Aprovado nos concursos de Juiz de Direito do Estado de São Paulo, Promotor de Justiça do Estado da Paraíba, Procurador do Estado de Pernambuco, dentre outros das carreiras de analista, técnico e procurador municipal.

Aldo Costa – mediador das matérias Direitos Humanos, Direito Internacional Público e Privado.Procurador da República (27° CPR). Graduado em Direito pela Universidade de São Paulo (1999), com habilitação em Direito Penal e Criminologia. Pós-graduado pelas Universidades de Buenos Aires (2004) e Valência (2007). Foi professor substituto da Faculdade de Direito da Universidade de Brasília (2002-2006), docente da Escola de Direito do Rio de Janeiro da Fundação Getúlio Vargas (2009), pesquisador visitante no Max-Planck-Institut für ausländisches und internationales Strafrecht (2007) e advogado (2000-2010). Exerceu os cargos de conselheiro da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça (2002), assessor especial do Ministro da Justiça (2010-2011) e de assessor de ministro do Supremo Tribunal Federal (2013-2014).

Paulo Santiago – mediador das matérias Direito Eleitoral, Direito Administrativo e Direito Ambiental.Procurador da República (27° CPR).Procurador Regional Eleitoral no Amapá. Representante da 5ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal no Estado do Amapá. Mestre em Direito Público, Especialista em Direito do Estado e Bacharel em Direito pela Universidade Federal da Bahia. Ex-Professor de Direito Administrativo da Universidade Federal da Bahia. Ex-Procurador do Estado de Pernambuco. Aprovado em diversos concursos e seleções: Ministério Público Federal (2013), Advocacia Geral da União (2013), Defensoria Pública do Estado da Bahia (2010), Procuradoria Geral do Estado de Pernambuco (2009), Advocacia da Petrobras (2012), do Banco do Nordeste (2011) e da EMBASA (2009).

Bruno Barros – mediador das matérias Direito Tributário, Direito Financeiro e Processo Penal.Procurador da República em Campina Grande/PB. Procurador do Município de Recife (2009 a 2012). Pós-Graduado em Direito Público. Aprovado nos concursos de Procurador do Município de Recife (1°lugar), Procurador do Estado de Alagoas (3º lugar), Advogado da União e Procurador da República (6º Lugar no 25°CPR). Editor do http://blogdobrunobarros.blogspot.com.

João Paulo Lordelo – mediador das matérias Direito Econômico, Direito do Consumidor, Direito Civil e Processo Civil.Procurador da República (aprovado em 1° lugar no 27°CPR). Ex-Defensor Público Federal. Aprovado em diversos concursos e seleções: Técnico Administrativo da Universidade Federal da Bahia, Técnico Administrativo do Ministério Público do Estado da Bahia, Técnico Administrativo e Analista Judicial do Tribunal Regional Eleitoral do Estado da Bahia, Procurador do Estado de Pernambuco, Defensor Público Federal (7ª colocação final, tendo obtido a 1ª colocação na primeira fase), Mestrado em Direito Público – Área de Concentração: Teoria do Processo e Tutela de Direitos (1ª colocação), Juiz de Direito do Estado da Bahia (1ª colocação na primeira fase), Procurador da República (1ª colocação na classificação geral). É graduado e mestre em Direito Público pela Universidade Federal da Bahia e especialista em Direito do Estado. Editor do website: http://www.joaolordelo.com.Filipe Andrios Brasil Siviero – mediador das matérias Proteção internacional de direitos humanos e Direito internacional público e privado .Procurador da República no município de Uruguaiana. Formado em 2009 pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Foi procurador do Estado do Paraná (PGE) de 2012 a 2014. Aprovado no concurso do Ministério Público do Estado do Paraná (2013). Aprovado em concursos para técnico e analista judiciários.

COORDENADOR DO CURSO CEI-MPFJOÃO PAULO LORDELO - [email protected]

COORDENADOR-GERAL DO CEICAIO PAIVA - [email protected]

Defensor Público Federal, titular do 2º Ofício Criminal da DPU/Manaus, unidade em que é Chefe-Substituto. Membro do GT – Grupo de Trabalho da DPU sobre presos. Especialista em Ciências Criminais. Exerceu o cargo de assessor de juiz de direito (2010-2013). Fundador do CEI. Editor do site www.oprocesso.com.

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INSTRUÇÕES GERAIS

1. O objetivo principal do CEI é promover uma simulação máxima da “prova real”, mas, para que isso aconteça, precisamos da colaboração de vocês. A principal instrução, aqui, é para que quando forem redigir as respostas das questões dissertativas ou elaborar a peça judicial, fiquem à vontade para pesquisar o quanto puderem/quiserem sobre os temas tratados. Porém, no momento de redigir a resposta/peça, estejam a sós com a legislação seca. Por essa razão, evitem citar número de decisões, transcrever trecho de doutrina etc.

2. Todos os alunos do Curso recebem o “Espelho de Correção” (material que contém o gabarito comentado das questões dissertativas e da peça judicial + as melhores respostas/peças dos alunos), inclusive aqueles que optarem por não participarem ativamente submetendo suas respostas/peças para correção individualizada.

3. Para que o Curso seja dinâmico e possamos, todos, nos organizar, não iremos tolerar (salvo casos excepcionais) atraso no envio das respostas/peças para correção individualizada. Atentem-se para identificar perfeitamente qual o e-mail do mediador responsável pelo questionamento!

4. O funcionamento do Curso compreende, conforme divulgado no site do CEI (www.cursocei.com), basicamente, rodadas de 10 em 10 dias, de modo que, a partir do dia em que receber o material, o aluno tem 10 dias para enviar as suas respostas/peças para correção. Exemplo: o material da primeira rodada é enviado no dia 24/07, tendo o aluno, portanto, até o dia 03/08 para submeter ao mediador as suas respostas/peças para a correção individualizada.

Estarei sempre à disposição para dúvidas e questionamentos.Caio Paiva – Coordenador Geral do CEI

E-mail: [email protected]

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QUESTÕES OBJETIVAS SEM O GABARITO COMENTADO Treine os seus conhecimentos e depois, a frente, confira o seu desempenho lendo os comentários dos mediadores sobre os enunciados.

GRUPO I

DIREITO CONSTITUCIONAL E METODOLOGIA JURÍDICA

1. A respeito da nacionalidade, assinale a alternativa correta:

a) É vedada a extradição de brasileiro nato pelo Estado brasileiro a pedido de governo estrangeiro, de modo que inexiste solução jurídica para impedir a impunidade de brasileiros natos em território nacional que cometeram crimes no exterior.

b) A nacionalidade, quanto à sua definição, sujeita-se ao poder soberano do Estado.

c) É possível, em nosso sistema jurídico-constitucional, a aquisição da nacionalidade brasileira jure matrimonii, vale dizer, como efeito direto e imediato resultante do casamento civil.

d) Os portugueses com residência permanente no Brasil são automaticamente equiparados a brasileiros naturalizados.

2. A respeito do Poder Executivo, assinale a alternativa incorreta.

a) A idade mínima de 35 anos para o exercício do cargo de Presidente da República deve ser aferida no momento da eleição.

b) Não é juridicamente possível que Constituição de Estado-membro estabeleça que em caso de vacância nos cargos de Governador e Vice-Governador do Estado, no último ano do mandato, sejam sucessivamente chamados a exercer o cargo de Governador, até o final do mandato remanescente, o Presidente da Assembléia Legislativa e o Presidente do Tribunal de Justiça.

c) Compete privativamente ao Presidente da República dispor, mediante decreto, sobre organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos.

d) Para efeito de definição da competência penal originária do Supremo Tribunal Federal, não se consideram Ministros de Estado os titulares de cargos de natureza especial da estrutura orgânica da Presidência da República, malgrado lhes confira a lei prerrogativas, garantias, vantagens e direitos equivalentes aos dos titulares dos Ministérios.

3. Em matéria de controle de constitucionalidade, assinale a alternativa incorreta:

a) Não cabe, perante o STF, ação direta de inconstitucionalidade de lei do Distrito Federal derivada da sua competência legislativa municipal.

b) Para o STF, é possível o controle jurisdicional de constitucionalidade material de projetos de lei.

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c) Da decisão de corte local que declara a inconstitucionalidade de lei federal, sem observância da reserva de Plenário, é cabivel o recurso extraordinário fundado na violação do art. 97 da Constituição.

d) O Governador do Distrito Federal pode ajuizar ADI em face de lei do Estado de São Paulo, desde que haja pertinência temática.

PROTEÇÃO INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS

4. No que tange ao procedimento perante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, assinale a alternativa CORRETA.

a) A Comissão é provocada por meio de petição escrita que pode ser de autoria da própria vítima, de terceiros, incluindo as organizações não governamentais ou ainda oriunda de outro Estado.

b) Para que uma petição ou comunicação seja admitida perante a Comissão de Direitos Humanos, entre outros requisitos, será necessário que hajam sido interpostos e esgotados os recursos da jurisdição interna. Com relação a esta condição, o sistema interamericano tem interpretado extensivamente, de modo a se permitir sempre um julgamento nacional da convenção.

c) A Corte IDH entende que se não houver arguição da exceção de admissibilidade por ausência de esgotamento dos recursos internos perante a Comissão, não há preclusão.

d) É possível a apreciação de matéria objeto da petição ou comunicação mesmo quando esteja pendente de outro processo de solução internacional.

DIREITO ELEITORAL

5. No tocante à Justiça Eleitoral:

I – O Tribunal Superior Eleitoral é competente para julgar os pedidos de registro de candidatura nas eleições para cargos federais.

II – A seção eleitoral é a menor unidade do exercício da jurisdição eleitoral.

III – Embora seja permanente, a justiça eleitoral não tem corpo próprio de membros, de modo que os juízes eleitorais serão juízes de direito.

IV – Há um Tribunal Regional Eleitoral em cada estado e no Distrito Federal, que será composto por membros da justiça comum local, um membro da justiça federal ali lotado e dois advogados nomeados pelo Presidente da República dentre seis indicados pelo Tribunal de Justiça.

São verdadeiras as afirmações:

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a) I e III.

b) I e IV.

c) II e IV.

d) III e IV.

6. São condutas vedadas aos agentes públicos no período eleitoral, salvo:

a) Nos três meses que antecedem o pleito, ceder servidor público ou empregado da administração direta ou indireta federal, estadual ou municipal do Poder Executivo, ou usar de seus serviços, para comitês de campanha eleitoral de candidato, partido político ou coligação, durante o horário de expediente normal, salvo se o servidor ou empregado estiver licenciado.

b) Nos três meses que antecedem o pleito, realizar transferência voluntária de recursos da União aos Estados e Municípios, e dos Estados aos Municípios, sob pena de nulidade de pleno direito, ressalvados os recursos destinados a cumprir obrigação formal preexistente para execução de obra ou serviço em andamento e com cronograma prefixado, e os destinados a atender situações de emergência e de calamidade pública.

c) Fazer, na circunscrição do pleito, revisão geral da remuneração dos servidores públicos que exceda a recomposição da perda de seu poder aquisitivo ao longo do ano da eleição, no período de cento e oitenta dias que antecede às eleições até a posse dos eleitos.

d) Ceder ou usar, em benefício de candidato, partido político ou coligação, bens móveis ou imóveis pertencentes à administração direta ou indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municipios, ressalvados: a realização de convenção partidária; o uso, em campanha, de transporte oficial pelo Presidente da República, desde que os custos sejam ressarcidos pelo partido ou coligação; e o uso, em campanha, pelos chefes do Poder Executivo e seus vices que sejam candidatos a reeleição, de suas residências oficiais para realização de contatos, encontros e reuniões pertinentes à própria campanha, desde que não tenham caráter de ato público.

7. Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais:

a) É cabivel recurso extraordinário, no prazo de 03 (três) dias, quando forem proferidas contra disposição expressa da Constituição Federal.

b) É cabivel recurso especial eleitoral, no prazo de 72h (setenta e duas horas), quando anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos eletivos federais ou estaduais.

c) É cabivel recurso ordinário eleitoral, no prazo de 03 (três) dias, quando versarem sobre inelegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições federais ou estaduais.

d) São cabiveis embargos de declaração, no prazo de 24h (vinte e quatro horas), quando houver no acórdão obscuridade, dúvida ou contradição, ou, ainda, quando for omitido ponto sobre que devia pronunciar-se o Tribunal.

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GRUPO II

DIREITO ADMINISTRATIVO E DIREITO AMBIENTAL

8. Sobre as parcerias público-privadas, aponte a assertiva correta:

a) A admissibilidade da arbitragem como forma de resolução de conflitos entre a administração e o concessionário foi uma das inovações trazidas pela lei das parcerias público-privadas, sendo esta uma das características que a diferenciam da concessão comum.

b) A obra ou o serviço será executado por uma sociedade de propósito especifico controlada pela licitante vencedora, que deverá ser constituida antes da celebração do contrato e assumirá a forma de companhia aberta, com valores mobiliários admitidos a negociação no mercado.

c) A transferência do capital da sociedade dependerá de autorização expressa da Administração Pública, nos termos do edital e do contrato, sob pena de caducidade da concessão especial.

d) A Administração Pública não poderá assumir o controle da sociedade de propósito especifico, ressalvada a hipótese de inadimplemento de contratos de financiamento obtido junto a instituição financeira oficial, que deverá promover a sua reestruturação financeira e assegurar a continuidade da prestação dos serviços.

9. Sobre o regime dos atos administrativos aponte a assertiva correta:

a) A autoexecutoriedade dos atos administrativos confere à Administração Pública o poder de constituir direitos e impor obrigações exigíveis do particular, bem como a prerrogativa de executá-las materialmente.

b) O efeito atípico prodrômico, nos atos administrativos compostos ou complexos, implica uma situação de pendência que condiciona a perfeição do ato à manifestação de vontade de outro agente administrativo, criando a obrigatoriedade de sua atuação.

c) Segundo a teoria dualista da nulidade dos atos administrativos, serão nulos os atos que padeçam de defeitos insanáveis e, portanto, insuscetiveis de convalidação; e anuláveis aqueles que não ofendam norma de ordem pública, padecendo de defeitos sanáveis, o que permitem sua convalidação.

d) É possivel que se preservem os efeitos de um ato inválido em observância do principio da segurança jurídica como subprincípio do Estado de Direito, quando as circunstâncias especificas e excepcionais do caso concreto revelarem a boa fé dos interessados e a existência de controvérsia quanto à matéria de direito.

10. No tocante à proteção ao Patrimônio Cultural Brasileiro:

I – A proteção do patrimônio cultural brasileiro tem por característica a cooperação entre os entes federados, de modo que os estados, os municípios e o Distrito Federal poderão executar políticas no exercício da competência comum de proteção ao meio ambiente cultural, desde

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que seguindo as diretrizes fixadas pela legislação federal, uma vez que compete à União legislar sobre a matéria com exclusividade.

II – As liturgias religiosas poderão ser registradas como bem cultural no Livro das Celebrações, desde que se identifique sua continuidade histórica e sua relevância nacional para a memória, a identidade e a formação da sociedade brasileira, permitindo-se a proteção estatal e ampla divulgação e promoção pelo poder público.

III – Se o proprietário não dispuser de recursos para executar as obras necessárias à conservação e reparação do bem tombado, deverá comunicar a necessidade de intervenção ao poder público, que providenciará sua execução ou a desapropriação da coisa; omitindo-se o ente instituidor do tombamento, poderá o proprietário requerer seu cancelamento.

IV – São suscetíveis de tombamento todos os bens públicos e particulares, móveis ou imóveis, corpóreos ou não, existentes no país e cuja conservação seja de interesse público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artistico.

Estão certas as alternativas:

a) I e III.

b) II e III.

c) II e IV.

d) III e IV.

DIREITO TRIBUTÁRIO E FINANCEIRO

11. A respeito das receitas públicas, indique o item correto:

a) É vedada a realização de transferências voluntárias para o ente federativo que não institua e arrecade os impostos de sua competência

b) A doutrina pátria não aponta diferença entre os termos receita e ingresso.

c) Quanto à origem, a doutrina divide as receitas em originárias e derivadas, sendo a diferença entre ambas o fato de que, naquela primeira, a receita origina-se a partir de uma relação de verticalidade e imposição ao particular.

d) A partir da edição da LRF, o ente federativo não pode praticar atos que importem renúncia de receita.

12. NÃO é hipótese de extinção do crédito tributário:

a) A prescrição.

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b) O depósito do seu montante integral.

c) A decisão administrativa irreformável.

d) A remissão.

DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E PRIVADO

13. Acerca da Santa Sé, é correto afirmar:

a) A Santa Sé é o mesmo que o Estado do Vaticano.

b) É um Estado.

c) A Santa Sé não tem personalidade jurídica de direito internacional.

d) o Representante diplomático da Santa Sé no Brasil é o Núncio Apostólico.

14. Sobre o Jus cogens, é INCORRETO afirmar:

a) São normas imperativas que contêm valores essenciais da comunidade internacional como um todo e só podem ser derrogadas por outras de mesma espécie, ou seja, outra de Jus cogens.

b) Tem como características a obrigatoriedade e a inderrogabilidade.

c) Precisa de unanimidade da comunidade internacional para se gerar o Jus cogens.

d) o surgimento de uma norma de ius cogens posterior extingue um tratado em conflito com aquela norma.

15. Acerca da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados (1969), assinale a alternativa CORRETA:

a) Ela se aplica aos tratados internacionais entre organizações internacionais e Estados.

b) Ela estabelece os efeitos dos tratados na sucessão de Estados.

c) O Brasil não fez reservas a ela.

d) Ela se aplica aos tratados constitutivos de organizações internacionais.

16. No que tange ao reconhecimento de governo, assinale a alternativa CORRETA:

a) A personalidade de um Estado é afetada pelas mutações governamentais.

b) É um ato unilateral pelo qual um ente estatal constata o aparecimento de um novo Estado e admite as conseqüências jurídicas.

c) A Doutrina Tobar sustenta que a América deveria negar-se a reconhecer governos que

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alcançaram o poder inspirados pela ambição, em virtude de golpes de Estado ou de revoluções internas.

d) O Brasil não adota a doutrina Estrada.

17. De acordo com a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, assinale a alternativa INCORRETA:

a) O Estado acreditado não está obrigado a dar ao Estado acreditante as razões da negação do agrément.

b) Dois ou mais Estados poderão acreditar a mesma pessoa como Chefe de Missão perante outro Estado, a não ser que o Estado acreditado a isso se oponha.

c) A residência particular do agente diplomático goza da mesma inviolabilidade e proteção que os locais da missão.

d) A renuncia à imunidade de jurisdição poderá ser tácita.

GRUPO III

DIREITO CIVIL

18. Assinale a alternativa incorreta:

a) O Código Civil de 2002 contempla expressamente hipótese de aplicação do principio do devido processo legal nas relações privadas, ao exigir, para a exclusão de associado, o requisito da justa causa, assegurado o direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto da associação.

b) Dissolvida a associação, o remanescente de seu patrimônio será destinado, prioritariamente, à instituição municipal, estadual ou federal, de fins idênticos ou semelhantes.

c) Para desconsiderar a personalidade da pessoa jurídica à luz do Código Civil, não basta demonstrar que a pessoa juridica é devedora. É necessário demonstrar a existência de um ato abusivo caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial (teoria maior da desconsideração da personalidade jurídica).

d) A jurisprudência do STJ é pacifica no sentido de que a desconsideração da personalidade jurídica pode ocorrer em fase de execução, não se exigindo que haja prévia discussão no processo de conhecimento.

19. A respeito da personalidade juridica, assinale a alternativa correta:

a) O STJ não reconhece a indenização por dano moral sofrido pelo nascituro.

b) A Lei de Biossegurança (Lei nº 11.105/2005) confere força à teoria concepcionista, ao proibir a engenharia genética em embrião viável.

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c) A Lei de Registros Públicos (Lei nº 6.015/1973) define que, para fins legais, o nascimento com vida independe do corte do cordão umbilical, considerando-se nascimento com vida o funcionamento do aparelho cerebral.

d) Nenhuma das alternativas acima.

20. Ainda sobre personalidade juridica, assinale a alternativa correta:

a) O natimorto não possui qualquer proteção, no que concerne aos direitos da personalidade.

b) O STJ já pacificou que a maioridade civil não implica no automático cancelamento de pensão alimentícia, devendo ser analisado cada caso concreto.

c) Com a mudança do critério erário para a maioridade civil, promovida pelo CC-2, os beneficios previdenciários devem ser pagos observando-se o limite etário estabelecido no Código Civil (18 anos).

d) Nenhuma das respostas acima.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

21. A respeito da competência internacional, assinale a alternativa correta.

I - Pelo princípio da efetividade, a jurisdição deve se limitar ao espaço em que o Estado pode fazer cumprir soberanamente suas decisões, dando-lhes efetividade. Assim, o Estado deve abster-se de julgar se a sentença não tem como ser reconhecida onde deve produzir seus efeitos, conforme entendimento do STF.

II - A ação intentada perante tribunal estrangeiro induz litispendência no Brasil.

III - Compete à autoridade judiciária brasileira, de maneira absoluta, proceder a inventário e partilha de bens, situados no Brasil, mesmo no caso de o autor da herança ser estrangeiro.

Estão corretas as alternativas:

a) Apenas a I.

b) Apenas a II.

c) II e III.

d) I e III.

22. Assinale a alternativa correta:

I – Muito embora, em regra, a competência territorial ostente natureza relativa, em alguns casos, assume caráter absoluto, a exemplo da competência territorial nas ações coletivas, no Estatuto da Criança e do Adolescente e nas demandas individuais envolvendo o Estatuto do Idoso.

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II – No âmbito das ações coletivas, a prevenção, para fins de aplicação do instituto da conexão, tem como critério o despacho inicial ou a citação, a depender da competência territorial dos órgãos jurisdicionais envolvidos.

III - Em casos de contrato de adesão, verificada a nulidade da cláusula de eleição de foro, o juiz pode conhecer de ofício a incompetência relativa, independentemente de haver relação de consumo ou não, mas o defeito está sujeito à preclusão.

Estão corretas as assertivas:

a) I e II.

b) Apenas a I.

c) Apenas a III.

d) II e III.

23. Assinale a alternativa correta:

I - Compete ao Tribunal Regional Federal respectivo o julgamento dos conflito de competência entre juizado federal e juiz federal de uma mesma seção judiciária.

II - Não obstante ser ampla a legitimação para impulsionar a liquidação e a execução da sentença coletiva, admitindo-se que a promovam o próprio titular do direito material, seus sucessores ou um dos legitimados coletivos, impõe-se uma gradação de preferência que permite a legitimidade coletiva subsidiariamente, uma vez que, nessa fase, o ponto central é o dano pessoal sofrido pelas vítimas.

III - No processo coletivo, existe previsão de hipótese de remessa necessária em favor da coletividade.

São corretas as assertivas:

a) I e III.

b) Apenas a II.

c) I, II e III.

d) Nenhuma das assertivas.

GRUPO IV

DIREITO PENAL

24. A respeito do direito penal e os indígenas, assinale a alternativa correta:

a) O ordenamento jurídico brasileiro autoriza a aplicação, pelo grupos tribais, de acordo com

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as instituições próprias, de sanções penais ou disciplinares contra os seus membros, desde que não tenham caráter cruel ou infamante.

b) No caso de condenação criminal de índio, no processo de individualização da pena, o juiz poderá aplicar circunstância atenuante em razão da condição de silvicola.

c) Para o Superior Tribunal de Justiça, as benesses penais previstas no Estatuto do Índio são aplicáveis aos silvicolas em qualquer hipótese.

d) Para o Superior Tribunal de Justiça, o “grau de integração do silvícola” deve sempre ser aferido por intermédio de laudo antropológico, para o efeito de definir a aplicação ou não do Estatuto do Índio.

25. A respeito do conflito aparente de normas, assinale a alternativa incorreta:

a) O fundamento material da subsidiariedade reside no fato de distintas proposições jurídico-penais protegerem o mesmo bem jurídico em diferentes graus de violação.

b) Há consunção quando o crime-meio é realizado como uma fase ou etapa do crime-fim, onde vai esgotar seu potencial lesivo, sendo, por isso, a punição somente da conduta criminosa final do agente.

c) O crime de inserção de dados falsos em sistema de informações, descrito no art. 313-A do Código Penal, é especial em relação ao peculato, descrito no art. 312 do mesmo diploma legal.

d) A conduta de extração de areia sem autorização configura, pelo principio da especialidade, apenas o crime previsto no art. 55 da Lei nº 9.605/98, afastando-se a incidência do art. 2º da Lei nº 8.176/91.

26. Assinale a alternativa correta.

a) A conduta do “insider trading” é atípica no sistema jurídico brasileiro.

b) Gestão fraudulenta de instituição financeira é crime de mão própria e material.

c) A aquisição de veículo por intermédio de contrato de leasing, com a utilização de fraude, constitui crime contra o sistema financeiro nacional.

d) O crime de gestão temerária de instituição financeira admite a modalidade culposa.

DIREITO PROCESSUAL PENAL

27. Sobre o tema competência, assinale o item correto:

a) Na esteira do posicionamento majoritário do STJ, todo crime praticado por intermédio da internet é de competência federal, haja vista a sua internacionalidade.

b) Na hipótese dos crimes de furto praticados por hackers, a competência territorial define-se

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pelo local da conta beneficiária da transferência indevida

c) De acordo com a jurisprudência do STJ, eventual roubo à agência dos Correios será sempre de competência da Justiça Federal

d) Segundo a jurisprudência do STJ, o uso de documento público, cuja emissão seja atribuída a órgão federal, perante autoridade pública estadual, implica a competência da Justiça Estadual.

28. Um dos institutos despenalizadores previstos na Lei n. 9.099/95 é a suspensão condicional do processo (art. 89). Sobre ela, aponte a alternativa falsa:

a) É cabível em relação às infrações de pequeno e médio potencial ofensivo, podendo ser aplicado a crimes não-sujeitos aos Juizados Especiais.

b) A suspensão, segundo a doutrina, é exceção ao princípio da indisponibilidade da Ação Penal, devendo ser analisada após o oferecimento e recebimento da Denúncia.

c) A jurisprudência predominante no STF e no STJ admite a fixação de penas restritivas de direitos, tal como prestação de serviços à comunidade, como condição da suspensão.

d) A proposta aceita de suspensão impede o réu de discutir, em via de Habeas Corpus, eventual constrangimento ilegal, tal como inépcia da Denúncia ou aplicação do princípio da insignificância.

29. Sobre a prisão em flagrante, indique o item falso:

a) Prevalece, no âmbito do STJ, o entendimento de que câmeras de vigilância instaladas em lojas, com o objetivo de evitar a prática de furtos, não caracteriza hipótese de crime impossivel, em razão da ineficácia absoluta do meio.

b) O flagrante esperado, ou preparado, não é admitido pela jurisprudência brasileira.

c) Na esteira do entendimento do STJ, o Juiz poderá, de oficio, converter o flagrante em prisão preventiva.

d) Doutrinariamente, o flagrante retardado também é conhecido por ação controlada, encontrando expressa previsão legal no ordenamento brasileiro.

30. Sobre a competência de foro por prerrogativa de função:

a) O STF reconhece a prerrogativa de foro, perante o Tribunal, para processar e julgar infrações penais praticadas por diplomatas brasileiros.

b) Segundo o STF, eventual crime comum praticado por um suplente de parlamentar federal deve ser julgado pelo Tribunal.

c) Em se tratando de concurso de agentes, no qual apenas um possua prerrogativa de foro, o STF entende que a regra é o processamento conjunto dos réus, sendo o desmembramento

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admitido apenas em situações excepcionais.

d) Na esteira da jurisprudência do STF, o parlamentar licenciado mantém a prerrogativa de foro perante o Tribunal, em relação aos crimes comuns.

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QUESTÕES OBJETIVAS COM O GABARITO COMENTADO

GRUPO I

MEDIADOR: RENAN PAES FELIX

DIREITO CONSTITUCIONAL E METODOLOGIA JURÍDICA

1. A respeito da nacionalidade, assinale a alternativa correta:

a) É vedada a extradição de brasileiro nato pelo Estado brasileiro a pedido de governo estrangeiro, de modo que inexiste solução jurídica para impedir a impunidade de brasileiros natos em território nacional que cometeram crimes no exterior.

b) A nacionalidade, quanto à sua definição, sujeita-se ao poder soberano do Estado.

c) É possível, em nosso sistema jurídico-constitucional, a aquisição da nacionalidade brasileira jure matrimonii, vale dizer, como efeito direto e imediato resultante do casamento civil.

d) Os portugueses com residência permanente no Brasil são automaticamente equiparados a brasileiros naturalizados.

Ponto do Regulamento do 27º CPR: 10.b.

COMENTÁRIO

A assertiva “a” está incorreta. Embora o brasileiro nato não possa ser extraditado no Brasil, é possível juridicamente pleitear a aplicação extraterritorial da lei penal brasileira. Tal providência, no entanto, depende de acordos bilaterais ou tratados internacionais. A possibilidade está no art. 7º, inciso II, alínea “b” e § 2º, do Código Penal. Nesse sentido o STF:

“O brasileiro nato, quaisquer que sejam as circunstancias e a natureza do delito, nao pode ser extraditado, pelo Brasil, a pedido de Governo estrangeiro, pois a CR, em clausula que nao comporta excecao, impede, em carater absoluto, a efetivacao da entrega extradicional daquele que e titular, seja pelo criterio do jus soli, seja pelo criterio do jus sanguinis, de nacionalidade brasileira primaria ou originaria. Esse privilegio constitucional, que beneficia, sem excecao, o brasileiro nato (CF, art. 5º, LI), nao se descaracteriza pelo fato de o Estado estrangeiro, por lei propria, haver-lhe reconhecido a condicao de titular de nacionalidade originaria pertinente a esse mesmo Estado (CF, art. 12, § 4º, II, a). Se a extradicao nao puder ser concedida, por inadmissivel, em face de a pessoa reclamada ostentar a condicao de brasileira nata, legitimar-se-a a possibilidade de o Estado brasileiro, mediante aplicacao extraterritorial de sua propria lei penal (CP, art. 7o, II, b, e respectivo § 2º) – e considerando, ainda, o que dispoe o Tratado de Extradicao Brasil/Portugal (Art. IV) – fazer instaurar, perante orgao judiciario nacional competente (CPP, art. 88), a concernente persecutio criminis, em ordem a impedir, por razoes de carater etico-juridico, que praticas delituosas, supostamente cometidas, no exterior, por brasileiros

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(natos ou naturalizados), fiquem impunes.” (HC 83.113-QO, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 26-6- 2003, Plenario, DJ de 29-8-2003.)

A assertiva “b” está correta. Assim se manifesta o STF:

“As hipoteses de outorga da nacionalidade brasileira, quer se trate de nacionalidade primaria ou originaria (da qual emana a condicao de brasileiro nato), quer se cuide de nacionalidade secundaria ou derivada (da qual resulta o status de brasileiro naturalizado), decorrem, exclusivamente, em funcao de sua natureza mesma, do texto constitucional, pois a questao da nacionalidade traduz materia que se sujeita, unicamente, quanto a sua definicao, ao poder soberano do Estado brasileiro. (HC 83.113-QO, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 26-6-2003, Segunda Turma, DJ de 29-8- 2003).

Em outras palavras, cabe ao Estado definir quais são os critérios que serão utilizados para indicar quem são seus nacionais (critério sanguíneo, territorial etc).

A alternativa “c” está incorreta, pois inexiste tal previsão no art. 12 da Constituição Federal.

A alternativa “d” está errada. Embora exista a previsão legal de equiparação no art. 12, § 1º, da CF/88, importa ressaltar que tal providência não é automática. Depende de requerimento do interessado:

“A norma inscrita no art. 12, § 1º, da CR – que contempla, em seu texto, hipotese excepcional de quase-nacionalidade – nao opera de modo imediato, seja quanto ao seu conteudo eficacial, seja no que se refere a todas as consequencias juridicas que dela derivam, pois, para incidir, alem de supor o pronunciamento aquiescente do Estado brasileiro, fundado em sua propria soberania, depende, ainda, de requerimento do sudito portugues interessado, a quem se impoe, para tal efeito, a obrigacao de preencher os requisitos estipulados pela Convencao sobre Igualdade de Direitos e Deveres entre brasileiros e portugueses.” (Ext 890, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 5-8-2004, Primeira Turma, DJ de 28-10-2004).

GABARITO: LETRA “B“

2. A respeito do Poder Executivo, assinale a alternativa incorreta.

a) A idade mínima de 35 anos para o exercício do cargo de Presidente da República deve ser aferida no momento da eleição.

b) Não é juridicamente possível que Constituição de Estado-membro estabeleça que em caso de vacância nos cargos de Governador e Vice-Governador do Estado, no último ano do mandato, sejam sucessivamente chamados a exercer o cargo de Governador, até o final do mandato remanescente, o Presidente da Assembléia Legislativa e o Presidente do Tribunal de Justiça.

c) Compete privativamente ao Presidente da República dispor, mediante decreto, sobre organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de

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despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos.

d) Para efeito de definição da competência penal originária do Supremo Tribunal Federal, não se consideram Ministros de Estado os titulares de cargos de natureza especial da estrutura orgânica da Presidência da República, malgrado lhes confira a lei prerrogativas, garantias, vantagens e direitos equivalentes aos dos titulares dos Ministérios.

Ponto do Regulamento do 27º CPR: 2.b.

COMENTÁRIO

A assertiva “a” está incorreta. Conforme dicção legal, a idade mínima deve ser aferida no momento da posse no cargo (“A idade mínima constitucionalmente estabelecida como condição de elegibilidade é verificada tendo por referência a data da posse.”, art. 11, § 2º, Lei nº 9.504/97).

A alternativa “b” está correta. Tal situação não é possível, pois fere o princípio da simetria, que determina a realização de eleição indireta. Nesse sentido, o STF:

“EC 28, que alterou o § 2º do art. 79 da Constituicao do Estado de Sergipe, estabelecendo que, no caso de vacancia dos cargos de Governador e Vice-Governador do Estado, no ultimo ano do periodo governamental, serao sucessivamente chamados o Presidente da Assembleia Legislativa e o Presidente do Tribunal de Justica, para exercer o cargo de Governador. A norma impugnada suprimiu a eleicao indireta para Governador e Vice-Governador do Estado, realizada pela Assembleia Legislativa em caso de dupla vacancia desses cargos no ultimo bienio do periodo de governo. Afronta aos parametros constitucionais que determinam o preenchimento desses cargos mediante eleicao.” (ADI 2.709, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 10-8-2006, Plenario, DJE de 16-5-2008.).”

A alternativa “c” está correta, a teor do art. 84, inciso VI, alínea “a”, da CF/88.

A alternativa “d” está correta. Confira-se o seguinte acórdão do Pleno do STF:

“EMENTA: STF - competencia penal originaria: Ministros de Estado. Para efeito de definicao da competencia penal originaria do Supremo Tribunal Federal, nao se consideram Ministros de Estado os titulares de cargos de natureza especial da estrutura organica da Presidencia da Republica, malgrado lhes confira a lei prerrogativas, garantias, vantagens e direitos equivalentes aos dos titulares dos Ministerios: e o caso do Secretario Especial de Aqüicultura e Pesca da Presidencia da Republica. Precedentes.”

(Inq 2044 QO, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Tribunal Pleno, julgado em 17/12/2004, DJ 08-04-2005 PP-00007 EMENT VOL-02186-1 PP-00124 LEXSTF v. 27, n. 318, 2005, p. 506-523 RT v. 94, n. 837, 2005, p. 503-511).”

GABARITO: LETRA “A“

3. Em matéria de controle de constitucionalidade, assinale a alternativa incorreta:

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a) Não cabe, perante o STF, ação direta de inconstitucionalidade de lei do Distrito Federal derivada da sua competência legislativa municipal.

b) Para o STF, é possível o controle jurisdicional de constitucionalidade material de projetos de lei.

c) Da decisão de corte local que declara a inconstitucionalidade de lei federal, sem observância da reserva de Plenário, é cabivel o recurso extraordinário fundado na violação do art. 97 da Constituição.

d) O Governador do Distrito Federal pode ajuizar ADI em face de lei do Estado de São Paulo, desde que haja pertinência temática.

Ponto do Regulamento do 27º CPR: 18.c.

COMENTÁRIO

A assertiva “a” está correta. Súmula 642 do STF.

A assertiva “b” está incorreta, pois o STF decidiu que tal controle prévio seria uma interferência indevida no Poder Legislativo. Admite-se apenas a legitimidade do parlamentar para questionar aspectos formais, relacionados ao trâmite de projetos de lei. Leia-se a importante ementa do recente julgado:

“CONSTITUCIONAL. MANDADO DE SEGURANÇA. CONTROLE PREVENTIVO DE CONSTITUCIONALIDADE MATERIAL DE PROJETO DE LEI. INVIABILIDADE. 1. Nao se admite, no sistema brasileiro, o controle jurisdicional de constitucionalidade material de projetos de lei (controle preventivo de normas em curso de formacao). O que a jurisprudencia do STF tem admitido, como excecao, e “a legitimidade do parlamentar - e somente do parlamentar - para impetrar mandado de seguranca com a finalidade de coibir atos praticados no processo de aprovacao de lei ou emenda constitucional incompativeis com disposicoes constitucionais que disciplinam o processo legislativo” (MS 24.667, Pleno, Min. Carlos Velloso, DJ de 23.04.04). Nessas excepcionais situacoes, em que o vicio de inconstitucionalidade esta diretamente relacionado a aspectos formais e procedimentais da atuacao legislativa, a impetracao de seguranca e admissivel, segundo a jurisprudencia do STF, porque visa a corrigir vicio ja efetivamente concretizado no proprio curso do processo de formacao da norma, antes mesmo e independentemente de sua final aprovacao ou nao. 2. Sendo inadmissivel o controle preventivo da constitucionalidade material das normas em curso de formacao, nao cabe atribuir a parlamentar, a quem a Constituicao nega habilitacao para provocar o controle abstrato repressivo, a prerrogativa, sob todos os aspectos mais abrangente e mais eficiente, de provocar esse mesmo controle antecipadamente, por via de mandado de seguranca. 3. A prematura intervencao do Judiciario em dominio juridico e politico de formacao dos atos normativos em curso no Parlamento, alem de universalizar um sistema de controle preventivo nao admitido pela Constituicao, subtrairia dos outros Poderes da Republica, sem justificacao plausivel, a prerrogativa constitucional que detem de debater e aperfeicoar os projetos, inclusive para sanar seus eventuais vicios de inconstitucionalidade.

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Quanto mais evidente e grotesca possa ser a inconstitucionalidade material de projetos de leis, menos ainda se devera duvidar do exercicio responsavel do papel do Legislativo, de negar-lhe aprovacao, e do Executivo, de apor-lhe veto, se for o caso. Partir da suposicao contraria significaria menosprezar a seriedade e o senso de responsabilidade desses dois Poderes do Estado. E se, eventualmente, um projeto assim se transformar em lei, sempre havera a possibilidade de provocar o controle repressivo pelo Judiciario, para negar-lhe validade, retirando-a do ordenamento juridico. 4. Mandado de seguranca indeferido.”

(MS 32033, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Relator(a) p/ Acordao: Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado em 20/06/2013, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-033 DIVULG 17-02-2014 PUBLIC 18-02-2014).

A assertiva “c” está correta. Trata-se de erro procedimental, atacável por intermédio de recurso extraordinário, com arguição de violação da cláusula de reserva de plenário (art. 97 da CF). Assim, se em julgamento de câmara ou turma de tribunal for suscitada a inconstitucionalidade de lei, deve ser instaurado o incidente com julgamento pelo órgão especial. Não sendo realizado tal procedimento, há violação ao art. 97 da CF. Nesse sentido o STF (RE 432.884, Rel. Min. Joaquim Barbosa. DJe 13.08.2012).

A assertiva “d” está correta. O STF admite tal procedimento, com base na pertinência temática (nas palavras de Celso de Mello, “relação de congruência que necessariamente deve existir entre os objetivos estatutários ou as finalidades institucionais da entidade autora e o conteúdo material da norma questionada em sede de controle abstrato”). Isso porque, por exemplo, lei tributária de determinado Estado pode interferir na economia de outro. Nesse sentido o STF: ADI 2656/SP. Rel. Min. Maurício Corrêa. DJ 01.08.2003.

GABARITO: LETRA “B“

MEDIADOR: FILIPE SIVIERO

PROTEÇÃO INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS

4. No que tange ao procedimento perante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, assinale a alternativa CORRETA.

a) A Comissão é provocada por meio de petição escrita que pode ser de autoria da própria vítima, de terceiros, incluindo as organizações não governamentais ou ainda oriunda de outro Estado.

b) Para que uma petição ou comunicação seja admitida perante a Comissão de Direitos Humanos, entre outros requisitos, será necessário que hajam sido interpostos e esgotados os recursos da jurisdição interna. Com relação a essa condição, o sistema interamericano tem interpretado extensivamente, de modo a se permitir sempre um julgamento nacional da convenção.

c) A Corte IDH entende que se não houver arguição da exceção de admissibilidade por ausência de esgotamento dos recursos internos perante a Comissão, não há preclusão.

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d) É possível a apreciação de matéria objeto da petição ou comunicação mesmo quando esteja pendente de outro processo de solução internacional.

Ponto do Regulamento do 27º CPR: 5.a.

COMENTÁRIO

a) CORRETA. Neste sentido prevê o artigo 44 da CADH: Qualquer pessoa ou grupo de pessoas, ou entidade não-governamental legalmente reconhecida em um ou mais Estados-membros da Organização, pode apresentar à Comissão petições que contenham denúncias ou queixas de violação desta Convenção por um Estado-parte.

b) ERRADA. Com relação à primeira parte da assertiva, ela se encontra correta, nos termos do art. 46 da CADH. Contudo, o esgotamento dos recursos internos no sistema interamericano tem sido interpretado restritivamente, privilegiando sempre o acesso do indivíduo às instâncias internacionais. (RAMOS, André de Carvalho, Processo Internacional de Direitos Humanos, p.209).

c) ERRADA. Pelo contrário, consagrou-se o entendimento de que a exceção de admissibilidade por ausência de esgotamento de recursos internos TEM QUE SER UTILIZADA PELO ESTADO no procedimento perante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, sob pena de preclusão. Assim, foi decidido no caso Castillo Páez – exceções preliminares. Sentença de 30 de janeiro de 1996, parágrafos 41 ao 46. (RAMOS, André de Carvalho, Processo Internacional de Direitos Humanos, p. 210).

d) ERRADA. A CADH, no art. 46, c, em prol da coerência e segurança jurídica entre as decisões dos diversos órgãos internacionais de proteção de direitos humanos, estabelece que o sistema da ONU e o Americano não podem ser utilizados simultaneamente.

GABARITO: LETRA “A“

MEDIADOR: PAULO SANTIAGO

DIREITO ELEITORAL

5. No tocante à Justiça Eleitoral:

I – O Tribunal Superior Eleitoral é competente para julgar os pedidos de registro de candidatura nas eleições para cargos federais.

II – A seção eleitoral é a menor unidade do exercício da jurisdição eleitoral.

III – Embora seja permanente, a justiça eleitoral não tem corpo próprio de membros, de modo que os juízes eleitorais serão juízes de direito.

IV – Há um Tribunal Regional Eleitoral em cada estado e no Distrito Federal, que será composto por membros da justiça comum local, um membro da justiça federal ali lotado e dois advogados nomeados pelo Presidente da República dentre seis indicados pelo Tribunal de Justiça.

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São verdadeiras as afirmações:

a) I e III.

b) I e IV.

c) II e IV.

d) III e IV.

Ponto do Regulamento do 27º CPR: 3.a, 4.a, 4.b.

COMENTÁRIO

I - O Tribunal Superior Eleitoral é competente para julgar os pedidos de registro de candidatura nas eleições para cargos federais.

Falsa. O TSE é competente exclusivamente para o processamento dos pedidos de registro dos candidatos a presidente e vice. Ao TRE cabe o processamento das eleições para cargos federais (deputado federal e senador).

II – A seção eleitoral é a menor unidade do exercício da jurisdição eleitoral.

Falsa. Embora a seção seja a menor unidade de divisão do eleitorado, a zona eleitoral é a menor unidade do exercício da jurisdição. A cada zona corresponde um juiz eleitoral.

III - Embora seja permanente, a justiça eleitoral não tem corpo próprio de membros, de modo que os juízes eleitorais serão juízes de direito;

Verdadeira. A organização da justiça eleitoral é definida em linhas gerais pela Constituição e esmiuçada pelo Código Eleitoral. Tais normas definem que a jurisdição eleitoral será exercida pelo “juiz de direito em efetivo exercicio e, na falta deste, ao seu substituto legal” (art. 32 do CE).

IV - Há um Tribunal Regional Eleitoral em cada estado e no Distrito Federal, que será composto por membros da justiça comum local, um membro da justiça federal ali lotado e dois advogados nomeados pelo Presidente da República dentre seis indicados pelo Tribunal de Justiça.

Verdadeira. Segundo a Constituição: “Art. 120. Haverá um Tribunal Regional Eleitoral na Capital de cada Estado e no Distrito Federal. § 1º - Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão: I - mediante eleição, pelo voto secreto: a) de dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça; b) de dois juizes, dentre juizes de direito, escolhidos pelo Tribunal de Justiça; II - de um juiz do Tribunal Regional Federal com sede na Capital do Estado ou no Distrito Federal, ou, não havendo, de juiz federal, escolhido, em qualquer caso, pelo Tribunal Regional Federal respectivo; III - por nomeação, pelo Presidente da República, de dois juizes dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça.”

São verdadeiras as afirmações: III e IV.

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GABARITO: LETRA “D“

6. São condutas vedadas aos agentes públicos no período eleitoral, salvo:

a) Nos três meses que antecedem o pleito, ceder servidor público ou empregado da administração direta ou indireta federal, estadual ou municipal do Poder Executivo, ou usar de seus serviços, para comitês de campanha eleitoral de candidato, partido político ou coligação, durante o horário de expediente normal, salvo se o servidor ou empregado estiver licenciado.

b) Nos três meses que antecedem o pleito, realizar transferência voluntária de recursos da União aos Estados e Municípios, e dos Estados aos Municípios, sob pena de nulidade de pleno direito, ressalvados os recursos destinados a cumprir obrigação formal preexistente para execução de obra ou serviço em andamento e com cronograma prefixado, e os destinados a atender situações de emergência e de calamidade pública.

c) Fazer, na circunscrição do pleito, revisão geral da remuneração dos servidores públicos que exceda a recomposição da perda de seu poder aquisitivo ao longo do ano da eleição, no período de cento e oitenta dias que antecede às eleições até a posse dos eleitos.

d) Ceder ou usar, em benefício de candidato, partido político ou coligação, bens móveis ou imóveis pertencentes à administração direta ou indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municipios, ressalvados: a realização de convenção partidária; o uso, em campanha, de transporte oficial pelo Presidente da República, desde que os custos sejam ressarcidos pelo partido ou coligação; e o uso, em campanha, pelos chefes do Poder Executivo e seus vices que sejam candidatos a reeleição, de suas residências oficiais para realização de contatos, encontros e reuniões pertinentes à própria campanha, desde que não tenham caráter de ato público.

Ponto do Regulamento do 27º CPR: 7.c.

COMENTÁRIO

a) Nos três meses que antecedem o pleito, ceder servidor público ou empregado da administração direta ou indireta federal, estadual ou municipal do Poder Executivo, ou usar de seus serviços, para comitês de campanha eleitoral de candidato, partido político ou coligação, durante o horário de expediente normal, salvo se o servidor ou empregado estiver licenciado.

Errada. Não há limitação temporal para essa vedação, de modo que ela se aplica a qualquer tempo, desde que se verifique a pertinência entre o desvio e a finalidade eleitoral.

b) Nos três meses que antecedem o pleito, realizar transferência voluntária de recursos da União aos estados e municípios, e dos estados aos municípios, sob pena de nulidade de pleno direito, ressalvados os recursos destinados a cumprir obrigação formal preexistente para execução de obra ou serviço em andamento e com cronograma prefixado, e os destinados a atender situações de emergência e de calamidade pública.

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Correta. “Art. 73. São proibidas aos agentes públicos, servidores ou não, as seguintes condutas tendentes a afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais: VI - nos três meses que antecedem o pleito: a) realizar transferência voluntária de recursos da União aos estados e municípios, e dos estados aos municípios, sob pena de nulidade de pleno direito, ressalvados os recursos destinados a cumprir obrigação formal preexistente para execução de obra ou serviço em andamento e com cronograma prefixado, e os destinados a atender situações de emergência e de calamidade pública;”

c) Fazer, na circunscrição do pleito, revisão geral da remuneração dos servidores públicos que exceda a recomposição da perda de seu poder aquisitivo ao longo do ano da eleição, no período de cento e oitenta dias que antecede às eleições até a posse dos eleitos.

Correta. “Art. 73. São proibidas aos agentes públicos, servidores ou não, as seguintes condutas tendentes a afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais: VIII - fazer, na circunscrição do pleito, revisão geral da remuneração dos servidores públicos que exceda a recomposição da perda de seu poder aquisitivo ao longo do ano da eleição, a partir do início do prazo estabelecido no art. 7º desta Lei e até a posse dos eleitos. Art. 7º As normas para a escolha e substituição dos candidatos e para a formação de coligações serão estabelecidas no estatuto do partido, observadas as disposições desta Lei. § 1º Em caso de omissão do estatuto, caberá ao órgão de direção nacional do partido estabelecer as normas a que se refere este artigo, publicando-as no Diário Oficial da União até cento e oitenta dias antes das eleições.” Nesse contexto, o entendimento do TSE: “Remuneração. Servidor público. Revisão. Período crítico. Vedação. Art. 73, inciso VIII, da Constituição Federal. A interpretação – literal, sistemática e teleológica – das normas de regência conduz à conclusão de que a vedação legal apanha o período de cento e oitenta dias que antecede às eleições até a posse dos eleitos. (Res. no 22.252, de 20.6.2006, rel. Min. Gerardo Grossi.)”.

d) Ceder ou usar, em benefício de candidato, partido político ou coligação, bens móveis ou imóveis pertencentes à administração direta ou indireta da União, dos estados, do Distrito Federal, dos territórios e dos municípios, ressalvados: a realização de convenção partidária; o uso, em campanha, de transporte oficial pelo Presidente da República, desde que os custos sejam ressarcidos pelo partido ou coligação; e o uso, em campanha, pelos chefes do Poder Executivo e seus vices que sejam candidatos à reeleição, de suas residências oficiais para realização de contatos, encontros e reuniões pertinentes à própria campanha, desde que não tenham caráter de ato público.

Correta. Trata-se da conjugação do art. 73, I e §1º com o art. 76 da Lei das Eleições: “Art. 73. São proibidas aos agentes públicos, servidores ou não, as seguintes condutas tendentes a afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais: I - ceder ou usar, em benefício de candidato, partido político ou coligação, bens móveis ou imóveis pertencentes à administração direta ou indireta da União, dos estados, do Distrito Federal, dos territórios e dos municipios, ressalvada a realização de convenção partidária; § 2º A vedação do inciso I do caput não se aplica ao uso, em campanha, de transporte oficial pelo Presidente da República, obedecido

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o disposto no art. 76, nem ao uso, em campanha, pelos candidatos à reeleição de Presidente e Vice-Presidente da República, Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal, Prefeito e Vice-Prefeito, de suas residências oficiais para realização de contatos, encontros e reuniões pertinentes à própria campanha, desde que não tenham caráter de ato público. Art. 76. O ressarcimento das despesas com o uso de transporte oficial pelo Presidente da República e sua comitiva em campanha eleitoral será de responsabilidade do partido politico ou coligação a que esteja vinculado.”

GABARITO: LETRA “A“

7. Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais:

a) É cabivel recurso extraordinário, no prazo de 03 (três) dias, quando forem proferidas contra disposição expressa da Constituição Federal.

b) É cabivel recurso especial eleitoral, no prazo de 72h (setenta e duas horas), quando anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos eletivos federais ou estaduais.

c) É cabivel recurso ordinário eleitoral, no prazo de 03 (três) dias, quando versarem sobre inelegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições federais ou estaduais.

d) São cabiveis embargos de declaração, no prazo de 24h (vinte e quatro horas), quando houver no acórdão obscuridade, dúvida ou contradição, ou, ainda, quando for omitido ponto sobre que devia pronunciar-se o Tribunal.

Ponto do Regulamento do 27º CPR: 4.c.

COMENTÁRIO

a) É cabível recurso extraordinário, no prazo de 03 (três) dias, quando forem proferidas contra disposição expressa da Constituição Federal.

Errada. Não é cabível RE em face de decisão de TRE. A decisão de última instância, na justiça eleitoral, será do TSE. Desse modo, o recurso cabivel da decisão do regional que viola a Constituição é o RESPE. Apenas após o julgamento pelo TSE caberá o RE. (CF, 121, §3º e 4º, I).

b) É cabível recurso especial eleitoral, no prazo de 72h (setenta e duas horas), quando anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos eletivos federais ou estaduais.

Errada. O prazo do RESPE é de 03 (três) dias. De qualquer modo, o recurso cabivel, nesse caso, é o Ordinário, nos termos do art. 121, §4º, IV da CF: “Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais somente caberá recurso quando: anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos eletivos federais ou estaduais”.

c) É cabível recurso ordinário eleitoral, no prazo de 03 (três) dias, quando versarem sobre inelegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições federais ou estaduais.

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Correta. Nos termos do art. 121, §4º, III da CF: “Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais somente caberá recurso quando: versarem sobre inelegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições federais ou estaduais”.

d) São cabíveis embargos de declaração, no prazo de 24h (vinte e quatro horas), quando houver no acórdão obscuridade, dúvida ou contradição, ou, ainda, quando for omitido ponto sobre que devia pronunciar-se o Tribunal.

Errada. O prazo é de 03 (três) dias, nos termos do art. 275, §1º do CE.

GABARITO: LETRA “C“

GRUPO II

MEDIADOR: PAULO SANTIAGO

DIREITO ADMINISTRATIVO E DIREITO AMBIENTAL

8. Sobre as parcerias público-privadas, aponte a assertiva correta:

a) A admissibilidade da arbitragem como forma de resolução de conflitos entre a administração e o concessionário foi uma das inovações trazidas pela lei das parcerias público-privadas, sendo esta uma das características que a diferenciam da concessão comum.

b) A obra ou o serviço será executado por uma sociedade de propósito especifico controlada pela licitante vencedora, que deverá ser constituida antes da celebração do contrato e assumirá a forma de companhia aberta, com valores mobiliários admitidos a negociação no mercado.

c) A transferência do capital da sociedade dependerá de autorização expressa da Administração Pública, nos termos do edital e do contrato, sob pena de caducidade da concessão especial.

d) A Administração Pública não poderá assumir o controle da sociedade de propósito especifico, ressalvada a hipótese de inadimplemento de contratos de financiamento obtido junto a instituição financeira oficial, que deverá promover a sua reestruturação financeira e assegurar a continuidade da prestação dos serviços.

Ponto do Regulamento do 27º CPR: 18.b.

COMENTÁRIO

a) A admissibilidade da arbitragem como forma de resolução de conflitos entre a administração e o concessionário foi uma das inovações trazidas pela lei das parcerias público-privadas, sendo essa uma das características que a diferenciam da concessão comum.

Errada. Embora tenha sido uma inovação introduzida pela lei das PPP, a possibilidade de resolução de conflitos pela arbitragem foi admitida nas concessões comuns após a edição da Lei nº11.196/05.

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b) A obra ou o serviço será executado por uma sociedade de propósito específico controlada pela licitante vencedora, que deverá ser constituída antes da celebração do contrato e assumirá a forma de companhia aberta, com valores mobiliários admitidos a negociação no mercado.

Errada. A forma de companhia aberta é uma faculdade na constituição da SPE, embora seja essa a forma societária mais comum.

c) A transferência do capital da sociedade dependerá de autorização expressa da Administração Pública, nos termos do edital e do contrato, sob pena de caducidade da concessão especial.

Errada. A transferência de capital é livre, desde que não se afete o controle da sociedade.

d) A Administração Pública não poderá assumir o controle da sociedade de propósito específico, ressalvada a hipótese de inadimplemento de contratos de financiamento obtido junto a instituição financeira oficial, que deverá promover a sua reestruturação financeira e assegurar a continuidade da prestação dos serviços.

Correta. Art. 5º § 2º Os contratos poderão prever adicionalmente: I – os requisitos e condições em que o parceiro público autorizará a transferência do controle da sociedade de propósito especifico para os seus financiadores, com o objetivo de promover a sua reestruturação financeira e assegurar a continuidade da prestação dos serviços, não se aplicando para este efeito o previsto no inciso I do parágrafo único do art. 27 da Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995; Art. 9º § 4º Fica vedado à Administração Pública ser titular da maioria do capital votante das sociedades de que trata este Capitulo. § 5º A vedação prevista no § 4º deste artigo não se aplica à eventual aquisição da maioria do capital votante da sociedade de propósito especifico por instituição financeira controlada pelo Poder Público em caso de inadimplemento de contratos de financiamento.

GABARITO: LETRA “D“

9. Sobre o regime dos atos administrativos aponte a assertiva correta:

a) A autoexecutoriedade dos atos administrativos confere à Administração Pública o poder de constituir direitos e impor obrigações exigíveis do particular, bem como a prerrogativa de executá-las materialmente.

b) O efeito atípico prodrômico, nos atos administrativos compostos ou complexos, implica uma situação de pendência que condiciona a perfeição do ato à manifestação de vontade de outro agente administrativo, criando a obrigatoriedade de sua atuação.

c) Segundo a teoria dualista da nulidade dos atos administrativos, serão nulos os atos que padeçam de defeitos insanáveis e, portanto, insuscetiveis de convalidação; e anuláveis aqueles que não ofendam norma de ordem pública, padecendo de defeitos sanáveis, o que permitem sua convalidação.

d) É possivel que se preservem os efeitos de um ato inválido em observância do principio da segurança jurídica como subprincípio do Estado de Direito, quando as circunstâncias especificas e excepcionais do caso concreto revelarem a boa fé dos interessados e a existência

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de controvérsia quanto à matéria de direito.

Ponto do Regulamento do 27º CPR: 21.b.

COMENTÁRIO

a) A auto-executoriedade dos atos administrativos confere à Administração Pública o poder de constituir direitos e impor obrigações exigíveis do particular, bem como a prerrogativa de executá-las materialmente.

Correta. Trata-se dos subprincípios da exigibilidade e executoriedade.

b) O efeito atípico prodrômico, nos atos administrativos compostos ou complexos, implica uma situação de pendência que condiciona a perfeição do ato à manifestação de vontade de outro agente administrativo, criando a obrigatoriedade de sua atuação.

Correta. O efeito prodrômico está presente nos atos complexos e compostos e se verifica independentemente da vontade do agente, criando a obrigação de manifestação de vontade por outra autoridade responsável pela edição do ato. É o que ocorre, por exemplo, nos atos de nomeação de Ministro do Tribunal Superior: o Presidente da República nomeia o magistrado e comunica o Senado Federal, que promoverá a sabatina para a aprovação do nome. O efeito preliminar do ato de nomeação não é a investidura no cargo, mas a sujeição do nome escolhido à aprovação da casa legislativa.

c) Segundo a teoria dualista da nulidade dos atos administrativos, serão nulos os atos que padeçam de defeitos insanáveis e, portanto, insuscetíveis de convalidação; e anuláveis aqueles que não ofendam norma de ordem pública, padecendo de defeitos sanáveis, o que permitem sua convalidação.

Errada. Os defeitos do ato administrativo sempre ofendem normas de ordem pública, ainda quando se trate de vicio sanável.

d) É possível que se preservem os efeitos de um ato inválido em observância do princípio da segurança jurídica como subprincípio do Estado de Direito, quando as circunstâncias específicas e excepcionais do caso concreto revelarem a boa-fé dos interessados e a existência de controvérsia quanto à matéria de direito.

Correta. Essa é a hipótese de aplicação da estabilização dos efeitos de atos inválidos, chancelada pelo plenário do STF no julgamento unânime do MS 22.357: “EMENTA: Mandado de Segurança. 2. Acórdão do Tribunal de Contas da União. Prestação de Contas da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária - INFRAERO. Emprego Público. Regularização de admissões. 3. Contratações realizadas em conformidade com a legislação vigente à época. Admissões realizadas por processo seletivo sem concurso público, validadas por decisão administrativa e acórdão anterior do TCU. 4. Transcurso de mais de dez anos desde a concessão da liminar no mandado de segurança. 5. Obrigatoriedade da observância do princípio da segurança jurídica enquanto subprincípio do Estado de Direito. Necessidade de estabilidade das situações criadas administrativamente. 6. Principio da confiança como elemento do principio da segurança juridica. Presença de um

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componente de ética juridica e sua aplicação nas relações juridicas de direito público. 7. Concurso de circunstâncias especificas e excepcionais que revelam: a boa-fé dos impetrantes; a realização de processo seletivo rigoroso; a observância do regulamento da INFRAERO, vigente à época da realização do processo seletivo; a existência de controvérsia, à época das contratações, quanto à exigência, nos termos do art. 37 da Constituição, de concurso público no âmbito das empresas públicas e sociedades de economia mista. 8. Circunstâncias que, aliadas ao longo período de tempo transcorrido, afastam a alegada nulidade das contratações dos impetrantes. 9. Mandado de Segurança deferido. MS 22357, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 27/05/2004, DJ 05/11/2004 PP-00006 EMENT VOL-02171-01 PP-00043 LEXSTF v. 26, n. 312, 2005, p. 135-148 RTJ VOL 00192-02 PP-00620)”.

GABARITO: LETRA “C“

10. No tocante à proteção ao Patrimônio Cultural Brasileiro:

I – A proteção do patrimônio cultural brasileiro tem por característica a cooperação entre os entes federados, de modo que os estados, os municípios e o Distrito Federal poderão executar políticas no exercício da competência comum de proteção ao meio ambiente cultural, desde que seguindo as diretrizes fixadas pela legislação federal, uma vez que compete à União legislar sobre a matéria com exclusividade.

II – As liturgias religiosas poderão ser registradas como bem cultural no Livro das Celebrações, desde que se identifique sua continuidade histórica e sua relevância nacional para a memória, a identidade e a formação da sociedade brasileira, permitindo-se a proteção estatal e ampla divulgação e promoção pelo poder público.

III – Se o proprietário não dispuser de recursos para executar as obras necessárias à conservação e reparação do bem tombado, deverá comunicar a necessidade de intervenção ao poder público, que providenciará sua execução ou a desapropriação da coisa; omitindo-se o ente instituidor do tombamento, poderá o proprietário requerer seu cancelamento.

IV – São suscetíveis de tombamento todos os bens públicos e particulares, móveis ou imóveis, corpóreos ou não, existentes no país e cuja conservação seja de interesse público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artistico.

Estão certas as alternativas:

a) I e III.

b) II e III.

c) II e IV.

d) III e IV.

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Ponto do Regulamento do 27º CPR: 11.c.

COMENTÁRIO

I – A proteção do patrimônio cultural brasileiro tem por característica a cooperação entre os entes federados, de modo que os estados, os municípios e o Distrito Federal poderão executar políticas no exercício da competência comum de proteção ao meio ambiente cultural, desde que seguindo as diretrizes fixadas pela legislação federal, uma vez que compete à União legislar sobre a matéria com exclusividade.

Falsa. A competência para legislar sobre a matéria é concorrente: “Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artistico, turistico e paisagistico; VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico”.

II – As liturgias religiosas poderão ser registradas como bem cultural no Livro das Celebrações, desde que se identifique sua continuidade histórica e sua relevância nacional para a memória, a identidade e a formação da sociedade brasileira, permitindo-se a proteção estatal e ampla divulgação e promoção pelo poder público.

Verdadeira. Nos termos do art. 1º, §1º, II e §2º do Decreto 3.551/00: “II - Livro de Registro das Celebrações, onde serão inscritos rituais e festas que marcam a vivência coletiva do trabalho, da religiosidade, do entretenimento e de outras práticas da vida social; § 2o A inscrição num dos livros de registro terá sempre como referência a continuidade histórica do bem e sua relevância nacional para a memória, a identidade e a formação da sociedade brasileira. Art. 6o Ao Ministério da Cultura cabe assegurar ao bem registrado: I - documentação por todos os meios técnicos admitidos, cabendo ao IPHAN manter banco de dados com o material produzido durante a instrução do processo. II - ampla divulgação e promoção.”

III – Se o proprietário não dispuser de recursos para executar as obras necessárias à conservação e reparação do bem tombado, deverá comunicar a necessidade de intervenção ao poder público, que providenciará sua execução ou a desapropriação da coisa; omitindo-se o ente instituidor do tombamento, poderá o proprietário requerer seu cancelamento.

Verdadeira. DL n. 25/37: “Art. 19. O proprietário de coisa tombada, que não dispuzer de recursos para proceder às obras de conservação e reparação que a mesma requerer, levará ao conhecimento do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional a necessidade das mencionadas obras, sob pena de multa correspondente ao dobro da importância em que fôr avaliado o dano sofrido pela mesma coisa. § 1º Recebida a comunicação, e consideradas necessárias as obras, o diretor do Serviço do Patrimônio Histórico e Artistico Nacional mandará executá-las, a expensas da União, devendo as mesmas ser iniciadas dentro do prazo de seis mezes, ou providenciará para que seja feita a desapropriação da coisa. § 2º À falta de qualquer das providências previstas no parágrafo anterior, poderá o proprietário requerer que seja cancelado o tombamento da coisa.

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IV – São suscetíveis de tombamento todos os bens públicos e particulares, móveis ou imóveis, corpóreos ou não, existentes no país e cuja conservação seja de interesse público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico.

Falsa. Somente são suscetíveis de tombamento os bens corpóreos. O patrimônio cultural imaterial poderá ser protegido mediante registro ou inventário.

GABARITO: LETRA “B“

MEDIADOR: BRUNO BARROS

DIREITO TRIBUTÁRIO E FINANCEIRO

11. A respeito das receitas públicas, indique o item correto:

a) É vedada a realização de transferências voluntárias para o ente federativo que não institua e arrecade os impostos de sua competência

b) A doutrina pátria não aponta diferença entre os termos receita e ingresso.

c) Quanto à origem, a doutrina divide as receitas em originárias e derivadas, sendo a diferença entre ambas o fato de que, naquela primeira, a receita origina-se a partir de uma relação de verticalidade e imposição ao particular.

d) A partir da edição da LRF, o ente federativo não pode praticar atos que importem renúncia de receita.

Ponto do Regulamento do 27º CPR: 3.

COMENTÁRIO

Receita pública é, sem dúvidas, um dos temas mais importantes do Direito Financeiro e merece a atenção do candidato, sobretudo para as questões doutrinárias.

A primeira questão doutrinária tratada pelos livros da matéria é a distinção entre receita e ingresso. Com efeito, “receita pública é a entrada de dinheiro nos cofres públicos de forma definitiva. Essa definição implica assumir a diferença entre receita pública e o simples ingresso ou fluxo de caixa, que compreende valores repassados à Administração, mas que, seja por força de lei ou de contrato estabelecido, terão de ser retirados, em algum momento, do Erário – não se trata, pois, de uma entrada definitiva, afastando-se do conceito de receita.” (PISCITELLI, 2011, f. 80).

Porém, é fundamental ter consciência de que a Lei n. 4320/64 NÃO apresenta esta distinção, conforme se depreende do conceito trazido em seu art. 11.

O item “b” está errado.

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A doutrina ainda aponta duas espécies de receita, quanto à sua origem: receita originária e receita derivada. A diferença é efetuada com base na relação entre a Administração e o particular. Com efeito, quando há relação de verticalidade (=hierarquia, cogência), a receita será derivada, tal como ocorre com os tributos. Porém, se a relação é de horizontalidade (=voluntariedade), a receita será originária (exemplos: preço público, doação, etc.).

O item “c” está errado, pois inverte os conceitos de receita originária e derivada.

Prosseguindo, demonstrando enorme preocupação com o equilíbrio das contas públicas, a Lei de Responsabilidade Fiscal tratou expressamente das questões referentes à não-instituição de todos os impostos e à renúncia de receita (ex: isenção).

Em relação à não-instituição de impostos, sabe-se que a competência tributária é facultativa, de modo que o ente público não está obrigado a instituir todos os impostos de sua competência. Exemplo clássico é o imposto sobre grandes fortunas, de competência da União, jamais instituído no Brasil. Essa voluntariedade persiste, mesmo com o advento da LRF. Contudo, a LRF prevê uma sanção ao ente público que não institua todos os seus impostos, qual seja, ele não poderá receber transferências voluntárias, senão vejamos:

Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestao fiscal a instituicao, previsao e efetiva arrecadacao de todos os tributos da competencia constitucional do ente da Federacao.

Paragrafo unico. É vedada a realizacao de transferencias voluntarias para o ente que nao observe o disposto no caput, no que se refere aos impostos.

Ora, a razão é bastante simples: Se o ente público tem uma fonte específica de receita e não a utiliza, é porque, em tese, não precisa da receita, não sendo lógico, então, que venha a receber transferências voluntárias de outros entes públicos.

ATENÇÃO: A previsão da LRF refere-se apenas a IMPOSTOS, e não tributos.

E a União e seu imposto de grandes fortunas? Ora, a União não recebe transferências voluntárias, ela, na verdade, promove-as, razão pela qual a sanção não tem qualquer efeito prático sobre o ente federal.

O item “a” está certo.

Quanto ao item “d”, vale mencionar que, embora estabeleça uma série de restrições e condições à renúncia de receita, a LRF não a proíbe por completo, a saber:

Art. 14. A concessao ou ampliacao de incentivo ou beneficio de natureza tributaria da qual decorra renuncia de receita devera estar acompanhada de estimativa do impacto orcamentario-financeiro no exercicio em que deva iniciar sua vigencia e nos dois seguintes, atender ao disposto na lei de diretrizes orcamentarias e a pelo menos uma das seguintes condicoes:

I - demonstracao pelo proponente de que a renuncia foi considerada na estimativa de receita da lei orcamentaria, na forma do art. 12, e de que nao afetara as metas

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de resultados fiscais previstas no anexo proprio da lei de diretrizes orcamentarias;

II - estar acompanhada de medidas de compensacao, no periodo mencionado no caput, por meio do aumento de receita, proveniente da elevacao de aliquotas, ampliacao da base de calculo, majoracao ou criacao de tributo ou contribuicao.

Basicamente, a LRF estabelece que a renúncia de receita seja estudada e analisada do ponto de vista orçamentário-financeiro, para não acarretar um “rombo” nos cofres públicos.

O item “d” é falso.

GABARITO: LETRA “A“

12. NÃO é hipótese de extinção do crédito tributário:

a) A prescrição.

b) O depósito do seu montante integral.

c) A decisão administrativa irreformável.

d) A remissão.

Ponto do Regulamento do 27º CPR: 11.b.

COMENTÁRIO

As hipóteses de extinção do crédito tributário estão narradas no art. 156, CTN, a saber:

Art. 156. Extinguem o credito tributario:

I - o pagamento.

II - a compensacao.

III - a transacao.

IV - remissao.

V - a prescricao e a decadencia.

VI - a conversao de deposito em renda.

VII - o pagamento antecipado e a homologacao do lancamento nos termos do disposto no artigo 150 e seus §§ 1º e 4º.

VIII - a consignacao em pagamento, nos termos do disposto no § 2º do artigo 164.

IX - a decisao administrativa irreformavel, assim entendida a definitiva na orbita administrativa, que nao mais possa ser objeto de acao anulatoria.

X - a decisao judicial passada em julgado.

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XI – a dacao em pagamento em bens imoveis, na forma e condicoes estabelecidas em lei.

Analisando, pois, as opções sinalizadas na questão, vê-se que o depósito do montante integral não é hipótese de extinção do crédito tributário, mas sim hipótese de suspensão desse crédito, na forma do art. 151, II, CTN.

Com efeito, embora possa parecer que o depósito do montante integral extinga o crédito, a bem da verdade, este depósito é realizado com o objetivo de permitir a discussão jurídica a respeito dele. Assim, quem deposita, não quer pagar, quer discutir, razão pela qual há apenas suspensão do crédito, e não a sua extinção.

Aprofundando a análise, surgem dois pontos interessantes: 1) o depósito é um direito do devedor ou deve ser autorizado pelo Juiz? e 2) qual o destino final desse depósito?

Quanto ao primeiro ponto, a jurisprudência é uníssona em afirmar tratar-se de direito subjetivo, ou seja, basta que haja o depósito do montante integral para que o crédito tributário esteja suspenso, não sendo necessária autorização judicial ou consentimento da Fazenda:

TRIBUTÁRIO. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO. DEPÓSITO DO SEU MONTANTE INTEGRAL. DIREITO DO CONTRIBUINTE QUE INDEPENDE DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. PRECEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. (STJ, AgRg no AREsp 164651, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, p. 28/06/12)

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. IPTU. DEPÓSITO INTEGRAL. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. ART. 151, II, DO CTN. 1. A jurisprudencia desta Corte Superior e no sentido de que “o deposito de que trata o art. 151, II, do CTN constitui direito subjetivo do contribuinte, que pode efetua-lo tanto nos autos da acao principal quanto em Acao Cautelar, sendo desnecessaria a autorizacao do Juizo. É facultado ao sujeito passivo da relacao tributaria efetivar o deposito do montante integral do valor da divida, a fim de suspender a cobranca do tributo e evitar os efeitos decorrentes da mora, enquanto se discute na esfera administrativa ou judicial a exigibilidade da exacao” (AgRg no REsp 517937/PE, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 28/04/2009, DJe 17/06/2009) 2. Assim, no presente caso, apesar da parte ter efetuado o deposito integral do IPTU do exercicio de 2005 nos autos da acao declaratoria em que se discutia o tributo de 2004, mostrou-se inequivoca a manifestacao de vontade de beneficiar-se da suspensao da exigibilidade.3. Recurso especial nao provido. (STJ, Resp 1289977, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, p. 13/12/11).

De outro giro, o destino do depósito deve considerar três situações: (a) o contribuinte consegue anular ou desconstituir o crédito discutido; (b) o contribuinte não consegue tal êxito; e (c) a demanda é extinta sem resolução de mérito, por algum motivo qualquer.

Na situação “a”, o depósito será levantado pelo contribuinte, devidamente atualizado. No caso “b”, o

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depósito será convertido em renda, em favor da Fazenda, caracterizando hipótese, aí sim, de extinção do crédito tributário. Na situação “c” - e aqui chamo atenção do aluno CEI -, o STJ firmou entendimento de que o depósito também deverá ser convertido em renda, a saber:

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. REJEIÇÃO DA PRETENSÃO AUTORAL SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO. CONVERSÃO DO DEPÓSITO EM RENDA DO FISCO. TRIBUTO EVIDENTEMENTE INDEVIDO. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE COM EFEITO VINCULANTE PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. RETORNO DOS AUTOS À CORTE DE ORIGEM. 1. Com a extincao do processo sem resolucao de merito, o deposito do montante integral realizado pelo contribuinte nos termos do art. 151, II, do CTN para suspender a exigibilidade do credito tributario deve ser convertido em renda da Fazenda Publica. (…) (STJ, Resp 1155459, Rel. Min. Castro Meira, p. 25/09/12).

Ora, o depósito é uma garantia de satisfação do crédito que o devedor fornece para permitir que o crédito seja discutido. Assim, a única maneira de ele recuperar o montante, é vencendo a demanda administrativa ou judicial. Caso contrário, o crédito persiste e o valor depositado lhe serve de garantia.

GABARITO: LETRA “B“

MEDIADOR: FILIPE SIVIERO

DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO

13. Acerca da Santa Sé, é correto afirmar:

a) A Santa Sé é o mesmo que o Estado do Vaticano.

b) É um Estado.

c) A Santa Sé não tem personalidade jurídica de direito internacional.

d) o Representante diplomático da Santa Sé no Brasil é o Núncio Apostólico.

Ponto do Regulamento do 27º CPR: 2.b.

COMENTÁRIO

a) ERRADA. A Santa Sé e o Vaticano são dois entes distintos, que têm em comum, fundamentalmente, o vínculo com a Igreja Apostólica Romana. O Vaticano é um ente estatal e, portanto, tem personalidade jurídica, cujo chefe de Estado é o próprio Papa. O principal papel do Vaticano é conferir suporte necessário para que a Santa Sé possa exercer suas funções. Já a Santa Sé representa a cúpula do governo da Igreja Católica que tem como autoridade máxima o Papa e seu poder não é limitado por nenhum outro Estado. Tem existência muito anterior ao Vaticano. Quando Roma caiu e a Itália mergulhou no feudalismo, a Igreja Católica consolidou-se. Com isso, o papado assumiu uma missão espiritual e uma missão temporal. O poder temporal do Papa, de chefe dos Estados pontifícios, se consubstanciou no controle exercido sob

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uma faixa territorial no meio da Itália, que eram os Estados Papais (pequenos ducados). No entanto, com a crise do feudalismo e advento do capitalismo, a Itália se unificou como Estado Nacional e ocupou esse poder temporal. Roma (sede do Papado) foi anexada à Itália em 20 de setembro de 1870, assim, a Santa Sé ficou desalojada, o que deu ensejo à questão romana. O Papa refugiou-se nas colinas do Vaticano e considerou-se refém do novo Estado italiano, entendendo que houve uma ocupação indevida de Roma. A situação só foi resolvida com os 3 Tratados de Latrão, em 11 de fevereiro de 1929 (um tratado que estabelece as relações entre Itália e Santa Sé, uma convenção financeira que trata do financiamento da Santa Sé e uma concordata, modalidade de tratado entre a Santa Sé e outro Estado sobre matéria “espiritual”, ou relação Igreja – Estado), durante o governo de Mussolini. Esse acordo celebrado instalou dentro de Roma um Estado independente, que é a Cidade Estado do Vaticano. Dessa forma, o poder temporal do Papa (suspenso entre 1871 e 1929) volta a existir ao lado do seu poder (sempre mantido) de cunho espiritual. As relações entre a Santa Sé e o Vaticano têm natureza absolutamente sui generis. Foi precisamente nos Tratados de Latrão que esses dois atores – a Santa Sé e a Itália – com suas estipulações recíprocas, deram origem a esse novo sujeito: o Estado da Cidade do Vaticano, que pode ser considerado um Estado instrumental a serviço da Santa Sé. Então o estado do Vaticano tem uma peculiaridade: se a finalidade de qualquer Estado é promover o bem comum do seu povo, a do Vaticano é servir de suporte territorial para a Santa Sé. Trata-se de um Estado funcional, mas jamais falar em interdependência. Pode-se dizer que a soberania do Vaticano é condicionada pela sua finalidade. A Santa Sé e o Vaticano têm capacidade limitada de celebrar tratados. É interessante notar que em algumas organizações internacionais o Vaticano é membro e em outras, a Santa Sé. Esta atua sobretudo nas vertentes e nos nichos político-diplomáticos das relações internacionais e o Vaticano naquelas em que o aspecto territorial da condição de Estado é mais importante, ex: União Postal Universal. (Curso de Direito Internacional Público – 5ª Edição (2011) – Valério Mazzuoli, páginas 408/416. Direito Internacional Público e Privado 4ª Edição (2012) – Paulo Henrique Gonçalves Portela, páginas 172/173. Aulas dos professores André de Carvalho Ramos e Marcelo Miller).

b) ERRADA. A Santa Sé a Cúpula governativa da Igreja Católica, que celebra tratados (CONCORDATA) de cunho eminentemente religioso, não se trata Estado (embora tenha território/pop./governo; não preenche o critério teleológico = fins do Estado e não possui dimensão pessoal= nacionais); não é organização internacional e sim caso único de personalidade internacional anômala/sui generis (REZEK, 2007, p. 242). Atual configuração: Acordos de Latrão (1929): concordata + tratado político + convenção financeira (+ reconhecimento de propriedade de imóveis dispersos/plena soberania nos 44 hectares da colina vaticana = Estado da Cidade do Vaticano).

c) ERRADA. A Santa Sé é um sujeito de Direito Internacional, status adquirido ao longo dos séculos de influência na vida mundial, que remontam à época em que o poder temporal do Papado era amplo e abrangia a capacidade de estabelecer regras de conduta social válidas para o mundo inteiro, de resolver conflitos internacionais e de governar os Estados Pontifícios. Em resumo, o costume internacional explica isso: há prática reiterada e reconhecida em tratar a Santa Sé como sujeito de Direito Internacional Público. É sui generis porque não é um Estado, nem uma organização internacional. É o governo da Igreja Católica Apostólica Romana.

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d) CORRETA. O Representante diplomático da Santa Sé no Brasil é o Núncio Apostólico, chefe da missão diplomática da Santa Sé no Brasil. A Santa Sé possui o direito de legação (direito de enviar e receber agentes diplomáticos), abrindo missões diplomáticas (chamadas de “nunciaturas apostólicas”) chefiadas por “Núncios Apostólicos” e compostas por funcionários de nível diplomático, beneficiários de privilégios e imunidades diplomáticas. (Direito Internacional Público e Privado 4ª Edição (2012) – Paulo Henrique Gonçalves Portela, pg.173).

GABARITO: LETRA “D“

14. Sobre o Jus cogens, é INCORRETO afirmar:

a) São normas imperativas que contêm valores essenciais da comunidade internacional como um todo e só podem ser derrogadas por outras de mesma espécie, ou seja, outra de Jus cogens.

b) Tem como características a obrigatoriedade e a inderrogabilidade.

c) Precisa de unanimidade da comunidade internacional para se gerar o Jus cogens.

d) o surgimento de uma norma de ius cogens posterior extingue um tratado em conflito com aquela norma.

Ponto do Regulamento do 27º CPR: 1.b.

COMENTÁRIO

a) CORRETA: Esta afirmação está no Manual de Direitos Humanos na ESMPU e é um conceito trazido por toda a doutrina de Direito Internacional. A leitura do arquivo da ESMPU é obrigatória.

b) CORRETA: é o que se extrai do art. 53 da CVDT de 1969: A norma do jus cogens é aquela norma imperativa de Direito Internacional geral, aceita e reconhecida pela sociedade internacional em sua totalidade, como uma norma cuja derrogação é proibida e só pode sofrer modificação por meio de outra norma da mesma natureza.

c) ERRADA: Não é necessária a unanimidade, mas um consenso qualificado com o aponta ACR (p. 203). Ou seja, que uma gama de países passe a entender que a norma seja de reprodução obrigatória.

d) CORRETO: é o que preceitua o art. 64 da CVDT (Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados – 1969).

GABARITO: LETRA “C“

15. Acerca da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados (1969), assinale a alternativa CORRETA:

a) Ela se aplica aos tratados internacionais entre organizações internacionais e Estados.

b) Ela estabelece os efeitos dos tratados na sucessão de Estados.

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c) O Brasil não fez reservas a ela.

d) Ela se aplica aos tratados constitutivos de organizações internacionais.

Ponto do Regulamento do 27º CPR: 4.b.

COMENTÁRIO

a) ERRADA: A CVDT não se aplica aos tratados entre Estados e Organizações Internacionais. Para tal objeto, ter-se-á de invocar a CVDT de 1986. A Convenção de Viena 1986 ainda não entrou em vigor internacional. Ela precisa de 35 ratificações, de acordo com o que leciona seu art. 85, o que não foi alcançado até o momento. O âmbito de aplicação da CVDT de 1986 é o seguinte: relações entre Estados e Organizações internacionais, bem como entre organizações internacionais (Art. 1º).

b) ERRADA: Para tal objeto, aplica-se a convenção de Viena sobre sucessão de estados em matéria de tratado de 1978.

c) ERRADA: O art. 1º do Decreto 7030/2009, que internalizou a CVDT/69, estabelece:

Art. 1º A Convencao de Viena sobre o Direito dos Tratados, concluida em 23 de maio de 1969, com reserva aos Artigos 25 e 66, apensa por copia ao presente Decreto, sera executada e cumprida tao inteiramente como nela se contem.

A saber que o art. 25 permitiria a aplicação provisória de tratados, bem como o art. 66 permitiria a resolução pacifica de controvérsias pela Corte Internacional de Justiça.

d) CORRETA. É o que prevê o art. 5º da CVDT de 1969:

A presente Convencao aplica-se a todo tratado que seja o instrumento constitutivo de uma organizacao internacional e a todo tratado adotado no ambito de uma organizacao internacional, sem prejuizo de quaisquer normas relevantes da organizacao.

GABARITO: LETRA “D“

16. No que tange ao reconhecimento de governo, assinale a alternativa CORRETA:

a) A personalidade de um Estado é afetada pelas mutações governamentais.

b) É um ato unilateral pelo qual um ente estatal constata o aparecimento de um novo Estado e admite as conseqüências jurídicas.

c) A Doutrina Tobar sustenta que a América deveria negar-se a reconhecer governos que alcançaram o poder inspirados pela ambição, em virtude de golpes de Estado ou de revoluções internas.

d) O Brasil não adota a doutrina Estrada.

Ponto do Regulamento do 27º CPR: 4.a.

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COMENTÁRIO

a) ERRADA. O reconhecimento de governo trata-se de um instituto ligado à capacidade de um ente estatal manter vínculos com outros Estados e organismos internacionais, inserindo-se na dinâmica das relações internacionais. A personalidade de um Estado não é afetada pelas mutações governamentais. Não importa sua legitimidade e sim sua estabilidade capaz de gerir o país.

b) ERRADA. O conceito trazido pela assertiva, na verdade, é do reconhecimento de Estado.

c) CORRETA. Carlos Tobar (1853 – 1920) foi Ministro das Relações Exteriores equatoriano no início do século XX. Em 1907, ele proferiu uma declaração. Disse que a única forma para evitar golpes de Estado na região americana seria a comunidade internacional se recusar a reconhecer os governos golpistas como legítimos, rompendo relações diplomáticas e formulando contra eles uma declaração de não-reconhecimento, até que aquele governo fosse confirmado nas urnas. De fato, essa doutrina esteve presente na América Latina, inclusive na Venezuela, que aplicou-a rompendo relações com Estados cujos governos não concordava, inclusive o Brasil.

d) ERRADA. A Doutrina Estrada ou doutrina da efetividade – Então secretário do MRE do México, o chanceler General-Estrada afirmava que não poderia haver reconhecimento de governo pois o reconhecimento de governos constitui ingerência indevida em assuntos particulares dos Estados, implicando ofensa à soberania da nação interessada. Ela é anterior à internacionalização dos Direitos Humanos. O Brasil que sempre adotou a doutrina Estrada, mudou essa opinião com o caso de Honduras? Não, pois rompimento com o regime democrático viola os direitos humanos conforme a OEA. E matéria de direitos humanos não é assunto doméstico.

GABARITO: LETRA “C“

17. De acordo com a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, assinale a alternativa INCORRETA:

a) O Estado acreditado não está obrigado a dar ao Estado acreditante as razões da negação do agrément.

b) Dois ou mais Estados poderão acreditar a mesma pessoa como Chefe de Missão perante outro Estado, a não ser que o Estado acreditado a isso se oponha.

c) A residência particular do agente diplomático goza da mesma inviolabilidade e proteção que os locais da missão.

d) A renuncia à imunidade de jurisdição poderá ser tácita.

Ponto do Regulamento do 27º CPR: 5.b.

COMENTÁRIO

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É necessária uma leitura atenta desta convenção. Ela caiu em todos os concursos anteriores, em todas as etapas.

A) CORRETA. Cf. Art. 4, 2.

B) CORRETA. Cf. Art. 6.

C) CORRETA. Cf. Art. 30.

D) ERRADA: deverá sempre ser expressa, conforme o art. 32, 2.

GABARITO: LETRA “D“

GRUPO III

MEDIADOR: JOÃO PAULO LORDELO

DIREITO CIVIL

18. Assinale a alternativa incorreta:

a) O Código Civil de 2002 contempla expressamente hipótese de aplicação do principio do devido processo legal nas relações privadas, ao exigir, para a exclusão de associado, o requisito da justa causa, assegurado o direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto da associação.

b) Dissolvida a associação, o remanescente de seu patrimônio será destinado, prioritariamente, à instituição municipal, estadual ou federal, de fins idênticos ou semelhantes.

c) Para desconsiderar a personalidade da pessoa jurídica à luz do Código Civil, não basta demonstrar que a pessoa juridica é devedora. É necessário demonstrar a existência de um ato abusivo caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial (teoria maior da desconsideração da personalidade jurídica).

d) A jurisprudência do STJ é pacifica no sentido de que a desconsideração da personalidade jurídica pode ocorrer em fase de execução, não se exigindo que haja prévia discussão no processo de conhecimento.

Ponto do Regulamento do 27º CPR: 12.a.

COMENTÁRIO

a) O Código Civil de 2002 contempla expressamente hipótese de aplicação do principio do devido processo legal nas relações privadas, ao exigir, para a exclusão de associado, o requisito da justa causa, assegurado o direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto da associação.

CERTO. O Código Civil de 2002 prevê, em seu art. 57, que o associado só pode ser expulso se houver

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justa causa (que poderá ser submetida ao controle judicial, eventualmente) e se for assegurada a ampla defesa. Cuida-se, portanto, de aplicação do princípio do devido processo legal, cláusula geral que produz efeitos inclusive sobre as relações privadas:

CC-02. Art. 57. A exclusao do associado so e admissivel havendo justa causa, assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto.

Registre-se que o STF já reconheceu que o devido processo legal é aplicado também sobre o direito privado, independentemente de previsão legal expressa:

STF. RE 201819/RJ, rel. Min. Ellen Gracie, rel. p/ acordao Min. Gilmar Mendes, 11/10/2005.

Os principios fundamentais tem aplicacao no ambito das relacoes privadas e, na especie, os principios constitucionais da ampla defesa e do contraditorio deveriam ter sido observados na exclusao de socio, tendo em conta a natureza peculiar da associacao em causa, a qual possui carater quase publico. Por fim, a incidencia de direitos fundamentais nas relacoes privadas ha de ser aferida caso a caso, para nao se suprimir a autonomia privada.

b) Dissolvida a associação, o remanescente de seu patrimônio será destinado, prioritariamente, à instituição municipal, estadual ou federal, de fins idênticos ou semelhantes.

ERRADO. Regra geral, dissolvida uma associação, o seu patrimônio deverá ser atribuído, prioritariamente, a entidades de fins não-econômicos designadas no Estatuto. Apenas se o Estatuto for omisso, o patrimônio é deferido a instituição MUNICIPAL, ESTADUAL ou FEDERAL, de fins iguais ou semelhantes:

CC-02. Art. 61. Dissolvida a associacao, o remanescente do seu patrimônio liquido, depois de deduzidas, se for o caso, as quotas ou fracoes ideais referidas no paragrafo unico do art. 56, sera destinado a entidade de fins nao econômicos designada no estatuto, ou, omisso este, por deliberacao dos associados, à instituicao municipal, estadual ou federal, de fins identicos ou semelhantes.

§ 1º Por clausula do estatuto ou, no seu silencio, por deliberacao dos associados, podem estes, antes da destinacao do remanescente referida neste artigo, receber em restituicao, atualizado o respectivo valor, as contribuicoes que tiverem prestado ao patrimônio da associacao.

§ 2º Nao existindo no municipio, no estado, no Distrito Federal ou no Territorio, em que a associacao tiver sede, instituicao nas condicoes indicadas neste artigo, o que remanescer do seu patrimônio se devolvera a Fazenda do Estado, do Distrito Federal ou da Uniao.

C) Para desconsiderar a personalidade da pessoa jurídica à luz do Código Civil, não basta demonstrar que a pessoa juridica é devedora. É necessário demonstrar a existência de um ato abusivo caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial (teoria maior da

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desconsideração da personalidade jurídica).

CERTO. As normas básicas da teoria da desconsideração da personalidade jurídica estão nos arts. 28 do CDC e 50 do CC/2002 e se referem às teorias maior e menor abaixo delineadas.

• TEORIA MAIOR - Prevista no Código Civil, no art. 50. Ela é mais difícil de ser aplicada, pois impõe observância de dois requisitos: (i) o descumprimento da obrigação e (ii) a demonstração do abuso, caracterizado pelo desvio de finalidade ou confusão de patrimônio.

Art. 50 do CC/02. Em caso de abuso da personalidade juridica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusao patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministerio Publico quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relacoes de obrigacoes sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou socios da pessoa juridica.

O STF tem entendido que a regra geral do direito brasileiro e a teoria maior.

• TEORIA MENOR - Prevista no CDC, no art. 28, e aplicável no Direito Ambiental. Em situações jurídicas especiais, para facilitar a satisfação do direito, adota-se a teoria menor, que se contenta simplesmente com um requisito: a demonstração do descumprimento da obrigação ou insolvência da pessoa jurídica. Não sendo necessário demonstrar o abuso no descumprimento da obrigação, a teoria menor é muito mais fácil de ser aplicada.

Art. 28 do CDC. O juiz podera desconsiderar a personalidade juridica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infracao da lei, fato ou ato ilicito ou violacao dos estatutos ou contrato social. A desconsideracao tambem sera efetivada quando houver falencia, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa juridica provocados por ma administracao.

§ 2° As sociedades integrantes dos grupos societarios e as sociedades controladas, sao subsidiariamente responsaveis pelas obrigacoes decorrentes deste codigo.

§ 3° As sociedades consorciadas sao solidariamente responsaveis pelas obrigacoes decorrentes deste codigo.

§ 4° As sociedades coligadas so responderao por culpa.

§ 5° Tambem podera ser desconsiderada a pessoa juridica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores.

d) A jurisprudência do STJ é pacifica no sentido de que a desconsideração da personalidade jurídica pode ocorrer em fase de execução, não se exigindo que haja prévia discussão no processo de conhecimento.

CERTO. “A jurisprudência do STJ é pacífica no sentido de que a desconsideração da personalidade jurídica

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é medida cabível diretamente no curso da execução” (Resp 920602/DF). Assim, a desconsideração não pressupõe que haja sido discutida no processo de conhecimento.

GABARITO: LETRA “B“

19. A respeito da personalidade juridica, assinale a alternativa correta:

a) O STJ não reconhece a indenização por dano moral sofrido pelo nascituro.

b) A Lei de Biossegurança (Lei nº 11.105/2005) confere força à teoria concepcionista, ao proibir a engenharia genética em embrião viável.

c) A Lei de Registros Públicos (Lei nº 6.015/1973) define que, para fins legais, o nascimento com vida independe do corte do cordão umbilical, considerando-se nascimento com vida o funcionamento do aparelho cerebral.

d) Nenhuma das alternativas acima.

Ponto do Regulamento do 27º CPR: 5.a - a.

COMENTÁRIO

A personalidade é um conceito técnico-jurídico. Trata-se de um atributo jurídico e não uma característica imanente do ser humano (pois têm personalidade jurídica pessoas naturais e jurídicas).

A personalidade jurídica é a aptidão genérica para se titularizar direitos e contrair obrigações na ordem jurídica, ou seja, é a qualidade que alguém tem para ser sujeito de direito. Em síntese, pode ser definida como a soma das aptidões (dos caracteres corpóreos e incorpóreos) da pessoa natural ou jurídica. Tanto a pessoa física como a jurídica são sujeitos de direito, porque são dotadas desta personalidade jurídica. O conceito de pessoa exclui os animais, seres inanimados e as entidades místicas e metafísicas, tidas como objetos de direito.

a) O STJ não reconhece a indenização por dano moral sofrido pelo nascituro.

ERRADO. Entende-se por nascituro o ente concebido, mas ainda não nascido. Em síntese, trata-se do embrião já em desenvolvimento, dentro do útero materno. O STJ, em importantes julgados, (REsp 9315561/RS e REsp 399028/SP), reforçando ainda mais o amadurecimento da corrente concepcionista (que reconhece os direitos da personalidade desde a concepção, antes do nascimento), admitiu indenização por dano moral sofrido por nascituro. Percebendo-se que dano moral é lesão a direitos da personalidade, infere-se que o STJ está considerando o nascituro como sujeito de direito, ainda que de forma mitigada:

STJ. Resp 931556/RS - RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DO TRABALHO. MORTE. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. FILHO NASCITURO. FIXAÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO. DIES A QUO. CORREÇÃO MONETÁRIA. DATA DA FIXAÇÃO PELO JUIZ. JUROS DE MORA. DATA DO EVENTO DANOSO.

- Impossivel admitir-se a reducao do valor fixado a titulo de compensacao por danos

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morais em relacao ao nascituro, em comparacao com outros filhos, ja nascidos na ocasiao do evento morte, porquanto o fundamento da compensacao e a existencia de um sofrimento impossivel de ser quantificado com precisao.

- Embora sejam muitos os fatores a considerar para a fixacao da satisfacao compensatoria por danos morais, e principalmente com base na gravidade da lesao que o juiz fixa o valor da reparacao.

STJ. Resp 399028/SP - DIREITO CIVIL. DANOS MORAIS. MORTE. ATROPELAMENTO. COMPOSIÇÃO FÉRREA. AÇÃO AJUIZADA 23 ANOS APÓS O EVENTO. PRESCRIÇÃO INEXISTENTE. INFLUÊNCIA NA QUANTIFICAÇÃO DO QUANTUM. PRECEDENTES DA TURMA. NASCITURO. DIREITO AOS DANOS MORAIS. DOUTRINA. ATENUAÇÃO. FIXAÇÃO NESTA INSTÂNCIA. POSSIBILIDADE. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.

I - Nos termos da orientacao da Turma, o direito à indenizacao por dano moral nao desaparece com o decurso de tempo (desde que nao transcorrido o lapso prescricional), mas e fato a ser considerado na fixacao do quantum.

II - O nascituro tambem tem direito aos danos morais pela morte do pai, mas a circunstancia de nao te-lo conhecido em vida tem influencia na fixacao do quantum.

III - Recomenda-se que o valor do dano moral seja fixado desde logo, inclusive nesta instancia, buscando dar solucao definitiva ao caso e evitando inconvenientes e retardamento da solucao jurisdicional.

b) CERTO. O art. 5º da Lei de Biossegurança (Lei nº 11.105/2005) confere força à teoria concepcionista ao proibir a engenharia genética em embrião viável, reconhecendo seu direito da personalidade à integridade física.

Art. 5º É permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilizacao de celulas-tronco embrionarias obtidas de embrioes humanos produzidos por fertilizacao in vitro e nao utilizados no respectivo procedimento, atendidas as seguintes condicoes:

I – sejam embriões inviáveis; ou

II – sejam embrioes congelados ha 3 (tres) anos ou mais, na data da publicacao desta Lei, ou que, ja congelados na data da publicacao desta Lei, depois de completarem 3 (tres) anos, contados a partir da data de congelamento.

c) A Lei de Registros Públicos (Lei nº 6.015/1973) define que, para fins legais, o nascimento com vida independe do corte do cordão umbilical, considerando nascimento com vida o funcionamento do aparelho cerebral.

ERRADO. Nos termos do art. 53, §2º, da Lei de Registros Públicos, o nascimento com vida ocorre a partir do funcionamento do aparelho cardiorrespiratório.

Art. 53. No caso de ter a crianca nascido morta ou no de ter morrido na ocasiao do parto, sera, nao obstante, feito o assento com os elementos que couberem e com remissao ao do obito. (Renumerado do art. 54, com nova redacao, pela Lei nº 6.216,

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de 1975).

§ 1º No caso de ter a crianca nascido morta, sera o registro feito no livro “C Auxiliar”, com os elementos que couberem. (Incluido pela Lei nº 6.216, de 1975).

§ 2º No caso de a crianca morrer na ocasiao do parto, tendo, entretanto, respirado, serao feitos os dois assentos, o de nascimento e o de obito, com os elementos cabiveis e com remissoes reciprocas. (Incluido pela Lei nº 6.216, de 1975).

d) Nenhuma das alternativas acima.

ERRADO. A alternativa B é a correta.

GABARITO: LETRA “B“

20. Ainda sobre personalidade juridica, assinale a alternativa correta:

a) O natimorto não possui qualquer proteção, no que concerne aos direitos da personalidade.

b) O STJ já pacificou que a maioridade civil não implica no automático cancelamento de pensão alimentícia, devendo ser analisado cada caso concreto.

c) Com a mudança do critério erário para a maioridade civil, promovida pelo CC-2, os beneficios previdenciários devem ser pagos observando-se o limite etário estabelecido no Código Civil (18 anos).

d) Nenhuma das respostas acima.

Ponto do Regulamento do 27º CPR: 5.a - a.

COMENTÁRIO

a) O natimorto não possui qualquer proteção, no que concerne aos direitos da personalidade.

ERRADO. O natimorto é o ente que nasceu morto. Não é uma pessoa. O ordenamento jurídico entende que, apesar de o natimorto não ser uma pessoa, sofre tutela jurídica. É uma situação peculiar de tutela.

O Enunciado nº 1 da I Jornada de Direito Civil admite a proteção do natimorto, em caráter especial, à luz da teoria dos direitos da personalidade. Assim, o natimorto tem proteção ao NOME, IMAGEM e SEPULTURA (direitos da personalidade, portanto).

Art. 2º do enunciado 1º. A protecao que o Codigo defere ao nascituro alcanca tambem o natimorto no que concerne aos direitos da personalidade, tais como nome, imagem e sepultura.

b) O STJ já pacificou que a maioridade civil não implica no automático cancelamento de pensão alimentícia, devendo ser analisado cada caso concreto.

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CORRETO. Mesmo antes da vigência do Código Civil de 2002, a jurisprudência era no sentido de que o termo para pagamento de alimentos não deveria observar o período da maioridade prevista no Código, mas sim o período de conclusão dos estudos.

O STJ já pacificou que a maioridade civil não implica no automático cancelamento de pensão, devendo ser analisado no caso concreto (Resp 347010/SP). A súmula 358 do STJ, reforçando a tese da jurisprudência, determina que o cancelamento do pagamento da pensão deve respeitar o contraditório e o devido processo constitucional.

Sumula 358 do STJ. O cancelamento de pensao alimenticia de filho que atingiu a maioridade esta sujeito à decisao judicial, mediante contraditorio, ainda que nos proprios autos.

c) Com a mudança do critério etário para a maioridade civil, promovida pelo CC-2, os beneficios previdenciários devem ser pagos observando-se o limite etário estabelecido no Código Civil (18 anos).

ERRADO. O Enunciado 3 da I Jornada de Direito Civil e a doutrina majoritária são pacíficos no sentido de que benefícios previdenciários devem ser pagos observando-se o limite etário estabelecido na norma especial (Lei Previdenciária 8.213/91 – 21 anos de idade) e não o Código Civil (18 anos).

Assim, apesar de o Código Civil ter diminuído a maioridade civil para 18 anos, isso não repercute no campo previdenciário, que é tutelado pela lei especial previdenciária, permanecendo a determinação de que o benefício deve ser pago até os 21 anos de idade.

d) Nenhuma das respostas acima.

ERRADO. A alternativa B é a correta.

GABARITO: LETRA “B“

MEDIADOR: JOÃO PAULO LORDELO

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

21. A respeito da competência internacional, assinale a alternativa correta.

I - Pelo princípio da efetividade, a jurisdição deve se limitar ao espaço em que o Estado pode fazer cumprir soberanamente suas decisões, dando-lhes efetividade. Assim, o Estado deve abster-se de julgar se a sentença não tem como ser reconhecida onde deve produzir seus efeitos, conforme entendimento do STF.

II - A ação intentada perante tribunal estrangeiro induz litispendência no Brasil.

III - Compete à autoridade judiciária brasileira, de maneira absoluta, proceder a inventário e partilha de bens, situados no Brasil, mesmo no caso de o autor da herança ser estrangeiro.

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Estão corretas as alternativas:

a) Apenas a I.

b) Apenas a II.

c) II e III.

d) I e III.

Ponto do Regulamento do 27º CPR: 18,c.

COMENTÁRIO

I – Pelo princípio da efetividade, a jurisdição deve se limitar ao espaço em que o Estado pode fazer cumprir soberanamente suas decisões, dando-lhes efetividade. Assim, o Estado deve abster-se de julgar se a sentença não tem como ser reconhecida onde deve produzir seus efeitos, conforme entendimento do STF.

CORRETO. A competência internacional visa delimitar o espaço em que deve haver jurisdição brasileira. Para tanto funda-se nos seguintes princípios:

a) Princípio da Efetividade – A jurisdição deve se limitar ao espaço em que o Estado pode fazer cumprir soberanamente suas decisões, dando-lhes efetividade. Assim, o Estado deve abster-se de julgar se a sentença não tem como ser reconhecida onde deve produzir seus efeitos. Confira-se:

HC 102041-MC/SP Informativo STF de 574 de 08/02/2010

LIMITES INTERNACIONAIS DA JURISDIÇÃO DOS ESTADOS NACIONAIS - PRETENDIDA ORDEM MANDAMENTAL A SER DIRIGIDA A MISSÃO DIPLOMÁTICA ESTRANGEIRA – INVIABILIDADE.

1) Em nosso regime constitucional, a competencia da Uniao para ‘manter relacoes com estados estrangeiros’ (art. 21, I), e, em regra, exercida pelo Presidente da Republica (CF, art. 84, VII), ‘auxiliado pelos Ministros de Estado’ (CF, art. 76). A intervencao dos outros Poderes so e exigida em situacoes especiais e restritas. No que se refere ao Poder Judiciario, sua participacao esta prevista em pedidos de extradicao e de execucao de sentencas e de cartas rogatorias estrangeiras. 2) Ao atribuir ao STJ a competencia para a ‘concessao de ‘exequatur’ as cartas rogatorias’ (art. 105, I, ‘i’), a Constituicao esta se referindo, especificamente, ao juizo de delibacao consistente em aprovar ou nao o pedido feito por autoridade judiciaria estrangeira para cumprimento, em nosso pais, de diligencia processual requisitada por decisao do juiz rogante. 3) O conceito de jurisdição encerra não só a ideia de “potestas” mas supõe, também, a noção de “imperium”, a evidenciar que não há jurisdição onde o Estado-Juiz não dispõe de capacidade para impor, em caráter compulsório, a observância de seus comandos ou determinações. “Nulla jurisdictio sine imperio”. 4) Na realidade, falece poder, ao Supremo Tribunal Federal, para impor, a qualquer Legação diplomática estrangeira

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em nosso País, o cumprimento de determinações emanadas desta Corte, tendo em vista a relevantíssima circunstância de que não estão elas sujeitas, em regra, ressalvadas situações específicas à jurisdição do Estado brasileiro.

b) Princípio da Plenitudo Jurisdicionis – O poder/dever de conceder a prestação jurisdicional nos limites do território estatal é pleno e ilimitado.

c) Princípio da Exclusividade – Os tribunais de cada país aplicarão sempre as regras delimitadoras de jurisdição que integram a sua própria ordem jurídica, abstendo-se de aplicar as normas dos demais Estados.

d) Princípio da Unilateralidade – A norma delimitadora de jurisdição estatal não tem o poder de conceder o poder de atribuir competência internacional a outro Estado, sob pena de ofensa à soberania estrangeira.

e) Princípio de Imunidade de jurisdição – A jurisdição deixa de ser exercida em razão da qualidade do réu.

Teoria da imunidade relativa:

Divide os atos do Estado soberano em atos de gestao (ius gestionis – praticados pelos Estado como particular) e atos de imperio (ius imperii – praticados pelo Estado enquanto Poder soberano). So os atos de imperio sao protegidos pela imunidade de jurisdicao internacional.

f) Princípio de denegação de justiça – ainda que inicialmente incompetente para apreciar a demanda, o Estado deve julgá-la se constatar que nenhum outro Estado é competente.

g) Princípio da Autonomia da Vontade – reconhece a possibilidade de escolha da jurisdição, em caso de concorrência, como foro de eleição (forum shopping). A teoria da forum non conveniens foi criada para evitar abusos desse princípio.

II - A ação intentada perante tribunal estrangeiro induz litispendência no Brasil.

ERRADO. Nos termos do art. 90 do CPC, “a ação intentada perante tribunal estrangeiro não induz litispendência, nem obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que Ihe são conexas”.

III - Compete à autoridade judiciária brasileira, de maneira absoluta, proceder a inventário e partilha de bens, situados no Brasil, mesmo no caso de o autor da herança ser estrangeiro.

CERTO. O art. 89, do CPC, cuida da chamada competência absoluta no âmbito da jurisdição internacional. Com efeito, os seus incisos trazem hipóteses em que a competência é exclusiva da autoridade brasileira, como no caso do inventário e partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja estrangeiro e tenha residido fora do Brasil (inciso II).

Art. 89. Compete a autoridade judiciaria brasileira, com exclusao de qualquer outra:

I - conhecer de acoes relativas a imoveis situados no Brasil.

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II - proceder a inventário e partilha de bens, situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja estrangeiro e tenha residido fora do território nacional.

GABARITO: LETRA “D“

22. Assinale a alternativa correta:

I – Muito embora, em regra, a competência territorial ostente natureza relativa, em alguns casos, assume caráter absoluto, a exemplo da competência territorial nas ações coletivas, no Estatuto da Criança e do Adolescente e nas demandas individuais envolvendo o Estatuto do Idoso.

II – No âmbito das ações coletivas, a prevenção, para fins de aplicação do instituto da conexão, tem como critério o despacho inicial ou a citação, a depender da competência territorial dos órgãos jurisdicionais envolvidos.

III - Em casos de contrato de adesão, verificada a nulidade da cláusula de eleição de foro, o juiz pode conhecer de ofício a incompetência relativa, independentemente de haver relação de consumo ou não, mas o defeito está sujeito à preclusão.

Estão corretas as assertivas:

a) I e II.

b) Apenas a I.

c) Apenas a III.

d) II e III.

Ponto do Regulamento do 27º CPR: 18,c.

COMENTÁRIO

I – Muito embora, em regra, a competência territorial ostente natureza relativa, em alguns casos, assume caráter absoluto, a exemplo da competência territorial nas ações coletivas, no Estatuto da Criança e do Adolescente e nas demandas individuais envolvendo o Estatuto do Idoso.

ERRADO. De fato, em regra, a competência territorial ostenta natureza relativa, a exemplo da competência em razão do valor da causa. Existem, contudo, casos excepcionais de competência territorial absoluta. A doutrina Italiana, não conseguindo aceitar a possibilidade de existir competência territorial absoluta, desenvolveu o entendimento de que os casos de competência territorial absoluta não são casos de competência territorial, mas funcional (ou territorial funcional), embora sejam competências para determinar o foro. Isso não tem lógica, mas pode cair na prova. Assim, se numa prova objetiva se questionar qual é a competência de caso de determinação de foro, em que for absoluta, e não tiver opção de territorial absoluta, pode marcar funcional.

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Exemplo de ações que são de competência territorial absoluta:

i. Lei de acao civil publica, art. 2º:

Art. 2º da lei 7.347. As acoes previstas nesta lei serao propostas no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juizo tera competência funcional para processar e julgar a causa.

O que a lei quis dizer e que o foro (competencia territorial) e absoluto.

ii. A competencia territorial em acoes do ECA e absoluta.

Art. 209 do ECA. As acoes previstas neste Capitulo serao propostas no foro do local onde ocorreu ou deva ocorrer a acao ou omissao, cujo juizo tera competência absoluta para processar a causa, ressalvadas a competencia da Justica Federal e a competencia originaria dos tribunais superiores.

Nao cai no mesmo erro tecnico da lei de acao civil publica.

iii. A competencia territorial em ações coletivas envolvendo direito de idoso e absoluta.

Art. 80 do Estatuto do Idoso. As acoes previstas neste Capitulo [Da Protecao Judicial dos Interesses Difusos, Coletivos e Individuais Indisponiveis ou Homogeneos] serao propostas no foro do domicílio do idoso, cujo juizo tera competência absoluta para processar a causa, ressalvadas as competencias da JF e a competencia originaria dos Tribunais Superiores.

ATENÇÃO: No caso de ações individuais envolvendo direito do idoso, a competência territorial é relativa. Assim, se ele não quiser demandar em seu domicílio, mas no domicílio do réu, a lei não pode impedir.

RESUMO ESQUEMÁTICO DO CPC – COMPETÊNCIA TERRITORIAL

AÇÃO FORO ART.Ação fundada em: direito pessoal ou direito real sobre bem móvel Domicílio do réu Art. 94

- Réu com mais de um domicílio Qualquer deles §1º- Réu c/ domicílio incerto Onde for encontrado ou domicílio do autor §2º

- Réu s/ domicilio (ou res.) no Brasil Domicílio do autor. Se este também residir fora do BR, qualquer foro §3º

- Dois ou + réus, com domicílios dife-rentes Escolha do autor: foro de qualquer deles §4º

Ação fundada em: direito real sobre imóveis Situação do imóvel Art. 95

- Não recaindo o litígio sobre direito de: posse, propriedade, servidão, demar-cação, divisão de terras, nunciação de obra nova e vizinhança:(competência territorial absoluta)

Pode o autor optar entre:- Foro do domicílio- Foro de eleição

Art. 95 in fine

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AÇÃO FORO ART.

Inventário, partilha, arrecadação, cumprimento de disposições de últi-ma vontade e todas as ações em que o espólio for réu

Domicílio do autor da herança, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro.Essa competência é relativa, podendo ser derrogada por foro de eleição.Obs.: deve-se obedecer a competência absoluta do art. 95 in fine.Assim, não prevalece sobre o foro da coisa em ação de desapropriação ou usucapião, p. ex. (STJ, CC 5.579/RJ)Se houver bens no estrangeiro, a competência da justiça brasileira é concorrente (enquanto que a recíproca não é verdadeira, por força do art. 89)

Art. 96

- Se o autor da herança não tinha domicílio certo Situação dos bens I

- Se o autor da herança não tinha do-micílio certo e possuía bens em locais distintos

Lugar em que ocorreu o óbito II

Ações em que o réu for ausenteForo do seu último domicílio, que também é competente para a arrecadação, inventário, partilha e comprimento de disposições testamentárias

Art. 97

Ação em que o incapaz for réu Domicílio do seu representante Art. 98Ação de separação, conversão em divórcio e anulação de casamento Residência da mulher Art. 100

Ação de alimentos (+ revisional e investigação de paternidade)

Domicílio do alimentandoSe o devedor de alimentos reside no exterior, cumpre à Justiça Estadual do foro do domicílio do alimentando pro-cessar e julgar a ação de alimentos (STJ, CC 20.175/SP).Se o alimentando residir no exterior, será competente a Justiça Federal (há lei específica afastando o art. 80 do CPC: art. 26 da Lei 5.478/68; STJ, CC 13.093/RJ).Grave: a competência será federal se o alimentando resi-dir fora do país.

Art. 100

Ação de anulação de títulos extravia-dos ou destruídos Domicílio do devedor Art. 100

Ação em que for ré a pessoa jurídica Onde está a sede Art. 100Ação quanto às obrigações em que ela contraiu Onde se acha a agência ou sucursal Art. 100

Ação em que for ré a sociedade sem personalidade jurídica Onde exerce sua atividade profissional Art. 100

Ação em que se exigir o cumprimen-to de obrigação

Onde a obrigação deve ser satisfeitaJá se decidiu que o foro do lugar onde a obrigação deve ser satisfeita é o foro competente tanto para as ações em que se exige o pagamento como para aquelas em que se questiona a existência, validade ou eficácia de determi-nado negócio jurídico ou alguma de suas cláusulas (STJ, 3ªT, REsp 119.383/DF).DIDIER e NERY discordam, afirmando que estes casos seguem a regra geral do art. 94.

Art. 100

Ação de reparação do dano Lugar do ato ou do fato Art. 100Ação em que for réu o administrador ou gestor de negócios alheios Lugar do ato ou do fato Art. 100

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AÇÃO FORO ART.

Ações de reparação de dano sofrido por delito ou acidente de veículos

Foro de domicílio do autor ou local do fato (a seguradora não tem esse benefício)Essa prerrogativa não se transmite àquele que se sub-roga no direito de receber indenização – seguradora (STJ, 3ªT, REsp 17.994). Ou seja: não se transmite à segura-dora.

Art. 100

CDC – Discussão sobre relação de consumo

Domicílio do autor-consumidor;Não é absoluta Art. 101, I

Estatuto do Idoso

Competência absoluta do domicílio do idoso, para as causas que envolvam direitos difusos, coletivos, individuais indisponíveis e homogêneos;No âmbito individual, o idoso tem o benefício de deman-dar e ser demandado no foro de seu domicílio, mas essa competência é relativa.

Art. 80

Lei Maria da Penha – demandas em cuja causa de pedir se afirme a ocorrência de violência doméstica e familiar contra a mulher

A autora escolhe entre; a) seu domicílio/residência; b) lugar do fato; c) domicílio do agressor.A competência é relativa

Art. 7º, Lei 11.340/06

II – No âmbito das ações coletivas, a prevenção, para fins de aplicação do instituto da conexão, tem como critério o despacho inicial ou a citação, a depender da competência territorial dos órgãos jurisdicionais envolvidos.

ERRADO. A conexão (consistente no vínculo de afinidade entre duas causas) gera, basicamente, a reunião das causas em um único juízo, considerado prevento, para que lá sejam processadas simultaneamente.

Assim, prevenção é um critério de escolha do juízo onde as causas serão reunidas, denominado de juízo prevento. Os critérios para identificação do juízo prevento são os seguintes:

Para as causas individuais: a) Se as causas estiverem na mesma competência territorial (comarca), prevento é o juiz que DESPACHOU primeiro.

Art. 106 do CPC. Correndo em separado acoes conexas perante juizes que tem a mesma competencia territorial, considera-se prevento aquele que despachou em primeiro lugar.

b) Se as causas estiverem em competências territoriais distintas, prevento é o juízo onde primeiro ocorreu a CITAÇÃO válida.

Art. 219 do CPC. A citacao valida torna prevento o juizo, induz litispendencia e faz litigiosa a coisa; e, ainda quando ordenada por juiz incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a prescricao.

Para as ações coletivas: prevento é o juízo onde a primeira causa for ajuizada. É a data da propositura da ação que define o juizo prevento (e não o despacho ou a citação).

Art. 2º, paragrafo unico da lei 7.347/85. A propositura da acao (civil publica) prevenira a jurisdicao o juizo para todas as acoes posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto (hipoteses de conexao).

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A lei de acao popular (4.717/65) tambem preve a mesma regra em seu art. 5º, §3º.

III - Em casos de contrato de adesão, verificada a nulidade da cláusula de eleição de foro, o juiz pode conhecer de ofício a incompetência relativa, independentemente de haver relação de consumo ou não, mas o defeito está sujeito à preclusão.

As cláusulas contratuais que estabelecem foro de eleição podem ser abusivas ou não. Não há ilicitude da fixação da cláusula de foro de eleição em contrato de adesão, aprioristicamente (como pensam alguns). A cláusula será abusiva ou não a depender do caso concreto. Se for abusiva, porque dificulta o exercício do direito pelo consumidor, a cláusula pode ser considerada nula, nos termos do art. 112, parágrafo único, do CPC:

Art. 112. Paragrafo unico. A nulidade da clausula de eleicao de foro, em contrato de adesao, pode ser declarada de oficio pelo juiz, que declinara de competencia para o juizo de domicilio do reu.

Por outro lado, o art. 114 do CPC prevê a preclusão para quando o juiz não declinar ex officio da competência fixada em cláusula de foro abusiva, o que gera uma consequência curiosa: estamos diante de um caso de incompetência que o juiz pode conhecer de ofício, mas não pode conhecer a qualquer tempo.

Art. 114. Prorrogar-se-a a competencia se dela o juiz nao declinar na forma do paragrafo unico do art. 112 desta Lei ou o reu nao opuser excecao declinatoria nos casos e prazos legais.

Em suma: em casos de contrato de adesão, o juiz pode conhecer de ofício a incompetência relativa, independentemente de haver relação de consumo ou não, mas o defeito está sujeito à preclusão.

GABARITO: LETRA “C“

23. Assinale a alternativa correta:

I - Compete ao Tribunal Regional Federal respectivo o julgamento dos conflito de competência entre juizado federal e juiz federal de uma mesma seção judiciária.

II - Não obstante ser ampla a legitimação para impulsionar a liquidação e a execução da sentença coletiva, admitindo-se que a promovam o próprio titular do direito material, seus sucessores ou um dos legitimados coletivos, impõe-se uma gradação de preferência que permite a legitimidade coletiva subsidiariamente, uma vez que, nessa fase, o ponto central é o dano pessoal sofrido pelas vítimas.

III - No processo coletivo, existe previsão de hipótese de remessa necessária em favor da coletividade.

São corretas as assertivas:

a) I e III.

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b) Apenas a II.

c) I, II e III.

d) Nenhuma das assertivas.

Ponto do Regulamento do 27º CPR: 18,c, 19,b - b.

COMENTÁRIO

I - Compete ao Tribunal Regional Federal respectivo, o julgamento dos conflitos de competência entre juizado federal e juiz federal de uma mesma seção judiciária.

CERTO. Em 26 de agosto de 2009 o STF entendeu, em sede de repercussão geral, que a competência para julgar conflito entre juízes de juizado e juiz comum da mesma região, a competência será do respectivo tribunal ao qual estão vinculados o juiz do juizado e o juiz de direito, e não do STJ.

REPERCUSSÃO GERAL: Conflito de Competencia: Juizado Especial e Juizo Federal – 1 e 2. RE 590409/RJ. Informativo STF 557 – 24/08/2009

Compete ao Tribunal Regional Federal o julgamento de conflito de competencia estabelecido entre Juizado Especial Federal e juiz de primeiro grau da Justica Federal da mesma Secao Judiciaria. Salientou-se, inicialmente, que, nos termos do art. 105, I, d, da CF, a competencia do STJ para julgar conflitos de competencia esta circunscrita aos litigios que envolvam tribunais distintos ou juizes vinculados a tribunais diversos. Considerou-se que a competencia para dirimir o conflito em questao seria do Tribunal Regional Federal ao qual o juiz suscitante e o juizado suscitado estariam ligados, haja vista que tanto os juizes de primeiro grau quanto os que integram os Juizados Especiais Federais estao vinculados aquela Corte. No ponto, registrou-se que esse liame de ambos com o tribunal local estaria caracterizado porque: 1) os crimes comuns e de responsabilidade dos juizes de primeiro grau e das Turmas Recursais dos Juizados Especiais sao julgados pelo respectivo Tribunal Regional Federal e 2) as Varas Federais e as Turmas Recursais dos Juizados Especiais Federais sao instituidas pelos respectivos Tribunais Regionais Federais, estando subordinadas a eles administrativamente. 2) É competente o Tribunal Regional Federal para o julgamento dos crimes comuns e de responsabilidade praticados por juizes de primeiro grau e das Turmas Recursais. Precedente citado: RE 136154/DF.

II - Não obstante ser ampla a legitimação para impulsionar a liquidação e a execução da sentença coletiva, admitindo-se que a promovam o próprio titular do direito material, seus sucessores ou um dos legitimados coletivos, impõe-se uma gradação de preferência que permite a legitimidade coletiva subsidiariamente, uma vez que, nessa fase, o ponto central é o dano pessoal sofrido pelas vítimas.

CORRETO. No informativo n. 499/2012, o STJ decidiu que, não obstante ser ampla a legitimação para impulsionar a liquidação e a execução da sentença coletiva, admitindo-se que a promovam o próprio titular do direito material, seus sucessores ou um dos legitimados do art. 82 do CDC, o art. 97 impõe uma

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gradação de preferência que permite a legitimidade coletiva (ou seja, dos entes coletivos) subsidiariamente, uma vez que, nessa fase, o ponto central é o dano pessoal sofrido pelas vítimas:

LEGITIMIDADE. MP. LIQUIDAÇÃO E EXECUÇÃO DE SENTENÇA COLETIVA. RESP 869.583-DF

Nao obstante ser ampla a legitimacao para impulsionar a liquidacao e a execucao da sentenca coletiva, admitindo-se que a promovam o proprio titular do direito material, seus sucessores ou um dos legitimados do art. 82 do CDC, o art. 97 impoe uma gradacao de preferencia que permite a legitimidade coletiva subsidiariamente, uma vez que, nessa fase, o ponto central e o dano pessoal sofrido pelas vitimas. Assim, no ressarcimento individual (arts. 97 e 98 do CDC), a liquidacao e a execucao serao obrigatoriamente personalizadas e divisiveis, devendo prioritariamente ser promovidas pelas vitimas ou seus sucessores de forma singular, uma vez que o proprio lesado tem melhores condicoes de demonstrar a existencia do seu dano pessoal, o nexo etiologico com o dano globalmente reconhecido, bem como o montante equivalente à sua parcela. Todavia, para o cumprimento de sentenca, o escopo e o ressarcimento do dano individualmente experimentado, de modo que a indivisibilidade do objeto cede lugar a sua individualizacao. O art. 98 do CDC preconiza que a execucao coletiva tera lugar quando ja houver sido fixado o valor da indenizacao devida em sentenca de liquidacao, a qual deve ser – em sede de direitos individuais homogeneos – promovida pelos proprios titulares ou sucessores. A legitimidade do Ministerio Publico para instaurar a execucao exsurgira, se for o caso, apos o prazo de um ano do transito em julgado, se nao houver a habilitacao de interessados em numero compativel com a gravidade do dano, nos termos do art. 100 do CDC. É que a hipotese versada nesse dispositivo encerra situacao em que, por alguma razao, os consumidores lesados desinteressam-se do cumprimento individual da sentenca, retornando a legitimacao dos entes publicos indicados no art. 82 do CDC para requerer ao juizo a apuracao dos danos globalmente causados e a reversao dos valores apurados para o Fundo de Defesa dos Direitos Difusos (art. 13 da LACP), com vistas a que a sentenca nao se torne inocua, liberando o fornecedor que atuou ilicitamente de arcar com a reparacao dos danos causados. O aludido prazo de 1 ano somente passa correr a partir da publicacao de editais cientificando os interessados da sentenca exequenda.

III – No processo coletivo, existe previsão de hipótese de remessa necessária em favor da coletividade.

CERTO. Aplica-se em todas as ações coletivas a regra de reexame necessário prevista na Lei da Ação Popular (art. 19), salvo no caso de Mandado de Segurança Coletivo, que tem disciplina própria (nem a LACP nem o CDC preveem algo a respeito). Assim, é possível afirmar, conforme entende a jurisprudência do STJ, que existe reexame necessário na ação coletiva, com o seguinte detalhe: ele ocorre em favor da coletividade, nos casos de improcedência do pedido ou extinção do processo sem resolução do mérito. Confira-se:

Art. 19 da LAP. A sentenca que concluir pela carencia ou pela improcedencia da

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acao esta sujeita ao duplo grau de jurisdicao, nao produzindo efeito senao depois de confirmada pelo tribunal; da que julgar a acao procedente cabera apelacao, com efeito suspensivo.

GABARITO: LETRA “C“

GRUPO IV

MEDIADOR: RENAN PAES FELIX

DIREITO PENAL

24. A respeito do direito penal e os indígenas, assinale a alternativa correta:

a) O ordenamento jurídico brasileiro autoriza a aplicação, pelo grupos tribais, de acordo com as instituições próprias, de sanções penais ou disciplinares contra os seus membros, desde que não tenham caráter cruel ou infamante.

b) No caso de condenação criminal de índio, no processo de individualização da pena, o juiz poderá aplicar circunstância atenuante em razão da condição de silvicola.

c) Para o Superior Tribunal de Justiça, as benesses penais previstas no Estatuto do Índio são aplicáveis aos silvicolas em qualquer hipótese.

d) Para o Superior Tribunal de Justiça, o “grau de integração do silvícola” deve sempre ser aferido por intermédio de laudo antropológico, para o efeito de definir a aplicação ou não do Estatuto do Índio.

Ponto do Regulamento do 27º CPR: 8,b.

COMENTÁRIO

A assertiva “a” está correta. O Estatuto do Índio, em seu art. 57, reconhece como juridicamente válidas as sanções penais aplicadas pelos próprios indígenas, desde que dentro de parâmetros de proporcionalidade. Trata-se de decorrência do reconhecimento, por parte do Estado, dos costumes, crenças e tradições dos povos indígenas. Edilson Vitorelli traz um exemplo prático a respeito da matéria:

“(...) um indio acusado de matar outro indio foi absolvido pelo Tribunal do Juri porque ja tinha recebido e cumprido uma punicao imposta pelas autoridades indigenas. Esse caso e ricamente narrado por Marjorie Begot Ruffeil, que afirma que, nos dois primeiros quesitos, por unanimidade, os jurados reconheceram a autoria e materialidade do delito, mas, no terceiro quesito, tambem por unanimidade, absolveram o reu respondendo sim a seguinte questao: “o fato de o acusado ter sido condenado segundo os costumes de sua comunidade indigena e suficiente para isenta-lo de pena neste julgamento?” Trata-se de um caso (…) em que a jurisdicao estatal curvou-se a decisao da jurisdicao indigena.” (LIMA, Edilson Vitorelli Diniz. Estatuto do Índio. Salvador: Juspodivm, 2011.p. 279).

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A assertiva “b” está incorreta uma vez que, conforme art. 56, a aplicação da atenuante é obrigatória: “No caso de condenação de índio por infração penal, a pena deverá ser atenuada e na sua aplicação o juiz atenderá também ao grau de integração do silvícola.”

A assertiva “c” está incorreta. O STJ possui jurisprudência firmada no sentido de que só são aplicáveis os benefícios penais (circunstância atenuante e regime diferente de cumprimento de pena) em caso de índio “não adaptado à comunhão nacional” ou “não adaptado à sociedade brasileira”. É importante registrar que trata-se de orientação fortemente criticada pela 6ª CCR do MPF, pois o índio não perde a sua identidade apenas por andar vestido, falar português e possuir um título de eleitor. Veja-se um dos precedentes:

“AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. PENAL. CRIME DE INCÊNDIO.

INDÍGENA INTEGRADO À SOCIEDADE BRASILEIRA. PLEITO DE APLICAÇÃO DA ATENUANTE DO ART. 56, PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI 6.001/73.

IMPOSSIBILIDADE.

1. Este Tribunal Superior possui entendimento firmado de que o art. 56, paragrafo unico, da Lei nº 6.001/76 (Estatuto do Índio), a embasar a pretensao de atenuacao da reprimenda, somente se destina à protecao do silvicola nao integrado à comunhao nacional; ou seja, esse dispositivo legal nao pode ser aplicado em favor do indigena ja adaptado à sociedade brasileira.

2. Agravo regimental a que se nega provimento.”

(AgRg no REsp 1361948/PE, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, julgado em 10/09/2013, DJe 16/09/2013).

A alternativa “d” está incorreta. Para o STJ, é possível que o “grau de integração do silvícola” seja aferido por outros meios de prova, não sendo indispensável a elaboração de laudo antropológico: “É dispensável a realização de exame pericial antropológico ou sociológico quando, por outros elementos, constata-se que o indígena está integrado à sociedade civil e tem conhecimento dos costumes a ela inerentes. Precedentes do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal.” (REsp 1129637/SC, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 15/08/2013, DJe 28/08/2013). Mais uma vez, registre-se, tal orientação jurisprudencial é contrária à posição institucional do MPF. Como já dito, para o MPF, o “integracionismo” foi superado, de modo que o índio pode andar vestido, falar português, ter seus documentos e ainda assim preservar os seus laços culturais e sua identidade própria.

GABARITO: LETRA “A“

25. A respeito do conflito aparente de normas, assinale a alternativa incorreta:

a) O fundamento material da subsidiariedade reside no fato de distintas proposições jurídico-penais protegerem o mesmo bem jurídico em diferentes graus de violação.

b) Há consunção quando o crime-meio é realizado como uma fase ou etapa do crime-fim,

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onde vai esgotar seu potencial lesivo, sendo, por isso, a punição somente da conduta criminosa final do agente.

c) O crime de inserção de dados falsos em sistema de informações, descrito no art. 313-A do Código Penal, é especial em relação ao peculato, descrito no art. 312 do mesmo diploma legal.

d) A conduta de extração de areia sem autorização configura, pelo principio da especialidade, apenas o crime previsto no art. 55 da Lei nº 9.605/98, afastando-se a incidência do art. 2º da Lei nº 8.176/91.

Ponto do Regulamento do 27º CPR: 8.a.

COMENTÁRIO

A assertiva “a” está correta. Conforme leciona Bitencourt: “Há relação de primariedade e subsidiariedade entre duas normas quando descrevem graus de violação de um mesmo bem jurídico, de forma que a norma subsidiária é afastada pela aplicabilidade da norma principal. (…) Assim, [por exemplo], o constrangimento ilegal (art. 146) é subsidiário dos crimes em que há emprego de violência ou grave ameaça.” (BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. Volume I. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 224).

A assertiva “b” está correta. É exatamente essa a definição que a doutrina, em linhas gerais, dá para o princípio da consunção.

A assertiva “c” está correta. Trata-se de aplicação do princípio da especialidade, tal como descrito no acórdão abaixo:

“HABEAS CORPUS. PECULATO-DESVIO. INSERÇÃO DE DADOS FALSOS EM SISTEMA DE INFORMAÇÕES. CONCURSO MATERIAL. CONFLITO APARENTE DE NORMAS.

CRITÉRIO DA ESPECIALIDADE. PECULIARIDADES DO CASO CONCRETO. BIS IN IDEM. CONFIGURAÇÃO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO.

1. O delito de insercao de dados falsos em sistema de informacoes, descrito no artigo 313-A do Codigo Penal, e especial ao crime de peculato delineado no artigo 312 do Estatuto Repressor.

2. Na hipotese, a vantagem indevida auferida em detrimento da administracao publica (objeto de tutela do crime de peculato) foi alcancada por meio de um especial modo de agir, consistente na insercao de informacoes falsas nos sistemas informatizados ou banco de dados da municipalidade.

3. Tal circunstancia evidencia a ocorrencia de apenas uma lesao ao bem juridico tutelado, sendo imperioso, diante do concurso aparente de normas penais aplicaveis, o afastamento da condenacao referente ao crime de peculato-desvio, ja que o delito descrito no artigo 313-A do Codigo Penal disciplina, na integra, os fatos praticados pelo paciente, remediando-se, por conseguinte, o bis in idem repudiado pelo ordenamento juridico patrio.

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(...).

(HC 213.179/SC, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 19/04/2012, DJe 03/05/2012)”.

A assertiva “d” está incorreta. Para o STJ, por tratarem da tutela de bens jurídicos distintos, incidem as sanções penais de ambos os tipos penais: “Art. 55. Executar pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem a competente autorização, permissão, concessão ou licença, ou em desacordo com a obtida: Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa” (Lei nº 9.605/98) e “Art. 2° Constitui crime contra o patrimônio, na modalidade de usurpação, produzir bens ou explorar matéria-prima pertencentes à União, sem autorização legal ou em desacordo com as obrigações impostas pelo título autorizativo. Pena: detenção, de um a cinco anos e multa.” (Lei nº 8.176/91). Confira-se o aresto:

“PENAL E PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CRIMES AMBIENTAL E CONTRA A ORDEM ECONÔMICA. APARENTE CONFLITO DE NORMAS. INOCORRÊNCIA. BENS JURÍDICOS DISTINTOS. LEIS 8.176/91 E 9.605/98. ENTENDIMENTO DESTE STJ. SÚMULA 83/STJ. PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. SÚMULAS 282 E 356 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. APLICAÇÃO. AGRAVO NÃO PROVIDO.

1. As Turmas componentes da 3ª Secao tem entendimento firme no sentido de que os arts. 55 da Lei 9.605/98 e 2º, caput, da Lei 8.176/91 protegem bens juridicos distintos: o meio ambiente e a ordem econômica, de forma que nao ha falar em derrogacao da segunda pela primeira, restando ausente o conflito aparente de normas.

2. “O artigo 2º da Lei 8.176/91 tipifica o crime de usurpacao, como modalidade de delito contra o patrimônio publico, consistente em produzir bens ou explorar materia-prima pertencente a Uniao, sem autorizacao legal ou em desacordo com as obrigacoes impostas pelo titulo autorizativo, enquanto que o artigo 55 da Lei 9.605/98 tipifica o delito contra o meio-ambiente, consubstanciado na extracao de recursos minerais sem a competente autorizacao, permissao, concessao ou licenca, ou em desacordo com a obtida, sendo induvidosamente distintas as situacoes juridico-penais” (HC 35.559/SP, Rel. Min. HAMILTON CARVALHIDO, DJ 05/02/2007)

3. Por outro vertice, a ausencia de pronunciamento em torno da questao contida nos dispositivos da legislacao federal invocada impede o conhecimento do recurso especial, pela falta de prequestionamento. Incidencia das Sumulas 282 e 356 do STF. Ademais, a aceitacao, pela jurisprudencia deste STJ, do chamado “prequestionamento implicito” nao socorre aos recorrentes.

4. Agravo regimental nao provido.

(AgRg no AREsp 137.498/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 19/11/2013, DJe 27/11/2013)”.

Assim, para o STJ, não há conflito aparente de normas no caso em apreço, cabendo a incidência de ambas as sanções, em concurso formal.

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GABARITO: LETRA “D“

26. Assinale a alternativa correta.

a) A conduta do “insider trading” é atípica no sistema jurídico brasileiro.

b) Gestão fraudulenta de instituição financeira é crime de mão própria e material.

c) A aquisição de veículo por intermédio de contrato de leasing, com a utilização de fraude, constitui crime contra o sistema financeiro nacional.

d) O crime de gestão temerária de instituição financeira admite a modalidade culposa.

Ponto do Regulamento do 27º CPR: 14.c.

COMENTÁRIO

A assertiva “a” está errada. Insider trading é a conduta de negociar valores mobiliários (ações) baseada no conhecimento prévio de informações importantes e sigilosas, que ainda não são de conhecimento público, com o objetivo de auferir lucro no mercado de capitais. Tal conduta é tipificada como crime no art. 27-D da Lei n. 6.385/76: “Art. 27-D. Utilizar informação relevante ainda não divulgada ao mercado, de que tenha conhecimento e da qual deva manter sigilo, capaz de propiciar, para si ou para outrem, vantagem indevida, mediante negociação, em nome próprio ou de terceiro, com valores mobiliários: (Artigo incluído pela Lei nº 10.303, de 31.10.2001) Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa de até 3 (três) vezes o montante da vantagem ilícita obtida em decorrência do crime. (Incluído pela Lei nº 10.303, de 31.10.2001)”.

Houve um caso recente de condenação por insider trading no caso que ficou conhecimento como “perdigão-sadia”. Segue link para a sentença: “http://www.prsp.mpf.gov.br/sala-de-imprensa/pdfs-das-noticias/Sentenca_Insider.pdf/view”.

A assertiva “b” está errada. O crime de gestão fraudulenta de instituição financeira, previsto no art. 4º da Lei nº 7.492/86, é de mão própria, pois o sujeito ativo é aquele que gerencia a instituição financeira. Mas o crime é formal, pois, para a sua configuração não há necessidade de comprovar prejuízo à instituição financeira. Nesse sentido:

“Cumpre registrar que o delito descrito no art. 4° da Lei n. 7.492/86 e formal e de perigo concreto, bastando para sua consumacao a comprovacao da gestao fraudulenta, independentemente da existencia ou nao da efetiva lesao ao patrimônio de instituicao financeira e prejuizo dos investidores, poupadores ou assemelhados. Em outras palavras, para a consumacao do delito em comento, nao e necessaria a verificacao de um resultado natural externo a conduta do agente, devendo ser demonstrada a potencialidade do perigo, mas nao a sua ocorrencia.”

(AgRg no REsp 1133948/RJ, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, julgado em 10/06/2014, DJe 24/06/2014).

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A assertiva “c” está correta. O STJ firmou posição no sentido de enquadrar a conduta no tipo previsto no art. 19 da Lei nº 7.492/86.

“PENAL E PROCESSO PENAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. 1. JUSTIÇA ESTADUAL X JUSTIÇA FEDERAL ESPECIALIZADA. COMPRA DE VEÍCULO. ARRENDAMENTO MERCANTIL. UTILIZAÇÃO DE FRAUDE. CRIME CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO X ESTELIONATO. CONFIGURAÇÃO DO TIPO PENAL DO ART. 19 DA LEI N. 7.492/1986. FINANCIAMENTO EM SENTIDO AMPLO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL ESPECIALIZADA. PRECEDENTES. 2. CONFLITO CONHECIDO PARA RECONHECER A COMPETÊNCIA DO JUÍZO FEDERAL DA 2ª VARA CRIMINAL ESPECIALIZADA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE SÃO PAULO/SP, O SUSCITANTE.

1. É assente no Superior Tribunal de Justica o entendimento no sentido de que, embora o contrato de leasing - tambem denominado arrendamento mercantil - possua particularidades proprias, revela, na pratica, verdadeiro tipo de financiamento bancario, para aquisicao de bem especifico, em instituicao financeira. Dessa forma, tem-se que os fatos narrados se subsumem, ao menos em tese, ao tipo penal do art. 19 da Lei n. 7.492/1986, o que determina a competencia da Justica Federal, nos termos do art. 26 da referida lei.

2. Conheco do conflito para reconhecer a competencia do Juizo Federal da 2ª Vara Criminal Especializada em Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional e Crimes de Lavagem ou Ocultacao de Bens, Direitos e Valores da Secao Judiciaria do Estado de Sao Paulo/SP, o suscitante.

(CC 114.030/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 26/03/2014, DJe 02/04/2014)”.

A assertiva “d” está errada. A modalidade culposa só é possível quando expressamente prevista em lei. E, no caso, não há previsão legal (art. 4º, Lei nº 7.492/86).

GABARITO: LETRA “C“

MEDIADOR: BRUNO BARROS

DIREITO PROCESSUAL PENAL

27. Sobre o tema competência, assinale o item correto:

a) Na esteira do posicionamento majoritário do STJ, todo crime praticado por intermédio da internet é de competência federal, haja vista a sua internacionalidade.

b) Na hipótese dos crimes de furto praticados por hackers, a competência territorial define-se pelo local da conta beneficiária da transferência indevida

c) De acordo com a jurisprudência do STJ, eventual roubo à agência dos Correios será sempre de competência da Justiça Federal

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d) Segundo a jurisprudência do STJ, o uso de documento público, cuja emissão seja atribuída a órgão federal, perante autoridade pública estadual, implica a competência da Justiça Estadual.

Ponto do Regulamento do 27º CPR: 11.

COMENTÁRIO

Competência criminal federal é tema obrigatório em concursos do Ministério Público Federal, de maneira que o aluno CEI deve estar atento para as principais questões atinentes a esta matéria, principalmente os posicionamentos recentes do STF e do STJ. Lembrem-se que a matéria também pode ser cobrada em uma peça judicial, tal como um Recurso em Sentido Estrito ou uma Apelação.

Buscou-se abarcar, na questão, quatro situações bastante cobradas em concursos, mas também bastante comuns na prática do Procurador da República.

A competência da Justiça Federal está rigorosamente prevista no art. 109, CR, e lá não consta competir a ela julgar os crimes praticados pela internet. Na verdade, o crime praticado pela internet poderá enquadrar-se na hipótese do art. 109, V, CR, que assim dispõe:

V - os crimes previstos em tratado ou convencao internacional, quando, iniciada a execucao no Pais, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente.

Observe-se, então, que, segundo a jurisprudência do STJ, há a necessidade da presença simultânea de dois requisitos, quais sejam, (i) existência de tratado/convenção internacional através da qual o Brasil obrigou-se a reprimir o crime; e (ii) a transnacionalidade da conduta, isto é, que o crime tenha aptidão para produzir efeitos no exterior.

O exemplo clássico é o crime de pedofilia (art. 241-A, ECA), no qual o sujeito divulga fotos com conteúdo de pornografia infantil em redes sociais, como Orkut e facebook. Nesses casos, o Brasil é signatário de um tratado internacional de repressão à pedofilia e as fotos podem ser vistas por qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo, caracterizando a competência da Justiça Federal, a saber:

CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. DIVULGAÇÃO DE IMAGENS PORNOGRÁFICAS DE MENORES POR MEIO DAINTERNET. CONDUTA QUE SE AJUSTA ÀS HIPÓTESES PREVISTAS NO ROL TAXATIVO DO ART. 109 DA CF.COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. 1. A competencia da Justica Federal para processar e julgar os delitos praticados por meio da rede mundial de computadores e fixada quando o cometimento do delito por meio eletrônico se refere a infracoes previstas em tratados ou convencoes internacionais, constatada a internacionalidade do fato praticado (art. 109, V, da CF), ou quando a pratica de crime via internet venha a atingir bem, interesse ou servico da Uniao ou de suas entidades autarquicas ou empresas publicas (art. 109, IV, da CF). 2. No presente caso, ha hipotese de atracao da competencia da Justica Federal, uma vez que o fato de haver um usuario do Orkut, supostamente praticado delitos de divulgacao de imagens pornograficas de criancas e adolescentes, configura uma das situacoes previstas no

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art. 109 da Constituicao Federal. 3. Alem do mais, o Brasil comprometeu-se perante a comunidade internacional a combater os delitos relacionados a exploracao de criancas e adolescentes em espetaculos ou materiais pornograficos, ao incorporar no direito patrio, por meio do decreto legislativo nº 28 de 14/09/1990, e do Decreto nº 99.710 de 21/12/1990, a Convenção sobre direitos da Criança adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas. 4. Ressalte-se, ainda, que a divulgacao de imagens pornograficas, envolvendo criancas e adolescentes por meio do Orkut, nao se restringe a uma comunicacao eletrônica entre pessoas residentes no Brasil, uma vez que qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo, desde que conectada à internet e integrante do dito sitio de relacionamento, podera acessar a pagina publicada com tais conteudos pedofilos-pornograficos, verificando-se, portanto, cumprido o requisito da transnacionalidade exigido para atrair a competencia da Justica Federal. 5. Conflito conhecido para declarar competente o Juizo Federal da 16ª Vara de Juazeiro do Norte - SJ/CE, ora suscitado. (STJ, CC120999).

Se não há tratado/convenção internacional, o crime será da competência da Justiça Estadual, ainda que tenha aptidão para produzir efeitos no exterior. Por exemplo, se alguém calunia outrem em sua página de uma rede social, esta calúnia pode ser visualizada por qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo. No entanto, como não há um tratado/convenção internacional no qual o Brasil tenha se obrigado a reprimir este crime, não restará caracterizada a competência da Justiça Federal.

Nessa vertente, destacamos:

CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. CRIME DE INJÚRIA PRATICADO POR MEIO DA INTERNET, NAS REDES SOCIAIS DENOMINADAS ORKUT E TWITTER. AUSÊNCIA DAS HIPÓTESES DO ART. 109, INCISOS IV E V, DA CF. OFENSAS DE CARÁTER EXCLUSIVAMENTE PESSOAL.COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. 1 - O simples fato de o suposto delito ter sido cometido por meio da rede mundial de computadores, ainda que em paginas eletrônicas internacionais, tais como as redes sociais “Orkut” e “Twitter”, nao atrai, por si so, a competencia da Justica Federal. 2 - É preciso que o crime ofenda a bens, serviços ou interesses da União ou esteja previsto em tratado ou convenção internacional em que o Brasil se comprometeu a combater, como por exemplo, mensagens que veiculassem pornografia infantil, racismo, xenofobia, dentre outros, conforme preceitua o art. 109, incisos IV e V, da Constituição Federal. 3 - Verificando-se que as ofensas possuem carater exclusivamente pessoal, as quais foram praticadas pela ex-namorada da vitima, nao se subsumindo, portanto, a acao delituosa a nenhuma das hipoteses do dispositivo constitucional, a competencia para processar e julgar o feito sera da Justica Estadual. 4 - Conflito conhecido para declarar a competencia do Juizo de Direito do Juizado Especial Civel e Criminal de Sao Cristovao/SE, o suscitado. (STJ, CC121431).

De outro giro, mesmo que haja tratado/convenção internacional que preveja a repressão do crime, se não houve o transnacionalidade do delito, também não haverá a competência da Justiça Federal. Exemplificando: O sujeito A envia, por e-mail, fotos com conteúdo de pornografia infantil para o sujeito

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B, ambos no Brasil.

Nessa trilha, confira-se:

CONFLITO DE COMPETÊNCIA. CRIMES RELACIONADOS À DIVULGAÇÃO DE MATERIAL PORNOGRÁFICO ENVOLVENDO CRIANÇAS E ADOLESCENTES POR MEIO DA INTERNET.INEXISTÊNCIA DE ELEMENTOS DE INTERNACIONALIDADE.COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. PRECEDENTES DO STJ. 1. O fato de o suposto crime praticado contra menores ter sido cometido por meio da rede mundial de computadores (internet), nao atrai, necessariamente, a competencia da Justica Federal para o processamento do feito. 2. Para se firmar a competencia da Justica Federal, alem de o Pais ser signatario de acordos e tratados internacionais, deve-se demonstrar que a divulgacao das cenas pornograficas envolvendo criancas e adolescentes efetivamente ultrapassou as fronteiras do Estado Brasileiro. 3. A hipótese dos autos demonstra ser apenas a troca de mensagens eletrônicas entre pessoas residentes no Brasil, por meio de correio eletrônico e de comunidades virtuais de relacionamento como MSN, sem transpor a fronteiras do Estado Brasileiro, ausente o requisito da transnacionalidade, motivo pelo qual deve ser apurada pela Justica estadual. 4. Conflito conhecido para declarar competente o Juizo de Direito da Vara Criminal de Rolandia/PR, o suscitado. (STJ, CC121215) .

Portanto, o item “a” é falso.

Por outro lado, na hipótese de transferências eletrônicas fraudulentas, firmou-se o entendimento de que há o crime de furto qualificado pela fraude, e não estelionato.

Não há dúvidas de que, na hipótese da transferência entre contas efetuada indevidamente por um hacker, há a prática de fraude, de maneira que a sua existência, ou não, não é suficiente para que se possa concluir em qual crime a conduta se encaixa. Como proceder então?

A solução encontrada pelo Superior Tribunal de Justiça pautou-se na distinção quanto à finalidade exercida pela fraude na hipótese de atuação do hacker.

Com efeito, no estelionato, a fraude é praticada para que a vítima, induzida a erro, pratique determinada conduta ou entregue bem ao agente, da qual advenha a vantagem ilícita a este último.

Por exemplo, utilizando-se de uma assinatura falsa aposta no cheque, o estelionatário faz com que a vítima direta, a instituição financeira, seja induzida a erro (=acredite que o cheque foi efetivamente emitido pela vítima indireta, o particular, ao agente), e, consequentemente, entregue ao agente o valor correspondente (=vantagem indevida), suportando prejuízo econômico (=terá de ressarcir o cliente lesado).

Por outro lado, no furto mediante fraude, esta não é praticada com o propósito de induzir a vítima a erro e fazer com que ela pratique o ato do qual lhe resulte prejuízo e vantagem indevida para o agente. A finalidade da fraude, no caso, é diminuir a vigilância da vítima, permitindo que o proprio agente possa praticar o ato que irá lhe resultar vantagem econômica indevida e prejuízo à vítima.

Exemplificando, temos a hipótese do famoso “boa noite cinderela”, no qual o agente põe alguma

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substância na bebida e induz a vítima a bebê-la (=fraude), para, após a vítima encontrar-se desacordada (=redução da vigilância da vítima), subtrair os seus pertences (= vantagem indevida e prejuízo à vítima).

Em suma: No furto mediante fraude, é o próprio agente quem praticará o ato do qual resulte vantagem indevida e prejuízo à vítima, após esta ter sido enganada; no estelionato, é a vítima quem praticará o ato do qual resulte vantagem indevida ao agente e prejuízo a si própria, por ter sido enganada.

Em outras palavras, no furto mediante fraude, a conduta da vitima e irrelevante para a obtencao da vantagem; no estelionato, a conduta da vitima e relevante.

Voltando ao caso, o Superior Tribunal de Justiça, partindo dessa diferenciação, chegou à conclusão de que o crime é de furto mediante fraude, e não de estelionato, pois é o próprio agente que procede à transferência dos bens, sendo a fraude perpetrada com o objetivo de afastar a vigilância da vítima (instituição financeira), qual seja, a exigência da senha.

Nesse sentido, cite-se decisão paradigma:

CONFLITO DE ATRIBUIÇÕES. MPF E JUIZ FEDERAL. IPL. MOVIMENTAÇÃO E SAQUES FRAUDULENTOS EM CONTA-CORRENTE DA CEF POR MEIO DA INTERNET. MANIFESTAÇÃO DO MPF PELA DEFINIÇÃO DA CONDUTA COMO FURTO MEDIANTE FRAUDE E DECLINAÇÃO DA COMPETÊNCIA PARA O LOCAL ONDE MANTIDA A CONTA-CORRENTE. INTERPRETAÇÃO DIVERSA DO JUÍZO FEDERAL, QUE ENTENDE TRATAR-SE DE ESTELIONATO. INEXISTÊNCIA DE CONFLITO DE ATRIBUIÇÕES. ARQUIVAMENTO INDIRETO. APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 28 DO CPP. PRECEDENTES DA 3A. SEÇÃO DESTA CORTE. PARECER DO MPF PELO NÃO CONHECIMENTO DO CONFLITO. CONFLITO DE ATRIBUIÇÃO NÃO CONHECIDO.

1. A 3ª Seção desta Corte definiu que configura o crime de furto qualificado pela fraude a subtração de valores de conta corrente, mediante transferência ou saque bancários sem o consentimento do correntista; assim, a competência deve ser definida pelo lugar da agência em que mantida a conta lesada. (STJ, Cat 222, Rel. Min. Napoleao Maia, p. 16/05/2011)

Esse entendimento é de suma importância para a investigação e o processo desse crime, porque define a competência para seu julgamento.

O Código Processo Penal adotado, como regra, para fins de definição da competência territorial, o local da consumação do crime (art. 70).

Se o crime for considerado furto mediante fraude, a competência é do local da agência bancária da conta corrente subtraída, de onde sai o valor transferido, pois, neste momento, há a inversão da res furtiva, perdendo a vítima a posse sobre o bem, consumando-se o crime.

Todavia, se o crime fosse considerado estelionato, a competência seria do local da conta para onde vai o valor transferido, posto que o estelionato é crime material, que se consuma apenas com a obtenção da vantagem indevida. Assim, a vantagem indevida é obtida no local da agência bancária onde está a conta

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que recebe o valor transferido. Somente nesse lugar é que a vantagem indevida é efetivamente obtida pelo agente, e não quando ela sai da conta subtraída.

O item “c” contém erro, posto que, consoante sinaliza o STJ, a natureza jurídica da agência dos Correios interfere na definição da competência federal, visto que, se for agência própria, a competência é federal, mas se a agência for fraqueada, a competência é estadual.

Por todos, citamos:

PENAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO PENAL. CRIME DE ROUBO PERPETRADO CONTRA AGÊNCIA COMUNITÁRIA DOS CORREIOS, CONSTITUÍDA MEDIANTE CONVÊNIO ENTRE A ECT E O MUNICÍPIO DE SÃO JOÃO BATISTA/SC. INTERESSE RECÍPROCO NO SERVIÇO PRESTADO, INCLUSIVE DA EMPRESA PÚBLICA FEDERAL. DANO DE PEQUENO VALOR. IRRELEVÂNCIA. PERDA MATERIAL E PREJUÍZO AO SERVIÇO POSTAL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. 1. Nos crimes praticados em detrimento das agencias da Empresa Brasileira de Correios e Telegrafos - ECT, esta Corte Superior ja firmou o entendimento de que a fixação da competência depende da natureza econômica do serviço prestado. Se explorado diretamente pela empresa publica - na forma de agencia propria -, o crime e de competencia da Justica Federal. De outro vertice, se a exploracao se da por particular, mediante contrato de franquia, a competencia para o julgamento da infracao e da Justica estadual. (...) (STJ, CC122596, Rel. Min. Sebastiao Reis Junior, p. 22/08/12).

Nesse passo, nem todo roubo contra uma Agência dos Correios será de competência federal.

Por último, a problemática do uso de documento falso.

Como se define a competência para processar e julgar o crime de uso de documento falso? Deve-se considerar o órgão que teria atribuição para expedir o documento falsificado, ou, noutro sentido, deve-se considerar o órgão perante o qual o documento foi apresentado?

Trago dois exemplos:

1 -Apresentação de CNH falsa (atribuição do DETRAN) perante a Polícia Rodoviária Federal.

2 - Apresentação de CTPS (atribuição do MTE) perante empresa privada.

Nesses dois casos, a competência será da Justiça Estadual ou da Justiça Federal?

O critério adotado pelo STJ é o seguinte: Como se trata de crime de uso de documento falso, que se consuma com a apresentação desse documento perante terceiros, deve-se verificar perante quem o documento foi usado. Se é órgão, entidade ou agente federal, a competência é federal, ainda que o documento seja particular ou de atribuição estadual ou municipal (exemplo 1). Se é órgão, entidade ou agente estadual, municipal ou particular, a competência é estadual, ainda que o documento seja se atribuição federal (exemplo 2).

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Nesse sentido:

CONFLITO DE COMPETÊNCIA. USO DE DOCUMENTO FALSO. CARTEIRA NACIONAL DE HABILITAÇÃO - CNH. UTILIZAÇÃO PERANTE A POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL. PREJUÍZO A SERVIÇO DA UNIÃO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. 1. A qualificacao do orgao expedidor do documento publico e irrelevante para determinar a competencia do Juizo no crime de uso de documento falso, pois o criterio a ser utilizado para tanto define-se em razao da entidade ou do orgao ao qual foi apresentada, porquanto sao estes quem efetivamente sofrem os prejuizos em seus bens ou servicos. 2. In casu, como a CNH teria sido utilizada, em tese, para tentar burlar a fiscalizacao realizada por agentes da Policia Rodoviaria Federal, que possuem atribuicao de patrulhamento ostensivo das rodovias federais, resta caracterizado o prejuizo a servico da Uniao, justificando-se a fixacao da competencia da Justica Federal, consoante o disposto no art. 109, inciso IV, da Carta da Republica. 3. Conflito conhecido para declarar a competencia do Juizo Federal da 3ª Vara Criminal da Secao Judiciaria do Estado do Rio Grande do Sul, o suscitante. (STJ, CC99105, Rel. Min. Jorge Mussi, p. 27.02.09).

CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. FALSIFICAÇÃO E USO DE ATESTADO MÉDICO, SUPOSTAMENTE EMITIDO PELA DIRETORIA DE SAÚDE DO COMANDO DA AERONÁUTICA. FINALIDADE DE JUSTIFICAR FALTA AO TRABALHO PERANTE EMPRESA PRIVADA. AUSÊNCIA DAS HIPÓTESES DO ARTIGO 109, INCISO IV, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. 1. A apresentacao de atestado medico falso, ainda que supostamente proveniente de orgao da Uniao ou de entidade autarquica ou empresa publica, com a finalidade exclusiva de justificar falta ao trabalho em empresa privada, nao atrai a competencia da Justica Federal (...). (STJ, CC119939, Rel. Min. Marco Aurelio Bellizze, p. 07.05.2012.

HABEAS CORPUS. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA. ATIPICIDADE. MATÉRIA NÃO APRECIADA PELO TRIBUNAL DE ORIGEM. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. USO DE DOCUMENTO FALSO.JUÍZO COMPETENTE. CARTEIRA NACIONAL DE HABILITAÇÃO E REGISTRO GERAL. NATUREZA DO ÓRGÃO ONDE FOI APRESENTADO. FLAGRANTE EFETUADO POR POLICIAIS FEDERAIS. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. ORDEM PARCIALMENTE CONHECIDA E, NESTA EXTENSÃO, DENEGADA. (...) II. A competencia da Justica Federal, expressa no art. 109, inciso IV, da Constituicao Federal, aplica-se as hipoteses em que os crimes sao perpetrados em detrimento de bens, servicos ou interesses da Uniao, ou de suas autarquias ou empresas publicas. III. In casu, a documentacao falsa foi apresentada em detrimento de servico da Uniao, qual seja, a fiscalizacao prestada pela Policia Federal, atraindo a competencia da Justica Federal para processar e julgar o presente feito. Precedentes. IV. Ordem parcialmente conhecida e, nesta extensao, denegada. (STJ, 195037, Rel. Min. Gilson Dipp, p. 17.08.2011.

GABARITO: LETRA “D“

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28. Um dos institutos despenalizadores previstos na Lei n. 9.099/95 é a suspensão condicional do processo (art. 89). Sobre ela, aponte a alternativa falsa:

a) É cabível em relação às infrações de pequeno e médio potencial ofensivo, podendo ser aplicado a crimes não-sujeitos aos Juizados Especiais.

b) A suspensão, segundo a doutrina, é exceção ao princípio da indisponibilidade da Ação Penal, devendo ser analisada após o oferecimento e recebimento da Denúncia.

c) A jurisprudência predominante no STF e no STJ admite a fixação de penas restritivas de direitos, tal como prestação de serviços à comunidade, como condição da suspensão.

d) A proposta aceita de suspensão impede o réu de discutir, em via de Habeas Corpus, eventual constrangimento ilegal, tal como inépcia da Denúncia ou aplicação do princípio da insignificância.

Ponto do Regulamento do 27º CPR: 20.b.

COMENTÁRIO

Diferentemente da Transação Penal, aplicável aos crimes de menor potencial ofensivo, o sursis processual aplica-se também aos denominados crimes de médio potencial ofensivo, assim considerados aqueles cujas penas mínimas não sejam superiores a 01 ano. Dessa forma, é perfeitamente possível o cabimento do sursis processual em crimes que não se sujeitem aos Juizados Especiais, por possuírem pena máxima superior a 02 anos.

Exemplo comum na prática do Procurador da República: Tentativa de estelionato previdenciário, pois a redução da tentativa (art. 14, CP) compensa o aumento do §3º, do art. 171, CP.

Item “a” correto.

Igualmente, enquanto que a Transação é analisada antes do próprio oferecimento da Denúncia (isto é, na fase pré-processual), o sursis é apreciado após o recebimento da Denúncia (ou seja, na fase processual). Ora, não se pode suspender o processo que ainda não se iniciara.

Nesse passo, como visto anteriormente, a Transação caracteriza exceção ao princípio da obrigatoriedade, pois, mesmo diante de indícios de crime, a Denúncia poderá deixar de ser ofertada. Por sua vez, o sursis é exceção ao princípio da indisponibilidade, segundo o qual, iniciado o processo penal, o Ministério Público não poderá desistir. Veja-se que, se aceita a suspensão, o processo ficará paralisado por um período de 02 a 04 anos, após o qual poderá ser extinta a punibilidade, sem qualquer apreciação da pretensão acusatória.

Item “b” correto.

As condições da suspensão condicional do processo estão elencadas no art. 89, §§1º e 2º:

§ 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presenca do Juiz, este,

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recebendo a denuncia, podera suspender o processo, submetendo o acusado a periodo de prova, sob as seguintes condicoes:

I - reparacao do dano, salvo impossibilidade de faze-lo.

II - proibicao de frequentar determinados lugares.

III - proibicao de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorizacao do Juiz.

IV - comparecimento pessoal e obrigatorio a juizo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades.

§ 2º O Juiz podera especificar outras condicoes a que fica subordinada a suspensao, desde que adequadas ao fato e à situacao pessoal do acusado.

No tocante à proposta de prestação de serviços à comunidade ou prestação pecuniária, a jurisprudência majoritária admite a sua fixação, com base no §2º, senão vejamos:

RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. ARTIGO 241-B DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO. CONDIÇÕES. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE. ADEQUAÇÃO E PROPORCIONALIDADE DA MEDIDA. 1. Alem das condicoes obrigatorias previstas nos incisos do § 1º do art. 89 da Lei 9.099/1995, e facultada a imposicao, pelo magistrado, de outras condicoes para a obtencao da suspensao condicional do processo, desde que adequadas ao fato e à situacao pessoal do acusado, em estrita observancia aos principios da adequacao e da proporcionalidade. 2. A prestacao de servicos à comunidade pode ser proposta como condicao à suspensao do processo pelo Ministerio Publico e fixada pelo magistrado, nos termos do artigo 89, § 2º, da Lei 9.099/1995. PERÍODO DE PROVA FIXADO ACIMA DO MÍNIMO LEGAL. EXISTÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA APTA A JUSTIFICAR A MEDIDA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO EVIDENCIADO. DESPROVIMENTO DO RECURSO. 1. O lapso da suspensao deve levar em conta a gravidade do delito, tendo-se em conta as circunstancias em que praticado e a pena maxima em abstrato cominada, bem como a situacao do agente. Doutrina. 2. No caso dos autos, o maior periodo de prova proposto ao paciente encontra-se devidamente justificado e motivado em razao da gravidade concreta do delito a ele imputado, razao pela qual nao se vislumbra qualquer constrangimento ilegal a ser sanado pela via eleita. 3. Recurso improvido. (STJ, RHC37785, Rel. Jorge Mussi, p. 17/09/13).

Todavia, vale salientar que a 6ª Turma, do STJ, não admite a fixação de prestação pecuniária ou prestação de serviços no sursis:

AGRAVO REGIMENTAL. HABEAS CORPUS. LESÃO CORPORAL. WRIT SUBSTITUTIVO

DE RECURSO ORDINÁRIO. NÃO CABIMENTO. IMPOSIÇÃO DE PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA COMO CONDIÇÃO ESPECIAL DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO. INVIABILIDADE. IMPOSIÇÃO ANTECIPADA DE PENA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO. DECISÃO QUE DEVE SER MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. 1. Deve ser mantida por seus proprios

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fundamentos a decisao em que, monocraticamente, nega-se seguimento ao writ, substitutivo de recurso ordinario, mas concede-se ordem de habeas corpus de oficio, para afastar a prestacao pecuniaria da proposta de suspensao condicional do processo, nos termos do entendimento da Sexta Turma deste Superior Tribunal, no sentido da impossibilidade da imposicao de pena restritiva de direitos como condicao do sursis processual, tendo em vista a incompatibilidade da medida despenalizadora com a prestacao alternativa, ante o carater de sancao penal desta ultima. 2. Agravos regimentais improvidos. (AgRg no HC279841, Rel. Min. Sebastiao Reis Junior, p. 26/05/14).

Em arremate, o fato de o réu ter aceito a proposta de sursis não o impede de discutir, em sede de Habeas Corpus, eventual constrangimento ilegal decorrente, p.ex., da inépcia da Denúncia ou por força da aplicação do princípio da insignificância, senão vejamos:

HABEAS CORPUS. CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO. EMBRIAGUEZ AO VOLANTE. PROVA DA MATERIALIDADE. EXAME DE ALCOOLEMIA. PROCESSO SUSPENSO. ACEITAÇÃO PELO ACUSADO. PEDIDO DE TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL POR ATIPICIDADE DA CONDUTA. INTERESSE DE AGIR PRESERVADO. 1. O fato de o denunciado ter aceitado a proposta de suspensao condicional do processo formulada pelo Ministerio Publico (art. 89 da Lei n. 9.099/1995) nao constitui obice ao conhecimento do pleito de trancamento da acao penal. Precedentes. 2. Impossibilidade de analise nesta Corte, sob pena de supressao de instancia, do tema relativo a inexistencia de prova da materialidade, que fundamenta a alegacao de inepcia da denuncia. 3. Habeas corpus parcialmente concedido para afastar o fundamento de prejudicialidade no julgamento do HC n. 0046772-41.2011.8.26.0000, determinando que o Tribunal de Justica de Sao Paulo aprecie o merito do referido writ. (STJ, HC210122, Rel. Min. Sebastiao Reis Junior, p. 26/09/11).

HABEAS CORPUS. DESACATO. SURSIS PROCESSUAL. ART. 89 DA LEI N.º 9.099/95. ACEITAÇÃO PELO ACUSADO. POSTERIOR PEDIDO DE TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL POR ATIPICIDADE DA CONDUTA. POSSIBILIDADE. INTERESSE DE AGIR PRESERVADO. RECEBIMENTO DA DENÚNCIA. AUSÊNCIA DE DOLO. MATÉRIA NÃO APRECIADA PELA CORTE A QUO. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. 1. A circunstancia de o denunciado ter aceito a proposta de suspensao condicional do processo formulada pelo Ministerio Publico (art. 89 da Lei n.º 9.099/95), nao constitui obice ao conhecimento do pleito de trancamento da acao penal, porquanto a formalizacao da suspensao condicional do processo pressupoe o recebimento da denuncia pelo Juizo de primeiro grau. Precedentes dos Tribunais Superiores. 2. Nao existe perda do interesse de agir de acusado, uma vez que ele permanece submetido ao cumprimento das condicoes estipuladas pelo sursis, sob pena de retomada do curso da acao penal, acompanhada de todos os inconvenientes dela decorrentes e sobejamente conhecidos. 3. A alegada atipicidade da conduta nao foi analisada pelo Tribunal a quo, logo, nao ha como ser conhecida a impetracao, diante da manifesta incompetencia deste Superior Tribunal de Justica para apreciar originariamente a materia, sob pena de supressao de instancia. Entretanto, nada impede que seja

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examinada, pela Corte estadual, a questao acerca da tipicidade da conduta descrita na inicial acusatoria e a da presenca de justa causa para acao penal. 4. Habeas corpus parcialmente conhecido e concedido para determinar que a Corte a quo examine o merito da ordem originaria, como entender de direito. (STJ, HC103143, Rel. Min. Laurita Vaz, p. 06/04/09).

Portanto, o item “d” é o item falso.

GABARITO: LETRA “D“

29. Sobre a prisão em flagrante, indique o item falso:

a) Prevalece, no âmbito do STJ, o entendimento de que câmeras de vigilância instaladas em lojas, com o objetivo de evitar a prática de furtos, não caracteriza hipótese de crime impossivel, em razão da ineficácia absoluta do meio.

b) O flagrante esperado, ou preparado, não é admitido pela jurisprudência brasileira.

c) Na esteira do entendimento do STJ, o Juiz poderá, de oficio, converter o flagrante em prisão preventiva.

d) Doutrinariamente, o flagrante retardado também é conhecido por ação controlada, encontrando expressa previsão legal no ordenamento brasileiro.

Ponto do Regulamento do 27º CPR: 8,b.

COMENTÁRIO

A jurisprudência do STJ tem entendimento pacífico no sentido de que a existência de sistema de vigilância não caracteriza hipótese de crime impossível, de modo que o flagrante pode ser realizado.

Nesse sentido:

HABEAS CORPUS. IMPETRAÇÃO CONTRA ACÓRDÃO DE APELAÇÃO. SUCEDÂNEO RECURSAL INOMINADO. IMPROPRIEDADE DA VIA ELEITA. FURTO MONITORAMENTO POR CÂMERAS. CRIME IMPOSSÍVEL. NÃO OCORRÊNCIA PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. NÃO APLICAÇÃO. VALOR CONSIDERÁVEL DO BENS SUBTRAÍDOS. AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE PATENTE. NÃO CONHECIMENTO 1. É imperiosa a necessidade de racionalizacao do emprego do habeas corpus, em prestigio ao ambito de cognicao da garantia constitucional, e, em louvor à logica do sistema recursal. In casu, foi impetrada indevidamente a ordem contra acordao de apelacao, como se fosse um inominado sucedaneo recursal. 2. A existencia de sistema de monitoramento eletrônico ou a observacao dos passos do praticante do furto pelos segurancas da loja nao rende ensejo, por si so, ao automatico reconhecimento da existencia de crime impossivel, porquanto, mesmo assim, ha possibilidade de o delito ocorrer. Precedentes das Turmas componentes da Terceira Secao. (...) (STJ, HC238786, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, p. 30/05/14).

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Dessa forma, p.ex., se o sujeito é visto pela câmera de segurança de um estabelecimento furtando um bem, ele poderá ser preso em flagrante e encaminhado à Delegacia.

Item “a” está correto.

Lado outro, o item “b” possui dois erros. O primeiro é que trata como sinônimos os termos flagrante esperado e flagrante provocado, quando não o são. Com efeito, no flagrante esperado, não há qualquer atividade de induzimento ou provocação à prática do crime. Na verdade, a partir do trabalho de investigação e inteligência, o órgão policial tem notícia da iminência da prática de um crime e se organiza para esperá-lo, de maneira que, assim que aconteça, proceda ao flagrante. Diferentemente, no flagrante provocado (ou preparado), há uma atividade de indução à prática do crime, com o objetivo de prender o autor em flagrante. Em tal hipótese, restará configurada situação de crime impossível, na forma do art. 17, CP.

O segundo equívoco consiste no fato de que a jurisprudência pátria admite, sim, o flagrante esperado. Não admite, na verdade, o flagrante preparado.

Item “b”, portanto, é a afirmativa falsa.

Prosseguindo, vale pontuar que, atualmente, o art. 310, CPP, determina que o Juiz, ao receber o auto de prisão em flagrante, deverá posicionar-se em uma das três formas ali elencadas, a saber:

Art. 310. Ao receber o auto de prisao em flagrante, o juiz devera fundamentadamente: (Redacao dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

I - relaxar a prisao ilegal; ou (Incluido pela Lei nº 12.403, de 2011).

II - converter a prisao em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312 deste Codigo, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisao; ou (Incluido pela Lei nº 12.403, de 2011).

III - conceder liberdade provisoria, com ou sem fianca. (Incluido pela Lei nº 12.403, de 2011).

Paragrafo unico. Se o juiz verificar, pelo auto de prisao em flagrante, que o agente praticou o fato nas condicoes constantes dos incisos I a III do caput do art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Codigo Penal, podera, fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade provisoria, mediante termo de comparecimento a todos os atos processuais, sob pena de revogacao. (Redacao dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

Especificamente quanto à conversão do flagrante, cumpre perquirir se o Juiz poderá proceder à conversão em prisão preventiva, se o Ministério Público ou a Autoridade Policial não representarem nesse sentido, tendo em vista que, de acordo com o art. 311, CPP, o Juiz não pode decretar de ofício a preventiva no curso da investigação.

O STJ tem remansosa jurisprudência favorável à conversão ex officio, senão vejamos:

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RECURSO EM “HABEAS CORPUS”. CRIMES DE ASSOCIAÇÃO E TRÁFICO DE DROGAS. ALEGAÇÃO DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. PRETENSÃO DE QUE SE RECONHEÇA NULIDADE NA CONVERSÃO DA PRISÃO EM FLAGRANTE PARA PREVENTIVA. INOCORRÊNCIA. FALTA DE DEMONSTRAÇÃO DE FORMA INDIVIDUAL DE QUANDO FOI ARGUIDA E QUAL O PREJUÍZO SUPORTADO PELOS RECORRENTES. MERA IRREGULARIDADE JÁ SANEADA. PRECEDENTES. 1. Motivado pela existencia de dados concretos que atendam aos pressupostos autorizadores da prisao preventiva, o Juizo processante deve converte-la, ate mesmo de oficio, de acordo com os arts. 310, 311, 312 e 313, todos do Codigo de Processo Penal. 2. A nulidade guardada sem a demonstracao do real e efetivo prejuizo sofrido pela defesa, nao da ensejo à anulacao do processo, em homenagem ao principio da “pas de nullite sans grief”, inserido no art. 563, do Codigo de Processo Penal. 3. Recurso em “habeas corpus” nao provido. (STJ, RHC46201, Rel. Min. Moura Ribeiro, p. 17/06/14).

RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. ROUBO MAJORADO. PRISÃO PREVENTIVA. ART. 312 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. REITERAÇÃO DELITIVA. MOTIVAÇÃO IDÔNEA. CONVERSÃO DE OFÍCIO DO FLAGRANTE EM PRISÃO PREVENTIVA. AUSÊNCIA DE NULIDADE. NECESSIDADE DE MANUTENÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA. (...) III - Nao existe nenhuma nulidade em converter de oficio o Flagrante em prisao preventiva quando presentes os requisitos autorizadores da segregacao cautelar, nos termos dos arts. 310, inciso II, e 311 do Codigo de Processo Penal. Precedentes. IV - Recurso em habeas corpus improvido (STJ, RHC45203, Rel. Min. Regina Helena Costa, p. 19/05/14).

Por último, o flagrante retardado (prorrogado, protelado ou diferido) também é conhecido como ação controlada, e consiste no retardamento da intervenção policial ou administrativa, que deve ocorrer em um momento mais oportuno para a obtenção de elementos de materialidade e autoria delitivas. A ferramenta investigativa encontra expressa previsão legal na Lei n. 12.850/13 e na Lei n. 11.343/2006. Antecipo, por oportuno, que, em uma rodada futura, haverá a análise específica do instituto da ação controlada. Item “d” está correto.

GABARITO: LETRA “B“

30. Sobre a competência de foro por prerrogativa de função:

a) O STF reconhece a prerrogativa de foro, perante o Tribunal, para processar e julgar infrações penais praticadas por diplomatas brasileiros.

b) Segundo o STF, eventual crime comum praticado por um suplente de parlamentar federal deve ser julgado pelo Tribunal.

c) Em se tratando de concurso de agentes, no qual apenas um possua prerrogativa de foro, o STF entende que a regra é o processamento conjunto dos réus, sendo o desmembramento

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admitido apenas em situações excepcionais.

d) Na esteira da jurisprudência do STF, o parlamentar licenciado mantém a prerrogativa de foro perante o Tribunal, em relação aos crimes comuns.

Ponto do Regulamento do 27º CPR: 11.

COMENTÁRIO

A jurisprudência do STF é uníssona em reconhecer que só há prerrogativa de foro perante o Tribunal nas hipóteses taxativamente previstas na Constituição Federal. Tratando-se de diplomata, a Constituição Federal não prevê prerrogativa de foro. Na verdade, prevê apenas em caso de Chefe de missão diplomática de caráter permanente, conforme se depreende da leitura do art. 102, I, “c”, CF.

Nesse sentido:

INFORMATIVO Nº 739

TÍTULO

Diplomata - Prerrogativa de Foro - Perda Superveniente (Transcricoes)

PROCESSO

AP - 570

ARTIGO

Diplomata - Prerrogativa de Foro - Perda Superveniente (Transcricoes) AP 570/ES* RELATOR: Ministro Celso de Mello EMENTA: DIPLOMATA. PRERROGATIVA DE FORO. INFRAÇÕES PENAIS COMUNS. TRATAMENTO NORMATIVO DO TEMA NO CONSTITUCIONALISMO BRASILEIRO. PERDA DA CONDIÇÃO DE CHEFE DE MISSÃO DIPLOMÁTICA DE CARÁTER PERMANENTE. REMOÇÃO “EX OFFICIO” PARA A SECRETARIA DE ESTADO EM BRASÍLIA. CESSAÇÃO IMEDIATA DA PRERROGATIVA “RATIONE MUNERIS”. INSUBSISTÊNCIA DA COMPETÊNCIA PENAL ORIGINÁRIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. REMESSA DOS AUTOS AO MAGISTRADO DE PRIMEIRO GRAU. DECISÃO: O Ministerio Publico Federal, em promocao subscrita pelo eminente Procurador-Geral da Republica, expôs e requereu o que se segue (fls. 867/868): “1. O Ministro Relator determinou, no despacho a fls. 861, a expedicao de oficio ao Ministerio das Relacoes Exteriores com solicitacao de informacoes sobre a atual lotacao do reu Jose Carlos da Fonseca Junior. 2. Em resposta, o orgao informou que o reu foi removido da Embaixada em Yagon, que chefiava, para a Secretaria de Estado (fl. 865), tendo o ato sido publicado no Diario Oficial da Uniao de 10/10/2013 (copia anexa). 3. Nesse sentido, cessou a competencia do Supremo Tribunal Federal para processar e julgar o presente feito, pois Jose Carlos da Fonseca Junior perdeu a prerrogativa de foro prevista no art. 102, inciso I, alinea ‘c’, da Constituicao Federal, devendo os autos serem urgentemente remetidos a 8ª Vara Criminal da Comarca de Vitoria/ES. 4. Ante o exposto, o Procurador-Geral da Republica pugna pela declinacao da competencia do Supremo Tribunal Federal em favor da 8ª Vara

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Criminal da Comarca de Vitoria/ES.” (Grifei) Presente o contexto ora exposto, impoe-se reconhecer que cessou, efetivamente, “pleno jure”, a competencia originaria desta Suprema Corte para apreciar a causa penal em referencia, tendo em vista a remocao, “para a Secretaria de Estado, por meio de portaria publicada no Diario Oficial da Uniao nº 197, de 10 de outubro de 2013” (fls. 865), do antigo Chefe de Missao Diplomatica permanente do Brasil no exterior Jose Carlos da Fonseca Junior. Ve-se, portanto, considerada a presente situacao funcional desse diplomata brasileiro, que nao mais ostenta a condicao necessaria de Chefe de Missao Diplomatica de carater permanente. Isso significa que a ausencia dessa particular (e imprescindivel) titularidade funcional – Chefia de Missao Diplomatica brasileira no exterior de carater permanente – torna inaplicavel a regra de competencia penal originaria do Supremo Tribunal Federal inscrita no art. 102, I, “c”, “in fine”, da Constituicao da Republica, que confere prerrogativa de foro “ratione muneris”, perante esta Corte, a determinados agentes publicos, nas infracoes penais comuns. Ao contrario do que sucedia sob a egide de Constituicoes anteriores – como a Carta Imperial de 1824 (art. 164, II), a Constituicao de 1891 (art. 59, 1, “b”), a Constituicao de 1934 (art. 76, 1, “b”) e a Carta Politica de 1937 (art. 101, I, “b”), que atribuiam prerrogativa de foro a “embaixadores e ministros diplomaticos” em geral –, a Constituicao de 1946 e aquelas que se lhe seguiram deferiram essa prerrogativa de ordem juridico-processual, nos ilicitos penais comuns, somente aos “chefes de missao diplomatica de carater permanente” (CF/46, art. 101, I, “c”; CF/67, art. 114, I, “b”; CF/69, art. 119, I, “b”, e CF/88, art. 102, I, “c”). Dai resulta que a outorga da prerrogativa de foro nos procedimentos penais originarios instaurados nesta Suprema Corte supoe, tratando-se de integrante do corpo diplomatico brasileiro, a sua regular investidura no posto de Chefe de Missao Diplomatica brasileira no exterior de carater permanente, independentemente do grau hierarquico que eventualmente ocupe na estrutura funcional do Servico Exterior Brasileiro (Lei nº 11.440/2006, arts. 37, 41 e 46, “caput” e § 2º). Impende assinalar, neste ponto, que a jurisprudencia do Supremo Tribunal Federal acentua nao mais subsistir a sua competencia penal originaria naquelas situacoes, como a que ora se registra nos presentes autos, em que se verificou a perda superveniente, por parte do investigado, do acusado ou do reu, de determinadas titularidades funcionais e/ou eletivas: “Nao mais subsiste a competencia penal originaria do Supremo Tribunal Federal (…), se (…) sobrevem a cessacao da investidura do indiciado, denunciado ou reu no cargo, funcao ou mandato cuja titularidade justificava a outorga da prerrogativa de foro ‘ratione muneris’, prevista no texto constitucional (CF, art. 102, I, ‘b’ e ‘c’). A prerrogativa de foro perde a sua razao de ser, deixando de incidir e de prevalecer, se aquele contra quem foi instaurada a persecucao penal nao mais detem o oficio publico cujo exercicio representava o unico fator de legitimacao constitucional da competencia penal originaria do Supremo Tribunal, mesmo que a pratica delituosa tenha ocorrido durante o periodo de atividade funcional.” (Inq 862/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO) Cumpre relembrar que o Supremo Tribunal Federal reafirmou essa diretriz jurisprudencial em julgamentos plenarios (Inq 2.281-AgR/MG, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.), valendo referir, por ser expressiva dessa orientacao, a decisao consubstanciada em acordao assim ementado: “PRERROGATIVA DE

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FORO – EXCEPCIONALIDADE – MATÉRIA DE ÍNDOLE CONSTITUCIONAL – INAPLICABILIDADE A EX-OCUPANTES DE CARGOS PÚBLICOS E A EX-TITULARES DE MANDATOS ELETIVOS – CANCELAMENTO DA SÚMULA 394/STF – NÃO- -INCIDÊNCIA DO PRINCÍPIO DA ‘PERPETUATIO JURISDICTIONIS’ – POSTULADO REPUBLICANO E JUIZ NATURAL – RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO. - O postulado republicano – que repele privilegios e nao tolera discriminacoes – impede que prevaleca a prerrogativa de foro, perante o Supremo Tribunal Federal, nas infracoes penais comuns, mesmo que a pratica delituosa tenha ocorrido durante o periodo de atividade funcional, se sobrevier a cessacao da investidura do indiciado, denunciado ou reu no cargo, funcao ou mandato cuja titularidade (desde que subsistente) qualifica-se como o unico fator de legitimacao constitucional apto a fazer instaurar a competencia penal originaria da Suprema Corte (CF, art. 102, I, ‘b’ e ‘c’). Cancelamento da Sumula 394/STF (RTJ 179/912-913). - Nada pode autorizar o desequilibrio entre os cidadaos da Republica. O reconhecimento da prerrogativa de foro, perante o Supremo Tribunal Federal, nos ilicitos penais comuns, em favor de ex-ocupantes de cargos publicos ou de ex-titulares de mandatos eletivos transgride valor fundamental a propria configuracao da ideia republicana, que se orienta pelo vetor axiologico da igualdade. - A prerrogativa de foro e outorgada, constitucionalmente, ‘ratione muneris’, a significar, portanto, que e deferida em razao de cargo ou de mandato ainda titularizado por aquele que sofre persecucao penal instaurada pelo Estado, sob pena de tal prerrogativa – descaracterizando-se em sua essencia mesma – degradar-se a condicao de inaceitavel privilegio de carater pessoal. Precedentes.” (Inq 2.333-AgR/PR, Rel. Min. CELSO DE MELLO) Sendo assim, pelas razoes expostas e acolhendo, ainda, o parecer do eminente Procurador-Geral da Republica, reconheco cessada, na especie, a competencia originaria do Supremo Tribunal Federal para apreciar este procedimento penal, determinando, em consequencia, a remessa dos presentes autos a 8ª Vara Criminal da comarca de Vitoria/ES. Comunique-se a presente decisao ao eminente Senhor Procurador-Geral da Republica. Publique-se. Brasilia, 24 de outubro de 2013. Ministro CELSO DE MELLO Relator *decisao publicada no DJe de 29/10/2013 Secretaria de Documentacao – SDO Coordenadoria de Jurisprudencia Comparada e Divulgacao de Julgados – CJCD.

Portanto, o item “a” está errado.

Da mesma forma, o Supremo Tribunal Federal pontua que o suplente de parlamentar não tem direito à prerrogativa de foro, muito embora seja diplomado, a saber:

EMENTA Agravo regimental. Inquerito criminal. Suplente de senador. Retorno do titular. Competencia. Supremo Tribunal Federal. 1. A prerrogativa de foro conferida aos membros do Congresso Nacional, vinculada à liberdade maxima necessaria ao bom desempenho do oficio legislativo, estende-se ao suplente respectivo apenas durante o periodo em que este permanecer no efetivo exercicio da atividade parlamentar. Assim, o retorno do deputado ou do senador titular as funcoes normais implica a perda, pelo suplente, do direito de ser investigado, processado e julgado no Supremo Tribunal Federal. 2. Agravo regimental desprovido. (STF, Inq 2421, Rel. Min.

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Menezes Direito, p. 04/04/08).

Assim, o item “b” está errado.

Noutro aspecto, em decisões recentes, o STF vem assinalando que, em caso de concurso de agentes nos quais apenas alguns possuem prerrogativa de foro, o desmembramento é a regra, devendo os autos permanecerem reunidos apenas em situações excepcionais, conforme notícia publicada no Informativo nº 750:

Competência por prerrogativa de foro e desmembramento – 1 (INFO 750, STF)

Compete ao Supremo Tribunal Federal decidir quanto à conveniência de desmembramento de procedimento de investigação ou persecução penal, quando houver pluralidade de investigados e um deles tiver prerrogativa de foro perante a Corte. Com base nessa orientacao, a 2ª Turma resolveu questao de ordem no sentido de que fosse promovida a remessa à origem das acoes penais autuadas no STF, bem como dos autos indiciarios relacionados a nao parlamentares, para que la tivessem curso. A Turma determinou fosse promovido o desmembramento do feito, a permanecer sob a jurisdição do STF a investigação que tem como alvo integrante do Congresso Nacional, com remessa dos demais autos indiciários ao juízo de origem.

Competência por prerrogativa de foro e desmembramento - 2

(...) Enfatizou que não caberia a qualquer órgão judiciário de inferior jurisdição manter, em situações em que houvesse hipótese de conexão ou de continência de causas — em relação a terceiros que não detivessem prerrogativa de foro — a tramitação da persecução penal. Concluiu que o juízo de conveniência fundado no art. 80 do CPP, quanto à eventual cisão processual, competiria sempre ao STF. Advertiu que, definida objetivamente uma data no tempo — 17.4.2014 — os atos probatorios produzidos antes desse momento se revestiriam de plena validade.

AP 871QO/PR, rel. Min. Teori Zavascki, 10.6.2014. (AP-871)

AP 872 QO/PR, rel. Min. Teori Zavascki, 10.6.2014. (AP-872)

AP 873 QO/PR, rel. Min. Teori Zavascki, 10.6.2014. (AP-873)

AP 874 QO/PR, rel. Min. Teori Zavascki, 10.6.2014. (AP-874)

AP 875 QO/PR, rel. Min. Teori Zavascki, 10.6.2014. (AP-875)

AP 876 QO/PR, rel. Min. Teori Zavascki, 10.6.2014. (AP-876)

AP 877 QO/PR rel. Min. Teori Zavascki, 10.6.2014. (AP-877)

AP 878 QO/PR, rel. Min. Teori Zavascki, 10.6.2014. (AP-878)

Por fim, o STF sinaliza que o parlamentar em gozo de licença mantém a prerrogativa de foro perante o

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Tribunal, senão vejamos:

Quinta-feira, 10 de abril de 2014

Deputado federal licenciado para exercer cargo de secretário de Estado não perde prerrogativa de foro no STF

O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, determinou o desmembramento do Inquerito (Inq) 3357, no qual o deputado federal pelo Parana Carlos Roberto Massa Junior (Ratinho Junior) e o deputado estadual Waldyr Pugliesi sao acusados de crime eleitoral, por fatos apurados nas eleicoes de 2010. Os autos relativos a Pugliesi serao remetidos ao Tribunal Regional Eleitoral do Estado do Parana, mantendo-se a tramitacao, no STF, do processo relativo a Ratinho Junior, atual secretario de Estado do Desenvolvimento Urbano.

Na decisao, o ministro ressaltou que, embora licenciado para o exercicio de cargo no Poder Executivo estadual, “o membro do Congresso Nacional nao perde o mandato de que e titular e mantem, em consequencia, nos crimes comuns, a prerrogativa de foro perante o STF”. Acrescentou, ainda, que o conceito de “crimes comuns” abrange os delitos eleitorais, o que legitima o reconhecimento da competencia penal originaria do Supremo. (...).

EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA. MEDIDA LIMINAR. DECISÃO DO COLEGIADO. POSSIBILIDADE. MANDATO PARLAMENTAR. TRAMITAÇÃO E PROCESSAMENTO DE REPRESENTAÇÃO POR QUEBRA DE DECORO PARLAMENTAR. DEPUTADO FEDERAL LICENCIADO E INVESTIDO NO CARGO DE MINISTRO DE ESTADO. LIMINAR INDEFERIDA. (...). 3. O membro do Congresso Nacional que se licencia do mandato para investir-se no cargo de Ministro de Estado nao perde os lacos que o unem, organicamente, ao Parlamento (CF, art. 56, I). Consequentemente, continua a subsistir em seu favor a garantia constitucional da prerrogativa de foro em materia penal (INQ-QO 777-3/TO, rel. min. Moreira Alves, DJ 01.10.1993), bem como a faculdade de optar pela remuneracao do mandato (CF, art. 56, § 3º). Da mesma forma, ainda que licenciado, cumpre-lhe guardar estrita observancia às vedacoes e incompatibilidades inerentes ao estatuto constitucional do congressista, assim como as exigencias etico-juridicas que a Constituicao (CF, art. 55, § 1º) e os regimentos internos das casas legislativas estabelecem como elementos caracterizadores do decoro parlamentar qualquer meio ou forma, o regular andamento dos trabalhos legislativos para alterar o resultado de deliberacao”(...) 6. Medida liminar indeferida (STF, MS25579).

Assim, o item “d” está correto.

GABARITO: LETRA “D“

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QUESTÕES DISSERTATIVASMEDIADOR: RENAN PAES FELIX

DIREITO CONSTITUCIONAL

Disserte sobre a liberdade de expressão e o discurso do ódio (“hate speech”). (Máximo de 20 linhas em fonte Arial tamanho 12, margem padrão).

Ponto do Regulamento do 27° CPR: 19.a.

A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia 23/08: [email protected]

MEDIADOR: FILIPE SIVIRERO

PROTEÇÃO INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS

O que são Autoanistias? Sua concessão é legal? Como a Corte Interamericana de Direitos Humanos vê esse fato? No Brasil, como está a questão da Lei de Anistia? (Máximo de 20 linhas em fonte arial 12).

Ponto do Regulamento do 27° CPR: 9.b.

A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia 23/08: [email protected]

DISSERTAÇÃOMEDIADOR: BRUNO BARROS

DIREITO PROCESSUAL PENAL

A empresa POLUIR LTDA. foi denunciada pela prática de um crime ambiental. A Denúncia não imputou o fato criminoso a nenhuma pessoa física, apenas à pessoa jurídica. Recebida a Denúncia, inconformada com a situação jurídica da empresa, os sócios administradores interpuseram, em benefício da empresa ré, Habeas Corpus, pugnando o trancamento da Ação Penal, sob o argumento de que a pessoa jurídica não pode ser responsabilizada criminalmente e, mesmo que assim pudesse, a Denúncia deveria necessariamente também ser formulada em face dos seus diretores responsáveis pelos atos decisórios que a levaram, em tese, à prática do fato tido como criminoso.

Diante desta situação hipotética, elabore texto dissertativo, abordando, de forma direta e objetiva, os seguintes pontos: (máximo de 40 linhas).

a) (ir)responsabilidade penal da pessoa juridica na legislação brasileira.

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b) teoria juridica em destaque. Conceituação e efeitos práticos sobre a Denúncia.

c) (im)possibilidade de imputação do fato criminoso isoladamente à pessoa juridica e (im)possibilidade de condenação isoladamente da pessoa juridica.

d) inadequação do uso do remédio heroico pela pessoa jurídica.

Ponto do Regulamento do 27° CPR: 8.c.

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