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Página 1 de 22 NOTÍCIAS FISCAIS Nº 3.165 BELO HORIZONTE, 29 DE SETEMBRO DE 2015. "Os nossos sentidos não nos enganam. O que nos engana é o nosso julgamento." Goethe SÚMULAS GARANTEM INTERVALO DE 15 MINUTOS A MULHERES ........................................... 2 STJ ANALISA INDENIZAÇÃO A USINA DE ÁLCOOL ............................................................................ 3 LIMINAR OBRIGA FRIMESA A ALTERAR EMBALAGEM DE IOGURTE GREGO ......................... 4 SIMPLES DOMÉSTICO TERÁ PRIMEIRO RECOLHIMENTO EM NOVEMBRO/2015 ................. 5 JUSTIÇA SUSPENDE PROTESTOS DE DÍVIDA DE IMPOSTO ........................................................... 6 É CABÍVEL A QUEBRA DE SIGILO QUANDO COMPROVADO O ESGOTAMENTO DE DILIGÊNCIAS PARA A LOCALIZAÇÃO DE BENS .................................................................................. 7 STF VAI DISCUTIR CONSTITUCIONALIDADE DE CONTRIBUIÇÃO SOCIAL APÓS CUMPRIDA FINALIDADE QUE A MOTIVOU ......................................................................................... 8 JT RECONHECE INEXIGIBILIDADE DA CONTRIBUIÇÃO SINDICAL PARA EMPRESAS QUE NÃO POSSUEM EMPREGADOS ................................................................................................................. 9 DECISÃO PERMITE A UM SERVIDOR REINTEGRADO O CÔMPUTO DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO DE PERÍODO AFASTADO INDEVIDAMENTE ....................................................... 9 COMISSÕES SOBRE VENDAS A PRAZO INCIDEM SOBRE O PREÇO FINAL DA MERCADORIA, INCLUINDO ENCARGOS DE FINANCIAMENTO..................................................................................10 SIMPLES DOMÉSTICO: PORTARIA INTERMINISTERIAL IRÁ REGULAMENTAR SISTEMA DE ARRECADAÇÃO ....................................................................................................................................17 ECF NA EXPERIÊNCIA DE FISCALIZAÇÃO ELETRÔNICA ...............................................................18 O SUPERENDIVIDAMENTO E O DIREITO ...........................................................................................20 ALTERAÇÃO NA TRIBUTAÇÃO DAS RECEITAS DECORRENTES DA CESSÃO DE DIREITOS DE AUTOR, IMAGEM, NOME, MARCA E VOZ......................................................................................21

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NOTÍCIAS FISCAIS Nº 33..116655

BELO HORIZONTE, 29 DE SETEMBRO DE 2015.

"Os nossos sentidos não nos enganam. O que nos engana é o nosso julgamento."

Goethe

SÚMULAS GARANTEM INTERVALO DE 15 MINUTOS A MULHERES ........................................... 2

STJ ANALISA INDENIZAÇÃO A USINA DE ÁLCOOL ............................................................................ 3

LIMINAR OBRIGA FRIMESA A ALTERAR EMBALAGEM DE IOGURTE GREGO ......................... 4

SIMPLES DOMÉSTICO TERÁ PRIMEIRO RECOLHIMENTO EM NOVEMBRO/2015 ................. 5

JUSTIÇA SUSPENDE PROTESTOS DE DÍVIDA DE IMPOSTO ........................................................... 6

É CABÍVEL A QUEBRA DE SIGILO QUANDO COMPROVADO O ESGOTAMENTO DE DILIGÊNCIAS PARA A LOCALIZAÇÃO DE BENS .................................................................................. 7

STF VAI DISCUTIR CONSTITUCIONALIDADE DE CONTRIBUIÇÃO SOCIAL APÓS CUMPRIDA FINALIDADE QUE A MOTIVOU ......................................................................................... 8

JT RECONHECE INEXIGIBILIDADE DA CONTRIBUIÇÃO SINDICAL PARA EMPRESAS QUE NÃO POSSUEM EMPREGADOS ................................................................................................................. 9

DECISÃO PERMITE A UM SERVIDOR REINTEGRADO O CÔMPUTO DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO DE PERÍODO AFASTADO INDEVIDAMENTE ....................................................... 9

COMISSÕES SOBRE VENDAS A PRAZO INCIDEM SOBRE O PREÇO FINAL DA MERCADORIA, INCLUINDO ENCARGOS DE FINANCIAMENTO..................................................................................10

SIMPLES DOMÉSTICO: PORTARIA INTERMINISTERIAL IRÁ REGULAMENTAR SISTEMA DE ARRECADAÇÃO ....................................................................................................................................17

ECF NA EXPERIÊNCIA DE FISCALIZAÇÃO ELETRÔNICA ...............................................................18

O SUPERENDIVIDAMENTO E O DIREITO ...........................................................................................20

ALTERAÇÃO NA TRIBUTAÇÃO DAS RECEITAS DECORRENTES DA CESSÃO DE DIREITOS DE AUTOR, IMAGEM, NOME, MARCA E VOZ......................................................................................21

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Súmulas garantem intervalo de 15 minutos a mulheres

Fonte: Valor Econômico. As empresas devem ficar atentas ao intervalo de 15 minutos que deve ser concedido às mulheres antes do início das horas extras. Pelo menos cinco Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs) já editaram súmulas sobre o direito ao descanso, com base em julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) que acabou anulado por questão processual. A questão, porém, já voltou à pauta dos ministros e a expectativa de advogados é de que o entendimento seja mantido. As súmulas editadas pelos regionais de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina garantem, em caso de descumprimento, o pagamento do intervalo como hora extra. O que significa, na prática, que o adicional de 50% poderá incidir sobre as duas horas diárias autorizadas pela legislação e os 15 minutos. Nenhuma delas, no entanto, cogita a possibilidade levantada por advogados de empregadores de que o descumprimento resultaria apenas em multa administrativa. Os textos foram editados entre novembro de 2014 e agosto deste ano com exceção de Santa Catarina que já tinha firmado entendimento neste sentido em 2012. As súmulas impedem a subida de novos recursos para os tribunais superiores, a não ser que haja divergência de entendimento entre dois regionais. A posição adotada pelos tribunais já resultou em condenações, principalmente de supermercados e instituições financeiras, setores que têm o costume de solicitar o cumprimento de horas extras. Ainda que o intervalo de 15 minutos esteja previsto desde 1943 no artigo 384 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a sua aplicação prática estava em desuso. Com a edição da Constituição Federal de 1988, ficou a dúvida sobre a possibilidade de o benefício contrariar a previsão de igualdade de direitos entre homens e mulheres, segundo a advogada Carla Lobo, do Romar Advogados. "Como havia essa dúvida, muitos advogados de trabalhadoras não pleiteavam o intervalo na Justiça e as companhias também não concediam. O artigo tinha ficado esquecido. Mas agora com o julgamento do Supremo e as súmulas dos regionais deve passar a ser cumprido”, diz Carla. A questão foi analisada pelo Supremo em novembro de 2014. Os ministros entenderam que nem todas as diferenciações feitas a homens e mulheres são discriminatórias. O resultado final foi dado por cinco votos a dois. O julgamento, porém, foi anulado em maio por uma questão processual: o advogado intimado não era mais o representante da rede de supermercados Angeloni & Cia, que era parte na ação. A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) e a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), que atuaram como amicus curiae (parte interessada no processo) alegaram em suas defesas que a norma criaria obstáculos para a entrada das mulheres no mercado de trabalho. O argumento, contudo, não convenceu os ministros.

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De acordo com a advogada trabalhista Carla Lobo, a tendência da Justiça do Trabalho tem sido de priorizar os períodos de descanso dos funcionários. "A Justiça tem valorizado mais as normas que tratam de saúde e segurança", diz. Desde a década de 90, por exemplo, a Justiça condena empresas que suprimem parte do intervalo de almoço ao pagamento de horas extras e não ao pagamento de multa administrativa. Ainda que o descanso tenha voltado à pauta do Supremo, a expectativa é de manutenção do julgado. "Como houve um erro formal, o que o Supremo normalmente faz é cumprir seu dever processual. Mas acredito que é pouco provável que mudem seu posicionamento, ainda que possam haver novos argumentos", afirma Rafael Ferraresi Holanda Cavalcante, do escritório Siqueira Castro Advogados. A advogada Juliana Bracks, do Bracks Advogados Associados, também acredita que a decisão, a princípio, deverá ser mantida. "A mulher tem condições físicas diferentes que justificam esse intervalo de descanso. Ela aguenta, por exemplo, menos peso e menos tempo operando algumas máquinas, além de ter uma jornada familiar mais cansativa." Como as súmulas seguem o posicionamento que já era aplicado pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), Cavalcante afirma que tudo deve ser mantido como está. Ou seja, as companhias que não cumprirem o intervalo devem ser condenadas ao pagamento. "Com as súmulas, fica a dificuldade de levar essa discussão adiante", diz.

STJ analisa indenização a usina de álcool

Fonte: Valor Econômico. A 2ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) começou a analisar o modo de apuração de valor devido à usina Agro Industrial Tabu, que teve prejuízo com o congelamento de tarifas de açúcar e álcool decorrente de planos econômicos nas décadas de 80 e 90. Foi proferido apenas o voto do relator, ministro Og Fernandes, que dispensou a apresentação de balanços contábeis. O julgamento foi suspenso por um pedido de vista. O assunto interessa a aproximadamente 290 empresas em situação parecida. A União calcula em R$ 173,5 bilhões o impacto que pode ter com as decisões, segundo estimativa da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) deste ano. As usinas alegam que tiveram custos e preços de venda administrados pela União a partir da década de 1980, por meio do antigo Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA). E que o preço de venda teria sido fixado abaixo do valor de custo. As ações judiciais das usinas para pleitear o pagamento dos danos sofridos têm como base estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), realizado a pedido do IAA. A Advocacia Geral da União (AGU), por sua vez, alega que a maioria das empresas obteve lucro no período de fixação dos preços. Para a União, a empresa precisa comprovar que eventual prejuízo teve origem no tabelamento para solicitar a indenização, já que outras situações, como a seca, poderiam influenciar no balanço financeiro das usinas.

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O voto do ministro Og Fernandes segue entendimento da 1ª Seção do STJ, em recurso repetitivo. Ao reconhecer que as usinas tiveram prejuízos, os ministros exigiram a comprovação dos danos sofridos, por meio da apresentação de balanços contábeis. Porém, destacaram que continuariam valendo as decisões que só dependessem de execução. No caso da Agro Industrial Tabu, havia decisão indicando que o valor devido seria apurado na liquidação, com a verificação dos documentos contábeis, que não constavam nos autos. Contudo, o relator, ministro Og Fernandes, entendeu que o acórdão considerou que os danos já haviam sido comprovados por laudo pericial. "A fiel leitura do acórdão só pode dizer que o dano foi apurado pela perícia nos autos, com base na diferença de preços", afirmou o relator, acrescentando que a inexistência de balanços não inviabilizou a perícia. Várias empresas estão na mesma situação da Agro Industrial Tabu, segundo Tiago Lopes, sócio da área de insolvência e reestruturação do Souza Cescon Advogados. Ou seja, quando foi julgado o repetitivo elas já tinham decisão final determinando a apuração do valor devido na liquidação com a verificação dos documentos contábeis. O recurso voltará a julgamento com o voto vista do ministro Herman Benjamin. Com base no posicionamento do magistrado no julgamento do repetitivo, o advogado acredita que ele pode votar pela necessidade de apresentação de balanços. Mas a palavra final será do Supremo Tribunal Federal, que analisará recurso contra decisão do STJ no repetitivo.

Liminar obriga Frimesa a alterar embalagem de iogurte grego

Fonte: Valor Econômico. Uma nova decisão da Justiça de São Paulo concedeu prazo de dez dias para a paranaense Frimesa alterar as embalagens dos iogurtes da linha "grego". A liminar beneficia a Vigor. A fabricante alega que a semelhança entre os potinhos das duas marcas e as campanhas publicitárias confundem o consumidor. A decisão da juíza Maria Rita Rebello Pinho Dias, da 18ª Vara Cível de São Paulo, porém, não abrange os produtos já distribuídos, em circulação no mercado, ou ainda os iogurtes que venham a ser produzidos e comercializados em até dez dias. Cabe recurso ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP). A Vigor já havia conseguido uma primeira liminar. A juíza do caso, no entanto, após manifestação da Frimesa, reconsiderou a decisão. Agora, ela entendeu por manter o primeiro entendimento. Para a Vigor, a empresa concorrente estaria indo "no rastro do seu pote ícone". Diretora de marketing da empresa, Anne Napoli diz que, quando a Vigor apresentou o seu produto ao mercado, preocupou-se em criar um conjunto de ornamentos especiais para que o consumidor o reconhecesse como diferenciado. "Mas a concorrente [Frimesa] se

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utilizou de uma estratégia muito similar ao nosso ícone, que é o formato da embalagem, a cor e até o mesmo tipo de comunicação que estamos fazendo na televisão", afirma. Representante da Frimesa no caso, a advogada Sônia Moreira, não quis se pronunciar sobre a nova decisão judicial e também não confirmou se irá recorrer ao TJSP. No processo, a indústria paranaense negou que tivesse copiado a embalagem da Vigor, justificando que os potes têm tamanhos diferentes e que formatos semelhantes são usados no mercado desde os anos 80.

Simples doméstico terá primeiro recolhimento em Novembro/2015

Fonte: Receita Federal. Simples doméstico terá primeiro recolhimento em Novembro/2015 e o módulo para cadastramento de empregador/trabalhador doméstico estará disponível a partir de 1° de outubro de 2015 Por meio do Módulo Simplificado, será possível ao empregador doméstico registrar as informações referentes ao empregador e aos seus trabalhadores A partir da próxima quinta-feira, 1° de outubro, estará disponível no portal www.esocial.gov.br o Módulo Simplificado, onde será possível ao empregador doméstico se cadastrar e cadastrar seu trabalhador doméstico. Com isso, mais de um milhão de trabalhadores domésticos terão acesso aos benefícios previstos na Lei Complementar 150/2015. O cadastramento dos trabalhadores já admitidos até setembro/2015 estende-se por todo o mês de outubro. Quanto aos admitidos a partir do mês de outubro, o cadastramento deve ocorrer até um dia antes do início das atividades. Empregador, evite problemas na hora de efetivar o registro do seu trabalhador. Possíveis divergências associadas ao nome, data de nascimento, Cadastro de Pessoas Físicas – CPF e o Número de Identificação Social – NIS (PIS/PASEP/NIT/SUS) de seus empregados domésticos, podem ser identificadas por meio do módulo ‘Consulta Qualificação Cadastral’ no portal eSocial. Ao informar os dados citados, o sistema indicará onde há divergência e orientará sobre o procedimento para acerto. A utilização do módulo para geração de guia única será apenas referente à competência de outubro, que terá como vencimento a data de 6 de novembro. A partir de 26/10, será disponibilizada nova versão do sistema para propiciar a geração do DAE – Documento de Arrecadação do eSocial (guia única). Empregador, na rescisão de vínculo, durante o mês de outubro, observe o seguinte:

efetue o pagamento do FGTS, por meio da GRRF WEB, conforme vencimento detalhado na Circular CAIXA nº 694/2015. A GRRF WEB também está disponível no site do eSocial;

efetue o pagamento dos tributos no DAE do mês de outubro até o dia 6/11/2015.

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Justiça suspende protestos de dívida de imposto

Fonte: DCI. A Justiça paulista está concedendo liminares favoráveis às empresas que foram alvo de protesto em cartório e estão com o nome sujo por conta de dívidas tributárias. Apesar do protesto normalmente ser usado para forçar o devedor a pagar um cheque ou uma duplicata vencida, a ferramenta tem sido cada vez mais usada pelo fisco. “Com esta artimanha, o Estado fica sem o custo de ajuizar um processo judicial”, comenta o tributarista Leonardo Andrade, do Rocha, Calderon e Advogados. A via tradicional de cobrança de imposto, a execução fiscal, feita no Judiciário, é mais demorada e cara do que o protesto, explica ele. O problema é que este procedimento corta o acesso da empresa ao crédito bancário. “O contribuinte fica sem saída. O protesto pode inviabilizar a atividade empresarial”, diz. Se o contribuinte não quer pagar o valor protestado pelo fisco – seja por falta de caixa ou porque não concorda com o valor cobrado, a solução é recorrer ao Judiciário. Andrade conta que se a empresa possui caixa para garantir pelo menos uma parte da dívida, as chances de suspender o protesto são altas. Foi o que ocorreu com uma empresa paulista de telas metálicas, alvo de dez protestos pelo fisco estadual. A juíza Ana Claudia de Moura Oliveira Querido, da Comarca de Mogi das Cruzes, pediu que a empresa oferecesse garantia de 30% das dívidas para suspender os protestos. Andrade, que defendeu a empresa no caso, conta que diante de uma dificuldade financeira a primeira opção do empresário é deixar de recolher impostos. “Ou deixaria de pagar os salários? Ele prefere não pagar impostos”, afirma. Mas há outras linhas de argumentação na Justiça para as empresas que não têm valores a oferecer em garantia da dívida fiscal. “Em muitos casos, o cliente já chega sem disposição financeira”, conta o advogado Angel Ardanaz, do Ardanaz Sociedade de Advogados. O argumento usado por ele foi de que o fisco paulista, no caso, cobrou dos contribuintes juros considerados abusivos. “Eles cobraram juros de mora de 0,13% ao dia, mas isso já foi declarado inconstitucional. O teto é a taxa Selic”, pondera. Medida liminar nesse sentido foi concedida pelo juiz Olavo Zampol Júnior, da 10ª Vara de Fazenda Pública. Ele destacou que o Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) já julgou válida a Lei 12.767/2012, que autoriza o uso de protestos pelo fisco. Apesar disso, entendeu que a cobrança excessiva de juros seria motivo para derrubar o protesto em questão. Mas diferentemente do que ocorre quando a empresa oferece garantia, ao se questionar os juros, há chance de que o juiz não conceda a liminar. “Temos dezenas de casos do tipo. Alguns vitoriosos, outros em fase de recurso. Não é todo juiz que vê nos juros

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abusivos a capacidade de invalidar o protesto por inteiro”, diz Ardanaz. De um jeito ou de outro, ele destaca que as ações sobre o tema vêm se multiplicando.

É cabível a quebra de sigilo quando comprovado o esgotamento de diligências para a localização de bens

Fonte: TRF 1ª Região. Por unanimidade, a 3ª Turma do TRF da 1ª Região reformou decisão do Juízo Federal da 1ª Vara da Seção Judiciária de Roraima que, nos autos de ação civil pública por ato de improbidade administrativa, em fase de execução, negou o pedido de quebra do sigilo fiscal do investigado. A decisão foi tomada após a análise de agravo de instrumento interposto pelo Ministério Público Federal (MPF). No recurso, o órgão ministerial esclareceu que a sentença transitada em julgado, no feito principal, condenou o agravado ao pagamento da quantia de R$ 31.394,78 e que as diligências empreendidas para a satisfação do crédito têm sido infrutíferas. Informou também que, esgotados os meios de localização de bens passíveis de penhora, requereu na Secretaria da Receita Federal o dossiê integrado do agravado, documento composto por todas as bases de dados da pessoa física. O MPF sustentou que a decisão agravada merece ser reformada, uma vez que o agravado tem o dever legal de ressarcir o erário federal em decorrência dos atos de improbidade administrativa praticados, na forma do art. 591 do Código de Processo Civil. E que apesar das inúmeras diligências que empreendeu não logrou êxito em localizar nenhum outro bem ou direito titulado pelo requerido, além de um veículo que já havia sido indisponibilizado por ordem do Juízo, mas que está desaparecido. Ressaltou ainda que a diligência de penhora por meio do Sistema BACENJUD foi infrutífera em razão da insuficiência de fundos nas contas do agravado. Por fim, sustentou a juntada aos autos da cópia do dossiê integrado do agravado possibilitará a verificação de possível ocultação de bens, destacando que o direito à inviolabilidade previsto no art. 5º, X e XII não possui caráter absoluto, nos termos dos precedentes que traz à colação. Decisão O Colegiado, ao analisar a questão, entendeu que, embora a intimidade e a vida privada sejam direitos fundamentais protegidos pela Constituição Federal, eles não são absolutos e, portanto, não devem prevalecer diante dos interesses público e social. “Conforme pacífica jurisprudência dos tribunais, é cabível a quebra de sigilo constitucionalmente protegido nos casos em que devidamente comprovado pela parte interessada o esgotamento de diligências efetuadas com o objetivo de localizar bens passíveis de constrição em nome do devedor”, afirmou a relatora, desembargadora federal Mônica Sifuentes, em seu voto. Processo nº: 0008230-41.2015.4.01.0000/RR

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STF vai discutir constitucionalidade de contribuição social após cumprida finalidade que a motivou

Fonte: STF. O Supremo Tribunal Federal (STF) vai decidir se é constitucional a manutenção de contribuição social depois de atingida a finalidade que motivou sua criação. O tema – que teve repercussão geral reconhecida pelo Plenário Virtual da Corte – é tratado no Recurso Extraordinário (RE) 878313, no qual se questiona a constitucionalidade do artigo 1º da Lei Complementar (LC) 110/2001, que criou contribuição, com alíquota em 10% sobre os depósitos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), devida pelos empregadores em caso de demissão de empregado sem justa causa. O relator do caso é o ministro Marco Aurélio. O recurso foi interposto por uma empresa contra acórdão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), que assentou a exigibilidade da contribuição social geral prevista na LC 110/2001. Segundo o acórdão questionado, não é possível presumir a perda de finalidade da contribuição para justificar o afastamento da incidência. Inconformada, a empresa recorreu ao STF sustentando que a contribuição tornou-se indevida, pois a arrecadação estaria sendo destinada a fins diversos do que, originariamente, justificou sua instituição. A contribuição foi criada para que a União obtivesse recursos para o pagamento de correção monetária das contas vinculadas do FGTS, diante da condenação à observância dos expurgos inflacionários dos Planos Verão e Collor, sem que houvesse perda de liquidez do Fundo. De acordo com a recorrente, o reequilíbrio das contas foi atestado pela Caixa Econômica Federal e os valores arrecadados estariam sendo remetidos ao Tesouro Nacional. Segundo a empresa, o quadro atual representaria perda de finalidade do tributo e desvirtuamento do produto da arrecadação. Em contrarrazões, a União afirma que a contribuição geral da LC 110/2001 é de natureza tributária e que estaria sendo utilizada para as mesmas finalidades do FGTS. Sustenta também que o recurso extraordinário não se presta ao reexame de provas. Em manifestação pelo reconhecimento da repercussão geral, o ministro Marco Aurélio observou que o tema pode se repetir em vários casos. Salientou que na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 2556, o STF declarou que a contribuição é harmônica com a Constituição Federal de 1988, mas que a controvérsia atual envolve definir se, atingido o motivo para o qual foi criada, a obrigação tributária torna-se inconstitucional. Lembrou ainda que a matéria é discutida na ADI 5050. “A controvérsia, passível de repetição em inúmeros casos, está em saber se, constatado o exaurimento do objetivo para o qual foi instituída a contribuição social, deve ser assentada a extinção do tributo ou admitida a perpetuação da cobrança ainda que o produto da arrecadação seja destinado a fim diverso do original”, destacou o relator.

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Por maioria, o Tribunal reconheceu a existência de repercussão geral da matéria. Ficaram vencidos os ministros Teori Zavascki, Rosa Weber e Edson Fachin.

JT reconhece inexigibilidade da contribuição sindical para empresas que não possuem empregados

Fonte: TRT 3ª Região. A contribuição sindical integra o gênero de contribuições sociais instituídas pela União no interesse das categorias profissionais e econômicas. Consiste em parcela de natureza parafiscal e, portanto, tributária e compulsória. Porém, a obrigatoriedade de recolhimento das contribuições patronais sindicais incide desde que a empresa integre a categoria econômica da entidade sindical e possua empregados nos seus quadros (artigos 579 e 580, III, da CLT). Com esses fundamentos, o juiz Leonardo Toledo de Resende, titular da 2ª Vara do Trabalho de Varginha, deu razão a uma empresa que buscou na Justiça Trabalhista a declaração judicial de inexistência da obrigação de recolhimento da contribuição patronal. Como esclareceu o julgador, para a incidência da contribuição são necessários dois pressupostos: que a empresa integre uma categoria econômica e que ostente a condição de empregadora. A ausência de qualquer um deles retira a obrigatoriedade do recolhimento da contribuição às entidades representativas da categoria econômica. Ou seja, para caracterização da empresa como devedora de contribuição patronal, além de integrar uma categoria econômica, é imprescindível que ela ostente o status de empregadora. E, no caso, a prova foi no sentido de que a empresa não tem empregados, já que a declaração firmada pelo contador desta prevaleceu ante a inexistência de contraprova . “A alegação de que a requerente integraria um conglomerado econômico (holding), em razão do objetivo social inserto em seu ato constitutivo, por si só, não permite a interpretação ampliativa do conceito de empregadora, invocado em defesa”, frisou o juiz. Nesse sentido, e citando jurisprudência a esse respeito, o julgador declarou a desobrigação do recolhimento da contribuição sindical patronal, enquanto perdurar a condição de não empregadora da empresa. As entidades sindicais recorreram, mas a decisão foi mantida pela 2ª Turma do TRT mineiro. PJe: Processo nº 0010140-91.2015.5.03.0153. Data de publicação da decisão: 30/04/2015

Decisão permite a um servidor reintegrado o cômputo do tempo de contribuição de período afastado indevidamente

Fonte: TRF 3ª Região. A Primeira Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3) negou provimento a recurso do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e garantiu a um servidor público o direito de contar o tempo de serviço em que ficou

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indevidamente afastado do cargo. A demissão do autor foi anulada por decisão judicial e ele foi reintegrado ao serviço público. O recurso buscava impugnar liminar que obrigou a autarquia a expedir certidão de tempo de contribuição que incluísse o período de afastamento do autor do mandado de segurança, servidor público do INSS. Ele havia sido demitido em agosto de 2002 e foi reintegrado ao cargo de agente administrativo em março de 2006. O INSS alegava que, em decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), foi declarada a nulidade do ato administrativo de demissão do servidor e determinada a sua reintegração ao cargo. Todavia, para o INSS, por não ter constado expressamente da decisão o direito ao cômputo do período em que esteve afastado, não há direito líquido e certo do servidor ao cômputo do afastamento. Ao analisar o caso, o desembargador federal Luiz Stefanini, relator do recurso, destaca que “mesmo que o STJ não tenha abordado de forma expressa os eventuais efeitos decorrentes do ato de anulação da demissão, é consequência lógica da decisão que o servidor faz jus a todos os consectários legais referentes ao período em que ficou indevidamente afastado do cargo público”. Para ele, a invalidação do ato tem efeito retroativo. O acordão explica que a própria definição legal do ato de reintegração, que está no artigo 28 da Lei nº 8.112/90, permite essa conclusão, já que se trata da reinvestidura do servidor estável no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo resultante de sua transformação, quando invalidada a sua demissão por decisão administrativa ou judicial, com ressarcimento de todas as vantagens. O processo recebeu o número 0002940-88.2015.4.03.0000/SP.

Comissões sobre vendas a prazo incidem sobre o preço final da mercadoria, incluindo encargos de financiamento

Fonte: TRT 3ª Região. Em Sessão Ordinária realizada no dia 13/08/2015, dando cumprimento ao disposto no art. 896, parágrafo 3º, da CLT, e na Lei 13.015/2014, o Tribunal Pleno do TRT de Minas conheceu do Incidente de Uniformização de Jurisprudência (IUJ) suscitado no processo 00448-2014-035-03-00-4-RO e, por maioria simples de votos, determinou a edição da Tese Jurídica Prevalecente nº 3, com a seguinte redação: “COMISSÕES SOBRE VENDAS A PRAZO. BASE DE CÁLCULO. As comissões sobre as vendas a prazo devem incidir sobre o preço final da mercadoria, neste incluídos os encargos decorrentes da operação de financiamento“. Histórico do IUJ: Entendendo origem e a matéria objeto do incidente O IUJ foi suscitado por um reclamante, ao interpor recurso ordinário contra sentença proferida na ação trabalhista que ele havia ajuizado contra uma empresa (processo no. 00448-2014-035-03-00-4-RO). Ele pretendia a reforma da sentença, para que a

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empregadora fosse condenada a lhe pagar diferenças de comissões. Disse que, quando contratado, teve sua remuneração ajustada à base de comissões variáveis no mínimo de 1,0% sobre as vendas concluídas. Mas, segundo ele, era prejudicado pela empresa nas vendas a prazo, pois sua comissão era calculada somente pelo valor do produto à vista, ou seja, aquele contido na nota fiscal, e não pelo preço final pago pelos clientes/consumidores, que era bem superior. Alegou a existência de divergência jurisprudencial entre as Turmas do TRT/MG, no tocante à matéria relativa ao cálculo das comissões sobre vendas a prazo, apresentando, inclusive, cópias de acórdãos que demonstram os entendimentos divergentes. Na decisão de lº grau, o reclamante teve seu pedido indeferido, ao fundamento de que a possibilidade de pagamento pela venda de forma parcelada era acessória à atividade do autor, com fim apenas de facilitar o pagamento para o cliente, por meio de parcelamento do preço. Além disso, o juiz destacou que o reclamante recebia de uma só vez as comissões pelos produtos vendidos, ainda que o cliente realizasse pagamento de forma parcelada ou deixasse de cumprir com alguma prestação, o que, na opinião do julgador, era vantajoso para o trabalhador. A Turma Recursal de Juiz de Fora, ao analisar o recurso do trabalhador, acolheu o IUJ suscitado por ele e suspendeu o julgamento dos recursos ordinários interpostos na ação (incluindo o da reclamada), determinando a remessa do processo para a Comissão de Jurisprudência. Conforme ressaltou o relator do recurso, desembargador Luiz Antônio de Paula Iennaco, a divergência apontada, acerca do cálculo de comissões sobre vendas a prazo, é atual, em razão da repetição de ações abordando a matéria e da contemporaneidade dos acórdãos dissonantes. Ele também a considerou relevante, tendo em vista que o debate envolve suposto direito a diferenças salariais com relação a vários empregados, em razão de política adotada uniformemente pelo empregador, sendo que algumas decisões são pelo deferimento das diferenças, enquanto outras são pela negativa integral da pretensão. Seguindo os trâmites do IUJ, o 1º Vice-Presidente Judicial do TRT-MG, desembargador José Murilo de Moraes, como base no artigo 2º da Resolução GP n. 9 de abril de 2015, determinou a suspensão do andamento dos processos que tratam da mesma matéria, até que fosse julgado o incidente. Em parecer, a Comissão de Jurisprudência do TRT-MG reconheceu que as Turmas do Tribunal vêm, de fato, adotando em seus julgamentos teses contrapostas a respeito da matéria. A primeira no sentido de que “as comissões sobre as vendas a prazo devem incidir sobre o preço final da mercadoria vendida, no qual se incluem os encargos decorrentes da operação de financiamento.” A segunda, de que “os encargos decorrentes do financiamento não integram as comissões devidas ao empregador vendedor”. Apontou decisões judiciais comprovando essas divergências e, em seguida, apresentou três sugestões de redação de Súmula para fins de uniformização jurisprudencial:

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(1) “COMISSÕES SOBRE VENDAS A PRAZO. BASE DE CÁLCULO. Inexistindo previsão expressa em sentido contrário na data de admissão do empregado, as comissões sobre as vendas a prazo devem incidir sobre o preço final da mercadoria, neste incluídos os encargos decorrentes da operação de financiamento”. (2) – “COMISSÕES SOBRE VENDAS A PRAZO. BASE DE CÁLCULO. OS encargos decorrentes do financiamento das mercadorias não integram as comissões devidas ao empregado vendedor”. (3) – “COMISSÕES SOBRE VENDAS A PRAZO. BASE DE CÁLCULO. Inexistindo previsão expressa em sentido contrário na data de admissão do empregado, os encargos decorrentes de financiamento contratado com a empregadora ou com empresa integrante de seu grupo econômico integram as comissões sobre as vendas a prazo devidas ao empregado vendedor”. O Ministério Público do Trabalho (MPT) se manifestou pela adoção do entendimento expresso na 2ª opção de verbete, dentre os sugeridos pela Comissão de Uniformização de Jurisprudência, ou seja, de que “os encargos decorrentes do financiamento das mercadorias não integram as comissões devidas ao empregado vendedor”. As razões apresentadas pelo MPT foram as seguintes: ao vendedor incumbe apenas a venda dos produtos, cabendo ao cliente optar pela forma de pagamento – a vista ou a prazo – que melhor lhe convir; a operação de parcelamento não se confunde com a operação de venda, ainda que concedida pela própria empregadora; de todo modo, o empregado é beneficiado, pois recebe comissão de forma antecipada, já incidente sobre a totalidade do valor do produto vendido, independentemente de eventual inadimplemento do comprador; eventuais encargos decorrentes de financiamento não podem integrar a comissão, da mesma forma que o risco do empreendimento não pode ser transferido ao empregado. “X” da questão Foi assim que os desembargadores do TRT de mineiro, pelo seu Tribunal Pleno, à unanimidade, conheceram do Incidente de Uniformização de Jurisprudência suscitado pelo reclamante, com base no art. 896, § 3º, da CLT. A questão jurídica controvertida objeto do IUJ referiu-se, portanto, ao cálculo das comissões nas vendas a prazo e a divergência residiu na integração, ou não, dos encargos financeiros decorrentes das operações de financiamento nas comissões devidas ao empregado vendedor. Na sessão de julgamento, as sugestões formuladas pela Comissão de Uniformização de Jurisprudência foram desdobradas e reordenadas em cinco outras proposições: (opção 1) – COMISSÕES SOBRE VENDAS A PRAZO. BASE DE CÁLCULO. OS encargos decorrentes do financiamento das mercadorias não integram as comissões devidas ao empregado vendedor.

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(opção 2) – COMISSÕES SOBRE VENDAS A PRAZO. BASE DE CÁLCULO. Inexistindo previsão contratual expressa em sentido contrário na data de admissão do empregado, as comissões sobre as vendas a prazo devem incidir sobre o preço final da mercadoria, neste incluídos os encargos decorrentes da operação de financiamento. (opção 3 ) – COMISSÕES SOBRE VENDAS A PRAZO. BASE DE CÁLCULO. Inexistindo previsão contratual expressa em sentido contrário na data de admissão do empregado, os encargos decorrentes de financiamento contratado com a empregadora ou com empresa integrante de seu grupo econômico integram as comissões sobre as vendas a prazo devidas ao empregado vendedor. (opção 4) – COMISSÕES SOBRE VENDAS A PRAZO. BASE DE CÁLCULO. As comissões sobre as vendas a prazo devem incidir sobre o preço final da mercadoria, neste incluídos os encargos decorrentes da operação de financiamento. (opção 5) – COMISSÕES SOBRE VENDAS A PRAZO. BASE DE CÁLCULO. As comissões sobre as vendas a prazo devem incidir sobre o preço final da mercadoria, neste incluídos os encargos decorrentes da operação de financiamento, desde que o financiamento seja contratado com empregadora ou empresa integrante do mesmo grupo econômico. Tese vencida No voto condutor, o desembargador Relator, Luiz Antônio de Paula Iennaco, propôs a adoção da primeira tese dentre as sugeridas na sessão de julgamento, ou seja: “COMISSÕES SOBRE VENDAS A PRAZO. BASE DE CÁLCULO. OS encargos decorrentes do financiamento das mercadorias não integram as comissões devidas ao empregado vendedor”. Na sua visão, a prática empresária de quitar comissões aos empregados com base no valor à vista do bem vendido não configura ato ilícito, muito menos injusto, pois o preço maior praticado nos pagamentos a prazo decorre dos juros embutidos, relativos aos riscos da atividade com os quais somente a empresa arca. Ele ponderou ainda que o pagamento de comissões sobre o valor da venda à vista, mesmo nas operações de crediário, não prejudicaria o empregado, pois ele não estaria sujeito ao recebimento parcelado do benefício, nem correria o risco do inadimplemento do comprador. Assim, para o relator, os encargos decorrentes do financiamento das mercadorias não devem integrar as comissões devidas ao empregado vendedor. Tese vencedora Mas o desembargador redator, Emerson José Alves Lage, sugeriu a adoção da quarta opção, dentre as discutidas e propostas em sessão de julgamento, como visto acima, com o seguinte teor: COMISSÕES SOBRE VENDAS A PRAZO. BASE DE CÁLCULO. As comissões sobre as vendas a prazo devem incidir sobre o preço final da mercadoria, neste incluídos os encargos decorrentes da operação de financiamento”. Ao final, essa foi a tese jurídica vencedora (ou Prevalente), acolhida pela maioria dos desembargadores Tribunal Pleno do TRT/MG, que ficaram convencidos pelas colocações do redator.

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O desembargador redator ressaltou, inicialmente, que a solução da controvérsia jurídica, objeto do IUJ, está na definição de qual seria a melhor interpretação do artigo 2º da Lei 3.207, de 1957, que dispõe: “O empregado vendedor terá direito à comissão avençada sobre as vendas que realizar”. Mais especificamente, em definir o que venha a ser a expressão “venda realizada” e seus efeitos para fins de pagamento de comissão. E, segundo ele, como a lei não estabelece distinção entre venda à vista e venda a prazo, para fim de apuração do valor da comissão, não cabe ao interprete fazer essa diferenciação. Além disso, ele ponderou que a interpretação conjunta das normas que regem a matéria leva “à forte convicção” da possibilidade de que os encargos de financiamento devem sim integrar a base de cálculo das comissões sobre vendas. Sua conclusão se baseou na análise das seguintes leis: Lei 3.207/57, em seus artigos 5°, 6° e 7º: “Art 5o. Nas transações em que a empresa se obrigar por prestações sucessivas, o pagamento das comissões e percentagens será exigível de acordo com a ordem de recebimento das mesmas (sic). Art 6o. A cessação das relações de trabalho, ou a inexecução voluntária do negócio pelo empregador, não prejudicará a percepção das comissões e percentagens devidas. Art 7o. Verificada a insolvência do comprador, cabe ao empregador o direito de estornar a comissão que houver pago”. Também foi citado o artigo 466 da CLT, e seus parágrafos, que dispõem: “Art. 466. O pagamento de comissões e percentagens só é exigível depois de ultimada a transação a que se referem. Parágrafo 1° – Nas transações realizadas por prestações sucessivas, é exigível o pagamento das percentagens e comissões que lhes disserem respeito proporcionalmente à respectiva liquidação. Parágrafo 2o. – A cessação das relações de trabalho não prejudica a percepção das comissões e percentagens devidas na forma estabelecida por este artigo”. Nos termos do voto vencedor, a interpretação dessas normas reproduzidas leva “à clara percepção” de que o empregado tem direito, nas transações realizadas por prestações sucessivas, de receber “o pagamento das percentagens e comissões que lhes disserem respeito proporcionalmente à respectiva liquidação”. Assim, para o desembargador, a leitura do artigo 2°, parte final, da Lei 3.207/57 (“vendas que realizar”), assim como da expressão constante do artigo 466 da CLT (“venda ultimada”) não pode ser outra senão a de que a comissão, necessária e obrigatoriamente, incide sobre a totalidade do negócio realizado, nele se incluindo os possíveis encargos de financiamento ocasionados pelas vendas à prazo. Para fundamentar seu entendimento, o redator frisou que o ato de venda não se restringe à fixação do preço ajustado e à escolha da forma de pagamento pelo comprador (se à vista ou a prazo). “O processo de venda percorre, por vezes, senão na quase totalidade das vezes, para fins de convencimento do comprador, um longo

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processo de convencimento, com estabelecimento das condições do negócio que, depois de pactuadas, passam à etapa meramente burocrática de concretização do financiamento. E essa intermediação entre vendedor e comprador está inserida no conceito jurídico de “transação ultimada”, referida no artigo 466 CLT”, destacou. Citando trechos doutrinários de grandes estudiosos do Direito do Trabalho (Maurício Godinho Delgado, Alice Monteiro de Barros, Orlando Gomes e Elson Gottschalk), o desembargador explicou que não há margem à dúvidas: o que a lei assegura, como forma de débito/crédito das comissões, é ter-se a transacão ultimada, e esta, pelo texto legal, ocorre quando o vendedor entrega ao comerciante (empregador) a proposta de negócio e este não a recusa dentro dos prazos previstos em lei (art, 3º da Lei 3.207/57, segundo o qual: “A transação será considerada aceita se o empregador não a recusar por escrito, dentro de 10 (dez) dias, contados da data da proposta. Tratando-se de transação a ser concluída com comerciante ou empresa estabelecida noutro Estado ou no estrangeiro, o prazo para aceitação ou recusa da proposta de venda será de 90 (noventa) dias podendo, ainda, ser prorrogado, por tempo determinado, mediante comunicação escrita feita ao empregado”). Sendo assim, concluiu o desembargador que a transação engloba a atividade do vendedor empregado, que não se limita à simples demonstração do produto e indicação de preço e condições de pagamento, mas também o trabalho de persuasão do comprador para o ato de compra, recaindo, na fala do Ministro Maurício Godinho Delgado, de que a ultimação da transação ocorre com a aceitação “pelo comprador nos termos em que lhe foi proposta” a venda. Ou seja, o ato de venda não abrange, exclusivamente, a exibição do produto e indicação das formas de pagamento. A venda é concluída, na verdade, com o ato subsequente, e administrativo, de verificação das condições de crédito do comprador. Dessa forma, a interpretação no sentido de que a comissão incidiria apenas sobre o preço à vista contraria toda a estrutura normativa sobre a matéria. O julgador lembrou ainda que o trabalhador comissionista puro, diferentemente dos demais trabalhadores, é remunerado com base, exclusivamente, na realização da própria venda. Não se poderia, portanto, entender-se que a atividade do empregado seja apenas a de demonstração ou oferta do produto e indicação dos meios de pagamento. “Há toda uma atividade de comercialização desse produto, nela se incluindo a formulação e convencimento quanto às formas de aquisição, atividade que deve e merece ser remunerada”, registrou. Em reforço à sua tese, ressaltou o relator que, como é de conhecimento de todos, os juros praticados sobre os negócios realizados no Brasil não remuneram apenas o valor pelo uso do capital emprestado, ou mesmo do risco pela inadimplência, mas representam, efetivamente, ganho real desse tipo de negócio (operação financeira). Muitas vezes, esses juros compõem o valor primário de venda dos produtos, em forma com o parcelamento do preço pago como se fosse aquele correspondente ao valor à

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vista do produto, mas, que na verdade, incorpora autêntico e simulado financiamento, por meio do conhecido sistema de juros embutidos. E, segundo o relator, esse é mais um motivo para que o empregado comissionista não seja remunerado considerando apenas o valor “real” do preço “à vista” da mercadoria. O contrário seria o mesmo que autorizar pagamento de comissão menor do que o valor da venda ou do negócio por ele realizado (atividade empreendida), segundo previsto e garantido em lei. Daí, frisou o relator que é devida a comissão pelo valor do negócio ultimado (toda a atividade de venda) que engloba, portanto, os ditos encargos financeiros (eles também foram objeto de negociação e agenciamento). Por fim, o desembargador concluiu que, se as comissões incidem sobre as vendas realizadas ou ultimadas pelo empregado comissionista, elas devem incidir ou ser calculadas tendo como base de cálculo o preço final pago pelo consumidor, ou seja, o preço da mercadoria acrescida dos encargos de financiamento na venda a prazo. “Esta é a acepção legal, da ‘venda realizada’ ou ‘ultimada'”, arrematou. Quanto aos acréscimos sugeridos nos outros verbetes propostos pela Comissão de Jurisprudência do TRT/MG, para o relator, a discussão sobre eles se mostrou inoportuna para o estabelecimento do precedente judicial. Isso porque a possibilidade de se estabelecer cláusula contratual com conteúdo diverso daquele autorizado em lei, ou a legalidade desta cláusula, dependeria da análise de cada caso concreto. Da mesma forma, o fato de ter sido ou não o financiamento originado do agenciamento direto com a própria empregadora, ou, ainda, por intermédio de empresa integrante de seu grupo econômico (ou mesmo a ela estranha), são questões que extrapolam os limites do precedente objeto do IUJ. Por tudo isso, concluiu-se pela adoção do precedente constante da quarta opção daquelas discutidas e propostas em sessão de julgamento. Assim, os Desembargadores do TRT de mineiro, pelo seu Tribunal Pleno, por maioria simples de votos, determinaram a edição de Tese Jurídica Prevalecente, com a seguinte redação: “COMISSÕES SOBRE VENDAS A PRAZO. BASE DE CÁLCULO. As comissões sobre as vendas a prazo devem incidir sobre o preço final da mercadoria, neste incluídos os encargos decorrentes da operação de financiamento.”. 00448-2014-035-03-00-4-IUJ. Acórdão publicado em 04/09/2015 Clique AQUI e confira o acórdão que acolheu em parte o IUJ Clique AQUI e confira o acórdão que firmou a Tese Jurídica Prevalecente nº 3 Clique AQUI e confira a relação de todos os INCIDENTES DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA suscitados

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Simples Doméstico: Portaria Interministerial irá regulamentar sistema de arrecadação

Fonte: MTE. O secretário executivo do Ministério do Trabalho e Emprego, Francisco Ibiapina declarou nesta segunda (28), que o governo irá cumprir os prazos para implantação do Simples Doméstico, até a data do primeiro recolhimento em 06 de novembro. O novo sistema que vale a partir da competência de outubro, emitirá uma guia única através do eSocial, regime unificado onde o empregador doméstico irá recolher tributos e demais encargos, inclusive o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Em reunião nesta manhã, com representantes dos ministérios que integram o Comitê Gestor do eSocial, o secretário-executivo do MTE, anunciou que nesta semana será assinada portaria interministerial para operacionalização do sistema de arrecadação. “Até quinta (1), será assinada uma portaria dos ministérios do Trabalho, Previdência e Fazenda, para estabelecer rotinas operacionais, sobre o início da vigência do eSocial, para o trabalhador doméstico. A portaria estabelecerá também como será destinada aos diferentes órgãos, a arrecadação do FGTS e INSS e outras obrigações do empregador, já que será uma guia única para todos os tributos e encargos”, ressaltou. Ibiapina enfatizou que o Comitê Gestor está adotando nesta semana as providências técnicas que restam e irá disponibilizar no decorrer do mês de outubro, todo o sistema do Módulo do Empregador Doméstico no eSocial, na plataforma WWW.esocial.gov.br. “O sistema, inclusive, já disponibiliza a inserção e consulta de dados cadastrais do empregador e do trabalhador e até data do primeiro recolhimento, em novembro, o sistema completo estará disponível no aplicativo”, destacou. Simples Doméstico – Pelo Simples Doméstico, os empregadores deverão recolher 8% de FGTS incidindo sobre o salário, férias, 13º salário, horas extras, trabalho noturno, aviso prévio e outros adicionais. Em guia única, deverão ser recolhidos também 8% de INSS, 0,8% de seguro contra acidentes e 3,2% que incidem na rescisão contratual, em demissões sem justa causa. O recolhimento do Imposto de Renda na fonte, só ocorrerá se o salário do trabalhador doméstico for superior a R$ 1.903,98. Em resolução publicada na sexta (25) o ministro do Trabalho, Manoel Dias, em nome do Conselho Curador do FGTS, dispôs sobre a obrigatoriedade do recolhimento do FGTS para os trabalhadores domésticos, a partir de 1º de outubro. A Caixa Econômica também já definiu os procedimentos operacionais. “O empregador doméstico, entretanto, terá prazo durante todo mês de outubro para fazer o cadastramento no site do eSocial, pedindo a inclusão do empregado doméstico, sob sua responsabilidade”, esclarece Ibiapina, destacando que “o empregador pode fazer com calma esse cadastramento, porque a competência de setembro, que vence em 7 de outubro, será paga pelo sistema antigo”.

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O secretário-executivo anunciou também que o MTE colocará o sistema de atendimento Alô Trabalho-158, à disposição dos empregadores e trabalhadores, para prestar esclarecimentos. “Além disso, quero frisar que no site do eSocial já estão disponíveis os manuais de operacionalização do sistema. Então o empregador já pode buscar informações para que esteja apto a usar o sistema e cumprir a Lei dos Trabalhadores Domésticos”, enfatizou. Cartilha – Nesta semana, o MTE lançará a cartilha “Trabalhador Doméstico Direitos e Deveres”, com perguntas e respostas sobre a Lei Complementar Nº 150/2015, conhecida como Lei dos Domésticos. O Comitê Gestor estima aumento de recolhimento de FGTS, acima de R$150 milhões por mês. A princípio não haverá aumento da arrecadação de INSS, pelo contrário deverá haver redução, uma vez que o recolhimento já obrigatório e haverá redução da alíquota. De um total de seis milhões de trabalhadores domésticos no país, em torno de 2,1 milhões têm carteira assinada. eSocial – O sistema é uma ação conjunta do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Receita Federal, Caixa Econômica Federal, Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Ministério da Previdência (MPS), para unificar o envio de informações dos empregadores brasileiros em relação aos seus empregados. Quando for implantado em sua totalidade, será estendido aos demais empregadores, pessoas físicas e jurídicas, trazendo diversas vantagens em relação à sistemática atual, sendo uma única fonte de informações para o cumprimento das diversas obrigações trabalhistas, previdenciárias e tributárias atualmente existentes, além de integrar os vários sistemas informatizados da empresa.

ECF na experiência de fiscalização eletrônica

Fonte: Valor Econômico. Nesta semana, encerra-se o prazo para a entrega da Escrituração Contábil Fiscal (ECF). Trata-se da substituição da Declaração de Imposto de Rendas das Pessoas Jurídicas (DIPJ) por essa nova declaração eletrônica. Conquanto seja a primeira vez que a ECF será entregue, é possível resgatar a experiência em outras declarações eletrônicas que, muito provavelmente, será aplicada também a essa nova exigência. Assim como já ocorreu com declarações eletrônicas anteriores (Dacon, DCTF etc.), a marca registrada da ECF é a rastreabilidade de informações necessárias à apuração dos tributos. No caso da ECF, trata-se do Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Portanto, a análise da apuração tributária das empresas e o consequente preenchimento da ECF deve considerar essa palavra de ordem: rastreabilidade. Anteriormente, havia diversos cruzamentos de dados a fim de auxiliar os auditores fiscais da Receita Federal no procedimento de fiscalização das empresas. As informações da Dacon eram conciliadas com as informações da DIPJ, por exemplo, para determinar

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o valor dos custos dos produtos. Essa comparação de informações, existente ainda hoje, pode, inclusive, justificar a cobrança judicial de dívida tributária (execução fiscal), como ocorre no caso de valores relativos a tributos declarados na DCTF, mas cujo recolhimento correspondente não tenha sido identificado no sistema da Receita Federal. Essas ocorrências e serventias das declarações eletrônicas anteriores aplicam-se integralmente à ECF, com a particularidade de que esta última exigência é bastante mais completa e complexa. A primeira conciliação da ECF é com a Escrituração Contábil Digital (ECD) – o registro eletrônico das demonstrações contábeis das empresas, de qualquer porte (grande, média ou pequena) ou tipo (sociedade por ações ou sociedade limitada). A apuração dos tributos sobre o lucro (IRPJ/CSLL), então, devem estar suportadas e referenciadas nas informações constantes na contabilidade, diretamente. Depois disso, a ECF descreve a apuração desses tributos quase que de maneira exaustiva. Os ajustes que devem ser efetuado considerando as informações contábeis e todos os incentivos fiscais e deduções contam com seu registro eletrônico próprio, individualmente apontado. Para tanto, a ECF possui um leiaute com mais de 1.300 páginas. Com relação às conclusões finais e ao manuseio dessas informações por parte das autoridades fiscais, pode-se tomar como referência o que hoje ocorre nos casos de Pedido de Restituição e/ou Declaração de Compensação (Per/DComp). As decisões administrativas nesses casos (despacho decisório), no mais das vezes, indica apenas o valor divergente que está sendo questionado ou já glosado, sem, necessariamente, fundamentar a intimação de detalhes necessários à resposta da empresa contribuinte. Se esse modelo de fiscalização eletrônica for reproduzido com relação à ECF, a situação será muito mais complexa para a empresa, porque a Per/DComp tem, relativamente, poucas variáveis do que pode ter motivado o questionamento fiscal, mas a ECF tem infinitas possibilidades. Multas Finalmente, as informações incorretas ou incompletas estão sujeitas à aplicação de pesadas multas, o que exige uma atenção triplicada dos profissionais envolvidos no preenchimento da ECF. Aliás, neste primeiro ano de implementação e no próximo ano, quando será considerada a vigência da nova lei do IRPJ (Lei nº 12.973, de 2014), o preenchimento da ECF deveria ser acompanhado pelos diretores executivos da empresa e, quiçá, dos conselheiros de administração e dos conselheiros fiscais, se houver. A aplicação dessas multas é atenuada pelos cruzamentos internos e prévios do próprio sistema da ECF, que aponta erros e inconsistências, ajudando o profissional envolvido no seu preenchimento. Com os avisos do próprio sistema, tal profissional é levado a reavaliar os dados informados. Pois bem, podemos considerar que no próximo dia 30 de setembro inicia-se o admirável mundo novo da fiscalização eletrônica – na sua versão mais avançada.

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O superendividamento e o direito

Por Antônio José Maristrello Porto e Patrícia Sampaio para o Valor Econômico. Na última década houve forte elevação do endividamento das famílias brasileiras. Se no ano de 2005 o percentual girava em torno de 20%, em abril deste ano ultrapassou 46% em relação à renda acumulada do país em doze meses. O acesso a crédito tende a ser um fenômeno positivo para a economia. Mas, se cautelas não forem adotadas, pode desbordar em situações nas quais parcelas relevantes da população se vejam incapazes de honrar as dívidas que adquiriram, levando a situações de superendividamento. A atual crise econômica por que passa o país sugere que esse cenário pode aprofundar-se, consequência do aumento do desemprego citado por vários estudos como sendo o maior fator que, isoladamente, apresenta correlação positiva com situações de superendividamento e das elevadas taxas de juros praticadas no país. O debate em torno de soluções jurídicas para essa questão gira basicamente em torno de dois distintos modelos. De um lado, há sistemas que privilegiam o "perdão" das dívidas que ultrapassem a capacidade de pagamento do devedor (política do "fresh start"). Nos Estados Unidos, por exemplo, a legislação permite que um indivíduo possa requerer sua autofalência, entregar seus bens disponíveis e, em seguida, ficar liberado das dívidas remanescentes. O segundo modelo, também previsto no direito norte-americano, enfatiza a realização de um plano de reorganização de dívidas, com ou sem perdão parcial. No segundo modelo, o indivíduo permanece com a propriedade de seus bens. Nos últimos cinco anos, mais de um milhão de indivíduos norte-americanos requereram anualmente a declaração de falência pessoal. Isso denota a aplicabilidade cotidiana do instituto pela sociedade norte-americana, em um contexto de consumo de massa. A legislação brasileira trata o superendividamento a partir de uma ação judicial de insolvência civil, conhecida tecnicamente como "execução por quantia certa contra devedor insolvente". Segundo o Código de Processo Civil, a insolvência caracteriza-se pela superação das dívidas em relação aos bens do devedor. No entanto, o instituto parecia de pouca aplicabilidade prática, o que pode ser comprovado por meio de levantamento empírico. Em 2014, o Centro de Pesquisa em Direito e Economia da FGV Direito Rio realizou um estudo visando averiguar a frequência da utilização das ações judiciais de insolvência civil. Para esse fim, procedeu-se a um levantamento do universo dessas ações nas varas empresariais do Fórum Central do Rio de Janeiro. A pesquisa permitiu verificar que havia apenas 49 ações de insolvência civil na capital, dentre as mais de sete milhões de ações judiciais que tramitavam em todo o Estado. Dentre elas, verificou-se que apenas uma havia sido ajuizada por instituição financeira. Segundo a SPC Brasil, em julho havia 57 milhões de brasileiros registrados em cadastros de devedores, ou mais de 25% da população. Na cidade do Rio de Janeiro há cerca de

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6,5 milhões de pessoas. Se a proporção nacional fosse seguida no município, haveria cerca de 1,6 milhão de pessoas em cadastros restritivos. Haver menos de uma centena de ações de insolvência civil tramitando na capital do Estado constitui uma evidência significativa do desinteresse, tanto dos devedores quanto das instituições financeiras, em utilizar o instituto para tratamento de situações de superendividamento. Algumas hipóteses podem ser consideradas para explicar essa realidade. Em primeiro lugar, o procedimento de declaração de insolvência civil apresenta-se complexo. Haverá a arrecadação de todos os bens do devedor, que perderá o poder de administrá-los, em seguida ocorrerá um concurso de credores para recebimento pro rata de seus créditos. Para o devedor, trará solução apenas no longo prazo, uma vez que apenas após cinco anos do fim da liquidação ele poderá se ver desonerado das dívidas que porventura não houverem sido quitadas. Todos os bens que adquirir na vigência desses cinco anos serão imediatamente arrecadados para satisfação dos credores. Para as instituições financeiras, por sua vez, a declaração de insolvência civil dificilmente fará com que o devedor pague a dívida. A experiência mostra que essas ações são morosas e, no momento em que se verifica o estado de insolvência, o devedor já não possui bens para fazer face às suas dívidas. Instrumentos como a negativação do crédito associados às elevadas taxas de juros praticadas no país tendem a ser medidas mais eficazes. O novo Código de Processo Civil, que entrará em vigor no próximo ano, em nada inovou neste tema, mas sugeriu que a questão venha a ser tratada em diploma legal específico. O Congresso Nacional, neste momento, analisa proposta de alteração do Código de Defesa do Consumidor para que sejam incluídos dispositivos específicos sobre superendividamnento. O PL 283/2012 privilegia medidas de prevenção, como exigências de maior informação no momento da concessão de créditos, mecanismos de mediação para solução de conflitos e, ainda, a possibilidade de repactuação compulsória de dívidas pelo juiz. O delicado momento econômico vivenciado pela sociedade brasileira clama para que um regime jurídico de prevenção e tratamento do superendividamento seja amplamente discutido e implementado com a brevidade possível, privilegiando-se a oferta e a tomada de crédito de forma responsáveis, bem como a obtenção de soluções tempestivas e efetivas para as situações de excesso de endividamento do consumidor.

Alteração na tributação das receitas decorrentes da cessão de direitos de autor, imagem, nome, marca e voz

Por Amal Nasrallah para o Valor Econômico. Dentre das inúmeras alterações ocorridas na legislação tributária nos últimos meses, também se destaca a alteração da tributação dos direitos autorais.

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A Medida Provisória acrescentou o § 6º ao artigo 25 da Lei 9.430/96 que estabelece que as receitas decorrentes da cessão de direitos patrimoniais de autor ou de imagem, nome, marca ou voz de que seja detentor o titular ou o sócio da pessoa jurídica devem ser adicionadas à base de cálculo do lucro presumido sem a aplicação dos percentuais de que trata o art. 15 da Lei nº 9.249 de 1995. Os referidos percentuais são os de presunção do lucro. Vale dizer, as receitas de cessão de direitos de autor serão todas presumidas como lucros, sem quaisquer reduções. De acordo com a exposição de motivos: “ 7. Especificamente em relação à presunção do lucro, ao aplicar o percentual de presunção (32%) aos rendimentos recebidos a título de cessão de tais direitos, presume-se que o restante do rendimento (68%) foi consumido na geração deste rendimento, o que não representa a realidade nas atividades personalíssimas. 8.Tais atividades não demandam estruturas físicas e profissionais bancadas pelo profissional que cede os direitos autorais, a imagem, nome, marca ou voz para a realização das tarefas, permanecendo tal estrutura custeada pelo contratante de seus serviços. 9.Portanto, as receitas auferidas em decorrência dessas atividades não requerem aplicação de percentual de redução de lucro presumido, já que não se presumem despesas decorrentes de seu exercício”. Com essa Medida Provisória, os detentores de direitos autorais deverão repensar suas estratégias tributárias, considerando que muitos criam pessoas jurídicas para receber os rendimentos decorrentes. O boletim jurídico da BornHallmann Auditores Associados é enviado gratuitamente para clientes e usuários cadastrados. Para cancelar o recebimento, favor remeter e-mail informando “CANCELAMENTO” no campo assunto para: <[email protected] >.