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3º SEMINÁRIO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS - ABRI ÁREA TEMÁTICA: ANÁLISE DE POLÍTICA EXTERNA PARADIPLOMACIA E COMPETITIVIDADE INTERNACIONAL DE CIDADES: O CASO DO RIO DE JANEIRO Autores: Marcos Vinícius Isaias Mendes Universidade Federal do Rio de Janeiro Ariane Cristine Roder Figueira Universidade Federal do Rio de Janeiro Florianópolis SC 2016

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3º SEMINÁRIO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS - ABRI

ÁREA TEMÁTICA: ANÁLISE DE POLÍTICA EXTERNA

PARADIPLOMACIA E COMPETITIVIDADE INTERNACIONAL DE CIDADES:

O CASO DO RIO DE JANEIRO

Autores:

Marcos Vinícius Isaias Mendes – Universidade Federal do Rio de Janeiro

Ariane Cristine Roder Figueira – Universidade Federal do Rio de Janeiro

Florianópolis – SC

2016

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Resumo

As transformações sistêmicas que reestruturaram o sistema internacional de forma mais

evidente partir da década de 1990 levaram à crescente participação de atores não-estatais e

governos subnacionais na ação internacional. Nesse contexto, as cidades emergiram

gradativamente como importantes agentes de política externa, quer seja na atração de

investimentos oriundos de fontes estrangeiras, ou na formulação de acordos de cooperação

entre cidades internacionais, para os mais diversos fins. Especificamente no caso do Rio de

Janeiro, verifica-se a presença de importantes ferramentas de governo com estas finalidades,

como, por exemplo, a agência Rio-Negócios, atuante na atração de investimentos

internacionais, e a Coordenadoria de Relações Internacionais, estrategicamente vinculada ao

gabinete do prefeito, com função de promoção internacional da cidade. Assim, este estudo

teve como objetivo avaliar a paradiplomacia no âmbito do Rio de Janeiro, investigando ações,

políticas e estratégias de inserção internacional da cidade, seja mediante ações bilaterais,

seja através da participação em redes multilaterais. O método utilizado envolveu uma revisão

bibliográfica de estudos na área de paradiplomacia, bem como análise longitudinal de

documentos e planos estratégicos do município, seguidos de uma etapa de entrevistas

semiestruturadas com atores públicos dos dois órgãos citados anteriormente. Os resultados

encontrados demonstram que o envolvimento internacional da cidade cresceu

consideravelmente após sua escolha como sede das Olimpíadas de 2016, de modo que este

pode ser entendido como um marco temporal relevante para compreender as iniciativas de

ativismo paradiplomático da cidade, em busca de sua transformação numa smart city.

Palavras-chave: Paradiplomacia; Rio de Janeiro; Olimpíadas

Introdução

Com o processo de globalização, intensificado especialmente a partir dos anos 1990,

surge uma miríade de fatores que acentuam e tornam mais complexa a interação entre atores

no sistema internacional. Desenvolvimento econômico e de negócios, modernização das

infraestruturas de transportes e telecomunicações, maior liberdade de movimento de bens,

serviços e capitais, forte consciência global, voltada para temas estratégicos e de defesa,

como proteção ambiental e luta contra o terrorismo, e formação de comunidades de parceiros

internacionais são elementos que ilustram essa dinâmica complexa. Segundo Sassen (1991),

a dispersão espacial das atividades econômicas e a reorganização da indústria financeira são

ilustrativos do fenômeno, muito influenciados pelos desenvolvimentos em telecomunicações

e em tecnologia da informação. Para Castells (1996, p.77), as características fundamentais

desse processo seriam “global, informacional e baseado em redes”, que estariam

indistintamente entrelaçadas. Entretanto, segundo Bigo (2010), nesse cenário o discurso de

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“liberdade de circulação” é frequentemente confundido com o de “velocidade”, tendo em vista

os vários mecanismos de bloqueio à livre mobilidade internacional experimentados em muitos

locais e regiões, em particular as de fronteiras.

Surge no contexto internacional a ideia de “sociedade civil global”, conceito

multifacetado e não livre de controvérsia. Lage (2012) observa que não raro o termo é

entendido como “para além do Estado”, e propõe duas interpretações para esse limite.

Primeiro, a “sociedade civil global” seria entendida como um “conjunto de agentes e um

espaço de interação social que convive com o Estado, sem que isso signifique a

obsolescência ou a superação deste”. Segundo, o termo também pode ser entendido como

“a formação de uma sociedade civil que transpasse as fronteiras do Estado, que não se

confine a elas” (Lage, 2012, p.154).

Nesse ímpeto, emergiram também os termos “Estados glocais” e “cidades globais”,

que podem ser entendidos como agentes daquela sociedade civil global. Brenner (1998, p.1)

enfoca no relacionamento em transição entre a cidade global e o Estado territorial, segundo

o qual a maioria dos estudos sugere que “à medida que a escala global (da cidade) se

expande, a escala do Estado se contrai”. Porém, contrariamente a essa visão, o autor entende

que a escala do Estado não está sendo corroída, mas sendo redimensionada tanto nas

escalas sub como supra estatais, conformando o que ele chama de Estado glocal. Segundo

o autor, esse processo consiste numa estratégia de acumulação importante, através da qual

os Estados glocais buscam promover a vantagem competitiva global de suas principais

regiões urbanas. Portanto, “a formação da cidade global e o redimensionamento do Estado

são momentos dialeticamente interligados de uma mesma dinâmica de reestruturação do

capitalismo global” (Brenner, 1998, p.1).

Desse debate, conclui-se que o Estado-Nação não consiste mais no único agente

capaz de promover o ativismo internacional, ganhando destaque a atuação de governos não

centrais na política externa. Segundo Duchacek (1990, p. 13), na América do Norte e Europa

Ocidental, especialmente por tratarem-se de sistemas federais, governos não centrais “têm

sido cada vez mais induzidos a reagir a eventos internacionais, respondendo ou iniciando

contatos com centros estrangeiros de influência econômica, cultural e política”. Juntamente

com Duchacek (1986, 1990), Soldatos (1990) introduziu no debate acadêmico e deu

fundamentação teórica ao termo paradiplomacia, definido como um aspecto fundamental da

globalização e da regionalização, “através do qual atores sub-estatais e não-estatais

desempenham um papel cada vez mais influente na política internacional” (Joenniemi e

Sergunin, 2014).

A paradiplomacia também é marcante no contexto brasileiro. Gallo (2011) utilizou a

Região Metropolitana de Campinas como estudo de caso para avaliar a paradiplomacia e

inserção internacional da cidade, analisando aspectos como tecnologia, infraestrutura,

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investimentos externos e recursos humanos, para defender a tese de que Campinas possui

atrativos suficientes para qualificá-la como agente internacional relevante, ainda que não

possa ser considerada uma cidade global. Outro exemplo foi o estudo de Nunes (2005) que

avaliou a paradiplomacia do estado do Rio Grande do Sul. A autora observou que a

redemocratização ocorrida nos anos 1980, a integração do Cone Sul e a abertura econômica

dos anos 1990 foram motivadores fundamentais para a atuação internacional desse estado,

que desenvolveu uma extensa agenda paradiplomática no período estudado, de 1987 a 2002.

Além desses, outros estudos abordaram a paradiplomacia das cidades de São Paulo

(Medeiros, 2010; Onuki e Oliveira, 2013), Porto Alegre (Salomón e Nunes, 2007) e,

indiretamente, até do Rio de Janeiro (Castro, 2013).

Dado o exposto, a proposta deste artigo é avaliar a paradiplomacia no Brasil,

tomando como estudo de caso a cidade do Rio de Janeiro, tendo como pano de fundo a

indicação da mesma como sede das Olimpíadas de 2016 e considerando o período de 2009

(ano da nomeação) até 2016. É objetivo do trabalho avaliar os interesses por trás da ação

paradiplomática do Rio, bem como prioridades, políticas e estratégias utilizadas em ações

bilaterais e multilaterais. Também busca-se avaliar a estrutura governamental de Relações

Internacionais da cidade e seu posicionamento frente aos governos estadual e nacional.

Assim, busca-se contribuir com a literatura de Relações Internacionais em dois aspectos:

primeiro, explorando a paradiplomacia no âmbito municipal, visto que poucos trabalhos

abordaram o tema no plano da cidade do Rio de Janeiro; segundo, conectando o estudo da

paradiplomacia com o tema das Olimpíadas, com vistas a contribuir para a percepção de

grandes eventos como formas de ação paradiplomática. A operacionalização do estudo se

deu via entrevistas com atores do governo municipal e participação em eventos sobre cidades,

bem como ampla revisão de documentos secundários. Com isso, buscou-se prospectar a

estrutura, os atores e os processos relacionados à atividade paradiplomática da cidade.

O artigo está organizado em quatro seções, além desta introdução. Na seção

seguinte aborda-se o tema das cidades e sua emergência como atores globais relevantes.

Desde a discussão sobre a cidade global, parte-se para uma análise da paradiplomacia e do

ativismo das cidades na política externa. Em seguida, investiga-se a paradiplomacia no Brasil,

por meio da apreciação de estudos publicados sobre o tema, assim como um balanço da

estrutura institucional de apoio a ações paradiplomáticas no país. Após isso, parte-se para o

caso do Rio de Janeiro, analisando-se as entrevistas empreendidas, a documentação

selecionada e os eventos sobre cidades, dos quais participou-se ao longo da pesquisa. Por

fim, a mote de conclusão, são recuperados os principais debates do artigo e os resultados

encontrados, bem como são feitas propostas para pesquisas posteriores.

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Cidades glocais: ‘novos’ polos de poder internacional

Para compreender a influência da globalização na dinâmica da cidade, Saskia

Sassen (1991, 2005, 2010) desenvolveu o epíteto cidade global, caracterizando algumas das

grandes metrópoles do planeta. Segundo a autora, nessas cidades predominam centros de

comando de corporações multinacionais e economias de aglomeração. Elas comportam uma

vasta gama de profissionais qualificados em diversas atividades da economia, especialmente

concentradas no setor de serviços. Esses fatores conduzem a terceirizações de funções

produtivas intermediárias para locais periféricos, contribuindo para fenômenos como alta

concentração de renda e desigualdades socioeconômicas (Sassen, 2005).

Segundo Friedmann (1986), pode-se considerar sete condições características

dessas cidades. Dentre elas, as funções de controle exercidas, refletindo diretamente nas

características do mercado de trabalho, a alta concentração de capital internacional, bem

como o fenômeno das migrações internacionais, além das contradições e custos sociais

muitas vezes ressaltadas nesses polos. Alguns questionamentos importantes são levantados

nesse trabalho. Por exemplo, a polarização de cidades globais no hemisfério norte, tanto nos

Estados Unidos quanto na Europa e Ásia. Por que tão poucos centros urbanos representam

potências globais no hemisfério sul?

Além dos trabalhos seminais de Sassen (1991) e Friedman (1986), outros estudiosos

debruçaram-se sobre o tópico. De acordo com Castells (1996), por exemplo, o estudo dessas

cidades implica numa oposição dialética entre o espaço dos fluxos e o espaço dos lugares,

uma vez que “(...) o fenômeno da cidade global não pode ser reduzido a uns poucos centros

urbanos no topo da hierarquia. É um processo que conecta serviços avançados, centros de

produção e mercados numa rede global” (Castells, 1996, p.411). Nesses termos, o autor

considera essas cidades como espaços de fluxos, de pessoas, de informações, de processos

e de poderes, inevitavelmente associados ao fenômeno da globalização.

Taylor (2000) quantificou a presença de empresas multinacionais (EMN) em

megacidades, identificando 55 cidades globais. O autor observou uma relação positiva entre

o tamanho da economia nacional (Estado) e a distribuição e porte das cidades globais. Hall

(1996), por outro lado, utilizou o conceito de business cycles de Schumpeter para estudar a

influência dos ciclos de inovação tecnológica no crescimento e desenvolvimento urbano. Em

contrapartida, escritores como Harvey (1989, 2005, 2008) levantaram a problemática da

acumulação desenfreada de capital, e suas resultantes socioambientais negativas, processos

evidenciados com maior intensidade nesses locais. Destacam-se também as contribuições de

Bigo (2010) e Grahan (2010) sobre (in)segurança pública e vigilância urbana, incluindo temas

delicados como o terrorismo, que adquirem grande visibilidade nas cidades globais.

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Mais recentemente, essa literatura tomou um novo fôlego, conectando revisitações

dos autores clássicos com novas perspectivas sobre o papel das cidades na política

internacional. Acuto (2011) e Acuto e Rayner (2016) avaliaram tanto a evolução do conceito

da cidade global quanto a emergência e relevância da diplomacia das cidades, em particular

via redes multilaterais. Curtis (2011, 2014, 2016) explorou em profundidade o papel das

cidades nas Relações Internacionais e suas consequências para a governança global,

sugerindo a emergência de uma “nova ordem” de atores na política internacional. Além deles,

Ljungkvist (2014), através de uma robusta avaliação empírica de ações antiterrorismo e de

mudanças climáticas em Nova York, defende que o foco nos aspectos econômicos da cidade

global, marcante na literatura clássica, deve ceder lugar para considerações que envolvam o

papel mais amplo das cidades na governança global, indo além do “economismo”.

Um tópico de destaque diz respeito à competição entre cidades globais e centros

urbanos inferiores, na disputa pela atração de investimentos, fenômeno descrito por Arantes

(1996) como guerra dos lugares. Outro aspecto do conflito refere-se ao que Charles Tilly

(1990) interpretou como “cidades representando o capitalismo, e competindo com os Estados,

que representam a coerção” (Tilly, 1990 apud Taylor, 2000, p. 5).

Sobre a relação ora antagônica ora simbiótica entre o Estado e governos

subnacionais, Brenner (1998), em sua teoria do redimensionamento do Estado, diagnostica

uma reconfiguração da territorialidade deste, que passa a operar como locus e propulsor da

globalização, tornando-se um Estado “glocal”. O autor argumenta que há uma ‘não-

coincidência’ territorial entre o momento atual da globalização, os circuitos do capital mundial

e a organização territorial do Estado, que busca artifícios como participação em instituições

supranacionais (ONU, OMC, OMS, dentre outras) para driblar essa assimetria, criando

instrumentos reguladores num patamar acima do nível nacional. Desse modo, “as escalas da

organização territorial do Estado tornaram-se mediadores centrais da tentativa do capital de

maximizar seu comando e controle sobre os espaços e territórios” (Brenner, 1998, p.21).

Assim, segundo Brenner (1998), o Estado territorial nacional transforma-se em

‘glocal’, tendo seu poder redimensionado por instituições supranacionais e regionais/locais. A

partir daí, dados os constrangimentos internos e externos aos quais o Estado está submetido,

muitas vezes impedindo ou engessando ações mais concretas, abre-se espaço para a

diplomacia da cidade, orientada para a promoção de estratégias endógenas de acumulação

e desenvolvimento. Por outro lado, com o fenômeno das cidades globais, intensificam-se a

competição e a cooperação interespacial entre cidades e regiões em escala internacional,

abrindo margem para o aumentos de atividades paradiplomáticas.

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Óticas da paradiplomacia no Brasil

No contexto brasileiro, a paradiplomacia tem sido objeto de papers acadêmicos,

teses e dissertações, que se ocupam em estudar a inserção de estados e municípios na

agenda externa do país. Aí encaixam-se trabalhos como os de Vigevani (2006), Vigevani e

Junior (2014), Medeiros (2010), Milani e Ribeiro (2011) e Onuki e Oliveira (2013), que trataram

do tema da paradiplomacia na integração regional, nos dois primeiros casos, e na esfera das

cidades, nos demais. Também merecem destaque as teses de Barreto (2001), que analisou

a atuação internacional do estado de São Paulo entre 1991 e 1998, de Bógea (2001), que

estudou a posição da União frente à ação paradiplomática das unidades federativas

brasileiras, de Lessa (2003), que explorou as circunstâncias nas quais a paradiplomacia pode

enfraquecer o Estado nacional, e de Gallo (2011), que pesquisou o caso da paradiplomacia e

da governança multinível na Região Metropolitana de Campinas. Vale também ressaltar as

dissertações de Farias (2000) e de Rodrigues (2004), que analisaram os benefícios auferidos

pelos estados brasileiros ao engajarem-se em iniciativas paradiplomáticas, e de Nunes

(2005), que investigou a paradiplomacia do estado do Rio Grande do Sul.

Esses estudos sugerem que houve uma intensificação da atividade paradiplomática

no país nos últimos anos. Vigevani (2006) afirma que um fator importante para isso foi a virada

democrática do país, entre 1985 e 1990, posto que a literatura indica que sistemas

democráticos e, particularmente, federativos, são facilitadores do fenômeno. Outro fator é que

que cidades e estados vêm sendo vistos como agentes de desenvolvimento econômico no

país. Milani e Ribeiro (2011), ao corroborarem os pontos anteriores, observam que não há

menção legal à atividade internacional de municípios e estados na constituição brasileira. Por

isso, foi criada em 2005 no Congresso Nacional o projeto de lei 475/2005, a “PEC da

paradiplomacia”, visando formalizar constitucionalmente a atuação internacional desses

atores. A proposta encontra-se atualmente arquivada na Câmara dos Deputados (Fuga, 2014;

Milani e Ribeiro, 2011).

Segundo Vigevani (2006, p. 130), na paradiplomacia brasileira há predominância de

“ações ligadas apenas à low politics, movimentos que não interferem na estratégia

internacional do país, não se relacionando a temas da high politics, como estratégicos ou de

segurança, e nem mesmo a opções econômicas de caráter geral”. Essa é uma possível

justificativa para o arquivamento da PEC da paradiplomacia, tanto para evitar possíveis

guinadas para a high politics de governos não centrais, quanto para preservar a autoridade

do governo federal. Por outro lado, Medeiros (2010) aponta que o grau de mobilização

internacional dos entes subnacionais é extremamente variado, considerando três elementos

para explicar essas diferenças: “localização geográfica, poder econômico e natureza da

organização do estado no qual estão imersos” (Medeiros, 2010, p.170). Desse modo, estados

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como São Paulo e Rio de Janeiro, localizados nas regiões mais economicamente privilegiadas

do país, teriam facilidade e tendência maiores para exercerem atividades paradiplomáticas.

No tocante à presença de instituições ou organismos facilitadores ou monitoradores

da paradiplomacia, o Brasil conta com um quadro institucional em desenvolvimento. No

âmbito federal, enquadra-se a criação da Assessoria de Relações Federativas do Ministério

das Relações Exteriores, em 1997. Em 2003, esse órgão foi transformado na Assessoria

Especial de Assuntos Federativos e Parlamentares (AFEPA), ilustrando o movimento de stop

and go do governo brasileiro, ora fortalecendo o peso do governo federal no controle de ações

paradiplomáticas, ora atenuando-o, conforme observa Vigevani (2006). De acordo com Milani

e Ribeiro (2011), existem associações de municípios que reconhecem a atuação internacional

das cidades brasileiras, dentre elas a Confederação Nacional de Municípios (CNM) e a Frente

Nacional de Prefeitos. Também merece destaque o Fórum Nacional de Secretários e

Gestores de Relações Internacionais (FONARI), criado para representar os interesses e

qualificar as ações dos municípios brasileiros relativamente à articulação internacional.

Em termos de estrutura municipal para fomentar as relações internacionais, Milani e

Ribeiro (2011, p.28) observaram, em survey com 72 municipalidades1 brasileiras realizada

durante 2007/2008, o seguinte padrão:

Das 72 cidades pesquisadas: (a) 22 desenvolveram atividades paradiplomáticas, mas não estabeleceram estruturas formais de relações internacionais; (b) 29 possuíam uma área organização formal de relações internacionais; (c) 21 não implementaram atividades paradiplomáticas. Se focarmos no primeiro grupo, podemos observar muitos projetos informais e desconhecidos, a maioria deles localizados nos estados do Nordeste do Brasil.

Comparado aos três elementos citados por Medeiros (2010), pode-se afirmar que o

estudo de Milani e Ribeiro (2011) corrobora a influência da localização geográfica e do poder

econômico nas ações paradiplomáticas, visto que ela é intensa em capitais de estados de

fronteira (paradiplomacia regional), como Belém, Boa Vista, Rio Branco, Porto Alegre, Curitiba

e Florianópolis, bem como nas capitais dos três estados mais ricos do pais, São Paulo, Rio

de Janeiro e Belo Horizonte. Todavia, a natureza da organização do estado não foi um fator

preponderante no estudo de Milani e Ribeiro (2011), haja vista a alta incidência de cidades

sem estrutura formal de relações internacionais que desempenham papel paradiplomático,

particularmente no nordeste brasileiro.

Outro fator importante para a paradiplomacia brasileira diz respeito à posição

hegemônica do país no contexto Sul-americano. Vigevani (2006) sugere que esse processo

1 Os critérios utilizados para seleção desses municípios foram: 1) capital de estado, 2) população maior ou igual a 500 mil habitantes, 3) relevância política, econômica ou cultural em região metropolitana, 4) sedes de centros de pesquisa ou universidade nacionalmente reconhecida, 5) patrimônio histórico ou reconhecida pelo setor de turismo, 6) municípios estratégicos nas fronteiras com outros países e 7) participação em seminários ou eventos relativos a ações municipais de relações internacionais.

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pode ser percebido no processo de integração Argentina-Brasil, de 1985, e no Mercosul, em

especial com relação a Uruguai e Paraguai. O Foro Consultivo de Municípios, Estados

Federados, Províncias e Departamentos do Mercosul (FCCR) é um mecanismo

institucionalizado de debate no bloco, criado em 2004 e possuindo três eixos de ação:

integração fronteiriça, integração produtiva e cidadania regional. Outras iniciativas de

destaque para a paradiplomacia da região: Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul

(CODESUL), a Comissão Regional de Comércio Exterior do Nordeste Argentino

(CRECENEA) e a Zona de Integração do Centro-Oeste Sul-americano (ZICOSUR). Além

disso, a rede Mercocidades e a Federação Latino-americana de Cidades, Municípios e

Associações (FLACMA) também são associações relevantes para a ação paradiplomática de

governos subnacionais brasileiros (Gallo, 2011).

Olimpíadas e competitividade internacional do Rio de Janeiro

Em outubro de 2009 a cidade do Rio de Janeiro foi eleita para sediar os 33º jogos

olímpicos de verão, ocorridos em agosto 2016. Desde a confirmação do evento, a cidade

envolveu-se em uma verdadeira maratona paradiplomática preparatória. Além de contatos

com delegações e governos de países participantes dos jogos, e organismos como o Comitê

Olímpico Internacional (COI), a cidade engajou-se numa busca por parceiros internacionais

em diversos outros níveis. Consultorias com cidades olímpicas anteriores, cooperações

bilaterais para desenvolvimento de projetos já implementados no âmbito internacional,

cooperações multilaterais via redes internacionais de cidades, ações para a atração de

investimentos externos e parcerias público-privadas com empresas multinacionais para

realização de obras olímpicas são alguns exemplos desse processo.

Nesse contexto, algumas estruturas da administração pública municipal tiveram que

ser criadas ou reestruturadas para apoiar a ação internacional. A Coordenadoria de Relações

Internacionais, por exemplo, uma das mais antigas do Brasil, criada em 1987, teve que ser

completamente revitalizada por conta do evento. A agência Rio-Negócios, criada em 2010

exatamente após a escolha do Rio como sede olímpica, teve a incumbência de atrair negócios

e investimentos para a cidade, pautada em três pilares: promoção comercial, informação e

inteligência de negócios e facilitação. Além dessas estruturas, a Secretaria Especial de

Concessões e Parcerias Público-Privadas (SECPAR) foi criada em 2012 com o objetivo de

fomentar, incentivar e alargar o papel estratégico das parcerias público-privadas,

influenciando fortemente a miríade de projetos que tomou conta da cidade a partir de 2009.

Em decorrência, a bibliografia revisada e a pesquisa de campo empreendida

sugerem que o ambiente de negócios da cidade, bem como sua competitividade internacional,

tiveram um impulso significativo graças ao evento olímpico. Tal constatação é evidenciada ao

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se analisar com maior detalhe quatro eixos considerados relevantes para a pesquisa, no

âmbito do Rio de Janeiro, a saber: 1) ações bilaterais e multilaterais, 2) administração pública

e grandes projetos, 3) ambiente de negócios e 4) construção de uma smart city.

Ações bilaterais e multilaterais

Uma prática observada na cidade foram os contatos com outras sedes olímpicas, em

busca de boas práticas. Barcelona, cidade-irmã do Rio de Janeiro, e referência de cidade

olímpica de sucesso, teve influência na obra do Porto Maravilha, por exemplo. Londres foi

alvo de diversas missões por parte dos organizadores do evento, inclusive o prefeito Eduardo

Paes. Houve cooperação com a Transport for London, de projeto técnico na área de

mobilidade urbana; a cidade também contribuiu para a criação da Rio-Negócios, cujo modelo

baseia-se no da agência Think London (hoje London & Partners), criada no contexto das

Olimpíadas de Londres 2012. Los Angeles, Atenas e Pequim também foram visitadas para a

troca de experiências. Além dessas missões, a cooperação bilateral também possibilitou

projetos estratégicos para o Rio. Paris, por exemplo, trouxe know-how nas áreas de

conservação de patrimônio imobiliário público e mobilidade urbana, dado que o projeto Vélib’

inspirou o bikeRio. Nesse tema, Londres e Amsterdã também foram visitadas e trouxeram

contribuições. O projeto do Porto Maravilha teve a influência de Paris, que possui o projeto

Paris Rive Gauche em sua região metropolitana, como também de Buenos Aires, por seu

projeto de revitalização no Puerto Madero, além de Barcelona. O projeto Carro Elétrico

Carioca está sendo implementado com contribuições do projeto Autolib’ de Paris. Ademais, o

número de emergência e o aplicativo “1746” do Rio foram baseados no “311”, de Nova York

(Assessor-Chefe de Relações Institucionais e Cooperação Bilateral, Prefeitura do RJ2).

GRÁFICO 1: Evolução no número de cidades-irmãs e parceiras do Rio de Janeiro

2 Em entrevista concedida em 14 de junho de 2016.

1960196419681972197619801984198819921996200020042008201220162020

0 8 16 24 32 40 48 56 64 72 80 88 96 104 112 120 128

Ano d

e irm

anação

Quantidade cidades-irmãs e parceiras

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Fonte: Elaborado pelos autores, com base em dados fornecidos pela prefeitura do RJ

A cooperação multilateral também se mostrou recorrente no contexto municipal, tanto

via contatos com organismos internacionais quanto com redes internacionais de cidades. De

acordo com o site da prefeitura do Rio de Janeiro, atualmente as principais interações ocorrem

com as redes:

C40 Cities Climate Leadereship Group (em parceria com a Clinton Initiative); ICLEI (Governos Locais pela Sustentabilidade); UCCLA (União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa); CGLU (Cidades e Governos Locais Unidos); Metropolis (Associação Mundial das Grandes Metrópoles); UCCI (União de Cidades Capitais Iberoamericanas); fundações estrangeiras como a Rockefeller e a Konrad Adenauer, e organizações do sistema ONU como a ONU-Habitat, PNUD, UNESCO, UNISDR e Unicef (Prefeitura Rio de Janeiro, 2016).

GRÁFICO 2: Evolução da participação do Rio de Janeiro em redes multilaterais de cidades

Fonte: Elaborado pelos autores, com base em dados fornecidos pela prefeitura do RJ

Tais redes propiciaram uma série de ações na cidade. Por exemplo, a participação

do RJ na preparação da conferência ONU Habitat, fortemente influenciada pela CGLU. A C40

também se mostra relevante, especialmente por seu atual presidente ser o prefeito do RJ. A

Leading Cities motivou a realização de laboratórios denominados Smart City Lab, envolvendo

atores da prefeitura, empresas privadas, universidades e ONGs, para debater desafios

urbanos e soluções inteligentes (Assessora-Chefe de Cooperação Multilateral, Prefeitura do

RJ3). Outro caso de destaque foi a parceria do Centro de Operações do Rio de Janeiro (COR)

com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para otimização de métricas e

indicadores para o primeiro, bem como a parceria com a National Aeronautics and Space

Administration (NASA), para o intercâmbio de informações e tecnologia meteorológica

(Assessor Especial do COR4).

Outro ponto significativo para a internacionalização foram os grandes eventos, que

permearam a agenda da cidade de forma consistente desde 2010, como estratégia da

3 Em entrevista concedida em 23 de maio de 2016. 4 Em entrevista concedida em 31 de maio de 2016.

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Quantidade de redes

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administração municipal. Os principais foram: Fórum Econômico Mundial, em 2010; V Jogos

Mundiais Militares, em 2011; Rio+20, em 2012; Jornada Mundial da Juventude, em 2013;

Copa do Mundo, em 2014; Aniversário de 450 anos do Rio, em 2015, culminando com as

Olimpíadas de 2016. Além deles, a participação em conferências internacionais também

aponta para a forte presença internacional do Rio. A COP21 em 2015 em Paris é um caso de

destaque, particularmente pela assinatura de pacto sobre mudanças climáticas, negociado no

âmbito do C-40 (Assessora-Chefe de Cooperação Multilateral, Prefeitura do Rio de Janeiro5).

Administração pública e grandes projetos

No âmbito da administração pública municipal, foram investigadas evidências da

aplicação dos preceitos do New Public Management, ou NPM, (Bresser Pereira, 1998, 2001),

buscando-se observar o uso desses princípios e sua associação com o incremento da

competitividade da cidade. Algumas evidências do uso do NPM foram: utilização frequente de

funcionários temporários, não concursados (gerencialismo, downsizing), uso de sistema de

meritocracia e bonificações no pagamento de servidores (assimilação de políticas do setor

privado), formação continuada e como instrumento de estímulo à produtividade, através, por

exemplo, do projeto Líderes Cariocas (uso de métricas e indicadores, feedbacks sobre

resultados), redução de burocracias, inserindo flexibilidade e agilidade na atuação da

prefeitura, evidenciado pelo estímulo ao uso de Parcerias Público-Privadas, ou PPP,

(flexibilidade, eficiência). Os excertos de entrevistas abaixo ilustram alguns desses

mecanismos.

A própria criação do COR e da SECPAR pode ser entendida como incremento da

competitividade internacional do Rio. Criado em 2010, O COR é uma estrutura de apoio e

monitoramento da cidade nas áreas de defesa civil, mobilidade urbana e prevenção de

acidentes, possuindo autonomia e apoio de todas as secretarias no âmbito municipal. Seu

objetivo é tornar a cidade mais resiliente e segura, via prevenção de ocorrências e

coordenação de operações de combate a chuvas fortes, deslizamentos, incêndios etc. Por

sua vez, a SECPAR foi criada para incentivar, coordenar e monitorar o uso de PPP no âmbito

municipal. A ação desse órgão foi essencial para fomento das PPP do Porto Maravilha, do

Parque Olímpico e do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), criadas no âmbito das obras olímpicas

(Coordenador de Estruturação de Projetos da SECPAR, Prefeitura do Rio de Janeiro6).

Ainda nesse contexto, os relatórios “Estudo dos impactos e do legado dos Jogos Rio

2016”, produzido pela COPPE/UFRJ em 2014 para envio ao COI, e “Planejamento Estratégico

2014-2017”, produzido pela Autoridade Pública Olímpica (APO), são ilustrativos da

5 Em entrevista concedida em 23 de maio de 2016. 6 Em entrevista concedida em 31 de maio de 2016.

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preparação municipal para recebimento dos jogos. O primeiro documento teve um triplo

objetivo: compreender os impactos dos jogos, apoiar futuras cidades olímpicas e criar uma

base de conhecimento acerca dos impactos e legados do evento (COPPE/UFRJ, 2014).

Através de uma análise minuciosa, o documento analisou o nível de preparação da cidade e

seus possíveis impactos nas esferas ambiental, sociocultural e econômica, através de 36

áreas foco e 22 tópicos temáticos. Já o segundo relatório foi elaborado pela APO, autarquia

criada em 2011 pela junção de governo federal, estadual e municipal do Rio de Janeiro, para

acompanhamento dos jogos. O relatório contempla uma visão geral da elaboração do

planejamento estratégico da autarquia para o período de 2014 a 2017, incluindo as funções

do órgão, seu modus operandi, indicadores e métricas de resultados.

Ambiente de negócios

Quanto ao efeito dos jogos na atratividade de investimentos e negócios para o

município, a agência Rio-Negócios teve um papel categórico desde que o Rio venceu o bid

olímpico. Fundada em 2010, a organização opera prestando serviços gratuitos de consultoria

a potenciais investidores na cidade, atendendo a questões acerca de legislação municipal de

negócios, localização de clusters, procedimentos operacionais para abertura de empresas,

dentre outros pontos considerados nevrálgicos por investidos internacionais na cidade

(Executiva de Relações Institucionais da agência Rio-Negócios7).

Um exemplo de ação recente da agência é o ambicioso projeto de 11 eventos

estratégicos a ocorrer ao longo de 2016, o Casa Rio, unindo líderes de negócios, investidores,

financiadores, fornecedores, “C-levels” e empreendedores, afim de fomentar investimentos

produtivos na cidade. Os encontros são organizados em 6 setores estratégicos para a

economia carioca: Energia (especialmente Óleo e Gás), Infraestrutura e Real Estate, Saúde

e Heath Care, Tecnologia (Telecom e High Tech Startups), Indústria Criativa (em especial

Mídia e Fashion) e Finanças (com foco em Seguros e Resseguros). A ideia surgiu através de

benchmarking dos Jogos Olímpicos Londres 2012, que promoveu atividades similares,

culminando em 14 projetos de investimento para a cidade (Executiva de Relações

Institucionais da agência Rio-Negócios8).

Nesse sentido, os relatórios DataRio (Rio-Negócios, 2015) e Doing Business in Rio

(Ernest & Young e Rio-Negócios, 2014) são instrumentos produzidos no intuito de auxiliar

potenciais investidores na cidade. O primeiro trata de dados estatísticos e informações

pontuais nas áreas: demografia, infraestrutura, economia, capital humano, qualidade de vida,

turismo, internacionalização urbana e setor de petróleo e gás no âmbito o Rio de Janeiro. O

7 Em entrevista concedida de 25 de maio de 2016. 8 Em entrevista concedida de 25 de maio de 2016.

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segundo apresenta uma visão holística sobre o modus operandi de negócios na cidade,

contando com informações sobre padrões temporais de Foreign Direct Investment (FDI),

estrutura corporativa, sistemas de impostos, perfil da força de trabalho, dentre outras

informações relevantes para empreendedores, em especial investidores internacionais.

Uma preocupação legítima diz respeito ao ambiente de negócios da cidade no pós-

olimpíadas, levantada em boa parte das entrevistas empreendidas. Uma grande capacidade

hoteleira foi construída para comportar não só os Jogos Olímpicos, mas a pletora de eventos

ocorridos desde 2010. Conforme entrevistas, também houve aumento no número de bares e

restaurantes, e outras atividades que se capitalizam via turismo. Um desafio para a prefeitura

está sendo desenvolver estratégias para a manutenção do fluxo de atividades nesses locais

após 2016.

Construção de uma smart city

Smart city é um conceito recente, que está em processo de desenvolvimento no

âmbito das ciências sociais e exatas há um certo tempo. No Rio de Janeiro, particularmente

pela conjuntura de obras olímpicas e reestruturação urbana para sediar o evento, o tema

tomou força nos últimos anos. Em 2016, apenas no primeiro semestre, pôde-se participar de

5 eventos que, direta ou indiretamente, trataram do tema da smart city carioca. O primeiro

deles ocorreu na escola de negócios da UFRJ, e chamou-se Fórum Coppead em Smart Cities.

O encontro contou com a participação de representantes do governo, da academia e de

empresas, para discutir seis questões selecionadas dentro do tema, no contexto da cidade:

sustentável, resiliente, digital, global, ágil e saudável. Ao final foram propostas em plenária

ações a serem estudas e projetos a serem desenvolvidos em cada uma das áreas.

Outro evento de destaque ocorreu em março de 2016, contando com a participação

do geógrafo inglês David Harvey da City University of New York. O seminário intitulou-se

“Cidades Rebeldes e Espaços de Esperança”, e apresentou uma linha crítica sobre as obras

olímpicas. Alguns dos pontos contemplados foram: violência urbana, especialmente contra

mulheres e LGBTs e outros problemas de segurança na cidade, segregação sócio espacial

das obras olímpicas, priorizando áreas abastadas da cidade, bem como a marginalização da

moradia e do transporte público. Esses temas estão em sinergia com o relatório Megaeventos

e Violação dos Direitos Humanos no Rio de Janeiro (Comitê, 2015), produzido com o intuito

de problematizar o benefício efetivo da copa do mundo de 2014 e das olimpíadas de 2016

para a população carioca. Esses destaques vêm ao encontro das teorizações de Castells

(1996), Sassen (2010) e Harvey (2005, 2008), que abordam o problema da desigualdade e

segregação urbana na metrópole global.

Outro caso foi o seminário internacional Resiliente Cities, Smart Citizens, organizado

pelo consulado holandês no Rio de Janeiro e pela Waag Society em junho de 2016. Também

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contou com importantes atores do setor público, de empresas, especialmente startups, e da

academia, objetivando fomentar a discussão de iniciativas de smart cities desenvolvidas na

Europa, especificamente na Suíça, Holanda, e Itália, e no Brasil. O evento foi estruturado em

quatro áreas de debate: políticas, cidades resilientes, cidadão inteligentes e visionários.

Também destaca-se a iniciativa da prefeitura do Rio juntamente com a rede Leading

Cities, fomentando o Smart City Lab, que contou com duas rodadas até o momento, realizadas

em maio e julho de 2016. Os laboratórios ensejaram juntar representantes da prefeitura, de

empresas privadas, universidades e ONGs, para debater soluções inteligentes para a cidade.

A perspectiva adotada foi a apresentação dos projetos já existentes no âmbito de cada

instituição participante e, a partir daí, fomentar a cooperação e desenvolvimento conjunto de

outros projetos. Essa iniciativa vem de encontro ao discurso público do secretário de Ciência

e Tecnologia da cidade, Franklin Coelho, no sentido de aproveitar os megaeventos para

reconstruir a imagem do Rio de Janeiro como uma smart city.

No momento em que somos escolhidos para sediar a Copa do Mundo e a Olimpíada, é fundamental apostarmos numa recuperação da identidade desta Cidade não só por sua vocação turística e referência histórica e cultural brasileira, mas também pelas possibilidades que oferece seu imenso parque científico e tecnológico de consolidar a visão estratégica do Rio como Capital do Conhecimento e da Inovação. Esta nova agenda estratégica da cidade terá que integrar caminhos de uma cidade digital, inteligente, criativa e sustentável. Estes são imensos desafios (Prefeitura Rio de Janeiro, 2010).

Corroborando ações no sentido acima referido, recentemente a cidade conquistou

duas premiações de destaque na área de cidades inteligentes: o World Smart City 2013, pelo

projeto do COR, e o prêmio InovaCidade 2015, pela PPP do Porto Maravilha.

Considerações Finais

Revisitando a teoria da cidade global, o artigo buscou dar visibilidade para o

desenvolvimento e aplicação desse conceito, inicialmente através de seus autores seminais.

Em seguida, partiu-se para uma análise mais ampla das contribuições de autores

contemporâneos. Disso, destacou-se a teoria do redimensionamento do Estado, da qual

derivou-se o acrônimo “cidade glocal”, remetendo ao papel dual da cidade entre a atuação

regional e o esforço de inserção global. Discutiu-se também parte de uma literatura bastante

recente sobre o tópico, focando nos trabalhos de Acuto e Rayner (2016) e Curtis (2014, 2016),

que analisam a amplitude do tema dentro das Relações Internacionais, evidenciando sua

relevância crescente e intensificada pela globalização.

Após fundamentado o conceito acima, partiu-se para a análise da paradiplomacia.

Nesse caso, abriu-se a discussão para a paradiplomacia no Brasil, através de uma breve

revisão sobre os principais autores e estudos na área. Explorou-se o arcabouço institucional

do país no fomento a essas atividades, de modo a embasar o debate sobre o ativismo

internacional da cidade do Rio de Janeiro.

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Constatou-se que o ativismo paradiplomático do Rio foi influenciado tanto por sua

condição de cidade global, conforme constatado por Friedmann (1986), como pela

qualificação como sede dos muitos eventos que abrigou desde 2009, culminando com as

Olimpíadas de 2016. Demonstrou-se em detalhe neste artigo os diversos movimentos

bilaterais e multilaterais de cooperação da cidade com outras cidades, redes e organizações

internacionais. Verificou-se, inclusive, a implantação de mecanismos de aumento de eficiência

no governo municipal, muito influenciados pelos preceitos do NPM. A análise empreendida

permite inferir que o objetivo dessa dinâmica foi converter o Rio numa smart city, com o

subsequente incremento de sua competitividade internacional.

Finalmente, ressalta-se que este estudo teve um carácter mais exploratório que

avaliativo, de modo que essa pode ser uma primeira recomendação para estudos seguintes.

Avaliar o impacto da ação paradiplomática do Rio nas políticas públicas urbanas e seu legado

para a cidade, quer seja em setores específicos ou em análise multisetorial. Outra

possibilidade seria avaliar a evolução do ativismo internacional pós-olimpíadas, ou ainda a

mudança ou preservação no perfil internacional da cidade com a troca de prefeitos ou de

partidos políticos. Ainda, estudos que avaliem as prioridades da cidade na busca por

cooperações internacionais seriam recomendados, haja vista a multiplicidade de temas e

projetos que motivaram a atuação internacional do Rio identificados nesta pesquisa,

impossibilitando a detecção de interesses prioritários.

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