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3º Seminário de Relações Internacionais da Associação Brasileira de Relações Internacionais 29 e 30 de setembro de 2016, Florianópolis (SC) Área Temática: Segurança Internacional, Estudos Estratégicos e Política de Defesa O SISTEMA DE BUSCA E SALVAMENTO AERONÁUTICO BRASILEIRO: UMA RESPONSABILIDADE INTERNACIONAL COM A VIDA Hiller Silva Enetério Programa de Pós-Graduação em Ciências Aeroespaciais Universidade da Força Aérea (UNIFA)

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3º Seminário de Relações Internacionais da Associação Brasileira de Relações

Internacionais

29 e 30 de setembro de 2016, Florianópolis (SC)

Área Temática: Segurança Internacional, Estudos Estratégicos e Política de Defesa

O SISTEMA DE BUSCA E SALVAMENTO AERONÁUTICO BRASILEIRO:

UMA RESPONSABILIDADE INTERNACIONAL COM A VIDA

Hiller Silva Enetério

Programa de Pós-Graduação em Ciências Aeroespaciais

Universidade da Força Aérea (UNIFA)

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O Sistema de Busca e Salvamento Aeronáutico Brasileiro: uma responsabilidade internacional com a vida

Hiller Silva Enetério

RESUMO

As responsabilidades inerentes ao atendimento de emergência a um navio ou aeronave, em condições de acidente, repousam em razões humanitárias e são definidas pela prática internacional. O Brasil é um dos membros da Convenção de Aviação Civil Internacional, desde 1944 e, através do Sistema de Busca e Salvamento Aeronáutico (SISSAR), é incumbido de efetuar Ações de Busca e Salvamento (SAR) em uma área de 22 milhões de KM2. O presente artigo tem por objetivo analisar como a inserção da Força Aérea Brasileira (FAB) no SISSAR influenciou no cumprimento dos compromissos internacionais do governo brasileiro, nesse Século XXI. A metodologia consistiu de uma pesquisa documental para identificar as legislações pertinentes e mapear a atuação dos meios da FAB. Foram comparados os dados das demandas dos acordos (Regiões de Busca e Salvamento brasileiras - SRR) e o alcance dos vetores aéreos, de modo a indicar a correlação entre eles. Os resultados apontaram para a existência de correspondência positiva entre as diversas composições das duas variáveis. Assim, ao serem analisados os dados comparativos, concluiu-se que os meios aéreos da FAB influíram definitivamente para o atendimento à demanda internacional. Por outro lado, suscitou-se a necessidade de estudos avaliativos sobre a natureza dos acidentes aeronáuticos e marítimos. Palavras-chave: Compromissos internacionais. Poder Aeroespacial. Gerenciamento de Riscos.

Mestrando em Ciências Aeroespaciais pela Universidade da Força Aérea – UNIFA, sob a orientação da Prof

a. Dr

a. Maria Filomena Fontes Ricco. Contato: [email protected]

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1 INTRODUÇÃO

O Ministério das Relações Exteriores aponta a definição do termo Convenção como

um ato internacional multilateral, oriundo de conferências internacionais e que verse sobre

assunto de interesse geral, sendo um tipo de instrumento internacional destinado, em geral,

a estabelecer normas para o comportamento dos Estados em uma gama cada vez mais

ampla de setores.

O Brasil é um dos participantes da Convenção de Aviação Civil Internacional e

responde pelas diretrizes emanadas pela Organização do evento, de modo a proporcionar

mecanismos de apoio e segurança à navegação aérea internacional. Com efeito, a atividade

de Busca e Salvamento, utilizando plataformas aéreas, teve sua origem na tentativa de

alemães e ingleses em salvar seus pilotos das condições inóspitas oferecidas pelo ambiente

marítimo, depois de abatidos sobre o Canal da Mancha durante a Segunda Guerra Mundial.

Desde então, a Organização da Aviação Civil Internacional ou International Civil Aviation

Organization (ICAO) estabelece regras e métodos a fim de regulamentar a prestação do

Serviço de Busca e Salvamento (SAR), de forma indiscriminada e continuada no globo

terrestre. (ICAO, 2010).

Por força desses tratados internacionais, o Brasil tornou-se responsável pela

prestação desses serviços em uma área de mais de 22 milhões de km², quase três vezes a

extensão continental do País (de 8,5 milhões de km²), sendo realizada sobre todo o território

nacional, sobre o mar territorial, zona econômica exclusiva e ainda em uma ampla área de

águas internacionais do Atlântico. Tal atribuição, conferido à Força Aérea Brasileira (FAB),

entre os anos de 2012 e 2015, localizou 108 pessoas vítimas de acidentes aeronáuticos.

Somente em 2015, doze pessoas foram resgatadas com vida e outras 190 receberam algum

tipo de assistência do Sistema de Busca e Salvamento Aeronáutico Brasileiro (SISSAR). Os

dados apontam também que, no ano referente, quinze aeronaves e oito embarcações foram

localizadas, em um esforço de 340 horas de voo. (AGÊNCIA FORÇA AÉREA, 2015).

Os dados apresentados são reiterados pelo Anuário SAR 2015, elaborado pelo

Subdepartamento de Operações do Departamento de Controle do Espaço Aéreo,

documento este que assinala ainda que, em 2015, o Brasil registrou quase oito Operações

SAR por dia, ações estas que se referem especificamente aos casos com a participação da

FAB. Porém, este relatório também mostra que, do total de 2.814 casos registrados, apenas

145 envolveram operações que contaram com apoio de aeronaves e que houve um total de

24 vítimas resgatadas (incluindo os 12 sobreviventes já citados), durante o ano de

referência. (AGÊNCIA FORÇA AÉREA, 2015).

Monteiro Júnior (2013), ao tratar do voo Air France 447, o qual vitimou 229 pessoas

sobre o Atlântico, infere que se registrou, na história nacional, a maior Operação SAR já

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realizada, tendo ocorrido a localização dos primeiros corpos a partir do sexto dia. O autor

aponta que, na época, questões surgiram na mídia a fim de elucidar os motivos que levaram

à localização tardia e ainda acrescenta que outra dúvida, suscitada em relação às

Operações SAR, deu-se, em meados do mês de março de 2010, quando o navio-escola

canadense, chamado Concórdia, naufragou no litoral do Rio de Janeiro. Entre o

conhecimento da emergência e a decolagem das aeronaves engajadas na Operação SAR,

transcorreram-se 24 horas. O próprio órgão normativo da FAB questionou a validade das

normas existentes que previam a interoperabilidade dos recursos disponíveis.

Assim sendo, os questionamentos acerca dos resultados finais e da eficiência do

Serviço SAR, prestado pelo Brasil, instigaram a formulação do objetivo deste estudo:

analisar como a inserção da Força Aérea Brasileira no SISSAR influenciou no cumprimento

dos compromissos internacionais do governo brasileiro, nesse Século XXI.

2 O SISTEMA DE BUSCA E SALVAMENTO

São notórias as transformações que ocorreram devido aos conflitos bélicos ao redor

do mundo. O desenvolvimento de formas de resguardar a vida humana acompanha o

instinto natural do direito à vida, bem como a preservação do conteúdo intelectual

inestimável que abarca a vida. A história trouxe, juntamente com a Primeira e a Segunda

Guerra Mundial, o desejo e a necessidade de serem resgatados os tripulantes dos aviões de

combate, visto que a vida estava em jogo, ou melhor, vidas treinadas para a guerra estavam

em risco.

Desde 1919, por ocasião do desenvolvimento das linhas de correio aéreo na

França (Societé des Lignes Latécoère) e pela extensão dessas linhas aéreas para o Rio de

Janeiro e Buenos Aires, são encontrados embriões de organismos que, futuramente,

dedicar-se-iam à atividade SAR – Search and Rescue, ou seja, busca e salvamento. Neste

sentido, destaca-se a primeira organização com este fim específico – a Seenotdienst, a qual,

a partir de 1935, formou-se consonante à Luftwaffe, e que visava à recuperação dos pilotos

da Força Aérea Alemã em suas ofensivas sobre o Mar do Norte e Báltico. Contrapondo-se

aos meios aéreos alemães, a Royal Air Force também pensou num modelo sistemático para

salvaguardar a vida dos pilotos britânicos sobre o Canal da Mancha, tendo como resultado,

a criação do Serviço de Salvamento Aéreo Marítimo, ou ASR. (CLARO JR e BARROS,

2007).

A natureza bélica dos acontecimentos que se seguiram com a Guerra da Coréia e

do Vietnam reiterou a necessidade do meio aéreo como principal fator para a realização das

tarefas de busca e salvamento e colocaram as forças aéreas como organismo executor de

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tais ações, uma vez que a nobre missão de salvar vidas não eximia tais forças de serem

alvejadas pelos inimigos envolvidos.

Em 1944, a Convenção de Aviação Civil Internacional (CACI), constituiu, em seu

Anexo 12, a atividade SAR. Como estado signatário, o Brasil adotou os encargos para se

adequar aos procedimentos e às normas do tratado, culminando, em 1950, com a criação

do Serviço de Busca e Salvamento. Numa segunda instância, em 1986, o Código Brasileiro

de Aeronáutica definiu que o então, Ministério da Aeronáutica deveria ser o órgão do

governo brasileiro responsável pela atividade de busca, assistência e salvamento.

(MONTEIRO JR, 2013).

No Anexo supracitado, também estão delimitadas as áreas de busca e salvamento

(SRR – search and rescue region) sob a responsabilidade de cada estado nacional

consignatário. As SRR brasileira, estabelecidas pelo Plano Regional de Navegação Aérea

das Regiões do Caribe e América do Sul, englobam todo o território nacional e progridem

3.000km no Oceano Atlântico, sobre águas internacionais, até o meridiano 10w, totalizando

22.000.000 km². As subdivisões da SRR brasileira são coincidentes com as Regiões de

Informação de Voo (FIR), as quais estão sob a coordenação dos Centros de Coordenação

de Salvamento Aeronáutico (ARCC). (BRASIL, 2015a).

A Figura 1 mostra a SRR brasileira e suas divisões, ressaltando-se a área

destacada na cor vermelha, a qual destaca a porção marítima que é de responsabilidade

compartilhada entre todos os ARCC.

Figura 1 – Regiões de Busca e Salvamento (SRR) brasileiras.

Fonte: Brasil, 2009.

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O estabelecimento de normatizações nacionais do Brasil que fossem consonantes

com os conceitos internacionais de práticas voltadas para as atividades de busca e

salvamento ainda se deu pela publicação, pelo Comando da Aeronáutica, em 2006, da

Portaria 41.162/GC3/05 ratificando o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA)

como elo central do SISSAR (o Sistema de Busca e Salvamento Aeronáutico) e apontando

suas responsabilidades como órgão normalizador. (BRASIL, 2015c).

A instituição sistêmica do SISSAR se deu pela Portaria nº 99/GM3/97, de 20 de

fevereiro de 1997, sendo reformulado pela Portaria nº 1.162/GC3, de 19 de outubro de 2005:

Esse sistema é composto por órgãos e elos que devem trabalhar em conjunto, de forma racional e eficiente, inter-relacionando diversas organizações do Comando da Aeronáutica e também as de âmbito externo que possam colaborar com a missão de salvar vidas. (BRASIL, 2015a, p.8).

O multilateralismo que permeia a Política Nacional de Defesa também norteia o

compromisso do Comando da Aeronáutica para atender a demanda relacionada ao

SISSAR. Nesse sentido, é notória a atenção ao Direito Internacional e às questões de

cooperação internacional para os quais o Estado é direcionado:

As dimensões continental, marítima e aeroespacial, esta sobrejacente às duas primeiras, são de suma importância para a Defesa Nacional. O controle do espaço aéreo e a sua boa articulação com os países vizinhos, assim como o desenvolvimento de nossa capacitação aeroespacial, constituem objetivos setoriais prioritários. (BRASIL, 2012b, p.6).

Tal envolvimento do Poder Aeroespacial brasileiro é destacado também pelos

acordos entre o Estado brasileiro e países circunvizinhos. Assim, o SISSAR exerce um

papel de ferramenta de cooperação entre as nações envolvidas. No Quadro 1 são listados

documentos, acordados entre o governo brasileiro e países da América do Sul, inerentes às

atividades de Busca e Salvamento, conforme informações coletadas no sitio do

Departamento de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro.

Quadro 1 – Publicações DECEA – Busca e Salvamento

Fonte: Elaborado pelo autor

DOCUMENTO TÍTULO DATA EM VIGOR

Circular Normativa de Controle

do Espaço Aéreo 64-5

Carta de Acordo Operacional entre o Centro de Coordenação de Salvamento Aeronáutico (ARCC)

Curitiba/Brasil e o Centro de Coordenação de Socorro Aeronáutico Assunção/Paraguai 13/10/2015

Circular Normativa de Controle

do Espaço Aéreo 64-7

Carta de Acordo Operacional entre o Centro de Coordenação de Salvamento Aeronáutico (ARCC)

Curitiba/Brasil e o RCC La Paz/Bolívia13/10/2015

Circular Normativa de Controle

do Espaço Aéreo 64-8

Carta de Acordo Operacional entre o Centro de Coordenação de Salvamento Aeronáutico (ARCC)

Curitiba/Brasil e o RCC Resistência/Argentina13/10/2015

Folheto do Comando da

Aeronáutica 64-13

Carta de Acordo Operacional Entre os Centros de Coordenação de Salvamento RCC-

Amazônico/Brasil e o RCC-Maiquetia/ República Bolivariana da Venezuela22/12/2008

Folheto do Comando da

Aeronáutica 64-12

Carta de Acordo Operacional Entre os Centros de Coordenação de Salvamento RCC-

Amazônico/Brasil e o RCC-Lima/Peru22/12/2008

Folheto do Comando da

Aeronáutica 64-7

Carta de Acordo operacional SAR entre o RCC Amazônico/Brasil e o RCC Caiena/Guiana

Francesa24/01/2008

Folheto do Comando da

Aeronáutica 64-8Carta de Acordo Operacional SAR entre o RCC Amazônico/Brasil e o RCC Georgetown/Guiana 23/01/2008

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A fim de “[...] estabelecer a estrutura e organização do Serviço SAR Aeronáutico

dentro da Região de Busca e Salvamento (SRR) sob responsabilidade brasileira, bem como

o seu relacionamento com as demais organizações, órgãos e elos que cooperam com a

prestação do Serviço SAR”, foi redigido e aprovado o PCA 64-1, denominado Plano de

Busca e Salvamento Aeronáutico Brasileiro. (BRASIL, 2015c, p.9).

Adicionado a tal, o PCA 64-1 ainda se relaciona com a Norma de Sistema do

Comando da Aeronáutica NSCA 64-1, documento este que disciplina o SISSAR, tendo

como finalidade “[...] consolidar as disposições que regulam o SISSAR, em consonância

com os documentos editados pela Organização de Aviação Civil Internacional.” (BRASIL,

2015b, p.9).

Isto posto e vistos os acordos e a conformidade dos estabelecimentos normativos e

metodológicos aos quais o Brasil se propõe, percebe-se que há uma aderência do Estado

com os compromissos internacionais relativos ao Sistema de Busca e Salvamento.

3 A PARTICIPAÇÃO EXECUTIVA DA FAB E OS MEIOS AEROESPACIAIS

Os encargos para ser cumprido o Serviço de Busca e Salvamento Aeronáutico, em

toda a Região de Busca e Salvamento sob a responsabilidade do Brasil, demandam em

uma enorme quantidade de recursos e capacidade de gerenciamento. Assim sendo e

ressaltando-se a responsabilidade do DECEA na gerência destes recursos, percebe-se a

inserção sistemática da FAB como órgão normatizador, de gerência e executor do SISSAR.

Essas atribuições da instituição militar apontam para atividades que envolvem

aplicações do modus operandi e de algumas técnicas, métodos e processos inerentes à

própria Força Aérea. Com efeito, surge a definição de Operação SAR que é compreendida

como:

[...] o conjunto de ações coordenadas por um ARCC relacionadas à localização de aeronaves, embarcações e seus ocupantes, resgate de tripulações, retorno a segurança dos sobreviventes, medidas para atenuar os efeitos das calamidades públicas e prestação de assistência, sempre que houver perigo da vida humana. (BRASIL, 2015c, p.11).

De modo que essas ações sejam executadas, mediante a conformidade com os

preceitos estabelecidos internacionalmente e baseado também na experiência brasileira

adquirida desde a década de 50, surge então o Manual do Comando da Aeronáutica (MCA

64-3), “Tendo como meta estabelecer procedimentos que auxiliem a coordenação e

execução [...] e como um conjunto de orientações que extrapola a metodologia a ser

utilizada nas coordenações das Operações SAR.” (BRASIL, 2015a, p 10).

A execução pressupõe também um prévio planejamento e sua gerência. Encontra-

se definido no PCA 64-1 (Brasil, 2015b), o órgão de execução responsável por alocar os

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meios aéreos e aeroterrestres1 da FAB para as Operações SAR, qual seja: o Comando de

Defesa Aeroespacial Brasileiro (COMDABRA), sendo ainda, os esquadrões da FAB,

detentores das Unidades de Busca e Salvamento (SRU) e do pessoal especializado em

executar as ações de Busca e Salvamento, considerados como órgãos dessa execução.

Assim sendo, tais SRU, que representam a “ponta da lança” do SISSAR, são os principais

vetores da representatividade militar.

O DECEA, como órgão central do SISSAR, ainda consolida outra expressão da

FAB no uso dos meios aeroespaciais para a prestação do serviço SAR, qual seja: a de

manter o segmento terrestre brasileiro do Sistema COSPAS-SARSAT. Tal sistema de

satélites, estações terrestres e balizas de emergência interagem com o SISSAR, fornecendo

alertas de perigo e dados de localização, no intuito de auxiliar as Operações SAR. (BRASIL,

2015c).

A descrição das características das Unidades de Busca e Salvamento, com o

propósito de se mapear a atuação dos meios da FAB no contrato internacional torna-se,

assim, uma abordagem para a delimitação do assunto.

3.1 As Aeronaves das Unidades de Busca e Salvamento

A Doutrina Básica da Força Aérea Brasileira (DCA 1-1), documento que tem a

finalidade de fixar princípios e conceitos que orientam o preparo e o emprego da instituição,

enfatiza o compromisso da Força e conceitua Busca e Salvamento (SAR) como “a Ação que

consiste em empregar Meios de Força Aérea para localizar e salvar pessoas em perigo na

terra ou no mar”. (BRASIL, 2012a, p.51).

O emprego desses meios aéreos é definido, como visto anteriormente, pelo

COMDABRA, meios estes que são distribuídos, ao longo do território nacional, em

esquadrões aéreos detentores das aeronaves. No sítio da FAB são encontradas as

informações sobre a localização e características dessas SRU e, no Quadro 2, estão

sintetizados tais dados.

1

O meio aeroterrestre citado se refere ao Esquadrão Aeroterrestre de Salvamento (também conhecido como PARASAR), órgão relevante para o SISSAR, mas que não foi considerado nessa pesquisa, uma vez que o mesmo se utiliza dos meios aéreos estudados para atuar nas operações SAR. Além disso, “os navios e helicópteros disponibilizados pela Marinha do Brasil [...], bem como qualquer outra unidade aérea, marítima ou terrestre de qualquer entidade pública ou privada, também serão considerados SRU, desde que dotados de pessoal habilitado e equipamentos apropriados”. (BRASIL, 2015b, p.14).

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Quadro 2 – Esquadrões de Busca e Salvamento da FAB.

Fonte: Adaptado de Agência Força Aérea, 2015.

Ressaltando-se que as SRR sob a responsabilidade brasileira englobam águas

internacionais (SRR Atlântico), as aeronaves que realizam as missões de busca sobre o mar

(P-3AM Orion, C-130 Hércules, SC-105 Amazonas e P-95 Bandeirulha) possuem

desempenho e características que os capacitam para executar tais missões. Essas

características, relevando-se as particularidades operacionais de equipamentos especiais e

aperfeiçoamentos de projeto, referem-se basicamente ao alcance (distância que consegue

percorrer com o tanque de combustível cheio até precisar reabastecer) e velocidade. Na

Tabela 1, são apresentados tais dados relativos às aeronaves, conforme disponibilizados

pelos fabricantes Lockheed-Martin Aeronautics Company (2013; 2016), Airbus Military

(2015) e Embraer (2012):

Tabela 1 – Desempenho das aeronaves de Busca e Salvamento

TIPO DE AERONAVE VELOCIDADE (Km/h) ALCANCE (Km)

C-130 Hércules 540 3800

P-3AM Órion 607 3835

SC-105 Amazonas (C-295) 480 5400

P-95 Bandeirulha 370 2703

Fonte: Elaborado pelo autor.

4 PROBABILIDADE DE SOBREVIVÊNCIA

O regramento internacional prevê que a prestação do Serviço SAR seja iniciada

antes das 24 horas decorridas desde o momento do acidente. Consta no Manual

Internacional Aeronáutico e Marítimo de Busca e Salvamento (International Aeronautical and

Maritime Search and Rescue Manual - IAMSAR Manual), fonte doutrinária consagrada pela

CACI, que as chances de sobrevivência de uma pessoa ferida, vítima de um acidente,

diminuem em 80% após as primeiras 24 horas (INTERNATIONAL CIVIL AVIATION

ORGANIZATION, 2010).

George Thompson (1999) aponta, em sua Curva de Sobrevivência (Survival Curve),

que a probabilidade de sobrevivência de uma vítima, quando relacionada ao cumprimento

LOCALIZAÇÃO ESQUADRÃO TIPO DE AERONAVE UTILIZAÇÃO NAS OPERAÇÕES SAR

Manaus (AM) 7°/8° GAV H-60 Black Hawk Busca e resgate

Belém (PA)1°/8° GAV - 2°/7°

GAV H-36 Caracal/P-95 Bandeirulha Busca e resgate/Busca sobre terra e mar

Salvador (BA) 1°/7° GAV P-3AM Orion Busca sobre terra e mar

Campo Grande (MS) 2°/10° GAV SC-105 Amazonas/H-1H Iroquois Busca sobre terra e mar/Busca e resgate

Rio de Janeiro (RJ) 1° GTT - 1°/1° GT C-130 Hércules Busca sobre terra e mar

Florianópolis (SC) 2°/7° GAV P-95 Bandeirulha Busca sobre terra e mar

Santa Maria (RS) 5°/8° GAV H-60 Black Hawk Busca e resgate

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de uma missão SAR, pode ser estimada pela seguinte equação exponencial negativa (p =

exp (-T/Mk)), onde p é a probabilidade de sobrevivência, T o tempo decorrido até o resgate

e Mk o tempo médio de sobrevivência sob determinadas condições ambientais. A Figura 2

sintetiza tais informações:

Figura 2 - Curva de Sobrevivência e Equação de Thompson.

Fonte: Thompson, 1999.

E ainda, o tempo decorrido até o resgate (T) é definido como (T = K + (r/S) + q),

onde K é o tempo entre a notificação do sinistro e a mobilização dos meios SAR, r a

distância entre a base e a área de operação, S a velocidade dos meios SAR e q o tempo

entre a chegada à área de operação e o resgate das vítimas. (THOMPSON, 1999).

Encontra-se em Junger (2009) a proposição do americano George Molnar (Figura

3), a qual analisou naufrágios e acidentes e estabeleceu a relação entre a temperatura da

água do mar e o tempo de imersão dos náufragos, mostrando o decréscimo exponencial do

tempo de vida, quando exposto a baixas temperaturas do meio.

Figura 3 – Gráfico de Molnar. Fonte: Junger, 2009.

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O IAMSAR apresenta uma informação associada ao tempo de sobrevivência,

segundo parâmetros que relacionam a faixa de temperatura da água com o tempo provável

de sobrevivência de uma vítima imersa, é também exposta no Quadro 3:

Quadro 3 – Tempo provável de sobrevivência de vítima imersa.

Fonte: International Civil Aviation Organization, 2010.

Deste modo, são compreensíveis as deduções que apontam como limitado o tempo

de sobrevivência de pessoas imersas com a temperatura da água abaixo de 20°C.

5 METODOLOGIA

Este estudo aplicado caracteriza-se como exploratório-descritivo, quanto aos seus

objetivos, pois visa fornecer dados sobre as características que envolvem o SISSAR, a fim

de fornecer maior compreensão a respeito do problema (GIL, 2002). Procurou-se a

identificação, a descrição e a relação entre a demanda internacional acerca do SAR, a

probabilidade de sobrevivência e os parâmetros de emprego da FAB.

Quanto aos procedimentos técnicos, foi utilizada a técnica documental, com a

finalidade de se buscar dados referentes às normatizações do SISSAR, enfatizando as

suas demandas. A documentação constituída por manuais internacionais e de referência

do governo brasileiro foi escolhida para balizar a identificação das demandas

internacionais de salvamento e a descrição dos parâmetros de emprego dos vetores aéreos

da FAB. Ainda com a mesma finalidade, foram utilizados documentos complementares

(Anuário SAR 2015 e tabelas estatísticas sobre a probabilidade de sobrevivência) e

documentos de comunicação de massa (internet). Estes últimos, visando à seleção de

dados confiáveis, foram selecionados aqueles expostos pela Agência da Força Aérea e

pelos fabricantes das aeronaves,

De modo a correlacionar os dados das demandas dos acordos (Regiões de Busca

e Salvamento brasileiras - SRR) e o alcance dos vetores aéreos, foram tabelados os dados,

anteriormente obtidos na pesquisa documental, correspondentes à velocidade, alcance e

localização geográfica das sedes das aeronaves C-130 Hércules, P-3 AM Órion e SC-105

Amazonas, vetores estes escolhidos por serem utilizados sobre as águas internacionais,

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onde são registradas as maiores distâncias das bases e, consequentemente, um maior

tempo para serem alcançadas.

Obtidos tais dados, tornou-se necessária a obtenção das distâncias dos pontos

mais afastados (doravante, PMA) das SRR às respectivas bases das aeronaves. Para tal, foi

utilizado o instrumento online GIS Viewer, o qual está disponível no sítio da ICAO (2016), e

que, através da ferramenta measurement, possibilitou a medida em tela. Tal procedimento

identificou dois pontos a serem considerados que, para este trabalho, foram denominados

PMA A (mais ao Norte) e PMA B (mais ao Sul). Ressalta-se que foi necessária a habilitação

anterior da janela ICAO Layers/FRR para a apresentação dos limites das SRR.

Em seguida, a partir do modelo COSMO/CHM (BRASIL, 2015d), obteve-se a

temperatura da superfície do mar nesses PMA, considerando-se a tomada de menores

temperaturas anuais. Desta forma, também ficaria exposta a situação mais crítica para a

análise do problema.

De posse dos dados, foi correlacionado o tempo que ficaria exposto uma vítima

imersa, nas condições de temperatura da água do mar, até a chegada de uma aeronave da

FAB. Para tal, foi utilizada a tabela constante do IAMSAR, uma vez que é consonante às

teorias propostas por Thompson (1999) e Junger (2009) e sintetiza adequadamente tais

informações.

Finalmente, refletindo-se sobre a delimitação do trabalho, a qual leva em conta as

situações de maior esforço, é necessário que seja considerada a possibilidade de que

algumas outras combinações de distâncias e temperaturas da superfície marítima sejam tão

relevantes quanto às analisadas.

6 AS SRR E O ALCANCE DAS AERONAVES

A Tabela 2 relaciona os dados obtidos das localizações das Unidades de Busca e

Salvamento e o desempenho das aeronaves, indicando a partir de que ponto geográfico

brasileiro partem os vetores que irão atuar em uma eventual Operação SAR.

Tabela 2 – SRU e principais aeronaves de Busca do SISSAR

LOCALIZAÇÃO TIPO DE AERONAVE VELOCIDADE (Km/h) ALCANCE (Km)

Rio de Janeiro - RJ C-130 Hércules 540 3800

Salvador - BA P-3AM Órion 607 3835

Campo Grande - MS SC-105 Amazonas (C-295) 480 5400

Fonte: Elaborado pelo autor.

A partir dos elementos contidos na Tabela 1, percebe-se que a aeronave SC-105

Amazonas, é sediada no interior do país (Campo Grande – MS). Tal informação aponta

inicialmente para uma concentração nos outros dois vetores, considerando-se que a

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investigação proposta se baseia no atendimento às maiores distâncias (limites da SRR

sobres águas internacionais), as quais demandariam em mais tempo para serem atendidas.

Porém, evidencia-se aquela aeronave como a de maior alcance.

7 AS DISTÂNCIAS DOS PONTOS MAIS AFASTADOS DAS REGIÕES DE BUSCA E

SALVAMENTO

Propondo-se analisar as extensões necessárias a serem alcançadas pelos aviões

da FAB, o emprego da ferramenta GIS Viewer possibilita a visualização, na Figura 4, do

exemplo da obtenção dos dados sobre as maiores distâncias de cada sede.

Figura 4 – Distância de Campo Grande – MS ao PMA “A”.

Fonte: ICAO, 2016.

Assim, ao serem obtidos os PMA, em relação a cada SRU, tal distância pôde ser

comparada com as informações de alcance das aeronaves, já apresentados no item 3.1 e

na Tabela 2.

Com efeito, concluindo-se que as distâncias para os PMA são menores que o

alcance das aeronaves, reitera-se a atuação positiva das SRU em emergências naqueles

pontos. Isto posto, pode-se entender ainda que, ao ser dividida a distância para estes

pontos pela velocidade dos aviões, obtêm-se, ainda, os tempos que estes vetores levam até

alcançarem tais posições, conforme demonstrado na Tabela 3.

Tabela 3 – Alcance das aeronaves do SISSAR

LOCALIZAÇÃO TIPO DE AERONAVE PMA DISTÂNCIA TEMPO DE VOO

Rio de Janeiro - RJ C-130 Hércules B 3.431,4 km 6h 21min

Salvador - BA P-3AM Órion A 3.172,2 km 5h 14min

Campo Grande - MS SC-105 Amazonas (C-295) A 5.050,3 km 10h 31min

Fonte: Elaborado pelo autor.

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Como as proposições de Thompson (1999) relacionam diretamente a distância

entre a base e a área de operação a velocidade dos meios SAR (r e S, respectivamente na

fórmula do autor), com a probabilidade de sobrevivência e que as chances de sobrevivência

de uma vítima ferida diminui em 80%, após as primeiras 24 horas, a partir da análise do

Quadro 5, percebe-se a atuação dos meios da FAB são eficazes para atender a demanda

de salvamento proposto pelo ato internacional.

8 O TEMPO DE EXPOSIÇÃO DE UMA VÍTIMA IMERSA

O último exame, proposto por essa pesquisa, refere-se à condição de uma vítima

imersa, nos respectivos pontos mais afastados, e se o tempo que ficaria exposta, até ser

alcançada por uma aeronave da FAB, implicaria em sua sobrevivência. Uma análise da

Figura 5, a qual apresenta as temperaturas mais baixas da superfície do mar, nos pontos

investigados, no ano de 2015, indica que no PMA A, tais índices se apresentam na cota de

28°C. Já o PMA B se encontra na cota de 16°C.

Assim sendo, como apresentado no item 4, o IAMSAR considera que para o PMA

A, o tempo de sobrevivência seria indefinido. Porém, para o PMA B, seria de menos de doze

horas.

Figura 5 – Cotas de temperaturas da superfície do mar.

Fonte: Brasil, 2015d.

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Ao se refletir sobre a Tabela 4, mesmo diante das condições extremadas propostas

pela pesquisa, ao se avaliar as maiores distâncias e as menores temperaturas, percebe-se

que os tempos demandados por uma vítima imersa, considerada nos pontos mais

afastados, seriam atendidos por uma Operação SAR.

Tabela 4 – As SRU e a influência do fator tempo.

LOCALIZAÇÃO TIPO DE AERONAVE PMA TEMPO DE

VOO TEMPO DE

SOBREVIVÊNCIA

Rio de Janeiro - RJ C-130 Hércules B 6h 21min < 12 horas

Salvador - BA P-3AM Órion A 5h 14min indefinido

Campo Grande - MS SC-105 Amazonas (C-295) A 10h 31min indefinido

Fonte: Elaborado pelo autor.

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em vista dos questionamentos acerca da eficiência do Serviço SAR, prestado pelo

Brasil, este estudo teve, como objetivo geral, analisar como a inserção da Força Aérea

Brasileira no SISSAR influenciou no cumprimento dos compromissos internacionais do

governo brasileiro, nesse Século XXI.

Assim, a partir da obtenção dos dados das áreas de Busca e Salvamento sob a

responsabilidade do Brasil, foram identificadas as demandas internacionais de salvamento.

Também foi levantado o tempo crucial necessário para ser atendida uma vítima, conforme a

teoria de Thompson (1999), condição esta que evidenciou um tempo de menos de doze

horas para o ponto mais afastado, localizado no limite mais ao Sul da área de Busca e

Salvamento em pauta.

Para se descrever os parâmetros de emprego dos vetores aéreos da FAB, foram

considerados documentos complementares, os quais enfatizaram o desempenho de três

das principais aeronaves utilizadas pela Força Aérea.

A correspondência entre as demandas internacionais acerca das necessidades de

eventuais catástrofes e o Serviço SAR, prestado pelo país, apontou para uma correlação

positiva, dentro da delimitação proposta. Em outras palavras, as duas variáveis vão na

mesma direção: a medida que o governo brasileiro assume compromissos internacionais, o

papel da FAB no Sistema de Busca e Salvamento Aeronáutico possibilita o cumprimento do

estabelecido.

Ao se verificar que as aeronaves SAR alcançariam uma eventual vítima, a qual

estivesse localizada dentro da área de busca e salvamento, em um tempo suficiente para

que se mantivesse viva, foi possível apontar como a inserção da Força Aérea Brasileira no

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SISSAR influenciou no cumprimento dos compromissos internacionais do governo brasileiro,

nesse Século XXI.

Perante a complexidade das Operações de Busca e Salvamento sobre o oceano,

são latentes as restrições desta pesquisa, exemplificadas pela consideração de se saber

exatamente a localização da vítima, desprezando-se o tempo necessário a uma eventual

busca aérea. A delimitação também desconsiderou o tempo decorrido entre a ocorrência do

acidente/naufrágio e o acionamento dos meios SAR, bem como o método de recolhimento

daquele acidentado.

Finalmente, este trabalho coopera para a criação de um banco de conhecimentos

sobre as possibilidades e restrições intrínsecas ao Sistema de Busca e Salvamento

Aeronáutico brasileiro, apresentando-se também como ponto de partida para que outros

trabalhos científicos sejam ampliados sobre temas correspondentes, tais como a adequação

dos equipamentos necessários às Operações SAR e análises de riscos inerentes a tais

envolvimentos, os quais são fundamentais diante do compromisso assumido de se salvar

vidas.

REFERÊNCIAS

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