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4 CONTROLADOR PID COM O PREDITOR DE SMITH 28
ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
4. CONTROLE PID COM O PREDITOR DE SMITH
4.1 SINTONIA DO CONTROLADOR PID Neste capítulo será apresentada a metodologia para a sintonia do controlador PID.
Resultados simulados e resultados práticos serão apresentados mostrando que o sistema de
controle apresentado neste capítulo atende às especificações do projeto. Como o processo possui
tempo morto, é usado o Preditor de Smith [13] nas simulações e na planta. Um comparativo entre
o controle com o preditor e sem o preditor é apresentado.
O controlador PID usado neste capítulo possui a seguinte função de transferência:
��
���
� ++= sTdsTi
KpsGPID ..
11.)( (4.1)
Para ser implementado na prática, adiciona-se um pólo ao termo derivativo de modo que o
mesmo se torne realizável fisicamente, portanto a função de transferência do controlador PID [10]
no final deve ser:
��
���
�
+++=
1...
.1
1.)(sTdsTd
sTiKpsGPID α
(4.2)
A constante α modifica a resposta em freqüência do termo derivativo, sendo que esta
constante deve pertencer ao intervalo (0,1). Quanto mais próximo de 0 estiver α, maior é o ganho
em altas freqüências deste termo (o valor de α utilizado foi 0,1). Por simplicidade nos cálculos, a
sintonia do PID apresentada neste capítulo não leva em consideração o pólo da parcela do
derivativo, o pólo é inserido após os cálculos dos parâmetros Kp, Ti e Td e o desempenho do
controle é verificado com simulação. O fato de desprezar o pólo do derivativo nos cálculos dos
parâmetros Kp, Ti e Td não gera diferenças grandes no desempenho do controle e torna o cálculo
muito mais fácil. A função de transferência da planta é mostrada na equação 4.3 abaixo, o
diagrama de blocos do sistema controlado pelo controle PID e com o uso do Preditor de Smith
[11] como algoritmo preditivo é o mostrado na figura 4.1
1..
)(.
+=
−
seK
sGs
τ
θ
(4.3)
4 CONTROLADOR PID COM O PREDITOR DE SMITH 29
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Figura 4.1. Diagrama de blocos do sistema controlado com o uso do Preditor de Smith.
O Preditor de Smith [12] tem a função de minimizar alguns efeitos indesejados devido ao
tempo morto comum na planta. Como o sinal da variável controlada Y(s) chega com um certo
atraso no somador, a resposta transitória da planta controlada pode apresentar resultados
indesejados como por exemplo um sobressinal elevado. Em outras palavras, o tempo morto no
domínio s corresponde a um polinômio de ordem infinita cujos pólos são todos reais. Sabe-se que
quanto maior o número de pólos, pior será a estabilidade relativa do sistema. Desta forma quando
um sistema possui tempo morto, sua resposta transitória tende a ser pior do que no caso onde não
há tempo morto. A função de transferência do Preditor de Smith, neste caso, é:
1.
.)(
.
+=
−
seK
sPa
saa
τ
θ (4.4)
Sendo que os parâmetros Ka, τa e θa devem ser os mais próximos possíveis dos parâmetros
K, τ e θ da planta respectivamente. Repare que o sinal na saída do Preditor de Smith sem o tempo
morto é subtraído do sinal de referência, desta forma obtemos o efeito preditivo. Se os parâmetros
Ka, τa e θa forem idênticos aos parâmetros K, τ e θ da planta, então a diferença entre a saída do
Preditor de Smith e a saída da planta será zero.
Demonstra-se que utilizando o Preditor de Smith e desde que o preditor possua um modelo
idêntico à dinâmica da planta, o sistema controlado resume-se ao seguinte diagrama de blocos
mostrado na figura 4.2.
Controle PID Planta
Preditor
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Figura 4.2. Diagrama de blocos minimizado da planta controlada pelo PID com o uso do
Preditor de Smith.
Repare que o tempo morto não influencia o sinal de realimentação, portanto o efeito do
tempo morto foi removido do sinal de realimentação devido ao uso do Preditor de Smith. A
função de transferência do controlador PID sem o pólo no derivativo pode ser escrita da seguinte
forma:
( )( )s
bsasKcsGPID
++= ..)( (4.5)
Multiplicando os termos do numerador, temos:
( )[ ] ( )s
baKcsbaKcsKcs
basbasKcsGPID
........)(
22 +++=+++= (4.6)
A equação 4.1 pode ser escrita da seguinte forma:
( )sTi
KpsTiKpsTiTdKpsTd
sTiKpsGPID .
......
.1
1.)(2 ++=�
�
���
� ++= (4.7)
Igualando as equações 4.6 e 4.7 obtemos:
baKcKp ..= (4.8)
baba
Ti.+= (4.9)
ba
Td+
= 1 (4.10)
4 CONTROLADOR PID COM O PREDITOR DE SMITH 31
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A sintonia do PID é realizada usando a expressão 4.5. Utilizando o diagrama de blocos da
figura 4.2 e a equação 4.5, obtemos a seguinte função de transferência em malha aberta do
sistema controlado:
( )( )1.
..
..)(
.
+++=
−
seK
sbsasKc
sGs
MA τ
θ (4.11)
Reescrevendo a equação 4.11:
( )( )
ττ
θ
1.
..
..)(
.
+
++=−
s
eKs
bsasKcsG
s
MA (4.12)
Fazendo τ1=a , cancelamos o pólo em
τ1− da planta, portanto a função de transferência
em malha aberta com o cancelamento do pólo fica sendo:
( )s
ebsKKcsG
s
MA ....
)(.
τ
θ−+= (4.13)
A função de transferência em malha fechada será:
( )
( )s
MF e
sbsKKc
sbsKKc
sG ..
...
1
...
)( θ
τ
τ −++
+
= (4.14)
bKKcsKKc
ebKKcsKKcsG
s
MF ..)..().....(
)(.
+++=
−
τ
θ (4.15)
Com o cancelamento do pólo da planta, o sistema controlado em malha fechada fica sendo
de primeira ordem com tempo morto, ganho unitário para entrada degrau e com um pólo
localizado em KKcbKKc
...
+−τ
, portanto podemos tirar as seguintes conclusões:
4 CONTROLADOR PID COM O PREDITOR DE SMITH 32
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• O sistema controlado em malha fechada não oscila porque todos os seus pólos e
zeros não reais. Os pólos devido ao termo se .θ− são todos reais e localizados no
semi plano esquerdo.
• A constante de tempo do sistema é o inverso do módulo do pólo KKcbKKc
...
+−τ
em
malha fechada. Desta forma, podemos sintonizar os parâmetros Kp, Ti e Td do
controlador PID de modo a termos um pólo em malha fechada que atenda aos
requisitos de resposta transitória do sistema.
As especificações de desempenho do sistema controlado em malha fechada são as
seguintes:
• Erro estacionário de 0%.
• Sobressinal inferior a 5%.
• Constante de tempo de 120 segundos.
Aplicando o teorema do valor final na equação 4.15, vemos que a resposta ao degrau
unitário do sistema em malha fechada apresenta valor unitário para uma situação de regime, o que
prova a proposição de que o sistema irá apresentar erro estacionário de 0%.
Teorema do valor final:
)()(.lim0
∞=→
gsGss
(4.16)
( )( ) 1
1.
........
.lim0
=��
�
�
+++
→ sbKKcsKKcbKKcsKKc
ss τ
(4.17)
Como a constante de tempo definida na especificação do projeto foi de 120 segundos, o
sistema em malha fechada irá demorar 600 segundos para atingir 99,3 % do valor de regime a
partir da aplicação do degrau (600 segundos é cinco vezes a constante de tempo). Portanto:
4 CONTROLADOR PID COM O PREDITOR DE SMITH 33
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Tempo para atingir 99,3 % do valor de regime = 1
.
...5
−
��
���
�
+ KKcbKKc
τ (4.18)
Através das equações 4.8, 4.9, 4.10 e 4.18, obtemos uma regra para sintonia de
controladores PID para sistemas de primeira ordem com tempo morto. Adotando b=1 e
resolvendo as equações, obtemos os valores de Kp, Ti e Td mostrados na tabela 4.1 para cada
vazão de água na parte dos tubos.
Tabela 4.1. Sintonia do controle PID para cada valor de vazão de água na parte dos tubos.
Valores de sintonia para o controle PID Parâmetros do Preditor Vazão (kg/min) Kp (mA/ºC) Ti (s) Td (s) Ka (ºC/mA) ττττa (s) θθθθa (s)
12,45 18,75 891,1 1,0 8,5 890,1 35 14,95 20,00 801,2 1,0 7,3 800,2 32 17,44 20,63 700,2 1,0 6,3 699,2 29 20,06 20,63 621,1 1,0 5,4 620,1 26 22,43 20,00 551,6 1,0 4,9 550,6 23 24,89 18,75 481,2 1,0 4,7 480,2 20
Para a tabela 4.1, o valor de Kp está expresso em mA/ºC e os valores de Ti e Td estão
expressos em segundos. Nos gráficos mostrados neste capítulo, veremos que a sintonia
apresentada na tabela 4.1 consegue atingir as especificações de desempenho.
4.2 RESULTADOS DE SIMULAÇÕES DO CONTROLE PID
As figuras 4.5, 4.6, 4.7, 4.8, 4.9 e 4.10 mostram resultados de simulações com e sem o uso
do Preditor de Smith para seis valores diferentes de vazão de água na parte dos tubos. Em alguns
casos, nota-se uma melhor resposta transitória do sistema que usa o algoritmo preditivo.
Observando os gráficos das figuras 4.5, 4.6, 4.7, 4.8, 4.9 e 4.10 vemos que para testes
onde o valor da vazão de água na parte dos tubos é maior, o efeito do tempo morto no sistema
controlado é menor. Podemos verificar isto comparando a resposta ao degrau do sistema
controlado pelo PID com o preditor e sem o preditor. Para valores de vazão elevados, as duas
curvas se aproximam. De fato, quando aumentamos a vazão de água na parte dos tubos,
diminuímos o tempo morto, portanto diminui-se o efeito do mesmo no sistema controlado.
Nas simulações que seguem, o controlador PID e o Preditor de Smith foram
implementados em tempo discreto, enquanto que a planta foi implementada em tempo contínuo.
4 CONTROLADOR PID COM O PREDITOR DE SMITH 34
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Utilizando a aproximação bilinear [13] mostrada na equação 4.19 obtemos as
aproximações para o integrativo, o derivativo e o Preditor de Smith mostrados a seguir.
( )( )1
1.
2+−→
zz
Ts (4.19)
Aplicando a aproximação bilinear mostrada na equação 4.19 no integrativo com um
período de amostragem de 1 segundo, obtemos a seguinte função de transferência mostrada na
equação 4.20. Como o sistema apresenta uma dinâmica muito lenta, um período de amostragem
de 1 segundo é suficiente.
( )( )1
1.
.2.
)(−+=
zz
TiKpT
zGI (4.20)
Aplicando a mesma aproximação bilinear no termo derivativo com o pólo e o valor de α
em 0,1, obtemos:
( ) TdTzTTd
zTdKpzGD ..2...2
)1(..2)(
αα −++−= (4.21)
A aproximação bilinear para o Preditor de Smith fica sendo:
( )[ ]aa
aa
PTzTz
zTKzG
ττθ .2..2.
)1.(.)(
−+++
= (4.22)
Onde zθa implementa o tempo morto. Além das implementações em tempo discreto do
controle PID e do Preditor de Smith em software, foi implementado um anti-reset windup no
integrativo [14]. O anti-reset windup é uma saturação numérica implementada no integrativo com
o intuito de diminuir o efeito da saturação do atuador, se houver a mesma. O código da figura 4.3
mostra o algoritmo do anti-reset windup.
4 CONTROLADOR PID COM O PREDITOR DE SMITH 35
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Figura 4.3. Algoritmo que implementa o anti-reset windup.
O código acima implementa o anti reset windup, a variável “saída” recebe o valor do sinal
do atuador em porcentagem. As funções “proporcional”, “integrativo” e “derivativo”, retornam os
valores de cada parcela do PID com base no sinal de erro (variável “erro”). Quando o valor de
“saída” for maior que 100, a função “integrativo” recebe como argumento a constante 0. Desta
forma interrompemos a integração do sinal de erro quando o valor da variável “saída” for maior
que 100 (100 % do máximo valor no atuador).
Quando o sinal do controlador PID atingir 100% de seu valor (o que equivale a um valor
de 20 mA na válvula eletropneumática), é interrompida a integração no integrativo. Desta forma
fazemos com que o valor numérico em software do sinal do controle PID seja igual ao valor
numérico de corrente elétrica na válvula em termos de porcentagem. A figura 4.4 mostra uma
simulação que ilustra o princípio de funcionamento do anti-reset windup. Nesta simulação, o sinal
de erro foi forçado e observam-se as respostas dos dois sinais de controle. Repare que quando o
sinal de erro troca de polaridade, o sinal sem o anti-reset windup irá demorar para atingir um valor
inferior a 100% forçando o sinal do atuador a ficar operando na região de saturação durante um
tempo maior do que o caso onde se usa o anti-reset windup. O fato do atuador ficar mais tempo
trabalhando em uma região não-linear (saturação) contribui para uma pior resposta transitória. A
figuras 4.5, 4.6, 4.7, 4.8, 4.9 e 4.10 mostram resultados de simulação do controle PID
implementado. O diagrama de blocos implementado em simulink que gerou os resultados
simulados é apresentado no apêndice.
Procedure PID; begin If (saída<100) then begin saida:=proporcional(erro)+integrativo(erro)+derivativo(erro); end else begin saída:=proporcional(erro)+integrativo(0)+derivativo(erro); end; end;
4 CONTROLADOR PID COM O PREDITOR DE SMITH 36
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Figura 4.4. Simulação dos sinais de controle com e sem o anti-reset windup.
Controle com o anti-reset windup Controle sem o anti-reset windup
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Figura 4.5. Simulação do controle PID para uma vazão de 24,89 kg/min.
Figura 4.6. Simulação do controle PID para uma vazão de 22,43 kg/min.
4 CONTROLADOR PID COM O PREDITOR DE SMITH 38
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Figura 4.7. Simulação do controle PID para uma vazão de 20,06 kg/min.
Figura 4.8. Simulação do controle PID para uma vazão de 17,44 kg/min.
4 CONTROLADOR PID COM O PREDITOR DE SMITH 39
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Figura 4.9. Simulação do controle PID para uma vazão de 14,95 kg/min.
Figura 4.10. Simulação do controle PID para uma vazão de 12,45 kg/min.
4 CONTROLADOR PID COM O PREDITOR DE SMITH 40
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4.3 RESULTADOS EXPERIMENTAIS DO CONTROLE PID COM O PREDITOR
As figuras a seguir mostram os resultados experimentais obtidos com o controle PID com
e sem o Preditor de Smith.
Figura 4.11. Resposta ao degrau da planta controlada pelo sistema de controle PID para
uma vazão de 24,89 kg/min no lado dos tubos.
Figura 4.12. Resposta ao degrau da planta controlada pelo sistema de controle PID para
uma vazão de 22,43 kg/min no lado dos tubos.
4 CONTROLADOR PID COM O PREDITOR DE SMITH 41
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Figura 4.13. Resposta ao degrau da planta controlada pelo sistema de controle PID para
uma vazão de 20,06 kg/min no lado dos tubos.
Figura 4.14. Resposta ao degrau da planta controlada pelo sistema de controle PID para
uma vazão de 17,44 kg/min no lado dos tubos.
Resposta ao degrau do sistema controlado
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Figura 4.15. Resposta ao degrau da planta controlada pelo sistema de controle PID para
uma vazão de 14,95 kg/min no lado dos tubos.
Figura 4.16. Resposta ao degrau da planta controlada pelo sistema de controle PID para
uma vazão de 12,45 kg/min no lado dos tubos.
Resposta ao degrau do sistema controlado
4 CONTROLADOR PID COM O PREDITOR DE SMITH 43
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A tabela 4.2 mostra o desempenho do controle com e sem o Preditor de Smith para os
resultados obtidos em simulador. A tabela 4.3 mostra o desempenho do controle com e sem o
Preditor de Smith para os resultados obtidos experimentalmente.
Tabela 4.2. Desempenho do sistema de controle PID simulado.
Controle PID sem o uso do Preditor de Smith Requisitos do desempenho
do controle Valor de vazão de água Resultados simulados
Sobressinal Constante de tempo na parte dos tubos Sobressinal Constante
de tempo 12,45 kg/min 13,00% 93 s 14,95 kg/min 5,70% 107 s 17,44 kg/min 4,00% 93 s 20,06 kg/min 0,00% 100 s 22,43 kg/min 1,40% 110 s
<5% <=120 s
24,89 kg/min 0,00% 100 s Controle PID com o uso do Preditor de Smith
Requisitos do desempenho do controle Valor de vazão de água Resultados simulados
Sobressinal Constante de tempo na parte dos tubos Sobressinal Constante
de tempo 12,45 kg/min 0,00% 120 s 14,95 kg/min 0,00% 120 s 17,44 kg/min 0,00% 120 s 20,06 kg/min 0,00% 120 s 22,43 kg/min 0,00% 120 s
<5% <=120 s
24,89 kg/min 0,00% 120 s
Tabela 4.3. Desempenho do sistema de controle PID experimental.
Controle PID sem o uso do Preditor de Smith Requisitos do desempenho
do controle Valor de vazão de água Resultados experimentais
Sobressinal Constante de tempo na parte dos tubos Sobressinal Constante
de tempo 12,45 kg/min 12,00% 100 s 14,95 kg/min 10,00% 100 s 17,44 kg/min 7,10% 110 s 20,06 kg/min 3,60% 115 s 22,43 kg/min 4,30% 120 s
<5% <=120 s
24,89 kg/min 0,00% 120 s Controle PID com o uso do Preditor de Smith
Requisitos do desempenho do controle Valor de vazão de água Resultados experimentais
Sobressinal Constante de tempo na parte dos tubos Sobressinal Constante
de tempo 12,45 kg/min 0,00% 115 s 14,95 kg/min 0,00% 115 s 17,44 kg/min 0,00% 120 s 20,06 kg/min 0,00% 120 s 22,43 kg/min 0,00% 120 s
<5% <=120 s
24,89 kg/min 0,00% 120 s
4 CONTROLADOR PID COM O PREDITOR DE SMITH 44
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Sem o uso do algoritmo preditivo, a planta não apresenta um comportamento de sistema de
primeira ordem em malha fechada. Podemos concluir isto pelo fato de existir um sobressinal na
resposta ao degrau do sistema. As diferenças entre os valores experimentais e os valores
simulados são devidas à:
• Não linearidade da válvula: a não linearidade da válvula apresentada no capítulo 3
não é totalmente cancelada pela não linearidade inserida na saída do controlador
PID.
• Cancelamento do pólo da planta: não se pode na prática cancelar um pólo, pois
seria necessário conhecer o valor exato do mesmo. Na prática quando fazemos um
zero igual a pólo, estamos diminuindo a influência do pólo no comportamento do
sistema em malha fechada.
• Parâmetros do Preditor de Smith: não é possível construir um modelo para o
preditor que seja totalmente idêntico à dinâmica da planta, sempre irão existir
algumas divergências por menores que sejam.
• Variação da pressão da caldeira: além do trocador de calor, outras máquinas
utilizam o vapor proveniente da caldeira, gerando uma variação da pressão na rede
de vapor ao longo do dia, isto pode afetar o desempenho do sistema de controle.
4.4 VARIAÇÕES DO CONTROLE PID
O sistema de controle PID possui variações em seu diagrama de blocos que podem ser
encontradas na literatura. Dentre estas variações, duas foram implementadas, simuladas e testadas
na planta. São as variações PI-D [10] e I-PD [10].
O controle PI-D é uma variação do controle PID onde a parcela do derivativo é removida
do ramo de avanço e colocada no ramo de realimentação. Resultando, desta forma, em um
controle onde o derivativo age com base no sinal de saída da planta y(t) e não na diferença x(t)-
y(t). Isto é feito de modo que não ocorra a diferenciação do degrau que é aplicado em x(t), pois a
diferenciação do degrau irá gerar um sinal de amplitude elevada no atuador, o que em algumas
vezes pode ser prejudicial ao funcionamento do atuador. Em outros casos, utiliza-se o PI-D para
que não ocorra a amplificação de eventuais ruídos que possam estar presentes no sinal de
referência. No caso do trocador de calor feixe tubular, este sinal de amplitude elevada proveniente
da diferenciação do degrau não é prejudicial ao atuador e não existem ruídos no sinal de
4 CONTROLADOR PID COM O PREDITOR DE SMITH 45
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referência, pois o mesmo é gerado por software. Neste caso a implementação do controle PI-D
tem apenas objetivos didáticos. O diagrama de blocos das figuras 4.17 e 4.18 mostram a planta
controlada pelo PI-D com e sem o uso do Preditor de Smith respectivamente.
Figura 4.17. Diagrama de blocos da planta controlada pelo PI-D com o Preditor de Smith.
Figura 4.18. Diagrama de blocos da planta controlada pelo PI-D sem o Preditor de Smith.
Sendo que para a implementação na prática, deve-se adicionar o pólo no termo derivativo
conforme já apresentado no controle PID. Verificou-se através de simulações e resultados
experimentais que para o caso do trocador de calor feixe tubular, ambos controles PID e PI-D
apresentam desempenhos muito parecidos para a mesma sintonia de Kp, Ti e Td utilizadas. A
figura 4.19 mostra o resultado de simulação do controle PI-D para uma vazão de água na parte
dos tubos de 24,89 kg/min utilizando os valores de sintonia mostrados na tabela 4.1. A figura 4.20
mostra o resultado experimental do controle PI-D para uma vazão de água nos tubos de 24,89
kg/min utilizando os valores de sintonia mostrados na tabela 4.1.
4 CONTROLADOR PID COM O PREDITOR DE SMITH 46
ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Figura 4.19. Resultado de simulação do controle PI-D para uma vazão de 24,89 kg/min.
Figura 4.20. Resultado experimental do controle PI-D para uma vazão de 24,89 kg/min.
Comparando os sinais no atuador do PID e do PI-D, vemos que a diferença entre eles é a
ausência de um pico no instante da aplicação do degrau. Isto ocorre porque a parcela do
derivativo foi removida do ramo de avanço para o ramo de realimentação. Esta característica do
4 CONTROLADOR PID COM O PREDITOR DE SMITH 47
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controle PI-D em comparação com o controle PID pode ser visualizada nos gráficos das figuras
4.21 e 4.22.
Figura 4.21. Sinal do atuador para o sistema de controle PID – resultado experimental.
Figura 4.22. Sinal do atuador para o sistema de controle PI-D – resultado experimental.
Nas figuras 4.21 e 4.22, vemos que o controle PI-D não apresenta o pico no sinal do
atuador no instante da aplicação do degrau. Este pico é indesejado em alguns casos.
4 CONTROLADOR PID COM O PREDITOR DE SMITH 48
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O controle I-PD é uma variação do controle PID onde ambas ações derivativa e
proporcional foram removidas do ramo de avanço e colocadas no ramo de realimentação. Desta
forma, as parcelas derivativa e proporcional agem com base no sinal y(t) e não mais com base no
sinal x(t)-y(t). Isto é feito para eliminar o efeito proporcional no atuador, pois injetando-se um
degrau em x(t), temos um degrau no atuador, o que em algumas vezes pode ser prejudicial ao
atuador. No caso do trocador de calor feixe tubular, a ação do proporcional na válvula não é
prejudicial. A implementação do controle I-PD foi realizada apenas para fins didáticos. Os
diagrama de blocos das figuras 4.23 e 4.24 mostram a planta controlada pelo controle I-PD com e
sem o uso do Preditor de Smith respectivamente.
Figura 4.23. Diagrama de blocos da planta controlada pelo I-PD com o Preditor de Smith.
Figura 4.24. Diagrama de blocos da planta controlada pelo I-PD sem o Preditor de Smith.
Se o modelo do preditor apresentar uma dinâmica muito parecida com a dinâmica da
planta, o sistema em malha fechada para o controle I-PD com o Preditor de Smith fica descrito
pela expressão a seguir.
4 CONTROLADOR PID COM O PREDITOR DE SMITH 49
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KpKsKpKTisTdKpKTi
eKpKsXsY s
.)..1.()....(
..)()(
2
.
++++=
−
τ
θ (4.23)
Identificando a função de transferência acima com a forma clássica de sistemas de
segunda ordem, obtemos:
22
2
2 ...2)...(
..
)..().1(
)...(.
nn
n
ssTdKpKTi
KpKs
TdKpKKpK
s
TdKpKTiKpK
ωωζω
ττ
τ++
=
++
+++
+ (4.24)
)...(
.TdKpKTi
KpKn +
=τ
ω (4.25)
KpK
TdKpKTiTdKpK
KpK.
)...(.
)...(2).1( +
++= τ
τζ (4.26)
Como o tempo de subida (tr) e o máximo sobressinal (Mp) são dados por:
2
2
1.
1arctan
ζω
ζζπ
−
��
�
�
��
�
� −−
=n
tr (4.27)
π
ζζ .
21 ��
�
�
��
�
�
−−
= eMp (4.28)
Podemos achar os valores de Kp, Ti e Td que atendam os requisitos de tempo de subida e
sobressinal usando as equações acima. Podemos verificar que o sistema controlado pelo I-PD irá
apresentar erro estacionário nulo, aplicando o teorema do valor final na expressão 4.23, conforme
foi feito para o caso do controle PID.
4 CONTROLADOR PID COM O PREDITOR DE SMITH 50
ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
11
.
)...(.
.)..(
).1()...(
.
.lim20
=����
�
�
����
�
�
++
+++
+→ s
TdKpKTiKpK
sTdKpK
KpKs
TdKpKTiKpK
ss
ττ
τ (4.29)
Como o valor final da variável controlada pelo I-PD irá apresentar valor unitário para a
resposta ao degrau unitário, então o erro estacionário é zero, atendendo desta forma uma das
especificações do controle. Como o máximo sobressinal admitido deve ser inferior a 5%, iremos
sintonizar os valores de Kp, Ti e Td para um sobressinal de 2%, dando desta forma, uma margem
de segurança que atenda às especificações do controle. Usando a equação 4.28, obtemos o valor
de ζ que atenda a um sobressinal de 5%. O valor de ζ para este caso é 0,78, como o valor de ζ é
conhecido, podemos encontrar o valor de ωn que atenda o tempo de subida através da equação
4.27. Usando a equação 4.27 para um tempo de subida de 600 segundos, encontramos um valor de
ωn igual a 6,9.10-3. No caso do controle I-PD, definimos o tempo de subida como sendo o tempo
necessário para a variável controlada atingir, pela primeira vez, o seu valor de regime a partir do
instante da aplicação do degrau.
Com os valores de ζ e ωn obtidos acima, podemos encontrar os valores de Kp, Ti e Td
através das equações 4.25 e 4.26. Adotando um valor de Td = 1 s, obtemos os valores de sintonia
para o controle I-PD para os seis valores de vazão de água na parte dos tubos, ensaiados no
capítulo 3. O valor Td = 1 s torna os cálculos mais fáceis e não amplifica muito o ruído. Valores
elevados de Td amplificam muito os ruídos provenientes dos sensores. A tabela 4.3 mostra os
valores de sintonia.
Tabela 4.4. Valores de sintonia para o controle I-PD e parâmetros do Preditor de Smith para cada
valor de vazão ensaiado.
Valores de sintonia do controle I-PD Parâmetros do Preditor Vazão (kg/min) Kp Ti Td Ka ττττa θθθθa
12,45 0,9 182,7 1,0 4,7 480,2 20 14,95 1,0 188,3 1,0 4,9 550,6 23 17,44 1,1 192,5 1,0 5,4 620,1 26 20,06 1,1 196,3 1,0 6,3 699,2 29 22,43 1,1 200,1 1,0 7,3 800,2 32 24,89 1,0 202,7 1,0 8,5 890,1 35
Para que o derivativo se torne realizável fisicamente, é inserido um pólo no mesmo
(conforme já realizado nos controles PID e PI-D).
4 CONTROLADOR PID COM O PREDITOR DE SMITH 51
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A figura 4.25 mostra o resultado de uma simulação para o controle I-PD para um valor de
vazão de água na parte dos tubos de 12,45 kg/min. Repare que as especificações de desempenho
são atendidas neste gráfico. As figuras 4.26 e 4.27 mostram, respectivamente, a resposta ao
degrau do sistema controlado e o sinal no atuador obtidos experimentalmente para o controle I-
PD.
Figura 4.25. Simulação do controle I-PD para uma vazão de 12,45 kg/min.
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Figura 4.26. Comparativo da resposta ao degrau da planta controlada obtido experimentalmente
com o controle I-PD com o preditor e sem o preditor, para um valor de vazão de água na parte dos
tubos de 12,45 kg/min.
Figura 4.27. Sinal no atuador para o ensaio da figura 4.26.
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Repare que no sinal do atuador, o controle I-PD gera uma rampa inicialmente. Como a
parcela do controle proporcional foi removida do ramo de avanço para o ramo de realimentação,
restou somente o efeito do integrativo no ramo de avanço, o qual gerou a rampa no inicio da
aplicação do degrau no setpoint.