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4 Descrição dos casos Os nomes das empresas foram disfarçados de forma a preservar a confidencialidade. 4.1. F_FRIG Breve Histórico Empresa do setor de alimentos, a atualmente denominada F_FRIG S/A é a maior empresa de comercialização de proteínas do mundo. Sua origem aconteceu com o estabelecimento do açougue Casa de Carne Mineira na cidade de Anápolis por seu fundador José Batista Sobrinho em 1953. Após algum tempo, João Batista Sobrinho transformou o negócio no único da região, em integração vertical para trás, passando a abater animais para venda a outros açougues. A partir de 1962, com a locação de um abatedouro em Luziânia, começa a expansão da F_FRIG no mercado interno, sendo que, em 1969, fez sua primeira aquisição, do Matadouro Industrial de Formosa, que marcou o início de amplo processo que, anos mais tarde ensejaria ampla consolidação de frigoríficos no Brasil. Nessa ocasião, surge a empresa de capital fechado denominada Friboi. Sua próxima aquisição aconteceu anos depois quando, em 1999, a empresa adquiriu o Frigorífico Mouran em Andradina. A partir de então, a F_FRIG passou por período de forte crescimento até que em 2004, adquiriu 50% da BF Foods Alimentos. Em 2005 o Grupo Friboi passou a se denominar F_FRIG S/A e iniciou rápida expansão com investimentos diretos no exterior até que, em 2009, iniciou sua parceria com a Bertin S/A.

4 Descrição dos casos

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4 Descrição dos casos

Os nomes das empresas foram disfarçados de forma a preservar a

confidencialidade.

4.1. F_FRIG

Breve Histórico

Empresa do setor de alimentos, a atualmente denominada F_FRIG S/A é a

maior empresa de comercialização de proteínas do mundo. Sua origem aconteceu

com o estabelecimento do açougue Casa de Carne Mineira na cidade de Anápolis

por seu fundador José Batista Sobrinho em 1953. Após algum tempo, João Batista

Sobrinho transformou o negócio no único da região, em integração vertical para

trás, passando a abater animais para venda a outros açougues. A partir de 1962,

com a locação de um abatedouro em Luziânia, começa a expansão da F_FRIG no

mercado interno, sendo que, em 1969, fez sua primeira aquisição, do Matadouro

Industrial de Formosa, que marcou o início de amplo processo que, anos mais

tarde ensejaria ampla consolidação de frigoríficos no Brasil. Nessa ocasião, surge

a empresa de capital fechado denominada Friboi. Sua próxima aquisição

aconteceu anos depois quando, em 1999, a empresa adquiriu o Frigorífico Mouran

em Andradina. A partir de então, a F_FRIG passou por período de forte

crescimento até que em 2004, adquiriu 50% da BF Foods Alimentos. Em 2005 o

Grupo Friboi passou a se denominar F_FRIG S/A e iniciou rápida expansão com

investimentos diretos no exterior até que, em 2009, iniciou sua parceria com a

Bertin S/A.

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Atualmente, a F_FRIG é a maior empresa de processamento e

comercialização de proteínas do mundo e está diversificada para couro, biodiesel,

colágeno e latas. Tem plataformas de comercialização e produção na Argentina,

Itália, Austrália, EUA, Uruguai, Paraguai, México, China e Rússia. A empresa

conta com 120 mil funcionários e alcança R$ 76 bilhões de faturamento em 2012

com vendas no Brasil e no exterior.

Processo de internacionalização da F_FRIG

A F_FRIG iniciou suas atividades internacionais pela modalidade de

exportações em 1996 e teve como destino países do mercado europeu. Os cortes

para exportação eram selecionados e o restante da produção era totalmente voltada

para o mercado interno. A partir então, a empresa começou a exportar para outros

países como Chile, Rússia, Vietnã, Filipinas, Malásia e Norte da África. Os

produtos da empresa em 2007 já eram exportados para mais de 500 clientes

localizados em mais de 110 países.

No início do ano 2000, houve desaceleração do consumo europeu de carne

bovina e, no início de 2005, a situação foi agravada pela crise da Febre Aftosa nos

EUA. Tais circunstâncias levaram a F_FRIG a internacionalizar também sua

produção como forma de mitigar riscos de concentração e riscos fitossanitários.

Em agosto de 2005, a empresa inicia aquisições na Argentina. Foram

adquiridas três plantas da Swift Armour e duas plantas da Companhia Elaboradora

de Produtos Alimentícios (CEPA), totalizando cinco unidades: Rosário, Venado

Tuerto, Pontevedra, São José e Berazategui.

No final de 2006, a empresa continuou suas aquisições, desta vez nos

Estados Unidos. Adquiriu a distribuidora americana de produtos industrializados

de carne bovina SB Holdings. Em 2007, foi adquirida a americana Swift Foods

Company e, com este evento, a F_FRIG se tornou a maior processadora do carne

bovina do mundo (LETHBRIDGE e JULIBONI, 2009). Com essa aquisição, a

F_FRIG passou a diversificar seus produtos e passou a comercializar proteínas de

origem suína, o que lhe permitiu conquistar posição expressiva também neste

mercado: o posto de terceiro maior produtor e processador de carne suína nos

EUA. Ainda em 2007, a Swift Armour, subsidiária do F_FRIG na Argentina,

comprou o Consignaciones Rurales e a fábrica de embalagens Argenvases no país.

A empresa anunciou, ainda, no início de dezembro de 2007, a aquisição de 50%

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das ações da Inalca, uma das principais empresas do seu setor na Europa e líder do

mercado italiano de carne bovina. O negócio incluiu a compra da Montana, uma

empresa de comida pronta, do mesmo grupo. A estratégia da aquisição foi abrir

novos mercados para a F_FRIG, dentre os quais, grandes multinacionais no setor

de fastfood, produtores de alimentos industrializados, grandes cadeias de varejo e

empresas de distribuição de alimentos (foodservice), além da possibilidade de

conseguir agregar a distribuição de alimentos no território europeu e com atuação

na Rússia e África. Também, oferecia à F_FRIG o acesso à tecnologia de última

geração da Inalca, amplamente reconhecida, bem como aos produtos de maior

valor agregado, comercializados sob a marca Montana. Em 2008, a F_FRIG

adquiriu a empresa norte-americana Swithfiel e a australiana Tasman

consolidando, assim a liderança mundial no setor de carnes. Em 2009, constituiu-

se a F_FRIG Couros Ltda, que representou a entrada da empresa no ramo de

industrialização, comercialização, importação e exportação de couros. No mesmo

ano, adquiriu 64% do capital social da Pilgrim´s Pride Corpration com sede em

Pittsburgh com atuação na criação, abate, processamento e comercialização de

carne de frango. Em 2010, fez acordo com o Vion Food Group para a compra da

Tatiara Meat Company (TMC), uma processadora de carne ovina de alta

qualidade sediada em Bordertown South Australia. Logo em seguida, consolidou

sua presença no mercado australiano com a compra da Rockdale Beef. Para tal,

investimentos foram realizados em fazendas, unidades de confinamento, fábricas

de ração e frigoríficos. A Figura 3 mostra a linha do tempo da internacionalização

da F_FRIG.

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Figura 3: Linha do tempo da internacionalização da F_FRIG Fonte: Própria

4.2. F_TV

Breve histórico

A F_TV, empresa de telecomunicações nacional, começou sua trajetória em

26 de abril de 1965 no Rio de Janeiro. Desde o início, manteve o compromisso de

entreter, informar e educar o telespectador.

Durante mais de quarenta anos de trajetória, a F_TV procurou expandir sua

cobertura a fim de atingir praticamente a totalidade dos lares brasileiros e

atualmente conta com, entre emissoras próprias e afiliadas, 122 unidades

distribuídas pelo país que integram a denominada Rede F_TV de Televisão.

Juntas, a F_TV e suas emissoras afiliadas possuem quadro de mais de 23 mil

colaboradores e cobrem 99% do território nacional.

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Os mais de 23 mil funcionários são responsáveis por garantir a produção

mundialmente recordista de teledramaturgia. Por seu intermédio, a empresa

produz cerca de 2.500 horas anuais de novela e programas, além de mais de 1.800

horas anuais de telejornalismo.

Atualmente, apesar das audiências em queda, a Rede F_TV mantém seu

faturamento crescente e detém mais de 70% do mercado publicitário, graças à

reputação e à qualidade de suas operações. Qualidade, que é sinônimo do nome da

empresa no mercado, tem assegurado à empresa o posto de maior negócio de

comunicação do Brasil e um das três maiores do mundo.

A confiança dos anunciantes e dos publicitários na empresa vem da relação

de parceria e de profundo entendimento das necessidades do mercado. Os

profissionais da área comercial da F_TV se relacionam com seis mil agências, que

têm à disposição mais de cinquenta formatos comerciais distintos acompanhados

eletronicamente por um dos sistemas mais modernos do mundo em

comercialização de espaços publicitários.

A liderança da F_TV no mercado de mídia e a qualidade de seus produtos

permitiram que a empresa atingisse seu maior faturamento histórico em 2012, no

valor de R$ 12 bilhões entre vendas no Brasil e no exterior.

Processo de internacionalização da F_TV

A internacionalização da F_TV começou em 1973 pela exportação de

conteúdos. A primeira venda de um produto ao exterior foi feita em 1973, com a

aquisição da telenovela O Bem Amado por uma emissora no Uruguai.

O canal internacional, como é chamado hoje, iniciou suas operações em

1999 com o objetivo de levar aos brasileiros ou aos lusófonos que não moram no

país um pouco da cultura brasileira, em especial pelas telenovelas. O canal é

transmitido 24 horas por dia, via satélite, cabo e IPTV com qualidade digital. E a

adesão é por assinatura mensal.

Além das telenovelas, o canal internacional comercializa os programas

esportivos, educativos, culturais, de entretenimento, jornalísticos e outras

produções de canais como GNT e F_TV News. Atualmente, a F_TV Internacional

oferece mais de quatro mil horas de programação, em português, e está presente

em 118 países, possui mais de 620 mil assinantes nos cinco continentes: África,

América, Ásia, Europa e Oceania.

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O processo de internacionalização da Rede F_TV aconteceu em etapas: nos

primeiros anos o foco era a exportação de telenovelas, de 1981 até 1993 a

F_TVF_TV adquiriu participações em duas emissoras no exterior (a TV Monte

Carlo e a SIC), de 94 a 99 a estratégia foi focar na exportação e no licenciamento

de conteúdos, de 2000 até os dias atuais a F_TV criou o canal internacional e

investiu em parceiras para co-produções.

Segundo Andreas (2012), a área comercial da Rede F_TV conta atualmente

com cinco canais, divididos da seguinte forma:

a) Sinal Américas: voltado para assinantes de todo o continente americano,

Estados Unidos/Canadá/América Latina, e Oceania, totalizando cinco

países.

b) Sinal África: destinado aos povos de língua portuguesa (com destaque

para Angola e Moçambique) e aos brasileiros residentes neste continente,

totalizando 23 países.

c) Sinal Japão: voltado para os imigrantes brasileiros, que representam a

maior comunidade ocidental no Japão.

d) F_TV Portugal: atinge famílias portuguesas e brasileiras, com

programação exclusiva na faixa horária entre 17h45 e 20h50, que é

exibida somente para o território português.

e) Sinal Europa: voltado aos imigrantes brasileiros e portugueses,

totalizando 66 países.

A Figura 4 mostra a linha do tempo da internacionalização da

F_TV.

Figura 4: Linha do tempo da internacionalização da F_TV Fonte: Própria

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4.3. F_Ônibus

Breve histórico

Em 6 de agosto de 1949, os irmãos Nicola – Dorval Antônio, Nelson, João e

Doracy Luiz – abriram as portas da Nicola & Cia, uma pequena oficina de

chapeação e pintura de cabines de caminhões. Ainda em 1949, a pequena empresa

produziu seu primeiro ônibus. A carroceria era feita de madeira, sobre estrutura de

alumínio, e levou três meses para ficar pronta, já que foi toda montada de forma

manual. O veículo deu origem a uma série, produzida a pedido da Transporte

Pérola. Em 1952, foi produzida a primeira carroceria metálica e, em seguida, os

primeiros chassis fabricados no Brasil.

Na primeira década de vida da empresa, foram produzidas cerca de 600

unidades. Em 1957, os irmãos Nicola começaram a erguer a segunda sede, com

3.100 m2, no bairro Planalto. O terreno foi cedido pelo dono da área com o

objetivo de incentivar a ocupação do local. Próximo ao fim da construção, o

capital de giro da empresa acabou. Para não paralisar a linha de produção, a

Nicola & Cia abriu o capital, vendendo as suas ações e formando uma sociedade

anônima.

A década de 1960 foi um período marcante para a empresa. Logo no início,

iniciaram-se as exportações para o Uruguai. Em 1968, a Nicola S.A. apresentou o

primeiro ônibus monobloco do país, montado sobre a plataforma do Mercedes

Benz O.326. O possante ônibus – o motor possuía 200 HP – marcaria para sempre

a história da fábrica. Nas versões rodoviário, rodoviário com toalete e carro leito,

o ônibus foi batizado de F_Ônibus em homenagem ao famoso viajante veneziano.

O sucesso dos produtos foi tão grande que o nome acabou por tornar-se, um

pouco depois, a razão social do negócio. Em 1969, a empresa adquiriu a

Carrocerias Eliziário de Porto Alegre. Em 1971, passou a denominar-se F_Ônibus

S.A. Carrocerias e Ônibus. Em 1992, mudou sua denominação para F_Ônibus

S.A.

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Os anos 70 foram de forte crescimento para a F_Ônibus. Com a crise do

petróleo, o governo fez apelo para que as pessoas usassem mais ônibus. A forte

demanda ajudou fortemente a empresa. Em 1971, a empresa iniciou a exportação

de carrocerias desmontadas (Completely Knocked Down – CKD), conjugada ao

fornecimento de tecnologia para a Venezuela.

O crescimento da F_Ônibus a levou, em 20 de fevereiro de 1981, a

inaugurar a atual unidade fabril, construída em Ana Rech, distrito de Caxias do

Sul, em uma área de 223.832 m2.

Em 2005, havia três grandes competidoras no mercado nacional: a

F_Ônibus, a Busscar e a Comil. Nesta época, a F_Ônibus detinha quatro unidades

de produção no Brasil, com aproximadamente 46% de participação no mercado

brasileiro e tinha estratégias para desestimular a entrada de competidores

estrangeiros se valendo de produtos diferenciados e adaptados às condições do

asfalto e da conservação das estradas brasileiras. Com o mercado interno

dominado, a F_Ônibus intensificou sua atuação no exterior e passou a exportar

suas carrocerias para 85 países em todos os continentes. Além das exportações,

implantou fábricas em Portugal, Argentina, México, Colômbia e África do Sul e

escritórios comerciais no exterior. e obteve contrato de licenciamento na China.

Em 2012, a F_Ônibus registrou receita líquida consolidada 13,3% superior à

obtida no ano anterior, e alcançou R$ 3,817 bilhões, contra R$ 3,368 bilhões do

exercício de 2011. A produção consolidada totalizou 31.296 unidades, 0,7%

inferior às 31.526 unidades fabricadas em 2011. Deste total, 62,3% foram

produzidas no Brasil e as demais 37,7% no exterior.

Hoje a empresa tem 64 anos de mercado, produziu mais de 350 mil ônibus

em suas fábricas no Brasil e exterior e conta com mais de 22 mil colaboradores.

Processo de internacionalização

A F_Ônibus iniciou suas atividades internacionais na modalidade de

exportação. Em 1961, assinou contrato de exportação, para o cliente Cia Ômnibus

Pando, do Uruguai. No mesmo ano, iniciou exportações para o Paraguai. Em

1964, com o estímulo dado às exportações pelo governo militar, foi formado

através da Câmara de Indústria e Comércio, na época chamada de Centro de

Indústria Fabril, um consórcio de empresas exportadoras de Caxias do Sul. Esse

consórcio tinha como finalidade dar suporte especializado às empresas para que

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elas não precisassem montar estrutura interna para exportação. No entanto,

percebendo que seus produtos tinham grande potencial de aceitação no mercado

sul-americano, comparativamente a produtos europeus, a empresa logo partiu para

a montagem de seu próprio departamento de exportação. Em 1971, acontece a

alteração da razão social da Empresa de Carrocerias Nicola S.A. Manufaturas

Metálicas para F_Ônibus S.A. Carrocerias e Ônibus; Assinado o 1º Contrato de

Transferência de Tecnologia com a Ensamblaje Superior de C.A. da Venezuela,

para fornecimento de carrocerias em CKD para serem montadas na Venezuela. A

F_Ônibus tornou-se a primeira empresa da indústria automobilística brasileira a

vender tecnologia no segmento ônibus. Em 1980, inicia-se o segundo movimento

no mercado exterior, marcado pela internacionalização inward, ou

internacionalização para dentro, em que a empresa buscou e adquiriu, do exterior,

técnicas de produção, tecnologias de produto e padrões. Este movimento foi

iniciado por meio de visitas ao Japão, durante a década de 80, e prosseguiu

concomitantemente às operações de exportação e à abertura de escritório

comercial nos EUA, e à abertura e operação de fábrica em Portugal. As visitas às

operações de fábricas japonesas com o intuito de observar e aprender técnicas e

filosofia de produção – processo que ficou conhecido internamente como

“japonização” – foram iniciadas, em 1986, pelo presidente da empresa, Paulo

Bellini, e pelo diretor industrial, Cláudio Souza Gomes. Este movimento resultou

na adoção das práticas de gestão japonesas até hoje curso na empresa. Em 1987,

foi feita uma segunda viagem por outros oito dirigentes da empresa, dentre os

quais o vice-presidente, José Antônio Fernandes Martins. O conhecimento

adquirido desta forma e por meio de cursos ministrados por especialistas deu

origem ao “Sistema F_Ônibus”, “um conjunto de técnicas que objetiva a

produção com qualidade, num bom ambiente de trabalho, por pessoas satisfeitas”.

O processo de aprimoramento era feito pela formação de pequenos grupos

espontâneos, em que os integrantes se uniam por afinidade, com o propósito de

identificar problemas e buscar soluções.

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A F_Ônibus fez suas primeiras exportações para o mercado norte-americano

em 1988, tendo sido nomeada a empresa Stewart & Stevenson (S&S) como

distribuidora exclusiva nos Estados Unidos. Seguindo as especificações sugeridas

pela S&S, a F_Ônibus produziu e exportou, exclusivamente para o mercado norte-

americano, as primeiras unidades do seu micro-ônibus S&S Shuttlebus, modelos

S-25 e S-28, as quais foram muito bem aceitas e projetaram o nome da empresa

naquele mercado. Esse processo também rendeu à F_Ônibus ganhos em

conhecimento tecnológico, por intermédio das normas americanas do Department

of Transportation (DOT). Em 1991, acontece a inauguração F_Ônibus Indústria

de Carroçarias em Portugal. Inauguração da primeira Escola de Formação

Profissional F_Ônibus. Em 1999, surge a oportunidade de entrada da F_Ônibus no

mercado chinês veio por intermédio da Iveco, empresa italiana produtora de

chassis. A Iveco havia se instalado na China quinze anos antes através de uma

joint-venture com o Yuejin Automobile Group da cidade de Nanjin. Assim foi

criada a Nanjing-Iveco Automobile Company Ltd. (Naveco), cuja finalidade era a

produção da Daily, uma van comercial para atender a diversos tipos de usos,

desde o transporte de carga até o de pessoas. O sucesso alcançado pelo Daily e o

crescimento das necessidades de transporte no país geraram na Iveco o interesse

pela fabricação de ônibus. Ela foi então apresentada pelo governo da cidade de

Nanjin à Changzhou Bus Company (CBC), empresa chinesa, produtora de ônibus

urbanos, que já vendia 4000 unidades por ano. Foi iniciado então, em 1999, o

processo de criação de uma joint-venture, do qual surgiria, em 2000, a CBC-

Iveco. No entanto, ficou claro, durante o processo, que ainda era necessário um

upgrade tecnológico na fabricação das carrocerias e, então, a Iveco foi à busca de

parceiros que pudessem fornecer tal tecnologia. Ainda em 1999, a Iveco convidou

a F_Ônibus para participar de um contrato de licenciamento que envolveria pacote

de tecnologia, acervo técnico e a instalação de uma fábrica para a produção de

carrocerias. A F_Ônibus se comprometia, também, a dar assistência técnica,

treinar o pessoal e ensinar os procedimentos operacionais, tanto aos italianos

quanto aos chineses. Nessa época, a F_Ônibus já considerava o mercado chinês

como estratégico. Dessa forma, mesmo sendo a primeira vez em 55 anos de

história que a F_Ônibus assinava um contrato de venda de tecnologia para uma

concorrente – a Iveco concorria com a F_Ônibus no mercado europeu por meio da

Irisar, essa oportunidade foi vista como de grande importância. Em 2001, ocorre a

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Constituição das empresas Superpolo S.A. na Colômbia e F_Ônibus South África

na África do Sul. A Superpolo dispunha de capacidade para produzir dois mil

ônibus por ano e deu início às suas atividades em dezembro de 2001, produzindo

ônibus urbanos, micro-ônibus e intermunicipais. A F_Ônibus fornecia a

tecnologia de montagem, ônibus em CKD e os componentes para ônibus

articulado, mini e micro-ônibus. Em 2005, os ônibus produzidos naquela unidade

já eram 40% nacionalizados. Na África do Sul, capacidade para produzir 700

carrocerias por ano. Essa fábrica permitia atender à metade sul do continente

africano. Naquele mercado, a F_Ônibus trabalhava em parceria com as grandes

fabricantes de chassis, como a Volvo e a Scania. Os ônibus rodoviários eram

exportados para lá prontos e em PKD, e os urbanos eram exportados em MKD e

CKD. Em 2003, acontece o reposicionamento da marca Ciferal e lançamento do

Citmax Lançamento da Casa Prática. Constituição da Poloplast Componentes S.A.

de C.V. no México. F_Ônibus recebe a Certificação pela Norma SA 8000 –

Responsabilidade Social. F_Ônibus adquire 40% de participação da Webasto

Climatização do Brasil S.A. Em 2005, Dada a necessidade de estabelecer ligação

com o mercado, a F_Ônibus instalou um escritório comercial, o F_Ônibus

Changzhou Office (MSO), tendo como principais objetivos estreitar o

relacionamento da empresa com o mercado consumidor, entender o sistema de

fornecimento local e, finalmente, entender o ambiente político do país e

estabelecer relações, pois, nas palavras de Guarese, “tudo na China começa pelo

relacionamento político”. O escritório deu à equipe da F_Ônibus a oportunidade

de aumentar seu grau de entendimento do país como um todo e, através das

informações e conhecimentos obtidos, que a empresa buscava, em 2005, desenhar

o seu futuro na China. Ainda naquele ano, uma segunda medida para lidar com as

restrições impostas pelo contrato com a Iveco foi o desenvolvimento de projeto

para a construção de uma fábrica de componentes. Esse empreendimento seria o

gerador de diversas vantagens. A empresa não só teria a oportunidade de trabalhar

diretamente no mercado chinês, mas teria também acesso à mão de obra e

matérias primas chinesas. Assim, componentes poderiam ser produzidos na China

com custos reduzidos e transferidos para suas outras unidades no Brasil e em

outros países. Além disso, a empresa pretendia atuar como fornecedora de

componentes para a operação da CBC-Iveco. Essa fábrica seria montada por meio

de uma joint-venture entre a F_Ônibus e outra empresa do Grupo CBC, que

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também possuía negócios na área de componentes. Nessa parceria, a F_Ônibus

teria papel dominante, com 75% das ações contra 25% da empresa do Grupo

CBC. Os planos da empresa para a implementação da fábrica eram de que, em

2004, ela começasse a trabalhar com fibra de vidro, em 2005 iniciasse a sua

fábrica de componentes e, em 2007, com o final do contrato, estivesse

suficientemente robusta para fabricar carrocerias. Em 2006, a F_Ônibus firma

Joint Venture com a Tata Motors da Índia e com a Ruspromauto da Rússia para

produção de ônibus; Constituída a Pólo Plastic Components na Rússia, para

produzir componentes plásticos; Lançamento Torino Geração 6. Em 2007,

F_Ônibus compra 39% da San Marino (Neobus) de Caxias do Sul – RS, Brasil;

F_Ônibus chega à marca de 200 mil ônibus produzidos; (DVD) F_Ônibus adquire

ações da Metalpar na Argentina. Em 2008, F_Ônibus firma Joint Venture com a

GB Auto do Egito; O produto Volare completa 10 anos com produção de 25 mil

unidades; (DVD) F_Ônibus inicia a produção de Componentes na China;

Inauguração da Escola de Formação Profissional da F_Ônibus – Unidade Reolon

em Caxias do Sul – RS – Brasil; F_Ônibus inaugura Centro de Treinamento na

África do Sul, o local abrigará também uma unidade da Escola de Formação

Profissional F_Ônibus, a primeira fora do Brasil. Em 2012, A F_Ônibus firmou

contrato para compra de 20% do capital da New Flyer, do Canadá, por 116,4

milhões de dólares canadenses, equivalentes a R$ 240 milhões. A New Flyer atua

na produção de ônibus urbanos no Canadá e nos Estados Unidos e registrou

receita líquida de US$ 926 milhões em 2011.

A Figura 5 mostra a linha do tempo da internacionalização da F_Ônibus.

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Figura 5: Linha do tempo da internacionalização da F_Ônibus Fonte: Própria

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