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Materiais e Métodos 4 Materiais e Métodos 4.1 Levantamento de campo Neste tópico estão descritos todos os procedimentos realizados no sítio experimental no município de São Sebastião do Passé (BA), durante o período de 03 a 09 de novembro de 2010. Estão incluídos: sondagens, poços de monitoramento, amostragem de solo, ensaios de condutividade hidráulica e levantamento geofísico. 4.1.1 Sondagens A partir de uma avaliação visual da área experimental, mediante as condições topográficas e a maior presença de vegetação, foram pontuados cinco locais possíveis para a instalação dos poços de monitoramento, sendo que um deles pudesse ficar a montante, em relação à direção do fluxo. Esses pontos foram georeferenciados por GPS geodésico da marca Ashtech modelo ProMark 2 obtendo-se suas coordenadas de latitude, longitude e altitude, conforme ilustra a Figura 4.1. Figura 4.1 – GPS referenciando um ponto para instalação do poço de monitoramento.

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Materiais e Métodos

4 Materiais e Métodos

4.1 Levantamento de campo

Neste tópico estão descritos todos os procedimentos realizados no sítio

experimental no município de São Sebastião do Passé (BA), durante o período de

03 a 09 de novembro de 2010. Estão incluídos: sondagens, poços de

monitoramento, amostragem de solo, ensaios de condutividade hidráulica e

levantamento geofísico.

4.1.1 Sondagens

A partir de uma avaliação visual da área experimental, mediante as

condições topográficas e a maior presença de vegetação, foram pontuados cinco

locais possíveis para a instalação dos poços de monitoramento, sendo que um

deles pudesse ficar a montante, em relação à direção do fluxo. Esses pontos foram

georeferenciados por GPS geodésico da marca Ashtech modelo ProMark 2

obtendo-se suas coordenadas de latitude, longitude e altitude, conforme ilustra a

Figura 4.1.

Figura 4.1 – GPS referenciando um ponto para instalação do poço de monitoramento.

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Materiais e Métodos 68

O instrumento utilizado para perfuração dos furos de sondagens foi um

trado do tipo cunha, com 4” de diâmetro, indicado para solo de baixa a média

resistência, conforme mostra a Figura 4.2. Manipulado por hastes de aço

rosqueáveis e por uma cruzeta, o trado é constituído de uma concha metálica

dupla que perfura o solo à medida que é aplicado um torque na cruzeta. Suas

vantagens são o baixo custo na perfuração, facilidade de transporte e na

montagem.

Figura 4.2 – Trado tipo concha (à esquerda) e procedimento para perfuração (à direita).

Durante essa perfuração foi possível, através da descrição tátil-visual,

definir as características dos materiais ao longo da linha de perfuração (textura,

cor, plasticidade), como ilustra a Figura 4.3.

Figura 4.3 – Análise tátil-visual do solo no sítio experimental.

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Materiais e Métodos 69

Ainda no momento da perfuração foi possível verificar a condição

hidrostática do nível d’água em cada furo. O instrumento utilizado para essa

medição foi um medidor de nível eletroeletrônico, dotado de fita métrica, do tipo

dip meter da marca Solinst, como mostra a Figura 4.4.

Figura 4.4 – Verificação do nível d’água através do medidor do tipo dip meter.

Os dados coletados pelo GPS geodésico (coordenadas geográficas e

altitude), a profundidade do nível d’água e a descrição estratigráfica do solo ao

longo da linha de perfuração foram reunidos em boletins de sondagens gerados

com o emprego do programa computacional LogPlot®, conforme é apresentado

na Figura 4.5. Em anexo a esta dissertação encontram-se todos os boletins gerados

nos trabalhos de campo.

Através das informações sobre as coordenadas geográficas e altitude dos

níveis d’água foi possível calcular o gradiente hidráulico e a direção do fluxo da

água subterrânea. Por apresentar certo nível de complexidade, estes cálculos

foram realizados empregando-se um programa desenvolvido e disponibilizado

pela Divisão de Pesquisa de Ecossistema da Agência de Proteção Ambiental dos

Estados Unidos da América (EPA), conforme o método mostrado na Figura 4.6. A

partir do conhecimento da direção do fluxo, ficaram definidos os pontos onde

foram instalados os poços de monitoramento.

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Figura 4.5 – Boletim do furo de sondagem SD 1.

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Figura 4.6 – Método de determinação do gradiente hidráulico e direção do fluxo do sítio experimental.

4.1.2 Construção dos poços de monitoramento

Os poços de monitoramento ou piezômetros são instalados em áreas a serem

investigadas sob suspeita de contaminação e têm por objetivos a coleta de

amostras representativas de água do aquífero para análise química em laboratório

e medir a carga e a condutividade hidráulica.

A execução da instalação dos poços de monitoramento na área de estudo, a

qual se fundamenta esta dissertação, seguiu a NBR 13895/1997 – Construção de

Poços de Monitoramento e Amostragem da Associação Brasileira de Normas

Técnicas (ABNT).

Os procedimentos de escavação, caracterização tátil-visual e o instrumento

foram os mesmos das sondagens descritas anteriormente.

Boletins dos poços foram gerados através do programa computacional

LogPlot®, constando de informações como coordenadas geográficas, descrição

estratigráfica e desenho esquemático do poço de monitoramento, conforme ilustra

a Figura 4.7. Em anexo a esta dissertação encontram-se todos os boletins gerados

nos trabalhos de campo.

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Figura 4.7 – Boletim do poço de monitoramento PM 1.

Para revestir os furos foram utilizados tubos geomecânicos, alguns do tipo

nervurado, com diâmetro de 2”. O filtro, também constituído por este tubo, possui

ranhuras transversais (nervuras) de 0,3mm de espessura para facilitar a passagem

da água a ser coletada (Figura 4.8).

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Materiais e Métodos 73

Como há uma variação pluviométrica durante o ano na região do Recôncavo

Baiano, o comprimento do filtro foi estipulado em 2m e com isso, pode-se realizar

a coleta d’água em qualquer época do ano.

O espaço anelar, entre as paredes externa do tubo geomecânico e a face do

solo, foi preenchido com uma areia lavada. Esse material de preenchimento,

denominado de pré-filtro, tem a função de facilitar a percolação da água ao

interior do tubo geomecânico e é composto de grãos quartzosos ou pedrisco de

quartzo inerte e resistente, com diâmetro dos grãos maior que as ranhuras do

filtro. Para os poços de monitoramentos instalados na área de estudo foi utilizado

um pré-filtro com grãos de areia variando entre 1 a 2mm.

Figura 4.8 – Tubos geomecânicos (à esquerda, observa-se o tubo com ranhuras transversais).

Ainda no espaço anelar, acima do pré-filtro, foi completado com bentonita

pelotizada, como mostra a Figura 4.9. Esse argilomineral possui uma

característica física de expandir várias vezes quando em contato com a água e

como algumas das suas funções, foi lançado no espaço anelar para

impermeabilizar e evitar o desmoronamento da parede do poço de monitoramento.

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Materiais e Métodos 74

Figura 4.9 – Lançamento do pré-filtro (à esquerda) e da bentonita (à direita).

Como medida de segurança para evitar a entrada de água superficial no poço

e elementos estranhos, um tubo de concreto (manilha) com dimensões 1,20m de

altura e 0,20m de diâmetro foi fincado na superfície do terreno sobre cada poço. O

espaço anelar entre a parede da manilha e o tubo geomecânico foi completado e

compactado com solo da própria escavação do furo. Por cima deste solo, uma

camada de argamassa foi lançada para selar e proteger, além de fixar uma tampa

em ferro fundido isolando o acesso à “boca” do poço. Na extremidade superior do

tubo geomecânico, uma tampa de pressão com cadeado foi colocado fechando a

“boca” do tubo (Figura 4.10).

Figura 4.10 – Complemento dom aterro e argamassa para selar o poço.

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Materiais e Métodos 75

Ao final da instalação de cada poço de monitoramento, foi realizado o seu

desenvolvimento que consiste no esgotamento da água estancada no interior do

tubo geomecânico e no pré-filtro. Esse procedimento deve ser executado por meio

do rebaixamento do nível d’água, o que faz criar uma diferença de carga entre o

interior do poço e a formação, e surge uma percolação da água presente no

aquífero em direção ao poço. Essa operação foi realizada por bombeamento

através de bailers descartáveis (amostradores de polietileno descartáveis) e por

uma pequena bomba elétrica ligada a uma bateria automotiva de 12V e 55A, da

marca Moura, conforme ilustra a Figura 4.11.

Figura 4.11 – Desenvolvimento do poço através do bailer (à esquerda) e por bomba elétrica (à direita).

4.1.3 Amostragem de solo

As amostras de solo foram coletadas em diferentes momentos durante os

trabalhos de campo. A princípio, na etapa de escavação dos furos de sondagens e

dos poços de monitoramento, amostras de solo deformadas foram sendo coletadas

ao longo da linha de perfuração, como mostra a Figura 4.12. Por uma análise tátil-

visual de cor, textura e plasticidade, uma quantidade de solo foi identificada e

acondicionada em sacos plásticos e encaminhados ao Laboratório de Geotecnia e

Meio Ambiente da PUC-Rio (LGMA/PUC-Rio).

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Figura 4.12 – Coleta de solo deformado em sacos plásticos.

Em um segundo momento, amostras de solo foram coletadas por meio de

liners cravados no solo através do martelo elétrico, como mostra a Figura 4.13.

Estas amostras serão aqui designadas de pseudo-indeformadas, pois não se

apresentam totalmente indeformadas devido aos meios de coleta. Os

equipamentos necessários nesta operação foram: extrator da marca Sondeq; hastes

rosqueáveis de aço; martelo elétrico da marca Hilti; liners plásticos do tipo

Geoprobe® de 38mm de diâmetro. A energia para o funcionamento do martelo

elétrico foi fornecida pelo gerador à gasolina Honda EP5000CX de 5KVA.

Figura 4.13 – Coleta de amostras pseudo-indeformadas de solo através do liner (à esquerda) cravado por martelete (à direita).

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Algumas cravações do liner, devido à resistência do solo ser menor, foram

feitas usando um martelo manual Geoprobe®, manual slide hammers, de massa

25kg, conforme mostra a Figura 4.14.

Algumas amostras de solo não foram possíveis de ser coletadas devido à

resistência da camada e por estarem numa zona saturada. Àquelas possíveis de ser

coletadas foram utilizadas para a elaboração do perfil estratigráfico e para a

determinação dos índices físicos (Figura 4.15).

Figura 4.14 – Cravação do amostrador utilizando o martelo manual.

Figura 4.15 – Amostra pseudo-deformadas coletadas no sítio experimental.

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No instante da coleta, parte da cada amostra do liner contendo solo foi

recortada e determinada a massa do conjunto (solo + liner), como mostra a Figura

4.16. Essa medida foi realizada ainda em campo utilizando uma balança digital da

marca Marte de resolução 0,01g, alimentada por um inversor DC–AC com 300W

de potência e uma bateria automotiva de 12V e 55A da marca Moura.

Figura 4.16 – Determinação on site da massa de solo coleta no sítio experimental.

Diante dos valores da massa e do volume de parte do solo, obtidos do

recorte do liner, foi possível calcular o seu peso específico, conforme a equação

20:

(20)

em que:

W – peso da amostra de solo e

V – volume da amostra de solo.

A porosidade (n) de cada amostra de solo coletada é calculada com base na

determinação do teor de umidade (ω), peso específico seco (γd) e da densidade dos

grãos (Gs) das respectivas amostras, de acordo com as equações abaixo:

DBD
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Materiais e Métodos 79

(21)

(22)

(23)

em que:

e – índice de vazios e

γw – peso específico da água é igual a 9,81KN/m3.

Para o cálculo do peso específico seco é necessário o valor da umidade

natural, que foi determinada com aquela amostra de solo recortada do liner,

seguindo a norma NBR 6457/1986 – Amostras de Solo – Preparação para ensaios

de compactação e ensaios de caracterização. Também foi determinada a densidade

dos grãos (Gs) pela razão da massa específica do solo, a uma dada temperatura de

ensaio, e a massa específica da água a uma temperatura de 20°C, sendo necessária

a determinação da massa específica do solo seguindo a NBR 6508/1984 – Grãos

de solos que passam na peneira de 4,8mm – Determinação da Massa Específica.

Ambas as determinações foram realizadas no LGMA/PUC-Rio.

4.1.4 Ensaios de condutividade hidráulica

Os ensaios de condutividade hidráulica realizados em campo foram por

meio do permeâmetro de Guelph, executado ao redor de cada um dos quatro

poços de monitoramento, e o slug test, executado em cada poço mediante uma

coluna d’água.

4.1.4.1 Permeâmetro de Guelph

O permeâmetro de Guelph usado no trabalho de campo foi o modelo

2800K1. A sequência de fotos da Figura 4.17 ilustra o fácil manuseio deste

equipamento.

Em A, a caixa em PVC para transporte do permeâmetro; em B, perfuração

do furo a uma profundidade desejada através de trado manual; em C, limpeza e

regularização do furo com o trado cilíndrico; em D, aplicação de ranhuras nas

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Materiais e Métodos 80

paredes do furo com uma escova de cerdas semi-flexíveis; em E, montagem do

permeâmetro de Guelph ligando o tubo de acrílico à garrafa de Mariotte; em F,

enchimento dos reservatórios com água; em G, fixação e nivelamento do

permeâmetro no tripé sobre o furo e, em H, realização das leituras até se obter

intervalos constantes.

Figura 4.17 – Manuseio do Permeâmetro de Guelph no sítio experimental.

A B

C D

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Figura 4.17 (continuação) – Manuseio do Permeâmetro de Guelph no sítio experimental.

Alguns experimentos deste equipamento são descritos por Aguiar (2006)

que relata o uso do Permeâmetro de Guelph em leiras de lixo na usina de

reciclagem da Comlurb em Jacarepaguá no Rio de Janeiro; em aterros sanitários

de Santo Amaro em São Paulo. Lisboa (2005) comparou os valores da

condutividade hidráulica não saturada fornecidos pelo permeâmetro de Guelph

com os valores obtidos em laboratório.

E F

G H

DBD
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Materiais e Métodos 82

Neste ensaio foram efetuados furos próximos aos poços de monitoramento,

a uma profundidade média de 0,30m na primeira camada de solo. A determinação

da condutividade hidráulica saturada de campo teve por base as fórmulas descritas

por Reynolds e Elrick (1986), discutidas no item 2.2.1.1. A Figura 4.18 apresenta

o método para os cálculos desta condutividade.

CLIENTE: ENSAIO Nº:

PROJETO:

LOCAL:

TÉCNICO RESP.:

RESERVATÓRIO INTERNO (Y= 2,17cm2) (pol.)

RESERVATÓRIOS COMBINADOS (X = 35,39cm2) (cm)

Considerações para Cálculo:

a = Raio do poço (cm).

Cálculo da Condutividade Hidráulica Saturada de Campo

(Elrick et al., 1989)

• Método 1:

C1 = C2 =

G2 = H1 x C2 / pi[2 x H1 x H2(H2-H1) + a2(H1 x C2 - H2 x C1)]

cm-2 cm-2

Q1 = A trans x R1 cm3/s

Q2 = A trans x R2 cm3/s

+ a2(H1 x C2 - H2 x C1)]

φm = J1 x Q1 - J2 x Q2 φφφφm = cm3/s

Kfs = G2 x Q2 - G1 x Q1 cm/s

• Método 2:

Kfs = (C x Qs) / [2 x pi x H2 + C x pi x a2 + (2 x pi x H / α*)]

α* =

cm/s

12

Kfs =

0,059J1 =

J2 = J1 x [(2 x H12 + a2 x C1) x C2] / [(2 x H2

2 + a2 x C2) x C1]

J2 = 0,023

Kfs = -

-1,21E-04

6,43E-05

Petrobras

G2=

G1 = G2 x [(H2 x C1) / (H1 x C2)]

G1=

Q1=

Q2=

J1 = (2 x H22 + a2 x C2)C1 / 2 x pi[2 x H1 x H2(H2 - H1) +

00:05:00

0,003

Taxa constante de fluxo, obtida quando R2 possui o

mesmo valor em 3 leituras com intervalos de tempo consecutivos (cm/s).

Área transversal do reservatório interno (cm2).

Área transversal do reservatório (cm2) podendo ser X ou Y definido de acordo com cada ensaio.

1º carga hidráulica estabelecida no furo (cm).H1 =

H2 = 1º carga hidráulica estabelecida no furo (cm).

R1 = Taxa constante de fluxo, obtida quando R1 possui o

mesmo valor em 3 leituras com intervalos de tempo consecutivos (cm/s).

23,00

Condutividade hidráulica saturada (cm/s).

10,00Nível de Água no Poço (cm) =

Tempo t (s)

Leitura Nível Reservatório

h (cm)

Taxa ∆∆∆∆ Nível Reservatório ∆∆∆∆h/∆∆∆∆t (cm/s)

Atrans=

Área transversal de 2 reservatórios (cm2).X=

0,003

0,001

0,001

0,001

0,00300:04:30

00:05:00

00:05:30

8,50

8,60

8,70

00:04:00

8,00

8,10

8,20

8,30

8,32

8,34

8,36

8,40

00:00:30

00:03:30

7,90 -

0,003

-56,00000:00:00

00:00:20

00:02:00

00:01:00

56,700

0,003

0,003

0,035

0,02057,9000,003

00:01:00

00:01:20

00:02:30

00:03:00

5,00

Tempo t (s)

Leitura Nível Reservatório

h (cm)

Taxa ∆∆∆∆ Nível Reservatório ∆∆∆∆h/∆∆∆∆t (cm/s)

Nível de Água no Poço (cm) =

00:00:00

00:01:30

0,001

0,0100

C1, C2 =

Φm =

α =

0,010

Parâmetro alfa, expresso em cm-1.

0,010

0,015

0,010

0,010 Kfs =

Fluxo Potencial Mátrico, expresso em cm2/s.

Y=

COORD N: COTA:COORD E:

07/11/2010DATA EXECUÇÃO:São Sebastião do Passé

Pesquisa de Mestrado EMPRESA EXECUTORA:

R2 = 0,025

0,015

C =

X

I N F O R M A Ç Õ E S G E O M É T R I C A SC O N D I Ç Õ E S D O E N S A I O

2,36

PROFUNDIDADE DO FURO:

DIÂMETRO DO FURO:

AUXILIAR:

0,015

0,010

60,200

59,400

59,600

59,800 0,010

0,010

0,015

60,000

0,010

00:01:40

00:03:00

00:03:20

00:03:40

00:04:00

00:04:20

00:04:40

57,200

57,500

59,000

59,200

58,700

58,200

58,500

Fator C correspondente a H1/a e H2/a, respectivamente.

60,400

Taxa constante de fluxo

(R1) 3 leituras consecutivas:0,0030

Taxa constante de fluxo

(R2) 3 leituras

LAMMAPUC-Rio

PERMEÂMETRO DE GUELPHENSAIO DE CAMPO

EN-PM01

Parâmetro C, proporcional H/a (Gráfico C x H/a)

00:02:00

00:02:20

00:02:40

00:00:40

0,842058552 1,290234132

0,0048687 0,0063550

0,0065

0,0217

Figura 4.18 – Método de determinação da condutividade hidráulica saturada de campo por meio do Permeâmetro de Guelph.

DBD
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Materiais e Métodos 83

4.1.4.2 Slug test

A caracterização de diferentes meios hidrogeológicos pelo método slug test

vem sendo utilizada por pesquisadores e empresa de consultoria ambiental.

Soares, Cunha e Leite (2008) realizaram ensaios para determinação da

condutividade hidráulica em áreas de postos de abastecimento localizados em

indústrias metalúrgicas no Rio de Janeiro; Oliva (2006) utilizou o método slug test

no Aquífero Rio Claro; Butler Júnior, Garnett e Healey (2003) analisaram o slug

test em formações de alta condutividade com poços parcialmente penetrantes e

demostraram que o erro introduzido nas estimativas de kr é insignificante desde

que sejam tomadas as seguintes medidas: rapidez no início do ensaio devido à

resposta do meio bastante permeável; repetição do ensaio nos poços para

comprovar que a dependência da carga Ho pode ser desprezível; e por fim, o

transdutor deve ser posicionado próximo ao nível estático da água (< 0,5m) para

evitar correção das curvas pela aceleração da coluna d’água.

Para determinação da condutividade hidráulica do maciço foi usado um

transdutor de pressão Keller, com faixa de trabalho de 50KPa (5mca), um data

logger Almemo 2290-8, um inversor DC–AC de 300W de potência alimentado

por uma bateria automotiva de 12V e 55A da marca Moura, conforme ilustra a

Figura 4.19.

Figura 4.19 – Transdutor de pressão (à esquerda) e data logger (à direita).

A Figura 4.20 mostra o ensaio realizado no poço de monitoramento 1 no

sítio experimental.

DBD
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Materiais e Métodos 84

Figura 4.20 – Execução do slug test no PM1 do sítio experimental.

Durante a realização deste ensaio, em três poços foi adicionado um

determinado volume de água, pois não foi possível utilizar o cilindro sólido,

conforme descrito no item 2.2.1.2, para provocar a carga no poço porque o

diâmetro do tubo geomecânico é menor do que o do cilindro. Com esta adição do

volume de água foi medida a descarga do líquido no maciço. Em um poço, devido

à baixa condutividade hidráulica do solo, optou-se pela retirada de água, sendo

então medida a recarga do poço.

Vale destacar a necessidade de calibração do transdutor, transformando os

valores medidos pelo data logger em unidade de milibar (mbar) para metros de

coluna d’água (mca). A calibração foi realizada por uma coluna d’água de 2m

com carga e descarga desta coluna, como mostra a Figura 4.21. Os dados medidos

pelo data logger, através do acréscimo e retirada de 10cm de água, foram

lançados em um gráfico (carga/descarga vs coluna d’água) obtendo-se a equação

da reta de transformação de unidades, como mostra a Figura 4.22.

Figura 4.21 – Calibração do transdutor de pressão.

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Materiais e Métodos 85

A determinação da condutividade hidráulica por este ensaio teve por base o

método de Hvorslev, descrito no item 2.2.1.2. A Figura 4.23 apresenta o

procedimento para os cálculos desta condutividade.

Figura 4.22 – Gráfico de calibração do transdutor de pressão.

Profundidade Variação

de água Nível d'água

(s) (s) (m) (m)

Nivel estático 1,408

10:14:05 0 2,038 0,63 1,000

10:14:10 5 1,923 0,52 0,818

10:14:15 10 1,798 0,39 0,620

10:14:20 15 1,743 0,34 0,532

10:14:25 20 1,693 0,29 0,453

10:14:30 25 1,656 0,25 0,393

10:14:35 30 1,623 0,22 0,342

10:14:40 35 1,597 0,19 0,301

10:14:45 40 1,575 0,17 0,266

10:14:50 45 1,558 0,15 0,238

10:14:55 50 1,542 0,13 0,213

10:15:00 55 1,532 0,12 0,197 r (m) = 0,0254

10:15:05 60 1,522 0,11 0,182 R (m) = 0,0508 Valor K (m/s) = 2,371E-05

10:15:10 65 1,516 0,11 0,172 Le (m) = 1,73 Valor K (cm/s) = 2,371E-03

10:15:15 70 1,509 0,10 0,160 To (s) = 27,745

10:15:20 75 1,503 0,10 0,152

10:15:25 80 1,498 0,09 0,144 To = tempo para a agua elevar ou baixar 37% do valor inicial (aumentando ou diminuindo)

10:15:30 85 1,494 0,09 0,137

10:15:35 90 1,492 0,08 0,134

10:15:40 95 1,488 0,08 0,127 Solução Equação quadrática

10:15:45 100 1,485 0,08 0,122

10:15:50 105 1,482 0,07 0,117 A 0,00060 r1 23,3541871

10:15:55 110 1,479 0,07 0,114 B -0,0408 r2 44,6458129

10:16:00 115 1,476 0,07 0,109 C 0,9956

10:16:05 120 1,473 0,07 0,104 C' 0,6256

10:16:10 125 1,471 0,06 0,101

10:16:15 130 1,468 0,06 0,096

10:16:20 135 1,466 0,06 0,093

10:16:25 140 1,464 0,06 0,089

10:16:30 145 1,462 0,05 0,086

10:16:35 150 1,460 0,05 0,083

10:16:40 155 1,458 0,05 0,079

10:16:45 160 1,457 0,05 0,078

10:16:50 165 1,454 0,05 0,074

10:16:55 170 1,453 0,05 0,073

10:17:00 175 1,452 0,04 0,071

10:17:05 180 1,451 0,04 0,069

Tempo

LAMMA

h/hoTempo

0,010

0,100

1,0000 100 200 300 400 500

h/h

o

T empo (s)

y = 0,0006x2 - 0,0408x + 0,9956R² = 0,995

0,000

0,200

0,400

0,600

0,800

1,000

1,200

0 10 20 30 40

R

r

GravaLe

CasingNF

Figura 4.23 – Método de determinação da condutividade hidráulica pelo slug test.

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4.1.5 Levantamento geofísico

O equipamento de investigação geofísica utilizado na pesquisa foi o modelo

Ramac, da marca MalaGeoscience, composto de 2 antenas RTAs (Rough Terrain

Antennas) de 50 e 100MHz, baterias recarregáveis, monitor tipo Mala XV 11,

unidade de controle do tipo Mala ProEx Expansion e um hodômetro do tipo Mala

Hip Chain. Para o processamento dos dados utilizou-se o RadExplorer Software

(Figura 4.24).

Figura 4.24 – Unidade de controle (à esquerda) e monitor (à direita).

O método de operação do GPR utilizado no sítio experimental foi o de perfil

de reflexão com afastamento ou commom offset para mapear o bordo esquerdo da

estrada no sentido pista-poço, conforme mostra a Figura 4.25.

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Materiais e Métodos 87

Figura 4.25 – Operação com GPR no sítio experimental pelo método commom offset.

4.1.6 Modelagem geológica

A descrição estratigráfica realizada durante a perfuração dos furos de

sondagens e dos poços de monitoramento foi empregada para a elaboração de

modelos geológicos tridimensionais utilizando o programa computacional

RockWorks®, desenvolvido pela Rockware Inc.

Neste programa há uma série de métodos numéricos ou algoritmo para a

geração de modelos, sendo escolhido o método do inverso da distância. Neste

método o valor de cota de cada elemento é calculado pela média ponderada dos

valores de cota dos elementos mais próximos. Esta média é ponderada pelo

inverso da distância entre os pontos. Esta interpolação é usada para atenuar a

influência de pontos distantes, sendo utilizado para geração de modelos digitais de

terrenos (ALLESSI, 2010).

Para elaboração do modelo geológico, inicia-se pela criação de um banco de

dados onde é possível inserir as coordenadas geográficas e altitudes dos pontos, os

níveis d’água, estratigrafia, litologia do solo. Assim, a partir dos dados dos cinco

furos de sondagens e dos quatro poços de monitoramento foi criado um banco de

dados e, através da compilação destes dados, foram gerados os modelos

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Materiais e Métodos 88

geológicos tridimensionais dos perfis das sondagens, dos poços de

monitoramento, cortes em seções, que contribuíram para a interpretação da

distribuição espacial da geologia do sítio experimental.

4.2 Ensaios de laboratório

Neste tópico estão descritos os procedimentos realizados em laboratório a

fim de caracterizar o material coletado em campo. Estão incluídos: caracterização

física e mineralógica.

4.2.1 Caracterização física

Algumas propriedades do solo são essencialmente úteis e para suas

determinações foram executados ensaios de caracterização física, sendo

executados no LGMA/PUC-Rio. Os ensaios realizados foram: massa específica

dos grãos, análise granulométrica, limites de Atterberg, teor de matéria orgânica,

teor de umidade natural.

As amostras deformadas usadas para o ensaio foram preparadas conforme os

procedimentos da ABNT relacionadas a seguir:

• NBR 6457/1986 – Amostras de Solo – Preparação para ensaios de

compactação e ensaios de caracterização;

• NBR 6508/1984 – Grãos de solos que passam na peneira de 4,8mm –

Determinação da Massa Específica;

• NBR 7181/1984 – Solo – Análise granulométrica;

• NBR 6502/1995 – Rochas e solos;

• NBR 7180/1984 – Solo – Determinação do limite de plasticidade;

• NBR 6459/1984 – Solo – Determinação do limite de liquidez.

• NBR 13600/1996 – Solo – Determinação do teor de matéria orgânica por

queima a 440°C.

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4.2.1.1 Massa específica dos grãos

Por meio de amostras deformadas de solo, a execução do ensaio para

determinação da massa específica dos grãos seguiu as NBR 6457/1986 e NBR

6508/1984.

Após a perda da umidade higroscópica em estufa a 110°C, uma massa de

25g de solo passante na peneira 0,42mm (#40) foi colocada no picnômetro de

250cm3, completando-se com água destilada até uma determinada altura. As

bolhas de ar, presentes dentro do picnômetro, foram retiradas através da sucção

com a bomba a vácuo. Em seguida foi completado todo o volume do picnômetro

com água destilada e deixado em repouso até atingir uma temperatura constante.

Finalmente determinou-se a massa do picnômetro + solo + água e através de

fórmulas matemáticas foi calculada a massa específica do solo.

Os valores da densidade dos grãos (Gs) foram determinados pela razão da

massa específica do solo, a uma dada temperatura de ensaio, e a massa específica

da água a uma temperatura de 20°C.

4.2.1.2 Análise granulométrica

O ensaio da análise granulométrica foi realizado de acordo com a NBR

6457/1986 e NBR 7181/1984. Através de uma análise tátil-visual, ficou verificado

que o solo em estudo é composto de uma fração grossa e fina e, dessa forma, o

ensaio foi executado por meio da granulometria conjunta, ou seja, peneiramento e

sedimentação em um mesmo ensaio. A faixa granulométrica dos solos analisados

seguiu a NBR 6502/1995.

Na etapa da sedimentação foram utilizadas massas de 70g para solos

argilosos e siltosos ou 120g para solos arenosos, ambas passantes na peneira 2mm

(#10) e deixadas, por um período mínimo de 12 horas, em 125cm3 de

hexametafosfato de sódio com concentração de 45,7g do sal por 1000mL de

solução. Após esse tempo, o material foi submetido à dispersão mecânica por 15

minutos e vertido na proveta de 1000mL, sendo completado o volume com água

destilada. Com movimentos manuais rotativos, o material foi agitado para serem

procedidas às leituras com auxílio de um densímetro. Feita a última leitura,

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transcorrida 24 horas após o início da sedimentação, o material retido na peneira

0,075mm (#200) foi submetido a uma lavagem e colocado na estufa a 110°C.

Dessa amostra de solo retida foi executado o peneiramento fino.

4.2.1.3 Limites de Atterberg

Para caracterizar o comportamento solo/água, os ensaios de limite de

plasticidade e limite de liquidez foram executados conforme as NBR 6457/1986,

NBR 7180/1984 e NBR 6459/1984.

Para o ensaio de limite de liquidez, uma pasta consistente e homogênea,

originada da mistura de solo passante na peneira 0,42mm (#40) e incrementos de

água destilada, foi rasada na concha do aparelho de Casagrande e com auxílio de

um cinzel foi aberto uma ranhura na parte central da concha. Golpes foram dados

através do giro da manivela até que a ranhura fechasse cerca de 10mm. Uma

pequena amostra de solo da concha, próxima a essa união, foi coletada para

determinação da umidade.

Uma amostra da pasta formada do ensaio anterior foi tomada para execução

do ensaio de limite de plasticidade. Sobre uma placa de vidro, cerca de 10g da

pasta foi rolada até formar um cilindro de 3mm de espessura e 100mm de

comprimento, conforme o gabarito. Quando atingiu estas dimensões, o cilindro foi

posto na estufa para determinação da umidade.

4.2.1.4 Teor de matéria orgânica

Para determinar a matéria orgânica presente nas amostras de solo coletadas

em campo foi seguido a NBR 13600/1996.

Após homogeneização, foi determinada uma massa de aproximadamente

50g de solo, determinado suas umidades em estufa a 110°C e postos na mufla a

440°C por um período de 12 horas consecutivas. Passado esse tempo, as amostras

foram pesadas e, assim, obtidos o teor de material orgânico presente no solo.

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Materiais e Métodos 91

4.2.1.5 Teor de umidade natural

Com as amostras coletadas através do amostrador cravado, discutidos no

item 4.1.3, a umidade natural foi determinada seguindo a NBR 6457/1986.

4.2.1.6 Lâminas petrográficas

Os trabalhos de petrografia constitui uma ferramenta importante e específica

para a modelagem do espaço poroso dos solos por meio de técnicas de

impregnação com resinas coloridas. Neste sentido, amostras para caracterização

petrográfica foram impregnadas, segundo descreve Cesero, Mauro e De Ros

(1989), e confeccionadas lâminas delgadas para posterior análise através de

microscopia óptica e eletrônica de varredura.

Amostras de solo foram coletadas através de liners cravados e cada uma

delas foi registrada com a identificação do ponto de coleta em relação ao poço de

monitoramento, à profundidade da coleta e à estratigrafia.

A partir da amostra coletada (Figura 4.26A), são cortados paralelepípedos

com dimensões aproximadas de 2x3,5x1,5cm, denominados “tijolinho”, conforme

mostrado na Figura 4.26B. Em seguida, a impregnação consiste na introdução de

uma resina líquida que, após algumas horas, tem a propriedade de solidificar por

polimerização no interior dos poros. Para destacar os poros, adiciona-se um

corante para colorir a resina e consequentemente o espaço poroso, sendo utilizado

o azul de metileno.

Seguida da impregnação, desbasta-se a face da amostra em politrizes

utilizando uma pasta de abrasivos e água, até a mesma ficar completamente plana

e livre de epóxi.

A operação de montagem consiste em colar à superfície desbastada da

amostra no centro de uma lâmina de vidro retangular plana e levemente fosca de

dimensões 2,5x4,5x0,2cm, como mostrada na Figura 4.26C. Para garantir uma

colagem perfeita, as lâminas devem estar limpas sem vestígios de material

gordurante. Após a secagem da cola, realiza-se a gravação da amostra com caneta

de diamante no verso e próximo à borda.

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Materiais e Métodos 92

Na etapa de corte, a amostra colada na lâmina é cortada até uma espessura

inferior a 2mm e perfeitamente paralela à superfície da lâmina, conforme

mostrada na Figura 4.26D.

A operação final consiste em rebaixar a amostra colocada na lâmina até uma

espessura de 100micra através de uma série de politrizes e de abrasivos. Em

seguida, o acabamento e o polimento são feitos até a amostra atingir a espessura

de 30micra. A perfeita lâmina deve estar dentro da espessura padrão, paralela,

polida e sem aparas, como mostra a Figura 4.26E.

Figura 4.26 – Sequência esquemática da preparação de lâminas impregnadas de amostras integrais (modificado de PETROBRAS/CONTEC, 1985 apud modificado de CESERO, MAURO; DE ROS, 1989).

Todo o procedimento de confecção das lâminas petrográficas foi realizado

no Laboratório de Laminação do Departamento de Geologia da UFRJ. A análise

das lâminas ocorreu no Laboratório de Processamento Digital de Imagens (LPDI)

do Departamento de Engenharia de Materiais da PUC-Rio. O microscópio óptico

utilizado foi da marca Zeiss, modelo AXIO Imager.M2m com uma câmera

acoplada AxioCam MRc5 que possui resolução de 1292x968 pixels com 24 bits

RGB. Para o controle do microscópio e da câmera foi utilizado o programa

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Materiais e Métodos 93

computacional AxioVision, desenvolvido pela Carl Zeiss Vision. O microscópio

óptico pode ser visto na Figura 4.27.

Figura 4.27 – Microscópio óptico da marca Zeiss modelo AXIO Imager.M2m (PUC-Rio).

4.2.2 Caracterização mineralógica

Para determinação mineralógica do solo foi realizado o ensaio de difração

de raios X e para identificação quantitativa dos elementos presentes no solo, o

ensaio de espectrometria de fluorescência de raios X.

4.2.2.1 Difração de raios X

Para realização deste ensaio foram confeccionadas lâminas próprias para o

difratômetro de raios X preparadas conforme o Manual de Métodos de Análise de

Solo da Embrapa (1997). Uma massa de 50g de solo passante na peneira 0,42mm

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(#40) foi misturada ao hexametafosfato de sódio com concentração de 45,7g do

sal por 1000mL de solução e deixada em repouso por um período de 12 horas.

Após esse tempo, o material foi submetido à dispersão mecânica por 5 minutos e

vertido na proveta de 1000mL, sendo completado o volume com água destilada.

Transcorrido um repouso de 24 horas, uma coluna líquida dos primeiros

20cm da mistura foi retirada da proveta e armazenada em beckers para evaporação

do liquido restante. Gotejos da mistura foram pingados, com auxílio de uma

pipeta, em lâminas e postas para secagem em temperatura ambiente, conforme

ilustra a Figura 4.28, confeccionando-se assim as lâminas naturais.

Figura 4.28 – Preparação das lâminas para ensaio de difração de raios X.

Em um outro método de preparação, as lâminas naturais foram submetidas a

solvatação por etilenoglicol (glicolagem). Seguindo a mesma metodologia de

preparação de lâminas descrita anteriormente, as mesmas foram colocadas em um

dissecador, contendo 100mL de etilenoglicol, e aplicado sucção com bomba a

vácuo durante 2 horas, como mostra a Figura 4.29. Ao fim desse tempo, as

lâminas permaneceram por 24 horas dentro do dissecador, somente sendo

retiradas no momento da realização do ensaio no difratômetro.

A difração de raios X também foi realizada com lâminas naturais utilizadas

anteriormente no difratômetro, sendo aquecidas em mufla a uma temperatura de

350°C. Este aquecimento tem a função de eliminar as moléculas de água

adsorvidas nos argilominerais, podendo assim ser identificado minerais

expansivos.

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Figura 4.29 – Lâminas submetidas à solvatação por etilenoglicol.

O ensaio no difratômetro foi realizado no Laboratório de Difração de Raios

X pertencente ao Departamento de Engenharia dos Materiais da PUC-Rio. O

equipamento, mostrado na Figura 4.30, é um modelo Siemens D5000 com anodo

de cobre 1.5406Å, 40KV e 30mA. As leituras do difratogramas foram realizadas

em ângulos 2θ que variaram de 0 a 30°, numa velocidade de 0,02°/segundo.

Figura 4.30 – Difratômetro de raios X modelo Siemens D5000 (PUC-Rio).

4.2.2.2 Espectrometria de fluorescência de raios X

O ensaio de espectrometria fluorescência de raios X foi realizado a partir de

amostras de solo passantes na peneira 0,42mm (#40) que foram homogeneizadas e

em seguida adicionadas em quantidades suficientes dentro de uma cubeta até

cobrir todo o mylar (filme plástico). A cubeta deve ser lacrada com um anel para

total vedação.

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Materiais e Métodos 96

Através deste ensaio foi possível determinar, principalmente, os teores de

óxidos de sílica, alumínio, ferro, potássio, cálcio.

Na Figura 4.31 pode ser visto as cubetas com o mylar prontas para serem

levadas ao equipamento de análise. Também pode ser visto os tubos falcon

utilizados para o armazenamento das amostras de solo.

Figura 4.31 – Cubetas e tubos falcon.

O ensaio no espectrofotômetro foi realizado no Laboratório de

Caracterização de Combustíveis pertencente ao Departamento de Química da

PUC-Rio. O equipamento usado foi um espectrofotômetro de fluorescência de

raios X de energia dispersiva, marca Schimadzu modelo EDX-700, como mostra a

Figura 4.32.

Figura 4.32 – Espectrofotômetro de fluorescências de raios X modelo EDX – 700 (PUC-Rio).

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