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REPUBLICA DE ANGOLA
TRIBUNAL CONSTITUCIONAL
ACORDAO N. o 416/ 2016
PROCESSO N° 522-C/2016 (processo relativo a Partidos Politicos e Coliga~oes) - Recurso para 0
Plemirio
Em nome do povo, acordam, em Conferencia, no Plemirio do Tribunal Constitucional:
I. RELATORIO
Emanuel Teodoro Chambassuco subscreveu 0 requerimento dirigido ao Juiz Conselheiro Presidente, datado de 8 de Mar~o de 2016, solicitando 0 credenciamento da Comissao Insta1adora do Partido Movimento Unido 4.: Social Juvenil para a Democratiza~ao de Angola - MUSJ-DA, conforme fls. 11, juntando para 0 efeito os documentos de fls . 13 a 103 dos autos. 0 " requerimento mereceu indeferimento pe10 Juiz Conselheiro Presidente, 0 que . \L-1evou 0 subscritor a interpor recurso para 0 P1enario do l'Tribunal ~Constituciona1, nos termos do n.o 4 do artigo 12.° da Lei n.O 22/10, de 3 de l ~ ;J., Dezembro - Lei dos Partidos Politicos - LPP. O~ (f.
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o requerimento de credenciamento da Comissao Insta1adora do referido Partido foi rejeitado pe10 Juiz Conselheiro Presidente do Tribunal Constituciona1, por nao conter os elementos previstos por lei para a sua admissao, nos termos do n.o 2 do artigo 12.° da LPP, nomeadamente:
a) Os documentos exigidos para que a Comissao Instaladora seja credenciada, nos termos da alinea c) do n.o 2 do artigo 12.0 da LPP, nao foram correctamente apresentados;
b) Nao foi indicado enderec;o certo para efeitos de recebimento de notificac;oes, nos termos da aline a d) do n° 2 do artigo 12.0 da LPP;
c) 0 local indicado como sede do partido e a cidade do Lobito, Provincia de Benguela, em vez de Luanda, capital da Republica de Angola, violando 0 disposto no n° 1 do artigo 11.0 da LPP;
d) Nao apresentou documentos comprovativos do patrim6nio e dos recursos fmanceiros de que dispoe para 0 inicio da sua actividade, nao cumprindo 0 disposto na alinea e) do n° 2 do artigo 12.° da LPP.
o Recorrente, inconformado, interp6s recurso para 0 Plemirio do Tribunal Constitucional, referindo no essencial que:
a) As informac;oes prestadas pelo Gabinete dos Partidos Politicos do Tribunal Constitucional ao Venerando Juiz Conselheiro Presidente "foram dadas de forma deturpada ou inseridas de ma-fe para ludibriar o Venerando Juiz Conselheiro Presidente ao tomar tal decisao";
b) 0 Juiz Conselheiro Presidente, no seu espirito humanista, deveria ter dado mais uma oportunidade ao Recorrente, antes de decidir rejeitar 0
credenciamento da Comissao Instaladora; c) Nao obstante as frequentes deslocac;oes feitas ao Gabinete dos Partidos 11
Politicos do Tribunal Constitucional, apenas foram notificados do despacho de rejeic;ao do Venerando Juiz Conselheiro Presidente, datado de 28 de Julho de 2016, no dia 16 de Agosto de 2016; t \ L-
d) A indicac;ao nos estatutos de que 0 MUSJ-DA tern como sede de base~(j--r . Benguela, Municipio do Lobito, e urn lapso, pois 0 que pretendiam dizer e que 0 MUSJ-DA tern sede embrionaria de base em Benguela, Municipio do Lobito; ~
e) A sede do partido sera na rua do laborat6rio de Engenharia de AngOla,~ em Luanda, onde foram encontradas varias residencias para J
arrendamento, s6 nao foi ainda consolidado 0 arrendamento por aguardarem uma resposta de aceitac;ao ou de rejeic;ao do Tribunal Constitucional, de forma a evitar perca de valores em caso de rejeic;ao, \J tendo em conta que os arrendamentos estao caros; 4_<.J!.~b-rc.~
f) Entende como bens, tudo que pode ser avaliado economicamente e/ /? que satisfac;a as necessidades humanas; dividindo-se em bens tangiveis, )
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os que tern existencia flxa, como cOlsas ou objectos (dinheiro, mercadoria para venda, im6veis, maquinas, veiculos, m6veis, equipamentos, etc.) e os intangiveis (marc as e patentes, aq:6es, quota de capitais), pe10 que entao questiona se a carrinha, cujas fotos e documentos se encontram no processo, nao pode ser considerada como patrim6nio.
o processo foi it vista do Ministerio Publico.
Colhidos os vistos legais, cumpre, agora, apreciar para decidir.
II. COMPETENCIA
o presente recurso foi interposto nos termos e com os fundamentos do n. ° 4 do artigo 12.0 da Lei n.o 22/10, de 3 de Dezembro - Lei dos Partidos Politicos, em conjuga~ao com a alinea b) do n.O 1 do artigo 64.°, da Lei n.o 3/08, de 17 de Junho - Lei do Processo Constitucional- LPC, que atribuem ao Plenario do Tribunal Constitucional competencia para apreciar, em sede de recurso, 0 despacho do Juiz Conselheiro Presidente que indefira 0 pedido de credenciamento da Comissao Instaladora de urn Partido Politico a constituir.
ill. LEGITIMIDADE . # Consagra 0 n.o 4° do artigo 12.° da LPP que cabe recurso para 0 P1enano do Iv p ' ";; Tribunal Constitucional do indeferimento do pedido de credenciamento da ' ~..x Comissao Instaladora de urn Partido Politico, pelo que 0 Recorrente, comoU ' parte interessada, tern legitimidade para apresentar 0 presente recurso. ~.
~ IV. OBJECTO
o recurso em causa tern como objecto 0 despacho do Juiz Conselheiro Presidente do Tribunal Constitucional que indeferiu 0 pedido de credenciamento da Comissao Instaladora do Partido Politico MUSJ-DA.
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v. APRECIANDO
Cabe ao Plenario do Tribunal Constitucional apreClar os fundamentos apresentados pelo Recorrente com vista a manter ou revogar 0 despacho de indeferimento do Juiz Conselheiro Presidente do Tribunal Constitucional.
A Lei n.o 22/10, de 3 de Dezembro - Lei dos Partidos Politicos estabelece, no n° 2 do seu artigo 12.°, quais os requisitos necessarios para 0 credenciamento de Comissoes Instaladoras, sendo que estao em falta os seguintes requisitos no processo submetido pelo Recorrente ao Tribunal:
a) Sede do partido na capital do Pais, n.o I do artigo 11.° da LPP; b) Endere<,::o certo para efeitos de recebimento de notifica<,::oes, alinea d)
do n.o 2 do artigo12.0 da LPP; c) Documentos comprovativos do patrimonio e dos recursos financeiros
de que dispoe para inicio da sua actividade, alinea e) do n.o 2 do artigo 12.° da LPP.
Em re1a<,::ao it sede, 0 Recorrente na sua exposi<,::ao come<,::a por dizer que 0 !...
partido a constituir tern sede embrionaria de base no Lobito, em contradi<,::ao com 0 disposto no n. ° 1 do artigo 11.° da LPP. Tendo conhecimento que a~[\t':f r~ cria<,::ao da sede na capital do Pais erequisito indispensave1, vern em sede de recurso dizer c1aramente, que aguarda urn despacho de aceita<,::ao por part€ r: ~ do Tribunal Constitucional, para posteriormente efectivar 0 arrendamento de W- (\ ., urn imovel e ai fixar a sede do partido a constituir.
---~~ "------' A cria<,::ao de uma Comissao Instaladora visa facilitar a actividade preparatoria de regis to do partido a constituir, no entanto, ainda que em fase preparatoria, a Comissao Insta1adora, ao solicitar 0 seu credenciamento deve ter ja uma sede criada, dai 0 disposto na a1inea d) do n.o 2 do artigo 12.° da LPP, em que se exige a indica<,::ao de endere<,::o certo, para efeitos de recebimento de notifica<,::oes, como urn dos requisitos necessarios it concessao \J""-'\ do credenciamento. Pressupoe-se que este endere<,::o certo seja aquele em que r'~
funcionara a sede do partido uma vez inscrito. . .' / ~
A falta de apresenta<,::ao de endere<,::o certo poe em causa 0 prmClplO da coopera<,::ao com os tribunais, previsto no n° 3 do artigo 174° da Constitui<,::ao
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da Republica de Angola - CRA, tendo em conta que cabe a todas as entidades privadas assegurar informa<;:6es que permitam ao orgao judicial 0 exercicio das suas fun<;:6es com normalidade.
o Recorrente apresentou como patrimonio e recurso financeiro do partido a constituir, uma carrinha de marca Toyota Tacoma registada em seu nome pessoal e ainda extracto bancario da sua conta pessoal.
Ora, parece ter havido uma rna interpreta<;:ao da lei, por parte do Recorrente.
A Lei n.o 22/10, de 3 de Dezembro - Lei dos Partidos Politicos, na alinea f) do n .O 2, do artigo 14.°, disp6e que aquando da apresenta<;:ao do pedido de inscri<;:ao de urn partido, deve acompanhar 0 pedido 0 comprovativo de valor pecuniario minimo, equivalente a KZ. 500.000,00 e patrimonio avaliado no mesmo valor, para inicio da sua actividade.
Neste sentido, ao ser solicitado a Comissao Instaladora a apresenta<;:ao de documentos comprovativos do patrimonio e dos recursos financeiros de que disp6e para 0 inicio da sua actividade, deveria 0 Recorrente apresentar urn patrimonio e recursos nos termos do supra citado artigo, reservados para adequada organiza<;:ao do trabalho preparatorio para a inscri<;:ao do partido, Jf: M alS, em momenta algum 0 Recorrente comprovou possurr melDS tecmcos "-1'
recolha de assinaturas e funcionamento dos membros da Comissao l/ Instaladora. .
( . )L..
~. . . , .
de apOlO ao trabalho a ser desenvolvido pela Comissao Instaladora, tais como computadores, impressoras, consumiveis de escritorio e outros " 6J)<\ materiais de suporte. ~
Diante das irregularidades e insuficiencias que se verificaram no processo, e facto que poderia 0 Juiz Conselheiro Presidente, caso assim 0 tivesse entendido, ter convidado, por despacho, 0 Recorrente a completar ou corrigir o seu requerimento. Porem, essa era uma mera faculdade (poder \,,~,\
discricionario) e nao uma obriga<;:ao legal, pe10 que entende este Plenario nao ~~
questionar 0 merito da decisao. !: 0/
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No entanto, e nao obstante 0 supradito, considera 0 Plemuio deste Tribunal que 0 indeferimento do presente recurso nao prejudica em nada a possibilidade de constitui<;:ao do partido MUSJ-DA, isso tendo em conta, que, por um lado, 0 pedido de credenciamento da Comissao Instaladora pode ser novamente apresentado observando os requisitos legalmente estabelecidos.
Por outro lado, 0 credenciamento de uma Comissao Instaladora e um processo facultativo, que visa fundamentalmente facilitar a actividade preparat6ria de inscri<;:ao do Partido junto do Tribunal Constitucional, nos termos do n° 1 do artigo 12° da LPP, sendo possivel, mesmo sem Comissao Instaladora, requerer-se a inscri<;:ao de um Partido Politico.
Ademais, 0 Recorrente e os cidadaos em geral disp5em, a todo 0 tempo, nos termos da Constitui<;:ao e da lei, de plena e total liberdade para formar um partido politico, desde que observados os requisitos e procedimentos legalmente estabelecidos para 0 efeito.
DECIDINDO
N estes tennos,
Tudo visto e ponderado, acordam, em Plencirio, os Juizes Conselheiros do o
Tribunal Constitucional em: 'l\1/.~l\. '\\'C()~t<lf< II) = ~N\\~ "('()~_ -t &0 f( ~o \L~~\\t\~V\M.. .Q.. )Q. ~ ~\\"f/h~ \ \\OW\~\L
@ &~ ~o ~tQt\~&v\ ~~ &> (\;~UL) c\~& ~
Q ~~c; C - & +-~- 1\JS Sem Custas (nos termos do artigo 15° da Lei n.o 3/08, de 17 de Junho, Lei
*" ~ ~~ &>~oc&o Q~~~~D O\J\K&~ ~'j\ flo
do Processo Constitucional).
Notifique.
Tribunal Constitucional, em Luanda, aos 8 de Dezembro de 2016.
OS JUiZES CONSELHEIROS
Dr. Ant6nio Carlos Pinto Caetano de S:=.ou~s+==7=S:::~:t=~~~¥~LL~-
Dr.a Luzia Bebiana de Almeida Sebastiao ' .' ~~--~--~----~~-----
Dr. RaU~ Carlos Vasques Araujo ~~ Dr. Sunao de Sousa Vlctor·__.:.~'::jt:::.==~::_S!::~~~r~~~_~~________
Dr.' Teresinha Lopes O~
Dr.a Guilhermina Prata (Re1atora) ----'dr=-"---'--'--'-1---'"--"-~~---+---
~I,..c-b-! Dr. Onofre Martins dos Santos__-tL~~~~~~=='::::=---___________
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