41047 - Problemas Sociais - (Apontamentos) Jorge Loureiro

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    41047 – Problemas Sociais

    Contemporâneos

    Apontamentos de: Jorge LoureiroE-mail: jorgel@sapopt

    !ata: 040"#00$

    %i&ro: Problemas Sociais Contemporâneos (Hermano Carmo – coord.)

    Nota:  Matéria referente ao ano lectivo 2007-2008 (Mestre Rosana Albuquerque)

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    1. Estudar os problemas sociais

    1.1. Dos problemas sociais aos problemassociológicos

    O que são problemas sociais !o"emos apresentar "es"e #$ "uas "efini%&esposs'veis seun"o Rubinton e *einber (+,,.)/ um problema social  éuma alea"a situa%ão incompat'vel com os valores "e um sinificativo n1mero"e pessoas/ que concor"am ser necess$rio air para a alterar3 !ara 4pector e5itsuse (cita"o em 6ester/ lin +,,+)/ um problema social  é constitu'"opelo con#unto "as ac%&es que in"iv'"uos ou rupos levam a cabo aoprosseuirem reivin"ica%&es relativamente a "etermina"as con"i%&esputativas3 As "uas "efini%&es são muito "iferentes nos seus pressupostos3nquanto que a primeira se centra na situação que é consi"era"a problema/ aseun"a "efini%ão privileia o processo pelo qual uma situa%ão é consi"era"acomo problema3

    9 "if'cil c:ear a uma "efini%ão consensual "o que se#a um problema social/quer ao n'vel "a reali"a"e social/ quer entre os soci;loos que se "e"icam aoseu estu"o/ porque a definição depende da perspectiva que se adopta3

    Os problemas sociais/ imbu'"os "e um significado social (porque se "efinemem fun%ão "e um con#unto "e valores sociais)/ ao passarem pelo crivo "ométo"o cient'fico/ a"quirem um significado sociológico/ isto é/ reflectemvalores sociol;icos relativos

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    1.1.1. A questão do positivismo versusrelativismo

    !ensamos ser fun"amental fa>er aqui uma primeira refleBão sobre ascon"i%&es epistemol;icas "o estu"o "os problemas sociais3 O

    con:ecimento sociol;ico po"e ser situa"o num cont'nuo epistemol;icoque vai "o !ositivismo ao Relativismo3

     A sociologia positivista  "efen"e a procura "e leis sociais (<semel:an%a "as leis "o mun"o natural) a partir "e um méto"o in"utivo-quantitativo/ e a"voa uma separa%ão absoluta entre a iCncia e aMoral/ isto é/ entre os factos e os valores (Hapassa"e/ Hourau +,7E)3

    !ara a ciCncia positivista é poss'vel con:ecer ob#ectivamente a reali"a"esocial/ uma ve> que eBistem crit!rios universais do con"ecimento eda verdade3 Ao abor"ar os problemas sociais/ a socioloia positivistaestu"a situações ob#ectivas, que são definidas como problemas emra$ão de caracter%sticas que l"e são próprias3 Ia' a necessi"a"e "ese con:ecerem as suas causas e "e se c:ear < elabora%ão "as leisque reem o fen;meno3

    Jo outro eBtremo "o cont'nuo est$ a posição relativista/ seun"o aqual não e&iste nen"um crit!rio universal para o con"ecimento epara a verdade3 Ko"os os critérios utili>a"os serão sempre internos aosistema coniscente e/ como tal/ serão relativos e não universais3onsequentemente/ a "efini%ão "o que se#a um problema social ser$sempre relativa/ ser$ antes "e mais um rótulo colocado adeterminadas situações/ e não uma caracter'stica inerente < situa%ãoem si mesma3

    omo resulta"o "esta arumenta%ão/ o estu"o "as causas ou "aetioloia "a situa%ão é "eiBa"o "e la"o ou secun"ari>a"o3 O que importaestu"ar é a definição sub#ectiva dos problemas sociais/ con:ecer osprocessos pelos quais uma "a"a situa%ão se torna problema social3

    1.1.'. A aplicabilidade da ciência e odesenvolvimento teórico

    Lm problema pressup&e uma solução3 O nascimento e "esenvolvimento"as ciCncias sociais/ particularmente "a socioloia/ "urante o século Nesteve intimamente lia"o ao estu"o "as preocupa%&es :umanas paraas quais os actores sociais pensaram e "esenvolveram solu%&es:umanas/ isto é/ sociais3

    Ies"e o in'cio/ os soci;loos tentam equacionar o que Rubinton e*einber (+,,E0) "enominam "e mandato duplo

    a) por um la"o/ dar atenção aos problemas e&istentes nasociedade/ numa perspectiva de correcção da realidadesocial/ através "os con:ecimentos emp'ricos a"quiri"os

    b) por outro la"o/ desenvolver teórica e metodologicamente asociologia enquanto ci(ncia3

    6ester e lin/ seuin"o Mat>a (6ester/ lin +,,.) consi"eram que o

    primeiro tipo "e perspectiva po"e ser "enomina"o "e sociologiacorrectiva/ que parte "os seuintes pressupostos

    .

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    • quivalCncia "e problema social a problema sociol;ico

    •  As quest&es sociol;icas "erivam "as preocupa%&es sociais

    • O ran"e ob#ectivo "o estu"o sociol;ico é a mel:oria "osproblemas sociais

    • !reocupa%ão central com as causas ou etioloia "os problemas

    • ompromisso com os princ'pios positivistas "a ciCncia

     Ao concentrar-se em respon"er < questão porque é que oscomportamentos acontecem/ não questiona porque é que as situa%&essão "efini"as como problema/ aceitan"o as "efini%&es socialmenteestabeleci"as3

    O man"ato "uplo "os soci;loos não "eve ser enten"i"o comomutuamente eBclusivo/ pois como #$ "efen"ia 5urt HePin/ uma boa teoriaé sempre pr$tica/ e a pr$tica emp'rica é sempre in"ispens$vel ao"esenvolvimento te;rico3 A separa%ão entre os "ois "om'nios é um falsoproblema3

     A questão "a aplicabili"a"e "a socioloia e "outras ciCncias sociais leva-nos a referir a posi%ão que muitos autores tomam "enomina"a "e)ociologia de *ntervenção (armo +,,, 6ess +,8E)3 A 4ocioloia "eNnterven%ão não é uma especiali"a"e ou ramo sociol;ico/ mas sim ummo"o "e ver o trabal:o "o cientista social que/ em ve> "e isolarassepticamente o investia"or "o seu ob#ecto "e estu"o/ o "esafia a sercontamina"o por este/ o leva a intervir activamente na reali"a"e queestu"a e a não separar os papéis "e investia"or e "e ci"a"ão3 +investigação social deve ser utili$ada para mel"orar a sociedade/seun"o princ'pios :umanistas "e soli"arie"a"e e "e liberta%ão3

    Ja 4ocioloia "e interven%ão/ a socioloia é um v'rus que toca a to"a a ente3 la"eve ser feita pelos pr;prios rupos sociais/ sen"o o soci;loo antes "e maisaquele que propaa o v'rus "o que aquele que pro"u> a socioloia como momentoparticular "o saber social3

     Ap;s esta breve intro"u%ão a "ois aspectos que consi"eramosfun"amentais para se perceberem as "iferentes aproBima%&essociol;icas ao estu"o "a reali"a"e social/ passamos a "escreveralumas perspectivas poss'veis "e estu"o e compreensão "osproblemas sociais/ para o que seuimos "e perto as sete correntessociol;icas propostas por Rubinton e *einber (+,,) na sua obra "es'ntese sobre esta matéria/ sen"o apresenta"as pela or"em cronol;ica

    em que "ominaram o pensamento sociol;ico norte-americano/ como"efen"em estes autores3

    Iivi"imos as perspectivas em "uas cateorias/ seun"o a lin:apositivista ou relativista que a"optam/ "e acor"o com o que foi eBpostoacima3

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    1.'. +s perspectivas de estudo dosproblemas sociais

    1.'.1. As perspectivas da Sociologia

    Positivista1.'.1.1. atologia )ocial

    Os avan%os e os sucessos "e "isciplinas #$ instala"as/ como abioloia e a me"icina/ influenciaram profun"amente os soci;loosa a"optarem a analogia do organismo ao seu ob#ecto "e estu"oa socie"a"e3 A"optaram iualmente um modelo m!dico dediagnóstico e de tratamento3 Os problemas sociais sãoenten"i"os como doenças ou patologias sociais3

    O pensamento oranicista/ cu#o autor mais consistente foi o

    britQnico -erbert )pencer / "efen"e que a socie"a"e e os seuselementos po"em sofrer malforma%&es/ "esa#ustamentos e"oen%as/ < semel:an%a "os oranismos vivos3 ste arumentopressup&e um esta"o "e sa1"e ou "e normalidade "o oranismo/sen"o que as pessoas e as situa%&es que interfiram com esteesta"o "e normal funcionamento "o oranismo social são assimconsi"era"os problemas sociais3

    !ara a corrente "a !atoloia 4ocial/ um problema social ! umaviolação de e&pectativas morais (Rubinton/ *einber +,,+,)3 A con"i%ão "e sa1"e ou normali"a"e "o oranismo é "efini"a porvalora%&es "o em e "o Mal3

     A patoloia po"e ser encontra"a no in"iv'"uo ou no maufuncionamento institucional3 Doi a perspectiva do -omemDelinquente "a escola positiva italiana "e criminoloia/ "on"e se"estacaram esare Hombroso/ Derri e =ar;falo (Iias/ An"ra"e+,8.)3

    Lma ve> que o problema est$ no in"iv'"uo/ é essencial que sei"entifiquem as caracter'sticas que "iferenciam o elemento "oente"aqueles que são normais3 !ara esare Hombroso/ era claro que aeBplica%ão "o comportamento criminal "os in"iv'"uos estava emcaracter%sticas fisiológicas  particulares/ como o taman:o "osmaBilares/ assimetria facial/ orel:as ran"es ou a eBistCncia "e um

    n1mero anormal "e "e"os3 S$ no séc3 / avan%aram-se outraseBplica%&es "e base psicol;ica ou biol;ica/ ao n'vel "eanormali"a"e cromossom$tica (um "uplo cromossoma T) oupre"isposi%ão enética para a eBtroversão/ que seun"o @sencUest$ lia"a a comportamentos "e viola%ão "e normas (Aleton+,,+ Iias/ An"ra"e +,8.)3

    sta corrente voltou a an:ar aluma importQncia na "éca"a "e+,0/ mas os novos patoloistas sociais afastaram-se "a procura"e "eficiCncias nos in"iv'"uos e centraram-se antes nasdefici(ncias na sociali$ação3 4eun"o esta nova aproBima%ão <patoloia social/ os problemas sociais seriam o resulta"o "a

    incorpora%ão "e valores erra"os pelos in"iv'"uos/ fruto "e umasociedade doente3 Jeste senti"o/ a solu%ão para os problemas

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    sociais passaria necessariamente pela educação moral dasociedade e pela incorpora%ão "e valores moralmente correctos3

     A ran"e cr'tica/ e para muitos autores fatal/ que se coloca a estaperspectiva reporta-se < "efini%ão "e patoloia como po"emos"efinir o que é patol;ico V@tautas 5avolis (cita"o em Rubinton/

    *einber +,,E-E,) propWs a conceptuali>a%ão "e patoloiacomo sen"o um comportamento "estrutivo ou auto-"estrutivo3 !ara5avolis a "efini%ão "e comportamento "estrutivo seria poss'vel emtermos absolutos/ isto é/ iual em to"as as socie"a"es :umanas3

    Mas/ apesar "esta tentativa "e 5avolis/ os autores relativistas/como arl Rosenquist (cita"o em Rubinton/ *einber+,,.-0) "efen"em que é imposs'vel c:earmos a uma"efini%ão ob#ectiva "o que é patol;ico/ até porque a sa1"e "asocie"a"e passa muitas ve>es pela "oen%a "e alumas "as suaspartes3 !ara Rosenquist/ a 1nica forma "e se estu"arem osproblemas sociais é passan"o ao la"o "o que constitui a sua

    con"i%ão problem$tica e aceitar o #ulamento social como um"a"o3

    1.'.1.'. Desorgani$ação )ocial

     Ain"a seun"o Rubinton e *einber (+,,)/ os quatro te;ricosmais importantes "a "esorani>a%ão social foram :arles oole@/K:omas/ XnaniecUi e *illiam Oburn3

    oole/  teori>ou a "istin%ão entre grupos prim0rios esecund0rios/ sen"o que nos rupos prim$rios os in"iv'"uos vivemrelacionamentos face a face/ mais intensos e "ura"ouros/enquanto que nos rupos secun"$rios as rela%&es sociais sãomais impessoais e menos frequentes3 Ja sua obra "e +,0,/precisamente intitula"a 4ocial Orani>ation (cita"o em Rubinton/*einber +,,)/ oole@ "efiniu a desorgani$ação social comosendo a desintegração das tradições3

    Ie forma semel:ante/ "omas e 2naniec3i/ no seu estu"ocl$ssico sobre os imirantes polacos/ conceptuali>aram adesorgani$ação social como a quebra de influ(ncia das regrassociais sobre os indiv%duos3

    O contributo "e 4gburn centrou-se no conceito "e desfasamentocultural (cultural lag ) que este autor propWs3 !ara a perspectiva "a

    "esorani>a%ão social/ a sociedade não ! um organismo massim um sistema/ composto por v$rias partes inter"epen"entes3

     Aos te;ricos acima menciona"os/ ostar'amos "e acrescentar osnomes "e 5obert ar3, Ernest 6urgess e 5oderic3 7c8en$ie/os quais consi"eramos incontorn$veis ao falarmos em"esorani>a%ão social/ no seuimento "os estu"os que levaram acabo sobre a orani>a%ão espacial "a ci"a"e3 fectivamente/ ofenómeno da urbani$ação  é central para a perspectiva "a"esorani>a%ão social ao estar relacionado com oenfraquecimento das relações face a face e das tradiçõessociais3

    !ara os autores "a scola "e :icao a "esorani>a%ão social/ epor conseuinte os problemas sociais/ tCm uma "istribui%ão

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    "esiual pelas >onas "a ci"a"e/ apresentan"o maior intensi"a"ena >ona NN+/ precisamente uma >ona "e Kransi%ão/ on"e seconcentram os mirantes recentes (imirantes e popula%ão vin"a"as >onas rurais) e on"e é maior a quebra "o peso "as tra"i%&es3

    mbora o conceito "e "esorani>a%ão social se ten:a revela"o

    inicialmente "e ran"e utili"a"e para a compreensão "e um mun"oon"e a mudança começava a ser cada ve$ mais r0pida/come%aram a ser postas em evi"Cncia as fraque>as "estaperspectiva3

    !assamos a apresentar as cr'ticas aponta"as por Mars:al linar"(cita"o em Rubinton/ *einber +,,8+-82) ao conceito "e"esorani>a%ão social

    a) o seu poder e&plicativo para a sociedade em geral !redu$ido/ por ser um conceito "emasia"o vao esub#ectivo3

    b) confundiuse desorgani$ação social com mudançasocial/ o que "es"e #$ "eiBa por eBplicar porque é que nemto"as as mu"an%as oriinam "esorani>a%ão/ e implica quese prove que a situa%ão anterior era "e orani>a%ão3

    c) é um conceito fortemente su#eito aos #ulgamentos devalor do investigador / tal como o conceito "e patoloia3!or um la"o/ ten"e-se a consi"erar "esorani>a%ão numaperspectiva neativa/ como se to"as as situa%&es "e"esorani>a%ão se#am por essCncia m$s3

    ") por outro la"o/ aplicouse o conceito de desorgani$açãosocial a situações que não são de desorgani$ação/ mas

    que/ pelo contr$rio/ tra"u>em outros tipos "e orani>a%ão/"e que é um eBemplo t'pico o que se passa nos bairros "elata3

    e) o sistema social pode acol"er em si focos dedesorgani$ação  ou a eBistCncia "e comportamentos"esvia"os sem que tal comprometa o seufuncionamento/ "es"e que outros ob#ectivos "o sistemaeste#am a ser alcan%a"os/ contrabalan%an"o as influCncias"esestabili>a"oras que possam eBistir3

    f) no seuimento "a cr'tica anterior/ ao constatarmos a

    eBistCncia "e "iferentes formas "e orani>a%ão social/ nãopo"emos inferir que tal situa%ão se#a "esastrosa para asocie"a"e po"en"o pelo contr$rio ser in"ispens$vel para amanutenção da coesão social3

    Outra cr'tica importante a apontar é que a perspectiva "a"esorani>a%ão social utili>a frequentemente e&plicações circula

     YYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYY + Relembran"o o sistema "as >onas concCntricas proposto por uress/ !arU e Mc5en>ie/ come%amospor uma >ona N que correspon"e < $rea central "e ne;cios on"e estão instala"os ran"es arma>éns/se"es "e empresas/ escrit;rios/ pequena in"1stria/ espa%os "e "ivertimento e outros servi%os a >ona NNé a >ona "e Kransi%ão/ $rea "eteriora"a e "e uetos/ :abita"a principalmente por trabal:a"ores nãoespeciali>a"os e imirantes seue-se a >ona NNN on"e :abitam os trabal:a"ores mais especiali>a"os ea seun"a era%ão "e imirantes as >onas NV e V são $reas "e resi"Cncia "as classes mais eleva"as/

    respectivamente >ona "e apartamentos e >ona "e mora"ias "os trabal:a"ores pen"ulares(commuters)3

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    res para os problemas "e "esorani>a%ão (Aleton +,,+)/ isto é/o mesmo facto é consi"era"o in"ica"or e causa "e "esorani>a%ãosocial (por eB3 o "esempreo)3

    1.'.1.9. onflito de alores

    Lm outro mo"o "e ver os problemas sociais é consi"er$-los comoo refleBo "e um conflito "e valores na socie"a"e relativamente auma "a"a situa%ão3

    sta perspectiva concebe a socie"a"e como um palco on"e seconfrontam grupos sociais com interesses diferentes/ fa>en"o"este conflito permanente a din;mica central da vida social3 Osproblemas sociais "a' resultantes s; po"em ser soluciona"os pelaresolu%ão "os conflitos que estão na sua oriem/ pela neocia%ãoe consenso/ ou pela coer%ão e imposi%ão3

     A perspectiva "o conflito "e valores/ ao "efinir os problemas

    sociais em rela%ão a valores ou interesses "os rupos sociaisenvolvi"os/ coloca em evi"Cncia a import;ncia da definiçãosub#ectiva/ sem a qual a con"i%ão ob#ectiva "e base não seria s;por si um problema social3

    Os te;ricos mais importantes "esta corrente na socioloia norte-americana foram Ric:ar" Duller e Ric:ar" M@ers3 4eun"o estesautores/ po"em ser "istinui"os trCs tipos "e problemas queafectam as socie"a"es (cita"os em Rubinton/ *einber+,,,E-,8)

    a) problemas f'sicos

    b) problemas reme"i$veis (ameliorative)

    c) problemas morais

    Relativamente aos problemas f%sicos/ que não são causa"os pelaac%ão :umana (por eB3 sismos ou furac&es)/ eBiste consenso eral"e que a con"i%ão ob#ectiva é in"ese#$vel e na"a se po"e fa>erpara controlar as causas "o problema23

    Os problemas remedi0veis  (por eB3 "elinquCncia #uvenil)/apresentam consenso quanto < in"ese#abili"a"e "a situa%ão equanto < necessi"a"e "e air para a corriir/ mas criam-seconflitos no que "i> respeito ao conte1"o "a ac%ão/ ou se#a/ o quefa>er3

    !or fim/ os problemas morais ("e que po"em ser eB3 o consumo"e mari#uana ou a eutan$sia) são os mais compleBos/ pois nãoeBiste consenso quanto < pr;pria in"ese#abili"a"e "a situa%ão3

     Ain"a seun"o Duller e M@ers/ os problemas sociais evoluemseun"o trCs fases (cita"os em Rubinton/ *einber+,,,8-+08)

    +Z) inicialmente processa-se a tomada de consci(ncia doproblema/ quan"o os rupos sociais come%am a encararuma "a"a situa%ão incompat'vel com os seus valores maisimportantes/ recon:ecen"o a necessi"a"e "e air/

     YYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYY 2 O que constitui um problema f'sico mu"a com o avan%o cient'fico e tecnol;ico/ < me"i"a que aciCncia "omina o con:ecimento "as causas "e certos fen;menos e concebe meios "e os controlar3

    ,

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    2Z) seue-se uma fase de determinação pol%tica/ isto é/ umprocesso "e clarifica%ão "os valores e "as posi%&es empresen%a e "efini%ão "e propostas "e ac%ão/

    EZ) por fim/ a fase das reformas/ na qual são postas em

    pr$tica "etermina"as solu%&es para o problema/ que po"emser leva"as a cabo por aentes p1blicos ou pororani>a%&es priva"as3

     A fase "a conscienciali>a%ão "os problemas po"e ser consi"era"acomo estan"o sempre em aberto3

    1.'.1.a"os novos meios para as alcan%ar (por eB roubar ousubornar)/

    • o ritualismo/ pelo qual se renuncia am os meios/

     YYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYY E Os comportamentos "esvia"os apresentam mesmo fun%&es sociais/ nomea"amente como "efini%ão"o contr$rio "o comportamento aceit$vel na socie"a"e e catali>a"ora "a coesão social3

    +0

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    • a evasão/ na qual tanto os meios como as metas sãorenuncia"os (por eB alcoolismo)/

    • e a rebelião/ quan"o se preten"e instaurar novasestruturas "e metas e "e meios3

    omo vimos acima/ também a Lniversi"a"e "e :icao influencioua perspectiva "o omportamento Iesvia"o3 9 a' que Ed=in)ut"erland  "esenvolve a teoria da associação diferencial/apresenta"a pela primeira ve> em +,E8 (Aleton +,,+Rubinton/ *einber +,,)3

    4ut:erlan"/ mais tar"e em parceria com Ional" resse@/apresenta em nove pontos este processo de g!nese docomportamento criminoso  (cita"o em Rubinton/ *einber+,,+.,-++)

    +3 o comportamento criminoso ! apreendido/ não é inato/

    23 é apren"i"o pela interac%ão com outros in"iv'"uos numprocesso "e comunica%ão/

    E3 a aprendi$agem mais importante ! feita em gruposprim0rios./

    .3 a apren"i>aem envolve/ por um la"o/ as técnicasnecess$rias ao crime e/ por outro la"o/ os motivos/ asracionali>a%&es e as atitu"es a ele lia"as/

    3 os motivos e os impulsos são apren"i"os seun"o a "efini%ãofavor$vel ou "esfavor$vel aos c;"ios leais3 !o"emos estarnum meio no qual os c;"ios leais são "efini"os

    favoravelmente e são para ser observa"os/ ou/ pelo contr$rio/po"emos estar ro"ea"os "e in"iv'"uos que são favor$veis <viola%ão "os c;"ios leais/

    3 um in"iv'"uo torna-se "elinquente pela ra>ão "e encontrar ume&cesso de definições favor0veis > violação da lei em"etrimento "as "efini%&es "esfavor$veis < viola%ão "a lei/

    73 a associa%ão "iferencial varia em termos "e frequCncia/"ura%ão/ proBimi"a"e e intensi"a"e/

    83 o processo "e apren"i>aem "os comportamentos criminosose não criminosos intera to"os os aspectos normalmente

    envolvi"os em qualquer tipo "e apren"i>aem/,3 as necessi"a"es e os valores erais (eB seuran%a/ rique>amaterial) que são reflecti"os pelo comportamento criminosonão eBplicam este mesmo comportamento/ uma ve> queoutros comportamentos não criminosos também os reflectem3

    +03 m mea"os "os anos 0/ +lbert o"en/ na sua teoria dasubcultura delinquente  (o:en/ +,8)/ sustentou que os #ovens "a classe trabal:a"ora enfrentavam uma situa%ão "eanomia no sistema escolar/ pensa"o seun"o os valores "aclasse mé"ia3 Ja escola eram ensina"os a prosseuir estesvalores mas eram-l:es ve"a"os os meios le'timos para os

     YYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYY . sta proposi%ão secun"ari>a a importQncia "os mass me"ia na apren"i>aem "os comportamentos"esvia"os3

    ++

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    po"erem atinir3 m resulta"o/ estes #ovens uniam-se eformavam uma cultura pr;pria que violava os c;"ios leais3 As novas normas eram sociali>a"as através "o processo "aassocia%ão "iferencial3

    Outra teoria "e s'ntese foi proposta por 5ic"ard lo=ard e ?lo/d

    4"lin  nos anos 0 (loPar" e O:lin +,)3 Ja sua teoria daoportunidade/ estes autores sustentam que não bastaconsi"erarmos a estrutura "e oportuni"a"es le'timas na énese"o comportamento "elinquente é iualmente essencial ter emconta a estrutura de oportunidades ileg%timas3

     A perspectiva "o comportamento "esvia"o enten"e que osproblemas sociais reflectem/ "e forma mais ou menos "irecta/violações das e&pectativas normativas da sociedade/ sen"oque to"o o comportamento que viola essas eBpectativas é umcomportamento "esvia"o3 A solu%ão para os problemas "ecomportamento "esvia"o "ever$ passar pela ressociali>a%ão "os

    in"iv'"uos e pela mu"an%a "a estrutura social "e oportuni"a"es/"e forma a que se#am aumenta"as as oportuni"a"es le'timas e"iminu'"as as oportuni"a"es ile'timas3

    Outros soci;loos não se interessaram pelo processo comoetioloia e revolucionaram o mo"o como os problemas sociaisestavam a ser estu"a"os3

    1.'.'. As perspectivas da SociologiaRelativista

    Jeste ponto iremos abor"ar trCs perspectivas que seuem uma visão

    relativista "a ciCncia/ "e base interaccionista (o labelin e oconstructivismo social) e estruturalista (a perspectiva cr'tica)3 Jelas se"efen"e/ em oposi%ão ao positivismo/ que o con:ecimento é socialmenteconstru'"o3 4e assim é/ a questão central é saber como é que areali"a"e fa> senti"o para as pessoas e através "e que processos estas"ão e partil:am sinifica"os sociais3

    1.'.'.1. ?abeling

    7ead/ que foi professor "e filosofia na Lniversi"a"e "e :icao/concebeu a forma%ão "o o como o resulta"o "as interac%&essociais com Outros 4inificativos (Aleton +,,+ arata +,,0a)3

     As pessoas interaem fun"amentalmente através "e s'mbolos(sons/ imaens/ estos/ etc3) e os seus significados emergem dainteracção social3

    -erbert 6lumer   "esenvolveu a i"eia "e que os sinifica"os nãosão "a"os/ mas requerem uma interpretação activa por parte "osactores sociais envolvi"os (Aleton +,,+)3

    Erving @offman  intro"u>iu o conceito "e identidade social/ parase referir

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    4e é certo que os autores acima referi"os foram fun"amentais paraa teoria "o labelin/ os nomes pioneiros "a perspectivapropriamente "ita são in"iscutivelmente os "e "Pin Hemert e6oPar" ecUer3 Ed=in ?emert "efen"eu/ no in'cio "os anos 0/ ateoria "e que o desvio ! definido pelas reacções sociais  e

    intro"u>iu os conceitos "e desvio prim0rio e desvio secund0rio(Aleton +,,+ Rubinton/ *einber +,,)3 sta "istin%ão "econceitos baseia-se numa outra "istin%ão que Hemert estabeleceuentre comportamento desviado  (deviant act ) e papel socialdesviado  (deviant role)3 Biste uma multiplici"a"e "e causas/biol;icas e sociais/ para os comportamentos "esvia"os/ isto é/para o "esvio prim$rio3 Mas a causali"a"e "os papéis sociais"esvia"os/ ou "esvio secun"$rio/ resi"e na interac%ão social entreo in"iv'"uo que é "efini"o como "esvia"o e a socie"a"e on"e seinsere3 + reacção social ao desvio prim0rio est0 assim naorigem do desvio secund0rio3

    4eun"o Hemert/ a sequCncia "e interac%ão que leva ao "esviosecun"$rio po"e ser esquemati>a"a com a seuinte evolu%ão(Hemert cita"o em Rubinton/ *einber +,,+,.)

    +3 ocorrCncia "o "esvio prim$rio

    23 san%&es sociais

    E3 recorrCncia "o "esvio prim$rio

    .3 san%&es sociais mais pesa"as e maior re#ei%ão social

    3 continua%ão "o "esvio/ aora com poss'vel :ostili"a"e eressentimento por parte "o in"iv'"uo "esvia"o para com

    aqueles que o sancionam3 o coeficiente "e tolerQncia c:ea a um ponto cr'tico/ que se

    reflecte nas ac%&es formais "e estimati>a%ão "o in"iv'"uoleva"as a cabo pela comuni"a"e

    73 fortalecimento "o comportamento "esvia"o como reac%ão <estimati>a%ão e

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    violam as normas são rotula"os "e "esvia"os/ o que nos leva aconsi"erar que/ em 1ltima instQncia/ to"o este processo tra"u> umacerta equa%ão "o poder   na socie"a"e quem "efine as reras/quem aplica os r;tulos/ quem é rotula"o3

    ste aspecto est$ relaciona"o com alumas "as cr'ticas feitas a

    esta corrente afirmar que o "esvio é oriina"o antes "e mais pelaformula%ão "as reras que são viola"as e pelas reac%&es a estaviola%ão "as normas/ soa como uma "esculpabili>a%ão e"esresponsabili>a%ão "os comportamentos em ve> "e umaeBplica%ão "os mesmos3

    1.'.'.'. erspectiva r%tica

     A perspectiva cr'tica/ também "enomina"a "e perspectiva ra"ical/veio a centrar-se na questão "a influ(ncia do poder na definiçãodos comportamentos desviados e dos problemas sociais/ enuma concepção alargada da conte&tuali$ação social do

    desvio3!artil:am com a corrente interaccionista a posi%ão "e que osproblemas sociais são "efini%&es sociais/ mas preocupam-se emeBplicar em termos estruturais porque é que certas situa%&es setransformam mais facilmente em problemas sociais "o que outras3

     Assume/ portanto/ uma postura de conflito na g!nese dosproblemas sociais3 4eun"o a tradição mar&ista/ os mo"os "epro"u%ão "a infra-estrutura econ;mica "eterminam rela%&essociais "istintas3 Jo est$"io capitalista "e "esenvolvimento/ a"ivisão social mais importante é a que separa os que possuem osmeios "e pro"u%ão/ a classe capitalista/ "os que tCm unicamente asua for%a "e trabal:o para ven"er/ e que constituem a classetrabal:a"ora3

    Os interesses "a classe capitalista e os "a classe trabal:a"ora sãoirreme"iavelmente opostos3 A vi"a social é consequentementecaracteri>a"a pelo conflito3

    Ko"as as institui%&es sociais estão assim interlia"as e "omina"aspela infra-estrutura econ;mica3 A abor"aem < reali"a"e social"eve ser :ol'stica e analisar ca"a fen;meno social em rela%ão ato"o o sistema social3

    !ara a perspectiva cr'tica/ os problemas sociais adv(m das

    relações sociais impostas pelo modo de produção/ e tra"u>ema necessidade de controle da classe capitalista  e anecessidade de resist(ncia e acomodação das classese&ploradas3

     A solu%ão para os problemas sociais resi"e/ em 1ltima instQncia/na mudança ("e preferCncia revolucion$ria) do sistema social declasses para uma sociedade sem classes/ isto é/ semeBplora%ão :umana/ sem in#usti%as e sem "esiual"a"es3

    O surimento "a corrente cr'tica e a sua influCncia no pensamento YYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYY 

      Ver por eBemplo o interessante estu"o "e *illiam :ambliss/ "e +,7E/ K:e 4aints an" t:eRou:necUs (cita"o em Rubinton/ *einber20-2+,)/ que ilustra as "iferen%as na imposi%ão "or;tulo "e "elinquente a #ovens provenientes "e classes sociais "istintas3

    +.

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    sociol;ico "atam "os anos 70/ uma "éca"a "e crise e "eprofun"a cr'tica social/ no seuimento ali$s "a "éca"a anterior3 Doium per'o"o "e renascimento das grandes discussões teóricas3

    Os autores mais sinificativos "esta abor"aem foram ossoci;loos britQnicos *an a/lor, aul Calton e oc3 oung

    (+,7 +,8+)/ respons$veis pela obra fun"amental K:e nePcriminolo@/ que "eu nome < corrente "a nova criminoloia oucriminoloia ra"ical3 4eun"o Ka@lor/ *alton e Toun/ o desviodeve ser analisado de forma materialista e "istóricamaterialista porque "eve ser analisa"o o conteBto material no qualsure o "esvio :ist;rica poque se "eve relacionar o "esvio com aevolu%ão :ist;rica "os mo"os "e pro"u%ão3

    sta perspectiva tem si"o fortemente critica"a por autorespositivistas que arumentam ser este tipo "e abor"aem maisuma ideologia do que uma teoria cient%fica3 Ia mesma formaque a teoria "o labelin foi critica"a por se limitar a eBplicar o

    processo "a rotulaem social e não os comportamentos "esvia"os/também se apontou < perspectiva cr'tica o facto "e se ter centra"ona eBplica%ão "a énese "as leis e no funcionamento "asinstitui%&es "e controle e ter neliencia"o neste processo aeBplica%ão "os comportamentos "esvia"os3

    Outro tipo "e cr'tica é relativa < Cnfase "a"a por esta corrente iram formalmente esta perspectiva forameter 6erger e "omas ?uc3mann/ com a obra K:e socialconstruction of realit@/ publica"a nos LA em +, (erer/

    HucUmann +,,, orcuff +,,7)3 Ambos os soci;loos foram alunos

    +

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    "e Albert 4c:ut>/ consi"era"o o pai "a socioloia fenomenol;icae um "os mentores "a teoria "o labelin3

    erer e HucUmann (+,,,) "efen"em que a sociedade ! umaprodução "umana e o -omem ! uma produção social3 !araestes soci;loos/ a sociedade ! ao mesmo tempo uma realidade

    ob#ectiva e sub#ectiva3 9 ob#ectiva porque é e&teriori$ada/relativamente aos actores sociais que a pro"u>em/ e éob#ectivada/ sen"o constitu'"a por ob#ectos aut;nomos "ossu#eitos sociais3 9 uma reali"a"e sub#ectiva porque é interiori$adaatrav!s da sociali$ação3

    ?uan"o erer e HucUmann publicaram K:e social construction ofrealit@ a teoria "o labelin estava em plena eBpansão3 Mas emra>ão "o seu pr;prio "esenvolvimento as vo>es cr'ticas ce"ocome%aram a surir no interior "a teoria3 As "e o"n 8itsuse e "e 7alcolm )pector  foram "uas "elas3

    mbora a teoria "o labelin ten:a "efen"i"o que o "esvio s; é"esvio quan"o é assim recon:eci"o socialmente/ acabou por nãopWr em causa essas mesmas "efini%&es/ isto é/ não questionouporque é que certos comportamentos eram "efini"os como "esvioe outros não/ e "esenvolveu a sua constru%ão te;rica < volta "as"efini%&es "e "esvio socialmente estabeleci"as3 A perspectiva "olabelin preocupou-se fun"amentalmente em eBplicar o processopelo qual o r;tulo "e "esvio era afiBa"o aos in"iv'"uos3 !ara5itsuse e 4pector a questão que "ever$ ser coloca"a é/ antes "emais/ saber porque ! que algumas situações são consideradasproblemas sociais e outras não3 O que preten"em eBplicar é osurimento "o pr;prio r;tulo "e problema social3 4eun"o estes

    autores/ somente através "esta problemati>a%ão sociol;ica ser$poss'vel c:earmos a uma teoria social "os problemas sociais3

     A condição ob#ectiva  "o problema social  é/ portanto/ posta delado pela perspectiva constructivista/ pois esta não é essencialpara a eBistCncia "e um problema social3

    9 a definição sub#ectiva "o problema social  que se revelaessencial para a eBistCncia "o mesmo e como tal só esta deve serinvestigada pelos sociólogos3 !roblemas como a violCnciacon#ual/ o trabal:o infantil/ a "iscrimina%ão "as mul:eres ou apolui%ão ambiental são eBemplos "e situa%&es que s; seconverteram em problemas sociais quan"o se estabeleceu com

    sucesso um movimento "e reivin"ica%ão que "efinia estassitua%&es como problemas3

    Lm problema social  s; se constitui em ra$ão de todo umprocesso de reivindicação e reacção social3 Iaqui resulta quepara a perspectiva constructivista importa i"entificar quemconsi"era que eBiste uma situa%ão inaceit$vel e eBie ac%ãorepara"ora/ ou se#a/• quem define uma dada situação, real ou virtual, como

    problema socialF• quais as ra$ões que apresentaF• quem rea#e a esta pretensão e

    • que tipo de din;mica se estabelece entre as duas partes(Rubinton/ *einber +,,)3

    +

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    4omente ap;s o estu"o emp'rico "o processo "e "efini%ão "e ca"aproblema social é que po"em ser elabora"as poss'veis solu%&espara o mesmo3

    sta posi%ão constructivista/ que Rubinton e *einberconsi"eram "e posi%ão sub#ectiva ra"ical (+,,2,2) é fortemente

    critica"a/ nomea"amente por aqueles que enfati>am aaplicabili"a"e "a investia%ão no mel:oramento "a socie"a"e eque acusam esta perspectiva "e menospre>ar o sofrimentocausa"o pelas situa%&es ob#ectivas que secun"ari>am3 Osconstructivistas sociais arumentam em resposta que ocon:ecimento "o processo "e reivin"ica%ão "e problemas sociaispo"e ser pro"utivamente aplica"o

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    1.9. )%ntese

    erspectivas de estudo dos problemas sociais

    erspectiva Definição de roblema )ocial Elemento entral

    !atoloia 4ocial Viola%ão "e eBpectativas morais !essoas

    Iesorani>a%ão4ocial

    Dal:a no funcionamento "as reras sociais Reras sociais

    onflito "eValores

    4itua%ão incompat'vel com os valores "eum rupo social

    Valores e Nnteresses

    omportamentoIesvia"o

    Viola%ão "e eBpectativas normativas !apéis sociais

    Habelin Resulta"o "a reac%ão social a alea"aviola%ão "e normas ou eBpectativas Reac%&es sociais

    !erspectivaRa"ical

    Resulta"o "a eBplora%ão "a classetrabal:a"ora

    Rela%&es "e classessociais

    onstructivismosocial

    !rocesso pelo qual rupos sociaisreivin"icam que uma "a"a situa%ão é umproblema social

    !rocesso "ereivin"ica%ão

    Donte A"apta"o "e Rubinton e *einber (+,,)

    +8

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    '. erspectivas pol%ticodoutrin0rias sobreos problemas sociais

    '.1. 4s problemas sociais e a alteração dopapel do Estado

    Os mo"os como os problemas sociais tCm si"o encara"os pela socie"a"e/bem como foram concebi"os e implementa"os os sistemas para l:es "arresposta/ evolu'ram sinificativamente ao lono "a :ist;ria :umana3 Jassocie"a"es pré-in"ustriais/ em rera/

    (333) a leitima%ão "a interven%ão (foi)/ quase eBclusivamente/ "e or"em ético-reliiosa/não se consi"eran"o que o sta"o (tivesse) o "ever "e a#u"ar/ nem o ci"a"ão o "ireito"e esperar a#u"a3 O mo"elo "e interven%ão (era) claramente assistencial (armo/ +,,,)3

    '.1.1. O Estado protector  A proressiva centrali>a%ão "o po"er nas mãos "o soberano que sereistou concomitantemente com a "esarea%ão "a socie"a"e "oOci"ente me"ieval/ "eu oriem a um mo"elo "e sta"o a que alunsautores c:amaram Estado rotector  (Rosanvallon/ +,8.)3

    !artin"o "a i"eia "e que o poder não é uma simples capacidade deobrigar / mas que tra"u> a resultante "a tensão entre tal capaci"a"e e avontade de obedecer   (Moreira/ +,,7)/ po"er-se-$ afirmar que acentrali>a%ão reista"a resultou "e "uas ten"Cncias

    ● um processo "e concentração da capacidade de obrigar   por

    parte "o po"er pol'tico/ "e que foram eBpressão/ entre outras/ acria%ão "os eBércitos nacionais e a concentra%ão proressiva "opo"er tribut$rio

    ● a emerCncia "e um consenso crescente sobre a vontade deobedecer / "o sector que mais tar"e se viria a c:amar socie"a"ecivil3

    O mo"elo "e sta"o que "aqui resultou/ privileiou os fins "e segurançae "e #ustiça em "etrimento "o fim "e bem estar social  que/ por rera/foi remeti"o para a esfera "a socie"a"e civil/ ain"a que por ve>es seten:am observa"o incurs&es orienta"oras "essa activi"a"e/ por parte "opo"er estatal/ não tanto por via "irecta mas por intermé"io "e ac%&es"as casas reais e "a aristocracia3

     YYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYY 

     m !ortual/ reistam-se "iversos eBemplos "esse tipo "e interven%&es/ sobretu"o a partir "o séculoV/ "e que o eBemplo mais sinificativo foi a cria%ão "e con"i%&es para a prolifera%ão "o movimento"as Miseric;r"ias (Kavares/ +,8, 27 e ss)3

    +,

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    4 Estado rotector 

    !ara arantir a eficiCncia "o sta"o !rotector/ o pr'ncipe recorreu a "oistipos "e pessoas

    ● aos  políticos profissionais e semi-profissionais  que actuavam aoseu servi%o sen"o elementos "a sua confian%a3

    ● aos funcionários profissionais  que pouco a pouco foramaumentan"o na uropa/ em fun%ão "a proressivamente maiorcompleBi"a"e "os problemas que ao sta"o competia resolver3 Assim se passou no campo "a administração financeira/ "a técnicaguerreira  e "a actividade jurídica/ em que o profissionalismoespeciali>a"o tomou o luar "o ama"orismo polivalente3 Nniciou-se"este mo"o e simultaneamente/ o pre"om'nio "o absolutismo "opr'ncipe sobre os feu"os e a lenta ab"ica%ão que o mesmo pr'ncipefa> "a sua autocracia/ em favor "os funcion$rios profissionais/ cu#oauB'lio l:e era in"ispens$vel para vencer o po"er feu"al3

     Apesar "a compleBifica%ão crescente "escrita por MaB *eber/ a ver"a"eé que o aparel:o que serviu "e suporte ao sta"o !rotector era "epequena "imensão/ com uma orani>a%ão "ifusa e com um sistema "e"ecisão pouco profissionali>a"o/ se o compararmos com as mo"ernasa"ministra%&es p1blicas3

    '.1.'. O Estado Providência

    om a revolu%ão in"ustrial e a emerCncia "e problemas econ;micos esociais que "a' resultaram/ o Estado foi c"amado a assumir funções

    20

    Iesarea%ão "a socie"a"e feu"al

    oncentra%ão "acapacidade de obrigar  

    pelo po"er pol'tico

    Maior consenso navontade de obedecer  por

    parte "a socie"a"e civil

    Estado rotector 

    4b#ectivos:. !ro"u>ir seuran%a. Re"u>ir a incerte>a

    Gins dominantes do Estado:. 4euran%a. Susti%a

    aracter%sticas dominantes do aparel"o de Estado:. !equena "imensão. Orani>a%ão relativamente "ifusa. !ilotaem centrali>a"a

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    de regulação e de orientação progressivamente maiores/ sobretu"onas $reas "a pol'tica econ;mica e social/ ten"o emeri"o a consciCnciacrescente "e que o 6emEstar constitu%a um fim do Estado/ a par "osreferi"os anteriormente3

    !ara reali>ar tal finali"a"e/ o seu aparel:o a"ministrativo teve "e assumir

    uma dimensão  proressivamente maior/ com uma organi$ação  ca"ave> mais compleBa7  e uma pilotagem  proressivamente maisprofissionali>a"a83

     As ten"Cncias para a dimensão crescente "a A"ministra%ão !1blica epara a assun%ão "e um papel cada ve$ mais intervencionista  natentativa "e resolu%ão "os problemas econ;micos e sociais/ tiveramcomo resulta"o o aumento "as "espesas p1blicas e/ naturalmente/ "acara fiscal para l:es fa>er face3

    9 este o qua"ro eral em que se inscreve a polémica/ permanente "es"e:$ "ois séculos/ entre as correntes que a"voam o "ever "o sta"o emintervir na resolu%ão "os problemas sociais e econ;micos e as que"efen"em que tais problemas seriam mel:or resolvi"os pela socie"a"ecivil3

    4 Estado rovid(ncia YYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYY 

    7 A comple&idade  "a orani>a%ão po"e ser observa"a através "e tr(s indicadores a instaura%ão "emais patamares "ier0rquicos/ "iferencian"o crescentemente os papéis "e man"o e "e obe"iCncia/ a"ivisão "e trabal:o/ num processo "e crescente especiali$ação funcional/ e o aumento de sistemasde regulamentação38 Bemplos recentes "esta ten"Cncia são/ o aumento "as qualifica%&es formais pe"i"as nos concursos

    "e inresso < fun%ão p1blica e o peso crescente "a forma%ão complementar como parQmetro "eavalia%ão nos concursos "e acesso3

    2+

    Revolu%ão in"ustrial

    rescimento e ra"icali>a%ão"as fun%&es "o sta"o

    !roblemas econ;micos !roblemas sociais

    Estado rovid(ncia

    4b#ectivos:. !ro"u>ir seuran%a. Re"u>ir a incerte>a. !romover a reula%ão e a orienta%ão s;cio-econ;mica

    Gins dominantes do Estado:. 4euran%a. Susti%a. em estar 

    aracter%sticas dominantes do aparel"o de Estado:. Iimensão proressivamente maior . Orani>a%ão proressivamente mais compleBa. !ilotaem proressivamente mais profissionali>a"a

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    '.'. +s perspectivas liberaisIuma forma simplifica"a po"e "i>er-se que a perspectiva liberal foi resulta"o"e uma lenta se"imenta%ão "e nature>a econ;mica/ "outrin$ria e pol'tica queocorreu na uropa a partir "o século V3

    @!nese do liberalismo 

    '.'.1. Géneseom a eBpansão europeia e a consequente "iversifica%ão "e merca"ose acumula%ão "e capital/ a buruesia consoli"ou-se como classe social3

    !aralelamente a este processo/ a or"em pol'tica foi também elaprofun"amente altera"a/ como atr$s foi referi"o/ apresentan"o comotra%os "ominantes/ a centrali>a%ão "o !o"er real e o consequenteenfraquecimento "a vel:a aristocracia/ apoia"a na ascensão "aburuesia3

     Acompan:an"o esta "upla ten"Cncia e escoran"o-a i"eoloicamente/

    foram surin"o "iversas "outrinas econ;micas e sociais/ como omercantilismo/ a fisiocracia e to"o um corpo filos;fico que procurou

    22

    7ovimentos delegitimação doutrin0ria

    @!nese económica @!nese pol%tica

    E&pansão(séculos V e VN)

    (implica "iversifica%ão"e merca"os

    acumula%ão "e capital)

    entrali$ação dopoder real

    *ndustriali$ação@uerras religiosas

    (século VNN)

    Nova ordemeconómica

    (consoli"a%ão "a

    buruesia)

    onsolidação danova ordem pol%tica(o sta"o-Ja%ão ao

    servi%o "a economiasubsi"ia"a)

    ?iberalismo

    . Mercantilismo

    . Disiocracia

    . Movimentos"e reac%ãoaos eBcessos"o !r'ncipeque culminamna Revolu%ãofrancesa

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    limitar o "espotismo "o pr'ncipe/ que veio a criar con"i%&es para arevolu%ão francesa3

    O liberalismo "eve ser compreen"i"o no seu senti"o mais lobal (comouma) "outrina basea"a na "en1ncia "e um papel pais activo "o sta"o ena valori>a%ão "as virtu"es reula"oras "o merca"o (Rosanvallon/ +,8.

    .,)3

    '.'.'. As teses

    9 esta a tese "efen"i"a por ran"e parte "os principais autores "oliberalismo positivista cl0ssico/ como A"am 4mit:/ Seremiasent:am/ urUe/ 6umbol"/ "o liberalismo utópico  como !aine e=o"Pin e "o neoliberalismo como Robert Jo>icU ou So:n RaPls3 mto"os estes autores encontramos uma forte cr%tica > e&cessivadimensão do Estado/ varian"o/ no entanto/ nos critérios "efini"ores "assuas fun%&es e na "efini%ão "o seu campo "e actua%ão3 9 o caso/ maisrecente/ "a corrente neoliberal / que "eve ser enten"i"a como uma

    cr%tica, da cr%tica > economia de mercado3

    !ara "iscutir esta questão/ Rosanvallon (+,8.) parte "a teoria "asinternalidades  (*olf/ +,7,)3 Ie acor"o com esta teoria/ a ac%ão "osta"o tem/ com frequCncia/ efeitos imprevistos (internalidades)/ quepervertem as inten%&es "e #usti%a e "e promo%ão "o em-star "as suaspol'ticas3 Lm eBemplo "este tipo "e efeitos perversos é o "o ciclovicioso das despesas pHblicas "escrito por este autor

    ● O crescimento das necessidades dos cidadãos  (econ;micas/sociais/ "e seuran%a/ etc3)/ implica uma pressão sobre o sta"ono senti"o "e as colmatar (aumento da procura de Estado)3

    ● O aumento da procura de Estado/ obria este a concentrarrecursos e articul$-los para "ar resposta er face3

    ● O aumento da carga fiscal  sobrecarrea os ci"a"ãos o que/naturalmente/ l:es aumenta as necessidades  e a procura deEstado/ e assim sucessivamente3

    Jo que respeita aos problemas sociais e econ;micos/ o pensamentoliberal tem evolu'"o/ ain"a que partil:e "e uma i"eia comum o mercado! mel"or regulador que o Estado e, por consequ(ncia, osproblemas sócioeconómicos devem ser atacadospredominantemente pela sociedade civil3

    m suma/ a posi%ão liberal face aos problemas s;cio-econ;micos po"eresumir-se em "ois aspectos

    ●  A maior parte "os problemas sociais e econ;micos resultam "euma eBcessiva interven%ão "o sta"o

    ●  A resolu%ão "os problemas sociais e econ;micos "everia ser"eiBa"a aos mecanismos (naturais) "e auto-reula%ão "o merca"o3

    2E

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    '.'.9. As limitaçes

    m tra%os erais os cr'ticos < perspectiva liberal apontam-l:es asseuintes limita%&es (Rosanvallon/ +,8.)

    ● Os limites da acção do Estado são/ em rera/ insuficientemente

    operacionali$ados3

    ● Jormalmente a cr'tica < ac%ão "o sta"o é bem feita/nomea"amente no que respeita aos efeitos perversos "aburocracia/ basea"a na teoria "as internali"a"es3 Jo entanto/ osefeitos imprevistos do funcionamento do mercado  quecon"icionam fortemente a emerCncia e o aravamento "osproblemas s;cio-econ;micos não são convenientementeequacionados3

    Ie acor"o com 4u>anne "e run:off (+,87)/ a con#untura é vista comoum cen0rio de guerra económica  o que implica/ por parte "os

    "ecisores pol'ticos/ uma atitu"e "e nacionalismo económico3 JesteconteBto/ as fun%&es econ;micas e sociais "o sta"o procuram atinir"ois ob#ectivos

    ● reforçar a frente de combate económica/ apostan"o em pol'ticas"e obten%ão "e encomen"as no estraneiro e em estratéias "efinanciamento e "e proteccionismo "os sectores sociais mais fortes/como os sementos que apostam no "esenvolvimento tecnol;icoe nas eBporta%&es

    ● a#udar a tratar dos feridos da guerra económica (pobres e novospobres/ rupos mais atini"os como os #ovens/ as mul:eres/ osi"osos/ os imirantes e os "esemprea"os "e rei&es in"ustriais

    sinistra"as)3Jeste cen$rio/ o reforço da frente de combate ! normalmente maisforte que a a#uda ao tratamento dos feridos da guerra económica/crian"o-se um ambiente ten"ente a retirar os "ireitos sociais eecon;micos aos ci"a"ãos3

    '.9. +s perspectivas mar&istas

    '.9.1. Génese

    O pensamento marBista enqua"ra-se :istoricamente na uropa "o

    século N/ em plena revolu%ão in"ustrial/ na tentativa "e analisar asocie"a"e coeva e "e propor solu%&es para as "isfun%&es sociais queentão se viviam3

     A abun"ante obra "e MarB (+8+8-+88E) reflecte isto mesmo/ não"even"o ser enten"i"a como um sistema fec:a"o mas/ pelo contr$rio/uma teoria em permanente evolução, por ve$es mesmocontraditória/ contrariamente < imaem que as correntes orto"oBasposteriores fi>eram passar3

    !ara isso muito contribuiu o pr;prio percurso eBistencial "e 5arl MarBnasci"o e cria"o numa fam'lia "e oriem #u"ia/ cu#o pai se viu nacontinCncia "e se bapti>ar para não ser alvo "e me"i"as"iscriminat;rias anti-semitas (Mclellan/ +,7. )/ fe> a sua forma%ão

    2.

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    inicial na Aleman:a/ on"e nasceu/ ten"o vivi"o sucessivamente eBila"oem Dran%a/ na élica e no Reino Lni"o3Ja +leman"a on"e viveu até +8.E/ analisou e criticou a filosofia alemã"o seu tempo/ ten"o si"o profun"amente influencia"o pelo pensamento"e 6eel e pelo conv'vio com os Sovens 6eelianos/ radicais seusamigos na Universidade (Mclellan/ +,7.+0)3

    m Grança/ on"e c:eou eBila"o em Outubro "e +8../ MarB continuou atrabal:ar nos seus escritos filos;ficos e econ;micos [ Correspondênciade 184! "o#re a $uestão judaica (+8.E-..)/ %ara uma crítica da filosifiado &ireito de 'egel( )ntrodução  (+8..)/ *anuscritos econ+micos efilos+ficos  (+8..)/ Comentários a , rei da %r.ssia e a reforma social/(+8..)/ 0 sagrada família (+8..-.) [ ten"o aprofun"a"o o pensamento"e socialistas franceses e come%a"o a estu"ar a economia pol%ticabrit;nica/ nomea"amente a obra "e A"am 4mit: e Iavi" Ricar"o/através "e tra"u%&es francesas3

    m 6ru&elas/ para on"e foi "eporta"o em Saneiro "e +8. e

    permaneceu "urante trCs anos/ continuou os seus estudos deeconomia e come%ou uma colabora%ão permanente com nels,/ quese manteve até ao fim "a vi"a3 4ão "essa época as eses so#re 2eur#ac3  (+8.)/  0 ideologia alemã/ (+8.) e  0 miséria da filosofia(+8.7)/ este 1ltimo em réplica ao livro "e !rou":on intitula"o 0 filosofiada miséria/ em que publicita pela primeira ve> as suas teses sobre omaterialismo :ist;rico+03Reressa"o a aris em +8.8/ on"e soube "a publica%ão em Hon"res "o*anifesto comunista/ que :avia escrito com nels no ano anterior paraa Hia omunista/ l$ resi"iu por uns meses a convite "o overnoprovis;rio forma"o ap;s a ab"ica%ão "o rei Hu's Dilipe/ ten"o volta"o < Aleman:a "evi"o < con#untura "e maior liber"a"e pol'tica que então se

    vivia/ on"e ficou por pouco tempo/ como #ornalista/ ten"o si"o "e novoeBpulso/ sucessivamente para !aris e para Hon"res/ em Aosto "e +8.83

    m ?ondres/ on"e viveu até < sua morte (+88E)/ escreveu/ entre outros/ 0 luta de classes em 2rança  (+80)/ 18 de rumário de 5uísonaparte  (+80)/ Crítica da 6conomia %olítica  (+8,) e Crítica do%rograma de 7ot3a  (+87)/ continuan"o as suas investia%&esecon;micas/ que culminaram com a publica%ão "a obra minumental emtrCs volumes/ capital  (+8/ +87 e +8,\7,)3 A influCncia "a iantesca obra "e MarB foi enorme na evolu%ão "opensamento filos;fico++/ econ;mico/ sociol;ico e pol'tico+2 "o século /bem como no "esenrolar "os acontecimentos que marcaram a sua

    :ist;ria/ pelas for%as que conreou+E

     e pelas reac%&es que suscitou+.

    3 YYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYY , A colabora%ão entre os "ois amios :avia ti"o #$ um primeiro epis;"io/ em !aris/ com o trabal:o 0sagrada família3+0 Hassalle/ o proeminente "iriente socialista alemão "os anos sessenta/ "isse a respeito "o livro que/na sua primeira meta"e/ MarB mostrava-se um Ricar"o torna"o socialista/ e na seun"a parte um6eel torna"o economista (Mclellan/ +,7.E)3++ Jomea"amente no "esenvolvimento "o materialismo "ialéctico3+2 fr3 Aron/ +,,./ op3cit3 A sua principal contribui%ão foi o "esenvolvimento "a abor"aem materialista:ist;rica e a sua aplica%ão < an$lise "o capitalismo3+E As tentativas "e aplicar as concep%&es marBistas nas estratéias "e conquista e eBerc'cio "o !o"erforam muitas e "iversifica"as/ como se sabe/ po"en"o arupar-se em dois grandes con#untosaquelas que ocorreram em socie"a"es com alguma estrutura industrial/ "e que os eBemplos maissinificativos foram o soviético e os reimes comunistas "a uropa "e Heste/ e as que se observaram

    em sociedades dominantemente pr!industriais/ cu#o mo"elo "ominante foi o c:inCs3+. As reac%&es vieram "e to"os os qua"rantes pol'ticos/ tanto "e reimes totalit$rios/ como "e reimes"emo-liberais3

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    '.9.'. As teses

    O pensamento "e MarB relativamente ao papel "o sta"o não é i"Cnticoao lono "a sua obra/ nela se encontran"o

    ● "es"e uma posi%ão i"ealista "efen"i"a na =a>eta Renana/ em

    +8.E/ em que "escrevia a  possi#ilidade da eistência de ,umaassociação de 3omens verdadeiramente livre num estadoideali9ado! conce#ido! com #ase no modelo 3egeliano! como umaincarnação da ra!ão (Mclellan/ +,7. 2,E)/

    ● passan"o pela afirma%ão "e que o sta"o era uma e&pressão daalienação :umana semel:ante < reliião/ ao "ireito e < morali"a"e(*anuscritos de 1844)/ um biombo que escon"e as ver"a"eiraslutas inter-classes/ assumin"o-se como instrumento "a classe"ominante ()deologia 0lemã)/ uma mera comissão de gestão dosassuntos da burguesia (*anifesto)/

    até < afirma%ão "e que po"eria "esempen:ar/ apesar "e to"as ascr'ticas/ alum papel positivo em favor "as classes oprimi"as ( 0guerra civil em 2rança)/ ou mesmo que po"eria ser/ quan"o emsitua%ão "e "ita"ura "o proletaria"o/ instrumento "e mu"an%a paraa socie"a"e comunista (Crítica do %rograma de 7ot3a)3

     Apesar "esta aparente ambivalCncia/ parece ser constante orecon"ecimento do importante papel que cabe ao Estado comoinstrumento da classe dominante  (se#a ela a buruesia ou oproletaria"o)/ nas fun%&es "e regulação  e orientação  "a socie"a"elobal3

    4e a esta constata%ão acrescentarmos que/ na perspectiva marBista/ os

    problemas económicos e sociais são resultantes/ em 1ltima an$lise/"a situa%ão "e e&ploração "e uma classe em benef'cio "e outra numcen$rio "e permanente luta de classes/ po"eremos enten"er as duasestrat!gias "efen"i"as por esta corrente/ consoante deten"a ou não ocontrole "o sta"o

    ● quando o Estado não ! controlado pela classe trabal"adora+/a%&es "esta classe cabe fa$er pressão+/ no senti"o "eque o po"er pol'tico l:es fa%a concess&es/ em nome "e uma pa>social amea%a"a/ no senti"o "e prevenir e atenuar os problemassociais uma ve> que a rai> "os problemas est$ no sistema "e"omina%ão/ qualquer reivin"ica%ão "e solu%ão para os problemas

    referi"os "eve ter em aten%ão/ ain"a que a lono pra>o/ a conquista"o po"er pela classe trabal:a"ora

    ● quando o Estado ! controlado pela classe trabal"adora/ "evecentrali>ar a "efini%ão "e rumos e a articula%ão "e meios para fa>erface aos problemas sociais e econ;micos neste senti"o/ "eve-l:ecompetir um papel "ominante no planeamento e orani>a%ão "aeconomia e "a protec%ão social+73

     YYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYY + ] eBpressão inicial proletariado/ foi sen"o preferi"a a "esina%ão mais populista classe tra#al3adora/na qual po"eriam sentir-se i"entifica"os v$rios rupos proressistas "e oriem buruesa como aquelesque =ramsci "esinava intelectuais org:nicos3+ Através "os rupos "e interesse ou "e parti"os que a representem3+7

     Mesmo no caso sinular "o sistema titista "e socialismo #uoslavo/ a concentra%ão "e po"er foi umfacto/ o que ali$s/ parece ter si"o um sistema efica> para evitar a balcani>a%ão "o pa's que voltou averificar-se posteriormente3

    2

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    '.9.9. As limitaçes

    orren"o o risco "e simplificar em "emasia as cr'ticas que tCm si"ofeitas < perspectiva marBista "e ver os problemas sociais/ po"emosarup$-las em "ois con#untos

    ● do ponto de vista doutrin0rio as que sublin:am que/ ao privileiara luta "e classes como instrumento "e interven%ão/ o marBismoprovocou danos elevados na coesão social/ lan%an"o as classessociais umas contra as outras/ gastando consider0veis energiassociais  necess$rias ao crescimento econ;mico e ao"esenvolvimento social/ em nome da igualdade e em detrimentoda liberdade3

    ● Do ponto de vista pol%tico/ as que o acusam "e falta de efic0ciae de efici(ncia uma ve> que/ nos pa'ses em que foram aplica"asas concep%&es marBistas "e ataque aos problemas sociais eecon;micos/ os resulta"os obti"os foram muito inferiores aos

    previstos (inefic$cia) e/ os avan%os conseui"os/ foram-nofrequentemente a custos econ;micos e sociais muito eleva"os(ineficiCncia)/ uma ve> que eBiiram uma m$quina estataleBcessivamente pesa"a3

    '.

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     / passou a ser crisma"o "e Estado de 6emEstar 3

    '.iu-se num con#unto "eleis que procuraram mel:orar a protec%ão social "os trabal:a"oresatravés "e mecanismos "e seguro obrigatório/ numa altura em

    que os sistemas "e protec%ão eram meramente mutualistas3 Asleis estruturantes "e tal sistema foram as seuintes

    ● Hei "a responsabili"a"e limita"a "os in"ustriais em caso "eacidentes de trabal"o (+87+)

    ● Hei "o seguro obrigatório (+88+)

    ● Heis "o segurodoença  (+88E)/ "os acidentes de trabal"o(+88.) e "o seuro vel"iceinvalide$ (+88,)/ que aplicaram alei "e +88+ a essas trCs $reas "e risco social3

    '.ou aeconomia e/ por consequCncia/ redu$iu os problemas sociais eeconómicos3

     YYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYY 20 B o rupo cu#os participantes ficaram con:eci"os por socialistas de cátedra (*aner/ 4c:aeffle e

    4c:moller) que/ em +872/ "eclaram uerra ao liberalismo num "ocumento que ficou con:eci"o por*anifesto de 6isenac3 (Rosanvallon/ +,8.++8)32+ omo Der"inan" Hassalle/ uma "as principais fiuras "o socialismo alemão3

    28

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    '.es muito anteriores ao século N/po"en"o-se situ$-lo no século VN/ com a aprova%ão "as Heis "ospobres/ no reina"o "e Nsabel N3

    om esse con#unto "e leis foram institu'"as "iversas me"i"as "eprotec%ão aos in"ientes "e acor"o com a sua con"i%ão face aotrabal:o (+0+)/ proibin"o as par;quias "e se livrarem "eles eobrian"o-as a "ar-l:es trabal:o (+2)3

    9/ em plena seun"a uerra mun"ial (+,.2)/ com o Relat;rioeveri"e/ que se lan%am as bases recentes "os sistemas "eseuran%a social/ "e acor"o com quatro princ'pios

    ● O princ'pio "a universalidade ("e popula%ão-alvo)/ seun"oo qual a protec%ão social seria "evi"a a to"a a popula%ão/qualquer que fosse a sua situa%ão face ao empreo ou aoren"imento3

    ● O princ'pio "a unicidade  ("e inputs "o sistema)/ pelo qualuma 1nica quoti>a%ão cobriria to"os os riscos "e priva%ão "eren"imento3

    ● O princ'pio "a uniformidade  ("e outputs  "o sistema)/ quepreconi>ava a uniformi"a"e "as presta%&es/in"epen"entemente "o ren"imento "os benefici$rios3

    ● O princ'pio "a centrali$ação (orani>acional)/ que obriava <cria%ão "e um sistema 1nico "e protec%ão social (sa1"e eseuran%a social) para to"o o pa's3

    O relat;rio everi"e constituiu um claro avan%o relativamente aocon#unto "e me"i"as estipula"as por ismarcU/ uma ve> queinclu'a/ sob protec%ão "o esta"o/ "iversos rupos que aquelesistema não contemplara/ como as mul:eres "omésticas/ ascrian%as e outros inactivos3

    '.a%ão "a protec%ão social em torno "e um sistema "e

    serviços universais ou quase universais  para satisfa%ão "asnecessi"a"es b$sicas e

    E3 o empen3o em manter um n'vel nacional m'nimo de condiçesde vida (Mis:ra/ +,, Bi)3

    om as "uas crises do petróleo ocorri"as nos anos setenta a situa%ãoecon;mica mun"ial alterou-se "rasticamente/ inician"o-se um per'o"o "e

    2,

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    recessão que teve dois efeitos con#ugados nos sistemas "e protec%ãosocial

    ● por um la"o/ aumentou a  procura de Estado/ "evi"o aocrescimento "o desemprego provoca"o pela recessão econ;mica

    por outro la"o/ a diminuição das contribuições para o sistema "eseuran%a social/ em fun%ão "a crise e "o envel:ecimento"emor$fico "os pa'ses in"ustriali>a"os/ con"icionou a redução dao"erta de Estado/ para fa>er face per"er pouco a pouco a confian%a "eposita"a nomo"elo "e sta"o-!rovi"Cncia22/ propician"o o estabelecimento "epol'ticas neoconserva"oras em v$rios pa'ses/ como se observou nossta"os Lni"os com Ronal" Reaan e no Reino Lni"o com MararetK:atc:er/ fortemente alicer%a"as nas "outrinas neoliberais3

    Io ponto "e vista "o mo"elo neoconserva"or/ sen"o ran"e parte "osproblemas sociais "ecorrentes "e uma e&cessiva despesa pHblica / a

    sua solu%ão passava pela redução da o"erta de Estado/operacionali>a"a numa pol'tica "e privati>a%&es/ tanto "a economiacomo "os servi%os sociais3

    O e&cessivo custo social  "as me"i"as implementa"as/ e a suainefic0cia2E  con"u>iram a uma reac%ão por parte "as sociais-"emocracias/ no senti"o "e a"aptar o mo"elo "e sta"o !rovi"Cncia aosnovos "esafios3 Doi neste conteBto que come%aram a emerir novaspropostas pol'ticas que col:eram a aceita%ão "a opinião p1blicaeleitoralmente manifesta"a2.3

     YYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYY 22

     + perda de confiança na acção do Estado (e não apenas "o sta"o-!rovi"Cncia) não se "eveuapenas ir o "éfice or%amental3 O queaconteceu foi que/ no tempo "e Reaan/ o "éfice or%amental elevou-se como nunca3 Jo Reino Lni"o/também o a"vento "o overno K:atc:er coinci"iu com um crescimento/ e não um "ecréscimo "as"espesas p1blicas (333) A estrutura "os servi%os sociais universais/ nomea"amente a e"uca%ão/ asa1"e e a seuran%a social/ também se manteve em ran"e parte intacta/ quer nos sta"os Lni"osquer no Reino Lni"o/ apesar "as proclama%&es neoconserva"oras sobre privati>a%ão e retrac%ão "aassistCncia social (Mis:ra/ +,,7)32. Doram eBemplos "esta ten"Cncia/ a vit;ria "e linton nos sta"os Lni"os/ bem como a "e Kon@ lairno Reino Lni"o/ com a sua pol'tica "e terceira via (=i""ens/ +,,,)3

    E0

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    '.I. Em ortugal

    '.I.1. A perspectiva intervencionista naevolução constitucional 

    onstituição aracter%sticas

    onstitui%ão "e +822   • !reten"e criar institui%&es liberais e "emocr$ticas• Jão passou "e um pro#ecto pois o seu suporte social era

    "ébil (buruesia mercantil)/ os inimios/ muitos e/ asecessão "o rasil/ uma questão urente/ que remeteua orani>a%ão "as D4 para seun"o plano

    arta onstitucional"e +82

    • 4en"o conserva"ora mantém as D4 numaperspectiva liberal

    onstitui%ão "e +8E8   • Mantém a concep%ão "e uma monarquia liberal assentena aliança do ;ei com a #urguesia (Sore Miran"a)

    onstitui%ão "e +,++   • Jão altera a perspectiva liberal "as fun%&es "o sta"o/con"imentan"o-as "e laicismo/ anti-clericalismo emunicipalismo3

    • I$ ran"e realce < pol'tica "e "uca%ão3

    onstitui%ão "e +,EE   • orporativista/ apresenta um cari> muito maisintervencionista/ preten"en"o ser a pe"ra "e toque emque as D4 são sensivelmente maiores e maiscompleBas3

    • Bplicita princ'pios "e protec%ão < fam'lia/ incumbCnciasecon;micas "o sta"o/ orani>a%ão "e interessessociais/ "a empresa e "o "ireito ao trabal:o3

    onstitui%ão "e +,7   • 9 influencia"a pelas "outrinas marBistas e "o sta"o-!rovi"Cncia3

    • onsoli"a me"i"as sociali>antes "as D4• N"entifica trCs sectores "e proprie"a"e (p1blico/

    cooperativo e priva"o)• onsara "ireitos/ liber"a"es e arantias "emocr$ticas• Bplicita princ'pios "e protec%ão aos ci"a"ãos e aos

    trabal:a"ores em particular/ em "iversos "om'nios "asD4 "uca%ão/ 4a1"e/ 4euran%a 4ocial/ 6abita%ão/Krabal:o/ etc3

    Evolução das funções económicas e sociais do Estado nasonstituições ortuguesas

     A fiura procura reistar alumas caracter'sticas "as constitui%&esportuuesas "es"e +822/ para "a' se po"er ter uma i"eia sobre aevolu%ão "outrin$ria quanto ao enten"imento "as fun%&es econ;micas esociais "o sta"o3 A partir "a sua leitura po"e-se observar

    ●  As constituições do per%odo mon0rquico foram to"as elasmarca"as por concep%&es liberais/ no mo"o como ol:avam osproblemas sociais e econ;micos/ consi"eran"o não ser "ever "osta"o intervir na sua resolu%ão3

    ●  A primeira constituição republicana, de 1J11,  mantém atra"i%ão liberal3 Jo entanto/ o laicismo e o anti-clericalismo"ominante/ tiveram como consequCncia a assun%ão "aeducação  como "ever "o sta"o / sen"o-l:e "a"o um realce que

    as anteriores constitui%&es não apresentavam3

    E+

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    ●  A constituição de 1J99 é intervencionista/ num qua"ro"outrin$rio corporativista3 ra permiti"o e incentiva"o o papel "aNre#a at;lica na pol'tica social3 O mo"elo "e interven%ão socialpreconi>a"o foi marca"o pela visão bismarcUiana/ separan"oclaramente os subsistemas "e previ"Cncia ("e seuro obriat;rio)e "e assistCncia (em que ao sta"o competia uma fun%ãosupletiva em rela%ão < interven%ão "a socie"a"e civil)3

    ●  A constituição de 1JKL foi também intervencionista/ masfortemente influencia"a pela perspectiva marBista/nomea"amente no que respeitava ao controlo "a activi"a"eecon;mica/ social e pol'tica3 O mo"elo #everidgeano  "epresta%&es universais foi consara"o através "a cria%ão "e umsistema intera"o "e seuran%a social/ "e um servi%o nacional "esa1"e e "a responsabili"a"e "o sta"o pelo sistema e"ucativo/ain"a que em coopera%ão com a socie"a"e civil3

    '.I.'. A perspectiva intervencionista naevolução do planeamento

    Outro in"ica"or interessante/ revela"or "o mo"o como evoluiu ointeresse pol'tico pelos problemas sociais e econ;micos é a suapresen%a no planeamento3 Nsto porque a função planeamento  est$presente em to"os os sistemas pol'ticos contemporQneos/ eBpressan"oum qua"ro normativo que preten"e tra"u>ir o $uerer comum  "osrespectivos povos3

     Assim/ pela an$lise "os sucessivos planos/ é poss'vel inferir asrepresenta%&es "os "ecisores pol'ticos sobre o mo"o como concebemas fun%&es econ;micas e sociais "o sta"o e/ em particular/ comoconcebem o seu papel relativamente < resolu%ão "os problemas sociaise econ;micos3

    m !ortual/ a primeira eBperiCncia "e planeamento/ no senti"o que:o#e l:e "amos/ parece ter suri"o apenas em +,E/ com a Hei +,+. "e2. "e Maio/ que ficou con:eci"a por ?ei da 5econstituiçãoEconómica3 Lm outro aspecto "e sublin:ar foi o facto "e permitirestruturar a reali>a%ão "e ran"es obras "e infra-estruturas/ "a"o o seu:ori>onte temporal ser "e + anos3

    O rimeiro lano de Gomento (+,E-8)/ manteve o intervencionismoecon;mico que/ sen"o uma novi"a"e e um salto "e quali"a"e no caso

    portuuCs/ preconi>ava uma interven%ão econ;mica "o sta"o bastantemo"esta se a compararmos com o que se praticava na uropa "e então3

    O )egundo lano de Gomento (+,,-.)/ apresentou pela primeira ve>o conceito "e !;los "e Iesenvolvimento/ rei&es on"e se iriamconcentrar recursos para promover a mo"erni>a%ão "o pa's3 !arasuportar financeiramente esse esfor%o foi então cria"o o anco "eDomento Jacional3om o lano *ntercalar  (+,-7)/ suriu a necessi"a"e "e se proce"er< reali>a%ão "e estu"os "e con#untura para calcular se o acréscimo "e"espesas com a "efesa obriaria a recorrer a empréstimos eBternos(estava-se em pleno esfor%o "e uerra "o Lltramar)3

    Observa-se pela primeira ve>/ neste "ocumento/ um con#unto "epreocupações de nature$a social/ nomea"amente no que respeita <

    E2

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    correc%ão "os "esequil'brios reionais e < "efini%ão "e uma pol'tica "ereparti%ão "e ren"imentos3

    + intervenção social e económica do Estado portugu(s vista atrav!sde alguns marcos do planeamento

    7arcos aracter%sticas

    ?ei 1J1< da5econstituiçãonacional (2.\\E)

     Apenas contempla pol%tica financeira6ase "os planos seuintesomo tin:a viCncia "e + anos permitiu a reali$ação de grandes obras "e infra-estruturas3

    1M lano deGomento(+,E-8)

    otal dos investimentos previstos +E3 mil:&es "e contos/ "os quais "estina"os ao Lltramar/ correspon"en"o a 2^ "o !J3Na mesma !poca a +0 ^ na Nrlan"a/ +0 a + ^ em Dran%a +a 20 ^ no Reino Lni"o 20 a 2^ na Aleman:a 2 a E0 ^ na4uécia

    'M lano deGomento(+,,-.)

    4b#ectivos 4ubi"a "o !J/ subi"a "o n'vel "e vi"a/ incremento"o empreo/ mel:oria "a balan%a "e paamentos3onceitoc"ave !;lo "e "esenvolvimentoria%ão "o 6anco de Gomento Nacional para financiar prora-

    mas "e mé"io pra>o (+,,)

    lano *ntercalar (+,-7)

    ?ançamento de estudos de con#untura para in"aar se o acrés-cimo "e "espesas militares obriaria < contrac%ão "e emprésti-mos eBternosrogressos metodológicos na feitura "o !lano3ome%am a reistar-se/ no pr;prio !lano/ preocupações sociais.

    9M lano deGomento(+,8-7E)

    onsolidação "os proressos meto"ol;icosNn'cio "o planeamento regional

    ar/ Iemocrati>ar eIesenvolver3r(s pol%ticas b0sicas planeamento reional/ "escentrali>a%ãoa"ministrativa e subor"ina%ão "o po"er econ;mico ao po"erpol'tico3ol%tica de austeridade face ao 1M c"oque petrol%fero (re"u%ão"as balan%as comercial e "e paamentos)3!ol'ticas "e combate ao desemprego/ "e estabili>a%ão "ainflação e "e redistribuição "e ren"imentos3)uspenso em 11 de 7arço "e +,73

    4 laneamento naonstituição da5epHblica (+,7)

    *deiasforça (K'tulo NNN/ 2Z !arte)O plano é um instrumento b0sico para construir a sociedadesocialista3

     A sua orienta%ão é/ "e facto/ imperativa3?egitimação das regiões ano

    4 laneamento naonstituição da5epHblica(Revisão "e +,82)

    Nnstaura%ão "a orienta%ão "e planeamento indicativo

     As mel:orias reista"as no !lano Nntercalar aparecem consoli"a"as noerceiro lano de Gomento (+,8-7E)/ on"e são eBplicita"as me"i"as"e !laneamento Reional3

    Jo uarto lano de Gomento  (+,7E-7,)/ que foi suspenso pelaRevolu%ão "e +,7./ #$ transparece uma maior preocupa%ão com oor"enamento "o territ;rio e com a promo%ão social3

    EE

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    O primeiro esfor%o "e planeamento ap;s revolu%ão reista-se no lanoEconómico e )ocial (+,7) que/ no entanto nunca entrou em vior/ emvirtu"e "a ra"icali>a%ão pol'tica ap;s os acontecimentos "o 11 de*arço23

    Jesse plano eram contempla"as "iversas me"i"as "e interven%ão

    econ;mica e social/ a curto e mé"io pra>os/ marca"as pelo combate ao"esempreo/ < estabili>a%ão "a infla%ão e < re"istribui%ão "osren"imentos/ "efen"en"o uma pol'tica "e austeri"a"e para fa>er faceaos efeitos "o c:oque petrol'fero ocorri"o em +,7E3 O planeamentoreional/ a "escentrali>a%ão a"ministrativa e a subor"ina%ão "o po"erecon;mico ao po"er pol'tico eram "efen"i"as como pol'ticasestruturantes "o plano3

     A onstituição de 1JKL/ "e acor"o com a perspectiva marBista entãoviente/ valori>ou o !lano como instrumento #ásico para construir asociedade socialista  (artio ,+_)/ apresentan"o-o com uma nature>aimperativa3

    Io que se acaba "e referir/ po"e sublin:ar-se que as preocupações deintervencionismo económico foram muito mais precoces que associais/ correspon"en"o ali$s ao esp'rito "o tempo em que os planosforam concebi"os3 om efeito/ s; com o !lano Nntercalar e com osKerceiro e ?uarto !lanos "e Domento é que come%am a reistar-setimi"amente/ ten"o si"o uma preocupa%ão efectiva s; ap;s a revolu%ão"e +,7.3

     YYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYY 2 Lma "as ra>&es "a suspensão "o !lano foi o facto "ele ter um cari> consi"era"o "emasia"oreformista pelas for%as pol'ticas "ominantes/ ain"a que respeitasse escrupulosamente os trCs ICs "o

    !rorama "o Movimento "as Dor%as Arma"as ("escoloni>a%ão/ "emocrati>a%ão e "esenvolvimento)3Os seus principais autores foram Melo Antunes/ Victor Alves/ Maria "e Hour"es !intasilo/ Rui Vilar eVictor onstQncio3

    E.

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    9. @randes problemas ambientais

    9.1. @estão da Ogua

    9.1.1. #ntrodução A $ua é uma "as principais necessi"a"es para a eBistCncia "e vi"a naKerra/ constituin"o con#untamente com o ar um "os bens essenciais ao:omem3

    Refira-se que/ "e to"a a $ua eBistente na Kerra/ apenas cerca "e E^ é"oce e nem to"a é "irectamente utili>$vel3 Iesta forma/ consi"era-seque/ "e to"a a $ua eBistente na Kerra/ apenas 0/0E^ est$ facilmenteacess'vel ao consumo :umano3 Iestes 0/0E ^ refira-se ain"a que 2 ^encontra-se em laos/ E8 ^ reti"a no solo/ 8 ^ est$ na atmosfera sob aforma "e vapor "e $ua/ + ^ est$ acumula"a na biomassa "osoranismos e apenas + ^ est$ nos rios (Alves/ +,,8)3

     Além "o facto "a $ua "ispon'vel para consumo :umano ser re"u>i"a/os res'"uos resultantes "as "iferentes activi"a"es "o :omem/ ou se#a/ osefluentes "e oriem antropoénica/ são "escarrea"os nos "iferentesmeios receptores eBistentes na Kerra/ em especial no meio aqu$tico3

    Os "iferentes contaminantes que se po"em encontrar na $ua provCm"e "iversos factores resultantes "e/• causas naturais (e "e $ua on"e rios e outros cursos "e $ua atravessamfronteiras "e "iferentes pa'ses3 ste facto ir$ ocasionar conflitos entreesses pa'ses/ que s; po"erão ser evita"os quan"o a "istribui%ão "a

    $ua pu"er ser "iscuti"a em con#unto3 ste problema é um "os "esafiosque se colocam ao n'vel "a estão "a $ua ten"o em conta o

    E

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    "esenvolvimento sustent$vel (ver sub-cap'tulo Nnstrumentos "e !ol'tica"e Ambiente)3 !ortual e span:a são um bom eBemplo on"e estaquestão se coloca3

     A quanti"a"e "e $ua "ispon'vel é afecta"a pela sobre-eBplora%ão "eaqu'feros e\ou pelo "esvio "e cursos "e $ua/ oriinan"o a "iminui%ão

    "o seu cau"al e mo"ifican"o por sua ve> a quanti"a"e "e $ua"ispon'vel3

    Dace a to"a esta problem$tica é iualmente previs'vel um aumento nautili>a%ão "as fontes não convencionais "e $ua como a "essalini>a%ãoe a reutili>a%ão "a $ua/ essencialmente em pa'ses com problemas "eescasse> "e $ua3

    9.1.9. )ualidade da (gua

    4eun"o "a"os "a A (+,,)/ apenas cerca "e . ^ "as $uasresi"uais apresentam tratamento antes "e serem "escarrea"as3 9

    previs'vel que a quanti"a"e "e esotos contamina"os aumente e que aspr$ticas "e aricultura intensiva continuem/ com a consequenteutili>a%ão eBcessiva "e fertili>antes/ oriinan"o a eutrofi>a%ão "as >onascosteiras e a contamina%ão "e aqu'feros3 sta contamina%ão "osaqu'feros po"e também "ever-se < intrusão salina resultante "aeBplora%ão "e $uas subterrQneas ao lono "a costa/ on"e estãocentrali>a"as $reas urbanas/ in"ustriais e "e turismo (A/ +,,,)3

    9.'. Efeito de estufa e alterações clim0ticas

    9.'.1. #ntrodução

    O balan%o térmico i"eal para a manuten%ão "a vi"a na Kerra éproporciona"o principalmente pela presen%a "e vapor "e $ua e "i;Bi"o"e carbono (O2) eBistente na atmosfera3 stes ases absorvem ara"ia%ão solar infravermel:a/ emiti"a pela superf'cie terrestre impe"in"oassim que a ra"ia%ão se#a per"i"a para o espa%o3 ste fen;meno natural"enomina-se efeito de estufa/ uma ve> que permite o aquecimento "asuperf'cie terrestre e promove a subi"a "a temperatura "a troposferacom consequente aumento "a evapora%ão e precipita%ão3

    Jo entanto/ a liberta%ão "e O2  resultante "a conversão "oscombust'veis f;sseis/ tem si"o respons$vel pela amplifica%ão "estefen;meno nos 1ltimos séculos/ em con#unto com outros ases como o

    metano (6.)/ os ;Bi"os "e a>oto (JO2/ JO)/ os loro-Dluor-arbonetos(Ds)/ e o o>ono troposférico2 (OE)3 O "i;Bi"o "e carbono e o metanotCm si"o respons$veis pelo incremento "e cerca "e 80 ^ "a temperaturalobal em consequCncia "o aumento "r$stico "as emiss&es "e oriemantropoénica nos 1ltimos +.0 anos (N!/ +,,2)3 Jão é apenas aqueima "e combust'veis f;sseis respons$vel pelo efeito "e estufa3

     YYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYY 2 Jão confun"ir o o>ono troposférico eBistente na cama"a inferior "a atmosfera (troposfera)/ com oo>ono estratosférico3 Os :i"rocarbonetos não queima"os na combustão "os combust'veis f;sseis nos

    ve'culos "e transporte e nas in"1strias/ por ac%ão "a ra"ia%ão solar po"em converter-se em o>ono3ste $s é um poluente/ pois trata-se uma substQncia altamente reactiva que po"e provocar efeitosneativos na sa1"e p1blica e nos ecossistemas3

    E

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    *+,+,+ Alteraçes clim(ticas

     Ain"a que eBista uma rela%ão clara entre o aumento "a temperatura e aemissão "e aluns ases que contribuem para o efeito "e estufa/ não époss'vel afirmar com certe>a que se trata "e uma rela%ão causa-efeito3

    Os mo"elos "e clima estimam que o aumento ser$ "e 2_ no ano 2+00/comparativamente aos n'veis "e +,,03 Ia"o que é previs'vel ocrescimento "a economia/ estima-se que as concentra%&es mé"iaslobais "os trCs ases que mais contribuem para o efeito "e estufa sealterem3 Assim/ para o ano 200/ comparativamente ao ano "e +,,0/est$ pro#ecta"o o aumento em cerca "e . ^ no caso "o O2/ 80 ^ nocaso "o 6. e 22 ^ no caso "o J2O3

    4er$ necess$ria até o ano "e 2+00 uma re"u%ão "e 0 [ 70 ^/ emrela%ão ao verifica"o em +,,0/ "as emiss&es lobais "e O2  paraestabili>ar a concentra%ão "e O2 (N!/ +,,)3 Jo entanto/ mesmo queas emiss&es se#am ime"iatamente re"u>i"as alumas altera%&es

    clim$ticas não po"erão ser evita"as "evi"o < "inQmica "os sistemasclimatéricos3

    9.'.9. O protocolo de )uioto

    O encontro mun"ial on"e pela primeira ve> se reulamentaram asemiss&es "os ases com efeito "e estufa foi a NNN onferCncia "as !artes"a onven%ão [ ?ua"ro "as Altera%&es lim$ticas ocorri"a em ?uiotoem +,,7/ on"e v$rios pa'ses assinaram um protocolo no senti"o "are"u%ão lobal "e /2 ^ em rela%ão aos n'veis "e +,,0/ "as emiss&es"os ases que contribuem para o efeito "e estufa• "i;Bi"o "e carbono (O2)/• metano (6.)/• ;Bi"o nitroso (J2O)/• :i"rofluorcarbonetos (6Ds)/• perfluorcarbonetos (!Ds)/ e• enBofre :eBafluoreto (4D)

    entre os anos "e 2008 e 20+2 (N!/ +,,7)3

    Jo entanto/ este protocolo tem alumas limita%&es/ como o facto "e nãoincluir os pa'ses em "esenvolvimento que para #$ estão sem obria%ão"e re"u%ão ou limita%ão "e crescimento "e emiss&es e "e não teremsi"o cria"os mecanismos "e puni%ão para quem não cumprir o acor"o3

    9.'.a"o no ano2000 e "o qual se "estacam (A/ +,,,)

    ● os mecanismos "e financiamento para apoiar os pa'ses em"esenvolvimento relativamente aos efeitos a"versos "asaltera%&es clim$ticas/ nomea"amente através "e me"i"as "ea"apta%ão

    ● o "esenvolvimento e transferCncia "e tecnoloias para os pa'ses

    em "esenvolvimento

    E7

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    ● as activi"a"es implementa"as con#untamente

    ● o prorama "e trabal:os "os Mecanismos "e ?uioto/ compriori"a"e no "esenvolvimento "e mecanismos "e tecnoloiaslimpas3

     A estratéia eficiente para a minimi>a%ão "este problema passa pelamo"ifica%ão "a quanti"a"e e tipo "e combust'veis f;sseis3 ste factopo"e ser consi"era"o como a pr;Bima ran"e transi%ão no sistemaenerético mun"ial3

    9 iualmente importante evitar a per"a e\ou framenta%ão "e 3a#itats visto ser uma "as mais importantes causas "e eBtin%ão "e espécies3Iever$ iualmente ser efectua"a a refloresta%ão ten"o em conta que asflorestas são importantes sumi"ouros "e O2/ embora se eBi#a aplanifica%ão cui"a"a "este processo "e mo"o a não pWr em causa oequil'brio "os ecossistemas (ver sub-cap'tulo Iesertifica%ão eIesfloresta%ão)3

    9.9. 5arefacção da camada de o$ono9.9.1. #ntrodução

    O o>ono é um $s cu#a molécula contém E $tomos "e oBiénio/ forma"apor ac%ão "a lu> a partir "o oBiénio molecular (O 2)3 Ja atmosfera/ asmaiores concentra%&es "e o>ono apresentam-se na estratosfera (20 a .0Um "a superf'cie "a terra)/ forman"o o que se "esina "e camada deo$ono3 sta cama"a funciona como filtro ono obti"as/ é poss'vel observar a rarefac%ão "a cama"a "e o>onona Ant$rcti"a/ usualmente "enomina"a como o buraco "o o>ono3Refira-se que a concentra%ão mé"ia "e o>ono é "e cerca "e .00uni"a"es "e IO4OJ/ ou se#a/ mais "o "obro "as concentra%&es maisbaiBas encontra"as na Ant$rcti"a3

    9.9.'. O protocolo de .ontreal 

    Jo caso "os pa'ses em "esenvolvimento este protocolo refere que aelimina%ão "e Ds e 6alons po"e ser efectua"a até 20+0/ e até 20+no caso "e metil-clorof;rmio (LJ!/ +,,7)3

     Actualmente as concentra%&es totais "e cloro na baiBa atmosfera estão a"iminuir "es"e o seu m$Bimo obti"o em +,,./ "evi"o essencialmente <re"u%ão "e metil-clorof;rmio/ embora as concentra%&es "e 6alonscontinuem a aumentar/ contrariamente a%ão "e Ds ain"a é permiti"a nos pa'ses

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    em "esenvolvimento e nos pa'ses "esenvolvi"os "es"e que se#a para autili>a%ão nos pa'ses em "esenvolvimento3

    4aliente-se ain"a que a :ina é respons$vel por cerca "e ,0 ^ "apro"u%ão mun"ial "e 6alon-+2++ e uma ve> que apenas em 20+0 temque parar a sua pro"u%ão/ este pa's po"e contribuir para o atraso "a

    estabili>a%ão "as concentra%&es "e o>ono na estratosfera (A/ +,,,)3 A "ifusão "os Ds "es"e a primeira cama"a "a atmosfera até <estratosfera po"e levar "éca"as e provavelmente s; nos mea"os "opr;Bimo século se atinir$ o valor m$Bimo "e cloro estratosférico/partin"o "o princ'pio que ser$ limita"a a pro"u%ão e consumo "e Ds"e acor"o com o protocolo "e Montreal3

    9.

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     A eBcessiva eBplora%ão "os solos e as altera%&es "e comportamentos:i"rol;icos/ con"u>iram a "esequil'brios importantes que em alunsecossistemas "emonstraram ser irrevers'veis3

    9.ar3 Jo entanto/ os interesses econ;micos "as empresasmultinacionais que "ominam este merca"o são "emasia"o ran"es paraque estas se preocupem em respeit$-la3

    O comércio ileal "e fauna e flora selvaem "$ eleva"os ren"imentos a%ão futura3

    9.a%&es Jão =overnamentais)/ fa>ervaler os "ireitos e proteer este patrim;nio enético3

    9.I. Desertificação e desflorestação

    9.I.1. #ntrodução

     A rela%ão "o :omem com o ambiente que o ro"eia nem sempre éinofensiva3 omo 4er racional que é/ procura sempre solucionar com

    .0

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    proveito pr;prio os entraves que se colocam < sua coloni>a%ão "a terra3Jo passa"o/ a mel:oria "as con"i%&es ambientais/ as "escobertas quefoi efectuan"o e a supremacia intelectual que "emonstrou terrelativamente aos outros seres que povoavam a terra/ permitiram-l:efiBar-se3 A aricultura e o pastoreio eBiiram novos e mais férteis campospara o cultivo e pastaens/ que se roubaram a biol;ica que nunca mais po"eremos reconstruir3

     YYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYY 28 nten"e-se por floresta to"o o ecossistema "omina"o por $rvores "e fol:a ca"uca ou perene/ lara

    ou em aul:a/ mais ou menos evolu'"o/ no qual se incluem florestas aparentemente arbustivas como oma$uis me"iterrQnico/ se#a ele alto ou baiBo (Alves/ +,,8)3 9 um sistema pluri-estratifica"o que alberauma imensa bio"iversi"a"e numa ran"e varie"a"e "e nic:os ecol;icos3

    .+

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    *+0+*+ /loresta e biodiversidade

    Ma"aascar é um caso emblem$tico/ on"e a "esfloresta%ão temassumi"o propor%&es "evasta"oras3

     A imensa rique>a biol;ica estava protei"a numa vast'ssima $rea "e

    floresta tropical3 O estabelecimento "e colonos/ a eBpansão europeia/ acoloni>a%ão francesa até < in"epen"Cncia em +,8 trouBeram para estail:a mil:ares "e :abitantes que para nela sobreviverem e se instalarem/tiveram "e cortar e queimar florestas3

    Os solos esota"os/ pisotea"os pelos animais/ são aban"ona"os/"eiBa"os < mercC "os aentes clim$ticos/ e on"e antes eBistiaveeta%ão abun"ante/ :o#e encontra-se "eserto3

    Ieste mo"o/ em Ma"aascar como em tantos outros locais/ o :omemest$ a contribuir para a saeli>a%ão2, e "esertifica%ão "e vastas $reas "aterra/ esquecen"o que as suas actua%&es a n'vel local se fa>em sentir "e

    forma lobal/ < escala planet$ria3 Actuan"o "este mo"o torna imposs'vel a autorreula%ão "o planetaproposto nos anos 70/ por HovelocU na Keoria =aiaE03 4eun"o esteautor/ até :$ pouco tempo/ as activi"a"es :umanas eram assimila"aspela biosfera3 Jo entanto/ actualmente a biosfera #$ não conseue fa>erfrente ao eBcesso "e O2  eBistente na atmosfera/ notan"o-se o seuaquecimento lobal3

    9.I.a%ão processo reressivo em que os ecossistemas ten"em para situa%&es "e pré-"eserto3E0 4eun"o HovelocU (+,8E)/ A biosfera é uma enti"a"e autorreula"ora com capaci"a"e para manter

    a sa1"e "o nosso planeta me"iante o controlo "o equil'brio qu'mico e f'sico (i"e3 enito/ +,,,)3E+ R4L é sin;nimo "e res'"uos "omésticos ou urbanos3

    .2

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    mir3 A"quirem in1meros pro"utos/ "os quais não necessitam/ que "eitamfora com facili"a"e/ uma ve> que/ para além "e apresentarem uma baiBa"urabili"a"e são frequentemente substitu'"os por novos e maisinteressantes mo"elos constantemente lan%a"os no merca"o3 m !aris/a quanti"a"e "e res'"uos "omésticos re#eita"os\ano\:abitante era em+,2 pouco mais "e +8. U/ enquanto que em +,,. se aproBimava "os., U3

     A taBa "e tratamento e elimina%ão "e res'"uos/ em +,,+/ era menor em!ortual "o que em qualquer outro pa's "a L33 Verifican"o-se nessaaltura a "eposi%ão em liBeiras preferencialmente < compostaemE2/incinera%ão ou < "eposi%ão em aterro sanit$rioEE3

    Os overnos/ munic'pios/ e os meios "e comunica%ão social tCm/ nos1ltimos anos/ feito um esfor%o para sensibili>ar os ci"a"ãos e asocie"a"e em eral/ para a importQncia "a valori>a%ão "os res'"uos3Jeste senti"o/ tCm suri"o em alumas autarquias/ ecopontosE./recol:as porta-a-porta "e materiais/ como papel/ vi"ro e cartão que

    posteriormente são trata"os em in"1strias "e reprocessamento "estesmateriais3

    9.L.9. Res'duos industriais

    stimativas "e +,,2 apontavam !ortual como o respons$vel pelapro"u%ão "e + E00 000 tonela"as "e res'"uos in"ustriais3 ste valor érelativamente baiBo quan"o compara"o com os pro"u>i"os por pa'sesin"ustriali>a"os "a uropa3 Apesar "a ran"e quanti"a"e "e res'"uospro"u>i"os pelas in"1strias qu'micas/ "e pasta "e papel e eBtractivas omais alarmante "eve-se ao facto "e cerca "e 2\E "estes res'"uos seremelimina"os por "escara no solo e no sub-solo reistan"o-se uma

    pequena percentaem "e tratamento por incinera%ão (MARJ/ +,,.)3 As in"1strias são respons$veis pela pro"u%ão "e res'"uos periosos eemissão "e pro"utos t;Bicos ocasionan"o contamina%&es "e len%oisfre$ticos/ $uas superficiais/ solos/ atmosfera e ca"eias tr;ficas/ se#apela emissão "e ases t;Bicos ou pela "eposi%ão "e res'"uos no solo eno subsolo con"ucentes < "estrui%ão "e muitos ecossistemas3

     Apesar "este panorama/ a problem$tica "os res'"uos in"ustriais est$mais bem cont