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42. a oração

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A ORAÇÃO

Ás vezes fica uma interrogação a respeito da oração, e de como devemos orar, e até mesmo, qual o efeito da oração.

Vamos deixar que a Bíblia e o Espírito de Profecia respondam: “A oração não é uma expiação pelo pecado; não possui em si mesma nenhuma virtude ou mérito. Todas as palavras floreadas de que possamos dispor não equivalem a um único desejo santo. As mais eloqüentes orações não passam de palavras ociosas, se não exprimirem os reais sentimentos do coração. Mas à oração que provém de um coração sincero, quando se exprimem as simples necessidades da alma, da mesma maneira que pediríamos um favor a um amigo terrestre, esperando que o mesmo nos fosse concedido, eis a oração da fé. Deus não deseja nossos cumprimentos cerimoniais; mas o inarticulado grito de um coração quebrantado e rendido pelo senso de seu pecado e indizível fraqueza, esse alcançará o Pai de toda a misericórdia.”

“O Senhor é misericordioso e piedoso.” S. Tiago 5: 11. Ele aguarda com incansável amor ouvir as confissões do extraviado, e aceitar-lhe o arrependimento. Ele nota qualquer resposta de gratidão de nossa parte, assim como uma mãe observa o sorriso de reconhecimento de seu amado filho. Ele desejaria que levássemos nossas provações a Sua compaixão, nossas dores ao Seu amor, nossas feridas á Sua cura, nossa fraqueza á Sua força, nosso vazio á Sua plenitude. Jamais foi decepcionado alguém que fosse ter com Ele. “Olharam para Ele e foram iluminados; e os seus rostos não ficarão confundidos.” Sal 34: 5.

Em Jô 33: 26 nos diz: que devemos orar a Deus, que nos responderá segundo o que Lhe aprover. Mas a Bíblia também nos diz que o pecado faz separação entre nós e Deus (Isaías 59: 1 e2; Prov. 28: 9-10; 15: 29; Isaias 1: 15)

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Uma das condições para que a oração seja atendida é a fé

A fé é a confiança em Deus, ou seja, a crença de que Ele nos ama e conhece perfeitamente o que é para o nosso bem. Assim ela nos leva a escolher o Seu caminho em vez de o nosso próprio. Em lugar da nossa ignorância, ela aceita a Sua sabedoria; em lugar de nossa fraqueza, aceita a Sua força; em lugar de nossa pecaminosidade, Sua justiça. Nossa vida e nós mesmos somos seus; a fé reconhece essa posse e aceita as bênçãos dela. A verdade, a correção e a pureza, têm sido designadas como segredos do êxito da vida. É a fé que nos põe na posse destes princípios.

Todo o bom impulso ou aspiração é um dom de Deus; a fé recebe de Deus aquela vida que, somente, pode produzir o verdadeiro crescimento e eficiência.

Deve-se explicar bem como exercer a fé. Para toda promessa de Deus há condições. Se estamos dispostos a fazer a Sua vontade, toda a Sua força é nossa. Qualquer dom que Ele prometa, está na própria promessa. "A semente é a Palavra de Deus." Luc. 8:11. Tão certo como o carvalho está no seu fruto, o dom de Deus está em Sua promessa. Se recebemos a promessa, temos o dom.

A fé que nos habilita a receber os dons de Deus é em si mesma um dom, do qual certa medida é comunicada a todo ser humano. Ela cresce quando exercitada no apropriar-se da Palavra de Deus. A fim de fortalecer a fé devemos frequentemente trazê-la em contato com a Palavra. No estudo da Bíblia, o estudante deve ser levado a ver o poder da Palavra de Deus.

Necessita-se de fé nas pequenas coisas da vida, tanto como nas grandes. Em todos os nossos interesses e ocupações diários, a força amparadora de Deus se nos torna real por meio de uma confiança perseverante.

Encarada em seu lado humano, a vida é para todos um caminho ainda não experimentado. É uma senda em que, no que respeita às nossas mais profundas experiências, cada qual tem de andar sozinho. Nenhum outro ser humano pode penetrar completamente em nossa vida íntima. Ao iniciar a criança aquela jornada em que, mais cedo ou mais tarde, deverá escolher seu procedimento, por si decidindo para a

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eternidade os lances da vida, quão ardoroso deve ser o esforço para encaminhar sua confiança para o seguro Guia e Auxiliador!

Como anteparo à tentação, e inspiração à pureza e à verdade, nenhuma influência pode igualar à intuição da presença de Deus. "Todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos dAquele com quem temos de tratar." Heb. 4:13. "Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal e a vexação não podes contemplar." Hab. 1:13. Este conceito foi a proteção de José entre as corrupções do Egito. Às seduções da tentação era constante sua resposta: "Como, pois, faria eu este tamanho mal e pecaria contra Deus?" Gên. 39:9. Tal proteção será a fé a toda pessoa que a abrigue.

Unicamente essa percepção da presença de Deus poderá banir aquele receio que faria da vida um peso à tímida criança. Fixe ela em sua memória esta promessa: "O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que O temem, e os livra." Sal. 34:7. Que leia a maravilhosa história de Eliseu na cidade montesina e, entre ele e os exércitos de inimigos armados, uma poderosa multidão circunjacente de anjos celestiais. Leia como a Pedro, na prisão condenado a morte, apareceu o anjo de Deus, como, depois de passarem pelos guardas armados, pelas portas maciças e grandes portões de ferro com seus ferrolhos e travessas, o anjo guiou o servo de Deus em segurança.

Estas coisas não foram escritas meramente para que as pudéssemos ler e admirar, mas para que a mesma fé que na antiguidade operava nos servos de Deus, possa operar em nós. De maneira não menos assinalada do que Ele operava naquele tempo, fará hoje onde quer que haja corações de fé, que sejam os condutores de Seu poder.

Ensine-se a confiança em Deus aos que desconfiam de si próprios, e que são, por isso, levados a fugir dos cuidados e responsabilidades. Assim, muitos que aliás não seriam senão nulidades no mundo, ou talvez apenas um fardo indefeso, habilitar-se-ão a dizer com o apóstolo Paulo: "Posso todas as coisas nAquele que me fortalece." Filip. 4:13.

Também para a criança ligeira em ressentir-se de injúrias, a fé contém preciosas lições. A disposição para resistir ao mal ou vingá-lo é muitas vezes devida a um veemente senso de justiça e um espírito ativo e enérgico. Ensine-se a tal criança que Deus é o defensor eterno do

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direito. Ele tem terno cuidado pelos seres que amou a ponto de dar, para salvá-los, Aquele que Lhe era diletíssimo. Ele tratará com todo malfeitor.

"Porque aquele que tocar em vós toca na menina do Seu olho." Zac. 2:8.

"Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nEle, e Ele tudo fará. ... Ele fará sobressair a tua justiça como a luz; e o teu juízo, como o meio-dia." Sal. 37:5 e 6.

"O Senhor será também um alto refúgio para o oprimido; um alto refúgio em tempo de angústia. E em Ti confiarão os que conhecem o Teu nome; porque Tu, Senhor, nunca desamparaste os que Te buscam." Sal. 9:9 e 10.

A compaixão que Deus manifesta para conosco, Ele nos ordena que manifestemos para com os outros. Que os que são impulsivos, pretensiosos e vingativos contemplem Aquele que, meigo e humilde, foi levado como um cordeiro ao matadouro, e não retribuiu o mal, semelhantemente à ovelha silenciosa diante dos que a tosquiam. Olhem para Aquele a quem nossos pecados feriram e nossas tristezas sobrecarregaram, e aprenderão a suportar, relevar e perdoar.

Por meio da fé em Cristo, toda deficiência de caráter pode ser suprida, toda contaminação removida, corrigida toda falta, e toda boa qualidade desenvolvida.

"Estais perfeitos nEle." Col. 2:10.

A oração e a fé são aliadas íntimas, e necessitam d e ser estudadas juntas. Na oração da fé há uma ciência di vina; é uma ciência que tem de compreender todo aquele que dese ja fazer do trabalho um êxito. Diz Cristo: "Tudo o que pedirdes , orando, crede que o recebereis, e tê-lo-eis.” S. Marcos 11:24.

Ele deixa bem esclarecido que o nosso pedido deve estar de acordo com a vontade de Deus; devemos pedir as coisas que Ele prometeu, e o que quer que recebamos deve ser empregado no fazer a Sua vontade. Satisfeitas as condições, a promessa é certa.

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Podemos pedir o perdão do pecado, o Espírito Santo, um temperamento cristão, sabedoria e força para fazer Sua obra, ou qualquer dom que Ele haja prometido; então devemos crer que recebemos, e agradecer a Deus por havermos recebido.

Não precisamos esperar por qualquer evidência exterior da bênção. O dom acha-se na promessa. Podemos empenhar-nos em nosso trabalho certos de que o que Deus prometeu Ele pode realizar, e de que o dom, que nós já possuímos, se efetivará quando dele mais necessitarmos.

Viver assim pela Palavra de Deus significa a entrega a Ele de toda a nossa vida. Ter-se-á um contínuo senso de necessidade e dependência, uma atração do coração a Deus. A oração é uma necessidade, pois é a vida da alma. A oração particular e em público tem o seu lugar; é, porém, a comunhão secreta com Deus que sustenta a vida da alma.

Foi no monte, com Deus, que Moisés contemplou o modelo daquela construção maravilhosa que devia ser a morada de Sua glória. É no monte, com Deus - o lugar secreto da comunhão com Ele - que devemos contemplar Seu glorioso ideal para com a humanidade. Assim habilitar-nos-emos a moldar de tal maneira a formação de nosso caráter que se possa cumprir para nós esta promessa: "Neles habitarei e entre eles andarei; e Eu serei o seu Deus, e eles serão o Meu povo." II Cor. 6:16.

Era nas horas de oração solitária que Jesus, em Sua vida terrestre, recebia sabedoria e poder. Sigam os jovens o Seu exemplo, procurando, na aurora e ao crepúsculo, uns momentos tranqüilos para a comunhão com seu Pai celestial. E durante o dia todo levantem eles o coração a Deus. A cada passo em nosso caminho, diz Ele: "Eu, o Senhor, teu Deus, te tomo pela tua mão direita. ... Não temas, que Eu te ajudo." Isa. 41:13. Aprendessem nossos filhos estas lições na manhã de seus anos, e que vigor e poder, que alegria e doçura lhes penetrariam a vida!

Tais são lições que apenas aquele que as aprendeu por si mesmo poderá ensinar. O fato de que o ensino das Escrituras não tem maior efeito sobre a juventude, é devido a que tantos pais e mestres professem crer na Palavra de Deus, enquanto sua vida nega o poder dela. Às vezes os jovens são levados a sentir o poder da Palavra. Vêem

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a preciosidade do amor de Cristo. Vêem a beleza de Seu caráter, as possibilidades de uma vida dada a Seu serviço. Mas, em contraste, vêem eles a vida dos que professam reverenciar os preceitos de Deus. Em relação a quantos deles são verdadeiras as palavras proferidas ao profeta Ezequiel:

Teu povo "fala um com o outro, cada um a seu irmão, dizendo: Vinde, peço-vos, e ouvi qual seja a palavra que procede do Senhor. E eles vêm a ti, como o povo costuma vir, e se assentam diante de ti como Meu povo, e ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obras; pois lisonjeiam com a sua boca, mas o seu coração segue a sua avareza. E eis que tu és para eles como uma canção de amores, canção de quem tem voz suave e que bem que tange; porque ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra.” Eze. 33: 30-32.

Uma coisa é considerar a Bíblia como um livro de boa instrução moral, a que se deva atender tanto quanto seja compatível com o espírito do tempo e nossa posição no mundo; outra coisa é considerá-la como realmente é: a palavra do Deus vivo, palavra que é a nossa vida, que deve modelar nossas ações, palavras e pensamentos. Ter a Palavra de Deus na conta de qualquer coisa inferior a isto, é rejeitá-la. E esta rejeição por parte dos que professam crer nela, é a causa preeminente do ceticismo e incredulidade entre os jovens.

Parece estar-se apoderando do mundo, em muitos sentidos, uma intensidade qual nunca antes se viu. Nos divertimentos, no ganhar dinheiro, nas lutas pelo poderio, na própria luta pela existência, há uma força terrível que absorve o corpo, o espírito e a alma. Em meio dessa corrida louca, Deus fala. Ele nos ordena que fiquemos à parte e tenhamos comunhão com Ele. "Aquietai-vos e sabei que Eu sou Deus." Sal. 46:10.

Muitos, mesmo nas horas de devoção, deixam de receber a bênção da comunhão real com Deus. Estão com demasiada pressa. Com passos precipitados apertam-se ao atravessar o grupo dos que têm a adorável presença de Cristo, detendo-se possivelmente um momento no recinto sagrado, mas não para esperar conselho. Não têm tempo de ficar com o Mestre divino. E com seus fardos voltam eles a seus trabalhos.

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Estes trabalhadores nunca poderão alcançar o maior êxito antes que aprendam o segredo da força. Devem dar a si mesmos tempo para pensar, orar e esperar de Deus a renovação da força física, mental e espiritual. Precisam da influência enobrecedora de Seu Espírito. Recebendo-a, animar-se-ão de uma nova vida. O corpo exausto e o cérebro cansado refrigerar-se-ão, e o coração oprimido aliviar-se-á.

Nada de uma parada momentânea em Sua presença, mas um contato pessoal com Cristo, sentando-nos em Sua companhia - tal é a nossa necessidade. Felizes serão os filhos de nossos lares e estudantes de nossas escolas quando pais e professores aprenderem em sua própria vida a preciosa experiência descrita nestas palavras dos Cantares de Salomão:

"Qual a macieira entre as árvores do bosque,

Tal é o meu Amado entre os filhos;

Desejo muito a Sua sombra e debaixo dela me assento;

E o Seu fruto é doce ao meu paladar.

Levou-me à sala do banquete,

E o Seu estandarte em mim era o amor." Cant. 2:3 e 4. (Educação págs. 253-261)

Sinto-me penalizada ao ver quão pouco apreciado é o dom da linguagem. Na leitura da Bíblia, nas orações, ao dar testemunh os nas reuniões, quão necessária é a dicção clara, dis tinta! E quanto se perde, no culto de família, quando o que faz a o ração curva a cabeça e fala em voz baixa e fraca! Assim, porém, q ue o culto de família terminou, os que na oração não podiam falar alto bastante para se fazerem ouvir, falam em geral em tons claro s, distintos, não havendo dificuldade em ouvir o que dizem . A oração feita assim, será apropriada para o aposento particular, mas não é edificante no culto familiar ou público; pois a menos que as pessoas reunidas ouçam o que se diz, não podem dizer "Amém". Quase todos são capazes de falar suficientemente alto para ser ouvidos na conversação comum, e por que não hão de falar do mesmo modo quando chamados a dar testemunho ou a fazer oração?

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Quando falardes de coisas divinas, por que não usar tons distintos, e de maneira a manifestar que sabeis aquilo de que falais, e não vos envergonhais de mostrar a bandeira a que servis? Por que não orais como quem tem a consciência livre de ofensa, e se pode chegar ao trono da graça humildemente, não obstante com santa ousadia, erguendo mãos santas, sem ira nem contenda? Não vos curveis, cobrindo o rosto como se algo houvesse que desejais ocultar. Erguei, porém, os olhos para o santuário celeste, o nde Cristo, vosso Mediador, Se acha perante o Pai para apresent ar as vossas súplicas, de mistura com Seus próprios méritos e im aculada justiça, qual agradável incenso.

Deus nos concedeu o dom da linguagem a fim de podermos contar aos outros Seu trato para conosco, para que Seu amor e compaixão possam tocar a outros corações, e de outras almas também ascendam louvores Àquele que os chamou das trevas para Sua maravilhosa luz. Disse o Senhor: "Vós sois as Minhas testemunhas." Isa. 43:10. Mas todos quantos são chamados a ser testemunhas de Cristo precisam aprender dEle, a fim de ser testemunhas eficientes. Como filhos do celeste Rei, devem educar-se a dar testemunho em voz clara e distinta, e de tal maneira que ninguém tenha a impressão de que estão relutantes para contar as misericórdias do Senhor.

Nas reuniões sociais, a oração deve ser feita de ma neira que todos sejam edificados; os que tomam parte nesse se rviço, devem seguir o exemplo dado na bela oração do Senhor para o mundo. Essa oração é simples, clara, compreensiva, e todav ia não é longa nem sem vida, como são por vezes as orações feitas em público. Orações assim, destituídas de vida, seria melhor qu e não fossem proferidas; pois são mera forma, sem poder vital, e deixam de beneficiar ou produzir edificação.

Em todos os nossos cultos, devemos conduzir-nos de maneira a edificar os outros, trabalhando o quanto esteja ao nosso alcance para a perfeição da Igreja. "Pelo que, o que fala língua estranha, ore para que a possa interpretar. Porque, se eu orar em língua estranha, o meu espírito ora bem, mas o meu entendimento fica sem fruto. Que farei, pois? Orarei com o espírito, mas também orarei com o entendimento. ... Doutra maneira, se tu bendisseres com o espírito, como dirá o que ocupa o lugar de indouto o Amém sobre a tua ação de graças, visto que

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não sabe o que dizes? Porque realmente tu dás bem as graças, mas o outro não é edificado. (CPPE pág. 240-247)

Por meio de fervorosa oração e diligente esforço havemos de obter aptidão para falar. Esta aptidão inclui a pronuncia clara de cada silaba, pondo a acentuação nos lugares que a requerem. Falai devagar. Muitos o fazem rapidamente, amontoando com precipitação as palavras umas sobre as outras, de modo que fica perdido o efeito do que dizem. Ponde no que dizeis o espírito e a vida de Cristo. (CPPE pág. 254)

Vivemos em uma atmosfera de satânico encantamento. O inimigo tecerá uma fascinação de licenciosidade em torno de toda alma que não se ache entrincheirada na graça de Cristo. Tentações virão; se vigiarmos contra o inimigo, porém, e mantivermos o equilíbrio do domínio próprio e pureza, os espíritos sedutores não exercerão influência sobre nós. Os que nada fazem para animar a tentação terão forças para resistir-lhe quando ela vier. Aqueles, porém, que se mantêm na atmosfera do mal só terão que se censurar a si mesmos, caso sejam vencidos e caiam de sua firmeza. Hão de ver-se, futuramente, boas razões para as advertências dadas contra os espíritos sedutores. Então, o poder das palavras de Cristo será visto: "Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que está nos Céus." Mat. 5:48.

Precisamos ser guiados pela genuína teologia e o bom senso. Nossa alma necessita estar rodeada pela atmosfera do Céu. Homens e mulheres devem vigiar a si mesmos; estar de contínuo em guarda, não permitindo palavra ou ação que dê margem a alguém censurar suas boas intenções. O que professa ser seguidor de Cristo tem de vigiar a si mesmo, conservando-se puro e incontaminado em pensamento, palavra e ação. Sua influência sobre os outros deve ser de molde a elevar. Sua vida deve refletir os brilhantes raios do Sol da Justiça.

Necessário é passar-se muito tempo em oração particular, em íntima comunhão com Deus. Unicamente assim se podem obter vitórias. Eterna vigilância, eis o preço da segurança.

O concerto do Senhor é com Seus santos. Cada um deve discernir os próprios pontos fracos de caráter, guardando-se contra eles com vigor. Os que foram sepultados com Cristo no batismo, sendo ressuscitados com Ele na semelhança de Sua ressurreição, comprometeram-se a viver em novidade de vida. "Portanto, se já

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ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima e não nas que são da Terra; porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, Se manifestar, então também vós vos manifestareis com Ele em glória.” Col 3: 1-4. (CPPE pág. 257-258).

Na igreja do lar devem as crianças aprender a orar e confiar em Deus. Ensinai-as repetir a lei de Deus. Com referencia aos mandamentos, ensinou-se aos israelitas: “E as intimaras a teus filhos, e delas falarás assentado na tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te.” Deut 6: 7. Vinde humildemente com o coração cheio de ternura, e com intuição das tentações e perigos que estão diante de vós e de vossos filhos; pela fé ligai-os ao altar, rogando para eles o cuidado do Senhor. Ensinai as crianças a proferirem suas simples palavras de oração. Dizei-lhes que Deus Se deleita em que elas clamam a Ele. (CPPE pág. 110)

Hoje é dia de vossa incumbência, o dia de vossa responsabilidade e oportunidade. Breve chegará o dia de vossa prestação de contas. Assumi o vosso trabalho com oração fervorosa e fiel esforço. Ensinai vossos filhos que têm o privilégio de receber cada dia o batismo do Espírito Santo. Que Cristo ache em vós Sua mão auxiliadora, a fim de executar os Seus propósitos. Pela oração podeis adquirir uma experiência que faça de vosso ministério em prol de vossos filhos um perfeito êxito. (CPPE pág. 131)

Quando o professor confiar em Deus, e orar, o Espírito Santo virá sobre ele, e por meio dele Deus atuará, pelo Seu Espírito Santo, na mente do estudante. O Espírito Santo enche a mente e o coração de esperança, coragem e pensamentos da Bíblia, que serão comunicados ao estudante. As palavras de verdade crescerão em importância, assumindo uma extensão e plenitude de sentido, em que ele jamais sonhou. (CPPE. Pág. 172)

A humildade de Salomão ao tempo em que começou a levar a carga do Estado, quando ele reconheceu perante Deus: "Sou ainda menino pequeno" (I Reis 3:7); seu marcado amor a Deus, profunda reverência pelas coisas divinas, sua desconfiança de si mesmo e exaltação do infinito Criador de tudo - todos esses traços de caráter tão dignos de emulação, foram revelados durante os serviços relacionados

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com a conclusão do templo, quando durante sua oração dedicatória ele se ajoelhou, postando-se na humilde posição de suplicante. Os seguidores de Cristo hoje devem guardar-se da tendência de perder o espírito de reverência e piedoso temor. As Escrituras ensinam como devem os homens aproximar-se de seu Criador: com humildade e temor, mediante a fé num mediador divino. O salmista declarou:

"O Senhor é Deus grande,

E Rei grande acima de todos os deuses. ...

Ó, vinde, adoremos, e prostremo-nos;

Ajoelhemos diante do Senhor que nos criou." Sal. 95:3 e 6.

Tanto no culto particular como no público, é nosso privilégio dobrar os joelhos perante Deus, quando a Ele oferecemos nossas petições. Jesus, nosso exemplo, "pondo-Se de joelhos, orava". Luc. 22:41. De Seus discípulos, falando de Pedro, se relata que também "pôs-se de joelhos e orou". Atos 9:40. Paulo declarou: "Ponho-me de joelhos perante o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo.” Efés. 3:14. Quando confessava perante Deus os pecados de Israel, Esdras se ajoelhou. Esd. 9:5. Daniel "se punha de joelhos, e orava, e dava graças, diante de seu Deus". Dan. 6:10.

A verdadeira reverência a Deus é inspirada pelo senso de Sua infinita grandeza e a noção de Sua presença. Com este senso do invisível, todo coração deve sentir-se profundamente impressionado. A ocasião e o lugar de oração são sagrados, porque Deus está ali. E ao ser a reverência manifestada em atitude e comportamento, o sentimento que a inspira será aprofundado. "Santo e tremendo é o Seu nome" (Sal. 111:9), declara o salmista. Os anjos, quando pronunciam este nome velam o rosto. Com que reverência, então, não devemos nós, que somos pecadores e caídos, tomá-lo em nossos lábios!

Bem fariam velhos e jovens em ponderar as palavras das Escrituras que mostram como deve ser considerado o lugar assinalado pela especial presença de Deus. "Tira os teus sapatos", ordenou Ele a Moisés junto à sarça ardente, "porque o lugar em que tu estás é terra santa." Êxo. 3:5. Jacó, havendo contemplado a visão do anjo, exclamou: "O Senhor está neste lugar; e eu não o sabia. ... Este não é outro lugar senão a casa de Deus; e esta é a porta dos Céus." Gên. 28:16 e 17.

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Naquilo que fora dito durante a cerimônia de dedicação, Salomão tinha procurado remover do espírito dos presentes as superstições em relação com o Criador, as quais haviam obscurecido a mente dos pagãos. O Deus dos Céus não está, como os deuses dos pagãos, confinado em templos feitos por mãos; todavia Ele Se encontraria com Seu povo por meio de Seu Espírito, quando se reunissem na casa dedicada a Sua adoração.

Séculos mais tarde Paulo ensinou a mesma verdade nas palavras: "O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do Céu e da Terra, não habita em templos feitos por mãos de homens; nem tão pouco é servido por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa; pois Ele mesmo é quem dá a todos a vida, e a respiração, e todas as coisas; ... para que buscassem ao Senhor, se porventura tateando, O pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós; porque nEle vivemos, e nos movemos, e existimos." Atos 17:24-28.

"Bem-aventurada é a nação cujo Deus é o Senhor, E o povo que Ele escolheu para Sua herança. O Senhor olha desde os Céus E está vendo a todos os filhos dos homens; Da Sua morada contempla todos os moradores da Terra." Sal. 33:12-14. "O Senhor tem estabelecido o Seu trono nos Céus, E o Seu reino domina sobre tudo." Sal. 103:19. "O Teu caminho, ó Deus, está no santuário. Que deus é tão grande como o nosso Deus? Tu és o Deus que fazes maravilhas; Tu fizeste notória a Tua força entre os povos." Sal. 77:13 e 14.

Embora Deus não habite em templos feitos por mãos humanas, honra, não obstante, com Sua presença, as assembléias de Seu povo. Ele prometeu que quando se reunissem para buscá-Lo, reconhecendo seus pecados, e para orarem uns pelos outros, Ele Se reuniria com eles por meio de Seu Espírito. Mas os que se reúnem para adorá-Lo devem afastar de si toda coisa má. A menos que O adorem em espírito e em verdade e na beleza da Sua santidade, seu ajuntamento será de nenhum valor. Destes o Senhor declara: "Este povo honra-Me com os seus lábios, mas o seu coração está longe de Mim. Mas em vão Me adoram." Mat. 15:8 e 9. Os que adoram a Deus devem adorá-Lo em "espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim O adorem". João 4:23.

"O Senhor está no Seu santo templo; cale-se diante dEle toda a Terra." Hab. 2:20.

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Com a exterminação dos profetas de Baal, estava aberto o caminho para uma poderosa reforma espiritual entre as dez tribos do reino do norte. Elias havia exposto ao povo a sua apostasia; tinha-os convidado a humilhar o coração e tornar-se para o Senhor. Os juízos do Céu tinham sido executados; o povo havia confessado seus pecados e reconhecido o Deus de seus pais como o Deus vivo; e agora a maldição do Céu devia ser retirada e renovadas as bênçãos temporais de vida. A terra devia ser refrescada com chuva. "Sobe, come e bebe", disse Elias a Acabe, "porque ruído há de uma abundante chuva". I Reis 18:41. Então o profeta se dirigiu ao alto do monte para entregar-se a oração.

Não foi porque houvesse qualquer evidência externa de que águas estavam para desabar, que Elias tão confiantemente mandou que Acabe se preparasse para a chuva. O profeta não viu nenhuma nuvem nos céus; ele não ouvira nenhum trovão. Simplesmente proferira a palavra que o Espírito do Senhor o havia movido a falar em resposta a sua firme fé. Resolutamente havia ele feito a vontade de Deus através do dia, e havia manifestado implícita confiança nas profecias da Palavra de Deus; e agora, havendo feito tudo que estava em seu poder, sabia que o Céu outorgaria livremente as bênçãos preditas. O mesmo Deus que havia enviado a estiagem tinha prometido abundância de chuvas como recompensa do reto proceder; e agora Elias esperava pelo derramamento prometido. Em atitude de humildade, "o seu rosto entre os seus joelhos" (I Reis 18:42), intercedeu com Deus em favor do penitente Israel.

Uma e outra vez Elias enviou seu servo a observar de um ponto que dominava o Mediterrâneo, a fim de verificar se havia qualquer sinal visível de que Deus tivesse ouvido sua oração. A cada vez o servo retornava com a resposta: "Não há nada". O profeta não se impacientou ou perdeu a fé, mas continuou sua fervente petição. Seis vezes o servo retornou com a declaração de que não havia nenhum sinal de chuva nos céus de bronze. Confiante, Elias enviou-o uma vez mais; e agora o servo retornou com a declaração: "Eis aqui uma pequena nuvem, como a mão dum homem, subindo do mar".

Isto bastou. Elias não esperou que os céus escurecessem. Na pequena nuvem ele contemplou pela fé uma abundância de chuva; e agiu em harmonia com sua fé, enviando depressa se u servo a

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Acabe com esta mensagem: "Aparelha o teu carro, e d esce, para que a chuva te não apanhe". I Reis 18:43 e 44.

Foi porque Elias era um homem de grande fé que Deus pôde usá-lo nesta grave crise na história de Israel.

A fé é um elemento essencial da oração perseverante. "É necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe, e que é galardoador dos que O buscam." Heb. 11:6. "Se pedirmos alguma coisa segundo a Sua vontade, Ele nos ouve. E, se sabemos que nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que alcançamos as petições que Lhe fazemos.” Heb. 11: 6; I João 5: 14 e 15. Com a perseverante fé de Jacó com inquebrantável persistência de Elias, podemos apresentar nossas petições ao Pai, reclamando tudo o que nos tem prometido. A honra de Seu trono está comprometida no cumprimento de Sua palavra. Enquanto orava, sua fé alcançou as promessas do Céu e agarrou-as; e perseverou na oração até que suas petições fossem respondidas. Ele não esperou pela inteira evidência de que Deus o ouvira, mas se dispôs a aventurar tudo ante o mais leve sinal do divino favor. E, no entanto, tudo que ele foi habilitado a fazer sob a orientação de Deus, todos podem fazer em sua esfera de atividade no serviço de Deus; pois do profeta das montanhas de Gileade está escrito: "Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós, e, orando, pediu que não chovesse, e, por três anos e seis meses, não choveu sobre a terra." Tia. 5:17.

Fé semelhante é necessária no mundo hoje - fé que descanse nas promessas da Palavra de Deus, e recuse desistir até que o Céu ouça. Fé semelhante a esta liga-nos intimamente com o Céu, e traz-nos força para batalhar com os poderes das trevas. Pela fé os filhos de Deus "venceram reinos, praticaram a justiça, alcançaram promessas, fecharam as bocas dos leões, apagaram a força do fogo, escaparam ao fio da espada, da fraqueza tiraram forças, na batalha se esforçaram, puseram em fugida os exércitos dos estranhos." Heb. 11:33 e 34. E pela fé devemos alcançar hoje os mais altos propósitos de Deus para nós. "Se tu podes crer; tudo é possível ao que crê." Mar. 9:23. (PR pág. 155-159)

"Então Daniel foi para a sua casa, e fez saber o caso a Hananias, Misael e Azarias, seus companheiros." Dan. 2:10-17. Juntos buscaram sabedoria da Fonte de luz e conhecimento. Sua fé era forte na certeza de que Deus tinha-os colocado onde estavam, que eles estavam

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fazendo a Sua obra e cumprindo os reclamos do dever. Em tempos de perplexidade e perigo tinham-se voltado sempre para Ele em busca de guia e proteção, e Ele Se mostrara um auxílio sempre presente. Agora com coração contrito submetiam-se de novo ao Juiz da Terra, implorando que lhes desse livramento neste tempo de especial necessidade. E eles não suplicaram em vão. O Deus a quem tinham honrado, honrava-os agora. O Espírito do Senhor repousou sobre eles, e a Daniel, “numa visão da noite”, foi revelado o sonho do rei e seu significado. (PR pág. 493-494).

Daniel e seus companheiros haviam muitas vezes recorrido a essas e outras profecias que esboçavam o propósito de Deus para Seu povo. E agora, ao indicar o rápido curso dos acontecimentos a poderosa mão de Deus em operação entre as nações, Daniel dedicou especial atenção às promessas feitas a Israel. Sua fé na palavra profética levou-o ao fundo das experiências preditas pelos escritores sagrados. "Certamente que passados setenta anos em Babilônia", o Senhor havia declarado, "vos visitarei, e cumprirei sobre vós a Minha boa palavra, tornando-vos a trazer a este lugar. Porque Eu bem sei os pensamentos que penso de vós, diz o Senhor; pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar o fim que esperais. Então Me invocareis, e ireis, e orareis a Mim, e Eu vos ouvirei. E buscar-Me-eis, e Me achareis, quando Me buscardes de todo o vosso coração." Jer. 29:10-13.

Pouco antes da queda de Babilônia, quando Daniel estava meditando nessas profecias, e buscando a Deus a fim de compreender os tempos, foi-lhe dada uma série de visões concernentes ao surgimento e queda de reinos. Com a primeira visão, segundo se acha registrada no sétimo capítulo do livro de Daniel, foi-lhe dada a interpretação, mas nem tudo ficou claro para o profeta. "Os meus pensamentos muito me espantavam", ele escreveu de sua experiência nesse tempo, "e mudou-se em mim o meu semblante; mas guardei estas coisas no meu coração." Dan. 7:28.

Mediante outra visão foi derramada luz adicional sobre os acontecimentos do futuro; e foi ao final desta visão que Daniel ouviu "um santo que falava; e disse a outro santo aquele que falava: Até quando durará a visão?" Dan. 8:13. A resposta: "Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado" (Dan. 8:14), encheu-o de perplexidade. Ferventemente procurou entender o significado da visão.

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Ele não podia compreender a relação dos setenta anos do cativeiro como preditos por Jeremias, para com os dois mil e trezentos anos que nessa visão ouvira o visitante declarar que medeariam até a purificação do santuário. O anjo Gabriel lhe deu uma interpretação parcial; mas quando o profeta ouviu as palavras: "Só daqui a muitos dias se cumprirá", ele desmaiou. "Eu, Daniel, enfraqueci", escreveu ele sobre esta experiência, "e estive enfermo alguns dias; então levantei-me, e tratei do negócio do rei. E espantei-me acerca da visão, e não havia quem a entendesse.” Dan 8: 26 e 27.

Levando ainda o fardo pelo bem de Israel, Daniel estudou de novo as profecias de Jeremias. Elas eram muito claras - tão claras que ele compreendeu por esses testemunhos registrados em livros "que o número de anos de que falou o Senhor ao profeta Jeremias, em que haviam de acabar as assolações de Jerusalém, era de setenta anos". Dan. 9:2.

Com fé fundada na segura palavra da profecia, Daniel pleiteou do Senhor o imediato cumprimento dessas promessas. Suplicou que a honra de Deus fosse preservada. Em sua petição ele se identificou plenamente com os que não tinham correspondido ao propósito divino, confessando os pecados deles como seus próprios.

"Eu dirigi o meu rosto ao Senhor Deus", declarou o profeta, "para O buscar com oração e rogos, com jejum, e saco e cinza. E orei ao Senhor meu Deus, e confessei." Dan. 9:3 e 4. Embora Daniel estivesse havia muito na obra de Deus, e dele tivesse sido dito que era "mui amado", agora se apresentava ante Deus como um pecador, expondo veementemente a grande necessidade do povo que amava. Sua oração era eloqüente em sua simplicidade, e intensamente fervorosa. Escutai-lhe a súplica:

"Ah Senhor Deus grande e tremendo, que guardas o concerto e a misericórdia para com os que Te amam e guardam os Teus mandamentos; pecamos, e cometemos iniqüidade, e procedemos impiamente, e fomos rebeldes, apartando-nos dos Teus mandamentos e dos Teus juízos; e não demos ouvidos aos Teus servos, os profetas, que em Teu nome falaram aos nossos reis, nossos príncipes, e nossos pais, como também a todo o povo da terra.

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"A Ti, ó Senhor, pertence a justiça, mas a nós a confusão de rosto, como se vê neste dia; aos homens de Judá, e aos moradores de Jerusalém, e a todo o Israel; aos de perto e aos de longe, em todas as terras por onde os tens lançado, por causa da sua prevaricação, com que prevaricaram contra Ti. ...

"Ao Senhor, nosso Deus, pertence a misericórdia e o perdão; pois nos rebelamos contra Ele." "Ó Senhor, segundo todas as Tuas justiças, aparte-se a Tua ira e o Teu furor da Tua cidade de Jerusalém, e do Teu santo monte; porquanto por causa dos nossos pecados, e por causa das iniqüidades de nossos pais, tornou-se Jerusalém e o Teu povo um opróbrio para todos os que estão ao redor de nós.

"Agora, pois, ó Senhor nosso Deus, ouve a oração do Teu servo, e as suas súplicas, e sobre o Teu santuário assolado faze resplandecer o Teu rosto, por amor do Senhor. Inclina, ó Deus meu, os Teus ouvidos, e ouve; abre os Teus olhos, e olha para a nossa desolação, e para a cidade que é chamada pelo Teu nome, porque não lançamos as nossas súplicas perante a Tua face fiados em nossas justiças, mas em Tuas muitas misericórdias.

"Ó Senhor, ouve; ó Senhor, perdoa; ó Senhor, atende-nos e opera sem tardar; por amor de Ti mesmo, ó Deus meu, porque a Tua cidade e o Teu povo se chamam pelo Teu nome.” Dan 9: 4-9 e 16- 19.

O Céu se curvou para ouvir a fervente súplica do profeta. Antes mesmo que ele tivesse terminado a sua súplica por perdão e restauração, o poderoso Gabriel apareceu-lhe outra vez, e chamou a sua atenção para a visão que ele tivera antes da queda de Babilônia e da morte de Belsazar. E então o anjo esboçou-lhe em pormenores o período das setenta semanas, que devia começar com "a ordem para restaurar e para edificar Jerusalém". Dan. 9:25.

A oração de Daniel tinha sido proferida "no ano primeiro de Dario" (Dan. 9:1), o rei medo cujo general, Ciro, tinha arrebatado de Babilônia o cetro do governo universal. O reinado de Dario foi honrado por Deus. A ele foi enviado o anjo Gabriel, "para o animar e fortalecer". Dan. 11:1. Após sua morte, cerca de dois anos depois da queda de Babilônia, Ciro o sucedeu no trono, e o início do seu reinado marcou o fim dos setenta anos desde que o primeiro grupo

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de hebreus tinha sido levado cativo por Nabucodonosor, de sua pátria judaica para Babilônia. (PR pág. 553-557).

Em seu estudo das causas que levaram ao cativeiro babilônico, Esdras havia verificado que a apostasia de Israel se devia em grande parte a sua mistura com nações pagãs. Ele notara que se eles tivessem obedecido à ordem de Jeová de se conservarem separados das nações que os cercavam, teriam sido poupados de muitas experiências tristes e humilhantes. Agora ao compreender que não obstante as lições do passado, homens preeminentes ousavam transgredir as leis dadas como salvaguarda contra a apostasia, seu coração se confrangeu. Ele se lembrou da bondade de Deus em outra vez dar a Seu povo permanência em sua terra nativa, e sentiu-se presa de justa indignação e aborrecido com a ingratidão deles. "Ouvindo eu tal coisa", ele diz, "rasguei o meu vestido e o meu manto, e arranquei os cabelos da minha cabeça e da minha barba, e me assentei atônito.

"Então se ajuntaram a mim todos os que tremiam das palavras do Deus de Israel por causa da transgressão dos do cativeiro; porém eu me fiquei assentado atônito até ao sacrifício da tarde." Esd. 9:3 e 4.

Ao tempo do sacrifício da tarde, Esdras se levantou, e uma vez mais rasgou os seus vestidos e o seu manto, e se pôs de joelhos, esvaziando sua alma em súplica ao Céu. Estendendo as mãos para o Senhor, ele exclamou: "Meu Deus! Estou confuso e envergonhado, para levantar a Ti a minha face, meu Deus; porque as nossas iniqüidades se multiplicaram sobre a nossa cabeça, e a nossa culpa tem crescido até aos céus.

"Desde os dias de nossos pais", o suplicante prosseguiu, "até ao dia de hoje, estamos em grande culpa, e por causa das nossas iniqüidades fomos entregues, nós, os nossos reis, e os nossos sacerdotes, na mão dos reis das terras, à espada, ao cativeiro, e ao roubo, e à confusão do rosto, como hoje se vê. E agora, como por um pequeno momento, se nos fez graça da parte do Senhor, nosso Deus, para nos deixar alguns que escapem, e para dar-nos uma estaca no Seu santo lugar, para nos alumiar os olhos, ó Deus nosso, e para nos dar uma pouca de vida na nossa servidão; porque servos somos; porém na nossa servidão não nos desamparou o nosso Deus, antes estendeu sobre nós beneficência perante os reis da Pérsia, para revivermos, para levantarmos a casa do

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Senhor nosso Deus, e para restaurarmos as suas assolações, e para que nos desse uma parede em Judá e em Jerusalém.

"Agora, pois, ó nosso Deus, que diremos depois disto? Pois deixamos os Teus mandamentos, os quais mandaste pelo ministério de Teus servos, os profetas. ... E depois de tudo o que nos tem sucedido por causa das nossas más obras, e da nossa grande culpa, ainda assim Tu, ó nosso Deus, estorvaste que fôssemos destruídos, por causa da nossa iniqüidade, e ainda nos deste livramento como este; tornaremos, pois, agora a violar os Teus mandamentos, e a aparentar-nos com os povos destas abominações? Não Te indignarias Tu assim contra nós até de todo nos consumires, até que não ficasse resto nem quem escapasse? Ah Senhor Deus de Israel, justo és, pois ficamos escapos, como hoje se vê. Eis que estamos diante de Ti no nosso delito; porque ninguém há que possa estar na Tua presença por causa disto." Esd. 9:6-15.

A tristeza de Esdras e seus associados com respeito aos males que traiçoeiramente haviam penetrado no próprio coração da obra do Senhor, produziu arrependimento. Muitos dos que haviam pecado, foram profundamente tocados. "O povo chorava com grande choro." Esd. 10:1. Em grau limitado começaram a sentir a odiosidade do pecado, e o horror com que Deus o considera. Eles viram a santidade da lei anunciada no Sinai, e muitos tremeram ao pensamento da transgressão da mesma.

Um dos presentes, de nome Secanias, reconheceu como justas todas as palavras de Esdras: "Nós temos transgredido contra o nosso Deus", ele confessou, "e casamos com mulheres estranhas do povo da terra; mas no tocante a isso, ainda há esperança para Israel." Secanias propôs que todos os que tinham transgredido fizessem um concerto com Deus de renunciar ao pecado, e que isto fosse adjudicado "conforme a lei." "Levanta-te", ele impôs a Esdras, "porque te pertence este negócio, e nós seremos contigo; esforça-te, e faze assim." "Então Esdras se levantou, e ajuramentou os maiorais dos sacerdotes e dos levitas, e a todo o Israel, de que fariam conforme a esta palavra." Esd. 10:2-5.

Este foi o início de uma reforma maravilhosa. Com infinita paciência e tato, e com cuidadosa consideração pelos direitos e bem-estar de cada pessoa envolvida, Esdras e seus associados lutaram por levar os

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penitentes de Israel ao caminho reto. Esdras era sobretudo um ensinador da lei; e ao dar atenção pessoal ao exame de cada caso, ele procurou impressionar o povo com a santidade desta lei, e a bênção a ser alcançada pela obediência.

Onde quer que Esdras atuasse, aí se suscitava um reavivamento no estudo das Santas Escrituras. Mestres eram apontados para instruir o povo; a lei do Senhor era exaltada e honrada. Os livros dos profetas eram examinados, e as passagens que prediziam a vinda do Messias levavam esperança e conforto a muito coração triste e cansado.

Mais de dois mil anos se passaram desde que Esdras preparou "o seu coração para buscar a lei do Senhor e para a cumprir" (Esd. 7:10), mas o lapso de tempo não diminuiu a influência do seu piedoso exemplo. Através dos séculos, o registro de sua vida de consagração tem inspirado a muitos com a determinação de "buscar a lei do Senhor, e para a cumprir."

Os propósitos de Esdras eram altos e santos; em tudo que fizera fora movido por um profundo amor pelas almas. A compaixão e bondade que revelava para com os que haviam pecado, fosse em plena função da vontade, fosse por ignorância, deveria ser uma lição objetiva a todos os que procurassem promover reformas. Os servos de Deus devem ser tão firmes como a rocha onde retos princípios estiverem envolvidos; mas do mesmo modo devem manifestar simpatia e longanimidade. Como Esdras, devem ensinar aos transgressores o caminho da vida, inculcando-lhes princípios que são o fundamento de todo o reto proceder.

Nesta fase do mundo, quando Satanás está procurando, mediante múltiplas formas, cegar os olhos de homens e mulheres para com os impostergáveis reclamos da lei de Deus, há necessidade de homens que possam levar muitos a tremerem "ao mandado do nosso Deus." Esd. 10:3. Há necessidade de verdadeiros reformadores, que indiquem aos transgressores o grande Doador da lei, e lhes ensinem que "a lei do Senhor é perfeita e refrigera a alma”. Sal. 19:7. Há necessidade de homens poderosos nas Escrituras; homens dos quais cada palavra e cada ato exaltem os estatutos de Jeová; homens que procurem fortalecer a fé. São necessários mestres, e tanto que inspirem os corações com reverência e amor pelas Escrituras.

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A abundante iniqüidade prevalecente hoje pode ser atribuída em grande medida à deficiência no estudo e obediência às Escrituras; pois quando a Palavra de Deus é posta de lado, é rejeitado o seu poder para restringir as más paixões do coração natural. Os homens semeiam na carne, e da carne ceifam corrupção.

Com o abandono da Bíblia tem vindo o abandono da lei de Deus. A doutrina segundo a qual os homens estão livres da obediência aos divinos preceitos, tem enfraquecido a força da obrigação moral, e aberto as comportas da iniqüidade sobre o mundo. A ilegalidade, dissipação e corrupção estão arrasando à semelhança de um irresistível dilúvio. Em todos os lugares se vêem inveja, suspeita, hipocrisia, indisposição, rivalidade, atritos, traição de sagrados encargos, condescendência para com a paixão sensual. Todo o sistema de princípios religiosos e doutrinas, que devia formar o fundamento e a estrutura da vida social, assemelha-se a uma massa vacilante, pronta para cair em ruínas.

Nos últimos dias da história da Terra, a voz que falou do Sinai está ainda declarando: "Não terás outros deuses diante de Mim." Êxo. 20:3. O homem tem posto sua vontade contra a vontade de Deus, mas não pode silenciar a palavra de ordem. A mente humana não pode fugir a suas obrigações para com um poder mais alto. Pode haver domínios das teorias e especulações; os homens podem opor a ciência à revelação, e assim arredar a lei de Deus; mas a ordem vem cada vez mais forte: “Ao Senhor Teu Deus adorarás, e só a Ele servirás.” Mat. 4: 10.

Não existe o que se possa chamar enfraquecimento ou fortalecimento da lei de Jeová. Ela é como tem sido. Tem sido, e será sempre santa, justa e boa, completa em si mesma. Não pode ser revogada ou mudada. "Honrá-la", ou "desonrá-la", é apenas a maneira de dizer dos homens.

Entre as leis de homens e os preceitos de Jeová, travar-se-á a maior batalha da controvérsia entre a verdade e o erro. Nesta batalha estamos agora entrando - não uma batalha entre igrejas rivais lutando pela supremacia, mas entre a religião da Bíblia e as religiões de fábulas e tradição. As forças que se têm unido contra a verdade estão agora ativamente em operação. A santa Palavra de Deus, que tem chegado até nós ao preço tão alto de sofrimento e derramamento de sangue, é tida em pouco valor. Poucos há que realmente a aceitam como regra da

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vida. A infidelidade prevalece em medida alarmante, não apenas no mundo, mas na igreja. Muitos têm chegado a negar doutrinas que são colunas da fé cristã. Os grandes fatos da criação como apresentados pelos escritores inspirados; a queda do homem, a expiação, a perpetuidade da lei - eis aí doutrinas praticamente rejeitadas por grande parte do professo mundo cristão. Milhares que se orgulham de seu conhecimento, consideram uma evidência de fraqueza a implícita confiança na Bíblia, e uma prova de erudição sofismar das Escrituras, e alegorizar e atenuar suas mais importantes verdades.

Os cristãos devem estar-se preparando para aquilo que logo irá cair sobre o mundo como terrível surpresa, e esta preparação deve ser feita mediante diligente estudo da Palavra de Deus e pelo levar a vida na conformidade com os seus preceitos. As tremendas questões de eternidade demandam de nossa parte algo mais que uma religião de pensamento, uma religião de palavras e formas, onde a verdade é mantida no recinto exterior. Deus pede um reavivamento e uma reforma. As palavras da Bíblia, e a Bíblia somente, deviam ser ouvidas do púlpito. Mas a Bíblia tem sido roubada em seu poder, e o resultado é visto no rebaixamento do tono da vida espiritual. Em muitos sermões de hoje não existe aquela divina manifestação que desperta a consciência e leva vida à alma. Os ouvintes não podem dizer: "Porventura não ardia em nós o nosso coração quando, pelo caminho, nos falava, e quando nos abria as Escrituras?" Luc. 24:32. Há muitos que estão clamando pelo Deus vivo, ansiando pela divina presença. Permiti que a Palavra de Deus lhes fale ao coração. Deixai que os que têm ouvido apenas tradição e teorias e máximas humanas ouçam a voz dAquele que pode renovar a alma para a vida eterna.

Grande luz jorrou dos patriarcas e profetas. Gloriosas coisas foram ditas de Sião, a cidade de Deus. Assim o Senhor deseja que a luz brilhe através dos Seus seguidores hoje. Se os santos do Antigo Testamento deram tão exaltado testemunho de lealdade, não deviam aqueles sobre quem está brilhando a luz acumulada de séculos, dar mais assinalado testemunho do poder da verdade? A glória das profecias derrama sua luz sobre nosso caminho.

O tipo encontrou o antítipo na morte do Filho de Deus. Cristo ressuscitou dos mortos, proclamando sobre o sepulcro rompido: "Eu sou a ressurreição e a vida." João 11:25. Ele enviou o Seu Espírito ao

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mundo, para trazer todas as coisas à nossa lembrança. Por um milagre de poder Ele tem preservado Sua Palavra escrita através dos séculos.

Os reformadores cujo protesto nos deu o nome de protestantes, sentiram que Deus os havia chamado para levar a luz do evangelho ao mundo; e no esforço para fazer isto, estiveram prontos para sacrificar suas posses, sua liberdade e a própria vida. Em face de perseguição e morte, o evangelho foi proclamado longe e perto. A Palavra de Deus foi levada ao povo; e todas as classes, altos e baixos, ricos e pobres, cultos e ignorantes, avidamente estudaram-na por si mesmos. Estamos nós, nesta batalha final do grande conflito, tão fiéis ao nosso encargo como os primeiros reformadores o foram ao seu?

"Tocai a buzina em Sião, santificai um jejum, proclamai um dia de proibição; congregai o povo, santificai a congregação, ajuntai os anciãos, congregai os filhinhos. ... Chorem os sacerdotes, ministros do Senhor, entre o alpendre e o altar, e digam: Poupa a Teu povo, ó Senhor, e não entregues a Tua herança ao opróbrio." "Convertei-vos a Mim de todo o vosso coração, e isso com jejuns, e com choro, e com pranto. E rasgai o vosso coração, e não os vossos vestidos, e convertei-vos ao Senhor vosso Deus; porque Ele é misericordioso, e compassivo, e tardio em irar-Se, e grande em beneficência, e Se arrepende do mal. Quem sabe se Se voltará e Se arrependerá, e deixará após Si uma bênção?" Joel 2:15-17 e 12-14. (PR pág. 620-627)

Quando o rei de Judá recebeu as insultuosas cartas, levou-as ao templo, e "as estendeu perante o Senhor" (II Reis 19:14), e orou com forte fé pelo auxílio do Céu, para que as nações da Terra soubessem que o Deus dos hebreus ainda vivia e reinava. A honra de Jeová estava em jogo; Ele somente poderia trazer livramento.

"Ó Senhor Deus de Israel, que habitas entre os querubins", suplicou Ezequias, "Tu mesmo, só Tu és Deus de todos os reinos da Terra; Tu fizeste os Céus e a Terra. Inclina, Senhor, o Teu ouvido, e ouve; abre, Senhor, os Teus olhos, e olha; e ouve as palavras de Senaqueribe, que enviou a este, para afrontar ao Deus vivo. Verdade é, ó Senhor, que os reis da Assíria assolaram as nações e as suas terras, e lançaram os seus deuses no fogo, porquanto deuses não eram, mas obra de mãos de homens, madeira e pedra; por isso os destruíram. Agora, pois, ó Senhor nosso Deus, sê servido de nos livrar da sua mão; e assim

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saberão todos os reinos da Terra que só Tu és o Senhor Deus." II Reis 19:15-19.

"Ó Pastor de Israel, dá ouvidos;

Tu que guias a José como a um rebanho,

Que Te assentas entre os querubins, resplandece.

Perante Efraim, Benjamim e Manassés, desperta o Teu poder,

E vem salvar-nos.

Faze-nos voltar, ó Deus;

Faze resplandecer o Teu rosto, e seremos salvos.

"Ó Senhor Deus dos Exércitos,

Até quando Te indignarás contra a oração do Teu povo?

Tu os sustentas com pão de lágrimas,

E lhes dás a beber lágrimas em abundância.

Tu nos pões por objeto de contenção entre os nossos vizinhos;

E os nossos inimigos zombam de nós entre si.

Faze-nos voltar, ó Deus dos Exércitos;

Faze resplandecer o Teu rosto, e seremos salvos.

"Trouxeste uma vinha do Egito;

Lançaste fora as nações, e a plantaste.

Preparaste-lhe lugar,

E fizeste com que ela profundasse raízes,

e assim encheu a Terra.

Os montes cobriram-se com a sua sombra,

E como os cedros de Deus se tornaram os seus ramos.

Ela estendeu a sua ramagem até ao mar,

E os seus ramos até ao rio".

"Por que quebraste então os seus valados,

De modo que todos os que passam por ela a vindimam?

O javali da selva a devasta,

E as feras do campo a devoram.

Ó Deus dos Exércitos, volta-Te, nós Te rogamos,

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Atende os Céus, e vê, e visita esta vinha;

E a videira que a Tua destra plantou,

E o sarmento que fortificaste para Ti. ...

"Guarda-nos em vida, e invocaremos o Teu nome.

Faze-nos voltar, Senhor dos Exércitos;

Faze resplandecer o Teu rosto, e seremos salvos." Sal. 80

A súplica de Ezequias em favor de Judá e da honra do seu Supremo Rei, estava em harmonia com a mente de Deus. Salomão, em sua oração de gratidão quando da dedicação do templo, havia orado para que o Senhor executasse "o juízo do Seu povo Israel, a cada qual no seu dia, para que todos os povos da Terra saibam que o Senhor é Deus, e que não há outro". I Reis 8:59 e 60. Especialmente devia o Senhor mostrar favor quando, em tempos de guerra ou de opressão por algum exército, os chefes de Israel entrassem na casa de oração e suplicassem livramento. I Reis 8: 33 e 34.

Ezequias não foi deixado sem esperança. Isaías mandou-lhe dizer: "Assim diz o Senhor Deus de Israel: O que Me pediste acerca de Senaqueribe, rei da Assíria, Eu o ouvi. Esta é a palavra que o Senhor falou dele:

"A virgem a filha de Sião, te despreza, de ti zomba; a filha de Jerusalém meneia a cabeça por detrás de ti.

"A quem afrontaste e blasfemaste? E contra quem alçaste a voz, e ergueste os teus olhos ao alto? Contra o Santo de Israel? “(PR pág. 355- 360)

Perplexo em espírito, subjugado pela tristeza em virtude dos sofrimentos dos que se haviam recusado a arrepender-se de seus pecados, o profeta apelou a Deus por mais luz sobre o propósito divino para a humanidade.

"Ah Senhor Jeová" ele orou. "eis que Tu fizeste os céus e a Terra com o Teu grande poder, e com o Teu braço estendido; não Te é maravilhosa coisa alguma; Tu usas de benignidade com milhares e tornas a maldade dos pais ao seio dos filhos depois deles; o grande e poderoso Deus cujo nome é o Senhor dos Exércitos, grande em conselho, e magnífico em obras; porque os Teus olhos estão abertos

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sobre todos os caminhos dos filhos dos homens, para dar a cada um segundo os seus caminhos e segundo o fruto das suas obras. Tu puseste sinais e maravilhas na terra do Egito até ao dia de hoje, tanto em Israel, como entre os outros homens, e Te criaste um nome, qual é o que tens neste dia. E tiraste o Teu povo Israel da terra do Egito, com sinais e com maravilhas, e com mão forte e com braço estendido, e com grande espanto; e lhes deste esta terra, que juraste a seus pais que lhes havia de dar; terra que mana leite e mel. leite e mel. E entraram nela, e a possuíram, mas não obedeceram a Tua voz, nem andaram na Tua lei; tudo o que lhes mandaste que fizessem, eles não o fizeram; pelo que ordenaste lhes sucedesse todo este mal." Jer. 32:17-23.

A oração do profeta foi graciosamente respondida. "A palavra do Senhor a Jeremias", nessa hora de prova, quando a fé do mensageiro da verdade estava sendo provada pelo fogo, foi: "Eu sou o Senhor, o Deus de toda a carne; seria qualquer coisa maravilhosa para Mim?" Jer. 32:26 e 27. A cidade deveria logo cair nas mãos dos caldeus; suas portas e palácios deviam ser queimados a fogo; mas não obstante o fato de que a destruição estava iminente, e os habitantes de Jerusalém devessem ser levados cativos, contudo o eterno propósito de Jeová para Israel devia ser cumprido.

Em resposta posterior à oração de Seu servo, o Senhor declarou com respeito àqueles sobre quem Seus castigos estavam caindo:

"Eis que Eu os congregarei de todas as terras, para onde os houver lançado na Minha ira, e no Meu furor, e na Minha grande indignação; e os tornarei a trazer a este lugar, e farei que habitem nele seguramente. E eles serão o Meu povo, e Eu serei o seu Deus. E lhes darei um mesmo coração, e um mesmo caminho, para que Me temam todos os dias, para seu bem e bem de seus filhos, depois deles. E farei com eles um concerto eterno, que não se desviará deles, para lhes fazer bem; e porei o Meu temor no seu coração, para que nunca se apartem de Mim. E alegrar-Me-ei por cauda deles, fazendo-lhes bem; e os plantarei nesta terra certamente, com todo o Meu coração e com toda a Minha alma. (PR pág. 470-472)

Oprimido pela tristeza, Neemias não pôde comer nem beber; "chorei, e lamentei por alguns dias", diz ele. Em sua dor ele tornou para o divino Ajudador. "Estive jejuando", ele disse, "e orando perante o Deus dos Céus." Nee. 1:4. Fielmente ele fez confissão dos seus pecados e

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dos pecados do seu povo. Ele suplicou que Deus sustentasse a causa de Israel, restaurasse sua coragem e força, e os ajudasse a reconstruir os lugares devastados de Judá.

Orando Neemias, sua fé e coragem se fortaleceram. Sua boca se encheu de santos argumentos. Ele falou da desonra que seria lançada sobre Deus, se Seu povo, agora que tinha retornado para Ele, fosse deixado em fraqueza e opressão; e se empenhou com o Senhor para que tornasse realidade a Sua promessa: "Vós vos convertereis a Mim, e guardareis os Meus mandamentos, e os fareis; então ainda que os vossos rejeitados estejam no cabo do céu, de lá os ajuntarei e os trarei ao lugar que tenho escolhido para ali fazer habitar o Meu nome." Deut. 4:29-31. Esta promessa tinha sido dada a Israel através de Moisés antes que tivessem entrado em Canaã; e durante os séculos tinha permanecido imutável. O povo de Deus tinha agora retornado para Ele em penitência e fé, e Sua promessa não faltaria.

Neemias tinha freqüentemente derramado a sua alma em favor do seu povo. Mas ao orar agora, um santo propósito formou-se em sua mente. Ele decidiu que se lograsse obter o consentimento do rei, e o necessário auxílio na aquisição de implementos e material, ele próprio tomaria a si a tarefa de reconstruir os muros de Jerusalém, e restaurar a força nacional de Israel. E ele suplicou ao Senhor que lhe permitisse alcançar favor aos olhos do rei, a fim de que este plano pudesse ser levado avante. "Faze prosperar hoje o Teu servo", ele suplicou, "e dá-lhe graça perante este homem." Nee. 1:11.

Neemias esperara quatro meses por uma oportunidade favorável de apresentar seu pedido ao rei. Durante este tempo, embora o seu coração estivesse carregado de dor, ele procurou mostrar-se alegre na presença real. Nas salas de luxo e esplendor, todos deviam parecer alegres e felizes. A tristeza não devia lançar sua sombra sobre a face de qualquer assistente da realeza. Mas no período de retraimento de Neemias, ocultas da vista dos homens, muitas foram as orações, as confissões, as lágrimas, ouvidas e testemunhadas por Deus e os anjos.

Finalmente a tristeza que oprimia o coração patriota não pôde mais ser oculta. Noites indormidas e dias cheios de cuidados deixaram sua marca em seu rosto. O rei, cioso de sua própria segurança, estava acostumado a ler fisionomias e a penetrar dissimulações, e viu que alguma perturbação secreta estava possuindo seu copeiro. "Por que

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está triste o teu rosto", ele inquiriu, "pois não estás doente? Isto não é senão tristeza de coração." Nee. 2:2.

A interrogação encheu Neemias de apreensão. Não ficaria o rei irado ao saber que enquanto aparentemente em seu serviço, os pensamentos do cortesão estavam longe com o seu aflito povo? O ofensor não perderia a vida? Seu acariciado plano de restaurar e fortificar Jerusalém - estaria esse plano prestes a ser subvertido? "Então", ele escreve, "temi muito em grande maneira." Com lábios trêmulos e lágrimas nos olhos, ele revelou a causa de sua tristeza. "Viva o rei para sempre", ele respondeu. "Como não estaria triste o meu rosto, estando a cidade, o lugar dos sepulcros de meus pais, assolada, e tendo sido consumidas as suas portas a fogo?"

A exposição das condições de Jerusalém despertou a simpatia do monarca sem suscitar os seus preconceitos. Outra pergunta deu a Neemias a oportunidade por que tanto ansiava: "Que me pedes agora?" Mas o homem de Deus não se aventurou a responder enquanto não tivesse buscado a direção de Alguém mais alto que Artaxerxes. Ele tinha uma sagrada tarefa a cumprir, e esta requeria auxílio do rei; e sentiu que muito dependia de apresentar o assunto de tal maneira que lhe ganhasse a aprovação e garantisse o auxílio. "Então", diz ele, "orei ao Deus do Céu." Nee. 2:2-4. Nessa breve oração, Neemias se introduziu na presença do Rei dos reis, e teve do seu lado um poder capaz de mudar os corações como são desviados os cursos de água.

Orar como Neemias orou nessa hora de necessidade é um recurso à disposição do cristão, em circunstâncias em que outras formas de oração podem ser impossíveis. Os que labutam nas absorventes atividades da vida, assoberbados e quase subjugados pelas perplexidades, podem enviar uma petição a Deus, suplicando guia divina. Os que viajam por mar e por terra, quando ameaçados com algum grande perigo, podem-se encomendar à proteção do Céu. Em tempos de súbita dificuldade ou perigo, o coração pode enviar seu grito de socorro a Alguém que Se comprometeu a vir em auxilio de Seus fieis e crentes, quando quer que chamem por Ele. Sob todas as circunstâncias, em cada condição, a alma carregada de dor e cuidado, ou ferozmente assaltada pela tentação, pode encontrar segurança, sustento e socorro no infalível amor e poder de um Deus que guarda conserto.

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Neemias, nesse breve momento de oração ao Rei dos reis, reuniu coragem para falar a Artaxerxes do seu desejo de ser dispensado por algum tempo dos seus deveres na corte; e pediu autoridade para reconstruir os lugares devastados de Jerusalém, e torná-la uma vez mais uma cidade forte e defensável. Momentosos resultados para a nação judaica estavam na dependência desta solicitação. "E o rei mas deu", declara Neemias, "segundo a boa mão de Deus sobre mim." Nee. 2:8. Havendo conseguido o auxílio que desejava, Neemias com prudência e reflexão procedeu aos arranjos necessários para se garantir o sucesso da empresa. Ele não negligenciou nenhuma precaução que poderia ser útil ao resultado. Nem mesmo aos seus próprios concidadãos ele revelou o seu propósito. Conquanto soubesse que muitos se alegrariam com o seu sucesso, temeu que alguns, por atos de indiscrição, pudessem despertar os ciúmes dos seus inimigos, e talvez pôr em risco a empreitada.

Seu pedido ao rei havia sido tão favoravelmente recebido que Neemias foi encorajado a solicitar ainda assistência adicional. Para dar dignidade e autoridade a sua missão, bem como para prover proteção na viagem, ele pediu e foi-lhe garantida uma escolta militar. Obteve cartas régias para os governadores das províncias além do Eufrates, território através do qual ele devia passar em sua viagem para a Judéia; e obteve também uma carta para o guarda da floresta real nas montanhas do Líbano, ordenando-lhe que fornecesse tanta madeira quanta fosse necessária. Para que não pudesse haver ocasião de queixa de que ele excedera sua missão, Neemias teve o cuidado de que os privilégios e autoridade que lhe eram conferidos estivessem claramente definidos.

Este exemplo de sábia previdência e ação resoluta deve ser uma lição a todos os cristãos. Os filhos de Deus não devem apenas orar com fé, mas trabalhar com diligência e providente cuidado. Eles enfrentam muitas dificuldades, e não raro embaraçam a operação da Providência em seu favor, porque consideram que prudência e penoso esforço pouco têm que ver com religião. Neemias não considerou cumprido o seu dever depois de haver orado e chorado perante o Senhor. Ele uniu sua petição com os mais fervorosos, santos e piedosos esforços para o sucesso do empreendimento em que estava empenhado. Cuidadosa consideração e bem meditados planos são tão essenciais para o êxito

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de empreendimentos sagrados hoje como o foram no tempo da reconstrução dos muros de Jerusalém.

Neemias não se deixou ficar na dependência da incerteza. Os meios que lhe faltavam ele os solicitou dos que lho podiam fornecer. E o Senhor está ainda desejando mover o coração dos que têm a posse dos Seus bens, em favor da causa da verdade. Os que trabalham para Ele, devem servir-se do auxílio que Ele move os homens a dar. Esses dons podem abrir caminhos pelos quais a luz da verdade irá a muitas terras entenebrecidas. Os doadores podem não ter fé em Cristo, nem familiaridade com Sua Palavra; mas os seus dons não estão neste mesmo caso para serem recusados. (PR pág. 629-634).

Toda família deve construir seu altar de oração, reconhecendo que o temor do Senhor é o princípio da sabedoria. Se alguma pessoa no mundo necessita da força e do encorajamento que a religião dá, são os responsáveis pela educação e ensino das crianças. Não poderão realizar sua obra de maneira aceitável a Deus, enquanto seu exemplo diário ensine aos que para eles olham em busca de orientação que podem viver sem Deus. Se educarem os filhos para viverem apenas para esta vida, estes não farão nenhum preparo para a eternidade. Morrerão como viveram, sem Deus, e os pais serão chamados para dar contas pela perda de sua alma. Pais e mães, precisais buscar a Deus de manhã e à tarde no altar da família, para que possais aprender a ensinar vossos filhos sábia, terna e amoravelmente. Review and Herald, 27 de junho de 1899.

A Oração Formal não é Aceitável

Em muitos casos, os cultos matutino e vespertino pouco mais são que uma mera forma, uma insípida e monótona repetição de frases estabelecidas em que o espírito de gratidão ou o senso da necessidade não se expressam. O Senhor não aceita tal culto. Mas as petições de um coração humilde e de um espírito contrito não desprezará. O abrir do coração a nosso Pai celestial, o reconhecimento de nossa inteira dependência, a expressão de nossas necessidades, a homenagem de grato amor, isso é verdadeira oração. Signs of the Times, 1º de julho de 1886.

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Anjos Guardam os Filhos Dedicados a Deus

Antes de sair de casa para o trabalho, toda a família deve ser reunida; e o pai, ou a mãe na ausência dele, deve rogar fervorosamente a Deus que os guarde durante o dia. Ide com humildade, coração cheio de ternura, e com o senso das tentações e perigos que se acham diante de vós e de vossos filhos; pela fé, atai-os ao altar, suplicando para eles o cuidado do Senhor. Anjos ministradores hão de guardar as crianças assim consagradas a Deus. Testemunhos Seletos, vol. 1, págs. 147 e 148

Os primeiros pensamentos do cristão pela manhã devem ser para Deus. Os trabalhos seculares e os interesses próprios devem vir em segundo lugar. Os filhos devem ser ensinados a respeitar e reverenciar a hora de oração. ... É dever dos pais cristãos, de manhã e à tarde, pela fervorosa oração e fé perseverante, porem um muro em torno de seus filhos. Cumpre-lhes instruí-los pacientemente - bondosa e infatigavelmente ensinar-lhes a viver de maneira a agradar a Deus. Testemunhos Seletos, vol. 1, págs. 147 e 148.

Em cada família deve haver um tempo determinado para os cultos matutino e vespertino. Que apropriado é os pais reunirem os filhos em redor de si, antes de quebrar o jejum, agradecer ao Pai celeste Sua proteção durante a noite e pedir-Lhe auxílio, guia e proteção para o dia! Que adequado, também, em chegando a noite, é reunirem-se uma vez mais em Sua presença, pais e filhos, para agradecer as bênçãos do dia findo? Testemunhos Seletos, vol. 3, pág. 92.

O culto familiar não deve ser governado pelas circunstâncias. Não deveis orar ocasionalmente e, quando tendes um grande dia de trabalho à vossa frente, negligenciar a oração. Assim fazendo, levais os filhos a considerar a oração sem importância especial. Muito significa a oração para os filhos de Deus, e as ofertas de gratidão devem ascender diante de Deus de manhã e à tarde. Diz o salmista: "Vinde, cantemos ao Senhor! Cantemos com júbilo à Rocha da nossa salvação! Apresentemo-nos ante a Sua face com louvores e celebremo-Lo com salmos." Sal. 95:1 e 2. Manuscrito 12, 1898.

Pais e mães, por mais urgentes que sejam vossos afazeres, não deixeis de reunir vossa família em torno do altar de Deus. Pedi a guarda

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dos santos anjos, em vosso lar. Lembrai-vos de que vossos queridos estão sujeitos a tentações. A Ciência do Bom Viver, pág. 393.

Em nossos esforços pelo conforto e felicidade dos hóspedes, não esqueçamos nossas obrigações para com Deus. A hora de oração não deve ser negligenciada por consideração nenhuma. Não converseis nem vos divirtais até que fiqueis demasiado cansados para fruir o período de devoção. Fazer isso é apresentar a Deus uma oferta defeituosa. Cedo ainda ao anoitecer, quando podemos orar, sem atropelamento e de maneira inteligente, devemos apresentar nossas súplicas, erguendo a voz em feliz e grato louvor.

Que todos quantos visitam os cristãos vejam que a hora de oração é a mais preciosa, a mais sagrada e feliz hora do dia. Essas horas de devoção exercem uma influência enobrecedora em todos quantos dela participam. Trazem uma paz e um sossego agradáveis ao espírito. Mensagens aos Jovens, pág. 342.

Pelo vosso próprio exemplo, ensinai vossos filhos a orar com voz clara e distinta. Ensinai-lhes a levantar a cabeça da cadeira e a nunca cobrir o rosto com as mãos. Assim poderão fazer suas orações simples, repetindo em conjunto a oração do Senhor. Manuscrito 12, 1898.

Devemos orar a Deus muito mais do que fazemos. Há grande força e bênção em orar em conjunto em nossa família, com os filhos e por eles. Quando meus filhos cometem um erro, tenho conversado bondosamente com eles e então com eles orado; depois disso, jamais achei necessário puni-los. Seu coração se desmanchava em ternura diante do Espírito Santo, que veio em resposta à oração. Manuscrito 47, 1908.

Era nas horas de oração solitária que Jesus, em Sua vida terrestre, recebia sabedoria e poder. Sigam os jovens o Seu exemplo, procurando, na aurora e ao crepúsculo, uns momentos tranqüilos para a comunhão com seu Pai celestial. E durante o dia todo levantem eles o coração a Deus. A cada passo em nosso caminho, diz Ele: "Eu, o Senhor, teu Deus, te tomo pela tua mão direita: ... não temas, que Eu te ajudo." Isa. 41:13. Aprendessem nossos filhos essas lições na manhã de seus anos, e que vigor e poder, que alegria e doçura lhes penetrariam a vida! Educação, pág. 259.

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Quando Cristo Se curvou às margens do Jordão, depois de Seu batismo, e ofereceu uma oração em favor da humanidade, os céus se abriram; e o Espírito de Deus, como uma pomba de ouro polido, rodeou o Salvador; e veio do Céu uma voz que dizia: "Este é o Meu Filho amado, em quem Me comprazo." Mat. 3:17.

Que significado tem isso para vós? Diz que o Céu está aberto às vossas orações. Diz que sois aceitos no Amado. As portas estão abertas para toda mãe que lançar seu fardo aos pés do Salvador. Diz que Cristo rodeou a raça com Seu braço humano, e com o braço divino apegou-Se ao trono do Infinito, unindo o homem com Deus, e a Terra ao Céu. Signs of the Times, 22 de julho de 1889.

As orações das mães cristãs não são desatendidas pelo Pai de todos, que enviou Seu Filho à Terra para resgatar um povo para Si mesmo. Ele não Se desviará de vossas petições, deixando a vós e aos vossos como brinquedo de Satanás, no grande dia do conflito final. É vossa parte trabalhar com simplicidade e fidelidade, e Deus estabelecerá a obra de vossas mãos. Review and Herald, 23 de abril de 1889.

Em todo lar cristão, Deus deve ser honrado pelo sacrifício de oração e louvor, de manhã e à noite. As crianças devem ser ensinadas a respeitar e reverenciar a hora da oração. Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, pág. 110.

Deve-se ensiná-la [a criança] a considerar como sagrados a hora e o lugar das orações e cerimônias do culto público, porque Deus está ali. E ao manifestar-se reverência na atitude e no porte, aprofundar-se-á o sentimento que a inspira. Educação, págs. 242 e 243.

Temos a esperança de que nossos irmãos não manifestarão menos reverência e respeito ao aproximarem-se do único Deus vivo e verdadeiro do que os pagãos manifestam para com suas divindades idólatras, ou estes povos serão nossos juízes no dia da decisão final. Falo a todos os que ocupam os lugares de professores em nossas escolas. Homens e mulheres, não desonreis a Deus pela vossa irreverência e imponência. Não vos ponhais eretos em vosso farisaísmo ao fazerdes vossas orações a Deus. Desconfiai de vossa própria força. Não confieis nela; mas prostrai-vos freqüentemente de joelhos diante de Deus, e adorai-O. (Mensagens Escolhidas II, pág. 314)

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Prostrado de joelhos

E quando vos reunis para adorar a Deus, não deixeis de vos prostrar de joelhos diante dEle. Que esta ação testifique de que toda a alma, e corpo e espírito estão em sujeição ao Espírito de verdade. Quem tem examinado a Palavra diligentemente à procura de exemplos e orientação neste respeito? Em quem podemos confiar como professores de nossas escolas nos Estados Unidos e nos outros países? Deverão os alunos voltar às suas pátrias depois de anos de estudos, com idéias pervertidas acerca do respeito, da honra e da reverência que deviam ser dados a Deus, e sem se sentirem sob o dever de honrarem os homens de cabelos brancos, os homens de experiência, os escolhidos servos de Deus que têm estado relacionados com a obra de Deus durante quase todos os anos de sua vida? Aconselho a todos os que freqüentam escolas na América do Norte ou em qualquer outro lugar a que não absorvam o espírito de irreverência. Compreendei ao certo por vós mesmos que espécie de educação necessitais para que possais ensinar outros a obter aptidão de caráter que suportará a prova que em breve sobrevirá a todos que vivem neste mundo. Convivei com os mais sólidos cristãos. Não escolhais os professores ou alunos pretensiosos, mas aqueles que mostram a mais profunda piedade, aqueles que têm um espírito de inteligência das coisas de Deus.

Estamos a viver em tempos perigosos. Os adventistas do sétimo dia fazem a profissão de ser o povo que guarda os mandamentos de Deus; mas estão a perder o seu espírito devocional. Este espírito de reverência para com Deus ensina aos homens a maneira de se aproximarem do seu Criador - com consagração e reverência pela fé, não em si mesmos, mas num Mediador. Assim o homem está seguro sob todas as circunstâncias em que se encontre. O homem deve vir ao escabelo da misericórdia de joelhos prostrados, como um súdito da graça, um suplicante. E ao receber benefícios diariamente da mão de Deus, deve sempre acalentar gratidão em seu coração, e expressá-la por palavras de agradecimentos e louvor por esses favores desmerecidos. Os anjos têm estado a guardar o seu caminho durante toda a sua vida, não tendo ele visto muitas das ciladas das quais o livraram. E por esta proteção e vigilância feita por olhos que jamais cochilam e nunca dormem, deve ele reconhecer em cada oração, o serviço que Deus lhe presta.

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Todos devem apoiar-se em Deus em seu desamparo e em sua necessidade cotidiana. Devem mostrar-se humildes, vigilantes e piedosos. Louvor e ação de graças devem fluir em agradecimento e sincero amor a Deus.

Eles devem louvar ao Deus Altíssimo na assembléia dos justos e na congregação. Todos os que têm uma noção de sua vital ligação com Deus devem estar diante do Senhor como Suas testemunhas, relatando o amor, as misericórdias e a bondade de Deus. Que as palavras sejam sinceras, simples, fervorosas, inteligentes, o coração inflamado com o amor de Deus, os lábios santificados para Sua glória não somente para anunciar as beneficências de Deus na assembléia dos santos, mas para serem Suas testemunhas em todo lugar. Os habitantes da Terra devem saber que Ele é Deus, o único Deus verdadeiro e vivo.

Deve haver um conhecimento inteligente de como aproximar-se de Deus em reverência e piedoso temor com amor devocional. Há uma crescente falta de reverência para com o nosso Criador, um crescente desrespeito pela Sua grandeza e majestade. Mas Deus nos fala nestes últimos dias. Ouvimos Sua voz na tempestade, no ribombar do trovão. Ouvimos das calamidades que Ele permite nos terremotos, das inundações e dos elementos destruidores que levam tudo à sua frente. Ouvimos de navios que naufragam no oceano tempestuoso. As famílias que tem recusado reconhece-Lo, as vezes Deus fala no turbilhão e na tempestade, ás vezes face a face como Ele falou com Moises. Ou segreda Seu amor á confiante criancinha e ao decrépito e encanecido ancião. E a sabedoria terrestre torna-se sabia ao contemplar. O invisível.

Cubram todos a face quando se ouve a voz mansa e delicada que sucede ao turbilhão e à tempestade que deslocam as rochas, porque Deus está muito perto. Que se escondam em Jesus Cristo; porque Ele é o seu esconderijo. Sua mão ferida cobrirá a fenda na rocha enquanto o humilde suplicante prostrado espera para ouvir o que o Senhor diz ao Seu servo. Manuscrito 84b, 1897. (Mensagens Escolhidas II, pág. 314-316)

Não Há Lugar Impróprio Para a Oração

Não há tempo nem lugar impróprios para se erguer a Deus uma oração... Entre as turbas de transeuntes na rua, em meio de uma transação comercial, podemos elevar a Deus um pedido, rogando a

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direção divina, como fez Neemias quando apresentou seu pedido, perante o rei Artaxerxes. Caminho a Cristo, pág. 99.

Podemos falar com Jesus no caminho e Ele diz: Estou a tua mão direita. Podemos comunicar com Deus em nosso coração: andar na companhia de Cristo. Quando empenhados em nossos trabalhos diários, podemos exaltar o desejo de nosso coração, de maneira inaudível aos ouvidos humanos; mas essas palavras não amortecerão em silêncio, nem serão perdidas. Coisa alguma pode sufocar o desejo da alma. Ele se ergue acima do burburinho das ruas, acima do barulho das máquinas. É a Deus que estamos falando, e nossa oração é ouvida. Obreiros Evangélicos, pág. 258.

Para orar não é necessário que estejais sempre prostrados de joelhos. Cultivai o hábito de falar com o Salvador quando sós, quando estais caminhando e quando ocupados com os trabalhos diários. (A Ciência do Bom Viver, págs. 510 e 511)

"Ó, vinde, adoremos e prostremo-nos; ajoelhemos diante do Senhor que nos criou." Sal. 95:6.

"Por causa disto me ponho de joelhos perante o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo." Efés. 3:14. E todo este capítulo, se o coração for receptivo, será uma lição preciosa como a que mais o seja.

Quando em oração a Deus a posição indicada é prostrado de joelhos. Este ato de culto foi exigido dos três hebreus cativos na Babilônia. ... Mas tal ato era preito que só devia ser prestado a Deus - o Soberano do mundo, o Dominador do Universo; e esses três hebreus recusaram-se a dar essa honra a qualquer ídolo, mesmo que fosse de ouro puro. Ao fazer assim, estariam, para todos os efeitos, a prostrar-se ao rei da Babilônia. Recusando-se a fazer como o rei ordenara, sofreram o castigo, e foram lançados na fornalha de fogo ardente. Mas Cristo veio pessoalmente e andou com eles no meio do fogo e nada de mal lhes sucedeu.

Tanto no culto público como no particular é nosso dever prostrar-nos de joelhos diante de Deus quando Lhe dirigimos nossas petições. Este procedimento mostra nossa dependência de Deus.

Na dedicação do Templo, Salomão estava em pé a olhar para o altar. No átrio do templo havia uma base de metal, e depois de subi-la

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ele ficou em pé e levantou as mãos ao céu, e abençoou a enorme congregação de Israel, e toda a congregação de Israel estava em pé. ...

"Porque Salomão tinha feito uma base de metal, de cinco côvados de comprimento, e de cinco côvados de largura, e de três côvados de altura, e a tinha posto no meio do pátio, e pôs-se nela em pé, e ajoelhou-se em presença de toda a congregação de Israel, e estendeu as suas mãos para o céu." II Crôn. 6:13.

A longa oração que ele fez então era apropriada para a ocasião. Foi inspirada por Deus, respirando os sentimentos da mais elevada piedade combinada com a mais profunda humildade. (II ME pág. 312-316)

O culto cotidiano consistia no holocausto da manhã e da tarde, na oferta de incenso suave no altar de ouro, e nas ofertas especiais pelos pecados individuais. E também havia ofertas para os sábados, luas novas e solenidades especiais.

Toda manhã e tarde, um cordeiro de um ano era queimado sobre o altar, com sua apropriada oferta de manjares, simbolizando assim a consagração diária da nação a Jeová, e sua constante necessidade do sangue expiatório de Cristo. Deus ordenara expressamente que toda oferta apresentada para o ritual do santuário fosse "sem mácula". Êxo. 12:5. Os sacerdotes deviam examinar todos os animais levados para sacrifício, e rejeitar todo aquele em que se descobrisse algum defeito. Apenas uma oferta "sem mácula" poderia ser um símbolo da perfeita pureza dAquele que Se ofereceria como "um cordeiro imaculado e incontaminado". I Ped. 1:19. O apóstolo Paulo aponta para esses sacrifícios como uma ilustração do que os seguidores de Cristo devem tornar-se. Diz ele: "Rogo-vos pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional." Rom. 12:1. Devemos entregar-nos ao serviço de Deus e procurar que a oferta se aproxime o máximo possível da perfeição. Deus não Se agradará de coisa alguma inferior ao melhor que podemos oferecer.

Aqueles que O amam de todo o coração, desejarão dar-Lhe o melhor serviço de sua vida, e estarão constantemente procurando pôr toda a faculdade de seu ser em harmonia com as leis que promoverão sua habilidade para fazerem a Sua vontade.

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Na oferta do incenso o sacerdote era levado mais diretamente à presença de Deus do que em qualquer outro ato do ministério diário. Como o véu interno do santuário não se estendia até ao alto do edifício, a glória de Deus, manifestada por cima do propiciatório, era parcialmente visível no primeiro compartimento. Quando o sacerdote oferecia incenso perante o Senhor, olhava em direção à arca; e, subindo a nuvem de incenso, a glória divina descia sobre o propiciatório e enchia o lugar santíssimo, e muitas vezes ambos os compartimentos, de tal maneira que o sacerdote era obrigado a afastar-se para a porta do santuário. Como naquele cerimonial típico o sacerdote olhava pela fé ao propiciatório que não podia ver, assim o povo de Deus deve hoje dirigir suas orações a Cristo, seu grande Sumo Sacerdote que, invisível aos olhares humanos, pleiteia em seu favor no santuário celestial.

O incenso que subia com as orações de Israel, representa os méritos e intercessão de Cristo. Sua perfeita justiça, que pela fé é atribuída ao Seu povo, e que unicamente pode tornar aceitável a Deus o culto de seres pecadores. Diante do véu do lugar santíssimo, estava um altar de intercessão perpétua; diante do lugar santo, um altar de expiação contínua. Pelo sangue e pelo incenso deveriam aproximar-se de Deus - símbolos aqueles que apontam para o grande Mediador, por intermédio de quem os pecadores podem aproximar-se de Jeová, e por meio de quem unicamente, a misericórdia e a salvação podem ser concedidas à alma arrependida e crente.

Quando os sacerdotes, pela manhã e à tardinha, entravam no lugar santo à hora do incenso, o sacrifício diário estava pronto para ser oferecido sobre o altar, fora, no pátio. Esta era uma ocasião de intenso interesse para os adoradores que se reuniam junto ao tabernáculo. Antes de entrarem à presença de Deus pelo ministério do sacerdote, deviam empenhar-se em ardoroso exame de coração e confissão de pecado. Uniam-se em oração silenciosa, com o rosto voltado para o lugar santo. Assim ascendiam suas petições com a nuvem de incenso, enquanto a fé se apoderava dos méritos do Salvador prometido prefigurado pelo sacrifício expiatório. As horas designadas para o sacrifício da manhã e da tardinha eram consideradas sagradas, e, por toda a nação judaica, vieram a ser observadas como um tempo reservado para a adoração. E, quando, em tempos posteriores, os judeus foram espalhados como cativos em países distantes, ainda naquela hora designada voltavam o rosto para Jerusalém e proferiam

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suas petições ao Deus de Israel. Neste costume têm os cristãos um exemplo para a oração da manhã e da noite. Conquanto Deus condene um mero ciclo de cerimônias, sem o espírito de adoração, olha com grande prazer àqueles que O amam, prostrando-se de manhã e à noite, a fim de buscar o perdão dos pecados cometidos e apresentar seus pedidos de bênçãos necessitadas.

Os pães da proposição eram conservados sempre perante o Senhor como uma oferta perpétua. Assim, era isto uma parte do sacrifício cotidiano. Era chamado o pão da proposição, ou "pão da presença", porque estava sempre diante da face do Senhor. Êxo. 25:30. Era um reconhecimento de que o homem depende de Deus, tanto para o pão temporal como o espiritual, e de que este é recebido apenas pela mediação de Cristo. Deus alimentara Israel no deserto com pão do Céu e ainda dependiam eles de Sua generosidade tanto para o pão temporal como para as bênçãos espirituais. Tanto o maná como o pão da proposição apontavam para Cristo, o pão vivo, que sempre está na presença de Deus por nós. Ele mesmo disse: "Eu sou o pão vivo que desceu do Céu." João 6:48-51. O incenso era posto sobre os pães. Quando o pão era retirado cada sábado, para ser substituído por outro, fresco, o incenso era queimado sobre o altar, em memória, perante Deus.

A parte mais importante do ministério diário era a oferta efetuada em prol do indivíduo. O pecador arrependido trazia a sua oferta à porta do tabernáculo e, colocando a mão sobre a cabeça da vítima, confessava seus pecados, transferindo-os assim, figuradamente, de si para o sacrifício inocente. Pela sua própria mão era então morto o animal, e o sangue era levado pelo sacerdote ao lugar santo e aspergido diante do véu, atrás do qual estava a arca que continha a lei que o pecador transgredira. Por esta cerimônia, mediante o sangue, o pecado era figuradamente transferido para o santuário. Nalguns casos o sangue não era levado ao lugar santo; mas a carne deveria então ser comida pelo sacerdote, conforme instruiu Moisés aos filhos de Arão, dizendo: "O Senhor a deu a vós, para que levásseis a iniqüidade da congregação." Lev. 10:17. Ambas as cerimônias simbolizavam semelhantemente a transferência do pecado, do penitente para o santuário.

Tal era a obra que dia após dia continuava, durante o ano todo. Os pecados de Israel, sendo assim transferidos para o santuário, ficavam

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contaminados os lugares santos, e uma obra especial se tornava necessária para sua remoção. Deus ordenara que se fizesse expiação por cada um dos compartimentos sagrados, assim como pelo altar, para o purificar "das imundícias dos filhos de Israel", e o santificar. Lev. 16:19.

Uma vez ao ano, no grande dia da expiação, o sacerdote entrava no lugar santíssimo para a purificação do santuário. O cerimonial ali efetuado completava o ciclo anual do ministério.

No dia da expiação dois bodes eram trazidos à porta do tabernáculo, e lançavam-se sortes sobre eles, "uma sorte pelo Senhor, e a outra sorte pelo bode emissário". O bode sobre o qual caía a primeira sorte deveria ser morto como oferta pelos pecados do povo. E o sacerdote deveria levar seu sangue para dentro do véu, e aspergi-lo sobre o propiciatório. "Assim fará expiação pelo santuário por causa das imundícias dos filhos de Israel e das suas transgressões, segundo todos os seus pecados; e assim fará para a tenda da congregação que mora com eles no meio das suas imundícias." Lev. 16:16.

"E Arão porá ambas as suas mãos sobre a cabeça do bode vivo, e sobre ele confessará todas as iniqüidades dos filhos de Israel, e todas as suas transgressões, segundo todos os seus pecados; e os porá sobre a cabeça do bode, e enviá-lo-á ao deserto, pela mão de um homem designado para isso. Assim aquele bode levará sobre si todas as iniqüidades deles à terra solitária." Lev. 16:21 e 22. Antes que o bode tivesse desta maneira sido enviado não se considerava o povo livre do fardo de seus pecados. Cada homem deveria afligir sua alma, enquanto prosseguia a obra da expiação. Toda ocupação era posta de lado, e toda a congregação de Israel passava o dia em humilhação solene perante Deus, com oração, jejum e profundo exame de coração.

Importantes verdades concernentes à obra expiatória eram ensinadas ao povo por meio deste serviço anual. Nas ofertas para o pecado apresentadas durante o ano, havia sido aceito um substituto em lugar do pecador; mas o sangue da vítima não fizera completa expiação pelo pecado. Apenas provera o meio pelo qual este fora transferido para o santuário. Pela oferta do sangue, o pecador reconhecia a autoridade da lei, confessava a culpa de sua transgressão, e exprimia sua fé nAquele que tiraria o pecado do mundo; mas não estava inteiramente livre da condenação da lei. No dia da expiação, o sumo sacerdote, havendo tomado uma oferta para a congregação, ia ao lugar santíssimo

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com o sangue e o aspergia sobre o propiciatório, em cima das tábuas da lei. Assim se satisfaziam os reclamos da lei, que exigia a vida do pecador. Então, em seu caráter de mediador, o sacerdote tomava sobre si os pecados e, saindo do santuário, levava consigo o fardo das culpas de Israel. À porta do tabernáculo colocava as mãos sobre a cabeça do bode emissário e confessava sobre ele "todas as iniqüidades dos filhos de Israel, e todas as suas transgressões, segundo todos os seus pecados", pondo-as sobre a cabeça do bode. E, assim como o bode que levava esses pecados era enviado dali; tais pecados, juntamente com o bode, eram considerados separados do povo para sempre. Este era o cerimonial efetuado como "exemplar e sombra das coisas celestiais". Heb. 8:5.

Como foi declarado, o santuário terrestre fora construído por Moisés, conforme o modelo a ele mostrado no monte. Era uma figura para o tempo então presente, no qual se ofereciam tanto dons como sacrifícios; seus dois lugares santos eram "figuras das coisas que estão no Céu" (Heb. 9:9 e 23); Cristo, nosso grande Sumo Sacerdote, é "ministro do santuário, e do verdadeiro tabernáculo, o qual o Senhor fundou, e não o homem". Heb. 8:2. Sendo em visão concedida a João uma vista do templo de Deus no Céu, contemplou ele ali "sete lâmpadas de fogo" (Apoc. 4:5) que ardiam diante do trono. Viu um anjo, "tendo um incensário de ouro; e foi-lhe dado muito incenso, para o pôr com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro, que está diante do trono". Apoc. 8:3. Com isto permitiu-se ao profeta ver o primeiro compartimento do santuário celestial; e viu ali as "sete lâmpadas de fogo" e o "altar de ouro" representados pelo castiçal de ouro e o altar de incenso no santuário terrestre. Novamente, "abriu-se no Céu o templo de Deus" (Apoc. 11:19), e ele olhou para dentro do véu interno, no santo dos santos. Ali viu a "arca do Seu concerto", representada pelo escrínio sagrado construído por Moisés a fim de conter a lei de Deus. Moisés fizera o santuário terrestre "segundo o modelo que tinha visto". (Atos 7:44) Paulo declara que "o tabernáculo e todos os vasos do ministério", quando se acharam completos, eram "figuras das coisas que estão no Céu". Heb. 9:21 e 23. E João diz que viu o santuário no Céu. Aquele santuário em que Jesus ministra em nosso favor, é o grande original, de que o santuário construído por Moisés era uma cópia.

Do templo celestial, morada do Rei dos reis, onde milhares de milhares O servem, e milhões de milhões estão diante dEle (Dan. 7:10),

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templo repleto da glória do trono eterno, onde serafins, seus guardas resplandecentes, velam o rosto em adoração; sim, desse templo, nenhuma estrutura terrestre poderia representar a vastidão e glória. Todavia, importantes verdades relativas ao santuário celestial e à grande obra ali prosseguida em prol da redenção do homem, deveriam ser ensinadas pelo santuário terrestre e seu cerimonial.

Depois de Sua ascensão, nosso Salvador iniciaria Sua obra como nosso Sumo Sacerdote. Diz Paulo: "Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo Céu, para agora comparecer por nós perante a face de Deus." Heb. 9:24. Assim como o ministério de Cristo devia consistir em duas grandes divisões, ocupando cada uma delas um período de tempo e tendo um lugar distinto no santuário celeste, semelhantemente o ministério típico consistia em duas divisões - o serviço diário e o anual - e a cada um deles era dedicado um compartimento do tabernáculo.

Assim como Cristo, por ocasião de Sua ascensão, compareceu à presença de Deus, a fim de pleitear com Seu sangue em favor dos crentes arrependidos, assim o sacerdote, no ministério diário, aspergia o sangue do sacrifício no lugar santo em favor do pecador.

O sangue de Cristo, ao mesmo tempo que livraria da condenação da lei o pecador arrependido, não cancelaria o pecado; este ficaria registrado no santuário até à expiação final; assim, no cerimonial típico, o sangue da oferta pelo pecado removia do penitente o pecado, mas este permanecia no santuário até ao dia da expiação.

No grande dia da paga final, os mortos devem ser "julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras". Apoc. 20:12. Então, pela virtude do sangue expiatório de Cristo, os pecados de todo o verdadeiro arrependido serão eliminados dos livros do Céu. serão eliminados dos livros do Céu. Assim o santuário estará livre ou purificado, do registro de pecado. No tipo, esta grande obra de expiação, ou cancelamento de pecados, era representada pelas cerimônias do dia da expiação, a saber, pela purificação do santuário terrestre, a qual se realizava pela remoção dos pecados com que ele ficara contaminado, remoção efetuada pela virtude do sangue da oferta para o pecado.

Assim como na expiação final os pecados dos verdadeiros arrependidos serão apagados dos registros do Céu, para não mais

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serem lembrados nem virem à mente, assim no serviço típico eram levados ao deserto, para sempre separados da congregação.

Visto que Satanás é o originador do pecado, o instigador direto de todos os pecados que ocasionaram a morte do Filho de Deus, exige a justiça que Satanás sofra a punição final. A obra de Cristo para a redenção dos homens e purificação do Universo da contaminação do pecado, encerrar-se-á pela remoção dos pecados do santuário celestial e deposição dos mesmos sobre Satanás, que cumprirá a pena final. Assim no cerimonial típico, o ciclo anual do ministério encerrava-se com a purificação do santuário e confissão dos pecados sobre a cabeça do bode emissário. Em tais condições, no ministério do tabernáculo e do templo que mais tarde tomou o seu lugar, ensinavam-se ao povo cada dia as grandes verdades relativas à morte e ministério de Cristo, e uma vez ao ano sua mente era transportada para os acontecimentos finais do grande conflito entre Cristo e Satanás, e para a final purificação do Universo, de pecado e pecadores. (PP pág. 352-358)

A rocha ferida era uma figura de Cristo, e por meio deste símbolo são-nos ensinadas as mais preciosas verdades espirituais. Assim como as águas vivificadoras brotavam da rocha ferida, assim de Cristo, "ferido de Deus", "ferido pelas nossas transgressões", "quebrantado pelas nossas iniqüidades" (Isa. 53:4 e 5), a torrente de salvação flui para uma raça perdida. Assim como a rocha foi ferida uma vez, semelhantemente Cristo deveria ser oferecido "uma vez para tirar os pecados de muitos". Heb. 9:28. Nosso Salvador não deveria ser sacrificado segunda vez; e é tão-somente necessário àqueles que buscam as bênçãos de Sua graça pedi-las em nome de Jesus, derramando o desejo de seu coração em uma prece feita no espírito de arrependimento. Tal oração levará perante o Senhor dos exércitos os ferimentos de Jesus, e então de novo fluirá o sangue doador de vida, simbolizado pelo fluir da água viva para Israel. (PP pág. 411)

Não bastava que a arca e o santuário estivessem no meio de Israel. Não bastava que os sacerdotes oferecessem sacrifícios, e que o povo fosse chamado filhos de Deus. O Senhor não toma em consideração o pedido daqueles que acariciam a iniqüidade no coração; está escrito que “o que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração será abominável”. Provérbios 28: 9. (PP pág. 584)

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Jacó prevaleceu porque foi perseverante e resoluto, sua experiência testifica do poder da oração importuna. É agora que devemos aprender esta lição de oração que prevalece, de uma fé que não cede. As maiores vitórias da igreja de Cristo, ou do cristão em particular, não são as que são ganhas pelo talento ou educação, pela riqueza ou favor dos homens. São as vitórias ganhas na sala de audiência de Deus, quando uma fé cheia de ardor e agonia lança mão do braço forte do Todo-Poderoso. (PP pág. 203)

Cada igreja deve trabalhar em favor dos que perecem dentro das suas próprias fronteiras, e pelos que estão fora delas. Devem os membros reluzir como pedras vivas no templo de Deus, refletindo a luz celestial. Trabalho algum deve ser feito a esmo, descuidadamente e sem método. Manter segura as almas prestes a perecer, significa mais que orar em favor de um ébrio e, depois, porque ele chora e confessa a degradação de sua alma, declará-lo salvo. Repetidas vezes, deve-se recomeçar a batalha.

Quando os redimidos estiverem perante Deus, responderão ao chamado preciosas almas que ali estão por causa dos fervorosos e perseverantes esforços feitos em seu beneficio, e das suplicas e intensa persuasão para que fujam para a Fortaleza. Dessa forma, os que neste mundo têm estado a cooperar com Deus, receberão a sua recompensa. (CS, Pág. 356-357).

O Poder da Oração nas Tentações

Quão benigna e ternamente trata o Pai celeste a Seus filhos! Guarda-os de mil perigos que lhes são ocultos, preserva-os das artes sutis de Satanás, para que não sejam destruídos. Como o protetor cuidado de Seus anjos não é manifesto a nossa imperfeita visão, não procuramos considerar e apreciar o sempre vigilante interesse nutrido por nosso bondoso e benévolo Criador para com a obra de Suas mãos; e não somos gratos pela multidão de Suas misericórdias, a nós dia a dia concedidas.

Os jovens ignoram os muitos perigos a que se acham diariamente expostos. Jamais os poderão conhecer a todos; se são vigilantes, porém, se oram sempre, Deus lhes conservará sensível a consciência e a percepção clara para poderem discernir a operação do inimigo, e serem fortalecidos contra seus ataques. Muitos dos jovens, todavia, têm

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por tanto tempo seguido as próprias inclinações, que dever é para eles palavra sem significação. Não compreendem os elevados e santos deveres que têm a cumprir para benefício de outros e para glória de Deus; e negligenciam por completo esses deveres.

Caso os jovens tão-somente despertassem para sentir profundamente sua necessidade de forças vindas de Deus para resistirem às tentações de Satanás, obteriam preciosas vitórias, bem como valiosa experiência na luta cristã. Quão poucos jovens pensam na exortação do inspirado apóstolo Pedro: "Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar. Ao qual resisti firmes na fé." I Ped. 5:8 e 9. Na visão dada a João ele viu o poder de Satanás sobre os homens, e exclamou:

"Ai dos que habitam na Terra e no mar; porque o diabo desceu a vós, e tem grande ira, sabendo que já tem pouco tempo." Apoc. 12:12.

A única segurança para os jovens é incessante vigilância e humilde oração. Não se devem lisonjear de que podem ser cristãos sem isso. Satanás oculta suas tentações e seus ardis sob uma cobertura de luz, como quando se aproximou de Cristo no deserto. Então, era aparentemente como um anjo celeste. O adversário de nossas almas aproximar-se-á de nós como um hóspede celeste; e o apóstolo recomenda sobriedade e vigilância como nossa única salvaguarda. Os jovens que condescendem com uma atitude descuidosa e leviana, e negligenciam os deveres cristãos, estão continuamente caindo sob as tentações do inimigo, em vez de vencerem como Cristo venceu.

O serviço de Cristo não é penosa labuta para a alma completamente consagrada. A obediência a nosso Salvador não prejudica nossa felicidade e o verdadeiro prazer nesta vida, mas possui uma força refinadora sobre o caráter, elevando-o. O estudo diário das preciosas palavras de vida encontradas nas Escrituras, revigora o intelecto, promovendo o conhecimento das grandes e gloriosas obras de Deus na natureza. Mediante o estudo da Bíblia aprendemos a viver de maneira a fruir a maior soma de pura felicidade. O estudioso da Bíblia acha-se também provido de argumentos escriturísticos de modo a poder enfrentar as dúvidas dos incrédulos, removendo-as pela brilhante luz da verdade. Os que pesquisam as Escrituras podem estar sempre fortalecidos contra as tentações de Satanás; é-lhes possível estar

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cabalmente preparados para toda boa obra, e apercebidos para dar a quem quer que os interrogue, a razão da esperança que os possui. ...

Ao orardes, queridos jovens, para que não sejais induzidos à tentação, lembrai- vos de que vossa parte não se limita a orar. Cumpre-vos então responder o mais possível a vossa oração, com o resistir às tentações, e deixai ao cuidado de Jesus o que não vos é possível fazer em vosso benefício. Não podeis guardar-vos demasiado em palavras e comportamento, de modo a não convidardes o inimigo a tentar-vos. Muitos de nossos jovens, devido a sua descuidosa desconsideração para com as advertências e reprovações que lhes são feitas, abrem de par em par a porta a Satanás. Tendo a Palavra de Deus como nosso guia, e Jesus como nosso Mestre divino, não precisamos ignorar-Lhe as reivindicações nem os ardis do inimigo, sendo vencidos por suas tentações. Não será desagradável a tarefa de obedecer à vontade de Deus, quando nos entregamos inteiramente a direção de Seu Espírito. (I TS pág. 356).

A Oração Particular

A oração de família, e em público, tem o seu lugar; mas é a comunhão particular com Deus que sustém a vida da alma. Foi no monte, com Deus, que Moisés contemplou o modelo daquela maravilhosa construção que devia ser o lugar permanente de Sua glória. É com Deus no monte - o lugar particular de comunhão - que havemos de contemplar Seu glorioso ideal para a humanidade. Assim seremos habilitados a moldar a construção de nosso caráter de tal maneira, que se possa cumprir em nós a promessa: "Neles habitarei e entre eles andarei; e Eu serei o seu Deus, e eles serão o Meu povo." II Cor. 6:16.

Enquanto empenhados em nosso trabalho diário, devemos erguer a alma ao Céu em oração. Essas silenciosas petições ascendem como incenso perante o trono da graça; e o inimigo é confundido. O cristão cujo coração é assim firmado em Deus, não pode ser vencido. Nenhuma arte maligna pode destruir-lhe a paz. Todas as promessas da Palavra de Deus, todo o poder da graça divina, todos os recursos de Jeová, estão empenhados em garantir-lhe o livramento. Foi assim que Enoque andou com Deus. E Deus era com ele, um socorro bem presente em todas as ocasiões de necessidade.

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Os ministros de Cristo devem vigiar em oração. Eles podem ir com ousadia ao trono da graça, levantando mãos santas, sem ira nem contenda. Podem, com fé, suplicar do Pai celestial sabedoria e graça, a fim de que possam saber trabalhar e lidar com o espírito das pessoas.

A oração é a respiração da alma. É o segredo do poder espiritual. Nenhum outro meio de graça a pode substituir, e a saúde da alma ser conservada. A oração põe a alma em imediato contato com a Fonte da vida, e fortalece os nervos e músculos da vida religiosa. Negligenciai o exercício da oração, ou a ela vos dediqueis de quando em quando, com intermitências, segundo pareça conveniente, e perdereis vossa firmeza em Deus. As faculdades espirituais perdem sua vitalidade, a experiência religiosa carece de saúde e vigor.

É unicamente no altar de Deus que podemos acender nossos círios com fogo divino. É unicamente a luz divina que revelará a pequenez, a incompetência das habilidades humanas, e dará uma clara visão da perfeição e pureza de Cristo. É somente ao contemplarmos Jesus que desejamos ser-Lhe semelhantes, somente ao vermos Sua justiça, que temos fome e sede de a possuir; e é só ao pedirmos em oração fervorosa, que Deus nos assegurará o desejo de nosso coração.

Os mensageiros de Deus devem demorar-se longamente com Ele, se querem ter êxito em sua obra. Conta-se a história de uma velha senhora de Lancashire, que escutava as razões que os vizinhos apresentavam para o sucesso de seu pastor. Falavam de seus dotes, de seu estilo na linguagem, de suas maneiras. "Não", lhes disse a velha senhora, "eu lhes direi o que é. Vosso homem está muito unido com o Todo-poderoso."

Quando os homens forem tão devotos como Elias, e possuírem a fé que ele tinha, Deus Se revelará como o fez então. Quando os homens lutarem com o Senhor como Jacó, ver-se-ão novamente os resultados que se viram então. De Deus virá poder em resposta à oração da fé.

Como a vida de Jesus foi de contínua confiança, sustida por contínua comunhão, em Seu serviço para o Céu, Ele não falhou nem vacilou. Diariamente assediado pela tentação, tendo a constante oposição dos guias do povo, Cristo sabia que devia fortalecer Sua humanidade mediante a oração. Para que fosse uma bênção aos

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homens, precisava comungar com Deus, dEle obtendo energia, perseverança e firmeza.

O Salvador amava a solidão das montanhas para aí comungar com Seu Pai. Durante o dia trabalhava ativamente para salvar homens da destruição. Curava o enfermo, confortava o triste, ressuscitava o morto, e levava esperança e ânimo ao abatido. Terminado o trabalho do dia ia noite após noite, para fora da confusão da cidade, e curvava-Se em oração ao Pai. Freqüentemente alongava-Se em Suas súplicas por toda noite; mas voltava desses períodos de comunhão revigorado e refrigerado, preparado para o dever e a provação.

São os ministros de Cristo tentados e cruelmente esbofeteados por Satanás? Assim também o foi Aquele que não conhecia pecado. Na hora da aflição, Ele Se voltava para Seu Pai. Sendo Ele próprio a fonte de bênçãos e força, podia curar os doentes e levantar os mortos; podia dar ordens à tempestade, e ela Lhe obedecia; todavia orava, muitas vezes com grande clamor e lágrimas. Ele orava por Seus discípulos, e por Si mesmo, identificando-Se assim com as criaturas humanas. Era um poderoso suplicante. Como Príncipe da vida, tinha poder com Deus, e prevalecia.

Os pastores que forem verdadeiros representantes de Cristo, serão homens de oração. Com um fervor e fé a que se não pode negar, hão de lutar com Deus para que os fortaleça e fortifique para o serviço, e lhes santifique os lábios com um toque da brasa viva, a fim de que saibam falar Suas palavras ao povo.

A oração é o abrir do coração a Deus como a um amigo. Os olhos da fé hão de distinguir a Deus bem próximo, e o suplicante poderá obter preciosa prova do Seu divino amor e cuidado por ele. A oração feita por Natanael saiu de um coração sincero e foi ouvida e atendida pelo Mestre. O Senhor lê o coração de todos, e "a oração dos retos é o Seu contentamento". Prov. 15:8. Ele não será tardio para ouvir os que Lhe abrem o coração, não exaltando o próprio eu, mas sentindo sinceramente sua fraqueza e indignidade.

Há necessidade de oração, sincera, fervorosa e angustiosa oração, como a que fez Davi quando exclamou: "Como o cervo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por Ti, ó Deus!" Sal. 42:1. "Eis que tenho desejado os Teus preceitos; vivifica-me por Tua

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justiça. Tenho desejado a Tua salvação." Sal. 119:40 e 174. "A minha alma está anelante e desfalece pelos átrios do Senhor; o meu coração e a minha carne clamam pelo Deus vivo." Sal. 84:2.

Os que mais eficazmente ensinam e pregam, são os que humildemente esperam em Deus, e aguardam ansiosamente Sua guia e graça. Vigiar, orar e trabalhar - eis a divisa do cristão. A vida de um verdadeiro cristão, é de oração constante. Ele sabe que a luz e as forças de hoje, não bastam para as provas e conflitos de amanhã. Satanás está continuamente mudando suas tentações. Cada dia seremos colocados em circunstâncias diversas; e, nas novas cenas que nos esperam, ver-nos-emos rodeados de novos perigos, e constantemente assaltados por novas e inesperadas tentações. É unicamente mediante a resistência e a graça obtidas do Céu que podemos esperar fazer frente às tentações, e cumprir os deveres que se acham diante de nós.

Coisa maravilhosa é podermos orar com eficácia; indignos e faltosos mortais possuírem o poder de apresentar a Deus os seus pedidos! Que mais alto poder pode o homem desejar do que este - estar ligado ao infinito Deus? O homem fraco e pecador tem o privilégio de falar a seu Criador. Podemos proferir palavras que cheguem ao trono do Rei do Universo. Podemos falar com Jesus ao caminhar, e Ele diz: Acho-Me à tua mão direita. Sal. 16:8.

Podemos ter comunhão com Deus em nosso coração; andar na companhia de Cristo. Quando empenhados em nossos trabalhos diários, podemos exalar o desejo de nosso coração, de maneira inaudível aos ouvidos humanos; mas essas palavras não amortecerão em silêncio, nem serão perdidas. Coisa alguma pode sufocar o desejo da alma. Ele se ergue acima do burburinho das ruas, acima do barulho das máquinas. É a Deus que estamos falando, e nossa oração é ouvida.

Pedi, portanto; pedi, e recebereis. Pedi humildade, sabedoria, ânimo, maior proporção de fé. A toda oração sincera há de vir a resposta. Talvez não venha exatamente como desejais, ou ao tempo em que a esperais; mas virá pela maneira e na ocasião em que melhor há de satisfazer à vossa necessidade. Às orações que em particular dirigis, em cansaço, em provação, Deus responde, nem sempre segundo a vossa expectativa, mas sempre para o vosso bem.

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A Oração Pública

A oração feita em público deve ser breve, e ir diretamente ao ponto. Deus não requer que tornemos fastidioso o período do culto, mediante longas petições. Cristo não impõe a Seus discípulos fatigantes cerimônias e longas orações. "Quando orares," disse Ele, "não sejas como os hipócritas, pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens." Mat. 6:5.

Os fariseus tinham horas estabelecidas para oração; e quando, como acontecia muitas vezes, eles se achavam fora na hora marcada, paravam, onde quer que estivessem - talvez na rua ou na praça, entre a turba movimentada dos homens - e aí, em alta voz, recitavam suas orações formais. Tal culto, prestado apenas para glorificação própria, provocou franca censura de Jesus. Todavia Ele não desencorajava a oração pública; pois Ele próprio orava com os discípulos e com a multidão. Mas queria incutir em Seus discípulos o pensamento de que suas orações públicas deviam ser breves.

Alguns minutos são o bastante para qualquer oração pública, em geral. Pode haver casos em que as súplicas sejam de modo especial ditadas pelo Espírito de Deus. A alma suplicante fica angustiada, e geme em busca de Deus. O espírito luta, como fez Jacó, e não ficará sossegado sem a manifestação especial do poder de Deus. Em tais ocasiões pode ser justo que a petição se prolongue mais.

Há muitas orações enfadonhas, que parecem mais uma preleção feita ao Senhor, do que o apresentar-Lhe um pedido.

Seria melhor se os que assim procedem se limitassem à prece ensinada por Cristo a Seus discípulos. Orações longas são fatigantes para os que as escutam, e não preparam o povo para escutar as instruções que se devem seguir.

É muitas vezes devido à negligência da oração particular, que em público elas são longas e fastidiosas. Não ponham os pastores em suas petições uma semana de negligenciados deveres, esperando expiar essa falta e tranqüilizar a consciência. Tais orações dão freqüentemente em resultado o enfraquecer a espiritualidade de outros.

Antes de subir ao púlpito, o pastor deve buscar a Deus em seu aposento, e pôr-se em íntima comunhão com Ele. Aí pode ele erguer

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para Deus a alma sedenta, e ser refrigerado com o orvalho da graça. Então, tendo sobre si a unção do Espírito Santo, fazendo-lhe sentir o cuidado das almas, ele não despedirá uma congregação sem lhe haver apresentado a Jesus Cristo, o único refúgio do pecador. Sentindo que talvez nunca mais se encontre com esses ouvintes, dirigir-lhes-á apelos que lhes hão de tocar o coração. E o Mestre, que conhece o coração dos homens, lhe dará expressões, ajudando-o a proferir as palavras que convêm no momento oportuno, e com poder.

Reverência na Oração

Alguns consideram ser sinal de humildade orar a Deus de maneira comum, como se estivessem falando com um ser humano. Eles profanam Seu nome misturando desnecessária e irreverentemente em suas orações as palavras - "Deus, todo-poderoso" - tremendas e sagradas palavras, que nunca deveriam passar pelos lábios senão em tom submisso, e com sentimento de respeito.

A linguagem floreada é inadequada à oração, seja a petição feita no púlpito, no círculo da família, ou em particular. Especialmente o que ora em público deve servir-se de linguagem simples, para que os outros possam entender o que diz, e unir-se à petição.

É a oração de fé, que vem do coração, que é ouvida no Céu, e atendida na Terra. Deus compreende as necessidades humanas. Sabe o que desejamos antes de Lho pedirmos. Ele vê o conflito da alma com a dúvida e a tentação. Observa a sinceridade do suplicante. Aceita a humilhação da alma e sua aflição. "Mas eis para quem olharei", declara Ele, "para o pobre e abatido de espírito e que treme diante da Minha palavra." Isa. 66:2.

Temos o privilégio de orar com confiança, ditando o Espírito nossas petições. Devemos declarar com simplicidade nossas necessidades ao Senhor, e requerer Sua promessa com tal fé, que os que se acham na congregação conheçam que temos aprendido a prevalecer com o Senhor em oração. Serão animados a crer que a presença do Senhor se acha na reunião, e hão de abrir o coração para receber-Lhe as bênçãos. Sua fé em nossa sinceridade aumentará, e ouvirão atentamente as instruções dadas.

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Nossas orações devem ser repassadas de ternura e amor. Ao nos afligirmos por uma compreensão mais profunda e vasta do amor do Salvador, clamaremos a Deus por mais sabedoria. Se jamais houve necessidade de orações e sermões que comovessem a alma, ela existe agora. Acha-se às portas o fim de todas as coisas. Oh! se pudéssemos, como devemos, ver a necessidade de buscar ao Senhor de todo o coração! Então O haveríamos de achar.

Que Deus ensine Seu povo a orar. Aprendam os mestres em nossas escolas, e os pastores em nossas igrejas, diariamente, na escola de Cristo. Então eles hão de orar fervorosamente, e seus pedidos serão ouvidos e satisfeitos. Então a Palavra será proclamada com poder.

Nossa Atitude em Oração

Tanto no culto público, como no particular, temos o privilégio de curvar os joelhos perante o Senhor ao fazer-Lhe nossas petições. Jesus, nosso exemplo, "pondo-Se de joelhos, orava". Luc. 22:41. Acerca de Seus discípulos acha-se registrado que também se punham de joelhos e oravam. Atos 9:40; Atos 20:36; Atos 21:5. Paulo declarou: "... me ponho de joelhos perante o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo." Efés. 3:14. Ao confessar perante Deus os pecados de Israel, Esdras ajoelhou-se. Esd. 9:5. Daniel "três vezes no dia se punha de joelhos, e orava, e dava graças, diante de seu Deus". Dan. 6:10.

A verdadeira reverência para com Deus é inspirada por um sentimento de Sua infinita grandeza, e de Sua presença. Com esse sentimento do Invisível, todo coração deve ser profundamente impressionado. A hora e o lugar da oração são sagrados, porque Deus Se encontra ali, e, ao manifestar-se reverência em atitude e maneiras, o sentimento que inspira essa reverência se tornará mais profundo. "Santo e tremendo é o Seu nome" (Sal. 111:9), declara o salmista. Ao proferirem esse nome, os anjos cobrem o rosto. Com que reverência, pois, devemos nós, caídos e pecadores, tomá-lo nos lábios!

Bom seria, para velhos e jovens, ponderarem as palavras da Escritura que mostram como o lugar assinalado pela presença especial de Deus deve ser considerado. "Tira os teus sapatos de teus pés", ordenou Ele junto à sarça ardente, "porque o lugar em que tu estás é terra santa." Êxo. 3:5. Jacó, depois de contemplar a visão dos anjos,

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exclamou: "O Senhor está neste lugar, e eu não o sabia." Gên. 28:16. ... Obreiros Evangélicos, págs. 178 e 179.

"O Senhor está no Seu santo templo; cale-se diante dEle toda a Terra." Hab. 2:20.

Não se exigem orações verbosas, com caráter de sermão, e que são fora de lugar em público. Uma oração breve, feita com fervor e fé, abrandará o coração dos ouvintes; mas durante as orações longas, eles esperam impacientemente, como se desejassem que cada palavra fosse o final da mesma. Houvesse o pastor que faz tal oração lutado com Deus no seu aposento, até sentir que sua fé podia ater-se à promessa: "Pedi, e dar-se-vos-á", e ele havia de ter chegado diretamente ao ponto em sua oração pública, pedindo com fervor e fé graça para si mesmo e seus ouvintes. Mat. 7:7.( O.B págs 175-179)

A Oração, Nossa Fortaleza

Entre os perigos destes últimos dias, a única segurança dos jovens reside numa crescente vigilância e oração. O jovem que encontra seu prazer em ler a Palavra de Deus, e na hora de oração, será continuamente refrigerado pela fonte da vida. Atingirá um nível de excelência moral e uma amplitude de idéias que outros não podem conceber. A comunhão com Deus estimula os bons pensamentos, aspirações nobres, claras percepções da verdade, e elevados desígnios de ação. Os que assim se ligam a Deus, são por Ele reconhecidos como Seus filhos e filhas. Estão continuamente chegando mais alto, mais alto ainda, obtendo mais claras visões de Deus e da eternidade, até que o Senhor os torna condutos de luz e sabedoria para o mundo.

A Maneira de Orar

Mas a oração não é compreendida como devia ser. Nossa oração não deve ter o fim de informar a Deus de qualquer coisa que Ele não sabe. O Senhor conhece os segredos de cada alma. Nossas súplicas não necessitam ser longas e em voz alta. Deus lê os pensamentos ocultos. Podemos orar em segredo, e Aquele que vê secretamente ouvirá, recompensando-nos publicamente.

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As orações feitas a Deus para falar-Lhe de toda a nossa indignidade, quando não nos sentimos absolutamente indignos, são orações hipócritas. É a oração contrita que o Senhor atende.

"Porque assim diz o Alto e o Sublime que habita na eternidade, e cujo nome é santo: Num alto e santo lugar habito, e também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos, e para vivificar o coração dos contritos." Isa. 57:15.

A oração não tem o fim de operar qualquer mudança em Deus; ela nos põe em harmonia com Ele. Não ocupa o lugar do dever. Por mais freqüentes e fervorosas que sejam as orações feitas, jamais serão aceitas por Deus em lugar de nosso dízimo. A oração não paga nossas dívidas para com o Senhor. ...

A Oração Traz Poder

A força adquirida em oração a Deus, nos preparará para os deveres diários. As tentações a que estamos diariamente expostos tornam a oração uma necessidade. Para sermos guardados pelo poder de Deus mediante a fé, os desejos do espírito devem estar continuamente ascendendo em silenciosa oração. Quando nos achamos circundados de influências de molde a nos desviar de Deus, nossas petições de auxílio devem ser infatigáveis. A menos que assim seja, não seremos jamais bem-sucedidos em vencer o orgulho e o poder da tentação quanto a pecaminosas condescendências que nos separam do Salvador. A luz da verdade, santificando a vida, descobrirá ao que a recebe as pecaminosas paixões de seu coração, em luta pela predominância, e que lhe tornam necessários a distensão de cada nervo, o exercício de todas as suas forças para resistir a Satanás, a fim de poder vencer mediante os méritos de Cristo. The Youth's Instructor, 18 de agosto de 1898.

O Poder da Oração

Foi no monte, com Deus, que Moisés contemplou o modelo daquela maravilhosa construção que devia ser o lugar permanente de Sua glória. É com Deus no monte - o lugar particular de comunhão - que havemos de contemplar Seu glorioso ideal para a humanidade. Assim seremos habilitados a moldar a construção de nosso caráter de tal maneira, que

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se possa cumprir em nós a promessa: "Neles habitarei e entre eles andarei; e Eu serei o seu Deus, e eles serão o Meu povo." II Cor. 6:16.

Enquanto empenhados em nosso trabalho diário, devemos erguer a alma ao Céu em oração. Essas silenciosas petições ascendem como incenso perante o trono da graça; e o inimigo é confundido. O cristão cujo coração é assim firmado em Deus, não pode ser vencido. Nenhuma arte maligna pode destruir-lhe a paz. Todas as promessas da Palavra de Deus, todo o poder da graça divina, todos os recursos de Jeová, estão empenhados em garantir-lhe o livramento. Foi assim que Enoque andou com Deus. E Deus era com ele, um socorro presente em todas as ocasiões de necessidade. ...

Em Contato com o Infinito

A oração é a respiração da alma. É o segredo do poder espiritual. Nenhum outro meio de graça a pode substituir, e a saúde da alma ser conservada. A oração põe a alma em imediato contato com a Fonte da vida, e fortalece os nervos e músculos da vida religiosa. Negligenciai o exercício da oração, ou a ela vos dediqueis de quando em quando, com intermitências, segundo pareça conveniente, e perdereis vossa firmeza em Deus. As faculdades espirituais perdem sua vitalidade, a experiência religiosa carece de saúde e vigor. ...

Coisa maravilhosa é podermos orar com eficácia; indignos e faltosos mortais possuírem o poder de apresentar a Deus os seus pedidos! Que mais alto poder pode o homem desejar do que este - estar ligado ao infinito Deus? O homem fraco e pecador tem o privilégio de falar a seu Criador. Podemos proferir palavras que cheguem ao trono do Rei do Universo. Podemos falar com Jesus ao caminhar, e Ele diz: Acho-Me à tua mão direita. Sal. 16:8.

Toda Oração Sincera é Atendida

Podemos ter comunhão com Deus em nosso coração; andar na companhia de Cristo. Quando empenhados em nossos trabalhos diários, podemos exalar o desejo de nosso coração, de maneira inaudível aos ouvidos humanos; mas essas palavras não amortecerão em silêncio, nem serão perdidas. Coisa alguma pode sufocar o desejo

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da alma. Ele se ergue acima do burburinho das ruas, acima do barulho das máquinas. É a Deus que estamos falando, e nossa oração é ouvida.

Pedi, portanto; pedi, e recebereis. Pedi humildade, sabedoria, ânimo, maior proporção de fé. A toda oração sincera há de vir a resposta. Talvez não venha exatamente como desejais, ou ao tempo em que a esperais; mas virá pela maneira e na ocasião em que melhor há de satisfazer à vossa necessidade. Às orações que em solidão dirigis, em cansaço, em provação, Deus responde, nem sempre segundo a vossa expectativa, mas sempre para o vosso bem. Obreiros Evangélicos, págs. 254, 255 e 258.

Fé e Oração

Por meio da fé em Cristo, toda deficiência de caráter pode ser suprida, toda contaminação removida, corrigida toda falta, e toda boa qualidade desenvolvida. "Estais perfeitos nEle." Col. 2:10.

A oração e a fé são aliadas íntimas, e necessitam de ser estudadas juntas. Na oração da fé há uma ciência divina; é uma ciência que tem de compreender todo aquele que deseja fazer do trabalho um êxito. Diz Cristo: "Tudo o que pedirdes, orando, crede que o recebereis e tê-lo-eis." Mar. 11:24.

Ele deixa bem esclarecido que o nosso pedido deve estar de acordo com a vontade de Deus; devemos pedir as coisas que Ele prometeu, e o que quer que recebamos deve ser empregado no fazer a Sua vontade. Satisfeitas as condições, a promessa é certa.

Podemos pedir o perdão do pecado, o Espírito Santo, um temperamento cristão, sabedoria e força para fazer Sua obra, ou qualquer dom que Ele haja prometido; então devemos crer que recebemos, e agradecer a Deus por havermos recebido.

Não precisamos esperar por qualquer evidência exterior da bênção. O dom acha-se na promessa. Podemos empenhar-nos em nosso trabalho certos de que o que Deus prometeu Ele pode realizar, e de que o dom, que nós já possuímos, se efetivará quando dele mais necessitarmos. Educação, págs. 257 e 258 (MJ, 247-252)