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    |1096| MUROS, PROTEO PARA QUEM? Efreu Brignol Quintana

    Resumo Este artigo trata da defasagem existente entre a legislao urbanstica no Brasil e o conhecimento at agora produzido sobre a influncia dos aspectos fsicos dos espaos urbanos na segurana quanto ao crime. Toma como exemplo a disseminao dos condomnios fechados e o crescente muralhamento dos espaos residenciais motivados pelo medo da violncia que tem levado a uma busca de solues individuais para o problema da insegurana. Considera os estudos que tm relacionado forma urbana e segurana, os quais vm demonstrando que a segurana quanto a determinados tipos de crime e a percepo de segurana esto relacionadas, entre outros aspectos, com certas caractersticas fsicas dos espaos urbanos e das edificaes. Tais observaes indicam que as barreiras fsicas e visuais que isolam os espaos privados do espao pblico como as que so configuradas pelos muros altos e contnuos dos condomnios fechados criam situaes desfavorveis presena de pessoas na rua e propiciam a ocorrncia de aes criminais. No entanto, essa forma de ocupao do espao pouco regulamentada e at mesmo estimulada pela legislao urbanstica. Essa aceitao ou indiferena por parte da legislao denota a existncia de um descompasso entre a inteno dos legisladores e o conhecimento cientfico. E indica que as polticas pblicas que visam combater a criminalidade tm ignorado o avano da cincia sobre o tema da relao entre forma urbana e segurana. Palavras-chave: legislao urbanstica; segurana; condomnios fechados; distribuio espacial do crime.

    1. Introduo

    A insegurana percebida pelas pessoas nas cidades, o medo do crime e a

    ineficincia do estado em proteger o cidado tm afetado a qualidade da vida urbana,

    fazendo com que as pessoas passem a adotar novos hbitos, evitando o uso de espaos

    pblicos e buscando solues individuais para protegerem a si e a seus bens, o que tem

    levado a um crescente autoisolamento (BAUMAN, 2009; SOUZA, 2008). insegurana

    urbana podem ser atribudas diversas causas, tais como problemas decorrentes das

    desigualdades sociais, dos baixos nveis de escolaridade, do trafico de drogas e da omisso

    do estado (SOARES, 2001; SOUZA, 2008). Alm das causas socioeconmicas, a ocorrncia de

    certos tipos de crimes pode estar relacionada s caractersticas dos ambientes urbanos em

    que estes acontecem, como indicam diversos estudos que ao relacionar ambiente e

    comportamento tm entendido que a forma urbana pode afetar as atitudes e

    comportamentos dos usurios dos espaos e sugerem que certos atributos formais do espao

    urbano podem facilitar ou inibir a ocorrncia de determinados tipos de crimes (p. ex.

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    NEWMAN, 1972; POYNER, 1983; HILLIER, 2004), bem como contribuir para uma maior ou

    menor percepo de segurana.

    Tm sido identificadas como condies para a segurana urbana, a possibilidade

    de presena e movimento constante de pessoas e a vigilncia natural (JACOBS, 2000). Entre

    as caractersticas fsicas dos espaos que propiciam essas condies esto a acessibilidade dos

    espaos urbanos, as conexes funcionais e visuais entre as edificaes e os espaos pblicos e

    a intervisibilidade entre residncias vizinhas (JACOBS, 2000; HILLIER e SAHBAZ, 2005;

    VAN NES e LPEZ, 2010; SHU, 2009). Empiricamente tm sido observada correlao entre a

    existncia de barreiras fsicas e visuais que isolam espaos pblicos e privados e uma maior

    ocorrncia de determinados tipos de crimes, (REIS et al., 2008; HILLIER & SAHBAZ, 2005;

    HILLIER, 2004; HILLIER & SHU, 1999; SHU, 2009; BONDARUK, 2007; IANNICELLI, 2009)

    assim como uma percepo maior de insegurana nos locais por elas configurados (BECKER,

    2005).

    Entretanto, apoiada na ideia de promover a segurana, cada vez maior a oferta

    e a procura por residncias em condomnios fechados horizontais ou verticais (BECKER,

    2005). Esses empreendimentos representam uma forma de assentamento que se ope

    cidade tradicional j que geralmente so cercados por muros altos, o que provoca uma

    ruptura da conexo fsica e visual entre as edificaes e a rua, com consequentes impactos

    para a qualidade esttica e uso do espao urbano (BAUMAN, 2009; SOUZA, 2008;

    CALDEIRA, 2000).

    Contudo parece no estar sendo dada a devida ateno pelo poder pblico para

    os problemas que podem advir desse tipo de configurao espacial, em especial no que se

    refere segurana, no havendo suficiente regulao e controle para a sua construo. A

    legislao existente no costuma abordar o problema do ponto de vista do impacto do

    condomnio fechado na qualidade do espao urbano e tende a ser permissiva com esse tipo

    de ocupao, autorizando o cercamento de loteamentos e permitindo a construo de muros

    altos e extensos (SOUZA, 2008; LIMA, 2009; BECKER, 2005; CALDEIRA, 2000). Isto tem

    ocorrido a despeito de todo um conhecimento produzido nas ltimas dcadas que relaciona

    as caractersticas fsicas do ambiente urbano e o comportamento dos usurios do espao,

    incluindo a relao entre forma e configurao urbana e ocorrncia de crimes. Portanto,

    existe uma defasagem entre as leis que tm sido recentemente propostas e o conhecimento

    existente sobre o assunto.

    Logo, o objetivo aqui evidenciar a existncia desse descompasso entre a

    legislao urbanstica brasileira e o conhecimento cientfico produzido acerca das

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    implicaes que a forma urbana pode ter para uso e segurana dos espaos urbanos,

    tomando como exemplo o impacto das barreiras fsicas e visuais configuradas pelos muros

    dos condomnios fechados na segurana urbana.

    2. Medo, muralhamento e condomnios fechados

    A insegurana que as pessoas percebem nas grandes cidades tem afetado a

    qualidade de vida da populao que, por medo de ser vtima de crimes e da violncia, passa

    a adotar novos hbitos cotidianos, evitando, por exemplo, sair de casa noite e deixando de

    frequentar lugares pblicos (TIJERINO, apud ZANOTO, 2002). Considerando o estado

    incapaz de oferecer a proteo adequada e com medo da violncia, as pessoas passam a

    buscar solues individuais para a sua proteo pessoal, de seus bens e de seus espaos de

    moradia. O desejo de manter afastada qualquer ameaa leva a que se evite o encontro com

    estranhos e com a diversidade da vida urbana, tendo como consequncia um crescente

    autoisolamento (BAUMAN, 2009).

    Quando se trata de espaos residenciais, a busca individual por proteo

    significativa e se d principalmente atravs de mecanismos que visam isolar os espaos

    privados de moradia dos espaos pblicos adjacentes, muitas vezes pelo erguimento de

    muros altos e cegos que no permitem o contato fsico e visual entre interior e exterior.

    Exemplo tpico dessa lgica so os condomnios fechados, ou condomnios exclusivos, que

    proliferam no Brasil, e em diversos outros pases (LIMA, 2008). Para Caldeira (2000) o

    aumento do crime violento e do medo vem provocando a fortificao da cidade, medida

    que moradores de todas as classes sociais passam a procurar proteo para seus espaos de

    residncia e trabalho, isolando-se em enclaves fortificados.

    Empreendimentos desse tipo esto se disseminando rapidamente, sendo a

    segurana e a busca por qualidade de vida em um ambiente socioeconomicamente

    homogneo os principais motivos que tm levado procura crescente por este tipo de

    moradia (BECKER, 2005; BOYCE e GELLER, 2000). Os anncios que divulgam esses

    empreendimentos podem contribuir para indicar os motivos da escolha pela moradia em

    condomnios fechados, bem como os desejos e expectativas dos seus usurios, e, segundo

    Caldeira (2000), parecem moldar tais desejos, pois so similares em vrias partes do mundo,

    denotando a existncia de uma mdia globalizada que associa os condomnios a um novo

    estilo de vida. Assim, sob a justificativa do medo e sob o efeito do marketing imobilirio, que

    explora a ideia de um ambiente planejado que, apartado da diversidade da vida urbana

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    ordinria, garantir uma vida de qualidade com plena segurana e homogeneidade social

    (SOUZA, 2008), cada vez maior a oferta e a demanda de moradias em condomnios

    fechados.

    Os condomnios fechados variam na sua forma e tamanho e na tipologia de suas

    edificaes, podendo ser verticais, quando compostos por edifcios de apartamentos, ou

    horizontais, quando formados por conjuntos de casas. Sua relao com o entorno em que se

    inserem costuma se caracterizar por barreiras fsicas (grades e cercas), ou fsicas e visuais

    (muros), que os isolam dos espaos urbanos adjacentes. Seguindo a mesma lgica de

    autoproteo frequente o erguimento de muros altos que isolam residncias individuais do

    espao pblico. A configurao espacial gerada por essas construes se ope da cidade

    tradicional, j que os muros altos e contnuos que as cercam provocam uma ruptura da

    conexo fsica e visual entre as edificaes e a rua, com consequentes impactos para a

    qualidade esttica, uso e segurana do espao urbano. (BECKER, 2005).

    3. Forma urbana e segurana

    A insegurana pode ser atribuda a diversas causas, tais como problemas

    decorrentes das desigualdades sociais, dos baixos nveis de instruo, do trfico de drogas e

    da omisso do estado (SOARES, 2001). Alm das causas socioeconmicas, a segurana

    quanto ao crime pode estar relacionada s caractersticas fsicas dos espaos urbanos, como

    indicam estudos que relacionam ambiente e comportamento, os quais tm contribudo para o

    entendimento do modo como as caractersticas fsicas dos ambientes podem influir sobre as

    atitudes e comportamentos dos usurios. A intensidade e a forma de uso dos espaos so

    proporcionais sua qualidade fsica e espacial, sendo que o ambiente sugere, facilita, inibe

    ou define comportamentos (DEL RIO, 1990), afetando, por exemplo, a facilidade que as

    pessoas tm de circular e se reunir em determinados lugares, bem como estratgias de

    controle e vigilncia (HOLANDA, 2003). Portanto, determinados atributos dos espaos

    urbanos podem contribuir para a ocorrncia de determinados tipos de crimes, como furtos e

    roubos, ou para inibir a ao do criminoso (JACOBS, 2000; NEWMAN, 1972; POYNER, 1983;

    HILLIER, 2004; HILLIER e SAHBAZ, 2005; SHU, 2009; VAN NES e LPEZ, 2010).

    A associao entre configurao e uso dos espaos urbanos com uma maior ou

    menor possibilidade de ocorrncias de crimes toma forma a partir da dcada de 1960, com a

    publicao do livro Morte e Vida de Grandes Cidades de Jane Jacobs (JACOBS, 2000), para

    quem reas onde h uso diversificado de comrcio, servios, lazer e moradia tm mais

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    pessoas circulando nas ruas e so mais seguras. A autora preconiza a necessidade da

    existncia de olhos para a rua, defendendo que os edifcios devem estar voltados para a

    rua, evitando paredes cegas para o espao pblico, onde deve haver pessoas transitando

    ininterruptamente, atradas pela diversidade de usos; defende que a presena de pessoas

    atrai mais pessoas e torna os lugares mais seguros. Aspectos fsicos, como iluminao,

    manuteno e acessibilidade tambm so considerados importantes para a segurana. Oscar

    Newman (1972) estudou a relao entre as caractersticas fsicas do ambiente e a ocorrncia

    de crimes em conjuntos habitacionais nos Estados Unidos e desenvolveu estratgias para a

    elaborao de projetos de espaos residenciais mais seguros pela manipulao de atributos

    fsico-espaciais, introduzindo o conceito de espao defensvel, no qual a segurana est

    associada territorialidade, a apropriao, vigilncia e controle por parte dos moradores em

    relao presena de estranhos. Prope organizaes espaciais em uma hierarquia gradativa

    entre espaos pblicos, semipblicos, semiprivados e privados, de tal forma que estranhos

    no teriam motivos para circular em espaos semiprivados e privados e seriam vigiados em

    todos os nveis, o princpio do espao defensvel questionado por vrios autores, como

    Hillier (1988), que defende que configuraes de malhas urbanas mais acessveis, com maior

    potencial de movimento de pessoas, so mais seguras.

    Diversos autores, a partir desses estudos pioneiros das dcadas de 1960 e 1970,

    trabalham com a hiptese de que o ambiente fsico pode inibir ou facilitar a ocorrncia de

    crimes. Poyner (1983) identificou fatores no projeto de conjuntos habitacionais que parecem

    contribuir para o aumento da ocorrncia de crimes, enumerando caractersticas referentes ao

    tipo arquitetnico, visibilidade de reas abertas e acessibilidade moradia. Voordt e Wegen

    (1993) desenvolvem a Delft Checklist, na qual caractersticas do espao construdo so

    associadas segurana quanto a crimes e vandalismo em reas residenciais. Essas ideias

    levam ao desenvolvimento de mtodos de preveno do crime atravs do desenho urbano,

    ou CPTED (Crime Prevention Trought Environmental Design), que constitui um conjunto de

    tcnicas e princpios de projeto que visam inibir a ao de criminosos a partir da

    identificao das condies do ambiente fsico e social que propiciem oportunidades para o

    crime, visando reduzi-las atravs da conformao do desenho urbano, do projeto de

    edificaes e de espaos abertos. No que se refere configurao espacial o CPTED baseia-se

    em vigilncia, controle de acesso, territorialidade, imagem e manuteno (PARK, 2010).

    Mais recentemente, pesquisas envolvendo sintaxe espacial (HILLIER e

    HANSON, 1984), tm relacionado a configurao espacial com a distribuio do movimento

    de pessoas no espao urbano, e observado sua influncia na distribuio espacial do crime.

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    Hillier (1996) afirma que a estrutura morfolgica de um sistema espacial responsvel pelo

    potencial de movimento e preponderante para a circulao de pessoas, e sugere como

    condies para a segurana no espao urbano a copresena e possibilidades de encontros

    entre todos os usurios do espao moradores e estranhos, homens e mulheres, pessoas de

    diferentes faixas de idade. Entende que os espaos urbanos devem ser integrados e

    acessveis; com altas densidades de residncias voltadas para a rua e com presena de

    comrcio.

    H, portanto, uma abordagem j consolidada que tem permitido identificar

    atributos fsicos do espao que podem estar associados ocorrncia de determinados tipos

    de crimes, fornecendo subsdios teis para orientar as decises de planejamento urbano e

    respaldar a definio de normas edilcias que visem assegurar a qualidade do espao pblico

    (REIS & LAY, 2006), particularmente no tocante segurana.

    4. Impacto das barreiras fsicas e visuais no uso e segurana do espao urbano

    So comumente apontadas pela literatura como condies para a segurana

    quanto a crimes nos espaos urbanos o uso desses espaos, com a presena e circulao e

    pessoas, e a vigilncia natural. Essas condies estariam relacionadas a determinadas

    caractersticas fsicas do espao construdo, entre as quais esto a acessibilidade dos espaos,

    as conexes fsicas e visuais entre as edificaes e os espaos pblicos e a intervisibilidade

    entre edificaes vizinhas.

    A presena e circulao de pessoas esto relacionadas ao potencial de

    movimento, definido pelo nvel de acessibilidade, ou integrao, dos espaos urbanos e

    dependem principalmente da configurao da malha urbana (HILLIER e HANSON, 1984).

    Para Hillier (1988), uma malha composta por espaos integrados e permeveis oferece menos

    oportunidades para a ocorrncia de crimes do que um modelo de cidade baseado na

    hierarquizao de espaos gradativamente mais segregados e menos acessveis. Pesquisas

    envolvendo sintaxe espacial tm obtido resultados que apontam para a relao entre

    acessibilidade e segurana (HILLIER, 2004; HILLIER e SAHBAZ, 2005; SHU, 2009; 1999) e,

    em geral, tm observado que os espaos mais integrados e acessveis da malha urbana so

    menos vulnerveis ocorrncia de determinados tipos de crimes, especialmente os mais

    violentos, do que espaos mais segregados e de acesso mais difcil ou restrito.

    Os condomnios de grande porte e os loteamentos que so cercados e assumem a

    configurao de condomnios, com restrio de acesso s suas vias internas, definem

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    quarteires extensos e espaos urbanos com baixa conectividade, reduzem a acessibilidade

    de reas urbanas e a circulao de pessoas, impactando na segurana e na percepo de

    segurana.

    As conexes fsicas, ou funcionais, constitudas pelas portas das edificaes

    voltadas para o espao pblico, costumam ser associadas vitalidade do espao urbano e

    segurana nas ruas e residncias. Alguns autores consideram que para que um espao

    urbano seja vvido, os ambientes pblicos e privados devem trabalhar em conjunto, havendo

    coexistncia de atividades realizadas nesses dois domnios, sendo fundamental a existncia

    de conexes fsicas entre eles (BENTLEY, apud BECKER, 2005). Tais conexes so apontadas

    como importantes para o potencial de movimento e para a copresena de moradores e

    estranhos. Holanda (2002) considera urbanidade uma medida de qualidade dos espaos

    urbanos baseada na configurao do stio e no nmero de conexes funcionais, sendo que

    quanto maior o nmero de entradas de edificaes maior ser a possibilidade de interao

    entre o domnio pblico e a vida privada e mais provveis os encontros informais nos

    espaos pblicos, gerados pelos movimentos de entrada e sada das edificaes. Enquanto a

    existncia de barreiras fsicas que impedem o acesso e reduzem a conexo entre espaos

    pblicos e privados desestimulam a presena de pessoas e reduzem o movimento tem como

    consequncia a reduo da vigilncia natural e a criao de oportunidades para o crime

    (WOORDT e WEGEN, 1993; HILLIER e HANSON, 1984).

    Shu (2009) observa que segmentos de rua com mais de 50% das edificaes

    providas de conexes funcionais chegam a ser de duas a trs vezes mais seguras do que ruas

    com menos conexes. Nessa linha Monteiro (1999) identificou, em estudo no Rio de Janeiro,

    que as reas de maior permanncia de usurios so aquelas no conformadas por espaos

    cegos, ou seja, aquelas providas de conexo funcional e visual com as edificaes.

    As janelas e portas visualmente permeveis constituem conexes visuais. Atravs

    delas os moradores podem vigiar e controlar os espaos abertos. Segundo Newman (1972),

    entre os elementos de projeto que contribuem para criar um ambiente seguro esto o nmero

    e a posio das janelas das moradias. Na medida em que possibilitam a vigilncia natural,

    permitem que haja o que Jacobs (2000) chama de olhos para a rua. A visibilidade dos

    indivduos e das aes nos espaos abertos a partir do interior das edificaes citada por

    Woordt e Wegen (1993) como sendo importante para tornar um espao mais seguro, pois

    reduziria a possibilidade de o criminoso agir sem ser notado, e um dos princpios do

    CPTED (PARK, 2010). Conforme Basso e Lay (2002) solues arquitetnicas que garantam a

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    visibilidade da rua desde o interior do lote tendem a ser mais favorveis sociabilidade e ao

    uso mais dinmico das ruas.

    As conexes visuais, quando permitem que as portas de uma moradia sejam

    visveis desde as janelas das edificaes em frente, criam intervisibilidade entre essas

    edificaes (VAN NES e LPEZ, 2010), e permitem que os vizinhos possam reconhecer

    qualquer situao anormal, podendo dar o alarme, e inibindo a ao do criminoso que sabe

    poder estar sendo observado ao invadir alguma moradia. Em estudos realizados em zonas

    residenciais (SHU, 2009; VAN NES e LPEZ, 2010) foram observados resultados que

    indicam que ruas providas de entradas de residncias de ambos os lados, com

    intervisibilidade entre elas, concentram uma proporo menor de roubos e furtos em

    residncias do que ruas providas de entradas em apenas um dos lados, ou nas quais no h

    intervisibilidade entre as edificaes. A combinao de ruas segregadas com baixas taxas de

    intervisibilidade, segundo Shu (2009) gera situaes de extrema vulnerabilidade ao crime.

    Os muros altos dos condomnios ou mesmo das residncias isoladas constituem

    barreiras fsicas e visuais que configuram ruas com baixos ndices de conexes funcionais e

    visuais e com pouca ou sem intervisibilidade entre as residncias. Definem, assim, espaos

    com pouca vigilncia natural, sem atrativos para o movimento e presena de pessoas, que

    tendem a ser percebidos como inseguros e que renem condies propcias para a ocorrncia

    de roubos e furtos em residncias e na rua.

    Tambm a aparncia das edificaes e dos espaos abertos parece afetar a

    percepo de segurana, com consequncias para o uso dos espaos urbanos e para a ao de

    potenciais criminosos. Segundo Reis (1999) a imagem a base do comportamento ambiental

    e afeta o uso dos espaos. Uma imagem urbana positiva atrai usurios, enquanto uma

    imagem negativa os repele. Espaos que no estimulam o uso e a presena de pessoas

    tendem a ser mais vandalizados e a ter sua imagem ainda mais prejudicada. Espaos

    visualmente estimulantes favorecem maior presena de pessoas e, consequentemente, a

    percepo de maior segurana. reas de maior permanncia de pessoas costumam ser

    aquelas providas de conexo funcional e visual com as edificaes, enquanto as reas

    constitudas por espaos cegos so subutilizadas e tendem a apresentar ocorrncia de crimes

    e vandalismo (BECKER e REIS, 2004; IANNICELI, 2009).

    Segundo Voordt e Wegen (1999), o sentimento de segurana nos espaos urbanos

    pode ser incrementado pela existncia de construes atraentes, caracterizadas por cores e

    materiais adequados e nveis satisfatrios de manuteno. Conforme Lynch (1997) comum

    as pessoas associarem a imagem das ruas s fachadas dos seus edifcios. A substituio das

  • 9

    tradicionais fachadas voltadas para o espao pblico por barreiras visuais contnuas altera a

    lgica da estrutura urbana, modificando as relaes entre os componentes bsicos do tecido

    urbano e as relaes tradicionais entre o espao pblico e privado. Cria espaos cegos que

    no permitem a vigilncia natural e definem espaos pouco estimulantes visualmente, sem

    atrativos para a presena de pessoas com consequente impacto negativo na segurana e

    percepo de segurana (BECKER, 2005).

    Alguns estudos comeam a questionar as repercusses dos condomnios

    fechados na segurana das reas urbanas adjacentes a eles, indicando que tais medidas

    individuais de proteo podem gerar maior insegurana no espao urbano (NYGAARD,

    2010; BECKER, 2005; CALDEIRA, 2000). J no incio da dcada de 1980, Santos (1981)

    comentava noticias veiculadas pela imprensa a respeito da relao entre criminalidade e

    condomnios. [...] os jornais nos do conta dos problemas gerados pela guetificao dos

    ricos. A violncia ronda sem parar essas cidadelas e, quando no consegue entrar, ataca em

    suas cercanias. Afinal, nos condomnios j est selecionado o campo de trabalho de ladres e

    assaltantes [...] (SANTOS, 1981:28).

    Apesar de se implantarem com o objetivo de garantirem a segurana de seus

    moradores, os condomnios no esto imunes criminalidade. Pois, como visto

    anteriormente, criam condies favorveis ao de criminosos nos espaos urbanos a eles

    adjacentes e no deixam de ser, eles prprios, vulnerveis a invases por delinquentes que se

    valem da proteo criada pelas barreiras visuais para agirem, como atestam notcias

    veiculadas na imprensa, como as seguintes: As quadrilhas invadem os condomnios,

    especialmente os de classe alta e os de luxo, miram nos pontos vulnerveis do prdio, da

    segurana e da movimentao de moradores. Procuram falhas nos arredores ou no acesso ao

    condomnio diz Edson Fanti, Delegado da 2 delegacia de Roubos do DEIC (JORNAL DO

    COMRCIO, 2005); notcia que informa o registro de 15 invases a condomnios num

    intervalo de dois meses, nas quais os invasores se valem dos pontos mais vulnerveis ou

    menos vigiados para acessar o interior dos condomnios, utilizando diversos artifcios como

    quebrar parte dos muros ou jogar tapetes de borracha sobre as cercas eletrificadas para

    superar esse obstculo (JORNAL DA CIDADE, 2008). Diversos outros casos de ataques e

    invases a condomnios tm sido relatados pela imprensa, muitas das quais realizadas nos

    locais em que h muros e falta vigilncia natural (G1, 2012a; 2012b; ZERO HORA, 2010; 2009;

    PARAN ONLINE, 2012).

    Bem demonstra o impacto que as barreiras visuais causam, aumentando a

    oportunidade para a ao criminosa, uma pesquisa realizada para a Secretaria de Justia e

  • 10

    Cidadania do Estado do Paran atravs de questionrios aplicados a criminosos presos por

    terem realizado invases, furtos e roubos em residncias, na qual se perguntou qual a

    preferncia quanto ao tipo de proteo existente na casa a ser vitimizada. As respostas

    revelaram que 71% dos entrevistados preferiam invadir casas com muros de at dois metros

    de altura, os 29% restantes disseram preferir grades com a mesma altura. Perguntados

    quanto ao motivo de sua preferncia, os que disseram preferir muros, na sua maioria

    declararam ser porque estes ocultam suas aes, e alguns ainda disseram ser mais fcil

    transpor muros do que outros obstculos. (BONDARUK, 2007). Nesse sentido, h estudos

    que indicam que no h diferena significativa nas taxas de crimes em residncias

    localizadas no interior de condomnios fechados e fora destes (BLAKELY e SNIDER, 1997;

    BOYCE e GELLER, 2000). Tambm fato que as barreiras visuais, aumentam a insegurana

    nas ruas que conformam, contribuindo para o aumento da probabilidade de ocorrncia de

    crimes contra pedestres e motoristas, como demonstra estudo feito em Recife que observa

    maiores taxas de crimes nas ruas onde no h conexes visuais e funcionais (IANNICELI,

    2009).

    Portanto, apesar da declarada inteno de garantir a segurana dos moradores, a

    produo de espaos murados e segregados tem gerado efeito oposto, pois as barreiras

    fsicas e visuais que costumam configurar a relao dos condomnios fechados com o espao

    pblico alm de no serem garantia de segurana no seu interior, acabam contribuindo para

    a insegurana da coletividade no seu entorno. Conforme Souza (2008), a soluo dos

    condomnios imperfeita e um tanto ilusria, e, do ponto de vista da coletividade, da vida

    na cidade, seguramente, muito mais, parte do problema que da soluo.

    5. Como o assunto tratado pela legislao

    Apesar da expanso da oferta de condomnios fechados, a legislao que regula a

    sua produo ainda incipiente. Em nvel federal a Lei 6.766/79 regula os loteamentos,

    definidos como parcelamento do solo com abertura de vias pblicas e previso de destinao

    de rea a ser revertida municipalidade. Os condomnios, regidos pela Lei 4.591/64, so

    incorporaes imobilirias constitudas pela copropriedade de um terreno, dividido em

    fraes ideais e que tm por caracterstica principal o vnculo com a edificao. Assim, os

    condomnios de terrenos onde o comprador pode construir sua casa no existem legalmente,

    sendo, na prtica, loteamentos cercados que so posteriormente regularizados como

    condomnios (LIMA, 2008). H ainda a iniciativa de se cercar reas regulares da cidade,

  • 11

    restringindo o acesso a determinados logradouros. Essas prticas ilegais vm sendo toleradas

    em muitas cidades e at mesmo estimuladas, j que comum que situaes originalmente

    irregulares venham a ser regularizadas pelas administraes municipais. Alguns juristas

    entendem poder um loteamento ser transformado em condomnio pela desafetao das vias

    e espaos livres em seu interior pela legislao municipal (MUKAI, apud LIMA, 2009). Para

    se adequar realidade atual a Lei 6.766/79 est em processo de reviso desde 2001, no

    tendo ainda sido votada no congresso, e pode tornar legais todas essas formas de ocupao

    do solo, talvez definindo e regulamentando os condomnios formados por lotes no

    edificados atravs da figura do condomnio urbanstico. Afinal, as normas jurdicas,

    geralmente, vm apenas legitimar uma situao que j est estabelecida (LIMA, 2009).

    A legislao federal no prev nenhum tipo de limitao para a implantao de

    condomnios e os planos diretores municipais em geral no regulam o assunto, impondo,

    quando muito, restries quanto altura e taxa de ocupao do solo (SOUZA, 2003). Em

    Porto Alegre, por exemplo, a nica norma especfica define um limite de 22.500 m para os

    condomnios situados em zonas consolidadas, no havendo limite de rea para aqueles

    situados na periferia (1 PDDUA, 1999). No tocante s barreiras fsicas e visuais h diversas

    leis municipais que permitem e estimulam a sua construo, regulamentando altura e

    extenso dos muros dos condomnios fechados, elevando a altura permitida dos muros de

    edificaes residenciais e autorizando ou at mesmo obrigando o cercamento de

    loteamentos. Alguns exemplos: Lei Municipal 4.157/2008 de Torres, RS, que determina a

    altura mxima dos muros dos condomnios em 3,20 metros e permite a construo de

    condomnios com rea mxima de um milho de metros quadrados, com testada mxima

    para logradouro pblico de 600 metros; Lei Municipal 4.676/2005 de Rondonpolis, RO, que

    permite o fechamento de loteamentos localizados no permetro urbano do municpio; Lei

    Municipal 2.304/1997 de Itanham, SP, que permite a construo de muros de alvenaria em

    todas as divisas, com altura mxima de 2,40 metros; Lei Municipal 4.560/1995, de

    Araraquara, SP, que permite que loteamentos limitados por vias pblicas oficiais tenham seu

    permetro fechado por muro cego ou vazado, gradil e/ou alambrado, fixando alturas

    mximas para muros cegos em 3 metros, para muro vazado em 3,5 metros e para gradil ou

    alambrado em 4 metros; Lei Municipal 3.442/1992 de Ribeiro Preto, SP, que determina a

    obrigatoriedade da construo de muros ou cercas nas divisas dos condomnios e

    regulamenta sua altura mnima em 2 metros, com acesso atravs de portarias.

    Essas iniciativas tm em comum a inteno declarada de garantir a segurana do

    indivduo e da propriedade, como se pode observar na exposio de motivos do Projeto de

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    Lei Complementar 009/06 apresentado na Cmara Municipal de Porto Alegre-RS, que

    pretendia estabelecer em 2 metros a altura mxima dos muros construdos nas divisas e no

    alinhamento nos terrenos e edificaes situados no municpio, com a seguinte justificativa:

    [...] a criminalidade vem, em progresso geomtrica, crescendo nos dias de hoje, sem que o Estado consiga combater e tolher tais agires ilcitos. H, por evidente, um conflito de princpios e interesses administrativos que, salvo melhor juzo, deve pender segurana em detrimento da esttica. [...] [...] A altura mxima de 60 cm, tal qual estabelecida no Plano Diretor um convite ilegalidade, quer do meliante que, por ter acesso visual residncia, entende por invadi-la, quer do proprietrio que, buscando segurana, acaba por elevar, sem autorizao, o muro frontal de sua residncia. (BINS ELI, 2006).

    notrio que os motivos apresentados pelo vereador no se comprovam e

    contrariam as concluses dos estudos e teses acima descritos. Portanto torna-se evidente a

    desconsiderao do conhecimento cientfico como balizador das decises de planejamento e

    proposio da legislao urbanstica. Tambm flagrante a permissividade do poder

    pblico, que ignora certas prticas ilegais, no impedindo a construo de muros altos e

    contnuos, onde no so regulamentados, ou nada fazendo para inibir a constituio de

    falsos condomnios pelo fechamento de loteamentos (SOUZA, 2008; LIMA, 2009;

    CALDEIRA, 2000).

    Tal aceitao ou indiferena por parte da legislao denota a existncia de um

    descompasso entre a inteno dos legisladores e o conhecimento at agora produzido sobre a

    influncia de aspectos fsicos da configurao urbana na segurana. E indica que as polticas

    pblicas que visam combater a criminalidade tm ignorado o avano da cincia sobre o tema.

    E, dessa forma, o poder pblico, pressionado por interesses dos que produzem esses

    empreendimentos, ou movido, tambm, pela paranoia do medo e pela ignorncia, no atenta

    para os problemas que podem advir de tais alteraes na configurao espacial das cidades,

    particularmente no que tange ao impacto das barreiras fsicas e visuais na segurana quanto

    ao crime.

    6- Concluso

    Apesar da declarada inteno de garantir a segurana dos moradores, algumas

    prticas de produo do espao, como os condomnios fechados, tm criado o efeito oposto,

    pois so frequentes os relatos e registros de invases que demonstram que estes no so

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    inviolveis, no sendo, portanto, garantia de segurana e tranquilidade apregoada pelos seus

    defensores.

    Esse tipo de assentamento, cercado por muros altos e isolado da cidade, tende a

    criar espaos que so percebidos como inseguros e situaes desfavorveis presena de

    pessoas nas ruas. A falta de permeabilidade, a reduo dos nveis de acessibilidade da malha

    urbana e as barreiras fsicas e visuais criam condies propcias, pela ausncia de vigilncia

    natural nas ruas, para a ocorrncia de assaltos a pedestres e motoristas, assim como facilitam

    invaso das propriedades ocultadas por muros. Pode-se concluir que os muros altos e

    contnuos produzidos segundo a lgica da busca individual por proteo produzem

    proteo no para os moradores, e muito menos para os usurios do espao pblico, mas

    para o criminoso que pode agir com o conforto de no ser observado.

    Apesar disso, novas leis tm surgido autorizando e at incentivando a prtica de

    se construrem muros altos isolando o espao residencial do espao pblico, e permitindo o

    cercamento de grandes extenses na interface entre os condomnios e as vias pblicas, bem

    como o cercamento de loteamentos. notrio, portanto, o descompasso entre a prtica

    legislativa e o conhecimento cientfico, uma vez que a primeira, ignorando o segundo,

    trabalha de maneira a permitir a criao de configuraes espaciais que contribuem para a

    depreciao da qualidade, e consequente perda de identidade e vitalidade, do espao pblico

    urbano, com consequncias negativas para segurana pblica. O exemplo da segurana no

    espao urbano apenas evidencia que a indiferena do legislador ante o conhecimento a

    regra quando se trata da qualidade do espao urbano.

    7- Referncias bibliogrficas

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