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    Pesquisa

    ANLISE DOS FATORES DE CUIDADO DE WATSONEM UMA UNIDADE DE EMERGNCIA

    Analyzis of Watsons carative factorsin an Emergency Unity

    Alcione Leite da Silva1

    Keyla Cristiane do Nascimento2

    Mirela Schmidt Virglio2

    Regiane de Souza Mendona2

    RESUMO

    Este estudo teve por objetivo analisar a aplicao dos dezfatores de cuidado de Jean Watson no processo de cuidado a clientese suas famlias em uma unidade de emergncia de um hospitalgeral de Florianpolis. Foi baseado na modalidade de pesquisaconvergente-assistencial, sendo desenvolvido com 91 clientes, noperodo de 03 de setembro a 30 de novembro de 2001. A utilizaodos dez fatores de cuidado de Watson no processo de cuidado semostrou efetiva na unidade de emergncia, contribuindo para umaabordagem mais humana e de maior qualidade quando comparadacom aquela que enfatiza somente a dimenso biolgica.

    UNITERMOS: cuidados de enfermagem; emergncias; enfermagem.

    1 Enfermeira. Doutora em Filosofia da Enfermagem. Professora Titular do Depto. de Enfermageme Ps-Graduao em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. Pesqui-

    sadora do CNPq.2 Alunas da 8 Unidade Curricular do Curso de Graduao em Enfermagem da UFSC.

    1 INTRODUO

    No percurso de nossa trajetria em instituies hospitalares,procuramos entender e refletir sobre a prtica de enfermagem. Aprtica cotidiana dos(as) profissionais de enfermagem requer maisateno, tendo em vista sua nfase em uma abordagem biologicista

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    e rotinizada, a qual no atende, plenamente, s necessidades dos(as)clientes e de suas famlias. Baseadas no entendimento de que ocuidado de enfermagem pode e deve ir muito alm dessa abordagem,buscamos na teoria de Jean Watson a possibilidade de oferecer umcuidado em emergncia mais humanizado.

    A escolha da unidade de emergncia ocorreu pela freqnciade situaes que colocam em risco a vida do(a) cliente e, muitasvezes, o(a) mantm em estado grave, de sofrimento, de luta,resultando em exigncias especiais quanto ao modo de cuidar.Nesta perspectiva, entendemos que sendo esta unidade um lugaronde se luta contra o tempo para salvar vidas, o cuidado integral aoser humano fundamental e possvel de ser desenvolvido. Porcrermos nisso, utilizamos os dez fatores de cuidado de Watson, osquais atendem a esta perspectiva.

    Com base em nossa experincia, objetivamos neste estudoanalisar a aplicao dos dez fatores de cuidado de Jean Watson noprocesso de cuidado a clientes e suas famlias em uma unidade deemergncia de um hospital geral, pblico, situado no municpio deFlorianpolis.

    2 METODOLOGIA

    Este estudo foi baseado na modalidade de pesquisa convergente-assistencial, por se tratar de um mtodo de pesquisa qualitativo,que inclui o cuidado a clientes, sendo estes(as) participantes envol-vidos diretamente no espao da pesquisa (PAIM; TRENTINI,1999). A pesquisa convergente-assistencial no se prope a gene-ralizaes; pelo contrrio, conduzida para descobrir realidades,resolver problemas especficos ou introduzir inovaes em situa-es especficas, em determinado contexto da prtica assistencial.Portanto, se caracteriza como trabalho de investigao, porque seprope refletir a prtica assistencial a partir de fenmenos vivenciadosno seu contexto, o que pode incluir construes conceituais inovado-ras (PAIM; TRENTINI, 1999).

    O processo de cuidado, neste estudo, foi baseado nos dezfatores de cuidado de Watson (1985), os quais fornecem o arcabouopara o cuidado humano, a saber: 1) formao de um sistema devalores humanista-altrusta; 2) instalao de f-esperana; 3) cul-tivo da sensibilidade do prprio eu e ao das demais pessoas;4) desenvolvimento de uma relao de ajuda-confiana; 5) promo-o e a aceitao da expresso de sentimentos positivos e negativos;

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    6) uso sistemtico do mtodo cientfico de soluo de problemaspara a tomada de deciso; 7) promoo do ensino-aprendizagem;8) proviso de um ambiente de apoio, proteo e/ou de neutralizaomental, fsica, scio-cultural e espiritual; 9) assistncia com grati-ficao das necessidades humanas; e 10) permisso de forasexistenciais-fenomenolgicas.

    2.1 Caracterizao do contexto e da populao alvo

    O contexto da pesquisa pode ser definido como aquele espaoonde ocorrem as relaes sociais inerentes ao propsito da pesqui-sa. A pesquisa convergente-assistencial constitui, por si s, umespao social, pois l h presena de pessoas engajadas em ativida-des de sade, tais como, trabalhadores(as) de sade, pacientes,familiares e outros (PAIM; TRENTINI, 1999).

    Esta modalidade de pesquisa valoriza a representatividadereferente profundidade e diversidade das informaes. Nesse tipode pesquisa, a amostra dever ser constituda pelos sujeitos envol-vidos na situao e, entre estes, os que tm mais condies paracontribuir com informaes que possibilitem abranger ao mximoas dimenses do problema em estudo. Os(as) participantes noassumem apenas a condio de informante, mas constituem parteintegrante do estudo (PAIM; TRENTINI, 1999).

    Neste estudo, escolhemos como contexto da pesquisa umaunidade de emergncia de um hospital pblico de Florianpolis,Santa Catarina. Participaram clientes que deram entrada na emer-gncia, no perodo de 03 de setembro a 30 de novembro de 2001.Neste perodo, o processo de cuidado foi desenvolvido com 91clientes (61 do sexo masculino e 30 do sexo feminino), com idadesvariando entre 17 a 82 anos, predominando as faixas etrias dos 20aos 30 anos e dos 40 aos 50 anos de idade. Mais da metade (61,5%)dos(as) clientes eram casados(as) e procedentes de Florianpolis ede municpios vizinhos. O motivo da admisso dos(as) clientes nosetor de emergncia foram os mais diversos: abdome agudo, criseconvulsiva, clculo renal, ferimento por arma branca, dor de garganta,hemorragia digestiva alta, leptospirose, entre outros.

    2.2 Tcnicas de obteno de informaes

    As tcnicas para a obteno das informaes foram: observa-o de campo e entrevista. A observao teve como propsito

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    determinado perceber com detalhes as ocorrncias na unidade deemergncia. A entrevista consistiu-se em um espao de interaohumana, com vistas a obtermos informaes fidedignas sobre oprocesso de cuidado recebido pelos(as) clientes e familiares (PAIM;TRENTINI, 1999). A entrevista semi-estruturada foi utilizadaaps a realizao do processo de cuidado, quando o(a) clienteestava deixando a unidade de internao. Com a inteno de avaliaro processo de cuidado recebido, elegemos as seguintes questes:Como voc se sentiu sendo cuidado na emergncia deste hospital?;Voc tem alguma sugesto para melhorar este cuidado?.

    2.3 Registro das informaes

    Os dados da entrevista, obtidos quando da alta dos(as) clien-tes, foram cuidadosamente transcritos e codificados de acordo comos fatores de cuidado, com vistas anlise destes fatores. Utiliza-mos tambm o dirio de campo, no qual registramos todas asdescries e informaes coletadas durante o processo de cuidado.Nos registros do dirio de campo foram includas as descries doprocesso de cuidado desenvolvido. As notas das interaes comos(as) clientes foram feitas logo aps cada encontro para garantiro registro mais completo e detalhado. Inclumos, tambm, nossaspercepes, emoes e sentimentos que permearam o processo decuidado. Visando manter o anonimato dos(as) clientes, criamos umcdigo para identific-los(as), no qual utilizamos M ou F para osexo e um nmero para a ordem do processo de cuidado.

    2.4 Anlise das informaes

    A anlise teve como base as informaes registradas, sendoagrupadas de acordo com os dez fatores de cuidado de Watson(1985).

    2.5 Princpios ticos da pesquisa

    Esta pesquisa foi desenvolvida com base na Resoluo n. 196do Conselho Nacional de Sade e aprovada pela Comisso de ticae Pesquisa da Instituio na qual o estudo se desenvolveu. Noprocesso da pesquisa, procuramos assegurar a liberdade dos(as)clientes de aceitar ou recusar a participar deste estudo, a veracida-de e confidencialidade das informaes, evitando qualquer atitude

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    que gerasse constrangimento ou tenso, bem como manter respeitos crenas e valores dos(as) mesmos(as).

    3 FATORES DE CUIDADO

    Analisamos, a seguir, a aplicao dos fatores de cuidado ao serhumano em situao de urgncia/emergncia.

    FATOR 1 Formao de um sistema de valores humanista-altrusta

    Watson (1985) refere que o cuidado deve ser baseado em umconjunto de valores humanos universais, como: bondade, interessee amor por si e pelos outros. A formao de um sistema de valoreshumanista-altrusta inicia, usualmente, cedo na vida de uma pessoae continua ao longo do seu processo existencial. No entanto, namaturidade que este sistema se torna mais evidente.

    Desde cedo, a criana aprende a ser mais ou menos altrusta,mais ou menos afetiva, dependendo da sua formao e socializaona famlia, na escola, na convivncia com as pessoas. A culturadesempenha um papel importante nesta formao, tendo em vistaque ela se encontra na base das formas de expresso de um povo.As experincias de vida daro o tom na formao do ser, contribuindopara despertar ou sufocar a formao destes valores e, conseqen-temente, desenvolver ou no a capacidade para o cuidado.

    Os valores humanista-altrustas emergem do comprometimen-to e da satisfao pessoal em auxiliar o outro. O(a) profissional deenfermagem que expressa o comportamento altrusta em relao asi e aos outros, possui melhores condies de vivenciar o cuidadohumano. Esse fator reflete os valores pessoais de quem cuida e dequem cuidado, e mostra o que a pessoa na sua mais ntimaessncia.

    A utilizao deste fator de cuidado na prtica pode exigirinmeras reflexes por parte daquele(a) que cuida. Vrias foram asvezes em que nos sentimos compelidas a refletir sobre algumasquestes, tais como: Quem somos? De que maneira vivemos? Deque forma nos relacionamos com o mundo? Como expressamosnossos valores humanista-altrustas ao prximo? De que formanossas experincias pessoais interferem no processo de cuidar?

    Percebemos que enquanto caminhvamos em direo a ummesmo objetivo, tomvamos trilhas diferentes. Isso acabou por seruma experincia maravilhosa, na qual tivemos a verdadeira opor-

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    tunidade de sentirmos nossa individualidade e de valorizarmos asnossas diferenas. No basta somente estarmos atentas individua-lidade de quem cuidado, mas tambm de quem cuida. A relaode cuidado, a nosso ver, deve oportunizar, alm do ato de fazer pelooutro, a possibilidade de auto-conhecimento e de auto-transforma-o, que a base do cuidado de si, para poder cuidar do outro. Esteprocesso deve fazer parte do nosso cotidiano.

    Assim, estvamos conscientes de que era necessrio conhecere respeitar o sistema de valores individuais de cada pessoa a sercuidada, para que a interao fosse efetiva. A partir disso, procu-rvamos ouvir o outro, estarmos atentas s suas necessidades.Sabamos que precisvamos considerar que o(a) cliente se encon-trava em um ambiente estranho, vivendo uma situao estressante.Alm do interesse pela pessoa do outro e pela situao vivenciada,procuramos expressar nosso afeto, estabelecer um comportamentoemptico, centrando o cuidado na pessoa que cuidvamos. Procu-rvamos estar atentas ao que acontecia ao nosso redor, ouvir comateno o(a) cliente, observar suas formas de expresso, com vistasa descobrrmos como ele ou ela gostaria de ser cuidado(a). Osdepoimentos selecionados evidenciaram suas percepes:

    Todo cuidado abrange o conversar, o dar um pouco deateno (cliente 18F).

    Eu cheguei ali, queria que qualquer um ficasse aliconversando. J pensou tu chegar ali sem ar, a poder daruma complicao e, ento, se eu tivesse uma ateno, orien-tao, dizendo que isso acontece (cliente 23M).

    Consideramos, em todo momento, o fato do(a) cliente seencontrar em situao de emergncia/urgncia, a qual pode surgirrepentinamente e gerar grandes preocupaes e ansiedades. Muitosdeles(as) expressaram seus medos, principalmente em relao possibilidade da morte e, na maioria das vezes, demonstraram queprecisavam de algum naquele momento em que se sentiam extre-mamente vulnerveis.

    Ao cuidarmos, ramos freqentemente solicitadas pelo(a)cliente a dar explicaes sobre o que estava acontecendo, o queseria feito, ou simplesmente a segurar sua mo, ou a conversar ouescut-lo(a) um pouco mais. Aqueles momentos se consistiam emum processo de descoberta e aprendizado, tendo sido extremamente

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    gratificante sentir que a relao de cuidado oportuniza, alm do atode fazer pelo outro, a possibilidade de auto-conhecimento.

    A nossa experincia na emergncia nos mostrou que no coti-diano das aes de enfermagem, os(as) profissionais parecem aindano ter compreendido o verdadeiro significado e abrangncia docuidado humano. Entre os(as) prprios(as) profissionais de enfer-magem a presena desse fator de cuidado ocorre de uma maneiraespordica e, muitas vezes, sem a valorizao necessria. Consta-tamos que o cuidado, nesta unidade, possui caractersticas muitomais tcnicas do que expressivas. comum vermos os(as) integran-tes da equipe de enfermagem utilizarem a maior parte do seu tempode trabalho com manuseio de equipamentos, distribuio de clientese resoluo de problemas administrativos.

    Em nossa opinio, a maioria dos currculos dos cursos deenfermagem apresenta lacunas em relao ao desenvolvimento dacapacidade humanista-altrusta, apesar deste ser um fator impor-tante no cuidado de enfermagem. Consideramos de importnciavital na formao do(a) profissional de enfermagem a criao deespaos que favoream o desenvolvimento destas capacidadespotenciais do(a) futuro(a) profissional. Conforme Watson (1985),a humanizao dos valores se amplia com a exposio, estudo eexplorao de diferentes filosofias, crenas e estilos de vida. Asexperincias passadas, assim como o estudo e a explorao ajudamna expresso de elevados nveis de sentimentos, pensamento ecomportamento em relao aos outros. Os valores humansticos eo comportamento altrusta podem ser desenvolvidos atravs (porexemplo) de experincias com diferentes culturas, do estmulo compaixo e outras emoes, do estudo das cincias humanas, daliteratura e experincias artsticas, exerccios de clarificao devalores e experincias de crescimento pessoal. Deste modo, o desen-volvimento da capacidade expressiva do(a) aluno(a), aqui maisespecificamente falando dos valores humanstico-altrusta, somadoao conhecimento tcnico-cientfico, podero contribuir sobrema-neira para uma melhor expresso do cuidado de enfermagem.

    FATOR 2 - A promoo da f-esperana

    Segundo Watson (1985), o(a) enfermeiro(a) e outros(as) pro-fissionais da sade no podem ignorar o importante papel da f-esperana no cuidado e no processo de cura. Esta terica afirma queos efeitos teraputicos da f-esperana tm sido documentados

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    atravs da histria e tm tradicionalmente sido importantes notratamento para aliviar os sintomas da doena. Ainda em suaopinio, a f-esperana pode ajudar o(a) cliente a aceitar informa-es e se engajar em atitudes de mudana na busca de comporta-mentos saudveis. F-esperana to bsico que pode afetar oprocesso de cura e os resultados da doena.

    Promover f e esperana acreditar e fazer crer na possibili-dade de mudana da realidade que se vivencia, de gerar motivaoe, conseqentemente, de favorecer o bem-estar. Na unidade deemergncia, nos deparamos com vrias pessoas que, em situao deemergncia/urgncia, transpunham seus medos e inseguranas,quando cuidadas. Coube a ns, naqueles momentos, estarmosjuntas ao() cliente e a sua famlia e incentivar a mudana decomportamento, com vistas a um maior bem-estar, mesmo diante dasituao vivenciada.

    Em outras ocasies em que as condies do(a) cliente permi-tiam, conversvamos com ele(a) e seus familiares, procurandoconhecer suas crenas para que facilitasse o nosso objetivo depromover f-esperana em relao sade e vida. Procurvamosvalorizar e despertar sentimentos que promovessem alguma formadeles(as) sarem daquela situao em que se encontravam e adesenvolverem suas foras e capacidades interiores.

    Com cada cliente e familiar e, em cada situao, procurva-mos uma abordagem apropriada. Enfatizvamos que a vida feitade momentos que mudam a cada instante e em muitos deles somosdefrontados(as) com desafios que devem ser superados, medidaque buscamos foras em nossas experincias pessoais, em nossascrenas e valores, para nos sustentar e nos dar motivao interiorpara lutarmos. Alguns depoimentos foram significativos para ns,dos quais selecionamos os seguintes:

    Ns precisamos ter uma cesta bsica que deve conter:amor, amizade e f e isso ns encontramos aqui junto devocs(cliente 01M).

    Vocs transmitiram muita paz e calma na hora em quea gente mais precisou (familiar 07M).

    Ns que cuidamos tambm necessitamos valorizar esse com-portamento em nosso cotidiano, pois vivenciamos momentos deestresse e o fortalecimento da nossa f-esperana vital para

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    podermos auxiliar os(as) clientes que esto sob nossos cuidados.Em alguns momentos tambm nos sentimos desesperanadas eprecisamos nos fortalecer para poder seguir em frente.

    Grandes experincias foram oportunizadas na utilizaodeste fator de cuidado, porque mantivemos nossa mente aberta aoauto-conhecimento, ao grau mais elevado de conscincia, forainterior e ao poder de experincia intuitiva.

    FATOR 3 - O cultivo da sensibilidade do prprio eu e ao dasdemais pessoas

    O cultivo da sensibilidade ao eu e ao das demais pessoasexplora a necessidade da existncia de emoo nas relaes decuidado. Em sendo um dos fatores integrantes do cuidado, contribuipara a construo de uma relao afetiva, amorosa e humanizadaem emergncia. Este fator se encontra intimamente ligado aos doisanteriores.

    Para Watson (1985), muitas pessoas no desenvolvem seuspotenciais de sensibilidade. Elas tendem a buscar as oportunidadesfora delas mesmas, apesar da fonte para o desenvolvimento estardentro delas. O ponto inicial est em desenvolver um nvel deconscincia sobre os prprios sentimentos. No entanto, refereWatson (1985), as pessoas freqentemente ficam amedrontadas deolharem-se interiormente, porque elas sentem medo de que se foremhonestas para consigo mesmas elas s vero imperfeies. Ento,elas negam seus sentimentos e se recusam a lidar com eles ou setornam consumidas por eles.

    Para que o cuidado seja efetivo, todos(as) os(as) envolvidos(as)necessitam desenvolver seus prprios sentimentos e entender oseu ser como parte integrante na interao, pois medida queexpressamos nossos sentimentos, expressamos a nossa humanida-de. Quando reconhecemos e usamos a nossa sensibilidade e senti-mentos, promovemos o auto-desenvolvimento e auto-realizao eencorajamos o mesmo processo nas outras pessoas. Assim, pode-mos contribuir para que elas se sintam compreendidas, aceitas ecapazes de mover em direo a uma maior conscientizao ecomprometimento com o seu processo evolutivo.

    Cada dia, procurvamos, cada uma sua prpria maneira,avaliar a nossa capacidade de sentir e lidar com os nossos sentimen-tos. Essa busca possibilitou-nos um maior auto-conhecimento, medida que, de forma autntica, detectvamos nossas capacidades

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    potenciais e limitaes, procurando aceitar-nos e ao mesmo tempotransformar a forma de expressar nossos sentimentos. A expressoda sensibilidade pareceu-nos transformar o ambiente e criar condi-es para a expresso da empatia, respeito, amor e, assim, estabe-lecer relaes de ajuda e apoio ao outro.

    As emoes e sentimentos, que tivemos durante nosso proces-so de cuidar, foram experincia nicas, que contriburam muitopara o nosso crescimento enquanto cuidadoras. Cada momento foiespecial e s ns podemos realmente saber o valor de cada um deles,que nos motivou a agir, a criar e a estar em constante transformaoe aprimoramento. O depoimento dos(as) clientes, a seguir, nosmostrou a importncia desse fator no cuidado.

    Senti o amor, o afeto e o carinho de vocs. Foi muitobom essa sensao de bem-estar, de prazer, de harmonia(cliente 01M).

    A carreira de vocs est no carinho e na dedicao,continuem sempre assim (cliente 23M).

    Ao mesmo tempo em que expressvamos nossos sentimentose tambm permitamos que o(a) cliente e sua famlia o fizessem,deparvamos com um cotidiano de cuidar em emergncia menosestressante, no qual a sensibilidade e a autenticidade encontravamseus espaos. Nesta perspectiva, nossas interaes se davam de

    forma oposta quelas nas quais a manipulao e a imposio sofreqentes. Simplesmente permitamos a ns e aos demais sermosquem ramos.

    Ao procurarmos ser autnticas, nos permitamos expressarnossas limitaes e dificuldades enquanto cuidadoras. Situaescomo identificao com a situao do outro, medo de no conseguir,o aparecimento de dvidas e incertezas, to comuns na condio deser humano que somos, revelaram nossas fragilidades, que procu-ramos reconhecer e explorar. Nesse sentido, procuramos ser autn-ticas para conosco e para com os outros, colocando-nos de formaaberta s experincias.

    Entendemos que o amor tambm precisa estar presente, pois um elemento facilitador que nos alimenta, nos enternece, nosvaloriza e engrandece a nossa humanidade e, por conseguinte, o

    cuidado de enfermagem.

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    Fica, ento, evidente que o cultivo da sensibilidade umaquesto pessoal, mas pode ser estimulado e desenvolvido com aajuda externa. Faz parte da dimenso pessoal de cada um, numprocesso que cresce com o amadurecimento. Esta compreenso nosleva a buscar continuamente uma melhor compreenso de nossossentimentos, bem como dos outros seres com quem nos relaciona-mos. uma meta que no se atinge, se conquista a cada dia.

    FATOR 4 - O desenvolvimento de uma relao de ajuda confiana

    O estabelecimento de uma relao de ajuda-confiana ummodo de originar um vnculo entre os(as) participantes do processode cuidado. Na situao de emergncia/urgncia em que o(a) clientee sua famlia se encontram num momento to crtico de suasexistncias, h a necessidade desse vnculo para que o processo setorne o menos traumtico possvel. A relao necessita acontecerpela presena de empatia, compatibilidade e calidez para que segere ajuda e confiana entre quem cuida e quem cuidado.

    No desenvolvimento do processo de cuidado, esse fator contri-buiu de maneira muito satisfatria, pois ao estabelecermos umarelao de confiana e sermos aceitas pelo outro ser humano, tudose tornava mais agradvel. Para tanto, buscvamos estar abertaspara o outro, expressar nossa sensibilidade e interesse para coma sua condio, evitar julgamentos e ser autnticas. Sabemos que

    uma relao de ajuda-confiana pode demorar um certo tempoe isto pode desencorajar os(as) profissionais que atuam em emer-gncia a incorporar este fator no cuidado, tendo em vista o curtoespao de tempo em que o(a) cliente e sua famlia l permanecem.Contudo, a nossa experincia mostra que possvel, que estarelao pode se dar instantaneamente, quando expressamos nossahumanidade. Ningum esquece um nico gesto de ateno, derespeito e de solidariedade em um momento de dificuldade. Estefica registrado em nossa lembrana, assim como quem o praticou.

    Na equipe de enfermagem, a presena deste fator nos relacio-namentos poderia unir a equipe e criar uma atmosfera de maiorsolidariedade, com conseqente favorecimento do cuidado ao ou-tro, seja cliente ou colega. No entanto, a sua ausncia gera, comopresenciamos, competitividade e falta de colaborao, com nfase

    no individualismo ao invs do coletivo.

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    Constatamos em nossa prtica como difcil colocar-nos nolugar do outro, principalmente em certas situaes de gravidade.Por sentirmos quo difcil eram as situaes vivenciadas pelos(as)clientes e seus familiares que reforvamos a relao interpessoal,a comunicao efetiva, nos sensibilizando e nos envolvendo, comvistas a buscarmos solues para os problemas encontrados. Issoacabava por criar uma grande aproximao com o(a) cliente econfirmava uma relao de ajuda e de confiana, favorecendo aharmonia no processo de cuidar.

    A compatibilidade foi outra caracterstica muito presente nocuidado. O nosso comportamento era sempre o mais verdadeiropossvel, agindo de forma honesta e aberta com o outro e issopromovia um ambiente favorvel tomada de decises. Era comumnotarmos que os(as) clientes demonstravam mais compatibilidadepor uma de ns. Isso acontecia todos os dias. O mesmo aconteciaconosco no papel de cuidadoras.

    A calidez que, segundo Watson (1985), a aceitao da pessoaque se cuida de forma positiva, tambm mostrou sua contribuiono fortalecimento da relao de ajuda e confiana entre ns e os(as)pacientes.

    Embora o humor no seja mencionado neste fator, acreditamosque ele importante no estabelecimento de uma relao efetiva.Sabamos que deveramos ter bom senso para saber o momentocerto e a forma certa de humor. Entendamos que havia momentosem que ele no seria bem vindo, mas havia muitos outros em que elefazia falta. O sorriso se fez presente e para nossa felicidade eramuitas vezes retribudo. Muitos(as) clientes demonstraram o quan-to isso foi importante:

    No s a questo da injeo ou do comprimido e simas conversas. s vezes os pacientes ficam ruins, mas vocschegam rindo, brincando ou falando uma coisa boa e opaciente vai se sentir melhor (cliente 06M).

    Continuem sempre assim sorridentes (cliente 24M).

    Observamos o quanto fundamental o estabelecimento de umarelao com acolhimento e colaborao. Foi muito importante parans sabermos que estvamos fazendo diferena, a qual se mostrouevidente nas despedidas. Era comum ocorrer situaes dos clientes,ao serem transferidos para outras unidades, virem nos pedir para

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    que fssemos visit-los. Era com certeza o resultado do estabele-cimento de uma relao de ajuda-confiana, a qual fundamentalpara a construo de um cuidado efetivo e de qualidade. Nestesentido, o(a) cliente e sua famlia sabem reconhecer quando estecuidado faz diferena.

    FATOR 5 A promoo e aceitao da expresso de sentimen-tos positivos e negativos

    A expresso de sentimentos positivos e negativos precisa estarpresente no processo de cuidado e os(as) cuidadores(as) precisamassumir o papel de facilitadores(as). Esta expresso melhora o nvelpessoal de percepo e facilita a compreenso das situaes vividasna emergncia. Todavia, parece-nos necessrio que os(as) cuidadores(as) tambm possam ter espao para exteriorizar os seus prpriossentimentos.

    A valorizao dos sentimentos permeou o nosso cuidado etivemos a oportunidade de observar o quanto o simples ato deexpress-los melhora a situao em que o ser se encontra, seja elaqual for.

    Ao facilitar a expresso de sentimentos negativos ou positivos preciso, muitas vezes, penetrar na histria contada por algum,entrar na vida do outro, conhecer seu estilo de vida, seus sentimen-tos, aspiraes e estado de esprito, alm de experimentar o poderda emoo, intuio e o mundo das relaes.

    Verificamos que, na unidade de emergncia, estamos muitoexpostas a sentimentos contraditrios, intensos e profundos, vincu-lados s questes existenciais bsicas sobre a vida e a morte dos(as)clientes. Neste sentido, se faz necessrio que os(as) profissionaisdesta unidade tenham um espao para manifestar e compartilhar osseus prprios sentimentos e, assim, refletirem sobre sua existncia.

    Entendemos a emoo como parte da vida de uma pessoa.Assim, se faz necessrio haver no cuidado espao para a expressode sentimentos, deixando fluir a sensibilidade, ter o desejo de aliviaro sofrimento do outro, com vistas a promover e manter a integridadeemocional dos seres que cuidamos. Para isso, importante estaraberto ao outro, mostrar disponibilidade e, assim, compreender osignificado de estar com o outro, estimulando a verbalizao deseus medos, receios, enfim, seus sentimentos em relao sua

    situao de vida.

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    Ter esse tipo de comportamento em uma emergncia pode terparecido estranho, mas conseguimos mostrar a ns mesmas e aosoutros que possvel. Nem sempre as condies eram favorveis,mas adaptamos e promovemos momentos de aprendizagem. Fomoscriticadas por estarmos sentadas ao lado do(a) cliente, pois issoprovocava a impresso de que no estvamos fazendo nada. Porm,enfrentamos mais esse desafio, procuramos explicar o que estva-mos fazendo e seguimos. O resultado positivo estava na expressode satisfao de cada cliente e famlia que cuidvamos e estereconhecimento se constitui em um prmio difcil de descrever.

    FATOR 6 O uso sistemtico do mtodo cientfico de soluode problemas para a tomada de deciso

    A promoo da pesquisa e soluo sistemtica de problemas para Watson um importante fator para a cincia do cuidado.Watson (1985) acredita que sem o uso sistemtico do mtodocientfico de soluo de problemas, a prtica eficaz acidental, namelhor das hipteses, e fortuita ou prejudicial, na pior dashipteses. O mtodo cientfico de soluo de problemas , para aautora, o nico mtodo que permite o controle e a previso, e issopermite a auto-correo.

    O modelo tradicional de processo de enfermagem vem sendoconsiderado uma forma de sistematizar o cuidado de enfermagemaos(s) pacientes. Esse mtodo, adaptado do modelo biomdico,atualmente vem sendo questionado por tericas do cuidado. Segun-do Waldow (2001), para as tericas do cuidar/cuidado, o contextodo processo de enfermagem condiciona o(a) enfermeira a, antesde tudo, encontrar alguma necessidade que requeira correo,para legitimamente oferecer um cuidado apropriado. Este enfoquena necessidade ou problema e na cura, distraem a enfermeira desua misso primria que o cuidar, resultando em objetificao,ritualismos e rtulos, despersonalizando e favorecendo o noenvolvimento, como conseqncia, o contexto de enfermagem perdido.

    Neste estudo, optamos por no trabalhar com as etapastradicionais do processo de enfermagem. Contudo, apesar dascrticas acerca da identificao dos problemas, decidimos utiliz-lo.

    Deste modo, atravs de nossas relaes dirias com os(as)clientes e seus familiares, procurvamos durante o cuidado no sfazer uma avaliao da situao de cada um(a) deles(as), mas ver

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    as prioridades de atendimento na resoluo de problemas. Conside-rando que na unidade de emergncia a grande maioria dos(as)clientes e seus familiares permanecem por um curto espao detempo, achamos que a resoluo de problemas se constituiu em umaabordagem apropriada.

    FATOR 7 A promoo do ensinoaprendizagem interpessoal

    Conforme Watson (1985), a promoo do ensino-aprendizadointerpessoal inclui o processo de engajamento das pessoas envolvi-das no processo de cuidado, bem como o fornecimento de informa-es, considerando a natureza do aprendizado e do processointerpessoal estabelecido. Reflete o dever moral que os(as)cuidadores(as) tm de dar ao outro ser subsdios para o entendimen-to de sua situao e, assim, colaborar para seu bem-estar. Todavia, importante estar aberto(a) possibilidade de tambm aprendercom o ser cuidado, permitindo a participao e autonomia deste e,conseqentemente, fugir do tradicional modo unidirecional doprocesso de educao em sade.

    Na emergncia, a informao parece ser fator primordial aclientes e suas famlias. Por se tratar de situaes que, muitas vezes,surgem repentinamente, elas, freqentemente, so acompanhadasde ansiedade e dvida acerca da situao, da sua gravidade, de suascausas e conseqncias.

    O fato de ser a emergncia um setor caracterizado pela pressae pela agilidade do atendimento, escutamos, muitas vezes, os(as)profissionais dizerem no ter tempo para dar explicaes e informa-es. Contudo, a falta de informaes acabava criando, em vriosmomentos, um grande caos no posto de enfermagem e principal-mente nas outras dependncias da unidade, nas quais os(as) clientese familiares permaneciam.

    Escutamos muitas reclamaes de clientes que chegaram aoambiente hospitalar e receberam poucas informaes quanto aocuidado que receberam, gerando ansiedade e expectativa em rela-o sua internao e recuperao. Isso, logo no incio do processo,acabou por criar preocupaes e ansiedades.

    Embora na enfermagem a educao em sade seja uma de suasatribuies mais importantes, freqentemente, observamos a au-sncia desta e as desculpas se avolumam, como falta de tempo,falta de pessoal, intercorrncias, etc. Segundo Watson (1985),o(a) enfermeiro(a) se diferencia dos(as) demais profissionais de

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    enfermagem, pela sua maior capacitao no desenvolvimentodeste processo. No entanto, a autora refere que na prtica clnica,os(as) enfermeiros(as) freqentemente descuidam dos aspectosinterpessoais e de aprendizagem. Sabemos que em nossa realidadeesta lacuna mais acentuada, tendo em vista que o(a) enfermeirapermanece a maior parte do seu tempo de trabalho desempenhandooutras atividades administrativas, como foi verificado por ns nestaunidade, no atuando na educao em sade.

    Conforme Watson (1985), tem sido reconhecido na teoria eprtica que o fornecimento de informao uma forma explcita dereduzir o medo e a ansiedade associados ao estresse. Isto porqueestes sentimentos esto associados incerteza e seriedade de umacondio, do procedimento, da cirurgia ou do tratamento. A autora,ao compilar dados de uma srie de estudos na rea, afirma que apromoo do processo ensino-aprendizagem interpessoal pode:1) promover expectativas acuradas e reduzir a discrepncia dodesconforto entre o grau de estresse esperado e o grau de estressevivenciado; 2) aumentar a habilidade de predizer o que acontecer,proporcionando uma sensao de controle e reduo do medo;3) criar uma preocupao realista e um ensaio mental para aaceitao emocional do estresse; 4) mudar crenas e reduzir asfantasias que podem ser causadas pelo estresse; 5) levar a umacompreenso para lidar com a doena e sua concepo de umaforma menos estressante; 6) estar intimamente envolvida naavaliao das situaes enquanto ameaa e a avaliao de formasde reduzir a ameaa (WATSON, 1985).

    Ao procurar criarmos estratgias para minimizar a situaode estresse no ambiente da emergncia, buscamos desenvolver acapacidade de perceber o que o outro estava sentindo, assim comoseu nvel de compreenso. Esta percepo foi fundamental parapodermos identificar as informaes necessrias e a forma defornec-las para que pudessem contribuir para a reduo do medoe da ansiedade do(a) cliente e seus familiares.

    A maior dificuldade no relacionamento com os familiaresesteve relacionada ao manejo da ansiedade. Observamos que essasituao pode ser amenizada com a simples ao de informar e estardisposto a tirar dvidas quando estas surgirem. Deste modo:

    A famlia outra varivel importante. Sua presena ecarinho so fundamentais e a equipe deve estar atenta,esclarecendo, informando e dando apoio, pois assim haver

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    grande ajuda para o crescimento do ser cuidado. Se a famliano se sente esclarecida suficientemente, se os membros daequipe so indiferentes aos seus sentimentos e necessidades,a famlia, ao invs de ajudar, pode dificultar o processo decuidar(WALDOW, 2001, p.155).

    Na emergncia, sentimos a necessidade de facilitar, sempreque possvel, aos seres que cuidamos, a oportunidade de compreen-der o que estava acontecendo, para poder minimizar o estresse e aansiedade do momento crtico, vivenciado naquela especfica situ-ao. Nas falas dos(as) clientes podemos verificar o quanto isso importante:

    S o fato de tu me explicar o que vai acontecer na minhacirurgia j me ajudou muito. Eu estava preocupado porqueo mdico no me explicou quase nada e eu estava com muitomedo(cliente 31M).

    Aqui um lugar tranqilo, com bom atendimento, vocsesto sempre aqui conversando com a gente (cliente 02M).

    Eu estava de alta e no sabia o que fazer porque srecebi esse papel e no sabia o que ia fazer(cliente 28M).

    Com base em nossa experincia, apoiamos o pensamento deque o processo ensino-aprendizagem vital no cuidado ao()cliente e sua famlia. Naturalmente, que dependendo das condiesdo(a) cliente (inconscincia), nem sempre possvel, o que no oinviabiliza de ser desenvolvido com a famlia. O estresse afeta osistema imunolgico, podendo causar desconfortos de ordemgeral em quem os vivencia (GROR, 1991; MALKIN, 1992).Deste modo, a promoo da sade passa automaticamente pelanfase neste processo. Acreditamos que tambm poderemos dimi-nuir o estresse da equipe de enfermagem, medida que esta possalidar com clientes e familiares bem informados e menos ansiosos.

    FATOR 8 A promoo de um ambiente de apoio, proteo e/oude correo mental, fsica, scio-cultural e espiritual

    Segundo Watson (1985), inmeras variveis afetam a vida eo bem-estar da pessoa, devendo ser considerados no cotidiano do

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    cuidado de enfermagem. Estas variveis podem ser externas einternas pessoa, sendo ambas interdependentes. Ambas afetamigualmente tanto a sade como a doena. Embora Watson conside-re que existem inmeras variveis, ela enfatiza as externas nestefator de cuidado, tais como: conforto, privacidade e segurana,alm de um ambiente esttico e limpo.

    O conforto, ao ser considerado uma varivel externa, pode sercontrolado em parte pelo(a) enfermeiro(a). Para Watson (1985), aausncia de conforto se torna crtica para o bem-estar fsico e mentaldo(a) cliente e inclumos aqui a famlia. Freqentemente, as perdasda identidade e da independncia, associadas hospitalizao, sofontes de desconforto e devem ser consideradas nos cuidado.Watson (1985) inclui entre as medidas de conforto no cuidado deenfermagem: 1) remover estmulos nocivos do ambiente externo(claridade da luz, barulhos, aquecimento ou ventilao inadequa-dos e ambiente sujo e desorganizado); 2) dar ateno a posiodo(a) cliente e mud-lo(a) freqentemente de posio; 3) tornar acama confortvel; 4) aliviar a tenso atravs de exerccios emassagens; 5) desenvolver procedimentos teraputicos (aplicarcalor, administrar medicamento para aliviar a dor, exerccios deinalao, relaxamento, etc.); 6) identificar as implicaes da doen-a para o(a) cliente e o uso de recursos disponveis para apoiar ouproteger; preparar o(a) cliente para o que esperar e o que esperadoenquanto se maximiza o controle, escolhas e alternativas do(a)cliente; e 7) modificar as abordagens para o(a) cliente de acordocom a severidade, extenso e fases do cuidado.

    A privacidade para Watson (1985) um fator importante nocuidado. A despersonalizao que ocorre com a hospitalizaoe as questes ntimas, procedimentos e tratamentos ligados hospitalizao, tornam a privacidade da pessoa uma questo deinteresse e ateno. Segundo a autora, a privacidade serve paramanter a dignidade e integridade da pessoa. Deste modo, a integri-dade e confidencialidade profissional so partes importantes daprivacidade. Intervenes voltadas para a privacidade incluemalvio emocional, criar espao para a auto-avaliao e responder dignidade bsica de uma pessoa como um ser humano.

    A segurana fundamental no cuidado de enfermagem. O(a)profissional de enfermagem interessado(a) na segurana do(a)cliente fica alerta para as causas que a ameaa, como por exemplo:idade, estado de mobilidade, organizao dos mobilirios e equipa-mentos, dficits sensoriais, orientao, desorientao. Medidas

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    bsicas de segurana incluem controle da infeco (e.g., pelalavagem das mos, cuidado com a pele, tcnicas de isolamento,mtodos de limpeza e prticas de esterilizao) (WATSON, 1985).

    A limpeza e a esttica do ambiente nunca devem ser esquecidasno cuidado de enfermagem, medida que podem promover a sade.Segundo Watson (1985), muitas pessoas tm uma necessidadebsica de limpeza e esttica, sendo que a sua promoo favorece aqualidade do cuidado de enfermagem, promovendo um elevadonvel de auto-valorizao e dignidade. No entanto, refere a autoraque a esttica no pode ser gratificante se as necessidades de ordeminferior (limpeza, segurana, conforto e privacidade) esto compro-metidas.

    A nossa experincia nos mostrou que a natureza do ambienteexerce uma grande influncia no(a) cliente com repercusses nocuidado de enfermagem. O ambiente de emergncia por suanatureza estressante e causador de sofrimento, devido s limitaesimpostas pela prpria condio dos(as) clientes e pelas condiesorganizacionais a que esto submetidos(as).

    A realidade que a emergncia nos ofereceu para desenvolveresse fator de cuidado no a das melhores, j que trabalhamosprincipalmente em reanimao e observao, onde vrios(as) clien-tes ficam separados(as) somente por biombos e boxes que tirama privacidade e onde a individualidade nem sempre valorizada.No oferecem conforto e mesmo segurana. Os(as) clientes ficamem macas enquanto esperam os resultados e essa espera pode durardois, trs, quatro ou mais dias dependendo do caso e da especiali-dade. Tudo isso acaba gerando desconforto e novos problemas,confirmados nos seguintes depoimentos:

    ... o ambiente aqui muito desconfortvel (cliente 14F).

    O pior ficar esse tempo todo deitado nessa maca, euj estou ganhando outras dores que eu no tinha antes(cliente 12F).

    O difcil aqui que no tem lugar melhor para oacompanhante ficar(cliente 03M).

    A entrada de acompanhante fica a critrio do(a) enfermeiro(a)que se encontra de planto e que, na maioria das vezes, s a permiteem casos especiais, como idosos ou acamados. A permanncia do

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    familiar na unidade desconfortvel para o mesmo, tendo em vistaque a unidade no dispe de acomodaes apropriadas. Assim,quando no conseguem uma cadeira, permanecem sentados naescadinha do leito do(a) cliente.

    Para reduzir os agravantes do ambiente, procuramos fornecerinformaes, reduzindo o medo e a ansiedade relacionados aosprocedimentos; facilitar o toque e o envolvimento da famlia noprocesso de cuidar; buscar manuseio adequado de equipamentosenfocando a segurana e a humanizao no cuidado; respeitar aintegridade e a confidencialidade das informaes.

    Consideramos o desenvolvimento deste fator de cuidado comosendo um dos maiores desafios enfrentados por ns na unidade deemergncia. Deste modo, preciso uma maior conscientizao daequipe de sade, dos administradores para favorecer a promoo deum ambiente saudvel, com vistas a criar um clima de bem-estar ede valorizao dos(as) clientes, seus familiares e inclusive daprpria equipe de sade.

    FATOR 9 Assistncia com gratificao das necessidades hu-manas

    A assistncia voltada para a gratificao das necessidadeshumanas procura atender aquelas necessidades do ser que,segundo Watson (1985), so biofsicas, psicofsicas, psicossociaise intra-interpessoal. Todas estas necessidades possuem sua impor-tncia e precisam ser analisadas para que o indivduo se sintasatisfeito e alcance o seu desenvolvimento e a sua sade. Aparticipao do ser cuidado est, principalmente, na ajuda daidentificao de suas necessidades e, conseqentemente, no forne-cimento de subsdios para as priorizaes no cuidado.

    Na emergncia, a atuao de enfermagem estava relacionada uma prtica de cuidado voltada ao atendimento rpido de situa-es de doena, preveno de seqelas e aes teraputicas para asobrevivncia do indivduo. Dadas estas caractersticas, se sobres-saram em nosso processo de cuidado as necessidades biofsicas ebiopsquicas.

    A partir de nossa experincia, a utilizao destas necessidadesno cuidado se mostrou insatisfatria, tendo em vista a fragmentaodo ser e as dificuldades sentidas em encaixar todos os problemas nalista de classificao das necessidades, proposta por Watson. Destemodo, nossa experincia mostrou a limitao da proposta de

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    Watson, pois ela restringe a atuao acadmica ou profissional nabusca de um cuidado efetivo e de qualidade.

    Contudo, a incorporao dos outros fatores de cuidado nosajudou a superar as limitaes encontradas neste, com vistas aodesenvolvimento de um cuidado que caminhasse na busca datotalidade do ser cuidado. Devido s lacunas na literatura deestudos que valorizem o ser em sua totalidade, no cuidado ememergncia, detectamos que este cuidado est, ainda, mais relacio-nado dimenso instrumental do que dimenso expressiva.

    Assim, procuramos cuidar de maneira que fosse algo alm dasatisfao das necessidades de sobrevsivncia e, dessa maneira,promovamos o envolvimento das pessoas e o reconhecimento de

    suas individualidades. Com esta forma de atuar, os resultados docuidado se tornaram evidentes, atravs do bem-estar, conforto,alegria e satisfao dos(as) participantes, cujos depoimentos sele-cionamos alguns:

    Aqui no me sinto abandonado(cliente 24M).

    Tm muitas pessoas que esto no hospital que o proble-ma todo emocional, ento se vocs continuarem assimtendo sensibilidade, logo as pessoas vo se restabelecer(cliente 04M).

    Aqui vi que as pessoas ainda se preocupam umas com asoutras(cliente 01M).

    Ao realizarmos o cuidado, procuramos faz-lo com carinho eisso favoreceu nosso crescimento interior, proporcionando o cuida-do de si e do outro e promovendo o bem-estar aos(s) participantes.

    Ao transpormos a utilizao exclusiva da dimenso tcnicavoltada para as necessidades biofsicas no cuidado, ampliamos anossa forma de perceber, pensar e fazer enfermagem. Nesse senti-do, concordamos com Waldow (1995) quando refere que a atenoe o carinho so requisitos importantes e atributos morais indispen-sveis no sentido de descaracterizar o cuidado como apenas tcnico.

    FATOR 10 A existncia de fatores existenciais e fenomenol-gicos-espirituais

    A existncia de fatores existenciais e fenomenolgicos-espi-rituais faz com que o ser cuidado transcenda seu sofrimento e

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    encontre significados na situao vivenciada. Implica no estarpresente no momento de dor e de sofrimento, compreendendo aspessoas do ponto de vista de como as coisas se parecem para elas.

    A aplicao deste fator no cuidado nos levou a valorizar ascaractersticas de cada cliente, experienciar a sua subjetividadepara que pudssemos promover um cuidado efetivo e de qualidade.Para que isso realmente acontecesse, precisamos voltar-nos para onosso interior e buscarmos o verdadeiro sentido de nossa existnciapara que depois pudssemos ajudar outras pessoas a enfrentar adifcil situao de emergncia em suas vidas.

    Percebemos que ao lidar com as situaes de emergncia/urgncia, as reaes e comportamentos dos(as) clientes eram asmais diversas, evidenciando as suas individualidades. Naquelesmomentos, precisamos buscar a compreenso da pessoa de acordocom sua experincia subjetiva para poder compreend-la. Era comoum quebra-cabea que se ia montando em cada momento da relaoe em cada reflexo. Buscamos entender o outro e fugir do julgamen-to que vivenciamos em nossa sociedade e, pior, em nossa profisso.

    Dada a complexidade e amplitude da promoo deste fator nocuidado, sentimos nossos limites em desenvolv-lo em sua totalida-de. Pensamos que a sua efetividade no cuidado requer amadureci-mento pessoal e profissional. Deste modo, cada ser o promover sua maneira, de acordo com as suas aquisies em seu processoexistencial.

    4 CONSIDERAES FINAIS

    A utilizao dos dez fatores de cuidado de Watson no processode cuidado se mostrou efetiva na unidade de emergncia. Valeressaltar que esses fatores no so complicadores para a efetivaodo cuidado, mas se constituem em aspectos de inovao e desafiopara a prtica profissional, os quais, na maioria das vezes, somotivadores, levando ao auto-conhecimento e humanizao dasrelaes e do cuidado de enfermagem.

    Temos a certeza de que as experincias vividas no ambienteda emergncia foram marcantes em nossas vidas, pois o desenvol-vimento do cuidado humano se constitui em um referencial inova-dor e efetivo. Acreditamos que o seu desenvolvimento no s nocuidado aos(s) clientes, mas tambm no prprio cuidado entreos(as) profissionais de enfermagem poder contribuir para umamelhor qualidade do trabalho e de vida, atravs de relaes e aes

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    mais humanas. Para ns, este aspecto muito importante dado aofato deles(as) atuarem em um local onde preciso observar,enxergar com olhos fsicos e com olhos do corao, entender o nodito, confiar no vivido, sociabilizar o saber e o fazer, refletir sobreas vivncias, buscar o auto-conhecimento e agir com presteza esabedoria.

    ABSTRACT

    The objective of this study was to analyze the development ofJean Watsons ten carative factors in the process of caring withclients and their families in an emergency unit of a generalhospital in Florianpolis. It was based on the convergent-assistanceresearch design, and developed with 91 clients, from September 3to November 30, 2001. The development of Watsons ten carativefactors in the process of caring was effective in the emergencyunity contributing to an approach more humanized and withgreater quality when compared to another which emphasizes onlythe biological dimension.

    KEY WORDS: nursing care; emergencies, nursing.

    RESUMEN

    El objetivo de este estudio fue analizar lo desarrollo de losdiez factores del cuidado de Jean Watson en el proceso de cuidadoa clientes y sus familias en una unidad de emergencia de unhospital general, en Florianpolis. Utilizse de la modalidad deinvestigacin convergente-asistencial y fue desarrollado con 91clientes, en el periodo de 03 de setiembre a 30 de noviembre de2001. El desarrollo de los diez factores de cuidado de Watson enel proceso de cuidado es efectivo en la unidad de emergencia,contribuyendo para una abordaje ms humana y de mayor cualidadcuando comparada con aqueja que enfatiza somiente la dimensinbiolgica.

    DESCRIPTORES: atencin de enfermera; urgencias medicas;enfermera.

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    Entrada na revista: 16/04/02Incio do perodo de reformulaes: 10/05/02

    Aprovao final: 05/09/02

    Endereo da autora: Alcione Leite da SilvaAuthors address: Av. Ivo Silveira, 2508/105 - Capoeiras

    88.085-950 Florianpolis SCE-mail: [email protected]: [email protected]