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4536-(2) Diário da República, 1.ª série — N.º 139 — 21 de Julho de 2008 PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS Resolução do Conselho de Ministros n.º 115-A/2008 A Rede Natura 2000 é uma rede ecológica que tem por objectivo contribuir para assegurar a biodiversi- dade através da conservação dos habitats naturais e da fauna e da flora selvagens no território da União Europeia. Resultando da aplicação de duas directivas comuni- tárias, as Directivas n. os 79/409/CEE, do Conselho, de 2 de Abril (Directiva Aves), e 92/43/CEE, do Conselho, de 21 de Maio (Directiva Habitats), a Rede Natura 2000 constitui um instrumento fundamental da política da União Europeia, em matéria de conservação da natureza e da biodiversidade. Esta rede é constituída por zonas de protecção especial (ZPE), criadas ao abrigo da Direc- tiva Aves e que se destinam, essencialmente, a garantir a conservação das espécies de aves e seus habitats, e por zonas especiais de conservação (ZEC), criadas ao abrigo da Directiva Habitats, com o objectivo expresso de contribuir para assegurar a conservação dos habitats naturais e das espécies da flora e da fauna incluídos nos seus anexos. Para efeitos do Plano Sectorial da Rede Natura 2000 (PSRN2000), são consideradas as áreas classificadas como sítios da Lista Nacional (um estatuto atribuído na fase intermédia do processo de inclusão na Rede Natura 2000) e ZPE. Todavia, a dinâmica e a evolução do processo de imple- mentação da Rede Natura 2000 pode justificar a designação de novas áreas sempre que se verifiquem os pressupostos previstos para o efeito. Em Portugal continental foram criadas 29 ZPE, ao abrigo dos Decretos-Leis n. os 280/94, de 5 de Novem- bro, e 384-B/99, de 23 de Setembro, sendo que os 60 sítios da Lista Nacional (criados ao abrigo das Reso- luções do Conselho de Ministros n. os 142/97, de 28 de Agosto, e 76/2000, de 5 de Julho) foram já designados como sítios de importância comunitária (SIC), nos termos das Decisões da Comissão n. os 2004/813/CE, de 7 de Dezembro (adopta a lista dos SIC da região biogeográfica atlântica), e 2006/613/CE, de 19 de Ju- lho (adopta a lista dos SIC da região biogeográfica mediterrânica). A necessidade de manter num estado de conservação favorável os valores naturais que estão na origem da desig- nação dos sítios e das ZPE conduz a que a gestão territorial destas áreas, que abrangem uma superfície total terrestre de 1 820 978,19 ha e uma superfície total marinha de 109 009,19 ha, constitua uma matéria de grande relevância e acuidade. Neste sentido, o Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de Abril, com a redacção dada pelo Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de Fevereiro, ao efectuar a transposição conjunta para o direito interno das Directivas Aves e Habitats, estabeleceu também os mecanismos necessários à gestão dos sítios e das ZPE. Assim, nos termos daquele diploma, os instrumen- tos de gestão territorial aplicáveis devem conter as medidas necessárias para garantir a conservação dos habitats e das populações das espécies que funda- mentaram a classificação dos sítios e das ZPE ou, não contendo essas medidas, deverão integrá-las na primeira revisão ou alteração a que forem sujeitos. Prevê ainda a elaboração de um plano sectorial re- lativo à execução da Rede Natura 2000, que deverá estabelecer as orientações para a gestão territorial nos sítios e nas ZPE, bem como as medidas referentes à conservação das espécies da fauna, flora e habitats, tendo em conta o desenvolvimento económico e social das áreas abrangidas. Posteriormente, também a Estratégia Nacional da Con- servação da Natureza e da Biodiversidade (ENCNB), aprovada pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 152/2001, de 11 de Outubro, reconhece a necessidade de assegurar a conservação do património natural dos sí- tios e das ZPE, definindo-se orientações no que se refere à Rede Natura 2000. A Resolução do Conselho de Ministros n.º 66/2001, de 6 de Junho, determinou, entretanto, a elaboração do plano sectorial relativo à implementação da Rede Natura 2000, estabelecendo também os respectivos objectivos. É neste contexto que se integra a aprovação do PSRN2000, consubstanciando um conjunto de medidas e orientações consideradas adequadas à implementação da Rede Natura 2000 em Portugal, designadamente no território continental. O PSRN2000 é um instrumento de gestão territorial, de concretização da política nacional de conservação da diversidade biológica, visando a salvaguarda e va- lorização dos sítios e das ZPE do território continen- tal, bem como a manutenção das espécies e habitats num estado de conservação favorável nestas áreas. Na sua essência, é um instrumento para a gestão da biodiversidade. Trata-se de um plano desenvolvido a uma macro- escala (1:100 000) para o território continental, que apresenta a caracterização dos habitats naturais e se- minaturais e das espécies da flora e da fauna presentes nos sítios e ZPE e define as orientações estratégicas para a gestão do território abrangido por aquelas áreas, considerando os valores naturais que nele ocorrem, com vista a garantir a sua conservação a médio e a longo prazos. O PSRN2000 vincula as entidades públicas, dele se extraindo orientações estratégicas e normas programá- ticas para a actuação da administração central e local, devendo as medidas e orientações nele previstas ser inseridas nos planos municipais de ordenamento do território (PMOT) e nos planos especiais (PEOT), no prazo máximo de seis anos após a sua aprovação, con- forme resulta do Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de Abril,

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  • 4536-(2) Dirio da Repblica, 1. srie N. 139 21 de Julho de 2008

    PRESIDNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

    Resoluo do Conselho de Ministros n. 115-A/2008

    A Rede Natura 2000 uma rede ecolgica que tem por objectivo contribuir para assegurar a biodiversi-dade atravs da conservao dos habitats naturais e da fauna e da flora selvagens no territrio da Unio Europeia.

    Resultando da aplicao de duas directivas comuni-trias, as Directivas n.os 79/409/CEE, do Conselho, de 2 de Abril (Directiva Aves), e 92/43/CEE, do Conselho, de 21 de Maio (Directiva Habitats), a Rede Natura 2000 constitui um instrumento fundamental da poltica da Unio Europeia, em matria de conservao da natureza e da biodiversidade. Esta rede constituda por zonas de proteco especial (ZPE), criadas ao abrigo da Direc-tiva Aves e que se destinam, essencialmente, a garantir a conservao das espcies de aves e seus habitats, e por zonas especiais de conservao (ZEC), criadas ao abrigo da Directiva Habitats, com o objectivo expresso de contribuir para assegurar a conservao dos habitats naturais e das espcies da flora e da fauna includos nos seus anexos.

    Para efeitos do Plano Sectorial da Rede Natura 2000 (PSRN2000), so consideradas as reas classificadas como stios da Lista Nacional (um estatuto atribudo na fase intermdia do processo de incluso na Rede Natura 2000) e ZPE.

    Todavia, a dinmica e a evoluo do processo de imple-mentao da Rede Natura 2000 pode justificar a designao de novas reas sempre que se verifiquem os pressupostos previstos para o efeito.

    Em Portugal continental foram criadas 29 ZPE, ao abrigo dos Decretos -Leis n.os 280/94, de 5 de Novem-bro, e 384 -B/99, de 23 de Setembro, sendo que os 60 stios da Lista Nacional (criados ao abrigo das Reso-lues do Conselho de Ministros n.os 142/97, de 28 de Agosto, e 76/2000, de 5 de Julho) foram j designados como stios de importncia comunitria (SIC), nos termos das Decises da Comisso n.os 2004/813/CE, de 7 de Dezembro (adopta a lista dos SIC da regio biogeogrfica atlntica), e 2006/613/CE, de 19 de Ju-lho (adopta a lista dos SIC da regio biogeogrfica mediterrnica).

    A necessidade de manter num estado de conservao favorvel os valores naturais que esto na origem da desig-nao dos stios e das ZPE conduz a que a gesto territorial destas reas, que abrangem uma superfcie total terrestre de 1 820 978,19 ha e uma superfcie total marinha de 109 009,19 ha, constitua uma matria de grande relevncia e acuidade.

    Neste sentido, o Decreto -Lei n. 140/99, de 24 de Abril, com a redaco dada pelo Decreto -Lei n. 49/2005, de 24 de Fevereiro, ao efectuar a transposio conjunta para o direito interno das Directivas Aves e Habitats, estabeleceu tambm os mecanismos necessrios gesto dos stios e das ZPE.

    Assim, nos termos daquele diploma, os instrumen-tos de gesto territorial aplicveis devem conter as medidas necessrias para garantir a conservao dos habitats e das populaes das espcies que funda-mentaram a classificao dos stios e das ZPE ou, no contendo essas medidas, devero integr -las na primeira reviso ou alterao a que forem sujeitos. Prev ainda a elaborao de um plano sectorial re-lativo execuo da Rede Natura 2000, que dever estabelecer as orientaes para a gesto territorial nos stios e nas ZPE, bem como as medidas referentes conservao das espcies da fauna, flora e habitats, tendo em conta o desenvolvimento econmico e social das reas abrangidas.

    Posteriormente, tambm a Estratgia Nacional da Con-servao da Natureza e da Biodiversidade (ENCNB), aprovada pela Resoluo do Conselho de Ministros n. 152/2001, de 11 de Outubro, reconhece a necessidade de assegurar a conservao do patrimnio natural dos s-tios e das ZPE, definindo -se orientaes no que se refere Rede Natura 2000.

    A Resoluo do Conselho de Ministros n. 66/2001, de 6 de Junho, determinou, entretanto, a elaborao do plano sectorial relativo implementao da Rede Natura 2000, estabelecendo tambm os respectivos objectivos.

    neste contexto que se integra a aprovao do PSRN2000, consubstanciando um conjunto de medidas e orientaes consideradas adequadas implementao da Rede Natura 2000 em Portugal, designadamente no territrio continental.

    O PSRN2000 um instrumento de gesto territorial, de concretizao da poltica nacional de conservao da diversidade biolgica, visando a salvaguarda e va-lorizao dos stios e das ZPE do territrio continen-tal, bem como a manuteno das espcies e habitats num estado de conservao favorvel nestas reas. Na sua essncia, um instrumento para a gesto da biodiversidade.

    Trata -se de um plano desenvolvido a uma macro-escala (1:100 000) para o territrio continental, que apresenta a caracterizao dos habitats naturais e se-minaturais e das espcies da flora e da fauna presentes nos stios e ZPE e define as orientaes estratgicas para a gesto do territrio abrangido por aquelas reas, considerando os valores naturais que nele ocorrem, com vista a garantir a sua conservao a mdio e a longo prazos.

    O PSRN2000 vincula as entidades pblicas, dele se extraindo orientaes estratgicas e normas program-ticas para a actuao da administrao central e local, devendo as medidas e orientaes nele previstas ser inseridas nos planos municipais de ordenamento do territrio (PMOT) e nos planos especiais (PEOT), no prazo mximo de seis anos aps a sua aprovao, con-forme resulta do Decreto -Lei n. 140/99, de 24 de Abril,

  • Dirio da Repblica, 1. srie N. 139 21 de Julho de 2008 4536-(3)

    com a redaco dada pelo Decreto -Lei n. 49/2005, de 24 de Fevereiro.

    A articulao do PSRN2000 com os demais instru-mentos de gesto territorial efectua -se nos termos pre-vistos no Decreto -Lei n. 380/99, de 22 de Setembro, com a redaco dada pelo Decreto -Lei n. 316/2007, de 19 de Setembro, e de acordo com o preceituado no Decreto -Lei n. 140/99, de 24 de Abril, com a redaco dada pelo Decreto -Lei n. 49/2005, de 24 de Fevereiro, sendo de salientar que so definidas no presente Plano as formas de adaptao dos PMOT e dos PEOT aos princpios e objectivos de conservao dos habitats e das espcies em funo dos quais os stios e as ZPE foram classificados.

    Os trabalhos de elaborao do PSRN2000 foram co-ordenados pelo Instituto da Conservao da Natureza e da Biodiversidade, I. P. (ICNB), e acompanhados pelas autarquias locais cujos territrios esto includos no respectivo mbito de aplicao, de acordo com o precei-tuado no n. 1 do artigo 39. do Decreto -Lei n. 380/99, de 22 de Setembro, na redaco dada pelo Decreto -Lei n. 310/2003, de 10 de Dezembro. A complexidade do PSRN2000 bem como a pluralidade de interesses en-volvidos determinaram que a sua elaborao fosse ainda acompanhada por uma comisso mista de coordenao (CMC), composta pelas entidades constantes do n. 4 da Resoluo do Conselho de Ministros n. 66/2001, de 6 de Junho, e em cujos trabalhos participaram tam-bm as comisses de coordenao e desenvolvimento regional.

    Ao longo da elaborao do Plano foram realizadas vrias sesses pblicas e outras reunies tcnicas, com municpios e entidades representadas na CMC, com vista a analisar e a recolher contributos relativamente ao contedo do mesmo.

    O PSRN2000 foi objecto de discusso pblica, no pe-rodo compreendido entre 26 de Janeiro e 10 de Maro de 2006, durante o qual tiveram lugar diversas sesses pblicas de esclarecimento. Foram ponderados, por fim, os resultados da discusso pblica e concluda a verso final do PSRN2000.

    Assim:Ao abrigo do disposto no n. 4 do artigo 8. do

    Decreto -Lei n. 140/99, de 24 de Abril, com a redac-o dada pelo Decreto -Lei n. 49/2005, de 24 de Fe-vereiro, e no artigo 41. do Decreto -Lei n. 380/99, de 22 de Setembro, na redaco dada pelo Decreto--Lei n. 316/2007, de 19 de Setembro, e nos termos da alnea g) do artigo 199. da Constituio, o Conselho de Ministros resolve:

    1 Aprovar o Plano Sectorial da Rede Natura 2000 (PSRN2000) relativo ao territrio continental, composto por relatrio, que consta do anexo I da presente reso-luo e que dela faz parte integrante, fichas de stios e

    zonas de proteco especial, abreviadamente ZPE, que consta do anexo II da presente resoluo e que dela faz parte integrante, e glossrio de orientaes de gesto, que consta do anexo III da presente resoluo e que dela faz parte integrante.

    2 Actualizar, de acordo com as fichas de stios e ZPE constantes do anexo II da presente resoluo, a identifica-o dos tipos de habitats naturais e das espcies da flora e da fauna que ocorrem em cada um dos stios da Lista Nacional de Stios, constante das Resolues do Conselho de Ministros n.os 142/97, de 28 de Agosto, e 76/2000, de 5 de Julho.

    3 Determinar que, no prazo de cinco anos a con-tar da sua aprovao, o PSRN2000 deve ser objecto de apreciao quanto necessidade de proceder sua reviso.

    4 Definir que a necessria adaptao dos planos espe-ciais e dos planos municipais de ordenamento do territrio existentes face ao PSRN2000 efectuada no prazo de seis anos a contar da publicao deste e de acordo com as formas de adaptao nele definidas, nos termos do n. 7 do artigo 8. do Decreto -Lei n. 140/99, de 24 de Abril, na redaco dada pelo Decreto -Lei n. 49/2005, de 14 de Fevereiro.

    5 Estabelecer que se encontram disponveis para consulta no stio da Internet do Instituto da Conservao da Natureza e da Biodiversidade, I. P., os seguintes elementos de suporte ao PSRN2000:

    a) Identificao da ocorrncia de habitats naturais e de espcies da flora e da fauna;

    b) Fichas de caracterizao ecolgica e de gesto dos valores naturais;

    c) Cartografia indicativa dos valores naturais: habitats naturais e espcies da flora e da fauna;

    d) Cartografia indicativa das orientaes de gesto.

    6 Criar a comisso de acompanhamento e avaliao do PSRN2000, com a composio e as competncias de-finidas no n. 8 do relatrio do PSRN2000, constante do anexo I da presente resoluo.

    7 Determinar que a designao dos membros da comisso de acompanhamento e avaliao do PSRN2000 e a determinao do seu mandato feita por despacho conjunto dos membros do Governo responsveis pelas reas da administrao local, do ambiente e do ordenamento do territrio, da econo-mia e da agricultura, do desenvolvimento rural e das pescas.

    Presidncia do Conselho de Ministros, 5 de Junho de 2008. O Primeiro -Ministro, Jos Scrates Carvalho Pinto de Sousa.

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    ANEXO I

    Plano Sectorial da Rede Natura 2000

    Relatrio

    1. A Rede Natura 2000 A Rede Natura 2000 uma rede ecolgica resultante da

    aplicao das Directivas n. 79/409/CEE, de 2 de Abril, (Directiva Aves) e n. 92/43/CEE, de 21 de Maio de 1992, (Directiva Habitats). Tal como definido pelo Artigo 2. da Directiva Habitats, tem como objectivo contribuir para assegurar a biodiversidade atravs da conservao dos habitats naturais e da fauna e da flora selvagens no ter-ritrio europeu dos Estadosmembros em que o Tratado aplicvel.

    A Rede Natura 2000 composta por reas de impor-tncia comunitria para a conservao de determinados habitats e espcies, nas quais as actividades humanas so compatveis com a preservao destes valores, visando uma gesto sustentvel do ponto de vista ecolgico, econmico e social. A seleco das reas da Rede Natura 2000 tem por base critrios exclusivamente cientficos.

    As Directivas Aves e Habitats esto harmonizadas e transpostas para o direito nacional pelo Decreto-Lei n. 140/99, de 24 de Abril, com a redaco que lhe foi dada pelo Decreto-Lei n. 49/2005, de 24 de Fevereiro. Este define os procedimentos a adoptar em Portugal para a sua aplicao. Em Portugal Continental, nos termos do referido Decreto-Lei n. 49/2005, de 24 de Fevereiro, a Rede Natura 2000 composta por: Stios da Lista Nacional (criados ao abrigo das Resolu-

    es de Conselho de Ministros n. 142/97, de 28 de Agosto, e n. 76/2000, de 5 de Julho), adiante designados Stios; Zonas de Proteco Especial, adiante designadas

    ZPE (ZPE do Esturio do Tejo criada pelo Decreto-Lei n. 280/94, de 5 de Novembro, e restantes ZPE criadas pelo Decreto-Lei n. 384-B/99, de 23 de Setembro).

    O PSRN2000 refere-se a 29 ZPE (Quadro n. 1) e 60 Stios (Quadro n. 2). Estas reas abrangem uma superfcie total terrestre de 1.820978,19 hectares, representando cerca de 20,47% do territrio continental.

    Encontram-se aprovadas as listas de Stios de Impor-tncia Comunitria das Regies Biogeogrficas Atlntica e Mediterrnica nos termos das Decises da Comisso n. 2004/813/CE, de 7 de Dezembro e n. 2006/613/CE, de 19 de Julho. No entanto, a aprovao destas listas comporta algumas reservas relativamente a habitats naturais e esp-cies considerados como insuficientemente representados na Rede Natura 2000, para os quais necessrio designar rea adicional.

    Atravs dos Decretos Regulamentares n. 6/2008, de 26 de Fevereiro, e n. 10/2008, de 26 de Maro, foram criadas, respectivamente, as ZPE de Monchique e Cal-deiro, e Monforte, Veiros, Vila Fernando, So Vicente, vora, Reguengos, Cuba e Piarras. Pelo Decreto-Lei n. 59/2008, de 27 de Maro, foram ainda alargados os limites das ZPE de Moura/Mouro/Barrancos e Castro Verde. A informao relativa a estas reas classificadas, incluindo a cartografia de limites, os valores naturais presentes e as orientaes de gesto, ser includa na primeira reviso do PSRN2000.

    QUADRO N. 1

    Lista das Zonas de Proteco Especial (ZPE)

    Designao da ZPE Cdigo

    Aude da Murta PTZPE0012Cabo Espichel PTZPE0050Campo Maior PTZPE0043Castro Verde PTZPE0046Costa Sudoeste PTZPE0015Douro Internacional e Vale do gueda PTZPE0038Esturio do Sado PTZPE0011Esturio do Tejo PTZPE0010Esturios dos Rios Minho e Coura PTZPE0001Ilhas Berlengas PTZPE0009Lagoa da Sancha PTZPE0014Lagoa de Santo Andr PTZPE0013Lagoa Pequena PTZPE0049Leixo da Gaivota PTZPE0016Montesinho / Nogueira PTCON0002 Mouro / Moura / Barrancos PTZPE0045Paul da Madriz PTZPE0006Paul de Arzila PTZPE0005Paul do Boquilobo PTZPE0008Paul do Taipal PTZPE0040Ria de Aveiro PTZPE0004Ria Formosa PTZPE0017Rios Sabor e Mas PTZPE0037Sapais de Castro Marim PTZPE0018Serra da Malcata PTZPE0007Serra do Gers PTZPE0002Tejo Internacional, Erges e Pnsul PTZPE0042Vale do Ca PTZPE0039Vale do Guadiana PTZPE0047

    QUADRO N. 2

    Stios da Lista Nacional

    Cdigo Designao do Stio Cdigo Designao do Stio

    PTCON0003 Alvo /Maro PTCON0023 MoraisPTCON0035 Alvito /Cuba PTCON0053 Moura /BarrancosPTCON0052 Arade /Odelouca PTCON0037 MonchiquePTCON0006 Arquiplago da Berlenga PTCON0031 MonfuradoPTCON0010 Arrbida /Espichel PTCON0002 Montesinho / Nogueira

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    Cdigo Designao do Stio Cdigo Designao do Stio

    PTCON0046 Azabuxo Leiria PTCON0044 Nisa / Lage da PrataPTCON0018 Barrinha de Esmoriz PTCON0005 Paul de ArzilaPTCON0049 Barrocal PTCON0056 Peniche / Santa CruzPTCON0029 Cabeo PTCON0058 Ria de AlvorPTCON0033 Cabrela PTCON0013 Ria Formosa / Castro MarimPTCON0030 Caia PTCON0038 Ribeira de QuarteiraPTCON0057 Caldeiro PTCON0059 Rio PaivaPTCON0016 Cambarinho PTCON0026 Rio VougaPTCON0027 Carregal do Sal PTCON0021 Rios Sabor e MasPTCON0050 Cerro da Cabea PTCON0043 RomeuPTCON0051 Complexo do Aor PTCON0007 So MamedePTCON0034 Comporta /Gal PTCON0041 SamilPTCON0012 Costa Sudoeste PTCON0015 Serras de Aire e CandeeirosPTCON0022 Douro Internacional PTCON0014 Serra da EstrelaPTCON0055 Dunas de Mira, Gndara e Gafanhas PTCON0047 Serras da Freita e AradaPTCON0011 Esturio do Sado PTCON0028 Serra da GardunhaPTCON0009 Esturio do Tejo PTCON0060 Serra da LousPTCON0054 Ferno Ferro /Lagoa de Albufeira PTCON0048 Serra de MontejuntoPTCON0036 Guadiana PTCON0025 Serra de MontemuroPTCON0032 Guadiana /Juromenha PTCON0045 Sic / AlvaizerePTCON0004 Malcata PTCON0008 Sintra / CascaisPTCON0042 Minas de St. Adrio

    2. Enquadramento do Plano Sectorial da Rede Na-tura 2000

    Nos termos da Lei de Bases de Ordenamento do Terri-trio (Lei n. 48/98, de 11 de Agosto) e respectiva regula-mentao (Decreto-Lei n. 380/99, de 22 de Setembro, na sua redaco actual) os planos sectoriais so instrumentos de programao ou de concretizao das diversas polticas com incidncia na organizao do territrio estabele-cendo entre outros aspectos a articulao da poltica sectorial em causa com os demais instrumentos de gesto territorial aplicveis.

    O n. 4 do artigo 8. do Decreto-Lei n. 140/99, de 24 de Abril, com a redaco dada pelo Decreto-Lei n. 49/2005, de 24 de Fevereiro, determina a elaborao de um plano sectorial relativo implementao da Rede Natura 2000 que estabelea o mbito e enquadramento das medidas referentes conservao das espcies da flora, da fauna e dos habitats naturais e tendo em conta o desenvolvimento econmico e social das reas abrangidas.

    O Plano Sectorial da Rede Natura 2000 (PSRN2000) constitui um instrumento de concretizao da poltica na-cional de conservao da biodiversidade, visando a salva-guarda e valorizao dos Stios e ZPE do territrio conti-nental, bem como a manuteno nestas reas das espcies e habitats num estado de conservao favorvel.

    Nesta medida, a aplicao das orientaes de gesto e das outras normas programticas estabelecidas no PSRN2000 so da responsabilidade da administrao central e local, e assumindo as seguintes formas: Criao ou reviso do quadro legislativo; Reviso ou alterao de outros instrumentos de ges-

    to territorial, nomeadamente planos municipais, planos especiais de ordenamento do territrio e planos de gnese sectorial ou regional;

    Elaborao de Planos de Gesto territoriais; Elaborao de Planos de Aco orientados para es-

    pcies ou habitats; Integrao e orientao de medidas programticas

    ou de poltica sectorial tais como, e a ttulo de exemplo, as enquadradas no Programa de Desenvolvimento Ru-ral Continente (2008-2013), na poltica da gua ou de transportes ou nas polticas costeira e marinha; Elaborao de acordos, parcerias ou medidas contra-

    tuais (com actores pblicos ou privados); Estabelecimento de medidas de carcter adminis-

    trativo.

    3. Objectivos A Resoluo do Conselho de Ministros n. 66/2001,

    de 6 de Junho, determina a elaborao do PSRN2000, de acordo com os seguintes objectivos: Estabelecer orientaes para a gesto territorial das

    ZPE e Stios; Estabelecer o regime de salvaguarda dos recursos e

    valores naturais dos locais integrados no processo, fixando os usos e o regime de gesto compatveis com a utilizao sustentvel do territrio; Representar cartograficamente, em funo dos dados

    disponveis, a distribuio dos habitats presentes nos Stios e ZPE; Estabelecer directrizes para o zonamento das reas em

    funo das respectivas caractersticas e prioridades de con-servao; Definir as medidas que garantam a valorizao e a ma-

    nuteno num estado de conservao favorvel dos habitats e espcies, bem como fornecer a tipologia das restries ao uso do solo, tendo em conta a distribuio dos habitats a proteger;

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    Fornecer orientaes sobre a insero em plano muni-cipal ou especial de ordenamento do territrio das medidas e restries mencionadas nas alneas anteriores; Definir as condies, os critrios e o processo a seguir

    na realizao da avaliao de impacte ambiental e na anlise de incidncias ambientais.

    4. mbito territorial

    O PSRN2000 aplica-se s reas classificadas ao abrigo do Decreto-Lei n. 140/99, de 24 de Abril, com a redaco dada pelo Decreto-Lei n. 49/2005, de 24 de Fevereiro, no territ-rio continental e identificadas no mapa adiante apresentado.

    5. Sntese Metodolgica

    A informao de base relativa aos valores naturais re-levantes para a garantia do cumprimento das Directivas

    Aves e Habitats, correspondentes aos listados nos Anexos I da Directiva Aves e Anexos I e II da Directiva Habitats, resultou da recolha exaustiva da informao j existente,

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    produzida pelo ICNB ou outras instituies, e a sua siste-matizao e uniformizao. Excepes foram feitas para a informao sobre a distribuio geogrfica das espcies de aves mais relevantes para a coerncia de cada uma das ZPE (designadas como espcies-alvo), e para a produo das fichas de caracterizao ecolgica e de gesto dos habitats naturais.

    Com a informao compilada e produzida foram ela-boradas fichas de caracterizao ecolgica e de gesto de valores naturais (disponveis em www.icnb.pt) , tendo a cartografia da distribuio dos valores naturais sido digi-talizada na melhor escala disponvel, adoptando a escala de 1:100 000 como referncia do plano.

    No anexo II da Resoluo de Conselho de Ministros que aprova este relatrio, em cada um dos Stios e ZPE, o PSRN2000:

    Actualiza a informao relativa ocorrncia de habi-tats naturais e de espcies da flora e da fauna; Identifica orientaes de gesto, com carcter indica-

    tivo, e enquadra-as no conjunto de factores que actuam so-bre os valores naturais presentes em cada Stio ou ZPE; No contm todas as especificaes necessrias exe-

    cuo de aces de conservao dos valores naturais, nem esgota outras necessidades de gesto da Rede Natura.

    Para facilitar a compreenso do significado de cada orientao de gesto foi produzido um glossrio (Anexo III da Resoluo de Conselho de Ministros que aprova este relatrio), com os conceitos utilizados e incluindo a dis-criminao das especificidades associadas aos diferentes valores naturais. Ao longo do processo de reviso a que este glossrio foi submetido, algumas das orientaes de gesto foram englobadas noutras, de maior abrangncia, razo pela qual se podem observar descontinuidades na sua numerao.

    Definem-se stios relevantes para garantir a manuten-o de um habitat ou de uma espcie num estado de con-servao favorvel, como sendo aqueles onde se verifica pelo menos uma das seguintes caractersticas: constituem dos poucos locais onde ocorre, integram o seu limite de distribuio ou incluem os ncleos ou as sub-populaes mais bem conservadas. No caso de stios relevantes para a manuteno de uma espcie num estado de conservao favorvel, estes podem ainda apresentar caractersticas de habitat particularmente favorveis ou inclurem isolados populacionais.

    5.1. Fichas de Stios e ZPE

    As fichas de Stios e ZPE (Anexo II) englobam uma caracterizao da rea sob os pontos de vista biogeogr-fico, ecolgico (com a indicao das espcies e dos tipos de habitat determinantes para a sua classificao), agro-florestal, do uso e ocupao do solo, incluindo alguns indicadores socio-econmicos, e a lista dos valores naturais que nela ocorrem, constantes dos anexos do Decreto-Lei n. 49/2005, de 24 de Fevereiro.

    Na identificao dos valores naturais que ocorrem no Stio ou ZPE, dado especial destaque aqueles cuja pre-sena foi determinante para a criao daquela rea clas-sificada.

    Estas fichas incluem tambm referncia aos principais factores de ameaa conservao dos valores naturais e s orientaes de gesto a implementar.

    As fichas de Stios e ZPE permitem evidenciar os usos e actividades que mais influenciam, directa ou indirec-tamente, o estado de conservao dos valores naturais presentes.

    As orientaes de gesto identificadas nas fichas de Stio ou ZPE enquadram, de uma forma genrica, as medidas necessrias conservao dos valores naturais protegidos pelas Directivas Aves e Habitats, as quais se aplicam e transpem para os instrumentos de gesto territorial ou outros planos e programas, incluindo os que se traduzem em apoios financeiros a actividades. A sua redaco condicionada pelo carcter estratgico do PSRN2000 e pela respectiva escala de elaborao (c.f. 5.4.).

    As orientaes de gesto identificadas nas fichas de Stio e ZPE reportam-se s exigncias ecolgicas dos valores naturais tendo em conta os respectivos objectivos de con-servao e factores de ameaa. So includas aquelas que se consideram fundamentais para a garantia de manuteno num estado de conservao favorvel dos valores naturais que determinaram a criao do Stio ou ZPE, compatibi-lizando as actividades humanas com a conservao da biodiversidade.

    So listadas as orientaes de gesto determinadas por cada um dos valores naturais que ocorrem no Stio, ou das espcies-alvo de cada uma das ZPE, com a respectiva identificao, o que permite estabelecer a relao com a informao das fichas de caracterizao ecolgica e de gesto de valores naturais.

    Para a identificao das orientaes de gesto a adoptar em cada rea classificada, aplicou-se a seguinte metodo-logia:

    Identificao de todas as orientaes de gesto pre-conizadas para as espcies da flora e da fauna e os tipos de habitat presentes em cada Stio ou ZPE, com base em informao das fichas de caracterizao ecolgica e de gesto de valores naturais que ocorrem naquelas reas classificadas; Agregao destas orientaes de gesto e triagem,

    em funo das especificidades de cada Stio ou ZPE, eli-minando as que, para a rea em causa, se consideraram desajustadas.

    Deste modo, a aplicao das orientaes de gesto iden-tificadas nas fichas dos Stios e ZPE carece de articulao com as orientaes correspondentes nas fichas de caracteri-zao ecolgica e de gesto dos valores naturais, nas quais se encontram detalhados os condicionamentos especficos a observar, face s respectivas exigncias ecolgicas e factores de ameaa.

    5.2. Fichas de caracterizao ecolgica e de gesto dos valores naturais

    Estas fichas contm a caracterizao ecolgica, a iden-tificao de ameaas sua manuteno, os objectivos de conservao identificados e as orientaes de gesto ne-cessrias para assegurar a conservao dos valores naturais a mdio e longo prazo. Entre outros aspectos, ressalta a importncia da gesto agrcola e florestal para a manuten-o de um estado de conservao favorvel de um conjunto muito significativo de habitats naturais (e.g. charnecas secas (4030), Prados ibricos siliciosos com Festuca in-digesta (6160), Montados de Quercus suber e ou Quercus ilex (6310)) e de espcies da flora (e.g. Festuca elegans,

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    Ononis hackelii) e da fauna (e.g. Lynx pardinus, aves es-teprias, Chioglossa lusitanica).

    Em casos especficos, alguns dos valores naturais fo-ram agrupados em resultado de exibirem caractersticas ou exigncias ecolgicas e de gesto semelhantes. Foi efectuado o levantamento das ameaas que so actuantes ou expectveis num futuro prximo.

    Foram elaboradas 88 fichas de habitats naturais, 84 fichas de espcies da flora e 125 de espcies da fauna. As fichas dos habitats naturais foram elaboradas pela ALFA Associao Lusitana de Fitossociologia. No caso das fichas das espcies da flora e da fauna, a informao re-colhida proveniente de vrios projectos e estudos de inventariao e caracterizao promovidos pelo ICNB e pela comunidade cientfica portuguesa, realizados at Novembro de 2005.

    No caso da avifauna, as fichas das espcies-alvo foram elaboradas adaptando os critrios do BirdLife para a desig-nao de reas Importantes para as Aves (IBA, ImportantBird Areas).

    5.3. Cartografia de valores naturais

    Procedeu-se harmonizao da informao cartogrfica disponvel sobre habitats naturais, e espcies da flora e da fauna. Para as espcies de aves, foi elaborada cartografia especificamente orientada para o PSRN2000.

    A sistematizao para a escala 1:100 000 da informao de base cartogrfica disponvel, em diversos formatos (polgonos, estruturas lineares, pontos de amostragem e levantamentos em quadrcula) e com escalas de levanta-mento variadas, implicou simplificaes e generalizaes que carecem de posterior aferio e validao, para efeitos da sua mais adequada utilizao na transposio de orien-taes para os IGT.

    Sobre a cartografia produzida destacam-se os seguintes elementos:

    Habitats naturais na informao disponvel existem diferenas de pormenor e de qualidade entre reas do pas. Verifica-se a ausncia de cartografia para alguns habitats de distribuio localizada/pontual, o que impossibilita a sua apresentao na escala adoptada pelo PSRN2000. H ainda a registar a ocorrncia de diversos habitats cartogra-fados numa mesma mancha, no individualizados, por se verificar a sua ocorrncia em mosaicos cartograficamente no destrinveis, por num mesmo espao ocorrem estratos diferenciados, ou resultado da escala de levantamento adoptada; Espcies da flora a generalidade da informao

    cartogrfica existente refere-se a registos pontuais, sendo apresentada uma cartografia de ocorrncias conhecidas, para espcies com maior grau de ameaa e localizao restrita, no podendo ser confundida com uma cartografia de distribuio das espcies em causa; Espcies de fauna (com excepo da avifauna) a

    cartografia apresentada funo do tipo de informao disponvel sobre cada uma das espcies, nomeadamente em termos de grau de cobertura da distribuio e de escala de levantamento; Espcies de aves consideradas mais relevantes para

    a coerncia de cada uma das ZPE ou espcies-alvo a cartografia foi efectuada com base no conhecimento de terreno dos especialistas em cada espcie (ou grupo de espcies) apoiada em cartografia de uso do solo.

    O trabalho de compatibilizao e adaptao das dis-posies do PSRN2000 dever ter por base a informao contida nas fichas de caracterizao ecolgica e de gesto dos valores naturais e a sua cartografia, produzida com uma metodologia ajustada escala 1:25 000 ou maior, necessria adequada insero em plano municipal ou especial de ordenamento do territrio das orientaes do PSRN2000.

    5.4. Orientaes de gestoAs orientaes de gesto foram agrupadas por blocos

    temticos: Agricultura e pastorcia; Silvicultura; Edificao e infra-estruturas; Outros usos e actividades (usos do solo ou actividades

    econmicas no includos nos grupos anteriores); Orientaes especficas (orientaes relacionadas com

    gesto directa de espcies ou habitats);

    O bloco temtico designado orientaes especficas agrupa um conjunto de orientaes de gesto (activa ou passiva) complementares, para as situaes em que se considera que as medidas regulamentares so insuficientes para a obteno de resultados positivos de conservao.

    Foi desenvolvido um exerccio de cartografia das orientaes de gesto (disponvel em www.icnb.pt), que constitui uma ferramenta indicativa da sua aplicao ao territrio.

    No mbito deste exerccio, no foram cartografadas algumas orientaes de gesto que se encontram nas se-guintes condies: No so cartografveis escala de trabalho do

    PSRN2000, devido ao detalhe associado sua execuo (por exemplo, desobstruir a entrada de abrigos para mor-cegos); Pela sua abrangncia, se aplicam generalidade do

    territrio do continente (por exemplo, condicionar ex-panso urbano-turstica ou condicionar a construo de infraestruturas); Constituem princpios gerais da poltica de conserva-

    o da natureza aplicveis a quase todos os valores naturais (por exemplo, adquirir conhecimento e prospectar a esp-cie/habitat ou melhorar a eficcia da fiscalizao).

    Numa primeira etapa, a representao cartogrfica das orientaes de gesto foi elaborada com base na distribui-o cruzada dos habitats, e das espcies da flora e da fauna. A sobreposio da correspondente cartografia de orienta-es de gesto obrigou a um exerccio de anlise e tomada de decises, caso a caso, sempre que se existiam orien-taes de gesto contraditrias para um mesmo espao.

    O resultado obtido no substitui o confronto do uso e ocupao actual do solo com as fichas e cartografia de valores naturais, sempre que as opes concretas a adoptar exijam maior rigor que o possvel numa escala de refern-cia de 1:100 000.

    6. Anlise Global 6.1. Habitats naturais e espcies da flora e da fauna

    representados em PortugalO registo da ocorrncia de habitats naturais e de espcies

    da flora e da fauna (disponvel em www.icnb.pt) inclui as

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    listas dos valores naturais includos nos anexos I e II da Directiva n. 92/43/CEE representados em cada um dos Stios. Inclui ainda a lista das aves consideradas espcies-alvo em cada uma das ZPE.

    No esquecendo que as obrigaes do Estado Portugus se referem totalidade dos valores protegidos pelas Direc-tivas Aves e Habitats, possvel identificar situaes de maior fragilidade que exigem mais detalhe na avaliao das decises subsequentes aprovao do PSRN2000.

    A contribuio de Portugal para a manuteno do estado favorvel de conservao dos valores protegidos aferida pela sua raridade e sensibilidade em territrio nacional, mas tambm pela sua peculiaridade no espao europeu. Um valor escassamente representado a nvel comunitrio que ocorra maioritariamente em territrio nacional, constitui uma responsabilidade a que se dever dar resposta.

    Na Regio Atlntica do espao EUR15, o tipo de ha-bitat prioritrio 5230* (matos altos de laurides), que s ocorre em Portugal, e ainda os tipos 2230 (areias costeiras com prados anuais oligotrficos), 6160 (matos rasteiros pioneiros e prados psicroxerfilos), 9380 (azevinhais) e 9580* (bosquetes de teixo) que esto limitados ao espao ibrico, constituem prioridades do PSRN2000.

    Tambm na Regio Mediterrnica do espao EUR15 ocorrem exclusivamente em Portugal os tipos de habitats 1330 (prados-juncais dos esturios atlnticos), 2170 (de-presses dunares com matagais de Salix arenaria), 4010 (urzais turffilos de Erica tetralix e Calluna vulgaris) e 5140* (matos baixos litorais com Cistus palhinhae), es-tando limitados Pennsula Ibrica os tipos 1230 (falsias atlnticas com vegetao), 1320 (arrelvados dominados por Spartina maritima), 2130* (dunas cinzentas), 2150* (tojais psamfilos), 2230 (areias costeiras com prados anuais oligotrficos), 3110 (guas oligotrficas em areias com vegetao da Littorelletalia), 4020* (urzais-tojais meso-higrfilos e higrfilos), 6160 (matos rasteiros pioneiros e prados psicroxerfilos), 9230, 9240 (carvalhais de Quercus robur e/ou Q. pyrenaica e de Q. faginea subsp. broteroi)e 92B0 (amiais com adelfeiras), onde se salientam trs tipos prioritrios.

    No contexto europeu, a localizao perifrica de Portu-gal confere-lhe elevada e singular biodiversidade tornando expressivas as variaes regionais dos tipos de habitat,, que no territrio continental se traduzem em 168 subtipos, muitos deles com reduzida extenso de ocorrncia, uma marcada especializao ou carcter fincola, com carac-tersticas nicas e no replicveis.

    Um cruzamento entre os tipos de habitat que ocorrem num menor nmero de Stios considerados como relevan-tes um, dois ou trs , e aqueles que apresentam uma tendncia decrescente de rea de ocupao ou cujo estado de conservao mdio ou desfavorvel, considerando ainda o seu estatuto de endemicidade, permite destacar os seguintes tipos de habitat a que necessrio dedicar uma ateno especial:

    i) Matos baixos litorais com Cistus palhinhae (5140*), tipo de habitat prioritrio, endmico portugus, que s ocorre em PTCON0012 Costa Sudoeste;

    ii) Bosquetes de teixo (9580*), tipo de habitat priori-trio, limitado Pennsula ibrica, que tem como stios relevantes PTCON0001 Peneda/Gers e PTCON0014 Serra da Estrela;

    iii) Depresses dunares com Salix arenaria (2170), tipo de habitat endmico portugus, que s tem como

    stio relevante PTCON0055 Dunas de Mira, Gndara e Gafanhas;

    iv) Urzais turffilos de Erica tetralix e Calluna vulgaris(4010), tipo de habitat que s tem como stio relevante PTCON0001 Peneda/Gers;

    v) Dunas atlnticas com bosques de Querci ou pinhais disclimcicos (2180), ocorrendo com relevncia com ape-nas o stio PTCON0017 Litoral Norte como relevante;

    vi) Dunas costeiras e paleodunas com vegetao anual oligotrfica (2230), tipo de habitat com distribuio limi-tada Pennsula ibrica, que apresenta como stios relevan-tes PTCON0013 Ria Formosa/Castro Marim, PTCON0034 Comporta/Gal e PTCON0054 Ferno Ferro/Lagoa de Albufeira;

    vii) guas oligotrficas sobre areias com vegetao da Littorelletalia (3110), tipo de habitat limitado Penn-sula ibrica, que tem como stios relevantes PTCON0034 Comporta/Gal e PTCON0055 Dunas de Mira, Gndara e Gafanhas.

    Interessa destacar os seguintes tipos de habitat que exi-gem melhoria do seu estado de conservao.

    a) Com apenas um stio relevante:

    i) Prados-juncais dos esturios atlnticos (1330), no stio PTCON0019 Rio Minho;

    ii) Cascalheiras ribeirinhas com comunidades herbceas (3250), tipo de habitat especializado, no Stio PTCON0022 Douro internacional;

    iii) Matos de eufrbias (5320), no Stio PTCON0010 Arrbida/Espichel.

    b) Com dois Stios relevantes:

    i) Bosques mesotrficos de plano-caduciflias (9160), tipo de habitat que exige incremento tanto da rea de ocu-pao como do grau de conservao e que ocorre de modo relevante PTCON0001 Peneda/Gers e PTCON002 Mon-tesinho/Nogueira;

    ii) Amiais com adelfeiras (92B0), tipo de habitat limi-tado Pennsula Ibrica, exigindo melhoria do grau de conservao e com relevncia em PTCON0016 Camba-rinho e PTCON0037 Monchique como relevantes;

    iii) Rias de guas salgadas (1160), tipo de habitat ne-cessitando de melhoria do estado de conservao e com relevncia em PTCON0013 Ria Formosa/Castro Marim e PTCON0058 Ria de Alvor como relevantes;

    iv) Arribas costeiras do litoral Norte (1230), tipo de ha-bitat com vegetao especfica, necessitando de incremento do grau de conservao e com relevncia em PTCON0006 Arquiplago da Berlenga e PTCON0017 Litoral Norte como relevantes;

    v) Grutas, algares e minas, no ou pouco perturbados (8310), tipo de habitat exigindo melhoria do grau de con-servao e com relevncia em PTCON0015 Serras de Aire e Candeeiros e PTCON0024 Valongo como relevantes.

    c) Com trs Stios relevantes:

    i) Depresses hmidas intradunares (2190), em PT-CON0017 Litoral Norte, PTCON0034 Comporta/Gal e PTCON0055 Dunas de Mira, Gndara e Gafanhas;

    ii) Bitopos higroturfosos com vegetao pioneira (7150), em PTCON0001 Peneda/Gers, PTCON0034 Comporta/Gal e PTCON0039 Serra d Arga;

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    iii) Bosques higrfilos no ripcolas de freixo (91B0), em PTCON0004 Malcata, PTCON0031 Monfurado e PT-CON0038 Ribeira de Quarteira;

    iv) Bosques de zambujeiro e alfarrobeira (9320), em PTCON0010 Arrbida/Espichel, PTCON0036 Guadiana e PTCON0049 Barrocal.

    Para alm destes, h um conjunto de outros habitats que devido sua importncia ecolgica, baixa frequncia, rea de ocorrncia pontual, reduzida ou fragmentada, se definem como de conservao prioritria. De modo a sis-tematizar estas especificidades, apresentado um resumo dos tipos de habitats referidos (Quadro n. 3).

    QUADRO N. 3

    Tipos de habitat de conservao prioritria

    Cdigo Prioritrio Tipo Stios relevantes Carcterde endemicidadeObjectivo

    rea de ocupaoObjectivo

    Estadode Conservao

    5140 * Matos baixos litorais com Cistus palhinhae PTCON0012 Portugus Aumentar Melhorar

    9580 * Bosquetes de teixo PTCON0001 PTCON0014

    Ibrico Aumentar Melhorar

    2170 Depresses dunares com Salix arenaria PTCON0055 Portugus Aumentar Melhorar

    4010 Urzais turffilos de Erica tetralix e Calluna vulgaris PTCON0001 Aumentar Melhorar

    2180 Dunas atlnticas com bosques de Querci ou pinhais dis-climcicos

    PTCON0017 Aumentar Melhorar

    2230 Dunas costeiras e paleodunas com vegetao anual oli-gotrfica

    PTCON0013PTCON0034PTCON0054

    Ibrico Aumentar Melhorar

    3110 guas oligotrficas sobre areias com vegetao da Lit-torelletalia

    PTCON0034PTCON0055

    Ibrico Aumentar Melhorar

    1330 Prados-juncais dos esturios atlnticos PTCON0019 Desconhecido Melhorar

    3250 Cascalheiras ribeirinhas com comunidades herbceas PTCON0022 Desconhecido Melhorar

    5320 Matos de eufrbias PTCON0010 Desconhecido Melhorar

    9160 Bosques mesotrficos de plano-caduciflias PTCON0001 PTCON0002

    Aumentar Melhorar

    92B0 Amiais com adelfeiras PTCON0016 PTCON0037

    Ibrico Desconhecido Melhorar

    1160 Rias de guas salgadas PTCON0013 PTCON0058

    Desconhecido Melhorar

    1230 Arribas costeiras do litoral Norte PTCON0006 PTCON0017

    Desconhecido Melhorar

    8310 Grutas, algares e minas, no ou pouco perturbados PTCON0015 PTCON0024

    Desconhecido Melhorar

    2190 Depresses hmidas intradunares PTCON0017 PTCON0034PTCON0055

    Aumentar Melhorar

    7150 Bitopos higroturfosos com vegetao pioneira PTCON0001 PTCON0034PTCON0039

    Aumentar Melhorar

    91B0 Bosques higrfilos no ripcolas de freixo PTCON0004 PTCON0031PTCON0038

    Aumentar Melhorar

    9320 Bosques de zambujeiro e alfarrobeira PTCON0010 PTCON0036PTCON0049

    Aumentar Melhorar

    1150 * Lagunas costeiras Vrios (5) Aumentar Melhorar

    9560 * Bosques com Juniperus Vrios (5) Aumentar Melhorar

    2250 * Dunas e paleodunas com matagais de zimbro Vrios (7) Aumentar Melhorar

    4020 * Urzais-tojais meso-higrfilos ou higrfilos Vrios (10) Aumentar Melhorar

    3170 * Charcos temporrios mediterrnicos Vrios (8) Manter Melhorar

    3160 Charcas distrficas naturais com Utricularia Vrios (4) Aumentar Melhorar

    9240 Carvalhais de Quercus faginea subsp. broteroi Vrios (4) Aumentar Melhorar

    9340 Bosques de Quercus rotundifolia Vrios (5) Aumentar Melhorar

    2260 Areais dunares com matos dominados por Stauracan-thus

    Vrios (6) Aumentar Melhorar

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    Cdigo Prioritrio Tipo Stios relevantes Carcterde endemicidadeObjectivo

    rea de ocupaoObjectivo

    Estadode Conservao

    7140 Turfeiras Vrios (6) Aumentar Melhorar

    9330 Sobreirais Vrios (6) Aumentar Melhorar

    5210 Matagais de zimbros sobre substratos compactos Vrios (7) Aumentar Melhorar

    9230 Carvalhais de Quercus robur e/ou Q. pyrenaica Vrios (8) Aumentar Melhorar

    3130 guas paradas com vegetao de Littorelletea unifloraee/ou de IsoetoNanojuncetea

    Vrios (3) Manter Melhorar

    3120 guas oligotrficas sobre areias, com Isoetes Vrios (4) Manter Melhorar

    No se incluem nos tipos acima enumerados diversos subtipos com elevada sensibilidade e com frequncia e rea de ocupao baixas, sujeitos a ameaas relevantes, mais exigentes em termos de objectivos de conservao do que o prprio tipo em que se integram, necessitando de aces adicionais orientadas para a sua conservao.

    De entre estes subtipos, por exigirem simultaneamente aumento de rea de ocupao e incremento do grau de conservao, destacam-se os seguintes:

    i) Malhadais (6220*pt2), prioritrio;ii) Arrelvados vivazes neutrobasfilos de gramneas

    altas (6220*pt3), prioritrio;iii) Amiais e salgueirais paludosos (91E0*pt3), prio-

    ritrio;iv) Bancos com Cymodocea nodosa (1110pt2);v) Bancos com Zostera marina (1110pt3);vi) Bancos com Zostera noltii (1110pt4);vii) Esturios atlnticos (1130pt2);viii) Bancos de sedimentos intermareais com Zostera

    noltii (1140pt2);ix) Salgueirais-choupais algarvios de choupos-brancos

    (92A0pt1).

    Identificam-se as espcies da flora e os territrios que as acolhem que suscitam ateno particular no quadro do PSRN2000. Destacam-se as espcies que se encontram simultaneamente numa situao mais grave em termos de conservao, so exclusivas de Portugal e possuem uma distribuio restrita

    So endemismos lusitanos muito ameaados, que ocor-rem em apenas um ou dois Stios:

    i) Bryoerythrophyllum campylocarpum* (Corno do Bico);

    ii) Linaria ricardoi* (Alvito/Cuba);iii) Omphalodes kuzinskyanae (Sintra/Cascais);iv) Plantago algarbiensis (Barrocal);v) Plantago almogravensis. (Costa Sudoeste);vi) Linaria coutinhoi (Montesinho/Nogueira e Douro

    Internacional).

    So endemismos lusitanos vulnerveis, que ocorrem num nico Stio em Portugal:

    i) Asphodelus bentorainhae* (Serra da Gardunha);ii) Convolvulus fernandesii* (Arrbida/Espichel);iii) Silene rothmaleri* (Costa Sudoeste);iv) Armeria berlengensis (Arquiplago da Berlenga);v) Armeria pseudarmeria (Sintra/Cascais);vi) Avenula hackelii (Costa Sudoeste);vii) Biscutella vicentina (Costa Sudoeste);viii) Chaenorrhinum serpyllifolium subsp. lusitanicum

    (Costa Sudoeste);

    ix) Cistus palhinhae (Costa Sudoeste);x) Dianthus cintranus (Sintra/Cascais);xi) Diplotaxis vicentina (Costa Sudoeste);xii) Festuca brigantina (Montesinho/Nogueira);xiii) Festuca henriquesii (Serra da Estrela);xiv) Herniaria algarvica (Costa Sudoeste);xv) Herniaria berlengiana (Arquiplago da Berlenga).

    Destacam-se as espcies no endmicas de Portugal mas que esto bastante ameaadas e no limite da sua rea de distribuio, em situaes de grande vulnerabilidade e com ocorrncias muito restritas:

    i) Narcissus fernandesii;ii) Armeria velutina (Ria Formosa/Castro Marim);iii) Narcissus humilis (Guadiana/Juromenha);iv) Culcita macrocarpa (Valongo);v) Eryngium viviparum* (Montesinho /Nogueira);vi) Riella helicophylla (Ria Formosa /Castro Marim);vii) Marsilea quadrifolia (Alvo /Maro);viii) Trichomanes speciosum (Valongo);ix) Apium repens (Costa Sudoeste);x) Jasione lusitanica (Barrinha de Esmoriz e Litoral

    Norte);xi) Narcissus cyclamineus (Corno do Bico, Serras da

    Freita e Arada, Valongo);xii) Veronica micrantha (Stios mais relevantes: Alvo/

    Maro, C. do Aor e Montesinho/Nogueira).

    Destacam-se tambm as espcies dependentes de ecos-sistemas hmidos, ou de solos temporariamente enchar-cados. Todas as espcies esto num estado de conserva-o desfavorvel e quase metade so consideradas muito ameaadas.

    Algumas outras espcies especialmente ameaadas so caractersticas de carvalhais, merecendo igual destaque as que dependem de sistemas dunares ou associadas a comunidades litorais (onde se englobaram as comunidades litorais rupcolas e psamfilas, herbceas ou arbustivas). Neste mbito, importa ainda referir o nmero significativo de espcies associadas a matos ou clareiras de matos com estado de conservao desfavorvel.

    Foram considerados como particularmente relevantes para a conservao de espcies da flora, os Stios abaixo listados que: (i) integram espcies de ocorrncia nica; (ii) integram grupos de dois ou trs Stios de ocorrncia exclusiva de uma espcie; (iii) possuem elevada represen-tatividade de espcies (iv); albergam espcies cujo estado de conservao se encontra num nvel mais elevado; ou (v) integram zonas limtrofes da extenso de ocorrncia de uma espcie ou reas de ocupao isoladas:

    i) Costa Sudoeste pelo nmero de espcies total, pelo nmero de espcies endmicas, pelo nmero de

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    espcies que so exclusivas desse Stio, pelo nmero de espcies ameaadas, pelo nmero de espcies para as quais considerado Stio muito relevante aquele que, sob todos os critrios, se destaca pela sua impor-tncia florstica.

    ii) Os costeiros, pelo nmero de espcies total, ou pelo nmero de espcies para os quais so considerados muito relevantes: Arrbida/Espichel, Costa Sudoeste, Sintra/Cas-cais, Comporta/Gal, Esturio do Sado, Ria Formosa/Cas-tro Marim.

    iii) Os com uma grande importncia para a conservao da flora orfila e que englobam uma grande variedade de espcies, designadamente, Montesinho/Nogueira, Serra da Estrela, Serras da Peneda e Gers e Alvo/Maro.

    iv) Montesinho/Nogueira, Morais e Samil, pela presena das espcies serpentinfitas.

    v) Os mais relevantes para a conservao das espcies da flora dependente dos calcreos: Arrbida/Espichel, Serras

    de Aire e Candeeiros, Barrocal, Serra de Montejunto e Sic/Alvaizere.

    vi) Alvito/Cuba, Arquiplago da Berlenga, Azabuxo/Leiria, Barrinha de Esmoriz, Samil, Ria de Alvor, Valongo, Ferno Ferro/Lagoa de Albufeira e Corno do Bico que, sendo muito distintos nas suas caractersticas biogeogr-ficas, tm todos reas reduzidas, com poucas espcies da flora no total, mas que so considerados muito relevantes para a conservao de todas estas espcies, as quais tm ecologias muito diversas.

    O Quadro n. 4 sistematiza as espcies da flora de acordo com os Stios de ocorrncia com base em critrios de estado de conservao, distribuio em Portugal e endemicidade. As categorias de ameaa so indicativas do estado de con-servao das espcies, tendo sido estimadas com base na informao das fichas de caracterizao ecolgica e de ges-to dos valores naturais e na sua distribuio conhecida.

    QUADRO N. 4

    Espcies da flora de conservao prioritria(MA Muito Ameaada; prov.Ex provavelmente Extinto; A/Vu Ameaada/Vulnervel).

    Espcie Prioritria Estadode conservaoCarcter

    de endemicidadeNmeroStios Stios relevantes

    Espcies muito ameaadas

    Bryoerythrophyllum campylocarpum *p MA PT 1 Corno do Bico

    Linaria ricardoi *p MA PT 1 Alvito/Cuba

    Omphalodes kuzinskyanae MA PT 1 Sintra/Cascais

    Plantago algarbiensis MA PT 1 Barrocal

    Plantago almogravensis MA PT 1 Costa Sudoeste

    Narcissus fernandesii MA IB 0

    Armeria velutina MA IB 1 Ria Formosa/Castro Marim

    Eryngium viviparum *p MA 1 Montesinho/Nogueira

    Apium repens MA 1 Costa Sudoeste

    Culcita macrocarpa MA 1 Valongo

    Marsilea quadrifolia MA 1 Alvo/Maro

    Narcissus humilis MA 1 Guadiana/Juromenha

    Riella helicophylla MA 1 Ria Formosa/Castro Marim

    Trichomanes speciosum MA 1 Valongo

    Linaria coutinhoi MA PT 2 Montesinho/Nogueira Douro In-ternacional

    Jasione lusitanica MA IB 2 Barrinha de EsmorizLitoral Norte

    Narcissus cyclamineus MA IB 3 Corno do Bico Serras da Freita e Arada

    Valongo

    Veronica micrantha MA IB 8 Alvo/MaroComplexo do AorMontesinho/Nogueira

    Armeria neglecta prov. Ex PT 0

    Astragalus algarbiensis *p prov. Ex - 0

    Endemismos lusitanos que ocorrem num nico Stio

    Asphodelus bento-rainhae *p A/Vu PT 1 Serra da Gardunha

    Convolvulus fernandesii *p A/Vu PT 1 Arrbida/Espichel

    Silene rothmaleri *p A/Vu PT 1 Costa Sudoeste

    Armeria berlengensis A/Vu PT 1 Arquiplago da Berlenga

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    Espcie Prioritria Estadode conservaoCarcter

    de endemicidadeNmeroStios Stios relevantes

    Armeria pseudarmeria A/Vu PT 1 Sintra/Cascais

    Avenula hackelii A/Vu PT 1 Costa Sudoeste

    Biscutella vicentina A/Vu PT 1 Costa Sudoeste

    Chaenorrhinum serpyllifolium subsp. lusitanicum A/Vu PT 1 Costa Sudoeste

    Cistus palhinhae A/Vu PT 1 Costa Sudoeste

    Dianthus cintranus A/Vu PT 1 Sintra/Cascais

    Diplotaxis vicentina A/Vu PT 1 Costa Sudoeste

    Festuca brigantina A/Vu PT 1 Montesinho/Nogueira

    Festuca henriquesii A/Vu PT 1 Serra da Estrela

    Herniaria algarvica A/Vu PT 1 Costa Sudoeste

    Herniaria berlengiana A/Vu PT 1 Arquiplago da Berlenga

    Centaurea rothmalerana desconhecido PT 1 Serra da Estrela

    Narcissus scaberulus no ameaado PT 1 Carregal do Sal

    Espcies Ameaadas ou Vulnerveis que ocorrem num nico Stio

    Narcissus pseudonarcissus subsp. nobilis A/Vu IB 1 Serras da Peneda e Gers

    Petalophyllum ralfsii A/Vu 1 Barrocal

    Espcies Ameaadas ou Vulnerveis que so endemismos lusitanos e ocorrem apenas em 2 Stios

    Halimium verticillatum A/Vu PT 2 Cabeo

    Ononis hackelii *p A/Vu PT 2 Comporta/GalCosta Sudoeste

    Tuberaria major *p A/Vu PT 2 Ria Formosa/Castro Marim

    Jasione crispa subsp. serpentinica A/Vu PT 2 Montesinho/Nogueira Samil

    Leuzea longifolia A/Vu PT 2 Azabuxo/Leiria

    Melilotus segetalis subsp. fallax A/Vu PT 2 Ria Formosa/Castro MarimEsturio do Sado

    Espcies Ameaadas ou Vulnerveis que ocorrem apenas em 2 Stios

    Holcus setiglumis subsp. duriensis A/Vu IB 2 Douro Internacional

    Bruchia vogesiaca A/Vu - 2 Corno do BicoSerra da Estrela

    Woodwardia radicans A/Vu - 2 Serras da Freita e AradaSerras da Peneda e Gers

    Espcies Ameaadas ou Vulnerveis que so prioritrias, endemismos lusitanos e ocorrem apenas em 3 Stios

    Linaria ficalhoana *p A/Vu PT 3 Esturio do SadoComporta/GalCosta Sudoeste

    Thymus lotocephalus *p A/Vu PT 3 BarrocalRia Formosa/Castro Marim

    Relativamente avifauna identificam-se as espcies e os territrios que as acolhem, e que suscitam atenes particu-lares no quadro do PSRN2000.

    Destacam-se (i) as espcies globalmente ameaadas; (ii) as espcies ameaadas ao nvel europeu e cuja distribuio se cinge Europa; (iii) aquelas que, estando ameaadas na Europa mas tendo uma distribuio mais alargada, tm esta-tutos desfavorveis em Portugal, e (iv) todas as espcies que possuem estatuto de ameaa em Portugal e que esto includas no anexo I da Directiva Aves.

    A nvel global, considera-se a organizao da generalidade das espcies de aves em funo da sua dependncia de quatro grandes tipos de habitats: o meio marinho e costeiro, as zonas hmidas, a floresta e as zonas agrcolas. Algumas espcies

    dependem quase exclusivamente de um destes habitats, como as aves marinhas ou as aves esteprias dependentes de meios agrcolas, mas muitas associam-se a mais do que um tipo de habitat.

    Na Europa, e tendo em ateno o estatuto de conservao e as ameaas sobre as aves dependentes dos principais habi-tats terrestres, verifica-se que o declnio mais acentuado se faz sentir sobre as espcies dependentes de meios agrcolas, estando estas em declnio generalizado. Num universo de 173 espcies dependentes de meios agrcolas, cerca de 70% tm estatuto de conservao desfavorvel.

    Algumas ZPE, como o caso de Castro Verde e Campo Maior, assumem especial relevncia para espcies exclusi-vamente dependentes de habitats agrcolas, principalmente

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    da agricultura cerealfera extensiva, mas tambm de reas abertas com sobreiros, azinheiras e olival. Nestas incluem-se tanto as aves esteprias, das quais se destaca a Abetarda Otistarda, o Siso Tetrax tetrax, o Alcaravo Burhinus oedic-nemus, o Cortiol-de-barriga-preta Pterocles orientalis e a Calhandra-real Melanocorypha calandra, e ainda o Francelho Falco naumanni, o Rolieiro Coracias garrulus, o Tartara-nho-caador Circus pygargus e a Calhandrinha Calandrella brachydactyla.

    Estas reas so tambm fundamentais para espcies que delas dependem em fases especficas do seu ciclo anual ou circadiano: como rea de reproduo e alimentao da Per-diz-do-mar Glareola pratincola, de alimentao do Grou Grus grus, ou como zonas de assentamento de juvenis e de invernada de rapinas como a guia de Bonelli Hieraaetusfasciatus, a guia-imperial Aquila adalberti, a guia-real Aquila chrysaetus ou o Milhafre-real Milvus milvus (como o caso de Castro Verde, uma das reas mais relevantes neste particular).

    Tambm a zona agrcola da ZPE do Esturio do Tejo, uma rea de reproduo do Siso Tetrax tetrax, da Calhandra-real Melanocorypha calandra, do Tartaranho-caador Circus pygargus e da Calhandrinha Calandrella brachydactyla, tambm relevante para a nidificao da Perdiz-do-mar Glare-ola pratincola e a invernada do Siso. So ainda conhecidos movimentos dos sises durante o Inverno e Vero entre esta ZPE e outras reas do pas.

    Contudo, a importncia da maioria das ZPE deve-se ao facto de conjugarem as reas agrcolas com reas florestais e/ou zonas hmidas, e assim proporcionarem habitat favorvel a espcies dependentes de mais de um tipo de habitat. o caso do mosaico agrcola e florestal, do qual depende uma grande variedade de aves, nas quais se incluem muitos passeriformes, residentes, invernantes e reprodutores estivais, e aves de ra-pina como a guia-imperial Aquila adalberti, guia-cobreira Circaetus gallicus, guia de Bonelli Hieraaetus fasciatus,guia-calada Hieraaetus pennatus, Milhafre-real Milvusmilvus e Btio-vespeiro Pernis apivorus.

    Para alm do mosaico agrcola e florestal, algumas esp-cies tais como a guia-real Aquila chrysaetus, o Bufo-real Bubo bubo e a Cegonha-negra Ciconia nigra necessitam de grandes escarpas para nidificarem, (que se alimenta em guas interiores pouco profundas, como lagoas ou charcas, pequenas albufeiras ou linhas de gua). Tambm o Falco-peregrino Falco peregrinus, o Grifo Gyps fulvus e o Bri-tango Neophron percnopterus que, nidificando em fragas, se alimentam em reas agrcolas. As ZPE de montanha ou integrando os vales de grandes rios, como a Serra do Gers, Montesinho/Nogueira, Serra da Malcata, Rios Sabor e Mas, Douro Internacional e Vale do gueda, Vale do Ca, Tejo Internacional, Erges e Pnsul, Mouro/Moura/Barrancos e Vale do Guadiana destacam-se como de elevada relevncia para a preservao destas espcies.

    As aves que utilizam a floresta so alvo de um grande leque de ameaas que afectam a qualidade e extenso do habitat favorvel, em consequncia de prticas de gesto florestal inadequada, nomeadamente florestao com esp-cies no indgenas, a fragmentao do habitat e os incndios florestais.

    As zonas hmidas so reas escassas escala global, co-brindo apenas 3% do territrio europeu, que sofrem processos regressivos importantes, relacionados com o aumento da populao e forte incremento das actividades industriais. Em Portugal, as principais ZPE com zonas hmidas encontram-se ou ao longo da costa e correspondem maioritariamente a esturios de rios e lagoas costeiras (tais como os Esturios dos Rios Minho e Coura, Ria de Aveiro, Esturio do Tejo, Esturio do Sado, Lagoa Pequena, Lagoa de Santo Andr, Lagoa da Sancha, Ria Formosa e Sapais de Castro Marim), ou so zonas hmidas de interior (tais como o Paul da Ma-driz, Paul de Arzila, Paul do Taipal, Paul do Boquilobo e o Aude da Murta).

    Nestas zonas, encontra-se uma grande variedade de aves aquticas, principalmente pertencentes s ordens Gaviiformes, Podicipediformes, Pelecaniformes, Ciconiiformes, Phoeni-copteriformes, Anseriformes, Gruiformes e Charadriiformes, num total de cerca de 100 espcies. Delas dependem tambm uma grande variedade de passeriformes, a guia-Pesqueira Pandion haliaetus e o Guarda-rios Alcedo atthis, e ainda espcies que, embora frequentem zonas agrcolas ou flores-tais, necessitam de zonas hmidas para se alimentarem, tais como a guia-sapeira Circus aeruginosus e o Milhafre-preto Milvus migrans.

    A maioria das aves marinhas dependentes das ZPE da costa portuguesa so invernantes e frequentam sobretudo as ZPE da Ria de Aveiro, Ilhas Berlengas, Cabo Espichel, La-goa de Santo Andr, Lagoa da Sancha, Costa Sudoeste, Ria Formosa e Castro Marim, existindo algumas excepes de espcies nidificantes (que complementam durante o perodo ps reprodutor alguns dos efectivos migradores de passagem observados), tais como a Cagarra Calonectris diomedea, o Roquinho Oceanodroma castro, o Airo Uria aalge ibericus,a Galheta Phalacrocorax aristotelis, a Gaivota de Audouin Larus audouinni e a Gaivota-dasa-escura Larus fuscus. Des-taca-se a ZPE das Ilhas das Berlengas, que constitui a nica rea de nidificao no territrio continental portugus do Roquinho, do Airo e da Cagarra (sendo que nestes ltimos casos estamos perante os respectivos limiares meridional e setentrional da rea de reproduo). Por seu lado, Castro Marim e Ria Formosa so os nicos locais conhecidos da costa portuguesa de nidificao da Gaivota de Audouin.

    Para alm da importncia da rea costeira nas ZPE citadas, tambm a rea marinha local de descanso e ali-mentao daquelas aves invernantes e ainda das migradoras de passagem nas suas rotas migratrias.

    QUADRO N. 5

    Espcies-alvo com categoria de ameaa em Portugal continental

    Espcie Anexo IDirectiva AvesCategoria

    de Ameaa* SPEC** N ZPE ZPE relevantes

    Espcies que devero ser objecto de especial ateno na sua conservao e dos seus habitats

    Aegypius monachus Sim CR 1 4 Malcata; Tejo Internacional, Erges e Ponsul; Moura/Mouro/ Bar-rancos; Vale do Guadiana

    Aquila adalberti Sim CR 1 5 Tejo Internacional, Erges e Ponsul; Moura/Mouro/ Barrancos; Castro Verde; Vale do Guadiana

    Falco naumanni Sim VU 1 3 Campo Maior; Castro Verde; Vale do Guadiana

    Larus audouinii Sim VU 1 1 Castro Marim; Ria Formosa

  • Dirio da Repblica, 1. srie N. 139 21 de Julho de 2008 4536-(15)

    Espcie Anexo IDirectiva AvesCategoria

    de Ameaa* SPEC** N ZPE ZPE relevantes

    Otis tarda Sim EN 1 3 Moura/Mouro/ Barrancos; Campo Maior; Castro Verde; Vale do Guadiana

    Tetrax tetrax Sim VU 1 8 Esturio do Tejo; Costa Sudoeste; Castro Marim; Douro Internacional e Vale do gueda;Moura/Mouro/ Barrancos; Campo Maior; Castro Verde; Vale do Guadiana

    Outras espcies com categoria de ameaa e que devero ser objecto de ateno particular na sua conservao e dos seus habitats

    Aquila chrysaetos Sim EN 3 Serra do Gers; Montesinho/Nogueira; Rios Sabor e Mas; Douro Internacional e Vale do gueda; Vale do Ca; Tejo Internacional, Erges e Ponsul; Moura/Mouro/ Barrancos; Castro Verde; Vale do Guadiana; Monchique

    Ardea purpurea Sim EN 3 Esturios dos Rios Minho e Coura; Ria de Aveiro; Paul de Arzila; Paul da Madriz; Paul do Taipal; Tejo Internacional, Erges e Ponsul; Paul do Boquilobo; Esturio do Tejo; Esturio do Sado; Aude da Murta; Lagoa Pequena; Lagoa de Santo Andr; Lagoa da Sancha

    Ardeola ralloides Sim CR, EN 3 Paul do Boquilobo

    Asio flammeus Sim EN 3 Esturio do Tejo; Esturio do Sado

    Burhinus oedicnemus Sim VU 3 Douro Internacional e Vale do gueda; Vale do Ca; Costa Sudoeste; Campo Maior; Moura/Mouro/ Barrancos; Castro Verde; Ria Formosa; Sapais de Castro Marim

    Calonectris diomedea Sim VU 2 Ilhas Berlengas

    Caprimulgus europaeus Sim VU 2 Serra do Gers; Montesinho/Nogueira; Rios Sabor e Mas; Douro Internacional e Vale do gueda; Serra da Malcata; Esturio do Tejo

    Chlidonias hybridus Sim CR 3 Paul do Boquilobo; Esturio do Tejo

    Ciconia nigra Sim VU 2 Montesinho/Nogueira; Rios Sabor e Mas; Douro Internacional e Vale do gueda; Vale do Ca; Serra da Malcata; Tejo Internacional, Erges e Ponsul; Moura/Mouro/ Barrancos; Vale do Guadiana

    Circus aeruginosus Sim VU No SPEC Esturios dos Rios Minho e Coura; Ria de Aveiro; Paul de Arzila; Paul da Madriz; Paul do Taipal; Esturio do Tejo; Esturio do Sado; Aude da Murta; Lagoa de Santo Andr; Lagoa da Sancha

    Circus cyaneus Sim CR, VU 3 Serra do Gers; Montesinho/Nogueira; Serra da Malcata; Esturio do Tejo; Castro Verde

    Circus pygargus Sim EN No SPEC Serra do Gers; Montesinho/Nogueira; Rios Sabor e Mas; Douro Internacional e Vale do gueda; Vale do Ca; Serra da Malcata; Esturio do Tejo; Campo Maior; Moura/Mouro/ Barrancos; Castro Verde; Vale do Guadiana

    Coracias garrulus Sim CR 2 Campo Maior; Castro Verde; Vale do Guadiana; Caldeiro

    Falco peregrinus Sim VU No SPEC Serra do Gers; Montesinho/Nogueira; Douro Internacional e Vale do gueda; Ilhas Berlengas; Esturio do Tejo; Cabo Espichel; Costa Sudoeste

    Gallinago gallinago CR, LC No SPEC Serra do Gers

    Glareola pratincola Sim VU 3 Esturio do Tejo; Moura/Mouro/ Barrancos; Castro Verde; Ria For-mosa; Sapais de Castro Marim

    Grus grus Sim VU 2 Campo Maior; Moura/Mouro/ Barrancos; Castro Verde; Vale do Guadiana

    Gyps fulvus Sim VU No SPEC Rios Sabor e Mas; Douro Internacional e Vale do gueda; Vale do Ca; Serra da Malcata; Tejo Internacional, Erges e Ponsul

    Hieraaetus fasciatus Sim EN 3 Montesinho/Nogueira; Rios Sabor e Mas; Douro Internacional e Vale do gueda; Vale do Ca; Tejo Internacional, Erges e Ponsul; Costa Sudoeste; Moura/Mouro/ Barrancos; Castro Verde; Vale do Guadiana; Monchique; Caldeiro

    Ixobrychus minutus Sim VU 3 Esturios dos Rios Minho e Coura; Ria de Aveiro; Paul de Arzila; Paul da Madriz; Paul do Taipal; Paul do Boquilobo; Esturio do Tejo; Esturio do Sado; Aude da Murta; Lagoa Pequena; Lagoa de Santo Andr; Lagoa da Sancha; Ria Formosa

    Milvus milvus Sim CR, VU 2 Montesinho/Nogueira; Rios Sabor e Mas; Douro Internacional e Vale do gueda; Vale do Ca; Serra da Malcata; Tejo Internacional, Erges e Ponsul; Moura/Mouro/ Barrancos; Castro Verde

    Neophron percnopterus Sim EN 3 Rios Sabor e Mas; Douro Internacional e Vale do gueda; Vale do Ca; Tejo Internacional, Erges e Ponsul; Vale do Guadiana

    Nycticorax nycticorax Sim EN 3 Paul de Arzila; Paul da Madriz; Paul do Taipal; Paul do Boquilobo

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    Espcie Anexo IDirectiva AvesCategoria

    de Ameaa* SPEC** N ZPE ZPE relevantes

    Oceanodroma castro Sim VU 3 Ilhas Berlengas

    Oenanthe hispanica VU 2 Serra da Malcata

    Oenanthe leucura Sim CR 3 Rios Sabor e Mas; Douro Internacional e Vale do gueda; Vale do Ca; Tejo Internacional, Erges e Ponsul; Moura/Mouro/ Bar-rancos

    Pandion haliaetus Sim CR, EN 3 Ria de Aveiro; Esturio do Tejo; Esturio do Sado; Costa Sudoeste

    Pernis apivorus Sim VU No SPEC Serra do Gers; Serra da Malcata

    Phoenicopterus roseus Sim VU 3 Esturio do Tejo; Esturio do Sado; Lagoa de Santo Andr; Ria Formosa; Sapais de Castro Marim

    Platalea leucorodia Sim EN 2 Ria de Aveiro; Paul do Taipal; Paul do Boquilobo; Esturio do Tejo; Lagoa de Santo Andr; Ria Formosa; Sapais de Castro Marim

    Porphyrio porphyrio Sim VU 3 Paul de Arzila; Paul da Madriz; Paul do Taipal; Paul do Boquilobo; Esturio do Sado; Lagoa Pequena; Lagoa de Santo Andr; Ria Formosa

    Pterocles alchata Sim CR 3 Tejo Internacional, Erges e Ponsul

    Pterocles orientalis Sim EN 3 Campo Maior; Moura/Mouro/ Barrancos; Castro Verde; Vale do Guadiana

    Pyrrhocorax pyrrhocorax Sim EN 3 Serra do Gers; Montesinho/Nogueira; Douro Internacional e Vale do gueda; Costa Sudoeste

    Sterna albifrons Sim VU 3 Ria de Aveiro; Paul de Arzila; Esturio do Tejo; Esturio do Sado; Lagoa de Santo Andr; Ria Formosa; Sapais de Castro Marim

    Uria aalge Sim CR, NT No SPEC Ilhas Berlengas

    * Categorias de Ameaa (Livro Vermelho de Vertebrados de Portugal 2005) **(SPEC) Espcies de Conservao Preocupante na Europa (BirdLife International 2004)

    Relativamente fauna de invertebrados, peixes, an-fbios, rpteis e mamferos, identificam-se as espcies e os territrios que as acolhem e que suscitam atenes particulares no quadro do PSRN2000.

    Destacam-se as espcies cuja distribuio mais res-trita e com estatutos de ameaa mais elevados e ainda os endemismos sobre os quais Portugal assume particular responsabilidade na sua conservao.

    As seguintes espcies renem algumas particularidades que as tornam sensveis:

    Lacerta monticola, endemismo ibrico, ocorrente num nico stio e com estatuto de ameaa (VU);

    Anaecypris hispanica e Barbus comiza, endemismos ibricos (tendo o primeiro uma distribuio restrita bacia do Guadiana), ocorrentes em quatro stios e com estatuto de ameaa (CR e EN, respectivamente);

    Lampetra fluviatilis e Lampetra planeri, ambas cri-ticamente em perigo (CR) e ocorrente num e em quatro stios, respectivamente;

    Salmo salar, ocorrente em quatro stios e com estatuto de ameaa (CR);

    Chondrostoma lusitanicum, espcie criticamente em perigo (CR). Esta entidade, corresponde actualmente a duas espcies (C. lusitanicum e C. almacai), a ltima das quais ocorre apenas no Sul de Portugal, restringindo a sua distri-buio s bacias do Mira e Arade (em quatro Stios);

    Os quirpteros, grupo particularmente vulnervel por a maioria das espcies ser caverncola, inclui um nmero significativo de espcies com estatuto de ameaa (trs espcies CR, uma EN e quatro VU) ou sobre os quais no existe informao suficiente (duas espcies DD);

    O bivalve dulciaqucola Margaritifera margaritifera,espcie redescoberta em Portugal e que ocorre em apenas trs Stios, e cujo estatuto de ameaa no conhecido, em-

    bora se saiba que apresenta vrias populaes em situao de grande fragilidade;

    Canis lupus e Callimorpha quadripunctaria, esp-cies prioritrias, a primeira com estatuto de ameaa (EN); quanto segunda, no h informao suficiente para avaliar o seu estatuto em Portugal;

    So tambm de salientar espcies como o lince-ibrico Lynx pardinus (tambm espcie prioritria) e o lagostim-de-patas-brancas Austropotamobius pallipes, cuja ocor-rncia no tem sido confirmada; para estas espcies so propostos programas de reintroduo em reas histricas com maior potencial.

    Face dependncia que as espcies associadas aos cur-sos de gua tm da integridade destes sistemas, que so dos mais intervencionados, nomeadamente pela criao de barreiras circulao, modificao das suas margens, e alterao das caractersticas fsico-qumicas e biolgicas da gua, muitas destas espcies tm necessidades especficas de conservao

    Globalmente, identificam-se como relevantes para ga-rantir a manuteno das espcies num estado de conser-vao favorvel, os seguintes Stios:

    Serra da Estrela, Montesinho/Nogueira, Serras da Peneda e Gers, Serras de Aire e Candeeiros, Sic/Alvai-zere e Monfurado, onde ocorrem uma grande diversidade de espcies;

    Costa Sudoeste, Moura/Barrancos, S. Mamede, Gua-diana, Alvo/Maro e Douro Internacional, onde ocorrem muitas espcies com estatuto de ameaa em Portugal.

    Sem esquecer que as obrigaes do Estado Portugus se estendem manuteno em estado de conservao favor-vel de todos os valores protegidos pelas Directivas Aves e

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    Habitats, admissvel extrair um conjunto de orientaes estratgicas sobre as necessidades mais prementes e es-truturantes de actuao territorial.

    A recuperao ou manuteno das caractersticas de qualidade e continuidade de linhas de gua e fundos dos vales (incluindo vales escarpados) podem ser identifica-das como uma das mais evidentes necessidades de gesto da Rede Natura 2000. Esta situao decorre tanto da sua importncia para a conservao de habitats especficos, como da dependncia da sua integridade para um conjunto muito alargado de espcies ameaadas, seja directamente (como nos peixes bivalves e nalgumas espcies de rpteis, anfbios, mamferos e aves), seja como reas de alimenta-o (como no caso dos quirpteros e algumas espcies de aves), refgio, local de passagem e corredor (como para os grandes carnvoros), ou como local de reproduo (como no caso de espcies de aves de rapina ou planadoras).

    A integridade funcional das linhas de gua, associada aos vales e s margens ribeirinhas, exige que a gesto destas reas e os interesses sociais sectoriais secularmente associados gesto da gua e das zonas de acumulao de solo, sejam adequadamente ponderados e equilibrados.

    As zonas hmidas e os habitats higrfilos esto asso-ciados aos topos das serras (por exemplo, turfeiras), s depresses litorais, sobretudo dunares e a um conjunto muito diverso de situaes fisiogrficas ao longo do pas (por exemplo, pauis). A fragmentao destas reas, a sua reduzida dimenso e a ausncia de sinais evidentes de valor conservacionista para a generalidade do pblico, torna essencial o esforo de identificao e referenciao destas reas. O PSRN2000 identifica como muito rele-vante a gesto das zonas hmidas, para as quais a questo da continuidade funcional se coloca tambm de forma pertinente. Os habitats e as espcies da flora e da fauna (em particular anfbios e alguns grupos de aves) assumem grande valor para a conservao. Embora seja escassa a informao disponvel, expectvel que a sua importn-cia para a conservao de espcies de invertebrados seja tambm muito elevada.

    Em muitas situaes, configurando pequenas bolsas de territrio, as zonas hmidas esto encravadas numa matriz produtiva com relevncia do ponto de vista econmico. A sua dependncia da hidrologia do solo (que pode ser afectada por aces realizadas a grandes distncias) torna particularmente exigente a compatibilizao da sua conser-vao com o desenvolvimento das actividades econmicas envolventes (sobretudo a pastorcia e a florestao nas serras, a agricultura e o desenvolvimento urbano-turstico no restante territrio).

    A riqueza e a fragilidade de dunas, arribas, esturios, lagoas costeiras e outras reas litorais so um dado re-ferenciado. O PSRN2000 vem confirmar esta situao, sobretudo relevante para os habitats, as espcies da flora e as aves das zonas hmidas costeiras, identificando como central para a manuteno em estado de conservao fa-vorvel dos valores associados a estas reas uma necessi-dade de articulao profunda com os sectores econmicos mais presentes: urbano-turstico, pescas e aquacultura, actividade porturia, actividade industrial e interveno a montante ao nvel das bacias hidrogrficas.

    A compatibilizao de diferentes interesses, exige um esforo significativo de planeamento. Neste sentido, no descurando a importncia dos Planos de Ordenamento da Orla Costeira (POOC) e dos Planos de Bacia Hidrogrfica, reconhecem-se as limitaes dos instrumentos de orde-

    namento do territrio face ausncia de integrao dos objectivos das Directivas Aves e Habitats nos instrumentos j adoptados. Em detrimento da procura de compatibili-zao em sede de discusso de projectos concretos, com recurso aos processos de avaliao de incidncias ambien-tais (com um papel importante, mas complementar ao do ordenamento do territrio), torna-se necessrio um esforo significativo das entidades com as tutelas do ordenamento, da conservao da Natureza, do sector econmico, bem como dos agentes econmicos envolvidos, no sentido de compreender os conflitos de interesses potenciais nestas reas, resolvendo-os, em antecipao, em sede de ordena-mento do territrio.

    O PSRN2000 identifica ainda a manuteno e incre-mento dos bosques climcicos ou para-climcicos, so-bretudo de quercneas, mas tambm com outras espcies dominantes em situaes especficas (a manuteno e recuperao dos bosques ripcolas, de uma importncia extrema, est includa na gesto das linhas de gua e fundos dos vales) como elemento central para a conservao dos valores protegidos pela Rede Natura 2000. Sendo certo que a recuperao da vegetao autctone uma notria tendncia actual, fruto do abandono rural, nomeadamente do pastoreio, tambm certo que este abandono tem feito crescer de forma significativa o risco de incndio, com con-sequncias no atraso da recuperao dos ecossistemas.

    Duas linhas de actuao devem ser prosseguidas de forma consistente: a defesa dos povoamentos relquiais climcicos ou para-climcicos ainda existentes, e a articu-lao com a poltica florestal que perspectiva uma gesto orientada para o apoio evoluo da actual recuperao da vegetao autctone para a reconstituio de manchas sig-nificativas de bosques autctones estruturalmente maduros.

    Sobretudo para as espcies da fauna, e algumas da flora, o PSRN2000 identifica a necessidade de uma gesto ade-quada das reas agrcolas e agro-florestais e dos mosaicos agro-silvo-pastoris. Para alguns grupos de aves especial-mente ameaados, a manuteno de reas significativas de culturas extensivas de cereais de sequeiro de rotao no Sul do Pas ou de manchas de montado de sobro e azinho mais ou menos abertas, uma condio para a sua manuteno num estado de conservao favorvel. Da mesma forma, o mosaico agro-silvo-pastoril estruturante na conservao dos grandes mamferos, dada a mobilidade destas espcies, a dimenso das suas reas vitais e a absoluta necessidade de conectividade entre estas.

    Neste contexto, o PSRN2000 preconiza uma articulao entre a poltica de conservao e a poltica de desenvolvi-mento rural como uma questo estratgica em matria de conservao da biodiversidade.

    O PSRN2000 identifica a conservao de abrigos exis-tentes em grutas e minas como fundamental para a con-servao dos quirpteros. Tambm as escarpas, embora de forma menos condicionada, so indispensveis para a conservao de grupos especficos muito ameaados, tais como as grandes aves rupicolas. Neste sentido, preconiza-se regulamentao e vigilncia em reas muito limitadas do territrio, que pela sua importncia e especificidade devem ser protegidas para o cumprimento das respon-sabilidades de Portugal em matria de conservao da biodiversidade.

    6.2. Orientaes de gestoO conjunto de orientaes de gesto de mbito gen-

    rico, que a seguir se enumeram, so aplicveis maioria

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    dos valores naturais e tambm a grande parte dos Stios e ZPE.

    No que diz respeito a informao e monitorizao de valores naturais torna-se urgente colmatar lacunas nas seguintes reas:

    Informao de base referente aos invertebrados e aos brifitos;

    Cartografia da flora desenvolver e implementar um programa de cartografia sistemtica das reas de ocorrn-cia, a iniciar-se pelas espcies mais ameaadas;

    Cartografia dos habitats naturais rever a cartografia mais deficitria, adoptando como base de produo a es-cala de 1:25 000. A reviso global desta cartografia deve basear-se na informao constante das fichas de habitats elaboradas para o PSRN2000;

    Cartografia das espcies da fauna rever e actualizar a distribuio das espcies nas reas em falta e, nos casos em que se justifique, proceder ao zonamento da rea da ocorrncia identificando reas de disjuno, isoladas gene-ticamente e funcionalmente diversas (reproduo, repouso, alimentao); compatibilizar a base cartogrfica para as diferentes espcies ou grupos de espcies;

    Para a globalidade dos valores naturais identificar o seu estado de conservao nas reas de distribuio, bem como a sua representatividade em cada Stio ou ZPE, e no conjunto da Rede Natura 2000.

    Complementarmente, devem desenvolver-se e imple-mentar-se programas de monitorizao a nvel da totalidade do territrio continental orientados para:

    o acompanhamento da evoluo do estado de conser-vao dos valores naturais,

    a avaliao da eficcia das medidas de gesto adop-tadas em funo dos objectivos de conservao;

    a avaliao dos impactes das aces decorrentes da implementao de projectos, planos e programas;

    a avaliao dos resultados da execuo das medidas de compensao e de minimizao estabelecidas no m-bito dos processos de licenciamento ou autorizao de projectos.

    O reforo da eficcia de fiscalizao, entendida como o processo que compreende a dissuaso, o reconhecimento da infraco e a sano do seu autor, considerado essencial para a melhoria da aplicao da legislao vigente e da gesto para a conservao dos valores naturais.

    Para um conjunto tambm alargado de valores naturais, a informao e sensibilizao uma medida complemen-tar de apoio execuo de outras orientaes de gesto. Fazendo uso de vrias sinergias com outras entidades da administrao pblica ou privadas, deve desenvolver-se um plano de informao, sensibilizao e educao sobre a importncia da biodiversidade e dos valores da Rede Natura 2000, tendo vrios pblico-alvo por objecto: e.g.crianas, universitrios, cidados de idade avanada, autar-cas, caadores, agricultores, intervenientes nos processos de fiscalizao e outros agentes (advogados, magistrados, autoridades policiais intervenientes na aplicao da justia).

    Para determinados valores naturais foram identificadas orientaes de gesto cuja implementao extravasa o mbito territorial dos Stios e ZPE, carecendo de medidas a nvel nacional, transfronteirio ou internacional:

    Estabelecer colaborao em programas internacio-nais de conservao de espcies, nomeadamente em reas

    transfronteirias ou para espcies de distribuio ibrica, tais como o Lince-ibrico Lynx pardinus, a Cegonha-negra Ciconia nigra, o Lobo-ibrico Canis lupus e o Saramugo Anaecypris hispanica, entre outras;

    Para valores naturais especialmente ameaados, em situao de precariedade do seu estado de conservao e a complexidade das questes envolvidas na sua conservao, tais como o Lince-ibrico Lynx pardinus, a Abetarda Otis tarda, o Grou Grus grus, o Rato de Cabrera Microtus ca-brerae o Morcego-de-ferradura-mediterrnico Rhinolophus euryale, e o Morcego-rato-pequeno Myotis blythii, adoptar um plano de aco;

    Implementar medidas de conservao exsitu, tais como a criao de estruturas de recepo ou reproduo para espcies da fauna ou estabelecimento de bancos de germoplasma para espcies da flora, que devero integrar, se existentes, os planos de aco acima mencionados; enumeram-se, a ttulo de exemplo, as espcies da flora Linaria ricardoi, Linaria coutinhoi, Marsilea quadrifolia e Narcisus fernandesii, e as espcies da fauna Lynx pardinuse Geomalacus maculosus

    Combater doenas fitossanitrias e epizootias: aplica-se a populaes presa de espcies da fauna, como o coelho-bravo (base da alimentao do lince e de algumas aves de rapina, sendo a rarefaco das populaes de coelho-bravo (provocada pela mixomatose e pela pneumonia viral he-morrgica); contempla o combate a pragas e doenas fitos-sanitrias, nomeadamente, em soutos antigos, o combate doena da tinta e ao cancro do castanheiro;

    Implementar medidas de preveno de envenenamen-tos: visa combater o uso de venenos atravs do reforo da fiscalizao, da divulgao de medidas preventivas e solues alternativas, e da sensibilizao para o impacto que esta prtica tem na conservao da natureza e da bio-diversidade.

    Gerir e fiscalizar o trfego martimo ao longo da costa, evitando as lavagens de tanques e contaminao indevida por hidrocarbonetos e outros poluentes, reforar a fiscaliza-o do despejo das guas de lastro dos navios e o controlo do seu tratamento (na medida em que estas so um meio de introduo e disseminao de espcies no indgenas invasoras e/ou patognicas), com repercusso em habitats costeiros e halfilos.

    No que diz respeito gesto dos Stios e ZPE, identifi-cam-se as seguintes linhas estratgicas:

    Para a globalidade dos valores naturais, necessria uma maior integrao dos objectivos de conservao dos valores naturais nos instrumentos de gesto do territrio, compatibilizando este objectivo com um leque alargado de actividades, incluindo a urbanizao, o turismo, a in-dstria extractiva, as infra-estruturas, as acessibilidades, o recreio e o lazer.

    A gesto activa da conservao dos Stios e ZPE, estabelecendo parcerias nos sectores agrcola, florestal, de pastorcia e pescas,, sobretudo com proprietrios e gestores, uma orientao chave para a gesto da Rede Natura 2000. Esta prtica contratual deve estar estreitamente ligada disponibilidade dos meios para a sua execuo, integra-o dos objectivos de conservao da biodiversidade nos instrumentos de gesto da poltica agrcola e das pescas, coerente com o sentido das reformas da Poltica Agrcola Comum e das Pescas;

    Na gesto dos valores associados s linhas de gua e dos sistemas hmidos, dada a sua estreita dependncia das

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    caractersticas do meio, deve presidir a lgica de gesto integrada da bacia hidrogrfica, obrigando necessria articulao entre as autoridades de conservao da biodi-versidade e as entidades de tutela da gesto da gua;

    Devem ser elaborados planos de gesto que definam as medidas e aces de conservao, visando a compa-tibilizao da conservao dos valores naturais com as actividades neles praticadas, tarefa que exige o recurso a informao detalhada.;

    Quando os Stios ou ZPE coincidem, no seu todo ou em parte, com os limites de reas protegidas classifi-cadas no mbito da Rede Nacional de reas Protegidas (RNAP), os objectivos de conservao e gesto so pro-porcionalmente assegurados atravs dos planos especiais de ordenamento das reas protegidas. Por outro lado, em Stios e ZPE cujos objectivos de conservao esto depen-dentes de uma gesto vocacionada para a manuteno ou fomento de prticas instaladas de natureza florestal, agr-cola e pecu ria, a elaborao de Intervenes Territoriais Integradas (ITI), no contexto do Plano de Desenvolvimento Rural Continente (2008-2013), apresenta-se como uma soluo particularmente adequada e estruturante;

    Nas reas abrangidas por aproveitamentos hidroagr-colas, as orientaes relativas manuteno das funes produtivas e os objectivos de conservao dos valores naturais em presena devem ser compatibilizados;

    Como objectivo geral, considera-se fundamental que todos os Stios e ZPE se encontrem munidos dos instru-mentos de gesto operacional adequados at final de 2010. Atendendo ao elevado nmero de reas em causa, torna-se vantajoso definir um escalonamento temporal relativa-mente elaborao de planos de gesto (art. 7 n 3 a))do Decreto-Lei n 140/99, de 24 de Abril, com a redaco dada pelo Decreto-Lei n 40/2005, de 24 de Fevereiro). Assim, e independentemente de outras medidas, consi-dera-se prioritria a elaborao de planos de gesto para os seguintes Stios e ZPE:

    i) Barrocal (Stio) ii) Monchique (Stio e ZPE)iii) Caldeiro (Stio e ZPE)iv) Moura/Barrancos e Moura/Mouro/Barrancos (Stio

    e ZPE) v) Caia (Stio)vi) Campo Maior (ZPE) vii) Ria de Aveiro (ZPE)

    O estado de conservao de um nmero alargado de valores depende em grande medida de aces de pequena escala e muito localizadas que devero ser identificadas e calendarizadas num Programa Nacional de Conservao da Natureza que garanta a sua execuo;

    O controlo ou a erradicao de espcies invasoras, bem como de outras espcies no indgenas em situaes especficas, constituem uma prioridade absoluta, sendo que a complexidade e extenso dos meios envolvidos (in-cluindo os financeiros) aconselham a adopo de uma po-ltica nacional. Complementarmente, o controlo de animais assilvestrados uma aco com impactes positivos signi-ficativos para algumas espcies em alguns Stios e ZPE.

    7. Articulao com outros instrumentos de gesto territorial

    As disposies constantes da alnea a) do n. 2 e dos n.os 4 e 5 do artigo 65. da Constituio da Repblica Portu-

    guesa consagram a existncia de uma pluralidade de planos territoriais, de onde deriva necessariamente o princpio constitucional da conjugao e harmonizao entre as normas dos diferentes planos, visando impedir a ocorrncia de conflitos entre as mesmas.

    Na esteira deste princpio, a Lei n. 48/98, de 8 de Agosto, relativa s bases da poltica de ordenamento do territrio e de urbanismo bem como o regime jurdico dos instrumentos de gesto territorial, aprovado pelo De-creto-Lei n. 380/99, de 22 de Setembro, consignam as relaes de hierarquia entre os vrios instrumentos de gesto territorial conferindo importncia capacidade que as vrias entidades responsveis pela sua elaborao tm de coordenar as suas actuaes.

    Deste modo, a elaborao de qualquer plano o re-sultado da colaborao e da concertao entre os vrios rgos da administrao directa e indirecta do Estado e da administrao local, com competncias sobre o territrio em causa, e ainda da participao dos cidados, visando concretizar uma adequada ponderao dos diferentes in-teresses nele envolvidos.

    O procedimento de elaborao do PSRN2000, regeu-se pelos princpios supra-referidos, ou seja, o de cooperao entre os vrios sujeitos de direito pblico, o da participao de todos os intervenientes e o da adequada ponderao e concertao dos interesses nele envolvidos.

    O Decreto-Lei n. 140/99, de 24 de Abril, com a redac-o dada pelo Decreto-Lei n. 49/2005, de 24 de Fevereiro, estabelece no seu artigo 8., n. 4, que a execuo da Rede Natura 2000 seria objecto de um plano sectorial, a elaborar, designadamente, nos termos do Decreto-Lei n. 380/99, de 22 de Setembro. Estabelece tambm regras prprias rela-tivas aos instrumentos de gesto territorial aplicveis nas reas englobadas na Rede Natura 2000 (artigos 8. e 9.). Na articulao do PSRN2000 com os demais instrumentos de gesto territorial aplicam-se, conjuntamente, as normas constantes do Decreto-Lei n. 140/99, de 24 de Abril, com a redaco dada pelo Decreto-Lei n. 49/2005, de 24 de Fevereiro e as normas do Decreto-Lei n. 380/99, de 22 de Setembro, na sua redaco actual.

    O PSRN2000 visa implementar no territrio nacional, os objectivos consignados nas Directivas Aves e Habitats, pelo que as alteraes do seu contedo ou parte dele, por outro instrumento de gesto territorial, quando permitidas nos termos da legislao em vigor, no podero contrariar os referidos objectivos.

    O PSRN2000 um instrumento de gesto territorial, de mbito nacional, que vincula entidades pblicas, estabe-lecendo orientaes estratgicas e normas programticas para a actuao da administrao central e local, devendo as medidas e orientaes nele previstas ser transpostas para os planos municipais de ordenamento do territrio (PMOT) e nos planos especiais (PEOT). Assim, as medidas e orientaes de gesto previstas no PSRN2000 apenas sero vinculativos para os particulares quando forem in-seridos nos PMOT e nos PEOT.

    Nos termos do regime jurdico dos instrumentos de gesto territorial, este plano traduz um compromisso re-cproco de compatibilizao com as opes constantes do Programa Nacional de Poltica de Ordenamento do Territrio (PNPOT), os outros planos sectoriais, os planos especiais de ordenamento do territrio (PEOT) e com os planos regionais de ordenamento do territrio (PROT).

    Quanto aos PMOT, estabelece-se no Decreto-Lei n. 380/99, de 22 de Setembro, na sua redaco actual,

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    que estes devem acautelar, nomeadamente, a programao e a concretizao das polticas de ambiente, com inci-dncia espacial, promovidas pela administrao central, atravs dos planos sectoriais (artigo 24, n. 3 do mesmo Decreto-Lei). O Decreto-Lei n. 140/99, de 24 de Abril, na redaco dada pelo Decreto-Lei n. 49/2005, de 24 de Fevereiro, determinou que na primeira reviso ou alterao dos PMOT, designadamente dos Planos Directores Muni-cipais (PDM), (e bem assim dos PEOT), deve efectuar-se a sua adaptao s medidas de conservao definidas atravs dos mecanismos previstos no diploma ou previstas no PSRN2000 (artigo 8, n. 3, alnea b)). Por outro lado, consignou que os relatrios dos PMOT (nomeadamente dos PDM) e dos PEOT devem especificar o fundamento das previses, restries e determinaes aprovadas que ga-rantam a conservao dos