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www.cers.com.br PROCURADOR DO ESTADO DA BAHIA Processo Civil Luciano Rossato 1 DIREITO PROCESSUAL CIVIL FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO PROF. LUCIANO ALVES ROSSATO Twitter: @ProfRossato Facebook: https://www.facebook.com/luciano.alvesrossato.9?ref=tn_tnmn e-mail: [email protected] 1 Bibliografia básica CUNHA, Leonardo Carneiro da Cunha. Manual da Fazenda Pública em Juízo. São Paulo: Dialética. ROSSATO, Luciano Alves. Sistema dos Juizados Especiais Cíveis. São Paulo: Saraiva, 2012. 2 Objetivo Tratar os principais pontos envolvendo o Direito Processual Civil e a defesa do Estado em Juízo, com foco nos concursos para a Advocacia Geral da União, Procuradorias dos Estados e Procuradorias Municipais. Repassar, também, os recorrentes aspectos do Direito Processual Civil. 3 Conceito de Fazenda Pública Pessoas jurídicas de direito público em juízo. Não engloba as pessoas jurídicas de direito privado, com exceção da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. Assim, não abrange as sociedades de economia mista ou as empresas públicas.

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1

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO

PROF. LUCIANO ALVES ROSSATO

Twitter: @ProfRossato

Facebook: https://www.facebook.com/luciano.alvesrossato.9?ref=tn_tnmn

e-mail: [email protected]

1 Bibliografia básica

CUNHA, Leonardo Carneiro da Cunha. Manual da Fazenda Pública em Juízo. São Paulo: Dialética.

ROSSATO, Luciano Alves. Sistema dos Juizados Especiais Cíveis. São Paulo: Saraiva, 2012.

2 Objetivo

Tratar os principais pontos envolvendo o Direito Processual Civil e a defesa do Estado em Juízo,

com foco nos concursos para a Advocacia Geral da União, Procuradorias dos Estados e Procuradorias

Municipais.

Repassar, também, os recorrentes aspectos do Direito Processual Civil.

3 Conceito de Fazenda Pública

Pessoas jurídicas de direito público em juízo. Não engloba as pessoas jurídicas de direito privado,

com exceção da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. Assim, não abrange as sociedades de

economia mista ou as empresas públicas.

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Advocacia Geral da União. Procuradorias dos Estados. Procuradorias dos Municípios.

Município pode contratar escritório de advocacia? Há necessidade de prévio procedimento

licitatório?

ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA.

SERVIÇO DE ADVOCACIA. CONTRATAÇÃO COM DISPENSA DE LICITAÇÃO.

VIOLAÇÃO À LEI DE LICITAÇÕES (LEI 8.666/93, ARTS. 3º, 13 E 25) E À LEI DE

IMPROBIDADE (LEI 8.429/92, ART. 11). EXECUÇÃO DOS SERVIÇOS

CONTRATADOS. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO AO ERÁRIO. APLICAÇÃO DE MULTA

CIVIL EM PATAMAR MÍNIMO.

1. A contratação dos serviços descritos no art. 13 da Lei 8.666/93 sem licitação

pressupõe que sejam de natureza singular, com profissionais de notória

especialização.

2. A contratação de escritório de advocacia quando ausente a singularidade do

objeto contatado e a notória especialização do prestador configura patente

ilegalidade, enquadrando-se no conceito de improbidade administrativa, nos termos

do art. 11, caput, e inciso I, que independe de dano ao erário ou de dolo ou culpa do

agente.

3. A multa civil, que não ostenta feição indenizatória, é perfeitamente compatível

com os atos de improbidade tipificados no art. 11 da Lei 8.429/92 (lesão aos

princípios administrativos), independentemente de dano ao erário, dolo ou culpa do

agente.

4. Patente a ilegalidade da contratação, impõe-se a nulidade do contrato celebrado,

e, em razão da ausência de dano ao erário com a efetiva prestação dos serviços de

advocacia contratados, deve ser aplicada apenas a multa civil, reduzida a patamar

mínimo (10% do valor do contrato, atualizado desde a assinatura).

5. Recurso especial provido em parte.

(REsp 488.842/SP, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, Rel. p/ Acórdão

Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/04/2008, DJe

05/12/2008).

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4 Prerrogativas do Poder Público em Juízo

Em razão do interesse público protegido, as pessoas jurídicas de direito público possuem

prerrogativas (e não privilégios). Não são absolutas as prerrogativas.

Prerrogativas:

a) Regras de prescrição diferenciadas;

b) Prazos diferenciados;

c) Regras para a citação;

d) Regras para a intimação;

e) Regime das liminares;

f) Honorários advocatícios;

g) Precatório e RPV;

h) Reexame necessário;

i) Suspensão de execução de liminar e de sentença;

5 Prescrição em Favor da Fazenda Pública

Decreto n. 20.910/1932 e Decreto-lei n. 4597/1942.

Art. 1o. do Decreto 20.910/1932: Art. 1º As dívidas passivas da União, dos Estados e dos

Municípios, bem assim todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda federal, estadual ou municipal,

seja qual for a sua natureza, prescrevem em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se

originarem”.

Portanto, a pretensão contra a Fazenda Pública está sujeita ao prazo decadencial ou prescricional

de 05 anos.

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Não estão contempladas as sociedades de economia mista e as empresas públicas, por não serem

pessoas jurídicas de direito privado.

Prescrição da pretensão de reparação civil: aplica-se a regra geral contida no art. 1o. do Decreto

20.910/1932 ou o prazo geral constante do Código Civil?

Art. 10 do Decreto: O disposto nos artigos anteriores não altera as prescrições de menor prazo,

constantes das leis e regulamentos, as quais ficam subordinadas às mesmas regras.

Art. 206, § 3o., V, do Código Civil: 03 anos.

Decreto n. 20.910/1932 Código Civil Brasileiro

Determina a observância de prazos

menores.

Estabelece o prazo de 03 anos para a

prescrição da pretensão de reparação

civil.

Decisões do Superior Tribunal de Justiça: há decisões no sentido de aplicar-se o prazo quinquenal,

observando-se as regras gerais. A propósito:

Informativo nº 0406

Período: 7 a 11 de setembro de 2009.

Segunda Turma

RESPONSABILIDADE. ESTADO. PRESCRIÇÃO.

Trata-se, na origem, de ação indenizatória lastreada na responsabilidade civil proposta contra o Estado por

viúvo e filhos de vítima fatal de disparo supostamente efetuado por policial militar durante incursão em

determinada área urbana. Assim, a questão cinge-se em saber se, após o advento do CC/2002, o prazo

prescricional para o ajuizamento de ações indenizatórias contra a Fazenda Pública foi reduzido para três

anos, como defende o recorrente com suporte no art. 206, § 3º, V, do mencionado código, ou permanece

em cinco anos, conforme a norma do art. 1º do Dec. n. 20.910/1932. Isso posto, a Turma deu provimento

ao recurso ao argumento de que o legislador estatuiu a prescrição de cinco anos em benefício do Fisco e,

com o manifesto objetivo de favorecer ainda mais os entes públicos, estipulou que, no caso de eventual

existência de prazo prescricional menor a incidir em situações específicas, o prazo quinquenal seria

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afastado nesse particular (art. 10 do Dec. n. 20.910/1932). O prazo prescricional de três anos relativo à

pretensão de reparação civil (art. 206, § 3º, V, do CC/2002) prevalece sobre o qüinqüênio previsto no art.

1º do referido decreto. REsp 1.137.354-RJ, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 8/9/2009.

Porém, atualmente, vem prevalecendo o entendimento de que o prazo a ser aplicado é o do

Decreto 20.910/32, portanto, de 05 anos. Vide o Recurso Especial n. 1.251.993, julgado sob o regime do

art. 543-C, do CPC:

ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA (ARTIGO

543-C DO CPC). RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. AÇÃO INDENIZATÓRIA.

PRESCRIÇÃO. PRAZO QUINQUENAL (ART. 1º DO DECRETO 20.910/32) X PRAZO TRIENAL

(ART. 206, § 3º, V, DO CC). PREVALÊNCIA DA LEI ESPECIAL. ORIENTAÇÃO PACIFICADA NO

ÂMBITO DO STJ. RECURSO ESPECIAL NÃO PROVIDO.

1. A controvérsia do presente recurso especial, submetido à sistemática do art. 543-C do CPC e da

Res. STJ n 8/2008, está limitada ao prazo prescricional em ação indenizatória ajuizada contra a

Fazenda Pública, em face da aparente antinomia do prazo trienal (art. 206, § 3º, V, do Código Civil)

e o prazo quinquenal (art. 1º do Decreto 20.910/32).

2. O tema analisado no presente caso não estava pacificado, visto que o prazo prescricional nas

ações indenizatórias contra a Fazenda Pública era defendido de maneira antagônica nos âmbitos

doutrinário e jurisprudencial. Efetivamente, as Turmas de Direito Público desta Corte Superior

divergiam sobre o tema, pois existem julgados de ambos os órgãos julgadores no sentido da

aplicação do prazo prescricional trienal previsto no Código Civil de 2002 nas ações indenizatórias

ajuizadas contra a Fazenda Pública. Nesse sentido, o seguintes precedentes: REsp 1.238.260/PB,

2ª Turma, Rel.

Min. Mauro Campbell Marques, DJe de 5.5.2011; REsp 1.217.933/RS, 2ª Turma, Rel. Min. Herman

Benjamin, DJe de 25.4.2011; REsp 1.182.973/PR, 2ª Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJe de

10.2.2011;

REsp 1.066.063/RS, 1ª Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJe de 17.11.2008; EREspsim

1.066.063/RS, 1ª Seção, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe de 22/10/2009). A tese do prazo

prescricional trienal também é defendida no âmbito doutrinário, dentre outros renomados

doutrinadores: José dos Santos Carvalho Filho ("Manual de Direito Administrativo", 24ª Ed., Rio de

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Janeiro: Editora Lumen Júris, 2011, págs. 529/530) e Leonardo José Carneiro da Cunha ("A

Fazenda Pública em Juízo", 8ª ed, São Paulo: Dialética, 2010, págs. 88/90).

3. Entretanto, não obstante os judiciosos entendimentos apontados, o atual e consolidado

entendimento deste Tribunal Superior sobre o tema é no sentido da aplicação do prazo

prescricional quinquenal - previsto do Decreto 20.910/32 - nas ações indenizatórias ajuizadas

contra a Fazenda Pública, em detrimento do prazo trienal contido do Código Civil de 2002.

4. O principal fundamento que autoriza tal afirmação decorre da natureza especial do Decreto

20.910/32, que regula a prescrição, seja qual for a sua natureza, das pretensões formuladas contra

a Fazenda Pública, ao contrário da disposição prevista no Código Civil, norma geral que regula o

tema de maneira genérica, a qual não altera o caráter especial da legislação, muito menos é capaz

de determinar a sua revogação. Sobre o tema: Rui Stoco ("Tratado de Responsabilidade Civil".

Editora Revista dos Tribunais, 7ª Ed. - São Paulo, 2007; págs. 207/208) e Lucas Rocha Furtado

("Curso de Direito Administrativo". Editora Fórum, 2ª Ed. - Belo Horizonte, 2010; pág.

1042).

5. A previsão contida no art. 10 do Decreto 20.910/32, por si só, não autoriza a afirmação de que o

prazo prescricional nas ações indenizatórias contra a Fazenda Pública foi reduzido pelo Código

Civil de 2002, a qual deve ser interpretada pelos critérios histórico e hermenêutico. Nesse sentido:

Marçal Justen Filho ("Curso de Direito Administrativo". Editora Saraiva, 5ª Ed. - São Paulo, 2010;

págs. 1.296/1.299).

6. Sobre o tema, os recentes julgados desta Corte Superior: AgRg no AREsp 69.696/SE, 1ª Turma,

Rel. Min. Benedito Gonçalves, DJe de 21.8.2012; AgRg nos EREsp 1.200.764/AC, 1ª Seção, Rel.

Min. Arnaldo Esteves Lima, DJe de 6.6.2012; AgRg no REsp 1.195.013/AP, 1ª Turma, Rel. Min.

Teori Albino Zavascki, DJe de 23.5.2012; REsp 1.236.599/RR, 2ª Turma, Rel. Min. Castro Meira,

DJe de 21.5.2012;

AgRg no AREsp 131.894/GO, 2ª Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJe de 26.4.2012; AgRg no

AREsp 34.053/RS, 1ª Turma, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJe de 21.5.2012; AgRg no

AREsp 36.517/RJ, 2ª Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe de 23.2.2012; EREsp 1.081.885/RR,

1ª Seção, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, DJe de 1º.2.2011.

7. No caso concreto, a Corte a quo, ao julgar recurso contra sentença que reconheceu prazo trienal

em ação indenizatória ajuizada por particular em face do Município, corretamente reformou a

sentença para aplicar a prescrição quinquenal prevista no Decreto 20.910/32, em manifesta

sintonia com o entendimento desta Corte Superior sobre o tema.

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8. Recurso especial não provido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543-C, do CPC, e da

Resolução STJ 08/2008.

(REsp 1251993/PR, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em

12/12/2012, DJe 19/12/2012)

Prescrição Parcelar (Súmula 85, STJ) x Prescrição do Fundo de Direito

Súmula 85, STJ: Nas relações jurídicas de trato sucessivo em que a Fazenda Pública figure como

devedora, quando não tiver sido negado o próprio direito reclamado, a prescrição atinge apenas as

prestações vencidas antes do qüinqüênio anterior à propositura da ação.

Tudo depende se foi ou não formulado requerimento na via administrativa.

Interrupção do prazo interrompido o prazo prescricional, ele voltará a correr pela metade. Art. 9o.,

do Decreto 20.910/1932: Art. 9º A prescrição interrompida recomeça a correr, pela metade do prazo, da

data do ato que a interrompeu ou do último ato ou termo do respectivo processo.

Súmula 383, do STF: A prescrição em favor da Fazenda Pública recomeça a correr, por dois anos

e meio, a partir do ato interruptivo, mas não fica reduzida aquém de cinco anos, embora o titular do direito

a interrompa durante a primeira metade do prazo.

Prescrição da pretensão a ser exercida pela Fazenda Pública: imprescritibilidade.

Vide art. 37, § 6o, da Constituição Federal:

6 Prazos Diferenciados

Artigo 188, do CPC – Projeto do Novo CPC – Juizado Especial da Fazenda Pública.

- Art. 188: Art. 188. Computar-se-á em quádruplo o prazo para contestar e em dobro para

recorrer quando a parte for a Fazenda Pública ou o Ministério Público.

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- Lei 12.153/2009:

Art. 7o Não haverá prazo diferenciado para a prática de qualquer ato processual pelas

pessoas jurídicas de direito público, inclusive a interposição de recursos, devendo a citação

para a audiência de conciliação ser efetuada com antecedência mínima de 30 (trinta) dias.

- Prazo em Quádruplo: para o oferecimento de resposta.

- Ação Popular. Não se aplica. Prazo de 20 dias, que pode ser prorrogado.

Art. 7º A ação obedecerá ao procedimento ordinário, previsto no Código de Processo Civil, observadas as

seguintes normas modificativas:

§ 2º Se os documentos e informações não puderem ser oferecidos nos prazos assinalados, o juiz poderá

autorizar prorrogação dos mesmos, por prazo razoável.

IV - O prazo de contestação é de 20 (vinte) dias, prorrogáveis por mais 20 (vinte), a requerimento do

interessado, se particularmente difícil a produção de prova documental, e será comum a todos os

interessados, correndo da entrega em cartório do mandado cumprido, ou, quando for o caso, do decurso

do prazo assinado em edital.

- Ação Rescisória. Art. 490, do CPC. STJ aplicou prazo em quádruplo.

Art. 491. O relator mandará citar o réu, assinando-lhe prazo nunca inferior a 15 (quinze) dias nem

superior a 30 (trinta) para responder aos termos da ação. Findo o prazo com ou sem resposta, observar-

se-á no que couber o disposto no Livro I, Título VIII, Capítulos IV e V.

Posição do poder público:

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL – AÇÃO POPULAR – PEDIDO DE CONCESSÃO DE PRAZO

EM DOBRO PARA CONTESTAR NOS TERMOS DO ART. 7º, IV DA LEI 4717/65 – ULTERIOR

REQUERIMENTO DO ENTE PÚBLICO PARA INGRESSAR NO PÓLO ATIVO DA DEMANDA –

PRECLUSÃO LÓGICA OU TEMPORAL INEXISTENTE – AUSÊNCIA DE VEDAÇÃO LEGAL – DANO AO

PATRIMÔNIO PÚBLICO E A PRINCÍPIOS BASILARES DO DIREITO ADMINISTRATIVO – PRESENÇA

INCONTESTÁVEL DE INTERESSE JURÍDICO.

1. O requerimento para figurar no pólo ativo da relação processual foi exercido dentro do prazo para o

oferecimento da contestação, não se havendo falar em preclusão lógica ou temporal em razão da entidade

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de direito público ter pleiteado - nos termos do art. 7º, IV, da Lei 4.717/65 - o prazo em dobro para a

resposta à ação.

2. O fato de o ente público ter pedido prazo em dobro para responder à ação não quer dizer que ele

praticou ato incompatível com a faculdade de requerer o ingresso no pólo ativo da relação processual. A

incompatibilidade só teria ocorrido se, efetivamente, a municipalidade tivesse apresentado contestação.

3. Ademais, em nenhum momento a lei da ação popular estabeleceu a incompatibilidade entre o pedido de

concessão de prazo em dobro para contestar, e a faculdade, estabelecida no art. 6º, § 3º da mesma lei,

que permite ao ente público pleitear o ingresso no pólo ativo da demanda. Dessa forma, no silêncio da lei,

não cabe fazer interpretações restritivas, mormente quando se está diante de uma garantia constitucional

posta à disposição do cidadão para a defesa do patrimônio público.

4. In casu, o interesse jurídico da municipalidade em figurar no pólo ativo da ação popular é palmar, tendo

em vista que o objeto da demanda visa a defender o patrimônio público, e, em última análise, também os

princípios mestres do sistema de direito administrativo, dentre os quais a legalidade, a moralidade e a

isonomia.

Agravo regimental improvido.

(AgRg no REsp 973.905/SP, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em

04/06/2009, DJe 25/06/2009)

- Mandado de Segurança – autoridade presta informações no prazo de 10 dias. Natureza de ato

administrativo.

- Prazo em Dobro para Recorrer: para qualquer recurso, inclusive regimentais. Não se aplica ao controle

de constitucionalidade. Não se aplica aos Juizados Especiais.

7 Citação.

Citação por oficial de justiça. Pode ser feita por meio do Procurador? Sim, por exemplo, no caso de

oposição.

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A citação é pressuposto de existência ou de validade da relação jurídica processual? Nulidade da

citação e ausência de defesa falta de pressuposto de existência, com possibilidade do ajuizamento da

Querela Nullitatis.

Incidem os efeitos da revelia?

Dois são os efeitos: material e processual.

Vide Informativo 508, do STJ.

Informativo 508

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. INCIDÊNCIA DOS EFEITOS MATERIAIS DA REVELIA CONTRA A

FAZENDA PÚBLICA EM CONTRATOS DE DIREITO PRIVADO.

Incidem os efeitos materiais da revelia contra o Poder Público na hipótese em que, devidamente

citado, deixa de contestar o pedido do autor, sempre que estiver em litígio uma obrigação de direito

privado firmada pela Administração Pública, e não um contrato genuinamente administrativo.

Segundo os arts. 319 e 320, II, ambos do CPC, se o réu não contestar a ação, reputar-se-ão verdadeiros

os fatos afirmados pelo autor, não induzindo a revelia esse efeito se o litígio versar sobre direitos

indisponíveis. A Administração Pública celebra não só contratos regidos pelo direito público (contratos

administrativos), mas também contratos de direito privado em que não se faz presente a superioridade do

Poder Público frente ao particular (contratos da administração), embora em ambos o móvel da contratação

seja o interesse público. A supremacia do interesse público ou sua indisponibilidade não justifica que a

Administração não cumpra suas obrigações contratuais e, quando judicializadas, não conteste a ação sem

que lhe sejam atribuídos os ônus ordinários de sua inércia, não sendo possível afastar os efeitos materiais

da revelia sempre que estiver em debate contrato regido predominantemente pelo direito privado, situação

na qual a Administração ocupa o mesmo degrau do outro contratante, sob pena de se permitir que a

superioridade no âmbito processual acabe por desnaturar a própria relação jurídica contratual firmada. A

inadimplência contratual do Estado atende apenas a uma ilegítima e deformada feição do interesse público

secundário de conferir benefícios à Administração em detrimento dos interesses não menos legítimos dos

particulares, circunstância não tutelada pela limitação dos efeitos da revelia prevista no art. 320, II, do

CPC. Dessa forma, o reconhecimento da dívida contratual não significa disposição de direitos

indisponíveis; pois, além de o cumprimento do contrato ser um dever que satisfaz o interesse público de

não ter o Estado como inadimplente, se realmente o direito fosse indisponível, não seria possível a

renúncia tácita da prescrição com o pagamento administrativo da dívida fulminada pelo tempo. REsp

1.084.745-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 6/11/2012.

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8 Intimação

Intimação pessoal dos Advogados da União. Também nos executivos fiscais, independentemente

do polo ativo da execução.

Se a parte não comparece à audiência designada e o magistrado profere sentença: há necessidade

de intimação pela imprensa do advogado?

9 Regime das Liminares contra o Poder Público

Para o estudo das liminares contra o Poder Público, é imprescindível a análise das Leis 8437/1992

e 9494/1997.

9.1 Necessidade do contraditório prévio.

Art. 2º, da Lei 8.437/1992: “No mandado de segurança coletivo e na ação civil pública, a

liminar será concedida, quando cabível, após a audiência do representante judicial da

pessoa jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no prazo de setenta e duas

hora”.

De acordo com o aludido dispositivo, antes do magistrado conceder liminar em ação civil pública ou

mandado de segurança coletivo há necessidade de que observe o contraditório prévio, ouvindo a

representação judicial da pessoa jurídica.

Há necessidade de observância da regra em razão da potencialidade dos efeitos da decisão e do

interesse público que a questão pode encampar. Para o bom funcionamento da Administração Pública, há

necessidade de que o administrador seja previamente ouvido.

Da inobservância do dispositivo tem-se a nulidade da decisão.

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12

Contudo, o Superior Tribunal de Justiça tem mitigado a regra, não reconhecendo a nulidade da

decisão, desde que presentes os requisitos legais para a sua concessão e não esteja provado prejuízo.

ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. CONCESSÃO DE LIMINAR SEM

OITIVA DO PODER PÚBLICO. ART. 2° DA LEI 8.437/1992. AUSÊNCIA DE

NULIDADE.

1. O STJ, em casos excepcionais, tem mitigado a regra esboçada no art. 2º da Lei

8437/1992, aceitando a concessão da Antecipação de Tutela sem a oitiva do poder

público quando presentes os requisitos legais para conceder medida liminar em

Ação Civil Pública.

2. No caso dos autos, não ficou comprovado qualquer prejuízo ao agravante advindo

do fato de não ter sido ouvido previamente quando da concessão da medida liminar .

3. Agravo Regimental não provido.

(AgRg no Ag 1314453/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA,

julgado em 21/09/2010, DJe 13/10/2010).

A regra não se aplica a hipóteses em que não se atinge bens ou interesse da pessoa jurídica de

direito público, como o caso de ação civil pública para apuração de improbidade administrativa.

ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA.

LIMINAR. INDISPONIBILIDADE DE BENS. PRÉVIA AUDIÊNCIA DE

REPRESENTANTE JUDICIAL DA PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO.

ART.

2º DA LEI 8.437/92. INAPLICABILIDADE. RECURSO ESPECIAL PROVIDO.

1. O art. 2º da Lei 8.437/92, que dispõe sobre a necessidade de prévia audiência do

representante judicial da pessoa jurídica de direito público para concessão de liminar

em ação civil pública, não se aplica a hipóteses em que a medida não atinge bens

ou interesses da referida entidade.

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2. Recurso especial a que se dá provimento.

(REsp 1038467/SP, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA,

julgado em 12/05/2009, DJe 20/05/2009).

É correto o entendimento de que o disposto no art. 2o., da Lei 8437/1992, se aplica por extensão às

demais ações coletivas, como por exemplo, ação popular.

9.2 Impossibilidade de Concessão de Liminares – art. 1o, da Lei 9494/1997.

Art. 1º Aplica-se à tutela antecipada prevista nos arts. 273 e 461 do Código de Processo Civil o

disposto nos arts. 5º e seu parágrafo único e 7º da Lei nº 4.348, de 26 de junho de 1964, no art. 1º

e seu § 4º da Lei nº 5.021, de 9 de junho de 1966, e nos arts. 1º, 3º e 4º da Lei nº 8.437, de 30 de

junho de 1992.

Leis n. 4.348/1964 e 5.021/1966 foram revogadas, com disciplina do mandado de segurança

exclusivamente pela Lei 12.016/2009, para a qual é aplicado o dispositivo.

Art. 7o, da Lei 12.016/2009: Ao despachar a inicial, o juiz ordenará: (...) § 2o Não será concedida

medida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos tributários, a entrega de

mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou equiparação de servidores

públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer

natureza.

Lei 8.437/1992:

Art. 1° Não será cabível medida liminar contra atos do Poder Público, no procedimento cautelar ou

em quaisquer outras ações de natureza cautelar ou preventiva, toda vez que providência

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semelhante não puder ser concedida em ações de mandado de segurança, em virtude de vedação

legal.

§ 1° Não será cabível, no juízo de primeiro grau, medida cautelar inominada ou a sua liminar,

quando impugnado ato de autoridade sujeita, na via de mandado de segurança, à competência

originária de tribunal.

§ 2° O disposto no parágrafo anterior não se aplica aos processos de ação popular e de ação civil

pública.

§ 3° Não será cabível medida liminar que esgote, no todo ou em qualquer parte, o objeto da ação.

§ 4° Nos casos em que cabível medida liminar, sem prejuízo da comunicação ao dirigente do órgão

ou entidade, o respectivo representante judicial dela será imediatamente intimado. (Incluído pela

Medida Provisória nº 2,180-35, de 2001)

§ 5o Não será cabível medida liminar que defira compensação de créditos tributários ou

previdenciários. (Incluído pela Medida Provisória nº 2,180-35, de 2001).

Art. 3° O recurso voluntário ou ex officio, interposto contra sentença em processo cautelar,

proferida contra pessoa jurídica de direito público ou seus agentes, que importe em outorga ou

adição de vencimentos ou de reclassificação funcional, terá efeito suspensivo.

Art. 4° Compete ao presidente do tribunal, ao qual couber o conhecimento do respectivo recurso,

suspender, em despacho fundamentado, a execução da liminar nas ações movidas contra o Poder

Público ou seus agentes, a requerimento do Ministério Público ou da pessoa jurídica de direito

público interessada, em caso de manifesto interesse público ou de flagrante ilegitimidade, e para

evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas.

Na ação declaratória de constitucionalidade n. 04, o Supremo Tribunal Federal reconheceu a

constitucionalidade do dispositivo. Porém, “a decisão na ADC-4 não se aplica à antecipação de tutela em

causa de Natureza previdenciária”(Súmula 729, do Supremo Tribunal Federal).

a) Não é possível a concessão da liminar quando impugnado ato de autoridade sujeita, na via de mandado

de segurança, à competência originária de tribunal. Exemplo: ato de Governador do Estado, cuja

competência originária é do Tribunal de Justiça. O disposto não se aplica à ação civil pública ou à ação

popular.

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b) a sentença proferida contra pessoa jurídica de direito público ou seus agentes, que importe em outorga

ou adição de vencimentos ou de reclassificação funcional, terá efeito suspensivo. Por exemplo, se

proferida sentença concessiva de ordem em mandado de segurança, tem-se que, via de regra, o recurso

será recebido tão somente em seu efeito devolutivo, produzindo a sentença efeitos imediatos. Contudo, se

a sentença importar em outorga ou adição de vencimentos ou de reclassificação funcional, o ato judicial

não produzirá efeitos jurídicos imediatos.

c) Suspensão de Execução de Liminar e de Sentença.

9.3 Não será cabível medida liminar que esgote, no todo ou em qualquer parte, o objeto da ação.

10 Suspensão de Execução de Liminar e de Sentença

Regime Geral da Suspensão

Art. 4° Compete ao presidente do tribunal, ao qual couber o conhecimento do respectivo

recurso, suspender, em despacho fundamentado, a execução da liminar nas ações movidas

contra o Poder Público ou seus agentes, a requerimento do Ministério Público ou da pessoa

jurídica de direito público interessada, em caso de manifesto interesse público ou de

flagrante ilegitimidade, e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à

economia públicas.

§ 1° Aplica-se o disposto neste artigo à sentença proferida em processo de ação cautelar

inominada, no processo de ação popular e na ação civil pública, enquanto não transitada

em julgado.

§ 2° O presidente do tribunal poderá ouvir o autor e o Ministério Público, em cinco dias.

§ 3° Do despacho que conceder ou negar a suspensão, caberá agravo, no prazo de cinco

dias.

§ 2o O Presidente do Tribunal poderá ouvir o autor e o Ministério Público, em setenta

e duas horas. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2,180-35, de 2001)

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§ 3o Do despacho que conceder ou negar a suspensão, caberá agravo, no prazo de

cinco dias, que será levado a julgamento na sessão seguinte a sua interposição. (Redação

dada pela Medida Provisória nº 2,180-35, de 2001)

§ 4o Se do julgamento do agravo de que trata o § 3o resultar a manutenção ou o

restabelecimento da decisão que se pretende suspender, caberá novo pedido de

suspensão ao Presidente do Tribunal competente para conhecer de eventual recurso

especial ou extraordinário. (Incluído pela Medida Provisória nº 2,180-35, de 2001)

§ 5o É cabível também o pedido de suspensão a que se refere o § 4o, quando negado

provimento a agravo de instrumento interposto contra a liminar a que se refere este artigo.

(Incluído pela Medida Provisória nº 2,180-35, de 2001)

§ 6o A interposição do agravo de instrumento contra liminar concedida nas ações

movidas contra o Poder Público e seus agentes não prejudica nem condiciona o julgamento

do pedido de suspensão a que se refere este artigo. (Incluído pela Medida Provisória nº

2,180-35, de 2001)

§ 7o O Presidente do Tribunal poderá conferir ao pedido efeito suspensivo liminar, se

constatar, em juízo prévio, a plausibilidade do direito invocado e a urgência na concessão

da medida. (Incluído pela Medida Provisória nº 2,180-35, de 2001)

§ 8o As liminares cujo objeto seja idêntico poderão ser suspensas em uma única

decisão, podendo o Presidente do Tribunal estender os efeitos da suspensão a liminares

supervenientes, mediante simples aditamento do pedido original. (Incluído pela Medida

Provisória nº 2,180-35, de 2001)

§ 9o A suspensão deferida pelo Presidente do Tribunal vigorará até o trânsito em

julgado da decisão de mérito na ação principal. (Incluído pela Medida Provisória nº 2,180-

35, de 2001)

10.1 Conceito: a suspensão de execução de liminar ou de sentença tem por finalidade sobrestar os efeitos

de uma decisão não transitada em julgado que possa produzir efeitos jurídicos imediatos em face do

Poder Público.

10.2 Bens jurídicos tutelados: ORDEM, SAÚDE, SEGURANÇA E ECONOMIA PÚBLICAS.

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10.3 Natureza jurídica: não se trata de recurso, pois não se objetiva a modificação de decisão judicial.

Entre muitos, há o posicionamento de que se trata de um incidente processual.

10.4 Competência: Presidente do Tribunal competente para o julgamento de eventual recurso.

10.5 Duração da medida: até o trânsito em julgado, salvo se houver decisão judicial em sentido contrário.

10.6 Renovação do pedido de suspensão.

10.7 Agravo regimental: prazo de 05 dias. Não é requisito para o pedido de renovação.

11 Intervenção Anômala

O art. 5o. da Lei 9469/1997 trata da denominada intervenção anômala (ou anódina), pela qual a

União e as demais pessoas jurídicas de direito público, com fundamento na demonstração de interesse

econômico (e não de interesse jurídico), podem pugnar a juntada de documentos e de memoriais que

entenderem pertinentes.

Art. 5º A União poderá intervir nas causas em que figurarem, como autoras ou rés,

autarquias, fundações públicas, sociedades de economia mista e empresas públicas

federais.

Parágrafo único. As pessoas jurídicas de direito público poderão, nas causas cuja decisão

possa ter reflexos, ainda que indiretos, de natureza econômica, intervir, independentemente

da demonstração de interesse jurídico, para esclarecer questões de fato e de direito,

podendo juntar documentos e memoriais reputados úteis ao exame da matéria e, se for o

caso, recorrer, hipótese em que, para fins de deslocamento de competência, serão

consideradas partes.

INTERESSE JURÍDICO INTERESSE ECONÔMICO

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Autoriza a assistência Autoriza a intervenção anômala

Importa no deslocamento da

competência.

Não importará no deslocamento da

competência.

Ao assim proceder, a pessoa jurídica de direito público não adquire a condição de parte e,

portanto, não está sujeita à coisa julgada formada.

A intervenção anômala da União, em demanda que tramita perante a Justiça Estadual, importará

na modificação da competência?

Resposta: NÃO. Não há o deslocamento, uma vez que não há interesse jurídico da União.

No entanto, o Superior Tribunal de Justiça já reconheceu a necessidade de deslocamento da

competência no caso de devolução de empréstimo compulsório, uma vez que a responsabilidade da

União, no caso, é solidária.

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL - DECISÃO MONOCRÁTICA QUE

DEFERIU O PEDIDO DE INTERVENÇÃO NO FEITO FORMULADO PELA UNIÃO, COM

BASE NO ARTIGO 5º DA LEI 9.469/97.

1. A intervenção anômala da União, com base unicamente na demonstração de interesse

econômico no resultado da lide (artigo 5º da Lei 9.469/97), para juntada de documentos e

memoriais reputados úteis, não implica o deslocamento automático da competência para a

Justiça Federal. Precedentes do STJ.

2. "A lei ordinária não tem a força de ampliar a enumeração taxativa da competência da

Justiça Federal estabelecida no art. 109, I, da Constituição Federal, razão pela qual o

deslocamento da competência para a Justiça especializada somente se verificaria se

configurado o efetivo interesse jurídico da União ou de outro ente federal" (EDcl no AgRg no

CC 89.783/RS, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Primeira Seção, julgado em

09.06.2010, DJe 18.06.2010).

3. Outrossim, revela-se Inaplicável, à espécie, a jurisprudência firmada quando do

julgamento do Recurso Especial 1.111.159/RJ (submetido ao rito do artigo 543-C do CPC),

segundo o qual, em se tratando de causas que versem sobre empréstimo compulsório

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sobre energia elétrica, ingressando a União no feito, mediante demonstração de legítimo

interesse, a competência passa a ser da justiça federal, por força do que determina o artigo

109, inciso I, da Constituição Federal.

4. Isto porque, naquela hipótese, a conclusão adotada pelo órgão colegiado contém

premissa peculiar, consubstanciada na orientação jurisprudencial de que solidária a

responsabilidade da União pelo pagamento dos valores devidos a título do empréstimo

compulsório instituído em favor das Centrais Elétricas Brasileiras (Eletrobrás), donde se

extraiu o potencial interesse jurídico da interveniente, ensejador do deslocamento da

competência ratione personae, caso assim decidido pela Justiça Federal, nos termos da

Súmula 150/STJ.

5. Assim, correta a decisão agravada que, ao acolher o pedido de intervenção formulado

pela União, amparada no artigo 5º da Lei 9.469/97, determinou o recebimento do processo

no estado em que se encontra e a manutenção da competência originária para julgamento

da demanda.

6. Agravo regimental desprovido.

(AgRg no REsp 1045692/DF, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em

21/06/2012, DJe 29/06/2012).

E, quando for o caso, a pessoa jurídica de direito público, demonstrado o interesse jurídico,

poderá recorrer, em uma hipótese de intervenção de terceiros. Nessa hipótese, se o recurso for interposto

pela União, haverá o deslocamento da competência.

12 Reexame Necessário

12.1 Natureza jurídica: o reexame necessário não é um recurso, mas condição de eficácia da sentença,

que deverá ser reexaminada pelo Tribunal independentemente de recurso voluntário da parte.

12.2 Hipóteses: o reexame necessário ocorrerá nos casos previstos nos incisos do art. 475, do CPC:

Art. 475. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de

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confirmada pelo tribunal, a sentença:

I – proferida contra a União, o Estado, o Distrito Federal, o Município, e as respectivas

autarquias e fundações de direito público;

II – que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução de dívida ativa da

Fazenda Pública (art. 585, VI).

§ 1o Nos casos previstos neste artigo, o juiz ordenará a remessa dos autos ao tribunal, haja ou

não apelação; não o fazendo, deverá o presidente do tribunal avocá-los.

§ 2o Não se aplica o disposto neste artigo sempre que a condenação, ou o direito

controvertido, for de valor certo não excedente a 60 (sessenta) salários mínimos, bem como no

caso de procedência dos embargos do devedor na execução de dívida ativa do mesmo valor.

§ 3o Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada em

jurisprudência do plenário do Supremo Tribunal Federal ou em súmula deste Tribunal ou do

tribunal superior competente.

O dispositivo determina a aplicação do reexame necessário nos casos de sentença proferida CONTRA o

poder público. Desse modo, se a sentença foi terminativa de mérito, não há que se falar de reexame

necessário, salvo se lhe foi imposta condenação em verba honorária.

A propósito, vide Súmula 325, STJ: “A remessa oficial devolve ao Tribunal o reexame de todas as parcelas

da condenação suportadas pela Fazenda Pública, inclusive dos honorários advocatícios”.

Sendo proferida sentença ilíquida contra o Poder Público, estará a sentença sujeita ao reexame

necessário. Súmula 490: “A dispensa de reexame necessário, quando o valor da condenação ou do direito

controvertido for inferior a 60 salários mínimos, não se aplica a sentenças ilíquidas.”

Outras situações em que prevista o reexame necessário:

(i) Sentença concessiva de mandado de segurança (art. 14, da Lei 12.016/2009):

Art. 14. Da sentença, denegando ou concedendo o mandado, cabe apelação.

§ 1o Concedida a segurança, a sentença estará sujeita obrigatoriamente ao duplo grau de

jurisdição.

(ii) sentença que extinguir a ação popular por carência de ação ou improcedência do pedido (art. 19, da Lei

4.717/65):

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Art. 19. A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência da ação está sujeita ao duplo

grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal; da que julgar a ação

procedente caberá apelação, com efeito suspensivo. (Redação dada pela Lei nº 6.014, de 1973)

12.4 Não se aplica o reexame necessário:

(i) nos Juizados Especiais da Fazenda Pública e nos Juizados Especiais Federais;

(ii) nos casos em que a condenação, ou o direito controvertido, for de valor certo não excedente a 60

salários mínimo (observando-se a Súmula 490, STJ);

(iii) as sentenças de procedência proferidas nos embargos à execução de dívida ativa da Fazenda Pública,

cujo valor, à época da sentençaa, não exceda a 60 salários mínimos;

(iv) se a sentença estiver fundada em jurisprudência do plenário ou em súmula do STF ou, ainda, em

súmula de outro tribunal superior;

(v) as sentenças contra a União, suas autarquias e fundações pública, quando a respeito da controvérsia o

Advogado-Geral da União ou outro órgão administrativo competente houver editado súmula ou instrução

normativa determinando a não-interposição de recurso voluntário.

Art. 12 da Medida Provisória 2.180-35/2001: Não estão sujeitas ao duplo grau de jurisdição obrigatório as

sentenças proferidas contra a União, suas autarquias e fundações públicas, quando a respeito da

controvérsia o Advogado-Geral da União ou outro órgão administrativo competente houver editado súmula

ou instrução normativa determinando a não-interposição de recurso voluntário.

12.5 Permite-se a sustentação oral no reexame necessário? Sim.

PROCESSO CIVIL - PRETENDIDA SUSTENTAÇÃO ORAL EM SEDE DE REEXAME NECESSÁRIO -

DICÇÃO DO ART. 554 DO CPC - POSSIBILIDADE - VOCÁBULO "RECURSO" INTERPRETADO PELO

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA EM SENTIDO AMPLO, A ABARCAR O INSTITUTO DO REEXAME

NECESSÁRIO - RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E PROVIDO.

- É de se entender que o vocábulo "recurso" previsto no artigo 554 do Estatuto Processual Civil, deve ser

interpretado em sentido amplo, a abranger a remessa necessária prevista no artigo 475 e, por

conseqüência, abarcar a possibilidade de sustentação oral por ocasião do julgamento do reexame

necessário.

- Não procede, também, eventual entendimento no sentido de que, privado o reexame necessário de

razões recursais, por esse motivo haveria óbice para sustentação oral. Para afastar essa interpretação

equivocada, é de bom conselho reproduzir o escólio de Sergio Bermudes ao comentar o artigo 554 do

Código de Processo Civil: "Pode sustentar o recorrente, ou o recorrido, que deixou de apresentar as

respectivas razões? O artigo determina que a palavra será dada ao recorrente e ao recorrido, a fim de

sustentarem as razões do recurso. Por isso, uma interpretação demasiadamente apegada à letra da lei

obrigaria a uma resposta negativa. Entretanto, sabe-se que, dentre todas as formas de interpretação, outra

não há mais perigosa que a literal. Não se casa com o espírito do Código a exegese de que só poderá

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sustentar o recorrente, ou recorrido, que apresentou razões, quando da interposição do recurso, ou da

resposta. Se, nesse momento, recorrente e recorrido se omitiram, deve-se entender que se reportaram à

inicial, à contestação, à fundamentação da sentença. Se o recorrido era revel, permanecendo contumaz

quanto aos demais atos cuja prática lhe incumbia, nada obsta a que sustente a decisão que lhe foi

favorável, pois o revel pode intervir no processo em qualquer fase (art. 322)" ["Comentários ao Código de

Processo Civil", 2ª ed., Ed. RT, Vol. VII, p. 378/379].

- Peço vênia à ilustre Ministra Eliana Calmon para conhecer e dar provimento ao recurso da Fazenda

Pública de Minas Gerais e anular o acórdão da Corte de origem, a fim de que seja dada oportunidade para

a sustentação oral por ocasião do julgamento do reexame necessário.

Em vista desse desfecho, fica prejudicado o exame das demais questões.

(REsp 493.862/MG, Rel. Ministra ELIANA CALMON, Rel. p/ Acórdão Ministro FRANCIULLI NETTO,

SEGUNDA TURMA, julgado em 05/02/2004, DJ 12/04/2004, p. 192).

12.6 Não serão cabíveis embargos infringentes quando do julgamento do reexame necessário:

Súmula 390, STJ. Nas decisões por maioria, em reexame necessário, não se admitem

embargos infringentes.

12.7 Do acórdão proferido em reexame necessário, poderá o Poder Público interpor recurso

especial:

PROCESSUAL CIVIL - EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA - REEXAME NECESSÁRIO – AUSÊNCIA DE

APELAÇÃO DO ENTE PÚBLICO – PRECLUSÃO LÓGICA AFASTADA – CABIMENTO DO RECURSO

ESPECIAL.

1. A Corte Especial, no julgamento do REsp 905.771/CE (rel. Min.

Teori Zavascki, julgado em 29/06/2010, acórdão pendente de publicação), afastou a tese da preclusão

lógica e adotou o entendimento de que a Fazenda Pública, ainda que não tenha apresentado recurso de

apelação contra a sentença que lhe foi desfavorável, pode interpor recurso especial.

2. Embargos de divergência conhecidos e providos.

(EREsp 1119666/RS, Rel. Ministra ELIANA CALMON, CORTE ESPECIAL, julgado em 01/09/2010, DJe

08/11/2010).

13 Honorários Advocatícios e a Fazenda Pública

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13.1 Honorários advocatícios e a execução não embargada.

Art. 1o-D, da Lei 9.494/1997: “Não serão devidos honorários advocatícios pela Fazenda Pública nas

execuções não embargadas”.

O Supremo Tribunal Federal, ao analisar a questão, deu interpretação conforme, restringindo a aplicação

do dispositivo às hipóteses em que a obrigação deve ser satisfeita mediante precatório, excluindo-se a

requisição de pequeno valor.

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL. VERBA HONORÁRIA. EXECUÇÃO. FAZENDA PÚBLICA. ART. 1º-D

DA LEI Nº 9.494/97, INTRODUZIDO PELA MEDIDA PROVISÓRIA Nº 2.180-35, DE 24 DE AGOSTO DE

2001. CONSTITUCIONALIDADE. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 420.816,

Rel. Min. Carlos Velloso, declarou, incidentalmente, a constitucionalidade do art. 1º-D da Lei nº 9.494/97,

introduzido pela Medida Provisória nº 2.180-35, de 24 de agosto de 2001. Esta Casa Maior de Justiça,

conferindo ao dispositivo interpretação conforme, reduziu sua aplicação à hipótese de execução, por

quantia certa, contra a Fazenda Pública (Código de Processo Civil, art. 730), excluídos os casos de

pagamentos de obrigações definidos em lei como de pequeno valor (artigo 100, § 3º, da Constituição

Republicana). Precedentes: REs 440.317, Relator o Min. Carlos Velloso; 439.253, Relator o Min.

Sepúlveda Pertence; 439.433, Relator o Min. Marco Aurélio; e 433.443, Relator o Min. Cezar Peluso.

Agravo Regimental a que se nega provimento. (RE 428635 AgR, Relator(a): Min. CARLOS BRITTO,

Primeira Turma, julgado em 01/03/2005, DJ 13-05-2005 PP-00017 EMENT VOL-02191-04 PP-00694 RTJ

VOL-00194-01 PP-00376).

Súmula 345, STJ: São devidos honorários advocatícios pela Fazenda Pública nas

execuções individuais de sentença proferida em ações coletivas, ainda que não embargadas.

Supremo Tribunal Federal concluiu pela ausência de repercussão geral, de modo que não analisou a

questão objeto da Súmula 345, STJ.

Agravo regimental no recurso extraordinário. Processual. Fazenda Pública. Execução não embargada.

Artigo 1º-D da Lei nº 9.494/97 (MP nº 2.180-35/01). Constitucionalidade. Ação coletiva. Matéria

infraconstitucional. Precedentes. 1. No julgamento do RE nº 420.816, Relator o Ministro Sepúlveda

Pertence, o Plenário do Supremo Tribunal Federal declarou a constitucionalidade da MP nº 2.180-35/01,

dando interpretação conforme ao art. 1º-D da Lei nº 9.494/97, reduzindo a sua aplicação às hipóteses de

execução por quantia certa contra a Fazenda Pública, excluídos os casos de pagamento de obrigações

definidas em lei como de pequeno valor. 2. O Plenário desta Corte, em sessão realizada por meio

eletrônico, no exame do RE nº 599.903/RS, Relatora a Ministra Cármen Lúcia, concluiu pela ausência da

repercussão geral da questão relativa à fixação de honorários advocatícios nas execuções de ações

coletivas, uma vez que essa discussão está adstrita ao plano infraconstitucional. 3. Agravo regimental não

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provido. (RE 506329 AgR, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, julgado em 11/12/2012,

ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-033 DIVULG 19-02-2013 PUBLIC 20-02-2013).

13.2 Possibilidade de fixação de honorários em patamar inferior ao de 10% da condenação.

Art. 20, do Código de Processo Civil: A sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas

que antecipou e os honorários advocatícios. Esta verba honorária será devida, também, nos casos em que

o advogado funcionar em causa própria.

§ 1º O juiz, ao decidir qualquer incidente ou recurso, condenará nas despesas o vencido.

§ 2º As despesas abrangem não só as custas dos atos do processo, como também a indenização de

viagem, diária de testemunha e remuneração do assistente técnico.

§ 3º Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez por cento (10%) e o máximo de vinte por

cento (20%) sobre o valor da condenação, atendidos: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

a) o grau de zelo do profissional; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

b) o lugar de prestação do serviço; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

c) a natureza e importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o

seu serviço. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

§ 4o Nas causas de pequeno valor, nas de valor inestimável, naquelas em que não houver

condenação ou for vencida a Fazenda Pública, e nas execuções, embargadas ou não, os honorários serão

fixados consoante apreciação eqüitativa do juiz, atendidas as normas das alíneas a, b e c do parágrafo

anterior. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 1994)

§ 5o Nas ações de indenização por ato ilícito contra pessoa, o valor da condenação será a soma das

prestações vencidas com o capital necessário a produzir a renda correspondente às prestações vincendas

(art. 602), podendo estas ser pagas, também mensalmente, na forma do § 2o do referido art. 602, inclusive

em consignação na folha de pagamentos do devedor.

A propósito, já decidiu o Superior Tribunal de Justiça:

ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO

ESPECIAL. SERVIDOR PÚBLICO. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. AFERIÇÃO.

MATÉRIA FÁTICA. EXAME. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. AGRAVO NÃO PROVIDO.

1. "Conforme consignado no acórdão embargado, ao condenar a Fazenda Pública em honorários, o

julgador não está adstrito a adotar os limites percentuais de 10% a 20% previstos no § 3º, podendo, ainda,

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estipular como base de cálculo tanto o valor da causa como da condenação" (EDcl no AgRg no AREsp

200.761/PE, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, Segunda Turma, DJe 14/11/2012).

2. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é assente no sentido de que não há como modificar a

premissa fática adotada na instância ordinária sem incorrer em afronta ao Enunciado n. 7 da Súmula do

STJ (REsp 1.229.272/PE, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, Segunda Turma, DJe

24/2/2011).

3. Agravo regimental não provido.

(AgRg no AREsp 174.132/SP, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, PRIMEIRA TURMA, julgado em

11/12/2012, DJe 18/12/2012).

13.3 Honorários advocatícios e ação de desapropriação

Na ação de desapropriação, os honorários advocatícios possuem regramento específico. Vide art. 27, § 1º,

do Decreto-Lei 3.365/41 e ADIN 2.332-2, que julgou inconstitucional a parte final do dispositivo.

Art. 27. O juiz indicará na sentença os fatos que motivaram o seu convencimento e deverá atender,

especialmente, à estimação dos bens para efeitos fiscais; ao preço de aquisição e interesse que deles

aufere o proprietário; à sua situação, estado de conservação e segurança; ao valor venal dos da mesma

espécie, nos últimos cinco anos, e à valorização ou depreciação de área remanescente, pertencente ao

réu.

§ 1o A sentença que fixar o valor da indenização quando este for superior ao preço oferecido condenará

o desapropriante a pagar honorários do advogado, que serão fixados entre meio e cinco por cento do valor

da diferença, observado o disposto no § 4o do art. 20 do Código de Processo Civil, não podendo os

honorários ultrapassar R$ 151.000,00 (cento e cinqüenta e um mil reais). (Redação dada Medida

Provisória nº 2.183-56, de 2001) (Vide ADIN nº 2.332-2)

13.4 Titularidade dos Honorários Advocatícios

DIREITO ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. TITULARIDADE DOS HONORÁRIOS

ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. ENTIDADES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.

Os honorários advocatícios de sucumbência não constituem direito autônomo do procurador

judicial quando vencedora a Administração Pública direta da União, dos Estados, do Distrito

Federal e dos Municípios, ou as autarquias, as fundações instituídas pelo Poder Público, as

empresas públicas, ou as sociedades de economia mista, visto que integram o patrimônio público

da entidade. Precedentes citados: REsp 1.213.051-RS, DJe 8/2/2011, e AgRg no AgRg no REsp

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1.251.563-RS, DJe 14/10/2011. AgRg no AREsp 233.603-RS, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado

em 20/11/2012.

11 Intervenção Anômala

O art. 5o. da Lei 9469/1997 trata da denominada intervenção anômala (ou anódina), pela qual a

União e as demais pessoas jurídicas de direito público, com fundamento na demonstração de interesse

econômico (e não de interesse jurídico), podem pugnar a juntada de documentos e de memoriais que

entenderem pertinentes.

Art. 5º A União poderá intervir nas causas em que figurarem, como autoras ou rés,

autarquias, fundações públicas, sociedades de economia mista e empresas públicas

federais.

Parágrafo único. As pessoas jurídicas de direito público poderão, nas causas cuja decisão

possa ter reflexos, ainda que indiretos, de natureza econômica, intervir, independentemente

da demonstração de interesse jurídico, para esclarecer questões de fato e de direito,

podendo juntar documentos e memoriais reputados úteis ao exame da matéria e, se for o

caso, recorrer, hipótese em que, para fins de deslocamento de competência, serão

consideradas partes.

INTERESSE JURÍDICO INTERESSE ECONÔMICO

Autoriza a assistência Autoriza a intervenção anômala

Importa no deslocamento da

competência.

Não importará no deslocamento da

competência.

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Ao assim proceder, a pessoa jurídica de direito público não adquire a condição de parte e,

portanto, não está sujeita à coisa julgada formada.

A intervenção anômala da União, em demanda que tramita perante a Justiça Estadual, importará

na modificação da competência?

Resposta: NÃO. Não há o deslocamento, uma vez que não há interesse jurídico da União.

No entanto, o Superior Tribunal de Justiça já reconheceu a necessidade de deslocamento da

competência no caso de devolução de empréstimo compulsório, uma vez que a responsabilidade da

União, no caso, é solidária.

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL - DECISÃO MONOCRÁTICA QUE

DEFERIU O PEDIDO DE INTERVENÇÃO NO FEITO FORMULADO PELA UNIÃO, COM

BASE NO ARTIGO 5º DA LEI 9.469/97.

1. A intervenção anômala da União, com base unicamente na demonstração de interesse

econômico no resultado da lide (artigo 5º da Lei 9.469/97), para juntada de documentos e

memoriais reputados úteis, não implica o deslocamento automático da competência para a

Justiça Federal. Precedentes do STJ.

2. "A lei ordinária não tem a força de ampliar a enumeração taxativa da competência da

Justiça Federal estabelecida no art. 109, I, da Constituição Federal, razão pela qual o

deslocamento da competência para a Justiça especializada somente se verificaria se

configurado o efetivo interesse jurídico da União ou de outro ente federal" (EDcl no AgRg no

CC 89.783/RS, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Primeira Seção, julgado em

09.06.2010, DJe 18.06.2010).

3. Outrossim, revela-se Inaplicável, à espécie, a jurisprudência firmada quando do

julgamento do Recurso Especial 1.111.159/RJ (submetido ao rito do artigo 543-C do CPC),

segundo o qual, em se tratando de causas que versem sobre empréstimo compulsório

sobre energia elétrica, ingressando a União no feito, mediante demonstração de legítimo

interesse, a competência passa a ser da justiça federal, por força do que determina o artigo

109, inciso I, da Constituição Federal.

4. Isto porque, naquela hipótese, a conclusão adotada pelo órgão colegiado contém

premissa peculiar, consubstanciada na orientação jurisprudencial de que solidária a

responsabilidade da União pelo pagamento dos valores devidos a título do empréstimo

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compulsório instituído em favor das Centrais Elétricas Brasileiras (Eletrobrás), donde se

extraiu o potencial interesse jurídico da interveniente, ensejador do deslocamento da

competência ratione personae, caso assim decidido pela Justiça Federal, nos termos da

Súmula 150/STJ.

5. Assim, correta a decisão agravada que, ao acolher o pedido de intervenção formulado

pela União, amparada no artigo 5º da Lei 9.469/97, determinou o recebimento do processo

no estado em que se encontra e a manutenção da competência originária para julgamento

da demanda.

6. Agravo regimental desprovido.

(AgRg no REsp 1045692/DF, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em

21/06/2012, DJe 29/06/2012).

E, quando for o caso, a pessoa jurídica de direito público, demonstrado o interesse jurídico,

poderá recorrer, em uma hipótese de intervenção de terceiros. Nessa hipótese, se o recurso for interposto

pela União, haverá o deslocamento da competência.

12 Reexame Necessário

12.1 Natureza jurídica: o reexame necessário não é um recurso, mas condição de eficácia da sentença,

que deverá ser reexaminada pelo Tribunal independentemente de recurso voluntário da parte.

12.2 Hipóteses: o reexame necessário ocorrerá nos casos previstos nos incisos do art. 475, do CPC:

Art. 475. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de

confirmada pelo tribunal, a sentença:

I – proferida contra a União, o Estado, o Distrito Federal, o Município, e as respectivas

autarquias e fundações de direito público;

II – que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução de dívida ativa da

Fazenda Pública (art. 585, VI).

§ 1o Nos casos previstos neste artigo, o juiz ordenará a remessa dos autos ao tribunal, haja ou

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não apelação; não o fazendo, deverá o presidente do tribunal avocá-los.

§ 2o Não se aplica o disposto neste artigo sempre que a condenação, ou o direito

controvertido, for de valor certo não excedente a 60 (sessenta) salários mínimos, bem como no

caso de procedência dos embargos do devedor na execução de dívida ativa do mesmo valor.

§ 3o Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada em

jurisprudência do plenário do Supremo Tribunal Federal ou em súmula deste Tribunal ou do

tribunal superior competente.

O dispositivo determina a aplicação do reexame necessário nos casos de sentença proferida CONTRA o

poder público. Desse modo, se a sentença foi terminativa de mérito, não há que se falar de reexame

necessário, salvo se lhe foi imposta condenação em verba honorária.

A propósito, vide Súmula 325, STJ: “A remessa oficial devolve ao Tribunal o reexame de todas as parcelas

da condenação suportadas pela Fazenda Pública, inclusive dos honorários advocatícios”.

Sendo proferida sentença ilíquida contra o Poder Público, estará a sentença sujeita ao reexame

necessário. Súmula 490: “A dispensa de reexame necessário, quando o valor da condenação ou do direito

controvertido for inferior a 60 salários mínimos, não se aplica a sentenças ilíquidas.”

Outras situações em que prevista o reexame necessário:

(i) Sentença concessiva de mandado de segurança (art. 14, da Lei 12.016/2009):

Art. 14. Da sentença, denegando ou concedendo o mandado, cabe apelação.

§ 1o Concedida a segurança, a sentença estará sujeita obrigatoriamente ao duplo grau de

jurisdição.

(ii) sentença que extinguir a ação popular por carência de ação ou improcedência do pedido (art. 19, da Lei

4.717/65):

Art. 19. A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência da ação está sujeita ao duplo

grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal; da que julgar a ação

procedente caberá apelação, com efeito suspensivo. (Redação dada pela Lei nº 6.014, de 1973)

12.4 Não se aplica o reexame necessário:

(i) nos Juizados Especiais da Fazenda Pública e nos Juizados Especiais Federais;

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(ii) nos casos em que a condenação, ou o direito controvertido, for de valor certo não excedente a 60

salários mínimo (observando-se a Súmula 490, STJ);

(iii) as sentenças de procedência proferidas nos embargos à execução de dívida ativa da Fazenda Pública,

cujo valor, à época da sentençaa, não exceda a 60 salários mínimos;

(iv) se a sentença estiver fundada em jurisprudência do plenário ou em súmula do STF ou, ainda, em

súmula de outro tribunal superior;

(v) as sentenças contra a União, suas autarquias e fundações pública, quando a respeito da controvérsia o

Advogado-Geral da União ou outro órgão administrativo competente houver editado súmula ou instrução

normativa determinando a não-interposição de recurso voluntário.

Art. 12 da Medida Provisória 2.180-35/2001: Não estão sujeitas ao duplo grau de jurisdição obrigatório as

sentenças proferidas contra a União, suas autarquias e fundações públicas, quando a respeito da

controvérsia o Advogado-Geral da União ou outro órgão administrativo competente houver editado súmula

ou instrução normativa determinando a não-interposição de recurso voluntário.

12.5 Permite-se a sustentação oral no reexame necessário? Sim.

PROCESSO CIVIL - PRETENDIDA SUSTENTAÇÃO ORAL EM SEDE DE REEXAME NECESSÁRIO -

DICÇÃO DO ART. 554 DO CPC - POSSIBILIDADE - VOCÁBULO "RECURSO" INTERPRETADO PELO

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA EM SENTIDO AMPLO, A ABARCAR O INSTITUTO DO REEXAME

NECESSÁRIO - RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E PROVIDO.

- É de se entender que o vocábulo "recurso" previsto no artigo 554 do Estatuto Processual Civil, deve ser

interpretado em sentido amplo, a abranger a remessa necessária prevista no artigo 475 e, por

conseqüência, abarcar a possibilidade de sustentação oral por ocasião do julgamento do reexame

necessário.

- Não procede, também, eventual entendimento no sentido de que, privado o reexame necessário de

razões recursais, por esse motivo haveria óbice para sustentação oral. Para afastar essa interpretação

equivocada, é de bom conselho reproduzir o escólio de Sergio Bermudes ao comentar o artigo 554 do

Código de Processo Civil: "Pode sustentar o recorrente, ou o recorrido, que deixou de apresentar as

respectivas razões? O artigo determina que a palavra será dada ao recorrente e ao recorrido, a fim de

sustentarem as razões do recurso. Por isso, uma interpretação demasiadamente apegada à letra da lei

obrigaria a uma resposta negativa. Entretanto, sabe-se que, dentre todas as formas de interpretação, outra

não há mais perigosa que a literal. Não se casa com o espírito do Código a exegese de que só poderá

sustentar o recorrente, ou recorrido, que apresentou razões, quando da interposição do recurso, ou da

resposta. Se, nesse momento, recorrente e recorrido se omitiram, deve-se entender que se reportaram à

inicial, à contestação, à fundamentação da sentença. Se o recorrido era revel, permanecendo contumaz

quanto aos demais atos cuja prática lhe incumbia, nada obsta a que sustente a decisão que lhe foi

favorável, pois o revel pode intervir no processo em qualquer fase (art. 322)" ["Comentários ao Código de

Processo Civil", 2ª ed., Ed. RT, Vol. VII, p. 378/379].

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- Peço vênia à ilustre Ministra Eliana Calmon para conhecer e dar provimento ao recurso da Fazenda

Pública de Minas Gerais e anular o acórdão da Corte de origem, a fim de que seja dada oportunidade para

a sustentação oral por ocasião do julgamento do reexame necessário.

Em vista desse desfecho, fica prejudicado o exame das demais questões.

(REsp 493.862/MG, Rel. Ministra ELIANA CALMON, Rel. p/ Acórdão Ministro FRANCIULLI NETTO,

SEGUNDA TURMA, julgado em 05/02/2004, DJ 12/04/2004, p. 192).

12.6 Não serão cabíveis embargos infringentes quando do julgamento do reexame necessário:

Súmula 390, STJ. Nas decisões por maioria, em reexame necessário, não se admitem

embargos infringentes.

12.7 Do acórdão proferido em reexame necessário, poderá o Poder Público interpor recurso

especial:

PROCESSUAL CIVIL - EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA - REEXAME NECESSÁRIO – AUSÊNCIA DE

APELAÇÃO DO ENTE PÚBLICO – PRECLUSÃO LÓGICA AFASTADA – CABIMENTO DO RECURSO

ESPECIAL.

1. A Corte Especial, no julgamento do REsp 905.771/CE (rel. Min.

Teori Zavascki, julgado em 29/06/2010, acórdão pendente de publicação), afastou a tese da preclusão

lógica e adotou o entendimento de que a Fazenda Pública, ainda que não tenha apresentado recurso de

apelação contra a sentença que lhe foi desfavorável, pode interpor recurso especial.

2. Embargos de divergência conhecidos e providos.

(EREsp 1119666/RS, Rel. Ministra ELIANA CALMON, CORTE ESPECIAL, julgado em 01/09/2010, DJe

08/11/2010).

13 Honorários Advocatícios e a Fazenda Pública

13.1 Honorários advocatícios e a execução não embargada.

Art. 1o-D, da Lei 9.494/1997: “Não serão devidos honorários advocatícios pela Fazenda Pública nas

execuções não embargadas”.

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O Supremo Tribunal Federal, ao analisar a questão, deu interpretação conforme, restringindo a aplicação

do dispositivo às hipóteses em que a obrigação deve ser satisfeita mediante precatório, excluindo-se a

requisição de pequeno valor.

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL. VERBA HONORÁRIA. EXECUÇÃO. FAZENDA PÚBLICA. ART. 1º-D

DA LEI Nº 9.494/97, INTRODUZIDO PELA MEDIDA PROVISÓRIA Nº 2.180-35, DE 24 DE AGOSTO DE

2001. CONSTITUCIONALIDADE. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 420.816,

Rel. Min. Carlos Velloso, declarou, incidentalmente, a constitucionalidade do art. 1º-D da Lei nº 9.494/97,

introduzido pela Medida Provisória nº 2.180-35, de 24 de agosto de 2001. Esta Casa Maior de Justiça,

conferindo ao dispositivo interpretação conforme, reduziu sua aplicação à hipótese de execução, por

quantia certa, contra a Fazenda Pública (Código de Processo Civil, art. 730), excluídos os casos de

pagamentos de obrigações definidos em lei como de pequeno valor (artigo 100, § 3º, da Constituição

Republicana). Precedentes: REs 440.317, Relator o Min. Carlos Velloso; 439.253, Relator o Min.

Sepúlveda Pertence; 439.433, Relator o Min. Marco Aurélio; e 433.443, Relator o Min. Cezar Peluso.

Agravo Regimental a que se nega provimento. (RE 428635 AgR, Relator(a): Min. CARLOS BRITTO,

Primeira Turma, julgado em 01/03/2005, DJ 13-05-2005 PP-00017 EMENT VOL-02191-04 PP-00694 RTJ

VOL-00194-01 PP-00376).

Súmula 345, STJ: São devidos honorários advocatícios pela Fazenda Pública nas

execuções individuais de sentença proferida em ações coletivas, ainda que não embargadas.

Supremo Tribunal Federal concluiu pela ausência de repercussão geral, de modo que não analisou a

questão objeto da Súmula 345, STJ.

Agravo regimental no recurso extraordinário. Processual. Fazenda Pública. Execução não embargada.

Artigo 1º-D da Lei nº 9.494/97 (MP nº 2.180-35/01). Constitucionalidade. Ação coletiva. Matéria

infraconstitucional. Precedentes. 1. No julgamento do RE nº 420.816, Relator o Ministro Sepúlveda

Pertence, o Plenário do Supremo Tribunal Federal declarou a constitucionalidade da MP nº 2.180-35/01,

dando interpretação conforme ao art. 1º-D da Lei nº 9.494/97, reduzindo a sua aplicação às hipóteses de

execução por quantia certa contra a Fazenda Pública, excluídos os casos de pagamento de obrigações

definidas em lei como de pequeno valor. 2. O Plenário desta Corte, em sessão realizada por meio

eletrônico, no exame do RE nº 599.903/RS, Relatora a Ministra Cármen Lúcia, concluiu pela ausência da

repercussão geral da questão relativa à fixação de honorários advocatícios nas execuções de ações

coletivas, uma vez que essa discussão está adstrita ao plano infraconstitucional. 3. Agravo regimental não

provido. (RE 506329 AgR, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, julgado em 11/12/2012,

ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-033 DIVULG 19-02-2013 PUBLIC 20-02-2013).

13.2 Possibilidade de fixação de honorários em patamar inferior ao de 10% da condenação.

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Art. 20, do Código de Processo Civil: A sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas

que antecipou e os honorários advocatícios. Esta verba honorária será devida, também, nos casos em que

o advogado funcionar em causa própria.

§ 1º O juiz, ao decidir qualquer incidente ou recurso, condenará nas despesas o vencido.

§ 2º As despesas abrangem não só as custas dos atos do processo, como também a indenização de

viagem, diária de testemunha e remuneração do assistente técnico.

§ 3º Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez por cento (10%) e o máximo de vinte por

cento (20%) sobre o valor da condenação, atendidos: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

a) o grau de zelo do profissional; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

b) o lugar de prestação do serviço; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

c) a natureza e importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o

seu serviço. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

§ 4o Nas causas de pequeno valor, nas de valor inestimável, naquelas em que não houver

condenação ou for vencida a Fazenda Pública, e nas execuções, embargadas ou não, os honorários serão

fixados consoante apreciação eqüitativa do juiz, atendidas as normas das alíneas a, b e c do parágrafo

anterior. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 1994)

§ 5o Nas ações de indenização por ato ilícito contra pessoa, o valor da condenação será a soma das

prestações vencidas com o capital necessário a produzir a renda correspondente às prestações vincendas

(art. 602), podendo estas ser pagas, também mensalmente, na forma do § 2o do referido art. 602, inclusive

em consignação na folha de pagamentos do devedor.

A propósito, já decidiu o Superior Tribunal de Justiça:

ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO

ESPECIAL. SERVIDOR PÚBLICO. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. AFERIÇÃO.

MATÉRIA FÁTICA. EXAME. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. AGRAVO NÃO PROVIDO.

1. "Conforme consignado no acórdão embargado, ao condenar a Fazenda Pública em honorários, o

julgador não está adstrito a adotar os limites percentuais de 10% a 20% previstos no § 3º, podendo, ainda,

estipular como base de cálculo tanto o valor da causa como da condenação" (EDcl no AgRg no AREsp

200.761/PE, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, Segunda Turma, DJe 14/11/2012).

2. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é assente no sentido de que não há como modificar a

premissa fática adotada na instância ordinária sem incorrer em afronta ao Enunciado n. 7 da Súmula do

STJ (REsp 1.229.272/PE, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, Segunda Turma, DJe

24/2/2011).

3. Agravo regimental não provido.

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(AgRg no AREsp 174.132/SP, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, PRIMEIRA TURMA, julgado em

11/12/2012, DJe 18/12/2012).

13.3 Honorários advocatícios e ação de desapropriação

Na ação de desapropriação, os honorários advocatícios possuem regramento específico. Vide art. 27, § 1º,

do Decreto-Lei 3.365/41 e ADIN 2.332-2, que julgou inconstitucional a parte final do dispositivo.

Art. 27. O juiz indicará na sentença os fatos que motivaram o seu convencimento e deverá atender,

especialmente, à estimação dos bens para efeitos fiscais; ao preço de aquisição e interesse que deles

aufere o proprietário; à sua situação, estado de conservação e segurança; ao valor venal dos da mesma

espécie, nos últimos cinco anos, e à valorização ou depreciação de área remanescente, pertencente ao

réu.

§ 1o A sentença que fixar o valor da indenização quando este for superior ao preço oferecido condenará

o desapropriante a pagar honorários do advogado, que serão fixados entre meio e cinco por cento do valor

da diferença, observado o disposto no § 4o do art. 20 do Código de Processo Civil, não podendo os

honorários ultrapassar R$ 151.000,00 (cento e cinqüenta e um mil reais). (Redação dada Medida

Provisória nº 2.183-56, de 2001) (Vide ADIN nº 2.332-2)

13.4 Titularidade dos Honorários Advocatícios

DIREITO ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. TITULARIDADE DOS HONORÁRIOS

ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. ENTIDADES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.

Os honorários advocatícios de sucumbência não constituem direito autônomo do procurador

judicial quando vencedora a Administração Pública direta da União, dos Estados, do Distrito

Federal e dos Municípios, ou as autarquias, as fundações instituídas pelo Poder Público, as

empresas públicas, ou as sociedades de economia mista, visto que integram o patrimônio público

da entidade. Precedentes citados: REsp 1.213.051-RS, DJe 8/2/2011, e AgRg no AgRg no REsp

1.251.563-RS, DJe 14/10/2011. AgRg no AREsp 233.603-RS, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado

em 20/11/2012.

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