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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ Curso de Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho Modulo: Ergonomia II Ministrante: Sérgio Aruana Elarrat Canto jun/2009

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

Curso de Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho

Modulo: Ergonomia II

Ministrante: Sérgio Aruana Elarrat Canto

jun/2009

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Sumário

1-Fundamentos da Ergonomia .................................................................... 4 1.1-Conceituação da Ergonomia ............................................................................................... 4 2-Ergonomia Física ...................................................................................... 6 2.1-Antropometria ....................................................................................................................... 6 2.2-Função Neuromuscular ........................................................................................................ 8 

2.2.1-Músculos ......................................................................................................................... 8 

2.2.2-Coluna Vertebral ........................................................................................................... 10 

2.3-Biomecânica ........................................................................................................................ 11 2.3.1-Características dos Movimentos ................................................................................... 11 

2.3.2-Trabalho Estático .......................................................................................................... 12 

2.3.3-Trabalho Dinâmico ........................................................................................................ 13 

2.3.4-Posturas do Corpo ........................................................................................................ 13 

2.3.5-Inclinação da Cabeça .................................................................................................... 14 

2.3.6-Aplicações de Forças .................................................................................................... 15 

2.3.6.1-Força para Empurrar e Puxar ..................................................................................... 16 

2.3.6.2-Levantamento e movimentação de carga .................................................................. 16 

2.4-Metabolismo e Gasto Energético ...................................................................................... 19 2.5-Visão .................................................................................................................................... 21 

2.5.1-Movimento dos Olhos .................................................................................................... 22 

2.5.2-Movimentos Sacádicos ................................................................................................. 22 

2.5.3-Movimentos Visuais de Perseguição............................................................................. 22 

2.6-Audição ................................................................................................................................ 23 2.6.1-Percepção do som ........................................................................................................ 24 

2.6.2-Percepção da posição ................................................................................................... 24 

2.7-Senso Sinestésico .............................................................................................................. 25 2.8-Ritmo Circadiano ................................................................................................................ 25 

2.8.1-Indivíduos matutinos e vespertinos ............................................................................... 27 

2.8.2-Importância do Ritmo Circadiano .................................................................................. 27 

3-Ergonomia Cognitica .............................................................................. 28 3.1 -Percepção da Informação visual ...................................................................................... 28 3.2-Controles e Painéis ............................................................................................................ 28 4-Ergonomia Organizacional ..................................................................... 30 4.1-Organização do trabalho .................................................................................................... 30 4.2- Trabalho Noturno ............................................................................................................... 31 

4.1.1-Fatores que influem no trabalho noturno ...................................................................... 32 

4.1.2-Conseqüências do trabalho noturno ............................................................................. 33 

4.1.3-Turnos fixos X rotativos ................................................................................................. 35 

4.1.4-Esquema de trabalho em turnos. .................................................................................. 37 

4.1.5-Critério fisiológicos para a elaboração de esquema de turnos ...................................... 37 

5-Riscos Ergonômicos para a saúde do trabalhador ................................. 40 

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5.1-LER/DORT ....................................................................................................................... 40 

5.1.1-Sintomas comuns das LER/DORT ................................................................................. 43 5.1.2-Causas mais comuns de Lesões por Esforço Repetitivo(LER) .................................. 45 5.1.3 - Categorias de LER ......................................................................................................... 46 

5.1.3.2-Lesão muscular .......................................................................................................... 46 

5.1.3.3-Lesão de tendões ....................................................................................................... 47 

5.2- Prevenção e Tratamento ................................................................................................... 52 5.2.1-Precauções durante o trabalho com computadores ...................................................... 52 

5.2.2-Ginástica Laboral .......................................................................................................... 54 

5.2.3-Tratamentos para lesões ............................................................................................... 57 

6- O Posto de Trabalho Ergonômico ......................................................... 57 6.1.-Projeto Universal ............................................................................................................... 58 6.2-Ferramentas ........................................................................................................................ 60 

6.2.1- Seleção e Uso ............................................................................................................. 60 

6.2.2- Empunhaduras ............................................................................................................. 60 

6.2.3-Alívio do Peso de Ferramentas..................................................................................... 61 

6.3 –Mobiliário da Estação de trabalho ................................................................................... 61 6.3.1-Características da Cadeira ............................................................................................ 62 

6.3.2-Ajustes dos elementos do postos de trabalho em computadores ................................. 63 

6.4-Fatores ambientais ............................................................................................................. 66 6.4.1-Ruídos ........................................................................................................................... 67 

6.4.2-Vibrações ...................................................................................................................... 72 

6.4.3-Iluminação ..................................................................................................................... 75 

6.4.4-Clima ............................................................................................................................. 81 

Frio e Calor ............................................................................................................................. 84 

Controle do clima .................................................................................................................... 85 

6.4.5-Substancias Químicas ................................................................................................... 86 

7-Principios da Analise Ergonômica do Trabalho – AET ........................... 91 7.2-Esquematicamente a AET pode ser representada pelo fuxograma da figura ............. 91 Bibliografia ................................................................................................. 99 

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1-Fundamentos da Ergonomia

O termo ergonomia é derivado da palavra grega ergon (trabalho) e nomos (normas). Então, pode-se deduzir que ergonomia trata das normas do trabalho. Sua aplicação é ampla, envolvendo projetos de máquina, equipamentos, sistemas e tarefas. Tudo com o objetivo de proporcionar segurança, saúde, conforto e eficiência para o trabalhador. Nos E.U.A. usa-se como sinônimo human factors (fatores humanos).

Embora os princípios da ergonomia pudessem ser notados desde os tempos das cavernas, quando os primitivos humanos começaram a fabricar suas primeiras ferramentas para melhor desenvolverem suas atividades. Mas, somente durante a Segunda Guerra Mundial, devido à necessidade de operar equipamentos complexos, é que a ergonomia passou a receber atenção individualmente e teve um grande desenvolvimento. Na ocasião, ocorreu a inédita conjunção de tecnologia e as ciências humanas, quando trabalharam juntos fisiologistas, psicólogos, médicos e engenheiros. E assim, a ergonomia começou a se distinguir, entretanto, somente em 1949 o termo ergonomia foi cunhado na Inglaterra, quando também surgiu a Sociedade de Pesquisa em Ergonomia. Em 1961 foi criada a Associação Internacional de Ergonomia (EIA) que representa as associações de ergonomia de quarenta diferentes países, inclusive o Brasil, através da ABERGO - Associação Brasileira de Ergonomia, criada em 1983.

1.1-Conceituação da Ergonomia

Várias conceituações para ergonomia podem ser encontradas na bibliografia disponível, tais como:

Adaptação do trabalho ao homem

Estudo das Leis do trabalho

ABERGO conceitua Ergonomia como: O estudo da adaptação do trabalho às características fisiológicas e psicológicas do ser Humano.

Objetivamente a Ergonomia prioriza a pessoa, buscando condicionar o trabalho às limitações físicas e psicológicas do trabalhador, para eliminar as condições de insegurança, insalubridade, desconforto e ineficiência.

Uma estação de trabalho com projeto inadequado pode comprometer a saúde do trabalhador, devido à má postura, ao uso de força excessiva, a movimentos repetitivos, ao mau planejamento das atividades, as condições ambientais impróprias ou pela combinação destes fatores.

O trabalho prolongado em más condições pode resultar em lesões nos punhos, costas, pescoço, ombros e cotovelos, bem como em músculos, articulações e nervos de uma forma geral, inclusive afetar psicologicamente o trabalhador. Condições ergonômicas inadequadas no trabalho trazem má qualidade de vida e baixa produtividade

A ergonomia estuda vários aspectos da postura e os movimentos corporais (sentado, em pé, empurrando, puxando e levantando peso) Fatores ambientais (ruídos, vibrações, iluminação, clima agentes químicos), informação (captadas pela

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visão, pela audição e outros sentidos), controles, relação entre mostradores e controles, bem como cargos e tarefas (tarefas adequadas, cargos interessantes )

Pela própria origem, a ergonomia envolve conhecimento de diversas áreas científicas, Tais como: Antropometria, biomecânica, fisiologia, psicologia, toxicologia, engenharia mecânica, desenho industrial, eletrônica, informática e gerencia industrial dentre outras.

O profissional que trabalha nesta área é chamado de ergonomista. Dependendo do país, esta titulação pode ser obtida das seguintes maneiras:

• Através de um curso de graduação - No Brasil ainda não oferecem cursos de graduação nesta área;

• Através de um curso especialização - No Brasil são oferecidos cursos de pós-graduação nesta área;

• Pela prática;

A ABERGO instituiu a Norma ERG BR 0000 de 04/09/2004 para estabelecer um sistema Certificador do Ergonomista Brasileiro, que deverá afetar o credenciamento de ergonomistas num futuro próximo.

Os princípios de ergonomia são usados de forma sistemática por profissionais de diversas áreas, em diferentes situações. Podem ser notados com freqüência no cotidiano das pessoas, quando caminham, executam qualquer atividade, na disposição do seu mobiliário, na escolha da roupa que irão usar, no uso de equipamentos. Normalmente são aplicados em ocorrências diversas para prevenção de situações como:

• Acidentes domésticos;

• Acidentes de transito;

• Acidentes de avião;

• Acidentes de trabalho;

• Acidentes na movimentação de cargas;

• Acidentes de transito;

• As chamadas DORT (Distúrbio Osteomusculares Relacionados ao Trabalho) / LER (lesão por esforços repetitivos). Uma das grandes causas do afastamento do trabalho

• O surgimento dos distúrbios psicológicos gerados pelo estresse. Evitando que o trabalhador fique incapacitado ao longo do tempo.

• Erros humanos.

• Barreiras psicológicas e arquitetônicas, visto que, as pessoas possuem diferenças, enquanto os projetos procuram atender 95% da população, excluindo idosos, crianças, grávidas e pessoas muito baixas, ou muito altas.

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• Ineficiência no trabalho

• Inseguranças nas atividades laboram.

Alguns conhecimentos da ergonomia já estão convertidos em normas. No Brasil há a norma reguladora NR17 do Ministério do Trabalho e seus anexo 1 que tratar do trabalho dos operadores de Checkout e o anexo II que trata do trabalho em teleatendimento/ telemarketing e ainda o manual de aplicação do método Niosh.

Os conhecimentos em ergonomia são dinâmicos, são ampliados permanentemente através de pesquisas como objetivo de acompanhar as novas situações como também para rever o conhecimento acumulado sob a ótica de novas descobertas e inovações tecnologias.

Dependendo do autor é possível encontrar muitas divisões, classificações e áreas no estudo da ergonomia. Por conveniência didática e por se tratar de um órgão oficial, será adotada neste curso a classificação da Associação Brasileira de Ergonomia - ABERGO- que divide a ergonomia em três áreas como descritas no quadro 1.

Quadro1-Divisão da Ergonomia segundo a ABERGO

Física Trata da fisiologia e anatomia humana

Cognitiva Trata do processo metais de compreensão e comunicação

Organizacional Trata da otimização dos sistemas sociotecnicos

2-Ergonomia Física

Nesta divisão enquadram-se as características e conseqüentemente as limitações humana, que devem ser respeitadas no planejamento e execução de um trabalho pois influem no desempenho.

2.1-Antropometria

A antropometria trata das medidas do ser humano que são recolhidas e tabeladas para serem usadas em projeto de prédios e de equipamentos

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Dimensões antropométricas empregadas para alguns tipos de trabalhos

Medidas antropométricas estáticas, usadas para projeto de produtos.

Fonte : Dul, J. Weerdmeester, B. (1995)

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2.2-Função Neuromuscular

As forças do organismo são exercidas por contrações musculares. Que são comandadas pelo sistema nervoso

O sistema nervoso central tem a função de receber, interpretar e processar as informações recebidas e produzir estímulos musculares que geram gestos, fala, movimentos dos olhos e outros. É constituído por células nervosas (neurônios) que se caracterizam por irritabilidade (sensibilidade a estímulos) e condutibilidade (condução de sinais elétricos).

Os neurônios são interligados, formando uma rede que Interpreta e transmite informações recebidas de células especializadas em perceber estímulos do próprio corpo ou do mundo exterior, como a luz, som, tato, temperatura, aceleração e outros. A interpretação destes irá gerar as reações do corpo.

A velocidade de transmissão dos sinais depende da espessura do neurônio , podendo chegar ao máximo de 120 m/s (432 km/h).

As ligações entre os neurônios têm as seguintes características:

Sentido único. Os sinais são sempre conduzidos em um só sentido

Fadiga - Quando utilizadas com muita freqüência reduzem a sua capacidade de transmissão. Estima-se que cada ligação tenha capacidade de transmitir 10.000 sinais, que podem esgotar-se em poucos segundos.

Efeito residual - Quando se aplica o mesmo estímulo rapidamente, um após o outro, o segundo tem maior facilidade de passagem, fazendo supor que os neurônios são capazes de armazenar informações por alguns minutos, ou por horas, em outros casos.

Desenvolvimento - A estimulação repetida e prolongada durante vários dias pode levar a uma alteração física do neurônio, de modo que ele passa a ser estimulado com mais facilidade. Acredita-se que nisso resida à memória e a aprendizagem.

Aumentando o teor alcalino no sangue, aumenta a excitabilidade, enquanto a acidez reduz a atividade neuronal. Exemplo: a cafeína aumenta a excitação, com os analgésicos proporcionam o efeito o contrário.

2.2.1-Músculos

Os músculos são responsáveis por todos os movimentos do corpo. São eles que transformam a energia química armazenada no corpo em contrações, e produzem movimento.

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Classificação dos músculos

Tipo Localização Características

Estriados ou esqueléticos

40% (cerca de 434) de todos os músculos do corpo humano. 75 pares estão envolvidos na postura e movimentos globais do corpo

Estão sob o comando do ser humano

Lisos Paredes do intestinos, vasos sangüíneo, vísceras, aparelho respiratório e outros.

Não pode ser comandado voluntariamente pelo ser humano

Cardíacos Coração É diferente de todos os demais músculos

Fonte: Iida (2000)

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Os músculos Estão interligados aos ossos e articulações formando sistemas de alavancas que favorecem o movimento. Os músculos funcionam por contração e relaxamento. O processo é basicamente uma estimulação elétrica das fibras dos músculos. A força de um músculo depende da quantidade de fibras contraídas. A força de um músculo com seção de 1cm2, quando contraído, pode chegar a 3 a 4 kg. Com as mulheres tem musculatura mais fina que os homens, refletindo numa potencia muscular 30% menor.

Oliveira, J. R. G.(2002)

Quando um músculo se contrai restringe a passagem do sangue causando a rápida fadiga. É recomendável que os músculos devam se contrair e relaxar com freqüência.

Praticantes de exercícios físicos têm capilares mais desenvolvidos, portanto maior potencial de irrigação sangüínea que lhes permite melhor desempenho muscular.

2.2.2-Coluna Vertebral

A Coluna Vertebral é determinante na postura humana e ainda tem a função de protegem a medula espinhal requerendo cuidados especiais no trabalho. É um dos pontos mais fracos do organismo.

É constituída de 33 vértebras, das quais apenas 24 são flexíveis. As serviçais (no pescoço) e as lombares (abdominais). Cada vértebra sustenta o peso de todas as partes do corpo situadas acima dela. Portanto, quanto mais abaixo mais exigida. Entre as vértebras existe um disco cartilaginoso e são conectadas por ligamentos. O

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movimento é possível pela compressão destes discos e deformação destes ligamentos. Determinando que a postura pode comprometer os movimentos.

A coluna e as vértebras

Fonte: CCOHS(2000)

2.3-Biomecânica

A biomecânica estuda as interações entre o trabalho e o homem sob o ponto de vista dos movimentos músculos - esqueletais envolvidos, e as suas conseqüências.

Analisa basicamente a questão das posturas corporais no trabalho e a aplicação de forças.

2.3.1-Características dos Movimentos

Para fazer um determinado movimento diversas combinações musculares podem ser utilizadas, cada uma delas tendo diferentes características de velocidade, precisão e movimento. Portanto, conforme a combinação de músculos que participem de um movimento, este pode ter características e custos energéticos diferentes.

Um operador experiente se fatiga menos porque aprende a combinação mais eficiente em cada caso, economizando os seus esforços.

Deve-se usar preferencialmente a musculatura das pernas por ser mais resistentes. Além disso, deve-se usar a gravidade e a quantidade de movimento (massa x velocidade) a seu favor. Por exemplo, para transportar peso de uma altura para outra, é preferível usar uma roldana e exercer a força para baixo, pois assim se estará usando o peso do próprio corpo para suspender uma carga.

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Características para os movimentos

Precisão

Movimentos de maior precisão são realizados com as pontas dos dedos. Se for empregado sucessivamente o movimento do punho, cotovelo e ombro, aumenta o esforço, com prejuízo da precisão. Isso pode ser observado em operações manuais e repetitivas. Quando os dedos fatigam-se, ocorre a substituição pelos movimentos do punho, cotovelo e ombros, com perda da precisão.

Ritmo

Os movimentos devem ser suaves, curvos e rítmicos. Devem ser evitadas as acelerações ou desacelerações bruscas, ou rápidas mudanças de direção por serem fatigantes com maiores contrações musculares.

Movimentos retos

O corpo tem uma tendência natural para executar movimentos curvos. Os movimentos retos são mais difíceis e imprecisos, pois exigem interação de movimentos de diversas juntas.

Terminações

Sempre que possível esse movimento devem ser terminados com o posicionamento mecânico pois são difíceis e demorados para acompanhamento visual.

Fonte IIDA, (2000)

2.3.2-Trabalho Estático

É aquele que exigem contração contínua de alguns músculos para manter uma determinada posição. É altamente fatigante. Sempre que possível, deve ser evitado. Quando isso não for possível, pode ser aliviado, com mudanças de posturas, melhorando o posicionamento de peças e ferramentas, ou apoiando partes do corpo com o objetivo de reduzir as contrações dos músculos. Também devem ser concedidas pausas de curta duração a elevada freqüência, para permitir relaxamento muscular.

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2.3.3-Trabalho Dinâmico

É aquele que permite contrações e relaxamentos alternados de músculos, como na tarefa de martelar, serrar, girar um volante.

2.3.4-Posturas do Corpo

Trabalhando ou repousando, o corpo pode assumir três posturas básicas: deitada, sentada e de pé:

Posição Características

Deitada

Não há concentração de tensão em nenhuma parte do corpo. O sangue flui livremente para todas as partes contribuindo para eliminar os resíduos do metabolismo e as toxinas dos músculos produzidas pela fadiga. O metabolismo aproxima-se do metabolismo basal

Sentada

A posição exige atividade muscular do dorso e do ventre para manter a posição. O consumo energético é 3 a 10% maior em relação a posição horizontal.

A postura ligeiramente inclinada para frente é mais natural e menos fatigante do que ereta.

Em relação à posição de pe, apresenta ainda a vantagem de liberar os braços e pés para tarefas produtivas, permitindo grande mobilidade.

em Pé

A posição é fatigante, pois exige trabalho estático. O coração encontra maiores resistências para bombear o sangue para as extremidades do corpo As pessoas que executam trabalhos dinâmicos em pe, geralmente apresentam menos fadiga que aquelas que permanecem estáticas ou com pouca movimentação.

As posturas adotadas no trabalho merecem uma cuidadosa observação, pois é justamente da má postura que partem os mais freqüentes comprometimentos à saúde do trabalhador. É suficiente uma estação mal projetada para trazer dados irreversíveis.

Na prática, durante uma jornada de trabalho, um trabalhador pode assumir centenas de posturas diferentes. Em cada tipo de postura, um diferente conjunto da musculatura e acionado. Muitas vezes, no comando de uma máquina, por exemplo, pode haver mudanças rápidas de uma postura para outra. Uma simples observação visual não é suficiente para se analisar essas posturas detalhadamente. Foram desenvolvidas, então, diversas técnicas para registro e análise da postura sendo as mais difundidas:

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Protocolo Histórico

OWAS (Ovako e

Analysing System)-

Desenvolvido por pesquisadores finlandeses na década de 70, para ser aplicado numa indústria de aço local, de onde surgiu a denominação OWAS. Permite a avaliação de posturas que envolvem costas, pernas, braços e carga.

RULA (Rapid

Upper Limb Assessment)

Desenvolvido por Mc Atamney e Corlett, em 1993, e proporciona avaliar os constrangimentos gerados pelas posturas, com considerações não realizadas pelo OWAS

RARME (Roteiro

para Avaliação de Riscos Músculo- Esqueléticos)

É o mais recente dos três protocolos. Foi desenvolvido na década de 90 por pesquisadores da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), em São Carlos - SP, para analisar os fatores de riscos de um setor de trabalho específico em uma empresa multinacional

Outros recursos são usados para fins específicos para promover observações subjetivas da postura com registros eletrônicos da atividade muscular, com por exemplo os eletromiogramas ou, abreviadamente EMG.

2.3.5-Inclinação da Cabeça

Muitas vezes é necessário inclinar a cabeça para frente para se ter uma melhor visão, como nos casos de pequenas montagens, inspeção de peças com pequenos defeitos ou leitura difícil. Essas necessidades geralmente ocorrem quando:

• O assento é muito alto;

• A mesa é muito baixa;

• A cadeira está longe do trabalho que deve ser fixado visualmente

• Há uma necessidade específica, como no caso do microscópio.

Entretanto, essa postura pode provocar fadiga rápida nos músculos do pescoço e do ombro, devido, principalmente, ao momento (no sentido da Física) provocado pela cabeça, que tem um peso relativamente elevado (4 a 5kg), associado a duração da postura.

As dores no pescoço começam a aparecer quando a inclinação da cabeça, em relação a vertical, for maior que 30º. Nesse caso, deve-se tomar providencias para restabelecer a postura vertical da cabeça, de preferência com até 20º de inclinação, fazendo-se ajustes na altura da cadeira, mesa ou localização da peça. Se

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isso não for possível, o trabalho deve ser programado de modo que a cabeça seja inclinada durante o menor tempo possível e seja intercalado com pausas para relaxamento, com a cabeça voltando A sua posição vertical.

Fonte:IIDA (2000)

2.3.6-Aplicações de Forças

As forças humanas são resultados de contrações musculares. Algumas forças dependem de apenas alguns músculos, enquanto outras exigem uma contração coordenada de diversos músculos, principalmente se envolver combinações complexas de movimentos, como tração e rotação simultâneas.

No posto de trabalho, as exigências de forças e torques devem ser adaptadas as capacidades do operador, nas condições operacionais. A força necessária deve estar dentro de uma faixa tal que um operador mais fraco consiga movimenta-la (valor máximo) e também ter um certo atrito ou inércia (valor mínimo), para evitar acionamentos acidentais.

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2.3.6.1-Força para Empurrar e Puxar

A capacidade para empurrar e puxar depende de diversos fatores como a postura, dimensões antropometricas, sexo, atrito entre o sapato e o chão e outros. Em geral, as forças máximas para empurrar e puxar para homens oscilam entre 20,5kgf e 30,6 kgf , enquanto ass mulheres apresentam 40 a 60% dessa capacidade. Se forem usados o peso do corpo e a força dos ombros para empurrar conseguem-se valores até 51kgf.

A força máxima para puxar ou empurrar manualmente não deve passar de 700kg, obviamente que depende das condições do piso e dos equipamentos utilizados.

Para empurrar ou puxar, deve-se usar o peso do corpo a favor do movimento, manter uma distância mínima de 120cm. Deve ter espaço para que um dos pés fique na direção das mãos

Fonte:Dul, j. e Weerdmeester, B.(1995)

2.3.6.2-Levantamento e movimentação de carga

O manuseio de materiais pesados envolve movimentos de levantar, abaixar, empurrar, puxar, carregar e segurar. Estas atividades determinam riscos de desenvolvimento de lesões, especialmente problemas nas costas.

As situações de trabalho quanto ao levantamento de pesos estão relacionadas com a capacidade muscular para levantar a carga, o fator de duração do trabalho e envolve a capacidade energética e a fadiga física. Podem ser classificadas em dois tipos:

Levantamento esporádico de cargas

Trabalho repetitivo com levantamento de cargas

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O método de avaliação NIOSH é um dos recursos utilizados para avaliar esta situação e promover melhorias,inclusive recomendado no manual de aplicação na NR17.É possível seguir recomendações para o manuseio de materiais pesados com redução de riscos:

Manter a carga na vertical, o mais próximo possível, pelo eixo longitudinal (vertical) do corpo. Pois a musculatura das costas é bastante exigida no levantamento de pesos. Devido à estrutura da coluna vertebral, composta de discos superpostos, ela tem pouca resistência a forças que não tenham a direção de seu eixo.

Reduzir o peso da carga

Reduzir o tamanho da carga, empacotando novamente.

Reduzir o número de objetos empacotados

Designar maior número de pessoas para levantar cargas muito pesadas

Fazer com que a carga seja mais fácil de manusear:

Mudar o tamanho e o formato da carga, movendo o centro de gravidade para mais perto do carregador.

Estocar cargas na altura ou acima do quadril, mas abaixo da altura do ombro, para evitar a necessidade de se curvar ou alcançar acima dos ombros.

Usar mais de uma pessoa ou aparelho mecânico para mover cargas

Arrastar ou rolar a carga com ajuda de cintos, correias ou carrinhos.

Transferir o peso da carga para as partes mais fortes do corpo

Usar cintos, correias ou suportes.

Usar técnicas de estocagem para facilitar o manuseio de materiais:

Estocar cargas na altura da cintura

Usar estantes, suportes de parede e prateleiras na altura apropriada.

Arrumar as prateleiras de forma que artigos pesados fiquem nas beiradas e não no centro

Manter a coluna reta e use a musculatura das pernas, como fazem os halterofilistas.

Manter a carga o mais próximo possível do corpo, para reduzir o momento provocado pela carga.

Procurar manter cargas simétricas, usando as duas mãos para evitar a criação de momentos em torno do corpo.

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A carga deve estar a 40 cm acima do piso. Se estiver abaixo, o carregamento deve ser feito em duas etapas. Coloque-a inicialmente sobre uma plataforma e depois pegue-a em definitivo

Antes de levantar um peso, remova todos os obstáculos que possam atrapalhar os movimentos.

Aproximar a carga do corpo

Recomendações para o levantamento e manuseio de peso

Fonte: CCOHS(2000)

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2.4-Metabolismo e Gasto Energético

O metabolismo trata dos aspectos energéticos do corpo. A energia do corpo humano vem quase que totalmente da alimentação. Uma parte da alimentação é destinada a restituição dos tecidos e outra para produção de energia para o corpo. Parte deste combustível é usado para manter as funções básicas do organismo, enquanto o restante é usado em atividades externas, ou transformada em gordura como reserva energética.

Mesmo com o corpo em completo repouso os órgãos estão em constante funcionamento e consomem energia somente para manter uma pessoa viva. Esta patamar energético chama-se de Metabolismo Basal. O valor do metabolismo basal é aproximadamente 1.800 kcal/dia para homens e 1.600kcal/dia para as mulheres, segundo Iida (2000)

A alimentação humana é composta principalmente de proteína carboidratos e gorduras. Todos são compostos de carbono, hidrogênio e oxigênio, sendo que as proteínas diferem por conterem nitrogênio também. As proteínas são decompostas pelo organismo em aminoácidos e hidrocarbonetos. Os aminoácidos, contendo nitrogênio são usados na construção dos tecidos e os hidrocarbonetos são energéticos e se juntam aos carboidratos e gorduras. Os carboidratos e as gorduras se transformam em glicogênio, que é armazenado nos músculos e no fígado. Os carboidratos também podem ser armazenados em forma de gorduras, nos tecidos, para posterior utilização. A capacidade de um músculo realizar exercícios pesados depende diretamente da quantidade de glicogênio armazenado na musculatura, tendo em vista que a sua reposição é mais lenta que o consumo. Para se ter uma idéia: 2 horas de trabalho pesado pode levar o músculo à exaustão.

Alimentos ricos em carboidratos tendem a armazenar mais glicogênios nos músculos do que proteínas e gorduras, aumentando, a capacidade de trabalho. O abastecimento de oxigênio nos músculos é outro fator limitante da capacidade de trabalho.

Como o metabolismo basal de um homem adulto é de 1800 kcal/dia, e como qualquer tarefa executada consome energia, pode-se dizer que um homem adulto que consuma menos de 2.0000 kcal por dia na alimentação é incapaz de realizar qualquer tipo de trabalho. Mostrando a importância da alimentação para um bom desempenho no trabalho.

Sem que se perceba o cérebro, sempre que possível, procura poupar energia para o corpo. Uma situação comum é quando se encurta o caminho atravessando-se uma praça na diagonal, passando pela gramado.

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Média dos gastos enérgicos exigidos em algumas atividades

Função Gasto energético (kcal/dia)

Sexo

Mul

here

s

Datilografa ou uma costureira 2.300

Dona de casa em trabalhos leves ou uma vendedora que trabalha em pé

2.500

Trabalhadora com tarefas relativamente pesadas 3.000

Bailarina 3.300

Hom

ens

Empregado de escritório 2.500

Motorista 2.800

Operário executando um trabalho leve 3.000

Mecânico de automóveis 3.500

Carpinteiro 3.000

Grande parte dos trabalhadores industriais 2.800 a 4.000

Estivadores 4.500, quase a máxima exigida sem comprometimento a saúde.

Os gastos energéticos variam de acordo com a idade, a massa corporal, atividades glandulares e sexo. Os homens gastam cerca de 20% de energia a mais do que as mulheres para executar a mesma tarefa. Os aprendizes também gastam mais energia do que os trabalhadores experientes, devido ao maior número de movimentos pela menor prática.

O comprometimento à saúde depende do tempo de esforço e de recuperação. Caso isto não seja obedecido o operário vai perder peso. Se a quantidade de

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alimento for superior ao gasto energético, a pessoa ganhará peso a uma razão aproximada de 1 quilo de peso para cada superávite alimentar de 7000 kcal.

2.5-Visão

O olho assemelha-se a de uma câmara fotográfica. Quando abertos a luz passa através da pupila, que é uma abertura da íris. Tal como acontece na câmara fotográfica, a abertura da pupila pode variar automaticamente para controlar a quantidade de luz que penetra no olho. A abertura aumenta na penumbra e se reduz sob luz forte. Exigindo uma iluminação adequada para o trabalho.

Fonte: IIDA(2000)

As principais características da visão

Acuidade visual

É a capacidade visual para discriminar pequenos detalhes Depende de muitos fatores, sendo os dois mais importantes:

• Iluminação

• Tempo de exposição

Luzes muito fortes prejudicam a acuidade, que provocam contração da pupila, entretanto, com níveis normais de iluminação, demora algum tempo para fazer uma fixação visual.

Acomodação e convergência

É a capacidade de cada olho em focalizar objetos a várias distancias. Aos 16 anos, a pessoa e capaz de acomodar ate 8 cm de distancia, mas aos 45 anos a distancia cresce para 25cm e aos 60 anos, chega a 100cm. Nesse caso, ha necessidade de óculos de lente convergente para corrigir essa deficiência.

Percepção de cores.

O olho humano é sensível a radiações eletromagnéticas na faixa de 400 a 750 nanômetros (1 nm = 10-9 m), ou 0,4 a 0,75 microns. A sensibilidade máxima ocorre em torno de 555nm, o que corresponde a cor verde-amarela, para o olho adaptado a luz. Para o olho adaptado ao escuro, essa sensibilidade máxima situa-se em torno de 510 nm, mais próximo da azul.

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2.5.1-Movimento dos Olhos

O globo ocular é movido por 6 músculos, que permitem ao olho executar vários movimentos rotacionais em torno de diferentes eixos.

As rotações para a esquerda e a direita são iguais, podendo atingir 50° cada. Para cima é de 40° e para baixo, de 60°, no máximo, em relação ao eixo visual ( linha normal de visão para frente). A rotação em torno desse eixo não supera 10º

Fonte: IIDA(2000)

Os Olhos podem mover-se com precisão suficiente para realizar cerca de 100.000 fixações dentro do cone descrito, com cerca de 100° de abertura.

A fixação de um objeto depende de um movimento voluntário e outros involuntário

2.5.2-Movimentos Sacádicos

Os olhos não se movimentam continuamente, mas aos pulos em diversas fixações sucessivas. Este movimento se chama Sacádico.

O tempo mínimo entre uma fixação e outra varia de 200 a 300 ms, o que equivale a dizer que são possíveis realizar apenas 4 fixações por segundo. Portanto, as tarefas visuais, como as inspeções industriais, são feitas por fixações discretas dos olhos, em sucessivos Movimentos Sacádicos. Esta característica é notada quando for necessário inspecionar mais de 4 pontos por segundo, os erros tenderão a aumentar.

2.5.3-Movimentos Visuais de Perseguição

Se o objeto estiver em movimento, o olho é capaz de persegui-lo, mas, para isso, precisa descobrir o padrão do movimento. Por exemplo, para fixar um objeto que se desloca de cima para baixo fazendo ziguezigues, várias vezes por segundo, no inicio, o olho não consegue fixa-lo. Depois de alguns segundos o olho começa a

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mover-se de forma similar ao do objeto. E depois de mais alguns segundos, há um novo ajuste e os olhos seguem quase exatamente o movimento do objeto.

No caso de um movimento contínuo, ao cabo de alguns segundos, o sistema visual determina automaticamente o curso e a velocidade do objeto. Por exemplo, se viajante estiver observando a paisagem pela janela de um trem, seus olhos descobrem um ponto da paisagem e se movem lentamente, de acordo com a velocidade do trem, para fixa-lo, e depois fazem um movimento brusco em sentido contrário para fixar um outro ponto e assim sucessivamente.

Se o objeto deslocar-se mais rapidamente, os olhos começam a atrasar e se fixar em apenas alguns detalhes, omitindo outros. A velocidade máxima dos movimentos que podem ser perseguidos pelos olhos varia muito de acordo com o indivíduo e a idade.

2.6-Audição

A função do ouvido é captar e converter as ondas de pressão em sinais elétricos que são transmitidas ao cérebro para produzir as sensações sonoras. Os ouvidos podem ser comparados a um microfone.

Anatomia do ouvido

Fonte:IIDA(2000)

O ouvido é dividido em três partes: o externo, o médio interno. Os sons chegam por vibrações do ar, são captados pelo ouvido externo transformado-se em vibrações mecânicas, no ouvido médio, e finalmente pressões hidráulicas, no ouvido interno. Finalmente, essas pressões são captadas por células sensíveis no ouvido interno e transformadas em sinais elétricas que se transmitem ao cérebro.

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2.6.1-Percepção do som

Freqüência

A freqüência de um som é o número de flutuações ou vibrações por segundo. É expressa em hertz (Hz), subjetivamente percebido como altura do som. O ouvido humano é capaz de perceber sons na freqüência de 20 a 20000Hz. As pessoas em geral têm diferentes graus de sensibilidade para cada freqüência do som e essa sensibilidade varia de acordo com a idade. Os sons agudos estão em freqüência acima de 3000 Hz e os graves abaixo de1000Hz

Intensidade

A intensidade do som depende da energia das oscilações definida em termos de potencia por unidade de área. Como a gama de intensidades de sons audíveis é muito grande, convencionou-se medi-las por unidade logarítmica chamada de decibel (dB). Isso significa que um aumento de 10dB corresponde a uma pressão sonora 100 vezes maior, e a pressão sonora dobra de valor a cada aumento de 3dB.

O ouvido humano e capaz de perceber sons de 20 a 120dB. Os sons encontrados no lar, no trafego, escritórios e fábricas estão na faixa de 50dB a 80dB. Sons acima de 120dB causam desconforto e, quando atingem 140dB, a sensação torna-se dolorosa.

Duração

A duração do som é medida em segundos. Os sons de curta (menos de 0,1 s) dificultam a percepção e aparentam ser diferentes daqueles de longa duração (acima de 1 s).

Fonte Iida (2000)

2.6.2-Percepção da posição

A percepção da posição se faz pelos receptores vestibulares, que ficam localizados no ouvido interno, mas não tem ligação com o mecanismo de audição.

São constituídos de três canais semi-circulares e duas cavidades chamados de utrículo e sáculo Os dois conjuntos de órgãos são cheios de fluidos e contém no seu interior, células nervosas em forma de cabelo, que são sensíveis a mudanças de posições. As células nervosas do utrículo e sáculo contém pequenos pesos em suas extremidades (como cabeças de alfinetes) e detectam a posição da cabeça, em relação a vertical. Portanto, são receptores estáticos ou posicionais.

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Os canais semicirculares são constituídos de três canais colocados em planos triortogonais, e quando a cabeça move-se, os fluidos se deslocam no interior desses canais, estimulando as células em forma de cabelo. Portanto, são sensíveis a acelerações e desacelerações, ou seja, a dinâmica do corpo. Como os três canais semi-circulares se dispõem em ângulo reto, uns em relação aos outras, captar informações sobre movimentos em todas as direções.

Os receptores vestibulares permitem ao homem manter a sua posição, movimentar-se sem cair e sentir se o corpo está sendo acelerado ou desacelerado em alguma direção, mesmo sem a ajuda dos olhos.

2.7-Senso Sinestésico

O senso sinestésico fornece informações sobre movimentos de partes do corpo, sem exigir um acompanhamento visual. Permite também perceber as forças, internas e externas exercidas pelos músculos. As células receptoras estão situadas nos músculos, tendões e juntas. Quando há uma contração muscular, essas células transmitem informações ao sistema nervoso central, sobre os movimentos e as pressões que estão ocorrendo, permitindo a percepção dos movimentos.

O senso sinestésico é muito importante no trabalho, pois muitos movimentos dos pés e mãos devem ser feitos sem o acompanhamento visual, enquanto a visão e a audição se concentram em outras tarefas realizadas simultaneamente.

O senso sinestésico exerce um papel importante no treinamento para desenvolver habilidades musculares. Ele funciona como realimentador de informações ao cérebro, para que o mesmo possa avaliar se um movimento foi realizador de acordo com o seu comando. Por exemplo, um datilógrafo treinado é capaz de perceber se escreveu corretamente, apenas pelo movimento dos seus dedos mesmo antes de olhar o resultado da escrita. Nesse caso, um movimento dedos e "denunciado", antes mesmo que os olhos possam conferir a escrita.

O organismo humano ainda possui mais de 12 sentidos: como gosto e odor. Entretanto,como apresentam menor interesse para a ergonomia, não serão tratados neste momento.

Comprovadamente há interações entre os órgãos dos sentidos. Por exemplo, ruídos intensos perturbam a concentração e o desempenho visual.

Em geral, pode-se considerar que as interações entre os órgãos dos sentidos sejam toleradas enquanto cada um deles permanecer dentro das faixas de operação. O desempenho começa a deteriorar-se quando qualquer variável presente no ambiente alcançar uma intensidade acima de um limite de tolerância.

O efeito de dois ou mais estímulos não se somam. A dor de uma picada em uma parte do corpo torna-se menor quando há estímulo doloroso no outro braço, ou quando há um ruído intenso perto.

2.8-Ritmo Circadiano

Por razões orgânicas em alguns momentos o trabalhador se mostra mais apto ao trabalho. Nessas ocasiões, além do rendimento ser maior, há também menores riscos de acidentes. Diversos fatores condicionam esse estado favorável à atividade.

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Alguns são deliberadamente realizados pelo homem e outros são intrínseca a própria natureza, como o ritmo circadiano.

O organismo humano apresenta oscilações em quase todas as suas funções fisiológicas com um ciclo aproximado de 24 horas. Dai o nome de circadiano que, em latim, circa dies significa cerca de um dia. Assim, por exemplo, o rim produz menos urina durante a noite e a composição da urina noturna é diferente daquela diurna sendo mais ácida a noite. A produção de hormônios corticais nas glândulas supra-renais atinge o mínimo entre 4 e 6 horas da manhã e o máximo por volta das 12 horas. O mesmo acontece com diversas outras funções fisiológicas, mas aquela mais significativa e de mais fácil medida e a variação da temperatura interna do corpo. Ela sofre variações de 1,1 a 1,2°C durante o dia, variando de 36,2 a 37,4°C embora se observem certas diferenças individuais. Essa temperatura começa a subir por volta das 8 horas da manhã e mantem-se elevada até as 22 horas, quando começa a cair, atingindo o mínimo entre 2 e 4 horas da madrugada, subindo depois, para completar o ciclo. Esse ritmo circadiano, bem como os demais indicadores fisiológicos, parece que são comandados pela presença da luz solar. Assim, mesmo naqueles trabalhadores que trabalham à noite, e dormem durante o dia, esse ritmo mantem-se quase inalterado havendo apenas pequenas adaptações, que demoram 7 dias para se completar.

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2.8.1-Indivíduos matutinos e vespertinos

Os estudos sobre os ritmos circadianos apontaram grandes variações individuais e que é possível distinguir pelo menos dois tipos diferentes de pessoas

matutinos são aqueles que acordam de manhã com mais facilidade.

Apresentam melhor disposição na parte da manhã

Costumam dormir cedo.

A sua temperatura sobe mais rapidamente, a partir das 6 horas e atinge o máximo por volta das 12 horas

são mais eficientes na parte da manhã, para detectar falhas

vespertinos 6 são mais ativos a tarde e no inicio da noite.

A temperatura corporal sobe mais lentamente na parte da manhã

A temperatura máxima só ocorre por, volta das 18 horas.

Encontram menor disposição na parte da manhã mas,

São mais facilmente adaptáveis ao trabalho noturno os vespertinos são superiores para detectar falhas na parte da tarde

Em uma população, os casos extremos de indivíduos tipicamente matutinos ou vespertinos constituem a minoria. A maioria distribui-se em posições intermediárias, com diversos graus de tendências entre esses dois extremos.

2.8.2-Importância do Ritmo Circadiano

Estudo feitos apontaram a interferência do ritmo cicardiano nos seguintes aspectos

Área Influência

Medicina Podem influir no diagnóstico de pacientes baseado em certas medidas como a temperatura corporal e a pressão sanguínea, influindo também na composição de materiais como o sangue e a urina.

Trabalho

Influência no nível de alerta e desempenho

Maior freqüência de acidentes também ocorre entre 2 e 4 horas da madrugada, enquanto o organismo está menos apto ao trabalho

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3-Ergonomia Cognitica 3.1 -Percepção da Informação visual

A comunicação requer clareza para que a mensagem seja entendida plenamente. Desta forma, é importante a escolha da letra, da forma, das cores usadas dentre outros para permitir comunicação e transmitir a mensagem que se deseja.

Recomendações para a comunicação visual

Diferentes maneiras de representações do mesmo significado. Possibilitando o estabelecimento de uma linguagem por símbolos

ERGONOMIA Ergonomia

Proporções em letras para facilitar a legibilidade. Textos que só usam letras maiúsculas são menos legíveis

Ergonomia

Ergonomia Letras simples, sem

rebuscamento são recomendadas para facilitar a legibilidade

Modificações para eliminar as ambigüidades

3.2-Controles e Painéis

Os equipamentos estão cada vez mais sofisticados requerendo controles amplos e preciso. A ergonomia faz recomendações para a boa indicação de controles, fazendo especificações para cada função, assim como as ferramentas, para reduzir as possibilidades de erros. Nas instalações perigosas como as usinas nucleares, ou mesmos aviões, um erro de operação, por apertar um botão errado, ou uma leitura enganada pode provocar um grande desastre.

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Exemplos de instrumentos e botões para painéis

Os instrumentos com informações diretas e simples são melhores para a leitura e oferecem menor margem de falhas de leituras

Comparação de diversos desenhos de ponteiros

Projetos para prevenir acionamento acidental

Áreas de visão ótima e máxima. Nesta área deve se concentrar os controles e os painéis de controle

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4-Ergonomia Organizacional 4.1-Organização do trabalho

Organização do trabalho determina a distribuição de tarefas e como realiza-las. Uma boa organização do trabalho ajusta as tarefas com as necessidades físicas e mentais do trabalhador. Possibilita flexibilidade para variar as posições corporais e reduzir o tempo gasto com movimentos forçados e repetitivos

Variedade de Tarefas

Existem pelo menos três maneiras de variar as tarefas em um trabalho -Rodízio - As pessoas trocam de tarefas conforme uma escala -Expansão do Trabalho - Maior variedade de tarefas -Trabalho em Grupo - as pessoas formam um Grupo e cada membro divide várias tarefas diferentes

Ritmo de trabalho

• O ritmo deve permitir a recuperação para diminuir os riscos de lesão

• Um ritmo adequado deve planejado para determinar cotas razoáveis de trabalho, escalas e objetivo que atendam as necessidades específicas.

Intervalos entre Tarefas

• Os intervalos de tarefas podem ajudar a prevenir as lesões, permitindo descansar, relaxar o corpo ou mudar a posição corporal quando necessário.

• Para o trabalho continuo em terminais de computadores, intervalos de 5 a 15 minutos por horas são geralmente recomendados

Intervalos para Descanso

• Interrupção do trabalho para descanso. Além de ser usado para lanche, café ou água, deve ser aproveitado para esticar o corpo e mudar posições corporais

Períodos de Adaptação

• Um período de adaptação é necessário para voltar a forma após o retomo de um afastamento prolongado, ou no inicio de um novo emprego. Deve permitir o use progressivo da força muscular antes da utilização da capacidade completa. O tempo do período de adaptação depende do tipo de trabalho

Treinamento e Educação

• O treinamento e educação são importantes para a segurança do trabalho e o bem estar. Mesmo o melhor projeto de local de trabalho e a melhor organização de trabalho não podem prevenir as LER, se o treinamento e a educação não forem adequados.

• O conteúdo do treinamento em Ergonomia no Ambiente de trabalho deve incluir os fatores de risco e as práticas de trabalho adequadas para prevenir as lesões. As pessoas devem aprender como ajustar cadeira, mesa, monitor, teclado, mouse e a estação de trabalho em geral para prevenir as LER.

• Para que o Programa de Treinamento seja bem sucedido, deve ser bem organizado, consistente e contínuo. Todos devem estar envolvidos, incluindo trabalhadores, supervisores, representantes de saúde e de segurança.

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4.2- Trabalho Noturno

Trabalho noturno é imprescindível à vida moderna. Enquanto a maioria das pessoas descansa, muitas outras trabalham. Há serviços cujo ciclo natural exige o trabalho noturno, como as centrais de abastecimento, para que os feirantes e supermercados tenham mercadoria disponível na parte da manhã. Há também os serviços que não podem ser interrompidos, como a policia, atendimentos hospitalares, serviços de eletricidade e muitos outros. Embora sejam praticamente inevitáveis mas, o trabalho noturno não deixa de ser bastante inconveniente, pois se exige atividade do organismo quando ele esta pré-disposto a descansar, e vice-versa. Além do mais, toda a nossa sociedade esta estruturada para um ciclo diário de trabalho-lazer-sono e, quando o trabalho é noturno, essa seqüência será alterada, com prejuízos individuais.

IIDA(2000)

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4.1.1-Fatores que influem no trabalho noturno

Examinado alguns fatores que influem no desempenho do trabalho noturno. O estudo sobre o assunto pode ajudar na organização do trabalho para torna-lo menos prejudicial aos trabalhadores. Deve-se saber principalmente, que não é possível fazer o mesmo tipo de exigência em relação aos trabalhadores diurnos, por uma série de razões que serão apresentados a seguir:

Ritmo circadiano

Como já foi visto o organismo humano não funciona uniformemente durante todo o dia. Ele possui uma espécie de "relógio" interno que regula o nível de suas atividades fisiológicas e estas são mais intensas Durante o dia e menos, a noite,principalmente entre 2 e 4 horas da madrugada Quando o trabalhador troca o dia pela noite, o ritmo circadiano não se inverte completamente, mas sofre pequenas adaptações, Pois parece que o mesmo é governado pela luz solar. Algumas pessoas apresentam facilidade de se adaptar, mas estas adaptações serão sempre parciais. Isso significa dizer que, infelizmente, esse fator será sempre uma fonte de sofrimento para os trabalhadores noturnos.

Diferenças individuais

Há muitas diferenças individuais quanto a capacidade de adaptação ao trabalho noturno. Murrel (1965) afirma que, em um estudo feito com um grande número de trabalhadores apresentou o seguinte resultado: • 27% apresentaram certa adaptação do ritmo circadiano da

temperatura corporal em três dias, • 12% levaram seis dias • 23% levaram mais de seis dias • 38% nunca apresentaram adaptações.

Também se verificou que as pessoas vespertinas, ou seja, aquelas cujos ritmos circadianos são mais intensos na parte da tarde, apresentam melhor adaptação ao noturno.

Tipo de atividade

A adaptação ao trabalho noturno é relativamente mais fácil nas atividades que exigem movimentação do corpo do que aqueles em que o corpo executa menos movimentos. Assim, operadores de máquinas e transporte de materiais se adaptam mais facilmente do que trabalhadores de escritórios que ficam sentados o tempo todo.

Desempenho trabalho noturno reduz a concentração mental e isso eleva o índice de erros e acidentes

Saúde

Os trabalhadores noturnos apresentam maior cansaço, irritabilidade,distúrbios intestinais, úlceras, transtornos nervosos e, verifica se um maior consumo de estimulantes (café e cigarro pílulas para dormir (Fisher, 1982)

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Conseqüências sociais

Uma pessoa que trabalha a noite acaba tendo menos contato social até com a própria família com o tempo, isso pode criar problemas de relacionamento.

Trabalho e lazer

As atividades humanas na sociedade estão organizadas , seqüência: trabalho, lazer e sono. Assim, as pessoas que trabalham no diurno, geralmente podem desfrutar do horário após o expediente, geralmente das 19 as 24 horas, quando ocorrem praticamente todas as atividades de lazer, como as melhores programações de TV, cinema, teatro e outros. Esse período de lazer, intercalado entre o trabalho e o sono, tem um papel relaxante, para aliviar as tensões do trabalho e facilitar o sono. Para os trabalhadores noturnos, essa seqüência fica invertida: trabalho, sono e lazer, com evidentes prejuízos, inclusive porque há pouca oferta de atividades de lazer no horário que ele teria disponível para isso.

Fonte: IIDA (2000)

4.1.2-Conseqüências do trabalho noturno

Existem diversos estudos que avaliam as conseqüências do trabalho noturno principalmente quanto as suas influências no desempenho, aumentando os tempos de reação, erros e riscos de acidentes como demonstrou a pesquisa realizada por Tilley et al,( 1982). Foram acompanhado um grupo de 12 trabalhadores que trabalhavam alternadamente em três turnos, com os seguintes horários:

Turno da manha (M) - das 6 às 14 horas

Turno da tarde (T) - das 14 às 22 horas

Turno da noite (N) - das 22 às 6 horas

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Resultados da pesquisa de Tilley et al,( 1982) Parâmetros Avaliações

Duração do sono

Foram constatadas diferenças significativas na duração média do sono entre os três turnos. O sono noturno do turno da tarde ( após as 22horas) era o mais longo, com uma duração média de 7 horas diárias. Em segundo vinha o sono noturno do turno da manhã, com duração média de 6 horas. Em último lugar aparece o sono diurno do turno da noite,com duração de 5,14 horas.

Qualidade do Sono

As pessoas que trabalhavam no turno da noite demoravam mais para atingir a fase de sono profundo e permaneciam 16,2% do tempo do turno da tarde ficavam 17,2% e os do turno da manhã, 22,5% na referida fase, Portanto os do turno da noite, além de dormir menos, tinham um sono de pior qualidade. Um questionário realizado antes e depois dos respectivos sonos , perguntando sobre o sentimento de bem- estar e da qualidade reparadora apresentou a pior avaliação para os trabalhadores do turno da noite. Eles reclamaram do calor, barulho e luz que incomodavam o sono.

Desempenho

O desempenho, medido pelo tempo de reação foi nitidamente inferior para o turno da noite. Em geral, os melhores desempenhos eram apresentados pelo turno da tarde, ficando o turno da manhã em situação intermediária. As diferenças nos tempos de reação chegavam a ser de 10 a 18% maiores para o turno da noite, em relação ao turno da tarde.

As temperaturas medidas logo após os testes de desempenho, mostraram que os trabalhadores do turno da noite apresentavam temperaturas sempre mais baixas que aqueles da manhã e da tarde. As diferenças entre os da noite e da manhã chegavam a cerca de 0,6°C, comprovando as diferenças dos ritmos circadianos entre eles.

Fonte IIDA (2000)

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Esta pesquisa demonstrou que o desempenho dos trabalhadores no turno da noite é comparável ao de um trabalhador diurno que tenha passado uma noite inteira sem dormir

Além disso, como o tempo de sono dos trabalhadores noturnos é menor e de pior qualidade, não tem a mesma capacidade reparadora, se comparado com o sono dos trabalhadores diurnos. Isso é como se houvesse um "débito" de sono que vai se acumulando durante a semana, provocando uma queda gradativa de desempenho durante esses dias.

Na maioria dos casos de trabalhos noturnos, o menor desempenho não chega a comprometer a produtividade e a segurança, devido à pouca exigência desses cargos. Entretanto, em alguns casos críticos, como no caso de pilotos, controladores de tráfico aéreo, operadores em centros de controle operacional e serviços de emergência, eles poderão provocar conseqüências graves.

4.1.3-Turnos fixos X rotativos

Geralmente são adotados pelas empresas dois tipos de esquemas de turnos:

• Turnos rotativos- A mesma pessoa trabalha alternadamente em diferentes períodos.

• Turnos fixos - cada empregado tem um horário fixo de trabalho.

Existem certas vantagens e desvantagens em cada um dos sistemas. Colligan, Frockt e Tasto (1979) relatam um acompanhamento feito com pessoal de enfermagem com as seguintes características:

• 98% de mulheres em 12 hospitais

• 7 hospitais adotavam somente o sistema de turno fixo.

• 1219 pessoas foram observadas,

• 315 trabalhavam permanentemente no turno da manhã,

• 306 no turno da tarde permanentemente,

• 289 no turno da noite, também permanentemente,

• 309 trabalhavam no sistema de turnos rotativos

• O acompanhamento médico foi realizado durante 6 meses

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Resultados da pesquisa de Colligan, Frockt e Tasto (1979) Aspectos observados

Comentários Sistema de turnos fixos Sistema de turnos rotativos

Visitas ao serviço médico

Diferenças significativas entre os três turnos com um pequeno aumento para o turno da noite

Apresentavam registros significativamente maiores, tanto no número de dias doentes como na freqüência visitas ao serviço médico. As enfermeiras que trabalhavam no sistema rotativo realizavam cerca de 10 vezes mais visitas ao serviço médico, em relação aquelas de turnos fixos.

Doenças

As pessoas de turno fixo reclamavam de doenças menos graves dores de cabeça, resfriados comuns e faringites

Apresentavam maior incidência de casos mais graves como infecções respiratórias agudas e doenças gastro -intestinais Os autores argumentam que, provavelmente, os turnos rotativos não reclamam de pequenas indisposições, porque consideram isso como sendo uma conseqüência normal do próprio sistemas

Outro estudo demonstrou que 72% dos trabalhadores diurnos tinham recorrido ao serviço médico contra apenas 47% daqueles do turno noturno. Contudo, descobriu-se que esses índices não são comparáveis entre si, porque os trabalhadores diurnos reclamavam de muitas doenças corriqueiras, enquanto que os trabalhadores noturnos só recorriam ao serviço médico em casos de maior gravidade.

Avaliação

Os resultados dos turnos fixos podem ser melhorados se forem selecionados indivíduos vespertino para o trabalho noturno.

turnos rotativos são piores que os turnos fixos, inclusive em relação aos que só trabalham no turno da noite A explicação para isso a ruptura do ciclo circadiano, provocada pelas freqüentes mudanças dos horários de trabalho do ponto-de-vista fisiológico.

Há evidentes prejuízos sociais para os trabalhadores noturnos. Estes são igualmente importantes, e devem ser considerados na elaboração de um esquema de trabalho em turnos.

Fonte IIDA (2000)

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4.1.4-Esquema de trabalho em turnos.

O trabalho noturno, devido aos vários tipos de inconveniências apresentadas, pode ser considerado um "mal necessário". Assim sendo, resta organizar esquemas de trabalho que provoquem o menor prejuízo possível, tanto à saúde dos trabalhadores como ao seu convívio social.

4.1.5-Critério fisiológicos para a elaboração de esquema de turnos

Em diversos estudos, realizados na Europa, foram descobertos pelo menos 200 esquemas diferentes de horários e de rotação de turnos em uso nas empresas. Alguns deles são considerados "tradicionais", mas nem sempre são os mais recomendáveis de acordo com a ergonomia.

Nos últimos anos surgiram novas propostas para a organização dos esquemas de turnos, colocando em prática os conhecimentos adquiridos na área de fisiologia do trabalho. Tais propostas procuram compatibilizar, de um lado, os prejuízos ao sono e de outro, as folgas necessárias para o lazer e ao convívio social. De acordo com esses critérios, são apresentadas as seguintes recomendações ( segundo Knauth, Rohmert e Rutenfranz,1979):

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Recomendações para o planejamento de turnos de trabalho

Evitar as jornadas superiores a 8h de trabalho diário

Em casos normais, deve-se considera a jornada de 8 horas como a máxima possível. Acima disso, incluindo-se o tempo necessário para o deslocamento da casa para o trabalho e vice-versa e outras necessidades pessoais do trabalhador, sobraria um tempo insuficiente para um sono reparador. Em casos excepcionais, admitem-se jornadas de até 12 horas, no máximo

Restringir os dias consecutivos de trabalho noturno

O organismo humano nunca se adapta completamente ao trabalho noturno, que provoca sono, perda de apetite e cansaço. Esses sintomas vão se acumulando em dias consecutivos de trabalho noturno. Por outro lado, uma única noite não provoca transformações significativas no organismo humano

Cada dia de trabalho noturno deve ser seguido de uma folga de 24 hora

sono diurno é o de pior qualidade e o de menor duração, não sendo, portanto reparador quanto o sono noturno.

Cada dia de trabalho noturno deve ser seguido de um sono noturno para permitir a recuperação no dia seguinte

Deve haver uma folga de dois dias consecutivas pelo menos uma vez por mês

Muitos trabalhadores valorizam especialmente as folgas em fins de semana por facilitar o convívio social

A quantidade total de folgas durante o ano deve ser pelo menos equivalente ao dos trabalhadores de um único turno.

O tratamento é semelhante.

Se for considerada a semana de trabalho de 5 dias, o número mínimo de folgas anuais seria de 104, sem os feriados

Fonte: IIDA (2000)

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Tais critérios são condições ideais, que nem sempre podem ser satisfeitos simultaneamente. Então, na prática, algum aspecto devera ser sacrificado. Na tabela abaixo é apresentado 11 esquemas possíveis elaborado por Knauth, Rohmert e Rutenfranz,1979, onde se procura aplicar os critérios apresentados. Os 8 primeiros são para jornadas de 8 horas e os 3 últimos para jornadas de 12 horas, com maior número de dias folgados.

Plan

o

Esquema de Trabalho M=manhã; T=tarde; N=noite; D=dia; (-)= Folga Jornada(h)

Numero de dias

Duração do C

iclo(sem)

Folgas sab/dom por ciclo Se

man

a 1

Sem

ana

2

Sem

ana

3

Sem

ana

4

trabalho

folga

1 M - M T N - - - M T N - M M M T N - M T T T N - M T N M 8 21 7 4 1 2 M T N - M - - T N - M T T T N - M T N N N - M T N - M M 8 21 7 4 1 3 M M T T N N N - - M M T T T N N - - M M M N N - - M M M 8 21 7 4 1 4 M M T T N N - - 8 6 2 8 1 5 M M T T N N - - M N 8 9 3 12 1 6 M T T T N N - - M M M T N N - - 8 12 4 16 2 7 M M T N N - - M M T N N - - M T T T N 8 15 5 20 2 8 M M T T N N - - M M M T N N - - M T T T N N - - 8 18 6 24 3 9 D N - - 12 2 2 4 1 10 D D - - N N - - 12 4 4 8 2 11 D N - - D D - - N N 12 6 12 12 3

Exemplo de planos recomendados para trabalho em Turnos. Cada linha representa os turnos de um trabalhador (knauth, rohmet e rutenfranz,1979

OBS.: 1) Dias da semana: 1=seg;2=ter.;3=qua.;4=qui.;5=sex.;6=sab.;7=dom.

2) O piano nº 3 chama-se sistema 2x2x3 ou "continental"

3) O pLano nº 4 chama-se sistema 2x2x2 ou "metropolitano"

Fonte: (IIDA2000)

Observe que, após o turno da noite, há pelo menos uma folga e o trabalho noturno foi limitado a três noites consecutivas, no máximo. Em cada ciclo, todos os trabalhadores têm pelo menos uma folga nos fins de semana, com. dois dias de duração.

Além dos esquemas de revezamento contínuos, que rodam durante 24 horas dia, durante os 7 dias da semana, há também os esquemas semi-contínuos com trabalho durante 24 horas do dia, mas interrompendo-se nos fins de se feriados. Em outros esquemas descontínuos, as atividades não chegam a durar 24 horas por dia e há também interrupções nos fins de semana e feriados. Nesta última categoria recai a maioria das atividades de um único turno, com folga para almoço e descansos

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semanais, como os serviços de escritório, e aqueles outros como as atividades de comércio e serviços, que funcionam ininterruptamente durante o dia, mas paralisam as suas atividades à noite.

Há diversas leis regulamentando essa questão de horário, turnos de trabalho e de descanso semanal dos trabalhadores. Um esquema de turnos deve, naturalmente, seguir essas normas legais, prejudicando, o menos possível, os aspectos ergonômicos comentados.

5-Riscos Ergonômicos para a saúde do trabalhador

Os riscos importantes presentes no ambiente de trabalho que mais contribuem para o surgimento de perigos ergonômicos estão concentrados nos seguintes fatores que podem comprometer a saúde do trabalhador:

• O Projeto do Posto de trabalho;

• Fatores Ambientais;

• Ferramentas e equipamentos

• Organização do trabalho;

5.1-LER/DORT

Os riscos ergonômicos estão intimamente relacionados a condições de trabalho tais como: projeto da estação de trabalho, organização do trabalho, movimentos repetitivos, postura, condições ambientais desfavoráveis. Longos períodos de trabalho (por meses ou anos) em locais de trabalho inadequados aumentam os riscos ergonômicos, inclusive de contrair Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho ou Lesões por Esforço Repetitivo (DORT/LER),ou segundo Paulo Cidade,(2004), DORTE- Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho de Escritório

As Lesões por Esforço Repetitivo (LER) são lesões que envolvem os músculos e tecidos ligados aos ossos, chamados de tendões e ligamentos. As lesões resultantes de movimentos repetitivos (LER) podem gerar Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT). Dependendo da natureza do trabalho, as partes do corpo do trabalhador mais afetadas são as costas, incluindo a região lombar, os ombros, o pescoço, os braços e os punhos.

Os postos de trabalho em escritórios oferecem muitos riscos para o surgimento das LER. Principalmente devido:

As posturas fixas e limitadas que são freqüentemente mantidas por muito tempo, Aos movimentos repetitivos das mãos em alta velocidade de movimentos,A ausência de intervalos suficientes para a recuperação dos efeitos destes movimentos.

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São crescentes os casos relatados nos serviços de saúde de lesões de punhos e alterações nas costas. Muitas destas lesões são sérias e requerem tratamento médico prolongado e, muitas vezes, cirúrgico. Estas lesões têm causado perda da produtividade e qualidade de vida, bem como um custo maior em dias perdidos e afastamentos remunerados por incapacidade.

O trabalho favorece o surgimento de dois tipos comuns das DORT/LER:

A distensão muscular no pescoço, ombros e costas, devido à longa permanência na posição sentada;

As lesões articulares e musculares devido à excessiva repetição de movimentos

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Resumo dos perigos ergonômicos no mais comuns no ambiente de trabalho Tipo Causa Prevenção

Fadiga visual / Dor de cabeça

• Iluminação fraca • Brilho e tremores na

tela do computador • Postura incomoda

• Iluminação adequada • Estação de trabalho com projeto

apropriado • Manutenção do equipamento

• •

Lesão por Estorço Repetitivo (LER)

• Movimentos repetitivos • Postura inadequada • Estação de trabalho

mal projetada • Equipamentos de

trabalho situados incorretamente

• Estação de trabalho apropriada • Plano de trabalho adequado • Ambiente de trabalho confortável

• •

Dores nas costas

• Técnicas de manuseio de material inapropriadas

• • postura incomoda • Esforço físico

excessivo

• Treinamento apropriado para levantamento de carga

• Cadeiras e estação de trabalho apropriada

• Intervalos na jornada de trabalho

Exemplo Riscos ergonômico no uso incorreto de computadores

Fonte: CCOHS(2000)

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5.1.1-Sintomas comuns das LER/DORT

Primariamente afetam as mãos, punhos, ombros e braços e apresentam os seguintes sintomas:

• Dor ou queimação;

• Fadiga;

• Formigamento, adormecimento;.

• Perda da força e da habilidade;

• Rigidez: dificuldade para abrir e fechar maçanetas da portas;

• Redução do controle ou coordenação dos movimentos do corpo;

• Hipersensibilidade: dor ao toque;

A dor é o sintoma mais comum. Pode variar de um desconforto leve, até uma dor insuportável, que pode não estar delimitada ao local da lesão e irradiar-se para os lados, para cima e para baixo do local da lesão. Se as condições que provocaram a situação persistirem, a lesão piora continuamente levando à severa debilitação até chegar à incapacidade.

Nas lesões Músculo-esquéleticas, a dor pode ser avaliada para auxiliar no diagnóstico e tratamento. Podendo ser usada para determinar o estágio da lesão

Diagnóstico pela avaliação dos estágios da dor

Estágio Inicial da dor

Dor e sensação de cansaço no trabalho, mas os sintomas desaparecem durante o tempo afastado do trabalho. A lesão não interfere na habilidade para o trabalho. A lesão ira curar-se completamente, se tratada apropriadamente neste estágio inicial.

Estágio Intermediário da dor

A área lesada apresenta fraqueza imediatamente após o inicio do trabalho permanecendo até depois do término da jornada. A lesão irá curar-se completamente, se tratada apropriadamente. Pode ser necessário o uso de medicamentos

Estágio Avançado da dor

A área lesada apresenta dor e fraqueza mesmo em repouso. Mesmo as tarefas leves são muito difíceis. Neste estágio o sono é afetado, pode ser necessária a intervenção cirúrgica. O agravamento pode levar a incapacitação

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Diagrama desenvolvido por Corlett e Maneriica, (1980) para indicar partes do corpo onde se localizam as dores provocadas por problemas de postura

Fonte: IIDA(200)

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5.1.2-Causas mais comuns de Lesões por Esforço Repetitivo(LER)

Repetição:

Atividades de trabalho realizadas com alta taxa de repetição. Os movimentos repetitivos são um dos principais fatores de risco para LER, especialmente quando estes movimentos envolvem os mesmos grupos de músculos e articulações. Exemplo: Digitação, movimentos com o mouse e entrada de dados são exemplos de movimentos repetitivos no trabalho em escritórios.

Força:

Atividades de trabalho que requerem aplicação de força muscular excessiva por um tempo prolongado.

Postura:

Atividades de trabalho que requerem manutenção de posturas fixas e incomodas por um tempo prolongado causam desconforto e fadigas se forem mantidas por períodos muito prolongados.

A duração do trabalho é um fator importante. As lesões se desenvolvem lentamente. Geralmente são perceptíveis após semanas, meses ou anos envolvendo o uso excessivo de músculos, tendões, nervos e articulações. Uma lesão resultante de acidente único não causa LER. Por exemplo, escorregar em um piso molhado pode causar uma distensão, mas esta lesão não seria chamada de LER.

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5.1.3 - Categorias de LER

5.1.3.1-Lesão Articular

Uma articulação, ou junta, é um ponto de conexão entre dois ou mais ossos. Articulações são de três tipos: (1) com movimentos livres, (2) com pouca mobilidade e (3) fixas. Ex: cotovelo, ombro e coluna são exemplos de articulações.

Em decorrência dos movimentos forçados e repetitivos das articulações, a cartilagem se degenera e algumas de suas fibras se separam.

A cartilagem torna-se irregular e fragmentada e, segmentos inteiros de cartilagem podem ser perdidos. Aparecem formações ósseas que interferem nos movimentos das articulações causando dor intensa e podem causar doenças degenerativas ou osteoartrite.

5.1.3.2-Lesão muscular

Os músculos produzem a força necessária para realizar uma tarefa para cada movimento, os músculos esticam ou contraem e depois relaxam.

Em um trabalho prolongado na mesma posição, os músculos ficam contraídos por muito tempo. Por exemplo, quando se usa um teclado e o mouse de um computador, os músculos são contraídos repetidamente com pouca chance para relaxar, diminuindo o fluxo sanguíneo para os músculos. Como resultado, substâncias químicas produzidas pelo músculo não são removidas na velocidade adequada e se acumulam. A acumulação destas substâncias causa irritação do músculo, lesão e dor.

Se o músculo repousar e se recuperar, ocorre a reparação da lesão muscular e a dor desaparece. Mas se o mesmo dano ocorrer repetidamente durante meses ou anos, a musculatura não será capaz de se recuperar na mesma velocidade que o dano ocorre e a lesão poderá ser permanente.

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5.1.3.3-Lesão de tendões Tendões são feixes de fibras que ligam os músculos aos ossos, são elásticos e flexíveis e ajudam a concentrar as forças dos músculos numa área.

Lesões tendinosas ocorrem como resultado de trabalhos repetitivos ou freqüentemente e posturas forçadas. Estas lesões afetam principalmente a mão e punho, mas também ombro, cotovelo e antebraço.

Tend

inite

Quando um tendão é repetidamente tencionado, algumas de suas fibras podem se romper. O tendão torna-se espessado e com elevações, causando inflamação e dor. Tendinite e o termo geral para indicar inflamação do tendão.

Te

nosi

novi

te

As bainhas que envolvem os tendões contém células que produzem um líquido lubrificante. Com movimentos repetitivos ou excessivos, o sistema de lubrificação pode não funcionar adequadamente. A falha no sistema lubrificante cria fricção entre o tendão e sua bainha, causando inflamação e inchaço. A inflamação da bainha do tendão e conhecida como Tenosinovite

Cis

to S

inov

ial

Uma bainha de tendão inflamada pode formar um cisto contendo fluido lubrificante. Isto causa uma elevação sob a pele chamada de Cisto Sinovial

B

ursi

te

A Bursite afeta articulações onde partes do corpo se movimentam sobre outras, como por exemplo, nos ombros. Nestas articulações, os tendões passam através de espaços estreitos entre ossos. Uma pequena bolsa chamada bursa que ajuda a reduzir a fricção entre as partes em movimento. A bursite é a inflamação da bursa, resultante de movimentos repetidos que esticam ou comprimem a bursa. Os sintomas incluem dor, hipersensibilidade e dificuldade para o movimento.

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5.1.4.-Lesão de Nervos

Os nervos levam os sinais do cérebro para controlar a atividade muscular. Eles também transmitem informações sobre a temperatura, a dor e o tato do corpo para o cérebro e controlam funções corporais como a sudorese e a salivação. Os nervos são cercados por músculos, tendões, ligamentos e vasos sanguíneos. Com os movimentos repetitivos e posturas incomodas, os tecidos que envolvem os nervos tomam-se inchados e podem comprimi-los. Os dois tipos de lesões mais comuns que afetam os nervos provenientes do trabalho são:

Sín

drom

e do

des

filad

eiro

torá

cico

Definição Causas Sintomas É causada pela compressão de nervos e vasos sangüíneos entre o pescoço e os ombros.

Trabalho com posturas mantidas e restritas, como carregar cargas pesadas nos ombros, forçar os ombros para trás e para baixo ou, alcançar objetos acima do nível do ombro, que pode causar o inchaço de tendões e músculos dos ombros e dos braços e comprimir os nervos e vasos sanguíneos localizados entre o pescoço e os ombros.

Dor, fraqueza e insensibilidade nos braços e dedos. Em alguns casos, o sentido do tato, ou a sensibilidade, ao calor ou ao f r i o podem ser afetados.

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S

índr

ome

do tú

nel d

o ca

rpo

Definição Causas Sintomas É uma alteração do punho. O Túnel do Carpo é um canal que atravessa os ossos do punho (carpo) na transição do antebraço para a mão, por onde passam vasos sanguíneos, tendões e o nervo mediano que controla a ação da mão, do polegar, do dedo indicador e do dedo médio. Também transmite as sensações de calor, frio, dor e tato provenientes da mão e dos dedos. Esta lesão pode levar a incapacidade

Trabalhos com movimentos repetidos de dobrar, torcer, pingar, segurar, apertar com força; uso de ferramentas vibratórias. Alguns exemplos comuns destes trabalhos são: digitação, operação de caixas registradoras, linha de montagem, carpintaria, pedreiro, lixador, açougueiro e alguns tipos de trabalhos domésticos.

Dor, insensibilidade, formigamento nas mãos e no punho Sensação de queimação no punho e nas mãos Dificuldade de movimentos dos dedos e da mão Dificuldade para segurar coisas Dor no braço e no ombro

. Por razões desconhecidas, a Síndrome do Túnel do Carpo (STC) tornou-se um sinônimo de todas as LER de trabalhadores em escritórios que operam computadores. Na verdade, a síndrome do túnel do carpo e considerada uma condição clínica relativamente rara

Fontes: CCOHS(2000)

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Lombalgia (dor nas costas) Definição Causa Sintoma É uma condição comum em trabalhadores adultos. Em algumas pessoas, a dor vai e volta. O tempo entre os episódios de dor pode variar de dias a meses. Também existem pessoas que apresentam dor nas costas constantemente A lombalgia decorrente do trabalho se desenvolve gradualmente. O tempo em que a lesão vai aparecer de fato pode ser uma questão de oportunidade.

• . Projeto inadequado do local de trabalho

• Postura corporal inadequada

• Levantamento e manuseio de cargas pesadas

• Movimentos forçados de curvar, torcer, etc.

• Trabalho em posição estática

• Posição sentada mantida e por tempo prolongado

• Stress psicológico • Períodos de descanso

inadequados (trabalho repetitivo)

• Pouca resistência física

• Sensação de uma "faixa apertada" cruzando a região lombar .

• Dor no trabalho em posição curvada.

• Dor e rigidez ao levantar pela manhã, ou quando sentado, ou em pe por períodos longos.

• Dificuldade em esticar as costas quando em pé

• Dor súbita e intensa na região lombar causando dificuldade de se movimentar.

• Dor lombar irradiando para as coxas e pernas.

Fontes: CCOHS(2000)

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5.2- Prevenção e Tratamento

O diagnóstico das lesões é confirmado por testes laboratoriais e eletrônicos, que determinam o grau de comprometimento muscular ou do nervo. O autodiagnóstico e autotratamento não são aconselháveis.

Os problemas devem ser relatados ao supervisor ou empregador e para a CIPA da empresa, para que possam verificar a possibilidade de ajustar o posto de trabalho com o intuito auxiliara na solução do problema.

5.2.1-Precauções durante o trabalho com computadores

O trabalho em terminais de computadores freqüentemente envolve movimentos repetitivos das mãos e poucas mudanças na posição corporal. Isto pode causar tensão e dor muscular. Para estes casos recomenda-se que sejam tomadas precauções para prevenir danos futuros, tais como:

• .Olhar para fora da tela ocasionalmente e focalizar objetos distantes para descansar os olhos.

• Ter intervalos de descanso regulares para melhorar dor muscular, fadiga visual e stress. Emprega-se 10 minutos em cada hora de trabalho

• Usar os intervalos para descanso para levantar, andar um pouco e mudar a atividade mental.

• Relaxar músculos, esticar-se e mudar de posição.

• Exercícios podem ser feitos na estação de trabalho. Um médico, ou fisioterapeuta,deve ser consultado para indicar os exercícios mais adequados.

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Tratamento das Lesões

Restrição de movimentos

A primeira medida visa reduzir ou evitar as atividades que causaram a lesão. Isto pode requerer restrições no trabalho e, em alguns casos, transferência para um trabalho diferente. Em algumas circunstâncias, uma tala pode ser usada para restringir os movimentos ou imobilizar a articulação lesada Entretanto, o uso de imobilizações requer extrema cautela Se utilizadas de forma inapropriada, podem causar mais danos que benefícios. Por exemplo, uma tala inadequada pode transferir o stress para outra articulação. A melhor é modificar a carga de trabalho excessiva nas articulações

Aplicação de calor e frio

A aplicação de calor ou frio parece aliviar a

dor temporariamente e pode acelerar o processo de reparação. O gelo reduz a dor e o inchaço. Gelo ou compressas frias podem ser aplicados na área lesada por dez a quinze minutos, a cada duas ou três horas, por dois dias. O uso excessivo de gelo pode lesar a pele e os nervos. O calor não é recomendado para as lesões com inflamação e inchaço significantes. O calor aumenta o fluxo sanguíneo e aumenta o inchaço. O calor pode ser aplicado na área lesada após a diminuição do inchaço. Neste momento, o calor pode acelerar a recuperação, ajudando a aliviar a dor, relaxando os músculos e reduzindo a rigidez articular. Consulte um médico antes de aplicar calor ou frio.

Fisioterapia e exercícios

Os exercícios restauram a força e os movimentos da parte do corpo lesada. Consulte um fisioterapeuta antes de começar os exercícios. Programas de exercícios que não sejam apropriados podem agravar uma lesão.

Medicamentos e cirurgia

Os tratamentos médicos das LER variam de analgésicos a cirurgia. Entretanto, e importante lembrar que se você retomar para o mesmo trabalho após o tratamento, ou a cirurgia, sem as medicações recomendadas, provavelmente as LER irão ocorrer de novo e, possivelmente, de forma mais grave.

Fontes: CCOHS(2000)

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5.2.2-Ginástica Laboral

A prevenção da LER/DORT pode representar economia para as empresas, desta forma, várias empresas, inclusive brasileiras, estão investindo na prevenção e oferecendo condições ergonômicas favoráveis. A ginástica laboral é um destes recursos.

A Ginástica Laboral é uma alternativa econômica, bastante eficiente e menos traumática, que visa a promoção da saúde e melhoria das condições de trabalho. Além de proporcionar a preparação biopsicossocial dos participantes, contribui direta ou indiretamente para a melhoria do relacionamento interpessoal, auxiliando para a redução dos acidentes de trabalho e da redução de lesões. Conseqüentemente, proporciona o aumento da produtividade com qualidade. Desta maneira, a implantação de um Programa de Ginástica Laboral, que deve ser prescrito por um profissional da área, certamente trás melhorias para a qualidade de vida dos funcionários.

Tipos de ginásticas

Preparatória

Realizada antes da jornada de trabalho, como o objetivo de preparar o individuo para o início do trabalho, aquecendo os grupos musculares que serão solicitados nas suas tarefas.

De Pausa Praticada no meio do expediente de trabalho, como o objetivo de aliviar as tensões e fortalecer os músculos do trabalhador.

Relaxamento ou Compensatória

Praticado após o expediente do trabalho, tem como objetivo proporcionar relaxamento muscular e mental aos trabalhadores.

O tempo da ginástica varia de oito a doze minutos por dia, cinco a seis vezes por semana, para cada setor de trabalho.

Fonte: Oliveira,J.R.G.(2002)

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Exercícios para as Mãos e Antebraços

Flexão 1 Manter a mão aberta e fecha-la em forma de punho

Flexão 2 Tocar com as pontas dos dedos na base a palma da mão, mantendo o polegar para cima.

Flexão 3 Dobre suavemente os dedos em forma de gancho. Não force os dedos com a outra mão se sentir dor.

Sentado com os cotovelos sobre a mesa e as palmas das mãos juntas, abaixe lentamente os punhos na direção da mesa até sentir o alongamento. Assegure-se de manter as palmas juntas durante o movimento. Manter a posição por 5 a 7 segundos. Relaxar. Repetir 3 vezes.

Segurando a mão na posição do aperto de mão, virar a mão com a palma para baixo até sentir o alongamento. Manter a posição por 3 a 5 segundos. Relaxar. Repetir 3

Fontes: Oliveira, J. R. G.(2002) e CCOHS(2000)

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Exemplos de exercícios

Alongamento das Costas e das Laterais do Corpo Objetivo: Relaxar os músculos das costas e das laterais do corpo.

Entrelaçar os dedos e erguer os braços acima da cabeça, mantendo os cotovelos esticados. Pressione os braços para trás até onde conseguir. Em seguida, esticar os braços lateralmente, inclinando lentamente para a esquerda e para a direita.

Relaxamento de Pescoço Objetivo: Relaxar os músculos do pescoço. Inclinar a cabeça lentamente para a esquerda, tentando encostar a orelha no ombro esquerdo. Repetir o movimento com o lado direito. Inclinar o queixo na direção do tórax e então virar a cabeça completamente para a direita e para a esquerda.

Alongamento o Tórax

Objetivo: Alongar a musculatura dorsal superior e média

Segurar seu braço direito com a mão esquerda acima do cotovelo. Empurrar suavemente seu cotovelo na direção do ombro esquerdo. Manter o alongamento durante 5 segundos Repetir com o braço esquerdo.

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Alongamento das Costas

Objetivo: Alongar a região lombar e as pernas.

Segurar uma perna com as mãos. Levantar a perna do chão e dobrar-se para frente (curvando as costas),

Aproximando o nariz do joelho. Repetir com a outra perna.

Exercício para olhos Objetivo :Movimentar o nervo óptico De pe ou sentado, movimentar o globo ocular em todas as direções (para cima, para baixo, para direita, para esquerda). Numero de repetições:1

Exercício para relaxar os músculos da face

Faça caretas para relaxar a tensão no rosto: arregale as olhos, abra a boca, estique a língua. Faça o exercício por 10 segundos.

Fontes: Oliveira, J. R. G.(2002) e CCOHS(2000)

5.2.3-Tratamentos para lesões O tratamento das lesões envolve vários procedimentos, incluindo os

seguintes: 6- O Posto de Trabalho Ergonômico

No projeto do local de trabalho devem ser observados os fatores ambientais com: antropometria, iluminação, temperatura, vibrações e cuidados com o arranjo físico e mobiliário, as superfícies de trabalho (mesas e escrivaninhas), assentos

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(cadeiras), acessórios e ainda a distribuição e o manuseio dos materiais. E considerar os fatores:

6.1.-Projeto Universal O planejamento do posto de trabalho não deve esquecer da pequena parcela de

pessoas que tem necessidades especiais. A ergonomia lança mão do Projeto Universal que trata de eliminar as barreira. Este é um direito Constitucional dos deficientes que contam com NBR-5090 trata deste tema e o CONADE - Conselho Nacional da Pessoal Deficiente

Algumas soluções do Projeto Universal

Calçadas PISO Deve ser evitado: Prever:

• Desníveis • Inclinação do piso; • Altura da calçada: superior a • 12 cm e obstáculo para cadeirante

• Revestimento: continuo e antiderrapante; • Utilizar diferentes materiais para marcar

diferentes funções do espaço publico; • Dimensionamento: observar distancia entre

edificações e meio-fio.

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Pisos de Orientação/Alerta (Deficientes Visuais)

Deve ser evitado Prever:

• Plantas que avancem sobre o espaço de circulação;

• Vegetação com espinhos e galhos;

• Raízes de arvores nas calçadas

• Indicação de direção principal do caminho: utilizar material que apresente som e textura diferenciados ao toque de uma bengala;

• Marcar diferentes funções do espaço público: áreas de descanso, presença de mobiliário, cruzamentos, etc;

• Marcar rampas, escadas, rebaixamentos de calçada: utilizar piso de alerta para que os deficientes visuais sejam avisados de um obstáculo.

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6.2-Ferramentas

6.2.1- Seleção e Uso

Para manter a saúde do trabalhador é importante selecionar a ferramenta que melhor se adapte à tarefa e beneficie a postura, de modo que as articulações possam ser mantidas na posição neutra. Mantendo o punho alinhado com o antebraço

Uso correto de ferramentas

Fonte : Dul, J. Weerdmeester, B. (1995)

6.2.2- Empunhaduras

A ergonomia recomenda que a manusear ferramentas se evite torcer o punho. As empunhaduras retas de ferramentas obrigam a torção dos punhos. As empunhaduras curvas permitam conservar o punho reto, devendo ser preferível.

Fonte : Dul, J. Weerdmeester, B. (1995)

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6.2.3-Alívio do Peso de Ferramentas

As ferramentas manuais não devem exceder 2 kg. Quando houver necessidade de usar ferramentas mais pesadas, elas devem ficar suspensas por contrapesos ou molas

Alívio do peso de Ferramentas

Fonte : Dul, J. Weerdmeester, B. (1995)

6.3 –Mobiliário da Estação de trabalho

Se a superfície da escrivaninha, mesa ou bancada onde o trabalho será desenvolvido forem muito altas, ou muito baixas para a altura do operador, ou para a tarefa para qual foi proposta, o usuário assumirá posições incomodas, que poderão ao longo do tempo prejudicar a saúde e comprometer a produtividade.

A altura da cadeira e/ou a altura da superfície de trabalho devem ser ajustadas apropriadamente para se adaptar ao indivíduo e ao tipo de trabalho.

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6.3.1-Características da Cadeira

Para ler e escrever, a superfície de trabalho deve estar aproximadamente 5 cm acima da altura do cotovelo.

Para datilografar e digitar, a superfície de trabalho deve estar aproximadamente na altura do cotovelo com os braços pendendo esticados ao lado do corpo.

Se a superfície de trabalho não for ajustável, então deve-se ajustar a altura do assento para que os cotovelos estejam aproximadamente na mesma altura da superfície de trabalho.

A cadeira deve evitar posturas incômodas e assim ter as seguintes propriedades:

• Ter suporte para as costas;

• Permitir ajustes;

• Permitir aproximação da superfície de trabalho;

• Permitir facilidade de movimentos;

• O assento e o declive do encosto devem ser ajustáveis;

• As cadeiras giratórias devem ter cinco rodízios para facilitar os movimentos e a estabilidade e evitar torcer o corpo

• Beiradas arredondadas para evitar pressão nas costas e nas pernas

• Os descansos para os braços não devem atrapalhar a aproximação da superfície de trabalho

• Preferir cadeiras com tecido do assento que não seja escorregadio e permita ventilação

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6.3.2-Ajustes dos elementos do postos de trabalho em computadores

• Os pés devem estar apoiados no chão e a superfície da mesa deve estar na altura do cotovelo

• Ajustar a superfície de trabalho aproximadamente na altura dos cotovelos com os braços pendendo esticados pelos lados do corpo

• As coxas devem estar horizontais. Se os pés não estiverem apoiados no chão, deve-se usar um descanso para os pés.

• A altura do assento para que as coxas devem ficar na horizontal.

• Fixar o encosto da cadeira para que não ceda com o peso do corpo.

• Ajustar a cadeira para adaptar a altura da mesa de trabalho.

• Para ajustar a altura a cadeira deve-se ficar em pé em frente da cadeira. Ajustar o ponto mais alto do assento um pouco abaixo da rótula.

• Sentar para observar se a distancia entre a beirada da frente do assento e a parte de baixo das pernas é igual ao punho fechado.

• Ajustar o encosto da cadeira para que suporte a concavidade da região lombar

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Disposição dos Materiais de trabalho

A disposição inadequada dos materiais de trabalho pode criar fatores de risco para as LER por causar dificuldades para alcançar objetos sem torcer, esticar ou curvar o corpo. A disposição em semicírculo é uma boa maneira de arranjar os materiais de trabalho

Descanso para os pés

Usar um descanso para os pés, se os pés não podem apoiar no chão ou se ha pressão na parte posterior da perna. O descanso para os pés deve ser ajustável e apoiar o pe inteiro

Superfície de Trabalho

Fazer ajustes para que a superfície de trabalho esteja na altura correta. Assegurar que a superfície de trabalho tenha tamanho adequado para conter os materiais necessários. Evitar apertar as pernas embaixo da superfície de trabalho. Não Estocar materiais em baixo da superfície de trabalho. Evitar torcer ou esticar o corpo demasiadamente. Guardar os bens utilizados com maior freqüência nos locais mais convenientes.

Acessórios

Os acessórios incluem suporte ou descanso para os pés, braços e punhos. Estes acessórios são destinados a apoiar nossos pés, pernas, braços ou punhos. Por exemplo, um descanso para os pés portátil nos permitira mudar a posição do corpo e trocar o peso do corpo de uma perna para outra, se trabalhamos em pé. Acessórios mal projetados ou ajustados inapropriadamente podem não proporcionar o suporte adequado.

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Fonte CCOHS(2000)

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6.4-Fatores ambientais

Existem fatores ambientais que podem afetar a saúde, a segurança e o conforto das pessoas. Pela afinidade do tema, nesta oportunidade serão tratados os fatores ambientais de natureza física e química, tais como ruídos, vibrações, iluminação, clima e substâncias químicas. Entretanto, ainda existem fatores ambientais como a radiação e a poluição microbiológica (bactérias, fungos).

Para lidar com estas condições o tratamento padrão é seguir recomendações de limites máximos de exposição para cada um desses fatores, com medidas possíveis para limitar essa exposição. Em geral, ha três tipos de medidas que podem ser aplicadas para reduzir ou eliminar os efeitos nocivos dos fatores ambientais:

Intervenção Ação

Na fonte Eliminar ou reduzir a emissão de poluentes;

Na propagação entre a fonte e o receptor Isolar a fonte e/ou a pessoa

No nível individual Reduzir o tempo de exposição ou usar equipamento de proteção individual.

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6.4.1-Ruídos

A presença de ruídos elevados no ambiente de trabalho pode perturbar o trabalhador e, com o tempo, prejudicar a sua audição. Um ambiente é identificado quando há dificuldade cada vez maior para entender a fala. Isso provocando interferência nas comunicações e reduzindo a concentração, que podem ocorrer com ruídos relativamente baixos. Esses efeitos podem ser reduzidos fixando limites superiores para os ruídos. Os níveis de ruídos são expressos em decibéis ou dB(A). A seguir são apresentados alguns valores de ruídos típicos, em decibéis.

Alguns níveis de ruídos típicos dB(A)

Motor a jato a 25 m 130

Avião a jato partindo a 50 m 120

Grupo de música pop 110

Britadeira pneumática 100

Grito a curta distância 90

Conversa em voz alta a 0,5 m 80

Rádio em alto volume 70

Grupo de pessoas conversando 60

Pessoa conversando em voz baixa 50

Sala de leitura em biblioteca 40

Ambiente doméstico calmo 30

Sala em silencia, folhas caindo 20

Ambientes muito quietos 10

Limiar da audição 0

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Nível do ruído

Um ruído que ultrapassa a média de 80 dB(A) em oito horas de exposição, pode provocar surdez.

Se o ruído tiver uma intensidade constante de 80 dB(A), o tempo de exposição máximo permitido é de oito horas.

A cada aumento de 3 db(A), deve haver uma redução do tempo para metade

Se o ruído for de 83 dB(A), o tempo de exposição se reduz para quatro horas e, com 89 dB(A), para uma hora.

Recomenda-se que as máquinas não emitam ruídos superiores a 80 dB(A). Se isto não for possível deve-se tomar providências adicionais proteger o trabalhador. Uma regra geral é manter o ruído abaixo de 80 dB(A). Os ruídos acima deste limite podem ser incômodos. É necessário controlar o tempo de exposição a ruídos intensos.

Limite as Perturbações

As perturbações nas comunicações e no trabalho intelectual ocorrem a partir dos 80 dB(A) de ruído. Isso pode acontecer até mesmo com os ruídos que não irão provocar surdez. Esses ruídos podem ser provocados por outras pessoas, ou equipamentos. Os ruídos de alta freqüência (sons agudos) geralmente são muito perturbadores. A tabela a seguir apresenta recomendações sobre os ruídos máximos permitidos para alguns tipos de atividades.

Limites máximos de ruídos para não provocar perturbações nas atividades Tipo de atividade dB(A) Trabalho físico pouco qualificado 80

Trabalho físico qualificado (garagista) 75

Trabalho físico de precisão (relojoeiro) 70

Trabalho rotineiro de escritório 70

Trabalho da alta precisão ( lapidação) 60

Trabalho em escritório com conversas 60

Concentração mental moderada (escritórios) 55

Grande concentração mental (projeto) 45

Grande concentração mental (leitura) 35

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Controle do Nível de Ruído Embora se recomende sempre reduzir o nível dos ruídos, este não deve ser inferior a 30 dB(A). Os ouvidos podem se acostumar ao ruído de fundo. Se o ruído de fundo for muito baixo, qualquer barulho de baixa intensidade acaba sobressaindo e distraindo a atenção. Redução do ruído na fonte Uma das medidas mais usadas para diminuir o ruído ambiental é reduzi-lo na própria fonte.

Recomendações Procedimentos

Selecionar um método produtivo silencioso

Deve-se pensar nos ruídos no momento da seleção do método produtivo. Um processo menos barulhento é benéfico não apenas para os trabalhadores. Pode significar menos desgaste das máquinas e menos dano dos produtos. Às vezes, o barulho concentra-se em algumas fases do processo, que podem ser substituídas

Usar máquinas e equipamentos silenciosos

Por exigência do mercado, está aumentando a disponibilidade de máquinas "silenciosas" tem surgido no mercado. Na ocasião da compra das máquinas e equipamentos deve-se verificar o nível de ruído dos mesmos em operação.

Faça manutenção regular das máquinas

A manutenção regular das máquinas contribui para reduzir os ruídos. Fixações soltas, desbalanceamentos e atritos são causas de vibrações, que produzem ruídos. A substituindo de pegas defeituosas, regulagem e uma boa lubrificação contribuem para reduzir esses ruídos.

Confinamento das máquinas ruidosas

Quando as outras medidas não forem eficientes, pode-se confinar a máquina ruidosas dentro de uma câmara acústica. Isso pode reduzir consideravelmente o ruído, mas tem a desvantagem de dificultar a operação e a manutenção e exige planejamento para a retirada dos materiais processados e proporcionar ventilação.

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Redução do ruído pelo projeto e organização do trabalho A redução do ruído faz-se também, interceptando a sua propagação, entre a fonte e o receptor. Algumas recomendações desse tipo são apresentadas a seguir Recomendações Procedimentos

Separar trabalho barulhento do silencioso

As atividades barulhentas podem ser separadas espacialmente das silenciosas, Mas também organizando-se horários diferentes para cada uma. A vantagem é que se pode investir mais na proteção apenas daquelas pessoas sujeitas ao ruído, enquanto as outras ficam livres desse tratamento. Do contrário, essa proteção deveria ser a todos os trabalhadores.

Distanciar a fonte de ruído

Ruído deve ser colocado o mais longe possível dos trabalhadores. O efeito do afastamento será mais efetivo nas proximidades da fonte. Por exemplo, o afastamento de 5 para 10 m será mais efetivo do que de 20 para 25 m, considerando deslocamento igual de 5 m para ambos.

Teto acústico

O teto pode ser revestido de material absorvente de ruídos.O efeito é limitado, é usado para reduzir os barulhos produzidos pelo eco. Este recurso pode ser usado em salas amplas, onde trabalhem muitas pessoas, causando reverberações do som. Em outros casos, materiais absorvedores de som podem ser pendurados no teto. Outra possibilidade é fazer um teto rebaixado, com material acústico. Isso tem a vantagem de permitir a passagem de instalações elétricas, dutos de ar e canos, além de ajudar no isolamento térmico do ambiente.

Use barreiras acústicas

Barreiras absorvedoras de sons podem ser colocados entre a fonte e o receptor, podem ajudar a reduzir os ruídos. Consegue-se resultados satisfatórios, quando combinadas com os tetos acústicos. Essa barreira deve ser suficientemente ampla, a ponto de evitar que a fonte seja vista pelas pessoas que se colocam atrás dela. Elas não são efetivas quando a distancia entre a fonte e o receptor é grande, pois o som acaba se espalhando pelo ambiente Existem diversos tipos de barreiras ao som, desde paredes de alvenaria, ate biombos ou painéis móveis. Algumas podem ser armadas na máquina ou ser penduradas no teto.

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Proteção dos ouvidos

Quando os outros métodos não forem eficientes, tem-se a alternativa proteger os ouvidos com protetores auriculares que podem ser usados também quando o barulho for ocasional, como no caso de alguma obra ou instalação, não compensando adotar medidas mais dispendiosas Os ear-plugs são colocados diretamente no canal auditivo externo e só produzem efeito se ficarem bem encaixados. Já os ear-muffs são colocados sobre as orelhas, e produz melhores resultados que os anteriores. Além de serem mais higiênicos, permitem a retirada e a colocação mais fáceis. Muitas pessoas acham-nos incômodos, principalmente quando se transpira ou se usam óculos. Observa-se também que, tanto em um caso como noutro. a comunicação entre as pessoas é dificultada por essas dispositivos

Os protetores auriculares devem ser adaptados ao ruído e ao usuário

Na escolha dos protetores auriculares, deve-se analisar a altura (freqüência) do som. Eles variam em forma, tamanho e material. Alguns tipos de protetores são mais eficientes em determinadas faixas de freqüência. As características desses podem ser obtidas com os seus fabricantes. Em geral, deve-se ter variedade de protetores, para que cada pessoa possa escolher aquele que melhor se adapte para caso específico.

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6.4.2-Vibrações

A vibração pode afetar o corpo inteiro ou apenas parte do corpo, como as mãos.

Local da vibração Descrição

Vibração no corpo inteiro

Ocorre quando há vibração dos pés, quando se está na posição em pé, ou do assento quando se está na posição sentada. Geralmente, essas vibrações têm o sentido vertical, como ocorre com os carros.

As vibrações das mãos e braços

Ocorre quando se usam ferramentas elétricas ou pneumáticas, como as furadeiras;

Há três variáveis que influem nos efeitos da vibração:

• Freqüência - expressa em Hz

• Nível - expressa em m/s2

• Duração – tempo

Efeitos das vibrações

Na pratica, as vibrações consistem de uma mistura complexa de diversas ondas com freqüências e direções diferentes. A partir da análise desses componentes e possível calcular um nível médio das vibrações. Esse nível médio pode ser usado para se estimar o impacto das vibrações no corpo humano, entretanto sabe-se que :

• As vibrações de baixa freqüência, menores que 1 Hz, podem produzir sensações de enjôo.

• As vibrações de 1 a 100 Hz, especialmente entre 4 e 8 Hz, podem produzir dores no peito, respiratórias, dores nas costas e visão embaralhada.

• As vibrações na mão e braço entre 8 e 1000 Hz produzem alterações na sensibilidade, redução da destreza dos dedos, "dedos brancos", bem como distúrbios dos músculos, ossos e articulações.

• As vibrações usuais das ferramentas manuais concentram-se na faixa entre 25 e 150 Hz.

• Quando ocorrem choques e solavancos um nível três vezes superior ao da vibração média, o estresse das pessoas aumenta consideravelmente.

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Prevenções conta os efeitos nocivos da Vibração

Podem ser tomadas algumas medidas possíveis para reduzir os efeitos nocivos da vibração. Para tanto, pode-se atuar na fonte, na transmissão entre a fonte e o receptor, ao nível final do receptor.

Recomendações Procedimentos

A vibração do corpo não deve chegar ao desconforto

A vibração do corpo provoca desconforto quando houver combinação de um certo nível com o tempo de exposição. A figura apresenta os limites máximos para combinações de níveis e durações, para vibrações do corpo inteiro, na posição sentado ou em pé

Evitando o “ Dedo Branco"

Fenômeno do "dedo branco" depende, entre outras coisas, do nível médio e da exposição a vibração nas mãos. A figura mostra os limites máximos dessas variáveis O “Dedo branco" (também chamado "dedo morto") é provocado pela falta de sangue nos dedos, tornando-os descoloridos. O dedo fica frio. Se esse processo for demorado, pode chegar a provocar necrose dos dedos. O frio, a umidade e o fumo são fatores agravantes

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Evitar choques e solavancos

Os solavancos aparecem quase sempre junto com as vibrações. São ondas de intensidades maiores que o nível médio das vibrações. Se possível, devem ser evitados.

Combatendo a fonte das vibrações

As maquinas e ferramentas motorizadas constituem fontes de vibrações. Durante o projeto de máquinas e equipamentos, deve-se levar em conta que certos tipos de mecanismos são mais favoráveis. Os movimentos de rotação produzem menos vibrações do que os de translação. As transmissões hidráulicas e pneumáticas são melhores que mecânicas (engrenagens). Máquinas pesadas, com uma grande massa, também vibram menos.

Faça manutenção regular das máquinas

As máquinas e ferramentas manuais sofrem um desgaste natural, ficam frouxas e desbalanceadas. Tudo isso torna-se fonte de ruídos e vibrações. A manutenção regular pode prevenir esses problemas.

Reduzir a transmissão das vibrações

Quando não for possível atuar sobre a fonte, deve-se procurar reduzir a transmissão das vibrações. Isso e feito procurando amortecer as vibrações antes que elas atinjam o corpo. Por exemplo, revestindo o piso e as pegas das ferramentas com material antivibratório. Um exemplo e o estofamento no banco dos ônibus, que absorve as vibrações, antes que estas atinjam os passageiros.

Em ultimo caso, proteja a pessoa

Se as etapas anteriores de controle na fonte e na transmissão das vibrações falharem, resta proteger a pessoa afetada. Isso pode ser feito pela redução do tempo de exposição as vibrações, por exemplo, alternando as tarefas com outras, não sujeito a vibrações. Assim, ao nível individual, pode-se proteger o trabalhador fornecendo-lhe luvas para evitar o frio e a umidade.

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6.4.3-Iluminação

Trabalhadores comumente relatam fadiga visual, sensação de queimação nos olhos, visão borrada, irritado nos olhos, olhos secos e dor de cabeça. Os fatores no trabalho que contribuem para isto são:

Estações de trabalho não ajustáveis e com material de leitura muito distante

Imagem inadequada no monitor

Iluminação inadequada, reflexos e sombras.

Baixa umidade, que causa olhos secos, irritados e com coceira

Problemas de visão não corrigidos

Planejamento de trabalho inadequado, que resulta em períodos muito longos de trabalho

A intensidade de luz que incide sobre a superfície de trabalho deve ser suficiente uma boa visibilidade. Além disso, o contraste entre a figura e o fundo é importante.

Intensidade da luz que incide sobre a superfície de trabalho é expressa em Lux-

Luminância - brilho),

Quantidade de luz que e refletida para os olhos, é medida em candela por m2 (cd/m2).

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Intensidades Luminosas

Para determinar a quantidade de luz, é necessário distinguir entre a luz ambiental, A iluminação no local de trabalho e a iluminação especial.

Recomendações Procedimentos

A luz ambiental

Uma luz ambiental de 10 a 200 lux é suficiente para lugares onde não há tarefas- corredores, depósitos e outros lugares onde não há tarefas de leitura O mínimo necessário para visualizar obstáculos e 10 lux Uma intensidade maior é necessária para ler avisos Uma intensidade maior também pode ser necessária para evitar grandes contrastes O olho demora mais tempo para se adaptar, grandes diferenças nos brilhos

Use intensidades de 200 a 800 lux para tarefas normais , como a leitura de livros, montagens de peças e operações com máquinas

Uma intensidade de 200 lux é suficiente para tarefas com bons contrastes, sem necessidade de percepção de muitos detalhes, como na leitura de letras pretas sobre branco É necessário aumentar a intensidade luminosa a medida que o contraste diminui e se exige a percepção de pequenos detalhes; Uma intensidade maior pode ser necessária para reduzir as diferenças de brilhos no campo visual, como, por exemplo, quando há presença de uma lâmpada no campo visual; As pessoas idosas e aquelas com deficiência visual requerem mais luz.

Use 800 a 3 000 lux para tarefas especiais

Quando há grandes exigências visuais, o nível de iluminação deve ser aumentado colocando-se um foco de luz diretamente sobre a tarefa. Isso ocorre, por exemplo, e. tarefas de inspeção, em que pequenos detalhes devem ser detectados, ou quando o contraste é muito pequeno. Nesses casos, o nível pode chegar ate 3 000 lux. Entretanto deve-se considerar que esses níveis muito elevados provocam fadiga visual.

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Diferenças de Brilho Recomendações Procedimentos

Evite grandes diferenças de brilho no campo visual

As diferenças excessivas de brilho entre os objetos ou superfícies no campo visual são inconvenientes. Essas grandes diferenças resultam de reflexos, focos de luz e sombras existentes no campo visual. A tabela abaixo apresenta alguns exemplos do que acontece com a percepção, diante das diferenças de brilho. Essas diferenças são expressas pela razão entre os brilhos do objeto e do fundo As razões de brilho entre a figura e o fundo não devem ser elevadas, valores acima de 10 são considerados excessivos Razão de brilho figura/ fundo Percepção da figura

1 Imperceptível 3 Moderada

10 Alta 30 Bem alta

100 Exagerada, desagradável.

300 Desagradável ao extremo

Planeje as diferenças de brilho em três zonas

O campo visual pode ser dividido em três zonas: • área da tarefa, • área da circunvizinhança • o ambiente geral.

A diferença de brilho entre a área da tarefa e circunvizinha não pode ser superior a três vezes. E a diferença entre a área da tarefa e o ambiente não pode ultrapassar dez vezes, pois produzem incômodos e fadiga visual. As diferenças muito pequenas também devem ser evitadas, porque a uniformidade monotonia e dificulta a concentração.

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Melhoria da iluminação

Pode-se melhorar a iluminação providenciando intensidade luminosa suficiente sobre os objetos e evitando as diferenças excessivas de brilho no campo visual, causadas por focos de luz, janelas, reflexos e sombras

Recomendações Procedimentos

Melhorando a legibilidade da informação

Quando a informação for pouco legível, é mais efetivo melhorar a legibilidade da mesma do que aumentar o nível de iluminação. Os aumentos da intensidade luminosa 200 Lux não aumentam significativamente a eficiência visual. A legibilidade pode ser melhorada com o aumento dos detalhes,com o uso de letras maiores, ou reduzindo a distancia de leitura, ou aumento o contraste,com o escurecimento da figura e clareando o fundo

Combine a iluminação local com a ambiental

A iluminação local, sobre a tarefa, deve ser ligeiramente superior a luz ambiental. A relação entre elas depende das diferenças de brilho entre a tarefa e o ambiente, e também preferências pessoais. Assim, é conveniente que a luz regulável.

A luz natural pode ser usada para o ambiente

A luz natural pode ser pode ser usada para compor a iluminação ambiental. Essa luz, bem como a vista para fora, é psicologicamente benéfica. Deve-se evitar diferenças excessivas de brilho nos postos de trabalho junto a janelas. As grandes variações da luza natural, durante o dia, podem ser reguladas com uso de cortinas ou persianas.

Quebre a incidência diretas da luz

A Incidência de luz direta deve ser evitada colocando-se anteparos entre a fonte de luz e os olhos. Contudo, algumas superfícies podem ficar mal iluminadas. Nesse caso, a luz natural pode ser complementada ou substituída pela luz artificial; convenientemente posicionada

Evite reflexos e sombras

A luz deve ser posicionada, em relação a tarefa, de modo a evitar os reflexos e as sombras. Nos trabalhos com monitores, deve-se tomar especial cuidado para evitar os reflexos sobre a tela.

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Use luz difusa

Os reflexos podem ser diminuídos com o use de luz difusa no teto. Isso pode SO feito também substituindo as superfícies lisas e polidas das mesas, paredes e objetos, por superfícies rugosas e difusoras, que disseminam a luz.

A proporção entre a luz incidente e refletida em uma superfície chama-se reflectancia. Esta varia de zero, para corpos negros (totalmente absorventes) ate 1,00, para corpos brancos (totalmente refletores). O valor ótimo dessa reflectancia depende do objetivo da superfície. A Tabela abaixo apresenta algumas recomendações para diversos tipos de superfícies.

Valores recomendados da reflectancia para vários tipos de superfícies Superfície Reflectancia teto 0,80 a 0,90 (claro) parede 0,40 a 0,60 Tampo de mesa 0,25 a 0,45 piso 0,20 a 0,40 (escuro)

Evite as oscilações da luz fluorescente

A luz fluorescente é intermitente, piscando na mesma freqüência da corrente. Isso pode ser perigoso em ambientes onde existem peças giratórias, como um ventilador. O efeito estroboscópico pode produzir a imagem de um objeto parado. O problema pode ser reduzido, usando-se lâmpadas alimentadas fases diferentes

Medidas preventivas

• Posicionar a área de trabalho de foram que a janela fique ao lado do trabalhador.

• Evitar as luzes diretamente em frente • Ajustar cortinas ou persianas para controlar a luminosidade e os

reflexos. • Posicionar o material de trabalho de forma que seja fácil de ver. • Empregar superfícies de trabalho ajustáveis e luz de trabalho. • Usar documentos legíveis • Manter níveis adequados de umidade para prevenir olhos ressecados. • Usar acabamentos pouco refletores e cores neutras nas paredes e na.

mobília. • Evitar superfícies refletoras de luz. • Usar luzes de trabalho ajustáveis para aumentar a luminosidade

quando necessário. • Trabalhadores mais velhos necessitam de mais luz. • Assegurar exames visuais regulares para evitar problemas de visão

não corrigidos ou corrigidos inadequadamente. • Pessoas que trabalham com computadores podem precisar de uma prescrição especial para ler em uma distancia intermediaria em que lentes bifocais não resultam em acomodação visual. • Estimular mudanças freqüentes de posição pela variação de tarefas e uma boa escala de trabalho/descanso

Fontes Iida(2000) e CCOHS(2000)

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Um bom planejamento do ambiente do trabalho considera vários aspectos para garantir boa iluminação e oferecer conforto do trabalhador. A figura mostra um espaço físico bem elaborado empregando-se os princípios que foram vistos

Um ambiente de trabalho planejado para proporcionara boas

condições de trabalho

Fonte CCOHS (2000)

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6.4.4-Clima Para ser considerado confortável o Clima no trabalho deve satisfazer diversas

condições. Quatro fatores contribuem para isso:

• Temperatura do ar,

• Temperatura radiante

• Velocidade do ar

• Umidade relativa. Mas, o tipo de atividade física e o vestiário também podem influir. Alguns trabalhos são executados em condições desfavoráveis, como em

câmaras muito frias ou perto dos fornos muito quentes. Nestas condições são necessários cuidados especiais, para evitar congelamentos ou queimaduras da pele principalmente no rosto e nas mãos.

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Conforto Térmico Recomendações Procedimentos O conforto térmico depende do individuo

Cada pessoa tem preferências climáticas diferentes. Assim, sempre que for possível, o clima deve ser regulável para cada pessoa.

Ajuste a temperatura do ar ao esforço físico

Em trabalhos pesados, o trabalhador deverá se sentir melhor em climas mais frios, ocorrendo o inverso em trabalhos mais leves. A Tabela a seguir apresenta as faixas de conforto para diversos tipos de atividades. No caso, as medidas de temperatura foram realizadas com umidade relativa entre 30 e 70%, velocidade do ar menor que 0,1 m/s e use de roupas normais. (N.T.: As faixas de temperaturas apresentadas na tabela referem-se a um organismo adaptado ao clima temperado. No caso do Brasil, provavelmente, temperaturas de ate 5 graus acima seriam consideradas mais confortáveis). Temperaturas do ar recomendadas para vários tipos de esforços físicosTipo de trabalho Temperatura do ar (ºC) Trabalho intelectual, sentado

18 a 24

Trabalho manual leve, sentado

16 a 22

Trabalho manual leve, em pé

15 a 21

Trabalho manual pesado, em pé

14 a 20

Trabalho pesado 13 a 19

Evite umidades ou securas exageradas

O ar muito úmido (umidade relativa acima de 70%) ou muito seco (abaixo de 30%) pode afetar o conforto térmico. O ar muito seco pode provocar irritação nos olhos e nas mucosas, além de produzir eletricidade estática (riscos de incêndios, choques desagradáveis, interferências em equipamentos). O ar saturado (100%) dificulta a evaporação do suor, tomando-se desagradável para os trabalhos pesados. A umidade do ar pode ser controlada adicionando ou retirando água do ar.

Evite superfícies radiantes muito quentes ou frias

As superfícies mais quentes que o corpo irradiam calor. Ocorre o inverso com as superfícies frias. Devem-se tomar providencias quando as diferenças entre as temperaturas dessas superfícies e aquela do ar forem superior a 4 graus.

Correntes de ar

Correntes de ar podem afetar o conforto térmico, principalmente no caso de trabalhos leves. Podem ser ventos naturais ou movimentos de ar provocados por . Elas são desconfortáveis com velocidades do ar acima de 0,1 m/s.

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Frio e Calor Tanto o frio como o calor intenso são desconfortáveis e provocam

sobrecarga energética no corpo, principalmente no coração e pulmões. Alem disso, partes do corpo podem sofrer queimaduras ou congelamentos. Recomendações Procedimentos

Frio e o calor intenso Quando o corpo é exposto ao calor intenso ou superfícies radiantes muito quentes, experimenta sensações dolorosas.

Os matériais manipulados não devem estar nem muito quentes, nem muito frio.

Quando a pele entra em contato com superfícies metálicas muito frias, pode ficar grudada nelas. Para segurança, essas superfícies devem estar a pelo menos 5 °C. Temperaturas menores podem ser toleradas para materiais isolantes, como plásticos. A Tabela a baixo apresenta os tempos máximos de contato com superfícies quentes para evitar queimaduras na pele.

Tempo de manuseio de material quente para não provocar queimaduras

Material Temp. max.(ºC)

Duração

Metais 50 Até 1 min Vidros, cerâmica, concreto

55 Até 1 min

Plásticos, madeira 60 Até 1 min Todos os materiais 48 Até 10 min Todos os materiais 43 Até 8 min

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Controle do clima Recomendações Procedimentos

Agrupe as tarefas de igual arduidade

É desejável que as tarefas que exigem esforços físicos semelhantes sejam agrupadas dentro de uma mesma sala. Com isso, torna-se possível controlar a clima para que fique agradável a cada grupo, de acordo com o esforço dispêndido. Quanto maior o esforço físico, mais baixa pode ser a temperatura ambiente.

Ajuste as tarefas ao clima externo

Como não é possível controlar o clima externo, as tarefas realizadas ao ar livre devem ter o gasto energético adaptado as mesmas. Em climas frios, as tarefas podem ser pesadas, porque isso ajuda a produzir calor e aquecer o corpo. Em climas quentes, as tarefas devem ser mais leves. As tarefas pesadas devem ser feitas mais lentamente, ou intercaladas com pausas, para permitir que o corpo elimine o calor adicional gerado pelo trabalho.

Ajuste a velocidade do ar

Em climas frios, são preferíveis, baixas velocidades do ar, para evitar que retirem muito calor do corpo. Em climas quentes deve-se agir ao contrário. O aumento da velocidade do ar ajuda a retirar o calor do corpo, melhorando o conforto térmico.

Reduza os efeitos do calor radiante

A radiação quente ou fria pode ser neutralizada confinando-se a fonte e colocando material isolante em superfícies como paredes, tetos, pisos e janelas. Alem disso, um layout correto pode manter as pessoas longe das fontes de radiação. A radiação pode ser diminuída também se a temperatura do ar for controlada, de modo a reduzir as diferenças entre a temperatura do ar e a da fonte radiante

Limite à exposição ao frio ou ao calor intensos

O tempo de exposição ao frio ou ao calor intensos deve ser limitado. Cada pessoa tem um limite diferente para suportar essas temperaturas extremas.

O uso de roupas adequadas

As roupas isolantes protegem melhor contra o frio. No calor, devem ser leves, para que favoreçam a transpiração. Para o calor extremo, devem ser usadas roupas especiais, como as dos bombeiros.

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6.4.5-Substancias Químicas Substâncias químicas estão presentes no ambiente em forma de líquidos,

gases, poeiras e sólidos. Certas substancias podem causar mal-estar ou doenças se inaladas,

Ingeridas, ou até por contato com a pele ou olhos. Os sintomas podem ser notados imediatamente ou após um período de maturação.

É sabido que muitas são cancerígenas, provocam mutações genéticas e o nascimento de pessoas deficientes. Então, o organismo deve ser exposto o menos possível a essas substancias.

Existem limites internacionais de tolerâncias para exposição às substancias químicas. Principalmente a presença dessas substancias no ar, e se destinam a prevenir, mas não tratam do desconforto ocasional provocados pelas tais substâncias.

Medidas preventivas para evitar danos com a exposição à substancias químicas Recomendações Procedimentos

Aplique os limites de tolerância

Limite de tolerância é a concentração média de uma substancia encontrada no ar,durante oito horas, e que não pode ser ultrapassada em nenhum dia. Existem tabelas de tolerância para centenas de substancias. Essas tabelas são atualizadas freqüentemente, com a inclusão de novas substancias e com novas informações toxicidade das mesmas. Algumas substancias provocam intoxicação rapidamente. Nesse caso, no lugar da média se estabelece um teto, que não pode ser ultrapassado em nenhum momento. Tais tabelas listam apenas uma pequena parte das substancias conhecidas. Se uma determinada substancia não aparecer na lista dos pais, ser consultadas listas de outros paises ou um manual de toxicologia. Se a substancia não aparecer em nenhuma dessas listas, não quer dizer que seja segura. Caso haja desconfiança deve-se fazer uma pesquisa própria.

Evite substâncias cancerígenas

Certas substâncias dispersas no ar são conhecidas como cancerígenas. A exposição a essas substâncias deve ser evitada sempre. A Tabela apresenta uma Pequena mostra dessas substâncias. Uma lista completa dessas substâncias pode ser encontrada em publicações da International Agency for Research on Cancer (IARC), situada em Lion, Franga. Substância Encontrada em asbesto Isolantes térmicos Benzeno Solventes Composto de Cromo Pigmentos Hidrocarbonetos policíclicos Componente do

alcatrão Clorovinil Matéria prima de

PVC

Evite exposições a picos

As exposições a altas concentrações de substancias químicos, em curtos períodos, pode afetar a saúde, ainda que a media não ultrapasse os valores tabelados, para oito horas. Nesse caso deve-se aplicar os valores dos tetos. Deve-se assegurar que esses tetos não sejam ultrapassados em certas ocasiões, como durante a limpeza das instalações.

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Limite à exposição à mistura de substancias

Na prática, muitas vezes, há exposição simultânea a várias substâncias. Nesse caso, não há valores tabelados para os limites de tolerância. Nem sempre é suficiente garantir que cada uma delas, isoladamente, esteja dentro dos limites, pois não se conhecem os efeitos cumulativos das mesmas no organismo

Procure ficar bem abaixo dos limites de tolerância

É importante procurar manter o ar livre dos contaminastes químicos, se possível, sempre abaixo dos limites de tolerância. Como uma regra pratica para o projeto dos ambientes, as concentrações devem ficar abaixo de um quinto dos limites de tolerância. Mesmo nesses níveis, não se pode garantir a total ausência de desconfortos provocados, por exemplo, por gases irritantes. Há também gases que aparentemente, não causam desconforto, mas são prejudiciais à saúde.

Os rótulos dos produtos químicos devem conter um alerta

O fabricante de produtos químicos deve fornecer informações sobre a sua toxicidade e os cuidados necessários para a manipulação dos mesmos. A primeira indicação deve aparecer no rótulo do produto, com o uso de sinais padronizados de alerta como nas figuras abaixo.

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Controle da poluição na fonte

Hierarquicamente entre as medidas de controle da poluição tem se a prioridade

1- Controle da fonte do agente poluidor. 2- Controle do processo de propagação desse agente 3- As pessoas atingidas. As medidas de controle são mais efetivas, quando se impede que a

poluição apareça. Caso isto não seja possível. Deve-se tentar reduzi-la ou isola-la. As medidas de controle na fonte não abrangem apenas o produto químico, mas também o processo produtivo e o método de trabalho. Recomendações Procedimentos

Remoção da fonte de poluição

Em primeiro lugar, deve-se tentar substituir a substância danosa por outra inofensiva ou, pelo menos, menos prejudicial. Por exemplo, as tintas com solventes químicos podem ser substituídas por outras, solúveis em água. Os isolantes de asbestos podem ser substituídos pela l ã de rocha. A substituição também pode ocorrer nos processos industriais, adotando-se aqueles menos poluentes.

Redução da emissão na fonte

A redução da emissão na fonte pode ser feita atuando sobre a substância envolvida, o processo produtivo, ou o método de trabalho. Exemplos: • Sobre as substancias químicas: uso de uma tinta com menor

concentração de metais pesados; • Sobre o processo produtivo: mudança no processo de

enchimento das embalagens para evitar derramar material • Sobre o método de trabalho: material pintado e transportado

para outro lugar, para secar

Isolamento da fonte de poluição

Uma terceira forma para reduzir o risco é o isolamento da fonte, evitando que a mesma se propague no ambiente. A fonte pode ser colocada em cabines ou ser transportada em recipientes fechados, evitando que exale gases.

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Proteção individual

As medidas para reduzir os efeitos prejudiciais das substâncias químicas sobre o trabalhador envolvem limitações do tempo de exposição e uso dos equipamentos de proteção desta maneira deve-se seguir as seguintes recomendações Recomendações Procedimentos

Limite o tempo de exposição

Várias medidas de natureza organizacional podem ser adotadas para reduzir a exposição das pessoas aos agentes químicos. As pessoas devem permanecer durante o tempo estritamente necessário em salas contaminadas O número de pessoas expostas pode ser reduzido. Também e possível alternar o trabalho nas salas contaminadas com outras tarefas em locais saudáveis. Se for possível, as tarefas sujeitas a risco de contaminação poderiam ser feitas fora do horário normal de trabalho. Neste caso, apenas um pequeno número de pessoas ficaria exposto. Dessa maneira, pode-se tomar cuidados especiais para protege-las. pode ser inviável proteger todos os trabalhadores

Use equipamentos de proteção individual

Quando todas as outras medidas falharem, como ultimo recurso, os trabalhadores devem ser defendidos com o uso de equipamentos de proteção individual. Essa medida aplica-se a poluição de locais amplos ou a acidentes, quando é difícil de aplicar os outros métodos de controle. Em uma emergência, pode-se usar mascaras especiais com filtros contra gases ou pós de fina granulação. As mascaras devem ajustar-se perfeitamente ao perfil do rosto. Os equipamentos de Proteção individual devem ser usados de forma restrita, porque são incômodos aos usuários.

As mascaras para poeira não protegem contra gases

As máscaras para poeira não devem ser usadas contra gases. Os filtros dessas máscaras geralmente tem porosidade maior, para reter os pos grossos e não funcionam no caso de gases, que são muito mais finos. A situação fica pior quando houver uma alta concentração desses gases, como uma nevoa suspensa no ar

Use aventais e luvas

Para a proteção contra líquidos que podem ser absorvidos pela pele, recomenda-se o uso de aventais e luvas. As luvas, assim como outros tipos de equipamentos de proteção individual, são incomodas. Contudo, só devem substituídas por outros protetores que tenham a eficácia comprovada

Mantenha a higiene pessoal

O cuidado com a higiene pessoal pode contribuir para a redução da contaminação por agentes químicos através da pele. Este inclui: • Manter sempre limpos o vestuário e os equipamentos de proteção

individual; • Lavar as mãos e os braços regularmente com água e sabão; • Tratar rapidamente qualquer tipo de lesão na pele.

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Ventilação A ventilação não só é usada para promover conforto ambiental como também combater a poluição do ar no ambiente de trabalho, pelo princípio de que se não for possível eliminar ou reduzir a poluição na fonte, pode-se atuar durante a propagação Recomendações Procedimentos

Extração do ar poluído perto da fonte

Quando não for possível impedir a produção de agentes químicos, eles devem ser extraídos do ar, o mais rápido possível. Em alguns casos, esse ar extraído deve ser filtrado, para impedir a poluição atmosférica. Existem leis ambientais que restringem a concentração dos poluentes no ar expelido. Junto com o sistema de exaustão, deve existir a reposição simultânea de ar puro no local de trabalho.

Promover um sistema de exaustão eficiente

Muitos sistemas de exaustão não funcionam adequadamente, devido a projetos mal elaborados, localização errada ou manutenção falha. A extração do ar poluído deve ser feita na região de respiração, e não apenas na parte superior da sala, quando os poluentes já passaram pelo trabalhador. A manutenção regular dos equipamentos é importante para evitar o entupimento dos dutos e filtros.

Projeto de ventilação deve considerar o efeito no clima

A Ventilação e exaustão movimentam a massas de ar, e isso influi no conforto térmico. Se houver diferenças de temperaturas entre o ar que sai e o que entra é necessário pré-aquecer ou resfriar esse ar, para reduzir essas diferenças.

Renovações suficientes do ar

Os ambientes fechados devem ser adequadamente ventilados, mesmo que não tenham fontes de poluição. A taxa de renovação do ar depende da natureza do trabalho, devendo ser maior para os trabalhos mais pesados.Natureza do trabalho

Volume de ar (m3/pessoa)

Renovação do ar (m3/h)

Muito leve 10 30 Leve 12 35 Moderado 15 50 Pesado 18 60

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7-Principios da Analise Ergonômica do Trabalho – AET

A AET é uma técnica que sistematizada para avaliar um trabalho seguindo os

ensinamentos da ergonomia, para propor soluções para um determinada demanda

O Manual de Aplicação da NR17,200, previu dispositivos para quando o “ auditor-

fiscal do trabalho tivesse dificuldade para entender situações complexas em que fosse

necessária a presença de um ergonomista. Evidentemente, nesse caso, os gastos com

a análise devem ser cobertos pelo empregador. Têm-se pedido análises ergonômicas

de uma forma rotineira e protocolar. Isso só tem dado margem a que se façam análises

grosseiras e superficiais que em nada contribuem para a melhoria das condições de

trabalho. Na solicitação da análise ergonômica, deve-se ter clareza de qual é a

demanda, enfocando-se um problema específico. Sempre que o auditor-fiscal do

trabalho solicitar uma análise, deve explicitar claramente qual é o problema que quer

resolver e pelo qual está pedindo ajuda a um ergonomista.”

7.2-Esquematicamente a AET pode ser representada pelo fuxograma da figura

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Analise da Tarefa

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Formulação do Caderno de Encargos e Recomendações Ergonômicas- CERE

O CERE é documento técnico final da AET, que será entregue ao demandante, contendo as informações sobre as soluções para a demanda que gerou a AET, que por sua vez são fundamentadas nas analises realizadas. Deve-se ter em mente que a linguagem deste documento deve ser acessível a quem vai colocar as recomendações em práticas, entretanto não deve deixar de ser um relatório técnico, levando em conta o rigor de toda a sistematização que rege a AET. Deve-se também considerar as conseqüências das proposições do CERE sobre a empresa, afetando a produtividade, competitividade e sobretudo a saúde de todos que estão envolvidos nas mudanças propostas, inclusive os trabalhadores

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Bibliografia

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Segurança e Medicina do Trabalho/Obra coletiva de autoria da editora Saraiva com colaboração de Antonio Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz dos Santos Windt e Lívia Céspedes- São Paulo: Saraiva:2008