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[email protected] www.nezoeducacional.com.br Novas Modalidades de Família Núcleo De Estudos Da Zona Oeste Novas modalidades de família: diagnóstico, abordagem sistêmica e estratégias de atendimento e acompanhamento. A defesa de direitos da criança e do adolescente. O papel dos conselhos, centros de defesa e delegacias. A adoção e a guarda: normas, processo jurídico e psicossocial, adoção à brasileira e adoção internacional. Alternativas para resolução de conflitos: conciliação e mediação.

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Novas Modalidades de Família

Núcleo De Estudos Da Zona Oeste

Novas modalidades de família: diagnóstico, abordagem sistêmica e estratégias de

atendimento e acompanhamento. A defesa de direitos da criança e do adolescente.

O papel dos conselhos, centros de defesa e delegacias.

A adoção e a guarda: normas, processo jurídico e psicossocial, adoção à brasileira e adoção

internacional. Alternativas para resolução de conflitos:

conciliação e mediação.

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NEZO PUBLICAÇÕES

MATERIAL DE APRIMORAMENTO E PREPARATÓRIO

Coordenação Geral NEZO

Profª. Drª. Tatiana M. A. Fonseca

Coordenação Pedagógica

Profª. Drª. Tatiana M. A. Fonseca

Mestre e Doutora em Política Social - UFF

Assistente Social do INTO e SMAS RJ

Conselho Editorial

Auricea Lima Assistente Social Mestre em Política Social UFF Adriana Medalha Perez Assistente Social Mestre em Política Social UFF Eliana Silva Assistente Social Esp. em Gestão de P. P. Ass. Social e Saúde Hellen S.S. Carneiro Assistente Social Esp. em Gestão de P. P. Ass. Social e Saúde

Janaina Aguiar de Araújo Assistente Social Esp. em Gestão de P. P. Ass. Social e Saúde Laura Christina Sant'Anna de Araujo Advogada Assistente Social Tiago N. A. Fonseca Bacharel em Direito Esp. Família, Infância e Juventude/FAGOC Tatiana M. A. Fonseca Assistente Social Doutora em Política Social – UFF

Estagiárias Lorrayne Mendes

Lydia Santana

Capa, arte e Revisão Final

Profª Esp. Hellen S. S. Carneiro

Revisão Editorial Profª Esp. Hellen S.S. Carneiro

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NOVAS MODALIDADES DE FAMÍLIA: DIAGNÓSTICO, ABORDAGEM SISTÊMICA E ESTRATÉGIAS DE ATENDIMENTO E ACOMPANHAMENTO.

POLÍTICA SOCIAL, FAMÍLIA E JUVENTUDE

Política Social e Família

O livro nos traz a preocupação com formulação e implementação de políticas sociais no âmbito da família e juventude mostrando também à importância de se pensar a participação social destes segmentos na formulação e avaliação destas

políticas.

Nos anos 70, observa-se a “família como um importante agente privado de proteção social. Em vista disso, quase todas as agendas governamentais prevêem, de uma forma ou de outra, medidas de apoio familiar, particularmente as dirigidas às

crianças”.

“Entretanto, apesar dessas tendências, pode-se dizer que não há propriamente uma política de família em muitos países capitalistas centrais, se por política entender-se um conjunto de ações deliberadas, coerentes e confiáveis, assumidas pelos poderes públicos como dever de cidadania, para produzirem

impactos positivos sobre os recursos e a estrutura da família.”

Particularismo – particularidade cultural (cada família se constitui de uma forma, se insere culturalmente e socialmente de uma forma), não havendo um único padrão de política familiar. Porém, cabe salientar que todos os “Estados de Bem-Estar estiveram baseados em um modelo familiar, no qual as formas de proteção eram asseguradas por duas vias: participação do homem como provedor e da mulher com

os afazeres domésticos”

A partir dos anos 80 do século recém – findo, uma nova realidade impôs, em escala planetária, dado o impacto de sensíveis mudanças histórico-estruturais e o

aproveitamento utilitário dessas mudanças pelo neoliberalismo.

“As propostas de intervenção social, apresentadas pelos neoliberais, tivessem sido daquelas que pregavam a reestruturação das políticas sociais de pós-guerra, sob a justificativa de melhorar a eficácia dessas políticas num contexto de crise diversificada. Para tanto, recomendavam uma participação mais ativa da iniciativa privada na provisão social, em substituição ao modelo rígido de proteção anterior, em que o Estado reinava como principal agente regulador.”

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Pluralismo (pluralidade de atores e ações) – “uma estratégia de esvaziamento da política social como direito de cidadania, já que, com o desvanecimento das fronteiras entre direito entre as esferas públicas e privadas, se alarga a possibilidade de privatização das responsabilidades públicas, com a

conseqüente quebra da garantia de direitos”.

Eixos estratégicos: descentralização, participação e co-responsabilidade ou

parceria e solidariedade.

Família = célula manter da sociedade, ou seja, base sobre as quais outras atividades de bem-estar se apóiam e possui caráter informal. Ainda, “ao se eleger a família como fonte privilegiada de proteção social, é quanto as mudanças verificadas

na sua organização, gestão e estrutura.”

Devido à existência de vários tipos de família, “essa variedade tem que ser considerada na analise de transformação dessa instituição em uma festejada fonte

privada de proteção social. (...) considera-se que a família não é um bloco monolítico.”

“(...) além das mudanças estruturais familiar, os divórcios e os novos casamentos tornam muito mais complexas e intrincadas as redes de parentesco e de solidariedade. As famílias, a partir dos anos 1990, tornaram-se mais efêmeras e

heterogêneas. (...) o conceito de família abrange diversos arranjos.”

Orientação e apoio sócio familiar

Tais programas estão previstos no ECA e tomam força a partir dos anos 90. “Sob o rótulo de programas de apoio sociofamiliar estão sendo veiculadas as mais diversas propostas, relacionadas ao mais diversos setores da sociedade civil, do

Estado e de organizamos internacionais .”

“o surgimento do Estado, contemporâneo ao nascimento da família moderna como espaço privado e lugar dos afetos, não significou apenas uma separação de esferas. Significou também, o estabelecimento de uma relação entre eles, até hoje conflituosa e contraditória.”

“O caráter paradoxal que marca a inter-relação Estado e família tem chamado cada dia mais a atenção dos interessados na temática da família. Muitos autores vem afirmando que, apesar do reconhecimento da centralidade da família no âmbito da vida social, tem existido uma prática e uma negação sistemática de tal reconhecimento.”

“O Estado não é visto apenas como um vínculo autoritário com a família, mas também como um recurso. Recurso para a autonomia da família em referencia à

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parentela e à comunidade, e autonomia dos indivíduos em relação à autoridade da família. (...) a intervenção do Estado não pode restringir-se apenas ao processo de definição e garantia dos direitos individuais, deve ser colocado o processo de definição e implementação de políticas sociais, que forneça instrumentos de

sustentação necessários para o bem–estar das famílias.”

Participação da família na política social

O termo controle social estabelece nova relação com o Estado e sociedade e está intrinsecamente ligado à forma de participação da população na elaboração e fiscalização das políticas publicas. Sendo 3 formas de participação, segundo Carvalho (1995): participação comunitária, participação popular e a participação social.

Ainda, define controle social como: “enquanto dominação social voluntária e planejada para cumprir determina a função na sociedade.” Já na sociologia clássica encontramos o termo controle social “para designar os processos de influencia da sociedade (ou do coletivo) sobre o indivíduo”.

“O termo controle social pode também dizer respeito ao conjunto de valores e normas utilizados para a resolução de conflitos entre indivíduos ou grupos, com vistas à manutenção da opinião de um grupo majoritário.”

A participação pode ser entendida como processo social, no qual o homem se descobre enquanto sujeito político capaz de estabelecer uma relação direta com os desafios sociais. Não se trata de uma questão dos grupos marginalizados; deve ser pensada e discutida por todos os grupos sociais, por dizer respeito às decisões relativas às suas condições básicas enquanto questão social , e não como política de reprodução da ordem vigente. (SOUZA, 2004, p. 170)

A descentralização ocorrida na década de 1990 é um caminho para a possibilidade da participação da sociedade nos processos decisórios, pois neste cenário buscou-se uma maior participação dos municípios nas ações estatais, bem como uma atuação mais ativa de toda a sociedade no espaço público. Neste contexto vemos participação como partilha de poder, ocorrendo uma aproximação do Estado com a população. (Souza, 2004)

Entendemos como participação um ato e um processo político, sendo que sua efetivação se dá na medida em que são conquistados e ocupados os espaços de poder. Segundo o dicionário Aurélio (2000) participar é “informar, comunicar, ter ou

tomar parte em ou em um todo”.

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A participação é conquistada porque não existe participação suficiente ou acabada. Ela é infindável: um constante vir – a - ser e sempre se fazendo (Demo, 1996). Portanto, seu caráter político e de conquista, a participação e os espaços de participação não são preexistentes e devem ser pensados como um processo contínuo e lento, onde os sujeitos vão se apropriando dos espaços conquistados pelo compromisso, envolvimento e presença.

Pode ser classificada, segundo Carvalho, (1995), como: a participação comunitária, a participação popular, e a participação social.

A participação comunitária surgiu nos anos 50 com a proposta de desenvolvimento de comunidade. A participação, neste contexto, consistia na atuação da comunidade, em atividades que permitissem a redução das conseqüências causadas pelo desenvolvimento do capitalismo. Ou seja, “a participação comunitária

(...) era entendida como a sociedade complementando o Estado. Este, por sua vez,

passou a incentivar a colaboração da sociedade na execução das políticas sociais por

meio do voluntariado e do apelo à solidariedade dos cidadãos” (Carvalho, 2006, p. 103).

A participação popular significa “o aprofundamento das críticas e a radicalização das praticas políticas opositoras ao sistema dominante, decorrente dos insatisfatórios resultados políticos e técnicos das práticas de participação comunitária”. Tinha como objetivos a luta contra o Estado opressor, em especial no pós 1968, e melhor condições de vida. ( Carvalho,1995, p. 67)

Tal participação tinha como ativistas uma população alijada social, econômica e politicamente das decisões do Estado. A luta desta população estava imbricada pela mobilização contra o Estado, pelas melhorias sociais e o acesso aos direitos. A participação significa aqui luta e contestação.

A participação social, com centralidade na sociedade, esta participação tem como foco o conjunto da sociedade, constituído por diversos interesses e projetos, conformando a disputa pelo poder do Estado. Seu objetivo é a universalização dos direitos sociais, a ampliação da cidadania e a interferência da sociedade no aparelho estatal.

A referida participação surge na luta por uma melhor fiscalização da ação estatal. Nasce da necessidade de se impedir que o Estado realize intervenções clientelistas, pois “o Estado precisava ser vigiado, contido, corrigido em suas práticas

habituais” (Carvalho, 1995).

Em decorrência dessa participação, chamamos atenção para o uso do termo controle social. Na sociologia clássica, o referido termo é usado para designar os processos de influência da sociedade sobre o indivíduo, pois trata-se de um conjunto de valores e normas utilizados para a resolução de conflitos.

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Para autores como Carvalho (1995) e Souza (2004) este termo é entendido como a participação da sociedade na elaboração e fiscalização das políticas públicas,

pois a população participa e fiscaliza as decisões do Estado.

O controle social tem sido tradicionalmente visto como o aumento da capacidade de influência da sociedade sobre o Estado. Com o desenvolvimento das organizações públicas não – estatais, surge a necessidade de uma autoridade fundada democraticamente para justificar e regular esse terceiro setor. O controle social passa a ter duplo caráter: aperfeiçoar os mecanismos de controle da sociedade sobre o Estado e inventar formas de controle da sociedade sobre a sociedade. (VIEIRA, 1999, p. 235)

Todas essas concepções de participação estão intrinsecamente ligadas ao conceito de controle social, pois o mesmo faz referência a “formas de participação da

população na elaboração e fiscalização das políticas públicas.”

É inegável que qualquer mobilização requer um mínimo de coesão política. Naturalmente, as redes de cooperação e de confiança, as fontes primárias do engajamento cívico, encontram solo mais fértil sob condições horizontais do que sob a égide de hierarquias impostas e do dirigismo político. (ABU-EL-HAJ,1999, p. )

Finalizando, precisamos levar em conta que “(...) não é suficiente participar, é preciso saber como participar” (Melo, 1984) e o como participar precisa estabelecer canais competentes e institucionalizados dentro da gestão organizacional, porque senão são apresentadas desculpas para o nosso não envolvimento e comprometimento, seja através da falta de tempo ou pelo comodismo, gerando sentimentos de insatisfação o fato de não ter mais voz e nem vez no processo de

mudanças instituídos pela organização.

Família e serviço social – contribuição para o debate

A autora afirma que, a despeito dos assistentes sociais terem a família como objeto de intervenção a discussão do tema é de pouca intensidade, o que acarreta uma pratica profissional pouco qualificada, apesar das contribuições oriundas das

áreas de conhecimento à disposição dos assistentes sociais.

É trabalhada no texto, a concepção de família como um fato cultural, historicamente condicionado e que não se estabelece, a princípio, como um espaço de harmonia e felicidade.

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A idéia de que família é um lugar de felicidade está ou não no desvelamento do seu caráter histórico. Esse ocultamento apenas permitiu pensá-la como um grupo natural e, simultaneamente e essa idéia, a naturalização de suas relações e o

enaltecimento de sentimentos familiares, tais como o amor materno, paterno e filial.

Para os profissionais que atuam junto a família, essa naturalização trouxe como conseqüência os estereótipos do que venha a ser o pai, mãe e filho, escamoteando que essas relações intra-familiares não são dadas, naturais, mas são engendradas / construídas a partir de sua história cotidiana e negociação cotidiana

também com os membros entre si com o meio social em que estão inseridos.

Sendo assim, o processo de construção da família pode apontar para um espaço de harmonia relativa, de desenvolvimento de potencialidades, inclusive

afetiva ou pode se transformar num espaço de sofrimento e limitações.

Não é despropositado, portanto, afirmar que, a família é o espaço de produção de doença mental. O movimento antipsiquiatria está ancorado na tese de que ninguém adoece sozinho, mas no interior de relações adoecedoras familiares.

Para o entendimento deste fenômeno família, é fundamental articula-la à estrutura social mais ampla, à conjuntura social e o jeito de fazer família no cotidiano.

Que família temos neste final de século?

Diminuição do numero de filhos, ou se, queda de taxa de natalidade; esta queda vem se dando em todas as classes sociais. As mulheres têm preferido ter seus filhos até os 30 anos, optando por se ocupar com outras dimensões de sua vida, após a maternidade. Aumento da gravidez na adolescência, sendo esta caracterizada como de risco; não há ainda maturidade biológica e social para o enfrentamento desta situação; o aumento do número de casais que não optam pelo casamento e também crescimento de uniões legais; manutenção de família nuclear como predominantemente na sociedade brasileira; aumento significativo de famílias chefiadas por mulheres, esses dados nos leva a pensar sobre a necessidade de equipamentos sociais necessários e essa inserção feminina no mercado de trabalho; aumento das famílias recombinadas trazendo a novidade da convivência entre irmãos

dos casamentos anteriores e do atual.

O aumento da expectativa de vida aumentou e com isso o segmento populacional que mais crescer. Atualmente há uma preocupação com a formulação de políticas sociais para essa faixa etária aumentando o do número de pessoas que residem sós (nas diferentes faixas etárias). Essas transformações podem ser

entendidas à luz dos seguintes aspectos:

• Ausência de relação entre os autores de Serviço social e as fontes originais;

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• Autoras brasileiras trabalham pioneiramente;

• Falta de mínima referência às problematizações dos procedimentos fenomenológicos;

• Mudanças culturais a crença da sexualidade (precoce, muitas vezes) e do

espaço ocupado pelas mulheres;

• A descoberta dos anticoncepcionais e o papel dos meios de comunicação na divulgação de informações;

• O grau acelerado de empobrecimento da população propiciado pela ineficiência das políticas públicas e pelo fenômeno de concentração da renda em nosso país (lembrar aqui que as políticas sociais poderiam efetivar medidas de distribuição de renda caso fossem qualitativa e quantitativamente melhores).

A redefinição dos papéis de homens e mulheres trouxe consigo a possibilidade de escolhas, ao invés do casamento ter o caráter de eternidade, ele pode estar assumindo hoje a característica da temporalidade, a partir da segurança conquistada pela mulher que tem sua dependência financeira. O vinculo passa a ser o

do afeto e não da dependência econômica.

Essas mudanças têm seu aspecto positivo, é preciso sublinhar que vem

ocorrendo uma fragilização dos vínculos familiares ao se alterar a estrutura anterior.

A autora, então define família como núcleo de pessoas que convivem em determinado lugar, durante um lapso de tempo (mais ou menos longo) e que se acham unidas (ou não) por laços de sangue.

Mioto sublinha que, sendo a família, o espaço da socialização primário, ainda é neste espaço, que podem ser gestados o cuidado entre as gerações, é nesse intricado jogo de relações que a criança vai adquirindo a sua identidade – “eu no

mundo”.

A autora chama a atenção para o fato de que a inserção sócio-econômica determina o modelo de ser familiar, assim como o modo de adoecer. A ausência do Estado na configuração de uma rede de proteção às famílias empobrecidas vem

ocasionando severos problemas às já desestruturadas famílias.

Mioto e Takashima problematizam o fato dos projetos individuais dos membros da família, se sobreporem ao projeto familiar. Dessa postura são decorrentes situações de abandono e de negligência. Como articular esses dois níveis de projetos? É a mulher que sempre tem que abrir mão de seus projetos a vida

inteira? Qual a responsabilidade de cada um (pai/mãe) na estrutura familiar?

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Os conflitos surgem a partir da pouca clareza que se tem da maternidade /

paternidade são:

• a necessidade de proteger e cuidar dos membros e as condições objetivas para tal (condições financeiras, disponibilidade de tempo, disponibilidade de afeto, de atenção etc).

• a convivência com um determinado tipo de modelo familiar do passado e a necessidade de se construir outras referências (somos pessoas “velhas”

tendo que construir relações novas, abertas, democráticas).

O fenômeno de violência contra a mulher, contra as crianças e adolescentes tem exigido a necessidade de estabelecimentos de processos de atenção às famílias. As atitudes que expressam destruição estão em uma base material ideológica (em briga de marido e mulher ninguém mete a colher) e cultural. Se nós não considerarmos essas dimensões no nosso olhar, nossas intervenções certamente não

serão eficientes.

Espaço institucional e modelo assistencial: estamos nos preparando para

lidar com essas famílias empobrecidas?

A autora sublinha que a forma como está estruturada a atenção na saúde, por exemplo, leva em conta o usuário com doença, descolado de seu universo de relações sociais. Este modelo é fracassado porque efetiva uma leitura limitada das

demandas que são ali colocadas.

Poucas vezes, incluímos a família em nosso rol de preocupações, ao separar o doente do seu conjunto de familiares, estamos desconectados, na maioria das vezes, o cerne do problema apresentado, perdendo as conexões que os vínculos familiares

nos proporcionariam.

A parcialização dos atendimentos acaba por se caracterizar como ineficiente, pois se o membro foi diagnosticado pelo Assistente Social, somente receberá a orientação e o encaminhamento; a família deixa de ser o foca de atenção,

passando a ser mero coadjuvante do tratamento proposto.

A autora sublinha que, ao buscar ajuda institucional, a família está declarando que não dispõe de recursos próprios para lidar com o problema. A desintegração familiar resulta de inúmeros fatores que, articulados entre si, ajudam a romper com a aparência de tranqüilidade.

Conhecer as estruturas das famílias é passo fundamental à intervenção profissional, se a lógica de constituição das mesmas não for decifrada pelo Assistente

Social, sua atuação pode ser transformar em mais uma fonte de estresse familiar.

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É importante, durante o processo reflexivo que fique claro o que é problema de ordem interna das famílias e o que é determinado por condições externas. Não podemos culpabilizar os sujeitos por estar numa posição subalternizada, entretanto, é mister que os membros saibam o quanto estão contribuindo para a desestruturação de sua família (nossa intervenção procurará sempre articular- interno/externo, subjetividade/objetividade, pois os fenômenos têm sempre dupla face).

A autora chama nossa atenção para o fato de que as políticas sociais estão organizadas considerando o indivíduo (a doença) e não a família, também elas não

tecem qualquer avaliação do impacto destas políticas junto às famílias.

Mioto culpa a setorização das políticas sociais e sua ausente articulação intersetorial pela inoperância, pela ausência de impacto nas famílias brasileiras (cabe salientar novamente aqui, que as políticas públicas poderiam se tornar medidas de distribuição da riqueza socialmente construída).

Ainda, chama nossa responsabilidade profissional face a dimensão investigativa do Serviço Social. É a pesquisa criadora sobre esse universo que pode subsidiar as formulações de políticas públicas. Se nós lidarmos cotidianamente cm esse universo, porquê não qualificar nosso dados, nosso registro dos atendimentos,

nosso olhar e nosso agir.

ABORDAGEM SISTÊMICA

Teoria geral dos sistemas: sistemas dinâmicos e complexos; interdisciplinaridade

Teoria - Ação de examinar, contemplar, estudar, etc. É um mapeamento

para a observação de um fenômeno.

Geral - Pode ser aplicada a todo o tipo de sistemas.

Sistemas - Conjunto de elementos, materiais ou ideais, entre os quais se possa encontrar ou definir alguma relação. Um todo organizado ou complexo; um conjunto ou combinação de coisas ou partes, formando um todo complexo ou

unitário.

Teoria Geral de Sistemas - é uma teoria que tem por objetivo melhorar a compreensão sobre sistemas, podendo ser aplicada, de forma geral, a todo o tipo de sistemas. É interdisciplinar, pois para a sua compreensão e aplicação recorre-se a

conceitos de Filosofia, Sociologia, Biologia, Administração, entre outros.

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“A Teoria Geral dos Sistemas é uma ciência geral “totalidade”, o que até agora era considerado uma concepção vaga, nebulosa e semimetafísica. Em forma elaborada, ela seria uma disciplina matemática puramente formal em si mesma, mas aplicável às várias ciências empíricas. Para as ciências preocupadas com “totalidades organizadas”, teria importância semelhante àquela que a teoria das probabilidades tem para as ciências que lidam com “eventos aleatórios””. (Capra,1996)

Pontos relevantes

• A realidade é feita de sistemas.

• As propriedades dos sistemas não podem ser descritas em termos dos seus elementos separados.

• A compreensão do sistema somente ocorre quando se estuda os sistemas globalmente, envolvendo todas suas relações e suas partes.

• O todo pode ter propriedades que as partes não possuem e vice-versa.

Pontos relevantes

• Sistemas existem dentro de outros sistemas.

• Sistemas são abertos.

• As funções de um sistema dependem de sua estrutura.

Holismo

“Holística é um termo que vem do grego “holos” = igual ao todo, mais que se inspira também da palavra inglesa “wholy” = igual ao sagrado, santo. Holística é, por conseguinte um termo que ao mesmo tempo indica uma tendência ao ver o todo além

das partes, ele considera esse todo como santo e sagrado.”

• O holismo é quando a totalidade representa mais do que as soma das partes.

• Os componentes de um sistema desenvolvem qualidades que não são perceptíveis quando estes componentes estão isolados.

Em termos gerais, a Teoria Geral dos Sistemas visa entender o ser humano e seu ambiente como parte de sistemas que se interagem, buscando entender esta

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interação sob múltiplas perspectivas. Ela provê uma linguagem geral, fazendo a ponte

entre várias áreas, isto é, uma comunicação interdisciplinar.

Sistemas: Componentes

O limite do sistema define o sistema de qualquer outro (o ambiente). As unidades básicas do sistema são os elementos do sistema. Podem existir os subsistemas. A forma na qual os elementos do sistema estão organizados ou arranjados é chamado configuração. Ambiente é o meio que envolve o sistema. O sistema é influenciado pelo ambiente através das entradas e influencia o ambiente através das saídas. Para que um sistema seja viável e sobreviva, ele deve adaptar-se

ao ambiente por meio de um constante ajustamento.

História do pensamento sistêmico: Cibernética

Disciplina científica surgida no fim dos anos 40. Nova ciência a partir do questionamento dos pilares da ciência tradicional: crítica ao método de investigação científica e à compartimentalização do conhecimento. Questionavam o quê? Herança da Idade Média, de Descartes, Newton, Bacon – natureza como máquina, engrenagem. Método científico: o todo = soma das partes. Logo, se você conhece cada parte, você conhece o todo. Especialização, compartimentalização.

Edgar Morin (filósofo) - crise dos fundamentos: busca pelo conhecimento do conhecimento.Wiener: “ciência que estuda o controle e a comunicação no animal e na máquina”. Autores que, apesar da diversidade de seus campos, sempre se interessaram pelo estudo das sociedades humanas ou pela repercussão de suas idéias sobre o entendimento do fenômeno humano e social.

Questionam os fundamentos da ciência clássica: compartimentalização excessiva do conhecimento. Propõe uma visão sistêmica da própria ciência – “nova aliança” entre os campos. Ciência da inter e transdisciplinaridade, esforços de vários cientistas.

Conferências Macy (até 1956), Wiener (matemático), McCullogh (neurofisiólogo), Bateson (antropólogo e teórico da comunicação), Von Forster (físico), Rosenbluth (biólogo), Piaget (psicólogo e educador), Lorenz (etólogo),

Margaret Mead (antropóloga), etc

Cibernética de 1ª ordem

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Interesse pelos mecanismos e processos de homeostase > estratégias de ação dos sistemas e organismos para manter a estabilidade. A estabilidade do sistema é voltada para a estrutura e os mecanismos que ocorrem dentro dele. Bom funcionamento = equilíbrio (homeostase). A mudança deve ser evitada pois é preciso manter o equilíbrio. Bateson (1952) – início da conexão entre a terapia de família e a cibernética

Pesquisa sobre a comunicação em famílias com pacientes esquizofrênicos – acreditava que a dificuldade estava na comunicação no contexto do paciente e sua família. Duplo-vínculo: padrão repetitivo de comunicação com injunções contraditórias em diferentes níveis de comunicação. O que era pensado em relação às máquinas passou a ser aplicado às pessoas. Acreditava-se que o modelo cibernético era capaz de fazer compreender tanto os sistemas artificiais quanto os naturais (biológicos e sociais).

O Que Isso Representou na terapia de Família de 1ª Ordem?

Terapias estratégicas (Haley, 1963): terapias nas quais o terapeuta planeja ativamente suas ações com o objetivo de focar na resolução de algum problema específico do sistema. Derivada do trabalho de Bateson em Palo Alto. “A idéia básica é gerar, a partir de intervenções, situações que ‘vençam’ a homeostase familiar, sua resistência à mudança, e empurrem a família para outro padrão de funcionamento que não necessite da presença estabilizante e rígida do sintoma. Intervenções diretas

/ Intervenções paradoxais.

Cibernética de 2ª ordem

Década de 50, EUA. Alguns pensadores começaram a questionar a credibilidade da idéias de que sistemas tão diferentes funcionariam da mesma forma. Os pressupostos de objetividade e representação da cibernética de 1ª ordem caem, e surge a cibernética de 2ª ordem.

Anos 60, desconfiança de que a estabilidade e o controle dos sistemas funcione. Estudo da subjetividade, da linguagem na construção da realidade e do conhecimento passam a estar em alta. Conhecimento = ação no mundo. Conhecer é entendido como ação circular que agrega ação e conhecimento, conhecedor e conhecido, de forma indissociável.

A família vista como um sistema, cujos membros interagem circularmente, obedecem regras relacionais e têm desvios de padrão corrigidos por comportamentos compensatórios no decorrer da interação. Sintoma = produto de interrelações.

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O que isso representou na terapia de família de 2ª ordem?

Inclusão do terapeuta no âmbito da observação. Aplicação dos conceitos cibernéticos ao terapeuta, o que amplia e torna mais complexo os circuitos da circularidade. Impossibilidade de observação objetiva: o conhecimento revela propriedades do observador. Os sistemas sociais são sistemas de linguagem. Caem todas as regras fixas, a priori. Entram a linguagem e o terapeuta. Subjetividade, sentimentos, relação terapeuta-cliente, ética, cultura...

A cibernética de 2ª ordem é a porta do construtivismo na terapia de família. Realidade = construção. Cai a noção de “consertar uma estrutura que apresenta um problema”. “O problema não está na família, mas em sua construção da realidade, em

sua relação e na forma pela qual ela permite a emergência de realidades, sujeitos,

crenças e sintomas.”

Perguntas focadas no COMO e não no POR QUE.

• Linear (Explicações - como assim?, Definições - onde?, Localizações - como?)

• Circular (crença – o que ele fez para que você se sentisse assim?, comportamento – o que mudou?, diferença – Como você se sentiu?, o que ele faz – o que você acha?)

• Estratégica (que guiam e que são confrontadoras – ele acha isso, o que você acha? Vocês pensam diferente?)

• Reflexivas (perguntas do futuro e de observações periféricas – como vocês imaginam isso daqui a alguns anos? O que você faria? Como você faria??) > Ampliação de possibilidades, criatividade, que é o objetivo da terapia sistêmica.

Mudança de Paradigma – Visão Sistêmica

O QUE É PARADIGMA? Padrão ou modelo. Conjunto de regras que dizem como se obtém sucesso dentro do regulamento. Comuns a todas as áreas e na vida de todas as pessoas – todos nós precisamos / vivemos dentro de paradigmas.

PARADIGMA - Sair dos paradigmas (ou pelo menos tentar sair) pode ajudar a ver/mostrar diferentes formas de compreender o mundo. – o problema é onde se

tem certeza. Sair dele pode trazer soluções criativas para diferentes problemas.

MUDANÇA DE PARADIGMA - Antes: conhecimento e visão de mundo calcados na objetividade, estabilidade, previsibilidade, determinismo > conhecimento

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linear. Depois: incluem o contexto sócio-histórico, desordem, acaso, complexidade, realidade dependente do observador. Ênfase à relação, ao global, ao contexto e ao

mesmo tempo, à unicidade da experiência humana > conhecimento rizomático.

O homem não é mais considerado observador separado de um mundo independente e manipulável. Homem = criador e criatura do seu próprio conhecer, do

seu mundo e do seu tempo.

Possíveis conexões com o serviço social

• Compreensão de mundo/conhecimento;

• Compreensão das famílias que trabalhamos;

• Inclusão do trabalhador social no sistema: não há neutralidade.

• Construir o caminho da família junto com ela, ampliando as possibilidades de autonomia.

Teorias Sistêmicas

Décadas atrás, a maior parte dos critérios de importância – chave do pensamento sistêmico tinha sido feita por biólogos, psicólogos e ecologistas, que levou os cientistas à mesma nova maneira de pensar em termos de conexidade, de

relação e de contexto.

Com a aproximação do fim do século as preocupações com o meio ambiente adquiriram suprema importância, expressados por uma série de problemas globais que se encontram danificando a biosfera e a vida humana de uma maneira alarmante. Alguns cientistas perceberam que os principais problemas de nossa época não poderiam ser entendidos isoladamente, pois tinham um caráter sistêmico: interligados e interdependentes.

"Todos os seres vivos são membros de comunidades ecológicas ligadas uma às outras numa rede de interdependência." (Capra, 1999).

A ciência sistêmica mostra que os sistemas não podem ser compreendidos por meio da analise. As propriedades das partes não são propriedades intrínsecas,

mas só podem ser entendidas dentro do contexto do todo maior.

O pensamento sistêmico propõe a mudança das partes para o todo, suas propriedades sistêmicas são propriedades do todo, isto é, de uma configuração de

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relações ordenadas que é características dessa determinada classe de organismo ou

sistema.

Nessa nova visão sistêmica, compreendemos que os próprios objetos são redes de relações, embutidas em redes maiores, ou seja, formando um padrão de redes.

A natureza é vista como uma teia interconexa de relações, na qual a identificação de padrões específicos como sendo objetos depende do observador humano e do processo de conhecimento. Essa teia de relações é descrita por intermédio de uma rede correspondente de conceitos e de modelos, todos igualmente

importantes.

O que torna possível converter a abordagem sistêmica numa ciência é a descoberta de que há conhecimento aproximado. Essa introversão é de importância decisiva para toda a ciência moderna. O velho paradigma baseia-se na crença cartesiana na certeza do conhecimento cientifico. No novo paradigma, é reconhecido que todas as concepções e todas as teorias cientificas são limitadas e aproximadas. A

ciência num pode fornecer uma compreensão completa e definitiva.

A DEFESA DE DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA): por que devemos conhecê-lo?

Desde sua criação, o Estatuto da Criança e do Adolescente influencia as práticas educativas dirigidas à criança e ao jovem. Apesar desse aparente, reconhecimento, sua compreensão efetiva — enquanto marco e referencial para uma mudança estrutural das práticas educativas — é ainda uma possibilidade a ser

desvelada.

Mas o que é e a que se destina esse conjunto de leis que chamamos de Estatuto da Criança e do Adolescente? Para compreendermos essa questão, é necessário voltarmos à história das políticas públicas direcionadas ao

desenvolvimento infantil e juvenil de nosso país.

A década de 1960 foi mundialmente marcada pelo surgimento de inúmeros movimentos sociais em defesa dos direitos da criança e do adolescente. Isso ocorreu uma vez que, após a Segunda Guerra Mundial, o adolescente passou a ocupar uma posição determinada no cenário da violência quando a necessidade da mão-de-obra feminina nas fábricas deixou as crianças em situação de abandono, as quais, mais tarde, já adolescentes, constituíram-se como gangues marcadas por atitudes de

revolta e violência.

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Para as ciências jurídicas, esse processo resultou na necessidade de repensar a forma de compreender a adolescência, pois essa fase (e suas manifestações) passou a ocupar um espaço definido no cotidiano, nas instituições, na

mídia e na sociedade.

Para as ciências jurídicas, esse processo resultou na necessidade de repensar a forma de compreender a adolescência, pois essa fase (suas manifestações) passou a ocupar um espaço definido no cotidiano, nas instituições, na mídia e na sociedade.

A Psicologia, enquanto ciência que estuda o comportamento humano, passou nesse momento a destinar atenção maior à fase da adolescência, transformando-a em alvo de pesquisas e reflexões teóricas. Dessa forma, impulsionados pela nova visão trazida pela Psicologia e pelo Direito, juristas, políticos e educadores passaram a compreender a criança e o jovem como sujeitos em

formação e, por isso, merecedores de práticas educativas diferenciadas.

No Brasil, porém, esse caminho foi lento, tendo seu início em 1979 com a criação do Código de Menores. Somente em 1989 a Convenção Internacional dos Direitos da Criança das Organizações das Nações Unidas marcou definitivamente a transformação das políticas públicas voltadas a essa população, culminando assim na

criação do Estatuto da Criança e do Adolescente — ECA.

Criado em 13 de julho de 1990, o ECA instituiu-se como Lei Federal n.º 8.069 (obedecendo ao artigo 227 da Constituição Federal), adotando a chamada Doutrina da Proteção Integral, cujo pressuposto básico afirma que crianças e adolescentes devem ser vistos como pessoas em desenvolvimento, sujeitos de direitos e destinatários de proteção integral.

O Estatuto, em seus 267 artigos, garante os direitos e deveres de cidadania a crianças e adolescentes, determinando ainda a responsabilidade dessa garantia aos setores que compõem a sociedade, sejam estes a família, o Estado ou a comunidade. Ao longo de seus capítulos e artigos, o Estatuto discorre sobre as políticas referentes a saúde, educação, adoção, tutela e questões relacionadas a crianças e adolescentes

autores de atos infracionais.

Mesmo sendo referência mundial em termos de legislação destinada à infância e à adolescência, o Estatuto necessita ainda ser compreendido de forma legítima. Um longo caminho deve ser trilhado pela sociedade civil e pelo Estado para que seus fundamentos sejam vivenciados cotidianamente.

As escolas e seus educadores devem conhecer essa legislação, assim como os órgãos de apoio presentes na comunidade, como é o caso dos chamados Conselhos Tutelares — entidades públicas presentes obrigatoriamente em cada município e

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formadas por conselheiros da comunidade, cujo objetivo é receber denúncias de

violação do ECA e assegurar seu cumprimento.

Dessa forma, os educadores devem trabalhar para que os pressupostos do ECA sejam cumpridos, proporcionando o desenvolvimento de nossas crianças e adolescentes.

A INFÂNCIA NO BRASIL

• Papel do Estado e da Família: a autoridade da família vai gradualmente decrescendo e se tornando subordinada ao estado

• Responsabilidades: a caridade vai se transformando em filantropia de

caráter social e estatal

• Termo “menor”: no século XX “menor” ganha o caráter de criança ou adolescente pobre/ abandonada, potencialmente perigosa. diferente do termo “criança”.

CÓDIGO DE MENORES DE 1927

• Obrigações dos pais em relação aos filhos desde o nascimento até os 21 anos;

• Sistema dual de atendimento (CÓDIGO DE MENORES E CÓDIGO CIVIL);

• Legislava especificamente sobre crianças de 0 a 18 anos em estado de abandono, sem moradia certa, órfãos, pais ignorados, pais presos a mais de dois anos, pais vagabundos, mendigos, de maus costumes, prostitutos ou

economicamente incapazes de suprir a prole;

• O “menor delinquente” estava caracterizado como aquele entre 14 e 18

anos, separando-os dos condenados adultos;

CÓDIGO DE MENORES DE 1979

• O Código de Menores/79 não passava, segundo Liberati (1991, p. 02), de um “código penal do menor”, disfarçado em sistema tutelar. Suas medidas não passavam de verdadeiras sanções, ou seja, penas disfarçadas de medidas de proteção. Não relacionava nenhum direito, a não ser aquele sobre a assistência religiosa; não trazia nenhuma medida de apoio à família; tratava a situação irregular da criança e adolescente, que, na verdade, eram

privados de seus direitos.

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LEI FEDERAL N° 8069 - 13/07/1990 - ECA

• Todas as crianças (de 0 a 12 anos) e todos os adolescentes (de 12 a 18 anos) sejam pobres ou ricos, do campo ou da cidade, negros, brancos, indígenas, imigrantes, outros.

• Crianças e Adolescentes são sujeitos de direitos, deixando de ser portadores de necessidades e objetos de intervenção jurídica, para serem cidadãos,

detentores do direito e de ter direitos.

• O ECA se constitui em um instrumento jurídico social de plena legitimidade histórica, em primeiro lugar porque se configura como uma ferramenta de cidadania, pois viabiliza a todo cidadão acionar os meios de defesa de direitos da criança e do adolescente. Este processo congregou, à época de sua formulação, inúmeras entidades, destacando-se especialmente:

• o Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua, a Pastoral do Menor da CNBB(Confederação Nacional dos Bispos do Brasil),

• a Frente Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente,

• a Articulação Nacional dos Centros de Defesa dos Direitos,

• a Coordenação dos Núcleos de Estudos ligados às Universidades,

• a Sociedade Brasileira da Pediatria,

• a Associação Brasileira de Proteção à Infância e à Adolescência(ABRAPIA),

• a Ordem dos Advogados do Brasil(OAB).

• os dirigentes e técnicos ligados à articulação “Criança e Constituinte”,

• o FONACRID (Fórum Nacional de Dirigentes Estaduais de Políticas Públicas para a Criança e o Adolescente). Também é importante mencionar a frente Parlamentar dos Direitos da Criança, articulando deputados e senadores de

todos os partidos

ORIGEM DO ECA

• Declaração Universal Dos Direitos (1948);

• Declaração Universal Dos Direitos Da Criança E Do Adolescente (1959);

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Constituição Brasileira De 1988.

"É dever da família, da sociedade e do poder público assegurar a criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade,ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão".

Vale lembrar que para a construção e aprovação do ECA houve luta dos

segmentos sociais, foi um processo em defesa a crianças e adolescentes

• Art.1º - Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente.

• Art.2 Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.

• Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade.

• “Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes.” (Artigo 19 do Estatuto da Criança e do Adolescente).

Família substituta é aplicada mediante de: Guarda, Tutela e Adoção

• Além de serem assegurados os direitos básicos a crianças e adolescentes, o ECA (Artigo 88, VI), delega não só à União, Estados e aos municípios a proposição de ações de atendimento na área social, mas também a comunidade é chamada a opinar e indicar as necessidades de sua população, exigindo sua participação na formulação de políticas e no controle das ações em todos os níveis, cumprindo o Artigo 204, da Constituição Federal.

• O Estatuto da Criança e do Adolescente preza pela família, sua estruturação e condições necessárias para que possa garantir as necessidades básicas de sua prole. Aos pais fica a responsabilidade pela formação, orientação e

acompanhamento da criança/adolescente.

• Portanto, pode-se perceber que os pais/responsáveis são contemplados no ECA, tanto em forma de direitos assegurados, quanto na questão de responsabilidades junto à criança/adolescente, sendo aplicadas sansões quando

seus deveres não são cumpridos.

• Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino.

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• Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental

comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de:

• I - maus-tratos envolvendo seus alunos;

• II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, esgotados os

recursos escolares;

• III - elevados níveis de repetência.

• Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os valores culturais, artísticos e históricos próprios do contexto social da criança e do adolescente,

garantindo-se a estes a liberdade da criação e o acesso às fontes de cultura.

• Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da União, estimularão e facilitarão a destinação de recursos e espaços para programações culturais,

esportivas e de lazer voltadas para a infância e a juventude.

• ECA estabelece a criação de Conselhos Municipais, Estaduais e Nacionais dos Direitos da Criança e do Adolescente, Fundos Municipais, Estaduais e Nacionais vinculados aos respectivos Conselhos de Direitos e os Conselhos Tutelares (Artigo 88). Além de delegar funções específicas para cada órgão, os mesmos atenderão crianças, adolescentes, os pais e/ou responsáveis e a comunidade, quando necessário.

• Considerando a Doutrina de Proteção Integral, o ECA contempla vários programas que visam atender as diferentes problemáticas das crianças e adolescentes em situação de abandono e risco pessoal e social. Neste sentido, o Estatuto institui as medidas de proteção (artigo 101) e medidas sócio-educativas (artigo 112) sendo que estas últimas são direcionadas exclusivamente à

adolescentes que cometem ato infracional.

• As medidas de proteção se aplicam a qualquer criança e adolescente que têm seus direitos ameaçados ou violados por omissão do Estado, falta dos pais ou responsáveis:

• “As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta lei foram ameaçados ou violados;

• por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;

• por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsáveis;

• III- em razão de sua conduta” (Estatuto da Criança e do Adolescente, artigo 98 :1990).

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• Entre as principais medidas de proteção a criança e ao adolescente em situação de abandono e risco pessoal e social, podemos destacar o artigo 101 do Estatuto que ressalta vários programas considerando como prioridade garantir

convivência familiar e comunitária, sendo eles:

• “encaminhamento aos pais ou repensáveis, mediante termo de

responsabilidade;

• orientação, apoio e acompanhamento temporário;

• matrícula e freqüência abrigatória em estabelecimento oficial de ensino fundamental;

• inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio a família, a criança e ao adolescente;

• requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial;

• inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento de alcoólatras e toxicamos;

• VII- abrigo em entidade;

• VIII- colocação em família substituta.” (Estatuto da Criança e do

Adolescente, artigo 101 :1990).

Para que as regras de cidadania contempladas no ECA, em prol da população infanto-juvenil, não permaneçam como meras legalidades que não saem do papel, a população deve cobrar a interferência do denominado Sistema de Garantia dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes, seja pelo aparelho de Justiça (Poder Judiciário, Ministério Público e Defensoria Pública) ou pela política de atendimento

(Conselhos de Direitos e Conselhos Tutelares).

O PAPEL DOS CONSELHOS, CENTRO DE DEFESA E DELEGACIAS

O papel dos conselhos

Os conselhos , destituídos de personalidade jurídica, constituem no organismo público um mediador entre População e o Governo, com intuito de formular políticas públicas, que irão atender necessidades sociais. São instrumento da democracia participativa, pois desloca o poder de formular as Políticas Públicas para

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os Conselhos Municipais. Um dos papéis dos Conselhos e o de trazer para dentro do

Governo, de forma regulada, problemas latentes na sociedade.

Duplo desafio, o Gerencial e o Políticos: As análises sobre os conselhos municipais têm demonstrado que a institucionalização destas instâncias de debate e formulação de Políticas Públicas inaugurou as novas formas de gestão local nunca antes vividas por estados e municípios brasileiros. São processos relativamente

recentes, introduzindo inovações e impactos diversos em cada localidade.

Os Conselhos são mecanismos de interlocução permanente entre Governo e Sociedade Civil, que vêm ampliando e aperfeiçoando sua atuação, auxiliando a administração no planejamento, orientação, fiscalização e julgamento nas questões

relativas a cada área temática.

Na construção dessa relação, há um duplo desafio: a dimensão política (composição dos conselhos e representatividade) e a dimensão gerencial (bom entendimento da Administração Pública, ou seja, conhecer processos, competências, dinâmica para tomada de decisão e para implementação de políticas públicas, de

forma a construir um ambiente propício para negociações).

Conselho tutelar

Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da

criança e do adolescente, definidos nesta Lei.

Art. 132. Em cada Município haverá, no mínimo, um Conselho Tutelar composto de cinco membros, escolhidos pela comunidade local para mandato de três anos, permitida uma recondução.

Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho Tutelar, serão exigidos

os seguintes requisitos:

I - reconhecida idoneidade moral;

II - idade superior a vinte e um anos;

III - residir no município.

Art. 134. Lei municipal disporá sobre local, dia e horário de funcionamento do Conselho Tutelar, inclusive quanto a eventual remuneração de seus membros.

Parágrafo único. Constará da lei orçamentária municipal previsão dos recursos necessários ao funcionamento do Conselho Tutelar.

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Art. 135. O exercício efetivo da função de conselheiro constituirá serviço público relevante, estabelecerá presunção de idoneidade moral e assegurará prisão

especial, em caso de crime comum, até o julgamento definitivo.

Das Atribuições do Conselho

Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar:

I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas nos arts. 98 e

105, aplicando as medidas previstas no art. 101, I a VII;

II - atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as medidas

previstas no art. 129, I a VII;

III - promover a execução de suas decisões, podendo para tanto:

a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço social,

previdência, trabalho e segurança;

b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de descumprimento

injustificado de suas deliberações.

IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que constitua infração

administrativa ou penal contra os direitos da criança ou adolescente;

V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua competência;

VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade judiciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para o adolescente autor de ato infracional;

VII - expedir notificações;

VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou

adolescente quando necessário;

IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta orçamentária para planos e programas de atendimento dos direitos da criança e do adolescente;

X - representar, em nome da pessoa e da família, contra a violação dos

direitos previstos no

XI - representar ao Ministério Público para efeito das ações de perda ou suspensão do poder familiar, após esgotadas as possibilidades de manutenção da

criança ou do adolescente junto à família natural.

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Parágrafo único. Se, no exercício de suas atribuições, o Conselho Tutelar entender necessário o afastamento do convívio familiar, comunicará incontinenti o fato ao Ministério Público, prestando-lhe informações sobre os motivos de tal entendimento e as providências tomadas para a orientação, o apoio e a promoção

social da família.

Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar somente poderão ser revistas pela

autoridade judiciária a pedido de quem tenha legítimo interesse.

Da Competência

Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar a regra de competência constante do

art. 147.

Centros de defesa e delegacias.

Compõem os Operadores do Sistema de Garantia de Direitos.

Centros de defesa

Os Centros de Defesa da Criança e do Adolescente são entidades responsáveis por assegurar o respeito aos direitos das crianças e adolescentes (de acordo com o ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente), por meio de uma atuação que envolve:

- Prestação de Assistência Jurídica, Social e Psicológica;

- Mobilização da sociedade civil;

- Difusão dos direitos da criança e do adolescente.

Com vistas à construção de uma sociedade que respeite os direitos da infância e da juventude.

Delegacias especiais

Tem como objetivo assegurar, zelar e preservar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos das crianças e adolescentes referentes à vida, saúde, educação, dignidade e ao respeito e liberdade desses indivíduos. Cuidando que toda atitude que

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ameace tais direitos seja apurada, investigada e seus agentes sejam punidos. Protegendo toda criança de qualquer forma de discriminação, exploração, violência, crueldade ou opressão, investigando e prendendo em flagrante os responsáveis por

qualquer atentado, por ação ou omissão.

Adoção de crianças e adolescentes

A adoção de criança e de adolescente brasileiro reger-se-á pelo disposto na lei n. 8.069, de 13.07.90, que é o Estatuto da Criança e do Adolescente, devendo ser consumados todos os ritos legais e judiciais, nos termos do ordenamento jurídico nacional, para a prolatação da sentença constitutiva definitiva, transitada em julgado,

efetivando a adoção de menor brasileiro a casal estrangeiro.

Procedimentos

A Convenção de Haia, de 29/05/1993, relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional foi promulgada no Brasil pelo Decreto n° 3.807 de 21/06/99 e é o principal instrumento de garantia seja dos direitos das crianças, seja dos direitos de quem deseja adotá-los.

Esta Convenção exige a atuação de Entes Autorizados em todos os procedimentos de adoção internacional. Isto significa que o estrangeiro que deseja adotar uma criança brasileira deverá encarregar uma dessas associações de todo o processo, não podendo mais dirigir-se diretamente às autoridades brasileiras.

Para que possam desenvolver suas atividades, estas associações que se ocupam de processos de adoção internacional devem obter uma autorização do

governo. Por esta razão são consideradas autorizadas.

Recomendamos consultar diretamente a "COMMISSIONE PER LE ADOZIONI INTERNAZIONALI", a autoridade central italiana para a adoção internacionalwww.affarisociali.it/servizi/ado_indice.htm ou www.commissioneadozioni.it, de modo a obter maiores informações sobre as entidades autorizadas e sobre

os procedimentos para a adoção.

É absolutamente vedada a adoção por procuração, sendo necessária a presença do casal estrangeiro em território nacional para acompanhar o processo judicial, comparecer às audiências, assinar documentos, submeter-se às entrevistas regulamentares, cumprir um estágio de convivência com a criança e ultimar todas as

providências para a efetivação do processo de adoção.

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A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com pais e parentes,

salvo os impedimentos matrimoniais.

Observação: As crianças ou adolescentes adotados manterão, sempre, sua condição de brasileiro nato.

Os adotantes

De acordo com a lei brasileira, podem adotar os maiores de dezoito anos, independentemente de estado civil, sendo que o adotante deverá ser, pelo menos, dezesseis anos mais velho do que o adotando. Os divorciados e os judicialmente separados poderão adotar conjuntamente, contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o estágio de convivência tenha sido iniciado na

constância da sociedade conjugal.

Quando se tratar de pedido de adoção por estrangeiro residente ou domiciliado fora do Brasil, deverão estes observar os procedimentos indicados a

seguir:

• o candidato deverá comprovar, mediante documento expedido pela autoridade competente do respectivo domicílio, estar devidamente habilitado à adoção, consoante as leis de seu país, assim como apresentar estudo psicossocial

elaborado por agência especializada e credenciada no país de origem;

• a autoridade judiciária brasileira, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, poderá determinar a apresentação do texto pertinente à legislação do

país estrangeiro, acompanhado de prova da respectiva vigência;

• os documentos em língua estrangeira serão juntados aos autos, devidamente autenticados pela autoridade consular brasileira, observados os tratados e convenções internacionais, e acompanhados da respectiva tradução, feita no

Brasil, por tradutor público juramentado; e

• antes de consumada a adoção, não será permitida a saída do adotando do

território nacional.

A adoção internacional poderá ser condicionada a estudo prévio e análise de uma comissão estadual judiciária de adoção, que fornecerá o respectivo laudo de habilitação para instruir o processo competente e à qual competirá manter registro centralizado de interessados em adoção.

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Os pais do adotando

A adoção depende do consentimento dos pais ou do representante legal do adotando. O consentimento será dispensado em relação à criança ou ao adolescente cujos pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituídos do pátrio poder. Em se tratando de adotando maior de doze anos de idade, será também necessário o seu

consentimento.

O denominado estágio de convivência

A adoção será precedida de estágio de convivência com a criança ou adolescente, pelo prazo que a autoridade judiciária fixar, observadas as peculiaridades do caso. O estágio de convivência poderá ser dispensado se o adotando não tiver mais de um ano de idade ou se, qualquer que seja a sua idade, já estiver na companhia do adotante durante tempo suficiente para se poder avaliar a conveniência da constituição do vínculo. Em caso de adoção por estrangeiro domiciliado ou residente fora do país, o estágio de convivência, cumprido em território nacional brasileiro, será de, no mínimo, quinze dias para crianças de até dois anos de idade e de, no mínimo, trinta dias quando se tratar de adotando acima de dois anos de idade.

Conseqüências no âmbito do Direito Civil brasileiro

O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial, que será inscrita no registro civil mediante mandado do qual não se fornecerá certidão. A inscrição consignará o nome dos adotantes como pais, assim como o nome de seus ascendentes. O mandado judicial, que será arquivado, tem o poder de cancelar o registro de nascimento original do adotado. Neste, não constará nenhuma observação sobre a origem do ato de adoção. A sentença conferirá ao adotado o nome do adotante e, a pedido deste, poderá determinar a modificação do prenome. Cumpre assinalar que a adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em julgado da sentença e que a morte dos adotantes não restabelece o pátrio poder dos pais naturais.

ADOÇÃO A BRASILEIRA

A “Adoção à Brasileira" tem sido muito discutida ultimamente não só no

que se refere a sua autenticidade, mas também quanto aos princípios adotados por

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juristas e juízes para justificar a aceitação de tal ocorrência, defendendo uma falsa declaração feita na ocasião do registro e considerando legal e irretroativa a

paternidade declarada por pessoa consciente de estar registrando filho de outro.

Muitos processos surgiram nos últimos anos requerendo anulação dos registros de nascimentos por parte de parentes do registrante que, comumente, não aceitam a manifestação de vontade do suposto 'pai' por estar em desacordo com as suas próprias. As jurisprudências da última década, no entanto, começaram a apresentar um padrão diferente do até então utilizado para julgar casos em que há

falsa declaração de paternidade.

O que o STJ manteve como sua posição até então era que se consolidava "irrevogável o reconhecimento de paternidade, salvo por erro, dolo, coação, simulação ou fraude(..)", ou seja, independentemente do suporte fático, o homem que se registra como seu o filho de outro sofreria consequências civis: a anulação do registro, assim como penais visto que o art. 242 do CP define a falsa declaração de paternidade como tipo penal e passível de pena de reclusão.

A mudança que vem ocorrendo de uns tempos pra cá não é só uma atualização jurídica, mas uma equiparação da lei a fim de acompanhar as mudanças

que ocorrem na sociedade, ainda que isso deixe lacunas a serem preenchidas.

Nesse mesmo art. 242 do CP – Parágrafo único infere-se: "Se o crime é praticado por motivo de reconhecida nobreza: Pena - detenção, de um a dois anos, podendo o juiz deixar de aplicar a pena". A lacuna existe exatamente na menção da reconhecida nobreza, até então não explicitada. De acordo com Plácido E. Silva, em sua obra Vocabulário Jurídico1, uma causa nobre seria aquela que 'exprime qualidades de virtuosa, bondosa, generosa, magnânima e méritos que elevam a pessoa na consideração de seus semelhantes'. Portanto, se o reconhecimento do filho alheio possuir causas como o bem-estar da criança ou garantia de um futuro melhor para o menor, então o registro teria como fundamento uma causa nobre podendo não

estar sujeito à pena alguma.

A maior inovação no que refere ao assunto está na adaptação desta 'isenção de conseqüências' no âmbito penal para o âmbito civil, ou seja, a conservação do registro mesmo que nele conste o nome de alguém que se saiba não ser o pai. Seria, então, uma espécie de adoção. É aí que surge o termo "Adoção à Brasileira".

Silvio de Salvo Venosa2 define adoção como uma "Modalidade artificial de filiação que busca imitar filiação natural". Maria Helena Diniz3, a exemplo de Silvio Rodrigues, define de forma semelhante, mas adicionando que a adoção é "ato jurídico solene pelo qual, observados os requisitos legais”, alguém estabelece, independentemente de qualquer relação de parentesco consanguíneo ou afim, um

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vínculo fictício de filiação, trazendo para sua família, na condição de filho, pessoa que, geralmente, lhe é estranha", ou seja, ainda que a "Adoção à Brasileira" e a Adoção Tradicional4 possuam os mesmos fins jurídicos para o menor e para os pais, há uma diferenciação no procedimento por meio do qual tais fins foram alcançados. Enquanto a Adoção Tradicional exige "procedimento solenes" como evidencia Maria Helena Diniz, a Adoção à Brasileira é realizada por meios considerados ilícitos.

A decisão dos juízes de considerar legais e válidas as consequências de um ato ilícito baseiam-se na prevalência da relação sócio afetiva, construída durante longo período de tempo entre pai e menor adotado sobre o vínculo consanguíneo, que não necessariamente caracteriza relação próxima ou benéfica para a criança. No Código Civil de 1916 o foco da adoção era ajudar pais que não podiam ter filhos de formas naturais, no sentido de que era mais importante prezar pelos interesses dos pais que buscavam a realização de possuir descendentes. Já no CC de 2002, acompanhando as necessidades e evoluções sociais, e de acordo com ECA5 (lei 8.069/90) os interesses a serem protegidos pelo Estado passam a ser os das crianças. Adquire maior relevância, portanto, o bem-estar da criança, bem com sua estabilidade

familiar e isso fina por sobrepor-se ao interesse dos pais.

É dessa forma e seguindo tal linha de pensamento que as jurisprudências tomaram novo rumo. O TJ/MG foi um dos que adotou a inovação. Em um caso julgado em 20076, o Des. Nilson Reis negou provimento à apelação interposta pela família de um falecido, que havia registrado como sua a filha de mulher com quem mantinha relações extraconjugais, buscando anulação do registro de nascimento da menina. Entendendo o desembargador que não houve coação e, portanto, não houve vícios na manifestação de vontade de registrante, o registro deveria ser mantido a fim de garantir o bem-estar da criança e um futuro melhor para a menor, bem jurídico de maior valor a ser protegido no caso.

Uma outra decisão, essa do TJ/SP, discorre sobre a validade desse tipo de adoção no qual a Des. Neves Amorim, em caso julgado em agosto de 20107, também nega provimento à apelação interposta por familiares insatisfeitos com a decisão da 1ª instância de não alterar o registro de nascimento da criança, sustentando que "diante do fato se formam laços afetivos entre o registrando e o registrado, vínculos estes que muitas vezes são até mais fortes do que os sanguíneos".

Pode-se concluir, então, que um novo registro de jurisprudências sobre o assunto tem sido tomado como exemplo nas decisões dos Tribunais de Justiça de todo o país. O novo rumo simboliza uma adaptação do sistema jurídico aos problemas enfrentados ao se deparar com lacunas no ordenamento. É importante reconhecer o avanço que mostra não só a capacidade de ajuste do sistema quando necessário como também a preocupação com os interesses da criança, que hoje passa a ser o foco de

causas como a da Adoção à Brasileira.

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GUARDA E ADOÇÃO NO ECA

Da Guarda

Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência material, moral e educacional à criança ou adolescente, conferindo a seu detentor o direito de opor-se a

terceiros, inclusive aos pais.

§ 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de fato, podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos procedimentos de tutela e adoção, exceto no de

adoção por estrangeiros.

§ 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos casos de tutela e adoção, para atender a situações peculiares ou suprir a falta eventual dos pais ou responsável, podendo ser deferido o direito de representação para a prática de atos determinados.

§ 3º A guarda confere à criança ou adolescente a condição de dependente, para todos os fins e efeitos de direito, inclusive previdenciários.

§ 4o Salvo expressa e fundamentada determinação em contrário, da autoridade judiciária competente, ou quando a medida for aplicada em preparação para adoção, o deferimento da guarda de criança ou adolescente a terceiros não impede o exercício do direito de visitas pelos pais, assim como o dever de prestar alimentos, que serão objeto de regulamentação específica, a pedido do interessado ou

do Ministério Público.

Art. 34. O poder público estimulará, por meio de assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, o acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou

adolescente afastado do convívio familiar.

§ 1o A inclusão da criança ou adolescente em programas de acolhimento familiar terá preferência a seu acolhimento institucional, observado, em qualquer caso, o caráter temporário e excepcional da medida, nos termos desta Lei.

§ 2o Na hipótese do § 1o deste artigo a pessoa ou casal cadastrado no programa de acolhimento familiar poderá receber a criança ou adolescente mediante

guarda, observado o disposto nos arts. 28 a 33 desta Lei.

Art. 35. A guarda poderá ser revogada a qualquer tempo, mediante ato judicial

fundamentado, ouvido o Ministério Público.

Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger-se-á segundo o disposto

nesta Lei.

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§ 1o A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de manutenção da criança ou adolescente na

família natural ou extensa, na forma do parágrafo único do art. 25 desta Lei.

§ 2o É vedada a adoção por procuração.

Art. 40. O adotando deve contar com, no máximo, dezoito anos à data do

pedido, salvo se já estiver sob a guarda ou tutela dos adotantes.

Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com pais e

parentes, salvo os impedimentos matrimoniais.

§ 1º Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do outro, mantêm-se os vínculos de filiação entre o adotado e o cônjuge ou concubino do adotante e os respectivos parentes.

§ 2º É recíproco o direito sucessório entre o adotado, seus descendentes, o adotante, seus ascendentes, descendentes e colaterais até o 4º grau, observada a ordem de vocação hereditária.

Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos, independentemente do estado civil.

§ 1º Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do adotando.

§ 2o Para adoção conjunta, é indispensável que os adotantes sejam casados civilmente ou mantenham união estável, comprovada a estabilidade da família. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

§ 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos mais velho do que o adotando.

§ 4o Os divorciados, os judicialmente separados e os ex-companheiros podem adotar conjuntamente, contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o estágio de convivência tenha sido iniciado na constância do período de convivência e que seja comprovada a existência de vínculos de afinidade e afetividade com aquele não detentor da guarda, que justifiquem a excepcionalidade da

concessão.

§ 5o Nos casos do § 4o deste artigo, desde que demonstrado efetivo benefício ao adotando, será assegurada a guarda compartilhada, conforme previsto no art. 1.584 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil.

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§ 6o A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer no curso do procedimento, antes de prolatada

a sentença.

Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar reais vantagens para o adotando e fundar-se em motivos legítimos.

Art. 44. Enquanto não der conta de sua administração e saldar o seu alcance,

não pode o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado.

Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais ou do representante

legal do adotando.

§ 1º. O consentimento será dispensado em relação à criança ou adolescente

cujos pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituídos do poder familiar.

§ 2º. Em se tratando de adotando maior de doze anos de idade, será também

necessário o seu consentimento.

Art. 46. A adoção será precedida de estágio de convivência com a criança ou adolescente, pelo prazo que a autoridade judiciária fixar, observadas as

peculiaridades do caso.

§ 1o O estágio de convivência poderá ser dispensado se o adotando já estiver sob a tutela ou guarda legal do adotante durante tempo suficiente para que seja possível avaliar a conveniência da constituição do vínculo.

§ 2o A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a dispensa da realização do estágio de convivência.

§ 3o Em caso de adoção por pessoa ou casal residente ou domiciliado fora do País, o estágio de convivência, cumprido no território nacional, será de, no mínimo, 30

(trinta) dias.

§ 4o O estágio de convivência será acompanhado pela equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política de garantia do direito à convivência familiar, que apresentarão relatório minucioso acerca da conveniência do

deferimento da medida.

Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial, que será inscrita

no registro civil mediante mandado do qual não se fornecerá certidão.

§ 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes como pais, bem como o

nome de seus ascendentes.

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§ 2º O mandado judicial, que será arquivado, cancelará o registro original do

adotado.

§ 3o A pedido do adotante, o novo registro poderá ser lavrado no Cartório do

Registro Civil do Município de sua residência.

§ 4o Nenhuma observação sobre a origem do ato poderá constar nas certidões

do registro.

§ 5o A sentença conferirá ao adotado o nome do adotante e, a pedido de

qualquer deles, poderá determinar a modificação do prenome.

§ 6o Caso a modificação de prenome seja requerida pelo adotante, é obrigatória a oitiva do adotando, observado o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta

Lei.

§ 7o A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em julgado da sentença constitutiva, exceto na hipótese prevista no § 6o do art. 42 desta Lei, caso em que terá força retroativa à data do óbito.

§ 8o O processo relativo à adoção assim como outros a ele relacionados serão mantidos em arquivo, admitindo-se seu armazenamento em microfilme ou por outros meios, garantida a sua conservação para consulta a qualquer tempo.

Art. 48. O adotado tem direito de conhecer sua origem biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao processo no qual a medida foi aplicada e seus eventuais

incidentes, após completar 18 (dezoito) anos.

Parágrafo único. O acesso ao processo de adoção poderá ser também deferido ao adotado menor de 18 (dezoito) anos, a seu pedido, assegurada orientação e assistência jurídica e psicológica.

Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece o poder familiar dos pais

naturais.

Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou foro regional, um registro de crianças e adolescentes em condições de serem adotados e outro de pessoas interessadas na adoção.

§ 1º O deferimento da inscrição dar-se-á após prévia consulta aos órgãos

técnicos do juizado, ouvido o Ministério Público.

§ 2º Não será deferida a inscrição se o interessado não satisfazer os requisitos

legais, ou verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 29.

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§ 3o A inscrição de postulantes à adoção será precedida de um período de preparação psicossocial e jurídica, orientado pela equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela

execução da política municipal de garantia do direito à convivência familiar.

§ 4o Sempre que possível e recomendável, a preparação referida no § 3o deste artigo incluirá o contato com crianças e adolescentes em acolhimento familiar ou institucional em condições de serem adotados, a ser realizado sob a orientação, supervisão e avaliação da equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude, com apoio dos técnicos responsáveis pelo programa de acolhimento e pela execução da

política municipal de garantia do direito à convivência familiar.

§ 5o Serão criados e implementados cadastros estaduais e nacional de crianças e adolescentes em condições de serem adotados e de pessoas ou casais habilitados à adoção.

§ 6o Haverá cadastros distintos para pessoas ou casais residentes fora do País, que somente serão consultados na inexistência de postulantes nacionais habilitados

nos cadastros mencionados no § 5o deste artigo.

§ 7o As autoridades estaduais e federais em matéria de adoção terão acesso integral aos cadastros, incumbindo-lhes a troca de informações e a cooperação mútua, para melhoria do sistema.

§ 8o A autoridade judiciária providenciará, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, a inscrição das crianças e adolescentes em condições de serem adotados que não tiveram colocação familiar na comarca de origem, e das pessoas ou casais que tiveram deferida sua habilitação à adoção nos cadastros estadual e nacional referidos

no § 5o deste artigo, sob pena de responsabilidade.

§ 9o Compete à Autoridade Central Estadual zelar pela manutenção e correta alimentação dos cadastros, com posterior comunicação à Autoridade Central Federal Brasileira.

§ 10. A adoção internacional somente será deferida se, após consulta ao cadastro de pessoas ou casais habilitados à adoção, mantido pela Justiça da Infância e da Juventude na comarca, bem como aos cadastros estadual e nacional referidos no § 5o deste artigo, não for encontrado interessado com residência permanente no Brasil.

§ 11. Enquanto não localizada pessoa ou casal interessado em sua adoção, a criança ou o adolescente, sempre que possível e recomendável, será colocado sob

guarda de família cadastrada em programa de acolhimento familiar.

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§ 12. A alimentação do cadastro e a convocação criteriosa dos postulantes à

adoção serão fiscalizadas pelo Ministério Público.

§ 13. Somente poderá ser deferida adoção em favor de candidato domiciliado

no Brasil não cadastrado previamente nos termos desta Lei quando:

I - se tratar de pedido de adoção unilateral;

II - for formulada por parente com o qual a criança ou adolescente mantenha

vínculos de afinidade e afetividade;

III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda legal de criança maior de 3 (três) anos ou adolescente, desde que o lapso de tempo de convivência comprove a fixação de laços de afinidade e afetividade, e não seja constatada a ocorrência de

má-fé ou qualquer das situações previstas nos arts. 237 ou 238 desta Lei.

§ 14. Nas hipóteses previstas no § 13 deste artigo, o candidato deverá comprovar, no curso do procedimento, que preenche os requisitos necessários à adoção, conforme previsto nesta Lei.

Art. 51. Considera-se adoção internacional aquela na qual a pessoa ou casal postulante é residente ou domiciliado fora do Brasil, conforme previsto no Artigo 2 da Convenção de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional, aprovada pelo Decreto Legislativo no 1, de 14 de janeiro de 1999, e promulgada pelo Decreto no 3.087, de 21 de junho

de 1999.

§ 1o A adoção internacional de criança ou adolescente brasileiro ou domiciliado no Brasil somente terá lugar quando restar comprovado:

I - que a colocação em família substituta é a solução adequada ao caso

concreto;

II - que foram esgotadas todas as possibilidades de colocação da criança ou adolescente em família substituta brasileira, após consulta aos cadastros

mencionados no art. 50 desta Lei;

III - que, em se tratando de adoção de adolescente, este foi consultado, por meios adequados ao seu estágio de desenvolvimento, e que se encontra preparado para a medida, mediante parecer elaborado por equipe interprofissional, observado o

disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei.

§ 2o Os brasileiros residentes no exterior terão preferência aos estrangeiros, nos casos de adoção internacional de criança ou adolescente brasileiro.

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§ 3o A adoção internacional pressupõe a intervenção das Autoridades Centrais

Estaduais e Federal em matéria de adoção internacional.

Art. 52. A adoção internacional observará o procedimento previsto nos arts.

165 a 170 desta Lei, com as seguintes adaptações:

I - a pessoa ou casal estrangeiro, interessado em adotar criança ou adolescente brasileiro, deverá formular pedido de habilitação à adoção perante a Autoridade Central em matéria de adoção internacional no país de acolhida, assim entendido

aquele onde está situada sua residência habitual;

II - se a Autoridade Central do país de acolhida considerar que os solicitantes estão habilitados e aptos para adotar, emitirá um relatório que contenha informações sobre a identidade, a capacidade jurídica e adequação dos solicitantes para adotar, sua situação pessoal, familiar e médica, seu meio social, os motivos que os animam e sua aptidão para assumir uma adoção internacional;

III - a Autoridade Central do país de acolhida enviará o relatório à Autoridade Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central Federal Brasileira;

IV - o relatório será instruído com toda a documentação necessária, incluindo estudo psicossocial elaborado por equipe interprofissional habilitada e cópia autenticada da legislação pertinente, acompanhada da respectiva prova de vigência;

V - os documentos em língua estrangeira serão devidamente autenticados pela autoridade consular, observados os tratados e convenções internacionais, e

acompanhados da respectiva tradução, por tradutor público juramentado;

VI - a Autoridade Central Estadual poderá fazer exigências e solicitar complementação sobre o estudo psicossocial do postulante estrangeiro à adoção, já

realizado no país de acolhida;

VII - verificada, após estudo realizado pela Autoridade Central Estadual, a compatibilidade da legislação estrangeira com a nacional, além do preenchimento por parte dos postulantes à medida dos requisitos objetivos e subjetivos necessários ao seu deferimento, tanto à luz do que dispõe esta Lei como da legislação do país de acolhida, será expedido laudo de habilitação à adoção internacional, que terá validade

por, no máximo, 1 (um) ano;

VIII - de posse do laudo de habilitação, o interessado será autorizado a formalizar pedido de adoção perante o Juízo da Infância e da Juventude do local em que se encontra a criança ou adolescente, conforme indicação efetuada pela Autoridade Central Estadual.

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§ 1o Se a legislação do país de acolhida assim o autorizar, admite-se que os pedidos de habilitação à adoção internacional sejam intermediados por organismos

credenciados.

§ 2o Incumbe à Autoridade Central Federal Brasileira o credenciamento de organismos nacionais e estrangeiros encarregados de intermediar pedidos de habilitação à adoção internacional, com posterior comunicação às Autoridades Centrais Estaduais e publicação nos órgãos oficiais de imprensa e em sítio próprio da internet.

§ 3o Somente será admissível o credenciamento de organismos que:

I - sejam oriundos de países que ratificaram a Convenção de Haia e estejam devidamente credenciados pela Autoridade Central do país onde estiverem sediados

e no país de acolhida do adotando para atuar em adoção internacional no Brasil;

II - satisfizerem as condições de integridade moral, competência profissional, experiência e responsabilidade exigidas pelos países respectivos e pela Autoridade Central Federal Brasileira;

III - forem qualificados por seus padrões éticos e sua formação e experiência

para atuar na área de adoção internacional;

IV - cumprirem os requisitos exigidos pelo ordenamento jurídico brasileiro e

pelas normas estabelecidas pela Autoridade Central Federal Brasileira.

§ 4o Os organismos credenciados deverão ainda:

I - perseguir unicamente fins não lucrativos, nas condições e dentro dos limites fixados pelas autoridades competentes do país onde estiverem sediados, do país de

acolhida e pela Autoridade Central Federal Brasileira;

II - ser dirigidos e administrados por pessoas qualificadas e de reconhecida idoneidade moral, com comprovada formação ou experiência para atuar na área de adoção internacional, cadastradas pelo Departamento de Polícia Federal e aprovadas pela Autoridade Central Federal Brasileira, mediante publicação de portaria do órgão federal competente;

III - estar submetidos à supervisão das autoridades competentes do país onde estiverem sediados e no país de acolhida, inclusive quanto à sua composição,

funcionamento e situação financeira;

IV - apresentar à Autoridade Central Federal Brasileira, a cada ano, relatório geral das atividades desenvolvidas, bem como relatório de acompanhamento das

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adoções internacionais efetuadas no período, cuja cópia será encaminhada ao

Departamento de Polícia Federal;

V - enviar relatório pós-adotivo semestral para a Autoridade Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central Federal Brasileira, pelo período mínimo de 2 (dois) anos. O envio do relatório será mantido até a juntada de cópia autenticada do

registro civil, estabelecendo a cidadania do país de acolhida para o adotado;

VI - tomar as medidas necessárias para garantir que os adotantes encaminhem à Autoridade Central Federal Brasileira cópia da certidão de registro de nascimento estrangeira e do certificado de nacionalidade tão logo lhes sejam concedidos.

§ 5o A não apresentação dos relatórios referidos no § 4o deste artigo pelo organismo credenciado poderá acarretar a suspensão de seu credenciamento.

§ 6o O credenciamento de organismo nacional ou estrangeiro encarregado de intermediar pedidos de adoção internacional terá validade de 2 (dois) anos.

§ 7o A renovação do credenciamento poderá ser concedida mediante requerimento protocolado na Autoridade Central Federal Brasileira nos 60 (sessenta)

dias anteriores ao término do respectivo prazo de validade.

§ 8o Antes de transitada em julgado a decisão que concedeu a adoção internacional, não será permitida a saída do adotando do território nacional.

§ 9o Transitada em julgado a decisão, a autoridade judiciária determinará a expedição de alvará com autorização de viagem, bem como para obtenção de passaporte, constando, obrigatoriamente, as características da criança ou adolescente adotado, como idade, cor, sexo, eventuais sinais ou traços peculiares, assim como foto recente e a aposição da impressão digital do seu polegar direito, instruindo o

documento com cópia autenticada da decisão e certidão de trânsito em julgado.

§ 10. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá, a qualquer momento, solicitar informações sobre a situação das crianças e adolescentes adotados.

§ 11. A cobrança de valores por parte dos organismos credenciados, que sejam considerados abusivos pela Autoridade Central Federal Brasileira e que não estejam

devidamente comprovados, é causa de seu descredenciamento.

§ 12. Uma mesma pessoa ou seu cônjuge não podem ser representados por mais de uma entidade credenciada para atuar na cooperação em adoção

internacional.

§ 13. A habilitação de postulante estrangeiro ou domiciliado fora do Brasil

terá validade máxima de 1 (um) ano, podendo ser renovada.

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§ 14. É vedado o contato direto de representantes de organismos de adoção, nacionais ou estrangeiros, com dirigentes de programas de acolhimento institucional ou familiar, assim como com crianças e adolescentes em condições de serem

adotados, sem a devida autorização judicial.

§ 15. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá limitar ou suspender a concessão de novos credenciamentos sempre que julgar necessário, mediante ato

administrativo fundamentado.

Art. 52-A. É vedado, sob pena de responsabilidade e descredenciamento, o repasse de recursos provenientes de organismos estrangeiros encarregados de intermediar pedidos de adoção internacional a organismos nacionais ou a pessoas

físicas.

Parágrafo único. Eventuais repasses somente poderão ser efetuados via Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente e estarão sujeitos às deliberações do

respectivo Conselho de Direitos da Criança e do Adolescente.

Art. 52-B. A adoção por brasileiro residente no exterior em país ratificante da Convenção de Haia, cujo processo de adoção tenha sido processado em conformidade com a legislação vigente no país de residência e atendido o disposto na Alínea “c” do Artigo 17 da referida Convenção, será automaticamente recepcionada com o reingresso no Brasil.

§ 1o Caso não tenha sido atendido o disposto na Alínea “c” do Artigo 17 da Convenção de Haia, deverá a sentença ser homologada pelo Superior Tribunal de

Justiça.

§ 2o O pretendente brasileiro residente no exterior em país não ratificante da Convenção de Haia, uma vez reingressado no Brasil, deverá requerer a homologação

da sentença estrangeira pelo Superior Tribunal de Justiça.

Art. 52-C. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o país de acolhida, a decisão da autoridade competente do país de origem da criança ou do adolescente será conhecida pela Autoridade Central Estadual que tiver processado o pedido de habilitação dos pais adotivos, que comunicará o fato à Autoridade Central Federal e determinará as providências necessárias à expedição do Certificado de Naturalização

Provisório.

§ 1o A Autoridade Central Estadual, ouvido o Ministério Público, somente deixará de reconhecer os efeitos daquela decisão se restar demonstrado que a adoção é manifestamente contrária à ordem pública ou não atende ao interesse superior da

criança ou do adolescente.

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§ 2o Na hipótese de não reconhecimento da adoção, prevista no § 1o deste artigo, o Ministério Público deverá imediatamente requerer o que for de direito para resguardar os interesses da criança ou do adolescente, comunicando-se as providências à Autoridade Central Estadual, que fará a comunicação à Autoridade

Central Federal Brasileira e à Autoridade Central do país de origem.

Art. 52-D. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o país de acolhida e a adoção não tenha sido deferida no país de origem porque a sua legislação a delega ao país de acolhida, ou, ainda, na hipótese de, mesmo com decisão, a criança ou o adolescente ser oriundo de país que não tenha aderido à Convenção referida, o

processo de adoção seguirá as regras da adoção nacional.

MEDIAÇÃO DE CONFLITO E CONCILIAÇÃO

CONCEITUANDO CONFLITOS E MEDIAÇÕES

Renata Fonkert (1998) em Mediação Familiar: recurso alternativo à terapia de família na resolução de conflitos em famílias com adolescentes, entende que: os conflitos são inerentes à vida humana, pois as pessoas são diferentes, possuem descrições pessoais e particulares de sua realidade e, por conseguinte, expõem pontos de vistas distintos, muitas vezes colidentes. A forma de dispor tais conflitos mostra-se como questão fundamental quando se pensa em estabelecer harmonia nas relações

quotidianas.”

“Pode-se dizer que os conflitos ocorrem quando ao menos duas partes interdependentes percebem seus objetivos como incompatíveis; por conseguinte, descobrem a necessidade da interferência de outra parte para alcançar suas metas

(Hocker & Wilmot, 1991).”

“Por sua vez, Donohue & Kolt (1992) estabelecem a distinção dos conflitos em manifestos ou latentes: o manifesto se dá de forma aberta e o latente existe quando as pessoas evitam determinado tema e não fazem visível seu incômodo ou desagrado.”

Por mediação: “A literatura no campo da mediação aponta para uma polarização de concepções em relação a seu potencial: por um lado, como caminho para a transformação das relações e, por outro, como via de resolução de conflitos

específicos.”

“O presente estudo adere a uma visão complexa e integradora da mediação, que aponta tanto para o caráter transformador das relações humanas quanto para seu potencial facilitador no estabelecimento de acordos através da resolução de

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problemas específicos. Tomando por base esse quadro, o mediador cria condições para a busca de resoluções, como também para a ‘apropriação’ responsável de conhecimentos, ações e soluções. Os autores utilizam o termo empowerment quando se referem a esta apropriação como uma dimensão da transformação. A polarização entre a "transformação" e a "satisfação" tem sido examinada por distintos autores (cf. Bush & Folger, 1994; Kolb, 1994; Littlejohn, 1996).”

Por fim, segundo Renata Fonkert (1998) “a mediação é um método que procura fazer com que as partes superem suas diferenças, oferecendo oportunidade para que encontrem soluções viáveis, as quais devem contemplar os interesses de todos os envolvidos na questão. O caráter de terceiro neutro atribuído ao mediador centraliza as discussões e auxilia a dar forma à linguagem utilizada, com o interesse de chegar a uma resolução mutuamente aceitável. O mediador concentra-se para além dos problemas relacionais e focaliza questões de conteúdo específico, dando alento aos indivíduos para que criem suas próprias soluções. O processo da mediação facilita o diálogo e cria clima positivo para a solução de conflitos. A responsabilidade pela resolução dos problemas está nas mãos dos protagonistas. As partes interessadas identificam as áreas em que pode haver acordo e testam as opções que

oferecem a possibilidade de um desenlace:

A mediação é processo em que as partes são encorajadas a ver e esclarecer, deliberar opções que reconhecem ao mesmo tempo a perspectiva do outro. Neste processo, um possível desenlace é um acordo mutuamente aceitável. (Domenici, 1996:1).

A FAMÍLIA E OS CONFLITOS FAMILIARES

A MEDIAÇÃO COMO ALTERNATIVA

“Mediação representa um meio consensual de solução de conflitos no qual as partes envolvidas, com o auxílio do mediador – terceiro imparcial escolhido ou aceito pelas partes para facilitar do diálogo – decidem a controvérsia. A mediação explora o sentido positivo do conflito, buscando a compreensão exata do problema, evitando sua superdimensão.”

“O processo de mediação é extrajudicial e incentiva a participação das pessoas envolvidas a discutir seus problemas, a dialogar de forma pacífica, de maneira a possibilitar a comunicação inteligível. Busca afastar o sentimento adversário, rancoroso e irracional. Incentiva a compreensão mútua e a compreensão do sentido ganha e não mais perdedor-vencedor tão comum em disputas adversárias. A mediação auxilia os indivíduos a encontrar nas diferenças os interesses em comum,

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entendendo o conflito como algo necessário para o reconhecimento dessas diferenças e para o encontro de novos caminhos que viabilizem uma boa administração das

controvérsias.”

“Esse novo meio de solução de conflitos exige a quebra de alguns paradigmas, exigindo das pessoas interpretações e atitudes antes não

experimentadas, pelo menos no âmbito convencional de solução de problemas.”

“A comunicação e a solidariedade humana são os fundamentos da mediação. É na comunicação solidária, ou seja, em uma comunicação pacífica, honesta, sem manipulações de discursos ou ameaças que residem os fundamentos da mediação de conflitos. (...) O mediador, nesse contexto, possui papel ímpar, visto que é o responsável por conduzir o processo de mediação, garantindo a existência de diálogo

justo.”

“Comparado ao maestro, o mediador é aquele que facilita a comunicação sem interferir de maneira direta ou indutiva, mas que recai sobre seus ombros a responsabilidade de uma melodia harmoniosa (...).”

“O mediador deve ser capacitado para a prática da mediação. A sua capacitação envolve o estudo teórico e prático, devendo estar ciente de seu papel como facilitador da comunicação, jamais como juiz o árbitro. O que caracteriza o mediador é a postura participativa/não-interventiva. Participa, assistindo e conduzindo a mediação de forma a garantir que as pessoas dialoguem e discutam seus conflitos reais encontrando a solução consciente. Não-interventiva, pois não possui a intenção de intervir no mérito das questões afirmando o que é positivo ou negativo, mas questionando o que as partes entendem ser certo ou errado, justo ou injusto.”

“A postura não interventiva permite que as pessoas sintam-se a vontade para expressar seus sentimentos e encontrar por elas mesmas uma solução. Quando há essa administração discutida honestamente, o relacionamento é preservado após o conflito ser vivenciado. O mediador, diante dessas exigências, deve cercar-se de formação adequada e técnicas apropriadas para esse desiderato.”

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Brasília: Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 1998.

BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990.

Rio de Janeiro: Auriverde, 1990.

CAPRA, Fritjof. A teia da vida : uma nova compreensão científica dos sistemas vivos.

São Paulo: Cultrix, 1996.

CAPRA, Fritjof. O ponto de mutação, 14. ed. - São Paulo : Cultrix, 1992.

FONKERT, Renata. MEDIAÇÃO FAMILIAR: RECURSO ALTERNATIVO À TERAPIA

FAMILIAR NA RESOLUÇÃO DE CONFLITOS EM FAMÍLIAS COM ADOLESCENTES.

MIOTO, FAMÍLIA E SERVIÇO SOCIAL – contribuição pata o debate. Revista Serviço

Social e Sociedade. Tema família. SP. Cortez: 2009.

RAPIZO, Rosana. Terapia Sistêmica de Família: da instrução à construção, 2ª ed. Rio

de Janeiro: Noos, 2002.

SALES, Lília Maia de Morais. A família e os conflitos familiares – a mediação como

alternativa.

___________________________. CONFLITOS FAMILIARES – A MEDIAÇÃO COMO

INSTRUMENTO CONSENSUAL DE SOLUÇÃO.

SALES, Mione Apolinário. POLÍTICA SOCIAL, FAMÍLIA E JUVENTUDE – uma questão de direitos. SP,Cortez: 2009.

SCHNITMAN, Dora Fried. Novos paradigmas, cultura e subjetividade. Porto Alegre:

Artes Médicas, 1996.

http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/28368-28379-1-PB.htm.

Disponível em 29/01/2012 às 16:45h.

http://gaalapraiagrande.blogspot.com/2011/04/evolucao-do-conceito-de-

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Fonte:http://www.webartigos.com/articles/29172/1/Teoriassistemicas/pagina1.ht

ml#ixzz1DyYdBxov

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QUESTÕES DE CONCURSOS 01- A configuração da família brasileira, nos anos 1990, apresenta as seguintes características: a) Diminuição das famílias recompostas, decorrentes do aumento das separações e dos divórcios. b) Aumento das uniões estáveis. c) Diminuição dos casos de gravidez na adolescência. d) Diminuição do número de filhos. e) Nenhuma das alternativas está correta. 02 - (FEC- FRIBURGO / 2007) No Brasil, as relações entre o Estado e a família têm oscilado de acordo com as características do campo da proteção social. Uma tônica desta relação é: a) A organização de ações paralelas em relação as Estado no campo da proteção social que prescindem da família; b) A ausência de um efetivo Estado de Bem-Estar Social que determinou a família como unidade exclusiva no campo da proteção social; c) A constituição de um campo de proteção social em que a família nunca deixou de participar a despeito da ação do Estado; d) A contínua e progressiva substituição das funções de proteção social da família pelo Estado; e) A plena destituição por parte do Estado das funções da família no campo da proteção social. 03 - (Corregedoria Geral do RJ / 2004) Os estudos recentes sobre a família no Brasil nos anos 920 vêm apontando mudanças significativas

na configuração familiar, que passa a ser marcada pelas seguintes características: a) Perda do predomínio das famílias nucleares, aumento das famílias monoparentais com predominância da chefia feminina e de pessoas vivendo sozinhas; b) Famílias com prole numerosa e aumento da concepção em idade precoce; c) Aumento das famílias monoparentais com predominância da chefia feminina, número reduzido de filhos, aumento da co-habitação e uniões consensuais, aumento das famílias recompostas e predomínio das famílias nucleares; d) População proporcionalmente mais jovem, aumento das famílias recompostas e diminuição das famílias monoparentais; e) NDA. 04-(Prefeitura de Maricá - 2002) Segundo MIOTO, a intervenção profissional junto às famílias deve incluir, necessariamente: a) Um estudo preliminar das necessidades apresentadas pelas famílias noa anos 90; b) A opção preferencial pelas famílias desestruturadas pelo desemprego e crises conjugais; c) As ações preventivas contra a dependência química; d) As políticas de desenvolvimento econômico e que objetivem o bem estar social; e) As ações direcionadas à formulação e à implementação de políticas sociais que dêem condições para a sobrevivência do grupo familiar.

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05 - (Prefeitura de Maricá - 2002) Se gundo MIOTO, a fim que o trabalho profissional do assistente social junto às famílias seja veículo de mudanças efetivas, se faz necessário: a) Romper as diferenças regionais que permeiam o espaço familiar; b) Refletir sobre os modelos assistenciais dentro dos quais este trabalho se realiza; c) Diagnosticar as carências e propor medidas transformadoras; d) Implementar políticas de controle da natalidade junto às áreas pobres; e) Possibilitar a participação das famílias nos projetos e programas apresentados. 06-(Pref Mun. Da Serra- 2004) As formas contemporâneas de organização da família têm apontado uma pluralização da composição familiar. Tal fenômeno significa a perda da exclusividade do tipo de família conhecido como: a) Matriarcal b) Moral c) Monogâmica; d) Nuclear; e) Monoparental. 07- Práticas profissionais em equipes interprofissionais freqüentemente encontram barreiras no (a): (A) corporativismo que impera em algumas áreas profissionais. (B) caráter suplementar de alguns conhecimentos profissionais. (C) diferente formação dos profissionais envolvidos. (D) diversa experiência dos profissionais envolvidos.

(E) complementaridade dos saberes profissionais. 08 - A instrumentalidade do Serviço Social refere-se: (a) à particularidade da profissão, ou seja, a um campo de mediação onde se constroem os elementos teórico-práticos e instrumentais técnicos para a intervenção na realidade social. (b) ao conjunto de instrumentos e técnicas utilizados no cotidiano profissional. (c) ao meio pelo qual os assistentes sociais objetivam as finalidades de sua intervenção, tendo em vista eliminar os conflitos produzidos na sociedade capitalista contemporânea. (d) ao conjunto de respostas dadas às demandas da população usuária. 09 - (TJ- RONDONIA - 2008) Práticas profissionais em equipes interprofissionais freqüentemente encontram barreiras no (a): (A) corporativismo que impera em algumas áreas profissionais. (B) caráter suplementar de alguns conhecimentos profissionais. (C) diferente formação dos profissionais envolvidos. (D) diversa experiência dos profissionais envolvidos. (E) complementaridade dos saberes profissionais. 10- (Marinha – 2009) De acordo com a reflexão produzida por Antonio Joaquim Severino sobre o tema interdisciplinaridade, contido na obra “Serviço Social e Interdisciplinaridade” organizada por Janete L. Martins de Sá, é correto afirmar que:

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(a) Na atualidade, a prática concreta da interdisciplinaridade foi plenamente alcançada em razão da busca pela construção do saber pluralista. (b) O construtivismo é, no limiar da contemporaneidade , o maior responsável pela fragmentação do saber e o maior obstáculo à interdisciplinaridade. (c) A Assistencia Social consiste num dos mais evidentes exemplos da necessidade de uma abordagem interdisciplinar. (d) Uma concepção unitária do saber, de acordo com a, perspectiva de interdisciplinaridade, supõe a criação de uma ciência única.

(E) A constituição da perspectiva interdisciplinar não opera uma eliminação das diferenças, pois reconhece as especificidades e convive com elas. GABARITO 01-D 02-A 03-C 04-B 05-E 06-D 7 – E 8- A 9- C 10- A

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