23
0 ARUZA ALBUQUERQUE DE MACEDO SORAYA DE ALBUQUERQUE SIQUEIRA O PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE COMO FORMA DE CONTROLE DOS ATOS ADMINISTRATIVOS. A SOCIEDADE COMO FISCALIZADORA DOS ATOS PÚBLICOS. FORTALEZA 2008 CURSO DE DIREITO Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

5 - O princípio da publicidade como forma de controle dos ... · PDF fileO PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE COMO FORMA DE CONTROLE DOS ATOS ADMINISTRATIVOS. ... RESUMO ... além da sua importância

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: 5 - O princípio da publicidade como forma de controle dos ... · PDF fileO PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE COMO FORMA DE CONTROLE DOS ATOS ADMINISTRATIVOS. ... RESUMO ... além da sua importância

0

ARUZA ALBUQUERQUE DE MACEDO SORAYA DE ALBUQUERQUE SIQUEIRA

O PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE COMO FORMA DE CONTROLE DOS ATOS ADMINISTRATIVOS.

A SOCIEDADE COMO FISCALIZADORA DOS ATOS PÚBLICOS.

FORTALEZA

2008

CURSO DE DIREITO

Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Softwarehttp://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

Page 2: 5 - O princípio da publicidade como forma de controle dos ... · PDF fileO PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE COMO FORMA DE CONTROLE DOS ATOS ADMINISTRATIVOS. ... RESUMO ... além da sua importância

1

ARUZA ALBUQUERQUE DE MACEDO

SORAYA DE ALBUQUERQUE SIQUEIRA

O PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE COMO FORMA DE CONTROLE DOS ATOS ADMINISTRATIVOS.

A SOCIEDADE COMO FISCALIZADORA DOS ATOS PÚBLICOS.

FORTALEZA

2008

Artigo apresentado ao IV ENCONTRO

DE INICIAÇÃO À PESQUISA DO

CURSO DE DIREITO.

Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Softwarehttp://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

Page 3: 5 - O princípio da publicidade como forma de controle dos ... · PDF fileO PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE COMO FORMA DE CONTROLE DOS ATOS ADMINISTRATIVOS. ... RESUMO ... além da sua importância

2

SUMÁRIO

RESUMO.....................................................................................................................3

1 – INTRODUÇÃO ......................................................................................................4

2 – CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO E CONTROLE DA

ADMINISTRAÇÃO .......................................................................................6

3 – MEIOS UTILIZADOS PARA EFETIVAR O CONTROLE DOS ATOS ..................9

4 – A SOCIEDADE, O JUDICIÁRIO E A FISCALIZAÇÃO DOS ATOS

ADMINISTRATIVOS .................................................................................................11

5 – PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO E IMPROBIDADE..................................14

6 – CASO CONCRETO: USO DE CARTÃO CORPORATIVO E A SEGURANÇA

NACIONAL ...............................................................................................................17

7 – CONCLUSÃO .....................................................................................................20

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .........................................................................22

Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Softwarehttp://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

Page 4: 5 - O princípio da publicidade como forma de controle dos ... · PDF fileO PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE COMO FORMA DE CONTROLE DOS ATOS ADMINISTRATIVOS. ... RESUMO ... além da sua importância

3

RESUMO

O presente trabalho traz alguns meios de fiscalização da atuação dos

administradores no tocante a suas atividades, os atos administrativos. Destacando

entre as formas de controle, a sociedade como fiscal do gestor público. O controle

jurisdicional também é apreciado no estudo, o Poder Judiciário apreciará a

discussão quando o cidadão sentir lesado na violação do seu direito. Através de

alguns remédios processuais, poderá o cidadão recorrer à apreciação da Justiça. É

necessária a participação popular na efetivação da transparência dos atos públicos

realizados pelos administradores. Deve haver respeito dentre outros princípios a

publicidade, onde as ações governamentais devem está imbuída de ampla

divulgação. O Brasil é Estado Democrático de Direito, tendo o povo como o detentor

do poder, sendo ele exercido pelo administrador por meio de mandato, onde o

gestor terá como uma de suas atribuições tratar a coisa pública com ética e

moralidade. A reverência ao dispositivo legal, em especial aos princípios e garantias

preceituados em nossa Constituição deverá fazer parte da Administração Pública,

onde não devem ser lesados nem a população e nem o patrimônio do povo. O

gestor estará ao infringir esses dispositivos cometendo crime de improbidade. A

soberania será concretizada quando o povo tiver reais condições de buscar pelos

seus direitos.

PALAVRAS-CHAVE: Princípio da publicidade; controle administrativo, participação

popular.

Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Softwarehttp://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

Page 5: 5 - O princípio da publicidade como forma de controle dos ... · PDF fileO PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE COMO FORMA DE CONTROLE DOS ATOS ADMINISTRATIVOS. ... RESUMO ... além da sua importância

4

1 – INTRODUÇÃO

A Constituição Federal de 1988, em seu parágrafo único do artigo 1° reza

que, “Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos

ou diretamente, nos termos desta Constituição”. Conforme preceitua o parágrafo

único deste artigo, é do povo o poder soberano que rege o nosso país, por meio de

representação, atendendo sempre aos anseios da sociedade. O ilustre doutrinador

Paulo Bonavides, ao tratar de soberania entende que:

“[....] desde as origens históricas da soberania, quando nenhuma distinção rigorosa se fazia entre a pessoa do Estado e a dos governantes, conduzindo assim ao emprego indiferente da palavra soberania para designar, como ainda acontece nos dias presentes, ora determinada propriedade do Estado nas suas relações com outros sujeitos da ordem jurídica, ora a posição jurídica de certas pessoas no Estado.” (Bonavides, 2006, p. 137).

Apesar de ser o povo o detentor do poder, vê-se constantemente no

governo, a figura do seu gestor tratar a coisa pública como sua.

A Democracia surgiu na Grécia, datando-se da origem dos povos

politizados e, dentre as modalidades dessa forma de governo, na modernidade,

surgiu a democracia indireta que tem como fundamental característica a presença

do sistema de representação. O caput do artigo inaugural de nossa Constituição

reza que o Brasil é um Estado Democrático de Direito, acerca do assunto, a obra

Curso de Direito Constitucional, de autoria de Gilmar Ferreira Mendes e outros,

entende que:

“considera-se democrático aquele Estado de Direito que se empenha em assegurar aos seus cidadãos o exercício efetivo não somente dos direitos civis e políticos, mas também e, sobretudo dos direitos econômicos, sociais e culturais, sem os quais de nada valeria a solene proclamação daqueles direitos”. (Mendes et al., 2008, p.149).

Como o poder é exercido por meio de representação, é da sociedade o

maior interesse que haja respeito à supremacia do interesse público.

Sendo o agente um mero gestor do bem comum, o Poder Público tem o dever

de repassar em obras e serviços a receita arrecadada pela máquina estatal e, para

Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Softwarehttp://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

Page 6: 5 - O princípio da publicidade como forma de controle dos ... · PDF fileO PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE COMO FORMA DE CONTROLE DOS ATOS ADMINISTRATIVOS. ... RESUMO ... além da sua importância

5

isso os gastos devem ser realizados de maneira que não haja desperdício. Diante da

necessidade de se certificar quanto à realização desse fim, o Ordenamento deve

viabilizar meios de fiscalização da atuação administrativa. Assim, tem-se meio de

controle pela própria Administração, pelo Judiciário, pelo Legislativo ou aquele

realizado pelo cidadão.

A Carta Magna prevê os princípios regentes da Administração Pública,

que são: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (art. 37).

Eles estabelecem as diretrizes a serem seguidas pelo administrador. Os atos

administrativos devem respeitar a ética e a moralidade, além de serem exercidos de

maneira satisfatória ao interesse dos administrados. A transgressão à lei por parte

do agente no tocante a atos administrativos deve gerar conseqüências tais como as

levadas por qualquer outro que cometa algum ato ilícito. Não só pela violação ao tipo

legal, como também, por transgredir a imposição moral e ética que o detentor de

cargo público deve ter.

O presente trabalho procurou efetivar o papel do cidadão como fiscal dos

atos administrativos, assegurando assim, uma melhor gestão da Administração

Pública. Os meios de controle desses atos são existentes, além da sociedade, a

própria Administração poderá rever seus atos quando estes forem inconvenientes.

Ela sofrerá controle jurisdicional em determinadas situações, como também

fiscalização por parte do Poder Legislativo. Buscamos através de consulta

doutrinária, além de artigos científicos disponíveis na internet para demonstrar a

necessidade dessa maior fiscalização popular, pois em algumas ocasiões o gestor

não age como deveria. A publicidade dos atos se faz necessária diante do descaso

e dos desvios de conduta e verba por parte dos administradores.

Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Softwarehttp://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

Page 7: 5 - O princípio da publicidade como forma de controle dos ... · PDF fileO PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE COMO FORMA DE CONTROLE DOS ATOS ADMINISTRATIVOS. ... RESUMO ... além da sua importância

6

2 - CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO E CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO

A Constituição Federal de 1988 alterou de modo expressivo o que diz

respeito ao controle dos atos que direta ou indiretamente interferem na gestão da

coisa pública. Destacando o controle da economicidade e o controle da moralidade,

tendo eles íntima relação com o princípio da eficiência.

A economicidade não busca conter gastos, e sim, o controle das despesas

na tentativa de se ter um bom resultado e por ele pagar o custo adequado. O

princípio da eficiência, presente no caput do artigo 37 da Lei Máxima, diferente dos

demais, não qualifica as normas, mas sim, os atos praticados (FERNANDES, 1997).

Ele procura utilizar os melhores meios para encontrar um bom resultado para

equação que envolve uso da receita, com supressão das necessidades do povo.

Apesar de não dispor de recursos financeiros, técnicos e materiais na mesma

proporção da obrigação do melhor resultado para com a sociedade, é por meio da

prática da eficiência que é possível racionalizar esses gastos e alcançar, até certo

nível, um bom grau de utilidade pública.

O controle da moralidade é a análise de que os atos praticados pela

Administração sejam revestidos dos valores éticos, devendo então, o administrador

agir com honestidade na realização das suas condutas (FERNANDES, 1997).

Mesmo não estando disciplinados em legislação, diversos são os atos moralmente

reprováveis, e aquela autoridade deverá ter o discernimento para perceber que

alguma atitude não é bem quista pela sociedade. O ato administrativo violará a

moralidade quando esse infringir, por exemplo, a motivação que o ato

obrigatoriamente em alguns casos deve ter.

É intrínseca a relação do princípio da moralidade, que também está

previsto no caput do artigo 37 da nossa Constituição, com o da publicidade. Pois é

necessário tornar público o que levou as autoridades realizarem aquele ato e,

quando esses demonstrarem interesse particular, estarão comprometendo a

validade moral de tal prática, exemplos desse comportamento, seria o

enriquecimento ilícito e prejuízo ao erário. Justificando a incidência da publicidade

dentro da moralidade na atividade pública, vê-se que no direito público esse valor

Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Softwarehttp://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

Page 8: 5 - O princípio da publicidade como forma de controle dos ... · PDF fileO PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE COMO FORMA DE CONTROLE DOS ATOS ADMINISTRATIVOS. ... RESUMO ... além da sua importância

7

moral só terá força e relevância quando exposto aos administrados, ou seja, o povo,

os maiores interessados pela boa gestão da verba.

Como o presente trabalho tem como norte o princípio da publicidade, é

preciso explanar um pouco acerca dele, para assim, exaltar a necessidade do seu

uso, além da sua importância dentro da Administração Pública. É certo dizer que a

autoridade é mero gestor do dinheiro que não lhe pertence, essa representação

dada pelo povo, traz dentre outras obrigações o dever de informar a população de

que forma está sendo gerido o recurso arrecadado.

A Administração Pública tem como uma de suas atribuições, a

manutenção da transparência de seus atos. O autor Hely Lopes Meirelles, assegura

que:

“a publicidade, como princípio da Administração Pública (CF, art. 37, caput), abrange toda atuação estatal, não só sob o aspecto de divulgação oficial de seus atos como, também, de propiciação de conhecimento da conduta interna de seus agentes. Essa publicidade atinge, assim, os atos concluídos e em formação, os processos em andamento, os pareceres dos órgãos técnicos e jurídicos, os despachos intermediários e finais, as atas de julgamentos das licitações e os contratos com quaisquer interessados, bem como os comprovantes de despesas e as prestações de contas submetidas aos órgãos competentes. Tudo isto é papel ou documento público que pode ser examinado na repartição por qualquer interessado, e dele pode obter certidão ou fotocópia autenticada para fins constitucionais”.

O princípio tem relação com direito à informação que é garantia

fundamental estabelecida pelo inciso XXXIII, do artigo 5° da Constituição Federal:

“todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestados no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado”.

A publicidade está na ampla divulgação dos atos da Administração,

porém, segundo o autor José Afonso da Silva em Curso de Direito Constitucional

Positivado (2006), a publicidade não é pressuposto para a formação do ato, Silva

cita em sua obra o também autor Hely Lopes Meirelles que sobre o referido princípio

diz: “não é elemento formativo do ato; é requisito de eficácia e moralidade. Por isso

Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Softwarehttp://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

Page 9: 5 - O princípio da publicidade como forma de controle dos ... · PDF fileO PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE COMO FORMA DE CONTROLE DOS ATOS ADMINISTRATIVOS. ... RESUMO ... além da sua importância

8

mesmo os atos irregulares não se convalidam com a publicação, nem os regulares a

dispensam para que sua exeqüibilidade, quando a lei ou o regulamento a exige”.

(Silva, 2006, p. 670).

Algumas leis poderão disciplinar a maneira que haverá essa

comunicação, como é o caso da lei de Licitações e Contratos (Lei 8.666/90), onde a

publicação no Diário Oficial ou em jornal de grande circulação satisfaz a publicidade

do ato, mesmo que essa exteriorização não atinja a um grande número de cidadãos.

Mas a nós, não interessa apenas os casos em que a lei estabelece essa

transmissão como forma de garantir a moralidade e eficiência daquela conduta, o

nosso foco maior, são aquelas ações realizadas por parte das autoridades que

desviam do interesse social para atender aos seus interesses, fazendo gasto público

desnecessário gerando prejuízo à população. Buscamos a efetivação do direito do

povo, via princípio da publicidade, para assim, obter a satisfação do seu poder

maior.

Como considerar que essa representação dada pelo povo, não atende o

interesse dos representados; como aceitar que aquele investido de mandato trate

como sua coisa alheia; ou pior ainda, como calar ao ver que as posições estão

sendo invertidas. Aquele que detém o poder, deveria apenas representar a

coletividade, que por diversos motivos não luta pela concretização dos seus direitos.

Todos os instrumentos legalmente previstos e também aqueles que estão ao

alcance dos representados devem ser utilizados na tentativa da materialização de

um verdadeiro Estado Democrático de Direito que nossa Carta Magna prioriza.

Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Softwarehttp://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

Page 10: 5 - O princípio da publicidade como forma de controle dos ... · PDF fileO PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE COMO FORMA DE CONTROLE DOS ATOS ADMINISTRATIVOS. ... RESUMO ... além da sua importância

9

3 – MEIOS UTILIZADOS PARA EFETIVAR O CONTROLE DOS ATOS

“O Poder Público, por ser público, deve agir com a maior transparência

possível, a fim de que os administrados tenham, a toda hora, conhecimento do que

os administradores estão fazendo” (Silva, 2007, p.336). Alguns atos da

Administração estão efetivamente sendo comunicados à sociedade, até mesmo pela

imposição de alguns dispositivos legais, como é o caso das licitações ou dos

concursos públicos, nesse exemplo, viu-se diminuída a entrada no serviço público

de pessoal, o chamamento reduz-se apenas aqueles que comprovadamente são

capacitados para exercer tal função, ou seja, os aprovados em concurso.

O controle realizado pelo povo é de caráter político e social, cabendo aos

outros órgãos de fiscalização analisar a legalidade, mérito, conveniência,

oportunidade, dentre outros aspectos. A participação popular é um princípio

constitucional implícito (NASCIMENTO, 2004), onde no decorrer do seu texto a

Constituição disciplina alguns dispositivos que asseguram a manifestação do povo,

como se faz presente no artigo 14, cuja redação diz o seguinte:

“A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual a todos, e, nos termos da lei, mediante: I- plebiscito; II- referendo; III- iniciativa popular”.

A respeito da concretização da democracia representativa, no tocante aos

três incisos presentes na redação do artigo acima, o doutrinador José Afonso da

Silva relata:

“- o plebiscito é também uma consulta popular, semelhante ao referendo; difere deste no fato de que visa a decidir previamente uma questão política ou institucional, antes de sua formulação legislativa, ao passo que o referendo versa sobre a aprovação de textos de projeto de lei ou emenda constitucional, já aprovados; o referendo ratifica (confirma) ou rejeita o projeto aprovado; o plebiscito autoriza a formulação da medida requerida [....]”. (Silva, 2006, p. 142).

“- a iniciativa popular pela qual se admite que o povo apresente projetos de lei ao legislativo, desde que subscritos por número razoável de eleitores [....]”. (Silva, 2006, p. 141).

O voto é uma das manifestações mais fortes que o destinatário da política

pública tem em sua mão, porém, o mau uso dessa arma faz com que o cidadão se

Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Softwarehttp://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

Page 11: 5 - O princípio da publicidade como forma de controle dos ... · PDF fileO PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE COMO FORMA DE CONTROLE DOS ATOS ADMINISTRATIVOS. ... RESUMO ... além da sua importância

10

torne refém de um grupo que eleito em nome da maioria que privilegia uma minoria

bastante abastada.

Os gestores aproveitam-se da situação desprestigiada que o brasileiro

tem, da pouca instrução e do baixo nível de consciência cidadã manipulando-os

assim, através do poder econômico e político para preservar os seus interesses e

manterem-se no comando do aparelho estatal.

A mídia pode ser considerada a forma de publicação dos atos da

Administração ao qual o cidadão tem maior acesso. Esse instrumento tem a sua

efetivação reconhecida ao passo que a televisão, os jornais, as revistas, diariamente

noticiam os ditos escândalos que envolvem a coisa pública. A transparência muitas

vezes escondida pelo administrador, nos é revelada através desse meio de

comunicação. Os motivos que justificam essa relação são meio controvertidos, pois

convenhamos que a imprensa não age apenas como fiscalizador das ações dos

gestores, prestando-lhes um serviço social, ela também defende seus próprios

interesses, por ser um meio de abrangência em massa, pode vir a confrontar com os

anseios dos administradores, além do mais esses escândalos mesmo que diários

preenchem espaço nas colunas dos jornais e nos noticiários, o que gera renda para

esses profissionais. Esse meio tem relevância, pois diferente do Diário Oficial, ou

dos panfletos afixados pela repartição, ele atinge a um número bem maior de

espectadores.

Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Softwarehttp://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

Page 12: 5 - O princípio da publicidade como forma de controle dos ... · PDF fileO PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE COMO FORMA DE CONTROLE DOS ATOS ADMINISTRATIVOS. ... RESUMO ... além da sua importância

11

4 – A SOCIEDADE, O JUDICIÁRIO E A FISCALIZAÇÃO DOS ATOS

ADMINISTRATIVOS

Apesar de a própria Administração ter seus procedimentos internos de

controle, ela necessita de fiscalização externa, essa é realizada dentre outros

órgãos, pelo Judiciário, onde o cidadão através de determinadas ações pode

recorrer da violação dos seus direitos.

“No Brasil, ao contrário do que ocorre em inúmeros países europeus, vigora o sistema de jurisdição única, de sorte que assiste exclusivamente ao Poder Judiciário decidir, com força de definitividade, toda e qualquer contenda sobre adequada aplicação do Direito a um caso concreto”. (Mello, 2007, p.920).

Ao Poder Judiciário cabe o controle quando os atos administrativos se

fundarem na questão da legalidade.

“[....] imperioso reconhecer que existe direito à proteção judicial toda vez que (a) ruptura da legalidade que cause ao administrado um agravo pessoal ao qual estaria livre se fosse mantida íntegra a ordem jurídica, ou (b) lhe seja subtraída uma vantagem a que acederia ou a que se propõe nos termos da lei a aceder e que pessoalmente desfrutaria ou faria jus a disputá-la se não houvesse ruptura da legalidade.” (Mello, 2007, p. 922).

Quando sentir-se violado diante de algum direito subjetivo, o cidadão

poderá na própria Administração buscar meios de reparação a essa lesão. Essa é

uma garantia de que o administrado não será prejudicado, quando o administrador

praticar algum ato que se trate de abuso de poder. O Judiciário apreciará a ação

quando essa buscar a reparação do dano e a obrigação da prestação devida. Diante

de tantos remédios que a pessoa física ou jurídica poderá recorrer ao movimentar o

Judiciário, ilustraremos em nosso trabalho seis deles, que são: Habeas corpus,

Habeas data, Mandado de segurança, Mandado de injunção, Ação popular e Ação

civil pública.

Está previsto no artigo 5° da Constituição em seu inciso LXVIII, que aquele

que se sentir ameaçado do seu direito de locomoção poderá propor habeas corpus

para assegurar sua garantia, a redação do inciso diz: “conceder-se-á habeas corpus

sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em

sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder”. “A liberdade de

Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Softwarehttp://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

Page 13: 5 - O princípio da publicidade como forma de controle dos ... · PDF fileO PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE COMO FORMA DE CONTROLE DOS ATOS ADMINISTRATIVOS. ... RESUMO ... além da sua importância

12

locomoção a de ser entendida de forma ampla, afetando toda e qualquer medida de

autoridade que possa em tese acarretar constrangimento para a liberdade de ir e vir”

(Mendes et al., 2008, p. 522). O habeas corpus poderá ser expedido de ofício pelo

juiz e o podendo qualquer pessoa ser o titular dessa ação, segundo o artigo 654 do

Código de Processo Penal, “poderá ser impetrado por qualquer pessoa, em seu

favor ou de outrem, bem como pelo Ministério Público”. O habeas data é outro

remédio de defesa que o lesado poderá se utilizar, sendo destinado às ações que o

indivíduo for privado de conhecer informações as quais queira, salvo aquelas

carregadas de sigilo. O artigo 5°, inciso LXXII, diz:

“conceder-se-á habeas data; a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo”.

Quando o direito líquido e certo, ou seja, segundo os ensinamentos do

autor Hely Lopes Meirelles, “é o que se apresenta manifesto na sua existência,

delimitado na sua extensão e apto a ser exercido no momento da impetração” (1994,

p. 11), quando essa violação não for amparada por nenhum dos dois remédios

anteriormente citados, poderá ser empregado o mandado de segurança, o artigo 5°,

inciso LXIX, dispõe que:

“conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do poder público”.

Além de ser impetrado quando um único indivíduo sentir-se infringido

poderá sê-lo de maneira coletiva (Artigo 5°, LXX, a e b, CF), quando direitos

coletivos forem transgredidos. Importante saber, que o mandado de segurança

coletivo deverá ser impetrado na defesa do interesse de um grupo que tenha sua

formação autorizada legalmente, como é o caso dos sindicatos regulamentados.

Quando se tratar de prerrogativas que transgridam garantias

constitucionais por omissão do legislador, poderá ser impetrado o mandado de

injunção. “Cuida-se de instrumento do processo constitucional voltado para a defesa

Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Softwarehttp://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

Page 14: 5 - O princípio da publicidade como forma de controle dos ... · PDF fileO PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE COMO FORMA DE CONTROLE DOS ATOS ADMINISTRATIVOS. ... RESUMO ... além da sua importância

13

de direitos subjetivos em face de omissão do legislador ou de outro órgão incumbido

de poder regulatório” (Mendes et al., 2008, p. 543).

O interesse geral dos indivíduos também poderá ser amparado por

medidas processuais.

“A Constituição [artigo 5°, LXXIII] prevê a ação popular com o objetivo de anular ato lesivo ao patrimônio público ou aos bens de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural”. (Mendes et al, 2008, p. 545).

Somente o cidadão poderá propor a ação popular. Por fim, o artigo 129 da

Constituição Federal, trata da ação civil pública, que diferente da ação popular, deve

ser proposta pelo fiscal da lei, o Ministério Público, mas essa não é a regra geral.

“A ação civil tem-se constituído em significativo instituto de defesa de interesses difusos e coletivos e, embora não voltada, por definição, para a defesa de posições individuais ou singulares, tem-se constituído também em importante instrumento de defesa dos direitos em geral, especialmente os direitos do consumidor”. (Mendes et al, 2008, p. 545).

O cidadão pode ter efetivado o seu direito sem que seja necessário

recorrer ao Judiciário, porém, quando essa alternativa não for viável, e este sentir-se

violado, poderá ter sua situação apreciada pelo controle jurisdicional.

Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Softwarehttp://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

Page 15: 5 - O princípio da publicidade como forma de controle dos ... · PDF fileO PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE COMO FORMA DE CONTROLE DOS ATOS ADMINISTRATIVOS. ... RESUMO ... além da sua importância

14

5 – PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO E IMPROBIDADE

Procedimento administrativo segundo Celso Antonio Bandeira de Mello

(2007), “é uma sucessão itinerária e encadeada de atos administrativos tendendo

todos a um resultado final e conclusivo”, continuando no pensamento do referido

autor em sua obra Curso de Direito Administrativo, destaca a importância do

procedimento quando:

“Seu relevo decorre do fato de ser um meio apto a controlar o ‘iter’ de formação das decisões estatais, o que passou a ser um recurso extremamente necessário a partir da multiplicação e do aprofundamento das ingerências do Poder Público sobre a Sociedade”. (Mello, 2007, p. 479).

Estes sucessivos atos visam preservar a população das ações

administrativas descabidas, pois o governo não poderá agir em suas condutas da

maneira que bem quiser, terá de respeitar a lei e, também o procedimento

administrativo ao qual faz jus na formação de algumas de suas atribuições.

Como exemplo de procedimento administrativo, temos o concurso público

para provimento de cargo na Administração, ou seja, a fase inicial desse processo é

abertura do concurso para o provimento de vagas, é feito o edital, iniciada as

inscrições, realizada a prova, divulgado o resultado, sendo finalizado com a

investidura dos habilitados no cargo.

O inciso II do artigo 37 da Constituição, prevê que a admissão de pessoal

para ocupar cargo público, necessita de aprovação em concurso público, um artifício

para coibir, não de maneira definitiva, o número de apadrinhados sem nível técnico

ou sem capacidade do exercício que estavam investidos ao ocuparem os cargos

públicos por indicação, mais um atentado ao mandato que é ofertado ao gestor, que

trata como seu o patrimônio do povo. Lembrando que, ainda existem os cargos ou

empregos, onde a pessoa exerce por meio de indicação, o conhecido cargo em

comissão. O desperdício que existe com o gasto de pessoal, com as gratificações,

adicionais, benefícios nem sempre merecidos é um dos pontos onde poderia haver

corte de despesa e servidor, até porque a eficiência da Administração não está no

número de servidores, mas sim, nas ações desenvolvidas e nos frutos obtidos por

aqueles que utilizam com presteza a máquina administrativa.

Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Softwarehttp://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

Page 16: 5 - O princípio da publicidade como forma de controle dos ... · PDF fileO PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE COMO FORMA DE CONTROLE DOS ATOS ADMINISTRATIVOS. ... RESUMO ... além da sua importância

15

“A improbidade administrativa é uma imoralidade qualificada pelo dano ao

Erário e correspondente vantagem ao ímprobo ou outrem” (Silva, 2007, p. 348),

citemos alguns casos de improbidade, como: o enriquecimento ilícito, gastos

pessoais com dinheiro público e o super faturamento. A violação dos princípios

elencados pelo artigo 37 da Constituição, os quais já foram mencionados em outra

oportunidade, ou as infrações cometidas contra os cofres públicos, será penalizada

conforme assegurou o legislador no parágrafo 4° do artigo 37 da CF ao dizer que:

"Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível".

A Lei de Improbidade (Lei 8.429/92) disciplina de maneira

infraconstitucional os casos em que a norma diz quem é o sujeito ativo do crime, o

passivo (a vítima), aplica a penalidade e o procedimento para julgamento. O artigo

9° dessa lei, reza sobre o enriquecimento ilícito, que é aquele onde o agente tem

favorecimento no tocante ao seu patrimônio de maneira indevida, essa vantagem

advém através da função que exerce na administração. Não condizendo o

patrimônio ostentado pelo servidor com o que ele aufere mensalmente na

Administração Pública. Exemplo de enriquecimento ilícito seria o valor excessivo de

algum serviço, onde esse agente participaria do lucro advindo da negociação. No

artigo 10 da mesma lei, vê-se outra forma de improbidade, aquele ato que causa

prejuízo ao erário, seja por ação ou omissão, dolosa ou culposa, mesmo que o

agente não seja beneficiado diretamente com dinheiro. Exemplo para isso seria a

utilização de material público para promoção pessoal.

O artigo 11 da Lei de Improbidade merece destaque, pois trata da violação

aos princípios da Administração Pública. A publicidade e a eficiência devem ser

incluídas nos princípios que contribuíram para a elaboração do artigo 11,

ressaltando o fato de que a emenda 19 de 1998 mudou a redação do artigo 37 da

Constituição. A ética e a moral, além dos bons costumes são diretrizes dentro da

Administração, dessa forma, o agente deve seguir os princípios pré-estabelecidos

sob pena de cometerem ato de improbidade. Exemplo de violação ao dispositivo

Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Softwarehttp://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

Page 17: 5 - O princípio da publicidade como forma de controle dos ... · PDF fileO PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE COMO FORMA DE CONTROLE DOS ATOS ADMINISTRATIVOS. ... RESUMO ... além da sua importância

16

pode ser o retardamento ou inexecução de atividade a qual devia desempenhar

(artigo 11, II da lei 8429/92).

O agente administrativo que cometer o crime de improbidade estará

sujeito a processo administrativo e judicial (artigo 14 e seguintes da lei 8.429/92).

Cabendo a cada um suas particularidades as quais não adentraremos no presente

estudo. Vale dizer que, como regra os atos praticados pelo agente público não deve

ser imbuído de sigilo, dessa forma, os atos de improbidade também não gozam de

segredo. Sendo instaurado processo administrativo em respeito ao princípio da

publicidade, esse procedimento deve está acessível a todos, salvo exceções

elencadas pela própria Constituição onde em determinadas situações haverá sigilo

em nome da segurança do Estado e da sociedade (artigo 5°, XXXIII da CF).

Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Softwarehttp://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

Page 18: 5 - O princípio da publicidade como forma de controle dos ... · PDF fileO PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE COMO FORMA DE CONTROLE DOS ATOS ADMINISTRATIVOS. ... RESUMO ... além da sua importância

17

6 – CASO CONCRETO: USO DE CARTÃO CORPORATIVO E A SEGURANÇA

NACIONAL

O texto abaixo foi retirado do site de comunicação Agência Brasil

(www.agenciabrasil.gov.br), e nos dá uma idéia da finalidade desses cartões que

nos últimos meses se tornaram alvo de discussões e tema para uma comissão

parlamentar de inquérito.

“Brasília - O cartão corporativo foi criado em agosto de 2001 pelo Decreto nº 3.892, com a finalidade de comprar passagens aéreas nacionais e internacionais, pagar materiais e serviços utilizados por todos os órgãos da administração pública. Segundo o Ministério do Planejamento, o cartão substituiria gradualmente a chamada “conta B”, que ainda existe e é usada com a mesma finalidade.

Em 2005, o decreto foi substituído por outro, o de nº 5.355, que determinou outros usos para o cartão, como o pagamento de diárias em viagens oficiais, e definiu quem tem direito a ele: ministros de Estado, secretários de ministérios, assessores e outros agentes públicos.

A gestão cabe ao Ministério do Planejamento, em parceria com o Ministério da Fazenda – por meio do Tesouro Nacional e do Banco do Brasil, responsável pela emissão do cartão.

Cada órgão da administração pública define o número máximo de cartões a serem distribuídos, mas cabe ao Ministério da Fazenda definir o valor limite para as despesas, estabelecido pela Portaria nº 95/02, com base na Lei de Licitações. Por exemplo, para uma compra de material de papelaria, o valor máximo permitido é de R$ 4 mil, o equivalente a 5% do teto em uma licitação do tipo convite, que é de R$ 80 mil”.

Este é um exemplo atual, da falta de medida do gasto público e do

desdém do administrador para com o patrimônio do povo, ao passo que os

dependentes desse modelo de cartão, desviam a sua destinação e cometem o tão

fadado interesse particular.

O uso do cartão corporativo é realizado por boa parte do primeiro escalão

do governo e entre outros funcionários da Administração também agraciados. “É um

golpe nos princípios da publicidade e da transparência”, mencionou o Deputado

Duarte Nogueira (PSDB-SP), pois como foi noticiado pela imprensa, as pequenas

Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Softwarehttp://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

Page 19: 5 - O princípio da publicidade como forma de controle dos ... · PDF fileO PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE COMO FORMA DE CONTROLE DOS ATOS ADMINISTRATIVOS. ... RESUMO ... além da sua importância

18

despesas as quais se destinava o cartão, não eram tão mínimas assim, algumas

chegando até ser necessário que houvesse licitação. Apesar destas saídas se

submeterem a prestação de contas (esses servidores deviam demonstrar seus

gastos nos órgãos que prestam serviço), é insuficiente esse demonstrativo de

gastos, até porque, há pouco tempo atrás era do desconhecimento do cidadão tal

prática abusiva, além de muitos desses gastos serem realizados por saques, o que

torna mais difícil saber que destino teve a verba popular. O cartão corporativo diante

do seu mau uso serviu como um buraco, onde o dinheiro público é escoado. O gasto

com o cartão até determinado momento era sigiloso e, ainda é em alguns casos, a

depender do cargo do servidor e do objeto a ser adquirido, resguardam que a

quebra do sigilo compromete segurança nacional.

O sigilo das despesas com o cartão de crédito do governo foi objeto de

ADPF n°. 129-3/DF demandada pelo Partido Popular Socialista (PPS). A pretensão

do partido era afastar o sigilo das transações com o cartão, tendo como argumento o

artigo 86 do Decreto-Lei n°. 200/67 que não fora recepcionado pela Constituição de

1988, até porque esse artigo afronta o inciso XXXIII do artigo 5° da CF, que diz:

“todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, coletivo ou geral que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas àquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado”.

Ofende também, o inciso LX do mesmo artigo, que tem a seguinte

redação: “a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a

defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem”. O argumento não teve força

para que o relator do caso, Min. Ricardo Lewandowski concedesse liminar a favor do

pedido do partido.

O relator, assegurou que própria Constituição estabelece que o princípio

da publicidade não é absoluto dentro da Administração Pública, fato esse

comprovado, segundo Lewandowski, quando ela restringe a publicidade de algumas

informações por medida de segurança do Estado e da sociedade. “Em outras

palavras, tanto o dispositivo contestado na presente ação, quanto o art. 5º, XXXIII,

Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Softwarehttp://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

Page 20: 5 - O princípio da publicidade como forma de controle dos ... · PDF fileO PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE COMO FORMA DE CONTROLE DOS ATOS ADMINISTRATIVOS. ... RESUMO ... além da sua importância

19

da Lei Maior, ressalvaram o caráter sigiloso de determinadas informações relativas à

Administração Pública”, frisou o relator. (RICCIO, 2008).

Conclui-se que os gastos com o cartão corporativo foi elevado à questão

de segurança de Estado, porém, ao incidir sigilo nas despesas com esses cartões

não deve ser eliminada a transparência dessas ações, o que enseja em impunidade

para quem as comete. A decisão do ministro parece ser infeliz, pois o inciso XXXIII

trata de uma exceção ao principio da publicidade, e por questão de bom senso, não

é razoável comparar segurança nacional a gastos pessoais com um cartão de

crédito. A interpretação do referido inciso deve ter por base a análise do caso

especifico e, este dá fortes sinais que não se enquadra em exceção aos princípios

da transparência e da publicidade. Infeliz também, pelo fato de assim, burocratizar a

participação popular (que também é um princípio constitucional a ser respeitado) no

controle da Administração, afastando a supremacia do interesse público,

privilegiando o corporativismo existente entre os órgãos de controle estatal, que não

se sobrepõem ao interesse dos investigados em nome do interesse social.

Se bem que vale lembrar que foi criada uma forma de coibir esse abuso

com o gasto público, no Portal da Transparência (www.portaldatransparencia.gov.br)

site criado pelo governo federal, o cidadão pode acompanhar as despesas com o

cartão corporativo, além das despesas da União. É importante mencionar que o uso

do cartão corporativo está em todas as esferas do governo, não se trata apenas do

governo federal, os estados e municípios, bem como, parte da administração indireta

e dos órgãos ligados ao governo também se beneficiam dessa vantagem. Dizer que

a publicação no portal dessas despesas será suficientemente eficaz é outra história.

Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Softwarehttp://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

Page 21: 5 - O princípio da publicidade como forma de controle dos ... · PDF fileO PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE COMO FORMA DE CONTROLE DOS ATOS ADMINISTRATIVOS. ... RESUMO ... além da sua importância

20

7 – CONCLUSÃO

O presente artigo não pretende exaurir o assunto tratado, porém, nos

permite concluir que a participação popular como fiscal dos atos administrativos, se

faz necessária para que o gerenciamento da máquina pública seja eficiente e que as

mazelas decorrentes da corrupção diminuam em nosso país. O respeito aos

princípios constitucionais dão mais força ao controle social, pois se os atos

administrativos forem publicados para que a população tome conhecimento do seu

destino, certamente ela exercerá o poder de combater o escarcéu realizado com o

patrimônio popular. Comprovadamente vimos que existem diversos meios para que

tanto o cidadão como outros órgãos fiscalizem a Administração, apesar de não

serem suficientes e nem todos estarem efetivamente sendo utilizados e os que estão

não apresentam resultados satisfatórios.

Não resta dúvida que o cidadão através do Legislativo, indiretamente,

controla a Administração, porém, esse controle não é suficiente, podendo o povo

recorrer ao Judiciário para apreciar os seus interesses. Considerando que além da

competência desses poderes, poderá o cidadão através do seu direito de petição,

tornar eficaz o exercício de concretização da fiscalização dos atos administrativos

que lhe atingem.

A democracia brasileira necessita que seja transparente a atuação do

governo, a representação do poder é dada para que os administradores façam bom

uso do que lhe foi designado. A idéia do contribuinte como fiscalizador social apesar

de tímida, vem ganhando espaço, além de ser bastante eficiente. É um controle que

não é conivente com o que acontece no cenário público e nem corporativista para

encobrir as ações de caráter duvidoso praticadas pelos gestores, ademais, trata-se

de uma fiscalização sem custo para os cofres públicos, mas há de frisar, que além

da boa vontade do cidadão, é preciso que haja respeito por parte das autoridades

aos princípios constitucionais que concretizam a legalidade da participação popular.

Se o poder emana do povo como tão bem diz o artigo 1° da nossa

Constituição, a legitimação dos atos daqueles que gerenciam esse poder, deve não

tão somente ao respeito às normas, como também a aspiração popular, pois se

Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Softwarehttp://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

Page 22: 5 - O princípio da publicidade como forma de controle dos ... · PDF fileO PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE COMO FORMA DE CONTROLE DOS ATOS ADMINISTRATIVOS. ... RESUMO ... além da sua importância

21

aquele que cumpre o mandato apenas representa o interesse de outro, é razoável

que o possuidor do poder possa definir suas prioridades. Porém, se tratando de

Brasil, notável é que a capacidade do brasileiro para discutir política, ainda está

brotando, por isso, busquemos por mais educação, informação, cidadania, expressar

os nossos anseios, respeito às leis, a moral, ao bom senso, assim efetivaremos o

Estado Democrático de Direito que é tão bem estampado em nossa Lei Maior.

Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Softwarehttp://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

Page 23: 5 - O princípio da publicidade como forma de controle dos ... · PDF fileO PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE COMO FORMA DE CONTROLE DOS ATOS ADMINISTRATIVOS. ... RESUMO ... além da sua importância

22

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BONAVIDES, Paulo. Ciência política. 12 ed. - São Paulo: Malheiros, 2006.

BRANCO, Paulo G. G.; COELHO, Inocêncio; MENDES, Gilmar. Curso de direito

constitucional. 2 ed. ver. e atual. - São Paulo: Saraiva, 2008.

Constituição Federal do Brasil. 12 ed. - São Paulo: Saraiva, 2006.

Consultar gastos com o cartão corporativo. Mundo das tribos. Disponível em:

<http://www.mundodastribos.com/consultar-gastos-com-cartao-corporativo-do-

governo-na-internet.html>. Acesso em 07 maio 2008.

FERNANDES, Flávio Sátiro. Prestação de contas: instrumento de transparência

da Administração. Jus Navigandi, Teresina, ano 1, n. 15, jun. 1997. Disponível em:

<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=335>. Acesso em: 17 maio 2008.

LOPES, Roberta. Cartão é utilizado pela administração desde 2001. Agência

Brasil, Brasília, jan. 2008. Disponível em:

<http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2008/01/23/materia.2008-01-

23.5442713126/view>. Acesso em: 10 maio 2008.

LOCK, Fernando do Nascimento. Participação popular no controle da

Administração Pública: Um estudo exploratório. UFSM, Santa Maria, vol. I, n. 1,

set-nov/2004. Disponível em: Acesso em 10 maio 2008.

MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 24 ed. ver. e

atual. – São Paulo: Malheiros, 2007.

RICCIO, Farlei Martins. Publicidade administrativa x Segurança do Estado.

Direito Administrativo em debate, fev. 2008. Disponível em:

<http://direitoadministrativoemdebate.blogspot.com/2008/02/publicidade-

administrativa-x-segurana.html>. Acesso em 08 maio 2008.

SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo 27 ed. rev. e

atual. - São Paulo: Malheiros, 2006.

__________. Comentário contextual à Constituição. 4 ed. - São Paulo: Malheiros,

2007.

Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Softwarehttp://www.foxitsoftware.com For evaluation only.